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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA
A MANIFESTAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL E DA COMPETÊNCIA
TÉCNICA EM ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL).
ESTUDO DE CASO: APL DE EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS
MÉDICO-ODONTOLÓGICOS DE CAMPO MOURÃO
ADRIANA MARIANO DE BRITO
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em
Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do
Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento
CURITIBA
2006
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ADRIANA MARIANO DE BRITO
A MANIFESTAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL E DAS COMPETÊNCIAS
TÉCNICAS LOCAIS NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL.
ESTUDO DE CASO: APL DE CAMPO MOURAO – EQUIPAMENTOS
E INSTRUMENTOS MÉDICO-ODONTOLÓGICOS
ADRIANA MARIANO DE BRITO
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em
Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal
do Paraná.
Orientador: Prof. Décio Estevão do Nascimento
CURITIBA
2006
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AGRADECIMENTOS
Agradeço de modo particular a minha família por ter me dado apoio a toda
esta trajetória dura e difícil e em especial a você meu filho amado e querido, sei
que não foi fácil me agüentar com este mau-humor, nervosismo e impaciência.
Não é mole não!!!!!!!!!! Thiaguinho espero que este meu esforço te sirva de lição,
porque na vida temos que batalhar e muito para conseguirmos sobreviver, correr
atrás de nossos sonhos e torná-los reais e palpáveis. Lembre-se nada cai do céu,
a batalha é realizada a cada dia mas também um dia os frutos são colhidos.
Pense nisto e siga seu caminho também.
Ao meu orientador, muito obrigada por tudo que me ensinou, pelo carinho,
força, paciência e confiança de que estava no caminho certo. Realmente aprendi
muito contigo e a cada passo dado era um desafio para enfrentar com coragem
este percurso que tinha pela frente. Sou grata por sua seriedade e dedicação ao
processo de orientação, assim como pelo apoio nos momentos críticos. Valeu!!!!!
Ao Prof. Dr. Moisés Francisco Farah Junior, que se não fosse ele eu não
estaria aqui, você foi demais. Incentivou-me para encarar esse desafio e foi um
grande amigo me dando diversas sugestões, inclusive disponibilizando livros de
sua biblioteca particular
Ao meu grande amigo, Antoninho Caron sempre disponível para me ajudar
no que fosse preciso. Você foi muito importante também, porque além de me dar
toda a força me orientou também quando estava perdida e sempre que precisava
de ajuda tinha a certeza de que poderia contar contigo. A você Sérgio, obrigada
pela paciência, compreensão e força nesta caminhada e a todos os meus colegas
de trabalho que me apoiaram também e ao Bernardo que sempre conversava
comigo e me encorajava a seguir em frente. A SEPL que me apoiou o tempo
inteiro e me liberou meio período para cumprir os créditos e principalmente a Deus
que iluminava meus pensamentos, guiava-me e abençoava-me com sua proteção.
RESUMO
A economia brasileira vêm passando por grandes transformações produtivas e
tecnológicas onde surgem novas formas de vínculos e de reorganização da
produção. O presente estudo analisa a manifestação do capital social e das
competências técnicas locais em Arranjo Produtivo Local (APL), com o objetivo de
propor uma tipologia de análise destes elementos em APL. Quanto à abordagem
do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, com objetivo exploratório,
utilizando como procedimentos técnicos a revisão da literatura e o estudo de caso.
O estudo de caso foi realizado junto ao APL de Equipamentos e Instrumentos
Médico-odontológicos de Campo Mourão, Estado do Paraná. Na análise final dos
resultados do estudo de caso, feita à luz da fundamentação teórica, conclui-se que
tanto capital social como competência técnica são valorizados e aproveitados
neste setor. Esses componentes asseguram um ambiente sinérgico e inovador
entre as empresas fortalecendo a identidade local e acelerando o processo de
desenvolvimento regional.
Palavras-chave: Desenvolvimento Local; Capital Social; Competência Técnica;
Arranjo Produtivo Local; APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-
odontológicos de Campo Mourão.
ABSTRACT
Brazilian economy has been experiencing significant productive and technological
transformations. New types of linkages and production organization are arising.
This study analyses how social capital and technical expertise matter in productive
clusters, and it aims at proposing a typology to analyze these elements in
productive clusters. With regard to problematization, this study is a qualitative
research, with an exploratory purpose, making use of literature review and case
study as methodologies. We studied the case of the industrial cluster of
instruments and medical-odontological equipments of Campo Mourão in Paraná
State. In the final part of the case study, we conclude, based on our theoretical
foundations, that social capital as well as technical competence are both appraised
and employed in this industry. These components ensure a synergic and
innovative environment among enterprises, strengthening local identity and
increasing the regional development process.
Keywords: Local development; social capital; technical competence; industrial
clusters; industrial cluster of instruments and medical-odontological equipments of
Campo Mourão
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................
ABSTRACT...................................................................................
LISTA DE FIGURAS.....................................................................
LISTA DE FOTOS.........................................................................
LISTA DE GRÁFICOS..................................................................
LISTA DE MAPAS........................................................................
LISTA DE QUADROS...................................................................
LISTA DE SIGLAS........................................................................
LISTA DE TABELAS....................................................................
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO............................................................................1
1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................3
1.2 PROBLEMA ..........................................................................5
1.3 HIPÓTESES..........................................................................5
1.4 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA....................... 5
1.5 OBJETIVO GERAL................................................................6
1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................6
1.7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................7
1.7.1 COLETA DE DADOS .........................................................8
1.7.1.1 Questionário......................................................................................8
1.7.1.2 Etapa 1: Pesquisa Documental.........................................................9
1.7.1.3 Etapa 2: Entrevistas
...............................................................9
1.7.2 AMOSTRA........................................................................10
1.8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.......................................11
CAPÍTULO II
DESENVOLVIMENTO LOCAL E APL .....................................12
2.1 PANORAMA GERAL.......................................................... 13
2.2 Conceitos de Desenvolvimento Local ................................. 15
2.3 Características do Desenvolvimento...................................18
2.4 Elementos Básicos das Iniciativas de Desenvolvimento.....20
2.5 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável ................21
2.6 A Formação das Redes e o Desenvolvimento Local...........24
2.7 Arranjo Produtivo Local - APL.............................................27
2.8 Conceitos de Arranjos Produtivos Locais – APLs............... 28
2.9 Políticas para APLs visando o Desenvolvimento Local.......30
2.10 Considerações ..................................................................33
CAPÍTULO III
CAPITAL SOCIAL ....................................................................36
INTRODUÇÃO..........................................................................36
3.1 Conceitos de Capital Social.................................................38
3.1.1 Capital Social segundo Augusto Franco..................................... 44
3.2 Elementos do Capital Social................................................45
3.2.1 Confiança.............................................................................46
3.2.2 Reciprocidade.......................................................................50
3.2.3 Cooperação..........................................................................53
3.3 Empoderamento X Redes................................................... 56
3.4 A Conversão do Capital Social em Participação Política....59
3.5 Capital Social e a Relação com Arranjos Produtivos Locais60
3.6 A relação do Capital Social com o Desenvolvimento Local 63
3.7 Considerações ....................................................................68
CAPÍTULO IV
COMPETÊNCIA TÉCNICA.......................................................70
INTRODUÇÃO..........................................................................70
4.1 Início do debate sobre competência técnica....................... 71
4.2 Conceitos de Competência Técnica.................................... 73
4.3 Competências Técnicas e Arranjos Produtivos Locais .......78
4.4 Competência Técnica X Conhecimento..............................79
4.5 A Competência Técnica que leva à Competência
Tecnológica...............................................................................82
4.6 Considerações ....................................................................84
CAPÍTULO V
5.1 ESTUDO DE CASO: APL DE EQUIPAMENTOS E
INSTRUMENTOS MÉDICO-ODONTOLÓGICOS DE CAMPO
MOURÃO..................................................................................86
INTRODUÇÃO..........................................................................86
5.2 ETAPAS DO TRABALHO NO PARANÁ .............................88
5.2.1 Primeira Etapa ......................................................................88
5.2.2 Segunda Etapa......................................................................93
5.2.3 Inclusão do APL de Campo Mourão.......................................... 95
5.2.4 Terceira Etapa....................................................................... 97
5.2.5 Quarta Etapa ........................................................................ 97
5.2.6 Quinta Etapa.........................................................................98
5.2.7 Sexta Etapa..........................................................................98
5.3 APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-Odontológicos98
5.3.1 População Local e Emprego na Atividade Principal do APL.........101
5.3.2 Potencialidades Regionais..............................................................103
5.4 História e Origem do APL..................................................104
5.5 Número e Perfil das Empresas que compõe o APL..........109
5.6 Instituições de Suporte......................................................109
5.7 EMPRESAS ENTREVISTADAS........................................110
5.8 Apresentação e Análise dos Resultados e Verificação das
Hipóteses ................................................................................113
5.8.1 Apresentação e Análise dos Resultados nos Elementos do
Capital Social ..........................................................................113
5.8.1.1 Cooperação ..................................................................................113
5.8.1.2 Confiança......................................................................................117
5.8.1.3 Reciprocidade...............................................................................120
5.8.1.4 Rede .............................................................................................122
5.8.2 Apresentação e Análise dos Resultados da Competência
Técnica.................................................................................... 126
5.8.3 Verificação das Hipóteses..............................................129
5.8.3.1 Verificação da 1ª Hipótese............................................................129
5.8.3.2 Verificação da 2ª Hipótese............................................................132
5.8.3.3 Verificação da 3ª Hipótese............................................................135
5.9 TIPOLOGIAS DE ANÁLISES ........................................... 139
5.9.1 TIPOLOGIA DE ANÁLISE DA COMPETÊNCIA TÉCNICA140
5.10 TIPOLOGIA DA COMPETÊNCIA TÉCNICA NO APL DE
CAMPO MOURÃO.................................................................. 142
5.10.1 Análise da Competência Técnica Sistêmica..................................142
5.10.2 Análise da Competência Técnica Setorial......................................142
5.10.3 Análise da Competência Técnica Profissional...............................144
5.10.4 Avaliação da Competência Técnica de Campo Mourão ................144
5.11 TIPOLOGIA DE ANÁLISE DO CAPITAL SOCIAL ..........145
5.12 Análise de Campo Mourão.............................................. 148
5.12.1 Análise da Confiança.....................................................................149
5.12.2 Análise da Cooperação..................................................................149
5.12.3 Análise da Reciprocidade ..............................................................150
5.12.4 Análise da Rede.............................................................................150
5.13 Considerações ................................................................152
CAPÍTULO VI
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.............. 154
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................. 154
6.2 RECOMENDAÇÕES DE TRABALHOS FUTUROS..........157
REFERÊNCIAS.......................................................................159
ANEXOS .................................................................................168
Questionário da Pesquisa de Campo......................................169
Relação das 114 aglomerações produtivas identificadas no
Paraná e seus indicadores......................................................177
APÊNDICE..............................................................................182
Catálogo com os produtos das empresas visitadas na Pesquisa
de Campo................................................................................183
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – O Complexo da Qualidade de Vida........................................14
FIGURA 2 – Estratégia e Competências Essenciais ..................................72
FIGURA 3 – As Três Dimensões da Competência.....................................77
LISTA DE FOTOS
FOTO 1 – Capacitação dos Jovens Empreendedores..............................106
FOTO 2 – Orientação ao Desenvolvimento Tecnológico e Inovação .......107
FOTO 3 – Capacidade de Inovação e Aperfeiçoamento de Produtos .....107
FOTO 4 – Incentivo ao Desenvolvimento de Novos Projetos...................108
FOTO 5 – Projeto Social...........................................................................108
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – A empresa troca idéias e estratégias.................................114
GRÁFICO 2– Como foram reguladas as iterações...................................114
GRÁFICO 3– A empresa visita outras empresas do APL.........................115
GRÁFICO 4– Interação com as empresas que levam à cooperação .......116
GRÁFICO 5– Interação da empresa com outras empresas do APL.........117
GRÁFICO 6– Análise da confiança do grupo de empresários..................118
GRÁFICO 7– Grau de confiança no APL..................................................119
GRÁFICO 8– Grau de confiança ..............................................................120
GRÁFICO 9– Reciprocidade entre empresas...........................................121
GRÁFICO 10– Posicionamento das empresas que geram relações
recíprocas.................................................................................................122
GRÁFICO 11- Participação de atividades em grupo no APL....................123
GRÁFICO 12– Instituições mobilizadoras do grupo..................................124
GRÁFICO 13– Efetividade da Liderança ..................................................125
GRÁFICO 14– Benefício para a empresa fazendo parte do grupo...........126
GRÁFICO 15– As competências técnicas são percebidas.......................127
GRÁFICO 16– Conhecimento das competências técnicas do APL..........128
GRÁFICO 17– Mensuração do comprometimento das empresas do APL130
GRÁFICO 18– Comprometimento das empresas com o projeto do APL .131
GRÁFICO 19– Benefício para a comunidade do APL ..............................134
GRÁFICO 20– Benefícios inter-empresariais ...........................................135
GRÁFICO 21– Elementos mais presentes no APL e que influenciam as
ações........................................................................................................137
GRÁFICO 22– As competências são importantes para o desenvolvimento138
GRÁFICO 23– As competências são valorizadas no APL........................139
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 – Distribuição Espacial dos Ativos Institucionais ..........................91
MAPA 2 – APLs Pré-Selecionados por Microrregião..................................94
MAPA 3 – Localização Geográfica de Campo Mourão...............................99
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- Capital Social: Precursores, Fontes e Resultados..........................43
QUADRO 2 –Sínteses das Categorias dos Ativos..............................................89
QUADRO 3 –Fonte de Informações dos Ativos ..................................................90
QUADRO 4 –Tipologia de Análise dos APLs......................................................93
QUADRO 5 –APLs Pré-Selecionados (25) .........................................................94
QUADRO 6 –Indicadores do Mercado de Trabalho ..........................................101
QUADRO 7 –IDHM ...........................................................................................101
QUADRO 8 – Número de Empregos Formais - 2003........................................102
QUADRO 9 – Tipos de Produtos e Serviços disponibilizados pelo APL ...........112
QUADRO 10 – Tipos de Competências Técnicas.............................................140
QUADRO 11 – Análise da Competência Técnica .............................................141
QUADRO 12 – Resumo de Avaliação da Competência Técnica de Campo
Mourão..............................................................................................................144
QUADRO 13 – Análise do Capital Social..........................................................145
QUADRO 14 – Análise do Capital Social..........................................................145
QUADRO 15 – Análise do Capital Social em Campo Mourão...........................152
LISTA DE SIGLAS
ACICAM – Associação Comercial e industrial de Campo Mourão
AED – Agência de Educação para o Desenvolvimento..................................
ANPROTEC – Associação Nacional de Incubadoras do Brasil......................
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.......................................
APL – Arranjo Produtivo Local ........................................................................
APLs – Arranjos Produtivos Locais.................................................................
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento do Extremo Sul....................
BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul......................
CIES – Centro Integrado de Educação Superior ............................................
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico....
COAMO –cooperativa Agropecuária Mourãoense..........................................
FECILCAM– Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão..................
FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná.................................
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos.................................................
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.....................................
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano ....................................................
IEL – Instituo Euvaldo Lodi .............................................................................
INMETRO – Instituo Nacional de Metrologia e Normatização........................
IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social..
MCT –Ministério da Ciência e Tecnologia ......................................................
MPES – Micro e Pequenas Empresas............................................................
MRG –Microrregião Geográfica......................................................................
MTE –Ministério do Trabalho e Emprego .......................................................
NDSR – Núcleo de Desenvolvimento Setorial................................................
OECD – Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento.......
ONGs – Organização Não Governamental.....................................................
P&D&E – Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia .....................................
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento ..............................................................
PIB – Produto Interno Bruto............................................................................
PNB – Produto Nacional Bruto........................................................................
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento...................
POLI/USP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.....................
RAIS – Relação Anual de Informações Sociais..............................................
REPARTE – Rede Paranaense de Incubadoras do Paraná...........................
SEBRAE – Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas.......................
SEFA – Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná....................................
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial...............................
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial..................................
SEPL – Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral ..........
SESI – Serviço Social da Indústria .................................................................
SETI – Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior........
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná ................................
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas..........................................
VA – Vetor Avançado......................................................................................
VDL – Vetor de Desenvolvimento Local .........................................................
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Panorama Educacional........................................................100
1
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
A economia mundial vem passando por transformações estruturais nos últimos
25 anos as quais envolveram profundas modificações na base tecnológica, nas
estratégias globais de decisão de localização e inserção comercial das empresas
multinacionais, assim como nas relações econômicas internacionais.
Apesar das peculiaridades destas transformações recentes, ainda não mudaram
a tendência pós-guerra de ser o mercado interno o principal motor do crescimento
econômico dos países, ou seja, 80% do produto mundial bruto vão para o mercado
interno e apenas 20% para o mercado externo.
O desempenho da economia brasileira, segundo a visão do BNDES (2003),
demonstra que o progresso econômico de um país deve ser avaliado sob os enfoques
micro e macroeconômicos, cujas evidências não devem limitar-se apenas a elementos
estáticos como: mudança de eficiência técnica. Mas também se deve procurar captar os
aspectos mais diretamente relacionados à eficiência dinâmica como: padrões de
especialização comparadas às tendências mundiais, entre outros.
Ao longo da década de 1990, já havia sinais de um aumento das taxas de
produtividade na indústria brasileira nesse período resultando num aumento da
eficiência produtiva. No entanto, o Brasil teve que modificar seu padrão de
especialização internacional em direção às indústrias de maior dinamismo competitivo
nos mercados internacionais numa perspectiva de longo prazo. Nesse caso, houve a
necessidade de uma remodelagem da estrutura produtiva brasileira, por meio de
mecanismos que não apenas estimulasse a agregação de valor aos bens e serviços
produzidos como também induzissem a maior capacitação tecnológica dos setores
dinâmicos do mercado levando a vantagens competitivas e fundamentais ao mercado.
Este panorama leva à adoção de instrumentos de política industrial onde hoje se torna
um grande desafio para o Brasil estruturar esta política e implementá-la.
2
Em 1890, surgem com vigor as teorias de Marshall que apontam para os ganhos
de eficiência associados ao agrupamento setorial e regional de empresas (economias
externas). O trabalho de Marshall, mais precisamente as idéias contidas em seus
Princípios de Economia (1920), ganhou notoriedade por representar o que foi batizado
de revolução marginalista onde apresenta a teoria sobre a organização industrial.
Marshall diz que as habilidades humanas relacionadas com a produção são
separadas em habilidades gerais e especializadas onde para o autor, estava claro que
as especializadas tenderiam a serem cada vez menos importantes em uma economia
industrial. Isto ocorre porque o que confere qualidade e eficiência a um cenário é
exatamente a capacidade de enfrentar dificuldades de distintas naturezas e de se
adaptar a mudanças estabelecendo relações de confiança.
Marshall acreditava ser necessário investir na educação da população, trazer
benefícios que na sua visão aumentariam a capacidade dos trabalhadores em criar
riquezas. Avançar no conhecimento e nas formas de organização industrial nos setores
público e privado, sob seu ponto de vista era importante para as sociedades se
desenvolverem. A divisão do trabalho e especialização da mão-de-obra, assim como as
relações de firmeza das conexões existentes entre as diferentes partes de uma
organização industrial seriam elementos fundamentais neste contexto. O autor cita
como exemplo a experiência dos distritos industriais italianos que estão inseridos na
evolução do processo de industrialização do país, no qual as pequenas empresas
sofreram transformações significativas. Além disto, as taxas de crescimento eram
significativas e representaram uma nova forma de organização da atividade econômica.
O grande desafio deste século é o entendimento destas novas dinâmicas
produtivas e estruturas econômicas, políticas e sociais organizadas numa aglomeração
local, que viabiliza a estruturação e aumento da eficiência das empresas com o intuito
de conquistar a competitividade. A dinâmica desses espaços, busca a especialização
setorial, permitindo um processo mais dinâmico com redução de custos nas transações
realizadas mediante a cadeia produtiva. Esta eficiência coletiva pode ocorrer em virtude
do intercâmbio de informações, fortalecimento de laços cooperativos e aproveitamento
das competências entre os protagonistas locais.
3
Num contexto mais abrangente, o País começa a sofrer o impacto das mudanças
decorrentes da intensificação do processo de globalização. Este impacto se reflete na
unificação do padrão de consumo, no próprio domínio tecnológico que está na mão de
poucos países, na internacionalização de empresas, assim como, no mercado de
trabalho que é global e nos produtos standartizados do mercado. Tais mudanças
indicam que cada vez mais fatores como capital humano, capital social, pesquisa,
informação e competências técnicas ganham relevância pela capacidade da sociedade
e empresas agregarem valor ao processo produtivo.
O presente trabalho busca avaliar de forma qualitativa a manifestação do capital
social e das competências técnicas locais em arranjo produtivo. Esta análise se dá sob
o ponto de vista do desenvolvimento local e tecnológico da região voltados à
competitividade do mercado globalizado, que é onde as empresas deste APL atuam.
1.1 JUSTIFICATIVA
Este estudo pretende contribuir com recentes pesquisas sobre a utilização do
Capital Social e das Competências Técnicas como uma estratégia empresarial e do
próprio governo para obtenção do desenvolvimento onde são valorizadas
oportunidades. Na Era do Conhecimento, a atuação competitiva das empresas
demanda estratégias de valorização e fomento de elementos como confiança,
cooperação, habilidades, atitudes e competências essenciais para enfrentar obstáculos
e aproveitar oportunidades.
Esta pesquisa ocorre em um contexto onde o Governo do Estado do Paraná es
atuando, junto à Rede APL, com diversas instituições públicas e privadas que articulam
e mobilizam ações e estratégias para os APLs. O Governo do Estado, através da Rede
APL e em conjunto com outras instituições, desenvolve diversas ações. Dentre elas a
qualificação e capacitação da mão-de-obra direcionada à necessidade local,
fortalecendo a dinamicidade setorial de atividades com importância regional.
4
As informações contidas no Relatório da 1ª Etapa do trabalho realizado no
Paraná em 2005, pela SEPL e Ipardes em 25 aglomerações, permitem obter subsídios
para pesquisar e analisar a manifestação do capital social e das competências técnicas
em um destes arranjos. Vale a pena considerar ainda o papel das Universidades e dos
próprios protagonistas locais para a formação de consciências comprometidas com a
melhoria contínua e a disseminação do conhecimento, para oportunizar o
desenvolvimento da região.
Esta pesquisa justifica-se por tratar de um tema atual, com uma bibliografia
diversificada e extensa quanto às experiências vivenciadas tanto no Brasil como em
outros países e que muito têm a contribuir para o desenvolvimento regional num
mercado globalizado. Portanto, este estudo quer contribuir para o debate sobre o tema
APL, apresentando a experiência prática de Campo Mourão, onde se procura verificar a
utilização do Capital Social e das Competências Técnicas das empresas que compõe o
APL, como um dos seus pressupostos para alcançar o desenvolvimento.
Analisando Campo Mourão, cidade escolhida que está localizado no centro-oeste
do Paraná, este trabalho identifica e discute como se manifestam o Capital Social e as
Competências Técnicas entre as empresas que compõe o APL. Também se inicia a
análise a partir do papel destes elementos na transformação da cidade em um pólo
com estrutura tecnológica, competências e potenciais de jovens empreendedores que
contribuem para o desenvolvimento tecnológico e inovativo da região.
Este estudo contribui para a tomada de decisões sócio-políticas voltadas à
valorização destes potenciais como forma de geração de riqueza e abertura de novos
mercados competitivos.
Para que a constatação da realidade não seja apenas observada, será
apresentada uma tipologia de análise destes elementos que poderão servir de base
para análise de outros APLs, desde que respeitando as diferenças regionais e da
própria cultura local e as particularidades dos setores econômicos.
5
1.2 PROBLEMA
Qual é o papel do Capital Social e das Competências Técnicas Locais na
estruturação de Arranjo Produtivo Local?
1.3 HIPÓTESES
1. O capital social existente na região contribui para a consolidação e expansão de
um Arranjo Produtivo Local – APL.
2. Relações interempresariais trazem benefício para o APL e permitem o acesso a
serviços ou informações específicas.
3. As competências técnicas locais do APL possibilitam o desenvolvimento de
novas tecnologias e inovações adequadas para a região.
1.4 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA
O objeto de estudo em questão será tratado no âmbito regional, no Estado do
Paraná, em aglomerações ou sistemas produtivos locais – APL composto por:
empresas formais e informais;
sindicatos, associações, governo, comunidade e instituições.
A amostra será de um arranjo produtivo local para facilitar a identificação de
elementos do capital social e da competência técnica na construção das Tipologias a
6
serem propostas. O APL escolhido foi o de equipamentos e instrumentos médico-
odontológicos de Campo Mourão.
1.5 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral da pesquisa é propor uma tipologia de análise do capital social e
da competência técnica em Arranjos Produtivos Locais.
1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Revisar bibliografias sobre APL’s, Capital Social e Competências Técnicas;
Realizar uma visita técnica para averiguar os conhecimentos locais, formas
de atuação e como ocorria o processo de governança no APL de Campo
Mourão;
Identificar a existência de elementos do capital social tais como: confiança,
cooperação e reciprocidade no APL de Campo Mourão;
Identificar as competências técnicas existentes no APL de Campo Mourão;
Análise da importância destes elementos como um pressuposto para o
desenvolvimento a partir de uma rede de relações;
Identificar o papel dos diferentes agentes locais;
Levantar, identificar o capital social em Campo Mourão.
7
1.7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para nortear as ações a serem delineadas localmente e para elaboração de
posteriores conclusões da pesquisa será fundamental compreender os conceitos de
APL’s, Capital Social e as Competências Técnicas, por meio da revisão da literatura.
Outro subsídio para a fundamentação da pesquisa foi o trabalho realizado pela
Rede de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais no Estado do Paraná pela Sepl e
Ipardes (2005). Foi realizada uma visita prévia ao APL de Equipamentos e Instrumentos
Médico Odontológicos de Campo Mourão. O objetivo da visita foi averiguar os
conhecimentos locais, formas de atuação e como ocorria o processo de governança na
região. A visita resultou em três relatórios que foram publicados e disponibilizados,
inclusive a autora desta Dissertação teve a participação na sua elaboração.
Paralelamente foi realizado um levantamento de informações e de ações junto a
alguns órgãos como o Sebrae, subsidiando a coleta de dados. Uma vez identificado e
escolhido o APL, partiu-se para o “estudo de caso”, que é um método típico de
pesquisas exploratórias de cunho qualitativo e quantitativo.
Para Gil
1
(1999 apud OLIVEIRA, 2004, p.21) a coleta de dados define o
delineamento adotado. Sendo assim, dois grupos de delineamento podem ser
caracterizados:
aqueles que se valem das chamadas fontes de papel e aqueles cujos dados
são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo esta a pesquisa bibliográfica e
a pesquisa documental. No segundo a pesquisa experimental [...] e o estudo
de caso.
Considera-se ainda, este método ser um estudo profundo de um ou alguns
objetos, de forma a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, missão impossível
para outros tipos de delineamento.
Yin (2001, p.21) complementa e confirma esta idéia afirmando que:
1
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
8
[...] o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as
características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como
ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos,
mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e maturação
de alguns setores.
Ou seja, pode-se considerar que o estudo de caso é recomendável quando se
deseja aprofundar o conhecimento de determinada situação real, porém os resultados
não serão utilizados para generalizações.
Segundo a concepção de Cooper & Schindler (2003), este trabalho trata-se de
uma pesquisa de campo, ex post facto e transversal; primeiro, por investigar os fatos
empiricamente no local onde ocorre o evento, visando reunir e organizar um conjunto
comprobatório de informações. Segundo, pelo fato da pesquisadora não ter controle
das variáveis, no sentido de ser capaz de manipulá-las. Neste estudo, tanto as
contextualizações como as idéias da fundamentação teórica, apontam para a adoção
deste método.
1.7.1 COLETA DE DADOS
1.7.1.1 Questionário
Para operacionalizar a coleta de dados foi utilizado um questionário padronizado
com entrevistas estruturadas de perguntas fechadas sobre o contexto da pesquisa.
Para Gil (1999, p.128-129) o questionário é uma técnica de investigação
composta por um mínimo razoável de questões escritas, direcionadas a pessoas para
conhecer opiniões, expectativas, crenças e informações.
Complementando a idéia acima, Malhotra (2001, p.274) afirma que o
questionário possui três objetivos:
1. traduzir a informação desejada em um conjunto de questões que o
respondente possa responder;
9
2. motivar e incentivar o entrevistado a se envolver com o assunto;
3. minimizar o erro na resposta através de um bom planejamento.
1.7.1.2 Etapa 1: Pesquisa Documental
A pesquisa documental, segundo Roesch (1999, p.165), é uma fonte de dados
utilizada em pesquisa qualitativa, realizada através de análises de documentos como
relatórios gerenciais, manuais, materiais utilizados em relações públicas, declarações
sobre a missão, sobre políticas e sobre recursos humanos, materiais e financeiros.
Como complementa Forster (1994, p.148), esta fonte de dados “ajuda o pesquisador a
observar com mais precisão o processo histórico e o desenvolvimento das
organizações e pode auxiliar na interpretação das informações e na reescrita da história
em posteriores relatórios verbais”.
É importante destacar que, conforme Yin (2001, p.110), “ao se revisar os
documentos, deve-se compreender que eles foram escritos com algum objetivo
específico e para algum público específico, diferente daqueles do estudo de caso que
está sendo realizado”. Forster (1994) destaca que a utilidade dos documentos depende
do cuidado e habilidade aplicados no seu manuseio, pois muitos documentos não
podem ser considerados pelo seu valor nominal, mas devem ser analisados e
entendidos dentro de um contexto.
1.7.1.3 Etapa 2: Entrevistas
A entrevista que foi realizada em cada empresa para aplicar o questionário,
segundo Yin (2001), é a mais importante fonte de informação para um estudo de caso
e, para King (1994), é um método altamente flexível, capaz de produzir dados de
grande profundidade. As entrevistas foram realizadas na cidade de Campo Mourão no
mês de Julho de 2005.
10
A análise de dados realizada é quantitativa e qualitativa sob a forma descritiva e
explanatória contendo:
análise de dados (artigos, revistas, projetos, dissertações e teses),
qualitativa;
análise de conteúdo (das entrevistas), qualitativa e
análise estatística (tabela e gráficos), quantitativa.
A análise dos dados quantitativos e qualitativos, como os desta pesquisa, é
sempre uma busca de síntese de várias informações obtidas para que se possa
apresentar ao leitor o máximo de qualidade e resultados fidedignos à pesquisa, foram
utilizadas as técnicas de análise documental, a análise de conteúdo e a estatística
descritiva. (BARDIN, 1977, p.83).
1.7.2 AMOSTRA
Richardson (1999, p.157) descreve a população ou universo como o “conjunto de
elementos que possuem determinadas características. Em termos estatísticos,
população pode ser, por exemplo, as empresas de determinada região”.
No que se refere à amostra, Gil (1999, p.100) a conceitua como um “subconjunto
do universo, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse
universo”. O universo pesquisado é composto pelas empresas do ramos de saúde,
mais especificamente de instrumentos médico-odontológicos, situados na microrregião
de Campo Mourão. No total são 13 empresas
, sendo 2 incubadas na Fundação
Educere, 6 empresas graduadas e 5 fornecedoras situadas em Peabiru, Maringá e
Campo Mourão, onde prestam serviços especializados envolvendo usinagem de
precisão, solda e projetos mecânicos.
Integrantes das diretorias destas organizações responderam pessoalmente ao
questionário utilizado como instrumento de levantamento de dados e opiniões sobre os
assuntos propostos, bem como foram esclarecidos sobre sua finalidade e conteúdo. As
visitas foram agendadas pela Fundação Educere.
11
1.8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O presente estudo é composto por 6 capítulos. Após a introdução, que integra o
capítulo I, é apresentado o problema de pesquisa e sua delimitação, em seguida os
objetivos gerais e específicos, a descrição da metodologia proposta para atingir os
objetivos e considerações sobre a coleta de dados e ainda a composição do universo
amostral e a justificativa da presente pesquisa.
O marco teórico inicia-se no capítulo II, onde são apresentados conceitos e
características do desenvolvimento local, bem como, uma abordagem sobre redes. Este
trabalho coletivo é construído a partir da interação das pessoas em projetos ou ações
que fazem parte do contexto onde os contatos são baseados em relações de confiança
definidas territorialmente para que se obtenha um equilíbrio nas transações. Também
neste capítulo, são apresentados os elementos básicos das iniciativas de
desenvolvimento onde depois é feita uma análise do APL e das políticas desenvolvidas
neste contexto visando o desenvolvimento local.
O capítulo III aborda as noções de capital social e seus precursores cujas visões
demonstram que o capital social está ligado à sociedade civil e ao setor das ONGs ou
dizem respeito à questão das redes. Apesar dessas abordagens dos precursores serem
diferentes uma das outras elas são complementares demonstrando que há
predominância das relações de cooperação, confiança e reciprocidade. Além disto, os
elementos e estratégias levam ao empoderamento e ao próprio desenvolvimento
regional sendo apresentado ainda a relação do capital social com o desenvolvimento
local.
No capítulo IV é apresentada uma revisão da literatura sobre Competência
Técnica, onde se faz uma reflexão da competência nos APLs, assim como a utilização
do conhecimento identificado servindo como fonte de vantagem competitiva e
desempenho sustentável da organização.
O capítulo V apresenta a experiência do Paraná com Arranjos Produtivos Locais
e o estudo de caso, realizado na cidade de Campo Mourão, no APL de Instrumentos
Médico-Odontológicos, na área de saúde. Em seguida, são apresentados e analisados
12
os dados obtidos junto às empresas deste ramo durante a pesquisa de campo para
então propor a tipologia de análise da Competência Técnica e do Capital Social.
No capítulo VI, são apresentadas as considerações finais, assim como as
recomendações para trabalhos futuros.
13
CAPÍTULO II
DESENVOLVIMENTO LOCAL E APL
Neste capítulo apresenta-se um panorama geral sobre o tema proposto e seus
conceitos; as características e os elementos básicos das iniciativas que levam ao
desenvolvimento, assim como as diversas abordagens da sustentabilidade; formação
de redes; APL e as políticas que visam o desenvolvimento local.
2.1 PANORAMA GERAL
A gravidade dos problemas sociais brasileiros e o enfrentamento da pobreza
exigem mobilização de recursos potencialmente existentes na sociedade, assim como,
requer convergência e integração de ações e atores protagonistas neste cenário
globalizado.
Além disso, na visão do Sebrae (2002), há uma nova dinâmica econômica
integrada, de base local, na qual são estimuladas as diversidades econômicas e a
complementaridade de empreendimentos, sobretudo como território regional para gerar
uma cadeia sustentável de iniciativas.
A qualidade de vida, que é um componente do desenvolvimento (Figura 1) tem
muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos
envolvendo dimensões culturais, psicológicas, interpessoais, espirituais, econômicas,
políticas, ambientais, éticas e filosóficas. (CADERNO DA OFICINA SOCIAL, 2000).
14
Fonte: Caderno da Oficina Social (2000)
FIGURA 1- O Complexo da Qualidade de Vida
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador composto de
qualidade de vida, desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento). Ele reúne três componentes: renda, saúde e educação. A renda é
medida pelo PIB real per capita, a saúde pela esperança de vida ao nascer e a
educação pela taxa de alfabetização de adultos e taxas de matrículas primárias,
secundárias e terciárias combinadas.
No caso do Brasil, a gravidade da situação social se explica muito mais pelo
altíssimo índice de desigualdade na maneira como a renda se distribui entre
diferentes segmentos da população, do que pela ausência estrutural de recursos
econômicos. Assim, segundo a visão de Corrêa (2000), o desenho de uma estratégia
de desenvolvimento local no Brasil passa necessariamente por políticas que sejam
capazes de combinar crescimento econômico com ações efetivas no sentido de
superar as desigualdades.
Nenhum resultado ponderável, em termos de melhoria efetiva das condições de
vida das populações marginalizadas, poderá ser obtido apenas por decisão sem que se
faça convergir ações para promover o desenvolvimento integrado. A implantação de
Cultura,
Esporte/Lazer
Trans
p
orte
Alimentação e
Nutrição
Saneamento
Meio Ambiente
Saúde
Educa
ç
ão
Trabalho e
Renda
Outros
QUALIDADE
DE
VIDA
Habitação
15
programas articulados em dada localidade é capaz de alavancar novos recursos,
energias e impactos que, isoladamente, tais programas não poderiam promover.
Além dessas orientações, o Sebrae (2002) acredita que a promoção, o
desenvolvimento exige a capacitação da Gestão Local para que se possa negociar e
articular interesses, executar, monitorar e avaliar planos e projetos para a região. Neste
contexto, elegem-se as prioridades comuns para a partir das necessidades identificadas
transformarem as demandas privadas em demandas públicas tornando-se a chave e o
segredo para o sucesso.
2.2 Conceitos de Desenvolvimento Local
Segundo Capecchi
2
(1990 apud FARAH, 2002, p.66) um espaço geográfico local
seria uma área limitada sob o aspecto territorial, com características específicas, onde
pode ocorrer certa especialização produtiva. O autor considera ainda que seja muito
forte a interconexão entre o setor produtivo local, com as misturas de família, política e
vida social, caracterizando uma organização sociotécnica deste espaço. Com o
desenvolvimento local a comunidade passa a incrementar a economia, pois dispõe de
mão-de-obra capacitada constantemente pela experiência desenvolvida. É importante
que a melhoria do padrão de vida econômico, cultural e social resulte em maior grau de
mobilidade social, necessário ao processo produtivo local.
Farah (2002), sintetizando a visão de Capecchi (1990), afirma que o
desenvolvimento local permite um processo de interação entre os diversos agentes
econômicos e instituições locais que criam condições de upgrade da região e uma
sinergia que permite alavancar a pequena produção.
2
CAPECCHI, V. A history of flexible epecialisation and industrial districts in Emília-Romagna. In: PYKE, F.;
BACATINI, G.; SENGENBERGER (Ed) Industrial districts and inter-firm cooperation in Italy. Geneva:
International Institute of labour Studies,ILO, 1990.
16
Complementando a idéia acima, Albagli
3
(1999 apud FARAH, 2002, p.69) afirma
que o desenvolvimento local deve ser sustentável a partir de sua organização
socioambiental e econômica apropriada aos atuais padrões de produção e consumo. O
local passa a ser figura-chave para a reprodução do sistema dentro de um padrão que
envolva a eficácia e eficiência globalizante. Para tanto, será necessário flexibilidade
técnica e produtiva e diversificação criativa em termos de novos produtos, mercados e
mão-de-obra qualificada capaz de absorver novas tecnologias fundamentais ao
desenvolvimento.
Segundo a visão do Banco Mundial (2000), para se alcançar o desenvolvimento
local é necessário ampliar as oportunidades dos indivíduos ao trabalho, educação,
saúde e alimentação de forma a torná-los mais democráticos e participativos.
Além disto, o objetivo básico do desenvolvimento local seria a melhoria da
qualidade de vida incluindo modos de vida mais sustentáveis. Isto irá envolver
questões macroeconômicas que envolvem tanto a ética, como a política, questões
sociais, econômicas e ambientais.
Complementando a idéia, Benko
4
(1999 apud FARAH, 2002, p.67) afirma que o
desenvolvimento local apresenta uma nova visão em que a atuação de diversos
agentes socioeconômicos se dá de forma endógena, autocentrada na busca da
alavancagem do território geograficamente delimitado. Opõe-se ao modelo
centralizado, onde decisões tomadas longe da comunidade não representavam as
suas reais necessidades.
Benko (1999) define o local como um espaço em que ocorre a capacidade da
comunidade de trabalhar e produzir de forma flexível, buscando adaptar-se à
evolução tecnológica e aos novos padrões de produtos e de consumo. É também uma
estratégia de diversificação no processo de enriquecimento das atividades
desenvolvidas por um território, com base na mobilização de recursos naturais,
humanos e econômicos. Este processo de desenvolvimento local passa pela
descentralização nos mais variados níveis de decisões políticas e econômicas,
3
ALBAGLI, Sarita. Globalização e espacialidade: o novo papel do local. In: CASSIOLATO, J. E. e LASTRES, H.
M. Globalização & Inovação: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999.
4
BENKO, Georges. Economia, espaço e globalização: na aurora do século XXI. São Paulo: Hucitec, 1999.
17
buscando através de novas parcerias e instituições, os meios de fazer a região
crescer de forma mais eqüitativa.
Na visão de Corrêa (2000), o desenvolvimento local ocorre com a parceria entre
Estado e Sociedade, onde são realizadas ações multissetoriais integradas e
convergentes. Estas ações permitem o surgimento de comunidades mais
sustentáveis, onde há uma capacitação maior e mais enfocada para a necessidade
local no qual é realizado um diagnóstico e planejamento participativo visando à
demanda social da localidade. Este panorama permite que as necessidades
imediatas sejam supridas através de uma articulação da oferta pública de programas.
Corrêa (2000) diz que com o desenvolvimento há um despertar para as vocações
locais onde se desenvolvem potencialidades específicas fomentando o
empreendedorismo. Assim aproveitam-se as vantagens locais, visando à melhoria da
qualidade de vida da população e facilitando o intercâmbio externo onde passam a se
organizar internamente com o intuito de ampliar os negócios e fortalecer a identidade
local. O local onde se realizará o processo de desenvolvimento poderá ser um bairro,
distrito, povoado, uma microrregião ou um município.
Sob a visão de Perin (2004), o desenvolvimento local ocorre com mudanças que
superam paradigmas tradicionais que pensam o desenvolvimento no binômio Estado
e empresa (mercado). Sob este aspecto, é necessário incluir um terceiro componente:
a sociedade civil. A tradicional pirâmide hierárquica Estado, Empresa e Sociedade são
substituídas por uma arquitetura triangular em que os atores passaram a ter igual
influência precisando pensar e agir de forma integrada. Segundo esse paradigma, a
inserção da comunidade permite uma maior proximidade como os problemas da
região onde os atores passam a criar alternativas de soluções destas debilidades
locais.
Nesse sentido, Perin (2004) diz que esta dinâmica apresentará variável onde a
participação social e cidadã envolverá valores, características culturais e
comportamentais dos atores cuja composição das redes e do próprio capital social,
serão determinantes para o fortalecimento do desenvolvimento local visando sua
sustentabilidade. Segundo o autor, cabe ao Estado um importante papel na regulação
dos mercados e na prestação dos serviços básicos (explo: educação, saneamento
18
básico, transporte, etc...). Neste papel que desempenha visando à redução das
desigualdades, o Estado deve implementar políticas locais efetivas e condizentes com
a necessidade local para que haja uma maior proximidade na resolução dos
problemas.
Perin (2004) afirma que o desenvolvimento local de regiões vulneráveis deve
criar condições para que as políticas públicas sejam orientadas na promoção da
capacidade empreendedora do excluídos. Para isso, as políticas devem ser
organizadas para suprir as carências e necessidades básicas ajudando a se auto-
organizarem para valorizar as vocações e aproveitar as demandas de comercialização
do mercado. Neste sentido, o trabalho de planejamento é essencial para auxiliar na
elaboração das políticas públicas porque identifica as prioridades caracterizadas como
estratégicas, subsidiando o processo de desenvolvimento com o aproveitamento do
potencial regional.
Perin (2004) conclui seu pensamento, enfatizando a relevância desses
processos de mobilização como sendo um fator determinante da competitividade e do
potencial de crescimento econômico.
2.3 Características do Desenvolvimento
Nas estratégias de desenvolvimento o espaço é concebido como agente de
transformação social onde o território socialmente organizado e suas características
culturais e históricas são aspectos importantes.
Albuquerque (1998) acredita que a sociedade desenvolve iniciativas próprias a
partir de suas particularidades, sejam elas, econômicas, sociais, políticas e culturais.
Existe um potencial de recursos humanos e institucionais que são endógenos e devem
ser identificados para se ter um mapeamento das cadeias produtivas, do mercado de
trabalho e possíveis articulações ente os sistemas.
A existência de capacidade empresarial inovadora em nível local é, talvez, um
dos elementos mais decisivos para liderar um processo de desenvolvimento e mobilizar
19
recursos. A freqüente carência deste componente do desenvolvimento obriga a abordar
uma construção social com o objetivo de estimular atitudes criativas. (ALBUQUERQUE,
1998).
Segundo Albuquerque (1998), nesta busca do desenvolvimento e nem será o
desmantelamento do Estado que levará a região ao desenvolvimento. Mas a definição
de uma nova agenda de atuações negociadas com o setor empresarial e o conjunto da
sociedade civil na qual o planejamento deste desenvolvimento, se visualiza como uma
tarefa coletiva de interesse comum para elevar o nível de vida da população.
Albuquerque (1998) destaca ainda que na definição das estratégias de
desenvolvimento seja necessário:
articulação produtiva dos empresários;
compromisso com a geração de emprego;
conhecimento das tecnologias que melhor se adequem à dotação de
recursos e potencialidades territoriais;
adaptação do sistema educativo visando uma capacitação mais direcionada à
necessidade da região;
políticas de apoio às empresas para modernizar o setor;
acesso a serviços de apoio à produção, tais como, informação, capacitação e
financiamento.
Estas linhas de atuação, que envolvem as estratégias, deverão ser negociadas
entre as diversas instâncias públicas territoriais, a fim de esboçar uma atuação de
forma coerente.
Desta forma, Albuquerque (1998) diz que a transparência de competências e
parcelas de poder constitui um requisito básico para dotar os territórios do máximo de
autonomia e liberdade na aplicação de estratégias de desenvolvimento local. Neste
contexto, há coesão e capacidade de funcionamento autônomo da sociedade e da
própria economia onde se tornam menos vulneráveis e subordinados. Como
conseqüência, o resultado deste cenário será o fortalecimento e reforço de suas bases
tanto sociais como econômicas.
20
2.4 Elementos Básicos das Iniciativas de Desenvolvimento
Segundo a visão de Albuquerque (1998), a primeira condição para o êxito de
iniciativas que visam o desenvolvimento é a coordenação dos diversos agentes sejam
eles estaduais, municipais ou federais que atuam numa região.
Outro pilar básico é assegurar o acesso aos serviços estratégicos para as
empresas onde será necessário viabilizar serviços avançados de apoio à produção
como componentes fundamentais ao progresso tanto econômico, tecnológico e de
mercado.
A criação de incubadoras de base tecnológica satisfaz a necessidade de
multiplicar as iniciativas empresariais e impulsionar a transformação produtiva. Este
incentivo ao empreendedorismo é fundamental, pois desenvolvem sua criatividade,
geram empregos e aprendem a se auto-organizarem em questões que envolvem
gestão dos negócios, capacitação contínua, mercado e gerenciamento do produto.
(ALBUQUERQUE, 1998).
A terceira condição, segundo Albuquerque (1998), é criar iniciativas locais para a
população visando à formação de recursos humanos específicos onde a qualificação
constitui o elemento mais importante para garantir o êxito em termos de
desenvolvimento local.
Albuquerque (1998) ressalta que esta formação requer mais tempo, investimento
e atenção para incorporar informações específicas do perfil produtivo devido à
dimensão de cenários flexíveis e em permanente mudança.
O último pilar do desenvolvimento seria as iniciativas locais em matéria de
financiamento às empresas locais, ou seja, acesso adequado para as empresas
independente de seu porte, como recurso estratégico à competividade. Em geral,
segundo Albuquerque (1998), há uma falta de linhas de crédito que sejam ajustadas às
circunstâncias e características da pequena e média empresa diminuindo a
burocratização. Ademais a liberalização financeira baseada na manutenção de altos
tipos de juros não tem estimulado o direcionamento do investimento para aplicações
produtivas. Falta, pois, uma orientação estratégica específica que facilite o acesso ao
21
crédito a segmentos de mercado a fim de possibilitar a concretização de projetos
inovadores.
Finalizando, Albuquerque (1998) ressalta que, para promover e difundir o
desenvolvimento produtivo e empresarial é preciso que os agentes financeiros e o
Estado configurem uma visão de desenvolvimento. Visão esta que defina linhas
especiais de crédito compatíveis com o perfil específico às demandas dos micro e
pequenos empresários.
2.5 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável
Passa-se agora a analisar diferentes denominações do desenvolvimento
aplicadas na localidade. O conceito de integrado pode ter vários significados. Pode-se
entender como o desenvolvimento dos diversos setores (econômico, social, político e
cultural, cada um nas suas várias dimensões) da vida comunitária, de forma
harmônica, equilibrada entre eles e de acordo com as aspirações e interesses da
comunidade.
Assim, o crescimento econômico é necessário, segundo Coelho (1998), mas não
suficiente para o desenvolvimento integrado. De fato, a vida social está composta de
diversos componentes, como saúde, alimentação, educação, ocupação e renda,
habitação, transporte, meio ambiente, justiça, entre outros, sobre os quais há
necessidades, demandas e aspirações populares. Adequadamente identificadas e
atendidas, elas representarão desenvolvimento, isto é, melhor qualidade de vida.
O desenvolvimento é integrado porque se apóia numa estratégia de
desenvolvimento que soma esforços e recursos de parceiros públicos e privados.
Neste contexto se constituem redes estruturadas como ligação de pontos no espaço,
desprovidos de identidade e, como dizia Franco (2000), são elos fortes de integração
dos processos promovidos pela globalização. Este espaço socialmente construído
com base territorial delimitada constrói uma conexão fundamental ao sistema como
um todo.
22
Sob uma perspectiva distinta, Franco (2000) acredita que com a visão de
desenvolvimento integrado a sociedade é capaz de preservar e desenvolver seu
próprio quadro de representações. Quadro este, que irá expressar distintos níveis de
interesse e solidariedade.
A sustentabilidade significa que o crescimento econômico precisa se apoiar em
práticas que conservem e expandam a base de recursos ambientais, de tal maneira
que o atendimento das necessidades das gerações atuais, quanto ao uso dos
recursos naturais, não comprometa a sobrevivência das gerações futuras.
Como diz Sachs (2000), falar de sustentabilidade econômica significa referir-se a
um desenvolvimento baseado em um crescimento econômico que apóia mais
crescimento e que procura incluir grupos excluídos, ao ser adequadamente distribuído
(eqüitativo) a ao buscar a superação da pobreza e da exclusão (solidário).
Mas o conceito de sustentabilidade quanto ao desenvolvimento, segundo Sachs
(2000), diz respeito também a outras dimensões, além da econômica e da ambiental.
Uma das mais importantes é a sustentabilidade política, isto é, pelo crescimento
econômico eqüitativo e solidário mais pessoas e grupos sociais e políticos se
perceberão incluídos com necessidades atendidas, o que implica no crescimento do
apoio ao modelo e seus promotores (agentes políticos, como governantes, partidos ou
outras organizações sociais).
Pode-se falar também de sustentabilidade cultural. Isto é, o desenvolvimento
sustentável implica em reconhecer e preservar a diversidade de grupos humanos,
concepções de vida, formas de pensar e agir, como patrimônios inestimáveis legavam
de geração a geração absolutamente enriquecedoras das soluções originais e
peculiares engendradas para o desenvolvimento local. (SACHS, 2000).
Na visão de Franco (1999), o desenvolvimento é sustentável por possibilitar que
cada município encontre sua autonomia, suprindo as necessidades locais e
promovendo o desenvolvimento humano, social e econômico em equilíbrio com o
meio ambiente.
Outra consideração relevante referente à sustentabilidade é que o
desenvolvimento é um processo de mudança pelo qual uma organização tende a ser
uma entidade sustentável. Assim, Franco (2000) menciona que a idéia de
23
desenvolvimento deve estar intimamente ligada à idéia de transformação, mudanças e
escolhas cujos caminhos levam à sustentabilidade. Ser sustentável, para o autor, é
criar um padrão, crescer mantendo esse padrão, renovar-se, reinventar-se, ou seja,
mudar esse padrão para adaptar a organização às mudanças internas e externas. Na
medida em que aumentarem o número e os tipos de relações entre o ambiente interno
e externo, será intensa a interação, e, portanto, mais condições de troca de energia,
matéria e informação aumentarão a capacidade de mudança e de desenvolvimento.
Além desta interação entre os ambientes (interno e externo), estes ambientes devem
ser favoráveis ao desenvolvimento.
Corroborando com esta idéia de desenvolvimento sustentável, Barbieri & Lage
(2001) detalham os conteúdos das dimensões da sustentabilidade, apresentando-as
desta forma:
a) Sustentabilidade na dimensão ecológica, inclui questões relacionadas com a
gestão integrada dos recursos naturais, como o manejo sustentável dos
recursos, a preservação, a reciclagem, a reutilização, o combate ao desperdício
e a conservação dos recursos finitos, de modo que o desenvolvimento seja
possível dentro de uma ética ambiental mais solidária com a natureza e com as
gerações futuras.
b) Sustentabilidade na dimensão econômica inclui a criação de mecanismos
para um novo sistema produtivo, integrado e de base local, nos quais sejam
estimuladas a diversidade e a complementaridade de atividades econômicas,
gerando uma cadeia de iniciativas de modo que a agricultura, a indústria, o
comércio e setor de serviços gerem melhorias nas condições de vida para todos
os sistemas envolvidos, quer sejam sociais ou naturais.
c) Sustentabilidade na dimensão social, inclui o atendimento às necessidades
essenciais de uma sociedade, como saúde, educação, habitação, infra-estrutura
e saneamento básico e na garantia dos direitos fundamentais do ser humano,
como também o trabalho de redução das desigualdades sociais, combatendo
prioritariamente pobreza. Desse modo, deve criar mecanismo para geração de
trabalho e renda e inserção social, de forma a prover condições e dignidade para
superar as precárias condições em que vive uma expressiva parcela da
sociedade brasileira. Para alcançar esse objetivo, deve apoiar-se na
transferência de recursos exógenos e na mobilização de recursos endógenos,
quer sejam públicos ou privados.
d) Sustentabilidade na dimensão espacial inclui a promoção da desconcentração
de atividades econômicas do centro urbano, a ampliação à infra-estrutura e o
atendimento às necessidades básicas da população nas áreas rurais, o fomento
da instalação de empreendimentos que utilize como insumos a produção local,
construindo assim uma cadeia produtiva que agrega valor à produção local e
melhora a qualidade de vida da região.
24
e) Sustentabilidade na dimensão cultural inclui o desenvolvimento de projetos
que contribuam para a preservação da diversidade cultural local, frente à cultura
de massa, capacitando à sociedade com base em valores tradicionais e éticos,
criando condições para a expressão da arte local e para transferência das
tradições às gerações futuras. Capacita a sociedade também no exercício da
cidadania consciente para a construção de uma ética baseada em princípios de
solidariedade e confiança mútua.
f) Sustentabilidade na dimensão tecnológica, inclui a promoção do
desenvolvimento científico e tecnológico local, o fomento de parcerias entre
órgãos governamentais e não governamentais, universidades, mercado e
sociedade civil, promovendo o intercâmbio e a cooperação técnica e investindo
no desenvolvimento de recursos humanos locais.
g) Sustentabilidade na dimensão política, inclui a criação de condições para a
participação efetiva da sociedade civil, no planejamento e controle social das
políticas públicas, a partir da disponibilização de uma base de informação
desagregada, que permita uma análise mais apurada da economia e da
realidade social local, provendo condições de êxito para a participação da
sociedade nos projetos de desenvolvimento sustentável. Cabe ainda atuar
também no desenvolvimento de uma filosofia, dentro administração pública,
voltada para os interesses da sociedade, de modo a eliminar qualquer prática
clientelista ou distorcida sobre os conceitos da governabilidade. Contas
equilibradas e responsabilidade com o patrimônio público fazem parte desta
filosofia. (BARBIERI & LAGE, 2001, p.3-4).
2.6 A Formação das Redes e o Desenvolvimento Local
O modelo de rede, segundo a visão de Quandt (1998), está emergindo como um
novo paradigma onde as formas inovadoras de fazer política através destas redes
geraram ações compromissadas que integram estratégias comuns das instituições
parceiras, reduzem custos de transações e compartilham recursos. A vantagem mais
clara deste modelo de rede é que ele permite o alcance de oportunidades em qualquer
localização cuja concepção deve ser trabalhada de tal forma que garanta a
governabilidade da ação de desenvolvimento local facilitando o intercâmbio e sinergias
existentes neste contexto.
Quandt (1998) argumenta ainda sobre a importância e relevância dos atores locais
que fazem parte desta rede. Para que haja esta governabilidade serão necessárias
transparência e legitimidade política nas ações delineadas para que se possam obter
25
vantagens competitivas mais amplas facilitando desta forma alianças, parcerias e
oportunidades com investidores, inclusive externos.
Sob a visão de Coelho & Fontes (1998), as redes também podem ser
consideradas como, fatores propulsores de uma dinâmica econômica devendo incluir
diversos atores constituindo um sistema que represente diversos interesses coletivos
para a formulação de políticas e sua implementação.
Essa idéia é fundamental uma vez que o trabalho coletivo é construído a partir da
interação entre as pessoas que fazem parte da rede baseados no elemento do capital
social chamado confiança. Estes vínculos permitem o equilíbrio das transações devido
à coordenação das diversas informações recebidas e compartilhadas com os agentes.
Deste modo, o desenvolvimento local visa criar condições de competitividade
através da estratégia de construção de redes. Há um outro aspecto também, onde
surgem parcerias conflitivas ocorrendo discussões estratégicas e disputas de projetos
com interesses diferenciados. O desafio maior será fortalecer esta rede de parcerias
integrando diversos interesses para que se possa construir um único plano estratégico
favorecendo o coletivo. (COELHO & FONTES, 1998),
Coelho & Fontes (1998) caracterizam tipos de redes e seus papéis da seguinte
maneira:
a) Redes de Apoio Político Institucional
¾ integração público/privada
¾ articulador das redes
¾ apoio infra-estrutural
¾ mobilizador e ativador da sociedade
b) Redes Econômicas
¾ formulação de estratégias, programas e projetos
c) Redes Territoriais
¾ ativador e fomentador para o desenvolvimento regional e comunitário
26
d) Redes Técnicas
¾ pesquisa qualitativa e quantitativa
¾ recursos humanos
¾ capacitação
e) Redes Temáticas
¾ análise de perfil
¾ estratégias
¾ programas e projetos.
A definição do tipo de rede ocorre mediante participação dos atores locais, onde
discutem os diversos cenários para o município para então construir sua proposta
estratégica. Este plano deve envolver o município e suas microrregiões, sendo
necessário um diagnóstico das relações mantidas para a partir deste contexto construir
programas e estratégias. (COELHO & FONTES, 1998).
Quandt (1998) acredita que o modelo de rede está emergindo como uma forma
de responder ao mercado aos riscos e custos crescentes na escalada da competição.
Ou seja, as relações cooperativas geradas neste âmbito apresentam vantagens
coletivas que permitem o alcance de oportunidades em qualquer localização e
intercâmbio de dados. Estes encadeamentos permitem criar sinergias e obter
vantagens competitivas regionais desenvolvendo alianças e parcerias.
O contato pessoal gerado nessas bases locais e os vínculos estabelecidos na
rede criam novas oportunidades de comercio e compartilhamento de recursos humanos
e materiais. Desta forma, obtêm-se economias de escala, acordos cooperativos onde o
processo de aprendizagem emerge através da confiança mútua e cooperação.
(QUANDT, 1998).
A inserção em redes requer uma integração complexa de atividades produtivas,
competências e conhecimentos onde os arranjos produtivos permitem uma integração
de culturas diferentes, conhecimentos e fluxos. Estes fluxos levam as pessoas a
observarem as situações, experimentarem e analisarem circunstâncias com o intuito de
contribuírem e aumentarem suas capacidades. Estas capacidades facilitam identificar
27
mercados e oportunidades importantes para as negociações. Além disto, numa rede
devem-se reavaliar programas existentes para evitar duplicação de esforços visando à
complementaridade de ações mais focadas.
Quandt (1998) salienta que as iniciativas e integração desses esforços buscam
objetivos comuns e a construção de vínculos sólidos com constantes intercâmbios
necessários para a promoção do desenvolvimento local.
2.7 Arranjo Produtivo Local – APL
Procurando discutir o conceito de APL, Cassiolato et al (2000) fazem uma
menção para alguns elementos que devem ser analisados num APL que englobam
desde a dimensão territorial e a diversidade das atividades e dos atores até o
conhecimento tácito, inovações e aprendizados interativos incluindo a governança que
tem um papel importante neste contexto.
A dimensão territorial, segundo Cassiolato et al (2000), dá suporte para uma
possível ação política, porque retratam o espaço onde realmente estão inseridos os
processos produtivos e se realmente ocorrem e como ocorrem as inovações traçando
um perfil tecnológico, assim como se dá a cooperação visando o compartilhamento de
idéias e valores econômicos para obtenção de vantagens competitivas com regiões
circunvizinhas.
Quanto à diversidade tanto das atividades como de atores haverá a necessidade
de participação e interação do poder público e privado voltadas para a formação e
capacitação de recursos humanos, P&D&E, programas de promoção e financiamento
inclusive universidades e instituições de pesquisa. (CASSIOLATO et al, 2000).
No que diz respeito ao conhecimento tácito deverá ser compartilhado e
socializado por empresas, instituições e indivíduos apresentando forte especificidade
local, decorrendo da proximidade territorial, cultural ou social tornando-se elemento de
vantagem competitiva para quem o detém. (CASSIOLATO et al, 2000).
28
As inovações e aprendizados interativos permitem a transmissão de
conhecimentos e ampliação da capacitação produtiva X inovativa onde surgem novos
produtos, processos e formatos organizacionais, visando o alcance efetivo da
competitividade, ao qual nos APLs estes processos introduzem mudanças técnicas e
geram uma maior dinamicidade promovendo vantagens acirradas para as empresas.
Por último a governança refere-se aos diferentes modos de coordenação entre
os agentes e atividades, existindo formas variadas de governança no arranjo tanto em
questões de poder como na própria tomada de decisão (centralizada e descentralizada;
mais ou menos formalizada). (CASSIOLATO et al, 2000).
Para completar, Amaral Filho (1996) menciona que seria possível acrescentar
elementos que assumiriam papéis ativos na evolução dos arranjos produtivos, são eles,
o capital social, a estratégia coletiva de organização da produção e a articulação
político-institucional.
O capital social que é acumulado em um determinado arranjo produtivo é a
condição principal para a cooperação, a formação das redes, associações e consórcios
de pequenos produtores e empresas sendo ainda a principal fonte da coordenação e da
governança do APL. (AMARAL FILHO, 1996).
Quanto às Estratégias refletem as decisões e ações coordenadas onde se
manifesta e se processa a aprendizagem coletiva. As experiências têm mostrado que
quanto mais acumulado o capital social numa determinada aglomeração de empresas,
maior e mais eficaz a articulação com as organizações e instituições. (AMARAL FILHO,
1996).
2.8 Conceitos de Arranjos Produtivos Locais – APLs
O SEBRAE tem direcionado parte significativa de seus esforços e recursos para
ações em APLs, que garante um aporte consistente de meios e de capacidade de
iniciativa. A etapa de construção de uma convergência de interesses, sob o ponto de
vista do Sebrae (2004), já foi ultrapassado com sucesso. O desafio atual consiste em
29
estruturar metodologias e disseminar soluções que atendam à enorme demanda e
necessidade local.
Sendo assim, o Sebrae adotou a seguinte definição de conceito para o APL
como referência, ou seja:
APL constitui um tipo particular de cluster, formado por pequenas e médias
empresas, agrupadas em torno de uma profissão ou de um negócio, onde se
enfatizam o papel desempenhado pelos relacionamentos – formais e informais
– entre empresas e demais instituições envolvidas. As firmas compartilham
uma cultura comum e interagem, como um grupo, com o ambiente sócio-
cultural local. (SEBRAE, 2004, p.9).
Outro conceito apresentado na literatura é o de Vargas (2003) onde afirma que:
O conceito de APL originou-se do conceito de distritos industriais Marshalianos
no qual descrevia um padrão de organização comum à Inglaterra, onde
pequenas empresas concentradas na manufatura de produtos específicos de
setores como têxtil se localizavam geograficamente em agrupamentos, em
geral na periferia dos centros produtores. (VARGAS, 2003, p.8).
Este conceito foi revitalizado na 3ª Itália constituindo APL que também são
denominados de villagio produtivo significando redes de empresas flexíveis que se
beneficiam da existência de uma rede horizontal de cooperação.
Sob a visão de Lastres e Cassiolato (2003), o APL seria:
Um estágio anterior do que se denominam sistemas produtivos e inovativos
locais, que são aqueles arranjos produtivos em que interdependência,
articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e
aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa
endógena, da competitividade e do desenvolvimento local.
Suzigan et al (2004) acreditam que as empresas e instituições são atraídas ao
local devido à importância da proximidade geográfica para a transmissão desses
conhecimentos tácitos e específicos. O sistema ou arranjo evolui com o surgimento de
novas empresas como spin-offs de empresas e instituições locais.
30
Este autor acredita que se disseminou o uso do conceito de APL, mas na
verdade são “sistemas de conhecimento” ou “sistemas de inovação em escala
reduzida”. Trata-se de estruturas de produção e inovação que se caracterizam como
sistemas complexos nos quais:
Operam vários subsistemas de produção, logística e distribuição,
comercialização, desenvolvimento tecnológico (P&D, laboratórios,
centros de pesquisa), instituições de apoio, e onde:
Fatores sociais, econômicos, institucionais e geográficos estão tão
fortemente entrelaçados que é praticamente impossível tratá-los
separadamente. (SUZIGAN et al, 2006).
Suzigan et al (2006) acreditam ser importante distinguir os graus variados de
desenvolvimento em que se encontram estes sistemas produtivos, assim como
conhecer a integração da cadeia produtiva e interação entre agentes e instituições
locais.
2.9 Políticas para APLs visando o Desenvolvimento Local
Os APLs também possuem uma grande importância em termos políticos porque
sua força baseia-se principalmente em informações técnicas e comerciais baseadas em
confiança entre as empresas, desenvolvendo-se a criatividade e fortalecendo a auto-
estima incentivando desta forma a inovarem e reagirem melhor às ameaças e
oportunidades de mercado
Segundo a visão do BNDES (2003), ao falar de políticas para APLs, a força se
baseia principalmente na cooperação e diálogo das lideranças são os que mais podem
contribuir para o aperfeiçoamento político porque aprendem a fazer política baseada no
consenso, no interesse comum, no respeito a normas e na própria participação. Esta
cooperação permite identificar convergências e divergências entre os protagonistas
31
locais sendo necessário potencializar estes elementos para que se possa neutralizar
ameaças, corrigir problemas e negociar diferenças que possam surgir neste contexto.
Convictos de que diante das transformações e mudanças impactantes e
inevitáveis nos campos econômico, social, político, científico e tecnológico, Sbragia &
Stal (2002) afirma que é por meio de políticas regionais a melhor forma de promover o
desenvolvimento sustentável.
Logo, torna-se necessário um conjunto de políticas capazes de privilegiar as
economias locais, voltadas para a questão da inserção competitiva na economia
globalizada e inseridas nas políticas nacionais de desenvolvimento sustentável.
Convém comentar que o principal objetivo de uma política regional deve ser a
promoção do desenvolvimento sustentável, consequentemente gerando novas
oportunidades de emprego e promovendo um incremento da renda.
Para tanto, Sbragia & Stal (2002) observam ser importante conhecer:
O volume e o perfil da atividade empresarial, bem como analisar as
oportunidades regionais a serem exploradas, principalmente em setores
alavancadores da economia;
A infra-estrutura de suporte da economia local, como energia, transporte e
comunicação;
O nível de qualificação e formação do arranjo produtivo local em relação às
necessidades de competitividade das empresas;
O nível de desenvolvimento tecnológico, compreendendo o mapeamento das
instituições de ensino e pesquisa com as respectivas competências;
Fatores políticos, econômicos, sociais, culturais e regulatórios – que contemplam
desde prioridades orçamentárias, políticas macro-econômicas, políticas de
incentivos, perfil populacional, entrada de empresas líderes, até acordos
internacionais de comercialização.
Desta forma, segundo Sbragia & Stal (2002), o desenvolvimento dos APLs é o
desenvolvimento do protagonismo local capaz de acreditar, formular, induzir e negociar
as mudanças que precisam para se desenvolver havendo uma posição mais ativa e
efetiva visando à obtenção de resultados principalmente no curto prazo.
32
Outro ponto de vista que merece destaque é o de Albuquerque (1998). Segundo
o autor, os objetivos das políticas visando o desenvolvimento local devem derivar de
estratégias que estabelecem em cada território, as quais, por sua vez, têm que guardar
adequada coerência com as restantes políticas em nível de Estado. (ALBUQUERQUE,
1998).
Para tanto, será necessário facilitar o acesso a serviços avançados de apoio à
produção; estimular iniciativas produtivas, assim como, estabelecer mecanismos para o
financiamento de novas empresas para depois incentivar à cooperação
interempresarial.
Sbragia & Stal (2002) observam um pouco mais o contexto onde dizem que é
possível exercer influência e controle sobre os elementos de promoção que contribuem
para a eficácia de políticas regionais onde a tecnologia tem um papel fundamental no
desenvolvimento do produto ou processo. Nesse aspecto particular, é importante
estimular a cooperação entre firmas, entre clientes-fornecedores; entre firmas e
instituições de P&D, e até mesmo com competidores externos ao arranjo, visando
reforçar competências adquiridas.
A capacidade empreendedora deve envolver características comportamentais,
técnicas e gerenciais onde a cultura de cooperação e do associativismo assegurou o
êxito da experiência de arranjos produtivos em vários países europeus. O êxito de
algumas experiências está baseado na análise e aproveitamento de sistemas como o
de compras governamentais, centrais de comercialização, participação em feiras,
representantes no exterior, além de parcerias nos canais de distribuição. A informação,
principalmente através de redes ágeis e precisas, constitui elemento vital neste
processo. (SBRAGIA & STAL, 2002).
Desta forma, afirmam Lastres et al (2003), a atuação governamental é
fundamental para o desenvolvimento dos APLs, onde o governo tem várias funções
visando promover a infra-estrutura que dê suporte ao crescimento dos arranjos
produtivos ampliando o horizonte para atingir escalas maiores. O governo também pode
ter o papel de interlocutor e estruturador para entidades representativas funcionarem
como catalisadores da cooperação e do investimento coletivo.
33
Esta política deve estar embasada num planejamento agora centrado no
desenvolvimento local, organizado em torno de recursos específicos para o território, da
dinâmica de seus atores e principalmente da capacidade de produzir projetos coletivos.
A partir disto, as iniciativas específicas sustentadas pelo governo irão contribuir para
impulsionar o desenvolvimento na região, tornando-se um instrumento de apoio na
regionalização da gestão. Além disto, será uma ferramenta de apoio visando adaptar
interesses conjuntos e necessidades do pequeno empreendedor. (LASTRES et al,
2003).
Segundo Lastres et al (2003), as políticas devem se pautar, na negociação com
as lideranças institucionais do APL, no apoio aos empresários, assim como financiar
centros tecnológicos para o desenvolvimento do conhecimento e inovação, sendo
importante regulamentar e estruturar condições que permitam o desenvolvimento da
imagem regional. Uma ação pública decidida e transparente poderá revolucionar os
APLs brasileiros, desenvolvendo regiões, setores e, portanto ajudando a desenvolver o
país como um todo.
2.10 CONSIDERAÇÕES
A promoção do desenvolvimento só ocorre quando há o desenvolvimento
humano, social e sustentável. Quando se fala em desenvolvimento, fala-se, portanto,
em melhorar a vida das pessoas. Sabemos que, em geral, para se desenvolver é
preciso crescer, mas crescer sustentavelmente – quer dizer: produzir mais e melhor, ou
mais quando isso signifique melhor, sem inviabilizar a vida das gerações futuras. E
distribuir com mais equidade os frutos do crescimento.
Não basta crescer economicamente. Na maioria dos casos isso é tão importante
quanto insuficiente. É preciso aumentar os graus de acesso das pessoas não apenas à
renda, mas também ao conhecimento e ao poder ou à capacidade e à possibilidade de
influir nas decisões públicas.
O Brasil foi um dos países que experimentou o maior crescimento econômico num
passado recente e, no entanto, foi também um dos países do mundo que mais
34
aumentou a distância entre crescimento econômico e desenvolvimento social. Aliás,
somos os campeões mundiais nesta matéria de concentração de renda e de
desigualdade.
Sabe-se, isso sim, que se o PIB aumentar a renda tenderá a permanecer
concentrada enquanto a riqueza, o conhecimento e o poder não forem mais bem
distribuídos. Por outro lado, não é muito provável que o PIB aumente
consideravelmente e de maneira durável, enquanto a riqueza, o conhecimento e o
poder permanecerem concentrados.
Podemos dizer que para promover o desenvolvimento teremos que gerar renda,
multiplicar o número de proprietários produtivos, elevarem o nível de escolaridade da
população e aumentar o número de organizações da sociedade civil. Ou seja, aumentar
a produção e democratizar o acesso à riqueza, ao conhecimento a ao poder (no sentido
de empoderar as populações). Quanto às estratégias de desenvolvimento, elas deverão
ser negociadas entre as diversas instâncias públicas territoriais, a fim de esboçar uma
atuação mais coerente que permita um cenário fortalecido em bases tanto sociais como
econômicas.
Em relação aos elementos básicos do desenvolvimento, para a obtenção do
êxito das iniciativas, será necessário fortalecer os pilares para que haja a promoção e
difusão do desenvolvimento produtivo e empresarial. Além disto, a formação das redes
exerce um papel fundamental neste contexto, pois as ações compromissadas que
integram as estratégias comuns permite um modelo mais flexível, onde há um
compartilhamento de recursos, redução de custos nas transações e parcerias que
possibilitam vantagens competitivas mais amplas para atingir determinados mercados
(nacionais ou internacionais).
Em relação à análise do APL e da própria política a ser implementada, será
necessário conhecer a dimensão territorial e a diversidade das atividades e dos atores,
porque retratam o espaço onde realmente são inseridos os processos produtivos, suas
dinâmicas e atuação da governança local. A partir disto, haverá um compartilhamento
de idéias e valores gerando uma dinamicidade que promove vantagens acirradas para
as empresas e permite estabelecer estratégias para uma política embasada num
35
planejamento centrado no desenvolvimento local tornando-se uma ferramenta de apoio
que visa adaptar interesses conjuntos e necessidades do pequeno empreendedor.
36
CAPITULO III
CAPITAL SOCIAL
Neste capítulo, apresenta-se uma introdução para iniciar o questionamento de
algumas concepções, onde em seguida são apresentadas as visões em termos de
conceituação dos diversos autores. O autor Augusto Franco é utilizado como referência
sobre o tema; depois são apresentados os elementos do capital social; a questão do
empoderamento e trabalho em rede para então demonstrar a conversão do capital
social em participação política e a relação com os APLs e o próprio desenvolvimento
local.
INTRODUÇÃO
A popularidade alcançada por Putnam despertou a atenção do mundo
acadêmico e dos formuladores de políticas públicas para a noção de capital social. O
conceito alcançou uma difusão crescente no decorrer dos anos noventa, passando a
ser utilizada em vários contextos, como os debates relacionados com o
desenvolvimento econômico ou o combate à pobreza. Esse conceito acabou sendo
incorporado ao discurso de organizações internacionais que atuam na promoção do
desenvolvimento, como o Banco Mundial, a Organização para a Cooperação
Econômica e o Desenvolvimento (OECD) ou o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
O conceito de capital social está se consolidando e seu uso dissemina-se nas
ciências sociais. Contudo, o grande desafio está na mensuração do mesmo. Apesar de
não haver uma definição dominante, percebe-se certa convergência acerca da acepção
mais apropriada do capital social.
37
O potencial das pessoas, segundo Franco (2001) se baseia na quantidade e na
qualidade das conexões estabelecidas entre si tornando-se uma força produtiva. Este
elemento baseado em valores sociais ou recursos associativos promove a geração e
satisfação das necessidades e impulsiona ao progresso fortalecendo a sociedade.
Franco (2001), afirma ainda que esta força denominada capital social é
importante em localidades onde há oportunidades de desenvolvimento. A força eventual
do capital social está fundada em relações sociais que favorecem a boa governança
contribuindo também para a melhoria da qualidade de vida social de um grupo que o
compõe.
Os interesses individuais devem ser compartilhados como o conjunto de
interesses de todo o grupo onde serão criados objetivos específicos que permitam
associações. A partir deste contexto serão partilhados valores, normas e gestão
comunitária. (FRANCO, 2001, p.190).
Este trabalho é um exercício de identificação e mensuração do capital social.
Pretende-se compreender melhor seu papel nos arranjos produtivos locais, buscando
caminhar na direção da construção de uma tipologia de análise do capital social.
Correa (2003) afirma que se deve questionar a dimensão “inovadora” contida na
concepção ideológica de capital social. Segundo essa visão, estaríamos presenciando
o nascimento de um novo paradigma de desenvolvimento regional, fundado e
fundamentado no conceito de capital social.
Para iniciar o questionamento de tal concepção, teoricamente, podemos dizer
que:
os processos regionais de desenvolvimento são um movimento de
desenvolvimento interior à estrutura. Beluzzo
5
(1987 apud CORREA, 2003, p.88).
é resultado de mudanças estruturais endógenas. Braga
6
(2000 apud CORREA,
2003, p.88).
são modelos de organização e de comportamentos que dependem de padrões
morais e culturais. Schwartz
7
(2000 apud CORREA, 2003, p.88).
5
BELUZZO, L. G. M. Valor e capitalismo. São Paulo: Bienal, 1987.
6
BRAGA, J. C. S. A temporalidade da riqueza: Teoria dinâmica e financeirização do capitalismo. Campinas:
IE/UNICAMP, 2000
7
SCHWARTZ, G. O capital em jogo: fundamentos filosóficos da especulação financeira. Rio de Janeiro: Campus,
2000
38
que o racionalismo econômico depende da técnica e do direito racional e é
determinado pela capacidade e disposição dos homens em adotar certos tipos de
conduta racional. Weber
8
(2001 apud CORREA, 2003, p.89).
Este vínculo formado com a estrutura de mercado e questões que envolvem a
ética, cultura e moral é extremamente relevante e muito forte como elementos que
formam a conduta desta sociedade embora tenham dinâmicas de desenvolvimento
regionais bastante diferenciadas.
3.1 Conceitos de Capital Social
O conceito de capital social surge no âmbito da sociologia. Sua origem recente
pode ser em parte traçada nos escritos de Pierre Bourdieu, que usou o termo pela
primeira vez, no início da década de 1980, para referir-se às vantagens de se pertencer
a certas comunidades. Capital social foi definido pelo autor como o agregado de
recursos reais ou potenciais que estão ligados à participação em uma rede durável de
relações mais ou menos institucionalizadas de mútua familiaridade e reconhecimento
que provê para cada um de seus membros o suporte do capital de propriedade coletiva.
(BOURDIEU, 1983).
O conceito de capital social também encontrou espaço na análise econômica.
Contribuições da corrente evolucionária do pensamento econômico enfatizam o papel
da inovação e do aprendizado para o dinamismo econômico. O aprendizado é visto
como processo contínuo e interativo de aquisição de diferentes tipos de conhecimentos
e habilidades por parte de agentes individuais e coletivos, propiciando a inovação.
Entende-se que a parte mais estratégica da base de conhecimentos é tácita, residindo
e desenvolvendo-se em crenças, valores, know-how e habilidades de cada indivíduo e
organização, e provém do aprender fazendo, usando e interagindo. O conhecimento
tácito, por não ser codificado nem formalizado, só pode ser transmitido em contatos
8
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Centauro, 2001.
39
interpessoais constantes, no âmbito das interações e relações sociais locais.
(BOURDIEU, 1983).
A capacidade de inovar, por sua vez, não se traduz por um somatório de técnicas
e produtos teoricamente disponíveis no mercado, mas sim pela capacidade da
sociedade, nas relações entre seus agentes, movimentos, organizações e instituições,
de empenhar-se nas escolhas que lhe são mais adequadas dentre as disponíveis e
acessíveis. (BOURDIEU, 1983).
Relações puramente de mercado mostram-se incapazes de estimular a interação
entre os diferentes agentes, bem como o compartilhamento de informações e
conhecimentos requeridos no processo. São justamente os comportamentos
associados ao capital social – confiança, compromisso com outros, redes e valores
compartilhados – que contribuem para os processos de inovação e aprendizado
interativos, de criação e de intercâmbio de conhecimentos e habilidades. (BOURDIEU,
1983).
O termo “capital” foi utilizado por Bourdieu (1983), como uma metáfora geral para
expressar recursos diferenciais de poder. No centro de sua análise está o suposto de
que a estrutura social é constituída de campos de luta pelo poder; logo a idéia de
conflito é inerente ao seu conceito de capital social, entendendo que, como todas as
demais formas de capital, este se encontra desigualmente distribuído.
Já os trabalhos de James Coleman sobre capital social foram particularmente
influentes nos países de língua inglesa e derivaram de seu interesse em associar as
abordagens da sociologia e da economia, analisando o capital social primeiramente
como um modo de melhor compreender a relação entre alcance educacional e
desigualdade social. Ele definiu capital social, no contexto educacional, como:
o conjunto de recursos que são inerentes às relações familiares e à
organização social da comunidade e que são úteis para o desenvolvimento
cognitivo ou social de uma criança ou de um jovem. Coleman
9
(1994 apud
LASTRES, 2003, p.425).
9
COLEMAN, J. S. Foundations of Social Theory. Cambridge MA: Harvard University Press, 1994.
40
Lastres (2003) menciona que o ponto de partida foi à crítica à teoria do capital
humano onde argumenta que só se obtêm altos níveis educacionais onde é possível
contar com um conjunto de recursos inerentes ao ambiente familiar e à organização
social.
Para Coleman
9
(1994 apud LASTRES, 2003, p.425), existem três formas de
capital social. A primeira diz respeito ao nível de confiança e a real extensão das
obrigações existentes em um ambiente social. O capital social é elevado onde as
pessoas confiam uma nas outras e onde essa confiança é exercida pela aceitação
mútua de obrigações. A segunda forma diz respeito a trocas de informações e idéias.
Na terceira forma, normas e sansões constituem capital social onde elas encorajam os
indivíduos a trabalharem por um bem comum, abandonando interesses próprios
imediatos. Sob o ponto de vista de Bourdieu (1983), o capital social é um agregado de
recursos e potenciais ligados a uma rede de relações e sob a visão de Coleman
9
(1994
apud LASTRES, 2003, p.425), o capital social torna-se um pressuposto para atender a
relação entre o alcance educacional e a desigualdade social cujas formas levam o
indivíduo a trabalharem por um bem comum.
Aprofundando nesta linha de pensamento, Cangussu (2003, p.51) demonstra
uma visão mais ampliada da noção de capital social para vários tipos e dimensões,
permitindo assim incorporar uma visão multidimensional e dinâmica na sua noção,
contrariamente à concepção determinista e estática de Putnam (2000) e de alguns
autores.
Desta forma, os três tipos de capital sociais mais citados hoje na literatura
internacional sobre o tema, que variam conforme sua posição das relações sociais são:
(1) “Capital Social Institucional”, que descreve as relações sociais existentes entre a
sociedade civil e o Estado integrando diferentes órgãos na realização de ações
conjuntas; (2) “Capital Social Extra-Comunitário”, que são as relações sociais geradoras
de capital que determinada comunidade estabelece com grupos sociais e econômicos
externos. Este tipo de capital social é importante porque permite que os indivíduos
estabeleçam relações sociais que oportunizem as trocas (relações de mercado) e o
acesso a informações (conhecimento) externas; e, (3) “Capital Social Comunitário”, que
é aquele que corresponde às relações sociais comunitárias dos indivíduos. Refere-se à
41
capacidade que estes possuem para gerar relações sociais baseadas em reciprocidade
e confiança nas suas comunidades, além do potencial organizativo que estas mesmas
comunidades possuem. (CANGUSSU, 2003, p.51)
Estes três tipos de relações sociais, segundo Cangussu (2003) formam uma das
dimensões necessárias para a indução de capital: a dimensão “enraizamento”,
“integração” ou “inserção” sendo fundamental para que ocorra a formação de capital
social. A segunda dimensão do capital social – a “autonomia”-se refere à postura dos
agentes sociais em relação à reciprocidade e à confiança. A dimensão “autonomia” do
capital social institucional é medida pela eficiência, integridade e independência dos
governantes e dos funcionários públicos durante o exercício da gestão pública do
Estado. Já no capital social comunitário ou extra-comunitário, esta mesma dimensão se
refere à capacidade cívica que possuem os indivíduos, quando se estabelecem
relações sociais formadoras de capital social. A dimensão “autonomia” dos
governantes, funcionários públicos e sociedade civil são relativos à capacidade destes
agirem mais pelos interesses coletivos e públicos e menos pelos seus interesses
individuais.
A primeira referência ao conceito, segundo Franco (2001), é atribuído a Lyda
Judson Hanifan (1916) que diz que os ativos existentes entre os indivíduos e seus
familiares (como benevolência, companheirismo, simpatia, cooperação, condolências e
relacionamento social) foram importantes no processo de envolvimento da comunidade
para o sucesso das escolas nos Estados Unidos.
Em seguida Franco (2001) diz que os vários tipos de trocas e transferências
unilaterais de controle, contribuem para que os atores se engajem para alcançar seus
interesses, formando, assim, as relações sociais onde o capital humano é criado para
mudar as pessoas e para lhes dar habilidades e capacidades, as quais os tornem
capazes de agir impulsionando a ação.
Atualmente, destacam-se no debate em torno do conceito de Capital Social:
Robert Putnam (2000); Peter Evans (1996) e Francis Fukuyama (1996). Fukuyama
define Capital Social como normas ou valores (confiança), que têm origem cultural, ou
seja, decorrem da religião, tradição ou hábito e que, quando compartilhados, promovem
a cooperação.
42
Mas foi Robert Putnam (2000) quem, de fato, popularizou o conceito de capital
social. Em seu estudo sobre a Itália procurou explicar as diferenças de engajamento
cívico e de governos regionais efetivos entre o Centro-Norte e o Sul italianos, a partir de
diferentes estoques de capital social. Posteriormente analisou e definiu o capital social
como traços da vida social – redes, normas e confiança – que facilitam a ação conjunta
em prol de objetivos comuns. A confiança é vista como lubrificando a vida social e
gerando resultados econômicos: sociedades com elevados graus de confiança tornam-
se e permanecem ricas porque são cívicas. A confiança é alcançada a partir do
conhecimento mútuo entre membros da comunidade e de uma forte tradição de ação
comunitária.
Dessa forma, a noção teórica de capital social permite também defini-la como
recursos existentes nas relações sociais – tais como confiança, reciprocidade, normas e
relações de associação e cooperação – que facilitam a ação coletiva orientada para um
propósito comum, ou que permitem à comunidade obter certos benefícios econômicos,
políticos e sociais. Presume-se, desses pontos de vista, que os atores engajam-se em
interações visando obter ganhos e acesso a recursos escassos. Nessa visão, capital
social não é simplesmente uma coleção aleatória de redes, valores e confiança, mas
constitui um ativo resultante do pertencimento a uma dada comunidade, um
investimento em relações sociais com retornos esperados. (PUTNAM, 2000).
A especificidade cultural seria a chave para a existência ou ausência de um
associativismo determinante da prosperidade econômica e estabilidade política onde a
ação política governamental poderia influenciar o tipo e a qualidade da reação coletiva.
Esta sinergia entre o público e o privado amplia a confiança e a transparência,
permitindo a implementação de políticas públicas maximizadoras do bem-estar geral já
as experiências de mobilização e atuação coletiva acumulam um Capital Social
(estoque) derivado dos laços de confiança mútua entre os cidadãos. (PUTNAM, 2000).
Ou seja, Putnam (2000) diz que a combinação de instituições públicas fortes e
comunidades organizadas é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento e
deveria ser um componente das futuras teorias para este fim. Para Cangussu (2003,
p.37) isto significa dar importância ao Estado, que deve manter sua autoridade – como
Instituição dotada de autonomia e burocracia forte – ao mesmo tempo em que deve
43
estabelecer redes e laços de confiança com a sociedade civil, as quais assegurem
cooperação para o alcance do desenvolvimento.
Para possibilitar uma visão de conjunto, Cangussu (2003, p.40) apresenta um
quadro sintético com a relação de alguns precursores do Capital Social, as fontes
utilizadas para fundamentar suas teorias e os resultados apontados por suas
pesquisas. (Quadro 1).
Precursores
Fontes
Resultados
Coleman,
1988 e 2000
Aspectos da estrutura social Facilitam certas ações comuns dos
atores dentro da estrutura
Putnam,
1996 e 2002
Características das
organizações sociais tais
como confiança, normas e
participação cívica
Permitem a ação e a cooperação
para benefício mútuo
(desenvolvimento e democracia)
Fukuyama,
1996 e 2003
Recursos morais, confiança e
mecanismos culturais
Reforçam os grupos sociais
Evans, 1996
Mobilização da comunidade,
interação social e normas de
confiança
Promovem o desenvolvimento
através do incentivo das esferas
governamentais
Fonte: Cangussu adaptado de Flores e Rello (2003, p. 205)
QUADRO 1 - Capital Social: Precursores, Fontes e Resultados
Ao analisar este quadro, verifica-se que para alguns autores, o Capital Social
está intimamente ligado à sociedade civil e ao setor das organizações não
governamentais (ONGs); para outros, é uma questão de redes. Há também alguns
observadores que consideram as famílias e o Estado como fontes de Capital Social,
porém, outros não pensam assim.
A partir destes pressupostos é possível um diálogo sobre capital social porque as
diferentes abordagens são complementares demonstrando que há uma predominância
das relações de cooperação, confiança e reciprocidade.
44
Pode-se acrescentar ainda, que o potencial das pessoas torna-se uma força
produtiva onde o capital social permite conexões que geram progresso e eficiência
produtiva. Esta sociedade torna-se mais apta para explorar melhor as oportunidades
onde passa a colaborar mutuamente para enfrentar problemas de interesse comum.
Para concluir, verifica-se que são diversas as possibilidades de investigação das
causas que justificam a formação de capital social, onde os vários tipos e dimensões do
mesmo são interdependentes e possuem caráter dinâmico.
3.1.1 Capital Social segundo Augusto Franco
Neste estudo adotou-se o conceito de Capital Social de Augusto de Franco,
referência nacional no assunto. Franco, após selecionar e organizar leituras de
Tocqueville
10
(1840) propôs o seguinte conceito: “Capital Social é a capacidade de
cooperar de uma sociedade, através de pessoas que se organizam em redes e regulam
seus conflitos democraticamente”.
Para Franco (2001), o ser humano é um ser social, que possui uma tendência ou
propensão básica para cooperar, interpretada como uma predisposição para gerar
Capital Social. Por isso, quanto menos hierarquia e quanto menos autocracia incidirem
numa coletividade humana, mais condições essa coletividade terá de constituir-se como
comunidade – produzindo, acumulando e reproduzindo Capital Social; isto significa que,
somente uma atitude de autonomia diante do poder, que seja materializada em formas
não hierárquicas de relacionamento humano e somente uma atitude democrática diante
da política, que seja correspondida por modos não-autocráticos de regulação de
conflitos, podem favorecer a manifestação do Capital Social.
A manifestação do Capital Social exige, pois, a mudança de pequenas atitudes
que vão gerando novos comportamentos. Franco (2001) afirma que estes
comportamentos das pessoas de uma dada sociedade levam a subordinar interesses
10
Esta leitura faz parte do livro de Augusto Franco (2001) sobre o tema “Capital Social” onde faz uma abordagem
teórica dos autores Jacobs, Putnam, Fukuyama, Maturana, Castells e Levy.
45
individuais aos de grupos maiores onde aprendem a trabalhar juntos visando objetivos
comuns e benefícios mútuos. Assim surgem novas associações onde se compartilham
valores e normas para formar grupos e organizações estáveis ou para construir e
compartilhar a gestão.
Estas considerações explicitam à forma como acontecem as relações entre as
pessoas em uma sociedade, devendo haver confiança, reciprocidade e cooperação
entre as pessoas, ou seja, Capital Social.
3.2 Elementos do Capital Social
Construir um novo sistema não é tarefa fácil. Abandonar um paradigma
fundamentado na competitividade e acreditar que é possível promover o
desenvolvimento, através destes novos valores pessoais e sociais, exige
experimentação, perseverança e convicção de que os resultados tornam válida toda
luta. É certo que o espírito de competitividade estimula os indivíduos e leva-os a agir
buscando, continuamente, novos desafios cujo espírito de solidariedade também
impulsiona a ação para resolver problemas.
Pois bem. Admitindo-se que o ser humano tenha propensão básica para
colaborar, esta propensão jamais se ampliará socialmente se os padrões de
organização forem hierárquicos e se os modos de regulação de conflitos forem
autocráticos, baseados na violência e na coerção. O Capital social pode florescer
plenamente em comunidades ou sociedades de parceria, quer dizer, em coletividades
que adotam um padrão de organização em rede e que regulam seus conflitos
democraticamente. A seguir serão apresentados e discutidos os elementos
considerados na literatura como importantes no Capital Social.
46
3.2.1 Confiança
Sob uma perspectiva econômica mais ortodoxa, cooperação e confiança, longe
de serem artefatos culturais, constituem uma resposta racional dos atores econômicos
às oportunidades e restrições presentes em seu ambiente. Logo, confiança não é tida
simplesmente como sinônimo de amizade, mas sim instrumento para aceitar e melhorar
a eficiência das relações entre os agentes econômicos. Desse ponto de vista, ela
constitui ingrediente chave para reduzir o que os economistas neoclássicos denominam
de falhas do mercado, aumentando a previsibilidade do entorno e diminuindo riscos.
Por outro lado, a própria lógica de mercado tende a ser erosiva desses vínculos sociais
considerados relevantes ao seu funcionamento. (FUKUYAMA, 1996).
Francis Fukuyama (1996) notabilizou-se por analisar o papel da confiança para o
desempenho econômico de países, argumentando que o bem estar de uma nação,
assim como sua habilidade de competir, é condicionado por uma característica cultural
única e difundida: o nível de confiança inerente a uma sociedade.
As comunidades, segundo Fukuyama (1996), dependem de confiança mútua e
não despontarão espontaneamente sem elas. As hierarquias são necessárias porque
não se pode confiar em todas as pessoas o tempo todo, não se pode esperar que
vivam sempre de acordo com as regras éticas prevalecentes e que cumpram a sua
parte.
Assim, está longe de ser claro o fato de que a revolução da informação torna as
grandes organizações hierárquicas obsoletas ou que a comunidade espontânea
emergirá uma vez que a hierarquia tenha sido minada. Tendo em vista que a
comunidade depende de confiança, e que a confiança, por seu turno, é determinada
culturalmente, segue-se que a comunidade espontânea emergirá em degraus diferentes
em diferentes culturas. A capacidade das companhias de fazer a transição de grandes
hierarquias para redes flexíveis de firmas menores dependerá, em outras palavras, do
grau de confiança e do capital social presente na sociedade mais ampla. (FUKUYAMA,
1996).
Confiança é a expectativa que nasce de uma comunidade de comportamento
estável, honesto e cooperativo, baseado em normas compartilhadas que podem ser
47
sobre questões de valores, justiça ou normas seculares, que envolvem padrões
profissionais e códigos de comportamento. (FUKUYAMA, 1996).
A aquisição de capital social, em contrapartida, requer hábito às normas morais
de uma comunidade e, no seu contexto, a aquisição de virtudes como lealdade,
honestidade e confiabilidade. O grupo, ademais, tem de adotar normas comuns como
um todo antes que a confiança possa tornar-se generalizada entre seus membros. Em
outras palavras, o capital social não pode ser adquirido simplesmente por indivíduos
agindo por conta própria. Ele é baseado no predomínio de virtudes desenvolvidas no
trabalho em conjunto resultando em ações de parceria. (FUKUYAMA, 1996).
Este elemento do capital social tem importantes conseqüências para a natureza
econômica industrial que a sociedade for capaz de criar. Se as pessoas que têm de
trabalhar juntas numa empresa confiarem uma nas outras porque estão operando de
acordo com um conjunto de normas éticas comuns, fazer negócios torna-se oneroso.
Tal sociedade terá melhores condições de inovar organizacionalmente, uma vez que o
alto grau de confiança permitirá que uma grande variedade de relacionamentos sociais
emerja. (FUKUYAMA, 1996).
Fukuyama (1996) diz que as pessoas que não confiam uma nas outras acabarão
cooperando somente num sistema de regras e regulamentos, que têm de ser
negociados, acordados, litigiados, e postos em vigor muitas vezes por meios
coercitivos. Esse aparato legal, servindo de substituto da confiança, acarreta o que os
economistas chamam de custos transacionais. Em outras palavras, a desconfiança
generalizada no interior da sociedade impõe uma espécie de ônus sobre todas as
formas de atividade econômica, ônus que as sociedades de alto nível de confiança não
têm de pagar.
Sobre custos transacionais, Rodrigues (2006) apresenta a visão de Coase
11
(1974 apud RODRIGUES, 2006) onde diz que é uma função da produção privilegiando
relações entre insumo, tecnologia e bens produzidos gerando-se custos de transação
chamados também de custos de funcionamento do mercado. Estes custos
transacionais passam a ser elementos importantes nas decisões dos agentes
11
COASE, R H, 1974. "The Lighthouse in Economics," Journal of Law & Economics, University of Chicago
Press, vol. 17(2), pages 357-76, October.
48
econômicos contribuindo para determinar a forma pela qual são alocados os recursos
da economia. Estes custos transacionais consideram características comportamentais
tais como, racionalidade e oportunismo, que podem afetar os tipos de contratos
existentes e a ação das organizações em relação à forma de governança. Além disto,
estes custos podem ser considerados também como aqueles incorridos para planejar,
adaptar e monitorar o cumprimento de tarefas de atividades produtivas, ou seja, custos
associados à sua execução. Coase (1987) considera ainda, estes custos como sendo
resultado da coordenação administrativa decorrente do gerenciamento de atividades de
uma firma onde o aumento da freqüência das transações proporciona o
estabelecimento de relações mais estáveis entre os agentes que tende a reduzir custos
de transações.
Segundo Souza et al (2005), os custos transacionais podem ser considerados
como o dispêndio de recursos utilizados para planejar, adaptar e fiscalizar as interações
entre os agentes econômicos. Este autor nota ainda que quando a abordagem dos
custos transacionais centra-se na dimensão intertemporal da coordenação em contexto
de incerteza, o problema da organização econômica torna-se um problema contratual.
As formas de governança neste contexto são: 1º) via mercado onde o controle é melhor
e acontece basicamente em termos de preço; 2º) forma híbrida (ou contratual) no qual
há a existência de contratos complexos; 3º) via hierárquica baseada em propriedade
total dos ativos, ou seja, a total internalização das atividades por uma única empresa.
Altos custos transacionais indicam que o mercado está sendo utilizado de forma
ineficiente e nesse ponto entram em cena as formas híbridas ou hierárquicas.
A preponderância da confiança, segundo Souza et al (2005) não facilita
simplesmente o crescimento de organizações de grande escala. Se grandes hierarquias
puderem transitar em redes de companhias menores por meio da moderna tecnologia
de informação, a confiança também ajudará nesse processo de transição. Sociedades
bem supridas de capital social poderão adotar novas formas organizacionais mais
rapidamente do que as menos providas, à medida que a tecnologia e os mercados
mudarem.
A confiança é vista também, segundo a visão de Fukuyama (1996), como
resultado de interações repetidas bem sucedidas, que resultam em credibilidade
49
podendo ser construída, por meio de um processo seqüencial que junta elementos de
interesse próprio encapsulado, intervenção do governo e o desenvolvimento de
mecanismos para auto-governança e monitoramento pelos próprios atores.
A dotação deste elemento do capital social é fundamental para compreender a
estrutura industrial e, consequentemente, sua importância na divisão capitalista global
do trabalho. Além disto, ele diz que é essencial à prosperidade e ao que passou a ser
chamado de competitividade. Esta competitividade dentro do capital social leva a uma
sociabilidade espontânea que tem importante conseqüência econômica porque as
empresas passam a formar associações e cooperar dentro de termos de referência que
elas estabelecem. (FUKUYAMA, 1996).
Como conseqüência, ocorrerá maior flexibilidade e as empresas se adaptarão
mais rapidamente as incertezas do mercado passando também a delegar mais
responsabilidades. A lição é que o moderno capitalismo, moldado pela tecnologia, não
ditará uma fórmula de organização industrial que todos tenham que seguir. O desafio
será valorizar e fortalecer cada vez mais este elemento do capital social chamado
“confiança”. (FUKUYAMA, 1996).
Na visão de Franco (2001), a confiança é um componente básico do capital
social fundamental a um grupo social onde surgem cadeias de relações sociais. Este
atributo desta estrutura promove o dinamismo econômico do setor levando a um melhor
desempenho das atividades. Quanto mais elevado o nível de confiança numa
comunidade maior será a probabilidade de haver cooperação. As pessoas só confiam
uma nas outras quando se conhece a disposição delas, as alternativas que se dispõem,
capacidades e suas conseqüências. Ou ainda, pode ser resultado de um convívio
íntimo com as pessoas.
Franco (2001) diz ainda que este elemento do capital social resultará num
comportamento mais estável e honesto baseado em normas compartilhadas. Este tipo
de grupo terá melhores condições de inovar organizacionalmente uma vez que o alto
grau de confiança permitirá uma grande variedade de relacionamentos.
As organizações, segundo Franco (2001), devem promover um ambiente que
incentive à participação dos indivíduos para que ocorra naturalmente o
compartilhamento de conhecimentos e a troca de experiências vivenciadas. As pessoas
50
antes de compartilhar conhecimentos, compartilham valores, símbolos e crenças. Será
necessário desenvolver o sentimento de cumplicidade, de confiança e de parceria. Os
líderes têm um papel importante neste contexto porque serão responsáveis por iniciar
e alimentar este processo diariamente.
Confiança é um elemento vital em todas as relações sociais. Consequentemente,
a confiança é um fator crítico de sucesso para toda organização que visa compartilhar
conhecimentos através de projetos de colaboração. O processo de construção das
relações de colaboração, baseadas em confiança, envolve as relações interpessoais e
a crença das pessoas na filosofia de gestão. (FRANCO, 2001).
De uma forma geral, esta revisão da literatura demonstra que as ações irão
subsidiar o contexto para compartilhar conhecimentos como um dos principais
“alicerces chave” para a construção de competências técnicas. As empresas criativas
investirão no desenvolvimento destas competências de maneira integrada, visando
minimizar as possíveis dispersões de conteúdos relevantes e maximizar resultados
coletivos
Fica evidenciado, neste contexto, que a confiança gera cooperação. Quanto mais
elevado o nível de confiança numa comunidade, maior a probabilidade de haver
cooperação.
3.2.2 Reciprocidade
Implícita à visão sobre confiança estaria a idéia de reciprocidade onde no caso
das relações entre empresas, em particular, a confiança seria gerada gradualmente, em
um processo que se inicia com o intercâmbio de bens tangíveis e intangíveis,
desenvolvendo a medida que essas relações ganham maior estabilidade, até formar-se
uma rede de relações em que seu amigo é meu amigo, segundo a visão de Maskell
12
(2000 apud LASTRES et al, 2003, p.429).
12
MASKELL, P. “Social capital, innovation and competitiveness”. In: BARON, S., FIELD, J e SCHULLER, T.
(Eds). Social capital: critical perspectives. Oxford, Oxford University Press, 2000.
51
O próprio Putnam, em trabalhos mais recentes, enfatiza esta noção de
reciprocidade, relativizando o papel da confiança para o capital social. O autor
reconhece que elevados níveis de confiança podem conviver com comportamentos
passivos e mesmo anti-sociais; e que, inversamente, é possível haver boas razões para
desconfiança, sem prejuízo de uma contribuição significativa para o desenvolvimento
do capital social. Mas assinala que, de modo geral, a confiança propicia a interação,
reforçando condutas generalizadas de reciprocidade e que essa reciprocidade
generalizada é a pedra de toque do capital social.
Por outro lado, o intercâmbio, contínuo ao longo do tempo, costuma incentivar o
estabelecimento de uma regra de reciprocidade generalizada, denominada, assim:
A reciprocidade generalizada diz respeito a uma contínua relação de troca que
a qualquer momento apresenta desequilíbrio ou falta de correspondência, mas
que supõe expectativas mútuas de que um favor concedido hoje será retribuído
no futuro. A amizade, por exemplo, quase sempre implica reciprocidade
generalizada. (PUTNAM, 2000, p.181).
Esta regra da reciprocidade é um componente altamente produtivo do Capital
Social. Nas comunidades onde essa regra é obedecida, há melhores condições de
coibir o oportunismo e solucionar os problemas da ação coletiva. (PUTNAM, 2000).
Quanto mais desenvolvidos forem esses sistemas numa comunidade, maior será
a probabilidade de que seus cidadãos sejam capazes de cooperar em benefício mútuo
porque facilitam a comunicação e melhoram o fluxo de informações sobre a
confiabilidade dos indivíduos. (PUTNAM, 2000).
Na visão de Franco (2000, p.60), o conceito de que o homem é um ser de
natureza competitiva é questionável diante das inúmeras demonstrações de
solidariedade. Ele afirma que a solidariedade e a capacidade de cooperação podem ser
consideradas como Capital Social latente, que pode ser convertido em Capital Social
ativo, através da aproximação e associação de diferentes pessoas de uma comunidade,
para discutirem e decidirem sobre questões que afetam a coletividade em geral. Ao se
criar oportunidade para sua expressão, ativa-se o que está latente e o grupo
52
participante desenvolve sua capacidade de expor idéias e influir nas decisões que lhe
dizem respeito.
No dimensionamento do Capital Social de uma comunidade ou de um grupo, os
recursos associativos mais importantes são as relações de confiança, reciprocidade e
cooperação onde:
a confiança é o resultado de interações com outras pessoas. Alimentando um
vínculo que combina a aceitação do risco com um sentimento de afetividade ou
identidade ampliada. A reciprocidade pode ser entendida como o princípio
reitor de uma lógica de interação alheia à lógica de mercado, que envolve
intercâmbios baseados em favores. A cooperação é a ação complementar, que
orienta para o alcance dos objetivos compartilhados de um empreendimento
comum. Átria
13
(2003 apud CANGUSSU, 2003, p.47).
Segundo Franco (2001, p.43), o Capital Social se manifesta através das ações
dos seres humanos que contradizem seus interesses imediatos como, por exemplo,
cooperar sem esperar recompensas imediatas.
A reciprocidade, segundo Franco (2001), é considerada como um componente
altamente produtivo do capital social onde as comunidades têm melhores condições de
coibir o oportunismo e solucionar os problemas de ação coletiva. Esta regra de
reciprocidade serve para conciliar interesse próprio com solidariedade e se caracteriza
por uma combinação de interesses tanto a curto como em longo prazo. Ou seja, as
pessoas procuram ajudar no momento com a expectativa que será ajudada no futuro.
Putnam (2000) enfatiza o pensamento de Franco quando diz que a boa regra de
reciprocidade é aquela que está associada a um amplo sistema de intercâmbio social.
Este sistema facilita a solução de dilemas de ação coletiva e quanto mais desenvolvido
ele for na comunidade, maior será a probabilidade de que as pessoas sejam capazes
de cooperar em benefício mútuo. Este aspecto promove bases mais sólidas e
melhoram os fluxos de informações e colaborações cívicas bem sucedidas superando
barreiras.
13
ATRIA, Raul e compiladores. Capital social y reducción de la pobreza em América Latina y el Caribe un nuevo
paradigma. Santiago do Chile: Cepal e Universidad del Estado de Michigan, 2003.
53
Diante das questões descritas acima, fica evidente a importância da identificação
dos elementos do Capital Social, porque as organizações tornam-se mais eficientes e
as instituições funcionam melhor onde a partir deste contexto as sociedades exploram
as oportunidades ao seu alcance e tornam-se mais fortes
A identificação do Capital Social existente compreende o levantamento e análise
de como esse Capital Social se manifesta na comunidade e como pode ser incentivada
a sua ampliação.
3.2.3 Cooperação
Cooperação é um instrumento de organização econômica de um grupo,
aglutinando solidariamente pessoas que tenham interesses comuns. Esta cooperação,
segundo Doz & Hamel (2000), funciona como catalisadora dos negócios e do próprio
desenvolvimento tendo por base a participação democrática que muitas vezes leva a
certa autonomia e interdependência.
A transparência adquirida com este elemento do capital social permite o
intercâmbio e acesso ao mercado internacional, onde são realizadas parcerias e
alianças estratégicas.
Estas alianças estratégicas têm como objetivo reduzir as incertezas do mercado,
transferir tecnologia, construir massa crítica para um novo mercado, assim como,
acessar habilidades concentradas em outras localizações geográficas.
Estas novas oportunidades criam uma combinação com habilidades e recursos,
construindo novas competências mais rapidamente do que seria possível através de
esforços internos. Doz & Hamel (2000) dizem ainda que as alianças estratégicas
permitem que as empresas mesclem recursos e capacidades que sejam “co-
especializadas”, ou seja, que criem valor em função de sua própria combinação e
fusão.
54
Há um fortalecimento do aprendizado através da cooperação onde o
envolvimento e comprometimento com os resultados serão fundamentais para atingir
metas e estratégias pré-estabelecidas.
O processo de cooperação é desafiador até mesmo para os aliados mais
dispostos. Segundo Doz & Hamel (2000), cada um deve cuidar de seus próprios
interesses em primeiro lugar, fatalmente existirá certa reserva.
O grande desafio será fazer com que os protagonistas locais passem a colaborar
nas negociações conjuntas de uma forma mais efetiva e que traga resultados de curto
prazo mediante a diversidade de informações que cada um possui com suas
experiências.
Ou seja, o desafio do trabalho em conjunto levará a um hiato entre o que se sabe
sobre o parceiro e o que precisa saber para trabalhar de forma colaborativa gerando
cooperação.
Na visão de Preiss et al (1998), o termo cooperação trata de uma vantagem
competitiva adquirida pelas empresas à medida que seus negócios passam de
relacionamentos distanciados a interativos e passam a cooperar para competir. Este
novo desafio de administração leva a processos, sistemas, operações e pessoal a
estarem ligados interativamente e oportunamente aos clientes, fornecedores, parceiros
e até mesmo dos concorrentes.
A vantagem competitiva deste elemento do capital social (cooperação) consiste
em criar valor pela alavancagem de relacionamentos para benefício mútuo de todos os
participantes.
Neste ambiente de trabalho cuja base é a cooperação, Preiss et al (1998)
acrescentam que se formam elos dinâmicos não apenas para proporcionar soluções,
mas para ir além, a fim de encontrar novas oportunidades.
Assim, Preiss et al (1998) dizem que esta estrutura interna torna-se um ambiente
empreendedor onde o aprendizado cria oportunidades favorecendo o desempenho do
grupo e da própria atividade setorial. Nessa nova relação, cada uma das partes
conhece o motivo que determinou sua união, ou seja, ambas visam obter lucros através
da ferramenta denominada cooperação.
55
O relacionamento é tanto sinérgico quanto mercenário, direcionado para o
sucesso mútuo dos negócios. Neste contexto, as empresas procuram desenvolver
habilidades para eliminar ineficiências na produção visando ter um produto de alta
qualidade, com a possibilidade de obter custos mais baixos. Esta redução pode ser
resultado da cooperação onde em muitos casos os produtos ou processos são
desenvolvidos em parceria com o intuito de reduzir custos. (PREISS et al, 1998).
Colaborando com a idéia de cooperação, Franco (2001) ressalta o aspecto do
comportamento moral que envolve as emoções. Estas emoções levam os indivíduos a
fornecerem voluntariamente um bem comum onde o aprendizado da cooperação leva
as pessoas a internalizarem normas especiais e se auto-organizarem.
Outro aspecto é o de que para que haja a cooperação é necessária uma boa
linguagem para coordenar ações sobre distintas circunstâncias. Para tanto, se
desenvolve a auto-observação que nos leva a determinadas circunstâncias que geram
reflexão. Esta reflexão da linguagem é essencial, pois desenvolve a autoconsciência.
(FRANCO, 2001).
Franco (2001) diz que a cooperação está na constituição humana e ocorre nas
relações sociais onde existem distintas emoções que especificam distintos domínios de
ações. Ou seja, o ser humano se realiza na defesa competitiva de seus interesses.
Além disto, a cooperação resulta numa competição onde devem ser analisados
os pontos fortes e fracos da questão para adotar a melhor estratégia. Estes
mapeamentos dos pontos fortes e fracos são vistos sob um ângulo que permite
desenvolver um plano de ação em conjunto que levará a empresa a se posicionar
melhor no mercado onde suas capacidades proporcionam uma melhor defesa contra as
forças competitivas. O conhecimento das capacidades das empresas realçará as áreas
em que se deve enfrentar ou evitar a competição. (FRANCO, 2001).
Para Porter (1999), quando existe cooperação em um grupo, os esforços
proporcionam economias de escala ao passo que se, no caso, as empresas tivessem
uma postura individualista isto não ocorreria. Quando individualistas, tendem, por
exemplo, a subinvestir em P&D por serem incapazes de usufruir de todos os benefícios.
Nos Estados Unidos, as leis de defesa da concorrência foram modificadas de
modo a permitir maior cooperação em P&D. Na Europa, os megaprojetos na área de
56
tecnologia da informação reúnem empresas de vários países fortalecendo a rede de
parcerias baseadas na cooperação e compartilhamento de informações. No caso do
Japão, a cooperação consiste em sinalizar a importância das áreas técnicas
emergentes e estimular a pesquisa exclusiva das empresas onde disponibilizam uma
contribuição financeira para o projeto. (PORTER, 1999).
Porter (1999) acredita que neste contexto, também é necessário reconhecer o
papel da inovação e aproveitar as parcerias para tornar viável este desafio. A
cooperação será buscada como parte da estratégia e a dinâmica impulsionará o
equilíbrio. As interações com os parceiros serão fundamentais porque as experiências
formarão um modelo de aprendizagem em que se ajustam as diferenças para obtenção
de um maior comprometimento com o resultado que trará benefícios ao grupo como um
todo.
3.3 Empoderamento X Redes
Para ampliar o Capital Social de um grupo, ou seja, criar ações que permitam a
um grupo ou comunidade converter Capital Social latente em Capital Social ativo a
primeira estratégia a ser adotada, segundo a visão de Cangussu (2003), deverá ser o
empoderamento. O empoderamento seria transformar os setores sociais excluídos em
atores com igualdade nas oportunidades de expressão de suas idéias e aumento na
capacidade de mobilização cujo foco está no grupo e nas pessoas que protagonizam
seu próprio empoderamento. (CANGUSSU, 2003).
Existem condições facilitadoras deste empoderamento que permitem integrar o
setor social excluído onde participam e influenciam nas estratégias que serão adotadas
pela sociedade ampliando a rede social. Assim como se apropriam de instrumentos e
capacidades propositivas, negociativas e executivas que levam a criação de espaços
institucionais permitindo o controle sobre recursos e ativos disponíveis ou não. E ainda,
baseado na visão de Durston, Cangussu (2003) considera que o acesso a redes é um
57
destes elementos facilitadores manifestado em diferentes formas associativas
fortalecendo o empoderamento de alguns protagonistas locais.
A segunda estratégia é de associatividade, ou seja, ações que tendem a
expandir ou fortalecer as redes em que participam os membros do grupo onde estas
relações são exemplos de uma rede de agentes sociais, através dos quais são
canalizadas informações. Tanto a estratégia de empoderamento quanto a de
associatividade contém em seu interior a idéia de rede. (CANGUSSU, 2003).
No âmbito da economia, a autora ainda diz que as redes de empresas facilitam
fenômenos de interação, articulação, cooperação e aprendizagem. O conhecimento
tácito, aquele que não está codificado e que só consegue ser replicado pela
convivência e troca de experiências, é o responsável, em muitos casos, pelas
inovações. Assim, muitas vezes, a inovação só é possível pelas relações de
aprendizagem possibilitadas pelas redes. Além disso, sabemos que a inovação é o
principal fator de agregação de valor e de aumento da produtividade. (CANGUSSU,
2003).
O desenvolvimento do território depende da construção e multiplicação de redes
de atores locais, redes de cidadãos, redes de protagonistas das mudanças políticas,
econômicas e sociais. As redes locais devem buscar conectar os atores mais
importantes para o planejamento e a gestão do desenvolvimento territorial:
empresários, líderes comunitários, líderes de organizações da sociedade civil;
representantes políticos em todos os níveis, representantes de instituições públicas e
privadas que interferem nas políticas de desenvolvimento (agência de fomento, bancos,
órgãos públicos, etc.). (CANGUSSU, 2003). Assim, estes pontos estratégicos levam as
regiões a se tornarem possibilidades alternativas à valorização do capital assegurando
melhores condições estratégicas para o crescimento tanto econômico como
sustentável.
Para Franco (2001), o conceito de rede é como “um conjunto de nós
interconectados” propiciando condições para que as pessoas possam discutir e
solucionar conflitos existentes visando benefícios coletivos. Pode haver barreiras
internas para a articulação das redes, as quais podem estar relacionadas com a
estrutura de trabalho da organização ou com a compreensão que cada participante tem
58
dos conceitos de uma rede. Porém, Franco (2001) diz que os problemas não diminuem
a importância da criação e implantação de redes organizacionais, que podem
representar um grande diferencial no processo de desenvolvimento, pois, é através da
integração, da partilha e da sinergia que são utilizados os instrumentos poderosos de
ampliação do Capital Social, insumo fundamental do processo de desenvolvimento.
(FRANCO, 2001).
Nas Leituras de Tocqueville constata-se que a rede é uma forma de ordem
espontânea que emerge como resultado das interações de participantes
descentralizados onde há um conjunto de relacionamentos informais ou alianças entre
organizações podendo ocorrer trocas econômicas e de mercado levando a um
engajamento e troca recíproca. Além disto, há um grande trânsito de conhecimentos,
inclusive tácitos, que levam a desvendar a relação entre capital social e mercado.
Enfim, segundo a visão de Franco (2001), numa rede as pessoas são
conectadas horizontalmente a partir de normas e valores comuns cujas ligações não-
imediatamente interessadas acabam produzindo capital social devido aos interesses e
compartilhamento de informações que acabam constituindo alianças necessárias para
reestruturar o sistema de produção respondendo melhor as necessidades do mercado e
do próprio intercâmbio com outros grupos. Estas redes necessitam estreitar laços com
o resto da sociedade para atuar melhor e reorientar programas e decisões políticas
implementando soluções de caráter inclusivo e democrático visando iniciativas de
fomento ao desenvolvimento humano, regional e social sustentável.
Para exemplificar as relações em rede, Fukuyama, destaca:
Se tais redes não existissem, as empresas não poderiam ter prosperado como
prosperam, por quanto, entre outras coisas, são as redes que permitem o
trânsito dos conhecimentos tácitos e das avaliações de integridade, de
fornecedores e potenciais parceiros, baseados em confiança adquirida (em
geral a partir de antecedentes e experiências de trabalho comuns) sem os quais
os projetos de cada empresa nem se polinizariam mutuamente, nem teriam, a
baixo custo, as informações necessárias para saber quem contratar, a quem se
associar etc. (FUKUYAMA, 1996, p.218).
59
3.4 A Conversão do Capital Social em Participação Política
A participação política, no sentido aqui utilizado, recobre as diversas atividades
vinculadas ao processo político, incluindo as relativas à formulação e implementação de
políticas públicas, e os que buscam influenciar as decisões dos representantes políticos
sejam através de apoio ou de contestação. O tema do capital social trouxe novos
elementos para a compreensão da lógica da participação política nas modernas
democracias.
Putnam (1996) faz uma abordagem envolvendo categorias de comunidade cívica
e compromisso cívico. A comunidade cívica caracteriza-se por uma forma de intensa
participação envolvendo mecanismos de igualdade política, solidariedade e tolerância
em contextos de densas redes de associações. O compromisso cívico é expresso em
prol de bens públicos. Putnam
14
(1996 apud CORREA, 2003, p.224).
Mais recentemente, Putnam (1996) ao analisar o capital social, trata a
participação política como uma das formas de capital social que exigem envolvimento
coletivo, informação gerando uma formação política ao qual proporciona habilidades
importantes à ação política. Estes elementos conferem aos integrantes sensos de auto-
estima e de capacidade pessoal de influenciar politicamente, através da participação
em redes melhorando o acesso à linguagem e aos mecanismos do mundo político.
(PUTNAM, 1996).
Pode-se dizer ainda que o capital social é um ambiente benéfico e estimulante à
inserção dos indivíduos nas atividades políticas. Esse é um lado da questão – redes
sociais e à participação política – sendo necessário levar em conta o outro lado que
envolve o contexto institucional composto pelo sistema político, incluindo o Estado.
Com base nessas considerações podemos sintetizar o vínculo entre capital
social e participação política, ou seja, o capital social leva a condições favoráveis que
tendem a se traduzir em participação política. Mas, a participação política efetiva está
condicionada pelo padrão predominante de cultura política e pelas oportunidades e
incentivos apresentados pelo sistema político. Estes espaços que possuem presença
14
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália Moderna. São Paulo: Fundação Getúlio
Vargas, 1996.
60
de elites políticas democráticas em órgãos do Estado contribuem para a inserção
política dos cidadãos.
3.5 Capital Social e a Relação com Arranjos Produtivos Locais
Evidencia-se a existência de uma forte relação entre capital social e formação de
aglomerações territoriais produtivas onde as empresas, especialmente as de micro e
pequeno porte, têm mais condições de sobreviver de modo competitivo e sustentado, o
que propicia o desenvolvimento sócio-econômico local.
Embora na literatura sobre aglomerações produtivas seja pouco discutido o tema
capital social, os componentes do conceito estão quase sempre presentes.
Especialmente no caso dos chamados arranjos produtivos locais, que envolvem não
apenas empresas, como também outros atores – organismos governamentais,
associações, instituições de pesquisa, educação e treinamento, entre outros. Esse tipo
de ambiente proporciona uma aprendizagem coletiva. Segundo a visão de Albagli &
Brito (2002), há uma difusão de conhecimentos e inovações, no âmbito de processos
de interação e de articulação entre os agentes que ali se situam.
A especialização de um determinado território ou região em uma atividade
específica permite que haja uma maior atração de compradores e fornecedores para
aquele território porque as empresas passam a se organizar melhor, inclusive em
termos de negociação. Isto significa dizer que esta concentração em uma determinada
região, se torna um diferencial para o arranjo em relação àquelas dispersas num
território maior. As empresas de um APL incorporam novidades e inovações tanto em
produtos, processos, maquinários ou matéria-prima visando agregar valor e gerar
emprego e renda em torno do núcleo. (PAIVA, 2002).
Ao mesmo tempo em que as empresas regionais são estimuladas a ter um “foco”
e a operarem de forma integrada, elas aprendem a dividir o mercado de forma
relativamente homogênea, levando a uma melhor distribuição de renda gerada. (PAIVA,
2002).
61
A diversidade e a complexidade dos arranjos produtivos também estimulam a
criação de ambientes de negociação favoráveis onde às formas associativas no arranjo
permitem administrar os diversos interesses e solidariedades sistêmicas onde o capital
social existente será à base da estrutura para ações mais pontuais. (PAIVA, 2002).
Para Putnam
15
(1996, apud CORREA, 2003, p.224), a comunidade cívica era
definida como um grupo constituído por cidadãos imbuídos de um espírito cívico em
que prevalecem relações horizontais de confiança baseadas na igualdade política e na
produção com questões de interesse geral. Mediante a conduta cívica há uma maior
participação onde numa comunidade prevalece a cidadania e as pessoas buscam
igualdade política não como resultado do cumprimento estrito da lei, mas de relações
horizontais que permitam a participação na resolução de assuntos públicos. Numa
comunidade cívica os cidadãos são mais tolerantes com seus oponentes, a confiança
mútua é um importante preceito moral para superar o oportunismo e há uma maior
tolerância entre as relações.
Putnam (2000) afirma que a velocidade e a consistência de um movimento em
direção à formação de um arranjo vão depender do grau de consolidação da
“comunidade cívica”. Existindo esta consolidação, abre-se a possibilidade de
acumulação de “capital social” nos arranjos produtivos, ou seja, aumenta a capacidade
desses arranjos produtivos formarem as bases do sistema de governança da
comunidade. Quando isto ocorre, a comunidade passa a se organizar em torno do
trabalho coletivo, incentivando a troca de experiências e informações e aumentando a
capacidade inovativa do sistema. Esta seria a principal função do capital social.
Segundo Figueiredo (2001), o conceito de comunidade cívica foi inspirado no
trabalho de Robert Putnam (1996) intitulado Comunidade e Democracia, onde o autor
procura explicar as diferenças nas atuações governamentais em termos de cultura
cívica.
Figueiredo (2001) ressalta ainda que numa comunidade cívica a cidadania torna-
se uma ferramenta fundamental para que se obtenha uma democracia participativa, um
15
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália Moderna. São Paulo: Fundação Getúlio
Vargas, 1996.
62
cidadão consciente e autodeterminado reforçando os laços de solidariedade e
aprofundamento da confiança.
Pesquisas sobre arranjos produtivos no Brasil evidenciam que o capital social e
arranjos produtivos locais não se vinculam de forma automática. A capacidade de gerar
empreendimentos sistematicamente articulados não depende simplesmente de
confiança e interação, mas de um conjunto de fatores mais relevantes, tais como: nível
educacional; densidade de relações de aprendizado interativo; sentimento de
pertencimento; nível de inclusão ou de polarização social; identidade entre interesses
individuais e coletivos; lideranças locais e relação Estado/sociedade. (FIGUEIREDO,
2001).
Os dois primeiros fatores estão intimamente relacionados. A educação – formal e
informal – contribui para o fortalecimento da cidadania e, portanto, do interesse coletivo.
A capacidade de aprendizado, pela interação dos diversos atores sociais; por sua vez,
contribui para a consolidação de laços em torno de interesses coletivos que poderão
ou não – ser dirigidos para um esforço de desenvolvimento local.
As questões de inclusão e identidade de interesses refletem-se no grau de
coesão social. A exclusão e a desigualdade social, por definição, minam as
possibilidades de coesão social e, portanto, da constituição de interesses coletivos.
Destaca-se também a importância de lideranças locais que mobilizem os grupos
sociais; que traduzam seus anseios e interesses num discurso consistente e
representativo e que organizem os elos necessários entre Estado e sociedade civil. Tal
papel deve ser construído socialmente. (FIGUEIREDO, 2001).
Esses fatores, entre outros, segundo Figueiredo (2001), contribuem para
diferenciar as formas como as aglomerações produtivas se constituem e se
desenvolvem, assim como serve para explicar seus variados desempenhos econômicos
e resultados sociais. Pode-se concluir daí, que o capital social pode ser um fator de
interação cooperativa para o desenvolvimento local e, portanto, deve ser considerada
uma peça importante – mas não a única – na mobilização de arranjos produtivos locais.
63
3.6 A relação do Capital Social com o Desenvolvimento Local
Diferenças de desempenho econômico e de desenvolvimento entre países,
regiões e comunidades com dotações similares de capital natural, físico e humano têm
sido interpretadas, por alguns autores, a partir de suas desiguais disponibilidades de
capital social.
A difusão do conceito de capital social, desde a década de 1990, segundo
Correa (2003), expressa o reconhecimento e a valorização dos recursos embutidos em
estruturas e redes sociais, até então não contabilizados por outras formas de capital.
Entende-se, desta perspectiva, que os atores econômicos não são átomos isolados,
mas encontram-se imersos em relações e estruturas sociais mais amplas.
A emergência do tema do capital social coincide ainda com a constatação de que
ambientes propícios a processos interativos e cooperativos de aprendizado e de
inovação oferecem melhores condições de competitividade e de desenvolvimento.
Assume assim novo papel o complexo de instituições, costumes e relações de
confiança, cuja densidade pode favorecer processos de crescimento e mudança.
(CORREA, 2003).
A partir dos anos 80, ainda sob a visão de Correa (2003), na Europa, nos
Estados Unidos e na América Latina, intensificou-se o debate sobre as possibilidades
de gestão local do desenvolvimento. Nesse debate foram questionadas as abordagens
teóricas que consideravam o Estado Nacional e as grandes empresas como agentes
únicos do desenvolvimento.
Correa (2003) afirma que no Brasil a crise fiscal do Estado e os processos de
descentralização, desde o início da década de noventa, impulsionaram uma tendência
de valorização das políticas públicas de desenvolvimento, formuladas e implementadas
por governos locais. No setor privado, as mudanças foram impulsionadas,
principalmente, pelo processo de reconfiguração dos padrões de produção e pela
internacionalização dos fluxos de capital (globalização).
Segundo a visão de Caron (2003), estas transformações levam a um novo modo
de reorganização da produção capitalista por meio de intensos e crescentes processos
de fusões, terceirização, subcontratação, alianças, parcerias e cooperação. Este
64
cenário tem como objetivo ampliar mercados, aumentar lucros e tirar proveito dos novos
produtos e tecnologias cujos ciclos se encurtam cada vez mais e cresce na mesma
intensidade de invenções e inovações para competir.
Além disto, Caron (2003) enfatiza que estas transformações levam a uma
reconversão da produção que consiste em um processo de aumento da qualidade,
racionalidade no uso dos fatores de produção para reduzir custos e aumentar
produtividade dos recursos naturais, humanos, das tecnologias e financeiros e por meio
da racionalidade no uso dos fatores de produção para conquistar a competitividade nos
mercados.
Outra transformação relevante dos sistemas produtivos, segundo Caron (2003),
é a relocalização da produção caracterizada pelo aumento do volume dos investimentos
externos diretos, pelo aumento do número de empresas e pelo fortalecimento da ação
das multinacionais e transacionais, pelo crescimento do número de empresas que se
internacionalizam ou buscam novos espaços e mercados. As compras são globais, as
tecnologias podem ser globais e ou locais, mas a produção é local.
Segundo Correa (2003), a partir da constatação de que o crescimento é desigual
e insuficiente para eliminar as situações de pobreza em que vive uma significativa
parcela da população, aumentou a urgência de um novo modelo de desenvolvimento. O
autor ressalta que na Europa as políticas voltadas para o desenvolvimento tiveram
mudanças significativas quando se passou a considerar e valorizar as diferenças
regionais e as especificidades territoriais. Passaram a considerá-las na elaboração de
políticas, onde abrem espaços para a participação da população local, na elaboração e
implantação dessas políticas. Assim, ainda segundo o autor, abandonou-se a idéia de
políticas exclusivamente setoriais (agrícolas) e passou-se a dar mais ênfase às políticas
territoriais (local-regional) que levam em conta a complexidade estrutural dos espaços
regionais. (CORREA, 2003).
Sob este aspecto, espera-se que seja possível identificar as potencialidades, as
características e as necessidades concretas dos diversos territórios ou regiões. Assim
fica mais fácil o uso de instrumentos de fomento produtivo e de modernização
tecnológica mais ajustada ao perfil de cada região.
65
Neste caminho, a principal contribuição da teoria desenvolvimentista, segundo
Correa (2003), foi verificar como as instituições e os fatores de produção mais
importantes para o desenvolvimento, tais como, capital social, conhecimento, pesquisa
e desenvolvimento, poderiam ser gerenciados endogenamente em cada território e não
mais de forma exógena. Conclui-se, então, que a região dotada com mais fatores ou
estrategicamente direcionada para desenvolvê-los internamente teria maior potencial de
dinamização e desenvolveria estratégias mais eficazes. Desta forma a comunidade
transforma-se no próprio sujeito do desenvolvimento no seu espaço de vida, ampliando
suas margens de manobra e autonomia nas decisões a respeito de seus destinos. No
caso da pesquisa de campo realizada neste trabalho de pesquisa, a base institucional
será explicitada no capítulo V com as devidas atribuições.
Sob o ponto de vista de Perin (2004), o capital social é importante para o
desenvolvimento local, porque há uma difusão e geração de conhecimentos
fundamentais a um aprendizado coletivo. Este ambiente proporciona ganhos de
competitividade porque a contribuição do capital social, através de elementos como
confiança viabilizam redes densas de relações que tornam possível a cooperação entre
os vários segmentos envolvidos na cadeia produtiva.
Segundo Perin (2004), o reconhecimento da relevância dos fatores endógenos
para o processo de desenvolvimento local contribui, também, para evidenciar outra
forma pela qual o capital social contribui para o desenvolvimento local. Está relacionada
com a importância da mobilização dos atores econômicos, políticos e sociais das
regiões no sentido de cooperar e colaborar para dar sustentação política às ações
voltadas à promoção do desenvolvimento. O capital social é extremamente importante
para viabilizar o apoio dos diferentes segmentos da comunidade (empresas, instituições
e órgãos) das regiões para projetos e programas relevantes para o desenvolvimento.
Além disto, segundo o autor, a reciprocidade entre as empresas é fundamental neste
contexto dinâmico do mercado.
Com o aumento do grau de abertura das economias e intensificação da
concorrência, as regiões precisam cada vez mais transformar-se em territórios
competitivos para evitar o aumento do desemprego e a queda nos níveis de renda.
66
Segundo Perin (2004), competitividade pode ser entendida como a capacidade
de uma região no sentido de atrair e manter empresas com parcelas de mercado
estáveis ou crescentes. Essa capacidade está baseada nos recursos disponíveis na
região, nas estruturas físicas nela instaladas ao longo do tempo e em sua dotação
institucional específica.
Perin (2004) enfatiza que a competitividade depende de determinantes políticos,
implicando a interação entre o Estado e os atores sociais com o objetivo de criar
condições para o desenvolvimento. O capital social é importante porque com a
confiança são aproveitadas as externalidades decorrentes da cooperação entre as
empresas onde se geram negócios e a competência estratégica melhora a capacidade
de planejamento da região. Perin (2004) destaca ainda que o capital social é
diretamente relevante ao desenvolvimento local porque influencia a capacidade dos
atores nelas existentes pra formar a sustentar coalizões capazes de empreender ações
bem-sucedidas.
A abordagem que melhor contribui para evidenciar a relação entre o capital
social e desenvolvimento, segundo Perin (2004), está centrada no conceito de
“competitividade sistêmica”. Esse conceito é, além disso, especialmente útil para que se
alcance uma visão mais integrada dos fatores determinantes do processo de
desenvolvimento no contexto da globalização.
Sobre a competitividade sistêmica, segundo a visão de Ferraz et al (1995), ela é
normalmente tratada como um fenômeno relacionado às características de
desempenho ou eficiência técnica e alocativa envolvendo também condições
macroeconômicas, sociais, político-institucionais e questões de infra-estrutura. Esta
competitividade pode ser expressa na participação no mercado alcançada em certo
momento que levará a uma posição mais competitiva.
Sob o ponto de vista de Carvalho (2005), a competitividade sistêmica é o modo
de expressar o desempenho empresarial que depende, e é também resultado, de
fatores situados fora do âmbito das empresas e da estrutura industrial da qual fazem
parte, como a ordenação macroeconômica, as infra-estruturas, o sistema político-
institucional e as características sócio-econômicas dos mercados nacionais. Todos
estes são específicos a cada contexto nacional e devem ser explicitamente considerado
67
nas ações públicas e privado de indução de competitividade. Esta definição leva em
conta não apenas os processos internos das empresas, mas também as condições
econômicas gerais de mercado e de países.
A competitividade empresarial, segundo Ferraz et al (1985), pode envolver
quatro áreas que vão desde a gestão, inovação, produção e recursos humanos. As
atividades de gestão incluem tarefas administrativas, planejamento estratégico, suporte
à tomada de decisão e finanças X marketing. As atividades de inovação compreendem
esforços em P&D, transferência de tecnologias e intercâmbios nesta área. As atividades
de produção referem-se às tarefas manufatureiras incluindo métodos de organização da
produção e de controle de qualidade. A última área de recursos humanos contempla
diversos aspectos que envolvem qualificação e flexibilidade da mão-de-obra.
Cada empresa apresenta um desempenho competitivo diferente onde as
estratégias devem ser factíveis à necessidade organizacional sendo avaliados os
fatores críticos para que se obtenha o sucesso na trajetória. Em outras palavras, estas
estratégias empresariais envolveriam questões voltadas à capacitação, preço, venda ou
diferenciação do produto em consonância com o padrão da concorrência vigente no
mercado. (FERRAZ et al, 1985).
Quanto aos fatores determinantes da competitividade eles estão relacionados
não somente à estrutura da indústria ou do mercado, mas também ao sistema produtivo
como um todo. Na análise de Ferraz et al (1985), estes fatores estão divididos em três
grupos:
1º) Fatores empresariais que são aqueles sobre os quais a empresa detém poder
de decisão podendo ser modificado ou controlado servindo de auxílio no
processo decisório. Envolvem gestão estratégica e questões de capacitação
tecnológica e produtiva.
2º) Fatores estruturais são aqueles sobre os quais a capacidade de intervenção
da empresa é limitada pela mediação do processo de concorrência, estando por
isso apenas parcialmente sob sua área de influência.
68
3º) Fatores sistêmicos que são aqueles que constituem externalidades sobre as
quais a empresa detém escassa possibilidade de intervir ou nenhuma,
constituindo parâmetro do processo decisório. Estes fatores envolvem questões
macroeconômicas, político-institucionais, legais e regulatórias até questões
sociais, de infra-estrutura e inclusive internacionais.
3.7 CONSIDERAÇÕES
O capital social está relacionado com o potencial das pessoas em estabelecer
conexões tornando-se uma força produtiva baseada em valores sociais ou recursos
associativos. Estas variáveis levam a um processo contínuo e interativo de diferentes
tipos de conhecimentos e habilidades cujas transferências unilaterais contribuem para
que os atores se engajem para alcançar interesses impulsionando ações mais pontuais
com a necessidade da região ou do APL.
Desta forma, a sinergia que se cria permite uma maior transparência
fortalecendo relações e laços de confiança, cooperação e reciprocidade. O autor
Franco, em suas obras, diz que o ser social possui uma tendência a cooperar
interpretada como uma predisposição para gerar o capital social.
Na análise dos elementos do capital social a confiança é um instrumento para
melhorar a eficiência das relações entre os agentes permitindo um comportamento mais
estável, honesto e cooperativo que resulta em credibilidade e maior flexibilidade para as
empresas tornando-se um comportamento básico do capital social. A reciprocidade
implica numa relação contínua de troca tornando-se, segundo Franco, um componente
altamente produtivo do capital social propiciando melhores condições de coibir o
oportunismo e solucionar problemas de ação coletiva. O outro elemento do capital
social, que é a cooperação, funciona como catalisador dos negócios e do próprio
desenvolvimento porque há uma maior transparência nas relações permitindo elos
dinâmicos que visam proporcionar e encontrar novas oportunidades.
Em relação ao empoderamento que as redes adquirem, busca-se conectar os
atores e ações assegurando melhores condições estratégicas para o crescimento tanto
69
econômico como sustentável. Existe uma forte relação do capital social com APL onde
os componentes permitem uma difusão de conhecimentos e inovações no âmbito de
processos de interação e articulação entre agentes que ali se situam. O capital social e
o APL, não se vinculam de forma automática sendo necessários um conjunto de fatores
que levarão a uma interação cooperativa para o desenvolvimento local tornando-se
uma peça importante na mobilização do contexto.
A relação do capital social com o desenvolvimento está na constatação de que
este ambiente é propício a processos interativos e cooperativos sejam eles tanto de
aprendizado, informações ou inovações. A partir deste contexto teremos melhores
condições de competitividade cuja densidade das relações favorece processos de
crescimento, quebra de paradigmas e de mudanças.
70
CAPÍTULO IV
COMPETÊNCIA TÉCNICA
Neste capítulo apresenta-se o início do debate sobre competência técnica e seus
conceitos para então apresentar a relação da competência técnica com APLs e com o
conhecimento que é gerado permitindo desenvolver habilidades e atitudes na melhoria
de processos. A partir disto faz-se uma abordagem da competência técnica que leva à
competência tecnológica.
INTRODUÇÃO
Atualmente, é cada vez mais importante o papel da competência técnica nas
questões organizacionais, principalmente, em se tratando do atual estágio da
competição empresarial, cercadas de decisões, riscos e incertezas. Nesse contexto,
existem pessoas-chave que possuem competências importantes relacionadas a
determinados negócios, tecnologias e mercados, e que podem contribuir com dados,
informações e técnicas para elaborar e gerir projetos, realizar prospecção e construir
cenários futuros para o(s) empreendimento(s).
Trazendo essa discussão para os Arranjos Produtivos Locais – APLs, tornam-se
ainda mais importantes o papel dessas pessoas, com suas devidas competências, na
formatação, desenvolvimento e visão do futuro dos APLs. A prospecção tecnológica e
de mercado é uma ferramenta de gestão que exige certos conhecimentos, habilidades
e atitudes voltadas para atingir o desempenho esperado e determinar o rumo, as
estratégias e ações necessárias para promover o desenvolvimento sustentável desses
APLs e suas respectivas regiões.
Independentes do negócio-chave do APL existem indivíduos dentro e fora do
conglomerado que possuem competências que podem ser canalizadas. É preciso
71
identificar, conservar e estimular esses indivíduos a trabalharem suas competências e
canalizarem suas ações abrindo a discussão sobre o futuro do negócio, da tecnologia
envolvida e que pode vir a surgir, priorizando a inovação e a sustentabilidade da região.
4.1 Início do debate sobre competência técnica
O conceito de competência no contexto organizacional começou a ser elaborado
sob a perspectiva do indivíduo. Em 1973, McClelland publicou o artigo “Testing for
competente rather than intelligence”, que de certa forma, iniciou o debate sobre
competência entre os psicólogos e administradores nos Estados Unidos. A
competência, segundo McClelland (1973), seria uma característica subjacente a uma
pessoa que pode ser relacionada com desempenho superior na realização de uma
tarefa ou em determinada situação. Diferencia-se, assim, competência de aptidões
(talentos naturais da pessoa, que podem vir a serem aprimorados), de habilidades
(demonstrações de talentos particulares na prática) e de conhecimentos (o que a
pessoa precisa saber sobre desempenhar uma tarefa).
Durante a década de 1980, Richard Boyaltzis, analisando os dados de estudos e
pesquisas sobre competências, identificou um conjunto de características e traços que
em sua opinião, definem um desempenho superior. O trabalho desse autor, segundo
Fleury & Fleury (2003), marcou significativamente a literatura norte-americana a
respeito do tema competência. Nessa perspectiva, o conceito de competência é
pensado como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um
alto desempenho, na medida em que há também um pressuposto de que os melhores
desempenhos estão fundamentados na inteligência e na personalidade das pessoas.
Nessa abordagem, considera-se a competência, portanto, como um estoque de
recursos que o indivíduo detém. A avaliação dessa competência técnica individual é
feita, no entanto, em relação ao conjunto de tarefas do cargo ou da posição ocupada
pela pessoa.
72
Nessa linha, a gestão por competência é apenas um rótulo mais moderno para
administrar uma realidade organizacional ainda fundada nos princípios do taylorismo-
fordismo. A competência permanece ligada ao conceito de qualificação, usualmente
definida pelos requisitos associados à posição ou ao cargo – os saberes ou o estoque
de conhecimento da pessoa os quais podem ser classificados e certificados pelo
sistema. (FLEURY & FLEURY, 2003).
No final dos anos 1980, Prahalad & Hamel deram uma contribuição significativa
para a construção dessa caracterização ao proporem o conceito de competências
técnicas essenciais – core competence. Competência seria a capacidade de combinar,
misturar e integrar recursos em produtos e serviços. (PRAHALAD & HAMEL, 1998). A
competitividade de uma organização seria determinada pela inter-relação dinâmica
entre as competências organizacionais e a estratégia competitiva. Ou seja, as
competências são formadas e as estratégias são elaboradas com recursos que
permitem obter competências essenciais à função desempenhada. A implantação da
estratégia gera novas configurações de recursos e novas competências que, por sua
vez, irão influenciar novamente a formulação da estratégia. Esse ciclo, segundo Fleury
& Fleury (2000), pode ser ilustrado conforme (Figura 2).
Fonte: Fleury & Fleury, 2000.
FIGURA 2 - Estratégias e Competências Essenciais
Recursos
tangíveis e intangíveis
Estratégia
Aprendizagem
Competência
73
A noção de competência aparece:
associada a verbos e expressões como: saber agir, mobilizar recursos, integrar
saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber engajar, assumir
responsabilidades e ter visão estratégica. Do lado da organização, as
competências devem agregar valor para a organização e social para o
indivíduo. (FLEURY & FLEURY, 2000, p.5).
Observa-se que essas competências não são apenas conhecimentos ou
habilidades, são conhecimentos e habilidades em ação. A introdução da locução verbal
“agregar valor” implica que o desenvolvimento e a combinação das competências
técnicas individuais devem resultar no desenvolvimento de competências
organizacionais alinhadas à estratégia.
As propostas para obtenção de vantagem competitiva, apesar das diferenças de
ordem semântica, parecem caminhar em uma mesma direção: gestão e estratégia de
recursos humanos; gestão de competências, acumulação do saber e gestão do capital
intelectual. Percebe-se, nessas proposições, a ênfase nas pessoas como recurso
determinante do sucesso, uma vez que a busca pela competitividade impõe às
empresas a necessidade de contar com profissionais altamente capacitados, aptos a
fazer frente às ameaças e oportunidades do mercado. Nesse contexto, é possível
visualizar a importância da gestão das competências técnicas como um instrumento
voltado a oferecer alternativas eficientes de gestão.
4.2 Conceitos de Competência Técnica
Em nenhuma outra época da história das organizações, as pessoas com suas
competências e talentos foram tão valorizadas como atualmente onde as empresas têm
necessitado cada vez mais de indivíduos talentosos e competentes que acompanhem a
dinamicidade do mercado e do mundo dos negócios. Sant’anna et al (2005) afirma que
as competências dos indivíduos passam a ser consideradas elementos fundamentais e
74
centrais de diferenciação estratégica, trazendo reflexos positivos como um maior
enriquecimento das tarefas e participação mais ativa.
No entanto, Sant’anna et al (2005) afirmam que esta gestão dos recursos
humanos propicia condições aos indivíduos de desenvolver seus talentos,
proporcionado maior satisfação em determinada atividade e valorização de seu
potencial a ser desenvolvido ou explorado. Como resultado, o indivíduo fica centrado no
conteúdo do trabalho como determinante de satisfação e passa a perceber a
responsabilidade pelo seu trabalho, assim como os resutados a serem obtidos através
de seu desempenho neste ambiente.
Diversas têm sido as definições atribuídas à expressão competência, segundo
Sant’anna et al (2005). A inexistência de um consenso quanto a seu conceito, além de
divergências de caráter filosófico e ideológico, podem também ser atribuída à adoção
da expressão com diferentes enfoques, em diferentes áreas do conhecimento.
Em primeiro lugar, a competência é apresentada por Mclelland (1973) como uma
característica ou conjunto de características ou requisitos – saberes, conhecimentos,
aptidões, habilidades – indicados como condição capaz de produzir efeitos de
resultados e/ou solução de problemas.
Depois, partindo da compreensão da competência como uma resultante da
combinação de múltiplos saberes - saber fazer, saber agir, saber ser – capazes de
propiciarem respostas efetivas aos desafios advindos do atual contexto dos negócios a
competência, também evolve o domínio de novos conhecimentos técnicos.
Conhecimentos associados ao exercício do cargo ou função ocupada, assim como a
capacidade de aprender rapidamente novos conceitos e tecnologias com muita
criatividade e capacidade de inovação, comunicação e relacionamento interpessoal
para comprometer-se com os objetivos e gerar resultados efetivos. (MCCLELLAND,
1973).
As ações organizacionais são baseadas em competências humanas onde são
desenvolvidas habilidades que ensinam as pessoas a agirem em situações de
incertezas e fragilidades do mercado.
Gomes et al (2004) afirmam que este portfólio de competências que a
organização possue permite uma melhor comunicação e interação entre os agentes
75
inseridos neste contexto. Além disto, estas competências essenciais que são a alma de
um negócio, são a soma de um conjunto de habilidades e capacidades presentes que
permitem manter o seu sucesso através da obtenção de vantagem competitiva e
melhorias nas estratégias de atuação do mercado.
As competências técnicas essenciais são entendidas como:
um conjunto central de insights de definição e de solução de problemas que
possibilita à empresa criar alternativas de crescimento estratégico
potencilamente idiossincráticas e para lidar, ao menos parcialmente, com seu
ambiente.
Lei, Hitt e Bettis
16
(2001 apud GOMES, 2004, p.4).
Para esses autores, as competências técnicas essenciais são desenvolvidas
com base no aprendizagem organizacional permanente, que faz com que evoluam e
mudem constantemente. Esses autores concordam no sentido de que as competências
técnicas essenciais não podem permanecer estáticas e que somente as organizações
que continuam investindo e melhorando suas competências é que são capazes de criar
alternativas de crescimento estratégico.
O termo competência quando começou a ser construído significava estar apto
para exercer determinada tarefa ou ser responsável por determinada ação onde no
campo organizacional, a ênfase estratégica era a capacitação. (BELLIGHINI, 2003).
Além disto, existem as competências que são aprimoradas e criam processos ou
produtos permitindo um melhor posicionamento em relação aos seus concorrentes.
Estas competências adquiridas com as rotinas de trabalho do dia-a-dia servem como
parâmetro comparativo entre empresas com baixo grau de inovação e empresas que
tenham alcançado o estado da arte na tecnologia. Esta visão permite um crescimento
de produtividade quando o conhecimento é incorporado a sistemas, rotinas e
processos. (BELLIGHINI, 2003).
Nesta fase, não se poderia deixar de destacar a contribuição do autor francês
Zarifian (1996) que afirma que a competência se manifesta na ação, mais
16
LEI, David; HITT, Michael A.; BETTIS, Richard. Competências essenciais dinâmicas mediante a meta
aprendizagem e o contexto estratégico. In: FLEURY, Maria Tereza Leme; OLIVEIRA Jr.; Moacir de Miranda
(Orgs.). Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competência. São Paulo:
Atlas, 2001. p. 157-186.
76
especificamente frente a uma determinada realidade. Logo, ninguém pode ser
competente a priori, mas sim ter um potencial (algo latente) que pode ser desenvolvido
ou não.
Baseado nesta visão, num determinado ambiente desenvolvem-se ações a partir
de interações entre estas pessoas cujo conhecimento, tanto prático como teórico,
permitem melhorias da perfomance no trabalho. Isso pressupõe não só a comparação
entre o que se espera do indivíduo em termos de realização (resultado esperado) e a
sua atuação efetiva (trabalho realizado) mas também a existência de algum mecanismo
de acompanhamento que permita corrigir desvios para assegurar que a execução das
atividades correspondam ao que foi planejado.
E neste caso, a gestão faz parte do processo que abrange a competência,
porque permite rever estratégias, objetivos e políticas para correção de desvios dando
um sentido de continuidade e sustentabilidade à organização.
A expressão competência pode designar uma linguagem jurídica porque as
pessoas passavam a analisar determinadas situações e a partir disto fazem
julgamentos. Brandão & Guimarães (2001) relatam esta abordagem que teve início no
fim da idade média. Com o passar dos tempos a amplitude deste conceito veio a
designar o reconhecimento social onde as pessoas passam a pronunciar-se em relação
a determinado assunto mantendo um posicionamento mais ativo no mercado. Esta
mudança de comportamento leva o indivíduo a qualificar-se melhor para realizar
determinadas tarefas e assumir desafios.
Ao definir competência, Zarifian (1996) faz uma relação com atitudes das
pessoas onde ao exercerem um conjunto de tarefas o trabalho desenvolvido não pode
ser estático. Ou seja, a competência significará assumir responsabilidades mediante ao
exercício de reflexividade o qual permitirá ao profissional lidar com situações
inesperadas e surpreendentes onde terá que tomar uma atitude.
Ao tratar do mesmo tema, Brandão & Guimarães (2001) fazem referência a
capacidade que um indivíduo possui de adaptar-se rapidamente a um ambiente. Este
ambiente poderá proporcionar um aprendizado, podendo ou não ser permanente,
dependendo da capacidade de absorção de cada um. Além disto, as competências
identificadas poderão orientar para questões mais abrangentes como a “inovação” de
77
produtos ou serviços e até de processos internos. Outra abordagem, é que a
competência leva a atitudes para que o indivíduo obtenha um alto desempenho em
suas funções ou atividades em grupo.
Existem ainda autores como Dutra et al (1998), por exemplo, que afirmam ser
necessário colocar em prática o que uma pessoa sabe para exercer a mobilização entre
os membros do grupo de trabalho. Para tanto definem competência como a capacidade
de uma pessoa de gerar resultados dentro dos objetivos organizacionais.
Na apresentação da Figura 3, foi construído um conceito de competência
baseado em três dimensões:
conhecimentos;
habilidades e
atitudes.
Nesse caso, a competência diz respeito a este conjunto de elementos
necessários à consecução de determinado propósito.
Fonte: Durand
17
(2000 apud BRANDÃO, 2001) adaptado.
FIGURA 3 - As Três Dimensões da Competência
17
DURAND,T. Lálchimie de La Competence. Revue Française de Gestion, n. 27, p. 84-102, jan/fev. 2000.
Interesse
Determinação
Querer fazer
Identidade
Atitudes
Técnicas
Capacidade
Saber como fazer
Habilidades
COMPETÊNCIAS
Informação
Saber o que fazer
Saber o porquê
Conhecimentos
78
Tais dimensões são interdependentes e suas abordagens parecem possuir
aceitação mais ampla tanto no ambiente empresarial como no meio acadêmico, devido
à integração de aspectos inter-relacionados.
4.3 Competências Técnicas e Arranjos Produtivos Locais
Zarifian (1996) sustenta a visão de que a competência pode ser atribuída tanto a
um indivíduo quanto a um grupo de trabalho. Neste caso, podemos citar como exemplo
os APLs, que são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais
em determinada atividades econômicas mantendo vínculos.
No arranjo há uma participação e interação entre empresas e instituições visando
ações voltadas para a formação e capacitação de recursos humanos; pesquisa,
desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. (ALBAGLI &
BRITO, 2002, p.64). Como pode ser observada, a definição de APL se norteia pelo
caráter dos vínculos entre os agentes cuja cooperação, competência, crenças e valores
compartilhados pela equipe de trabalho influenciam sobremaneira a conduta do
desempenho de todos.
Prahalad & Hamel (1998) tratam o conceito no nível organizacional, referindo-se
às competências técnicas como:
um conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos e
gerenciais inerentes a uma organização. Assim as competências essenciais
organizacionais são aquelas que conferem vantagem competitiva, geram valor
distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de serem imitadas pela
concorrência.
É fundamental, principalmente nos APLs, identificar estas competências e
valorizá-las no contexto da dinamicidade do mercado para se obter vantagens
79
competitivas. Este gerenciamento fortalecerá a identidade local e as próprias relações
sociais, gerando conhecimentos e técnicas essenciais para o desenvolvimento regional.
Nesse sentido, a gestão de competência poderá proporcionar alianças
estratégicas e promover o desenvolvimento necessário para atingir objetivos
específicos e estratégias mais pontuais, inclusive orientar na formulação de políticas e
diretrizes ao longo prazo.
Além disto, o primeiro aspecto importante da competência técnica, segundo a
visão de Prahalad & Hamel (1998), é a busca constante do autoconhecimento. Este
elemento é essencial porque as pessoas passam a reconhecer seus pontos fortes e
fracos se auto-valorizando para a partir disto desenvolver habilidades. O segundo
aspecto é a autenticidade e coerência nas comunicações onde se desenvolve a
confiança, se desperta o interesse das pessoas e como conseqüência há uma
consideração forte entre os vínculos criados. O terceiro aspecto é o investimento nos
vínculos afetivos que se estabelecem onde as pessoas passam a compreender seus
limites individuais e acabam apontando caminhos que os impulsiona a agir em
determinadas situações. O último aspecto é praticar e direcionar cada vez mais seu
poder de ação mantendo o foco para atingirem objetivos e desenvolver estratégias.
4.4 Competência Técnica X Conhecimento
Quando os progressos das Ciências Sociais revelaram que o sentir e o pensar
são, simultaneamente, fonte e limite do comportamento humano, abriram-se caminho a
formulações mais conseqüentes onde se têm conferido grande importância em fornecer
aos indivíduos maior competência técnica para o exercício de suas funções. Nos
últimos anos o conceito de competência tem sido ampliado e a dimensão ética passou
a ser valorizada como básica cuja flexibilidade é uma das virtudes fundamentais porque
precisamos de líderes que não flexibilizem o caráter.
As pessoas têm o dom de fazer o sucesso ou o fracasso de qualquer empresa
ou negócio, elas trazem dentro de si, expectativas e necessidades que envolvem
80
sonhos, experiências vivenciadas, histórias e emoções. Quando há um ambiente
propício seus talentos são desenvolvidos e aperfeiçoados.
Os conceitos de competência hoje envolvem responsabilidade social, respeito à
cidadania e meio ambiente, sendo necessário canalizá-las para a obtenção de uma
unidade produtiva consistente e baseada numa estrutura de confiança e aprendizagem.
O conhecimento vem sendo identificado, segundo a visão de Bitencourt &
Gonçalo (2004), como a mais importante fonte de vantagem competitiva. Quando este
processo de aquisição é realizado coletivamente, emergindo diretamente das
necessidades e interesses do grupo, as informações permitem resultados que
capitalizam tanto o saber técnico como a criatividade.
Esta etapa de criação do conhecimento é o momento em que as organizações
criam, adquirem, organizam e processam informações com o propósito de gerar novo
conhecimento através da aprendizagem. O conhecimento gerado permite desenvolver
competências que envolvem habilidades e atitudes melhorando os processos.
Neste sentido, Bitencourt & Gonçalo (2004) ressaltam que o conhecimento é
tratado como um elemento fundamental para consolidar competências. Ele emerge
como agente transformador a partir das redes de comunicação requerendo estratégias
e técnicas de gestão para administrar estas relações, onde cada indivíduo cria e recria
sua capacidade de ação. Esta troca e difusão do conhecimento combina fatores que
incrementam a importância do “aprender fazendo”, pois permite a aplicação do
conhecimento adquirido em situações e experiências inovadoras.
A abordagem teórica da criação do conhecimento, segundo Bitencourt & Gonçalo
(2004), é uma contribuição relevante e ponto de partida para aprendizagem
organizacional. Constata-se que o conhecimento é formado por informações cujo
sistema de idéias e percepções levam a destacar habilidades. Estas habilidades são
inerentes a uma pessoa. A aprendizagem envolve uma capacidade ou habilidade para
criar (externalizar), adquirir (internalizar) e disseminar (socializar) estes conhecimentos,
assim como modificar comportamentos. Este compartilhamento é fundamental para
desenvolver competências.
Sob uma perspectiva sistêmica, o conhecimento, de acordo com Bitencourt &
Gonçalo (2004), está no processo de aplicação propriamente dito, pois apóia à solução
81
de problemas. Na perspectiva capacidade, o conhecimento é o potencial para subsidiar
a ação. Ele é construído ao longo do tempo na atividade que permite creditar à
organização o potencial para uma atuação específica cujo foco é a construção
estratégica de competências técnicas que possam ser utilizadas e aproveitadas de uma
forma mais pontual, assim como o seu know-how. Por último sob a perspectiva
profissional, o conhecimento está na experiência do desempenho da atividade.
(BITENCOURT & GONÇALO, 2004).
Bitencourt & Gonçalo (2004) destacam ainda, que estas perspectivas
apresentadas se sobrepõem e se complementam sendo impossível pensar em uma
destas dimensões de forma isolada. Um elemento importante nesta discussão, refere-
se à colaboração ou ao compartilhar, que vai “dosar” o quanto cada perspectiva é
relevante para determinado momento, tendo em vista que todas elas baseiam-se na
interação ou em um ambiente de colaboração. Neste contexto há outra variável
importante do conhecimento que é a capacidade de construção de cada indivíduo onde
a memória registra objetivamente determinada vivências, erros obtidos no passado e
soluções adotadas que servirão de base para seguir adiante.
Esforços de colaboração total serão obtidos a partir de um trabalho conjunto,
onde todos sejam valorizados e existam confiança e justiça na distribuição da
participação no sucesso obtido. Neste sentido cria-se uma identidade comum – a
confiança – e a relação com a empresa passa a ser de parceria e de colaboração.
A comunicação, segundo Bitencourt & Gonçalo (2004), ocorre entre o grupo e é
determinado para dar sentido às mensagens, pois neste processo se pretende
compartilhar o conhecimento onde a troca de informações não será simplesmente para
transmitir fatos ou constatações, mas para oferecer ao interlocutor a possibilidade de
construir novos significados.
O conhecimento nas organizações deve ser fomentado e estimulado envolvendo
estruturas que fomentem relacionamentos sólidos e colaboração eficaz. O fundamental
é estruturar a empresa de modo que a criação do conhecimento seja mais eficaz e mais
eficiente demolindo as barreiras pessoais. O conhecimento individual pode ser
compartilhado, recriado e ampliado, quando se atua em um ambiente que permite a
interação das pessoas. Podemos citar como exemplo, as redes de cooperação que
82
propiciam compartilhar experiências e criar novas fronteiras de negócios onde os
relacionamentos solícitos proporcionam bases de confiança, apoio e comprometimento
como trabalho.
A rede, enquanto espaço do conhecimento, encoraja e fomenta a participação
das pessoas em diversos níveis diferentes promovendo uma melhor interlocução entre
os participantes e uma internalização dos novos conhecimentos adquiridos
impulsionando à ação. Esta interlocução permitirá aos participantes da rede se
beneficiar com a mistura da racionalidade e intuição que irá gerar criatividade. A
combinação dos diversos conhecimentos e capacidades específicas será fundamental,
pois resultará em interações não hierárquicas e mais eficazes.
Fleury & Fleury (2000) mencionam que o conhecimento é uma ferramenta
importante para o desenvolvimento de estratégias competitivas sustentáveis. Segundo
os autores, esta plataforma sustentada pelo conhecimento permitirá alianças e
parcerias fortalecendo o grupo e ampliando os horizontes.
4.5 A Competência Técnica que leva à Competência Tecnológica
Os primeiros estudos sobre o processo de constituição de competências
tecnológicas no nível da empresa teve início nos anos 70. Segundo Marzani et al
(2004), houve na oportunidade uma investigação sobre a importância da aprendizagem
e da capacitação tecnológica para as atividades inovadoras nas empresas percebendo-
se desta forma que o conhecimento tecnológico se sedimenta nas empresas.
Na década de 90, foi importante a captação do conhecimento para que as
empresas criassem e mantivessem suas competências tecnológicas como recursos
fundamentais à competição do mercado. Para tanto, adquiriram conhecimento e
criaram mecanismos que favoreceram a absorção, adaptação e acúmulo de sua própria
estrutura de capacitação sendo um elemento fundamental para a competitividade,
83
enganjando-se desta forma num processo de aprendizagem tecnológica. (MARZANI et
al, 2004).
Esta aprendizagem tecnológica, resulta das rotinas básicas de uma atividade de
produção sendo necessário adquirir conhecimentos para desenvolver projetos,
estabelecer ligações com instituições de pesquisa visando aumentar o desempenho e
evoluir num esforço tecnológico, inclusive para criar novas tecnologias. Para transferir
tecnologia será necessário um conjunto de conhecimentos que leva a um domínio
técnico, cuja conjunção de fatores pode levar a um trabalho de rede baseados em
parcerias para incentivo à P&D. (MARZANI et al, 2004).
Estas capacidades dinâmicas permitem estabelecer relacionamentos
fundamentais para criação de inovações garantindo a aquisição e adaptação de
conhecimentos externos, garantindo a captação de recursos e insumos onde o
elemento chave para competitividade será a competência. Além disto esta competência
poderá promover o desenvolvimento econômico e regional, fortalecendo a identidade
local.
Prahalad & Hamel (1998) contribuíram com o conceito de competência técnica
dizendo que a organização precisa ter a capacidade de formar, a custos menores e
com maior velocidade do que seus concorrentes, as competências técnicas essenciais,
que lhes garantam competitividade no longo prazo. As competências essenciais
consistem no aprendizado coletivo da organização, especialmente porque se
fundamentam na capacidade para coordenar diversas habilidades de produção e
integrar as múltiplas correntes tecnológicas.
Na discussão sobre competência, outro ponto que merece ser destacado é que
as empresas estão investindo mais internamente no desenvolvimento de capacitações
específicas ao negócio. Marzani et al (2004) acreditam ser fundamental o papel das
inovações neste contexto dinâmico onde sua coordenação e gerenciamento devem ser
direcionados sob uma pespectiva mais pontual.
Neste contexto, as competências tanto internas, como externas, podem ser
renovadas ou transferidas visando responder melhor a demanda do mercado e as
mudanças que ocorrem neste ambiente.
84
A competência tecnológica envolve a transmissão e recebimento de informações,
habilidades e tecnologias que não só afetam a eficiência produtiva da empresa, como
também reforçam a difusão de tecnologia e o fortalecimento da estrutura, ambos
essenciais ao desenvolvimento.
Marzani et al (2004) destacam ainda ser necessário aprofundar os contatos para
troca de conhecimentos, sendo fundamental a participação em redes de P&D para
estabelecimento de parcerias. Estas parcerias incentivam o fortalecimento do capital
social, visando uma maior confiança, reciprocidade e cooperação com os diversos
protagonistas locais.
4.6 CONSIDERAÇÕES
A competência técnica tem um papel fundamental nas questões organizacionais
porque permite atingir determinado desempenho onde há uma visão mais estratégica
de ações necessárias que promovam o desenvolvimento sustentável local.
A competência é composta por um conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes envolvendo um estoque de recursos que agregam valor e são considerados
como elementos fundamentais e centrais de diferenciação estratégica. Além disto, há
uma combinação de múltiplos saberes que envolvem o saber fazer, saber agir e saber
ser que proporcionam respostas mais efetivas aos desafios do contexto mercadológico,
empresarial e da própria competitividade.
A competência técnica pode ser atribuída tanto ao indivíduo como a um grupo de
trabalho, como é o caso dos APLs, onde há uma participação e interação entre
empresas e instituições visando ações conjuntas. Nesse sentido, a gestão da
competência poderá proporcionar alianças estratégicas essenciais para a promoção do
desenvolvimento local, inclusive para atingir objetivos mais macros como orientar na
formulação de políticas e diretrizes de longo prazo.
Na competência técnica o conhecimento vem sendo identificado como a mais
importante fonte de vantagem competitiva que capitaliza tanto o saber técnico como a
85
criatividade melhorando os processos. Nesse sentido, o conhecimento é tratado como
um elemento fundamental para consolidar competências onde cada indivíduo cria e
recria sua capacidade de ação. Segundo alguns autores, esta plataforma sustentada
pelo conhecimento permitirá alianças e parcerias fortalecendo o grupo e ampliando
horizontes.
No que diz respeito à competência tecnológica, ela resulta de rotinas básicas de
uma atividade de produção sendo necessário adquirir conhecimentos para desenvolver
projetos, estabelecer ligações com instituições de pesquisa visando aumentar o
desempenho e evoluir num esforço tecnológico inclusive para criar novas tecnologias.
86
CAPÍTULO V
5.1 ESTUDO DE CASO: APL DE EQUIPAMENTOS E
INSTRUMENTOS MÉDICO-ODONTOLÓGICOS DE CAMPO
MOURÃO
Neste capítulo busca-se apresentar as etapas do trabalho desenvolvido no
Paraná, para então apresentar a cidade de Campo Mourão e explicar a história e
origem do APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-Odontológicos. Em seguida é
mencionado o perfil das empresas que compõe o APL, bem como, o levantamento das
instituições que dão suporte a cadeia produtiva da região. Por último apresenta-se um
quadro com o levantamento das empresas entrevistadas para depois fazer a análise
dos dados obtidos e hipóteses levantadas; propor as tipologias de análises
respondendo então a pergunta de pesquisa proposta neste estudo.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos se avançou muito na discussão da importância dos Arranjos
Produtivos Locais (APLs) como indutores do desenvolvimento regional.
De um modo geral, existem diferentes graus de desenvolvimento de um APL, de
integração com a cadeia produtiva e das capacidades sistêmicas. A hipótese é que
mesmo em suas formas mais incompletas, os APLs possuem impactos significativos
sobre o emprego e renda locais.
Pode-se dizer ainda, que esses arranjos tornam-se objetos de políticas públicas,
as quais em coordenação com ações de agentes privados, visam melhorar as
condições locais para o crescimento das empresas, atração de investimentos, aumento
das exportações e, sobretudo desenvolvimento tecnológico.
87
Nota-se cada vez mais o empenho de governos, nas esferas federal, estadual,
municipal e de entidades representativas em apoiar as iniciativas e formatar políticas
públicas para os APLs.
No Paraná o governo vem desenhando e colocando em prática políticas voltadas
ao apoio dos APLs em parceria com instituições e entidades representativas locais.
Estas políticas envolvem eixos que estão relacionados às políticas macroeconômicas e
à imperiosa necessidade de articular a política para APL com a política industrial e
outras políticas estaduais. De fato, implementar uma política implica acima de tudo,
obter o comprometimento de atores, coordenarem ações o que pressupõe algum tipo
de comando. Os levantamentos, com indicativos de possíveis políticas, realizados pela
SEPL e Ipardes envolvem questões como:
qualificação de mão-de-obra operacional, técnica e tecnológica;
falta de conhecimento adequado do mercado;
difusão de acesso a serviços tecnológicos, laboratoriais e certificações;
acesso a financiamentos;
carência de ativos estratégicos;
deficiências na organização produtiva;
problemas de governança e
problemas ambientais.
Este movimento foi reforçado com a criação e estruturação em 2004 de uma
Rede Paranaense de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais – denominada Rede APL
Paraná. Seu objetivo maior é articular o alinhamento e a interação das diversas
instituições de promoção dos APLs para a captação de recursos, solução de entraves,
concepção, estruturação e implementação de planos, estudos e projetos de
desenvolvimento empresarial e territorial, sempre com o foco em regiões
geograficamente delimitadas e com reconhecida especialização em determinados
produtos e/ou atividades econômicas.
Portanto, foi fundamental identificar e caracterizar os APLs segundo sua
importância para o desenvolvimento local e para os seus respectivos setores de
atividades econômicas. Neste sentido, o trabalho desenvolvido no Paraná, produziu
evidências estatísticas sobre as aglomerações onde o mapeamento permitiu classificá-
88
los em categorias para, a partir disto, realizar os estudos de caso. Estes estudos
fornecerão subsídios para formular indicativos de diretrizes gerais e específicas de
possíveis políticas públicas regionais, assim como, de ações coletivas.
5.2 ETAPAS DO TRABALHO NO PARANÁ
5.2.1 Primeira Etapa
A primeira etapa do trabalho no Paraná a que se refere o Termo de Cooperação
Técnico-Financeiro, firmado entre Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral
(SEPL) e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES),
sobre Identificação, Caracterização, Construção de Tipologia e Apoio à Formulação de
Políticas para os APLs do Estado do Paraná, resultou na contratação de consultores.
Foram contratados o Professor Wilson Suzigan do Instituto de Geociências da
UNICAMP, Professor Renato de Castro Garcia da POLI/USP e o Professor João
Eduardo de Moraes Pinto Furtado da Poli/USP, para prestarem suporte metodológico
aos técnicos das duas instituições.
Em seguida, foi estruturado e identificado pela equipe técnica um mapeamento
estatístico e geográfico, do Estado do Paraná com base nos dados da RAIS – Relação
Anual de Informações Sociais, complementados pelos micro-dados do Cadastro de
Informações Físico-Contábeis da Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná (SEFA-
PR). Além disso, foi realizado um mapeamento da densidade institucional (Mapa 1), por
microrregião e município representados por instituições de ensino superior e de
pesquisa, órgãos regionais de entidades como SEBRAE, FIEP, SENAI, SESI, SENAC e
IEL, inclusive sindicatos de classes. Este levantamento foi fundamental porque as
instituições de apoio exercem papel fundamental na provisão de serviços diferenciados
aos produtores, nas áreas de treinamento, qualificação de mão-de-obra, prospecção de
89
informações técnicas e de mercado, inclusive consultorias nas áreas organizacionais e
de qualidade.
Os ativos institucionais foram classificados a partir de três categorias e nove
subcategorias, conforme sintetizado no Quadro 2:
CATEGORIAS
1 Desenvolvimento de Pesquisa
2 Desenvolvimento do Setor Produtivo
3 Formação de Recursos Humanos e Pesquisadores
SUBCATEGORIAS
11 Pesquisa, Desenvolvimento e Tecnologia
12 Pesquisa e Informação
21 Desenvolvimento Empresarial
22 Agências de Desenvolvimento Local
23 Agências de Fomento
24 Entidades de Classe
25 Instituições de Normatização
31 Instituições de Ensino Superior
32 Qualificação Profissional e Cursos Técnicos
Fonte: SEPL (2005)
QUADRO 2 – Sínteses das Categorias dos Ativos
Para a composição da base de dados dos ativos foram utilizadas fontes de
informações como a base cadastral de diversas instituições, pesquisas em sites,
laboratórios credenciados no Inmetro e MCT, protocolo de pesquisas junto ao CNPq,
entre outras (Quadro
3).
90
DESCRIÇÃO FONTE
Base Cadastral
FIEP, SEBRAE, SENAI, SENAC,
BRDE, IEL
Laboratórios
Credenciados
Inmetro e MCT
Incubadoras ANPROTEC
Instituições de Pesquisa CNPq, SETI
IES SETI
Outras Instituições Sites Institucionais
Fonte: IPARDES e SEPL (2005)
QUADRO 3 – Fonte de Informações dos Ativos
O mapa 1 a seguir sintetiza esta distribuição espacial dos ativos institucionais para
todo o Estado do Paraná, georreferenciados a partir da freqüência de cada um dos
municípios em relação às nove subcategorias de classificação.
91
Fonte: SEPL (2004)
MAPA 1 – Distribuição Espacial dos Ativos Institucionais
Cabe ressaltar, que nesta primeira etapa a equipe local foi capaz de sofisticar a
metodologia, fazendo criteriosa utilização dos micro-dados da SEFA-PR no
mapeamento estatístico. Assim, além dos tradicionais indicadores de concentração
geográfica de atividades econômicas, provenientes da economia regional (quociente
locacional e coeficiente de Gini locacional), e parâmetros convencionais como: número
de empregos e números de estabelecimentos, foram aplicados indicadores específicos
relacionados à: exportação, vendas dentro e fora do Estado, compras no Estado,
participação relativa do emprego da classe na microrregião, e presença de micro,
pequenas e médias empresas.
Londrina, Apucarana
Maringá
Cascavel
Ponta Grossa
Curitiba
Guarapuava
Campo
Umuarama
Toledo
Foz
União da Vitória
Pato Branco
Fco Beltrão
Paranavaí
Cianorte
92
Com base em todo o conjunto de dados e informações, e levando em conta as
39 microrregiões do Estado, construiu-se o universo a partir do qual foram identificadas
as aglomerações que poderiam constituir-se como um APL.
Para concluir esta fase, os resultados foram apresentados para a Rede
Paranaense de APLs em seminário. Dentre as análises realizadas, foram apontadas
114 aglomerações
18
envolvendo mais de 150 mil empregos formais no Estado.
Com base nestas informações, o passo seguinte foi à construção de uma
tipologia adequada às especificidades do Estado, classificando-se as aglomerações em
quatro tipos de APL:
NDSR – são aglomerações que se destacam duplamente: quer pela sua
importância para uma região, quer pela sua importância para o setor de atividade
econômica no Estado.
VDL – são as aglomerações que se apresentam como muito importantes para o
desenvolvimento local/regional e menos importantes para o setor no estado.
VA – esta tem importância setorial elevada, mas pouco importante para a região,
ou seja, embora importante para o setor, o desenvolvimento econômico regional
não depende deles de uma forma tão pronunciada onde geralmente são
encontrados em regiões com grandes aglomerações urbanas e estrutura
industrial muito diversificada.
EMBRIÕES – reúne aglomerações com potencial para o desenvolvimento, mas
ainda pouco importantes para o setor e região. (Quadro 4).
18
Ver Anexo 1 – Relação das 114 aglomerações produtivas identificadas no Paraná e seus indicadores – Paraná –
2003.
93
Fonte: SEPL/IPARDES (2005)
QUADRO 4 – Tipologia de Análise dos APLs
5.2.2 Segunda Etapa
Cumprida a primeira etapa, foi feita uma pré-seleção de possíveis APLs. Os
critérios utilizados para essa pré-seleção levaram em conta a relevância de cada
aglomeração de empresas em termos de: número de classes de atividades afins,
densidade fiscal, exportação e vendas para outros estados, compras locais, número de
estabelecimentos e, sobretudo de pequenas e médias empresas, e importância das
vendas da classe de atividade na própria microrregião.
Os resultados indicaram a pré-seleção de 25 possíveis APLs (Quadro 5) que
foram visitados para a caracterização estrutural seguinte do trabalho.
VA
32 aglomerações de
empresas em 3
MRs
Embrião
45 aglomerações de
empresas em 19
MRs
1< QL<5
NDSR
12 aglomerações de
empresas em 9
MRs
VDL
25 aglomerações de
empresas em 19
MRs
QL = 5
Importância
local
Participação = 20%
na classe de atividade
no Estado
Participação < 20%
na classe de atividade no
Estado
Importância para o setor
VA
32 aglomerações de
empresas em 3
MRs
Embrião
45 aglomerações de
empresas em 19
MRs
1< QL<5
NDSR
12 aglomerações de
empresas em 9
MRs
VDL
25 aglomerações de
empresas em 19
MRs
QL = 5
Importância
local
Participação = 20%
na classe de atividade
no Estado
Participação < 20%
na classe de atividade no
Estado
Importância para o setor
94
Fonte: SEPL/IPARDES (2005)
QUADRO 5 – APLs Pré-Selecionados (25)
Fonte: SEPL/IPARDES (2005)
MAPA 2 – APLs Pré-Selecionados por Microrregião
Londrina (plásticos)
Londrina (couros e artefatos de couro)
Curitiba (porcelana)Paranavaí / Cianorte (cerâmica vermelha)
Curitiba (cal / calcáreo)Francisco Beltrão - Ampére / Verê (madeira / móveis)
Maringá (confecções)Maringá / Pato Branco (software)
Curitiba (equipamentos médico/hospitalares)Toledo / Cascavel (máq. e equip. agrícolas)
Curitiba / Londrina (software)Umuarama - Altônia / Terra Roxa (confecções)
VA (7) EMBRIÃO (5)
Maringá (colchões)
Ponta Grossa (móveis de metal)
Paranavaí (mandioca / fécula)
Guarapuava (madeira)Telêmaco Borba (madeira)
Loanda (torneira / produtos de metal)Prudentópolis - Imbituva (malhas)
União da Vitória (madeira / portas e janelas)Rio Negro (madeira / móveis)
Arapongas (móveis)Sudoeste (confecções)
Apucarana (confecções - bonés)Cianorte (confecções)
NDSR (8)VDL (5)
APLs PRÉ-SELECIONADOS (25)
Londrina (plásticos)
Londrina (couros e artefatos de couro)
Curitiba (porcelana)Paranavaí / Cianorte (cerâmica vermelha)
Curitiba (cal / calcáreo)Francisco Beltrão - Ampére / Verê (madeira / móveis)
Maringá (confecções)Maringá / Pato Branco (software)
Curitiba (equipamentos médico/hospitalares)Toledo / Cascavel (máq. e equip. agrícolas)
Curitiba / Londrina (software)Umuarama - Altônia / Terra Roxa (confecções)
VA (7) EMBRIÃO (5)
Maringá (colchões)
Ponta Grossa (móveis de metal)
Paranavaí (mandioca / fécula)
Guarapuava (madeira)Telêmaco Borba (madeira)
Loanda (torneira / produtos de metal)Prudentópolis - Imbituva (malhas)
União da Vitória (madeira / portas e janelas)Rio Negro (madeira / móveis)
Arapongas (móveis)Sudoeste (confecções)
Apucarana (confecções - bonés)Cianorte (confecções)
NDSR (8)VDL (5)
APLs PRÉ-SELECIONADOS (25)
95
O principal objetivo das visitas foi o de conhecer a estrutura produtiva local e suas
principais empresas para verificar a existência de vínculos produtivos entre as mesmas.
Assim como, identificar instituições locais relevantes no apoio e prestação de serviços às
empresas. Também foram analisadas as lideranças locais que tenham tido papel
relevante na formação da aglomeração mobilizando os protagonistas locais. Nesse
sentido, as visitas prévias foram importantes para a validação e seleção dos
APLs, que
posteriormente seriam objeto de estudos de casos.
Em paralelo, foi criada uma matriz de atribuições de ações (executadas ou
planejadas) nestes 25 arranjos pelas entidades que fazem parte da Rede APL do Paraná.
Este diagnóstico das ações foi importante uma vez que permitiu a convergência dos
diversos esforços das diferentes entidades que possuem programas de apoio aos produtores
em sistemas locais.
Ao todo, foram visitadas 131 empresas e 117 instituições de apoio em 35
municípios do Estado do Paraná. O resultado foi à validação de 18 dos potenciais
APLs
pré-selecionados. Deve-se ressaltar que um desses casos constitui, na verdade, quatro
aglomerações de empresas de software. Além disso, mais um APL, não identificado
anteriormente, foi adicionado aos casos validados: o da indústria de equipamentos e
instrumentos médico-odontológicos de Campo Mourão, sobre o qual já havia evidências
suficientes permitindo sua validação. Portanto, ao todo, 22 APLs foram objeto de
estudos que servirão de subsídios à definição das políticas de apoio.
5.2.3 Inclusão do APL de Campo Mourão
Apesar deste APL não ter sido mapeado estatisticamente e por ter um caráter
diferenciado da atividade, escapando dos segmentos tradicionais do Estado (madeira e
confecções), gerador de tecnologia e de emprego de alta qualificação e remuneração,
foi agendada uma visita extraordinária ao local.
Na visita, foram detectadas muitas das características que configuram um APL
de fato, quais sejam: Protagonismo Local; Especialização produtiva; Divisão de trabalho
96
entre as empresas; Existência de liderança local; Potencial Inovativo; Formas de
aprendizado e grau de disseminação de conhecimentos especializados locais; Vendas
fora do Estado e Exportação; Cadeia Produtiva Local ou Regional; Compras no Estado;
Empregos de qualidade; e Presença de MPEs.
Apesar de não conter um número significativo de empresas, o APL visitado tinha
potencial para adensamento produtivo e geração de empresas de base tecnológica e
empregos de qualidade e bem remunerado, sem geração de resíduos ou qualquer outro
impacto ambiental.
Algumas observações constadas na visita merecem destaque:
- Compartilhamento de máquinas e conhecimento entre os empresários;
- Empresário líder financia novas empresas (inclusive como sócio-capitalista);
- Substituição de Importações e Capacidade Exportadora;
- Confiança dos empresários no empresário líder;
- Cooperação empresarial, inclusive informal;
- Canais de comercialização compartilhados, inclusive internacionais;
- Conhecimento tácito;
- Forte empreendedorismo;
- Função social;
- Exportam para mais de 30 países;
- Possuem Certificações ISO, Certificação Européia e ANVISA;
- Possuem 9 patentes registradas.
De acordo com a metodologia prevista no Termo de Cooperação e no Plano de
Trabalho da equipe de consultores da SEPL e Ipardes, o potencial APL pré-selecionado
foi objeto de pesquisa para verificar se a atividade detectada na região poderia ser
mesmo considerada um APL e se sua dimensão e processo de capacitação produtiva e
inovativa do arranjo foram fundamentais na geração e difusão do conhecimento. Neste
sentido, pelos dados levantados, validou-se o arranjo produtivo e houve a inclusão
deste caso no trabalho a ser desenvolvido pelo Estado.
97
5.2.4 Terceira Etapa
Nesta etapa a equipe de consultores elaborou uma Nota Metodológica, que
orientou o trabalho de campo. Essa Nota Metodológica estabeleceu claramente o objeto
de estudo, deu orientações específicas para as visitas a serem realizadas, assim como
estabeleceu um roteiro da pesquisa de campo com os itens fundamentais de uma
entrevista.
O questionário aplicado foi produto de amplas discussões sempre com orientação
dos consultores e resultou em dois produtos. O primeiro deles foi é um questionário
composto por 90 questões distribuídas em oito blocos consecutivos. E o segundo, foi à
elaboração de outro questionário específico para o setor de software, devido a diferença da
atividade e dinâmica do setor.
Como as equipes técnicas do Ipardes e SEPL eram pequenas, houve a
necessidade de realizar uma parceria com instituições de ensino superior para realizar as
pesquisas de campo dentro do prazo estabelecido do Termo de Cooperação.
Para dar suporte a esta etapa, foi realizado um Seminário para os professores
responsáveis pela pesquisa, onde foi repassada toda a metodologia deste trabalho para
nivelamento de conhecimentos e conceituações.
5.2.5 Quarta Etapa
Nesta etapa a equipe fez a compilação dos dados obtidos nas entrevistas
realizadas nos APLs. Todos os dados levantados aparecem em um relatório final
seguindo os parâmetros de levantamento de informações solicitados pela consultoria
técnica. Foi criado um roteiro para padronizar as informações básicas que cada
relatório deveria possuir.
Paralelo a isto, foi organizada pela Rede APL, em julho de 2006, um Encontro de
APL do Estado do Paraná para incentivar o intercâmbio e a troca de experiências.
Neste Encontro, foi divulgado e lançado o livro de Arranjos Produtivos Locais do Estado
98
do Paraná com a descrição da construção das várias etapas deste trabalho.
5.2.6 Quinta Etapa
Com base em todas as informações obtidas pelos relatórios finais, será
elaborado um documento contendo uma visão dos APLs do Estado do Paraná com
possíveis indicativos de políticas públicas. Políticas estas, que darão uma visão do
todo, com possíveis ações mais pontuais para a realidade local e que dêem suporte ao
desenvolvimento regional.
5.2.7 Sexta Etapa
Este documento será entregue ao governador contendo informações e
resultados de políticas implementadas até o momento com propostas e recomendações
de agendas futuras
5.3. APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-
Odontológicos
Campo Mourão está localizado na região centro-oeste do Paraná, em uma área
de 766,44 km2, situada a 477 km de Curitiba e 323 km de Foz do Iguaçu. Campo
Mourão é Município sede da Microrregião 12, a qual agrega 25 Municípios, totalizando
uma população de aproximadamente 356.191 habitantes. Campo Mourão limita-se com
os seguintes municípios:
99
Norte: Peabiru
Nordeste: Barbosa Ferraz
Sul: Luiziana
Leste: Corumbataí do Sul
Oeste: Farol e Mamborê
Noroeste: Araruna
Fonte: SEPL (2005)
MAPA 3 – Localização Geográfica de Campo Mourão
A distância de Campo Mourão em relação a algumas cidades do País e com
mercados do Mercosul é de:
9 Brasília 1.110 km
9 Curitiba 477 km
Campo
Mourão
100
9 São Paulo 659 km
9 Foz do Iguaçu 323 km
9 Buenos Aires (Argentina) 1.650 km
9 Assunção (Paraguai) 660 km.
Esse entroncamento coloca o município em uma posição privilegiada com
acesso fácil a grandes centros nacionais industriais e comerciais como Curitiba, e Foz
do Iguaçu e São Paulo, além de cidades importantes do Mercosul, como Buenos Aires
e Assunção. Essa localização estratégica resulta em uma logística de escoamento da
produção e obtenção de matéria prima competitiva, sobretudo para as empresas
exportadoras. Além disso, as ligações rodoviárias conduzem a outros mercados
importantes para a produção local, tais como a região sudoeste e norte do Estado. As
condições das rodovias são satisfatórias.
Segundo dados do IBGE, em 2003 Campo Mourão possuía 8 agências
bancárias. Na cidade está instalada uma usina hidrelétrica na margem do Rio Mourão a
6 km da cidade, com potência instalada de 8,2MW, que abastece parte da região
centro-oeste. A cidade conta com uma frota de mais de 25 mil veículos, sendo 67%
automóveis e 7% de caminhões (IBGE, 2004).
Em relação à educação, Campo Mourão possuía em 2000 uma taxa de
analfabetismo de 10%, pouco acima da média do Estado (9,5%). Em 2004 a cidade
possuía 2 instituições de ensino superior – 1 pública e 1 privada – 16 escolas de ensino
médio e 40 de ensino fundamental (Tabela 1).
2004 Escolas Matriculas
Ensino Fundamental 40 14074
Ensino médio 16 4181
Ensino Superior 2 4474
Fonte: Fundação Educere (2005)
TABELA 1 – Panorama Educacional
101
5.3.1
População Local e Emprego na Atividade Principal do APL
A população residente do Município de Campo Mourão em 2000 totalizava
80.476 habitantes, sendo que 38.566 é referente à população economicamente ativa
(Quadro 6). O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M em 2000 era de 0, 774 –
(Quadro 7) e o total de empregos formais era de 14.879 pessoas, conforme dados da
RAIS/MTE (Quadro 8).
OUTROS INDICADORES DE MERCADO DE TRABALHO
Censo/2000
Indicadores Masculino Feminino Total
População Residente 38,869 41,607 80,476
Taxa de Analfabetismo (%) (1) 7,41 10,53 9,04
Pop. Economicamente Ativa 22,836 15,73 38,566
PEA Desocupada 3,312 3,184 6,496
PEA Ocupada 19,524 12,546 32,07
De 16 a 24 anos 4,111 2,974 7,085
Rendimento Médio (em R$) 672,38 377,91 557,18
Fonte: CENSO/2000 - IBGE. Elaboração TEM
Nota:
(1) Taxa de analfabetismo para pessoas de 10 anos ou mais de idade
(2) Compreende os empregados com carteira, militares e estatutários
(3) Compreende os empregados sem carteira e os conta-própria
QUADRO 6 – Indicadores do Mercado de Trabalho
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
IDH
Referência Índice
2000 0,774
Fonte: PNUD
QUADRO 7 – Índice de Desenvolvimento Humano
102
Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda
Município: CAMPO MOURÃO (41.0430) – PR
NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2003
Indicadores Masculino Feminino Total
Total das Atividades 9,712 5,167 14,879
Extrativa Mineral 7 0 7
Indústria de Transformação 1,079 471 1,55
Serviços Industriais de Utilidade Pública 30 18 48
Construção Civil 441 20 461
Comércio 2,364 1,364 3,728
Serviços 4,465 2,186 6,651
Administração Pública 517 1,057 1,574
Agropecuária 809 51 860
Idade de 16 a 24 anos 2,239 1,077 3,316
Fonte: RAIS/2003 – TEM
QUADRO 8 – Número de Empregos Formais - 2003
Campo Mourão desempenha essencialmente atividades urbanas (comércio e
serviços), com um setor industrial diversificado com predomínio agroindustrial. O setor
de serviços representa aproximadamente 47% e a indústria 26% do valor adicionado no
Município. O município caracteriza-se como um dos mais importantes pólos
agroindustriais do Estado.
Em Campo Mourão está sediada a maior cooperativa agrícola do Brasil, a
COAMO Agroindustrial Cooperativa. Ela nasceu em 28 de novembro de 1970 como
Cooperativa Agropecuária Mourãoense Ltda. A COAMO recebe hoje cerca de 3,3% de
toda a produção nacional de grãos e fibras e 17% da safra paranaense. (COAMO,
2005). Possui 89 unidades de atendimento, localizados em 53 municípios do Paraná,
Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Sua capacidade de armazenagem é de 3,3
milhões de toneladas de grãos.
A partir dos anos 80 a COAMO implantou indústrias, como a fiação de algodão, a
destilaria de álcool, as indústrias de óleo de soja e a fábrica de margarina no ano de
103
2000, impactando no desenvolvimento da região. A agroindustrialização é uma forma
de agregação de valor à produção dos associados. Além da atuação forte no mercado
nacional, a COAMO tem se destacado no mercado externo, onde são comercializadas
as commodities agrícolas nos sistemas FOB e CIF, com certificado de rastreabilidade
que garante o controle do produto COAMO do campo até o seu destino. No total, em
2005, foram exportados 1,72 milhões de toneladas de produtos, gerando uma receita
de US$ 356,04 milhões, posicionando-se como a 55ª empresa exportadora brasileira.
Os principais países compradores situam-se nos continentes Europeu e Asiático. Outro
ponto relevante é que a COAMO em suas propriedades agrícolas faz reflorestamento
para fins energéticos. (COAMO, 2005).
5.3.2 Potencialidades Regionais
Segundo dados do IBGE (2000), 7,7 milhões de pessoas estavam sem trabalho
em 1999 no Brasil. No caso específico do Brasil, a relação entre o emprego, o
desenvolvimento das micro e pequenas empresas e o crescimento econômico pode ser
demonstrada pelo fato de que, representando mais de 90% das empresas registradas,
elas respondem por cerca de 20% do PIB e empregam mais de 50% da mão-de-obra
ocupada.
Além disso, existe um reconhecimento internacional da importância do papel da
competitividade das micros, pequenas e médias empresas na estabilidade e
crescimento sócio-econômico dos países. A cidade de Campo Mourão possui ativos
tecnológicos que a diferenciam positivamente em relação a outras cidades de porte
semelhante e até mesmo de algumas capitais. A incubadora de base tecnológica
(Fundação Educere), aliada a parceiros estratégicos, deve gerar futuros
empreendimentos, seja em nível de incubadora ou na geração direta de produtos e
serviços.
104
5.4 História e Origem do APL
O Arranjo Produtivo Local de Campo Mourão (PR) teve origem com a criação da
Fundação Educere que é a única Instituição do gênero (na área de saúde) do Paraná,
de cunho privado e sem fins lucrativos. Empresários da região, que acreditavam no
potencial empreendedor de alguns jovens, resolveram se reunir para iniciar as
discussões e troca de informações com o intuito de viabilizar um Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento na área de biotecnologia. O foco principal foi a incubação de
empresas, a partir de um projeto social inovador que atuava na formação de jovens
com potencial empreendedor.
Essa Fundação começou suas atividades em 2000 por iniciativa de Ater
Cristófolis, empresário local do ramo de saúde, que tinha como principais objetivos
tornar Campo Mourão referência na indústria de saúde do Brasil e contribuir para o
desenvolvimento tecnológico da região. A Educere tem como objetivo disseminar a
cultura empreendedora e formar novos empresários através da pesquisa e
desenvolvimento de novos produtos e processos tecnológicos na área de saúde,
possibilitando o enriquecimento do processo educacional, trazendo para o ensino a
dimensão da realidade mercadológica.
No ano de 2000 em Campo Mourão, embora houvesse a atividade de agricultura
que era predominante na região foram iniciadas diversas discussões através de fóruns
de desenvolvimento local aonde chegaram à conclusão de que somente as ações
voltadas à agricultura não eram suficientes para que houvesse o crescimento
econômico. Esta atividade não estava mais adicionando valor ao que se produzia e as
Cooperativas que dominavam esta prática não tinham interesse em investir em novas
tecnologias. Descobriu-se então um segmento que começava a despontar em Campo
Mourão e já trazia benefícios para o município – pequenas indústrias de equipamentos
da área de saúde. Ater Cristófoli, que fazia parte deste grupo de discussões, incluiu no
planejamento da Fundação Educere a realização de um Programa de incubação de
empresas, na época chamado de “Projeto Indústria de Empresários” em função da falta
de conhecimento do termo “Incubadora”.
105
A Fundação Educere apóia e fomenta projetos de equipamentos tecnológicos na
área de saúde, sendo as atividades norteadas através de um Plano de Ação que
fornece infra-estrutura de apoio. Ela busca facilitar a formação de novas empresas de
base tecnológica acelerando sua consolidação e ajudando a superar mais rapidamente
as barreiras tecnológicas, gerenciais e mercadológicas. Este apoio técnico às empresas
associadas e residentes envolve desde consultorias até treinamentos especializados
com o intuito de desenvolver uma cultura de associativismo e ações compartilhadas.
Para tanto, a Fundação procura amparar as novas empresas para que seus
produtos e processos originados da pesquisa tecnológica possam alcançar o mercado
global e contribuindo desta forma para a geração e manutenção de emprego e renda,
preparando empresários e empresas para obtenção de certificações ISO (quando
necessário) e consequentemente preparando para o comércio exterior.
A Fundação mantém projetos em parceria com diversas instituições que apóiam
o empreendedorismo. Ela mantém uma escola técnica com cursos de mecânica e
eletrônica (custeados pela empresa Cristófolis); projetos de pré-incubação e incubação
de empresas, apoiadas pelo Sebrae Local e Nacional, assim como pela Finep, CNPQ,
FECILCAM e UTFPR - Campus Campo Mourão.
Os jovens recebem na Fundação formação e recursos para manifestarem o seu
empreendedorismo através de atividades sócio-educacionais de caráter multidisciplinar
com cursos de formação nas áreas de eletrônica, mecânica, escultura clássica e
biotecnologia.
Em paralelo ao programa de Incubadora de Empresas, a Fundação Educere
executava o projeto de ensino técnico na área de mecânica industrial e eletrônica. Após
2 anos do ensino técnico, com a cultura empreendedora já disseminada dentro da
Fundação, começaram a surgir as primeiras idéias, onde se deu início a pré-incubação
de projetos. A Fundação, desde então passou a ter como base o “projeto de pré-
incubação” e pretende que 70% das empresas incubadas advenham deste projeto.
Atualmente a Fundação Educere é uma das instituições mais respeitadas de
Campo Mourão em função dos resultados visíveis que tem alcançado, atraindo muitos
empreendedores e instituições interessadas em apoiar seus projetos. A Incubadora
apresenta também um forte diferencial que está ligado diretamente à Responsabilidade
106
Social, não aceitando a produção de equipamentos que prejudiquem o meio ambiente e
a vida e mantém adolescentes carentes estudando gratuitamente no ensino técnico da
Fundação.
Cabe ressaltar ainda que os empresários desenvolvem projetos sempre em
parceria, trocando informações uns com os outros, procurando reduzir custos com a
união de ações. Não desenvolve projetos que podem concorrer com alguma empresa
que esteja no processo de incubação havendo uma complementaridade de todos no
APL.
A Incubadora Educere de Base Tecnológica conta atualmente com empresas em
processo de incubação, todas voltadas à área de saúde onde os produtos produzidos e
comercializados pelas empresas apresentam diferenciais significativos e são projetados
para concorrerem no que se refere à eficiência e design, com produtos importados,
porém com preços mais acessíveis.
Este apoio concedido pela Fundação visa à superação de barreiras
tecnológicas, gerenciais e mercadológicas cujos treinamentos e desenvolvimento de
uma cultura de associativismo e conscientização da importância de ações
compartilhadas entre as empresas era fundamental para a criação de empresários
cooperativos.
Fonte: Fundação Educere (2005)
FOTO 1 – Capacitação dos Jovens Empreendedores
107
Fonte: Fundação Educere (2005)
FOTO 2 – Orientação ao Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
Fonte: Fundação Educere (2005)
FOTO 3 – Capacidade de Inovação e Aperfeiçoamento de Produtos
108
Fonte: Fundação Educere (2005)
FOTO 4 – Incentivo ao Desenvolvimento de Novos Projetos
Fonte: Fundação Educere (2005)
FOTO 5 – Projeto Social
109
5.5 Número e Perfil das Empresas que compõe o APL
Este APL é composto por 13 empresas, entre elas 6 empresas graduadas e 2
incubadas que desenvolvem projetos mecânicos industriais e empregam 138 pessoas.
Neste universo, vale ressaltar que todas foram ou estão vinculadas à Fundação
Educere e a maioria exporta seus produtos.
As outras 5 empresas são fornecedoras de componentes eletrônicos, resistências
elétricas, peças fundidas e estruturas de inox/peças. Estas empresas surgiram para
atender o Arranjo Produtivo Local – APL. Estão crescentemente diversificando suas
bases de clientes e novos mercados. Algumas empresas também prestam serviços
especializados e fazem usinagem de precisão inclusive com serviços disponibilizados
de solda.
5.6 Instituições de Suporte
No local existem instituições de suporte ao APL que prestam serviços essenciais
para o desenvolvimento e crescimento da região:
SENAI: atua em parceria com a Fundação Educere, fornecendo mão-de-obra em
eletrônica para o desenvolvimento de novos equipamentos que atendam às
necessidades específicas dos produtos desenvolvidos.
SEBRAE/PR: oferece apoio empresarial via cursos como o Empretec e
Orientação para Crédito; além de consultorias em gestão administrativa e o
programa de apoio ao desenvolvimento tecnológico de micro e pequenas
empresas denominado PATME.
FECILCAM – Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão: tem uma
parceria com a Fundação Educere na oferta de apoio econômico através de
cursos e consultorias especializadas.
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná / Campus Campo
Mourão: mantém um programa de desenvolvimento de novos empreendedores
110
nas áreas de alimentos, ambiental e construção civil e possibilita o uso de seus
laboratórios para realização de testes, ensaios e desenvolvimento de produtos,
assim como assessoria nas áreas de química e desenvolvimento de projetos
tecnológicos.
CIES – Centro Integrado de Educação Superior: instituição que oferece cursos
nos níveis médio e superior nas áreas de administração de empresas, relações
exteriores, ciências biológicas, direito, agronomia, medicina veterinária, sistemas
de informação, farmácia. Sua estrutura oferece apoio no uso de seus
laboratórios para testes e ensaios.
ACICAM – Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão: instituição
que apóia empresas do comércio e da indústria, oferecendo serviços de proteção
ao crédito – SPC, treinamentos e palestras.
REPARTE – Rede Paranaense de Incubadoras do Paraná: presta auxílio na
troca de informações, redes de contato e apoio através de revista informativa.
ANPROTEC – Associação Nacional de Incubadoras do Brasil: oferece
informações referentes à rede de incubadora do Brasil, subsidiando cursos e
treinamentos.
5.7 EMPRESAS ENTREVISTADAS
Visando atender os requisitos do objetivo geral estabelecido, o presente trabalho
procurou conhecer a opinião das empresas do setor, caracterizadas como incubadas,
graduadas e alguns fornecedores que compõem esta cadeia produtiva.
A escolha destas 13 empresas se baseou no perfil de empresas de base
tecnológica, com participação ativa no APL, empregando integrantes da própria
comunidade local. São produzidos nestas empresas equipamentos e instrumentos
médico-odontológicos voltados para o mercado nacional e internacional com alto valor
agregado.
111
O quadro abaixo apresenta os diversos tipos de produtos ou serviços das
empresas pesquisadas do APL (Quadro 9).
Empresas Incubadas
Nome da Empresa Tipo de Produto
Saubern Reprocessadora automática de filtros de hemodiálise
MGE do Brasil Montadora Geral de
Eletro Eletrônico
Montam circuitos eletrônicos
Elaboram projetos eletro eletrônicos
Empresas Graduadas
Nome da Empresa Tipo de Produto
Sieger Equipamentos Médico
Laboratoriais Ltda
Autoclaves; Indicadores Biológicos para esterilização a vapor;
Incubadora Clean-Test para 18 ampolas;
Mini-Incubadora com 4 ampolas
Clean-Up Brasil Biotecnologia Ltda Laboratório de pesquisa e desenvolvimento de produtos e
processos biotecnológicos nas áreas de química, alimentícia,
farmacêutica e biomédica. Apresentam indicadores químicos e
biológicos.
Ortus Indústria e Comércio Ltda Aparelho de ultra-som piezo elétrico com jato de bicarbonato;
Aparelho de profilaxia por bicarbonato de sódio
Visium Biossegurança Ltda DUO (equipamento contendo toalheiro, espelho e saboneteira);
Nabucha (produto que compõe reservatório para detergente e
local para colocar a esponja);
Biobag (toalhas de papel)
Acme Equipamentos Médico
Odontológicos
Aspirador cirúrgico (5 produtos diferentes);
Insuflador se solução para lipoaspiração;
Kit de sucção I e II;
Bomba de vácuo (2 tipos diferentes);
Bandeja de coluna;
Adaptador para cânulas largas;
Suctor;
Pedal de Acionamento prático;
Kit de aspiração (2 tipos diferentes);
Kit de frascos coletores
Cristófoli Equipamento de
Biossegurança Ltda
Autoclaves;
Termodesinfecção e ultra-som;
112
Lavadora de instrumentos cirúrgicos;
Mini-incubadoras;
Indicadores biológicos;
Cuba de ultra-som;
Cuba plástica;
Suporte para pacotes se esterilização em autoclaves;
Emulador TST;
Incubadora Clean-Test;
Higipratic I e II (para acionamento elétrico de torneiras);
DUO (dispensador de papel toalha e sabonete líquido);
Envelopes e embalagens para esterilização a vapor
Fornecedoras
Nome da Empresa Tipo de Produto
Albatroz Fundição e Ferramentaria Produção de peças fundidas e ferramentaria
KL do Brasil Componentes Elétricos
Ltda
Resistências elétricas tubulares industriais para todos os fins;
Aquecedores elétricos industriais;
Coleiras e cartuchos
Hergus Inox e Teclaser Tecnologia
CNC em corte e dobras de chapa
Inox (cubas para auto-clave);
Cortes em aço carbono, alumínio e aço inoxidável
Eymysam Usinagem de Metais Usinagem de metais;
Acessórios para banheiras, ofuros e spas
Indústria de Produtos Naturais
Deshydrater Ltda
Atendem a linha farmacêutica e hospitalar com:
Ácido Bórico, Água Boricada, Água Oxigenada, Citrato de Ferro,
Cloreto de Magnésio, Enxofre Ventilado, Formol Inibido,
Glicerina Bi-destilada, Álcool, Álcool de Cereais e de Iodado,
Alumem de Potássio, Amoníaco Líquido, Hipossulfito de Sódio,
Óleo de Amêndoa-Copaíba-Ricino-Mineral, Solução Hipossulfito,
tintura de Iodo, Vaselina Líquido-Sólida, Violeta Genciana, Azul
de Metileno, Benzina Retificada, Bicarbonato de sódio,
Carbonato de Cálcio, Permanganato de Potássio, Tópico
Almotolia, PVPI Tópico, Sal Amargo e Amoníaco e Solução
Fisiológica.
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 9 – Tipos de Produtos e Serviços disponibilizados pelo APL
113
As entrevistas foram realizadas no período de 17 a 20 de Julho de 2006, com um
guia de entrevista composto de 41 perguntas divididas em 6 blocos consecutivos.
5.8 Apresentação e Análise dos Resultados e Verificação das
Hipóteses
5.8.1 Apresentação e Análise dos Resultados nos Elementos do
Capital Social
5.8.1.1 Cooperação
Ao analisar um dos elementos do capital social, a “cooperação”, que, conforme
visto na revisão de literatura é um dos principais ativos da capacidade de competição
das comunidades no mundo globalizado, verificou-se que neste APL a interação entre
as empresas é importante (Gráfico 1).
114
A empresa troca iias ou discute
dificuldades e estratégias com outras
empresas do APL
62%
38%
Ocasionalmente Frequentemente
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 1 – A empresa troca idéias e estratégias
Esta interação ocorre frequentemente e geralmente de modo informal, através
de conversas do dia-a-dia ou até mesmo em reuniões ou eventos sociais que permitem
esta troca e interação visando benefícios comuns (Gráfico 2).
Como Foram Reguladas as Interações
0%
62%
38%
Contrato Inf ormal As duas formas
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 2– Como foram reguladas as interações
115
Além disto, os empresários procuram visitar outras empresas do arranjo para que
essa cooperação seja fomentada de uma forma dinâmica visando o desenvolvimento
tecnológico da região, expansão do mercado e troca de experiências para ampliar
horizontes e formas de atuação mais dinâmica que respondam de uma forma mais
efetiva a demanda do mercado (Gráfico 3).
A empresa visita outras empresas do APL
38%
62%
Ocasionalmente Frequentemente
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 3 – A empresa visita outras empresas do APL
Na revisão da literatura sobre cooperação pode ser comprovada com o (Gráfico
4), onde este elemento do capital social funciona como catalisador dos negócios e do
próprio desenvolvimento tendo por base a participação voluntária em projetos ou ações.
Neste APL de Campo Mourão, a transparência adquirida com a interação ocorrida nos
últimos 6 meses, permitiu um maior intercâmbio entre as empresas e sendo
estabelecidas parcerias com o intuito de reduzir as incertezas do mercado.
116
Sua empresa interagiu nos últimos 6 meses com
empresas pertencentes ao APL em algum projeto
ou ação para gerar benefício comum
77%
23%
Sim o
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 4 – Interação com as empresas que leva à cooperação
A cooperação se faz presente no APL de Campo Mourão. Uma relação
privilegiada entre atores contribui para que se engajem na busca de interesses comuns,
formando assim relações sociais com uma sinergia forte e estrutura sólida. Isto pôde
ser constatado no desenvolvimento de novos produtos (10) e no próprio treinamento de
mão-de-obra qualificada (Gráfico 5), onde a Fundação Educere oferece treinamentos
em diversas áreas. Além disto, há também o SENAI local que oferece cursos em
conjunto com a Escola Técnica.
117
A sua empresa interage com outras empresas do APL
10
8
8
6
6
6
5
5
3
0
024681012
No desenvolvimento de novos produtos
No treinamento de mão-de-obra
Na troca/empréstimo de materiais
No desenvolvimento de novos serviços
No desenvolvimento de novos processos
Na transferência de tecnologia
No marketing
Na compra de matéria-prima
Outros
Não interage
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 5 – Interação da empresa com outras empresas do APL
5.8.1.2 Confiança
O segundo elemento do capital social analisado foi à confiança, cujas relações
estabelecidas no APL demonstram e confirmam a visão de Augusto Franco. Os
objetivos e benefícios mútuos formam grupos mais estáveis para compartilhar a gestão
fortalecendo os vínculos e principalmente gerando relações baseadas na confiança.
69% dos empresários confirmam que podem confiar na maioria das pessoas do APL
(Gráfico 6).
118
Ao analisar a confiança do grupo de empresários
que pertencem ao APL você diria que
0%
69%
23%
8%
Geralmente as pessoas não confiam uma nas outras
Pode-se confiar na maioria das pessoas
Nunca é demais ter cuidado
É preciso estar atento porque alguém pode tirar vantagem
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 6– Análise da confiança do grupo de empresários
Este grau de confiança é alcançado através do conhecimento mútuo, intercâmbio
e desenvolvimento de relações que ganham maior estabilidade, ou seja, é um vínculo
que combina a aceitação do risco com um sentimento de afetividade e valores
associativos (Gráfico 7 ).
119
Qual o seu grau de confiança em relação as empresas
que compõe o APL
0%
15%
0%
23%
62%
Confio muito pouco Confio pouco
Confio totalmente Nem pouco nem muito
Confio muito
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 7– Grau de confiança no APL
Ao analisar a confiança (Gráfico 8), constata-se que 54% dos entrevistados
acreditam que o grau de confiança no último ano melhorou. A melhora parece ser
creditada à estratégia de empoderamento local, que possibilita uma maior mobilização,
capacidade propositiva, negociante e executiva, tornando-se num sentido mais amplo,
um exercício de cidadania. Isto inclui saberes que geram ferramentas dinâmicas e
econômicas podendo induzir ou estruturar políticas públicas.
120
V
ocê acha que no último ano o grau de confiança entre
as empresas que fazem parte do APL
54%
0%
38%
8%
Melhorou Piorou Permaneceu mais ou menos o mesmo Desconheço
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 8– Grau de confiança
5.8.1.3 Reciprocidade
Alguns empresários entrevistados testemunharam que enfrentando dificuldades
de falta de materiais por questões operacionais acabam sempre procurando as
empresas que compõem o arranjo para ajudá-los. Esta reciprocidade é freqüente e
auxilia para que possam continuar sua produção evitando grandes prejuízos. Além
disto, à medida que este elemento do capital social se fortalece as relações tornam-se
mais estáveis melhorando o fluxo de informações para desenvolver produtos,
processos e serviços, cuja reciprocidade facilita este intercâmbio. Quando há
necessidade de treinar uma equipe para qualificação da mão-de-obra específica, por
exemplo, as empresas que compõe o APL se reúnem para viabilizar esta necessidade
levantada. Estes dados estão mostrados no Gráfico 5.
Outra situação que mostra a presença da reciprocidade é constatada quando as
empresas enfrentam dificuldades técnicas sobre escolha ou utilização da melhor
121
tecnologia para inovação de produto. Elas conseguem viabilizar a troca de dados e
informações neste sentido. Este apoio traz vantagens competitivas ao conjunto de
empresas na medida em que fortalece a identidade local do setor de saúde na região.
Este elemento do capital social facilita a solução de problemas superando barreiras
inclusive operacionais do dia-a-dia (Gráfico 9).
Ao ocorrer dificuldade técnica e operacional em sua
empresa qual a probabilidade das empresas que fazem
parte do APL cooperarem para tentar resolver o
problema
54%38%
8%
Muito provável Relativamente provável Relativamente improvável
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 9 – Reciprocidade entre as empresas
E por último, este elemento do capital social ativo na região pode ser
classificado como “Capital Social Comunitário”, dentro dos 3 citados na literatura
internacional sobre o tema. Ele corresponde às relações sociais comunitárias dos
indivíduos que geram relações recíprocas beneficiando todos, sendo também uma
forma de direcionar o potencial organizativo que estas empresas do APL possuem
(Gráfico 10).
122
Sua empresa ajuda o grupo a ter acessso a
algum tipo de serviço ou informação específica
92%
8%
Sim o
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 10– Posicionamento das empresas que geram relações
recíprocas
5.8.1.4 Rede
Com as informações obtidas mediante ao referencial bibliográfico, segundo a
visão de Franco (2001), a rede é composta por um conjunto de nós interconectados que
propiciam condições dentro de um grupo para que as pessoas possam discutir, trocar
idéias e experiências visando solucionar problemas e conflitos existentes. Neste
contexto as empresas passam a interagir entre si ocorrendo uma maior articulação de
ações estratégicas, havendo maior cooperação entre o grupo e compartilhamento do
aprendizado. Em Campo Mourão a Rede de relacionamentos entre as empresas que
compõe o APL de instrumentos e equipamentos médico-odontológicos é boa e permite
a geração de oportunidades e agregação de valor aos produtos oferecidos no mercado
competitivo, conforme visto anteriormente. Porém, o desenvolvimento do território
dependerá ainda da construção de uma rede efetiva envolvendo diferentes instituições.
Elas poderão contribuir com ações efetivas e conjuntas necessárias para resolução dos
123
problemas locais. Pode-se constatar ainda que as empresas participam regularmente
das atividades em grupo que são realizadas na região pelo APL. (Gráfico 11).
Sua empresa participa regularmente de alguma
atividade em grupo no APL
92%
8%
Sim o
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 11– Participação de atividades em grupo no APL
A instituição que mais mobiliza o grupo é a própria Fundação Educere que tem
um papel fundamental neste contexto porque propicia condições para que as empresas
possam discutir e solucionar conflitos existentes visando benefícios conjuntos. Porém
estes problemas devem também ser compartilhados com outras redes ou grupos
organizacionais que possam ajudar ao processo de desenvolvimento local da região o
que não ocorre em Campo Mourão. A Associação Comercial também mobiliza o grupo,
mas não participa muito das reuniões ou não ajuda com parcerias mais estratégicas
que visem ampliar as ações do APL. Quanto ao SEBRAE, também mobilizam de certa
forma as empresas do grupo, mas procuram viabilizar um projeto com o intuito de
estruturar um Pólo de Desenvolvimento Tecnológico com empresas de excelência na
região com previsão até 2011 prevendo ações estratégicos divididas em 5 diretrizes:
1. Estruturação e criação de um Parque Tecnológico;
2. Legislação e incentivo à inovação e ao pólo;
3. Educação Tecnológica e empreendedora;
4. Integração entre as Instituições Locais;
5. Inteligência competitiva.
124
A idéia é ótima, mas para sua viabilização será necessário que o APL tenha
fortalecido sua rede interna para que as instituições possam trabalhar em grupo,
ampliando as parcerias e visando fortalecer a identidade do setor de saúde na região.
(Gráfico 12).
Qual a instituição que mais mobiliza o grupo
11
7
7
3
2
1
0
0
0
0
0
0
0 2 4 6 8 10 12
Fundação Educere
Associação Comercial
Sebrae
Sindicato
Rede APL
Outros (Reparte e Senai)
Grupos ou movimento político
Clubes sociais
Clubes de prestação de servo
ONGs
Cooperativas
Comitês
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 12– Instituições mobilizadoras do grupo
Apesar da liderança do grupo ser muito representativa e forte no sentido de
mobilizar as pessoas (Gráfico 13), os entrevistados acreditam que se deve ampliar a
Rede composta por instituições para que haja um maior fortalecimento da estrutura
interna. Isto permitirá ampliar horizontes, parcerias, viabilizar estratégias para mercados
externos valorizando a própria vocação regional. A preocupação principal dos
entrevistados consiste em ter uma visão mais ampla do arranjo produtivo onde será
essencial que a governança esteja bem estruturada, forte e sólida capaz de manter o
grupo organizado e qualificado para atender a demanda do mercado e saber se
posicionar mediante as incertezas decorrentes de um ambiente competitivo e global.
125
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 13– Efetividade da liderança
Constatou-se ainda que o maior benefício para as empresas participarem destes
grupos é o maior acesso à informação (Gráfico 14) onde trocam idéias para aperfeiçoar
seus produtos e inovar seus processos. Neste caso, podemos citar o exemplo da
Saubern, que através deste benefício conseguiu lançar nos mercados nacional e
internacional a única reprocessadora de filtros de hemodiálise automática. Outro
benefício para as empresas do APL, é a ampliação das relações de parcerias e
aumento dos negócios. Empresas como a Clean-Up, Visium e Sieger saíram da
Fundação Educere onde eram incubadas, para ampliar seus negócios com instalações
maiores que permitem aumentar o volume de produtos ou serviços a serem produzidos
para atender melhor a demanda do mercado.
De um modo geral você diria que a liderança do
grupo é
23%
77%
0%
Muito efetiva Relativamente efetiva Não é efetiva
126
Qual o benefício para a empresa fazer parte destes grupos
12
11
9
1
1
1
0
02468101214
Maior acesso à
informões
Amplião de
relações de parceria
Aumento dos
negócios
Posição social
Fortalecimento da
auto-estima
Outro (política
regional)
Maior projeção
política
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 14– Benefício para a empresa fazendo parte do grupo
5.8.2 Apresentação e Análise dos Resultados da Competência
Técnica
O conjunto de características que compõe a competência técnica como saberes,
conhecimentos, aptidões e habilidades capazes de produzir efeitos nos resultados ou
na própria solução de problemas, permitem que as ações do APL sejam baseadas em
competências que ensinam as pessoas a agirem em situações de incertezas e
fragilidades do mercado. Os jovens empreendedores participam constantemente de
cursos de qualificação na Fundação Educere onde enfrentam desafios que levam a
superar barreiras do processo de inovação tecnológica. Ao analisar o funcionamento
127
dos grupos do APL, verificou-se que as competências técnicas das pessoas e
empresas são percebidas pela maioria e isto é importante porque dão suporte e
subsídios para adotar estratégias e mobilizar recursos em função de projetos
aproveitando desta forma talentos que acompanhem a dinamicidade do mundo dos
negócios. (Gráfico 15).
No funcionamento dos
g
rupos do APL as competências
técnicas das empresas/pessoas participantes são
percebidas
3
0
10
0
2
4
6
8
10
12
Por todos Pela maioria Pela minoria Não é
percebido
o sabe
opinar
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 15– As competências técnicas são percebidas
Na visão de Bitencourt & Gonçalo (2004) visto anteriormente na literatura,
verificou-se que o conhecimento é formado por informações cujo sistema de idéias e
percepções levam a destacar habilidades. Estas habilidades permitem externalizar à
criação e adquirir conhecimentos fundamentais para desenvolver competências onde
no (Gráfico 16), constata-se que na região há um grande conhecimento desta vocação
regional. As habilidades desenvolvidas pelo grupo são fundamentais e importantes para
que haja o desenvolvimento tecnológico na área de biotecnologia de Campo Mourão.
Além disto, as empresas passam a perceber a responsabilidade pelo trabalho
desenvolvido, assim como os resultados a serem obtidos através do desempenho neste
128
ambiente. Este portfólio de competências técnicas permite que haja uma maior
obtenção de resultados efetivos no setor a partir do momento em que é valorizado o
potencial regional, tornando o contexto mais dinâmico e apto a se posicionar no
mercado globalizado.
Você conhece as competências técnicas das
empresas e instituições que fazem parte do APL
38%
62%
0%
Todas Algumas Não conheço
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 16– Conhecimento das competências técnicas do APL
Em Campo Mourão foi fundamental para as empresas conhecer estas
competências técnicas porque as pessoas passaram a reconhecer seus pontos fortes,
fracos e se auto-valorizam. Em alguns casos, esta competência permitiu desenvolver
produtos que levaram a empresa a se destacar no mercado externo, como é o caso da
empresa de equipamentos de hemodiálise – “Saubern“.
129
5.8.3 Verificação das Hipóteses
5.8.3.1 Verificação da 1ª Hipótese
“O capital social existente na região contribui para a consolidação e
expansão de um Arranjo Produtivo Local – APL.”
Ao analisar o APL de Campo Mourão, constatou-se que os elementos são
fundamentais para consolidar o APL, permitindo executar atividades planejadas tanto
para o desenvolvimento de produto e processo, como também para o próprio
desenvolvimento regional do município. Neste cenário há uma ampliação do setor de
saúde através do aumento e expansão do volume de negócios gerados proporcionando
crescimento com a realização de parcerias no exterior, cujas exportações atingem mais
de 36 países, como é o caso da Empresa Cristófoli. Neste arranjo produtivo a confiança
gerada é resultado de interações repetidas e bem sucedidas que resultam em
credibilidade construída entre os protagonistas locais. Este comprometimento entre as
empresas além de gerar oportunidades de mercado e volume de negócios pode ser
mensurado também, pelos comentários gerados informalmente que muitas vezes
trazem informações essenciais para o desenvolvimento de produtos. A empresa Clean-
Up com seu laboratório de pesquisa e desenvolvimento biotecnológico procura através
dos comentários gerados informalmente aperfeiçoar seus processos visando à melhoria
do controle de qualidade e esterilização dos produtos onde o capital social dará suporte
para ampliar esta rede de relações. (Gráfico 17).
130
Como você mensura o comprometimento das empresas que fazem parte do
APL
6
6
6
6
5
5
1
01234567
Gerão de oportunidades
Pela execão das atividades planejadas
Pelos comentários informais
No desenvolvimento de produtos ou processos
Volume de negócios entre as empresas
Pela frequência nas reuniões
Outras reações (desconheçe)
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 17– Mensuração do comprometimento das empresas do APL
Outro ponto relevante e que também comprova a hipótese levantada é que a
interação entre as empresas pertencentes ao APL permite obter projetos e ações
diversificados dentro da cadeia produtiva não havendo concorrência de um mesmo
produto e atuação mais ampla no setor. Este cenário dá suporte para tornar Campo
Mourão um centro de referência na área de biotecnologia promovendo o
desenvolvimento sustentável da região, conforme visto anteriormente no Gráfico 4.
Neste contexto, os quatro elementos do capital social além de influenciarem e
serem à base da expansão do APL tornam-se instrumentos poderosos e fundamentais
ao processo de desenvolvimento regional porque as empresas se auto-organizam
permitindo uma maior interação e troca conjunta viabilizando negócios. Este
comprometimento é fundamental porque o capital social acumulado torna-se a principal
fonte de coordenação da governança do APL, permitindo uma base mais sólida e
estruturada para que haja a expansão destes aglomerados de empresas. Logo, torna-
131
se necessário que esta governança conheça o volume e perfil das atividades
empresariais que compõe a cadeia para analisar as oportunidades regionais a serem
exploradas principalmente em setores alavancadores da economia.
Em Campo Mourão esta governança possui este conhecimento e inclusive
viabiliza a participação em feiras tanto nacionais como internacionais. É importante
ressaltar ainda, que o capital social existente na região composto por um agregado de
recursos reais ou potenciais que estão ligados à participação levam a uma sinergia
entre o setor público e privado a partir do momento que ampliam a confiança (conforme
Gráfico 7 visto anteriormente) e a própria transparência permitindo a implementação de
políticas públicas maximizadoras do bem estar geral. Isto corrobora Bourdieu (1983)
quando diz que as relações puramente de mercado mostram-se incapazes de estimular
a interação entre os agentes locais, bem como o compartilhamento de informações e
conhecimentos requeridos no processo. Este autor afirma que são justamente os
comportamentos associados ao capital social – confiança, compromisso, redes, valores
compartilhados ente outros – que contribuem para que haja esta transparência
permitindo inclusive a implementação de políticas mais direcionadas à necessidade
deste setor. Neste sentido, o trabalho desenvolvido no Paraná em relação aos APLs
prevê políticas públicas ou setoriais para Campo Mourão. (Gráfico 18).
Na sua opinião você diria que as empresas do APL
eso comprometidas com o projeto de
consolidação e expansão do APL
31%
61%
0%
8%
Todas Em sua maioria A metade A minoria
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 18– Comprometimento das empresas com o projeto do APL
132
5.8.3.2 Verificação da 2ª Hipótese
“Relações inter-empresariais trazem benefício para o APL e permitem o
acesso a serviços ou informações específicas”.
Um dos primeiros passos para que as relações entre empresas ou instituições se
fortaleçam e tragam benefícios é a participação em atividades de grupo no APL, ou
seja, as pessoas passam a discutir e solucionar conflitos existentes trocam informações
visando benefícios coletivos. Estas relações permitem que as empresas trabalhem e
produzam de forma flexível, ou seja, de acordo com a necessidade do cliente,
buscando adaptar-se à evolução tecnológica e aos novos padrões de produtos e de
consumo. Além disto, em Campo Mourão como o APL é de base tecnológica este
processo de enriquecimento das atividades desenvolvidas no território, com base na
mobilização de recursos naturais, humanos ou econômicos permitem manter um foco
mais direcionado no setor de saúde visando atender a demanda do mercado, conforme
Gráfico 11 visto anteriormente.
Com as relações inter-empresariais há uma maior mobilização na formulação de
estratégias, programas e projetos cujo trabalho coletivo permite obter cenários mais
eficazes para suprir as carências regionais e necessidades básicas do mercado. No
entanto, cabe ressaltar que a Fundação Educere têm um papel fundamental neste
contexto, porque ela mobiliza e dá suporte para que estas empresas do arranjo possam
estar se reunindo, trocando idéias e fortalecendo os vínculos, conforme Gráfico 12 visto
anteriormente. O espaço criado por esta instituição permite que novos empreendedores
possam estar desenvolvendo algum tipo de serviço ou produto essencial ao setor de
saúde.
Estas relações inter-empresariais visam obter uma competência tecnológica
onde a transmissão e recebimento de informações permite adquirir um conjunto de
conhecimentos que leva a um domínio técnico e tecnológico que não só afetam a
eficiência produtiva como também reforçam a difusão da tecnologia e fortalecimento da
estrutura do APL, ambos essenciais ao desenvolvimento sustentável.
133
Para comprovar esta hipótese, a análise do Gráfico14 vista anteriormente
permite analisar o APL de Campo Mourão quanto ao benefício gerado com as relações
interempresariais devido ao acesso de informações que se obtêm com o grupo. Estas
informações englobam dados necessários para desenvolver novos processos e
produtos, fornecedores que poderiam estar prestando serviços dentro da cadeia
produtiva reduzindo seus custos transacionais como é o caso da empresa Reymann e a
Teclaser. Além disto, há também um maior acesso às informações de quais os
mercados externos que poderiam gerar novas oportunidades de exportação e
divulgação da própria empresa dentro deste segmento de saúde. A empresa Cristófoli
procura compartilhar esta visão e experiência com o mercado externo juntamente com
o grupo de empresas pertencentes ao APL, pois exporta para mais de 36 países.
Bitencourt & Gonçalo (2004) destacam que o conhecimento é formado por informações
que levam a um aprendizado permitindo desenvolver habilidades que darão subsídios
para ações tanto de curto como para longo prazo melhorando o desempenho das
atividades. Desta forma a hipótese é verdadeira porque as relações que se formam são
baseadas numa estrutura que fomenta relacionamentos mais sólidos e eficazes
ampliando as parcerias e aumentando os negócios.
Quanto aos benefícios para a comunidade cabe ressaltar que há uma busca
constante por qualificação profissional com instituições parceiras que forneçam cursos
técnicos mais direcionados a necessidade do mercado e do próprio setor de saúde.
Cabe ressaltar que neste caso apesar das capacitações que são realizadas, faltam
cursos superiores e técnicos nas faculdades da região. As relações que ocorrem no
grupo também trazem benefícios porque levam ao desenvolvimento local. Este
desenvolvimento ocorrerá a partir do momento em que as pessoas passam a
incrementar a economia, pois dispõe de mão-de-obra capacitada constantemente pela
experiência desenvolvida onde o local passa a ser figura-chave para a reprodução de
um sistema dentro de um padrão que envolve eficácia e eficiência globalizante. Para
tanto, Albagli (1999) afirma que com este cenário propício ao desenvolvimento as
pessoas são capazes de absorver novas tecnologias fundamentais ao desenvolvimento
sustentável. Este pressuposto torna-se fundamental em Campo Mourão para que se
134
possa atingir o objetivo macroeconômico em relação à referência regional na indústria
de saúde do Brasil.
Além disto, o fortalecimento da identidade local e a criação de novas empresas
levam ao desenvolvimento regional com ações multissetoriais integradas e
convergentes entre a oferta pública e privada. Este cenário poderá levar a uma
intervenção mais eficiente do Estado gerando políticas públicas condizentes com a
necessidade local.
Em Campo Mourão, há também uma forte interconexão entre setores para que a
especialização leve a incrementar a economia local. Isto é importante porque permite a
melhoria do padrão de vida econômico, cultural e social da população fortalecendo o
pólo e tornando-o uma referência nacional (Gráfico 19).
Qual o benecio para a comunidade do funcionamento
destes grupos no APL
12
12
11
11
9
9
1
02468101214
Qualificação profissional
Desenvolvimento sócio-econômico local
Fortalecimento da identidade local
Crião de novas empresas
Tornar-se pólo de referência nacional no setor
Divulgação nacional da região
Outros (desenvolvimento técnico da região)
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 19 – Benefício para a comunidade do APL
A partir das entrevistas, verificou-se que as empresas se ajudam mutuamente
para obtenção de informações ou serviços onde com as relações existentes e com o
capital social forte no APL as empresas se posicionam melhor no mercado visando
135
objetivos conjuntos e fortalecimento das bases que se tornam mais sólidas, conforme
Gráfico 10 visto anteriormente.
Os laços inter-empresariais criados no grupo são fundamentais porque permitem
que as empresas participem mesmo que não haja benefício individual em alguns
projetos. Novamente a hipótese é comprovada e as relações permitem desenvolver
iniciativas inclusive para mobilizar recursos (Gráfico 20).
Se um projeto o beneficia sua empresa diretamente mas traz
benefícios para outras empresas do APL, a sua empresa:
0
0
0
13
0
2
4
6
8
10
12
14
Participaria Não participaria Somente
observaria
Outro
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 20 – Benefícios inter-empresariais
5.8.3.3 Verificação da 3ª Hipótese
“As competências técnicas locais do APL possibilitam o desenvolvimento
de novas tecnologia e inovações adequadas para a região”.
Prahalad & Hamel (1998) afirmam que as organizações precisam ter a
capacidade de formar, a custos menores e com maior velocidade do que seus
concorrentes, as competências técnicas essenciais que lhes garantam competitividade
136
no longo prazo. As competências essenciais consistem na capacidade de coordenar as
diversas habilidades e integrar as múltiplas correntes tecnológicas. No caso do APL de
saúde de Campo Mourão a prospecção tecnológica visa aproveitar recursos que os
indivíduos possuem, assim como utilizar de uma forma mais efetiva as habilidades e
atitudes para obtenção de um alto desempenho na área.
Ao analisar o funcionamento dos grupos do APL (Gráfico 15), verificou-se que as
competências técnicas das pessoas e empresas são percebidas pela maioria. O
repertório de atitudes possibilita ao profissional adaptar-se rapidamente a um ambiente
inovador onde a aprendizagem é permanente. Além disto, a vantagem competitiva que
possuem leva a obtenção de um valor distinto percebido pelos clientes onde são difíceis
de serem imitadas pela concorrência devido ao forte vínculo entre as mesmas.
Estes conhecimentos e gerenciamento das competências, demonstrados no
Gráfico 16, permitem direcionar ações e proporcionar alianças estratégicas, cuja visão
poderá dar indicativos na formulação de políticas públicas para a região. Podemos citar
aqui a parceria que a Fundação Educere está fazendo com o Sebrae para ajudar as
empresas e instituições que compõe o APL a elaborarem um Plano de
Desenvolvimento Tecnológico. Esta visão de futuro permite construir um cenário que
fortalece o segmento de saúde na região.
Canalizar as competências é essencial para a formação de uma unidade
produtiva sólida e consistente onde o espaço de confiança e aprendizagem é
necessário para a gestão, cuja especificidade do saber abarca a prática cotidiana e a
experiência vivida permite uma melhor reação às incertezas do mercado e
fortalecimento do grupo engajado. De acordo com Prahalad & Hamel (1998), um
aspecto importante da competência técnica é a busca constante do autoconhecimento
porque as pessoas passam a reconhecer seus pontos fortes e fracos se auto
valorizando. Com isto, haverá uma autenticidade e coerência nas comunicações onde
se desenvolve a confiança e investem-se mais nos vínculos afetivos que se
estabelecem porque passam a compreender o contexto em que estão inseridas e a
importância das ações conjuntas. E sob este ponto de vista, o APL de saúde de Campo
Mourão se fortalece cada vez mais, pois constrói horizontes onde o aprendizado é
compartilhado e as pessoas passam a se posicionar melhor direcionando cada vez
137
mais seu poder de ação mantendo o foco para atingir objetivos e desenvolver
estratégias.
. Em Campo Mourão, através do depoimento de alguns empresários pôde-se
constatar que a conjunção de iniciativas e valores que demonstram à complexidade
tecnológica e capacidade de absorção leva a iniciativas de P&D que visam atingir
mercados mais abrangentes. (Gráfico 21).
Na sua opinião quais dos elementos abaixo estão mais presentes no APL e que mais influenciam as
ações
10
9
1
2
3
4
5
7
7
7
024681012
O aprendizado é compartilhado
Elaboram projetos em conjunto
Há engajamento
Assumem responsabilidades conjuntas
As empresas sabem agir em determinadas situações
Mobilizam uma as outras
Existe integração dos diversos saberes de uma empresa para com as
outras
Existe uma gestão compartilhada
Possuem visão estratégica
O aprendizado é individual
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 21– Elementos mais presentes no APL e que influenciam as ações
Cabe ressaltar ainda que, em relação a esta terceira hipótese, todos os
entrevistados confirmam a importância das competências para o desenvolvimento de
138
novas tecnologias e inovações adequadas, tornando-se elementos centrais de
diferenciação estratégica em relação a outros arranjos produtivos locais. (Gráfico 22).
As competências identificadas são
importantes para o desenvolvimento de
novas tecnologias e inovões adequadas
para a região
100%
0%
Sim o
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 22– As competências são importantes para o desenvolvimento
Estes talentos humanos enriquecem as tarefas, trazem um diferencial e
valorizam a criatividade do grupo onde o comprometimento com os objetivos gera
resultados efetivos. De um modo geral, as competências são conhecidas e valorizadas
como sendo aquelas necessárias para executar atividades e atuar em indústrias com
padrões básicos de eficiência sob um patamar mais competitivo em seus mercados.
Estes atributos confirmam a hipótese e reafirmam a teoria vista anteriormente, onde o
conhecimento é tratado como um elemento fundamental para consolidar competências
porque emergem como agente transformador a partir de redes de relacionamentos
onde cada indivíduo cria e recria sua capacidade de ação (Gráfico 23).
139
Na sua opinião as competências técnicas que
sua empresa possui são conhecidas e
valorizadas pelo APL
85%
15%
Sim o
Fonte: Elaborado pelo Autor
GRÁFICO 23– As competências são valorizadas no APL
5.9 TIPOLOGIAS DE ANÁLISES
Nesta etapa deste estudo serão apresentadas 2 tipologias de análise, uma
referente à competência técnica e outra em relação ao capital social. Esta forma de
análise permitirá avaliar o estágio de evolução em que se encontram as empresas
dentro do contexto do APL.
Além disto, poderá se obter um diagnóstico mais preciso das debilidades que
poderão ser trabalhadas e melhoradas, assim como os pontos fortes que poderão ser
mais explorados visando à consolidação e expansão do arranjo.
Obtêm-se ainda estruturas de avaliação que poderão ser testadas e utilizadas
posteriormente em outros APLs, independentemente da atividade que exerçam.
Pretende-se desta forma, mostrar a diversidade de posicionamentos que caracterizam o
tema em questão. A partir das análises que serão apresentadas com as tipologias, será
possível estabelecer estratégias articuladas em termos de obtenção de vantagem
140
competitiva e visão de mercado onde o gerenciamento da governança local poderá ser
exercido sob uma forma mais enfocada e precisa.
5.9.1 TIPOLOGIA DE ANÁLISE DA COMPETÊNCIA TÉCNICA
A partir da teoria relacionada à competência técnica apresentada neste estudo e
da experiência obtida com o estudo de caso, este trabalho pretende sugerir a existência
de três tipos de competências técnicas nos APLs.
Tipos de Competências Técnicas
Sistêmica
Setorial
Profissional
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 10- Tipos de Competências Técnicas
A primeira competência técnica, do tipo sistêmica, estaria relacionada à
capacidade técnica local para trabalhar em projetos do APL, compartilhando
informações, trabalhando em rede, e apoiando na solução de problemas.
No caso da competência técnica setorial, ela seria a competência que diferencia
a empresa ou o APL na atuação em determinado setor fortalecendo a identidade local.
Já a competência técnica profissional seria adquirida na experiência do
desempenho da atividade. É a competência aliada ao conhecimento tácito adquirido no
exercício da profissão, cujos dados e informações tornam-se elementos essenciais para
a busca da competitividade das empresas locais.
Os três tipos de competências técnicas seriam classificados em três diferentes
níveis (Quadro 11):
141
Tipos de Competências Técnicas no
APL
Nível da Competência Técnica
(Baixo, Médio ou Alto)
Sistêmica
Setorial
Profissional
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 11- Análise da Competência Técnica
Para cada nível de cada tipo de competência há uma análise e uma estratégia a
ser desenvolvida no APL:
Nível Baixo – É preciso que a governança do APL pare e reflita sobre a
estratégia utilizada e quais as competências que precisam ser melhoradas ou
desenvolvidas através de qualificação e capacitação no segmento do setor a ser
explorado. O foco deve ser mais direcionado ao APL e seu mercado.
Nível Médio – É preciso que a governança do APL dê maior atenção aos
detalhes dos processos colocados em prática. As competências utilizadas no arranjo
são fundamentais e fornece ferramentas importantes para o up-grade, porém o foco de
atuação do arranjo não está promovendo o avanço da posição competitiva das
empresas. Devem-se redefinir estratégias conjuntas.
Nível Alto – A governança do APL pode seguir em frente com suas estratégias,
uma vez que o conhecimento para competir no mercado global e habilidades
adquiridas até o presente representam oportunidades que garantem a sustentabilidade
das empresas envolvidas no arranjo, proporcionando ganhos de escala mediante a
concorrência do mercado interno e externo.
142
5.10 ANÁLISES DA COMPETÊNCIA TÉCNICA NO APL DE
CAMPO MOURÃO
5.10.1 Análise da Competência Técnica Sistêmica
Quanto à competência técnica sistêmica, no APL de saúde de Campo Mourão,
ela pode ser classificada como de nível baixo. Não existem projetos do APL. As
empresas precisam fortalecer os vínculos com as instituições locais e criar uma rede ou
grupo temático que dê suporte e subsídios na solução de problemas conjuntos. É
preciso que as empresas tenham uma visão mais macro do setor para, por exemplo,
atingir mercados mais abrangentes. Aqui podemos citar como exemplo a experiência do
trabalho desenvolvido no Paraná, anteriormente apresentada. Estão sendo criados
núcleos regionais para fortalecer este elo e facilitar a articulação em diferentes esferas,
seja ela municipal, estadual ou nacional, viabilizando alternativas e soluções de
problemas comuns.
5.10.2 Análise da Competência Técnica Setorial
Analisando o APL de Campo Mourão em relação à sua competência técnica
setorial, pode-se afirmar que seu nível é alto. A competência técnica de cada empresa
do arranjo fortalece a identidade local, dando maior visibilidade e valor ao segmento de
saúde da região. A cadeia produtiva é restrita podendo ser ampliada através de outras
parcerias inclusive regionais e a diversificação dos produtos oferecidos no mercado
permitem que não haja concorrência entre as empresas do APL, ou seja, a variedade
de produtos oferecidos neste setor é ampla cuja atuação no segmento permite que os
empresários ofereçam produtos diferenciados aos seus clientes evitando similaridade
ou cópias.
143
De certo modo, o objetivo de tornar Campo Mourão uma referência na indústria
de saúde do Brasil, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da região, está se
viabilizando de forma efetiva através da busca da valorização da competência técnica
local e da própria capacitação.
Jovens empreendedores com potencial são incentivados no APL a desenvolver
habilidades e criatividade visando o aperfeiçoamento de produtos e a criação de outros
na área de saúde, com penetração tanto no mercado nacional como internacional.
Estas ações fortalecem a identidade local onde a especialização produtiva na área de
saúde já é importante forte, gerando diversos negócios.
Outra variável que comprova o nível setorial alto, fortalecendo a identidade local,
pode ser verificado no Gráfico 17. O gráfico mostra que a geração de oportunidades do
segmento de saúde surge à medida que as empresas do APL estão comprometidas
uma com as outras.
Uma das empresas deste arranjo produtivo, com sua rede de clientes, indicou
outra empresa do arranjo para atender uma demanda específica do mercado porque
acreditava ter potencial e um bom produto. Isto fortalece o segmento de saúde da local
aumentando os negócios entre as empresas, expandindo mercados, desenvolvendo
novos produtos e executando de atividades planejadas.
A existência de uma infra-estrutura para incubar projetos empresariais também é
outra variável importante neste contexto. Ela permite amparar novas empresas para
que seus produtos e processos originados da pesquisa tecnológica possam alcançar o
mercado global na área de saúde. Esta variável é importante porque além de gerar
empregos, melhorar a gestão empresarial, prepara também para atingir níveis de
desempenho na área de saúde que possibilitem maior competitividade.
Por último, a classificação da competência técnica setorial como sendo de nível
alto, também pode ser fundamentada em função da característica regional desenvolvida
pelo grupo no setor de saúde onde procuram uma especialização maior na área de
biotecnologia. Situações como elaboração de projetos em conjunto, compartilhamento
de aprendizado e engajamento levam ao desenvolvimento local da região e do próprio
setor de saúde que forma o APL de Campo Mourão, conforme indicado no Gráfico 21.
144
5.10.3 Análise da Competência Técnica Profissional
Em relação à competência profissional, o nível pode ser considerado médio
devido à falta de cursos técnicos e superiores de formação tecnológica na área de
saúde. Uma ação local importante é desenvolvida pela Fundação Educere. Ela
incentiva jovens entre 14 a 18 anos a desenvolver habilidades no desempenho das
atividades profissionais. Cabe ressaltar ainda que estas competências adquiridas no
desenvolvimento da atividade são direcionadas de tal forma que os jovens ficam mais
confiantes em si mesmos e procuram cada vez mais explorar seus potenciais.
Estas competências compreendem a soma de conhecimentos adquiridos ao
longo de uma função que levam o indivíduo adaptar-se a diversos ambientes
engajando-se inclusive num processo de aprendizagem tecnológica. Vale ressaltar que
esta competência representa um elemento importante para a competitividade de um
setor ou da própria economia, muito embora não seja o único. Todavia, seu papel é
fundamentalmente dinâmico.
5.10.4 Avaliação da Competência Técnica de Campo Mourão
Tipos de Competências
Técnicas no APL
Nível da Competência Técnica
(Baixo, Médio ou Alto)
Sistêmica Baixo
Setorial Alto
Profissional Médio
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 12- Resumo da Avaliação da Competência Técnica de Campo
Mourão
145
5.11 TIPOLOGIA DE ANÁLISE DO CAPITAL SOCIAL
Como apresentado anteriormente, e sintetizado no quadro 13, este trabalho
considera que o Capital Social é composto por 4 (quatro) elementos essenciais:
confiança, cooperação, reciprocidade e rede.
Confiança (C-1)
Cooperação (C-2)
Reciprocidade (R-1)
Elementos do
Capital
Social
Rede (R-2)
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 13- Análise do Capital Social
Está sendo proposta uma tipologia de análise do capital social para APLs,
levando em conta o grau de importância dos seus 4 (quatro) elementos, nas relações
entre empresas e nas relações entre empresas e demais instituições do Arranjo. Os
graus de importância dos elementos podem ser enquadrados como altos ou baixos
(Quadro 14).
Conjunto do Arranjo Produtivo Local
(empresas + instituições)
Baixo
Alto
Alto
Somente
Empresas
Baixo
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 14 – Análise do Capital Social
146
O primeiro elemento analisado é a Confiança (C-1), definida como resultado de
interações repetidas que resultam em credibilidade, mecanismo para governança,
geram sentimentos de afetividade e honestidade melhorando o fluxo de informações e
geração de negócios.
O segundo elemento é a Cooperação (C-2), entendida como a previsão de
comportamento de um ator ou protagonista que permite participar de forma ativa em
conjunto visando benefício comum ou não através da integração, da partilha e da
sinergia e da própria parceria levando a uma maior transparência e oportunidade de
expressão aumentando a capacidade de mobilização.
O terceiro elemento Reciprocidade (R-1) diz respeito a uma contínua troca que a
qualquer momento o favor concedido hoje será retribuído no futuro procurando desta
forma solucionar problemas de ação coletiva.
O quarto e último elemento é a Rede (R-2), que propicia condições aos
integrantes do grupo de discutir e solucionar conflitos existentes, compartilhar valores
cuja conexão leva ao compartilhamento de informações que acabam constituindo
alianças, fortalecendo o intercâmbio, alcançando oportunidades em qualquer
localização tornando-se um fator propulsor da dinâmica econômica.
Confiança Alta no APL e Alta na Empresa– Sinal verde para a governança.
Ótimo clima para fortalecer os vínculos, onde se deve tentar manter o nível para atingir
resultados ainda maiores cultivando a credibilidade, afetividade e honestidade. Este
fluxo deve ser valorizado permitindo uma maior geração de negócios e é um elemento
essencial na consolidação do arranjo.
Confiança Alta no APL e Baixa na Empresa– Sinal amarelo para os
empresários. Para que haja diversificação das atividades de produtos e processos e
ampliação da rede de negócios as empresas deverão aprender a trabalhar em conjunto
fortalecendo elos da cadeia produtiva.
Confiança Baixa no APL e Baixa na Empresa – Sinal vermelho para a
governança e para os empresários. Devem-se fortalecer as relações internas para que
haja um engajamento de ações mais macro principalmente para tornar-se um pólo de
referência no setor. Deve-se trabalhar esta estrutura que é o alicerce para o upgrade.
147
Confiança Baixa no APL e Alta na Empresa – Sinal amarelo para a
governança. Deve-se deixar claro ao grupo os benefícios de se trabalhar num arranjo
produtivo, assim como definir objetivos e focos estratégicos de atuação em grupo. Será
necessária conscientização para ampliação da visão.
Cooperação Alta no APL e Alta na Empresa – Sinal verde para a governança
e para os empresários. Este elemento do capital social poderá proporcionar a
combinação e fusão de conhecimentos,ões e capacidades permitindo parcerias e
ampliação do mercado. Haverá maior credibilidade nos negócios.
Cooperação Alta no APL e Baixa na Empresa – Sinal amarelo para o
empresário. Rever o comportamento das relações para que se torne mais estável,
honesto e para que haja um aprendizado que possa criar oportunidades favorecendo o
desempenho do grupo e da própria atividade setorial.
Cooperação Baixa no APL e Baixa na Empresa – Sinal vermelho para a
governança e para os empresários. Deve-se fortalecer internamente para que haja
colaboração, união e um relacionamento sinérgico para eliminar ineficiências na
produção com o intuito de atingir um mercado mais global, visando obtenção de ganhos
de escala.
Cooperação Baixa no APL e Alta na Empresa – Sinal amarelo para a
governança. Para que haja a consolidação e expansão do arranjo será necessário
fortalecer o vínculo de cooperação para que haja uma identidade local forte e torne o
segmento uma referência na atividade local fortalecendo desta forma as parcerias
Reciprocidade Alta no APL e Alta na Empresa – Sinal verde para a
governança e para os empresários. Continue em frente para fortalecer vínculos e gerar
novas oportunidades de negócios.
Reciprocidade Alta no APL e Baixa na Empresa – Sinal amarelo para os
empresários. As empresas devem fortalecer as relações para que haja o intercâmbio se
desenvolva oportunizando negócios.
Reciprocidade Baixa no APL e Baixa na Empresa – Sinal vermelho para a
governança e para os empresários. Deve-se reforçar a conduta das relações e do
próprio fluxo de informações sendo essencial para o desenvolvimento regional e para
obter uma maior aproximação entre as pessoas e do próprio mercado.
148
Reciprocidade Baixa no APL e Alta na Empresa – Sinal amarelo para a
governança. A regra de reciprocidade no APL deve ser revista e analisada porque com
ela há melhores condições de coibir o oportunismo e solucionar problemas de ação
coletiva.
Rede Alta no APL e Alta na Empresa – Sinal verde para a governança e para
os empresários. – Siga em frente e procure fazer um mapeamento do que cada
integrante está realizando e executando a fim de evitar duplicações de ações e
esforços. Valorizar projetos e realizar ações mais planejadas.
Rede Alta no APL e Baixa na Empresa – Sinal amarelo para os empresários.
As empresas devem aprender a trabalhar em conjunto para que possam obter
vantagens com seus fornecedores de bens e serviços, assim como redução de custos
com negociações conjuntas.
Rede Baixa no APL e Baixa na Empresa – Sinal vermelho para a governança e
para os empresários. Para expansão e consolidação do APL será necessário haver um
diálogo entre as instituições locais para ampliação da visão de mercado e resolução de
problemas. Deve-se criar um grupo de discussão para gerar alternativas visando à
solução de problemas.
Rede Baixa no APL e Alta na Empresa – Sinal amarelo para a governança.
Será fundamental para o APL e para própria governança local que as instituições
participem de uma rede de discussões onde possam procurar soluções e parcerias
visando à solução de problemas e diversificação de ações.
5.12 Análise de Campo Mourão
A seguir será apresentada uma análise de Campo Mourão baseada na tipologia
do capital social aplicada no APL de instrumentos e equipamentos médico-
odontológicos. Este diagnóstico permite demonstrar como estão sendo utilizados os
elementos do capital social e se estão sendo efetivos no desenvolvimento das ações.
149
5.12.1 Análise da Confiança
Em relação à Confiança, tanto a empresa como o próprio APL entendem que ela
é à base da relação existente no arranjo. Portanto seu nível é alto. Estas relações de
confiança no grupo permitem ações planejadas envolvendo a maioria das pessoas e
empresas, conforme indicação no Gráfico 6. Este grau de confiança permite
estabelecer relações que facilitam o acesso à tecnologia, ao próprio desenvolvimento
de produto ou processos de cada empresa ou do APL como um todo. Além disto, leva
esta postura dos empresários do segmento à troca de informações, inclusive sigilosas,
exatamente por confiarem nos outros tendo a certeza de que não serão traídos com a
disseminação da informação.
Esta confiança, adquirida no desenvolvimento das atividades, implica em um
comprometimento maior das empresas do APL em relação à cadeia produtiva
fortalecendo vínculos entre os mesmos. Este elemento gera novas oportunidades,
aumentando o volume de negócios onde as atividades são planejadas visando atingir
objetivos macroeconômicos, conforme mostrado no Gráfico 17.
5.12.2 Análise da Cooperação
Em termos de Cooperação, em função do patamar elevado da cooperação nas
empresas do setor, ela também pode ser considerada como nível alto. As empresas
elaboram projetos coletivos assumindo responsabilidades conjuntas visando ganhos de
escala, tanto no mercado nacional como internacional, e redução de custos. Estes
elementos fortalecem a cooperação onde o aprendizado é compartilhado com o intuito
de obtenção da consolidação e expansão do arranjo produtivo local, conforme indicado
no Gráfico 21 visto anteriormente.
Além disto, a ajuda mútua é forte no setor para obtenção de qualquer tipo de
serviço ou informação, favorecendo as parcerias, reduzindo as incertezas do mercado e
combinando habilidades e recursos, conforme Gráfico 10 visto anteriormente.
150
Analisando este APL, como a cooperação funciona como catalisadora dos
negócios e do próprio desenvolvimento local da região, ao ocorrer dificuldades de
qualquer natureza a cooperação prevalece e procuram alternativas para resolução dos
problemas. Tornando a estrutura mais sólida e apta a agir perante as incertezas do
mercado, conforme mostrado no Gráfico 9 visto anteriormente.
5.12.3 Análise da Reciprocidade
Em relação à Reciprocidade que é alta, tanto para as empresas como para o
APL, esta variável está presente nas relações que se desencadeiam ao longo das
atividades produtivas e interativas permitindo um processo de intercâmbio mais efetivo
reforçando a conduta recíproca e melhorando o fluxo de informações permitindo a
solidariedade. A empresa Sieger na troca de materiais ou fornecimento local quando
passa por problemas de entrega ou falta de mercadoria em seu estabelecimento.
Este apoio, segundo a visão de Franco (2001), permite conciliar interesses e
obter um intercâmbio social capaz de cooperar em benefício mútuo, vertente também
verificada no Gráfico 10 apresentado anteriormente.
Nesta relação de reciprocidade, os elos que se formam tornam-se mais
dinâmicos cujo posicionamento obtido com problemas enfrentados no dia-a-dia do
mercado fazem com que estes protagonistas locais encontrem soluções mais rápidas e
ágeis para solucionar os gargalos.
5.12.4 Análise da Rede
Em termos de Rede, a análise poderá ser feita sobre dois aspectos: 1º) sob a
análise do APL que é composto por empresas e instituições; 2º) sob a análise da
empresa nas relações com fornecedores e clientes (na sua cadeia produtiva). Pode-se
151
afirmar que sob a análise do APL o nível é baixo, onde com as entrevistas realizadas
chega-se à conclusão de que é necessário constituir um grupo temático em Campo
Mourão para reunir as instituições representativas e de suporte técnico ou
administrativo. Além disto, precisam trocar idéias para fortalecer o setor de saúde e
interagir de uma forma mais ativa e pontual baseadas nas necessidades da região, o
que não está ocorrendo hoje. Este associativismo fortalece os laços na rede de
agentes, agregando valor e promovendo o planejamento e gestão do desenvolvimento
sustentável do território.
Em relação ao segundo aspecto, rede de relações individuais das empresas
demonstram um nível alto porque realizam parcerias entre a cadeia de fornecedores
locais para atender a demanda da região e reduzir custos internos. Esta ação
estratégica beneficia o grupo como um todo e faz com que todos mantenham uma visão
mais ampla do mercado competitivo ampliando as oportunidades e resolvendo
problemas de fornecimento de matéria-prima. Além disto, cada empresa poderia
também realizar um trabalho em conjunto com o grupo pertencente ao APL com o
intuito de elaborar uma base de dados que permitirá obter um cadastro geral dos
clientes na área de saúde. Esta base de dados poderá conter clientes regionais e
estaduais, assim como aqueles que realizam transações fora do Brasil também. Esta
visão facilitará o intercâmbio de ações e ajudará a ter um diagnóstico de possíveis
mercados a serem explorados com o produto lançado por cada empresa.
Ao analisar o Capital Social em Campo Mourão, baseada na tipologia elaborada
o retrato que temos do APL é:
152
Conjunto do Arranjo Produtivo Local
(empresas + instituições)
Baixo
Alto
Alto
Cooperação
Confiança
Reciprocidade
Rede
Somente Empresas
Baixo
Fonte: Elaborado pelo Autor
QUADRO 15 - Análise do Capital Social de Campo Mourão
5.13 CONSIDERAÇÕES
No Paraná está sendo realizado um trabalho estruturado sobre APLs. Foi criada
uma Rede de Apoio aos Arranjos Produtivos, com o objetivo de articular o alinhamento
e a interação de diversas instituições e produzir evidências estatísticas sobre
aglomerações. Foi realizado um mapeamento no Estado a partir de pesquisas de
campo, gerando relatórios de cada APL mapeado, fornecendo desta forma subsídios
para formular indicativos de diretrizes gerais e específicas de políticas públicas
regionais.
Sobre o APL de equipamentos e instrumentos médico-odontológicos de Campo
Mourão, pode-se ressaltar que teve origem com a criação da Fundação Educere. Esta
153
Fundação tem um papel fundamental na região, pois incentiva o potencial de jovens
empreendedores na área de biotecnologia fornecendo todo o subsídio e suporte
necessário para iniciarem um processo de incubação de base tecnológica. Além disto,
foi criado um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento nesta área com o intuito de tornar
Campo Mourão um centro de referência na indústria de saúde do Brasil contribuindo
para o desenvolvimento tecnológico da região.
O apoio concedido pela Fundação visa à superação de barreiras tecnológicas,
gerenciais e mercadológicas. O desenvolvimento de uma cultura de parceria e
conscientização da importância de ações compartilhadas entre as empresas é
fundamental para a criação de empresários cooperativos.
Foram pesquisadas 13 empresas nesta área de saúde e realizado um
levantamento das instituições de suporte ao APL que prestam serviços essenciais para
o desenvolvimento e crescimento da região. Cabe ressaltar neste contexto que as
empresas não são concorrentes entre si, todas desenvolvem produtos sem
similaridade.
Quanto à análise dos resultados obtidos e verificação das hipóteses, constatou-
se que os elementos do capital social são fundamentais para o crescimento e
fortalecimento da identidade local tornando-se uma ferramenta essencial ao
desenvolvimento regional. O estabelecimento de vínculos permite gerar oportunidades
e alguns benefícios que incluem o desenvolvimento sócio-econômico local, o
fortalecimento da identidade da região, a qualificação profissional com a divulgação
nacional da região e o acesso a tecnologias.
Quanto à competência técnica local, ao analisar o arranjo, verificou-se que são
percebidas pela maioria e tornam-se essenciais para obter uma unidade produtiva mais
sólida e consistente. As tipologias tanto do capital social como da competência técnica
foram analisadas e testadas em Campo Mourão permitindo a obtenção de dados que
refletem a realidade local.
154
CAPÍTULO VI
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Com base nos resultados obtidos, este capítulo apresenta as considerações
finais a respeito das questões e objetivos deste trabalho, bem como comprovação das
hipóteses e recomendações que, basicamente, representam sugestões para novos
estudos.
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto ao problema de pesquisa levantado sobre o papel do capital social e da
competência técnica local na estruturação de APL, a fundamentação teórica e o estudo
de caso apontam que tanto o capital social como a competência técnica são
mecanismos capazes de lidar com a complexidade de fatores e elementos que
conjugados podem promover uma maior capacidade inovativa, utilização eficiente de
tecnologias promovendo o desenvolvimento científico e tecnológico para a geração de
conhecimentos e capacitação de pessoas. Enfim, os dois ativos, capital social e
competência técnica, são fundamentais na estruturação e organização de
aglomerações de empresas.
Eles estão presentes nas relações entre as empresas e instituições e servem de
alicerce para o desenvolvimento do pólo de saúde. No arranjo, são fundamentais tanto
para o desenvolvimento econômico, visando uma melhor sustentabilidade regional, por
meio do aumento da produção de elevado valor agregado, quanto para o surgimento de
inovações e avanços tecnológicos, aperfeiçoando redes de interação e parcerias. Assim
155
sendo, há uma aceleração da dinâmica entre os atores e protagonistas locais do
arranjo, permitindo uma maior valorização e aproveitamento dos jovens
empreendedores da região que muitas vezes precisam de um incentivo para
desenvolver seu potencial.
Confrontando as hipóteses propostas no início do trabalho, com a análise dos
dados obtidos, para o universo atingido pela pesquisa, constatou-se que:
a) Foi confirmada a primeira hipótese de que “o capital social existente na região
contribui para a consolidação e expansão de um APL”. Pôde-se constatar que
o capital social está presente, mas não está distribuído de maneira
homogênea no APL. O elevado escopo de ação local nas atividades permitem
que o capital social dê suporte para elaborar estratégias conjuntas. Desta
forma as estratégias de capacitação produtiva e inovativa presentes no
arranjo, tornam-se essenciais e permitem que haja a expansão do setor na
região. Sob o aspecto da consolidação do arranjo, o capital social existente
permite e facilita uma estrutura de governança local mais adequada e
direcionada, visando objetivos mais macros onde a identidade local torna-se
cada vez mais forte na região
b) A segunda hipótese de que “as relações interempesariais trazem benefício
para o APL e permite o acesso a serviços ou informações específicas” foi
também comprovada. Pode-se citar como exemplo a empresa Saubern, que
em parceria com a empresa Cristófoli, investe continuamente em avançadas
pesquisas para obter eficácia de seu produto e qualidade resultando em
ações que atendam à necessidade dos seus usuários. Quanto ao benefício
para o APL há uma ampliação do volume de negócios, acesso a informações
para desenvolvimento de processos onde assumem responsabilidades
conjuntas ocorrendo um maior engajamento visando o desenvolvimento
sócio-econômico local.
c) Em relação à terceira hipótese de que “as competências técnicas locais do
APL possibilitam o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações”, ela
também foi confirmada na pesquisa, podendo-se afirmar que estas
competências além de serem aproveitadas e valorizadas no setor de saúde
156
permitem as empresas adaptar-se rapidamente a um ambiente inovador. A
difusão dos avanços da ciência, da oportunidade de acesso à tecnologia e de
inovação representam uma das formas mais eficazes de estímulo ao
desenvolvimento e ao aumento da qualidade de vida da população. Este
conjunto complexo de conhecimentos e de meios do aprendizado onde as
pessoas aprendem a reagir e se posicionar em determinadas situações
também levam ao sucesso do processo de transferência de tecnologia porque
está relacionado à competência técnica, em termos de capacidade e estrutura
de absorção dos indivíduos e organizações e isto ocorre em Campo Mourão.
É fundamental dentro deste contexto, saber gerenciar e valorizar as
competências técnicas locais para que se possa gerar vantagem competitiva
e nesse sentido, a gestão faz parte de um sistema que toma como referência
a estratégia para direcionar ações e proporcionar alianças estratégicas
promovendo o desenvolvimento necessário para atingir objetivos específicos.
O objetivo desta dissertação foi de contribuir na identificação e no entendimento
de como se manifestam o capital social e a competência técnica no APL para que, a
partir de uma proposta de tipologia de análise, pudesse se obter um retrato da dinâmica
setorial local.
Buscando atender este objetivo foram elaboradas 2 tipologias de análise, sendo
uma para competência técnica (Quadro 12, p.140) e outra para o capital social (Gráfico
32, p.145). Elas permitem sinalizar debilidades e ressaltar pontos fortes que podem ser
melhor trabalhados e aproveitados. O objetivo foi alcançado e as tipologias foram
testadas em relação ao APL de Campo Mourão. Em Campo Mourão verificou-se que
os elementos do capital social e a competência técnica são relevantes ao
desenvolvimento do setor, uma vez que viabilizam projetos conjuntos que beneficiam o
arranjo produtivo como um todo.
Desta forma as propostas de tipologias podem ser vistas como uma ferramenta
que permite classificar e enquadrar o APL, independentemente do seu grau de
desenvolvimento, sendo talvez possível sua aplicação em outros arranjos produtivos de
diferentes setores.
157
O cenário do APL é decorrente de esforços no sentido de tornar Campo Mourão
menos dependentes das cooperativas locais, onde a criação da Fundação Educere foi
fundamental neste contexto. A comunidade passou a valorizar mais o potencial da
região. Outras empresas do município, que não fazem parte do APL, começam a
despertar para a nova vocação local e para o mercado que está se ampliando e
consolidando.
Quanto ao governo, não houve ainda nenhuma ação efetiva ou em termos de
política setorial que beneficiasse o APL. Porém, iniciou-se um diálogo e quebra de
barreiras nesta instância. Existe a perspectiva de que através do trabalho da Rede APL-
PR seja implementada alguma política pública a partir do mapeamento feito deste setor.
Estas políticas poderão apoiar e consolidar uma cultura de cooperação entre as
empresas e os demais atores do sistema, que contribuirá para o fortalecimento do
arranjo produtivo e a própria identidade da região.
Por último, pode-se afirmar que esta pesquisa pode ser útil à governança e aos
demais integrantes do APL, uma vez que apresenta uma visão geral dos seus pontos
fortes e fracos. Os fortes devem ser valorizados, mantidos e fortalecidos no
desenvolvimento de ações estratégicas. Já os pontos fracos que precisariam ser
trabalhados de maneira organizada e efetiva visando concretizar o sonho de tornar
Campo Mourão um centro de referência nacional no setor de saúde.
6.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Em função dos resultados, sugerem-se alguns temas para trabalhos futuros:
1. Aplicação das tipologias elaboradas neste trabalho em outros arranjos produtivos
para verificação do seu potencial de aplicabilidade;
2. Pesquisa que possibilite a definição de indicadores que demonstrem o estágio
tecnológico das empresas existentes nos APLs;
158
3. Estudo comparativo dos processos de aprendizado tecnológico entre os APL de
Campo Mourão e de Ribeirão Preto de São Paulo;
4. Realizar uma pesquisa em relação à formação do capital social em APLs para
compreensão da gênese e da dinâmica do processo.
159
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168
ANEXOS
169
Questionário da Pesquisa de Campo
Pesquisa de Campo para a Dissertação de “A Manifestação do Capital Social e das CompetÊncias
Técnicas Locais em Projetos de Desenvolvimento – Estudo de Caso do APL de Campo MOurão”
FORMULÁRIO DA EMPRESA
Data da Pesquisa:
Empresa (nº)
BLOCO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
01 Nome da empresa
02 Razão social
03 Origem do capital (%)
Nacional Estrangeiro Total 100%
04 Tipo de gestão
01. Familiar
02. Profissional
03. Dirigida pelo sócio majoritário
170
04. Outro
(descreva)
05 Qual a atividade principal da empresa segundo o CNAE – Classificação Nacional de
Atividades Econômicas?
BLOCO 2 – MÃO-DE-OBRA
06 Número de empregados na empresa.
1. Número de empregados em 2006
BLOCO 3 – COOPERAÇÃO
07 A sua empresa interage com outras empresas do APL?
(Esta questão permite múltipla escolha)
01. Não interage
02. Na transferência de Tecnologia
03. No desenvolvimento de novos produtos
04. No desenvolvimento de novos serviços
05. No desenvolvimento de novos processos
06. No marketing
07. No treinamento de mão-de-obra
08. Na compra de matéria-prima
09. Na troca/empréstimo de materiais
10. Outros (descreva)
08 As interações observadas na questão anterior foram reguladas através de contrato ou ocorreram de
maneira informal?
01. Contrato
02. Informal
09 A empresa troca idéias ou discute dificuldades e estratégias com outras empresas do APL?
01. Nunca (Não)
02. Ocasionalmente
03. Frequentemente (Sim)
171
10 A empresa visita outras empresas do APL?
01. Nunca ( Não )
02. Ocasionalmente
03. Frequentemente (Sim)
11 Sua empresa interagiu nos últimos 6 meses com empresas pertencentes ao APL em algum projeto ou
ação para gerar benefício comum?
01. Sim
02. Não
12 Ao ocorrer dificuldades técnicas e operacionais em sua empresa qual a probabilidade das
empresas que fazem parte do APL cooperarem para tentar resolver o problema?
01. Muito provável
02. Relativamente provável
03. Relativamente improvável
04. Muito improvável
13 Caso venha ocorrer de sua empresa entrar em dificuldades econômico-financeira qual a
probabilidade de se unirem para ajudar?
01. Muito provável
02. Relativamente provável
03. Relativamente improvável
04. Muito improvável
14 Se um projeto não beneficia sua empresa diretamente, mas traz benefícios para outras empresas
do APL, a sua empresa:
01. Participaria
02. Não participaria
03. Somente observaria
04. Outro
15 A administração dos conflitos entre as empresas que fazem parte do APL permite a busca de
soluções que visem o benefício das empresas ?
01. Sim
02. Não
03. Parcialmente
BLOCO 4 – RELAÇÕES INTEREMPRESARIAIS – REDE
16 Sua empresa participa regularmente de alguma atividade em grupo no APL?
01. Sim
02. Não
172
17 Qual a instituição que mobiliza o grupo? (permite múltipla escolha)
01. Associação Comercial
02. Sindicato
03. Fundação Educere
04. ONGs
05. Cooperativas
06. Comitês
07. Sebrae
08. Grupo ou movimento político
09. Clubes sociais
10. Clubes de prestação de serviços (exemplo:Lions Clube, Rotary, etc..)
11. Rede APL
12. Outros
18 Qual a periodicidade que sua empresa participa das atividades desses grupos, tanto em
reuniões como de algum trabalho em grupo?
01. Diariamente
02. Semanalmente
03. Mensalmente
04. Bimestralmente
05. Semestralmente
06. Outro
19 Em comparação ao ano passado sua empresa participa de grupos de trabalho ou
organizações do APL?
01. Mais intensamente
02. Igual ao ano anterior
03. Menos do que no ano anterior
20 Em comparação ao ano passado a participação das empresas do APL de um modo geral
nos diversos grupos foi:
01. Mais intensamente
02. Igual ao ano anterior
03. Menos do que o ano anterior
21 Como uma empresa ou instituição pode passar a ser membro destes grupos?
01. Sua participação é solicitada
02. É convidada
03. Por escolha voluntária
04. Outros
173
22 Como são escolhidos os líderes nesse grupo?
01. Por uma pessoa ou entidade de fora
02. Cada líder escolhe o seu sucessor
03. Pela decisão de algumas empresas somente
04. Por decisão ou voto de todos
05. Por fazer parte da empresa âncora do APL
06. Ocorre naturalmente
07. Outros
23 De modo geral, você diria que a liderança do grupo é....
01. Muito efetiva
02. Relativamente efetiva
03. Não é efetiva
24 As pessoas mais importantes que aconselham ou orientam o grupo...
01. Pertencem ao APL
02. São de fora do APL
03. São de fora do APL e não pertencem à Microrregião
25 Qual o benefício para a empresa fazer parte destes grupos?
(Esta questão permite múltipla escolha)
01. Aumento dos Negócios
02. Ampliação de relações de parceria
03. Posição social
04. Fortalecimento da auto-estima
05. Maior projeção política
06. Maior acesso à Informações
07. Outros
26 Qual o benefício para a comunidade do funcionamento destes grupos no APL?
(Esta questão permite múltipla escolha)
01. Qualificação Profissional
02. Fortalecimento da Identidade Local
03. Criação de novas empresas
04. Desenvolvimento sócio-econômico local
05. Tornar-se Pólo de referência nacional no setor
06. Divulgação nacional da região
07. Outros
27 Sua empresa ajuda o grupo a ter acesso a algum tipo de serviço ou informação específica?
174
01. Sim
02. Não
28 Qual a natureza do serviço ou informação?
01. Qualificação da Mão-de-Obra
02. Desenvolvimento de produto ou processo
03. Negociações com fornecedores
04. Crédito
05. Acesso à tecnologia
06. Inovação de produto ou processo
07. Outros
29 Com relação à representação, discussão e aprovação de propostas nos grupos ou da própria
governança local, você diria:
(Esta questão permite múltipla escolha)
01. Todas as pessoas tem igual influência
02. O líder faz prevalecer sua opinião e interesses pessoais
03. Membros de algumas instituições representativas na região têm maior influência
04. O líder ajuda e auxilia nos interesses comuns
05. Membros de algumas instituições representativas na região têm maior influência
06. O líder ajuda e auxilia nos interesses comuns
07. Não sabe opinar
30 As empresas do APL trabalham ou interagem com outros APLs do mesmo segmento?
01. Sim, ocasionalmente
02. Sim, frequentemente
03. Não
31 Qual é a fonte de financiamento mais importante de sua empresa em relação ao arranjo produtivo?
01. Recursos próprios
02. Outras fontes dentro da comunidade
03. Fontes fora do APL
04. Outros
BLOCO 5 – CONFIANÇA
32 Ao analisar a confiança do grupo de empresários que pertencem ao APL você diria que:
01. Geralmente as pessoas não confiam uma nas outras
02. Pode-se confiar na maioria das pessoas
03. Nunca é demais ter cuidado
175
04. É preciso estar atento porque alguém pode tirar vantagem
33 Qual o seu grau de confiança em relação as empresas que compõe o APL?
01. Confio muito pouco
02. Confio pouco
03. Nem pouco nem muito
04. Confio muito
05. Confio totalmente
34 Você acha que no último ano o grau de confiança entre as empresas que fazem parte do APL:
01. Melhorou
02. Piorou
03. Permaneceu mais ou menos o mesmo
04. Desconheço
35 Como você mensura o comprometimento das empresas que fazem parte do APL?
(Esta questão permite múltipla escolha)
01. Pela freqüência nas reuniões
02. Pela execução das atividades planejadas
03. Pelos comentários informais
04. No desenvolvimento de produtos e processos
05. Volume de negócios entre as empresas
06. Geração de oportunidades
07. Outras reações
36 Na sua opinião, você diria que __________ as empresas do APL estão comprometidas com o
projeto de consolidação e expansão do APL?
01. Todas
02. Em sua maioria
03. A metade
04. A minoria
BLOCO 6 – COMPETÊNCIA TÉCNICA
37. Na sua opinião quais dos elementos abaixo estão mais presentes no APL e que mais influenciam
as ações?
(esta questão permite múltipla escolha)
01. As empresas sabem agir em determinadas situações
176
02. Mobilizam uma as outras
03. Existe integração dos diversos saberes de uma empresa para com as outras
04. Há engajamento
05. O aprendizado é compartilhado
06. O aprendizado é individual
07. Assumem responsabilidades conjuntas
08. Possuem visão estratégica
09. Existe uma gestão compartilhada
10. Elaboram projetos em conjunto
38 No funcionamento dos grupos do APL as competências técnicas das empresas/pessoas
participantes são percebidas:
01. Por todos
02. Pela maioria
03. Pela minoria
04. Não é percebido
05. Não sabe opinar
39 Você conhece as competências técnicas das empresas e instituições que fazem parte do APL?
01. Todas
02. Algumas
03. Não conheço
40 As competências identificadas são importantes para o desenvolvimento de novas tecnologias e
inovações adequadas para a região?
01. Sim
02. Não
41 Na sua opinião as competências técnicas que sua empresa possui são conhecidas e valorizadas
pelo APL?
01. Sim
02. Não.
ENCERRAR ENCERRAR A ENTREVISTAA ENTREVISTA
177
Relação das 114 aglomerações produtivas identificadas no Paraná e
seus indicadores
178
179
180
181
182
APÊNDICE
183
Catálogo com os produtos das empresas visitadas na
Pesquisa de Campo
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