EFEITO DA RACTOPAMINA NA QUALIDADE DA CARNE DE
SUÍNOS DE DIFERENTES GENÓTIPOS HALOTANO
AUDILÉIA ROCHA DE OLIVEIRA
Resumo
O interesse dos consumidores por alimentos mais saudáveis, particularmente em
relação ao menor consumo de gordura, levou o setor suinícola a pesquisar formas
de produção de suínos com maior deposição de carne magra. No passado, esta
atividade levou à incorporação do gene halotano à genética dos suínos, introduzindo
a síndrome do estresse suíno, que leva a formação de PSE. No entanto, um
aumento da proporção de peso de carcaça foi alcançado apesar da inferior
qualidade de carne. Recentemente, a adição de ractopamina tem sido introduzida
como suplemento na ração de suínos na fase de terminação. Ractopamina é um
agonista β- adrenérgico de estrutura semelhante a dos hormônios catecolaminas e
apresenta função de promover maior deposição de carne magra na carcaça em
detrimento a fração de gordura. Há relatos de que a ractopamina não afeta a
qualidade da carne, ao contrário do observado em suínos portadores do gene
halotano. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da suplementação de
ractopamina nas características de carcaça e qualidade de carne de suínos
portadores ou não do gene halotano. O DNA genômico foi determinado pela análise
por PCR-RLPC. Trinta e seis suínos, sendo 24 machos castrados e 12 fêmeas da
genética comercial Agroceres PIC, foram geneticamente separados em 18 animais
homozigotos normais (HAL
NN
) e 18 heterozigotos (HAL
Nn
). O delineamento
experimental foi de blocos casualizados, arranjo fatorial 2x2x2, formado pelos dois
genótipos halotano, ração com e sem a adição de 10 ppm de ractopamina e os
sexos macho castrado e fêmea. As características de carcaça avaliadas foram peso
de carcaça quente (PCQ), peso de carcaça resfriada (PCR), perda de peso no
resfriamento (PERDRESF), comprimento de carcaça (CCAR), espessura de
toucinho (ET), profundidade do lombo (PM), área de olho de lombo (AOL),
rendimento de carcaça (RENCAR), rendimento de carne na carcaça (RCC),
quantidade de carne magra na carcaça (QCMC). As características de qualidade de
carne avaliadas foram as propriedades funcionais como pH, capacidade de retenção
de água (CRA) e cor, textura medida pela força de cisalhamento (FC), índice de
fragmentação miofibrilar (IFM), gordura intramuscular (GIM) e finalmente diâmetro
das fibras. Resultados mostraram que a ractopamina e o genótipo dos animais não
apresentaram efeito sobre o RENCAR, RCC, QCMC, CRA, GIM, diâmetro das fibras
musculares e IFM. Músculos Longissimus dorsi de fêmeas apresentaram valor de pH
final maior que o dos machos castrados, (6,07 vs 5,79), menor RENCAR (75,81% vs
76,74%), RCC (58,35 vs 56,84) e QCMC (39,56 vs 41,08). O genótipo e a
ractopamina não tiveram influência sobre os valores de pH, enquanto que a carne de
suínos halotano positivos apresentou maiores valores de L* e b* (51,04 e 17,12) que
os livres do halotano (48,30 e 16,30). Carnes de animais submetidos a dieta com
ractopamina apresentaram valor de a* menor que aqueles que receberam ração sem
ractopamina, 4,55 x 5,28. Como esperado, suínos halotano positivos tiveram maior