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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO
(Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ.
BENEDITA ELENIZE GEMAQUE GOMES
BELÉM
2006
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO
(Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ.
BENEDITA ELENIZE GEMAQUE GOMES
Dissertação apresentada à Universidade
Federal Rural da Amazônia, como parte das
exigências do Curso de Mestrado em
Agronomia, área de concentração Biologia
Vegetal tropical, para obtenção do título de
Mestre
Orientador: Prof. Dr. Vicente Savonitti Miranda.
Co-Orientador: M. Sc. Luiz Sebastião Poltronieri
BELÉM
2006
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Agradeço a Deus,
Pela vida e por todas as pessoas que enviou em meu caminho, que me incentivaram muitas
vezes com ternas palavras para superar todos os obstáculos enfrentados.
MEU RECONHECIMENTO
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BENEDITA ELENIZE GEMAQUE GOMES
ETIOLOGIA E CONTROLE DE MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO
COQUEIRO (Cocus nucifera L.)
Dissertação apresentada à universidade
Federal Rural da Amazônia, como parte
Das exigências do Curso de Mestrado em
Agronomia, área de concentração
Biologia Vegetal Tropical, para obtenção
Do título de Mestre.
Aprovada em 25 de agosto de 2006
Comissão Examinadora:
Biólogo Dr. Profº Vicente Savonitti Miranda ( UFRA) _________________________________
(Orientador)
Engº Agrônomo Msc. Luiz Sebastião Poltronieri (EMBRAPA) __________________________
(Co-Orientador)
Engº Agrônomo Dr. Paulo Sérgio Bevilagua de Albuquerque (CEPLAC) __________________
(Primeiro Examinador)
Engº Agrônomo Dr.Dinaldo Rodrigues Trindade (EMBRAPA) __________________________
(Segundo Examinador)
Engº Agrônomo Dr. Altevir de Matos Lopes (EMBRAPA) _____________________________
(terceiro examinador
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AGRADECIMENTO.
A autora expressa seus sinceros agradecimentos
Ao Profº. Dr. Vicente Savonitti Miranda, pela orientação e paciência dispensada.
Ao pesquisador M. Sc. Luis Sebastião Poltronieri pela orientação, nos testes de campo e de
laboratório.
Ao prof. Dr. Marco Aurélio Leite Nunes, pela valiosa colaboração nas sugestões.
Ao Dr. Dinaldo Rodrigues Trindade, pelo apoio e estímulo durante todas as fases escritas deste
trabalho.
À Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), pela oportunidade da realização do curso.
Ao Profº Antonio Rodrigues Fernandes, Coordenador do Curso de pós-graduação em Agronomia
da UFRA.
Ao prof. Dr. Benedito Gomes, Ex-Coordenador do Curso de Pós-graduação na área de
concentração em Biologia Vegetal Tropical da UFRA, por sua paciência e sincera dedicação.
A todos os Professores do Curso de Pós-graduação da UFRA, pelos valiosos ensinamentos.
À secretária do Curso de Pós-graduação, em Agronomia da UFRA, D. Inácia Faro Libonati, pela
atenção dispensada.
À ex-secretária do curso de Pós-graduação área de concentração Biologia Vegetal Tropical da
UFRA, D. Regina Gomes, pela atenção dispensada.
A CAPES, pela bolsa de estudo concedida.
Ao Diretor da SOCÔCO, Sr. Alberto Tenório, pelo apoio logístico nos trabalhos de campo.
Ao Gerente de Pesquisa e Fitossanidade da SOCÔCO, Paulo Manoel Pontes Lins, pelo grande
apoio na disponibilidade das mudas e fungicidas e colaboração em todas as etapas deste trabalho.
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Aos funcionários de laboratório e de campo da SOCOCO, pelo auxílio na coleta de dados.
Ao Profº. titular da USP Dr. Armando Bergamin Filho, pelo auxílio das análises do trabalho de
campo.
À Embrapa Amazônia Oriental, pela disponibilização da estrutura do Laboratório de
Fitopatologia.
A Dr
a
. Lourdes Duarte da (Embrapa Amazônia Oriental), pelas sugestões e versão do resumo
para o inglês.
Aos funcionários do Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, D. Carmem
Dolores Costeira e em especial ao Sr. José Maria de Souza, pelo constante apoio, paciência e
auxílio nos testes de laboratório e campo.
Ao Sr. Raimundo Nonato Batista da Silva da Embrapa Amazônia Oriental, pela colaboração
prestada, apoio e amizade.
A todos os estagiários do Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, pela
oportunidade de convívio e momentos de descontração.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho.
MUITO OBRIGADA
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris
incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ.
RESUMO
1.2 ABSTRACT
1.3 INTRODUÇÃO
1.4 REVISÃO DE LITERATURA
1.4.1 Aspectos taxonômicos
1.4.2 Importância e aspectos gerais da cultura
1.4.3 Origem e distribuição de coqueiro
1.4.4 Variedades de coqueiro
1.4.5 Aspectos fitopatológicos
1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO 2: ETIOLOGIA DO AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR
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(Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.)
2.1 RESUMO
2.2 ABSTRACT
2.3 INTRODUÇÃO
2.4 MATERIAL E MÉTODOS
2.4.1 Isolamentos de microorganismos associados às lesões foliares
2.4.2 Identificação dos isolados
2.4.3 Produção de inóculo
2.4.3.1 Cylindrocladium pteridis
2.4.3.2 Bipolaris incurvata
2.4.3.3 Pestalotia sp
2.4.4 Teste de patogenicidade
2.4.4.1 Em folhas destacadas
2.4.4.2 Em mudas
2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.5.1 Identificação dos microrganismos associados às lesões foliares
2.5.2 Teste de patogenicidade
2.6 CONCLUSÕES
2.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO 3: AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE TRÊS HÍBRIDOS DE
COQUEIRO (Cocos nucifera L. ) À MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata)
NAS CONDIÇÕES DE CAMPO.
3.1 RESUMO
3.2 ABSTRACT
3.3 INTRODUÇÃO
3.4 MATERIAL E MÉTODOS
3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.6 CONCLUSÕES
3.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO 4: EFEITO IN VITRO DE FUNGICIDAS NO CRESCIMENTO
MICELIAL DE (Bipolaris incurvata), AGENTE CAUSAL DA MANCHA
FOLIAR EM COQUEIRO (Cocos nucifera L.)
4.1 RESUMO
4.2 ABSTRACT
4.3 INTRODUÇÃO
4.4 MATERIAL E MÉTODOS
4.4.1 Seleção de fungicidas in vitro
4.4.2- Influência de fungicidas no crescimento micelial de Bipolaris incurvata
4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.6 CONCLUSÕES
4.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO 1 – ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris
incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ
1.1 - RESUMO
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira tropical de ampla distribuição geográfica,
cultivada em toda zona tropical e com grande concentração no continente asiático, sendo que, no
continente americano, o Brasil é um dos principais produtores. Na fazenda SOCÔCO, localizada
no Município do Moju, Estado do Pará, somente no período de 2000 a 2002, mais de 14.000
plantas morreram em decorrência de uma doença denominada mancha foliar do coqueiro. Os
objetivos deste trabalho foram: investigar a etiologia da doença; avaliar a resistência dos híbridos
estabelecidos em campo de produção da SOCÔCO e; selecionar, in vitro, fungicidas eficazes para
o controle da doença. Para a investigação da etiologia da doença, foram obtidos isolados de
fungos associados às lesões, testando quanto a patogenicidade e, baseado em literatura pertinente,
identificou-se os referidos isolados. Para a determinação da resistência dos três híbridos PB121,
PB 123 e PB132, foram efetuadas avaliações de incidência, através da contagem do número de
lesões na folha 1, 3 e 5. Com o intuito de selecionar fungicidas foram testados 10 princípios
ativos (azoxystrobin, carbendazin clorotalonil, iprodione, mancozeb, prochloraz, tebuconazole,
tiofanato metílico, triadimenol e propiconazole) em quatro diferentes concentrações (0,1; 1,0; 10
e 100 ppm). Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata e Pestalotia sp foram isolados. Testes
de patogenicidade em folhas destacadas e em mudas apenas B. incurvata incitou manchas foliares
semelhantes às observadas em campo. O híbrido PB121 apresentou maior resistência que PB123
e PB132, que se comportaram como suscetíveis. Dos fungicidas testados tebuconazole, iprodione,
prochloraz e propiconazole mesmo nas menores doses, foram eficazes em promover a redução do
crescimento micelial de B. incurvata.
Palavras-chaves: Fungo; Bipolaris incurvata; mancha foliar; coqueiro.
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1.2 – ABSTRACT
ETIOLOGY AND CONTROL OF LEAF SPOT (Bipolaris incurvata) COCONUT PALM
PLANTATIONS (Cocos nucifera L) I THE STATE OF PARÁ, BRAZIL.
Coconut palm (Cocos nucifera L.) in well distributed in tropical area all over the world. Brazil is
a large producer in American continent. In the 80
`
s, large plantations have been established in
the county of Moju, State of Para.. From 2000 to 2002, more than 14 thousands coconut palms
were destroyed by epidemics of a new disease known as coconut palm leaf spot only SOCOCO
plantations. In order to identify the causal agent, to evaluate the resistant response of hybrids to
the pathogen, and to select in vitro efficient fungicides to control the disease in nurseries,
experiments were carried out at Embrapa Eastern Amazon Plant Pathology laboratory and at
SOCOCO coconut palms plantations, in Moju, from 2003 to 2004. Axenic cultures of Bipolaris
incurvata (telemorph: Drechslera incurvata). Cyllindrocladium pteridis and Pestalotia sp. were
obtained after isolation of infected foliar tissues on water-agar plates and transference to PDA
stants. The fungi were identified based on their morphological characteristics. All pathogens were
inoculated, separately, by deposition of one 0,5 mm diameter culture disk on wounded and no
wounded detached leaves and by atomization of 10
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spores/ml suspension on wounded and no
wounded young palm leaves. The recorded data have shown that only B. incurvata has caused
typical symptoms on wounded detached leaves, two days after inoculation, while on young palm
leaves, the symptoms were noticed eight days after inoculation. The resistant response of PB 121,
PB 123 and PB 132 hybrids was evaluated under natural infection conditions, in the field by
counting the number of leaf spot was recorded on PB 121 hybrid. The results seem to indicate
that PB 121 is more resistant to the pathogen as compared to PB 123 and PB 132. Ten fungicides
have been in vitro tested against B. incurvata in a completely randomized design. Data have
shown that the most efficient fungicides in inhibiting mycelia growth were iprodione, prochloraz,
tebuconazole and propiconazole at 0,1 ppm.
Keywords-: Fungi; Bipolaris incurvata, leaf spot, coconut.
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1.3 - INTRODUÇÃO
O coqueiro é uma cultura de grande expressão econômica, importante na geração de
renda, na alimentação e no fornecimento de matéria prima para indústrias de óleos, sabões e
automóveis. É uma cultura perene, capaz de gerar um sistema auto-sustentável de exploração,
tornando-se importante fonte geradora de divisas e uma das principais fontes de proteínas e
calorias para a população. Do coqueiro praticamente tudo é aproveitado: raiz, estipe,
inflorescência, folhas, palmito e, principalmente, o fruto, como ocorre na maioria das culturas,
cultivos explorados em sistema de mono cultivo estão passivos de sofrer intensos ataques de
microrganismos causadores de doenças (Nunes,2000). Esse aspecto, aliado às condições
climáticas do trópico úmido, favorecem ainda mais o desenvolvimento de doenças e facilita o
estabelecimento de novos patógenos na região.
A região tropical é caracterizada por elevada temperatura e alta umidade. Na Região
Norte, onde se encontra o Município de Moju, no Estado do Pará, a elevada umidade atmosférica
aliada à grande precipitação pluviométrica em alguns meses do ano, constitui componentes
ambientais que favorecem a ocorrência de doenças das mais variadas etiologias.
Nas plantações da SOCÔCO, (Moju-PA) uma doença que causa manchas das folhas dos
coqueiros ocasionou a morte de 14.000 plantas dos híbridos PB 123, PB 132, constituindo-se em
um importante e limitante fator para a expansão e exploração dessa cultura com esses híbridos.
Esta doença, denominada “mancha foliar”, ocorreu com grande intensidade nos coqueirais das
referidas plantações, tendo sido responsável pela morte de milhares de plantas na fase de
desenvolvimento vegetativo.
O coqueiro, nas mais diversas regiões do mundo, tem sofrido com a incidência de diversas
doenças que variam de importância de uma região para outra, havendo inclusive doenças ainda
pouco estudadas. A “mancha foliar,” apesar de já ter sido relatada por vários pesquisadores
(Quillec & Renard, 1975; Silva & Souza, 1981; Kobayashi, 1995; Trindade & Poltronieri 1998;
Warwick, 1998; Gazel Filho, 1999; Gasparotto et al., 1999; Anjos et al, 2000; Cardoso et al,
2003.) apresenta divergências quanto à sua etiologia. Não obstante, alguns híbridos, nas mais
diversas regiões do mundo, apresentam resistência genética aos mais variados tipos de patógenos,
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o que tem contribuído para o cultivo racional dessa cultura e facilitado à adoção de medidas de
controle eficazes e economicamente viáveis.
Quanto ao uso de fungicidas, apesar da literatura relatar a eficiência de alguns deles para o
controle de doenças foliares no coqueiro, poucos são os resultados de estudos disponíveis nesse
sentido. O controle químico, entre outras razões, é dificultado por não haver fungicidas
registrados para o controle de doenças foliares do coqueiro.
O diagnóstico do agente etiológico da mancha foliar do coqueiro, a avaliação da
resistência de híbridos em plantios comerciais e, a seleção de fungicidas para o controle da
doença, vem subsidiar a definição de estratégias de controle e constituem os objetivos do presente
trabalho.
1.4 - REVISÃO DE LITERATURA
1.4.1-Aspectos botânicos e climáticos do coqueiro.
O coqueiro pertence ao reino Plantae, ramo fanerógamos, sub-ramo angiospermas, classe
monocotiledônea, ordem príncipes, família Arecaceae, espécie Cocos nucífera L. (Alves, 1995).
Como toda monocotiledônea, sua raiz é fasciculada. O caule é um estipe cilíndrico e não
se ramifica por possuir apenas uma gema apical, não apresenta câmbio. Sua altura varia de
acordo com o material genético, com as condições ecológicas e com a idade da planta, podendo
atingir até 30 m de altura. Sua folha é penada e, quando madura, possui até 6 m de comprimento
e 1 m de largura, com aproximadamente 200 a 300 folíolos inseridos numa ráquis grossa. Em
condições normais são encontradas de 25 a 30 folhas por planta. Acredita-se que, em condições
normais de vegetação, um coqueiro produza, a cada 21-24 dias, uma folha e uma inflorescência.
O tipo de inflorescência é uma espádice ramosa, com flores brancas. A espádice é monóica com
flores masculinas e femininas presentes na mesma inflorescência. O fruto é uma drupa ovóide,
quase globosa, constituído por epicarpo ou exocarpo, que é uma película que envolve o fruto. O
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mesocarpo é fibroso acastanhado quando seco e o endocarpo é duro e lenhoso. A semente possui
tegumento, albume sólido (carne), albume liquido (água) e embrião. (Alves, 1995)
Para o sucesso da cultura a produtividade é dependente de diversos fatores, dentre eles o
manejo da cultura, o plantio de variedades adequadas, distribuição regular de chuvas e, também,
ocorrência de pragas e doenças (Mariano, 2005). Portanto são fatores determinantes para a
produção, as características genéticas, climáticas, edáficas, culturais e fitossanitárias. Dentre
esses fatores os climáticos interferem de diferentes modos no desenvolvimento do coqueiro,
dependendo de sua localização geográfica. No Nordeste do Brasil, por exemplo, as elevadas taxas
de evapotranspiração associada à irregularidade na distribuição de chuvas, provocam déficits
hídricos estacionais constituindo-se em fator limitante para o desenvolvimento dos coqueiros que,
por terem crescimento e produção contínuos, exigem condições de clima próximas do ideal
durante todo o ano (Ferreira et al., 1997).
1.4.2-Importância e aspectos gerais da cultura.
O coqueiro é uma das mais importantes de todas as palmeiras cultivadas, apresentando
uma variabilidade com mais de 100 produtos diferentes. É consumido in natura como fruto verde
e seco em todas as áreas em que se desenvolve (Moura, 1999)
A fibra da casca é usada na fabricação de cordas, tapetes, esteiras e encostos de banco de
veículos. O coco ralado, a farinha e o leite do coco são empregados na fabricação de bolos,
chocolates, sorvetes e comidas típicas. A água do fruto verde é consumida in natura e, devido seu
sabor e qualidade é responsável pela expansão da cultura para diversas regiões do país. O óleo é
largamente usado na indústria de margarinas e gorduras para confeitaria. Dos seus derivados,
obtêm-se glicerina, sabões, velas e fluídos para freios hidráulicos de avião (Moura, 1999).
A carne do coco (albume sólido) é rica em gorduras, carboidratos e apresenta moderada
quantidade de proteínas, porém de alto valor nutritivo. Segundo Alves (1995), em cada 100 g de
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albume sólido são encontrados 151 U.I. de tiamina, 1 mg de ácido ascórbico (vitamina C), 0,2 mg
de vitamina E e traços de vitamina A e B.
Na água (albume líquido), também são encontrados carboidratos, gorduras e proteínas.
Possui também diversos minerais como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro, cobre, fósforo,
enxofre e cloro.
Quanto à utilização, 50% da produção é industrializada, enquanto os outros 50%, são
consumidos in natura. Destes, 5 a 10% são utilizados no consumo de água (.Moura, 1999)
Os produtos obtidos do coqueiro são: alimentos “in natura”, alimentos industrializados,
bebidas, madeira, fibra, combustível, ração animal, matéria prima para produção de cosméticos
(sabão), remédios, plásticos, álcool e óleo.
No entanto, para esta palmeira ser produtiva economicamente, é necessário que o produtor
siga corretamente todas as recomendações inerentes à cultura, tais como escolha da área para o
plantio, tratos culturais, adubação e controle fitossanitário (Moura 1999).
1.4.3 - Origem e distribuição do coqueiro.
De acordo com, Gomes (1982), o coqueiro foi introduzido no Brasil em 1553, quando os
portugueses trouxeram seus frutos para o porto de Salvador, procedente da Índia, via Ilha de
Cabo Verde.
Segundo França (1988), o coqueiro foi plantado inicialmente no litoral baiano e seu uso se
restringia ao consumo da água pelos índios. Da Bahia, o coco foi levado para outras áreas da
Costa Nordestina e, ao encontrar condições favoráveis, disseminaram-se para todos os Estados,
com destaques para Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
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Os pequenos produtores encontraram na exploração do coqueiro uma alternativa
econômica viável, considerando-se que há produção durante todo o ano e pode ser consorciado
com culturas anuais, na maioria das fases do seu cultivo, possibilitando ainda, a associação com
animais, na fase adulta (Moura, 1999). Todas essas características são convenientes às estratégias
econômicas dos pequenos produtores que, sem grandes possibilidades financeiras, optam por
alternativas de exploração simples dos recursos naturais. É nesta lógica que, gradativamente, os
pequenos produtores ampliam o cultivo do coqueiro em suas áreas, exploradas, em sua maioria,
de forma extrativista (Mota, 1995).
O consórcio, além de possibilitar renda adicional para o produtor, beneficia o coqueiro
pelos tratos culturais demandados. Do plantio até a idade de dois anos, pode-se consorciar o
coqueiro com várias culturas devido à maior disponibilidade de área e de luz. Mandioca, feijão,
abacaxi e banana são alguns exemplos. A partir de dois anos e meio, só é possível consorciar no
meio das ruas dos coqueiros, devido ao sombreamento. Café, cacau, e cupuaçu são bons
exemplos (Ferreira et al., 2002)
Segundo, Moura (1999), no consórcio com animais, o carneiro é o mais recomendado,
devido ao seu pequeno porte. Todavia, os carneiros só poderão ser colocados no coqueiral
quando os coqueiros atingirem três anos de idade, para evitar danos às plantas.
Outro consórcio interessante é o com as leguminosas, que possibilitam aumento na
disponibilidade de nitrogênio para o coqueiro, além de proporcionar a elevação dos teores de
matéria orgânica e a maior proteção contra eroo. Entre as leguminosas recomendadas, estão a
puerária, o desmódio e a centrosema ( Ferreira et al, 2002).
Apesar do Estado do Pará, estar colocado em quinto lugar em área plantada com 20.383
há (tabela 1), em relação à produtividade é o primeiro colocado à nível nacional com 9.688
Kg/há.
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Tabela 1- Área plantada, área colhida, produção obtida e rendimento médio (Kg/ha) obtido da
cultura do coqueiro, segundo as unidades da federação em 2001.
Unidades da federação
Área plantada
(ha)
Área colhida
(há)
Produção obtida
(t)
Rendimento
médio
obtido(Kg/ha)
Brasil 266020 265132 1331880 5023
Pará 20383 20334 196993 9688
Maranhão 1492 1492 3979 2667
Ceará 38160 38160 197164 5167
Rio Grande do Norte 33045 32849 88303 2688
Paraíba 10568 10568 61515 5821
Pernambuco 9155 8512 25133 2953
Alagoas 14108 14108 50757 3598
Sergipe 45504 45504 90414 1987
Bahia 80747 80747 425755 5273
Espírito Santo 10003 10003 152315 15227
Rio de Janeiro 2855 2855 39551 13853
Fonte: Levantamento sistemático da produção agrícola: pesquisa mensal de previsão e
acompanhamento das safras agrícolas do ano civil 2001. Rio de Janeiro: IBGE, v. 13, 2001-2002.
1.4.4-Variedades de coqueiro.
A espécie Cocos nucifera L. possui duas variedades, gigante e anã, sendo que nesta são
encontradas três subvariedades: verde, vermelha e amarela. A variedade gigante possui vários
tipos sendo as mais importantes: Gigante do Brasil (Gbr), Gigante Oeste Africano (GOA),
Gigante do Rennell (GRL) e Gigante da Malásia (GML).
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A variedade gigante apresenta fecundação cruzada, e crescimento rápido, sendo bastante
rústico e resistente às adversidades. Enquanto que a variedade anã caracteriza-se por apresentar
taxas de autofecundação em diferentes graus, crescimento lento e menor rusticidade que o
gigante, porém, é mais precoce, pois, em 3 a 4 anos, inicia a produção, enquanto que a variedade
gigante possui a fase vegetativa longa, iniciando o período de produção com cerca de 7 anos
(Alves, 1995).
Os frutos da variedade gigante são grandes e a produção chega a atingir aproximadamente
60-80 frutos/pé/ano. Este fruto é utilizado basicamente na indústria, por apresentar copra espessa.
A vida econômica do coqueiro gigante alcança de 60 a 80 anos.
Os frutos da variedade anã são pequenos e sua produção atinge aproximadamente 120 a
150 frutos/pé/ano. Este fruto é utilizado basicamente para água, por possuir pequena camada de
albume sólido. A vida econômica dessa variedade é de 30 a 40 anos.
O híbrido é o resultado do cruzamento do gigante com o anão. Reúne às características
desejáveis dos dois, como a precocidade e a alta produção do anão com a rusticidade, a
longevidade e o maior tamanho dos frutos do gigante, podendo alcançar a produtividade de 100 a
140 frutos/pé/ano, inicia a produção a partir do quarto ano. (Dados coletados através de pesquisa
de campo da Fazenda SOCÔCO).
1.4.5 - Aspectos fitopatológicos
Na Amazônia é comum a presença de doenças foliares em coqueiros. Doenças como a
queima-das-folhas (Lisioplodia theobromae) e a lixa-pequena (Catacauma torrendiela) não têm
causado perdas econômicas. Porém, a partir de 2000, uma doença denominada mancha foliar vem
se estabelecendo na região causando severas perdas em plantas estabelecidas em viveiros e em
plantios definitivos.
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O primeiro registro de a mancha foliar do coqueiro no Pará foi feito em plantios
localizados no município de Moju, porém naquele momento a doença não apresentava uma
incidência que causasse grandes perdas de plantas, mas permanecia de forma endêmica (Renard,
1982). No ano 2000, a plantação foi ampliada, utilizando o material PB123 (Anão Amarelo da
MalásiaXGigante de Rennal) e PB 132 (Anão Vermelho da MalásiaXGigante da Polinésia),
selecionado para plantio por apresentar resistência ao amarelecimento letal do coqueiro, doença
quarentenária no Brasil, responsável pela destruição da maioria dos coqueirais da Flórida nos
EE.UU. Esse novo material mostrou-se altamente suscetível à “mancha foliar” o que contribuiu
para ocorrência de uma epidemia provocando a morte de aproximadamente 14.000 plantas em
dois anos, e conseqüentemente causando significativa perda econômica.
A partir desse momento, a doença passou a ser epidêmica, tornando-se um grande
problema para a expansão dos plantios de coqueiros naquela região. A doença é caracterizada
pela presença de pequenas manchas escuras, circundado por um halo amarelo ouro e centro de
coloração marrom a cinza que progridem para formas arredondadas ou alongadas acompanhando
o sentido das nervuras, que coalescem e evoluem para queima total do limbo foliar. Embora o
relato desta doença tenha sido feito há cerca de duas décadas, existem divergências quanto a sua
etiologia e poucas informações a respeito da resistência dos híbridos introduzidos para plantio na
Amazônia.
A mancha foliar do coqueiro começou a ser investigada em 1916 na Índia (Menon &
Pandalai, 1958). Também já foi relatada causando manchas foliares em Fiji, Polinésia Francesa,
Malásia, Filipinas, Vietnam, Tailândia, Jamaica, Ilhas Seicheles, Costa do Marfim, Havaí (Chase
& Broschat, 1991). Segundo Warwick (1997), no Brasil, essa doença tem ocorrência
generalizada. No Pará o primeiro registro foi feito por Renard em (1982) na fazenda SOCOCO,
mas somente a partir de 2002 tornou-se epidêmica. Em casos mais severos, este patógeno pode
provocar a morte de plantas, principalmente tratando-se de germoplasma mais susceptível, como
é caso das variedades de origem polinésia. (Quillec & Renard, 1975). O agente causal da mancha
foliar do coqueiro foi inicialmente identificado como sendo o fungo Bipolaris incurvata Drechs.
Pertencente a classe dos Deuteromicetos ordem Moniliales e família Moniliacea, não sendo
registrada ainda a forma perfeita de Cochliobolus. (Warwick, 1997). A literatura cita ainda como
sinonímia o fungo Helminthosporium halodes Drechs. Atualmente, a classificação é baseada na
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característica do conídio, que apresenta cor escura com vários septos transversais, cilíndricos ou
elipsoidais, levemente curvos, apresentando as extremidades arredondadas.
Em geral, os primeiros sintomas aparecem oito dias após a penetração do fungo. Neste
estágio, as lesões são arredondadas e com diâmetro menor que dois milímetros, têm a cor verde
clara com centro mais escuro, ocorrendo a formação de um halo amarelado. Porém, esses
sintomas evoluem com o desenvolvimento da doença e as manchas tornam-se ovais, alongadas
no sentido das nervuras dos folíolos, de cor marrom clara no centro e mais escura na periferia,
entretanto persistindo o halo amarelado (Quillec & Renard, 1975).
As primeiras evidências dos sintomas são observadas na fase de viveiro, sobre folhas
jovens e na flecha, sendo que na face inferior da folha, sobre a zona necrosada encontra-se uma
grande quantidade de conídios de H. halodes (Bipolaris incurvata), enquanto que, na face
superior da folha o desenvolvimento deste parasito é fraco, facilitando a entrada de fungos
oportunistas como Pestalotia sp., que freqüentemente se estabelecem sobre as necroses antigas,
caracterizadas pela cor cinza, causando divergências quanto à identidade do patogeno primário
(Renard, 1982). Este mesmo autor relata que as divergências entre os relatos do agente causal
dessa doença têm sido favorecidas pela entrada de fungos secundários ou oportunistas, como
Pestalotia sp.
A mancha foliar do coqueiro ocorre principalmente em viveiros, em condições de alta
umidade, pouco arejamento e temperatura de 18 a 27
o
C. (Warwick, 1997). Para Renard (1982), a
causa da grande infecção em condições de viveiro, reside no fato de ocorrer um emaranhado das
folhas devido a um afastamento insuficiente entre as plantas para uma estadia excessivamente
longa sob condições de viveiro.
Alguns trabalhos relatam a relação dessa doença com a nutrição da planta. Trabalhos
conduzidos por Gallasch (1974), demonstraram a importância de adubos nitrogenados sobre a
severidade da doença. Doses elevadas, de nitrogênio aumentaram a suscetibilidade das plantas,
enquanto o enxofre não apresentou efeito na doença, entretanto o potássio e o fósforo diminuíram
sua severidade. Gasparotto et al. (1999), atribuem à deficiência de potássio o aumento da
vulnerabilidade das plantas à infecção e ressaltam que plantas bem nutridas são mais resistentes
21
às doenças. Warwick (1997) recomenda uma adubação balanceada, sem excesso de nitrogênio, e
a eliminação de ervas daninhas como medidas preventivas importantes.
As plantas apresentam imunidade a certos patogenos porque elas são de grupos
taxonômicos que não pertencem à gama de hospedeiros do patógeno, não permitindo a interação
patógeno hospedeiro, ou porque elas possuem genes de resistência que atuam diretamente contra
genes de resistência, que atuam diretamente contra genes de a virulência dos patógenos
(resistência verdadeira), ou ainda porque, por vários motivos, as plantas escapam à infecção
desses patógenos (resistência aparente) (Agrios, 1997).
As diferentes variedades de coqueiro podem apresentar diferentes níveis de resistência. As
variedades com maior susceptibilidade são representadas pelo Gigante da Polinésia, enquanto que
as variedades descendentes do cruzamento com o Gigante do Oeste Africano (G.O A),
apresentam uma resistência do tipo dominante, como é o caso do PB121 derivado do cruzamento
entre o Anão Amarelo da Malásia e o G.O A.(Quillec & Renard,1975).
Uma estratégia de controle que poderá ser padronizada para as condições amazônicas é o
controle químico. A este respeito, no momento, a aplicação de receituário agronômico visando o
controle da mancha foliar do coqueiro, é dificultada por não haver produtos registrados para esta
finalidade (Agrofit, 2000). Entretanto, a literatura relata que alguns fungicidas demonstraram
eficiência em controlar a mancha foliar do coqueiro em condições de campo (Quillec & Renard,
1975; Warwick, 1997; Embrapa, 1998)
Segundo Bergamin Filho (1996), o parâmetro severidade é o mais apropriado para medir
doenças foliares, como ferrugens, oídios, míldios e manchas, pois nesses casos a porcentagem da
contagem de lesões, da área de tecido coberto por sintomas, retrata melhor a quantidade de
doença.
Pelo visto, na Amazônia, os relatos de pesquisas que envolvam pontos críticos da cadeia
produtiva de coqueiros são raros e neste trabalho procurou-se, inicialmente determinar a
identidade do agente causal associado aos sintomas da mancha foliar nos coqueiros do Moju-PA;
buscou-se, também, avaliar, em condições de campo, a resistência de três híbridos utilizados em
22
grande escala nos plantios da SÓCOCO e selecionar fungicidas que sejam eficazes para o
controle da mancha foliar do coqueiro.
23
1.5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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28
CAPÍTULO 2 - ETIOLOGIA DO AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris
incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.)
29
CAPÍTULO 2 - ETIOLOGIA DO AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris
incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.)
2.1 - RESUMO
Na Fazenda SOCOCO, localizada no município de Moju, Pará, entre os anos de 2000 a 2002,
mais de 14.000 coqueiros morreram devido á ocorrência de uma doença cognominada mancha
foliar do coqueiro. Objetivando diagnosticar o agente etiológico desta doença, foram coletadas
amostras no campo, com os sintomas típicos da mancha e, no laboratório da
EMBRAPA/Amazônia Oriental, foram procedidos isolamentos em meio de Agar.
Posteriormente, os isolados foram repicados para meio de cultura BDA. Após análises
morfofológicas, em cultivos com sete dias de idade, três fungos foram identificados:
Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata e Pestalotia sp. Após testes de patogenicidade em
folhas destacadas e mudas do híbrido PB121, verificou-se que somente o fungo Bipolaris
incurvata foi capaz de incitar a doença. Em inoculações com ferimentos, os sintomas
macroscópicos foram observados com dois dias, enquanto que, em inoculações feitas sem
ferimentos os sintomas só foram observados aos oito dias após a inoculação.
30
2.2 – ABSTRACT
ETIOLOGY THE CAUSAL AGENT OF COCONUT PALM LEAF SPOT
In SOCOCO farm established in the county of Moju, state of Para, from 2000 to 2002, more than
14 thousands coconut palms were destroxed by epidemics of a new disease known as coconut
palm leaf spot, only at SOCOCO plantations. In order to identify the causal agent, were collected
samples with typical symptoms of the disease and analyzed in laboratory of phytopathology of
Embrapa Amazonia Oriental. In BDA midium were isolated there fungus and identified
Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata and Pestalotia sp. In the pathogenicity test
detached leaves and young palm leaves of hybrid PB 121, the results indicate that only o fungi
Bipolaris incurvata caused symptoms of the disease. Two days with wounded and eight days no
wounded after the inoculation.
31
2.3 - INTRODUÇÃO
O coqueiro (Cocos nucífera L) é uma palmeira tropical de grande valor econômico que,
quando explorado em agroecossistemas de monocultivo, pode ser infectado por variados
microrganismos. Esse aspecto, aliado às condições climáticas do trópico úmido, favorecem o
desenvolvimento de doenças bióticas, causadas por patógenos já conhecidos e eventualmente por
novos patógenos introduzidos e estabelecidos (Nunes, 2000)
Na fazenda SOCÔCO, localizada no município de Moju, no estado do Pará, vem se
destacando uma doença conhecida como “mancha foliar”, que causou, somente em fase de
desenvolvimento vegetativo, a destruição de aproximadamente 14.000 plantas, entre os anos de
2000 a 2002. O quadro sintomatológico das plantas afetadas pela mancha foliar, se caracteriza
por apresentar, inicialmente lesões escuras (Fig. 1) que, posteriormente, progridem para formas
arredondadas ou ovaladas, circundado por halo amarelo ouro e centro de coloração marrom a
cinza, que coalescem e formam grandes áreas necróticas (Fig. 2).
Há uma grande discussão em relação ao agente causador dessa doença e diversos
trabalhos publicados (Kobayashi, 1995; Anjos et al. 2000; & Cardoso, 2003) relatam ser o fungo
Pestalotia sp, o responsável principal por essa doença. Entretanto, pesquisadores como Quillec &
Renard (1975), Warwick (1998), Gazel Filho (1999) e Gasparotto (1999) se referem ao fungo
Bipolaris incurvata e Silva & Souza (1981) e Trindade & Poltronieri (1998) reportam ser
Cylindrocladium pteridis agente causal da mancha foliar do coqueiro. Esse quadro de
diversidade sobre o agente etiológico da mancha foliar em coqueiro, precisou ser melhor
investigado, a fim de que se pudesse realizar um preciso diagnóstico do (s) agente (s) causal (is)
nas condições do Município Paraense de Moju. Assim, o objetivo desse trabalho foi isolar e
efetuar testes de patogenicidade com os isolados dos fungos associados às lesões nas folhas de
coqueiro para fins de diagnóstico.
32
Fig. 1 – Sintoma de mancha no viveiro Fig. 2 - Sintoma de mancha no campo
2.4 – MATERIAL E MÉTODOS
2.4.1 - Isolamento dos microrganismos associados às lesões foliares.
Para o isolamento dos agentes fitopatogênicos foram coletadas folhas infectadas e levadas
ao Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, onde o material foi submetido a
um prévio processamento de limpeza e seleção. Em uma capela de isolamento com fluxo laminar
modelo CCV Clean Bench (Hitachi), pequenos pedaços da região de transição entre a parte sadia
e lesionada, foram retirados e colocados por três minutos em solução de álcool etílico a 70%; em
seguida os pedaços foram também tratados por três minutos em solução de hipoclorito de sódio
(NaOH) a 1%, e posteriormente lavadas em água destilada esterilizada por cinco minutos e
colocadas sobre papel filtro esterilizado. O isolamento do patógeno foi feito utilizando-se o meio
de cultura Agar - água (15 g Agar/ litro de H
2
O) em placas de Petri com 9 cm de diâmetro. Em
33
cada placa contendo o meio de cultura foram colocados três pedaços do tecido foliar previamente
desinfectados. As placas foram incubadas em ambiente de laboratório por 48 horas. Após este
período foi feita a repicagem, retirando-se com estilete a extremidade do micélio do fungo e
transferindo-se para tubos de ensaios contendo meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA) (39 g
BDA/ litro de H
2
O). Os tubos de ensaios foram incubados sob luz contínua distando 40 cm da
fonte de luz e temperatura ambiente de laboratório de 26
o
C
± 2
0
C
. Os isolamentos obtidos foram
então submetidos à esporulação em placas de Petri contendo BDA para produção do inóculo para
os testes de patogenicidade.
2.4.2 - Identificação dos isolados
A identificação dos isolados associados aos tecidos foliares do coqueiro foi feita através
de avaliações morfológicas dos micélios e esporos produzidos in vitro. (Quillec & Renard, 1975;
Alexopoulos & Mins, 1979; Crous, 2002).
2.4.3 - Produção do inóculo.
2.4.3.1 - Cylindrocladium pteridis.
O isolado de C. pteridis foi cultivado em meio de cultura BDA sob luz contínua durante
12 dias. Após o crescimento do fungo em toda a superfície do meio de cultura contido na placa de
Petri, lavou-se a superfície da colônia com água estéril e com o auxilio de um pincel de cerdas
macias o micélio aéreo foi removido, e inundou-se a cultura com 15 ml de água destilada
34
esterilizada, mantendo a cultura submersa por dois dias. Em seguida a água contida na placa foi
descartada e a cultura mantida sob luz difusa por mais dois dias. (Alfenas, 2004)
2.4.3.2 - Bipolaris incurvata
Para a produção de inóculo de B. incurvata foi utilizado o meio de cultura Kzapec-Dox,
mantendo-se as colônias em um regime de 12 horas no escuro e 12 horas sob luz ultravioleta, por
um período de quatro a cinco dias.
2.4.3.3 - Pestalotia sp.
A produção do inóculo de Pestalotia sp, foi obtida em meio de cultura BDA em condições de
laboratório, sob luz difusa por um período de sete dias de incubação.
2.4.4 - Teste de patogenicidade
2.4.4.1-Em folhas destacadas
O teste de patogenicidade em folhas destacadas foi realizado em ambiente de laboratório
utilizando-se micélio dos isolados em meio BDA com sete dias de incubação. Oito folhas de
coqueiro do PB123, com oito meses de idade e isentas de manchas foliares, foram submetidas às
inoculações artificiais, com e sem ferimentos, utilizando-se discos de 0,5 cm de diâmetro dos
35
diferentes isolados. Para o ensaio foram estabelecidos dois grupos de quatro folhas: o primeiro
onde cinco folíolos receberam ferimentos com agulha esterilizada e o segundo sem ferimentos.
Sobre os ferimentos e folíolos intactos foram colocados discos de micélio dos diferentes isolados,
em pontos distintos. Em cada grupo uma folha foi tomada como testemunha utilizando para as
inoculações discos de BDA. Em seguida, as folhas foram colocadas dentro de sacos plásticos
transparentes e umedecidos para formar uma câmara úmida e com a base do pecíolo envolvido
por algodão hidratado com água. Diariamente eram feitas observações para registrar o período de
incubação, caracterizado pelo espaço de tempo decorrido entre a inoculação e o aparecimento
macroscópico dos sintomas.
2.4.4.2 – Em mudas
O experimento foi conduzido no Município de Moju-PA, na propriedade do grupo
SOCÔCO S/A localizada nas margens da rodovia PA-252, Km 38, que liga o município de Moju
à cidade de Acará, nas coordenadas geográficas 02°07’00’’S e 48 de longitude W, entre os rios
Moju e Acará - PA, distando 80 km de Belém, capital do Estado do Pará. Apresenta clima quente
e úmido, com pluviosidade anual em torno de 2.800 mm e solo do tipo latossolo amarelo. A
cultura é manejada com alto padrão tecnológico desde o preparo da área, muda, plantio, adubação
balanceada até o monitoramento de pragas e doenças.
O teste de patogenicidade realizado sob condições de telado, foi feito através de
inoculação por aspersão, em mudas de coqueiro híbrido, PB123. As mudas apresentavam oito
meses de idade e foram produzidas como se fossem para plantio comercial. Para cada tratamento
foram utilizadas 10 mudas, totalizando 40 mudas incluindo a testemunha. Das 10 plantas, 5 foram
mantidas sem ferimentos e 5 foram submetidas a ferimentos nos folíolos, com agulha esterilizada.
O inóculo de cada fungo C. pteridis, B. incurvata e Pestalotia sp, foi preparado na concentração
de 1x10
8
conídios/ml e foi aplicado por aspersão sobre os folíolos das mudas. As mudas
testemunhas receberam aspersão com água esterilizada. Após a inoculação as mudas foram
cobertas por plástico transparente por 72 horas, para produzir a umidade necessária para as fases
36
de germinação e penetração do fungo no tecido vegetal. As plantas inoculadas foram submetidas
ao regime de nebulização por 72 horas para a manutenção da umidade no ambiente do telado. A
avaliação foi realizada no décimo quarto dia após a inoculação.
2.5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.5.1 – Identificação dos microrganismos associados às lesões foliares.
Após o crescimento micelial, efetuou-se a repicagem para tubos de ensaios com meio de
cultura e, após sete dias, obteve-se a cultura pura de três fungos que após estudos morfológicos,
foram identificados como: Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata e Pestalotia sp.
2.5.2. Teste de patogenicidade.
Os resultados dos testes de patogenicidade para os três fungos inoculados em folhas
destacadas e em mudas de coqueiro da variedade PB123 com oito meses de idade estão
representados na Tabela 2.
37
Tabela 2 - Reação de folhas destacadas e de folhas de mudas de coqueiro ao teste de
patogenicidade realizado com C. pteridis, B. incurvata e Pestalotia sp. em inoculações feitas com
e sem ferimentos.
Patógenos Tratamentos Resultados
Cylindrocladium pteridis Folhas sem ferimentos
Folhas com ferimento
Não houve infecção
Não houve infecção
Pestalotia sp
Folhas sem ferimento
Folhas com ferimento
Não houve infecção
Não houve infecção
Bipolaris incurvata Folhas sem ferimento
Folhas com ferimento
Houve infecção
Houve infecção
Os sintomas produzidos nos testes de patogenicidade foram causados apenas pelo fungo
B. incurvata e caracterizaram-se por apresentar lesões semelhantes às observadas no campo.
No teste de patogenicidade em folhas destacadas com discos de micélio dos três fungos,
somente o fungo B. incurvata apresentou os sintomas. O período de incubação foi de dois dias
em folhas destacadas com ferimentos e de oito em folhas sem ferimentos. (Figura 3)
38
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Período de Incubação
(dias)
COM FERIMENTO SEM FERIMENTO
todo de inoculaçào
Figura 3 – Período de incubação (dias) até os aparecimentos dos sintomas em folhas destacadas
de coqueiro com e sem ferimentos, inoculadas com B. incurvata em condições de laboratório.
No teste de patogenicidade em mudas de coqueiro os sintomas característicos da doença
foram manifestados somente em inoculações feitas com o fungo B. incurvata No Brasil, Warwick
et al. (1998) e Gazel Filho et al. (1999) relataram o B. incurvata como o agente causal da mancha
foliar em coqueiro, concordando com o resultado desse trabalho. Gasparotto et al. (1999),
relataram a ocorrência dessa doença em Manaus causada por B. incurvata, destacando que essa
doença estava relacionada à deficiência de potássio. No Pará, os resultados divergem dos
apresentados por Trindade et al. (1998) e Silva & Souza (1981), que relataram ser o patógeno C.
pteridis o causador da mancha foliar em coqueiro.
Quanto às divergências, Anjos et al. (2000) relataram ser a mancha foliar do coqueiro
causado por Pestalotiopsis guepinii; já Kobayashi (1995) identificou o fungo Pestalotiopsis
palmarum como agente causal da doença; Cardoso et al. (2003) também relataram como sendo o
39
fungo do gênero Pestalotiopsis o agente causal. As diversas espécies de fungos do gênero
Pestalotiopsis (Pestalotia) que afetam as plantas da família Aracaeae são considerados patógenos
fracos e ocorrem associados a outros patógenos (Ram, 1989) ou a insetos (Araújo et al. 1991).
Na Costa do Marfin, em um estudo preliminar, onde o cultivo das variedades de origem
polinésica é comum, por ser resistente ao amarelecimento letal, à doença foi descrita como sendo
causada por Helminthosporium halodes (Drechs). (Quillec & Renard, 1975).
As divergências encontradas entre os relatos do agente causal da mancha foliar do
coqueiro são possíveis que sejam devidas ao sinergismo provocado pela ocorrência desses três
patógenos, sendo que o presente trabalho revela que apenas B. incurvata tem capacidade de
iniciar o processo infeccioso, sugerindo que os outros fungos, C. pteridis e Pestalotia sp,
associados às lesões da mancha foliar, atuem como secundários ou oportunistas. Este é o primeiro
relato de B. incurvata como o agente causal da mancha foliar do coqueiro no Estado do Pará e
que C. pteridis e Pestalotia sp são fungos secundários ou oportunistas.
40
2.6 – CONCLUSÕES
Bipolaris incurvata é o agente causal da mancha foliar do coqueiro, enquanto C. pteridis
e Pestalotia sp são fungos secundários ou oportunistas;
Bipolaris incurvata penetra diretamente pelas aberturas naturais do hospedeiro.
41
2.7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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QUILLEC, G.; RENARD, J. L.L’helminthosporiose du cocotier études preliminaires.
Oleagineaux, v.30, n.5, p. 209-213, 1975.
WARWICH, D. R. N.; LEAL, E. C.; RAM, C. Doenças do coqueiro. In: FERREIRA, J. M. S.;
WARWICH, D. R. N.; SIQUEIRA, L. A. A cultura do coqueiro no Brasil. 2. Ed. Brasília:
Embrapa-SPI. 1998. P. 269-292.
44
CAPÍTULO 3 - AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE TRÊS HÍBRIDOS DE COQUEIRO
(Cocos nucifera L.) À MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) NAS CONDIÇÕES DE
CAMPO.
45
CAPÍTULO 3 - AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE TRÊS HÍBRIDOS DE COQUEIRO
(Cocos nucifera L.) À MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) NAS CONDIÇÕES DE
CAMPO.
3.1 - RESUMO
Mais de 14.000 coqueiros estabelecidos em campo morreram no período de 2000 a 2002 em
decorrência da doença denominada mancha das folhas do coqueiro, causada por Bipolaris
incurvata. A forma de controle mais econômica de doenças de plantas se dá pela utilização de
material geneticamente resistente. Este trabalho foi conduzido em plantio da Fazenda da Empresa
SOCOCO, no Município do Moju, no Estado do Pará, em agosto de 2003, objetivando avaliar a
resistência, em plantios estabelecidos de 1,5 ano, de três híbridos de coqueiro (PB 121, PB 123 e
PB 132) que compõem a plantação comercial. O número de lesões em seis folíolos, três de cada
lado, na parte central das folhas 1, 3 e 5, sentido basipetal, foi o parâmetro avaliado. Os
resultados mostraram que o clone PB 121 comportou-se como resistente em relação aos híbridos
PB 123 e PB 132, que se comportaram como suscetíveis.
46
3.2 – ABSTRACT
ASSESSMENT OF RESISTANT OF THREE HYBRIDS OF COCONUT PALM
AGAINST LEAF SPOT IN THE FIELD CONDITIONS.
More than 14 thousands coconut palms were destroyed in the period from 2000 to 2002 by of
disease known as coconut palm leaf spot caused by Bipolaris incurvata. The genetical resistance
is the best form economic to control of disease plant. This experiment was carried out SOCOCO
plantations in the county of Moju, state of Para at august 2003, to evaluate of resistant in coconut
palm 1,5 years old in the hybrids: (PB 121, PB 123, PB 132) that compose the commercial
plantation.. The parameter utilized to evaluation was the number of leaf spots formed on six
leaflets, three of each side, in the central part of the leaves 1, 3 and 5, was the evaluated
parameter. The results showed that the clone PB 121 it behaved as resistant regarding the hybrids
PB 123 and PB 132 that we behaved as susceptible.
47
3.3 – INTRODUÇÃO
A mancha foliar do coqueiro, causada por Bipolaris incurvata, ocorre principalmente em
viveiros, em condições de alta umidade, pouco arejamento e temperatura de 18 a 27
o
C.
(Warwick,1997). Para Renard (1982), a causa da grande infecção em condições de viveiro, reside
no fato de ocorrer um emaranhado das folhas devido a um afastamento insuficiente entre as
plantas para uma estadia excessivamente longa sob condições de viveiro. No Pará, a “mancha
foliar” vem ocorrendo com grande intensidade em coqueiros de uma plantação comercial no
Município do Moju, Pará, tendo provocado a morte de mais de 14.000 plantas, entre os anos de
2000 e 2002.
As diferentes variedades de coqueiro podem apresentar diferentes níveis de resistência à
mancha foliar. As variedades com maior susceptibilidade são representadas pelo Gigante da
Polinésia, enquanto que as variedades descendentes do cruzamento com o Gigante do Oeste
Africano (G.O.A.), apresentam uma resistência do tipo dominante, como é o caso do PB 121
derivado do cruzamento entre o Anão Amarelo da Malásia e o G.O A. (Quillec & Renard,1975).
A maior ou menor incidência de manchas foliares em coqueiro tem-se atribuído à nutrição
(Gasparotto, 1999), ao adensamento (Renard, 1982), ao ambiente (Warwick,1997) e à resistência
material genético (Quillec & Renard, 1975). A utilização de germoplasma resistente é o mais
eficiente e econômico método de controle de doenças de plantas. Assim, o presente trabalho tem
por objetivo avaliar, em plantios definitivos, a resistência de três híbridos de coqueiro nas
condições agroclimáticas do município de Moju, Pará.
3.4 - MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em plantio da Fazenda da Empresa SOCOCO S/A no Município
do Moju, Estado do Pará e obedeceu ao delineamento experimental inteiramente casualizado,
48
com três tratamentos e seis repetições. Os tratamentos foram representados pelos híbridos PB
121, PB 123, PB 132, que compõem a plantação comercial. Cada repetição foi representada por
uma planta. Para efeito da análise da resistência foi selecionado como parâmetro o número de
lesões em seis folíolos centrais das folhas 1, 3 e 5, no sentido basipetal, sendo três folíolos do
lado esquerdo e três do lado direito. Considerou-se um mínimo de abertura de 50% dos folíolos
para o estádio fenológico de folha 1. A avaliação foi feita entre agosto de 2003 a abril de 2004,
quando se observou uma grande intensidade da doença em plantios comerciais com cerca de 1,5
ano de idade.
A análise da variação foi efetuada através do Teste de Kruskal-Wallis. Este teste foi
proposto para avaliar se três ou mais amostras são iguais (procedentes de uma mesma população)
ou diferentes. É o substituto da Análise de Variância quando esta não pode ser utilizada, já que
não exige a homogeneidade das variâncias, que as amostras tenham sido tomadas ao acaso e que
tenham distribuição normal. As amostras devem ser independentes e medidas nas escalas ordinal,
intervalar ou de razão. Assim, dado um conjunto de N observações pertencentes a K amostras
independentes:
1. Ordena-se em ordem crescente o conjunto das N observações (todas as amostras); 2.
Atribui-se os postos ou ranks a cada observação; 3. Somam-se os postos de cada amostra (Rj); 4.
Calcula-se (Rj)2/nj; 5. Calcula-se a estatística H; 6. Toma-se a decisão quanto à rejeição de H0.
Os Teste de Hipóteses são: H0 : todas as amostras são iguais e H1 : pelo menos uma
amostra é diferente
Para efeito de análise, foram considerados os totais de lesões por planta dos clones e as
médias das lesões/planta em cada data de coleta das informações. Uma vez constatada a não
aderência dos dados à distribuição normal e a heterogeneidade na variância dos fatores, utilizou-
se o teste de análise de variância não paramétrico de Kruskal-Wallis. Em caso de diferenças
significativas aplicou-se o teste U de Mann-Whitney para comparação dois a dois (Steel & Torrie
1988). Adotou-se o nível de significância de 5% para avaliação dos resultados, que serão
representados graficamente.
49
Também foi utilizado o teste de Wilcoxon na comparação de dados pareados, medidos nas
escalas ordinal, intervalar ou de razão. Não há a exigência de que as amostras tenham distribuição
normal. Tem 95% do poder do teste t pareado e, sua indicação, restringe-se às situações em que
este último não pode ser utilizado. O princípio do teste consiste em avaliar se ocorreram
modificações significativas nos dois conjuntos de dados. Quando as modificações ou diferenças
são muito pequenas, elas podem ser devidas ao acaso, porém, quando são expressivas, é pouco
provável que se devam ao acaso, sendo fruto de um fator causal.
3.5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3 encontram-se as médias de lesões nas folhas, por planta, registradas nas
avaliações efetuadas no período de 2003 a 2004, incluindo o total de lesões por clone.
No teste geral de Kruskal-Wallis para verificar diferença entre os clones para o número
total de lesões das folhas/planta foi verificado o seguinte resultado: H = 27,09804; p = 1,31E-06.
Com base nesses valores, de maneira geral, rejeita-se H
0
(hipótese nula) .
50
Tabela 3 - Médias de lesões nas folhas por planta, registradas nas avaliações efetuadas no período de 2003 a
2004. Moju, PA. 2006
2003 2004
Clone
12/08 020/9/ 23/09 14/10 05/11 03/12 17/12 09/01 03/02 03/03 23/03 15/04
Total
PB 121 18,33 22,83 10,83 8,00 14,83 6,17 13,17 4,33 1,00 1,33 20,67 8,17 129,67
PB 123 322,83 176,83 114,17 50,83 40,00 42,50 14,67 2,00 3,83 5,33 1,17 2,17 776,33
PB 132 372,17 316,33 339,67 334,50 165,33 141,33 86,50 71,17 55,17 40,17 19,33 15,83 1957,50
Média 237,78 172,00 154,89 131,11 73,39 63,33 38,11 25,83 20,00 15,61 13,72 8,72 954,50
Para comparar se existe diferença entre cada par de clones, o teste mais adequado foi o
teste U de Mann-Whitney, já que as amostras são independentes (Tabela 4).
Tabela 4 – Comparação entre cada par de clones de coqueiro
Comparação entre PB 121 e PB 123 Comparação entre PB 123 e PB 132
U =1 U =5
p =0,002 p =0,021
A aplicação do teste para comparação entre clones indica haver diferenças significativas
entre o número de lesões dos clones PB 121 e PB 123, sendo menor no clone PB 121. Por sua vez
o clone PB 123 tem número de lesões estatisticamente menor que o clone PB 132. Com isso
pode-se afirmar que o número de lesões é distinto para os três clones sendo ordem dada da
seguinte maneira: PB 121<PB 123<PB 132.
Os dados relativos ao número médio de lesões das folhas/planta em cada coleta foram
analisados pelo modelo estatístico não paramétrico e comparados pelo teste de U de Mann-
51
Whitney, no nível de significância de 5% de probabilidade. Os resultados obtidos mostraram
diferenças estatisticamente significativa entre os números médios de lesões das folhas/planta em
cada coleta (Tabela 5).
Tabela 5 - Comparações para o número médio de lesões das folhas/planta em cada coleta
Clone Col 01 Col 02 Col 03 Col 04 Col 05 Col 06 Col 07 Col 08
Col
09
Col
10
Col 11 Col 12
PB1
21
18,33a 22,83a 10,83a 8,00a 14,83a 6,17a 13,17a 4,33a 1,00a 1,33a
20,67
b
8,17ab
PB
123
322,83
b
176,83
b
114,17
b
50,83b 40,00a 42,50ab 14,67a 2,00a 3,83b 5,33b 1,17a 2,17a
PB
132
372,17
b
316,33
b
339,67c
334,50
c
165,33
b
141,33
b
86,50
b
71,17
b
55,17
c
40,17
c
19,33
b
15,83
b
Média 237,78 172,00 154,89 131,11 73,39 63,33 38,11 25,83 20,00 15,61 13,72 8,72
Obs: Médias seguidas com a mesma letra não diferem entre si, tendo em vista o teste U de Mann-
Whitney a 5% de probabilidade.
As médias das lesões das folhas/planta em cada período de coleta de informações
encontram-se na Tabela 6 e foram comparadas através do o teste de Wilcoxon a 5% de
probabilidade. Este teste é o mais apropriado para as comparações de duas amostras relacionadas
(valores obtidos na mesma planta)
52
Tabela 6 - Média das lesões das folhas/planta em cada período de coleta de informações
Tratamento Média Grupo
Coleta 01 237,78 a
Coleta 02 172,00 ab
Coleta 03 154,89 b
Coleta 04 131,11 b
Coleta 05 73,39 b
Coleta 06 63,33 b
Coleta 07 38,11 c
Coleta 08 25,83 c
Coleta 09 20,00 c
Coleta 10 15,61 c
Coleta 11 13,72 c
Coleta 12 8,72 c
Obs: Médias seguidas com a mesma letra não diferem entre si, tendo em vista o teste de
Wilcoxon a 5% de probabilidade.
Os resultados experimentais mostraram que não houve diferença significativa entre as datas das
coletas 1 e 2. Também não houve diferença estatística entre as datas da 2ª até a 6ª coleta. E não
houve diferenças entre a coleta 07 e a coleta 12.
Os gráficos a seguir mostram a involução da incidência da doença ao longo do período estudado
entre os três clones de coqueiro (Figura 4 e 5)
53
Comparação entre clones em cada coleta
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Col1 Col2 Col3 Col4 Col5 Col6 Col7 Col8 Col9 Col10 Col11 Col12
Coletas
Num. lesões das folhas/árvor
e
PB121 PB123 PB132
Figura 4. Comparação entre clones em cada coleta de informações sobre lesões em folhas/planta.
Nos três clones (Figura 4) houve uma redução acentuada do índice de doença na medida
em que o tempo passava e a plantas se desenvolviam. No clone PB 132, o mais suscetível, essa
redução é muito mais acentuada. Em seguida, aparece o clone PB 123, também bastante
suscetível, aonde essa redução da doença é mias rápida. E, finalmente, o clone PB 121, o mais
resistente, aonde praticamente não se observa a presença da doença.
Na Figura 5 está bem clara, e definida, a linha de involução da doença mostrando que , de
modo geral ocorre uma redução na medida em que as plantas vão se desenvolvendo ,
considerando-se a média dos três clones.
A partir das medidas descritivas e dos gráficos da variável número de lesões em seis
folíolos centrais das folhas 1, 3 e 5 referentes às coletas realizadas nos os anos de 2003 e 2004
observou-se que, em todas as datas, a distribuição da doença apresentou assimetria positiva, ou
seja, a maior incidência da doença está concentrada próximo a fase inicial de coleta de dados.
54
Evolução das lesões das folhas ao longo do período
0
50
100
150
200
250
12
/8/2003
26
/8/2003
9/9
/2003
23/9/2003
7/10/2003
21/1
0/2003
4/11
/2003
18/1
1/2003
2/12/2003
16/12/2003
30/12/2003
13/1/2
004
27/1/2
004
10/2/20
04
24/2/2004
9/3/200
4
2
3/3/2004
6
/4/2004
Tempo
Num. de lesões das folhas/planta
Figura 5- Evolução das lesões causadas por B. incurvata em folhas de coqueiro no período de
2003 a 2004. Moju-PA.
Em Port Bouet, Costa do Marfim, (Quillec & Renard, 1975), citado por Warwick (1997)
caracterizaram a resistência de germoplasma de coqueiro em três grupos. Um resistente, que se
caracteriza pela não evolução das lesões após a inoculação do fungo, como é o caso do G.O.A.
(Gigante do Oeste Africano) e do PB 121 (Anão Amarelo da Malásia X Gigante do Oeste
Africano). Um outro tipo suscetível, caracterizado por um crescimento rápido das lesões, com
necrose e formação abundante de esporos na face abaxial e adaxial das folhas, representado pelo
Gigante da Polinésia. O tipo intermediário apresenta uma evolução limitada das lesões e uma
esporulação pouco abundante, sendo o caso do Anão Verde.
Estudos posteriores realizados em relação aos mecanismos de hereditariedade indicam
que a resistência observada na variedade G.O. A. é do tipo dominante. Além destes grupos, o
55
presente trabalho mostra que a redução do número de infecções nos folíolos, associado ao
tamanho e a intensidade de esporulação das lesões, pode constituir-se em um importante
parâmetro de avaliação de resistência de campo a mancha foliar causada por B. incurvata.
56
3.6 – CONCLUSÃO
Nas condições experimentais e de acordo com os critérios de avaliação, os resultados
obtidos permitem concluir que o híbrido de coqueiro PB 121 expressou um comportamento mais
resistente à mancha foliar, enquanto os híbridos PB 123 e PB 132 comportaram-se como mais
suscetíveis à mancha foliar causada por B. incurvata, em condições de plantio definitivo.
57
3.7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J.C.R.; et al. Mancha foliar do coqueiro causada por
Bipolaris incurvata. Manaus. Embrapa: Instruções Técnicas, n. 2, set. 1999.
QUILLEC, G. & RENARD, J.L. L’helminthosporiose du cocotier etudes preliminaires.
Oleagineaux, v.30, n.5, p.209-213, 1975.
RENARD, J. L. Missão de prospecção sobre as doenças do coqueiro e da palmeira
oleaginosa no Brasil. Paris, IRHO/GERDAT. 1982. 85p.
STEEL, R.G.D. & J. H. TORRIE. 1988. Bioestadística: principios e procedimientos. Mexico,
McGraw-Hill, 2ª ed., 622p.
WARWICH, D. R. N. ; LEAL, E. C. ;RAM. C. Doenças do coqueiro. In: FERREIRA, J. M. S. ;
WARWICH, D. R. N. ; SIQUEIRA, L. A . A cultura do coqueiro no Brasil. 2 . ed. Brasília:
Embrapa-SPI. 1998. P.269-292.
WARWICK, D.R.N. Coco: (Cocos nucifera L.): Controle de doenças. In: VALE, F.X. R. do;
ZAMBOLIM, L. (Ed.). Controle de doenças de plantas: grandes culturas. Viçosa: UFV, 1997.
v.2, p. 765-789.
58
CAPÍTULO 4 – EFEITO IN VITRO DE FUNGICIDAS NO CRESCIMENTO MICELIAL
DE (Bipolaris incurvata), AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR EM COQUEIRO
(Cocos nucifera L.)
59
CAPÍTULO 4 – EFEITO IN VITRO DE FUNGICIDAS NO CRESCIMENTO MICELIAL
DE (Bipolaris incurvata), AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR EM COQUEIRO
(Cocos nucifera L.)
4.1 – RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo selecionar in vitro fungicidas que sejam eficazes contra o
agente causal da mancha foliar em coqueiro (Bipolaris incurvata). O experimento foi conduzido
em condições de laboratório, utilizando-se os seguintes fungicidas: azoxystrobin, carbendazin,
clorotalonil, iprodione, mancozeb, prochloraz, tebuconazole, tiofanato metílico, triadimenol e
propiconazole nas dosagens 0,1; 1,0; 10 e 100 ppm diluídos em meio BDA. Discos de 0,5 cm de
diâmetro de micélio do fungo B. incurvata foram colocados no centro das placas de Petri
contendo BDA + fungicida. Placas contendo apenas meio de cultura serviram como controle.
Após seis dias foi efetuada a avaliação do teste medindo-se ortogonalmente o diâmetro da
colônia. Os dados obtidos foram transformados para percentual de inibição de crescimento (PIC)
e submetidos à analise de variância. A comparação das médias foi efetuada pelo teste “SNK”. Os
resultados mostraram que os fungicidas mais eficientes na inibição do crescimento micelial de B.
incurvata foram iprodione, prochloraz, tebuconazole e propiconazole, nas concentrações de 0,1 e
1,0 ppm quando comparados com a testemunha.
60
4.2 – ABSTRACT
CAPITULO 4: IN VITRO EFFECT OF FUNGICIDES IN THE MYCELIAL GROWTH
OF (Bipolaris incurvata) CAUSAL AGENT OF COCONUT PAL LEAF SPOT.
To select in vitro fungicides to control coconut palm leaf spot caused by Bipolaris incurvata,
were carried out experiment utilizing of the fungicides carbendazin, clorotalonil, iprodione,
mancozeb, prochloraz, tebuconazole, tiofanato metilílico, triadimenol and triazol. in the
concentrations 0,1; 1,0; 10; 100 ppm in BDA midium by deposition of one 0,5 mm diameter
culture disk fungi Bipolaris incurvata. On the BDA midium surface. After 6 days wos registred
the colony diameter. The results indicated thal of more efficient fungicides in inhibiting mycelial
growth were iprodione, prochloraz, tetriconazole and propiconazole.
61
4.3 – INTRODUÇÃO
A mancha foliar do coqueiro tem ocorrido nas condições do Município de Moju desde a
fase de viveiro até os primeiros anos de plantio, provocando a mortandade de um número
considerável de plantas. Somente entre os anos de 2000 a 2002, mesmo com manejo adequado,
foram registradas mais de 14.000 plantas mortas na fazenda SOCOCO, no município de Moju,
estado do Pará, principalmente dos híbridos PB 123 e PB 132, fato que tem limitado a expansão
do plantio com esses híbridos.
Como estratégia para o controle da mancha foliar do coqueiro, nas situações da utilização
de híbridos suscetíveis ou mesmo de plantas com tipo de resistência que sofram forte ação do
ambiente, a utilização de fungicidas poderá constituir-se em uma das ações de controle a serem
implementadas no manejo integrado de doenças. Alguns fungicidas mostram-se eficientes no
controle de B. incurvata (Quillec & Renard. 1975; Warwick, 1997 e Embrapa, 1998). Entretanto,
no Brasil, o controle dessa doença utilizando-se de fungicidas tem sido dificultado, pois, não
existem produtos registrados para tal fim.
O objetivo do presente trabalho foi selecionar fungicidas que sejam eficazes contra B.
incurvata que, possam ser recomendados para o controle da mancha foliar do coqueiro.
4.4 - MATERIAL E MÉTODOS
4.4.1 - Seleção de fungicidas in vitro
O experimento foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia
Oriental em Belém, PA. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em
62
esquema fatorial de 10 x 5 x 4 (10 fungicidas x 5 concentrações em ppm x 4 repetições). Foram
testados os fungicidas: azoxystrobin, carbendazin clorotalonil, iprodione, mancozeb, prochloraz,
tebuconazole, tiofanato metílico, triadimenol e propiconazole nas concentrações de 0; 0,1; 1; 10 e
100 ppm.
4.4.2 - Influência de fungicidas no crescimento micelial de Bipolaris incurvata.
Discos de 0,5 cm de diâmetro, obtidos das margens de colônias de B. incurvata com sete
dias de idade, foram colocados no centro de placas de Petri contendo BDA + fungicida, nas
diferentes concentrações. A avaliação foi feita medindo-se o diâmetro da colônia,
ortogonalmente, seis dias após a ação as placas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância. As comparações entre médias foram efetuadas pelo teste SNK
4.5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 7 mostra que, quando a comparação das médias é feita em relação às
concentrações testadas, a 0,1 ppm os fungicidas tebuconazole, iprodione, azoxystrobin,
triadimenol, clorotalonil, prochloraz e propiconazole, no nível de 5 % de probabilidade de erro
pelo teste “SNK”, diferiram significativamente do controle (0 ppm) ao promover a inibição do
crescimento micelial de B. incurvata. A partir da concentração de 1,0 ppm, a exceção dos
fungicidas tiofanato metílico e carbendazin, todos os demais reduziram o crescimento micelial do
patógeno. Esses mesmos fungicidas só tiveram efeito na redução do crescimento micelial a partir
das dosagens de 100 ppm. Em relação à comparação feita entre os fungicidas, a Tabela 2 mostra
ainda que, na concentração de 0,1 ppm, os fungicidas, tebuconazole, iprodione, prochloraz e
propiconazole foram “in vitro” os mais eficientes na redução do crescimento micelial.
63
Os fungicidas mais utilizados para o controle da helminthosporiose do trigo pertencem
aos grupos dos ditiocarbamatos e dos triazóis (Embrapa, 1998). O teste de fungicida in vitro
mostrou que mancozeb (ditiocarbamato) só apresentou eficiência em reduzir o crescimento
micelial de B. incurvata em altas dosagens e que, propiconazole (triazol) foi eficiente a partir de
0,1 ppm.
Warwick (1997) relata que o controle mais utilizado para a mancha foliar do coqueiro é o
químico por meio da aplicação preventiva de fungicidas, e que clorotalonil, em um ensaio de
competição de fungicidas, obteve desempenho superior. Porém, in vitro, clorotalonil não
promoveu inibição suficiente do crescimento micelial do fungo, quando comparado com o
tebuconazole, propiconazole, iprodione e prochloraz, em todas as dosagens testadas.
Segundo Warwick et al. (1998), pulverizações semanais alternadas com fungicidas à base
de mancozeb na dose de 2,5 gramas do produto comercial/litro de água ou com tebuconazole na
dose de 1,5 gramas do produto comercial/litro de água, a intervalos de 15 dias, direcionando o
jato do pulverizador para a parte inferior dos folíolos, garantem um controle adequado com
resultados promissores. O efeito deste controle pode dever-se à ação residual do tebuconazole são
necessárias altas concentrações de mancozeb para reduzir o crescimento micelial de B. incurvata.
Apesar do resultado eficiente dos quatro fungicidas selecionados nesse estudo como os
melhores na inibição do crescimento micelial de B. incurvata, reconhecemos a importância de
testes em campo, pois que, os fungicidas podem ter ação fungicida, fungistática ou genestática
matando o patógeno, inibindo a germinação ou esporulação do mesmo, respectivamente, e o
ambiente, mormente os exsudados foliares podem contribuir para que ocorra antagonismo ou
sinergismo com moléculas de fungicidas.
64
Tabela 7 - Efeito in vitro de diferentes concentrações (0,0; 0,1; 1,0; 10 e 100 ppm) de fungicidas na
inibição do crescimento micelial (mm) de B. incurvata, após seis dias de incubação.
Concentração em ppm
Fungicidas 0 0,1 1,0 10 100
Azoxystrobin 89,05 Aa 54,52 Bc 55,31 Bc 50,84 Bb 41,30 Cb
Triadimenol 87,22 Aa 55,91 Bc 33,79 Cd 11,39 De 4,74 Ee
Tiofanato metilico 87,32 Aa 83,39 Aa 86,39 Aab 81,78 Aa 32,29 Bc
Clorotalonil 88,57 Aa 75,42 Bb 53,81 Cc 23,21 Dd 17,14 Ed
Carbendazin 84,58 Aa 86,91 Aa 88,27 Aa 84,92 Aa 79,20 Ba
Mancozeb 89,90 Aa 87,28 Aa 82,12 Bb 40,94 Cc 8,55 De
Tebuconazole 89,65 Aa 30,46 Bd 16,04 Ce 10,16 De 4,29 Ee
Iprodione 85,35 Aa 32,06 Bd 12,01 Ce 7,19 Ce 7,18 Ce
Prochloraz 88,29 Aa 28,94 Bd 14,21 Ce 9,95 CDe 7,71 De
Propiconazole 87,62 Aa 33,27 Bd 17,17 Ce 7,66 De 4,64 De
* Médias seguidas das mesmas letras minúsculas na coluna e de mesmas letras maiúsculas na
linha não diferem estatisticamnete pelo teste “SNK” (p=0,05). CV=7,03 %.
65
4.6 - CONCLUSÕES
Os fungicidas tebuconazole, propiconazole, iprodione e prochloraz foram os mais
eficientes em promover in vitro a redução do crescimento micelial de B. incurvata.
66
4.7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Unidade de execução de pesquisa de âmbito estadual de Dourados (M S). Trigo
recomendações técnicas para Mato grosso do Sul. Dourados. Circular Técnica, 1991. 154 p.
GOULART, A. C. P. Eficiência do tratamento de sementes de soja com fungicidas visando o
controle de patógenos. Dourados: Embrapa-CPAO, Boletim Técnico, 1998, 20 p.
RAM, C. Efeito de fungicidas no controle de lixa-pequena (Catacauma torrendiela) e queima-
das-folhas (Laisiodiplodia theobromae) do coqueiro (Cocos nucifera L.) em Sergipe.
Fitopatologia Brasileira, v. 15, p. 289-291, 1990.
QUILLEC, G.; RENARD, J.L. L’ helminthosporiose du cocotier: etudes preliminaries.
Oleagineaux, v.30, n.5, p. 209-213, 1975.
WARWICK, D. R. N. Coco: (Cocos nucifera L.): controle de doenças. In: VALE, F. X. R. do;
ZAMBOLIM, L. (Ed.). Controle de doenças de plantas: grandes culturas. Viçosa: UFV, 1997. v.
2, p. 765-789.
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