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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
CEFALÉIA: PREVALÊNCIA E IMPACTO NO
DESEMPENHO ESCOLAR DE ESTUDANTES DE
MEDICINA DE UMA UNIVERSIDADE PARTICULAR DO
RIO DE JANEIRO
ANTÔNIO MARCOS DA SILVA CATHARINO
Profa. Dra. Regina Maria Lugarinho da Fonseca
ORIENTADORA
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
Dissertação apresentada ao término do
Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu
em Neurologia, Área de Concentração
Neurociências, do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro -
UNIRIO, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Mestre.
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
2006
II
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616.8 Catharino, Antonio Marcos da Silva,
C361c Cefaléia: Prevalência e impacto no desempenho escolar de estudantes de
Medicina de uma Universidade particular do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
2006.
IX, 61f.
Orientador: Pro. Drª. Regina Maria Lugarinho da Fonseca.
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Mestrado em Neurologia, 2006.
1. Cefaléia. 2. Prevalência. 3. Estudantes de Medicina. 4. Desempenho
Escolar. I. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. II. Fonseca,
Regina Maria Lugarinho da.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
CEFALÉIA: PREVALÊNCIA E IMPACTO NO
DESEMPENHO ESCOLAR DE ESTUDANTES DE
MEDICINA DE UMA UNIVERSIDADE PARTICULAR DO
RIO DE JANEIRO
Por
ANTÔNIO MARCOS DA SILVA CATHARINO
Dissertação de Mestrado
BANCA EXAMINADORA
Professora Dra. Regina Maria Lugarinho da Fonseca
Professor Dr. Jano Alves de Souza
Professsor Dr. Luiz Claudio Santos Thuler
Conceito:............................
Rio de Janeiro, RJ – Brasil, 2006
III
IV
DEDICATÓRIA
À minha esposa Fernanda, por seu amor, apoio e compreensão.
Aos meus pais e familiares, pelo incentivo de sempre.
V
AGRADECIMENTOS
À Deus.
À minha família.
Aos professores Regina e Hélcio Alvarenga, por todo carinho e pelo
exemplo profissional, sempre ético e competente.
Aos amigos do ambulatório de cefaléias e demais colegas do Curso
de Pós-graduação em Neurologia da UNIRIO.
Aos professores Luiz Claudio Santos Thuler e Jano Alves de Souza,
por suas contribuições a este estudo.
Finalmente, a professora Regina Lugarinho da Fonseca, por sua
orientação amiga e por acreditar em nosso trabalho.
VI
RESUMO
A Cefaléia é uma condição freqüente na populão geral, com prevalência
ao longo da vida superior a 90% em diversos estudos. O estudo deste sintoma em
populações específicas contribui para a melhor compreensão de suas
repercussões sobre a qualidade de vida.
O objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência de cefaléia e sua relação
com o desempenho escolar de estudantes de medicina em uma universidade
particular no Rio de Janeiro, Brasil.
Participaram desta pesquisa 400 estudantes matriculados no curso de
medicina da Universidade Iguaçu, durante o segundo semestre de 2001, que
responderam um questionário de avalião.
A prevalência de cefaléia ao longo da vida foi de 98,5% e de 59,2% para
queixas atuais de cefaléia. As mulheres foram mais acometidas que os homens.
A alta associação de cefaléia com queixas de dificuldade de aprendizagem,
necessidade de realização de provas de recuperação e reprovações mostrou que
esta condição possui impacto negativo sobre o desempenho escolar da população
pesquisada.
PALAVRAS-CHAVE: Cefaléia; Prevalência; Estudantes de Medicina; Desempenho
escolar.
VII
ABSTRACT
Headache is frequent condition among general population, with lifetime
prevalence higher than 90% in several researches. The study of this symptom in
specific populations contributes to better comprehension of it’s repercussion on the
quality of live.
The aim of this study was to verify headache prevalence and it’s relationship
to the scholar performance of medical students in private university in Rio de
Janeiro, Brazil.
Four hundred students, matriculated in medical course of Iguaçu University
during the second semester of 2001, have participated of this research, answering
an evaluation questionnaire.
Prevalence of headache during the lifetime was 98,5% and 59,2% of recent
complaints of headache. Women were more affected than men.
The high association of headache with learning difficulties complaints,
necessity of doing the final exams and reprobation showed that this condition has a
negative impact on the scholar performance of the studied population.
KEY WORDS: Headache; Prevalence; Medical students; Scholar performance.
VIII
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ...........................................................................................
11
2 - OBJETIVOS ...............................................................................................
14
3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................
15
4 - METODOLOGIA .........................................................................................
23
5 - DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................
27
5.1 - Características demográficas e epidemiológicas ....................................
27
5.2 - Prevalência e aspectos relacionados à cefaléia entre os estudantes......
31
5.3 - Avaliação do desempenho escolar .........................................................
34
5.4 Cefaléia e outros fatores associados ao desempenho escolar .................
37
6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................
42
7 - CONCLUSÕES ..........................................................................................
47
8 - BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................
49
9 - APÊNDICE .................................................................................................
56
9.1 - Roteiro da entrevista ...............................................................................
56
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características demográficas e aspectos psicossociais 28
Tabela 2 Distribuição dos alunos em função dos Estados de origem
de suas famílias
29
Tabela 3 Distribuição dos alunos em relação aos hábitos de vida 30
Tabela 4 Distribuição dos hábitos de vida em relação ao gênero 30
Tabela 5 Distribuição dos alunos em relação a ocorrência de cefaléia
32
Tabela 6 Freqüência de cefaléia ao longo do curso de medicina 32
Tabela 7 Influência do período de provas na gênese de cefaléia 33
Tabela 8 Distribuição dos alunos em relação ao desempenho escolar 35
Tabela 9 Distribuição das disciplinas em relação ao desempenho
escolar
36
Tabela 10 Distribuição dos alunos em relação à cefaléia e ao
desempenho escolar
38
Tabela 11 Fatores associados à dificuldade de aprendizagem 39
Tabela 12 Fatores associados à realização de provas de recuperão 40
Tabela 13 Fatores associados à reprovão 41
X
LISTA DE GRÁFCOS
Gráfico 1 Distribuição dos alunos em relação ao trabalho 27
Gráfico 2 Distribuição dos alunos em relação à pratica de atividades
extracurriculares
31
Gráfico 3 Distribuição, em relação aonero, dos alunos pesquisados
e dos alunos com cefaléia
33
Gráfico 4 Distribuição dos alunos em relação à auto-avaliação do
desempenho escolar
34
Gráfico 5 Justificativas para a dificuldade na aprendizagem 36
Gráfico 6 Distribuição dos alunos com cefaléia em relação à auto-
avaliação do desempenho
37
11
1 – INTRODUÇÃO
A cefaléia é uma condição extremamente comum na população mundial. Em
diversos estudos a prevalência de cefaléia ao longo da vida é superior a 90% (SILVA e cols.,
2005; BAREA e cols., 1997). Além de sua alta prevalência, esta condição exerce grande
impacto na vida social e profissional das pessoas e, certamente, é uma das causas mais
comuns de ausência no trabalho e na escola. Muitos dos que sofrem desse sintoma, durante
suas crises, obrigam-se a trabalhar e viver um dia de baixo rendimento. Segundo Warshaw,
um prejzo que varia de seis a dezessete bilhões de dólares pode ser observado, anualmente,
na força de trabalho dos Estados Unidos da América, por causa da cefaléia, e o gasto anual
dos pacientes pode chegar a seis millares (WARSHAW, 1997).
Para alguns pacientes, a cefaléia torna-se uma condição limitante, que
prejudica a qualidade de vida, seja no campo pessoal, afetivo ou profissional. Decisões de
ordem profissional são afetadas e a vida social dos mesmos é prejudicada pela incapacidade
de planejar e cumprir seus compromissos (BIGAL, 2000).
A cefaléia o afeta apenas os pacientes, mas toda a sua família. Companheiros
e filhos de pacientes compartilham o sofrimento gerado durante as crises e devem estar
preparados para todas as mudanças que ocorrem em seu dia a dia: sair mais cedo do trabalho,
alterar planos com relação ao cuidado com os filhos, interromper as atividades domésticas,
cancelar compromissos, etc. Os pacientes sentem o impacto desse problema, tanto no
momento das crises como no período intercrítico, devido às alterações de ordem psicológica
que neles podem ser geradas, como: ansiedade, medo ou incerteza (BIGAL, 2000).
Sabemos que entre os profissionais de saúde a exposição a situações de
estresse apresenta repercussões sobre a prevalência de cefaléia (BIGAL, 2000). A necessidade
12
de um estudo sobre a cefaléia entre os estudantes do curso de medicina, constantemente
submetidos a tensões emocionais, e a repercussão deste sintoma sobre seu aprendizado é,
portanto, muito evidente.
Atualmente, apesar dos vários estudos realizados sobre este tema, ainda
escassez de conhecimentos sobre os mecanismos fisiopatológicos, as características clínico-
epidemiológicas e o impacto da cefaléia sobre diferentes populações, o que justifica a
realização deste trabalho.
Todo processo de aprendizagem exige concentração e dedicação. Acreditamos
que a dor de uma maneira geral e, especificamente, a cefaléia possa ser um fator capaz de
prejudicar a capacidade de concentração e diminuir o rendimento intelectual dos estudantes
durante as crises, chegando muitas vezes a limitar a execução das atividades diárias mais
elementares.
Diversas condições, que comprometem a saúde, interferem no processo
educacional, o que nos leva a pensar que a cefaléia, nosso tema de análise, necessita ser
melhor investigada em sua relação com a aprendizagem, por ser uma queixa muito comum
entre os alunos. A cefaléia seria apenas um elemento entre uma série de outros que interferem,
de forma variada, neste processo. Porém, por menor que seja sua influência sobre a
aprendizagem, este estudo poderá trazer benefício para os estudantes, permitindo-lhes uma
melhor preparação profissional e, por conseguinte, uma melhor eficiência no trato com seus
futuros pacientes.
A experiência clínica e docente de alguns professores ligados ao curso de
medicina os leva, diversas vezes, a tomar conhecimento de alunos que se queixam de dores de
cabeça e que afirmam ficar impossibilitados de estudar durante suas crises. Este fato
despertou nosso interesse para esta problemática, ainda tão pouco conhecida.
13
A partir do exposto acima, surgem questionamentos sobre o tema: Seria a
prevalência de cefaléia maior entre os estudantes de medicina do que em outros grupos
sociais? Seria a cefaléia um fator significativamente importante a ponto de prejudicar o
desmpenho escolar dos alunos e, no futuro, prejudicar seu desempenho profissional?
Estas inquietações motivaram nossa pesquisa sobre a prevalência da cefaléia
entre estudantes de medicina e a posterior comparação do rendimento escolar dos portadores
de cefaléia com os demais alunos. Desejamos, desta forma, despertar o interesse científico
para o tema e incentivar a busca de medidas capazes de minimizar este problema.
14
2 - OBJETIVOS
1 - Determinar a prevalência da cefaléia na população estudada;
2 - Verificar a influência da cefaléia no desempenho escolar de estudantes de
um curso de medicina.
15
3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A alta prevalência da cefaléia na população geral é fato demonstrado por
diferentes pesquisas que abordam o tema. No entanto, alguns estudos têm procurado verificar
aspectos epidemiológicos desta condição em populações específicas.
Silva e cols. entrevistaram 1000 pessoas, contactadas aleatoriamente, com o objetivo
de determinar a prevalência de cefaléia na vida entre os habitantes da região metropolitana de
Recife, onde o único critério de exclusão foi idade inferior a 11 anos. A prevalência de
cefaléia foi de 95,8%, com maior freqüência de queixas em pessoas do sexo feminino. Não
houve variação significativa em relação a cor da pele. Observaram que a cefaléia foi menos
freqüente nos pacientes que completaram o segundo grau de instrução, comparado com os que
o completaram ou àqueles com formação superior (SILVA e cols., 2005).
Deleu e cols. em estudo prospectivo sobre cefaléia em uma comunidade rural de
Oman, na Península Arábica, através de questiorio aplicado de casa em casa a 1158
indiduos, encontraram prevalência de 83,6% para queixas de cefaléia ao longo da vida e de
78,8% para queixas no último ano. A prevalência de migrânea foi de 10,1%, enquanto a
cefaléia do tipo tensional apresentou 11,2% de prevalência, com predomínio de no sexo
feminino. A prática de automedicação também foi comumente observada nesta população
(DELEU e cols., 2002).
Kinart e cols. encontraram uma menor prevalência de migrânea entre jogadores de
basquete, quando comparados a população geral. No total, 791 jogadores de ambos os sexos,
foram entrevistados através da aplicação de questionário específico. Os resultados obtidos
mostraram que apenas 2,9% apresentaram diagnóstico de migrânea, com predomínio no sexo
feminino (KINART e cols., 2002).
16
Muitos trabalhos avaliaram o impacto negativo da cefaléia entre estudantes de
diferentes veis. Aspectos como dificuldade de concentração, absentsmo, e incapacidade
para o estudo e demais atividades diárias foram os problemas mais relatados. No entanto,
Rondon e cols. (2001), referiram não encontrar efeito incapacitante da cefaléia na população
estudada (RONDON e cols., 2001).
A influência da dor de cabeça no processo educacional, precisa ser verificada
por meio de uma investigação mais acurada. Dessa forma, investigar a interferência da
cefaléia no rendimento escolar de estudantes de medicina nos leva a cogitar que haja
participação do currículo praticado nas escolas médicas como um dos elementos geradores de
tensão e nos incentiva a buscar propostas que possam contribuir para a minimização deste
problema. O currículo universitário é um processo dinâmico e não está restrito a questões
relativas a procedimentos, técnicas e métodos (MONTEIRO, 2000). O currículo, em um
sentido amplo, envolve, entre outros aspectos, o ajustamento emocional, a saúde sica e
mental, a participação ativa nos problemas da sociedade, o pensar e o agir criticamente
(PEREIRA, [2006]).
Glatter e cols. valorizam, a participação do bem-estar geral no sucesso da
escola. Afirmam que o clima de trabalho é parte de um fenômeno clico, em que os efeitos
que provoca repercutem na sua origem (GLATTER e cols., 1992). Assim sendo, se o
currículo estressante de um curso de medicina contribui para a gênese da cefaléia, essa, por
sua vez, repercutirá sobre a instituição através do prejuízo no rendimento escolar dos alunos.
Segundo Hughers & Ubben, o clima de uma instituição influencia diretamente
as atitudes dos professores e dos estudantes, aumentando o envolvimento e a participação dos
mesmos nas atividades realizadas (Apud GLATTER, 1992).
17
Uma mudança significativa na prevalência da cefaléia foi observada por
Sillanpaa & Anttila, que verificaram um aumento de 14,4% em 1974 para 51,5% em 1992.
Apesar das causas responsáveis por este aumento permanecerem obscuras, notou-se que entre
os alunos de escolas situadas em áreas de maior instabilidade social esse fato ocorreu de
maneira mais acentuada. Essa observação sugere que o estresse, comum nestas áreas, exerça
alguma influência sobre a gênese da cefaléia (SILLANPAA & ANTTILA, 1997).
Warshaw e cols. afirmaram que mais de um terço das criaas na faixa etária
de 6 anos sofre de cefaléia e esta incidência chega a 70% por volta dos 15 anos. Estimam que
a cefaléia possa ser responsável por algo em torno de um milhão de dias de aula perdidos por
ano (WARSHAW e cols., 1997).
Estudo epidemiológico abordando cefaléia em crianças foi realizado por Barea e cols.
com o objetivo de estimar a prevalência de cefaléia em estudantes de 10 a 18 anos,
matriculados de a séries, em escolas públicas e privadas da cidade de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, Brasil. Uma amostra de 538 alunos de ambos os sexos foi selecionada a partir
de um total de 91400 estudantes. Foi utilizado um questionário dividido em duas partes, a
primeira parte abordava variáveis biológicas e sociodemográficas e a segunda era direcionada
a presença de cefaléia e suas características. A aplicação dos questiorios foi seguida de uma
entrevista individual e exames sico e neurológico, realizados por médico treinado em
neurologia. A prevalência encontrada neste grupo foi de 93,2% ao longo da vida e de 82,9%
no último ano, resultados que os autores consideraram elevados para a população estudada
(BAREA e cols., 1997).
Bessisso e cols. realizaram um estudo transversal para determinar a prevalência e
impacto da migrânea envolvendo 851 crianças em idade escolar, de 6 a 17 anos de idade, no
Qatar. A prevalência de cefaléia foi de 85% e a prevalência de migrânea foi de 11,9%. O sexo
feminino foi mais acometido. Os principais fatores desencadeantes foram fadiga e privação de
18
sono e o impacto da cefaléia foi observado mediante o absenteísmo em sala de aula, afetando
o desempenho escolar (BESSISSO e cols., 2005).
Aproximadamente, 37% das criaas com enxaqueca apresentam baixo
rendimento escolar durante suas crises de dor. A maioria relatou dificuldade para manter a
concentração, tanto nas aulas como no estudo em casa. Pediatras identificaram problemas
escolares em 46% de seus pacientes adolescentes que apresentam cefaléia (MICHIGAN
HEAD·PAIN & NEUROLOGICAL INSTITUTE, 1999).
Wang e cols. examinaram a prevalência, uso de medicação e impacto da
cefaléia crônica diária entre adolescentes de Taiwan, através de questionários de avaliação e
entrevista com neurologista. Participaram da pesquisa 7900 estudantes, com idades variando
entre 12 e 14 anos, dos quais 122 (1,5%) preenchiam os critérios diagnósticos para cefaléia
crônica diária segundo a Sociedade Internacional de Cefaléias. Vinte e quatro alunos
apresentaram abuso de analgésicos. Em aproximadamente 70% dos estudantes com cefaléia
crônica diária a intensidade das crises foi de moderada a severa, com influência sobre o
desempenho escolar dos mesmos (WANG e cols., 2006).
Bugdayci e cols. com o objetivo de determinar a prevalência de cefaléia entre crianças
em idade escolar, de segunda a quinta séries, em uma cidade da Turquia, realizaram um
estudo transversal envolvendo 5562 estudantes. A prevalência de cefaléia recorrente foi de
49,2%, sendo esta queixa mais freqüente no sexo feminino (BUGDAYCI e cols., 2005). Split
e cols. estudaram a prevalência de migrânea entre 2351 alunos de escolas secundárias, com
idade entre 15 e 19 anos. Observaram queixas relativas a migrânea em 28% dos estudantes,
dos quais 9% apresentaram migrânea com aura. A prevalência no sexo feminino foi três vezes
maior do que no masculino (SPLIT e cols., 1999).
A prevalência de cefaléia primária em estudantes japoneses foi estudada por Suzuki e
cols., que observaram uma prevalência de 41% no sexo masculino e 55,3% no sexo feminino,
19
de um total de 2462 estudantes. Destacaram a tendência a automedicação e pouca procura por
atendimento médico em função da cefaléia (SUZUKI e cols., 2005).
A saúde mental dos estudantes universitários vem sendo estudada por grupos
multidisciplinares, em muitos países (HAHN e cols., 1999). Algumas Instituições criam
programas com a participação de profissionais de diferentes áreas para abordar, de forma
preventiva ou terapêutica, os problemas emocionais que envolvem seus alunos. Apesar disto,
essa situação ainda não recebe destaque em grande parte das universidades.
Estudos sobre o bem-estar emocional do estudante universitário revelaram que
o futuro profissional influencia de algum modo o equibrio emocional do estudante. O bem-
estar dos estudantes também recebe interferência do seu relacionamento com a instituição de
ensino (a maioria dos alunos não se identificava com o curso que freqüentava). A relação com
os pais foi marcante na origem de mal-estar emocional e o trabalho, principalmente, se ligado
ao curso, influencia de forma favorável a saúde mental do estudante (HAHN e cols., 1999).
Seria igualmente importante que as instituições de ensino superior se
empenhassem para disponibilizar aos alunos serviços de apoio aos problemas de ordem
emocional. Embora seja evidente a presença destes problemas na população universitária,
apenas aqueles com problemas mais severos buscam auxílio especializado (O’NEIL e cols.,
1984).
Niemi e cols. relataram que os problemas mais encontrados entre os estudantes
que procuram apoio psiquiátrico são a ansiedade e os medos (35%), seguidos pela depressão e
solidão (21%) e a dificuldade de relacionamento (18%) (NIEMI e cols., 1988). Segundo
Giglio, o rendimento escolar é muito valorizado pelos estudantes, fazendo com que estados
depressivos surjam em resposta ao insucesso acadêmico (Apud HAHN, 1999).
Labbé e cols. procuraram determinar variáveis psicossociais que poderiam
contribuir para a gênese de dor de cabeça entre estudantes universitários e evidenciaram que o
20
vel de atividade emocional, o estresse e o gênero eram fatores preditivos para a freqüência, a
intensidade e a duração da cefaléia. Certamente, apresentar uma crise esporádica de dor de
cabeça é comum e facilmente tolerável pela maioria das pessoas, porém quando as crises são
freqüentes tornam-se causa de aflição e incapacidade (LABBÉ e cols.,1997).
A importância dos fatores desencadeantes de crises de migrânea foi analisada em
outros estudos. Por meio de entrevista pessoal, realizada em uma população de 100 pacientes,
Ierusalimschy e cols. identificaram o estresse como principal fator responsável pelo
surgimento de crises de migrânea, seguido por outros fatores como: estímulos sensoriais,
privação do sono, jejum, fatores ambientais, alimentos, menstruação, fadiga, bebidas,
alcoólicas, sono prolongado, cafna, esforço físico, trauma craniano, viagens, atividade
sexual, medicamentos, movimentos do pescoço, tabagismo e uso de travesseiro baixo.
Concluiram que determinados fatores parecem desempenhar papel de destaque na
precipitação da migrânea (IERUSALIMSCHY e cols., 2002).
Uma pesquisa sobre prevalência e impacto da cefaléia sobre a qualidade de vida de
estudantes universitários da Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil,
foi realizada por Bigal e cols. Foram entrevistados 1022 estudantes, através de dois
questionários, o primeiro destinado ao diagnóstico da migrânea e cefaléia do tipo tensional
episódica, e o segundo composto por testes relacionados à qualidade de vida. Os resultados
demonstraram que 25% dos entrevistados sofriam de migrânea e 32,9% apresentavam cefaléia
do tipo tensional episódica. Foi observado um decréscimo na produtividade do estudo durante
os períodos de dor, principalmente entre os migranosos, com maior número de aulas perdidas
e redução do tempo de estudo em casa (BIGAL e cols., 2001).
Demirkirkan e cols. analisaram a prevalência e o impacto da migrânea entre estudantes
universitários em Afyon na Turquia. Através de um estudo transversal com aplicação de
questionários a 1.029 alunos, detectaram a prevalência de migrânea de 12,4%. O impacto da
21
migrânea foi avaliado pela Migraine Disability Assessment Scale (MIDAS) através da qual
observou-se comprometimento das atividades diárias em graus variáveis. Em cerca de 26,6%
dos alunos com cefaléia tal comprometimento foi moderado, e em 41,4% severo. Os autores
destacaram a necessidade de programas educacionais para que os pacientes reconheçam a
importância do tratamento efetivo da migrânea (DEMIRKIRKAN e cols., 2006).
Um importante estudo epidemiológico sobre cefaléia em estudantes de medicina foi
realizado por Sanvito e cols. (1996), com o objetivo de estudar a prevalência de migrânea,
seus aspectos clínicos e seu impacto na qualidade de vida de 595 alunos da Escola de
Medicina da Santa Casa de São Paulo, Brasil. Os alunos que apresentaram algum tipo de dor
de cabeça no último ano foram submetidos a um questionário de avaliação. Quarenta porcento
dos pesquisados sofriam de cefaléia, destes, 40,2% apresentavam crises de migrânea. A
migrânea foi considerada incapacitante por 53,9% dos estudantes. O sexo feminino foi o mais
acometido e apenas 7,1% dos estudantes procuraram atendimento médico (SANVITO e cols.,
1996).
Da Costa e cols. também estudaram a freqüência de cefaléia entre estudantes de
medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Deste estudo
participaram 408 estudantes, entrevistados através de um questionário. Os resultados
revelaram uma freqüência de cefaléia de 33% neste grupo. Observaram que as mulheres e os
alunos matriculados nos cinco últimos períodos do curso médico apresentavam aumento na
freqüência das crises. Destacaram, ainda, a elevada freqüência de automedicação durante os
períodos de dor (DA COSTA e cols., 2000).
Amayo e cols. aplicaram um questionário de avaliação entre 711 estudantes de
medicina. A prevalência de cefaléia pelo menos uma vez na vida foi de 88%. A procura por
assistência médica foi relatada apenas por 40% dos entrevistados e a principal justificativa
para tal fato foi a prática da auto-medicação. Observaram, ainda que os principais fatores
22
desencadeantes das crises eram atividades físicas, distúrbios emocionais e o próprio ato de
estudar (AMAYO e cols., 1996).
Mitsikostas e cols., com o objetivo de avaliar a prevalência de cefaléia entre estudantes
de medicina da Universidade de Athenas, realizaram um estudo epidemiológico envolvendo
588 estudantes. Utilizaram dois questionários de avaliação, um geral e outro específico para
alunos com cefaléia, além de exame neurológico para os últimos. A prevalência de cefaléia
nos últimos seis meses foi de 39,6% em ambos os sexos, sendo mais freqüente no sexo
feminino. A cefaléia do tipo tensional foi a mais prevalente. Não observaram correlação entre
a prevalência de cefaléia e o hábito de fumar ou classe social (MITSIKOSTAS e cols., 1996).
A atenção diretamente voltada ao impacto da cefaléia sobre o desempenho
escolar dos estudantes de medicina, é o ponto principal de nosso trabalho, uma vez que os
diferentes trabalhos que abordam a cefaléia entre estudantes, como os expostos acima,
mencionam este impacto dentro de um contexto geral, quando se avalia a qualidade de vida
dos estudantes e não de forma individualizada.
23
4 – METODOLOGIA
Esta pesquisa é um estudo descritivo transversal, que visa o esclarecimento de
uma problemática envolvendo a dor de cabeça entre estudantes de medicina. Descrevemos de
forma sistemática o fenômeno em análise e realizamos uma breve revisão da literatura sobre o
tema.
Em uma etapa inicial da pesquisa, optamos por utilizar o todo hipotético
dedutivo e a técnica de coleta de dados de observação direta extensiva (LAKATOS, 1992),
que consistiu na aplicação de um questionário de avaliação entre alunos matriculados em
diferentes períodos do curso de medicina da Universidade Iguaçu (UNIG), no segundo
semestre de 2001, identificados apenas pelo número da matrícula, sem distinção de gênero,
etnia ou idade.
Neste questionário, desenvolvido pelos autores e cujo roteiro apresentamos no
final deste trabalho em forma de apêndice, foram abordados aspectos biopsicossociais (idade,
gênero, moradia, hábitos de vida, história patológica pregressa, atividade profissional, entre
outros) e aspectos ligados ao rendimento escolar dos estudantes (dificuldade de aprendizagem,
necessidade de realização de provas de recuperação e reprovações), além de alguns aspectos
clínicos da cefaléia (história familiar, tempo de doença, freqüência, duração, localização,
intensidade, qualidade da dor, sintomas associados, fatores desencadeantes, fatores agravantes
e fatores de alívio das crises). Fizemos uma introdução explicativa no questionário para
facilitar a compreensão e o preenchimento do mesmo pelos alunos. Ressaltamos que todos os
alunos responderam os questionários voluntariamente e concordaram em participar da
pesquisa.
24
A Universidade Iguaçu é uma instituição particular de ensino superior,
localizada na cidade de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. O curso de
medicina desta instituição tem duração de seis anos, divididos em doze períodos ou semestres.
Os três primeiros períodos do curso destinam-se, principalmente, ao ensino de disciplinas
ligadas às áreas básicas da saúde. No quarto e quinto períodos os estudantes são apresentados
à disciplina de Semiologia Médica e Propedêutica Clínica, marcando a transição entre as
disciplinas do ciclo básico e as disciplinas do ciclo clínico. Do sexto ao nono períodos são
ministradas as disciplinas voltadas à clínica médica, clínica cirúrgica, medicina preventiva,
ginecologia e obstetrícia. Finalmente, nos três últimos períodos os alunos são inseridos no
internato.
No período de realização da pesquisa havia um número aproximado de 1200
alunos matriculados no curso de medicina. A aplicação do questionário a todos os alunos,
apesar de fazer parte de nossa proposta inicial, foi operacionalmente inviável pelo fato de
alguns alunos não desejarem participar da pesquisa e estarem ausentes no momento de
aplicação do questionário. Desta forma, o questionário foi submetido a, aproximadamente,
oitocentos estudantes, porém nem todos apresentaram preenchimento satisfatório (como
ausência do número de matcula, não informação do sexo ou idade, etc.) e muitos tiveram de
ser excldos da pesquisa.
Subdividimos, por conveniência, o curso de medicina em quatro grupos: grupo
I: alunos matriculados do primeiro ao terceiro períodos (ciclo básico); grupo II: alunos
matriculados do quarto ao sexto períodos (transição ciclo sico para o ciclo clínico); grupo
III: alunos matriculados do sétimo ao nono períodos (ciclo clínico) e; grupo IV: alunos
matriculados do décimo ao décimo segundo períodos (internato).
25
Selecionamos, de maneira empírica, entre os questionários preenchidos de
forma adequada, 100 alunos pertencentes a cada um dos grupos, totalizando quatrocentos
estudantes que serviram de casuística para a realização desta pesquisa.
As respostas sobre cefaléia foram analisadas e descritas de uma maneira geral,
tomando-se por base informações contidas nas perguntas do questionário. Não nos
preocupamos em descrever as características clínicas ou classificar os diferentes tipos de
cefaléia, seguindo os critérios da Sociedade Internacional de Cefaléias, uma vez que estas
ações não estavam vinculadas ao objetivo inicial desta pesquisa.
Foi criado um banco de dados, para armazenamento das respostas do
questionário, no programa Epi-info (versão 6,0), onde também foi realizada a análise dos
resultados.
Os resultados relativos à prevalência de cefaléia entre os estudantes de
medicina da UNIG foram comparados com os dados encontrados na literatura consultada.
Comparamos, também, o desempenho escolar dos alunos classificados como portadores de
cefaléia com os alunos que não apresentam esta queixa.
O desempenho escolar foi avaliado, inicialmente, com base nos dados
coletados na primeira parte do questionário de avaliação, respondido pelos estudantes. Foram
analisados vários parâmetros relativos às informações sobre as dificuldades encontradas no
aprendizado, a necessidade de realização de provas de recuperação e a reprovação em
disciplinas tricas e práticas do curso de medicina da UNIG. A utilização destes critérios
para a avaliação do rendimento escolar dos estudantes universitários em nossa pesquisa
baseou-se na afirmação de Werner, de que altas taxas de fracasso escolar são representadas
pela repetência e exclusão do aluno da escola (WERNER, 2002).
Este trabalho obedece às normas nacionais para pesquisa em seres humanos,
que inclui os preceitos éticos estabelecidos na declaração de Helsinque e na resolução 196/96,
26
da CNS, e complementações posteriores, e foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa da
UNIG.
27
5 – DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS
5.1 – Características demogficas e epidemiológicas
Dos 400 questionários selecionados, 198 foram respondidos por alunos do sexo
masculino e 202 por alunos do sexo feminino. A média de idade dos participantes foi de 23,9
anos (desvio padrão = 4,08), sendo a idade mínima de 16 e a máxima de 46 anos.
Observamos que 49,5% dos alunos desta instituição têm suas famílias com
residência estabelecida no Estado do Rio de Janeiro. Verificamos, ainda, que grande parte dos
alunos reside com amigos ou com familiares e apenas 14% destes moram sozinhos.
Com relação ao estresse, 191 alunos consideraram-se pessoas estressadas, ao
passo que 304 pessoas entrevistadas assinalaram que o curso de medicina funciona como um
fator gerador de seu estresse.
Analisando os questionários, constatamos que apenas 15% de nossos alunos
trabalham em atividades (remuneradas ou não) ligadas à área de saúde (gráfico 1).
Gráfico
1: Distribuição dos alunos em relação ao trabalho (N = 400).
81%
15%
4%
Não trabalham Atividades ligadas a área de saúde Outros
28
Nas tabelas 1 a 4 estão apresentados os dados relativos a características sócio-demográficas e
epidemiológicas da população estudada.
Tabela 1: Características demográficas e aspectos psicossociais (N = 400).
Variável Número de alunos (%)
Estado de origem
Rio de Janeiro
198 (49,5)
Outros
202 (50,5)
Com quem moram
Amigos
161 (40,25)
Familiares
158 (39,5)
Sozinho
56 (14,0)
Outros
25 (6,25)
Trabalham
Sim
75 (18,8)
Não
325 (81,2)
Consideram-se estressados
Sim
191 (47,8)
Não
209 (52,3)
Consideram o curso de medicina estressante
Sim
304 (76,0)
Não
96 (24,0)
N = tamanho da amostra
29
Tabela 2: Distribuão dos alunos em função dos Estados de origem de suas famílias.
Estado de Origem Número de alunos
AC
BA
CE
DF
ES
GO
MA
MG
MS
MT
PA
PB
PE
PI
PR
RJ
RN
RO
RS
SP
TO
ESTRANGEIROS
03
15
07
02
14
21
03
38
01
03
07
03
05
06
12
198
01
04
01
49
02
05
Total 400
Notamos que 17% dos estudantes têm o hábito de fumar e que 30% destes,
iniciaram tal hábito após o ingresso na universidade. Dos alunos que admitiram consumir de
bebidas alcoólicas (41,75%), grande parte (28,1%) informou que adquiriu este hábito após
ingressar na universidade.
30
Tabela 3: Distribuição dos alunos em relação aos hábitos de vida (N = 400).
bito de vida Número de alunos (%)
Fumar
Sim
71 (17,8)
Não
329 (82,2)
Consumir Bebida alcoólica
Sim
167 (41,8)
Não
233 (58,2)
Prática de atividade extracurricular
Sim
167 (41,8)
Não
233 (58,2)
N = tamanho da amostra
É importante assinalar que cerca de 11% dos estudantes fazem uso
concomitante de cigarros e de bebidas alcoólicas e, também, que o consumo dessas bebidas é
mais freqüente entre os alunos do sexo masculino. Com relação ao tabagismo, não houve
diferença significativa entre os sexos.
Tabela 4: Distribuão dos hábitos de vida em relação aonero.
bito de vida Número de alunos* (%)
Fumar
Masculino 38 (53,52)
Feminino 33 (46,48)
Total 71 (100,0)
Consumir de bebida alcoólica
Masculino 115 (68,86)
Feminino 52 (31,14)
Total 167 (100,0)
* Número de alunos que têm o hábito de fumar ou de consumir bebidas alcoólicas
31
No que diz respeito à prática de atividades extracurriculares (atividades sicas
e culturais, por exemplo), observou-se que 167 alunos praticam-nas regularmente. As
atividades mais praticadas são: musculação, ginástica, futebol e música (gráfico 2).
Gráfico 2: Distribuição dos alunos em relação à pratica de atividades extracurriculares
(N = 400).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Não praticam Ginástica Natação Musculação Futebol Artes Outros
5.2 – Prevalência e aspectos relacionados à cefaléia entre os estudantes
Dentre os alunos que responderam o questionário de avaliação, 394
apresentaram, em algum momento da vida, pelo menos um episódio de cefaléia, o que
corresponde a uma de prevalência 98,5%. Destes, 237 alunos (59,25%) sofriam de cefaléia de
forma freqüente no último ano, como podemos observar pela tabela 5. Observamos que em
27% dos estudantes as queixas de cefaléia tiveram inicio após seu ingresso na universidade.
32
Tabela 5: Distribuição dos alunos em relação a ocorrência de cefaléia (N = 400).
Número de alunos (%)
Sentiram cefaléia alguma vez na vida
Sim
394 (98,5)
Não
06 (1,5)
Sentem cefaléia atualmente
Sim
237 (59,2)
Não
163 (40,8)
N = tamanho da amostra
Na distribuição da cefaléia por gênero (gráfico 3), as mulheres foram mais
acometidas. Verificamos que, entre os 400 alunos entrevistados, esta condição ocorreu em 146
(72,2%) estudantes do sexo feminino e 91 (45,9%) do sexo masculino (Odds Ratio: 3.07;
p=0,0000001).
A freqüência de cefaléia ao longo do curso variou pouco (tabela 6), tendo sido
observada maior percentagem entre os alunos do Grupo II, matriculados do 4
o
ao 6
o
períodos.
Tabela 6: Freqüência de cefaléia ao longo do curso de medicina.
Grupo Número de alunos* (%)
I (1
o
ao 3
o
períodos) 50 (21,1)
II (4
o
ao 6
o
períodos) 72 (30,4)
III (7
o
ao 8
o
períodos) 56 (23,6)
IV (10
o
ao 12
o
períodos) 59 (24,9)
Total 237 100%
* Número de alunos com cefaléia
33
Gráfico 3: Distribuição, em relação ao gênero, dos alunos pesquisados e dos alunos com
cefaléia.
0
50
100
150
200
250
A
lu
no
s
Pe
s
qu
isa
d
os
Masculino
Feminino
A ocorrência de cefaléia foi menor entre aqueles que têm o hábito de consumir
de bebidas alcoólicas (Odds Ratio: 0,55; p = 0,004).
Entre os 237 estudantes que apresentam cefaléia, 142 (59,9%) consideram-se
pessoas estressadas (Odds Ratio: 3,48; p = 0,000).
Observamos que o período de provas funcionou como fator desencadeante de
crises de cefaléia em 56,12% dos alunos, enquanto agiu como fator agravante em 45,57%
(tabela 7).
Tabela 7: Influência do período de provas na gênese de cefaléia.
Período de Provas
Sim o
Desencadeia a dor 56,12% 43,88%
Piora a dor 45,57% 54,43%
34
5.3 – Avaliação do desempenho escolar
Quando questionados sobre como avaliam seu desempenho nos estudos a
maioria dos discentes pesquisados respondeu que se consideram bons alunos. No entanto,
como veremos adiante, essa informação é contraditória quando comparada ao fato de os
alunos encontrarem dificuldades em algumas disciplinas e, também, com o número de alunos
que já precisaram realizar provas de recuperação, uma vez que 54,8% dos alunos assumiram
encontrar dificuldades no aprendizado de algumas matérias. O mesmo percentual foi
encontrado com relação à necessidade de realização de prova de recuperação e 17,8% já
sofreram alguma reprovação (gráfico 4 e tabela 8).
Gráfico 4: Distribuição dos alunos em relação à auto-avaliação do desempenho escolar.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Ruim Regular Bom Ótimo
35
Tabela 8: Distribuição dos alunos em relação ao desempenho escolar (N = 400).
Variável Número de alunos (%)
Dificuldade de aprendizagem
Sim
219 (54,8)
Não
181 (45,2)
Realização de prova de recuperação
Sim
219 (54,8)
Não
181 (45,2)
Reprovação
Sim
71 (17,8)
Não
329 (82,2)
N = tamanho da amostra
A tabela 9 nos informa sobre as disciplinas que os alunos consideram mais
diceis, encontrando, portanto, maior dificuldade em seu aprendizado, maior necessidade de
realização de provas de recuperação e maior número de reprovações.
As justificativas que apresentam para explicar suas dificuldades relacionam-se,
principalmente, à didática utilizada pelos professores (ou melhor, à “não-didática”), à pouca
dedicação deles pprios em relação aos estudos e a um “currículo intenso” (repleto de
disciplinas) do curso de medicina (gráfico 5).
36
Tabela 9: Distribuão das disciplinas em relação ao desempenho escolar.
Desempenho escolar Disciplina (%)
Dificuldade de Aprendizagem
Neurologia 22,65%
Bioquímica 16,18%
Anatomia 9,06%
Cardiologia 8,09%
Farmacologia 6,80%
Outros 37,22%
Recuperação
Fisiologia 12,76%
Patologia 10,21%
Cardiologia 7,19%
Farmacologia 6,96%
Bioquímica 5,80%
Outros 57,08%
Reprovação
Fisiologia 15,65%
Patologia 11,30%
Bioquímica 7,83%
Ginecologia 6,96%
Cardiologia 6,09%
Outros 52,17%
(%) = Percentual das disciplinas, com impacto no desempenho escolar, mais citadas pelos
estudantes.
Gráfico 5: Justificativas para a dificuldade na aprendizagem.
26%
22%
22%
17%
13%
Didática do professor Pouca dedicação Currículo intenso Falta de conhecimentos básicos Outros
37
5.4 – Cefaléia e outros fatores associados ao desempenho escolar
As a avaliação crítica e a interpretação das informações coletadas, relativas
às características biopsicossociais e a ocorrência da cefaléia entre os estudantes de medicina,
procuramos verificar a influência desta condição e de outras variáveis sobre o desempenho
escolar dos mesmos, tomando como base os estudantes do curso de medicina da Universidade
Iguaçu.
Mais uma vez, as informações com que nos deparamos são, aparentemente,
contraditórias nas respostas obtidas pelo questionário de avaliação, no que diz respeito à auto-
avaliação de desempenho dos estudantes com cefaléia. Grande parte dos alunos com cefaléia
considera ter um bom rendimento nos estudos (gráfico 6), porém, esses mesmos alunos
apresentaram, com freqüência superior a 60%, dificuldade de aprendizagem, necessidade de
realização de provas de recuperação e elevado índice de reprovação, quando comparados aos
que não apresentam cefaléia (tabela 10).
Gráfico 6:Distribuição dos alunos com cefaléia em relação à auto-avaliação do
desempenho.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Ruim Regular Bom Ótimo
38
Tabela N
o
10: Distribuição dos alunos em relação à cefaléia e ao desempenho escolar.
Desempenho escolar Alunos com cefaléia (%)
Alunos sem cefaléia (%)
Dificuldade de Aprendizagem
N = 219 145 (66,21) 74 (33,79)
Recuperação
N = 219 144 (65,75) 75 (34,25)
Reprovação
N = 71 45 (63,38) 26 (36,62)
Quando analisada de forma comparativa, a cefaléia exerce maior influência no
rendimento escolar dos alunos do que outras variáveis como o gênero, o Estado de origem, o
bito de fumar, o consumo de bebidas alcoólicas, a prática de atividades extra-curriculares, o
trabalho e o estresse.
As queixas de dificuldade de aprendizagem foram quase duas vezes mais
freqüentes entre os estudantes com cefaléia (p = 0,001), enquanto naqueles que informaram
consumir bebidas alcoólicas estas queixas ocorreram em menor freqüência (p = 0,01). Não
observamos dados com valor estatístico entre as demais variáveis analisadas (tabela 11)
39
Tabela 11: Fatores associados à dificuldade de aprendizagem (N = 219).
Variáveis N Odds Ratio Valor de p
Cefaléia
Sim 145 1,.9 0,001
Não 74
Sexo
Feminino 117 1,3 0,1
Masculino 102
Origem
Rio de janeiro 116 1,3 0,1
Outros 103
bito de fumar
Sim 36 0,8 0,4
Não 183
Consumo de bebida alcoólica
Sim 79 0,6 0,01
Não 140
Prática de atividade física
Sim 90 0,9 0,7
Não 129
Trabalho
Sim 34 0,6 0,07
Não 185
Estresse
Sim 106 1,06 0,7
Não 113
N = número de alunos com dificuldade de aprendizagem
Observou-se que a necessidade de realização de provas de recuperação (tabela
12), assim como ocorreu com as queixas de dificuldade de aprendizagem, foi maior entre os
que apresentam cefaléia (p = 0,003), entre aqueles que trabalham (p = 0,004) e entre os alunos
que se consideram estressados (p = 0,001).
40
Tabela 12: Fatores associados à realização de provas de recuperação (N = 219).
Variáveis N Odds Ratio Valor de p
Cefaléia
Sim 144 1,82 0,003
Não 75
Sexo
Feminino 115 1,19 0,3
Masculino 104
Origem
Rio de janeiro 101 0,73 0,1
Outros 118
bito de fumar
Sim 41 1,16 0,5
Não 173
Consumo de bebida alcoólica
Sim 96 1,21 0,3
Não 123
Prática de atividade física
Sim 87 0,83 0,3
Não 132
Trabalho
Sim 52 2,15 0,004
Não 166
Estresse
Sim 120 1,88 0,001
Não 99
N = número de alunos que necessitaram realizar provas de recuperação
Quanto às informações sobre reprovação (tabela 13), notamos que 63,3% dos
alunos apresentam queixas de cefaléia, porém este dado não possui significância estatística
(p= 0,4). A freqüência de reprovação foi menor entre os estudantes cujas famílias vivem no
Estado do Rio de Janeiro (p = 0,03). Um aumento estatisticamente significativo na freqüência
de reprovação foi observado entre os alunos que têm o hábito de fumar (p = 0,02) e entre os
que consomem bebidas alcoólicas (p = 0,02).
41
Tabela 13: Fatores associados à reprovação (N = 71).
Variáveis N Odds Ratio Valor de p
Cefaléia
Sim 45 1,23 0,4
Não 26
Sexo
Feminino 33 0,82 0,4
Masculino 38
Origem
Rio de janeiro 27 0,57 0,03
Outros 44
bito de fumar
Sim 19 1,95 0,02
Não 52
Consumo de bebida alcoólica
Sim 38 1,79 0,02
Não 33
Prática de atividade física
Sim 29 0,96 0,8
Não 42
Trabalho
Sim 18 1,6 0,1
Não 53
Estresse
Sim 40 1,52 0,1
Não 31
N = número de alunos que já foram reprovados em pelo menos uma disciplina
42
6 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Notamos que muitos dos alunos desta instituição têm suas famílias com
residência estabelecida em outros Estados. Grande parte dos mesmos reside com amigos e
14% moram sozinhos. Esta distância que mantêm do convio familiar pode contribuir para
que o aluno apresente mudanças de ordem psicossocial e em seus hábitos de vida.
Muitos alunos desenvolvem ansiedade, depressão, estresse, fobias e outros
problemas de ordem psíquica ao entrarem num curso de medicina, quando passam a manter
um maior contato com o sofrimento humano (NIEMI e cols., 1988). As queixas freqüentes
relacionadas ao estresse e a menção de que o curso universitário funciona como um fator
gerador desse estresse, fortalece a hipótese de que o currículo do curso de medicina gera
muita tensão entre seus alunos e, conseqüentemente, pode le-los a desenvolver um quadro
de cefaléia.
Analisando os questionários, constatamos, tamm, que apenas uma pequena
parte de nossos alunos trabalha em atividades ligadas à área de saúde. Esse dado nos alerta
para o fato de que o curso necessita de maior carga horária em atividades práticas, para a
melhor formação acadêmica dos estudantes, visto que o curso de medicina depende, em
grande parte, das experiências vividas, do contato com os mais diversos pacientes e de
habilidades somente adquiridas pela prática. Para Hahn e cols. o trabalho ligado ao curso,
influencia de favoravelmente a saúde mental do estudante (HAHN e cols., 1999). Ávila afirma
que para o Ensino e Aprendizagem da ciência são imprescindíveis a observação e a
experimentação para que se tenha noção perfeita da realidade (ÁVILA, 1995). É importante
salientar que a coleta de dados para este trabalho foi realizada no ano de 2001 e que o
currículo do curso de medicina da UNIG passou por adaptações. Atualmente, o currículo
43
vigente nessa instituição contempla maior carga horária destinada às atividades práticas, desde
os primeiros períodos do curso médico.
Com relação aos hábitos de vida, apesar das percentagens de alunos com hábito
de fumar e consumir bebidas alcoólicas se aproximarem dos valores encontrados na
população geral no Estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto
Nacional do Câncer (BRASIL, 2004), consideramos as taxas encontradas extremamente
elevadas, por tratarem-se de estudantes de um curso de medicina que, portanto, deveriam
conhecer os malefícios trazidos por estes vícios.
Os dados obtidos sobre a prevalência de cefaléia se aproximam dos dados
encontrados na literatura médica. Barea e cols. (1997) encontraram uma prevalência de 93.3%
de cefaléia ao longo da vida e de 82,9% de cefaléia nos últimos 12 meses, numa população de
538 estudantes de 5
a
a 8
a
séries, no Sul do Brasil. Deleu e cols. (2001) ao estudarem 403
questionários respondidos por estudantes de medicina, encontraram 98,3% de prevalência de
cefaléia ao longo da vida e 96,8% no último ano. Da Costa e cols. (2000) encontraram uma
freqüência de cefaléia de 33% entre 408 estudantes de medicina da Universidade Federal de
Santa Catarina. A prevalência de cefaléia recorrente encontrada por Bugdavici e cols. (2005),
numa população de 5562 crianças em idade escolar, foi de 49,2%. Sanvito e cols. (1996)
observaram uma prevalência de cefaléia de 47,1%, entre 595 estudantes de medicina de São
Paulo.
O fato de 27% dos estudantes apresentarem queixas de cefaléia somente após
seu ingresso na universidade pode sugerir a influência do curso de medicina sobre a
prevalência de cefaléia.
Na distribuição da cefaléia por gênero, verificamos que o sexo feminino foi
significativamente mais acometido que o sexo masculino (Odds Ratio: 3,07; p = 0,0000001),
tal resultado também foi encontrado na literatura pesquisada. A prevalência de cefaléia
44
crônica diária em adolescentes, encontrada por Wang e cols. (2006) foi 3 vezes maior no sexo
feminino. O mesmo resultado foi descrito por Split e cols. (1999) em estudantes secundários.
A maior freqüência de cefaléia no sexo feminino também foi referida por Silva e cols. (2005),
Bugdavici e cols. (2005) e Bessisso e cols. (2005).
Não observamos variação na freqüência da cefaléia ao longo do curso. Da
Costa e cols. (2000) observaram maior freqüência de cefaléia em estudantes dos cinco últimos
semestres do curso de medicina. Para Sanvito e cols. (1996) não houve diferença
estatisticamente significativa na freqüência de cefaléia entre os diferentes períodos do curso
médico.
Apesar de 60% dos fumantes apresentarem cefaléia, não encontramos
significância estatística nesta relação, bem como na relação entre a cefaléia e a prática de
esportes ou atividades culturais e nem mesmo com o trabalho. Mitsikotas e cols. (1996)
também não encontraram relação entre a prevalência de cefaléia e o hábito de fumar. Kinart e
cols. (2002) encontraram menor prevalência de migrânea entre jogadores de basqueste,
quando comparados com a população geral.
Por outro lado, notamos que a ocorrência de cefaléia foi menor entre aqueles
que têm o hábito de consumir de bebidas alcoólicas (Odds Ratio: 0,55; p = 0,004). Como a
ingestão de bebidas alcoólicas é reconhecidamente um fator desencadeante de crises de
migrânea (IERUSALIMSCHY e cols., 2002), atribuímos este resultado ao possível fato de os
estudantes que sofrem de cefaléia evitarem o consumo destas bebidas.
Confirmando nosso ponto de vista, encontramos grande relação entre o estresse
e a presença de cefaléia na população estudada. Ierusalimschy e cols. (2002) destacaram o
estresse como o principal fator desencadeante de crises de migrânea em pacientes com
migrânea sem aura.
45
Observamos que o período de provas contribuiu, significativamente, tanto para
desencadear, quanto para agravar uma crise de cefaléia. Provavelmente, isso acontece em
decorrência do aumento da tensão emocional que envolve os alunos neste período. Este dado
está de acordo com Amayo e cols. (1996), que colocam o estudo entre os principais fatores
desencadeantes de crises de cefaléia entre estudantes de medicina. Bigal e cols. (2001)
observaram aumento na intensidade ou freqüência das crises de migrânea durante o período de
provas.
Um dos processos mais difíceis na área de Educação é, sem dúvida, a avaliação
do desempenho escolar. Neste trabalho, onde procuramos verificar a relação entre um
problema de saúde e o desempenho escolar, estabelecemos como indicadores deste
desempenho as informações sobre a dificuldade de aprendizagem, a recuperação e a
reprovação em diferentes disciplinas.
Quando questionados sobre como avaliam seu desempenho nos estudos a
maioria dos discentes pesquisados respondeu que se consideram bons alunos. No entanto, essa
informação foi contraditória quando comparada ao fato de os alunos encontrarem dificuldades
em algumas disciplinas e, também, com o número de alunos que já precisaram realizar provas
de recuperação. Tal fato também foi observado entre os alunos com cefaléia. Esta contradição
tanto pode demonstrar imaturidade para uma auto-avaliação, como pode ser uma forma de
fugir à responsabilidade do insucesso.
Entre as justificativas apresentadas para explicar suas dificuldades de
aprendizagem, curiosamente, poucos alunos responsabilizaram a cefaléia pelo seu fracasso, o
que nos faz acreditar que o impacto da cefaléia não é percebido pelos estudantes. Dados
encontrados na literatura nos revelam que apesar da alta prevalência de cefaléia entre os
estudantes, o problema ainda é pouco valorizado pelos próprios alunos, que praticam a auto-
medicação com analgésicos e dificilmente buscam atendimento médico para este problema
46
(DEMIRKIRKAN e cols., 2006; SUZUKI e cols., 2005; DELEU e cols., 2001). Há, portanto,
necessidade de que sejam desenvolvidos programas de educação voltados aos pacientes com
cefaléia, para que estes percebam o impacto causado por esta condição e procurem o
tratamento adequado (DEMIRKIRKAN e cols., 2006).
Quando analisada de forma comparativa, a cefaléia exerceu maior influência
no rendimento escolar dos alunos do que outras variáveis como o gênero, o estado de origem,
o bito de fumar, o consumo de bebidas alcoólicas, a prática de atividades extra-curriculares,
o trabalho e o estresse. Estes dados reforçam a idéia de que condições que interferem no bem-
estar emocional dos estudantes apresentam impacto negativo sobre o rendimento escolar. A
menor freqüência de reprovação entre os estudantes cujas famílias vivem no Estado do Rio de
Janeiro, pode ser justificada pela estabilidade emocional encontrada no convio familiar.
As informações resultantes dos dados obtidos, através dos questionários, e os
cruzamentos destes dados nos possibilitaram analisar criticar e interpretar o alcance da
influência da cefaléia na aprendizagem, objetivo principal deste estudo. No entanto, não é
possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre a cefaléia e o baixo desempenho
escolar, destacamos, contudo, uma forte relação entre as duas condições. Todos estes fatos,
também, nos motivaram a despertar, entre os pesquisados, a atenção para o impacto da
cefaléia em suas vidas e, assim, considerar a relação desta condição com os problemas de
aprendizagem dos estudantes universitários.
47
7 – CONCLUSÕES
A cefaléia foi um sintoma bastante freqüente na população estudada atingindo
98,5% de prevalência ao longo da vida e 59,2% de prevalência para queixas de cefaléia no
último ano.
Os estudantes do sexo feminino e aqueles com queixas relacionadas ao estresse
emocional foram os mais acometidos.
Alguns dados sugerem, de maneira especulativa, que os alunos, ao ingressarem
em um curso universitário, apresentam modificação de seu perfil psicossocial. O currículo
universitário poderia estar relacionado ao desenvolvimento de problemas de ordem
psicológica entre os estudantes. Esse fato contribuiria para o desenvolvimento de um quadro
de cefaléia. Consideramos importante o fato de que em 27% dos estudantes com cefaléia, esta
condição surgiu após seu ingresso na universidade.
No que diz respeito aos relatos de dificuldade de aprendizagem e à necessidade
de realização de provas de recuperação, a relação entre a cefaléia e o desempenho escolar foi
estatisticamente significante (p = 0,001 e 0,003, respectivamente).
Na relação entre a cefaléia e a freqüência de reprovação, os resultados não
apresentaram significância estatística (p = 0,4). Porém, a presença cefaléia foi informada por
63,3% destes estudantes, o que nós consideramos um dado importante para nossa
investigação.
A cefaléia, que guarda estreitas relações com o estado emocional, tende a ser
bem suportada e nem sempre é percebida como responsável pelas dificuldades de
aprendizagem enfrentadas pelos estudantes. O desenvolvimento de programas de orientação
48
para que os estudantes percebam o impacto da cefaléia em sua qualidade de vida e busquem
tratamento, seria uma forma de minimizar o problema.
A partir desta análise conclmos que a prevalência de cefaléia entre os
estudantes de medicina da Universidade Iguaçu não é superior aos dados encontrados na
literatura científica e que esta condição possui impacto negativo sobre o desempenho escolar
dos mesmos. No entanto, a presença de cefaléia não impede que a aprendizagem aconteça.
49
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56
9 – APÊNDICE
9.1 - Roteiro de entrevista
Apresentamos nas páginas seguintes o modelo do questionário de avaliação utilizado
em nossa pesquisa.
57
APÊNDICE 1 – Questionário de avaliação
UNIVERSIDADE IGUAÇU - UNIG
A cefaléia, ou dor de caba, é definida como uma dor localizada acima da linha
orbitomeatal; as dores abaixo desta linha são denominadas cefalalgias. A dor de cabeça
crônica pode prejudicar a concentração nas atividades exercidas pelo paciente,
comprometendo seu rendimento intelectual. Atualmente, diversos tipos de cefaléia têm sido
descritos e muitos deles podem ser prevenidos.
Este questionário, identificado apenas pelo seu número de matcula, faz parte de uma
pesquisa que pretende identificar a incidência de cefaléia entre os estudantes do curso de
medicina da UNIG e sua influência no processo de aprendizagem. A veracidade das respostas
é fundamental para o sucesso da nossa pesquisa.
Responda com seriedade, e nos ajude a mostrar como a cefaléia pode interferir no
sucesso de nossos alunos!
QUESTIONÁRIO
1) Número de Matrícula: ______________________________________________________.
2) Em que período você está matriculado? ________________________________________.
3) Data de Nascimento (Dia/Mês/Ano): ___________/___________/___________.
4) Sexo: MASCULINO; FEMININO.
5) Com quem vomora?Com os pais; Com esposa e filhos; Com amigos; Sozinho;
Outros (especifique): _______________________________________________________.
6) Onde vive sua família? Cidade: __________________________________ UF:_________.
7) Você se acha uma pessoa estressada? NÃO; SIM.
8) Você trabalha? O; SIM. Em que? _______________________________________.
9) Você acha que o Curso de Medicina contribui para que você se torne uma pessoa
estressada? O; SIM.
10) Você fuma?O; SIM. Há quanto tempo? _________________________________.
11) Você consome bebida alcoólica?O; SIM. Há quanto tempo? _________________.
12) Você pratica, regularmente, alguma atividade física ou cultural (música, pintura, etc.)?
O; SIM. Qual (is)?__________________________________________________.
58
13) Como você avalia o seu desempenho nos estudos?
Muito ruim; Ruim; Regular; Bom; Ótimo.
14) Você sente dificuldade no aprendizado de alguma matéria? NÃO; SIM.
Qual (is)?___________________________________________________________________.
À que você atribui essa dificuldade? _____________________________________________.
15) Você já precisou fazer alguma prova de recuperação? NÃO; SIM.
Quantas vezes? ______________________________________________________________.
Em que matéria (s)? __________________________________________________________.
16) Você já ficou reprovado alguma vez? NÃO; SIM.
Quantas vezes? ______________________________________________________________.
Em que matéria (s)? __________________________________________________________.
17) Você já sentiu Dor de Cabeça alguma vez na vida? NÃO; SIM.
18) Atualmente (no último ano), você tem sentido Dores de Cabeça? O; SIM.
Se sua resposta na questão No. 18 foi SIM, continue respondendo; se você respondeu NÃO,
entregue o questiorio. Obrigado!
19) Você apresenta, ou apresentou no passado, alguma das patologias ou condições abaixo?
O; SIM.
Assinale aquelas que você tenha certeza: Tumor cerebral; Traumatismo craniano;
Aneurisma cerebral; Derrame cerebral; Lúpus Eritematoso Sistêmico; Vasculite;
Meningite; Abscesso cerebral; Sinusite; Hipertensão arterial; Outros
(especifique):_____________________________________________________________.
20) Há quanto tempo você vem sentindo Dores de Cabeça? (Informe o período de dias, meses
ou anos decorridos a partir do icio dos sintomas. Exemplo: 2 anos; há 1 mês).______.
21) Qual a freqüência dessas dores?
(Informe o número de crises de Dor de Cabeça que voapresenta
em determinado período de tempo. Exemplo: 1 crise / semana; 3 crises / dia; etc.).
_________________.
22) Qual o intervalo de tempo decorrido entre as crises? (Informe o período de tempo
decorrido entre as suas crises de Dor de Cabeça. Exemplo: 7 dias (você tem 1 crise por
semana); 2 horas (você tem mais de uma crise por dia); etc.).________________________.
23) Quanto tempo duram, em média, as suas crises? (Informe a duração média das suas crises,
sem interrupção. Exemplo: 30 minutos; 2 dias; etc.).______________________________.
59
24) Qual a localização da sua dor (Assinale uma alternativa no item A e uma alternativa no
item B)?
A) Quanto à lateralidade:
Bilateral;Unilateral à direita;Unilateral à esquerda;Unilateral, alternando os lados.
B) Quanto à região acometida:
Região Frontal (testa); Região Temporal (do lado da cabeça); Região Occipital (na
nuca);Região Periorbitária (em volta dos olhos); Em toda a cabeça.
25) Como se manifesta a sua dor? (Assinale a opção que mais se aproxima da característica da
sua dor)
Pulsátil (latejante); Em queimação;Em aperto;Em facada; Em peso;
Outra (especifique):_________________________________________________________.
26) Você apresenta algum sintoma antes ou após a crise, que funcione como um “aviso do
icio ou do fim da dor? Exemplo: pontinhos brilhantes”. O; SIM
Qual?______________________________________________________________.
27) Durante a crise, você apresenta algum outro sintoma? O; SIM
Assinale aqueles que acompanham a sua dor:Fotofobia (intolerância à ambientes
iluminados); Fonofobia (intolerância à ambientes barulhentos); Náusea; mito;
Congestão nasal (coriza); Lacrimejamento; Edema em torno dos olhos; Irritabilidade;
Sudorese facial; Fraqueza muscular; Febre; Outros (especifique):_.
28) Existe algum fator que desencadeie a sua dor? NÃO; SIM
Qual?Exercício sico; Ingestão de chocolate; Ingestão de alimentos enlatados; Ingestão
de queijo amarelo; Ingestão de temperos prontos; Ingestão de salsicha, presunto ou
mortadela; Ingestão de bebidas alcoólicas; Período menstrual (nas Mulheres); Estresse
emocional; Período de provas;Outros (especifique):__________.
29) Existe algum fator que agrave a sua dor? O; SIM
Qual?Exercício sico; Ingestão de chocolate; Ingestão de alimentos enlatados; Ingestão
de queijo amarelo; Ingestão de temperos prontos; Ingestão de salsicha, presunto ou
mortadela; Ingestão de bebidas alcoólicas; Período menstrual (nas Mulheres); Estresse
emocional; Período de provas;Outros (especifique): __________.
60
30) Existe algum fator que alivie a sua dor? O; SIM
Qual?Uso de analgésicos; Uso de anti-depressivos; Terapias de relaxamento; Deitar
num quarto escuro e silencioso; Remédios caseiros; Ler um bom livro; Outros
(especifique):_____________________________________________________________.
31) Qual a intensidade da sua dor?
Muito fraca; Fraca; Moderada; Forte; Muito forte.
32) Alguns pacientes atribuem cores à dor que sentem; se você tivesse que dar uma cor à sua
dor, que cor você daria?_____________________________________________________.
33) Em que período do dia a sua dor se manifesta?
De madrugada; Pela manhã; À tarde; À noite; Sem período definido.
34) Você já foi despertado do sono pela sua dor? NÃO; SIM
35) Você ficou impossibilitado de exercer alguma atividade (faltar o trabalho, ou a aula)
por causa da dor? O; SIM Quantas vezes por ano? _________________________.
36) Você já procurou auxílio médico por causa da dor? NÃO; SIM
37) Você faz uso de algum medicamento para dor? O; SIM
Quem o prescreveu?
Neurologista; Clínico geral; Outro Médico; Enfermeiro; Amigo ou parente;
Balconista de farmácia; Automedicou-se; Outro (especifique):__________________.
38) Alguém na sua família apresenta quadro clínico semelhante ao seu?NÃO; SIM
Quem? Mãe; Pai; Irmãos; Avô ou Avó Maternos; Avô ou Avó Paternos; Outros
(especifique):____________________________________________________________.
39) Alguém na sua família apresenta, ou apresentou no passado, alguma das patologias ou
condições abaixo? O; SIM.
Assinale aquelas que você tenha certeza: Tumor cerebral; Traumatismo craniano;
Aneurisma cerebral; Derrame cerebral; Lúpus Eritematoso Sistêmico; Vasculite;
Meningite; Abscesso cerebral; Sinusite; Hipertensão arterial; Outros
(especifique):_____________________________________________________________.
40) Você possui alguma outra doença, que NÃO seja Dor de Cabeça?NÃO; SIM.
Assinale aquela que você tenha certeza: Hipertensão arterial; Diabetes mellitus; Asma
brônquica; Insuficiência renal; Insuficiência hepática; Angina pectoris;
Gastrite/úlcera péptica; Outros (especifique):_________________________________.
61
41) Você faz uso regular de algum medicamento, que NÃO seja para Dor de Cabeça?
O; SIM.Qual (is)?______________________________________________________.
42) Alguém na sua família possui alguma outra doença que NÃO seja Dor de Cabeça?
O; SIM.Quem? ________________________________________________________.
Assinale aquela que você tenha certeza: Hipertensão arterial; Diabetes mellitus; Asma
brônquica; Insuficiência renal; Insuficiência hepática; Angina pectoris;
Gastrite/úlcera péptica; Outros (especifique):_________________________________.
43) Alguém na sua família faz uso regular de algum medicamento, que NÃO seja para Dor de
Cabeça? O; SIM. Quem?______________________________________________.
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