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A urodinâmica compreende o estudo dos fatores fisiológicos e patológicos
envolvidos no armazenamento, transporte e esvaziamento da urina, do trato urinário
baixo. O estudo urodinâmico inclui os seguintes procedimentos: urofluxometria,
cistometria, estudo fluxo-pressão, eletromiografia, perfil pressórico uretral.
13,14,58
Estudos evidenciam que os pacientes com Esclerose Múltipla apresentam
sintomas vesicais irritativos como aumento da freqüência, urgência urinária e
incontinência por urgência. Na avaliação urodinâmica observa-se um predomínio de
hiperatividade do detrusor
3,4,6,24,25,26,28,30,31,40
. A disfunção miccional é um achado
comum ocorrendo em 75% a 90% dos casos. As contrações involuntárias vesicais
acontecem em geral, simultaneamente a graus variados de contração do esfíncter
urinário externo, constituindo dissinergia vesico-esfincteriana, bem visualizada na
vídeo-urodinâmica. A baixa complacência, o resíduo pós-miccional, a dissinergia e o
LPP elevado são fatores que pioram o prognóstico de pacientes neurológicos, podendo
causar hidronefrose, infecções do trato urinário e insuficiência renal.
8,13,14,15,19,44
Recomenda-se avaliação periódica do trato urinário alto em pacientes com
Esclerose Múltipla, uma vez que, 17,5% dos pacientes com essa patologia apresentam
algum grau de comprometimento.
19,20,23
A esclerose múltipla é uma doença desmielinizante inflamatória idiopática do
SNC, ainda pouco conhecida em nosso meio. O Brasil, com seu clima quente e sua
população miscigenada possui baixa prevalência para esta enfermidade, descrita em
1868 por Jean Martin Charcot, na França, e que é a mais freqüente enfermidade
neurológica que afeta indivíduos jovens de populações caucasianas do Hemisfério
Norte. Publicações sobre a história natural da Esclerose Múltipla em brasileiros, datam
de 1992.
2,9,16,43,45,47,50,56,60
Na pesquisa multicêntrica sobre o perfil clínico da Esclerose Múltipla no Brasil
do Projeto Atlântico Sul (1995-1997)
47
, foi estudada a Incapacidade Neurológica pela
aplicação da escala de Kurtzke (1983)
33,34,36
, em 522 pacientes com Esclerose Múltipla,
definida pelos Critérios de Poser e cols, diferenciados quanto à evolução clínica,
definida pelo Consenso de Lublin
38
. Alterações esfincterianas (sistema funcional da
bexiga e intestino) ocorreram em 29% dos pacientes na forma clínica surto-remissão