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Universidade Estadual do Ceará
Departamento de Letras
Irin Christine Marie de Vasconcelos Varela
ATIVAÇÃO DO CONHECIMENTO PRÉVIO COMO
ELEMENTO FACILITADOR DA COMPREENSÃO DE
TEXTOS ORAIS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Fortaleza - Ceará
2006
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Irin Christine Marie de Vasconcelos Varela
ATIVAÇÃO DO CONHECIMENTO PRÉVIO COMO
ELEMENTO FACILITADOR DA COMPREENSÃO DE
TEXTOS ORAIS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado Acadêmico em Lingüística
Aplicada do Centro de Humanidades da
Universidade Estadual do Ceará para
obtenção do grau de Mestre em Lingüística
Aplicada. Área de concentração: Estudos em
Língua Estrangeira.
Orientadora: Pro Drª Stella Maria Miranda
Vieira
Fortaleza - Ceará
2006
2
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Universidade Estadual do Ceará
Curso de Mestrado Acadêmico em
Lingüística Aplicada
Título do trabalho: Ativação do Conhecimento Prévio como Elemento Facilitador
da Compreensão de Textos Orais em Língua Estrangeira
Autora: Irin Christine Marie de Vasconcelos Varela
Agência financiadora: FUNCAP
Defesa em: 30/08/06 Conceito obtido: Satisfatório
Nota obtida: 9,75
Banca examinadora
_______________________________
Profª. Drª. Stella Maria Miranda Vieira (Orientadora)
Universidade Estadual do Ceará
______________________________________
Profª. Drª. Vera Lúcia Santiago Araújo (Presidente)
Universidade estadual do Ceará
_______________________________
Profª. Drª. Abuêndia Padilha Pinto
Universidade Federal de Pernambuco
_______________________________
Prof. Dr. Wilson Júnior de Araújo Carvalho
Universidade Estadual do Ceará
3
Dedico esta dissertação a Deus,
meu Pai. Por ter estado presente em todos
os momentos. Por ter aberto caminhos,
oferecido clareza, insights, repouso e paz.
4
AGRADECIMENTO ESPECIAL
À minha mãe, Zulene Maria de
Vasconcelos Varela, pelo apoio, incentivo e
amor.
Ao meu pai, Carlos Sergio Varela
Christin (in memoriam) que partiu, mas
compartilha comigo mais uma vitória de
onde está.
Ao Marcelo, pela compreensão,
paciência e incentivo.
5
AGRADECIMENTOS
À professora doutora Stella Maria Miranda Vieira, doutora também na arte
da compreensão e tranqüilidade, pela orientação nesta pesquisa.
À professora doutora Antônia Dilamar Araújo, coordenadora do curso de
Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada, por sua prestimosa contribuição ao
longo do processo acadêmico.
Ao professor doutor Paulo César Almeida, pelo processo de assessoria
estatística, disponibilidade e compromisso.
À professora Sâmia Alves Carvalho, por ter atenciosamente
disponibilizado o campo para a coleta dos dados da pesquisa.
Aos professores Daniel Aguiar e Silva e Raimundo Mendes da Silva por
cederem suas turmas para a aplicação dos instrumentos da pesquisa.
À Maria do Carmo pelo auxílio prestado na secretaria do Curso.
Aos colegas Jean, Áurea, Valéria e Meg pela disponibilidade sempre que
deles precisei.
Aos colegas de turma pela amizade e carinho, proporcionando bem estar
durante o curso.
À FUNCAP que financiou esta pesquisa.
Aos participantes da coleta de dados piloto pela disponibilidade e amizade.
6
Aos professores doutores Wilson Júnior de Araújo Carvalho, Abuêndia
Padilha Pinto e Vera Lúcia Santiago Araújo por aceitarem compor a banca
examinadora desta dissertação.
À bibliotecária Leila, da Biblioteca Central da UECE, pela correção das
referências bibliográficas.
A todos os que, de alguma forma, contribuíram para a realização desta
pesquisa.
7
RESUMO
Esta pesquisa objetivou examinar o papel do conhecimento prévio na compreensão oral de
textos em língua estrangeira. Em se tratando da habilidade de compreensão oral, alunos de
língua estrangeira, freqüentemente, reclamam da dificuldade em compreender os
enunciados provenientes dos CDs que acompanham os livros-texto. Entretanto, usamos a
compreensão oral na maior parte de nossa comunicação diária. Esta é a principal habilidade
para a comunicação em sala de aula, no trabalho, em casa, nas nossas relações sociais de
um modo geral. Percebendo a lacuna em pesquisas a esse respeito, sobretudo no Brasil,
interessei-me por desenvolver meus estudos sobre a ativação do conhecimento prévio como
preparação para atividades de compreensão oral na sala de aula de inglês como língua
estrangeira. Para isso apoiei-me na Teoria de Esquemas de Bartlett. Minha hipótese inicial
era a de que a ativação do conhecimento prévio possibilitaria maior compreensão do texto
oral por parte dos ouvintes. A ativação do conhecimento prévio nesta pesquisa se deu por
meio de exercícios escritos de pré-escuta. Participaram da pesquisa 79 aprendizes
brasileiros de inglês, de nível intermediário, numa instituição pública de ensino de língua
inglesa na cidade de Fortaleza (Ceará Brasil). A média das idades dos participantes, na
maioria estudantes de graduação, era de 23 anos, numa faixa de 16 a 36. Para a coleta dos
dados, os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu atividades prévias à
escuta dos textos e o outro não. Estas atividades prévias consistiam em exercícios, por
escrito, relativos aos tópicos dos textos orais. Após a realização dos testes, os participantes
de ambos os grupos escreveram um relato comentando o que ajudou ou dificultou a
compreensão dos textos. Os resultados da investigação mostraram que a ativação do
conhecimento prévio por meio de atividades escritas de pré-escuta não causou diferença
significativa no desempenho dos dois grupos. No entanto, percebeu-se uma diferença
significativa nos resultados quanto à variável prática da compreensão oral semanal.
Palavras-chave: Conhecimento prévio, Compreensão oral, Ensino de língua estrangeira,
Memória, Atividades de pré-escuta.
8
ABSTRACT
The Activation of Prior Knowledge for Oral Comprehension in a
Foreign Language
The aim of this research was to examine the role of prior knowledge in listening
comprehension in a foreign language. Frequently, EFL students complain that they find it
difficult to understand oral texts when listening to CDs which accompany coursebooks.
However, we use listening comprehension for most of our daily communication. It is the main
ability for communication in the classroom, at work, at home and in our social relationships in
general. Although prior knowledge plays such crucial part in comprehension, it has not been
sufficiently taken into account by research in listening comprehension. As I noticed this lack,
I decided to investigate the activation of prior knowledge in the context of classroom listening
comprehension activities, with the theoretical support of Bartlett’s Schema Theory. The
hypothesis is that pre-listening activities (e.g. games, discussion, brainstorms, readings,
written exercises) can facilitate classroom listening practices due to the fact that they
activate students’ prior knowledge. The participants are 79 Brazilian EFL students, at
intermediate level in a language school in Fortaleza (Ceará Brazil). For the collection of
data, participants were divided into two groups. One group received pre-listening activities
whereas the other did not. At the end of the experiment, participants wrote a report on what
had facilitated listening comprehension or made it difficult. Results have showed that the
activation of prior knowledge did not cause any significant difference between the
performance of the two groups. However, when analysing participants’ frequency of listening
practice, the difference was significant.
Key-words: Prior Knowledge, listening comprehension, Foreign Language Teaching,
Memory, pre-listening activities.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ilustração de variáveis em seu contexto ............................................... 25
Figura 2 Modelo de memória dos três armazenamentos ................................... 35
Figura 3 Tipos de atividades de pré-escuta ........................................................ 58
Figura 4 Disposição dos participantes na coleta de dados ................................. 58
1
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Instrumentos e procedimentos utilizados na pesquisa ........................ 62
Tabela 2 Média de acertos para o teste A X Média de acertos para o teste B ... 65
Tabela 3 Percentual dos participantes do texto A que foram bem sucedidos .... 67
Tabela 4 Percentual dos participantes do texto B que foram bem sucedidos .... 68
Tabela 5 Média de acertos X ativação do conhecimento prévio para os textos
A ........................................................................................................... 69
Tabela 6 Média de acertos X ativação do conhecimento prévio para os textos
B ........................................................................................................... 69
Tabela 7 Prática de compreensão oral quatro vezes ou mais por semana X
média de acertos para os textos A ...................................................... 70
Tabela 8 Prática de compreensão oral de até três vezes por semana X média
de acertos pata os textos A ................................................................. 70
Tabela 9 Prática de compreensão oral quatro vezes ou mais por semana X
média de acertos pata os textos B ....................................................... 71
Tabela 10 Prática de compreensão oral de até três vezes por semana X média
de acertos pata os textos B ................................................................. 71
1
SUMÁRIO
1
Lista de figuras ................................................................................................................ 10
Lista de tabelas ............................................................................................................... 11
1. INTRODUÇÃO………………............................................................................. 14
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 17
2.1. Conhecimento prévio..................................................................................... 17
2.2. Teoria dos esquemas............................ ........................................................ 22
2.2.1. Conceituação ............................................................................................. 22
2.2.2. Função dos esquemas ............................................................................... 28
2.2.3. Ampliação e criação de esquemas ............................................................ 32
2.3. Alguns modelos mentais de memória.... ....................................................... 33
2.4.Processamento da informação pela audição: codificação,
armazenamento e recuperação ....................... ................................................... 39
2.5. A Atividade de pré-escuta...................... ....................................................... 43
3. METODOLOGIA ............................................................................................... 51
3.1. Seleção dos textos e testes .......................................................................... 51
3.2. Teste dos instrumentos ........................ ........................................................ 54
3.3. Tentativa de experiência ............................................................................... 55
3.4. Contatos administrativos........................ ....................................................... 56
3.5. Participantes da coleta .............................. ...................................................
57
3.6. Cenário da coleta .................................. ....................................................... 57
3.7. Critério de organização dos grupos...... ........................................................ 57
3.8. Procedimentos de coleta....................... ........................................................ 59
3.9. Procedimentos para a análise............... ........................................................ 60
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................... ...................................... 63
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..... ........................................................................ 73
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 76
7. ANEXOS ........................................................................................
82
8. APÊNDICE ....................................................................................................... 90
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
No ensino de língua estrangeira, procura-se desenvolver habilidades que
são categorizadas em habilidades receptivas (leitura e compreensão oral) e
habilidades produtivas (escrita e fala). As habilidades receptivas o as que
proporcionam input ao estudante para que ele possa produzir. Partindo desse
pressuposto, pode-se inferir que deficiências na aplicação de atividades receptivas
podem ocasionar uma produção pouco satisfatória.
As habilidades de compreensão oral e leitura necessitam de uma
atividade de ensino preparatória que ative o conhecimento prévio do aluno em
relação ao que ele irá escutar ou ler. Essas atividades podem ser realizadas em
forma de jogo, debate, tempestade de idéias, exercícios escritos, leitura entre outras.
Em se tratando da habilidade de compreensão oral, alunos de língua
estrangeira, freqüentemente, reclamam da dificuldade em compreender os
enunciados provenientes não apenas de filmes e músicas, como também dos CDs
que acompanham os livros-texto de cursos de idiomas.
Essa realidade torna-se preocupante quando professores negligenciam o
exercício da habilidade de compreensão oral. Para os professores que seguem à
risca as sugestões do livro didático, a atividade de pré-escuta
1
será feita se o livro
didático oferecer alguma. Caso o livro não apresente atividades de pré-escuta, o
professor que não costuma levar atividades extras para a sala de aula não aplicará
atividades de pré-escuta e a compreensão do aluno pode vir a ficar comprometida.
No caso de professores que elaboram seu próprio material didático a
situação se complica, pois eles mesmos terão que criar atividades de pré-escuta e
talvez nem todos o façam ou não o façam com didática apropriada.
1
Tradução minha para o termo inglês pre-listening, baseada no termo equivalente em leitura que é pré-leitura. As
traduções de citações desta dissertação são de minha responsabilidade.
1
Nos dias atuais, uma busca crescente por cursos de inglês com a
principal finalidade de aprender a comunicar-se oralmente. Os alunos parecem ter,
como principal meta, a habilidade de conversação. Segundo Goh (2003), a
compreensão oral corresponde a 50% da comunicação diária de uma pessoa. Esse
é o principal meio de comunicação em sala de aula, no trabalho, em casa, enfim, em
todas as nossas relações sociais. Muitas pessoas desejam desenvolver suas
habilidades em compreensão oral para poderem ser bem sucedidas na escola, em
suas carreiras profissionais e nas relações sociais em geral. Faz-se, então,
necessário investir no aperfeiçoamento da habilidade de compreensão oral.
Na vida diária, quando lemos, falamos, escrevemos ou escutamos,
ativamos o nosso conhecimento prévio de forma espontânea, sem termos
consciência do que estamos fazendo. Por exemplo, ao recebermos uma carta,
lemos, primeiramente, o que está escrito no envelope, tomamos conhecimento de
quem é o remetente e, a partir dessa informação, criamos expectativas e fazemos
predições sobre o conteúdo da carta antes de procedermos à leitura.
No ensino de línguas, o professor deve criar um estímulo artificial, a
exemplo do que fazemos naturalmente, para envolver o aluno na atividade de
estudo, visando obter resultado satisfatório. Esse estímulo artificial seria a ativação
do conhecimento prévio. A ativação do conhecimento prévio na compreensão oral
inclui etapas de preparação que podem contribuir para o desenvolvimento de uma
compreensão oral significativa.
muita pesquisa sobre a utilização do conhecimento prévio na área de
leitura, como a de Marcha Bensoussan (2004) que mostrou o efeito da ativação de
esquemas na compreensão leitora de estudantes de inglês como língua estrangeira,
ou as pesquisas de Anderson e de Bransford; mas não ocorre o mesmo no campo
de compreensão oral. O estado da arte, até onde tomei conhecimento, mostra três
pesquisas com textos orais. Temos a pesquisa de Tyler (2001), que verifica a
relação entre o conhecimento do tópico e a utilização da memória de trabalho na
compreensão de textos orais de nativos de língua inglesa comparada à
compreensão deo nativos falantes experientes de inglês como língua estrangeira
que moravam no país onde foi realizada a pesquisa, Austrália. A outra pesquisa,
1
feita por Hildyard & Olson (1982), realizada com nativos de língua inglesa, compara
texto escrito em inglês com texto oral em inglês, com o objetivo de saber se a
preservação do significado do texto ocorre de forma diferente na memória de leitores
e ouvintes.
Existe um diferencial nesta pesquisa em relação às duas citadas
anteriormente que é o fato desta ser realizada com aprendizes brasileiros de língua
inglesa, vivendo em seu próprio país.
No Brasil, a pesquisa que mais se aproxima desta é a dissertação de
mestrado de Tony Berber Sardinha, intitulada Conhecimento Prévio e Proficiência na
Compreensão de Telenotícias em Inglês como Língua Estrangeira. Entretanto, a
pesquisa de Sardinha inclui a imagem, não sendo exclusivamente em compreensão
oral.
Percebendo a lacuna em pesquisas sobre compreensão oral, interessei-
me por desenvolver meus estudos sobre a ativação do conhecimento prévio na
compreensão de textos orais em língua estrangeira. Dentre as atividades de ensino
para ativar o conhecimento prévio, optei por exercícios escritos. Apesar de as quatro
habilidades estarem integradas na prática, por questões metodológicas, este estudo
está restrito à habilidade de compreensão oral.
Esta pesquisa objetivou examinar o papel do conhecimento prévio na
compreensão oral. Para isso, examinei o desempenho de dois grupos de
participantes: os que tiveram seu conhecimento prévio ativado e os que não foram
induzidos a tal ativação.
O referencial teórico que embasou o estudo foi a Teoria de Esquemas de
Bartlett de 1932 e o modelo de memória de Atkinson & Shiffrin de 1968.
1
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
Inicio este capítulo explicando o que é conhecimento prévio na
conceituação construída por pesquisadores da área de Lingüística Aplicada. Pelo
fato de o conhecimento prévio estar organizado em esquemas, senti a necessidade
de explicar esse conceito desde sua origem. O conceito de esquemas está na seção
3.2. Como o esquema está intimamente relacionado à memória, dedico a seção 3.3
a alguns modelos mentais de memória seguido de explicações sobre codificação,
armazenamento e recuperação de informações aplicados à aprendizagem (3.4).
Finalmente, a seção 3.5 trata da atividade de pré-escuta na prática de ensino.
2.1. Conhecimento Prévio
Após pesquisa em bibliotecas virtuais, livrarias especializadas com livros
nacionais e estrangeiros e textos pertencentes a bibliotecas pessoais, cheguei à
conclusão de que poucas pesquisas sobre ativação do conhecimento prévio
realizadas na área de compreensão oral. O maior número de pesquisas abordando
esse tema encontra-se na área de leitura. Por isso, recorri a pesquisas tanto na área
de compreensão oral quanto de leitura. Considerando que ambas são habilidades
receptivas e, por isso, com alguns aspectos em comum, acredito que grande parte
do que foi pesquisado sobre conhecimento prévio em leitura poderia ser aplicado
a situações de compreensão oral. Como afirma Goodman (1988:20) “leitura e
compreensão oral são habilidades receptivas, logo não podem diferenciar-se a não
ser pelo uso e meio lingüístico”
2
.
Scott (1983:102) afirma que
O conhecimento prévio é o conhecimento que o leitor traz para o texto
antes de lê-lo. Abrange o “conhecimento do mundo” que todos possuímos
em grande quantidade [...] Este conhecimento pode variar muito de leitor
para leitor e provavelmente haverá correlação entre a nacionalidade do
leitor e áreas de conhecimento ou de ignorância, devido a diferenças em
tradições culturais.
2
“Reading and listening are both receptive language, so they cannot differ except in the linguistic medium and
use”.
1
Scott segue dizendo que o conhecimento prévio também abrange o
conhecimento sobre a língua e que a falta do acionamento dos dois tipos de
conhecimento prévio, o de mundo e o lingüístico, acarreta problemas de leitura “nas
entrelinhas”.
O conhecimento prévio ajuda a compreender o que está implícito nos
textos escritos ou orais, uma vez que estes não expressam tudo o que o
escritor/falante quer comunicar. Por uma questão de economia, alguns dados ficam
subentendidos e o leitor/ouvinte, graças ao seu conhecimento prévio, completa as
informações que faltam no discurso. É por isso que Goodman (1988), em seu
primeiro modelo de leitura, o qual, vale salientar, foi ampliado em 1994, diz que a
leitura é um jogo psicolingüístico de adivinhações, porque o leitor completa as
lacunas com suas inferências, à medida que tenta obter sentido a partir do texto.
Segundo Kozminsky & Kozminsky (2001:181),
O Conhecimento Prévio Geral, que envolve tudo o que os leitores já sabem
sobre eventos, idéias e objetos descritos para eles, influencia o significado
que eles constroem a partir do texto [...] O Conhecimento Geral é capaz de
acelerar a compreensão leitora....
3
Estudos mostram que o conhecimento prévio de determinado tópico
aumenta a quantidade de informação recordada sobre o mesmo tópico. Ou seja,
quanto mais conhecimento prévio se tem sobre determinado tópico, mais informação
sobre esse tópico poderá ser recuperada posteriormente pelo ouvinte/leitor
(Kozminsky & Kozminsky, op. cit.). Esses autores usam os termos conhecimento
prévio, conhecimento geral prévio e conhecimento geral como sinônimos.
Para Eskey (1986 apud Lin, 2002:172), o conhecimento prévio é crucial
para a leitura. Ele o categoriza em conhecimento de forma e de substância. O
conhecimento de forma é de natureza lingüística, incluindo “o reconhecimento dos
padrões de linguagem fonográficos, lexicais, sintático/semânticos e de retórica”. O
conhecimento de substância é de natureza pragmático-cultural e ao leitor uma
expectativa sobre a estrutura conceitual do texto. Para Rumelhart (1994 apud Lin,
3
“Prior General Knowledge, which encompasses whatever readers already know about events, ideas
or objects described to them, influences the meaning that they construct from the text […] General
Knowledge is likely to expedite reading comprehension …”
1
2002) o conhecimento de forma inclui o conhecimento lexical, ortográfico, silábico e
semântico. Bernhardt (1991 apud Lin, 2002) fala em dois tipos de conhecimento, o
conhecimento específico de domínio (domain-specific knowledge) e o conhecimento
específico de cultura (culture-specific knowledge), cuja combinação coincide com o
conceito de Eskey sobre conhecimento de substância.
Lin (2002) sintetizou as análises de conhecimento prévio de Eskey,
Rumelhart e Bernhardt e o categorizou em conhecimento lingüístico, sócio-cultural e
conceitual. O conhecimento lingüístico é o conhecimento referente a um idioma. O
conhecimento cio-cultural é mais próximo da realidade sócio-cultural do leitor. O
conhecimento conceitual é o conhecimento de mundo mais amplo. Lin frisa que a
diferença entre conhecimento sócio-cultural e conceitual é muito sutil e de difícil
delimitação. Nem sempre se pode definir quando um conhecimento deixa de ser
conceitual e passa a ser sócio-cultural.
Kleiman (1995), ao falar do conhecimento prévio, refere-se ao
conhecimento textual, lingüístico e de mundo que cada ser humano constrói e
acumula ao longo da existência.
O conhecimento textual em Kleiman permite-nos identificar o tipo de texto.
Um texto pode ser do tipo expositivo, narrativo ou descritivo. Os elementos
lingüísticos nos dão pistas para fazer tal categorização.
Um texto narrativo, por exemplo, para expressar a relação causa/efeito e a
passagem de tempo, utiliza verbos no passado e expressões como era uma vez, até
que um dia, depois disso, por isso, até que, finalmente, então, entre outras. Cada
tipo de texto conta com uma organização adequada. Em um texto dissertativo, o
tópico frasal geralmente está no início de cada parágrafo e deve conter sua idéia
central. Neste tipo de texto, o mais importante é a idéia, sendo o tempo uma variável
irrelevante. O autor tem uma tese e procura fundamentá-la com evidências,
comparações, exemplos etc. Para isso, ele vai utilizar-se de elementos lingüísticos
apropriados. O texto descritivo tem um efeito de listagem e de qualificação do objeto
tematizado. Usam-se principalmente as formas verbais presente e pretérito
imperfeito. É um texto atemporal com intensa incidência de adjetivos.
1
O conhecimento lingüístico em Kleiman (op. cit.) é aquele que se tem do
idioma no qual o texto está escrito. Inclui também o conhecimento de conceitos e a
identificação das funções gramaticais contidas no texto. Por exemplo, sabemos que
a seqüência: eu vi o menino no jardim, está correta em português e que esta outra:
jardim o eu menino vi no - está incorreta (Shortal, 1996). O conhecimento lingüístico
desempenha um papel central no processamento do texto. É esse conhecimento
que nos permite segmentar um texto quando o lemos. Durante a leitura não
captamos palavra por palavra, de forma solta, tampouco o texto por inteiro, de uma
vez só. Agrupamos as palavras em unidades ou segmentos maiores para facilitar a
compreensão. Fazemos essa segmentação com base no conhecimento gramatical
dos constituintes da frase. É este tipo de conhecimento que determina que o artigo
precede o substantivo e que adjetivos vêm depois etc. Essa divisão ocorre
naturalmente e nos ajuda a localizar o sujeito e o predicado da frase, promovendo a
compreensão. É assim que a informação é codificada pela memória de curto prazo.
Por exemplo, podemos segmentar eu vi / o menino / no jardim; mas não faz sentido
segmentar eu vi o / menino no / jardim. Serão dadas mais explicações sobre
segmentação, no item 3.4.
Outro fator importante para a boa compreensão leitora e oral é o
conhecimento de mundo, também chamado enciclopédico. Este é fruto de todo o
aprendizado que construímos, a partir do momento em que nascemos, pela
observação e experiência pessoal. Inclui-se também nessa experiência o
aprendizado pelas leituras e pelo estudo - o chamado aprendizado formal.
Para Koch (2002), o conhecimento de mundo é necessário para que se
estabeleça o sentido de um texto. Ela fala em mundo textual, que é o resultado da
mediação dos interesses de quem produz o texto e de quem o interpreta. Segundo
Koch, a representação do mundo pelo texto nunca coincide exatamente com o
“mundo real”, porque essa mediação. É preciso que haja certo grau de
similaridade entre o conhecimento de mundo do falante/escritor e de seu interlocutor
para que o texto seja considerado coerente. É o que se chama conhecimento
partilhado.
2
Com base em pesquisa realizada com falantes de inglês como língua
estrangeira vivendo e trabalhando na Austrália cerca de 10 a 20 anos, usando
textos cujos tópicos relacionavam-se a seu cotidiano, Tyler (2001) afirma que o
conhecimento do tópico facilita a compreensão de textos orais em situações
cotidianas. Referir-se ao tópico é uma forma de se ativar o conhecimento prévio.
Seus resultados mostraram que entre os falantes nativos, quase não havia diferença
se o tópico era fornecido ou não, mas entre os não-nativos isto fazia grande
diferença.
Nesta pesquisa, optei por categorizar o conhecimento prévio apoiando-me
em Scott (1983), Eskey (1986 apud Lin, 2002), Meyer (1984 apud Lin, 2002) e Roller
(1990 apud Lin, 2002). Para Scott (op. cit.) o conhecimento de mundo envolve todo o
conhecimento formal ou informal adquirido por uma pessoa ao longo de sua vida, e
que está organizado na nossa mente em esquemas. Assim como o conhecimento de
forma de Eskey (op. cit.), o conhecimento lingüístico ao qual me refiro vai desde o
nível fonográfico até o retórico
4
, mas inclui a forma textual de acordo com o
pensamento de Meyer (op. cit.) e de Roller (op. cit.). Meyer diz que a estrutura
textual realiza-se por meio de dispositivos lingüísticos, tais como o tópico frasal, por
exemplo. Roller acrescenta que tais dispositivos podem tomar a forma de palavras
indicadoras de relações seqüenciais, causais ou concessivas.
Usarei o termo conhecimento prévio para referir-me ao conhecimento de
mundo e ao conhecimento lingüístico.
Na presente pesquisa, o conhecimento prévio se ativado por meio de
exercícios escritos, que é outra maneira de ativá-lo. Os exercícios escritos também
podem fornecer informação nova, que poderá ser resgatada durante a audição do
texto pela memória de trabalho ou memória de curto termo. Detalhes sobre memória
serão explanados nos itens 3.3 e 3.4.
Diferentemente da pesquisa de Tyler (op. cit.), os participantes desta
pesquisa não vivem no país da língua alvo, não compartilhando completamente seu
4
O estudo da retórica em universidades focaliza como alguém se expressa correta e efetivamente em
relação ao tópico do discurso escrito ou oral, ao público e ao propósito. (Richards, Platt & Weber,
1985).
2
conhecimento prévio com os nativos de língua inglesa. O conhecimento de mundo
de pessoas que vivem em países diferentes pode variar bastante (cf Scott,
1983:102). As situações dos textos utilizados nesta pesquisa podem ou não fazer
parte do cotidiano dos participantes, que são estudantes brasileiros de inglês como
língua estrangeira em nível intermediário.
2.2. Teoria dos Esquemas
2.2.1. Conceituação
Como foi explanado no item anterior, o conhecimento prévio abrange o
conhecimento lingüístico e o conhecimento de mundo. O conhecimento de mundo
está organizado em estruturas chamadas esquemas.
A teoria dos esquemas estuda o conhecimento, como este é representado
e como é utilizado. Os esquemas são a organização do conhecimento de mundo em
blocos armazenados na nossa memória. Esse conhecimento pode envolver
conceitos sobre eventos, pessoas, objetos, elementos lingüísticos dentre outros, ou
seja, aspectos de natureza concreta ou abstrata.
Koch (2002:63) afirma que
... o conhecimento de mundo se estabelece e se armazena na memória
não isoladamente, mas que se organiza e representa na mente em
conjunto, em blocos, como unidades completas de conhecimento
estereotípico, chamadas de conceitos e modelos cognitivos globais
5
...
Koch (op.cit.) categoriza esses modelos cognitivos globais, inspirada por
Beaugrande e Dressler (1981), em frames, esquemas, planos e scripts. Acrescenta
ainda a categorização em cenário.
Frames são modelos globais de conhecimento do senso comum. Podem
servir como ilustração, o conceito de Natal, passeio de carro etc., sem que seja
estabelecida uma ordem cronológica.
5
Modelos cognitivos globais são ... “blocos completos de conhecimentos relativos a conceitos
intensamente utilizados na interação humana. São estruturas cognitivas que organizam nosso
conhecimento convencional de mundo em conjuntos bem interligados (Garrafa, 1987 apud Koch,
2002:63).
2
Esquemas diferenciam-se dos frames por incluir o fator cronológico,
permitindo que sejam feitas predições. Ex: comer em restaurante, por um carro em
movimento, fazer compras em supermercado etc.
Planos diferenciam-se dos esquemas por conduzirem a um fim planejado.
Ex: instruções de montagem de móveis.
Scripts diferenciam-se dos planos por apresentarem uma rotina
preestabelecida, incluindo a linguagem. Ex: certas partes de uma sessão de júri,
ritual religioso (batizado, missa) etc.
Cenário é todo o ambiente e a situação envolvidos em um texto.
uma flutuação terminológica dentre os pesquisadores quanto a essas
definições. Neste trabalho, utilizo os conceitos de frames, esquemas e cenários,
denominando todos esquemas. Não falo em planos nem em scripts.
O termo esquema remonta a Kant (apud Rumelhart, 1980:33) que o define
como
Qualquer uma de certas formas das regras da ‘imaginação produtiva’ por
meio da qual a compreensão é capaz de aplicar suas ‘categorias’ às várias
formas da percepção sensorial no processo de realização do conhecimento
ou experiência.
6
Bartlett, psicólogo inglês que investigava a percepção e a evocação, usou,
em 1932, o termo esquema, pela primeira vez, na psicologia, atribuindo seu uso a
Head (Rumelhart, 1980). Apesar de ter cunhado o termo, ele afirma que esse não é
o termo ideal, a palavra estrutura seria melhor, mas devido à amplitude de emprego
desta, não a adotou (Leffa, 1996).
Para Bartlett, o termo esquema refere-se a “uma organização ativa de
reações passadas ou de experiências passadas.
7
”. (1932 apud Anderson & Pearson,
1990:39).
6
“Anyone of certain forms of rules of the ‘productive imagination’ through which the understanding is able to apply
its ‘categories’ to the manifold of sense-perception in the process of realizing knowledge or experience”
7
“ … an active organization of past reactions, or past experience.”
2
Carrell & Eisterhold (1990:76) mencionam que “o papel do conhecimento
prévio na compreensão de línguas tem sido formalizado como teoria dos
esquemas
8
. Acrescentam que os esquemas são estruturas do conhecimento
previamente adquirido.
Para Sternberg (2000:185), esquemas são
[...] estruturas mentais para representar o conhecimento, abrangendo uma
série de conceitos inter-relacionados em uma organização
significativa.”.Conceito é “a unidade fundamental do conhecimento
simbólico [...] uma idéia sobre alguma coisa.
Anderson & Pearson (1990:37): definiram esquemas como sendo “...o
conhecimento já armazenado na memória”
9
.”
Anderson (1994:469) afirma que “o esquema de um leitor, ou
conhecimento de mundo organizado, fornece grande parte das bases para
compreender, aprender e lembrar as idéias em histórias e textos.”
10
.
Meurer (1991:167) diz que esquemas são “padrões que representam as
maneiras como a experiência e o conhecimento são organizados na mente”
11
.” Para
Meurer, a compreensão depende da interação entre o que está escrito e da ativação
voluntária e automática do esquema na mente do leitor.
Em meio a tantas definições todos esses autores concordam que
esquemas são a organização mental do que percebemos sensorialmente a fim de
serem resgatados, no futuro, para auxiliar a compreensão de novas informações,
num processo ativo.
Esquemas são modelos criados por nós para interpretarmos o mundo.
Podem envolver pessoas, ações, eventos e objetos. O esquema deve ser flexível
para aceitar variáveis, pois elas não alteram a essência da informação. O esquema
8
“The role of background knowledge in language comprehension has been formalized as schema
theory.”
9
…how the reader’s schemata, or knowledge already stored in memory, function…”
10
“...a reader’s schema, or organized knowledge of the world, provides much of the bases for
comprehending, learning, and remembering the ideas in stories and texts.”
11
...patterns which represent the way experience and knowledge are organized in mind.”
2
é como um esqueleto a partir do qual as situações com que nos deparamos são
interpretadas. É uma armação que serve de base para nossas recuperações. Veja o
exemplo de um esquema de transação comercial na figura 1, a seguir:
Figura 1 – Ilustração de variáveis em seu contexto.
12
No esquema transação comercial esquematizado na figura 1, temos, no
mínimo, um comprador, um vendedor, uma mercadoria e a moeda. Numa transação
comercial, algumas características do comprador e do vendedor podem variar nos
12
Esquema criado por mim para ilustrar as variáveis de um esquema.
Comprador
Moeda
Mercadoria
Vendedor
Gordo
alto
Simpático
Homem
baixa
MulherMagra
Serena
Pesada
Cheque
Cartão de
Crédito
Nota Promissória
grande
Moderna
Azul
Ser animado
Espécie Objeto
Ser animado
2
quesitos gênero, altura, peso, faixa etária, humor, nacionalidade, status etc., por isso
são chamadas de variáveis. Porém o comprador e o vendedor normalmente o
seres humanos e, no contexto de transação comercial, tais variáveis dificilmente
mudarão. São o que eu chamaria de variáveis restritas. No caso da mercadoria, esta
apresenta variáveis, tais como seu valor, tamanho, modelo, qualidade, cor, ser de
natureza animada ou inanimada etc. Mesmo com tantas variáveis a correspondência
entre o valor da mercadoria e o poder de compra da moeda continua equivalente.
Essa é outra variável que dificilmente mudará, ou seja, é uma variável restrita.
Essa restrição das variáveis nos ajuda a associar os rios aspectos da
situação com as variáveis do esquema e a criar inferências. Mesmo que não
vejamos a moeda utilizada, por exemplo, sabemos que ela existe e que seu valor
deve corresponder ao valor da mercadoria.
Os esquemas possibilitam que façamos inferências, preenchendo as
lacunas naturais do texto. Permitem uma economia de explicações na comunicação,
que não se faz necessário falar sobre o óbvio, deixando espaço para o que é
diferente e inesperado (Kleiman, 1995; Collins and Quillian apud Anderson, 1990).
Ao narrarmos uma história, não nos referimos a aspectos que fazem parte de
esquemas conhecidos pelos interlocutores. Contamos o que ocorreu de diferente.
Leia, abaixo, o trecho de uma fábula que servirá de exemplo:
“Perseguido pelos caçadores, um pobre veadinho escondeu-se bem
quietinho dentro da cerrada moita. O abrigo era tão seguro que nem os
cães o viram” (Kleiman, 1995:24).
A fábula é sobre um veadinho que está fugindo de caçadores. As variáveis
são os caçadores, os cães, o veadinho e a moita. Observe que a autora utiliza
artigos definidos para as variáveis, mesmo quando elas surgem pela primeira vez no
texto. Isso ocorre porque embora estas variáveis não tenham sido citadas
anteriormente, o esquema de caça na floresta havia sido ativado, permitindo que
as variáveis fossem referidas como se houvesse uma referência anterior
(Marcuschi, 1983).
Veja que não foi preciso explicar porque o veadinho está fugindo dos
caçadores. Graças aos nossos esquemas podemos inferir o que não está explícito
na história. Sabemos que caçadores são pessoas, geralmente do sexo masculino,
2
que buscam animais na floresta carregando rifles a fim de matá-los. Sabemos
também que os animais ao perceberem o perigo, graças aos seus instintos (animais
são dotados de instintos), fogem para sobreviver, pois os rifles dos caçadores
possuem balas que perfuram o corpo, causando a morte. Moita é um grupo espesso
de plantas que, por ser denso, impede a visão.
Se todo texto tivesse que trazer todas essas explicações, teria proporções
gigantescas e desviaria o leitor do eixo da mensagem. São explicações
dispensáveis, pois fazem parte do conhecimento de mundo, armazenado na
memória de longo prazo do leitor (detalhes sobre a memória de longo prazo serão
comentados no item 3.3).
Os esquemas formam uma rede semelhante a uma árvore. A ativação de
um esquema pode chamar um sub-esquema e mais outro porque eles estão
interligados. Por exemplo, para pessoas que vivem em países de clima temperado,
toda palmeira é a mesma coisa e recebem o mesmo nome: palmeira. Mas, para um
brasileiro que vive no Ceará, por exemplo, diferença entre um coqueiro, uma
palmeira, uma palmeira real e uma carnaubeira. As quatro espécies são sub-
esquemas de palmeira. Na verdade, da família das plantas palmáceas, são
conhecidas quatro mil espécies. Tomemos agora o coqueiro como termo
fundamental. Para um industrial de sabão, por exemplo, o coqueiro pode abrir vários
sub-esquemas como o babaçu, o aricuri e o murumuru, para citar alguns.
Coqueiro é o termo genérico para as palmeiras que dão fruto comestível e de uso
industrial. Sendo produtores de gordura e óleo, seus frutos são utilizados na
fabricação de sabão (Barsa). O termo fundamental plantas palmáceas, passa a ser
sub-esquema quando se fala em plantas tropicais que é sub-esquema de flora.
Rumelhart (1980) diz que existem duas fontes básicas de ativação de
esquemas para achar uma configuração adequada: processamento
conceitualmente orientado, que corresponde ao processo descendente ou top-
down process, e processamento orientado pelos dados, que podemos chamar de
processo ascendente ou bottom-up process. O primeiro implica a ativação de sub-
esquemas que podem ativar outros sub-esquemas de níveis mais baixos até chegar
a um limite, ativação esta proveniente de expectativas de que estes sub-esquemas
2
irão explicar parte da informação dada (input), como ocorre na fábula do veadinho
citada pouco. O segundo é o processo reverso. Enquanto o processamento
conceitualmente orientado vai do todo para a parte, o processamento orientado
pelos dados vai da parte para o todo. A ativação que vai em ambas a direções é
chamada processamento orientado pelo esquema, o que corresponde ao que
conhecemos como processo interativo. Nesse processo, a ocorrência de algum
evento no sistema sensorial ativa um sub-esquema que pode ativar outro esquema
de nível mais alto. Este pode ativar um sub-esquema que ativará outro esquema de
nível alto. Se esta busca estiver no caminho certo, esse esquema ativará esquemas
ainda mais altos que ativarão seus sub-esquemas. Estes esquemas não são
escolhidos aleatoriamente; são escolhidos os esquemas mais prováveis para a
ocasião. Como exemplo dessas fontes básicas de ativação de esquemas, veja o
exemplo das plantas palmáceas, citado anteriormente, o qual mostra que para
encontrarmos uma configuração adequada estamos freqüentemente ativando sub-
esquemas e/ou esquemas de nível mais alto.
Em síntese, os esquemas são a organização do conhecimento de mundo
na nossa memória. Não memorizamos os fatos e objetos (variáveis) de forma solta.
Memorizamos essas variáveis em blocos (esquemas), cujo critério de categorização
é o aspecto semântico. Essas variáveis não estão presas; elas podem circular entre
os blocos. Por exemplo, no esquema circo, estão relacionadas música, animais
selvagens, palhaço, crianças etc., porém no esquema festa de aniversário infantil
estão relacionados crianças, música, pode haver palhaço, mas não animais
selvagens. No esquema escola se encontra criança, mas não se encontra palhaço
nem animais selvagens. Como se pode perceber a variável criança circula pelos três
blocos: circo, festa de aniversário infantil e escola.
2.2.2. Função dos Esquemas
Os esquemas são os elementos fundamentais ao processamento da
informação. No campo lingüístico, esquemas são como dispositivos para os quais
dada uma seqüência de mbolos, podem determinar se tal seqüência é válida de
acordo com as normas gramaticais (Rumelhart, 1980).
2
Para citar um exemplo com leitura, uso como ilustração, um experimento
aplicado por Kleiman (1995), usando a técnica de protocolo verbal, que mostra a
dificuldade de compreensão de um texto quando um leitor se mantém fixo a um
esquema inconsistente. O texto, intitulado “vacas”, falava sobre vacas comuns na
forma de paródia de um texto da área de engenharia mecânica, utilizando uma
linguagem metafórica, referindo-se às vacas como máquinas. Um participante, leitor,
que anteriormente havia assistido a um programa de TV sobre vacas mecânicas
achou que o autor estava comparando as vacas naturais com as mecânicas, mas,
ao final da leitura, após reler e fazer muitas pausas, relatouo ter compreendido o
texto. Isso ocorreu por que ele o conseguiu abandonar o esquema anterior de
vacas mecânicas.
Os esquemas ajudam também na recuperação de informação. Se
queremos nos lembrar do que comemos na manhã do dia anterior, fazemos uma
revisão do tipo de alimento servido em cafés da manhã e, por eliminação, vamos
nos lembrando do que comemos (Anderson, 1994).
Quando queremos nos lembrar de algo, graças aos nossos esquemas,
não vagamos pela memória até encontrarmos o que queremos. A busca de
informações é um processo ativo e ordenado e ocorre com a ajuda de nossos
esquemas, que representam o layout de nossa memória. Rumelhart (1980) criou
uma metáfora para entendermos o processo da recuperação de informações.
Quando queremos um número de telefone, sabemos que o número deve estar na
agenda de telefones. Primeiro, pensamos no layout de nossa casa. Vamos à direção
da sala onde a agenda está. Ao acharmos a agenda, precisamos do nosso
conhecimento prévio sobre a organização da estrutura da agenda em letras na
ordem alfabética para encontrarmos o número que queremos. Abrimos a agenda,
usamos nosso conhecimento prévio para decodificarmos os símbolos na página e,
então discamos o número.
Rumelhart segue dizendo que nós nos lembramos das interpretações que
damos aos eventos ou textos lidos bem mais do que dos textos ou eventos em si.
Os esquemas são mecanismos nos quais as interpretações iniciais são formadas,
2
assim eles determinam a forma dos fragmentos memoriais. Eles são usados para
reinterpretar a informação armazenada a fim de reconstruir a interpretação original.
Um experimento realizado por Spiro (1977 apud Rumelhart, 1980)
consistia na leitura de uma narrativa dita verossímil. Após a leitura, foi entregue uma
informação adicional a dois grupos. O primeiro grupo recebeu uma informação
adicional consistente com a história lida. O segundo grupo recebeu uma informação
adicional inconsistente com a história. Como resultado, os participantes do segundo
grupo distorceram a história para que ela ficasse coerente com a informação
adicional. Esses participantes, a fim de darem coerência à história, recorreram a
seus esquemas, ou seja, ao conhecimento genérico de situações similares. Spiro
concluiu que quanto maior a distância temporal entre a leitura do texto e a
recuperação, menor a quantidade de fragmentos disponível na memória, isto é, a
probabilidade de distorção aumenta.
No processo de compreensão, o esquema atua na construção da
interpretação de um evento ou objeto. Essa interpretação é pessoal, por isso o
esquema é particular. Esse esquema forma um modelo para interpretar aspectos do
mundo. Nesse processo, se um esquema que parecia ser adequado falha na
explicação de algum aspecto da situação, podemos rejeitá-lo e buscar um outro
esquema.
Quando suficiente evidência contra um esquema, é porque ele é
inadequado. O curso da busca é, então, modificado até que sejam encontradas
evidências suficientes a favor de um outro esquema. Se a interpretação que ele
oferece para o input é consistente, então este esquema é tido como adequado.
Considere o texto a seguir como um exemplo de busca pelo esquema
adequado:
Restauração
13
Laura olhava fixamente para a porta que dava acesso ao corredor.
Furtivamente olhava para o outro lado com um olhar tímido e assustado.
Voltava a olhar a porta. Tinha vontade de sair correndo, mas não podia
13
Texto criado por mim e testado com dois leitores para ilustrar o processo de busca por um esquema adequado.
3
deixar as crianças. O que seu esposo diria? Essa sensação a perseguia
desde a infância e nunca havia sido superada. Suportou, calada, dores
intensas por causa disso. Desde a primeira vez que seus pais a levaram a
um consultório dentário, alimentava esse pânico de dentista. E agora, ela
tinha que levar seus próprios filhos para restaurarem os dentes. Como se
metera nessa situação?
Pelo título, pode-se inicialmente, imaginar que se trata da restauração de
algum objeto ou, num nível espiritual, da própria qualidade de vida. Ao iniciar a
leitura, uma provável explicação seria a de que Laura, que pode ser adulta ou
criança, pode estar num hospital psiquiátrico, procurando um jeito de escapar. Neste
momento, esquemas de hospitais, psicóticos, fuga, agressão, entre outros seriam
acionados. Nas sentenças “... não podia deixar as crianças. O que seu esposo
diria?” Os primeiros esquemas são descartados e novos são ativados. Laura,
provavelmente é uma mulher casada e com filhos. Talvez esteja em sua casa, com
medo. Esquemas de vida matrimonial e de diversos tipos de medo são acionados.
Ela tem um trauma, talvez de algo censurável. Até que o leitor compreende que
Laura está num consultório dentário e que tem medo de ir ao dentista. O título
refere-se à restauração de dentes.
Na compreensão, ocorre o processo de encontrar uma configuração de
esquemas. Como na história Restauração, as pistas que surgem vão sugerindo
possíveis interpretações, até que uma interpretação consistente seja encontrada.
Rumelhart (1980) aponta três razões para que o processo de compreensão falhe:
A primeira ocorre quando o leitor não tem esquemas apropriados para
estabelecer uma configuração. Por exemplo, na frase “Jane decidiu não usar seu
conjunto de colar, brincos e cinto de prata porque estava indo ao aeroporto
(Bransford, 1994)
14
.” Quem já tem esquemas de viagem de avião pode entender que
Jane evitou usar metais devido ao detector de metais pelo qual as pessoas que vão
embarcar passam. Isso poderia atrasá-la. Quem não tiver esse esquema, não
entenderá o texto e dará uma interpretação diferente da que o autor pretendia.
14
“Jane decided not to wear her matching silver necklace, earrings, and belt because she was going to
the airport.”
3
Poder-se-ia pensar que, por serem aeroportos ambientes de multidão,
Jane temeria ser roubada. É a segunda razão pela qual o processo de compreensão
pode vir a falhar: o leitor encontra uma interpretação consistente, entretanto
divergente da pretendida pelo autor.
Na terceira, apesar de o leitor ter esquemas apropriados, as pistas do
texto são insuficientes para sugeri-los. Com o acréscimo de mais pistas, o texto
poderá ser compreendido. Como ilustração, leia abaixo o trecho de um texto de
Bransford & Johnson in Rumelhart, 1980.
O procedimento é realmente muito simples. Primeiro, você organiza os
objetos em grupos diferentes. Naturalmente, uma pilha será suficiente,
dependendo de quantopara ser feito. Se você tiver que ir a algum lugar
devido à falta de utensílios, este é o passo seguinte, caso contrário, você já
está pronto para começar. É importante não exagerar na quantidade. Ou
seja, é melhor trabalhar com menos objetos do que com objetos demais de
cada vez...
15
Se antes da leitura, soubermos que o título do texto é Lavagem de
Roupas, temos a pista necessária para compreendermos o texto.
2.2.3. Ampliação e Criação de Esquemas
Após tudo o que foi dito sobre esquemas, resta saber como o professor
pode ajudar seus alunos a criarem e desenvolverem seus esquemas.
A forma mais simples e básica de fazer com que um aluno adquira novos
esquemas necessários à compreensão de um determinado texto é fornecer-lhe a
informação necessária. No caso do texto em que Jane vai viajar de avião, por
exemplo (ver exemplo na página anterior), o professor poderia, antes de
disponibilizar o texto para leitura, conversar com os alunos sobre viagens aéreas,
detalhes dos aeroportos como detectores de metal e os motivos para sua utilização.
15
The procedure is actually quite simple. First you arrange things into different groups. Of course, one
pile may be sufficient depending on how much there is to do. If you have to go somewhere else due to
lack of facilities, that is the next step, otherwise you are pretty well set. It is important not to overdo
things. That is, it is better to do too few things at once than too many
3
Se o professor apenas explicar que nos aeroportos detectores de metal, uma
criança que não tenha esquemas de detectores de metal poderá pensar que nos
aeroportos existem lojas que vendem detectores de metal, por exemplo. É preciso
explicar que alguém com uma arma pode tentar forçar o piloto a mudar sua rota, ou
alguém pode estar contrabandeando armas, por exemplo. A quantidade de
informação necessária vai depender do que o aluno já sabe. Desta forma, ao ler a
seguinte sentença: “o técnico de detectores de metal recebeu um telefonema e
dirigiu-se ao aeroporto”, o leitor terá a possibilidade de interpretar que o técnico irá
consertar uma máquina, e não buscar alguém no aeroporto ou viajar (Bransford,
1994).
Esse tipo de estratégia ao professor a certeza de que o aluno dispõe
dos esquemas necessários para a compreensão do texto. Vale lembrar que um
aluno pode não acertar as respostas das questões relativas a um texto dado por ter
ativado esquemas inapropriados e não por fatores lingüísticos.
A meta desta instrução, mais do que simplesmente ativar um esquema
que existe, é fazer com que o aluno crie um novo esquema ou desenvolva um
esquema mais sofisticado. O aluno deve saber o porquê de certas afirmações,
estabelecer relações entre as asserções para que a compreensão ocorra e ele
possa recuperar a informação posteriormente. Quando ele se deparar com uma
situação semelhante, criará redes para entender outras situações. Ou seja, é
necessário entender a razão dos fatos para que se desenvolvam estruturas de
conhecimento que ajudarão o aluno a lidar com novas situações (Bransford, 1994).
No próximo item serão apresentados alguns modelos mentais de memória
e os processos de codificação, armazenamento e recuperação da informação.
2.3. Alguns Modelos Mentais de Memória
No item anterior mencionei que o nosso conhecimento de mundo está
organizado em esquemas, armazenado na nossa memória de longo prazo. E o que
é a memória de longo prazo? Qual a importância dela para compreendermos um
texto oral em língua estrangeira?
3
Alguns pesquisadores criaram modelos mentais para que possamos
entender como funciona a memória. O modelo de Atkinson & Shiffrin (1968 apud
Sternberg, 2000) especifica três tipos de armazenamento: sensorial, de curto prazo
e de longo prazo (figura 2). Respectivamente a esses três armazenamentos,
correspondem a memória sensorial, memória de curto prazo (também chamada
memória de curto termo) e memória de longo prazo (também chamada memória de
longo termo).
Temos pouco ou nenhum acesso introspectivo à nossa memória sensorial
(Sternberg, 2000) a não ser que fiquemos atentos a ela, como ocorre em situação
laboratorial. A primeira etapa do processo de codificação é a captação de estímulos
pela memória sensorial. A memória sensorial consiste, metaforicamente, de vários
depósitos, um para cada órgão dos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. A
memória icônica, relativa à visão, seguida da memória ecônica, relativa à audição,
têm sido as mais estudadas.
A função da memória sensorial é prolongar a sensação física causada
pelo estímulo, como se fosse um eco da informação captada, a fim de que o cérebro
possa processá-la e analisá-la. A análise desse estímulo ocorrerá se ele for
importante para a tarefa que precisamos realizar no momento em questão, caso
contrário, o estímulo será esquecido. É um processo nem sempre consciente e dura
pouquíssimo tempo. Por exemplo, a memória icônica prolonga a imagem visual
captada pela fixação durante o movimento sacádico (Sabbatini, 2003; Escobedo,
2000; Orozco, 2004; Gerard, [s/d]). O movimento sacádico é o movimento feito pelos
olhos entre uma fixação e outra. Quando lemos, não olhamos para todas as
palavras, o olho salta (movimento sacádico), parando em algumas palavras (fixação)
e o resto do texto é inferido. Esse processo é semelhante ao que acontece com os
textos que escutamos, no que se refere às lacunas que preenchemos, inferindo boa
parte do texto oral. Detalhes sobre o processamento auditivo encontram-se no item
2.4.
3
Figura 2 – Modelo de memória dos três armazenamentos.
A memória de curto prazo retém a informação por alguns segundos ou
minutos. Segundo Boruchovitch (1999), sem um esforço ativo da pessoa, a memória
de curto prazo guarda a informação por um período muito curto, cerca de 30
segundos. Esse armazenamento exerce controle sobre o destino da informação, ou
seja, seu apagamento ou transferência para a memória de longo prazo, de acordo
com a necessidade pessoal para determinada ocasião. Tal controle pode ser
automático ou voluntário (Dembo, 1988 apud Boruchovitch, 1999). Uma tarefa
executada conscientemente pode se tornar automática. Basta para isso, que se
pratique uma tarefa repetidas vezes a que ela possa ser realizada com o mínimo
de consciência, ou seja, que ela possa ser automatizada. Pode-se observar essa
automatização ao compararmos leitores experientes com leitores iniciantes. Os
primeiros têm a capacidade de decodificar palavras automaticamente e, por isso,
possuem mais espaço na memória para entender o que estão lendo. O caminho
inverso também pode ser feito. Processos automatizados podem se tornar
conscientes. São os chamados processos metacognitivos, os quais são utilizados
para controlar o próprio pensamento (Dembo, 1988; 1994 apud Boruchovitch, op.
cit.).
Miller (1956 apud Sternberg, 2000) mostrou que a memória de curto prazo
pode armazenar cerca de sete itens significativos mais ou menos dois, ou seja, entre
cinco e nove itens significativos, também chamados unidades significativas ou fatias
(Fulgêncio & Liberato, 1992; Silva, 2001). Entende-se por itens significativos uma
letra, um número, um fonema, uma palavra, uma expressão, uma fórmula
matemática etc. A Memória de Curta Duração tem condições de guardar mais
informação, quando esta é organizada em unidades maiores, devido ao fato de a
3
Memória de
Curto Prazo
Armazenamentos
Sensoriais
Input
Ambiental
Memória de
Longo Prazo
organização reduzir a carga da memória. As estratégias de ensaio (repetir ou
ensaiar a informação) podem ser ensinadas e usadas para organizar e reter a
informação por períodos mais longos.
A memória de longo prazo parece ter capacidade infinita de
armazenamento, mas até hoje não se sabe quanta informação ela pode armazenar
e por quanto tempo. Gagné e colaboradores (1993 apud Boruchovitch, op. cit)
afirmam que a sensação de não nos lembrarmos de algo está mais associada à falta
de uma boa pista de recuperação da informação do que à perda da informação
propriamente dita. É na memória de longo prazo que as informações adquiridas ao
longo de nossa vida (e que não estamos usando em determinado momento) ficam
armazenadas, organizadas em esquemas, como foi mencionado. Para ser
armazenada na memória de longo prazo, a informação é codificada
semanticamente. O diagrama na figura 3 mostra de forma simplificada os três
armazenamentos de memória. Existe um armazenamento sensorial para cada
sensação. Esse diagrama mostra apenas um armazenamento genérico
representando todas as sensações para simplificar o desenho.
A informação precisa ser elaborada para ser transferida da memória de
curto prazo para a de longo prazo. Elaborar a informação significa classificá-la,
organizá-la, conectá-la e armazená-la com a informação que existe na memória
de longo prazo. O uso de estratégias de aprendizagem auxilia o controle do
processamento da informação no que diz respeito ao armazenamento e à
recuperação (Dembo apud Boruchovitch, 1999).
As informações contidas na memória de longo prazo são armazenadas
em conseqüência de experiências vividas pelo indivíduo. Portanto quanto maior o
número de experiências, maior será a quantidade de informação armazenada e a
abrangência de compreensão de diferentes textos.
Baddeley & Hitch (1974 apud Sabbatini, 2003) ampliaram o conceito de
memória de curto prazo de Atkinson & Shiffrin propondo o modelo de memória de
3
trabalho. Esse modelo é composto por três componentes: o executivo central, o
fonológico (phonological loop) e o viso-espacial (visuo-spatial sketch-pad). O
componente executivo central coordena os outros componentes e controla os
processos cognitivos. O componente fonológico lida com a informação fonológica,
como se fosse um ouvido interno que repete uma série de palavras em sua ordem
temporal prevenindo a perda da informação. O componente viso-espacial lida com
formas, cores, textura, perspectiva e velocidade dos objetos, envolvendo o
planejamento de movimentos espaciais (Orozco, 2004; Tomitch, 2003).
No modelo de Just & Carpenter (1992 apud Tyler, 2001), a memória de
trabalho abrange a memória de curto prazo e uma parte da memória de longo prazo.
Controla o fluxo da informação da memória de curto prazo para a de memória de
longo prazo e vice versa. A porção da memória de longo prazo que a memória de
trabalho abrange é aquela que tiver sido recentemente ativada. A memória de
trabalho é usada para lembrar temporariamente uma informação. A memória de
trabalho organiza as informações, que podem ser visuais e/ou acústicas, em grupos
significativos, relacionando as novas informações às formas existentes de
representação do conhecimento na memória de longo prazo.
No caso da compreensão oral em língua estrangeira nas séries iniciais, a
atenção do estudante está voltada para processos de nível lingüístico como os
aspectos fonológicos ou reconhecimento de palavras. Como essa tarefa ainda não é
familiar, grande quantidade de recursos da memória de trabalho é utilizada. Com a
prática e a experiência, a performance se torna automática e serão exigidos menos
recursos da memória de trabalho (Tyler,2001).
Just & Carpenter (1992 apud Sternberg) afirmam que a ativação de
esquemas, de conceitos relevantes e de relações reduz o esforço da memória de
trabalho, pois os modelos mentais são conduzidos pela memória de trabalho.
3
Para Craik & Lockhart (1972 apud Sternberg, 2000; Kapur, Craik, Tulving,
Wilson, Houle and Brown, 1994), o armazenamento de informações na memória
varia de acordo com o nível de profundidade da codificação (Levels of Processing).
O vel no qual a informação é armazenada dependerá de como se esse
armazenamento. Quanto mais profundo for o nível do processamento, mais alta é a
probabilidade de recuperação. Segundo Dembo (1988, apud Boruchovitch, 1999), a
maneira pela qual a informação é codificada e integrada na memória, bem como a
extensão e profundidade da integração, afeta a facilidade com que a informação
pode ser recuperada, posteriormente.
Rogers, Kuiper & Kirker (1977 apud Sternberg, 2000) dentre outros
afirmam que palavras de autodescrição são mais facilmente recordadas pelo simples
fato de se referirem à própria pessoa. É o chamado efeito da auto-referência.
Bellezza (1984, 1992 apud Sternberg, 2000) explica o efeito da auto-referência sob a
ótica da teoria dos esquemas. Todos temos esquemas elaborados de nós mesmos e
de experiências pessoais. Torna-se fácil codificar e recuperar informações que nos
dizem respeito, de forma até mais rica em detalhes. Mais ainda, quando somoss
que produzimos o que será codificado, recuperamos com mais facilidade do que
outra pessoa o faria (Greewald & Banaji, 1989 apud Sternberg, 2000).
Para Tulving (1972 apud Sternberg), há dois caminhos para a recuperação
da informação: pela memória episódica ou pela memória semântica. Episódios
vivenciados, isto é, experiências pessoais relacionam-se à memória episódica. O
conhecimento da vida em geral está relacionado à memória semântica. Quando nos
lembramos do procedimento de uma consulta médica em geral, estamos ativando a
memória semântica. Mas quando nos lembramos de uma consulta específica, como
por exemplo, a consulta com o ortopedista uma semana, ativamos a memória
episódica. Tulving propôs essa distinção baseado nas pesquisas do doutor Wilder
Penfield com estímulos elétricos nos cérebros de seus pacientes. Doze anos depois,
Tulving reconhece que pode ser que a memória episódica seja uma especificação
da memória semântica.
3
Tyler (2001) apresenta uma dicotomia semelhante à categorização de
Tulving para as memórias. Ele estabelece uma diferença entre esquema e modelo
mental. Esquema seria a representação de uma situação estereotipada enquanto o
modelo mental refletiria uma situação específica no tempo e no espaço. Os
esquemas ajudam na criação de um modelo mental, estimulando a elaboração de
expectativas para uma situação específica.
Veja que as teorias apresentadas complementam-se umas às outras.
Minha intenção ao mencioná-las é facilitar a compreensão do que ocorre na ativação
do conhecimento prévio. O modelo de memória que suporte a esta pesquisa é o
modelo clássico de memória estabelecido por Atkinson & Shiffrin de 1968.
2.4. Processamento da informação pela audição: codificação, armazenamento
e recuperação.
Ao ouvirmos um enunciado não percebemos todas as palavras. Esse fato
se aplica mesmo a pessoas que apresentam o órgão auditivo em perfeito
funcionamento. Apenas algumas palavras são percebidas, ficando lacunas no
discurso. Essas lacunas são preenchidas por nós mesmos a partir da recuperação
de informações armazenadas na memória de longo prazo sob a forma de esquemas.
Essa recuperação pode ocorrer rapidamente ou não. Acredito que a velocidade da
recuperação vai depender, dentre outros fatores, da expectativa do ouvinte em
relação ao texto escutado. Se ele tiver criado previamente uma expectativa para o
que vai escutar, a memória já estará ativada para recuperar informações
armazenadas relativas ao campo semântico do assunto em questão. Pesquisas com
leitura comprovaram que o tempo dispendido para identificar uma informação
depende da expectativa do leitor (Fulgêncio & Liberato, 1992). Pode-se entender por
informação uma letra, palavra, número, ou qualquer unidade significativa. Se o
ouvinte acionar o conhecimento prévio antes de escutar o texto, ele poderá
preencher as lacunas que estiverem em aberto com a informação previamente
recuperada e terá chances de preencher mais lacunas do que o ouvinte que não
acionou seu conhecimento prévio.
3
Underwood (1996) distingue três estágios do processamento auditivo. No
primeiro estágio o som passa por um armazenamento sensorial, chamado memória
ecônica. Por cerca de um segundo, o som é organizado em unidades significativas
de acordo com o conhecimento que o ouvinte tem da língua escutada. No segundo
estágio, as unidades significativas vão para a memória de curto prazo, onde são
comparadas às informações armazenadas na memória de longo prazo. Ainda na
memória de curto prazo, em poucos segundos, as unidades significativas têm sua
forma literal esquecida, permanecendo seu aspecto semântico, chamado, por Kato
(1999), de conteúdo proposicional. É neste armazenamento que se a construção
do significado, o qual pode corresponder ou não ao significado proposto pelo falante.
Daí a informação vai para a memória de longo prazo onde é compactada para
resgates futuros. Nos dois primeiros estágios, se uma nova informação entrar nos
armazenamentos antes das anteriores terem sido processadas, podem ocorrer erros
nesses processamentos.
Números de telefone, por exemplo, são fáceis de serem memorizados
mesmo quando escutados pela primeira vez, porque têm apenas sete ou oito dígitos.
Somos capazes de decorá-los até encontrarmos uma caneta e um papel para anotá-
los. Em seguida, os esquecemos. Isso se deve ao fato de a memória de curto prazo
não reter uma informação por muito tempo. Os dados que entram saem logo para
dar espaço a novos dados. É por isso que repetimos um novo número de telefone,
várias vezes, até anotá-lo para que a informação entre novamente, várias vezes. Os
números são compreendidos por que já registro deles na memória de longo
prazo. Até então, eles são compreendidos isoladamente. Se o novo número de
telefone for reutilizado freqüentemente, este será gravado na memória de longo
prazo como o número telefônico de determinada residência e não mais como
números isolados (Smith, 2003).
No caso de uma frase mais longa, nosso cérebro a divide em fatias
menores para poder acionar a memória de longo prazo e assimilá-la. Por exemplo:
Era uma vez uma linda princesinha que morava em um castelo encantado”. Esse
enunciado é fácil de ser memorizado mesmo contendo onze palavras. Para que a
memória de curto prazo o assimile, ele é dividido em “fatias” ou unidades
significativas, separadas, neste texto, por barras: Era uma vez / uma linda
4
princesinha / que morava em um castelo / encantado.” /Era uma vez/ é uma
expressão registrada na memória de longo prazo desde que éramos criancinhas,
então o cérebro já a capta como uma unidade significativa. O mesmo ocorre com
/que morava em um castelo/ e /encantado/. Poder-se-ia também dividir o enunciado
assim: /que morava/ e /em um castelo encantado/. Mas, nunca desta forma: /vez
uma/, pois ficaria sem sentido. É por isso que letras de músicas com muitos clichês
são facilmente memorizadas. Essa divisão em “fatias” segue as regras da nossa
gramática interiorizada.
O aluno de língua estrangeira ao ouvir um enunciado na língua-alvo nem
sempre tem um registro na memória de longo prazo do que está ouvindo. Segundo
Rivers (1981), alunos, geralmente de nível elementar, ao escutar o CD que
acompanha o livro-texto, tendem a escutar sons, aparentemente, não identificáveis.
Pode-se generalizar essa afirmação de Rivers para alunos de outros níveis, pois
estes conseguirão identificar segmentos conhecidos, mas os segmentos ainda
desconhecidos poderão causar a mesma sensação de sons não identificáveis. O
desconhecimento de palavras impede que o ouvinte identifique os limites destas, ou
seja, ele não sabe onde determinada palavra tem início e onde se finaliza,
percebendo uma longa seqüência de sons que termina com a pausa do falante.
Quando o vocabulário relevante para a compreensão de um texto oral é apresentado
previamente ao aluno, aqueles sons confusos começam a fazer sentido como
componentes de blocos significativos (palavras), registrados na memória de longo
prazo. Este é um exemplo de atividade de pré-escuta que pode amenizar
dificuldades de compreensão oral
Seria muito bom se o processo fosse sempre assim, fechado nos estágios
do processamento auditivo descrito acima. Entretanto, outros fatores envolvidos
no processamento da informação. Aspectos cognitivos como a perceão, a
ateão e a memória, já mencionada, se interligam nesse processo. Abrirei um
parêntese neste item para tecer comentários sobre esses aspectos cognitivos.
4
Perceber significa dar sentido às sensações, ou seja, é a habilidade de
processar e interpretar a informação do ambiente, dando-lhe um significado. O
conhecimento prévio e as expectativas tendem a exercer uma influência na
percepção. A mesma informação pode ser percebida de diferentes formas de acordo
com a influência do conhecimento prévio e do ambiente (Orozco, 2004). Quando se
vê uma pessoa pela primeira vez, a memória sensorial recebe um grande número de
informações, mas se concentra naquela que mais chama a atenção, seja pelo
contexto ou seja por associação com informações armazenadas. As informações
que chamarem a atenção é que serão transmitidas da memória sensorial à memória
de curto prazo, ou memória de trabalho, que processará a informação. Por exemplo,
se em um recinto com quatro ou mais pessoas, num momento de seriedade,
alguém, até então desconhecido, começa a rir, esse riso vai chamar a atenção. Tal
informação processada pode acarretar conclusões distintas nas outras pessoas tais
como:
Pessoa A: “Que pessoa inconveniente!”.
Pessoa B: “Ela deve ter algum descontrole emocional.”.
Pessoa C: “Que pessoa bem humorada; consegue estar de bom humor
mesmo num momento como este!”.
Essas impressões iniciais darão a forma na qual essas informações serão
armazenadas na memória de longo prazo, como um modelo mental (Waal & Telles,
2004).
O processo cognitivo da atenção é indispensável para o processamento
da informação e adaptação da pessoa ao ambiente. Por ser este um processo muito
ligado ao da percepção, deve-se evitar as sobrecargas de estímulos para que esses
estímulos não despertem a percepção para fontes diversas, desviando a atenção
sobre determinada informação (Waal & Telles, op. cit).
4
Os níveis de atenção se desenvolvem com a idade. No início da vida, tais
níveis são relativamente baixos. Uma criança de dois anos consegue manter a
atenção na execução de uma atividade sem supervisão, sem distrações no ambiente
por até sete minutos. aos sete anos uma criança pode manter a atenção estável
por até uma hora. Acreditava-se que a atenção sofria um declínio à medida que a
idade avançava. Contudo, hoje se sabe que dependendo da utilização das
capacidades mentais durante a vida, as pessoas de terceira idade podem manter
altos níveis de atenção e também de aprendizagem. O desenvolvimento dessas
características vai depender das exigências sociais, da atividade profissional,
nutrição e saúde mental (Orozco, 2004).
A atenção, inicialmente um reflexo do estímulo sensorial, torna-se
voluntária até se tornar seletiva. A seletividade aperfeiçoa a percepção, minimizando
a informação necessária de acordo com o contexto da situação. Essas fases do ciclo
da atenção são guiadas pelas expectativas da pessoa e principalmente pela
motivação, ponto de referência que nos permite manipular o nível de atenção até a
aprendizagem. A motivação é o principal fator para a manutenção e qualidade dos
níveis de atenção numa pessoa, sendo responsável pelo êxito no desenvolvimento
da atenção. Enquanto a motivação é o ponto chave para mantermos a atenção,
fatores como ansiedade ou estilos cognitivos de aprendizagem podem interferir no
foco da atenção (Waal & Telles, op. cit).
2.5. A Atividade de Pré-escuta
Até aqui falei sobre a organização do conhecimento em esquemas, a
ativação de esquemas pré-existentes e mostrei alguns modelos mentais de memória
a fim de poder explicar o que ocorre quando se ativa o conhecimento prévio na
compreensão oral em língua estrangeira.
Como foi mencionado no item 3.4, ao se ouvir um texto, não percebemos
todas as palavras, mas apenas algumas delas. O restante é inferido, relacionando o
que escutamos com o que temos estocado em nossa memória de longo prazo, num
4
processo de preenchimento de lacunas. Dessa forma, espera-se que o ouvinte que
foi preparado para escutar, preencha mais lacunas referentes ao enunciado do que
o que não foi preparado. Essa preparação é justamente a atividade de pré-escuta.
Penso que o ouvinte que se submete a uma atividade de pré-escuta preenche mais
lacunas do que o ouvinte que não teve essa oportunidade, mostrando assim maior
facilidade de compreender o texto.
A seguir farei uma conceituação do que é a atividade de pré-escuta e,
apoiada em alguns autores e em minha experiência pessoal, citarei diversas
atividades de pré-escuta, explicando como o utilizadas na prática e para que
servem.
Atividade de pré-escuta, chamada em inglês de pre-listening, lead in
activity (Gower, Phillips & Walters, 1995), pre-set task (Ur, 1996), é uma atividade
que prepara o aluno para o exercício de compreensão oral. Pode ser aplicada, por
exemplo, por meio de um jogo, debate, tempestade de idéias, figuras, leitura,
perguntas, exercícios escritos como preenchimento de lacunas, exercícios
gramaticais, instruções para a compreensão oral, dentre outros. Deve ser feita
imediatamente antes da compreensão oral.
rias maneiras de se ativar o conhecimento prévio. Na verdade, o
conhecimento prévio é ativado pelo ouvinte/leitor automaticamente, mesmo num
ambiente artificial como o da sala de aula. Ainda assim o professor pode e deve
direcionar essa ativação.
A atividade de pré-escuta, além de motivar o aluno a querer escutar o
texto, fornece subsídios para que ele compreenda o texto oral. Se o aluno tiver
conhecimento lingüístico necessário para compreendê-lo, ainda se faz necessário
que ele tenha conhecimento do contexto no qual o discurso ocorre. O contexto inclui
o tópico do texto, o cenário onde o texto se passa, as relações interpessoais e os
fatores culturais que envolvem o discurso. As predições possibilitarão ao ouvinte
conhecer tais fatores. Ao iniciar uma atividade de compreensão oral, o contexto deve
ficar claro para os alunos.
4
A escolha do tipo de atividade de pré-escuta varia de acordo com o
objetivo da aula, a natureza e o conteúdo do texto, tempo e material disponível,
interesse do professor e dos alunos, habilidade dos alunos e local da aplicação da
atividade de compreensão oral. A atividade de pré-escuta pode integrar as
habilidades ouvir, falar, ler e escrever (Underwood, 1989).
O professor deve dizer aos seus alunos o título do texto que deverá ser
escutado e perguntar se eles têm alguma hipótese a respeito do assunto que será
abordado. Uma outra alternativa é exibir uma ou mais figuras ou objetos
relacionados ao tema. Os alunos podem dizer o que sabem sobre o tópico, podendo
fazer predições sobre o texto.
No momento em que o tema é apresentado, o conhecimento armazenado
em relação ao mesmo vem à tona. Kleiman (1995) cita a realização de uma
experiência na qual um grupo de pessoas deveria ler um texto sem saber seu título e
tema. Ao final da leitura, as pessoas deveriam escrever o que conseguiam lembrar,
mas mal lembravam o que haviam lido e consideraram o texto muito vago. Após
tomarem conhecimento do título, as passagens do texto fizeram sentido, pois o
conhecimento enciclopédico havia sido acionado. Leia, abaixo, o texto usado para a
experiência:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desafiou valentemente todos os
risos desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano. ‘Os olhos
enganam’ disse ele, ‘um ovo e não uma mesa tipificam corretamente esse
planeta inexplorado’, Então as três irmãs fortes e resolutas saíram à procura
de provas, abrindo caminho, às vezes através de imensidões tranqüilas, mas
amiúde através de picos e vales turbulentos. Os dias se tornaram semanas,
enquanto os indecisos espalhavam rumores apavorantes a respeito da beira.
Finalmente, sem saber de onde, criaturas aladas e bem vindas apareceram
anunciando um sucesso prodigioso. (Kleiman, 1995: 21)
Nenhum dos participantes conseguiu dizer de que se tratava realmente o
texto. Eles escreveram em seus protocolos que o texto tratava de:
Três irmãs lutando pela sobrevivência,
Criaturas aladas que seriam bem vindas na Terra,
A tentativa de fazer com que alguém desista de seu plano e
Objetos que podem voar.
4
O título do texto é A descoberta da América por Colombo. Conhecendo o
título, pode-se inferir que o herói do texto é Colombo, o plano era o de viajar para o
oeste tentando achar uma rota para as Índias, o planeta é a Terra, as irmãs são as
três caravelas, os caminhos são as travessias marítimas, os indecisos eram os
marujos com medo da beira do abismo do mundo e as criaturas aladas eram
pássaros da costa da praia. Mesmo alguém que não conheça tantos detalhes sobre
a História, com o conhecimento do título, pode ter uma compreensão geral do texto
e, conseqüentemente, recordar mais dados após a leitura.
Ao escutar o CD que acompanha o livro didático, por exemplo, o aluno vai
confirmando, refutando ou adequando suas hipóteses como se estivesse
“preenchendo lacunas”. O professor pode também interromper a reprodução do
texto perguntando o que o aluno acha que virá a seguir, ativando seu conhecimento
de mundo e da organização textual. Atividades durante a compreensão oral
procuram assegurar que o aluno esteja realmente compreendendo o texto e não
apenas memorizando palavras, afinal, se pode fazer predições coerentes
relativas ao final do texto quando se compreende o início do mesmo.
Kleiman (op. cit.) sugere que ao fazer predições sobre um texto, o leitor
deve formular uma ou mais hipóteses, mantendo-se flexível em relação a elas. Às
vezes, as hipóteses que criamos são totalmente confirmadas durante a leitura.
Outras vezes, elas se ampliam e/ou aprofundam-se. Noutras situações, temos que
deixar algumas hipóteses de lado, pois no decorrer da leitura, percebemos que as
mesmas não têm relação com o texto. Mesmo assim, novas hipóteses poderão
surgir. Fazer uma pequena diagramação das hipóteses, a partir do título ou de
figuras, para que a confrontemos com o texto durante a leitura é outra sugestão que
facilita atingir os objetivos da leitura.
Dependendo do objetivo do professor, os alunos podem listar todas as
palavras conhecidas que tenham relação com o tópico, prevendo o aparecimento de
algumas no texto; alunos de nível elementar podem ler uma pequena parte do script
para auxiliar a compreensão. Pode-se, também, fazer um exercício de
4
preenchimento de lacunas para trabalhar aspectos gramaticais, depois, ao escutar o
CD, o aluno confere suas respostas (Tanner & Green, 1998).
Outra opção é pedir que os alunos façam uma leitura prévia sobre o
assunto. Nesse caso, o professor poderia deixar que os alunos lessem em silêncio,
grifando as palavras novas, para depois discuti-las, fornecendo também a pronúncia.
Discutir o assunto previamente é muito válido para aquisição de vocabulário e para
ativação do conhecimento de mundo. Trabalhando dessa maneira, ao escutar o
texto no CD, o aluno poderá reconhecer as palavras citadas em sala e
compreender melhor o texto.
Vale salientar que o professor não deve explicar todas as novas palavras
(Gower, Phillips & Walters, 1995), mas sim, incentivar seus alunos a recorrerem ao
contexto, limitando-se a explicar aquelas palavras cujo significado é difícil de ser
definido a partir do contexto. A esse processo de compreensão dá-se o nome de
processo descendente (top-down process). Tal processo é usado para inferir o
significado de um texto usando o conhecimento de mundo (Fulgêncio & Liberato,
1992). O professor pode, por exemplo, motivar o aluno a deduzir o sentimento das
pessoas que estão falando no CD através de sua entonação (Gower, Phillips &
Walters, op. cit.).
O processo ascendente (bottom up process) é usado quando o ouvinte
apóia-se no nível lingüístico para compreender o texto. Nesse processo, os sons são
usados para construir unidades cada vez maiores como palavras, frases ou até
orações antes de a informação sonora ser entendida. Para uma compreensão
eficaz, deve haver interação entre os processos descendente e ascendente. Apoiar-
se demais no processo descendente, pode fazer com que o ouvinte acrescente seus
modelos mentais ao texto, deturpando-o. Depender demais do processo ascendente
pode impedir que o ouvinte perceba o texto como um todo, não captando seu
significado.
Bensoussan (1998) diz que compreensão é resultante da interação entre
o processo descendente de leitura, a partir da ativação de esquemas, e o processo
ascendente de leitura, a partir de conceitos extraídos do texto.
4
Bransford (1994) defende que o professor deve ativar esquemas ou fazer
com que os alunos os criem antes de ler um texto. É normal que alunos de língua
estrangeira não tenham esquemas apropriados para alguns textos na língua-alvo;
quando o aluno é criança a probabilidade de isso ocorrer é maior. Bensoussan (op.
cit.) acrescenta que se leitores ativam um esquema inapropriado, eles perderão o
significado do texto.
Gostaria de retomar o exemplo usado na seção 3.2.2. (Função dos
Esquemas): “Jane decidiu não usar seu conjunto de colar, brincos e cinto de prata
porque estava indo ao aeroporto.” Uma criança que tenha esquemas de aeroporto,
pode não ter um complexo esquema sobre este ambiente. Por exemplo, pode saber
que os aviões saem de lá, mas não saber que existem detectores de metal por lá.
Alguém que tenha um esquema mais elaborado de aeroportos sabe que este é um
ambiente de grande circulação de gente e pode inferir que Jane decidiu não usar
seu conjunto porque temia ser roubada. O principal elemento nessa inferência seria
o fato de jóias serem caras, visíveis e de fácil acesso. Caso a interpretação que o
professor deseja obter seja que Jane não usou colar, brincos e cinto de prata por
temer atrasar-se no detector de metais, ele não poderá desconsiderar a resposta do
aluno se sua resposta for que Jane temia ser roubada. (Bransford, op. cit.). Em
situações como esta, o professor deveria ajudar seus alunos a desenvolverem redes
de esquemas apropriados (cf. item 3.2.2., página 40).
Outra iniciativa importante ao se fazer a pré-escuta em língua estrangeira
é mostrar aos alunos que as palavras, ao formarem um enunciado, ligam-se umas
às outras, ocorrendo algumas reduções, como se uma frase fosse uma única grande
palavra. Percebi isso através de minha própria experiência como professora, por
contatos com nativos de língua inglesa e como estudante de curso de inglês. Na fala
espontânea, principalmente, nativos de língua inglesa reduzem muitas palavras,
ligando-as umas às outras, por exemplo, Wake him up como também
ocorre no português e, provavelmente, em qualquer outro idioma. Vale salientar,no
entanto, que cada idioma tem seus próprios padrões prosódicos. Um brasileiro, por
exemplo, que reduza palavras em inglês usando os padrões prosódicos do
português do Brasil, dificilmente será compreendido por um nativo. um nativo (ou
4
quem conhece a fonologia do idioma alvo) sabe quais sons de uma palavra podem
ser reduzidos ou prolongados sem alterar sua compreensão.
Os livros-texto de inglês para estrangeiros muitas vezes negligenciam
estes aspectos do fluxo de fala. Ur (1998) chega a mencionar esse fenômeno. Por
exemplo, a frase Where is the boy? É normalmente pronunciada  . Se,
durante a pré-escuta, o professor alertar o aluno para isso, a audição tornar-se-á
mais fácil. Ur (op. cit.) cita ainda alguns fatores que levam à dificuldade nos
exercícios de compreensão oral. Um deles é que o vocabulário novo geralmente é
apresentado aos alunos isolado do texto. As palavras estando inseridas num texto
sofrem mudanças de pronúncia devido ao acento, ao ritmo da fala, à influência das
palavras vizinhas etc. A pronúncia das palavras também é modificada de acordo
com o nível de formalidade do discurso.
Quanto à velocidade ao falar a língua-alvo, o professor deve falar
naturalmente, no andamento em que costuma falar. Não é prolongando as vogais,
ou seja, falando excessivamente devagar, que ele vai fazer com que seus alunos o
compreendam melhor. O que faz com que um discurso seja rápido ou lento não é a
rapidez na articulação das palavras, mas o número de pausas que o discurso traz e
a duração das mesmas. É durante a pausa que o ouvinte constrói o significado do
som recém escutado. Lado (1965 apud Rivers, 1981) diz que o espaço da memória
auditiva para informações em língua estrangeira é menor do que o espaço para
informações em língua materna, provavelmente numa proporção de nove para
quinze palavras. Segmentos contendo de oito a dez palavras permitem que a mente
processe a informação durante a pausa, relacionando-a com o co-texto. Para séries
iniciais sugere-se menor mero de palavras. Os modos como as palavras se
agrupam (semântica e sintaticamente) afetarão a quantidade de informação que
poderá ser recordada. A duração da pausa pode ser ainda estendida por hesitações,
redundâncias e marcadores conversacionais. Logo, falando excessivamente
devagar, isto é, destacando as sílabas, o professor não vai fazer com que seus
alunos o entendam melhor. A sala de aula deve aproximar-se da vida real. Um
enunciado lento demais pode até prejudicar a compreensão. Falando desta forma
4
artificial, a imagem acústica formada pelos alunos não os ajudará quando eles
escutarem a fala normal.
Somado a tudo o que foi dito, o professor deve ser claro ao dar instruções.
Sem essa clareza a eficácia de qualquer atividade fica comprometida. Alunos que
não entendem qual é a tarefa para acompanhar a compreensão oral desligam-se e
talvez não tentem resolver os exercícios. Com essa atitude, podem distrair os
demais que estão tentando participar da aula (Underwood, 1989). É preciso tomar
cuidado com desentendimentos. Quando um professor explica um exercício, pode
ocorrer de os alunos formarem interpretações não coincidentes com o que o
professor imaginou explicar. Nesta situação, mesmo que o professor pergunte aos
alunos se têm algumavida, eles respondem que não. No item 3.2.2. (Função dos
Esquemas) ao falar em compreensão, cito, apoiada em Rumelhart (1980), três
razões para que o processo de compreensão falhe. A segunda razão é justamente
essa, o leitor (nesta pesquisa, o ouvinte
16
) encontra uma interpretação consistente,
entretanto divergente da pretendida pelo autor (no caso, da interpretação pretendida
pelo professor).
Todas estas sugestões podem melhorar a qualidade do processo ensino-
aprendizagem, além de transformar o ambiente, em sala, enriquecedor e prazeroso
para professor e alunos.
16
Nota minha.
5
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada em uma instituição pública de ensino de língua
inglesa, com alunos do sétimo semestre, o último semestre do curso básico. Nesta
instituição educacional, é permitida a entrada de novatos ao sexto semestre, o
que me pareceu contribuir para certo equilíbrio no nível dos participantes.
Para o ingresso de estudantes nesta escola, o nível mínimo de
escolaridade exigido é o Ensino Fundamental. Depois de comprovado o nível de
escolaridade, faz-se um teste de seleção escrito. Esse critério também ajuda no
nivelamento dos participantes da pesquisa.
Convém comentar que esta escola conta com um corpo docente de alto
nível acadêmico e que a seleção para a admissão do corpo discente tem um índice
de concorrência elevado.
Minha experiência como ex-aluna da escola ajudou-me quanto aos
critérios de seleção dos participantes. A própria escola tem um bom critério de
seleção com turmas bem niveladas de acordo com o nível de proficiência na língua
alvo, faixa etária com baixa variação e nível sócio-cultural equiparado por ter como
alunos, em geral, estudantes universitários ou graduados. Uma entrevista com a
coordenadora confirmou a adequação dos textos selecionados para a coleta de
dados ao nível dos participantes.
3.1. Seleção dos Textos e Testes
A seleção dos textos para a atividade de pré-escuta e de compreensão
oral foi cercada por uma série de cuidados. Meu primeiro cuidado para escolher os
textos foi verificar quais eram os livros didáticos adotados nas escolas de inglês
mais procuradas, para evitar a utilização de um texto conhecido pelos
participantes. Cheguei a escolher um texto do gênero entrevista de uma revista de
5
língua inglesa com um encarte em CD, mas deparei-me com a possibilidade de
algum aluno já ter lido essa revista.
Então adquiri uma coleção de três livros de compreensão oral cuja editora
não tem loja em Fortaleza e que, até onde eu pude verificar, não é adotado pelas
escolas desta cidade. Os participantes da pesquisa foram unânimes em afirmar que
nunca haviam escutado ou lido os textos usados na coleta de dados.
Foram selecionados oito textos orais do livro Top Up Listening 3
17
, de nível
intermediário com pronúncia norte americana para a coleta de dados. Quatro textos
do capítulo 12, Can I Take a Message?, identificados, nesta pesquisa, como textos A
(anexo A - script dos textos A) e quatro textos do capítulo 4, intitulado Final Call for
Flight EA42, identificados como textos B (anexo B - script dos textos B). A
coordenadora do curso onde a pesquisa de campo foi realizada escutou um trecho
do CD e confirmou que estava adequado para o semestre VII da instituição.
O capítulo quatro (Final Call for Flight EA 42) apresenta anúncios de
aeroporto, cada um com duração de 15 segundos em média e o capítulo 12 (Can I
Take a Message?), traz quatro diálogos ao telefone, com uma média de duração de
35 segundos. Ambos os capítulos se equiparavam quanto à estratégia exigida pelas
tarefas que era a de sintetizar os textos e quanto ao nível de clareza na escuta dos
textos por se tratarem de falas através de aparelhos: o telefone e o alto-falante. Para
os textos de cada lição foram estabelecidas duas atividades de pré-escuta
(apêndices A e B - Exercícios escritos para os textos A e B).
Antes de aplicar a coleta, folheei os livros didáticos adotados na instituição
referentes ao sétimo semestre e ao semestre anterior. Escutei parte do CD adotado
no semestre VII para comparar o nível dos textos deste CD com o nível dos textos
que seriam usados na coleta. Com isso, pude verificar o vocabulário estudado no
curso. A maior parte do vocabulário da lição Final Call for Flight EA42 e uma
pequena parte do vocabulário da lição Can I Take a Message? era conhecido dos
participantes. Dessa forma, ficava claro quais palavras da atividade escrita de pré-
17
COONEY, Terry; CLEARY, Chris; HOLDEN, Bill. Top up listening 3. Singapure: ABAX, 2003.
5
escuta e das questões relativas ao teste de compreensão oral deveriam ser
explicadas e quais dispensariam explicações.
Os testes de compreensão oral (anexos C e D), identificados nesta
pesquisa como teste A, para medir a compreensão dos textos A, e teste B, para
medir a compreensão dos textos B, são compostos por duas questões, cada uma
com quatro itens, excetuando a segunda questão do teste B que apresenta cinco
itens. Estas questões, como as questões dos exercícios escritos (pré-escuta), foram
retiradas do livro Top Up Listening 3, sem sofrer adaptações. Todas as questões são
objetivas. Consistem em associar colunas da esquerda com a direita, ltipla
escolha, verdadeiro e falso e ordenação de sentenças. A escolha de questões
objetivas deveu-se ao fato de estas facilitarem a correção dos testes e,
conseqüentemente, a análise dos dados.
A primeira questão do teste A consiste em seis sentenças. Cada sentença
corresponde a um texto oral. Nesta questão, os participantes devem assinalar tal
correspondência. Por exemplo, a sentença correspondente ao diálogo de número 3,
transcrito abaixo, é I’ll call her on her cell phone, então o número três deve ser
escrito na linha ao lado da frase correspondente, mais abaixo:
Anita: Yardley catering. Good Morning.
Tom Shepherd: Hello. Anita? This is Tom Shepherd. Is Delila there?
Anita: Oh hello Mr. Shepherd. I’m sorry, she’s out on a job at
the moment. You could try her on her cell phone. Shall
I give you the number?
Tom Shepherd: It’s okay. I’ve got the number. Okay, I’ll do that.
Thanks. Bye.
____ Please tell her I’ll be an hour later.
____ I’ll call again at 2 o’clock.
__3_ I’ll call her on her cell phone.
____ Could you ask him to call me?
____ I’ll call again tomorrow.
____ Could you ask him to email me?
(Cooney; Cleary; Holden 2003).
No CD quatro textos orais para a primeira questão, logo, duas
sentenças do teste devem sobrar. A ordem em que os resumos aparecem no teste,
obviamente, é diferente da ordem em que os diálogos se dispõem no CD. Seguindo
5
a ordem em que os diálogos se dispõem no CD, no segundo e no terceiro diálogos,
não nenhuma frase dita ipsis literis como está escrito nas opções de
correspondência. Veja que no exemplo citado acima a sentença I’ll call her on her
cell phone não está explicita no texto. Apenas a primeira e a quarta sentenças da
primeira questão podem ser escutadas literalmente como estão escritas no teste (cf
anexo A - script dos textos A). Foi dito aos participantes que eles nem sempre
escutariam as sentenças exatamente como estavam escritas no teste, mas que ali
estavam sentenças correspondentes a cada texto. As duas sentenças distratoras
têm como função elevar o nível de dificuldade do teste.
A segunda questão é referente apenas ao último diálogo dos textos A.
Consiste em cinco itens mesclando sentenças verdadeiras e falsas em relação ao
texto. Nenhuma das sentenças está literalmente presente no texto oral.
No teste B, a primeira questão traz duas colunas para serem
correlacionadas. A primeira coluna apresenta quatro itens, cada um identificando um
anúncio: anúncio 1, 2, 3 e 4. Na segunda coluna, dois dos seis itens não
correspondem a nenhum anúncio. Nenhum traz sentenças tais quais são ditas no
texto oral. O participante tem que captar a idéia central do anúncio para poder
responder a esta questão.
A segunda questão traz quatro itens, cada um com duas opções a serem
marcadas com um X de acordo com o texto; tais opções não se referem a algo que
está explícito no texto, mas ao que o ouvinte faria se estivesse na situação descrita.
3.2. Teste dos Instrumentos
As coletas-piloto duraram três dias. Selecionei uma turma de jovens que
tinham concluído o curso sico de inglês recentemente, em média, menos de
um semestre. Testei os instrumentos e procedimentos escolhidos a fim de
cronometrar o procedimento de coleta, e fazer os devidos ajustes. Pedi a uma
colega do curso de mestrado que observasse as sessões coletas-piloto e fizesse
anotações que foram comentadas ao final. Verifiquei que muitas das atividades de
5
pré-escuta que o livro propunha não tinham relação direta com as tarefas de
compreensão oral. Fiz, então, várias adaptações nas atividades escritas de pré-
escuta (apêndice A e B - Exercícios escritos para os textos A e B). Após as
adaptações, nos exercícios escritos de pré-escuta, passaram a constar os diálogos
falados nos textos A e B com sutis modificações no nome das personagens, lugares
e empresas.
A coleta-piloto foi útil em vários aspectos: para eu ter um feedback da
compreensão dos participantes-piloto em relação às explicações dadas por mim
sobre os exercícios de pré-escuta; para sentir a utilidade dos exercícios de pré-
escuta em relação aos de compreensão oral; para medir o nível de dificuldade dos
textos e cronometrar o procedimento de coleta.
Quando eram indagados se tinham dúvidas quanto ao vocabulário, os
participantes gesticulavam que não, entretanto percebi, durante a correção dos
exercícios, que eles tinham dúvidas de vocabulário e que, provavelmente por timidez
ficavam calados. Na segunda coleta-piloto, decidi explicar as palavras cujos
significados eu havia previsto que eles não saberiam. Por isso, antes da coleta em
si, verifiquei o vocabulário conhecido no livro adotado pela escola.
Senti a necessidade de por um cabeçalho em cada folha de papel que
lhes fosse entregue sobre os dados pessoais para identificação dos participantes
como nome, turma e horário.
A coleta-piloto também me ajudou a perceber de que forma eu deveria
explicar as tarefas de pré-escuta e que as questões deveriam ser explicadas sem a
leitura do enunciado das questões devido ao curto espaço de tempo. Ao invés disso,
seria utilizado o quadro branco como recurso visual.
3.3. Tentativa de Experiência
Iniciei uma coleta de dados numa escola privada de inglês cujo público
pertencia à classe média alta. A primeira situação de coleta consistia em ativação do
5
conhecimento prévio com perguntas aos participantes (apêndices C e D - perguntas
para ativar o conhecimento prévio para os textos A e B), informação sobre o gênero
e a temática do texto acrescida de exercícios relacionados ao texto oral. A segunda
não contava com a ativação por meio de perguntas nem de exercícios e eram
omitidos, no teste, o título do texto e a informação sobre o gênero e a temática.
Durante as coletas, constatei que as turmas não eram niveladas quanto ao
nível de aprendizagem da língua alvo. Turmas classificadas por níveis de
proficiência, na verdade, apresentavam desnível dentro da mesma classificação. A
faixa etária estendia-se dos 13 anos em diante, sem limite máximo.
Alguns dos cursos livres de inglês, hoje em dia, apresentam desníveis de
aprendizagem entre as turmas classificadas de mesmo nível e mesclam
adolescentes, jovens adultos e adultos mais velhos na mesma sala, justificando que
a diferença estimula uma competição saudável, resultando em desenvolvimento
acadêmico.
Decidi não usar os resultados dessas primeiras coletas por temer um
comprometimento da validade dos resultados.
3.4. Contatos Administrativos
Em junho de 2005, fui à instituição de ensino onde se realizou a coleta de
dados desta pesquisa pedir permissão à coordenadora para utilizar o campo. Ela foi
acolhedora e pôs a escola à disposição. Naquele momento, as atividades do
semestre estavam no final, as provas se dariam em duas semanas. Então, esperei
pelo início das aulas do semestre seguinte, que se deu em agosto.
No primeiro dia de aula, contactei um professor responsável por três
turmas de sétimo semestre, uma às 13h, outra às 18h e outra às 19h. Ele me cedeu
as turmas, mas eu teria que fazer a coleta no mesmo dia, porque seus alunos
transitavam entre os horários conforme a necessidade pessoal. Coletando no
mesmo dia seria evitada a repetição dos participantes. Para completar as quatro
5
turmas pretendidas, contatei outro professor que tinha uma turma às 11:40h. Como
a coleta seria feita por mim, o fato de as turmas pertencerem a professores
diferentes não influenciaria negativamente os resultados.
3.5. Participantes da Coleta
Participaram da pesquisa 79 alunos do sétimo semestre de um curso de
língua inglesa, o que corresponde ao nível intermediário. A faixa etária variava entre
16 e 36 anos, sendo que 59 participantes (75%) tinham entre 18 e 24 anos e 57
participantes (72%) eram estudantes de graduação. Apenas 6 (8%) dentre eles
mantinham contato com nativos de língua inglesa que envolvesse a compreensão
oral. haviam viajado, algum tempo, para um país de língua inglesa, dez
participantes (13%) e, nessas viagens, apenas 2 (3%) tiveram contato somente com
nativos.
3.6. Cenário da Coleta
A coleta foi feita em ambiente natural: nas salas de aula dos participantes,
no horário da aula. As salas eram fechadas e equipadas com condicionador de ar.
Os celulares foram colocados no modo silencioso. Todos os alunos estavam na
sala ao ter início a coleta. Os condicionadores de ar foram desligados no momento
da escuta dos textos. Os professores da turma permaneceram nas salas durante a
coleta. Usei o gravador da própria escola porque os alunos já estavam acostumados
a ele.
3.7. Critério de Organização dos Grupos
Os participantes foram divididos em dois grupos: um com atividades
prévias à escuta dos diálogos (ativação do conhecimento prévio) e outro sem
atividades prévias. Estas atividades prévias consistiam em exercícios, por escrito,
relativos ao tema dos textos orais com o objetivo de ativar o conhecimento prévio
dos participantes.
5
Retomando o que foi dito na Introdução, as atividades prévias à escuta,
chamadas também nesta pesquisa de atividades de pré-escuta, podem ser de vários
tipos, como pode ser visto na figura 3.
Figura 3 – Tipos de atividades de pré-escuta.
Os dois grupos foram subdivididos em dois subgrupos cada. Um escutaria
os textos do capítulo Can I take a Message? E o outro escutaria os textos do
capítulo Final Call for Flight EA42 (figura 4).
5
79 participantes
39 escutando os textos A
40 escutando os textos B
21 com ativação do
conhecimento prévio
18 sem ativação do
conhecimento prévio
17 com ativação do
conhecimento prévio
Atividade
de
Pré-escuta
Jogo
tempestade
de idéias
debate
Exercícios
escritos*
leitura
figuras
instruções
perguntas
*preenchimento de lacunas, exercícios gramaticais etc.
Figura 4 – Disposição dos participantes na coleta de dados.
Para identificar os grupos, usarei letras. Temos, então, os subgrupos A, B,
C e D. Os subgrupos A e B escutaram os textos do capítulo Can I take a Message?
chamados de textos A (anexo A - script dos textos A). O subgrupo A o recebeu
ativação do conhecimento prévio por meio dos exercícios; o subgrupo B recebeu. Os
subgrupos C e D escutaram os textos do capítulo Final Call for Flight EA42,
chamados de textos B (anexo B - script dos textos B). O subgrupo D não recebeu
ativação do conhecimento prévio por meio dos exercícios, enquanto o subgrupo C
recebeu a ativação.
Colocando em números, fica assim: dos 79 alunos que participaram da
coleta, 17 escutaram os textos do capítulo Final Call for Flight EA42, com ativação
do conhecimento prévio. Os mesmos textos, sem ativação, foram escutados por 23
participantes. Os textos do capítulo Can I take a Message? Foram escutados por 21
estudantes com ativação e por 18, sem ativação.
3.8. Procedimentos de Coleta
Considerando que alguns alunos não são pontuais, os professores
iniciavam a aula, fazendo a correção de tarefas de casa, e depois que todos
estavam presentes, a coleta era iniciada.
Os participantes assinaram um termo de consentimento (apêndice E -
termo de consentimento) para a pesquisa e preencheram uma ficha de sondagem
sobre seu perfil (apêndice F - sondagem diagnóstica) cujos dados ajudaram a
análise das apurações quanto ao estabelecimento de variáveis. Na primeira turma
visitada, li todas as questões da sondagem. Alguns alunos terminaram de preenchê-
la antes de concluída a explicação. Então passei a explicar, nas turmas seguintes,
apenas as que despertaram dúvidas na primeira turma.
Em seguida, as folhas com os exercícios escritos de pré-escuta foram
distribuídas (apêndices A e B - exercícios escritos para os textos A e B). A partir
5
desse momento, as explicações passaram a ser dadas em inglês. As coletas
duraram cerca de trinta minutos. As sondagens diagnósticas das turmas que fizeram
a coleta com ativação do conhecimento prévio foram feitas no dia anterior, que
nestes grupos o dispêndio de tempo seria maior.
Nas coletas sem ativação, foram apresentados o gênero e o tópico do
texto, as sentenças das questões relativas aos textos foram lidas por mim, foi
explicado o vocabulário e a tarefa foi explicada no quadro.
Nas coletas com ativação, o procedimento foi o mesmo acrescido da
atividade de pré-escuta, que consistia em exercícios relacionados aos textos que
seriam escutados. Quando a maioria terminou de resolver os exercícios de pré-
escuta, fiz as correções oralmente ou escrevendo no quadro, dependendo da
questão.
Em todos os grupos os textos orais foram escutados duas vezes em cada
questão. Os participantes tiveram cinco segundos para responder a cada pergunta.
As questões eram objetivas.
Após responderem às perguntas dos testes, os participantes, dos quatro
sub-grupos, escreveram um relato comentando o que ajudou ou dificultou a
compreensão do texto oral ou se nada influenciou positiva ou negativamente
(apêndices G e H - Relatos reflexivos).
Eu, pessoalmente, conduzi toda a pesquisa. As sessões de coleta foram
gravadas em fita cassete, desde a atividade de pré-escuta até a entrega dos relatos
reflexivos preenchidos pelos participantes.
3.9. Procedimentos para a Análise
Para auxiliar-me na análise dos dados, contratei os serviços de um
estatístico. Para comparar as médias, usou-se o teste t de Student. As correlações
entre número de acertos e idade foram feitas por meio do coeficiente de correlação r
de Pearson. A existência de associação entre ativação do conhecimento prévio e
6
prática semanal, foi testada utilizando-se o p de Fischer. Fixou-se o nível de
significância em 5%, para todos os testes. Foram cruzadas as seguintes variáveis:
o Média de acertos do testes A X média de acertos do testes B,
o Média de acertos X ativação do conhecimento prévio para o texto A,
o Média de acertos X ativação do conhecimento prévio para o texto B,
o Prática de compreensão oral de quatro vezes ou mais por semana X média
de acertos para o texto A,
o Prática de compreensão oral de até três vezes por semana X média de
acertos para o texto A,
o Prática de compreensão oral de quatro vezes ou mais por semana X média
de acertos para o texto B,
o Prática de compreensão oral de até três vezes por semana X média de
acertos para o texto B.
CAPÍTULO 4
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Diante de queixas de alunos de inglês como língua estrangeira
relacionadas à dificuldade com a habilidade de compreensão oral e percebendo a
lacuna em pesquisas nessa área, interessei-me por desenvolver meus estudos
sobre a ativação do conhecimento prévio na compreensão oral de textos em língua
estrangeira, precisamente na língua inglesa. Para isso, avaliei o desempenho dos
participantes que receberam e dos que não receberam ativação do conhecimento
prévio por meio de exercícios escritos de pré-escuta.
Os instrumentos utilizados na coleta foram (a) um questionário para fazer
uma sondagem diagnóstica do perfil dos participantes; (b) exercícios escritos,
para ativar o conhecimento prévio; (c) oito textos orais, quatro do gênero
6
telefonema (textos A) e quatro do gênero anúncio de aeroporto (textos B); (d) dois
testes para avaliar a compreensão oral dos textos A e B, chamados de teste A e
teste B e (e) relatos reflexivos, nos quais os participantes escreveram o que
facilitou ou dificultou a compreensão. O relato mostrou a influência de condições
técnico-ambientais ou pessoais nas respostas, além da influência da ativação ou da
ausência desta. Veja a tabela abaixo:
Tabela 1 – Instrumentos e procedimentos utilizados na pesquisa.
Instrumentos e
Procedimentos
Objetivo Aplicação
Questionário Fazer sondagem diagnóstica do perfil
dos alunos
Em todos os grupos
Exercícios
escritos
Ativar o conhecimento prévio Nos grupos que receberam
ativação do conhecimento prévio
Textos orais Avaliar o desempenho dos participantes Em todos os grupos
Testes Avaliar o desempenho dos participantes Em todos os grupos
Relatos
reflexivos
Relatar o que ajudou/atrapalhou a
compreensão
Em todos os grupos
Segundo a avaliação do que foi escrito nos relatos reflexivos pelos
participantes que receberam ativação, a ativação do conhecimento prévio parece ter
minimizado as dificuldades para a compreensão oral. Os números sugerem que a
ativação do conhecimento prévio pode tê-los feito superar a dificuldade quanto à
rapidez das falas e quanto à qualidade do equipamento de som. Dentre os que
tiveram o conhecimento prévio ativado, alguns mencionaram que a familiaridade
com os gêneros selecionados, telefonema e anúncio de alto-falantes de aeroporto
em língua estrangeira, os ajudou pelo fato de esperarem escutar seqüências de
frases ou de vocabulário semelhantes às dos exercícios de pré-escuta. Ou seja, tal
familiaridade aumentou a capacidade de predição, facilitando a compreensão.
Nos relatos reflexivos, do total de 79 participantes, 26 (32,91%) relataram
não ter tido dificuldades para responder às questões referentes aos textos orais A e
B. Sendo que 10 (12,7%) não tiveram o conhecimento prévio ativado e 16 (20,25%)
tiveram-no. Logo, os relatos sugerem que a ativação do conhecimento prévio ativado
parece ter diminuído as dificuldades para a compreensão textual.
6
O ponto principal apontado como causador de dificuldades diferenciou-se
de acordo com o grupo. Houve duas queixas que se destacaram. A primeira foi a
baixa qualidade do equipamento de som e a segunda foi a rapidez das falas.
Dentre os 17 participantes (21,52%), do total de 79, que reclamaram da
qualidade do equipamento de som, 13 (16,46%) não tiveram o conhecimento prévio
ativado e 4 (5,06%) tiveram-no. Esses números sugerem que a ativação do
conhecimento prévio ajudou a superar os ruídos na reprodução dos textos.
Dentre os 16 (20,25%) participantes, do total de 79, que se queixaram da
rapidez das falas, 12 (15,19%) não tiveram o conhecimento prévio ativado e 4
(5,06%) tiveram-no. Pode-se inferir que a ativação do conhecimento prévio pode tê-
los feito superar a dificuldade quanto à rapidez das falas.
Quanto aos fatores que teriam auxiliado a compreensão, dos 38
participantes que tiveram o conhecimento prévio ativado, 32 (84,21%) acharam que
a ativação ajudou e 6 (15,80%) acharam que não influiu. Dentre os que acharam que
a ativação ajudou, muitos mencionaram como elemento facilitador a familiaridade
com aqueles gêneros mencionados anteriormente, familiaridade esta adquirida nos
exercícios de pré-escuta. Eles esperavam escutar seqüências e vocabulário
semelhantes aos dos exercícios de pré-escuta. Ou seja, os exercícios ajudaram na
predição.
A seguir, estão alguns trechos das respostas dos participantes extraídos
dos Relatos Reflexivos.
18
Entrar em contato com expressões similares fez com que
a compreensão fosse mais fácil.” ... Ajudou pois nos introduziu o tipo de diálogo
com questões típicas do caller ou do message taker facilitando a compreensão da
escuta, mesmo que os personagens tenham a voz parecida. ... As expressões
semelhantes na pré-escuta, assim como a pronúncia das palavras desconhecidas e
18
Trechos do Relato Reflexivo dos participantes de número 22, 28, 30, 33, 36 e 38. Texto: Can I Take
a Message? Turma com ativação do conhecimento prévio.
6
a entonação das perguntas ajudaram. O que dificulta um pouco é o nome das
pessoas e locais.”... “...me familiarizou com o contexto em questão.”...“As frases
contidas na pré-escuta foram importantes para me contextualizar aos diálogos por
telefone.”...“A atividade de ‘pre-listening’ facilitou quanto à ordenação do diálogo ao
telefone que obedece basicamente a mesma ordem. Existem frases como ‘can I
take/leave a message’ que sempre se repetem e, quando vamos ouvir a
compreensão oral, facilita muito.”
Ainda avaliando o que ajudou a compreensão, dentre os 41 participantes
que não tiveram o conhecimento prévio ativado, a maioria 16 (39,02%) disse que
nada ajudou. Os outros 25 participantes tiveram opiniões diversas, não coincidentes.
Dos 79 alunos que participaram da coleta, como foi descrito no capítulo da
metodologia, 39 escutaram os textos do capítulo Can I take a Message?, (textos A).
Destes, 21 receberam ativação do conhecimento prévio e 18 não receberam. Os
outros 40 participantes escutaram os textos do capítulo Final Call for Flight EA42
(textos B). Sendo que 17 participantes receberam ativação do conhecimento prévio
e 23, não (cf figura 1, no capítulo Metodologia).
Era esperado que o desempenho para ambos os textos seguisse o
mesmo padrão de acertos. Além disso, eu achava que os grupos que realizaram os
exercícios escritos, isto é, os que tiveram seu conhecimento prévio ativado, se
sobressaíssem.
O nível de acertos dos participantes foi diferenciado em cada texto. O
desempenho dos participantes relativo aos textos A foi melhor do que o
desempenho referente aos textos B. Os participantes que responderam ao teste de
compreensão oral referente aos textos A (teste A) apresentaram uma média de
acertos de 8,15 (90,56%) itens para um total de 9 itens. Os que responderam ao
teste B (teste de compreensão oral referente ao texto B), apresentaram uma média
de acertos de 4,33 (54,13%) itens para um total de 8 itens (tabela 2).
Tabela 2 – Média de acertos para o teste A X Média de acertos para o teste B
6
Textos de participantes Média Desvio Padrão Margem de erro
A 39 8,15 1,182 0,189
B 40 4,33 1,366 0,216
Podem-se estabelecer algumas suposições para explicar a razão desse
resultado:
a) Pode-se considerar que os exercícios para o teste B estivessem
difíceis. Um dos fatores que nivela a dificuldade de um texto são as
perguntas que se faz para analisá-lo. Talvez o nível de pergunta
estivesse elevado.
b) Pode ser que os participantes que responderam ao texto B não
tivessem esquemas apropriados para o compreenderem por completo. O tópico do
texto A faz parte do cotidiano dos participantes, enquanto o do texto B apresenta
situações pouco comuns. Mesmo assim, essas situações não são totalmente
desconhecidas pelos participantes. Não apenas as pessoas que viajam de avião ou
vão ao aeroporto para receber amigos ou familiares escutam esse gênero textual;
pode-se ter acesso a tais anúncios por meio do cinema e da televisão.
Richards (1987 apud Nihei 2002) afirma que muito do nosso conhecimento
de mundo está organizado em scripts, isto é, em lembranças para episódios típicos
que ocorrem em situações específicas. Esses episódios picos nos habilitam a
interpretar grande parte da linguagem da vida cotidiana. O autor comenta que se
uma família japonesa com crianças pequenas estivesse a par do fato de que nas
estações de trem em Washington D.C., famílias com crianças pequenas têm
prioridade para embarcar, ao escutar o enunciado de prioridade no embarque,
reagiria adequadamente, caso contrário, talvez não compreendesse o anúncio. Esta
conclusão pode explicar o ocorrido com os participantes desta pesquisa.
c) Os textos A teriam motivado a atenção por ser um diálogo, contendo
inflexões na entonação que ajudam na compreensão. O texto B, por ser um anúncio
de aeroporto, traz uma entonação de curta extensão, quase monótona. Talvez esse
aspecto dificulte a atenção.
6
d) O contato com a temática do texto se deu em apenas uma aula, talvez
sem motivações pessoais para uma codificação em nível profundo (Rogers, Kuiper &
Kirker, 1977, apud Sternberg, 2000; Kapur, Craik, Tulving, Wilson, Houle & Brown,
1994). Se houvesse um interesse pessoal envolvido, talvez a codificação fosse
ainda mais elaborada.
e) Pode ser que alguns participantes o tenham compreendido o
exercício. Pelo fato de eu não ser a professora deles, alguns podem ter se sentido
inibidos para pedir esclarecimentos quanto à tarefa.
f) Por último, pode ser ainda que, mesmo pensando ter compreendido a
tarefa, algum aluno, na verdade, pode ter se confundido e achado que havia
entendido. Como diz Rumelhart (1980) o leitor pode encontrar uma interpretação
consistente ao enunciado lido, mas divergente da pretendida pelo autor (no caso
desta pesquisa, a interpretação do ouvinte podia estar divergente da interpretação
pretendida pela pesquisadora).
Veja, abaixo, o percentual de participantes que foram bem sucedidos nos
itens referentes a cada questão do teste A (tabela 3) e do teste B (tabela 4). O
percentual de acerto está equiparado na maioria dos itens da tabela 3.
Tabela 3 - Percentual dos participantes do texto A que foram bem sucedidos.
Itens Com ativação do conhecimento prévio sem ativação do conhecimento prévio
1.1. 95% (diferença: +6) 89%
1.2. 90% (diferença: +2) 78%
1.3. 95% (diferença: +1) 94%
1.4. 95% (diferença: -5) 100%
2.1. 95% (diferença: +1) 94%
2.2. 100% (diferença: +17) 83%
2.3. 100% (diferença: +12) 78%
2.4. 90% (diferença: +18) 72%
2.5. 86% (diferença: -8) 94%
A primeira questão do teste A, como foi mencionado no capítulo da
metodologia, consistia em seis sentenças. Cada sentença estava associada a um
texto oral. Seguindo a ordem em que os diálogos se dispunham no CD, a segunda e
a terceira sentenças, não estavam literalmente explícitas nos textos. Apenas a
6
primeira e a quarta sentenças poderiam ser escutadas ipsis literis. Das seis
sentenças escritas, duas sentenças ficavam de fora, isto é, não estariam presentes
nos textos orais (ver Apêndice A - Exercícios escritos para os textos A).
A segunda questão era referente apenas ao último diálogo dos textos A.
Consistia em cinco itens para que os participantes marcassem verdadeiro e falso.
Nenhuma das sentenças estava literalmente presente no texto oral.
Dirigindo a atenção para a tabela 4, percebe-se uma grande diferença
entre o percentual de participantes que acertaram e participantes que erraram o
quarto item da segunda questão. Neste item, os que receberam ativação do
conhecimento prévio saíram-se melhor. Nos outros itens não há diferença
significativa. Os comentários logo abaixo da tabela relacionam-se aos itens 2.1, 2.3,
por terem tido um baixo índice de acerto por parte de ambos os grupos, e o item 2.4,
por ter obtido uma diferença significativa no percentual de acertos.
Tabela 4 - Percentual dos participantes do texto B que foram bem sucedidos.
Itens com ativação do conhecimento prévio sem ativação do conhecimento
prévio
1.1. 82% (diferença: -9) 91%
1.2. 82% (diferença: -9) 91%
1.3. 65% (diferença: +8) 57%
1.4. 65% (diferença: +22) 43%
2.1. 24% (diferença: +11) 13%
2.2. 82% (diferença: -9) 91%
2.3. Zero (diferença: -9) 9%
2.4. 59% (diferença: +46) 13%
A segunda questão traz quatro itens, cada um com duas opções a serem
marcadas com um X de acordo com o texto. Tais opções não se referem a algo que
estaria explícito no texto, o participante teria que inferir o que ele deveria fazer se
estivesse na situação descrita. Durante a pré-escuta, os participantes tiveram
6
contato com situações idênticas às desta questão. Os itens 2.1., 2.3., e 2.4. tiveram
um baixo percentual de acerto em ambos os grupos. No primeiro item, o ouvinte
deveria estar atento à diferença entre embarcar e decolar, porque os passageiros
deveriam aprontar-se para embarcar às 11h15min, mas o avião decolaria às
11h45min. No terceiro item, o destino do vôo era Hanói e não Honolulu, como estava
escrito no teste. E no item 4, o anúncio alertava para o início do processo de
embarque apenas para os passageiros com crianças pequenas, os da classe
executiva e os da classe econômica cujos números da poltrona fossem do 41 ao 54.
O passageiro cujo número da poltrona fosse 36B deveria esperar pelo próximo
anúncio. Durante a atividade de pré-escuta, foi feito um exercício com situação
semelhante à do item 2.4. É provável que tal prática tenha feito com que os
participantes que fizeram esta atividade tenham se saído bem melhor que os outros
participantes.
Quanto aos acertos para o teste A, a média foi de 8,43 para os 21
participantes que receberam ativação e de 7,83 para os que não a receberam
(tabela 5).
Tabela 5 - Média de acertos X ativação do conhecimento prévio para os
textos A.
Ativação Nº de participantes Média Desvio Padrão
Sim 21 8,43 1,028
Não 18 7,83 1,295
t= 1,6000 p= 0,118
Para o teste B, a média dos acertos foi de 4,53 para os 17 participantes
que receberam ativação e de 4,17 para os que não a receberam (tabela 6).
Tabela 6 - Média de acertos X ativação do conhecimento prévio para os textos B.
Ativação Nº de participantes Média Desvio Padrão
Sim 17 4,53 1,505
Não 23 4,17 1,267
t = 1,810 p = 0,423
6
O teste p de Fischer foi usado para comparar as médias entre os grupos.
O desvio padrão mostra em quantas vezes se erra ao afirmar que as médias de uma
mesma tabela são diferentes. Se for dito que as médias 8,4 e 8,3 (tabela 5) são
diferentes, erra-se 0,758 vezes. Se for dito que as dias 8,5 e 6,3 (tabela 8) são
diferentes, erra-se bem menos: 0,015. Significa dizer que uma diferença
significativa entre as médias 8,5 e 6,3, pois o desvio padrão (p) deve ser igual ou
inferior a 0,05 para que se possa considerar um resultado significativo entre as
médias. A única tabela em que se verifica uma diferença significativa, do ponto de
vista estatístico, é na tabela 8, na qual p = 0,015.
Se as variáveis ativação do conhecimento prévio e média de acertos para
os grupos A e B (tabelas 5 e 6) forem comparadas, os resultados mostram que não
houve diferença significativa no desempenho dos grupos em estudo. Entretanto, se
os grupos A e B forem subdivididos em A1 e A2 e B1 e B2, sendo A1 e B1 os
participantes que exercitam a compreensão oral 4 vezes por semana ou mais e A2 e
B2 os participantes que exercitam a compreensão oral até 3 vezes por semana,
obtém-se uma diferença significativa em relação ao texto A (tabelas 7 e 8).
Tabela 7 - Prática de compreensão oral de quatro vezes ou mais por semana X
média de acertos para os textos A.
Ativação Nº de Participantes (A1) Média Desvio Padrão
Sim 15 8,4 1,12
Não 14 8,3 0,83
t = 0,311 p = 0,758
Na tabela 7, deve ser considerado o fato de que a prática semanal pode
ter ajudado os participantes que não tiveram o conhecimento prévio ativado a
alcançarem a média equiparada à média de acertos do grupo que recebeu ativação.
Os números da tabela 8 são um importante indício de que a ativação do
conhecimento prévio é um fator relevante na compreensão oral, mostrando que a
ativação do conhecimento prévio ocasionou o bom desempenho dos participantes
que praticavam a compreensão oral até três vezes por semana.
6
Tabela 8 - Prática de compreensão oral de até três vezes por semana X média de
acertos para os textos A.
Ativação Nº de Participantes (A2) Média Desvio Padrão
Sim 6 8,5 0,84
Não 4 6,3 1,50
t =3,8 p = 0,015
Contrastando as tabelas 7 e 8, pode-se verificar que a média de acertos
para os participantes que praticam compreensão oral 4 vezes ou mais por semana,
8,4 e 8,3 (tabela 7) equivale à média dos participantes que praticam compreensão
oral até três vezes por semana e tiveram o conhecimento prévio ativado, 8,5 (tabela
8). Pode-se inferir que a ativação do conhecimento prévio com exercícios escritos
deixou estudantes que praticam pouco a compreensão oral emde igualdade com
aqueles que a praticam regularmente.
Diferentemente do resultado do teste A, considerando a variável prática da
compreensão oral, no teste B, a ativação do conhecimento prévio não influenciou os
resultados dos testes (tabelas 9 e 10). Retomando as reflexões feitas no início deste
capítulo, essa diferença poderia ser atribuída à falta de esquemas anteriores
apropriados para a compreensão do texto. Além disso, a entonação quase
monótona do anúncio pode ter dispersado a atenção dos participantes. A diferença
de gênero entre os textos pode ter influenciado os resultados. Talvez o gênero aviso
por alto-falante seja potencialmente mais difícil de ser compreendido. também a
possibilidade de algum participante não ter compreendido a tarefa. Existe ainda a
possibilidade do nível de pergunta para o teste B estar muito elevado.
Tabela 9 - Prática de compreensão oral de quatro vezes ou mais por semana X
média de acertos para os textos B.
Ativação Nº de Participantes (B1) Média Desvio Padrão
Sim 10 4,9 1,2
Não 19 4,2 1,2
t = 1,57 p = 0,128
7
Tabela 10 - Prática de compreensão oral de até três vezes por semana X média de
acertos para os textos B.
Ativação Nº de Participantes (B2) Média Desvio Padrão
Sim 7 4,0 1,83
Não 4 4,3 1,7
t = 0,223 p = 0,828
Quanto à faixa etária, a variável idade dos participantes foi cruzada com a
média de acertos, mostrando que a idade não influenciou no número de acertos das
questões. As correlações entre número de acertos e idade foram feitas por meio do
coeficiente de correlação r de Pearson.
O número de participantes que usavam a compreensão oral no contato
com nativos de língua inglesa era muito baixo, impossibilitando determinar a
influência dessa variável nos resultados.
Sintetizando o que foi descrito neste capítulo, no tratamento estatístico,
verificou-se que não houve diferença significativa no desempenho dos grupos em
estudo no que se refere à dia de acertos, segundo a ativação do conhecimento
prévio. Entretanto, desconsiderando a média, examinando cada item, percebe-se
diferença significativa em um dos itens, segundo a ativação (cf tabela 4). Para o
texto A (tabela 8), a ativação do conhecimento prévio com exercícios escritos deixou
estudantes que praticam pouco a compreensão oral em de igualdade com
aqueles que a praticam regularmente (tabela 7), mostrando a eficácia da atividade
de pré-escuta.
7
CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fato de o conhecimento prévio ser próprio de cada pessoa faz com que
o professor precise saber se cada um de seus alunos tem esquemas formados
sobre o texto a ser trabalhado em sala e em que nível de complexidade. As
atividades de pré-escuta podem ser usadas como uma maneira do professor
conhecer seus alunos e, a partir das impressões coletadas, ativar ou fornecer o
conhecimento prévio necessário. Tal conhecimento pode contribuir para uma
melhoria na didática do professor ao lidar com as habilidades de compreensão oral,
na avaliação do desempenho do aluno, na ampliação da capacidade de
compreensão e construção de laços entre professor e alunos.
Durante a fase de análise dos dados, percebi algumas limitações neste
trabalho. A ativação do conhecimento prévio para um texto oral foi feita apenas com
exercícios escritos. Apesar de os exercícios terem sido lidos e comentados
oralmente, pode ter havido mais estímulos visuais do que auditivos, privilegiando, na
ativação, o aspecto visual.
Para o fato dadia de acertos nos testes A ter sido superior ao do teste
B, talvez as questões relativas ao teste A estivessem mais fáceis do que as do teste
B. Um mesmo texto oral pode ser apresentado a turmas de veis diferentes
contanto que os exercícios de avaliação da compreensão sejam adaptados a cada
nível. É o conjunto, texto e exercícios, que deve ser analisado antes da aplicação
numa turma.
Em pesquisas futuras poder-se-ia tentar uma coleta de dados que
abrangesse mais de uma aula, ativando-se o conhecimento prévio de um dos grupos
com atividades de pré-escuta que atuassem no aprofundamento ou criação de
esquemas, com tempestades de idéias, jogos, leituras, debates ou perguntas.
Poder-se-iam propor experiências dentro ou fora da sala de aula, usando o
computador ou mesmo passeios a lugares que tenham vínculo com o tema da aula,
7
estimulando a elaboração de expectativas para uma situação específica. Desta
forma, a atividade de pré-escuta estimularia os vários sentidos atingindo alunos
visuais, auditivos e sinestésicos. Seguindo esta linha de pensamento, a ativação do
conhecimento prévio poderia ser feita usando as quatro habilidades na mesma
proporção.
Considerando que a ativação do conhecimento prévio é um fenômeno
espontâneo e automático, ao invés de usar questões objetivas no teste de
compreensão oral, como questões de múltipla escolha, correspondência de colunas,
verdadeiro e falso, o teste poderia ser totalmente subjetivo, ou seja, aos
participantes seria entregue uma folha de papel em branco, seria escutado um texto
e, em seguida, eles escreveriam um resumo do que escutaram. Assim, seria evitado
que o conhecimento prévio fosse ativado com a leitura das questões do teste.
Poderia também ser elaborada uma outra questão associando o que se passou no
texto oral com algo de interesse pessoal, relacionando o texto à experiência do
participante ou a algo que fizesse parte do cotidiano dos ouvintes. Segundo Rogers,
Kuiper & Kirker (1977 apud Sternberg, 2000) palavras de auto-descrição são mais
facilmente recordadas. De acordo com Bellezza (1984, 1992 apud Sternberg, 2000)
torna-se fácil codificar e recuperar informações que nos dizem respeito, de forma até
mais rica em detalhes.
Os textos orais poderiam ser escutados por ambos os grupos. Os textos A
para os grupos A e B e os textos B para os grupos A e B. Desta forma, além de ser
ampliado o número de participantes, será possível saber se é o nível das questões
que está ou não adequado ao nível das turmas ou se é algum desnível de
proficiência entre as turmas.
Alguns fatores que podem ter influenciado a convergência dos resultados
desta pesquisa entre os grupos submetidos à ativação e os que não foram
submetidos são o intervalo de tempo entre os textos orais e os testes por escrito
para avaliar a compreensão oral. O intervalo de tempo entre uma audição e outra na
compreensão oral foi, propositalmente, de 5 segundos, tempo mínimo necessário
7
para responder às questões, evitando que os participantes que não tiveram atividade
de pré-escuta ativassem seu conhecimento prévio. Por outro lado, o fato dos testes
para avaliar a compreensão oral terem sido por escrito, pode ter ocasionado a
ocorrência de ativação do conhecimento prévio em ambos os grupos pelo fato de o
conhecimento prévio ser ativado espontaneamente, mesmo com apenas 5 segundos
de intervalo entre os textos. Como as questões dos testes eram escritas, os
participantes que não tiveram ativação do conhecimento prévio o ativaram por si
mesmos porque o conhecimento prévio é espontaneamente ativado. Ao ler as
questões dos testes, eles, provavelmente, o ativaram. É claro que o espaço de
tempo para recuperar as informações armazenadas na memória era bem curto, ou
pelo menos mais curto do que o tempo dado aos participantes do grupo de recebeu
a ativação. Estes tiveram o período da atividade de pré-escuta que durou cerca de
vinte minutos.
Espero ter, com os resultados desta pesquisa, chamado a atenção para a
importância da conscientização do professor sobre a necessidade de procurar
sondar o conhecimento prévio dos alunos a fim de entender a interpretação dada por
eles aos textos, que é fruto de seus esquemas. O professor deve evitar basear-se
apenas em seus próprios esquemas para avaliar o desempenho de seus alunos nas
interpretações textuais. Em minha opinião, a preocupação do professor com o
conhecimento prévio do aluno pode contribuir não para melhorias na prática de
compreensão oral do aluno, mas também para aprofundar os laços interpessoais na
sala de aula.
Nesta dissertação, foi colocado à disposição o caminho metodológico
seguido, abrindo a possibilidade de novas investigações com caminhos
metodológicos diversos. Considerando o achado em relação à prática de
compreensão oral, acho por bem sugerir que, na sala de aula de língua estrangeira,
dedique-se maior atenção ao desenvolvimento de estratégias de compreensão oral,
à elaboração de formas de expansão dos esquemas dos alunos e à busca de novas
maneiras de ativar o conhecimento prévio para a compreensão oral.
7
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2006.
8
ANEXOS
8
Anexo A - Script dos Textos A (Can I Take a Message?)
8
8
Anexo B - Script dos Textos B (Final Call for flight EA42)
8
Anexo C - Teste de compreensão oral A
TESTE DE COMPREENSÃO ORAL
ALUNO(A): __________________________________________________________
TURMA: _____________________ HORÁRIO: _____________ DATA: __________
Can I Take a Message?
1. Listen to four telephone conversations. Write the number of the conversation next
to the main point of the call.
____ Please tell her I’ll be an hour later.
____ I’ll call again at 2 o’clock.
____ I’ll call her on her cell phone.
____ Could you ask him to call me?
____ I’ll call again tomorrow.
____ Could you ask him to email me?
8
2. Listen to conversation four again. Write true (T ) or false (F ) next to the
information that Jason should give to Mr. Fairweather.
Mr. Fern wants Mr. Fairweather to email him.
Mr. Fern wants to arrange a meeting next week.
Mr. Fern wants to have the meeting on Wednesday.
Mr. Fern works for Northern Bank
Mr. Fern will call again later.
8
Anexo D - Teste de compreensão oral B
TESTE DE COMPREENSÃO ORAL
ALUNO(A): __________________________________________________________
TURMA: _____________________ HORÁRIO: _____________ DATA: __________
Final Call for Flight EA 42
1. Draw lines to match the number of the announcement to the correct summary.
Announcement 1
Announcement 2
Announcement 3
Announcement 4
Don’t leave your bags alone.
Time to go.
We’ve found your daughter
We’re sorry to have kept you waiting.
Big bargains at duty free.
Someone’s waiting for you.
8
2. Listen to the announcements again. Check (V) what you should do in each
situation.
Announcement 1
You are travelling on Flight NA 115 to Las Vegas. What should you do?
be ready to board the plane at 11:15 am.
be ready to board the plane at 11:45 am.
Announcement 2
You are waiting for your flight and you need to go to the restroom. You are
travelling alone and you have a large shoulder bag. What should you do?
leave your bag on your seat so other passengers will know the seat is taken.
take your bag with you to the restroom.
Announcement 3
Your name is Singh, and you are travelling on East Asian Flight 28 to Honolulu.
What should you do?
go to the Jasmine Lounge.
nothing.
Announcement 4
You are travelling alone in economy class on Flight 4, and your seat number is
36 B.
What should you do?
get in line to board the plane.
wait for the next announcement.
APÊNDICE
Apêndice A - Exercícios escritos para os textos A
ALUNO(A): __________________________________________________________
TURMA: ______________________ HORÁRIO: _____________ DATA: _________
Can I Take a Message?
1. Put the conversation bellow in the correct order by numbering it.
____ Yes, please. Could you ask him to call Brian Hart? That’s H-A-R-T.
____ Thanks a lot . Goodbye.
____ I’m afraid Mr. Taylor is out of the office at the moment. Can I take a message?
____ It’s 706-5451.
____ Good morning. Temple Investments. How can I help you.
____ Goodbye.
____ Okay, Mr. Hart. I’ll get Mr. Taylor to call you as soon as he gets back.
____ Certainly, Mr. Hart. And what is your number?
____ Good morning. May I speak to Martin Taylor, please?
OBS.: O segundo exercício desta questão consistia em um diálogo para ser
colocado na ordem correta. Durante a coleta de dados, este diálogo não estava
escrito na gina do teste, mas foi entregue a cada participante em tiras de papel,
para ser colocado em ordem:
Sternberg associates, Martin speaking. How can I help you?
Hello, ah, I would like to speak to Mr. Sternberg, please.
He’s gone out. He is out on a congress and I’m afraid he’s going to be tied up
himself for the rest of the day. You could try him on his cell phone.
I don’t think it’s necessary. Indeed I want to arrange a meeting with him. Could you
ask him to e-mail me? I’d like him to suggest a few possible times for next week.
Okay. I’ll give him the message.
Oh, one more thing. Tell him I can’t make Monday but any other day may be okay.
Sure. I’ll tell him that.
Okay then. Bye.
Have a nice day.
2. Look at the list of questions in the left column. Write C (caller) next to the phrases
spoken by the person making the call, or M (message taker) next to the phrases
spoken by person who receives the call and takes a message.
____Would you like to leave a
message?
Yes, it’s G-I-L-E-S.
I think around 4:30.
____ Have you any idea what time
she’ll be back?
____ Could you give a message for
me?
____ Does he know your number?
____ Could you spell that for me?
____ Could you tell him it’s urgent?
____ Will he be back later?
____ Can I ask who is calling?
Yes, this is David Watts
from Weller Cosmetics.
No, I’m afraid he’s out for
the rest of the day.
Certainly.
No thanks. I’ll call back
later.
Yes, of course. I’ll get him
to call you as soon as he’s
free.
I think so, but I’ll give it to
you anyway. It’s…
Now draw lines and match each question with its answer from the right-hand column.
Apêndice B - Exercícios escritos para os textos B
TESTE DE COMPREENSÃO ORAL
ALUNO(A): __________________________________________________________
TURMA: _______________________ HORÁRIO: ___________ DATA: __________
Final Call for Flight EA 42
1. Look at the announcements. Circle the announcements you can hear in an
airport.
Will passenger Miller flying to
Hong Kong contact the South
Pacific Airlines information desk in
terminal two please.
The 14:37 bound for St Louis is
departing from track 16.
Mind the gap.
We would like to remind all
passengers not to leave
unattended luggage at any time.
The new departure time for Flight
NA 456 is 12:30. We apologize for
the delayed departure.
Stand clear at the door.
We would like to remind patrons
to turn of cell phones and pagers
during the show. Thank you.
Passenger Dowson, traveling on
Varig airlines Flight RG 2368 to
Brazil. Please go to the Varig
lounge in the International
departure area.
2. Summarise the announcements bellow:
a) East Asian airways Flight EA 38 to London is now ready to begin boarding
through gate 28. We will begin boarding passengers with small children and
economy class passengers in rows 51 through 60. Please check your seat
allocation before presenting your boarding pass.
Summary:
Now boarding passengers with small children and economy class in rows 51 through
60 ._________________________________________________________________
___________________________________________________________________
b) Attention please, all passengers on Global Airlines Flight 873 to Seattle. We
would like to apologize for the delayed departure. The new departure time for this
flight is 9:45. This is due to heavy snow in Seattle.
Summary:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
c) Northern Airlines Flight 94 is now ready for boarding with business class
passengers and passengers with young children. Please have your passports and
boarding cards ready. All other passengers are requested to remain seated until the
next announcement.
Summary:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
93
Apêndice C - Perguntas para ativar o conhecimento prévio para os textos A
Atividade de Pré-escuta - Can I Take a Message?
1. The phone rings, you answer but it is for your mum and she is out. What would
you say? (take a message, ask him to call later, ask him to try her on her cell
phone?)
2. Let’s suppose you are a secretary. Your boss is in a meeting and someone calls
him. What would you say? (He’s in a meeting at the moment. Can I take a
message?)
94
Apêndice D - Perguntas para ativar o conhecimento prévio para os textos B
Atividade de Pré-escuta - Final Call for Flight EA 42
1. Have you already flown? (…traveled by plane?)
2. Even if you have never flown, you have probably watched movies with scenes in
airports. What kind of announcements can be heard in an airport?
3. Would you leave your bags alone in an airport to go to the duty free, for instance?
Why? (Because of burglars or terrorism)
4. If a friend who are traveling with you gets lost in an airport, what would you do to
find her? (announce his/her name in a lounge)
95
Apêndice E - Termo de Consentimento
Dados do Participante da Pesquisa
Nome: _____________________________________________________________
Sexo: ______________________________________________________________
Idade: ______________________________________________________________
E-mail: _____________________________________________________________
Nacionalidade: _______________________________________________________
Endereço: Rua: ____________________________________________________
Bairro: ___________________________________________________
Responsável pela Pesquisa: Irin Christine Marie de Vasconcelos Varela
Declaro ter ciência de estar participando da pesquisa Ativação do
Conhecimento Prévio como Elemento Facilitador da Compreensão de Textos Orais
em Língua Estrangeira. Sei que meu nome será omitido do relato da pesquisa.
Fortaleza, _____ de agosto de 2005
_________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora
96
Apêndice F - Sondagem Diagnóstica
ALUNO(A): __________________________________________________________
TURMA: _____________________ HORÁRIO: _____________ DATA: __________
1. Você tem contato com nativos de língua inglesa?
Sim
Não
2. Caso a resposta seja afirmativa. Como se dá esse contato?
E-mail
Correio convencional
Contato pessoal no ambiente de trabalho
Programa de intercâmbio institucional. (especifique)_____________________
Outro. (especifique) ______________________________________________
3.Você já viajou para algum país de língua inglesa?
Sim
Não
4. Caso a resposta seja afirmativa, qual (is)?
Estados Unidos da América
Reino Unido
Outro. (especifique) ___________________________________________
5. Há quanto tempo?
Há menos de um ano.
Entre um e dois anos.
Há mais de dois anos.
97
6. Quanto tempo durou sua estada?
Até um mês.
Entre dois e seis meses.
Entre sete e 12 meses.
Mais de um ano.
Observações (no caso de estada em mais de um país):
______________________________________________________________
7.Seu contato durante a viagem era:
Apenas com nativos de língua inglesa.
Com nativos de língua inglesa e de língua portuguesa.
Com nativos de língua inglesa e de outras línguas que não o português.
Outros. (especifique) _____________________________________________
8.Você já hospedou nativos de língua inglesa em sua casa?
Sim
Não
9. Caso a resposta seja afirmativa. Por quanto tempo?
Até um mês.
Entre dois e seis meses.
Entre sete e 12 meses.
Mais de um ano.
10. Há quanto tempo você estuda inglês?
Há até dois anos.
Há três anos.
Há mais de três anos.
98
11. Você está repetindo este semestre?
Não.
Sim.
Comentário: __________________________________________________
12. Que tipo de contato você tem com o idioma inglês fora da sala de aula?
Filme (DVD ou fita cassete),
Internet,
Cinema,
Música (CD, DVD ou fita cassete),
Livros,
Nenhum,
Outros. (especifique) _____________________________________________
13. Com que freqüência ( vezes por semana) você:
13.1. lê inglês, 1X 2 a 3X 4X ou mais
13.2. escuta inglês, 1X 2 a 3X 4X ou mais
13.3. escreve em inglês, 1X 2 a 3X 4X ou mais
13.4. fala em inglês. 1X 2 a 3X 4X ou mais
14. Como você avalia sua compreensão ouvindo falantes de inglês...
14.1. ...ao telefone; ( ) fraca ( ) regular ( ) muito boa
14.2. ...face a face; ( ) fraca ( ) regular ( ) muito boa
14.3. ..nos filmes(TV ou cinema);( ) fraca ( ) regular ( ) muito boa
14.4. ...na rádio. ( ) fraca ( ) regular ( ) muito boa
99
15. A sua audição clinicamente é:
15.1. Normal
15.2. Tenho problemas de audição em um ouvido. (especifique)
___________________________________________________________________
15.3. Tenho problemas de audição em ambos os ouvidos. (especifique)
___________________________________________________________________
16. Qual é o seu nível de escolaridade?
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
3º grau incompleto
3º grau completo
pós-graduação
17. Sua graduação é em:
______________________________________________________________
18. Sua pós-graduação é em:
______________________________________________________________
19. Qual é a sua ocupação?
______________________________________________________________
1
Apêndice G - Relato reflexivo
(grupos com atividade de pré-escuta)
ALUNO(A): __________________________________________________________
HORÁRIO: _____________________ DATA: ___________________
SEMESTRE: VII
Após escutar o texto, responda às questões abaixo:
1. Você já tinha escutado ou lido esse texto antes?
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___________________________________________________________________
2. Você acha que a atividade de pré-escuta o(a) ajudou ou atrapalhou a
compreender o texto oral? Como?
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. Relate, por escrito, o que o(a) ajudou ou atrapalhou a responder às perguntas
relativas à cada uma das duas questões do texto oral.
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1
Apêndice H - Relato reflexivo
(grupos sem atividade de pré-escuta)
RELATO REFLEXIVO
ALUNO(A): __________________________________________________________
HORÁRIO: _____________________ DATA: ___________________
SEMESTRE: VII
Após escutar o texto, responda às questões abaixo:
1. Você já tinha escutado ou lido esse texto antes?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2. Relate, por escrito, o que o(a) ajudou ou atrapalhou a responder às perguntas
relativas à cada uma das duas questões do texto oral.
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