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I
m
Adriano Monteiro d`Almeida Monteiro
ESTUDO DO POLIMORFISMO DE
CITOCINAS E DO HLA EM PACIENTES
DIABÉTICOS TIPO 2 PORTADORES DE
PERIODONTITE CRÔNICA
Salvador
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Instituto de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Imunologia
Tese de Doutorado
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P
P
G
I
m
Adriano Monteiro d`Almeida Monteiro
ESTUDO DO POLIMORFISMO DE
CITOCINAS E DO HLA EM PACIENTES
DIABÉTICOS TIPO 2 PORTADORES DE
PERIODONTITE CRÔNICA
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Imunologia do Instituto de
Ciências da Saúde da Universidade Federal da
Bahia como requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor em Imunologia.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Denise Carneiro Lemaire
Co-orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Songeli Menezes Freire
Salvador
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Instituto de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Imunologia
Tese de Doutorado
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3
Aos meus pais, Acir e Lucinha, à Cristina e,
aos meus irmãos, André, Paula e Alexandre
que souberam me entender, apoiar e incentivar
nos momentos mais difíceis e às duas princesas,
Carolina e Luísa, que estão para chegar ao nosso
convívio.
4
AG R A D E C IME N TO S
À Deus, por minha vida.
À Cristina que sempre me apoiou e incentivou nas conquistas dos meus sonhos, por ser uma mulher maravilhosa e
por me fazer sentir-me um homem muito amado.
Aos meus pais, Acir e Lucinha, exemplos de amor e honestidade e, principalmente, por terem me proporcionado uma
vida repleta de felicidade.
Aos meus irmãos André, Paula e Alexandre por me estimularem e incentivarem com seus exemplos.
À Prof
a
. Dr
a
. Denise Carneiro Lemaire pela atenção dispensada a este trabalho; por transmitir seus conhecimentos e,
principalmente, por ter tornado este desafio em um período de crescimento pessoal e intelectual e de grande
serenidade.
À Prof
a
. Dr
a
. Songeli Menezes Freire por ter acreditado em meu potencial, por ser a principal responsável pelo meu
amor à Imunologia e por dispensar seu tempo na co-orientação deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Urbino da Rocha Tunes, por sua inestimável ajuda para o enriquecimento deste trabalho e por ter aberto
as portas da Fundação Baiana para o Desenvolvimentos das Ciências para a realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Isaac Suzart Gomes Filho, por seu apoio e incentivo e por ter disponibilizado toda a estrutura da
Universidade Estadual de Feira da Santana.
Aos meus irmãos por afinidade Marcelo Rios e Jaqueline Gurjão, por terem acreditado em meu trabalho e pelo
intenso estímulo para o meu crescimento.
À Prof
a
. Dr
a
Ana Isabel Sccavuzzi pelo seu incentivo e flexibilidade.
À toda a equipe do LABIMUNO por me receberem de braços abertos e por não medirem esforços na realização deste
projeto.
Aos meus colegas de Doutorado, que transformaram esta árdua jornada em momentos extremamente prazerosos.
À Prof
a
. Maria Teresita Bendicho por sua amizade e por sua valorosa contribuição no desenvolvimento deste
trabalho.
A Aidil e Sônia pela amizade e ajuda nas técnicas laboratoriais.
À família Unime pelo convívio enriquecedor e estimulante.
À disciplina de Diagnóstico Oral I da Universidade Estadual de Feira de Santana nas pessoas das Prof
as
. Soraia
Trindade, Teresinha Santana e Viviane Sarmento e dos Prof
s
. Antônio César de Azevedo, Dario Miranda e Isaac
Suzart Gomes Filho.
À Prof
a
. Tereza não por ter realizado a análise estatística deste trabalho, mas também por seus esclarecimentos
referentes aos resultados e à análise estatística.
Aos colegas do Laboratório de Patologia Clínica da UEFS pela grande contribuição na realização deste trabalho.
5
Aos amigos Jorge Filho, Almiro, Cecília, Raquel, Ana Emília, Carine e Fabiana pela amizade e inestimável ajuda na
realização deste trabalho.
Aos alunos das clínicas de extensão de Periodontia da Disciplina de Diagnóstico Oral da UEFS por toda a dedicação
ao atendimento dos pacientes diabéticos.
Às minhas amigas Luciana e Ângela pelo apoio e amizade.
6
Fonte Financiadora
Este estudo foi realizado com o apóio da Fundação de Amparo a Pesquisa do
Estado da Bahia (FAPESB).
7
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................14
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................19
2.1 Inter-relação Doença Periodontal e Diabetes Mellitus..................................................................19
2.1.1. Diabetes mellitus...............................................................................................................19
2.1.2. A patogênese da doença periodontal................................................................................20
2.1.3. A doença periodontal em diabéticos..................................................................................24
2.1.4. Efeito do tratamento periodontal no controle metabólico do diabetes
mellitus.............................................................................................................26
2.2 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos do HLA e o diabetes
mellitus................................................................................................................................................28
2.3 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos do HLA e a doença
periodontal..........................................................................................................................................31
2.4 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos de citocinas e a doença
periodontal..........................................................................................................................................34
2.4.1 TNF-α.....................................................................................................................................34
2.4.2 IL-10...................................................................................................................................35
2.4.3 TGF-β1..........................................................................................................................................36
2.4.4 IL-6.....................................................................................................................................37
2.5 Estudos de associação dos polimorfismos genéticos de citocinas e o diabetes
mellitus................................................................................................................................................38
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................................41
3.1 Geral ..............................................................................................................................................41
3.2 Específicos ....................................................................................................................................41
4 DELINEAMENTO DO ESTUDO..........................................................................................................42
8
5 PRODUTOS DA TESE .......................................................................................................................43
5.1 Artigo 1 – “O efeito do tratamento periodontal não cirúrgico no controle metabólico em
pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 não compensados
metabolicamente”...........................................................................................................................44
5.2 Artigo 2 Maior prevalência do HLA-DQB1*0301 em mestiços não diabéticos portadores de
periodontite crônica
severa............................................................................................................................................58
5.3 Artigo 3 “Associação entre o polimorfismo do códon 10 do gene TGF-β1 e a doença
periodontal crônica severa em baianos, mestiços, diabéticos tipo
2....................................................................................................................................................69
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................................................85
7 CONCLUSÕES....................................................................................................................................93
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................94
APÊNDICE .................................................................................................................................................102
9
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
A.a. Actinobacillus actinomycetemcomitans
AAP American Academy of Periodontology
AGE Produto final de glicosilação
CPH Complexo Principal de Histocompatibilidade
dL Decilitro
DM1
Diabetes mellitus tipo 1
DM2
Diabetes mellitus tipo 2
DP
Desvio padrão
DP Grupo composto por diabéticos tipo 2 portadores de periodontite crônica
severa
DPS Doença Peridontal Severa
DSP Grupo composto por diabéticos tipo 2 não portadores de periodontite
crônica severa
FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
FBDC Fundação Baiana para Desenvolvimento das Ciências
G Grama
GADA Anticorpo contra o ácido glutâmico descarboxilase
h Hora
HbA
1C
Hemoglobina glicosilada
HLA Antígeno leucocitário humano
ICA Anticorpos contra as ilhotas pancreáticas
IFN-γ Interferon γ
IgG Imunoglobulina G
IL-1 Interleucina-1
IL-1β Interleucina-1β
IL-2 Interleucina-2
IL-4 Interleucina-4
IL-5 Interleucina-5
IL-6 Interleucina-6
IL-8 Interleucina-8
IL-10 Interleucina-10
IL-12 Interleucina-12
ISS Índice de sangramento à sondagem
LABIMUNO
Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular
L Litro
LPS Lipopolissacarídeo
LT-α Linfotoxina-α
Md Mediana
µg
Micrograma
mg Miligrama
Min Minuto
mL Mililitro
µL
Microlitro
10
NIC Nível de Inserção Clínica
NDPC Grupo composto por não diabéticos portadores de periodontite crônica
severa
PA Periodontite agressiva
PC Periodontite crônica
PCS Periodontite Crônica Severa
P.g. Porphyromonas gingivalis
Pg Picograma
PGE
2
Prostaglandina E
2
PIL Perda de inserção leve
PIM Perda de inserção moderada
PIS Perda de inserção severa
PJ
PJG
PJL
PPR
Periodontite juvenil
Periodontite Juvenil generalizado
Periodontite Juvenil localizada
Periodontite de progressão rápida
PS Profundidade de Sondagem
PSR Profundidade de Sondagem Rasa
PSM Profundidade de Sondagem Média
PSP Profundidade de Sondagem Profunda
RAGE Receptor do produto final de glicosilação
RNAm RNA mensageiro
SPI Sem perda de inserção
TGF-β1 Fator Transformador de Crescimento β1
TNF-α Fator de Necrose Tumoral α
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UFBA Universidade Federal da Bahia
x Média
11
RESUMO
Portadores de diabetes mellitus tipo 2 apresentam maior prevalência e
severidade da periodontite. Nestes pacientes o processo inflamatório apresenta-se
exacerbado frente ao desafio microbiano. Os polimorfismos genéticos das citocinas e
do HLA têm sido apontados como responsáveis pelas peculiaridades da resposta imune
e podem influenciar a história natural da periodontite, exacerbando o processo
inflamatório, induzido por um padrão alterado na produção e secreção de citocinas pró-
inflamatórias e/ou das citocinas regulatórias, exercendo influência direta sobre o início,
a regulação e a perpetuação do processo infeccioso inflamatório periodontal. Foram
avaliados os polimorfismos do HLA (HLA-DRB1, -DRB3, -DRB4, -DRB5 e -DQB1) e de
genes de citocinas (IL-6, TNF-
α
, IL-10, TGF-
β1
, IFN-
γ
). Também, foram avaliados os
efeitos do tratamento periodontal básico sobre o processo infeccioso periodontal no
controle metabólico de indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo 2 utilizando o
ensaio da hemoglobina glicosilada. A amostra foi composta por 91 indivíduos mestiços,
com idade entre 40 e 70 anos, distribuídos em três grupos: DP- 31 indivíduos diabéticos
portadores de periodontite crônica severa; DSP- 30 indivíduos diabéticos que ao exame
clínico periodontal foram classificados como periodontalmente saudáveis, portadores de
gengivite ou de periodontite crônica leve; NDP- 30 indivíduos metabolicamente sadios,
portadores de periodontite crônica severa. Os indivíduos que compuseram a amostra
assinaram o Termo de consentimento livre e esclarecido. A amostra do trabalho que
avaliou o efeito do tratamento periodontal sobre o controle metabólico foi formada
apenas pelos grupos DP e DSP, compostos por 28 indivíduos cada. Após a triagem, os
indivíduos selecionados de ambos os grupos compareceram à clínica odontológica da
Cooperfeira em três oportunidades, intercaladas por um período de 90 dias. Nos três
tempos foram coletadas amostras de sangue para avaliação do controle metabólico
(HbA
1C
) e dados clínicos periodontais. Para a avaliação dos polimorfismos genéticos
foram coletadas amostra de sangue dos três grupos apenas no tempo 1. Uma diferença
estatisticamente significativa foi observada na freqüência genotípica do gene TGF-
β1
códon 10 entre os grupos DP e DSP (p= 0,0127). Não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas nas freqüências alélicas, genotípicas e dos fenótipos
previstos dos genes IL-6, TNF-
α
, IL-10, IFN-
γ
entre os grupos. A prevalência do alelo
HLA-DQB1*0301 foi significativamente maior no grupo NDP quando comparado ao
DP(P= 0,0402). Por outro lado não foi observada diferença significativa nas freqüências
alélicas e genotípicas dos genes HLA-DRB1 e HLA-DRB3/4/5 entre os grupos. Os
grupos DP e DSP demonstraram melhora nos parâmetros clínicos periodontais após o
tratamento periodontal sico. A melhora no quadro clínico periodontal foi associada à
diminuição das porcentagens da hemoglobina glicosilada 180 dias após o tratamento
em ambos os grupos. Possivelmente o tratamento periodontal não cirúrgico está
associado à redução nas porcentagens de hemoglobina glicosilada. O genótipo GG do
gene TGF-
β1
códon 10
é um possível marcador de predisposição ao desenvolvimento da
periodontite na população estudada.
Palavras Chave: Diabetes mellitus, polimorfismo genético, citocinas, HLA,
controle metabólico, periodontite.
12
ABSTRACT
Diabetic patients are significantly and strongly related to both the prevalence and
severity of periodontal disease. In this status, differences in host response may
determine susceptibility and resistance to periodontal disease. There is growing
evidence that genetic factors play a role in the onset and severity of periodontal disease
once the expression levels of the cytokines may be modulated by genetic
polymorphisms. The polymorphisms studied were HLA-DRB1, -DRB3/4/5, -DQB1 and
TNF-[alpha] (-308G/A), TGF-[beta]1 (codon 10C/T, codon 25C/G), IL-10 (-1082A/G; -
819T/C; -592A/C), IL-6 (-174G/C), and IFN-[gamma] (+874T/A). The effects of basic
periodontal treatment were also studied in those individuals who had uncontrolled
diabetes mellitus type 2 through a glycated hemoglobin assay. The trial amount was
compounded by 91 mestizos patients, among 40 and 70 years, divided in 3 groups: (DP)
was formed by 31 diabetic subjects with severe chronic periodontal disease; (DSP)
consisted of 30 diabetic subjects without severe or moderate periodontal disease; and
(NDP) was formed by 30 metabolic healthy patients with severe chronic periodontal
disease. They all had subscribed to an agreement term. The sample that evaluated the
periodontal treatment effect on metabolic control was composed by two groups, DP (28)
with severe chronic periodontitis and DSP (28) orally-healthy, gingival disease or slight
chronic periodontitis controls. Both groups were evaluated after 90 and 180 days
through determination of the plaque index, bleeding on probing, probing depths, the
measures of clinical attachment levels and the plasmatic concentration of glycated
hemoglobin and both groups were submitted to periodontal treatment after the first
exam. A statistically significant difference was observed in the genotype frequency of
the polymorphisms of the TGF-
β
1 gene on codon 10 between DP and DSP patients (p=
0,0127). No statistically significant differences were found for allele, genotypic and
phenotypic frequencies on the genes that code IL-6, IL-10, TNF-
α
, IFN-
γ
and TGF-
β
1
codon 25 between groups. No statistically significant differences were found for allele
and genotype frequencies on HLA-DRB1 and HLA-DRB3/4/5 genes. Furthermore, no
statistically significant differences were found for haplotypic frequencies among the
three groups. The genotypic frequencies of HLA-DQB1*0301 was found at a significantly
higher level in NDP patients than in the DP group (P= 0.0402). Both test and control
group showed a statistically significant effect for plaque index and bleeding on probing
after periodontal treatment. The test group showed clinical improvement in the severity
of periodontal status. HbA
1c
levels in both groups, at 6 months, decreased significantly.
The non-surgical periodontal therapy results in the reduction of periodontal infection and
inflammation. This significantly improvement of the periodontal condition is associated
with a reduction in level of glycated hemoglobin and consequently in glycemic control. In
metabolic health mestizos patients with chronic periodontal disease from Bahia-Brazil,
there is a significant association with HLA-DQB1*0301. Further studies with a higher
population are warranted to confirm a lower frequency of HLA-DQB1*0301 in DP group
than DSP and NDP groups. A statistically significant difference was observed in the
genotype frequency of the polymorphisms of the TGF-
β
1 gene on codon 10 between DP
and DSP patients. The proportion of subjects that exhibited the TT genotype was
significantly larger in DP group than in DSP group. No statistically significant differences
13
were found for allele, genotypic and phenotypic frequencies on the genes that code IL-6,
IL-10, TNF-
α
, IFN-
γ
and TGF-
β
1codon 25 between groups. These results demonstrate
that the polymorphism at TGF-
β
1 gene on codon 10C/T is associated to chronic
periodontitis in diabetic patients from Bahia-Brazil.
Key words: chronic periodontitis; type 2 diabetes mellitus, cytokines, genetic
polymorphism, transforming growth factor-β1, HLA Polymorphism.
14
1 INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus é uma síndrome decorrente da falta de insulina ou de
produção insuficiente desse hormônio, indispensável, em particular, ao equilíbrio
metabólico dos carboidratos. Caracteriza-se pela hiperglicemia e, freqüentemente, por
complicações crônicas microvasculares, macrovasculares e neurológicas (LERÁRIO,
1997).
King et al. (1998) estimam que a prevalência do diabetes em todo o mundo
passaria de 4%, em 1995, para 5,4% em 2025, atingindo aproximadamente 300
milhões de indivíduos. Os três países mais afetados por esta doença são: a Índia, a
China e os Estados Unidos e estima-se que, em 2025, 75% dos indivíduos diabéticos
estarão em países em desenvolvimento; a maioria desses indivíduos sede mulheres
e residentes em áreas urbanas. O diabetes é uma nosologia de alta prevalência no
Brasil, onde as estimativas epidemiológicas apontam para uma elevação desses
índices na próxima década. a perspectiva de que, no ano 2010, existam duzentos e
trinta e nove milhões de diabéticos em todo o mundo. No Brasil, atualmente, estima-se
a existência de cinco milhões de diabéticos, sendo que a metade dessa população
desconhece ser portadora de tal doença. Levando-se em conta os dados obtidos no
censo de diabetes, realizado em 1988, observa-se, em brasileiros de 30 a 69 anos de
idade, uma prevalência de 7,6%, constituindo-se essa doença na quarta causa de óbito
no Brasil. A este alto índice de pacientes diabéticos o destinados 5% a 14% dos
recursos financeiros aplicados pelos setores responsáveis pela saúde da população
(LERÁRIO, 1995). Em 1995, o Brasil ocupava a sexta posição no rank dos países com
a maior população de indivíduos diabéticos e deverá, em 2025, ocupar a oitava posição
(KING et al. 1998).
O diabetes apresenta 5 complicações clássicas: retinopatia, neuropatia
periférica, microangiopatia, macroangiopatia e nefropatia. Löe (1993), em seu estudo
clássico intitulado “The sixth complication of diabetes mellitus”, concluiu que a
periodontite apresenta-se mais severa e prevalente entre os diabéticos e que esta
15
deveria ser considerada a sexta complicação do diabetes mellitus. Taylor (2001)
observou que a inter-relação entre a periodontite e o diabetes mellitus é bi-direcional.
A severidade, a prevalência e a incidência da periodontite são maiores em
diabéticos quando comparadas às dos indivíduos metabolicamente saudáveis
(BELTING et al. 1964; BRIDGES et al. 1996; SHLOSSMAN et al. 1990; NELSON et al.
1990 & EMRICH, SHLOSSMAN & GENCO 1991). O controle metabólico inadequado,
segundo Ervasti et al. (1985) e Oliver & Tervonen (1994), está correlacionado à
severidade da periodontite e ao aumento do risco de indivíduos diabéticos virem a
desenvolvê-la. Por outro lado, Hayden & Buckley (1989) dizem não haver inter-relação
da periodontite com o controle metabólico e a duração do diabetes. Entretanto,
segundo Hugoson et al. (1989), Cerda et al. (1994) e Firatli, Yilmaz & Onan (1996), tal
duração exerce grande influência sobre a severidade da periodontite. Estudos sobre a
periodontite em portadores de diabetes revelaram que a microbiota subgengival de
pacientes portadores de periodontite severa e diabetes não insulinodependente foi
similar à constatada em pacientes não diabéticos com periodontite severa (ZAMBON et
al. 1988; COLLIN et al. 1998).
Lalla et al. (1998) afirmaram que a glicosilação não enzimática de proteínas e
lipídios é conseqüência da hiperglicemia, resultando na formação dos produtos finais
avançados de glicosilação (AGEs), que são acumulados normalmente no plasma e nos
tecidos; este acúmulo é exacerbado em diabéticos. A interação entre os AGEs e o seu
receptor (RAGE) aumenta a produção do fator de necrose tumoral alpha (TNF-α)
resultando na exacerbação do processo inflamatório.
Por outro lado, a eliminação do processo infeccioso inflamatório acarretaria a
diminuição da concentração de citocinas pró-inflamatórias nos tecidos gengivais, dentre
elas o TNF-α. Esta citocina é um dos principais fatores envolvidos na resistência à
insulina (NISHIMURA et al. 1998); portanto, a eliminação ou diminuição do processo
inflamatório observado na periodontite favoreceria o controle metabólico em pacientes
diabéticos. Uma possível relação entre a diminuição do processo inflamatório e a
melhora no controle metabólico foi primeiramente apontada por Williams & Mahan
(1960), ao destacar o efeito do controle do processo infeccioso periodontal no controle
metabólico. Posteriormente, Miller et al. (1992) e Grossi et al. (1997) concluíram que a
16
terapia periodontal seria uma terapia importante no controle metabólico do diabetes, o
que não foi observado, no entanto, por Smith et al. (1996).
A periodontite é uma entidade nosológica de natureza infecciosa; caracterizada
pelo desencadeamento de uma potente resposta inflamatória, responsável pela
destruição dos tecidos de suporte das unidades dentárias. O estudo de Borrell &
Papapanou (2005), sugere que os microrganismos presentes na placa bacteriana são
os agentes etiológicos responsáveis por essa doença. Segundo Fox (1992) a resposta
de cada indivíduo à agressão bacteriana é singular, ocorrendo diferenças marcantes
até mesmo entre sítios de um mesmo indivíduo.
A susceptibilidade à periodontite envolve uma tríade formada por: bactéria,
hospedeiro e fatores ambientais (SEYMOUR & TAYLOR 2004). O bito de fumo e o
diabetes são fatores de risco para o desenvolvimento da periodontite, uma vez que
aumentam a probabilidade de acometimento desta doença infecciosa. Porém, tanto o
fumo como o diabetes o são determinantes para o desenvolvimento da periodontite
(BORRELL & PAPAPANOU 2005).
Michalowicz et al. (1991) sugeriram que a singularidade da resposta imunológica
frente ao desafio microbiano pode ser induzida por fatores de risco genéticos.
Evidências sobre a influência genética na patogênese da periodontite foram publicadas,
em alguns artigos, na última década (MICHALOWICZ et al. 1994; D’AIUTO et al. 2004).
Van Der Velden et al. (1993) concluíram que fatores genéticos são os responsáveis
pela agregação familiar observada na epidemiologia da periodontite.
Loss John & Laine (2005) estimam que a periodontite apresenta entre 10 a 20
genes modificadores da doença. Estes contribuem para a susceptibilidade e severidade
da periodontite, porém, sua presença não determina o desenvolvimento da mesma,
sendo necessária a participação simultânea de outros fatores como a microbiota
patogênica para desencadeá-la (HART 1996).
Aspectos como o polimorfismo genético de citocinas e o polimorfismo da
molécula de classe II do HLA são fatores genéticos. Tais fatores, segundo Michalowicz
et al. (1991), podem influenciar a história natural da periodontite, exacerbando o
processo inflamatório, induzido por um padrão alterado na produção e secreção de
citocinas pró-inflamatórias e/ou das citocinas regulatórias, exercendo influência direta
17
sobre o início, a regulação e a perpetuação do processo infeccioso inflamatório
periodontal (GORE et al. 1998; BERGLUNDH, et al. 2003; D`AIUTO et al. 2004,).
Segundo Gemmell & Marshall (1997) as citocinas desempenham papel central no
processo inflamatório periodontal, na perda óssea alveolar e na regulação da resposta
imune adaptativa. Seymour & Taylor (2004) relataram que as citocinas atuam na
imunoregulação, determinando o perfil Th1/Th2 da resposta imune.
Gore et al. (1998) e Scarel-Caminaga et al. (2002) observaram que existe
associação entre a freqüência de determinados alelos ( alelo 2 na posição + 3953 da IL-
1
β
e o polimorfismo de um único nucleotídeo (TG) na posição –330 da IL-2,
respectivamente) e a severidade da periodontite. Também, as concentrações das
citocinas IL-1β, TNF-α, IL-2 e IFN-γ estavam, em média, superiores no soro e nas
amostras de tecidos gengivais de indivíduos portadores de periodontite quando
comparadas àquelas obtidas em indivíduos periodontalmente saudáveis (GÓRSKA et
al. 2003). Por outro lado, Gonzales et al. em 2002, concluíram não haver associação
entre polimorfismos genéticos e as doenças periodontais crônica e agressiva.
O polimorfismo genético pode resultar em diferentes seqüências de resíduos de
aminoácidos modificando o padrão de resposta imune ao desafio microbiano (Mcdevitt
2000).
Vários autores (FIRATLI et al. 1996 ; OHYAMA et al. 1996 ; BONFIL et al. 1999;
MACHULLA et al. 2002) observaram associação entre a periodontite e a freqüência de
determinados antígenos do HLA como HLA-A24, -DR4 e -A9 ou de determinados alelos
DQB1 *0503, *0602 e *0603, HLA-DRB1 *0401, *0404, *0405 e *0408 e HLA-A*03 e
B*14. Por outro lado, Machulla, et al. (2002) observaram associação entre a menor
freqüência dos alelos HLA-A*31 e HLA-A*30/*31 e a incidência da periodontite.
Alley et al. (1993) estudaram as associações entre periodontite, diabetes tipo 1,
fenótipo HLA-DR/DQ e a reatividade do linfócito T a antígenos bacterianos da P.
gingivalis e C. sputigena. Os autores concluíram que a presença das moléculas de
HLA-DR4 e – DQ3 aumentam o risco para o desenvolvimento da periodontite. O
diabetes tipo 1 é considerado uma nosologia poligênica que apresenta 20 grupos de
genes associados à susceptibilidade desta forma de diabetes; destes, 13 evidenciam
associação significante (ONENGUT-GUMUSCU & CONCANNON 2002). Motala et al.
18
(2005) concluíram que em Bahrainis portadores de diabetes tipo 2, existe associação
significante entre os genótipos HLA-DRB1 e HLA-DQB1 e o diabetes mellitus tipo 2.
A periodontite, como outras infecções, pode complicar a saúde geral do diabético
através da indução da resistência à insulina, facilitando, conseqüentemente, a
hiperglicemia e dificultando o controle metabólico do diabetes. O presente estudo visa
observar o efeito do controle do processo inflamatório nos níveis glicêmicos, mediante
determinação da taxa da hemoglobina glicosilada em portadores de diabetes tipo 2.
Levando em consideração a multifatorialidade e o caráter individual da resposta
do hospedeiro frente ao desafio microbiano na periodontite e, observando o papel do
HLA como peça chave na apresentação de antígenos, e das citocinas na patogênese
da periodontite; é, também, objetivo deste trabalho investigar a possível associação
entre periodontite e a freqüência de determinados alelos que venha justificar a resposta
exacerbada de indivíduos diabéticos frente ao desafio microbiano e a predisposição de
indivíduos diabéticos à periodontite.
19
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Inter-relação Periodontite e Diabetes Mellitus
2.1.1 Diabetes mellitus
O diabetes mellitus é uma nosologia decorrente da falta de insulina ou de
produção insuficiente desse hormônio, indispensável, em particular, ao equilíbrio
metabólico dos carboidratos; compreende um grupo heterogêneo de desordens
caracterizadas pela hiperglicemia e, freqüentemente, por complicações crônicas
microvasculares, macrovasculares e neurológicas (LERÁRIO, 1997). Essa entidade é
uma doença crônica que requer cuidados médicos contínuos e participação essencial
dos pacientes em programas de educação e motivação, objetivando a prevenção de
complicações crônicas (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2004).
De acordo com a classificação aprovada na 57
a
reunião anual da Associação
Americana de Diabetes (Boston, EUA), o diabetes mellitus tipo 1 (DM1), o diabetes
mellitus tipo 2 (DM2), o diabetes gestacional e outros tipos específicos de diabetes
(GAVIN, 1997). No DM1, observa-se uma absoluta deficiência na secreção de insulina
determinada pela destruição imunomediada das células β do pâncreas, enquanto que,
no diabetes tipo 2, ocorre uma combinação entre a resistência periférica à ação da
insulina e uma secreção compensatória ineficiente deste hormônio frente a tal
resistência. Neste tipo de diabetes os indivíduos não dependem da administração de
insulina exógena para a sua sobrevivência, podendo a maioria dos pacientes ser
tratada com base em restrições dietéticas de carboidratos, muito embora, com o
decorrer dos anos, o uso de insulina tornar-se necessário. No diabetes gestacional,
constata-se uma intolerância aos carboidratos, de graus variados. Esse tipo de diabetes
mellitus costuma ser diagnosticado pela primeira vez durante a gestação, podendo ou
não persistir após o parto (LERÁRIO, 1997). Entre os outros tipos específicos de
diabetes, cita-se o induzido por drogas, como o dilantin e os corticóides (LERÁRIO,
1995).
20
Sabe-se que a resistência à insulina está diretamente relacionada à etiologia do
diabetes tipo 2 e que a obesidade é considerada como o principal fator de risco para a
resistência à insulina (SAITO, SHIMAZAKI & SAKAMOTO, 1998). Hotamisligil et al.
(1995) observaram associação entre a presença abundante do TNF-α nos adipócitos e
a resistência à insulina.
Segundo a American Diabetes Association (2004) atualmente, existem três
formas de diagnóstico laboratorial confiáveis: o teste de tolerância à glicose, a glicemia
casual e a glicemia plasmática em jejum, sendo esta última a preferencial para estudos
epidemiológicos. A hemoglobina glicosilada HbA
1C
não é recomendada para fins de
diagnóstico, sendo, porém, utilizado como teste de eleição para o controle metabólico
da doença (PICHÉ, SWAN & HALLMON, 1989).
A expressão hemoglobina glicosilada se refere a uma série de pequenos
componentes da hemoglobina formados através da ligação de moléculas dessa
cromoproteína com um carboidrato, geralmente a glicose. A hemoglobina A
1c
é um tipo
específico de hemoglobina glicosilada formada pela reação da glicose com o grupo
amino N-terminal do sítio de ligação β dessa heteroproteína.
A dosagem da hemoglobina glicosilada é realizada a partir de um ensaio de
captura iônica, onde se mensura a porcentagem de hemoglobina glicosilada no sangue
total humano (ABBOTT LABORATORIES, 1994). Os resultados são válidos como
indicativos da concentração de glicose no sangue por um período de 1 a 3 meses. Para
este ensaio o parâmetro de normalidade está entre 4,4% e 6,4% A
1c.
2.1.2 A patogênese da Periodontite
Apesar da periodontite ser uma nosologia inflamatória cujo fator etiológico
primário é a placa bacteriana, formas mais agressivas da periodontite podem ocorrer
associadas a pequena quantidade de placa. Microrganismos como o Actinobacillus
actinomycetemcomitans (A.a.) atuam na rápida destruição tecidual observada nas
doenças periodontais agressivas. Van Der Velden et al. (1989) avaliaram 4565
estudantes, sendo 1961 do sexo feminino e 2604 do sexo masculino. A perda de
inserção foi observada em 230 estudantes. Destes, 73,9% apresentaram perda de
21
inserção leve, 19,1% perda de inserção moderada e 7% apresentavam perda de
inserção severa. O A.a. foi encontrado em 18 dos 105 estudantes voluntários; a análise
estatística revelou que este microrganismo foi mais freqüente naqueles indivíduos que
apresentaram perda de inserção severa. Foi concluído que a destruição periodontal em
jovens parece estar associada à placa e à inflamação gengival; os homens são mais
afetados do que as mulheres, porém nestas a destruição periodontal observada é mais
intensa.
A resposta imunológica individual ao desafio bacteriano tem participação
fundamental na severidade e predisposição à periodontite; esta resposta sofre
influência direta de aspectos genéticos. Michalowicz et al. (1991), avaliaram 63 pares
de gêmeos monozigóticos criados juntos, 13 pares criados separadamente e 33 pares
de gêmeos dizigóticos criados juntos. Os autores concluíram que o componente
genético pode influenciar a profundidade de sondagem, o índice de placa e a perda de
inserção. Estimativas de hereditariedade apontam que de 38 a 82% da variação
observada entre os parâmetros avaliados deve ser atribuída a fatores genéticos,
sugerindo a influência destes na patogênese da periodontite. Van Der Velden et al.
(1993) concluíram que características de hereditariedade são as responsáveis pela
agregação familiar observada na periodontite.
Por outro lado, Michalowicz (1994) publicou revisão de literatura e considerou
que a teoria da predisposição genética ou hereditária vinculada à periodontite é melhor
aplicada nos indivíduos classificados como portadores da periodontite pré-puberal, uma
vez que está associada às diversas síndromes hereditárias e desordens genéticas
como a síndrome de Papillon-Lefèvre e a síndrome da deficiência de adesão
leucocitária. Hart et al. (1999), estudaram 4 mutações no gene da catepsina C (11q14)
em portadores da síndrome de Papillon-Lefèvre. A referida síndrome é uma desordem
autossômica recessiva caracterizada por hiperqueratose palmo-plantar e periodontite
severa de início precoce. Os resultados levaram os autores a concluir que o gene da
catepsina C apresenta-se como gene principal da periodontite de acometimento
precoce. A catepsina C é uma proteinase observada em neutrófilos, células epiteliais e
linfócitos. Hart et al. (2000.a) observaram que as crianças homozigotas para o
polimorfismo de transição de AG na posição +1040 eram afetadas pela periodontite e
22
apresentavam uma diminuição da atividade da catepsina C. Porém, o papel que a
diminuição da atividade da catepsina C exerce sobre a patogênese da periodontite pré-
puberal permanece obscuro.
Michalowicz (1994), em sua revisão de literatura, concluiu que a periodontite
crônica é provocada pela conjunção de fatores ambientais e não ambientais; estudos
baseados em núcleos familiares não detectaram variações genéticas associadas à
periodontite; porém, dados obtidos por estudos em gêmeos sugerem que fatores
genéticos ainda indeterminados podem influenciar esta nosologia.
Page & Schroeder (1981) consideraram que a periodontite, sem exceção, é
causada pela placa bacteriana; porém, a presença da placa por si é insuficiente para
o estabelecimento da lesão avançada, sendo necessária a interação da bactéria com o
sistema de defesa do hospedeiro. Este é ativado para proteger o indivíduo contra o
desafio microbiano, porém, paradoxalmente, atua ativamente no processo de
destruição tecidual. Os autores comentam que estudos anteriores sugeriram que os
antígenos bacterianos advindos da placa induziriam um processo de hipersensibilidade
tardia e que a ativação dos linfócitos B desencadearia a produção de anticorpos
específicos que ativariam a cascata do complemento. Também, foi sugerido que a
ativação dos linfócitos T e B resultaria no aumento da produção de citocinas. A análise
dos trabalhos mais atuais revela que a principal população de células presentes em
sítios com periodontite é de linfócitos B; portanto, o processo de hipersensibilidade
sugerido não se fez efetivo na destruição tecidual observada. A formação de
imunocomplexos também não foi determinante, uma vez que os periodontopatógenos
apresentam antígenos que desencadeiam a ativação do sistema complemento. Porém,
o aumento na produção de citocinas representa um dos principais papéis na destruição
tecidual observada.
A eficácia da resposta imune a um determinado patógeno depende da ativação
de funções efetoras adequadas. O perfil Th1 é caracterizado principalmente pela
secreção da citocina IFN-γ, que induz o aumento da capacidade dos macrófagos em
atuar contra patógenos intra e extracelulares. Por outro lado, o padrão Th2 induz a
secreção das citocinas IL-4, IL-5 e IL-6, levando a uma produção maciça de anticorpos.
23
Gemmell et al. (1998) avaliaram o perfil de produção de citocinas na resposta
local e sistêmica induzida pela ativação das células T pelos antígenos do P. gingivalis
(P.g.) e concluíram que a resposta protetora envolve uma intensa secreção do IFN-
γ
. O
padrão de resposta imunológica resulta em proteção ou em destruição tecidual, no qual
o perfil de citocinas secretadas induz o tipo de anticorpos presentes. A lesão gengival é
caracterizada pela presença dominante de linfócitos T e pelo baixo número de linfócitos
B envolvidos. Na progressão da lesão gengival para a lesão periodontal observa-se
domínio dos linfócitos B e dos plasmócitos, sugerindo um padrão Th2. Por outro lado,
Gemmel et al. (2002), avaliaram se a apresentação do periodontopatógeno P.gingivalis
por diversas células apresentadoras de antígenos resultaria em diferenças no padrão
de liberação de citocinas e concluíram sugerindo que as células T ativadas pelos
antígenos do Pg induzem tanto o padrão Th1 quanto o Th2. Gemmell & Seymour
(2004), em um artigo de revisão, concluíram que a imunoregulação dos perfis Th1 e
Th2 de citocinas é fundamental no desenvolvimento da periodontite; neste caso, a lesão
estável apresenta-se similar a uma reação de hipersensibilidade tardia, vinculada à
presença maciça de células T, enquanto que na lesão ativa os linfócitos B e os
plasmócitos são as células mais freqüentes. Este perfil sugere uma associação do perfil
Th1 com a lesão estável e do perfil Th2 com a lesão ativa.
Da mesma forma Sigusch et al. (1998) concluíram que indivíduos portadores de
periodontite apresentam uma expressão anormal de citocinas; afirmam que as células T
e seus produtos têm grande importância na patogênese desta nosologia e que a
diminuição da resposta Th1 em indivíduos portadores de periodontite de início precoce
e o aumento da resposta Th2/Th0, entre os portadores da periodontite do adulto, pode
contribuir para o aumento na susceptibilidade à periodontite.
Górska et al. (2003) concluíram que as interleucinas IL-1β, TNF-α, IL-2 e IFN-γ,
predominam na patogênese da periodontite crônica severa; porém, a concentração
sérica de citocinas não pode ser utilizada como indicador da atividade ou severidade da
periodontite.
Prabhu, Michalowics & Mathur (1996) compararam o padrão de produção de
citocinas sintetizadas por linfócitos Th1 e Th2 e por células inflamatórias: IL-2, IL-6,
IFN-α, IFN-γ, IL-4 e IL-10 e a expressão dos RNAm das citocinas: IL-1α, IL-2, IL-4, IL-6,
24
IL-8, IL-10, IFN-α, IFN-γ, TGF-β1 e IL-12 entre o grupo teste, formado por portadores da
periodontite do adulto, e o grupo controle, composto por indivíduos saudáveis. Os
autores observaram que não houve diferença entre os níveis plasmáticos das citocinas
entre os grupos. Os níveis de RNAm da IL-6 e do IFN-α, nas células dos tecidos
gengivais, foram significativamente mais altos no grupo teste.
2.1.3 A Periodontite em diabéticos
Williams (1928), em seu estudo clássico “Diabetic periodontoclasia”, afirmou que
a infecção oral apresenta certas características singulares bem definidas em diabéticos,
propondo a definição dessa infecção como uma entidade clínica distinta das infecções
orais em geral.
Nelson et al. (1990) avaliaram 2.273 indivíduos pertencentes à comunidade de
Pima Indians entre 1983 e 1989, e concluíram que a periodontite deveria ser
considerada uma complicação não específica do DM 2. Também, Emrich, Shlossman &
Genco (1991) realizaram estudo longitudinal com 1.342 portadores de DM 2 da mesma
população. Os resultados obtidos permitiram inferir associação entre a falta de controle
metabólico do diabetes, a idade e a presença de lculo subgengival e o aumento da
prevalência e da severidade da periodontite. Foi observado que os diabéticos tipo 2
apresentam maior risco em desenvolver a periodontite destrutiva, com base na perda
de inserção obtida (risco aumentado em 2,81 vezes frente aos indivíduos sadios) e com
base na perda óssea detectada (risco aumentado na proporção de 3,43 vezes frente
àqueles indivíduos). Tais achados sugerem que os portadores de DM 2 apresentariam
risco aumentado na proporção de três vezes para desenvolver a periodontite destrutiva.
Löe (1993) avaliou 2.180 indivíduos, maiores de 15 anos, submetidos a exames
bianuais, entre 1983 e 1988 para estudar a prevalência do DM 2. No entanto, o estudo
da incidência do DM 2 nessa comunidade comportou uma amostra de 746 indivíduos
que não eram, a princípio, portadores da periodontite, 50 indivíduos diabéticos e 696
indivíduos não diabéticos, que foram observados durante o mesmo período. Para o
estudo diretamente relacionado ao DM 1, foram avaliados 102 dinamarqueses, entre os
quais 51 diabéticos e 51 não diabéticos, com idades entre 20 e 40 anos, todos
25
submetidos a exames padronizados. De acordo com os resultados obtidos, o autor
concluiu que: a prevalência da periodontite é substancialmente maior entre os
diabéticos tipo 2 frente aos indivíduos não diabéticos; a perda de inserção clínica e de
osso alveolar têm início precoce entre os diabéticos tipo 2 e que a taxa de incidência da
periodontite entre os portadores de DM 2 é, aproximadamente, três vezes maior do que
entre os o diabéticos. Este autor constatou também que : os diabéticos tipo 2 estão
quinze vezes mais propensos a se tornarem edêntulos em relação aos indivíduos o
diabéticos; a taxa de edentulismo é diretamente proporcional ao avanço do diabetes,
em termos de tempo da doença; os diabéticos tipo 1 diagnosticados há mais de 10
anos apresentam maior perda de inserção do que aqueles diagnosticados menos de
10 anos; os portadores de DM 1 e DM 2 estão predispostos à periodontite, devendo
essa correlação ser considerada como a sexta complicação do diabetes.
Ao tratar da epidemiologia da periodontite, Papapanou (1996) registrou que,
entre os fatores de risco que predispõem os indivíduos a essa doença, acha-se o
distúrbio endócrino diabetes mellitus, constatação fundamentada em importantes dados
da literatura, entre eles os publicados por Hugoson et al. (1989), Nelson et al. (1990),
Shlossman et al. (1990) e Morton, William & Watts (1995). O autor concluiu pela
existência de associação, estatisticamente significativa, entre a periodontite e o
diabetes mellitus. Adicionalmente, Moore et al. (1999) concluíram que a idade, o tempo
de diagnóstico do diabetes e o hábito de fumar estão associados a uma alta prevalência
da periodontite.
Taylor et al. (1998) concluíram que existe um significativo gradiente de risco e de
severidade de perda óssea alveolar, que coloca os pacientes diabéticos
descompensados, do ponto de vista metabólico, como o grupo de indivíduos mais
suscetíveis em relação ao risco e à severidade de perda óssea alveolar, seguido pelos
diabéticos bem controlados, finalizando com os indivíduos não diabéticos.
A hiperglicemia, observada em diabéticos, expõe proteínas e lipídios a moléculas
de açúcar reduzidas; tal exposição resulta na glicosilação não enzimática e na oxidação
de proteínas e lipídios, formando, assim, os produtos finais avançados de glicosilação
(AGEs). Dentre os receptores dos AGEs, existe um membro da superfamília das
imunoglobulinas denominado RAGE, presente na membrana celular de monócitos e
26
células endoteliais, dentre outras. A interação AGE-RAGE, em monócitos, resulta no
aumento da migração para áreas inflamadas e no aumento da produção de citocinas
pró-inflamatórias como o TNF-α; nos vasos sanguíneos, observa-se um aumento da
permeabilidade e outras alterações direcionadas para o aumento do processo
inflamatório. Desse modo, a interação AGE-RAGE seria responsável pela criação de
um ambiente pró-inflamatório, onde observa-se a ativação de osteoclastos e a liberação
de metaloproteinases, resultando em uma destruição tecidual exagerada, constatada
entre diabéticos portadores da periodontite (LALLA, LAMSTER & SCHMIDT, 1998). Em
estudo posterior, Lalla et al. (2000) relatam que nos fibroblastos, a interação AGE-
RAGE é a responsável pelo aumento na ativação das metaloproteinases da matriz e
pela diminuição na formação do colágeno descritas na periodontite.
As concentrações das citocinas pró-inflamatórias como a IL1β e o TNF-α no
fluido crevicular gengival dos diabéticos têm níveis elevados. Os diabéticos portadores
de periodontite moderada ou severa apresentavam concentração duas vezes maior dos
mediadores pró-inflamatórios no fluido crevicular em comparação às concentrações
observadas entre aqueles portadores de gengivite e periodontite crônica leve. A
secreção da PGE
2
, IL1β e TNF-α por monócitos ativados pelo LPS do P.g. foi 4,2, 4,4 e
4,6 vezes superior entre os diabéticos portadores de periodontite moderada ou severa.
Salvi, Beck & Offenbacher (1998) sugeriram que o diabetes mellitus é um fator de risco
significante para a severidade da periodontite, uma vez que reage de forma exacerbada
ao desafio microbiano.
2.1.4 Efeito do tratamento periodontal no controle
metabólico do Diabetes mellitus
Williams Jr. & Mahan (1960) estudaram a periodontite e o diabetes mellitus em 9
pacientes diabéticos, portadores de periodontite, que se encontravam metabolicamente
bem controlados através de dieta, administração de insulina ou hipoglicemiantes orais.
Os 9 pacientes foram submetidos a terapia antibiótica, tendo sido utilizado 300.000
unidades de penicilina G procainada e 0,5mg de estreptomicina por um período de dez
dias, e ao tratamento periodontal básico e cirúrgico. Os autores observaram uma
27
redução na necessidade de insulina em 7 dos 9 pacientes tratados, concluindo que a
terapia periodontal e extrações, quando indicadas, podem melhorar o controle
metabólico de pacientes diabéticos.
Também, Miller et al. (1992) observaram 9 pacientes DM 1 submetidos à terapia
mecânica, bochechos à base de clorexidina duas vezes ao dia por trinta segundos e o
uso de 100mg diários de doxiciclina durante 14 dias e observaram que o controle
metabólico do diabetes pode estar associado ao controle da inflamação periodontal.
Grossi et al. (1996) propuseram um novo protocolo de tratamento para doenças
periodontais em diabéticos que consiste na incorporação de agentes antimicrobianos e
na modulação farmacológica da resposta do hospedeiro, concluindo que a eliminação
da infecção periodontal e a redução do processo inflamatório tiveram como
conseqüência uma redução significativa, em curto prazo, dos valores encontrados
através do ensaio da hemoglobina glicosilada.
Nesta mesma linha de pesquisa, Grossi et al. (1997) avaliaram 113 diabéticos,
que receberam tratamento periodontal mecânico e foram divididos de modo aleatório
em cinco grupos, de acordo com o tratamento antimicrobiano prescrito. Todos os
grupos de estudo mostraram melhoras clínicas e microbiológicas, constatando-se, nos
grupos tratados com doxiciclina, uma maior redução na profundidade de sondagem,
nos níveis de P.g. e uma redução, em média, de 10% nos valores da HbA
1C
. Os autores
concluíram que o controle da infecção periodontal deveria ser considerado como parte
fundamental na manutenção da saúde de pacientes diabéticos. Também, Collin et al.
(1998) concluíram que a periodontite severa é comum entre diabéticos não
insulinodependentes, que a infecção periodontal pode interferir sobre o controle
metabólico do diabetes nesses indivíduos e que a prevenção e o tratamento da
periodontite avançada devem ser enfatizados como essenciais em indivíduos diabéticos
não insulinodependentes.
Ainda estudando o efeito da terapia periodontal nos níveis glicêmicos, Stewart et
al. (2001) compararam as mudanças no controle metabólico entre dois grupos formados
por indivíduos portadores de DM 2; o grupo teste foi submetido a tratamento periodontal
não cirúrgico e exodontias e o grupo controle não recebeu qualquer tratamento. A
redução na porcentagem deste parâmetro metabólico no grupo teste foi da ordem de
28
17,1% e a observada no grupo controle foi de 6,7%, ambas foram estatisticamente
significantes. Os autores concluíram que a terapia periodontal está associada à melhora
no controle metabólico em indivíduos diabéticos tipo 2. Monteiro & Araújo (2003)
avaliaram 45 indivíduos diabéticos tipo 2, metabolicamente controlados, e concluíram
reforçando o pressuposto de que a recuperação da saúde do periodonto é um fator
positivo para o controle do diabetes mellitus, ainda que se trate de portadores de
diabetes tipo 2, controlados endocrinologicamente.
Também Kiran et al. (2005), ao avaliarem o efeito da melhora do quadro clínico
periodontal no controle metabólico de indivíduos diabéticos tipo 2, observaram que a
terapia periodontal resultou na melhora estatisticamente significativa dos parâmetros
clínicos periodontais e na diminuição da porcentagem da hemoglobina glicosilada no
grupo teste. Além disto, uma discreta elevação na porcentagem da hemoglobina
glicosilada foi observada no grupo controle. Os dados sugerem que o tratamento
periodontal está associado à melhora no controle metabólico em indivíduos diabéticos
tipo 2.
Por outro lado, Smith et al. (1996) concluíram que a raspagem e o alisamento
radicular de bolsas profundas e moderadas e uma boa higiene oral podem não ser
suficientes para a manutenção do periodonto em uma condição estável. Além disso,
mesmo naqueles pacientes que apresentaram uma melhora nos parâmetros clínicos,
ela poderia ser de curta duração. Da mesma forma Promsudthi et al. (2005), apesar da
melhora estatisticamente significante nos seus parâmetros clínicos periodontais
observados no grupo teste e do agravamento significativo da perda de inserção clínica
no grupo controle, não constataram diminuição estatisticamente significativa na
porcentagem da hemoglobina glicosilada após a terapia periodontal no grupo teste.
2.2 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos do HLA
e o Diabetes mellitus
O Antígeno Leucocitário Humano (HLA) de classe II tem papel central no
reconhecimento antigênico e, portanto, induz a diferentes formas de resposta
imunológica e a susceptibilidade imunogenética às diversas doenças influenciadas por
29
reações imunes. O grande polimorfismo observado nos genes do HLA de classe II pode
ser a causa das diferenças individuais observadas na resposta imunológica (OKADA et
al. 2002)
Forsblom et al. (1998), utilizando análise de regressão ltipla logística,
observou que a microangiopatia, a neuropatia, a porcentagem de hemoglobina
glicosilada e a taxa de excreção da albumina apresentam-se como fatores de risco
independentes para a mortalidade cardiovascular em indivíduos diabéticos tipo 2 e que
a presença do HLA-DR4 e de sinais de autoimunidade podem estar associados à
diminuição no risco em desenvolver doenças cardiovasculares.
Horton et al. (1999) genotiparam 1.712 indivíduos caucasianos diabéticos com
idade entre 25 e 65 anos e 200 controles para obter a freqüência dos alelos HLA-
DRB1*03 e HLA-DRB1*04 e do haplótipo HLA-DRB1*04/DQB1*0302. A presença dos
anticorpos ICA, GADA ou ambos foi avaliada entre os diabéticos; estes foram
subdivididos em 4 subgrupos (25-34, 35-44,45-54 e 55-65 anos) de acordo com a idade
na qual foram diagnosticados como diabéticos. Foi concluído que os genótipos do
DRB1 e do DQB1 são fatores de risco para o diabetes autoimune de início na idade
adulta, influenciando o período de acometimento do diabetes. Os anticorpos ICA e
GADA estão fortemente associados aos genótipos HLA-DRB1*03/ HLA-DRB1*04-
DQB1*0302 entre os indivíduos diagnosticados como diabéticos entre 25-34 anos.
Onengut-Gumuscu & Concannon (2002) concluíram que os genes que codificam
as moléculas HLA-DR influenciam na susceptibilidade ao diabetes tipo 1 e estão em
desequilíbrio de ligação com os genes DQB1 e DQA1, estando o HLA-DRB1*04 em
desequilíbrio de ligação com o HLA-DQB1*0302. Este último é considerado o principal
alelo na susceptibilidade ao diabetes tipo 1. Cerna, Novota & Kolostova ( 2003) também
observaram maior freqüência, estatisticamente significativa, dos alelos
DRB1*03/DRB1*04 e DQB1*0201/DQB1*0302, em heterozigose, entre os indivíduos
diabéticos tipo 1 oriundos da república Checa quando comparados aos controles. Os
autores sugeriram que a presença do alelo HLA-DQB1*0302 identifica indivíduos com
alto risco em requerer tratamento insulínico.
Neste mesmo ano, Haiyan et al. (2003) hipotetizaram o papel do polimorfismo
genético (G308A e G238A), na região promotora do IFN-γ, associados ao grupo alélico
30
HLA-DQB1*02, como potenciais fatores modificadores de risco para o diabetes tipo 2.
Também avaliaram se os supracitados polimorfismos atuariam associados ao locus de
classe II do HLA, induzindo o fenótipo dos indivíduos diabéticos tipo 2 que descendem
de famílias afetadas tanto pelo diabetes tipo 1 quanto pelo tipo 2. Os resultados
mostraram associação entre o polimorfismo genético e o fenótipo caracterizado pela
resistência à insulina associado ao HLA-DQB1*02. Também, em diabéticos que
descendem de famílias compostas por somente diabéticos do tipo 2, que apresentavam
genótipo AA/AG nas posições supracitadas, no gene do TNF-α , foi observado menor
concentração da proteína C quando comparados aos indivíduos que apresentavam o
genótipo GG. Os autores observaram que o alelo A está associado ao DM 2 de forma
independente ao lócus DQB1*02.
Mimura et al. (2003) avaliaram quarenta e quatro indivíduos diabéticos tipo 2
diagnosticados antes dos 30 anos de idade, portadores de retinopatia diabética, 45
indivíduos diabéticos diagnosticados precocemente, que não apresentavam qualquer
sinal de retinopatia, e 50 indivíduos saudáveis que formaram o grupo controle. Não
foram observadas diferenças significantes na freqüência dos antígenos: HLA-A,-B e
DQ entre os 3 grupos. Os pacientes diabéticos, que não apresentavam retinopatia, ao
serem comparados ao grupo controle, mostraram maior freqüência do HLA Cw4 e DR4
e no grupo composto por indivíduos portadores de retinopatia, o antígeno HLA-DR4 foi
significativamente mais freqüente quando comparado ao grupo controle. Os autores
concluíram que o conhecimento do antígeno HLA pode ser útil para a avaliação da
predisposição do desenvolvimento do diabetes tipo 2 de início precoce.
Emery et al. (2005) pesquisaram a associação entre os genótipos HLA-DR e
HLA-DQ, a idade na qual a criança foi acometida pelo diabetes e a etnia em 1322
indivíduos diabéticos tipo 1 e em 3339 crianças que caracterizaram a população geral
de Denver, no Colorado. Foram observadas associações entre o DM-1 e os genótipos:
HLA-DR 3 /4, DQB1*0302, DR(1,4,8 OU 9)/4, DQB1*0302 e HLA-DR3/3; sendo que o
genótipo HLA-DR 3/4, DQB1*0302 apresentou a taxa de associação mais alta,
principalmente entre aqueles que desenvolveram o diabetes mais precocemente. A
frequência de aparecimento da combinação de alelos protetores DR2 e DQB1*0602 foi
significativamente maior na população em geral. Também os genótipos DR3/9 foram
31
associados ao diabetes tipo 1 entre caucasianos. Os autores concluíram que existem
múltiplos alelos associados ao diabetes tipo 1 e que o risco inerente aos diferentes
alelos associados varia de acordo com a idade na qual o diabetes foi desencadeado,
resultando em associações entre marcadores como HLA-DR 3/4, DQB1*0302 e formas
mais agressivas do diabetes tipo 1.
Neste mesmo ano, Motala et al. (2005) observaram que as freqüências dos alelos
HLA-DRB1*040101 e do DRB1*070101 foram significativamente maior entre os
indivíduos que compuseram o grupo teste; por outro lado, neste mesmo grupo, as
freqüências dos alelos DRB1*110101, DRB1*160101 e DRB1*1413 foram
significativamente menores quando comparadas às freqüências no grupo controle. Os
haplótipos DRB1*040101/DQB1*0302, DRB1*070101/DQB1*050101, DRB1*150101/
DQB1*060101 e DRB1*070101/ DQB1*0201 foram positivamente associados ao
diabetes mellitus tipo 2. O haplótipo DRB1*160101-DQB1*050101 apareceu em
freqüência significativamente maior no grupo controle. Na comparação entre a
freqüência dos haplótipos associados ao diabetes mellitus tipo 1 e a freqüência
haplotípica observada no diabetes mellitus tipo 2, entre indivíduos Bahraini, foi
observado que enquanto os haplótipos DRB1*030101-DQB1*0201 e
DRB1*030101/DQB1*0302 conferem susceptibilidade ao diabetes tipo 1, apresentam-
se neutros em relação ao diabetes tipo 2. Também os haplótipos
DRB1*070101/DQB1*050101, DRB1*040101/DQB1*0302 e
DRB1*150101/DQB1*060101 foram associados positivamente ao diabetes tipo 2 e não
foram associados ao diabetes tipo 1 e o haplótipo DRB1*070101/DQB1*0201 conferiu
susceptibilidade ao diabetes tipo 2 e resistência ao diabetes tipo 1. Os autores
concluíram que entre os Bahrainis, portadores de diabetes tipo 2, existe associação
estatisticamente significante entre os loci HLA-DRB1 e HLA-DQB1 e o DM-2.
2.3 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos do HLA
e a Periodontite
Okada et al. (2002) concluíram que os fatores genéticos do hospedeiro podem
ter efeito mais significativo no desenvolvimento da periodontite do que a presença de
32
periodontopatógenos. Katz et al. (1987) avaliaram a freqüência dos alelos dos loci HLA-
A, -B, -C e –DR. Não foram observadas diferenças significativas nas freqüências dos
antígenos do HLA-A, -B e -C entre os portadores de periodontite de progressão rápida
(PPR) e o grupo controle. Por outro lado, no grupo RPP a freqüência do antígeno HLA-
DR4 foi de 80%, enquanto que a mesma, no grupo controle, foi de 38,3%. Os autores
concluíram que a maior freqüência do antígeno DR4 pode predispor o indivíduo à PPR.
Também Alley et al. (1993) concluíram que as Moléculas HLA-DR4 e –DQ3 associadas
às células apresentadoras de antígeno podem sinalizar susceptibilidade aumentada à
periodontite e que o fenótipo do HLA-D tem maior influência sobre a susceptibilidade à
periodontite do que ao status do diabetes.
Bonfil et al. (1999) avaliaram a associação entre alelos do HLA-DR4, periodontite
severa e a periodontite de progressão rápida . Foi observado que os alelos HLA-
DRB1*0401, *0404, *0405 e *0408 tenderam, não de forma estatisticamente
significativa, a ser mais freqüentes entre os indivíduos que integravam o grupo teste
quando comparados aos indivíduos do grupo controle; porém, a análise do subgrupo
formado apenas por indivíduos portadores da periodontite de progressão rápida
mostrou que os referidos alelos estavam presentes em freqüência significativamente
maior quando comparada às observadas no grupo controle. A alta freqüência dos alelos
HLA-DRB1*0401, *0404, *0405 e *0408, observada entre os portadores de PPR, levou
os autores a concluírem que estes alelos podem ser considerados como fatores de
risco para a periodontite de progressão rápida.
Por outro lado, Takashita et al. (1994) observaram não haver associação
significante entre os tipos de periodontite e os diversos sorotipos do HLA de classe II.
Também, não foram observadas associações entre os diferentes tipos de periodontite e
os alelos do HLA-DR e, com exceção da idade, nenhum parâmetro clínico foi vinculado
à variação gênica. Porém, os autores concluíram que a variação genética do HLA-
DQB1 pode ser um fator imunogenético que afeta o início e a progressão da
periodontite de progressão rápida .
Shapira et al. (1994) investigaram a existência de associação entre a freqüência
de determinados antígenos do HLA e a periodontite juvenil (PJ) nas suas formas
generalizada (PJG) e localizada (PJL). Os resultados obtidos mostraram freqüência
33
significativamente maior dos antígenos HLA-A9 e -B15 nos indivíduos portadores de PJ
quando comparados aos indivíduos controles. Na divisão do grupo teste, a freqüência
aumentada dos antígenos HLA-A9 e -B15 foi observada no subgrupo SGP. o
foram observadas associações entre a EOP e o HLA-DR. Os autores concluíram que os
antígenos HLA-A9 e -B15 podem atuar como marcadores de risco para forma
generalizada da periodontite de acometimento precoce.
Também Firatli et al. (1996) observaram maior freqüência dos antígenos HLA-
A24 e HLA-DR4 entre os indivíduos portadores de periodontite (PJ) e dos antígenos
HLA-A9 e HLA-DR4 entre aqueles portadores de periodontite de progressão rápida
quando comparados ao grupo controle. A presença dos antígenos HLA-A24, HLA-DR4
e HLA-A9 conferem maior susceptibilidade às diversas formas de periodontite de
acometimento precoce.
Por outro lado, Ohyama et al. (1996) observaram que os alelos HLA-DRB1
*1401, *1501 e DQB1 *0503 e *0602 foram mais freqüentes nos indivíduos portadores
de PJ de forma não significativa. Também analisaram as seqüências de resíduos de
aminoácidos e constataram que a freqüência dos alelos HLA-DQB1 *0503, *0602 e
*0603, que possuem o ácido aspártico na posição 57 e glicina (G) na posição 70, foi
significativamente maior nos pacientes com PJ e concluíram que a variação dos
resíduos de aminoácidos dentro de um mesmo grupo de alelos do HLA influência na
resposta imune do indivíduo. Da mesma forma, Machulla et al. (2002) mostraram
associação positiva do HLA-DRB1*13 e a PPR e associação negativa da mesma com o
HLA-DR-*blank. Nos indivíduos portadores de periodontite do adulto foram constatadas
diminuição nas freqüências dos alelos HLA-A*03 e -B*14 e aumento na freqüência do
alelo HLA-CW*08. Foi concluído que é possível apontar associação entre o HLA e a
suscetibilidade e/ou resistência às doenças periodontais supracitadas. Por outro lado
Stein et al. (2003) observaram a dificuldade na indicação de um único alelo do HLA
como marcador de risco para a periodontite.
Fatores de risco, como o sexo, podem influir na predisposição do individuo à
periodontite. Reichert et al. (2003) avaliaram a associação entre a periodontite
agressiva (PA) e crônica (PC) e a freqüência de fenótipos do HLA; também
compararam os resultados desta associação aos obtidos no grupo controle. Os três
34
grupos foram divididos em relação ao gênero para análise da referida associação. No
grupo formado por indivíduos portadores de PA foi observada diminuição significativa
na freqüência do alelo HLA-DRB1*blank e um aumento significativo na freqüência do
HLA-DRB1*13. Apenas nas mulheres portadoras de periodontite agressiva, os alelos
HLA-A*68/*69 apresentaram freqüências significativamente maiores, enquanto que o
alelo HLA-DQB1*05 foi observado em freqüência significativamente menor, quando
comparadas às mulheres do grupo controle. Nenhuma diferença significativa foi
encontrada entre homens portadores de PA quando comparados aos do grupo controle.
Contudo, uma ocorrência significativamente maior na freqüência do alelo HLA-A*29, no
grupo PA, foi atribuída à maior freqüência, deste alelo, entre os homens. Além disso, a
freqüência do alelo HLA-DQB1*06, em homozigose, apresentava-se significativamente
maior apenas entre as mulheres. A análise da associação entre o grupo controle e o
grupo composto por indivíduos portadores de periodontite (PC + PA) mostrou maior
freqüência do alelo HLA-DQB1*06 entre as mulheres. Os autores concluíram que o
sexo é uma variável confundidora que deve ser considerada nos novos estudos que
abordem a associação entre o HLA e a periodontite.
2.4 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos de
citocinas e a Periodontite
2.4.1 TNF-α
αα
α
O TNF-α é uma citocina que está intimamente relacionada à periodontite, uma
vez que está envolvida no processo de reabsorção óssea e proliferação de fibroblastos.
Níveis elevados desta citocina foram relatados em sítios com medidas de
profundidade de sondagem elevadas. Muitos fatores, incluindo o polimorfismo genético,
estão envolvidos na regulação da produção desta citocina pró-inflamatória.
Gillian et al. (1998) estudaram a distribuição dos polimorfismos dos genes dos
TNF-
α
(-308), TNF-
α
(-238) e TNF-
β
(+252) em 32 caucasianos portadores de
periodontite e 32 controles periodontalmente saudáveis; também pesquisaram uma
35
possível associação entre o polimorfismo genético do TNF-α e os níveis de produção
desta citocina por polimorfonucleares. Não foram observadas diferenças na freqüência
genotípica entre os grupos teste e controle e entre os subgrupos diferenciados pelo
grau de severidade da periodontite. o foi observada associação entre a produção de
TNF-α e os alelos deste na posição -238; porém, os alelos do TNF-α na posição -308
foram associados à alta produção desta citocina nos dois grupos avaliados. Este
mesmo genótipo foi associado à alta produção desta citocina somente no subgrupo
portador de periodontite crônica severa. Foi concluído que o genótipo T1,2 do TNF-α
parece não estar associado à susceptibilidade genética à periodontite do adulto; por
outro lado, pode apresentar-se como possível marcador de susceptibilidade para a
severidade da periodontite.
Por outro lado, Craandijk et al. (2002) avaliaram o polimorfismo G/A nas posições
(-376), (-308), (-238) e na posição (+489) e concluíram que os polimorfismos genéticos
no gene TNF-α nas referidas posições não estão associados à susceptibilidade ou à
severidade da periodontite de forma independente do hábito de fumar.
Fassmann et al. (2003) investigaram a associação entre a periodontite crônica e
os polimorfismos G para A na posição (-308) na região promotora 5` do gene TNF-α e A
para G na posição (+252) da LT-α. Foi concluído que o genótipo composto G/A na
posição (-308) do gene TNF-α e A/G na posição (+252) da LT-α pode influenciar na
susceptibilidade à periodontite crônica na população da República Checa.
2.4.2 IL-10
A IL-10 é uma citocina que atua na periodontite regulando a produção das
citocinas pró-inflamatórias e estimulando a produção de anticorpos protetores. O
quadro clínico periodontal pode ser influenciado por fatores genéticos e os
polimorfismos dos genes da IL-10 podem inibir a liberação das citocinas pró-
inflamatórias.
Yamazaki et al. (2001) investigaram o polimorfismo genético na região promotora
da IL-10 nas posições (-506), (-1082) e (-1140) de 34 indivíduos portadores de
36
periodontite agressiva, 18 portadores de periodontite crônica e 52 controles. Os autores
observaram que o alelo -1082G não estava presente entre indivíduos japoneses e que
o haplótipo GCC foi observado em 68% da população japonesa e em apenas 25% dos
caucasianos; não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nas
freqüências alélicas e haplotípicas entre indivíduos portadores de periodontite do
adulto, de início precoce e controles. Foi concluído que a frequência de haplótipos na
população japonesa difere significativamente da observada entre caucasianos e que a
produção da IL-10 deve ser regulada por uma rede complexa de citocinas.Também
Gonzales et al. (2002) concluíram que os polimorfismos dos genes da IL-10 nas
posições -597(CA) e -824(CT), em caucasianos, não estão associados à
periodontite crônica nem à periodontite agressiva.
Por outro lado, Berglundh et al.(2003) concluíram que o polimorfismo da IL-10 na
posição (-1087) está vinculado a periodontite crônica severa em indivíduos caucasianos
do norte da Europa e Scarel-Caminaga et al. (2004), ao avaliarem a associação entre a
periodontite crônica e o polimorfismo de um único nucleotídeo nas posições (–1087),(-
819) e (–592) e os haplótipos (ACC, ATA e GCC), observaram associação entre a
susceptibilidade à periodontite crônica e os polimorfismos no gene da IL-10 nas
posições (–819 e –592). Também observaram que o haplótipo ATA foi mais prevalente
no grupo teste entre as mulheres e o haplótipo GCC/ACC foi mais freqüente no grupo
controle e concluíram que haplótipos específicos e o polimorfismo de um único
nucleotídeo no gene da IL-10 estão associados a uma maior prevalência da
periodontite.
2.4.3 TGF-β1
β1β1
β1
Segundo Holla et al. (2002) o fator transformador de crescimento β (TGF-β1) é
uma citocina que apresenta atividades anti-inflamatórias, imunossupressoras e promove
a diminuição da transcrição de citocinas pró-inflamatórias como a IL-1β e o TNF- α;
acredita-se possuir papel regulador na periodontite, uma vez que influencia a
remodelação tecidual e o metabolismo ósseo e, seus níveis, no fluido crevicular
gengival, flutuam de forma inversamente proporcional à severidade da periodontite. O
37
objetivo do referido estudo foi avaliar a existência de associação entre a periodontite do
adulto e o polimorfismo genético do TGF
-
β1
-988 (C/A), -800 (G/A), -509 (C/T) e nos códons 10 (L10P) e 25
(R25P)
. Foram avaliados 198 indivíduos caucasianos naturais da república Checa; 90
portadores de periodontite do adulto e 108 formaram a população de referência. Não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas na comparação entre a
distribuição das freqüências alélicas e genotípicas dos polimorfismos supracitados entre
os grupos teste e controle. Foi concluído que os polimorfismos do gene TGF-
β1
não
influenciam na susceptibilidade à periodontite do adulto e que não associação entre
os polimorfismos citados e a severidade da periodontite.
Entretanto, de Souza et al. (2003) avaliaram a freqüência alélica e genotípica na
posição (-509) do gene do TGF-
β1
em indivíduos caucasianos oriundos do sudeste
brasileiro que apresentavam diferentes níveis de severidade da periodontite crônica e
mostraram haver diferenças estatisticamente significativas quando comparadas às
freqüências alélicas e genotípicas entre os grupos saúde e portadores de periodontite
severa (DPS). O alelo T foi mais freqüente entre os portadores de DPS e o genótipo TT
apresentou freqüência de 38,5% entre os portadores de DPS e de 8% e 12,6% entre os
portadores de saúde periodontal e de periodontite moderada respectivamente. Os
autores concluíram que o referido polimorfismo apresenta efeito discreto na modulação
do processo inflamatório periodontal.
2.4.4 IL-6
A interleucina 6 está relacionada à diferenciação dos linfócitos B e à proliferação
das células T; uma de suas principais atribuições é estimular a hematopoiese e acelerar
a reabsorção óssea. Trevilatto et al. (2003) avaliaram a associação entre o polimorfismo
da IL-6 na posição (-174) e a susceptibilidade à periodontite crônica em brasileiros
caucasianos. Foram avaliados 84 indivíduos o relacionados; estes foram agrupados
em subgrupos diferenciados de acordo com o estado clínico periodontal. As
comparações entre as freqüências alélicas entre os grupos não apresentaram diferença
estatística significante; porém, a comparação entre as freqüências genotípicas entre o
grupo controle e os portadores de periodontite crônica severa apresentou diferença
38
estatística significativa. Os dados obtidos indicam a associação entre o polimorfismo da
IL-6 na posição (-174) e a susceptibilidade à periodontite crônica entre caucasianos
oriundos do sudeste brasileiro.
Norteados pelo papel crucial do processo inflamatório na patogênese da
periodontite, D’aiuto et al. (2004) avaliaram a possível associação entre polimorfismos
genéticos específicos, tais como: IL-6 (-174), IL-1
α
(-889), IL-1
β
(-511, +3954), TNF-
α
(-
308), e TLR4 (-299, -399) e a resposta inflamatória sistêmica em indivíduos portadores
de periodontite severa. Para tanto, 94 indivíduos portadores de periodontite severa
foram avaliados periodontalmente. Foram observadas associações entre o polimorfismo
genético da IL-6 (-174), IL-1
α
(-889), e TNF-α (-308) e uma maior concentração sérica
da IL-6 e da proteína C reativa. Os autores concluíram que a resposta inflamatória
sistêmica apresenta-se mais intensa entre indivíduos portadores de periodontite severa,
que apresentam alelos raros funcionais nos sistemas polimórficos de citocinas
associados à inflamação; também os genótipos observados são importantes
indicadores da resposta inflamatória sistêmica, explicando em parte a associação
pesquisada.
Por outro lado, Komatsu et al. (2005) analisaram os polimorfismos: -597(G/A), -
572 (C/G), -373 (AnTm), -190(C/T) e -174(G/C) no gene da IL-6 e observaram que a
freqüência do alelo A9T11 na posição (-373) foi significativamente superior no grupo
controle quando comparada à do grupo teste e que este haplótipo está associado às
baixas concentrações séricas da IL-10, sugerindo que o alelo A9T11 na posição (-373)
pode estar associado à redução na susceptibilidade em desenvolver a periodontite
entre os japoneses e à baixa liberação da IL-6.
2.5 Estudos de associação entre os polimorfismos genéticos de
citocinas e o Diabetes mellitus.
As citocinas pró-inflamatórias: TNF-α, IL-1β e o IFN-γ são consideradas os
principais mediadores das doenças crônicas inflamatórias. O aumento nos níveis de IL-
1 no fluido crevicular e nos tecidos periodontais dos pacientes com periodontite têm
sido descritos e a diminuição da concentração desta citocina inibe a reabsorção óssea
39
alveolar. Várias evidência têm mostrado a influência dos fatores genéticos na patogenia
e evolução clínica da periodontite em adultos. Essas informações sugestionaram Laine
et al. (2001) a investigarem o polimorfismo genético da IL-1, entre indivíduos diabéticos,
e compararam com o observado entre o grupo composto por indivíduos
periodontalmente saudáveis; fatores de risco como a presença de P. gingivalis e/ou A.
actinomycetemcomitans e o hábito de fumar, também foram levados em consideração.
Para tanto, 105 portadores da periodontite do adulto foram selecionados e compuseram
o grupo teste. A prevalência da P.g. e do A.a. foi similar entre os subgrupos fumantes e
não fumantes, enquadrados no grupo teste. Não foram observadas diferenças
significativas nos genótipos e nas freqüências dos alelos observados entre os grupos
estudados. Dividindo os grupos de fumantes e não fumantes em subgrupos de
indivíduos fumantes portadores ou não de P.g e A.a. e não fumantes portadores ou não
de P.g e A.a., foi observada alta freqüência, estatisticamente significativa, das
presenças simultâneas dos alelos IL-1A*2, IL-1B*2 e IL-1RN*2 entre os não fumantes
que não apresentaram P.g. e A.a. Estes resultados evidenciam que o polimorfismo dos
genes da família da interleucina 1 está associado à periodontite severa em adultos, na
ausência de outros fatores de risco.
Concentrações elevadas das citocinas TNF-α, IL-6 e da proteína C-reativa têm
sido observadas em diabéticos tipo 2. Os altos níveis destas citocinas e da proteína de
fase aguda vêm sendo associados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. Kubaszek et
al. (2003) investigaram se os polimorfismos (G-308A) e (C-174G) dos genes das
citocinas TNF-
α
e IL-6, respectivamente, aumentam o risco de conversão da
intolerância à glicose para o diabetes mellitus tipo 2. Foram avaliados 490 indivíduos.
Somente 6 indivíduos apresentaram o genótipo (A-308A) do gene do TNF-α; o alelo (-
308A) do gene TNF-α foi associado a um risco duas vezes maior em desenvolver
diabetes tipo 2 quando comparado ao do genótipo (G-308G). Indivíduos que
apresentam dois alelos A no gene TNF-α e o genótipo (C-174C) da IL-6 apresentam
risco 2.2 vezes maior em desenvolver o diabetes tipo 2 quando comparados àqueles
que não apresentam o genótipo de risco. Foi concluído que o alelo (-308A) do gene do
TNF-α é um preditor para a conversão do estado de intolerância à glicose para o
40
diabetes mellitus tipo 2. Também foi observado que este polimorfismo está associado
ao genótipo (C-174C) do gene da IL-6.
Illig et al. (2004) investigaram a associação entre os polimorfismos (C-174G) e
(A-598G) da IL-6 e o processo inflamatório sub-clínico e os parâmetros clínicos e
metabólicos do diabetes e observaram que os alelos (-174G) e (-598G) foram
significativamente associados ao diabetes mellitus tipo 2. Os níveis da IL-6 não foram
associados aos polimorfismos da IL-6 estudados. Os autores concluíram que os
polimorfismos genéticos estudados podem ser considerados fatores de risco
independentes na etiologia do diabetes mellitus tipo 2; sua atuação nesta nosologia
possivelmente é indireta, influenciando os níveis dos mediadores imunológicos.
41
3 Objetivos
3.1 Objetivo Geral
Estudar o polimorfismo do HLA (HLA-DRB1, -DRB3, -DRB4, -DRB5 e -DQB1) e
de genes de citocinas (IL-6, TNF-
α
, IL-10, TGF-
β1
, IFN-
γ
) em pacientes diabéticos com
e sem periodontite e em pacientes metabolicamente normais com periodontite. Avaliar
os efeitos da intervenção odontológica sobre o processo infeccioso periodontal no
controle metabólico de indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo 2 através do
ensaio da hemoglobina glicosilada.
3.2 Objetivos Específicos
-Avaliar a distribuição de freqüência de alelos do HLA de classe II (HLA-DRB1, -DRB3, -
DRB4, -DRB5 e –DQB1) em pacientes diabéticos com e sem periodontite e em
pacientes metabolicamente normais com periodontite;
-estudar a distribuição de freqüência dos alelos dos genes da IL-6, IL-10, TGF-
β
1, IFN-
γ
e TNF-
α
em pacientes diabéticos, com e sem periodontite, e em pacientes com
periodontite cujo controle metabólico seja normal;
-comparar os valores determinados para as variáveis de avaliação periodontal e para o
ensaio da hemoglobina atribuídos aos portadores de diabetes mellitus tipo 2 que
apresentavam ou não periodontite severa, tendo como referencial o tempo de
observação (0, 90 e 180 dias).
42
4 Delineamento do Estudo
(07 dias após)
PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS PELA PREFEITURA DE
FEIRA DE SANTANA
TRIAGEM PERIODONTAL
DDP
DSDP
NDDP
FBDC
ANAMNESE EXAME CLÍNICO EXAMES LABORATORIAIS
exame de profundidade
de sondagem de sulco/
bolsa;
exame do nível de
inserção clínica;
índice de sangramento
à sondagem.
Genotipagem HLA e das
citocinas: IFN-
γ
, TGF-
β1
, TNF-
α
,
IL-10 e IL-6.
Raspagem e alisamento radicular, Noções de higiene oral
-0
-90
-180
Dias
Hemoglobina glicosilada
43
5 PRODUTOS DA TESE
Artigo 1 “O efeito do tratamento periodontal não cirúrgico no controle metabólico em pacientes
portadores de diabetes mellitus tipo 2 não compensados metabolicamente” (Journal of
Clinical Periodontology)
Artigo 2 “Maior prevalência do HLA-DQB1*0301 em mestiços não diabéticos portadores de
periodontite crônica severa “ (Journal of Clinical Periodontology)
Artigo 3 “Associação entre o polimorfismo do códon 10 do gene TGF-
β
1 e a periodontite
crônica severa em baianos, mestiços, diabéticos tipo 2” (Journal of Periodontology)
44
Artigo 1
“O efeito do tratamento periodontal não cirúrgico no controle
metabólico em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2
não compensados metabolicamente”
45
O EFEITO DO TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO NO
CONTROLE METABÓLICO EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES TIPO 2
NÃO COMPENSADOS METABOLICAMENTE.
(THE EFFECT OF NON SURGICAL PERIODONTAL TREATMENT ON
METABOLIC CONTROL IN UNCONTROLLED TYPE 2 DIABETICS PATIENTS.)
Monteiro, A.M.A., Freire, S.M., Meyer, R., Gomes-Filho, I.S., Pinto-Filho, J.M.,
Vasconcelos, A. A., Correia, J.E., Daltro, I.S., Lemaire, D.C.
Adriano M.A. Monteiro
1, 2,
Songeli M. Freire
1
Roberto Meyer
1
Isaac S. Gomes-Filho
2
Almiro A. Vasconcelos
2
Joelande E. Correia
3
Idiane S. Daltro
3
Denise C. Lemaire
1
1
Universidade Federal da Bahia - Programa de Pós-graduação em Imunologia;
2
Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Saúde;
3
Universidade
Estadual de Feira de Santana – Departamento de Biologia.
Abstract
Background, aims: The objective of this present study was to evaluate the effects of
the reduction of the periodontal infection in those individuals who have uncontrolled
diabetes mellitus type 2 through a glycated hemoglobin assay.
Methods: 56 uncontrolled diabetics type 2 were treated clinically by The Diabetic Center
of Feira de Santana- Bahia. They constituted two groups, DP (28) with severe chronic
periodontitis and DSP (28) orally-healthy, gingival disease or slight chronic periodontitis
controls. Both groups were evaluated after 90 and 180 days through the determination
of the plaque index, bleeding on probing, probing depths, the measures of clinical
attachment levels and the plasmatic concentration of glycated hemoglobin and both
groups were submitted to periodontal treatment after the first exam.
Results: Both test and control group showed a statistically significant effect for plaque
index and bleeding on probing after periodontal treatment. The test group showed
clinical improvement in the severity of periodontal status and in the control group, no
significant changes in the clinical severity parameters: probing depths and clinical
attachment loss were observed. HbA
1c
levels in both groups, at 6 months, decreased
significantly.
Conclusions: The non-surgical periodontal therapy results in the reduction of
periodontal infection and inflammation. This significantly improvement of the periodontal
condition is associated with a reduction in levels of glycated hemoglobin and
consequently in glycemic control.
Key words: chronic periodontitis; glycemic control; type 2 diabetes mellitus.
A susceptibilidade à periodontite envolve uma tríade formada por: bactéria,
hospedeiro e fatores ambientais (Seymour & Taylor 2004). Certas condições sistêmicas
e alterações do hospedeiro são fatores adicionais (Nishimura et al. 1998). O diabetes
mellitus e o hábito de fumar são fatores de risco para a periodontite uma vez que
46
aumentam a probabilidade de acometimento desta doença infecciosa. Porém, tanto o
fumo como o diabetes o são determinantes para o desenvolvimento da periodontite
(Borrell & Papapanou 2005).
King et al. (1998) estimam que a prevalência do diabetes em todo o mundo
passaria de 4% em 1995, para 5,4% em 2025, atingindo aproximadamente 300 milhões
de indivíduos. Os três países mais afetados por esta doença são: a Índia, a China e os
Estados Unidos e estima-se que, em 2025, 75% dos indivíduos diabéticos estarão em
países em desenvolvimento; a maioria desses será de mulheres e residentes em áreas
urbanas. O diabetes é uma nosologia de alta prevalência no Brasil, onde as estimativas
epidemiológicas apontam para uma elevação desses índices. No Brasil, atualmente,
estima-se a existência de cinco milhões de diabéticos, sendo que a metade dessa
população desconhece ser portadora de tal doença. A este alto índice de pacientes
diabéticos são destinados 5% a 14% dos recursos financeiros aplicados pelos setores
responsáveis pela saúde da população (Lerário 1995).
O diabetes caracteriza-se por apresentar cinco complicações clássicas:
retinopatia, neuropatia periférica, microangiopatia, macroangiopatia e nefropatia. Löe
(1993) concluiu que a periodontite é mais severa e é mais prevalente entre os
diabéticos e que esta deveria ser considerada a sexta complicação do diabetes mellitus.
Estudos sobre a periodontite, em portadores de diabetes, revelaram que a
microbiota subgengival de pacientes portadores de periodontite severa e diabetes
não insulinodependente foi similar à constatada em pacientes não diabéticos com
periodontite severa (Zambon et al. 1988; Collin et al. 1998). Apesar disso, a
severidade, a prevalência e a incidência da periodontite são maiores em diabéticos
quando comparadas às dos indivíduos metabolicamente sadios (Belting et al. 1964;
Bridges et al. 1996; Shlossman et al. 1990; Nelson et al. 1990 & Emrich et al. 1991).
O controle metabólico inadequado, segundo Ervasti et al. (1985) e Oliver &
Tervonen (1994), está correlacionado à severidade da periodontite e ao aumento do
risco de indivíduos diabéticos virem a desenvolvê-la. Por outro lado, Hayden &
Buckley (1989) dizem não haver inter-relação entre a periodontite e o controle
metabólico e a duração do diabetes. Entretanto, segundo Hugoson et al. (1989),
Cerda et al. (1994) e Firatli et al. (1996), tal duração exerce grande influência sobre
a severidade da periodontite.
Lalla et al. (1998) afirmaram que a glicosilação não enzimática de proteínas e
lipídios é conseqüência da hiperglicemia, resultando na formação dos produtos finais
avançados de glicosilação (AGEs), que são acumulados normalmente no plasma e nos
tecidos; este acúmulo é exacerbado em diabéticos. A interação entre os AGEs e o seu
receptor (RAGE) aumenta a produção do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α)
resultando na exacerbação do processo inflamatório.
A eliminação do processo infeccioso inflamatório acarretaria a diminuição da
concentração de citocinas pró-inflamatórias, dentre elas o TNF-α. Esta citocina é um
dos principais fatores envolvidos na resistência à insulina (Nishimura et al. 1998);
portanto, a eliminação ou diminuição do processo inflamatório observado na
periodontite favoreceria o controle metabólico em pacientes diabéticos.
Uma possível relação entre a diminuição do processo inflamatório e a melhora no
controle metabólico foi primeiramente apontada por Williams & Mahan (1960), ao
destacar o efeito do controle do processo infeccioso periodontal no controle metabólico.
47
Posteriormente, Miller et al. (1992) e Grossi et al. (1997) concluíram que a terapia
periodontal seria uma terapia importante no controle metabólico do diabetes, o que não
foi observado, no entanto, por Smith et al. (1996). O presente estudo visou observar o
efeito do controle do processo inflamatório periodontal nos níveis glicêmicos, pela
avaliação da taxa da hemoglobina glicosilada, em portadores de diabetes tipo 2.
Material e Métodos
População
A amostra foi composta por 56 indivíduos mestiços segundo os critérios de
Azevedo (1980), com idade entre 40 e 70 anos, distribuídos em dois grupos: DP - 28
indivíduos diabéticos portadores de periodontite crônica generalizada severa; DSP - 28
indivíduos diabéticos que, ao exame clínico periodontal, foram classificados como
periodontalmente saudáveis, portadores de gengivite ou periodontite crônica leve.
Todos os indivíduos do estudo eram portadores de diabetes mellitus tipo 2 há no
mínimo dois anos, de acordo com os critérios estabelecidos pela American Diabetes
Association (2004). O diagnóstico e o acompanhamento desses pacientes foi realizado
no Centro de Diabetes da Prefeitura Municipal de Feira de Santana.
Os indivíduos que formaram o grupo DP apresentavam periodontite crônica
severa caracterizada por, no mínimo, quatro unidades dentárias que apresentassem
profundidade de sondagem igual ou maior do que quatro mm, nível de inserção maior
ou igual a cinco mm e a ocorrência de sangramento à sondagem (Gomes-Filho et al.
2005); além de apresentarem, comprovadamente, habilidade física e motora que
assegurasse o eficiente controle da placa bacteriana.
Não foram incluídos na amostra os indivíduos que apresentassem infecção bucal
com indicação de drenagem ou que tivessem o hábito de fumar. Também foram
excluídos os indivíduos que não compareceram a todas as consultas, os que
necessitaram alterar a medicação do controle metabólico em uso, assim como aqueles
que receberam prescrição de antibióticos, anti-inflamatórios, corticosteróides,
antidepressivos, hormônios outros que não a insulina ou anticonvulsivantes nos quatro
meses que antecederam o início do estudo.
Coleta de Dados
Indivíduos diabéticos tipo 2, sem quaisquer restrições, foram encaminhados pelo
Centro de Diabetes da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, já devidamente
diagnosticados, para atendimento periodontal na clínica da Cooperfeira. Todos os
indivíduos diabéticos encaminhados, incluídos ou não no protocolo de pesquisa, foram
avaliados em relação à saúde periodontal e, quando necessário, foram submetidos à
terapia periodontal não cirúrgica, em quantas consultas fossem necessárias para o
restabelecimento da sua saúde periodontal.
Após a triagem, os indivíduos selecionados para ambos os grupos
compareceram à clínica odontológica da Cooperfeira em três oportunidades,
intercaladas por um período de 90 dias (tempos 1, 2 e 3). Nos três tempos foram
coletadas amostras de sangue para avaliação do controle metabólico e dados clínicos
periodontais: índice de placa de O`Leary descrito por Badersten et al. (1990);
48
porcentagem de faces sangrantes à sondagem (Ainamo & Bay, 1975); medida de
profundidade de sondagem de sulco/bolsa (Pihlstrom et al. 1981) classificadas segundo
os critérios de Badersten, Nilvéus, & Egelberg (1985), e medida do nível de inserção
clínica (Ramjford 1959), cujos níveis foram agrupados segundo a classificação proposta
por Armitage (1999).
Os parâmetros clínicos periodontais foram obtidos com o auxílio da sonda
periodontal milimetrada XP23/UNC15 estandardizada tipo Williams da marca Hu-Friedy.
Foram investigados seis sítios por unidade dentária: médiovestibular, mesiovestibular,
distovestibular, médiolingual, distolingual e mesiolingual conforme descrito por Pihlstrom
et al. (1981).
Todos os parâmetros de avaliação periodontal foram mensurados por um único
pesquisador, especialista, tendo apresentado concordância intra-examinador média de
92,68%.
Foram coletados, nos tempos 1, 2 e 3, de cada indivíduo, de maneira estéril, 1,0
ml de sangue periférico para dosagem de hemoglobina glicosilada. A dosagem da
hemoglobina glicosilada foi realizada a partir de um ensaio de captura iônica, com o
qual se mensura a porcentagem de hemoglobina glicosilada no sangue total humano
(ABBOTT LABORATORIES, 1994). Os resultados são válidos como indicativos da
concentração de glicose no sangue por um período de 1 a 3 meses. Para este ensaio o
parâmetro de normalidade está entre 4,4% e 6,4% a
1c.
Tratamento Periodontal
Os 56 indivíduos que formaram os grupos DP e DSP retornaram à clínica da
Cooperfeira, quando, conforme necessário, foram submetidos ao tratamento periodontal
não cirúrgico, em quantas consultas fossem suficientes para se restabelecer a saúde
periodontal e receberam, também, noções sobre higiene oral com o auxílio de
macromodelos.
Os 28 indivíduos que compuseram o grupo DP, portadores de periodontite
crônica severa, pela própria intensidade da doença, foram submetidos a tratamento
periodontal mais extenso quando comparados ao tratamento a que foram submetidos
os indivíduos do grupo DSP.
Metodologia da análise estatística
Para as variáveis quantitativas do estudo, foi utilizado o teste de Kolmogorov-
Smirnov, para averiguar a aderência à distribuição normal. Os resultados foram
comparados usando o teste t de student para amostras pareadas e o teste t de
Wilcoxon para amostras não pareadas. Na comparação dos grupos independentes,
quando as variáveis foram mensuradas em escala ao mínimo ordinal sem aderência à
distribuição normal, foi empregado o teste de Mann-Whitney; o teste de t-Student não
pareado foi empregado quando o pressuposto de normalidade foi atendido. Foi
estabelecido o nível de significância de 5%.
Resultados
49
O grupo DP, de acordo com a tabela 1, foi formado por 13 mulheres e 15
homens, enquanto que no grupo DSP foram congregados 18 mulheres e 10 homens.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em relação ao gênero
(p= 0,179) e à idade (p= 0,361) entre os dois grupos; porém, em relação ao tempo em
que esta doença endócrina foi diagnosticada foi observada diferença estatisticamente
significativa entre os grupos (p= 0,011). Nos grupos DP e DSP as médias do tempo de
diagnóstico foram de 8,25 e 12,75 anos respectivamente.
Tabela 1-Estatística descritiva das variáveis demográficas.
Idade
(anos)
nero
(%)
Tempo de
diagnóstico (anos)
Grupo N
X
DP M F
x DP
DSP 28 57,8
±1,91
36 64 12,75
±1.20
DP 28 55,3
±1,92
54 46 8,25
±1.20
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos não portadores de periodontite crônica severa; x=
média; DP= desvio padrão da média; M=gênero masculino; F= Gênero feminino.
Os achados clínicos e laboratoriais foram agrupados em cinco tabelas (Tabelas 2
a 6) tendo como indicadores quatro parâmetros clínico-periodontais: índice de placa;
número de faces sangrantes após a sondagem; medida de profundidade de sondagem
e medida do nível de inserção clínica. A dosagem da hemoglobina glicosilada foi o
parâmetro laboratorial quantitativo utilizado como indicador do controle metabólico. Os
dados foram coletados nos três tempos pré-estabelecidos (t
1
, t
2
e t
3
).
No grupo DP no que se refere ao índice de placa, foi observada diferença
significativa entre os tempos t
1
x t
3
; porém, não foi observada diferença estatisticamente
significativa nos valores observados entre os tempos t
1
x t
2
e t
2
x t
3
. No grupo DSP foi
observada redução estatisticamente significativa no índice de placa na comparação
entre os tempos t
1
x t
2
e t
1
x t
3
. A comparação entre os valores dos grupos DP e DSP
nos três tempos só revelou diferença significativa no tempo 1. (Tabela 2).
Tabela 2 - Estatística descritiva do índice de placa de acordo com o grupo e o tempo.
Índice de Placa
md Min-Max DPxDSP
t
1 x
t
2
t
1 x
t
3
t
2 x
t
3
Grupo % %
P
P P P
DP
0,534 0,042 0,101
t
1
86,40 40,6-100,00 0,028
t
2
60,85 30,4-100,00 0,657
t
3
61,75 19,5-100,00 0,395
DSP
<0,001 <0,001 0,831
t
1
78,00 0,0-100,00
t
2
67,00 22,3-97,00
t
3
60,40 0,0-100,00
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; Mdn= mediana; Max=
máxima; Min= mínima; t
1, 2, 3
= tempo de experimentação 1, 2 e 3; p= Resultado estatístico da comparação entre os grupos.
50
Foi observada diferença significativa na porcentagem de faces sangrantes à
sondagem entre os tempos, em cada grupo; assim como entre os grupos nos três
tempos (Tabela 3).
Tabela 3 - Estatística descritiva da porcentagem de faces sangrantes à sondagem de
acordo com o grupo e o tempo.
Porcentagem de faces sangrantes á sondagem
md Min-Max DPxDSP
t
1 x
t
2
t
1 x
t
3
t
2 x
t
3
Grupo % %
P
P P P
DP
<0,001 <0,001 <0,001
t
1
40,30 16,90-90,40 <0,001
t
2
15,95 0,0-36,90 <0,001
t
3
9,45 0,0-34,50 <0,001
DSP
0,004 0,002 <0,001
t
1
12,35 0,0-53,00
t
2
5,55 0,0-22,00
t
3
3,55 0,0-15,00
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; Mdn+ mediana; Max+
máxima; Min= mínima; P1= diferentes tempos no mesmo grupo; P2 diferentes grupo no mesmo tempo; t
1, 2, 3
= tempo de
experimentação 1, 2 e 3.
As porcentagens de sítios sondados e agrupados de acordo com a medida de
profundidade de sondagem em três subgrupos: PSR - profundidade de sondagem rasa
(0-3 mm); PSM - profundidade de sondagem média (4-6 mm) e PSP - profundidade de
sondagem profunda ( 7 mm) foram obtidas segundo os critérios descritos por
Badersten, Nilvéus, & Egelberg (1985).
No grupo DP houve aumento significativo na porcentagem de faces agrupadas
no subgrupo PSR entre os tempos 1 e 2 e uma diminuição progressiva nos tempos 2 e
3 em relação ao tempo 1 nos subgrupos PSM e PSP. Não houve diferenças estatísticas
significativas nas comparações entre os subgrupos PSR, PSM e PSP no grupo DSP
nos três tempos de experimentação. As comparações entre os grupos DP e DSP, nos
três tempos, não resultaram em diferenças significativas apenas ao se comparar os
subgrupos PSR dos grupos nos tempos 2 e 3. (Tabela-4).
Tabela 4 - Estatística descritiva do número de faces de acordo com a profundidade de
sondagem dos subgrupos iguais no mesmo tempo e em tempos diferentes no mesmo
subgrupo.
Porcentagens de faces de acordo com a profundidade de sondagem
md Min-Max DPxDSP
t
1 x
t
2
t
1 x
t
3
t
2 x
t
3
Grupo / t % %
P
P P P
DP
PSR t
1
62,50
26,00-141,00
0,002
<0,001 <0,001 0,260
t
2
74,50
32,00-138,00
<0,001
t
3
79,50
41,00-142,00
0,005
PSM t
1
23,00
6,00-67,00
NS
<0,001 <0,001 0,839
51
t
2
15,00
0,00-71,00
<0,001
t
3
12,50
1,00-51,00
0,001
PSP t
1
1,50
0,00-53,00
NS
0,006 <0,001 0,039
t
2
0,00
0,00-9,00
<0,001
t
3
0,00
0,00-9,00
0,017
DSP
PSR t
1
99,00
36,00-192,00
NS NS NS
t
2
93,00
0,00-192,00
t
3
93,00
0,00-192,00
PSM t
1
0,00
0,00-0,00
NS NS NS
t
2
0,00
0,00-0,00
t
3
0,00
0,00-0,00
PSP t
1
0,00
0,00-0,00
NS NS NS
t
2
0,00
0,00-0,00
t
3
0,00
0,00-0,00
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; Md= mediana; Max=
máxima; Min= mínima; t
1, 2, 3
= tempo de experimentação 1, 2 e 3; PSR= o número de sítios com profundidade de sondagem entre 1
e 3 mm; PSM= o mero de sítios que apresentam bolsas periodontais de 4 a 6 mm; PSP= número de sítios que apresentam
profundidade de sondagem maior que 7mm segundo (Badersten, Nilvéus, & Egelberg, 1985)
A medida do nível de inserção clínica em cada sítios dentário foi classificadas e
subdividida em 4 subgrupos: SPI - sem perda de inserção; PIL - perda de inserção leve
- de 1 a 2mm; PIM - perda de inserção moderada - de 3 a 4mm e PIS - perda de
inserção severa - 5mm segundo os critérios utilizados por Armitage (1999) (Tabela.
5).
O subgrupo SPI, no grupo DP, apresentou aumento significativo progressivo na
porcentagem de sítios enquadrados do tempo 1 ao 3 e no grupo DSP não foi observada
diferença estatisticamente significativa nos três tempos de estudo. No subgrupo PIL,
grupo DSP, foi observada diminuição estatisticamente significativa entre os tempos 1 e
3 e no grupo DP não foram observadas alterações significantes nos diferentes tempos.
O número de faces enquadrados no subgrupo PIM, grupo DP, sofreu diminuição
estatisticamente significante entre os tempos 1 e 3 e no grupo DSP ocorreu um
aumento estatisticamente significativo entre o tempo 1 e os tempos 2 e 3. No grupo
DSP não há diferenças estatisticamente significativas no subgrupo PIS, nos três tempos
de estudo; no entanto, no grupo DP foi observada uma diminuição progressiva
estatisticamente significativa da porcentagem de faces enquadradas nos três tempos de
estudo. Os valores dos quatro subgrupos que constituem os grupos DP e DSP, nos três
tempos, resultaram em diferenças significativas.
52
Tabela 5 - Estatística descritiva do número de faces de acordo com a perda de
inserção clínica entre subgrupos iguais no mesmo tempo e entre tempos diferentes no
mesmo subgrupo.
Número de faces de acordo com o nível de inserção (Perda de Inserção)
md Min-Max
DPxDSP
T
1 x
t
2
t
1 x
t
3
t
2 x
t
3
Grupo / t % %
P
P P P
DP
SPI t
1
23,00
0,00-110,00
0,001
0,008 0,001 0,007
t
2
35,50
1,00-106,00
<0,001
t
3
44,50
3,00-106,32
<0,001
PIL t
1
11,50
0,00-34,00
<0,001
NS NS NS
t
2
7,00
1,00-29,00
0,002
t
3
11,50
4,00-37,01
0,002
PIM t
1
22,50
1,00-58,00
<0,001
0,014 0,011 0,001
t
2
19,50
5,00-67,00
<0,001
t
3
14,00
2,00-65,00
0,017
PIS t
1
30,50
3,00-114,00
<0,001
<0,001 0,006 0,001
t
2
15,50
0,00-101,00
0,001
t
3
13,00
0,00-98,00
<0,001
DSSP
SPI t
1
59,00
5,00-145,00
NS NS NS
t
2
71,00
5,00-145,00
t
3
71,00
0,00-147,00
PIL t
1
33,50
0,00-84,00
NS 0,007 NS
t
2
28,00
6,00-74,00
t
3
30,00
3,00-68,00
PIM t
1
0,00
0,00-3,00
0,017 0,005 NS
t
2
0,00
0,00-15,00
t
3
0,00
0,00-42,00
PIS t
1
0,00
0,00-0,00
NS
NS NS
t
2
0,00
0,00-0,00
t
3
0,00
0,00-0,00
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; Md= mediana; Max= máxima;
Min= mínima; t
1, 2, 3
= tempo de experimentação 1, 2 e 3; SPI= porcentagem de sítios sem perda de inserção; PIL= o número de sítios que
apresentam perda de inserção leve (1 a 2mm); PIM= número de sítios que apresentam perda de inserção moderada (3 a 4mm) e PIS= número de
sítios que apresentam perda de inserção severa (5 mm) segundo (Armitage 1999).
As taxas de hemoglobina glicosilada foram significativamente diferentes entre
os tempos 1 e 3 e 2 e 3 no grupo DSP; assim como entre os tempos 1 e 3 no grupo DP.
Por outro lado não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os
grupos, nos três tempos de experimentação.
53
Tabela 6 - Estatística descritiva da porcentagem de hemoglobina glicosilada.
Porcentagem de hemoglobina glicosilada
md Min-Max DPxDSP
t
1 x
t
2
t
1 x
t
3
t
2 x
t
3
Grupo % %
P
P P P
DP
NS 0.033 NS
t
1
10.25 8.9-16.00 NS
t
2
9.75 4.8-14.60 NS
t
3
8.85 4.8-15.10 NS
DSP
NS 0.005 0.046
t
1
10.45 8.9-16.40
t
2
10.35 5.1-13.90
t
3
9.20 4.5-14.80
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; Md= mediana; Max=máxima; Min=
mínima; P1= diferentes tempos no mesmo grupo; P2 diferentes grupo no mesmo tempo; t
1, 2, 3
= tempo de experimentação 1, 2 e 3.
Discussão
Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do tratamento periodontal não
cirúrgico nos níveis glicêmicos de indivíduos diabéticos tipo 2, descompensados
metabolicamente, com periodontite (DP). Os dados obtidos foram comparados com
aqueles observados em uma amostra de indivíduos diabéticos com periodonto
clinicamente saudável, inflamação gengival ou perda de inserção classificada como
leve (DSP), que constituíram um grupo controle adequado, segundo Gomes-Filho et al.
(2005). Não foi observada diferença estatisticamente significante em relação ao gênero
e à idade. Borrel & Papapanou (2005), observaram o haver associação entre gênero
e susceptibilidade a periodontite. Por outro lado, quanto ao tempo de diagnóstico, o
grupo de diabéticos portadores de periodontite apresentou média significativamente
menor do que o grupo de diabéticos periodontalmente saudáveis (8,25 e 12,75 anos,
respectivamente); Cerda et al. (1994), Firatli Yilmaz & Onan (1996) e Monteiro et al.
(2002) observaram que quanto maior o tempo de diagnóstico, maior a severidade da
periodontite.
Diferentemente dos estudos de Miller et al. (1992), Grossi et al. (1997), Stewart
et al. (2001), Kiran et al. (2005) & Prosmsudthi et al. (2005) quando o grupo controle
não foi submetido à terapia periodontal, no presente estudo, o tratamento periodontal
não cirúrgico foi realizado tanto no grupo DP quanto no grupo DSP. A redução do
processo infeccioso inflamatório resultou na melhora dos parâmetros clínicos
periodontais, conforme descrito por Westfelt et al. (1996). A redução do quadro
inflamatório foi mais intensa no grupo DP, sendo, portanto esperada uma melhora mais
acentuada dos parâmetros clínicos periodontais e, conseqüentemente, do controle
metabólico, neste grupo. Contudo, não foi observada diferença significativa na redução
da taxa de hemoglobina glicosilada entre os grupos. Talvez a redução desta no grupo
DSP tenha sido devida à inclusão de indivíduos portadores de gengivite, ou periodontite
leve, no grupo controle (sem periodontite crônica severa). Por outro lado, em ambos os
grupos foi observada melhora significativa do controle metabólico cerca de seis meses
após o tratamento periodontal; este tratamento foi, provavelmente, o fator responsável
pela melhora observada, uma vez que os indivíduos que tiveram qualquer alteração na
54
dieta ou no protocolo medicamentoso, ou submeteram-se à terapia antibiótica foram
excluídos do estudo.
A associação entre a melhora no controle metabólico em indivíduos diabéticos
tipo 2, que apresentavam controle metabólico inadequado, e a diminuição do processo
inflamatório periodontal foi também observada por Stewart et al. (2001) e Kiran et al.
(2005); nestes estudos os indivíduos também foram submetidos exclusivamente à
terapia periodontal básica. A redução nas taxas de hemoglobina glicosilada após a
redução do processo inflamatório também foi observada por Williams & Mahan (1960),
Miller et al. (1992) e Grossi et al. (1997); contudo, nestes estudos, a terapia
antimicrobiana também pode ter tido um papel importante no efeito observado nos
níveis glicêmicos de pacientes com diabetes (tipo 1 ou tipo 2) submetidos à raspagem e
alisamento radicular. Por outro lado, Smith et al. (1996) e Promsudthi et al. (2005) não
observaram diminuição na porcentagem da hemoglobina glicosilada no grupo
submetido ao mesmo tipo de tratamento.
Segundo Hotamisligil et al. (1995) e Mccall et al. (1992) a citocina pró-
inflamatória TNF-α es associada à resistência à ação da insulina. Nishimura et al.
(2003) observaram que a diminuição do processo inflamatório periodontal reduz
significativamente os níveis desta citocina. Assim, a melhora do controle metabólico
observada neste e em outros estudos foi, provavelmente, devido a diminuição da
síntese de TNF-α após a redução do processo inflamatório periodontal.
Foi observada diferença estatisticamente significativa nas comparações entre os
parâmetros clínicos periodontais: placa, sangramento gengival à sondagem,
profundidade de sondagem e nível de inserção clínica entre os grupos DP e DSP no
tempo 1; refletindo o maior grau de acometimento periodontal observado no grupo de
portadores de periodontite crônica generalizada severa. O quadro de higiene oral
avaliado pelo índice de placa, em ambos os grupos, apresentou melhora
estatisticamente significativa entre os tempos 1 e 3 tanto no grupo DSP quanto no
grupo DP. Apesar da melhora no grau de higiene oral, após o tratamento periodontal,
ter sido significativa, este continuou em um patamar crítico.
O grupo DP apresentou melhora no quadro infeccioso periodontal após o
tratamento periodontal não cirúrgico. Esta afirmação está amparada pelo aumento
estatisticamente significativo do número de faces enquadradas no subgrupo PSR e pela
diminuição no número de faces agrupadas nos subgrupos associados à presença de
bolsas periodontais (PSM e PSP) entre os tempos 1 e 3. No grupo DSP não foram
observadas alterações estatisticamente significativas na distribuição de seus sítios nos
três subgrupos nos tempos 2 e 3 em relação ao tempo 1. Estes achados estão de
acordo com as observações de Miller et al. (1992), Smith et al. (1996) Grossi et al.
(1997), Stewart et al. em 2001, Kiran et al. (2005) & Prosmsudthi et al. (2005).
A melhora no quadro de severidade da periodontite foi observada utilizando o
nível de inserção clínica. No grupo DP foi observado aumento progressivo
estatisticamente significativo na porcentagem de faces enquadradas no subgrupo SPI
entre os tempos 1 e 3 e diminuição progressiva significativa na porcentagem de faces
enquadradas nos subgrupos PIM e PIS caracterizados pela perda de inserção
moderada e severa, respectivamente. No grupo DSP não foram vistas alterações
significativas na porcentagem de faces agrupadas nos subgrupo SPI e PIS. Por outro
lado foi observado aumento estatisticamente significativo na porcentagem de faces
55
enquadrados no subgrupo PIM e diminuição, também estatisticamente significativa, da
porcentagem de faces enquadrados no subgrupo PIL. Estes dados não caracterizam
piora no quadro clínico periodontal e estão de acordo com os trabalhos de Badersten
(1985), quando este conclui que os sítios dentais que apresentam bolsas rasas (
3,5mm), tendem a sofrer perda de inserção após raspagem e alisamento radicular,
ocorrendo o oposto com aqueles sítios cujas bolsas são profundas ( 7 mm), nos quais
se observa ganho de inserção após tratamento periodontal.
Os resultados obtidos neste trabalho ratificam o papel positivo da terapia
periodontal sobre os parâmetros clínicos periodontais e indicam a existência da
associação entre a eliminação do processo infeccioso periodontal e a melhora do
controle metabólico em indivíduos diabéticos tipo 2 não compensados
metabolicamente.
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58
Artigo 2
“Maior prevalência do HLA-DQB1*0301 em mestiços não
diabéticos portadores de periodontite crônica severa”
59
MAIOR PREVALÊNCIA DO HLA-DQB1*0301 EM MESTIÇOS NÃO
DIABÉTICOS PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA SEVERA
(HIGHER PREVALENCE OF HLA-DQB1*0301 IN MESTIZOS NON-DIABETIC
SUBJECTS WITH CHRONIC PERIODONTITIS )
Monteiro, A.M.A., Freire, S.M., Meyer, R., Gomes-Filho, I.S., Pinto-filho, J.M.,
Bendicho, M.T., Lemaire, D.C.
Adriano M.A. Monteiro
1
Songeli M. Freire
1
Roberto Meyer
1
Isaac S. Gomes-Filho
2
Jorge M. Pinto-Filho
2
Maria Teresita Bendicho
1
Denise C. Lemaire
1
1
Universidade Federal da Bahia - Programa de Pós-graduação em
Imunologia;
2
Universidade Estadual de Feira de Santana – Departamento de Saúde.
Abstract
Background, aims: Differences in host response may determine susceptibility or
resistance to periodontal disease. It is established that diabetes is a risk factor for the
development of periodontal disease in human subjects. Studies have linked the
increased propensity of diabetic subjects to develop periodontal disease to genetic
predisposition. There are growing evidences that genetic factors play a role in the onset
and severity of periodontal disease. The aim of this study was to investigate and to
compare the distribution of HLA alleles, genotypes and haplotypes among diabetics
subjects with or without severe chronic periodontal disease and non-diabetic subjects
with severe chronic periodontal disease.
Methods: 91 tested subjects were divided in 3 groups: (DP) was formed by 31 diabetic
subjects with severe chronic periodontal disease; (DSP) consisted of 30 diabetic
subjects without severe or moderate periodontal disease; and (NDP) was formed by 30
metabolic healthy patients with severe chronic periodontal disease. The DNA was
extracted from the samples using the modified salting out technique. Its concentration
were determinate for its optical density reading. The polymorphisms studied were HLA-
DRB1, -DRB3/4/5 and -DQB1. The data were transferred for a Generic HLA Class II
DNA Typing Tray map to determine alleles, genotypes and haplotypes results.
Results: No statistically significant differences were found for allele and genotypic
frequencies on HLA-DRB1 and HLA-DRB3/4/5 genes. Furthermore, no statistically
significant differences were found for haplotypic frequencies among the three groups.
The genotypic frequencies of HLA-DQB1*0301 was found at a significantly higher level
in NDP patients than in the DP group (P= 0.0402).
Conclusions: In metabolic health mestizos patients with chronic periodontal disease
from Bahia-Brazil, there is a significant association with HLA-DQB1*0301. Further
studies with a higher population are warranted to confirm a lower frequency of HLA-
DQB1*0301 in DP group than DSP and NDP groups.
Key words: Chronic periodontitis; Human leukocytes antigens; Diabetes mellitus;
Polymorphism.
60
A periodontite é uma entidade nosológica de natureza infecciosa, caracterizada
pelo desencadeamento de uma potente resposta inflamatória responsável pela
destruição dos tecidos de suporte das unidades dentárias. O estudo de Borrell &
Papapanou (2005) sugere que os microrganismos presentes no biofilme são os agentes
etiológicos responsáveis por essa doença. Segundo Fox (1992) a resposta de cada
indivíduo à agressão bacteriana é singular, ocorrendo diferenças marcantes até mesmo
entre sítios de um mesmo indivíduo.
A susceptibilidade à periodontite envolve uma tríade formada por: bactéria,
hospedeiro e fatores ambientais (Seymour & Taylor 2004). O hábito de fumar e o
diabetes são fatores de risco para o desenvolvimento da periodontite, uma vez que
aumentam a probabilidade de acometimento desta doença infecciosa. Porém, tanto o
hábito de fumar como o diabetes não são determinantes para o desenvolvimento da
periodontite (Borrell & Papapanou 2005).
Michalowicz et al. (1991) sugeriram que a singularidade da resposta imunológica
frente ao desafio microbiano pode ser induzida por fatores de risco genéticos.
Evidências sobre a influência genética na patogênese da periodontite foram publicadas
em alguns artigos na última década (Katz et al. 1997; Michalowicz et al. 1994; D’Aiuto et
al. 2004). Van Der Velden et al. (1993) concluíram que fatores genéticos são os
responsáveis pela agregação familiar observada na periodontite.
Loss, John & Laine (2005) estimam que a periodontite tem entre 10 a 20 genes
modificadores da doença. Estes contribuem para a susceptibilidade e severidade da
periodontite porém, sua presença não determina o desenvolvimento da mesma, sendo
necessária a presença simultânea de outros fatores como a microbiota patogênica para
desencadeá-la (Hart 1996).
O polimorfismo de genes de citocinas e do HLA o fatores de risco hereditários.
O polimorfismo pode resultar em diferentes seqüências de resíduos de aminoácidos nas
superfícies de ligação entre o HLA e o receptor de linfócitos T, modificando o padrão de
resposta imune ao desafio microbiano (Mcdevitt 2000).
Vários autores (Firatli et al. 1996; Ohyama et al. 1996 ; Bonfil et al. 1999;
Machulla et al. 2002) observaram associação positiva entre a periodontite e alguns
antígenos do HLA como HLA-A24, -DR4 e -A9; também, determinados alelos HLA-
DQB1*0503, *0602 e *0603, HLA-DRB1*0401, *0404, *0405 e *0408 e HLA-A*03 e -
B*14. Por outro lado, Machulla, et al. (2002) observaram associação entre a freqüência
significativamente menor do alelo HLA-A*31 e do genótipo HLA-A*30/*31 e a incidência
da periodontite.
Alley et al. (1993) estudaram as associações entre periodontite, diabetes tipo 1,
fenótipo HLA-DR/DQ e a reatividade do linfócito T a antígenos bacterianos da P.
gingivalis e C. sputigena. Os autores concluíram que a presença das moléculas de
HLA-DR4 e DQ3 aumenta o risco para o desenvolvimento da periodontite. O diabetes
tipo 1 é considerado uma nosologia poligênica que apresenta 20 grupos de genes
associados à susceptibilidade a esta doença; destes, 13 evidenciam associação
significante (Onengut-Gumuscu & Concannon 2002). Motala et al. (2005) concluíram
que existe associação significante entre os genótipos HLA-DRB1 e HLA-DQB1 e o
diabetes mellitus tipo 2 em Bahrainis portadores de diabetes tipo 2.
Foi objetivo deste trabalho investigar e comparar as distribuições dos alelos,
genótipos e haplótipos do HLA de classe II (HLA-DRB1, -DRB3, -DRB4, -DRB5 e -
61
DQB1) entre diabéticos portadores ou o de periodontite crônica severa e não
diabéticos portadores de periodontite crônica severa.
Material e Métodos
População
A amostra de pacientes foi composta por 91 indivíduos mestiços segundo os
critérios de Azevedo (1980), com idade entre 40 a 70 anos, distribuída em três grupos:
DP- 31 indivíduos diabéticos tipo 2 portadores de periodontite crônica severa; DSP- 30
indivíduos diabéticos tipo 2 que ao exame clínico periodontal apresentavam periodonto
clinicamente saudável, gengivite ou periodontite crônica leve; NDP- 30 indivíduos
metabolicamente sadios, portadores de periodontite crônica severa triados pela
Fundação Baiana para o Desenvolvimento das Ciências. Os indivíduos que
compuseram a amostra assinaram o Termo consentimento livre e esclarecido. Os
critérios de severidade foram descritos por Gomes-Filho et al. (2005).
Não foram incluídos na amostra os indivíduos que apresentassem infecção bucal
com indicação de drenagem ou que fossem fumantes. Também foram excluídos os
indivíduos que receberam prescrição de antibióticos, antiinflamatórios, corticosteróides,
antidepressivos, hormônios outros que não a insulina e anticonvulsivantes nos quatro
meses que antecederam o início deste estudo.
Coleta de Dados
A avaliação clínica periodontal forneceu dados como a medida de profundidade
de sondagem, a medida do nível de inserção clínica, a porcentagem de faces
sangrantes à sondagem, o índice de placa, e os índices de recessão e hiperplasia. A
genotipagem do HLA-DRB1, -DRB3, -DRB4, -DRB5 e –DQB1 foi realizada com DNA
genômico obtido a partir de amostra de sangue periférico coletado.
Coleta dos dados clínicos periodontais
Os indivíduos da amostra compareceram à primeira consulta, quando foram
registrados em uma ficha odontológica dados referentes aos parâmetros clínicos
periodontais: índice de placa de O`Leary descrito por Badersten; Nilveus; Egelberg
(1990); porcentagem de faces sangrantes à sondagem (Ainamo & Bay, 1975); medida
de profundidade de sondagem de sulco/bolsa (Pihlstrom et al. 1981) e medida do nível
de inserção clínica (Ramjford, 1959).
Os parâmetros clínicos periodontais foram determinados com o auxílio da sonda
periodontal milimetrada XP23/UNC15 padronizada tipo Williams da marca Hu-Friedy.
Foram investigados seis sítios por unidade dentária: médiovestibular, mesiovestibular,
distovestibular, médiolingual, distolingual e mesiolingual conforme descrito por Pihlstrom
et al. (1981).
Todos os parâmetros de avaliação periodontal foram mensurados por um único
pesquisador, especialista, tendo apresentado concordância intra-examinador média de
92.68% para a realização do presente estudo longitudinal.
62
Genotipagem HLA-DRB1, -DRB3, -DRB4, -DRB5, -DQB1
O DNA genômico foi purificado a partir de leucócitos do sangue periférico
utilizando o Kit “GFX
TM
Genomic Blood DNA Purification Kit” (Amerscham Pharmacia
Biotech). O DNA obtido teve sua concentração e pureza determinadas pela leitura da
densidade óptica em 260 e 280 nm, sendo as amostras posteriormente congeladas a
20º C até seu uso.
A determinação dos genótipos HLA de classe II (HLA-DR, -DQ) foi realizada pelo
método PCR-SSP utilizando o Kit Micro SSP
TM
DNA typing SSP2L (One Lambda, Inc.
Canoga Park C.A.U.S.A. Lote 05 A) de acordo com as instruções do fabricante. Os
produtos do PCR foram separados em gel de agarose 2,5%, contendo 10 µL de
brometo de etídio e a corrida eletroforética realizada entre 140 a 150 volts, com 40 mA
no início da migração. Em seguida, as bandas eram visualizadas utilizando-se luz UV,
fotodocumentada, e o padrão de bandas obtido era transcrito para o mapa de tipagem
próprio do Kit.
Análise estatística
Para a comparação das freqüências entre os grupos foram realizados teste de qui-
quadrado ou o teste exato de Fisher. O Risco Relativo (RR) foi calculado de acordo com
o método de Woolf.
Resultados
A distribuição dos indivíduos de acordo com a idade foi semelhante nos grupos
DP e DSP e significativamente diferente no grupo NDP quando comparado a ambos os
grupos (p= 0,0489 e p= 0, 0452, respectivamente). O tempo de diagnóstico do diabetes
foi significativamente maior no grupo DSP do que no grupo DP (p= 0,002). A
distribuição por gênero não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os
grupos (p= 0,2411) (Tabela 1).
Tabela 1 Estatística descritiva das variáveis demográficas.
Idade nero
(%)
Tempo de
diagnóstico
Grupo
N
x
DP M F
x
DP
DSP 30 54,83
±1,65
34 66 13,13
±1,13
DP 31 56,54
±1,59
55 45 7,87
±1,18
NDP 30 47,00
±1,38
42 58
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; NDP= Não diabéticos
portadores de periodontite crônica severa; x= média; DP= desvio padrão da média; M=gênero masculino; F= Gênero feminino.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na distribuição
das freqüências alélicas e genotípicas dos genes HLA-DRB1, -DRB3, -DRB4 e -DRB5
entre os três grupos. No grupo DP, os alelos mais freqüentes foram HLA-DRB1*07,
DRB1*13, HLA-DRB1*01 e DRB1*11; os alelos que apresentaram menor freqüência
foram HLA-DRB1*12, -DRB1*14 e -DRB1*16. No grupo DSP, os alelos mais freqüentes
63
foram HLA-DRB1*07, -DRB1*0301 e -DRB1*04; os menos freqüentes foram HLA-
DRB1*10 e -DRB1*12. No grupo NDP os alelos mais freqüentes foram HLA-DRB1*07,
DRB1*13, HLA-DRB1*11 e DRB1*15; os menos freqüentes foram HLA-DRB1*09 e -
DRB1*16. Os alelos HLA-DRB1*0302, -DRB1*12 e –DRB1*14 não foram observados
no grupo NDP. Nos três grupos foi observada uma maior freqüência do alelo HLA-
DRB3*, em comparação aos alelos -DRB4* e -DRB5* (Tabela 2).
Tabela 2 - Distribuição da freqüência alélica do HLA-DRB1, DRB3*, DRB4* e DRB5*.
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa;
DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; NDP= Não
diabéticos portadores de periodontite crônica severa.
A Tabela 3 mostra a distribuição de freqüência dos alelos HLA-DQB1* nos três
grupos. No grupo DP os alelos mais freqüentes foram HLA-DQB1*02, -DQB1*05 e -
DQB1*06; os alelos HLA-DQB1*0303, -DQB1*0302 e –DQB1*0301 foram os menos
freqüentes. No grupo DSP os alelos mais freqüentes foram HLA-DQB1*02, -DQB1*05 e
–DQB1*06; os alelos menos freqüentes foram HLA-DQB1*0303, e –DQB1*0302. No
grupo NDP os alelos HLA-DQB1*02, -DQB1*0301 e -DQB1*06 foram os mais
freqüentes; os alelos HLA-DQB1*0303 e -DQB1*0302 foram os menos freqüentes.
DP
n=31
DSP
N=30
NDP
n=30
Grupo/
Alelo
n. (%)
n. (%)
n. (%)
DRB1
*Blank 5 (8,1) 3 (5,0) 5 (8,3)
*01 7 (11,3) 3 (5,0) 4 (6,7)
*0301 5 (8,7) 8 (3,3) 4 (6,7)
*0302 2 (3,2) 3 (5,00) 0 (0,0)
*04 3 (4,8) 6 (10,0) 3 (5,0)
*07 9 (14,5) 8 (13,3) 10 (16,7)
*08 2 (3,2) 5 (8,3) 4 (6,7)
*09 2 (3,2) 2 (3,3) 1 (1,7)
*10 3 (4,8) 1 (1,7) 2 (3,7)
*11 6 (9,7) 5 (8,3) 8 (13,7)
*12 1 (1,6) 1 (1,7) 0 (0,0)
*13 9 (14,5) 5 (8,3) 10 (16,7)
*14 1 (1,6) 3 (5,0) 0 (0,0)
*15 6 (9,7) 4 (6,7) 8 (13,3)
*16 1 (1,6) 3 (5,0) 1 (1,7)
DRB3* 24 (38,7) 25 (41,7) 22 (36,7)
DRB4* 13 (21,0) 16 (26,7) 14 (23,3)
DRB5* 7 (11,3) 7 (11,7) 9 (16,0)
64
Tabela 3 – Distribuição de Freqüência Alélica do HLA-DQB1
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; NDP= Não
diabéticos portadores de periodontite crônica severa; RR= Risco relativo; p= resultado estatístico da compara,cão entre os grupos.
Foi observada diferença estatisticamente significativa ao se comparar a
prevalência do alelo HLA-DQB1*0301 entre os grupos NDP e DP (p= 0,0402). Também,
foi observada uma tendência dos indivíduos do grupo DSP em apresentar maior
freqüência alélica do HLA-DQB1*0301 em comparação à observada no grupo DP (p=
0,0561).
No grupo DP é observada uma tendência para a maior freqüência do alelo HLA-
DQB1*05 na comparação com o grupo NDP (p=0,073).
A distribuição de freqüência dos haplótipos HLA-DRB1*/DQB1* foi analisada,
mas não foi observada diferença significativa entre os três grupos (dados não
mostrados - ver apêndice da Tese); contudo, há uma tendência dos indivíduos do grupo
NDP em apresentar maior freqüência do haplótipo HLA-DRB1*11/DQBI*0301 em
comparação à freqüência observada no grupo DP (p=0,081).
Discussão
Este estudo teve como objetivo avaliar e comparar a freqüência dos alelos HLA-
DRB1, -DRB3, -DRB4, -DRB5 e -DQB1 em 91 pacientes distribuídos em três grupos: o
grupo DP - composto por 31 indivíduos diabéticos tipo 2, descontrolados
metabolicamente, portadores de periodontite crônica, generalizada, severa; o grupo
DSP - 30 diabéticos tipo 2, descontrolados metabolicamente, que apresentavam
periodonto clinicamente saudável, gengivite ou periodontite crônica leve que
constituíram um grupo controle adequado segundo Gomes-Filho et al. (2005). O grupo
NDP foi composto por 30 indivíduos não diabéticos portadores de periodontite crônica,
generalizada, severa.
A comparação entre as freqüências dos alelos HLA-DQB1, entre os três grupos e
entre diabéticos e não diabéticos, revelou diferença significante apenas na prevalência
do alelo HLA-DQB1*0301 entre os grupos DP e NDP (p= 0,040). Os indivíduos não
diabéticos portadores de periodontite crônica apresentaram uma prevalência deste alelo
cerca de três vezes maior do que a observada no grupo de diabéticos portadores de
periodontite crônica. Não foi encontrada na literatura qualquer associação entre o
referido alelo e a periodontite e entre o referido alelo e a saúde metabólica. No grupo
DP é observada uma tendência para a maior freqüência do alelo HLA-DQB1*05 na
comparação com o grupo NDP (p= 0,073). Tunes (2006) concluíram que este alelo
DP
N=31
DSP
N=30
NDP
N=30
DPxDSP DPxNDP
Grupo
Alelo
No. (%)
No. (%)
No. (%)
P
RR
P
DQB1
*02
15 (24,2 ) 16 (26,7) 13 (21,7)
NS
NS
*0301
4 (6,4) 7 (11,7) 11 (18,3)
0,0561
0,307
0,0402
*0302
3 (4,8) 5 (8,3) 3 (5,0)
NS
NS
*0303
1 (1,6) 2 (3,3) 2 (2,3)
NS
NS
*04
4 (6,5) 6 (10,0) 3 (5,0)
NS
NS
*05
14 (22,6) 10 (16,7) 7 (11,67)
NS
NS
*06
12 (19,4) 10 (16,7) 11 (18,4)
NS
NS
*Blank
9 (14,5) 4 (6,7) 10 (16,7)
NS
NS
65
pode ser um marcador genético de proteção para o desenvolvimento da periodontite
crônica.
Emery et al. (2005) e Cerna, Novota & Kolostova (2003) associaram o alelo
HLA-DQB1*0302 ao diabetes tipo 1. Este mesmo alelo foi associado ao diabetes tipo 2
por Haiyan et al. (2003). Reichert et al.(2002) observaram uma maior freqüência,
estatisticamente significativa, do alelo HLA-DQB1*06 entre os portadores de
periodontite quando comparado aos controles. No presente estudo não foi observada
associação deste alelo a periodontite crônica. Talvez esta diferença seja uma
conseqüência das diferentes origens étnicas das populações estudadas. Uma vez que
o estudo de Reichert et al.(2002) avaliou indivíduos caucasianos e o presente estudo
pesquisou uma população caracterizada pelo inter-relacionamento entre povos
distintos, resultando em uma etnia geneticamente brida. Esta população apresenta
origem tri-racial: brancos, negros e índios, resultando em uma grande variedade de
fenótipos mestiços (Azevedo 1980).
Neste estudo a distribuição da freqüência alélica do HLA-DRB1 entre os
mestiços de Feira de Santana-BA revelou que no grupo DP os alelos HLA-DRB1*07,
*13 e *01 foram os mais prevalentes e os alelos HLA-DRB1*12 e *14 os menos
prevalentes; no grupo DSP os alelos mais freqüentes foram os HLA-DRB1, *0301 e
*07, enquanto que os mais raros foram os HLA-DRB1*0303 *10 e *12. No grupo NDP
os alelos mais freqüentes foram os HLA-DRB1*07 e *13.
Onengut-Gumuscu & Concannon (2002), relataram que o HLA-DRB1*04 está em
desequilíbrio de ligação com HLA-DQB1*0302, ocorrendo em alta freqüência entre os
diabéticos tipo 1; estes dados foram confirmados por Emery et al. (2005), Cerna,
Novota & Kolostova (2003) e Horton et al. (1999). Mimura et al. (2004) observaram
maior freqüência dos antígenos HLA-Cw4 e DR4 entre indivíduos Japoneses
portadores de diabetes mellitus tipo 2 e Motala et al. (2005) observaram que os grupos
alélicos: HLA-DRB1*04, *07 e *15 e HLA-DQB1*0302, *05, *06 e *02 foram os mais
freqüentes entre os indivíduos portadores de diabetes tipo 2. No presente estudo foi
observado que um dos grupos alélicos mais freqüentes, entre os diabéticos tipo 2, foi o
HLA-DRB1*07.
É importante levar em conta que nos estudos de Onengut-Gumuscu &
Concannon (2002), Cerna, Novota & Kolostova (2003) e Emery et al. (2005) foram
avaliados indivíduos diabéticos tipo 1; estes apresentam patogenia diferenciada da
apresentada pelos indivíduos portadores de diabetes tipo 2. Também é importante
considerar que nos estudos de Mimura et al. (2004) e Motala et al. (2005) as
populações estudados foram formadas por indivíduos diabéticos tipo 2, porém, de
origem japonesa e árabe respectivamente.
Stein et al. (2003) observaram associação positiva entre o HLA-DRB1*04, -
Cw*08 e -B*14 e a periodontite crônica. Também Bonfil et al. (1999) concluíram que os
HLA-DRB1*0401, 0404, 0405 e 0408 foram associados à periodontite rapidamente
progressiva. No presente estudo foi observado uma freqüência duas vezes maior, não
significativa, do alelo HLA-DRB1*04 no grupo de diabéticos tipo 2 sem periodontite
severa quando comparado aos DP. É importante enfatizar que a amostra deste estudo
foi composta por indivíduos portadores de periodontite crônica, que apresenta aspectos
peculiares em sua patogenia que a diferencia da patogenia observada na periodontite
agressiva.
66
Foi observada uma tendência dos indivíduos do grupo DP em apresentar maior
freqüência do alelo do HLA-DRB3* em comparação com a freqüência observada entre
os NDP (p=0,079). Por outro lado, Stein et al. (2003) avaliando indivíduos caucasianos
observaram maior freqüência, não estatisticamente significativa, do HLA-DRB5* entre
os portadores de periodontite crônica e Alley et al. (1993) relataram que o HLA-DRB4*
foi significativamente mais freqüente entre os portadores de periodontite, diabéticos ou
não. Estas diferenças podem ter origem nas diferentes etnias pesquisadas.
A avaliação dos haplótipos obtidos nos três grupos de estudo não mostrou
diferença estatística significativa; apenas o grupo NDP apresentou uma tendência
(p=0,081) para a maior freqüência do haplótipo HLA-DRB1*11-DQB1*0301 quando
comparado ao DP. Os haplótipos mais freqüentes entre os diabéticos portadores de
periodontite foram: DRB1*01-DQB1*05, DRB1*13-DQB1*06 e DRB1*07-DQB1*02 e os
mais freqüentes entre aqueles diabéticos periodontalmente saudáveis foram: DRB1*07-
DQB1*02 e DRB1*0301-DQB1*05,
Motola et al. (2005), observaram que os haplótipos: DRB1*040101-DQB1*0302,
DRB1*070101-DQB1*050101, DRB1*150101-DQB1*060101 e DRB1*070101-
DQB1*020101 foram os mais freqüentes entre os diabéticos tipo 2 quando comparados
aos não diabéticos e que o alelo DRB1*0701-DQB1*0201 conferiu susceptibilidade ao
diabetes tipo 2; este mesmo haplótipo foi um dos mais freqüentes entre todos os grupos
avaliados no presente estudo, resultado, provavelmente, determinado, muito mais, por
uma características populacional do que de um indicativo de susceptibilidade. Também,
o haplótipo DRB1*1501-DQB1*0601 foi positivamente associado ao diabetes tipo 2 por
Motola et al. (2005); no entanto, o mesmo haplótipo, no presente estudo, foi um dos
mais freqüentes entre os o diabéticos, apresentando o dobro da freqüência deste
haplótipo quando comparado aos grupos de diabéticos separadamente, sendo esta
diferença não significativa.
Os resultados obtidos neste trabalho sugerem uma associação entre o alelo
HLA-DQB1*0301 e os indivíduos metabolicamente saudáveis, mestiços, portadores de
periodontite crônica severa. Estudo redesenhado, com uma amostra significativamente
maior é necessário para confirmar a menor freqüência do alelo HLA-DQB1*0301 em
diabéticos tipo 2 portadores de doença periodontal crônica severa em comparação às
freqüências observadas em indivíduos diabéticos tipo 2 sem doença periodontal crônica
severa e em não diabéticos portadores de doença periodontal crônica severa.
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69
Artigo 3
“Associação entre o polimorfismo do códon 10 do gene TGF-
β
1 e
a doença periodontal crônica severa em baianos, mestiços,
diabéticos tipo 2”
70
ASSOCIAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO DO CÓDON 10 DO GENE
TGF-
β
1 E A PERIODONTITE CRÔNICA SEVERA EM BAIANOS,
MESTIÇOS, DIABÉTICOS TIPO 2.
(ASSOCIATION OF TGF-
β
1 CODON 10 GENE POLYMORPHISM WITH
CHRONIC PERIODONTAL DISEASE IN TYPE 2 DIABETICS PATIENTS
FROM BAHIA-BRAZIL)
Monteiro AMA, Freire SM, Meyer R, Gomes-Filho IS, Pinto-filho JM, Bendicho MT,
Lemaire DC.
Adriano d`Almeida Monteiro
*
,
Doutorando em Imunologia, Mestre em Odontologia.
Songeli Meneses. Freire
*
Doutora em Imunologia.
Roberto Meyer
*
Doutor em Imunologia.
Isaac Suzart Gomes-Filho
Doutor em Periodontia.
Jorge Moreira Pinto-Filho
Acadêmico de Odontologia.
Maria Teresita Bendicho
*
Mestra em Imunologia.
Urbino da Rocha Tunes
Doutor em Imunologia.
Denise Carneiro Lemaire
*
Doutora em Imunologia.
*
Universidade Federal da Bahia – Laboratório de Imunogenética do Instituto de Ciências
da Saúde - Programa de Pós-graduação em Imunologia;
Universidade Estadual de
Feira de Santana Departamento de Saúde;
Fundação Bahiana para o
Desenvolvimento das Ciências.
Reprints: Adriano M. d`Almeida Monteiro, R. Santa Helena, 159, ap.602, Pituba,
Salvador, Bahia, Brasil, CEP-41927430 fax:71-33463331, e-mail:
Abstract
Background: Differences in host response may determine susceptibility or
resistance to periodontal disease. Studies have linked the increased propensity of
diabetic subjects to develop periodontal disease to genetic predisposition. There is
growing evidence that genetic factors play a role in the onset and severity of periodontal
disease once the expression levels of the cytokines may be modulated by genetic
polymorphisms.
Methods: 91 tested subjects were divided in 3 groups: DP was formed by 31
diabetic subjects with chronic periodontal disease; DSP consisted of 30 diabetic
subjects without severe or moderate periodontal disease; and NDP was formed by 30
metabolic healthy patients with severe chronic periodontal disease. The DNA was
extracted from the samples using the modified salting out technique. Its concentration
was determinate for its optical density reading. The polymorphisms studied were TNF-
[alpha] (-308G/A), TGF-[beta]1 (codon 10C/T, codon 25C/G), IL-10 (-1082A/G; -819T/C;
-592A/C), IL-6 (-174G/C), and IFN-[gamma] (+874T/A). The data were transferred for a
Cytokine Genotyping tray map.
71
Results: A statistically significant difference was observed in the genotype
frequency of the polymorphisms of the TGF-
β
1 gene on codon 10 between DP and DSP
patients. The proportion of subjects that exhibited the TT genotype was significantly
higher in DP group than in DSP group. No statistically significant differences were found
for allele, genotypic and phenotypic frequencies on the genes that code IL-6, IL-10,
TNF-
α
, IFN-
γ
and TGF-
β
1codon 25 between groups.
Conclusions: These results demonstrate that the polymorphism at TGF-
β
1
gene on codon 10C/T is associated to chronic periodontitis in diabetic patients from
Bahia-Brazil. Further studies are warranted to determine if these polymorphism are a
risk factor for susceptibility to periodontal disease.
Key words: chronic periodontitis, cytokines, genetic polymorphism, transforming growth
factor-β1 .
A periodontite é uma entidade nosológica de natureza infecciosa, caracterizada
pelo desencadeamento de uma potente resposta inflamatória responsável pela
destruição dos tecidos de suporte das unidades dentárias. O estudo de Papapanou
1
sugere que microrganismos presentes no biofilme o os agentes etiológicos
responsáveis por essa doença. Segundo Fox
2
a resposta de cada indivíduo à agressão
bacteriana é singular, ocorrendo diferenças marcantes amesmo entre sítios de um
mesmo indivíduo.
A susceptibilidade à periodontite envolve uma tríade formada por bactéria,
hospedeiro e fatores ambientais.
3
O hábito de fumar e o diabetes são fatores de risco
para o desenvolvimento da periodontite, uma vez que aumentam a probabilidade de
acometimento desta doença infecciosa. Porém, tanto o hábito de fumar como o
diabetes não são determinantes para o desenvolvimento da periodontite.
4
Diferenças na resposta imunológica frente ao desafio microbiano podem ser
determinadas por fatores genéticos de risco.
5
Evidências sobre a influência genética na
patogênese da periodontite foram publicadas, em alguns artigos, na última década.
6-8
Van Der Velden et al. concluíram que fatores hereditários são os responsáveis pela
agregação familiar observada na periodontite.
8
A periodontite tem entre 10 a 20 genes modificadores de doença.
9
Estes
contribuem para a susceptibilidade e severidade da periodontite porém, sua presença
não determina o desenvolvimento da mesma, sendo necessário que outros fatores
como a microbiota patogênica estejam presentes para desencadeá-la.
10
O polimorfismo genético de citocinas e do HLA são fatores de risco hereditários.
5
Tais fatores podem influenciar a história natural da periodontite, exacerbando o
processo inflamatório, induzido por um padrão alterado na produção e secreção de
citocinas pró-inflamatórias e/ou das citocinas regulatórias, exercendo influência direta
sobre o início, a regulação e a perpetuação do processo infeccioso inflamatório
periodontal.
7,11-12
As citocinas desempenham papel central no processo inflamatório
periodontal, na perda óssea alveolar e na regulação da resposta imune adaptativa,
atuando na imunoregulação, determinando o perfil Th1/Th2 da resposta imune.
13
Diversos estudos relatam a existência de associação entre a freqüência de
determinados alelos do gene da IL-1
β
( alelo 2 na posição + 3953 da IL-1
β
e o
polimorfismo de um único nucleotídeo (TG) na posição 330) e a severidade da
periodontite.
11,14
Também, as concentrações das citocinas IL-1β, TNF-α, IL-2 e IFN-y
72
estavam, em média, superiores no soro e nas amostras de tecidos gengivais de
indivíduos portadores de periodontite quando comparadas às concentrações obtidas em
indivíduos periodontalmente saudáveis;
15
as expressões do RNAm da IL-6 e do IFN-γ
estavam significativamente mais altas entre tecidos doentes quando comparadas às
expressões destes em tecidos sadios.
16
Também os haplótipos específicos e o
polimorfismo genético de um único nucleotídeo do gene da IL-10 estão associados à
maior susceptibilidade à periodontite crônica na população do sudeste brasileiro.
17
Por
outro lado, Gonzales et al.
18
concluíram o haver associação entre os polimorfismos
genéticos (A-597C) e (T-824C) e as doenças periodontais crônica e agressiva. Além
disto, as freqüências alélicas em 5 posições no gene TGF-
β1
foram avaliadas e foi
concluído que não associação entre o polimorfismo do referido gene e a severidade
da periodontite.
19
O sistema imunológico é o responsável pela defesa do organismo;
paradoxalmente, atua diretamente na destruição dos tecidos periodontais ativando
osteoclástos.
20
O comportamento da Prostaglandina E2, IL1-β e do TNF-α, em
indivíduos diabéticos portadores de periodontite, resulta em uma reação exacerbada,
destes indivíduos, frente ao desafio microbiano.
21
A associação entre a presença de
determinados genótipos a um padrão na produção de citocinas vem sendo relatada por
diversos autores;
22-25
portanto, é plausível conjecturar sobre o possível papel do
polimorfismo de genes de citocinas na resposta imunológica exacerbada frente ao
desafio microbiano observada entre os indivíduos diabéticos.
Este estudo teve como objetivo a descrição e comparação das freqüências
alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos dos genes TGF-
β
1
códon 10 ; códon 25
, IL-6
-174
G/C
, IL-10
-1082 G/A; - 819 C/T; -592 C/A
, TNF-
α
-308 G/A
e IFN-
γ
+874 A/T
entre grupos de mestiços
compostos por indivíduos diabéticos portadores de periodontite crônica generalizada
severa, indivíduos, também, diabéticos periodontalmente saudáveis, e indivíduos não
diabéticos portadores de periodontite.
Material e Métodos
Amostra
A amostra foi composta por 91 indivíduos mestiços segundo os critérios raciais
descritos de Azevedo (1980), com idade entre 40 a 70 anos, distribuída em três grupos:
DP- 31 indivíduos diabéticos tipo 2 portadores de periodontite crônica severa; DSP- 30
indivíduos diabéticos tipo 2 que ao exame clínico periodontal apresentavam periodonto
clinicamente saudável, gengivite ou periodontite crônica leve; NDP- 30 indivíduos
metabolicamente sadios, portadores de periodontite crônica severa triados pela
Fundação Baiana para o Desenvolvimento das Ciências. Os indivíduos que
compuseram a amostra assinaram o Termo de consentimento livre e esclarecido. Os
critérios de severidade foram descritos por Gomes-Filho et al. (2005).
Não foram incluídos na amostra os indivíduos que apresentaram infecção bucal
com indicação de drenagem ou que fossem fumantes. Também foram excluídos os
indivíduos que receberam prescrição de antibióticos, antiinflamatórios, corticosteróides,
antidepressivos, hormônios outros que não a insulina e anticonvulsivantes, nos quatro
meses que antecederam o início deste estudo.
73
Coleta de Dados
A avaliação clínica periodontal forneceu dados como a medida de profundidade
de sondagem, a medida do nível de inserção clínica, a porcentagem de faces
sangrantes à sondagem, o índice de placa, e os índices de recessão e hiperplasia. A
avaliação e a distribuição de freqüência dos alelos dos genes IL-6, IL-10, TGF-
β
, IFN-
γ
e TNF-
α
foi realizada com DNA genômico, obtido a partir de amostra de sangue
periférico coletado.
Coleta dos dados clínicos periodontais
Os indivíduos selecionados compareceram à primeira consulta, quando foram
registrados, em uma ficha odontológica, os dados referentes aos parâmetros clínicos
periodontais: índice de placa de O`Leary,
26
porcentagem de faces sangrantes à
sondagem,
27
medida de profundidade de sondagem de sulco/bolsa
28
e medida do nível
de inserção clínica.
29
Foram investigados seis sítios por unidade dentária.
28
Todos os parâmetros de avaliação periodontal foram mensurados por um único
pesquisador, especialista, tendo apresentado concordância intra-examinador média de
92.68%.
Genotipagem
O DNA genômico foi purificado a partir de leucócitos do sangue periférico
utilizando o Kit “GFX
TM
Genomic Blood DNA Purification Kit” (Amerscham Pharmacia
Biotech). O DNA obtido teve sua concentração e pureza determinada pela leitura da
densidade óptica em 260 e 280 nm. Foi usado o kit para genotipagem de citocinas da
One Lambda Incorporation- “Cytokine Genotyping Tray”, contendo 15 tubos de PCR,
cada um contendo dois pares de iniciadores. Um par com seqüências específicas que
amplificam seletivamente regiões regulatórias polimórficas dentro de genes que
codificam TNF-
α
(-308G/A), TGF-
β
1 (10C/T, 25C/G), IL-10 (-1082A/G, -819T/C,-
592A/C), IL-6 (-174C/G), e IFN-
γ
(874T/A).
Sequenciadamente à amplificação, os fragmentos de DNA amplificados foram
separados por eletroforese em gel de agarose e visualizados por coloração com
brometo de etídio e exposição à luz ultravioleta. A cuba de eletroforese utilizada foi
desenvolvida pela One Lambda, de forma a permitir a análise concomitante de 96
produtos de PCR em um curto tempo de migração; assim, em cada gel, foram
analisados os resultados da amplificação de 6 diferentes amostras de DNA (16 reações
para cada amostra). A corrida eletroforética foi então realizada a 120-130V durante 4 a
5 minutos, ou até que o corante (vermelho de fenol) migrasse cerca de dois terços da
distância entre duas linhas de poços no gel.
A interpretação dos resultados de PCR-SSP foi baseada na presença ou ausência
de um fragmento de DNA específico amplificado. As reações positivas para um alelo, ou
grupo de alelos de citocina, forão visualizadas num gel como um fragmento de DNA
amplificado entre a banda produto do controle interno e a banda de iniciadores não
incorporados.
74
Após a eletroforese no gel, os produtos amplificados foram visualizados usando
luz ultravioleta e fotografados com auxílio de um transiluminador. Os resultados foram
interpretados usando mapas das placas de genotipagem de citocinas fornecidas junto
com as placas para PCR.
Metodologia da análise estatística
As freqüências genotípicas foram determinadas por contagem direta dos dados
obtidos com a reação em cadeia da polimerase; a freqüência alélica foi calculada
dividindo-se o número de cada um dos alelos encontrados pelo número total de alelos
possíveis, em cada grupo estudado. A freqüência dos fenótipos previstos foi obtida pela
adição dos valores absolutos de diferentes genótipos que apresentam o mesmo
fenótipo previsto para a produção das citocinas. As comparações das freqüências
alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos entre os diferentes grupos foram
realizadas utilizando-se o teste exato de FISHER, em níveis de significância onde p <
0,05.
Resultados
A amostra de pacientes diabéticos foi formada por 61 indivíduos mestiços,
classificados de acordo com a patogênese da doença, e tratados no Centro de Diabetes
da Prefeitura de Feira de Santana-Bahia. Os pacientes foram distribuídos em dois
grupos: o grupo DP - composto por 31 indivíduos diabéticos tipo 2, descontrolados
metabolicamente, portadores de periodontite crônica, generalizada, severa; o grupo
DSP - 30 diabéticos tipo 2, descontrolados metabolicamente, que apresentavam
periodonto clinicamente saudável, gengivite ou periodontite crônica leve. O grupo NDP
foi composto por 30 indivíduos não diabéticos portadores de periodontite crônica,
generalizada, severa, triados na Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das
Ciências.
A distribuição dos indivíduos de acordo com a idade foi semelhante nos grupos
DP e DSP e significativamente diferente no grupo NDP quando comparado a ambos os
grupos (p= 0,0489 e p= 0,0452), respectivamente. O tempo de diagnóstico do diabetes
foi significativamente maior no grupo DSP do que no grupo DP (p= 0,002). A
distribuição por gênero não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os
grupos (p= 0,2411) (Tabela 1).
A comparação da freqüência genotípica do TGF-
β1
(TT, TC e CC) , no códon 10,
entre o grupo DP e DSP, resultou em diferença estatística significativa (p= 0,0127). Foi
observada, também, que o grupo DP apresenta uma tendência (p= 0,0674) para a
maior freqüência do genótipo TT quando comparado ao NDP. As comparações das
freqüências alélicas (G/C) e genotípicas do códon 25 (GG, GC e CC), entre os grupos,
não resultou em diferença estatística significativa. A comparação das freqüências dos
fenótipos previstos entre os grupos DP, DSP e NDP não mostraram significância
estatística (Tabela 3).
Não foram observadas diferenças estatísticas significantes, para o polimorfismo
genético do IFN-
γ,
IL-6, TNF-
α
e IL-10, ao se comparar as freqüência alélicas
genotípicas e dos fenótipos previstos entre os grupos. (Tabela 2)
75
As diferenças observadas das comparações das freqüências alélicas,
genotípicas e dos fenótipos previstos entre os grupos DP e DSP e DP e NDP não
resultaram em diferenças estatísticas significantes para o polimorfismo do gene IFN-
γ
(+874 T/A) (Tabela 2).
As possíveis combinações do polimorfismo da IL-10, nas posições -1082, -819 e
-592, formam 6 possíveis genótipos: GCC/GCC, GCC/ACC, GCC/ATA, ACC/ACC,
ACC/ATA e ATA/ATA, onde o primeiro determina um fenótipo previsto como alto
produtor, os outros dois genótipos iniciados pela seqüência GCC determinam fenótipo
previsto como produtor intermediário e os demais genótipos são responsáveis,
provavelmente, por uma baixa produção desta citocina. Os resultados das
comparações entre as freqüências alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos desta
citocina, entre os grupos avaliados, não resultaram em diferenças estatísticas
significantes (Tabela 2).
A correlação dos genótipos com os prováveis fenótipos previstos de cada uma
das citocinas não foi realizada neste estudo, uma vez que esta correlação já foi descrita
na literatura.
22-25
Discussão
No presente estudo foram avaliadas as freqüências dos polimorfismos das
citocina IFN-γ, envolvida diretamente com a resposta Th1, das citocinas pró-
inflamatórias IL-6 e TNF-α e das citocinas regulatórias como o TGF-
β1
e a IL-10
associadas ao perfil Th2.
13
Foi observada diferença estatisticamente significativa nas freqüências
genotípicas do TGF-
β
1
códon 10
entre os grupos DP e DSP. No grupo DSP, o genótipo
mais prevalente foi o TC (63,3%) e no grupo DP o genótipo TT foi o mais freqüente
(51,6%). Este pode ser considerado um marcador de predisposição ao desenvolvimento
da periodontite crônica severa na população estudada. A diferença estatisticamente
significante em relação aos genótipos supracitados não resultou em diferença
significativa em relação aos fenótipos previstos. Em todos os grupos o fenótipo previsto
de alto produtor foi o mais prevalente seguido pelo produtor intermediário e baixo
produtor.
De Souza et al.
30
, ao avaliarem o polimorfismo C-509T do TGF-
β
1, observaram
que o alelo T e o genótipo TT são os mais freqüentes em portadores de periodontite
crônica e concluíram que este polimorfismo pode atuar na modulação do processo
inflamatório. No presente estudo, também, foi observado que o genótipo TT, no códon
10, pode estar associado a um processo inflamatório mais intenso, uma vez que foi
mais freqüente no grupo DP, onde o processo inflamatório é mais severo. No entanto,
no estudo de Holla et al.
19
, a avaliação dos polimorfismos -988 (C/A), -800 (G/A) e -509
(C/T) na região 5` e o polimorfismo L10P no códon 10 e o R25P no códon 25 não
resultou em associação entre estes polimorfismos e a severidade da periodontite.
Os
achados divergentes podem ser o resultado das diferentes origens étnicas avaliadas; os
dois artigos acima citados avaliaram indivíduos caucasianos e o presente estudo
avaliou uma população caracterizada pelo inter-relacionamento entre povos distintos,
resultando em uma etnia geneticamente híbrida, de origem tri-racial, brancos, negros e
índios, levando a uma grande variedade de fenótipos mestiços (Azevedo 1980).
31
76
O presente estudo o observou diferença estatisticamente significante quando
comparou os grupos em relação às freqüência alélicas, genotípicas e do fenótipo
previsto do IFN-
γ
. Em todos os grupos o genótipo AA homozigoto na posição +874 foi o
mais prevalente e está associado a um fenótipo previsto de baixo produtor, seguido do
genótipo heterozigoto TA associado à produção intermediária desta citocina e o
genótipo homozigoto TT à alta secreção desta citocina. A homogeneidade entre os
grupos em relação ao genótipo prevalente AA não era esperada neste estudo uma vez
que Gemmel & Seymor
32
concluíram que a lesão estável está associada ao perfil Th1 e
à maior secreção do IFN-γ e a lesão avançada ao perfil Th2, caracterizado pela intensa
secreção das citocinas IL-4, IL-5 e IL-10 e pela redução na secreção das citocinas do
perfil Th1.
Talvez a homogeneidade encontrada no presente estudo reflita o protocolo
de inclusão e exclusão que agrupou no grupo DSP indivíduos portadores de
periodontite crônica leve.
As distribuições alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos para o
polimorfismo -174 G/C do gene IL-6 entre os grupos não resultou em diferença
estatisticamente significativa. Em todos os grupos o alelo G e o genótipo homozigoto
GG foram os mais freqüentes. Também em todos os grupos foi observada maior
prevalência do fenótipo previsto como alto produtor apesar da diferença significativa
observada quando foram comparados os quadros inflamatórios periodontais entre os
grupos DP e DSP. Trevilatto, et al.
33
, estudando o polimorfismo IL-6
-174
, em
caucasianos oriundos do sudeste brasileiro, também observaram maior freqüência do
alelo G e do genótipo GG entre os indivíduos portadores de periodontite crônica
moderada e severa; os autores concluíram que o polimorfismo da IL-6
-174G/C
está
associado à susceptibilidade à periodontite crônica na população estudada.
É
importante destacar que apesar do estudo atual e do trabalho de Trevilatto, et al.
33
terem sido realizados no Brasil, a população estudada difere consideravelmente; no
primeiro a população é mestiça, com predomínio da raça negra e no segundo a amostra
é de caucasianos que sofreram influência de imigrações japonesas e européias. A
avaliação do polimorfismo genético da IL-6 na posição -174, em caucasianos, indicou
que o alelo G está associado ao diabetes mellitus tipo 2 e que o referido polimorfismo
não está associado aos níveis séricos da IL-6.
34
Entretanto, foi sugerido que este
polimorfismo está associado à maior concentração sérica da IL-6
7
; Kubaszak et al.
35
relataram que o genótipo C/C da IL-6 na posição -174 confere um risco duas vezes
maior em desenvolver o diabetes mellitus tipo 2 a partir de um estado de intolerância à
glicose.
Por outro lado, neste estudo, tanto os indivíduos diabéticos tipo 2 quanto os não
diabéticos apresentaram o genótipo GG como o mais prevalente.
Não foi observada diferença estatisticamente significativa, entre os grupos, na
distribuição das freqüências alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos dos
polimorfismos -1082 G/A, -819 C/T e -592 C/A da IL-10. Diferentemente dos resultados
obtidos neste estudo, no qual o alelo A na posição -1082 foi o mais prevalente, o alelo
G foi o de maior prevalência em uma amostra de indivíduos caucasianos suíços.
12
Nesta mesma população o genótipo GG foi significativamente mais freqüente entre os
portadores de periodontite severa quando comparados aos controles.
12
Contudo, o
estudo de indivíduos japoneses não revelou a presença do alelo G na posição -1082;
porém, determinou que o haplótipo GCC estava presente em 68% da população
japonesa, subsidiando a conclusão de que a freqüência de haplótipos, na população do
77
Japão, difere bastante da observada entre os caucasianos.
36
Neste estudo, o haplótipo
GCC esteve presente geralmente em 56% da população estudada.
No presente estudo os alelos da IL-10 -819C e -592C foram os mais prevalentes
em todos os grupos. Nos três grupos os genótipos mais freqüentes foram o GCC/ATA e
o ACC/ATA e, em relação aos fenótipos previstos, o mais prevalente foi o associado a
uma produção intermediária, apesar dos diferentes graus de severidade observados
entre os três grupos. Também a avaliação em caucasianos portadores de periodontite
crônica severa e em indivíduos periodontalmente saudáveis indicou que os
polimorfismos nas posições -597 e -874 não estão associados à periodontite;
observaram também que os alelos A e T foram os mais freqüentes nas posições -597 e
-874 respectivamente,
18
enquanto que, na população mestiça estudada, o alelo mais
freqüente foi o C, para ambas posições. Durante o estudo de caucasianos oriundos do
Sudeste Brasileiro, foi observada diferença estatística significativa na distribuição da
freqüência genotípica, nas posições -819 e -592, entre os portadores de periodontite
crônica e indivíduos periodontalmente saudáveis; neste caso, o alelo C foi o mais
freqüente em ambos os grupos e posições supracitadas.
17
A distribuição das freqüências para o polimorfismo -308 G/A, do gene TNF-
α
, não
apresentou diferenças estatísticas significantes entre os grupos avaliados. O alelo G e o
genótipo GG foram os mais freqüentes em todos os grupos, apesar da diferença
significativa observada quando foram comparados os quadros inflamatórios
periodontais entre os grupos DP e DSP. Também Craandijk et al.
37
concluíram que o
polimorfismo genético TNF-
α
-308(G/A)
pode não estar associado à susceptibilidade ou à
severidade da periodontite de forma independente do hábito de fumar; por outro lado, o
estudo deste polimorfismo na população checa observou associação à periodontite
crônica quando associado ao polimorfismo +252 (A/G) da linfotoxina-α.
38
Kubaszek et
al.
35
concluíram que o polimorfismo (G-308A) do gene TNF-α é um preditor para a
conversão do estado de intolerância à glicose para o diabetes mellitus tipo 2 e,
semelhantemente aos dados obtidos no presente estudo, o genótipo GG foi o mais
freqüente (74%), seguidos dos genótipos GA (25%) e AA (1%);
sendo que este último
esteve ausente entre os mestiços avaliados.
Assim, este estudo mostrou uma associação entre a periodontite crônica severa
em indivíduos diabéticos tipo 2 e a maior freqüência do genótipo TT do gene TGF-
β
1
códon 10
. Este genótipo pode ser considerado um possível marcador genético para a
periodontite. o foi possível associar os polimorfismos dos genes IFN-
γ
+874T/A
, IL-6
-
174G/C
, TNF-
α
308 G/A
,
TGF-
β
1
códon 25
e IL-10
-1082G/A,-819C/T,-592C/A
à periodontite cônica
severa.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia-
FAPESB pelo financiamento deste projeto de pesquisa.
78
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83
Tabela 1- Estatística descritiva das variáveis demográficas.
Idade nero
(%)
Tempo de diagnóstico
Grupo N
x
DP M F
x
DP
DSP 30 54.83
±1.65
34 66 13.13
±1.13
DP 31 56.54
±1.59
55 45 7.87
±1.18
NDP 30 47.00
±1.38
42 58
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; NDP= Não diabéticos portadores de
periodontite crônica severa; x= média; DP= desvio padrão da média; M=gênero masculino; F= nero feminino.
Tabela 2- Distribuição das freqüências genotípicas e dos fenótipos previstos dos genes
IFN-
γ
+874T/A
, IL-6
-174G/C
, TNF-
α
308 G/A
e IL-10
-1082G/A,-819C/T,-592C/A
GENÓTIPO (FENÓTIPO)
DP
n
N=31
(%)
DSP
n
n =30
(%)
NDP
n
n =30
(%)
DPXDSP DPXNDP
TNF-
α
αα
α
308 G/A
G/G (baixo produtor) 20 (64.52) 20 (66.67) 20 (66.67) 0.8597 0.8597
GA+AA (alto produtor) 11 (35.48) 10 (33.33) 10 (33.33)
IL-6
-174G/C
GG+GC (alto produtor) 29 (93.55) 28 (93.3) 30 (100) 1.0000 0.4918
CC (baixo produtor) 2 (6.45) 2 (6.7) 0 (0)
IFN-
γ
γγ
γ
+874T/A
TT (alto produtor) 1 (3.22) 4 (13.33) 2 (6.67) 0.1232 0.7108
TA (produtor intermediário) 15 (48.39) 8 (26.67) 12 (40.0)
AA (baixo produtor) 15 (48.39) 18 (60.0) 16 (53.33)
IL-10
-1082G/A,-819C/T,-592C/A
GCC/GCC (alto produtor) 3 (9.68) 3 (10.00) 2 (6.67) 0.9910 0.9123
GCC/ACC; GCC/ATA (produtor
intermediário)
15 (48.39) 14 (46.47) 15 (50.00)
ACC/ACC; ACC/ATA; ATA/ATA
(baixo produtor)
13 (41.93) 13 (43.33) 13 (43.33)
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; NDP= Não diabéticos
portadores de periodontite crônica severa; DP X DSP= Resultado estatístico da compara, cão entre os grupos; DP X NDP=
Resultado estatístico da comparação entre os grupos; A produção de citocinas relacionada ao fenótipo previsto está de acordo com
Hoffman et al. (2003), Pravica et al. (1997), Turner et al. (2000) e Wilson et al. (1993),
84
Tabela 3- Distribuição das freqüências alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos do
gene TGF-
β
1
codons 10 T/C e 25 G/C.
DP
n
n =31
(%)
DSP
n
n =30
(%)
NDP
n
n =30
(%)
DPXDSP DPXNDP
TGF-
β
ββ
β
1
1 1
1
codon10
Alelo T 40 (64.52) 35 (58.33) 32 (53.33) 0.6062 0.2695
Alelo C 22 (35.48) 25 (41.67) 28 (46.67)
Genótipo TT 16 (51.61) 8 (26.67) 8 (26.67) 0.0127 0.0674
Genótipo TC 8 (25.81) 19 (63.33) 16 (53.33)
Genótipo CC 7 (22.58) 3 (10.00) 19 (20.00)
TGF-
β
ββ
β
1
1 1
1
códon 25
Alelo G 58 (93.55) 52 (86.67) 55 (91.67) 0.3311 0.9592
Alelo C 4 (6.45) 8 (13.33) 5 (8.33)
Genótipo GG 28 (90.32) 22 (73.33) 26 (83.33) 0.0705 0.2953
Genótipo GC 2 (6.45) 8 (26.67) 5 (16.67)
Genótipo CC 1 (3.22) 0 (0.00) 0 (0.00)
Fenótipo
Alto produtor 23 (74.19) 21 (70.00) 21 (70.00) 0.9271 0.9271
Produtor intermediário 6 (19.35) 7 (23.33) 7 (23.33)
Baixo produtor 2 (6.46) 2 (6.67) 2 (6.67)
DP= Diabéticos portadores de periodontite crônica severa; DSP= Diabéticos sem periodontite crônica severa; NDP= Não diabéticos
portadores de periodontite crônica severa. A produção de citocinas relacionada ao fenótipo previsto está de acordo com Hoffman et
al. (2001).
85
6 Discussão
Este trabalho teve como objetivo estudar o polimorfismo do HLA (HLA-DRB1, -
DRB3, -DRB4, -DRB5 e -DQB1) e de genes de citocinas (IL-6, TNF-
α
, IL-10, TGF-
β
,
IFN-
γ
) em pacientes diabéticos com e sem periodontite crônica severa e em pacientes
metabolicamente saudáveis com periodontite crônica severa. Além de avaliar os efeitos
da intervenção odontológica sobre o processo infeccioso periodontal no controle
metabólico de indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo 2 utilizando o ensaio da
hemoglobina glicosilada.
Para a avaliação da influência da eliminação do processo infeccioso periodontal
sobre a porcentagem de hemoglobina glicosilada compuseram a amostra apenas os
indivíduos dos grupos DP e DSP. Entre os grupos formados por indivíduos diabéticos
não foi observada diferença estatisticamente significativa em relação ao gênero e à
idade; Borrel & Papapanou (2005), indicaram não haver associação entre gênero e
susceptibilidade à periodontite. Por outro lado, quanto ao tempo de diagnóstico, o grupo
de diabéticos portadores de periodontite apresentou média significativamente menor do
que o grupo de diabéticos periodontalmente saudáveis (8,25 e 12,75 anos,
respectivamente); Monteiro, Araújo & Gomes-Filho (2002) e Cerda et al. (1994)
observaram que quanto maior o tempo de diagnóstico, maior será a severidade da
periodontite.
Neste estudo o tratamento periodontal não cirúrgico foi realizado tanto no grupo
DP quanto no grupo DSP. Porém, nos estudos de Miller et al. (1992), Grossi et al.
(1997), Stewart et al. (2001), Kiran et al. (2005) & Prosmsudthi et al. (2005) o grupo
controle não foi submetido à terapia periodontal. A redução do processo infeccioso
inflamatório resultou na melhora dos parâmetros clínicos periodontais, conforme
descrito por Westfelt et al. (1996). A redução do quadro inflamatório foi mais intensa no
grupo DP sendo, portanto, esperada uma melhora mais acentuada dos parâmetros
clínicos periodontais e, conseqüentemente, do controle metabólico, neste grupo.
Contudo, não foi observada diferença significativa na redução da taxa de hemoglobina
glicosilada entre os grupos. É possível que a redução desta no grupo DSP tenha sido
devido à inclusão de indivíduos portadores de gengivite, ou periodontite leve, no grupo
controle (sem periodontite crônica severa). Por outro lado, em ambos os grupos foi
86
observada melhora significativa do controle metabólico cerca de seis meses após o
tratamento periodontal; este tratamento foi, provavelmente, o fator responsável pela
melhora observada, uma vez que os indivíduos que tiveram qualquer alteração na dieta
ou no protocolo medicamentoso, ou submeteram-se à terapia antibiótica foram
excluídos do estudo.
A associação entre a melhora no controle metabólico em indivíduos diabéticos
tipo 2, que apresentavam controle metabólico inadequado, e a diminuição do processo
inflamatório periodontal foi também observada por Stewart et al. (2001) e Kiran et al.
(2005); nestes estudos os indivíduos também foram submetidos exclusivamente à
terapia periodontal básica. Por outro lado, Promsudthi et al. (2005) não observaram
diminuição na porcentagem da hemoglobina glicosilada no grupo submetido ao mesmo
tipo de tratamento. A redução nas taxas de hemoglobina glicosilada após a redução do
processo inflamatório também foi observada por Williams & Mahan (1960), Miller et al.
(1992) e Grossi et al. (1997); contudo, nestes estudos, a terapia antimicrobiana também
pode ter tido um papel importante no efeito observado nos níveis glicêmicos de
pacientes com diabetes (tipo 1 ou tipo 2) submetidos à raspagem e alisamento
radicular.
Segundo Hotamisligil et al. (1995) e Mccall et al. (1992) a citocina pró-
inflamatória TNF-α es associada à resistência à ação da insulina. Nishimura et al.
(1998) observaram que a diminuição do processo inflamatório periodontal reduz
significativamente os níveis desta citocina. Assim, a melhora do controle metabólico
observada neste e em outros estudos foi, provavelmente, devida a diminuição da
síntese de TNF-α após a redução do processo inflamatório periodontal.
Os resultados obtidos neste trabalho ratificam a existência da associação entre a
eliminação do processo infeccioso periodontal e a melhora do controle metabólico em
indivíduos diabéticos tipo 2 descompensados metabolicamente e o papel positivo da
terapia periodontal sobre os parâmetros clínicos periodontais nesses indivíduos.
A susceptibilidade à periodontite envolve uma tríade formada por: bactéria,
hospedeiro e fatores ambientais (SEYMOUR & TAYLOR 2004). Michalowicz et al.
(1991) sugeriram que a singularidade da resposta imunológica frente ao desafio
microbiano pode ser induzida por fatores genéticos. O polimorfismo de genes de
87
citocinas e do HLA são fatores de risco hereditários; este pode resultar em diferentes
seqüências de resíduos de aminoácidos nas superfícies de ligação entre o HLA e o
receptor de linfócitos T, modificando o padrão de resposta imune ao desafio microbiano
(MCDEVITT 2000). Evidências sobre a influência genética na patogênese da
periodontite foram publicadas em alguns artigos na última década (MICHALOWICZ et
al. 1994; D’AIUTO et al. 2004).
A comparação entre as freqüências dos alelos HLA-DQB1, entre os três grupos e
entre diabéticos e não diabéticos, revelou diferença significante apenas na prevalência
do alelo HLA-DQB1*0301 entre os grupos DP e NDP (p= 0,040). Os indivíduos não
diabéticos portadores de periodontite crônica apresentaram uma prevalência deste alelo
cerca de três vezes maior do que a observada no grupo de diabéticos portadores de
periodontite crônica.. Não foi encontrada na literatura qualquer associação entre o
referido alelo e periodontite e entre o referido alelo e a saúde metabólica. No grupo DP
foi observada uma tendência para a maior freqüência do alelo HLA-DQB1*05 na
comparação com o grupo NDP (p=0,073). Tunes (2006) observou que este alelo pode
ser um marcador genético de proteção para o desenvolvimento da periodontite crônica,
em pacientes não diabéticos.
Emery et al. (2005) e Cerna, Novota & Kolostova (2003) observaram associação
entre o alelo HLA-DQB1*0302 ao diabetes tipo 1. Para este mesmo alelo foi abservada
associação ao diabetes tipo 2 por Haiyan et al. (2003). Reichert et al. (2002)
observaram uma maior freqüência, estatisticamente significativa, do alelo HLA-
DQB1*06 no grupo de indivíduos portadores de periodontite quando comparados aos
controles. No estudo atual, não foi observada associação deste alelo à periodontite
crônica. Talvez estes achados contraditórios sejam conseqüentes das diferentes
origens étnicas das populações estudadas. Uma vez que o estudo de Reichert et al.
(2002) avaliou indivíduos caucasianos e o presente estudo pesquisou uma população
caracterizada pelo inter-relacionamento entre povos distintos, resultando em uma etnia
geneticamente híbrida, que apresenta origem tri-racial: brancos, negros e índios,
resultando em uma grande variedade de fenótipos mestiços (AZEVEDO 1980).
No estudo atual a distribuição da freqüência alélica do HLA-DRB1 entre os
mestiços de Feira de Santana-BA revelou que no grupo DP os alelos HLA-DRB1*07,
88
*13 e *01 foram os mais prevalentes e os alelos HLA-DRB1*12 e *14 os menos
prevalentes; no grupo DSP os alelos mais freqüentes foram os HLA-DRB1, *0301 e
*07, enquanto que os mais raros foram os HLA-DRB1*0303 *10 e *12. No grupo NDP
os alelos mais freqüentes foram os HLA-DRB1*07 e *13.
Mimura et al. (2004) observaram maior freqüência dos antígenos HLA-Cw4 e
DR4 entre japoneses portadores de diabetes mellitus tipo 2 e Motala et al. (2005)
concluíram que os grupos alélicos: HLA-DRB1*04, *07 e *15 e HLA-DQB1*0302, *05,
*06 e *02 foram os mais freqüentes entre os indivíduos portadores de diabetes tipo 2 e
Stein et al. (2003) observaram que o alelo HLA-DRB1*04 foi mais freqüente entre os
indivíduos diabéticos tipo 2 periodontalmente saudáveis. Neste estudo foi observado
que um dos grupos alélicos mais freqüentes, entre os diabéticos tipo 2, foi o HLA-
DRB1*07. É importante considerar que nos estudos de Mimura et al. (2004) e Motala et
al. (2005) as amostras estudadas foram formadas por indivíduos diabéticos tipo 2, de
origem japonesa e árabe respectivamente.
Stein et al. (2003) observaram associação positiva entre o HLA-DRB1*04, -Cw
*08 e -B*14 e periodontite crônica. Também Bonfil et al. (1999) concluíram que os HLA-
DRB1*0401, 0404, 0405 e 0408 são associados à periodontite rapidamente
progressiva. No presente estudo foi observada uma freqüência duas vezes maior, não
significativa, do alelo HLA-DRB1*04 no grupo de diabéticos tipo 2 sem periodontite
severa quando comparado aos DP. É importante enfatizar que a amostra deste estudo
foi composta por indivíduos portadores de periodontite crônica, que apresenta aspectos
peculiares em sua patogenia que a diferencia da patogenia observada na periodontite
agressiva.
Foi observada uma tendência dos indivíduos do grupo DP em apresentar maior
freqüência do alelo do HLA-DRB3* em comparação com a freqüência observada dentre
os NDP (p=0,079). Por outro lado, Stein et al. (2003) avaliando indivíduos caucasianos
observaram maior freqüência, não estatisticamente significativa, do HLA-DRB5* entre
os portadores de periodontite crônica e Alley et al. (1993) relataram que o HLA-DRB4*
foi significativamente mais freqüente entre os portadores de periodontite, diabéticos ou
não. Estas diferenças podem ter origem nas diferentes etnias pesquisadas.
89
A avaliação dos haplótipos nos três grupos de estudo não resultou em diferença
estatística significativa; apenas o grupo NDP apresentou uma tendência (p=0,081) para
a maior freqüência do haplótipo HLA-DRB1*11-DQB1*0301 quando comparado ao DP.
Os haplótipos mais freqüentes entre os diabéticos portadores de periodontite foram:
DRB1*01-DQB1*05, DRB1*13-DQB1*06 e DRB1*07-DQB1*02 e os mais freqüentes
entre aqueles diabéticos periodontalmente saudáveis foram: DRB1*07-DQB1*02 e
DRB1*0301-DQB1*05.
Motola et al. (2005), observaram que os haplótipos: DRB1*040101-DQB1*0302,
DRB1*070101-DQB1*050101, DRB1*150101-DQB1*060101 e DRB1*070101-
DQB1*020101 foram os mais freqüentes entre os diabéticos tipo 2 quando comparados
aos não diabéticos e que o haplótipo DRB1*0701-DQB1*0201 conferiu susceptibilidade
ao diabetes tipo 2; este mesmo haplótipo foi um dos mais freqüentes entre todos os
grupos avaliados neste estudo, resultado, provavelmente, conseqüente, muito mais, de
características populacionais do que propriamente de um indicativo de susceptibilidade.
Também, o haplótipo DRB1*1501-DQB1*0601 foi positivamente associado ao diabetes
tipo 2 por Motola et al. (2005); no entanto, o mesmo haplótipo, no presente estudo, foi
um dos mais freqüentes entre os não diabéticos, apresentando o dobro da freqüência
quando comparada às dos grupos de diabéticos separadamente, sendo esta diferença
não significativa.
Os resultados obtidos neste trabalho sugerem uma associação entre o alelo
HLA-DQB1*0301 e os indivíduos metabolicamente saudáveis, mestiços, portadores de
periodontite crônica severa. Estudo redesenhado, com uma amostra significativamente
maior é necessário para confirmar a menor freqüência do alelo HLA-DQB1*0301 em
diabéticos tipo 2 portadores de doença periodontal crônica severa em comparação às
freqüências observadas em indivíduos diabéticos tipo 2 sem doença periodontal crônica
severa e em não diabéticos portadores de doença periodontal crônica severa.
Os polimorfismos genéticos de citocinas e do HLA são fatores de risco
hereditários. (MICHALOWICZ et al. 1991). Tais fatores podem influenciar a história
natural da periodontite, exacerbando o processo inflamatório, induzido por um padrão
alterado na produção e secreção de citocinas pró-inflamatórias e/ou das citocinas
regulatórias, exercendo influência direta sobre o início, a regulação e a perpetuação do
90
processo infeccioso inflamatório periodontal. (GORE et al. 1998; BERGLUNDH et al.
2003 e D`AIUTO et al 2004). As citocinas desempenham papel central na perda óssea
alveolar e na regulação da resposta imune adaptativa, atuando na imuno-regulação,
influenciando na indução do perfil Th1/Th2 da resposta imune (GEMMELL et al. 1997).
Foi observada diferença estatisticamente significativa nas freqüências
genotípicas do TGF-
β
1
códon 10
entre os grupos DP e DSP. No grupo DP o genótipo TT
foi o mais freqüente (51,6%) e no grupo DSP o genótipo mais prevalente foi o TC
(63,3%). o foi contudo observada diferença estatisticamente significativa em relação
aos fenótipos previstos. Em todos os grupos o fenótipo previsto de alto produtor foi o
mais prevalente seguido pelo produtor intermediário e por último o baixo produtor.
De Souza et al. (2003), ao avaliarem o polimorfismo C-509T do TGF-
β1,
observaram que o alelo T e o genótipo TT são os mais freqüentes em portadores de
periodontite crônica e, concluíram que este polimorfismo pode atuar na modulação do
processo inflamatório. No presente estudo, também foi observado que o genótipo TT,
no códon 10, pode estar associado a um processo inflamatório mais intenso, uma vez
que foi mais freqüente no grupo DP quando comparado ao DSP. No entanto, no estudo
de Holla et al. (2002) a avaliação dos polimorfismos -988 (C/A), -800 (G/A) e -509 (C/T)
e o polimorfismo (L10P) no códon 10 e o (R25P) no códon 25 não resultaram em
associação entre estes polimorfismos do gene TGF-
β1
e a severidade da periodontite.
As diferenças observadas podem ser resultantes das diferentes origens étnicas entre as
amostras.
O estudo atual não observou diferença estatisticamente significante entre os
grupos em relação às freqüência alélicas, genotípicas e do fenótipo previsto do IFN-
γ
.
Em todos os grupos o genótipo AA na posição +874 foi o mais prevalente e está
associado a um fenótipo previsto de baixo produtor; o genótipo TA está associado à
produção intermediária desta citocina e o genótipo TT à alta secreção desta citocina.
As distribuições alélicas, genotípicas e dos fenótipos previstos para o
polimorfismo -174 G/C do gene IL-6 entre os grupos não resultou em diferença
estatisticamente significativa. Em todos os grupos o alelo G e o genótipo GG foram os
mais freqüentes. Também, em todos os grupos foi observada maior prevalência do
fenótipo previsto como alto produtor apesar da diferença significativa observada quando
91
foram comparados os quadros inflamatórios periodontais entre os grupos DP e DSP.
Trevilatto et al. (2003) observaram maior freqüência do alelo G e do genótipo GG entre
os indivíduos portadores de periodontite crônica moderada e severa; os autores
concluíram que o polimorfismo da IL-6 na posição -174 está associado à periodontite
crônica na população estudada. É importante chamar a atenção de que, apesar do
estudo atual e do trabalho dos autores supra-citados terem sido feitos no Brasil, a
população estudada difere consideravelmente; no primeiro a população é mestiça, com
predomínio da raça negra e no segundo a amostra é de caucasianos que sofreram
influencia de imigrações japonesas e européias.
Também, a avaliação do polimorfismo genético da IL-6 na posição -174, em
caucasianos, indicou que o alelo G está associado ao diabetes mellitus tipo 2 e que o
referido polimorfismo não está associado aos níveis ricos da IL-6 (ILLIG et al. 2004).
Kubaszak et al. (2003) observaram que o genótipo C/C da IL-6 na posição -174 confere
um risco duas vezes maior em desenvolver o diabetes mellitus tipo 2 a partir de um
estado de intolerância à glicose.
Em relação à IL-10 não foram observadas diferenças estatisticamente
significativas na distribuição das freqüências alélicas, genotípicas e dos fenótipos
previstos para os polimorfismos -1082 G/A, -819 C/T e -592 C/A do IL-10 entre os
grupos. A freqüência do alelo -1082A, em todos os grupos, variou de 63% a 68% e os
alelos -819 C e -592C foram os mais prevalentes. Em todos os grupos os genótipos
mais freqüentes foram o GCC/ATA e o ACC/ATA e, em relação aos fenótipos previstos,
o mais prevalente foi o associado a uma produção intermediária desta citocina.
Gonzales et al. (2002) observaram que os polimorfismos nas posições -597 e -874 não
estão associados à periodontite; por outro lado os alelos -597A e -874 T foram os mais
freqüentes, enquanto que, na população mestiça estudada, o alelo mais freqüente foi o
C, em ambas posições. Scarel-Caminaga et al. (2004) observaram diferença
estatisticamente significativa na distribuição da freqüência genotípica nas posições -819
e -592 e, o alelo C foi o mais freqüente nas posições supracitadas e nos grupos
controle e no formado por portadores de periodontite crônica.
Berglundh et al. (2003)
observaram que o alelo G (-1082) foi o mais prevalente e o genótipo GG, nesta posição,
foi significativamente mais freqüente entre os portadores de periodontite severa.
92
Contudo, Yamazaki et al. (2001) concluíram que a distribuição de freqüência dos
haplótipos da IL-10, na população do Japão, difere da observada entre os caucasianos;
não foi constatada a presença do alelo -1082G; porém, foi observado que o haplótipo
GCC estava presente em 68% da população.
No presente estudo, a freqüência do
haplótipo GCC foi de 56%.
Neste trabalho não foram observadas diferenças estatisticamente significativas
em relação à distribuição das freqüências para o polimorfismo -308 G/A do gene TNF-
α
entre os grupos avaliados. O alelo G e o genótipo GG foram os mais freqüentes em
todos os grupos. Também, Craandijk et al. (2002) sugerem que o polimorfismo do gene
TNF-
α,
na posição -308, não está associado à susceptibilidade ou à severidade da
periodontite. Por outro lado, Fassman et al. (2003) concluíram que este polimorfismo
pode ser um marcador para a periodontite crônica. Kubaszek et al. (2003) observaram
que o polimorfismo (G-308A) do gene TNF-
α
é um preditor para a conversão do estado
de intolerância à glicose para o diabetes mellitus tipo 2 e, semelhantemente aos dados
obtidos no presente estudo, o genótipo GG foi o mais freqüente (74%), seguido dos
genótipos GA (25%) e AA (1%); sendo que este último esteve ausente entre os
mestiços avaliados.
Assim, este estudo mostrou que o alelo HLA-DQB1*0301 pode ser um marcador
genético de proteção para o desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2 na população
de mestiços de Salvador-Bahia-Brasil ; mostrou, ainda, que, há uma associação positiva
entre a periodontite crônica severa em indivíduos diabéticos tipo 2 e o genótipo GG do
TGF-
β
1
códon 10
, e que os polimorfismos IFN-
γ
+874T/A
, IL-6
-174G/C
, TNF-
α
308 G/A
, TGF-
β
1
códon 25
e IL-10
-1082G/A,-819C/T,-592C/A
não estão associados a esta doença. Também foi
confirmado que o tratamento periodontal não cirúrgico está associado à melhora nos
parâmetros clínicos periodontais e à redução da porcentagem de hemoglobina
glicosilada.
93
7 Conclusões
Os resultados obtidos neste estudo sugerem que:
1. A melhora dos parâmetros clínicos periodontais em indivíduos portadores de
diabetes mellitus tipo 2 parece ser uma conseqüência do tratamento periodontal
não cirúrgico.
2. A redução na porcentagem da hemoglobina glicosilada em portadores de
diabetes mellitus tipo 2 é provavelmente resultado do controle do processo
infeccioso inflamatório periodontal.
3. É necessário o aumento da amostra para confirmar a menor freqüência do alelo
HLA-DQB1*0301 em indivíduos diabéticos portadores de doença periodontal
crônica severa em comparação com os diabéticos sem doença periodontal
crônica severa e com os não diabéticos portadores de doença periodontal
crônica severa.
4. O genótipo TT do TGF-
β1
códon 10
é um possível marcador de predisposição ao
desenvolvimento da periodontite crônica severa em mestiços diabéticos.
94
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102
APÊNDICE
Distribuição da freqüência Haplotípica do HLA DRB1/DQB1.
HAPLÓTIPOS/ GRUPOS DDP DSDP NDDP D
DRB1*01/DQBI*05 7 3 4 10
DRB1*13/DQBI*06 7 4 4 11
DRB1*09/DQBI*02 1 2 0 3
DRB1*07/DQBI*02 7 7 9 14
DRB1*11/DQBI*0301 2 3 7 5
DRB1*11/DQBI*06 2 2 1 4
DRB1*10/DQBI*05 3 1 2 4
DRB1*0301/DQBI*02 5 7 4 12
DRB1*04/DQBI*0302 2 5 3 7
DRB1*04/DQBI*04 1 1 0 2
DRB1*08/DQBI*04 2 2 3 4
DRB1*11/DQBI*02 1 0 0 1
DRB1*12/DQBI*0301 1 0 0 1
DRB1*15/DQBI*06 4 4 8 8
DRB1*15/DQBI*05 2 0 0 2
DRB1*16/DQBI*05 1 2 0 3
DRB1*16/DQBI*07 0 1 1 1
DRB1*0302/DQBI*04 0 3 0 3
DRB1*13/DQBI*0301 0 0 3 0
DRB1*13/DQBI*02 1 0 1 1
DRB1*0302/DQBI*05 1 0 0 1
DRB1*0302/DQBI*02 1 0 0 1
DRB1*13/DQBI*04 1 0 0 1
DRB1*09/DQBI*04 1 0 0 1
DRB1*14/DQBI*0301 1 1 0 2
DRB1*11/DQBI*05 1 0 0 1
DRB1*07/DQBI*0303 1 1 1 2
DRB1*14/DQBI*05 0 2 0 2
DRB1*12/DQBI*05 0 1 0 1
DRB1*08/DQBI*07 0 2 1 2
DRB1*09 /DQBI*0303 0 1 1 1
DRB1*04/DQBI*0301 0 1 0 1
DRB1*08/DQBI*06 0 1 0 1
DRB1*13/DQBI*05 0 1 2 1
DRB1*0301/DQBI*0303 0 1 0 1
DRB1*08/DQBI*05 0 0 1 0
DRB1*07/DQBI*0303 1 0 0 1
103
Comparação entre grupos da freqüência Haplotípica do HLA DRB1/DQB1.
HAPLÓTIPOS/ GRUPOS
DDPXDSDP DDPXNDDP DSDPXNDDP
DRB1*01/DQBI*05 0,301 0,508 1,000
DRB1*13/DQBI*06 0,508 0,508 1,000
DRB1*09/DQBI*02 0,612 1,000 0,492
DRB1*07/DQBI*02 0,944 0,510 0,559
DRB1*11/DQBI*0301 0,671 0,081 0,299
DRB1*11/DQBI*06 1,000 1,000 1,000
DRB1*10/DQBI*05 0,612 1,000 1,000
DRB1*0301/DQBI*02 0,479 1,000 0,506
DRB1*04/DQBI*0303 0,255 0,671 0,706
DRB1*04/DQBI*04 1,000 1,000 1,000
DRB1*08/DQBI*04 1,000 0,671 1,000
DRB1*11/DQBI*02 1,000 1,000 1,000
DRB1*12/DQBI*0301 1,000 1,000 1,000
DRB1*15/DQBI*06 1,000 0,211 0,333
DRB1*15/DQBI*05 0,492 0,492 1,000
DRB1*16/DQBI*05 0,612 1,000 0,492
DRB1*16/DQBI*0301 0,492 0,492 1,000
DRB1*0302/DQBI*04 0,113 1,000 0,237
DRB1*13/DQBI*0301 1,000 0,113 0,237
DRB1*13/DQBI*02 1,000 1,000 1,000
DRB1*0302/DQBI*05 1,000 1,000 1,000
DRB1*0302/DQBI*02 1,000 1,000 1,000
DRB1*13/DQBI*04 1,000 1,000 1,000
DRB1*09/DQBI*04 1,000 1,000 1,000
DRB1*14/DQBI*0301 1,000 1,000 1,000
DRB1*11/DQBI*05 1,000 1,000 1,000
DRB1*07/DQBI*0303 1,000 1,000 1,000
DRB1*14/DQBI*05 0,238 1,000 0,492
DRB1*12/DQBI*05 0,492 1,000 1,000
DRB1*08/DQBI*0301 0,238 0,492 1,000
DRB1*09 /DQBI*0303 0,492 0,492 1,000
DRB1*04/DQBI*0301 0,492 1,000 1,000
DRB1*08/DQBI*06 0,492 1,000 1,000
DRB1*13/DQBI*05 0,492 0,238 1,000
DRB1*0301/DQBI*0303 0,492 1,000 1,000
DRB1*08/DQBI*05 1,000 0,492 1,000
DRB1*07/DQBI*0302 1,000 1,000 1,000
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