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Aspectos históricos e teóricos
mensagens de modo universal, celebrando contratos particulares para cada grupo
sociocultural. Portanto, conclui, o contrato refere-se ao ciclo da comunica
ção, indi-
cando o quadro de cultura em que se processa.
O comportamento humano tem v
árias facetas que se desenvolvem na ambiência so-
ciocultural, e uma delas
é a comunicação, que participa do processo de organização
social integrando o fato de que a sociedade se estrutura de acordo com par
âmetros
negociados, impostos ou um pouco de cada coisa. O contrato comunicacional n
ão é
natural, por isso precisa ser pensado, criado, exercitado e conduzido pelos envolvi
-
dos não se restringindo aos atos de fala ou ao texto escrito.
O conceito habermasiano de redes subjetivas ilustra, segundo Lopes, um problema,
estabelecido no fato da comunica
ção ser fundamentalmente subjetiva e representa-
cional. Ela n
ão se confunde com a materialidade objetiva do mundo da vida, apesar
de ser parte integrante dele. As redes integram e validam, separam e negam os atos
e as situa
ções comunicacionais em uma miríade infinita de possibilidades. Haveria,
assim, uma equival
ência entre os conceitos de redes subjetivas e contrato comunica-
cional, nos quais o problema que se coloca
é como as mensagens podem se susten-
tar no tecido social e suscitar os comportamentos humanos.
Se tomarmos um indiv
íduo como exemplo, diríamos que quando ele vê, sente ou
escuta algo diferente de seu sistema de cren
ças, acumulado na forma de memória,
ele buscaria validar ou negar o “novo”, com poss
íveis nuanças ou incompletudes,
conferindo a nova informa
ção, antes de armazená-la, fundindo-a com o seu self,
consultando o grupo de pessoas mais pr
óximo de sua existência. Caso contrário, a
mesma pode ser rejeitada totalmente ou parcialmente. No entanto, se essa infor
-
mação questionar elementos centrais do sistema de crenças do indivíduo o choque
pode fazer com que o mesmo repense sua participa
ção em sua rede subjetiva. Se o
que se v
ê, sente e escuta é uma repetição do que se sabe, o processo de validação é
automático, não sendo necessário operações mais complexas.
Entendendo a vida em movimento, pode-se dizer que as relações sociais, do pon-
to de vista comunicacional, consistiriam na troca constante de informações que
conformam a mesma rede subjetiva. Essas trocas seriam pautadas, na maior parte
dos casos, na repetição dos padrões de conhecimento estabelecidos de modo con-
sensual. A luta ocorreria quando aparecesse algo novo, sobre o qual a (s) rede (s)
teria de se postar, exigindo a validação, a rejeição ou algo intermedi
ário. Portanto,
o processo individual seria uma dimens
ão do coletivo, de acordo com o estabeleci-
mento das conex
ões entre os partícipes de uma mesma rede (LOPES, 2004).