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TEREZA DE FATIMA SOUTO MAIOR SALES
DETECÇÃO DE ENTEROPARASITAS E ORGANISMOS DO
ZOOPLÂNCTON EM ÁGUA DE CONSUMO HUMANO:
RISCO À SAÚDE PÚBLICA.
Recife - PE
2006
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
TEREZA DE FATIMA SOUTO MAIOR SALES
DETECÇÃO DE ENTEROPARASITAS E ORGANISMOS DO
ZOOPLÂNCTON EM ÁGUA DE CONSUMO HUMANO:
RISCO À SAÚDE PÚBLICA.
Recife - PE
2006
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TEREZA DE FATIMA SOUTO MAIOR SALES
DETECÇÃO DE ENTEROPARASITAS E ORGANISMOS DO
ZOOPLÂNCTON EM ÁGUA DE CONSUMO HUMANO:
RISCO À SAÚDE PÚBLICA.
Dissertação apresentada ao
colegiado do Programa de Pós-
Graduação em Nutrição do Centro
de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de
Pernambuco, para obtenção do
grau de Mestre em Nutrição.
Área de concentração: Ciência dos Alimentos
Orientadora: Profª. Drª. Tânia Lúcia Montenegro Stamford.
Co-Orientadora: Profª. Drª. Erilane de Castro Lima Machado
Recife - PE
2006
Sales, Tereza de Fatima Souto Maior
Detecção de enteroparasitas e organismos do
zooplâncton em água de consumo humano: risco à saúde
pública / Tereza de Fatima Souto Maior Sales. – Recife: O
Autor, 2006.
100 folhas : il., fig., tab., quadros.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Nutrição, 2006.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1. Água – Controle de qualidade. 2. Enteroparasitas –
Àgua de consumo humano . I. Título.
628.1 CDU (2.ed.) UFPE
333.911 5-911 7 CDD (22.ed.)
C
CCS2006-014
4
DETECÇÃO DE ENTEROPARASITAS E ORGANISMOS DO
ZOOPLÂNCTON EM ÁGUA DE CONSUMO HUMANO: RISCO À
SAÚDE PÚBLICA.
TEREZA DE FATIMA SOUTO MAIOR SALES
Dissertação aprovada em 28/08/2006
Membros da banca examinadora
ABRAHAM CÉZAR DE BRITO ROCHA
ERILANE DE CASTRO LIMA MACHADO
MARISILDA DE ALMEIDA RIBEIRO
Recife - PE
2006
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela constante presença em minha vida e principalmente por
torná-la repleta de momentos felizes.
Aos meus pais Zé Maria e Etiene pelo exemplo de vida, amor e cuidados com
que me conduziram até a realização de todos os meus sonhos.
Ao meu companheiro Paulo Carvalho, maior incentivador do meu crescimento
pessoal e profissional, pela paciência e tolerância em toda nossa trajetória juntos.
À minha linda filha Thaís Sales Carneiro, pela presença marcante durante toda a
elaboração deste trabalho, apoiando e incentivando principalmente nos momentos
mais difíceis.
À minha orientadora Profª Tânia Stamford, pessoa iluminada que Deus colocou
no meu caminho para me ajudar de forma brilhante na realização deste trabalho.
À amiga e co-orientadora Drª Erilane Machado, pelo desprendimento e
dedicação e também pelos caminhos abertos para a pesquisa de Cryptosporidium
spp. em água na nossa região.
Aos meus familiares que sempre me apoiaram e mesmo na ausência, torceram
pelo meu sucesso.
À grande amiga Albânia Claudino pelo companheirismo, incentivo e pela
presença marcante em todos os momentos da minha vida profissional e acadêmica.
Às minhas amigas Fernanda, Jacira e Karina pela convivência jovem e saudável
tornando a experiência da pós-graduação mais leve e prazerosa.
Aos professores da pós-graduação em Ciências dos Alimentos: Nonete Barbosa,
Zelita de Faro, Silvana Salgado, Alda Livera, Edleide Pires, Margarida Angélica
Vasconcelos e Marisilda Ribeiro, pelos conhecimentos e experiências repassadas,
enriquecendo a minha formação científica.
Aos colegas do Laboratório Municipal de Saúde Pública da Prefeitura do Recife,
na pessoa da diretora e amiga “Drª Tininha”, pelo incentivo e ajuda imprescindíveis
na realização desta pesquisa.
À Patrícia Torres pela amizade sincera e pelas “gotinhas milagrosas”, tão
essenciais nos momentos decisivos.
6
A todos os amigos do setor de Bromatologia: Elizabete, Dione, Venusia, Etiene,
Dejanete, Érika Vanessa, Roseli, Marluce, Joana, Luiz, Edmilson e Evaristo, pelo
carinho, atenção, incentivo e grande ajuda em todos os momentos dos experimentos.
Ao setor de parasitologia do Laboratório Municipal, na pessoa da chefia Drª
Gilka Campos pela ajuda e incentivo nas descobertas do mundo dos enteroparasitas.
Ao setor de Sorologia do Laboratório Municipal, na pessoa da Drª Silvana
Barreto pela imensa ajuda na realização das análises imunológicas.
A todos os amigos dos demais setores do Laboratório Municipal: Microbiologia,
Hormônio, Hematologia, Bioquímica e Histopatologia, pela eterna disponibilidade
em contribuir com esta pesquisa.
Aos colegas do plantão do Hospital Otávio de Freitas, na pessoa do amigo João
Mário, pela paciência e compreensão nas “ausências” durante toda a realização da
pós-graduação.
Aos companheiros do Centro de Vigilância Ambiental do Recife na pessoa do
amigo Drº. João Alves Jr. que possibilitaram a realização deste trabalho.
Aos companheiros Fabiana Camarão e Carlos Cazumbá incansáveis vigilantes
da qualidade da água, exemplos de determinação e persistência na defesa do meio
ambiente.
Aos técnicos do DS VI na pessoa da jovem e batalhadora amiga Patrícia
Vasconcelos, pela dedicação e empenho disponibilizados, tornando este trabalho
possível.
A todos os funcionários do LEAAL pela paciência e dedicação durante a
realização da pós-graduação.
À secretária Neci Santos pela atenção e apoio dedicados durante todo o curso.
Aos profissionais da COMPESA na pessoa Drª Keila, pela atenciosa
colaboração no fornecimento das informações para planejamento das coletas.
Ao Professor Leucio Câmara Alves pelo acolhimento no laboratório de doenças
parasitárias contribuindo tão ricamente para conclusão desta pesquisa.
Ao pesquisador Sérgio Catunda pela grande ajuda na identificação dos
organismos do zooplâncton.
7
À Profª Isabelle Maunier pela ajuda simpática e atenciosa nas análises
estatísticas dos dados.
Ao jovem pesquisador Whaubtyfran Teixeira pela especial contribuição nas
análises parasitológicas.
Aos Doutores Abraham Rocha e Marisilda Ribeiro pelas valiosas sugestões que
muito contribuíram para o aperfeiçoamento deste trabalho.
8
Amor Verdadeiro
Marta Sales
O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da água e
seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando
normalmente para garantir a continuidade da vida”.
Declaração Universal dos Direitos à Água-ONU (22.03.1992)
“É viver a infinita bondade presente
na doação.
É estar sempre de prontidão e jamais
desistir do outro.
É ter a coragem de acreditar no
impossível.
É ter doçura nos gestos e palavras.
É ver no outro sua próxima meta”.
9
RESUMO
A água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade vem decaindo devido ao
aumento da população e à deficiência de políticas públicas voltadas para a sua
preservação. A rota de transmissão ambiental para protozoários e helmintos é
particularmente significativa e envolve a água, o solo e o alimento. A partir da década
de 1980, acrescentou-se a preocupação quanto à ocorrência de protozoários patogênicos
tais como Cryptosporidium spp. e Giardia spp., em resposta ao crescente número de
surtos envolvendo um grande número de pessoas, estando relacionados ao consumo de
água e à ineficiência do tratamento aplicado na remoção de cistos e oocistos nas
Estações de Tratamento de Água (ETA). No Brasil foi instituído a partir de 2003 o
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano
(SISAGUA), instrumento de coleta de análises de dados a ser desenvolvido em âmbito
nacional pelas áreas de vigilância ambiental em saúde, visando à garantia da qualidade
da água distribuída à população. O presente estudo teve como objetivo detectar a
presença de enteroparasitas, com ênfase em Cryptosporidium spp. em amostras de água
consumida por parte da população do Distrito Sanitário VI, na cidade do Recife. As
amostras foram coletadas em pontos considerados como início, meio e fim da rede de
distribuição. A metodologia de sedimentação espontânea foi utilizada para pesquisa de
enteroparasitas e outros organismos. Para a detecção de Cryptosporidium spp., utilizou-
se o método de concentração de oocistos através de membrana filtrante, seguido da
identificação e contagem de estruturas álcool-ácido resistentes através da coloração
histoquímica de Kinyoun. Como ensaios confirmatórios para Cryptosporidium spp.,
foram utilizadas as metodologias de Ensaio Imunoenzimático e Imunofluorescência
Direta. Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos foram avaliados de acordo
com os padrões da Portaria nº 518/04/MS. Em 95,56% (86/90) das amostras de água,
analisadas neste estudo foram encontrados organismos como: oocistos Cryptosporidium
spp. (15,55%), cistos de Giardia spp. (3,85%), além de ovos de helmintos (47,78%),
larvas de nematóides (28,78%) e organismos do zooplâncton (84,44%). Conclui-se que
existe vulnerabilidade nos processos de tratamento da água para consumo humano,
principalmente na etapa da filtração, que deveria ser eficiente na remoção física de
partículas, com especial atenção aos organismos patogênicos e que a qualidade da água
está comprometida desde a saída da ETA até o ponto de consumo. Torna-se necessário
intensificar a vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para
consumo humano, garantindo que a água não ofereça riscos a saúde da população.
Palavras-chaves: água, enteroparasitas, Cryptosporidium spp., Kinyoun, ELISA, IFD.
10
ABSTRACT
Potable water is a limited natural resource, which quality is getting worse due to the
increase of the population and to the inefficiency of public politics for its preservation.
The environmental transition route to protozoan and helminths is particularly significant
and involves water, soil and food. Beginning from the 1980 decade, there was the worry
over the occurrence of pathogenic protozoan such as Cryptosporidium spp. and Giardia
spp., in response over the increasing number of outbreaks involving a great number of
people, related to the water consume and to the inefficiency of the treatment applied in
the removal of cysts and oocysts in the Water Treatment Plant (WTP). In Brazil was
inserted from 2003 the Vigilance of the Water Quality for Human Consume
Information System (SISAGUA), an instrument of analysis collection of data to be
developed in national size through the environmental health vigilance areas, aiming to
guarantee the quality of the water distributed to the population. The current study has
the purpose to detect the presence of enteroparasites with emphasis in Cryptosporidium
spp. In samples of water consumed by part of the population of the Sanitarium District
VI, in the city of Recife. The samples were collected in points which are considered the
beginning, middle and the end of the distribution system. The methodology of
spontaneous sedimentation was used for research of enteroparasites and other
organisms. For the detection of the Cryptosporidium spp., there was used the method of
oocysts concentration through the filter membrane. Followed by the identification and
counting of alcohol-acid structures resistant through the histochemical staining of
Kinyoun. As confirmatory rehearsals for the Cryptosporidium spp., there were used the
methodology of the Enzyme-Linked Immunosorbent Assay and Direct
Immunofluorescence. The physical-chemical and microbiological parameters, there
were evaluated accordingly to the standards of the Legislation nº 518/04/MS. In 95,56%
(86/90) of the water samples, analyzed in this study there were found organisms such as
Cryptosporidium spp. oocysts (15,55%), Giardia spp cysts (3,85%), besides of
helminths eggs (47,78%), nematodes worms (28,78%), and organisms of zooplankton
(84,44%). There was concluded that there is vulnerability in the process of water
treatment for human consume, mainly in the filtration part, that should be efficient in
the physical removal of particles, with special attention of pathogenic organisms and
that the water quality is in jeopardy since it leaves WTP until the consume point. It
becomes necessary to intensify the vigilance in environmental health related to the
water quality for human consume, guaranteeing that the water does not offer any risk
for the health of the population.
Keywords: water, enteroparasites, Cryptosporidium spp., Kinyoun, ELISA, IFA.
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Ocorrência de oocistos de Cryptosporidium spp.e cistos de Giardia
spp. no ambiente aquático do Brasil no período de 1993 a 2006.............
33
Quadro 2
Surtos de criptosporidiose, atribuídos ao consumo de água tratada
contaminada, ocorridos em várias partes do mundo de 1987 – 2001.....
37
Quadro 3
Fluxograma dos pontos de coleta do Sistema Tapacurá -DS VI.............
51
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Fluxograma para concentração de cistos e oocistos em membrana
filtrante, para pesquisa com as técnicas de coloração histoquímica,
imunoenzimática (ELISA) e imunofluorescencia (IFD).........................
53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Análises físico-químicas, microbiológicas, número de estruturas
álcool-ácido resistentes e oocistos de Cryptosporidium spp. em
amostras de água tratada que apresentaram positividade nos períodos
seco e chuvoso.........................................................................
65
Tabela 2
Eficiência de recuperação de oocistos obtidos com as técnicas de
coloração de Kinyoun e IFD..................................................................
69
Tabela 3
Análises físico-químicas e microbiológicas de amostras de água no
período chuvoso......................................................................................
71
Tabela 4
Análises físico-químicas e microbiológicas de amostras de água no
período seco............................................................................................
72
12
LISTA DE ABREVIATURAS
AAR = Álcool-ácido Resistente
APHA = American Public Health Association
CDC = Centers for Disease Control and Prevention
CETESB = Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
COMPESA = Companhia Pernambucana de Saneamento
CT = Coliformes Totais
CTT = Coliformes Termotolerantes
DAPI = 4’6’- diamidino-2- phenylindole
DO = Densidade Óptica
DS VI = Distrito Sanitário VI
ELISA = Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay (Ensaio imunoenzimático)
EPA = Environmental Protection Agency
ETA = Estação de Tratamento de Água
FUNASA = Fundação Nacional de Saúde
IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IET = Índice de Estado Trófico
IFD = Imunofluorescência Direta
IMS = Imunomagnetic Separation (Separação imunomagnética)
LMSP = Laboratório Municipal de Saúde Pública
MDDA = Monitoramento das Doenças Diarréicas Agudas
ONU = Organização das Nações Unidas
OPAS = Organização Pan-Americana da Saúde
PCR = Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase)
RMR = Região Metropolitana do Recife
RT-PCR = Reverse Transcription - Polymerase Chain Reaction
SIDA = Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SISAGUA = Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo
Humano
SUS = Sistema Único de Saúde
UNESCO = Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
USEPA = United States Environmental Protection Agency
UT = Unidade de Turbidez
VIGIAGUA = Programa Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde Relacionada à
Qualidade da Água para Consumo Humano
WHO = World Health Organization
ZN = Ziehl-Neelsen modificado
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................
15
2. OBJETIVO.....................................................................................................................
20
2.1 Geral............................................................................................................................... 20
2.2 Específicos...................................................................................................................... 20
3. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 21
3.1 Vigilância da Qualidade da Água................................................................................... 21
3.2 Epidemiologia das enteroparasitoses.............................................................................. 24
3.3 Considerações sobre Cryptosporidium spp. e Giardia spp. ......................................... 27
3.4 Enteroparasitas no ambiente........................................................................................... 30
3.5 Surtos de parasitoses em água de consumo humano...................................................... 35
3.6 Métodos para detecção de enteroparasitas em água....................................................... 38
3.6.1 Métodos para concentração de protozoários em água................................................. 38
3.6.2 Métodos de identificação para Cryptosporidium spp.................................................. 43
3.7 Prevenção e controle de enteroparasitoses no ambiente aquático..................................
45
4. MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................
49
4.1 MATERIAL.................................................................................................................. 49
4.1.1 Caracterização da região do estudo............................................................................. 49
4.1.2 Coleta de amostras....................................................................................................... 50
4.2 MÉTODOS................................................................................................................... 52
4.2.1 Concentração de oocistos para pesquisa de Cryptosporidium spp........................ 52
4.2.2 Coloração histoquímica............................................................................................... 52
4.2.3 Teste imunoenzimático (ELISA) ................................................................................ 54
4.2.4 Técnica de Imunofluorescência Direta (IFD) ............................................................. 55
4.2.5 Cálculo do número médio de oocistos por litro.......................................................... 56
4.2.6 Verificação da eficiência da metodologia na recuperação dos oocistos...................... 57
4.2.7 Análises físico-químicas.............................................................................................. 57
4.2.8 Análises microbiológicas............................................................................................. 58
4.2.9 Pesquisa de outros enteroparasitas e organismos do Zooplâncton.............................. 58
4.2.10 Análise estatística dos resultados.............................................................................. 59
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 61
6. CONCLUSÕES............................................................................................................... 78
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 79
14
APÊNDICES...................................................................................................................... 91
ANEXOS.............................................................................................................................. 95
15
1. INTRODUÇÃO
A água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade vem sendo comprometida
devido ao aumento da população e à deficiência de políticas públicas voltadas para a sua
preservação. Estima-se que aproximadamente doze milhões de pessoas morrem
anualmente por problemas relacionados com a qualidade da água no planeta. No Brasil,
esse problema não é diferente, uma vez que os registros do Sistema Único de Saúde
(SUS) mostram que 80% das internações hospitalares do país são devidas a doenças de
veiculação hídrica, ou seja, doenças que ocorrem devido à qualidade imprópria da água
para consumo humano (MERTEN; MINELLA, 2002).
O desenvolvimento industrial, o crescimento demográfico e a ocupação do solo de
forma intensa e acelerada vêm provocando o comprometimento dos recursos hídricos
disponíveis para consumo humano, recreação, atividades agrícolas, industriais e geração
de energia, aumentando consideravelmente o risco de doenças de transmissão hídrica.
Apenas 2,53% do total da água disponível no planeta constitui-se de água doce, própria
para o consumo humano. A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que em 2015,
quase 40% da população viverá em países com grandes dificuldades de garantir água
suficiente para atender as suas necessidades, gerando problemas com implicações
políticas, econômicas e sócio-ambientais (FIGUEREDO, 1994; WHO, 2000; UNESCO,
2006).
No Brasil foi instituído a partir de 2003 o Sistema de Informação de Vigilância da
Qualidade da Água de Consumo Humano (SISAGUA), instrumento de coleta de análises
de dados a ser desenvolvido em âmbito nacional pelas áreas de vigilância ambiental em
saúde. O SISAGUA foi baseado no Programa Nacional de Vigilância Ambiental em
16
Saúde relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) e
incorpora as normas e parâmetros da Portaria do Ministério da Saúde nº 1.469/2000
(substituída pela portaria nº 518/2004), que estabelece o controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano, possibilitando a obtenção de uma visão real da
situação em que se encontra a qualidade da água utilizada no país.
A Cidade do Recife surgiu em 1537, é conhecida como a “Veneza Brasileira”, por
ser entrecortada pelos rios Capibaribe, Tejipió e Beberibe. A cidade ocupa 217 Km
2
correspondendo a 0,2 % da área total do estado de Pernambuco, com população de
1.501.008 habitantes (IBGE, 2006) e características ambientais diversificadas, com
morros, planícies, estuários e praias. Na Região Metropolitana do Recife, no tocante ao
saneamento básico, cerca de 12,7% dos domicílios urbanos carecem de abastecimento
público de água e 67,9% dos domicílios não possuem esgotamento sanitário com rede
coletora (CAMARÃO et al., 2005).
O aumento da demanda por recursos naturais eleva a probabilidade de encontrar
os ambientes e os produtos contaminados com microrganismos patogênicos. Nos últimos
30 anos, os surtos endêmicos ou epidêmicos, ocorridos em países desenvolvidos,
causados por parasitos, através da água e alimentos contaminados, conduziram a uma
revisão nas metodologias de detecção e isolamento convencionais. Para muitos parasitas,
como protozoários e helmintos a rota de transmissão ambiental é particularmente
significativa envolvendo a água, o solo e o alimento, representando grande potencial de
contaminação ambiental, devido à habilidade dos mesmos em sobreviver em regiões
úmidas por períodos de tempo prolongados, sendo conseqüentemente uma ameaça
persistente à saúde pública e veterinária (SMITH, 1998).
17
No ambiente aquático também são encontrados animais microscópicos que vivem
em suspensão em mares, lagos e rios, formando a comunidade zooplanctônica, sendo
rotíferos, cladóceros e copépodes os grupos dominantes no ambiente de água doce. Esses
organismos são importantes na manutenção do equilíbrio do ecossistema aquático,
podendo atuar como reguladores da comunidade fitoplanctônica, utilizando-a como
alimento, e na reciclagem de nutrientes, além de servirem de alimento para diversas
espécies de peixes. A presença desses organismos em água tratada para consumo humano
indica falhas no tratamento, principalmente na filtração, que deve funcionar como uma
barreira física final à passagem de todos os organismos presentes na água, principalmente
os microrganismos patógenos (CETESB, 2000; O’CONNOR; O’CONNOR, 2001).
A partir da década de 1980, surgiu uma nova preocupação quanto à ocorrência de
protozoários patogênicos tais como Cryptosporidium spp. e Giardia spp., em resposta ao
crescente número de surtos envolvendo um grande número de pessoas. Tendo em vista a
ação pouco eficaz do cloro na inativação de oocistos e cistos dentro das condições
operacionais normalmente utilizadas numa Estação de Tratamento de Água (ETA), faz-se
necessária à maximização da remoção física desses protozoários, nos decantadores e
filtros. Embora os oocistos de Cryptosporidium spp. em especial, apresentem certas
características morfológicas que dificultam sua remoção, como o tamanho reduzido (3-
6m), almeja-se uma eficiência no tratamento com coagulação-floculação-sedimentação-
filtração, avaliando o nível de oocistos presentes na água tratada. Atualmente a avaliação
da eficiência depende da legislação de cada país, sendo recomendado no Brasil um
padrão de ausência de cistos e oocistos (ISAAC; LUVIZOTTO, 2002; BRASIL, 2004a).
18
Recentemente no Brasil várias pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo
de conhecer a ocorrência de Cryptosporidium spp e Giardia spp. em vários tipos de água:
águas brutas superficiais (FRANCO et al., 2001; DIAS JÚNIOR 1999), águas
subterrâneas (GAMBA et al., 2000), águas minerais (FRANCO; CANTUSIO NETO,
2002), águas de esgotos (FARIAS et al., 2002; DIAS JÚNIOR, 1999), águas tratadas
(MULLER, 1999; RÉ, 1999; CANTUSIO NETO, 2004), água bruta e tratada
(MACHADO, 2006), apontando para uma progressiva contaminação em águas
superficiais e subterrâneas, devido às deficiências de infra-estrutura dos serviços de
saneamento básico no país.
Numerosos métodos de diagnóstico têm sido desenvolvidos para a detecção de
Cryptosporidium spp e Giardia spp. em amostras de água, cada qual com suas vantagens e
desvantagens, porém ainda não há um método universalmente aceito (SMITH, 1998). Os
métodos utilizados em amostras de água derivam dos empregados anteriormente em
análises clínicas, porém, o emprego de métodos de concentração satisfatórios tem sido a
maior preocupação dos pesquisadores, para garantir uma eficiência dos métodos de
identificação do parasito. Apesar da existência de métodos de identificação sofisticados
para a pesquisa de oocistos de Cryptosporidium spp. e Giardia spp., em amostras de água,
como os ensaios imunoenzimáticos e a biologia molecular (PCR), todos são precedidos de
métodos para a concentração e purificação dos cistos e oocistos na amostra
(JAKUBOWSKI et al.,1996; LIMA; STAMFORD, 2003).
Vários autores relatam ser questionável o uso apenas de bactérias do grupo
coliformes como indicadores de poluição de origem fecal e que sua ausência não garante a
qualidade da água para consumo humano, em virtude da baixa resistência das bactérias aos
tratamentos convencionais com desinfecção, enquanto os protozoários resistem. Muitos
19
estudos na literatura envolvendo a presença de Cryptosporidium spp. foram associados à
água potável que se encontravam de acordo com os padrões microbiológicos exigidos nas
legislações (FRICKER; CRABB, 1998; SMITH; ROSE, 1998; O’CONNOR; O’CONNOR,
2001).
Considerando a influência da qualidade da água para consumo humano na saúde
pública e a escassez de dados sobre a ocorrência de enteroparasitas em água em nossa
região, faz-se necessário um estudo sobre a presença desses parasitos, incluindo
Cryptosporidium spp. e Giardia spp., nas amostras monitoradas do SISAGUA, com o
objetivo de estabelecer um diagnóstico, conhecer a magnitude do problema e finalmente
oferecer melhor padrão de potabilidade da água à população, atendendo assim, a
recomendação da portaria nº 518 do Ministério da Saúde (Brasil, 2004a), quanto a
investigação desses patógenos emergentes no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde do
Recife.
20
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
 Avaliar a qualidade da água de abastecimento público da cidade do Recife em
relação à ocorrência de enteroparasitas e organismos do zooplâncton.
2.2 Objetivos Específicos:
 Verificar a ocorrência de estruturas álcool-ácido resistentes, sugestivas de
Cryptosporidium spp.;
 Avaliar a técnica imunoenzimática (ELISA) e verificar sua correlação com a
técnica imunológica de Imunofluorescência Direta (IFD) na detecção de oocistos
de Cryptosporidium spp.;
 Avaliar os parâmetros físico-químicos (cor, turbidez, cloro e pH) e
microbiológicos (coliformes totais e termotolerantes) correlacionando-os com a
presença do Cryptosporidium spp.;
 Avaliar a influência da variação climática e da localização do ponto de coleta com
ocorrência de Cryptosporidium spp.;
 Identificar outros enteroparasitas e os organismos do zooplâncton que ocorrem na
água de consumo humano.
21
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Vigilância da Qualidade da Água
De acordo com o relatório “Água, uma responsabilidade compartilhada - 2006”,
apesar do grande esforço nas duas últimas décadas para melhorar os serviços de
abastecimento de água e saneamento nas regiões mais pobres dos países em
desenvolvimento, muita gente ainda não foi beneficiada e cerca de 2,9 bilhões de pessoas em
todo o mundo (quase a metade da população do planeta) vivem em condições inaceitáveis de
saneamento, enquanto 1,1 bilhão de pessoas não têm sequer acesso a um adequado
abastecimento de água. Questões como, saneamento básico eficiente, cuidados com higiene e
acesso a água potável podem reduzir as doenças diarréicas, que matam no mundo
aproximadamente 2,0 milhões de crianças abaixo dos 05 anos de idade, em uma terça parte
ou até um quarto desses casos (UNESCO, 2006).
Diante da atual situação envolvendo a questão da água no mundo, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) através do “Guidelines for Drinking-Water Quality” (WHO, 2004),
estabelece diretrizes governamentais para estruturação de uma política de segurança para
água de consumo humano, trazendo a responsabilidade para os órgãos de saúde pública, onde
as ações devem ser apropriadas para as circunstâncias nacionais, regionais e locais, adaptados
aos ajustes sócio-ambientais, econômicos e culturais de cada país. A qualidade da água de
consumo humano deve ser controlada por uma combinação de várias etapas: proteção das
fontes de água, controle dos processos de tratamento, gerenciamento da distribuição e o uso
ou manipulação da água final.
22
Para o Ministério da Saúde, o objetivo da Vigilância Ambiental em Saúde consiste
em identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais
relacionados às doenças ou outros agravos à saúde, tendo como tarefas fundamentais
processos de produção, integração, processamento e interpretação de informações visando o
conhecimento dos problemas de saúde relacionados aos fatores ambientais além da
execução de ações relativas as atividades de promoção da saúde, prevenção e controle de
doenças (FRANCO NETTO; CARNEIRO, 2002).
O Programa Brasileiro de Vigilância Ambiental em Saúde relacionado à qualidade
da água para consumo humano (VIGIAGUA), implantado em 2000, foi concebido tomando
como base os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Os indicadores de qualidade da
água para consumo humano foram definidos por meio da metodologia proposta pela OMS.
Com base nesses indicadores foi desenvolvido o Sistema de Informações de Vigilância da
Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), com o objetivo de fornecer
informações sobre a qualidade da água proveniente dos sistemas de abastecimento público,
soluções alternativas coletivas e individuais (poços e cacimbas), sendo composto,
basicamente, por três módulos: cadastro, controle e vigilância (FERNANDES NETO,
2004).
O município do Recife implantou o SISAGUA em 2003, cadastrando todo o sistema
de Abastecimento Público e Soluções Alternativas (poços, cacimbas) da cidade. Em 2004,
foram analisadas 377 amostras de todos os sistemas cadastrados nos 06 distritos sanitários
que compõe o município, observando-se, um percentual significativo da presença de
coliformes totais de 36% e a presença de coliformes termotolerantes em 8% das amostras.
Em 2005 foram analisadas 499 amostras, sendo os coliformes totais e coliformes
termotolerantes encontrados em 30% e 4% das amostras, respectivamente, entretanto no
23
Distrito Sanitário VI (DS VI), foi coletado um total de 104 amostras, encontrando-se 37 %
de coliformes totais e 3 % de coliformes termotolerantes (RECIFE, 2005).
Em 2004, foi elaborada na Cidade do Recife a estratégia do mapa de risco para
estruturação das ações de vigilância da qualidade da água para o consumo humano,
partindo da identificação dos efeitos na saúde relacionados à qualidade da água, como casos
de doenças de veiculação hídrica (cólera, leptospirose e hepatite) e as situações de
intermitência no abastecimento público de água. Destaca-se também a utilização de dados
do programa de Monitoramento das Doenças Diarréicas Agudas/MS (MDDA), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Pernambucana de
Saneamento (COMPESA). Para a análise e mapeamento das informações utilizou-se como
formato de apresentação, as ferramentas dos sistemas de informação geográfica (Anexo A),
facilitando assim a compreensão das situações de risco e contribuindo significativamente
para o adequado planejamento de futuras ações municipais que venham prevenir e
controlar os riscos do ambiente e os efeitos na saúde da população (MELO et al., 2004).
A vigilância da qualidade da água de consumo humano não isenta nem substitui a
responsabilidade das empresas operadoras dos sistemas de assegurar que a água distribuída
seja de qualidade aceitável, ou seja, dentro dos parâmetros microbiológicos e físico-
químicos estabelecidos por lei (WHO, 2004). No Brasil a Portaria do Ministério da Saúde
de nº 518 de 26 de março de 2004 (BRASIL, 2004a), define o papel das operadoras dos
sistemas no controle de qualidade da água para consumo humano, que consiste no
cumprimento de um conjunto de atividades exercidas de forma contínua e responsável. Os
órgãos de saúde pública que fazem a vigilância devem trabalhar juntamente com as
operadoras visando à prevenção e o controle de agravos transmitidos pela água, com vistas
a promover a qualidade de vida da população (BRASIL, 2005).
24
3.2 Epidemiologia das enteroparasitoses
A cadeia de transmissão das enteroparasitoses sofre profunda influência das
condições de higiene ambiental, refletindo diretamente nas condições sanitárias em que
vive o homem. O indivíduo parasitado, por meio de seus dejetos, contamina seu próprio
ambiente com ovos, cistos e larvas de parasitos intestinais, e a água pode acumulá-los e
transportá-los a grandes distâncias. Assim, as fezes representam o veículo e a fonte de
contaminação de todos os parasitos intestinais. Na transmissão dos parasitos intestinais
destacam-se, o solo, o ar, a água, as moscas, as mãos e os alimentos como os principais
elementos que compõem o ciclo da cadeia epidemiológica das helmintoses e protozooses
(SOARES; CANTOS, 2005).
Os parasitas intestinais encontram-se distribuídos praticamente por todo o mundo,
registrando elevados coeficientes de prevalência em populações com precárias condições
higiênico-sanitárias. Estudos conduzidos em comunidades carentes da África, Turquia,
Vietnã, México e Brasil, demonstraram taxas de infestação parasitária de 55,8%, 37,2%,
88,0%, 67,0% e 79,0%, respectivamente, com maiores freqüências de Ascaris
lumbricoides, Ancilostomídeos, Trichuris trichiura e Giardia lamblia. Contudo, as
infecções parasitárias intestinais são em sua maioria assintomáticas e, quando determinam
alguma sintomatologia, esta é geralmente discreta e inespecífica, não sendo muitas vezes
diagnosticada (SILVA, 2005).
A contaminação fecal do ambiente aquático se origina das descargas do esgoto
público ou doméstico, como também da liberação direta do material fecal na água de
superfície por animais domésticos ou selvagens. Os enteroparasitas também aderem às
25
partículas do solo e são arrastados para água, onde sobrevivem e movem-se em toda sua
superfície, principalmente em condições de tempo excepcionais tais como chuvas pesadas e
inundações carreando o esgoto e ou solo contaminado, aumentando a carga fecal na água de
superfície dos lagos e dos rios, prejudicando a qualidade da água dos mananciais (WELCH,
2000; WESTRELL et al., 2003).
Castiñeiras e Martins (2003), informam que as enteroparasitoses podem afetar o
equilíbrio nutricional, interferindo na absorção de nutrientes, induzindo sangramento
intestinal, reduzindo a ingestão alimentar, assim como pode causar complicações
significativas como: obstrução intestinal, prolapso retal e formação de abscesso. Isto
repercute de forma negativa no crescimento e desenvolvimento cognitivo da população
infantil, com grande impacto nas regiões sócio-economicamente menos favorecidas, e
contribui para o baixo rendimento escolar infanto-juvenil, inadequada produtividade no
trabalho adulto e o aumento dos gastos com assistência médica.
As enteroparasitoses, por apresentarem um ecossistema infectivo, onde os
mecanismos de infecção são na maioria das vezes passivo oral, apresentam-se com
distribuição cosmopolita, porém devidos aos vários fatores ambientais ocorrem com uma
grande variação na sua prevalência (SILVA, 2005).
Inúmeros estudos têm sido direcionados para verificar a ocorrência, epidemiologia,
fatores de risco e associação com surtos das doenças intestinais de veiculação hídrica, como
as gastroenterites bacterianas (salmonelose e shigelose), parasitárias (criptosporidiose,
giardíase e amebíase) e virais. É importante destacar que Cryptosporidium parvum e
Giardia duodenalis são parasitos transmitidos pela água e têm causado muitos surtos de
doenças gastrointestinais associados à veiculação hídrica. (WALLIS, et al.1996; SOLO-
26
GABRIELE et al., 1998; GOMES et al., 2002; LIMA; STAMFORD, 2003; HELLER et al.
2004).
A ocorrência de criptosporidiose no Brasil é subnotificada, sendo a maioria dos
dados disponíveis relacionados aos portadores da SIDA (Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida), entre os quais 4.342 casos de criptosporidiose foram detectados no Brasil, no
período de 1988 a 1998, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste do país (BRASIL,
2004c). Arcoverde (2001), estudando enteroparasitas em pacientes com HIV na cidade de
Recife, verificou a freqüência de infecção por Cryptosporidium parvum nesses pacientes
chegou a um percentual de 21,8%, sendo superior à freqüência de outros patógenos
veiculados por água e/ou alimentos. No mesmo ano, Capuano et al. (2001a) encontrou uma
freqüência de 11,33 % em pacientes soropositivos de Ribeirão Preto.
Vários estudos também demonstram a preocupação em incluir na investigação
diagnóstica dos quadros diarréicos em crianças a detecção de Cryptosporidium spp, com o
objetivo de melhor elucidar o agente etiológico envolvido. A criptosporidiose tem sido
relatada em todas as partes do mundo com uma prevalência de 1,9 a 19% dos casos em
crianças diarréicas. No Brasil a prevalência esperada para crianças fica entre 0,5 a 21,3%.
Estudos realizados em várias cidades do país verificaram diferenças significativas quanto à
prevalência, as quais são atribuídas tanto ao método diagnóstico como às características da
população estudada, revelando valores de 17,5% em São Paulo-SP (MANGINI et al., l992);
6,4% em Recife-PE (SILVA, et al., 1994); 4,2% em Uberlândia-MG (GENNARI-
CARDOSO et al., 1996); 1,1 % em Campo Grande-MS (OSHIRO et. al., 2000); 3,3 % no
Rio de Janeiro-RJ ( SILVA et al. 2003) e 85% em Criciúma-SC (SCHNACK et al. 2003).
27
3.3 Considerações sobre Cryptosporidium spp. e Giardia spp.
Xiao et al. (2004), em um estudo sobre a importância da taxonomia do
Cryptosporidium, destacam que um dos desafios atuais é compreender melhor a biologia e
epidemiologia do parasita. As espécies de Cryptosporidium são parasitas pertencentes ao
Filo Apicomplexa, Classe Sporozoasida, Subclasse Coccidiasina, Ordem Eucoccidiorida,
Subordem Eimeriorina e Família Cryptosporidiidae, que infectam as microvilosidades do
epitélio gastrintestinal de um grande número de hospedeiros vertebrados, incluindo os seres
humanos. A infectividade nos indivíduos apresentam um largo espectro de manifestações
clínicas, porém a patogênicidade varia de acordo com a espécie do parasita envolvido, o
tipo, a idade e o estado imunológico do hospedeiro.
Ainda segundo Xiao et al. (2004), as espécies nomeadas como Cryptosporidium
consideradas atualmente espécies válidas que infectam diversas espécies animais são: C.
andersoni (gado), C. baileyi (aves), C. canis (cães), C. felis (gatos), C. galli (pássaros), C.
hominis (seres humanos), C. meleagridis (pássaros e seres humanos), C. molnari (peixe),
C. muris (roedores e alguns outros mamíferos), C. parvum (ruminantes e seres humanos),
C. wrairi (cobaias), C. saurophilum (lagartos e serpentes) e C. serpentis (répteis). Outros
Cryptosporidium spp. morfologicamente distintos foram encontrados em peixes, répteis,
pássaros e mamíferos, porém ainda não têm as espécies nomeadas.
Atualmente o uso de técnicas de biologia molecular possibilitou a comprovação de
que não apenas C. parvum era o único agente etiológico da infecção humana, pois estudos
confirmam que outras espécies e genótipos também afetam o homem, como C. hominis, C.
felis, C. muris, C. meleagrisis e C. cannis., evidenciando o elevado potencial zoonótico
28
desses agentes patogênicos e conseqüentemente gerando impacto para saúde pública
(SMITH; ROSE, 1998; XIAO et al. 2004 ).
A criptosporidiose é uma infecção causada por um protozoário coccídeo,
reconhecido como patógeno animal. Esse parasito atinge as células epiteliais das vias
gastrointestinais, biliares e respiratórias do homem, de diversos animais vertebrados e
grandes mamíferos, sendo responsável por diarréia esporádica em todas as idades, diarréia
aguda em crianças e a diarréia dos viajantes. Em indivíduos imunocompetentes, esse
quadro é autolimitado, entre 01 e 20 dias, com duração média de 10 dias, evoluindo para
cura. Em imunodeprimidos, transplantados, doentes autoimunes, pacientes em tratamento
do câncer e particularmente com infecção por HIV, ocasiona enterite grave, caracterizada
por diarréia aquosa, acompanhada de dor abdominal, mal-estar, anorexia, náuseas, vômitos
e febre. Esses pacientes podem desenvolver diarréia crônica e severa, acompanhada de
desnutrição, desidratação e morte. Nessa situação, podem ser atingidos os pulmões, trato
biliar ou surgir infecção disseminada, na maioria dos casos de difícil tratamento que evolui
para o óbito (DE CARLI; SARAIVA, 1991; BARALDI et al., 1999; BRASIL, 2004b;
CDC, 2005).
Lima e Stamford (2003) citam que o estado imunológico não está relacionado à
presença da doença, uma vez que a infecção pode ocorrer em indivíduos saudáveis, os quais
apresentam um quadro clínico autolimitante. A ocorrência de portadores assintomáticos é
preocupante para a saúde pública, tendo em vista que podem contaminar outras pessoas e o
ambiente, além de que, no que diz respeito ao tratamento, ainda não existe uma conduta
terapêutica eficaz contra a criptosporidiose. Atualmente, de acordo com CDC (Centers for
Disease Control and Prevention) dos Estados Unidos, foi aprovada uma nova droga para o
29
tratamento da diarréia causada por Cryptosporidium: a nitazoxanide, para pacientes com
sistemas imunes saudáveis (CDC, 2005).
Giardia spp. é um protozoário flagelar, causador de gastroenterites em humanos,
com aspectos clínicos diversos, podendo apresentar infecções assimtomáticas ou até
quadros severos de diarréia persistente. Os cistos de Giardia spp., são ingeridos através de
água ou alimentos contaminados, sendo esse protozoário comumente identificado como o
patógeno mais envolvido em surtos de doenças de veiculação hídrica nos Estados Unidos,
contudo é um organismo endêmico em toda parte do mundo, tendo a prevalência mais
elevada em países tropicais e subtropicais. (WOLFE, 1992; PICKERING; ENGELKIRK,
1998; THOMPSON, 2000).
A giardíase é uma infecção causada por protozoários que atinge, principalmente, a
porção superior do intestino delgado. A maioria das infecções é assintomática e ocorre
tanto em adultos quanto em crianças, e quando a infecção é sintomática pode apresentar-se
com diarréia, acompanhada de dor abdominal. Esse quadro pode ser de natureza crônica,
caracterizada por dejeções amolecidas, com aspecto gorduroso, acompanhado de fadiga,
anorexia, flatulência e distensão abdominal. A anorexia, associada com má absorção, pode
ocasionar perda de peso e anemia, porém não há invasão intestinal (BRASIL, 2004b; CDC,
2005).
Diferentemente de outros parasitas, oocistos de Cryptosporidium spp. são
eliminados para o ambiente na forma infectante, desempenhando um papel importante na
transmissão da parasitose, em razão da resistência aos desinfetantes comumente utilizados
nos processos de tratamentos de água. De acordo com Laberge et al. (1996), a esporulação,
fase em que os oocistos de Cryptosporidium se tornam infectantes, ocorre ainda dentro do
hospedeiro, refletindo na liberação de oocistos infectantes nas fezes. Cerca de 80% dos
30
oocistos se apresentam com a parede espessa, justificando assim a sua resistência ambiental
e o favorecimento de infecções graves mesmo com um reduzido número de oocistos.
3.4 Enteroparasitas no ambiente
A presença de enteropasitas no ambiente vem chamando a atenção dos órgãos de
saúde pública nos últimos 20 anos, em virtude da ocorrência de vários surtos transmitidos
pela água e alimentos, com um grande número de pessoas acometidas. Em países
desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Austrália, muitos especialistas
vêm discutindo as fontes e a incidência da infecção humana por parasitas patogênicos,
envolvidos na veiculação hídrica e alimentar, com o objetivo de desenvolver novas
tecnologias para a prevenção, detecção e inativação (SMITH, 1998; ORLANDI et al.,
2002).
Orlandi et al. (2002), comentam que com o advento da globalização mudanças nos
hábitos alimentares foram introduzidas em todo o mundo, apresentando um aumento do
consumo de alimentos crus ou levemente cozidos, com o objetivo de manter o gosto natural
e preservar os nutrientes. Dessa forma elevando o risco de transmissão de enteroparasitas
através dos alimentos. Entretanto, por várias razões, as infecções parasitárias não são
freqüentemente identificadas como a fonte da doença, principalmente quando os sintomas
são similares aos das infecções bacterianas. Conseqüentemente, muitos casos não são
diagnosticados como enteroparasitoses, conduzindo a falsos relatos das incidências das
doenças parasitárias humanas. Além disso, essas doenças sempre estiveram ligadas ao
contexto da medicina tropical, a despeito da evidência de sua ocorrência em climas
temperados e árticos. Provavelmente parasitas patogênicos considerados atualmente como
31
emergentes podem de fato ser uma fonte contínua de doenças em humanos, sem o devido
reconhecimento clínico.
Vários estudos registram a presença de um grande número de parasitas no ambiente,
sendo os mais citados: Giardia spp., Cryptosporidium spp., Balantidium coli, Cyclospora
cayetanenesis, Isospora belli, Fasciolopsis buski, Diphyllobothrium latum, Taenia spp.,
Ascaris lumbricoides, Toxocara spp., Trichuris trichiura, Entamoeba histolytica,
Microsporídio, Schistosoma spp., Strogyloides stercolaris, Toxoplasma spp. Esses parasitas
são amplamente distribuídos em fontes de água, sendo relativamente resistentes a
inativação por desinfetantes químicos, podendo causar surtos de grandes proporções
(SMITH, 1998; DAWSON, 2005).
Com relação aos protozoários a preocupação aumenta devido aos cistos e oocistos
que podem ser eliminados para o ambiente nas formas infectantes e ao tamanho reduzido
dos mesmos (Giardia spp: 8,0 – 12 m, Cryptosporidium spp.: 3,0 – 6,0 m) dificultando a
retenção durante processos convencionais de filtração com problemas operacionais,
permitindo a contaminação da água distribuída à população (SMITH; ROSE, 1998; APHA,
2005).
Cardoso et al. (2003), comentam que devido à impossibilidade de testar todos os
possíveis patógenos, microrganismos patogênicos associados a material fecal são utilizados
como indicadores de potabilidade da água, neste sentido, a bactéria Escherichia coli vem
sendo utilizada como indicativo de contaminação fecal em todo o mundo por décadas. No
entanto esses são melhores indicadores para a presença de bactérias e vírus, mas são
inadequados como indicadores de protozoários aquáticos. Estudos demonstram, por
exemplo, que Cryptosporidium spp. pode estar presente, mesmo na ausência de outros
32
organismos fecais (FRICKER; CLANCY,1998; FROESE; KINDZERSKI, 1998;
HARWOOD, 2001; MACHADO, 2006).
A presença de enteroparasitas nos mananciais aumenta a preocupação com a
transmissão, porque enquanto ocorre a contaminação por contato com objetos, de pessoa a
pessoa, animal a pessoa, restringe-se o número de pessoas infectadas, no entanto, quando
ocorre por veiculação hídrica pode atingir facilmente um grande contingente da população.
Oocistos de Cryptosporidium spp. e cistos de Giardia spp. estão amplamente distribuídos
no ambiente, ocorrendo em diversos tipos de água e em várias partes do mundo, esses
microrganismos são capazes de sobreviver tanto em água superficial como tratada,
resistindo ao tratamento com desinfetantes químicos tradicionalmente empregados para
garantir a potabilidade da água, tais como: cloro, cloraminas ou dióxido de cloro. A
filtração e a remoção física são procedimentos chaves para o controle destes protozoários
em estações de tratamento (DYKSEN et al., 1998; O’CONNOR; O’CONNOR, 2001;
LIMA; STAMFORD, 2003; WHO, 2004).
Heller et al.(2004), em um amplo estudo em Viçosa-MG, realizaram uma varredura
sobre a presença de Cryptosporidium spp. e Giardia spp. nos diversos compartimentos
ambientais relacionados com o risco de transmissão à população da cidade, avaliando
água bruta dos mananciais, água de consumo tratada por diversos processos, esgotos
sanitários, hortaliças, fezes humanas e ainda um estudo-piloto em fezes de animais
infectados, com o objetivo de conhecer a magnitude da distribuição desses parasitas no
ambiente e o desempenho dos processos de tratamento de água quanto a remoção dos
mesmos. Assim apontaram que a transmissão das referidas protozooses à população
exposta é de elevado risco potencial, decorrente da confirmação da presença desses
33
protozoários nos vários ambientes estudados, coerentemente com os resultados alcançados
em outros países.
Vários estudos no Brasil têm revelado a presença Cryptosporidium spp. e Giardia
spp. no ambiente aquático. No quadro 01 verifica-se um resumo de ocorrências relatadas
na literatura.
Quadro 1 - Ocorrência de oocistos de Cryptosporidium spp. e cistos de Giardia spp. no ambiente
aquático do Brasil no período de 1993 a 2006.
Local/Fonte Parasito Amostras
positivas
Densidade
(oo)cistos/L
Referência
Fortaleza-CE/
(poço)
Cryptosporidium spp. 22,2 % ND *Newman et al.,1993
Itaquacetuba-SP/
(poço)
Cryptosporidium spp. 100 % ND *Gamba et al., 1997
Perus-SP/
(tratada)
Cryptosporidium spp. 50 % ND *Tomps, 1998
Araras-SP /
(bruta)
Cryptosporidium spp.
Giardia spp.
64,4 %
66,7 %
ND
ND
**Dias Junior, 1999
Araras-SP /
(esgoto)
Giardia spp
Cryptosporidium spp.
100% 2,23
**Dias Junior, 1999
Araras-SP/
(poço e tratada)
Giardia spp. 16,66 % ND **Ré, 1999
São Paulo-SP/
(bruta e tratada)
Cryptosporidium spp. 50 % 0,1 - 236,0 Muller, 1999
São Paulo-SP/
(bruta)
Giardia spp.
Cryptosporidium spp.
31,5%
5,0 %
29 - 521,0
ND
Hachich et al., 1999
São Paulo-SP/
(esgoto)
Cryptosporidium spp. 100% 1.200 -1.400 Farias, 2000
Campinas-SP/
(bruta)
Giardia spp.
Cryptosporidium spp.
100%
100%
3,3 - 9,5
4,45 - 6,08
Franco et al., 2001
Campinas-SP/
(mineral)
Cryptosporidium spp. 11,53 % 0,20 - 0,5 Franco & Cantusio Neto, 2002
Campos do Jordão-SP/
(fontes)
Giardia spp.
Cryptosporidium spp.
25 % ND Branco & Franco, 2003
Campinas-SP/
(bruta)
Giardia spp. 93,75 % 10,0 - 94,5 Cantusio Neto, 2004
Viçosa-MG/
(bruta)
Giardia spp.
Cryptosporidium spp
ND 0,0 - 24,0
8,0 - 135,0
Ferreira et al., 2004
Recife-PE/
(bruta)
Cryptosporidium spp. 5,0 % 16,0 - 40,0 Machado, 2006
Legenda: ND – Não Determinado, *Apud Muller, 1999, ** Apud Cantusio Neto, 2004
34
No Brasil vários estudos apontaram a água como veículo de transmissão de
parasitos intestinais, envolvendo hortaliças, com uma freqüência variando de 4,0 a 100 %
e uma maior prevalência de Strongyloides spp., Ascaris spp., Ancylostoma spp.,
Entamoeda spp., Toxocara spp., Trychuris spp. e Cryptosporidium spp. (GUILHERME et
al., 1999; MESQUITA et al., 1999; COELHO et al. 2001; CAPUANO et al., 2001b;
PACHECO et al., 2002; GUIMARÃES et al., 2003; PAULA et al., 2003; FREITAS et
al., 2004; SILVA et al. 2005). Silva et al (2005) em uma revisão sobre a presença de
enteroparasitas em vegetais, constatou que o uso de práticas inadequadas de produção,
comercialização e consumo desses tipos de alimentos, associados ao uso de água
contaminada, contribui de forma significativa para disseminação de parasitas e outros
microrganismos patogênicos.
Lima e Stamford (2003), reiteram a importância na obtenção de dados de ocorrência
e distribuição ambiental do parasito por região para o planejamento e estabelecimento de
medidas de controle e vigilância da água para consumo humano. Além de que se faz
necessário o esclarecimento sobre as espécies existentes em mananciais aquáticos, sobre os
parâmetros de previsibilidade e ocorrência sazonal do parasito para uma avaliação do risco
de infecção pelo Cryptosporidium na população humana, como também afirmam que é de
extrema relevância a padronização de um eficiente método de pesquisa para
Cryptosporidium spp.
35
3.5 Surtos de parasitoses em água de consumo humano
A ocorrência de surtos envolvendo parasitas tem sido amplamente relatada na
literatura, principalmente envolvendo Cryptosporidium spp. e Giardia spp., devido à
gravidade e magnitude do problema. O maior surto de criptosporidiose descrito até o
momento foi o ocorrido em Milwaukee, nos Estados Unidos no ano de 1993, envolvendo
cerca de 403.000 pessoas. Problemas no processo de tratamento: sejam na coagulação,
filtração e/ou desinfecção, podem ter permitido a permanência e passagem de oocistos na
água final. Os governos Americano e Britânico têm avançado muito na regulação e
notificação da presença dos parasitas em água de consumo humano, porém apesar dos
esforços, os riscos de surtos de criptosporidiose e giardíase continuam ocorrendo (SMITH,
1998; SMITH; ROSE, 1998; HOWE et al. 2002; DAWSON, 2005).
Na Europa, Estados Unidos (EUA) e União Soviética vários surtos envolvendo
Giardia spp., foram registrados na literatura, incriminando a água, alimentos e
manipuladores de alimentos. Dawson (2005) relata que o CDC/EUA vem fazendo a
vigilância desse protozoário desde 1971 e em vinte anos de estudos (1965 a 1984) cerca de
90 surtos de giardíase foram atribuídos as contaminações hídricas, com um total de 23.776
casos, enquanto entre 1992 e 1997 a vigilância realizada em 43 estados americanos
estimam que cerca de 2.5 milhões de casos ocorrem anualmente nesse país.
No Brasil, apesar dos surtos de doenças transmitidas por água e alimentos serem de
notificação compulsória (BRASIL, 2006), os registros de surtos de veiculação hídrica por
parasitas são muito escassos. Recentemente foram investigados dois surtos envolvendo
protozoários no Paraná: em 2001 na cidade de Antonina um surto teve como agente
etiológico Cyclospora cayetanensi, com mais de 600 casos atendidos no hospital da cidade,
36
onde a maioria recebia água de uma mesma estação de tratamento de mais de 50 anos de
funcionamento, o outro surto ocorreu em 2002 na cidade de Santa Izabel do Ivaí por
Toxoplasmose, envolvendo 166 pessoas que utilizavam água de poço de um mesmo
reservatório com infiltrações e vazamentos e que era clorado de forma inadequada, além de
ser verificada presença de felinos em seus arredores. Em ambos os surtos o agente
etiológico foi identificado na água através da Reação em Cadeia da Polimerase-PCR
(FUNASA, 2002).
Vários surtos de criptosporidiose ao longo dos anos vêm sendo atribuídos ao
consumo de água contaminada, sejam elas submetidas ou não ao tratamento por cloro ou
outros processos, tais como, coagulação, sedimentação e filtração em areia. Surtos de
criptosporidiose ocorridos pela ingestão de água tratada, com comprovada ineficiência nos
processos, principalmente na filtração, são amplamente relatados na literatura. No quadro
02 está apresentado um breve resumo dos surtos de criptosporidiose em diversos países
(SMITH; ROSE, 1998; MULLER, 1999; HOWE et al. 2002; DAWSON, 2005).
No Brasil a real ocorrência de Cryptosporidium spp. em mananciais aquáticos
potáveis é pouco estudada, gerando uma dificuldade na identificação de casos. Em surtos
seguidos de óbito é comum a associação com outros patógenos, particularmente o agente
etiológico da cólera, por apresentar doença com características epidemiológicas (sinais e
sintomas) semelhantes ao da criptosporidiose (CETESB, 2000).
37
Quadro 2 - Surtos de criptosporidiose, atribuídos ao consumo de água tratada
contaminada, ocorridos em diversos países no período de 1987 a 2001.
Ano Local pessoas
afetadas
Tipo de
tratamento
Causa
1987 Geórgia, EUA 13.000 Convencional
Falhas no sistema operacional
1991 Londres,UK 44 ND Falhas no sistema operacional
1992 Yorkshire,UK 125 Filtração Contaminação dos reservatórios
(chuva intensa)
1992 Mersey, UK 47 ND ND
1993 Milwaukee, EUA 403.000 Convencional Contaminação por esgoto/resíduos
de atividades agrícolas; falha no
sistema operacional
1994 Lãs Vegas, EUA 78 ND Falhas no sistema operacional
1994 Kanagawa, Japão 461 ND Contaminação pós-tratamento:
conexão cruzada
1994 SW Thames, UK 229 ND ND
1994 Trent area, UK 33 ND ND
1995 Alachua, EUA 72 ND Contaminação da água da rede por
lixo
1995 Itália 294 ND Falhas no sistema operacional
de tratamento
1995 Devon, UK 575 ND Oocistos detectados na água tratada
e não tratada
1996 Eagle Harbor, EUA 16 ND ND
1996 Ogose, Japão 8.705 ND Falhas no sistema operacional
1996 Inglaterra 226 ND ND
1996 Collingwood, Canadá
39 ND Água superficial não filtrada com
turbidez
1997 Ontário, Canadá 100 ND ND
2000 Clitheroe, Inglaterra 58 Cloração Contaminação por resíduos de
atividades agrícolas; falha no
sistema operacional
2001 Irlanda do Norte 476 ND Contaminação por esgoto/resíduos;
falha no sistema operacional
Legenda: ND-Não Determinado
38
3.6 Métodos para detecção de enteroparasitas em água
De acordo com vários relatos encontrados na literatura as metodologias utilizadas
para detecção de enteroparasitas em água são geralmente laboriosos, com baixa e variável
eficiência na recuperação. As técnicas tradicionalmente utilizadas são derivadas das
análises clinicas com modificações e adequações para melhor garantir recuperação dos
parasitas em amostras de água. Poucas informações ainda são encontradas quanto à
sensibilidade, eficiência e reprodutibilidade das técnicas utilizadas para recuperação de
parasitas. Uma variedade de métodos visa a concentração de ovos e larvas nas amostras e
são baseados em técnicas como: sedimentação espontânea, centrifugação simples, de
centrífugo-flutuação com sulfato de zinco, filtração em membranas e posterior observação
do sedimento em microscopia óptica convencional. Para identificação e verificação da
viabilidade dos parasitas são utilizadas técnicas de incubação do sedimento em meios de
cultura e mais recentemente técnicas de PCR (SMITH, 1998; SILVA, 2005; APHA, 2005).
3.6.1 Métodos para concentração de protozoários em água
Nos países desenvolvidos onde ocorreram surtos de diarréia causados por
enteroparasitas, particularmente, com Cryptosporidium spp. e Giardia spp., as análises
parasitológicas da água vêm sendo utilizadas como um dos critérios para determinar sua
potabilidade. A diversidade de métodos e a complexidade das técnicas para detecção destes
parasitas na água têm dificultado e criado muita polêmica entre os estudiosos. Atualmente
parece ter-se chegado a um consenso, de que os resultados obtidos apenas com um único
método podem não confirmar a presença do parasito, havendo necessidade de recorrer a
39
outros métodos confirmatórios: Imunofluorescência (IFD), ELISA, PCR (GOMES et al.,
2002). Na tentativa de compreender e monitorar o significado desses patógenos em
amostras ambientais, vários métodos foram desenvolvidos para o isolamento e identificação
de oocistos de Cryptosporidium spp. e Giardia spp., sendo necessários inúmeros estudos
utilizando métodos já validados para amostras clínicas, que foram adaptados ao longo do
tempo para amostras ambientais (SMITH, 1998; LIMA; STAMFORD, 2003).
Apesar de existirem inúmeros métodos propostos, alguns já sendo utilizados como
padrão em vários países, muitos esforços têm sido feito com o objetivo de desenvolver
metodologias mais sensíveis, simples, econômicas e específicas para identificação de
Cryptosporidium spp. e Giardia spp. Os métodos para detecção e identificação em água
envolvem três importantes etapas: a) concentração; b) purificação ou separação dos
organismos alvos de outras partículas contidas na amostra; c) identificação (SMITH, 1998,
APHA, 2005).
Como os cistos e oocistos são encontrados em baixas concentrações no ambiente,
todos os procedimentos são precedidos por uma etapa, que consiste na concentração de um
grande volume de água, variando de acordo com o tipo da amostra. Inicialmente foram
utilizados filtros de cartuchos de polipropileno de porosidade de 1m, onde eram filtrados
1000 L para água tratada e 100L para água bruta, sendo posteriormente o filtro lavado com
solução detergente e em seguida realizado uma extração mecânica dos cistos e oocistos. O
volume resultante (3-4L) era concentrado por centrifugação para posterior identificação. Os
estudos reportam eficiências muito mais baixas da recuperação com esta metodologia
variando de 1-44% e também apontam para uma técnica muito laboriosa
(LeCHEVALLIER et al., 1991; FRICKER; CRABB, 1998).
40
Aldom e Chagla (1995), desenvolveram uma metodologia de concentração simples
e barata para a recuperação de oocistos em água tratada, usando membrana de acetato de
celulose, que após a filtração foi totalmente dissolvida em acetona. Depois de sucessivas
centrifugações utilizando etanol, o concentrado da amostra foi submetido a IFD, com uma
recuperação média de 70,5 % dos oocistos, ressaltando que o volume filtrado e a
capacidade da filtração vão depender da qualidade da água analisada.
Com o objetivo de otimizar e melhorar as técnicas com o uso de membranas,
garantindo uma maior recuperação dos cistos e oocistos, outra metodologia vem sendo
muito adotada para concentração de amostras de água, utiliza-se a filtração em membranas,
porém com eluição e raspagem mecânica do resíduo, nessa metodologia a porosidade da
membrana é muito importante (1-2m), para assegurar de que nenhum oocisto passe
através do filtro, podendo o líquido resultante da filtração também ser concentrado por
centrifugação, para posterior identificação, garantindo assim maior recuperação
(SHEPHERD; WYN-JONES, 1996; FRANCO et al., 2001).
De acordo com Fricker e Crabb (1998) outra metodologia muito utilizada é a
floculação com carbonato de cálcio, desenvolvida por Versey et al. (1993). A técnica
consiste na adição de soluções de carbonato de cálcio e cloreto de sódio em 10 L de água.
Os cristais de carbonato de cálcio arrastam os oocistos e os depositam no fundo, após o
descarte do sobrenadante, o precipitado formado é dissolvido com ácido sulfâmico, sendo a
suspensão obtida após centrifugação, analisada por IFD. No entanto como o sedimento
resultante é rico em material particulado pode haver interferência na reação da IFD,
levando a resultados falsos positivos. Para essa metodologia foi relatada uma eficiência de
30 – 40% de recuperação.
41
Smith (1998) relata que a centrifugo-flutuação é utilizada com o objetivo de separar
oocistos e/ou cistos de resíduos contidos na amostra. A amostra deve ser concentrada por
sedimentação antes do uso do líquido flutuante, que deve ser escolhido com gravidade
específica do gradiente para que os cistos flutuem e os resíduos mais pesados sedimentem.
As substâncias mais utilizadas nessa metodologia são: sacarose, NaCl, MgSO
4
, ZnSO
4
, Al
SO
4,
NH
4
SO
4
, CsCl
e Percoll-sacarose. Em um estudo para avaliar a detecção de oocistos
de Cryptosporidium spp. em amostras de água e leite, Lima et al. (2004) utilizou várias
substâncias, verificando que a eficácia do método depende da natureza da amostra e da
substância utilizada na flutuação e que a solução de cloreto de sódio e água proporcionou
uma melhor recuperação dos oocistos
Medema et al. (1998) relatam que densidade do oocisto pode ser afetada em virtude
da facilidade do mesmo em aderir a outras partículas, sendo alta a proporção de oocistos de
Cryptosporidium spp., agregados a vários tipos de partículas como: lodo, areia, organismos
do zooplâncton, algas e cristais biológicos. Vários fatores podem interferir na eficiência da
recuperação dos oocistos em amostras ambientais, utilizando-se os processos de
concentração por sedimentação ou flutuação, dentre eles a variação de densidade do
oocisto, onde se espera que oocistos de baixa densidade sejam menos recuperados em
técnicas de sedimentação, enquanto oocistos de maior densidade serão menos recuperados
por técnicas de flutuação (LeCHEVALLIER et al., 1991; FRICKER; CRABB,1998).
As técnicas convencionais utilizadas para recuperação dos cistos e oocistos são
altamente variáveis e conseqüentemente, pode resultar em dados contraditórios, assim
novas metodologias estão sendo introduzidas com o objetivo de purificar as amostras
ambientais, separando de forma mais eficiente os cistos e oocistos das partículas presentes
no meio, com taxas de recuperação superiores as citadas anteriormente, como: a citometria
42
de fluxo (99,5 %) e a separação imunomagnética (86,3%) (VERSEY et al., 1997;
REYNOLDS et al., 1999)
As metodologias para detecção de Cryptosporidium spp. e Giardia spp. têm
evoluído bastante nos últimos anos. A Agência de Proteção Ambiental do Estados Unidos
(USEPA), desde 1996 vem identificando e inovando tecnologias para o monitoramento e
analises de protozoários. Após passar por várias adequações ao longo do tempo o método
atualmente aceito para Cryptosporidium spp. e Giardia spp. é o EPA 1623 que determina a
utilização de filtração, separação imunomagnética (IMS), imunofluorescência direta (IFD)
e confirmação através corante vital DAPI (4’6’- diamidino-2- phenylindole) (USEPA,
2001a).
Após sete anos, desde a 20ª edição (1998), sem incluir uma metodologia para
Cryptosporidium spp. e Giardia spp., devido à rápida evolução analítica que envolve essas
metodologias, o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” volta
a incluir na 21ª edição (2005), um capítulo dedicado aos protozoários patogênicos, com
ênfase nos métodos para Cryptosporidium spp. e Giardia spp., que foram utilizados com
sucesso por analistas em laboratórios ambientais. Desta forma alerta que os procedimentos
devem ser selecionados de acordo com os tipos de água e de aplicações desejadas. Dentre
as metodologias apresentadas no “Standard Methods”, pode-se citar para concentração:
floculação com carbonato de sódio, centrifugação direta, filtração por membrana, filtros de
polipropileno e filtros comprimidos de espuma; para purificação/separação: flutuação,
separação imunomagnética (IMS), citometria de fluxo; para identificação:
imunofluorescência direta (IFD), Reação em Cadeia da Polimerase (PCR); para avaliar a
viabilidade/infectividade: excitação com corantes fluorogênicos, RT-PCR (Transcriptases
Reversa- Reação em Cadeia da Polimerase) e cultura de células (APHA, 2005).
43
3.6.2 Métodos de identificação para Cryptosporidium spp.
Métodos de identificação para Cryptosporidium spp. anteriormente utilizados para
amostras clínicas foram sendo adaptados ao longo tempo do para amostras ambientais,
como por exemplo, o método que utiliza coloração histoquímica como Ziehl-Neelsen (ZN)
ou Ziehl-Neelsen modificado (Kinyoun), com boa recuperação quando utilizado em
amostras previamente inoculadas, apresentando média de 86 % quando comparado com
87% da imunofluorescência direta com anticorpo monoclonal (FICT-Mab), porém nas
amostras de água superficiais os oocistos estão sujeitos a uma variedade de condições
ambientais que podem afetar a eficiência dos corantes, além de que a presença de algas ou
outros organismos álcool-ácido resistente podem confundir o diagnóstico (SMITH et al.,
1989 apud MACHADO, 2006).
Machado (2006), pesquisando a ocorrência de oocistos em águas superficiais
utilizando metodologia de coloração histoquímica de Kinyoun, encontrou estruturas álcool-
ácido resistentes semelhantes ao Cryptosporidium spp. em 40% das amostras, porém
ressalta a possibilidade de ocorrências de diferentes organismos com a mesma
característica no ambiente aquático, o que dificultaram a confirmação do diagnóstico de
Cryptosporidium spp. de origem ambiental por essa técnica, sendo a presença do parasito
confirmada apenas em 3 % das amostras utilizando IFD/DAPI , mas sugeriu que o método
histoquímico demonstrou ser útil como método de triagem. Luna et al. (2002) utilizando a
mesma metodologia em amostras de água superficiais, verificaram um percentual bastante
elevado na água bruta 85,7 % e 57 % em água tratada, utilizando apenas essa técnica. Ali et
al. (2004) detectaram percentuais de oocistos de Cryptosporidium spp. após o uso da
44
coloração histoquímica de 30%, 50% e 100% nas amostras de água de três rios do Egito,
porém nesse estudo as amostras foram todas confirmadas utilizando a técnica de PCR.
A microscopia de imunofluorescência que utiliza anticorpos monoclonais
específicos fluorescentes vem sendo a metodologia mais aplicada para identificação de
Cryptosporidium spp. e Giardia spp. em amostras de água em todo mundo. Para
Cryptosporidium spp. o uso simultâneo do corante vital DAPI, que é fluorogênico,
possibilita o aumento da precisão na identificação desse protozoário. Atualmente os kits
desenvolvidos para IFD detectam simultaneamente Cryptosporidium spp. e Giardia spp.
facilitando o trabalho do laboratório. A metodologia de PCR vem sendo amplamente
apresentada como a metodologia mais sensível e segura para detecção de oocistos em
amostras ambientais, uma vez que se baseia na amplificação e subseqüente detecção de
seqüências específicas do DNA do parasito (USEPA, 2001a; APHA, 2006).
Apesar de não incluir em sua metodologia oficial, a USEPA cita o método de
enzimaimunoensaio ELISA (Enzime-Linked Imunosorbent Assay), como uma metodologia
rápida e fácil, porém ainda pouco testada para amostras ambientais (USEPA, 2001b). Esse
é um método quantitativo em que a reação é monitorada por medida da atividade
enzimática, que mede diretamente a interação entre o antígeno e o anticorpo. O princípio
básico é a imobilização de um dos reagentes em uma fase sólida, enquanto outro reagente
pode ser ligado a uma enzima (peroxidase), com preservação tanto da atividade enzimática
quanto da atividade imunológica do anticorpo (FERREIRA; ÁVILA, 2001).
Chapman et al. (1990) em um estudo comparando o método histoquímico de Ziehl-
Neelsen modificado e um teste ELISA em amostras ambientais, encontraram 37% das
amostras positivas para ambos os métodos e concluíram que a metodologia ELISA é mais
sensível, porém sugerem que a metodologia pode produzir alguns resultados falso-
45
positivos, em virtude da presença de partículas em suspensão, que interferem no
diagnóstico. Em outro estudo Rush et al. (1990) investigando amostras de água envolvidas
em um surto na Austrália, também utilizaram para concentração dos oocistos na amostra a
técnica de membrana filtrante e para identificação usaram os métodos de Ziehl-Neelsen
modificado e ELISA, onde 62,5 % (10/16) apresentaram-se positivas para ambos os
métodos. Siddons et al. (1992) em outra pesquisa utilizaram o Ziehl-Neelsen modificado e
ELISA, em 10 amostras ambientais analisadas, 100 % foram negativas nos dois métodos,
enquanto em duas amostras inoculadas com 10
2
e 10
3
oocistos por litro, foram positivas em
ambas as metodologias. Em concentrações menores de 1,0 e 10 oocistos /L, os resultados
foram positivos apenas para a metodologia ELISA, que apresentou maior sensibilidade na
detecção em amostras com baixa densidade de oocistos.
Para a verificação da sensibilidade das metodologias na recuperação dos
protozoários é necessária a execução de ensaios que determinam as percentagens de
recuperação dos cistos e oocistos a partir das amostras artificialmente contaminadas e
submetidas aos mesmos procedimentos, incluindo controles positivos e negativos. Tais
procedimentos ajudam na avaliação das metodologias aplicadas e do desempenho do
laboratório em executá-las (USEPA, 2001a; CANTUSIO NETO, 2004).
3.7 Prevenção e controle de enteroparasitoses no ambiente aquático
Tanto os guias internacionais como os nacionais que tratam da qualidade da água de
consumo humano, reforçam a preocupação em assegurar a confiabilidade e segurança da
água de consumo humano, fazendo-se necessárias ações preventivas que permitam detectar
oportunamente os fatores de risco à saúde, de modo que resultem na tomada de decisão
46
antes que se apresente o problema para saúde pública. O controle de qualidade
microbiológico e químico da água requer o desenvolvimento de planos de gerenciamento,
que quando executados, forneçam a base para a proteção de sistema e o controle do
processo, garantindo que o número de patógenos e as concentrações de produtos químicos
apresentem um risco insignificante à saúde pública (WHO, 2004; BRASIL, 2005).
Quando a fonte de abastecimento está contaminada pode atingir uma grande parte
da população, sendo também um risco para a indústria de alimentos, tanto por ser usada na
limpeza de produtos alimentícios crus e equipamentos ou ainda, como ingrediente, no
produto elaborado. Este fato é agravado pela resistência dos protozoários aos agentes de
tratamento, nos níveis rotineiramente aplicados, sendo necessárias medidas de controle das
doenças de veiculação hídrica ligadas à preservação e manutenção dos mananciais, ao
saneamento básico e principalmente o controle de qualidade da água distribuída a
população (SMITH; ROSE, 1998; SILVA, 2003).
Dentre os fatores envolvidos no controle da qualidade da água, a turbidez é um
importante parâmetro, devido à facilidade de aderência dos microrganismos aos compostos
orgânicos e inorgânicos, entre eles os oocistos de Cryptosporidium spp. e cistos de Giardia
spp., a presença desses protozoários têm sido associada ao grau de turbidez da amostra, de
forma que quanto maior o grau de turbidez na amostra de água, maior a possibilidade de se
encontrar o parasito, tanto na água bruta como na água para consumo humano (MEDEMA
et al., 1998; O’CONNOR; O’CONNOR, 2001).
De acordo com a portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde, para garantir a
potabilidade da água deve-se ter turbidez máxima de 1,0 UT (unidade de turbidez) em
95% das amostras analisadas pelo controle de qualidade, após o processo de filtração
rápida, mas no que se refere à remoção de Cryptosporidium spp. e Giardia spp. é
47
recomendado um valor máximo de 0,5 UT para o grau de turbidez ( BRASIL 2004a). Le-
Chevallier et al. (1991), observaram que os oocistos ainda ocorrem quando a turbidez
encontra-se com o valor de 0,19 UT, de forma que a garantia de segurança efetiva seria
obtida com a turbidez de 0,1 UT.
O controle das enteroparasitoses fica extremamente prejudicado diante da alta
resistência aos desinfetantes comumente utilizados e as evidentes deficiências nos
processos de tratamento, reforçando a importância na prevenção dessas doenças.
Pesquisadores ao estudarem técnicas para eliminação de enteroparasitas conseguiram
demonstrar a resistência de alguns ao hipoclorito de sódio e a outros agentes químicos e
radioativos, hoje empregados nas estações de tratamento de água, demonstrando a
ineficácia destes agentes de eliminação, principalmente para Giardia spp. e
Cryptosporidium spp., revelando situações de descontrole e insegurança (FAYER, 1997
Apud MULLER,1999; GOMES et al. 2002; LIMA; STAMFORD, 2003).
O tamanho reduzido dos oocistos assim como sua provável flexibilidade favorece
a passagem através dos processos de filtração. De acordo com Smith e Rose (1998) os
processos de coagulação, decantação e filtração podem remover 99 % dos oocistos e para o
controle do processo podem ser utilizados como bons indicadores de desempenho da
filtração, os níveis de turbidez de 0,1 UT ou contagem de partículas (3,0 mm) com
resultados satisfatórios quando apresentam menos 50 partículas por mL, garantindo a
produção de uma água de boa qualidade. A desinfecção por ozônio pode reduzir a
infectividade dos oocistos, porém mais avaliações devem ser realizadas a respeito da
escolha do melhor desinfetante.
Apesar do grande esforço dos órgãos reguladores em todo o mundo em garantir o
acesso a água doce e potável, muitas medidas de controle e vigilância da qualidade da água
48
devem ser efetivadas para proteger a saúde da população, principalmente nos países em
desenvolvimento onde milhões de pessoas ainda consomem água sem nenhum tratamento
(WHO, 2004). Nas estações de tratamento de água o processo de filtração é um dos pontos
críticos que devem ser permanentemente avaliados quanto a sua eficácia em remover
partículas em suspensão.
O’Connor e O’Connor (2001) citam que a presença de outros organismos de
interesse para a saúde pública como: coccídeos, helmintos, larvas de nematóides e
organismos do zooplâncton em água tratada distribuída à população, devem ser
rigorosamente monitorados através de processos eficientes de filtração. Costamagna et al.
(2005) avaliando a presença de parasitas em água de consumo humano e de recreação na
Argentina, encontraram uma grande variedade de espécies como: Giardia spp.,
Cryptosporidium spp., larvas de nematóides, ovos de helmintos e cistos de coccídeos,
chamando a atenção para ineficiência dos processos de tratamento.
No Brasil, o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água de
Consumo Humano (SISAGUA) é uma ferramenta eficiente na concretização das ações de
vigilância, fornecendo dados fundamentais para a definição de estratégias de prevenção e
controle nos processos de deterioração da água e na transmissão de doenças, no âmbito
dos estados e municípios. O não cumprimento dos padrões de qualidade da água exigidos
pelo Ministério da Saúde pode acarretar em sanções administrativas cabíveis aos
municípios, como por exemplo, a suspensão de repasses de recursos do Governo Federal,
da mesma forma as empresas fornecedoras de água com padrão de potabilidade
inadequado, também podem sofrer as penalidades previstas em lei (BRASIL, 2003).
49
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 MATERIAL
4.1.1 Caracterização da região do estudo
Este estudo foi realizado na rede de distribuição pertencente ao Distrito Sanitário VI
(DS VI), situado na zona sul da Cidade do Recife, formado pelos bairros de Boa Viagem,
Brasília Teimosa, Cohab, Ibura, Imbiribeira, Ipsep, Jordão e Pina, com uma população de
353.798 habitantes. O referido distrito foi selecionado para o estudo por apresentar 87,5%
dos seus bairros no estrato de muito alto risco dentro do “mapa de risco da água” (Anexo
A). O plano amostral foi elaborado juntamente com o Centro de Vigilância Ambiental do
Recife e técnicos da Vigilância Ambiental do DS VI. Para escolha dos pontos de coleta
contou-se com a ajuda de técnicos da Companhia Pernambucana de Saneamento
(COMPESA), responsável pelo abastecimento público da água no Recife.
O DS VI é abastecido pelo sistema Tapacurá, considerado o maior sistema produtor
de água em operação na Região Metropolitana do Recife (RMR). Operando desde 1975,
com a implantação da 1ª etapa de construção e uma 2ª etapa que entrou em operação em
1982, o sistema é responsável por 43% da produção de água distribuída na Região
Metropolitana do Recife (RMR), captando água dos Rios Tapacurá, Duas Unas, Várzea
do Una e um reforço da captação a fio d’água no Rio Capibaribe. Esse sistema abastece a
Estação de Tratamento (ETA) Castello Branco, localizada no bairro do Curado, com
capacidade nominal para tratamento de 4m
3
/s de água que abastece 89% do município do
50
Recife. A água tratada nessa estação é distribuída para o DS VI, através de rede de
tubulações (adutoras) demonstrada no Anexo B (COMPESA, 2004).
4.1.2 Coleta de amostras
Os pontos de coleta foram selecionados a partir do levantamento de casos de
diarréias ocorridos na área do estudo entre os anos de 2003 e 2005, utilizado como
instrumento das ações de vigilância da qualidade da água para o consumo humano,
partindo da identificação dos efeitos na saúde da população. Os pontos escolhidos já são
monitorados através do VIGIAGUA, para os microrganismos indicadores de potabilidade
(coliformes totais e coliformes termotolerantes), exigidos pela legislação vigente
(BRASIL, 2004a).
Na região do DS VI, a rede proveniente do sistema Tapacurá é subdividida em 35
subsistemas, cadastrados pelo SISAGUA. Neste estudo foram selecionados apenas 07
subsistemas (20%) e os pontos de coleta definidos de acordo com o Quadro 3: um ponto
na saída do tratamento da ETA Castello Branco, sete pontos considerados como meio da
rede e sete como final da rede de distribuição. As amostras foram coletadas em triplicata
utilizando a água de abastecimento público na rede de distribuição, em semanas
alternadas, nos períodos chuvoso e seco, totalizando 90
amostras no final do estudo
(Anexo C).
Para pesquisa de enteroparasitas e análises físico-químicas foram coletados 10 litros
de água em recipientes plásticos com tampa, previamente tratados com solução de eluição
contendo Tween 80 a 1%. Para as análises microbiológicas as coletas foram realizadas
em sacos plásticos estéreis. Após a coleta, as amostras foram transportadas sob
51
refrigeração e enviadas ao Laboratório Municipal de Saúde Pública da Secretaria de
Saúde do Recife (LMSP), onde foram realizadas todas as análises. As amostras foram
coletadas pelos técnicos da Vigilância Ambiental do DS VI.
Quadro 3: Fluxograma dos pontos de coleta do Sistema Tapacurá- DS VI.
Ponto 15
Ponto 08
Ponto 14
Ponto 07
Ponto 13
Ponto 06
Ponto 12
Ponto 05
Ponto 01
Ponto 11
Ponto 04
Ponto 10
Ponto 03
Ponto 09
Ponto 02
Fim da Rede
Meio da Rede
Saída da ETA
52
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Concentração de oocistos para pesquisa de Cryptosporidium spp.
A concentração de oocistos nas amostras para os métodos a serem utilizados na
pesquisa ocorreu com a filtração de 05 litros de água em membranas de ésteres de celulose
Milipore de poro 0,45 µm e 47mm de diâmetro e processadas de acordo com o
fluxograma expresso na Figura 1, onde a etapa de dissolução da membrana em acetona foi
substituída pela eluição da membrana utilizando uma solução contendo Dodecil Sulfato de
Sódio - SDS (1%) e de Tween 80 (1%) e raspagem da superfície com o auxílio de uma
espátula plástica (ALDOM; CHAGLA, 1995; FRANCO et al, 2001).
4.2.2 Coloração histoquímica
A técnica de coloração histoquímica foi utilizada para a contagem de estruturas
álcool-ácido resistentes (AAR), onde após a etapa de concentração, tomou-se alíquotas de
5l da suspensão 01 (em triplicata), para a confecção dos esfregaços em lâminas, que em
seguida foram corados pelo método de coloração histoquímica de Kinyoun (BRASIL,
1996, apud LIMA et al., 2004) e posteriormente observação ao microscópio ótico (40X e
100X). Foram consideradas positivas estruturas AAR, que apresentassem coloração
avermelhada com estruturas internas e formato ovóide ou esférico, com 3,0 - 6,0 m de
diâmetro, sugestivas de Cryptosporidium spp.
53
Figura 1. Fluxograma para concentração de cistos e oocistos em membrana filtrante, para
pesquisa com as técnicas de coloração histoquímica, imunoenzimática (ELISA) e
imunofluorescência direta (IFD).
Transferir o volume resultante da eluição para tubo de centrífuga de 50ml.
Centrifugar a 600 xg por 15 minutos.
Descartar o sobrenadante e reservar o sedimento.
Transferir o sedimento para tubo de centrífuga de 10ml.
Adicionar ao sedimento do tubo 02, 10ml de etanol 95% e homogeneizar até
a
completa ressuspensão do mesmo. Centrifugar a 600 xg por 15 minutos. Descarta
r
o sobrenadante e reservar o sedimento.
Adicionar a cada sedimento formalina a 10% e homogeneizar até a complet
a
ressuspensão do sedimento. (completar até o volume de 500
l)
-
Suspensão 01
Adicionar a cada sedimento 10ml de etanol 70% e homogeneizar até a complet
a
ressuspensão do mesmo. Centrifugar a 600 xg por 15 minutos. Descartar o
sobrenadante e reservar o sedimento.
Filtrar 5L da amostra em membrana filtrante, utilizando-se bomba á vácuo sob
p
ressão negativa. Fazer raspagem do sedimento retido na membrana com espátul
a
p
lástica, utilizando a solução de eluição (1% SDS e 1% de Tween 80).
ELISA + Histoquímica
Amostras positivas - IFD
54
4.2.3 Teste imunoenzimático (ELISA)
Para detecção de Cryptosporidium spp. foi usado o ensaio imunoenzimático
(ELISA), com o kit Cryptosporidium TEST da TechLab Inc USA, que utiliza anticorpos
monoclonais e policlonais contra o antígeno de superfície do organismo. As cavidades da
microplaca presentes no kit contêm anticorpos monoclonais imobilizados e o anticorpo
detector consiste de um anticorpo policlonal, ambos específicos para o antígeno celular de
superfície do Cryptosporidium spp. (CHAPMAN et al., 1990; RUSH et al., 1990).
Alíquotas de 100l das amostras da suspensão 01 foram transferidas, para as
cavidades da microplaca e incubas à temperatura ambiente por 01 hora. Após incubação
foram realizadas 04 lavagens com solução tampão (salina fosfato com 0,2 % de timerosol),
utilizando lavadora de microplaca automática (TECAN
). Todo material não ligado foi
removido durante as etapas de lavagem, assim como o excesso de líquido. Em seguida foi
adicionada 01 gota do anticorpo de detecção (anticorpo policlonal de coelho anti-antígeno
de superfície de Cryptosporidium) em todas as cavidades da placa. Estas foram incubadas
por 20 min à temperatura ambiente e submetidas ao mesmo processo de lavagem descrito
anteriormente. Logo após, foi adicionada 01 gota do conjugado (anti-IgG de coelho-
peroxidase) em cada cavidade da placa, sendo incubadas por mais 10 min à temperatura
ambiente e novamente repetiu-se os procedimentos de lavagem e retirada do excesso de
líquido da placa.
Concluída esta etapa foram adicionadas 01 gota do substrato A (substrato
tetrametilbenzidina) e 01 gota do substrato B (peróxido de hidrogênio), em cada cavidade
da placa. Esta foi agitada para misturar os reagentes e depois incubada durante 5 minutos à
55
temperatura ambiente. Durante a incubação a placa foi homogeneizada por 02 ou 03 vezes.
Após este procedimento foi adicionada 01 gota da solução de bloqueio (ácido sulfúrico
1M), que modifica a cor da reação de azul para amarela. Foi realizada a leitura no intervalo
de 10 min, utilizando uma leitora de microplaca ELISA automática (TECAN
) com
comprimento de onda de 450 nm (referência 620 nm em leitor de comprimento de onda
duplo). Como critério de positividade foi utilizada a interpretação apresentada pelo
fabricante, considerando positivas todas as amostras que apresentaram Densidade Óptica
(DO) maior ou igual a 0,090.
4.2.4 Técnica de Imunofluorescência Direta (IFD)
Para confirmação da presença do parasito, foi utilizada a Técnica de
Imunofluorescência Direta (IFD), por meio do Kit Merifluor Meridian Bioscience
, que
detecta simultaneamente oocistos de Cryptosporidium spp. e cistos de Giárdia spp. A
metodologia de IFD é recomendada pelo “Standard Methods 21
th
Ed. e definida como
padrão pela Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), através do
método 1623. A técnica de IFD consiste na marcação do material com anticorpos
monoclonais específicos fluorescentes e exame através de microscopia de epifluorescência
(USEPA, 2001a; APHA, 2005).
Para tanto foram analisadas, apenas, as amostras positivas para a metodologia de
coloração histoquímica de Kinyoun e ELISA, no total de 52 amostras. Uma alíquota de 05
µl da suspensão 01 de cada amostra, foi transferida e distribuída uniformemente nos poços
da lâmina de imunofluorescência. Após a secagem das lâminas sob temperatura ambiente
56
por 30 min adicionou-se 01 gota do reagente de detecção contendo anticorpo monoclonal
anti-Cryptosporidium e anti-Giardia, marcado com fluoresceína e 01 gota do contra-
reagente (solução de negro de ericromo). Em seguida as lâminas foram incubadas em
câmara úmida a 37 C, por 30 min e o excesso de reagente foi retirado mediante a lavagem
de cada poço da lâmina com solução tampão diluída, com o auxilio de uma pisseta.
O excesso do tampão foi retirado enxugando a borda da lâmina com um papel
absorvente. Imediatamente foi aplicada em cada poço 01 gota do meio de montagem
contendo glicerina, e a seguir colocou-se uma lamínula. As preparações foram examinadas
no microscópio NIKON
LABPPHOT-2, com filtros apropriados epifluorescência (filtro
de excitação: 450-490 nm e filtro de barreira: 520 nm). Quanto ao critério de identificação,
considerou-se como positivas todas as estruturas ovóides ou esféricas de 3,0 - 6,0 m de
diâmetro que apresentaram coloração verde-maçã brilhante com intensidade comparável a
apresentada pelos oocistos detectados nas amostras ambientais inoculadas e usadas como
controle.
4.2.5 Cálculo do número médio de oocistos por litro
A contagem dos oocistos foi realizada através da leitura das lâminas resultantes das
técnicas de coloração histoquímica e IFD, sendo a estimativa do número calculada a partir
da fórmula descrita por Cantusio Neto e Franco (2004):
X =
N
º médio de oocistos
Volume do sedimento analisado (
l)
Volume total do sedimento (
l)
Volume da amostra (ml)
x
57
4.2.6 Verificação da eficiência da metodologia na recuperação dos oocistos
A sensibilidade das metodologias de coloração histoquímica e IFD na recuperação
dos oocistos foram avaliadas através da inoculação de oocistos purificados em diferentes
concentrações (10
2
, 10
3
), em amostras de água com as mesmas características das amostras
em estudo (MULLER, 1999; USEPA, 2001a). A determinação da eficiência da recuperação
(R) dos oocistos baseou-se no método 1623 da USEPA, considerando o nº de oocistos
presentes na amostra inoculada (I) e sem inoculação (S) e o nº de oocistos inoculados (O),
utilizando para os cálculos a formula abaixo. A água destilada foi utilizada como controle
negativo.
4.2.7 Análises Físico-químicas
Em todas as amostras foram analisados os parâmetros cor, pH, turbidez e cloro de
acordo com os métodos estabelecidos pelo “Standard Methods For The Examination of
Water and Wasterwater”, 21
th
Ed. (APHA, 2005).
R = I -S x 100
O
58
4.2.8 Análises microbiológicas
As análises microbiológicas para detecção de Coliformes totais e Coliformes
termotolerantes (E. coli), foram realizadas em todas as amostras, de acordo com os métodos
estabelecidos pelo “Standard Methods For The Examination of Water and Wasterwater”,
21
th
Ed., utilizando o Colilert (Substrato Cromogênico Definido ONPG-MUG), com
resultados confirmativos para presença de coliformes totais em 24 horas, pelo
desenvolvimento de coloração amarela, e observação de fluorescência para Echerichia coli
(APHA, 2005).
4.2.9 Pesquisa de outros enteroparasitas e organismos do Zooplâncton
Em todas as amostras foram realizadas análises de sedimentação espontânea da água
para observação de outros enteroparasitas de interesse na veiculação hídrica e observação
da presença de organismos do zooplâncton. Esta etapa de identificação dos outros parasitas
foi realizada no Laboratório de Doenças Parasitárias da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE).
Para tanto um litro de água foi mantido em béquer de plástico tampado, à
temperatura ambiente por 24 horas. Após este período o sobrenadante foi aspirado com o
auxílio de uma bomba de sucção, até um volume de 200 mL, que foi agitado fortemente e
transferido para um cálice de vidro com fundo cônico e armazenado em geladeira ( 8ºC),
por mais 24 horas. Em seguida o líquido sobrenadante foi desprezado e 50 µl do sedimento
foram transferidos para lâminas com Lugol (em triplicata) e colocou-se sobre ele uma
59
lamínula para observação em microscópio óptico com o aumento de 40X e 100X (SILVA
et al., 2005; COSTAMAGNA et al., 2005). Para a estimulação do fenômeno de esporulação
foi utilizada a técnica de incubação das amostras com solução de dicromato de potássio a
2,5% por 24/48 horas em estufa bacteriológica à temperatura de 30 a 37 ºC (ADRIANO et
al., 2000).
Para identificação das espécies dos organismos do zooplâncton, nova coleta foi
realizada em dois dos pontos estudados: ETA Castello Branco e ponto 07 (meio da rede),
utilizando um acessório especial de coleta de zooplâncton (anexo E). O material foi enviado
ao Laboratório de Planctologia do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE, onde
as espécies foram devidamente identificadas e mensuradas.
4.2.10 Análise estatística dos resultados
Para avaliar a correlação entre os parâmetros físico-químicos analisados (cor,
turbidez, pH e cloro) e os resultados obtidos nas três metodologias utilizadas para detecção
de Cryptosporidium spp, foi utilizado o coeficiente linear de Pearson (r) com significância
testada ao nível de 5% de probabilidade, conforme enunciado em Beiguelman (1996). O
citado teste também foi utilizado para relacionar os resultados obtidos entre as técnicas
imunológicas de ELISA e IFD e coloração histoquímica.
Para avaliação da relação de dependência entre os resultados de amostras positivas
nas três metodologias, período do ano (chuvoso e seco) e o local da coleta na rede de
distribuição (início, meio e fim), foi utilizado o teste não paramétrico de Qui-quadrado (
2
),
com nível de probabilidade de 5% (BEIGUELMAN, 1996). Este teste também foi utilizado
60
para verificar a relação entre a presença de coliformes totais e os resultados positivos e
negativos para de Cryptosporidium spp. encontrados nas técnicas imunológicas de ELISA e
IFD.
61
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste estudo verificou-se em 95,56 % (86/90) das amostras de água analisadas
algum tipo de microrganismo provenientes do ambiente aquático, sendo encontrados desde
oocistos de Cryptosporidium spp. medindo de 3,0 a 6,0μm ou microcrustáceos tipo
Copepoda medindo 1,00 mm, até larvas de nematóides de cerca de 2,60 mm de
comprimento, indicando falha grave no processo de filtração.
Nos processos convencionais de tratamento, como o utilizado na ETA Castello
Branco, esses microrganismos acima mencionados devem ser tratados como partículas
sólidas, de forma a ser garantida a remoção em níveis seguros. A OPAS (1999) recomenda
que se deve atingir níveis de remoção de microrganismos como Cryptosporidium spp. e
Giardia spp. na ordem de 99,9% de retenção de partículas, com turbidez variando de 0,3 a
0,5 UT. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que se busque a meta de ausência dos
protozoários na água distribuída à população, com a obtenção de valores de turbidez
inferiores a 0,5 UT. (BRASIL, 2004a).
A importância do reservatório de Tapacurá (94.200.000 m
3
) como parte integrante
do sistema de abastecimento d’água da Região metropolitana do Recife, tem sido estudada
por vários autores. O reservatório contribui com mais de 25% do volume de água captada
para tratamento na ETA Castello Branco e esses estudos revelam que a poluição das águas
do Tapacurá, ao longo de todo o curso d’água origina-se principalmente de efluentes
domésticos, industriais e da exploração agrícola associada ao uso e ocupação do solo,
principalmente nas proximidades dos núcleos urbanos (BRAGA, 2001; SANTOS, 2004).
As descargas de poluentes fornecidas pelo homem às águas do Tapacurá têm levado
a um processo acelerado de eutrofização do rio, definido como um desequilíbrio na
62
concentração de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio, resultando em um aumento
do fitoplâncton (algas microscópicas que se alimentam desses nutrientes) e dos organismos
que se alimentam dessas algas (organismos do zooplâncton). Os resultados do relatório de
monitoramento da qualidade da água do reservatório de Tapacurá realizado em 2004
demonstram uma preocupação com o crescente aumento do potencial de eutrofização da
barragem do Tapacurá, com Índice de Estado Trófico (IET) médio de 68 (54 < IET 74),
que resulta em um elevado custo operacional de tratamento da água para consumo humano,
além de colocar em risco o abastecimento público (BRASIL, 2004d).
De acordo com Santos (2004), a variação local das precipitações pluviométricas
desempenha importante papel, não só no regime hidrográfico da bacia do Tapacurá, mas
também nas características do solo e da cobertura vegetal, e em conseqüência, do uso e
ocupação do solo. O aumento da turbidez também produz modificações na cadeia alimentar
das espécies aquáticas, por reduzir a penetração da luz solar vital a estes seres, pois existe
uma relação de equilíbrio entre a quantidade de energia solar transmitida e o número
populacional de microrganismos que formam o zooplâncton, que é a base da cadeia
alimentar.
Em 47,78% (43/90) das amostras, incluindo as seis amostras coletadas na saída do
tratamento (ETA Castello Branco) e nos dois períodos do estudo, foi verificada a
ocorrência de outros parasitos, como: ovos de helmintos do gênero Taenia spp., oocistos de
coccídeos do gênero Eimeria spp.. A presença de ovos Taenia spp. e oocistos Eimeria spp.
reforçam a preocupação com o nível de contaminação dos mananciais uma vez que estes
parasitos têm caráter eminentemente zoonótico.
63
Os ovos de Taenia spp. não se apresentaram com aspecto morfológico
característico dificultando a sua identificação. Vale salientar que na água os parasitos
podem se apresentar com as características morfológicas alteradas, principalmente pela
ação dos agentes químicos utilizados no tratamento, como o cloro, o que dificulta o
diagnóstico. Scandrette e Gajadhar (2004), também encontraram ovos de Taenia saginata
degenerados em amostras de água associadas a um surto de cisticercose em bovinos,
ressaltando que mais estudos são necessários para verificar a viabilidade e infectividade
desses parasitos. Neste estudo também só foi possível a confirmação da presença dos
oocistos de Eimeria spp., após o estímulo do fenômeno de esporulação que possibilitou a
visualização do oocisto esporulado com quatro esporocistos, contendo dois esporozoítas no
seu interior característicos da espécie, como citado em Lee et al., 1985.
Em 28,78% (25/90) das amostras analisadas também foram encontradas larvas de
nematóides com uma variação de tamanho de 1,5mm a 2,60mm. A presença desses
organismos em águas superficiais também foi relatada por Costamagna et al. (2005), sendo
encontradas em 66,66% (04/06) dos locais estudados. Falavigna et al. (2005), utilizou a
sedimentação espontânea para pesquisar ovos e larvas de helmintos na água de lavagem de
hortaliças encontrando um percentual de 35,22% das amostras contendo larvas de
nematóides sendo identificadas como Ancylostomatoidea e Rhabditoidea, porém chama a
atenção para a dificuldade de diagnosticar laboratorialmente gêneros e espécies, devido à
semelhança morfológica que apresentam, fato também considerado neste estudo onde as
larvas não foram identificadas.
Outro achado relevante nesta pesquisa foi à presença elevada de organismos do
zooplâncton, onde 84,44 % (76/90) das amostras apresentaram algum tipo de organismos,
como Copepoda, Rotifera e Cladocera, tanto nas seis amostras na saída da ETA como em
64
toda extensão da rede de distribuição, nos dois períodos estudados, com variações de 1,06 a
52,6 (8,89 ± 10,07) Copepodas por litro. Através das coletas obtidas com a rede de plâncton
foi possível realizar a identificação, mensuração e confirmação desses organismos (anexo
D).
Segundo Joly e Bicudo (1999), Copepodas, Rotífras e Cladoceras são invertebrados
de água doce que apresentam forma de vida errante, ocupando a camada superior da coluna
d’água e ocorrem principalmente em águas estagnadas. A dinâmica da comunidade
zooplanctônica está diretamente relacionada ao grau de trofia dos reservatórios, sendo
utilizada como bioindicadora da qualidade do ambiente aquático (COELHO-BOTELHO,
2003).
No Brasil estudos envolvendo a contaminação de água por protozoários patogênicos
são muito recentes, e a confirmação da presença de Cryptosporidium spp. e Giardia spp.
em águas captadas para o consumo humano reforçam a necessidade da intensificação do
controle e vigilância destes parasitas na água distribuída à população. Farias et al. (2002)
realizaram a primeira investigação da presença de oocistos de Cryptosporidium spp. em
águas de esgoto e de córrego no município de São Paulo, e verificaram a positividade em
100% das amostras, indicando um potencial risco de disseminação desse patógeno no
ambiente.
Neste estudo a ocorrência de estruturas AAR sugestivas de Cryptosporidium spp.
através da coloração de Kinyoun, revelou um percentual de amostras positivas de 52,22%
(47/90), porém a presença do parasito foi confirmada em apenas 15,55% (14/90) das
amostras quando utilizadas as metodologias imunológicas, sendo detectado
Cryptosporidium spp. em treze amostras através da técnica de ELISA e em sete amostras
através da técnica IFD, encontrando o parasito em pontos de meio e fim de rede (Tabela 1).
65
O percentual elevado de amostras positivas com estruturas semelhantes ao
Cryptosporidium spp., não confirmadas neste estudo pelos testes imunológicos, demonstra
a falta de especificidade do método histoquímico para amostras ambientais, funcionando
apenas como um indicativo da possível presença do protozoário no ambiente, estes valores
provavelmente estão superestimados em virtude da presença de outros microrganismos que
também são AAR, e que podem ser encontrados no ambiente aquático (ex. algas, estruturas
vegetais, microsporídios, Cyclospora spp.). Vale salientar que no presente estudo, a análise
estatística dos resultados demonstrou que a metodologia histoquímica de Kinyoun não se
correlacionou com nenhum outro método utilizado (Kinyoun x ELISA: r = 0,0766,
Kinyoun x IFD: r = - 0,0624) .
Tabela 1. Análises físico-químicas, microbiológicas, número de estruturas álcool-ácido
resistentes e oocistos de Cryptosporidium spp. em amostras de água tratada que
apresentaram positividade nos períodos seco e chuvoso.
Período
Local
Parâmetros
Físico-químicos
Parâmetros
Microbiológicos
Nº de
estruturas
AAR/L
Amostras
Positivas
(DO)
oocistos/L
Turbidez
(UT)
Cor
uH
pH Cloro
mg/dl
Coliformes
totais
Coloração
Kinyoun
ELISA IFD
2
5
4,61
1,84
12,5
8,5
5,33
5,93
3,0
2,0
Ausência
Presença
13,3
6,6
NEG
0,095
20
0
6
3,19 11,3 5,45 3,0
Ausência
0
0,32
0
6*
1,21 9,2 5,68 1,5
Ausência
26,6 0,158 20
6*
7,15 22,3
5,96 1,5
Presença
26,6 1,886 66,67
7
4,36 8,7 6,30 2,0
Ausência
40 0,293
0
8
1,47 7,0 6,11 1,5
Presença
0
0,146 20
9
2,58 6,2 6,32 2,0
Ausência
60 0,133
0
Chuvoso
15*
4,87 8,6 6,25
0,0
Presença
40 0,459 80
6*
5,34 13,00
6,34 3,0
Presença
40 0,631 60
7*
2,20 6,30 6,79 1,5
Ausência
26,6 0,241 66,67
11
3,98 8,70 6,86 1,5
Ausência
0
0,126
0
Seco
14
15
8,0
1,03
7,40
3,70
6,49
6,70
2,0
3,0
Presença
Presença
0
0
1,442
0,142
0
0
Legenda: * amostras positivas nas três metodologias. DO= densidade ótica. NEG= negativo.
66
Ali et al. (2004) estudando amostras de água de rio, encontrou percentuais de até
100% de positividade para Cryptosporidium spp. utilizando coloração histoquímica
(Kinyoun), porém todos os resultados foram confirmados pela técnica de PCR. Machado
(2006) utilizando a técnica de Kinyoun encontrou estruturas AAR em 40% das amostras,
confirmando a presença de Cryptosporidium spp. em apenas 5% das amostras quando
utilizou a IFD, e concluiu que a coloração histoquímica poderia ser útil como método de
triagem uma vez que a possibilidade de interferência de outros organismos AAR, muito
provavelmente elevou a freqüência de amostras positivas, sendo necessários métodos mais
específicos para a confirmação do diagnóstico.
Machado (2006), diferentemente deste estudo, comenta que todas as amostras
negativas quando analisadas pela histoquímica também se apresentaram negativas pelo
método imunológico. No presente estudo dentre as amostras negativas para histoquímica,
cinco amostras foram positivas nas técnicas imunológicas, onde quatro foram positivas
apenas no ELISA e uma positiva para ELISA e IFD. Na Tabela 1 também podem ser
observados resultados das análises físico-químicas e microbiológicas das amostras de água
que se apresentaram positivas para Cryptosporidium spp.
Os métodos para identificação de protozoários em água, além dos problemas de
sensibilidade que apresentam, geralmente são laboriosos, demorados e de alto custo, o que
dificulta a execução quando se necessita da confirmação da presença desses patógenos em
um grande número de amostras. A metodologia imunoenzimática ELISA, apesar de pouco
utilizada em amostras ambientais é apresentada neste estudo como uma alternativa para o
diagnóstico desses protozoários em larga escala, por ser de mais fácil execução,
possibilitando a realização de mais de 90 amostras ao mesmo tempo.
67
Os resultados deste estudo confirmaram que o teste ELISA para Cryptosporidium
spp. obteve uma correlação positiva (r = 0,553, ao nível de 5% de probabilidade) quando
comparado ao método de IFD, onde 46,1% das amostras positivas para o ELISA foram
confirmadas com a IFD. Michel et al. (2000) realizaram um estudo comparando as
metodologias ELISA e coloração histoquímica de Ziehl-Neelsen modificado (ZN) com uma
nova metodologia imunológica de aglutinação, apresentada também como uma nova
ferramenta na detecção de antígenos de Cryptosporidium spp. em amostras ambientais, com
o objetivo de facilitar a execução das análises em maior escala, obtendo também uma
melhor performance com o teste ELISA.
Siddons et al. (1992) em um estudo com amostras fecais comparou a sensibilidade
do ensaio imunoenzimático ELISA e da coloração histoquímica de ZN com os resultados
positivos obtidos utilizando a IFD, comprovaram 100% de sensibilidade para o ELISA e
94% para a coloração histoquímica de ZN e especificidade de 76,4% e 100%
respectivamente. As amostras ambientais analisadas no estudo foram todas negativas em
ambas as metodologias, entretanto em amostras de água inoculada obteve-se uma maior
sensibilidade da metodologia ELISA em detectar amostras com baixa concentração de
oocistos, e chegando a detectar 1 e 10 oocistos/L. De acordo com o fabricante a
sensibilidade analítica do teste utilizado nesta pesquisa detecta aproximadamente 78 a 156
oocistos por cavidade. Neste estudo a variação da DO foi de 0,095 a 1,886.
Em outros estudos comparando o método histoquímico de ZN e a metodologia
ELISA em amostras ambientais os pesquisadores encontraram amostras positivas nas duas
metodologias com percentuais de 37% (CHAPMAN et al., 1990), 62,5% (RUSH, et al.,
1990) e 71,42% (RUSH; CHAPMAN, 1990), concluindo ser a metodologia ELISA mais
sensível em virtude de que metodologias para a detecção de Cryptosporidium através de
68
microscopia utilizam substâncias que coram a parede dos oocistos necessitando que os
oocistos estejam íntegros, entretanto as várias etapas que antecedem a identificação como
separação, filtração, tratamento químico, flutuação e centrifugação, comprometem a
integridade dos oocistos prejudicando a sua visualização na microscopia. Na metodologia
imunoenzimática ELISA é possível que o antígeno liberado da parede do oocisto, estando
solúvel ou particulado no meio, forme o complexo antígeno-anticorpo, e desta forma
possibilita que o parasito mesmo degenerado seja detectado por essa metodologia.
A metodologia de IFD utilizada neste estudo possibilitou a confirmação da presença
de Cryptosporidium spp. em 13,46% (07/52), com o número médio de oocistos encontrados
nos dois períodos de 47,62 ± 24,54 /L. Observou-se nesta pesquisa que a utilização da
membrana filtrante com 0,45 de porosidade, proporcionou uma maior retenção de
partículas resultando em rápida saturação da membrana, de forma que em algumas ocasiões
tiveram que ser substituídas, esse fato ocorreu principalmente em amostras com os
parâmetros cor e turbidez mais elevados. A presença destas partículas podem ter interferido
significativamente na detecção de Cryptosporidium spp. quando usada a IFD, salientando-
se que não foi utilizada uma etapa de purificação de amostras. Outra possível interferência
citada por Cantusio Neto (2004) foi a forte exposição dos oocistos ao álcool, como também
aos processos da extração mecânica e lavagem das membranas, enquanto no seu estudo o
álcool foi substituído por água destilada.
Aldom e Chagla (1995), analisando amostras de água, observaram uma variação na
taxa de recuperação de 59% a 79 % oocistos, e ressaltaram que a variação entre os
experimentos controles está diretamente influenciada pelo número de oocistos utilizados na
amostra a ser semeada, o que também se observou neste experimento. Os resultados obtidos
69
na verificação da eficiência da metodologia na recuperação de oocistos estão dispostos na
Tabela 2. Vale ressaltar que não foram realizados testes de eficiência na recuperação
quando utilizado a metodologia ELISA devido à impossibilidade de quantificar o número
de oocistos por este método. Não foi detectada a presença de oocistos nos controles
negativos.
Tabela 2- Eficiência na recuperação de oocistos obtidos com as técnicas de coloração
de Kinyoun e IFD.
Nº médio de oocistos
inoculados
% recuperação
coloração de Kinyoun
% recuperação
IFD
10
2
(100) 43,40 40,00
10
3
(1000) 47,34 50,00
O percentual de recuperação de 40% a 50% encontrado neste estudo nas amostras
analisado por IFD, ficaram aproximados aos de Franco et al. (2001), que quando estudou a
influência do tipo de tratamento aplicado à membrana para a recuperação dos oocistos,
obteve 41,6% de taxa de recuperação utilizando o mesmo tratamento deste estudo, com
eluição e raspagem da membrana. Todavia, com a dissolução em acetona a recuperação foi
de 30,0%, reportando como desvantagem o endurecimento do precipitado contendo os
oocistos, após a centrifugação. Resultados diferentes foram relatados por Cantusio Neto
(2004) que obteve 25,3% de taxa de recuperação em água bruta artificial, enquanto
Machado (2006) recuperou 33,05% dos oocistos inoculados na água tratada, embora as
metodologias utilizadas para concentração e identificação (IFD) tenham sido às mesmas
deste estudo, diferenciando apenas o tamanho do poro da membrana filtrante de 3,0,
sugerindo que vários fatores podem influenciar a detecção de oocistos.
70
Ainda neste estudo, a IFD detectou 02 amostras (3,85%) positivas para cistos de
Giardia spp., com densidade de 66,67 cistos/L para o local nº 6 e 133,2 cistos/L no local de
nº 14, sendo esses dois locais também positivos para Cryptosporidium spp. Entretanto
observou-se nesta pesquisa que o local nº 06 também foi o local que apresentou o maior
número de amostras positivas para Cryptosporidium spp., com o diagnóstico confirmado
em 66,67% (4/6) das amostras (Tabela 1). Vários autores em todo o mundo ressaltam a
importância da detecção simultânea dos dois protozoários em função das semelhantes
características que eles apresentam no ambiente aquático. (HACHICH et al., 2000;
ROBERTSON; GJERDE, 2000; FRANCO et al., 2001; BEVILACQUA et al., 2002;
McCUIN; CLANCY, 2003). Salientamos que, a detecção de cistos de Giardia spp. ficou
comprometida neste estudo em virtude de que a realização do teste de IFD só foi possível
nas amostras com positividade sugestiva para o Cryptosporidium spp., desta forma o
número de amostras positivas para os cistos de Giardia spp. provavelmente estão
subestimados.
Os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas estão disponibilizados
nas Tabelas 3 e 4, nos períodos chuvoso e seco respectivamente.
71
Tabela 3 – Análises físico-químicas e microbiológicas de amostras de água no período
chuvoso.
Local de coleta
Parâmetros físico-químicos Parâmetros
Microbiológicos
Turbidez
UT
Cor
uH
pH Cloro
mg/dL
CT
100mL
2,11 4,11 4,30 3,0 aus
6,47 16,9
5,54 3,0 aus
1
2,43 9,80 5,60 3,0 aus
3,24 1,21 4,37 2,0 aus
4,61 12,5 5,33 3,0 aus
2
0,94 5,10 5,64 2,0 aus
5,99 15,6
5,60 2,0 aus
1,82 8,3 5,86 2,0 aus
3
1,70 7,7 6,24 1,5 aus
1,16 6,8 6,15 3,0 aus
2,26 9,1 6,12 3,0 aus
4
1,65 7,8 6,08 2,0 aus
1,39 7,7 5,40 1,26 aus
1,43 7,6 5,83 1,5 aus
5
1,84 8,5 5,93 2,0
pres
3,19 11,3 5,45 3,0 aus
1,21 9,2 5,68 1,5 aus
6
7,15 22,3
5,96 1,5
pres
1,96 7,1 5,61 2,54 aus
3,19 11,4 5,91 2,0
pres
7
4,36 8,7 6,30 2,0 aus
1,47 7,0 6,11 1,5
pres
1,81 7,0 6,01 3,0 aus
8
1,90 4,0 6,03 1,5 aus
2,01 8,6 6,30 1,0
pres
2,13 6,7 6,50 1,5
pres
9
2,58 6,2 6,32 2,0 aus
1,42 7,1 6,10 3,0
pres
2,13 4,5 6,20 1,5 aus
10
1,17 4,6 6,43 2,0 aus
2,05 4,7 6,21 3,0
pres
1,17 4,2 6,63 2,0 aus
11
1,79 5,4 6,41 3,0
pres
2,21
5,6 6,00 3,0 aus
1,43
4,7 6,00 3,2 aus
12
ETA
1,89
6,2 6,12 3,0
pres-des
1,86 6,2 6,05 3,0
pres
1,04 4,0 6,00 2,0 aus
13
1,26 4,6 6,00 3,0 aus
1,82 6,1 6,25 1,5 aus
1,33 4,1 6,20 3,0 aus
14
1,26 4,7 6,24 3,0
pres
0,86 4,1 6,12 2,0 aus
4,87 8,6 6,25
0,0 pres
15
1,36 4,5 6,30 2,0 aus
Legenda: CT = coliforme total, aus= ausência, pres=presença, des = desacordo
72
Tabela 4 – Análises físico-químicas e microbiológicas de amostras de água no período
seco.
Local de coleta
Parâmetros físico-químicos Parâmetros
Microbiológicos
Turbidez
UT
Cor
uH
pH Cloro
mg/dL
CT
100mL
1,31 4,80 6,28 3,0 aus
1,01 4,20 6,32 3,0
pres
1
1,22 4,80 6,40 2,0
pres
1,74 4,10 6,63 2,0 aus
1,15 4,10 6,64 1,5 aus
2
1,26 4,80 6,82 2,0 aus
1,09 4,10 6,62 2,0 aus
2,28 7,70 6,50 2,0 aus
3
1,71 3,90 6,68 1,0 aus
1,05 3,80 6,56 2,0 aus
1,17 4,40 6,45 2,0 aus
4
2,68 7,20 6,47 3,0 aus
1,75 6,30 6,50 2,0
pres
4,08 9,90 6,48 0,5 aus
5
2,18 6,90 6,25 1,5
pres
0,97 5,20 6,44 1,5
pres
1,32 5,30 6,48 2,0 aus
6
5,34
13,00 6,34 3,0
pres
1,65 5,90 6,77 1,5
pres
2,40 6,10 7,25
0,0
aus
7
2,20 6,30 6,79 1,5 aus
2,40 7,10 6,64 1,5 aus
1,22 4,70 7,20 2,0 aus
8
1,49 4,60 6,78 2,0
pres
1,46 5,80 6,49 3,0 aus
1,40 5,00 6,69 1,5 aus
9
1,58 4,80 6,62 1,0 aus
1,31 3,80 6,48 2,0 aus
1,78 4,70 6,42 2,0 aus
10
0,75 3,50 6,90 1,5 aus
3,98 8,70 6,86 1,5 aus
1,40 4,70 6,65 1,0 aus
11
1,26 4,20 6,70 1,5
pres
1,52
5,20 6,25 3,5 aus
1,24
4,50 6,24 3,0 aus
12
ETA
1,28
5,10 6,39 4,0 aus
0,93 4,10 6,40 2,0 aus
1,45 5,10 6,23 1,5 aus
13
1,59 5,40 6,23 1,5
pres
0,93 3,90 6,67 3,0 aus
1,15 4,10 6,18 3,0
pres
14
8,0
7,40 6,49 2,0
pres
1,03 3,70 6,70 3,0
pres
1,73 4,30 6,40 2,0 aus
15
1,36 3,80 6,60 2,0 aus
Legenda: CT = coliforme total, aus= ausência, pres=presença
73
Para o pH é recomendado que seja mantido na rede de distribuição na faixa de 6,0 a
9,5, os resultados obtidos apresentaram uma freqüência de 17,78% (16/90) das amostras em
desacordo essa com recomendação. Para o parâmetro cor, apenas 03 amostras se
apresentam fora do padrão estabelecido (máximo 15 uH).
Os valores exigidos pela Portaria 518/04/MS para o cloro residual livre na saída da
ETA variam de 0,5 mg/L até no máximo 5,0 mg/L, enquanto para água tratada na rede de
distribuição os valores podem variar de 0,2 até 5,0 mg/L, os resultados encontrados
apresentaram uma média de cloro residual livre de 2,21 0,77, com uma variação de 0,0
até 4,0 mg/L. Entretanto a mesma Portaria faz uma recomendação de que o teor máximo de
cloro livre em qualquer ponto do sistema não deve ultrapassar 2,0 mg/L, para substâncias
químicas que podem representar risco à saúde, são levados em consideração os efeitos
crônicos resultantes de exposição prolongada, ou seja, da ingestão contínua de água com
uma dada concentração de uma substância, portanto com base nesses valores verificou-se
que 33,33% (30/90) das amostras apresentaram valores superiores a essa recomendação,
enquanto apenas duas amostras foram consideradas em desacordo com os padrões por
apresentaram ausência de cloro.
A referida Portaria estabelece que na saída da ETA que utiliza tratamento completo,
composto de coagulação, decantação, filtração e desinfecção, o valor máximo permitido
para turbidez deve ser de 1,0 UT, enquanto que em amostras pontuais na rede de
distribuição os valores encontrados não podem ser superior a 5,0 UT. Os resultados obtidos
nesse estudo demonstraram que 12,22% (11/90) das amostras se apresentaram em
desacordo com os padrões de turbidez, com valores variando em média de 2,12 1,44,
dentre elas todas as 06 amostras coletadas na saída da ETA Castello Branco (local nº 12).
74
Neste estudo os valores encontrados demonstraram que 100% (6/6) das amostras na
saída da ETA apresentaram turbidez acima do padrão, variando de 1,24 a 2,21 UT (Tabelas
3 e 4), Machado (2006) analisando amostras da mesma ETA também encontrou 42% das
amostras com valores superiores ao padrão. Para as demais amostras na rede de distribuição
onde o valor máximo permitido em amostras pontuais é de 5,0 UT, apenas 5,95% (5/84), se
apresentaram fora dos padrões com variações 5,34 a 7,15 UT. Os valores médios de
turbidez encontrados neste estudo (2,12 1,45) confirmam que a etapa de filtração da ETA
não atingiu níveis de remoção seguros (0,5 UT), diferente dos resultados encontrados por
Cantusio Neto (2004), onde os valores de turbidez encontrados situaram-se entre 0,08 a
0,43 UT após o tratamento na ETA estudada, o que garantiu a ausência dos protozoários na
água tratada.
De uma forma geral, observou-se uma baixa correlação (p0,05) entre os
parâmetros físico-químicos analisados e os resultados obtidos nas três metodologias
utilizadas neste estudo. As análises estatísticas demonstraram que para os parâmetros
físico-químicos ocorreram correlações significativas apenas entre os resultados positivos
para ELISA e IFD quando relacionados aos parâmetros turbidez e cor. LeChevallier et al.
(1991) também encontraram correlação significativa entre a turbidez e a presença de
cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium. Feng et al. (2003) em um estudo
envolvendo a turbidez e a recuperação de oocistos de Cryptosporidium spp., concluíram
que água turva com partículas em suspensão aumenta a recuperação dos oocistos em
95%, conseguindo valores mais elevados de recuperação com a turbidez entre 5 e 10 UT,
ressaltando que o tamanho e a concentração das partículas podem afetar na recuperação.
75
As amostras analisadas não apresentaram coliformes termotolerantes (E.coli),
obedecendo ao padrão de potabilidade para água de consumo humano para este parâmetro.
Entretanto 26 (28,89%) amostras apresentaram coliformes totais, porém de acordo com a
portaria 518/04/MS, a presença de CT em amostras pontuais no sistema de abastecimento
não condena a amostra, a menos que ocorra na saída do tratamento, desta forma, neste
estudo somente uma amostra (local 12, período chuvoso) foi considerada em desacordo
com os padrões microbiológicos (Tabelas 3 e 4).
Observou-se neste estudo que a presença de coliformes totais (CT), ocorreu em
proporção significativa com a positividade de oocistos de Cryptosporidium spp. quando
identificados pela metodologia ELISA (
2
= 4, 60, P<0,05), onde a proporção de amostras
positivas pelo ELISA entre aquelas negativas para coliformes totais (6/64) é inferior à
proporção de positivos entre as amostras que apresentaram coliforme totais (7/26). Para o
teste IFD não houve relação entre os resultados e a presença de coliformes.
Na avaliação da qualidade de águas naturais, os CT têm valor sanitário limitado e
sua aplicação restringe-se praticamente à avaliação da qualidade da água tratada e
distribuída. Entretanto a presença de CT em amostras pontuais deve ser interpretada como
problemas potenciais e suas causas devem ser investigadas (BRASIL, 2004a). A ausência
de CTT (E. coli) em 100% das amostras não garantiu a ausência dos protozoários.
Concordando com o estudo de Muller (1999), que pesquisando a ocorrência de
Cryptosporidium spp. em água tratada, afirma que existiu baixa correlação entre os
indicadores bacteriológicos e a presença do parasito, concluindo que os mesmos não
representam bons indicadores da qualidade parasitológica da água,.
76
As variações pluviométricas têm sido correlacionadas com a ocorrência e densidade
dos protozoários no ambiente onde fenômenos como a ressuspensão de sólidos e o
aumento da lixiviação em período chuvoso carreiam poluentes de origem animal, humana
e vegetal, presentes nas margens, para os corpos d'água superficiais e subterrâneos
(ROSE et. al., 2002; OLIVEIRA et al. 2004). Entretanto os valores de qui-quadrado não
significativo ao nível de 5% de probabilidade, indicaram que as proporções de amostras
positivas e negativas, no ELISA (
2
= 0,81, p< 0,05) e IFD (
2
= 0,13, p< 0,05), não
dependeram do período do ano (chuvoso ou seco), demonstrando que não houve
influência da variação climática neste estudo.
Observou-se a presença de enteroparasitas no início, meio e fim da rede de
distribuição, mas não foi possível verificar a influência da localização do ponto de coleta na
rede de distribuição com a presença de Cryptosporidium spp., em virtude da grande
diferença entre o número de coletas realizadas na saída da ETA, considerada como início
da rede (06 amostras) e o número de coletas no meio e fim de rede (84 amostras).
Pode-se observar na literatura uma grande variação quanto à freqüência e densidade
dos cistos e oocistos encontrados em amostras de água. Vários fatores podem influenciar
nessa variação, desde as condições reais do ambiente, a escolha da metodologia adequada
ao tipo da água a ser analisada e principalmente a garantia da eficiência da recuperação dos
experimentos controles.
A adoção de boas práticas em todo o processo de produção de água é de
fundamental importância para a garantia da qualidade do produto final, assegurando que
todo o processo seja monitorado devidamente, observando-se todos os aspectos, que
envolvem: a qualidade da água bruta, o estado de conservação de equipamentos e
77
instalações das ETA. Fazendo-se necessário um maior rigor no controle operacional dos
processos de tratamento e manutenção da rede de distribuição, identificando e monitorando
fatores potenciais de risco, que possam vir a comprometer a potabilidade da água.
78
6. CONCLUSÕES
 A ocorrência de oocistos Cryptosporidium spp., cistos de Giardia spp.,
além de ovos de Taenia spp., oocistos de Eimeria spp., larvas de nematóides
e organismos do zooplâncton foi confirmada, evidenciando que existe
vulnerabilidade nos processos de tratamento da água para consumo humano
na ETA Castello Branco, comprometendo a qualidade da água desde a saída
da ETA até o ponto de consumo;
 A ocorrência de estruturas AAR não apresentou correlação com a presença
do Cryptosporidium spp., no entanto as metodologias imunológicas ELISA
e IFD foram eficientes na detecção do Cryptosporidium spp., apresentando
correlação positiva quando comparadas entre si;
 Dentre os parâmetros físico-químicos, apenas a turbidez e cor
demonstraram ser indicativos da presença de oocistos de Cryptosporidium
spp.;
 A ocorrência de Cryptosporidium spp. não depende da presença de
coliformes termotolerantes, entretanto a presença de coliformes totais
apresentou relação significativa apenas quando a positividade para
Cryptosporidium spp. foi confirmada pela técnica de ELISA;
 Oocistos de Cryptosporidium spp ocorreram na água tratada independente
do período do ano chuvoso ou seco.
79
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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91
APÊNDICES
APÊNDICE A -Resultados das análises histoquímicas, Imunológicas, microbiológicas e físico-químicas de todas as amostras
do período chuvoso.
período
local
amostra
Estr. AAR
ELISA/DO
IMF Cryptosporidium.
oocistos/ L
IMF
Giardia
cistos/ L
C. totais
100mL
C. fecais
100mL
turbidez
UT
cor
uH
pH
cloro
mg/L
1 1 1 0 NEG NR NR aus aus 2,11 4,11 4,30 3,0
1 1 2
40,0
NEG 0 0 aus aus
6,47 16,9
5,54 3,0
1 1 3
26,6
NEG 0 0 aus aus 2,43 9,80 5,60 3,0
1 2 1
26,6
NEG 0 0 aus aus 3,24 1,21 4,37 2,0
1 2 2
13,3
NEG
20
0 aus aus 4,61 12,5 5,33 3,0
1 2 3
13,33
NEG 0 0 aus aus 0,94 5,10 5,64 2,0
1 3 1 0 NEG NR NR aus aus
5,99 15,6
5,60 2,0
1 3 2 0 NEG NR NR aus aus 1,82 8,3 5,86 2,0
1 3 3
40,0
NEG 0 0 aus aus 1,70 7,7 6,24 1,5
1 4 1 0 NEG NR NR aus aus 1,16 6,8 6,15 3,0
1 4 2 0 NEG NR NR aus aus 2,26 9,1 6,12 3,0
1 4 3
13,33
NEG 0 0 aus aus 1,65 7,8 6,08 2,0
1 5 1
40,0
NEG 0 0 aus aus 1,39 7,7 5,40 1,26
1 5 2
13,33
NEG 0 0 aus aus 1,43 7,6 5,83 1,5
1 5 3
6,6 POS 0,095
0 0
pres
aus 1,84 8,5 5,93 2,0
1 6 1 0
POS 0,32
0 0 aus aus 3,19 11,3 5,45 3,0
1 6 2
26,6 POS 0,158 20
0 aus aus 1,21 9,2 5,68 1,5
1 6 3
26,6 POS 1,886 66,67 66,67 pres
aus
7,15 22,3
5,96 1,5
1 7 1
6,6
NEG 0 0 aus aus 1,96 7,1 5,61 2,54
1 7 2 0 NEG NR NR
pres
aus 3,19 11,4 5,91 2,0
1 7 3
40,0 POS 0,293 0
0 aus aus 4,36 8,7 6,30 2,0
Legenda: Período 1= chuvoso, período 2 = seco, NEG= negativo, POS= positivo, NR= não reagente, pres= presença, aus= ausência, des= desacordo.
92
APÊNDICE A - Resultados das análises histoquímicas, Imunológicas, microbiológicas e físico-químicas de todas as amostras
do período chuvoso (continuação).
período
local
amostra
Estr. AAR
ELISA/DO
IMF Cryptosporidium.
oocistos/ L
IMF
Giardia
cistos/ L
C. totais
100mL
C. fecais
100mL
turbidez
UT
cor
uH
pH
cloro
mg/L
1 8 1 0
POS 0,146 20
0
pres
aus 1,47 7,0 6,11 1,5
1 8 2 0 NEG NR NR aus aus 1,81 7,0 6,01 3,0
1 8 3
26,6
NEG 0 0 aus aus 1,90 4,0 6,03 1,5
1 9 1
60,0
NEG 0 0
pres
aus 2,01 8,6 6,30 1,0
1 9 2
6,6
NEG 0 0
pres
aus 2,13 6,7 6,50 1,5
1 9 3
60,0 POS 0,133
0 0 aus aus 2,58 6,2 6,32 2,0
1 10 1
13,33
NEG 0 0
pres
aus 1,42 7,1 6,10 3,0
1 10 2
40,0
NEG 0 0 aus aus 2,13 4,5 6,20 1,5
1 10 3
20,0
NEG 0 0 aus aus 1,17 4,6 6,43 2,0
1 11 1
20,0
NEG 0 0
pres
aus 2,05 4,7 6,21 3,0
1 11 2 0 NEG NR NR aus aus 1,17 4,2 6,63 2,0
1 11 3
46,6
NEG 0 0
pres
aus 1,79 5,4 6,41 3,0
1 12 1 0 NEG NR NR aus aus
2,21
5,6 6,00 3,0
1 12 2
33,4
NEG 0 0 aus aus 1,43 4,7 6,00 3,2
1 12 3
33,4
NEG 0 0
pres-des
aus 1,89 6,2 6,12 3,0
1 13 1
6,6
NEG 0 0
pres
aus 1,86 6,2 6,05 3,0
1 13 2
13,33
NEG 0 0 aus aus 1,04 4,0 6,00 2,0
1 13 3 0 NEG NR NR aus aus 1,26 4,6 6,00 3,0
1 14 1
313,4
NEG 0 0 aus aus 1,82 6,1 6,25 1,5
1 14 2
60,0
NEG 0 0 aus aus 1,33 4,1 6,20 3,0
1 14 3
6,6
NEG 0 0
pres
aus 1,26 4,7 6,24 3,0
1 15 1 0 NEG NR NR aus aus 0,86 4,1 6,12 2,0
1 15 2
40,0 POS 0,459
80 0
pres
aus 4,87 8,6 6,25
0,0
1 15 3
20,0
NEG 0 0 aus aus 1,36 4,5 6,30 2,0
Legenda: Período 1= chuvoso, período 2 = seco, NEG= negativo, POS= positivo, NR= não reagente, pres= presença, aus= ausência, des= desacordo.
93
APÊNDICE B - Resultados das análises histoquímicas, Imunológicas, microbiológicas e físico-químicas de todas as amostras
do período seco.
período
local
amostra
Estr. AAR
ELISA/DO
IMF Cryptosporidium.
oocistos/ L
IMF
Giardia
cistos/ L
C. totais
100mL
C. fecais
100mL
turbide
z
UT
cor
uH
pH
cloro
mg/L
2 1 1 0 NEG NR NR aus aus 1,31 4,80 6,28 3,0
2 1 2 0 NEG NR NR
pres
aus 1,01 4,20 6,32 3,0
2 1 3 0 NEG NR NR
pres
aus 1,22 4,80 6,40 2,0
2 2 1 0 NEG NR NR aus aus 1,74 4,10 6,63 2,0
2 2 2 0 NEG NR NR aus aus 1,15 4,10 6,64 1,5
2 2 3 0 NEG NR NR aus aus 1,26 4,80 6,82 2,0
2 3 1
6,6
NEG 0 0 aus aus 1,09 4,10 6,62 2,0
2 3 2
6,6
NEG 0 0 aus aus 2,28 7,70 6,50 2,0
2 3 3 0 NEG NR NR aus aus 1,71 3,90 6,68 1,0
2 4 1 0 NEG NR NR aus aus 1,05 3,80 6,56 2,0
2 4 2 0 NEG NR NR aus aus 1,17 4,40 6,45 2,0
2 4 3 0 NEG NR NR aus aus 2,68 7,20 6,47 3,0
2 5 1
20,0
NEG 0 0
pres
aus 1,75 6,30 6,50 2,0
2 5 2
66,8
NEG 0 0 aus aus 4,08 9,90 6,48 0,5
2 5 3 0 NEG NR NR
pres
aus 2,18 6,90 6,25 1,5
2 6 1
33,4
NEG 0 0
pres
aus 0,97 5,20 6,44 1,5
2 6 2 0 NEG NR NR aus aus 1,32 5,30 6,48 2,0
2 6 3
40,0 POS 0,631 60
0
pres
aus
5,34
13,00 6,34 3,0
2 7 1
6,6
NEG 0 0
pres
aus 1,65 5,90 6,77 1,5
2 7 2 0 NEG NR NR aus aus 2,40 6,10 7,25 0,0
2 7 3
26,6 POS 0,241 66,67
0 aus aus 2,20 6,30 6,79 1,5
Legenda: Período 1= chuvoso, período 2 = seco, NEG= negativo, POS= positivo, NR= não reagente, pres= presença, aus= ausência, des= desacordo
94
APÊNDICE B - Resultados das análises histoquímicas, Imunológicas, microbiológicas e físico-químicas de todas as amostras
do período seco (continuação).
período
local
amostra
Estr. AAR
ELISA/DO
IMF Cryptosporidium.
oocistos/ L
IMF
Giardia
cistos/ L
C. totais
100mL
C. fecais
100mL
turbide
z
UT
cor
uH
pH
cloro
mg/L
2 8 1
6,6
NEG 0 0 aus aus 2,40 7,10 6,64 1,5
2 8 2 0 NEG NR NR aus aus 1,22 4,70 7,20 2,0
2 8 3
46,6
NEG 0 0
pres
aus 1,49 4,60 6,78 2,0
2 9 1 0 NEG NR NR aus aus 1,46 5,80 6,49 3,0
2 9 2 0 NEG NR NR aus aus 1,40 5,00 6,69 1,5
2 9 3 0 NEG NR NR aus aus 1,58 4,80 6,62 1,0
2 10 1 0 NEG NR NR aus aus 1,31 3,80 6,48 2,0
2 10 2
33,4
NEG 0 0 aus aus 1,78 4,70 6,42 2,0
2 10 3 0 NEG NR NR aus aus 0,75 3,50 6,90 1,5
2 11 1 0
POS 0,126
0 0 aus aus 3,98 8,70 6,86 1,5
2 11 2 0 NEG NR NR aus aus 1,40 4,70 6,65 1,0
2 11 3
26,6
NEG 0 0
pres
aus 1,26 4,20 6,70 1,5
2 12 1
6,6
NEG 0 0 aus aus 1,52 5,20 6,25 3,5
2 12 2 0 NEG NR NR aus aus 1,24 4,50 6,24 3,0
2 12 3
26,6
NEG 0 0 aus aus 1,28 5,10 6,39 4,0
2 13 1 0 NEG NR NR aus aus 0,93 4,10 6,40 2,0
2 13 2 0 NEG NR NR aus aus 1,45 5,10 6,23 1,5
2 13 3 0 NEG NR NR
pres
aus 1,59 5,40 6,23 1,5
2 14 1 0 NEG NR NR aus aus 0,93 3,90 6,67 3,0
2 14 2
6,6
NEG 0 0
pres
aus 1,15 4,10 6,18 3,0
2 14 3 0
POS 1,442
0
133,2 pres
aus 8,0 7,40 6,49 2,0
2 15 1 0
POS 0,142
0 0
pres
aus 1,03 3,70 6,70 3,0
2 15 2 0 NEG NR NR aus aus 1,73 4,30 6,40 2,0
2 15 3 0 NEG NR NR aus aus 1,36 3,80 6,60 2,0
Legenda: NEG= negativo, POS= positivo, NR= não reagente, pres= presença, aus= ausência, des= desacordo.
95
ANEXOS
ANEXO A - Mapa de riscos à saúde relacionados com a água
Riscos à saúde relacionados
com a água (quartil)
12 - 20
21 - 27
29 - 34
35 - 44
Baixo Risco (26 bairros)
Jaqueira, Santo Antônio, Tamarineira, Aflitos, Casa Forte, Derby,
Ilha do Leite, Paissandu, Parnamirim, Poço, Rosarinho, Soledade,
Torreão, Cabanga, Sítio dos Pintos, Encruzilhada, Espinheiro,
Graças, Ponto de Parada, Santana, Hipódromo, Pau-Ferro,
Engenho do Meio, Zumbi, Apipucos, Monteiro
Médio Risco (24 bairros)
Peixinhos, Cajueiro, Cidade Universitária, Casa
Amarela, Alto do Mandu, Porto da Madeira,
Totó, Sancho, Cote, Jiquiá, Ipsep, Caxangá,
Ilha do Retiro, Bomba do Hemerio, Recife,
Coqueiral, Dois Irmãos, Boa Vista, Brejo da
Guabiraba, Córrego do Jenipapo, Morro da
Conceição, Guabiraba, Fundão, Madalena
Alto Risco (22 bairros)
Arruda, Mangabeira, Passarinho, Cordeiro
,
A. José do Pinho, Macaxeira, A. Santa
Teresinha, Tejipió, Curado, São José, Bongi,
Prado
, Beberibe, Campina do Barreto,
Brejo de Beberibe, Alto José Bonifácio,
Mangueira, Coelhos, Campo Grande,
Estância, Santo Amaro, Torre
Muito Alto Risco (22 bairros)
Afogados, Imbiribeira, San Martin, Torrões
, Brasília
Teimosa, Areias, Jardim São Paulo, Barro, Iputinga
,
Mustardinha, Boa Viagem, Linha do Tiro, Nova
Descoberta, Pina, Vasco da Gama, Jordão, Ilha Joana
Bezerra, Água Fria, Várzea
, Cohab, Dois Unidos, Ibura
Riscos à Saúde relacionados com a Àgua
Fonte: Séc. Municipal de Saúde do Recife.
DS VI
96
ANEXO B - Rede de Distribuição de água após a saída da ETA-Castelo Branco
Fonte: COMPESA
97
ANEXO C - Pontos de coleta na rede de distribuição do Sistema Tapacurá.
1-INÍCIO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO
Ponto no início da rede de distribuição
 Saída do tratamento na ETA Castello Branco - local 12;
2-SUBSISTEMAS DO ELO IBURA
Pontos de meio da rede de distribuição
 Trav. Edson Regis - Ibura de baixo/D-35: direto da ETA Castello Branco-local 01.
 Av. Mato Grosso – UR 01/COHAB/ D-35: ETA - Reservatório Pintor Agenor -
Reservatório elevado da UR 01 - local 04.
 Av. Benigno Jordão de Vasconcelos - Lagoa Encantada/D-35: ETA -Elevatória
Pintor Agenor-Reservatório Elevado da UR-02(ELO)- Reservatório semi-apoiado
da Lagoa Encantada -local 08.
 Rua Comendador Adelino Gonçalves – Vila dos Milagres /D-35– ETA - Elevatória
Pintor Agenor -local 14.
Pontos de final da rede de distribuição
 Avenida Chapada do Araripe – Jardim Monte Verde Baixo/D35 – ETA -
Reservatório Pintor Agenor - Reservatório elevado - local 02.
 Rua Emília – Vila das Crianças/ UR-05/D35: Elevatória Pintor Agenor - Elevatória
da UR 01 – Reservatório apoiado da UR-01 - local 15.
 Rua Iratinga – Três Carneiro Baixo/35 – ETA - Elevatória Pintor Agenor -
Elevatória da UR-02(ELO) - local 10.
 Av. São Paulo – Três Carneiros Alto/D-35 – ETA - Elevatória Pintor Agenor –
Elevatória da UR-02(ELO) - local 03.
98
3-SUBSISTEMAS DO ELO CABANGA
Pontos de meio da rede de distribuição
 Rua Virgínia Heráclio – IPSEP/D39: ETA/Castello Branco - Alça Araçá - local 05.
 Rua Deputado Vieira Souto – Imbiribeira /D52: ETA - Alça Araçá - local 07.
 Av. Pinheiros – Imbiribeira/ D41: ETA/Castello Branco - local 06.
Pontos de final da rede de distribuição
 Travessa Boa Ventura Rodrigues – Pina/D-45: ETA/Castello Branco - local 13.
 Áreas 01, 02, 03, 04, 4A, 05, 5A de Brasília Teimosa 1/D45: ETA Castello Branco
– Alça Araçá – estação Elevatória de Brasília Teimosa - local 09.
 Áreas 01, 02, 03, 04, 4A, 05, 5A de Brasília Teimosa 2/D45: ETA Castello Branco
– Alça Araçá – estação Elevatória de Brasília Teimosa - local 11.
99
ANEXO D - Organismos confirmados através da coleta utilizando a rede especial
para organismos do zooplâncton.
Pontos de coleta
Organismos encontrados
Saída ETA
(local nº 12)
REDE
(local n º 07)
Cladocera (Ceriodaphnia cornuta) 0,30 mm NE
Insecta (Chaoborus sp.) 0,90 mm NE
Copepoda (Thermocyclops decipiens) 0,90 mm 1,00 mm
Copepoda (copepodito) 0,50 mm 0,50 mm
Copepoda (náuplio) 0,12 mm 0,12 mm
Rotifera (Brachionus calyciflorus) 0,30 mm 0,24 mm
Rotifera (Anuraeopsis fissa) 0,16 mm 0,16 mm
Rotifera (Lecane stichaea) 0,14 mm NE
Rotifera (Lecane lunaris) 0,10 mm NE
Rotifera (Keratella americana) 0,20 mm NE
Rotifera (Epiphanies macrourus) 0,20 mm 0,20 mm
Rotifera (Hexarthra fenica) 0,28 mm NE
Nematoda (Tobrilus sp.) 2,60 mm 1,50 mm
Cyanophyta (Anabaena sp.) filamento. 0,10 mm 0,20 mm
Legenda: NE = não encontrado
100
ANEXO E - Rede para coleta de organismos do placton
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