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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
ESTUDO CLÍNICO E POLISSONOGRÁFICO EM UMA SÉRIE
DE PACIENTES BRASILEIROS NARCOLÉPTICOS COM
ESTUDO GENÉTICO DO HLA CLASSE II - DR - DQ
ANDREA FROTA BACELAR RÊGO
Profa. Dra. Regina Maria Papais-Alvarenga
ORIENTADORA
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
Dissertação apresentada ao término do
Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu
em Neurologia, Área de Concentração
Neurociências, do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro -
UNIRIO, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Mestre.
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
2005
II
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RÊGO, Andréa FB.
Estudo clínico e polissonográfico em uma série de pacientes brasileiros
narcolépticos com estudo genético do HLA classe II - DR - DQ. Rio de Janeiro,
UNIRIO, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, 2005.
XII, 75f.
Tese: Mestre em Neurologia (Neurociências)
1. Narcolepsia 2. HLA 3. Polissonografia 4. TLMS 5. Epworth
I. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
II.Título
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
MESTRADO EM NEUROLOGIA
ESTUDO CLÍNICO E POLISSONOGRÁFICO EM UMA SÉRIE
DE PACIENTES BRASILEIROS NARCOLÉPTICOS COM
ESTUDO GENÉTICO DO HLA CLASSE II - DR - DQ
Por
ANDREA FROTA BACELAR RÊGO
Dissertação de Mestrado
BANCA EXAMINADORA
Professora Dra. Regina Papais Alvarenga
Professora Dra. Dalva Poyares
Professsor Dr. Hélcio Alvarenga
Conceito:............................
Rio de Janeiro, RJ – Brasil, 2005
III
LISTA DE ABREVIATURAS
AASM – American Academy of Sleep Medicine
ASDA – American Sleep Disorders Association
DNA – Ácido Desoxiribonucléico
ECG – Eletrocardiograma
EEG – Eletroencefalograma
EMG – Eletromiograma
EOG – Eletroculograma
ESE – Escala de Sonolência de Epworth
Hctr – Hipocretina
HLA – Antígeno Leucocitário Humano
IAH – Índice de Apnéia/Hipopnéia
ICSD – Classificação Internacional dos distúrbios do Sono
IMC – Índice de Massa Corporal
LCR – Líquido Cefaloraquiano
MHC – Complexo Maior de Histocompatibilidade
MLS – Média da Latência do Sono
PLM / MPP – Movimento Periódico de Pernas
PSG - Polissonografia
REM – Rapid Eye Moviment
RNAm – Ácido Ribonucléico mensageiro
SAHOS – Síndrome da Apnéia/hipopnéia Obstrutiva do Sono
SED – Sonolência Excessiva Diurna
SNC – Sistema Nervoso Central
SOREMP – Correlação entre o início do sono e o início do REM.
SSS – Stanfort Sleep Scale
TLMS / MSLT – Teste de Latência Múltipla do Sono
TMV – Teste de Manutenção da Vigília
TNF – Fator de Necrose Tumoral
TTS – Tempo Total de Sono
IV
RESUMO
OBJETIVOS: Analisar as variáveis clínicas, do sono e dos alelos HLA classe II das regiões
DRB1-DQA1-DQB1 em pacientes brasileiros narcolépticos, comparar com a literatura e
aplicar os critérios de Silber.
PACIENTES E MÉTODOS: Foram selecionados 19 pacientes com narcolepsia
provenientes da Clínica Carlos Bacelar, que preenchiam critérios da Classificação
Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD). Foram aplicados o questionário geral de
sono e a Escala de Sonolência de Epworth (ESE). A polissonografia da noite inteira foi
seguida de Teste de Latência Múltipla do Sono (TLMS). Em outro momento foram
realizados o Teste de Manutenção da Vigília (TMV) e a coleta de amostra de sangue para
estudo genético da região HLA classe II.
RESULTADOS: A média de idade de início da narcolepsia foi de 16 anos, mais freqüente
no sexo feminino, em caucasianos e associada a índice de massa corporal normal.
Sonolência excessiva diurna, alucinações hipnagógicas, paralisia do sono, sono
fragmentado, sono insatisfatório, tempo total de sono diminuído, cochilos diurnos e
cataplexia foram as principais queixas relatadas nos questionários. A média de pontuação
na ESE foi de 18.94 + 2.48. A polissonografia afastou outros distúrbios intrínsecos do
sono. O TLMS mostrou média de latência para o sono de 3’17” +2.9 e média da correlação
entre início do sono e início de REM (SOREMP) de 2.2 +0.6 vezes. O TMV apresentou
média de latência para o sono de 11’48” + 4.8 e de SOREMP de 1.4 vezes. Todos os
pacientes preencheram critérios da ICSD e de Silber. A totalidade de pacientes apresentou
um ou mais alelos associados à susceptibilidade a narcolepsia. O haplótipo DR2 esteve
presente em 41% dos pacientes, dois pacientes mostraram a presença dos alelos de proteção
DRB1*0101, DRB1*0102, DQA1*0101 ou DQB1*0501. O alelo HLA DQB1* 0602 não
conferiu associação significativa para o grupo de pacientes catapléticos.
CONCLUSÕES: Todos os parâmetros clínicos, polissonográficos, e genéticos analisados
nesta série de pacientes brasileiros narcolépticos se correlacionam com estudos de
literatura, porém o significado estatístico só poderá ser alcançado quando aumentarmos o
número de pacientes estudados.
V
ABSTRACT
OBJECTIVE: The objective of this study is to analyze the clinical variables in sleep and
in the HLA alleles class II of the regions DRB1 -DQA -DQB1 in Brazilian narcoleptic
patients comparing to literature and to apply Silber’s criteria.
PATIENTS AND METHODS: Nineteen patients with narcolepsy disorder from Carlos
Bacelar Clínica, which fulfilled International Classification of Sleep Disorder (ICSD)
were selected. The general sleep form sheet and the Epworth Sleepines
s Scale (ESE)
were applied. The night polissomnography was followed by Multiple Sleep Latency Test
(MSLT) and the Maintenance of Wakefulness Test (MWT). Blood samples were
collected for genetics studies of HLA class II region.
RESULTS: The average age of beginning of narcolepsy was 16 years old, occurring
more frequently in women, Caucasians and associated to a normal body mass index.
Excessive daytime sleepiness, hypnagogic hallucinations, sleep paralysis, interrupted
sleep, unsatisfactory sleep, total sleep time diminished, daytime naps and cataplexy were
the main complains related in the forms. The punctuation median in the ESE was 18.94 +
2.48. The polissomnography excluded other intrinsic sleep disorders. The MSLT showed
a sleep latency median of 3´17 + 2.9, the presence of sleep onset rapid eye movement
period (SOREMP) median of 2.2 + 0.6 times. The MWT showed a sleep latency median
of 11´48´´ + 4.8 and SOREMP of 1.4 times. All patients fulfilled ICSD and Silber’s
criteria. The totality of patients showed the presence of one or more alleles associated to
narcolepsy susceptibility. The haplotype DR2 was present in 41 % of the patients, two
patients showed the presence of the protection alleles DRB1*0101, DRB1*0102,
DQA*0101 or DQB1*0501. Statistic significance of the allele HLA DQB1*0602 and
catapletic patient group was not found.
CONCLUSION: All clinical, polissomnography and genetic parameters analyzed in this
series of Brazilian narcoleptic patients correlate themselves with all international trials
found in literature, however further studies with a major number of Brazilian patients are
needed.
VI
SUMÁRIO
RESUMO x
ABSTRACT xi
ABREVIATURAS xii
1. INTRODUÇÃO 01
1.1 Aspectos Históricos da Narcolepsia 01
1.2 Narcolepsia e HLA 04
1.2.1 O Antígeno Leucocitário Humano de Histocompatibilidade 04
1.2.2 A nomenclatura do HLA 06
1.2.3 A participação dos alelos HLA na manifestação de doenças 06
1.2.4 Susceptibilidade do HLA e influência étnica na narcolepsia 07
1.2.5 Alelos que conferem proteção a narcolepsia 10
1.2.6 Correlação da narcolepsia com HLA classe III 11
1.3 Narcolepsia e Hipocretina 12
1.4 Diagnóstico da narcolepsia 13
1.4.1 Sonolência excessiva diurna 15
1.4.2 Alucinações hipnagógicas ou hipnopômpicas 17
1.4.3 Paralisia do sono 17
1.4.4 Cataplexia 17
1.4.5 Critérios para narcolepsia segundo Silber MH 18
1.5 Diagnóstico neurofisiológico da narcolepsia 20
1.5.1 Polissonografia 20
1.5.2 Teste de Latências Múltiplas do Sono 21
1.5.3 Teste de Manutenação da Vigília 22
1.6 Diagnóstico Diferencial 25
2. OBJETIVOS 28
2.1 Objetivos Gerais 28
2.2 Objetivos Específicos 28
3. MATERIAL E MÉTODOS 30
3.1 Desenho do estudo 30
3.2 Seleção de pacientes 30
3.3 Critérios de inclusão 30
3.3.1 Avaliação clínica e critérios diagnósticos 30
3.3.2 Questionários de sono 31
3.3.3 Consentimento informado 31
3.4 Critérios de exclusão 31
3.5 Exames neurofisiológicos 31
3.5.1 Polissonografia 31
3.5.2 Teste de latências múltiplas do sono 32
3.5.3 Teste de manutenção da vigília 32
3.6 Estudo Genético 33
3.6.1 Preparação do DNA 33
3.6.2 Tipagem genômica para genes HLA-classe II DQB e DRB 34
3.6.3 Tipagem genômica para genes HLA-classe II DQA1 37
3.7 Análise Estatística 37
4. RESULTADOS 39
4.1 Caracterização da série de pacientes 39
4.2 Questionários Aplicados 39
4.3 Polissonografia da noite inteira 40
4.4 Teste de Latências Múltiplas do sono 41
4.5 Teste de Manutenção da Vigília 42
4.6 Comparação dos resultados da ESE, do TLMS e do TMV
encontrados na nossa série com valores da literatura 42
4.7 Estudo Genético 43
4.8 Critérios Diagnósticos segundo Silber MH 45
4.9 Comparação de características demográficas, HLA
DQB1*0602 e cataplexia 45
5. DISCUSSÃO 49
6. CONCLUSÕES 60
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62
8. ANEXOS 73
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aspectos históricos da narcolepsia
A narcolepsia é uma desordem neurológica caracterizada por sonolência
excessiva diurna e anormalidades do sono REM (Rapid Eye Moviment), associada
ao antígeno leucocitário de histocompatibilidade (HLA). É uma doença rara, com
prevalência que varia de 0.02% a 0.067%. Apresenta variação na dependência de
grupos raciais sendo, por exemplo, baixa em Israel e alta no Japão. A narcolepsia
está associada à morbidade e ao aumento do risco de morte principalmente no
trânsito, além de prejuízo na qualidade de vida, alterações cognitivas e do
funcionamento intelectual com conseqüências psicossociais trabalho, vida
conjugal, social (KRIGER, ROTH e DEMENT 2000).
A primeira descrição convincente de narcolepsia-cataplexia foi documentada
em 1877 por Westphal e um ano após por Fisher, na Alemanha. Eles descreveram
dois relatos de casos de pacientes que apresentavam sonolência excessiva diurna e
ataques de fraqueza muscular desencadeados por emoções fortes. Em ambos,
fatores hereditários foram notados, aparecendo os mesmos sintomas na mãe do
paciente de Westphal e em uma irmã do paciente de Fisher.
Gelineau YB (1880) é largamente reconhecido por ter percebido essa
desordem como uma entidade clínica específica e a denominou narcolepsia. Sua
primeira descrição aconteceu em um jornal científico de Paris (la Gazettte des
Hôpitaux), com um relato do caso de um fabricante de tonéis de vinho de 36 anos,
que dormia dentro deles e tinha quedas abruptas.
Em 1902, Loëwenfeld foi o primeiro a dar um nome para os episódios de
fraqueza muscular desencadeados por emoções – “cataplexia” (MIGNOT 2001).
O termo narcolepsia era usado para denominar toda e qualquer entidade
nosológica que apresentasse como sintoma a sonolência excessiva diurna. De 1917
a 1927 (I Guerra Mundial) houve uma doença epidêmica que Von Economo
descreveu como encefalite letárgica; uma doença cujos principais sintomas eram: a
paralisia dos nervos oculomotores e a sonolência excessiva ou insônia em graus
variados. Foi possível mostrar que a inflamação causada pela encefalite, quando
2
lesava o mesencéfalo rostal e diencéfalo caudal, resultava em sonolência e, quando
a lesão originava-se no hipotálamo anterior, resultava em vigília (VON ECONOMO
1930). O trabalho de von Economo com pacientes que apresentavam sonolência
excessiva diurna ou insônia causada por encefalite letárgica mostrou que o
hipotálamo posterior era uma região associada à promoção da vigília e o hipotálamo
anterior era associado à promoção do sono, e trouxe a idéia de que a narcolepsia
teria como causa primária uma disfunção do hipotálamo posterior.
Yoss & Daly (1957) descreveram o primeiro critério diagnóstico para
narcolepsia, incluindo a tétrade de sintomas do paciente narcoléptico: a sonolência
excessiva, a cataplexia, a paralisia do sono e as alucinações hipnagógicas e, em
1960, os mesmos autores introduziram a terapêutica com metilfenidato.
Vogel et al. (1960) foram os primeiros pesquisadores a mostrar que os
pacientes narcolépticos entravam em sono REM facilmente durante o dia e, anos
após, essa descoberta foi confirmada por Reechschaffen e Dement (1967) que
demonstraram os grafoelementos do sono REM, no início do sono, em paciente
narcolépticos. Hishikawa et al. (1968), estudando o EEG de pacientes narcolépticos
durante as alucinações hipnagógicas e a paralisia do sono, mostraram que ambos
os sintomas eram acompanhados de características eletroencefalográfica do sono
REM. Esses autores idealizaram a hipótese de que o aparecimento de algumas
características fisiológicas do sono REM, dissociadas dessa da fase do sono,
poderiam explicar alguns dos sintomas da narcolepsia.
A falta de um modelo animal para a narcolepsia prejudicava o desenvolvimento
de estudos fisiopatológicos, mas, em 1973, Knetch et Al. (1973) e Mitler et al. (1974)
descreveram a narcolepsia canina, na raça dobermann. O registro polissonográfico
de animais narcolépticos pode comprovar que a arquitetura do sono do cão
narcoléptico apresentava as mesmas anormalidades que o sono dos humanos
narcolépticos, sugerindo, assim, que o cão era um modelo fidedigno para o estudo
da narcolepsia (LUCAS et al. 1979).
3
Em 1975 foi iniciada uma colônia de cães narcolépticos na Universidade de
Stanford (BAKER et al. 1982). O primeiro grande objetivo alcançado pelo grupo de
pesquisadores foi o estabelecimento do padrão de herança da narcolepsia nos cães
como sendo um gene único autossômico recessivo, que foi então denominado
canarc-1, de “canine narcolepsy” (FOULTZ et al. 1979).
À época, alguns estudos sobre o sono mostravam que havia um forte
envolvimento do sistema de neurotransmissão colinérgica e monoaminérgica na sua
regulação.
Karczmar et al. (1970) mostraram que era possível mimetizar o sono REM em
ratos, gatos e coelhos tratados com reserpina. Utilizando fisiostigmina, foi possível
induzir dessincronização do EEG, ondas teta hipocampais, movimentos oculares
rápidos e relaxamento completo dos músculos, o que eles chamaram de modelo
farmacológico do sono REM. Esse relato mostrou que a neurotransmissão
monoaminérgica e a colinérgica tinha um papel importante na geração do sono
REM.
Boehme et al. (1984) apontaram que havia um aumento na densidade de
receptores musacarínicos em neurônios colinérgicos do tronco encefálico de
dobermann narcolépticos, sugerindo que poderia haver aumento na sensibilidade de
neurônios colinérgicos nesses animais.
Figura1.
Dobermans narcolépticos num ataque cataplético
após brincarem juntos. Note-se os olhos abertos
Fonte:KADOTANI H, et al.(1998).
4
Aldrich et al. (1992) fizeram um estudo com cérebros de pacientes
narcolépticos, utilizando a autoradiografia quantitativa e mostraram que o núcleo
caudado, o putamen, porções de amígdala e da ponte apresentavam um aumento
na ligação do receptor adrenérgico a-1b nessas regiões, sugerindo uma contribuição
desse receptor na patogênese da narcolepsia humana e corroborando os dados
prévios com estudos em cães.
Esses fatos juntos levaram à hipótese de que havia um desequilíbrio
monoaminérgico-colinérgico na narcolepsia, que no modelo canino a narcolepsia
era resultado de hiperatividade colinérgica e hipoatividade monoaminérgica na
ponte.
O mecanismo de ação das drogas utilizadas para o tratamento da cataplexia
mostrou que a ativação pré-sináptica adrenérgica mediava os efeitos anticatapléticos
dos antidepressivos (MIGNOT et al., 1993; NISHINO et al.,1993). Foi também
estabelecido que os efeitos promotores de vigília dos estimulantes eram mediados
por avaliação pré-sináptica da trasmissão dopaminérgica (MIGNOT et al., 1994;
NISHINO et al.1998).
1.2. Narcolepsia e HLA
1.2.1. O Antígeno Leucocitário Humano de Histocompatibilidade
As moléculas HLA, subdivididas nas classes I, II e III de acordo com sua
estrutura e função, apresentam distribuição de genes codificados numa ordem
determinada ao longo do cromossomo. Existem três genes HLA classe I clássicos,
que o denominados HLA-A, HLA-B e HLA-C. Nos genes classe II, as moléculas
são designadas HLA-DR, HLA-DQ, HLA-DP. Os produtos dos genes HLA classe I e
classe II são glicoproteínas de membrana, cuja função principal é a apresentação de
antígenos na superfície das células mediando as respostas imunes. As
características mais importantes dos genes DR e DQ é que ocorrem em haplótipos.
Isto significa que um certo alelo DR sempre aparece junto com um alelo específico
DQ. Haplótipo é, portanto, um conjunto de genes HLA herdados no mesmo
cromossomo. Esse polimorfismo é uma característica das moléculas HLA classe II.
5
A função das moléculas HLA é transportar fragmentos de peptídeos de
antígenos, e a rota intracelular utilizada pelas proteínas do sistema HLA é crucial na
determinação para qual antígeno derivado do fragmento de peptídeo será
apresentado, se para moléculas HLA classe I ou II (HILLERT H, et al.1994 e
KROPSHOFER H, el al.1997). As moléculas classe II apresentam peptídeos às
células T CD4+, que derivam principalmente de membranas ligadas a proteínas
exógenas.
As moléculas HLA classe II são as mais importantes na regulação da resposta
imune contra peptídeos antigênicos. Elas determinam se o indivíduo vai reagir
imunologicamente a um determinado antígeno (THORSBY E, et al.1971). Dessa
forma, os genes que codificam para as moléculas HLA classe II são os genes mais
importantes na resposta imune. As moléculas classe II são codificadas para os
genes do locus HLA ou do MHC ( complexo maior de histocompatibilidade) no braço
curto do cromossomo 6 (THORSBY E, et al.1971 e HILLERT H, et al.1994 ).
CROMOSSOMO 6 E COMPLEXO HLA
Figura 2. O complexo HLA consiste de um cluster de genes ligados, localizados no braço
curto do cromossomo 6 humano, banda 6p21.3, medindo cerca de 4000 kilobases
(LEON SV 2005).
6
1.2.2. A nomenclatura do HLA
O primeiro Comitê para definir a nomenclatura do sistema HLA só se reuniu
em 1990, deixando claro a necessidade de critérios comuns para a compreensão
dos vários estudos laboratoriais iniciados em 1967 com tipagem sorológica
(BRODNER JG, et al.1997).
Em 1975, pela primeira vez, em comum acordo com as novas especificidades
e com uma bem definida base genética, a região HLA foi descrita no cromossomo 6,
e HLA foi o nome da região, ou sistema, seguido de hífen, e as letras A, B, C, D
designavam os genes dentro do sistema cujos alelos eram por exemplo A1, A2.
Em 1984 ocorreu a primeira grande contribuição da biologia molecular para a
nomenclatura desse sistema. Os genes da região D foram clonados, suas duas
cadeias estruturais identificadas e pôde ser estabelecido um mapa da região. A
nomenclatura DR, DP e DQ foi introduzida e foi sugerido que genes de cadeias
separadas deveriam ser denominados DRA, DRB, etc. Em 1987, foram
reconhecidos e denominados os pseudogenes, e vários alelos unitários definidos por
sorologia foram fracionados pela seqüência de DNA. Dessa forma, somada à
definição de inúmeros novos genes, foi introduzida a nomenclatura que relacionava
a seqüência de DNA com a especificidade sorológica predominante. Por exemplo, os
subtipos B27 tornaram-se B*2701, B*2702, enfatizando os produtos expressos por
esses genes. Desde então foi introduzido o uso do asterisco com o objetivo de
separar o número que define o gene do seu alelo: HLA-DQB1*0602 (HLA região DQ,
cadeia beta1, separação com *, especificidade 06, alelos 02).
1.2.3 A participação dos alelos HLA na manifestação de doenças
A maioria das doenças associadas ao sistema HLA são imunomediadas e
quase sempre autoimunes. Essa descoberta levou à hipótese de que a narcolepsia
poderia ser uma doença autoimune. Vários trabalhos tentaram demonstrar essa
hipótese da autoimunidade, mas ela nunca foi confirmada (MATSUKI et al., 1988;
FREDERICKSON et al.1990; RUBIN et al. 1988).
7
Como a maior parte dos genes do complexo HLA são altamente polimórficos,
as variantes de seus alelos são candidatas em potencial à associação com
susceptibilidade ou proteção a doenças. Antes do estudo direto dos mecanismos
que estão permeando as associações com o complexo HLA, seria necessário
estabelecer quais genes desse complexo seriam primariamente determinantes de
susceptibilidade ou de proteção a doenças. Durante os últimos 25 anos, diferentes
associações entre doenças e HLA foram identificadas, e em muitas destas a
associação com o HLA é fraca ou fortuita. Em outras, ao contrário, a associação com
o HLA é tão forte que elas, muito provavelmente, são o resultado do envolvimento
direto de certos genes HLA na patogênese da doença. A espondilite anquilosante,
por exemplo, praticamente nunca ocorre em indivíduos que não possuem a molécula
HLA-B27. O gene (ou genes) que codifica a doença associada à molécula HLA
é(são) provavelmente o(s) mais envolvido(s) nessa doença. Contudo, o grande
polimorfismo existente no local do gene HLA e muitos de seus alelos, quase sempre
juntos, geram haplótipos HLA, a já referida combinação particular de alelos de HLA
num único complexo gene HLA. Em função desse fenômeno, ocorre grande
dificuldade quando se tenta estabelecer qual gene HLA está primariamente
envolvido com a doença estudada, como ocorre na narcolepsia. O sistema HLA,
portanto, não é o único fator decisivo na manifestação das diversas doenças a elas
associadas, constituindo apenas um fator de risco. Em muitas doenças foi possível
determinar quais as partes de genes classe II teriam maior importância, algumas
vezes por queda da posição de um só aminoácido.
A observação dos efeitos do complexo homozigótico e dos componentes
heterozigóticos é coerente ao afirmar que HLA-DR e HLA-DQ estão primariamente
envolvidos na susceptibilidade à doença.
1.2.4. Susceptibilidade do HLA e influência étnica na narcolepsia
A observação de que DQB1*0602 homozigótico aumenta a chance de
narcolepsia nos leva a explorar se outro HLA classe II pode conferir algum risco.
No início da década de 80, Juji et al. (1984) mostraram que 100% dos
pacientes narcolépticos japoneses estudados compartilhavam uma mesma região
8
cromossômica do sistema de antígenos leucocitários humanos, o HLA-DR2,
enquanto que apenas 30% dos controles sadios a apresentavam. Essa descoberta
foi confirmada por pesquisadores britânicos (LANGDON et al.1984). alemães
(MUELLER-ECKARDT et al.1986), franceses (BILIARD et al.1985) e canadenses
(POIRIER et al. 1986).
Hong SC, et al (2000) afirmaram que desde 84 tem sido mostrada a
associação da narcolepsia-cataplexia com HLA-DR2 em vários grupos étnicos e que
o HLA DQB1*0602 está presente entre 85% a 100% dos pacientes narcolépticos
com cataplexia versus controles, 25% caucasianos americanos, 38% afro-
americanos e 12% japoneses.
Alguns anos mais tarde, um estudo que incluía em grupo de afro-americanos
(nos quais o alelo HLA-DR2 era um fraco marcador para a narcolepsia) mostrou que,
na verdade, a associação com o alelo DQB1*0602 (MATSUKI et al.1992) da região
DQ do HLA era mais forte do que a associação com alelo DR2, determinando, dessa
forma, definitivamente, o alelo DQB1*0602 como o marcador biológico na região do
HLA para a narcolepsia.
Ellis et al. (1997) fizeram uma busca por genes associados à narcolepsia na
região do HLA que poderiam estar localizados próximos ao alelo DQB*0602,
utilizando marcadores microssatélites, mas sem sucesso, concluindo que, naquela
região, o HLA-DQB1 era realmente o gene que estava associado à narcolepsia.
Mignot et al. (1997) mostraram que 85% a 95% dos pacientes narcolépticos
que apresentam cataplexia grave eram positivos para o alelo HLA-DQB1*0602,
enquanto que somente 40% a 60% dos não catapléticos eram positivos, e
aproximadamente 24% dos controles normais, dependendo da etnia, também o
apresentavam. Esse teste molecular mostrou-se bastante sensível, porém com baixa
especificidade.
Hohjoj H, et al. (2000) investigaram o genótipo do HLA-DRB1 e HLA-B em 149
japoneses narcolépticos e 199 indivíduos saudáveis, resultando: 100% do pacientes
positivos para DRB1*1501 e DQB1*0602, contra somente 20 dos 199 controles.
Mignot E, Lin L (2001)
estudaram três grupos étnicos, sendo 1087 controles e
420 narcolépticos com cataplexia. Todos os pacientes foram positivos para HLA-
DQA1*0102 e DQB1*0602. Foi observada forte predisposição nos homozigóticos
9
DQB1*0602 em todos os grupos étnicos. O risco relativo para narcolepsia foi
calculado para os heterozigóticos DQB1*0602 em combinação com outro alelo HLA
classe II. Dentre eles, estão: DQB1*0301, DQA1*06, DQB1*04, DRB1*08, DRB1*11
e DRB1*12.
DRB1*15, DQA1*0102 e DQB1*0602 estão significativamente aumentados na
narcolepsia nos três grupos étnicos. DRB1*11 está aumentado nos afro-americanos.
DRB1*15 e DQB1*0602 estão associados a narcolepsia em japoneses e
americanos.
Segundo Mignot, 15% dos japoneses narcolépticos são homozigóticos para
DRB1*1501-DQA1*0102-DQB1*0602, comparados com 0.4% da população geral.
Outra associação nos japoneses é com DRB1*12-DQA1*06-DQB1*0301. O
haplótipo DQB1*0602/DQB1*0301 aumenta o risco de narcolepsia nos três grupos.
Outros alelos que conferem susceptibilidade à narcolepsia são: DRB1*08, DRB1*11,
DRB1*12, DQA1*0501, DRB1*04 e DQB1*0301 (efeito primário).
Observou-se nos três grupos étnicos um risco aumentado de doença com
DQB1*0301 associado a alguns haplótipos, sugerindo um efeito primário. São eles:
DRB1*11-DQA1*05/ DRB1*12-DQA1*06/ DRB1*12-DQA1*05/ DRB1*04-DQA1*03
associados ao DQB1*0301.
DRB1*04 e DQB1*08 apresentam grande efeito na susceptibilidade à
narcolepsia. O efeito do DRB1*04 é observado nos japoneses e nos americanos
brancos porém não nos afro-americanos .
Ling Lin publicou um artigo de revisão em 2001, esclarecendo que, desde
1992, já se demonstrava que nos caucasianos e japoneses o DQB1*0602 tem
ligação com DRB1*1501 e nos afro-americanos a associação se faz com DR2, DR5
e DR6. O alelo de maior susceptibilidade à narcolepsia em todos os grupos étnicos é
o DQB1*0602; 88 a 98% dos pacientes com cataplexia o positivos. Outro alelo
com forte susceptibilidade é o HLA-DQA1*0102.
Nos pacientes sem cataplexia a associação com HLA DR2 e DQB1*0602 é
baixa (40%), sugerindo heterogeneidade na doença e um efeito direto da gravidade
e ocorrência de cataplexia com esse alelo. Cem por cento dos pacientes
narcolépticos-catapléticos apresentaram HLA-DQA1*0102-DQB1*0602. Essa
combinação está presente em 12-38% da população controle de vários grupos
10
étnicos. HLA-DQB1*0602 homozigótico aumenta de duas a quatro vezes o risco de
desenvolvimento de narcolepsia nos americanos. A homozigozidade aumenta a
suscetibilidade em todos os grupos étnicos (PELIN Z et al. 1998).
Rogers AE, et al. (1997) estudaram 188 narcolépticos-catapléticos a partir de
amostra de 777 narcolépticos. Análise estatística dividiu a amostra em gênero, etnia,
história de cataplexia e achados MSLT. O resultado do DRB1*15 como marcador
para narcolepsia foi positivo em 80% dos investigados. Não houve associação com
gênero ou com MSLT. Quanto à etnia, os negros são menos prevalentes que os
demais para DRB1*15. Da amostra, 87% apresentaram DQB1* 0602 positivo, não
havendo diferença entre os grupos. Cerca de 80% dos pacientes com cataplexia
típica apresentavam DRB1*15, em contraste com 50% dos que tinham
manifestações atípicas. Observaram também que, até o momento, a narcolepsia não
está associada a nenhum autoanticorpo, banda oligoclonal no LCR, aumento do
VHS, proteína C reativa ou mudanças CD4/CD8, manifestações presentes nas
desordens autoimunes.
Casos familiares são exceção e gêmeos monozigóticos apresentam
concordância parcial de 25% a 31 %, sugerindo efeitos ambientais associados à
disposição genética específica.
A etnia influencia na freqüência de DRB1*15. Somente 67% dos pacientes
negros apresentaram esse marcador, comparados a 85% dos asiáticos e 95% dos
caucasianos. O estudo de Rogers et al. confirmou a positividade para DQB1*0602
em todos os grupos étnicos.
A prevalência da narcolepsia em brancos é de 0.02-0.04% e de 1-2% nos
parentes de primeiro grau, indicando um aumento no risco de 20-40 vezes. A
prevalência nos japoneses é de 0.16% e, em parentes de primeiro grau, é de 1.1%
(TASHIRO T et al.1994). Em função da prevalência nessa população ser
superestimada, o risco relativo cai quando analisamos os parentes.
1.2.5. Alelos que conferem proteção a narcolepsia
A freqüência do B52 nos pacientes narcolépticos foi significativamente baixa
quando comparada aos controles, sugerindo que os haplótipos HLA-B52-
11
DRB1*1502 contribuem para proteção da doença, ao contrário do haplótipo HLA-
B35-DRB1*1501 que se apresentou aumentado nos pacientes quando comparado
aos controles. Os haplótipos carreando DRB1*1502-DQB1*0601 apresentaram
associação negativa à narcolepsia, o que aponta para a hipótese de esse haplótipo
também conferir proteção. (HOHJOJ H et al.2000).
Outros alelos, como DQB1*0601, DQB1*0501 e DQA1*01, se destacam como
protetores. DQB1*0601 (efeito primário)/DQB1*0602 heterozigotos conferem baixo
risco para narcolepsia, assim como DQB1*0501, DRB1*01, DQA1*0103 e
DRB1*1502. (MIGNOT E, LIN L et al. 2001)
1.2.6 Associação da Narcolepsia com HLA Classe III
Hohjoj H et al. (2001) compararam pacientes narcolépticos com indivíduos
saudáveis que possuíam, ambos HLA DRB1*1501 e DQB1*0602 e investigaram a
expressão do fator de necrose tumoral (TNFalfa) e do receptor 2 (TNFR2). A
população examinada foi de japoneses, moradores de Tókio, Japão; os controles
foram 149 narcolépticos e 450 indivíduos saudáveis. Dos 450 indivíduos, 83
apresentavam DRB1*1501 e DQB1*0602 positivos. Foram observadas diferenças
significativas (p=0.0036) na freqüência do alelo DRB1*1502 entre os pacientes
(0.7%) e os controles (8.4%), demonstrando que esse alelo confere proteção para
narcolepsia humana. Avaliando-se o TNFalfa, observou-se que 10 dos 149
pacientes eram homozigóticos e não houve nenhum homozigoto para TNFalfa nos
controles HLA DRB1*1501 e DQB1*0602 positivos, concluindo-se que esse dado
aumenta a predisposição para narcolepsia. Examinando-se o gene TNFR2, 30% dos
pacientes tinham esse alelo positivo, contra 20% dos indivíduos saudáveis (p=0.11).
Pesquisada a combinação entre TNFalfa e TNFR2 e susceptibilidade da
doença, observou-se que 16% dos doentes tinham ambos positivos, contra somente
4.8% dos controles, sendo essa diferença expressiva (p=0.0076), dado relevante
para o diagnóstico da doença.
Estudos que se estendem a genes localizados no HLA classe III observaram
significativa associação do TNFalfa com narcolepsia. (LING L 2001).
12
1.3. Narcolepsia e hipocretina
Outro marcador biológico fundamental para a ajuda no diagnóstico etiológico
da narcolepsia é a hipocretina (Hctr), um neuropeptídeo hipotalâmico que se
apresenta ausente ou com níveis baixos no líquido cefaloraquieano de pacientes
narcolépticos (NISHINO et al., 2000). Da mesma forma que a positividade para o
alelo DQB1*0602, tem correlação com a ausência da Hctr no LCR e é mais
freqüente quando a cataplexia está presente entre os sintomas apresentados pelo
paciente (90%). Ao contrário, a maioria dos pacientes negativos para o alelo
DQB1*0602 apresenta níveis normais da Hctr, sugerindo um mecanismo
fisiopatológico comum (MIGNOT E et al. 2001).
Finalmente em 1998, a descoberta das hipocretinas (De LACEA et al. 1998 e
SAKURAL et al., 1998) veio esclarecer qual a causa da narcolepsia tanto em cães
como em humanos. As hipocretinas, também conhecidas como orexinas (Ox), o
dois neuropeptídeos (Hcrt-1 e Hcrt-2) expressos unicamente na região lateral do
hipotálamo, e foi inicialmente proposto um envolvimento destes com a regulação do
comportamento alimentar (OLAFSDOTTIR BR,et al.2001,ESPANA et al.2002).
Ling L et al.(1999),
no seu artigo de revisão ponderou que nos cães
dobermans e labradores a desordem é geneticamente transmitida de forma
autossômica recessiva singular com o gene carnic-1. Quando o animal é
homozigótico, exibe toda a síndrome, inclusive com cataplexia, fragmentação do
sono e sonolência excessiva diurna. O receptor 2 da Hcrt tanto pode sofrer uma
mutação como pode haver falta do precursor pré-prohipocretina. Esse resultado
indica que a anormalidade na hipocretina como no seu receptor pode induzir
narcolepsia nos animais. Essa alteração foi descrita após vários anos de estudos
com os animais da colônia de cães narcolépticos da Universidade de Stanford.
Em contraste com modelo animal, a narcolepsia humana não é uma simples
desordem genética envolvendo mutação nos genes do sistema hipocretinérgico de
neurotransmissão, mas foi demonstrado que o RNAm para Hcrt não está presente
nos cérebros de pacientes narcolépticos, indicando a falta da proteína (PERYON et
al. 2000). Além disso, Nishino et al. (2000), seis meses após, estudou 38 pacientes
13
narcolépticos e a dosagem da Hcrt-1 no LCR foi indetectável em 32, deduzindo que
a neurotransmissão da hipocretina é deficiente na maioria dos casos de narcolepsia.
Assim, no ano de 2000, foi esclarecida a etiologia da narcolepsia.
Mais recentemente, em 2005, Black JL et al. testaram a reatividade de IgG a
préprohipocretina em humanos narcolépticos-catapléticos, DQB1*0602 positivos,
mas essa hipótese não foi confirmada.
Overeem S,et al., 2002 observaram que um terço dos pacientes narcolépticos
eram obesos, com índice de massa corporal maior que 30 kg/m
2
provavelmente
estes índices se devem a deficiência da hipocretina que teria a função na regulação
do balanço energético, uma função autonômica e envolvimentos neuroendócrinos.
1.4. Diagnóstico da narcolepsia
Os critérios diagnósticos para narcolepsia segundo o ICSD (International
Classification of Sleep Disorders) são listados na Tabela 1.
Os critérios nimos para estabelecimento do diagnóstico da narcolepsia
segundo o ICSD o o 1+2 ou 1+3+4+6. Então, de acordo com esses critérios, o
paciente precisa apresentar, além de sonolência excessiva por pelo menos três
meses (1), a cataplexia (2) ou pelo menos uma das anormalidades do sono REM (3)
(alucinações hipnagógicas e paralisia do sono) associada a no mínimo dois
parâmetros polissonográficos (4) (latência de sono menor que 10 min, de sono REM
menor que 20 min, média das latências do TLMS menor que 5 min, e dois ou mais
episódios de sono REM durante o TLMS).
O diagnóstico da narcolepsia, segundo os critérios vigentes, pode gerar uma
série de dificuldades geralmente em função de a sintomatologia da doença não ser
exuberante o bastante para facilitar essa tarefa para os clínicos.
Até a presente data não existe um consenso sobre um padrão ouro para o
diagnóstico de narcolepsia no mundo.
Mais recentemente, a Academia Americana de Distúrbios de Sono publicou a
nova classificação dos distúrbios do sono, 2005, que classifica a narcolepsia dentro
das hipersonias de origem central e a divide em: narcolepsia com cataplexia (Tabela
14
2); narcolepsia sem cataplexia (Tabela 3); narcolepsia em função da condição
médica e narcolepsia inespecífica.
Tabela 1. Critérios diagnósticos para narcolepsia segundo ICSD, 1997.
1. Sonolência excessiva diurna ou ataques de sono recorrentes por pelo menos três meses.
2. Cataplexia (episódios breves de perda bilateral súbita do tono muscular, mais
freqüentemente em associação com intensa emoção).
3. Características associadas (pelo menos uma):
- Alucinações hipnagógicas
- Paralisia do sono
- Sono noturno fragmentado
4. Parâmetros Polissonográficos (pelo menos dois)
- Latência de sono menor que dez minutos
- Latência de sono REM menor que 20 minutos
Teste de Múltiplas Latências do sono (TLMS):
- Média das latências menos que cinco minutos
- Dois ou mais episódios de sono REM
5. Presença do alelo do HLA DQB1*0602
6. O distúrbio não ser devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de outra
condição médica qualquer.
Fonte: ICSD.
Os critérios para estabelecimento do diagnóstico de narcolepsia devem incluir
os itens A+B+C+D.
Tabela 2. Critério diagnóstico para narcolepsia com cataplexia. ICSD, 2005.
A.Sonolência excessiva diurna diariamente por pelo menos três meses.
B. História definitiva de cataplexia (episódios breves e transitórios de perda bilateral súbita
do tono muscular, mais freqüentemente em associação com intensa emoção e a
consciência esta preservada pelo menos o início do episódio).
C. Pode haver confirmação com Polissonografia noturna seguida de Teste de Múltiplas
Latências do sono (TLMS) com média da latência de sono menor ou igual a oito minutos e
dois ou mais episódios de sono REM.
- Níveis de hipocretina-1 diminuídos no líquido céfaloraquiano (<110pg/ml ou 1/3 da média
15
dos valores dos controles normais)
D. A hipersonia não pode ser explicada por outra desordem do sono, médica, neurológica,
mental, pelo uso de substâncias ou medicações.
Fonte: ICSD 2005.
Tabela 3. Critério diagnóstico para Narcolepsia sem Cataplexia. ICSD 2005.
A. Sonolência excessiva diurna diariamente por pelo menos três meses.
B. Cataplexia típica não está presente, embora cataplexia duvidosa ou atípica possa ocorrer.
C. Deve haver confirmação com Polissonografia noturna (mínimo 6h de duração) seguida de
Teste de Múltiplas Latências do sono (TLMS) com média da latência de sono menor ou igual
a oito minutos e dois ou mais episódios de sono REM
D. A hipersonia não pode ser explicada por outra desordem do sono, médica, neurológica,
mental, pelo uso de substâncias ou medicações.
Fonte: ICSD 2005.
Algumas condições clínicas podem gerar um diagnóstico de narcolepsia
secundária genuína, com ou sem cataplexia. Tumores ou sarcoidose na região
hipotalâmina, esclerose múltipla com desmielinização no hipotálamo, síndrome
paraneoplásica com anticorpos anti-Ma2, doença de Neiman-Pick tipo C, Síndrome
de Coffin-Lowry o algumas desordens que podem gerar narcolepsia secundária
com as mesmas manifestações clínicas e neurofisiológicas, porém explicadas por
uma causa específica.
1.4.1. Sonolência excessiva diurna
O sintoma mais consistente da narcolepsia é a sonolência excessiva diurna,
que é um sintoma inespecífico definido como uma sonolência que ocorre em
situações que o indivíduo deveria estar acordado e alerta. É caracterizado por
episódios de cochilos durante todo o dia, de curta duração, seguido de despertares
nos quais o paciente sente-se descansado, porém, duas a três horas após,
novamente, recomeçam as queixas de sonolência.
A ICSD também divide sonolência em:
Sonolência leve Presente somente nos momentos de descanso ou quando
pouca atenção é necessária. Exemplos: deitado numa sala silenciosa, vendo TV,
16
lendo ou viajando como passageiro. Não pode ser diária. Produz mínimo prejuízo
social ou ocupacional.
TLMS= 10 a 15 min e pode ser observado em indivíduos normais.
Sonolência moderada Episódios de sono diários que ocorrem durante
atividades que exijam esforço físico leve ou um grau moderado de atenção.
Exemplos: dirigindo, assistindo a um concerto, cinemas, teatros. Produz um prejuízo
social ou ocupacional moderado.
TLMS= 5 a 10 min.
Sonolência Acentuada Diariamente em momentos de atividades sicas que
necessitem atenção baixa a moderada. Exemplos: comendo, conversando com
alguém, dirigindo, caminhando. Produz marcado prejuízo da função social e
ocupacional.
TLMS= <5 min.
Merecem destaque alguns acidentes conhecidos gerando catástrofes
ocupacionais envolvendo trabalhadores de turnos: Chernobyl, Three mile island,
Exxon Vadez com derramamento de óleo.
Nos narcolépticos a sonolência costuma ser acentuada com episódios de sono
irresistível, chamados de ataques de sono que podem ocorrem em situações não
usuais como: comendo, caminhando, dirigindo e, ocasionalmente, sintomas de
automatismo podem ser relatados pelo paciente que realiza uma atividade, porém
não há lembrança de como aconteceu.
Duas escalas validadas são utilizadas universalmente para avaliar, de forma
subjetiva, sonolência diurna. Uma é a Escala de Sonolência de Stanfort (SSS),
descrita em 1972, que se caracteriza por avaliar sonolência em um único momento.
A outra é a Escala de Sonolência de Epworth (ESE), descrita por Johns Murray em
1991 na Austrália, que analisa a chance de cochilar em oito situações diferentes e
as respostas variam numa escala de 0 a 3 pontos e, portanto, com escore mínimo de
0 e máximo de 24 .
17
Escala de Sonolência Diurna de Epworth
Qual a probabilidade de você cochilar ou adormecer nas situações que são
apresentadas a seguir, em contraste de estar se sentido simplesmente cansada?
Isso diz respeito ao seu modo de vida atual. Ainda que você não tenha feito ou
passado por nenhuma dessas situações, tente calcular como seria. Utilizando a
escala apresentada, mais apropriada para cada situação.
0=nenhuma chance de cochilar. 1=pequena chance de cochilar.
2=moderada chance de cochilar. 3=alta chance de cochilar.
Situação . chance de cochilar
Sentado e lendo ______________________________________
Vendo televisão_______________________________________
Sentado em local publico (sala de espera, ponto, teatro)________
Como passageiro de carro ou ônibus, andando 1h sem parar____
Deitado à tarde, quando as circunstâncias permitem___________
Sentado e conversando com alguém_______________________
Sentado calmamente após o almoço sem tomar álcool_________
Se você estiver de carro, enquanto pára por alguns min. No trânsito-
total ____
1.4.2. Alucinações hipnagógicas ou hipnopômpicas
Alucinações hipnagógicas, mais comuns, ou hipnopômpicas são reportadas
por 2/3 dos pacientes com narcolepsia e ocorrem, pelo menos, uma vez por semana
em metade dos pacientes. Pode ser queixa isolada em 13 a 37% da população em
geral (OHAYON MM et al.1996). Na maioria das vezes é visual e pode ser uma
imagem parada ou um sonho vívido em movimento, colorida ou em preto e branco,
tais como pessoa ou animais próximos ou deitados na cama.
18
1.4.3. Paralisia do sono
Paralisia do sono é definida como episódios de incapacidade de se
movimentar no momento que esta adormecendo ou, mais freqüentemente, quando
está acordando. Ocorre em quase 60% dos narcolépticos, porém sua freqüência
varia (ALDRICH 1990). Pode também apresentar sintomas autonômicos, sensação
de sufocamento, tremor nos olhos, dormência nas extremidades. Estes sintomas
costumam durar até 10 min.
1.4.4. Cataplexia
A cataplexia é a perda súbita do tônus muscular desencadeada por emoções
tais como, susto, riso, choro e é a única manifestação patognomônica de
narcolepsia. O paciente refere que os olhos fecham, os joelhos fletem, há dificuldade
em pronunciar sons, queda da maxila, inclinação da cabeça, queda dos braços. A
severidade dos sintomas é variável, porém a maioria dos ataques dura menos que
um minuto e somente 1/3 dos pacientes caem ao chão. Geralmente permanecem
conscientes, embora possam estar sonhando ou tendo alucinações. Em algumas
circunstâncias, pode ser difícil diferenciá-la de respostas autonômicas, epilepsias,
automatismos e distúrbios conversivos.
1.4.5. Critérios para narcolepsia segundo Silber MH
Um novo critério diagnóstico, clínico e neurofisiológico para narcolepsia foi
desenvolvido usando quatro categorias, segundo Silber MH et al. (2002).
Tabela 4. Critérios diagnósticos de Narcolepsia, segundo Silber MH (2002).
CATEGORIA A: NARCOLEPSIA DEFINIDA
História de sonolência excessiva diurna
História de cataplexia (fraqueza bilateral de curta duração após emoção)
TLMS com média de latências do sono < 8 min
TLMS com 2 ou mais SOREMPS ou 1 no TLMS e 1 na polissonografia noturna
IAH < 10/H na polissonografia
19
(as três últimas podem ser substituídas caso o médico presencie uma cataplexia ou que possa ser
visto numa gravação)
CATEGORIA B: PROVÁVEL NARCOLEPSIA (CONFIRMAÇÃO LABORATORIAL)
Subgrupo B1
História de sonolência excessiva diurna
História de cataplexia (fraqueza bilateral de curta duração após emoção)
TLMS com média de latências do sono < 8 min
TLMS com 1 ou menos SOREMPS no TLMS ou na polissonografia noturna
IAH < 10/H na polissonografia
Subgrupo B2
História de sonolência excessiva diurna
Ausência de história de cataplexia (fraqueza bilateral de curta duração após emoção)
TLMS com média de latências do sono < 8 min
TLMS com 2 ou mais SOREMPS ou 1 no TLMS e 1 na polissonografia noturna
IAH < 10/H na polissonografia
CATEGORIA B: PROVÁVEL NARCOLEPSIA (CLÍNICA)
História de sonolência excessiva diurna
História de cataplexia (fraqueza bilateral de curta duração após emoção)
Estudo do sono inadequado ou ausente
Fonte: SILBER MH (2002).
Tabela 5. Correlação de Cataplexia com alterações do sono (Silber MH, 2002).
CATEGORIA CATAPLEXIA LATÊNCIA DO SONO PERÍODOS DE SOREM
A SIM SIM SIM
B1 SIM SIM NÃO
B2 NÃO SIM SIM
C SIM NÃO NÃO
Fonte: SILBER MH (2002).
Por não haver um padrão ouro para o diagnóstico clínico da narcolepsia, pelo
critério convencional ser de difícil manejo e o padronizado nos diversos estudos,
propôs-se esse novo critério para aumentar o grau de certeza diagnóstica.
Não se incluiram nesse estudo alucinações hipnagógicas ou hipnopômpica
pela ocorrência em 37 e 13%, respectivamente, na população geral e em 43% dos
pacientes com hipersonia idiopática. A paralisia do sono também está presente em
40% dos pacientes com hiperssonia idiopática, não sendo também valorizada
(OHAYON et al. 1996 e BASSETTI et al. 1997).
20
Apesar dos vários critérios e escalas de sonolência propostas para o
diagnóstico da narcolepsia, a tétrade clássica dos sintomas pode gerar confusão
para o profissional de saúde, dificultando um diagnóstico preciso.
Bassetti et al. (2003) propôs um método mais abrangente, que utiliza
parâmetros, outros, comparados aos critérios vigentes aplicados em pacientes com
SED. Foram utilizados parâmetros clínicos, escalas de sonolência (ESE e a
Ullaninna Narcolepsy Scale) e TLMS que, quando usados, mostraram-se pouco
específicos para o diagnóstico. Mais de 50% dos pacientes tinham IMC > que 25
Kg/m
2
independente da etiologia da hipersonolência. A hipocretina foi dosada do
LCR e apresentou níveis mais baixos nos pacientes com narcolepsia-cataplexia que
outras hipersonolências, definindo ser um teste com alta sensibilidade para esse
distúrbio de sono.
Novas ferramentas moleculares, como o estudo da susceptibilidade do HLA e
a dosagem da hipocretina no LCR, tornaram-se de grande importância para
confirmação diagnóstica no paciente com SED.
1.5. Diagnóstico neurofisiológico da narcolepsia
Por meio de alguns métodos neurofisiológicos podemos, de forma objetiva,
confirmar o diagnóstico da narcolepsia.
Rechtchaffen e Kales (1968) publicaram o manual com terminologias,
técnicas e sistema de estagiamento de sono para humanos, e o uso clínico da
polissonografia ganhou terreno a partir da década de 80 com o desenvolvimento da
medicina do sono para se identificar com precisão os distúrbios de sono (ASDA
1997).
1.5.1. Polissonografia
A polissonografia é o registro simultâneo, durante o período noturno de sono,
através de eletrodos e sensores, das seguintes variáveis: eletroencefalograma
(EEG), eletroculograma (EOG), eletromiograma mentoniano (EMG), movimentos do
21
tórax e do abdome, movimentos corpóreos e de pernas, fluxo aéreo,
eletrocardiograma (ECG), roncograma, saturação da oxi-hemoglobina, entre outras.
Através do EEG, EOG, EMG pode-se determinar as diferentes fases do sono,
que variam de fase I até fase V (sono REM), as proporções entre o sono e a vigília, o
tempo para iniciar o sono ou para atingir o sono REM (latências), os despertares e
microdespertares. Esse exame está indicado em toda e qualquer queixa de
sonolência diurna e, por meio dessas inúmeras variáveis analisadas, é capaz de
diagnosticar diversos distúrbios intrínsecos do sono, destacando como principais: a
síndrome da apnéia/hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS), a síndrome dos
movimentos periódicos de pernas (SPLM) e a síndrome da resistência das vias
aéreas superiores (SRVAS), excluir ou pelo menos sugerir outros distúrbios de sono.
A polissonografia poderá mostrar uma latência para o sono e para o sono REM
diminuída e sono fragmentado (ASDA 1997). A eficiência do sono (tempo total de
sono/tempo total de vigília) poderá estar diminuída pelos despertares após início do
sono. Outros achados como: a SAHOS, presente em 6% dos pacientes
narcolépticos (GUILLEMINAULT C 1977), PLM (COLEMAN RM 1982) e distúrbio
comportamental do sono REM podem estar presentes (CHUL HONG 2000).
1.5.2. Teste de Latências Múltiplas do Sono (TLMS)
O TLMS foi formalizado em 1977 por Carskadon e Dement, para avaliar a
sonolência em jovens privados de sono que posteriormente foi extrapolado para
pacientes narcolépticos quando observaram a correlação entre início de sono e
períodos de REM (SOREMP). Em 1986, os mesmo autores definiram o TLMS como
padrão ouro para determinação objetiva de sonolência. Foi então em 1992 que se
realizou um consenso e desenvolveu-se um protocolo de pesquisa.
O TLMS mede a tendência fisiológica ao sono na ausência de fatores de alerta.
O teste é influenciado por mudanças ambientais, fatores internos como: temperatura,
luz, barulho, motivação (ansiedade, stress, depressão), privação de sono, uso de
sedativos ou estimulantes, idade, ritmo circadiano (AASM 2005).
22
Protocolo
Protocolo segundo a força tarefa do comitê da Academia Americana de
Distúrbios do Sono, realizada em 2005:
Cinco oportunidades de sono com intervalo de 2 horas. Iniciar 1.5 a 3 horas
após ter despertado da noite de sono;
Realizar na manhã seguinte à polissonografia noturna;
O quarto deve permanecer escuro durante o teste e a temperatura confortável
para o paciente;
Medicações estimulantes ou que suprimam REM devem ser descontinuadas
duas semanas antes. Tabaco, cafeína e atividade física vigorosa devem ser
evitados no dia do exame;
Café da manhã é recomendado antes do início do exame e um almoço leve
imediatamente após o segundo teste;
Técnica experiente conduzindo o teste;
Montagem convencional EEG (C3-A4,C4-A1,O1-A2,O2-A1); EOG direito e
esquerdo; ECG; EMG;
Bio-calibração;
Orientações ao paciente em cada oportunidade de sono: deitar numa posição
confortável, manter os olhos fechados e tentar dormir;
Entre os testes o paciente permanece fora da cama;
Cada oportunidade terá duração de até 20 minutos, caso o paciente não
durma;
O teste deve continuar por mais 15 minutos após a primeira época de sono.
Interpretação
O MSLT deve incluir nos dados: a hora de início e final de cada
oportunidade, as latências de sono, a média das latências e o número de
REMs;
O início do sono é definido quando aparece em uma única época com 30
segundos, qualquer estágio de sono;
23
Caso o paciente não durma naquela oportunidade, a latência de sono é
registrada como 20 minutos;
Deve-se calcular a média das latências do sono;
A latência de REM é calculada do momento da primeira época do sono até
o início da primeira época de REM;
Para preencher critérios para narcolepsia deve haver pelo menos o
aparecimento de REM em duas oportunidades.
Indicações
Uma das principais indicações para a realização do TLMS é a confirmação
diagnóstica e a avaliação da gravidade da Narcolepsia. É realizado antes do uso de
drogas estimulantes. Cerca de 80% dos pacientes narcolépticos terão latência do
sono <5 min e 2 SOREMPs
1.5.3. Teste de Manutenção da Vigília (TMV)
Em 1982 foi desenvolvido o TMV que mede a habilidade de permanecer
acordado por um definido período de tempo. A relevância clínica do TMV é baseada
na premissa de que a violação da habilidade de ficar acordada promove importante
informação sobre o alerta e sobre a resposta a intervenções. Estudos mostram
importante diferença nos valores das médias das latências de indivíduos normais
comparados a narcolépticos (MITLER et al.1982).
Protocolo
Protocolo segundo a força tarefa do comitê da Academia Americana de
Distúrbios do Sono realizada em 2005:
São recomendadas quatro avaliações com duração de 40 minutos cada, com
intervalo de 2 horas, sendo o primeiro 1.5 a 3horas após o paciente ter
acordado;
Pode ou não ser precedido da PSG;
24
O quarto não deve sofrer interferência da luz externa e a temperatura deve
estar confortável para o paciente;
O paciente deve permanecer sentado com as costas e a cabeça recostadas
não deixando o queixo flexionado ou estendido;
Tabaco, cafeína e medicações que não sejam objetos de estudo devem ser
evitados;
Café da manhã é recomendado antes do início do exame e um almoço leve
imediatamente após o segundo teste;
Deve ser acompanhado por técnica de sono experiente;
Montagem convencional EEG (C3-A4,C4-A1,O1-A2,O2-A1); EOG direito e
esquerdo; ECG; EMG;
Bio-calibração;
Orientações ao paciente em cada teste: “mantenha-se acordado o máximo de
tempo possível, olhe para frente, não procure a luz, não fique se
movimentando ou cantando para tentar ficar acordado”;
Entre os testes o paciente permanece fora da cama (cadeira).
Interpretação
O TMV deve incluir nos dados: a hora de início e final de cada teste, as
latências de sono, a média das latências, o tempo total de sono e estágios
de sono atingidos em cada teste;
O início do sono é definido quando aparece em uma única época com 30
segundos, qualquer estágio de sono;
O teste termina após 40 minutos caso o paciente não durma ou após
apresentar três consecutivas épocas do estágio 1 ou uma época de
qualquer outro estágio;
59% dos indivíduos assintomáticos permanecem acordados nos testes
após 40 min;
A média das latências de sono <8 min é considerada anormal.
25
Indicações
Avaliar a habilidade de permanecer acordado, quando essa queixa
compromete a segurança pessoal ou pública;
Resposta ao tratamento farmacológico proposto.
Tabela 6. Diferença entre o TLMS e o TMV.
POSIÇÃO
OLHOS
QUARTO
ÂNGULO CABEÇA
ORDEM
TLMS Deitado Fechados Escuro Travesseiro Dormir
TMV Sentado Abertos Penumbra Recostado Ficar acordado
Fonte: A AUTORA
Vários estudos desde 1992 tentam comparar os resultados dos questionários
e dos testes descritos acima, por meio de várias pesquisas com pacientes
narcolépticos, com o objetivo de determinar qual é o mais sensível e mais específico
para funcionar como o padrão ouro para o diagnóstico.
Recentemente foi publicado um artigo de revisão sobre o uso clínico do TLMS
e o TMV realizado por uma Força Tarefa do Comitê da AASM, 2005. Os autores
selecionaram 2195 abstracts relevantes, destes, por grande dificuldade na seleção
em função ou de erros metodológicos ou omissão de dados relevantes ou critérios
de seleção, participaram da revisão 778 artigos.
O uso de questionários no lugar da polissonografia para o screening de
distúrbios do sono pode resultar em erros de diagnóstico.
Enfocando a narcolepsia, foram comparadas as latências do sono de
narcolépticos e controles havendo diferenças significativas. A dia de latência do
sono (MLS) dos narcolépticos foi 3.1 + 2.9 min com o limite tradicional de 5 min. Não
observou-se que 16% de pacientes narcolépticos podem ter latências maiores
como também 16% de controles normais podem ter resultados dentro deste limite.
SOREMPs são muito comuns nos pacientes com narcolepsia, porém não é
exclusividade da narcolepsia, podendo ocorrer na SAHOS. Nos pacientes
narcolépticos, a sensibilidade e a especificidade para ocorrerem 2 SOREMPs é de
78% e 93%, respectivamente. Estudos mostram um aumento na especificidade do
TLMS quando aparecem 2 ou mais SOREMPs para o diagnóstico de narcolepsia.
26
Houve diferença estatística quando se comparou a média das latências para o
estudo do TLMS com quatro oportunidades que teve resultado de 10.4 + 4.3 min,
enquanto que para cinco oportunidades foi de 11.6 + 5.2 min.
O TMV apresentou média de latência de sono de 35.2 + 7.8 min nos estudos
com 40 min de duração em indivíduos saudáveis. Em outros estudos, com etapas
com somente 20 minutos de duração, a média da latência cai para 18.8 + 3.3 min.
O uso de um tempo maior para o TMV torna a distribuição mais real porque
poucos indivíduos receberam como escore o tempo máximo de 40 min.
Dodhrammji K, Mitler MM, Sangal RB et al. (1997) obtiveram para o TMV
resultados de MLS de 6 min + 4.8 para pacientes narcolépticos e para normais 18.7
+ 2.6 min.
A idade pode ser uma variável importante nos resultados das latências. Os
mesmos autores mostraram um aumento na latência do sono em aproximadamente
2.5 minutos por década no TMV.
A normatização da média da latência do sono no TLMS ficou definida como 10
min, o sendo usado desvio padrão em função da faixa extensa de valores (2 a 19
min).
1.6. Diagnóstico Diferencial
Havendo a presença de cataplexia, o diagnóstico de narcolepsia independe do
resultado de qualquer outro teste.
A sonolência pode ser causada por várias outras condições como: sono
insuficiente induzido comportamentalmente, privação de sono, distúrbio do sono
ambiental, problemas respiratórios noturnos, movimentos periódicos de membros
(MPP). A presença de outras desordens de sono não afastam, completamente, o
diagnóstico de narcolepsia sem cataplexia.
Hipersonia recorrente produz SED com períodos de alerta normal entre os
episódios de sono. Hipersonia idiopática (CHOO KL et al.1998) difere da narcolepsia
pela ausência de características REM-relacionadas descritas na Tabela 7.
27
Tabela 7. Diagnóstico diferencial entre narcolepsia e hipersonia idiopática.
Narcolepsia Hipersonia Idiopática
Sonolência ou fraqueza muscular súbita Sonolência e prolongados episódios de sono
Recorrentes cochilos diurnos ou ataques de
sono
Sono noturno e cochilos diurnos prolongados
Acorda descansado Continua cansado
Cataplexia presente Cataplexia ausente
Alucinações hipnagógicas, paralisia do
sono, sono fragmentado
Não apresenta alucinações hipnagógicas,
paralisia do sono e sono fragmentado
PSG: Latência para o sono e para REM
curtas
PSG: Latência do sono <10min, Latência para
REM normal e TTS aumentado
TLMS: MLS=3.1+2.9 min, 2 SOREMP TLMS: 6.2+3.0 min, < 2 SOREMP
Fonte: CHOO Kl,et al.(1998)
Abreviações: PSG= polissonografia; TTS= tempo total de sono; TLMS= teste de latências
múltiplas do sono
Também pode ocorrer em desordens médicas e neurológicas e efeitos
colaterais de medicações. Simulação tem que ser considerada em pacientes que
mascaram os sintomas para obterem medicações estimulantes do SNC.
Tabela 8. Síntese dos marcos na pesquisa da narcolepsia.
1877 Primeira descrição na literatura médica
1880 Gelineau chamou a desordem de “narcolepsia”
1902 Loewenfeld acrescentou o termo “cataplexia”
1935 Primeiro uso de anfetamina no tratamento
1960 Descrição de períodos de REM no início do sono
1970 Descrição do teste de latências múltiplas do sono
1973 Primeiro relato de narcolepsia em cães
1983 Associação da narcolepsia com HLA-DR2
1985 Desbalanço monoaminérgico e colinérgico na narcolepsia
1992 Associação da narcolepsia com HLA-DQB1*0602
1998 Identificação da hipocretina/orexina e seus receptores
1999 Mutação da hipcretina causa narcolepsia em cães e ratos
2000 Narcolepsia humana é também associada com deficiência de hipocretina
Fonte: MIGNOT E.(2001)
28
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos Gerais
Estudo das variáveis clínicas, do sono e do HLA classe II -DR -DQ em
pacientes brasileiros narcolépticos.
2.2 Objetivos Específicos
1. Investigar a freqüência de narcolepsia em demanda espontânea de pacientes
que buscam atendimento para distúrbios de sono.
2. Investigar a idade de início, o sexo e o índice de massa corporal nesta série
de pacientes.
3. Investigar a freqüência de aparecimento dos sintomas associados a
narcolepsia.
4. Avaliar a sensibilidade e especificidade da Escala de Sonolência de Epworth,
como medida quantitativa subjetiva, para o diagnóstico de narcolepsia.
5. Descrever as variáveis observadas na polissonografia da noite inteira na série
estudada.
6. Determinar o diagnóstico objetivo de narcolepsia pelo Teste de Latências
Múltiplas do Sono (TLMS).
7. Avaliar a habilidade do Teste de Manutenção da Vigília (TMV) na manutenção
do estado de alerta.
8. Comparar os valores obtidos na aplicação da Escala de Sonolência de
Epworth, nos TLMS e nos TMV com os valores encontrados em outras séries.
9. Identificar a presença dos alelos HLA dos loci DRB1, DQA1 e DQB1
sabidamente de risco para narcolepsia na série estudada.
10. Avaliar a freqüência do haplótipo DR2 e a associação alélica DRB1*1501,
DQA1*0102 e DQB1*0602 com narcolepsia nos grupos étnicos.
29
11. Avaliar a associação do haplótipo DR2 com cataplexia.
12. Correlacionar cataplexia com a presença do alelo DQB1*0602.
13. Identificar, nesta série, alelos que conferem proteção para narcolepsia.
14. Classificar pelos critérios de Silber esta série de pacientes.
30
3. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi avaliado e aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa
do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (HUGG-UNI-RIO), em 30 de setembro de 2005, de acordo com
a legislação vigente .
3.1. Desenho do estudo
Estudo clínico tranversal. O desenho do estudo obedeceu às normas do
código de ética do Conselho Federal de Medicina (Anexo I).
3.2. Seleção de pacientes
Utilizando um sistema de prontuário eletrônico do ambulatório de distúrbios do
sono da Clínica Neurológica Carlos Bacelar, localizada na Rua São Francisco
Xavier, nº XX, Rio de Janeiro-RJ, onde são atendidos, em média, 250 pacientes com
queixas de distúrbios de sono por mês, tendo cadastrado 15000 pacientes desde o
ano de 2000, foram selecionados, no período de janeiro de 2004 a agosto de 2005,
19 pacientes com narcolepsia, naturais da cidade do Rio de Janeiro.
Todos os pacientes foram convidados a participar deste estudo.
3.3. Critérios de inclusão
3.3.1. Avaliação clínica e critérios diagnósticos
As anamneses e os exames clínicos foram realizados sempre por pelo autor.
Todos foram investigados quanto a outras causas possíveis de ataques de
sonolência incluindo: distúrbios autonômicos, epilepsia, transtornos do humor, outros
distúrbios intrínsecos do sono, causas médicas.
31
Os pacientes foram incluídos quando classificados de acordo com os critérios
da Classificação Internacional dos Distúrbios de Sono, 1997, protocolados e
acompanhados no ambulatório conforme a terapêutica instituída.
3.3.2 . Questionários de sono
Foram aplicados dois questionários de sono validados: a Escala de
Sonolência de Epworth que tem escore variando de 0 a 24 (descrita na Introdução) e
um questionário geral de sono que foi utilizado em teses de doutorado apresentadas
na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP (1988, 1996, 1998) (Anexo II).
3.3.3. Consentimento informado
Após assinarem consentimento informado, amostras de sangue foram obtidas
para estudo genético, armazenadas em tubos de 5 ml misturadas ao anticoagulante
EDTA e congeladas a -20° C (Anexo III).
3.4. Critérios de exclusão
Foram excluídos todos os pacientes que, apesar de preencherem critérios
para narcolepsia, havia na história ou nos exames neurofisiológicos outras causas
que justificassem a sonolência. Também foram excluídos pacientes que estavam
utilizando sedativos ou drogas excitantes do SNC, lícitas ou ilícitas, que abusavam
de álcool ou que trabalhavam em turnos.
3.5. Exames Neurofisiológicos
Todos os exames neurofisiológicos necessários para este estudo foram
realizados no Laboratório de Sono situado nas dependências da Clínica Carlos
Bacelar.
32
O equipamento utilizado foi o mesmo para todos os pacientes e as
especificações da aparelhagem são: POLIGRAFIO BRAINNET BNT
R
36 V 4.0.
Os pacientes não estavam em uso de nenhuma medicação que pudessem
interferir no padrão de sono no período que estavam sendo testados.
3.5.1. Polissonografia
O primeiro exame neurofisiológico realizado nesses pacientes foi a
polissonografia. Eram admitidos no laboratório de sono às 20h e o exame tinha início
na hora habitual de sono de cada paciente, obedecendo a um mínimo de sete horas
de registro.
Foram colocados eletrodos no escalpo (F3,F4,C3,C4,T3,T4,O1,02,A1,A2,CZ),
oculares (OC1,OC2), no queixo para EMG, nas tíbias, no tórax para registro do
ECG, cânula de pressão nasal, cinta torácica e abdominal, sensor de ronco e
oxímetro para a monitorização contínua durante toda a noite. Optou-se por mais
canais de registro de EEG para afastar atividade epileptiforme durante o registro.
Para o estagiamento foi padronizado que as épocas teriam 30’. A latência do
sono foi definida com o aparecimento de três épocas consecutivas de estágio 1 ou
uma época em qualquer outro estágio (II, III, IV ou REM) ( RECHTCHAFFEN e
KALES, 1968).
Com esse exame obteve-se de cada paciente: a latência do sono, a latência
para REM, a eficiência do sono, as porcentagens dos diversos estágios do sono, o
número de microdespertares, o índice de apnéia/hipopnéia do sono e de
movimentos periódicos de membros inferiores, roncos, arritmia cardíaca e a
saturação de oxigênio (AASM, 1999).
3.5.2. TLMS
Logo na manhã seguinte à polissonografia, todos os pacientes foram
submetidos a esse teste, sendo dadas cinco oportunidades de sono, com duração
de 20 minutos cada uma e com intervalo entre elas de duas horas. Foram colocadas
33
montagens padrão para o EEG, EOG e EMG e foi pedido aos pacientes que
tentassem dormir seguindo todo o protocolo preconizado pela AASM, 2005.
Obteve-se de cada paciente a latência do sono em cada etapa (primeira época
de qualquer estágio de sono), a média das latências de sono e o número de inícios
de sono REM (SOREMP) atingidos.
3.5.3. TMV
Dos 19 pacientes protocolados, somente 7 aceitaram realizar o TMV. O
principal motivo da recusa foi a necessidade de descontinuar o tratamento que
muitos já haviam iniciado logo após o diagnóstico.
Os pacientes foram instruídos a chegarem ao laboratório de sono 1:30 a 2
horas após terem acordado para o início do TLMS. Foram utilizadas as mesmas
montagens do TLMS. Foram realizadas quatro testagens com duração de 40 min
cada e intervalo entre elas de 2 horas.
3.6. Estudo Genético
Todos os pacientes consentiram a coleta da amostra de sangue.
Em função da limitação do envio do material para Málaga, Espanha, apenas 12
das 19 coletas puderam ser analisadas.
3.6.1. Preparação do DNA
As amostras de sangue periférico ficaram armazenadas num freezer seguro na
própria clínica por cerca de um mês até o momento de serem transportadas para o
Laboratório de Imunologia do Hospital Universitário Carlos Haya, em Málaga. As
amostras foram retiradas do freezer três horas antes do embarque para a Espanha e
34
imediatamente condicionadas e transportadas em caixa térmica de isopor contendo
cerca de dez quilos de neve carbônica. Foram cumpridos os procedimentos
necessários junto à Vigilância Sanitária do aeroporto internacional do Rio de Janeiro.
Após cerca de 12 horas de viagem, as amostras de sangue periférico chegaram ao
seu destino e foram retiradas da caixa térmica no Laboratório do Hospital
Universitário Carlos Haya.
O DNA foi extraído das amostras de 5 ml de sangue periférico total misturadas
previamente ao anticoagulante EDTA, congeladas a 20
0
C, de acordo com o
protocolo de amplificação sugerido pela preparação comercial INNOGENETICS N.V.
As amostras de sangue foram misturadas a 0.5 ml de solução tampão (20 mM Tris-
HCL, pH 7.5 contendo 5 mM MgCl
2
), num tubo Eppendorf estéril de 1.5 ml;
misturado e centrifugado a 13X g por 20 segundos, removido o sobrenadante com
pipeta Pasteur e resuspenso em 1 ml de PBS, seguindo-se nova centrifugação
1300X g por 20 segundos, com remoção do sobrenadante e resuspensão em 0.5 ml
de tampão com detergentes não iônicos e Proteinase K; seguida de incubação por 1
hora a 60
0
C, e depois por mais 10 minutos a 95
0
C para desnaturar a Proteinase K.
Em seguida, utilizou-se 2.5 µl da preparação de DNA para amplificação numa
reação com volume total de 50 µl e o restante da preparação de DNA foi
armazenada a – 80
0
C.
3.6.2. Tipagem genômica para genes HLA-classe II DQB e DRB
A tipagem dos genes HLA classe II, DRB1, DQA1 e DQB1 foi realizada com
amplificação de DNA por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR), utilizando
o método de seqüência específica de oligonucleotídeo (SSO) (SAIKI RK et al.,
1989). As preparações comerciais INNO-LiPA-INNOGENETICS para testes de
tipagem HLA são baseadas no princípio da hibridização reversa (BUYSE I et al.,
1993).
35
gem HLA (INNOGENETICS).
Figura 3. Princípio da hibridização reversa no teste INNO-LiPA HLA para tipagem HLA
(INNOGENETICS).
Tabela IX. Definição sorológica e distribuição de alelos HLA DQB. Nomenclatura para alelos soro
definidos do sistema HLA.
HLA DQB soro-definido Alelos HLA DQB
Diferenciados por
INNO-LiPA DQB
DQ2 DQB1*0201, -02
DQ7 (3)
DQ8 (3)
DQ9 (3)
DQ7 (3)
-
DQB1*0301
DQB1*0302
DQB1*03032
DQB1*0304
DQB1*0305
DQ4
DQ4
DQB1*0401
DQB1*0402
DQ5 (1)
DQ5 (1)
DQ5 (1)
DQ5 (1)
DQB1*0501
DQB1*0502
DQB1*05031
DQB1*05032
DQB1*0504
DQ6 (1)
DQ6 (1)
DQ6 (1)
DQ6 (1)
DQ6 (1)
DQ6 (1)
DQ6 (1)
-
-
-
-
DQB1*06011
DQB1*06012
DQB1*0602
DQB1*0603
DQB1*0604
DQB1*06051
DQB1*06052
DQB1*0606
DQB1*0607
DQB1*0608
DQB1*0609
Fonte: BODMER et al., 1995.
36
Tabela X. Definição sorológica e diferenciação de alelos HLA DRB. Nomenclatura para alelos soro
definidos do sistema HLA.
HLA DRB
Soro definido
Alelos HLA DRB
diferenciados pelo
INNO-LiPA DRB
HLA DRB
Soro definido
Alelos HLA DRB diferenciados pelo
INNO-LiPA DRB
DR1
DR1
DR103
DR1
DRB1*0101
DRB1*0102
DRB1*0103
DRB1*0104
DR13 (6)
DR13 (6)
DR13 (6)
DR13 (6)
DR13 (6)
DR13 (6)
-
DR13 (6)
-
DR13 (6)
DR13 (6)
-
DR13 (6)
-
-
-
-
-
DRB1*1301
DRB1*1302
DRB1*1303
DRB1*1304
DRB1*1305
DRB1*1306
DRB1*1307
DRB1*1308
DRB1*1309
DRB1*1310
DRB1*1311
DRB1*1312
DRB1*1313
DRB1*1314
DRB1*1315
DRB1*1316
DRB1*1317
DRB1*1319
DR15 (2)
DR15 (2)
DRB1*1501, -03, -04
DRB1*15021, -022
DR14 (6)
DR14 (6)
DR1403
DR1404
DR14 (6)
DR14 (6)
DR14 (6)
DR14 (6)
DR14 (6)
-
-
-
-
-
-
-
DRB1*1401
DRB1*1402
DRB1*1403
DRB1*1404
DRB1*1405
DRB1*1406
DRB1*1407
DRB1*1408
DRB1*1409
DRB1*1410
DRB1*1411
DRB1*1412
DRB1*1413
DRB1*1414
DRB1*1415
DRB1*1416
DRB1*1417
DRB1*1418
DR16 (2)
DR16 (2)
DR2
DR16 (2)
DRB1*1601
DRB1*1602, -05
DRB1*1603, -06
DRB1*1604
DR7 DRB1*0701
DR17 (3)
DR17 (3)
DR18 (3)
DR18 (3)
DR3
DR3
DRB1*03011
DRB1*03012
DRB1*0302
DRB1*0303
DRB1*0304
DRB1*0305
DR8
DR8
DR8
DR8
DR8
DR8
DR8
DR8
DR8
DRB1*0801
DRB1*08021,-022,-07,-09,-11
DRB1*08031, -032
DRB1*08041
DRB1*08042
DRB1*0805
DRB1*0806
DRB1*0808
DRB1*0810
DR4 DRB1*0401,-16,-21 DR9 DRB1*09011, -012
37
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DR4
DRB1*0402
DRB1*0403, -06
DRB1*0404
DRB1*0405
DRB1*0407, -20
DRB1*0408, -19
DRB1*0409
DRB1*0410
DRB1*0411
DRB1*0412
DRB1*0413
DRB1*0414
DRB1*0415
DRB1*0416
DRB1*0417
DRB1*0418
DRB1*0422
DR11 (5)
DR11 (5)
DR11 (5)
DR11 (5)
DR11 (5)
DR11 (5)
-
DR11 (5)
DR11 (5)
-
DR11 (5)
-
DR11 (5)
-
-
-
DRB1*11011, -012,-10,-12
DRB1*1102
DRB1*1103
DRB1*1104, 042
DRB1*1105
DRB1*1106
DRB1*1107
DRB1*11081,-082,19
DRB1*1109
DRB1*1110
DRB1*1111
DRB1*1113
DRB1*1114
DRB1*1115
DRB1*1116
DRB1*1117
DRB1*1118
DR10 DRB1*1001
DR12 (5)
DR12 (5)
DR12 (5)
DR12 (5)
DR12 (5)
DRB1*1201
DRB1*12021
DRB1*12022
DRB1*12031
DRB1*12032
DR52
DR52
DR52
DR52
DRB3*0101
DRB3*0201
DRB3*0202
DRB3*0301
DR53
DR53
DRB4*01011, -03
DRB4*0102
DR51
DR51
DR51
DR51
`DRB5*0101
DRB5*0102
DRB5*0201, -02
DRB5*0203
Fonte: Bodmer et al., 1995.
38
3.6.3. Tipagem genômica para genes HLA-classe II DQA1
Para o locus DQA1 foi utilizada a técnica PCR-SSP (sondas ou primers de
seqüência específica) do kit industrial DYNAL. Nessa técnica, cada amostra é
testada com uma bateria de misturas de doadores específicos e cada uma dessas
misturas amplifica vários alelos de um determinado locus.
3.7. Análise estatística
Os dados foram apresentados de forma descritiva em médias e desvios
padrão.
A freqüência de ocorrência dos resultados foi apresentada em valores
absolutos e porcentagens.
As diferenças observadas entre os dois grupos formados, com e sem
manifestação cataplética, foram analisadas por meio dos testes Qui-quadrado e t
student.
39
4. RESULTADOS
4.1. Caracterização da série de pacientes
a) Idade: A média de idade dos pacientes foi 36 +16.97 anos. A média de idade de
início da narcolepsia foi 16 + 8.16 anos.
b) Sexo: Dos 19 pacientes incluídos, 12 (63.2%) eram mulheres e 07 (36.8%) eram
homens.
c) Etnia: 74% dos pacientes eram brancos e 26% pardos.
d) Índice de massa corporal: peso (kg)/ altura(m)
2
variou de 17.9 a 34.6 kg/m
2
, sendo
que 8 pacientes apresentaram IMC normal, 7 enquadraram-se como sobrepeso e
somente 3 como obesidade leve.
Tabela XI. Freqüência por sexo, média de idade no momento da inclusão no estudo e média de
idade de início dos sintomas.
Sexo
feminino (%)
masculino (%)
Média de idade
(range)
Média de idade de
início narcolepsia
(range)
Total
Pacientes
12(63.2)
07(36.8)
36
(18-72)
16
(12-36)
19
40
Gráfico I. IMC dos 19 pacientes narcolépticos.
4.2. Questionários aplicados
a) Análise da sonolência através da Escala de sonolência de Epworth (ESE):
Mostrou que todos os pacientes apresentavam pontuações acima da normalidade e
que 93.7% tinham escores iguais ou maiores que 16 pontos. A média da pontuação
foi de 18.94 + 2.48.
b) Alucinações hipnagógicas: Dos 19 pacientes, 15 (79%) queixavam-se desse
sintoma e somente 4 não referiram (21%).
c) Paralisia do sono: 12 pacientes apresentavam paralisia do sono (63.2%) e 7 não
referiram (36.8%).
d) Cataplexia: A série estudada mostrou percentual semelhante para cataplexia, com
10 pacientes (52.7%) apresentando essa manifestação, contra 9 (47.3%) que não
apresentaram.
e) Tétrade completa: Dos 19 pacientes, 6 (31%) apresentaram os quatro sintomas
clássicos deste distúrbio de sono.
f) Resposta quanto ao tempo que acha que demora para dormir: Os depoimentos
variaram de 1min a 10 minutos, com média de 7+ 6.49 minutos.
IMC < 18.5
5%
IMC 18.5 a 24.9
42%
IMC 25 a 29.9
37%
IMC 30 A 34.9
16%
IMC < 18.5 IMC 18.5 a 24.9 IMC 25 a 29.9 IMC 30 A 34.9
41
g) Quanto ao questionamento de quantas vezes acordam durante a noite: as
respostas variaram desde nenhuma até 10 vezes com média de 2 + 2.9 vezes.
h) Referiram sono insatisfatório 84.3% dos pacientes e três (15.7%) o reclamaram
do sono noturno.
i) Quando questionados por quanto tempo achavam que realmente dormiam as
respostas variaram entre 4 a 11 horas de sono com média de 6:42 + 1: 47 horas.
j) Os cochilos diurnos ocorreram em uma média de 2.5 + 1.8 vezes por dia.
4.3. Polissonografia da noite inteira
a) Latência para início do sono: média de 12’40” e mediana de 11’ (DP= 8.2).
b) Latência para o início do sono REM: média de 46 minutos (DP=29)
c) Eficiência do sono: média de 81% (DP= 12.78)
d) Número de microdespertares: variou de 10 a 26/h e a média de número de
microdespertares foi 16.5/h (DP=5.5).
e) Número de apnéias/hipopnéias do sono/h: variou de 0 a 13 eventos/h, a média foi
de 6/h (DP=4) e a mediana foi de 5/h (valor normal). Dos 19 pacientes estudados, 9
apresentaram IAH maior do que 5 e menor do que 15, preenchendo critérios para
apnéia/hipopnéia obstrutiva de grau leve e o restante apresentou índices normais.
f) Presença de MPP: somente 3 pacientes apresentaram MPP (15.7%).
g) Presença de roncos: Dos 19 pacientes, 13 apresentaram roncos de intensidade e
freqüências variáveis (84.3%).
42
h) Saturação da oxihemoglobina e o eletrocardiograma: não apresentaram
anormalidade em nenhum paciente.
Tabela XII. Resultados dos parâmetros analisados na polissonografia.
Parâmetro analisado Tempo
% N
0
de
eventos/hora
Desvio Padrão
Latência do sono
(média)
12’40” 8.2
Latência para REM
(média)
46’ 29
Eficiência do Sono 81 0.1
IAH/h (média) 6 4
PLM 15.7
Microdespertares/h
(média)
16.5 5.5
Abreviações usadas: REM = Rapid eye moviment; IAH = Índice de apnéia/hipopnéia; PLM= movi-
mento periódico dos membros
4.4. Teste de Latência Múltipla do Sono
a) A média de tempo para o início do sono foi de 3’17” + 2.09.
b) Análise dos períodos de sono REM (SOREMP): uma paciente não atingiu dois
períodos de sono REM. Os demais pacientes apresentaram dois ou mais episódios
de sono REM. A média dos SOREMP foi 2.2 + 0.6 vezes
4.5. Teste de Manutenção da Vigília
a) A média das latências para o início do sono foi de 11’48”+ 4.8.
43
b) A ocorrência de SOREMP foi de 1.4 + 0.7 vezes.
4.6. Comparação dos resultados da ESE, do TLMS e do TMV encontrados na
nossa série com valores da literatura
Tabela XIII. Resultados da ESE, dos TLMS e dos TMV da série analisada.
NOME EPWORTH TLMS
(média -min)
REM
TLMS
(vezes)
LAT TMV
(média-min)
REM TMV
(vezes)
1 JMCP 20 6 3 11 2
2 PBCJ 20 5 2 7 2
3 DMR 20 1'20" 2 8 1
4 DFA 21 1'30" 4 9 2
5 MGSOD 20 2 2 17 1
6 GPB 21 2 2
7 MEALF 15 7 3 20 0
8 APFS 18 2 2
9 MCT 21 1 2
10 ECLG 16 5 2
11 VLSS 16 2 2
12 AR 23 7 2 11 2
13 VMSL 19 1'30" 2
14 BRM 22 1 2
15 MG 17 2'30" 2
16 MAS 22 1' 50" 2
17 BA 16 4' 1
18 ACVC 17 6' 3
19 DMKNK 16 4' 2
Abreviações usadas: ESE= Escala de sonolência de Epworth; TLMS= Teste de latência múltipla
do sono; TMV= Teste de manutenção da vigília
Na nossa série, todos os pacientes apresentaram queixas de sonolência diurna
importante com pontuações acima da normalidade pela ESE (>10 pontos) e mais
ainda, em 93,7% dos pacientes, essa pontuação atingiu valores maiores ou iguais a
16 pontos (Tabela XIII).
44
Johns, 2000 definiu como valores normais para a escala 4.6 + 2.8 e, nesse
mesmo estudo, os valores determinados para pacientes narcolépticos foram de 17.7
+ 3.8 com uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 97% quando o cut-off
foi maior que 14 pontos.
Analisando a média de tempo para o início do sono, encontramos 3’17” + 2.09. A
AASM, 2005 definiu que a média de latência do sono esperada nos pacientes
narcolépticos é de 3.1 + 2.9 min, com o limite tradicional de 5 min e os valores
considerados normais são: 11.5 + 5 min (IC 95%= 10.7-12.2).
Todos os pacientes, a exceção de um, apresentaram 2 ou mais registros de sono
REM no TLMS. Aldrich MS et al., 1997 mostraram uma sensibilidade de 78% e
especificidade de 93% para o diagnóstico de narcolepsia quando ocorrem 2 ou mais
SOREMP no TLMS.
A média da latência do sono no TMV realizada em 7 pacientes foi de 11’48”+
4.8, utilizando o protocolo da AASM, 2005 que recomenda que cada avaliação tenha
duração de 40 minutos. Dodhrammji K, Mitler MM, Sangal RB et al (1997) obtiveram
para o TMV resultados de MLS de 6 + 4.8 min para pacientes narcolépticos e para
normais 18.7 + 2.6 min porém, a duração de cada avaliação foi de apenas 20 min.
Esses mesmos autores também realizaram o TMV utilizando uma duração de 40
minutos para cada avaliação e verificaram uma média de latência de sono de 35.2 +
7.8 min em indivíduos saudáveis normais. Nenhum grupo controle teve SOREMP
nesse teste enquanto que a dia de SOREMP para pacientes narcolépticos foi de
3.2 + 2 segundo Mitler MM,1982.
4.7. Estudo Genético
a) HLA-DRB1, DQA1 e DQB1: A distribuição de alelos e haplótipos HLA DRB1,
DQA1 e DQB1 na série de 12 pacientes pode ser vista nas tabelas abaixo:
Tabela XIV. Distribuição dos Alelos HLA DRB1, DQA1 e DQB1.
PACIENTES DRB1
Alelo 1
DRB1
Alelo 2
DQA1
Alelo 1
DQA1
Alelo 2
DQB1
Alelo 1
DQB1
Alelo 2
JMCP *1501 *1505 *0102 *0102 *0602 *0602
PBCJ *0801 *0802 *0401 *0401 *0402 *0402
45
DMR *0301 *07 *0501 *0201 *0201 *0202
DFA *1501 *1608 *0102 *0102 *0602 *0502
MGSOD *0403 *1302 *0301 *0102 *0302 *0604
GPB *0101 *0403 *0101 *0301 *0501 *0304
MEALF *04 *1501 *0301 *0102 *0202 *0602
APFS *04 *12 *0301 *0301 *0202 *0302
MCT *1302 *1501 *0102 *0102 *0604 *0602
ECLG *0401 *0441 *0301 *0301 *0301 *0302
VLSS *0102 *0301 *0101 *0501 *0501 *0201
AR *07 *1501 *0201 *0102 *0202 *0602
Tabela XV. Distribuição dos haplótipos HLA DRB1, DQA1 e DQB1.
PACIENTES HAPLÓTIPO 1 HAPLÓTIPO 2
JMCP DRB1*1501 DQA1*0102 DQB1*0602 DRB1*1505 DQA1*0102 DQB1*0602
PBCJ DRB1*0801 DQA1*0401 DQB1*0402 DRB1*0802 DQA1*0401 DQB1*0402
DMR DRB1*0301 DQA1*0501 DQB1*0201 DRB1*07 DQA1*0201 DQB1*0202
DFA DRB1*1501 DQA1*0102 DQB1*0602 DRB1*1608 DQA1*0102 DQB1*0502
MGSOD DRB1*0403 DQA1*0301 DQB1*0302 DRB1*1302 DQA1*0102 DQB1*0604
GPB DRB1*0101 DQA1*0101 DQB1*0501 DRB1*0403 DQA1*0301 DQB1*0304
MEALF DRB1*04 DQA1*0301 DQB1*0202 DRB1*1501 DQA1*0102 DQB1*0602
APFS DRB1*04 DQA1*0301 DQB1*0202 DRB1*12 DQA1*0301 DQB1*0302
MCT DRB1*1302 DQA1*0102 DQB1*0604 DRB1*1501 DQA1*0102 DQB1*0602
ECLG DRB1*0401 DQA1*0301 DQB1*0301 DRB1*0441 DQA1*0301 DQB1*0302
VLSS DRB1*0102 DQA1*0101 DQB1*0501 DRB1*0301 DQA1*0501 DQB1*0201
AR DRB1*07 DQA1*0201 DQB1*0202 DRB1*1501 DQA1*0102 DQB1*0602
Os resultados da distribuição de alelos HLA das regiões DRB1, DQA1 e DQB1
mostrados na Tabela 11, revelam que entre os 12 pacientes estudados, cinco
apresentaram o haplótipo DR2 (41.6%). Nenhum deles foi homozigótico para DR2.
b) Distribuição quanto aos alelos de susceptibilidade para a narcolepsia
Tabela XVI. Alelos de risco para narcolepsia.
PACIENTES DRB1 DQA1 DQB1
46
JMCP *1501 *0102 Homo *0602 Homo
PBCJ *08 - *04 Homo
DMR - *0501 -
DFA *1501 *0102 Homo *0602
MGSOD *04 *0102 -
GPB *04 - -
MEALF *04/*1501 *0102 *0602
APFS *04 /*12 - -
MCT *1501 *0102 Homo *0602
ECLG *04 - *0301
VLSS - *0501 -
AR *1501 *0102 *0602
Os resultados da distribuição de alelos HLA das regiões DRB1, DQA1 e DQB1
mostrados na Tabela XVI revelam que os 12 pacientes estudados apresentaram um
ou mais alelos associados à susceptibilidade à narcolepsia.
c) Distribuição quanto aos alelos que conferem proteção para narcolepsia
Tabela XVII. Alelos protetores da narcolepsia.
PACIENTES DRB1 DQA1 DQB1
GPB *0101 *0101 *0501
VLSS *0102 *0101 *0501
Dos quatro pacientes que apresentaram um alelo associado à susceptibilidade à
narcolepsia, dois deles mostraram a presença de alelos de proteção a narcolepsia
em todas as regiões investigadas (Tabela XVII).
4.8. Critérios diagnósticos segundo Silber MH (2002)
Os 19 pacientes incluídos no presente estudo preencheram principalmente as
categorias A (47.3%) e B2 (47.3%) para o diagnóstico de narcolepsia. Desses 19, 12
pacientes foram analisados quanto à presença de alelos HLA DRB1, DQA1 e DQB1.
A presença do alelo HLA DQB1*0602 entre esses 12 pacientes foi de 41.6%
(n=5), (Tabela XVIII).
47
Tabela XVIII. Categorias clínicas segundo critérios de Silber, et al. 2002
CATEGORIAS Número (%) DQB1*0602 + (%)
A 9(47.3) 4(33.3)
B1 1(5.2) 0(0.0 )
B2 9(47.3) 1(8.3)
C 0(0.0 ) 0(0.0)
TOTAL 19 12
4.9. Comparação de características demográficas, HLA DQB1*0602 e cataplexia
Tabela XIX. Correlação de cataplexia com características clínicas, polissonográficas e HLA.
CATAPLEXIA POSITIVA CATAPLEXIA NEGATIVA p
DQB1*0602
NEGATIVOS
(n=3)
POSITIVOS
(n=4)
NEGATIVOS
(n=4)
POSITIVOS
(n=1)
0.4
Idade atual
(média)
39a 50a 36a 18a
Idade início
(média)
20a 14a 16a 13a
Sexo
(% homens)
33% 75% 75% 0% 0.62
IMC(kg/m
2
)
(média)
25.8 26.9 25.5 17.9
IAH(eventos/h)
(média)
8 7 7.25 0
PLM
33% 25% 25% 0%
% Brancos
66% 100% 50% 100%
Epworth
(média)
19.3 21.2 18.2 15 0.15
Latência do sono
(média)
2’43” 2’18” 2’45” 7’
Microdespertares/
h
23 16 15 10 0.20
Considerando entre os pacientes narcolépticos manifestações catapléticas, os
12 pacientes foram divididos em dois grupos: grupo de pacientes com manifestações
48
catapléticas e grupo de pacientes narcolépticos sem manifestação cataplética. Nos
dois grupos foram avaliadas a presença do alelo HLA DQB1*0602 (Tabela XIX).
O alelo HLA DQB1*0602 não conferiu associação significativa para o grupo de
pacientes catapléticos (4 versus 1, p>0.05). Os pacientes com a presença do HLA
DQB1*0602, independente da cataplexia, apresentaram tendência à idade de início
mais precoce (média de 13.8 anos para os positivos contra média de 17.8 anos para
os negativos). Considerando o gênero entre esses dois grupos, não foi encontrada
diferença significativa entre a presença de HLA DQB1*0602 e maior freqüência de
homens e mulheres (p>0.05). O número de microdespertares por hora registrado no
estudo polissonográfico no grupo de pacientes com cataplexia foi maior do que no
grupo que apresentava narcolepsia sem eventos catapléticos sem, entretanto,
alcançar diferença estatisticamente significativa .
O IMC e o grau de sonolência avaliado pela ESE apresentaram-se
discretamente mais elevados no grupo de pacientes catapléticos.
A média do IAH não variou entre os pacientes catapléticos e não catapléticos,
destacando que a única paciente HLA DQB1*0602 não cataplética o teve eventos
respiratórios registrados na polissonografia e o mesmo ocorreu quando analisamos a
presença de PLM.
Não houve diferença significativa na média das latências para o início do sono,
porém uma tendência de, no grupo dos catapléticos, esse tempo para iniciar o
sono ser menor.
Considerando a etnia, todos os pacientes HLA DQB1*0602 positivos eram
caucasianos; nenhum afro-descendente da nossa série apresentava esse alelo.
Analisando a presença do alelo DRB1*1501 entre os 12 pacientes, 41.6% dos
pacientes caucasianos apresentaram essa associação, que não ocorreu em nenhum
afro-descendente.
Comparando-se o grupo de catapléticos com o grupo de não catapléticos
observamos que o grau de sonolência medido pela ESE demonstrou uma pontuação
de 20.4 + 1.5 para os catapléticos versus 17.5 + 2.7 para os não catapléticos.
Apesar da uma tendência a maior sonolência no grupo de catapléticos, o número
não foi estatisticamente significativo.
49
5. DISCUSSÃO
A Narcolepsia é uma doença rara (KRIGER, ROTH e DEMENT, 2000) com
prevalência nas populações caucasianas de 0.02-0.04% e de 1-2% nos parentes de
primeiro grau, indicando um aumento no risco de 20-40 vezes. O diagnóstico de
narcolepsia é complexo, requer instrumentos altamente especializados da bateria
neurofisiológica, e está associado atualmente à investigação dos níveis de
hipocretina do LCR. A tétrade clássica para o diagnóstico clínico inclui a sonolência
excessiva diurna, cataplexia, alucinações hipnagógicas e paralisia do sono.
Recentemente foi incluída a fragmentação do sono noturno entre esses critérios. A
narcolepsia é, provavelmente, sub diagnosticada, confundida com síndromes
epilépticas e outras condições neurológicas. O intervalo de tempo entre o
aparecimento do primeiro sintoma e o estabelecimento do diagnóstico é em média
de dez anos e a grande maioria dos pacientes entrevistados (91%) não apresenta a
tétrade clássica de sintomas no início da doença, fator importante para a demora no
estabelecimento do diagnóstico. Entre os principais fatores atribuídos ao longo
intervalo entre o início da doença e o diagnóstico está a ausência de cataplexia
como sintoma inicial (ICSD, 2005).
O presente estudo teve como objetivo avaliar as características clínicas, os
resultados da aplicação de questionários e escalas padronizadas, da
polissonografia, TLMS, TMV e da distribuição de alelos HLA das regiões DRB1,
50
DQA1 e DQB1. O ineditismo deste estudo é a análise da distribuição de alelos HLA
das regiões DRB1, DQA1 e DQB1 em série de pacientes brasileiros narcolépticos.
O número pequeno de pacientes incluídos nessa série, obtido de um arquivo
eletrônico com um número grande de pacientes com distúrbios de sono, mostra que
a narcolepsia é uma doença realmente rara entre uma demanda espontânea de
pacientes que buscam atendimento médico para tratar sonolência diurna. Nossos
resultados mostraram que a média de tempo entre o início da doença e o
diagnóstico de narcolepsia foi de 19.6 anos, duas vezes maior do que encontrado
em outras séries (ICSD, 2005), sugerindo que a narcolepsia pode estar realmente
sendo sub diagnosticada.
A distribuição da idade de início da narcolepsia da nossa rie vem ao
encontro de outras ries, em particular um estudo realizado no Reino Unido que
investigou os pacientes narcolépticos daquele país, por meio de questionários
enviados pelo correio. A idade de aparecimento do primeiro sintoma variou entre 13
e 30 anos (MORRISH et al., 2004). Nos nossos pacientes a média de início dos
primeiros sintomas foi de 16 + 8 anos. A maioria dos entrevistados (54%) no estudo
de Morrish apresentava os quatro sintomas da tétrade e o primeiro a aparecer foi a
SED. O trabalho mostrou que 98% dos pacientes relataram ter a SED versus 93.7%
da nossa série, 73% alucinações hipnagógicas versus 79% da nossa série e 69%
paralisia do sono versus 63% da nossa série. Houve discrepância de dados quando
se avaliou cataplexia, pois nos nossos pacientes 52% referiram manifestações
catapléticas contra 90% do estudo de Morrish. Uma possível explicação foi o
autopreenchimento do questionário sem supervisão de um especialista, condição
fundamental para dar as explicações necessárias, ou exemplificar situações que
possam mimetizar cataplexia.
Apesar de serem queixas bastante freqüentes nos pacientes com narcolepsia e
de sempre fazerem parte dos questionários que avaliam sonolência, as alucinações
hipnagógicas e a paralisia do sono não são queixas exclusivas de narcolepsia,
podendo ocorrer, ocasionalmente, em indivíduos normais. Por esse motivo, uma das
mudanças nos critérios para o diagnóstico de narcolepsia da ICSD de 2005 foi a
exclusão dessas manifestações. Na nossa série, 21% dos pacientes não
apresentaram alucinações hipnagógicas e 37% não sofriam de paralisia do sono.
51
A cataplexia é uma manifestação exclusiva da narcolepsia, porém não o
todos ao pacientes que a manifestam. Acredita-se que apesar da narcolepsia-
cataplexia e da narcolepsia sem cataplexia dividirem a mesma fisiopatologia, essas
condições devem ser etiologicamente heterogêneas (ICSD, 2005).
A sonolência diurna é o sintoma inicial mais freqüente na narcolepsia, mas não
é específico, ocorrendo em muitas outras desordens do sono e em várias condições
médicas. Uma maneira rápida e sem custo para quantificar a sonolência que tem
grande utilidade na prática clínica é a aplicação da ESE. Apesar de ser uma medida
quantitativa de sonolência subjetiva, essa escala avalia sonolência em oito situações
diferentes, comparando a medidas objetivas que, como o TLMS, quantifica a
propensão ao sono em uma única situação. É fundamental a realização do exame
de polissonografia da noite inteira, principalmente como veículo para excluir tantos
outros distúrbios de sono que podem gerar sonolência diurna.
O grande diagnóstico diferencial da narcolepsia é com hipersonia idiopática e
algumas vezes a confirmação diagnóstica se faz quando the clinical association of
EDS and cataplexy, when observed by a physician is pathognomonic of the
narcolepsy syndrome ou com auxílio de exames neurofisiológicos. (CHOO e
GUILLEMINAULT, 1998). Quando perguntamos aos nossos pacientes quanto tempo
achavam que realmente dormiam, a média de tempo foi de 6:42 + 1:47 horas,
diferentemente dos casos de hipersonia primária em que o tempo total de sono
noturno é maior que 10h. Quanto aos cochilos diurnos, esses ocorreram numa
média de 2.5 + 1.8 vezes e associados a relato de que acordavam descansados
após cada cochilo, fato que não ocorre nos casos de hipersonia idiopática ou
secundário à apnéia obstrutiva do sono.
Nossa pontuação mínima na ESE foi de 16 pontos e nossa maior média de
latência para o sono no TLMS foi de 7 min. Nas pontuações acima de 20, a grande
maioria dos pacientes apresentava média de latência de sono menor que 2 min
(83.3%). Chervin et al. (1997) estudaram 60 pacientes com queixas de sonolência e
distintos distúrbios do sono como apnéia, síndrome da resistência das vias aéreas
superiores, MPP e narcolepsia foram diagnosticados, encontrando uma média de
pontuação de 14.2 + 5.9 na ESE e 8.3 + 5.2 min no TLMS. Somente 43% dos
pacientes tiveram uma média de latência do sono < 8min e 73% apresentaram
52
pontuação > 11 na ESE. Comparando os dois testes, observaram que quanto mais
alta foi a pontuação no questionário, maior a correlação com os valores baixos
encontrados nas latências de sono do TLMS. Escores acima de 16 têm alta
correlação com média de latência abaixo de 8 min. Isto se reproduziu
fidedignamente com os nossos resultados. O valor preditivo positivo para a ESE foi
de 80% com pontuações acima de 20, e o valor preditivo negativo foi elevado
somente com escores < 4 (CHERVIN et al., 1997).
Na nossa série de pacientes narcolépticos, 93.7% tinham escores da ESE
iguais ou maiores que 16 pontos com uma média de 18.94 + 2.48 pontos; dados
bastante parecidos com os encontrados por Johns (2000). Outro teste aplicado para
avaliar sonolência foi o TLMS que mostrou sensibilidade de 80.9% e especificidade
de 89.8% quando o nível de corte para a média das latências do sono foi menor que
5 min contra sensibilidade de 94.5%, e sensibilidade de 73.3 % quando o nível de
corte foi um pouco maior (menor que 8 min), mostrando que quanto menor o tempo
que o paciente demora a dormir, menos falso positivo é o teste. Johns (2000)
também tentou determinar qual seria o melhor método para avaliar sonolência diurna
por meio da sensibilidade e da especificidade de cada teste. Os dados encontrados
por esse autor na ESE mostraram que o indivíduo não é considerado sonolento se
sua pontuação variar de 4.6 + 2.8 pontos e que a sensibilidade aumenta na medida
que se aumenta o nível de corte da escala. Pontuações acima de 14 apresentam
uma sensibilidade de 97% e especificidade de 100%. Nos narcolépticos, os valores
encontrados foram 17.7 + 3.8 pontos. Para pacientes narcolépticos, a média das
latências do sono foi de 3.1 + 2.9 min. A média de tempo para o início do sono dos
nossos pacientes foi de 3.17+ 2.09 min, estando de acordo com o consenso para os
pacientes narcolépticos. Contudo, a avaliação subjetiva por meio de questionário
para analisar quanto tempo acreditavam demorar a dormir obteve média foi de 7 +
6.49 minutos, mostrando a importância da realização de testes objetivos para
confirmar sonolência.
Para a realização do TLMS é importante que se cumpra o protocolo do exame
oferecendo cinco oportunidades de sono. Alguns estudos oferecem quatro
oportunidades de sono, comprometendo os resultados e gerando erros
metodológicos que impedem a comparação com o protocolo correto. Ao se comparar
53
estudos com pacientes saudáveis com quatro oportunidades de sono, a média para
latência do sono foi de 10.4 min contra 11.6 min quando oferecidas cinco
oportunidades (p < 0.01) (Força tarefa do Comitê da AASM, 2005).
A presença de dois ou mais SOREMP durante o TLMS é um achado muito
específico para narcolepsia, porém a média da latência do sono menor que 8 min
pode ocorrer em 30% da população normal (ICSD, 2005). A presença de SOREMP
não está diretamente relacionada à narcolepsia nem à existência de cataplexia,
podendo ocorrer em pacientes com SAHOS. A sensibilidade e a especificidade para
ocorrerem dois SOREMP nos pacientes narcolépticos são de 78% e 93%
respectivamente. Quanto maior o número de SOREMP no TLMS, mais grave é a
sonolência e maior é a especificidade para narcolepsia (ARAND et al., 2005).
Segundo os critérios de Silber et al. (2002), 22% dos pacientes enquadram-se na
categoria B2 para o diagnóstico de narcolepsia, apresentando sonolência, porém
sem cataplexia e com dois ou mais períodos de SOREMP no TLMS. A média de
SOREMP no nosso estudo foi de 2.2 + 0.6 vezes. Somente uma paciente não teve
dois ou mais períodos de REM no TLMS, no entanto tinha história de cataplexia
definida. Essa paciente foi protocolada na categoria B1 dos critérios de Silber. O
restante dos pacientes preencheu principalmente as categorias A (47.3%) e B2
(47.3%) para o diagnóstico de narcolepsia.
Neste trabalho também realizamos o TMV em alguns pacientes, não sendo
possível realizar na totalidade por já estarem em uso de medicações estimulantes do
SNC. A maioria dos trabalhos de confirmação diagnóstica para narcolepsia não
realiza esse teste, reservando-se somente à polissonografia e ao TLMS. Esse teste
tem a finalidade de avaliar objetivamente a possibilidade de se permanecer
acordado que, muitas vezes, é mais importante do que saber qual é a chance de
dormir (SANGAL et al.,1992 e 1999). Caso fosse realizado de rotina, principalmente
em motoristas ou em profissões em que o estado de alerta é fundamental,
poderíamos evitar inúmeros acidentes graves. Uma indicação formal para esse
exame é avaliação da resposta terapêutica para ajuste de dose de medicação.
uma grande diferença nos resultados quando se realiza o TMV com etapas
de 20 min ou com etapas de 40 min. Atualmente o protocolo indica a realização do
TMV com etapas de 40 min e a necessidade de um tempo maior é explicada porque
54
poucos indivíduos normais conseguiram ficar acordados até o final. Em
contrapartida, quando cada etapa tinha somente 20 min grande parte dos indivíduos
saudáveis recebia como latência do sono o tempo de 20 min, apesar de
permanecerem acordados até o fim de cada etapa. O grande problema é que, como
essa padronização é muito recente, há poucos trabalhos com essa metodologia.
A latência média do sono normal no TMV com etapas de 20 min foi de 18.4 +
2.6 min, e quando as etapas tinham 40 min foi de 35.2 + 7.8 min. Nos pacientes
narcolépticos, observou-se que a média das latências do sono foi de 6 + 4.8 min em
etapas de 20 min, mostrando uma sensibilidade de 84.3% e uma especificidade de
98.4%, quando o cut-off para média das latências de sono era menor que 12 min
(DOGHRAMJI et al.,1997). Na nossa série, observamos que a média das latências
para o início do sono foi de 11.48 + 4.8 min e ocorreram 1.4 + 0.7 SOREMP, porém
nossos pacientes cumpriram etapas de 40 min cada um, o que, conseqüentemente,
aumentou o tempo observado. Como não dados de literatura para comparamos
com os nossos, podemos apenas ressaltar que os valores apresentados estão
abaixo da metade do tempo observado nos indivíduos saudáveis. Mitler et al., 1998
mostraram uma média de latência para o sono no TMV nos pacientes narcolépticos
de 6.0 + 4.8 min com duração de 20 min cada testagem.
Com o aumento da idade há, normalmente, uma mudança na latência para o
sono de aproximadamente 2.5 min por cada década de vida vista no TMV e 0.6 min
no TLMS (LEVINE et al., 1988). Um quarto dos pacientes narcolépticos sem
cataplexia acima de 36 anos pode apresentar aumento nas latências para início de
sono, podendo até atingir valores normais no TLMS (ICSD, 2005). Os dois pacientes
mais idosos da nossa série foram os que apresentaram maiores médias de latências
para início do sono (6 e 7 min).
Segundo Johns (2000), o TMV é melhor que TLMS para discriminar sonolência
diurna e que a ESE é melhor ainda. Grossman et al. (2004) consideram que o TMV
não contribui muito para o diagnóstico, mas ajuda a determinar implicações
funcionais e em contraste com o TLMS, o TMV avalia efeitos combinados do sistema
da vigília e de sono. Mitler et al. (1998), analisando o TMV, referem que somente
1.5% dos pacientes narcolépticos conseguiram permanecer acordados nos quatro
testes, comparados com 54% dos normais. Dos indivíduos normais, 95% têm média
55
de latência maior do que 12 min contra 14% dos narcolépticos. Esses autores
afirmam que quanto mais grave a cataplexia menor a latência no TMV. A nossa
avaliação demonstrou que realmente as menores latências (menores que 11
minutos) ocorreram em pacientes catapléticos, enquanto que os dois pacientes não-
catapléticos apresentaram médias de latências de 17 e 20 min.
Guilleminault et al. (1977) chamavam atenção para episódios de apnéia
recorrente em pacientes narcolépticos. Estima-se que a concomitância de
narcolepsia e SAHOS esteja presente em 6% dos pacientes com SED. Na ausência
de cataplexia, o tratamento da apnéia deve ser iniciado antes de se estabelecer o
diagnóstico definitivo de narcolepsia. Silber et al. (2002) já aceitam nos seus critérios
a presença de apnéia/hipopnéia obstrutiva do sono, porém com índices menores
que 10/h, considerada apnéia de grau leve. Nossa série apresentou em 31% dos
pacientes um IAH entre 6 e 10/h e 15.7% entre 11 e 15/h, todos preenchendo
critérios para apnéia/hipopnéia obstrutiva de grau leve. (AASM, 1999). Um fator que
exerce influência direta no aparecimento de eventos respiratórios durante o sono é o
peso corporal. Dos 9 pacientes com IAH entre 6 e 15/h, 5 (55.5%) apresentavam
IMC maior que 25 kg/m
2.
. Além disso, nas observações de Oksenberg et al (2004),
um terço dos pacientes narcolépticos têm IMC maior que 30 kg/m
2
, e o que
observamos no nosso estudo foi que 16% dos pacientes tinham obesidade leve
(IMC entre 30 e 34.9 kg/m
2
). Não foi registrada alteração cardíaca nos pacientes
estudados, ou quedas na saturação da oxihemoglobina durante o sono,
considerados marcadores de gravidade quando há distúrbio respiratório do sono.
Analisando o sistema de antígenos leucocitários humanos, observou-se grande
associação da narcolepsia com alguns alelos HLA classe II que, quando presentes,
tornam as manifestações da doença mais grave. Essa hipótese é suportada por
achados de latências curtas de sono em indivíduos HLA positivos para antígenos de
susceptibilidade com a doença que não sofrem de narcolepsia, quando comparados
com pacientes narcolépticos-catapléticos, HLA negativos para esses antígenos. No
último caso, os pacientes apresentam queixas clínicas menos graves, precisando de
emoções fortes para desenvolver o ataque (HONG et al., 2000).
Uma hipótese também testada neste estudo foi se um alelo, ou alelos, nos loci
candidatos DRB1, DQA1 e DQB1, principalmente o haplótipo DR2 (DRB1*1501-
56
DQA1*0102-DQB1*0602), e os alelos DRB1*08, 04, 12, DQA1*0501, DQB1*04,
*0301 estavam presentes nos pacientes brasileiros com narcolepsia. Uma
associação positiva com determinado alelo é, na maioria das vezes, interpretada de
forma a considerar aquele(s) alelo(s) marcado(s) como específico(s) no
desenvolvimento de maior ou menor risco para a doença, ou como resultado da
ligação em desequilíbrio, que pode existir perto do locus ligado à susceptibilidade. A
analise do efeito dos alelos do HLA (DQB1, DQA1 e DRB1) combinados com
DQB1*0602 mostra expressiva influência no aparecimento ou não da narcolepsia. O
risco relativo nos parentes de primeiro grau indica que um efeito genético
adicional envolvido na predisposição à narcolepsia. Existem ainda concretas
diferenças étnicas pelas diversidades de haplótipos DR-DQ.
O estudo das regiões HLA DQA1, DRB1 e DQB1 na nossa série mostrou que
100% dos pacientes apresentaram um ou mais do que um alelo descrito como
associado à susceptibilidade genética à narcolepsia em outras populações
(PLANELLES et al, 1997). Não podemos usar para esses achados a terminologia “os
alelos encontrados conferem susceptibilidade genética à narcolepsia nessa série de
pacientes” pois o presente estudo teve como objetivo investigar a presença de alelos
HLA classe II descritos previamente em associação com narcolepsia, e não os
comparou com indivíduos controles. Os estudos de associação genética, que
permitem conclusões sobre a susceptibilidade genética conferida por determinada(s)
região(ões) genética(s), comparam pacientes e controles saudáveis pareados, o que
será feito como continuidade desta pesquisa. Contudo, a importância dos resultados
encontrados é incontestável, pois inúmeros estudos de associação genética vêm
confirmando a participação dos alelos DRB1*1501-DQA1*0102-DQB1*0602,
DRB1*08-*04-*12-, DQA1* 0501, DQB1*04- e DQB1*0301 com narcolepsia, e
encontrá-los em 100 % dos nossos pacientes é um dado o relevante, mas que
vai ao encontro do observado em outras séries e populações. A repetição de
achados de susceptibilidade genética em diferentes populações reforça essas
associações, e Oksenberg JR (2004) chama atenção para o fato de que esses
estudos devem ser feitos em populações com diferentes características, buscando
associações étnico-dependentes ou não. Na nossa série de pacientes, os resultados
obtidos ganham maior importância, pois até onde sabemos, este é o primeiro estudo
57
dos alelos DRB1*1501-DQA1*0102-DQB1*0602, DRB1*08,*04,*12, DQA1*0501 e
DQB1*04,*0301 em pacientes narcolépticos brasileiros. O presente estudo incluiu,
pela primeira vez, pacientes narcolépticos afro-descendentes brasileiros, que
todas as séries previamente publicadas de associação alélica incluíram pacientes
caucasianos e afro-americanos. A presença de alelos associados previamente à
narcolepsia em população nunca estudada, como a nossa série de pacientes
brasileiros, trouxe aspectos interessantes para discussão. A presença do alelo
DRB1*1501 em narcolépticos japoneses (HOHJOH et al., 2001) e caucasianos está
bem definida. A etnia influencia na freqüência de DRB1*15, e estudos anteriores
mostraram que 67% dos pacientes negros apresentaram essa associação, quando
comparados a 85% dos asiáticos e 95% dos caucasianos. Nenhum paciente afro-
descendente da nossa série foi positivo para o alelo DRB1*1501, alelo sabidamente
associado a populações caucasianas independente de associação com doença
(MIGNOT et al., 1994). Nossos resultados sugerem que a narcolepsia pode
apresentar associação com múltiplos alelos e haplótipos das regiões HLA DRB1-
DQA1 e DQB1, e que essa associação pode ser dependente da etnia. Análise de
amostra maior de pacientes narcolépticos brasileiros será necessária para confirmar
essa hipótese. Resultados semelhantes aos étnico-dependentes encontrados na
nossa série de narcolépticos afro-descendentes foram observados por Mignot et al.
(1994), estudando narcolepsia em caucasianos e afro-americanos. Os autores
encontraram ausência do HLA DRB1*1501 em narcolépticos afro-americanos e
concluíram que os marcadores para narcolepsia mais importantes seriam os alelos
DQB1*0602 e DQA1*0102 comum a todas as etnias.
A presença do haplótipo DR2 ocorreu em 41.6% da nossa rie de pacientes
brasileiros narcolépticos e revelou ainda que nenhum deles foi homozigótico. Como
a associação do haplótipo DR2 é descrita em populações caucasianas, retiramos da
nossa amostra de pacientes os narcolépticos afro-descendentes e a freqüência de
DR2 entre os pacientes passou a ser de 55% (5 versus 4). Considerando que
homozigose para DR2 está associada à maior morbidade da doença, poderia supor-
se que nossa série de pacientes heterozigóticos apresentaria forma de menor
gravidade. Nossos resultados revelam que a cataplexia, condição associada à maior
gravidade, esteve presente em 80% (4 dos cinco pacientes DR2) dos pacientes
58
DR2, confirmando a associação com maior morbidade encontrada em outros
estudos (DAUVILLIERS et al., 2003). Na população japonesa, o haplótipo DR2 e os
alelos que o compõem, DRB1*1501-DQA1*0102-DQB1*0602, o igualmente mais
associados à susceptibilidade à narcolepsia (MIGNOT et al., 2001).
A presença do alelo DQB1*0602 não é suficiente para o desenvolvimento da
narcolepsia e esse alelo está presente em 12 a 38 % da população em geral. Mignot
mostrou que outros alelos além do DQB1*0602 influenciam na susceptibilidade à
narcolepsia. O risco relativo de DQB1*0602 homozigótico é extremamente alto
(15%) na população de japoneses, comparado a 0.4% dos controles que possuem
esse genótipo. O risco dos homozigóticos DQB1*0602 é cinco vezes maior que os
heterozigóticos. Na nossa série de pacientes, um deles foi homozigótico para
DQB1*0602, e, como esperado, apresentava a tétrade clássica das manifestações
clínicas de narcolepsia.
HONG C et al. (2000), ao estudarem 504 pacientes narcolépticos com e sem
cataplexia, avaliaram a presença ou não do HLA DQB1*0602. Os autores
observaram que a cataplexia foi o melhor preditor para positividade do DQB1*0602 e
esses pacientes apresentaram maior fragmentação do sono, latência para o sono
REM duas vezes mais curta, maior incidência de PLM (cataplexia e PLM apresentam
o mesmo mecanismo fisiopatológico dopaminérgico). Ao separarmos nossa série de
19 pacientes em dois grupos, como fizeram Chul Hong et al. (2000), e considerando
que a associação alélica com DQB1*0602 e narcolepsia é comum a todas as
populações, investigamos se os pacientes catapléticos teriam maior freqüência
desse alelo. Nossos resultados mostraram que o alelo DQB1*0602 foi mais
freqüente (57.1%) na população de catapléticos (4 em 7 pacientes catapléticos eram
DQB1*0602 positivos). Investigando a morbidade do alelo DQB1*0602, dividimos a
nossa série de pacientes em dois grupos: catapléticos e não-catapléticos. Embora
mais freqüente, a associação entre a presença de cataplexia e o alelo DQB1*0602
não foi significativa (p=0.4). Para confirmar a associação desse alelo com maior
morbidade (considerando a cataplexia um fator de maior morbidade) em pacientes
brasileiros, nossa série deverá ser aumentada.
Na nossa rie, todos os pacientes foram questionados sobre quantas vezes
achavam que acordavam à noite e as respostas tiveram uma média de pelo menos
59
duas vezes e ao exame objetivo, os 19 pacientes apresentaram uma média de 16.5
microdespertares/h e os catapléticos tiveram um sono mais fragmentado que os sem
cataplexia. Houve também uma tendência maior a PLM nos pacientes com
cataplexia e, dos 10 pacientes que apresentavam cataplexia, 7 (70%) tiveram
latência para o sono REM, na polissonografia, menor que 45 min (normal de 70 a 90
min), como demonstra o estudo de Chul Hong et al. (2000).
A narcolepsia apresenta associação alélica com DQA1*0501. Nossos
resultados mostraram que dois pacientes apresentavam esse único alelo de
susceptibilidade. O importante desse resultado é que um deles apresentava três
alelos que conferem proteção à narcolepsia (DRB1*0102, DQA1*0101 e
DQB1*0501). Embora seja um único caso, estudos de outras séries chamam a
atenção para a força do risco do alelo DQA1*0501 para expressar a doença, mesmo
que isolado, sem a presença de outros alelos que também conferem
susceptibilidade, e na presença de alelos protetores (MIGNOT et al., 2001). Esses
mesmos autores encontraram maior risco à narcolepsia na presença do alelo
DQB1*0301, independente da etnia, considerando população de narcolépticos
japoneses, americanos caucasianos e afro-americanos. Na nossa série de pacientes
brasileiros narcolépticos, esse alelo foi encontrado em um paciente caucasiano,
heterozigótico, e em associação com o alelo DRB1*04. Foi encontrada forte
associação do alelo DRB1*04 em pacientes narcolépticos caucasianos americanos e
japoneses, mas não em afro-americanos. Na nossa série de pacientes, cinco
apresentaram a presença do alelo DRB1*04 (41.6%), todos heterozigóticos, e dois
desses pacientes eram afro-descendentes, ao contrário da série de Mignot (2001).
Alguns alelos se destacam como protetores para narcolepsia. Esses alelos
são: DQB1*0601 (efeito primário de proteção), DQB1*0501 e DQA1*01 (com
exceção do DQA1*0102), DRB1*1502, DRB1*01 e B52 (HOHJOH et al., 2000;
PLANELLES et al., 1997). Somente dois pacientes (16.6%) apresentaram alelos
associados à proteção para narcolepsia. Embora preencham critérios para a doença
pelo ICSD 1997, é interessante ressaltar que nenhum apresentava cataplexia.
60
6. CONCLUSÕES
6.1 A narcolepsia é uma doença rara entre uma demanda espontânea de
pacientes que buscam atendimento médico para tratar sonolência diurna.
6.2 A narcolepsia tem início preferencialmente na adolescência ou em adultos
jovens, com maior freqüência no sexo feminino e o IMC pode ser normal ou
levemente aumentado. Há maior prevalência na população caucasiana, mas afro-
descendentes também apresentam a doença.
6.3 Sonolência excessiva diurna, alucinações hipnagógicas, paralisia do sono,
sono fragmentado, sono insatisfatório, tempo total de sono diminuído, cochilos
diurnos e cataplexia foram os sintomas mais freqüentes associados a
narcolepsia.
6.4 A Escala de Sonolência de Epworth mostrou ser uma medida quantitativa
subjetiva de sonolência com alta sensibilidade e especificidade para narcolepsia
na nossa série.
6.5 A Polissonografia foi uma investigação complementar importante para o
diagnóstico de narcolepsia, mostrando média de latências para o início do sono
REM diminuída, média de microdespertares por hora aumentada e afastando
61
outros distúrbios intrínsecos do sono que pudessem ser a causa da queixa de
sonolência diurna.
6.6 O Teste de Latências Múltiplas do Sono confirmou o diagnóstico na
totalidade dos nossos pacientes com uma média de latência para o sono de 3’17”
+2.9 e uma média de SOREMP de 2.2 +0.6 vezes.
6.7 O Teste de Manutenção da Vigília mostrou que os narcolépticos dessa série
apresentam grave prejuízo do estado de alerta.
6.8 Houve correlação inversamente proporcional entre a pontuação da ESE e a
média das latências no TLMS observados na nossa série, expressa pela média
de latência para início do sono menor que 2 min (83.3%) associada a pontuações
acima de 20 na ESE . O TMV mostrou importante déficit do alerta, mas não pode
ser comparado com os teste anteriores por medir diferentes habilidades.
6.9 A totalidade dos pacientes dessa série apresenta um ou mais do que um
alelo das regiões HLA DQA1, DRB1 e DQB1 descritos como associados à
susceptibilidade genética para narcolepsia em outras populações.
6.10 O haplótipo HLA-DR2 ocorreu em 55% dos pacientes caucasianos. Nenhum
paciente afro-descendente da nossa série foi positivo para o alelo DRB1*1501,
achado semelhante a outros estudos com afro-descendentes americanos. Os
alelos DQB1*0602 e DQA1*0102 comum a todas as etnias, foram os marcadores
mais importantes para narcolepsia.
6.11 A cataplexia esteve presente em 80 % dos pacientes DR2, confirmando a
associação com maior morbidade encontrada em outros estudos.
6.12 O alelo DQB1*0602 foi mais freqüente (57.1%) na população de catapléticos
(p>0.05), mas a confirmação entre maior morbidade e associação desse alelo
nos pacientes brasileiros só poderá ser feita com o aumento da série estudada.
62
6.13 Esta população apresenta baixa freqüência de alelos protetores (dois
pacientes apresentaram alelos associados à proteção para narcolepsia). O alelo
DQA1*0501 que sabidamente confere susceptibilidade mesmo na presença de
alelos protetores, estava presente em um deles.
6.14 Todos os pacientes preencheram critérios para narcolepsia, pelos critérios
de Silber sendo a grande maioria enquadrada nas categorias A e B2.
.
63
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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74
8. ANEXOS
Anexo I
75
Anexo II
Questionário geral de sono:
1-Você acha que tem algum problema de sono ?
( ) mais de 1 vez por semana .
( ) 1 ou mais vezes por mês .
( ) 1 ou mais vezes por ano .
( ) menos que uma vez por ano.
( ) nunca
2-Você acha que tem insônia ?
( ) mais de 1 vez por semana .
( ) 1 ou mais vezes por mês.
( ) 1 ou mais vezes por ano .
( ) menos que uma vez por ano.
( ) nunca.
3-Você sente sono durante o dia ?
( ) mais de 1 vez por semana .
( ) 1 ou mais vezes por mês.
( ) 1 ou mais vezes por ano .
( ) menos que uma vez por ano.
( ) nunca .
4- Você apresenta movimentos estranhos ou não habituais durante o sono ?
( ) mais de 1 vez por semana .
( ) 1 ou mais vezes por mês.
( ) 1 ou mais vezes por ano .
( ) menos que uma vez por ano.
( ) nunca
5-As condições do seu quarto satisfazem-no? ( )Sim( )Não.
6-Há quanto tempo tem problema com seu sono ?_____.
7-Você acha que dorme pouco durante a noite ? ( )Sim. ( )Não.
8-Você acha que dorme muito durante a noite ? ( )Sim. ( )Não.
9-Você tem dificuldade para pegar no sono a noite ? ( )Sim. ( )Não.
10-Quantas noites por semana você tem problemas com seu sono ?
______________
11-Em média ,quanto tempo demora para você conseguir dormir ?
_______________min.
12-Você geralmente acorda durante a noite ? ( )Sim. ( )Não.
13-Em média quantas vezes você acorda durante a noite?_______________
14-Se você acorda durante a noite isto acontece :
no inicio da noite de sono ( )
no meio da noite de sono ( )
no fim da noite de sono ( )
15-Em media quanto tempo você fica acordado durante a noite?
_____________Horas.
16-
Você se levanta da cama durante a noite ? Sim ( ) Não ( )
17-Você se levanta para ir ao banheiro ? ( )
76
para beber água ? ( )
para comer ? ( )
outros ,especifique ?______________
18-Você acorda muito cedo e não consegue dormir novamente ? Sim( ) Não ( )
19-Em media,quanto tempo você fica acordado de manhã antes de sair da
cama?______________
20-Em media,quantas horas de sono você realmente dorme durante a
noite.______________.
21-Você acorda espontaneamente pela manhã ? Sim( ) Não ( )
22-Você tem dificuldade para acordar pela manhã ? Sim( ) Não ( )
23-Ao acordar você se sente : sonolento Sim( ) Não ( )
Bem disposto Sim( ) Não ( )
Com cefaléia Sim( ) Não ( )
Outros especifique :____________
24-Você acha que a qualidade do seu sono e insatisfatória ,isto é ,não importa o
quanto durma ,você não acorda descansado? Sim( ) Não ( )
25-Você sonha durante a noite ? Sim( ) Não ( )
26-Se a resposta for SIM ,em media quantas vezes por noite ?______
27-Você tem pesadelos ? Sim( ) Não ( )
28-Se a resposta for SIM ,com que freqüência ?______________.
29-Durante o sono você :
Mexe-se muito ? Sim( ) Não ( )
Range dentes ? Sim( ) Não ( )
Fala dormindo ? Sim( ) Não ( )
Tem sobressaltos ao adormecer ? Sim( ) Não ( )
Ronca ? Sim( ) Não ( )
Grita durante o sono ? Sim( ) Não ( )
Anda durante o sono ? Sim( ) Não ( )
Acorda com a sensação de estar sufocado ? Sim( ) Não ( )
Chuta as pernas ? Sim( ) Não ( )
Outros ?especifique ____________________.
30-Você sabe ou alguém já lhe disse que você tem problemas de respiração durante
o sono? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM ,descreva : _________________
31-Você tem se sentido irritado atualmente ? Sim( ) Não ( )
32-Você tem se sentido mais esquecido atualmente ? Sim( ) Não ( )
33-O seu sono e agitado ? Sim( ) Não ( )
34-A que horas você geralmente vai deitar-se?______________.
e no fim de semana ?________________________.
35-A que horas você geralmente levanta-se ?___________________.
e no fim de semana ?___________________________.
36-Você sente muito sono durante o dia ? Sim( ) Não ( )
37-Você dorme ou sente muito sono em situações inadequadas nas quais isso não
deveria acontecer ?(conversando com outras pessoas ,trabalhando,dirigindo)
Sim( ) Não ( )
38-Você cochila ou dorme durante o dia ? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM quantas vezes por dia ? ____.
77
A que horas ?_______________.Por quanto tempo ? _____.
39-Você acorda repousado após o cochilo ? Sim( ) Não ( )
40-Você tem ou já teve episódios nos quais o pescoço cai,o joelho perde a forca
repentinamente,c
ai no chão após emoção forte? (como raiva ,alegria ,susto ).
Sim( ) Não ( )
41-Você tem ou já teve episódios nos quais sente-se paralisado logo após acordar
ou estar pegando no sono ,não conseguindo mover-se,com sensação de medo e
as vezes até acompanhada de alucinações ? Sim( )Não( )
42-Você tem ou já teve na hora de adormecer visões que parecem
reais,acompanhadas de sensação de muito medo? Sim( ) Não ( )
43-Em média quanto você ingere diariamente de : Café_____
Chá_____
44-Você toma alguma medicação para facilitar o sono ?
Sim( ) Não ( )
45-Você fuma ? Sim( ) Não ( )
Quantos cigarros dia ?_____________________.
46-Você tem algum problema de saúde ? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM ,descreva :___________________.
47-Você toma alguma medicação ? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM,nome,dose,indicar.___________________
__________________________________________________.
48-Você faz algum tratamento médico ? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM ,tipo,motivo ._____________ ________.
49-Você já foi submetido a alguma cirurgia ? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM ,cirurgia,motivo,data.___________.
49-Você tem atividades físicas durante o dia ? Sim( ) Não ( )
Se a resposta for SIM ,horário e freqüência ._____________.
50-Alguém da sua família tem problema de sono ?Sim( ) Não ( ) .
Se a resposta for SIM,tipo de distúrbio e parentesco.
51- Há alguma outra informação sobre o seu sono?
78
Anexo III
Rio de Janeiro, de de 2005
Informações ao Paciente
Esta entrevista faz parte de uma pesquisa onde serão estudados, 16 pacientes
com Narcolepsia para investigação da presença ou não de alguns antígenos
chamados HLA.
No mesmo momento também será aplicado um questionário com perguntas
relacionadas ao sono.
O objetivo deste estudo é avaliar o grau de sonolência diurna e quais são os
antígenos que estão presentes no sangue.
Para pesquisar estes antígenos é necessário coletar 10 ml de sangue e
posteriormente encaminhá-los para Málaga, na Espanha – centro que fará esta
avaliação para o nosso grupo de estudo.
Sua participação é VOLUNTÁRIA, isto é, a sua decisão em participar ou não
do estudo, ou mesmo abandoná-lo sem comunicação e em qualquer tempo, não irá
afetar em nada a sua assistência médica nesta clínica.
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, os pacientes poderão contactar a
médica Andrea Frota Bacelar Rêgo no telefone 22845222.
Consentimento do Paciente
1. Li com atenção o texto sobre “informação ao paciente”.
2. Conversei com a Dra. Andrea Frota Bacelar Rego
3. Tive a oportunidade de fazer perguntas e discutir sobre a pesquisa.
4. Compreendi as respostas feitas pela médica às minhas perguntas.
5. Entendi que tenho direito a NÃO participar ou abandonar a pesquisa sem
prejuízo a assistência médica qualquer.
6. Entendo que minhas informações pessoais podem se revistas por pessoas
devidamente autorizadas para conduzir a pesquisa porém, são estritamente
CONFIDENCIAIS e, de forma alguma poderão se tornar públicas.
7. ACEITO participar desta pesquisa.
79
Paciente:_____________________________________
RG:_____________________
Sexo:_____________ Idade:____________
Data de Nascimento:________________
Endereço:________________________________________
CEP:________________
Telefone: ( )____________ Início da doença:____________
Cor:_______________
Medicação em uso:__________________________________
Assinatura do paciente:___________________________________
_______________________________
assinatura e carimbo do médico
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