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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
MESTRADO EM NUTRIÇÃO
DIANA LEMOS BARBOSA
Anemia em Idosos do Programa de saúde da
Família do Município de Camaragibe –
Pernambuco – 2003.
RECIFE
2006
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
MESTRADO EM NUTRIÇÃO
DIANA LEMOS BARBOSA
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da
Família do Município de Camaragibe –
Pernambuco – 2003.
Área de concentração: Saúde Pública
Orientador: Alcides da Silva Diniz
RECIFE
2006
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Nutrição da
Universidade Federal de Pernambuco, como
parte dos requisitos para a obtenção do grau de
mestre.
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5
“Aprender é descobrir o que se sabe.
Praticar é demonstrar o que se sabe.
Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.
Todos são alunos, praticantes, professores.”
Richard Bach
6
DEDICATÓRIA
Dedico essa dissertação inteiramente a minha mãe, que durante anos
vem trabalhando dia e noite para realizar todos os nossos desejos pessoais e
profissionais e até hoje nos dedica todo o seu esforço, amor e carinho.
7
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado uma família maravilhosa que me permitiu estudar, trabalhar
e realizar meus desejos.
Ao Dr. Alcides da Silva Diniz pela presteza em aquiescer ao convite para orientar
esta dissertação, assim como, pelo apoio, disponibilidade, estímulo, paciência e pela
impecável orientação. Agora, entendo o verdadeiro significado da palavra dedicação à
pesquisa.
Às minhas irmãs, Taciana Lemos Barbosa e Rita de Cássia Lemos Barbosa, parceiras
de paixão nas alegrias e comemorações da vida.
Ao meu companheiro, amigo e apaixonado Sidcley de Souza Silva que em todos os
momentos apoiou os meus estudos e relevou minha ausência.
Às minhas amigas fiéis Elza Ferreira Alexandre e Adriana Sabóia Pessoa da Silva
por me apoiar, estimular e por terem trabalhado em dobro para cobrir a minha ausência no
trabalho.
A minha amiga Fernanda Virgínio Freitas Nunes pelo estímulo nas horas mais
difíceis.
À Elizete Galdino da Silva e Antônio Sabino da Silva por me assessorarem no
trabalho e no dia-dia.
À Tércia Maria Coelho de Lemos pelo exemplo de fé, enquanto marco referencial de
sua existência, e atitude ética.
À Profª Mônica Maria Ozório que com sua total compreensão me permitiu concluir o
mestrado.
À Profª Ilma Kruze Grande de Arruda pela benevolência e compreensão.
8
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resumo
RESUMO
A anemia é considerada um problema de saúde pública em escala mundial, e é o
distúrbio hematológico de maior prevalência que acomete a população idosa. O estudo
objetivou estimar a prevalência e características da anemia em idosos do Programa de Saúde
da Família (PSF) de Camaragibe, PE. O delineamento foi transversal, com amostra aleatória
sistemática de 284 idosos 60 anos, de ambos os sexos, em novembro/dezembro-2003. A
anemia foi avaliada pela hemoglobina (Hb), Hematócrito (Hct), hemácias (He), volume
corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM) e amplitude de distribuição eritrócitária (RDW).
A prevalência de anemia foi, em média, de 11,0%. Não houve correlação entre parâmetros
hematológicos e gênero (p>0,05), raça (p>0,05), exceto CHCM, e idade (p>0,05), exceto He
e RDW. A morfologia eritrocitária não mostrou associação com concentrações de Hb,
valores de Hct e número de He. A grande maioria dos idosos apresentou anemia
normocrômica, normocítica, sem anisocitose, sugestivo de anemia por doença crônica. A
ínfima prevalência de microcitose e macrocitose com anisocitose minimiza a gênese da
deficiência de ferro, bem como, da vitamina B
12
e ácido fólico na etiologia da anemia em
idosos. O uso de indicadores que reflitam o grau de anisocitose eritrocitária, associados,
aqueles que avaliam o estado nutricional do ferro são extremamente recomendados para o
diagnóstico das anemias em idosos.
Palavras-Chaves: anemia, idosos, diagnóstico.
VII
9
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Abstract
ABSTRACT
Iron deficiency anaemia (IDA) is a serious public health problem worldwide, affecting
mainly children and women of reproductive age, however, data about elderly people are still
scarce in developing countries. This study aimed to assess the prevalence and characteristics
of IDA among an elderly population attending the Health Family Programme in Camaragibe,
Northeast Brazil. Following a systematic sampling procedure, a cross sectional study was
carried out involving 284 subjects, aged >60y, of both sexes, in November/December 2003.
IDA was estimated by the haematological measurements haemoglobin (Hb), haematocrit
(Hct), red blood cells (RBC), mean cell haemoglobin (MCH), mean cell haemoglobin
concentration (MCHC), mean cell volume (MCV), red cell distribution width (RDW-SD and
RDW-CV). The prevalence of anaemia was around 11.0%. Haematologic parameters were
not correlated to gender (p> 0.00), race (p> 0.00, except for CHCM, and age (p= 0.00),
except for He and RDW. Otherwise RDW was not correlated to Hb, Hct and He. The major
characteristics of anaemia was normochromia with normocytosis without anisocytosis, that
suggest an anaemia of chronic diseases. The very low prevalence of microcytosis,
macrocytosis and anysocytosis seems to be more likely due to other causes others than iron,
vitamin B
12
and folic acid deficiencies. The use of indicators that reflect the degree of
anysociotosis as well as parameters to assess iron status should be strongly recommended for
the screening of anaemia in elderly population.
Keywords: public health, anemia, elderly, hematimetric indices.
VIII
10
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1- Valores de referência para o hematócrito e concentrações de hemoglobina,
em adultos, segundo o sexo................................................................................................
26
Quadro-2 Valores de referência dos índices hematimétricos em adultos maiores de 18
anos....................................................................................................................................
27
Quadro 3- Histograma de Hemácias................................................................................
29
Quadro 4- Classificação das anemias de acordo com o VCM e o RDW.........................
30
Quadro 5- Valores de referência de Índices Hematológicos e Hematimétricos...............
41
Tabela 1- Distribuição dos idosos inscritos no Programa de Saúde da Família, segundo
a faixa etária, o sexo e a raça. Camaragibe, PE- 2003.......................................................
46
Tabela 2- Distribuição das concentrações de hemoglobina em idosos do Programa de
Saúde da Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................
47
Tabela 3- Distribuição dos valores de hematócrito de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................
49
Tabela 4- Distribuição do número de hemácias em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................
50
Tabela 5- Distribuição dos valores de HCM em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................
51
Tabela 6- Distribuição de CHCM em idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo sexo. Camaragibe, PE – 2003..............................................................................
53
Tabela 7- Distribuição dos valores de VCM em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................
54
Tabela 8- Distribuição dos valores de RDW(cv) em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................
55
Tabela 9- Distribuição dos valores de RDW (sd) em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................
57
Tabela 10- Concentrações médias de Hb e os valores médios de Hct de idosos do
Programa de Saúde da Família, segundo sexo. Camaragibe, PE.- 2003............................
57
11
Tabela 11- Número médio de He de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo
sexo. Camaragibe, PE – 2003.............................................................................................
58
Tabela 12- Valores médios de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo sexo. Camaragibe, PE – 2003................................................................
58
Tabela 13- Valores médios de VCM de idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo sexo. Camaragibe, PE – 2003..............................................................................
59
Tabela 14- Valores médios de RDW (sd) e RDW(cv) de idosos do Programa de Saúde
da Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003........................................................
59
Tabela 15- Valores médios de concentrações de Hb e valores de Hct de idosos do
Programa de Saúde da Família, segundo faixa etária. Camaragibe, PE – 2003................
60
Tabela 16- Valores médios do número de He de idosos inscritos no Programa de
Saúde da Família, segundo faixa etária. Camaragibe, PE – 2003.....................................
61
Tabela 17- Valores médios de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo faixa etária. Camaragibe, PE – 2003.....................................................
61
Tabela 18- Valores médios de VCM de idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo faixa etária. Camaragibe, PE – 2003....................................................................
62
Tabela 19- Valores médios de RDW (sd) e RDW (cv) de idosos do Programa de Saúde
da Família, segundo faixa etária. Camaragibe, PE – 2003...............................................
63
Tabela 20- Concentrações médias de Hb e valores médios de Hct de idosos do
Programa de Saúde da Família, segundo raça. Camaragibe, PE – 2003............................
64
Tabela 21- Número médio de He de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo
raça. Camaragibe, PE – 2003.............................................................................................
64
Tabela 22- Valores médios de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo raça. Camaragibe, PE – 2003................................................................
65
Tabela 23- Valores médios de VCM de idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo raça. Camaragibe, PE – 2003..............................................................................
66
Tabela 24- Valores médios de RDW(sd) e RDW (cv) de idosos do Programa de Saúde
da Família, segundo raça. Camaragibe, PE – 2003..........................................................
66
Tabela 25- Coeficientes de correlação (rho) entre variáveis hematológicas e
hematimétricas, de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003...
67
12
Tabela 26- Classificação da Morfologia eritrocitária dos casos de anemia segundo os
valores de RDW e VCM, de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe,
PE-2003..............................................................................................................................
77
Tabela 27- Classificação da anemia segundo concentração de Hb, número de He,
valores de Hct, morfologia (VCM e RDW) e coloração (HCM e CHCM) eritrocitária
de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE-2003................................
78
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Curva de distribuição das concentrações de hemoglobina em idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE - 2003..........................................
47
Figura 2- Curva de distribuição dos valores de hematócrito em idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE - 2003.........................................
48
Figura 3- Curva de distribuição do número de He em idosos do Programa de
Saúde da Família. Camaragibe, PE. – 2003.............................................................
49
Figura 4- Curva de distribuição do HCM em idosos inscritos no Programa de
Saúde da Família do Município de Camaragibe, PE – 2003...................................
51
Figura 5- Curva de distribuição dos valores de CHCM em idosos do Programa
de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.........................................................
52
Figura 6- Curva de distribuição do valor de VCM de idosos do Programa de
Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003..............................................................
53
Figura 7- Curva de distribuição dos valores de RDW(cv) em idosos do Programa
de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003........................................
55
Figura 8- Curva de distribuição dos valores de RDW(sd) em idosos do Programa
de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.........................................
56
Figuras 9a e 9b – Curvas de correlação entre as concentrações de Hb, o número
de He e valores de Hct de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe,
PE – 2003.................................................................................................................
67
Figuras 10a e 10b – Curvas de correlação entre as concentrações de Hb e os
valores de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da Família.
Camaragibe, PE – 2003............................................................................................
68
Figura 11 - Curva de correlação entre as concentrações de Hb e os valores de
VCM de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.........
68
Figuras 12a e 12b – Curvas de correlação entre as concentrações de Hb de e os
valores de RDW(cv e sd) de idosos do Programa de Saúde da Família.
Camaragibe, PE – 2003............................................................................................
69
Figura 13 – Curva de correlação dos valores de Hct e o número de He de idosos
do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003....................................
69
14
Figuras 14a e 14b- Curvas de correlação dos valores de Hct e os valores de
HCM e VCM de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE
2003...........................................................................................................................
70
Figura 15 - Curva de correlação do número de He e os valores de VCM de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.........................
70
Figuras 16a e 16b- Curvas de correlação dos valores de Hct e os valores de
RDW(sd e cv) de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE –
2003...........................................................................................................................
71
Figuras 17a e 17b- Curvas de correlação do número de He e os valores de VCM
e HCM de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE –
2003..........................................................................................................................
71
Figura 18 - Curva de correlação do número de Hee valores de RDW(sd) de idosos
do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.........................................
72
Figuras 19a e 19b - Curvas de correlação do número de He e os valores de CHCM e
RDW(cv) de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE –
2003................................................................................................................................
72
Figuras 20a e 20b- Curvas de correlação dos valores de VCM e os valores de HCM
e CHCM de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003..........
73
Figura 21- Curva de correlação dos valores de VCM e os valores de RDW(sd) de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003...............................
73
Figura 22- Curva de correlação dos valores de VCM e valores de RDW(cv) de
idosos do programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE-2003..................................
74
Figuras 23a e 23b- Curvas de correlação dos valores de HCM e os valores de
CHCM e de RDW(sd) de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, Pe-
2003.................................................................................................................................
74
Figura 24- Curva de correlação dos valores de HCM e os valores de RDW(cv) de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE-2003..................................
75
Figuras 25a e 25b- Curvas de correlação dos valores de CHCM e os valores de
RDWsd e RDW(cv) de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE-
2003................................................................................................................................
75
Figura 26- Curva de correlação dos valores de RDW(cv) e os valores de RDW(sd)
de idosos do Programa de Saúde a Família. Camaragibe. PE- 2003..............................
76
15
SUMÁRIO
Resumo
VII
Abstract
VIII
Lista de quadros e tabelas
IX
Lista de figuras
XII
1. Introdução
.................................................................................................................
18
1.1 Envelhecimento e parâmetros hematológicos.......................................................
18
1.1.1 Hematopoiese e idade..................................................................................
19
1.1.2 Anemia no idoso..........................................................................................
20
1.2 Aspectos Epidemiológicos...................................................................................
20
1.3 Indicadores do Estado Nutricional de ferro e de anemia ....................................
22
1.3.1 Manifestações clinicas................................................................................
23
1.3.2 Indicadores bioquímicos.............................................................................
23
1.3.2.1 Índices Hematológicos.......................................................................
24
1.3.2.2 Índices hematimétricos.......................................................................
26
1.3.2.3 Diagnóstico das anemias através do VCM e RDW............................
28
2. Justificativa................................................................................................................
32
3. Objetivos ...................................................................................................................
35
4. Metodologia ..............................................................................................................
37
4.1 Desenvolvimento do trabalho..............................................................................
37
4.2 Área de
estudo......................................................................................................
37
4.3 Desenho do estudo...............................................................................................
38
4.4 População de estudo............................................................................................
38
4.5 Critérios de exclusão............................................................................................
38
4.6 Amostragem ........................................................................................................
39
4.6.1 Tamanho da amostra...................................................................................
39
4.6.2 Seleção da amostra.......................................................................................
40
4.7 Métodos e técnicas de avaliação..........................................................................
41
4.7.1 Parâmetros hematológicos...........................................................................
41
4.8 Análise e Processamento de dados......................................................................
42
4.9 Aspectos éticos....................................................................................................
43
16
5. Resultados..................................................................................................................
45
5.1 Caracterização da amostra.................................................................................
45
5.1.1 Características sócio-demográficas..............................................................
45
5.1.2 Caracterização da amostra segundo os parâmetros hematológicos.............
46
5.1.2.1 Hemoglobina.........................................................................................
46
5.1.2.2 Hematócrito........................................................................................
48
5.1.2.3 Hemácias...............................................................................................
49
5.1.2.4 Hemoglobina Corpuscular Média (HCM)............................................
50
5.1.2.5 Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM)..............
52
5.1.2.6 Volume Corpuscular Médio (VCM).....................................................
53
5.1.2.7 Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos (RDW) (cv).......................
54
5.1.2.8 Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos (RDW sd))........................
56
5.1.3 Distribuição dos ìndices hematológicos e hematimétricos, segundo
variáveis sócio-demográficas.....................................................................................
57
5.1.3.1 Hemoglobina, Hematócrito e Hemácias vs Sexo...............................
57
5.1.3.2 Hemoglobina corpuscular média (HCM) e Concentração de
Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) vs Sexo................................................
58
5.1.3.3 Volume Corpuscular Médio, Amplitude de Distribuição dos
Eritrócitos em desvios padrões e coeficientes de variação vs Sexo.........................
59
5.1.3.4 Hemoglobina, Hematócrito e Hemácias vs Idade................................
60
5.1.3.5 Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) e Concentração de
Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) vs idade..............................................
61
5.1.3.6 Volume Corpuscular Médio, Amplitude de Distribuição dos
Eritrócitos em desvios padrões e coeficientes de variação vs idade..........................
62
5.1.3.7 Hemoglobina, Hematócrito e Hemácias vs Raça................................
63
5.1.3.8 Hemoglobina Corpuscular Média e Concentração de Hemoglobina
Corpuscular Média vs Raça.......................................................................................
64
5.1.3.9 Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos - RDW(sD) e RDW(cv) vs
Raça................................................................................................................................
.
65
5.2 Correlação entre os índices hematológicos vs hematimétricos..........................
66
5.3 Classificação da Morfologia eritrocitária das anemias de acordo com os
valores de VCM e RDW............................................................................................
76
5.4 Classificação das anemias segundo a Morfologia e coloração eritrocitária.......
77
17
6. Discussão....................................................................................................................
80
7. Conclusões.................................................................................................................
88
8. Recomendações.........................................................................................................
90
9. Referencias Bibliográficas........................................................................................
93
10. Anexos
98
10.1 Anexo 1- Parecer do Comitê de ética em Pesquisa............................................
99
18
1. INTRODUÇÃO
19
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
1. Introdução
A anemia consiste na redução patológica da concentração de hemoglobina (Hb)
circulante, desencadeada por mecanismos fisiopatológicos diversos. É geralmente definida
como uma condição na qual a concentração de hemoglobina está abaixo de -2 Desvios
Padrões (DP) da média da distribuição da concentração de hemoglobina numa população
normal, vivendo numa mesma altitude (WHO, 2001).
A anemia é o problema hematológico mais comumente encontrado nos indivíduos
idosos. Os dois tipos de anemia mais prevalentes nesse grupo populacional são: anemia por
doença crônica (ADC) e anemia por deficiência de ferro (ADF)(CHOI et al., 2005). O termo
anemia é muitas vezes utilizado como sinônimo de “anemia por deficiência de ferro”,
entretanto estes termos não são equivalentes, embora a carência de ferro seja a deficiência
nutricional predominantemente causadora de anemia (SOUZA, 2002).
A deficiência de ferro e a conseqüente anemia constituem um grave problema de
saúde pública (WINTROBE, 1998. MELO et al., 2002). Entretanto, no que se refere à
população idosa, pesquisas recentes, envolvendo idosos americanos, demonstraram que as
prevalências de ADF têm sido superadas pelas prevalências da ADC, neste grupo
populacional (CHOI et al., 2005, JACK et al., 2004).
1.1 Envelhecimento e parâmetros hematológicos
O sistema hematopoético é afetado minimamente pelo envelhecimento em si. Pelo
fato de os indivíduos saudáveis, de ambos os sexos, com mais de 65 anos, apresentarem
diminuição moderada da concentração de hemoglobina (± 1g/dL), a Organização Mundial
18
20
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
de Saúde (OMS) aconselha considerar pontos de corte mais baixos para hemoglobina e
hematócrito, para essa faixa etária, a fim de evitar investigação extensa e invasiva, desde
que estejam excluídas quaisquer doenças básicas como causa da anemia (MACEDO, 2002).
1.1.1 Hematopoiese e idade
No sistema hematopoiético, a celularidade da medula óssea, que ao nascimento é de
80% a 100%, decresce a 50%, até a 3º década de vida, atingindo 30,0%, ao redor dos 65
anos (MACEDO, 2002).
Um dos fatores intrínsecos à medula, que influenciam diretamente a manutenção do
equilíbrio (produção/demanda), é a integridade do micro-ambiente medular. Com o
envelhecimento, o espaço medular é substituído por tecido adiposo e fibrótico. Além da
perda gradativa da celularidade, as alterações ateroescleróticas desencadeiam uma
diminuição da luz das artérias de 18,0% a 26,0%, ocasionando uma redução do aporte
sanguíneo ao material medular (MACEDO, 2002). Fatores extrínsecos à medula, como
estresse, estado nutricional e doenças interferem de modo sensível na manutenção da
hematopoiese (MACEDO, 2002, PAIVA et al., 2000).
O estado nutricional do idoso tem uma importância fundamental na manutenção do
equilíbrio homeostático. Da deficiência de aporte de nutrientes como ferro, ácido fólico e
outras vitaminas, podem resultar vários distúrbios orgânicos e, em especial, alterações na
hematopoiese (NAJAS, 1996).
19
21
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
1.1.2 Anemia no idoso.
Anemia é um achado freqüente na população idosa. Mesmo não sendo conseqüência
do processo de envelhecimento, deve-se ter em mente que, mesmo apresentando perda
gradativa das reservas orgânicas de ferro, a hematopoiese se mantém inalterada, desde que o
indivíduo não apresente qualquer distúrbio ou doenças concomitantes. Em qualquer faixa
etária, a anemia é conseqüente de algum distúrbio subjacente e serve como sinalizador
clínico na investigação da doença básica que a está causando (MACEDO, 2002).
A anemia tem sido relacionada como causa importante no aumento de morbidade e
da mortalidade na população idosa. Têm sido ressaltados também os efeitos negativos na
determinação de problemas neurológicos que determinam o enfraquecimento da função
cognitiva. Desse modo, a anemia, tem sido associada em vários estudos como determinantes
na perda de capacidade funcional em idosos, responsável juntamente com os outros fatores
pelo aumento da prevalência de quedas (LIPSCHITZ, 2003)
1.2 Aspectos Epidemiológicos
A prevalência de anemia varia entre as diversas regiões do planeta, como também,
dentro de um mesmo país e mesmo dentro das grandes metrópoles, porém com ônus maior
de casos para as regiões e grupos populacionais mais carentes (CARDOSO &
PENTEADO, 1994). Nos Estados Unidos, aproximadamente 4,7 milhões de americanos
apresentam anemia. Essa prevalência é maior quando se trata de indivíduos idosos,
atingindo cerca de 44,4% dos homens com mais de 85 anos (BRILL et al., 2000). A anemia
em idosos não deve ser aceita como uma inevitável conseqüência do envelhecimento,
20
22
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
embora seja uma doença identificada em 80% dos pacientes idosos (MUKHOPAHYAY E
MOHANARUBAN, 2002).
BEGHÉ et al. (2004), em sua revisão sobre o tema, encontraram uma grande
variação da prevalência de anemia, entre os estudos realizados com a população idosa, com
cifras oscilando entre 2,9% a 61,0%, em homens, e 3,3% a 41,0% em mulheres. Esta
diferenciação, segundo os autores, justifica-se pela restrição no uso de indicadores de
anemia, tendo, em grande parte dos estudos, sido utilizado apenas o indicador hemoglobina,
cujos pontos de corte foram os indicados pela OMS, para indivíduos adultos.
No Brasil, não se pode ainda delinear um quadro sobre a distribuição e a prevalência
da anemia na população, pois, as pesquisas executadas, não apresentaram amostras
representativas e não seguiram as recomendações da OMS, no tocante aos procedimentos
técnicos de coleta de dados, de análise laboratorial e de pontos de corte (SANTOS et al.,
2002).
A prevalência de anemia parece ser incrementada com o aumento da idade. Idosos
americanos, com mais de 75 anos, apresentaram 42,9% de anemia e idosos de 65 a 74 anos
apresentaram prevalência de 25,0% (KIRKEBY et al., 1991). Em pacientes ambulatoriais
idosos, as causas mais comuns da anemia são doenças crônicas, deficiência de ferro e
distúrbios nutricionais e metabólicos. Perda de sangue, como um fator causal, se torna mais
comum em pacientes hospitalizados (TIMIRAS & BRUWNSTEIN, 1987).
A diferenciação entre anemia de doenças crônicas e deficiência de ferro deve ser
cuidadosamente investigada em pacientes idosos, porque os marcadores de deficiência de
ferro, macrocitose e microcitose são muitas vezes mascarados pela presença de fatores
21
23
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
específicos para cada tipo de anemia. As microcitoses, por exemplo, podem ser mascaradas
pela coexistência de condições usualmente associadas com macrocitose (deficiência de
folato, HIV, infecções e drogas); outras vezes, valores baixos de indicadores de deficiência
de ferro podem ser mascarados pela presença de outras co-morbidades (PAIVA et al., 2000).
Indicadores do Estado Nutricional de ferro e de anemia
A detecção e diagnóstico da anemia são, freqüentemente, o foco de atenção no
tratamento de pacientes. A anemia não é um diagnóstico em si, mas apenas um sinal
objetivo da presença da doença. O primeiro passo no diagnóstico da anemia é a detecção da
presença da anemia per se, tornando indispensável à mensuração precisa dos valores
pertinentes e a comparação desses valores com valores de referência adequados para
indivíduos saudáveis (WINTROBE, 1998).
O diagnóstico da anemia pode ser realizado por meio de sinais clínicos, exames
laboratoriais e inquéritos de consumo alimentar. Os exames laboratoriais são os mais
utilizados, tendo em vista as limitações dos outros. O exame clínico, por exemplo, pode ser
ineficaz em casos assintomáticos da doença (WINTROBE, 1998).
O diagnóstico diferencial da anemia, com o objetivo de caracterizar o tipo de
anemia em idosos, poderá ser realizado com exames clínicos e laboratoriais que incluam os
indicadores hematológicos: hemoglobina (Hb), hematócrito (Hct) e hemácias (He) e os
indicadores hematimétricos: Volume Corpuscular Médio (VCM), Hemoglobina
Corpuscular Média (HCM), Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) e
Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos (RDW) (MUKHOPADHYAY &
MOHANARUBAN, 2002).
22
24
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
1.3.1 Manifestações clinicas.
A sintomatologia da anemia é proporcional à gravidade do quadro. Quando as
concentrações de Hb estão acima de 9g/dL, há apenas irritabilidade, fatigabilidade e
dispnéia a esforços físicos continuados. No entanto, se o indivíduo apresentar valores de Hb
inferiores a 9g/dL, a palidez é evidente, há sopro anêmico, taquicardia, dispnéia e fadiga
(FAILACE, 1995). A progressão do quadro clínico da anemia é gradual e apenas 16,0% dos
pacientes consultam um médico devido aos sintomas da doença. Em 21,0% dos pacientes
submetidos a rastreamento clínico, a anemia foi descoberta, acidentalmente, uma vez que os
pacientes não haviam relatado nenhuma queixa relacionada ao problema (WINTROBE,
1998).
1.3.2 Indicadores bioquímicos
A maioria dos estudos tem se preocupado não somente em avaliar a presença de
anemia em populações, mas também em identificar o estado nutricional de ferro, utilizando
parâmetros laboratoriais variados, para avaliar o ferro em estoque e circulante, considerando
os diferentes estágios da carência de ferro e as peculiaridades específicas de cada grupo
populacional (SANTOS et al., 2002).
Existem diversos parâmetros hematológicos e bioquímicos que refletem os três
estágios da carência de ferro, ou seja, a depleção das reservas, a deficiência na
transferrinemia e a anemia ferropriva. Esses parâmetros podem ser usados isoladamente ou
associados no diagnóstico do estado nutricional de ferro em indivíduos ou populações. De
modo geral, os parâmetros disponíveis não possuem boa sensibilidade e especificidade,
23
25
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
quando considerados isoladamente, apresentando vantagens e limitações que devem ser
examinadas no momento da escolha (PAIVA et al., 2000).
Dentre os parâmetros bioquímicos utilizados para detectar os estágios de depleção e
deficiência de ferro, podem ser citados a ferritina sérica, o ferro sérico, a capacidade total
de ligação do ferro, os receptores de transferrina, o percentual de saturação de transferrina e
a protoporfirina eritrocitária livre (DEMAEYER et al., 1991).
1.3.2.1 Índices Hematológicos
A anemia caracteriza-se pelo descompasso entre a síntese de hemoglobina e a
proliferação eritróide. Desse modo, é gerada uma população de células microcíticas, por
redução de conteúdo hemoglobínico nos eritrócitos. A avassaladora maioria dos casos
decorre da falta de ferro, embora, causas mais raras como a talassemia e a anemia
sideroblástica devam ser igualmente consideradas. A anemia por doença crônica também
apresenta um componente ferropênico funcional (FAILACE, 1995). O estágio final da
carência de ferro está associado a um significativo decréscimo na concentração de
hemoglobina. Esse é, portanto, o parâmetro considerado pela OMS como suficiente para a
caracterização dessa anemia, em nível populacional (OSÓRIO, 2000). Em termos
fisiológicos, a concentração de hemoglobina fornece uma avaliação direta da capacidade de
transporte de oxigênio do sangue e é, atualmente, o parâmetro mais utilizado como
indicativo das conseqüências fisiopatológicas da anemia (WINTROBE, 1998).
Entre as vantagens de se usar a hemoglobina como indicador, se encontra a
factibilidade do mesmo, ou seja, a metodologia empregada é de baixo custo e, assim, pode-
se trabalhar com grande número de indivíduos (OSÓRIO, 2000). Porém, não possui boa
24
26
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
especificidade e sensibilidade para avaliar o estado nutricional do ferro, uma vez que, pode
se encontrar alterada em condições de infecção e inflamação, hemorragia, desnutrição
protéico-calórica, uso de medicamentos, desidratação, gestação e tabagismo (PAIVA et al.,
2000).
Os níveis normais de hemoglobina variam para diferentes grupos de indicadores, em
função da idade, raça e condições fisiológicas, necessitando de correção em grandes
altitudes e nos grupos que praticam atividade física intensa (BATISTA FILHO &
FERREIRA, 1996).
Outra possibilidade de se estudar a anemia é mediante a utilização de curvas de
distribuição dos valores de concentração de hemoglobina, que permitem trabalhar em nível
populacional, mantendo a sensibilidade e especificidade aceitáveis (DALLMAN E
SIMENS, 1979).
Para alguns autores, ainda permanece controverso se concentrações de hemoglobina,
em patamares mais baixos, representam um fenômeno fisiológico ou o desenvolvimento de
um substancial aumento na prevalência de anemia na população idosa. É provável que as
concentrações de hemoglobina não mudem significativamente com a idade, assim, valores
que indicam anemia nessa faixa etária devem ser os mesmo usados para adultos jovens
(WINTROBE, 1998).
O hematócrito (Hct) é a proporção de volume sanguíneo ocupado pelos eritrócitos e,
assim como a Hb, esse índice pode ser determinado de uma forma reprodutível através do
uso de técnicas manuais (SANTOS et al., 2002). Tem sido observado que o hematócrito
fornece informações similares à concentração de hemoglobina, podendo ser utilizada
conjuntamente no diagnóstico da anemia (PAIVA et al., 2000). Um fato importante é que o
25
27
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
Hct reflete a concentração de hemácias, não a massa total de hemácias; portanto, este índice
não é confiável para a medida da anemia em pacientes que tiveram uma perda sanguínea
recente ou que passaram por situações que levaram a uma hemoconcentração (WINTROBE,
1998).
A contagem do número de hemácias (He) é fundamental para o diagnóstico da
anemia. A partir da década de 80, com o advento dos contadores de múltiplos canais, a
contagem de He tornou-se uma medida exata e confiável, com o coeficiente de variação
menor que 2,0%. No que se refere à diferença da contagem de He em relação à idade, a
partir dos 65 anos há uma progressiva e variável diminuição denominada eritrocitopenia.
(DALY, 2000).
No Quadro 1, temos uma descrição dos pontos de corte para inadequação da
concentração de hemoglobina, hematócrito e hemácias, para adultos, proposto pela Would
Organization Health (WHO, 2001).
Quadro 1- Pontos de corte para as concentrações de hemoglobina, valores de hematócrito e
número de hemácias, em adultos, segundo o sexo.
Mulheres Homens
Hematócrito (%) < 36,0 < 39,0
Hemoglobina (g/dl) < 12,0 < 13,0
Hemácias (10
6
µL) <3,8 < 4,3
Fonte: WHO, 2001
1.3.2.2 Índices hematimétricos
Os índices de células vermelhas (hematimétricos), apesar de serem mais comumente
utilizados para avaliar a deficiência de ferro, são fundamentais nos diagnósticos diferenciais
de anemia (FAILACE, 1995). Os índices hematimétricos mais recentemente utilizados são o
26
28
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
VCM, que avalia o tamanho médio dos eritrócitos; o RDW “ red cell distribution width” que
avalia a amplitude de distribuição dos eritrócitos, e a variabilidade no tamanho dos
eritrócitos, o HCM, índice que mede o conteúdo de Hb do eritrócito e é calculado a partir da
razão da concentração de hemoglobina no sangue em relação à contagem de hemácias e o
CHCM que mede a concentração média de Hb no glóbulo vermelho (PAIVA et al., 2000).
Os índices hematimétricos são determinados matematicamente por fórmulas, a partir
dos valores de hemoglobina, hematócrito e número de hemácias (WINTROBE, 1998).
No quadro 2, são apresentados valores de referência dos índices hematimétricos
VCM, CHCM, HCM e RDW.
Quadro 2- Valores de referência dos índices hematimétricos em adultos maiores de 18
anos.
ÍNDICE MULHERES HOMENS
VCM(fL)
a
81,0 a 99,0 80,0 a 98,0
CHCM(%)
a
32,0 a 35,8 32,0 a 37,0
HCM(pg)
a
26,0 a 35,2 27,0 a 34,0
RDW(sd)(%)
b
38,6 a 49,1 38,6 a 49,1
RDW(cv)(%)
b
10,0 a 15,0 10,0 a 15,0
Fonte:
a
WHO, 2001
b
SANTOS et al., 2002
O VCM é o mais importante dos índices hematimétricos. Sua determinação orienta o
diagnóstico das anemias: microcíticas, normocíticas e macrocíticas (WINTROBE, 1998).
No entanto, o valor do VCM deve ser utilizado em conjunto com o do RDW, pois, este
representa o coeficiente de variação do VCM e é calculado a partir do desvio padrão do
VCM, que informa o quanto cada eritrócito se afastou da média e quanto maior este desvio,
27
29
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
maior será o coeficiente de variação. Se o RDW está elevado significa que o desvio padrão
está aumentado e que os eritrócitos (em tamanho) estão variando muito a partir da média.
Laboratorialmente, um RDW aumentado significa uma variação no tamanho dos eritrócitos.
Ou seja, quanto maior o RDW, mais intensa será a anisocitose. Quanto mais intensa a
anisocitose, mais heterogênea é a população eritrocitária. O VCM indica a média do
tamanho dos eritrócitos (normocíticos, macrocíticos ou microcíticos) e o RDW diz se a
população de células eritróides é homogênea ou não. O RDW se torna particularmente
importante nas anemias microcíticas e hipocrômicas. Os valores de VCM são mais usados
na avaliação da anemia nos indivíduos jovens. No entanto, a utilização de apenas o VCM
não é suficiente para uma avaliação hematimétrica nos indivíduos idosos (FAILACE, 1995).
1.3.2.3 Diagnóstico das anemias através do VCM e do RDW
A contagem das hemácias é representada graficamente através do histograma (curva de
freqüência)(Quadro 3), onde o eixo horizontal mostra o volume (em fentolitros) e o eixo
vertical, o número de hemácias contadas. O histograma das hemácias é uma curva
gaussiana, onde o ponto médio é o VCM.
28
30
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
Quadro 3- Histograma de Hemácias.
Quando existe microcitose, ou seja, hemácias de tamanho diminuído (VCM<80 fl), a
curva desloca-se para a esquerda; quando existe macrocitose, (VCM>100 fl), a curva
desloca-se para a direita. Quando a base do histograma se alarga, existem hemácias de
tamanhos variados (anisocitose) (WINTROBE, 1998).
Uma nova classificação das anemias tem sido baseada nos índices hematimétricos
VCM e RDW, conforme pode ser observado no quadro 4.
29
31
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Introdução
Quadro 4- Classificação das anemias de acordo com o VCM e o RDW
RDW baixo ou normal RDW alto
VCM < 80 fL Talassemia Menor
Anemia de Doença Crônica
Anemia Ferropriva
VCM de 80 a 97 fL Anemia de Doença Crônica
Insuficiência Renal Crônica
Hipotiroidismo
Hemodiluição da Gravidez
Hemólise
Hemorragia Aguda
Anemia Sideroblástica
Síndrome Mielodisplásica
VCM > 97 fL Alcoolismo
Hepatopatias
Anemia Aplástica
Drogas Antivirais
Hipotiroidismo
Anemia Megaloblástica
Hemólise
Síndrome Mielodisplásica
Drogas Antivirais
Fonte: FAILACE, 1995.
30
32
2. JUSTIFCATIVA
33
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Justificativa
2. Justificativa
O processo de envelhecimento está ocorrendo de forma acelerada, ao longo dos anos
e, a despeito disso, ainda são extremamente escassas as informações sobre a situação de
saúde e nutrição deste grupo populacional. Esse fato é exacerbado pela falta de tradição de
pesquisas nesta área, como também da pouca importância que é dada às questões referentes
à saúde e à assistência à população idosa (DALY, 2000).
Em revisão realizada por FERREIRA et al. (1998), os idosos não foram
considerados grupo de risco para anemia pela maioria dos autores. Logo, o problema não
tem recebido a devida atenção nos programas governamentais, bem como nas agendas das
Organizações Internacionais e nos órgãos de fomento à pesquisa e apoio à extensão de
serviços prestados à comunidade. Isso é preocupante, tendo em vista os riscos da deficiência
de ferro e da anemia na capacidade funcional e na saúde desse grupo populacional.
De modo geral, pode-se afirmar que as questões referentes à alimentação e nutrição
de adultos e idosos têm sido pouco exploradas no Brasil. Estudos de avaliação do estado
nutricional, realizados em indivíduos adultos, têm, predominantemente, envolvido amostras
limitadas, geralmente, sem representatividade como evento populacional. Por outro lado, as
poucas fontes disponíveis são oriundas de estudos realizados com população adulta como
um todo, o que impede avaliações mais precisas e não permite validação externa (DALY,
2000).
Logo, o conhecimento do estado nutricional dos indivíduos idosos, sobretudo no que
diz respeito à anemia, poderá contribuir para o desenho de estratégias de promoção da
32
34
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Justificativa
saúde, particularmente, na prevenção e controle dos problemas de saúde e nutrição, visando
à melhoria de sua qualidade de vida (SABE, 2003).
33
35
3. OBJETIVOS
36
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Objetivos
3. Objetivos
3.1 Geral
Avaliar a magnitude e as características da anemia em idosos do Programa de Saúde
da Família do Município de Camaragibe-PE.
3.2 Específicos
Estimar a prevalência da anemia pelos indicadores hematológicos hemoglobina,
hematócrito e contagem de eritrócitos.
Determinar o tipo de anemia pelo uso dos indicadores hematimétricos VCM, CHM,
CHCM e RDW.
Caracterizar a distribuição da anemia segundo as variáveis demográficas, sexo, idade
e raça.
Estabelecer associações entre os parâmetros de diagnóstico da anemia com aqueles
que avaliam a morfologia e a coloração eritrocitária.
35
37
4. METODOLOGIA
36
38
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
4. Metodologia
4.1 Desenvolvimento do trabalho
O trabalho é parte integrante de um projeto global “Perfil Epidemiológico como
instrumento para estratégias de Intervenção na Atenção à Saúde do Idoso no município de
Camaragibe-Pernambuco-Brasil”, cujo objetivo é o de traçar o perfil epidemiológico da
população idosa registrada no Programa de Saúde da Família (PSF), com enfoque no
diagnóstico das doenças crônico-degenerativas, visando o planejamento de estratégias de
intervenção na atenção à saúde do idoso.
4.2 Área de estudo
O estudo foi desenvolvido no município de Camaragibe, que pertence à região
metropolitana do Recife (RMR), Estado de Pernambuco. O município possui uma população
de 118.968 habitantes e densidade demográfica de 2.100 hab/km
2
(IBGE, 1999). Tem como
principal atividade econômica, o comércio (69%), grande parte dele informal e, como
atividade crescente, o turismo, uma vez que a região denominada Aldeia, situada no
município, constitui-se num patrimônio ambiental, com trechos da mata atlântica, rios e
clima ameno.
O PSF contava, em 2003, com 32 unidades composta por médicos, enfermeiros
nutricionistas e agentes de saúde que atendiam 32.256 famílias, com uma cobertura de 92%
da população. O programa de Agentes comunitários de Saúde (PACS) possuia 231 agentes
comunitários de saúde, atuando junto às equipes do PSF. O município possuia, ainda, 02
policlínicas, com emergência médica e odontológica (adultos e crianças) e um ambulatório
37
39
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
de especialidades (oftalmologia, dermatologia, otorrinolaringologia, nutrição, odontologia,
medicina do trabalho, psiquiatria, psicologia, terapia ocupacional). O Centro de Diagnóstico
do município, dentre outras atividades, faz a cobertura em relação aos exames
complementares laboratoriais.
4.3 Desenho do estudo
Foi desenvolvido um estudo de corte transversal em novembro/dezembro/2003, visando
avaliar a prevalência da anemia e sua caracterização em idosos do PSF de Camaragibe, PE.
O termo transversal pretende dar a idéia de um corte no fluxo histórico da doença e o
estudo das características apresentadas por ela naquele momento. É o estudo epidemiológico
no qual causa e efeitos são observados num mesmo momento (ROUQUAYROL, 1999).
4.4 População de estudo
Adultos de ambos os sexos com idade >
60 anos, inscritos no PSF do município de
Camaragibe- PE, no ano de 2003.
4.5 Critérios de exclusão
Indivíduos que referiram a ingestão de sais de ferro nos últimos 30 dias prévios à
coleta de dados.
38
40
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
Indivíduos que, embora cadastrados no PSF, não se encontravam na base
territorial englobada na seleção da amostra.
Indivíduos que se recusaram assinar o termo de consentimento para participação
do estudo.
4.6 Amostragem
4.6.1 Tamanho da amostra
Para determinação do tamanho amostral, foi desenvolvido um estudo piloto que forneceu
a estimativa da prevalência de anemia na população de estudo. Na definição do tamanho
amostral, foi utilizada a equação descrita na fórmula 1 (LWANGA E TYE, 1987):
n = z
2
x pq/d
2
(Fórmula 1)
Onde:
z = limite de confiança (1,96)
p = prevalência estimada de anemia observada no estudo piloto (12,0%)
q = 1 – p
d = margem de erro aceitável (4,0%)
Uma vez que se trata de uma população “finita”, o “n” amostral foi ajustado de acordo
com a fórmula 2 (LWANGA E TYE, 1987).
n = n/1 + (n/N) (Fórmula 2)
Onde: n = “n” amostral
N = tamanho populacional (2500 idosos inscritos no PSF e elegíveis para o estudo).
O tamanho amostral mínimo calculado foi de 231 indivíduos. Objetivando corrigir as
eventuais perdas, bem como possibilitar uma análise mais detalhada da variável dependente,
39
41
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
em relação às variáveis independentes, nos seus diferentes níveis de desagregação, foi
acrescido um percentual de 25%, totalizando 289 idosos utilizados no processo de seleção.
4.6.2 Seleção da amostra
A casualização das unidades amostrais foi realizada utilizando-se um processo do tipo
aleatório, segundo a técnica de amostragem sistemática. Para tanto, foi definido o intervalo
amostral, de acordo com a equação descrita na fórmula 3.
N/n = K (Fórmula 3)
Onde:
n = tamanho da amostra (289)
N = tamanho da população(2500 elegíveis)
K = intervalo amostral
Após o cálculo do intervalo amostral (K), foi feito um sorteio entre os números 1,2...K,
onde o número sorteado foi chamado de início amostral (i). Logo, nessas condições, com
apenas este sorteio, toda a amostra ficou selecionada, sendo composta de unidades amostrais
que tenham recebido os seguintes números (ou ocupem a posição correspondente),
considerando-se a freqüência acumulada dos idosos, segundo as Unidades de PSFs
identificados no município de Camaragibe.
i
i + K
i + 2K
i + 3K
.
.
i + (n – 1)K
40
42
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
4.7 Métodos e técnicas de avaliação
4.7.1 Parâmetros hematológicos
A colheita matinal (8:00-10:00h) constituiu-se na obtenção de 5,0 ml de sangue (para
manter a proporção sangue/anticoagulante contida no tubo), mediante punção venosa
periférica, em tubo a vácuo, utilizando, como anticoagulante, o ácido etileno diamino
tetracético (EDTA). Foram utilizadas seringas descartáveis e agulhas de 27x8. As amostras
foram encaminhadas ao Laboratório de Análises Clínicas do município de Camaragibe, para
realização das análises em contador eletrônico de células (Sismex SF 3000 Automated
Hematology Analyser, GMI, Inc. Ramsey, MN, USA).
Foram analisados os parâmetros descritos no Quadro 5, com os respectivos valores de
referência.
Quadro 5- Valores de referência de Índices Hematológicos e Hematimétricos
a
Hct
(%)
a
Hb
(g/dL)
a
VCM
(fL)
a
CHCM
(%)
a
HCM
(pG)
a
He
(10
6
µL)
b
RDW
(sd)
(fL)
b
RDW
(cv)
(%)
Mulheres
36 ,0
a
39,0
> 12,0
81,0
a
99,0
32,0
a
35,8
26,0
a
35,2
3,8
a
5,04
10
a
15
38,6
a
49,1
Homens
39,0
a
45
> 13,0
80,0
a
98,0
32,0
a
37,0
27,0
a
34,0
4,3
a
5,68
10
a
15
38,6
a
49,1
Fonte:
a
WHO, 2001
b
Macedo, 2002
41
43
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
4.8 Análise e processamento de dados
Os dados foram digitados com dupla entrada e verificados com o VALIDATE,
módulo do Programa Epi-info, (Epi-info 6.04, WHO/CDC, Atlanta, GE, USA), para checar
a consistência e validação dos dados.
As variáveis contínuas foram testadas, quanto à normalidade da distribuição, pelo teste
de Kolmogorov Smirnof e aplicadas transformações logarítimicas (log
10
), quando
necessário. As variáveis com distribuição normal foram descritas na forma de médias e dos
respectivos desvios-padrão. As variáveis com distribuição não gaussiana foram apresentadas
sob a forma de medianas e dos respectivos intervalos interquartílicos. Na descrição das
proporções, a distribuição binomial foi aproximada à distribuição normal, pelo intervalo de
confiança de 95%. Nos testes de inferência estatística, as proporções foram comparas pelo
teste do Qui quadrado de Pearson. As variáveis com distribuição normal tiveram suas
médias comparadas pelos testes “t” de student (2 variáveis) e ANOVA (mais que 2
variáveis) e pelos testes de Mann Whitney (2 variáveis) e Kruskal Wallis (mais que 2
variáveis), quando o critério de normalidade e/ou homocedasticidade não foram atingidos.
Foi utilizado o nível de significância de 5% para rejeição de hipótese de nulidade. As
análises estatísticas foram realizadas pelo programa SPSS for Windows, versão 13.1 (SPSS
Inc, Chicago I.L, USA)
42
44
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Metodologia
4.9 Aspectos éticos
O estudo foi pautado pelas normas éticas para pesquisa envolvendo seres humanos,
constantes da resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde e foi submetido e aprovado
pelo comitê de ética da Universidade Federal de Pernambuco (Anexo I).
43
45
5. RESULTADOS
46
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5. Resultados
5.1 Caracterização da amostra
Foram estudados 284 idosos. Os parâmetros hematológicos Hb, Hct, He, CHCM e
HCM foram avaliados em 284 idosos, o VCM foi mensurado em 282 e o RDW em 275. As
variáveis demográficas idade e sexo tiveram perda mínima (1 idoso), enquanto a raça foi
avaliada em 276 idosos.
As perdas de dados foram relacionadas, sobretudo, à falta de consistência dos dados
mensurados, erros de preenchimento do questionário, desistência dos participantes em
concluir a coleta dos dados previstos no protocolo. As perdas dos dados hematológicos se
deveram aos seguintes fatores: recusa à punção venosa, volume insuficiente de sangue para
as análises, bem como as perdas inerentes ao próprio processo de análise. No caso específico
do RDW, foram excluídos da análise todos os histogramas que apresentavam distribuição bi
ou multimodal.
5.1.1 Características sócio-demográficas
Conforme pode ser observado na tabela 1, houve um predomínio de idosos na faixa
etária de 60 a 65 anos, do sexo feminino e pertencentes à raça parda.
45
47
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 1- Distribuição dos idosos inscritos no Programa de Saúde da Família, segundo a
faixa etária, o sexo e a raça. Camaragibe, PE – 2003.
Faixa etária (anos) n % IC*
60├┤65 118 41,5 35,8-47,5
65 70 69 24,2 19,5-29,9
70 75 52 18,3 14,1-23,4
75├┤80 28 9,9 6,8-14,0
> 80 17 6,0 3,6 - 9,6
Total 284 100
Sexo
Masculino 110 38,6 33,0-44,7
Feminino 174 61,1 55,3-66,9
Total 284 100
Raça
Branca 84 30,4 25,2-36,3
Negra 58 21,0 16,5-26,4
Parda 134 48,6 42,5-54,6
Total 276
* Intervalo de confiança de 95%
5.1.2 Caracterização da amostra segundo os parâmetros hematológicos.
5.1.2.1 Hemoglobina
As concentrações de Hb apresentaram distribuição normal (p = 0,685), segundo o
teste de Kolmogorov – Smirnov. A média da concentração de Hb e o desvio padrão foram
13,7g/dL e 1,45g/dL, respectivamente (Figura 1). Os valores limítrofes foram de 8,0g/dL e
19,2g/dL.
46
48
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 1 - Curva de distribuição das concentrações de hemoglobina em idosos do Programa
de Saúde da Família. Camaragibe, PE - 2003.
A prevalência de anemia, segundo as concentrações de Hb, foi de 10,9%, para o sexo
masculino (Hb < 13g/dL), e 12,6% para o sexo feminino (Hb < 12g/dL), conforme
demonstrado na tabela 2.
Tabela 2 – Distribuição das concentrações de hemoglobina em idosos do Programa de Saúde
da Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
Hb (g/dL)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
< 11 2 1,8 1,8 4 2,3 2,3 0,66
11 12 3 2,7 4,5 18 10,3 12,6
12 13 7 6,4 10,9 50 28,7 41,4
13 98 89,1 100 102 58,6 100
Total 110 174
* Frequência acumulada.
** Teste do qui-quadrado de Pearson.
8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0
Hemoglobina (g/dL)
0
10
20
30
40
50
60
70
Frequência (%)
Média: 13,7 g/dL
Desvio padrão: 1,45 g/dL
N: 285
47
49
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5.1.2.2 Hematócrito
Os níveis de Hct apresentaram distribuição normal (p = 0,835), segundo o teste de
Kolmogorov –Smirnov. O valor médio e o desvio padrão do Hct foram de 41,2% e 4,0%,
respectivamente (Figura 2). O menor valor encontrado foi 25,0% e a maior foi de 54,2% .
Figura 2 - Curva de distribuição dos valores de hematócrito em idosos do Programa de
Saúde da Família. Camaragibe, PE - 2003.
A prevalência da anemia, utilizando os níveis de Hct, foi de 10,9%, para o sexo
masculino (Hct < 39%), e 9,8% para o sexo feminino (Hct < 36%) (Tabela 3).
25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
Hematócrito (%)
0
10
20
30
40
50
60
Frequência (%)
Média: 41,2%
Desvio Padrão: 4,
0
N: 285
Média: 41,2%
Desvio Padrão: 4,0%
N: 285
48
50
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 3 – Distribuição dos valores de hematócrito de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE - 2003
Hct (%)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
< 36
4 3,6 3,6 17 9,8 9,8 0,750
36 39
8 7,3 10,9 49 28,2 37,9
39 46
74 67,3 78,2 105 60,3 98,3
46
24 21,8 100 3 1,7 100
Total
110 174
* Frequência acumulada
** Teste do qui-quadrado de Pearson.
5.1.2.3 Hemácias
A distribuição do número de He foi normal (p = 0,853), segundo o teste de
Kolmogorov – Smirnov. A média do número de He foi de 4,6
x 10
6
µL, com desvio padrão
de 0,5
x 10
6
µL (Figura 3). O menor valor foi de 2,8 x 10
6
µL e a maior foi de 6,0 x 10
6
µL
Figura 3 - Curva de distribuição do número de He em idosos do Programa de Saúde da
Família. Camaragibe, PE. – 2003.
3,00 4,00 5,00 6,00
Hemácia (milhões/mm3)
0
10
20
30
40
Frequência (%)
Média: 4,6 milhões/mm³
Desvio Padrão: 0,5 milhões/mm³
N: 285
Média:4,6 x 10
6
µL
Desvio Padrão: 0,5 x 10
6
µL
N: 285
Hemácias (10
6
µL)
49
51
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
O percentual de indivíduos que apresentou número de hemácias inferior ao ponto de
corte definido para anemia em idosos (3,8 x 10
6
µL , mulheres e 4,3 x 10
6
µL, homens) foi de
10,9%, para o sexo masculino, e 6,3%, para o sexo feminino (Tabela 4).
Tabela 4 - Distribuição do número de hemácias em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
He (10
6
µL)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
< 3,8 1 0,9 0,9 11 6,3 6,3 0,167
3,8 4,3 11 10,0 10,9 45 25,9 32,2
4,3 5,03 58 52,7 63,6 105 60,3 92,5
5,04 40 36,4 100 13 7,5 100
Total 110 174
* Frequência acumulada.
** Teste do qui-quadrado de Pearson.
5.1.2.4 Hemoglobina Corpuscular Média (HCM)
Os valores de HCM não apresentaram distribuição normal (p = 0,028), segundo o
teste de Kolmogorov – Smirnov (Figura 4). Foram aplicadas transformações
logarítimicas (log
10
) e realizado novo teste de Kolmogorov – Smirnov. Os valores de
HCM, em Log
10,
também não apresentaram distribuição normal (p = 0,005). Logo, os
valores foram descritos sob a forma de medianas e do respectivo intervalo interquartílico
(P
25
e P
75
). O menor valor encontrado foi de 29,6 pG e o maior foi de 36,3 pG.
50
52
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 4 - Curva de distribuição do HCM em idosos inscritos no Programa de Saúde da
Família. Camaragibe, PE – 2003.
A prevalência de hipocromia, baseada nos valores de HCM, foi de 19,1%, para o
sexo masculino (HCM< 27) e 2,9% para o sexo feminino (HCM < 26) (Tabela 5).
Tabela 5 - Distribuição dos valores de HCM em idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
HCM(p
G)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
P**
< 26
7 6,4 6,4 5 2,9 2,9 0,000
26 27
14 12,7 19,1 21 12,1 15,0
27 34
88 80,0 99,1 146 83,9 98,8
34
1 0,9 100 2 1,2 100
Total
110 174
*Frequência acumulada.
**Teste do qui-quadrado de Pearson
20,0 25,0 30,0 35,0
HCM (pg)
0
10
20
30
40
50
60
70
Frequência (%)
Mediana: 29,6 pg
P
25
: 28,3 pg
P
75
: 30,8
N: 285
HCM (pG)
Mediana: 29,6 pG
P
25
: 28,3 pG
P
75
: 30,8 pG
N: 285
51
53
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5.1.2.5 Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM)
Os valores de CHCM apresentaram distribuição normal (p = 0,711), segundo o teste
de Kolmogorov –Smirnov. A média do valor da CHCM foi de 33,1%, com desvio padrão de
1,0% (Figura 5). O menor valor encontrado foi de 28,4% e o maior foi de 35,7% .
Figura 5 - Curva de distribuição dos valores de CHCM em idosos do Programa de Saúde da
Família. Camaragibe, PE – 2003.
A prevalência de hipocromia (CHCM < 32%), foi de 8,2% para o sexo masculino e
de 11,5% para o sexo feminino (Tabela 6).
29,0 30,0 31,0 32,0 33,0 34,0 35,0 36,0
CHCM (%)
0
10
20
30
40
50
Frequência (%)
dia: 33,1%
Desvio Padrão: 1,0%
N: 285
52
54
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 6 – Distribuição de CHCM em idosos do Programa de Saúde da Família, segundo
sexo. Camaragibe, PE – 2003.
CHCM (%)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
< 32
9 8,2 8,2 20 11,5 11,5 0,369
32 35,8
101 91,8 100 154 88,5 100
35,8
- - - - - -
Total
110 174
* Frequência acumulada
** Teste do qui-quadrado de Pearson
5.1.2.6 Volume Corpuscular Médio (VCM)
Os valores de VCM apresentaram distribuição normal (p = 0,116),
segundo o teste de Kolmogorov – Smirnov. A média do valor de VCM e o
desvio padrão foram de 89,0fL e 4,7fL, respectivamente (Figura 6). Os valores
limítrofes foram de 69,9 fL e 102,0 fL.
Figura 6 - Curva de distribuição do valor em VCM de idosos do Programa de Saúde da
Família. Camaragibe, PE – 2003.
70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0
VCM (fL)
0
10
20
30
40
50
Frequência (%)
Média: 89fL
Desvio Padrão: 4,7fL
N: 283
53
55
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Conforme pode ser observado na tabela 7, a prevalência de microcitose foi de 6,4%
para o sexo masculino (VCM < 80fL) e de 3,5% para o sexo feminino (VCM < 81fL). A
prevalência de macrocitose foi despresível.
Tabela 7 – Distribuição dos valores de VCM em idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
VCM (fL)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
< 80
7 6,4 6,4 5 2,9 2,9 0,261
80 81
1 0,9 7,3 1 0,6 3,5
81 98
99 90 97,3 162 94,2 97,7
98
3 2,7 100 4 2,3 100
Total
110 172
* Frequência acumulada
** Teste do qui-quadrado de Pearson
5.1.2.7 Amplitude de distribuição dos eritrócitos em coeficientes (RDW) (cv)
O valores de RDW(cv) não apresentaram distribuição normal (p = 0,013), segundo o
teste de Kolmogorov – Smirnov (Figura 7). Foram aplicadas transformações logarítimicas
(log
10
) e realizado novo teste de Kolmogorov – Smirnov. Os valores do RDW (cv), em
Log
10,
também não apresentaram distribuição normal (p = 0,031). Logo, os valores foram
descritos sob a forma de medianas e do respectivo intervalo interquartílico (P
25
e P
75
).
A mediana dos valores de RDW (cv) foi de 14,0% (Figura 7). Os valores limítrofes
foram 12,7% e 18,8%.
54
56
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 7 - Curva de distribuição dos valores de RDW(cv) em idosos do Programa de Saúde
da Família. Camaragibe, PE – 2003.
No que diz respeito à anisocitose (RDW(cv) > 15%), o sexo masculino teve
prevalência de 15,9% e o sexo feminino de 8,3% (Tabela 8).
Tabela 8 – Distribuição dos valores de RDW(cv) em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
RDW (cv)(%)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
<10
- - - 0,05
10 15
90 84,1 84,1 154 91,7 91,7
>15
17 15,9 100 14 8,3 8,3
Total
107 168
* Frequência acumulada
** Teste do qui-quadrado de Pearson.
13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0
RDW(cv)(%)
0
10
20
30
40
50
Frequência (%)
Mediana: 14,0%
P
25
: 13,6 %
P
75
: 14,5%
N: 276
55
57
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5.1.2.8 Amplitude de distribuição dos eritrócitos (RDW (sd))
Os valores de RDW(sd) apresentaram distribuição normal (p = 0,213), segundo o
teste de Kolmogorov –Smirnov. A média dos valores de RDW (sd) foi de 42,9fL, com
desvio padrão de 4,2fL (Figura 8). O menor valor encontrado foi de 32,7fL e o maior foi de
58,5fL.
Figura 8 - Curva de distribuição dos valores de RDW(sd) em idosos do Programa de Saúde
da Família. Camaragibe, PE – 2003.
A anisocitose avaliada por este indicador (RDW(sd) > 49,1fL) apresentou
prevalência de 10,2%, para o sexo masculino e de 3,6% para o sexo feminino (Tabela 9).
35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
RDW(sd)(%)
0
10
20
30
40
Frequência (%)
Média: 48,9%
Desvio Padrão: 4,2%
N: 276
Média: 48,9 fL
Desvio Padrão: 4,2 fL
N: 276
RDW(sd)(fL)
56
58
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 9– Distribuição dos valores de RDW (sd) em idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
RDW (sd)(fL)
n
Masculino
%
FA*
n
Feminino
%
FA*
p**
<38,6
14 13 13 22 13,2 13,2 0,027
38,6 49,1
83 76,9 89,8 139 83,2 96,4
>49,1
11 10,2 100 6 3,6 100
Total
108 167
* Frequência acumulada
** Teste do qui-quadrado de Pearson
5.1.3 Distribuição dos índices hematológicos e hematimétricos, segundo variáveis sócio-
demográficas.
5.1.3.1 Hemoglobina, Hematócrito e Hemácias vs Sexo
As concentrações de hemoglobina, os valores de hematócrito e o número de hemácias
tenderam a serem maiores no sexo masculino (Tabelas 10 e 11).
Tabela 10- Concentrações médias de Hb e valores médios de Hct de idosos do Programa de
Saúde da Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE.- 2003.
Sexo
Hb(g/dL)
n
± DP* p**
Hct (%)
n
± DP* p**
Masculino
110 14,5 1,5 0,00 110 43,3 4,1 0,034
Feminino
174 13,2 1,2 174 39,8 3,3
Total 284 284
*Média ± Desvio padrão
** Teste “t” de student para dados não pareados.
57
59
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 11– Número médio de He de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo sexo.
Camaragibe, PE – 2003.
He (10
6
µL)
Sexo
n
±
DP* p**
Masculino
110 4,9 0,5 0,000
Feminino
174 4,5 0,4
Total 284
*Média ± Desvio padrão
** Teste “t” de student para dados não pareados.
5.1.3.2 Hemoglobina corpuscular média (HCM) e Concentração de hemoglobina
corpuscular média (CHCM) vs Sexo
Em relação à coloração eritrocitária, observou-se que indivíduos do sexo masculino
apresentaram valores significativamente maiores de CHCM. No que se refere ao HCM, o
sexo feminino apresentou valores significativamente maiores, quando comparados com o
sexo masculino (Tabela 12).
Tabela 12- Valores médios de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
* Mediana **Percentis ***Teste de Mann-Whitney-U
CHCM (pG) HCM (%)
Sexo
n
±
DP* p** n Med.*
P
25
** P
75
**
p***
Masculino 110 33,3 1,2 0,034 110 30,0 28,2 31,3 0,031
Feminino 174 33,0 0,9 174 29,4 28,3 30,3
Total 284 284
58
60
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5.1.3.3 Volume corpuscular médio, Amplitude de distribuição dos Eritrócitos
em desvios padrões e coeficientes de variação vs Sexo.
Conforme observado nas tabelas 13 e 14, a morfologia eritrocitária, segundo os
valores de VCM, RDW(sd) e RDW(cv) não apresentou diferenças significativas entre os
sexos.
Tabela 13- Valores médios de VCM de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo sexo.
Camaragibe, PE – 2003.
VCM
(fL)
Sexo
n
±
DP* p**
Masculino 110 88,9 5,4 0,796
Feminino 172 88,8 4,3
Total 282
*Média ± Desvio padrão
** Teste “t” de student para dados não pareados.
Tabela 14- Valores médios de RDW (sd) e RDW(cv) de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo o sexo. Camaragibe, PE – 2003.
RDW(sd) (fL) RDW(cv) (%)
Sexo
n
±
DP
*
p
** n Med***
P
25
P
75
p
♦♦
Masculino
108 43,4 4,6 0,081 107 14,1 13,6 14,6 0,071
Feminino
167 42,5 3,9 168 13,9 13,4 14,5
Total 275 275
* Média ± Desvio Padrão *** Mediana
Percentil
**Teste “t” de student para dados não pareados
♦♦
Teste de Mann-Whitney-U
59
61
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5.1.3.4 Hemoglobina, hematócrito e hemácias vs Idade
Conforme pode ser observado na tabela 15, não houve diferença significativa entre
os valores médios das concentrações de Hb e os valores de Hct nas diferentes faixas etárias.
Entretanto, indivíduos com idade maior que 80 anos tendem a apresentar número médio de
hemácias significativamente menor, quando comparados aos idosos na faixa etária de 60 a
65 anos (Tabela 15).
Tabela 15- Valores médios de concentrações de Hb e valores de Hct de idosos do Programa
de Saúde da Família, segundo a faixa etária. Camaragibe, PE – 2003
.
Hb
(g/dL)
Hct
(%)
Idade(anos)
n
±
DP
* p** n
±
DP
* p**
60 65 118 13,9 1,3 0,128 118 41,6 3,6 0,320
65 70 69 14 1,5 69 41,3 3,9
70 75 52 13,5 1,3 52 40,8 3,7
75 80 28 13,3 2,0 28 40,5 5,5
80 17 13,1 1,6 17 39,9 4,3
Total 284 284
* Média ± Desvio padrão ** ANOVA
60
62
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 16- Valores médios do número de He de idosos inscritos no Programa de Saúde da
Família, segundo faixa etária. Camaragibe, PE – 2003.
He (10
6
µL)
Idade (anos)
n
±
DP* p**
60 65 118 4,7 ª 0,49 0,014
65 70 69 4,7ª
b
0,50
70 75 52 4,6ª
b
0,44
75 80 28 4,5ª
b
0,62
80 17 4,3
b
0,40
Total
284 4,6
b
0,48
* Média ± desvio padrão **ANOVA
a,b
letras diferentes significam médias diferentes ao nível de significância
de 5% (Teste de Scheffé)
5.1.3.5 Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) e Concentração de
Hemoglobina Corpuscular média (CHCM) vs idade.
Conforme pode ser observado na tabela 17, os valores médios de HCM e CHCM
apresentaram-se homogêneos entre as diferentes faixas etárias.
Tabela 17- Valores médios de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo a faixa etária. Camaragibe, PE – 2003.
CHCM (%) HCM (p
G)
Idade (anos) n
±
DP* p** n Med*
P
25
** P
75
**
p***
60 65
118 33,3 0,9 0,250 118 29,4 28,6 30,6 0,607
65 70
69 33,1 1,1 69 29,7 28,2 30,7
70 75
52 33,1 1,0 52 29,5 28,2 31
75 80
28 32,9 1,3 28 29,5 28,2 31
80
17 32,8 0,7 17 30,6 29 31,3
Total
282 282
* Mediana ** Percentil *** Teste de Kruskal Wallis
61
63
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
5.1.3.6 Volume Corpuscular Médio, Amplitude de distribuição dos Eritrócitos em
desvios padrões e coeficientes de variação vs idade.
Os valores médios de VCM não apresentaram diferenças significativas (p = 0,282), entre
as diferentes faixas etárias (Tabela 18). Fato diferente ocorreu com os valores médios de
RDW (sd) que se apresentaram mais elevados em idosos de maior idade quando comparados
aos valores de indivíduos mais jovens. Semelhantemente ao RDW(sd), os valores de
RDW(cv) apresentaram-se mais elevados em idosos maiores de 75 anos, quando
comparados a indivíduos mais jovens (60 a 75 anos) (Tabela 19).
Tabela 18- Valores médios de VCM de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo a
faixa etária. Camaragibe, PE – 2003.
VCM (fL)
Idade (anos)
n
±
DP* p**
60 65 118 88,4 4,8 0,282
65 70 69 88,9 4,8
70 75 52 88,9 4,1
75 80 27 89,1 5,5
80 16 91,2 4,8
Total 282
* Média ± Desvio Padrão **ANOVA
62
64
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 19
- Valores médios de RDW (sd) e RDW (cv) de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo a faixa etária. Camaragibe, PE – 2003.
Idade(anos)
RDW(sd(fL))
n
± DP* p**
RDW(cv)(%)
n Med
٭
P
٭
٭
25
P
75
p***
60 65 117 42,3
a
4,1 0,000 116 13,9
a
13,5 14,3 0,004
65 70 68 42,8
a
4,2 68 13,8
a
13,4 14,4
70 75 51 42,3
a
3,5 51 13,9
a
13,4 14,6
75 80 24 44,0
a,b
3,3 25 14,4
b
13,8 15,2
80 15 47,4
b
5,1 15 15,2
b
14,6 14,1
Total 275 275
*Média ± Desvio padrão ٭ Mediana ٭٭ Percentis
** ANOVA
a,b
letras diferentes significam médias diferentes ao nível de significância de 5% (Teste de
Scheffé)
*** Teste de Kruskal Wallis
a,b
letras diferentes significam médias diferentes ao nível de significância de 5% (
Teste de Mann Whitney-U).
5.1.3.7 Hemoglobina, Hematócrito e Hemácias vs Raça
Conforme pode ser observado nas tabelas 20 e 21, não houve diferenças
significativas nas concentrações de Hb, nos valores de Hct e número de He médias nas
diferentes raças estudadas.
63
65
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 20- Concentrações médias de Hb e valores médios de Hct de idosos do Programa de
Saúde da Família, segundo a raça. Camaragibe, PE – 2003.
Hb (g/dL) Hct (%)
Raça
n
±
DP* p** n
±
DP* p**
Parda
134 13,7 1,2 0,896 134 41,3 3,4 0,690
Negra
58 13,6 1,7 58 41,3 4.6
Branca
84 13,6 1,5 84 40,9 4,1
Total
276 276
* Média ± Desvio padrão ** ANOVA
Tabela 21- Número médio de He de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo raça.
Camaragibe, PE – 2003.
He (10
6
µL)
Raça
n
±
DP* p**
Parda 134 4,7 0,4 0,355
Negra 58 4,7 0,5
Branca 84 4,6 0,5
Total 276
* Média ± Desvio padrão ** ANOVA
5.1.3.8 Hemoglobina Corpuscular Média e Concentração de Hemoglobina Corpuscular
Média vs Raça
Idosos de raça branca apresentaram valores de CHCM significativamente maiores
que idosos da raça negra. Resultados diferentes foram observados com os valores de HCM
que não apresentaram diferenças significativas nos diferentes grupos étnicos (Tabela 22).
64
66
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 22- Valores médios de HCM e CHCM de idosos do Programa de Saúde da Família,
segundo raça. Camaragibe, PE – 2003.
CHCM (%) HCM (pG)
Raça
n
±
DP* p** n Med*
P
25
** P
75
**
p***
Parda 134 33,1
a b
1,0 0,047 134 29,5 28,3 30,9 0,08
Negra 58 32,9
b
1,1 58 29,1 28 30,4
Branca 84 33,3
a
1,0 84 29,9 28,9 30,8
Total 275 276
* Mediana ** Percentis
** ANOVA,
, a,b
letras diferentes significam medias diferentes ao nível de significância de 5% (Teste de
Seheffé)
*** Teste de Kruskal Wallis,
a,b
letras diferentes significam médias diferentes ao nível de significância de 5%
(Teste de Mann Whitney-U)
5.1.3.9 Amplitude de distribuição dos eritrócitos - RDW(sd e cv) vs Raça
Concernente à morfologia eritrocitária, os valores de VCM e RDW(sd) não
apresentaram diferenças significativas nos diferentes grupos étnicos. Diferentemente, os
valores de RDW (cv) tendem a ser menores em idosos da raça branca, quando comparados a
indivíduos das demais raças analisadas (Tabelas 23 e 24).
65
67
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 23- Valores médios de VCM de idosos do Programa de Saúde da Família, segundo
raça. Camaragibe, PE – 2003.
VCM
(fL)
Raça
n
±
DP* p**
Parda 133 88,9 4,9 0,508
Negra 58 88,2 4,9
Branca 83 89,1 4,1
Total 274
*Média ± Desvio Padrão **ANOVA
Tabela 24- Valores médios de RDW(sd) e RDW (cv) de idosos do Programa de Saúde da
Família, segundo a raça. Camaragibe, PE – 2003.
Raça
RDW(sd)(fL)
n
± DP* p**
RDW(cv)(%)
n Med.
٭
P
٭
٭
25
P
75
p***
Parda 131 43,2 4,4 0,16 130 14 13,5
a
14,6 0,003
Negra 54 42,9 3,9 54 14,1 14,6
a
14,7
Branca 82 42,1 3,7 83 13,7 14,4
b
14,4
Total 267 267
* Média ± Desvio padrão ٭Mediana ٭ Percentil **ANOVA
*** Teste de Kruskal Wallis
a,b
letras diferentes significam medias diferentes ao nível de significância de 5%
(teste de Mann Whitney-U)
5.2 Correlação entre os parâmetros hematológicos vs índices hematimétricos.
A tabela 25 mostra uma matriz onde são considerados os graus de correlação entre os
parâmetros de avaliação hematológica e hematimétrica.
66
68
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 25 - Coeficientes de correlação (rho) entre variáveis hematológicas e hematimétricas,
de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Hb Hct He VCM HCM CHCM RDW (sd) RDW(cv)
Hb (g/dL)
- 0,95
*
0,79
*
0,13
*
0,29
**
0,43
**
0,04 0,09
Hct ( %)
0,95
*
- 0,86
**
0,09 0,13
*
0,15
*
0,07 0,02
He (10
6
µL³)
0,79
*
0,86
**
- -0,35
**
-0,26
**
0,07 -0,29
**
0,04
VCM (fL)
0,13
*
0,09 -0,35
**
- 0,86
**
0,12
*
0,76
**
-0,00
HCM (pG)
0,29
**
0,13
*
-0,26
**
0,86
**
- 0,55
*
0,54
**
-0,13
**
CHCM (%)
0,43
**
0,15
*
0,07 0,12
*
0,55
*
- -0,15
**
-0,33
**
RDW (sd) (fL)
0,04 0,07 -0,29
**
0,76
**
0,54
**
-0,15
**
- 0,46
**
RDW (cv) (%)
0,09 0,02 0,04 -0,00 -0,13
**
-0,33
**
0,46
**
-
Correlação de Spearman (rho) * p< 0,05 **p < 0,01
Conforme observado nas figuras 9a, 9b, 10a, 10b e 11, as concentrações de
Hemoglobina apresentaram correlação positiva significativa com os valores de He, Hct, HCM,
CHCM e VCM.
Figura 9a e 9b – Curvas de correlação entre as concentrações de Hb, o número de He e os
valores de Hct de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Hemácia (milhões/mm3)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
HEMOGLOBINA (g/dL)
R Sq Linear = 0,607
25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
HEMATÓCRITO (%)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
HEMOGLOBINA (g/dL)
R Sq Linear = 0,921
(a)
(b)
Hemácia 10
6
µL
67
69
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 10a e 10b – Curvas de correlação entre as concentrações de Hb e os valores de HCM
e CHCM de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Figura 11 - Curva de correlação entre as concentrações de Hb e os valores de VCM de idosos
do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
20,0 25,0 30,0 35,0
HCM (pg)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
HEMOGLOBINA (g/dL)
R Sq Linear = 0,131
28,0 30,0 32,0 34,0 36,0
CHCM (%)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
HEMOGLOBINA (g/dL)
R Sq Linear = 0,224
70,0 80,0 90,0 100,0
VCM (fL)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
HEMOGLOBINA (g/dL)
R Sq Linear = 0,058
(a) (b)
HCM (pG)
68
70
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Conforme demonstrado na figura 12a e 12b, as concentrações de hemoglobina não
apresentaram associação estatisticamente significativa com os valores de RDW(cv e sd).
Figura 12a e 12b - Curvas de correlação entre as concentrações de Hb e os valores de
RDW(cv e sd) de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Os valores de Hct apresentaram correlações positivas significativas com o número de
He e com os valores de HCM e CHCM (figuras 13, 14a e 14b).
Figura 13 – Curva de correlação entre os valores de Hct e número de He de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Hemácia(milhões/mm3)
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
HEMATÓCRITO (%)
R Sq Linear = 0,71
RDWCV(%)
1918171615141312
HEMOGLOBINA (g/dL)
20
18
16
14
12
10
8
RDWSD(%)
60504030
HEMOGLOBINA (g/dL)
20
18
16
14
12
10
8
6
(a) (b)
He
m
ácias
(
10
6
µ
L
)
RDW(CV)(%) RDW(SD)(fL)
69
71
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 14a e 14b – Curvas de correlação dos valores de Hct e valores de HCM e CHCM de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
No entanto, o Hct não mostrou correlação significativa com o VCM (Figura 15), nem
com o RDW (sd e cv)(Figura 16a e 16b).
Figura 15 – Curva de correlação dos valores de Hct e valores de VCM de idosos do Programa
de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
20,0 25,0 30,0 35,0
HCM(pg)
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
HEMATÓCRITO(%)
R Sq Linear = 0,044
28,0 30,0 32,0 34,0 36,0
chcm
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
HEMATÓCRITO
R Sq Linear = 0,048
CHCM (%)
(a) (b)
VCM(fL)
11010090807060
HEMATÓCRITO(%)
60
50
40
30
20
HCM (pG)
70
72
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 16a e 16b – Curvas de correlação dos valores de Hct e valores de RDW(cv e sd) de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
O número de hemácias apresentou correlações negativas significativas com os
valores de VCM, HCM e RDW(sd) (figura 17a , 17b e 18); porém este parâmetro
hematológico não mostrou associação com o CHCM e RDW(cv)(Figura 19a e 19b).
Figura 17a e 17b - Curvas de correlação do número de He e valores de VCM e HCM de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
70,0 80,0 90,0 100,0
VCM (fL)
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Hemácia (milhões/mm3)
R Sq Linear = 0,127
20,0 25,0 30,0 35,0
HCM (pg)
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Hemácia (milhões/mm3)
R Sq Linear = 0,087
1918171615141312
HEMATÓCRITO(%)
60
50
40
30
60504030
HEMATOCRITO(%)
60
50
40
30
20
(a) (b)
(a) (b)
RDW(sd)(fL)
HCM
(p
G
)
71
73
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 18 - Curva de correlação do número de He e valores de RDW(sd) de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Figura 19a e 19b - Curvas de correlação do número de He e valores de CHCM e RDW(cv)
de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
RDW(sd)(%)
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
Hemácia (milhões/mm3)
R Sq Linear = 0,086
RDW(cv)(%)
1918171615141312
HEMÁCIAS(milhões/mm3)
6,5
6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
(a) (b)
RDW(sd)(fL)
72
74
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Os valores de VCM apresentaram associação positiva significativa com os valores de
CHCM e HCM e RDW(sd), conforme pode ser observado nas figuras 20a, 20b e 21.
Figura 20a e 20b - Curvas de correlação dos valores de VCM e os valores de CHCM e HCM
de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Figura 21 - Curva de correlação dos valores de VCM e osvalores de RDW(sd) de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
28,0 30,0 32,0 34,0 36,0
CHCM (%)
70,0
80,0
90,0
100,0
VCM (fL)
R Sq Linear = 0,063
20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0 34,0
HCM (pg)
70,0
80,0
90,0
100,0
VCM (fL)
R Sq Linear = 0,813
30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
RDW(sd)(%)
70,0
80,0
90,0
100,0
VCM (fL)
R Sq Linear = 0,548
(a)
(b)
RDW(sd)(fL)
HCM (pG)
73
75
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
No entanto, o VCM não mostrou correlação com o RDW((cv) (Figura 22).
Figura 22 - Curva de correlação dos valores de VCM e os valores de RDW(cv) de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Os valores de HCM apresentaram correlações positivas com a CHCM e o RDW(sd)
e negativa com o RDW(cv) (Figura 23a, 23b e 24).
Figura 23a e 23b- Curvas de correlação dos valores de HCM e os valores de CHCM e RDW(sd)
de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Figura 19 - Curva de correlação dos valores de HCM e valores de VCM e CHCM de
idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
28,0 30,0 32,0 34,0 36,0
CHCM(%)
20,0
25,0
30,0
35,0
HCM(pg)
R Sq Linear = 0,385
30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
RDW(sd)(%)
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
34,0
HCM (pg)
R Sq Linear = 0,318
RDW(cv)(%)
1918171615141312
VCM(fL)
110
100
90
80
70
60
(a) (b)
RDW
(
sd
)(
fL
)
74
76
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Figura 24 - Curva de correlação dos valores de HCM e os valores de RDW(cv) de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Os valores de CHCM apresentaram correlações negativas com o RDW(cv), bem
como com o RDW(sd) (Figura 25a e 25b).
Figura 25a e 25b- Curvas de correlação dos valores de CHCM e os valores de RDW(sd) e
RDW(cv) de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0
RDW(cv)(%)
20,0
25,0
30,0
35,0
HCM (pg)
R Sq Linear = 0,021
30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
RDW(sd)(%)
28,0
30,0
32,0
34,0
36,0
CHCM (%)
R Sq Linear = 0,007
12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0
RDW(cv)(%)
29,0
30,0
31,0
32,0
33,0
34,0
35,0
36,0
CHCM (%)
R Sq Linear = 0,109
(a) (b)
RDW(sd)(fL)
75
77
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Por sua vez, foi observada uma correlação positiva significativa entre os indicadores
que medem o grau de anisocitose dos eritrócitos (Figura 27).
Figura 26 - Curva de correlação dos valores de RDW(cv) e os valores de RDW(sd) de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE – 2003.
5.3 Classificação da Morfologia eritrocitária das anemias de acordo com os
valores de VCM e RDW.
Na tabela 26 é apresentada a relação entre os índices hematimétricos de avaliação da
morfologia eritrocitária.
30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
RDW(sd)(%)
13,0
14,0
15,0
16,0
RDW(cv)(%)
R Sq Linear = 0,288
RDW
(
sd
)(
fL
)
76
78
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 26 – Classificação da morfologia eritrocitária dos casos de anemia segundo os valores de
RDW(cv e sd) e VCM, de idosos do Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE-2003.
VCM (fL)
Baixo Normal Alto Total
RDW(sd)(%)
n % n % n %
Normal 05 16,6 24 80,0 00 - 29
Alto 00 - 01 3,3 00 - 01
Total 05 25 00 30
RDW(cv)(%)
Normal 00 - 22 78,5 00 22
Alto 03 10,7 03 10,7 00 06
Total 03 25 00 28
Quando utilizado o VCM e o RDW(sd), para caracterizar a anemia diagnosticada
segundo os valores de Hb, observou-se que 16,6% dos idosos anêmicos apresentaram
microcitose isolada, segundo o VCM. A maior parte dos casos de anemia (80%) foram do
tipo normocítica e sem anisocitose. Resultados semelhantes foram encontrados quando
utilizados o valores de RDW(cv), onde 78,5% dos idosos anêmicos apresentaram anemia do
tipo normocítica e sem anisocitose. Vale ressaltar que os casos de anemia microcítica,
acompanhada de anisocitose, apresentaram-se em maior número, quando utilizado o
indicador RDW(cv).
5.4 Classificação das anemias segundo a morfologia e coloração eritrocitária.
Na tabela 27 está descrita a classificação das anemias segundo as concentrações de
Hb, He, valores de Hct, morfologia e coloração eritrocitária, baseada no indicador CHCM.
77
79
Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Resultados
Tabela 27 – Classificação da anemia segundo a concentração Hb, número de He e valores de
Hct, morfologia eritrocitária (VCM, RDW) e coloração eritrocitária (CHCM ) de idosos do
Programa de Saúde da Família. Camaragibe, PE-2003.
**
Hipocromia
**
Normocromia
*
Microcítica
*
Normocítica
*
Macrocítica
*
Microcítica
*
Normocítica
*
Macrocítica
n % n % n % n % n % n % Total
Hb
Anêmicos 02 8,0 02 8,0 - - 01 4,0 20 80,0 - - 25
Normais 01 0,5 15 6,8 - - 01 0,5 198 90,8 03 1,4 218
Total 03 1,2 17 7,0 - - 02 0,8 218 90,0 03 1,2 243
Hct
Anêmicos 01 4,5 01 4,5 - - 02 9,1 18 81,9 - - 22
Normais 02 0,9 16 7,2 - - - - 201 90,5 03 1,3 222
Total 03 1,2 17 7,0 - - 02 0,8 219 89,8 03 1,2 244
He
Anêmicos - - - - - - - - 16 100,0 - - 16
Normais 03 1,3 17 7,5 - - 02 0,9 203 89,0 03 1,3 228
Total 03 1,2 17 7,0 - - 02 0,8 219 89,8 03 1,2 244
* Morfologia eritrocitária segundo VCM e RDW ** Coloração eritrocitária segundo CHCM
No que se refere à anemia, segundo as concentrações de Hb, observou-se que apenas
8,0% dos idosos anêmicos apresentaram anemia do tipo hipocrômica e microcítica, 8,0%
apresentaram anemia do tipo hipocrômica e que 4,0% apresentaram anemia microcítica
isolada. Observou-se também que, dos idosos anêmicos, segundo valores de Hct, apenas
4,5% apresentaram anemia hipocrômica microcítica e 4,5% anemia hipocrômica isolada. Ao
confrontar os indicadores de morfologia e coloração, com a anemia, segundo número de He,
observou-se que todos os casos de anemia foram do tipo normocrômica e normocítica.
Deve-se destacar, ainda, que 8,8% dos idosos com número de eritrócitos normais
apresentaram hipocromia e, destes, 1,3% apresentaram microcitose associada. De modo
geral, a maior parte dos casos de anemia, diagnosticado pelos indicadores Hb, Hct e He, não
apresentou alteração na morfologia e coloração eritrocitária.
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6. DISCUSSÃO
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Discussão
6. Discussão
A anemia tem sido considerada o problema hematológico que mais comumente
acomete indivíduos idosos (JACK et al., 2004). Estudos epidemiológicos, retratando a
população idosa, mostram a grande discrepância das prevalências encontradas, devido,
sobretudo, aos diferentes contextos no qual os idosos foram estudados.
A relativamente baixa prevalência de anemia, observada nos idosos de Camaragibe,
quando utilizados os indicadores Hb, He e Hct foi, de certa forma, similar àquelas
prevalências encontradas em estudos com idosos residentes nas comunidades americanas.
Nesse sentido, INELMAN et al. (1994) relataram uma prevalência de 9,1%, enquanto que
SKJELBAKKEN et al. (2005) descreveram prevalência de 23,0%, nesse mesmo tipo de
população. Por sua vez, TIMIRAS & BROWNSTEIN (1987) reportaram, em idosos
institucionalizados em clínicas geriátricas no Estados Unidos, uma prevalência de 13,0% de
anemia. No entanto, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos, têm sido descritas
elevadas prevalências na população idosa hospitalizada, em patamares que ultrapassam a
cifra de 30,0% (LIPSCHTZ et al., 1981) e 50% (BIRD et al., 1977, JOOSTEN et al., 1992).
Essa diferença de magnitude em idosos hospitalizados se deve, sobretudo, à presença de
doenças crônicas inflamatórias, comuns em idosos hospitalizados.
No Brasil, não foram encontrados estudos de base populacional relatando estimativas
de prevalência para a população idosa. No entanto, sabe-se que a prevalência de anemia é
elevada em outros grupos etários, principalmente, no Nordeste brasileiro, a exemplo, de
gestantes (BATISTA FILHO & SOUZA, 2003; ARRUDA et al., 1991), pré-escolares e
escolares do Estado de Pernambuco (SALZANO et al., 1985) e de pré-escolares do Estado
da Paraíba (OLIVEIRA et al., 2002).
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Discussão
A similaridade da prevalência estimada, em nossa casuística, com prevalências
encontradas em idosos americanos e europeus, inseridos no mesmo contexto ecológico, mas
certamente em diferentes contextos sócio-econômicos, poderia ser atribuída a alguns fatores
que merecem consideração. É plausível que a população estudada em Camaragibe, em
virtude de estar fidelizada a um programa de prevenção e atenção à saúde, pode direta ou
indiretamente estar protegida de condições adversas que determinam a ocorrência de
carências nutricionais específicas e/ou de comprometimento do estado nutricional. É
igualmente plausível hipotetizar que, embora a amostra estudada tenha sido de idosos que
declararam não fazer uso de suplementos vitamínicos e minerais num período de 30 dias,
anterior a coleta de dados, parte significativa desses indivíduos fizessem uso desses
suplementos, cuja informação não tenha sido detectada nos critérios de elegibilidade e por
conseguinte, não excluídos do estudo. Seria igualmente pertinente considerar que, parte
desses idosos, durante o acompanhamento médico periódico, inserido no programa de saúde
no qual estavam inscritos, já teriam feito tratamento preventivo ou curativo com
suplementação mineral e/ou vitamínica, alguns meses anterior à coleta de dados e, portanto,
temporariamente controlados da carência nutricional. Seria ainda importante ressaltar que a
atenção em saúde prestada a essa clientela deve incluir o combate às parasitoses intestinais,
bem como orientação nutricional, que têm sido consideradas como medidas eficazes no
controle e prevenção da anemia.
Um outro aspecto que merece a devida consideração diz respeito aos pontos de
discriminação diagnóstica utilizados na caracterização da anemia. São extremamente
escassas as contribuições de cunho metodológico na definição desses pontos. Os estudos não
são esclarecedores e não se tem um consenso dos reais valores que deveriam ser utilizados
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Discussão
para o diagnóstico da população idosa. Portanto, seria coerente questionar se os pontos de
corte utilizados na interpretação dos nossos dados, embora referendados internacionalmente,
seriam os mais adequados para estimar a prevalência de anemia no grupo biológico e no
contexto ecológico estudados.
A baixa prevalência de hipocromia, observada nos idosos de Camaragibe-PE, seria
sugestiva de que a deficiência de ferro teria uma contribuição desprezível na gênese da
anemia na população estudada. Um fato importante é que só quando a deficiência de ferro é
total e persistente, anemização severa (Hb < 8,5 g/dL), há insaturação dos eritrócitos,
ocasionando redução nos níveis de CHCM. Segundo FAILACE et al. (1995), só em 20,0%
dos casos de anemia ferropênica há redução de CHCM. Desse modo, a prevalência de
hipocromia não poderia ser superior à prevalência de anemia estimada pelo indicador
concentrações de Hb.
No que diz respeito à morfologia eritrocitária, a baixa prevalência de microcitose e,
sobretudo, de macrocitose, confirmada pelo grau de anisocitose, seria sugestivo de que não
só a deficiência de ferro, mas também a de vitamina B
12
e ácido fólico teria uma
contribuição insignificante, ou muito baixa na gênese da anemia. Logo, as carências
nutricionais desempenhariam um papel secundário no tipo de anemia observada nessa
população, onde parece haver o predomínio da anemia por doença crônica e/ou outras
doenças metabólicas, a exemplo da doença renal e do hipotiróidismo.
A ausência de associação entre os diferentes parâmetros de definição da anemia e o
gênero foi um resultado inesperado, considerando que o sexo masculino tem sido descrito
como o de maior vulnerabilidade à ferropenia. JOOSTEN et al. (1992) e TIMIRAS &
BROWNSTEIN. (1987) encontraram prevalências maiores nos homens, chegando a uma
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Discussão
diferença de até 22,0% e 9,3% respectivamente, quando comparado ao sexo feminino. Essa
maior suscetibilidade do sexo masculino à anemia tem sido também observada com relação
a outras carências nutricionais específicas, a exemplo da hipovitaminose A (DINIZ, 1997).
No entanto, não se tem conhecimento, até o presente, das razões dessa maior fragilidade dos
indivíduos do sexo masculino. Têm sido levantadas como possíveis explicações para tal
ocorrência, as causas de ordem metodológica, traduzidas pelo uso de pontos de cortes
diferenciados para os sexos na definição da anemia. Pontos de corte mais baixos tem sido
usados para o sexo feminino. Na defesa dessa tese, estaria a concepção de que os estrógenos
ao funcionarem como potenciais agentes inibidores da eritropoese levariam o sexo feminino
a ser mais vulnerável à anemia. Logo, os pontos de corte para o diagnóstico da anemia são
mais baixos para o sexo feminino, quando comparados com aqueles usados para o sexo
masculino; no entanto, após a menopausa, a redução dos níveis de estrógenos induziria a um
aumento da massa eritrocitária a níveis similares ao observado em indivíduos do sexo
masculino. Dessa forma, não se justificaria o uso de pontos de corte diferenciados para cada
sexo (FAILACE et al., 1995, SAHADEVAN et al., 1995).
É importante salientar que, apesar de a distribuição da anemia não estar
significativamente relacionada ao sexo, pelo paradigma da estatística, as médias, tanto de
Hb, quanto de Hct e He apresentaram-se maiores no sexo masculino. Essa tendência, deve
ser interpretada como um fato de natureza biológica, internacionalmente respaldada
(WINTROBE, 1998) e que tem sido, inclusive, o argumento utilizado para recomendar
pontos de cortes diferenciados na interpretação desses indicadores, fato que tem sido
discutível no que se refere à população idosa.
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Discussão
A homogeneidade na distribuição das médias dos parâmetros hematológicos e
hematimétricos, segundo à idade, com exceção do número de hemácias e dos valores de
RDW, vem demonstrar que, de uma maneira geral, o avançar da idade não se constituiu em
um fator de risco para anemia, na população estudada. No entanto, JACK et al. (2004) e
SALIVE et al. (1992), estudando populações idosas americanas, encontraram médias de
índices hematológicos menores com o avançar da idade. Nos idosos de Camaragibe, isso
ocorreu apenas para a massa eritrocitária e para a amplitude de distribuição dos eritrócitos,
onde idosos com idade igual ou superior a 80 anos tendem a apresentar redução no número
de eritrócitos e maiores alterações na morfologia eritrocitária, decorrentes da condição
fisiológica natural, na qual há redução da celularidade da medula óssea em até 70% após os
75 anos. Essa condição é desencadeada pela redução da luz das artérias em até 26% e
redução do aporte sanguíneo, que acarreta em substituição do espaço medular por tecido
adiposo e fibrótico alterando a morfologia celular (MACEDO, 2002).
A ausência de associação entre os parâmetros hematológicos/hematimétricos e a raça
foi um achado que não tem sido confirmado na literatura especializada, uma vez que tem
sido descrito que indivíduos da raça negra tendem a apresentar prevalência maior de anemia
comparada às demais etnias (JACK et al., 2004). No entanto, vale salientar que, nos
diferentes contextos ecológicos onde essa associação foi observada, é plausível que a raça
seja um provável fator de confundimento, levando em consideração que indivíduos da raça
negra tendem a pertencer a estratos sócio-econômicos menos favorecidos e, portanto, mais
propensos a desenvolverem anemias carenciais.
A maior ocorrência de hipocromia no sexo masculino, quando utilizado o parâmetro
HCM, seria sugestiva de uma maior vulnerabilidade dos homens à carência marcial. No
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Camaragibe-2003 Discussão
entanto, a não confirmação desse resultado, quando utilizado o indicador CHCM, seria um
questionamento para a validade dessa tendência. Vale salientar que o uso do mesmo ponto
de corte para a CHCM, em ambos os sexos, poderia anular a discrepância observada na
hipocromia, quando avaliada pelo HCM, cujo ponto de discriminação diagnóstica é ajustado
aos diferentes sexos.
Baseado na classificação sugerida por FAILACE. (1995) e WINTROBE (1998), para
a caracterização morfológica das anemias, a total ausência de casos com VCM baixo e
RDW (sd) anormal, nos idosos de Camaragibe, vem demonstrar que os casos de microcitose
parecem não ser oriundos da deficiência de ferro. No entanto, a ocorrência de cerca de
11,0% de microcitose associada à anisocitose, quando utilizado o RDW(cv), poderia indicar
que a anemia seria decorrente de um estado ferropênico.
A manutenção do volume eritrocitário (normocitose), acompanhada de anisocitose,
segundo o RDW, em 10,7% dos idosos, sugere classificá-los patologicamente como
anêmicos por deficiência de ferro recente. Isto porque a carência incipiente de ferro, com
aporte à eritropoese que varie entre momentos de falta e de suficiência, gera uma coorte de
eritrócitos com conteúdo hemoglobínico variado e conseqüente variação volumétrica; o
RDW aumenta antes de haver grande variação do VCM (FAILACE, 1995).
A reduzida associação entre os casos de ferropenia, com a deficiência de
hemoglobina, nos idosos, foi confirmada pela interpretação dos valores de todos os índices
hematológicos/hematimétricos associados com a deficiência de Hb. Cifras inferiores a 2,0%
foram alcançadas em nossa casuística, distanciando nossos resultados do comumente
encontrado por outros estudos. Segundo FAILACE (1995), a avassaladora maioria dos casos
a deficiência nas concentrações de hemoglobina é oriunda da falta de ferro.
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Discussão
A grande maioria dos casos, considerados anêmicos, não apresentou alteração do
volume corpuscular e da coloração eritrocitária, caracterizando um quadro de anemia por
doença crônica. Dentre os anêmicos por deficiência de ferro, a interpretação das cifras do
eritrograma nos permitiu distinguir que o maior percentual de idosos apresentou a anemia
por ferropenia do tipo recente, característica de eritrogramas com VCM inalterado
(FAILACE, 1995).
Apesar de a maioria dos casos de deficiência hemoglobínica decorrer da falta de
ferro, não se pode descartar as causas mais raras, como a talassemia e anemia de doenças
crônicas, hipóteses que devem ser consideradas durante a fase diagnóstica, sobretudo, na
população idosa. Logo, a utilização de outros indicadores, a exemplo do VCM, CHCM e
RDW, associados à Hb, devem ser priorizados e devidamente interpretados para evitar
complicações durante o tratamento.
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7. CONCLUSÕES
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003 Conclusões
7. Conclusões
A prevalência de anemia em idosos fidelizados ao Programa de Saúde da Família de
Camaragibe foi relativamente baixa, quando comparada à magnitude de prevalências
observadas em outros grupos etários do ciclo vital; no entanto, muito similar à ocorrência de
anemia relatada em idosos de outros contextos ecológicos.
A grande maioria dos idosos apresentou anemia do tipo normocrômica, normocítica e
sem anisocitose, o que é sugestivo de anemia por doença crônica. Logo, a ínfima prevalência
de anemia do tipo microcítica ou macrocítica, com anisocitose, minimiza a gênese da
deficiência de ferro, vitamina B
12
ou ácido fólico na etiologia da anemia em idosos de
Camaragibe.
O sexo e a raça não se constituíram como fatores de risco para a anemia na
população idosa. Concernente à idade, idosos com mais de 80 anos tendem a apresentar uma
maior vulnerabilidade, em termos de redução do número de hemácias circulante, bem como,
maior probabilidade de apresentar anisocitose.
A ausência de associação entre os parâmetros de definição de anemia (Hb, Hct e He),
com aqueles que refletem a morfologia eritrocitária (VCM e RDW), e que permitiriam
caracterizar o tipo de anemia, ressalta a importância do uso de um conjunto de indicadores
que amplie as possibilidades de um diagnóstico do distúrbio, com maior acurácia e,
sobretudo, que auxilie na classificação e, conseqüentemente, na etiologia das anemias nesse
grupo populacional.
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8. RECOMENDAÇÕES
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Recomendações
8. Recomendações
Face à escassez de dados referentes à prevalência de anemia na população idosa, seria
extremamente recomendável a replicação de estudos dessa natureza, para uma adequada
avaliação, não só da magnitude do problema, mas, sobretudo, das suas características clínico-
laboratoriais e etiológicas.
Seria igualmente recomendável, nos inquéritos sobre a anemia, o uso não só de
indicadores para o diagnóstico do distúrbio, mas também daqueles que permitam uma melhor
caracterização da anemia, a exemplo dos parâmetros que avaliam a morfologia eritrocitária,
bem como, aqueles que avaliam o estado nutricional de ferro, vitamina B
12
e ácido fólico.
A anemia por doença crônica parece ser a forma de anemia preponderante na
população idosa. Logo, investigações que permitam avaliar estratégias que melhorem a
absorção do ferro intestinal, bem como, estimulem a resposta medular à eritropoese, são
pertinentes e oportunas e poderiam contribuir, sobremaneira, no tratamento da anemia nessas
entidades nosológicas.
Considerando-se que a anemia é um distúrbio que possui uma complexa rede causal,
seriam pertinentes investigações que permitissem a identificação dos diferentes fatores de
risco e do seu grau de contribuição na gênese e na exacerbação da anemia. Por outro lado,
estudos que permitam avaliar a repercussão do quadro de anemia na evolução e prognóstico
da doença de base aportariam grande contribuição na atenção integral ao paciente.
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Anemia em Idosos do Programa de Saúde da Família
Camaragibe-2003. Recomendações
A rede básica de saúde deve estar atenta e preparada para prestar assistência ao
paciente idoso e nesse plano de cuidados deve incluir, necessariamente, o tratamento e a
prevenção dos distúrbios que são mais prevalentes. Logo, considerando-se que a anemia é o
distúrbio hematológico mais freqüente, os profissionais de saúde devem estar atentos para a
ocorrência de anemia nas doenças crônicas. Dessa forma, é de fundamental importância que
o apoio laboratorial viabilize informações hematológicas mais completas, inclusive da
morfologia eritrocitária, bem como, do estado nutricional dos micronutrientes, para que o
profissional de saúde possa realizar uma avaliação mais acurada do paciente e, desse modo,
prestar uma assistência mais adequada.
91
93
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
94
9. Referências Bibliográficas
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