- Seja com o for, nada ainda é definitivo sobre este tema e tudo é lentamente
refletido. O digital é agora. Ato e potência. E a sua potência de ser e/ou de não ser
depende dos cidadãos planetários, interconectados e fragmentados, originais e
clonados... Daí o que pode acontecer? Como pode acontecer? O futuro do mundo
está incerto, a responsabilidade é muita e a sabedoria, talvez não tanto. Mas a
nossa postura fenomenológica para a realização desta pesquisa é aquela da fé, não
da fé na moral que clama pela obediência, mas da fé na ética que clama pela
liberdade
166
. Posto que estar na fé inclui estar na verdade, “e numa verdade
originária. O mundo brilha numa outra luz”
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. Apelamos, assim, à fé perceptiva que em
comunhão com o real representa os indivíduos, as coisas e os fenômenos. À fé
poética que, graças a uma estética transcendental, faz que suspendamos no ar a
nossa capacidade de questionar a virtualidade ou atualidade do que julgamos
como a arte. À fé cultural por parte do espectador que abre o caminho a uma nova
forma de entender a verdade. E, finalmente, à fé no espírito que é sensível e sente, e
que intuitivamente fundamenta a luz como ente, como bios e como sistema de
pensamento. Posto que “todo sistema de pensamento está, na verdade, baseado em um
conjunto de verdades, no qual se crê”
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acreditamos que a luz é uma partícula de
energia, a forma da matéria que é matéria (por ser partícula) e que aliás é a “forma
das formas”, aquela que se postula como particular e universal no mesmo tempo. É
166
Termos de Pierre Lévy em O Fogo Liberador. São Paulo, Iluminuras, 2000, p. 146.
167
Carneiro Leão, Emmanuel. Aprendendo a Pensar. Petrópolis, Vozes, 2000, vol. II, p. 17.
168
D´Amaral, Márcio. Entrevista publicada no Jornal do Brasil no dia 26-06-02.