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enfermeiros, que trabalham no Qualis/PSF, e a pouca apropriação do objeto do
Programa Saúde da Família pelos profissionais que se encontram na rede municipal
de saúde” (ALVES SOBRINHO, 2002. p. 38).
A lógica do sistema de saúde brasileiro sempre pôs no seu comando o
superespecialista e o hospital ultra-especializado. O novo farol deve ser a
prevenção, a promoção
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e a recuperação da saúde das famílias, para que
elas possam ter autonomia e co-responsabilidade no cuidar de sua própria
saúde. É importante mencionar que a atenção básica à saúde não quer
dizer saúde pobre para pobre, não quer dizer apenas o nível primário do
sistema de serviços de saúde, e, sim, uma nova forma de olhar o cidadão
que nos procura, tão complexa quanto a dos outros especialistas, só que
diferente, pois nela a pessoa é vista como um todo, integrada à sua
inserção social e com conhecimento sobre o ambiente. Estimular o auto
cuidado orientado cientificamente como elemento socializador da atenção à
saúde e mesmo como elemento de autonomia do cidadão perante os
profissionais e/ou serviços de saúde, passa a ser uma dimensão
imprescindível da atenção básica. Portanto, a atenção básica precisa
incorporar os profissionais com caráter generalista para superar a
tradicional oferta de serviços definidos a priori por uma lotação de pessoal
padronizada e passar a oferecer as ações segundo os problemas de uma
população determinada (ALVES SOBRINHO, 2002, p. 39-40).
Também, com relação à formação profissional, lembra o Líder Comunitário:
“Numa Conferência Estadual de Saúde que eu fui, um médico do Canadá que veio fazer a
palestra falou que no Brasil a esperança de mudar a saúde é quando começar mudar as
instituições formadoras. Ele falou: ‘as instituições formam o profissional para ganhar da
saúde e não para ganhar saúde’, e hoje, tem especialista do dedinho do pé até o fio de cabelo,
cada um ganha um pouco, é muito mais um comércio mesmo assim do que realmente vê”
(Lc).
Já se foi o tempo em que se imaginava a realidade separada em partes
isoladas, se isso é verdade, os profissionais devem estar preparados para
compreender a relação entre o movimento dessa realidade, a interdependência
entre as diferentes políticas sociais. A Prática Social, entendida como o conjunto de
práticas que se interdeterminam dentro de um todo social dado, abrange, segundo
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PROMOÇÃO DA SAÚDE – esse modelo assistencial embasa-se na Carta de Otawa durante o I
Congresso Internacional sobre Promoção da Saúde, em 1986, entendendo a paz, a educação, a
habitação, a alimentação, a renda, a conservação da natureza, a justiça social como fundamentais
para a saúde (PAIM, 1997).