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quase totalidade. Os fotógrafos “se aventuravam [para essa parte do mundo] em
razão, inclusive, da concorrência em seus países de origem (...) e após reunirem
algum pecúlio, embarcavam de volta” (KOSSOY, 2002, p. 144).
Entre 1840 e 1855, diversas capitais brasileiras foram visitadas por
daguerreotipistas intinerantes, que também realizavam algumas incursões pelo
interior das províncias em busca da aristocracia rural que poderia servir de
clientela. A grande maioria era composta de estrangeiros, que permaneciam
entre nós por alguns meses ou anos, retornando em seguida aos seus países
de origem, o que dificulta enormemente a pesquisa mais pormenorizada sobre
seus currículos e roteiros de trabalho pelo Brasil. Podemos destacar (...) os
nomes de Biranyi & Kornis, Buvelot & Prat, Joseph Chauvin, Francisco
Napoleão Bautz, Guilherme Telfer, Evans, Cipriano, Hippolyte Lavenue,
Conrad Gerbig e Fredericks (VASQUEZ, 1985, p. 17)
Os dados mudam quando a fotografia se insere definitivamente no
contexto da modernidade no fim do século XIX. Não por acaso, somente quando o
período da daguerreotipia entra no seu fim que a fotografia parece crescer no Brasil.
A difusão do novo medium ganha velocidade com a industrialização e com o
desenvolvimento de novas técnicas e de novos procedimentos fotográficos.
A introdução de novos processos fotográficos gerados nos centros
industrializados e tornados populares através do sistema negativo/positivo e do
modismo internacional representado pela carta de visite, a clientela aumentaria
sensivelmente em número, o que daria ensejo a o aumento significativo de
estabelecimentos fotográficos” (KOSSOY, 2001, p. 145).
Esse desenvolvimento acabou gerando um abandono das técnicas mais
artesanais por grande parte dos fotógrafos.
Paulatinamente, o processo fotográfico sofre também os efeitos da
modernização, industrializando-se e anulando uma tradição artesanal que
vinha desde a metade do século XIX, no qual o próprio fotógrafo elaborava o
material. O desenvolvimento da indústria fotográfica com a simplificação dos
processos de reprodução, o aparecimento das câmeras portáteis de fácil
manuseio e a inauguração de lojas especializadas em material fotográfico
favoreceram também o surgimento de uma nova categoria de fotógrafos: a dos
“batedores de chapas” (...). É importante destacar a inexistência, até esse
momento, de preocupações de cunho estético-artístico na fotografia brasileira,
com exceção de algumas experiências resultantes do uso da fotografia por
pintores brasileiros do século XIX. A concepção artística da fotografia só ganha