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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA
REGIÃO DO PANTANAL - UNIDERP
JOSÉ CARLOS MARQUES
O EFEITO DA CRISE DO AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA DE TRÊS
MUNICÍPIOS MATOGROSSENSES: CAMPO VERDE, PARANATINGA
E PRIMAVERA DO LESTE
CAMPO GRANDE - MS
2007
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JOSÉ CARLOS MARQUES
O EFEITO DA CRISE DO AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA DE TRÊS
MUNICÍPIOS MATOGROSSENSES: CAMPO VERDE, PARANATINGA
E PRIMAVERA DO LESTE
Dissertação apresentada ao programa de pós-
graduação em nível de Mestrado
Profissionalizante em Produção e Gestão
Agroindustrial da Universidade para o
Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal – UNIDERP como parte dos requisitos
regulamentares do curso.
Comitê de orientação:
Prof. Dr. Bruno Ricardo Scheeren
Prof. Dra. Andréa Ferraz Fernandez
Prof. Dr. Luis Eustáquio Lopes Pinheiro
CAMPO GRANDE - MS
2007
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FOLHA DE APROVAÇÃO
iv
À pequena mas, valorosa equipe que
enriqueceu minha vida:
Minha esposa Deise;
Meus filhos Gabriela e Matheus.
Minha família, meu refúgio, meu nicho
e meu mundo encantado...
A vocês, dedico este estudo com muito
amor e carinho.
AGRADECIMENTOS
A DEUS por esta conquista, acreditando que possa retribuir através
de competência, generosidade e contribuição à comunidade.
Quero de agradecer particularmente ao Prof. Dr. Bruno Ricardo
Scheeren, pois seu apoio incondicional como orientador proporcionou-me a
oportunidade de criar e testar as idéias estabelecidas no decorrer da elaboração
desta dissertação.
Aos meus co-orientadores, Doutores Andréia Ferraz Fernandez e
Luiz Eustáquio Pinheiro Lopes Pinheiro pela atenção, dedicação e carinho com que
sempre me atenderam.
À contribuição de todos os professores do curso que me
beneficiaram com uma ampla variedade de informações. Minha dívida intelectual
para com todos e muitos outros é substancial.
Aos colegas de curso que me acolheram e ajudaram no dia-a-dia
com apoio em diversas situações, aos colegas Marcelo, Marnilce, Kennedy e
Coronel Ivan, por dividirmos nossas dificuldades e alegrias das longas viagens de
Primavera do Leste a Campo Grande.
Ao apoio e incentivo das Faculdades Unicen na pessoa do diretor
Dr. João Roberto Hatch de Medeiros.
O apoio e a colaboração dos entrevistados de cada município que
indiscutivelmente se propuseram a fornecer os dados que levaram a concluir este
trabalho. A todos o meu mais sincero agradecimento.
A todos, sem exceção, obrigado.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... 8
RESUMO ........................................................................................................... 9
ABSTRACT ..................................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 13
2.1. Ciclos econômicos no Brasil...............................................................................13
2.2. Soja ....................................................................................................................15
2.2.1. Formação de preço da soja.............................................................................17
2.2.2. Política cambial X preço da soja .....................................................................18
2.3. Crise...................................................................................................................20
2.4. Agronegócio .......................................................................................................21
2.5. Crise x agronegócio ...........................................................................................25
3. MATERIAL E MÉTODO.............................................................................. 31
3.1. Material...............................................................................................................31
3.1.1. Prefeituras municipais .....................................................................................32
3.1.2. Empresas ........................................................................................................32
3.2. Método ...............................................................................................................35
3.3. Limitações do estudo .........................................................................................35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 37
4.1. Caracterização dos municípios ..........................................................................37
4.2. Receitas municipais ...........................................................................................38
4.3. Despesas municipais .........................................................................................41
4.4. Materiais de construção .....................................................................................43
4.5. Imóveis...............................................................................................................44
4.6. Móveis e eletrodomésticos.................................................................................45
4.7. Compra e venda de produtos e insumos agropecuários....................................46
4.8. Comercialização de peças, máquinas e implementos agrícolas ........................46
4.9. Prestação de serviços ........................................................................................46
4.10. Discussão.........................................................................................................47
4.10.1. Município de Campo Verde...........................................................................47
7
4.10.2. Município de Paranatinga..............................................................................48
4.10.3. Município de Primavera do Leste..................................................................49
4.10.4. Considerações finais .....................................................................................49
5. CONCLUSÕES ........................................................................................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 52
APÊNDICE ...................................................................................................... 57
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Índices de área plantada com soja e com agregados de lavouras de
1990 a 2003 ..........................................................................................16
FIGURA 2 – Fluxograma de causalidade no mercado de soja..................................17
FIGURA 3 – Comportamento do dólar 2003 a 2006. ................................................19
FIGURA 4 – Balança comercial agronegócio brasileiro ............................................23
FIGURA 5 – Produtividade de soja dos estados em relação à média brasileira .......23
FIGURA 6 – Produtividade do algodão dos estados brasileiros (arrobas/ha)
média de 05 anos..................................................................................24
FIGURA 7 – Custo por hectare de fertilizantes no Mato Grosso...............................26
FIGURA 8 – Custo por hectare com a ferrugem no Mato Grosso.............................27
FIGURA 9 – Principais incrementos nos custos de produção da soja no período
de 00/01 a 05/06 no Mato Grosso .........................................................28
FIGURA 10 – Custo total do hectare em sacas de soja de 60kg em Primavera do
Leste....................................................................................................29
FIGURA 11 – Evolução das receitas do município de Campo Verde - 2003 a
2005 ....................................................................................................39
FIGURA 12 – Evolução das receitas do município de Paranatinga - 2003 a 2005 ...40
FIGURA 13 – Evolução das receitas do município de Primavera do Leste - 2003
a 2005 ................................................................................................41
FIGURA 14 – Comparativo das receitas e despesas do município de Campo
Verde - 2003 a 2005...........................................................................42
FIGURA 15 – Comparativo das receitas e despesas do município de Paranatinga
- 2003 a 2005 .....................................................................................42
FIGURA 16 – Comparativo das receitas e despesas do município de Primavera
do Leste - 2003 a 2005.......................................................................43
RESUMO
A atividade agrícola no Brasil sempre se pautou pela necessidade do mercado
externo, tanto que o país desde o início de sua colonização veio se desenvolvendo
por meio dos ciclos econômicos, tais como: pau-brasil, ouro, borracha, café e soja.
No entanto, por ter uma forte dependência do mercado externo, no atual ciclo da
soja, mais uma vez o país enfrenta crises neste setor. Face ao exposto, este estudo
visou analisar os efeitos da crise do agronegócio na economia de municípios
matogrossenses: Campo Verde, Paranatinga e Primavera do Leste. As variáveis
analisadas foram: as arrecadações, os índices de desemprego, inadimplência e
vendas. A metodologia utilizada fundamentou-se no estudo múltiplo de casos com
ênfase na pesquisa exploratória-qualitativa. Os dados foram coletados por meio de
entrevista semi-estruturada e pesquisa documental, em alguns setores da economia
destes municípios (materiais para construção, imóveis, prestação de serviços,
comércio e órgãos públicos). Os resultados levaram a constatar semelhanças como:
aumento da taxa de desemprego, inadimplência, diminuição das vendas, redução no
valor dos imóveis, dos aluguéis, dos gastos públicos e no ritmo de crescimento.
Portanto, a crise do agronegócio afetou a maioria dos setores econômicos que
dependem do mesmo.
PALAVRAS-CHAVE: Agronegócio, ciclo econômico, soja, crise do agronegócio.
ABSTRACT
The agricultural activity in Brazil has always needed the external market. So, the
country, since the beginning of its settling, has been developing by economic cycles
such as: Pau-Brasil (a king of wood), rubber, coffee and soy. However, for having a
strong dependence on the external market, in the current cycle of the soy, once
again the country faces crises in this sector. Facing this, this study aimed to analyze
the effects of the crisis in the agricultural business on the economy of three cities in
Mato Grosso: Campo Verde, Paranatinga and Primavera do Leste. Was analyse:
rate of unemployment, insolvency and sales level. The methodology used was based
on the multiple study of cases with emphasis in exploratory-qualitative research. The
data were collected by half-structuralized interview and documentary research, in
some sectors of the economy of these cities (construction supplies, real state,
rendering of services, commerce and public agencies). The results led to evidence
similarities small cities such as: increase of the unemployment rate, insolvency,
reduction in sales, reduction in the value of real state, rents, public expenses and in
the rhythm of growth. Therefore, the crisis of the agricultural business affected the
majority of the economic sectors that depend on it.
KEY WORDS: Agricultural business, economic cycle, soy, crisis of the agricultural
business.
1. INTRODUÇÃO
É inevitável observar que o mundo contemporâneo vem passando
por inúmeras e intensas transformações e a única certeza que ainda pondera é a
das mudanças, tais mudanças surgiram após a Revolução Industrial, quando as
pessoas foram sendo agrupadas em empresas e conseqüentemente, migrando para
cidades. Como conseqüência o campo passou a desempenhar um papel
diferenciado do até então exercido, onde foram sendo descobertos interesses
profissionais comuns, enfim a se organizar. Nesse sentido, pode-se argumentar que
este processo representou um grande avanço, tanto em termos empresariais como
sindicais, gerando emprego, renda e divisas; produzindo, transformando e
desenvolvendo tecnologias para o desenvolvimento e crescimento do país
(NOGUEIRA, 2005).
De acordo com um estudo da CNA (Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil) e do CEPEA/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada da Universidade de São Paulo) realizado em 2005, o PIB (Produto Interno
Bruto) do setor agropecuário caiu 0,61% nos primeiros meses do ano de 2005 em
comparação com o resultado consolidado do final de dezembro de 2004. Apenas em
fevereiro de 2005 a queda do PIB da agropecuária foi de 0,58%. Esses dados
mostram que a agropecuária brasileira vem enfrentando o segundo ano consecutivo
de perdas e de queda na renda. Os dados acumulados do primeiro bimestre
permitiram verificar que o PIB da atividade agropecuária encerrou o ano de 2005
com R$ 154,91 bilhões, 3,7% a menos que os R$ 160,65 bilhões do ano passado.
Em 2003, o PIB da agropecuária foi de R$ 162,06 bilhões (AGRONLINE, 2005).
Ainda, cabe destacar os dados do faturamento dos 25 principais
produtos da agropecuária nacional, medidos por meio do conceito do VBP (Valor
Bruto da Produção), os quais provam a crise no setor rural. De janeiro a março, o
faturamento bruto do setor caiu 13,6%, comparando com igual período de 2004. Isso
permitiu estimar que o VBP da produção agropecuária brasileira foi de R$ 169,9
12
bilhões este ano, frente R$ 196,6 bilhões, no ano passado. A queda no faturamento
deveu-se, principalmente a queda da produção e redução dos preços médios reais.
No caso da soja, o VBP foi estimado em R$ 24,99 bilhões para 2005, 38,1% a
menos que os R$ 40,3 bilhões do ano passado, resultado da queda dos preços
médios e a produção de grãos ficou estagnada em torno de 50 milhões de
toneladas, nas últimas duas safras (AGRONLINE, 2005).
Como se constatou, o produtor rural é o principal prejudicado, pois
vem enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos, mas também a
sociedade começa a sentir os reflexos dessa crise, com a queda na contratação de
mão-de-obra. Mantendo-se este estado, o impacto será a redução do plantio na
próxima safra, levando à queda da oferta de alimentos e o aumento dos preços dos
produtos da cesta básica. Haverá como efeito, retração da compra de insumos,
fertilizantes, agroquímicos e maquinários agrícolas (PAGINARURAL, 2005). Em
adição, a sobrevalorização cambial, contribui na geração de resultados negativos
para o campo. Cerca de 20% da produção da agropecuária é exportada, e com o
dólar desvalorizado, o resultado final é a renda menor para o produtor (CNA, 2005).
Em decorrência desses problemas na produção agropecuária, já é
possível perceber o aumento do desemprego, em Rondonópolis e região. O índice
saltou dos históricos 14%, para algo em torno de 39%. O comércio já se ressente de
uma queda de 30% nas vendas, comparado com o mesmo período no ano passado
e, o índice de inadimplência registrado pelos institutos de controle de crédito, passa
por números em alta contínua (PAGINARURAL, 2005). Só em Mato Grosso, já
existem onze municípios em estado de emergência, reconhecidos pela Defesa Civil
e aprovados pelo Governo estadual, em razão da crise do setor de produção rural.
O cenário revelado chama a atenção pela relevância destacada e
pelo resultado negativo que aponta. Assim, o presente trabalho objetivou analisar os
efeitos da crise do agronegócio na economia de três municípios mato-grossenses
(Campo Verde, Paranatinga e Primavera do Leste), cujas economias apresentam
algumas características comuns: são municípios relativamente jovens, com
características climáticas semelhantes e a economia baseada fundamentalmente no
agronegócio.
.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Ciclos econômicos no Brasil
A importância estratégica do setor agrícola como mecanismo de
crescimento econômico no Brasil, tem sido demonstrada respectivamente desde os
anos de 1500 com os primeiros empreendimentos experimentais. Assim, pode-se
afirmar que a economia brasileira sofreu ao longo de sua formação, forte influência
do agronegócio, quase sempre, considerado fundamento de sustentabilidade da
economia, pautado nos vários ciclos econômicos, os quais tiveram momentos de
glória e crise. Exemplo disso, foram os ciclos do pau-brasil, do gado, do açúcar, do
fumo, do ouro e diamante, do algodão, da borracha, do café, do cacau e, mais
recentemente, da soja (BRUM, 2002).
Para Baer (2002), a exploração do pau-brasil pelos primeiros
comerciantes portugueses marcou o início da longa (e lucrativa) sucessão histórica
de períodos de prosperidade, a grande maioria da qual envolvia produtos agrícolas
destinados aos mercados externos. A cana-de-açúcar, o algodão, o fumo, o cacau, a
borracha e o café, todos experimentaram períodos de desenvolvimentos e fracassos
frenéticos.
Como se observa, as atividades econômicas do Brasil, desde o
início da colonização, foram predominantemente dirigidas para a exportação. No
decorrer de mais de quatrocentos anos a economia brasileira funcionou
predominantemente como reflexo dos interesses externos, reagindo aos estímulos
vindo de fora. Essa dependência se reflete claramente nos ciclos econômicos que
caracterizam esse longo período (BAER, 2002).
Brum (2002), definiu o ciclo econômico como o período em que
determinado produto, beneficiando-se da conjuntura favorável do momento, se
14
constitui no centro dinâmico da economia. O ciclo, na opinião de Furtado (2000),
mostra a dinâmica com que um produto ascende, alcança seu apogeu e entra em
declínio na pauta de exportação, sem, necessariamente, deixar de ocupar posição
de destaque na fase de depressão, entre os produtos exportáveis.
O declínio apontado por Furtado (2000), é determinado por vários
fatores próprios das regras do mercado, tais como:
- saturação do mercado – provocada por excesso de oferta do
produto, como ocorreu com o açúcar;
- esgotamento das fontes do produto: quando se trata de produtos
cujas fontes não se renovam, como foi o caso dos minerais;
- retração dos importadores – normalmente provocada por
depressão econômica, epidemia, guerra ou convulsão interna,
que inibem as importações.
Segundo Brum (2002), três foram os grandes ciclos que marcaram
profundamente a economia brasileira: o açúcar, o ouro e o café, sucessivamente,
intermediados ou concomitantes a eles, os ciclos menores do algodão, da borracha
e do cacau, além do extrativismo inicial do pau-brasil. Os subciclos do gado e do
fumo tiveram função complementar como auxiliares dos ciclos principais.
Em um país que já foi a terra da cana, do cacau, do café e que
agora, 126 anos após a sua introdução, já merece ser reconhecido como “o país da
soja”, o Brasil é a grande promessa de fornecimento do esperado incremento da
demanda mundial de soja, cujo crescimento médio, nos últimos 40 anos, tem sido da
ordem de cinco milhões de ton/ano (DALL’AGNOL, 2006). A tabela 1 retrata a
dimensão dessa produção, comparando com as principais culturas.
15
TABELA 1 – Área plantada ou destinada à colheita, colhida, quantidade produzida,
rendimento médio e valor da produção, em ordem decrescente de valor
da produção, segundo os principais produtos – Brasil – 2004
P
rodutos Área plantada
ou destinada à
colheita (ha)
Á
rea
colhida (ha)
Q
uantidade
produzida (t)
R
endimento
médio (kg/ha)
V
alor (1000
RS)
Soja (em grão) 21.601.340 21.538.990 49.549.941 2.300 32.627.677
Cana-de-açúcar (1) 5.633.700 5.631.741 415.205.835 73.726 12.149.902
Milho (em grão) 12.864.838 12.410.677 41.787.558 3.367 11.595.513
Arroz (em casca) 3.774.215 3.733.148 13.277.008 3.556 7.750.355
Café (beneficiado) 2.389.598 2.368.040 2.465.741 1.041 7.377.951
Algodão herbáceo
(em caroço)
1.159.677
1.150.040 3.798.480 3.302 5.185.011
Mandioca (1) 1.776.967 1.754.875 23.926.553 13.634 4.954.660
Laranja 823.902 823.220 18.313.717 22.246 4.307.155
Fumo (em folha) 462.391 462.265 921.281 1.992 3.632.214
Feijão (em grão) 4.325.777 3.978.660 2.967.007 745 3.082.348
Banana 495.385 491.042 6.583.564 13.407 2.273.680
Trigo (em grão) 2.810.874 2.807.224 5.818.846 20.472 2.102.426
Batata-inglesa 142.781 142.704 3.047.083 21.352 1.719.657
Tomate 60.365 60.152 3.515.567 58.444 1.685.933
Uva 71.640 71.637 1.291.382 18.026 1.388.218
Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal,
2004. (1) A área plantada refere-se à área destinada à colheita no ano.
2.2. Soja
Um, de cada quatro dólares exportados pelo complexo agroindustrial
brasileiro provem da soja. Além disso, as carnes de frango e de porco que são
exportadas, também podem ser consideradas provenientes da soja, com valor
agregado.
Dall’Agnol (2006), afirmou que a soja agrega, anualmente, mais de
10 bilhões de dólares à balança comercial do Brasil, além de outros 50 bilhões de
dólares que são gerados em benefícios indiretos representados, principalmente, por
4,5 milhões de empregos derivados de sua extensa cadeia produtiva que inclui,
antes da porteira, a indústria de defensivos, de fertilizantes, de máquinas e de
16
implementos e, depois da porteira, as empresas de transporte, de armazenagem, de
processamento e de exportação. Finalmente, deve-se falar do grande negócio que é
o processo produtivo da oleaginosa dentro da porteira, onde 240.000 produtores
brasileiros trabalham e vivem do cultivo da soja.
O cultivo da soja está presente em 19 Unidades da Federação,
sendo que na safra 2004, os estados de Roraima e de Alagoas registraram
produções da oleaginosa pela primeira vez. O Mato Grosso consolidou sua posição
de principal produtor nacional, ao responder por 33% da produção (CONAB, 2006).
Brandão et al (2006), apontou que o crescimento agrícola recente no
Brasil se caracterizou por uma forte expansão da área total plantada, rompendo com
um padrão de crescimento agrícola apresentado durante toda a década de 1990.
Isto se nota, especialmente, no caso da soja, que registrou um aumento na taxa
média anual de crescimento da área plantada de 3,6% no período 1990/91-2000/01,
para nada menos do que 13,8% entre 2000/01 e 2003/04, conforme constata-se na
figura 1. Entretanto, o agregado da área total plantada com todas as lavouras,
(menos soja), praticamente não mudou seu comportamento no período, passando
de -3,5% para -0,7%.
Figura 1 Índices de área plantada com soja e com agregados de lavouras, de
1990 a 2003.
Fonte: Brandão et al. (2006).
17
2.2.1. Formação de preço da soja
A formação de preços da soja no Brasil possui forte influência das
cotações da Bolsa de Chicago (Chicago Board of Trade – CBOT). No mercado
interno, também existem causalidades de transmissão de preços entre a soja em
grãos e os seus derivados (ROESSING, 2001). Na figura 2, Aguiar (1990, citado por
ROESSING, 2001) apresenta um resumo das influências de preços no mercado de
soja:
Figura 2 – Fluxograma de causalidade no mercado de soja.
Fonte: Aguiar (1990, citado por Roessing, 2001).
A relação entre a quantidade ofertada de um bem e o seu preço de
mercado é dada pela Função da Oferta ou Curva da Oferta, esta relação precisa de
um sentido, que é estabelecido pela Lei da Oferta. De acordo com esta lei, quanto
maior for o preço de um bem, maior será a quantidade desse bem que os produtores
querem produzir e vender (ofertar) no mercado. Do mesmo modo, quanto menor for
o preço de um bem, menor será a quantidade ofertada. Há uma relação direta entre
o preço de um bem e a sua quantidade ofertada (SILVA; LUIZ, 1996).
Por outro lado, os problemas econômicos fundamentais são: 1) que
produtos produzir e em que quantidade; 2) como os produzir, isto é, através de que
18
técnicas devem ser combinados os fatores produtivos; 3) para quem devem ser
produzidos e distribuídos os produtos (ECONOMIA, 2006).
Marques e Mello (1999, citados por OLIVEIRA, 2001), afirmaram que
a formação de preços da soja, em nível mundial, começa em Roterdã (Holanda),
refletindo-se para a Bolsa de Futuros de Chicago (CBOT). De lá advém a demanda
pelo produto brasileiro, o qual recebe um ágio ou deságio e deduzindo-se os custos
de frete, seguros e outros, chegando-se ao preço no porto de Paranaguá. Desse
preço são deduzidos custos de impostos, de transportes, de seguros e outros,
obtendo-se o preço de fábrica. De lá, deduzem-se novamente os fretes, despesas
operacionais e outros custos, chegando-se à formação da base de preço no local da
produção rural, que, com a concorrência em cada região, formará o preço final a ser
oferecido ao produtor. Este preço, baixo na análise do meio rural, desencadeou um
grande processo de retração nas cidades, principalmente àquelas que dependem
diretamente da atividade agrícola, surgindo a crise do agronegócio.
A determinação do preço da soja leva ainda em consideração
diversas variáveis, como o nível de informação do ofertante e do comprador, sendo
preponderante a oferta e a demanda em nível mundial e mesmo local (OLIVEIRA,
2001). Há um consenso entre diversos autores de que o Brasil, apesar de ser um
dos três maiores produtores mundiais da soja, é um tomador de preços, ou seja, não
consegue ditar o preço do produto em nível internacional. Isso deve-se ao fato que,
sendo a CBOT um grande sinalizador e referencial de preços da soja para o mundo,
há uma grande correlação entre os preços da CBOT e os praticados no mercado
interno brasileiro.
2.2.2. Política cambial X preço da soja
A política cambial está, fundamentalmente, baseada na
administração da taxa de câmbio e no controle das operações cambiais. Embora
indiretamente ligada à política monetária, destaca-se da política monetária por atuar
19
mais diretamente sobre todas as variáveis relacionadas às transações econômicas
do país com o exterior (FORTUNA, 2005).
Em 15 de janeiro de 1999, o Banco Central adotou o regime de livre
flutuação do câmbio. Fortuna (2005), apontou que o governo optou por deixar o
dólar flutuar livremente ao sabor dos acontecimentos externos e ajustar os juros
internos de acordo com sua inflação, não desequilibrando sua política fiscal e, em
situações de crise fazendo intervenções, se fosse o caso, para controlar a sua
volatilidade excessiva. Desse modo, quando a economia de um país sofre os efeitos
da inflação, ou seja, se os custos dos produtos produzidos internamente crescem,
haverá a necessidade, caso se deseje manter a competitividade desses produtos no
mercado internacional, de alterar as taxas de câmbio para valores que permitam o
reajuste dos preços internos aos preços externos, depois de compensado o
desconto da inflação interna.
Dessa maneira, a política cambial do país exerce enorme influência
no preço final da soja. Como se pode perceber na figura 3, o dólar esteve em
escalada de queda contínua nos últimos anos, sendo um dos grandes responsáveis
pela crise do agronegócio.
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,60
2,70
2,80
2,90
3,00
3,10
3,20
3,30
3,40
3,50
3,60
3,70
3,80
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fe
v
-0
6
mês/ano
R$/US$
Figura 3 – Comportamento do dólar 2003 a 2006.
Fonte: CONAB (2006).
20
2.3. Crise
O conceito de crise é extremamente ambíguo e teve múltiplos usos,
muitas vezes contraditórios (BEINSTEIN, 2005). Ao longo do século XX, gozou de
períodos de enorme popularidade em contraste com outros em que a sua existência
futura, como fenômeno social de amplitude e duração significativa, era quase
descartada.
A origem do conceito de crise é muito remota, podendo ser situada
segundo a historia do ocidente, na Grécia Antiga. Foi utilizado por Tucídides em "A
guerra do Peloponeso" para assinalar o momento de decisão na batalha, mas,
também na evolução da peste em Atenas atravessando certos pontos de inflexão e,
naturalmente, por Hipócrates, ancorando o tema na medicina onde esteve instalado
com quase exclusividade durante muitos séculos nos quais apareceu timidamente
em algumas reflexões sobre acontecimentos sociais (BEINSTEIN, 2005).
Por sua vez, o prêmio Nobel de economia Paul Samuelson afirmou
pouco antes da crise de 1973-74: "O National Bureau of Economics Research
trabalhou tão bem que de fato eliminou uma das suas próprias tarefas principais, a
saber: as flutuações cíclicas" acrescentando que "Graças ao emprego apropriado de
políticas monetárias e fiscais o nosso sistema de economia mista pode evitar os
excessos dos booms e das depressões e desenvolver um crescimento são e
sustentado" (MANDEL, 1978 citado por BEINSTEIN, 2005). Mas, antes da Primeira
Guerra Mundial, em plena hegemonia do liberalismo e da ideologia do progresso
(que muitos supunham indefinido), também era subestimada a idéia de crise lançada
ao museu das antigüidades anarquistas e marxistas catastrofistas. Mas o paraíso
desmoronou em 1914.
Mais recentemente, nos anos 1990 do século XX, sobretudo no
segundo lustro, em pleno delírio bursátil, a prosperidade dos Estados Unidos
costumava ser apresentada como modelo do futuro, a matriz de um capitalismo que
finalmente havia conseguido desencadear uma dinâmica de crescimento
incomparável durante um longuíssimo período. Explicavam que a Revolução
Tecnológica fazia subir os rendimentos e, em conseqüência, a procura, incitando
21
mais revolução tecnológica, aumentando a produtividade laboral e gerando novos
rendimentos. Mas, orculo virtuoso das tecnologias de ponta ocultava o círculo
vicioso da especulação financeira que terminou por apodrecer completamente a
mega fortaleza do capitalismo global. Esse frenesi neoliberal dos idos de 1990 foi
abençoado nos seus princípios por personagens como Francis Fukuyama, o qual
informava que o mundo estava entrando não só numa era sem crises significativas
como também no mesmíssimo "fim da história" (FUKUYAMA, 1990 citado por
BEINSTEIN, 2005).
Para Beinstein (2005), além das utilizações individuais ou para
fenômenos de pequena dimensão humana (grupais, etc.), quando se entra nos
grandes processos sociais, pode-se distinguir "crises" extremamente breves de
outras de longa duração (décadas, séculos), diferenciando-se também as crises de
baixa intensidade de outras que sacodem profundamente a estrutura. Também
pode-se distinguir aquelas causadas pela própria dinâmica do sistema em causa, ou
seja, com causas endógenas, das provocadas por fatores externos ao mesmo
(causas exógenas).
Certo reducionismo econômico limita as crises ao momento de
mudança de fase do ciclo, quando se passa da etapa de crescimento à de recessão,
deixando de lado as turbulências sistêmicas que se prolongam muito mais além
desses momentos, como é o caso do agronegócio.
2.4. Agronegócio
O agronegócio, equivalente ao termo Agribusiness, conforme
definido por Davis e Goldberg (1957), citados por Brandão e Medeiros (1998), deve
ser entendido como sendo a soma das operações de produção e distribuição de
suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do
armazenamento, do processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens
produzidos a partir deles. Assim, o agronegócio pode ser entendido como a cadeia
22
produtiva que envolve desde a fabricação de insumos, a produção nas fazendas, a
sua transformação até o seu consumo.
Para haver produção agropecuária e o produto chegar ao
consumidor é necessário, de acordo com Araújo (2005), que apareça uma série de
atividades sociais, agronômicas, zootécnicas, agroindustriais, industriais,
econômicas, administrativas, mercadológicas, logísticas e outras. Dessa forma, a
produção agropecuária deixou de ser coisa unicamente de agrônomo, de
veterinários, de agricultores e pecuaristas, para ocupar um contexto muito complexo
e abrangente, o de “cadeia produtiva”, referindo-se às empresas industriais cujos
produtos têm como base um produto agrícola (ECONOMIA, 2006).
Zylbersztajn e Neves (2000), enfatizaram que “o sucesso e difusão
do conceito de agronegócio resultou do fato de o conceito de agribusiness ser de
aplicação imediata para a formulação de estratégias corporativas, sem muita
necessidade de suporte teórico de natureza complexa” ou de o conceito de cadeia
(filière) aplicado ao estudo da organização agroindustrial não ser amplo o suficiente.
O fato é que o agronegócio responde atualmente por 40% do PIB
brasileiro e, em alguns estados, é ainda maior, como por exemplo, o Mato Grosso
que tem 70% do seu PIB vinculado direta ou indiretamente ao agronegócio
(VETTORATO, 2006). Isso implica dizer que as relações do agronegócio no Estado,
não estão compreendendo a cadeia produtiva completa, por exemplo, a soja, cerca
de 70% é exportada em commodities (VETTORATO, 2006), sendo assim, junto com
o algodão e outros produtos, ela é um dos principais responsáveis pelo superávit de
US$ 29 bilhões da balança comercial brasileira, conforme ilustrado na figura 4:
23
Figura 4 – Balança comercial agronegócio brasileiro.
Fonte: ÍCONE, 2006.
Ainda no Mato Grosso, a soja representa uma parte substancial da
economia do estado, respondendo por 71,29% da área total explorada com
agricultura. A área colhida com essa oleaginosa foi de 3,8 milhões de ha na safra
2001/2002, representando 23,37% da área colhida no Brasil e 5,2 milhões de
hectares na safra 2003/2004, representando 24,44% da área colhida no país
(CONAB, 2006).
O estado é também responsável por 8% da soja mundial e de 33%
da produção brasileira (CONAB, 2006), tendo a melhor média de produtividade do
Brasil (17,1% acima da média nacional), conforme figura 5:
Figura 5 – Produtividade de soja dos estados em relação à média brasileira.
Fonte: CONAB, 2006; APROSOJA, 2006.
2.294,7 kg/ha
24
Também é destaque na produção do algodão, sendo o maior
produtor nacional e possuindo a melhor média do país (216,8 arrobas por hectare),
conforme ilustrado na figura 6:
172,0
163,8
136,1
216,8
164,4
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
BA SP PR MT GO
Figura 6 Produtividade do algodão dos estados brasileiros (arrobas/ha) média
de 05 anos.
Fonte: CONAB, 2006.
Nesse contexto, cabe destacar que o Estado do Mato Grosso,
começou a despontar no cenário brasileiro a partir do avanço da frente pioneira
paulista, em meados do século XX. Desde então, com a entrada de agricultores
paranaenses e gaúchos, o estado vem se desenvolvendo com base na
agropecuária, sendo que em anos recentes com programas de incentivos, pesquisas
e pioneirismo (PRODUTOR RURAL, 2006), avançou e muito na modernização
destes setores de produção, além de ações de integração da região aos outros
mercados, elementos que tiveram importantes conseqüências em sua dinâmica
demográfica e no processo de redistribuição espacial da população.
Esta ação estatal explicita-se através da preocupação de integração
nacional do regime militar, o que justifica os representativos investimentos em
grandes projetos agropecuários, o Araguaia, o Mato Grosso e a Amazônia foram
invadidos pelos grandes grupos econômicos através dos projetos agropecuários
(CUNHA, 2006). O autor apontou ainda que a intervenção do governo foi realizada,
principalmente através do Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste –
PRODOESTE, efetivado pela ação da Superintendência do Desenvolvimento da
25
Amazônia – SUDAM, no qual muitos grupos empresariais beneficiaram-se em
diversos aspectos do processo de ocupação da fronteira amazônica.
Posteriormente, ocorreu uma articulação entre estado e detentores
de representativos volumes de capital, realizando incentivos para que estes
pequenos produtores se engajassem em projetos de colonização, característicos da
década de 1980, em substituição aos grandes projetos agropecuários da década de
1970. Diante disso, pode-se observar que os anos 80 caracterizaram-se pela
realização desses projetos de colonização, baseados em assentamentos de famílias
em pequenas propriedades e executados por empresas públicas e privadas. Nesse
contexto, a abertura dos grandes eixos rodoviários, especialmente a BR-163
Cuiabá-Santarém (1971-1976), foi um marco representativo da efetiva implantação
dos projetos de colonização (CUNHA, 2006).
2.5. Crise x agronegócio
Menegheti (2006), apontou que a safra 2004/05 interrompeu um
ciclo expansionista de cinco anos da produção brasileira de grãos, saindo de 37,3
milhões de ha para 48.878,1 milhões de ha. O Mato Grosso detinha a maior taxa de
expansão, cerca de 15% anuais nos últimos 10 anos. Enquanto, o custo de
produção estava em escalada ascendente, o preço de venda do produto, por sua
vez tendo o preço atrelado ao Dólar que estava em uma escalada inversa, selou a
crise no setor.
Outro pesadelo para o setor fora a trajetória de valorização do real e
desvalorização do câmbio a partir de setembro de 2004. A combinação destes
fatores fez com que os agricultores realizassem diversas manifestações por todo o
país, que culminou com o tratoraço em Brasília no mês de junho de 2005, levando
incertezas e reivindicações ao governo federal. Os dados da CONAB (2006), para o
Mato Grosso, indicam que o binômio estadual soja-boi tem prevalecido ao longo das
duas últimas décadas como o principal esteio da vida econômica do estado. A
produção de grãos no Centro Oeste teve um incremento de 117,42% entre 1990 e
26
2003. O desempenho mais notável, do ponto de vista da produção no período foi o
da soja. A oleaginosa saltou de uma produção de pouco mais de 9.743 milhões de
toneladas em 1990/1991 para mais de 23.300 milhões de toneladas em 2004/2005.
Em 2005/2006 a produção foi de pouco mais de 22.200 milhões de toneladas, em
função de problemas climáticos e da economia.
Também, para Menegheti (2006), o ciclo de crescimento foi
interrompido, devido a alguns fatores como a diminuição no número de aquisição de
áreas, de investimentos em tecnologias e aquisição de maquinários. O grande fator
gerador desta crise foi que entre a aquisição de insumos e a colheita da safra, houve
a valorização da moeda brasileira que fez com que empresários pagassem maior
quantidade de reais no momento de produzir e recebesse menos na venda,
conforme ilustra a figura abaixo. O aumento do custo da produção decorrente,
principalmente pelos fertilizantes (figura 7) e os defensivos usados no controle da
ferrugem asiática (figura 8):
Figura 7 – Custo por hectare de fertilizantes no Mato Grosso.
Fonte: IMEA, 2006.
Um levantamento da CNA apontou aumentos de 101%, entre 2001 e
2004 no adubo (02.20.20), de 85% no sulfato de amônia, de 95% na uréia e de 95%
no valor de uma colhedeira TC 57, enquanto a inflação registrada no período foi de
27
28%. Por outro lado, o valor médio recebido pelos produtores em 2005 caiu 20% no
algodão, 30% na soja e 13% no arroz (MENEGHETI, 2006).
Além do aumento no custo dos insumos agrícolas ocasionado pelo
aumento do dólar, outro fator, a ferrugem, contribuiu para o aumento da necessidade
de uso desses insumos, tornando a produção ainda mais cara. Em alguns casos,
produtores tiveram de realizar até 07 aplicações no combate à praga. A figura 8,
retrata a evolução no aumento do custo com o combate da ferrugem por hectare,
que passou de $17,5 dólares na safra 2001/2002 para $45,00 dólares na safra
2005/2006.
17,50 17,50
25,50
30,50
45,00
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
01/02 02/03 03/04 04/05 05/06
Figura 8 – Custo por hectare com a ferrugem no Mato Grosso.
Fonte: IMEA, 2006.
Assim, com o advento da ferrugem, necessitou-se de um maior
volume de aplicação, o que demandou mais óleo diesel, que por sua vez, também
contribuiu para o aumento dos custos. Para plantar uma área de 1.000 hectares de
soja, de acordo com o Sindicato Rural de Primavera do Leste – MT (2006), são
necessários as seguintes quantidades de diesel:
- 45.000 litros para cultivo, que corresponde a 23% do total;
- 135.000 litros para o frete (3.000 kg.), que corresponde a 68% do
total;
28
- 18.000 litros para aplicação de fertilizantes (400 kg.) que
corresponde a 9% do total.
Ao considerar o total de 198.000 litros consumidos ao custo por litro de
diesel U$ 0,35, preço de 10 anos atrás, gerava uma despesa total de U$ 69.300,
este mesmo volume hoje gera uma despesa de U$ 198.000,00 pois o diesel está na
faixa de U$ 1,00 o que gera um aumento no custo de produção de R$ 128.700,00.
A figura 9, apresenta os principais fatores que agregam custos na
produção da soja e sua participação no custo, sendo os valores em dólares, óleo
diesel $27,50, ferrugem $70, 00, fertilizante $41,41 e frete $162,00 perfazendo o
total de $300,91.
27,50
70,00
41,41
162,00
300,91
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
Óleo Diesel Ferrugem Fertilizante Frete ** Total
Figura 9 Principais incrementos nos custos de produção da soja no período de
00/01 a 05/06 no Mato Grosso.
Fonte: Sindicato Rural de Primavera do Leste - MT, 2006.
** Frete: Sorriso – Paranaguá
A figura 10, mostra a evolução dos custos de produção de soja total por
hectare (sacas de 60 kg em Primavera do Leste-MT) nas safras de 2001/2002 a
safra 2005/2006 em escala ascendente.
29
47,46
40,91
29,38
59,18
71,37
0
10
20
30
40
50
60
70
80
01/02 02/03 03/04 04/05 05/06
Figura 10 – Custo total do hectare em sacas de soja de 60kg em Primavera do
Leste.
Fonte: Sindicato Rural de Primavera do Leste - MT, 2006.
A tabela 02, a seguir retrata a evolução do custo de produção dos
estados de Mato Grosso, Goiás e Paraná. Na safra de 2002/2003 o custo de
produção era R$12,88 (saca de soja de 60 kg) e um preço de venda de R$ 32,90
(saca de soja de 60 kg), o que garantia uma margem de R$ 20,02 (saca de soja de
60 kg). No Mato Grosso, na safra 2003/2004 o custo de produção era R$17,76 (saca
de soja de 60 kg), e um preço de venda de R$ 34,31(saca de soja de 60 kg), o que
garantia uma margem de R$ 16,55 (saca de soja de 60 kg) no Mato Grosso, na safra
2004/2005 o custo de produção era R$19,68 (saca de soja de 60 kg) e um preço de
venda de R$ 24,06 (saca de soja de 60 kg), o que garantia uma margem de R$ 4,38
(saca de soja de 60 kg) no Mato Grosso, na safra 2005/2006 o custo de produção
era R$21,80 (saca de soja de 60 kg) e um preço de venda de R$ 19,48 (saca de
soja de 60 kg), o que garantia prejuízo de R$ 2,32 (saca de soja de 60 kg) por saca
produzido no Mato Grosso.
30
TABELA 2 – Estimativa de margem de lucro na cultura de soja (R$/60Kg) nas safras
de 2002/2003, 2003/2004 e 2004/2005
GO MT PR
UF
02/03 03/04 04/05 05/06 02/03 03/04 04/05 05/06 02/03 03/04 04/05 05/06
Custo variável
R$/60Kg
12,80
18,22 19,66 22,36 12,88 17,76 19,68 21,80 11,54 16,09 17,12 17,97
Preço produtor
R$/60Kg 35,09
36,27 26,39 22,81 32,90 34,31 24,06 19,48 38,74 40,21 30,66 25,75
Margem
R$/60Kg 22,29
18,05 6,73 0,45 20,02 16,55 4,38 -2,32 27,2 24,12 13,54 7,78
Fonte: CONAB, 2006.
Percebe-se também na tabela 03, a evolução na diferença do preço
de mercado ao produtor entre os estados, influenciado, principalmente pelo custo do
frete e este influenciado pelo custo do óleo diesel. Na safra 2002/2003 a diferença
entre o preço praticado no PR e MT era de R$ 5,84, na safra 2003/2004 a diferença
era de R$ 5,90, na safra de 2004/2005 era de R$ 6,60 e na safra 2005/2006 era de
R$ 6,27.
A projeção da safra 2004/2005 era de 129,8 milhões de toneladas,
mas os problemas climáticos no sul e em algumas regiões do centro-oeste
reduziram a produção para 113,5 milhões de toneladas. Apenas na soja foram 10
milhões a menos. A queda de produção afeta a geração de receitas e,
conseqüentemente, a economia da região e dos municípios. Economia aqui, pode
ser definida como uma ciência social que estuda como o indiduo e a sociedade
decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de
modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade
de satisfazer às necessidades humanas (VASCONCELLOS, 2002).
3. MATERIAL E MÉTODO
O presente estudo parte do pressuposto de que a crise no
agronegócio afeta coercitivamente as economias dos municípios em estudo (níveis
de emprego, geração de rendas, taxa de inadimplência e outros). Os
administradores tendem a se adaptar a nova contextualização, sendo pressionados
a reverem seus processos.
Para atingir os objetivos propostos para este trabalho foram
levantados dados dos municípios matogrossenses de Campo Verde, Paranatinga e
Primavera do Leste, localizados na região sudoeste do estado.
3.1. Material
Este trabalho foi conduzido em três municípios matogrossenses,
cujas economias apresentam algumas características comuns: são municípios
relativamente jovens, com características climáticas semelhantes e a economia
baseada fundamentalmente no agronegócio. Os municípios escolhidos para a
caracterização do estudo foram: Campo Verde, Paranatinga e Primavera do Leste. O
critério de escolha foi a proximidade dos municípios e a característica da economia.
Para fins de análise efetuou-se entrevistas semi-estruturadas
utilizando um roteiro pré-estabelecido (anexo I) com os gestores de 14 empresas e
autarquias. Os empresários e/ou dirigentes foram escolhidos intencionalmente, ou
seja, os setores de materiais para construção, móveis e eletrodomésticos, vendas e
locação de imóveis, prestadores de serviços e órgãos públicos, onde se procurou
identificar os efeitos da crise do agronegócio nos municípios citados.
32
3.1.1. Prefeituras municipais
MUNICÍPIO DE CAMPO VERDE
Localizada na Praça dos Três Poderes, 02 - Bairro Campo Real II
- Campo Verde - MT - CEP: 78.860-000.
MUNICÍPIO DE PARANATINGA
Localizada Avenida Brasil, 36 - Centro - Paranatinga - MT - CEP:
78.867-000.
MUNICÍPIO DE PRIMAVERA DO LESTE
Localizada na Rua Maringá, 444 - Centro - Campo Verde - MT -
CEP: 78.850-000.
3.1.2. Empresas
DEPÓSITO CAMPO VERDE
Empresa do ramo de comercialização de materiais para
construção. Localizada na Rua Curitiba, 633 - Centro - Campo
Verde - MT - CEP: 78.860-000.
MARTINS – MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Empresa do ramo de comercialização de materiais para
construção. Localizada na Avenida Brasil, 1228 -
Centro - Paranatinga - MT - CEP: 78.870-000.
33
SACHET MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Empresa do ramo de materiais de construção. Localizada na Rua
Minas Gerais, 111 - Centro - Primavera do Leste - MT - CEP:
78.850-000.
IMOBILIÁRIA LIDERANÇA
Empresa do ramo de comercialização e locação de imóveis
(imóvel rural, urbano). Localizada na Rua Juscelino Kubitschek,
363 - Jardim Campo Verde – Campo Verde – MT – CEP: 78.860-
000.
IMOBILIÁRIA PARANATINGA
Empresa do ramo de comercialização e locação de imóveis
(imóvel rural, urbano). Localizada na Rua Dão Pedro II, 8 -
Centro - Paranatinga - MT - CEP: 78.870-000.
EDÍLIO IMÓVEIS
Empresa do ramo de comercialização e locação de imóveis
(imóvel rural, urbano). Localizada na Avenida Cuiabá, 550 -
Centro - Primavera do Leste - MT - CEP: 78.850-000.
MOVEIS GAZIN
Empresa do ramo comercial que atua na venda de móveis e
eletrodomésticos. Localizada na:
Avenida Brasil, 1200 – Centro - Paranatinga - MT - CEP:
78.870-000.
Rua João Pessoa, 728 - Centro – Campo Verde – MT – CEP:
78.860.000.
Avenida São João, 227 - Centro - Primavera do Leste - MT -
CEP: 78.850-000.
34
ZOOFORT AGRÍCOLA
Empresa do ramo agropecuário que atua nas áreas de
comercialização de grãos, insumos agrícolas e fabricação de
rações. Localizada na:
Rua Atílio Fontana, 457 – Jardim Campo Verde – Campo
Verde – MT – CEP: 78.860.000.
Avenida das Indústrias, 280 – Distrito Industrial - Primavera
do Leste - MT - CEP: 78.850-000.
CÂMARA DOS DIRIGENTES LOJISTAS – CDL
Empresa do ramo de prestação de serviços que atende aos
municípios de Campo Verde, Paranatinga e Primavera do Leste.
Localizada na Rua Minas Gerais, 190 - Centro - Primavera do
Leste - MT - CEP: 78.850-000.
PINESSO – PEÇAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
Empresa do ramo de comercialização de tratores, peças e
implementos agrícolas. Localizada na:
Avenida Brasil, 36 – Centro – Campo Verde – MT – CEP:
78.860.000.
Rodovia BR 070, km 280 – Distrito Industrial - Primavera do
Leste - MT - CEP: 78.850-000.
SINE / MT
Órgão do ramo de prestação de serviços que atua na
intermediação de mão-de-obra, emissão de carteira de trabalho,
e recepção do seguro desemprego, atendendo aos municípios de
Campo Verde, Paranatinga e Primavera do Leste. Localizada na
Avenida Cuiabá, 219 - Centro - Primavera do Leste - MT - CEP:
78.850-000.
35
3.2. Método
O presente estudo caracteriza-se como um estudo múltiplo de casos
do tipo seccional, metodologia que permite estabelecer relações entre as categorias
analíticas e verificar as condições em que tais relações se estabelecem
(RICHARDSON, 1999). O método de estudo de casos com ênfase na pesquisa
exploratória-qualitativa, aconselha a multiplicidade de recursos, pois abrange a
máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do tema em estudo
(TRIVIÑOS, 1987). O mesmo se desenvolveu em interação dinâmica, utilizando-se
de documentos e entrevistas. Portanto, se limita ao estudo em profundidade da
realidade de três municípios matogrossenses num período de sua história, nos anos
de 2003 a 2005.
A coleta de dados foi efetuada por meio de entrevista semi-
estruturada junto às empresas, órgãos e autarquias envolvidas com o agronegócio.
A mesma foi direcionada na medida em que surgiram novas informações. Elas
deram subsídio ao estudo, assim, considerou-se que esta foi a técnica primordial
para o levantamento dos dados coletados.
Para a consecução deste estudo, os dados foram também coletados
por meio de pesquisa documental, entrevistas e observação não participante, e a
entrevista semi-estruturada com base num roteiro pré-estabelecido foi desenvolvida
de acordo com os objetivos desta e fizeram parte das fontes primárias.
3.3. Limitações do estudo
O método do estudo de caso apresenta como maior limitação a
impossibilidade de generalização de seus achados para as demais empresas do
setor. A projeção dos achados da amostra para a população é chamada de
inferência estatística, o que não pode ser feito no estudo de caso. Este método
permite a descoberta de relações que não seriam encontradas de outra forma,
36
sendo as análises e inferências em estudos de casos feitas por analogia de
situações, respondendo, principalmente às questões “por que e como”. Apesar desta
séria limitação de ordem estatística, esse método é considerado proveitoso, pois
contém alguns vieses de percepção do entrevistador, tanto na fase de coleta quanto
de análise de informações (YIN, 2001).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização dos municípios
4.1.1. Campo Verde - MT
O município de Campo Verde, localiza-se a uma latitude 15º32'48"
Sul e a uma longitude 55º10'08" Oeste, estando a uma altitude de 736 metros.
Possui uma área de 4811,71 km
2
, tornou-se município em 04 de julho de 1988.
O município tem cerca de 25.000 habitantes, é o maior produtor de
algodão em pluma do país, de ovos comerciais do centro-oeste e de frangos de
corte do estado de Mato Grosso. Além disso, o município é grande produtor de carne
suína, sementes fiscalizadas e grãos como soja, milho e arroz com uma área
cultivada de mais de 300 mil hectares ano. O município está estrategicamente
localizado a 130 Km de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, a 150 Km de
Rondonópolis, a 100 Km de Primavera do Leste e fica próximo ao entroncamento da
BR 070 que liga a Goiânia e Brasília, com a BR 364, que liga Campo Grande e São
Paulo (PREFEITURA MUNICIPAL, 2006a).
4.1.2. Paranatinga – MT
O município de Paranatinga, localiza-se nas seguintes coordenadas:
14° 26’ 28” latitude sul 54° 26’ 18” Oeste GR, estando a uma altitude de 600 metros.
38
Possui uma área de 24.322,55 km
2
, tornando-se município em 1979, e uma
população estimada em 20.000 habitantes. Encontra-se localizado a 368,80 km de
distância da capital Cuiabá, no entroncamento da MT 130 e da MT 020. O clima é
tropical quente e úmido com 3 meses de seca, de junho a agosto; precipitação
anual de 1.500 mm, com intensidade máxima em dezembro, janeiro e fevereiro;
temperatura média anual: 22°C, com maior máxima 38°C (VSP, 2006). O município
originou-se da exploração de jazidas de diamantes e, após seu esgotamento,
passou a desenvolver atividades voltadas para a agricultura e pecuária, as quais
promoveram o desenvolvimento do município e da região.
4.1.3. Primavera do Leste – MT
O município de Primavera do Leste, localiza-se a uma latitude
15º33'32" Sul e a uma longitude 54º17'46" Oeste, com uma altitude de 465 metros, e
área de 5491,85 km
2
. O município foi emancipado no dia 13 de maio de 1986 e,
destaca-se uma economia baseada pela agricultura forte, a qual é a 5ª do Estado.
Localizada no sudeste de Mato Grosso e, possui uma população de 60.000
habitantes (PREFEITURA MUNICIPAL, 2006b). O aeroporto guarda 75 aviões de
pulverização agrícola, a maior concentração de aeronaves desse tipo do país e uma
das maiores do mundo. Os 3 mil tratores, as 1,5 mil colheitadeiras e os 230
engenheiros agrônomos registrados no município são a prova de que o município é
uma potência agrícola.
4.2. Receitas municipais
Ao analisar os dados da arrecadação municipal dos municípios em
estudo percebeu-se que as principais fontes de receitas dos municípios sofreram
reduções. Na figura 11, verifica-se que a receita tributária do município de Campo
39
Verde vinha de um aumento em 2004 em relação a 2003 de 41,5% sofrendo uma
redução de 5% em 2005. Por sua vez, as transferências de capital, tiveram um
aumento de aproximadamente 56,5% em 2004 com relação a 2003, sofrendo
redução de 29,8% em 2005 com relação a 2004, ficando praticamente no mesmo
patamar do ano de 2003.
-
1.000.000,00
2.000.000,00
3.000.000,00
4.000.000,00
2003
2004
2005
2003
2.572.787,8 - 4.605,83 853,37
307.584,06
21.207,60
883.307,56
2004
3.642.941,6
467.470,78
43.890,04 661,43 608.766,16 15.131,29 1.382.045,1
2005
3.469.990,
518.392,42
157.0 52,75 80 0 ,0 0
638.582,64
47.171,99
970.044,67
Receira
Tr ibut ária
Receit a de
Contribu
ões
Receit a
Pat rimo nial
Receit a de
Serviço s
Outras
receit as
Cor rent es
A lienação
d e bens
Tr ansf erênc
ias d e
capital
Figura 11 – Evolução das receitas do município de Campo Verde - 2003 a 2005.
Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Verde, 2006.
Embora a receita total do município tenha aumentado em torno de
7,3% de 2004 para 2005, percebe-se que o ritmo de crescimento fora muito inferior
ao que vinha apresentando no ano 2004. Em relação a 2003 a arrecadação havia
crescido em torno de 30,3%.
No município de Paranatinga, percebeu-se (figura 12), que a receita
tributária sofreu redução de 21,46% em 2005 em relação a 2003. As receitas
referentes às contribuições sofreram reduções de 56,67% em 2005 em relação a
2004, permanecendo praticamente no mesmo patamar do ano de 2003.
40
0,00
500.000,00
1.000.000,00
1.500.000,00
2.000.000,00
2.500.000,00
2003
2004
2005
2003
1.604.024,06 227.516,64 150.240,18 596.219,25 109.537,54 1.257.042,17
2004
1.234.001,86 540.179,09 158.503,00 725.201,19 229.498,30 2.336.831,71
2005
1.259.760,44 234.044,68 9.819,08 1.500,00 146.733,00 1.340.433,47
Receira
Tributária
Receit a d e
Contribuões
Receit a
Pat rimonial
Receit a d e
Serviços
Out ras receit as
Co rr entes
Transf erências d e
capital
Figura 12 – Evolução das receitas do município de Paranatinga - 2003 a 2005.
Fonte: Prefeitura Municipal de Paranatinga, 2006.
Embora a receita total do município tenha aumentado 4% de 2004
para 2005, percebe-se que o ritmo de crescimento em 2004, fora inferior em relação
a 2003, na qual a arrecadação havia crescido em torno de 38%.
Conforme a figura 13, a receita tributária do município de Primavera
do Leste, sofreu redução de 0,7% em 2005 em relação a 2004. Já, as receitas de
contribuições sofreram uma redução de 38,93% em 2005 em relação a 2004, e, as
demais receitas correntes, tiveram uma redução de 32,69% em 2005 com relação a
2004. Porém, em 2005, aumentos significativos foram percebidos nas receitas
patrimoniais (188%) e nas transferências correntes (4,45%), em relação a 2004. Este
ritmo foi inferior aos 21,89% registrados em 2004 se comparado a 2003 (as contas
do município de 2005 ainda não foram aprovadas pelo Tribunal de contas).
41
-
5.000.000,00
10.000.000,00
15.000.000,00
20.000.000,00
2
5.000.000,00
30.000.000,00
3
5.000.000,00
40.000.000,00
4
5.000.000,00
5
0.000.000,00
2003
2004
2005
2003
5.908.976,38 1.363.444,63 648.020,66 36.590.671,24 2.451.604,34 1.881.060,26
2004
7.727.689,10 1.955.653,11 762.203,01 46.850.447,32 1.759.907,62 421.501,00
2005
7
.672.387,44 1.194.146,05 1.866.498,73 49.035.746,14 1.649.981,26 801.740,49
Receira
T
ributária
Receita de
C
ontribuições
Rec eita
P
atrimonial
Transferências
C
orrentes
Outras receitas
C
orrentes
Transferências
d
e capital
Figura 13 Evolução das receitas do município de Primavera do Leste - 2003 a
2005.
Fonte: Prefeitura Municipal de Primavera do Leste, 2006.
Embora, a receita total do município tenha aumentado em torno de
0,7% de 2004 para 2005, percebe-se que o ritmo de crescimento fora muito inferior
ao que vinha apresentando, visto que no ano 2004 em relação a 2003 a arrecadação
havia crescido em torno de 18,26%.
4.3. Despesas municipais
No que tange as despesas percebeu-se que os municípios também
tiveram de fazer a adequação dos gastos de acordo com as receitas.
O município de Campo Verde, vinha de um aumento de 41,21% em
2004 e apresentou uma redução nas despesas na ordem de 2,64% em 2005,
conforme se pode observar na figura 14.
42
-
5.000.000,00
10.000.000,00
1
5.000.000,00
20.000.000,00
25.000.000,00
3
0.000.000,00
35.000.000,00
Receitas
D
espesas
Receitas
24.747.649,87 32.243.438,95 34.607.846,76
D
espesas
24.091.011,11 34.018.674,96 33.118.130,71
2003 2004 2005
Figura 14 Comparativo das receitas e despesas do município de Campo Verde -
2003 a 2005.
Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Verde, 2006.
Por sua vez, o município de Paranatinga, também teve de se
adequar, visto que, de um aumento de 26,61% em 2004, passou a apresentar uma
redução nas despesas da ordem de 2,21% em 2005, conforme figura 15.
-
2.000.000,00
4.000.000,00
6.000.000,00
8.000.000,00
10.000.000,00
12.000.000,00
14.000.000,00
16.000.000,00
18.000.000,00
Receitas
Despesas
Receitas
12.027.416,35 16.605.924,23 17.263.032,55
Despesas
13.433.735,55 17.008.416,11 16.632.376,02
2003 2004 2005
Figura 15 Comparativo das receitas e despesas do município de Paranatinga -
2003 a 2005.
Fonte: Prefeitura Municipal de Paranatinga, 2006.
43
Também o município de Primavera do Leste, adequou os gastos às
receitas, visto que, de um aumento de 18,93% em 2004 apresentou uma redução
nas despesas na ordem de 7,11% em 2005, conforme figura 16:
-
1
0.000.000,00
20.000.000,00
30.000.000,00
4
0.000.000,00
5
0.000.000,00
60.000.000,00
Receitas
D
espesas
Receitas
49.002.177,51 59.545.794,04 59.954.953,16
D
espesas
43.416.498,89 51.634.339,91 47.963.078,19
2003 2004 2005
Figura 16 Comparativo das receitas e despesas do município de Primavera do
Leste - 2003 a 2005.
Fonte: Prefeitura Municipal de Primavera do Leste, 2006.
4.4. Materiais de construção
O empresário, um dos entrevistados do ramo de materiais de
construção do município de Campo Verde, afirmou que a empresa teve queda de
faturamento em relação a 2004 de 50% e, por outro lado, a inadimplência aumentou
em torno de 50%. Afirmou ainda, “... que mesmo aqueles clientes que pagavam as
contas normalmente, não estão pagando, virou uma corrente, um vai atrás do outro”.
Outra empresária, do mesmo ramo de materiais de construção do
município de Paranatinga, argumentou que “... desde que possue comércio, estes
anos estão sendo os mais difíceis (2005 e início de 2006), quem tem gado não
consegue vender, quem planta não cobre os custos”. “Todos sonham em ter uma
casa, mas no momento em que as coisas estão difíceis a construção é a primeira a
parar”. As vendas caíram cerca de 50%, é o setor que mais está sentindo o efeito da
crise, o supérfluo. Por outro lado, a inadimplência aumentou 25%, às vezes até sem
44
cobrar juros não tem como receber. Aqueles que não têm histórico de mal pagador
usam o “modismo” para não pagar. “Pessoas que têm condições estão usando a
crise para não pagar”. “Estamos segurando, não vendendo parcelado, não abrindo
cadastros, aumentando o critério de concessão de crédito para não levar calote”.
A empresa do município de Primavera do Leste, cresceu 21,37% em
termos de faturamento no ano de 2004 em relação a 2003. Em 2005, em relação a
2004, ela apresentou queda de faturamento de (-)27,40%, afirmou o empresário do
ramo de materiais de construção. Estes números, segundo o empresário, “ainda não
representam a realidade, pois a rentabilidade da empresa caiu cerca de 50%, devido
a queda do faturamento ser maior do que a baixa nos custos”.
4.5. Imóveis
Uma corretora de imóveis de Campo Verde, argumentou que 2004
foi “o melhor ano e, a partir daí, os negócios começaram a cair, aumentando a oferta
de casas, logo, diminuindo o valor dos imóveis cerca de 10 a 15 %”. O valor dos
aluguéis também caiu de 35 a 40 %, principalmente dos aluguéis mais altos, pois “as
pessoas estão saindo de aluguéis mais altos para aluguéis mais baixos”, explicou a
entrevistada. A inadimplência também aumentou no setor.
Outro corretor de imóveis do município de Paranatinga, afirmou que
“uma fazenda, que em 2004 valia R$ 3.000.00 o hectare, hoje está sendo vendida
por R$ 1.000,00/ha”. Em adição, as pessoas que compraram fazendas estão tendo
de devolver. Informou ainda que a própria imobiliária possui um loteamento - Jardim
Paraíso -, no qual negocia lotes por R$ 10.000,00, sendo que este valor hoje, não
chega a R$ 5.000,00. Ainda segundo o corretor, "os aluguéis caíram, principalmente
os residenciais, as casas que antes eram alugadas por R$ 1.000,00, hoje são
alugadas por R$ 600,00”. “O setor está paralisado, ninguém compra e ninguém
vende, as fazendas estão à venda e ninguém quer comprar”.
“As pessoas investem quando têm uma sobra de recursos [...], nós
vínhamos num ritmo bastante acelerado de crescimento, sabemos que existe uma
45
linha, quando a gente percebe que esta linha subiu demais, 2002, 2003, 2004, e em
2005 eu já tinha me precavido, pois sabíamos que esta linha tinha de cair” afirmou a
empresária do ramo imobiliário no município de Primavera do Leste. “A gente se
preveniu, de certa forma, não sentimos muito, mas em média o volume de negócios
cairam uns 20 a 30%”.
A empresária destaca também, que por outro lado,
“... a venda está sendo feita, mas com muito mais trabalho, as vendas
tornaram-se mais difíceis, tivemos uma queda também no valor do aluguel
dos imóveis, tive muitas pessoas que devolveram o imóvel, porque
perderam o emprego ou devolveram para ir para um aluguel mais barato
devido a queda na renda. Foram dois fatores que contribuíram para esta
redução, pois estávamos em um ritmo de crescimento das construções
muito grande, quando vem esta crise resultou nesta queda aumentou a
oferta e diminuiu a procura”.
4.6. Móveis e eletrodomésticos
O gerente da loja Móveis Gazin (município de Campo Verde),
argumentou que a loja teve queda no faturamento em relação a 2004 de 42% e
aumento da inadimplência em 50%. Para se adequar a empresa está revendo as
metas e adotando mais critérios para concessão de crédito.
Outro gerente, da mesma loja no município de Paranatinga, afirmou
que o estabelecimento teve queda no faturamento em relação a 2004 de 30% e a
inadimplência aumentou em 18%. “As vendas de hoje são bem feitas, pois a
empresa está aumentando o rigor na concessão de critérios”.
A loja vinha crescendo em média 20%, mas a partir de 2005 este
cenário mudou, ao invés de crescer, retroagimos 20%, afirmou o gerente da mesma
loja no município de Primavera do Leste. “O poder de compra do morador de
Primavera do Leste diminuiu, hoje a loja trabalha dentro da média nacional de
inadimplência, mas isto não quer dizer que estamos bem, o que ocorre é que está
média subiu muito na empresa como um todo”.
46
4.7. Compra e venda de produtos e insumos agropecuários
Um diretor comercial do ramo agropecuário dos municípios de
Primavera do Leste e Campo Verde, afirmou que a empresa em que atua
apresentou crescimento no ano de 2004, em relação a 2003, de 90%. Por outro
lado, no ano de 2005, em relação a 2004, a empresa apresentou resultado negativo
de (-) 25%, além disso, a inadimplência que era de 05 a 10%, em 2004 subiu para
30 a 40% em 2005, mesmo depois de a empresa rever os seus critérios para a
concessão de créditos.
4.8. Comercialização de peças, máquinas e implementos agrícolas
O Gerente da Pinesso, unidades de Primavera do Leste e Campo
Verde, relatou que a empresa hoje conta com 14 funcionários, mas já teve 21. E
vinha crescendo de 1999 até 2004, chegando a dobrar o faturamento. Entretanto de
2004 para 2005 o faturamento caiu em torno de 30% e, na safra 2005 para 2006,
voltou a cair em torno de 70%. No setor agrícola, muitas lojas estão fechando,
ficando somente o atendente e o gerente. Em termos de inadimplências, “não fomos
muito afetados, pois a grande maioria da vendas está atrelada a um banco e com
isso o problema passa a ser do banco”. “O que nós fazemos no máximo é repassar
algumas informações para o banco”.
4.9. Prestação de serviços
O secretário executivo da CDL dos munipios de Campo Verde,
Paranatinga, Primavera do Leste, afirmou que o volume de atendimentos prestados
pela Câmara tem aumentado em uma proporção maior do que o volume de
47
negativações. Ele afirma que as lojas estão preocupadas em vender para se
desfazer dos estoques e por isso, muitas vezes optam por não negativar os clientes,
o que, segundo ele, vai gerar problemas para frente.
A coordenadora do Posto do SINE dos mesmos municípios
argumentou que a evolução na procura do órgão foi de 5,58% de 2003 (23.387) para
2004 (24.691) e de 36,36% de 2004 para 2005 (33.668). Argumentou ainda que,
2006 está caminhando no mesmo sentido, pois de janeiro a junho (18.385). Se
olharmos as vagas captadas pelo SINE, em 2005 (1.799) foram captadas um volume
37,90% inferior a 2004 (2.897), por outro lado, as requisições de seguros
desemprego em 2005 (3.640) aumentaram 26,35% em relação ao ano de 2004
(2.881) e, se olharmos o acumulado de 2006 até o mês de junho já foram emitidas
1.788 requisições de seguros desemprego.
4.10. Discussão
Verificou-se com base nos dados levantados, nos documentos
analisados e nas entrevistas efetuadas, que as economias dos municípios sentiram
o efeito da crise do agronegócio de forma similar. Porém, algumas pequenas
diferenças foram verificadas. Essas diferenças referem-se ao fato de que as
situações financeiras e a composição da economia destes municípios não são
homogêneas, possuindo particularidades.
4.10.1. Município de Campo Verde
O município de Campo Verde, sofreu alguns efeitos da crise do
agronegócio em sua economia, como a queda nas vendas das empresas que
oscilaram entre 35% e 70%. O aumento no índice de inadimplência também foi
percebido, forçando as empresas a adotarem políticas mais rigorosas de concessão
48
de crédito, a reverem suas estruturas para se adequarem a esta nova situação, ou
seja, tornando seus quadros mais enxutos, reduzindo investimentos, entre outras
medidas. Porém, no caso de Campo Verde, a arrecadação municipal não foi afetada,
devido ao fato de possuir uma unidade da Sadia, bem como várias granjas que
abastecem a unidade, fato este que manteve a receita do município. Mesmo assim,
constatou-se que o ritmo de crescimento sofreu desaceleração, caindo de 30% para
7%. A diversidade da economia do município fez com que a crise não tivesse efeito
ainda mais devastador. No entanto, alguns setores foram mais afetados, tais como:
vendas de máquinas e equipamentos agrícolas e o setor de construção civil.
4.10.2. Município de Paranatinga
Assim como o município de Campo Verde, o município de
Paranatinga também sofreu os efeitos da crise do agronegócio em sua economia. As
quedas nas vendas das empresas oscilaram entre 30 e 70%, além do aumento no
índice de inadimplência, o que forçou as empresas a adotarem políticas mais
rigorosas de conceso de crédito e a reverem suas estruturas para se adequarem a
essa nova situação. No caso de Paranatinga, a arrecadação municipal não sofreu
queda em 2005, em relação a 2004, pelo contrário cresceu 4%, porém, sofreu
drástica redução no ritmo de crescimento, pois em 2004 havia crescido 38%. Esse
crescimento se deve ao fato de o município possuir um Frigorífico e não ter tido
problemas na exportação de seu produto como muitos da região. Contudo, setores
como imóveis e construção civil, sentiram mais fortemente os efeitos da crise do
agronegócio.
49
4.10.3. Município de Primavera do Leste
O município de Primavera do Leste, também sofreu com a crise do
agronegócio. A queda nas vendas das empresas oscilaram entre 25 e 70%, e, como
conseqüência, aumentou o índice de inadimplência, fato que forçou as empresas a
adotarem políticas mais rigorosas de concessão de crédito e, a reverem suas
estruturas. Esta nova situação levou as empresas de Primavera do Leste a enxugar
seus quadros de funcionários e a reduzir seus investimentos.
Como nos demais municípios investigados, o efeito da crise foi ainda
mais forte nos setores ligados ao agronegócio, como no caso da comercialização de
máquinas e implementos agrícolas, construção civil e comercialização de imóveis.
4.10.4. Considerações finais
Embora os municípios sejam diferentes em alguns aspectos como
população, arrecadação, Produto Interno Bruto e extensão territorial, algumas
semelhanças foram constatadas na análise dos dados obtidos. Entre elas, pode-se
citar, o aumento da taxa de desemprego e inadimplência; diminuição das vendas;
redução no valor dos imóveis, dos aluguéis, dos gastos públicos e no ritmo de
crescimento.
Constatou-se também que os setores que lidam com produtos que
não são de primeira necessidade sentiram mais o efeito desta crise, tais como: os
aluguéis e os imóveis mais valorizados, bem como as empresas que comercializam
máquinas e equipamentos agrícolas.
Com base nas entrevistas realizadas as opiniões foram unânimes
em apontar que existe uma crise instalada devido ao problema enfrentado pelo
agronegócio. Os municípios de Campo Verde e de Paranatinga atenuaram os efeitos
em suas economias devido à diversificação iniciada nesses municípios. No caso de
50
Paranatinga com a instalação de um frigorífico e de Campo Verde, com a instalação
de granjas.
Percebeu-se também que os reflexos nos tributos ligados as
transferências federais não sofreram os reflexos diretos da crise devido o fator de
distribuição da arrecadação estar, em alguns casos, ligados à população do
município e não a sua arrecadação.
A crise no agronegócio, que teve seu epicentro na safra 2004/2005,
plantada com os custos cotados com o dólar a R$ 3,20, em média, e colhida com o
dólar a R$ 2,15 na cotação máxima, criou um rombo de mais de R$ 6 bilhões para
os produtores de Mato Grosso. Uma dívida que, para ser resgatada, exigirá 10 anos
de produção crescente, preços em elevação e uma política de preços mínimos e de
seguros confiáveis contra perdas por intempéries. Neste cenário, agricultores,
comerciantes, trabalhadores e autoridades municipais, estaduais e federais,
garantem que os efeitos e desdobramentos da crise, espalham-se pelos demais
setores da atividade produtiva.
Ainda que a crise tenha atingido com maior ou menor intensidade as
várias regiões produtoras de Mato Grosso, o que se constatou nos três municípios
estudados reflete em grande parte o que acontece no Estado como um todo, em
função de todos os municípios terem ligações fortes com o agronegócio. Como
demonstrado, as vendas no comércio caíram, as demissões se avolumaram, o
desemprego tomou proporções drásticas
5. CONCLUSÕES
As análises efetuadas permitem concluir que:
1. as receitas municipais não sofreram redução em relação ao ano
de 2004 (ápice do crescimento), registrando-se apenas uma
redução nos índices de crescimento.
2. no comércio o efeito da crise foi drástico, com aumento nos
índices de desemprego. Além de redução nas vendas houve um
aumento na inadimplência, mesmo com as empresas
aprimorando seu sistema de concessão de crédito.
3. existe semelhança nos efeitos sofridos pelos municípios: aumento
da inadimplência, diminuição das vendas, redução na
arrecadação pública e também diminuição dos gastos públicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APROSOJA - Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso. Disponível em
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______. NBR14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos:
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APÊNDICE
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista
UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO
PANTANAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL
1 Identificação do entrevistado:
- Nome:__________________________________________________________________________
- Cargo/função:____________________________________________________________________
- Tempo na empresa:_______________________________________________________________
- Tempo de função:__________ Escolaridade:___________________________________________
- Experiência no seguimento: _________________________________________________________
2 Identificação da empresa
a) Dados Históricos
- Por favor, faça um breve histórico da sua empresa.
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
b) Houve alteração no faturamento de sua empresa com a Crise no agronegócio?
( ) Sim ( ) não
1. Qual o faturamento da empresa no ano de 2003?___________________________________
2. Qual o faturamento da empresa no ano de 2004?___________________________________
3. Qual o faturamento da empresa no ano de 2005? __________________________________
Caso tenha ocorrido mudança no faturamento, ao que o Sr. atribui esta mudança e cite alguns efeitos?
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
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