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o que deve estar relacionado com o comportamento cultural da população brasileira ou pode
estar sofrendo influência de um viés na informação na renda mensal.
Na comparação com indivíduos saudáveis, a QV em pacientes com EM se apresenta
reduzida (Patti et al., 2003; Janssens et al., 2003; Pittock et al.; 2004; Miller e Dishon, 2006).
Num estudo comparativo com 1049 indivíduos saudáveis, os pacientes com EM apresentam
significativa redução da QV, com exceção dos pacientes que tinham disfunção leve
(Lobentanz et al., 2004). Estes achados também foram observados no estudo de Benedict et
al. (2005) que além de observarem menor QV em relação aos indivíduos saudáveis
encontraram disfunção física em 45% dos pacientes. Além disso, a diminuição de QV
também estava relacionada com o curso progressivo da doença. Litern et al. (2001)
encontraram valores mais extremos na QV, porém não citaram o valor da disfunção (EDSS),
nem a forma de evolução, nem o tempo de doença, o que torna difícil a comparação dos
dados.
Pittock et al. (2004) foram os únicos autores que utilizaram valores normalizados,
como recomendado pelo Manual do SF-36 (Ware e Kosinski, 2004), assim como nosso
estudo, onde os valores acima de 50 foram categorizados como bons valores de QV e os
valores abaixo como déficit na QV. Os mesmos autores encontraram valores diminuídos das
dimensões de Função Física, Comprometimento Físico, Saúde Geral, Vitalidade e no
Componente Físico enquanto não encontraram diferenças na Dor Corporal, Função Social,
Comprometimento Emocional e Saúde Mental.
No que refere aos fatores que interferem com a QV do paciente portador de EM,
fadiga, depressão, ansiedade, comprometimento das funções física e cognitiva e duração da
doença se mostraram presentes. Existe uma forte associação entre a estimativa de baixa QV e
a experiência de fadiga (Merkelbach, Sittinger, Koenig, 2002). A fadiga, as disfunções, e a
redução da qualidade do sono têm um impacto principal no aspecto físico do paciente
(Lobentanz et al., 2004).
Forbes et al. (2006) com o objetivo de avaliar problemas de saúde e pacientes com
EM, analisaram a severidade da fadiga, dor, incontinência urinária, depressão, úlceras de
pressão, problemas sexuais e empregabilidade, e como resultado encontraram que a fadiga, a
dor, a depressão e a empregabilidade têm efeitos negativos na QV, medida pelo SF-36.
Num estudo em diferentes formas de evolução da EM, observou-se que quanto mais
crônico e progressivo o curso da doença, menores são os valores encontrados na escala SF-36
quando comparados ao grupo com a forma de evolução surto-remissão da doença
(Merkelbach, Sittinger, Koenig, 2002).
A partir dos valores obtidos em nossa casuística, fizemos uma comparação com a série