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narração. Por outro lado a narração também pode se tornar espaço – vivemos
afetivamente filmes, livros, novelas, sites, ambientes virtuais – num mundo onde nossa
experiência é cada vez mais marcada pelo contato com representações midiáticas
decisivas. Se não existe um espaço físico “puro”, não discursivo, não mediado, por
outro lado o espaço predominantemente mediado pode afetar tanto quanto (ou até mais
que) um espaço físico. Se o espaço que habitamos é formado por objeto e discurso
sobrepostos, então não é mais necessário insistir numa distinção excludente entre
realidade e representação da realidade.
Para dar conta desta nova experiência de espaço propomos a adoção da noção de
níveis de presença (WEISSBERG, 1999) onde a presença num espaço pode ser
repartida e depende da atenção dirigida para ele. Um indivíduo, portanto, pode se
perceber em uma multiplicidade de espaços num mesmo instante. Um lugar pode ser
percebido segundo vários aspectos - tantos quanto forem os modos de subjetivação,
como aponta Guattari (1997) - pouco importando se este espaço é físico ou se é
discurso, porque é sempre uma junção dos dois. A camada digital faz parte do mundo
contemporâneo tanto quanto a rua onde passamos a infância. A imagem, neste caso, não
precisa representar, não precisa simular; ela pode ser mundo.
Fazem parte das máquinas sociais toda a tecnologia de informação e
comunicação disponível. Os elementos fabricados pela televisão, pelo cinema e agora
por dispositivos digitais, formam a subjetividade humana tanto quanto os componentes
vindos da família, da educação, do meio ambiente, da religião ou da arte. Segundo
Guattari, dispositivos tecnológicos são parte constitutiva do processo de subjetivação e
podem colaborar ou para um movimento em direção à homogeneização universalizante
e reducionista da subjetividade - nivelando por baixo as atividades humanas - ou, ao