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ESTUDO DA DISPERSÃO NUMÉRICA EM SIMULADORES DE FLUXO
PARA O PROBLEMA DE DESLOCAMENTO IMISCÍVEL
JOSÉ B MENEZES LEITE NETTO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE UENF
MACAÉ RJ
NOVEMBRO 2003
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ESTUDO DA DISPERSÃO NUMÉRICA EM SIMULADORES DE FLUXO
PARA O PROBLEMA DE DESLOCAMENTO IMISCÍVEL
JOSÉ B MENEZES LEITE NETTO
Tese apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia ,
da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como
parte das exigências para obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Petróleo
Orientador: Prof. Viatcheslav I. Priimenko, Phd.
MACAÉ RJ
NOVEMBRO 2003
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ii
ESTUDO DA DISPERSÃO NUMÉRICA EM SIMULADORES DE FLUXO
PARA O PROBLEMA DE DESLOCAMENTO IMISCÍVEL
JOSÉ B MENEZES LEITE NETTO
Tese apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia ,
da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como
parte das exigências para obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Petróleo
Aprovada em 24 de novembro de 2003
Comissão Examinadora:
iii
SUMÁRIO
SUMÁRIO.............................................................................................................................III
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................IV
LISTA DE TABELAS ...........................................................................................................IX
NOMENCLATURAS.............................................................................................................X
DEDICATÓRIA.................................................................................................................XIII
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................XIV
INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
CAPÍTULO 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................7
CAPÍTULO 2 MODELAGEM ANALÍTICA DO DESLOCAMENTO IMISCÍVEL 1-
D..............................................................................................................................................11
CAPÍTULO 3 TRATAMENTO NUMÉRICO DO FLUXO EM MEIO POROSO.....26
CAPÍTULO 4 DISPERSÃO NUMÉRICA.......................................................................39
CAPÍTULO 5 SOLUÇÃO DO PROBLEMA..................................................................51
CAPÍTULO 6 ANÁLISE EM SISTEMAS COM MAIS LINHAS DE FLUXO...........78
CAPÍTULO 7 - DISCUSSÕES SOBRE O MÉTODO.......................................................87
CONCLUSÕES......................................................................................................................90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................91
iv
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÓLEO POR INJEÇÃO DE ÁGUA..............................2
FIGURA 2 AMOSTRA DE ROCHA PARA ENSAIO DE PERMEABILIDADE RELATIVA......................2
FIGURA 3 CURVA DE PRODUÇÃO EM ENSAIO DE FLUXO FRACIONÁRIO ÓLEO/ÁGUA..............3
FIGURA 4 CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA OBTIDA NO ENSAIO....................................3
FIGURA 5 - MALHA DE SIMULAÇÃO DE RESERVATÓRIO..............................................................4
FIGURA 6 - SIMULAÇÃO DE FLUXO FRACIONÁRIO NA AMOSTRA DE ENSAIO...............................4
FIGURA 7 - GRÁFICO DE RESULTADOS NUMÉRICOS DO PROBLEMA DE BUCLEY & LEVERETT..5
FIGURA 1.1 GRÁFICO DE PSEUDOFUNÇÕES GERADAS PELO PROGRAMA UPA
(PETROBRAS/CENPES)..................................................................................................10
FIGURA 2.1 - ESQUEMA DE INJEÇÃO DE ÁGUA EM UM CORPO POROSO.................................11
FIGURA 2.2 GRÁFICO TÍPICO DE PERMEABILIDADE RELATIVA ÓLEO/ÁGUA..........................14
FIGURA 2.3 CURVA DE FLUXO FRACIONÁRIO.......................................................................15
FIGURA 2.4 SEÇÃO ESQUEMÁTICA DE AMOSTRA DE ROCHA COM FLUXO FRACIONÁRIO
IMISCÍVEL...........................................................................................................................16
FIGURA 2.5 - GRÁFICO DA DERIVADA DO FLUXO FRACIONÁRIO DA ÁGUA...............................17
FIGURA 2.6 - DISTRIBUIÇÃO DA SATURAÇÃO DE ÁGUA INJETADA...........................................18
FIGURA 2.7 - GRÁFICO DE SATURAÇÃO MÉDIA NA REGIÃO INVADIDA PELA ÁGUA INJETADA..19
FIGURA 2.8 SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE BUCKLEY-LEVERETT (1942) POR WELGE (1953)21
FIGURA 2.9 PRODUÇÃO PREVISTA DE ÁGUA NO PROBLEMA DE BUCKLEY-LEVERETT (1942)
...........................................................................................................................................23
FIGURA 3.1 ESQUEMA DE BLOCO DE SIMULAÇÃO E ORIENTAÇÃO DE EIXOS .......................26
FIGURA 3.2 SISTEMA DE MALHA DE BLOCO CENTRADO.......................................................31
FIGURA 3.3 SISTEMA DE MALHA DE BLOCO CENTRADO.......................................................31
FIGURA 3.4- SISTEMA DE MALHA DE PONTOS DEFINIDOS.......................................................32
FIGURA 3.5 SISTEMA DE MALHA DE PONTOS DEFINIDOS ........................................................33
v
FIGURA 4.1 ESQUEMA NUMÉRICO DO PROBLEMA DE BUCKLEY-LEVERETT, POR DAKE
(1994)...............................................................................................................................40
FIGURA 4.2 ESQUEMA DE SIMULAÇÃO DE FLUXO.................................................................42
FIGURA 4.3 CONDIÇÃO INICIAL DE FLUXO ............................................................................42
FIGURA 4.4 - PERFIL DE SATURAÇÃO NUMA SIMULAÇÃO DE DESLOCAMENTO DE FLUIDOS...44
FIGURA 4.5 ESQUEMA DE 10 BLOCOS IGUAIS PARA SIMULAÇÃO............................................44
FIGURA 4.6 ESQUEMA DE 8 BLOCOS PARA SIMULAÇÃO.......................................................45
FIGURA 4.7 ESQUEMA DE 6 BLOCOS PARA SIMULAÇÃO..........................................................45
FIGURA 4.8 ESQUEMA DE 4 BLOCOS PARA SIMULAÇÃO..........................................................45
FIGURA 4.9 - CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA ÁGUA/ÓLEO..........................................46
FIGURA 4.10 - RESULTADOS DE SIMULAÇÃO DO ENSAIO DE PERMEABILIDADE RELATIVA......46
FIGURA 4.11 - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MODELO À VARIAÇÃO DE PERMEABILIDADE
ABSOLUTA..........................................................................................................................48
FIGURA 4.12 - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MODELO À VARIAÇÃO DE PERMEABILIDADE
ABSOLUTA..........................................................................................................................49
FIGURA 4.13 - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MODELO À VARIAÇÃO DE PERMEABILIDADE
ABSOLUTA..........................................................................................................................49
FIGURA 4.14 - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MODELO À VARIAÇÃO DE PERMEABILIDADE
ABSOLUTA..........................................................................................................................50
FIGURA 5.1 CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA..........................................51
FIGURA 5.2 CURVA DE FLUXO FRACIONÁRIO.......................................................................52
FIGURA 5.3 ESQUEMA DE DESLOCAMENTO IMISCÍVEL EM MODELO NUMÉRICO, NO PRIMEIRO
BLOCO................................................................................................................................54
FIGURA 5.4 ESQUEMA DE DESLOCAMENTO IMISCÍVEL EM MODELO NUMÉRICO, NO SEGUNDO
BLOCO...............................................................................................................................55
FIGURA 5.5 CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA PELA
f
w
S .........................57
FIGURA 5.6 PERFIL DE SATURAÇÃO DE ÁGUA......................................................................57
FIGURA 5.7 CURVA DE PRODUÇÃO DE EFLUENTES.............................................................58
vi
FIGURA 5.8 - RESULTADO DE SIMULAÇÃO DE ESQUEMA DE 4 BLOCOS COM CURVA DE
PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA NOS LIMITES DO DOMÍNIO DA SATURAÇÃO........58
FIGURA 5.9 RESULTADO DE SIMULAÇÃO DE ESQUEMA DE 6 BLOCOS COM CURVA DE
PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA NOS LIMITES DO DOMÍNIO DA SATURAÇÃO........59
FIGURA 5.10 - RESULTADO DE SIMULAÇÃO DE ESQUEMA DE 8 BLOCOS COM CURVA DE
PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA NOS LIMITES DO DOMÍNIO DA SATURAÇÃO........59
FIGURA 5.11 RESULTADO DE SIMULAÇÃO DE ESQUEMA DE 10 BLOCOS COM CURVA DE
PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA NOS LIMITES DO DOMÍNIO DA SATURAÇÃO........60
FIGURA 5.12 RESULTADO DE SIMULAÇÃO DE ESQUEMA DE 100 BLOCOS COM CURVA DE
PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA NOS LIMITES DO DOMÍNIO DA SATURAÇÃO........60
FIGURA 5.13 RESULTADO DE SIMULAÇÃO DE ESQUEMA DE 200 BLOCOS COM CURVA DE
PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA NOS LIMITES DO DOMÍNIO DA SATURAÇÃO.........61
FIGURA 5.14 GRÁFICO DO FLUXO FRACIONÁRIO CORRIGIDO..............................................64
FIGURA 5.15 - CORREÇÃO DO PROBLEMA DE BUCKLEY-LEVERETT (1942)..........................65
FIGURA 5.16 CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA PARA ESQUEMA DE 4
BLOCOS.............................................................................................................................66
FIGURA 5.17 AJUSTE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA ESQUEMA DE 4 BLOCOS...................66
FIGURA 5.18 - CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA PARA ESQUEMA DE 6
BLOCOS.............................................................................................................................67
FIGURA 5.19 - AJUSTE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA ESQUEMA DE 6 BLOCOS....................67
FIGURA 5.20 - CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDAS PARA ESQUEMA DE 8
BLOCOS.............................................................................................................................68
FIGURA 5.21 - AJUSTE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA ESQUEMA DE 8 BLOCOS....................68
FIGURA 5.22 - CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA PARA ESQUEMA DE 10
BLOCOS.............................................................................................................................69
FIGURA 5.23 - AJUSTE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA ESQUEMA DE 10 BLOCOS..................69
FIGURA 5.24 - CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA PARA ESQUEMA DE 100
BLOCOS.............................................................................................................................70
FIGURA 5.25 - AJUSTE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA ESQUEMA DE 100 BLOCOS................70
vii
FIGURA 5.26 - CURVA DE PERMEABILIDADE RELATIVA CORRIGIDA PARA ESQUEMA DE 200
BLOCOS.............................................................................................................................71
FIGURA 5.27 - AJUSTE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA ESQUEMA DE 200 BLOCOS................71
FIGURA 5.28 DISTRIBUIÇÃO DE SATURAÇÃO NO INSTANTE DA ERUPÇÃO DA ÁGUA
ESQUEMA DE 4 BLOCOS ....................................................................................................73
FIGURA 5.29 DISTRIBUIÇÃO DE SATURAÇÃO NO INSTANTE DA ERUPÇÃO DA ÁGUA
ESQUEMA DE 6 BLOCOS ....................................................................................................73
FIGURA 5.30 DISTRIBUIÇÃO DE SATURAÇÃO NO INSTANTE DA ERUPÇÃO DA ÁGUA
ESQUEMA DE 8 BLOCOS ....................................................................................................74
FIGURA 5.31 DISTRIBUIÇÃO DE SATURAÇÃO NO INSTANTE DA ERUPÇÃO DA ÁGUA
ESQUEMA DE 10 BLOCOS..................................................................................................74
FIGURA 5.32 DISTRIBUIÇÃO DE SATURAÇÃO NO INSTANTE DA ERUPÇÃO DA ÁGUA
ESQUEMA DE 100 BLOCOS................................................................................................75
FIGURA 5.33 DISTRIBUIÇÃO DE SATURAÇÃO NO INSTANTE DA ERUPÇÃO DA ÁGUA
ESQUEMA DE 200 BLOCOS................................................................................................75
FIGURA 6.1 - SEÇÃO ESQUEMÁTICA DE RESERVATÓRIO PORTADOR DE ÓLEO.......................78
FIGURA 6.2 ESQUEMA DE DESLOCAMENTO IMISCÍVEL EM DUAS CAMADAS.........................79
FIGURA 6.3 ESQUEMA DE PRODUÇÃO DE ÁGUA DE DUAS LINHAS DE FLUXO ......................79
FIGURA 6.4 ESQUEMA DE ¼ DE FIVE SPOT..........................................................................80
FIGURA 6.5 RESULTADO DE SIMULAÇÃO PARA ESQUEMA ¼ DE FIVE SPOT........................81
FIGURA 6.6 MAPA DE SATURAÇÃO DE ÁGUA EM SIMULAÇÃO COM MALHA DE 100 BLOCOS 82
FIGURA 6.7 MAPA DE SATURAÇÃO DE ÁGUA EM SIMULAÇÃO COM MALHA DE 25 BLOCOS..82
FIGURA 6.8 ESQUEMA DE DIREÇÃO DAS LINHAS DE FLUXO EM SIMULAÇÃO NUMÉRICA......83
FIGURA 6.9 MALHA DE BLOCOS PARALELA AO FLUXO .........................................................83
FIGURA 6.10 PRODUÇÃO PREVISTA DE FRAÇÃO DE ÁGUA EM ESQUEMA DE MALHA
PARALELA AO FLUXO .........................................................................................................84
FIGURA 6.11 MAPA DE SATURAÇÃO DE ÁGUA EM SIMULAÇÃO COM MALHA DE 100 BLOCOS.
...........................................................................................................................................85
viii
FIGURA 6.12 MAPA DE SATURAÇÃO DE ÁGUA EM SIMULAÇÃO COM MALHA DE 25 BLOCOS.
...........................................................................................................................................85
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 5.1 DESVIOS NOS RESULTADOS DE ERUPÇÃO DA ÁGUA SIMULADOS
NUMERICAMENTE..............................................................................................................62
TABELA 5.2 - DESVIOS NOS RESULTADOS DE ERUPÇÃO DA ÁGUA SIMULADOS
NUMERICAMENTE PARA A PSEUDO FUNÇÃO.....................................................................72
TABELA 5.3 DESVIO DE SATURAÇÃO NO ESQUEMA DE 4 BLOCOS, NO MOMENTO DE
ERUPÇÃO DA ÁGUA...........................................................................................................76
TABELA 5.4 DESVIO DE SATURAÇÃO NO ESQUEMA DE 6 BLOCOS, NO MOMENTO DE
ERUPÇÃO DA ÁGUA...........................................................................................................76
TABELA 5.5 - DESVIO DE SATURAÇÃO NO ESQUEMA DE 8 BLOCOS, NO MOMENTO DE
ERUPÇÃO DA ÁGUA...........................................................................................................76
TABELA 5.6 - DESVIO DE SATURAÇÃO NO ESQUEMA DE 10 BLOCOS, NO MOMENTO DE
ERUPÇÃO DA ÁGUA...........................................................................................................77
TABELA 5.7 - DESVIO DE SATURAÇÃO NO ESQUEMA DE 100 BLOCOS, NO MOMENTO DE
ERUPÇÃO DA ÁGUA...........................................................................................................77
TABELA 5.8 - DESVIO DE SATURAÇÃO NO ESQUEMA DE 200 BLOCOS, NO MOMENTO DE
ERUPÇÃO DA ÁGUA...........................................................................................................77
x
NOMENCLATURAS
A
Termo de acumulação de massa
c
A
Área transversal ao fluxo
a
Expoente relativo à permeabilidade relativa à água
b
Expoente relativo à permeabilidade relativa ao óleo
g
B
Fator volumétrico do gás
o
B
Fator volumétrico do óleo
w
B
Fator volumétrico da água
f
c
Compressibilidade do fluido
t
c
Compressibilidade total
D
E Eficiência de deslocamento
w
f
Fluxo fracionário da água
g
Aceleração da gravidade
h
Espessura da amostra de rocha
j
(subscrito) identificador do bloco de simulação
k
Permeabilidade da rocha
o
r
k
Permeabilidade relativa ao óleo
0
o
r
k
Permeabilidade relativa ao óleo
i
w
S@
w
r
k
Permeabilidade relativa à água
0
w
r
k
Permeabilidade relativa à água
(
)
r
o
S1@
L
Comprimento da amostra de rocha
p
N
Volume acumulado de óleo produzido
o
p
Pressão do óleo
w
p
Pressão da água
xi
i
q
Vazão de injeção de água
o
q
Vazão de óleo
w
q
Vazão de água
t
q
Vazão total
s
R
Razão de solubilidade do gás no óleo
S
Saturação adimensional de água
*
S
Saturação da água para correção das curvas de permeabilidade
relativa
n
j
S
Saturação de água do bloco
j
no tempo de simulação
n
.
m
S
Saturação média de erupção de água nos blocos de simulação
o
S
Saturação de óleo
r
o
S
Saturação de óleo residual
w
S
Saturação de água
e
w
S
Saturação de água na interface entre dois blocos de simulação
f
w
S Saturação de água na frente de choque
i
w
S
Saturação de água imóvel
m
w
S
Saturação média de água
j
m
w
S
Saturação média de água no bloco
j
de simulação
atras
m
w
S
Saturação de água média atrás de um plano de saturação de água
e
w
S
T
Termo de transmissibilidade dos blocos de simulação
t
Tempo
wf
S
v Velocidade da frente de choque de água
VOIP
Volume original de óleo no meio poroso
xii
VPI
Volume poroso injetado
i
W
Volume de água injetada
x
Distância na direção do fluxo
D
x Distância adimensional na direção do fluxo
w
S
x
Distância percorrida por um plano de saturação constante de água
w
S
y
Largura da amostra de rocha
φ
Porosidade da rocha
o
Φ
Potencial do óleo
w
Φ
Potencial da água
o
µ
Viscosidade do óleo
w
µ
Viscosidade da água
o
η
Coeficiente de difusividade hidráulica do óleo
o
ρ
Densidade do óleo
w
ρ
Densidade da água
θ
Inclinação do fluxo em relação ao plano horizontal
xiii
Dedicatória
Esta tese é o fruto do carinho, atenção e dedicação de todas as pessoas que
se relacionaram comigo ao longo de minha vida. Tudo o que sei devo a elas.
Dedico este trabalho à minha esposa Zilmar e meus filhos Nícolas e Lucas,
que me apoiaram durante todo o tempo do curso, e sempre compreenderam minhas
dificuldades.
xiv
Agradecimentos
Destaco meus agradecimentos a algumas pessoas que mais
diretamente estiveram envolvidas na realização deste trabalho. Agradeço ao
meu colega Dr. Régis K. Romeu, pela inestimável atenção e orientação inicial.
Agradeço ao meu professor Dr. Pavel Bedrikovsky, cuja boa vontade,
entusiasmo e espírito de solidariedade são contagiantes. O que aprendi com o
professor Pavel transcende a matéria dada. Agradeço ao meu colega Amaro
Luiz Cassiano Dias, pela enorme dedicação e boa vontade na elaboração do
programa para tratamento do problema de Buckley e Leverett (1942). Sem sua
qualidade profissional eu não teria obtido resultados tão satisfatórios.
Agradeço aos meus orientadores, Dr. Viatcheslav Priimenko e Dr. José
Adilson Tenório Gomes, que aceitaram o desafio de encarar comigo o tema.
Agradeço a todos os meus colegas neste curso pela solidariedade e
espírito de cooperação. Faço-os se representar especialmente nas pessoas da
Márcia Ida e do José Sérgio Daher. Meu maior estímulo ao longo do curso foi
fazer parte desta turma. A Adolfo Puime Pires e a Luís Henrique Zapparolli,
agradeço pela inestimável ajuda no finalzinho desta tese. São amigos de
singular valor.
Meu reconhecimento e agradecimento ao espírito de solidariedade de
meus colegas da Petrobras. O espírito de solidariedade dos colegas desta
empresa é a que a torna forte, e capaz de representar o nosso país no mundo
empresarial. Agradeço em especial à minha colega Gláucia Cristina Terra Cruz,
pela atenção e boa vontade na montagem deste relatório. Os recursos
fornecidos pela Petrobras (programa de simulação e equipamentos) foram
fundamentais ao desenvolvimento desta tese.
1
Introdução
Os estudos de reservatórios são responsáveis pela predição da produção e
comportamento dos reservatórios durante a vida do projeto. Os simuladores
numéricos de fluxo em meio poroso são uma das mais poderosas ferramentas da
engenharia para a realização mais precisa desta predição de comportamento. Um
dos métodos numéricos mais utilizados comercialmente é o de diferenças finitas de
volume de controle, cuja sigla na língua inglesa é CVFD. Nestes simuladores o
reservatório é dividido em blocos de simulação, nos quais as equações
fundamentais de fluxo são aplicadas e procura-se ajustar o histórico de produção do
campo. Os modelos de fluxo são basicamente constituídos de quatro tipos de
informações:
1. Propriedades físicas da rocha e dos fluidos;
2. Geometria do reservatório;
3. Histórico de pressão e produção dos fluidos;
4. Malha de simulação (tamanho dos blocos e direção da malha)
Espera-se que a malha de simulação não seja relevante no ajuste de histórico
de produção dos poços, porém em muitas situações a influência da dispersão
numérica nos resultados da simulação pode se tornar mais importante que as
incertezas geológicas.
Um exemplo clássico do domínio da dispersão numérica sobre os resultados
da simulação é tido no caso do fluxo fracionário óleo/água. O fenômeno do fluxo
fracionário se mostrou mais relevante para o estudo deste trabalho por possuir um
equacionamento bastante conhecido e dominado, cuja solução serve para validação
dos resultados esperados da simulação.
O fluxo fracionário ocorre quando se recupera o óleo contido no meio poroso
a partir da sua substituição por água. Este fenômeno foi equacionado em 1942 por
Buckley-Leverett, e o desenvolvimento das equações resultou em procedimentos de
laboratório para obtenção das curvas de permeabilidade relativa aos fluidos. Para a
aplicação destes conceitos em escala de campo, toma-se por exemplo o projeto de
2
recuperação de óleo em um reservatório de petróleo através um poço produtor de
óleo e outro injetor de água (Figura 1).
Figura 1 Projeto de recuperação de óleo por injeção de água.
Para uma elaboração mais precisa do projeto de extração do óleo é
necessário obter uma amostra de rocha (Figura 2), considerada homogênea para os
nossos propósitos. O ensaio do fluxo fracionário nesta amostra fornece uma curva
de produção de óleo seguido de água (Figura 3), gerando finalmente as curvas de
permeabilidade relativa (Figura 4).
L
h
y
q = q
constante
t w
t w o
Figura 2 Amostra de rocha para ensaio de permeabilidade relativa.
3
Figura 3 Curva de produção em ensaio de fluxo fracionário óleo/água.
Figura 4 Curva de permeabilidade relativa obtida no ensaio.
De posse da geometria do reservatório e demais propriedades geológicas e
de fluidos, gera-se uma malha de simulação conforme mostrado na Figura 5.
4
Figura 5 - Malha de simulação de reservatório
Observa-se o problema da dispersão numérica da solução quando se simula
numericamente o ensaio de laboratório descrito utilizando as curvas de
permeabilidade relativa obtidas no ensaio. A Figura 6 mostra o esquema de
simulação para a amostra de rocha utilizada no ensaio (Figura 2).
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
h
y
Figura 6 - Simulação de fluxo fracionário na amostra de ensaio.
Os resultados de simulação são apresentados na Figura 7.
5
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
VPI (Volume Injetado / Volume Poroso)
f
w
(m
3
/m
3
)
4 Blocos
6 Blocos
8 Blocos
10 Blocos
Cálculo analitico B&L
Figura 7 - Gráfico de resultados numéricos do problema de Bucley & Leverett
Observa-se nos resultados simulados que a erupção da água se apresenta
tão mais antecipada quanto menos blocos forem utilizados, ou seja, o resultado da
simulação se mostra tão mais próximo da solução desejada quanto mais blocos de
simulação forem utilizados. O aumento na precisão dos resultados a partir do
incremento do número de blocos de simulação se mostra limitado devido à
capacidade de processamento dos computadores existentes. Em muitos modelos, a
quantidade de blocos adotados tem atingido a casa das centenas de milhares, e
nestes casos os tamanhos dos blocos podem ser bastante inferiores à escala de
definição das propriedades geológicas.
A simulação numérica do ensaio de fluxo fracionário numa amostra da rocha,
buscando reproduzir os resultados obtidos analiticamente, revela um caso clássico
onde toda a incerteza da simulação é atribuída à variável matemática do problema.
Entretanto, este efeito matemático é totalmente indesejado quando os estudos de
reservatórios objetivam a caracterização do reservatório, minimizando suas
incertezas geológicas. Neste trabalho apresentamos um método de correção das
curvas de permeabilidade relativa para a reprodução da produção de óleo e água
registradas no ensaio de laboratório. Para tal será feita uma revisão do modelo
analítico de fluxo fracionário desenvolvido por Buckley-Leverett (1942) e uma breve
6
revisão dos conceitos mais relevante nos simuladores de diferenças finitas de
volumes de controle.
7
Capítulo 1 - Revisão bibliográfica
Os estudos de deslocamento imiscível de fluidos em meio poroso têm
um marco nos trabalhos de Buckley-Leverett (1942), cujas equações definem o
perfil de velocidades relativas do fluido deslocante em relação ao deslocado.
Com estas mesmas equações, define-se o perfil de saturação dos fluidos ao
longo da região invadida. Entretanto, a solução matemática proposta por
Buckley-Leverett (1942) apresentou uma inconsistência física, e sua solução
numérica era bastante trabalhosa para os recursos da época. Welge (1952)
reviu as equações e propôs uma solução gráfica para o problema. Dake (1978)
descreve este tema de forma bastante didática, apresentando o modelo de
Buckley-Leverett (1942) e a solução proposta por Welge (1952).
Alguns trabalhos sobre o equacionamento de Buckley-Leverett (1942)
levaram ao desenvolvimento de métodos de laboratório para determinação da
permeabilidade relativa a partir de amostras de rocha reservatório. No que diz
respeito aos estudos numéricos de campo, os conceitos teóricos têm tido um
avanço mais lento, isto é, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos para se
introduzir corretamente determinadas propriedades à modelagem numérica.
Três trabalhos se destacam na utilização da solução de Buckley-Leverett
(1942) nos ensaios de determinação da permeabilidade relativa de uma
amostra de rocha. Rapoport e Leas (1953) definiram um fator de escala
w
vL µ (
L
é o comprimento do amostra,
v
é a velocidade de fluxo de Darcy e
w
µ é a viscosidade do fluido deslocante) para a formação em laboratório do
perfil de saturações previsto pela equação de Buckley-Leverett (1942). Este
trabalho determinou um valor mínimo para o fator
w
vL µ no qual os efeitos
capilares e de extremidade do amostra não afetam os ensaios para obtenção
da permeabilidade relativa, pois preponderam os efeitos viscosos.
Johnson et al. (1959) propuseram um método conhecido como JBN para
tornar os ensaios de permeabilidade relativa mais rápidos e confiáveis. O
método JBN definiu analiticamente expressões para associar o fluxo de fluidos
produzidos à saturação na extremidade produtora da amostra da rocha,
8
calculada a partir do perfil de saturações calculado por Buckley-Leverett (1942)
expresso na solução de Welge (1952).
Jones e Roszelle (1978) geraram um novo método gráfico de
determinação da permeabilidade relativa a partir do desenvolvimento analítico
da equação de Buckley-Leverett (1942). A construção das curvas de
permeabilidade relativa se dá na conclusão que a saturação do fluido injetado,
em qualquer ponto da amostra da rocha, é função apenas do número de
volumes porosos injetados.
Os trabalhos de Welge (1952), Rapoport e Leas (1953), Johnson et al.
(1959) e Jones e Roszelle (1978) mostram uma evolução no tratamento
analítico das equações de Buckley & Leverett, com aplicação experimental de
bastante precisão na determinação das curvas de permeabilidade relativa. O
tratamento analítico das equações se revelou bastante preciso devido às
considerações de homogeneidade e geometria linear das amostras de rocha
utilizadas. Entretanto, quando o problema é aplicado à escala de campo, surge
a necessidade de se considerar as heterogeneidades e a geometria irregular
dos reservatórios. Esta questão motivou o desenvolvimento de simuladores
numéricos de fluxo, cujos blocos são algumas ordens de grandeza superior às
amostras de ensaios. Houveram então alguns trabalhos desenvolvidos no
intuito de preservar os resultados quando da mudança de escala.
Kyte e Berry (1975) propuseram um método de criação de pseudofunção
da permeabilidade relativa para resolver problemas de redução de número de
blocos de simulação, dadas a ainda precária qualidade dos computadores da
época. A pseudofunção proposta possibilitou aproximar os cálculos de
saturações de água da malha mais grosseira ao resultado obtido em seção
para a malha mais refinada, dadas as dispersões numéricas já conhecidas à
época.
Starley (1988) propõe uma técnica de geração de pseudofunção para
problemas de deslocamento de fluidos imiscíveis, em modelos numéricos de
reservatórios bastante extensos com malha bastante grosseira. As
pseudofunções propostas levam em conta os efeitos de dispersão numérica e
9
da orientação da malha de simulação. Neste caso o resultado de simulação em
malha 3D mais refinada serve de referência à construção da solução.
King et al. (1992) propuseram uma renormalização do espaço real como
alternativa à solução com pseudofunção, resolvendo questões localizadas em
detrimento de solução mais ampla, posto a dificuldade do problema. As
propriedades efetiva de pequenas regiões podem ser calculadas e depois
inseridas na malha grosseira.
Taggart et al. (1995) propuseram nova técnica de geração de
pseudocurvas de permeabilidade relativa dependentes do comprimento dos
blocos, comparando os resultados de Kyte e Berry (1975). Na proposta deste
trabalho insere-se o conceito de zonas idealizadas, obtidas por observação da
velocidade de propagação do perfil de saturações nestas zonas. As
pseudofunções são construídas a partir das posições das interfaces dos
blocos, para o perfil de saturação definido por Buckley-Leverett (1942), com a
solução de Welge (1953).
Hewett et al. (1998) fizeram uma abordagem analítica do problema de
Buckley-Leverett (1942) , gerando pseudocurvas de permeabilidade relativa
para cada bloco da malha de definição do problema. Neste trabalho foram
apresentadas correções na curva de fluxo fracionário para as condições de
discretização do meio poroso.
O programa UPA, desenvolvido no Centro de Pesquisa da Petrobras
(CENPES) por Romeu et al. (1997) desenvolve um tratamento das curvas de
permeabilidade relativa para um sistema de blocos, em superposição ao perfil
de saturações de Buckley-Leverett (1942), como demonstrado na Figura 1.1.
Este trabalho, a exemplo de Hewett et al. (1998), desenvolve uma pseudocurva
para cada bloco, em função do avanço do perfil sobre cada bloco.
10
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
Sw
k
r
krw laborat
kro laborat
krw1
kro1
krw2
kro2
krw3
kro3
S
wf
Figura 1.1 Gráfico de pseudofunções geradas pelo programa UPA (Petrobras/CENPES)
Em nossa pesquisa bibliográfica não encontramos nenhum método de
correção ao fluxo fracionário em meio poroso que reproduza de forma prática
os resultados obtidos a partir das equações de Buckley-Leverett (1942).
Buscamos neste trabalho gerar um método de criação de curvas de
permeabilidade relativa corrigidas para reproduzir os resultados previstos
analiticamente por Buckley-Leverett (1942). A curva de permeabilidade relativa
corrigida deverá ser única para todos os blocos do sistema simulado, e terá
como objetivo reproduzir a produção de água e óleo na extremidade produtora
da amostra de rocha simulada. Esta curva de permeabilidade relativa corrigida
deverá reproduzir, em escala de campo, a produção de óleo e água medidas
nos ensaios de laboratório que geraram a curva de permeabilidade relativa
inicial.
11
Capítulo 2 Modelagem Analítica do Deslocamento Imiscível 1-D
O problema do deslocamento imiscível de dois fluidos foi equacionado por
Buckley-Leverett (1942) para o fluxo linear em um meio poroso homogêneo com
seção constante. Este problema pode ser descrito tomando-se um corpo como o
apresentado na Figura 2.1, de porosidade φ, permeabilidade κ, comprimento
L
e
área transversal yhA
c
= .
L
h
y
φ
κ
Permeabilidade
Porosidade
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
Figura 2.1 - Esquema de injeção de água em um corpo poroso
Tome-se o corpo da Figura 2.1 inicialmente com os poros totalmente
preenchidos com óleo, exceto pela saturação de água imóvel aprisionada que
recobre os grãos (
i
w
S ). Injeta-se água de viscosidade
w
µ em uma das extremidades
do corpo poroso e recupera-se inicialmente óleo de viscosidade
o
µ na outra
extremidade, seguido da produção simultânea de óleo e água. Durante o
deslocamento os poros estarão preenchidos apenas por óleo e água, e de acordo
com a equação 2.1
1=+
wo
SS . (2.1)
Admitindo-se que todo o óleo presente na amostra de rocha pode ter contato
com a água injetada, mede-se a eficiência de deslocamento do óleo pela água pela
equação 2.2
VOIP
N
E
p
D
= , (2.2)
onde o termo
p
N é a quantidade de óleo recuperada, e VOIP é o volume de
óleo existente inicialmente no interior do corpo poroso, e é igual ao volume poroso
vezes a saturação inicial de óleo. No caso mais geral, onde o fluxo ocorre em várias
direções, considera-se como VOIP apenas o óleo contatado pelo agente deslocante
12
(água) nos poros da rocha, isto é, o volume de óleo existente inicialmente na região
invadida pela água. Num ambiente com mais de uma direção existem diversas linhas
de fluxo, porém no caso de fluxo linear definido no estudo de Buckley-Leverett
(1942) existe uma linha de fluxo apenas.
O objetivo principal do estudo de deslocamento é maximizar, de forma
econômica, o valor da eficiência de deslocamento E
D
. Esta eficiência é função da
razão de mobilidades dos fluidos concorrentes, como se verá mais adiante.
A teoria básica do deslocamento de fluidos imiscíveis apresentada por
Buckley-Leverett (1942) apresenta as seguintes condições físicas:
Ø Deslocamento unidimensional
Ø Meio poroso homogêneo
Ø Fluidos imiscíveis
Ø As forças capilares são negligenciadas
Ø As forças gravitacionais são desprezadas.
São três as forças que agem no meio poroso: gravitacional, capilar e viscosa.
A força gravitacional atua sobre a diferença de densidade dos fluidos, forçando os
mais leves a ocupar as porções mais altas do reservatório. Já as forças capilares
dizem respeito a fenômenos de atração rocha/fluido e são ligadas aos fenômenos da
molhabilidade. A pressão capilar implica que o fluido molhante tende a penetrar a
região ocupada pelo fluido não molhante, e sua atuação será tão mais intensa
quanto menores forem as gargantas de poros da rocha e a molhabilidade da rocha a
este fluido. Numa amostra de rocha de pequenas dimensões, para ensaio de
laboratórios, este efeito será mais relevante que num estudo de campo, onde as
dimensões envolvidas são bem maiores. As forças gravitacional e capilar podem ser
desprezadas, sob determinadas condições, no fluxo de dois fluidos imiscíveis no
meio poroso. O fluxo fracionário aqui estudado resume-se aos efeitos das forças
viscosas, responsáveis pela perda de carga durante o deslocamento e o transporte
de quantidade de movimento. As forças viscosas são forças associadas ao
movimento, à dinâmica do deslocamento estudado. Desta forma pode-se considerar
13
que o fluxo dos fluidos é difuso. Entenda-se por fluxo difuso que as saturações dos
fluidos em qualquer seção transversal ao fluxo seja uniformemente distribuída com
relação à espessura. Em outras palavras, não existe a segregação ou concentração
dos fluidos em partes do meio poroso. (Dake, 1978).
Considerando que o fluxo é incompressível, a vazão total dos fluidos em
qualquer seção transversal ao fluxo é definida pela equação 2.3
iwot
qqqq =+= , (2.3)
onde
t
q é a vazão total dos fluidos,
o
q é a vazão do óleo e
w
q a vazão da
água,
i
q é vazão de água injetada.
Denomina-se fluxo fracionário ao fluxo simultâneo de fluidos por uma seção
transversal, definido pela equação 2.4
wo
w
w
qq
q
f
+
= , (2.4)
onde
two
qqq =+ .
Pela lei de Darcy generalizada para o fluxo multifásico, tem-se as vazões dos
fluidos definidas pela equação 2.5 e a equação 2.6,
+
=
Φ
= θρ
µµ
ρ
seng
x
pAkk
x
Akk
q
o
o
o
croo
o
ocro
o
(2.5)
+
=
Φ
= θρ
µµ
ρ
seng
x
pAkk
x
Akk
q
w
w
w
crww
w
wcrw
w
, (2.6)
onde k é a permeabilidade absoluta da rocha,
ro
k e
rw
k são as permeabilidades
relativas ao óleo e à água na seção observada,
c
A é a área transversal ao fluxo do
meio poroso,
o
ρ e
w
ρ são as densidades do óleo e da água,
o
Φ e
w
Φ são os
potenciais do óleo e da água,
g
é a aceleração da gravidade e
θ
a inclinação do
corpo rochoso em relação ao plano horizontal.
14
A permeabilidade relativa é uma função das saturações dos fluidos, e é
expressa por uma curva como a da figura 2.2 que pode ser aproximada por um
modelo de potência, como expresso na equação 2.7.
=
=
b
ow
wor
roro
a
ow
wiw
rwrw
ri
ri
SS
SS
kk
SS
SS
kk
1
1
1
0
0
(2.7)
onde
r
o
S é a saturação de óleo residual,
i
w
S é a saturação de água irredutível, e os
expoentes
a
e b são constantes de forma. Os modelos de potência representam
com bastante precisão os valores de permeabilidade relativa medidos em
laboratório.
Figura 2.2 Gráfico típico de permeabilidade relativa óleo/água
Subtraindo a equação 2.6 da equação 2.5, aparecerão os termos relativos à
pressão capilar e às forças gravitacionais. Dake (1978) mostra de forma bastante
didática estes passos citados. Como dito anteriormente, estes termos são
negligenciados para que sobreponha apenas os efeitos viscosos. Então:
ppp
wo
== e 0
=
θ
.
Reescrevendo a equação 2.4 a partir da equação 2.5 e da equação 2.6
teremos a equação 2.8 do fluxo fracionário para uma seção transversal ao fluxo:
15
( )
( )
o
wro
wrw
w
w
Sk
Sk
f
µ
µ
+
=
1
1
. (2.8)
Importante destacar que, enquanto a curva de permeabilidade relativa é
função apenas da saturação dos fluidos, a do fluxo fracionário é função da saturação
dos fluidos e também da viscosidade dos mesmos, e que a viscosidade é função da
pressão e da temperatura. Portanto a curva de fluxo fracionário pode variar ao longo
da linha de fluxo, então se faz necessário adotar a hipótese simplificadora que a
viscosidade se mantém constante ao longo de toda a linha de fluxo estudada. A
curva de fluxo fracionário é apresentada na figura 2.3.
Figura 2.3 Curva de fluxo fracionário
A solução de Buckley-Leverett (1942) determina a velocidade de um plano de
saturação de água S
w
constante atravessando um sistema poroso linear, conforme
se demonstra na figura 2.4
16
x
dx
x
ww
q ρ
xx
ww
q
+
ρ
Figura 2.4 Seção esquemática de amostra de rocha com fluxo fracionário imiscível
O balanço de massa para a água é dado pela equação 2.9:
( )
wwc
xx
ww
x
ww
S
t
dxAqq
=
+
ρφρρ (2.9)
Trabalhando a expressão, teremos:
( ) ( )
wwcww
x
ww
x
ww
S
t
dxAdxq
x
qq
=
+ ρφρρρ
( ) ( )
wwcww
S
t
Aq
x
=
ρφρ (2.10)
A equação 2.10 é a equação da continuidade para a água, que pode ser
considerada incompressível
(
)
constante
w
ρ . Então vem a equação 2.11
x
w
c
t
w
t
S
A
x
q
=
φ (2.11)
O fluxo fracionário ou a vazão de água numa seção do meio poroso é função
da saturação conforme visto na equação 2.8. Então se tem a equação 2.12:
t
w
w
w
t
w
x
S
S
q
x
q
=
(2.12)
O diferencial total da saturação de água é dado por
dt
t
S
dx
x
S
dS
x
w
t
w
w
+
=
17
Analisando o movimento de um plano com saturação de água constante
0=
w
dS , teremos a equação 2.13:
w
S
t
w
x
w
dt
dx
x
S
t
S
=
(2.13)
Substituindo a equação 2.12 e equação 2.13 na equação 2.11, teremos a
equação 2.14
w
S
c
t
w
w
t
x
A
S
q
=
φ (2.14)
Redefinindo a vazão da água da equação 2.14 pela expressão do fluxo
fracionário dada na equação 2.8, obtém-se a equação 2.15, de Buckley-Leverett
(1942):
w
S
w
w
c
t
w
S
w
S
dS
df
A
q
dt
dx
v
==
φ
(2.15)
A equação de Buckley-Leverett (1942) determina que a velocidade de um
plano de saturação de água constante é proporcional à derivada da curva de fluxo
fracionário da água pela saturação da água. A figura 2.5 mostra o formato desta
derivada.
Figura 2.5 - Gráfico da derivada do fluxo fracionário da água
18
A equação de Buckley-Leverett (1942) permite ainda calcular o perfil de
saturação de água no interior do interior do meio poroso, dado pela equação 2.16
=
t
t
w
w
c
w
S
dtq
dS
df
A
x
0
1
φ
w
S
w
w
c
i
w
S
dS
df
A
W
x
φ
= (2.16)
A equação 2.16 mostra que o perfil da água também é diretamente
proporcional à derivada do fluxo fracionário da água na saturação e a ao volume
injetado. O formato da derivada, mostrado na figura 2.5, é o do perfil de saturações
no interior do meio poroso. A interpretação física correta, entretanto, requer a
mudança dos eixos da função. Matematicamente a posição
x
do plano de saturação
é função da saturação
w
S , mas fisicamente a saturação
w
S deveria ser função do
afastamento ao ponto de injeção do fluido deslocante. A figura 2.6 demonstra a
questão.
Figura 2.6 - Distribuição da saturação de água injetada
O resultado acima contém uma impossibilidade física, a coexistência de três
valores distintos para a saturação em uma determinada posição dentro da zona
invadida pela água injetada. Esta questão não ficou bem explicada à época, mas
Buckley-Leverett (1942) propuseram como solução a existência de uma frente de
19
choque ou avanço da água, de valor
f
w
S . O valor desta frente seria determinado
pela igualdade das duas áreas destacadas, honrando o volume de água injetado.
O cálculo das áreas destacadas exige uso de métodos numéricos, um grande
complicador para os recursos computacionais da década de 40. Welge apresentou
em 1952 uma solução gráfica o problema de fluxo fracionário da água.
A solução apresentada por Welge (1952) pode obtida a partir da equação
2.15 de Buckley-Leverett (1942). Segundo o raciocínio proposto por Welge (1952),
após um intervalo de tempo
t
haverá uma região invadida
wf
S
x pela água injetada
conforme definido na equação 2.17:
tvx
wf
w S
S
= (2.17)
Utilizando os conceitos da Equação de Balanço de Materiais (EBM), neste
instante
t
a região invadida
wf
S
x estará saturada de água a uma saturação média
wm
S . A EBM para a região invadida de água é expressa na equação 2.18:
=
t
tSwm
dtqAxS
wf
0
φ (2.18)
A figura 2.7 ilustra o raciocínio:
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
x
Sw
1 - S
or
S
wf
S
wi
S
wm
Figura 2.7 - Gráfico de saturação média na região invadida pela água injetada
20
A equação 2.16 permite uma decomposição importante: o formato do perfil da
frente é definido pelo termo da derivada do fluxo fracionário pela saturação de água,
w
S
w
w
dS
df
, e desde que a viscosidade se mantenha constante o perfil de saturações na
região invadida será constante, e o comprimento da região invadida será
determinado pelo termo do volume injetado
φ
c
i
A
W
. Para um esquema de vazão
t
q
constante, à medida que o volume injetado aumenta este perfil vai se alongando. A
determinação do comprimento da região invadida
f
w
S
x é obtida diretamente da
equação 2.17, como demonstrado na equação 2.19:
fw
f
w
S
w
w
c
i
S
dS
df
A
W
x
φ
= (2.19)
Dividindo-se a equação 2.16 pelo comprimento da zona total invadida pela
água injetada,
wf
S
x , dado pela da equação 2.19, tem-se:
w
wfwf
w
S
w
w
cS
i
S
S
dS
df
Ax
W
x
x
φ
= (2.20)
A quantidade de água que se acumula na região invadida é expressa na
equação 2.21:
wiwm
cS
i
SS
Ax
W
wf
=
φ
(2.21)
Substituindo a equação 2.21 na equação 2.20, teremos a equação 2.22
( )
w
wf
w
S
w
w
wiwm
S
S
D
dS
df
SS
x
x
x == (2.22)
A equação 2.22 é definitiva quanto à interpretação aqui introduzida: o perfil de
saturação manterá sempre o mesmo formato, apenas se alongando. Obviamente
esta interpretação só é válida até o instante de erupção da água, quando a região
invadida é igual ao comprimento da amostra de rocha.
21
A solução de Welge pode ser obtida quando
wfw
SS
xx = é aplicado à equação
2.22.
( )
wf
S
w
w
wiwm
dS
df
SS =1 ou
( )
wiwm
S
w
w
SSdS
df
wf
=
1
(2.23)
A equação 2.23 é a solução apresentada por Welge (1952) ao problema
equacionado por Buckley-Leverett (1942). O procedimento proposto por Welge
(1952) está ilustrado na figura 2.8, e pode ser assim descrito:
1. Dada a curva de permeabilidade relativa, plotar o gráfico de fluxo
fracionário
w
f dada pela equação 2.8;
2. Traçar uma reta tangente à curva de fluxo fracionário e que contenha o
ponto
(
)
0.0, =
rww
kS
i
3. A saturação de água da frente de choque é obtida no ponto de tangência
da reta com a curva de
w
f ; o ponto onde esta reta tangente tem valor
0.1=
w
f determina a saturação média de água na região invadida.
Figura 2.8 Solução da equação de Buckley-Leverett (1942) por Welge (1953)
Observa-se então que o domínio da saturação de água se restringe ao
intervalo ]1,[
orwf
SS . Este conceito nos será bastante útil, mais adiante, quando se
22
falar do campo de soluções para o problema da dispersão numérica tratado neste
trabalho.
A solução de Welge (1952) permite calcular a saturação média de água
m
w
S
no meio poroso linear no intervalo 0.10 <<
D
x conforme a expressão equação 2.24
apresentada em Dake (1978):
w
S
w
w
w
wwm
dS
df
f
SS
+
=
1
(2.24)
A equação de Buckley-Leverett (1942) permite também calcular
analiticamente uma curva de produção de água no ensaio de deslocamento imiscível
de fluidos. Retomando a equação 2.16 de velocidade de Buckley-Leverett (1942),
pode-se calcular o volume de água injetado no tempo de erupção da água de acordo
com a equação 2.25.
wf
wf
S
w
w
tS
BT
dS
df
q
A
L
v
L
t
1
==
φ
(2.25)
Como o volume poroso da amostra de rocha é determinado por
φ
=
A
L
VP
,
pode-se calcular a fração do volume poroso ocupado pela água injetada pela
equação 2.26:
φφ
=
=
AL
tq
AL
W
VPI
BTti
(2.26)
Substituindo equação 2.26 na equação 2.25, calcula-se a fração do volume
poroso invadido no instante de erupção da água, através da equação 2.27:
1
=
wf
S
w
w
dS
df
VPI (2.27)
O cálculo de evolução da fração de água recuperada pode ser obtido com
uma pequena manipulação da equação de velocidades de Buckley-Leverett (1942).
23
Basta multiplicar ambos os lados da equação 2.15 por
L
t
, onde
t
é o tempo que o
plano de saturação
w
S leva para percorrer a distância
L
.
www
w
S
w
w
S
w
wi
S
w
wt
S
dS
df
VPI
dS
df
AL
W
dS
df
AL
qt
L
tv
=
=
=
φφ
mas 1=
L
tv
w
S
, então
1=
w
S
w
w
dS
df
VPI
ou
1
=
w
S
w
w
dS
df
VPI (2.28)
A equação 2.28 determina a quantidade de volumes porosos injetados
necessários para que o plano de saturação
w
S chegue na extremidade produtora da
amostra de rocha. A produção de água relativa a esta curva de permeabilidade
relativa é obtida tomando-se os valores de
(
)
ww
Sf calculados com a equação 2.8 e
os valores de VPI calculados com a equação 2.28. Um gráfico como o da figura 2.9
poderá ser assim analiticamente obtido.
Cálculo analitico B&L
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800
VPI (Volume Injetado / Volume Poroso)
f
w
(m
3
/m
3
)
Figura 2.9 Produção prevista de água no problema de Buckley-Leverett (1942)
24
Como pode novamente ser constatado, nem a equação 2.27 nem a equação
2.28 sofrem influência do tempo ou da vazão de injeção. Isto resulta da hipótese
matemática adotada de somente haverem forças viscosas atuando no meio poroso,
daí podermos concluir pela manutenção do formato do perfil de saturação na região
invadida. Essa abstração matemática que se faz necessária para o devido
entendimento dos efeitos viscosos deve ser contudo bem compreendida, para não
se chegar a conclusões fisicamente absurdas. Por exemplo, matematicamente se
conclui que, interrompida a injeção, o perfil de saturação de água se mantém
inalterado no meio poroso, já que não existem outras forças para redistribuir os
fluidos. Rapoport e Leas (1953) definiram condições experimentais para se obter em
ensaios de laboratório um perfil de saturações próximo ao idealizado, como função
de uma velocidade mínima que mantenha o domínio das forças viscosas no
processo, também influenciada pelo comprimento da amostra de rocha e a
viscosidade da água injetada.
Ainda sobre a eficiência de deslocamento
D
E definida na equação 2.2,
podemos concluir que a água injetada oferece dois mecanismos de recuperação: o
óleo que está à frente da zona invadida vai sendo empurrado num mecanismo
semelhante ao fluxo pistão, e na região invadida o óleo vai sendo deslocado por
efeito viscoso com a água, semelhante a um mecanismo de lavagem. Quanto maior
for a saturação da frente de choque, melhor será a eficiência de deslocamento. Por
isso, quanto maior for o VPI relativo ao tempo de erupção da água, melhor será a
eficiência de deslocamento medida, e também maior será o valor do
w
f neste
instante. No caso de fluxo pistão a eficiência de deslocamento
D
E da água é
máxima, e no instante de erupção da água teremos
=
=
1
1
w
ow
f
SSVPI
ri
Quanto menor for a saturação de água da frente de choque mais rápido
ocorrerá a erupção da água injetada, e conseqüentemente menor serão os valores
de VPI e
w
f observados neste instante.
25
Deve-se por fim destacar que a solução obtida por Buckley-Leverett (1942)
determina que, na região invadida, o domínio da saturação de água é ]1,[
r
o
f
w
SS , e
que somente neste domínio se verificam os efeitos de deslocamento por viscosidade
estudados (região do fluxo fracionário). Esta observação se fará bastante útil mais à
frente, quando for apresentado o estudo de soluções para o problema.
26
Capítulo 3 Tratamento numérico do fluxo em meio poroso
Com o desenvolvimento dos computadores a partir da década de 50, vários
problemas matemáticos de difícil solução analítica puderam ser resolvidos
numericamente. No caso dos reservatórios de petróleo, os modelos analíticos
permitem que sejam feitas análises de comportamento sob algumas formas
geométricas clássicas (linear, cilíndrica e esférica) e homogeneidade das
propriedades da rocha e do fluido. Os modelos numéricos se mostraram desde cedo
mais adequados a estas análises por se adequarem melhor às formas geométricas
dos reservatórios e incorporar a variação das propriedades da rocha e do fluido. O
reservatório é dividido em blocos de simulação, cada qual caracterizado com as
propriedades médias da rocha e do fluido na região ocupada. Os simuladores de
fluxo mais comerciais se baseiam em métodos de diferenças finitas de controle de
volumes, cuja sigla em inglês é CVFD, aos quais se referem as equações e
raciocínios apresentados neste trabalho.
As equações usadas nos modelos isotérmicos de fluxo combinam a
conservação de massa com a Lei de Darcy. Nos casos em que haja variação de
temperatura, acrescentam-se equações de conservação de energia. Para o
propósito deste trabalho o modelo adotado é isotérmico.
x
y
z
x+x
y
x
z
z+z
y+y
(x,y,z)
Figura 3.1 Esquema de bloco de simulação e orientação de eixos
Tomando como base o elemento de controle da Figura 3.1, podemos aplicar a
equação 3.1 da conservação de massa para fluxo monofásico:
(
)
(
)
(
)
(
)
tttt
=+ acumulaçãodourofonte/sumisai que massaentra que massa
27
(
)
(
)
[
]
( )
ttt
xyz
zyxzzyyxx
zyxtzyx
tqqqqqq
ρφρφω
ρρρρρρ
=+
+++
+
+++
.
.
(3.1)
onde
tzyx
massa
xyz
=
...
ω é um termo relativo à fonte/sumidouro (ocorrência de poço,
por exemplo).
Desenvolvendo a equação 3.1 teremos:
(
)
(
)
(
)
[
]
( )
ttt
xyz
zzzyyyxxx
zyxtzyx
tqqqqqq
ρφρφω
ρρρρρρ
=+
+
+++
.
.
tzyx
qq
zyx
qq
zyx
qq
ttt
xyz
zzz
yyy
xxx
=+
++
+
+
ρφρφ
ω
ρρ
ρρ
ρρ
Aplicando a equação de Darcy
=
=
=
z
p
k
v
y
p
k
v
x
pk
v
z
z
y
y
x
x
µ
µ
µ
para a direção
x
,
y
e
z
teremos
tz
vv
y
vv
x
vv
ttt
xyz
zzz
yyy
xxx
=+
++
+
+
ρφρφ
ω
ρρ
ρρ
ρρ
Tomando o limite de 0
x , 0
y e 0
z , num regime contínuo,
obteremos a forma diferencial da equação para um meio contínuo:
tt
q
x
p
k
zx
p
k
yx
p
k
x
v
z
y
x
+
=+
+
+
φ
ρ
ρ
φρ
µ
ρ
µ
ρ
µ
ρ (3.2)
e
v
q é o termo fonte/sumidouro.
28
Considerando que não ocorrem fortes gradientes de pressão no elemento de
controle, é possível admitir que a densidade ρ não varia entre as faces deste
elemento de controle. A densidade ρ é uma função da pressão, e sua variação pode
ser expressa por:
pc
f
=
ρ
ρ
1
, onde c
f
é a compressibilidade do fluido, e a porosidade pode ser
expressa por
pc
r
=
φ
φ
1
, onde c
r
é a compressibilidade da rocha.
Assim, a equação 3.2 se desenvolverá:
t
p
pt
p
p
q
x
p
k
zx
p
k
yx
p
k
x
v
z
y
x
+
=+
+
+
φρ
ρ
φ
µµµ
,
t
p
c
t
p
cq
x
p
k
zx
p
k
yx
p
k
x
rfv
z
y
x
+
=+
+
+
φφ
µµµ
,
t
p
cq
x
p
k
zx
p
k
yx
p
k
x
tv
z
y
x
=+
+
+
φ
µµµ
,
sendo
rft
ccc += a compressibilidade total do sistema. Considerando um bloco onde
não haja fonte sumidouro ( 0=
v
q ), que o bloco seja isotrópico e homogêneo
( constante===
zyx
kkk ), e que a variação de viscosidade
µ
seja desprezível,
obtemos a equação 3.3 - a equação da difusividade para fluxo monofásico.
t
p
z
p
y
p
x
p
o
=
+
+
η
1
2
2
2
2
2
2
(3.3)
sendo
ot
o
o
c
k
µφ
η = é o coeficiente de difusão hidráulica.
Para o caso mais geral, de fluxo multifásico, utiliza-se o sistema de equações
3.4:
29
( )
( )
( )
( )
0
0
0
=
+
=
+
=
+++
+
gpk
B
q
B
S
t
gpk
B
q
B
S
t
gpkEgpk
B
R
qqRSE
B
SR
t
oo
o
o
o
o
o
ww
w
w
w
w
w
ggggoo
o
os
gosgg
o
os
ρ
λφ
ρ
λφ
ρλρ
λ
φ
(3.4)
No sistema de equações 3.4 a primeira equação é da difusividade relacionada
à fase gás, a segunda à água e a terceira ao óleo. O termo
gg
BE 1= é o coeficiente
de expansão do gás livre (inverso do fator volumétrico). Os termos µλ
r
k= são a
relação entre a permeabilidade relativa (que é função da saturação de fluido na
região analisada) e a viscosidade de cada fluido. O termo
s
R é a razão de
solubilidade do gás, isto é, representa o volume de gás dissolvido na fase óleo
(
)
resres
TP ,@ , porém medidos em condições de superfície.
As três equações de difusividade apresentadas acima apresentam a mesma
forma, e podem ser escritas como na equação 3.5:
( ) ( ){ }
0=+
gpTkqA
t
ρ (3.5)
onde
B
S
A
φ
= , é o termo de acumulação,
µB
k
T
r
= , é o termo de transmissibilidade
relativa de cada fluido, k é a permeabilidade absoluta,
p
é a pressão da fase,
ρ
é
a densidade do fluido, e g é a aceleração da gravidade.
Considerando o fluxo horizontal, onde o gradiente gravitacional é zero, a
equação 3.5 poderá ser descrita como
{ } ( )
qSpDqpTkA
t
==
, (3.6)
onde o termo
(
)
{
}
pTkSpD =, representa a parcela de transmissão de fluxo entre
células.
Existem dois métodos numéricos mais freqüentemente utilizados para
solucionar as equações diferenciais parciais como a equação 3.6: diferenças finitas e
30
elementos finitos. A maioria dos simuladores comerciais utiliza o método de
diferenças finitas, que são baseados em expansões da série de Taylor.
As expansões da Série de Taylor podem ser exemplificadas em um sistema
unidimensional, onde sejam tomados três pontos de rede
j
adjacentes com os
seguintes valores da função
j
u .
(
)
( )
( )
11
11
++
=
=
=
jj
jj
jj
xuu
xuu
xuu
(3.7)
Os valores da função
j
u estarão assim relacionados:
....
!
3
'''
!
2
'''
....
!3
'''
!2
'''
32
1
32
1
+
+=
+
+
++=
+
x
u
x
uxuuu
x
u
x
uxuuu
jjjjj
jjjjj
(3.8)
Subtraindo uma da outra, teremos então:
......'''
!
3
2
'
2
11
+
=
+
j
jj
j
u
x
x
uu
u , (3.9)
ou, de forma reduzida:
( )
2
11
2
' xO
x
uu
u
jj
j
+
=
+
(3.10)
onde o termo
(
)
2
xO representa o erro de truncamento resultante da aproximação
da solução do método de diferenças finitas ao da solução analítica da equação
diferencial parcial.
Quanto a discretização espacial, existem dois métodos usualmente utilizados para
produzir as equações de diferenças finitas. Na discretização pelo centro do bloco,
os blocos são primeiro determinados e os pontos de análise são centrados nos
blocos (Figura 3.2 e 3.3). Não se selecionam pontos nas fronteiras dos blocos
extremos.
31
x
0
L
º
u
0
º
u
3
º
u
4
º
u
2
º
u
1
x=L/nblocos
Figura 3.2 Sistema de malha de bloco centrado
x
i- 1 /2
x
i + 1 / 2
δ
i -
δ
i +
x
i
x
i
x
i- 1
x
i + 1
bloco
selado
Figura 3.3 Sistema de malha de bloco centrado
As derivadas espaciais ocorrem do lado direito da difusividade na equação
3.6. No caso de diferenças centradas nos blocos, a derivada espacial numérica da
difusividade será descrita como a equação 3.11, para a direção
x
.
(
)
(
)
( ) ( )
=
=
+
+
++
21
1
2121
21
1
2121
....
1
..,
j
jj
jj
j
jj
jj
j
x
pp
kT
x
pp
kT
x
pkTSpD
(3.11)
com termos similares desenvolvidos para as direções y e z. Os termos
2121
.
jj
kT ,
2121
.
++ jj
kT são propriedades das fronteiras esquerda e direita do bloco,
respectivamente.
À equação 3.11 pode ser dada uma interpretação física. Multiplicando ambos
os lados da equação 3.6 pelo volume do bloco
jjj
zyx , tem-se:
(
)
[
]
sai que Fluxo - entra que Fluxo, =
jjj
zyxSpD , (3.12)
32
onde
[ ]
[ ]
=
=
+
+
++
21
1
2121
21
1
2121
sai que Fluxo
entra que Fluxo
j
jj
jjjj
j
jj
jjjj
x
pp
kTzy
x
pp
kTzy
(3.13)
O erro de truncamento da variável espacial para o sistema de blocos
centrados é dado pela equação 3.14.
( )
211
4
2
to truncamende Erro
j
j
jjj
xO
x
xxx
+
+
=
+
(3.14)
Em outra forma de discretização espacial do problema, definem-se pontos no
espaço, sendo o primeiro e o último na fronteira do sistema, e depois se definem as
fronteiras dos blocos na metade das distâncias entre os pontos definidos, como se
vê na Figura 3.4 e 3.5.
x
0
L
º
u
0
º
u
3
u
4
ºº
u
2
º
u
1
x=L/nblocos
Figura 3.4- Sistema de malha de pontos definidos
A descrição numérica da expressão espacial da equação 3.6 poderá ser
então descrita:
(
)
(
)
( ) ( )
=
=
+
+
++
+ 21
1
2121
21
1
2121
21.21.
....
2
..,
j
jj
jj
j
jj
jj
jj
x
pp
kT
x
pp
kT
xx
pkTSpD
(3.15)
O erro de truncamento para o sistema de pontos definidos é dado pela
equação 3.16
(
)
(
)
2
2121
to truncamende Erro
jjj
xOxx +=
+
(3.16)
33
É importante observar que o erro de truncamento no sistema de blocos
centrados apresenta um termo
(
)
1O , o que implica que deverá existir um erro finito
quando 0
x em espaçamentos de malha irregular. Na prática, implica que se os
blocos adjacentes não forem muito diferentes no tamanho, este erro também não
será muito expressivo. É importante ainda destacar que em ambos os sistemas
ocorrerão um erro de 2ª ordem em malha de espaçamento regular.
bloco
selado
( )
2
211
=
i
xδ
( )
2
212 +
=
i
xδ
21
i
x
21+
i
x
21+i
x
21i
x
( )
2/
2121 +
+=
iii
xxx
i
x
Figura 3.5 Sistema de malha de pontos definidos
Em ambos os sistemas os termos
21+i
k são estimados pela média harmônica
da equação 3.17:
(
)
11
11
21
.
++
++
+
+
+
=
jjjj
jjjj
j
kxkx
kkxx
k (3.17)
A média harmônica corresponderá à queda de pressão obtida em regime
permanente de fluxo. Quando ocorrer fluxo bifásico, a permeabilidade de cada
componente deverá ser reduzida pela sua respectiva permeabilidade relativa.
Determina-se o valor de
21+j
rl
k para a interface entre os blocos
j
e
1
+
j
, cujas
saturações no intervalo de tempo N valem
N
w
j
S e
N
w
j
S
1+
. Pode-se determinar o valor
de
21+j
rl
k pela média aritmética das permeabilidades relativas de cada um dos
blocos, ou a permeabilidade relativa da saturação média dos blocos. Este esquema
é denominado ponderação de ponto central e apresenta uma solução
matematicamente possível, mas fisicamente incorreta. Por essa razão, o esquema
mais comumente utilizado é o de ponderação à montante, onde
34
(
)
( )
<
>
=
++
+
+
NN
wrl
NN
wrl
rl
jji
jj
j
ppSk
ppSk
k
11
1
21
se ,
se ,
(3.18)
Quanto à discretização temporal, retornamos à equação 3.6 da difusividade
{ } ( )
qSpDqpTkA
t
==
,
A variável tempo é discretizada pela equação 3.19.
( )
( ){ } ( ){ }
nnnnnn
nn
qSpDqSpD
t
AA
+=
+++
+
,,1
111
1
θθ (3.19)
onde
θ
é um ponderador. O erro de truncamento é:
(
)
{
}
2
21to truncamende Erro ttO += θ (3.20)
O erro será minimizado para 21=θ . Essa aproximação é denominada
método de Crank-Nicholson. Para 0
=
θ
, a discretização é considerada
completamente implícita (fully implicit). O método completamente implícito contém
pressões e saturações desconhecidas, no nível de tempo 1
+
n . Isto significa que
um conjunto de equações não lineares precisam ser resolvidas para determinar
11
,
++ nn
Sp .
Quanto à estabilidade numérica, os procedimentos como o estipulado na
equação 3.19 são chamados métodos em marcha (marching methods), porque a
solução no tempo
n
tt = precisa ser conhecida antes da solução avançar para o
tempo
1+
=
n
tt . A presença de erros computacionais pode determinar uma
instabilidade numérica. Por exemplo, considerando a seguinte equação diferencial
ordinária:
xy
dx
dy
=
que possui a seguinte solução geral
(
)
1++= xAey
x
.
35
Se for dada a seguinte condição inicial, y(0)=1, a solução particular será:
1
+
=
xy .
Se um pequeno erro O(ε) é introduzido em x=0, então a solução numérica
será dada por
(
)
1. ++= xey
x
ε , num erro introduzido na resposta, não importa quão
pequeno seja ε. Todo o esquema que permite o crescimento de erros, é chamado
de instável.
Para análise de estabilidade da equação 3.21 de Buckley-Leverett (1942), que
define o deslocamento entre dois fluidos imiscíveis:
x
S
fv
t
S
w
wt
w
=
(3.21)
e , por simplificação, será assumido que constante=
wt
fv .
A equação 3.21 de Buckley-Leverett (1942), poderá ser discretizada pelo
método integral. Utilizando o sistema de blocos centrados, a taxa de acumulação no
bloco
i
será dada pela equação 3.22:
(
)
zyxSS
N
w
N
w
=
+1
acumulação na Variação (3.22)
onde será assumido que o espaçamento nas direções
x
,
y
e
z
é constante, e que
tNt
=
. O fluxo de massa que entra pela face esquerda do bloco da Figura 3.3, em
um intervalo de tempo t
:
21
. entra que Massa
=
i
wwt
Sfvzyt
(3.23)
E a massa que sai pela face direita, neste mesmo intervalo de tempo t
, é :
21
. sai que Massa
+
=
i
wwt
Sfvzyt
3.24)
Conseqüentemente, a equação 3.21 de Buckley-Leverett (1942) poderá ser
assim reescrita:
(
)
(
)
2/12/1
.
1
+
=
+
jjjj
wwwt
N
w
N
w
SSfvzytSSzyx , (3.25)
ou
36
(
)
2/12/1
1
+
=
+
jjjj
wwwt
N
w
N
w
SSfv
x
t
SS (3.26)
Na equação 3.26 para Buckley-Leverett (1942) não está especificado em que
nível de tempo a equação estaria referida, ou qual valor de
21+j
w
S . O valor de
21+j
w
S
será dado por:
2
1
2/1
+
+
+
=
j
w
j
w
j
w
SS
S
que é uma média ponderada pelo ponto central
j
. Se o lado direito da equação 3.26
for estimado para o nível de tempo tNt
=
, então será explícita no tempo, e o
esquema resultará:
(
)
N
w
N
wwt
N
w
N
w
jjjj
SS
x
t
fvSS
11
1
+
=
(3.27)
Esta é uma aproximação explícita porque todos os termos do lado direito da
equação estão estimados no nível de tempo N . A solução no nível de tempo tNt
=
pode ser avançada para o nível de tempo
(
)
tNt += 1 , e a equação 3.27 terá um erro
de truncamento de ordem
(
)
2
xtO + . Para analisar a estabilidade deste esquema,
faz-se necessário utilizar uma análise de estabilidade de Fourier. Este método de
análise examina o comportamento de um pequeno erro quando o tempo se torna
longo. Admita-se um erro devido a truncamento ou arredondamento para a série de
Fourier conforme a equação 3.28.
[
]
x
j
= λε 1exp erro
N
(3.28)
o qual é um componente de Fourier para um erro arbitrário. Substituindo este erro
na equação 3.27, tem-se:
( )
x
x
t
fv
wt
+= λε
2
2
2
sen1
0.x 0,t 0, que desde ,
x
t
de valoresos todospara 1 será
> λλε .
37
Conseqüentemente, a amplitude do erro quando
N também tende ao
infinito, ou, posto de outra forma, um pequeno erro se tornará desmedido com o
número de intervalos de tempo se tornando maiores. Este esquema é
incondicionalmente instável.
Considerando agora o esquema explícito para a equação 3.27, a qual usa um
esquema de ponderação a montante da saturação, definido como
<
>
=
+
+
0 se
0 se
1
2/1
wtw
wtw
w
fvS
fvS
S
i
i
i
Isto significa que a saturação é estimada à montante do ponto em questão. O
esquema de ponderação à montante ficará então da seguinte forma:
(
)
N
w
N
wwt
N
w
N
w
jjjj
SSf
x
t
vSS
=
+
1
1
(3.29)
e terá o seguinte um erro de truncamento
(
)
xtO + .
Novamente assumindo um erro de truncamento apresentado na equação
3.28, então a condição de estabilidade para a equação 3.29 será
1 se 1 <
<
wt
f
x
t
vε (3.30)
Desde que 1<ε , o erro será minimizado quando
N . A condição de
estabilidade 1 <
wt
f
x
t
v tem uma interpretação física. Se
w
f
é assumido como
(
)
1O ,
então a equação 3.30 implica que não mais que um volume de fluido pode ser
movimentado pela célula de simulação em um intervalo de tempo t
, o que
efetivamente coloca a condição no máximo intervalo de tempo, conseqüentemente a
equação 3.29 é considerada condicionalmente estável. A equação 3.30 é também
conhecida como uma condição de processamento.
Se uma aproximação totalmente implícita da equação 3.26 for usada, será
usado o seguinte esquema:
38
(
)
11
1
2/12/1
'
++
+
+
=
N
w
N
wwt
N
w
N
w
jjjj
SSfv
x
t
SS (3.31)
O valor ainda desconhecido da saturação
1+N
w
j
S aparece em ambos os lados
da equação 3.31 da continuidade, então um sistema de equações deve ser resolvido
com o objetivo de avançar a solução um intervalo de tempo. Em conseqüência, um
intervalo de tempo completamente implícito é mais trabalhoso que um intervalo
explícito. Uma análise de estabilidade de Fourier mostra que um esquema
totalmente implícito é estável para qualquer ponto central ou ponderação anterior de
saturações.
Entretanto, pode ser demonstrado que usando uma ponderação de ponto
médio na equação 3.32 dará uma resposta fisicamente incorreta. A resposta
fisicamente correta para a equação 3.21 hiperbólica de Buckley-Leverett (1942) é
dado pelo limite quando 0
α
em:
2
2
x
S
x
S
fv
t
S
ww
wt
w
+
=
α (3.32)
O termo extra de difusividade apresentado na equação 3.32 em esquema de
ponderação pelo bloco anterior tem erro de ordem
(
)
xO , então a difusão
desaparecerá no limite de malhas reduzidas. Entretanto, para as malhas de
simulação usuais, o termo de difusividade pode distorcer as frentes de saturação.
Este efeito é conhecido como dispersão numérica. Este é um tema de pesquisa
contínua para desenvolvimento de métodos de diferenças finitas que promovam
difusão suficiente à garantia da solução física correta, contudo não distorcendo as
frentes de saturação desnecessariamente.
Como conclusão, o esquema de ponderação anterior é usualmente usado em
simulação de reservatórios. O esquema de ponderação anterior garantirá que os
esquemas de diferença finita convirjam à solução correta, e aqueles esquemas
explícitos são pelo menos condicionalmente estáveis.
39
Capítulo 4 Dispersão numérica
Define-se dispersão numérica como a diferença entre o resultado de uma
equação obtido por solução numérica em relação ao resultado obtido de forma
analítica. A dispersão numérica é devida ao nível de discretização espacial
determinado para a solução dos problemas propostos. Nos tratamentos analíticos
trabalha-se com elementos infinitesimais das equações diferenciais, e portanto suas
soluções, quando possíveis, são consideradas mais precisas que nos métodos
numéricos. As soluções numéricas, por sua vez, se mostram menos precisas que as
analíticas, mas propiciam uma boa solução a problemas que não podem ser
resolvidos analiticamente. A dispersão numérica é assim um fator intrínseco à
solução numérica, diretamente relacionada à limitação computacional de se
trabalhar com o maior número possível de blocos de simulação.
Nos simuladores numéricos de fluxo utilizados pela engenharia de
reservatórios, alguns fenômenos estudados se mostram afetados pela dispersão
numérica. Nos estudos do fluxo fracionário, por exemplo, onde o óleo geralmente é
deslocado por água, observa-se uma dificuldade de reproduzir com mais fidelidade o
avanço da água injetada no meio poroso, seja pela distribuição da frente de choque,
seja pela distribuição de saturação no meio poroso. No espaço bi ou tridimensional,
por exemplo, pode-se traçar analiticamente linhas de fluxo para a água a partir de
superfícies equipotenciais geradas pelo gradiente de pressão induzido no meio
poroso. Entretanto a geometria ortogonal da malha de simulação de fluxo apresenta
limitações fundamentais a uma boa aproximação às linhas de fluxo calculadas.
Dake (1994) apresenta um exemplo bastante ilustrativo de simulação de fluxo
pistão, no qual quando a água chegar à extremidade produtora todo o óleo móvel
deveria ter sido deslocado. A curva de permeabilidade relativa de uma amostra de
rocha é obtida por ensaios de laboratório, realizados com óleo de baixa mobilidade,
uma vez que a permeabilidade relativa é uma propriedade relacionada ao fluxo
fracionário. Este ensaio, simulado numericamente, traria como resultado uma
erupção de água mais cedo que o medido, com uma eficiência de deslocamento
D
E
inferior à esperada. Esta situação fisicamente irreal é uma dispersão numérica típica,
40
e significa que os simuladores de fluxo devem estar distribuindo os fluidos de forma
equivocada, tanto no espaço quanto no tempo.
O exemplo de Dake (1994) é apresentado na Figura 4.1, com um óleo pouco
viscoso que caracterize um fluxo do tipo pistão. No caso (a) utiliza-se uma malha de
simulação arbitrada e a curva de permeabilidade relativa da rocha medida em
experimento de laboratório, com o uso de óleo viscoso. A curva de permeabilidade
relativa integral permite que a água existente em cada bloco de simulação acima da
i
w
S flua, e desta forma a água avançará mais rápido pelo meio poroso, sem formar a
frente de choque esperada para o fluxo tipo pistão.
Injeção
Produção
S
w
k
r
S
w
(a)
1-S
o r
S
w i
x
z
S
w
(c)
1-S
o r
S
w i
x
(b)
S
w
k
r
S
w
1-S
o r
S
w i
x
S
w
k
r
Figura 4.1 Esquema numérico do problema de Buckley-Leverett, por Dake (1994)
O efeito dispersivo poderá ser minimizado, e desta forma a distribuição da
água injetada ser mais próxima ao esperado, com o refinamento da malha de
simulação, conforme sugerido no caso (b). Observa-se neste caso que o aumento da
quantidade de blocos na direção de fluxo aproxima a simulação numérica ao espaço
infinitesimal utilizado na solução de Buckley-Leverett (1942), e com isso a solução
da frente de choque pode ser reproduzida. Além disso, a dispersão que se observa
na vertical minimiza em parte os efeitos dispersivos que a curva de permeabilidade
relativa integral geraria na direção do fluxo. No caso (c) utiliza-se a mesma malha de
41
simulação do caso (a), porém com uma curva de permeabilidade relativa alterada,
na qual a água só flui
(
)
0>
w
r
k quando a saturação de óleo do bloco atingir a
r
o
S .
O exemplo demonstra que a correção do efeito dispersivo da solução
numérica ao problema de Buckley-Leverett (1942) pode ser feita corrigindo-se a
permeabilidade relativa medida em laboratório. O ensaio de deslocamento do óleo
pela água em laboratório gera uma expectativa de comportamento na produção de
água para um determinado tipo de rocha. Os resultados obtidos na escala de
amostra de rocha deveriam se repetir na escala de campo, exceto pela ocorrência
de heterogeneidades não representadas na amostra de rocha ensaiada. A
transferência de escala da amostra de rocha para o reservatório real é possível
através dos simuladores numéricos de fluxo, que incorporam outras propriedades
como as formas geométricas dos reservatórios e suas heterogeneidades de rocha e
fluido.
Os simuladores de fluxo combinam a lei de conservação de massa com a lei
de Darcy que determina o fluxo no meio poroso. Entretanto, devido à escala dos
blocos de simulação ser algumas ordens de grandeza superior à escala dos poros
da rocha, os conceitos de estocagem de fluidos nos blocos na forma de saturação
se tornam preponderantes sobre a lei de fluxo. Em outras palavras, não existem
gradientes de saturação ou pressão dentro dos blocos de simulação, mas apenas
entre blocos, então a água que chega ao bloco por uma de suas interfaces já no
próximo intervalo de tempo poderá sair por outra interface, sem ter que fluir através
bloco. Os fluidos se transferem aos blocos adjacentes em resposta aos gradientes a
que forem submetidos (forças capilares, gravitacionais e viscosas), e de acordo com
a quantidade estocada (saturação de fluido móvel que o bloco possuir no instante
em que for submetido ao gradiente).
Das três forças que atuam nos fluidos, apenas as forças viscosas são
relacionadas ao fluxo fracionário. As forças gravitacionais agem no sentido vertical e
tendem a segregar os fluidos de acordo com a diferença de densidade entre eles. As
forças capilares estão relacionadas à atração química que os fluidos apresentarem
em relação à rocha. Já as forças viscosas representam o atrito gerado pelo
deslocamento dos fluidos. A permeabilidade é a propriedade que mede a
42
intensidade desta força, e a permeabilidade relativa mede a resistência ao
deslocamento dos dois fluidos dispersos na rocha.
Os ensaios de laboratório são realizados de forma que as forças viscosas
apresentem muito mais atuação que as outras duas, gerando a curva de
permeabilidade relativa representativa do fluxo fracionário. Para que seja possível
comparar os resultados, e observar o efeito dispersivo do problema de Buckley-
Leverett (1942) aplicado ao método numérico, utiliza-se um corpo poroso subdividido
em blocos formando apenas uma camada horizontal, como o mostrado na Figura
4.2, para anular os cálculos de gradiente gravitacional pelo simulador. A pressão
capilar também é negligenciada na formulação dos arquivos de dados.
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
h
y
Figura 4.2 Esquema de simulação de fluxo
A simulação do deslocamento de óleo pela água implica uma seqüência de
cálculos de balanço de massa para ambos os componentes, o óleo e a água. No
tempo inicial todas as células estão saturadas com óleo na presença de água
irredutível (
i
w
S ), como demonstrado na Figura 4.3.
o
w
t
q
q
q
wt
qq
S
w i
1-S
o r
S
w
L
Figura 4.3 Condição inicial de fluxo
No primeiro intervalo de tempo de simulação o bloco do poço injetor terá um
acréscimo de saturação
tempo
blocon
o
S
, conforme descrito na equação 4.1.
φ
=
xA
tq
SS
c
t0
1
1
1
(4.1)
43
Neste primeiro intervalo de tempo apenas a saturação de água do primeiro
bloco será modificada. Já no segundo intervalo de tempo, o primeiro bloco receberá
mais água de sua fonte fornecedora (no caso, um poço injetor), e transferirá parte da
água estocada para o bloco adjacente. A quantidade de água transferida do bloco 1
ao bloco 2 será função da diferença de potencial entre os blocos e da quantidade de
água móvel que existir no bloco fornecedor, no caso, o bloco 1. A capacidade de
fluxo será determinada pela permeabilidade relativa do bloco fornecedor, função das
saturações de fluidos no intervalo de tempo simulado. No sistema 4.2 tem-se as
equações que regem o fluxo entre um bloco de índice
j
e seus blocos adjacentes.
[ ] [ ] [ ] [ ]
[ ] [ ]
[ ] [ ] [ ] [ ]
[ ] [ ]
+
==
+
==
2
onde ,
2
onde ,
1
1,11,1
1
1,11,1
jj
w
rw
j
w
jj
w
j
w
jj
w
jj
o
ro
j
o
jj
o
j
o
jj
o
xx
hykk
TpTq
xx
hykk
TpTq
µ
µ
(4.2)
Como a pressão capilar é desprezada, por hipótese do problema,
ow
pp = e
também
ow
pp = .
A solução do termo de transmissão de massa se equilibra com o termo de
acumulação, em cada bloco, conforme demonstrado na equação 4.3.
(
)
( )
( ){ } ( ){ }
nnnnnn
qSpDqSpD
t
S
+
+++
,,1
111
θθ
φ
(4.3)
Ressalta-se que a porosidade φ também sofre variação com a pressão,
através da relação da compressibilidade, porém o efeito da compressibilidade da
rocha deve ser desprezado para o propósito deste trabalho. O desprezo da
compressibilidade da rocha será tão mais aceitável quanto mais restrito se mostrar o
intervalo de variação da pressão nos processos desenvolvidos.
Assim, um esquema de cinco blocos apresentará um perfil de saturações
como o demonstrado na Figura 4.4, após alguns intervalos de tempo de simulação.
44
o
w
t
q
qq
wt
qq
S
w i
1-S
o r
S
w
L
Figura 4.4 - Perfil de saturação numa simulação de deslocamento de fluidos
Alguns esquemas de simulação de fluxo tornarão mais fáceis à visualização
do problema da dispersão numérica pelo efeito da quantidade de blocos utilizados.
Tomemos como exemplo o corpo poroso homogêneo, como mostrado na Figura 2.1,
dividido espacialmente em 4 esquemas como os apresentados nas Figuras 4-5, 4-6,
4-7 e 4-8, para simular numericamente um ensaio de laboratório. Atribuíram-se os
seguintes valores para a amostra de rocha:
comprimento L igual a 10 m,
largura y igual a 1 m,
espessura h igual a 1 m,
porosidade φ constante igual a 0,25.
Permeabilidade k constante igual a 100 mD.
O volume poroso VP possui 2,5 m
3
, para os quais impõe-se uma vazão de
injeção de 0,01 m
3
/dia, igual à vazão de produção no outro extremo do corpo poroso.
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
L
h
y
1 1 1
1
1
1
1
1
1
1
Figura 4.5 Esquema de 10 blocos iguais para simulação
45
L
h
y
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
1 1,33 1,33 1,331,33 1,33 1,33 1
Figura 4.6 Esquema de 8 blocos para simulação
L
h
y
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
1 2 2
2
2
1
Figura 4.7 Esquema de 6 blocos para simulação
L
h
y
q = q
constante
t w
q= q + q
constante
t w o
1
4
4
1
Figura 4.8 Esquema de 4 blocos para simulação
Tomemos também uma curva de permeabilidade relativa gerada por modelo
de potência (sistema de equações 4.4).
=
=
b
owi
wor
roro
a
ow
wiw
rwrw
r
ri
SS
SS
kk
SS
SS
kk
1
1
1
0
0
(4.4)
Foram atribuídos os seguintes valores para determinação das curvas de
permeabilidade relativa, apresentada na Figura 4.9:
==
==
==
2
20.0@48.0
15.0@72.0
0
0
ba
Sk
Sk
orrw
wiro
46
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Sw
kr
kro
krw
Figura 4.9 - Curva de permeabilidade relativa água/óleo
Foram adotados valores de viscosidade
o
µ igual a 2 cp para o óleo e
w
µ
igual a 0,29 cp para a água.
Simulando o deslocamento do óleo por água nos esquemas apresentados,
tem-se o resultado apresentado na Figura 4.10. Estes resultados são comparados
ao resultado do cálculo analítico da curva de produção de água obtido com a
equação de Buckley-Leverett (1942).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
VPI (Volume Injetado / Volume Poroso)
f
w
(m
3
/m
3
)
4 Blocos
6 Blocos
8 Blocos
10 Blocos
Cálculo analitico B&L
Figura 4.10 - Resultados de simulação do ensaio de permeabilidade relativa
47
A comparação dos resultados mostrados na Figura 4.10 mostram o efeito
dispersivo da discretização espacial do meio poroso, que é tão mais acentuado
quanto menos blocos se utiliza para definir a amostra de rocha. Uma das principais
características deste deslocamento é a erupção brusca da água após a injeção de
determinado volume de água. No exemplo apresentado a fração produzida de água
w
f chega a quase 70%, como resultante dos valores adotados de permeabilidade
relativa e viscosidade
o
µ e
w
µ . No caso de fluxo tampão, como visto antes, a fração
inicial de água produzida já seria de 100%, mas quando ocorrer fluxo fracionário
este valor é menor, porém cresce com a evolução do processo.
Tanto este exemplo quanto o do fluxo tipo pistão descrito por Dake (1994)
demonstram que a reprodução do ensaio de laboratório com simuladores numéricos
de fluxo não pode ser obtida de forma direta. Para melhor reproduzir os valores do
ensaio de laboratório existem duas possibilidades: aumentar o número de blocos de
simulação, ou trabalhar com curvas de permeabilidade relativa corrigidas que
minimizem a dispersão numérica observada. Quanto mais grosseira for a
discretização espacial do meio poroso, mais cedo a água atinge a extremidade
produtora e mais suave é a o crescimento da fração produzida. Estes efeitos se
verificarão sempre que a água for mais móvel que o óleo.
Uma análise mais detalhada da equação 4.2 permite determinar os
parâmetros que podem interferir no resultado do problema da discretização espacial
do meio poroso, para uma mesma curva de permeabilidade relativa obtida em
laboratório.
A geometria do sistema simulada é determinada pela área transversal ao
fluxo
(
)
hy , o comprimento
L
e a porosidade
φ
. Qualquer variação nestes valores
será compensada pela forma como os resultados são apresentados, na curva de
w
f
pelo volume poroso injetado. O volume poroso injetado é determinado pela equação
4.5
Lhy
tq
VPI
t
=
(4.5)
48
A relação entre a permeabilidade absoluta e a viscosidade formam uma razão
µk denominada mobilidade do fluido, de forma que pode-se analisar apenas a
sensibilidade da solução a um dos parâmetros (ou seja, a solução de um problema
numérico determinado é idêntica para valores de k multiplicados por uma constante
c
desde que a viscosidade também seja multiplicada por esta constante
c
).
Nas Figura 4.11, Figura 4.12, Figura 4.13 e Figura 4.14 são apresentados os
resultados da análise de sensibilidade à variação de permeabilidade absoluta para
os diversos esquemas de bloco estudados.
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Volume injetado / Volume poroso
f
w
10 Blocos / k = 1 mD
10 Blocos / k = 100 mD
10 Blocos / k = 1000 mD
Solução analítica
Figura 4.11 - Análise de sensibilidade do modelo à variação de permeabilidade absoluta
49
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Volume injetado / Volume poroso
f
w
8 Blocos / k = 1 mD
8 Blocos / k = 100 mD
8 Blocos / k = 1000 mD
Solução analítica
Figura 4.12 - Análise de sensibilidade do modelo à variação de permeabilidade absoluta
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Volume injetado / Volume poroso
Wcut
6 Blocos / k = 1 mD
6 Blocos / k = 100 mD
6 Blocos / k = 500 mD
Solução analítica
Figura 4.13 - Análise de sensibilidade do modelo à variação de permeabilidade absoluta
50
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Volume injetado / Volume poroso
f
w
4 Blocos / k = 1 mD
4 Blocos / k = 100 mD
4 Blocos / k = 1000 mD
Solução analítica
Figura 4.14 - Análise de sensibilidade do modelo à variação de permeabilidade absoluta
Conclui-se então que o problema da dispersão numérica observada não se
relaciona aos parâmetros de rocha e fluido, mas somente à discretização espacial
utilizada.
51
Capítulo 5 Solução do problema
A dispersão numérica na simulação de deslocamento linear de fluidos
imiscíveis é decorrente apenas da discretização espacial do meio poroso, como
demonstrado no Capítulo 4. Este efeito dispersivo é devido ao uso da curva integral
da permeabilidade relativa obtida em ensaio de laboratório, a qual determina uma
mobilidade para a água sempre que
wiw
SS > . Entretanto, o estudo de fluxo fracionário
e as equações de Buckley-Leverett (1942) nos mostram que o avanço da água no
meio poroso apresenta uma frente de choque com saturação
i
w
f
w
SS > , e que esta
frente de avanço tem uma velocidade que pode ser calculada pela equação 5.1
f
w
f
w
S
w
w
c
i
S
S
f
A
q
v
=
φ
(5.1)
Isto significa que o domínio da saturação de água móvel pertence ao intervalo
]1,[
r
o
f
w
SS , e a curva de permeabilidade relativa deveria ser corrigida como
demonstrado na Figura 5.1, por exemplo, tomando-se uma saturação de água da
frente 40.0=
f
w
S .
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Sw
kr
krw inicial
kro inicial
krw corrigida
Figura 5.1 Curva de permeabilidade relativa corrigida
52
Esta correção suprime a mobilidade da água no bloco de simulação nas
saturações de água inferiores à da frente de choque, pois no fenômeno do
deslocamento equacionado, e reproduzido em laboratório, não existe saturação de
água no intervalo
(
)
f
w
i
w
SS , . A correção proposta na Figura 5.1 para a curva de
permeabilidade relativa à água impõe ao simulador de fluxo que 0=
w
f no intervalo
(
)
f
w
i
w
SS , , ou seja, a curva de fluxo fracionário
w
f só existe onde
f
ww
SS > , conforme
o perfil de saturação determinado por Buckley-Leverett (1942), demonstrado na
Figura 5.2.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Sw
kr
krw inicial
kro inicial
krw corrigida
fw
Figura 5.2 Curva de fluxo fracionário
Uma vez que o fluxo fracionário 0.0=
w
f no intervalo
(
)
f
w
i
w
SS , , a curva de
permeabilidade relativa ao óleo não precisa necessariamente ser corrigida. Conforme
visto no capítulo 4, Dake (1994) propõe que a permeabilidade relativa ao óleo não
decaia enquanto a permeabilidade relativa à água for nula. A relevância desta
questão diz respeito ao cálculo do gradiente de pressão na entrada e saída do bloco
de simulação, aspecto este não abordado neste trabalho.
Ainda a respeito do domínio das saturações de água móvel, é importante
ressaltar que permeabilidade relativa é uma propriedade da rocha que representa a
resistência ao fluxo simultâneo de dois fluidos imiscíveis no meio poroso, e que isto
só ocorre no intervalo de saturações ]1,[
r
o
f
w
SS . Nestas condições, a água arrasta o
53
óleo por efeito viscoso, conforme as considerações iniciais do problema. O óleo que
se movimenta à frente da onda de choque é deslocado por efeito compressivo da
água que vem atrás, e portanto não está sujeito aos fenômenos viscosos definidos
pela curva de permeabilidade relativa.
O perfil de saturação de água injetada é expresso pela integração da equação
5.1 no tempo, para um plano perpendicular ao fluxo com saturação de água
]1,[
r
o
f
ww
SSS , como demonstrado pela equação 5.2
w
S
w
w
c
i
w
S
S
f
A
W
x
=
φ
(5.2)
A equação 5.2 permite observar que o perfil de saturação de água injetada terá
sempre o mesmo formato, pois a área
c
A , a porosidade
φ
e a derivada do fluxo
fracionário
w
S
w
w
S
f
são constantes ao longo do tempo. Desta forma,
i
w
S
WCx = , onde
C é uma constante de forma, e
w
S
x cresce proporcionalmente ao volume de água
injetada
i
W . Considerando que para um volume de água injetado
i
W a frente de
avanço
f
w
S avançou um comprimento
L
dentro da amostra de rocha, a equação 5.2
pode ser expressa pela equação 5.3
f
ww
w
S
w
w
S
w
w
S
S
f
S
f
L
x
= (5.3)
Superpondo o perfil de saturação de água ao esquema de blocos utilizado
para a simulação do deslocamento imiscível, pode-se entender melhor o efeito da
correção proposta para a permeabilidade relativa nos domínios de saturação da água
móvel. A Figura 5.3 mostra a superposição do perfil de saturação de água calculado
por Buckley-Leverett (1942) a um esquema de blocos de simulação arbitrário, em três
diferentes tempos, até que a frente de avanço alcance a fronteira do primeiro com o
segundo bloco.
54
S
w i
1-S
o r
S
w
L
S
w
i
S
w
f
1-S
o r
S
w
L
S
w
i
S
w
f
S
w
m
1-S
o r
S
w
L
Figura 5.3 Esquema de deslocamento imiscível em modelo numérico, no primeiro bloco
Observa-se no esquema que, quando a frente de água chega ao segundo
bloco, o primeiro bloco acumula uma quantidade de água
1
m
w
S equivalente à
saturação média de água
m
w
S do perfil total. Tanto os valores de
f
w
S quanto
m
w
S são
calculados na curva de fluxo fracionário
w
f pelo método de Welge (1953). Observa-
se então que a erupção da água do primeiro para o segundo bloco se dará quando o
primeiro bloco atingir uma saturação de água igual a
m
w
S . Neste bloco em particular,
a correta solução exige que 0.0=
w
f , ou 0.0=
rw
k , no intervalo ],[
m
w
i
w
SS , a exemplo
do que foi demonstrado na Figura 5.1.
Prosseguindo no tempo, a frente de avanço chegará ao terceiro bloco como se
vê na Figura 5.4. No caso deste segundo bloco, observa-se que a erupção da água
se dará quando o bloco acumular água à saturação
2
m
w
S .
55
S
w
i
S
w
f
1-S
o r
S
w
L
S
w m a t r a s
S
w m 2
Figura 5.4 Esquema de deslocamento imiscível em modelo numérico, no segundo bloco.
A saturação de água deste segundo bloco
2
m
w
S para a qual passa a haver
fluxo para o terceiro bloco poderá ser calculada pelo balanço de massa para a água,
dado pela equação 5.4
(
)
2
121
2
x
xSxxS
S
atras
m
w
m
w
m
w
+
= (5.4)
onde
1
x e
2
x são os comprimentos dos blocos. A
m
w
S é a saturação média da zona
invadida, e é a mesma calculada para o primeiro bloco no momento de erupção da
água injetada do primeiro para o segundo bloco.
atras
m
w
S é obtido na solução de
Welge (1953), a partir da derivada da curva de fluxo fracionário
w
f , conforme a
equação 5.5
(
)
e
w
S
w
w
e
w
e
w
atras
m
w
dS
df
f
SS
+=
1
(5.5)
sendo que
e
w
S deve ser obtido no perfil de saturações na fronteira do primeiro com o
segundo bloco. Este valor pode ser calculado numericamente, a partir do formato do
perfil de saturação de água na zona invadida.
Avançando o processo, pode-se obter as saturações médias de erupção da
água para cada bloco do sistema numérico. A saturação de água na erupção de cada
bloco
j
decresce à medida que o perfil de saturação vai se alongando, de tal forma
que
f
w
j
m
w
j
SS =
lim
56
Pode-se então avaliar o efeito da correção das curvas de permeabilidade
relativa aos moldes da Figura 5.1, tomando-se os dois limites observados na
descrição do problema, quais sejam, utilizar a curva de permeabilidade relativa de
laboratório considerando que 0.0=
rw
k nas saturações de água inferiores a
f
w
S e
m
w
S .
Os esquemas e valores apresentados nas Figuras 4.6 a 4.9 serão utilizados
para simular o fluxo fracionário como no ensaio de laboratório que gera a curva de
permeabilidade relativa inicial. A curva de permeabilidade relativa pode ser
aproximada por um modelo de potência, como descrito no sistema de equações 5.6
( )
=
=
b
roro
a
rwrw
Skk
Skk
1
0
0
(5.6)
onde S é a saturação de água móvel, definida pela equação 5.7
ri
i
ow
ww
SS
SS
S
=
1
(5.7)
e adotando os seguintes valores de permeabilidade relativa e fluidos
0.2
3.0
0.2
20.0
15.0
65.0
60.0
0
0
=
=
==
=
=
=
=
o
w
r
o
i
w
ro
rw
ba
S
S
k
k
µ
µ
obtém-se uma curva de permeabilidade relativa e fluxo fracionário demonstrado na
Figura 5.5, onde
394.0=
f
w
S
e
504.0=
m
w
S
.
57
S
wm
= 0,504
S
wf
= 0,393
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
S
w
fw
Figura 5.5 Curva de permeabilidade relativa corrigida pela
f
w
S
O perfil de saturação de água terá o formato mostrado na Figura 5.6.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x
S
w
Figura 5.6 Perfil de saturação de água
O cálculo analítico da produção dos efluentes vem das equações de Buckley-
Leverett (1942). A Figura 5.7 mostra os valores calculados analiticamente.
58
Cálculo analitico B&L
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800
VPI (Volume Injetado / Volume Poroso)
f
w
(m
3
/m
3
)
Figura 5.7 Curva de produção de efluentes
Tomemos agora a simulação de vários esquemas de discretização espacial, e
aplicando a correção proposta na permeabilidade relativa à água teremos os
seguintes resultados apresentados nas Figura 5.8 a 5.13:
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI (volumes porosos injetados)
Wcut
Solução analítica
4 Blocos - krw inicial
4 Blocos - krw corrig Swf
4 Blocos - krw corrig Swm
Figura 5.8 - Resultado de simulação de esquema de 4 blocos com curva de permeabilidade relativa
corrigida nos limites do domínio da saturação.
59
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI (volumes porosos injetados)
Wcut
Solução analítica
6 Blocos - krw inicial
6 Blocos - krw corrig Swf
6 Blocos - krw corrig Swm
Figura 5.9 Resultado de simulação de esquema de 6 blocos com curva de permeabilidade relativa
corrigida nos limites do domínio da saturação.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI (volumes porosos injetados)
Wcut
Solução analítica
8 Blocos - krw inicial
8 Blocos - krw corrig Swf
8 Blocos - krw corrig Swm
Figura 5.10 - Resultado de simulação de esquema de 8 blocos com curva de permeabilidade relativa
corrigida nos limites do domínio da saturação.
60
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI (volumes porosos injetados)
Wcut
Solução analítica
10 Blocos - krw laboratório
10 Blocos - krw corrig Swf
10 Blocos - krw corrig Swm
Figura 5.11 Resultado de simulação de esquema de 10 blocos com curva de permeabilidade relativa
corrigida nos limites do domínio da saturação.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI (volumes porosos injetados)
Wcut
Solução analítica
100 Blocos - krw inicial
100 Blocos - krw corrig Swf
100 Blocos - krw corrig Swm
Figura 5.12 Resultado de simulação de esquema de 100 blocos com curva de permeabilidade relativa
corrigida nos limites do domínio da saturação.
61
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI (volumes porosos injetados)
Wcut
Solução analítica
200 Blocos - inicial
200 Blocos - krw corrig Swf
200 Blocos - krw corrig Swm
Figura 5.13 Resultado de simulação de esquema de 200 blocos com curva de permeabilidade relativa
corrigida nos limites do domínio da saturação
Observa-se em todos os casos que a correção da curva de permeabilidade
relativa em
f
w
S aproxima o resultado esperado, porém a correção em
m
w
S sempre
atrasa a erupção de água no poço produtor bem mais que o desejado, e a erupção
também ocorre com maior intensidade. Tais efeitos decorrem do controle da
quantidade de água estocada em cada bloco antes da erupção para o bloco seguinte.
Exemplificando, quando se determina que só haverá fluxo fracionário para saturações
superiores a
m
w
S isto significará uma maior quantidade de água retida em cada bloco
que a necessária para simular a superposição do perfil de saturação de água de
Buckley-Leverett mostrada da Figura 5.4.
A Tabela 5.1 mostra a quantidade de água, em volumes porosos injetados
(VPI ) para as simulações apresentadas. A erupção da água calculada pela equação
de Buckley-Leverett (1942) é igual 35,7% do volume poroso. Os desvios são
relacionados a este valor. Observa-se que um maior número de blocos reduz
significativamente o desvio, exceto para a correção por
m
w
S . Observa-se também que
a permeabilidade relativa corrigida para
f
w
S reduz significativamente o efeito
dispersivo da simulação. O desvio da simulação com esta correção na curva de
permeabilidade relativa reduz à medida que se aumenta o número de blocos de
simulação, porém esta redução no desvio se torna pouco significativa quando se
62
aumenta de 100 para 200 o número de blocos de simulação. No caso de correção da
permeabilidade relativa por
m
w
S os desvios são sempre negativos porque esta
correção retém mais água nos blocos que o necessário para a correção da dispersão
numérica da simulação.
Tabela 5.1 Desvios nos resultados de erupção da água simulados numericamente.
Permeabilidade relativa de
laboratório
Permeabilidade relativa
Correção por
f
w
S
Permeabilidade relativa
Correção por
m
w
S
Número de
blocos
VPI (%) Desvio (%) VPI (%) Desvio (%) VPI (%) Desvio (%)
4
14,9 58,3 29,3 17,8 37,4 -4,7
6
20,5 42,6 31,4 12,2 38,2 -7,0
8
22,5 37,0 32,2 9,9 38,2 -7,0
10
24,1 32,4 32,6 8,8 38,6 -8,1
100
29,3 17,8 33,4 6,6 37,8 -5,8
200
29,3 17,8 33,8 5,4 38,2 -7,0
Método de correção da permeabilidade relativa:
O aumento da quantidade de blocos de simulação aumenta a precisão dos
resultados, mas numa simulação em escala de campo a quantidade de blocos
necessária à precisão desejada pode ser incompatível com os recursos
computacionais existentes. Pensando nisso, desenvolvemos neste trabalho um
método de correção das curvas de permeabilidade relativa para solucionar o
problema de Buckley-Leverett (1942) para qualquer esquema de discretização
espacial do meio poroso.
O primeiro passo do método é a determinação da saturação de erupção
j
m
S
da água injetada para cada bloco
j
do esquema de simulação. Os blocos de
simulação CVFD trabalham com conceito de armazenamento de fluidos, então a
velocidade da água no meio poroso deve ser controlada pela quantidade de água que
cada bloco deve reter antes que a água flua para o bloco seguinte. Determina-se a
saturação de erupção
j
m
S de um bloco
j
qualquer com a superposição do perfil de
63
saturação da água injetada (Figura 5.6) ao esquema dos
j
primeiros blocos,
conforme exemplificado na Figura 5.3 e Figura 5.4, e o auxílio da equação 5.4. Esta
saturação é responsável por controlar o momento de erupção de cada bloco
j
, e é
função do perfil de saturações de Buckley-Leverett, e da posição e tamanho do bloco.
Este mesmo conceito de controle de volume pode ser aplicado a todo o
esquema de blocos para controlar o volume de água injetada no momento da
erupção no último bloco. Sendo assim, calcula-se uma saturação média de água
m
S
para o esquema de blocos, como demonstrado na equação 5.8, a partir do balanço
de volumes de água que cada bloco deve acumular até que a frente de choque
chegue na fronteira.
=
=
nbloc
j
j
j
mm
L
x
SS
1
(5.8)
O segundo passo é a correção do fluxo fracionário ao domínio da saturação
corrigida para os blocos. Tal correção se faz necessária porque na curva de fluxo
fracionário
(
)
ww
Sf original tem-se o valor do fluxo fracionário em um plano
perpendicular ao fluxo. No conceito dos simuladores CVFD, a saturação se refere ao
bloco, mas o fluxo de fluidos se refere à fronteira dos blocos. Ou seja, tem-se que
associar a saturação de uma região (o bloco) ao fluxo em um determinado plano
(fronteira do bloco). Procede-se então ao ajuste da curva de fluxo fracionário ao novo
domínio de saturações móveis ]1,[
m
S calculado, de forma que
(
)
(
)
f
wwmw
SfSf =
*
.
A Figura 5.14 procura mostrar mais claramente a correção do domínio de
saturação necessária à solução do problema. A correção da saturação corresponde a
mudança de domínio da variável independente S na curva de fluxo fracionário.
64
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
f
w
S
f
S
m
Figura 5.14 Gráfico do fluxo fracionário corrigido
A correção da saturação
*
S , cujo domínio é ]1,[
m
S , pode ser assim descrita:
( )
fm
m
f
SSS
S
S
S +
=
1
1
*
(5.9)
A correção do fluxo fracionário para o novo domínio da variável de controle
corresponde ao deslocamento das curvas de permeabilidade relativa inicial conforme
demonstrado na Figura 5.15
65
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
f
w
Figura 5.15 - Correção do problema de Buckley-Leverett (1942)
A curva de permeabilidade relativa corrigida
*
rw
k e
*
ro
k será então descrita como
uma função da saturação corrigida
*
S :
( )
=
=
b
ro
ro
a
rw
rw
Skk
Skk
*0*
*0*
1
(5.10)
Nas figuras a seguir são apresentados as curvas de permeabilidade relativa
corrigidas pelo método, e os gráficos dos resultados de simulação.
66
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
w
k
r
krw corr
kro corr
krw inicial
kro inicial
Figura 5.16 Curva de permeabilidade relativa corrigida para esquema de 4 Blocos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Volume poroso injetado
f
w
Analítico B&L
4 Blocos - kr inicial
4 Blocos - kr corr Swf
4 Blocos - kr corr Sm
Figura 5.17 Ajuste de produção de água para esquema de 4 blocos
67
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
w
k
r
krw corr
kro corr
krw inicial
kro inicial
Figura 5.18 - Curva de permeabilidade relativa corrigida para esquema de 6 blocos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Volume poroso injetado
fw
Analítico B&L
6 Blocos - kr inicial
6 Blocos - kr corr Swf
6 Blocos - kr corr Sm
Figura 5.19 - Ajuste de produção de água para esquema de 6 blocos
68
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
w
k
r
krw corr
kro corr
krw inicial
kro inicial
Figura 5.20 - Curva de permeabilidade relativa corrigidas para esquema de 8 blocos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Volume poroso injetado
f
w
Analítico B&L
8 Blocos - kr inicial
8 Blocos - kr corr Swf
8 Blocos - kr corr Sm
Figura 5.21 - Ajuste de produção de água para esquema de 8 blocos
69
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
w
k
r
krw corr
kro corr
krw inicial
kro inicial
Figura 5.22 - Curva de permeabilidade relativa corrigida para esquema de 10 blocos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Volume poroso injetado
fw
Analítico B&L
10 Blocos - kr inicial
10 Blocos - kr corr Swf
10 Blocos - kr corr Sm
Figura 5.23 - Ajuste de produção de água para esquema de 10 blocos
70
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
S
w
k
r
krw corr
kro corr
krw inicial
kro inicial
Figura 5.24 - Curva de permeabilidade relativa corrigida para esquema de 100 blocos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Volume poroso injetado
f
w
Analítico B&L
100 Blocos - kr inicial
100 Blocos - kr corr Swf
100 Blocos - kr corr Sm
Figura 5.25 - Ajuste de produção de água para esquema de 100 blocos
71
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
S
w
k
r
krw corr
kro corr
krw inicial
kro inicial
Figura 5.26 - Curva de permeabilidade relativa corrigida para esquema de 200 blocos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Volume poroso injetado
Analítico B&L
200 Blocos - kr inicial
200 Blocos - kr corr Swf
200 Blocos - kr corr Sm
Figura 5.27 - Ajuste de produção de água para esquema de 200 blocos
72
A Tabela 5.2 mostra compara os desvios na erupção de água para as
correções propostas:
Tabela 5.2 - Desvios nos resultados de erupção da água simulados numericamente para a correção na curva
de permeabilidade relativa inicial.
Permeabilidade relativa de
laboratório
Permeabilidade relativa
Correção por
f
w
S
Permeabilidade relativa
corrigida
Número
de blocos
VPI (%) Desvio (%) VPI (%) Desvio (%) VPI (%) Desvio (%)
4
14,9 58,3 29,3 17,8 35,4 0,9
6
20,5 42,6 31,4 12,2 35,4 0,9
8
22,5 37,0 32,2 9,9 35,0 2,0
10
24,1 32,4 32,6 8,8 35,8 -0,2
100
29,3 17,8 33,4 6,6 35,0 2,0
200
29,3 17,8 33,8 5,4 34,6 3,2
A solução proposta, por admitir uma saturação única de erupção em todos os
blocos, gera uma distorção na distribuição de água pelos blocos. No bloco produtor,
por exemplo, a saturação para erupção da água deveria se a própria saturação de
água da frente de choque,
f
S , mas a curva corrigida adotada, que é única para todos
os blocos, apresenta uma saturação
fm
SS > . Um balanço da água injetada revela
então que as saturações dos primeiros blocos são inferiores ao perfil de saturação
analítico de Buckley-Leverett (1942), e a dos blocos mais próximos à extremidade
produtora serão maiores. Nas figuras 5-28 a 5-33 são apresentados os gráficos das
saturações de água nos esquemas simulados, no momento da erupção da água. Nas
Tabelas 5.3, 5.4, 5.5, 5.6, 5.7 e 5.8 são apresentados os valores das saturações de
água nos instante de erupção da água no poço produtor, obtidas por simulação e por
média do perfil.
73
0,4461
0,6503
0,5225
0,4611
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x/L
Sw
Solução analítica B-L
Simulação numérica
Figura 5.28 Distribuição de saturação no instante da erupção da água esquema de 4 blocos
0,429
0,4431
0,4725
0,5071
0,5539
0,6395
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x/L
Sw
Solução analítica B-L
Simulação Numérica
Figura 5.29 Distribuição de saturação no instante da erupção da água esquema de 6 blocos
74
0,42
0,4347
0,4542
0,4753
0,4996
0,5292
0,5692
0,6343
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x/L
Sw
Figura 5.30 Distribuição de saturação no instante da erupção da água esquema de 8 blocos
0,414
0,4344
0,4493
0,4648
0,4817
0,5004
0,5222
0,5487
0,5835
0,6352
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x/L
Sw
Solução analítica B-L
Simulação numérica
Figura 5.31 Distribuição de saturação no instante da erupção da água esquema de 10 blocos
75
0,404
0,4319
0,4878
0,5857
0,6261
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x/L
Sw
Solução analítica B-L
Simulação numérica
Figura 5.32 Distribuição de saturação no instante da erupção da água esquema de 100 blocos
0,40212
0,4488
0,4857
0,5366
0,6245
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
x/L
Sw
Solução analítica B-L
Simulação numérica
Figura 5.33 Distribuição de saturação no instante da erupção da água esquema de 200 blocos
76
Tabela 5.3 Desvio de saturação no esquema de 4 blocos, no momento de erupção da água.
Bloco BL 1 BL 2 BL 3 BL 4
Domínio do
bloco
0.0/0.1 0.1/0.5 0.5/0.9 0.9/1.0
Saturação
média B&L
71.9% 56.0% 44.4% 40.1%
Saturação
média
(simulação)
65.0% 52.3% 46.1% 44.6%
Desvio -9.6% -6.7% 3.8% 11.2%
Tabela 5.4 Desvio de saturação no esquema de 6 blocos, no momento de erupção da água.
Bloco BL 1 BL 2 BL 3 BL 4 BL 5 BL 6
Domínio d
o
bloco
0.0/0.1 0.1/0.3 0.3/0.5 0.5/0.7 0.7/0.9 0.9/1.0
Saturação
média B&L
0.7191 0.5871 0.5078 0.461 0.4253 0.4012
Saturação
média
(simulação)
0.6395 0.5539 0.5071 0.4725 0.4431 0.429
Desvio -11.1% -5.7% -0.1% 2.5% 4.2% 6.9%
Tabela 5.5 - Desvio de saturação no esquema de 8 blocos, no momento de erupção da água.
Bloco
BL 1 BL 2 BL 3 BL 4 BL 5 BL 6 BL 7 BL 8
Domínio do
bloco
0.0/0.1
0.1/0.23
0.23/0.36
0.36/0.5
0.5/0.63
0.63/0.76
0.76/0.9
0.9/1.0
Saturação
média B&L
71.9% 59.9% 53.7% 49.7% 46.7% 44.2% 42.0% 40.1%
Saturação
média
(simulação)
63.4% 56.9% 52.9% 50.0% 47.5% 45.4% 43.5% 42.0%
Desvio
-11.8%
-4.9% -1.5% 0.4% 1.8% 2.7% 3.6% 4.7%
77
Tabela 5.6 - Desvio de saturação no esquema de 10 blocos, no momento de erupção da água.
Bloco
BL 1 BL 2 BL 3 BL 4 BL 5 BL 6 BL 7 BL 8 BL 9 BL 10
Domínio do
bloco
0.0/0.1
0.1/0.2 0.2/0.3
0.3/0.4 0.4/0.5
0.5/0.6 0.6/0.7
0.7/0.8 0.8/0.9
0.9/1.0
Saturação
média B&L
71.9% 60.7% 55.5% 52.0% 49.3% 47.0% 45.1% 43.3% 41.7% 40.1%
Saturação
média
(simulação)
63.5% 58.4% 54.9% 52.2% 50.0% 48.2% 46.5% 44.9% 43.4% 41.4%
Desvio
-11.7%
-3.9% -1.2% 0.4% 1.5% 2.5% 3.1% 3.7% 4.2% 3.2%
Tabela 5.7 - Desvio de saturação no esquema de 100 blocos, no momento de erupção da água.
Bloco BL 1 BL 10 BL 50 BL 90 BL 100
Domínio do
bloco
0.0/0.1 0.165/0.173
0.491/0.5 0.818/0.826
0.9/1.0
Saturação
média B&L
71.9% 59.2% 48.2% 42.1% 40.1%
Saturação
média
(simulação)
0.6261 0.5857 0.4878 0.4319 0.404
Desvio -12.9% -1.0% 1.3% 2.5% 0.7%
Tabela 5.8 - Desvio de saturação no esquema de 200 blocos, no momento de erupção da água.
Bloco BL 1 BL 50 BL 100 BL 150 BL 200
Domínio do
bloco
0.0/0.1 0.297/0.302
0.5/0.504 0.697/0.702
0.9/1.0
Saturação
média B&L
71.9% 53.5% 48.1% 44.2% 40.1%
Saturação
média
(simulação)
62.5% 53.7% 48.6% 44.9% 40.2%
Desvio -13.2% 0.3% 0.9% 1.6% 0.2%
78
Capítulo 6 Análise em sistemas com mais linhas de fluxo
O problema do estudo de deslocamento de dois fluidos imiscíveis no meio
poroso pode ser resumido ao cálculo da distribuição geométrica destes fluidos. A
distribuição dos fluidos apresenta duas componentes: a distribuição de saturação ao
longo de cada linha de fluxo, e a forma na região invadida. O problema estudado
neste trabalho se restringiu apenas à primeira parcela do problema, dada a geometria
linear adotada para solução por Buckley-Leverett (1942). No sistema unidimensional
só existe uma linha de fluxo, e a distribuição de saturação equacionada é relativa a
esta linha de fluxo única. As equações se mostram bastante precisas para os ensaios
de permeabilidade relativa realizados em amostras de rocha de 2” ou 3” de
comprimento, mas na escala dos reservatórios a água injetada apresenta mais de
uma linha de fluxo. Neste capítulo discutimos algumas em situações que ocorrem
mais de uma linha de fluxo, e os resultados obtidos ao se utilizar a correção das
curvas de permeabilidade relativa proposta neste trabalho.
A seção esquemática da Figura 6.1 representa um reservatório hipotético de
formato linear, com um poço produtor e mecanismo de influxo natural de água.
Figura 6.1 - Seção esquemática de reservatório portador de óleo
Espera-se que a produção de água em um reservatório linear como o
demonstrado na Figura 6.1 seja semelhante à obtida em ensaio de laboratório com
uma amostra de rocha, desde que as forças viscosas sejam predominantes sobre a
força capilar e a força gravitacional. Neste caso haveria em algum momento uma
forte erupção de água, seguido de um crescimento lento da fração de água
produzida. Entretanto, na escala dos reservatórios, existem mais heterogeneidades
79
que as observadas nas amostras de rocha, de forma que o avanço da água se faz
por várias frentes.
Tomando como exemplo um situação hipotética em que o reservatório da
Figura 6.1 possua duas camadas de permeabilidade bastante diferente, separadas
por uma camada de rocha não permeável, o avanço do aqüífero se decomporá em
duas frentes de velocidades diferentes, como mostrado na Figura 6.2.
Figura 6.2 Esquema de deslocamento imiscível em duas camadas
Na Figura 6.3 são apresentadas duas curvas de produção de água para o
reservatório da Figura 6.1 e Figura 6.2.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (dias)
Wcut
1 Linha de Fluxo
2 Linhas de Fluxo
Figura 6.3 Esquema de produção de água de duas linhas de fluxo
Uma situação como a exemplificada pela Figura 6.2 revela que a frente de
chegada da água é atenuada pela decomposição do avanço do aqüífero em duas
linhas de fluxo hipotéticas. Observa-se que a ocorrência de mais de uma linha de
80
fluxo atenua a erupção da água no poço, e que esta atenuação será tão maior quanto
mais caminhos a água criar dentro do meio poroso.
O fluxo linear não ocorre com muita freqüência em reservatórios de petróleo.
Nos reservatórios de petróleo os fluidos formam uma geometria de fluxo em função
das propriedades do meio poroso e da posição dos poços. Um esquema de
drenagem bastante utilizado na indústria de petróleo é a malha denominada five
spot., onde poços produtores são alternados a poços injetores. Este esquema
apresenta como padrão a ocorrência de um poço injetor de água em um vértice de
uma área quadrada e um poço produtor no vértice oposto. Na Figura 6.4 é
apresentado um exemplo deste esquema:
Figura 6.4 Esquema de ¼ de five spot
O cálculo da distribuição da água no esquema da Figura 6.4 requer a
decomposição da geometria do fluxo na região invadida e ao longo de cada linha de
fluxo. Uma simulação de fluxo em malha bastante refinada proporciona um resultado
de boa precisão, por minimizar as imprecisões numéricas. Na Figura 6.5 são
apresentados os resultados das simulações feitas, comparando um esquema de
malha refinada de 10.000 blocos e outro esquema de malha de 25 blocos. Na
simulação de 10000 blocos utilizou-se a curva de permeabilidade relativa inicial e
uma curva corrigida para
f
w
S . Na simulação de 25 blocos utilizou-se a curva de
permeabilidade relativa inicial e a curva de permeabilidade relativa corrigida pelo
método proposto.
81
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI
f
w
10000 blocos / krel inicial
10000 blocos / krel corr Swf
25 blocos / krel corrig Sm
25 blocos / krel inicial
Figura 6.5 Resultado de simulação para esquema ¼ de five spot.
Observa-se que na simulação de esquema ¼ de five spot com modelo de
10000 blocos praticamente não há diferença na produção de água controlada pela
permeabilidade relativa inicial (obtida em laboratório) ou quando simulado com a
curva de permeabilidade relativa corrigida. Entretanto, no esquema de 25 blocos há
uma diferença apreciável, sendo que o caso onde se utilizou a curva de
permeabilidade relativa corrigida foi nitidamente pior.
Nas Figura 6.6 e Figura 6.7 pode-se verificar a diferença da geometria da
região invadida pela água injetada nos esquemas de malha mais refinada e mais
grosseira, no tempo de erupção da água. Na malha mais grosseira a água atinge
todos os blocos, se espalhado mais por toda a região, enquanto na malha mais
refinada parte dos blocos ainda permanece com a saturação original dos fluidos. Este
efeito na geometria do varrido é responsável pelo atraso da erupção de água
mostrado na simulação de fluxo com esquema de 25 blocos e permeabilidade relativa
corrigida, conforme mostrado no gráfico da Figura 6.5.
O efeito dispersivo na simulação com a curva de permeabilidade relativa
corrigida acelera o avanço da água, conforme visto no capítulo 4, mas a definição
geométrica da malha mais grosseira atrasa o avanço da água, pois o caminho das
linhas de fluxo são em zig zag, conforme mostrado na Figura 6.8
82
Figura 6.6 Mapa de saturação de água em simulação com malha de 100 blocos
Figura 6.7 Mapa de saturação de água em simulação com malha de 25 blocos
83
Figura 6.8 Esquema de direção das linhas de fluxo em simulação numérica.
Uma das maneiras de minimizar o problema é orientar a malha de simulação
na direção preferencial das linhas de fluxo, como exemplificado na Figura 6.9.
Figura 6.9 Malha de blocos paralela ao fluxo
84
Os resultados das simulações de deslocamento de óleo por água em malha
paralela ao fluxo preferencial, como mostrado na Figura 6.9, é apresentado na Figura
6.10. A exemplo do procedimento utilizado no esquema ¼ de five spot, foram
utilizados dois esquemas de discretização espacial, com 10000 blocos e 25 blocos.
No caso de malha de simulação alinhada às direções das linhas de fluxo, as
simulações com curvas de permeabilidade relativa corrigidas se mostraram mais
precisas, apesar da instabilidade apresentada na produção de água produzida.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
VPI
f
w
10000 Blocos
25 Blocos / krel corrig
25 Blocos / krel inicial
Figura 6.10 Produção prevista de fração de água em esquema de malha paralela ao fluxo
É interessante notar que na simulação com a curva de permeabilidade relativa
inicial não se observam as variações de
w
f observadas na simulação com a curva de
permeabilidade relativa corrigida. Este fato foi entendido como decorrência da
descontinuidade na curva de permeabilidade relativa corrigida para a água associada
à frente de choque prevista por Buckley-Leverett (1942). A permeabilidade relativa de
laboratório suaviza a curva de produção de água, como visto no capítulo de solução
do problema de Buckley-Leverett (1942).
85
Figura 6.11 Mapa de saturação de água em simulação com malha de 100 blocos.
Figura 6.12 Mapa de saturação de água em simulação com malha de 25 blocos.
Os resultados aqui apresentados não pretendem ser conclusivos, pois não
foram realizadas investigações suficientes no tema de linhas de fluxo e distribuição
espacial da água injetada. Entretanto parece-nos razoável afirmar que a correção nas
86
permeabilidades relativas para a solução numérica de problemas de deslocamento
não deve ser desprezada nos problemas de mais de uma linha de fluxo, pois as
curvas de permeabilidade relativa corrigidas trazem em si o efeito da frente de
choque observada no laboratório. Desde que, é claro, as forças viscosas sejam
preponderantes sobre as demais forças observadas no fenômeno.
Uma melhor compreensão dos efeitos de orientação de malha pode ser obtida
em Aziz e Settari (1979), e Mattax e Dalton (1990)
87
Capítulo 7 - Discussões sobre o método
O problema da dispersão numérica em simulação de deslocamento de dois
fluidos imiscíveis pode ser decomposto em dois problemas simultâneos, ambos
devidos à escala de discretização espacial do reservatório. Um problema é referente
à solução de Buckley-Leverett (1942) para a distribuição do fluido injetado em
sistema linear. O outro problema é referente à geometria da área invadida pelo fluido
injetado.
A solução analítica de Buckley-Leverett (1942) para um fluxo linear gera
procedimentos precisos para determinação das curvas de permeabilidade relativa
dos fluidos, porém o comportamento de produção dos fluidos não se reproduz em
simulações numéricas de fluxo. Este problema pode ser solucionado com a correção
das curvas de permeabilidade relativa a partir das equações de Buckley-Leverett
(1942) e da geometria dos blocos de simulação. A correção proposta neste trabalho
para as curvas de permeabilidade relativa é simples, podendo ser facilmente
programada, e apresenta resultados de produção bastante precisos em relação ao
cálculo analítico. Quanto ao perfil de saturação ao longo do corpo poroso, a correção
proposta também apresenta boa solução, embora sua precisão não seja tão boa
quanto à obtida para a curva de produção de fluidos.
A correção da permeabilidade relativa proposta foi aplicada em simulação de
fluxo em meio plano, porém os resultados se mostraram bastante influenciados pela
orientação da malha em relação aos poços, ou às linhas de fluxo. Para o caso de um
poço injetor e um poço produtor posicionados em vértices opostos de um quadrado
(situação denominada ¼ de five spot), a correção proposta apresentou os maiores
desvios. Concluímos neste caso que quando a malha de simulação é composta de
poucos blocos a geometria da região invadida pelo fluido injetado não encontra boa
resolução, e conseqüentemente ocorre uma dispersão maior no tempo que o fluido
injetado leva para chegar ao poço produtor. Este problema pode ser minimizado ao
se orientar a malha na direção preferencial de fluxo, porém a solução apresenta
alguns problemas de oscilação na resposta.
As correções propostas dão às curvas de permeabilidade relativa água/óleo
mais representatividade na montagem do modelo numérico. Do ponto de vista prático
88
as curvas de permeabilidade relativa são muitas vezes utilizadas como parâmetros
para ajuste de histórico de produção, representando assim uma propriedade da rocha
de baixa representatividade. Ao serem adequadas à geometria dos blocos de
simulação, estas correções mudam o status da permeabilidade relativa, permitindo ao
engenheiro e geólogo de reservatório outras interpretações da qualidade do meio
poroso.
O método traz três vantagens aos estudos de reservatórios:
1. Um cálculo simplificado de correção da permeabilidade relativa água/óleo,
onde se estabelece apenas uma curva de permeabilidade relativa para os
blocos envolvidos.
2. Em campos novos, minimiza as incertezas numéricas da curva de
produção de um projeto que necessite de injeção de água, propiciando um
aumento da expectativa de retorno do investimento.
3. Em campos maduros, permite à engenharia de reservatórios avaliar melhor
a caracterização do reservatório no intervalo que separa o poço produtor
ao poço injetor ou ao contato óleo/água estimado pela geologia, e com isso
integrar ainda mais a atuação de geofísicos, geólogos e engenheiros.
As correções de permeabilidade relativa óleo/água geradas pelo método
proposto não dependem de variações da porosidade
φ
ou da espessura h do
reservatório, e nem mesmo das vazões dos poços.
Algumas limitações se fazem sentir. As correções propostas apresentam bons
resultados somente quando o fluxo for linear ou puder ser considerado linear, ou
ainda quando a malha de simulação estiver orientada na direção preferencial das
linhas de fluxo.
Outra limitação do método é o fato das deduções serem feitas para a função
de fluxo fracionário considerando a pressão constante
(
)
ctepSf
ww
=, e com gradientes
pouco acentuados. Esta hipótese é mais realista para reservatórios de alta
permeabilidade, ou em alguns tipos de óleo que a viscosidade se revela pouco
sensível à variação de pressão.
89
Alguns autores consideram que a permeabilidade relativa ao óleo deve ser
considerada constante no intervalo
m
ww
i
w
SSS << , pois seria este o valor da
propriedade na fronteira do bloco. Outros autores constroem a curva neste intervalo a
partir de outros critérios que levam em conta o gradiente de pressão dentro do bloco.
A solução proposta neste método não levou em conta tais preocupações, e a
correção gerada para este intervalo apenas evitou a descontinuidade que se observa
na curva corrigida da permeabilidade relativa à água. Como dito anteriormente, a
solução desconsidera variação de pressão devido à dependência da viscosidade e da
curva de fluxo fracionário.
A correção das curvas de permeabilidade relativa é então necessária para se
inserir o efeito da frente de choque na simulação de fluxo. As conclusões de Buckley-
Leverett (1942) não são automaticamente inseridas na solução matemática dos
simuladores numéricos de fluxo, que se atêm ao balanço de massa e gradientes
entre blocos. Os engenheiros de reservatório, ao utilizarem as curvas de
permeabilidade relativa integral nos simuladores de fluxo, terminam por
desconsiderar a existência da frente de choque, e portanto só contemplam o
deslocamento por fricção, resultando uma distribuição de saturações bastante distinta
daquela que originou as curvas de permeabilidade relativa no laboratório. A este
respeito, transcrevemos Dake (1994) para uma meditação mais profunda dos
engenheiros de reservatórios.
“The most unfortunate aspect concerning relative permeabilities and their use
in coarse gridded numerical simulation is not that the models do not respect the
concept of fractional flow but rather that because they ignore it, then so too do
reservoir engineers. Since the inception of simulation modelling in the mid 1960’s the
use of fractional flow by the industry has steadily diminished until now it is almost
extinct; just like the application of Material Balance described in Chapter 3. Instead,
the current interest seems to be devoted entirely to relative permeability
measurements almost to the exclusion of everything else. Yet, as described in this
section, it is the relative permeabilities measured with some artificially high and often
unreported oil viscosity, that are the arbitrary function and must be regarded with
great circumspection in reservoir engineering studies.”
90
Conclusões
Este trabalho desenvolve um método bastante simples de alteração das curvas de
permeabilidade relativa, que minimizam os efeitos de discretização da malha de simulação
para o caso do fluxo linear. As pseudo curvas geradas oferecem ao engenheiro de
reservatórios mais confiabilidade na avaliação de uma jazida, com redução dos riscos
empresariais. Além disso estabelecem um outro status às curvas de permeabilidade relativa
obtidas em ensaios de laboratório, posto que via de regra as curvas de permeabilidade
relativa são freqüentemente utilizadas como a variável de ajuste de histórico, justamente
pelos efeitos de dispersão numérica associados a esta variável.
O método apresenta solução tão mais precisa quanto mais linear for o fluxo no meio
poroso. Entretanto, a solução mais precisa é função do número de blocos existentes entre o
poço produtor e o poço injetor, e este número pode não ser facilmente obtido no caso de
modelos de fluxo, devido a geometria do reservatório e à malha de drenagem. Ainda assim
a correção da curva de permeabilidade relativa pela saturação de água da frente de choque
se faz necessária, por não haver fluxo de água em saturação inferior à da frente de choque.
Além disso, esta correção insere no modelo numérico o efeito da onda de choque observado
em ensaios de laboratório.
A extensão dos resultados obtidos no fluxo linear para o meio bidimensional apontam a
necessidade de melhor estudar o assunto da dispersão devido à malha de simulação. Os
resultados preliminares indicam que a malha paralela ao fluxo apresenta melhor resultado
que a malha diagonal, no caso de quarto de five spot. Acreditamos que novos estudos
devem ser realizados nesta direção para melhor esclarecimento da questão.
91
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Displacement in Sands. Trans. AIME. 146: 107-116.
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Reservoir Engineering. Amsterdam, The Netherlands, Elsevier Science
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Determining Relative Permeability From Displacement Experiments,
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9. Kyte, J.R. and Berry, D.W. (1975). New Pseudo Functions to Control
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10. Mattax, C. C. and Dalton, R. L. (1990). Selecting Grid and Timestep
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92
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12. Romeu, R.K. et al. (1999). Upa: a toolkit for upscaling flow properties,
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13. Starley, G.P. (1988). A Material-Balance Method for Deriving Interblock
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14. Taggart, I.J., Soedarmo, E. and Paterson, L. (1995). Limitations in The
Use of Pseudofuncitions For Up-Scaling Reservoir Simulations Models,
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15. Welge, H.J. (1952). A Simplified Method For Computing Oil Recovery
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Livros Grátis
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