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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
RENATO GARCIA DE MELO
CARACTERIZAÇÃO DA EXPRESSÃO DO RNAm DAS
GONADOTROPINAS DE Salminus hilarii
(CHARACIFORMES: CHARACIDAE) AO LONGO DO CICLO
REPRODUTIVO: EFEITOS DO BLOQUEIO REPRODUTIVO
MOGI DAS CRUZES, SP
2006
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2
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
RENATO GARCIA DE MELO
CARACTERIZAÇÃO DA EXPRESSÃO DO RNAm DAS
GONADOTROPINAS DE Salminus hilarii
(CHARACIFORMES: CHARACIDAE) AO LONGO DO CICLO
REPRODUTIVO: EFEITOS DO BLOQUEIO REPRODUTIVO
Apresentação de Dissertação para obtenção
do Título de Mestre em Biotecnologia pelo
Núcleo de Ciências Ambientais da
Universidade de Mogi das Cruzes.
Área de Concentração: Biológicas
Orientadora: Profa. Dra. Renata Guimarães Moreira
MOGI DAS CRUZES, SP
2006
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3
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
2
3
DEDICATÓRIA
À Deus, acima de tudo, pela vida.
À minha mãe Neli Garcia e ao meu pai José
Neto, por me criar, educar, amar e incentivar
a lutar pelos meus sonhos.
À Kethy e à Paloma, minhas sobrinhas
queridas.
À minha querida Jessy, meu amor. Por me
incentivar, inspirar, amar e compreender.
4
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, a Profa. Dra. Renata Guimarães Moreira, em especial, pela
confiança depositada em mim, pelo apoio, encorajamento e pela grande contribuição à minha
formação acadêmica. Também a todos os alunos de seu laboratório pela ajuda e amizade.
Aos Professores Dr. Ronaldo de Carvalho Araújo, Dr. Alexandre Wagner Silva
Hilsdorf, Dr. Welington Luiz de Araújo, Dr. Jorge Luiz Pesquero, Dr. José Luis Wolf
do Curso de Mestrado em Biotecnologia da UMC, pela grande contribuição à minha
formação acadêmica e pela possibilidade do uso de seus laboratórios.
Ao Laboratório de Genética da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz
– ESALQ – USP, pela realização dos experimentos de Real Time PCR e aos alunos
Priscilla Rossetto e Rodrigo Mendes pela ajuda com os experimentos.
Ao Laboratório de Animais Transgênicos e Estrutura de Proteínas da Universidade de
Mogi das Cruzes - UMC, pela oportunidade de estágio e realização da maior parte dos
experimentos desse trabalho, pelos oligoiniciadores de βFSH de salmão testados nesse
trabalho. Em especial ao João Davison pelo apoio durante o estágio.
Ao Laboratório de Genética de Peixes da Universidade de Mogi das Cruzes -
UMC, pela realização de parte dos experimentos desse trabalho. Em especial às
alunas Ângela, Cristiane e Juliana pela ajuda nos experimentos.
Ao Laboratório de Virologia da Universidade de Mogi das Cruzes - UMC e ao
Laboratório de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, pela
realização dos seqüenciamentos realizados ao longo desse projeto, fundamentais
para confirmação dos resultados.
À FAPESP e à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, pelo auxílio
financeiro. Ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e ao ex-secretário da
educação do estado de São Paulo, Gabriel Chalita, pela criação do projeto Bolsa
Mestrado.
5
O único homem que nunca comete erros é aquele que
nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois
você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo
erro.
(Roosevelt)
6
RESUMO
Nos últimos anos, um número cada vez maior de estudos tem sido realizado a fim de
melhor compreender o mecanismo de reprodução em peixes. Diversos autores têm
investigado a síntese de hormônios relacionados à reprodução em peixes e os
possíveis efeitos do isolamento desses animais em ambientes de cativeiro. Diversos
estudos têm demonstrado a existência de dois hormônios glicoproteícos, FSH e LH,
produzidos pela hipófise e que desempenham um papel importante na reprodução
de peixes. Entretanto, existem variações de uma espécie para outra com relação à
quantidade dos hormônios sintetizados e ao período do ciclo em que são
sintetizados. No presente trabalho, buscou-se confirmar pela primeira vez na
literatura, a dualidade das gonadotropinas em um Characiforme, Salminus hilarii,
importante exemplar da fauna íctia da Bacia do Alto Tietê, que por ser uma espécie
reofílica, necessita realizar um processo migratório a fim de poder se reproduzir.
Quando impedidas de migrar, as fêmeas dessa espécie não completam o ciclo
reprodutivo e os oócitos produzidos não são liberados no processo de desova. Para
investigar possíveis alterações nos níveis de expressão do FSH e do LH na S. hilarii
(S. hilarii), foram identificadas regiões conservadas nos genes FSH e LH de peixes
Siluriformes, por serem os mais próximos filogeneticamente dos Characiformes, e
construídos iniciadores para amplificar o cDNA desses genes. Depois de confirmada
a validação dos iniciadores para amplificação desses genes, foi utilizada a técnica
de PCR em tempo real a fim de determinar os níveis de expressão desses dois
genes em animais de três ambientes (rio, barragem e cativeiro) e em três estádios
diferentes do ciclo reprodutivo (repouso, maturação final e regressão), a fim de
verificar se o insucesso da reprodução estaria relacionado com a expressão alterada
desses hormônios quando os animais são impedidos de migrar. Os resultados
mostraram que o bloqueio migratório interfere no ciclo reprodutivo da espécie. O LH
desempenha papel chave na maturação final e desova e seus baixos níveis de
expressão no ambiente de cativeiro, parece explicar o insucesso na reprodução
desses animais no ambiente impactado. Além disso, um possível papel do FSH na
fase final de maturação e desova é proposto, uma vez que o mesmo é expresso
durante todo o ciclo no ambiente natural, o que não ocorre nos ambientes
impactados.
Palavras-chave: FSH, LH, reprodução de peixes, Real Time PCR, Salminus hilarii.
7
ABSTRACT
During the past decade research on fish reproduction has intensified markedly, as
the need to understand the mechanisms of fish reproduction is of growing
economical and ecological importance. Many papers have investigated the synthesis
of hormones related to reproduction in fish and the possible effects of the
maintenance of these animals in captivity. Most of these studies demonstrated the
existence of two glycoproteic hormones, FSH (follicle stimulating hormone) and LH
(luteinizing hormone) that are released by pituitary and play an important role in
vertebrate reproduction. However, there are considerable differences in the amount
of hormone secreted by the pituitary and also the periodicity of production of these
gonadotropins, in connection with the reproductive cycle and the considered species.
The present work is the first that aimed to confirm the duality of gonadotropins in a
teleost from the Characiformes order. The species Salminus hilarii is an important
component of the Upper Tietê River Basin. It is a rheophylic fish that needs to
migrate to reproduce. When the migration is impossible, the females do not finish the
reproductive cycle and the oocytes cannot ovulate and consequently spawn. To
investigate the possible alterations in the reproductive physiology when the S. hilarii
(S. hilarii) cannot migrate, FSH and LH gene expression were assessed, based on
primers constructed according to conserved gene regions of Siluriformes
(philogenetically closer) that amplified cDNA of these genes. After the validation of
the primers, the real time PCR protocol was applied to determine the levels of
expression of the β subunit of these two genes (FSH and LH) in animals from three
experimental groups (river, dam and captivity) and from three different maturations
stages of the reproductive cycle (resting, maturation and regression). These analyses
were done in order to verify whether there are two gonadotropins in S. hilarii; how the
gonadotropin expression is distributed along the cycle, and finally to investigate if the
failure of reproduction in lentic environments can be related to the altered expression
of these hormones, when the animals are not allowed to migrate. The results showed
that LH plays a key role in the final maturation of S. hilarii and the low expression
levels in captivity can explain the reproduction failure in this environment. In addition,
a possible role of FSH during final maturation and spawning can be considered,
since this hormone is expressed during the entire reproductive cycle in the river,
which does not occur in the impaired environments.
Keywords: FSH, LH, fish reproduction, Real Time PCR, Salminus hilarii,
environment impairment.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 -
Esquema de controle neuroendócrino da reprodução
em fêmeas de peixe........................................................ 15
Figura 2 -
Ação do FSH e do LH nas camadas foliculares. (+)
estimulação; (-) inibição................................................. 17
Figura 3 -
Salminus hilarii................................................................ 21
Figura 4-
Família Characidae, suas subfamílias, gêneros e
espécies. O gênero Salminus, ao qual pertence
Salminus hilarii, situa-se na subfamília Bryconinae. A
ausência do Salminus hilarii indica a inexistência de
trabalhos sobre essa espécie no Genebank. (Benson,
2004).
22
Figura 5-
Diversidade dos peixes teleósteos. Número de
espécies cadastradas no Fishbase (FROESE &
PAULY, 2006)................................................................. 23
Figura 6-
Sistema TaqmMan. (A) Sonda Taqman e (B) Esquema
de funcionamento do sistema Taqman........................... 25
Figura 7 -
Sistema Beacons. Dispensa a necessidade de
hidrólise por atividade.....................................................
26
Figura 8 -
SYBR Green intercalado em DNA................................ 26
Figura 9 -
Estádios do ciclo reprodutivo do S. hilarii (Amaral,
2006)............................................................................... 28
Figura 10 -
Rio Tietê – Ponto de coleta 1.......................................... 28
Figura 11 -
Rio Tietê – Ponto de coleta 2 (poço da barragem).........
28
Figura 12 -
Mapa de localização dos pontos de coleta: Rio (1) e
Barragem (2)...................................................................
29
Figura 13 -
Viveiros Tanques com 100m
2
na Piscicultura da
Barragem de Ponte Nova. Utilizados para criação dos
animais de cativeiro........................................................ 29
Figura 14 -
Ovários – Fase de Repouso .......................................... 30
Figura 15 -
Ovários – Fase de maturação avançada........................ 30
Figura 16 -
Ovários - Regressão ......................................................
30
Figura 17 -
Hipófise de S. hilarii ...................................................... 31
9
Figura 18 -
Seqüência dos iniciadores utilizados nos experimentos
de RT- PCR e PCR em tempo real (Benson, 2004).......
33
Figura 19 -
pGEM-T Easy (WANG, H. & PERRY, S. E., 2001)........ 37
Figura 20 -
Eletroforese em gel de agarose 1% corado com
brometo de etídeo (0,5 µg/µl. (M) – Marcador de peso
molecular ladder 100pb. (T1) Fragmento de ~420pb e
(T2) fragmento de ~280pb, ambos amplificados a partir
de cDNA da hipófise da tabarana usando iniciadores
para βFSH de peixes Siluriformes..................................
39
Figura 21 -
Confirmação de isolamento da seqüência parcial do
βFSH de S. hilarii (Benson, 2004)..................................
40
Figura 22 -
18S rRNA. Comparação do fragmento isolado como
sendo 18S RNA ribossomal (Benson, 2004)..................
41
Figura 23 -
Seqüência parcial do βFSH de S. hilarii. A seta indica o
códon de parada. A numeração é contada a partir do
primeiro nucleotídeo do fragmento solado até o ultimo
do códon de parada........................................................
41
Figura 24 -
Códons de terminação de algumas espécies de peixes
teleósteos. Characiformes (A), Siluriformes (B) e
Cypriniformes (C). .......................................................... 43
Figura 25 -
Seqüência de aminoácidos do FSHβ. Salminus hilarii
(1), Ictalurus punctatus (2), Clarias gariepinus (3),
Cyprinus carpio (seqüência parcial) (4), Cyprinus
carpio (seqüência completa) (5) e Oncorhynchus
tshawytscha (Chinook salmon) (6). Em verde, estão
destacadas, nesses organismos, as 12 cisteínas
conservadas para β FSH em vertebrados. É possível
observar sete dessas cisteínas na seqüência da
tabarana (Benson, 2004)................................................
44
Figura 26 -
Curva de Melting. Amplificação com iniciadores para
Fator de elongação α (Ef1α) utilizados como controle
interno (placa1)...............................................................
45
Figura 27 -
Curva de Melting. Amplificação com iniciadores para
Fator de elongação α (Ef1α) utilizados como controle
interno. (placa2).............................................................
45
Figura 28 -
Curva de Melting. Amplificação com iniciadores para
βFSH de S. hilarii. (placa1)............................................
46
Figura 29 -
Curva de Melting. Amplificação com iniciadores para
βFSH de S. hilarii. (placa2)............................................
46
10
Figura 30 -
Curva de Melting. Amplificação com iniciadores para
βLH de S. hilarii.............................................................
46
Figura 31 -
Curva de amplificação. Amostras amplificadas com
iniciadores para βLH de S. hilarii...................................
46
Figura 32 -
Curva de amplificação. Amostras amplificadas com
iniciadores para βFSH de S. hilarii. (placa1).................
47
Figura 33 -
Curva de amplificação. Amostras amplificadas com
iniciadores para Fator de elongação α (Ef1α) utilizados
como controle interno. (placa1)......................................
47
Figura 34 -
Curva de amplificação. Amostras amplificadas com
iniciadores para βFSH de S. hilarii. (placa2).................
47
Figura 35 -
Curva de amplificação. Amostras amplificadas com
iniciadores para Fator de elongação α (Ef1α) utilizados
como controle interno. (placa2)......................................
47
Figura 36 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo. Visão
geral por ambiente. (N.D.) significa valor não
determinado....................................................................
48
Figura 37 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo. Visão
geral por estado do ciclo. (N.D.) significa valor não
determinado....................................................................
48
Figura 38 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo.
Estádio de Repouso.
Letras diferentes indicam
diferenças significativas (p0,05)....................................
48
Figura 39 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo.
Estádio Maduro.
Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
48
Figura 40 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo.
Estádio de Regressão. Letras diferentes indicam
diferenças significativas (p0,05)....................................
48
Figura 41 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo. RIO.
Letras diferentes indicam diferenças significativas
(p0,05). ......................................................................... 49
Figura 42 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo.
BARRAGEM. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
49
11
Figura 43 -
Expressão do βFSH durante o ciclo reprodutivo.
CATIVEIRO. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
49
Figura 44 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo. Visão
geral por ambiente. (N.D.) significa valor não
determinado....................................................................
49
Figura 45 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo. Visão
geral por estádio do ciclo. (N.D.) significa valor não
determinado....................................................................
49
Figura 46 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo. Estádio
de Repouso. Letras diferentes indicam diferenças
significativas ...................................................................
50
Figura 47 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo. Estádio
maduro. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
50
Figura 48 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo. Estádio
de regressão. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
50
Figura 49 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo. RIO.
Letras diferentes indicam diferenças significativas
(p0,05). .........................................................................
50
Figura 50 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo.
BARRAGEM. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
50
Figura 51 -
Expressão do βLH durante o ciclo reprodutivo.
CATIVEIRO. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).....................................................
50
Figura 52 -
Participação do estradiol (E2) na amplificação da
expressão do βLH. O modelo propõem a interação do
E2 com receptores e fatores de transcrição de modo a
amplificar a ação do GnRH no estímulo à expressão do
βLH.(Adaptado de Ando e Urano, 2005) ....................... 52
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
µg micrograma
µI microlitro
ANOVA "Analise of Variance"
BLAST "Basic Local Alignment Search Tool "
cDNA ácido desóxirribonucleico complementar
DNA ácido desóxirribonucleico
EF1α fator de enlongamento 1 α
ESALQ Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
EtBr brometo de etídeo
FRET "Fluorescence Resonance Energy Transfer"
FSH hormônio folículo estimulante
GnRH hormônio liberador de gonadotrofina
GtH gonadotropina
IPTG "isopropyl-beta-D-thiogalactopyranoside"
LB Luria Bertani
LH hormônio luteinizante
mg miligrama
ml mililitro
NCBI National Center for Biotechnology Information
NIB Núcleo Integrado de Biotecnologia
ºC graus Celsius
PCR reacção em cadeia da polimerase
RNA ácido ribonucleico
RNAm ácido ribonucleico mensageiro
RNAr ácido ribonucleico ribossomal
RT transcrição reversa
Taq Thermus aquaticus
UA unidade arbitraria
UMC Universidade de Mogi das Cruzes
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
USP Universidade de São Paulo
UV ultra violeta
13
RIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................
15
1.1 Reprodução em peixes............................................................ 15
1.2 Gonadotropinas........................................................................ 18
1.3 Dificuldades na reprodução.................................................... 18
1.4 Salminus hilarii.........................................................................
20
1.5 Estudo da expressão gênica................................................... 24
1.6 PCR em tempo real.................................................................. 24
2 OBJETIVOS..................................................................................... 27
2.1 Objetivo Geral.................................................................. 27
2.2 Objetivos específicos.............................................................. 27
3 MÉTODO..........................................................................................
28
3.1 Material biológico.....................................................................
28
3.2 Extração de RNA Total............................................................
31
3.3 Iniciadores...............................................................................
32
3.3.1 βFSH..............................................................................
32
3.3.2 βLH................................................................................
32
3.4 RT-PCR......................................................................................
33
3.5 Reação em Cadeia da Polimerase..........................................
33
3.6 Clonagem..................................................................................
34
3.7 Mini preparação plasmidial.....................................................
34
3.8 Digestão de DNA plasmidial com enzimas de restrição.......
35
3.9 Seqüenciamento.......................................................................
35
3.10 PCR em tempo real................................................................
35
14
3.11 Análise estatística.................................................................
37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................
38
4.1 Isolamento dos cDNA de βFSH e βLH de S. hilarii..............
38
4.2 Desenho e utilização dos iniciadores....................................
38
4.3 Clonagem do cDNA parcial de βFSH de S. hilarii................
39
4.4 Seqüência parcial de aminoácidos do βFSH de S. hilarii...
42
4.4.1 Comparação entre βFSH de S. hilarii com βFSH de
siluriformes e cypriniformes ...........................................
42
4.4.2 Comparação entre βFSH de S. hilarii com βFSH de
Salmoniformes..........................................................................
43
4.5 Análise da expressão de βFSH e βLH por PCR em tempo
real...................................................................................................
45
4.5.1 Análise dos resultados...................................................
48
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES...................................................... 54
REFERÊNCIAS..................................................................................... 56
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Reprodução em peixes
Embora a reprodução em peixes seja desencadeada por fatores ambientais, o
controle desse processo é regulado endogenamente pelo eixo hipotálamo-hipófise-
gônadas (Figura 1). Esse eixo é responsável pela síntese e secreção de neuro-
hormônios, gonadotropinas e esteróides, que modulam o processo reprodutivo.
Geralmente, esse processo ocorre naturalmente, com a maturação, liberação e
fertilização dos gametas no ambiente externo (água). Os ovos fecundados originam
embriões e posteriormente larvas, que crescem e se tornam animais adultos,
reiniciando o ciclo.
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(
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3
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)
)
Figura 1 - Esquema de controle neuroendócrino da reprodução em fêmeas de peixe.
(BALDISSEROTTO, 2002; REDDING & PATINO, 1993).
16
De forma simplificada, o controle da reprodução em peixes ocorre como
sintetizado abaixo.
Nas fêmeas, fatores externos como fotoperíodo, temperatura e,
possivelmente as chuvas nas espécies tropicais, estimulam o hipotálamo a produzir
o Hormônio Liberador de Gonadotropinas (GnRH) que atuará na hipófise induzindo a
produção e secreção de Gonadotropina I (GtH I) e Gonadotropina II (GTH II),
embora existam relatos de peixes que possuam apenas uma única gonadotropina
(SOWER et al., 2006). O GtH I, também conhecido como Hormônio Folículo
Estimulante (FSH), atua nos folículos promovendo o crescimento folicular,
transcrição de genes que codificam fatores de crescimento, atividade da aromatase
nas células da granulosa, formação de receptores de GtH II, também denominado
Hormônio Luteizante (LH), na membrana das células da granulosa e síntese de
estradiol (CAVAGNA et al., 2004).
O FSH chegando às camadas foliculares dos oócitos em desenvolvimento,
mais especificamente na camada teca converte o colesterol em testosterona, que é
transportada à camada granulosa, e aromatizada a 17β-estradiol pela enzima
aromatase. O 17β-estradiol age no fígado, estimulando a síntese da
fosfolipoproteína vitelogenina que, penetrando no oócito por micropinocitose
(processo dependente da FSH), promove o crescimento do oócito e a incorporação
de vitelo (NAGAHAMA 1987) (Figura 2). Assim, na fase de vitelogênese
(incorporação de vitelo) ocorre um aumento na concentração plasmática de 17β-
estradiol e testosterona e esse aumento induz a secreção de LH nas fases finais de
vitelogênese.
O LH, por sua vez, promove a síntese de androgênios nas células da teca;
esses hormônios atuam como substratos para a aromatização, podendo ser
convertidos à 17,20β-dihidroxy-4-pregnen-3-one ou 17,20β-21-trihydroxy-4 pregnen-
3-one, dependendo da espécie considerada, e a conseqüente secreção de estradiol,
que ocorre nas células da granulosa (NAGAHAMA, 1987; SULLIVAN et al., 1999;
CAVAGNA et al., 2004).
17
Em machos adultos, o controle da síntese de esteróides é semelhante ao das
fêmeas. FSH e LH estimulam a esteroidogênese testicular e espermatogênese,
sendo os andrógenos testosterona e 11-ceto-testosterona produzidos pelas células
de Leydig nos testículos. Ambas gonadotropinas estimulam além da produção de
andrógenos, os progestágenos, principalmente a 17α-20β-dihidroxiprogesterona,
sendo esta última produzida em maior quantidade pela ação do LH (CYR &
EALES,1996).
Considerando-se os teleósteos nativos, o perfil de esteróides gonadais só foi
descrito para poucas espécies, como o Piaractus mesopotamicus (GAZOLLA et al.,
1996; GAZOLLA & BORELLA, 1997; ISEKI, 2002), Colossoma macropomum
(VENTURIERI, 1997), Salminus brasiliensis (MOREIRA et. al., 1999).
Figura 2 – Ação do FSH e do LH nas camadas foliculares. (+) estimulação; (-) inibição.
(BALDISSEROTTO, 2002; CAVAGNA et al. 2004)
18
1.2 Gonadotropinas
Gonadotropina (GtH) é uma glicoproteína que consiste de duas subunidades,
α e β, ligadas não covalentemente. Embora apenas uma gonadotropina tenha sido
observada no “catfish” (SCHULZ et al., 1995), estudos mostraram existir duas
distintas gonadotropinas na hipófise de peixes: FSH (GtH-I) e LH (GtH-II) as quais já
foram identificadas em várias espécies de teleósteos (TANAKA et al., 1995; ELIZUR
et al., 1996; HASSIN et al., 1995). Essas proteínas compartilham em comum a
subunidade α, mas diferem em suas subunidades β, que confere especificidade
imunológica e biológica a cada hormônio (JACKSON et al., 1999).
Em salmonídeos constatou-se que estas duas glicoproteínas diferem em seu
padrão de expressão na hipófise nos diferentes estágios do ciclo reprodutivo
(NOZAKI et al., 1990). Neste grupo de peixes, tem sido relatado que o FSH é
expresso durante o período de vitelogênese e o LH na fase de maturação avançada
e ovulação (MAL et al., 1989; WEIL et al., 1995). Contudo, um padrão diferente de
expressão nessas duas gonadotropinas foi encontrado em Trichogaster trichopterus,
o que, provavelmente, seria devido à diferente estratégia reprodutiva adotada por
essa espécie (desova parcelada) (JACKSON et al., 1999).
Os estudos fisiológicos das gonadotropinas de teleósteos têm sido
conduzidos principalmente com o LH, enquanto a função do FSH ainda não está
inteiramente elucidada (ELIZUR et al., 1996). Acredita-se que o FSH regule a
gametogênese, estimulando a produção do hormônio estradiol (SEKINE et al., 1989)
e que o LH, seria responsável pela maturação avançada dos oócitos, por ser mais
ativo em estimular a liberação do 17,20β-dihidroxy-4-pregnen-3-one pelos oócitos
pós-vitelogênicos (NAGAHAMA, 1994).
1.3 Dificuldades na reprodução
Os processos relacionados à reprodução de peixes podem sofrer alterações
de acordo com a estratégia reprodutiva que a espécie adotar, com relação à
periodicidade na eliminação dos gametas e ainda, com relação à quantidade e
tamanho desses gametas. O desenvolvimento oocitário em peixes está relacionado
19
com o tipo de estratégia reprodutiva, ou seja, o tipo de desova que as fêmeas
apresentam. Grande parte da fauna íctia é representada principalmente por espécies
com desenvolvimento oocitário do tipo sincrônico em grupo, e são conhecidas como
peixes de desova total. Essas espécies passam um grande intervalo de tempo
“amadurecendo” seus gametas para eliminá-los em um curto período de tempo.
Alguns estudos já foram realizados para determinar o tipo de desova de
algumas espécies nativas, podendo ser revisado em Baldisserotto & Gomes (2005).
Animais com esta estratégia reprodutiva na maioria das vezes dependem de
um comportamento característico para completar a maturação dos gametas que é a
migração reprodutiva. O processo de migração envolve custos energéticos, que
podem estar relacionados com a locomoção, desenvolvimento reprodutivo e
aclimatização a um novo ambiente. De uma forma geral, a migração está
acompanhada de uma série de alterações nas capacidades metabólicas (LEONARD
& MCCORMICK, 1999), no desenvolvimento gonadal (DUQUE et al., 1998;
GRAYNOTH, 1995) e no perfil dos esteróides gonadais (DISTEFANO et al., 1997;
MUNAKATA et al., 2001).
No Brasil, grande parte dos peixes de água doce de valor comercial são
representados pelas espécies migradoras, que também têm sua importância na
dinâmica dos ecossistemas aquáticos. Quando estas espécies são transferidas para
o cativeiro, em operações de cultivo comercial, não conseguem eliminar seus
gametas de forma natural. Neste caso, intervenções hormonais exógenas em
determinados níveis do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, são necessárias, para dar
continuidade ao processo de maturação gonadal. O mesmo bloqueio parece ocorrer
no ambiente natural, quando a presença de obstáculos artificiais, como as
barragens, diminui ou até mesmo impede a migração e conseqüentemente a
reprodução.
O motivo que impede a ovulação e conseqüentemente a desova em peixes
migradores, quando os mesmos estão confinados ainda não é conhecido. No
período reprodutivo, as fêmeas quando em cativeiro, apresentam os seus oócitos
vitelogênicos, mas não conseguem eliminá-los ao meio externo. Desta forma,
investigações no eixo hipotálamo-hipófise-gônadas devem ser realizadas a fim
entender quais seriam as bases fisiológicas que acarretam este bloqueio.
20
1.4 Salminus hilariii
A espécie Salminus hilarii (Figura 3), conhecia no Brasil pelo nome popular de
tabarana, é uma espécie migradora, de clima tropical, que vive em ambientes
bentopelágicos (poços profundos onde se acumulam bentos - pequenos crustáceos
e moluscos) e potamódromos (ambientes de rio, água corrente) habitando os rios
das Bacias do São Francisco, Prata e Araguaia-Tocantins, podendo ainda ser
encontrada nas bacias superiores do rio Amazonas e do rio de Orinoco, sendo
também de grande importância na Bacia do Alto Tietê (FROESE & PAULY, 2006).
O corpo desse animal apresenta coloração cinza-esverdeada com nadadeiras
avermelhadas sendo a caudal mais escura que as outras e com uma faixa escura no
centro do pedúnculo. Cabeça com focinho pontiagudo e boca com duas fileiras de
dentes cônicos na mandíbula e no maxilar superior. Podendo seu tamanho atingir 40
cm (FROESE & PAULY, 2006).
Segundo Nelson (1994), S. hilarii pertence à classe Actinopterygii, ordem
Characiformes, família Characidae, gênero Salminus. O gênero Salminus
compreende 3 espécies, Salminus affinis, Salminus brasiliensis e Salminus hilarii.
Estudos recentes têm sugerido que, Bryconinae e Salmininae (Figura 4),
compartilhando vários caracteres cromossômicos, podem formar uma unidade
monofilética entre os Characidae (CARVALHO et al., 1998, MARGARIDO et al.,
1999).
Segundo Fink & Fink (1981), entre os peixes teleóteos (Figura 5), os
Characiformes e os Siluriformes formam um grupo irmão entre si, e, embora formem
um grupo irmão dos Cypriniformes, estão mais próximos entre si do que com o
último. Além disso, sugere também que os Cypriniformes seriam mais antigos
evolutivamente e que Characiformes e Siluriformes teriam surgido mais
recentemente.
21
Figura 3Salminus hilarii
22
Figura 4- Família Characidae, suas subfamílias, gêneros e espécies. O gênero Salminus, ao qual pertence Salminus hilarii, situa-se
na subfamília Bryconinae. A ausência do Salminus hilarii indica a inexistência de trabalhos sobre essa espécie no Genebank.
(Benson, 2004).
23
Figura 5 – Diversidade dos peixes teleósteos. Número de espécies cadastradas no Fishbase (FROESE & PAULY, 2006).
24
1.5 Estudo da Expressão gênica
Embora diversas técnicas possam ser utilizadas para quantificação dos níveis
de expressão de um gene, abordagens diferentes são necessárias dependendo dos
níveis de expressão do gene alvo. Recentemente, o método de PCR quantitativo em
tempo real tem se mostrado uma ferramenta de extrema importância na
quantificação de RNAs mensageiros em baixos níveis, tornando a quantificação mais
rápida e acurada. Diferente de métodos tradicionais que utilizam espectrofotometria
para quantificação (HASSIN, 1995, JACKSON 1999).
1.6 PCR em Tempo Real
A técnica de PCR quantitativo em tempo real é muito sensível, podendo ser
usada quando se deseja quantificar a expressão de RNAs mensageiros expressos
em baixos níveis. Possibilita a detecção direta dos produtos da PCR durante a fase
exponencial da reação, combinando amplificação e detecção em um só passo.
A facilidade de detecção por esse método tem possibilitado seu emprego no
estudo de diversos genes (SAITO et al., 2003; VONG et al., 2003; DHEDA et al.,
2004, SOUTO et al., 2004; OLSVIK et al., 2005; SO et al., 2005).
Com a finalidade de detectar o sinal de fluorescência durante as reações,
diversos sistemas têm sido desenvolvidos. Em PCR em tempo real utilizando o
sistema de sondas TaqMan, leva-se em consideração a atividade exonuclease 5’ - 3’
da enzima Taq DNA polimerase, e a construção de sondas de oligonucletídeos
marcadas duplamente, baseadas no princípio FRET (do inglês, Fluorescence
Resonance Energy Transfer). A emissão do sinal de fluorescência ocorre somente
quando as sondas são clivadas. Devendo a sonda utilizada ser específica para o
gene de interesse e marcada duplamente com um corante “repórter” em uma
extremidade e um corante “silenciador” na outra. Quando na forma livre, a
transferência de energia fluorescente ocorre de maneira que a emissão pelo
“repórter” é absorvida pelo “silenciador”. No momento em que ocorre a degradação
da sonda pela atividade nuclease da enzima Taq DNA polimerase, durante a PCR,
os corantes repórter e silenciador são separados e a emissão de fluorescência do
25
repórter, não mais absorvida pelo silenciador, resulta em um aumento de emissão de
fluorescência pelo repórter, que é detectada e quantificada (GIULIETTI et al., 2001;
GINZINGER, 2002) (Figura 6).
Recentemente, sistemas mais sofisticados têm sido desenvolvidos. Estes,
embora também baseados no princípio FRET, dispensam a necessidade de hidrólise
por atividade nuclease (Figura 7).
Uma outra forma de detecção consiste na utilização de corantes como o
SYBR Green, que é capaz de se ligar ao DNA dupla fita e emitir fluorescência
(Figura 8). O uso deste método de detecção tem sido bastante empregado em
ensaios de PCR quantitativo em tempo real, pois apresenta a vantagem de ser mais
barato em relação à construção de sondas marcadas. Um aspecto importante no uso
de SYBR Green é que os primers específicos utilizados na reação de PCR devem
ser desenhados cuidadosamente para evitar a amplificação de produtos
inespecíficos e formação de dímeros, uma vez que esse corante se liga a qualquer
DNA dupla fita.
Figura 6 – Sistema TaqMan. Esquema de funcionamento do sistema (CARVALHO 2006).
26
Figura 8 - SYBR Green intercalado em DNA (CARVALHO 2006).
Figura 7 – Sistema Beacons. Dispensa a necessidade de hidrólise
por atividade nuclease (CARVALHO 2006).
27
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo principal do presente estudo foi avaliar a expressão das
gonadotropinas em fêmeas de Salminus hilarii ao longo do ciclo reprodutivo e
verificar a existência de pos síveis diferenças de expressão destas gonadotropinas
em peixes com a migração reprodutiva bloqueada.
2.2 Objetivos específicos
Investigar a existência de duas gonadotropinas (FSH e LH) em fêmeas de
Salminus hilarii.
Caracterização parcial das subunidades β dos genes FSH e LH de Salminus
hilarii.
Comparar a expressão dessas gonadotropinas ao longo do ciclo reprodutivo;
Verificar a existência de diferenças na expressão desses hormônios quando
os peixes são impedidos de realizar a migração reprodutiva.
28
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Material biológico
Fêmeas adultas de S. hilarii foram capturadas ao longo de um ano em
diferentes fases do desenvolvimento gonadal (Figura 9), em dois diferentes pontos
do Rio Tietê no trecho correspondente à Bacia do Alto Tietê e Cabeceiras. No
primeiro ponto (Rio), os animais foram capturados em uma área lótica deste rio
(Figura 10) e no segundo ponto, em uma área lêntica, à jusante da Barragem do
Reservatório de Ponte Nova (Figura 11). No mapa situado à Figura 12, estes dois
pontos de coleta podem ser localizados no Rio Tietê. Os animais do Rio, por
estarem em um trecho livre para migração foram considerados como grupo controle
neste trabalho.
Figura 11 – Rio Tietê – Ponto de coleta 2
(poço da barragem).
Figura 10 – Rio Tietê – Ponto de coleta 1.
Figura 9 - Estádios do ciclo reprodutivo do S. hilarii (Amaral, 2006).
29
Os animais do terceiro grupo experimental, chamado de cativeiro, foram
mantidos por 7 anos em cativeiro e no primeiro semestre de 2005, 24 fêmeas foram
distribuídas em 2 viveiros de 100m
2
(Figura 13) na Piscicultura da Barragem de
Ponte Nova (12 fêmeas por viveiro). Durante estes 7 anos em cativeiro, os animais
não se reproduziram por isso representam um grupo ideal para a investigação do
bloqueio da reprodução.
Figura 12 – Mapa de localização dos pontos de coleta: Rio (1) e Barragem (2)
(AMARAL, 2006).
1
2
Figura 13 – Viveiros Tanques com 100m
2
na Piscicultura da Barragem de Ponte Nova.
Utilizados para criação dos animais de cativeiro.
30
No cativeiro, os animais foram alimentados diariamente ad libitum com uma
ração comercial de 40% de proteína bruta (Agribrands do Brasil) e granulometria de
15mm.
A concentração de oxigênio dissolvido na água foi monitorada diariamente
com um oxímetro (YSI) que registra também a temperatura da água.
Neste estudo os animais estão sendo classificados em Repouso (Fig.14),
Maturação Avançada (Fig.15) e Regressão (Fig.16).
As hipófises (Figura 17) foram extraídas, congeladas e armazenadas a –80
o
C.
Figura 14: Ovários – Fase de repouso.
Figura 15: Ovários – Fase de maturação
avançada.
Fi
g
ura 16: Ovários
Fase de re
g
ressão
31
3.2 Extração de RNA total
O RNA total da hipófise de S. hilarii nos estádios de repouso, maturação
avançada e regressão, foi isolado utilizando o kit SV Total RNA Isolation System
(Promega) de acordo com as instruções do fabricante. É importante salientar o uso
de DNAse contida no kit, que impede a contaminação da amostra de RNA total por
DNA genômico (VERZOLA 2004), o que afetaria o resultado da quantificação. Os
RNAs totais extraídos foram quantificados por leitura em espectrofotômetro a 260
nm e a análise qualitativa, pela verificação da pureza (relação DO a 260nm/DO a
280nm), da integridade e da presença de DNA residual (por separação em gel de
agarose). Procedimento idêntico foi realizado utilizando-se hipófise de uma carpa
fêmea (Cyprinus carpio) a fim de servir como controle positivo.
Figura 17 – Hipófise de S. hilarii
32
3.3 Iniciadores
3.3.1 βFSH
A Figura 18 mostra todos os iniciadores (oligosiniciadores) utilizados nos
experimentos. A princípio foram utilizados iniciadores para a subunidade β do gene
FSH do Oncorhynchus tshawytscha, Chinook salmon, (iniciadores 1 e 2),
gentilmente fornecidos pelo Dr. Ronaldo Araújo de Carvalho do Laboratório de
Animais Transgênicos e Proteínas Recombinantes da Universidade de Mogi das
Cruzes. Além disso, devido à inexistência de trabalhos envolvendo a tabarana,
houve a necessidade de uma pesquisa no banco de dados de seqüências de genes,
para a definição de regiões conservadas que pudessem servir como base para a
construção dos iniciadores. As seqüências de nucleotídeos do cDNA da subunidade
β do FSH de alguns Cypriniformes e Siluriformes foram obtidas do GenBank do
National Center for Biotechnology Information (NCBI) (BENSON, 2004). Com base
no alinhamento dessas seqüências, foram desenhados 4 oligos iniciadores de
acordo com regiões conservadas nesses genes (Figura 18 - iniciadores 3 e 4,
Siluriformes, 5 e 6, Cypriniformes).
3.3.2 β- LH
Da mesma forma como para o βFSH, seqüências de βLH de espécies de
peixes das ordens dos Siluriformes e Cypriniformes foram obtidas do GenBank. Tais
seqüências foram então alinhadas com o programa MEGA 3.1 (KUMAR et al., 2004)
para estabelecimento das regiões consenso (regiões do DNA que possuem a
mesma seqüência de bases nitrogenadas) utilizadas para o desenho dos iniciadores
(Figura 18 - iniciadores 7 e 8, Siluriformes, 9 e 10, Cypriniformes).
33
3.4 RT-PCR
As reações de transcrição reversa foram feitas a partir de 1 µg de RNA total,
em presença da enzima RT-MMLV (Invitrogen) e de inibidor de RNases RNase out
(Invitrogen), de acordo com as instruções do fabricante.
3.5 Reação em cadeia da polimerase (PCR)
Realizaram-se as amplificações utilizando-se a enzima Taq DNA Polimerase
Recombinante (Invitrogen) de acordo com as instruções do fabricante e sob as
seguintes condições: 94ºC (3 min), seguidos de 30 ciclos 94ºC (40s), 56ºC (30s) e
72ºC (1 min e 30s) e então 10 min a 72ºC no termociclador Robocycler Gradient 40
(Stratagene), utilizando 5 µL de cDNAs correspondentes aos estádios de repouso,
maturação avançada e regressão. Os oligonucleotídeos mostrados na Figura 18
foram utilizados esperando-se amplificar um fragmento em torno de ~420pb. O
Figura 18 - Seqüência dos iniciadores utilizados nos experimentos
de RT- PCR e PCR em tempo real (Benson, 2004).
34
número de ciclos (30) foi definido de forma a permanecer em condições não
saturantes (fase exponencial). Submeteu-se o produto da amplificação à migração
em gel de agarose 1%. Procedimento idêntico foi realizado utilizando o cDNA obtido
a partir da hipófise de carpa, a fim de servir como controle.
3.6 Clonagem
Após amplificação, clonou-se os fragmentos de DNA em vetor pGEMT-Easy
(Promega) (Figura 19), de acordo com as recomendações do fornecedor. A
construção foi utilizada para a transformação de E. coli DH5α (Life Technologies).
Figura 19 – pGEM-T Easy (WANG, H. & PERRY, S. E., 2001)
3.7 Mini preparação plasmidial
Selecionaram-se as bactérias recombinantes em meio LB sólido, contendo
ampicilina a 50 µg.µL-1, IPTG e X-gal. A extração do DNA de plasmídeo das
colônias de bactérias foi realizada pelo método de lise alcalina, utilizando-se o
QIAprep Spin Miniprep Kit (Qiagen, Alemanha), conforme instruções do fabricante. A
35
concentração do DNA plasmidial foi determinada por migração eletroforética em gel
de agarose 1% com 10 mg/ml de EtBr e visualização em um transiluminador de UV
(BIORAD Gel Doc 1.000 Darkroom).
3.8 Digestão de DNA plasmidial com enzimas de restrição
As digestões foram realizadas num volume final de 20 ml. As reações
continham o DNA (10µg); o tampão de reação como discriminado pelo fabricante;
REACT 10X; água deionizada e a enzima de restrição (EcoR1). A reação foi
incubada por 12 horas a 37ºC. A análise foi feita com uma alíquota da digestão em
gel de agarose e migração eletroforética.
3.9 Seqüenciamento
Em uma primeira etapa, clones obtidos com os iniciadores de β FSH de
salmão e com iniciadores para β FSH de Cypriniformes a partir do cDNA da
tabarana e da carpa foram seqüenciados no Laboratório de Virologia Molecular do
Núcleo Integrado de Biotecnologia (NIB) da Universidade de Mogi das Cruzes
(UMC), São Paulo. Numa etapa posterior, novas amostras foram seqüenciadas no
Laboratório de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Ambos
experimentos utilizaram seqüenciador automático ABI 377 (Applied Biosystems),
empregando-se os mesmos iniciadores utilizados na reação de PCR e o reagente
Big Dye II (Applied Biosystems) de acordo com as instruções do fabricante. A
seqüência de DNA obtida foi comparada com outras presentes no GenBank, através
do programa BLAST. O mesmo procedimento foi realizado utilizando
oligonucleotídeos SP6 e T7.
3.10 PCR em tempo real
Foram sintetizados novos iniciadores para uma região interna da seqüência
parcial do βFSH de S. hilarii isolada (Figura 18 - iniciadores 13 e 14) que, juntamente
com os iniciadores para uma região interna do βLH (Figura 18 - iniciadores 7 e 8),
foram utilizados na análise da expressão de βFSH e βLH, por PCR em tempo real .
36
O experimentos com PCR em tempo real foram realizados no Laboratório de
Genética da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz – ESALQ – USP, a partir
do cDNA das amostras da hipófise de todos os animais. Todas as amostras foram
analisadas em duplicata. A quantificação relativa da expressão de um gene pode ser
realizada através da comparação da amplificação com um controle endógeno. A
melhor escolha de um gene como controle endógeno varia de acordo com o tecido
de interesse de um dado experimento. Devido a isso, diversos genes têm sido
selecionados para normalização dos dados de expressão de mRNA (Olsvik et al.,
2005). Para a quantificação dos genes em estudo e normalização do método,
utilizou-se o gene do Fator de Elongação 1 Alfa (EF1α) (Figura 18 - iniciadores 11 e
12), como controle endógeno. Já que, segundo Olsvik e seus colaboradores, num
estudo para validação de seis genes de referência, o gene do Fator Elongação 1 α,
foi aquele que teve melhor avaliação no controle de expressão gênica em Atlantic
salmon. Desta forma, por comparação com os controles, foi possível comparar a
expressão relativa entre os diversos animais em estágios diferentes do ciclo
reprodutivo e de ambientes diferentes. Através desta análise foram obtidos valores
representados da seguinte maneira:
- CT: Threshold Cycle – indica o número do ciclo no qual a quantidade do “alvo”
amplificado alcança um limiar fixo; quanto menor o valor numérico de CT, mais
rapidamente foi atingido o número de cópias estabelecido;
- CT: normalização com gene de expressão constitutiva; foi obtido pela diferença
entre o CT do gene alvo (βFSH ou βLH) e o CT do gene constitutivo (EF1α) para
cada animal.
- ∆∆CT: média do CT do grupo controle - CT de cada animal de cada grupo; Os
valores obtidos foram transformados para Unidades Arbitrárias (UA), através da
equação: UA=2-∆∆CT (MORAES et al., 2004; SOUTO et al., 2004).
Os experimentos de amplificação e quantificaçao foram relizados utilizando
12,5µl de Platinum SYBR Green qPCR SuperMx-UDG (Invitrogen), 0,5µl de primer
sense, 0,5µl de primer antisense, 1µg de cDNA e H2O para um volume final de 25µl.
As amostras foram amplificadas em um termociclador iCycler iQ (Bio-Rad) nas
seguintes condições: 50ºC por 2 minutos, 95ºC por 1 minuto, seguidos de 40 ciclos
de 95ºC por 15 segundos e 60ºC por 30 segundos. Para curva de melting foram
37
utilizadas temperaturas de 72ºC a 95ºC com incremento de 0,5ºC a cada 30
segundos.
3.11 Análise estatística
Para a análise estatística foram utilizados o teste de Análise de Variância (One-
way Anova). Os resultados foram expressos em média ± desvio padrão (SD),
adotando-se o nível de significância de 95%, onde p 0,05 (VONG et al., 2003).
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Isolamento dos cDNA DE βFSH E βLH DE S. hilarii
Embora as seqüências do βFSH e βLH de vários peixes teleósteos tenham
sido identificadas (ELIZUR et al., 1996; JACKSON et al., 1999; SAITO et al., 2003;
VONG et al., 2003; DHEDA et al., 2004; SOUTO et al., 2004;OLSVIK et al., 2005;
SO et al., 2005), até o presente momento, nenhum trabalho tem relatado estudos
com βFSH e βLH em peixes characiformes. No presente estudo, buscou-se
encontrar regiões conservadas em seqüências desses genes em duas ordens irmãs,
os cypriniformes e os siluriformes, as quais apresentam espécies que já tiveram
esses genes seqüenciados (CHANG et al., 1992; YOSHIURA et al., 1997; LIU et al.,
2001; VISCHER et al., 2003), a fim de identificar seqüências capazes de servir como
iniciadores para os experimentos de isolamento, clonagem e quantificação da
expressão gênica.
4.2 Desenho e utilização dos iniciadores
Os experimentos para amplificação do cDNAs de βFSH da tabarana foram
realizados utilizando 3 pares de iniciadores, sendo um par com base na seqüência
do βFSH de salmonídeos, e que foi gentilmente cedido pelo Dr. Ronaldo Araújo de
Carvalho do Laboratório de Animais Transgênicos e Proteínas Recombinantes da
Universidade de Mogi das Cruzes. Os outros dois pares foram obtidos a partir da
seqüência de βFSH de peixes Cypriniformes e Siluriformes.
As tentativas de amplificação utilizando iniciadores para salmonídeos não
apresentaram resultados positivos.
O alinhamento dos iniciadores utilizados com a seqüência de βFSH de
salmonídeos utilizando o software Mega 3.1, revelou que a região de anelamento do
iniciador sense se dava em um trecho do cDNA que codifica para o peptídeo sinal,
ou seja, uma região que pode apresentar maiores variações em sua seqüência de
espécie para espécie. Este resultado contribui para a confirmação do fato de que os
39
salmonídeos pertencem a um grupo filogeneticamente mais distante dos
Characiformes, grupo a que pertence a tabarana (FINK & FINK, 1981).
Foram realizados testes com os outros dois pares de iniciadores, em que
apenas os iniciadores baseados na seqüência de βFSH de Siluriformes
apresentaram resultados positivos. Em seguida, foram amplificadas duas bandas,
sendo uma de ~420pb e outra em torno de ~280pb (Figura 20).
4.3 Clonagem do cDNA parcial de βFSH de S. hilarii
Os dois amplicons obtidos foram inseridos no vetor PGEMT-easy e clonados
em bactérias E. coli DH5α. Foram selecionados os clones positivos que foram
confirmados por digestão enzimática e posterior seqüenciamento. A análise dos
resultados do seqüenciamento revelou que clones contendo um inserto de ~420pb
eram na realidade de cDNAs diferentes. Quando comparados com seqüências
depositadas no genebank, um clone mostrou ser semelhante a βFHB de peixe
(Figura 21), o que confirmava nossa busca. Entretanto, vários outros clones
Figura 20 - Eletroforese em gel de agarose 1% corado com brometo de etídeo (0,5
µg/µl. (M) – Marcador de peso molecular ladder 100pb. (T1) Fragmento de ~420pb e
(T2) fragmento de ~280pb, ambos amplificados a partir de cDNA da hipófise da
tabarana usando iniciadores para βFSH de peixes Siluriformes.
600pb
500pb
400pb
M
T1 T2
40
mostraram ser fragmentos do gene que codifica RNA ribossomal 18S em peixes
(Figura 22).
Figura 21 - Confirmação de isolamento da seqüência parcial do βFSH de S. hilari
i
(Benson, 2004).
41
Após novos experimentos, foi possível identificar a seqüência parcial do βFSH
da tabarana, um fragmento com 219pb (Figura 23).
Figura 23 - Seqüência parcial do βFSH de S. hilarii. A seta indica o códon de parada. A numeração
é contada a partir do primeiro nucleotídeo do fragmento solado até o ultimo do códon de parada.
Figura 22 - 18S rRNA. Comparação do fragmento solado como sendo 18S RNA ribossomal
(Benson, 2004).
42
Os resultados sugerem no entanto, que esses iniciadores não podem ser
validados para isolamento do βFSH completo da tabarana, uma vez que o mesmo
se liga inespecificamente a fragmentos do 18S rRNA, tornando inviável seu uso,
principalmente tendo em vista a abundância nos níveis de expressão desse tipo de
gene (~80% do RNA total) (FUKADA, 2005). Dessa maneira, novos experimentos
devem ser realizados a fim de determinar a seqüência completa desse gene em S.
hilarii.
4.4 Seqüência parcial de aminoácidos do βFSH da tabarana
4.4.1 Comparação entre βFSH da tabarana com βFSH de
siluriformes e cypriniformes
Uma vez que a seqüência parcial obtida do βFSH da tabarana apresenta o
códon de terminação, foi possível, a partir daí, deduzir a seqüência de aminoácidos
e compará-la a de outros peixes teleósteos (Figura 24). Tal comparação possibilitou
a identificação da porção terminal do βFSH de S. hilarii e permitiu perceber que essa
região é mais similar entre a tabarana (Characiforme) e Siluriformes, do que de S.
hilarii com Cypriniformes. Tais observações parecem corroborar com estudos de
filogenética que apontam para uma maior proximidade entre Characiformes e
Siluriformes (FINK & FINK, 1981). É possível perceber o maior número de
aminoácidos na região terminal quando comparada a seqüência de S. hilarii com de
Cypriniformes, mas um número igual ao comparar com Siluriformes. Além disso, os
códons de terminação para siluriforme e S. hilarii são idênticos, enquanto que esses
diferem dos códons de terminação nos Cypriniformes estudados.
43
4.4.2 Comparação entre βFSH de
s. Hilarii com βFSH de
salmoniformes
Diferenças observadas na seqüência de aminoácidos de S. hilarii quando
comparadas ao β FSH de salmão (Figura 25), parecem corroborar com estudos
recentes que indicam que mudanças pontuais de aminoácidos podem conferir ao
βFSH de salmão uma estrutura diferente daquela encontrada em espécies mais
recentes. Tais fatos talvez expliquem os resultados negativos quando ensaios
imunohistoquímicos utilizando anti-hormônio para βFSH de salmão tem sido
realizados para identificação de βFSH de S. hilarii (HONJI, 2006).
Figura 24 - Códons de terminação de algumas espécies de peixes teleósteos.
Characiformes (A), Siluriformes (B) e Cypriniformes (C).
A
B
C
44
Figura 25 – Seqüência de aminoácidos do FSHβ. Salminus hilarii (1), Ictalurus punctatus (2), Clarias gariepinus (3), Cyprinus carpio (seqüência parcial) (4),
Cyprinus carpio (seqüência completa) (5) e Oncorhynchus tshawytscha (Chinook salmon) (6). Em verde, estão destacadas, nesses organismos, as 12
cisteínas conservadas para β FSH em vertebrados. É possível observar sete dessas cisteínas na seqüência da tabarana. (Benson, 2004).
45
4.5 Análise da expressão de βFSH e βLH por PCR em tempo real
As Figuras a seguir mostram os resultados do experimento do PCR em tempo
real. Os picos de melting das amostras amplificadas com iniciadores de EF1α
(Figuras 26 e 27), de βFSH (Figuras 28 e 29) e βLH (Figura 30) mostram a
especificidade das amplificações, uma vez que o pico de temperatura de melting é
igual para as amostras de cada experimento. A linha verde da Figura 26 representa
amostra não amplificada.
Figura 26 – Curva de Melting. Amplificação com
iniciadores para Fator de elongação α (Ef1α) utilizados
como controle interno.
Placa 1.
Figura 27 - Curva de Melting. Amplificação com
iniciadores para Fator de elongação α (Ef1α) utilizados
como controle interno. Placa 2.
46
Figura 28 – Curva de Melting. Amplificação com
iniciadores para βFSH de tabarana. Placa 1.
Figura 29 - Curva de Melting. Amplificação
com iniciadores para βFSH de tabarana. Placa 2.
Figura 30 Curva de Melting. Amplificação com
iniciadores para βLH de tabarana.
Figura 31 – Curva de amplificação. Amostras
amplificadas com iniciadores para βLH de
tabarana.
As Figuras de 31 à 35 mostram os valores de CT para as amostras testadas.
47
Figura 32 – Curva de amplificação. Amostras
amplificadas com iniciadores para βFSH de
tabarana. Placa 1.
Figura 33 – Curva de amplificação. Amostras
amplificadas com iniciadores para Fator de
elongação α (Ef1α) utilizados como controle
interno. Placa 1.
Figura 34 – Curva de amplificação. Amostras
amplificadas com iniciadores para βFSH de
tabarana. Placa 2.
Figura 35 - Curva de amplificação. Amostras
amplificadas com iniciadores para Fator de
elongação α (Ef1α) utilizados como controle
interno. Placa 2.
48
4.5.1 Análise da expressão do FSH e do LH
As figuras a seguir mostram os resultados da quantificação do βFSH (36 à 43)
e do βLH (44 à 51) do tabarana usando como controle interno o gene EF1α.
Figura 36 – Expressão do βFSH durante o ciclo
reprodutivo. Visão geral por ambiente. (N.D.)
significa valor não determinado.
Figura 37 - Expressão do βFSH durante o ciclo
reprodutivo. Visão geral por estado do ciclo. (N.D.)
significa valor não determinado.
Figura 38 – Expressão do
βFSH durante o ciclo
reprodutivo. Estádio de
Repouso. Letras diferentes
indicam diferenças significativas
(p0,05).
Figura 39 - Expressão do
βFSH durante o ciclo
reprodutivo. Estádio de
Maturação Avançada. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).
Figura 40 - Expressão do
βFSH durante o ciclo
reprodutivo. Regressão. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).
49
Figura 41 – Expressão do
βFSH durante o ciclo
reprodutivo. RIO. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).
Figura 42 - Expressão do
βFSH durante o ciclo
reprodutivo. BARRAGEM.
Letras diferentes indicam
diferenças significativas
(p0,05).
Figura 43 - Expressão do
βFSH durante o ciclo
reprodutivo. CATIVEIRO. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).
Figura 44 – Expressão do βLH durante o ciclo
reprodutivo. Visão geral por ambiente. (N.D.)
significa valor não determinado.
Figura 45 – Expressão do βLH durante o ciclo
reprodutivo. Visão geral por estádio do ciclo.
(N.D.) significa valor não determinado.
50
Figura 46 – Expressão do βLH
durante o ciclo reprodutivo.
Estádio de Repouso. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).
Figura 47 - Expressão do βLH
durante o ciclo reprodutivo.
Estádio de Maturação Avançada.
Letras diferentes indicam
diferenças significativas (p0,05).
Figura 48 - Expressão do βLH
durante o ciclo reprodutivo.
Estádio de Regressão. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05). (N.D.)
significa valor não determinado.
O presente estudo revelou que os níveis de expressão do FSH foram
menores na barragem (6,3x) e no cativeiro (15,6x) do que aqueles encontrados nos
animais na fase de repouso, do rio. Isso sugere que os baixos níveis de expressão
de FSH no ambiente de cativeiro possam estar relacionados com o insucesso de
reprodução dos animas de cativeiro.
Comparando-se os níveis de expressão do FSH ao longo do ciclo reprodutivo,
os dados mostram que os animais presentes no ambiente natural, nos trechos livres
de barramento (rio), ocorre uma queda nesses níveis na transição da fase de
repouso para de maturação avançada, aumentando em seguida esses valores, na
Figura 49 – Expressão do
βLH durante o ciclo
reprodutivo. RIO. Letras
diferentes indicam diferenças
significativas (p0,05).
Figura 50 - Expressão do βLH
durante o ciclo reprodutivo.
BARRAGEM. Letras diferentes
indicam diferenças significativas
(p0,05). (N.D.) significa valor
não determinado.
Figura 51 - Expressão do βLH
durante o ciclo reprodutivo.
CATIVEIRO. Letras diferentes
indicam diferenças significativas
(p0,05).
51
fase de regressão gonadal. Esse perfil é normalmente encontrado na maioria dos
teleósteos estudados (ROCHA & ROCHA, 2006). No entanto, nos animais
encontrados nos ambientes impactados (barragem e cativeiro), a expressão do FSH
desde o estádio de repouso já apresentou-se baixa, não se alterando com o avanço
da maturação.
Análises da concentração dos esteróides gonadais de S. hilarii, realizadas em
nosso laboratório, mostraram haver um aumento da concentração de estradiol nos
animais do rio com o avanço da maturação e uma queda não significativa na fase de
maturação avançada (AMARAL et al., 2006). O aumento de estradiol na fase de
maturação corrobora a queda da expressão do FSH nos animais Maturação
Avançadas, via o controle de feedback negativo proposto na literatura (ROCHA &
ROCHA, 2006). A queda na expressão gênica do FSH nas fêmeas em maturação
avançada está acompanhada pelo aumento na expressão do LH, que também
corrobora o aumento na síntese de 17α hidroxiprogesterona observada por Amaral
et al., (2006) nas fêmeas do rio, na chegada da fase de maturação avançada do
ciclo reprodutivo.
Nos animais da barragem, os dados do presente trabalho mostram que não
houve aumento da expressão gênica do LH entre os animais em repouso e
Maturação Avançadas, demonstrando claramente que o ambiente da barragem está
inibindo o aumento da expressão gênica desta glicoproteína neste ambiente
impactado. Este dado é interessante quando observa-se o incremento do perfil
plasmático da 17α hidroxiprogesterona, que no rio apresenta um incremento de 4,5 x
da fase de maturação para maturação avançada, enquanto que na barragem este
incremento é de apenas 1,9 x (AMARAL et al., 2006). Tais resultados diferem
daqueles encontrados por Zohar & Mylonas (2001) em estudos com Gilthead
seabream, onde foram não encontradas diferenças nos níveis de expressão do LH
entre animais selvagens e de cativeiro, sendo sugerido que o problema estaria
relacionado com a falta de liberação do LH da hipófise.
No cativeiro, fêmeas em maturação avançada apresentaram expressão do LH
3x menor do que as fêmeas no rio na mesma fase, embora a produção de 17α
hidroxiprogesterona tenha sido a mesma que aquela observada nos animais do rio
(AMARAL et al., 2006). Tais dados sugerem a possibilidade da 17α
52
hidroxiprogesterona não estar sendo convertida em 17α20β-Progesterona, a forma
ativa responsável pela maturação avançada, uma vez que, mesmo com níveis
similares de 17α hidroxiprogesterona não ocorre a maturação avançada
(BALDISSEROTTO, 2002).
Levando em consideração os dados obtidos neste estudo e a participação do
FSH na expressão de receptores de LH (ANDO & URANO 2005), é possível
especular que, um possível mecanismo que explicaria a relação entre os baixos
níveis de FSH, LH e a concentração de 17α hidroxiprogesterona, uma vez que a
expressão de receptores de LH estaria diminuída, a 17α hidroxiprogesterona
inicialmente produzida seria convertida em testosterona, que por sua vez seria
convertido em estradiol. A medida que o estradiol fosse produzido na fase inicial de
maturação, participaria da síntese de vitelogenina e, por feedback negativo, inibiria a
síntese de FSH. Como o estradiol participa do processo de expressão do LH
aumentando a ação de fatores de transcrição - proteínas que se ligam ao DNA em
regiões específicas e regulam a transcrição - (Figura 52) (ANDO & URANO 2005),
sugere-se um aumento nos níveis de expressão do LH o que manteria os níveis de
17α hidroxiprogesterona e testosterona. Com a inibição da síntese de FSH, a
testosterona deixaria de ser convertida em estradiol, o que afetaria a expressão do
LH. Com uma menor expressão de LH e de seus receptores, os níveis de colesterol
convertidos em 17α hidroxiprogesterona, e conseqüentemente, sua conversão em
17α20β-Progesterona seria reduzida e comprometeria a maturação avançada do
oócito. Aos poucos a síntese de FSH seria retomada, já que não havia inibição pelo
estradiol e o ciclo recomeçaria. Levando em conta esse mecanismo, ocorrerá a
vitelogênese, mas não a maturação avançada e desova.
Figura 52 - Participação do estradiol (E2) na amplificação da expressão do βLH. O
modelo propõem a interação do E2 com receptores e fatores de transcrição de modo a
amplificar a ação do GnRH no estímulo à expressão do βLH.(Adaptado de Ando e Urano,
2005).
53
Esse fato levaria a suspeitar que, não apenas a síntese reduzida do LH esteja
impedindo a maturação avançada, mas de um possível papel do FSH nesse
processo, uma vez que o FSH poderia estar envolvido no processo de expressão de
receptores de LH. Além disso, estudos com salmonídeos tem demonstrado que o
GnRH produzido pelo hipotálamo pode estimular a expressão tanto de FSH como de
LH (ANDO & URANO, 2005). Tais glicoproteínas são produzidas em células
diferentes da hipófise e esses estudos demonstraram que a gonadotropina a ser
expressa em resposta ao estímulo do GnRH é altamente dependente do estádio do
ciclo reprodutivo do animal, sugerindo a participação de hormônios esteróides na
modulação desse processo (ANDO & URANO, 2005). Dessa forma, isso poderá
levar a supor que os hormônios esteróides estejam também relacionados com a
expressão de receptores de GnRH nas células da hipófise, modulando, de acordo
com a fase do ciclo, quais células devem expressar esses receptores, e assim,
definir qual gonadotropina será sintetizada. Isso sugere que alterações na produção
desses hormônios esteródes, bem como de outros fatores que participem da
expressão de receptores de GnRH possam interferir na síntese de gonadotropinas e,
conseqüentemente, estar relacionado com o insucesso na reprodução em ambientes
impactados. Assim, investigações relacionadas a expressão tanto do GnRH quanto
de seus receptores poderiam dar pistas do motivo da baixa expressão do FSH e do
LH em fêmeas de S. hilarii quando impedidas de migrar.
De uma forma geral, as alterações observadas nos níveis de expressão das
gonadotropinas comparando-se os animais que vivem em ambientes de cativeiro,
justificam o sucesso que os métodos de hipofisação in vivo que suplementam o
animal com gonadotropinas de um doador apresentam sucesso nas técnicas de
reprodução induzida. Além disso, preparações de GnRH hipotalâmico, análogos ou
não, também são utilizados em grande escala na indução à maturação, devido
possivelmente ao seu papel em estimular as células gonadotrópicas hipofisárias a
secretarem tanto o FSH quanto principalmente o LH, desencadeando o processo de
ovulação e desova (ZOHAR & MYLONAS, 2001).
54
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
O presente trabalho contribuiu para a confirmação de que Salminus hilarii,
assim como outros teleósteos já estudados possui duas gonadotropinas: FSH e LH.
Além disso, foi o primeiro estudo a utilizar técnicas de biologia molecular, como o
PCR em tempo real, para investigar a expressão dessa gonadotropinas em um
characiforme durante o ciclo reprodutivo e no ambiente natural e impactado. Foi
também o primeiro a identificar a seqüência parcial do cDNA do gene da subunidade
β do FSH de um representante da ordem dos peixes Characiformes, bem como a
seqüência de aminoácidos deduzida a partir dele.
No ambiente natural, o FSH de S. hiilarii é mais expresso no estádio de
repouso. Seu nível de expressão mantém-se elevado durante a fase de maturação,
o que sugere seu envolvimento na vitelogênese. Passada essa fase, seu nível
diminui ao longo da fase de maturação avançada, voltando a elevar-se na fase de
regressão gonadal. Embora ocorra essa queda na fase de maturação avançada, seu
nível de expressão permanece detectável durante todo o ciclo, sugerindo um papel
desse hormônio também no processo de maturação avançada e desova.
Já o LH de S. hilarii apresenta níveis detectáveis de expressão no início da
maturação e segue em elevação durante a fase de maturação avançada até o
período de desova. Em seguida,o LH diminui à medida que o animal entra na fase
de regressão.
O bloqueio migratório interfere na expressão de gonadotropinas em S. hilarii.
O LH parece desempenhar papel chave na maturação avançada e desova, e os
baixos níveis de expressão encontrados no ambiente de cativeiro, possivelmente
estejam relacionados ao insucesso na reprodução desses animais no ambiente
impactado. Além disso, um possível papel do FSH na fase final de maturação e
desova é proposto, uma vez que o mesmo é expresso durante todo o ciclo no
ambiente natural, o que não ocorre nos ambientes impactados.
Para confirmação do que foi observado e do mecanismo aqui proposto, novos
ensaios devem ser realizados para medir o perfil plasmático desses hormônios,
assim como o acúmulo dos grânulos destas glicoproteínas na hipófise. Além disso,
55
experimentos envolvendo a quantificação da 17α20β-Progesterona poderão ajudar a
compreender melhor o por que de os níveis de 17α hidroxiprogesterona não se
alterarem, embora não haja a desova. Além disso, investigação na expressão do
GnRH e seus receptores contribuirão para um melhor entendimento da baixa
expressão de FSH e LH.
56
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