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PATRÍCIA BELOTO BERTOLA
Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no
Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003
São Paulo
2006
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PATRÍCIA BELOTO BERTOLA
Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no
Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada
às Zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo para a
obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária
Departamento:
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal
Área de concentração:
Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses
Orientador:
Prof. Dr. Marcos Amaku
São Paulo
2006
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Nome: BERTOLA, Patrícia Beloto
Título: Estudo da Leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris)
no Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia Experimental e
Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária
Aprovado
em:
Banca Examinadora
Prof. Dr.______________________________ Instituição:____________________________
Julgamento:___________________________ Assinatura:____________________________
Prof. Dr.______________________________ Instituição:____________________________
Julgamento:___________________________ Assinatura:____________________________
Prof. Dr.______________________________ Instituição:____________________________
Julgamento:___________________________ Assinatura:____________________________
“Minha querida insólita metrópole, capital de todos os absurdos! Música eletrônica em fundo
de serenata, paisagem cubista com incrustações primitivas, poema concreto envolto em trovas
caboclas.
Cidade feita de cidades, bairros proclamando independência, ruas falando dialeto, homens
com urgência de viver.
Oceano feito de ilhas chegando, ilhas sangrando, ilhas florindo.
Os céus cansados do concreto que arranha. Cresce o mar das periferias.
No barco dos barracos navega um sonho. No fundo de cada um dos cidadãos do mundo,
dorme a província.
Ali a velha igreja com seu campanário esperando a mantilha da noite.
Anúncios luminosos piscam obsessões. O asfalto é irmandade de credos.
Os domingos são quadrados. Cabem dentro da tela de cinema, do aparelho de televisão, da
página do jornal, do campo de futebol.
O metrô é mergulho no inconsciente urbano. Nele o mesmo silêncio dos elevadores.
Convívio de sonâmbulos, de antípodas da fila de ônibus e do trem de subúrbio onde há tempo
para o cansaço florir um sorriso.
Aqui o verde é esperança cobrindo o frio a existir.
Teatros e o balé da multidão, museus contemplando o quadro dos que se agitam, orquestras e
a sinfonia de uma época em marcha. Nestes tempos modernos, Carlito operário ou estudante,
comerciário ou burocrata, é técnico em sobreviver.
Planalto dos desencontros, porta dos aflitos, rosa de eventos onde até o futuro tem pressa de
chegar.
Mal-amada cidade de São Paulo, EU TE AMO!”
Minha insólita metrópole, Paulo Bonfim, 2000
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que com todo apoio e compreensão foi possível passar por mais uma
importante etapa da minha vida.
Ao Prof. Dr. Marcos Amaku pela orientação e voto de credibilidade no meu trabalho.
Ao Prof. Dr. Silvio Arruda Vasconcellos por estar sempre disponível a esclarecer dúvidas.
A toda equipe do DEPAVE pela atenção e por disponibilizar os dados utilizados na confecção
deste trabalho. As médicas veterinárias Adriana Marques Joppert da Silva, Antonieta Rosa
Bauab, Dafne do Valle Dutra de Andrade Neves, Francês White Rossi, Nilton Fidalgo Pepes,
Maria Eugênia, Wilma e Hilda que realizaram toda a parte prática deste projeto.
Aos amigos de laboratório Jucelia Pereira e Patrícia Marques Ferreira que muito contribuíram
na confecção dos mapas desta dissertação, e momentos de descontração.
À Prof
a
Dr
a
Sandra Elisa Favorito amiga, chefe e professora, que me ensinou a importância da
pesquisa e me incentivou na realização do mestrado.
Aos amigos Arlei Marcili, Laerte Bento Viola e Noraly Liou, que me ajudaram em todos os
momentos.
Ao Prof. Marcelo Bahia Labruna que me acolheu pela primeira vez no VPS.
Aos amigos Adriano Pinter e Maurício Horta pelo apoio e pela amizade e horas de conversas.
Aos amigos da RV Consultoria, em especial Sebastião Carlos, Tiãozinho, Zé Roberto,
Francisco, Zequinha, Adão e Diego, que sem o apoio de vocês não seria possível a
conciliação do trabalho com os estudos.
RESUMO
BERTOLA, P. B. Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D.
albiventris) no Município de São Paulo – SP, 1995 – 2003. [Study of Leptospirosis
(Leptospira sp) in opossums (Didelphis aurita e D. albiventris) in the city of São Paulo – SP,
1995 – 2003]. 2006. 88 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
O conhecimento sobre a ocorrência de leptospirose na fauna silvestre é importante
para efetuar o controle e a profilaxia da enfermidade de uma forma mais adequada. Este
trabalho teve por objetivo analisar a ocorrência de Leptospira sp em gambás das espécies
Didelphis aurita e D. albventris do Município de São Paulo durante o período de 1995 a
2003. Através de um banco de dados disponibilizado pela divisão técnica de medicina
veterinária e manejo da fauna silvestre do Departamento de Parques e Áreas Verdes do
Município de São Paulo – DEPAVE, foram analisados 220 animais testados para leptospirose
através do método de Soroaglutinação Microscópica – MAT, realizada pelo Centro de
Controle de Zoonoses do Município de São Paulo. Entre os animais testados 15% estavam
soropositivos, e todos pertencentes à espécie D. aurita; os teste realizados para D. albventris
foram negativos. Os sorovares considerados mais prováveis foram castellonis (37,5%),
icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana (12,5%), hardjo (8,3%), shermani, pomona, wolffi,
autumnalis e copenhageni (4,2%). Os animais infectados foram analisados segundo o sexo,
estágio de desenvolvimento e estágio reprodutivo. Também foram analisados os principais
sorovares de acordo com as estações do ano e a localização na cidade de São Paulo.
Palavras-chave: Didelphis. Animais silvestres. Leptospirose. Epidemiologia. São Paulo.
ABSTRACT
BERTOLA, P. B. Study of Leptospirosis (Leptospira sp) in opossums (Didelphis aurita e
D. albiventris) in the city of São Paulo – SP, 1995 – 2003. [Estudo da leptospirose
(Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no Município de São Paulo –
SP, 1995 - 2003]. 2006. 88 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
The study of leptospirosis in the wild fauna is important to the control and profilaxy of
the disease in a more adequate way. The goal of this study was to analyze the occurrence of
Leptospira spp in opossums from the species Didelphis aurita e D. albventris from São Paulo
city during the period from 1995 to 2003. It was used a data base from the veterinary
medicine technical division and management of the wild fauna of Departamento de Parques e
Áreas Verdes do Município de São Paulo - DEPAVE, composed by 220 leptospirosis-tested
animals analyzed through a soroaglutination method developed by the Centro de Zoonoses of
São Paulo. Among the tested animals, the prevalence was 15%, and all of the positives
belonged to D. aurita species; the tests in D. albventris were negative. The more probable
sorovars considered were castellonis (37,5%), icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana
(12,5%), hardjo (8,3%), shermani, pomona, wolffi, autumnalis and copenhageni (4,2%). The
infected animals were analyzed according to the
sex, development stage, reproductive stage.
The main sorovars were also analyzed according to the seasons of the year and their location
in São Paulo city.
Key words: Didelphis. Wild animals. Leptospirosis. Epidemiology. São Paulo.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Variantes sorológicas de leptospira empregadas como antígenos para a
realização da soroaglutinação microscópica pelo Laboratório de Zoonoses
e Doenças Transmitidas por Vetores do Centro de Controle de Zoonoses
do Município de São Paulo – CCZ, 1995-2003...........................................
34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número (N) e porcentagem (%) de resultados positivos para leptospirose
pesquisada através da prova de soroaglutinação microscópica em gambás
(Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003..........................
39
Tabela 2 - Distribuição dos sorovares encontrados em amostras positivas para
leptospirose em gambás (Didelphis aurita), segundo sua titulação (T >
100), Município de São Paulo, 1995 – 2003...............................................
40
Tabela 3 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos
testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação
microscópica, de acordo com o sexo dos gambás (Didelphis aurita),
Município de São Paulo, 1995 – 2003.........................................................
42
Tabela 4 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos
testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação
microscópica, de acordo com o estágio de desenvolvimento dos gambás
(Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003..........................
42
Tabela 5 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos
testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação
microscópica, de acordo com o estágio reprodutivo das fêmeas adultas de
gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003............
43
Tabela 6 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e
porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas
anti-leptospiras (T >
100), de acordo com os anos de 1995 – 2003,
Município de São Paulo...............................................................................
46
Tabela 7 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e
porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas
anti-leptospiras (T >100), de acordo com os meses do ano, Município de
São Paulo, 1995 – 2003...............................................................................
49
Tabela 8 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e
porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas
anti-leptospiras (T >
100), de acordo com as estações do ano, Município
de São Paulo, 1995 – 2003 .........................................................................
50
Tabela 9 - Freqüência de soros com aglutininas anti-leptospiras (T >100) em
gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos da cidade de São Paulo,
1995 – 2003 ................................................................................................
52
Tabela 10 - Porcentagem (%) de soros reagentes na pesquisa de leptospirose (T
>100) em gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos do Município
de São Paulo e estações do ano, 1995 – 2003.............................................
54
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - (a) Precipitação acumulada (mm) encontrada no Município de São Paulo
durante os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico
da USP, Estação do IAG da Água Funda
(b) Temperatura média (ºC) encontrada no Município de São Paulo durante
os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico da USP,
Estação do IAG da Água Funda........................................................................
29
Gráfico 2 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita) amostrados para pesquisa de
leptospiras com o teste de soroaglutinação microscópica, Município de São
Paulo, 1995 - 2003 ...........................................................................................
45
Gráfico 3 - (a) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para
leptospirose nas estações de chuva e estiagem no Município de São Paulo,
1995 – 2003
(b) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para
leptospirose nas estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003........
47
Gráfico 4 - Número (N) de gambás examinados e positivos para leptospirose, de acordo
com os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003 .........................
48
Gráfico 5 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,
icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás
(Didelphis aurita) de acordo com as estações do ano, Município de São
Paulo, 1995 – 2003...........................................................................................
51
Gráfico 6 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,
icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás
(Didelphis aurita) de acordo com os distritos do Município de São Paulo,
1995 – 2003.......................................................................................................
53
Gráfico 7 - Porcentagem (%) de soros reagentes para Leptospira sp (T >
100) em
gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos do Município de São Paulo
e estações do ano, 1995 – 2003.........................................................................
55
LISTA DE FOTOGRAFIA
Fotografia 1 - Didelphis aurita, gambá da orelha preta .......................................................
Foto: Juarez Silva
32
Fotografia 2 - Didelphis albventris, gambá da orelha branca ...............................................
Foto Maurício Horta
32
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Localização do Município de São Paulo dentro do Estado de São Paulo e no
Brasil ................................................................................................................
29
Mapa 2 - Divisão do Município de São Paulo de acordo com os distritos (Zonas
Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) e de acordo com os distritos
administrativos (Bairros) .................................................................................
31
Mapa 3 - Porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) positivos e
negativos para leptospirose, de acordo com os distritos do Município de São
Paulo, 1995 – 2003 ..........................................................................................
58
Mapa 4 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com os distritos administrativos do Município de
São Paulo, 1995 – 2003 ...................................................................................
59
Mapa 5 - Porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) positivos para leptospirose,
de acordo com os distritos administrativos do Município de São Paulo, 1995
– 2003 ...............................................................................................................
60
Mapa 6 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, Município de São Paulo, 1995 -
2003...................................................................................................................
61
Mapa 7 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de parques e áreas
verdes dentro do município, Município de São Paulo, 1995 -
2003...................................................................................................................
62
Mapa 8 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de rios, lagos e
represas dentro do município, Município de São Paulo, 1995 – 2003 ............
63
Mapa 9 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de áreas de favelas
dentro do município, Município de São Paulo, 1995 – 2003 ...........................
64
Mapa 10 - Localização de oito dos dez parques municipais onde foram examinados
gambás (Didelphis aurita) para leptospirose, Município de São Paulo, 1995
– 2003................................................................................................................
65
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
CCZ: Centro de Controle de Zoonoses
CDC: Center for Disease Control and Prevention
DEPAVE: Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São Paulo
IAG: Instituto Astronômico e Geofísico
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
NP/NL: Não prenha / não lactante
SIG: Sistema de Informação Geográfica
SP: São Paulo
T: Títulos
USP: Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 19
2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 27
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................27
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 28
3.1 ÁREAS DE ESTUDO .......................................................................................................28
3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA .............................................................................................32
3.3 SOROLOGIA .....................................................................................................................33
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................35
3.5 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG .............................................35
4 RESULTADOS ....................................................................................................................37
4.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO ............41
4.2 LOCAL DE APREENSÃO ...............................................................................................43
4.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL ..............................................................44
4.4 VARIAÇÃO REGIONAL .................................................................................................51
4.5 PARQUES MUNICIPAIS .................................................................................................56
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................66
5.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO ............70
5.2 LOCAL DE APREENSÃO ...............................................................................................71
5.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL ..............................................................71
5.4 VARIAÇÃO REGIONAL .................................................................................................73
5.5 PARQUES MUNICIPAIS .................................................................................................75
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................................76
7 SUGESTÕES .......................................................................................................................78
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 79
APÊNDICE...........................................................................................................................86
ANEXO ..............................................................................................................................88
19
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de doenças dentro de comunidades é um fator que ocorre
naturalmente e que possivelmente apresenta um papel muito importante na estrutura das
populações naturais (CAUGHLEY; GUNN, 1996). Em algumas circunstâncias esse fator
pode acarretar severos problemas, quando acidentalmente introduzidas ou quando há
mudanças no ambiente causadas pelas atividades humanas (SCOTT, 1988).
A pressão do incremento demográfico, das atividades agropecuárias, industriais e
comerciais em todas as regiões do mundo, tem reduzido populações de animais silvestres,
levando algumas espécies a desaparecerem de certas áreas, antes mesmo de terem sido
convenientemente estudadas (LIMA, 1997).
Mais do que a perda da biodiversidade, estas perturbações ecológicas estão quebrando
rapidamente as barreiras naturais que limitam a transmissão de doenças de homens para
animais e de animais para os homens, tornando-os alvos fáceis para a disseminação de
doenças (DASZAK et al., 1999; MORSE, 1995; POKRAS et al., 2000; ROELKE;
MARTENSON; O´BRIEN, 1993).
Mudanças ecológicas, crescimento econômico e crises sociais estão conduzindo vastos
movimentos de hospedeiros e influenciam na abundância e distribuição de vetores, que juntos
estão contribuindo para o reaparecimento de antigas doenças e o aparecimento de outras
novas (WILSON, 1995).
As doenças infecciosas podem causar nos animais conseqüências na sobrevivência de
indivíduos infectados (SCOTT, 1988). Muitos fatores interagem e contribuem para seu
aparecimento em uma população, constituindo um grande risco tanto para animais de
cativeiro como para animais de vida livre, especialmente durante condições de captura,
reintrodução e translocação ou em ecossistemas perturbados e fragmentados (KLEIN, 1993).
20
De acordo com Daszak, Cunningham; Hyatt (2000) a transmissão de agentes
infecciosos através de reservatórios de populações animais domésticos para animais silvestres
pode ser classificada em três grupos básicos: 1) pode ser associado com animais domésticos
que vivem próximos aos animais silvestres; 2) interação com o homem, hospedeiro ou
parasita translocado e 3) sem o envolvimento de humanos ou animais domésticos. Estes
fenômenos tem duas grandes implicações biológicas: primeiro, muitas espécies de animais
silvestres são reservatórios de patógenos que ameaçam a saúde do homem e animais
domésticos; e segundo, o aparecimento de doenças infecciosas em silvestres é uma ameaça
para a conservação da biodiversidade global.
Dentre as doenças infecciosas que ocorrem comumente entre homens, animais
domésticos e silvestres está a leptospirose. É uma doença de caráter zoonótico com ampla
distribuição geográfica ocorrendo tanto em áreas urbanas como em áreas rurais e está
amplamente difundida no Brasil (BLENDEN, 1986; BRASIL, 1995). De acordo com Acha;
Szyfres (1986) atualmente se reconhece a leptospirose como um problema de crescente
importância em todo o mundo principalmente em países considerados em fase de
desenvolvimento.
Observou-se um aumento da notificação nos últimos anos em várias regiões do
mundo: Nicarágua, Índia, Sudeste da Ásia, Estados Unidos, Malásia e Brasil. Cerca de 10 mil
casos são notificados por ano em todas as grandes metrópoles do mundo (LEVETT, 2001).
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), durante os anos de
1980 a 2003 foram confirmados 53.354 casos de leptospirose no país, sendo que mais de 20%
destes no Estado de São Paulo.
O intenso e desordenado processo de urbanização criou ambientes físicos e sociais
extremamente insalubres. A falta de saneamento básico nas grandes cidades, principalmente
nas favelas, e a freqüente exposição à contaminação ambiental durante as fortes chuvas e
21
enchentes são considerados fatores fundamentais para a ocorrência das epidemias de
leptospirose em área urbana. Além disso, a alta densidade demográfica contribui para o
aspecto explosivo das epidemias, gerado em grandes contingentes submetidos
simultaneamente a condições ambientais propícias (TASSINARI et al., 2004).
O agente etiológico causador da leptospirose pertence à Ordem Spirochaetales,
Família Leptospiraceae, gênero Leptospira, e dividida em duas espécies: Leptospira
interrogans, patogênica e, L. biflexa, saprófita. Com base em estudos genéticos, houve a
proposta de uma nova classificação, onde as leptospiras patogênicas foram divididas em sete
espécies: Leptospira borgpeterseni, L. inadai, L. noguchii, L. santarosai, L. weillii, L.
kirschneri e L. interrogans. (FAINE, 1994). A unidade taxonômica básica é o sorotipo ou
sorovar, que são agrupados de acordo com suas principais afinidades antigênicas em
sorogrupo, o qual indica a natureza sorológica desses grupos (BRASIL, 1995).
A Leptospira é um microorganismo obrigatoriamente aeróbico com formato
helicoidal, mede entre 6 a 20 µm de comprimento, possui um gancho em pelo menos uma das
extremidades, e também uma alta motilidade. Sabe-se que tem uma boa multiplicação em
ambientes com pH entre 7,2 a 7,4, que sejam quentes e úmidos, temperaturas extremas
comprometem sua sobrevivência (FAINE, 1994).
Sua transmissão pode ocorrer pelo contato direto ou indireto do agente patogênico
através da pele lesada ou de mucosas, sendo o modo de transmissão mais comum o indireto.
A transmissão congênita também tem um papel importante em animais domésticos, podendo
ocasionar abortos (HANSON, 1982). Não se tem conhecimento sobre esta forma de
transmissão em animais silvestres. Outra forma de contágio que alguns trabalhos sugerem é
através do alimento, onde animais topos de cadeia se contaminam ingerindo pequenos
vertebrados infectados (KHAN et al., 1991; HYAKUTAKE et al., 1976).
22
Quando animal é infectado, ocorre a multiplicação do microorganismo na corrente
sanguínea, caracterizado como fase septicêmica, que dura de 7 a 10 dias. Durante este período
as leptospiras podem ser isoladas da maioria dos órgãos e do fluído cerebroespinhal. Na fase
seguinte, há uma instalação das leptospiras nos túbulos renais, ocorrendo a leptospirúria, que
pode variar de acordo com a relação hospedeiro-parasita. Após a primeira fase formam-se os
anticorpos e as leptospiras desaparecem da corrente sanguínea (ACHA; SZYFRES, 1986).
A principal fonte de eliminação do agente é a urina dos animais portadores, mas a
leptospira também já foi isolada em secreções corporais como o sêmen e leite de bovino,
suíno e hamsters. Animais que são hospedeiros naturais como os roedores podem eliminar as
leptospiras por períodos prolongados, sem apresentar sintomas (HANSON, 1982).
Em estudos realizados em animais de produção, constatou-se que a leptospirose coloca
em risco a reprodução dos animais, comprometendo a fertilidade e conseqüentemente a
produção de carne e de leite em rebanhos que a mantêm como epidemia (ELLIS, 1994). Além
dos problemas relacionados à saúde animal, destacam-se aqueles relacionados à saúde
pública, por esta ser uma grave zoonose, além de acarretar altos prejuízos econômicos para a
pecuária nacional (VASCONCELLOS et al., 1997).
A leptospirose possui duas formas, não ictérica e ictérica, e os sintomas a ela
relacionados são amplos. As manifestações clínicas estão associadas com o sorogrupo
específico, e suas complicações com a localização das leptospiras nos tecidos (LEVETT,
2001).
Febre repentina, fortes dores de cabeça, calafrios, mialgias, dores abdominais são os
principais sintomas da forma não ictérica e usualmente se extinguem em uma semana, com o
aparecimento dos anticorpos. Por seus sintomas serem mais brandos, possui baixa taxa de
mortalidade.
23
A forma ictérica é mais severa, conhecida como a doença de Weil, possui quadro
clínico quase sempre de rápido progresso, a mortalidade varia de 5 a 15 %. Os sintomas
característicos são insuficiência renal e hepática, hemorragia e colapso vascular (LEVETT,
2001).
Os animais de vida livre são conhecidos por serem carreadores e disseminadores de
leptospirose em muitos países (HATHAWAY; BLACKMORE; MARSHALL, 1981). De
acordo com Santa Rosa et al (1980) a participação destes animais, principalmente roedores, na
epidemiologia da leptospirose é fato indiscutível, pois em sua maioria comportam-se como
portadores permanentes de vários sorovares de leptospiras, tornando-se fonte perene para a
infecção do homem e outros animais.
Desde que foi relatada pela primeira vez, a leptospirose foi confirmada através de
estudos em muitas espécies de animais domésticos e silvestres em diversas partes do mundo,
dentre eles roedores, marsupiais, morcegos, carnívoros, xenarthras, perissodátila,
artiodáctylas, répteis e anfíbios (CORDEIRO; SULZER; RAMOS, 1981; EVERARD, et al.,
1983; HYAKUTAKE et al., 1980; JESSUP et al., 1992; MICHINA et al., 1970; REILLY;
FERRIS; HANSON, 1968; SANTA ROSA et al., 1975; SANTA ROSA et al., 1980; TWIGG;
COX et al., 1976).
Os marsupiais muitas vezes estão associados à disseminação de diversas doenças,
como a doença de Chagas (LEGEY et al., 2003), salmonelose, leptospirose (RUIZ-PINA et
al., 2002), toxoplasmose, neosporose (YAI et al., 2003), ao agente Sarcocystis sp, (DUBEY et
al., 2001), embora pouco se conhece sobre o ciclo silvestre destas doenças.
Atualmente são conhecidas cerca de 273 espécies de marsupiais, das quais 204 vivem
na Austrália e algumas ilhas do sudeste asiático e 69 ocorrem no continente americano. Os
marsupiais didelfídeos compreendem um importante componente da fauna de mamíferos
24
neotropicais, representando cerca de 9% da diversidade de mamíferos continentais
(BARBINI; PASSAMANI, 2003).
Os marsupiais neotropicais pertencem às subfamílias Didelphinae e Caluromynae, que
incluem 17 gêneros e mais de 90 espécies. No Estado de São Paulo encontramos 21 espécies
(VIVO, 1998), das quais oito são endêmicas (VIVO, 1998). A Mata Atlântica abriga
marsupiais distribuídos em 12 gêneros com 23 espécies (FONSECA et at., 1996).
O gênero Didelphis (Didelphia: Didelphidae) compreende 4 espécies, sendo 3 com
distribuição em território brasileiro: Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826), D. albventris
(Lund, 1840), D. marsupialis (Linné, 1758) (EMMONS 1999). Destas D. aurita e D.
albiventris ocorrem no Estado de São Paulo.
Os gambás (Didelphis spp) são animais bastante abundantes na região neotropical, e
extremamente adaptáveis aos diferentes habitats (EMMONS, 1999). Estes fatores propiciam a
estas espécies o estreito convívio com humanos e animais domésticos nas grandes metrópoles,
pois existem poucos predadores naturais e vasta disponibilidade de alimentos, já que são
onívoros oportunistas.
São animais de hábito noturno e solitário, formam casais apenas no período
reprodutivo, ocorrendo de uma a duas vezes por ano. A fêmea pode gerar em média sete
filhotes por ninhada, carregando-os no marsúpio por aproximadamente cem dias. Os filhotes
chegam à maturidade sexual em 170 a 336 dias, e tem uma longevidade de aproximadamente
dois anos em ambientes naturais (CUSICK, 2004; GORDON, 2004).
Na Nova Zelândia e na Austrália, o gambá (Trichosurus vulpecula) é considerado o
principal reservatório do sorovar balcânica e há uma maior prevalência em animais em área
rural em relação a animais de floresta (DAY et al., 1997; HATHAWAY; BLACKMORE;
MARSHALL,1981).
25
No México o gambá da espécie Didelphis virginiana foi reagente aos sorovares
pomona e wolffi. (RUIZ-PIÑA et al., 2002).
Em um trabalho realizado nas ilhas de Trindade e Granada foram encontrados em
testes sorológicos os sorotipos bataviae em Didelphis marsupialis, os sorovares javanica,
hebdomadis e ballum em Marmosa mitis e o sorovar javanica em Calluromys philander
trinitatis. Em isolamentos foram encontrados: lanka em Marmosa fuscata e M. mitis, e o
sorovar ballum o sorovar ballum em M. mitis e Caluromys sp (EVERARD et al., 1983).
No Peru foram realizados trabalhos com sorologia e isolamento de lepstospiras em
marsupiais e detectaram seis novos sorotipos. Philander opossum foi reagente aos sorotipos
pomona e georgia e isolados três novos sorovares, Tarassovilius, Icterohaemorrhagiae –
machuguiguenga e Bataviae – rioja, que representam o sorogrupo e sorovar respectivamente.
Na espécie Didelphis marsupialis também foram descritos novos sorovares, Djasiman –
huallaga, Sejroe – rupa rupa, e Cynopteri – tingomaria (sorogrupo – sorovar) (DE
HIDALGO, 1981; DE HIDALGO; SULZER, 1984).
Bunnell et al. (2000) detectou na região de floresta amazônica do Peru, através do
método de PCR, a presença de leptospira patogênica em marsupiais das espécies Philander
opossum, P. andersoni, Marmosops bichopi, M. noctivagus, Micoreus demerae e
Monodelphis adusta.
No Brasil poucos estudos sobre a leptospirose foram realizados envolvendo a Ordem
Didelphidae. Pesquisas através do isolamento e sorologia têm evidenciado os seguintes
sorovares: Caluromys sp: icterohaemorrhagiae (LINS; LOPES, 1984); Philander opossum:
grippothyphosa, ballum, wolffi, tarassovi e guaratuba (CORDEIRO; SULZER; RAMOS,
1981; COSTA; REZENDE; LINS, 1969/70; LINS; LOPES, 1984; SANTA ROSA, 1970;
SANTA ROSA et al., 1975); Didelphis spp: grippotyphosa, castellonis, wolffi e panama
(SILVA et al., 2004); D.albiventris: pomona, mangus, panama (CORDEIRO; SULZER;
26
RAMOS, 1981) e D. marsupialis: patoc, ballum, wolffi, bataviae, brasiliensis, szwajizak,
griphotyphosa e icterohaemorrhagiae (CALDAS; FEHRINGER; SAMPAIO, 1992; LINS;
LOPES, 1984; SANTA ROSA et al., 1975).
Para o conhecimento ecológico e manejo para conservar a biodiversidade e manter a
saúde das espécies, é necessário conhecer a trajetória das doenças, sua influência no
comportamento individual, dinâmica populacional, estrutura da comunidade e padrão
biogeográfico (MAY, 1988).
Os gambás foram os mamíferos silvestres com maior número de registro em área
urbana na cidade de São Paulo, pelo DEPAVE, durante o período de 1995-2003. Devido a sua
alta densidade populacional e o próximo convívio do homem e animais domésticos, podendo
ser considerados modelos adequados para o estudo da leptospirose.
Considerando a relevância do problema leptospirose em uma população pouco
estudada, procurou-se analisar a ocorrência de Leptospira sp em gambás do Município de São
Paulo, durante o período de 1995-2003, permitindo assim uma melhor compreensão da
epidemiologia desta zoonose.
27
2 OBJETIVO GERAL
Estudar a ocorrência de leptospirose em espécies de gambás (Didelphis aurita
e D. albiventris) no Município de São Paulo, no período de 1995 a 2003
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar a soroprevalência de leptospirose na população de gambás
(Didelphis aurita, D. albiventris) do Município de São Paulo no período de
1995-2003.
Determinar os principais sorovares na amostra analisada.
Relacionar a ocorrência da leptospirose com o sexo, estágio de
desenvolvimento e, estágio reprodutivo dos espécimes de Didelphis aurita e D.
albiventris.
Analisar a soroprevalência de leptospirose na população de gambás, no período
de 1995-2003, segundo os anos, meses e estações do ano.
Determinar as áreas do Município de São Paulo com maior ocorrência de
leptospirose em gambás no período de 1995-2003.
28
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho foram utilizadas informações extraídas de um banco
de dados disponibilizado pelo Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São
Paulo, o qual continha 220 gambás pertencentes às espécies Didelphis aurita e D. albiventris,
analisados para leptospirose através da Técnica de Soroaglutinação Microscópica. Os animais
foram capturados no Município de São Paulo entre os anos de 1995 – 2003. Os dados seguem
detalhados abaixo.
3.1 ÁREA DE ESTUDO
O Município de São Paulo (Mapa 1) é o maior centro financeiro, industrial e
populacional do Brasil, com área de unidade territorial de 1.523 km
2
e 10.434.252 habitantes,
possuindo a terceira maior população do mundo (IBGE, 2000). Está situada no chamado
planalto paulistano, a uma altitude média de 800m e a 89 quilômetros do oceano Atlântico, do
qual está separada pela serra do Mar.
A cidade possui um clima tropical temperado de altitude, com temperatura média
anual de 19ºC e índices pluviométricos anuais de 1.300mm. De outubro a março a
temperatura pode chegar a 30ºC, com altos índices pluviométricos. O período que se estende
de abril a setembro corresponde a época de estiagem, com temperaturas mais baixas,
chegando a 6ºC (Gráfico 1) (SÃO PAULO, 2004).
Seu território é composto por 31 regionais administrativas, subdivididas em 96 bairros,
distribuídos em cinco áreas maiores denominadas Zonas Sul, Norte, Leste, Oeste e Centro
(Mapa 2).
29
-
Município de São Paulo
Estado de São Paulo
100 0 10050 Km
Mapa 1 - Localização do Município de São Paulo dentro do Estado de São Paulo e no Brasil
0
5
10
15
20
25
janeiro
f
e
v
e
re
i
ro
março
abril
m
aio
jun
h
o
jul
h
o
agosto
s
ete
mb
ro
o
u
tubro
n
o
v
e
m
bro
de
z
e
m
bro
meses
temperatura média (ºC)
1(a)
0
50
100
150
200
250
300
350
janeiro
feve
re
i
r
o
m
ar
ço
ab
ril
m
aio
junho
ju
l
ho
agosto
s
ete
mbro
outubro
n
ovembro
deze
mbr
o
meses
Precipitação Acumulada (mm)
1(b)
Gráfico 1 - (a) Precipitação acumulada (mm) encontrada no Município de São Paulo durante
os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico da USP,
Estação do IAG da Água Funda. (b) Temperatura média (ºC) encontrada no
Município de São Paulo durante os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto
Astronômico e Geofísico da USP, Estação do IAG da Água Funda.
30
A área de cobertura vegetal é de 760,14 Km
2
, distribuídos em 31 parques, sendo que
os parques municipais ocupam uma área de 14,75 Km
2
, e quatro áreas de proteção ambiental
(APA), que ocupam 273, 17 Km
2
(SÃO PAULO, 2004).
31
52
56
30
83
3
42
23
59
41
45
11
32
64
62
72
58
2
25
36
69
18
1
37
19
78
46
13
4
71
5
16
12
81
75
35
22
17
27
8
91
6
55
51
60
33
29
24
66
85
48
77
28
34
96
68
35
73
74
84
95
86
79
76
53
47
93
15
31
82
92
9
63
54
94
20
89
87
88
21
38
90
40
65
50
61
44
7
39
14
26
70
10
49
57
80
67
DISTRITOS
SUL
OESTE
CENTRO
LESTE
NORTE
DISTRITOS ADMINISTRATIVOS
01 - AGUA RASA
02 - ALTO DE PINHEIROS
03 - ANHANGUERA
04 - ARICANDUVA
05 - ARTUR ALVIM
06 - BARRA FUNDA
07 - BELA VISTA
08 - BELEM
09 - BOM RETIRO
10 - BRAS
11 - BRASILANDIA
12 - BUTANTA
13 - CACHOEIRINHA
14 - CAMBUCI
15 - CAMPO BELO
16 - CAMPO GRANDE
17 - CAMPO LIMPO
18 - CANGAIBA
19 - CAPAO REDONDO
20 - CARRAO
21 - CASA VERDE
22 - CIDADE ADEMAR
23 - CIDADE DUTRA
24 - CIDADE LIDER
25 - CIDADE TIRADENTES
26 - CONSOLACAO
27 - CURSINO
28 - ERMELINO MATARAZZO
29 - FREGUESIA DO O
30 - GRAJAU
31 - GUAIANASES
32 - IGUATEMI
33 - IPIRANGA
34 - ITAIM BIBI
35 - ITAIM PAULISTA
35 - JARDIM HELENA
36 - ITAQUERA
37 - JABAQUARA
38 - JACANA
39 - JAGUARA
40 - JAGUARE
41 - JARAGUA
42 - JARDIM ANGELA
44 - JARDIM PAULISTA
45 - JARDIM SAO LUIS
46 - JOSE BONIFACIO
47 - LAJEADO
48 - LAPA
49 - LIBERDADE
50, LIMAO
51 - MANDAQUI
52 - MARCILAC
53 - MOEMA
54 - MOOCA
55 - MORUMBI
56 - PARELHEIROS
57 - PARI
58 - PARQUE DO CARMO
59 - PEDREIRA
60- PENHA
61 - PERDIZES
62 - PERUS
63 - PINHEIROS
64 - PIRITUBA
65 - PONTE RASA
66 - RAPOSO TAVARES
67 - REPUBLICA
68 - RIO PEQUENO
69 - SACOMA
70 - SANTA CECILIA
71 - SANTANA
72 - SANTO AMARO
73 - SAO DOMINGOS
74 - SAO LUCAS
75 - SAO MATEUS
76 - SAO MIGUEL
77 - SAO RAFAEL
78 - SAPOPEMBA
79 - SAUDE
80 - SE
81 - SOCORRO
82 - TATUAPE
83 - TREMEMBE
84 - TUCURUVI
85 - VILA ANDRADE
86 - VILA CURUCA
87 - VILA FORMOSA
88 - VILA GUILHERME
89 - VILA JACUI
90 - VILA LEOPOLDINA
91 - VILA MARIA
92 - VILA MARIANA
93 - VILA MATILDE
94 - VILA MEDEIROS
95 - VILA PRUDENTE
96 - VILA SONIA
-
10 0 105Km
Mapa 2 - Divisão do Município de São Paulo de acordo com os distritos (Zonas Norte, Sul,
Leste, Oeste, Centro) e de acordo com os distritos administrativos (Bairros).
32
3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA
Para a realização deste trabalho foram utilizadas informações extraídas a partir de
fichas cadastrais de gambás, Didelphis aurita e D. albiventris, recebidos pela divisão técnica
de medicina veterinária e manejo da fauna silvestre do Departamento de Parques e Áreas
Verdes do Município de São Paulo – DEPAVE, abrangendo o período de 1995 a 2003.
Fotografia 1- Didelphis aurita, gambá-de
orelha preta
Foto: Maurício Horta
Fotografia 2 - Didelphis albiventris, gambá-
de- orelha-branca
Foto: Maurício Horta
Os animais cadastrados foram encaminhados ao DEPAVE através de órgãos
municipais como o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ do Município de São Paulo,
Corpo de Bombeiros, policiais e pelos próprios munícipes.
Após a chegada do animal foi realizado o atendimento clínico pelo médico veterinário
e quando apto, o animal era marcado com tatuagem e solto em uma área determinada pelo
biólogo do departamento.
A partir destas informações foi criado um banco de dados, para uso do autor, contendo
apenas as informações necessárias para este trabalho, como código do animal (número da
33
ficha cadastral), data do atendimento, procedência (município, bairro e rua), espécie, sexo,
idade, estado reprodutivo (se havia filhotes ou não), se havia exame para leptospirose, e o
resultado do exame.
3.3 SOROLOGIA
As amostras de sangue foram colhidas pela equipe de médicos veterinários do setor de
manejo da fauna silvestre do DEPAVE e encaminhadas para ao laboratório de zoonoses e
doenças transmitidas por vetores do CCZ do Município de São Paulo para a realização dos
exames de Leptospira sp
A técnica utilizada para pesquisa de anticorpos de Leptospira sp foi a Soroaglutinação
Microscópica - SAM (FAINE, 1982), método que emprega antígenos representados por
culturas de leptospiras vivas para a detecção de anticorpos. Esta metodologia é considerada,
desde 1967, como procedimento padrão para o diagnóstico de leptospirose pela Organização
Mundial da Saúde. Na classificação sorológica foi utilizada uma coleção de antígenos vivos,
com 20 variantes sorológicas de leptospiras patogênicas e de leptospiras saprófitas (Quadro1).
Os animais que apresentaram reação de aglutinação com diluição de 1:100 ou
superior, para um ou mais dos sorogrupos ou suas respectivas variantes sorológicas utilizadas,
foram considerados reagentes positivos. Aqueles que não apresentaram reação a nenhum dos
antígenos citados foram considerados negativos.
34
Leptospiras patogênicas
Sorogrupo Variante sorológica
Australis australis
Autumnalis autumnalis
butembo
Ballum castellonis
Batavia brasiliensis
Canicola canicola
Cynopteri cynopteri
Grippotyphosa grippotyphosa
Icterohaemorrhagiae copenhageni
icterohaemorrhagiae
Javanica javanica
Panama panama
Pomona pomona
Pyrogenes pyrogenes
Sejroe hardjo
wolffi
Shermani shermani
Tarassovi tarassovi
Djasiman Sentot
Leptospiras saprófitas
Andamana andamana
Quadro 1 - Variantes sorológicas de leptospira empregadas como antígenos para a realização
da soroaglutinação microscópica pelo Laboratório de Zoonoses e Doenças
Transmitidas por Vetores do Centro de Controle de Zoonoses do Município de São
Paulo – CCZ, 1995-2003
A interpretação dos resultados sorológicos neste trabalho considerou como o mais
provável aquele sorovar com maior título para a reação de soroaglutinação microscópica e
com a maior freqüência nos animais reatores (VASCONCELLOS et al., 1997).
35
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os cálculos estatísticos foram feitos utilizando os programas Minitab 14 (Minitab
Inc.), StatXact 3.1 (Cytel Inc.) e Epi-Info 6.04 (CDC).
Para verificar a significância estatística na razão sexual entre os gambás capturados,
foi utilizado o teste de comparação de uma proporção, disponível nos programas citados
acima. O teste de χ
2
foi utilizado para verificar se havia associação entre o sexo do animal e a
soropositividade para leptospirose, considerando-se também o estágio de desenvolvimento e o
estágio reprodutivo das fêmeas. Com base neste mesmo teste, também foi analisada a
soropositividade dos animais em relação à região e a estação do ano. Nos casos em que o
valor esperado para as caselas foi inferior a 5, foi calculado o valor exato de p. No caso de
tabelas 2x2, este cálculo foi feito através do teste exato de Fisher.
3.5 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG
Os sistemas de informações geográficas são utilizados como instrumentos para
auxiliar na construção de mapas relacionados a banco de dados, permitindo a visualização
socioambiental de um determinado espaço geográfico, sua descrição e análise. Os mapas
gerados por este recurso auxiliam no planejamento, monitoramento e avaliação das ações em
saúde, direcionando melhor as possíveis intervenções (CHIESA; WESTPHAL;
KASHIWAGI, 2002; SILVA, 2003).
Para estas análises é necessária a localização geográfica dos eventos, associando
informações gráficas (mapas) às bases de dados de saúde, alfanuméricas. Neste trabalho
foram gerados mapas através do software ArcView versão 9.1 (ESRI Inc.), o qual produziu a
36
visualização espacial dos dados gerados através de informões provindas do banco de dados
do IBGE, do ano de 1995 e do banco de dados confeccionado pelo autor, através das fichas
cadastrais dos gambás recebidos pelo DEPAVE.
As unidades político-administrativas adotadas como territórios de referência para a
construção desses indicadores foram: distritos, bairros e nome de rua. Para a escolha das
unidades espaciais foram consideradas a existência e qualidade do registro nos bancos de
dados.
Parte das fichas cadastrais dos gambás não continha endereço, impossibilitando o
mapeamento de todos os animais. Outro fator que prejudicou a confecção do mapa foi a falta
de registro da numeração das casas ou estabelecimentos em que o animal foi encontrado, não
sendo possível o mapeamento do local exato.
Para a confecção dos mapas que descrevem a localização dos animais em relação ao
endereço disponibilizado, áreas de favela e hidrografia, não foram considerados os animais
cadastrados em parques municipais, pois haveria uma sobreposição de pontos, dificultando a
visualização dos demais pontos.
37
4 RESULTADOS
Foram analisados 220 soros pertencentes a gambás provindos do Município de São
Paulo, 217 soros foram retirados de gambás da espécie Didelphis aurita e 3 soros de gambás
da espécie D. albiventris. Dentre os soros examinados, 33 (15%) apresentaram resultado
positivo a pelo menos um sorovar. Todos os soros analisados pertencentes à espécie D.
albiventris apresentaram resultados negativos para Leptospira sp.
Entre os 33 soros positivos para leptospirose, 20 (60%) aglutinaram para um único
sorotipo, enquanto que 13 (40%) coaglutinaram para dois ou mais sorotipos.
Dentre os que apresentaram um único sorovar, foi verificada a seguinte distribuição: 8
castellonis, 5 icterohaemorrhagiae , 2 andamana, 1 shermani, 1 pomona, 1 wolffi, 1
autumnalis, 1 hardjo, conforme apresentado na Tabela 1.
Observam-se as seguintes combinações entre aqueles que apresentaram coaglutinação:
3 animais apresentaram resultado positivo para icterohaemorrhagiae e copenhageni; 2 para
andamana e copenhageni; 1 para andamana e icterohaemorrhagiae ; 1 para tarassovi e
icterohaemorrhagiae ; 1 para castellonis e pomona; 1 para icterohaemorrhagiae , autumnalis
e copenhageni; 1 para castellonis, copenhageni e pomona; 1 para castellonis, copenhageni e
icterohaemorrhagiae; 1 para pomona, hardjo e wolffi e 1 para castellonis, copenhageni,
cynopteri, icterohaemorrhagiae e pomona (Tabela 1).
Considerando como sorovar mais provável entre os gambás aquele que apresentou
maior titulação, obteve-se a seguinte ordem decrescente: castellonis (37,5%),
icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana (12,5%), harjo (8,3%) e shermani, pomona, wolffi,
autumnalis e copenhageni (aproximadamente 4,2%).
38
Quando analisados os sorovares de acordo com a sua freqüência nos exames, não
considerando a titulação, os resultados foram icterohaemorrhagiae como o mais abundante
(24,5%), castellonis (22,6%) e copenhageni (17%), seguidos dos sorovares pomona e
andamana ambos com 9,4%, autumnalis, wolffi e hardjo com 3,8% e tarassovi, shermani e
cynopteri com 1,9%. Copenhageni, tarassovi e cynopteri estão presentes apenas nos
resultados apresentando coaglutinações.
Os títulos variaram entre 100 e 800, conforme mostra a Tabela 2, sendo que 2 animais
apresentaram título 800, um deles com um único sorovar (castellonis) e o outro animal
apresentou 4 sorovares diferentes com esta mesma titulação (castellonis,
icterohaemorrhagiae, pomona e cynopteri).
Cinco animais apresentaram titulação 400 para 3 sorovares diferentes, duas amostras
com castellonis, uma amostra com castellonis e pomona (esta última com menor titulação),
uma amostra com icterohaemorrhagiae e uma amostra com icterohaemorrhagiae e
copenhageni com a mesma titulação.
A titulação 200 foi encontrada em 10 animais, sendo que 5 apresentaram um único
sorovar, 3 para castellonis, 1 para shermani e 1 para wolffi. Entre os resultados apresentando
coaglutinação foi encontrado um para hardjo e andamana com titulação maior que os outros
sorovares no mesmo resultado, um copenhageni e icterohaemorrhagiae com a mesma
titulação e um para copenhageni apresentando titulação mais baixa que os outros sorovares no
mesmo resultado.
39
Tabela 1 - Número (N) e porcentagem (%) de resultados positivos para leptospirose
pesquisada através da prova de soroaglutinação microscópica em gambás
(Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003
Sorovares N %
castellonis
8 24,2
icterohaemorrhagiae
5 15,2
andamana
2 6,1
Shermani
1 3
Pomona
1 3
Wolffi
1 3
autumnalis
1 3
Hardjo
1 3
icterohaemorrhagiae + copenhageni 3 9,1
andamana + copenhageni 2 6,1
andamana + icterohaemorrhagiae 1 3
tarassovi + icterohaemorrhagiae 1 3
castellonis + pomona 1 3
icterohaemorrhagiae + autumnalis + copenhageni 1 3
castellonis + copenhageni + pomona 1 3
castellonis + copenhageni + icterohaemorrhagiae 1 3
pomona + hardjo + wolffi 1 3
castellonis + copenhageni + cynopteri + icterohaemorrhagiae + pomona 1 3
Total 33 100*
* Se somados, os porcentuais apresentados não totalizam 100%, devido a arredondamentos.
Foram encontrados 20 animais com amostras de titulação 100, dos quais 11 animais
apresentaram somente um sorovar com esta titulação, sendo 4 resultados para
icterohaemorrhagiae , 2 para castellonis e andamana e 1 para pomona, autumnalis e hardjo.
Entre os sorovares coaglutinados apresentando a mesma titulação, foram encontrados 2
resultados para copenhageni e icterohaemorrhagiae, 1 andamana e icterohaemorrhagiae, 1
andamana e copenhageni, 1 icterohaemorrhagiae e tarassovi e 1 icterohaemorrhagiae,
40
autumnalis e copenhageni. e 3 coaglutinações apresentando titulação inferior aos outros
sorovares.
Tabela 2 - Distribuição dos sorovares encontrados em amostras positivas para leptospirose em
gambás (Didelphis aurita), segundo sua titulação (T > 100), Município de São
Paulo, 1995 – 2003
Títulos
Sorotipos
1:100 1:200 1:400 1:800 Total
castellonis
4 3 2 2 11
Pomona
4 - - 1 5
Wolffi
1 1 - - 2
autumnalis
2 - - - 2
icterohaemorrhagiae
9 1 2 1 13
andamana
4 1 - - 5
copenhageni
5 3 1 - 9
Hardjo
1 1 - - 2
Tarassovi
1 - - - 1
Shermani
- 1 - - 1
Cynopteri
- - - 1 1
Total 31 11 5 5 52
41
4.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO
Entre as 220 amostras analisadas, 116 (53,7%) eram machos, 100 (46,3%) eram
fêmeas e quatro animais não foi possível a sexagem por ausência de informação na ficha
cadastral. Fazendo a comparação da proporção de machos em relação a 50%, o que implicaria
em uma proporção idêntica de machos e fêmeas, não foi observada nenhuma diferença
estatística significativa (p=0,31).
Conforme Tabela 3, 15,5% e 15% das amostras de machos e fêmeas, respectivamente,
foram positivas, averiguando prevalências semelhantes entre os sexos. Não houve diferença
estatística significativa entre a proporções de gambás machos e fêmeas com sorologia positiva
para leptospirose (p=0,92), segundo o teste de χ
2
.
Quando analisado o estágio de desenvolvimento obteve-se o resultado de 30 (13,7%)
animais jovens, 189 (86,3%) animais adultos e, apenas um indivíduo não continha a
informação na ficha cadastral, totalizando 219 animais analisados.
De acordo com a Tabela 4, os animais adultos (15,9%) obtiveram uma porcentagem
maior de animais positivos que os animais considerados jovens (10%). No entanto, pelo teste
exato de Fisher, esta não é uma diferença estatística significativa (p=0,58).
42
Tabela 3 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos testados para
leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com
o sexo dos gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003
Positivo Negativo
Sexo N % N % Total
Macho 18 15,5 98 84,5 116
Fêmea 15 15 85 85 100
Total 33 15,3 183 84,7 216
Tabela 4 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com os distritos administrativos do Município de São
Paulo, 1995 – 2003
Positivo Negativo
Estágio desenvolvimento N % N % Total
Jovem 3 10 27 90 30
Adulto 30 15,9 159 84,1 189
Total 33 15,1 186 84,9 219
Entre os animais do sexo feminino foram comparados os resultados de acordo com o
estágio reprodutivo, onde 55,4% dos animais examinados erammeas não prenhas e não
lactantes e, 44,6% eram fêmeas com filhotes no marsúpio ou fêmeas apresentando secreção
láctea.
43
Tabela 5 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos testados para
leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com
o estágio reprodutivo das fêmeas adultas de gambás (Didelphis aurita),
Município de São Paulo, 1995 – 2003
Positivo Negativo
Estágio reprodutivo N % N % Total
Fêmea NP/NL 7 15,2 39 84,8 46
Prenha/Lactante 6 16,2 31 83,8 37
Total 13 15,7 70 84,3 83
NP/NL – não prenha, não lactante
De acordo com a Tabela 5, as porcentagens entre as fêmeas reagentes eram de 15,2%
entre as fêmeas não prenhas e não lactantes e 16,2% entre as fêmeas prenhas ou lactantes,
apresentando prevalências semelhantes. Não houve diferença estatística significativa entre as
proporções de fêmeas não prenhas e não lactantes com sorologia positiva para leptospirose
(p=0,90) em relação a fêmeas prenhas ou lactantes.
4.2 LOCAIS DE APREENSÃO
Dentre as 220 fichas cadastrais dos gambás, 148 fichas, referentes ao gambá Didelphis
aurita, continham informações do local onde o animal foi encontrado, sendo 43% em
residências, 41,2% em parques e áreas verdes, 4,7% em escola ou creche, 3,4% em
estabelecimentos comerciais, 2,7% em via pública e, 1,3% no CCZ do Município de São
Paulo, 4% dos animais foram citados apenas como invasor. Para dois dos três indivíduos da
44
espécie D. albiventris, estas informações não estavam disponíveis e um foi encontrado dentro
de um caminhão de mudanças, que teve como itinerário Botucatu – São Paulo.
Em 6,3% do total de fichas cadastrais foi possível extrair informações adicionais:
quatro animais foram registrados como atacados por cães, quatro foram encontrados em latas
de lixo, um foi atacado por gato, um foi atacado por pessoas, um citado somente como
agredido, sem informação do agressor, um foi encontrado no esgoto, um caiu da árvore e um
foi atropelado.
4.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL
Quando analisados a ocorrência de soros positivos para Leptospira sp em gambás
(Didelphis aurita) de acordo com os anos (1995-2003), encontramos uma prevalência de
13,6% no ano de 1995, 20% em 1996, 9,6% em 1997, 29,2% em 1998, 23,5% em 1999 e
3,8% em 2000, nos anos de 2001, 2002 e 2003 não foram encontradas reações positivas
(Gráfico 2 e Tabela 6). Utilizando o teste de χ
2
com cálculo do valor exato de p para comparar
as proporções de positivos, foi observada diferença estatística significativa entre os anos
(p=0,012). Nesta análise, não foram considerados os anos de 2001 e 2003, por apresentarem
amostras de tamanho pequeno (inferior a 3 dados).
45
0
10
20
30
40
50
60
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Período amostrado
de animais amostrados
soros amostrados soros positivos
Gráfico 2 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita) amostrados para pesquisa de leptospiras
atraves do teste de soroaglutinação microscópica, Município de São Paulo, 1995
- 2003
46
Tabela 6 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e porcentagem
(%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T
>100), de acordo com os anos de 1995 – 2003, Município de São Paulo
Meses do ano N de soros positivos
N de soros examinados
Porcentagem (%) positivos
1995 3/22 13,6%
1996 6/30 20%
1997 5/52 9,6%
1998 14/48 29,2%
1999 4/17 25,5%
2000 1/26 3,8%
2001 0/3 0%
2002 0/21 0%
2003 0/1 0%
Total
Quando analisados os casos positivos em relação à estação chuvosa (novembro,
dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril) e à estação de estiagem (maio, junho, julho,
agosto, setembro, outubro), foram encontrados 17 casos na estação de estiagem e 16 casos na
estação chuvosa (Gráfico 3).
47
48,50%
51,50%
estação chuvosa
estação estiagem
3.a
0
5
10
15
20
25
30
primavera verão outono inverno
Estações do ano
Porcentagem (%) de animais positivos
3.b
Gráfico 3 - (a) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para leptospirose nas
estações de chuva e estiagem no Município de São Paulo, 1995 – 2003 (b)
Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para leptospirose nas
estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003
Na variação mensal da ocorrência de soros positivos para Leptospira sp em gambás
(Didelphis aurita) entre os anos de 1995 a 2003, verifica-se que os meses de maior ocorrência
são março (35,3%), abril (33,3%), agosto (22,2%), novembro (18,7%), fevereiro (16,7%),
dezembro (16,6%), setembro (15,6%), conforme Tabela 7 e gráfico 4. No entanto, utilizando
o teste de χ
2
com cálculo do valor exato de p para comparar as proporções de positivos, não
foi observada diferença estatística significativa entre os meses do ano (p=0,26).
48
0
5
10
15
20
25
30
35
J
A
NEIR
O
FEVERE
I
RO
MAO
AB
R
IL
MAIO
J
U
N
HO
JULHO
A
GO
S
TO
S
ETE
M
BRO
O
U
T
U
B
R
O
NO
V
E
M
B
R
O
DEZEMBRO
meses do ano
número de soros
Nº de soros amostrados de soros reagentes
Gráfico 4 - Número (N) de gambás examinados e positivos para leptospirose, de acordo com
os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003
49
Tabela 7 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e porcentagem
(%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T
>100), de acordo com os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003
Meses do ano N de soros positivos
N de soros examinados
Porcentagem (%) positivos
Janeiro 1 / 12 8,3
Fevereiro 2 / 12 16,7
Março 5 / 16 35,3
Abril 5 / 15 33,3
Maio 1 / 18 5,5
Junho 1 /29 3,5
Julho 2 / 18 11,1
Agosto 4 / 18 22,2
Setembro 5 / 32 15,6
Outubro 3 / 27 11,1
Novembro 3 / 16 18,7
Dezembro 1 / 6 16,6
Total 33 / 220 15
Distribuindo os meses em estações do ano, encontramos uma maior ocorrência no
outono (24%) e primavera (14,7%) e, com menor ocorrência no verão (13,3%) e inverno
(10,8%), conforme apresentado na Tabela 8. Não foi observada, no entanto, uma diferença
estatística significativa (p=0,26).
50
Tabela 8 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e porcentagem
(%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T
>100), de acordo com as estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003
Estação do ano N de soros positivos
N de soros examinados
Porcentagem (%) positivos
Primavera 11 / 75 14,7
Verão 4 / 30 13,3
Outono 12 / 50 24
Inverno 7 / 65 10,8
Total 33 / 220 15
Os sorovares que apresentaram maior freqüência foram analisados separadamente de
acordo com a estação do ano (Gráfico 5). O sorovar castellonis está presente em todas as
estações, mas com menor freqüência no verão. Diferentemente o sorovar
icterohaemorrhagiae também está presente em todas as estações, mas em menor quantidade
no inverno. O sorovar andamana está presente apenas durante as estações da primavera e
outono, assim como o sorovar andamana, o sorovar pomona está presente em duas estações,
primavera e inverno. O sorovar copenhageni está presente em todas as estações, mas em
número maior na estação do outono.
51
0
1
2
3
4
5
6
7
Primavera Verão Outono Inverno
Estação do ano
N de amostras positivas
castellonis interohaemorrhagiae copenhageni andamana pomona
Gráfico 5 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,
icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás (Didelphis
aurita) de acordo com as estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003
4.4 VARIAÇÃO REGIONAL
A variação regional da ocorrência de soros positivos para Leptospira sp em gambás
(Didelphis aurita) entre os anos de 1995 a 2003, quando analisada conforme os distritos do
Município de São Paulo, indica que a Zona Leste e o Centro possuem as proporções mais
altas com 37,5% e 22,2% respectivamente, seguidos da Zona Norte (15,4%), Zona Oeste
(13%) e Zona Sul (10,3%), conforme mostra Tabela 9 E Mapa 3. Comparando essas
proporções através de um teste de χ
2
, foi observada uma diferença estatística significativa
(p=0,018).
52
Tabela 9 - Freqüência de soros com aglutininas anti-leptospiras (T >100) em gambás
(Didelphis aurita), segundo os distritos da cidade de São Paulo, 1995 – 2003
Distrito N de soros positivos
N de soros examinados
% Positivos
Centro 2 / 9 22,2
Zona Leste 9 / 24 37,5
Zona Norte 6 / 39 15,4
Zona Oeste 4 / 31 13
Zona Sul 12 / 116 10,3
Total 33 / 219 15
Analisando os sorovares mais prováveis separadamente de acordo com os distritos
(Zona Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) do Município de São Paulo, o sorovar castellonis foi
encontrado em todas as regiões, apresentando maior freqüência nas regiões Leste e Norte. Os
sorovares icterohaemorrhagiae e copenhageni apresentaram distribuições similares, sendo a
região Sul a mais acometida por ambos. Não houve casos na região Norte para o sorovar
andamana, sendo este mais proeminente nas regiões Sul e Leste. O sorovar pomona foi
encontrado em maior número nas regiões Leste e Norte, seguido da região Sul, não houve
casos nas regiões Oeste e Centro (Gráfico 6).
53
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Leste Oeste Norte Sul Centro
Distritos do Município de São Paulo
N de amostras positivas
castellonis icterohaemorragiae copenhageni andamana pomona
Gráfico 6 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,
icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás (Didelphis
aurita) de acordo com os distritos do Município de São Paulo, 1995 – 2003
De acordo com a Tabela 10, demonstrados abaixo, houve uma variação de
soropositividade de acordo com a regiões e as estações do ano. A região central de São Paulo
demonstrou maior número de soros reagentes durante o outono (50%), seguido da primavera
(16,7%). Durante o verão não foram encontrados soros reagentes e no inverno não houve
amostras analisadas.
Na zona leste foi encontrado uma porcentagem alta durante o outono (66,6%),
primavera (50%) e inverno (44,4%), e menor durante o verão (14,3%).
Para a zona norte o outono apresentou maior porcentagem (25%), seguido do inverno
(12,5%) e primavera (5,5%), durante o verão não foram obtidas amostras positivas.
Na zona oeste a porcentagem foi de 33,3% no verão, 20% na primavera, 16,6% no
outono e 0% no inverno.
54
A zona sul apresentou animais reagentes em todas as estações, outono com 16,6%,
verão com 12,5%, seguido da primavera com 9,4% e inverno com 5,2%.
Tabela 10 - Porcentagem (%) de soros reagentes na pesquisa de leptospirose (T >100) em
gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos do Município de São Paulo e
estações do ano, 1995 – 2003
Primavera Verão Outono Inverno
Distrito
Pos
Exam
% Pos Pos
Exam
% Pos Pos
Exam
% Pos Pos
Exam
% Pos
Centro 1 / 6 16,7 0 / 1 0 1 / 2 50 - -
Z. Leste 4 / 8 50 1 / 7 14,3 2 / 3 66,6 4 / 9 44,4
Z. Norte 1 / 18 5,5 0 / 3 0 2 / 8 25 1 / 8 12,5
Z. Oeste 2 / 10 20 1 / 3 33,3 1 / 6 16,6 0 / 11 0
Z. Sul 3 / 32 9,4 2 / 16 12,5 5 / 30 16,6 2 / 38 5,2
Total 11 / 74 14,9 4 / 104 3,8 11 / 49 22,4 7 / 66 10,6
Quando analisado o Gráfico 7 é possível averiguar que a estação outono apresentou
maior percentagem de soros reagentes para todas as regiões de São Paulo, com exceção da
região norte, onde houve uma predominância no verão. Na estação da primavera foram
encontrados soros reagentes em todas as regiões, com maiores porcentagens na zona leste e
zona oeste. Na região leste foram observados soros reagentes em todas as estações, sendo o
verão menos marcante assim como a região sul. Ao contrário na região leste, o inverno
apresentou menor porcentagem de animais soropositivos.
55
0
10
20
30
40
50
60
70
Centro Zona Leste Zona Norte Zona Oeste Zona Sul
Regionais do Município de São Paulo
Porcetagem de soros reagentes
Primavera Verão Outono Inverno
Gráfico 7- Porcentagem (%) de soros reagentes para Leptospira sp (T >100) em gambás
(Didelphis aurita), segundo os distritos do Município de São Paulo e estações do
ano, 1995 – 2003
A cidade de São Paulo possui 96 distritos administrativos, dos quais 51 (53,1%) foram
amostrados. Os distritos administrativos com maior número de animais foram Moema (51) e
Santo Amaro (31) conforme Mapa 4.
Entre os 51 bairros amostrados, 20 (39,2%) apresentaram amostras positivas para
leptospirose, Capão Redondo (1/1), Vila Sônia (1/1), Freguesia do Ó (1/1), Bom Retiro (1/1),
Mooca (1/1), Cidade Tiradentes (1/1) e Guaianases (1/1) apresentaram uma porcentagem de
100% de animais positivos (Mapa 5).
Os dados contendo o número de animais capturados e o número de animais positivos
está disponível no Apêndice.
56
De acordo com o Mapa 6 é possível visualizar através dos pontos de coloração preta e
vermelho (animais que apresentaram resultado negativo e positivo na pesquisa de anti-
aglutininas para leptospira respectivamente) as localidades de acordo com o endereço
disponibilizado. Estes pontos correspondem a 66,7% dos animais amostrados.
Os triângulos de coloração azul e amarelo (animais com exames negativos e positivos
respectivamente) referem-se a localidades em que apenas o bairro era conhecido (33,3% dos
dados), sem informação exata de endereço. Para efeitos de visualização, estes pontos foram
distribuídos de forma aleatória na área correspondente ao bairro (Mapa 6).
No Mapa 7, é possível observar a ocorrência de 8 indivíduos positivos (34,8%) para
leptospirose capturados próximos a áreas contendo lagos, represas e leitos de rios.
Já no Mapa 8 é possível observar as áreas de apreensão dos animais amostrados e as
áreas de vegetação encontrada no município. Grande parte dos animais apreendidos
aparentemente estavam próximos a áreas de vegetação, como parques municipais, parques
estaduais e praças.
No Mapa 9, foram inseridos juntamente com os pontos dos animais analisados as áreas
de favela do município. Entre os 23 animais positivos com endereço definido, 6 foram
encontrados em áreas de favelas, todas na região Leste.
4.5 PARQUES MUNICIPAIS
Foram analisados 63 gambás provindos de parques municipais, sendo eles Parque do
Ibirapuera (77,7%), Parque Tenente Siqueira Campos (6,3%), Parque Buenos Aires (3,2%),
Parque São Domingos (3,2%), Parque Aclimação (1,6%), Parque Tremembé (1,6%), Parque
57
Luis Carlos Prestes (1,6%), Parque Previdência (1,6%), Parque Severo Gomes (1,6%) e
Parque Morumbi (1,6%).
Através do Mapa 10 é possível visualizar a localização dos Parques São Domingos,
Buenos Aires, Tenente Siqueira Campos, Aclimação, Jardim Previdência, Luís Carlos Prestes,
Ibirapuera e Severo Gomes dentro do Município de São Paulo.
Apenas no Parque do Ibirapuera foram encontrados quatro indivíduos positivos
(8,2%), apresentando respectivamente a titulação de 100 andamana e 100, 200 andamana e
100 copenhageni, 100 copenhageni e 100 icterohaemorrhagiae e 1 indivíduo apresentando
apenas 100 icterohaemorrhagiae. Todos os soros positivos foram encontrados no ano de
1998.
58
13,3%
37,5%
15,4%
13%
22,2%
RESULTADOS
amostras positivas
amostras negativas
-
010205Km
SUL
OESTE
CENTRO
LESTE
NORTE
Mapa 3- Porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) positivos e negativos
para leptospirose, de acordo com os distritos dos Município de São Paulo, 1995 –
2003
59
-
0 5 10 15 202,5 Km
GAMBÁS ANALISADOS
0
1 - 15
16 - 30
31 - 45
> 45
Mapa 4- Número (Nº) de gambás (Didelphis aurita, D. albiventris) analisados para
leptospirose, de acordo com os distritos administrativos do Município de São Paulo,
1995 - 2003
60
-
0 5 10 15 202,5 Km
GAMBÁS POSITIVOS
0,0%
0,1% - 24,9%
25% - 49,9%
50% - 74,9%
75% - 100%
Mapa 5- Porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) positivos para leptospirose, de
acordo com os distritos administrativos do Município de São Paulo, 1995 – 2003
61
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-
010205
Km
ANIMAIS COM ENDEREÇO DEFINIDO
NEGATIVO
POSITIVO
ANIMAIS SEM ENDEREÇO DEFINIDO
#
*
NEGATIVO
#
*
POSITIVO
Mapa 6- Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, Município de São Paulo, 1995 -2003
62
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X
X
XX
X
XXXX
X
X
X
1/0
1/0
4/0
1/0
2/0
1/0
1/0
42/4
-
010205
Km
ANIMAIS COM ENDEREÇO DEFINIDO
NEGATIVO
POSITIVO
ANIMAIS SEM ENDEREÇO DEFINIDO
*
NEGATIVO
#
*
POSITIVO
PARQUES AMOSTRADOS
X
AMOSTRAS NEGATIVAS/POSITIVAS
Mapa 7- Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de parques e áreas verdes
dentro do município, Município de São Paulo, 1995 – 2003
63
*
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-
010205
Km
ANIMAIS COM ENDEREÇO DEFINIDO
NEGATIVO
POSITIVO
ANIMAIS SEM ENDEREÇO DEFINIDO
*
NEGATIVO
#
*
POSITIVO
REPRESAS
LEITOS DE RIOS
Mapa 8- Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de rios, lagos e represas
dentro do município, Município de São Paulo, 1995 – 2003
64
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-
010205
Km
ANIMAIS COM ENDEREÇO DEFINIDO
NEGATIVO
POSITIVO
ANIMAIS SEM ENDEREÇO DEFINIDO
*
NEGATIVO
#
*
POSITIVO
ÁREA DE FAVELA
Mapa 9- Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para
leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de áreas de favelas dentro do
município, Município de São Paulo, 1995 – 2003
65
PRQ. IBIRAPUERA
PRQ. DA ACLIM
Ã
PRQ. JARDIM PREVIDÊNCIA
PRQ. S. DOMINGOS
PRQ. TEN. SIQUEIRA CAMPOS
PRQ. BUENOS AIRES
PRQ. LUÍS
CARLOS PRESTES
PRQ SEVERO GOMES
BUTANTÃ
MOEMA
SANTO AMARO
SÃO DOMINGOS
JARDIM PAULISTA
LIBERDADE
CONSOLAÇÃO
-
OESTE
SUL
CENTRO
NORTE
052,5
Km
Mapa 10- Localização de oito dos dez parques municipais onde foram examinados gambás
(Didelphis aurita) para leptospirose, Município de São Paulo, 1995 – 2003
66
5 DISCUSSÃO
No presente trabalho foram analisados 220 soros pertencentes a gambás das espécies
Didelphis aurita (217) e D. albiventris (3), provindos do Município de São Paulo, durante o
período de 1995 a 2003, dos quais 15% foram positivos para o teste de soroaglutinação
microscópica. Apenas a espécie Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta), obteve resultado
positivo para o teste, enquanto que Didelphis albiventris não apresentou soropositividade.
Este resultado possivelmente está relacionado ao baixo número de amostras analisadas de D.
albiventris, pois estudos realizados por outros autores demonstraram a participação na cadeia
epidemiológica da doença em ambas espécies (CORDEIRO; SULZER; RAMOS, 1981;
EVERARD et al., 1983; SANTA ROSA et al., 1975; SILVA et al., 2004).
De acordo com trabalhos realizados em outras localidades, a prevalência pode variar
conforme a região estudada. Na cidade de Yucatán, no México foi encontrada a prevalência
de 4,9% em Didelphis virginiana (RUIZ-PEÑA et al., 2002). No Peru, DE HIDALGO (1981)
obteve uma prevalência de 20% em animais testados para soroaglutinação e 46,6% em
isolamentos, além de isolar três cepas novas de Leptospira sp em Didelphis marsupialis (DE
HIDALGO; SULZER, 1984). Estudos realizados no Brasil demonstraram que pode ocorrer
esta mesma variação. Na Região Norte do Brasil foram encontrados 6,4% (CORDEIRO;
SULZER; RAMOS, 1981) e 6% (LINS; LOPES, 1984) no Amazonas e 0 (COSTA;
REZENDE; LINS, 1969/70) em áreas de floresta amazônica. Em Salvador foi encontrada a
prevalência de 20% (CALDAS; FEHRINGER; SAMPAIO, 1992).
No Estado de São Paulo (Casa Grande, Cotia, Itapetininga, Guaratuba, Bertioga,
Juquiá e Cajurus) Santa Rosa et al. (1975) encontraram uma prevalência de 3% em gambás, já
Silva et al. (2004) analisaram gambás provindos da região de Jundiaí e encontraram 53,6%
dos animais soropositivos.
67
Considerando o sorovar mais provável aquele que apresentou maior titulação, obtém-
se como resultado em ordem decrescente castellonis (37,5%), icterohaemorrhagiae (20,8%),
andamana (12,5%), harjo (8,3%) e shermani, pomona, wolffi, autumnalis e copenhageni
(aproximadamente 4,2%) e, quando analisados os sorovares de acordo com a sua freqüência
nos exames, não considerando a titulação, os resultados foram icterohaemorrhagiae como o
mais abundante (24,5%), castellonis (22,6%) e copenhageni (17%), seguidos dos sorovares
pomona e andamana (9,4%), autumnalis, wolffi e hardjo (3,8%) e tarassovi, shermani e
cynopteri (1,9%). Copenhageni, tarassovi e cynopteri estão presentes apenas nos resultados
apresentando coaglutinações.
Os sorovares encontrados comumente em outros trabalhos são icterohaemorrhagiae,
castellonis, pomona, wolffi (CORDEIRO; SULZER; RAMOS, 1981; LINS; LOPES, 1984;
SANTA ROSA et al., 1975; SILVA et al., 2004), porém devido a poucos estudos
desenvolvidos com gambás seria difícil indicá-lo como principal reservatório de algum
sorovar específico. Comparando os trabalhos existentes, o sorovar de maior prevalência nestes
animais parece se adaptar de acordo com a região e seus fatores ambientais do que
propriamente com a espécie animal.
De acordo com Hathaway (1981) há dois tipos de hospedeiros: de manutenção ou
primário, que é aquele que possui alta suscetibilidade para infecção, muitas vezes
necessitando uma baixa dose infectante, longa fase de bacteremia e uma infecção natural entre
os hospedeiros; o outro tipo de hospedeiro seria o acidental, com características contrárias ao
hospedeiro primário.
O conceito de hospedeiro primário para um determinado sorovar é complexo, já que
este hospedeiro pode ser primário para mais de um sorovar, e este pode ser mantido por outras
espécies de animais em diferentes regiões, e mais de um hospedeiro pode ser primário para
68
um mesmo sorovar em uma mesma área (HATHAWAY; BLACKMORE; MARSHALL,
1983).
O sorovar de maior freqüência neste trabalho foi o icterohaemorrhagiae (25%), já
citado para inúmeros animais na literatura, tornando-o um dos mais comuns no Brasil. Em
grandes metrópoles como São Paulo, foram realizados estudos de leptospirose humana no
final da década de 60 e o autor encontrou 89,7% dos casos positivos para este sorovar
(CORRÊA, 1969/70), também foi encontrado em pesquisas com cães errantes na cidade de
São Paulo (YASUDA, et al. 1980).
Castellonis foi o sorovar mais provável quando analisada a maior titulação (37,5%).
Silva et al. (2004) observaram que este sorovar foi o segundo mais freqüente (26,6%) entre
gambás capturados no Estado de São Paulo. Estes resultados sugerem que o gambá possa ser
o hospedeiro primário deste sorovar.
Copenhageni foi encontrado com uma freqüência de 17% entre os gambás. Em uma
pesquisa realizada na cidade de São Paulo em humanos, Sakata et al. (1992) encontraram em
77,8% das cepas isoladas o sorovar copenhageni. Esses autores ressaltam a importância deste
sorovar e uma revisão da real prevalência do sorovar icterohaemorrhagie na região, sugerindo
uma possível reação cruzada, já que pertencem ao mesmo sorogrupo Icterohaemorrhagiae.
Pomona também é considerado um sorovar comum, foi encontrado pela primeira vez
na Austrália em 1936 em humanos (HATHAWAY, 1981). No Brasil foi descrito pela
primeira vez em bovinos (LILENBAUM, 1996), posteriormente foi descrito também em cães
(BLAZIUS et al., 2005, Yasuda; SANTA ROSA; YANAGUITA, 1980) e humanos
(ROMERO et al., 2003).
Foi encontrado em 9,6% dos gambás positivos o sorovar andama, já descrito em
diversos animais, inclusive o homem. Em um trabalho realizado por Hyakutake et al. (1980),
mais de 60% das serpentes não peçonhentas estavam sororeagentes a este sorovar. Cáceres;
69
Monteiro-Filho (2001) e Cáceres (2002), realizaram pesquisas sobre a dieta de Didelphis
aurita e D. albventris respectivamente, em fragmentos de mata em áreas peri-urbanas do
Município de Curitiba, encontraram os répteis como importantes fontes de alimentos para
estes animais. E em um levantamento de herpetofauna que está sendo realizado no Município
de São Paulo (MALAGOLI, 2004), foram encontrados 35 espécies de répteis em áreas verdes.
Este pode ser um indicativo deste sorovar estar presente nestes animais.
Os títulos encontrados neste trabalho variaram entre 100 e 800. Em humanos, o CDC
determina como caso de leptospirose, pacientes apresentando sintomas clínicos compatíveis e
títulos > 200, já Levett (2001) acredita que esta titulação é aconselhável em áreas onde a
leptospirose não é comum, e que em áreas onde a doença seja endêmica, o título > 800 em
pacientes sintomáticos é geralmente um indicativo de leptospirose, mas títulos mais altos
como >1600 tem sido recomendados.
Títulos com valores baixos podem indicar o início ou a fase crônica da doença, ou até
mesmo podem estar relacionados com o fato de se tratar do hospedeiro primário, conforme
citado nos parágrafos acima. Na verdade muitos fatores podem interferir na produção de
anticorpos. Dependendo do momento em que a amostra sanguínea é coletada é possível
ocorrer resultado negativo, e o mesmo animal ter resultado positivo no isolamento de
leptospiras. Devido a estes fatores é aconselhável obter mais de uma amostra sanguínea com
intervalos de uma semana, pois as aglutininas são detectáveis na circulação sanguínea
somente a partir do 7º dia da doença atingindo nível máximo de 21 dias (LEVETT, 2001).
Este método é inviável em trabalhos como o presente, pois os animais são de vida livre, de
difícil manutenção durante um extenso período em cativeiro.
70
5.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO
Quando as amostras foram analisadas de acordo com o sexo, foi encontrado 54,5% das
amostras positivas em gambás machos, no entanto estatisticamente não foi encontrada uma
diferença significativa (p>0,05).
Para o estágio de desenvolvimento foi encontrada uma porcentagem maior de animais
soropositivos adultos (15,9%) que em jovens (10%), no entanto não houve uma diferença
estatística significativa (p>0,05).
Animais jovens começam a deixar o ninho para explorar o ambiente e forragear em
busca de seu próprio alimento, tornando-se vulneráveis a infecção por organismos deixados
no ambiente por animais adultos infectados, e em animais adultos o risco de adquirir infecção
é mais provável pela interação sexual e social. (SHIMIZU, 1984).
As porcentagens entre os estágios reprodutivos das fêmeas reagentes foram de 15,2%
para as fêmeas não prenhas e não lactantes e 16,2% entre as fêmeas prenhas ou lactantes.
Apesar da porcentagem ser maior emmeas prenhas ou lactantes não houve diferença
estatística significativa.
Este é o primeiro estudo correlacionando resultados obtidos pela sorologia de
leptospiroses em gambás com o sexo, estágio de desenvolvimento e estágio reprodutivo.
Assim não foi possível realizar uma comparação dos dados obtidos com outros resultados.
71
5.2 LOCAL DE APREENSÃO
Em 67,3% das fichas cadastrais foi possível reconhecer a localização dos animais,
sendo que 52,4% estavam em locais de estreito convívio com o homem ou animais
domésticos, como residências, creches, escolas e estabelecimentos comerciais, enfatizando a
idéia que os gambás podem desempenhar um importante papel na disseminação de leptospiras
entres animais domésticos e humanos, assim como os roedores.
5.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL
Na análise da ocorrência de leptospirose em gambás no Município de São Paulo em
relação aos anos, foi observada diferença estatística significativa (p=0,012) entre os anos de
1995-2000 e 2002.
O cadastro de gambás no DEPAVE é realizado através do seu encaminhamento por
munícipes, ou através de órgãos municipais como Corpo de Bombeiro, Polícia e CCZ. Por
estes órgãos nem sempre estarem disponíveis para a realização da captura de animais,
acredita-se que este fator acarretou um prejuízo na amostragem em alguns anos do registro,
como em 1999 quando houve uma queda no número de animais amostrados em relação aos
outros anos e principalmente nos anos de 2001 e 2003 onde foram amostrados somente 3 e 1
animais respectivamente, impossibilitando a análise ao longo dos anos.
Analisando as amostras positivas em relação a sazonalidade, não houve uma diferença
estatística quando comparadas às estações de chuva e de estiagem.
72
Detalhando os casos conforme o mês, não foi observada diferença estatística
significativa (p>0,05) na ocorrência de leptospirose nas amostras analisadas. Foram
encontradas ocorrências maiores nos meses de março e abril com 35,3% e 33,3%
respectivamente, seguidos de agosto (22,2%), indicando uma possível preferência por meses
mais amenos.
Yasuda; Santa Rosa; Yanaguita (1980) encontraram uma maior prevalência de cães
errantes positivos para leptospirose na cidade de São Paulo no mês de abril (28,8%), seguido
de março (27%) e fevereiro (26,5%). Romero et al. (2003) obtiveram resultados parecidos
para leptospirose humana na grande capital paulista, com picos de casos ocorrendo em
fevereiro e março, seguidos de abril e janeiro.
Estes resultados indicam que pode haver um padrão na ocorrência da leptospirose nos
meses de março e abril, indiferente da espécie animal estudada.
Apesar de não haver uma diferença estatística significativa em relação às estações do
ano, houve uma maior prevalência durante o outono e primavera, seguido do verão e inverno.
As características das fases estacionais no Brasil podem variar de acordo com a região. No
Sudeste o verão é caracterizado por periódicas chuvas fortes acompanhadas de clima quente,
o inverno possui um clima seco com temperaturas baixas, enquanto que a primavera e outono
são estações em transição com temperaturas e chuvas amenas.
YASUDA et al. (1980) realizou um trabalho com cães errantes na cidade de São Paulo
e obteve uma maior número de isolamentos durante o outono, acreditando que este resultado
pode estar ligado a vários fatores, como a ocorrência de chuvas moderadas, temperaturas
amenas, luminosidade branda e ao alto grau de umidade do ar. Podendo-se estender estes
mesmos fatores a primavera.
O verão, por possuir as características mencionadas anteriormente, facilitaria a
disseminação das leptospiras, principalmente entre humanos e cães, que devido a enchentes
73
podem ficar em contato com a água contaminada durante um longo período (CORRÊA,
1969/70; I KO et al., 1999; ROMERO et al., 2003, YASUDA; SANTA ROSA;
YANAGUITA, 1980), o que poderia ser diferente de animais como o gambá que possui a
habilidade de se abrigar em locais altos como árvores e telhados de casa, evitando assim o
contato prolongado com estas águas.
A sazonalidade também pode estar associada a fatores comportamentais dos animais.
O período de acasalamento entre os gambás vai de julho e se estende até março. A gestação
dura em média 14 dias, o início dos nascimentos ocorreria na metade do inverno e o período
de amamentação dura em média 100 dias, se estendendo até o início do verão (RIGUEIRA et
al.,1987) . O período de amamentação pode se estender até final do outono dependendo da
época de acasalamento, este período exige maior consumo de alimentos da fêmea para suprir
energia do consumo de leite dos filhotes, gerando assim uma atividade mais intensa dos
animais durante este período.
5.4 VARIAÇÃO REGIONAL
Entre os distritos de São Paulo houve uma maior soroprevalência na Zona Leste
(37,5%) e Centro (22,2%), seguidos da Zona Norte (15,4%), Oeste (13%) e Sul (10,3%), com
uma diferença estatística significativa entre os distritos (p=0,018). De acordo com a Prefeitura
de São Paulo (SÃO PAULO, 2005), a região da Zona Leste é onde ocorre o maior números de
mortes causados pela leptospirose, no período de 1996 a 2004, foram registrados 112 óbitos
nesta região, seguido da Zona Sul e Zona Norte com 92 e 67 óbitos respectivamente.
74
De acordo com Vasconcellos (1987) a extensão e a duração de um foco de
leptospirose não depende unicamente da existência de hospedeiros, animais doentes ou
portadores. Existe também a necessidade da participação concomitante de alguns fatores ditos
condicionantes, que facilitam a veiculação da leptospira a partir das fontes de infecção até os
susceptíveis.
Os sorovares parecem ter uma tendência de prevalência de acordo com a região, como
castellonis pelos distritos leste e norte, enquanto que icterohaemorrhagiae e copenhageni pela
região sul da cidade. Este fato pode estar vinculado a algum fator geográfico, como área de
vegetação e hidrografia. Na região leste e norte estão situados a Serra da Cantareira e o
Parque Ecológico do Tietê, e na região Sul estão situadas as represas Billings e Guarapiranga
junto à Serra do Mar, que podem apresentar fatores condicionantes importantes para
determinar esta variação geográfica dos sorovares.
Entre os bairros amostrados, aqueles que apresentaram animais soropositivos estão
situados principalmente na periferia do Município, e são os bairros periféricos que devido ao
crescimento desordenado, possuem graves problemas de saneamento, com deficiências nas
redes de esgoto, ruas sem pavimentação, moradias inadequadas próximos a córregos a céu
aberto, muitas vezes criando um ambiente propício à disseminação de leptospiras.
Também houve gambás positivos em bairros na região central. Nesta região e em suas
proximidades estão situados diversos pontos de alagamento (Anexo), devido à pavimentação
com poucos pontos de escoamento d’água, criando áreas de inundação.
Na região sul foram encontrados gambás próximos às represas, onde existem grandes
áreas de ocupação irregular.
Devido ao registro incompleto da localização dos animais, a análise mais detalhada
das áreas de ocorrência de casos positivos foi inviabilizada.
75
5.5 PARQUES MUNICIPAIS
Houve um número considerável de animais amostrados em parques municipais,
principalmente no Parque Ibirapuera. O alto número de animais examinados neste parque se
deve à proximidade com o DEPAVE, já que este se encontra no mesmo, o que facilita a
entrega do animal pelos munícipes e por funcionários do local.
Apesar do alto número de animais examinados a prevalência de animais positivos para
leptospirose nos parques foi baixa (6,3%), mas apresentou sorovares importantes para a saúde
pública como icterohaemorrhagiae, copenhageni e andamana. Mesmo sendo uma
prevalência baixa, esta é uma observação importante, pois o Parque do Ibirapuera é um dos
pontos turísticos e de lazer mais freqüentados de São Paulo, facilitando assim a interação de
humanos e animais domésticos com o ciclo silvestre da doença.
Em relação aos outros parques amostrados, o número de gambás testados para
leptospirose foi baixo, sendo necessária uma amostra maior para uma real avaliação da
situação do local.
76
6 CONCLUSÕES
¾ A prevalência da leptospirose na população de gambás da espécie Didelphis aurita na
cidade de São Paulo durante o período de 1995-2003 foi de 15%. Não foram
encontrados gambás da espécie Didelphis albiventris positivos na pesquisa de
Leptospira sp.
¾ Os sorovares mais prováveis de acordo com o maior título encontrado foram:
castellonis (37,5%), icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana (12,5%), hardjo
(8,3%), shermani, pomona, wolffi, autumnalis e copenhageni (4,2%).
¾ Os sorovares mais prováveis de acordo com a maior freqüência foram:
icterohaemorrhagiae (24,5%), castellonis (22,6%), copenhageni (17%), pomona e
andamana (9,4%), autumnalis, wolffi e hardjo (3,8%) e tarassovi, shermani e
cynopteri (1,9%).
¾ Não foi observada diferença estatística significativa (p>0,05) na ocorrência da
leptospirose em gambás do Município de São Paulo durante o período de 1995 a 2003,
quanto ao sexo, estágio reprodutivo e estágio de desenvolvimento.
¾ Foi observada diferença estatística significativa (p=0,012) na ocorrência de
leptospirose em gambás do Município de São Paulo em relação aos anos 1995-2000 e
2002. Em 1998 foi observada a maior soroprevalência (29,2%) deste período e, em
2002, nenhum positivo foi observado.
77
¾ Não foi observada diferença estatística significativa (p>0,05) na ocorrência de
leptospirose em gambás do Município de São Paulo no período de 1995 a 2003 em
relação aos meses e às estações do ano.
¾ Entre os distritos de São Paulo houve uma maior soroprevalência na Zona Leste
(37,5%) e Centro (22,2%), com uma diferença estatística significativa entre os
distritos (p=0,018).
¾ Foram observadas características ambientais como hidrografia, áreas de favela e áreas
de parque. Entre os 23 animais positivos com endereço definido, 6 foram encontrados
em áreas de favelas, todas na região Leste. Oito indivíduos positivos (34,8%) para
leptospirose foram capturados próximos a áreas contendo lagos, represas ou leitos de
rios. Foram analisados 63 gambás provindos de 10 parques municipais, mas apenas no
Parque do Ibirapuera foram encontrados animais positivos (4).
78
7 SUGESTÕES
Para compreender de forma mais ampla o papel do gambá no ciclo da leptospirose,
segue algumas sugestões:
Realização de um maior número de pesquisas de prevalência e isolamento de
leptospiras envolvendo os gambás nos diferentes ambientes florestais, rurais e
urbanos;
Realizar infecções experimentais, utilizando variantes como icterohaemorrhagiae
e castellonis para compreender suas manifestações clínicas no gambá e seu papel
na transmissão da leptospirose entre animais domésticos e o homem.
Conforme o banco de dados do DEPAVE, o gambá (Didelphis aurita) representou
o mamífero silvestre mais abundante na cidade de São Paulo durante os anos de
1995 - 2003, por isso seria de grande valia a elaboração de um protocolo de coleta
de material biológico, para que seja utilizado nos centros de triagem, zoológicos
ou instituições ligadas ao manejo da fauna silvestre de uma forma padronizada,
possibilitando a formação de um banco de tecidos para futuros estudos,
estabelecendo um melhor conhecimento do ciclo de diversas doenças envolvendo
estes animais.
79
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86
APÊNDICE - Quadro com o número de gambás analisados e positivos para leptospirose, de
acordo com o distrito e distrito administrativo do Município de São Paulo, 1995 –
2003
DISTRITO ADMINISTRATIVO DISTRITO N GAMBÁS ANALISADOS N GAMBÁS POSITIVOS
AGUA RASA LESTE 1 -
ALTO DE PINHEIROS OESTE - -
ANHANGUERA NORTE - -
ARICANDUVA LESTE - -
ARTUR ALVIM LESTE - -
BARRA FUNDA OESTE - -
BELA VISTA CENTRO - -
BELEM LESTE - -
BOM RETIRO CENTRO 1 1
BRAS LESTE 1 -
BRASILANDIA NORTE 1 -
BUTANTA OESTE 13 2
CACHOEIRINHA NORTE - -
CAMBUCI CENTRO - -
CAMPO BELO SUL 6 -
CAMPO GRANDE SUL 3 -
CAMPO LIMPO SUL 6 -
CANGAIBA LESTE 1 -
CAPAO REDONDO SUL 1 1
CARRAO LESTE - -
CASA VERDE NORTE - -
CIDADE ADEMAR SUL - -
CIDADE DUTRA SUL 6 1
CIDADE LIDER LESTE 1 -
CIDADE TIRADENTES LESTE 1 1
CONSOLACAO CENTRO 4 -
CURSINO SUL - -
EMERLINO MATARAZZO LESTE 3 2
FREGUESIA DO O NORTE 1 1
GRAJAU SUL 3 -
GUAIANASES LESTE 1 1
IGUATEMI LESTE - -
IPIRANGA SUL 1 -
ITAIM BIBI OESTE 1 -
ITAIM PAULISTA LESTE 2 -
ITAQUERA LESTE 4 1
JABAQUARA SUL 3 -
JACANA NORTE 2 -
JAGUARA OESTE - -
JAGUARE OESTE 1 -
JARAGUA NORTE 2 1
JARDIM ANGELA SUL 1 -
JARDIM HELENA LESTE - -
JARDIM PAULISTA OESTE 6 -
JARDIM SÃO LUIS SUL - -
JOSE BONIFACIO LESTE - -
LAJEADO LESTE - -
LAPA OESTE - -
LIBERDADE CENTRO 3 1
LIMAO NORTE 1 -
87
MANDAQUI NORTE - -
MARCILAC SUL - -
MOEMA SUL 51 5
MOOCA LESTE 1 1
MORUMBI OESTE 3 -
PARELHEIROS SUL - -
PARI LESTE - -
PARQUE DO CARMO LESTE - -
PEDREIRA SUL - -
PENHA LESTE 2 1
PERDIZES OESTE 1 -
PERUS NORTE - -
PINHEIROS OESTE - -
PIRITUBA NORTE 3 -
PONTE RASA LESTE - -
RAPOSO TAVARES OESTE 2 -
REPUBLICA CENTRO - -
RIO PEQUENO OESTE 3 1
SACOMA SUL - -
SANTA CECILIA CENTRO - -
SANTANA NORTE 5 1
SANTO AMARO SUL 31 5
SÃO DOMINGOS NORTE 4 -
SÃO LUCAS LESTE - -
SÃO MATEUS LESTE 3 2
SÃO MIGUEL LESTE 2 -
SÃO RAFAEL LESTE - -
SAPOPEMBA LESTE - -
SAUDE SUL - -
SE CENTRO 1 -
SOCORRO SUL 3 -
TATUAPE LESTE - -
TREMEMBE NORTE 10 -
TUCURUVI NORTE 9 3
VILA ANDRADE SUL 1 -
VILA CURUCA LESTE - -
VILA FORMOSA LESTE 1 -
VILA GUILHERME NORTE - -
VILA JACUI LESTE - -
VILA LEOPOLDINA OESTE - -
VILA MARIA NORTE - -
VILA MARIANA SUL - -
VILA MATILDE LESTE - -
VILA MEDEIROS NORTE 1 -
VILA PRUDENTE LESTE - -
VILA SONIA OESTE 1 1
SEM LOCALIDADE 1 -
TOTAL 219 33
88
ANEXO - Mapa com as localizações de pontos de enchente no Município de São Paulo
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo.
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