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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IgG, IgA E IgM AOS
ANTÍGENOS RECOMBINATES MPT-64 E MT-10.3
DE MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS NO
LIQUIDO CEFALORRAQUIANO DE PACIENTES
COM MENINGITE TUBERCULOSA
RAFAEL RIBEIRO HERINGER
Prof. Dra Marzia Puccioni Sohler
ORIENTADORA
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
Dissertação apresentada ao término do
Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu
em Neurologia, Área de Concentração
Neurociências, do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro -
UNIRIO, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Mestre.
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
2006
II
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Heringer, Rafael Ribeiro
H546a Avaliação da Resposta IgG, IgA e IgM aos Antígenos
Recombinantes MPT-64 e MT-10.3 de Mycobacterium
Tuberculosis no Liquido Cefalorraquidiano de Pacientes
com Meningite Tuberculosa / Rafael Ribeiro Heringer. –
Rio de Janeiro, 2005.
Xiii, 107 f. : il. ; 29cm
Dissertação (mestrado em Neurologia) – Universidade Federal
do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde, Rio de Janeiro, 2005.
Orientação: Marzia Puccioni Sohler. Maria Helena Feres Saad
1. Meningite tuberculosa 2. Liquido Cefalorraqueano 3.
Mycobacterium tuberculosis 4. MPT-64 5. MT-10.3 6. ELISA I
Puccioni-Sohler, Marzia. Saad, Maria Helena Feres II. Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, CCBS.
III- TITULO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IgG, IgA E IgM AOS
ANTÍGENOS RECOMBINATES MPT-64 E MT-10.3 DE
MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS NO LIQUIDO
CEFALORRAQUIANO DE PACIENTES COM MENINGITE
TUBERCULOSA
Por
RAFAEL RIBEIRO HERINGER
Dissertação de Mestrado
BANCA EXAMINADORA
Profa.Dra. Marzia Puccioni Sohler
Profa.Dra. Leila de Souza Fonseca
Prof.Dr. Carlos Alberto Morais de Sá
Conceito:............................
Rio de Janeiro, RJ – Brasil, 2006
III
A Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador, o único digno
de toda a honra, toda a Glória, porque dEle, por Ele e
para Ele são todas as coisas.
À minha esposa Cheila, pelo nosso amor, carinho,
dedicação e companheirismo nesta fase.
À minha filha, Camila, pelo meu imenso amor e
cuidado.
IV
À professora Marzia Puccioni, pela confiança, paciência, incentivo, orientação e
dedicação neste trabalho.
À professora Maria Helena Saad, pela dedicação, paciência e orientações tão
importantes neste trabalho.
À professora Regina Papais Alvarenga, pelo imenso carinho, confiança e incentivo
recebido nesses quatro anos de trabalhos juntos.
À Isabela Gama Sardella, pelo grande apoio e dedicação na realização dos testes.
Ao Dr. Carlos Otávio Brandão pelo imenso apoio e confiança em meu trabalho e pela
disponibilização das amostras estudadas.
Às biólogas do Laboratório NEUROLIFE, pelo apoio recebido da coleta de dados e
amostras.
Aos meus pais e irmãs, que tanto me incentivaram, apoiaram, e me sustentaram em
amor, para que eu pudesse chegar tão longe.
A todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente com este estudo.
V
RESUMO
HERINGER, Rafael Ribeiro. Avaliação da resposta IgG, IgA E IgM aos antígenos
MPT-64 e MT-10.3 de Mycobacterium tuberculosis no liquido cefalorraquiano de
pacientes com meningite tuberculosa. Orientadoras: Marzia Puccioni Sohler,
Maria Helena Ferres Saad. Rio de Janeiro: UNIRIO/CCBS, 2006.
Dissertação (Mestrado em Neurologia)
INTRODUÇÃO: A meningite tuberculosa (MBK) é a principal forma de acometimento da
tuberculose no sistema nervoso central, sendo considerada um dos tipos mais graves
de tuberculose extra-pulmonar com alto potencial de morbi-mortalidade. Testes
acurados, de simples operacionalidade e de baixo custo são importantes para o
diagnóstico precoce da doença.
MÉTODOS: Enzymed-Lynked Immunosorbent Assay (ELISA) "in-house" foi usado para
detectar IgG, IgA e IgM contra os antígenos micobacterianos recombinantes MPT-64 e
MT-10.3 no líquido cefalorraquiano (LCR) de 19 pacientes com MBK e 71 pacientes
com cefaléia ou esclerose múltipla.
RESULTADOS: A melhor reação foi obtida com IgG MT-10.3 (100%, 92%), seguida de
IgG MPT-64 (90%, 94%), IgA MPT-64 (90%, 92%), IgM MT-10.3 (90%, 78%), IgA MT-
10.3 (79%, 75%) e IgM MPT-64 (68%, 66%), respectivamente para sensibilidade e
especificidade. A combinação dos testes aumenta a sensibilidade porém diminui a
especificidade. Todos os pacientes com MBK responderam positivamente à IgG MT-
10.3 (19/19), seguida por IgG (17/19) e IgA MPT-64 (15/19) e existe uma correlação
significativa entre a concentração proteica alta e a média de reatividade
(p<0,007). A coinfecção HIV/MBK não interfere na reatividade do teste para ambos os
antígenos (p>0,09).
CONCLUSÃO: De acordo com o nosso conhecimento, este é o primeiro
trabalho mostrando a reação imune no LCR de pacientes com MBK ao antígeno MT-
10.3. Considerando que todos os LCR mostraram reatividade ao MT-10.3, este é um
marcador útil para o diagnóstico da MBK. Estudos futuros devem ser feitos para validar
este teste.
VI
ABSTRACT
HERINGER, Rafael Ribeiro. Avaliação da resposta IgG, IgA E IgM aos antígenos
recombinantes MPT-64 e MT-10.3 de Mycobacterium tuberculosis no liquido cefalorra_
quiano de pacientes com meningite tuberculosa. Orientadoras: Marzia Puccioni
Sohler, Maria Helena Ferres Saad. Rio de Janeiro: UNIRIO/CCBS, 2006.
Dissertação (Mestrado em Neurologia)
Tuberculous meningitis (MBK) is the most common form of tuberculosis in central
nervous system, has been considered one of the weightiest types of extra-pulmonary
tuberculosis with high potential of morbid-mortality. Development of simple,
reproducible, inexpensive diagnostic test for MBK are important to early diagnosis of
disease.
Enzymed-linked immunosorbent assay (ELISA) “in house” was carried out to detect IgG,
IgM, and IgA against recombinant mycobacterial antibody MT-10.3 and MPT-64 in
cerebrospinal fluid (CSF) of 19 patients with tuberculous meningitis (TMB) and 71
control patients (Multiple Sclerosis or headache).
The best reaction was obtained with IgG MT-10.3 (100%, 92%), followed by IgG MPT-64
(90%, 94%), IgA MPT-64 (90%, 92%), IgM MT-10.3 (90%, 78%), IgA MT-10.3 (79%,
75%) and IgM MPT-64 (68%, 66%), respectively to sensibility and specificity.
Combination of assays increase sensibility although decrease the specificity. All the
MBK patients responded positively to IgG MT-10.3 (19/19), followed by IgG (17/19) and
IgA MPT-64 (15/19) and there is a significant correlation between high protein
concentration and mean of reactivity (p< 0,007). HIV seropositivity did not interfere in the
test reactivity to both antigens (p>0,09).
This is, to the author’s knowledge, the first report to detect antibody against MT-10.3,
showing his potential immunodiagnostic detecting all CSF of TMB positive culture and
showing less than 10% of false-negative. Future studies must be done to validate this
test.
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática das membranas conjuntivas (meninges) que
envolvem o sistema nervoso central. p. 18
Figura 2. Curva do tipo receiving operator characteristic curve (ROC) hipotética e ideal.
p. 60
Figura 3. Resultado da padronização com o concentrado de LCR MBK (controle
positivo) e Não TB (controle negativo) com o antígeno MPT-64 e MT-10.3 (1
μg/ml) e conjugados A) anti IgA, B) anti IgM e C) anti IgG. p. 69
Figura 4. Resultados do Liq-EIA expresssos em densidade ótica com os antígenos
MPT-64 e MT-10.3 para deteção dos anticorpos IgG, IgM e IgA IgG. p. 74
Figura 5. Curva ROC de sensibilidade x especificidade do Liq-EIA para detecção dos
diferentes tipos de Acs reativos aos Ags MT10.3 e MPT-64. p. 76
VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela I. resume dos principais estudos da resposta imune no LCR, por ELISA, com
diferentes antígenos micobacterianos e tipos de anticorpos. p.48
Tabela II. Características clínicas e demográficas dos pacientes que tiveram LCR
incluídos neste estudo. p.63
Tabela III. Resultados dos exames bioquímico-celular dos LCR nos diferentes grupos
de LCR. p.65
Tabela IV: Características clínico e citoquímica dos LCR provenientes de pacientes com
MBK e sub-agrupados de acordo com a concentração protéica do LCR. p.
66
Tabela V. Resultados dos exames bioquímico-celular dos LCR do SubGrupo I Infetados
ou não pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). p.67
Tabela VI: Sensibilidade e especificdade do Liq-EIA na detecção de diferentes tipos de
Acs reativos aos antígenos MPT-64 e MT-10.3. p. 71
Tabela VII: Freqüência da resposta imune de IgG, IgM e IgA aos antígenos MPT-64 e
MT-10.3 no LCR de pacientes MBK subdivididos quanto a sorologia para
HIV e proteinorraquia (PR). p.72
Tabela VIII: Sensibilidade e especificidade do Liq-EIA analisando os resultados
cumulativamente. p.73
IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
TB- Tuberculose
MBK- Meningite Tuberclosa
SNC- Sistema Nervoso Central
OMS- Organização Mundial de Saúde
PCT/SES/RJ- Programa de Controle de Tuberculose da Secretaria de Saúde do
Estado de Rio de Janeiro
HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana
MTB- Mycobacterium tuberculosis
BK- Bacilo de Koch
H37Rv- Cepa virulenta de Mycobacterium tuberculosis H37
ELISA- Enzime-Linked Immunosorbent Assay
Ag- Antígeno
Ac- Anticorpo
BCG- Bacilo de Calmette Guerin
LCR- Liquido Cefalorraquiano
BHL- Barreira Hemato-Liquorica
BHE- Barreira Hemato-Encefálica
Qalb- Quociente de Albumina
AI- Índice de Anticorpo Específico
IgG- Imunoglobulina G
IgM- Imunoglobulina M
IgA- Imunoglobulina A
INF-g- Interferon Gama
TNF- Fator de Necrose Tumoral
C- Complemento
LT- Leucotrieno
IL- Interleucina
TGF- Fator de Estimulação de Colônias
14C- Carbono 14
ADA- Adenosina Deaminase
PCR- Reação em Cadeia de Polimerase
DNA- Ácido Desoxirribonucléico
IS6110E- Seqüência de Inserção 6110E
FDA- Food and Drug Administration
TC- Tomografia Computadorizada
RNM- Ressonância Nuclear Magnética
LAM- Lipoarabinomanan
CFP- Proteína filtrada de cultura
PPD- Derivado protéico purificado
BSA- Albumina Sérica Bovina
PBSt- Tampão Substrato Bifosfato
TMB- Substrato de Trimetilbenzidina
DO/OD- Densidade óptica
X
HUCFF/UFRJ- Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/ Universidade Federal
do Rio de Janeiro
CRM-RJ- Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro
PR- Proteinorraquia
G- Grupo
SG- Subgrupo
Liq-EIA- Teste Imunoenzimático em Líquido Cefalorraquiano
XI
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO
1.1- CONCEITO.....................................................................................................14
1.2- EPIDEMIOLOGIA............................................................................................15
1.3- AS MENINGES...............................................................................................18
1.4- AGENTE ETIOLÓGICO..................................................................................20
1.5- ANTÍGENOS...................................................................................................22
1.6- LÍQUIDO CEFALORRAQUIANO ...................................................................25
1.6.1- BARREIRA HEMATO-LIQUÓRICA E BARREIRA
HEMATO-ENCEFÁLICA. ........................................................................26
1.6.2- SÍNTESE INTRATECAL DE ANTICORPO ESPECIFICO.......................29
1.6.3- SÍNTESE INTRATECAL DE ANTICORPOS
ESPECÍFICOS NA MENINGITE TUBERCULOSA ................................30
1.7- PATOGÊNESE...................................................................................................31
1.8- CLINICA..............................................................................................................34
1.9- DIAGNOSTICO...................................................................................................40
1.9.1- BACILOSCOPIA.........................................................................................41
1.9.2- CULTURA ..................................................................................................42
1.9.3- MÉTODO RADIOMÉTRICO (BACTEC).....................................................43
1.9.4- REAÇÃO EM CADEIA DE POLIMERASE (PCR)......................................44
1.9.5- ENZIME-LINKED IMMUNOSORBENT ASSAY (ELISA)………....………..46
1.9.6- EXAMES DE NEUROIMAGEM ................................................................49
2- JUSTIFICATIVA .........................................................................................................51
XII
3- OBJETIVO
3.1- OBJETIVO GERAL........................................................................................53
3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................53
4- MATERIAIS E MÉTODOS
4.1- DESENHO DO ESTUDO..............................................................................54
4.2- CASUÍSTICA.................................................................................................54
4.3- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO..........................................................................55
4.4- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO.........................................................................56
4.5- AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE HUMORAL........................................56
4.6- ANTÍGENOS..................................................................................................56
4.7- ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO PARA LCR COM OS ANTÍGENOS MPT-64 E
MT-10.3 (Liq-EIA)
4.7.1- ADSORÇÃO DOS ANTÍGENOS AO SUPORTE SÓLIDO (POÇOS
DE MICROPLACAS) ....................................................................... 57
4.8- ESTUDO ESTATÍSTICO...............................................................................59
4.7- ASPECTOS ÉTICOS.....................................................................................61
5- RESULTADOS
5.1- AMOSTRAGEM..................................................................................................62
5.2- PADRONIZAÇÃO DO Liq-EIA:...........................................................................68
5.3- TESTE IMUNOENZIMÁTICO EM LIQUIDO CEFALORRAQUIANO (Liq-EIA) ..68
6- DISCUSSÃO...............................................................................................................77
7- CONCLUSÕES...........................................................................................................85
8-REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..................................................................................87
XIII
1
1- INTRODUÇÃO
1.1- CONCEITO
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa crônica, cuja característica principal é a
preferência pelo parênquima pulmonar e a transmissão de pessoa para pessoa através
da inalação de partículas infectadas por este bacilo (Fundação Nacional de Saúde,
2002).
Os primeiros relatos históricos escritos sobre a tuberculose datam de 700 a.C.
Documentos arqueológicos mostram indícios da doença no período neolítico (5000 a.C.
a 4000 a.C.). Hipócrates denominava a doença como phitisis, que significa “derreter”,
“liquefazer” e “esvair-se”. Aristóteles descreveu pela primeira vez a natureza contagiosa
da doença, mas confirmada pela descoberta do agente etiológico Mycobacterium
tuberculosis por Robert Koch (1843-1910), no século XIX. Com a revolução industrial,
no final do século XVIII e início do século XIX, o desenvolvimento das cidades e
proliferação dos aglomerados urbanos, houve um aumento no número de casos, e a
mortalidade alcançou cifras de 25% na população adulta na Europa, sendo por isto
chamada de a “peste branca” (Koch, 1882 apud Ayvazian et al, 1993; Wolinsky et al,
1990).
O tratamento baseava-se no repouso ao ar livre em sanatórios especializados, onde
metade dos pacientes morria, e na obliteração da cavidade infectada (colapsoterapia).
2
Com a descoberta e o desenvolvimento das drogas tuberculostáticas, a maioria dos
pacientes tratados obtinha a cura. Em 1946, a estreptomicina passou a ser usada com
sucesso; em 1952, surgiu a isoniazida e, em 1970, a rifampicina. A partir de então, a
letalidade diminuiu de 50% para menos de 10% (Ayvazian et al, 1993).
A tuberculose meníngea (MBK) pode se manifestar como meningoencefalite ou
meningite. É o tipo de acometimento mais comum da tuberculose no sistema nervoso
central (SNC), sendo considerada uma das formas mais graves de TB extrapulmonar,
com alto potencial de morbi-mortalidade. O tuberculoma, o abscesso cerebral
tuberculoso, a encefalopatia tuberculosa, a vasculopatia tuberculosa, a
3
pós-primária, que é a que ocorre após 1 a 2 anos da primo-infecção, ou por reativação
de um foco latente ou por uma reinfecção (van-Crevel et al, 2002).
O Brasil é o país com o maior número de casos notificados de tuberculose nas
Américas. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu relatório anual de 2004, o
coloca na 15ª posição no “ranking” dos 22 países que concentram 80% dos casos
estimados de tuberculose no mundo. Os dados mais recentes publicados pelo
Ministério da Saúde indicam que a taxa de incidência de tuberculose vem se mantendo
estável nos últimos anos, 62/100.000 habitantes em 2003, com cerca de mais de
92.000 casos notificados a cada ano (WHO, 2005).
O Estado do Rio de Janeiro é o que apresenta a mais alta taxa de incidência de
tuberculose do país. A cada ano são notificados em média 16.000 casos de
tuberculose. Os 32 municípios prioritários concentram 95% dos casos de tuberculose e
a região metropolitana é responsável por 86% dos casos notificados no estado. De
acordo com o boletim informativo de 2005 do Programa de Controle da Tuberculose da
Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (PCT/SES/RJ), em 2003 foram
notificados 13.015 casos novos de tuberculose e a taxa de incidência no Estado foi de
87,5/100.000 habitantes. O número de óbitos e a taxa de mortalidade específica por
tuberculose, no estado, foram de 889 e 6,0%, respectivamente. De 13.015 casos novos
de tuberculose, foram solicitados 8.533 testes sorológicos para HIV (65,6%), sendo que
11,2% eram positivos (PCT/SES/RJ, 2005).
4
Também de acordo com o boletim informativo do PCT/SES/RJ, em 2003, a cidade
do Rio de Janeiro apresentou 6.434 casos de tuberculose, com taxa de incidência de
105/100.000 habitantes e o percentual de cura e o de abandono do total de casos no
município foi de 71,9% e 14,3%, respectivamente.
De acordo com dados publicados pela COVER/CGVEP/CENEPI/FUNASA/MS
(2001), no período entre 1990 e 2000 foram notificados 4.149 casos de meningite
tuberculosa no Brasil, com coeficiente de incidência variando entre 0,15 e 0,34 /100000
habitantes e taxa de mortalidade de 55,3% a 74,2%, chegando a 76,3% nos pacientes
menores de 4 anos (Nunes et al, 1998).
Nos Estados Unidos, a incidência de tuberculose extrapulmonar é de 0,19 / 100.000
habitantes e 4 a 15% das formas extrapulmonares da tuberculose são meníngeas, com
uma incidência anual de 0,008 a 0,029 /100.000 ao ano. Yechoor et al (1996),
mostraram incidência de MBK de 4,8 por 100000 em um período de 12 anos. No estudo
feito em dois hospitais de Madri entre os anos de 1985 e 1990, Berenguer et al (1992)
mostraram que de um total de 2.205 pacientes com tuberculose, 83 apresentaram MBK
(3,46%), sendo que 55% eram soropositivos para Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV). O estudo de Castilla et al (2005), feito entre 1994-2003 na cidade de Navarra,
Espanha, mostrou a incidência de 18 casos (1,79% dos 1005 casos estudados). Uma
revisão dos casos de MBK entre os anos de 1977 e 2003 em um hospital de Madri
(Espanha), foi encontrado 28 casos de MBK, sendo que 85% entre os anos de 1977 e
1991 (Jimenez et al, 2005). Cailhol et al (2005) estimou que a prevalência de MBK, na
França, no ano de 2000 foi de 41 e a incidência de 0.7 casos por milhão. Outro estudo
5
mostrou que menos de 10 casos de MBK são notificados por ano na França em
crianças com menos de 15 anos, sendo que este grupo populacional representa
anualmente 4,8% dos casos de TB (Gaudelus & Pontual, 2005). Hui et al (2005) na
China, mostraram que em 10 anos, dos 65 casos identificados numa população entre
15 e 86 anos, a MBK foi a forma mais comum de meningite em 46% dos casos.
1.3- AS MENINGES
O sistema nervoso é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges,
que são classificadas como dura-máter, aracnóide e pia-máter (Figura 1).
Dura Mater
Seio Sagital Superior
Granulações Aracnóideas
Aracnóide
Espaço
Subaracnóide
Pia Mater
Membrana Glial
Córtex Cerebral
Figura 1. Representação esquemática das membranas conjuntivas (meninges) que
envolvem o sistema nervoso central.
(http://www.anatomy.dal.ca/Human_Neuroanatomy/Lab_figures/Lab1_Figs/Lab1.fig1B.gif)
6
A dura-máter é representada pela meninge mais superficial, que se caracteriza
por uma membrana espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo rico em fibras
colágenas, contendo nervos e vasos. A dura-máter é ricamente vascularizada pela
artéria meníngea média e inervada por terminações nervosas sensitivas, responsáveis
pela maioria das cefaléias (Kingsley, 2001; Clarck, 1976; Machado, 1991).
A aracnóide constitui-se em membrana muito delgada, justaposta à dura-máter,
da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo uma pequena
quantidade de liquido necessário à lubrificação das superfícies de contato das
membranas. A aracnóide separa-se da pia-máter, formando o espaço subaracnóideo
que contém quido cefalorraquiano (LCR) e onde atravessam as trabéculas aracnóides
para ligar à pia-máter. A profundidade do espaço subaracnóideo é muito variável,
formando nestas áreas dilatações chamadas de cisternas subaracnóideas, que contém
uma grande quantidade de LCR. Em alguns pontos da aracnóide formam pequenas
dilatações saculares que penetram no interior dos seios da dura-máter, constituindo as
granulações aracnóideas, mais abundantes no seio sagital superior, onde o LCR está
separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada camada de
aracnóide e será absorvido pela circulação venosa (Kingsley, 2001; Clarck, 1976;
Machado, 1991).
A pia-máter é a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do
encéfalo e da medula, acompanhando os relevos e depressões da superfície do
sistema nervoso, determinando resistência e consistência a eles (Kingsley, 2001;
Clarck, 1976; Machado, 1991).
7
AGENTE ETIOLÓGICO
O agente da tuberculose é a espécie Mycobacterium tuberculosis (MTB), ou Bacilo
de Koch (BK), classificado taxonomicamente na ordem dos Actinomycetales, família
Mycobacteriaceas, gênero Mycobacterium.
O gênero Mycobacterium contém aproximadamente 95 espécies que são divididas
em três grandes grupos: os de crescimento lento, como Mycobacterium tuberculosis; os
de crescimento rápido, como Mycobacterium fortuitum; e as de espécies que o são
cultivadas in vitro, como Mycobacterium leprae (Grosset, 1993).
O complexo Mycobacterium tuberculosis é constituído pelas espécies M.
tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microti, M. canetti e M.bovis sub espécie
caprae. Recentemente, foi proposta a inclusão no complexo da espécie Mycobacterium
pinnipedii sp. nov., isolada em focas. Estas espécies apresentam 99% de similaridade
genética (Cousins et al, 2003; Brooks et al, 1998; Grosset, 1993).
Mycobacterium tuberculosis é caracterizado como um bastonete delgado, imóvel,
sem cápsula ou esporos, com extremidades arredondadas, medindo de 2 a 5 µm de
comprimento e 0,2 a 0,3 µm de largura, aeróbico obrigatório, sobrevivendo em
microambientes aerados que contém altas tensões de oxigênio. Possui tempo de
geração de 17-18 horas ou mais, e tempo de crescimento de 2 a 4 semanas para que
as colônias sejam visualizadas em meio de cultura in vitro.
8
O genoma completo de M. tuberculosis H37Rv é uma seqüência cromossomal
circular contendo 4.411.529 pares de base, com 65,6% de guanina e citosina, além de
ser rico em DNA repetitivo. A seqüência do genoma de MTB é a segunda maior
estudada (Cole et al, 1998a; 1998b).
Ao ser corado com o Carbol-fuccina, ou todo de Ziehl-Neelsen, é resistente à
descoloração com ácidos fortes ou álcool, devido ao alto conteúdo lipídico de sua
parede celular; por isso, é chamado de bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) (Grosset,
1993; Brooks et al, 1998).
À microscopia eletrônica, a parede celular tem uma espessura de 20nm. Sua
estrutura básica é o peptidioglicano, um polímero de n-acetilglicosamina e n-
glicosilmuramico. Os lipopolissacarídeos são compostos por arabinogalactanos,
arabinomananas, mananas e glucanas. O arabinogalactano é um polissacarídeo
presente nas bactérias do gênero Mycobacterium, Corynebacterium e Nocardia, que é
esterificado na sua extremidade distal com ácidos micólicos, que constitui a maior parte
da membrana externa da parede celular. São usados como antígenos em testes
sorológicos, por serem imunologicamente ativos, mas tem reação cruzada com
Corynebacterium e Nocardia, assim como todas as espécies de micobactérias.
(Grosset, 1993; Wolinsky, 1990).
Os componentes da parede celular como polissacarídeos, proteínas e peptídeos
têm mostrado propriedades antigênicas em algumas circunstancias. Arabinogalactano e
arabinomanana são excelentes antígenos. Muitas das proteínas citoplasmáticas de
9
MTB são antigênicas, sendo que algumas são espécies específicas. Antígenos
purificados, bem padronizados e espécie específicos são importantes não apenas
quanto ao seu potencial de auxiliar no diagnóstico clinico da tuberculose, mas também
servem como marcadores para o estudo da função imunológica dos linfócitos T em
várias situações clinicas (Daniel & Janicki, 1978).
MTB é capaz de sintetizar uma grande variedade de outras moléculas
complexas, associadas com a camada exterior da parede celular, que podem ter um
papel importante na virulência, pois impedem a fusão de fagossomos de macrófagos
infectados com MTB “in vitro”, tais como o fator corda, os micosideos, dimicocerosato e
o triacilglicerol (Minnikin, 1982).
O alto teor lipídico da parede celular é responsável não somente pela extrema
hidrofobicidade da lula micobacteriana, mas também pela resistência aos
procedimentos de descontaminação usando acido sulfúrico, hidróxido de sódio e outros
detergentes. Por outro lado, isso explica porque a MTB é susceptível como outras
bactérias ao calor, radiação a raios gama e álcool (Grosset, 1993).
1.4- ANTÍGENOS
Assim que Robert Koch preparou o primeiro concentrado protéico, chamado de
“old tuberculin”, Arloing desenvolveu em 1898, o primeiro teste sorológico para a
tuberculose (Arloing, 1904; apud Grosset, 1993). A partir de então, várias técnicas
10
sorológicas foram avaliadas, porém obtiveram resultados insuficientes, devido à reação
cruzada aos antígenos usados, pois os principais antígenos de MTB e M.bovis, como
os polissacarídeos arabinogalactanos, arabinomananas e o D-glucano são similares a
todas as espécies de micobacterias (Pottumarthy et al, 2000).
No entanto, a partir da introdução do teste de Enzime-Linked Immunosorbent
Assay ELISA, em 1971, por Engvall, aliada a identificação e caracterização de novos
antígenos mais específicos e purificados e de anticorpos monoclonais aumentou a
sensibilidade dos testes imunoenzimáticos (Engvall, 1971 apud Grosset, 1993). Este
método é simples, com excelente reprodutibilidade e boa sensibilidade. Mas, até o
momento, nenhum teste sorológico apresentou suficiente sensibilidade e especificidade
na prática clínica (Pottumarthy et al, 2000).
As proteínas secretadas pela membrana e parede celular de M. tuberculosis o
um importante alvo da resposta imune celular, sendo precocemente reconhecidas no
curso de infecção na TB experimental, o que estimula a proliferação de células T e a
produção de INF-γ, além de estimular a produção de anticorpos, que podem ser usados
como marcadores de infecção tuberculosa (Roche et al, 1996; Alderson et al, 2000).
Com o desenvolvimento das cnicas de biologia molecular e o recente
sequenciamento do genoma de MTB, vários antígenos foram identificados com
potencial para serem utilizados no desenvolvimento de métodos diagnósticos e vacinas.
11
Mycobacterium tuberculosis apresenta composição antigênica complexa e a
resposta imune dos pacientes com TB pode-se mostrar heterogênea para diferentes
antígenos. Assim a avaliação de antígenos relevantes é necessária para identificação
de moléculas com maior poder imunogênico, e que mostrem acurácia quando utilizados
sozinhos ou em combinação no desenvolvimento de testes diagnósticos simples,
rápidos e de baixo custo. Testes com estas características seriam importantes para
auxiliar no diagnóstico das infecções tuberculosas pulmonares e extrapulmonares
(Gennaro et al, 2000; Houghton et al, 2002; Young et al, 1992; Andersen et al, 1991;
Andersen et al, 2004; Rosenkrands et al, 1999).
Entre os vários antígenos obtidos do Complexo M. tuberculosis, descrito na
literatura internacional, o MPB-64 e MPT-64 são uma das principais proteínas, de 23,5 a
22 kDa, ativamente secretada em meio de cultura, sendo encontradas abundantemente
no filtrado precoce de cultura de Mycobacterium bovis BCG e M. tuberculosis,
respectivamente. A comparação da seqüência de nucleotídeos deses Ags mostra que
eles são idênticos, exceto por uma única mutação (Harboe et al, 1986; Andersen et al,
1991; Oettinger et al, 1994;1995).
O MPT 64 é estruturalmente homólogo ao antígeno (Ag) 85. Enquanto a família
do Ag 85 tem homólogos em todas as espécies estudadas de micobactérias, o MPT64
é restrito às espécies do complexo M. tuberculosis. Durante a infecção tuberculosa,
ocorre uma resposta imune celular por linfócitos T helper relativamente especifica ao
MPT-64. Pacientes expostos sadios o respondem a essa proteína. É usado como
12
antígeno para testes cutâneos para auxiliar no diagnóstico da tuberculose (Li et al 1993;
Roche et al ,1996; Musser et al, 2000).
Outro antígeno recentemente identificado é o ESAT-6. A família ESAT-6 compõe
um grupo de 14 a 23 proteínas secretadas, relacionadas entre si, que compartilham a
mesma região (região de diferença ou deletada 1, RD1) no genoma de MTB e possuem
características antigênicas semelhantes. Dessas proteínas, pelo menos 13 podem ser
agrupadas em três subfamílias. Uma dessas subfamílias é formada pelo antígeno TB-
10.4 (Rv0288) e duas moléculas homólogas, a TB-10.3 ou MT-10.3 (Rv3019c) e a TB-
12.9 (Rv3017c), os quais apresentam diversos epítopos únicos em linfócitos T.
Contrariamente ao ESAT-6, estas duas últimas moléculas ainda foram pouco
exploradas quanto ao seu potencial imunodiagnóstico.). Os antígenos TB-10.3 e TB-
10.4 são proteínas de baixo peso molecular, secretadas por MTB, com 84.4% de suas
seqüências idênticas e constituem juntamente com o TB-12.9 (Rv3017c) uma
subfamília altamente imunogênica (Skjøt et al, 2002; Soresen et al, 1995; Alderson et
al, 2000).
1.6- LÍQUIDO CEFALORRAQUIANO
O líquor, ou líquido cefalorraquiano, é um ultrafiltrado do plasma, caracterizado por
ser um fluido aquoso e incolor, que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades
ventriculares. O LCR é formado principalmente no plexo coróide, que são ductos
capilares dilatados que se projetam nas paredes dos ventrículos laterais, terceiro e
13
quarto ventrículo, assim como na vascularização do encéfalo, nas raízes dos gânglios
dorsais, nas meninges e nas células estruturais que constituem o SNC. A sua principal
função é oferecer proteção mecânica ao SNC (Kingsley, 2001; Fishman, 1980; Jurado
c, 1990).
O LCR deixa os ventrículos laterais pelo Forame de Monro (forame
interventricular), passa pelo terceiro ventrículo e alcança o quarto ventrículo pelo
aqueduto do mesencéfalo (aqueduto cerebral). Existem duas aberturas ventriculares
laterais localizadas nos recessos laterais do quarto ventrículo (Forame de Luschka) e
uma abertura ventricular mediana na linha média do assoalho do quarto ventrículo
(forame de Magendie), pelos quais o LCR atinge o espaço subaracnóideo. O LCR
preenche a extensão tubular do espaço subaracnóideo em torno da medula espinhal,
difundindo-se para cima novamente, através de um movimento lento, até alcançar as
vilosidades aracnóideas na parede do seio sagital superior, onde o LCR será
reabsorvido e incorporado novamente à corrente sanguínea venosa (Clarck, 1976;
Thompson, 1995; Fishman, 1980; Jurado & Walker, 1990).
1.6.1- Barreira Hemato-Liquórica e Barreira Hemato-Encefálica
Existe uma interface entre o sistema vascular e o LCR e outra entre o sistema
vascular e o compartimento extracelular do SNC chamadas de barreira hemato-liquórica
(BHL) e barreira hemato-encefálica (BHE), respectivamente. As interfaces são formadas
pelas junções fechadas das células epiteliais especializadas dos capilares que
14
compõem a vasculatura encefálica e o plexo coróide, impedindo a passagem de
moléculas e íons para o LCR e o compartimento extracelular do SNC (Kingsley, 2001).
A concentração de proteínas do LCR é definida pela interação entre o fluxo
molecular e o fluxo do LCR. O transporte difusão-dependente de proteínas do cérebro e
do sangue para o LCR, segue as leis da difusão de acordo com o tamanho da
molécula, ou seja, quanto maior a molécula protéica, mais lentamente atinge o LCR e
maior é o gradiente de concentração. O conteúdo protéico do LCR é 250 vezes inferior
ao do plasma e os níveis de Imunoglobulina G (IgG), Imunoglobulina A (IgA) e
Imunoglobulina M (IgM) são, respectivamente, cerca de 500, 1000 e 5000 vezes inferior
no LCR, em comparação com os níveis plasmáticos (Reiber, 1998, 2001; Thompson
1995; Gerber et al, 1998; Sindic et al, 2001).
É possível calcular o perfil de proteínas através do quociente da concentração
dado pela concentração da albumina do LCR divida pela albumina do soro (Quociente
de Albumina - Qalb), que é um dos métodos importantes para o reconhecimento
precoce de doenças neurológicas caracterizadas por disfunção da BHL (Thompson,
1995; Puccioni -Sohler, 1996; Gerber et al, 1998; Sindic et al, 2001; Heringer et al,
2005).
A produção de LCR é raramente afetada nas anormalidades do plexo coróide. No
LCR normal, cerca de 80% das proteínas são provenientes do plasma e 20% são
sintetizadas no encéfalo. Nas doenças neurológicas, a disfunção da BHL pode ter
15
diferentes causas, (i) redução da produção do líquido (ii) obstrução do fluxo no espaço
subaracnóideo e (iii) obstrução da passagem através das vilosidades aracnóideas, que
induzirá:
a) a redução da renovação da troca do conteúdo LCR com um conseqüente
aumento da concentração protéica no LCR, tendendo a diminuir o fluxo do LCR.
b) o aumento da permeabilidade para albumina e outras grandes moléculas,
ocasionando o aumento do fluxo de proteínas do tecido para o LCR na borda do
espaço subaracnóideo (Thompson, 1995; Gerber et al, 1998; Reiber 1998,2001).
A BHL permite a passagem de grandes proteínas e, assim todas as proteínas
séricas chegam ao LCR em condições normais. Qualquer aumento nos níveis de
albumina do LCR é resultante do aumento da transudação do sangue. Portanto, o
quociente de albumina (LCR/soro) é um marcador da integridade das BHL. O Qalb é
utilizado como parâmetro da função da BHL, uma vez que a albumina é sintetizada nos
hepatócitos e o é catabolizada no SNC (Reiber, 1998; Puccioni-Sohler 1996; Sindic
et al, 2001).
Nas infecções agudas do SNC aumento da concentração protéica do LCR
devido:
a) os leucócitos migram do tecido nervoso para o LCR,
b) as BHE e BHL se tornam permeáveis para albumina e outras grandes moléculas e
16
c) a resistência de saída do fluxo do LCR para deixar o espaço subaracnóideo pode
aumentar, tendendo a diminuir o fluxo do LCR.
A migração dos leucócitos e a entrada de proteínas no LCR podem variar de acordo
com a localização do espaço subaracnóideo, levando a uma variação na razão de
leucócitos e proteínas entre o LCR ventricular, cisternal e lombar. No foco infeccioso,
ocorre o estímulo de produção de leucócitos e o aumento da transudação de proteínas.
Por hipótese, quanto mais próximo do foco infeccioso bacteriano, o LCR coletado
apresentará maior concentração de leucócitos e proteínas, que no LCR coletado de
local mais afastado do foco (Gerber et al, 1998; Reiber, 2001; Heringer et al, 2005).
Da mesma forma que a albumina, em condições normais, a IgG encontrada no LCR
é proveniente do soro e não de produção dentro do SNC. A nefelometria é utilizada
para a rápida determinação da concentração de imunoglobulinas, entre outras
proteínas, em diferentes fluidos corporais inclusive no LCR (Puccioni-Sohler, 1996).
1.6.2- Síntese Intratecal de Anticorpo Especifico
A detecção da síntese intratecal de anticorpos (Ac) é feita através do cálculo da
proporção da média entre o quociente LCR/soro para anticorpos específicos e
anticorpos totais. Este índice de anticorpo (AI) discrimina a fração no LCR dos
anticorpos específicos derivados do sangue daqueles de produção intratecal. Na
ausência de síntese intratecal de anticorpo específico, a relação entre anticorpos
17
específicos e totais é igual a 1; considerando que ambos possuem o mesmo peso
molecular. Valores deste quociente >1,5 indicam síntese intratecal de anticorpos
especificos (Reiber, 2001).
As bandas oligoclonais ocorrem freqüentemente nas doenças inflamatórias do SNC.
O termo oligoclonal define proteína com características eletroforéticas semelhantes e
provenientes da mesma população de células imunocompetentes. A detecção de
bandas oligoclonais de IgG específicas no LCR, pela focalização isoelétrica, é o método
mais sensível as detectar e de demonstrar sua produção intratecal. As bandas
oligoclonais podem ocorrer na ausência de níveis elevados de gamaglobulinas no LCR.
A presença de bandas oligoclonais no LCR, que não aparecem no soro correspondente,
é considerada como prova de reação imune humoral no SNC (Sindic et al, 2001;
Puccioni-Sohler, 1996).
1.6.3- Síntese Intratecal de Anticorpos Específicos na Meningite
Tuberculosa
A MBK é caracterizada pela síntese intratecal de IgG oligoclonal, comprovadamente
contra antígenos micobacterianos. Esses anticorpos podem persistir por vários anos. As
bandas oligoclonais específicas de IgA, no LCR são raramente detectáveis (<5%)
quando demonstradas por medidas quantitativas. A síntese intratecal de IgA é
observada em meningite purulenta, meningite tuberculosa e encefalite herpética (Sindic
et al, 1990, 2001).
18
1.7- PATOGÊNESE
A fala, a tosse e o espirro de um paciente bacilífero lança no ar gotículas
contaminadas com 1 a 2 bacilos, chamados de núcleos de Wells. Essas partículas
infectantes podem se depositar nos objetos, podem ser retidas pela mucosa do trato
respiratório superior e serem removidas pelo mecanismo muco-ciliar dos brônquios ou
podem atingir os bronquíolos e alvéolos e assim iniciar o processo infeccioso (Rieder,
2001).
A chance de uma pessoa se infectar após contato com um paciente bacilífero
depende da concentração de bacilos expelidos pela fonte (multi-bacilíferos, pauci-
bacilíferos e não-bacilíferos), da intensidade e freqüência do contato com o paciente
tuberculoso, de condições ambientais (circulação de ar e ventilação, exposição à luz) e
da resposta imune do indivíduo exposto (Rieder, 2001).
Ao alcançar o espaço alveolar, os bacilos são fagocitados pelos macrófagos locais.
Os bacilos se proliferam livremente no interior dos macrófagos, pois são incapazes de
destruí-los ou inativá-los, até que eles se rompem, liberando os bacilos para infectar
outros macrófagos. Novos macrófagos são atraídos para o local, desenvolvendo um
foco pneumônico. Os bacilos são drenados para os linfonodos hilares e mediastinais
satélites e, em seguida atingem a corrente sanguínea, disseminando-se para diversos
órgãos e sistemas, onde também começam a se proliferar (Rieder, 2001).
19
Após 3 a 8 semanas a imunidade celular se desenvolve e os linfócitos T helper
CD4+, específicos para os antígenos bacilares, se proliferam ativando os macrófagos
através de interleucinas, citocinas ou linfocinas, promovendo o recrutamento e a
ativação de outros macrófagos e linfócitos.
Os macrófagos aumentam seu citoplasma, acumulam-se em volta do foco de
infecção primária e nos focos de disseminação linfonodal e hematogênica, formando
um granuloma, chamado de nódulo de Ghon. No centro do granuloma, forma-se uma
área de necrose caseosa devido a liberação de citocinas pelas células inflamatórias,
capaz de causar dano aos tecidos e às micobactérias (Alderson et al, 2000; Newport et
al, 1996; Cooper et al, 1993; Flynn et al, 1993).
O INF-g é um importante mediador da ativação de macrófagos e resistência aos
bacilos intracelulares, exercendo papel crucial na imunidade celular protetora à infecção
tuberculosa. Sua produção ativa macrófagos mais eficientes para a destruição
intracelular do bacilo. Na tentativa de controlar a infecção, o sistema imunológico gera
inflamação e destruição tecidual através da liberação de grandes quantidades de
proteases, lipases e nucleases pelos macrófagos ativados que circundam o foco
caseoso. Se o foco de necrose caseosa se liquefazer e atingir um brônquio, erodindo a
sua parede, permitirá a comunicação com o espaço aéreo rico em oxigênio, a
proliferação celular aumenta e surge a caverna tuberculosa (Alderson et al, 2000;
Newport et al, 1996; Cooper et al, 1993; Flynn et al, 1993).
20
Estima-se que cada paciente bacilífero infecte cerca de 10-15 pessoas, apenas
respirando, mantendo-se assim o ciclo vital do bacilo de Koch. Durante a disseminação
linfo-hematogênica da primo-infecção, o bacilo se aloja em múltiplos focos
subependimários, localizados nas adjacências da meninge, chamados focos de Rich.
Nos pacientes suscetíveis, esses focos continuam se proliferando, formando
granulomas que expelem bacilos para o espaço subaracnóideo. Com a ruptura dos
focos de Rich, os macrófagos ativados produzem Fator de Necrose Tumoral (TNF)
gama e alfa , Complemento 5a (C5a), Leucotrienos B4 (LTB4), Interleucina 8 (IL8),
Interleucina 6 (IL6), Interleucina 1 beta, fator de estimulação de colônias de granulócitos
(TGF) e monócitos. Acredita-se que o C5a, os LTB4 e a IL8 são fatores que mobilizam
e ativam neutrófilos. Após horas ou dias, segue-se a resposta linfocitária. O TNF alfa
está relacionado à gravidade da doença e pode contribuir para a necrose tissular,
enquanto que o TGF beta inibe a ativação de macrófagos e a IL2 melhora a resposta
imune nos pacientes com sorologia positiva para HIV (Thwaites et al, 2000; Patel et al,
2002; Marinho et al, 1997).
Na meningite tuberculosa o efeito antigênico das proteínas do bacilo promove uma
intensa reação inflamatória por fenômeno de hipersensibilidade do tipo IV,
desencadeando a formação de exsudato no espaço subaracnóideo, vasculite
obliterativa e encefalite ou mielite (Thwaites et al, 2000; Dastur et al , 1995).
O intenso estímulo inflamatório dos macrófagos provoca uma aracnoidite
proliferativa, formando um exsudato espesso que se concentra na base do crânio e
suas cisternas. O exudado é formado por células mononucleadas grandes e pequenas,
21
incluindo células epitelióides, fibrina e macrófagos que podem se fundir formando as
células gigantes de Langhans. Com o aumento do volume do exsudato, ele pode
comprimir a origem de nervos cranianos, principalmente o II, IV e VI, e provocar
vasculite dos vasos de pequeno e médio calibre localizados nesta região, como a
artéria carótida interna e os vasos perfurantes para os gânglios da base. Os infartos
cerebrais causados pela vasculite são os principais responsáveis pelas seqüelas
irreversíveis da doença. O exsudato espesso obstrui a passagem de LCR pelas
cisternas ou a sua drenagem nas granulações aracnóides, levando a uma complicação
comum da doença que é a hidrocefalia. Esta também pode ser causada pelo bloqueio
da circulação em torno do aqueduto de Silvius e do terceiro ventrículo pelos
tuberculomas. A encefalite tuberculosa é uma extensão do processo inflamatório no
parênquima cerebral (Thwaites et al, 2000; Thwaites & Tran, 2005; Dastur et al, 1995).
1.8- CLINICA
O quadro clínico da meningite tuberculosa é, geralmente, de início gradual,
ocorrendo em um período de aproximadamente três semanas, embora alguns casos
possam ter um começo abrupto marcado pelo surgimento de convulsões. Em 1948, o
British Medical Research Council desenvolveu um método de estadiamento da
gravidade de doença. De acordo com este método, a evolução clínica da infecção é
dividida em três estádios, conforme descrito abaixo (BRITISH MEDICAL RESEARCH
COUNCIL, 1948; apud Fundação Nacional de Saúde, 2002):
22
Estádio I: Em geral, tem duração de uma a duas semanas e se caracteriza pela
inespecificidade dos sintomas, podendo ocorrer febre, mialgias, sonolência, apatia,
irritabilidade, cefaléia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudanças súbitas do humor.
Estes sintomas são comuns a qualquer processo inespecífico, além de rigidez de nuca
(75% dos adultos e incomum em crianças) com sinais de Kernig e Brudzinski (a rigidez
de nuca é um sinal inespecífico também). Nessa fase, o paciente pode encontrar-se
lúcido e o diagnóstico geralmente é estabelecido pelos achados do LCR.
Estádio II: Após uma ou duas semanas, a doença se caracteriza pela persistência
dos sintomas sistêmicos, mas surgem evidências de dano cerebral manifestada pelos
sinais de localização e de hipertensão intracranianos (principalmente com
acometimento nervos cranianos III, V, VII), anisocoria, vômitos, ausência de reflexos
abdominais e convulsões que podem ser tônicas ou clônicas, focais ou generalizadas.
Nessa fase, alguns pacientes apresentam manifestações de encefalite com tremores
periféricos, distúrbios da fala e movimentos atetóides das extremidades.
Estádio III: O terceiro estádio, ou período terminal é caracterizado pelo déficit
neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca, alterações do ritmo cardíaco e da
respiração, seguidos de graus variados de perturbação da consciência, incluindo o
coma. Nos casos não-tratados, a morte ocorre após cinco a oito semanas do início da
doença. Em qualquer estádio clínico da doença, podem-se observar convulsões focais
ou generalizadas.
23
A apresentação clínica da meningite tuberculosa é semelhante às outras
meningoencefalites. Como a cultura do LCR para MTB tem baixa sensibilidade e em
alguns casos de MBK ou de meningites bacterianas não é possível identificar o agente
causador, alguns critérios diagnósticos para MBK têm sido propostos como todo
auxiliar dos métodos laboratoriais, com o objetivo de acelerar o diagnóstico e o inicio da
terapia específica.
Antes do surgimento da epidemia da síndrome da imunodeficiência adquirida
(AIDS/SIDA) pela infecção por HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), a meningite
tuberculosa afetava principalmente as crianças, principalmente as dos países em
desenvolvimento. A infecção por HIV é um fator predisponente para a infecção com
MTB, podendo a incidência variar de acordo com a raça, as condições
socioeconômicas, a idade e o sexo. A apresentação clínica da tuberculose em
pacientes imunodeprimidos é diferente dos imunocompetentes e, dentre as formas
extrapulmonares a forma meníngea é a mais grave com alta morbidade e mortalidade.
Porém a apresentação clínica da MBK não se altera com a co-infecção com o HIV
(Chandramuki et al, 2002).
Thwaites et al (2002), propuseram um critério diagnóstico com sensibilidade de
98,4% e especificidade de 43,5% quando uma ou mais variáveis estão presentes e
sensibilidade de 98,3% e especificidade de 54,5% quando três ou mais variáveis estão
presentes. De acordo com este método, o diagnóstico de MBK é feito a partir do
isolamento do MTB no LCR ou a presença de sinais e sintomas de meningite com
microscopia negativa ou cultura para bactérias e fungos negativa no LCR, associado a
24
um ou mais dos seguintes características: (i) tomografia computadorizada de crânio
compatível com MBK (hidrocefalia, edema, captação meníngea basal de contraste); (ii)
radiografia de tórax com sinais de atividade de tuberculose pulmonar e (iii) boa
resposta à terapia antituberculosa.
Porém, como o desempenho do método varia de acordo com a área de prevalência
da doença e o início da terapia empírica para MBK, Thwaites et al (2002)
desenvolveram um método diagnóstico usando dados clínicos e laboratoriais de adultos
com suspeita de MBK, em área endêmica, que apresentou sensibilidade de 86% e
especificidade de 79%. Foram desenvolvidas duas classificações diagnósticas: a
primeira durante a admissão do paciente e a segunda após 48 horas do uso de um
antibiótico de largo espectro:
1. Durante a admissão do paciente, se o exame de LCR mostrar uma leucometria
menor que 760 x 10
3
cel/ml associado a uma historia de doença menor que seis dias e
leucocitose menor que 10200 x 10
3
cel/mL, trata-se de MBK. Neste mesmo paciente, se
a leucocitose for maior que 10200 x 10
3
cel/ml, trata-se de meningite bacteriana. Caso o
exame de LCR mostre uma leucometria menor que 760 x 10
3
cel/ml associado a uma
historia de doença maior que 6 dias, trata-se de MBK. Se o exame de LCR mostrar uma
leucometria maior que 760 x 10
3
cel/ml associado a uma historia de doença menor que
7 dias, trata-se de meningite bacteriana. E se o exame de LCR mostrar uma
leucometria maior que 760 x 10
3
cel/ml associado a uma historia de doença maior que 7
dias e idade menor que 42 anos, trata-se de MBK. Neste caso, se a idade for maior que
42 anos, trata-se de meningite bacteriana (Thwaites et al, 2002).
25
2. Após 48 horas de uso de um antibiótico de largo espectro, se a história da doença
for menor que oito dias, associado a neutrófilos no sangue menor que 80% e
neutrofilorraquia menor que 81%, trata-se de MBK. Neste mesmo caso, se a
neutrofilorraquia for maior que 81%, trata-se de meningite bacteriana. Se a historia da
doença for menor que 8 dias, associado a neutrófilos no sangue maior que 80%, trata-
se de meningite bacteriana. Já, se a história da doença for maior que 8 dias e a
proporção de glicose no LCR/soro for menor que 100%, trata-se de MBK. Neste mesmo
caso, se a proporção for maior que 100%, trata-se de meningite bacteriana (Thwaites et
al 2002).
Sunbul et al (2005) realizaram um estudo retrospectivo em pacientes com sorologia
negativa para HIV com meningite, para avaliar a aplicabilidade dos critérios
diagnósticos de Thwaites. Este estudo concluiu que os critérios são úteis para o
diagnostico da MBK, porém deve ser validado em uma amostra maior de pacientes com
meningite viral e glicorraquia baixa. A sensibilidade e a especificidade foram de 95,6% e
70,8%, respectivamente, enquanto que nos casos microbiologicamente provados, a
sensibilidade e a especificidade foram de 91,7% e 79,7%, respectivamente.
Kumar et al (1999) usando critérios clínicos e laboratoriais para diferenciar MBK e
meningite bacteriana em crianças, o diagnóstico de MBK foi definido positivo quando a
cultura ou baciloscopia no LCR era positiva, ou havia captação meníngea de contraste
na base à tomografia computadorizada e resposta clínica à terapia antituberculosa. Os
critérios foram utilizados na presença de uma das seguintes características: a) sinais
26
prodrômicos mais que 7 dias; b) fundoscopia com atrofia óptica; c) déficit focal; d)
desordens do movimento e d) leucorraquia com menos de 50% de neutrófilos a
sensibilidade do critério foi de 98,4% e especificidade de 43,5%. Se três ou mais
estiverem presentes, a sensibilidade será de 54,5% e a especificidade de 98,3%.
Alguns trabalhos sugerem que a co-infecção HIV-BK além de aumentar as chances
de desenvolvimento da TB, altera a apresentação clínica desta e também aumenta as
chances de seu envolvimento extrapulmonar. Entre as formas extrapulmonares da
tuberculose em pacientes imunodeprimidos, como meningoencefalite, abscesso
cerebral e tuberculoma, a forma meníngea é a principal causa de meningite nesses
pacientes em áreas endêmicas e também é a forma mais grave com alta morbi-
mortalidade, sendo que seu risco aumenta com a diminuição da carga de CD4
(Berenguer et al, 1992; Thwaites et al, 2000; Thwaites & Tran, 2005; Yechoor et al,
1996).
Embora a MBK em pacientes HIV positivos não altere a sua apresentação
clínica,laboratorial ,resposta ao tratamento e prognóstico, altera o número e a natureza
das complicações da doença (Garg et al, 1999).
27
1.9- DIAGNÓSTICO
A MBK é uma grave doença, que se não for diagnosticada e tratada precocemente,
leva a uma alta taxa de mortalidade e de morbidade. Os métodos laboratoriais têm um
papel importante no seu diagnóstico e no monitoramento da resposta terapêutica.
O diagnóstico precoce da MBK é de difícil realização. O diagnóstico é estabelecido
através da suspeita da história e dos sintomas clínicos, associado ao exame cito-
químico do LCR. Apesar das anormalidades do LCR na MBK serem sugestivas, a sua
apresentação clínica é similar às outras meningoencefalites de etiologias viral,
bacteriana (Haemophylus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Neisseria
meningitidis) e fúngica (Cryptococcus neoformans) (Fundação Nacional de Saúde,
2002).
O diagnóstico definitivo é feito pela demonstração do MTB no LCR, mas os testes
microbiológicos são morosos e raramente positivos, assim testes alternativos (ELISA e
“protrein chain reaction”) foram desenvolvidos para auxiliar no diagnóstico da MBK e
diferenciá-la das outras meningites (Martins et al, 2000; Nunes et al, 1998; Daniel et al;
1987; Newton et al, 1994; Kumar et al, 1999; Chandramuki et al, 2002).
O diagnóstico precoce aumenta as chances de sobrevida e existe uma relação
direta entre a precocidade diagnóstica e o prognóstico. Porém, infelizmente, a maioria
é diagnosticada nos estádios avançados, justificando assim, a alta letalidade e as
28
freqüentes seqüelas. A morte ocorre nos casos de meningite tuberculosa não-tratados
após 5 a 8 semanas do início da doença, com taxa de mortalidade de quase 100%.
Nos pacientes tratados tardiamente, em coma, a taxa de mortalidade é de quase
50%. A taxa de mortalidade global dos pacientes com tuberculose do SNC é
significativa (cerca de 10%) com um risco maior nos lactentes e idosos. Estes dados
refletem o resultado do diagnóstico tardio bem como a emergência de cepas infectantes
resistentes às drogas tuberculostáticas (Fundação Nacional de Saúde, 2002; Bonington
et al, 2000; Katrak et al, 2000).
Como a meningite tuberculosa não tratada geralmente é fatal, um critério clínico
diagnóstico ou exame laboratorial para MBK deve ser sensível. Por isso, ao se
desenvolver novos testes que auxiliem no diagnóstico da MBK, busca-se uma boa
sensibilidade e especificidade associadas à facilidade operacional e rapidez. Porém, no
momento, nenhum critério laboratorial simples, rápido, barato e acurado para o
diagnóstico da MBK satisfaz essas exigências (Li et al, 1991; Kennedy et al, 1979).
1.9.1- Baciloscopia
A pesquisa direta do bacilo pela técnica de Ziehl-Neelsen é o principal método de
rotina laboratorial para o diagnóstico da MBK, por ser o mais simples e rápido. Porém a
confirmação bacteriológica é difícil, pois sua sensibilidade varia entre 10%–40%
(Chandramuki et al, 2002; Thwaites et al, 2004). No Brasil, a sensibilidade varia de
4,8% a 91% (Ceuci et al, 1998; 1996; Martins et al, 2000; Heringer et al, 2005).
29
O LCR contém poucos bacilos (paucibacilar), assim a sensibilidade da
bacterioscopia varia de acordo com o local da coleta, com o volume de LCR examinado,
com a velocidade e a duração da centrifugação, o tempo gasto no exame da
microscopia, além da quantidade de coletas seriadas feitas. Radhakrishnan et at (1990)
e Heringer et al (2005) sugerem que o local da coleta influi na positividade, pois quanto
mais próximo do local da lesão, ou seja, o exsudato inflamatório localizado na cisterna
da base, maior deve ser a acurácia da baciloscopia. Fallon & Kenned (1993)
mostraram que ao se examinar três ou mais amostras de LCR do mesmo paciente, em
punções seriadas, a positividade da baciloscopia aumenta de 37% para 81%.
Thwaites et al (2004) mostraram que a acurácia da baciloscopia aumenta quando o
volume de LCR coletado é maior que seis mL e examinado por pelo menos 30 minutos,
preferencialmente nas áreas da lâmina que contém maior densidade celular.
1.9.2- Cultura
A cultura de LCR no meio de Lowenstein-Jensen para o isolamento do bacilo é
considerada o método-padrão, para a confirmação diagnóstica da meningite
tuberculosa. Porém, este exame é importante do ponto de vista epidemiológico e não
clínico, pois demora de 45 a 60 dias para ser obtido o resultado. Além disso, sua
sensibilidade varia entre 25 a 70% (Fundação Nacional de Saúde, 2002; Chandramuki
et al, 2002).
30
Selvakumar et al (1996) sugerem em seu trabalho que a associação da
centrifugação e filtração do LCR possa aumentar a positividade da cultura.
Radhakrishnan et al (1991) mostraram positividade maior da cultura com LCR coletado
na cisterna da base (87.5%) e nos ventrículos (75%), em comparação com o LCR
lombar (20%), o que também sugere que a sensibilidade da cultura pode variar de
acordo com a localização da coleta, assim como ocorre na baciloscopia.
Tan et al (1999) analisaram os aspectos clínicos de 18 pacientes com sorologia
negativa para HIV que tiveram cultura positiva e observaram que a positividade da
cultura está relacionada a um mal-prognóstico da MBK, estando mais positiva em
pacientes nos estádios avançados da doença e com hidrocefalia.
1.9.3- Método Radiométrico (BACTEC)
A técnica do BACTEC utiliza os princípios de radiometria. O LCR é semeado em
um meio de cultura líquido (Middlebrook 7H-12A ou 7H-12B) que contém antibióticos,
suplementos e o ácido palmítico marcado com substancia radioativa, Carbono 14 (
14
C).
Durante o crescimento, MTB metaboliza essa substância, convertendo-a em CO
2
radioativo, que é detectado pelo aparelho após 14 dias, aproximadamente (Brooks et al,
1998; Katoch et al, 2004).
Dos 58 pacientes com MBK estudados por HOOKER et al (2003), o BACTEC foi
positivo em 20 casos, enquanto que a cultura somente foi positiva em 12 casos e a
PCR em um caso.
31
1.9.4- Reação em Cadeia de Polimerase
Desde o isolamento do bacilo de MTB H37Rv, em 1905, várias pesquisas foram
desenvolvidas explorando seu potencial de virulência em modelos animais de
tuberculose, inclusive sua manipulação genética para o desenvolvimento de métodos
moleculares de auxilio ao diagnóstico (Cole et al, 1998 a, b; Cole & Barrel, 1998).
Os métodos moleculares vêm se tornando úteis para o diagnóstico das doenças
infecciosas. Os todos convencionais são de baixa sensibilidade em materiais
paucibacilares, como o LCR, pois são dependentes da carga bacilar, assim como a
reação em cadeia da polimerase (PCR). Mas esta técnica é de alta sensibilidade
podendo, teoricamente, amplificar o DNA alvo de apenas um bacilo (Katoch et al,
2004).
Basicamente existem duas técnicas da PCR para identificar o DNA de MTB: a
primeira pela amplificação da seqüência de DNA que contém genes que codificam
antígenos micobacterianos específicos; a segunda utiliza sondas genéticas baseadas
na amplificação de seqüências repetitivas, específicas de MTB, tais como a IS6110. No
caso da primeira, a especificidade varia de acordo com a escolha da seqüência a ser
amplificada, podendo chegar a 100% caso a técnica seja realizada em local adequado
e com profissionais especializados, de modo a evitar a contaminação cruzada. Para tal
deve-se ter o cuidado de coletar o material em dois tubos, para que possam ser
estocados separadamente para posterior contra-prova. Outra desvantagem desta
técnica é a presença de substâncias, que funcionam como fatores inibidores nos
32
materiais analisados, que podem impedir a amplificação da seqüência de DNA,
diminuindo a sua sensibilidade (Shankar et al, 1991; Monteyne et al, 1995).
Alguns métodos baseados nas sondas genéticas são licenciados pelo FDA
(Food and Drug Administration, USA) para o uso em amostras de tuberculose pulmonar:
o teste direto de amplificaçao de MTB (Gen-Probe, Inc., San Diego, Califórnia) e o teste
AMPLICOR (Roche Diagnostics, Inc., Indianapolis, Ind.). Este métodos não foram
liberados para uso em amostras de tuberculose extrapulmonar, inclusive no LCR.
Existem vários estudos avaliando a acurácia deste método nos pacientes com MBK.
Em 2003, Pai et al publicaram uma revisão sistemática com meta-análise de 49 testes
PCR para MBK. Destes, 14 testes comerciais mostraram as melhores sensibilidade e
especificidade (56% e 98%, respectivamente). Katoch et al (2004) comparou dados
publicados sobre a acurácia dos testes baseados na PCR-IS6110, PCR-TRC-4
(seqüência de inserção TRC-4) e PCR-MPB64 observando sensibilidades 81%, 91% e
75%, e especificidade de 80%, 76% e 100%, respectivamente. Também em 2004,
Thwaites et al e Johansen et al sumarizaram os dados estatísticos de estudos usando o
Gen-Probe no LCR para o diagnóstico da MBK. A sensibilidade e a especificidade do
teste variou entre 33% a 100% e 96 a 100%, respectivamente.
Apesar de ser um teste sensível e específico para o diagnóstico da MBK, esta
técnica é laboriosa e o seu uso é viável em centros com pessoal qualificado e
estrutura física adequada, o que não atende as necessidades da rede pública de saúde
dos países em desenvolvimento, que requer método diagnóstico simples, rápido e de
baixo custo.
33
1.9.5- Enzime-Linked Immunosorbent Assay
Apesar da resposta imune não ser protetora na tuberculose, antígenos
micobacterianos induzem a produção de anticorpos nos indivíduos doentes, os quais
podem ser potencialmente úteis no diagnóstico precoce da MBK.
O teste Enzime-Linked Immunosorbent Assay (ELISA) utiliza o conceito que
antígenos ligados a uma fase sólida podem ser usados para determinar a presença de
anticorpos em uma dada amostra. A quantidade de anticorpos ligados ao antígeno na
fase sólida é uma medida da concentração de anticorpos da amostra original. Esta
reação pode ser detectada pela adição de enzimas conjugadas a um segundo
anticorpo em uma reação colorimétrica em presença do substrato da enzima ou pela
adição de anticorpo conjugado com um marcador radioativo (Radio-imunoensaio) (Mims
et al, 1995).
Vários estudos baseados na resposta imune aos antígenos micobacterianos foram
realizados, sendo os testes imunoenzimáticos os mais atraentes por serem rápidos, de
fácil operacionalidade, sensíveis e de relativo baixo custo. Radhakrishnan et al (1991) e
Radhakrishnan & Mathai (1993), compararam a positividade da cultura a detecção de
antígenos micobacterianos pelo método do ELISA nos compartimentos ventricular,
cisternal e lombar. O trabalho mostrou que a cultura obteve uma positividade no LCR
lombar, cisternal e ventricular de 20%, 75% e 87,5%, respectivamente, enquanto que a
detecção de anticorpos contra o antígeno 5 não mostrou diferença estatística, estando
34
presente em concentração significativa, o que sugere que apesar da presença do bacilo
variar, a presença de anticorpos é uniforme nos três compartimentos.
A sensibilidade e a especificidade do teste do ELISA no LCR como método
diagnóstico da meningite tuberculosa varia de acordo com os antígenos e anticorpos
estudados, além da diluição do LCR utilizada (Mathai et a 1990). Além de método
diagnóstico, o teste ELISA pode ser usado como parâmetro para avaliar a resposta
terapêutica através da presença de antígenos e anticorpos no LCR. O estudo de Desai
et al (1993) mostrou que, após 4 semanas de tratamento, os antígenos persistiam no
LCR, enquanto que o estudo de Kadival et al (1994) mostrou que em 6 semanas de
acompanhamento os níveis de anticorpos caíram em todos os pacientes.
35
Tabela I. Resumo dos principais estudos da resposta imune no LCR, por ELISA, com
diferentes antígenos micobacterianos e tipos de anticorpos.
TESTE
ELISA
ANTIGENOS
ANTICORPO
SENSIBILIDADE
ESPECIFICIDADE
REFERENCIA
In-house H37RV IgG 79,73 100 DESAI 1993
Comercial BCG-HRP IgG 67,57 100
In-house CFP Ac-HRPO conjugado 86 95 KASHYAP RS 2003
CFP IgG 85 94 2004
30 kDa
80 91
30kDa
100 100 2005
In-house MSE IgG 97,72 95,35 MANIAR P 1990
In-house PPD IgG 90 100 BAIG SM 1995
In-house Ag-5 IgG 84 92 MATHAI A 1990
In-house H37Rv IgG 67,8 100 RADHAKRISHNAN VV 1990
In-house A60 IgG 60 100 SINGH 1999
A60 IgM 75 100
A60 IgM + IgG 60 100
In-house H37RV IgG 90 95,83 SRIVASTAVA KL 1998
In-house A60 IgG 62,5 100 MAHESHUARI 2000
A60 IgM 66,7 100
A60 IgA 75 100
A60 IgA + IgM 79,1 100
A60 IgG + IgA + IgM 79,1 100
Comercial A60 IgG 73,8 96,1 ALIFANO M 1998
A60 IgA 69 93,6
A60 IgG + IgA 80,9 92,3
In-house 38kDa IgG 80 95 KADIVAL GV 1994
In-house ESAT-6 IgG 10 100 CHANDRAMUKI A 2002
14kDa IgG 56 100
MPT-63
8 100
19kDa
6 100
MPT-64
12 100
38kDa
8 100
Comercial 38 kDa/16 kDa IgG 42 96 DEMKOW 2004
In-house 14kDa IgG 75,67 100 SUMI MG 2002
55,5 a 100 100 SUMI MG 2000
In-house LAM IgG 70,58 92,5 PATIL S.A 1996
38kDa
41,17 92,5
In-house 14kDa/LAM IgG 74 100 CHANDRAMUKI A 1989
14kDa/LAM/19kDa/
38kDa
61 100
In-house CFP IgG 70 100 ANNAMMA M 1990
In-house Ag-5 IgG 70 100 RADHAKRISHNAN VV 1991
In-house BCG IgM + IgG 52 96 WATT G 1988
LAM: Lipoarabinomanan; H37RV: cepa virulenta de M. tuberculosis H37; BCG: Bacilo de Calmette-Guerin; CFP: Proteína filtrada de cultura;
kDa: Kilodalton; PPD: Derivado protéico purificado; Ag: antígeno; IgG: imunoglobulina G; IgM: imunoglobulina M; IgA: imunoglobulina A
36
1.9.6- Exames de Neuroimagem
A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância nuclear magnética de crânio
(RNM) são exames radiológicos importantes na definição do diagnóstico da MBK, pois
são capazes de mostrar as alterações patológicas da doença além de dar informações
sobre o prognóstico do paciente (Thwaites et al, 2000; Thwaites & Tran, 2005).
Os achados radiológicos incluem: captação de contraste na meninge basal e na
fissura silviana, tuberculomas, hidrocefalia, infartos isquêmicos nas regiões talâmicas,
nos gânglios da base e na cápsula interna. A angiorressonância pode também mostrar
alterações nos vasos do polígono de Willis, como estreitamento ou a completa oclusão
dos vasos (Garg et al, 1999; Thwaites et al, 2000; Berger et al, 1994; Jinkins et al,
1995).
Apesar de poucos trabalhos terem sido feitos com o objetivo de diferenciar os
achados da MBK de outras doenças neurológicas, estes sugerem que a RNM é melhor
que a TC para mostrar as alterações da MBK. Porém a RNM não é mais sensível para
diferenciar a MBK de outras doenças, como meningite criptocócica, encefalite viral,
sarcoidose, carcinomatose meníngea e linfoma (Thwaites et al, 2005; Offenbacher et
al, 1991; Tartaglione et al, 1998; Kumar et al, 1999).
37
Thwaites et al 2002, usou as características neurorradiológicas da MBK
determinadas pela TC, como hidrocefalia, edema e captação meníngea basal de
contraste, como critério para o diagnóstico diferencial da MBK com a meningite
bacteriana. Kumar et al (1996) comparou a TC de 94 crianças com MBK e 52 crianças
com meningite piogênica, tendo concluído que a presença de captação meníngea basal
de contraste ou tuberculoma, ou ambos, tem sensibilidade e especificidade de 89% e
100%, respectivamente. Verdon et al (1996) revisaram 48 casos de MBK, e 51%
apresentaram hidrocefalia, 38% captação meníngea, 36% ambas as características,
13% infartos isquêmicos e em 11% tuberculomas. Garg et al (1999) em sua revisão
sobre a MBK, mostraram que a freqüência de infartos na TC varia de 20,5% a 38%.
Monteyne et al (1995) descreveu uma associação entre tuberculomas e MBK que varia
de 28% a 65%. Segundo Andronikou et al (2004), a característica mais específica da
MBK é o sinal de hiperdensidade na base antes da administração de contraste e a
característica mais sensível é a captação de contraste na meninge basal. A combinação
de hidrocefalia, infartos e captação de contraste são específicas, mas tem baixa
sensibilidade (41%).
38
2- JUSTIFICATIVA
As dificuldades de se realizar o diagnóstico precoce da MBK estão bem ilustradas
na literatura descrita.
O diagnóstico precoce aumenta as chances de sobrevida e existe uma relação
direta entre a precocidade diagnóstica e o prognóstico, porém, infelizmente, a maioria
39
Como a meningite tuberculosa não tratada geralmente é fatal, um critério clínico
diagnóstico ou exame laboratorial para MBK deve ser sensível. No momento, nenhum
critério laboratorial rápido e barato para o diagnóstico da MBK satisfaz essa exigência.
Estudos baseados na resposta imune para os antígenos micobacterianos têm sido
realizados, sendo os testes imunoenzimáticos mais atraentes por serem rápidos, de
fácil operacionalidade, sensível e relativo baixo custo, quando comparado aos testes
moleculares. Porém, devido a variação na sua sensibilidade e especificidade, estes
testes ainda não são usados na rotina laboratorial.
Com o desenvolvimento dos métodos moleculares e elucidação do genoma de
MTB H37Rv, foram disponibilizados antígenos específicos de natureza protéica, sendo
necessária a avaliação da reatividade desses antígenos nas infecções tuberculosa
extra-pulmonares em áreas endêmicas.
40
3- OBJETIVO
3.1- Objetivo Geral
Avaliar a imunorreatividade dos anticoprpos do tipo IgG, IgM e IgA no LCR, aos
antígenos micobacterianos obtidos por recombinação genética, MT-10.3 e MPT-64, na
meningite tuberculosa.
3.2- Objetivos específicos
1) Estimar a sensibilidade, especificidade, dos testes imunoenzimático “in house”
para IgG, IgM e IgA, utilizando os antígenos, MT-10.3 e MPT-64, no LCR de
pacientes com meningite tuberculosa.
2) Correlacionar os parâmetros de celularidade e biquímicos nos LCR com a
resposta imune aos antígenos MPT-64 e MT-10.3.
41
4- MATERIAIS E MÉTODOS
4.1- DESENHO DO ESTUDO
Consiste em um estudo retrospectivo, transverso, envolvendo o uso de sobras de
amostras da rotina, estocadas nos Laboratórios de Líquido Cefalorraquiano do
HUCFF/UFRJ e do Laboratório NEUROLIFE LTDA, Rio de Janeiro, durante o período
de junho de 1999 a maio de 2005. O desenvolvimento dos testes imunoenzimáticos
para avaliação da resposta imune humoral foi realizado no Departamento de
Micobacterioses-IOC, Fundação Oswaldo Cruz.
4.2- CASUÍSTICA
O estudo inclui sobras de amostras de LCR de pacientes que tiveram cultura
positiva para Mycobacterium tuberculosis. Como controle não inflamatório, foram
utilizadas sobras de amostras de LCR provenientes da rotina de pacientes com queixas
de cefaléia e exame do LCR normal. Sobras de amostras de pacientes com o
diagnóstico de esclerose múltipla (EM), definida por critérios clínicos de McDonald et al
e Índice de IgG maior que 0,7 foram utilizadas como controle inflamatório (McDonald et
al , 2001). A esclerose múltipla é uma doença inflamatória, auto-imune caracterizando-
se pela presença de placas de desmielinização no SNC e se apresenta clinicamente
42
por surtos de parestesias, paresias, ataxia, neurite óptica, alterações esfincterianas e
outras síndromes neurológicas (McDonald et al, 2001; Poser, 1993).
.As amostras foram obtidas na liquoteca do LABORATÓRIO NEUROLIFE LTDA, a
partir do banco de dados PGLAB, que é um laboratório de análise de LCR para dar
apoio diagnóstico aos hospitais da região metropolitana do Rio de Janeiro. Os dados
de anamnese são sucintos e o material é cadastrado ao entrar no laboratório de acordo
com a suspeita diagnóstica do médico solicitante. Portanto, não dados disponíveis
sobre vacinação, PPD e contatos com portadores de tuberculose, bem como dados de
acompanhamento diagnóstico e terapêutico. As amostras foram obtidas de pacientes
com suspeita de MBK que foram submetidos à raquicentese e examinados para
citologia global e específica, dosagem de glicose e proteínas, exame direto para
germes comuns (coloração de Gram), BAAR (coloração de Zielh-Neelsen) e fungos,
látex para germes comuns e criptococos, cultura para bactéria, fungo e BK. A deteção
de anticorpos anti-HIV foi realizada pelo teste de ELISA Genscreen (BioRad, França).
Após a realização dos testes de rotina, as amostras foram aliquotados em tubos de
microcentrífuga e estocados em freezer -20 °C até o uso.
4.3- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
1- Controle Positivo: Amostras de pacientes que preencheram os critérios
diagnósticos para meningite tuberculosa, caracterizada por sinais
meningorradiculares, cefaléia, febre, vomito, alteração do nível de consciência,
43
déficit neurológico focal, alteração clínica dos nervos cranianos e crises
convulsivas, associado à demonstração do agente etiológico no LCR (cultura ou
baciloscopia positiva).
2- Controle Negativo Inflamatório: Amostras de pacientes que preencheram os
critérios diagnósticos de Esclerose Múltipla, segundo Critérios de Mc Donald e
Índice de IgG maior que 0,7.
3- Controle Negativo Não-Inflamatório: Amostras de pacientes com cefaléia e
exame de LCR normal.
4.4- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
1. Amostras de pacientes menores de 18 anos.
4.5- AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE HUMORAL
Para os experimentos de detecção de anticorpos foram utilizadas a técnica de
ELISA que foi padronizada “in house”.
4.6- ANTÍGENOS
Os antígenos protéicos utilizados neste trabalho, MT-10.3 e MPT-64, foram
gentilmente doados pelo Dr. M. Singh (Lionex Diagnostics & Therapeutics GmbH,
Braunschweig, Germany) dentro do acordo de Cooperação Brasil x Alemanha com o
44
Departamento de Micobacterioses da Fundação Oswaldo Cruz. Os antígenos foram
obtidos por recombinação genética e expressos em Escherichia coli, resumidamente: os
genes codificantes de cada antígeno foram submetidos à amplificação por PCR, os
fragmentos obtidos foram clonados em vetor plasmidial e as proteínas foram expressas
em E. coli e purificadas (amylose resin affinity chromatography). Contaminação das
frações antigênicas foram purificadas pelo sistema Mono Q anion exchange
chromatography. Purificação final foi feita por diálise e as proteínas foram aliquotadas e
liofilizadas. A concentração das proteínas foi determinada pelo método de Lowry.
4.7- ENSAIO IMUNOEZIMÁTICO PARA LCR COM OS ANTÍGENOS MPT-
64 E MT-10 (Liq-EIA)
4.7.1- Adsorção dos antígenos ao suporte sólido (poços da microplaca)
Os antígenos foram diluídos nas concentrações de 1 µg/ml em tampão
carbonato-bicarconato. Cinqüenta µl de cada antígeno foram depositados nos poços
das microplacas de ELISA (Nunc flat bottom, immunoplate C96 Maxisorp, Thomas Sci,
USA), e em seguida incubadas por duas horas a 37°C. Ligações inespecíficas foram
bloqueadas pela adição de 100 µl, em cada poço, de solução tampão salina fosfato
adicionado de Tween 20 a 0,01% (PBSt) e contendo albumina sérica bovina a 5%
(BSA, (fraction V, Sigma, USA) e novamente incubada por duas horas a 37ºC. Em
seguida os poços foram lavados quatro vezes com 200 µl de PBSt e utilizadas
45
imediatamente ou armazenadas a 4ºC em sacos plásticos selados por no máximo, uma
semana.
Para os testes de padronização e controle das placas foram preparados
concentrados de controles positivos e negativos contendo alíquotas de 10 µl de 16
diferentes amostras de LCR oriundos de pacientes com MBK, para os controles
positivos, e de Esclerose Múltipla e cefaléias (Não-MTB), para os controles negativos,
que foram aliquotados em microtubos contendo glicerol volume a volume (Vetec, RJ).
Os concentrados de positivos e negativos foram diluídos seriadamente de 1:10 a
1:1600 (razão de 2x) em PBSt-BSA 1% e 50 µl de cada diluição foram adicionados aos
poços previamente adsorvidos com os antígenos. Depois de incubação por 60 min a
37°C, as placas foram lavadas como descrito acima e 50 µl de cada solução de
anticorpos anti IgG e A humana ligadas a peroxidase (conjugados) (Sigma, USA) e
anticorpos anti IgM humana (Pierce, Germany), previamente diluídas a 1:800, 1:2000 e
1:20000 em solução de PBSt-BSA a 1%, respectivamente, foram depositadas nos
respectivos poços. Após incubação de 1h/37°C, procedeu-se a lavagem como descrito
acima. As reações foram revolvidas com a adição de 50 µl de solução substrato de
trimetilbenzidina (TMB, SH, Germany) e as placas foram incubadas em local escuro à
temperatura ambiente. A reação de cor foi interrompida com a adição de 100 µl de
ácido sulfúrico 2,5 M. A intensidade das reações foi determinada com o uso de leitor de
microplacas (Labsystems Multiskan MS Plate Reader, USA) em dois comprimentos de
onda (450/630 nm) com movimento contínuo, para controlar possíveis variações de
absorbância (condensação, impressão digital). Os resultados serão expressos em
densidade ótica (DO) x 1000.
46
As diluições das amostras de LCR e conjugados a serem utilizadas para testar a
amostragem proposta, foram definidas pelas reações antígeno x anticorpo ideal, isto é,
as que mostraram maior discriminação entre os concentrados de MBK em relação aos
concentrados de não MBK.
Em todas as placas teste foram adicionados os concentrados positivos (MTB) e
negativos (não MTB) em no mínimo quatro diluições para servir como controle das
placas nos testes realizados no mesmo dia ou em dias diferentes. Cada placa continha
um poço com controle branco e a DO da solução branco (Solução substrato) não
ultrapassou o valor de 100. Quando isto ocorreu, devido a um erro operacional nas
etapas de lavagem, os testes foram repetidos. Todos os testes foram realizados em
duplicata e os seus valores não excederam 25% do valor médio das duplicatas. Quando
isto ocorreu o teste foi repetido.
4.8- ESTUDO ESTATÍSTICO
Resultados dos exames bioquímico-celular e dos testes imunoenzimáticos nas
amostras de LCR foram introduzidos em uma planilha Microsoft Excel. Os dados foram
transferidos para o programa SPSS 11.0 para análise estatística (SPSS Inc, Chicago,
IL, USA).
Um teste qualitativo tem como resultados possíveis, negativos ou positivos. Em
um teste quantitativo é necessário estabelecer um valor de corte a partir do qual ele
será considerado positivo; isto é, um valor que forneça maior sensibilidade possível sem
47
afetar a especificidade do teste. Sua finalidade é determinar o valor diagnóstico ótimo
de um método que expressa resultados na forma de valores contínuos.
Com esta finalidade, pode-se utilizar a fórmula de inserção dos resultados
obtidos de uma amostragem estudada em uma curva do tipo receiving operator
characteristic curve - ROC (curva de operação característica). Na curva ROC, o
diagnóstico é considerado uma variável estável, composta de dois valores possíveis
(neste caso, TB ou não TB). Um teste ideal deve fornecer sensibilidade e especificidade
altas, e no gráfico da curva ROC, este valor ideal deve estar próximo do ângulo superior
esquerdo. Quanto mais próximo desse ângulo, melhor o teste (Figura 2).
Figura 2. Curva do tipo receiving operator characteristic curve (ROC) hipotética e ideal
A comparação das médias de variáveis não contínuas foi realizada pelo teste “t”
de Student. Para comparar as diferenças nas freqüências dos resultados obtidos nos
diferentes grupos avaliados com os diferentes antígenos foi utilizado o teste Anova. A
48
comparação das médias entre os grupos foi realizada pelo teste de Student-Newman-
Keuls. O grau de concordância entre os antígenos testados com as diferentes
imunoglobulinas foi determinado pelo teste de correlação (r) e a significância pelo teste
de Pearson.
A presença de anticorpos para os antígenos de M. tuberculosis em pacientes
com meningite tuberculose, será a variável preditiva e espera-se positividade dos
testes.
4.9- ASPECTOS ÉTICOS
O presente estudo obteve aprovação dos Comitês de Ética do HUGG e HUCFF,
além de dispensa do termo de Consentimento informado para uso de amostras
estocadas, baseado na resolução n° 01/88 publicado na revista Bioética, CNS (vol.3 n°
2, 1995), Diretriz 9: ”Estudos epidemiológicos que requerem o exame de documentos,
tais como prontuários médicos, ou de sobras anônimas de amostras de sangue, urina,
ou espécimes de tecidos podem ser realizadas sem o consentimento dos indivíduos
envolvidos, desde que seu direito ao sigilo seja garantido, pelos métodos em estudo” e
na consulta junto ao CRM-RJ, o qual garante que a norma também se refere ao uso de
amostras deste fluido.
49
5- RESULTADOS
5.1-AMOSTRAGEM
Dos LCR estocados no Laboratório NEUROLIFE no período de junho de 1999 a
maio de 2005 foram selecionados 90 assim divididos: 19 oriundos de pacientes com
meningite tuberculosa diagnosticados pela cultura positiva para M. tuberculosis (Grupo
I), 26 oriundos de pacientes com esclerose ltipla (Grupo II) e 45 indivíduos com
cefaléia e exame de LCR normal (Grupo III). As características clínicas e demográficas
dos pacientes estão descritas na Tabela II .
O Grupo II (esclerose múltipla) é composto de indivíduos mais jovens que os
pacientes dos Grupos I e III (p=0,03). Houve uma predominância do sexo feminino nos
pacientes dos Grupos II/III (p=0,004) e o sexo masculino foi predominante no Grupo I
(p<0,05). Todos os LCR dos pacientes do Grupo I apresentaram Gram e BAAR
negativos e cultura para MTB positiva.
50
Tabela II. Características clínicas e demográficas dos diferentes grupos de LCR.
Diagnóstico
Número de pacientes (%)
Características
Grupo I
N= 19
Grupo II
N= 26
Grupo III
N= 45
P
valor
Idade x± (SE)
47,89 (17,6)
34,53 (10,42)
45,75 (22,97)
0,03
Sexo
Masculino
Feminino
12 (63)
7 (37)
4 (15,38)
22 (84,62)
16 (35,5)
29 (64,5)
Sorologia para HIV
positivo
negativo
Não Realizado
8 (42,1)
6 (31,6)
5 (26,3)
26 (100)
45 (100)
Bacterioscopia
BAAR Positiva
BAAR Negativa
0
100%
0
0
0
0
Cultura positiva 100% 0 0
HIV: Vírus da Imunodeficiência Adquirida. BAAR: Bacilos álcool-ácido resistente. (x± SE):
Média±Desvio Padrão. Grupo I (meningite tuberculosa), Grupo II (esclerose múltipla) e Grupo III
(cefaléia).
51
Os resultados dos exames bioquímico-celular das amostras de LCR estudados
estão mostrados na Tabela III. Como esperado, de um modo geral, os valores médios
de todos os parâmetros mostram-se mais elevados nos estados de MBK que nos
controles negativos. Contrariamente, às outras células encontradas no LCR, os
plasmócitos, basófilos e macrófagos não estão presentes em quantidades
significativamente diferentes aos outros Grupos. Os leucócitos, hemácias, neutrófilos,
eosinofilos e proteínas foram significativamente mais elevadas no Grupo I (p<0,05), a
glicose, embora significativamente diferente entre os três Grupos, apresentou
concentração média menor no Grupo I (p<0,05).
Baseado no critério de gravidade da doença em relação à proteínorraquia, de
acordo com FUNASA 2002, os pacientes do grupo I (n=19) foram subdivididos em três
Sub-Grupos (SG): SG I.1= PR 40 mg/dl; SG I.2 = 40>PR<300 mg/dl e SG I.3 =
PR300 mg/dl. Como mostrado na Tabela IV a leucometria acompanhou o padrão de
aumento da concentração de proteínas. O número de neutrófilos aumentou nos LCR do
SGI.1 para o SGI.3, enquanto que o número de linfócitos mostrou-se mais elevado no
SGI.1, mas sem significância estatística, provavelmente devido ao baixo número de
LCR em cada SG.
52
Tabela III. Resultados dos exames bioquímico-celular dos LCR nos diferentes grupos
de LCR.
X
±
SE
Características
Grupo I Grupo II Grupo III P valor
Leucócitos (cel/mm
3
)
196,2 ± 259
7,25 ± 13,68 1,73 ± 1,05
<0,05
Hemácias (cel/mm
3
)
9,68 ± 22,49
1,74 ± 5,22 1,55 ± 3,42
0,01
Neutrófilos (%)
53,52 ± 22,32
0,14 ± 0,45 0,04 ± 0,29
<0,05
Eosinófilos (%)
0,36 ± 0,59
0,03 ± 0,19
0 <0,05
Linfócitos (%)
36,7 ± 22 33,75 ± 44,86
8,15 ± 26,43
<0,05
Monócitos (%)
8,26 ± 3,12 3,11 ± 4,44 0,68 ± 2,53
<0,05
Plasmócitos (%)
0,1 ± 0,45
0 0 0,155
Basófilos (%)
0 0 0 0
Macrófagos (%)
1 ± 0,88
0 0 <0,05
Proteínas (mg/dL)
221,3 ± 278 35,4 ± 20,7 29,8 ± 4,38
<0,05
Glicose (mg/dL)
34,31 ± 12,3
52,3 ± 12,7 60,35 ± 10,81
<0,05
Grupo I: Meningite tuberculosa; Grupo II: Esclerose Múltipla; Grupo III: Cefaléia.
x± SE: Média±Desvio Padrão.
53
Tabela IV: Características clínicas e citoquímica dos LCR provenientes de pacientes
com MBK e sub-agrupados de acordo com a concentração protéica do LCR
SUB-GRUPO I
Características
SG I.1
n=2
SG I.2
n=12
SG I.3
n=5
P valor
HIV n (%)
Soropositivo
Soronegativo
Não realizado
0
100
0
5 (41,7)
5 (41,7)
2 (16,6)
3 (60)
1 (20)
1 (20)
Citoquímica (x± SE)
Leucócitos (cel/mm
3
)
16,5 ± 0,7 152,33 ± 185,80
373,4 ± 381,95
0,164
Neutrófilos (%)
31 ± 36,76 56,5 ± 23 55,2 ± 12,65
0,337
Linfócitos (%)
61,5 ± 40,3
35 ± 21,72 31 ± 10,81
0,239
Monócitos (%)
5,5 ±2,12 7,33 ±2,5 11,6 ± 2,3
0,007
Glicose (mg/dL)
46 ± 7 33,9 ± 11,7 30,6 ± 14,4
0,343
SUB-GRUPO I : pacientes com Meningite tuberculosa; SG I.1= Proteinorraquia 40 mg/dl; SG I.2 =
40>Proteinorraquia<300 mg/dl e SG I.3 = Proteinorraquia300 mg/dl. x± SE: Média±Desvio Padrão
54
Quando se analisou os resultados bioquímicos-celular do LCR do SG I co-infectado
ou não por HIV, observou-se que os leucócitos, proteínas e a glicose estão mais
elevados no LCR oriundos de pacientes HIV positivos (p<0,05). Os neutrófilos, linfócitos
e monócitos não mostraram diferença significativa entre os HIV positivo e negativo
(Tabela V).
Tabela V. Resultados dos exames bioquímico-celular dos LCR do SubGrupo I
Infetados ou não pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV)
Exames Bioquímico-
SUBGRUPO I
(x± SE)
Celular HIV Soropositivo
HIV Soronegativo P Valor
N= 8 N= 6
Leucócitos (cel/mm
3
)
236,87 ± 260,18
115 ± 76,67
0,292
Neutrófilos (%)
55,87 ± 19,05 60,5 ± 23,08
0,688
Linfócitos (%)
34,2 ± 18,59 30,83 ± 20,97
0,753
Monócitos (%)
8,62 ± 2,82 7,33 ±
0,426
Proteínas (mg/dL)
324,87 ± 400,61
159 ± 102,9
0,346
Glicose (mg/dL)6
38,62 ± 14,16 25,83 ± 8,84
0,077
SUB-GRUPO I : pacientes com Meningite tuberculosa; x± SE: Média±Desvio Padrão
55
5.2- PADRONIZAÇÃO DO LIQ-EIA:
A padronização do Liq-EIA com os antígenos MPT-64 a MT-10.3 foi realizada com
os concentrados de LCR de pacientes MBK e Não-MBK. A Figura 3, mostra as
melhores diluições dos LCR e conjugados para a detecção dos diferentes tipos de
imunoglobulinas. O melhor resultado discriminatório das reações antígeno x anticorpo
nos LCR controle positivo (MBK) e negativo (Não MTB) foi obtido com a diluição a 1:40
e os conjugados anti-IgG, IgM e IgA diluídos respectivamente a 1:800, 1:20.000 e
1:2000.
5.3- TESTE IMUNOEZIMÁTICO EM LCR (LIQ-EIA)
Todos os LCR arrolados no estudo foram ensaiados para o método imunoenzimático
com os antígenos MPT-64 a MT-10.3. A Figura 4 mostra os resultados das densidades
óticas nos LCR individualmente. As médias de DO para os diferentes antígenos e tipos
de anticorpos foram significativamente diferentes entre o Grupo I e os Grupos controles
(Grupo II/III, p<0,05). As médias de reatividade para os antígenos MPT-64 e MT-10.3
foram maiores para a IgG (311,5 ± 145,5 e 215,8 ± 130,1, respectivamente) no Grupo I.
Para a IgM (153,9 ± 184,26 e 86,15 ± 49,14, respectivamente) e IgA (141,36 ± 94,9 e
168,26 ± 119,6, respectivamente) as médias de DO foram significativamente diferente
entre os Grupos I e II/III, embora com menor reatividade que para IgG. Não houve
diferença significativa entre as médias de DO dos LCR Não-MBK (p>0,22).
56
Figura 3. Resultado da padronização com o concentrado de LCR MBK (controle positivo) e Não TB
(controle negativo) com o antígeno MPT-64 e MT-10.3 (1 µg/ml) e conjugados A) anti IgA, B) anti IgM e
C) anti IgG
Conjugado anti IgA 1:2000
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
1:10 1:20 1:40 1:100 1:200 1:400
Diluição LCR
OD
C+ MPT-64 IgA 1:2000
C- MPT-64 IgA 1:2000
C+ MT- 10 IgA 1:2000
C- MT- 10 IgA 1:2000
Conjugado anti IgM 1:20000
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1:
10
1:
20
1:
40
1:
100
1:
200
1:400
1:800
1
:1
000
1
:1
200
1
:1
600
Diluão LCR
OD
C+ MT-10 IgM 1:20000
C- MT-10 IgM 1:20000
C+ MPT-64 IgM 1:20000
C- MPT-64 IgM 1:20000
Conjugado anti IgG 1:800
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1
:
1
0
1
:
20
1:40
1:100
1:200
1:4
0
0
1
:
8
0
0
1:1000
1:1
2
00
1
:
1
6
0
0
Diluição LCR
OD
C+ MPT-64 IgG 1:800
C- MPT-64 IgG 1:800
C+ MT -10.3 IgG 1:800
C- MT -10.3 IgG 1:800
A)
B)
C)
DO= Densidade Óptica x 1000. C+ = Concentrado de LCR controles positivos (MBK). C- =
Concentrado de LCR controle negativo (Não-MBK)
57
A Figura 5 mostra a curva ROC de sensibilidade x especificidade do Liq-EIA para
detecção dos diferentes tipos de Acs reativos aos Ags MT10.3 e MPT-64. Os pontos de
cortes obtidos foram respectivamente 212, 94,5 e 98,5 para IgG, IgM e IgA-MPT64 e
109,5, 62,5 e 84,5 para MT10.3. A IgG-MT-10.3 mostrou a melhor sensibilidade (100%)
com boa especificidade (92%) e a IgG-MPT-64 a melhor especificidade (94%), mas com
menor sensibilidade (90%) seguidos da IgA MPT-64 (90% e 92 %), IgM-MT-10.3 (90 %
e 78%), IgA-MT-10.3 (79 % e 75 %) e IgM-MPT-64 (68 % e 66 %) quanto a
sensibilidade e especificidade, respectivamente (Figura 4 e Tabela VI).
A análise global e cumulativa, dos ensaios imunoenzimáticos com as IgA, IgM e IgG
dos LCR para cada um dos antígenos testados estão mostrados na Tabela VI. Embora
a sensibilidade dos testes -4(s )-2.022.002( )-299sIgA-M63(T)-9(-)3(/T)-9(I)-2(g)6(G)-2(-)3(M)3(P)7(T)-.08 0 Td[(%)-1())3(,)-2(0)-4(-4(4(o)-4(s-362(I)-2(g)62(-)3(M)3(T)-9(-)3(/T)-9(I)-2(g)6(G)-2(-)3(63(P)7(T)-.0195( q)6(u)-4(a)i)2(v)10(h3(a)-4( )-22.0195( s)-4(e)-4(o)-4(r)12.998((-4(4)2774898]TJ-316.)-4(o)-4( )-22(m)3(o)-4(st)-2[(%)-m2( )-22(a)-4([(%)-T)-.08 0 Tdn)-4 0 Td(l)2(a)-4(d3(a)-4( )-22.0)-1.993(-)3(M)3(04( )-22.0195( 2(7)-4(5)-4( 6)6( )-2(m)3(u0 Td(l)2( 0 Td[(%)-u)10(t)-2([(52(i)2(ci)2(dc-22(é-4(o)co)6(e)3(st)-2[(%)-n3(a)-4( )-22.0).2 -27.6 (0)-438.284(o)-4(s )a)-4( )-626e)-4(n)-4(si)2(b)-4(i)2(l-4( 0 Td[(%)--1.99<)4)-42.002(( )-2(()3(9)6(4)-4(%)-1())2.-)-2.00195 Tdn)-)-1())i)-)-1((n)-4(s(o)-4(r)12.998(38.284)277.998]TJa)-4(-4( )-22(e)-4()-22(ecTd[(m)-7)-4(,)7.9u)-4(d)6(L)-4(C)2(R)21F)1(i)2(g)6(-4( )-2(r)3(a)-4( )s)-4( )-4(m)829)7.99805(m)0 Td[(co).002(E)7.001a)-4
58
Tabela VI: Sensibilidade e especificidade do Liq-EIA na detecção de diferentes tipos de anticorpos reativos aos antígenos MPT-64 e MT-
10.3
Número de positivos /total (%)
IgM IgG IgA
MPT-64 MT-10.3 MPT-64 MT-10.3 MT-10.3 MPT-64
SENSIBILIDADE 13/19 (68) 16/ 19 (90) 17/ 19 (90) 19/ 19 (100) 15/ 19 (79) 15/ 19 (90)
ESPECIFICIDADE 24/ 71 (66) 16/ 71 (78) 4/ 71 (94) 5/ 71 (92) 18/ 71 (75) 6/ 71 (92)
59
Tabela VII: Freqüência da resposta imune de IgG, IgM e IgA aos antígenos MPT-64 e MT-10.3 no LCR de pacientes MBK subdivididos quanto
a sorologia para HIV e proteinorraquia (PR).
Número de positivo/ Total (%)
Ig G Ig M Ig A
MPT-64 MT-10.3 MPT-64 MT-10.3 MT-10.3 MPT-64
HIV + 8/8 (100) 8/8 (100) 6/8 (75) 8/8 (100) 7/8 (86) 7/8 (86)
HIV - 5/6 (83) 6/6 (100) 4/6 (67) 4/6 (67) 4/6 (67) 5/6 (83)
SG I.1 1/2 (50) 2/2 (100) 1/2 (50) 1/2 (50) 1/2 (50) 2/2 (100)
SG I.2 11/12 (92) 12/12 (100) 8/12 (67) 10/12 (83) 9/12 (75) 8/12 (67)
SG I.3 5/5 (100) 5/5 (100) 4/5 (80) 5/5 (100) 5/5 (100) 5/5 (100)
HIV +/- = Human Immunodeficiency Vírus soro-positivo/negativo; SGI= Grupo I (MBK), subdividido quanto a proteinorraquia: SGI.1 <
40mg/dl; SGI.2 40<PR<300 mg/dl; SGI.3 > 300 mg/dl.
60
Tabela VIII: Sensibilidade e especificidade do Liq-EIA analisando os resultados cumulativamente.
IgM IgG IgA
MPT-64 MT-10.3 MPT-64 MT-10.3 MPT-64
S (%) = 89,5 MT-10.3
IgM
E (%)= 49,3
S (%) = 89,5 94,7 MPT-64
IgG
E (%)= 64,8 71,8
S (%) = 100 100 100 MT-10.3
IgG
E (%) = 63,4 71,8 88,7
S (%)= 100 100 100 100 MPT-64
IgA
E (%)= 59,1 73,2 86 84,5
S (%) = 94,7 94,7 100 100 89,5
MT-10.3
IgA
E (%) = 43,7 60,5 70,4 69 73,2
61
Figura 4. Resultados do Liq-EIA expresssos em densidade ótica com os antígenos MPT-64 e MT-
10.3 para deteção dos anticorpos IgG, IgM e IgA IgG.
62
Analisando-se os resultados da leucometria e os valores médios da reatividade,
observou-se existir uma baixa correlação pata todas as imunoglobulinas com os
diferentes antígenos (r<45). Foi encontrada alta correlação entre a proteinorraquia e as
médias de DO, variando entre 88% e 89% para o teste IgA e IgM a 91,1% para IgG
MPT-64 (p=0,01).
Ao avaliar os dados dos LCR subdivididos em relação à concentração protéica, não
foi encontrada diferença entre os SG quanto a média das DOs para IgM MPT-64
(p=0,18) e IgG MT-10.3 (p= 0,11). A média de reatividade da IgG MT-10.3 no SG I.3
(321,2 ± 178,6) foi maior que os demais SG embora sem diferença significativa
(p=0,09). Porém as médias de reatividade das demais imunoglobulinas para ambos os
antígenos foram significativamente diferentes entre o SG I.3 x SGI.1/I.2 (p<0,007).
Comparando a freqüência de resposta imune em todos os SG, foi encontrada alta
freqüência de reatividade para IgG MT10.3 (100%), seguida pelas IgA e IgG MPT-64
(Tabela VII).
Analisando-se o Grupo I de acordo com o status do HIV, observou-se que não houve
diferença significativa de imunoreatividade para os diferentes Ac com ambos os Ags
(p>0.05), entretanto a freqüência de resposta foi mais elevada para IgG-MT10.3 (100%)
seguida da IgG MPT-64 (100% e 83%, respectivamente para HIV soropositivo e
negativo) (Tabela VII).
63
Figura 5. Curva ROC de sensibilidade x especificidade do Liq-EIA para detecção
dos diferentes tipos de Acs reativos aos Ags MT10.3 e MPT-64.
MT-10.3 IgA
1 - Specificity
1,0,8,5,30,0
Sensitivity
1,0
,8
,5
,3
0,0
MPT-64 IgA
1 - Specificity
1,0,8,5,30,0
Sens itivity
1,0
,8
,5
,3
0,0
MPT-64 IgM
1 - Specificity
1,0,8,5,30,0
Sensitivity
1,0
,8
,5
,3
0,0
MT-10.3 IgM
1 - Specificity
1,0,8,5,30,0
Sensitivity
1,0
,8
,5
,3
0,0
MPT-64 IgG
1 - Specificity
1,0,8,5,30,0
Sensitivity
1,0
,8
,5
,3
0,0
MT-10.3 IgG
1 - Specificity
1,0,8,5,30,0
Sensitiv ity
1,0
,8
,5
,3
0,0
64
6- DISCUSSÃO
Tanto o Brasil, como os países em desenvolvimento, enfrentam o desafio de
diagnosticar precocemente as doenças cuja morbidade e letalidade são elevadas,
objetivando reduzir o impacto econômico destas na política de saúde publica, pois
geram gastos excessivos.
A MBK, apesar de ter baixa prevalência no Brasil, entre 0,15 e 0,34/100.000
habitantes, apresenta uma taxa geral de mortalidade de 10% e para os tratados
tardiamente de 50%, podendo chegar a 100% caso não sejam tratados após 5 a 8
semanas do início da doença (GT-MENINGITE/COVER/CGVEP/CENEPI/FUNASA/MS
2000; Nunes et al, 1998a; 1998b).
Os métodos diagnósticos de rotina utilizados na MBK ainda se baseiam nos
microbiológicos e na bioquímica, sendo o padrão-ouro o microbiológico (cultura).
Entretanto, a cultura é morosa, laboriosa e de sensibilidade variável, comprometendo o
rápido diagnóstico. Com o desenvolvimento da biologia molecular, métodos alternativos
têm sido pesquisados nos últimos anos, entre estes os baseados na estrutura dos
ácidos nucléicos e na resposta imune do hospedeiro (Thwaites et al, 2002).
O imunodiagnóstico na tuberculose apresenta sensibilidade e especificidade
variadas devido à heterogeneidade dos antígenos e da resposta imune do hospedeiro.
Com o desenvolvimento da biologia molecular, vários antígenos específicos do MTB
65
têm sido obtidos, mas poucos são os estudos avaliando seu potencial para uso
diagnóstico na tuberculose extra-pulmonar. Entre os métodos imunodiagnósticos, o
teste de ELISA apresenta vantagem de ser de cil realização, relativo baixo custo e
sensível. Portanto, seria um método útil em saúde pública se demonstrasse acurácia
adequada. O método de ELISA para o imunodiagnóstico precoce da MBK tem sido
estudado nas últimas décadas. Alguns trabalhos têm descrito as vantagens e
desvantagens do método direto (pesquisa de Antígenos) e indireto (pesquisa de
Anticorpos) no diagnóstico da MBK. (Chandramuki et al, 2002)
No presente trabalho, foi avaliada a imunorreatividade de IgG, IgM e IgA aos
antígenos micobacterianos, MPT-64 e MT-10.3 no LCR de MBK. O Liq-EIA IgG MT-10.3
mostrou a mais alta sensibilidade e especificidade (100% e 92%), seguidos das IgG
MPT-64 (90% e 94%), IgA MPT-64 (90% e 92%), IgM MT-10.3 (90% e 78%), IgA MT-
10.3 (79% e 75%) e IgM MPT-64 (68% e 66%). Os valores médios de DO no grupo com
MBK, para IgG MPT-64 (311,5 ± 145,5) e IgG MT-10.3 (215,8 ± 130,2), foi
significativamente mais elevado que para os controles negativos (p<0,005). Não
relatos de estudos envolvendo a resposta imune ao antígeno MT-10.3 no LCR, portanto
esta é a primeira vez que este antígeno é avaliado quanto a sua imunoreatividade no
LCR de pacientes com MBK.
O Liq-EIA IgM MT-10.3, IgG e IgA MPT-64, resultou em menor sensibilidade (90%),
sendo que a IgG MPT-64 forneceu maior especificidade (94%). Entretanto,
Chandramuki et al (2002) estudando LCR de pacientes com MBK cultura positiva da
Índia, encontrou baixa sensibilidade para IgG MPT-64 (12%). Estes achados,
66
acentuadamente discrepantes, podem estar relacionados à qualidade do antígeno
utilizado, às diluições empregadas ou ao tamanho da amostragem testada, que o
número de pacientes indianos foi de 50 e a nossa de 19. A especificidade do teste
encontrada por estes autores foi de 100%, similar ao encontrado em nosso estudo
(94%). Estes achados aliados a alta especificidade da IgG MT-10.3, corrobora a
hipótese de Chandramuki et al (2002) de que em regiões de alta endemicidade para
tuberculose (aproximadamente 40% de infecção latente na população adulta), a
tuberculose ativa estaria preferencialmente associada a detecção de anticorpos para os
antígenos micobacterianos no LCR. O presente trabalho mostra que o Liq-EIA para IgG
MT-10.3 foi capaz de detectar todos os LCR de MBK, apresentando menos de 10% de
falso-positivos. O fato do Liq-EIA IgG MT-10.3 mostrar alta sensibilidade favorece o
diagnóstico pido de uma doença que apresenta rápida evolução e que pode levar ao
óbito, caso não seja diagnosticada e tratada precocemente.
Vários autores consideram que o uso de múltiplos antígenos na composição de um
teste diagnóstico seria uma estratégia importante para detectar um maior número de
pacientes com tuberculose, que estes parecem responder de forma heterogênea aos
diferentes antígenos micobacterianos. Em nossa análise global e cumulativa de
diferentes imunoglobulinas com ambos os antígenos estudados, mostrou um aumento
da sensibilidade, porém com comprometimento da especificidade e nenhuma das
combinações apresentou melhor resultado que a IgG MT-10.3 (Tabela VIII).
Segundo Watt et al (1988), a baixa sensibilidade dos testes de ELISA pode estar
associada à ausência de anticorpos no LCR nos estádios iniciais da infecção ou com a
67
evolução do tratamento. Mas, em nosso estudo, dos dois pacientes do SGI.1 (baixa
concentração de proteínas), todos responderam para a IgG MT-10.3 (100%) (Tabela
VII). Os valores médios de DO neste grupo de pacientes, foi mais elevado que nos
controles negativo, embora sem diferença significativa (207 ± 8 / 179,5 ± 22, p= 0,39).
Recentes estudos populacionais de pacientes com MBK têm mostrado uma variação
na incidência entre os sexos e na média de idade. O estudo de Tan et al (1999)
mostrou média de idade de 37,9 ± 14,9 (9 a 63 anos) e predomínio de pacientes do
sexo feminino (1,44:1). Verdon et al (1996) em uma revisão de 46 casos de MBK na
França, encontraram média de idade de 46 anos (18 a 83) e um predomínio de
pacientes do sexo masculino (32 homens e 16 mulheres). No estudo de LAU et al
(2005) com 166 pacientes com MBK, em Hong Kong, média de idade foi 42,9 e 50%
dos pacientes eram do sexo masculino. Em nosso estudo, com pacientes brasileiros, os
resultados foram similares aos franceses e chineses, com predominância de pacientes
do sexo masculino (63%) e médias de idade acima de 45, embora não haja relevância.
Com relação à população controle, em nosso meio houve predomínio de indivíduos do
sexo feminino, o que também corrobora os achados na literatura internacional onde
pacientes com EM são predominantemente deste sexo. (Poser, 1992).
O Grupo II, em nosso estudo, é composto por indivíduos significativamente mais
jovens quando comparados com os pacientes dos Grupos I (47,89 ± 17,6) e Grupo III
(45,75 ± 22,97) (p=0,03), resultados estes similares aos encontrados em estudos
prévios. (Arruda et al, 2001; Ferreira et al, 2004).
68
As anormalidades no exame do LCR de pacientes com MBK são bem descritas na
literatura. Geralmente, a meningite tuberculosa apresenta-se com uma pleocitose com
predomínio de neutrófilos, nas fases iniciais, e à medida que a doença progride, ocorre
predomínio de linfócitos, aumento nos níveis de proteína e diminuição nos níveis de
glicose. Em nosso estudo, a média de todos os parâmetros citoquimicos mostra-se mais
elevada nos estados de MBK que nos controles negativos, exceto para a glicose, que
apresentou menor concentração média (p<0,05), corroborando os estudos anteriores
(Heringer et al, 2005; Verdon et al, 1996; Tan et al, 1999; Klein et al, 1985).
A infecção por MTB é uma complicação comum da infecção do HIV contribuindo
para aumentar a incidência da MBK. Segundo a literatura internacional, apesar deste
aumento de incidência, as características clínicas, laboratoriais e radiológicas ou a
resposta ao tratamento da MBK não se altera com a co-infecção HIV/TB (Yechoor et al,
1996; Berenger et al, 1992). Em nosso estudo, entretanto, o grupo dos pacientes com
MBK co-infectados pelo HIV, além de predominar o sexo masculino, a média dos
leucócitos, proteínas e da glicose está mais elevada. Esta discrepância pode estar
relacionada ao pequeno número de LCR testados.
A infecção causada pelo HIV tem dimensões pandêmicas e atinge áreas de alta
endemicidade para TB, sendo, portanto necessário investigar sua significação na
resposta imune dos infectados por MTB. Em nossos resultados, não houve diferença
significantiva da imunorreatividade da IgG e IgA, aos antígenos testados, nos LCR de
pacientes MBK co-infectados ou não pelo HIV (Grupo I, p>0,05), sugerindo que em
69
nossas amostras, a co-infecção HIV/MBK o interfere na resposta imune aos
antígenos MPT-64 e MT-10.3. Estes resultados estão em desacordo com os descritos
por Chandramuki et al (2002), que mostraram que a resposta imune em pacientes com
co-infecção MTB/HIV está diminuída. Entretanto, eles não encontraram diferença na
reatividade de anticorpos de pacientes MBK/HIV positivos diagnosticados clinicamente
e aqueles com cultura positiva, concluindo que o HIV parece reduzir a capacidade de
produção de anticorpos no LCR de MBK, mas não acentuadamente, o que na verdade
apóia os nossos achados.
Deeny et al (1985) e Nunes et al (1998) observaram que a MBK pode estar
associada a uma neutrofilia persistente, o que pode ser um fator de confusão para o
diagnóstico. Da mesma forma, Marinho et al (1997) mostraram que a MBK pode se
apresentar como uma meningite neutrofílica persistente em pacientes com SIDA, pois
supõe que o paciente co-infectado pelo HIV desenvolve uma resposta parcial inicial de
defesa, ocorrendo maior resposta de fase aguda, caracterizada pela contínua liberação
de fatores quimiotáxicos para neutrófilos, impedindo o predomínio linfocitário. Apesar de
não haver diferença estatística entre as médias dos linfócitos e neutrófilos (p>0,05) do
Grupo I em nosso meio, existe um predomínio neutrofílico, corroborando os relatos da
literatura. Porém, nos dois pacientes do SGI, a análise sugere que níveis normais de
proteína estão associados a um predomínio de linfócitos e apesar de não dispormos de
dados clínicos evolutivos, foi evidenciada neste estudo a ocorrência de meningite
neutrofílica nos LCR de pacientes HIV soropositivos e negativos (tabela V). Este é um
dado importante, pois não condiz com o padrão evolutivo da doença onde é esperado
70
um predomínio linfomonocitário (Deeny et al, 1985; Nunes et al, 1988).
Conseqüentemente, estes achados dificultam o diagnóstico apenas pelos métodos
citoquimicos. Portanto, considerando que a maioria dos LCR de MBK, infectados ou
não pelo HIV e com proteinorraquia elevada ou não, continha anticorpos IgG e IgA que
reconhecem os antígenos MT-10.3 e MPT-64 , o imunodiagnóstico parece ser uma
alternativa potencial (Tabela V).
Fatores como diagnóstico tardio, introdução de terapia especifica tardiamente,
idades extremas, estádio avançado da doença, presença de hidrocefalia e hipertensão
intracraniana, durante o curso da doença, e associação com doenças sistêmicas
crônicas estão associados ao mau prognóstico. Basicamente existem dois métodos
propostos na literatura para avaliar o prognóstico: a proteinorraquia e o estádio clínico
da doença. Entretanto há divergências entre os investigadores. Nunes et al (1998), Tan
et al (1999) e Wang et al (2002) mostraram que não há relação entre os níveis elevados
de proteína no LCR e o mau prognóstico da doença, enquanto que em outros estudos
foi sugerido que níveis > 300mg/dl de proteína no LCR são um marcador de pior
prognóstico. (Boissonnas et al, 1983; Fundação Nacional de Saúde, 2002; Porkert et al,
1997; Misra et al, 1996).
No presente estudo, o Grupo I foi subdivididos em 3 subgrupos de acordo com a
concentração de proteínas. O SG I.3, que apresentou maior concentração proteica, foi
também o grupo com maior imunorreatividade média para os antígenos
micobacterianos (p<0,007), exceto para IgG MT-10.3 e IgM MPT-64 (p>0,11). Portanto
em nossos resultados, o aumento da imunorreatividade em amostras com
71
proteinorraquia alta sugere que a produção de anticorpos aumenta com a gravidade da
doença, ou decorrente da disfunção da BHL e migração de proteínas do sangue para o
LCR,visto que os SG I.1 e 2 apresentaram menor média de reatividade que o SG I.3,
mas sem diferença significativa entre esses grupos (p>0,5). Mas a freqüência de
respondedores em todos os SG I foi alta principalmente para IgG MT-10.3 (100%),
seguido de IgA e IgG MPT-64 (Tabela VII). Entretanto maiores estudos são necessários
para elucidar se o aumento médio de anticorpos é de produção intratecal ou
provenientes do aumento de transudação do soro para o LCR.
Um desafio importante do diagnóstico precoce da MBK está na diferenciação com
as meningites não-tuberculosas ou as meningites bacterianas parcialmente tratadas. A
falha no tratamento das meningites piogênicas pode produzir achados LCR
semelhantes à MBK, além de interferir no diagnóstico bacteriológico. Os métodos
convencionais de diagnostico da MBK são pouco sensíveis ou exigem um tempo de
conclusão prolongado, como ocorre na baciloscopia liquórica (exame direto) e a cultura
em meio de LJ, respectivamente. Portanto, são necessário estudos futuros para avaliar
o Liq-EIA no diagnóstico diferencial das meningites infecciosas não-tuberculosas.
72
7- CONCLUSÕES
- O Liq-EIA para MT-10.3, neste estudo, foi pela primeira vez utilizado na detecção
de Ac em LCR na meningite tuberculosa mostrando seu potencial imunodiagnóstico ao
detectar todos os LCR de MBK cultura positiva, e apresentando menos de 10% de
falso-positivos.
- Liq-EIA para IgG MT-10 mostrou alto percentual de respondedores nos LCR, de
pacientes com MBK, com diferentes concentrações de proteínas, sugerindo a presença
de Ac para este antígeno.
- Os pacientes com MBK, co-infectados ou não pelo HIV, não apresentaram
diferença significativa na imunorreatividade da IgG e IgA aos antígenos testados,
sugerindo que em nossas amostras, a co-infecção HIV/MBK não interfere na resposta
imune aos antígenos MPT-64 e MT-10.3.
- A resposta imune não sofreu interferência dos níveis de proteína e do status do
HIV, portanto o Liq-EIA seria potencialmente útil para auxiliar no diagnóstico.
- Os pacientes com maior concentração protéica apresentaram maior
imunorreatividade média para os antígenos micobacterianos, sugerindo que o aumento
da imunorreatividade em amostras com proteinorraquia alta pode ser conseqüência do
aumento da concentração de anticorpos associado à gravidade da MBK.
73
Os resultados encontrados em nosso estudo são encorajadores quanto ao potencial
imunodiagnóstico dos antígenos estudados, entretanto pesquisas continuadas são
necessárias para elucidar questões tais como:
- Se a presença de Ac no LCR reflete uma produção intratecal ou é devido a
transudação do soro para o LCR.
- Estudar a correlação entre a proteinorraquia e a resposta imune em uma
população maior de pacientes em todos os subgrupos
- Estudar a imunorreatividade dos Ags no diagnóstico diferencial com outras
meningites infecciosas
Futuros estudos envolvendo maior número de amostras com os antígenos
estudados, favoreceria a validação de um teste para o diagnóstico da MBK.
74
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