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DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA
VOÇOROCA E SEUS IMPACTOS SOBRE AS
ÁGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM
UBERLÂNDIA/MG
LEONARDO ROCHA
Uberlândia, agosto de 2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
LEONARDO ROCHA
DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA VOÇOROCA
E SEUS IMPACTOS SOBRE AS ÁGUAS: UM ESTUDO DE
CASO EM UBERLÂNDIA/MG
Dissertação de mestrado apresentado à
Faculdade de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Uberlândia, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Mestre em Engenharia Civil.
Área de concentração: Engenharia Urbana.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Nishiyama
Uberlândia, agosto de 2006.
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A Deus, o criador do enigma da vida, a minha querida mãe
pelo carinho, incentivo e apoio nos momentos alegres e
difíceis desta jornada, ao meu pai (in memorian) agradeço
pela vida, e a minha querida irmã pelo carinho e amizade
de toda essa vida.
“O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da
Terra. Há uma ligação em tudo”.
Chefe Seatlle, 1854.
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Agradeço a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, incentivaram e contribuíram para
que eu alcançasse mais uma etapa do crescimento profissional e humano.
Ao professor Dr. Luiz Nishiyama agradeço não só pela orientação, mas também pela amizade
e ensinamentos de que devemos respeitar a natureza como parte fundamental da vida em
nosso planeta e, ainda, por ser um profissional ético e aliado na preservação ambiental.
Um agradecimento muito especial às professoras Maria Elisa Resende e Ana Luiza, e ao
professor Iridauque, pelas valiosíssimas orientações e sugestões, obrigado. Ao professor
Carlos Aberto Faria, quero agradecer pela amizade, apoio e incentivo nos momentos mais
difíceis, obrigado.
Aos técnicos e secretárias da Faculdade de Engenharia Civil (FECIV). Um agradecimento
especial à Sueli Maria, pelo empenho, dedicação e amizade em todos os momentos em que
necessitei. Aos técnicos do Laboratório de Geotecnia, Romes e Veloso, pelos ensinamentos e
amizade. E um agradecimento especial ao tio e às tias da limpeza”, que contribuíram para a
preservação de um ambiente limpo e gostoso para se trabalhar.
Aos Professores e às Professoras, técnicos e secretárias do Instituto de Geografia (IG-UFU),
Lúcia, Janete, Mismar, Ângela, Rosangela, Eleuza, Malaquías (Mala) pelos anos de incentivo,
apoio e amizade.
Aos meus colegas e amigos de dentro e fora da Universidade, quero compartilhar deste
momento maravilhoso e agradecer pelo companheirismo e incentivo na conclusão desta nova
etapa de minha vida.
À Prefeitura Municipal de Uberlândia pela disponibilidade de materiais para a pesquisa e
empenho de muitos de seus servidores, em especial à Edna Golveia e à Maria do Rosário,
servidoras empenhadas e dedicadas em suas profissões.
À Fazenda Douradinho, pelo apoio de materiais e de funcionários durante a realização dos
trabalhos de campo da pesquisa realizados na área da propriedade.
À Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia, por ter realizado
as análises químicas necessárias à pesquisa.
À Universidade Federal de Uberlândia e à Faculdade de Engenharia Civil, que
proporcionaram uma oportunidade única em minha vida, da qual tenho e devo retribuir os
conhecimentos adquiridos voltados à sociedade, especialmente as camadas da sociedade que
mais necessitam.
À CAPES, agradeço pelo apoio financeiro, que foi de fundamental importância no
desenvolvimento e conclusão dessa pesquisa.
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DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA VOÇOROCA E SEUS
IMPACTOS SOBRE AS ÁGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM
UBERLÂNDIA/MG
No período compreendido entre 1989 e 1993 a Prefeitura Municipal de Uberlândia dispôs
todos os resíduos sólidos gerados no município em duas grandes voçorocas localizadas na sua
zona rural, especificamente, na localidade denominada Fazenda Douradinho. No mesmo ano
do encerramento das atividades, as áreas utilizadas para esta finalidade foram transformadas
em aterro controlado. Porém, desde o início das disposições no local, nenhum estudo relativo
as conseqüências sobre o meio ambiente foi realizado. Nesse contexto, o presente estudo teve
como objetivo geral avaliar as conseqüências do aterro controlado na qualidade das águas
superficiais e subterrâneas. Para se alcançar tais objetivos foram realizados levantamentos da
literatura, de relatórios técnicos e de materiais cartográficos. Os trabalhos de campo
possibilitaram a realização de ensaios geotécnicos in situ, construção de poços para
monitoramento de água freática, coletas de amostras de solo e águas (superficial e
subterrânea). As amostras de solo, coletadas em um talude natural da erosão e na cobertura do
aterro controlado, foram ensaiadas no Laboratório de Geotecnia da Faculdade de Engenharia
Civil da UFU com o objetivo de caracterizar e determinar suas propriedades geotécnicas. As
amostras das águas superficial e subterrânea foram analisadas no Laboratório de Análises
Químicas do Instituto de Química da UFU com vistas a determinação quantitativa de
parâmetros que poderiam indicar a sua contaminação. A análise dos resultados de ensaios
geotécnicos permite afirmar que o solo empregado para a cobertura final do aterro apresenta
elevada permeabilidade, condição que vem favorecendo a percolação de grande quantidade de
água e, conseqüentemente maior geração de chorume. Resultados de análises físico-químicas
evidenciam que as águas superficial e subterrânea apresentam contaminação. Com base na
análise dos resultados de trabalhos de campo e de laboratório apresenta-se uma proposta de
medidas para a reabilitação da área, para isto, adotaram-se procedimentos e técnicas já
consagradas na literatura.
Palavras-chave: Aterro controlado; resíduos sólidos urbanos; impactos ambientais; poluição.
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THE DUMPING OF SOLID WASTES IN A RAVINE WITH ADVANCED EROSION
LEVELS AND THE EFFECTS OF THIS DUMPING ON THE ADJACENT WATER
SUPPLY: CASE STUDY PERFORMED IN UBERLÂNDIA-MG
Between 1989 and 1993 the City Hall of Uberlândia disposed all of the solid wastes generated
by the municipal district, into two large ravines with advanced levels of erosion. These two
ravines are located within the municipality’s own agricultural zone, specifically, in an area
known as “Douradinho Farm.” On the same year that the City Hall came to a decision to halt
the dumping of solid wastes into these ravines, they also determined that these two specific
locations would become a landfill. However, ever since these ravines were transformed into a
landfill, no one has ever researched how the landfill is affecting the neighbouring
environment. Taking this statement into consideration, the broad objective of this case study
is to evaluate the landfill’s consequences on the quality of the adjacent superficial and
subterranean water supply. In order to achieve this objective, an extensive bibliographical
review was undertaken, comprising of technical reports, cartographical materials, as well as
information from other bibliographical sources pertaining to this subject matter. Furthermore,
a meticulous field study enabled the carrying out of onsite geological tests, the construction of
wells to monitor ground water, and the gathering of soil and water (superficial and
subterranean) samples. The soil samples were collected from two sites: an onsite slope created
naturally by erosion and at the top layer of the landfill. These soil samples were examined at
the Geotechnical Laboratory of the College of Civil Engineering of the Federal University of
Uberlândia (UFU), with the objective of ascertaining their geotechnical characteristics.
Conversely, the superficial and subterranean water samples were analysed at the Chemical
Analysis Laboratory of the Chemistry Department of UFU, in order to determine whether the
water is contaminated or not. dhe(t)-9.23319( 3319(e)-13.4459(r)3.p33bio2(d )-112 0 Td[(or)34(i)1.4051162(19(s)-4.(s)-4.6166( (r)3.21279(e))-2.8080762(i)-9.2( )-5.31915(c-13.4472(d )-164.89(n)10.6383(a)-2.)1.4038G(s)-4.6166(oi)1.4051o)-90.4255(c)-13.4472(om1(e)-2.8hn(he)-2.80762(10.6383( ))3.21279( -5.31915(c-1)1.403840251( 80892(s)6.0217b(c-13.4472(c2.80762(t)-9.23319( 89(i)1.40511(t)1.405114(e)-13.4434(a)-13.4423(t)12.0421l)1.40511(1a)-2.80762(s)-4.po61789( )-10110.6383(y)10.1( )250]511(h)103(y)10.1( )250])-7.42551(o2(r)3.21279( -2.80827( )-.80762(l46(w)9.23449(e)-2.80892(e).21279(r)3.212.80892(m)-82938(t)1.403812(e).21279(u9( )-132.979(w)-6d[(na)-13.44d10.1( )250])-7.42551(o1021( )250]TJ-2854051oe)7.83068(,)-15.9574(e)-2.80762(r)3.21279(-47.8723(t)-9.23319(op )-3.21279(( -5.31915a)-2.80762(y)10(C)-3.21279(o)10.6ow)-1.40511( )0.4255(204(.)-5.31915(.21279(.12 0 Td[(o447qn33)10.1( )250]0511(l)-9.23311( )250]3(e)-2.8076(e)-2.807623311( )250])-2.80762(nd 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LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS
ABGE: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
AS: Volume de água absorvida pelos resíduos
C: Carbono
Cd: Cádmio
CEMPRE: Compromisso Empresarial para Reciclagem
CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CNEM: Comissão Nacional de Energia Nuclear
CO
2
: Dióxido de Carbono
CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
COPAM: Conselho Estadual de Política Ambiental
COT: Carbono orgânico total
Cr: Cromo
CTC: Capacidade de Troca Catiônica
Cu: Coeficiente de condutividade de meios não saturados
DBO: Demanda bioquímica de oxigênio
DN: Deliberação Normativa
DQO: Demanda química de oxigênio
EIA: Estudo de Impactos Ambiental
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ET : Volume perdido por evapotranspiração
FEAM: Fundação Estadual do Meio Ambiente
G.P.S: Global Positioning System
h: Altura
H
2
S : Gás sulfídrico
IBAM: Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBAMA: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPT: Instituto de Pesquisa Tecnológica
K: Coeficiente de permeabilidade
LV: Volume que passa pela base do aterro
N.A: Nível de água subterrânea
N: Nitrogênio
NH
3
: Nitrogênio Amoniacal
O
2
: Oxigênio
OD: Oxigênio dissolvido
P: Precipitação
Pb: Chumbo
PEAD: Polietileno de Alta Densidade
pH: Potencial hidrogênionico
PMU: Prefeitura Municipal de Uberlândia
PVC: Polivinil Cloroetano
Q: Vazão infiltrada
R.P.M: Rotações por minuto
r: Raio
R: Volume perdido pelo escoamento superficial
RAFA: Reator aeróbio de fluxo acendente
RIMA: Relatório de Impacto Ambiental
RS: Resíduo sólido
RSS: Resíduos de Serviço de Saúde
RSU: Resíduos Sólidos Urbanos
SMSU: Secretaria de serviços Urbanos
Ton: Tonelada
UFU: Universidade Federal de Uberlândia
LISTA DE FIGURAS
2.1: Aspectos gerais do lixão de Mossoró-RN, onde se observa a presença de animais
domésticos junto a catadores em meio ao lixo .............................................................. 25
2.2: Esquema de um lixão a céu aberto ......................................................................... 30
2.3: Representação esquemática ideal de operação de um aterro sanitário ................... 32
2.4: Aterro sanitário de Caximba,Curitiba-PR .............................................................. 32
2.5: Esquema de tanques de lodos ativados ................................................................... 42
2.10: Esquema de lagoas de aeração ............................................................................. 43
2.11: Esquema geral de um aterro e seus respectivos pontos de monitoramento .......... 77
2.12: Abertura de valas para instalação de drenos de gases e percolados ..................... 78
2.13: Dreno de gás em perfil ......................................................................................... 78
2.14: Lagoa de recirculação das células ........................................................................ 79
2.15: Lagoa facultativa .................................................................................................. 79
2.17: Voçoroca localizada na área onde foram dispostos os resíduos sólidos urbanos . 82
2.18: Voçoroca sendo entulhada gradualmente com lixo .............................................. 82
2.19: Formas de disposição do lixo na área ................................................................... 83
2.20: Desagregação do solo pela energia das gotas de chuva (splash) .......................... 84
2.21: Sulcos (ravinas) formados pelo escoamento superficial de água no solo ............ 84
2.22: Processo erosivo acelerado (voçoroca), comum na bacia do córrego dos
Macacos ................................................................................................................ 84
2.23: Conformação da célula do aterro com o emprego de trator de esteira ................. 85
2.24: Trincheiras abertas para implantação dos drenos de gases e chorume, tipo espinha
de peixe ................................................................................................................. 89
2.25: Dreno para gases instalados na área ..................................................................... 89
2.26: Vista da construção do barramento com a utilização de pneus ............................ 89
2.27: Construção de barramento em uma outra seção da voçoroca ............................... 89
2.28: Trabalho de retaludamento da porção inferior da voçoroca ................................. 90
2.29: Aspectos gerais da área após a conclusão do projeto de remediação ................... 90
2.30: Mudas de Eucalipto plantadas no período, com a finalidade de constituir a cortina
verde ..................................................................................................................... 90
2.31: Construção das caixas destinadas ao tratamento biológico do percolado ............ 91
2.32: Finalização da construção das caixas de tratamento biológico ............................ 91
2.33: Reaparecimento do lixo em decorrência da erosão nas células do aterro ............ 93
2.34: Lixo exposto em uma das porções das células ..................................................... 93
2.35: Acúmulo de água em uma das células, constituindo pequenas lagoas
temporárias ........................................................................................................... 93
2.36: Aspecto atual das caixas de tratamento biológico ................................................ 94
2.37: Situação das caixas de tratamento biológico ........................................................ 94
2.38: Desprendimento periódico dos taludes próximo as canaletas .............................. 95
2.39: Indícios da presença de gado no fundo da calha do aterro ................................... 95
2.40: Afloramento de água em decorrência da saturação do solo e camadas resistentes à
percolação da mesma ............................................................................................ 96
2.41: Indícios de reação química e liberação de gases provenientes da decomposição de
lixo ........................................................................................................................ 96
3.42: Fluxograma das atividades desenvolvidas ............................................................ 98
3.43: O esquema demonstra a localização dos poços de coleta de água em
relação á célula do aterro .................................................................................... 101
3.44: Perfil esquemático demonstrando a localização dos poços de monitoramento na
célula do aterro ................................................................................................... 102
3.45: Perfuração do solo com equipamento mecânico ................................................ 103
3.46: Trado tipo hélice utilizado na perfuração manual .............................................. 103
3.47: Revestimento dos tubos de PVC com Bidim ...................................................... 104
3.48: Introdução do tubo de PVC no solo revestido pela manta Bidim ....................... 104
3.49: Poço para coleta de água .................................................................................... 104
3.50: Esquema de montagem dos poços de monitoramento ........................................ 105
3.51: Coletor de água ................................................................................................... 106
3.52: Coleta de amostra de água do Poço 1 – a montante do aterro ............................ 107
3.53: Coleta de amostra de água do Poço. 3 – a jusante do aterro .............................. 107
3.54: Coleta de amostra de água do córrego a montante do aterro .............................. 107
3.55: Coleta de amostra de água do córrego a jusante do aterro ................................. 107
3.56: Ensaio de permeabilidade realizado em furo de trado, em execução ................. 110
3.57: Perfil da voçoroca instalada na base do aterro, onde se extraiu as amostras de solo
indeformada ........................................................................................................ 112
4.58: Localização de Uberlândia no Triangulo Mineiro (MG) ................................... 114
4.59: Foto aérea de 1979 da porção da bacia onde foram lançados os resíduos sólidos urbanos
do município nos anos de 1989 a 1993 ....................................................................... 115
4.60: Localização da Bacia hidrográfica do córrego dos Macacos no município de
Uberlândia .......................................................................................................... 116
5.61: CARTA IMAGEM : ATERRO CONTROLADO ............................................. 123
5.62: Metodologia aplicada em recuperação de voçorocas ......................................... 145
LISTA DE GRAFICOS
2.1: Destinação final dos resíduos sólidos no Brasil ..................................................... 12
2.2: Situação dos municípios braseiros .......................................................................... 13
2.3: Composição dos resíduos sólidos no Brasil ........................................................... 15
2.4: Composição do lixo em algumas cidades e capitais brasileiras (%)....................... 17
LISTA DE QUADROS
2.1 – Principais fatores que influenciam a composição dos resíduos sólidos ............... 16
2.3 - Classificação dos resíduos de serviços de saúde ........................................................ 23
2.4 – Características Físicas dos Resíduos Sólidos Urbanos ......................................... 25
2.5 – Principais características químicas dos resíduos sólidos (RSU) .......................... 26
2.6 – Principais vetores atraídos pelo lixo ..................................................................... 28
2.7 - Fatores que influenciam a geração de lixiviados em aterros sanitários ................ 35
2.8 – Composição do chorume com diferentes idades .................................................. 37
2.9 – Quadro geral de Monitoramento (Remediação) ................................................... 92
4.10 – Dados de Precipitação e Temperatura do Município de Uberlândia – MG ...... 121
5.11 – Classificação dos solos coletados no perfil da voçoroca .................................. 126
5.12 – Classificação granulométrica dos solos coletados nas células do aterro .......... 126
5.13 – Resultado dos coeficientes de permeabilidade (K) obtido nos cinco pontos
amostrados ........................................................................................................ 128
5.14 – Avaliação dos parâmetros analisados no Córrego na estação chuvosa ............ 131
5.15 – Avaliação dos parâmetros analisados no Córrego na estação seca .................. 132
5.16 – Avaliação dos parâmetros analisados nos Poços de monitoramento – estação
seca ................................................................................................................... 133
5.17 – Avaliação dos parâmetros analisados nos Poços de monitoramento - estação
chuvosa ............................................................................................................. 134
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................. 01
1.1 – Objetivos ............................................................................................................... 03
1.2 – Justificativa ........................................................................................................... 04
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 08
2.1 – Resíduos sólidos no meio urbano .............31915(R)-3.21279(E)-6.0217(V)9.23449(I)3.21279(S)2.80892(Ã)-1.40381(O)9.23449( )-15.9915(.)-5.319(.)-5.31915I-5.31915(.)-5.31915(.)5.31915(.)-5.31915(.)5.31915(.)-5.31915(.)5.31915(.)-5.31915(.)5.31915(.)-5.31915(.)5.31915(.)-5.31915(.)5.31915(.)-5.33.21279(E)65.................
D – Reator ou Disgestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA) ............................. 47
3.3.3.2 – Recirculação do chorume ............................................................................... 50
3.3.4 – Tratamento físico-químico ................................................................................ 51
2.4 – Legislação ambiental referente aos resíduos sólidos ............................................ 53
2.6 – Água: sua importância e mecanismos de contaminação ...................................... 57
2.4.1 – Padrões de qualidade para águas naturais e limites para o lançamento ............. 61
2.4.1.1 – Dureza ............................................................................................................. 65
2.4.1.2 – Alcalinidade .................................................................................................... 65
2.4.1.3 – Sólidos ............................................................................................................ 66
2.4.1.4 – Potencial Hidrogeniônico (pH) ....................................................................... 66
2.4.1.5 – Oxigênio Dissolvido (OD) .............................................................................. 67
2.4.1.6 – Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) .................................................... 67
2.4.1.7 – Demanda Química de Oxigênio (DQO) ........................................................ 68
2.4.1.8 – Nitrogênio na forma de Nitrato ...................................................................... 68
2.4.1.9 – Nitrogênio na forma de Nitrito ....................................................................... 69
2.4.1.10 – Nitrogênio Amoniacal (NH3) ....................................................................... 69
2.4.1.11 – Fósforo total .................................................................................................. 69
2.4.1.12 – Fenóis ............................................................................................................ 70
2.4.1.13 – Cloretos ......................................................................................................... 70
A – Cádmio (Cd) ........................................................................................................... 71
B – Chumbo (Pb) ........................................................................................................... 71
C – Cromo (Cr) .............................................................................................................. 72
2.5 Recuperação de áreas degradadas por disposição de resíduos sólidos
urbanos..................................................................................................................73
2.5.1 – Transformação de lixão em aterro sanitário ...................................................... 73
2.5.2 Problemas Sanitários ............................................................................................ 74
2.5.3 – Problemas ambientais ........................................................................................ 75
2.5.4 – Elaboração de projetos de adequação ................................................................ 75
2.5.5 – Dificuldades operacionais .................................................................................. 74
2.6 – Remediação e fechamento de lixões: ações mitigadoras ...................................... 80
2.7 - Projeto de remediação do “lixão” e sua configuração atual .................................. 82
2.7.1 – Controle dos processos erosivos ........................................................................ 88
2.7.2 – Paisagismo ......................................................................................................... 90
2.7.3 – Tratamento dos efluentes ................................................................................... 91
2.7.4 – Monitoramento Ambiental .................................................................................91
2.8 – Situação atual da área pesquisada ......................................................................... 92
CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E PROCEDIMENTOS MÉTODOLÓGICOS ............. 97
3.1 – Levantamento de informações e pesquisas bibliográficas .................................... 97
3.2 – Elaboração da base cartográfica ........................................................................... 97
3.3 – Delimitação da área do aterro ............................................................................... 99
3.4 – Reconhecimento e definição de pontos de avaliação....................................100
3.5 – Atividades de campo: coleta d’água ................................................................... 100
3.6 – Coleta de água para analise físico-químicas e parâmetros adotados .................. 104
3.7 – Caracterização geotécnica do solo ...................................................................... 108
3.7.1 – Procedimentos para determinação do coeficiente de permeabilidade in situ....108
3.7.2 – Cálculo para determinação do Coeficiente de Permeabilidade (k) .................. 111
3.7.3 – Amostragem de solo ........................................................................................ 111
3.7.4 – Ensaios laboratoriais ........................................................................................ 112
CAPÍTULO 4 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO CÓRREGO DOS MACACOS .............................................. 113
4.1 – Localização e acesso ........................................................................................... 113
4.2 – Aspectos físicos do município de Uberlândia .................................................... 116
4.2.1 – Clima................................................................................................................ 116
4.2.2 – Geomorfologia ................................................................................................. 117
4.2.3 – Solos ................................................................................................................ 118
4.2.4 – Geologia ........................................................................................................... 120
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................... 122
5.1 – Carta imagem (delimitação da área) ................................................................... 122
5.2 – Ensaios geotécnicos realizados em campo e laboratório .................................... 124
5.2.1 – Ensaios granulométricos .................................................................................. 124
5.2.2 – Ensaios para obtenção do coeficiente de permeabilidade (K) ......................... 127
5.3 – Resultado das análises de água ........................................................................... 129
5.2.2 – Período seco x chuvoso: amostras da água ...................................................... 130
CAPÍTULO 6 – PROPOSTAS DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA ............................ 141
6.1 – Isolamento da área .............................................................................................. 141
6.2 – Processos erosivos .............................................................................................. 142
6.3 – Drenagem pluvial ............................................................................................... 144
6.4 – Tratamento biológico de efluentes e águas subterrâneas .................................... 145
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES..................... ........................................................... 148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 150
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
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O atual padrão de desenvolvimento da humanidade se caracteriza pela extensa exploração dos
recursos naturais do planeta, pela geração maciça de resíduos sólidos como, também, pela
constante emissão de gases nocivos para a atmosfera. Verifica-se, na realidade, um abismo
cada vez maior entre o desenvolvimento tecnológico e a sustentabilidade ambiental, na
medida em que quanto mais pido é o crescimento econômico de um país, maiores são os
problemas relativos ao esgotamento dos recursos naturais e da geração de resíduos sólidos.
Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) vêm provocando inúmeros impactos ambientais e
sociais, tornando-se reflexo das atividades diárias da sociedade humana e os principais fatores
que regem a sua dinâmica relacionam-se diretamente a duas situações específicas: o aumento
populacional e a intensidade da industrialização. Observando o comportamento destes fatores
ao longo do tempo, verifica-se a existência de fortes interações entre eles. Por exemplo, o
aumento populacional exige maiores incrementos na produção de alimentos e bens de
consumo. A tentativa de atender a esta demanda faz com que o homem transforme cada vez
mais matérias-primas (recursos naturais) em produtos industrializados, visando suprir essa
crescente demanda, gerando, assim, maiores quantidades de resíduos que, por sua vez,
dispostos inadequadamente no solo, nos corpos d’água e nos mais variados ambientes,
comprometem a qualidade ambiental (LIMA, 1995).
A destinação final dos resíduos sólidos urbanos, assim como do esgoto, são dois dos
principais problemas urbanos e ambientais não resolvidos no Brasil e na maior parte dos
países em desenvolvimento e, ainda, em grandes segmentos dos países desenvolvidos. No
Brasil inúmeros municípios vêm apresentando sérios problemas ambientais relacionados à
disposição indiscriminada dos resíduos sólidos, tais como: contaminação das águas
superficiais e subsuperficiais, contaminação do solo, do ar e, conseqüentemente, de espécies
animais e, ainda, do próprio homem (ZULAUF, 1986).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
Leonardo Rocha
2
No município de Uberlândia-MG, o histórico da destinação dos RSU não se difere muito do
restante do país. Entre os anos de 1989 e 1993, a administração pública deste município
dispôs todo o lixo produzido na cidade e em seus distritos no interior de voçorocas
1
localizadas na zona rural, especificamente na bacia hidrográfica do córrego dos Macacos, a
sudoeste do município, cuja área abrangia cerca de 15 mil metros quadrados, tendo atingido
sua capacidade máxima já no quinto ano de operação (CLEPS Jr., 1993).
Em principio, tais áreas teriam sido selecionadas pelo poder público visando solucionar dois
problemas: primeiro, por se localizar a uma distância de 23 Km do centro urbano, inibindo,
desse modo, a ação de catadores; segundo, para tentar recuperar as áreas atingidas por erosões
lineares profundas (voçorocas). Além disso, havia outra motivação para a escolha da área o
baixo custo do aluguel da área, em função de seu estado de degradação. Pesou na decisão,
também, a concepção do poder público, de acordo com a qual se estaria beneficiando o
proprietário da fazenda com a pretensão de recuperar as áreas atingidas pelas erosões, uma
vez que as voçorocas seriam preenchidas pelo lixo e depois seladas com uma cobertura de
solo.
Um dos pontos críticos observados nessa área refere-se ao material utilizado para a cobertura
do1(d)10.6383(a)-13.sedserd75.5327(e)-13.4472xntraído do rprio la; sso dosiliaria do1(d)10.638(s)6.0204(ur)3.21279g(i)1.40511(m)1.40511(e)-2.80762(nt)-9.23319(o)10.6383( )-186.17(d)]TJ470.68 0 Td[(e)-13.4459( )-186.17no(v)10.6383(os)-4.61789( )-186.17porocess(s)6.0204( )250]TJ-470.68 -19.44 Td[derosivos (m)1.40381(a)-13.4472( )-8.51306vdez que o a lal apresetia (m)1.40511(a)-2.80762( )-8.5068(a)-2.80762(l)1.40511nta(s)-4.61789ceeiilidaea ra fuça
deas prpridades ecics Essa prática odperia araar as impatos amieais
reacionaos a proce erosivos. utro agravae seia aorma cmto o i-67.1021(e)-2.81021(r)3.21019(a)-2.81021( )250]TJ131.08 -19.56 Td[cemactao, pois crrs nico nã( )2610.634(f)-7.42551o(r)3.21279(a)-2.80762om evados c(ti)1.40511(a)7.83068. ss(,)-5.31915( )-71.2772o( )-71.2779(c)-2.81021hporume
represaoddfundo1(d)10.638nda voçorocad( )2207.447(d)10.6383(e)-2.80592(r)3.21279(m)1.40511(i)-9.23319utia a acmt(d)10.6383(a)-2.80762(ç)7.83068(ã)-13.4459(o )dodatera
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
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os horizontes de menor permeabilidade e maior resistência ao cisalhamento. Assim,
inevitavelmente ocorreria a contaminação das águas superficiais e subsuperficiais pela
percolação do chorume (LIMA et al, 2002)
Em 1995, em função da área ser imprópria ao lançamento dos resíduos, a administração
municipal decidiu pela paralisação da disposição dos resíduos na área. O processo de
desdodouc89( )-313.83(n)10.0421(a)-13.4472(ç)7.829325(,4(a).0449( )-196.8o(ne)-2.80827(v)10.625(,37a)7.4466(s)6.02(c1(a)-13.43( )-324.468(pe)-2.80279(r)3.21279(e)-2.80762(r)3.21d325(,4(a).04.83(d)10.63m)M)-15.2549(A37a)7.449( )-196.809(f)-7.42551(un)13.85762(ç)7.83068(ãA37a)7.4d279(i)1.40511(A37a)7.4762(m)1.405789(i)1.40511(s)6.0511( )5.31915(a)-17.4466(s)60.6351(un)13.85762(ç)7.83068(ãA37a)7.4d9(o )-313.83(n)10.6383(A37a)7.411( )-324.468(pr)-2.80.83(n)10.63d79( )-207.44(a)-2.80762(m)12.0439( )-343.681(á)]TJ4(e)-13.44525(,37a)7.4466 )-207.449(aa)-2.80762(m)1.405(ne)-2.8082(i)1.40251(ni)-9.23579(s)6.0204(t)-9.23573(d)10.63t3(e)-2.8182(i)1.4025c89( )-313o83(e)-2.81043.68150]TJ-320.7a-19.32 Td49(a)-2.80892(v)1027279(e)-2.80892(r)3.21gu466(s)6.02(do)574(do)ó79(e)-2.80892(r)3.21o(1995)10.6383((e)40504(e)-2.80762(e)40a79(r)3.21279(e)-2.801(e)-2.80892(2(l)1.40381(e)4d447(d)10.6383(ae)4004(t)-9.23oc66 )-207.4u79(e)-2.80761(d)10.6384( )-430.851(hor))6.0511( )5.319381(e)4do381(e)444(a)-2.80762(i)1.405112(n)10.6383(t)esaaneimail 23 0 cm0511( )5.31915(a)-2.80762(m)1.405g(o )-367.021(d)10.63c89( )-313.8( )-348.89(s)]TJ20ts2emhorsld o
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Uberlândia/MG
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caracterizar geotecnicamente os solos da área onde ocorreu a deposição dos
resíduos sólidos para orientar as possíveis medidas de recuperação;
analisar as condições geológicas/geotécnicas da área;
avaliar os trabalhos de remediação da área onde ocorreu a deposição dos
resíduos;
propor medidas de recuperação e monitoramento dos impactos ambientais
observados em curso na área do antigo “lixão”.
Desta forma, pretende-se contribuir com a avaliação atual da situação em que a área se
encontra, instigando o poder público (alertando-o) sobre os impactos que estão sendo gerados
na área em decorrência da inexistência de monitoramento ambiental deste empreendimento.
Pretende-se, então, propor medidas que visem à recuperação da área, buscando alternativas
economicamente viáveis.
1.2 – Justificativa
Segundo Munõz (2002), os resíduos sólidos são considerados a expressão mais visível e
concreta dos riscos ambientais, ocupando um importante papel na estrutura de saneamento de
uma comunidade urbana e, conseqüentemente, nos aspectos relacionados à saúde pública.
Munõz (2002) assevera, igualmente, que a problemática da disposição dos RSU, envolvendo
todas as suas etapas, é uma das questões mais preocupantes para os administradores
municipais em função dos impactos ambientais gerados no meio ambiente e por sua
periculosidade, definida pela NBR 10.004 (ABNT, 2004) como sendo a característica
apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-
contagiosas, podem apresentar:
a) risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um
aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
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b) risco ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma
inadequada.
A maioria das cidades brasileiras não dispõe de sistemas adequados de disposição final de
resíduos sólidos, sendo os mesmos lançados a u aberto nos chamados “lixões”, o que
provoca, na maioria das vezes, danos ambientais nos mais variados ecossistemas,
(MENDONÇA, 2000).
O lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que
se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção
ao meio ambiente ou à saúde pública, dessa forma o lixo trás inúmeros
impactos ambientais, tais como a contaminação do solo, do ar, das águas
superficiais e subsuperficiais, além da contaminação de espécies animais e
ainda o próprio homem (NBR 10.004, 2004).
Mesmo diante de toda essa problemática sócio-ambiental em torno da disposição
indiscriminada dos RSU, no município de Uberlândia-MG os “lixões” foram utilizados como
forma de disposição final até meados da década de 1990, geralmente em áreas degradadas
pelos processos erosivos, conforme mencionado anteriormente, o que agravou ainda mais a
situação ambiental destas áreas, principalmente em função da proximidade destas áreas com
mananciais hídricos.
Como a produção de lixo acompanhava o crescimento populacional da cidade, as áreas
utilizadas para a disposição dos RSU se esgotavam rapidamente, o que exigia a escolha de
novas áreas. Dessa forma, várias áreas na zona rural podem ter sido contaminadas pela
disposição indiscriminada dos resíduos no solo (MENDONÇA, 2000).
A última área destinada à deposição final dos resíduos domiciliares de Uberlândia localiza-se
na zona rural, a sudoeste do município, especificamente em uma das nascentes do Córrego
dos Macacos, que se localiza próximo à estrada vicinal que liga o município de Uberlândia ao
distrito de Miraporanga.
Conforme observa Lima et al. (2002), em agosto de 1995 a Prefeitura Municipal de
Uberlândia (PMU) decidiu encerrar o lançamento dos resíduos sólidos no local, uma vez que
a área vinha apresentando indícios de contaminação dos mananciais hídricos daquele local.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
Leonardo Rocha
6
Posteriormente, em 1999, em virtude dos impactos ambientais e sérios riscos à saúde humana
que a área vinha apresentando, foi elaborado e executado o “projeto de remedição do lixão”,
que a princípio teria como objetivo minimizar ou mesmo interromper todas as formas de
impactos ambientais negativos em curso na área. O projeto contemplou procedimentos
técnicos de engenharia como:
terraplanagem;
conformação das células onde o lixo fora acondicionado de forma inadequada;
instalação de drenos de gases e chorume, bem como canaletas de drenagem de
águas pluviais;
instalação de sistema de tratamento biológico dos efluentes líquidos (chorume) e
ao final do projeto plantio de gramíneas sobre as células do aterro, contemplando
dessa forma o projeto de remediação da área.
No entanto, após seis anos da conclusão do projeto, os impactos ambientais persistem e são
visíveis na forma de erosão acelerada dos taludes da voçoroca e das células onde o lixo
encontra-se confinado, contribuindo para o ressurgimento do lixo e assoreamento do canal
fluvial localizado a jusante do aterro. A contaminação dos recursos hídricos também é
perceptível, uma vez que o material originado pela decomposição do lixo o chorume
percola na base do aterro e escoa livremente em direção a uma das nascentes do córrego dos
Macacos, que se localiza na base do aterro, percorrendo aproximadamente 300 m até desaguar
no canal principal do referido córrego. A contaminação da água subterrânea o deve ser
descartada, uma vez que grande parte das voçorocas localizadas nesta bacia atinge o NA a
uma profundidade relativamente pequena, cerca de 13 m de profundidade, o que as torna
susceptíveis à contaminação.
Na área do aterro é possível observar que alguns dos drenos de gases instalados na área estão
preenchidos com água e o restante aparentemente está sendo liberado diretamente na
atmosfera, sem nenhum tipo de tratamento; os gases resultantes da decomposição do lixo
podem ser comprovados pelo forte mau cheiro perceptível no local.
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Em face da problemática descrita, esse estudo se justifica pela necessidade de avaliar a
extensão dos impactos ambientais gerados no local e, sobretudo, nos recursos hídricos locais,
buscando-se propor medidas de recuperação da referida área frente aos impactos negativos
avaliados no decorrer da pesquisa.
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2.1 – Resíduos sólidos no meio urbano
A problemática dos resíduos sólidos tem acompanhado o histórico do homem durante
milhares de anos e tem se agravado à medida que o homem passou a se organizar em
comunidades fixas. Durante a Idade Média, período que se estende do século XI ao XVI, as
cidades eram densamente povoadas, escuras e sem nenhum planejamento, apenas as ruas mais
largas eram pavimentadas, as demais eram sujas, lamacentas, cheias de excrementos de
animais e humanos; o lixo e os detritos eram jogados nos arredores das casas causando
diversos problemas de saúde relacionados à falta de saneamento (COTRIM, 1997).
Dois séculos após o declínio deste período, as cidades sofreram diretamente as conseqüências
do rápido crescimento populacional, impulsionado pela Revolução Industrial do século XIX, e
sofreram, em vel de estruturação de seu espaço interno, transformações substanciais que
agravaram o estado vivido pelas comunidades medievais. O estado não mais elaborava planos
de caráter organizacional para o espaço urbano, nem os regulava de maneira a coibir o
crescimento desordenado, muito menos fiscalizava as formas pelas quais as cidades vinham
sendo produzidas pela iniciativa privada.
Segundo Sposito (1989), a falta de acompanhamento do poder público junto à especulação
imobiliária contribuiu para que, progressivamente, as cidades se tornassem um amontoado de
pessoas que, não tendo onde morar devido à falta de acesso a loteamentos, aglomeravam-se
em pequenos terrenos, formando cortiços ao redor das fábricas, um dos principais fatores da
migração campo/cidade. As ruas eram estreitas, principalmente no centro, e insuficiente para
a circulação das pessoas, dos veículos tracionados por animais, para o escoamento do esgoto
que corria a u aberto, criação de animais, e ainda local para brincadeira de crianças. As
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cidades, para muitos, era sem dúvida um caos, desprovidas de estrutura que proporcionassem
um bem-estar mínimo, principalmente para os trabalhadores fabris que se viam obrigados a
morar em lugares insalubres.
A ausência de saneamento sico e de condições mínimas de higiene frente à disposição do
lixo próximo às habitações contribuiu, sobretudo, para que se desencadeasse, em quase toda a
Europa, uma epidemia infecto-contagiosa generalizada, culminando na morte de milhões de
pessoas. Um exemplo clássico destas epidemias foi a peste bubônica ou “peste negra”,
disseminada por ratos atraídos pelas quantidades imensas de lixo que se amontoavam próximo
às casas. A peste negra resultou na morte de cerca de um terço da população européia naquele
período (PAZZINATO; SENIZE, 1995).
A revolução industrial, ao mesmo tempo em que apresentava um abismo relacionado às
condições sanitárias e ambientais, proporcionou também a melhoria das condições de vida
(econômica e sanitária) aumentando a expectativa de vida. O processo de urbanização e o
ritmo de crescimento da população foram os principais determinantes para que, nos últimos
200 anos, a humanidade haja consumido mais recursos naturais e energia, produzindo mais
poluição que nos dois milhões de anos anteriores (NASCIMENTO, 2001):
A variedade e a quantidade de resíduos, que passaram a ser gerado com o
avanço tecnológico, trouxeram cada vez mais preocupação quanto aos
problemas de higiene e saúde publica, além da preocupação quanto á escolha
de locais para a disposição final adequada, processo de tratamento de
resíduos, redução do lixo entre outros (PAULELLA et al., 1996, apud
DAMASCENO , 2005, p. 45).
Os resíduos sólidos no meio urbano, por serem inesgotáveis devido a inúmeros fatores, tais
como o crescimento populacional e econômico, transformaram-se em sérios problemas para
os gestores responsáveis pela limpeza e saúde pública, bem como da gestão ambiental, pois,
diariamente, milhões de toneladas de lixo de diversas origens e natureza são descartados no
meio ambiente, necessitando de uma destinação correta e segura, que minimizem os impactos
inerentes a sua presença e decomposição. Durante décadas, os RSU foram descartados no
meio ambiente sem nenhuma preocupação ambiental ou mesmo com a saúde pública; e os
principais argumentos comumente utilizados pelos administradores públicos eram, sem
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dúvida, a escassez de recursos técnicos e, principalmente, financeiros que limitavam a
disposição dos resíduos no solo de forma inadequada, nos chamados “lixões” (LIMA, 1995).
Infelizmente, esta problemática persiste em inúmeros municípios brasileiros que, justificando-
se da falta de recursos financeiros, ainda lançam seus resíduos no solo de forma
indiscriminada, provocando perdas significativas da qualidade ambiental e de vida de
inúmeras comunidades, contribuindo com mais gastos públicos, a exemplo do tratamento de
saúde relacionado direta e indiretamente a doenças veiculadas pela deposição indiscriminada
de lixo.
Zulauf (1985, s./p.), enfatiza que “[...] a destinação final do lixo, assim como o do esgoto o
os dois principais problemas urbanos e ambientais não resolvidos, no Brasil e na maior parte
dos paises do terceiro mundo [...]”.
O crescimento populacional, aliado ao consumo em massa de grande parte da população, vem
preocupando cada vez mais os gestores públicos e os órgãos relacionados ao meio ambiente
em decorrência de inúmeros impactos que o lixo pode provocar, tanto à saúde pública quanto
ao meio ambiente, quando gerenciado de forma inadequada.
Diante de toda a preocupação a respeito do crescimento populacional e, conseqüentemente, do
consumo de matérias-primas e da geração de resíduos, em meados da década de 1960
começaram a surgir grupos de pessoas e pesquisadores preocupados com a encruzilhada em
que estava a humanidade em decorrência das altas taxas de crescimento demográfico, que
faziam predizer que a população mundial duplicaria em 40 a 50 anos e, por conseguinte, a
demanda de recursos naturais e a produção de poluição cresceriam proporcionalmente
(NASCIMENTO, 2001).
O crescente aumento da geração dos RSU e a falta de uma visão ambientalmente sustentável
no estabelecimento de políticas e tecnologias de produção, do uso de matérias primas, de
recursos não renováveis, são alguns dos exemplos de contrastes entre as sociedades
capitalistas. De um lado, temos países ditos desenvolvidos, que desperdiçam matérias-primas
e alimentos, enquanto que, do outro lado, temos os países ditos subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento, que vêm sofrendo com a ausência dos mais básicos serviços prestados pelos
setores públicos, a exemplo do saneamento básico (ZULAUF, 1985).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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A destinação final dos resíduos sólidos urbanos compreende um complexo problema que vem
afetando grande parte dos municípios brasileiros, principalmente nas grandes metrópoles, em
decorrência de vários fatores, entre os quais a oferta de áreas apropriadas à destinação de
aterros sanitários, falta de recursos financeiros e profissionais qualificados.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), a disposição dos
resíduos sólidos no Brasil em lixões tem superado inúmeras metodologias menos impactantes
e mais eficientes de disposição final dos RSU que os lixões. Para se ter uma idéia da
dimensão dessa problemática, no Brasil, em 2000, de acordo com o próprio órgão, coletava-se
cerca de 154 mil toneladas de lixo comercial e domiciliar por dia. Nesse período, a destinação
dos RSU tinha as seguintes destinações: 47,10% destinados a aterros sanitários, 22,30%,
destinados a aterros controlados, 30,50% em lixões e apenas 0,10% possuía outras destinações
tais como compostagem e processos como incineração, conforme demonstra o GRÁFICO 2.1.
Estes dados referem-se às porcentagens do lixo coletado em termos nacionais; no entanto,
quando a análise da disposição final dos RSU é feita levando-se em consideração o número de
municípios, o resultado é alarmante. Segundo dados do IBGE (2002), dos 5.507 municípios
brasileiros, 67,20% utilizavam lixões como forma de destinação final dos resíduos, 32,20%,
aterros adequados (13,80% sanitários, 18,40% aterros controlados) e 0,6% possuíam outras
destinações, conforme apresenta o GRÁFICO 2.2.
DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO
BRASIL
47,10%
30,50%
22,30%
0,10%
Aterros Sanitários Lixões
Aterros Controlados Incineradores e Compostagem
GRÁFICO 2.1: Destinação final dos resíduos sólidos no Brasil.
FONTE: IBGE (2002).
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SITUAÇÃO DOS MUNIPIOS BRASILEIROS
67,20%
13,80%
8,40%
0,60%
Lixões Aterros Sanitários
Aterros Controlados Incineradores e Compostagem
GRÁFICO 2.2: Situação dos municípios braseiros.
FONTE: IBGE (2002).
Este quadro se deve, em grande parte, às dificuldades enfrentadas pelos gestores municipais
responsáveis por retirar e dar uma destinação ambientalmente e sanitariamente adequada aos
resíduos. Os problemas mais graves que dificultam a gestão mais equilibrada dos resíduos
com o meio ambiente e a saúde pública são, de acordo com Albert et al. (2005):
limitação financeira devido a orçamentos inadequados, fluxo de caixa
desequilibrado, tarifas desatualizadas, arrecadação insuficientes e inexistência de
linha de crédito;
falta de capacitação técnica e profissional, em todos os níveis de formação;
descontinuidade política e administrativa.
Apesar de todos os impactos ambientais negativos ocasionados pela disposição dos RSU em
lixões, este método ainda é amplamente utilizado no Brasil, pelos motivos seguintes:
apresenta menor custo quando comparada com outros processos, exigindo
poucos equipamentos e mão-de-obra não especializada;
grande parte dos municípios brasileiros é de pequeno porte e gera uma
quantidade de lixo que, em principio, não justifica grandes instalações. Além
disso, a maioria dos pequenos municípios ainda possui áreas próximas disponíveis
para a construção dos aterros.
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De acordo com Damasceno (2005), da totalidade dos municípios brasileiros, 73,1% possuíam
população com até 20.000 habitantes. Nestes municípios, 68,5% dos resíduos gerados eram
destinados a lixões e alagados. Apesar de estes pequenos municípios serem responsáveis por
apenas 12,8% do total de resíduos sólidos gerados no país (20.658 t/dia), percentuais
inferiores ao da soma das 13 maiores cidades brasileiras, com população superior a 1 milhão
de habitantes, que coletam 31,9% (51.635 t/dia), estes dados não podem ser desprezados, uma
vez que a poluição gerada é descentralizada e causa impactos ambientais descentralizados em
todo país.
2.1.2 – Composição dos Resíduos Sólidos Urbanos
A composição dos RSU, por sua vez, possui uma variação peculiar que leva em conta vários
fatores, relacionados aos hábitos da população local e fatores flutuantes, tais como os sócio-
econômicos, climáticos, dentre outros. A análise da composição dos resíduos, assim como de
outros atributos, são de fundamental importância para o planejamento de ações que visem o
gerenciamento dos RSU de forma mais correta e precisa, dentre as quais podemos citar os
estudos de viabilidade, que apontam as melhores alternativas na disposição final dos resíduos
(DAMASCENO, 2005).
A caracterização dos resíduos sólidos urbanos é de suma importância na definição de
metodologias de tratamento e se baseiam na determinação dos constituintes e de suas
respectivas porcentagens, em peso ou volume, em uma amostra de resíduos sólidos, podendo
ser classificada em níveis físico, químico e biológico. Os principais fatores que influenciam
na caracterização dos resíduos sólidos são apresentados no QUADRO 2.1.
A composição física e química dos resíduos sólidos, assim como as demais características,
resultam das análises dos constituintes presentes no lixo. No Brasil, a composição dos
resíduos sólidos apresenta, de forma geral, sua maior fração em matéria orgânica. Este dado
refere-se, sobretudo, aos bitos alimentares da população brasileira, conforme demonstrado
no GRÁFICO 2.3.
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COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL
52,50%
31,30%
16,20%
Ornicos Recicláveis Rejeitos
GRÁFICO 2.3: Composição dos resíduos sólidos no Brasil.
FONTE: IBGE (2002).
Estes dados são referentes à composição física do lixo e são imprescindíveis para o
planejamento de ações que norteiam as melhores alternativas quanto aos projetos de
gerenciamento dos resíduos sólidos, pois refletem as características locais, tais como
composição e volume dos resíduos gerados por uma determinada população. Desta forma, os
dados obtidos, quando bem analisados, podem ser úteis no que tange ao planejamento e à
viabilidade de projetos que apontam a melhor alternativa para a deposição final dos resíduos
domiciliares (DAMASCENO, 2005).
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QUADRO 2.1 – Principais fatores que influenciam a composição dos resíduos sólidos.
Fatores Influência
1 – Climáticos
Chuva Aumento do teor de umidade.
Outono Aumento do teor de folhas.
Verão
Aumento do teor de embalagens de bebidas(latas,
vidros e plásticos rígidos).
2 – Épocas especiais
Carnaval
Aumento do teor de embalagens de bebidas(latas,
vidros e plásticos rígidos).
Natal/Ano Novo/Páscoa
Aumento de embalagens (papel, papelão, plásticos
maleáveis e metais) e de matéria orgânica.
Dia dos Pais/Mães etc.
Aumento de embalagens (papel, papelão, plásticos
maleáveis e metais).
Férias escolares
Esvaziamento de áreas da cidade em locais não
turísticos e aumento populacional em locais
turísticos.
3 – Demográfico
População urbana
Quanto maior a população urbana, maior a geração
per capta.
4 – Sócio-econômico
Nível cultural
Quanto maior o nível cultural, maior a incidência
de materiais recicláveis e menor a incidência de
matéria orgânica.
Nível cultural
Quanto maior o nível educacional, menor a
incidência de matéria orgânica.
Poder aquisitivo
Quanto maior o poder aquisitivo, maior a
incidência de materiais recicláveis e menor a
incidência de matéria orgânica.
Poder aquisitivo (no mês)
Maior o consumo de supérfluos perto do
recebimento do salário (fim e inicio do mês).
Poder aquisitivo (na semana) Maior o consumo de supérfluo no fim de semana.
Desenvolvimento tecnológico
Introdução de materiais cada vez mais leves,
reduzindo o valor do peso especifico aparente dos
resíduos.
Lançamento de novos produtos Aumento de embalagens.
Promoção de lojas comerciais Aumento de embalagens.
Campanhas ambientais
Redução de materiais não-biodegradáveis
(plásticos) e aumento de materiais recicláveis e/ ou
biodegradáveis (papeis, metais e vidros)
FONTE: Adaptado de Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM (2001).
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No Brasil, a composição do lixo possui algumas peculiaridades; por exemplo, os componentes
presentes no lixo não possuem uma diferenciação muito grande se compararmos as principais
capitais e cidades brasileiras (Cf. GRÁFICO 2.4); no entanto, algumas destas cidades e
capitais, como Curitiba, vêm se destacando no cenário nacional como cidade modelo em
projetos alternativos, como a reciclagem do lixo. Isso tem contribuído, sobretudo, para a
diminuição do volume de lixo que seriam, a princípio, destinados diretamente aos lixões,
aterros sanitários e controlados. Parte do lixo recuperado tem contribuído positivamente para
a geração de cooperativas de catadores, gerando empregos diretos e indiretos.
Composição do lixo em algumas cidades e capitais brasileiras (%)
0
5
10
15
20
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Papel e papelão
Metal
Vidro
Plástico
Outros (1)
GRÁFICO 2.4: Composição do lixo em algumas cidades e capitais brasileiras (%).
(1)
Inclui resíduos têxteis.
FONTE: IPT-CEMPRE (2000).
Os componentes predominantes do lixo urbano o materiais recicláveis como plástico,
metais e vidros. Materiais que poderiam ser reaproveitados como matérias-primas para
diversos produtos, estimulando a criação de cooperativas e, conseqüentemente, gerando
emprego e renda a milhares de famílias. No entanto, um número insignificante de cidades
brasileiras adota a reciclagem como forma de tratamento de resíduos; dessa forma, matérias
que poderiam ser reaproveitadas como matérias-primas acabam sendo incorporadas à massa
de lixo, diminuindo, dessa maneira, a vida útil dos aterros e, contribuindo para a
contaminação do meio ambiente.
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2.1.3 Definição, Classificação e Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos
(RSU)
2.1.3.1 – Definição
A definição dos resíduos sólidos se baseia em interpretações que para alguns autores devem
levar em consideração: hábitos e costumes das populações, fatores climáticos, sócio-
econômicos, dentre outros.
Para Philippi Jr. (1999, p. 52), os resíduos sólidos são caracterizados como sendo: “Qualquer
mistura de materiais ou restos destes, oriundos dos mais diversos tipos de atividades humanas,
que são descartados por não apresentarem utilidade á sociedade, é considerado como resíduos
sólidos”.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), um dos principais
órgãos normatizadores do país, os resíduos sólidos são definidos pela NBR 10.004 (ABNT,
2004) que, em seu item 3.1, define os resíduos sólidos e semi-sólidos como sendo os restos
resultantes de atividades da comunidade de origem, sendo eles os industriais, domésticos,
hospitalares, comerciais, agrícolas, de serviços e de varrição. Estão incluídos nesta definição
os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para
isso soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível.
No item 3.2, a NBR 10.004 (ABNT, 2004) apresenta a periculosidade de um resíduo como
sendo a característica apresentada em função de suas propriedades físicas, químicas ou
infecto-contagiosas, podendo apresentar:
a) risco á saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou
acentuando seus índices;
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma
inadequada.
2.1.3.2 – Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente
As classificações dos resíduos sólidos variam de acordo com a sua natureza física seco ou
molhado, sua composição química – matéria orgânica ou inorgânica e os riscos potenciais que
oferecem ao meio ambiente e à saúde pública – perigosos, inertes e não inertes.
No item 4, a NBR 10.004 (ABNT, 2004) classifica os resíduos sólidos em duas classes
distintas, sendo elas:
a) Resíduos classe I perigosos: o aqueles que apresentam periculosidade,
conforme definido anteriormente, ou uma das seguintes características:
inflamabilidade, toxicidade, patogenicidade, corrosividade, reatividade.
b) Resíduos classe II não –perigosos: são aqueles que não se enquadram na
classificação de resíduos Classe I – perigosos.
Os resíduos de classe II são subclassificados do seguinte modo:
Resíduos classe II A – não inertes: são aqueles que não se enquadram na
classificação de resíduos Classe I perigosos ou de resíduos Classe II B
Inertes, nos termos da NBR 10004 (ABNT, 2004,) . Os resíduos Classe II A
não inertes podem ter propriedades tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água.
Resíduos classe II B – inertes: são quaisquer resíduos que quando amostrados de
uma forma representativa, segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004), e submetidos a
um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura
ambiente, conforme NBR 10.006 (ABNT, 2004), o alterem nenhum de seus
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade
de água, excetuando-se aspectos como: cor, turbidez, dureza e sabor.
2.1.3.3 – Classificação quanto à natureza ou origem
Segundo o Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBAM (2001), a origem é um
dos principais elementos para a caracterização dos resíduos sólidos. Com base nestes critérios,
os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em distintas classes, a saber: lixo doméstico
ou residencial, concernente aos resíduos gerados nas atividades domésticas diárias em casas,
apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais; e lixo comercial, que se refere
aos resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas características dependem da
atividade desenvolvida. Nas atividades de limpeza urbana, os tipos “domésticos" e
"comercial" constituem o chamado "lixo domiciliar", que, junto com o lixo público,
representa a maior parcela dos resíduos sólidos produzidos nas cidades.
O grupo de lixo comercial, assim como os entulhos de obras, podem ser divididos em
subgrupos chamados de pequenos geradores e grandes geradores. Pode-se adotar como
parâmetro, para isso:
a) Pequeno Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera até 120
litros de lixo por dia.
b) Grande Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera um
volume de resíduos superior ao limite de 120 litros de lixo diário.
Analogamente, pequeno gerador de entulho de obras é a pessoa física ou jurídica que gera até
1.000 kg ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto grande gerador de entulho é aquele que
gera um volume diário de resíduos superior a isso.
O Lixo público, por sua vez, refere-se aos resíduos presentes nos logradouros públicos, em
geral resultantes da natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também
aqueles descartados irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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considerados sem utilidade, papéis, restos de embalagens e alimentos. O lixo público está
diretamente associado ao aspecto estético da cidade. No caso de cidades turísticas, onde a
estética é somada a outros atrativos, a limpeza dos logradouros merece especial atenção.
O Lixo domiciliar especial é um grupo de resíduos que compreende os entulhos de obras,
pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus. Observe-se que os entulhos de obra,
também conhecidos como resíduos da construção civil estão enquadrados nesta categoria
por causa da grande quantidade de sua geração e pela importância que sua recuperação e
reciclagem vêm assumindo no cenário nacional.
O grupo Entulho de obras representa a indústria da construção civil, que é a que mais
explora recursos naturais. Além disso, a construção civil também é a indústria que mais gera
resíduos.
No Brasil, a tecnologia construtiva normalmente empregada favorece o desperdício na
execução das novas edificações.
Enquanto em países desenvolvidos a dia de resíduos proveniente de novas edificações
encontra-se abaixo de 100kg/m
2
, no Brasil este índice gira em torno de 300 kg/m
2
edificado/dia, (www.resol.com.br).
Em termos quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50% da quantidade em
peso de resíduos sólidos urbanos coletados em cidades com mais de 500 mil habitantes de
diferentes países, inclusive o Brasil.
Os Resíduos de fontes especiais são aqueles que, em função de suas características
peculiares, passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento,
estocagem, transporte ou disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais se
destacam os Resíduos industriais, aqueles gerados pelas atividades industriais. São resíduos
muito variados que apresentam características diversificadas, pois estas dependem do tipo de
produto manufaturado. Devem, portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se a NBR 10004
(2004) para se classificar os resíduos industriais: Classe I (Perigosos), Classe II (Não-Inertes)
e Classe III (Inertes); além disso, os Resíduos radioativo, assim considerados os resíduos
que emitem radiações acima dos limites permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, o
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manuseio, o acondicionamento e disposição final do lixo radioativo estão a cargo da
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Os Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários são resíduos gerados tanto
nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte. Os resíduos dos portos
e aeroportos são decorrentes do consumo de passageiros em veículos e aeronaves e sua
periculosidade está no risco de transmissão de doenças erradicadas no país. A transmissão
também pode se dar através de cargas eventualmente contaminadas, tais como animais, carnes
e plantas (IPT-CEMPRE, 2000).
Os Resíduos Agrícolas, segundo o IPT-CEMPRE (2000), são formados basicamente pelos
restos de embalagens impregnados com pesticidas e fertilizantes químicos, utilizados na
agricultura, que são perigosos. Portanto, o manuseio destes resíduos segue as mesmas rotinas
e se utiliza dos mesmos recipientes e processos empregados para os resíduos industriais
Classe I. A falta de fiscalização e de penalidades mais rigorosas para o manuseio inadequado
destes resíduos faz com que sejam misturados aos resíduos comuns e não raramente dispostos
nos vazadouros das municipalidades, ou, o que é pior, sejam queimados nas fazendas e sítios
mais afastados, gerando gases tóxicos.
Finalmente, há os Resíduos de serviços de saúde. Segundo a Resolução CONAMA
05/1993, os resíduos de serviços de saúde (RSS) são definidos como resíduos gerados em
hospitais, farmácias, laboratórios, consultórios médicos, odontológicos e veterinários, bancos
de sangue e leite, além de estações rodoferroviarias, portos e aeroportos. Esta Resolução
também classifica os RSS em quatro grupos, descritos a seguir (QUADRO 2.3), considerados
como resíduos perigosos pela característica de patogenicidade, de acordo com NBR 10004
(ABNT, 1987).
Um dos grandes problemas da disposição indiscriminada dos RSU é que os mesmos são
dispostos, geralmente, de forma inadequada e sem levar em consideração o grau de
periculosidade que cada classe de resíduos apresenta para o meio ambiente e para a saúde
pública. Geralmente os resíduos o passam por processos de triagem e segregação, ou seja,
são depositados em um só lugar, sem nenhuma preocupação quanto à qualidade ambiental.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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23
QUADRO 2.3 - Classificação dos resíduos de serviços de saúde
Tipo Nome Característica
Classe A- Resíduos Infectantes
A.1-
Biológicos
Cultura, inócuo, mistura de
microorganismos e meio de cultura
inoculado proveniente de laboratório
clinico ou de pesquisa, vacina vencida
ou inutilizada, filtro de aspirados de
áreas contaminadas por agentes
infectantes e qualquer resíduo
contaminado por estes materiais
A.2
Sangue e hemoderivados
Sangue e hemoderivados com prazo
de validade vencido ou sorologia
positiva, bolsa de sangue para analise,
soro, plasma e outros sub produtos.
A.3
Cirúrgicos, anatomo-
patológicos e exudato
Tecido, órgão, feto, peça anatômica,
sangue e outros quidos orgânicos
resultantes de cirurgia, necropsia e
resíduos contaminados por estes
materiais.
A.4
Perfurantes e cortantes
Agulhas, ampola, pipeta, lamina de
bisturi e vidro.
A.5
Animais contaminados
Carcaça ou parte de animal inoculado,
exposto a microorganismos
patogênicos, ou portador de doença
infecto-contagiosa, bem como
resíduos que tenham estado em
contato com estes.
A.6
Assistência a pacientes
Secreções e demais líquidos orgânicos
procedentes de pacientes, bem como
os resíduos contaminados por estes
materiais, inclusive restos de
refeições.
Classe B - Resíduos Especiais
B.1
Rejeitos radioativos
Material radioativo ou contaminado
com radionuclídeos, provenientes de
laboratório de analises clinicas,
serviços de medicina nuclear e
radioterapia.
B.2
Resíduos farmacêuticos
Medicamentos vencidos,
contaminados, interditado ou não
utilizado.
B.3
Resíduos químicos perigosos
Resíduos tóxicos, corrosivos,
inflamáveis, explosivos, reativos,
genotóxico ou mutagênico.
Classe C - Resíduos Comuns
Com
Resíduos comuns
São aqueles que não se enquadram
nos tipos A e B e que, por sua
semelhança aos resíduos domésticos,
não oferecem riscos adicional à saúde
pública.
FONTE: Adaptado de Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos IBAM
(2001).
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2.1.4 – Caracterização físico-química e biológica do lixo
As características dos resíduos sólidos podem ser físicas, químicas e biológicas e estão
relacionadas fundamentalmente à sua composição. Algumas características dos RSU são
fundamentais para que se possam conhecer melhor suas particularidades, a fim de poder
encontrar as melhores alternativas de disposição e tratamento dos mesmos.
Segundo Lima (1995), a caracterização dos constituintes do lixo serve para mostrar as
potencialidades econômicas que o mesmo apresenta, subsidiando informações para a escolha
do melhor e mais adequado sistema de tratamento e disposição final. Pode-se dizer, ainda, que
a eficiência do sistema de coleta e disposição final está fundamentada em uma análise
criteriosa das características físicas e químicas dos resíduos.
2.1.5 – Características Físicas
A NBR 10.004 (ABNT-2004) postula que os resíduos sólidos podem ser classificados de
acordo com a Geração per capta, composição gravimétrica, peso específico aparente, teor de
umidade e compressividade, conforme QUADRO 2.4.
2.1.6 – Características Químicas
As características químicas do lixo fornecem informações relativas ao seu Ph, poder
calorífico, composição química e relação carbono nitrogênio (C:N), dados essenciais na
definição das melhores tecnologias a serem empregadas no tratamento dos RSU. O QUADRO
2.5 apresenta as principais características químicas dos resíduos sólidos urbanos.
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QUADRO 2.4 – Características Físicas dos Resíduos Sólidos Urbanos
Características Definição
Composição Gravimétrica
Traduz o percentual de cada componente em relação
ao peso total do lixo. Subsidia estudos de destinação
final, principalmente quanto ao reaproveitamento e
reciclagem de resíduos.
Peso Específico
Representa o peso dos resíduos em função do
volume por eles ocupado nas condições normais em
que se apresenta para a coleta, sem sofrer processos
de redução. Sua determinação é importante para o
dimensionamento de equipamentos e instalações e é
um parâmetro determinante do grau de
industrialização e dos veis sócio-econômicos e
cultural de uma comunidade. Este parâmetro varia
inversamente com o padrão de vida da população.
Quanto mais desenvolvida for a população, menor é
o peso especifico de seu lixo. No Brasil, o peso
especifico atual é, em media, da ordem de 192
Kg/m
3
.
Produção Per capta
Relaciona a quantidade de lixo gerada diariamente e
o numero de habitantes de uma determinada região.
A quantidade de lixo produzida por pessoa (“perpe9-8.33308(s)(o)12.9455(a)-4.603060336(e)-17655(a)-4.60306( )-44.7977(a)-4.60298( )-57.614960306( )-247.60306(n)0.128297(t)-3.980( )-96.066á336(“)-4.5999672.2506( )-262.695(t)-3.9803j d o 247.60307(p)12.9455(e)-17.4203(l)8.83688999672.2504(o)12.9455( )-83.2493(l)8.836888(e)-4.60307(n)0.128297(í)-16.7976(247.6030f35( )-185.787(d)12.9455(a)-4.60306(l)8.83684( )-70.4322(p)0.12827(e)-17.4172(672.250qp)12.9455(up)12.9455(e).9455(m)-16.6693( )-1147.09(u)0.128297(s)4.4841f35( )-185.79(o)12.945522(s)4.48415(e)-4.60308(e)-4.60304(i)8.83688(c)-17.4203(n)12.9455(t)-16.79797(p3945.4203(o)12.9455(m)3945.425( )-185.787(o)0.128297( )-185.707( )-275.508(p)12.94(i)-3.98035(a)-4.60306(s)-185.787(é)-4.60306( )-185.787(ii)-16.7(g)0.128297(ra)-17.4203(d)3945.4289(o)25.7628( )-70.4322(-44.7977(S)-7.95757(u)0.128297()3945.425(e)8.21417( l)8.83688(a(m)8.96518(i)-16.79797()3945.42é(i)-16.79797()3945.426( )-185.787(c)-1.4472(a3945.429]TJ10.92 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)-83.2494(d)12.9455(e)-4.60306(t)-185.787(p)-12.686(r)-13.0644(m)8.96518(i)-16.7976(n)0.128297(T*[(q)12.93(ç)]TJ190.68 0 Td[(ã-4.603é-9]TJ10.92 a(ã)-4.59997(455( )-275.508(p)12.94557(d)0.128297(u)-12.686(n)0.128297(t)-3.9807(t)-3.980ã7(n)12.945(ra)-17.42006(o)12.9455( )-8.3330(u)0.128297(a)8)-22525( )-185.787(o)0.128297( )-185.707a)-17.420203(m)8.965108(o)12.9455(a)-4.60306()-3.98035(a)-4.6030b(e)-4.60305(i)-3.9803l )-96.0666(çd)12.9455(r)-0.247207(ã)-17.420 )-83.249(i)-3.98035(d)8)-22522(n)0.128297(a)-4.60306()-8.333089(o)12.9455(.)-6.34603( )-249.873(N)-21.405(d)8)-2252(i)-3.98035( )-262.66(l)-3.98035(o)12.9455(r)-0.22.4203u)-12.687(e)-17.4121(9)0.125168()-8.33309]TJ10.8 TLT*[(q)12.9455(u)0.128297(e)-4.603053(e)-17.4172(p)12.9455(e)-4.60305(ç)-17.420S)-7.957575(d)-185.787(p)-12.686(r)-13.0645(d)-185.71(m)8.968397(m)8.96513ra)-17.4203(d)-0.247207()-13.0645(d)-0.24721ra)-17.42097(m)8.96514radtoled-4.60306( )-185.787(c)-17.4203(m)8.96518(a)-0.247206(t)-16.7915(e)-4.60306(n)0.128297(t)-3.9807(t)-3.980ã7()-185.787(S)-7.9575(d)-0.247207(e)-45.7803(n)12.9455(t)-3.98035(.)-6.3460v(r)-0.247207(ã)-17.4l(m)8.96518(i)-55(m)-68( )-160.153midtii meade d--0.24727(a)-4.60298( )-57.6149(--0.24727(c)-1.44a(ã)-4.599996 0 Td[(s) 0 Td[(a(ã)-4.59997(455( )-275.508(l)-16.7978(d)0.128297(e)-4.60306( 11-44299(o)12.9455( )-275.508(p)12.9455(r)-13.06406(o)12.9455( )11-4429I5(e)-17.42097( )-185.707( )-275.508e)-4.60306(n)0.128297((o)0.128297(m)8.9651(e)-17.42097(a)-4.603207(e)-4.60306(0.128295(ç)-17.420S)n)0.128297(í)-16.7976()11-44294(c)8.21729(e)-17.4172(s)4.485624 Tf105.6 6(n)0.128297(t)-3.9807((e)-17.4203(s)4.48417(í)-16.7976()11-44298(d)0.128297(e)-4.60306( 11-4429( )-96.06606(l)-3.980.7o)0.125168( )-198.63(n)12.9455(t)-16.7976(o9455(m)-68( )-160.153()12.9455(e)-4.7.4106( 11-44295(i)-4.59997(455( )-275.508l)-16.7978(d)0.128297(e)-4.6035(n)0.125168(a)-4.59993(ç)]TJ190.68 0.60306( )-275.505(.)-6.34603( n)12.945(r-7.957575(d)-185.7306(o)0.128297()-4.60306(ã)-17.4203(o)25.7625(e)-17.4203( )-185.787(p)-12.68(ra)-17.4203(d)-0.247297(o)12.9455(.)6.4712( )-44.7977(S)-7.95757,u)0.128297()-185.76(r)-13.0645(d)-185.75(ç)-17.420S)-7.957576( )-70.4322()4.60306(i)-3.980(dl)-3.98037(í)-16.7953m)8.96518(i)-4.9455(t)-16.7972(c)-17.4203(o)25.7628(na)8.21413(J/R10 65(t)-3.9803207(e)-4.60306(d)0.12836(i)-3.982(e)-17.4172(m)-3.848a(ã)-4.5999LT*[(q)12.940.12603007(a)-17.4203(d)0.128297l)-3.980.7o)0.125106( )-70.4322(d)0.128297(e)-17.4ura)-17.4203(d2)0.1251306(i)8.83688(c)-4.60306(l)-3.9803ura)-17.4206(i)-3.98035(f)-0.24706(l)-3.980.7,)-6.346055(e)-4.60306(s)-352.411((m)8.9651(e)-17.420203(d)0.128297l)-3.980g(r)-0.2476(t)8.83688(e)-4.603022(d)0.12828(e)-4.603022(d-352.414(â)-4.60306(m)8.96518(e)8.21417t )-96.0666(çd)12.94555(e)-4.60306(s)-339.594(ç)-17.420S 2ntdT*[(v)12upTL.9455(i)- -10.8 Td[(d)12.9455(e508(p)12.94556(i)-3.98035(o)0.1281l 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QUADRO 2.5 – Principais características químicas dos resíduos sólidos (RSU)
Característica Definição
Relação C:N
Indica a degradabilidade e a capacidade dos resíduos
em decomposição de se constituírem em compostos
orgânicos bio-estabilizados. É um parâmetro básico
no tratamento do lixo, principalmente na
compostagem.
Poder calórico
O poder calórico representa a capacidade de um
material de desprender determinada quantidade de
calor quando submetido à queima, sendo expresso
em Kcal/Kg de lixo. É um parâmetro utilizado no
dimensionamento de incineradores. Pode ser
expresso em termos de poder calorífico superior
(PCS) ou poder calorífico inferior (PCI).
PCS é a quantidade de calor desprendida por quilo
de combustível, para queimar-se por completo,
resultando anidrido e água. PCI é a quantidade de
calor que se desprende de 1 kg de combustível
produzindo gás carbônico e vapor água. A
diferença entre eles é o calor necessário para
vaporizar a água, tanto aquela apresentada pelo
material, como a que se forma durante o processo de
combustão.
Potencial Hidrogênionico (pH)
Indica o teor de acidez ou alcalinidade. Sua
determinação tem fundamental importância na
digestão dos resíduos, pois suas variações podem
acelerar ou inibir o processo de decomposição em
um aterro ou em outros processos de tratamento e
disposição final.
FONTE: Adaptado de Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos IBAM
(2001).
2.1.7 – Características Biológicas
O lixo disposto inadequadamente, sem qualquer tratamento, pode poluir o solo, alterando suas
características físicas, químicas e biológicas, constituindo um problema de ordem estética e,
mais ainda, uma ria ameaça à saúde pública. Por conter substâncias de alto teor energético
e, por oferecer disponibilidade simultânea de água, alimento e abrigo, o lixo é preferido por
inúmeros organismos vivos (LIMA, 1995).
Ainda de acordo com Lima (1995), podem ser classificados em dois grandes grupos os seres
vivos que habitam o lixo: os macrovetores, a exemplo dos ratos, baratas, moscas e mesmo
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animais de maior porte como cães, aves, suínos, eqüinos. O próprio homem, o catador de lixo,
enquadra-se neste grupo. No segundo grupo dos microvetores estão os vermes, bactérias,
fungos, actiomicetos e vírus, sendo estes últimos de maior importância epidemiológica por
serem patogênicos e, portanto, nocivos ao homem.
2.2 – Aspectos epidemiológicos do lixo
Segundo Lima et al. (2002), o lixo é um componente importante do perfil epidemiológico de
uma comunidade, exercendo influência, ao lado de outros fatores, sobre a incidência de
doenças. Do ponto de vista sanitário, não se pode afirmar que o lixo é a causa direta de
doenças.
No entanto, é evidente seu papel na transmissão de doenças provocadas por macro e
microorganismos patogênicos ou não, que vivem ou são atraídos pelo lixo.
Estes organismos encontram no lixo um ambiente propício à sua proliferação, uma vez que é
possível encontrar vários tipos de resíduos de natureza biológica, tais como fezes, animais
mortos ou restos de origem vegetal e animal, que podem ser agentes responsáveis por
enfermidades transmitidas ao homem e aos animais domésticos ou que circulam no espaço de
ocupação humana, conforme apresentado no QUADRO 2.6.
Como podem ser observados no QUADRO 2.6, os resíduos sólidos urbanos possuem uma
infinidade de particularidades que devem ser levadas em consideração no que se refere ao
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QUADRO 2.6 – Principais vetores atraídos pelo lixo
Vetores Modo de Transmissão Doenças Transmitidas Formas de Controle
Ratos e Pulgas
Através do corpo
(pulga), por mordidas,
pelas fezes e urina
Peste bubônica , tifo
murino, salmoneloses
(gastroenterite),
leptospirose, febre de
Haverhil, triquinose,
toxoplasmose, etc
Coleta e disposição
adequadas do esgoto e do
lixo, proteção dos
alimentos, eliminação de
frestas, envenenamento,
fumigação, utilização de
inimigos naturais e
ratoeiras
Moscas
Por via mecânica
(patas), pelas fezes e
saliva
Febre tifóide, varíola,
teníase, poliomielite,
disenteria, hepatite
infecciosa, cólera,
amebíase, giardíase e
samonelose
Coleta e disposição
adequada do lixo e do
esgoto, proteção dos
alimentos, limpeza das
instalações, utilização de
larvicidas e inseticidas
Mosquitos
Picada da fêmea
Malaria, dengue, febre
amarela, leishmaniose e
filariose
Predadores naturais,
inseticidas, coleta e
disposição adequadas de
lixo e esgoto, limpeza das
instalações, óleos
(petrolagem), drenagem e
aterros (eliminação de
criadouros), proteção
individual
Baratas
Fezes e por via mecânica
(corpo)
Amebíase, giardiase e
outras doenças
gastrintestinais e febre
tifóide
Proteção dos alimentos,
coleta e disposição
adequadas do esgoto e do
lixo, limpeza das
instalações, uso de
inseticidas
FONTE: Adaptado de Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos – IBAM (2001)
2.2 – Formas de disposição e tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos
Historicamente, de acordo com as literaturas consultadas, são três as formas básicas existentes
de disposição final de resíduos: lixão ou vazadouro, aterro controlado e aterro sanitários.
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2.2.1 – Lixões ou vazadouros
Embora ainda muito utilizado no Brasil por cerca de 70% dos municípios, os lixões (ou
vazadouros) são uma forma inadequada de disposição final dos resíduos sólidos, que se
caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou
à saúde pública (IBGE, 2002).
Segundo Munõz (2002), os resíduos assim lançados a “céu aberto” acarretam sérios
problemas à saúde pública e ao meio ambiente, sendo foco permanente de proliferação de
vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.). A presença de catadores de
materiais recicláveis é comum nestas áreas; em alguns lixões a presença de pessoas e animais
domésticos é uma questão de sobrevivência. A FIGURA 2.1 retrata a real situação de um
lixão na cidade de Mossoró (RN).
FIGURA 2.1: Aspectos gerais do lixão de Mossoró-RN, onde se observa a
presença de animais domésticos junto a catadores em meio ao lixo.
FONTE: http://www2.uol.com.br/omossoroense.
No meio ambiente, essa forma de disposição dos resíduos causa a contaminação do ar pelo
lançamento de gases provenientes da decomposição da matéria orgânica contida no lixo, tais
como CO
2
, N
2
, CH
4
, H
2
, dentre outros, gerando maus odores e inconveniência às
comunidades que residem próximo aos locais de lançamento do lixo. No solo e nos recursos
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hídricos, a contaminação se principalmente pela percolação do chorume (líquido de cor
preta, de elevado potencial poluidor, gerado pela decomposição da matéria orgânica contida
na massa do lixo), que resultam, na maioria dos casos, em sérios impactos ao meio ambiente,
principalmente no solo e nos recursos hídricos. O esquema da FIGURA 2.2 mostra a situação
da maioria dos lixões.
FIGURA 2.2: Esquema de um lixão a céu aberto.
FONTE: IPT-CEMPRE (1995).
Acrescenta-se a esta situação o total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos nestes
locais; geralmente, verifica-se amesmo a disposição de dejetos originados de serviços de
saúde e de indústrias com resíduos de elevado potencial poluidor (IPT-CEMPRE, 1995).
2.2.2 – Aterro controlado
Os aterros controlados diferem-se dos lixões por serem constantemente recobertos com uma
camada de terra; em geral, esse procedimento obedece a intervalos de tempo relativamente
curtos. O solo não é impermeabilizado e nem sempre o aterro possui sistema de drenagem dos
líquidos percolados, tampouco captação de gases formados pela decomposição da matéria
orgânica (MUNÕZ, 2002).
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Conforme o IPT-CEMPRE (1995), o aterro controlado é uma forma de disposição dos
resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua
segurança, minimizando os impactos ambientais, utilizando-se de princípios de engenharia
para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte (solo) na
conclusão de cada jornada de trabalho.
Entretanto, esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois similarmente
ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada. Porém, geralmente não
dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas),
nem sistemas de tratamento de chorume ou dispersão dos gases gerados (IPT-CEMPRE,
1995).
2.2.3 – Aterro sanitário
De acordo com IPT-CEMPRE (2000), o aterro sanitário consiste em uma instalação
previamente planejada para posterior disposição dos resíduos sólidos, visando o causar
danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando ou reduzindo a zero os impactos
ambientais. Para se atingir tais objetivos este método de disposição dos RSU utiliza-se de
princípios e técnicas de engenharia para confinar os RS à menor área possível e reduzindo-os
ao menor volume possível, cobrindo as células onde são depositados os resíduos com uma
camada de solo na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se
necessário. As FIGURAS 2.3 e 2.4 apresentam aspectos gerais de um aterro sanitário em
operação.
Antes de se planejar e projetar um aterro sanitário, devem-se realizar estudos prévios que,
segundo a NBR 8419 (ABNT-1992), devem ser levados em consideração: estudos de
localização da melhor área a qual o aterro sanitário será implantado, levando em consideração
à população de entorno; devem ser escolhidos locais de fácil acesso; realização de estudos
hidrogeológicos, geológicos e topográficos na escolha da melhor área, monitoramentos
periódicos das águas subsuperficiais; impermeabilização da base do aterro; instalação de
drenos para coleta de águas pluviais e tratamento de gases e percolados; instalação de
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balanças (para quantificar e controlar a entrada de resíduos); instalação de escritório
administrativo, dentre outros.
FIGURA 2.3: Representação esquemática ideal de operação de um aterro sanitário.
FONTE: IPT-CEMPRE, (2000).
FIGURA 2.4 – Aterro sanitário de Caximba,Curitiba-PR.
FONTE: www.curitiba.pr.gov.br.
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O sistema de aterro sanitário tem se mostrado uma das técnicas de disposição de resíduos
sólidos mais segura e difundida, em função dos custos relativamente baixos e das vantagens
que este sistema oferece na recuperação ecológica de áreas deterioradas. As vantagens do
sistema de aterro sanitário o inúmeras, porém o baixo custo que envolve esta prática de
disposição é que a torna interessante. A esse respeito, o IPT-CEMPRE (2000), além destas
vantagens, destaca:
disposição do lixo de forma adequada;
capacidade de absorção diária de grande quantidade de resíduos;
condições especiais para a decomposição biológica da matéria orgânica
presente no lixo.
Entretanto, os riscos associados a este método o são descartados, incluindo a possibilidade
de poluição das águas superficiais e subsuperficiais pela percolação do chorume, além da
formação de gases nocivos à saúde e ao meio ambiente. No entanto, o sistema de aterro
sanitário tem sido adotado com regularidade, inclusive nos países desenvolvidos (LIMA,
1995).
2.3 – Percolado de aterros sanitários (chorume): geração e composição
O chorume, um líquido de cor escura, odor desagradável e elevado poder de poluição, é uma
substância resultante da decomposição (atividade enzimática) natural dos resíduos orgânicos.
Em áreas onde ocorre a disposição dos resíduos sólidos, caso não seja drenado e devidamente
tratado, este líquido pode penetrar no subsolo e contaminar águas subsuperficiais com metais
pesados e diversas outras substancias nocivas à saúde pública e ao meio ambiente
(DOMINGUES, 2005).
Diversos fatores contribuem para a quantidade e a qualidade do percolado. A pluviometria é
um fator fundamental na quantidade de percolado a ser produzido no aterro. A previsão da
quantidade de percolado produzida é um parâmetro crítico no projeto de um aterro sanitário.
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De maneira geral, segundo Carvalho (2001), a quantificação do percolado que alcança a base
dos resíduos sólidos (Lv) é fundamentada no balanço hídrico e calculado a partir da seguinte
equação:
Lv = P-R-AS-ET
Onde:
Lv = volume que passa pela base do aterro;
P = precipitação;
R = volume perdido pelo escoamento superficial;
AS = volume de água absorvido pelos resíduos;
ET = volume perdido por evapotranspiração.
A geração de percolado (chorume) em locais de deposição de resíduos sólidos urbanos tem
gerado preocupações relevantes no que diz respeito à contaminação do solo, ar e,
principalmente, dos recursos hídricos, dada a heterogeneidade de componentes químicos
presentes em sua composição, dentre outros, a saber: fósforo, nitrogênio amoniacal, nitrato,
zinco, cobre, cádmio, chumbo, dentre outros elementos químicos (IPT-CEMPRE, 2000).
De acordo com Qasim; Chiang (1994 apud IPT-CEMPRE, 2000), durante a vida útil ou ativa
de um aterro sanitário, a geração do chorume é influenciada por uma série de fatores dos quais
podem-se ressaltar três grupos conforme QUADRO 7.
A produção do chorume em um aterro sanitário não aparece imediatamente após a disposição
dos resíduos; sua manifestação é posterior a um determinado período do início da disposição
das primeiras células. A decomposição biológica do lixo é em grande parte responsável pela
produção de gases e pela produção e composição do chorume, que depende
fundamentalmente da fase em que o processo de decomposição se encontra (IPT-CEMPRE,
2000). De forma geral, o processo de decomposição do lixo em aterros se em três fases: a
primeira denomina-se aeróbica; em seguida, tem-se a fase acetogênica e, por último, a fase
metanogênica (LO, 1996 apud IPT-CEMPRE, 2000).
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QUADRO 2.7 - Fatores que influenciam a geração de lixiviados em aterros sanitários
Fatores que Influenciam a Geração de Lixiviados (Chorume) em Aterros Sanitários.
Fatores climáticos e
correlatos
Fatores relativos ao resíduo
sólido
Fatores relativos ao tipo de
disposição
Regime de chuvas e
precipitação pluviométrica
anual
Composição
Características de
permeabilidade do aterro
Escoamento superficial Densidade Idade do aterro
Infiltração Teor de umidade inicial Profundidade do aterro
FONTE: Adaptado de IPT-CEMPRE (2000).
Durante essas fases, a susceptibilidade ao carreamento ou arraste de substâncias químicas pelo
líquido que escoa pela massa do lixo se modifica drasticamente. Por meio deste processo, os
compostos arrastados do interior das massas de resíduos dão origem ao chorume, que passa a
ter composição diversa (IPT-CEMPRE, 2000).
Um outro dado importante é a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que é um indicador
da carga orgânica composta em um líquido. Essa cnica analítica avalia a quantidade de
oxigênio necessária para que os microrganismos degradem a matéria orgânica presente na
mistura. Segundo Domingues (2005), as características do chorume dependem de vários
fatores que vão desde condições ambientais locais, tempo de deposição, forma de operação do
aterro e até características dos resíduos aterrados.
De acordo com Jucá et al. (2003), a produção e tratamento de chorume é uma das questões
mais importantes relacionadas a projeto e operação de aterros de RSU. O chorume produzido
pela degradação dos resíduos possui um alto potencial poluente, com composições variadas,
principalmente em função das condições ambientais, características físico-químicas dos
resíduos e idade dos aterros.
Na fase inicial do aterro, logo após a sua cobertura ainda presença de ar e, portanto, de
oxigênio que se encontra confinado no interior das células. Os microrganismos aeróbicos, ou
seja, aqueles que utilizam oxigênio na decomposição da matéria orgânica, dão início à
primeira das fases do processo de decomposição do lixo. Essa fase, que compreende a
decomposição aeróbica, é relativamente curta, durando em média um mês, consumindo a
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quantidade limitada de oxigênio presente nas células. Durante a faze aeróbia, ocorre uma
grande liberação de calor. A temperatura do aterro se eleva consideravelmente em relação à
do ambiente. A elevação da temperatura pode ocasionar entre outros, a formação de sais
contendo metais, pois muitos íons são solúveis em água em temperaturas elevadas (IPT-
CEMPRE, 2000).
Após diminuição significativa da quantidade de oxigênio, começa a predominar
microrganismos anaeróbios facultativos, ou seja, aqueles que preferencialmente não utilizam
oxigênio na decomposição da matéria orgânica. Esses microorganismos são conhecidos como
bactérias acetogênicas. As bactérias acetogênicas, primeiramente, convertem o material
orgânico particulado, como a celulose e outros materiais putrescíveis, em compostos
dissolvidos, em um processo denominado hidrólise ou liquefação. Posteriormente, segue-se a
fermentação, que pode perdurar por rios anos. Nessa fase, são produzidas quantidades
consideráveis de compostos orgânicos simples e de alta solubilidade, principalmente ácidos
graxos voláteis, como ácido acético, e também quantidades significativas de nitrogênio
amoniacal (IPT-CEMPRE, 2000). Os valores baixos de pH favorecem, também, o
aparecimento de maus odores, devido à liberação de gás sulfídrico (H
2
S), amônia (NH
3
)
dentre outros gases (LIMA, 1995).
De acordo com o IPT-CEMPRE, (2000), ao se misturar com líquidos que percolam pela
massa de resíduos sólidos, o pH do chorume cai para valores entre 4 e 6. O caráter ácido dessa
mistura contribui para a solubilização de materiais inorgânicos, podendo apresentar altas
concentrações de ferro, manganês, zinco, cálcio e magnésio. De acordo com Domingues
(2005), nessa fase o chorume produzido apresenta grande quantidade de matéria orgânica,
apresentando, no entanto, uma alta DBO, valor este usado para indicar a concentração de
matéria orgânica em um volume líquido. Nessa fase, geralmente o chorume possui valores da
ordem de 10 g/l. Um outro indicador da quantidade de compostos orgânicos em um líquido é
a Demanda química de Oxigênio (DQO).
Na terceira e última fase, os compostos formados nessa fase (acetogênica) começam a ser
consumido por bactérias estritamente anaeróbias, denominadas bactérias metanogênicas, que
dão origem ao metano e ao gás carbônico (IPT-CEMPRE, 2000).
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O impacto produzido pelo chorume sobre o meio ambiente está diretamente relacionado com
sua fase de decomposição. O chorume de aterros novos, quando recebe quantidades
significativas de águas pluviais, é caracterizado por pH ácido, alta demanda bioquímica de
oxigênio (DBO
5
), alta demanda química de oxigênio (DQO), entre diversos compostos
potencialmente tóxicos. Com o passar dos anos, uma redução significativa da
biodegradabilidade devido à conversão em gás metano e CO
2
de parte dos componentes
biodegradáveis (SERAFIM et al., 2003). O QUADRO 2.8 apresenta a composição do
chorume com diferentes idades.
QUADRO 2.8 – Composição do chorume com diferentes idades.
Idade do Aterro Parâmetros (mg/L)
a
1 ano 5 anos 16 anos
DBO 7.500-28.000 4000 80
DQO 10.000-40.000 8.000 400
pH 5,2-6,4 6,3 -
SDT 10.000-14.000 6.794 1.200
SST 100-700 - -
Condutividade 600-9.000 - -
Alcalinidade (CaCO
3
) 800-4.000 5.810 2.250
Dureza (CaCO
3
) 3.500-5.000 2.200 540
Fósforo Total 25-35 12 8
Ortofosfato 23-33 - -
Nitrogênio Amoniacal 56-482 - -
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2.3.1 – Técnicas utilizadas para o Tratamento de Percolados (Chorume)
O chorume originado em aterros sanitários, controlados e em lixões, contém altas
concentrações de substâncias orgânicas e inorgânicas, possuindo um grande potencial
poluidor de águas subterrâneas e superficiais, razão esta pela qual o chorume deve ser
corretamente submetido a tratamento antes de ser lançado em corpos hídricos, infiltrados no
solo ou, eventualmente, encaminhados para redes coletoras de esgoto (IPT-CEMPRE, 2000).
As técnicas comumente empregadas para tratamento de rejeitos industriais têm sido
empregadas para tratamento de chorume incluindo os tradicionais processos biológicos,
aeróbios e anaeróbios, como também uma variedade de processos físico-químicos, conforme
citado por Serafim et al. (2003).
Entretanto, a capacidade de certos microorganismos para degradar a matéria orgânica é muito
limitada, além de estarem sujeitos a quaisquer variações de pH ou de cargas tóxicas, que
podem interromper o metabolismo das bactérias, outras dificuldades são comumente
encontradas (IPT-CEMPRE, 2000). Entre os principais inconvenientes destacam-se, a
dificuldade no controle da população de microorganismos e a necessidade de um tempo
relativamente longo para que os efluentes atinjam padrões aceitáveis. Conforme exposto
anteriormente, o pH do chorume varia de acordo com sua fase de decomposição
predominante. Altas concentrações de DBO e DQO são comuns e a presença de produtos
químicos tóxicos também (IPT-CEMPRE, 2000).
Em virtude de características particulares e das diferentes idades de disposição dos RS, a
concentração das diversas substâncias presente na sua composição varia para cada tipo de
aterro, bem como dentro de um mesmo aterro para cada conjunto de células envolvidas (IPT-
CEMPRE, 2000).
Diferentes caminhos na degradação de compostos poluentes podem ser observados devido a
algumas características dos microorganismos, que em geral alteram a biodigestão depois de
aclimatados ao meio (SERAFIM et al, 2003). Isto vem a confirmar a necessidade que os
processos de tratamento, destinados à degradação de poluentes, devem ser criteriosamente
avaliados.
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Ainda conforme Serafim et al. (2003), tratamentos baseados em processos químicos são
capazes de promover a degradação ou até mesmo a mineralização do material poluente; no
entanto, apresenta o inconveniente de ter que adicionar mais compostos químicos a um meio
que já se encontra muito agressivo ao meio ambiente. Porém, o desempenho de cada processo
está relacionado à natureza química do chorume utilizado no tratamento, sendo que os
resultados podem ser influenciados pelo fator idade, carga orgânica, clima, entre outros.
Observa-se, também, que a combinação de vários fatores, que vão desde as altas
concentrações de DBO e DQO, muitas vezes superiores 200 vezes as encontradas em esgotos
sanitários, até consideráveis variações de vazão, em decorrência dos diferentes índices
pluviométricos de cada ano, exigem projetos de tratamento de chorume bastante específicos,
ou seja, a peculiaridade de cada aterro sanitário deverá ser cuidadosamente levada em conta
(IPT-CEMPRE, 2000).
É de fundamental importância no sucesso de empreendimentos desse tipo que não só o projeto
e a construção exijam cuidados, como também a operação dos sistemas de tratamento deverá
contar com recursos humanos adequados às variações próprias de determinados aterros. No
entanto, observa-se que, na realidade brasileira, a capacitação da mão-de-obra empregada
freqüentemente está aquém das necessidades oriundas da utilização de equipamentos,
maquinários, bem como dos procedimentos exigíveis (IPT-CEMPRE, 2000).
2.3.2 – Fatores relevantes no dimensionamento do tratamento de chorume
Normalmente, as unidades de tratamento de percolados são dimensionadas em módulos que
guardam relação com a evolução do aterro ao longo do tempo. Desta forma, as variações de
vazão e de composição do chorume, entre outras variáveis, devem ser cuidadosamente
previstas. Caso contrário, poderão surgir problemas com o tratamento (IPT-CEMPRE, 2000).
Além das hipóteses mencionadas, é necessário estar atento às exigências legais,
particularmente aquelas relativas à disposição final dos efluentes tratados. Da mesma forma, é
importante que se leve em conta a evolução das tecnologias em face das demandas mais
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rigorosas. Portanto, essas considerações apontam para um projeto com características mais
flexíveis, porém tendo uma evolução consoante com as mudanças das condições (IPT-
CEMPRE, 2000).
De acordo com Robinson; Moris (1979 apud IPT-CEMPRE 2000), para determinação do tipo
de tratamento e do grau de eficiência desejado, os seguintes fatores devem ser considerados
na elaboração de um projeto visando o tratamento do chorume:
característica do chorume: determinação das concentrações de compostos
orgânicos e inorgânicos e sua evolução ao longo do tempo;
presença de substâncias perigosas: determinação das concentrações de
compostos químicos tóxicos e metais pesados;
alternativas de disposição do efluente tratado de maneira associada à
legislação vigente: corpos d’água superficiais, redes coletoras de esgoto,
tratamento no solo e circulação para o aterro sanitário;
estudos de tratabilidade: levantamento de parâmetros para projetos e
operação do aterro visando a escolha da tecnologia mais adequada;
avaliação das alternativas tecnológicas disponíveis;
necessidades operacionais: determinações analíticas, treinamento de
técnicos etc.;
custos de implantação e operação.
De modo geral, todos os efluentes líquidos provenientes de aterros sanitários podem ser
tratados de maneira satisfatória, evitando ou minimizando os impactos indesejáveis do
despejo dos efluentes tratados no que concerne à saúde pública e ao meio ambiente (IPT-
CEMPRE, 2000).
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2.3.3 – Metodologias de tratamento de chorume
Para o tratamento dos efluentes líquidos provenientes dos aterros sanitários, são mencionados,
como apresenta o IPT-CEMPRE (2000), três principais métodos, a saber: tratamento
biológico; recirculação do chorume por intermédio das células do aterro e tratamento físico-
químico.
2.3.3.1 – Tratamento Biológico
O tratamento biológico compreende um conjunto de tecnologias bastante eficazes na redução
das altas concentrações de matéria orgânica encontrada na composição de chorume. Por ser
um processo natural, além de promover um tratamento adequado ao meio, seu custo é
relativamente mais baixo se comparado a outras metodologias convencionais de tratamento
(LIMA, 1995).
O tratamento biológico do chorume propicia a degradação da matéria orgânica e de outros
compostos de difícil degradação de forma natural, pela ação de microrganismos que utilizam
processos anaeróbio e aeróbio para oxidar os compostos presentes no chorume (IPT-
CEMPRE, 2000). No entanto, o tratamento biológico não provoca alterações nem destruição
de compostos inorgânicos, sendo necessárias outras metodologias paralelas para este
tratamento, como os processos físico-químicos, para que seja garantida uma eficácia maior no
tratamento.
O IPT-CEMPRE (2000) aponta diversos tipos de tratamento biológicos que podem ser
utilizados no tratamento de chorume. Os mais conhecidos são: tratamento por lodo ativado;
lagoas aeradas; lagoas de estabilização e reatores ou digestores aeróbios de fluxo ascendente
(RAFAs).
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A – Lodos ativados
Segundo IPT-CEMPRE (2000), estes sistemas tem sido capaz de converter a matéria orgânica
biodegradável presente no chorume em formas inorgânicas mais estáveis ou em massa celular.
Esse processo é constituído por fase aeróbia, ou seja, necessita de oxigênio e, geralmente, é
fornecido por equipamentos que promovem a aeração do líquido sob tratamento, conforme a
FIGURA 2.5.
FIGURA 2.5- Esquema de tanques de lodos ativados
FONTE: IPT-CEMPRE (2000).
No tratamento de lodos ativados tradicionais, após a passagem do chorume pela sedimentação
primária, a maioria do material orgânico em estado coloidal e solúvel é metabolizado nos
tanques de aeração por diversos grupos de microorganismos. Gera-se, assim, como produtos
finais, dióxido de carbono, água e nitratos. Simultaneamente, uma fração é convertida em
massa celular e separada da fase líquida por ação da gravidade em decantadores secundários.
Grande parte da massa sedimentável retorna para o tanque de aeração, aumentando a
concentração de microorganismos no sistema, aumentando, portanto, sua eficácia (IPT-
CEMPRE, 2000).
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B – Lagoas aeradas
Em conjunto, as lagoas aeradas são construídas com taludes de terra, podendo também ser
construídas com concreto. As profundidades utilizadas são de 2,5 a 5 m e, normalmente, são
usados aeradores mecânicos para mistura e aeração da massa líquida, conforme demonstra a
FIGURA 2.10.
FIGURA 2.10 – Esquema de lagoas de aeração.
FONTE: http://www.saeituiutaba.com.br/?contexto=040402.
De acordo com o IPT-CEMPRE (2000), historicamente as lagoas aeradas foram
desenvolvidas a partir de lagoas de estabilização. As lagoas aeradas são utilizadas para
tratamento do chorume, esgoto doméstico e despejos industriais com elevados teores de
substâncias biodegradáveis. No seu planejamento e construção devem ser levados em
consideração fatores relativos à disponibilidade de áreas, fonte de energia elétrica e custos de
implantação e operação.
As lagoas aeradas podem ser classificadas em aeróbias e facultativas, dependendo
principalmente do grau de turbulência e da concentração de oxigênio dissolvido no seu
interior (IPT-CEMPRE, 2000).
Nas lagoas aeradas aeróbias, o vel de potência instalada é suficientemente alto para
introduzir o oxigênio necessário em todo o sistema (lagoa) e também para evitar a
sedimentação dos sólidos em suspensão. as lagoas aeradas facultativas o aquelas em que
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o nível de potência instalada é suficiente para introduzir na massa líquida o oxigênio
necessário ao processo, porém não é suficiente para impedir a sedimentação de boa parcela
dos sólidos em suspensão; em conseqüência disso, parte dos sólidos em suspensão (afluentes)
e parte dos novos sólidos em suspensão produzidos na lagoa pela utilização da matéria
orgânica tendem a se sedimentar nas áreas de menor turbulência. No entanto, esses sólidos
que sedimentaram passam a sofrer digestão anaeróbia no fundo da lagoa (IPT-CEMPRE,
2000). Assim sendo, tem-se na lagoa a atividade biológica em condições anaeróbias, em parte
dela, e em condições aeróbias em sua outra parte, recebendo, por conseguinte, em função
deste processo, a denominação de lagoas aeradas facultativas.
C – Lagoas de estabilização
A definição mais freqüente utilizada para lagoas de estabilização é a de que são grandes
reservatórios de pequena profundidade, delimitados por diques de terra, nos quais o material
orgânico presente nas águas residuárias é estabilizado por processos biológicos, portanto
naturais, envolvendo principalmente algas e bactérias (COSTA, 1992 apud IPT-CEMPRE,
2000).
Os principais processos que atuam no tratamento de águas residuárias por lagoas de
estabilização são:
o efeito reservatório à lagoa capacidade para absorver fortes variações,
tanto de carga orgânica quanto de vazões líquidas;
sedimentação, permitindo que sólidos sedimentáveis sejam depositados no
fundo da lagoa;
estabilização da teria orgânica presente no esgoto por bactérias
anaeróbias na ausência de O
2.
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As lagoas de estabilização são, geralmente, classificadas de acordo com a predominância do
processo, ou seja, aeróbio e/ou anaeróbio, pelo qual o material orgânico, geralmente expresso
em termos do valor da DBO, é removido (IPT-CEMPRE, 2000).
Um fator de relevante importância é a temperatura, que tem se mostrado fundamental no
tratamento do chorume. Estudos têm apontado que a eficiência do tratamento está diretamente
ligada à temperatura do meio líquido. Remoções maiores que 90% da carga orgânica, medidas
em termos de DBO ou DQO, foram verificadas em chorumes detidos em condições
anaeróbias por cerca de 10 dias com temperaturas na faixa de 23 a 30 ºC (IPT-CEMPRE,
2000).
As lagoas de maturação são também um importante meio de extermínio de microorganismos
patogênicos que, segundo o IPT-CEMPRE (2000), age por meio de ação aeróbia, isso porque
a remoção da maior parte da carga orgânica do afluente no sistema é efetuado pelos métodos
procedentes que, normalmente, são lagoas aeróbias e/ou facultativas sendo sua principal
função destruir organismos patogênos.
Em estudos feitos por Costa (1992 apud IPT-CEMPRE 2000), apontou-se que o pré-
tratamento anaeróbio de águas residuárias é tão vantajoso que a primeira consideração em
projetos de lagoas em séries deve ser sempre incluir a possibilidade de pré-tratamento
anaeróbio.
Ainda conforme apresenta Costa (1992 apud IPT-CEMPRE 2000), as lagoas podem ser
projetadas para algumas das finalidades abaixo:
diminuir a concentração de material orgânico biodegradável;
oxidar a amônia remanescente para nitrato;
diminuir a concentração de sólidos suspensos;
diminuir a concentração de nutrientes solúveis.
De um modo global, as lagoas de maturação são rasas, com profundidades que variam na
faixa de 1,2 a 1,5 m, o que é feito com o propósito de manter suas condições aeróbias; a
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vantagem adicional é a remoção de vírus, indiscutivelmente melhor nas lagoas rasas do que
nas profundas (IPT-CEMPRE, 2000).
As lagoas de maturação, freqüentemente, são projetadas com a mesma profundidade das
lagoas facultativas a que estão associadas, devido às duas principais funções das mesmas que,
de acordo com o (IPT-CEMPRE, 2000), são:
somo são menos turvas que outras lagoas, a luz solar pode penetrar até o
fundo das lagoas, favorecendo o desenvolvimento de algas e bactérias
cianofíceas que, por meio de atividades fotossintéticas, produzem oxigênio;
suas cargas orgânicas são mais baixas que aquelas aplicadas às lagoas
facultativas; portanto, menos oxigênio é requerido para a degradação aeróbia
da matéria orgânica.
O número de lagoas de estabilização em série é geralmente determinado pelo grau de
tratamento que se deseja alcançar e pelas seções alternativas de tempo de detenção que
permitem ao projetista definir as mais adequadas combinações quanto ao número de lagoas
(IPT-CEMPRE, 2000).
Estudos realizados por Costa (1992) apud (IPT-CEMPRE 2000) concluíram que o efluente
final de uma série de lagoas apresentava melhor qualidade do que um sistema representado
por uma única lagoa de mesma área, em virtude de uma série de lagoas se aproximarem, no
conjunto, da função de um reator de carga não dispersa que é, comprovadamente, mais eficaz
do que um reator de carga totalmente dispersa.
A possibilidade de combinação de diferentes tipos de lagoas permite observar melhor o
comportamento de cada um em relação ao conjunto, sendo possível, com isso, delinear seus
campos de atuação com mais perfeição. Tal arranjo proporciona um aumento na eficiência do
conjunto, quando comparado a uma única unidade, principalmente na remoção de organismos
patogênicos existentes nas águas residuárias (IPT-CEMPRE, 2000). Essas particularidades
têm sido sumariamente importantes, principalmente se for levado em conta o destino final que
deve ser dado ao efluente e os problemas que esse lançamento poderá acarretar ao corpo
receptor.
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Em decorrência da fundamental importância de uma série de lagoas, incluindo unidades de
maturação na remoção de organismos patogênicos, considera-se uma verdadeira falha de um
engenheiro o projeto e a construção de um sistema constituído por uma única lagoa para o
tratamento de águas residuárias (IPT-CEMPRE, 2000).
D – Reator ou Disgestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA)
O reator de fluxo ascendente é um sistema de tratamento anaeróbio de grande potencial de
aplicação no tratamento de chorume. Um grande número de sistemas em escala real está em
operação no tratamento de efluentes com altas cargas orgânicas. Dessa forma, a aplicabilidade
ao tratamento de chorume apresenta-se como alternativa privilegiada, principalmente devido à
pequena área requerida, ao baixo custo de implantação e à relativa simplicidade de operação
(IPT-CEMPRE, 2000).
Nesse processo de tratamento biológico, o dispositivo mais característico do sistema é o
separador de fases. Este dispositivo é colocado no reator e o divide em uma parte inferior ou
zona de digestão, onde um leito ou manta de lodo, responsável pela digestão anaeróbia, e
uma parte superior ou zona de sedimentação.
No funcionamento do sistema, a água residuária entra pelo fundo do reator anaeróbio e segue
uma trajetória ascendente, passando pela zona de digestão; depois desse ponto, atravessa uma
abertura existente no separador de fases e entra na zona de sedimentação. Quando a água
residuária entra no reator, ocorre a mistura do material orgânico nela presente, o lodo
anaeróbio da zona de digestão, propiciando, então, a digestão anaeróbia, o que resulta na
produção de biogás e no crescimento de lodo (IPT-CEMPRE, 2000).
O líquido escoa no sentido ascendente e passa pelas aberturas que existem no separador de
fases para a parte superior do reator. Devido à forma do separador de fases, a área disponível
para o escoamento ascensional do líquido, na parte superior, aumenta à medida que o líquido
se aproxima da superfície de água. Em conseqüência, a velocidade do líquido diminui. Desse
modo, flocos de lodo são arrastados e passam pelas aberturas do separador de fases, seguindo
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para a parte superior do reator, onde encontra uma zona sem grandes turbulências. Nessa
zona, é possível que a velocidade de sedimentação de uma partícula se torne maior que a
velocidade de arraste pelo líquido numa determinada altura. Nessas condições, a partícula
acabará sendo depositada sobre a superfície inclinada do separador de fases. Quando uma
massa suficientemente grande de sólidos for acumulada, o peso aparente desses sólidos se
tornará maior que a força de atrito, de modo que os sólidos deslizem, entrando novamente na
zona de digestão, na parte inferior do reator (IPT-CEMPRE 2000),
Portanto, a presença de uma zona de sedimentação acima do separador de fases resulta na
retenção do lodo, permitindo a presença de uma grande massa na zona de digestão, quanto se
descarrega um efluente substancialmente livre de sólidos sedimentáveis (IPT-CEMPRE,
2002).
As bolhas de biogás que se formam na zona de digestão sobem na fase líquida até encontrar
uma interface líquido-gás presente abaixo do separador de fases. Nessa interface, as bolhas se
desprendem, formando uma fase gasosa; flocos de lodo, eventualmente aderidos às bolhas,
podem subir até a interface, mas após o desprendimento do gás tenderão a se decantar para
novamente fazer parte da massa de lodo na zona de digestão.
As bolhas de gás que se formam em posições situadas na projeção vertical, abaixo das
aberturas do separador de fases (necessário para o escoamento da fase líquida para a parte
superior do reator), precisam ser desviadas para evitar que passem pelas mesmas aberturas,
criando turbulências na zona de sedimentação. Para tanto, são colocados obstáculos que
funcionam como defletores de gás abaixo da aberturas (IPT-CEMPRE, 2000).
O processo anaeróbio por RAFA de manta de lodo apresenta inúmeras vantagens em relação
aos processos aeróbios convencionais, principalmente quando aplicados em regiões de clima
quente, como é o caso da maioria dos municípios brasileiros.
De acordo com IPT-CEMPRE (2000), o sistema apresenta as seguintes características e
vantagens:
sistema compacto, com baixa demanda de área;
baixo custo na implantação e operação;
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baixa produção de lodo;
baixo consumo de energia (apenas para elevatória de chegada, quando for
o caso);
eficiência satisfatória de remoção de DBO/ DQO;
possibilidade de rápido reinício, logo após longas paralisações;
elevada concentração do lodo excedente;
boa capacidade de desidratação do lodo.
Embora os reatores anaeróbicos incluam amplas vantagens, principalmente no que diz
respeito a requisitos de áreas, simplicidade e baixo custo de projeto, operação e manutenção,
algumas desvantagens são atribuídas aos mesmos, como:
possibilidade de emanações de maus odores;
baixa capacidade do sistema em tolerar cargas tóxicas;
elevado intervalo de tempo necessário para a partida do sistema;
necessidade de uma etapa de pós-tratamento.
Apesar das grandes vantagens dos sistemas anaeróbicos, os mesmos possuem dificuldades em
produzir efluentes que se enquadre nos padrões estabelecidos pela legislação ambiental (IPT-
CEMPRE, 2000). Tal aspecto ganha relevância na medida em que o órgão ambiental estadual
tem intensificado sua fiscalização e atuado efetivamente no licenciamento ambiental de novos
empreendimentos no setor de saneamento.
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3.3.3.2 – Recirculação do chorume
Uma técnica atual e bastante inovadora no tratamento de chorume é a recirculação do líquido
para o interior do aterro sanitário, de maneira que ele possa percolar através da massa de
sólidos disposta em camadas, reduzindo consideravelmente a demanda sobre as estações de
tratamento, uma vez que esse pré-tratamento interno diminui as concentrações de DBO/DQO
(IPT-CEMPRE, 2000).
Estudos feitos por Qasim; Chiang (1994, apud IPT-CEMPRE 2000) apontaram resultados
bastante significativos a esse respeito. Na recirculação do chorume em células de aterro
sanitário, esses pesquisadores observaram que, após um ano, as concentrações orgânicas
diminuíram de 20.000 mg/L para 1.000 mg/L; esse resultado se deve à função que a célula do
aterro possui, ou seja, atuando como um reator anaeróbio, capaz de reduzir a elevada carga
orgânica do chorume.
Uma vez que as elevadas concentrações de DBO/DQO o causadas pelos ácidos orgânicos
gerados na decomposição dos resíduos sólidos no interior do aterro, uma forma de reduzir
essas concentrações é o aumento da produção de metano por meio das melhorias nas
condições operacionais de recirculação (IPT-CEMPRE, 2000).
Além de promover uma redução na concentração de DQO presente no chorume, a
recirculação também favorece a diminuição das concentrações de DBO, COT (carbono
orgânico total), ácidos voláteis, fosfatos, nitrogênio amoniacal e sólidos totais dissolvidos.
Entretanto, a recirculação apresenta baixa eficiência na redução de nitrogênio e fósforo, que
geralmente apresentam altas concentrações remanescentes no quido recirculado (IPT-
CEMPRE, 2000).
Para Qasim; Chiang (1994, apud IPT-CEMPRE 2000), dentre as principais vantagens
apresentadas pela recirculação do chorume em aterros sanitários tem-se:
aceleração da estabilização do aterro sanitário;
redução assegurada dos compostos orgânicos presentes no chorume;
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possível diminuição de volume devido á evapotranspiração;
redução nos custos envolvidos no tratamento de chorume.
No entanto, ainda de acordo com os autores citados acima, as possíveis vantagens
apresentadas pela recirculação são acompanhadas das seguintes desvantagens e riscos a saúde
humana:
risco de poluição do solo e de águas subterrâneas e superficiais pela
infiltração do excesso de chorume recirculado no caso de inexistência ou
dano da camada impermeabilizante da parte inferior do aterro;
os múltiplos arrastes de substâncias, ocorridos nos líquidos recirculado,
podem resultar em altas concentrações de sais e metais pesados no chorume;
custos elevados referentes à implantação e à manutenção de sistemas de
recirculação;
problemas relacionados a maus odores.
3.3.4 – Tratamento físico-químico
As cargas orgânicas, químicas e particuladas podem ser atenuadas e, em alguns casos, até
eliminada por métodos físicos e químicos (IPT-CEMPRE, 2000).
Este sistema de tratamento é freqüentemente utilizado em combinações com métodos de
tratamento biológico. Neste caso, sua função é eliminar particulados, componentes orgânicos
refratários e espécies químicas indesejáveis no efluente final, como os metais pesados.
De acordo com Qasim; Chiang (1994, apud IPT-CEMPRE, 2000), as principais técnicas
utilizadas para esse fim são diluição, filtração, adsorção/absorção, troca iônica, oxidação
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química, osmose reversa, lavagem com ar, ultrafiltração oxidação, evaporação natural e
evapotranspiração.
A diluição age reduzindo a concentração dos componentes do chorume pela sua mistura com
água. Determinados compostos, como cloretos, nitratos, carbonatos e sulfatos, são de difícil
remoção e, quando presentes em grandes concentrações, exigirão a diluição do chorume
previamente a seu tratamento (IPT-CEMPRE, 2000).
O uso de filtração é recomendado para diminuir a concentração de sólidos em suspensão.
Geralmente, é empregada como pré-tratamento de outros tratamentos mais caros e avançados
(IPT-CEMPRE, 2000). Este sistema consiste em passar o chorume através de um leito
filtrante de forma a reter partículas de tamanho médio previamente definido. Os leitos
filtrantes podem ser formados por filtros ou membranas industrializadas ou por materiais
como areia, terra diatomácea, antracitos etc. Os sólidos em suspensão são retidos no leito
filtrante que, periodicamente, é trocado ou lavado em contra-fluxo.
As operações de coagulação, floculação, precipitação e sedimentação têm sido empregadas
em conjunto com a finalidade de remover substâncias precipitadas, como metais pesados e
compostos orgânicos em solução no chorume, além de partículas coloidais em suspensão. A
coagulação e a floculação são operações que permitem a aglomeração de partículas muito
pequenas, formando coágulos ou flocos maiores e mais cessíveis à decantação (IPT-
CEMPRE, 2000).
De acordo com o (IPT-CEMPRE, 2000), a precipitação é o processo físico-químico no qual
uma substância solúvel é transformada em insolúvel ou menos solúvel. As operações de
coagulação, floculação e precipitação são realizadas pela adição de produtos a esta finalidade
ou pela alteração das condições físico-químicas do meio, como pH e temperatura. A
sedimentação é um processo físico promovido pela gravidade que age sobre as partículas
superficiais ou dispersas pelo meio líquido
O uso combinado das operações citadas acima requer instalações, equipamentos e produtos
químicos definidos para cada caso particular, em função dos volumes a serem tratados e da
composição do chorume (IPT-CEMPRE, 2000).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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2.4 – Legislação ambiental referente aos resíduos sólidos
Segundo Lima (2002), o Brasil, em 2000, ainda não dispunha de uma Política Nacional de
Resíduos Sólidos que definisse e reunisse normas relativas ao gerenciam940511(a)81(dos)-4.61789( )-164.895(r)3.01279(e)-2.8102dosiduos
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final de resíduos lidos urbanos os municípios com população urbana superior a
50.000 habitantes.
No art. 2º, ficam convocados todos os municípios do Estado de Minas Gerais, no
prazo máximo de 6 (seis) meses, contados a partir da data da publicação desta DN,
obrigados a minimizar os impactos ambientais nas áreas de disposição final de lixo,
devendo ainda implementar os seguintes requisitos mínimos, até que sejam
implantados, através de respectivo licenciamento, sistemas adequados de disposição
final de lixo urbano de origem domiciliar, comercial e pública:
I- disposição em local com solo e/ou rocha de baixa permeabilidade, com declividade
inferior a 30%, boas condições de acesso, a uma distancia mínima de 300 m de
qualquer curso de água ou qualquer coleção drica e de 500m de núcleos
populacionais, fora de margens de estradas, de erosões e de áreas de preservação
permanente;
II- sistema de drenagem pluvial em todo o terreno de modo a minimizar o ingresso
das águas de chuva na massa de lixo aterrado;
III- compactação e recobrimento do lixo com terra ou entulho, no mínimo, três vezes
por semana;
IV- isolamento com cerca complementada por arbustos ou árvores que contribuam
para dificultar o acesso de pessoas e animais;
V – proibição da permanência de pessoas no local para fins de catação de lixo;
VI - responsável técnico pela implementação e supervisão das condições de operação
do local, com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica.
A Lei Federal 9.605 (lei de crimes ambientais), de 12 de fevereiro de 1998, e o Decreto 3.179,
de 21 de setembro de 1999, dispõe sobre a especificação das sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Dentre
outras estabelece uma pena de um a cinco anos de reclusão para o lançamento de resíduos
sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, que não estiverem nos
padrões estabelecidos em leis ou regulamentos. Está prevista também uma pena de um a
quatro anos de reclusão e multa para quem
produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósitos ou usar produtos ou substâncias
tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou em regulamentos.
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Essa lei passa a vigorar acrescida do disposto constante na medida provisória 1.874-17, de 23
de novembro de 1999.
Para efeito desta resolução, considera-se impacto ambiental:
[...] Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante
das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a
segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a
biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos
recursos ambientais, art. 1º.
A legislação ambiental brasileira exige para empreendimentos de significativos impactos
ambientais, estudos detalhados do empreendimento, bem como seus impactos e respectivas
alternativas mitigadoras dos impactos gerados. Para tal, são necessárias a elaboração de
Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), regulamentados, em nível federal, pela resolução CONAMA 001, de 23
de janeiro de 1986 (BASTOS et al., 2002).
Esta referida resolução regulamentou, ainda, a elaboração de Estudos de Impactos Ambientais
(EIA) e o respectivo Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) para 16 categorias de projetos
que possam ser instalados ou ampliados, além de estabelecer que as autoridades estaduais
podem também exigir a apresentação desses documentos para outros projetos que considerem
relevantes (art. 2º).
Para o licenciamento, estão obrigados para os referidos estudos as atividades constantes do
artigo dessa resolução, na qual se incluem aterros sanitários, processamento e destino final
de resíduos tóxicos ou perigosos.
As atividades de competência federal, por lei amparada pelo art. 3º, igualmente deverão ser
submetidas à apreciação pelo IBAMA. O art. 4º menciona ainda que:
Os órgãos setoriais (de nível estadual) do Sistema Nacional do Meio
Ambiente SISNAMA, deverão compatibilizar os processo de
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licenciamento com etapas de planejamento de implantação das atividades
modificadoras do ambiente.
De acordo com a Deliberação Normativa COPAM nº 07, de 29 de setembro de 1981, que fixa
normas para a disposição de resíduos no solo, no uso das atribuições que lhe confere o artigo
da lei 7.772, de 08 de setembro de 1980 e o artigo 41 do Decreto 21.228 de 10 de
março de 1981, está resolvido:
Resolve:
Art. - É proibido depositar; dispor; descarregar; enterrar; infiltrar ou acumular no
solo resíduos de qualquer natureza, ressalvado o disposto no artigo desta
Deliberação.
Art. 2º - O solo somente poderá ser utilizado para destino final de resíduos de
qualquer natureza, desde que sua disposição seja feita de forma adequada,
estabelecida em projetos específicos de transporte e destino final, ficando vedada a
simples descarga ou depósito em propriedades públicas ou particulares.
E na Deliberação Normativa COPAM 75, de 25 de outubro de 2004 em seu Art. - fica
convocado ao licenciamento ambiental de sistema adequado de destinação final de resíduos
sólidos urbanos a que se refere o art. 1º, da Deliberação Normativa COPAM 52, de 14 de
dezembro de 2001 todos os municípios mineiros com população urbana entre 30.000 e 50.000
habitantes, com base nos dados do censo IBGE do ano 2000.
Dessa forma, observa-se que as leis, decretos e resoluções são bem claras no que se refere às
responsabilidades dos Estados, Distrito Federal e dos municípios brasileiros, ficando a cargo
dos órgãos ambientais a fiscalização das atividades de cunho ambiental.
Mesmo diante de todas estas “leis”, o município de Uberlândia parece ignorar a situação das
áreas degradadas não pela disposição dos resíduos sólidos urbanos em áreas degradadas
pelos processos erosivos, mas também pela degradação ambiental de mananciais hídricos que
“drenam” a malha urbana do município.
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2.6 – Água: sua importância e mecanismos de contaminação
A água é estratégica para a existência de todos os seres da terra. Apesar de abundante, uma
vez que ocupa ¾ da superfície do planeta, cerca de 97% é salgada; dos restantes 3%, 2,2%
encontra-se nas calotas polares e em geleiras, não sendo, portanto, disponíveis para a
utilização. O que sobra, cerca de 8% encontra-se no subsolo (aproximadamente 97%),
constituindo os aqüíferos subterrâneos, apenas uma pequena parcela (aproximadamente 3%)
localiza-se em superfície, formando os lagos e rios (CARVALHO, 2001).
De acordo com Lima et al. (2002), a qualidade das águas superficiais está relacionada
diretamente ao uso da água e às atividades realizadas pelo homem. A contaminação dos
corpos d’água afeta diretamente a saúde pública e coloca em risco a vida de centenas de
espécies de animais, que vivem nesses ambientes aquáticos ou que fazem uso dessa água para
a sobrevivência.
Todas as águas que ocorrem na natureza contêm substâncias dissolvidas e em suspensão. O
conceito de poluição da água é apresentado como uma mudança na qualidade da água que a
torna menos apropriada para o uso do que originalmente era (HENNIGAN, 1973).
De forma geral, a poluição das águas decorre da adição de substâncias ou de formas de
energia que, direta ou indiretamente, alterem as características sicas e químicas do corpo
d’água. De uma maneira, torna-se necessário ressaltar a existência de duas formas distintas
pelas quais as águas poluídas atingem um determinado corpo receptor.
A primeira, denominada fonte ou poluição pontual, refere-se, como o próprio nome esclarece,
à poluição decorrente de ações modificadoras localizadas. É o caso, por exemplo, do
lançamento de resíduos de uma estação de tratamento de esgoto ou industrial, ou mesmo a
saída de um tronco coletor de esgotos domésticos sem tratamento. A segunda, poluição
difusa, se pela ação das águas da chuva ao carrearem a poluição nas suas diversas formas
espalhadas sobre a superfície do terreno (urbano ou não) para os corpos receptores. A
poluição difusa alcança os rios, lagos etc., distribuída ao longo das margens, não se
concentrando em um único local como é o caso da poluição pontual.
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outro grave problema que acompanha a poluição é a contaminação da água, que é um dos
principais problemas ambientais da atualidade; de modo semelhante, a maior parte das outras
formas de contaminação ambiental tem origem no crescimento e no desenvolvimento urbano
das últimas décadas. Segundo Hennigan (1973), é o resultado de qualquer adição ao ciclo
natural da mesma, que altere sua qualidade a grau tal que se restrinja ou impeça sua utilização
normal. A palavra contaminação é bem mais restrita ao uso da água, diretamente como
alimento e não como ambiente.
Em latim, contaminare significa mesclar, manchar, isto é, tornar-se diferente do que era
originalmente (BRANCO, 1972). Em sentido prático, a contaminação seria causada por algo
que, misturado à água, a torna diferente e nociva: um veneno ou uma bactéria patogênica,
como exemplo. A saúde do homem não é afetada por alterações ecológicas ocorridas na água,
pois esta não constitui o seu ambiente, mas sendo afetada por elementos misturados e
transportada pela água. O mesmo autor menciona ainda que, se esses elementos possuem ao
mesmo tempo uma ação seletiva em relação aos organismos aquáticos, eles são fatores de
poluição e de contaminação; caso contrário, são apenas contaminantes. O processo de
contaminação é um processo passivo. O lançamento de substâncias que sejam diretamente
nocivas à saúde do homem ou de animais e vegetais que consomem essa água,
independentemente do fato de estes viverem ou o no ambiente aquático constitui
contaminação. Assim, a presença de seres patogênicos ou de substancias tóxicas está
compreendida neste contexto.
As principais fontes responsáveis pela degradação dos recursos hídricos, segundo Lima et al.
(2002), estão relacionados com o crescimento demográfico, os impactos produzidos pelas
industrias devido à expansão econômica, o aumento das áreas agrícolas e o conseqüente
impacto causado pelo uso excessivo e irregular dos agrotóxicos e fertilizantes, a ocupação
irregular do solo, a falta de tratamento sanitário do lixo, a falta ou insuficiência de saneamento
básico que permita a poluição pelo esgoto in natura e resíduos sólidos oriundos das cidades e,
finalmente, a visão imediatista das políticas públicas e a falta de conscientização do problema
existente.
No entanto, tais causas podem ser minimizadas se a população for conscientizada sobre a
importância da utilização adequada da água e medidas sejam adotadas para a proteção dos
mananciais hídricos. Porém, para que isso ocorra são necessárias medidas como: estudar e
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adotar um gerenciamento adequado com a observância das peculiaridades regionais e de
ocupação do solo, manter os equipamentos em bom estado para se evitar desperdícios,
aproveitar racionalmente os recursos hídricos, incentivar o reuso e o reciclo da água, fomentar
intercâmbios internacionais em vista da existência de bacias hidrográficas que se estendem
por outros países, celebrar parcerias entre Municípios e Estados no gerenciamento dos
recursos hídricos, entre outros.
Com referência às águas subterrâneas, estas também estão ameaçadas de contaminação, pois
as águas de chuva podem dissolver e transportar muitos elementos e compostos retidos nos
solos para os corpos d’água subterrâneos. Desse modo, os depósitos de lixo urbano e de
resíduos industriais perigosos e os agrotóxicos usados em larga escala na agricultura
representam uma das principais formas de contaminação dos solos e, conseqüentemente, das
águas subterrâneas e superficiais (LIMA et al., 2002).
Segundo Strobbe (1971), os diversos contaminantes diferem notadamente quanto a seu
comportamento no subsolo. Muitos deles se decompõem ou se dissolvem nos materiais da
“terra”, e quase todos perdem parte de seu potencial ao diluir-se na água subterrânea. Existe
uma tendência muito definida e evidente que faz com que os contaminantes se dispersem ao
diluir-se. Posto que as concentrações de alguns contaminantes somente diminuem por
dissolução, por exemplo, cloros, nitratos e outros elementos menos freqüentes, são difíceis de
predizer as concentrações em lugares e momentos específicos.
A potência de muitos contaminantes diminui com o tempo, outros se reduzem por aeração
acima do nível freático. As concentrações de contaminantes como os radionúclideos
diminuem com o tempo, dependendo dos elementos envolvidos e de suas respectivas vidas
médias. A sobrevivência de alguns vírus é provavelmente muito curta, ainda que não se
determinado com exatidão a persistência dos vírus no subsolo.
O grau de retenção dos contaminantes nos materiais do solo depende da natureza dos
contaminantes e dos materiais de retenção. Muitos dos radioisótopos mais persistentes são
catiônicos que tendem a intercambiar-se com os materiais catiônicos dos materiais argilosos
(THOMAS, 1958 citado por STROBBE, 1973). Em geral, as argilas têm uma maior
capacidade de absorção do que as areias, o que resulta em uma relação inversa entre os fatores
de absorção e permeabilidade.
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A crescente demanda por água potável tem crescido substancialmente nas últimas décadas,
sendo que em algumas regiões do globo a água se tornou palco de disputas armadas, no caso
pode-se citar alguns países do Oriente Médio. Em meados de 1980, tinha-se conhecimento de
que cerca de 185 milhões de pessoas contavam com alguma forma de abastecimento de água
adequada. Algumas cidades, por não possuírem outras fontes de abastecimento de água
utilizam exclusivamente as águas subterrâneas. Na Cidade do México e em Lima, por
exemplo, as águas subterrâneas contribuem com a maior porcentagem de águas disponíveis
para o consumo, cerca de 94%. As águas subterrâneas, por apresentarem um custo de
produção relativamente baixo e normalmente de excelente qualidade natural, tem sido
suficientes para justificar sua exploração para o abastecimento de água potável em grande
parte das cidades, inclusive em países tropicais. Além do abastecimento público (cidades), as
águas subterrâneas estão ampla e intensamente sendo exploradas para o suprimento de áreas
rura0762( )-1515.957btradisaent
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numerosas fontes dispersas produz pequenos volumes, tendo que ser tratada
individualmente.
No entanto, segundo Foster et al. (1987), por um sem números de razões, a proteção dos
aqüíferos ainda não tem recebido a merecida consideração. Em primeiro lugar, a migração dos
contaminantes desde a superfície até os aqüíferos tende a ser um processo lento em muitos
aqüíferos e pode demorar muitos anos, inclusive décadas, antes que o impacto total de uma
contaminação causada por um ou vários contaminantes persistentes seja notório nas fontes de
abastecimentos de águas subterrâneas.
Em segundo lugar, a falta de ação resulta de dificuldades significativas associadas à
amostragem adequada das águas subterrânea e à restringida e mal orientada capacidade
analítica dos laboratórios, provocando, dessa forma, a ausência de um sistema rotineiro de
monitoramento para contaminantes, tais como os patogênos, nutrientes, metais pesados e
compostos orgânicos sintéticos (FOSTER et al., 1987).
2.4.1 Padrões de qualidade para águas naturais e limites para o lançamento de
efluentes
Devido principalmente à implantação progressiva de atividades econômicas e ao adensamento
populacional de forma desordenada, a ação antrópica vem ocasionando crescentes impactos
sobre os recursos dricos, provocando reflexos tanto no regime hidrológico quanto na
qualidade e na quantidade das águas disponíveis para consumo humano. A poluição das águas
tem como origem diversas fontes associadas ao tipo de uso e ocupação do solo, dentre as
quais destacam-se:
efluentes domésticos;
efluentes industriais;
carga difusa urbana e agrossilvipastoril;
mineração;
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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natural;
acidental, entre várias outras formas de contaminação
2
.
Desde 1934, conforme o Decreto Federal de 24. 643, de 10 de julho de 1934, referente ao
código das águas, tem havido preocupação quanto à qualidade e à disponibilidade dos
recursos hídricos. Em seu capítulo VI, art. 109º, esta lei preconiza que “a ninguém é cito
compuscar ou contaminar as águas que o consome, com prejuízo de terceiros”. E em seu
art. 110º preconiza que os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à custa dos
infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas perdas e
danos que causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos regulamentos
administrativos.
Em face à preservação e à qualidade dos corpos hídricos, foi instituído pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente, por meio da Resolução Conama de 357, de 17 de Março de
2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes nos
corpos d’água, particularmente em seu capítulo II, art. 3º, que as águas doces, salobras e
salinas do território nacional são classificas segundo a qualidade requerida para os seus usos
preponderantes, em 13 classes de qualidade; no entanto, menciona-se nesta dissertação apenas
as classes referentes à água doce:
Parágrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso
menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos
outros requisitos pertinentes. No Art. 4º, as águas doces são classificadas em cinco
classes, entre elas a classe II na qual se inclui os recurso hídricos da área pesquisada.
As águas da classe 2: são as águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à036( )]TJ-203.16R6wõ8cl80892(s)-4.66153(e)-usela12.9455( )-211.422(r)-0.247207ut3(q)0.128297-12.6889(u)12.9455(a)-4.60306(l)-6 0 Td[( )-83.2494(d3.85205(a)203.16R6(e)-17.4203(s)4.48415áó)-12.6889(s)4.48415(f)-13.0644(o)ç io/R10 c/R10 9.3624 Tf193.2 0 os da wõ8c40.96 -24.96 Td[(a)6-11.207(i)-3.9803(d)12.9455(e)-100 0 488(a12.9455( )0.128297(e)-4.60306t)4.48415(ã)-4.60306(i)-16.7976(m).128297(n)0.-11.207.128297())-0.247207((a)8.21417(s)-8.33308(s)4.48415( )-19.1601(dn)0.128297(v).128297(u)012.9455(e)-100 0 48t(s)4.48415( )-6.34603)-70.4306(r)saron
ãçnosl80892(s)-4.66153(u)0.128297(m)-100 0 48l á.34603(p)12l80892(s)-4.66153((a)8.21417(s)á.34603(p-10.8 Td[(o)0.124603(á)-12.6889(g8.33308(u)0.128297(m-4.60306( 3(p)0.125168(e)8.4447(á)-4.60306)-4.66153(e)-us)6.020pe)-4.60306)-0.247207(21417(l)-3.7( )249.99-19.1633(h)c)0.128297(o)0.128297(s)-8.333)- 1 105.96 749.76 Tm[(D)-8.580306( )6.4712((e)-4.60306(l)8.8368)0.128297( )-6.34603(p)-3.98035(i)--83.288t0306(m)]TJ21a12.9455( )0.128297(e0.1282976(s)4.48259(s)4.48415(5(a)]TJ203.14.66153(e)-us)6.020Nc)-4.60306-19.1633(h) daa
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e) à aqüicultura e á atividade de pesca.
No capítulo III, a Resolução Conama 274, de 2000, discorre sobre as condições e padrões
de qualidade das águas. Em seu Art. parágrafo único, preconiza que eventuais interações
entre substâncias, especificadas ou não na citada resolução, não poderão conferir às águas
características capazes de causar efeitos letais ou alteração de comportamento, reprodução ou
fisiologia da vida, bem como restringir os usos preponderantes previstos, ressalvando o
disposto no §3º do art. 34, da referida Resolução. No art. 8º, define:
[...] o conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para
subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser monitorado
periodicamente pelo poder público.
§ Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja
suspeita da sua presença ou não conformidade.
§ 2º Os resultados do monitoramento deverão ser analisados estatisticamente
e as incertezas de medição consideradas.
§ A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por
indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou
comunidades aquáticas.
§ As possíveis interações entre as substancias e as presenças de
contaminantes são listadas nesta Resolução, passiveis de causar danos aos
seres vivos, deverão ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos,
toxicológicos, ou outros métodos cientificamente reconhecidos.
§5º Na hipótese dos resultados referidos no parágrafo anterior tornarem-se
necessários em decorrência da atuação de empreendedores identificados, as
despesas da investigação correrão as suas expensas.
De acordo com Carvalho (2001), a qualidade da água pode ser representada por meio de
diversos parâmetros que traduzem as suas principais características físicas, químicas e
biológicas. Esses parâmetros podem ser de utilização geral para caracterizar água de
abastecimento, águas residuárias, mananciais e corpos receptores.
Segundo a Resolução Conama de nº 357, de Março de 2005, Art. 14, as águas doces de classe
I e II obedecerão aos seguintes padrões e condições de potabilidade:
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I – condições de qualidade de água:
a) o verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições
nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaios
ecotoxicológicos padronizados ou outro método cientifico reconhecido.
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substancias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão
ser estabelecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução
CONAMA 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite
de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo
menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência
bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliforme
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
competente;
h) DBO 5 dias a 20ºC até 3mg/L O
2
;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O
2;
j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);
k) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e
l) pH: 6,0 a 9,0.
De acordo com a Resolução Conama 357, os padrões de qualidade das águas são definidos
por elementos químicos que são agrupados parâmetros químicos, físicos e biológicos.
Para auxiliar na interpretação da qualidade das águas são estabelecidos vários parâmetros,
entre os quais os parâmetros físicos como cor, turbidez, sabor, odor e temperatura. Os
químicos são Ph (acidez e alcalinidade), dureza, metais, cloretos, nitrogênio (nutrientes),
fósforo (nutrientes), oxigênio dissolvido, matéria orgânica, micropoluentes orgânicos e
micropoluentes inorgânicos como os metais pesados (zinco, cádmio etc). Finalmente, os
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parâmetros biológicos são analisados sob o ponto de vista de organismos indicadores de
poluição, como algas e bactérias.
Para melhor compreensão das finalidades de utilização de alguns destes parâmetros, faz-se a
seguir, um breve esclarecimento sobre cada um:
2.4.1.1 – Dureza
A dureza da água é comumente avaliada pela quantidade de sabão necessária para que se
produza espuma na mesma. Poderia ser definida como sendo a propriedade de dissipar o
sabão, visto que em uma água dura” a espuma não se produzirá enquanto os sais minerais
causadores da “dureza” o houverem sido removidos pela sua combinação com o sabão. A
matéria removida torna-se evidente pela espuma insolúvel que forma durante os processo de
lavagem (CARVALHO, 2001).
Não evidências de que a dureza cause problemas de potabilidade à água; todavia, em
determinadas concentrações, pode causar sabor desagradável e ter efeitos laxativos para seres
humanos.
2.4.1.2 – Alcalinidade
É a quantidade de íons na água que reagirá para neutralizar os íons hidrogênio. Os principais
constituintes da alcalinidade são os bicarbonatos, carbonatos e os hidróxidos. As origens
naturais da alcalinidade são a dissolução de rochas e as reações do dióxido de carbono (CO2),
resultantes da atmosfera ou da decomposição da matéria orgânica com a água. Além desses,
os despejos industriais são responsáveis pela alcalinidade nos cursos d´água. Esta variável
deve ser avaliada por ser importante no controle do tratamento de água, estando relacionada
com a coagulação, redução de dureza e prevenção da corrosão em tubulações
3
.
3
Cf. http://www.igam.mg.gov.br/aguas/htmls/param_fisicos.htm).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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66
2.4.1.3 – Sólidos
A concentração total dos minerais dissolvidos na água serve como índice geral da utilização
da água para inúmeros usos
4
. As expressões “sólidos dissolvidos totais” e “sólidos
dissolvidos” são sinônimos.
A concentração de sais nas águas subterrâneas varia em função de fatores tais como a
concentração inicial nas águas que percola do solo o que, por sua vez, varia com a qualidade
da água da chuva, temperatura, evaporação etc.
A água com demasiado teor de minerais dissolvidos o é conveniente para certos usos.
Contendo menos de 500 mg/l de sólidos dissolvidos é, em geral, satisfatória para usos
domésticos e para muitos fins industriais (CARVALHO, 2001).
2.4.1.4 – Potencial Hidrogeniônico (pH)
Ainda como lembra Carvalho (2001), o pH define o caráter ácido, básico ou neutro de uma
solução. Os organismos aquáticos estão geralmente adaptados às condições de neutralidade e,
em conseqüência, a alteração brusca do pH de uma água pode acarretar no desaparecimento
dos seres presentes na mesma. A faixa de pH é de 0 a 14.
Um pH igual a 7,0 indica uma solução neutra, nem ácida, nem alcalina. Se for menor que 7,0,
indica uma condição acida; maior que 7,0 corresponde a uma solução alcalina. Os valores fora
das faixas recomendadas podem alterar o sabor da água e contribuir para a corrosão do
sistema de distribuição de água, ocorrendo, assim, uma possível extração do ferro, cobre,
chumbo, zinco e cádmio, e dificultar a descontaminação das águas.
4
Cf. http://www.igam.mg.gov.br/aguas/htmls/param_fisicos.htm.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
Leonardo Rocha
67
2.4.1.5 – Oxigênio Dissolvido (OD)
O oxigênio dissolvido é essencial para a manutenção de processos de autodepuração em
sistemas aquáticos naturais e estações de tratamento de esgotos
5
. Durante a estabilização da
matéria orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios,
podendo vir a causar uma redução de sua concentração no meio. Por meio da medição do teor
de oxigênio dissolvido, os efeitos de resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência
do tratamento dos esgotos, durante a oxidação bioquímica, podem ser avaliados. Observa-se
que os níveis de oxigênio dissolvido também indicam a capacidade de um corpo d’água
natural manter a vida aquática.
2.4.1.6 – Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
A demanda bioquímica de oxigênio é definida como a quantidade de oxigênio necessária para
oxidar a matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbicas, isto é, avalia a quantidade
de oxigênio dissolvido, em mg/l, que será consumida pelos organismos aeróbios ao
degradarem a matéria orgânica. Um período de tempo de cinco dias a uma temperatura de
incubação de 20º C é freqüentemente usado e referido como DBO 5,20.
Os maiores aumentos em termos de DBO, num corpo d'água, são provocados por despejos de
origem predominantemente orgânica. A presença de um alto teor de matéria orgânica em um
corpo de água induzirá à completa extinção do oxigênio na água, provocando o
desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática. Um elevado valor da DBO pode
indicar um incremento da micro-flora presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além
de produzir sabores e odores desagradáveis e, ainda, pode obstruir os filtros de areia utilizadas
nas estações de tratamento de água
6
.
5
Cf. http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?tp=3&pag=dicionario.htm.
6
Cf. http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?tp=3&pag=dicionario.htm.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
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68
2.4.1.7 – Demanda Química de Oxigênio (DQO)
É a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por meio de um agente
químico. Os valores da DQO normalmente são maiores que os da DBO, sendo o teste
realizado num prazo menor e em primeiro lugar, orientando o teste da DBO. A análise da
DQO é útil para detectar a presença de substâncias resistentes à degradação biológica. O
aumento da concentração da DQO em um corpo d’água se deve principalmente a despejos de
origem industrial
7
.
2.4.1.8 – Nitrogênio na forma de Nitrato
O Nitrogênio na forma de nitrato é a principal forma de nitrogênio encontrada nas águas
8
.
Concentrações de nitratos superiores a 5 mg/L demonstram condições sanitárias inadequadas,
pois a principal fonte de nitrogênio nitrato são dejetos humanos e animais. Os nitratos
estimulam o desenvolvimento de plantas, sendo que organismos aquáticos, como algas,
florescem na presença destes e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode
conduzir a um crescimento exagerado, processo denominado de eutrofização.
2.4.1.9 – Nitrogênio na forma de Nitrito
O nitrogênio na forma de Nitrito é uma forma química do nitrogênio, normalmente
encontrada em quantidades diminutas nas águas superficiais, pois o nitrito é instável na
presença do oxigênio, ocorrendo como uma forma intermediária
9
. O íon nitrito pode ser
utilizado pelas plantas como uma fonte de nitrogênio. A presença de nitritos em água indica
processos biológicos ativos influenciados por poluição orgânica.
7
Cf. http://www.ambientebrasil.com.br/qualidade.html.
8
Cf. http://www.geocities.com/wwweibull/Param.htm.
9
Cf. http://www.geocities.com/wwweibull/Param.htm.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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69
2.4.1.10 – Nitrogênio Amoniacal (NH
3
)
É uma substância tóxica não persistente e não cumulativa e sua concentração normalmente é
baixa, não causando nenhum dano fisiológico aos seres humanos e aos animais, porém
grandes quantidades de amônia podem causar sufocamento de peixes. A concentração total de
Nitrogênio é altamente importante, considerando-se os aspectos tópicos do corpo d’água. Em
grandes quantidades o Nitrogênio contribui como causa da metemoglobinemia (síndrome do
bebê azul).
O íon amônio (NH
4
+
) é muito importante para os organismos produtores, especialmente
porque sua absorção é energeticamente mais viável. Para este íon, não necessidade de
redução no interior da célula, como ocorre com o nitrato (outra forma de nitrogênio
encontrado na água). O nitrato é a maior fonte de nitrogênio para os vegetais aquáticos
(plantas superiores e algas microscópicas).
Altas concentrações do íon amônio podem ter grandes implicações ecológicas, como
influenciar na quantidade do oxigênio dissolvido na água, uma vez que para oxidar 1,0
miligramas do íon amônio são necessários cerca de 4,3 miligramas de oxigênio. Outra forma
de ação pode ser em pH básico (alcalino), onde este íon se transforma em gás amônia (NH
3
livre,
gasoso), que, dependendo da concentração, pode ser tóxico para os peixes. Portanto,
quando se encontra muito nitrogênio amoniacal na água pode-se dizer que esta é pobre em
oxigênio dissolvido e que o ambiente provavelmente tenha muita matéria orgânica em
decomposição
10
.
2.4.1.11 – Fósforo total
O fósforo é originado naturalmente da dissolução de compostos do solo e da decomposição da
matéria orgânica. A origem antropogênica é oriunda dos despejos domésticos e industriais,
detergentes, excrementos de animais e fertilizantes. A presença de fósforo nos corpos d’água
desencadeia o desenvolvimento de algas ou outras plantas aquáticas desagradáveis,
10
Cf. http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt9.html#nitro.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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70
principalmente em reservatórios ou águas paradas, podendo conduzir ao processo de
eutrofização; por outro lado, o fósforo é um nutriente fundamental para o crescimento e
multiplicação das bactérias responsáveis pelos mecanismos bioquímicos de estabilização da
matéria orgânica
11
.
2.4.1.12 – Fenóis
Os fenóis são compostos orgânicos, oriundos, nos corpos d’água, principalmente dos despejos
industriais
12
. São compostos tóxicos aos organismos aquáticos em concentração bastante
baixa, e afetam o sabor dos peixes e a aceitabilidade das águas. Para os organismos vivos, os
compostos fenólicos são tóxicos protoplasmáticos, apresentando a propriedade de combinar-
se com as proteínas teciduais. O contato com a pele provoca lesões irritativas e após a
ingestão podem ocorrer lesões usticas na boca, faringe, esôfago e estômago, manifestadas
por dores intensas, náuseas, vômitos e diarréias, podendo ser fatal. Após a absorção, tem ação
lesiva sobre o sistema nervoso, podendo ocasionar cefaléia, paralisias, tremores, convulsões e
coma.
2.4.1.13 – Cloretos
Em menor ou maior escala, as águas naturais contêm íons resultantes da dissolução de
minerais. Os íons cloretos são advindos da dissolução de sais. Um aumento no teor de cloretos
na água é indicador de uma possível poluição por esgotos (por intermédio de excreção de
cloreto pela urina) ou por despejos industriais. Os cloretos aceleram os processos de corrosão
em tubulações de aço e de alumínio, além de alterar o sabor da água
13
.
os metais pesados são micropoluentes inorgânicos, provenientes, na sua maioria, de
efluentes industriais, sendo geralmente tóxicos. Os metais pesados, além de serem tóxicos,
11
Cf. http://www.geocities.com/wwweibull/Param.htm.
12
Cf. http://www.geocities.com/wwweibull/Param.htm.
13
Cf. http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt9.html#nitro.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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71
são cumulativos no organismo e podem provocar diversos tipos de doenças no ser humano,
com a ingestão de pequenas doses por determinados períodos (MUNÕZ, 2002).
Os principais metais pesados presente nas águas em forma dissolvida são cádmio, cromo,
chumbo, mercúrio, níquel e zinco. A seguir são descritas as principais características de
alguns metais pesados.
A – Cádmio (Cd)
O cádmio possui uma grande mobilidade em ambientes aquáticos; é bioacumulativo e
persistente no ambiente, acumula em organismos aquáticos, possibilitando sua entrada na
cadeia alimentar. Está presente em águas doces em concentrações com traços, geralmente,
infeaaçie a69.1480715(a69.14807(b)10.6383(e)-2.8076/(m)12.0421Li)-7254214( )-154.255(E69.14807P)1ã28297(o5(m)-13.4459(s)6.027255(a69.14807)-13.4472(nt)12.040( )-228.723(s69.14807(a)-2.8102(bi)]TJ321e)-13.4459(s)6.0204((a)-13.4459(ç)10.6383(o3(s69.14807p2(r)3.21279( )-101.069( )-196.809(e69.14807o3(s58.510659(ç)10.6383(bi)12.0434(e)7.83068(snt)1.40511(r)]TJ7762(nt)1111255(a69.14807po( )-228.723(s69.14807me)7.83068(sn)-196.80(oa)]TJ36448 TL(0(s)-4)-2.80502( )-174.255(e69.14807qu(snt)1.4051(c)-2.80769(a)-2.80762( )-164.894(d69.1480762( )-313.83(m)58.510659(r)3.212791(o)10.6383bu9(t)12.0408(i)10.6383íi)10.6383ve)-13.4459(s)6.02844(s)10.6383 )-154.255(21 -19.560(s)-4[(i)-9.23381(or)3.2127ó4( )-164.89(t)12.0421(,)-5.3191(s)-4.6153(m)1.401915(m)10.63839(s)6.027255(a)10.6383(a)-2.80892(r)13.85119(i)1.403811e)-13.445é(r)13.85119()-15.9574(a)-2.8076é( )-154.255(a)-2.8076uti)-9.23449()-9.2344li)-9.23449()-9.2344z,)-5.31919(d)10.6383(o5(a)-2.8076na)-2.80762(ni)-9.2335(a)-2.80769(ov)10.6383du2(os)6.0204ã(os)6.0204(5(a)-2.8076(e)-2.80762(t)12.04345(a)-2.80769i)1.40381(ea)-2.8076(e)-2.8076mr)]TJ7762(nt)1.40511(ro)10.6383(,)-5.31915( )-207.447(po-2.8076b(s)-4.61789(r)3.21279(r)3.21279é(r)3.21279( )-101.06i(a)-2.80762(6 0 Td48 Td)-2.805,)-5.31915()-207.447(po-2.80769(os)-4.6178(a)-13.445d9(s)16.6587( )-239.364( )-228.723(n)10.63832(nt)1.4051qu9(p)10.6383(a)-2.80762(i)1..6383(e)-2.81021(n)6.02844(t)1.40381(e)7.86383(( )-239.362(18.96 -19.48 Td[(i)-9.23386(r)3.21279(g)10.6383(s)-4.60579(e)7.82127( )-101.06ô1(s)-4.61532(á)-2.8089(s)-4.61664( )-228.723(n)6.528.4li)-9.2344ub9(a)-13.4459(ç)-2.801(or)3.2127(s)-4.61662(á)-2.80892(nde)-2.807t)1.40381(e)7.82938(,s)-4.6166(t-4.61664()-207.447(p371.4062(c)7.83068(t)-9.3191(i)1ã28297(e)8.214179(os)-4.617ó(i)1.40511(nc)-2.80789( )-101.064(d)6.528.41(or)3.21279t)-9.23579(e)7.86383((r)3.21409(a)-1305112(g)10.63831(or)3.2127(s)-2.80762(o)3.212791s)6.0204( ))-239.364( )-228.723(n)6.528.4p( )-101.069( )-196.80ge)-2.8076u(c)-2.80762(o)10.6383i6 TL( 5)Tj)-2.80502( )-174.25 )-207.447(a)6.528.42(t)12.0434(e)-2.80762(o)10.63835( )-228.723(A371.406O) aádmio,-13.445o3(a)6.528.4é( )-196.809(e)6.528.4u( )-154.255(á371.406 )-207.44ubp(om)1.40251du9(e)7.82808( )-15.9574(85.72 -19 5)Tj[(i)-9.2338d9(s)16.61915(m)81.0381(e)-2.808959(ç)-2.80nes sao5(a)81.0381z(i)1.40381(a)-2.8089nceo A slnbintr
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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72
intoxicação crônica por este metal pode levar a uma doença denominada saturnismo, que
ocorre na maioria das vezes, em trabalhadores expostos ocupacionalmente. Outros sintomas
de uma exposição crônica ao chumbo, quando o efeito ocorre no sistema nervoso central, são:
tontura, irritabilidade, dor de cabeça, perda de memória, entre outros. Quando o efeito ocorre
no sistema periférico o sintoma é a deficiência dos músculos extensores. A toxicidade do
chumbo, quando aguda, é caracterizada pela sede intensa, sabor metálico, inflamação gastro-
intestinal, vômitos e diarréias. (MUNÕZ, 2002).
C – Cromo (Cr)
O cromo está presente nas águas nas formas tri e hexavalente. Na forma trivalente o cromo é
essencial ao metabolismo humano e, sua carência, causa doenças. na forma hexavalente é
tóxico e cancerígeno; sendo assim, os limites máximos estabelecidos basicamente em função
do cromo hexavalente. Os organismos aquáticos inferiores podem ser prejudicados por
concentrações de cromo acima de 0,1 mg/L, enquanto o crescimento de algas já está sendo
inibido no âmbito de concentrações de cromo entre 0,03 e 0,032 mg/L. O cromo, como outros
metais, acumula-se nos sedimentos. É comumente utilizado em aplicações industriais e
domésticas, como na produção de alumínio anodizado, aço inoxidável, tintas, pigmentos,
explosivos, papel e fotografia
15
.
Estes parâmetros são geralmente analisados e comparados com os padrões e limites aceitáveis
pelos órgãos ambientais, que no Estado de Minas Gerais é gerenciado pela Fundação Estadual
de Meio Ambiente (FEAM) e o de fundamental importância para conduzirem estudos que
visem à caracterização da qualidade das águas no Estado e em empreendimentos a serem
licenciados.
Na definição da qualidade de um corpo hídrico, os elementos citados acima são ensaiados e
quantificados de forma a serem comparados aos padrões estabelecidos pela legislação
ambiental. Dessa forma, as amostras de águas ensaiadas são analisadas e comparadas com os
15
Cf. http://www.geocities.com/wwweibull/Param.htm.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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73
limites estabelecidos pela Resolução, sendo um indicador básico quanto à qualidadee o o
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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74
2.5.2 Problemas Sanitários
É importante que esse fator seja o primeiro a ser levado em consideração, evitando-se,
principalmente, problemas à saúde pública, uma vez que o lixo pode ser um importante
vinculador de doenças infecto-contagiosas e, ainda, abrigo de inúmeros animais e insetos
transmissores de diversas patogeneidades. Neste contexto, as ões necessárias à sua
conformação se resumem em:
a) Movimentação e conformação da massa de lixo: visa à regularização
mecânica do material disposto, de acordo com o projeto; neste aspecto, o
lixo deve ser compactado com maquinários apropriados para que a
compactação atinja limites ideais de acordo com as especificações técnicas;
b) Eliminação de fogo e fumaça: obtido mediante cobertura do lixo
(cobertura diária, intermediaria e final), podendo-se utilizar o solo local ou
de outras áreas previamente escolhidas;
c) Delimitação da área de operação (lixo/não-lixo): a geração de
percolado é um dos principais impactos ambientais negativos em um local
de disposição de resíduos; paralelamente, a pluviometria contribui para o
aumento de seu volume, pois ao migrar pelo aterro a água incorpora-se ao
chorume, contribuindo para a decomposição dos elementos do próprio lixo;
dessa forma, fica evidente que, quanto menor for o espalhamento superficial
do lixo, menor será a quantidade de percolado gerado;
d) Limpeza da área de domínio: em decorrência do exposto acima, a
área que porventura não esteja sendo utilizada deverá ser limpa, permitindo
menor espalhamento do lixo e condições mais adequadas de trabalho e
aproveitamento do local.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
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75
2.5.3 – Problemas ambientais
Conforme o IPT-CEMPRE (2000), estes aspectos estão diretamente relacionados ao manejo
do lixo, ou seja, às formas e às condições de operação diária na disposição dos resíduos
sólidos no aterro.
Após a preparação da nova fase, sob condições de aterro sanitário, as áreas que haviam
recebido lixo deverão ser tratadas. Concomitantemente, deve-se planejar a melhoria das vias
de acesso, considerando-se aspectos como geometria do traçado e material adequado para o
pavimento, de modo a possibilitar o trânsito de veículos sob quaisquer condições de tempo.
Segundo IPT-CEMPRE (2000), o controle da área exige medidas como a presença de
vigilância continua e implantação de cercas, para evitar a entrada de animais e de pessoas
estranhas ao empreendimento, como catadores. A frente de trabalho, na área de descarga,
deve ser a mínima necessária, devendo receber cobertura diária de fina camada de solo (não
superior a 0,20 m, de modo a não prejudicar a vida útil do aterro). O todo de manejo
deverá ser definido em projeto, em função da área, dos equipamentos disponíveis e do volume
diário de resíduos a ser manuseado.
Para o controle da disposição, o projeto deve prever a instalação de balança rodoviária na
entrada da área do aterro. É importante que os resíduos sejam inspecionados na entrada do
aterro para se evitar a entrada de materiais que não sejam compatíveis a áreas do aterro, como
resíduos perigosos, que devem ser dispostos em aterro especiais, projetados para receber estes
resíduos.
2.5.4 – Elaboração de projetos de adequação
Para se conseguir bons resultados nos itens descritos anteriormente, são necessários, à
execução de projetos técnicos, que nos mesmos constem os critérios estabelecidos para a
adequação da área do aterro de resíduos sólidos urbanos (IPT-CEMPRE 2000).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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76
Na implementação de projetos de adequação é desejável que se detalhe o projeto de
adequação do aterro de resíduos, de modo que sejam contemplados os seguintes aspectos,
conforme citados pelo IPT-CEMPRE (2000):
projeto de infra-estrutura;
projeto geométrico de conformação das células de lixo, com respectivos
sistemas de drenagem de biogás, percolados e águas superficiais;
projeto de exploração de jazidas de solo para material de cobertura;
projetos de áreas de descarte de solo excedente;
projeto de operação diária/mensal do aterro sanitário, definindo-se
coberturas temporárias e definitivas nas células acabadas;
definição do tratamento superficial da cobertura do aterro, adequado ao
destino final da área;
projeto do tanque de armazenamento de percolados e sistemas de
tratamento associados;
projeto de recuperação e/ou queima de biogás;
projeto de monitoramento geotécnicos e ambientais, incluindo
piezometria, poços de amostragem, inclinômetros, marcos superficiais e
controle de vazão de percolado, conforme mostra a FIGURA 2.11;
projeto de obras complementares, incluindo edificações (escritório,
refeitório, vestiário etc.), balança, cercas, defensas e guaritas.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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77
FIGURA 2.11: Esquema geral de um aterro e seus respectivos pontos de monitoramento.
FONTE: IPT-CEMPRE (2000).
2.5.5 – Dificuldades operacionais
De acordo com IPT-CEMPRE (2000), esses aspectos estão diretamente relacionados ao
manejo do lixo, ou seja, às formas e condições da operação diária na disposição dos resíduos
sólidos no aterro. No sentido da consolidação do aterro sanitário os aspectos ambientais
exigem:
a) drenagem de águas pluviais: a área de contribuição de águas
superficiais do aterro deve ser isolada (diques, canaletas, tubulações), de
modo a evitar a entrada de água nas áreas aterradas com o lixo; nos locais
onde os níveis d’água são rasos poderão, ainda, exigir drenagem subterrânea
para impedir que a água do lençol freático venha entrar em contato com o
lixo e seja contaminada; outro ponto importante a ser observado é a
separação das águas superficiais (não contaminadas) das águas
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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78
(contaminadas); no entanto, a necessidade de execução de drenagens de
águas pluviais sobre as que já receberam cobertura final no aterro;
b) drenagem de biogás e percolado da massa de lixo: abertura de valas e
instalação de drenos por meio de equipamento adequados (retroescavadeira);
deverão ser abertas valas na massa de lixo para a instalação de drenos de
chorume e gases (Cf. FIGURAS 2.12 e 2.13).
Todas as drenagens de líquidos percolados devem ser direcionadas para um tanque de
acumulação, para o início das operações de tratamento. O volume e as características do
tanque deverão ser definidos em projeto, bem como o tipo de tratamento do percolado. No
caso do biogás, recomenda-se sua queima quando lançado na atmosfera. A possibilidade de
recuperação energética também pode ser avaliada, uma vez que o biogás apresenta
concentrações iniciais de metano em torno de 40% (alguns meses após o aterramento),
estabilizando na ordem de 60 a 65% em cerca de dois anos após o aterramento (IPT-
CEMPRE, 2000).
FIGURA 2.12: Abertura de valas para
instalação de drenos de gases e percolados.
FIGURA 2.13: Dreno de gás em perfil.
FONTE: IPT-CEMPRE (2000).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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79
c) coleta de chorume: todas as drenagens dos líquidos percolados devem
ser direcionadas para tanques ou reservatórios para dar início as operações
de tratamento (Cf. FIGURAS 2.14 e 2.15); o volume e as características do
reservatório deverão ser definidas em projeto, bem como o tipo de
tratamento a ser utilizado, seguindo as seguintes etapas:
execução de sistema de coleta de chorume;
execução de reservatório para o chorume;
execução de sistema de tratamento de chorume.
FIGURA 2.14: Lagoa de recirculação das
células.
FIGURA 2.15: Lagoa facultativa.
FONTE: http://www.recife.pe.gov.br/pr/servicospublicos/chorume.html.
d) arborização em torno da área (cinturão verde): esta etapa possui a
finalidade de evitar impactos visuais negativos ao público externo e também
otimizar a dispersão vertical do biogás e odores. É necessário o plantio de
árvores e arbustos de pequeno e médio porte, preferencialmente nativas,
para se conseguir uma barreira de isolamento compacta, desde a base até o
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
Leonardo Rocha
80
topo, evitando-se o chamado paliteiro (típicos de barreiras vegetais
construídas por eucaliptos adultos, por exemplo, que não cumprem
adequadamente a função de isolamento visual).
e) cuidados para evitar a contaminação das águas subterrâneas: as
novas fases do aterro, ou seja, as novas frentes de operação, deverão, na
medida da necessidade local, receber na base do aterro camadas
impermeabilizantes de argila, ou materiais sintéticos; na concepção da
camada impermeabilizante, em nível de projeto, são especificadas as
espessuras e as condições de compactação que fornecerão a permeabilidade
e a proteção requerida; os materiais a serem utilizados bem como os locais
de aquisição devem ser especificados (IPT-CEMPRE, 2000).
2.6 – Remediação e fechamento de lixões: ações mitigadoras
Conforme o IPT-CEMPRE (2000), os locais de disposição que tenham que ser encerrados,
por motivos ambientais ou de vida útil, deverão ser tratados de maneira a minimizar eventuais
impactos sanitários e ambientais instalados ou que por ventura possam surgir.
Para tanto, deverão ser definidas as ões para o término da operação e, caso necessário, para
a remediação local, estabelecendo-se as prioridades para as ações que demandam menores
investimentos e prazos e que atuem de maneira a minimizar ou interromper os impactos. No
entanto, as ações devem ser realizadas de modo a o inviabilizar a disposição do lixo, em
curto prazo, enquanto se viabilize uma nova área de disposição dos resíduos (aterro sanitário).
As ações mitigadoras a serem implementadas e, conseqüentemente, o tempo necessário para
se atingir a completa inertização da massa de lixo, são variáveis, sendo função dos recursos
disponíveis e da concepção do projeto adotado.
Em um lixão ou aterro sanitário que, porventura deva ser desativado, a meta é estabilizá-lo
(física, química e biologicamente) e, após esta estabilização (período geralmente não inferior
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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a 10-15 anos após encerramento da disposição do lixo), o mesmo é destinado a um uso
compatível (IPT-CEMPRE, 2000).
Ainda segundo IPT-CEMPRE (2000), algumas ações são necessárias como atividades
intermediárias para o fechamento de um lixão. Ações como:
eliminação de fogo e fumaça;
delimitação da área;
limpeza da área de domínio;
movimento e conformação da massa de lixo;
cobertura final;
drenagem das águas superficiais;
drenagem de biogás e percolado da massa de lixo;
coleta e tratamento do biogás e do percolado;
monitoramento geotécnico e ambiental;
manutenção das estruturas do aterro;
projeto paisagístico e de uso futuro da área.
Além dessas, destacam-se as ações relativas à cobertura definitiva, que devem ser
direcionadas à finalidade da área remediada. A cobertura definitiva deve ser projetada e
executada de maneira a atender os requisitos de isolar o lixo do meio ambiente, impedir a
infiltração de chuvas (o que aumentaria o volume do chorume) e impediria a saída não
controlada de gases. A concepção de remediação deverá definir o tempo necessário para o
término da geração de gases e líquidos poluentes percolados, o término das movimentações da
massa de resíduos (deslocamentos horizontais e verticais) e o início da utilização projetada
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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para o local remediado (IPT-CEMPRE, 1995). Para a utilização adequada da área, é
fundamental que essa seja estável e não apresente risco à saúde e ao meio ambiente.
2.7 - Projeto de remediação do “lixão”
O antigo depósito de lixo a u aberto do município de Uberlândia foi implantado em 1989
em uma área que apresenta intensos processos erosivos, conforme mencionado anteriormente,
e sua operação foi finalizada em 1993 devido aos impactos ambientais que a área vinha
apresentando, decorrentes da disposição. O lixo foi depositado em uma das voçorocas
localizadas na fazenda Douradinho, a sudoeste do município. As FIGURAS 2.17, 2.18 e 2.19
retratam a situação do local naquele período.
Segundo Lima et al. (2002), a oferta dessa área para o poder público para servir como área de
disposição final dos resíduos se caracterizava exatamente pela possibilidade do aterramento e
nivelamento da área onde se encontrava a voçoroca utilizada na deposição do lixo, creditando
ser essa prática uma boa solução para os processos erosivos. No entanto, a contra-indicação
estava no fato de os resíduos terem sido dispostos diretamente sobre o lençol freático
FIGURA 2.17: Voçoroca localizada na
área onde foram dispostos os resíduos
sólidos urbanos.
FIGURA 2.18: Voçoroca sendo entulhada
gradualmente com lixo
FONTE: ASSUNÇAO, W. L. (1998).
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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aflorante, no leito da voçoroca, implicando, desse modo, em contaminação potencial dos
recursos hídricos superficiais e subsuperficiais.
Os processos erosivos tais como a voçoroca iniciam-se com a supressão da vegetação natural
pela ação antrópico e, em um segundo momento, o chamado splash erosion ocasionado pelos
impactos das gotas de chuva desagregam as partículas do solo e, conseqüentemente, por não
haver resistência proporcionada pela vegetação, as partículas são arrastadas vertentes abaixo.
Posteriormente, em um ciclo contínuo vão se criando sulcos no solo denominados de ravinas;
estas, ao longo do tempo, vão se aprofundando até atingirem profundidades que, em alguns
casos, atingem o lençol freático (FIGURAS 2.20, 2.21 e 2.22).
Os resíduos depositados nessa área eram recobertos por uma camada de terra extraída por
intermédio de escavações no próprio local, o que agravava mais ainda a situação da área em
relação aos processos erosivos, uma vez que os solos do local são altamente susceptíveis à
erosão. O trabalho era realizado por um trator de esteira que operava de dentro da voçoroca de
baixo para cima, no sentido jusante-montante, para que ocorresse a compactação dos resíduos
(LIMA et al., 2002). A FIGURA 2.23 retrata bem a situação no período.
FIGURA 2.19: Formas de disposição do lixo na área.
FONTE: Prefeitura Municipal de Uberlândia- PMU (1998)
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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FIGURA 220: Desagregação do solo pela
energia das gotas de chuva (splash).
FIGURA 2.21: Sulcos (ravinas) formados
pelo escoamento superficial de água no
solo.
FONTE: http://images.google.com.br/imgres.
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FIGURA 2.23: Conformação da célula do aterro com o emprego de trator de esteira.
FONTE: PMU (1998).
Inevitavelmente, como apresenta Lima et al. (2002), havia a contaminação das águas
subterrâneas pela percolação do chorume, uma vez que a voçoroca podia ter atingido seu nível
de base (ou estar próximo disso) antes do entulhamento pelos resíduos e, com isso, como se
trata de uma área com solos arenosos, o escoamento superficial ocorreria geralmente sobre
horizontes de menor permeabilidade e maior resistência ao cisalhamento e a erosão.
Outro agravante observado na área, segundo os mesmos autores, era a exalação de forte mau
cheiro, responsável pela proliferação de insetos e outros tipos de vetores transmissores de
doenças. No mesmo período, o problema relativo ao forte mau cheiro pôde ser constatado
numa escola localizada na zona rural, cerca de 1.500m do “lixão”, onde constataram
acentuada incidência de moscas e fortes odores carreados até o local pela ação dos ventos.
Sobre as condições do antigo aterro, em outubro de 1990, a Engenheira Química Maria
Tereza mencionava que:
A operação do aterro é inadequada e incorreta. É preciso fazer algumas
melhorias no local para minimizar os problemas ali existentes, o mau cheiro
constante, a cobertura do lixo, a proliferação de insetos a contaminação
de nacentes de água, o carreamento do lixo pelas águas pluviais e a
formação de chorume em grande quantidade são alguns dos problemas que a
área apresenta [...].
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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Na área, diversos tipos de lixo foram depositados e, entre eles, os lixos provenientes de
indústrias e hospitais, sem qualquer distinção de seu grau de periculosidade. De acordo com
Lima et al. (2002), em uma pesquisa de campo realizada na época constataram descargas
clandestinas noturnas. Para se ter uma idéia da quantidade de lixo depositada no antigo
“lixão”, em 1989 o lixo depositado na área era da ordem de 180 ton/dia; em 1990, 420
ton/dia; em 1991, houve uma queda significativa e se coletava cerca de 240 ton/dia
(PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA, 1999).
Em conseqüência dos impactos ambientais que a área vinha apresentando, em agosto de 1995
a prefeitura decidiu cessar os trabalhos na área do “lixão”, motivada ainda pela instalação de
procedimento administrativo averiguatório por parte da procuradoria do meio ambiente que,
na ocasião, alegava a contaminação das águas do córrego dos Macacos existente à jusante da
área onde se localizava a voçoroca (LIMA et al., 2002).
Em face de todos estes agravantes, em 1999, de acordo com o Relatório de Tratamento e
Destinação Final de Resíduos Sólidos de Uberlândia (PREFEITURA MUNICIPAL DE
UBERLÂNDIA, s./d.), protocolado junto à Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM),
sob 016473, a área onde os resíduos do município foram depositados sofreria uma
intervenção remediadora a fim de minimizar os impactos ambientais em curso na área. Para
tal, resolveu-se remediar a área adotando-se as seguintes medidas:
aproveitar a voçoroca como células de lixo;
moldar as células;
instalar sistema de drenagem de chorume, do tipo espinha de peixe, e
tubulação final de coleta de chorume, no fundo das voçorocas;
empurrar o “lixo” indevidamente acondicionado a céu aberto para as
células, e a cada 1,10 m de lixo, controlar com 40 cm de camada
compactada de silte e saibro;
implantar a tubulações de drenos de chorume e drenos de gases e queima
de biogás;
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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implantar drenos interceptores de águas pluviais;
implantar filtro anaeróbio para tratamento do chorume;
montar cobertura final de terra aproveitando o silte e o saibro do local;
moldar a cobertura final “selante” com argila;
moldar a cobertura com terra vegetal (60 cm) plantar as gramíneas da
localidade;
utilizar a área para outras finalidades, em especial áreas remanescentes que
se preparada adequadamente poderia receber resíduos especiais.
Pelo exposto anteriormente, observam-se esforços, aparentemente, no que se refere à
recuperação da área degradada; contudo, alguns atributos físicos não foram levados em
consideração, tais como os solos da área, que apresentam teores de areia próximos a 60%, o
que implica a ocorrência de intensos processos erosivos e altas taxas de permeabilidade, dado
que a migração continua de percolados para o lençol freático, pois a base do aterro não
oferece resistência à infiltração devido a suas propriedades físicas. Outro agravante seria a
ocorrência do nível freático no canal da voçoroca, o que agravaria ainda mais os riscos de
contaminação da água associados à disposição do lixo na área.
O plano de recuperação da área foi proposto mediante aos impactos ambientais observados
naquele período e, como objetivos maiores, propôs-se a recuperação visando à mitigação, à
preservação, à conservação e ao controle dos impactos gerados na área na qual os resíduos
foram depositados.
Segundo o relatório protocolado junto à FEAM, em agosto de 1997, foi dado início ao plano
de recuperação da área. Para a recuperação foram adotados os procedimentos descritos nos
itens seguintes.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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2.7.1 – Controle dos processos erosivos
Os processos erosivos foram controlados com a disposição dos resíduos dentro das mesmas e
juntamente ao processo foram instalados drenos em forma de espinha de peixe, no eixo
central da voçoroca, com a finalidade de drenar os líquidos percolados e os gases gerados pela
decomposição da massa de lixo.
Os sistemas de drenagem de gases e percolado do modelo “espinha de peixe” tem sido muito
adotado em áreas de aterros sanitários e em áreas em processo de recuperação. No entanto,
este sistema requer cuidados que se baseiam, principalmente, na compactação do canal (solo)
onde serão implantados o sistema drenante na tentativa de impedir ou minimizar ao máximo a
percolação do chorume para o NA. Além disso, o sistema deve ser implantado
gradativamente, de acordo com a evolução das células do aterro.
Na área, os drenos do modelo “espinha de peixe” foram implantados a partir da utilização da
seguinte metodologia: uma retroescavadeira teria feito trincheira no solo, obedecendo a
inclinação natural do solo até as calhas coletoras instaladas na base do aterro e, em seguida,
foram adicionadas britas nas trincheiras e, nos pontos pré-selecionados, instalaram-se
manilhas de cerâmica no sentido vertical, com a finalidade de forçar o escape dos gases
liberados pela decomposição do lixo, conforme mostras as FIGURAS 2.24 e 2.25.
Segundo o relatório, as células teriam sido implantadas de forma a drenar com facilidade os
líquidos percolados e o biogás, observando-se:
moldagem da área com caimento natural para as canaletas tipo espinha de
peixe, e dreno coletores também com caimento natural;
instalação dos drenos de biogás e demais elementos do projeto.
Foram utilizados, igualmente, pneus preenchidos com concreto como forma de barramento
dos processos erosivos no fundo da voçoroca (Cf. FIGURAS 2.26 e 2.27).
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FIGURA 2.24: Trincheiras abertas para
implantação dos drenos de gases e
chorume, tipo espinha de peixe.
FIGURA 2.25: Dreno para gases instalados
na área
FONTE: PMU (1998)
FIGURA 2.26: Vista da construção do
barramento com a utilização de pneus.
FIGURA 2.27: Construção de barramento
em uma outra seção da voçoroca.
FONTE: PMU (1998)
Ao final da operação de remediação, segundo o projeto, as células foram encapsuladas com
60 cm de argila, 40 cm de saibro, 40 cm de terra vegetal e, posteriormente, foram plantadas
gramíneas e eucaliptos para formar a “cortina verde”, conforme demonstram as fotos das
FIGURAS 2.28, 2.29 e 2.30, que representam o final da obra de remediação.
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FIGURA 2.28: Trabalho de retaludamento da
porção inferior da voçoroca.
FIGURA 2.29: Aspectos gerais da área
após a conclusão do projeto de remediação.
FONTE: PMU (1998)
2.7.2 – Paisagismo
Segundo o relatório de remediação, a área foi revegetada com espécies nativas do Cerrado e
por espécies de Eucalipto.
FIGURA 2.30: Mudas de Eucalipto plantadas no período, com a
finalidade de constituir a cortina verde.
FONTE: PMU (1998).
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2.7.3 – Tratamento dos efluentes
O projeto contemplou o tratamento dos efluentes (líquidos percolados) considerando suas
características físico-químicas e biológicas; para tal, optou-se pela implantação de um filtro
anaeróbio com tempo de detenção interna de 10 horas, associado a outro filtro biológico com
tempo de detenção interna de 14 horas; também foi implantada uma escada de aeração (Cf.
FIGURAS 2.31 e 2.32).
FIGURA 2.31: Construção das caixas
destinadas ao tratamento biológico do
percolado.
FIGURA 2.32: Finalização da construção
das caixas de tratamento biológico.
FONTE: PMU (1998)
2.7.4 – Monitoramento Ambiental
Segundo o relatório, o monitoramento ambiental seria feito periodicamente (Cf. o QUADRO
2.9).
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Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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FIGURA 2.33: Reaparecimento do lixo em
decorrência da erosão nas células do aterro
FIGURA 2.34: Lixo exposto em uma das
porções das células.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
Observa-se, ainda, o acúmulo de água sobre as células em vários pontos da área do aterro,
onde são formadas poças temporárias de águas pluviais, o que do mesmo modo é um ponto
negativo, pois facilita a percolação constante de águas pluviais junto à massa de lixo,
contribuindo sobremaneira para o aumento de percolados (Cf. FIGURA 2.35).
FIGURA 2.35: Acúmulo de água em uma das células, constituindo pequenas
lagoas temporárias.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2006.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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Outro agravante observado é referente às canaletas construídas na base do talude, que teriam
como finalidade direcionar o percolado e águas pluviais até o córrego e caixas de tratamento
biológico. muito tempo o tem havido manutenção e, conseqüentemente, estão sendo
entulhadas também pelos sedimentos provenientes dos processos erosivos, conforme se
observa nas FIGURAS 2.36, 2.37 e 2.38. Conseqüentemente, os efluentes estão sendo
lançados sem nenhum tipo de tratamento ao córrego, ocasionando a contaminação de suas
águas.
O acompanhamento da qualidade da água, conforme especificado no relatório de
“Remediação da área”, também não tem sido feito conforme o especificado. O que se observa
é um total abandono da área e, por conseguinte, a gradativa contaminação do lençol freático e
das águas superficiais à jusante da área.
Estes agravantes, conforme entrevista concedida pelo gerente da propriedade, têm causado
transtorno aos proprietários da fazenda Douradinho, uma vez que a área não está devidamente
isolada (cercada) e o gado freqüentemente faz pastoreio no local, ingerindo a água que
apresenta indícios de contaminação, conforme demonstram análises físico-químicas em
ANEXO.
FIGURA 2.36: Aspecto atual das caixas de
tratamento biológico.
FIGURA 2.37: Situação das caixas de
tratamento biológico.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
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FIGURA 2.38: Desprendimento periódico dos taludes
próximo as canaletas.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
A FIGURA 2.39 apresenta indícios de que o gado circula livremente na área, correndo sérios
riscos de contaminação, uma vez que ingere água diretamente dos locais onde indícios de
contaminação por efluentes, originados pela decomposição do lixo confinado naquele local.
FIGURA 2.39: Indícios da presença de gado no fundo da calha
do aterro.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
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No período chuvoso no Triângulo Mineiro, que abarca os meses de outubro a março, os
impactos ambientais se agravam em decorrência dos processos erosivos e das águas pluviais
que percolam junto às células; assim, os processos encontram resistência proporcionada pelas
camadas compactadas de lixo que se localizam a menos de 40 cm, aflorando em pontos
localizados das células, e isso oferece risco aos animais que ali circulam. Nestes locais nos
quais a água aflora foi observado reações químicas e forte mau cheiro, o que aponta para uma
possível contaminação do lençol freático conforme mostram as FIGURAS 2.40 e 2.41.
FIGURA 2.40: Afloramento de água em
decorrência da saturação do solo e camadas
resistentes à percolação da mesma.
FIGURA 2.41: Indícios de reação química
e liberação de gases provenientes da
decomposição de lixo.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2006.
Os drenos de gases instalados junto às células não cumprem seu papel, uma vez que grande
parte dos mesmos se encontra cheios de água e, em análise organolépica, o houve
constatação de exalação de gases provenientes da decomposição do lixo confinado, o que
indica uma possível falha na construção dos drenos de gases.
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3.1 Levantamento de informações e pesquisas bibliográficas
Para dar embasamento teórico à pesquisa, iniciaram-se os trabalhos a partir de revisões da
literatura pertinente ao tema abordado e consultas ao Arquivo Público Municipal de
Uberlândia, com a finalidade de se obter informações relativas ao tema. Estas atividades
possibilitaram o entendimento dos principais métodos de tratamento e recuperação de áreas
degradadas pela disposição de resíduos sólidos urbanos, bem como o projeto adotado pela
PMU na concepção do projeto de remediação da área, uma vez que a mesma vinha
apresentando problemas de ordem ambiental. A seqüência dos trabalhos desenvolvidos no
decorrer desta pesquisa está representada, resumidamente, no fluxograma da FIGURA 3.42.
3.2 – Elaboração da base cartográfica
Paralelamente aos levantamentos bibliográficos, procedeu-se à digitalização da base
cartográfica da bacia hidrográfica do Córrego dos Macacos em escala de 1:25.000, utilizando-
se, para isso, de fotografias aéreas na escala de 1:25.000, obtidas no ano de 1979 (IBC-
GERCA, 1979), bem como utilização das cartas topográficas SE 22-ZD-II-NE, SE 22-Z-B-
VI-3SC, SE 22-Z-B-V-4, SE 22-Z-D-III/I-NO do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 1976). Esses procedimentos possibilitaram a geração do mapa da bacia
hidrográfica do Córrego dos Macacos.
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FIGURA 3.42: Fluxograma das atividades desenvolvidas.
ORGANIZAÇÃO: ROCHA, Leonardo, 2005.
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Posteriormente, procedeu-se à digitalização dos dados cartográficos e, para tal utilizou-se o
programa AutoCAD 2002, com o auxílio de uma mesa digitalizadora, transpondo-se a
imagem do papel para o meio digital, no qual foram representadas todas as informações
adquiridas ao longo da pesquisa.
3.3 – Delimitação da área do aterro
Para a delimitação da área onde foram dispostos os resíduos, foram necessárias três etapas: a
primeira contou com a interpretação de fotografias áreas (IBC-GERCA, 1979), as quais
possibilitaram a delimitação e delineamento da voçoroca existente na área, onde mais tarde
seria realizada a disposição dos resíduos sólidos urbanos por parte da PMU.
Na segunda etapa, foi necessária a utilização da imagem do satélite QuickBird datada de
2002, na escala de 1:4000, a qual possibilitou uma visualização da situação atual em que a
área se encontra. Depois de delineada a voçoroca, copilada a partir da fotografia aérea, foi
necessário que se ampliasse a imagem da voçoroca, pois se objetiva seu ajustamento e
enquadramento sobre a imagem de satélite, uma vez que as duas imagens apresentavam-se
discrepantes em relação à escala.
Na terceira e última etapa, utilizou-se o programa ARCVIEW 9.0, o qual possibilitou a
digitalização e a organização das imagens adquiridas, gerando-se, assim, ao final, uma carta-
imagem que melhor representasse a área estudada. Na medida em que os trabalhos de campo
foram sendo realizados para se obter dados para os ensaios geotécnicos in situ e coleta de
materiais para análises em laboratório, estes locais foram sendo georeferênciados utilizando-
se um aparelho de Global Positioning System (GPS) e, na seqüência, lançados na carta a
imagem que, ao final, possibilitou um entendimento de todas as etapas desenvolvidas no
decorrer da pesquisa.
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3.4 – Reconhecimento e definição de pontos de avaliação
Ao mesmo tempo em que eram realizados os trabalhos cartográficos, iniciaram-se os
trabalhos de campo para se obter os melhores locais para a instalação dos poços de
monitoramento de água subterrânea e superficial, além da escolha dos locais onde seriam
realizadas as coletas das amostras de solo da área. Foram, ainda, definidos os pontos onde
seriam realizados os ensaios de permeabilidade em campo, com o propósito de se obter os
coeficientes de permeabilidade dos solos da área em foco.
As etapas de campo subseqüentes podem ser divididas em duas fases: a primeira, voltada para
a instalação de poços de monitoramento destinados à coleta de água e a segunda destinada à
caracterização geotécnica do solo mediante ensaios in situ.
3.5 – Atividades de campo: coleta de água
Para o monitoramento das águas superficiais foram definidos dois pontos de coleta no córrego
que se localiza em uma área adjacente ao aterro controlado, sendo um ponto de amostragem à
montante do córrego e outro à jusante da área, logo após os tanques de tratamento biológico
de efluentes. Esperava-se, com esse procedimento, obter-se dados referentes à qualidade dos
recursos hídricos superficiais.
Para o monitoramento das águas subterrâneas foram definidos e instalados três poços de
monitoramento, sendo um à montante da área e dois poços à jusante, na base do aterro. Os
poços foram denominados de Poço 1 (à montante), Poços 2 e 3 (à jusante da área). Os poços
de monitoramento de águas subterrâneas foram instalados considerando-se a possível direção
do fluxo de água e a topografia do terreno, de forma a interceptar a pluma de contaminação do
lençol freático.
Na tentativa de determinar a direção do fluxo de águas subterrânea foram realizadas medições
relativas à altitude e à declividade do terreno nos três locais onde foram instalados os poços;
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em seguida, com o auxílio de um cordão de nylon de 20 m e um coletor de água preso em uma
das extremidades do cordão, pode-se determinar a profundidade do NA (nível freático) em
cada poço. Dessa forma, analisando a topografia e a profundidade do NA, pode-se determinar
a direção do fluxo de água subterrânea.
Em relação ao poço à montante, este foi instalado na porção fora das células onde se
encontram aterrados os resíduos sólidos e em um local de maior altitude. Esse ponto teria, a
princípio, a finalidade de servir como ponto comparativo entre os dois poços à jusante, uma
vez que se supunha que o Poço 1 estaria livre da pluma de contaminação. Essa hipótese foi
considerada levando-se em conta a topografia e a possível direção do fluxo de águas
subsuperficiais que, na área, escoa para o córrego localizado adjacente à área do aterro. Dessa
forma, supunha-se obter amostras de águas ausentes de contaminação, na qual se poderiam
utilizar como parâmetros comparativos as áreas supostamente contaminadas.
A FIGURA 3.43 apresenta um esquema dos pontos onde foram instalados os poços de
monitoramento de águas subterrâneas e a FIGURA 3.44 apresenta o perfil de como os poços
foram alocados.
Poço de montante
Sentido do
fluxo hídrico
subterrâneo
Poço de jusante
Poço de jusante
Sentido do
fluxo da
pluma
Disposição dos pos de monitoramento
POÇO 03
POÇO 02
POÇO 01
FIGURA 3.43: O esquema demonstra a localização dos poços de coleta de água em relação a
célula do aterro.
ORGANIZAÇÃO: ROCHA, Leonardo, 2006.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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Leonardo Rocha
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Poço de Montante
Poços de Jusante
Pluma
Nubstrato de baixa permeabilidade (Aquitarde) ou
impermeável (Aquiclude)
Zona saturada (aquífero freático)
Sentido
do fluxo
hídrido
Zona não
saturada
Área de disposão dos resíduos
NA
NT
FIGURA 3.44: Perfil esquemático demonstrando a localização dos poços de monitoramento
na célula do aterro.
ORGANIZAÇÃO: ROCHA, Leonardo, 2006.
A instalação dos poços de monitoramento de águas subterrâneas foi realizada de acordo com a
NBR 13895 (ABNT, 1997). Para a instalação do Poço 01, utilizou-se de uma perfuratriz
mecânica dotada de motor de 95 Cv sob regime de 1800 a 2400 RPM, conforme apresentado
na FIGURA 3.45. Os outros dois poços, por falta de acessibilidade do equipamento mecânico
e proximidade da zona saturada, não necessitou deste equipamento e foram construídos
manualmente, com o auxílio de um trado “tipo hélice”, conforme mostra a FIGURA 3.46.
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FIGURA 3.45: Perfuração do solo com
equipamento mecânico.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2006.
FIGURA 3.46: Trado tipo hélice utilizado na
perfuração manual.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2006.
Ambos os poços foram perfurados até que se atingisse o nível do lençol freático, conforme
mostra as FIGURAS 3.47, 3.48, 3.49 e 3.50 e foram revestidos com tubos de PVC de 110 mm
de diâmetro.
O Poço 01 possui 14 metros de profundidade. Para os Poços 02 e 03, suas profundidades
foram de 0,5 metros em função da topografia do terreno e da proximidade do freático com o
nível do solo.
Nos tubos, foram feitas as perfurações diretamente na sua parte inferior, com a utilização de
uma furadeira elétrica com a finalidade de induzir a entrada de água e, em seguida, os
mesmos foram revestidos com manta Bidim. No espaço anelar entre o tubo e o furo foi
introduzida, até uma certa altura, brita 0 e areia grossa para servir como pré-filtro, cuja
função seria impedir o selamento da manta Bidim.
Na parte superior, em nível do solo, foi injetada uma massa de concreto, constituindo-se, com
isso, o denominado “selo sanitário”. Por fim, colocou-se a tampa de PVC nas extremidades
superiores de cada poço a fim de impedir qualquer tipo de interferência externa que viesse
comprometer os pontos de amostragem. Na FIGURA 3.50 é apresentado um esquema de
como os poços foram implantados.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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FIGURA 3.47: Revestimento dos tubos
de PVC com Bidim.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
FIGURA 3.48: Introdução do tubo de PVC no
solo revestido pela manta Bidim.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
FIGURA 3.49: Poço para coleta de água.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
3.6 – Coleta de água para análises físico-quimicas e parâmetros adotados
Após a conclusão da instalação dos poços de monitoramento de águas subterrâneas e
superficiais, iniciou-se a coleta das amostras de água que foram realizadas em dois períodos
distintos do ano, a primeira no semestre de 2005 (estação seca) e a segunda no semestre
de 2006 (estação chuvosa), perfazendo um total de 10 amostras de água. Pretendeu-se, dessa
forma, verificar se os possíveis indicadores de poluição teriam concentrações diferenciadas
devido a maior ou menor percolação de águas pluviais de acordo com a época do ano e,
assim, influenciar os resultados por meio de uma maior ou menor concentração dos
parâmetros analisados.
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Pré-filtro
Tampão fixo
Filtro
Selo
Preenchimento
Proteção sanitária
Tampão
Caixa de Proteção
Revestimento Interno
NA
Camada impermeável
Øtubo
Øperfuração
Guia centralizadora
FIGURA 3.50: Esquema de montagem dos poços de monitoramento.
ORGANIZAÇÃO: ROCHA, Leonardo, 2005.
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106
As amostras de água dos poços de monitoramento de águas subterrâneas e superficiais foram
realizadas de acordo com o estabelecido na NBR 13895 (ABNT, 1997), e para tal utilizou-se
um coletor de metal com 30 cm de altura e 8 cm de diâmetro (Cf. FIGURA 3.51).
Na coleta da água dos poços descartava-se um volume de água equivalente a três vezes o
volume a ser colhido, uma vez que essa poderia não representar as condições da água a ser
amostrada, conforme recomenda a NBR 13895 (ABNT,1997). Ainda conforme a prescrição
dessa norma, toda vez que se utilizava o coletor nos poços ou no córrego, este passava por
uma lavagem com a própria água do local a ser amostrado, a fim de manter suas
características originais. As FIGURAS 3.52, 3.53, 3.54 e 3.55 apresentam a seqüência dos
trabalhos de coleta das amostras realizadas na área.
FIGURA 3.51: Coletor de água.
ORGANIZAÇÃO: ROCHA, L., 2005
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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107
FIGURA 3.52: Coleta de amostra de
água do Poço 1 – a montante do aterro.
FONTE: FINOTI, Diogo, 2005.
FIGURA 3.53: Coleta de amostra de água do
Poço. 3 – a jusante do aterro.
FONTE: FINOTI, Diogo, 2005.
FIGURA 3.54: Coleta de amostra de água do
córrego a montante do aterro.
FONTE: FINOTI, Diogo, 2005.
FIGURA 3.55: Coleta de amostra de água do
córrego a jusante do aterro.
FONTE: FINOTI, Diogo, 2005.
Em seguida, as amostras foram armazenadas em caixa térmica para manter sua temperatura
ambiente e em foram transportadas e encaminhadas ao Laboratório de Química do Instituto de
Química (UFU), para análise físico-químicas, objetivando-se quantificar os seguintes
parâmetros: Alcalinidade total, D.Q.O, D.B.O, Dureza total, Dureza de cálcio, Fósforo,
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Nitrogênio Amoniacal, Nitrogênio Orgânico, Nitrogênio Total, Óleos e graxas, O.D, Nitratos,
pH, Sólidos Sedimentáveis, Sólidos Suspensos, Sólidos totais dissolvidos, Cádmio e Mercúrio
e Cromo hexavalente. Os parâmetros analisados foram, de forma geral, a base na
interpretação da situação em que se encontram os recursos hídricos superficiais e subterrâneos
da área pesquisada.
Os parâmetros citados acima se baseiam na Resolução Conama 357 e foram selecionados
por apresentarem maiores possibilidades de se obter indicativos de contaminação dos recursos
hídricos, uma vez que, na massa de resíduos sólidos urbanos, é comum a presença de diversos
compostos orgânicos e inorgânicos que, em sua decomposição ou alteração de seu estado
químico, fornece indicativos de contaminação no solo e na água. Apesar da Resolução
Conama 357 ser relativa ao enquadramento de corpos dricos, optou-se por sua utilização
na análise dos recursos hídricos subterrâneos da área estudada, uma vez que não foram
encontradas literatura ou normas específicas para o enquadramento da qualidade das águas
subterrâneas.
3.7 – Caracterização geotécnica do solo
A fim de se obter dados referentes às propriedades geotécnicas dos solos da área, e visando
uma comparação entre o que propõe as normas referentes à disposição de RSU no solo e as
características encontradas no local pesquisado, foram realizados ensaios laboratoriais de
granulometria e ensaios in situ para se determinar o coeficiente de permeabilidade.
3.7.1 – Procedimentos para determinação do coeficiente de permeabilidade in situ
Para a obtenção de dados referentes à permeabilidade do solo da área pesquisada foram
realizados ensaios de permeabilidade in situ em cinco pontos pré-selecionados de forma a
representar a maior área de abrangência onde foram depositados os resíduos sólidos. Os
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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109
ensaios abrangeram a porção superior da cobertura final das células do aterro e pontos
localizados fora da área onde foram depositados os resíduos.
Para isso, foram escolhidos cinco pontos denominados de Pontos 1, 2 , 3 , 4 e 5. Estes foram
realizados de acordo com as orientações da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
e Ambiental (ABGE, 1996). Os procedimentos adotados para os ensaios são descritos a
seguir.
Este ensaio consiste em realizar a infiltração da água em furos de sondagens (trado ou para
simples reconhecimento – SPT).
Inicialmente, foram realizados furos no solo com trado de 70 mm de diâmetro e 50 cm de
profundidade; em seguida, introduziu-se um tubo de PVC de 75 mm de diâmetro e 1,12 m de
comprimento até a profundidade de 0,20 m. Desse modo, o trecho o ensaiado foi de 0,30 m.
Após estes procedimentos, escarificou-se as paredes do furo, em seguida encheu-se o furo e o
tubo de PVC com água a a sua extremidade superior. Tomou-se este momento como o
instante t = 0 e, a partir daí manteve-se o nível d’água constante. A determinação da vazão
infiltrada (Q) foi realizada por meio de um hidrômetro calibrado ou tambor graduado, em
intervalos de tempo definidos. Essa diferenciação de equipamento se deve à diferença de
permeabilidade de um ponto a outro, sobretudo a diferença de compactação dos solos.
No início do ensaio, a leitura foi realizada em intervalos de 1 minuto, até o décimo minuto e, a
partir desta leitura, passou-se para intervalos maiores, de 5 minutos, até atingir a estabilização
da vazão infiltrada.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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FIGURA 3.56: Ensaio de permeabilidade
realizado em furo de trado, em execução.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
Os seguintes equipamentos foram empregados:
hidrômetro com divisões de 100 ml e 1 litro;
proveta graduada com capacidade para 1.000 ml, com subdivisão de 10
ml;
trado tipo cavadeira de 65 mm de diâmetro;
escarificador de furo;
mangueira plástica de ½ polegada;
registro para regularização da vazão;
tubos de PVC (2) de 1,12 m e 2,12m de comprimento e 75 mm de
diâmetro;
um trator acoplado a um semi-reboque “pipa” para o transporte da água
utilizada no ensaio, e uma planilha onde foram anotados os dados obtidos
em campo.
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3.7.2 – Cálculo para determinação do Coeficiente de Permeabilidade (k)
Para o cálculo do coeficiente de permeabilidade, empregou-se a seguinte expressão:
k =
Q 1
x (cm/s)
h Cu.r
Onde:
K = coeficiente de permeabilidade (cm/s);
Q = vazão infiltrada (m
3
/s);
h = altura da coluna de água;
Cu = coeficiente de condutividade de meios não saturados (adimensional) – ábaco dado pela
ABGE (1996);
r = raio do furo (m).
3.7.3 – Amostragem de solo
Utilizaram-se as amostras deformadas na amostragem de solo: para a realização dos ensaios
de granulometria foram coletadas um total de cinco amostras deformadas de solo em
diferentes pontos, procurando-se abranger toda a extensão da área do aterro. Nas células do
aterro foram extraídas cinco amostras de solo a uma profundidade de 0,15 m. Para tal,
utilizou-se um trado “Holandês”.
Foi escolhido um segundo ponto de amostragem localizado na parede de uma voçoroca
existente na base do aterro (Cf. FIGURA 3.57), com 13 m de profundidade, onde se coletou
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13 amostras de solo (1 em 1m), que foram extraídas a cada metro de profundidade até a
profundidade de 13 m.
As amostras de solo coletadas foram encaminhadas ao laboratório de Geotecnia da Faculdade
de Engenharia Civil da Universidade Federal de Uberlândia para a análise física
(granulometria).
FIGURA 3.57: Perfil da voçoroca instalada na base do
aterro, onde se extraiu as amostras de solo indeformada.
FONTE: ROCHA, Leonardo, 2005.
3.7.4 – Ensaios laboratoriais
Após a coleta de solos, estes foram encaminhados ao Laboratório de Geotécnica da Faculdade
de Engenharia Civil, onde foram preparados conforme as seguintes normas: NBR 6457
(ABNT, 1986), NBR 7181 (ABNT, 1984), e NBR 6502 (ABNT, 1995).
Ao final, os resultados foram representados sob a forma de curvas granulométricas que
auxiliaram na classificação e geração de uma tabela contendo as características do tipo de solo
encontrado na área pesquisada.
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4.1 – Localização e acesso
O município de Uberlândia (MG), onde está inserida a área-objeto do presente estudo,
localiza-se no Triângulo Mineiro, a sudoeste do Estado de Minas Gerais (Cf. a FIGURA
4.58). A área, anteriormente, era constituída por uma voçoroca (Cf. a FIGURA 4.59) e hoje
compreende um depósito de lixo com aproximadamente 35.256 m
2
, situado a sudoeste do
município, na zona rural, lugar denominado Fazenda Douradinho, distando cerca de 23 km do
centro urbano do município. A área localiza-se, especificamente, na micro-bacia do córrego
dos Macacos, entre as coordenadas geográficas 18º59’ e 19º02’ de Latitude Sul, e 48º23’ e
48º35’ de Longitude Oeste do meridiano de Greenwich (Cf. a FIGURA 4.60).
A área total da bacia abrange cerca de 67,8 Km
2
e tem como uso principal do solo as
atividades agropecuárias. A cabeceira de drenagem do referido córrego localiza-se nas
proximidades da rodovia vicinal que liga o município de Uberlândia ao distrito de
Miraporanga a uma altitude de 845 metros, percorrendo aproximadamente 21 km no sentido
Leste-Oeste até sua confluência com o Ribeirão Babilônia (afluente da margem direita do Rio
Tijuco) na cota 720 metros. Seu desnível topográfico é de aproximadamente 125 metros da
cabeceira à foz. No seu médio curso, o Córrego é interceptado” transversalmente pela BR-
497 (Uberlândia-Prata).
A área onde está localizado o “antigo lixão do município de Uberlândia localiza-se
especificadamente no alto curso do córrego dos Macacos, na propriedade denominada
Fazenda Douradinho”.
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em Uberlândia/MG
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FIGURA 4.58: Localização de Uberlândia no Triangulo Mineiro (MG)
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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FIGURA 4.59: Foto aérea de 1979 da porção da bacia onde foram lançados os resíduos
sólidos urbanos do município nos anos de 1989 a 1993.
FONTE:
IBC
GERCA (1979)
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Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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os meses de março a outubro e a outra chuvosa, compreendendo os meses de novembro
a fevereiro. As precipitações anuais variam entre 1300 a 1700 mm.
O clima da região é ainda caracterizado, segundo Del Grossi (1993), como sendo do
tipo mesotérmico ou CWa, na classificação de Koppem. Ainda segundo a autora, no
inverno o continente permanece resfriado, facilitando uma estabilização da Massa Polar
Atlântica, podendo também ocorrer avanços desta através da região, o que provoca
quedas bruscas na temperatura. A temperatura média mensal, nos meses de junho e
julho, tem média de 18ºC e a precipitação pluviométrica do mês mais seco fica em torno
de 60 mm. O clima é seco e frio neste período do ano. Durante o verão, grande
instabilidade da Massa Polar Atlântica, devido ao aquecimento do continente, o que
provoca precipitações. Nos meses mais quentes, as temperaturas dias são superiores
a 22ºC. O clima, nesta época, é quente e úmido. As temperaturas médias anuais, na
região, variam entre 20 e 22ºC (DEL GROSSI, 1993).
4.2.2 – Geomorfologia
A região do Triângulo Mineiro, segundo Baccaro (1991), apresenta formas de relevo
tipicamente da Bacia Sedimentar do Paraná, dentro da superfície “Sul Americana” ou
“Araxá” e “Velhas”, que se situam entre os rios Paranaíba e Grande.
Em levantamentos feitos por Baccaro (1991), foram identificados três unidades
geomorfológicas:
Áreas de relevo intensamente dissecado, que corresponde à borda da extensa
chapada Araguari-Uberlândia, estendendo-se até o rio Paranaíba e Grande. Nesta
unidade geomorfológica, as altitudes variam entre 700 e 800 m de altitude,
apresentando topos aplainados e alongados, prolongando-se em forma de espigão
entre as sub-bacias e afluentes dos rios Paranaíba, Araguari, Uberabinha, Piedade,
Jordão e outros (BACCARO, 1991).
Ainda de acordo com a autora, as feições morfológicas desse compartimento estão
relacionadas à litologia, representada pelo basalto da Formação Serra Geral e pelas
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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O projeto RADAMBRASIL (1983) identificou, na região do Triângulo Mineiro, as
seguintes tipologias de solos: Latossolo vermelho-escuro álico e distrófico, Latossolo
vermelho-amarelo álico e distrófico, Latossolo roxo distrófico e eutrófico, Terra roxa
estruturada e eutrófica, Podzólico vermelho-amarelo distrófico e eutrófico, Areia
quartzosa álico, Cambissolo álico e distrófico, Glei húmico e pouco húmico álico e
distrófico.
No município de Uberlândia, de acordo com Rodrigues (2002), predominam os solos do
tipo Latossolo vermelho-escuro álico e distrófico, Latossolo vermelho-amarelo
eutrófico, Latossolo Roxo distrófico e eutrófico, Litossolo, Glei húmico e pouco húmico
álico e distrófico, e Areia quartzosa álica.
Segundo Rodrigues (2002), na bacia do Córrego dos Macacos estão presentes os
Latossolos vermelho-amarelo, Latossolos vermelho-escuro, Litossolos e os solos
Hidromórficos, com exceção dos Litossolos e dos solos hidromórficos; de um modo
geral, são solos bastante profundos e bem drenados, apresentando homogeneidade de
cor e textura ao longo do perfil vertical.
A presença de materiais inconsolidados se faz presente em grande parte da bacia do
córrego dos Macacos, e são representados pelos residuais de pequena espessura da
Formação Marilia, depósitos coluviais e solos hidromórficos conforme citado por
(RODRIGUES, 2002).
De acordo com Rodrigues (2002), observa-se, de um modo geral, que os materiais
inconsolidados da bacia do córrego dos Macacos apresentam as seguintes
características:
os teores de argila variam de 16,0 a 27, 5%; os de silte variam de 2,5
a 8,0 % (chegando ao máximo 11,5 %); e de areia variam de 68 e
76,0%, predominando a areia fina;
os materiais inconsolidados possuem elevados índices de vazios
(variando de 1,69 a 1,98) e apresentam elevada capacidade de
infiltração;
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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o solo possui alta capacidade de absorção de água, porém saturando-
se muito rápido;
o valor da capacidade de troca catiônica (CTC) é baixo devido a
duas características:
1 – elevada percentagem da fração areia.
2 – as partículas de argila apresentam-se parcialmente revestidas
por uma película de óxidos de ferro e alumínio.
4.2.4 – Geologia
A Bacia Sedimentar do Paraná, na região do Triângulo Mineiro, de acordo com
Nishiyama (1989), é representada pelas unidades geológicas de idade Mesozóica:
Formação Botucatu (Triassíco), Formação Serra Geral (Jurássico-Cretáceo) e Grupo
Bauru (Cretáceo).
De acordo com Nishyiama (1989), no município de Uberlândia as litologias do
Complexo Basal Goiano afloram em uma faixa estreita e de pequena extensão, que
margeia o rio Araguari na porção leste do município, limitada pelos córregos
Marimbondo e Buracão. As litologias mais evidentes nestas áreas são os Magmatitos,
Gnaisses e Granitos intrusivos.
Ainda segundo Nishiyama (1989), as rochas do Grupo Araxá tem sua área de exposição
nos vales dos rios Araguari e Uberabinha, sendo que, ao longo do vale do rio Araguari,
o referido Grupo possui maior expressão em termos de exposição, estendendo-se desde
a altura do córrego Boa vista em direção á jusante.
Os basaltos da Formação Serra Geral afloram nas vertentes dos vales dos rios Araguari,
Uberabinha, Tijuco e Douradinho e, devido ao desgaste das camadas sobrejacentes,
provocou o aprofundamento da rede de drenagem. A unidade Serra Geral é
caracterizada pelas rochas efusivas de natureza básica e lentes de arenitos que se
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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intercalam aos derrames basálticos (arenitos intertrapeanos). No Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba, o Grupo Bauru é representado pelas Formações Adamantina, Uberaba e
Marília (RODRIGUES, 2002).
A Formação Adamantina é caracterizada, nessa região, pelos arenitos de granulação
média a grossa, coloração marrom-avermelhada ou arroxeada, teor em matriz siltíco-
argilosa variável e feições maciças. A Formação Adamantina pode ser observada nos
vales dos principais rios que drenam a região, ou no interior das voçorocas, a oeste do
município do Prata, onde a cobertura sobrejacente foi erodida (NISHIYAMA, 1989).
A Formação Uberaba apresenta-se como uma brecha sedimentar, contendo fragmentos
de basalto e arenitos vulcano-clásticos de granulometria média, com proporções
variadas de grânulos e seixos. Também estão presentes níveis de siltitos, os quais
gradam para sedimentos mais arenosos junto ao topo (NISHIYAMA, 1989).
Segundo o mesmo autor, no Triângulo Mineiro a Formação Marília é caracterizada por
espessas camadas de arenitos inconsolidados e conglomerados superpostos aos níveis
carbonáticos. No município de Uberlândia, a Formação Marilia é limitada à sudeste
pelos rios Araguari e Bom Jardim, estendendo-se ao sul, em direção ao município de
Uberaba, e ao norte, passando por Uberlândia, seguindo em direção aos distritos de
Martinésia e Cruzeiro dos Peixoto, a oeste rumo aos municípios de Monte Alegre de
Minas e Tupaciguara.
De acordo com Nishiyama (1989), os sedimentos de idade Cenozóica ocorrem em quase
toda a extensão do município de Uberlândia, capeando as rochas mais antigas e
ocupando todos os níveis topográficos, desde ás áreas de chapadas até às vertentes dos
vales fluviais.
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5.1 – Carta imagem (delimitação da área)
A carta imagem objetivou representar de forma visual as etapas desenvolvidas no
decorrer da pesquisa, sendo um auxílio para a interpretação dos dados obtidos. A carta
imagem contempla de forma gráfica (visual) os locais onde foram realizados os ensaios
geotécnicos, coletas de amostras de solo, bem como locação dos poços de
monitoramento de águas subterrâneas e superficiais e, ainda, a delimitação da área da
voçoroca onde foram dispostos os resíduos sólidos urbanos, conforme representado
abaixo na FIGURA 5.61.
A partir dos procedimentos cartográficos, foi possível delimitar a área onde ocorreu a
disposição dos resíduos sólidos, uma antiga voçoroca, que compreendia cerca de
35.256 m
2
,
onde foram lançados, entre 1989 e 1993, cerca de 3.817,750 metros cúbicos
(produção acumulada), o que reflete hoje em diversos tipos de impactos ambientais,
sobretudo nos recursos hídricos. Este procedimento possibilitou tanto a identificação da
área onde foram lançados os resíduos quanto na locação dos poços de monitoramento de
águas subterrâneas.
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FIGURA 5.61 – Carta imagem: aterro controlado
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
Uberlândia/MG
Leonardo Rocha
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5.2 – Ensaios geotécnicos realizados em campo e laboratório
5.2.1 – Ensaios granulométricos
Segundo Rodrigues (2002), na bacia hidrográfica do córrego dos Macacos são
encontrados os seguintes tipos de solos: Latossolos vermelho-amarelo, Latossolos
vermelho-escuro, Litossolos e os solos Hidromórficos (EMBRAPA, 1999); com
exceção dos Litossolos e dos solos Hidromórficos, de um modo geral, os demais são
solos bastante profundos, bem drenados e apresentam homogeneidade de cor e textura
ao longo do perfil vertical.
As frações granulométricas que compõe os solos analisados, bem como suas
classificações granulométricas, são apresentadas nos QUADROS 5.11 e 5.12,
auxiliando na interpretação e análise de suas características geotécnicas.
Ao longo do perfil da voçoroca, houveram variações significativas das frações finas
(silte e argila) dos materiais avaliados. Os valores expressos no QUADRO 5.11
permitem afirmar que existe a predominância da fração areia em relação às demais
frações granulométricas (silte, argila e pedregulho), sendo toda constituída
principalmente de areia fina e média. A porcentagem de areia variou entre o mínimo de
50% e o máximo de 81%, situando-se a média da fração em torno de 70%; a fração silte
oscilou entre 4 e 20% com a média de 13%; e a fração argila entre 4 e 34 %, ficando a
média em 15%. Observa-se, mediante os valores encontrados, que existem níveis com
maior porcentagem de argila, notadamente entre 1 e 2 metros e 4 e 5 metros de
profundidade. Em geral, nas profundidades em que as porcentagens de argila são baixas
as porcentagens da fração silte são mais elevadas.
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QUADRO 5.11 – Classificação dos solos coletados no perfil da voçoroca.
Areia (%)
Profundidade
(m)
Argila
(%)
Silte
(%)
Fina Média Grossa Total
Pedreg.
(%)
Classificação
Granulométrica
1 34 8 30 26 2
58
0 Areia argilosa
2 34 4 32 28 2
62
0 Areia argilosa
3 8 14 48 28 2
78
0 Areia siltosa
4 25 7 36 25 6
67
1 Areia argilosa
5 30 20 27 20 3
50
0
Areia argilo-
siltosa
6 8 17 40 26 3
69
6 Areia siltosa
7 14 11 48 24 2
74
1
Areia argilo-
siltosa
8 9 18 48 23 2
73
0 Areia siltosa
9 4 15 39 41 1
81
0 Areia siltosa
10 5 17 38 39 1
78
0 Areia siltosa
11 8 12 26 50 4
76
0 Areia siltosa
12 6 17 42 34 1
76
0 Areia siltosa
13 11 14 40 34 1
74
0
Areia silto
argilosa
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Os solos coletados no perfil da voçoroca podem ser classificados, em sua maioria, como
areno-siltoso. Assim sendo, as características granulométricas encontradas apontam para
solos de elevados coeficientes de permeabilidade (k).
Na área do aterro controlado, foram coletadas cinco amostras de solo a fim de se
identificar suas propriedades geotécnicas. As análises dos resultados obtidos
evidenciaram que a fração areia varia entre 59% e 79 %, sendo que a média da fração
aproxima de 72%; a fração silte oscilou entre 11% e 28% e sua média 19%; a fração
argila entre 4% e 13%, tendo como média 42%. Os valores encontrados sugeriram uma
distribuição granulométrica pouco discrepante entre as cinco amostras coletadas na
cobertura do aterro controlado (QUADRO 5.12)
QUADRO 5.12 – Classificação granulométrica dos solos coletados nas células do aterro.
Areia (%)
Ponto
s
Argila
(%)
Silte
(%)
Fina Média Grossa
Total
%
Pedreg.
(%)
Classificação
Granulométrica
1 10 11 50 27 2
79
0
Areia argilo-
siltosa
2 8 20 40 30 2
72
0 Areia siltosa
3 13 28 39 18 2
59
0
Areia argilo-
siltosa
4 4 20 46 27 3
76
0 Areia siltosa
5 7 18 35 37 3
75
0 Areia siltosa
Segundo o Relatório de Remediação da Área, protocolado pela PMU junto à FEAM,
sob 016473, “os solos utilizados no selamento das células foram extraídos de jazidas
ricas em materiais argilosos e transportados até o local”. No entanto, os resultados das
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análises apontaram para solos de características semelhantes às encontradas no perfil da
voçoroca.
O resultado dos ensaios geotécnicos realizados em diferentes porções da área estudada
corresponde aos estudos realizados por Rodrigues (2002), que identificou as seguintes
características geotécnicas para os solos de áreas adjacentes ao aterro:
Teores de argila variaram de 4,0 a 34,0 %; os de silte variaram de
4,0 a 28,0 %; e de areia em torno de 70 %, predominando a areia fina;
Materiais inconsolidados apresentaram elevados índices de vazios
(com variação entre 1,69 e 1,98) e apresentaram elevada capacidade de
infiltração;
Os solos apresentaram elevada capacidade de absorção de água,
porém saturam-se muito rapidamente.
Os solos presentes nas porções próximas ao aterro controlado podem
ser caracterizados como residuais da Formação Marília.
Os resultados das análises geotécnicas apresentadas por Rodrigues (2002) não estão de
acordo com o relatório de remediação da área, de que os solos utilizados para o
selamento das células seriam solos com características argilosas e que foram retirados
de áreas adjacentes ao aterro. As características granulométricas dos solos do local, por
si só, sugere um alto coeficiente de permeabilidade. Dessa forma, podem estar
contribuindo para percolação de quantidades significativas de águas pluviais para o
interior do aterro. Conseqüentemente, esse processo contribui para a geração de líquidos
percolados, talvez muito acima do que se previa no relatório de remediação da área.
No entanto, Tormin Filho et al. (2005) afirmaram que solos com características
semelhantes aos encontrados nas células do aterro, quando bem compactados, podem
apresentar ordem de grandeza de coeficientes de permeabilidade inferiores a 10
-6
cm/s.
Em estudos realizados pelos mesmos autores com solos residuais da mesma formação
(Formação Marilia) e características granulométricas semelhantes, quando compactados
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na umidade ótima e na energia do Proctor Normal, obtiveram coeficiente de
permeabilidade (k) da ordem de 10
-6
cm/s. Desse modo, pode-se supor que estes tipos
de solos, quando compactados de forma adequada, podem ser utilizados como materiais
de cobertura final em aterros de resíduos sólidos.
2.2.2 – Ensaios para obtenção do coeficiente de permeabilidade (k)
O QUADRO 5.13 apresenta os coeficientes de permeabilidade obtidos em cada ponto
de amostragem localizado na área do aterro controlado.
QUADRO 5.13 – Resultado dos coeficientes de permeabilidade (K) obtido nos cinco
pontos amostrados.
PONTOS RESULTADOS
*Ponto 1
6,9x10
-4
Ponto 2
2,1x10
-4
Ponto 3
2,2x10
-4
*Ponto 4
1,7x10
-4
Ponto 5
3,8x10
-4
* Ensaio realizado fora da área do aterro.
De acordo com a NBR 13896 (ABNT, 1997), as áreas destinadas à deposição de
resíduos sólidos urbanos devem possuir depósitos naturais extensos e homogêneos de
materiais (solo) com coeficiente de permeabilidade inferior a 10
-6
cm/s e uma zona não
saturada com espessura superior a 3,0 m. Os ensaios in situ para a determinação do
coeficiente de permeabilidade (k) evidenciaram que os solos utilizados para a cobertura
final do aterro possuem elevados coeficientes de permeabilidade comparado ao que
recomenda a NBR 13896 (ABNT, 1997).
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Os vários pontos onde foram realizados os ensaios de permeabilidade in situ
apresentaram características semelhantes na sua permeabilidade, apontando para
coeficientes de permeabilidade (k) superiores ao recomendado pela NBR 13896. Em
áreas destinadas à disposição de resíduos, onde o coeficiente de permeabilidade esteja
acima do recomendado pela NBR 13896 que é de k = 10
-6
cm/s são indicadas medidas
que propiciem a impermeabilização das camadas inferiores e laterais das células onde
ocorrerá à disposição dos resíduos. Geralmente, as barreiras impermeáveis são
constituídas de camadas de solos compactados (CETESB, 1985) e, paralelamente a esta
ação, deve ser adicionada uma manta sintética composta de Polietileno de Alta
Densidade (PEAD
16
) o que não se constatou durante as perfurações para instalações
dos poços de monitoramento.
A médias dos resultados obtidos nos ensaios apontaram para coeficientes de
permeabilidade k igual a 3,9x10
-4
cm/s superiores ao indicado pela NBR 13896. Esta
situação sugere que, durante o período chuvoso ocorra intensa percolação de águas
plúviais nas células através da cobertura do aterro, e que em um segundo momento,
estas se somam aos líquidos gerados pela decomposição da massa de lixo.
Conseqüentemente, podem contribuir para um aumento significativo do volume de
chorume e da extensão da pluma de contaminação.
Em perfurações no solo da área objetivando a instalação do poço de monitoramento de
montante constatou-se que o nível freático, no ponto mais elevado da área, se situa a
uma profundidade de 13 m, medidos a partir do nível do solo. Por se tratar de uma área
de voçoroca, o lençol freático provavelmente aflorava no fundo da mesma. Esta situação
pode ser observada na maioria das voçorocas existentes num raio de dois quilômetros.
O que agrava ainda mais a situação ambiental da área é que os resíduos sólidos urbanos
teriam sido dispostos sobre uma camada de solo inferior a 1,5 m sobre o N.A (LIMA et
al., 2002).
A características geotécnicas dos solos locais, associadas à prática de disposição de
resíduos sólidos no interior da voçoroca, pode estar contribuindo para a percolação de
lixiviados na zona saturada, ocasionando sua contaminação.
16
Cf. www.netresiduos.com.
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5.3 – Resultado das análises de água
A qualidade da água pode ser representada por meio de diversos parâmetros que
traduzem as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Tais
parâmetros podem ser de utilização geral para caracterização de águas de
abastecimento, águas residuárias, mananciais e corpos receptores (VON SPERLING,
1996).
Nesta pesquisa, foram realizadas coletas de amostras de águas objetivando caracterizar a
contaminação dos recursos hídricos da área pesquisada. Para tal buscou-se avaliar a
qualidade das águas de acordo com os parâmetros físico-químicos, apresentados pela
Resolução Conama 357/2005, a qual estabelece parâmetros sicos para a
caracterização de distintas classes de água.
O resultado das análises físico-químicas das amostras de águas coletadas na área em
dois períodos distintos (seco e chuvoso) apresentou alterações nos parâmetros avaliados
acima do estabelecido na Resolução Conama 357/2005, indicando que tanto a água
superficial como a subterrânea apresenta evidências de contaminação.
Coloca-se, a título de comparação, as análises dos dois períodos do ano, nos quais foram
realizadas as coletas das amostras superficial e subterrânea e, em seguida, apresenta-se
uma avaliação das condições encontradas nos recursos hídricos locais.
5.2.2 – Período seco x chuvoso: amostras da água
Nos QUADROS 5.14 a 5.17, são apresentados os resultados das análises de água
coletada no Córrego e nos poços de monitoramento de águas subterrâneas. Os
resultados se referem aos dois períodos do ano em que foram realizadas as coletas das
amostras de água, nas estações seca e chuvosa. Observa-se, ainda, que uma variação
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significativa nos parâmetros analisados, indicando uma possível contaminação dos
mananciais hídricos locais. Todos os parâmetros apresentados nos quadros a seguir
apresentam variações significativas nos seus valores e, em alguns deles, detectam-se
níveis de contaminação acima do estabelecido pela Resolução Conama nº 357.
São apresentados, a seguir, em forma de quadros, os resultados obtidos com as amostras
de água coletada em dois períodos distintos do ano (seco e chuvoso). Os QUADROS
5.14 e 5.15 são referentes às amostras de água coletadas no córrego à montante e à
jusante da área onde foram dispostos os resíduos sólidos e nos QUADROS 5.16 e 5.17
são apresentados os resultados obtidos nos poços de monitoramento de águas
subterrâneas, sendo um poço à montante da área e dois à jusante.
QUADRO 5.14 – Avaliação dos parâmetros analisados no Córrego na estação
chuvosa
Parâmetros analisados Córrego à montante Córrego à jusante
Alcalinidade total (mg/L) 7,0 32
D.Q.O (mg/L) 11,0 357
D.B.O (mg/L) 6,3 193
Dureza total (mg/L) 6,9 2336
Dureza de cálcio (mg/L) 4,0 1881
Fósforo (mg/L) 0,03 2,5
Nitrogênio Amoniacal
(mg/L)
0,42 16,2
Nitrogênio Orgânico zero 3,22
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(mg/L)
Nitrogênio total (mg/L) 0,42 19,5
Óleo e graxas (mg/L) 0,20 1,20
Oxigênio dissolvido
(mg/L)
8,0 7,0
Nitratos (mg/L) 0,40 8,0
pH 6,73 6,26
Sólidos Sedimentados
(mL/L)
Inferior a 0,05 0,8
Sólidos Suspensos 105º C
(mg/L)
92 100
Sólidos totais (mg/L) 112 132
Sólidos totais dissolvidos
(mg/L)
20 32
Chumbo (mg/L) N.D N.D
Cromo (mg/L) N.D N.D
ND: Não detectado (método de absorção atômica – CG AA905)
QUADRO 5.15 – Avaliação dos parâmetros analisados no rrego na estação seca.
Parâmetros analisados Córrego à montante Córrego à jusante
Alcalinidade total (mg/L) 4,0 22,0
D.Q.O (mg/L) 8,0 411
D.B.O (mg/L) 5,0 223
Dureza total (mg/L) 4,0 2300
Dureza de cálcio (mg/L) 3,0 1780
Fósforo (mg/L) 0,03 2,0
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,56 11,5
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Nitrogênio Orgânico (mg/L) zero 3,78
Nitrogênio total (mg/L) 0,56 15,3
Óleo e graxas (mg/L) 0,40 1,0
Oxigênio dissolvido (mg/L) 9,2 8,4
Nitratos (mg/L) 0,50 6,0
pH 6,41 5,95
Sólidos Sedimentados (mg/L) 0,05 1,0
Sólidos Suspensos 105º C
(mg/L)
60 116
Sólidos totais (mg/L) 80 150
Sólidos totais dissolvidos
(mg/L)
20 34
Cádmio (mg/L) N.D
(1)
N.D
(1)
Mercúrio (mg/L) N.D
(2)
N.D
(2)
ND: Não detectado (método de absorção atômica – CG AA905), (1) Limite de detecção inferior a
0,01 mg/L (2) Limite de detecção inferior a 1 mg/L
QUADRO 5.16 Avaliação dos parâmetros analisados nos Poços de
monitoramento - estação seca
Parâmetros analisados Poço 01
Montante
Poço 02 -
Jusante
Poço 03 -
Jusante
Alcalinidade total (mg/L) 16,0 10,0 36,0
D.Q.O (mg/L) 8,0 146 173
D.B.O (mg/L) 5,0 77 95
Dureza total (mg/L) 4,0 1000 760
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Dureza de cálcio (mg/L) 3,0 840 620
Fósforo (mg/L) 0,05 0,10 1,50
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,70 1,82 1,54
Nitrogênio Orgânico (mg/L) Zero 0,14 0,70
Nitrogênio total (mg/L) 0,70 1,96 2,24
Óleo e graxas (mg/L) 0,50 0,40 0,30
Oxigênio dissolvido (mg/L) 7,6 7,6 6,4
Nitratos (mg/L) 0,40 0,80 0,80
pH 7,16 5,85 5,93
Sólidos Sedimentados (mg/L) Inferior a 0,05 Inferior a 0,05 Inferior a 0,05
Sólidos Suspensos 105º C
(mg/L)
60 60 65
Sólidos totais (mg/L) 68 72 80
Sólidos totais dissolvidos
(mg/L)
8,0 12 15
Cadmio (mg/L) N.D N.D N.D
Mercúrio (mg/L) N.D N.D N.D
ND: Não detectado (método de absorção atômica – CG AA905).
QUADRO 5.17 – Avaliação dos parâmetros analisados nos Poços de
monitoramento - estação chuvosa.
Parâmetros analisados Poço 01
Montante
Poço 02 -
Jusante
Poço 03 -
Jusante
Alcalinidade total (mg/L) 20 20 46
D.Q.O (mg/L) 15,0 154 232
D.B.O (mg/L) 8,1 780 124
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Dureza total (mg/L) 4,0 1036 824
Dureza de cálcio (mg/L) 3,0 871 685
Fósforo (mg/L) 0,03 0,12 1,5
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 1,54 2,66 2,38
Nitrogênio Orgânico (mg/L) zero 0,21 1,12
Nitrogênio total (mg/L) 1,54 2,87 3,50
Óleo e graxas (mg/L) 0,10 0,60 0,80
Oxigênio dissolvido (mg/L) 8,6 8,2 8,0
Nitratos (mg/L) 0,50 0,60 1,0
pH 7,31 6,15 6,18
Sólidos Sedimentados (mg/L) 0,1 0,05 0,1
Sólidos Suspensos 105º C (mg/L) 44 56 80
Sólidos totais (mg/L) 60 80 96
Sólidos totais dissolvidos (mg/L) 16 24 16
Chumbo (mg/L) N.D N.D N.D
Cromo (mg/L) N.D N.D N.D
ND: Não detectado (método de absorção atômica CG AA905), (1) Limite de detecção inferior a
0,01 mg/L (2) Limite de detecção inferior a 1 mg/L
Analisando-se os resultados, observa-se que no período chuvoso uma concentração
maior dos parâmetros analisados do que no período seco. Esse aumento pode estar
relacionado, em parte, à entrada de águas pluviais no sistema (aterro) através de
percolação nas lulas do aterro. A maior incidência de águas pluviais no interior do
aterro induz e acelera o processo de deslocamento dos lixiviados para o nível freático, a
ponto de contribuírem para o aumento das concentrações dos parâmetros analisados,
principalmente em pontos localizados à jusante da área.
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136
Somado a estes fatores, o deslocamento vertical do freático na estação chuvosa é
provocado, principalmente, pela grande quantidade de água que percola no solo nessa
estação, possivelmente vem contribuindo para a concentração dos contaminantes
presentes na água, uma vez que esse deslocamento favorece permanentemente (durante
a estação chuvosa) o contato do freático com a massa de lixo a partir de sua base; dessa
forma, possibilita o aumento das concentrações dos contaminantes na água subterrânea.
Como o fluxo de águas subterrâneas tende a se deslocar horizontalmente para os pontos
de menor declividade do terreno (no caso coincidindo com o córrego e poços de
monitoramento de águas subterrâneas), esse deslocamento favorece o carreamento e o
aumento na concentração dos contaminantes presente no chorume para os pontos de
monitoramento localizados à jusante da área.
Embora no período seco a incidência de águas pluviais seja menor, as concentrações nos
parâmetros analisados permaneceram relativamente elevadas se comparado aos poços
de monitoramento à montante, fato este que pode estar relacionado, principalmente, ao
carreamento dos contaminantes via deslocamento do fluxo subterrâneo. A contaminação
das amostras de águas coletadas no córrego, independentemente do período analisado,
também se apresentaram contaminadas, fato este que pode estar relacionado à
contaminação do freático e à ineficácia no processo de tratamento biológico, uma vez
que os tanques de tratamento encontram-se assoreados e sem nenhum tipo de
manutenção.
Outro fato importante a ser mencionado é relativo aos drenos, que teriam a função de
direcionar o chorume gerado no interior das células até os tanques de tratamento; no
entanto, observou-se que os mesmos encontram-se vazios, supondo-se que o chorume
esteja percolando para o nível freático.
Por meio dos diversos parâmetros analisados nas amostras de água coletadas nos
recursos hídricos (superficial e subterrâneo) pode-se confirmar que os mesmos
encontram-se contaminados em conseqüência da deposição indiscriminada dos RSU na
área, fato este que pode ser confirmado pelos elevados índices dos parâmetros
analisados.
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Os resultados da DBO
5
e de DQO de amostras de água coletada no córrego, a jusante do
aterro, evidenciam a contaminação dos recursos hídricos podendo ser comprovada pelos
valores de DBO
5
que a jusante apresentou: 223 mg/L na estação seca e 193 mg/L na
estação chuvosa. Os elevados valores para a DBO
5
quando comparada ao estabelecido
na Resolução CONAMA nº 357 estão relacionados, sobretudo as concentrações de
materiais orgânicos presentes nas amostras de água, sobretudo provenientes da massa de
lixo confinada na área. E sua concentração pode estar relacionada ao deslocamento
destas substâncias para os poços de monitoramento de jusante em virtude do
deslocamento do fluxo de águas subterrâneas.
Para as mesmas amostras os valores de DQO também evidenciaram contaminação.
Foram encontrados os seguintes valores para a DQO: 411 mg/L na estação seca e 357
mg/L na estação chuvosa. Observa-se que valores dos mesmos parâmetros foram bem
superiores ao encontrados nas amostras de água coletadas á montante do aterro. Estes
foram, respectivamente, 5,0 mg/L na estação seca e 6,3 mg/L na estação chuvosa, 8,0
mg/L na estação seca e 11,0 mg/L na estação chuvosa.
As amostras coletadas nos poços de monitoramento de águas subterrâneas à montante e
à jusante também apontaram para veis de contaminação que pode ser confirmado
pelos elevados valores da DBO
5
e DQO. Em uma análise detalhada, observa-se que as
amostras coletadas no poço à montante, apesar de estar fora da área de abrangência do
aterro também apresentam indícios de contaminação, uma vez que as análises
apresentaram 5,0 mg/ L de DBO
5
no período seco e 8,1 mg/L na estação chuvosa. A
DQO apresentou 8,0 mg/L na estação seca e 15,0 mg/L na estação chuvosa.
os poços à jusante foram os que apresentaram maiores aumentos da DBO
5
e DQO, os
valores da DBO
5
encontrados para o Poço 2 de jusante foi de 77 mg/L na estação seca e
80 mg/L na estação chuvosa. A DQO apresentou 146 mg/L na estação seca e 154 mg/L
na estação chuvosa. Estes dados podem estar relacionados a grande quantidade de
cargas orgânicas em decomposição e a ineficácia dos tanques de tratamento biológico,
que na área estão totalmente assoreados.
Entre os dois poços de monitoramento à jusante, o que mais apresentou níveis de
contaminação foi o poço de jusante 3, o qual apresentou os seguintes valores: DBO
5
,
95
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138
mg/L na estação seca e 124 mg/L na estação chuvosa. A DQO apresentou 173 mg/L na
estação seca e 232 mg/L na estação chuvosa. Os elevados valores para esse poço está
relacionado sobretudo ao fluxo das águas que escoam na direção do mesmo. Dessa
forma o poço 3 acaba por apresentar níveis mais elevados dos parâmetros analisados.
Esse aumento significativo nos valores da DBO
5
e DQO parece indicar que, juntamente
com o fluxo das águas subterrâneas, está havendo o arraste de contaminantes, uma vez
que se observa a concentração dos mesmos em todos os pontos de coleta, tanto nas
águas subterrâneas quanto nas águas superficiais, sendo seus valores superiores ao
estabelecido na Resolução Conama nº 357.
O pH também é um parâmetro que fornece dados relativos às condições ambientais de
um dado corpo hídrico, uma vez que as características relativas à acidez, à neutralidade
ou à alcalinidade da água fornecem subsídios para a interpretação da qualidade
ambiental dos recursos hídricos analisados. Assim, o impacto produzido pelo chorume
sobre os recursos hídricos está diretamente relacionado com sua fase de decomposição.
O chorume de aterros novos, quando recebe quantidades significativas de águas pluviais
é caracterizado por pH ácido; no entanto, apesar do aterro ter aproximadamente 13 anos,
as características de seu potencial hidrogênionico ainda remetem ao ambiente em
processo de oxidação da matéria orgânica presente na massa de lixo, o que vem
favorecendo a contaminação por esses compostos.
A faixa de pH varia de 0 a 14 e a interpretação desse parâmetro se baseiam na seguinte
escala: pH < 7 indica condições ácidas, pH = 7 indica neutralidade e pH > 7 indica
condições básicas. Em amostras de água onde o pH se distancia da neutralidade pode
ser prejudicial à vida aquática e aos microorganismos responsáveis pela “purificação da
água” (VON SPERLING, 1996). As águas naturais tem valores de pH 5 a 9. Segundo a
CETESB (1998), a Organização Mundial de Saúde, por meio dos padrões internacionais
estabelecidos em 1971, recomenda teores máximos desejáveis e permissíveis
respectivamente de 7,0 a 8,5 e de 6,5 a 9,2.
A partir das análises de águas coletadas na área de pesquisa, foi possível determinar que
ainda está havendo oxidação da matéria orgânica contida na massa de lixo, fato este que
pode ser afirmado pelo baixo valor do pH encontrado em grande parte das amostras de
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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água analisadas durante a estação seca, indicando características acidas. Fato este que
pode estar intimamente relacionado à carga orgânica confinada na célula do aterro
controlado.
O único poço de monitoramento que se manteve próximo ao pH neutro foi o poço de
águas subterrâneas à montante (Poço 1). Este apresentou pH na faixa de 7,16 na estação
seca e 7,31 na estação chuvosa. Esta condição de pH pode estar associada a inúmeros
fatores, entre os quais a possibilidade do poço ter sido instalado na “borda” da pluma de
contaminação, o que implicaria em baixas concentrações de compostos orgânicos ou
mesmo uma dispersão dos compostos neste ponto em função do elevado nível freático.
Os poços de jusante 2 e 3 apresentaram, respectivamente, pH de 5,85 e 5,93 na estação
seca, apresentando condições ácidas. Enquanto que na estação chuvosa observa-se um
aumento significativo nos valores de seu potencial hidrogênionico, sendo de 6,15 para o
poço 2 e de 6,18 para o poço 3. Este aumento do pH, supõe-se, está relacionado ao fato
de que durante a estação chuvosa ocorre uma dispersão da matéria orgânica em função
da percolação de águas pluviais nas células do aterro e aumento do nível freático,
apresentando, no entanto, características relativamente próximas à neutralidade no
período chuvoso para alguns poços de monitoramento.
As amostras de águas superficiais coletadas no córrego apresentaram pequenas
variações em seu pH. Os resultados apontaram as seguintes condições: nas amostras
coletadas no córrego à montante da área, o pH apresentou-se na faixa de 6,73 e à jusante
6,26 na estação chuvosa. Na estação seca, os valores para o ponto de montante ficou
estabilizado na faixa de 6,41, enquanto que para o ponto de jusante o pH foi de 5,95,
tendo uma queda em seu pH, indicando que, possivelmente no período chuvoso, apesar
do volume de águas que entra no sistema, há um carreamento mais acentuado de
compostos orgânicos para este ponto, o que acaba conferindo tais características.
Outro parâmetro que apresentou índices elevados foi a Dureza de Cálcio. Embora, a
dureza de cálcio possa estar relacionada à dissolução de minerais contendo cálcio e
magnésio, relaciona-se também a despejos industriais e entulhos da construção civil,
uma vez que grande parte destes resíduos (entulhos) apresenta, em seus constituintes,
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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produtos processados a partir do calcário, como cimento, cal dentre outros (VON
SPERLING, 1996).
Ainda segundo o mesmo autor, não evidências de que a dureza de cálcio cause
problemas de ordem sanitária, porém pode ser um indicativo de contaminação causada
por ações antrópicas.
Do período seco à estação chuvosa, observou-se uma pequena variação na dureza de
cálcio nas amostras de água coletada no poço de monitoramento do córrego (montante),
que foi de 1,0 mg/L. No entanto, para os poços de monitoramento à jusante, foram os
que se observaram maiores concentrações. Para o poço à jusante (córrego), este
parâmetro foi da ordem de 1780 mg/L para a estação seca e 1881 mg/L para a estação
chuvosa, apresentando um aumento significativo de 101,0 mg/L, comprovando que a
contaminação dos mananciais hídricos estão intimamente relacionados à disposição dos
resíduos sólidos na área.
Nos poços de monitoramento de águas subterrâneas, foram observados os seguintes
valores: o Poço à montante (Poço 1) se manteve na faixa de 3,0 mg/L, independente do
período analisado. Para os poços à jusante, houve variações em seus valores: para o
Poço 2 jusante) as análises apontaram para concentrações de 840 mg/L na estação
seca e 781 mg/L na estação chuvosa. Para o Poço 3 jusante), os seguintes valores:
760 mg/L na estação seca e 824 mg/L na estação chuvosa.
Outro parâmetro que reflete as condições de qualidade da água e que não se enquadrou
no estabelecido na Resolução Conama 357 são as substâncias que comunicam gosto
ou odores. Estas devem ser virtualmente ausentes nos corpos hídricos das classes I, II e
III; todavia, foi detectado, por análises organolépica, forte mau cheiro próximo às caixas
de tratamento biológico e em todas as amostras de água coletadas na área, tanto nos
poços de monitoramento de águas subterrâneas quanto nas águas de superfícies. Estas
características também apontam para contaminação dos recursos hídricos, uma vez que
evidenciam a decomposição de materiais orgânicos, gerando a liberação de gases
dissolvidos na água, supostamente gás Sulfídrico (H
2
S).
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Quanto à presença de metais pesados como: Cádmio, Chumbo, Mercúrio e Cromo, em
nenhuma das amostras analisadas, nos dois períodos, foram observados traços destes
elementos, de acordo com a metodologia utilizada. A não detecção destes metais leva a
supor que as suas concentrações estejam abaixo do valor de detecção dos equipamentos
utilizados, que é de 0,01 mg/L para o Cádmio e 1 mg/L para o Mercúrio. Embora a
existência de traços destes metais possa estar abaixo da detecção pelo todo utilizado,
tais elementos são acumulativos no solo e em organismos vivos, podendo causar sérios
problemas de saúde em seres humanos e animais, caso estas águas sejam ingeridas por
um longo período.
De forma geral, as variações observadas nos parâmetros analisados evidenciam que
ocorre contaminação dos recursos hídricos. Por outro lado, não existe ação por parte do
poder público, responsável pela disposição dos resíduos na área, no sentido de
minimizar a contaminação. A ausência de ações efetivas acaba por comprometer a
qualidade dos recursos hídricos locais e em áreas adjacentes ao aterro de resíduos e, até
mesmo, regionais quando se trata de águas superficiais.
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Aqui o apresentadas algumas propostas de recuperação, baseadas nos trabalhos
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Para o isolamento da área do aterro, podem ser utilizadas medidas como cercas de
arame liso ou farpado, evitando-se, assim, a entrada do gado nestas áreas.
6.2 – Processos erosivos
Na área estudada, foram identificadas várias feições, entre as quais erosão laminar,
ravinamentos e, em estágio mais avançado, uma voçoroca à jusante do aterro. O
desencadeamento de feições erosivas está contribuindo para o afloramento do lixo
confinado na área, contribuindo para o assoreamento do córrego, para o entulhamento
dos tanques de tratamento biológico e na poluição visual da área.
Para a minimização da ação dos processos erosivos, existem inúmeras técnicas
preventivas e corretivas aplicadas à recuperação de áreas atingidas pelos processos
erosivos. Algumas destas técnicas foram aplicadas na área de estudo pela Prefeitura
Municipal de Uberlândia.
A seguir, apresentam-se os procedimentos técnicos para a contenção da erosão: curvas
de nível e terraços o de grande valia em áreas com declividades superiores a 5%. As
curvas de nível e os terraços auxiliam na diminuição do fluxo de águas superficiais
(runoff), além de impedir que as águas do escoamento superficial provoquem
ravinamentos, a exemplo das voçorocas.
Em grande parte, o aterro se encontra desprotegido, ou seja, nenhuma ou pouca
cobertura vegetal. Nesse caso, deve ser introduzido juntamente com as curvas de nível o
plantio de espécies forrageiras do tipo Brachiaria sp, pois estas possuem um importante
papel na minimização dos impactos da chuva sobre o solo (splash erosion) e,
principalmente, visando reduzir a energia da água de escoamento superficial.
Em pontos onde o lixo começa a aflorar em decorrência da erosão laminar, é
recomendado que estas áreas sejam novamente aterradas com uma camada de solo de
15 a 20 cm aproximadamente e, ainda, que nestes locais sejam realizadas medidas que
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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miniminizem o escoamento superficial, tal como as curvas de nível e o plantio de
espécies forrageiras.
Quanto às feições erosivas aceleradas do tipo voçoroca, propõe-se o monitoramento e a
recuperação das mesmas. Para tanto, são sugeridas técnicas propostas pela Deflor
Bioengenharia:
1) limpeza geral da área (remoção de terra solta);
2) acerto manual das arestas laterais da erosão;
3) execução de paliças (postes) de eucalipto, de baixo para cima, na
seguinte seqüência:
- instalação de hastes de eucalipto com diâmetro de 6 a 10 cm, a
cada 80 cm, pré-tratados;
- execução do aparamento com bambus, amarrados fortemente
entre si e às hastes, com arame galvanizado;
- preenchimento da cavidade obtida, até o topo do eucalipto com
solo vegetal misturado com argila na proporção de 40% de solo
vegetal e 60 % de argila;
- executar, no plano horizontal obtido, covas de 30 x 30 cm por
40 cm de profundidade, espaçadas, onde for possível, em malha
de 1,00 x 1,00 m;
- plantar em covas, vegetação arbustiva nativa e adaptável à
região (mudas com altura máxima de 1,50 m);
- o re-aterro das covas deverá ser feito com terra, misturada à
adubação, composta de:
* adubação corretiva: calcáreo dolomítico, 150g;
* adubação orgânica: 150g;
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* adubação química: 200 g (formulação de 10:20:10
NPK mais 5% de enxofre);
- no espaço remanescente tanto horizontal quanto lateral, lançar
sementes de gramíneas consorciadas às leguminosas do tipo
rasteira, hidrosemeadura ou semeadas manualmente, na razão
de:
* gramíneas: braquiaria decumbens, braquiaria
humidícula, capim gordura-melinis 5 g de cada espécie
(total de 15g/m
2
);
* leguminosas: sirato e cetrosema, 3 g/ m
2
de cada
espécie.
4) critérios de adubação da semeadura:
* orgânica: empregar esterco de frango na proporção de
150 g/ m
2
e papelão triturado na proporção de 100g/m
2
;
* química: formulação 4:30:10 (NPK) na quantidade de
60g/m
2
.
Observa-se, contudo, que o sucesso da solução proposta está condicionado e depende
fundamentalmente da eficiência do sistema de drenagem superficial e do
acompanhamento do desenvolvimento das diversas espécies e o seu completo
estabelecimento vegetativo.
A FIGURA 6.62 representa a metodologia mencionada pela Deflor Bioengenharia,
como metodologia de recuperação de processos erosivos (voçoroca).
6.3 – Drenagem pluvial
Disposição de resíduos sólidos numa voçoroca e seus impactos sobre as águas: um estudo de caso em
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Também devem ser recuperados os drenos de captação de águas pluviais e escadas
dissipadoras de energia hidráulica. Foi observado que as calhas de escoamento pluvial
em pontos localizados estão rompidas e assoreadas; nesse caso, em grandes picos de
chuva, as águas pluviais extravasam para as células, contribuindo para a acumulação,
erosão e percolação de águas nas células do aterro. Nesse caso, é recomendada a
recuperação das mesmas.
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FIGURA 6.62: Metodologia aplicada em recuperação de voçorocas.
FONTE: www.deflorbioengenharia.com.br.
6.4 – Tratamento biológico de efluentes e águas subterrâneas
De acordo com Lima (1995), o tratamento biológico compreende um conjunto de
tecnologias simples e bastante eficazes para a redução das cargas orgânicas encontradas
na decomposição do chorume. Por ser um processo natural, além de promover o
tratamento adequado ao meio, seu custo é relativamente baixo se comparado a outras
metodologias convencionais de tratamentos.
Na concepção do projeto de recuperação da área, optou-se pela implantação de um filtro
anaeróbico com tempo de detenção interna de 10 horas, associado a um filtro biológico,
com tempo de detenção interna de 14 horas. No entanto, os efluentes gerados na
decomposição da massa de lixo estão gerando poluição localizada tanto nas águas
subterrâneas quanto nas águas superficiais. Essa contaminação se deve supostamente à
falta de critérios técnicos para a recuperação da área e, principalmente, na falta de
monitoramento da mesma.
Como proposta de melhoria da qualidade dos recursos hídricos, recomenda-se a
recuperação do sistema de tratamento biológico. Para tanto, são necessárias ões como
capinas no entorno das caixas de tratamento para facilitar a acessibilidade de pessoal.
Em seguida, fazem-se necessárias a drenagem e a limpeza do interior das caixas, uma
vez que se encontram totalmente assoreadas; outras ações necessárias referem-se à
renovação dos filtros anaeróbios, bem como dos demais equipamentos que integram o
sistema de tratamento, e a recuperação das canaletas que direcionam o percolado até o
sistema de tratamento biológico.
A recirculação do chorume é outra ação positiva. Esta técnica consiste em drenar os
líquidos gerados pela decomposição da massa de lixo e re-introduzi-los no sistema
(aterro). Esta técnica reduz consideravelmente a demanda sobre as estações de
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tratamento, uma vez que se constitui de um pré-tratamento, reduzindo as cargas
orgânicas e conseqüentemente as concentrações de DBO/DQO.
Segundo Qasim; Chiang (1994 apud IPT-CEMPRE, 2000), esta técnica reduz
consideravelmente as concentrações orgânicas. Em estudos realizados pelos mesmos
autores, observou-se uma redução de 20.000 mg/L para 1.000 mg/L de matéria orgânica
após um ano de tratamento. Esse resultado, segundo estes autores, é obtido uma vez que
as células funcionem como um reator anaeróbio, capaz de reduzir a elevada carga
orgânica do chorume.
As águas subterrâneas também podem ser drenadas e tratadas aplicando-se de técnicas
semelhantes, porém tomando-se cuidados específicos para que a qualidade da água
subterrânea não se agrave mais do que a apresentada. A utilização destas técnicas,
associadas a outras metodologias citadas, pode reduzir consideravelmente as
concentrações orgânicas e o volume da pluma de contaminação que se supõe existir sob
as células do aterro, proporcionando, assim, a melhoria da qualidade ambiental dos
recursos hídricos locais e adjacentes.
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Procurou-se, durante o desenvolvimento da pesquisa, caracterizar os principais fatores
causadores dos impactos ambientais em curso na área estudada em decorrência da
disposição indiscriminada dos resíduos sólidos urbanos em uma das voçorocas da
Fazenda Douradinho, situada no município de Uberlândia-MG.
As informações geradas trazem à tona os impactos ambientais que ainda persistem na
área, apesar dos trabalhos de remediação implementados na área em 1999. No entanto,
no decorrer dos estudos pôde-se observar que inúmeros impactos ambientais ainda estão
em cursos, tais como contaminação das águas superficiais e subterrâneas, do solo, da
atmosfera, além dos impactos visuais.
Com base nos levantamentos e estudos realizados na área, as seguintes conclusões
podem ser expressas:
1 - os procedimentos técnicos de engenharia aplicados na área o
obtiveram bons resultados;
2 - destaca-se, nesta investigação, a ineficácia do projeto de
remediação da área proposto no relatório protocolado junto à FEAM,
além da área apresentar-se totalmente abandonada do ponto de vista
dos monitoramentos ambientais propostos no relatório;
3 - os recursos hídricos superficiais e subterrâneos estão
comprometidos pela contaminação causada pelo chorume; a partir das
análises de parâmetros físico-químicos foi possível determinar suas
concentrações que, a princípio, encontram-se muito acima dos
estabelecidos pela Resolução Conama N º 357, para corpos d’ água da
classe II e III;
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4 - até o presente momento, a água subterrânea e superficial da área
estudada, de acordo com o resultado das análises, não apresentam
riscos à saúde humana no que se refere à presença de metais pesados,
pois, segundo os resultados, não foram encontrados teores de metais
nas amostras coletadas que superassem os níveis estabelecidos na
Resolução Conama nº 357, embora grande parte dos parâmetros físico-
químicos tenha apresentado valores bem acima dos limites
estabelecidos pela Resolução, indicando a necessidade de dar
continuidade ao monitoramento dos agentes químicos, de forma
permanente nos corpos d’água;
A partir dessa pesquisa foi possível gerar um diagnóstico da situação ambiental da área
do aterro, mesmo após sete anos da conclusão do projeto de remediação que objetivou
sua recuperação.
Espera-se, com este trabalho, contribuir, também, para a tomada de decisões político-
ambiental no que se refere à mitigação dos impactos em curso na área.
Neste sentido, espera-se que as informações geradas durante o presente estudo tenha sua
relevância não apenas no âmbito das informações apresentadas, mas também na
necessidade de reabilitação da área quanto à sua reintegração ao meio ambiente.
A essa altura, acredita-se que a pesquisa realizada, ao mesmo tempo que pode
proporcionar uma visão da problemática suscitada, bem como algumas respostas para a
área, quanto à qualidade ambiental da mesma (e experiência para casos semelhantes),
configurou-se em um desafio a ser atendido por trabalhos futuros, pois outras questões
se colocam no horizonte desta pesquisa: por exemplo, no plano de origem (o aterro)
avaliar o progresso da decomposição do material disposto no lixão, passado alguns anos
de seu início e término e, com isso, mensurar o potencial de contaminação do mesmo e,
em um plano mais geral, verificar conseqüências da presença do aterro nas áreas
adjacentes, notadamente os recursos dricos o que não foi possível ser realizado em
vista dos recursos e prazos estabelecidos para um Curso de Mestrado.
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Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projetos, implantação e
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