45
das satisfações pessoais. Por isso, para eles, quando os indivíduos vão ao mercado eles estão
interessados em satisfazer seus desejos da forma mais eficiente possível.
Para essa corrente, as trocas no mercado só são possíveis devido à utilidade das
mercadorias para os consumidores. O mercado é o lugar de encontro das decisões individuais
e da satisfação dos desejos. Diferente dos economistas clássicos, os economistas neoclássicos
ou utilitaristas, remetem a substância das mercadorias à subjetividade dos agentes da troca.
Entre os neoclássicos analisados estão Jevons, Menger, Böhm-Bawerk,
Marshall e Wicksell. Em geral, para todos eles o valor é um conceito
subjetivo e abstrato a respeito da importância que os bens têm para os
indivíduos, e neste sentido o valor de troca de um bem depende da utilidade
marginal [grau final de utilidade] do bem, que, por sua vez, sustenta-se na
sua utilidade e escassez, sendo que o trabalho necessário para elaborar um
bem não é decisivo na determinação do seu valor, embora cada autor tenha
também suas particularidades adicionais (Vivas Aguero, 1996, p.24).
De uma maneira geral, segundo Vivas Agüero (1996), pode-se afirmar que os preços
pagos pelos consumidores correspondem a disposições individuais para pagar por aquela
mercadoria. Esta decisão de compra resulta de um cálculo, visto que se trata de uma decisão
racional, que divide a utilidade marginal do bem pela utilidade marginal da renda do
indivíduo. O produtor, por sua vez, fixa o preço da sua mercadoria de acordo com o custo
marginal da mesma. Os teóricos do equilíbrio geral da economia, ainda segundo Vivas
Agüero, defendem que os preços são formados pela interação simultânea da demanda e da
oferta dos bens em geral. Para eles, a Teoria Subjetiva do Valor determina a formação dos
preços.
Contrariamente a teoria neoclássica, Smith diz ser importante separar o valor da
moradia do seu preço. Para ele, se o objetivo primeiro da gentrificação é a busca por alto
retorno, isto é, alta lucratividade, os custos de produção serão decisivos na determinação dos
preços. Para os economistas clássicos, os custos de produção definem o valor dos bens. Por
isso, tendo por referência os economistas clássicos Smith, Ricardo e também Marx, Smith
considera inquestionável a Teoria do Valor-Trabalho.
Para Smith (1776, vol.I, p. 63), o valor de troca se baseia na quantidade de
trabalho que o bem pode comprar ou comandar. [...] Ricardo (1817, p. 43-
68), ao contrário, considera que o valor dos bens deriva da quantidade de
trabalho direto e indireto necessário para obtê-lo, além da utilidade e
escassez daquele, e este valor é sempre regulado pela maior quantidade de
trabalho aplicado por aqueles que estão nas condições mais desfavoráveis.
Marx acredita que a grandeza do valor é medida pelo quantum de trabalho