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primeira edição de seu tratado sobre como se tocar a flauta transversa, Quantz
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já
discorria sobre o tema, sugerindo combinações de fonemas para se obter diferentes
tipos de articulações. O flautista e professor brasileiro Raul Costa d’Avila aborda
detalhadamente o uso dos fonemas e sílabas como meios para obter diferentes formas
de articular os sons. Sua obra A Articulação na Flauta Transversal Moderna
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reúne
importante coletânea de autores antigos e modernos discorrendo sobre o tema
articulação. São abordagens bem distintas. Vianna propõe a utilização da ressonância
das vogais direcionada à sonoridade. Os resultados obtidos através desta técnica
mostram-se extremamente úteis quando utilizados pelo flautista como recurso
expressivo, possibilitando alterações de dinâmica e mudança de timbres.
Todo som musical contém uma frequência fundamental e harmônicos. As freqüências
destes harmônicos são múltiplos da fundamental. Estes elementos em conjunto, são
chamados de parciais. Este é um fenômeno bastante simples de se compreender.
Quando, por exemplo, pinçamos uma corda de um violão, ela vibra simultaneamente
em sua extensão total e em subdivisões regulares, também chamados de modos de
vibração. Estas subdivisões vibram com mais velocidade, produzindo freqüências mais
altas do que a vibração fundamental, gerando sons mais agudos, que chamamos de
harmônicos. No campo da percepção auditiva, o ouvido humano geralmente responde à
presença destes harmônicos detectando apenas um som: a fundamental. Este
fenômeno é hoje facilmente detectado e estudado através da análise espectrográfica,
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QUANTZ, Johann Joaquim, 1697-1773. On Playing the Flute – The classic of Barroc music Instruction.
2nd ed. Translated with notes and introduction by Edward R. Reilly. London: Faber and Faber, 1985,
republicação em 2001, 412 p.
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D’AVILA, Raul Costa. A Articulação na Flauta Transversal Moderna – Uma abordagem histórica, suas
transformações, técnicas e utilização. São Paulo: Faculdade de Música Carlos Gomes, 2000, 189 p.