/, escrito 殺; mas o chinês não possui uma flexão comparável à inglesa –ed
(que, acrescentada ao infinitivo, indica o passado simples dos verbos
regulares). Poderíamos indicar que 殺 deve ser entendido como “ir para o
passado”, acrescentando, digamos, 去 /c/ “ir”. Alternativamente, como a
flexão inglesa é pronunciada /d/, poderíamos escrever um grafe para um
morfema chinês com o som similar – talvez 的 , pronunciado
aproximadamente como o inglês /-d/ e que é um sufixo gramatical em
chinês,embora formador do genitivo de um substantivo. Neste ponto,
voltamos a the. Em vez de omiti-lo como fizemos antes,desta vez podemos,
incentivados por nosso sucesso ao “grafarmos” –ed, tentar escrever the com
o grafe de um morfema chinês com som semelhante a /ðə/. Mas ele não pode
ser muito similar, pois esta é uma sílaba não chinesa: talvez possamos
escolher 色 /sɣ/ “cor”. Por fim, chegamos a man,que aqui provavelmente
vamos escrever 人 , o grafe para /ɽən/ “homem”, no sentido de “ser
humano”. Por outro lado, se no contexto tomarmos a palavra inglesa man
para nos referirmos especificamente a um ser do sexo masculino, em
contraste com woman “mulher”, o chinês não tem uma palavra para isso. O
chinês usa a expressão 男 人 /nánɽən/, literalmente “pessoa macho”, de
modo que poderíamos escrever estes dois grafes para representar uma única
palavra em inglês: man” (1986:188).
Essa passagem é um bom exemplo para demonstrar, como um paradoxo, o
que aconteceu com os japoneses na assimilação da escrita chinesa.
Nesse processo de assimilação da escrita chinesa pelos japoneses algumas
grafias foram usadas para representar a palavra japonesa com o mesmo significado.
Exemplo de bear “urso”, acima citado. No caso específico da língua japonesa temos,
por exemplo, o ideograma para representar “homem” 人 /hito/ que em chinês também
significa homem, e é lido /ɽən/. Neste caso o japonês aproveitou a escrita chinesa com
seu significado e lhe deu uma leitura nova /hito/, haja vista já existir, em sua língua, a
referida palavra. Entretanto, ao serem trazidos para o Japão, os japoneses começaram a
utilizar os ideogramas chineses não só para representar as palavras já existentes em seu
país, mas também utilizá-los na forma chinesa. Assim, em japonês, um Kanji tanto