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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
DEPTO. DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA – DOL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA
LABORATORIO DE BIOLOGIA PESQUIRA – LABIPE
CARACTERIZAÇÃO DA CAPTURA INCIDENTAL DE
TARTARUGAS MARINHAS PELA PESCA DE ESPINHEL
PELÁGICO NO NORDESTE DO BRASIL
RODRIGO COLUCHI
NATAL-RN
2006
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II
CARACTERIZAÇÃO DA CAPTURA INCIDENTAL DE
TARTARUGAS MARINHAS PELA PESCA DE ESPINHEL
PELÁGICO NO NORDESTE DO BRASIL
RODRIGO COLUCHI
Dissertação apresentada ao Depto. de
Oceanografia e Limnologia (DOL) da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) como parte dos requisitos para a
obtenção do titulo de Mestre em Bioecologia
Aquática
ORIENTADOR: PROF. DR. JORGE LINS (UFRN)
COORIENTADOR: PROF. DR. PAULO TRAVASSOS (UFRPE)
NATAL-RN
Dezembro de 2006
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III
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Coluchi, Rodrigo.
Caracterização da captura incidental de tartarugas marinhas pela pesca de espinhel
pelágico no Nordeste do Brasil / Rodrigo Coluchi. - Natal, RN, 2006.
66 f. : il.
Orientador : Jorge Eduardo Oliveira Lins
Co-orientador : Paulo Travassos.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.
Programa de Pós-graduação em Bioecologia Aquática.
1 Tartaruga marinha – Dissertação. 2 Captura incidental – Dissertação 3. Espinhel pelágico -
Dissertação. I. Lins, Jorge. II. Travassos, Paulo. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 639.248
IV
Agradecimentos
Agradeço a minha família pelo amor e incentivo durante todas as etapas
da minha formação. Aos meus amigos Igor, Aline, Dudu, Arthur e Venécios por
todo companheirismo ao longo dessa jornada. Ao Preto e Cecília (Ciça) pela
importante ajuda na confecção do “Abstract”. Aos amigos Garla e Garcia pelos
conselhos e sugestões, e ao Fúlvio por toda ajuda no tratamento estatístico dos
dados.
Ao Centro Tamar-Ibama e a Fundação Pró-Tamar pela oportunidade de
trabalho, financiamento da campanha de coleta dos dados e apoio logístico
junto à estrutura na Gerex RN. Aos companheiros de Tamar Bruno Gifonni,
Carlos Eduardo Consulim (Cacá), Fernando Fiedler e Guilerme Maurutto por
toda assessoria e paciência durante a realização desse trabalho.
Ao meu orientador Jorge Lins pela amizade, preciosa orientação e
vivência, transmissão de conhecimentos e pela oportunidade de integrar a
equipe do LABIPE. Ao Professor Paulo Travassos pela co-orientação e
parceria com o LEMAR /UFRPE. Aos observadores de bordo pelo importante
trabalho realizado e a prontidão de sempre colaborarem com essa causa.
E, finalmente, agradeço ao amigo e chefe Gilberto Sales pela confiança
e pela oportunidade que me proporcionou seguir adiante nessa sonhada
carreira profissional. Obrigado Gil, “você é o cara!”.
1
ÍNDICE
RESUMO..................................................................................................3
ABSTRACT..............................................................................................4
1. INTRODUÇÃO. ....................................................................................5
2. OBJETIVOS.........................................................................................9
2.1. OBJETIVO GERAL.................................................................................................................................9
O ESTUDO AQUI APRESENTADO TEM COMO OBJETIVO GERAL CARACTERIZAR A CAPTURA INCIDENTAL DE
TARTARUGAS MARINHAS PELA PESCARIA ESPINHELEIRA REALIZADAS POR FROTAS ESTRANGEIRAS SEDIADAS
NO
NE DO BRASIL. .............................................................................................................................................9
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS. ...................................................................................................................9
3. METODOLOGIA.................................................................................10
3.1. ÁREA DE ESTUDO...............................................................................................................................10
3.2. OS DADOS COLETADOS......................................................................................................................12
3.3. GEOPROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES.......................................................................................13
3.4. CPUE.................................................................................................................................................14
3.5. ANÁLISES ESTATÍSTICAS. ...................................................................................................................15
4. RESULTADOS...................................................................................16
4.1. CARACTERIZAÇÃO DAS PESCARIAS. .........................................................................................................16
4.2. CPUE.................................................................................................................................................18
4.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DAS PESCARIAS...................................................................21
4.3.1. Espinhel Americano (EAN.)..................................................................................................21
4.3.2. Espinhel Chinês (EPC)..................................................................................................................23
4.4. CAPTURAS TOTAIS. ............................................................................................................................24
4.5. FREQÜÊNCIAS DE COMPRIMENTOS DAS CAPTURAS POR ESPÉCIE...................................................26
4.5.1. Caretta caretta........................................................................................................................26
4.5.2. Chelonia mydas..............................................................................................................................26
4.5.3. Dermochelys coriacea...................................................................................................................27
4.5.4. Lepidochelys olivacea...................................................................................................................27
4.6. FREQÜÊNCIAS DE OCORRÊNCIA DAS CAPTURAS POR ÁREA.............................................................28
4.6.1. Caretta caretta........................................................................................................................28
4.6.2. Chelonia mydas......................................................................................................................29
4.6.3. Dermochelys coriacea..........................................................................................................30
4.6.4. Lepidochelys olivacea...........................................................................................................31
4.7. CARACTERIZAÇÃO DAS CAPTURAS. ...................................................................................................32
5. DISCUSSÃO. .....................................................................................36
5.1. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DAS FROTAS. ...............................................................................36
5.1.1. Espinhel Americano (EAN)...........................................................................................................36
5.1.2. Espinhel Chinês (EPC)..................................................................................................................36
5.2. CPUE. ......................................................................................................................................................37
5.3. CAPTURAS.................................................................................................................................................37
5.3.1. Caretta caretta................................................................................................................................38
5.3.2. Chelonia mydas..............................................................................................................................39
5.3.3. Dermochelys coriacea...................................................................................................................40
5.3.4. Lepidochelys olivacea. ..................................................................................................................41
6. CONCLUSÕES ..................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................46
ANEXOS ................................................................................................58
2
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Área de atuação de EAN (A.) e EPC (B.) no Atlântico Sul Ocidental.........11
Figura 2. A. Comprimento curvilíneo do casco e B. largura curvilínea do casco.......12
Figura 3. Circulação superficial oceânica na região SE Equatorial do Atlântico
(Lumpkin & Garzoli, 2005)..
.......................................................................................13
Figura 4. Esforço total das frotas americana e chinesa no Atlântico Sul Ocidental...18
Figura 5. CPUE Total de tartarugas por quadrante no Atlântico Sul Ocidental. ........20
Figura 6. Comparação da captura mediana de tartarugas entre os petrechos de
pesca..
.......................................................................................................................21
Figura 7.Distribuição espaço/temporal da frota EAN no Atlântico Sul Ocidental.......22
Figura 8.Distribuição espaço/temporal da frota EPC no Atlântico Sul Ocidental.......23
Figura 9. Esforço total das pescarias e quantidade de capturas de tartarugas por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental.
.......................................................................24
Figura 10. Composição das espécies capturadas pelo petrecho americano.. ..........25
Figura 11. Composição das espécies capturadas pelo petrecho chinês...................25
Figura 12. Freqüências de comprimento das capturas de C. caretta........................26
Figura 13. Freqüências de comprimento das capturas de C. mydas. .......................26
Figura 14. Freqüências de comprimento das capturas de D. coriacea. ....................27
Figura 15. Freqüências de comprimento das capturas de L. olivacea. .....................27
Figura 16. Esforço total das pescarias e quantidade de C. caretta capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental.
.......................................................................28
Figura 17. Esforço total das pescarias e quantidade de C. mydas capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental.
.......................................................................29
Figura 18. Esforço total das pescarias e quantidade de D. coriacea capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental.
.......................................................................30
Figura 19. Esforço total das pescarias e quantidade de L. olivacea capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental.
.......................................................................31
Figura 20. Condição física das tartarugas capturadas, conforme o tipo do anzol.. ...34
Figura 21. Gráficos representando condição física e local de insersão do anzol......35
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. História de vida das espécies de tartarugas marinhas registradas no litoral
brasileiro....................................................................................................................................8
Tabela 2. Caracterização dos petrechos de pesca identificados. .................................17
Tabela 3. Quantidade de lances, esforço, tartarugas capturadas e CPUE, para cada
pescaria e total.......................................................................................................................19
Tabela 4. Totais de indivíduos de cada espécie capturados, local de insersão do
anzol e condição física dos animais em cada uma das pescarias.
...............................33
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1. Critérios utilizados para caracterização das pescarias. .................................58
Anexo 2. Planilhas de dados biológicos. ...........................................................................59
Anexo 3. Planilha de dados abióticos. ...............................................................................60
Anexo 4. Formatos dos anzóis............................................................................................61
Anexo 5. Representação gráfica da distribuição espacial dos lances em cada
trimestre. A. EAN e B. EPC.
.................................................................................................62
3
Resumo
As características biológicas das tartarugas marinhas em conjunto com as
diversas perturbações antrópica sofridas ao longo do tempo têm reduzido várias
populações para níveis quase inviáveis de se manterem, atualmente, as quatro
espécies registradas nesse trabalho são citadas na lista de fauna ameaçada da
União Internacional para Conservação da Natureza - IUCN (Caretta caretta,
Chelonia mydas, Dermochelys coriacea e Lepidochelys olivacea). Entre os principais
riscos que estão sujeitas as tartarugas marinhas podemos citar as atividades
pesqueiras de maneira geral e em especial o espinhel pelágico de superfície. O
presente estudo apresenta o monitoramento realizado junto a duas frotas
estrangeiras de espinhel de superfície sediadas no nordeste do Brasil, ente outubro
de 2004 e setembro de 2005. Ambas atuaram no Atlântico Sul Ocidental, sendo que
o espinhel chinês teve como objetivo a captura de atuns (Thunnus spp), utilizando
peixe como isca, anzol tipo “tunna hook” e imersão do petrecho de pesca durante o
dia. A espécie alvo do petrecho chamado de americano foi o espadarte (Xiphias
gladius), que se caracterizou por utilizar lula como isca, anzol tipo “J” 9/0 offset 5º,
atrator luminoso, imersão noturna e mais rasa do que o chinês. As informações a
respeito do esforço e das capturas foram provenientes de observadores de bordo e
utilizadas para calcular os índices de capturas de tartarugas por 1000 anzóis
(CPUE). O petrecho americano capturou mais tartarugas (CPUE= 0,059, N= 113) e
foi mais representado por D. coriacea, enquanto o espinhel chinês apresentou CPUE
= 0,018 (N= 89) e L. olivacea como a espécie mais numerosa. O local mais comum
de insersão do anzol em C. caretta, C. mydas e L. olivacea foi a boca. As D.coriacea
foram mais capturadas quando o anzol se prendeu externamente. Não houve
diferença significativa das capturas conforme o tipo de anzol, e os indivíduos
liberados vivos predominaram. Os resultados encontrados corroboram com o maior
potencial de capturas de tartarugas atribuído às características do petrecho que tem
como alvo os espadartes. No entanto, testes estatísticos demonstraram que, apesar
do petrecho voltado à captura de atuns interagir menos com tartarugas marinhas, as
capturas na pescaria chinesa foram subestimadas devido à dificuldade de
comunicação do observador com a tripulação e recolhimento do espinhel durante a
noite.
Palavras-chave: Tartarugas marinhas. Captura incidental. Espinhel pelágico.
Nordeste do Brasil.
4
Abstract
The marine turtles’ biological characteristics and the impact they have been
suffering in consequence of human activities have caused in the last decades the
decrease of populations to unsustainable levels. All four of the species described in
this paper are registered as endangered in a list by IUCN: Caretta caretta,
Lepidochelys olivacea, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea. The main causes of
such impact include several fishing activities, mostly the surface longline. This paper
discusses the monitoring of two foreigner longline fleet along the North East Brazilian
coast between October of 2004 and September of 2005. Both operated in the West
South Atlantic, one using the Chinese technique and the other the American. The
American method’s target species is the swordfish (Xiphias gladius), and it is
characterized by using squid as bait, “J”9/0 offset 5º hook, light sticks and night
soaking. It also operates in shallower waters than the Chinese method. The source of
information about the efforts and the catches came from onboard observers and were
used to calculate the catching rate of turtles over 1000 hooks (CPUE). The American
equipment caught more turtles (CPUE = 0,059; N= 103), mainly D. coriacea, while
the Chinese longline caught mainly the L. olivacea and presented a CPUE= 0,018
(N= 89). The hooks were most frequently found attached to the mouth of C. caretta,
C. mydas, and L. olivacea. The D. coriacea were most frequently caught by hooks
externally attached to different parts of their body. There was no significant difference
between the hook type catching and most turtles were still alive when released. The
results suggest a greater potential of turtle catching by the American method.
Besides the statistic tests have showed less interaction between the Chinese
equipment and marine turtles, the catches of this fishing technique could have been
underestimated due to miscommunication between the onboard observer and the
vessel’s crew plus the retrieve of the longline during night time.
5
1. Introdução.
As tartarugas marinhas são vertebrados tetrápodes pertencentes ao grupo
Testudines, que surgiram no período Jurássico, cujo fóssil mais antigo que se tem
registro foi encontrado em Santana do Cariri e data de, pelo menos, 110 milhões de
anos (Hirayama, 1998). Desde então, foram poucas as alterações morfológicas em
relação aos representantes atuais. Das sete espécies marinhas que ocorrem no
mundo, cinco são cosmopolitas e distribuídas nos oceanos tropicais, inclusive na
costa brasileira: Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Caretta caretta,
Lepidochelys olivacea e Dermochelys coriacea (Marcovaldi & Marcovaldi, 1985;
Marcovaldi, 1987; Baptistotte, 1995) (Tabela 1). Duas têm distribuições restritas:
Natator depressus, endêmica do nordeste da Austrália e Lepidochelys kempi, do
Golfo do México e Costa ocidental dos Estados Unidos (Meylan & Meylan, 1999).
Como características peculiares do grupo destacam-se a longevidade,
maturação sexual tardia (entre 15 e 50 anos de idade, dependendo da espécie e da
região geográfica) (Balazs, 1982; Bjorndal & Zug, 1995
) e as longas jornadas
migratórias entre habitats de nascimento e alimentação. Carr et al. (1978) definiram
como habitat de desenvolvimento o ambiente pelágico ocupado pelas tartarugas
durante os primeiros anos de vida, logo após o nascimento até a idade (tamanho)
em que ocorre o recrutamento para uma fase de alimentação nerítica,
permanecendo até quando atingem a idade de maturação sexual e partem em
retorno as áreas de nascimento.
Nos últimos 200 anos a viabilidade das populações em se manterem tem sido
drasticamente ameaçada, sendo extintas ou declinando drasticamente devido à
intensa coleta de ovos e matança de fêmeas nas praias de nidificação, ocupação da
zona costeira e a atividade pesqueira (Chacón et al., 2001; IUCN, 2006).
Atualmente, todas as espécies pertencem à Lista Vermelha Internacional de
Espécies Ameaçadas (IUCN, 2006).
No Brasil, o Projeto Tamar, um centro de pesquisa ligado ao IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), atua na
conservação das cinco espécies que ocorrem ao longo da costa e nas ilhas
oceânicas desde 1980, sendo que as primeiras ações foram voltadas a
levantamentos nas áreas de desova (Marcovaldi & Laurent, 1996; Marcovaldi &
Marcovaldi, 1999).Atualmente, um dos maiores problemas para a conservação
6
dessas espécies, tanto no Brasil como em outras partes do mundo, é a captura
incidental pelas diversas modalidades de pesca (National Research Council, 1990;
Marcovaldi et al., 2002).
O declínio dos recursos pesqueiros em têm levado a um aumento de esforço
de pesca visando manter a atividade viável economicamente, mas acelera o
esgotamento dos estoques naturais, atingindo tanto as espécies alvo da pescaria
como a fauna acompanhante, capturada de maneira incidental (Lewison et al.,
2004ª; Crowder & Murawski 1998).
Alguns petrechos de pesca quando empregados com habilidade e com o
devido conhecimento permitem, até certo ponto, selecionar o pescado que se deseja
capturar. No entanto, algumas artes de pesca têm revelado altas taxas de captura de
espécies que não são alvo, em particular às tartarugas marinhas (Barata, et al. 1998;
Spotila, et al., 2000), entretanto, entre os grupos afetados por essa problemática
ainda estão incluídos as aves marinhas, mamíferos e tubarões (Heppell et al. 1999;
Fujiwara & Caswell 2001; Baum et al. 2003; Lewison & Crowder 2003). Essa
interação é prejudicial não só para as populações afetadas como também para o
próprio setor pesqueiro, já que as capturas geram prejuízos em função das avarias
no petrecho, queda da produtividade em relação às espécies-alvo e atraso na rotina
de bordo.
Em outubro de 2000, a 2
a
Sessão do Congresso Mundial de Conservação da
UICN (4-11/11 de 2000, Amã, Jordânia) estabeleceu a Resolução 2.65,
especificamente sobre a captura incidental de tartarugas marinhas pela pesca de
espinhel pelágico e apontando essa modalidade de pesca como a mais prejudicial
para o grupo. Neste ato a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN)
solicitou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)
uma consulta técnica para dimensionar este fenômeno e convidou Estados,
organizações pesqueiras e outros potenciais interessados a trabalharem nessa
mesma direção. A política pesqueira nacional tem por objetivo aumentar o esforço
pesqueiro sobre os estoques de atuns e afins do Atlântico Sul, por parte da frota
nacional e nacionalizada ou arrendada.
Resultados obtidos através de prospecções do Programa de Avaliação dos
Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva (REVIZEE) em parceria com o
TAMAR (Barata et al., 1998) indicaram altas taxas de captura de tartarugas
7
marinhas, evidenciando a necessidade de aprofundar os esforços para dimensionar
e buscar soluções para este problema no setor pesqueiro nacional (Sales, et al.
2003).
Informações sobre a captura incidental de tartarugas por espinhel ainda são
escassas no Atlântico Sul (Barata et al., 1998; Kotas et al., 2004) e os estudos
recentes mostram a urgência em aumentar os esforços para estimar as taxas de
captura e mortalidade desses animais, assim como pesquisar soluções para
minimizar essa interação (Barata et al., 1998). Como exemplo dessa campanha foi
criado o “Plano de Ação Nacional para Redução da Captura Incidental das
Tartarugas Marinhas pela Atividade Pesqueira”, chamado de Plano Tamar/Pesca,
que atualmente monitora além do espinhel pelágico as pescarias com redes de
emalhe de deriva (Marcovaldi et al., 2002).
Uma das medidas em prática mais antigas para a redução da mortalidade
pela pesca é o “TED” (Dispositivo Exclusor de Tartarugas), utilizado em diversos
países para reduzir as capturas na pesca de arrasto de camarão (NOAA, 2003). As
frotas espinheleiras do Hawai (Pacífico) e do Atlântico Norte são obrigadas a seguir
uma serie de imposições e restrições para praticar a pesca do espadarte nessas
regiões, como o uso de anzóis circulares, peixes como isca, observadores de bordo
em todos os cruzeiros, limite do esforço anual de pesca, do número de tartarugas
capturadas e o fechamento de algumas áreas de pesca por determinado tempo
(Gilman et al., 2006).
8
Tabela 1. História de vida das espécies de tartarugas marinhas registradas no litoral brasileiro.
*
Comprimentos do casco e pesos podem variar conforme as características de cada população
Comprimento
máximo do
casco (cm)*
Peso
máximo
(Kg)*
Distribuição
Local de desova
na costa
brasileira
Hábito alimentar**
Situação
Bibliografia
Tartaruga cabeçuda
Caretta caretta
(Linnaeus, 1758)
105
180
Regiões temperadas,
sub-tropicais e
tropicais de todos os
oceanos
Litoral NE
Piscívoro/carnívoro
Ameaçada
Baptistotte, 1995
Marcovaldi & Marcovaldi, 1985
Marcovaldi, 1987
MTSG, 1996
Pritchard & Mortmer, 1999
Witzell, 1984
Polovina, 2003
Tartaruga verde
Chelonia mydas
(Linnaeus, 1758)
120
230
Regiões sub-tropicais
e tropicais de todos
os oceanos
Ilhas oceânicas
(Trindade, Atol
das Rocas e
Fernando de
Noronha)
Jovem: onívoro
Adulto: herbívoro
Ameaçada
Baptistotte, 1995
Bjorndal, 1985; 1997
Brand et al., 1999
Marcovaldi & Marcovaldi, 1985
Marcovaldi, 1987
Pritchard & Mortmer, 1999
Seminoff, 2004
Wood & Wood, 1981
Tartaruga de pente
Eretmochelys imbricata
(Linnaeus, 1766)
90
80
Regiões tropicais de
todos os oceanos
Litoral do NE
Onívoro
Criticamente
ameaçada
Baptistotte, 1995
Bjorndal, 1997
Marcovaldi & Marcovaldi, 1985
Marcovaldi, 1987
Pritchard & Mortmer, 1999
Red List Standards & Petitions
Subcommittee, 1996
Tartaruga oliva
Lepidochelys olivacea
(Eschscholtz, 1829)
72
50
Regiões tropicais dos
oceanos Pacífico,
Índico e Atlântico
Litoral do NE
Piscívoro/carnívoro
Ameaçada
Baptistotte, 1995
Marcovaldi & Marcovaldi, 1985
Marcovaldi, 1987
Pritchard & Mortmer, 1999
Red List Standards & Petitions
Subcommittee, 1996
Tartaruga de couro
Dermochelys coriacea
(Vandelli, 1761)
180
500
Entre as regiões sub-
antartica e tropical de
todos os oceanos
Litoral do Estado
do Espírito Santo
Planctívoro e
invertebrados
pelágicos
Criticamente
ameaçada
Baptistotte, 1995
Bleakney 1965
Marcovaldi & Marcovaldi, 1985
Marcovaldi, 1987
Pritchard, 1971
Pritchard & Mortmer, 1999
Sarti Martinez, 2000
**Categorias determinadas conforme revisão bibliográfica e observações de conteúdos estomacais de espécimens capturados.
9
2. Objetivos.
2.1. Objetivo Geral.
O estudo aqui apresentado tem como objetivo geral caracterizar a captura
incidental de tartarugas marinhas pela pescaria espinheleira realizadas por frotas
estrangeiras sediadas no NE do Brasil.
2.2. Objetivos Específicos.
A) Quantificar a captura de tartarugas marinhas pelas frotas espinheleiras
estrangeiras sediadas no NE do Brasil;
B) Determinar as principais espécies e classes de tamanho de tartarugas
capturadas por estas pescarias;
C) Verificar quais características e procedimentos operacionais das pescarias
contribuem para maior captura de tartarugas;
D) Comparar a atuação dos tipos de anzóis utilizados em relação às espécies,
local de inserção e dano físico;
E) Sugerir medidas que venham a aprimorar a coleta das informações
provenientes do monitoramento das frotas estrangeiras e acesso a dados de boa
qualidade;
F) Sugerir recomendações e aplicações práticas para mitigar a captura
incidental e a mortalidade das tartarugas marinhas.
10
3. Metodologia.
Para melhor compreensão, o termo “pescaria” foi adotado como a unidade de
avaliação, monitoramento e gestão em que se baseiam as interações entre
tartarugas marinhas e as diferentes tecnologias de pesca (Sales et al., 2003). O
mesmo foi definido como sendo toda atividade pesqueira realizada numa área
especifica, utilizando equipamentos específicos, e que interagem com tartarugas
marinhas.
Para este estudo duas pescarias foram caracterizadas e monitoradas durante
o período entre 01/10/2004 e 30/09/2005, sendo cada uma definida com base em 12
características merísticas e organizacionais (Anexo 1).
3.1. Área de estudo.
O espinhel denominado EAN foi utilizado em 13 embarcações, que
distribuíram seu esforço total de pesca entre os paralelos 25 S e 10 N, a partir da
quebra da plataforma continental até a longitude de 18ºW. As embarcações que
utilizaram o espinhel tipo EPC operaram em uma área mais restrita, entre 17º S e
7ºN a partir do talude, no entanto, com alguns lances sobre a plataforma continental.
A figura a seguir apresenta em mapas a distribuição dos lances realizados por cada
tipo de pescaria, durante o ano que foram monitoradas (Figura 1).
11
A. B.
Figura 1. Área de atuação de EAN (A.) e EPC (B.) no Atlântico Sul Ocidental entre outubro de 2004 e setembro de 2005.
12
3.2. Os dados coletados.
Todos os dados foram coletados abordo de embarcações estrangeiras, por
observadores de bordo capacitados pelo Projeto Tamar-IBAMA durante os
treinamentos oferecidos pela SEAP em parceria com a UFRPE. Em cada cruzeiro de
pesca o observador foi responsável pelo preenchimento de dois modelos de
planilhas, um com dados abióticos (preenchida para todos os lances) como as datas,
posições e horários dos lançamentos e recolhimentos; configuração do petrecho de
pesca; tipo e quantidade de anzóis e tipo de isca (Anexo 2). Na segunda planilha
foram anotados dados como: espécie, biometria (quando possível), data e número
do lançamento, tipo de isca, local de inserção do anzol, condição física do animal, e
se teve o anzol removido antes de ser liberado. (Anexo 3).
Um problema enfrentado na obtenção de alguns dados é a impossibilidade de
embarcar a tartaruga, ora devido ao seu tamanho, ora por proibição do mestre da
embarcação, impossibilitando o completo preenchimento da planilha biológica.
Quando houve a possibilidade do embarque foram anotados o comprimento
curvilíneo (CCC) e largura curvilínea do casco (LCC), utilizando-se fita métrica com
precisão de 0,1cm (conforme Figura 2). Após a biometria, o anzol era removido, e o
animal reanimado antes de ser devolvido ao mar (nos casos daqueles afogados).
Figura 2. A. Comprimento curvilíneo do casco e B. largura curvilínea do casco.
A.
B.
CCC
LCC
Posteriormente, todos os dados das planilhas foram inseridos no Sistema
Integrado de Informações do Projeto Tamar (SITamar), um banco de dados em
13
formato Access (Microsoft, 2003), utilizado como a fonte das informações
apresentadas nesse trabalho.
3.3. Geoprocessamento das informações.
A utilização da ferramenta de geoprocessamento dos dados de capturas e
lançamentos permitiu a análise precisa de cada ponto, dispostos em mapas que
foram interpretados levando-se em conta informações a respeito da biologia de cada
espécie de tartaruga, das características de cada pescaria e da dinâmica de
circulação das correntes oceânicas que estão sujeitas as tartarugas registradas
nessa região (Figura 3).
Figura 3.
Circulação superficial oceânica na região SE Equatorial do Atlântico (Lumpkin &
Garzoli, 2005). Corrente Norte Equatorial (NEC), Corrente Sul Equatorial (SEC),
Contracorrente Norte Equatorial (NECC), Corrente do Brasil, Corrente Norte do Brasil,
Flexão da Corrente Norte do Brasil (NBC Retr.), Corrente da Guiana, Corrente da Guine,
Corrente de Angola.
O programa de computador utilizado foi o ArcMap 8.3 (ESRI). As posições
geográficas foram obtidas dos aparelhos de GPS das próprias embarcações e
anotadas nas planilhas de dados abióticos ao inicio de cada lançamento. No
entanto, para a utilização desses dados pelo programa, foi necessário converter as
14
coordenadas de dd
o
mm’nnn’’ para o formato decimal, através da seguinte equação
matemática:
Coordenada decimal = (dd
o
+(mm’/60)+(nnn’’/3600)) x -1
Posteriormente, as áreas de operações das frotas foram divididas em
quadrantes com cinco graus de latitude por cinco graus de longitude (conforme
ICAAT, órgão responsável pela gestão do estoques de atuns, espadartes e afins no
Atlântico), com o objetivo de analisar onde se concentraram os maiores esforços de
pesca e índices de capturas por espécie.
Todos os registros de capturas foram referenciados geograficamente e
apresentados em mapas de acordo com a freqüência de cada espécie por
quadrante.
3.4. CPUE.
Os cálculos de captura por unidade de esforço (CPUE) foram feitos com base
na quantidade de tartarugas marinhas capturadas a cada 1.000 anzóis, conforme
Kotas et al., (2004).
Foram calculadas as CPUE’s do esforço total das duas pescarias e para cada
uma separadamente. Posteriormente, foram calculados os índices do total das
pescarias em cada quadrante de cinco graus, com os valores encontrados
agrupados em seis classes de grandezas proporcionais e representados num mapa.
O mesmo foi feito para demonstrar a quantidade de anzóis em cada um dos
quadrantes.
A seguir é apresentada a equação matemática utilizada para os cálculos de
CPUE:
CPUE = (n
o
de tartarugas/ n
o
de anzóis) x 1000
15
3.5. Análises estatísticas.
Para a comparação entre as CPUEs das tartarugas nas duas pescarias (EAN
e EPC) não foi possível utilizar testes paramétricos, assim foi utilizado o teste de
Mann-Whitney (Zar, 1996).
Para a análise da proporção das espécies que compõe cada pescaria (EAN e
EPC), a comparação entre os percentuais do local de insersão do anzol no corpo do
animal e os percentuais de indivíduos capturados vivos ou mortos para cada
espécie, foi utilizado o Teste de Qui-Quadrado (Vieira, 1980).
Para a análise da captura por tipo de anzol em relação ao estado do animal
(vivo, morto ou não identificado) foi realizada a análise ANOVA Bi-fatorial (Zar,
1996).
Foi ainda realizada uma análise de regressão linear múltipla entre o número
de anzóis e o tempo de imersão do mesmo, em relação a quantidade de tartarugas
capturadas, para os dois tipos de pescarias. O número de anzóis e o tempo de
imersão do espinhel foram utilizados como variáveis independentes e a abundância
de tartarugas capturadas como variável dependente (Zar, 1996).
Em todas as análises foram utilizados nível de significância de 5% (α= 0,05)
(Zar, 1996), com exceção da regressão múltipla onde α= 0,11, justamente para
poder comprovar a falta de relação entre as variáveis dependentes e independentes
da pescaria chinesa.
16
4. Resultados.
4.1. Caracterização das pescarias.
Devido às espécies alvo de cada pescaria serem diferentes, características
distintas foram observadas com relação à configuração do petrecho, horários de
atuação do aparelho de pesca (período de imersão) e área de distribuição de cada
uma. O espinhel voltado para a captura do espadarte (Xiphias gladius) utiliza,
geralmente, lulas como isca, anzóis tipo “J”, atratores luminosos (químicos ou
elétricos) e período de imersão noturno, essa pescaria foi tratada como Espinhel
Americano (EAN). A outra modalidade de espinhel tem como objetivo os atuns
(Thunnus spp), e consiste num sistema que utiliza normalmente peixes como isca,
anzóis tipo “tunna hook” e período de imersão do anzol diurno, essa pescaria foi
chamada de Espinhel Chinês (EPC). As principais características de cada uma são
apresentadas na Tabela 2.
17
*Anexo 4 (fotos dos anzóis utilizados nos diferentes espinheis).
Espécie alvo
Linha madre
Comprimento
dos cabos
de bóia (m)
Comprimento
das linhas
secundárias (m)
Período
de
imersão
Atrator
luminoso
Estropo
de aço
Tipo de
isca
Tipo
de anzol *
EAN
Petrecho
americano
Espadarte
(Xiphias gladius)
Contínua e
acondicionada
tambor
hidráulico
10
18 - 20
Noite
Sim
Sim
Lula
“J” 9/0
(off-set 5º)
EPC
Petrecho
chinês
Atuns
(Thunnus spp)
Segmentada,
unidas por nós
de emenda e
acondicionada
s em sacos de
lona
15
20 - 25
Dia
Não
Sim
Peixes
“Tunna
hook”
Tabela 2. Caracterização dos petrechos de pesca identificados.
18
4.2. CPUE.
No período entre outubro de 2004 a setembro de 2005, foram acompanhados
4.210 lançamentos de espinheis, totalizando um esforço total de 6.804.480 anzóis,
distribuídos em 30 quadrantes, compreendidos entre os paralelos 30ºS e 10ºN. A
quantidade de anzóis em cada um variou de 1.000 a 1.441.628 (média= 226.016
±421.048) (Figura 4).
Figura 4. Esforço total das frotas americana e chinesa no Atlântico Sul Ocidental no
período de outubro de 2004 a setembro de 2005.
No total 202 tartarugas marinhas foram capturadas, resultando num CPUE
Total de 0,03 tartarugas/1.000 anzóis. O petrecho americano contribuiu com
19
aproximadamente 30% do total do esforço e capturou 113 tartarugas, enquanto o
chinês capturou 89, com um CPUE Total de 0,059, superior a 0,018 encontrado para
EPC (Tabela 3).
Tabela 3. Quantidade de lances, esforço, tartarugas capturadas e CPUE, para cada
pescaria e total.
Lances de
espinhel
Esforço
N
o
de anzóis
Tartarugas
capturadas
CPUE
EAN 1.490 1.902.536 113 0,059
EPC 2.720 4.215.849 89 0,018
Total 4.210 6.780.480 202 0,03
No entanto, comparando-se as variáveis independentes (número de anzóis e
o tempo de imersão do espinhel) juntamente com a variável dependente (tartarugas
capturadas), pôde-se observar que houve relação entre estas variáveis para o
espinhel americano (ANOVA; F=2,988; p=0,101) e não houve para o chinês
(ANOVA; F=1,134; p=0,363), com α=0,11. Esse resultado indica que as capturas de
EPC são subestimadas por deficiências nas amostragens que serão discutidas
posteriormente.
Os quadrantes com os valores de CPUE Total são apresentados na Figura 5,
com máximo de 0,754 e mínimo de 0,016 tartarugas/1000 anzóis.
20
Figura 5. CPUE Total de tartarugas por quadrante no Atlântico Sul Ocidental
no período de outubro de 2004 a setembro de 2005.
Foi possível observar que o CPUE de tartarugas foi estatisticamente superior
na pescaria que utiliza o petrecho americano (EAN), quando comparado à pescaria
com o petrecho chinês (EPC) (Mann-Whitney; T=167,0; p=0,034). Como
apresentado na figura a seguir (Figura 6.).
21
EAN EPC
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
CPUE
a
b
Mediana
25%-75%
Mín.-Máx.
Figura 6. Comparação da captura mediana de tartarugas entre EAN e EPC.
Letras diferentes representam valores significativamente diferentes.
4.3. Distribuição Espacial e Temporal das Pescarias.
4.3.1. Espinhel Americano (EAN.)
A distribuição espacial dos lances realizados por essa frota variou
sazonalmente, com uma maior concentração dos lançamentos do segundo e terceiro
trimestres (outono e inverno) nas menores latitudes, mais próximos à linha do
equador. Durante o primeiro e quarto trimestres (verão e primavera) observa-se que
os lançamentos dessa frota se deram em áreas mais ao sul, se concentrando entre
os paralelos 15 e 25 S, inclusive no entorno da cadeia Vitória – Trindade, como
apresentado na Figura 7.
22
A. B.
C. D.
Figura 7.Distribuição espaço/temporal da frota EAN no Atlântico Sul Ocidental.
A. corresponde ao primeiro trimestre, B. ao segundo, C. terceiro e D. quarto.
23
4.3.2. Espinhel Chinês (EPC).
Conforme mostra a Figura 8, acontece um ligeiro deslocamento de parte do
esforço da frota chinesa para áreas mais ao sul durante o segundo trimestre, mas
não deixam de operar na região equatorial em nenhum período do ano e
desprendendo a maior parte do esforço total de pesca entre os 5ºS e 5ºN de latitude.
Figura 8.Distribuição espaço/temporal da frota EPC no Atlântico Sul Ocidental.
A. corresponde ao primeiro trimestre, B. ao segundo, C. terceiro e D. quarto.
24
A figura apresentada no Anexo 5 demonstra graficamente a distribuição do
esforço de pesca de cada uma das pescarias ao longo do ano.
4.4. Capturas totais.
A figura a seguir apresenta o mapa com o esforço total das duas pescarias,
distribuídos em classes conforme o valor em cada quadrante, sendo que o número
localizado no canto inferior direito de cada célula corresponde ao valor absoluto de
tartarugas marinhas capturadas. A maior quantidade de registros numa mesma área
foi de 37 de animais, e a menor em dois quadrantes com apenas duas capturas
(Figura 9).
Figura 9. Esforço total das pescarias e quantidade de capturas de tartarugas por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental entre outubro de 2004 e setembro de 2005.
25
Cada pescaria apresentou uma composição diferente das espécies
capturadas, sendo EAN mais representado por D. coriacea com 47% das capturas,
seguido dos indivíduos não identificados (NI) com 20%, L. olivacea e C. caretta com
12% e C. mydas 9% (Figura 10). Sendo que apenas D. coriacea e os exemplares
não identificados (NI) apresentaram diferenças estatísticas significativas.
N= 113
n=23
20%
c
n=14
12%
a
n=13
12%
ac
n=10
9%
b
n=53
47%
b
CC
CM
DC
LO
NI
Figura 10. Composição das espécies capturadas pelo petrecho americano (EAN).
Letras diferentes representam valores significativamente diferentes.
O espinhel chinês se caracterizou por apresentar na maior parte das capturas
L. olivacea, representando 37% dos indivíduos, seguido por espécies não
identificadas (NI) com 36%, D. coriacea com 20%, C. caretta com 4% e C. mydas
3%. Sendo que, L. olivacea e os indivíduos não identificados apresentaram
diferenças estatísticas significantes, sendo os grupos mais representados nas
amostras de EPC (Figura 11).
N= 89
n=32
37%
c
n=32
36%
c
n=18
20%
b
n=3
3%
a
n=4
4%
a
CC
CM
DC
LO
NI
Figura 11.
Composição das espécies capturadas pelo petrecho chinês (EPC).
Letras diferentes representam valores significativamente diferentes.
26
4.5. Freqüências de comprimentos das capturas por espécie.
4.5.1. Caretta caretta.
No total foram capturados 18 indivíduos da espécie C. caretta, sendo que 11
deles puderam ser biometrados e tiveram o comprimento curvilíneo do casco (CCC)
variando 55 e 80 cm (média= 65,7 e ±6,2), sendo mais representados por cinco
indivíduos pertencentes a classe de comprimento entre 66 e 70 cm (Figura 12).
N= 11
0
1
2
3
4
5
6
51-55 56-60 61-65 66-70 71-75 76-80
comprimentos dos cascos - cm
n
Figura 12. Freqüências de comprimento das capturas de C. caretta.
4.5.2. Chelonia mydas.
Treze espécimes de C. mydas foram registrados. Desse total apenas sete
puderam ser biometrados e tiveram CCC variando entre 30 e 90cm (média= 62,3
±19,5). A classe de comprimento entre 61 e 75 cm foi mais representada com as
ocorrências de três espécimes (Figura 13).
N= 7
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
31-45 46-60 61-75 76-90
comprimentos dos cascos - cm
n
Figura 13. Freqüências de comprimento das capturas de C. mydas.
27
4.5.3. Dermochelys coriacea.
Das 71 Dermochelys registradas, 24 foram mensuradas e tiveram CCC entre
50 e 170cm (média= 118,2 ±28,8). Segundo o histograma apresentado na Figura 14,
as tartarugas de couro foram mais representadas por animais variando de 131 a 150
cm, no entanto, uma tendência bimodal foi verificada com um outro pico de
freqüências para a compreendida entre 91 e 110cm.
N= 24
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0-20 31-50 51-70 71-90 91-110 111-130 131-150 151-170
comprimentos dos cascos - cm
n
Figura 14. Freqüências de comprimento das capturas de D. coriacea.
4.5.4. Lepidochelys olivacea.
As tartarugas oliva biometradas tiveram CCC compreendidos entre 35 e 65cm
(N= 26, média= 51,5 ±8,2), com as maiores freqüências dos espécimes pertencentes
as classes de 46 a 55cm (conforme Figura 15).
N= 26
0
1
2
3
4
5
6
7
31-35 36-40 41-45 46-50 51-55 56-60 61-65
comprimentos dos cascos - cm
n
Figura 15. Freqüências de comprimento das capturas de L. olivacea.
28
4.6. Freqüências de ocorrência das capturas por área.
As informações contidas nas figuras a seguir mostram no canto inferior direito
de cada quadrante os valores absolutos de animais capturados, sobrepostos à
quantidade total de anzóis empregados em cada uma das áreas.
4.6.1. Caretta caretta.
A Figura 16 demonstra que as áreas onde as capturas de C. caretta foram
mais numerosas estão compreendidas entre 15 e 25º S, inclusive ao longo da cadeia
de Vitória-Trindade (n= 13). Também foram registradas entre os 5º S e 10º N (n= 5).
Figura 16.
Esforço total das pescarias e quantidade de C. caretta capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental entre outubro de 2004 e setembro de 2005.
29
4.6.2. Chelonia mydas.
A quantidade de C. mydas capturada por quadrante variou de um a três
indivíduos, ocorrendo principalmente na região entre o 5ºS e 5ºN, e ao largo dos
Arquipélagos de Fernando de Noronha, Trindade e Atol das Rocas. (Figura 17).
Figura 17.
Esforço total das pescarias e quantidade de C. mydas capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental entre outubro de 2004 e setembro de 2005.
30
4.6.3. Dermochelys coriacea.
Um quadrante entre o 0º e 5 N registrou a maior quantidade de capturas de
tartarugas de couro, com 16 animais. Em praticamente todas as regiões de atuação
das pescarias ocorreram capturas (Figura 18).
Figura 18.
Esforço total das pescarias e quantidade de D. coriacea capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental entre outubro de 2004 e setembro de 2005.
31
4.6.4. Lepidochelys olivacea.
A Figura 19 apresenta as áreas onde foram mais numerosas as capturas de
tartaruga oliva. Apenas três indivíduos foram capturados em latitudes superiores a
5ºS, os outros 42 indivíduos se localizaram em apenas quatro quadrantes situados
entre os 5ºN e 5º S.
Figura 19.
Esforço total das pescarias e quantidade de L. olivacea capturada por
quadrante no Atlântico Sul Ocidental entre outubro de 2004 e setembro de 2005.
32
4.7. Caracterização das capturas.
A maneira como cada espécie interagiu com o petrecho americano e com o
chinês são apresentadas na tabela a seguir. Verifica-se que a espécie que
predominou em cada uma, bem como a o local de inserção do anzol, variaram
(Tabela 4 e Figura 21).
Apesar do local da inserção nas capturas incidentais de tartaruga ter variado
de acordo com a espécie, no geral a maioria das capturas ocorreu pela boca, exceto
para D. coriacea que não apresentou diferença estatística entre a proporção de
capturas com a insersão ocorrendo pela boca, externa e não identificada. Para todas
as espécies predominaram os indivíduos que foram liberados com vida, sendo essa
condição significativamente diferente dos valores encontrados para os mortos e não
identificados.
33
Tabela 4.
Totais de indivíduos de cada espécie capturados, local de insersão do anzol e condição física dos animais em cada uma
das pescarias.
Espécies
C. caretta C. mydas D. coriacea L. olivacea
EAN EPC Total* EAN EPC Total* EAN EPC Total* EAN EPC Total*
Boca 9 1 10a 5 3 8a 11 5 16a 8 22 30a
Interno
2 0 2b 2 0 2b 2 0 2b 3 3 6b
Externo 1b 2b 29a 2b
Enredado 3b 0b 8b 1b
Local de
inserção
do anzol
NI** 0 2 2b 1 0 1b 7 9 16a 0 6 6b
Viva 12 4 16a 7 3 10a 45 13 58a 9 22 31a
Morta
1 0 1b 2 0 2b 1 1 2b 3 4 7b
Condição
física
NI** 1 0 1 0 7 4 1 6
* Letras diferentes nas colunas representam valores significativamente diferentes (Qui-quadrado, α = 0,05).
** NI corresponde à informação não identificada.
34
Basicamente os anzóis se diferenciaram entre tipo “J”, para a pescaria EAN, e
“tunna hook” para a EPC. A condição física dos animais capturados foi comparada
entre as duas pescarias, a fim de verificar diferenças na mortalidade pelos diferentes
tipos de anzóis (Figura 20), sendo encontrados valores similares para ambos os
casos, não apresentando diferenças significativas entre os tipos de anzol.
N= 202
0
20
40
60
80
100
Viva Morta NI
condição física
n
"J"
"Tunna Hook"
b
a
b b
b
a
Figura 20. Condição física das tartarugas capturadas, conforme o tipo do anzol.
Letras diferentes representam valores médios significativamente diferentes.
A figura a seguir apresenta graficamente as porcentagens de indivíduos
mortos e o local de inserção conforme o tipo do anzol, para cada uma das espécies
(Figura 21).
35
N= 18
n=16
88%
n=1
6%
n=1
6%
vivo
morto
NI
N= 18
0
2
4
6
8
10
Boca
Interno
Externo
Enredado
NI
insersão do anzol
n
"J"
"Tunna Hook"
N= 13
n=10
77%
n=2
15%
n=1
8%
vivo
morto
NI
N= 13
0
1
2
3
4
5
6
Boca
Interno
Externo
Enredado
NI
local de inseão do anzol
n
"J"
"Tunna Hook"
N= 71
58
82%
n=2
3%
n=11
15%
vivo
morto
NI
N= 71
0
5
10
15
20
25
30
Boca
Interno
Externo
Enredado
NI
local de inseão do anzol
n
"J"
"Tunna Hook"
N= 45
n=31
68%
n=7
16%
n=7
16%
vivo
morto
NI
N= 45
0
5
10
15
20
25
Boca
Interno
Externo
Enredado
NI
local de inseão do anzol
n
"J"
"Tunna Hook"
A.
B.
C.
D.
Figura 21.
Gráficos representando condição física e local de insersão do anzol.
A.
Caretta caretta; B. Chelonia mydas; C. Dermochelys coriacea e D. Lepidochelys
olivacea.
36
5. Discussão.
5.1. Distribuição espacial e temporal das frotas.
A distribuição dos animais pelágicos está diretamente relacionada com as
propriedades físicas dos oceanos, tais como temperatura das massas d’água e suas
movimentações (Backus, 1986). Devido a isso, o que mais justifica a distribuição
espacial de cada frota ao longo do ano é a busca de sua espécie alvo.
5.1.1. Espinhel Americano (EAN).
Para EAN é possível identificar nitidamente uma migração da frota durante o
ano. No quarto e primeiro trimestres a maior parte do esforço de pesca foi
empregado entre os 10º e 25º de latitude sul, no entanto, durante os meses de abril
a agosto de 2005 ocorre visivelmente um deslocamento da frota, passando a atuar
inclusive em latitudes inferiores a 5º sul. Esse deslocamento provavelmente está
ligado à dinâmica das correntes oceânicas ou a possível alteração da espécie alvo
durante esse período. O que poderia sugerir uma alternância da espécie alvo de
EAN durante os segundo e terceiro trimestres do ano, quando estão pescando nas
menores latitudes e sobrepondo–se a área de atuação de EPC.
5.1.2. Espinhel Chinês (EPC).
A maior parte do esforço operado pela frota chinesa concentrou-se nas baixas
latitudes, próximos à linha do equador, região conhecida pela elevada temperatura
superficial do mar (TSM), e por concentrar grande parte do estoque de atuns
disponíveis no Atlântico (Hazin, 1993), inclusive com a utilização das áreas no
entorno dos arquipélagos de Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo e Atol
das Rocas. Através da separação dos lances por trimestre pode-se verificar que a
maior parte do esforço de pesca se concentra na região que vai dos 5ºS aos 5ºN,
ocorrendo um ligeiro deslocamento da frota para sul no segundo trimestre do ano de
2005, com alguns lances realizados até os 17
o
de latitude sul.
Essa migração das frotas que capturam atuns já foi observada no Atlântico
norte por Witzell (1984), quando passavam a ter como objetivo os espadartes.
37
5.2. CPUE.
O valor de CPUE total foi superior para o petrecho americano do que para o
chinês, o que pode ser justificado pelas próprias características do aparelho de
pesca. No entanto, a análise de regressão linear múltipla realizada não apresentou
relação entre as variáveis para a pescaria EPC, indicando que as capturas nessa
frota foram subestimadas, deixando de serem reportadas em diversos casos. Essa
falha amostral é justificada pela deficiência na comunicação entre o observador e a
tripulação, impossibilitando o acesso ao animal, e o recolhimento noturno, quando se
torna difícil a visualização dos animais liberados sem serem embarcados. Outro fator
que pode ter contribuído para o CPUE de tartaruga na pescaria chinesa ser inferior é
o grande esforço de pesca desprendido por essa frota em uma mesma região. Em
1984 Witzell, no Atlântico norte, comparou a enorme quantidade de anzóis utilizados
pela frota atuneira com o número de tartarugas capturadas, e verificou que mesmo
em áreas que comprovadamente abrigam uma grande quantidade de tartarugas
marinhas, o CPUE não foi significativamente alto, assim como os resultados
encontrados no presente estudo.
Portanto, os quadrantes que apresentaram os maiores valores de CPUE
podem não refletir a realidade, uma vez que, quanto maior o esforço menor o índice
de captura. Isso torna inverídica a conclusão de que as áreas onde foram
encontrados os maiores CPUE são as mesmas onde são mais abundantes as
capturas.
5.3. Capturas.
Os resultados da caracterização das pescarias indicam, através das
dimensões dos cabos de bóia e linhas secundárias, que a atuação do anzol é mais
profunda no petrecho chinês, corroborando com observações realizadas por
Polovina
et al. (2003) para a frota de espadartes do Pacífico Norte. Entre as
características que aumentam a “eficiência” do aparelho de pesca americano
podemos citar: os atratores luminosos, a profundidade que opera o petrecho e o
período de imersão noturno do anzol (Hazin
et al., 2002; Hazin et al., 2005; Polovina
et al., 2003). Conforme estudos realizados por diversos autores (Witzel, 1997;
Crowder & Myers, 2001; Lewison
et al., 2004b), essas mesmas características que
38
tornam o espinhel para espadarte uma pescaria bastante produtiva, também
aumentam as capturas de tartarugas marinhas, fato este também observado no
presente trabalho.
Analisado-se a distribuição geográfica dos registros de tartarugas marinhas
verificou-se que as áreas com maiores esforços de pesca foram justamente as que
apresentaram mais quantidade de espécimens capturados. Portanto, as freqüências
de ocorrência e distribuição de cada espécie foram discutidas com base no valor
absoluto de indivíduos capturados e do esforço total em cada um dos quadrantes.
No Brasil, Kotas
et al. (2004) fazem referência ao fato das mesmas espécies
terem sido capturadas nas regiões sul e sudeste, salvo diferenças nas maiores
abundâncias de
L. olivacea para a região nordeste e de C. caretta para as maiores
latitudes.
5.3.1. Caretta caretta.
No Atlântico Norte C. caretta é a espécie mais abundante (Carr, 1952; Ernest
& Barbour, 1972; Rebel, 1974), sendo normalmente capturada pelas embarcações
que operam nessa região. No Atlântico sul, observações realizadas por Barata
et al.
(1998) e Kotas
et al. (2004), indicam a predominância dessa espécie nas capturas
pelas frotas do sudeste e sul do Brasil, com elevada CPUE (4,31/1000 anzóis).
Nesta região a TSM é inferior a observada na região equatorial. No presente estudo,
a maior quantidade das
C. caretta foi registrada pela frota americana, que realizou a
maioria dos seus lances nas maiores latitudes (entre 15º a 20ºS), sugerindo a
preferência desta espécie por regiões sob influência de águas mais frias e mais
profundas, o que corrobora com os resultados de Olson
et al. (1994) e Bakun (1996),
no Pacífico.
Evidências cumulativas obtidas de dados genéticos e de distribuição dos
tamanhos de animais capturados em regiões oceânicas, bem como marcação e
recaptura, mostram que o desenvolvimento ontogenético das
C. caretta envolve um
estágio juvenil pelágico (Carr, 1987; Musick & Limpus, 1997; Bolten
et al., 1998).
Migrações durante o desenvolvimento nessa fase de vida sugerem que os animais
capturados nessa região do Atlântico sul pertencem a populações de diferentes
sítios de reprodução, assim como observado no Atlântico norte e Pacífico (Bowen
et
al.
, 1995; Bolten et al., 1998; Polovina, 2000), e sugerido por Marcovaldi & Laurent
39
(1996) através de resultados de animais marcados na África e recapturados na costa
brasileira.
Os comprimentos dos animais amostrados não ultrapassaram 80 cm, assim
como observado por Kotas
et al. (2004) quando registraram CCC máximo de 73 cm
para os indivíduos capturados entre 23º e 33º S. Os tamanhos desses animais foram
sempre inferiores aos registrados nas menores fêmeas que desovam no litoral
brasileiro (CCC= 83cm) (Projeto Tamar1) e em outras localidades do Atlântico Norte
e Caribe (CCC= 75,4) (Dodd, 1988), região onde o maior exemplar capturado teve
82 cm (Bjorndal
et al., 2003). No entanto, os indivíduos que desovam em Cabo
Verde, no nordeste do Atlântico equatorial, apresentam tamanhos menores, com
CCC mínimo de 68 cm (Cejudo
et al., 2000). O que nos leva a concluir que a maior
parte das cabeçudas capturadas são jovens durante a fase de desenvolvimento
oceânica e também subadultos num possível retorno as suas áreas de reprodução.
A maior parte dos indivíduos foi fisgada pela boca, o que é coerente com seu
hábito piscívoro e corrobora com o observado por outros autores (Witzell, 1984;
Polovina
et al., 2003). O fato de o anzol ferir a cavidade oral ao contrario de algum
órgão interno provavelmente é o principal fator permite que 88% dos animais
capturados, sejam liberados com vida.
Conforme verificado por Bjorndal
et al. (2000), C. caretta é mais vulnerável ao
equipamento de “longline” nos seus primeiros oito anos de vida, duração média
estimada de permanência em estágio pelágico. Portanto, é fundamental para a
conservação das
C. caretta do Atlântico, em especial da região sul, desprender
esforços no monitoramento da atividade espinheleira visando à criação de medidas
para reduzir as capturas. Em especial as pescarias voltadas para captura de
espadartes, devido à maioria das imersões realizadas por esta espécie em regiões
oceânicas serem rasos, e dificilmente ultrapassarem 100 metros de profundidade,
quando são então atraídas pelas iscas e atratores luminosos do espinhel, que estão
localizados justamente nessa faixa de profundidade.
5.3.2. Chelonia mydas.
Estudos a respeito da movimentação desses animais até pouco tempo se
limitavam a métodos de marcação e recaptura, recentemente informações de
telemetria possibilitam acompanhar o deslocamento, principalmente de fêmeas
durante e após a temporada reprodutiva, no entanto sempre limitando-se a
40
indivíduos adultos (Hays et al. 1999, 2000, 2001; Hochscheid et al. 1999; Luschi et
al.
1998).
Após nascerem os jovens de
C. mydas passam alguns anos migrando em
ambiente oceânico, até se tornarem recrutas e se estabelecerem numa área de
alimentação próxima à costa ou ilhas oceânicas (Hirth, 1993). Permanecem nessa
fase nerítica durante alguns anos, variando de uma população para outra, até
estarem próximos da idade (tamanho) reprodutiva, quando então partem em retorno
aos sítios de reprodução. O tamanho médio dos animais no momento desse
recrutamento variou entre CCC= 30 cm para população das Bahamas e 35 cm para
a do Hawai, onde permaneceram até aproximadamente 80 cm (Bjorndal
et al., 2000;
Balazs, 2004). No presente estudo o menor indivíduo de tartaruga verde amostrado
mediu 30 cm e o maior 90 cm, levando a concluir que as capturas ocorrem durante o
regresso desses animais para suas áreas de reprodução ou próximas dela no caso
dos registros próximos do entorno de Trindade, Atol das Rocas e Fernando de
Noronha.
O presente estudo foi o único a registrar a captura de
C. mydas pela frota
espinheleira na costa do Brasil (Barata
et al., 1998; Kotas et al., 2004; Pinedo &
Polacheck, 2004). Apenas três das dez capturas ocorreram pelo espinhel chinês, no
entanto a maior parte (n=10) das tartarugas verdes foi capturada nos quadrantes
que registraram a maior quantidade de esforço de pesca, referente à frota chinesa.
Esses resultados permitem concluir que a quantidade de capturas no espinhel
chinês é superior aos três indivíduos registrados (3%), o que pode ser justificado
pela grande quantidade de indivíduos não identificados na amostra EPC.
O local mais representativo entre os que capturaram
C. mydas foi a boca,
seguido dos internos, totalizando dez registros. Esse resultado indica que apesar de
ser uma espécie preferencialmente herbívora, se alimentam de peixes e
invertebrados marinhos durante a fase de desenvolvimento oceânica. Apesar do
baixo número de indivíduos capturados dez animais foram liberados com vida (77%),
dois mortos (15%) e um NI (8%), conseqüentemente uma das maiores taxas de
mortalidade entre as espécies registradas nesse estudo.
5.3.3. Dermochelys coriacea.
É uma espécie em crítico risco de extinção, cujas populações e meta-
populações vêm apresentado constante declínio nas últimas duas décadas, em
41
especial a população do Pacífico que teve seu tamanho reduzido em 95% devido à
excessiva pressão de pesca (Crowder, 2000, Spotila
et al., 1996, 2000). No Atlântico
é considerada uma das espécies mais capturadas, junto com
C. caretta (Crowder &
Myers, 2001). A tartaruga de couro ultrapassa a maior parte de seu ciclo de vida em
ambiente oceânico, realizando longas jornadas migratórias a partir de sua região de
desova (Eckert, 1998; Eckert &Sarti, 1997; Ferraroli
et al., 2004; Hays et al., 2004;
Morreale
et al., 1996).
Provavelmente, o fato de suas características morfológicas serem de fácil
identificação fez com que
D. coriacea se tornasse a espécie mais numerosa dentre
as identificadas.
As áreas que concentraram as maiores freqüências de tartarugas de couro se
sobrepõem àquelas com os maiores esforços de pesca, com a exceção de sete
indivíduos capturados na região em frente à costa do Espírito Santo, trecho do litoral
brasileiro utilizado como área de reprodução e desova dessa espécie (Barata
et al.,
2004).
Esta espécie se alimenta especialmente de plâncton gelatinoso e
invertebrados pelágicos (Bleakney 1965), sendo sua dieta quase exclusivamente
composta de invertebrados da família Scyphomedusidae (Pritchard, 1971).
A maneira mais comum de interação do espinhel com as tartarugas de couro
foi quando o anzol fisgou externamente ou na boca, indicando que em muitos casos
a tartaruga pode ter sido atraída pelo atrator luminoso do espinhel americano, uma
vez que essa espécie predominou nessa pescaria.
A taxa de sobrevivência foi de 82%, o que se aproxima da média observada
para o Atlântico norte e Golfo do México com 70,4 e 93,3%, respectivamente
(Witzell, 1984). O sucesso em serem liberadas vivas pode ser maior para essa
espécie devido ao fato de dificilmente ingerirem o anzol, o que causaria ferimentos
mais sérios elevando essa mortalidade.
5.3.4. Lepidochelys olivacea.
Suas populações vêm diminuindo vertiginosamente devido à interferência
humana na exploração do habitat e a captura pela atividade pesqueira (Limpus,
1995; Pritchard 1997; Pandav
et al.,1998).
Dos 45 indivíduos apenas três foram capturados abaixo dos 5ºS de latitude,
com o restante dos registros compreendidos entre os 5ºS e 5ºN, justamente
42
sobrepondo a área onde se concentrou a grande maioria dos lances de EPC. A
tartaruga oliva foi a que apresentou o maior número de registros na pescaria EPC, o
que pode ser justificado pela maior profundidade de operação do anzol, uso de peixe
como isca e período de imersão diurno, em conjunto com a capacidade de realizar
mergulhos a profundidades superiores a 100 metros (Polovina, 2003), assim como a
preferência por regiões onde a temperatura da água tende a ser relativamente
elevada, conforme verificado por Achával
et al. (2000) no Atlântico Leste Equatorial.
A deficiência amostral identificada para a pescaria chinesa sugere que a
quantidade de indivíduos capturados é maior do que a reportada, uma vez que os
não identificados foram os mais numerosos e a grande parte do esforço desprendido
por essa frota se sobrepõe exatamente a região onde essa espécie foi mais
freqüente.
É conhecido o fato de se agregarem em colônias com até 10.000 indivíduos
no momento de reproduzirem-se, evento este conhecido como arribada (Marquez
et
al.
, 1976; Pritchard, 1997; Pandav et al., 1998, Shanker et al., 2003). Isso pode
indicar que essa região citada no presente estudo concentra animais a caminho do
litoral do Estado de Sergipe, conhecido como o maior sítio de desova de
L. olivacea
na costa brasileira. Apenas três registros a respeito da interação dessa espécie com
espinhel pelágico no Atlântico Sul/Sudoeste haviam sido reportados até o presente
momento (Serafini
et al., 2002; Pinedo & Polacheck, 2004).
A tartaruga oliva é uma das espécies que atingem o menor porte, e mesmo
com os maiores comprimentos observados sendo inferiores ou iguais a 65 cm é
possível inferir que dentre os animais amostrados continham juvenis, subadultos e
possivelmente adultos. O Suriname e o litoral do nordeste brasileiro abrigam alguns
dos maiores bolsões de desova dessa espécie na América do Sul, com tamanhos
mínimos de fêmeas reproduzindo-se com 63 e 68 cm, respectivamente (Frazier,
1984, de Castilhos & Tiwari, 2006).
É observada uma tendência de L. olivacea tenha preferência por desovar
próximo a regiões sob influência de estuários, onde se utiliza principalmente de
camarões e outro invertebrados bentônicos em sua dieta, com isso, é evidente que
são atraídas pelos peixes utilizados como isca, justificando o fato da maioria dos
registros observados serem de animais fisgados pela boca ou que ingeriram o anzol.
Talvez as lesões causadas por esse tipo de interação sejam o principal motivo da
tartaruga oliva apresentar a menor taxa de sobrevivência entre as espécies
43
capturadas (68%) e com mortalidade de 16%. No entanto não foram observadas
diferenças estatisticamente significantes entre as mortalidades conforme o tipo de
anzol para
L. olivacea, assim como para nenhuma outra espécie.
44
6. Conclusões
As deficiências amostrais encontradas no monitoramento da frota
chinesa fizeram com que as informações provenientes dessa pescaria não
refletissem a real interação com as tartarugas marinhas. Medidas como a produção
de informativos e cartilhas didáticas no idioma da tripulação poderiam educá-los e
conscientizá-los com relação ao programa de observadores de bordo e as ameaças
que acometem as tartarugas e as diversas espécies capturadas incidentalmente.
A quantidade de indivíduos liberados vivos foi significativamente
superior aos mortos e não identificados, independente do tipo de anzol. No entanto,
para a avaliação real dessa mortalidade pós-captura é necessário o
acompanhamento dos animais depois que são devolvidos ao mar. Para isso dois
métodos podem ser utilizados, estudos de telemetria (Riewald
et al., 2000; Polovina
et al. 2000) e experimentos com os indivíduos capturados e monitorados em tanques
(Aguilar
et al., 1992).
As frotas que operam com espinhel pelágico pelos oceanos de todo o
mundo são compostas por embarcações de diversas nações, tornando necessária à
adoção de políticas de cooperação internacionais visando a redução das capturas
incidentais (Eckert & Sarti, 1997; Crowder, 2000). A implementação de medidas
simples como a menor profundidade de operação dos espinheis (Witzel, 1997;
Crowder & Myers, 2001; Lewison
et al., 2004b), testar novos formatos de anzóis que
diminuam as capturas incidentais sem prejuízo na produção, incentivo a programas
de observadores a bordo das embarcações e capacitação dos pescadores a fim de
diminuir a mortalidade pós-captura, são sugestões viáveis e comprovadamente
eficientes para a redução da mortalidade de tartarugas marinhas pela pesca
espinheleira.
Finalmente, é importante ressaltar a importância ecológica dos
vertebrados marinhos de uma forma geral, que desempenham papéis fundamentais
na manutenção de toda cadeia trófica marinha, principalmente se tratando dos
chamados predadores de topo, onde qualquer perturbação sofrida por essas
populações rapidamente se reverte a toda comunidade biológica (Lewison
et al.,
2004b). Sendo que o homem deve promover a recuperação das populações
afetadas por meio da conservação, que tradicionalmente implica em uma
45
interferência no desenvolvimento das comunidades humanas. Por isso, é necessário
mudar o paradigma de que a conservação é uma barreira para a sobrevivência
humana ou ao desenvolvimento socioeconômico (Marcovaldi & Thomé, 1999).
46
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58
ANEXOS
Anexo 1. Critérios utilizados para caracterização das pescarias.
Critérios Merísticos Critérios Sócio-econômicos
Caracterização do petrecho Aspectos organizacionais
Caracterização da embarcação Pontos de desembarque
Área de pesca Interfaces Institucionais
Distribuição temporal Legislação incidente
Espécies-alvo
Esforço de pesca
Unidade de esforço
Pescadores envolvidos
59
Anexo 2. Planilhas de dados biológicos.
PROJETO TAMAR – IBAMA
FICHA DE AMOSTRAGEM BIOLÓGICA DE TARTARUGAS MARINHA ESPINHEL
PELÁGICO
Tartarugas marinhas: Cc - Caretta caretta (Cabeçuda); Dc - Dermochelys coriacea (De couro); Cm -
Chelonia mydas (Verde); Ei - Eretmochelys imbricata (De pente); Lo - Lepidochelys olivacea (oliva)
DATA
EMBARCAÇÃO
LANCE
N° DO SAMBURÁ
N° DO ANZOL
TIPO DE ANZOL
HORA DO ANZOL
TIPO DE ISCA
LIGHT STICK S N S N S N
ESTADO DO
LIGHT STICK
NOVO USADO NOVO USADO NOVO USADO
COR DO LIGHT
STICK
ESPÉCIE Cc Dc Cm Lo Ei Ni Cc Dc Cm Lo Ei Ni Cc Dc Cm Lo Ei Ni
TIPO DE
REGISTRO
VI MT NI VI MT NI VI MT NI
AFOGADA S N I S N I S N I
INSERÇÃO DO
ANZOL
Boca interno externo enredada Boca interno externo enredada Boca interno externo enredada
TUMORES S N I S N I S N I
REMOÇÃO DO
ANZOL
S N S N S N
PESO
SEXO M F I M F I M F I
COMPRIMENTO
DO CASCO
LARGURA DO
CASCO
1 MARCAS
ENCONTRADAS
2
1 MARCAS
COLOCADAS
2
1 MARCAS
RETIRADAS
2
N° DO LACRE
DESTINO VI MT NI VI MT NI VI MT NI
RESPONSÁVEL
60
Anexo 3. Planilha de dados abióticos.
PROJETO TAMAR – IBAMA
PLANILHA DE DADOS ABIÓTICOS – ESPINHEL PELÁGICO
NOME DA EMBARCAÇÃO: ________________________ MESTRE:__________________________
CRUZEIRO: _______________DATA: _______LANCE: _______ QUANTIDADE DE ANZÓIS: __________
TIPOS DE ANZOL: _______TIPO DE ISCA:___________ COMPRIMENTO DA LINHA MADRE:__________
ESPÉCIE ALVO:_________________________________ AMOSTRADOR: _____________________________
OBSERVAÇÕES:
______________________________________________________________________
LANÇAMENTO RECOLHIMENTO
INICIO TERMINO INICIO TERMINO
LATITUDE
LONGITUDE
DATA
HORA
RUMO
DIREÇÃO DO VENTO
ESTADO DO MAR
TEMPERATURA DO AR
TEMP. SUPERFICIAL DO MAR
SALINIDADE
COBERTURA DO CÉU
VELOCIDADE DO VENTO
PROFUNDIDADE
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
61
Anexo 4. Formatos dos anzóis. A. J 9/0 com 5º de torção (“offset”); B. tunna hook.
A.
B.
62
Anexo 5. A. Representação gráfica da distribuição espacial dos lances em cada
trimestre.
A. EAN e B. EPC.
A.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
10N 5N
5N 0
0 5S
5S 10S
10S 15S
15S 20S
20S 25S
25S 30S
Quadrantes
Esforço
TRIM 1
TRIM 2
TRIM 3
TRIM 4
B.
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
10N 5N
5N 0
0 5S
5S 10S
10S 15S
15S 20S
Quadrantes
Esforço
TRIM 1
TRIM 2
TRIM 3
TRIM 4
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