Download PDF
ads:
LUCIANA ÁVILA MALTAGLIATI
A PESQUISA E O CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO
EM ODONTOLOGIA
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina, para obtenção do título de
Mestre em Ciências.
SÃO PAULO
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
LUCIANA ÁVILA MALTAGLIATI
A PESQUISA E O CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO
EM ODONTOLOGIA
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina, para obtenção do título de
Mestre em Ciências
Orientadora: Profa. Dra. Paulete Goldenberg
SÃO PAULO
2005
ads:
Maltagliati, Luciana Ávila
A pesquisa e o currículo de graduação em odontologia. /
Luciana Ávila Maltagliati. – São Paulo, 2005.
x, 96p.
Tese (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina. Programa de pós-graduação em Ensino
Superior em Ciências da Saúde.
Título em inglês: The research and the curriculun in odontology
1. Pesquisa 2. Currículo 3. Currículo de Odontologia
iii
LUCIANA ÁVILA MALTAGLIATI
A PESQUISA E O CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
Presidente da Banca: Profa. Dra. Paulete Goldenberg
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Sylvia Helena S. da Silva Batista, Universidade Federal de São Paulo
Profa. Dra. Mara H. de Andrea Gomes, Universidade Federal de São Paulo
Profa. Dra. Maria Ercília de Araújo, Universidade de São Paulo
Data de aprovação: ______/______/______
iv
In Memoriam
A Ana Maria, minha mãe, sempre presente nos meus sonhos, lembranças,
pensamentos e nas peculiaridades que carrego geneticamente.
Saudades...
do teu olhar carinhoso, do teu abraço gostoso, de caminhar no teu céu...
v
Agradecimento Especial
À Profa. Dra.
Paulete, pelos ensinamentos e tão ricas contribuições para a
realização deste estudo, minha formação pessoal e profissional e, sobretudo, pelo
acolhimento maternal que tornou esta caminhada bem mais prazerosa.
vi
Agradecimentos
Ao meu marido, José Luis, pelo apoio incondicional
À Ana Luisa, minha filha querida, luz da minha vida
Ao meu pai, Guido Maltagliati, pela orientação e carinho
À Liliana, Eduardo e Ivan, pela convivência familiar
A todos os professores do CEDESS, merecedores de todo meu afeto, respeito e
admiração
Aos professores entrevistados, pela inestimável contribuição
Ao professor Vicente, pela revisão gramatical
A todos os funcionários do CEDESS, pela colaboração
A Ivânia e Maria, que nem imaginam o quanto me ajudaram
vii
Resumo
A construção do currículo sintonizado com a pesquisa, em consonância com as
propostas da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, constitui um desafio. Em que
medida se dá a adesão a essas propostas na graduação em Odontologia constitui
a indagação central do presente estudo que tem como objetivo dimensionar
perspectivas e desafios relativo à implementação da pesquisa como princípio
norteador da organização do currículo de Odontologia, tendo em vista as
Diretrizes Curiculares. A realização do estudo centrado em três universidades
paulistas envolveu, numa primeira fase, a reconstrução histórica das instituições,
no tocante ao desenvolvimento curricular e implementação da pesquisa, por meio
da análise de documentos e entrevistas. Numa segunda fase, a caracterização do
currículo odontológico e sua relação com os propósitos de desenvolvimento da
pesquisa na graduação, por meio da análise do projeto político-pedagógico. Numa
terceira fase, a detecção de tendências, perspectivas e desafios frente às
alterações curriculares, por meio de entrevistas. Na universidade pública, a
pesquisa se instala desde seu nascedouro, expandido-se com a Reforma
Universitária, os cursos de pós-graduação associados ao desenvolvimento da
pesquisa institucional. As universidades privadas iniciaram-se, mais
recentemente, na oferta da pós-graduação e desenvolvimento de pesquisa
institucional. Com o currículo tradicional, a despeito das condições informacionais,
requeridas para o desenvolvimento da pesquisa a participação ativa dos alunos,
nas três instituições estudadas, se faz de forma pontual. O ensino da metodologia
científica, especificamente, se agrega ao currículo, numa configuração disciplinar
que se mantém fragmentada. Observa-se a preocupação com o desenvolvimento
da pesquisa no curso de graduação, no âmbito da estrutura tradicional do
currículo, permanecendo a dicotomização entre ensino e pesquisa, professor e
pesquisador. O estudo aponta que, apesar dos avanços, não se alcançou, ainda,
a configuração de um currículo sintonizado com a pesquisa.
viii
Abstract
The elaboration of a dentistry curriculum in accordance with the research and
based on the proposals given by the Law of Guidelines and Basis is a challenge to
be considered. The major question of the present study is to analyze when
adhesion to these proposals occurred in Dentistry, whose main objective is to
dimension perspectives and challenges regarding implementation of the research
as a direct principle to organize the Dentistry program aiming the Curricular
Guidelines. The focus of this study was based on three Universities of the city of
São Paulo involving in the first phase a process to identify a historic reconstruction
of the Institutions, regarding curricular development and to implement the research
by means of analysis of documents and interviews. In a second phase, to
characterize the dentistry curriculum and the relationship between its design and
the objectives related to development of research in the graduate program by
means of analysis of a pedagogical political project. In a third phase, to detect
trends, perspectives and challenges to be faced regarding curriculum alterations
by means of interviews. The historic reconstruction of the Public University
involved the experience of participation during the process which advocated the
research development, approaching its origin, the University Reconstruction,
graduation courses associated to development of the institutional research. Private
Universities appeared in the 80’s and another one in the 90’s and had as a model
the public university and they started to organize the graduate program, being the
institutional research development very recent. Based on the conservative
curriculum, not considering information conditions needed in the research
development, the active participation of the students in the three institutions was
promptly performed. Teaching of scientific methodology is added to the curriculum
in a discipline arrangement, which is fragmented. Regarding proposals and
challenges to be faced regarding perceived changes, there is a concern towards
the research development in the undergraduating courses, observing a
dichotomization between teaching and research, the professor and the researcher.
The study concludes that in spite of the advances in the research area, no
configuration of a curriculum in agreement with the research was reached.
ix
Apresentação
Graduei-me em Odontologia, em 1991, pela Universidade de São
Paulo, campus Bauru. Nos primeiros anos de exercício profissional, com
especialização em Periodontia, iniciei atividades didáticas num contexto diferente
do ensino público. A experiência de participação na coordenação de um curso de
especialização em Periodontia, colocou-me diante da necessidade de formação
para o exercício da docência.
Quando no Mestrado em Ciências da Saúde, entrei em contato com a
Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e as perspectivas que abria para a instalação
de um ensino renovado. Despertada para a centralidade da construção do
conhecimento, paralelamente à busca ativa do aluno, elegi a pesquisa como o
objeto de estudo.
Na aproximação ao problema de investigação, me deparei com
propostas que norteavam a implementação de pesquisa, em geral, e do no ensino
de graduação, em particular. Neste processo, me inteirei que a implantação da
pesquisa vinha sendo construída desde a fundação das primeiras escolas no
âmbito do ensino superior, assumindo, inclusive, que o criticado “tecnicismo” da
profissionalização no ensino da graduação pressupunha o desenvolvimento da
pesquisa – e não a sua ausência.
No espectro das múltiplas dimensões que a consideração da pesquisa
comportaria, se explicita, no contexto das proposições de renovações das práticas
de ensino-aprendizagem descortinadas sob as Diretrizes Curriculares, a questão
de seu dimensionamento em relação à organização do currículo.
x
SUMÁRIO
Dedicatória........................................................................................................ iii
Agradecimento.................................................................................................. v
Resumo............................................................................................................. vii
Abstract............................................................................................................. viii
Apresentação.................................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1
1.1 A emergência da formação acadêmica....................................................... 2
1.2 Ensaiando uma política de pesquisa........................................................... 6
1.3 A pesquisa na graduação............................................................................ 14
2. OBJETIVOS.................................................................................................. 26
3. METODOLOGIA............................................................................................ 28
3.1 Concepções................................................................................................. 29
3.2 Delineamento do Estudo............................................................................. 29
3.3 Instituição: Pesquisa e Currículo................................................................. 30
3.4 Caracterização do Currículo Odontológico.................................................. 32
3.5 A Pesquisa na Reformulação Curricular: Perspectivas e Desafios............. 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 34
4.1 Instituição: Pesquisa e Currículo................................................................. 35
4.2 Caracterização do Currículo Odontológico.................................................. 61
4.3 A Pesquisa na Reformulação Curricular: Perspectivas e Desafios............. 74
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 80
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 84
7. ANEXOS........................................................................................................ 93
1. INTRODUÇÃO
Introdução
2
1.1 A emergência da formação profissional acadêmica
A regulamentação do exercício profissional da Odontologia no
Brasil data de 14 de maio de 1856, com o Decreto n
o
1.764. O
reconhecimento dos profissionais se dava pela concessão de título àqueles
que recebiam um aprendizado dentro de uma prática artesanal. O ensino
formal, no País, só teve início com o Decreto n
o
7.247, de 19 de abril de
1879, que estabeleceu o curso Cirurgia-dentária, anexo às Faculdades de
Medicina. Em 1882, foi criado na Bahia o primeiro curso, cujo currículo
distribuía as matérias em básicas e profissionais (NETO, 2003).
Segundo Carvalho (1994), o ensino odontológico foi oficialmente
instituído no País aos 25 de outubro de 1884, pelo Decreto n
o
9.311 do
Governo Imperial, a partir da reforma Sabóia, desenvolvida pelo Visconde de
Sabóia, diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Embora
vinculado à Faculdade de Medicina, o curso de Odontologia passou a ter
currículo próprio, isto é, não tinha disciplinas em comum com o curso médico,
diferentemente das instituições européias.
A cultura do café e o início do desenvolvimento industrial,
principalmente em São Paulo, coincidem com o surgimento de novas elites
que aspiravam por educação e formação profissional. O desenvolvimento do
capitalismo industrial com suas bases filosóficas assentadas no liberalismo
clássico constitui o pano de fundo das atividades econômicas, sociais e
políticas no Brasil, entre o final do século XIX e início do século XX, que,
segundo Feldmann (2003) também ecoava na organização escolar e nas
práticas profissionais.
A criação dos cursos superiores foi o marco de referência das
mudanças relacionadas à educação, respondendo às necessidades imediatas e
reais do Estado, com formação de profissionais liberais (ZOTTI, 2004, p.34).
Neste cenário, a primeira escola de Odontologia do Estado de São Paulo, de
iniciativa privada, surge desvinculada da Faculdade de Medicina, porém, ligada à
escola de Farmácia. Aos 11 de fevereiro de 1899, foi inaugurada a Escola Livre
Introdução
3
de Farmácia e Odontologia, na rua Brigadeiro Tobias, que seria incorporada à
Universidade de São Paulo na década de 30 (CARVALHO, 1994).
Embora a regulamentação da profissão date de 1856, a prática
profissional já há muito existia, exercida pelos práticos que aprendiam seu ofício
com o “mestre-artesão”, atendendo os segmentos menos favorecidos da
população. Coexistiam, na época, profissionais estrangeiros, principalmente
franceses, formados em universidades européias e, ainda, aqueles que, nascidos
de famílias abastadas, com formação universitária no exterior, recebiam o título
de Cirurgião Dentista da Casa Imperial (CARVALHO, 1994).
Respondendo às novas exigências sociais e político-econômicas,
os práticos da odontologia foram aos poucos sendo diplomados pelas
instituições de ensino superior ou substituídos por aqueles formados no curso
superior, que tinha duração de apenas dois anos.
A Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas foi fundada em
1906, com funções próprias de um sindicato e com objetivos voltados para a
regulamentação da profissão, que, com o apoio da Lei Rivadávia, de 1911, se
fez acompanhar da inacreditável proliferação de Escolas de Odontologia, de
cunho mercantil, conforme Lima (1958 apud CARVALHO, 1994, p. 4).
O processo de instituição do ensino odontológico, porém, tornou-se
alvo de críticas:
A facilidade de ingresso às Escolas de Odontologia é o principal.
Mal preparado em humanidades, sem o desenvolvimento mental
necessário à comprehensão da complexidade das sciencias
superiores, o aluno não pode em absoluto acompanhar o
programa a elle ministrado. Este programa por sua vez é vasto, e
o tempo, que era de dois annos apenas, não comportava tanta
matéria. (...) como resultante de tudo isso, alhi temos óptimos
dentistas prácticos, porém, poucos ilustrados. (...) A literatura
científica odontológica que anseamos nos mostra o grao de
aperfeiçoamento a que podemos attingir. A deficiência do ensino
que nos é ministrado, colloca-nos, entretanto, em plano inferior às
outras profissões liberais. (...) Mas infelizmente o dentista em
geral não tem o hábito de leitura, o que redunda em grande mal
para a classe. Concluímos, portanto, que sem a soma de
conhecimento geraes, além dos do profissional, será difícil a uma
classe impor-se à admiração e respeito público (CAIUBY, 1931, p.
211 apud PACE, 2001, p. 69).
Introdução
4
A luta da categoria odontológica pelo monopólio do exercício
profissional (as medidas legais foram adotadas entre 1930 e 1933) acabou
estimulando a venda de diplomas. Este procedimento ensejava críticas, pois havia
o entendimento de que não bastava o diploma, a formação profissional
pressupunha o conhecimento das Ciências e Humanidades. Este tipo de ensino,
no Brasil, caminhava em sentido contrário à efervescência cultural e ideológica da
década de 20 e 30, emanada de uma sociedade cercada pelo progresso
industrial, bem como em relação aos paradigmas mundiais sobre Ensino Superior
e Universidade, após o período medieval. Castanho (2002, p. 23) observa:
Do modo de produção feudal, que balizou a conformação da
sociedade medieval ao modo de produção capitalista na sua
modalidade mercantil, que foi o pano de fundo da sociedade
renascentista européia e de suas colônia, para o modo de
produção capitalista industrial e para as diversas modulações
deste: concorrencial, monopolista, neocolonialista, associacionista
e agora globalizado, a sociedade mudou muito. As classes sociais
se modificaram, a fisionomia sociopolítica geral alterou-se
profundamente e seria ao menos ilógico se não fosse
profundamente anti-histórico, imaginar que alguma instituição
social permanecesse incólume. A universidade medieval em geral
era conservadora, o campo aberto à pesquisa do novo era muito
estreito, tratava-se mais de conservar um patrimônio de verdades
do que ir à sua procura. (...) A criticidade universitária tinha um
limite, que era a defesa de seu próprio poder ante os poderes
circundantes. Não havia a idéia de um “papel” de universidade
diante da sociedade, de “serviços” a serem prestados à
comunidade extramuros. A dupla abertura da universidade à
pesquisa, pelo exercício da razão humana num primeiro momento
e pela experimentação num segundo, e à sociedade, cujo destino
passa a lhe interessar – vai marcar profundamente a vida dessa
instituição a partir da Renascença, culminando em construções
práticas e formulações teóricas nos séculos XIX e XX.
Nessa linha de raciocínio, no plano de desenvolvimento
universitário, segundo o autor, a abertura para a pesquisa e para as
necessidades sociais resultaria na construção de quatro modelos de
universidade: 1 imperial napoleônico, que colocou a universidade a serviço
da sociedade via Estado, abrindo-a para as ciências experimentais e para o
novo humanismo enciclopedista; 2 idealista alemão, caracterizado pela
liberdade, tornando a universidade um reduto de pesquisadores livres de
Introdução
5
pressões sociais, que gerariam conhecimento novo inacessível para a
maioria, mas que acabaria por beneficiá-la; 3 elitista inglês - a universidade
responsabilizava-se pela preparação da elite dirigente do país, guardiã dos
valores da tradição e dos saberes universais sobre os quais se assentaria a
sociedade, pouco interessada pela produção de conhecimento novo; 4 -
utilitarista norte-americano, centrado no estudante ativo e autônomo e a
universidade preparatória para a ação, ou seja, o centro do progresso (Id.,
Ibid., p. 25, grifos nossos).
O Relatório da Dental Education in US and Canada (Gies, 1926),
tendo por referência a área médica, defende a constituição de um curso
independente que se inscreve num movimento - como aconteceu no ensino
médico - contra a ignorância, a comercialização (do ensino) e charlatanismo.
Considerando que a Odontologia não se constituía numa
especialidade convencional da Medicina, o Relatório, acentuando a relação
entre as duas áreas e seu compromisso com a saúde pública, preconiza a
formação fundamentada na Ciência, com adequado treinamento. Incluindo o
ensino nas áreas básicas, o curso comportaria três anos de treinamento com
um ano, opcional, de especialização, o que reestruturaria o ensino da
Odontologia, dando condições para o desenvolvimento tecnológico e
científico da prática profissional.
No contexto do desenvolvimento econômico-industrial do País, sob
o modelo de substituição de importações, ocorre um esforço de revisão do
percurso educacional. Em 14 de novembro de 1930, o Decreto n.º 19.402
cria o Ministério da Educação. Segundo Zotti (2004, p.88), é no período de
1931 a 1937 que se instaura um amplo debate político e educacional entre
católicos, liberais e governistas, sobre a direção que deveria ser dada à
educação brasileira. O ministro do recém-criado Ministério da Educação e
Saúde Pública, Francisco Campos, que traçou diretrizes para a organização
dos cursos superiores, criou o Conselho Nacional da Educação, (Id.; Ibid.).
Diante das críticas ao ensino, as escolas particulares de
Odontologia incorporam modificações em seu currículo com a inclusão de
algumas disciplinas clínicas e aumento da duração do curso. O Decreto n
o
Introdução
6
19.851, de 11 de abril de 1931, fixou o curso em três anos de duração,
exigindo como requisito para ingresso o curso ginasial. O Decreto n
o
20.179,
de 6 de julho de 1931, definiu, nessas bases, o padrão mínimo do currículo
odontológico, no Brasil (NETO, 2003).
Paralelamente às discussões que envolviam o ensino superior, a
categoria odontológica na década de 30, mostrava-se envolvida com
questões relativas às regulamentações e à organização da profissão.
Objetivando maior representatividade da categoria na esfera política, foi
criado o Syndicato Odontológico Brasileiro, em 1934, sediado no Rio de
Janeiro que, preocupado com a eleição de deputados que representassem a
categoria, propunha a fundação de sindicatos odontológicos em todo país
(PACE, 2001, p. 61); o Sindicato dos Odontologistas de São Paulo, na
seqüência deste movimento, foi fundado em março de 1937.
Delineia-se, assim, a abertura para a estruturação de um ensino
comprometido com a formação científica, imprimindo respeitabilidade à
prática odontológica.
1.2 Ensaiando uma política de pesquisa
Em um momento de luta da categoria odontológica pela participação
nas discussões decisórias nacionais e pela profissionalização acadêmica dos
odontólogos, sintonizado à inquietude em relação às aspirações no campo da
ciência e do desenvolvimento tecnológico bem como às exigências das elites
paulistanas em reação ao governo federal, a fundação da Universidade de São
Paulo, em 1934, representou um marco histórico e um salto qualitativo nos
rumos do ensino odontológico, centrado nas ciências básicas, nas
humanidades e no desenvolvimento da pesquisa. As novas disposições
impulsionariam o movimento de criação de Institutos Isolados de Ensino
Superior, mantidos pelo Governo do Estado, que, nas décadas seguintes (anos
50 e 60), foram incorporados pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) e Universidade Estadual de São Paulo (UNESP).
Introdução
7
Norteados pela literatura pedagógica americana associada ao
pragmatismo e às teorias elaboradas por diversos autores europeus, os
pioneiros da Escola Nova buscaram superar as limitações da antiga tradição
jesuítica e enciclopédica, de influência francesa, no esforço por tornar o
incipiente sistema educacional uma configuração consistente com o novo
contexto. Essas diretrizes estruturariam o atual INEP - Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais, e o PABAEE - Programa de Assistência
Brasileiro-Americana à Educação Elementar (MOREIRA, 2003).
A crise do capitalismo, na primeira metade do século XX, que levou à
quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, à recessão dos anos 30 e a 2
a
Guerra
Mundial (1940-1945) resultaram numa profunda revisão do sistema produtivo e
dos valores políticos e socioculturais das sociedades ditas ocidentais. Tendo
enfrentado regimes autoritários, nomeadamente o nazismo alemão e o fascismo
italiano, os Estados Unidos e seus aliados europeus passaram a agitar a bandeira
da democracia e dos valores de uma cultura de participação.
No âmbito nacional, o fim do Estado Novo coincide com a
aprovação da Carta de 1946, a primeira Constituição republicana e
democrática. Nesse contexto, inscreve-se o redirecionamento do ensino
superior envolvendo as discussões sobre os rumos da Universidade,
descortinando a abertura para a realização de pesquisa. No plano político
ressalta-se o papel estratégico do Estado como agente de desenvolvimento
e, segundo Zotti (2004, p.95), como legislador das diretrizes e bases da
educação nacional por meio da Constituição de 1946, que resultaria na
elaboração da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
aprovada, posteriormente, em 1961.
Diante do alvoroço do fim da guerra, vislumbrou-se no País, de
acordo com Motoyama (2002), a possibilidade de desenvolvimento de uma
política de ciência e tecnologia na qual se inscrevia a procura mundial por
uma nova fonte de energia – a nuclear. O presidente Getúlio Vargas criou, em
1951, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), com o objetivo de promover pesquisa para a modernização do País.
Introdução
8
Renovam-se as reflexões mundiais sobre os modelos universitários
que vão sendo incorporados, de forma seletiva e adaptativa, à realidade
concreta e historicamente instituída no País. Castanho (2000) aponta a
presença do modelo democrático-nacional-participativo e a emergência
posterior do modelo neoliberal-globalista-plurimodal:
(...) Nesse clima, forjou-se também no Brasil o modelo democrático-
nacional-participativo, que, se não se cristalizou integralmente na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 1961,
foi vivido inteiramente na universidade. (...) Numa tal universidade
faz-se crítica do conhecimento existente, produz-se conhecimento,
pesquisa-se a realidade e volta-se para o equacionamento e a
solução de seus problemas. (...) Parte-se do pressuposto de que a
produção de conhecimentos pela pesquisa exige a concorrência de
diversos saberes, de diversos olhares sobre a realidade, que somente
podem ocorrer numa instituição multidisciplinar e que se volte não
apenas para o ensino, mas conjuntamente para a investigação e
extensão
(Id.,Ibidem, p. 33).
No contexto de retomada de crescimento econômico e
modernização do País, diante da perspectiva de se desenvolver ciência e
tecnologia nacional, conforme o pensamento universitário vigente, o Governo
institui a CAPES - Coordenação (inicialmente Campanha) de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior, em 1952, como organismo
regulador do ensino superior, particularmente relevante no que tange à
implantação dos cursos de mestrado e doutorado nos anos seguintes.
A criação da ABENO – Associação Brasileira do Ensino em
Odontologia, em 1956, marca uma fase importante para o ensino
odontológico na medida em que, pela interação com a CAPES e convênios
entre o Brasil e os Estados Unidos, mais adiante viabilizaria a formação dos
nossos mestres e doutores (CARVALHO, 1994).
No âmbito dos cursos de graduação, a Lei n
o
4.024, de 1961, fixa o
currículo mínimo. Com base no parecer 299/96, o Conselho Federal de
Educação - CFE traça o perfil do cirurgião-dentista (dentista geral, policlínico,
destinado à coletividade) e estabelece o novo currículo em ciclos de duração
de dois anos cada um – básico e profissional - aprovado em 16 de novembro
Introdução
9
de 1962 (NETO, 2003), que coincide com as recomendações do Dental
Educational Council (GIES, 1926, p.118).
A nova proposta curricular sustentava-se, de um lado, nas idéias
desenvolvidas pelo INEP, basicamente ancoradas no pensamento
progressista de dois autores americanos, Dewey e Kilpatric, influentes no
cenário educacional brasileiro até o início da década de sessenta,
preconizando o desenvolvimento do espírito científico num ambiente
democrático de ensino-aprendizagem. De outro, nas idéias do PABAEE, que
adotava uma postura de caráter tecnicista no trato de temas curriculares, no
âmbito da prática profissional. Ao compor um currículo básico e um
profissionalizante, a reforma acabava por ressaltar a perspectiva de uma
formação científica, conforme preconizava o INEP, ao mesmo tempo em que
resguardava o espaço para a concretização da perspectiva do PABAEE,
relativa à eficácia da técnica profissional.
Os conflitos filosóficos acerca do ensino, do currículo e da
universidade concretizam-se na realidade vivida pelos atores sociais, os quais
exercem influência sobre as decisões políticas nacionais, mescladas com as
diretrizes mais amplas vigentes no país. Tal é o caso das disposições que
constituem o pano de fundo das renovações em curso no ensino, que
demarcariam o período de expressivo desenvolvimento da Odontologia nacional.
Zotti (2004, p.97) relata:
Juscelino Kubitschek de Oliveira e João Goulart formavam a
nova dupla de governo a partir de 1955, imprimiram em seu
governo o papel de ser o principal impulsionador do
desenvolvimento, adotando uma política econômica menos
nacionalista e mais desenvolvimentista, inaugurando a segunda
fase do modelo econômico de substituição de importações, em
que o capital estrangeiro passa a ser o maior aliado.
Nesse processo, beneficiaram-se as importações de tecnologia,
que de alguma forma renovariam o aprimoramento da prática odontológica e
o ensino profissionalizante, atrelando a escola ao mercado de trabalho.
Aldrovandi (1965, apud CARVALHO, 1994, p. 8) considera que nas últimas
Introdução
10
décadas a Odontologia progrediu tremendamente, pois seu acervo material
foi enriquecido por novo equipamento, novos materiais e novas técnicas. Tal
desenvolvimento implicou avanço em termos da qualidade técnica da prática
profissional no país, colocando a Odontologia em um patamar diferenciado no
plano internacional. A prática qualificada, cientificamente consubstanciada,
coincidia com o caráter elitista da assistência propiciado pelo
desenvolvimento tecnológico.
O golpe militar de 1964, em nome da garantia da continuidade da
ordem socioeconômica, em meio aos distúrbios da crescente mobilização
popular alimentada pela ideologia do nacionalismo desenvolvimentista,
impulsionou, no dizer de Moreira (2003, p. 83), substanciais transformações
em todo o panorama político, econômico, ideológico e educacional do país.
Em que pesem os problemas vividos na época, as discussões sobre currículo
se expandiram, emergindo a disciplina Currículos e Programas nos cursos
superiores da área de Educação. Entretanto, o sistema educacional dos anos
sessenta não absorveu inteiramente a ideologia da eficiência e da
racionalidade, ancorado nas idéias de Dewey e Kilpatric (Id.; Ibid.; p.128).
A tendência tecnicista da formação profissional passou a
prevalecer, em sintonia com o discurso de eficiência e modernização adotado
pelos militares. Esse processo diluiu não só a ênfase às necessidades
individuais da tendência progressista, mas também as intenções
emancipatórias das orientações críticas, incompatíveis com a doutrina da
segurança nacional que passou a orientar as decisões governamentais. A
preocupação principal era a eficiência do processo pedagógico, indispensável
ao treinamento do capital humano do país. O estudo do currículo teve uma
“abordagem direcionada para o como fazer”, calcada nas teorias de Tyler e
Taba, sendo grande parte das discussões direcionadas para a elaboração de
grades curriculares, norteadas pela legislação (MOREIRA, 1990, apud
OLIVEIRA, 1998, p.16).
Diversos acordos foram assinados com os Estados Unidos, visando
à modernização e racionalização dos serviços no país. A influência da
agência americana United States Agency for International Development
Introdução
11
(USAID) - fornecendo assistência técnica, financeira e militar dos Estados
Unidos aos países da América Latina - aumentou no Brasil, tendo alguns de
seus técnicos ocupado posições importantes em diversas áreas da
administração pública federal. Como a educação era vista como importante
recurso para o desenvolvimento, diversos programas de assistência
educacional foram planejados e implementados em nosso país.
Outros acordos também foram assinados pelas universidades
brasileiras e americanas, envolvendo fundações, agências e organizações
internacionais (Ford, Fullbright, OEA, Banco Mundial, Banco Inter-Americano
de Desenvolvimento, etc.). O treinamento de educadores brasileiros no
exterior foi intensivo, constituindo as bases para o desenvolvimento da
pesquisa no país (MOREIRA, 2003, p. 132).
No plano político-administrativo, a categoria odontológica parecia
caminhar para o alcance dos seus propósitos. Em 1964, institui-se o Conselho
Federal de Odontologia e os Conselhos Regionais em sistema de autogestão,
atuando na regulamentação do exercício da Odontologia no Brasil (PACE,
2001). No plano acadêmico, movimentos discordantes das políticas
administrativas nacionais demarcavam o início de um período conturbado de
reivindicações, que culminaria na Reforma Universitária de 1968.
Saviani (2002) descreve que o projeto da Reforma Universitária
procurou responder a duas exigências: de um lado, a demanda dos jovens
estudantes ou postulantes a estudantes universitários e dos professores que
reivindicavam a abolição da cátedra, a autonomia universitária, mais verbas
para desenvolver pesquisas e ampliar o raio de ação da universidade; de
outro lado, a demanda dos grupos ligados ao regime militar que buscavam
vincular mais fortemente o ensino superior aos mecanismos do mercado e ao
projeto político de modernização que estava ancorado no conhecimento
científico, em consonância com os requerimentos do capitalismo
internacional. A reforma universitária atendeu ao primeiro grupo, proclamando
a indissociabilidade entre o ensino e pesquisa, abolindo a cátedra, instituindo
o regime universitário como forma preferencial de organização do ensino
superior e consagrando a autonomia universitária cujas características e
Introdução
12
atribuições foram definidas e especificadas. O segundo grupo foi atendido,
instituindo-se o regime de créditos, a matrícula por disciplina, os cursos de
curta duração, a organização funcional e a racionalização da estrutura de
funcionamento.
Houve quem entendesse que a ampliação do raio de ação da
universidade viria apenas e tão-somente pelo aumento do número de vagas e
pela criação de novas instituições. Nessas circunstâncias, ocorre uma
diversificação das instituições de ensino superior, que acabam atendendo,
cada uma a seu modo, populações de diversas camadas sociais. Algumas
implantaram com seriedade o “espírito universitário” reivindicado pela
academia, mas muitas não assumiram tal compromisso, em razão dos
recursos disponíveis e dos princípios que as regiam, o que gera diversos
protestos. Data desta época a formação de grupos de estudo para elaboração
de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ao lado do
empenho na preparação de pesquisadores.
Antônio Moreira Couceiro, presidente do CNPq de 1964 a 1970,
endossando os interesses acadêmicos, empenhou-se em elaborar um plano, com
intensa participação de pesquisadores brasileiros, comprometendo-se a abrir, em
1968, 280 vagas para o curso de mestrado, mais de 125 para mestrado e
doutorado no exterior, quando não houvesse curso equivalente no país; mais de
340 cursos de mestrado (150 no exterior) em 1969, e mais de 540 (185 no
exterior), em 1970, acreditando que somente pela pós-graduação o Brasil poderia
remodelar o ensino em ciências nas universidades (MOTOYAMA, 2002).
Segundo Carvalho (2001, p. 25), a introdução dos cursos de pós-
graduação provocou um incremento da pesquisa, apesar de que os relatórios
sobre ciência e tecnologia do país nos anos 90 mostrassem que o percentual
de pesquisadores de Odontologia era relativamente pequeno em relação a
outras áreas da saúde e das ciências biológicas (Id.; 1995, p. 22). Comentam
Guimarães e Vianna (1994, apud Id.; Idib.; p. 25):
Introdução
13
A explosão da pós-graduação em Odontologia ocorre na década
de 80, em particular no que se refere aos doutorados, criados à
taxa de 3,3 por ano, entre 1985 e 1991. Em avaliação nacional
feita pela CAPES no período de 1990/91, havia 89 cursos de pós-
graduação (níveis de mestrado e doutorado) em Odontologia.
Desse total, 46 tinham conceito “A” e 21 conceito “B”. Ao mesmo
tempo, cresce a tradição dos cursos de especialização na
Odontologia, com oferta de 210 cursos em 1993.
A produção científica circunscrevia-se aos cursos de pós-graduação,
com algumas nuances de incentivo para a iniciação científica dos graduandos.
Tendo em vista a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, entendeu-se que
caberia à universidade proporcionar o ensino de excelência, visando à
formação de profissionais de alta qualidade, o que só poderia advir pelo
envolvimento dos professores com a pesquisa, isto é, a partir da formação do
professor-pesquisador pelos cursos de pós-graduação stricto sensu.
A busca do ensino de excelência deu-se principalmente pelo
fortalecimento do corpo docente. O currículo mínimo do curso de graduação,
como dispõe o artigo 26, da Lei n
o
5.540, de 28 de novembro de 1968, e o
Parecer n
o
370/82, homologado pelo Ministro da Educação e Cultura (NETO,
2003), privilegiou a adição da disciplina de Ciências Sociais (Sociologia,
Antropologia e Psicologia), Estudos dos Problemas Brasileiros, Metodologia
Científica e atividades extramuros. Tal movimento significou um avanço na
aproximação da universidade com a reflexão sobre a realidade social
brasileira e pesquisa, mas permaneceu a tendência do ensino acadêmico,
voltado para a formação técnico-profissional, sem alterar a estrutura
curricular, o que ocorreria com a LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
A tendência da formação profissionalizante do curso superior
prevaleceu na Odontologia, ao lado de outras possibilidades. Afirma Moreira,
(2003, p. 145):
A análise dos manuais de currículo escritos por autores brasileiros
como Dalila Sperb e Lady Lina Traldi, respectivamente o terceiro e
quarto livros-texto de currículo publicados no Brasil, confirmará o
ponto de vista de que o campo não era uma mera cópia da
tendência tecnicista americana. (...) No nível de organização
curricular, tanto Sperb como Traldi podem ser associadas a um
Introdução
14
mesmo tipo de interesse: a) quando o professor é visto mais como
líder do processo ensino-aprendizagem do que como autoridade;
b) na concepção de conhecimento como instrumento para
melhoria individual e social; c) na importância atribuída ao
pensamento reflexivo: “não apenas os líderes, mas também os
seguidores devem aprender a pensar” (Sperb 1966, p. XV); d) na
ênfase da resolução de problemas, criatividade, espírito científico
e cooperação; e) na preocupação com um planejamento científico
do currículo e com a construção de um ambiente escolar
democrático. Todos esses princípios refletem a influência de
autores progressivistas, como Dewey e Kilpatrick, por exemplo, e
apontam para um interesse em compreensão.
Frente à demanda por colocação de profissionais cada vez mais
qualificados no mercado, no contexto da organização do trabalho de caráter
fordista que se desenvolve no pós-guerra, as medidas educacionais, ao
menos na área da Odontologia, foram bem sucedidas. A Odontologia
brasileira destaca-se pela destreza clínica e tecnológica, com o
reconhecimento mundial dos nossos clínicos, além do respeito conquistado
pelos nossos pesquisadores.
A pesquisa associada à sofisticação tecnológica se
institucionalizava no reduto da pós-graduação stricto sensu. O distanciamento
entre os cursos - pós-graduação e graduação – não só no âmbito da
Odontologia, mas nos cursos universitários em geral, acabaria conduzindo,
entretanto, a um novo movimento de reflexão no sentido da expansão da
atividade de pesquisa à graduação.
1.3 A pesquisa na graduação
Todo o esforço em prol da pesquisa, além de impulsionar o
desenvolvimento das áreas que compõem as especialidades da Odontologia,
fez com que os nossos professores passassem a refletir sobre o sentido da
produção científica e das funções próprias de uma instituição de ensino
superior, incluindo a graduação.
O prof. Flávio Fava de Moraes, enquanto reitor da USP, afirma: É
preciso melhorar a qualidade da pesquisa, adequá-la às necessidades
Introdução
15
nacionais, aumentar a criatividade e, principalmente, estimular o crescimento
do número de estudantes e odontólogos envolvidos no assunto. O prof.
Tortamano refere: Em um país com problemas como o Brasil, em que
convivemos ao mesmo tempo com a pesquisa de ponta e sérios problemas
odontológicos, a pesquisa, em sua maior parte, deveria estar voltada à área
clínica. O prof. Simon Kon lembra: A pesquisa não precisa ser difícil, tem que
ser válida. E pode-se fazer uma porção delas utilizando elementos do dia-a-
dia (rev ABO nac, 1994).
O repensar sobre o papel da universidade e da pesquisa ganha
novo foco no contexto das novas exigências da sociedade globalizada, de
cunho fortemente concorrencial, cujo lema é flexibilidade, profissionais com
capacidades competitivas outras, além das estritamente técnicas, envolvendo
autonomia e pensamento reflexivo.
Em meio às disputas subjacentes às suas proposições e
encaminhamentos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96
é aprovada em 1996, reforçando a tríade ensino-pesquisa-extensão no ensino
superior, em concordância com a declaração da UNESCO, em 1998.
No artigo 1, que trata das missões e funções da educação
superior, alínea c: promover, gerar e difundir conhecimentos
por meio da pesquisa e, como parte dos serviços que há de
prestar à comunidade, proporcionar as competências técnicas
adequadas para contribuir para o desenvolvimento cultural,
social e econômico da sociedade, fomentando e
desenvolvendo a investigação científica e tecnológica.
O artigo 5 é dedicado à pesquisa: Ela é considerada como
função essencial de todos os sistemas de educação superior,
sendo que estes têm a obrigação de promover estudos de
pós-graduação. A universidade orientada para a pesquisa
assenta suas bases na inovação, na interdisciplinaridade e na
transdisciplinaridade (...) Na alínea “c” incrementar a
investigação em todas as disciplinas, compreendidas as
ciências sociais e humanas, as ciências da educação (incluída
a pesquisa sobre a educação superior), a engenharia, as
ciências naturais e as artes.. A universidade, trabalhando
conjuntamente o ensino e a pesquisa, potencializa a sua
qualidade (Conferencia Mundial sobre la Educación Superior,
1998, p. 7, tradução nossa)
Introdução
16
A Nova Lei de Diretrizes e Bases, de acordo com Ceccon (2000, p. 353),
Estabelece as principais normas de estruturação do ensino
brasileiro e as faculdades estão procurando, mesmo que de
forma discreta, projetos pedagógicos voltados para a formação
de um profissional mais engajado com a ciência e os
problemas sociais. Neste ponto, a LDB representa um grande
avanço: dá flexibilidade aos projetos pedagógicos, ou seja,
habilita as instituições de ensino a fazer uma grade curricular
condizente com as necessidades da região e, ao mesmo
tempo, adaptada à boa formação do aluno
.
Paralelamente a esse processo, instalou-se no Brasil um sistema
de avaliação dos cursos superiores e, conseqüentemente, a procura de
docentes com mestrado e doutorado tem aumentado (RANALDI apud Id.;
2000, p. 355), o que agilizou sobremaneira o processo de adaptação das
instituições de ensino superior às exigências legais e, mais importante, a
valorização da pesquisa e da produção científica brasileira.
A última organização curricular, proposta pelo Conselho Nacional
de Educação, em 1962, mostrou-se eficiente, mas já não dá conta de formar
o cirurgião-dentista com o perfil proposto para a sociedade global e novas
situações do mercado de trabalho.
A Odontologia depara-se com situação semelhante à enfrentada
pela Medicina algumas décadas anteriores: um contingente excessivo de
profissionais médicos, concentrados nos setores urbano-industriais. As
especialidades alcançaram uma complexidade técnico-científica tal que torna
quase impossível o trabalho isolado para atender às necessidades
terapêuticas. O trabalho autônomo, liberal, cujo custo tornou-se inacessível à
maioria da população acabou, juntamente com a sofisticação tecnológica,
impulsionando o trabalho em grupo, objetivando a diminuição dos gastos com
infra-estrutura (utilização do mesmo recurso tecnológico por vários médicos).
A intervenção do Estado, pressionado pela sociedade na garantia de
assistência médica por meio da Previdência Social, ao lado dos requisitos
tecnológicos e dos custos que inviabilizavam a prática liberal, concorreu para
novas modalidades de participação do mercado: o assalariamento e o
Introdução
17
empresariamento da assistência médica, parcerias com empresas privadas
de assistência médica, ao lado da expansão dos planos de saúde. De acordo
com Donnangelo (1975, p. 48), essas transformações comportariam
repercussões significativas:
O efeito mais significativo desse conjunto de fatores sobre a
integração do médico no mercado de trabalho é a perda de
autonomia, tradicionalmente representada pelo controle individual
sobre os principais elementos da produção nesse ramo: a
clientela, os instrumentos de trabalho, o preço do trabalho.
A Odontologia de São Paulo convive, hoje, com a mesma saturação
do mercado de trabalho, divergindo da categoria médica no que diz respeito à
amplitude do seu envolvimento com a assistência mantida pelo Estado. A
passos lentos, o atendimento odontológico vem sendo inserido no sistema
nacional de saúde.
A Odontologia vive momento singular, fato que pode ser
comprovado com a atenção que vem recebendo das
autoridades públicas. O momento expressa o desejo de
grande avanço, que possibilitará a valorização da Odontologia,
ampliação do mercado de trabalho e melhor atenção à saúde
bucal no Brasil. Como marco desta necessidade o governo
federal lançou no dia 17 de março de 2004 o programa Brasil
Sorridente, a saúde bucal levada a sério, no qual o governo
investiria R$1,3 bilhões... (MARTINS, 2004).
A crise que atravessamos hoje na odontologia brasileira,
demarcada pelo esvaziamento dos consultórios, as escolas de Odontologia,
cada vez mais sem alunos, denunciando o desalento momentâneo em
relação à profissão, ressaltam a necessidade de condições que propiciem a
formação do cirurgião-dentista, capaz de viabilizar soluções criativas e de
adequar-se ao mercado de trabalho. Hoje, a formação está voltada para o
profissionalismo liberal, privilegiando novidades tecnológicas, contemplando o
elitismo tradicional da assistência odontológica no país, como enfatiza
Carvalho (2001, p. 52):
Introdução
18
O modelo de ensino odontológico dá ênfase a especialidades
que requerem alta tecnologia para sua execução. Durante o
curso de graduação, implicitamente se destaca a importância
das especialidades. Em algumas instituições a falta de distinção
de limites de conteúdo entre o que é necessário para o exercício
da odontologia como clínico geral e como especialista gera uma
saturação de grade curricular, com autênticos “inchaços” nos
programas e nos créditos das disciplinas. Este modelo tem sido
adotado por grande parte das faculdades que, em conseqüência,
passam a justificar a necessidade de extensão do curso. Tal
modelo de ensino, conservador e elitista, estimula a
especialização precoce, inclusive, introduzindo esta tendência
ainda durante o curso de graduação.
A atividade econômica
requer pessoas que saibam lidar com uma variedade de
funções, com a agregação e a mobilização de trabalhos, e o
homem mais preparado para uma sociedade que se transforma
rapidamente é aquele que sabe se adaptar incessantemente,
pela formação contínua, às novas formas impostas pela
evolução científica ou tecnológica (PETEROSSI; ARAÚJO,
2003, p. 71).
As respostas às provocações dos novos tempos estão na ousadia
das soluções criativas e inusitadas e a pesquisa, neste espaço, ocupa lugar
de destaque.
No dizer de Ribeiro (2002), diante da sociedade de informação, das
transformações sócio-econômicas e pressões do Banco Mundial, observa-se
um movimento de abertura à diversificação organizacional, demarcando uma
inflexão com modelo único e tradicional de proposta curricular. Neste cenário,
a pesquisa e a produção científica sinalizam para os diferenciais na qualidade
do ensino, o que levará a modificações nos currículos.
No contraponto do movimento político de origens progressistas,
emerge o que Castanho (2000, p. 35) denomina de modelo neoliberal-
globalista-plurimodal de universidade, o qual estaria caminhando a passos
lentos, mas firmes, na direção de encampar as nossas escolas:
Introdução
19
O neoliberalismo é a denominação da ideologia que sustenta a
nova forma de produção do capitalismo. (...) A universidade,
neste contexto, é liberal e globalista e é também plurimodal.
Neoliberal porque se orienta não mais para as necessidades
das nações, mas para as exigências do mercado; é globalista
porque é o mundo que importa, não mais a nação; e
plurimodal porque assume mil formas, tantas quantas forem as
exigências das necessidades do mercado e da integração
deste mercado. O figurino da universidade já não é o de uma
instituição pluridisciplinar onde se cultiva o saber pela
pesquisa, a formação pelo ensino e o serviço pela extensão.
Reestruturam-se nesta nova conjuntura distintas e contraditórias
vertentes de interpretação das disposições legais, na reorganização do
ensino, em âmbito institucional.
A legislação (BRASIL, 2002, p.10), em consonância com as
propostas de flexibilidade do mundo global e da dinâmica da sociedade da
informação, assim descreve o perfil do formando:
Cirurgião-dentista, profissional generalista, humanista, crítico
e reflexivo, para atuar nos níveis de atenção à saúde, com
base no rigor técnico e científico. Capacitado ao exercício de
atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em
princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social,
cultural e econômica do seu meio. Dirigindo sua atenção para
a transformação em benefício da sociedade.
As Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em
Odontologia, no artigo 13, dispõem:
I – estabelecer com clareza aquilo que se deseja obter como um
perfil do profissional integral; na sua elaboração, substituir a
decisão pessoal pela coletiva. Deverão explicitar como objetivos
gerais e definição do perfil do sujeito a ser formado, envolvendo
dimensões cognitivas, afetivas, psicomotoras, nas seguintes áreas:
a)formação geral – conhecimentos e atitudes relevantes para a
formação científico-cultural do aluno;
b)formação profissional – capacidades relativas às ocupações
correspondentes;
c)cidadania – atitudes e valores correspondentes à ética
profissional e ao compromisso curricular;
Introdução
20
II – aproximar o conhecimento básico da sua utilização clínica;
viabilização pela integração curricular;
III – utilizar metodologias de ensino/aprendizagem, que permitam
a participação ativa dos alunos neste processo e a integração dos
conhecimentos das ciências básicas com os das ciências clínicas
e instituir programas de iniciação científica como método de
aprendizagem.
Parágrafo único. É importante e conveniente que a estrutura
curricular do curso, preservada a sua articulação, contemple
mecanismos capazes de lhe conferir um grau de flexibilidade que
permita ao estudante desenvolver/trabalhar vocações e potenciais
específicos (individuais).
Tais diretrizes, sem colocar em discussão o alcance de suas
interpretações, apontam para um quadro de mudanças, envolvendo o método
de ensino-aprendizagem e organização curricular. Silva (2003, p. 92) alerta
para a relevância de as universidades acompanharem as proposições
recomendadas, referindo que a ação educativa, não sendo neutra, pode
contribuir para a consolidação ou para a mudança de uma situação social.
Este processo suscita o repensar sobre o ensino acadêmico, reatualizando o
caráter estratégico do planejamento curricular na intermediação de espaços
ou eixos de abrangência e interesses diversos no âmbito da política
universitária.
Segundo Sant’anna (1998, p. 17), o currículo deve ser funcional,
promovendo não só a aprendizagem de conteúdo e habilidades específicas,
mas também fornecer condições favoráveis à aplicação e integração desses
conhecimentos, a fim de formar o indivíduo autônomo, responsável pelo seu
amadurecimento e consciente da realidade social do seu meio, participativo e
co-ator.
Feldmann (2003, p. 143) refere:
Na economia dita moderna, globalizada, tendo como
parâmetros produtividade e competitividade, diminui
sensivelmente a importância das tarefas repetitivas, rotineiras,
valorizando-se habilidades intelectuais, como autonomia,
flexibilidade, criatividade, visão de conjunto.
Introdução
21
De acordo com Castanho (2000, p. 88), muitos estão apostando na
mudança de velhas práticas, em um ensino que privilegie a produção do
conhecimento por parte dos alunos, o que implica numa revisão da ótica pedagógica.
Tal ensino, como comenta Cunha (1998, apud Id.; Ibid.; p. 81), envolve:
atividades que enfocam o conhecimento a partir da localização
histórica de sua produção e o percebem como provisório e
relativo; estimulam a análise, a capacidade de compor e
recompor dados, informações, argumentos, idéias; valorizam a
curiosidade, o questionamento exigente e a incerteza;
percebem o conhecimento de forma interdisciplinar, propondo
fontes de relações entre eles e atribuindo significados próprios
aos conteúdos, em função dos objetivos sociais e acadêmicos;
entendem a pesquisa como um instrumento de ensino e a
extensão como ponto de partida e de chegada da apreensão
da realidade; e valorizam as habilidades sócio-intelectuais
tanto quanto os conteúdos.
Para Balzan (2000), em lugar da aula em seu sentido mais comum,
configuram-se situações de ensino e aprendizagem em que professores e
alunos trabalham em conjunto na busca de soluções para problemas
científicos extraídos da realidade homem-natureza.
A pesquisa, antes acoplada ao currículo, atinge sua plenitude como
eixo articulador das disciplinas curriculares e como veículo de
ensino/aprendizagem.
Torna-se imperativo recriar o processo de aprendizado,
incorporando as novas tecnologias de informação, bem como
propiciar o desenvolvimento da autonomia do aluno e
cooperação com seus pares e professores (PETEROSSI;
ARAÚJO, 2003, p. 79).
Na literatura odontológica internacional sugestões curriculares
instituem novas metodologias de ensino/aprendizagem. Em relação à técnica
da problematização e do currículo baseado em problemas (PBL),
permanecem dúvidas quanto à sua efetividade para impulsionar os
estudantes à produção científica, como constatam Sursala et al. (2004), na
Escola de Medicina Dentária de Harvard.
Introdução
22
Segundo as novas proposições curriculares,
para pensar o ensino com pesquisa será preciso reverter a
lógica do ensino tradicional e tentar formulá-lo com base na
lógica da pesquisa. Só com este esforço pode-se pensar num
processo integrador na aula universitária.
Se quisermos falar em ensino com pesquisa, o mínimo que
temos de fazer é oferecer as condições básicas para o aluno
produzir, isto é, ler, refletir, observar, catalogar, classificar,
perguntar, enfim, ações básicas de quem investiga. E para isso é
preciso, no mínimo, tempo disponível. Estas considerações
procuram sustentar a argumentação de que é impossível construir
a indissociabilidade do ensino com pesquisa com a lógica
presente na estrutura curricular (CUNHA, 1997, p.83).
Já Bertolami (2002), aponta para a importância da ciência no
ensino odontológico, distinguindo pesquisa de instrução científica:
O entendimento do papel e da importância da pesquisa e
instrução científica na prática e educação odontológica exige a
apreciação da odontologia como uma profissão científica. Um
atributo fundamental para os membros de tal profissão tem de
ser a curiosidade intelectual – uma característica de
comportamento tão importante para o clínico quanto para o
cientista. Que os progressos em relação ao cuidado do
paciente resultam de avanços técnicos só possíveis através da
pesquisa é indiscutível. O que é mais obscuro, entretanto, é o
papel da pesquisa na educação dos dentistas e na vida dos
estudantes egressos. Em relação a esta questão, necessário
se faz distinguir entre pesquisa e instrução científica:
enquanto toda pesquisa qualifica-se como instrução científica,
nem toda instrução científica qualifica-se como pesquisa.
Embora o exato desempenho da pesquisa no processo
educacional esteja aberto para o debate, a importância da
instrução científica não está. Uma educação colorida pela
pesquisa é um caminho para alcançar o rigor intelectual
necessário para a profissão. A chave é cultivar nos estudantes
o gosto pela complexidade, para problemas e para resolução
destes. Todas as escolas de odontologia deveriam ajudar os
estudantes a adquirir tal gosto. Desta maneira, irão gerar
cientistas, mas, mais importante que isso, irão criar e formar
homens e mulheres da ciência. Apenas por se tornar uma
pessoa da ciência, há alguma esperança de que o clínico
esteja apto a adquirir e assimilar novo conhecimento e
adaptar-se às mudanças na prática e na profissão que o futuro
exige (tradução e grifos nossos).
Introdução
23
A ciência no ensino corresponde ao desenvolvimento do que
Fazenda (2002, p.16) chamou de o gosto por conhecer, a inquietude no
buscar e o prazer pela perfeição.
Pesquisa, segundo Minayo (1999), é a atividade básica das
Ciências na sua indagação e descoberta da realidade. Ao avanço do
conhecimento por construção de teorias Bulmer (1978, apud MINAYO, 1999)
classifica como Pesquisa básica.
Nesse sentido, a pesquisa, de acordo com Luna (2002), preenche
uma lacuna importante no conhecimento disponível em uma determinada
área do conhecimento.
Para o autor,
a pesquisa parte da formulação de um problema, isto é, um
conjunto de perguntas que se pretende responder, e cujas
respostas mostrem-se novas e relevantes teórica e/ou
socialmente; percorre o caminho da determinação das
informações necessárias para encaminhar as respostas; da
seleção das melhores fontes; da definição de um conjunto de
ações que produzam essas informações, da seleção de um
sistema para tratamento e de um sistema teórico para
interpretação das mesmas e finaliza pela produção de
respostas às perguntas formuladas, pela indicação do grau de
confiabilidade destas respostas e, também, pela indicação da
generalidade dos resultados (Id.; p.16).
Stashenko e Niederman (2002) propõem que todas as escolas de
Odontologia sejam direcionadas para a pesquisa, dentro de suas
possibilidades. Para tanto, é necessária a estruturação institucional que
envolve planejamento, a constituição de massa crítica, políticas de gestão e
infra-estrutura.
A crítica ao modelo odontológico tradicional é assim caracterizada:
Currículo supersaturado, ausência de integração entre as
ciências biomédicas e clínicas, ambiente de clínica que se
encontra totalmente afastado do meio acadêmico e de
pesquisa, sendo que a introdução dos estudantes à pesquisa
e à carreira acadêmica não conta com nenhum recurso
atrativo (Iacopino; Lynch; Taft, 2004, tradução nossa).
Introdução
24
Um novo modelo curricular deve proporcionar tempo suficiente para
treinamento em pesquisa, integrar as ciências básicas e clínicas e adotar a
abordagem da ciência baseada em evidência nos quatro anos de curso
odontológico (Id.;Ibid.; tradução nossa).
Lucarelli (2002) analisa o currículo em quatro dimensões: 1 a
instituição e seus processos - implica ações de tomada de decisão inerente a
todo o processo de planejamento ou estruturação formal do currículo, à
instituição compreende grupos ou organizações, como equipes técnicas do
Ministério do Educação, comissão de reforma curricular, docentes etc.; 2 a
instituição e os resultados - documentos, proposta curricular, processos de
seleção e organização; 3 os sujeitos e seus processos - atividades que
levam à reestruturação e modificações nos comportamentos dos atores pelo
ensinar e aprender; 4 os sujeitos e os resultados alcançados - aprendizagem
dos alunos e dos docentes como resultado das práticas pessoais,
conhecimentos, destrezas, habilidades, comportamentos afetivos, os efeitos
do currículo oculto (grifo nosso).
Moreira (1997) relata que o pós-modernismo assinala mudanças no
plano social, cultural e geográfico, produzindo novas formas de crítica
cultural. O currículo pode ser concebido e interpretado como um instrumento
privilegiado de construção de identidades e subjetividades, incluindo planos e
propostas (currículo formal), o que acontece nas escolas e nas salas de aula
(o currículo em ação), bem como normas e regras não explicitadas (o
currículo oculto).
Maia (2004, p.112), considerando o currículo como plano e
processo, ressalta sua provisoriedade, admitindo que há experiências não
planejadas que são parte do processo de formação do indivíduo, no contexto
de sua vida escolar, institucional.
O currículo formal, mesmo não abarcando a complexidade da
realidade processual, adquire fundamental relevância para que ocorram
reformulações intencionais. O currículo sintônico com a pesquisa para o curso
odontológico demandaria uma profunda reestruturação das faculdades
brasileiras, envolvendo: 1 definir uma política de pesquisa institucional já para
Introdução
25
a graduação, garantindo condições para sua implementação; 2 incentivar e
preparar o corpo docente para a realização de pesquisa e suas articulações
com o ensino; 3 estabelecer um projeto interdisciplinar capaz de garantir a
vinculação da pesquisa ao ensino; 4 flexibilizar a grade curricular, tendo em
vista um ensino centrado no aluno, e 5 utilizar cenários de aprendizagem que
insiram o aluno no atendimento odontológico em diferentes contextos sociais,
afim de romper com a divisão entre ciclo básico e profissionalizante.
A implementação de processos dessa ordem na graduação envolve
transformações profundas, constituindo um desafio a ser equacionado em
âmbito institucional, colocando em evidência a preocupação com a
identificação da política de pesquisa, da perspectiva da organização curricular.
Em meio aos sinais da crise do setor e dos enquadramentos
estabelecidos pela legislação e políticas adotadas, envolvendo a
disponibilização de recursos, instaura-se um clima de inquietação, favorável
às alterações curriculares.
A Lei contempla um espaço de flexibilidade na sua execução,
delineando o desafio de formar o sujeito ético, humanístico, crítico e reflexivo,
sem descuidar da formação técnico-profissional, a fim de atender às
aspirações dos profissionais e da população. Trata-se de implantar o espírito
investigativo, capaz de potencializar qualitativamente a prática profissional.
Nas instituições com histórias diversificadas, considerando a
flexibilidade requerida e/ou consentida pela Lei, como vem se dando a
configuração do currículo, no sentido do desenvolvimento da pesquisa? Entre
a idealização e a realidade, que desafios e projeções se colocam?
Em função destes questionamentos, delineia-se a convicção de que
existe a intenção institucional de revisão do currículo, tendo em vista as
Diretrizes Curriculares. Algumas alterações já estão em andamento, porém,
falta um planejamento abrangente de reforma, especialmente no que se refere
à construção de um currículo de graduação norteado pela lógica da pesquisa.
2. OBJETIVOS
Objetivos
27
1. Identificar a trajetória institucional de implementação da
pesquisa na estrutura curricular no curso de graduação em
Odontologia;
2. Caracterizar o espaço da pesquisa na organização curricular dos
cursos de graduação em Odontologia;
3. Dimensionar propostas e desafios de incorporação da pesquisa na
formatação curricular do curso de graduação em Odontologia,
tendo em vista as recomendações das Diretrizes Curriculares.
3. METODOLOGIA
Metodologia
29
3.1 Concepções
A pesquisa como caminho percorrido na construção do
conhecimento, desde a formulação de um problema até a constatação de
respostas prováveis e relevantes social e teoricamente, conforme Luna
(2002), tem como ponto de partida a teoria e a geração de hipóteses, o teste
dessas hipóteses, a discussão dos resultados obtidos, e, finalmente, o ponto
de chegada, que finaliza com conclusões e respostas à dúvida inicial, que
remete à teoria que a inspirou. A pesquisa não envolve apenas o
embasamento científico e a leitura da produção científica, que circunscreve a
instrução científica, mas também estimular o aluno a se tornarem produtores
de conhecimento novo, de acordo com Bertolami (2002).
A implementação da pesquisa exige transformações que vão além
das relações professor-aluno, no dizer de Cunha (1997), tornando-se
necessário um planejamento institucional voltado para a pesquisa, como
preconizam Stashenko e Niederman (2002).
Com estes olhares, nos direcionamos às instituições investigadas.
3.2 Delineamento do estudo
Partindo do pressuposto de que a composição curricular realiza-se
dentro de um determinado momento sócio-histórico e no espaço das
delimitações institucionais, selecionamos, para este estudo, três universidades
da cidade de São Paulo que, tendo sido fundadas em tempos diferentes,
comportam trajetos singulares no processo de incorporação da pesquisa.
Ao lado da viabilidade de acesso às informações, privilegiamos as
instituições que têm cursos de pós-graduação, como indicativo da existência
de pesquisa institucional. Circunscrito ao espaço da cidade de São Paulo,
focalizamos uma Faculdade de Odontologia da Universidade São Paulo (USP),
fundada nos anos 30; e duas do setor privado, a Universidade Paulista (UNIP),
fundada em 1971, e a Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), de 1981.
Metodologia
30
Nosso estudo, em caráter exploratório, compreende, numa primeira
fase, a identificação da trajetória das instituições no tocante ao
desenvolvimento da estrutura curricular e da implementação da pesquisa, a
partir da análise de documentos e entrevistas com os responsáveis ou que
respondiam pelos cursos de graduação.
Atendendo ao segundo objetivo, nos voltamos para o projeto
político-pedagógico institucional, na expectativa de destacar dados que
suportem a caracterização do currículo odontológico, particularmente no que
diz respeito à relação entre a sua formatação e os propósitos relativos ao
desenvolvimento de pesquisa na graduação.
Finalizando a coleta de dados, dando cumprimento ao terceiro
objetivo, procuramos detectar tendências em relação às perspectivas e
desafios que se colocam frente às alterações curriculares, necessárias para a
expansão da pesquisa no nível da graduação, com base em entrevistas com
os responsáveis pela condução do curso, nas respectivas faculdades.
Aprovado o projeto pelo Comitê de Ética da Unifesp, solicitamos à
instituição, na pessoa da direção, acesso aos documentos e a disposição
para entrevista. Em carta de apresentação (Anexo), explicitando os objetivos
da pesquisa, solicitamos o consentimento formal de acordo com o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo), conforme a Resolução 196/96,
artigo IV do Conselho Nacional da Saúde, Ministério da Saúde (ACCETTURI;
LOUSANA, 2002, p.53).
3.3 Instituição: pesquisa e currículo
O percurso histórico do desenvolvimento do curso de graduação
nas instituições estudadas envolveu a consideração da implementação
institucional da pesquisa e da forma como vem sendo incorporada na
estrutura curricular.
Na periodização das trajetórias institucionais, destacamos a
Reforma Universitária, em 1968, que impulsiona a incorporação da pesquisa
Metodologia
31
nas universidades, a LDB 9.394/96, que reforça a tríade ensino-pesquisa-
extensão como atividades constitutivas do ensino superior, e as Diretrizes
Curriculares (2002), que definem o perfil do cirurgião-dentista e as bases do
ensino de graduação em Odontologia.
Nos documentos das instituições, levantamos os seguintes dados:
1. Implantação do curso odontológico e contexto da expansão
institucional;
2. Missão da instituição;
3. Objetivos educacionais;
4. Perfil do aluno;
5. Titulação dos professores;
6. Reformas curriculares nas trajetórias institucionais;
7. Políticas de implementação da pesquisa;
8. Envolvimento dos estudantes com pesquisa.
Na Universidade de São Paulo, consultamos os documentos:
A monografia que descreve a história da Universidade de São Paulo desde a
fundação em 1934 até 1974. (FACULDADE DE ODONTOLOGIA, 1987);
Projeto pedagógico (2003);
Os estatutos disponibilizados no site (NAEG.
<http://naeg.prg.usp.br/infousp/usp/estatuto.phtml>. Acesso em 23 nov. 2004);
O site da FOUSP (FACULDADE DE ODONTOLOGIA.
<http://www.fo.usp.br/departamentos/index.html>. Acesso em 11 jan. 2004);
E o site FACULDADE DE ODONTOLOGIA.
<http://www.fo.usp.br/comissoes/pesquisa/index.html>. Acesso em 23 nov. 2004).
Na Universidade Paulista, os dados foram levantados por meio de
um roteiro entregue à secretaria do Instituto de Ciências da Saúde e pelo
projeto político-pedagógico (INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2003).
Metodologia
32
Na Universidade Cidade de São Paulo acessamos a seguintes fontes:
Um livro que retrata a história dos trinta primeiros anos da
UNICID (UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO, 2002),
que já incluiu o projeto político pedagógico;
O site de Ensino-Iniciação científica (<http://www.unicid.br>.
Acesso em: 11 jan. 2005);
O site de Pós-graduação e pesquisa (http://www.unicid.br).
3.4 Caracterização do currículo odontológico
Procuramos detectar, no planejamento curricular, indicativos que
possibilitassem verificar adequações realizadas ou em andamento,
especialmente, no tocante ao envolvimento da pesquisa no curso de
Odontologia, levando em consideração os seguintes tópicos:
1. Integração das ciências básicas com as ciências clínicas;
2. Utilização de fontes tecnológicas de informação;
3. Participação ativa dos alunos;
4. Utilização de métodos problematizadores no ensino;
5. Metodologia científica no programa do curso;
6. O espaço para a pesquisa na programação curricular.
Consultamos os caderno de ementas disciplinares das três instituições:
Projeto Pedagógico da Faculdade de Odontologia
(Universidade São Paulo), 2003;
Universidade Cidade de São Paulo: 30 anos fazendo história,
2002;
Instituto de Ciências da Saúde (Universidade Paulista), 2003.
Metodologia
33
3.5 A Pesquisa na reformulação curricular: perspectivas e desafios
A partir de entrevistas semi-estruturadas, com os responsáveis pelo
curso de Odontologia das universidades, procuramos identificar concepções,
conhecimentos, perspectivas e a viabilidade das propostas do currículo
odontológico, conforme os seguintes eixos temáticos:
1. Pesquisa e organização curricular
2. A pesquisa no ensino
3. Propostas e perspectivas de revisão curricular.
As entrevistas foram gravadas e transcritas. Procedemos à análise
dos conteúdos a fim de identificar projeções e tendências relativas ao
encaminhamento de um currículo sob a lógica da pesquisa.
Assim procedendo situamos a questão no plano da direção institucional,
cientes de que estaríamos identificando uma das vertentes sob as quais poderia ser
dimensionado o currículo, na situação concreta de sua existência.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados e Discussão
35
4.1 Instituição: pesquisa e currículo
4.1.1 Implantação do curso odontológico e contexto da expansão
institucional
Fundada em 25 de janeiro de 1934, a Universidade de São Paulo
1
incluiu a Escola Livre de Farmácia e Odontologia, de 1899.
O curso odontológico das primeiras faculdades de Odontologia que
surgiram no Brasil privilegiava o fazer, ou seja, a prática, em detrimento do
ensino científico. O currículo, de dois anos, abrangia um número limitado de
conteúdos disciplinares (PACE, 2001).
A Universidade de São Paulo representou uma promessa de incluir
as bases científicas e tecnológicas no curso de Odontologia, no contexto das
demandas nacionalistas, associado aos interesses da categoria odontológica
e entidades representativas, em prol da regulamentação da profissão
(CARVALHO, 1994).
No período de 1938 a 1941, remodelaram-se as instalações,
construindo-se um segundo pavimento onde foram montados modernos
laboratórios tecnológicos da cadeira de Química Industrial Farmacêutica e da
Clínica Odontopediátrica, sendo reorganizada a Biblioteca. Iniciaram-se os
serviços de assistência social, foi publicado o primeiro número de “Anais” da
Faculdade e contrataram-se especialistas estrangeiros. Entre 1941 e 1946, o
pavilhão de Anatomia e Prótese é inaugurado, dando continuidade à
contratação de professores estrangeiros
2
.
De 1948 a 1954, construíram-se novos pavilhões destinados à
Farmacologia Experimental e Laboratório clínico, dando ênfase à modernização
e enriquecimento da biblioteca, tornando-a uma das mais completas na área
químico-farmacêutica e odontológica. Foram instituídos os cursos noturnos de
Odontologia e Farmácia e cursos de pós-graduação para farmacêuticos. O Prof.
1
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo: 1934-1974, 1987
2
Id.; Ibid.; 1987
Resultados
36
Arthur Gabel, uma das grandes autoridades dos Estados Unidos na
especialidade, assumiu a cátedra de Técnica Odontológica
3
.
Em 7 de julho de 1962, ocorre a separação dos cursos de Farmácia
e Odontologia. O Prof. Antonio Adamastor Corrêa, que permaneceu na
direção do curso de Odontologia por 12 anos (desde 1961), desenvolve um
novo ritmo de ensino e de pesquisa. São construídas novas instalações e
modernizadas e ampliadas as existentes
4
.
A expansão se inscreve no contexto dos acontecimentos
internacionais da primeira metade do século XX e do pós-guerra, quando a
visão desenvolvimentista instalou-se no País, caracterizando o pano de fundo
para o desenvolvimento científico e tecnológico, marcado pela criação do
CNPq (1951) e CAPES (1952).
A Universidade de São Paulo implementa de uma política de
pesquisa, exemplo seguido pela Faculdade de Odontologia nas interações
entre a CAPES e a ABENO (esta última criada em 1956), o que, conforme
Rosenthal (2001), impulsiona o movimento de formação de mestres e
doutores, semanas e jornadas acadêmicas e importação de novas
tecnologias e materiais.
O Conselho Federal de Educação, a partir da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (1961), estabelece o currículo mínimo. Assim, o
curso de Odontologia passa a ter a duração de quatro anos: os dois primeiros
com disciplinas básicas e os dois últimos com disciplinas profissionalizantes,
organização que impulsiona à Reforma Universitária.
A reforma da universidade brasileira, encetada a partir de
1966, procurou introduzir modificações em sua composição e
funcionamento ‘visando sua eficiência, modernização,
flexibilidade administrativa e formação de recursos humanos
de alto nível para o desenvolvimento do país’, no dizer do
Grupo de Trabalho instituído em nível federal, especialmente
para estudar e propor as medidas consideradas adequadas.
Da mesma forma foram formados comissões e grupos de
trabalho no nível da universidade para o fim de situar e propor
as reformulações para o ensino superior
5
.
3
Id.; Ibid.; 1987
4
Id.;Ibid.; 1987
5
Id.; Ibid.; 1987, p.20
Resultados
37
Os novos estatutos da Universidade São Paulo, propostos e
aprovados em 1969, são frutos dessa orientação e, conforme
memorial da Comissão Especial para a Reestruturação da
USP, o espírito da reforma seria baseado, por um lado, na
conceituação de princípios filosóficos que definem uma
universidade e, por outro lado, na maior integração das áreas
de ensino existentes numa busca de processos e métodos
didáticos mais eficientes e atualizados, além do emprego de
recursos mediante os novos conceitos de administração do
ensino e pesquisa.
6
A Universidade de São Paulo passou a organizar-se em
grandes unidades, os Institutos e as Faculdades – estas,
embora mantendo a denominação antiga, passaram a
organizar-se também de acordo com a nova orientação. Cada
uma dessas grandes unidades foram ‘inter-relacionadas com
as demais, já que nenhuma persegue um fim separado das
demais: elas cumprem, articuladamente, tarefa comum de
investigação e ensino, já que estão todas referidas à unidade
do saber....sendo a separação entre elas uma mera
contingência do progresso do conhecimento, que já não
permite que alguém possa assenhorear-se do saber completo’.
Desta forma a Faculdade de Odontologia passou a constituir-
se numa dessas grandes unidades, componentes da
Universidade de São Paulo
7
.
Assim, a FOUSP passou organizar-se em departamentos, que são
as menores unidades do sistema do ensino superior, diretamente
responsáveis pelo ensino e pesquisa. Com a substituição da “Cátedra” pela
Carreira do Magistério, esses departamentos passaram a representar
justamente o âmbito onde se desenvolve essa carreira. Cada departamento
goza de ampla autonomia didática
8
.
Atualmente, a USP oferece dois cursos de Odontologia: integral
com duração de 9 semestres e noturno, com 12 semestres. O curso integral
tem 83 vagas e o noturno, 50. Oferece também cursos de pós-graduação em
nível de Mestrado e Doutorado
9
.
Se, por um lado, a autonomia, a modernização e a agilidade do
ensino, trazidas pela Reforma Universitária de 1968, resultaram no
comprometimento científico, vinculação do ensino à pesquisa e extensão, por
6
Id.; Ibid.; loc.cit.
7
Id.; Ibid.; loc.cit.
8
Id.; Ibid.; 1987, p.20
9
Projeto Pedagógico da Faculdade de Odontologia (Universidade São Paulo), 2003
Resultados
38
outro lado, abriram brechas para a criação de faculdades que não estavam
instrumentalizadas para honrar tal compromisso. As instituições de ensino
superior, em meio às dificuldades, procuraram responder às diretrizes da
Reforma Universitária.
Quanto à implantação da pesquisa institucional, restringem-se,
basicamente, à instalação de cursos de pós-graduação stricto sensu e
incentivo à titulação do corpo docente. No curso de graduação em
Odontologia, a Reforma adiciona ao currículo as disciplinas de Ciências
Sociais (Sociologia, Antropologia e Psicologia), Estudos dos Problemas
Brasileiros e Metodologia Científica.
Em entrevista, afirma o presidente da Comissão de Graduação da USP:
A última mudança de currículo foi em 1982. Veio do MEC a
instrução de introdução das Ciências Sociais em Saúde,
Psicologia, Antropologia, Metodologia Científica, Orientação
Profissional... As disciplinas foram enxertadas, mais nada. (...)
Há uma tradição de alterações curriculares feitas de
sobressalto, a ordem vinha de cima e todo mundo tinha que se
adaptar; eu acho que muitos professores ainda acham que a
universidade funciona assim.
A instalação das demais faculdades consideradas neste estudo
ocorre após a Reforma Universitária. Em 7 de janeiro de 1971, são fundadas
as Faculdades da Zona Leste de São Paulo (FZL), com a instituição do curso
de Odontologia somente em 1981; em 1992, a FZL transformou-se em
Universidade Cidade de São Paulo
10
.
Também foram criadas as Faculdades Objetivo, em 1972,
posteriormente transformadas em Universidade Paulista. O curso de
Odontologia foi implementado em 1981, dando origem à faculdade de
Odontologia Paulista até tornar-se Instituto de Odontologia Paulista – IOP
11
.
10
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO: 30 anos fazendo história, 2002
11
Informação da Secretaria do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Paulista, 2004
Resultados
39
4.1.2 Missão da instituição
A Universidade de São Paulo
procurou manter-se entre as primeiras no ensino de sua
especialidade, procurou tornar-se sempre melhor que si
mesma, por acreditar ser esta a maneira mais efetiva de dar
sua contribuição à Odontologia do Brasil e à Odontologia
como ramo das ciências
12
.
Mesmo diante da tendência a aumentar o número de vagas em
todos os cursos superiores, na década de 1970, a FOUSP optou por manter a
qualidade do ensino, equilibrando as condições de infra-estrutura e
preparação do corpo docente e o número de alunos, incentivando o
intercâmbio de estudantes, que constitui um instrumento de aproximação
entre países e contribui para a divulgação e aprimoramento do ensino em
escala mais ampla.
13
O Estatuto da Universidade de São Paulo
14
explicita, no artigo 2
o
,
suas finalidades:
I – promover e desenvolver todas a formas de conhecimento,
por meio de ensino e da pesquisa;
II – ministrar o ensino superior visando à formação de pessoas
capacitadas ao exercício da investigação e do magistério em
todas as áreas do conhecimento, bem como à qualificação
para as atividades profissionais;
III – estender à sociedade serviços indissociáveis das
atividades de ensino e de pesquisa.
Artigo 3
o
– A USP, como Universidade pública, sempre aberta
a todas as correntes de pensamento, reger-se-á pelos
princípios de liberdade de expressão, ensino e pesquisa
.
12
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO: 1934-1974, 1987, p.14
13
Id.; Ibid.; 1987, p.15
14
NÚCLEO DE APOIO AOS ESTUDOS DE GRADUAÇÃO. Estatuto da Universidade São Paulo, 2003
Resultados
40
Atualmente,
a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
possui como uma das suas características de qualidade e
referência a produção e disseminação do saber. O seu curso
de graduação representa a base para o permanente processo
de educação continuada que se espera de um profissional da
área da saúde. O objetivo do curso de graduação em
Odontologia é de diplomar um Cirurgião-Dentista com
formação crítica, autocrítica, humanística, ética e científica
15
.
Seu projeto político-pedagógico
16
considera a formação
humanística essencial para o profissional de saúde, exigindo o adequado
preparo em áreas das ciências humanas como, por exemplo, a Sociologia e a
Psicologia.
A formação ética é uma imposição do mundo atual; a
sociedade brasileira clama por respeito aos preceitos éticos
em todas as áreas, em todos os momentos, indistintamente,
devendo ser formada nas mentes com base na consciência de
que o ser humano é ao mesmo tempo indivíduo, parte da
sociedade e da espécie.
E, ainda,
o conhecimento científico trará a evolução do aluno para que
ele adquira conhecimentos, habilidades e comportamento que
permitam decidir e atuar com segurança e propriedade na
prevenção e tratamento das doenças buco-maxilo-faciais e na
promoção da saúde, ao final do curso, estará consciente do
término da primeira etapa da educação continuada.
Quanto à UNICID
17
, tem por finalidade:
produzir ciência, técnica e cultura em geral, promovendo a
construção do homem; e, como objetivos precípuos, o
desenvolvimento das ciências, letras e artes, o incentivo e a
realização da pesquisa, a difusão do saber, a preservação e a
promoção da cultura e do bem-comum e a formação de
15
PROJETO PEDAGÓGICO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA (Universidade de são Paulo), 2003, p.1
16
Id.;Ibid.;2003
17
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO: 30 anos fazendo história, 2002
Resultados
41
profissionais de nível superior. Em síntese, sua preocupação
volta-se tanto para a instrução como para a formação do
aluno, capazes de habilitá-lo para o exercício das diferentes
profissões e para o exercício consciente da cidadania, na
busca da construção do homem político, que participa e atua
efetivamente no meio social em que está inserido.
Sua missão (a partir de 1998) é
contribuir para a formação integral do homem tornando-o
empreendedor e crítico, habilitando-o e credenciando-o para o
exercício profissional, mediante ensino, pesquisa e extensão
de qualidade e oferecendo à comunidade local e naciona,
serviços educacionais e profissionais e produtos científicos.
Segundo o projeto político-pedagógico da UNIP
18
, a missão da
Universidade está intrinsecamente relacionada a um compromisso
permanente com princípios e propósitos que lhe imprimam um caráter,
diferenciando-a de outras instituições congêneres. Sua missão é promover o
ensino, a pesquisa e a extensão, aplicando-os a serviço do progresso da
comunidade que vive em sua área de abrangência e influência, contribuindo
para o fortalecimento da solidariedade entre os homens e para o esforço de
desenvolvimento do País.
As discussões em torno da Nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, desde a década de 70 (SAVIANI, 2002), apontam a
missão da Universidade. Nesse sentido, a USP efetuou reformulações no
esforço de aproximar a universidade aos problemas sociais, reforçando a
vinculação ensino-pesquisa-extensão.
As universidades privadas, na esteira da USP, destacam, no plano
discursivo, a relevância de promover a responsabilidade social do aluno.
18
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (Universidade Paulista), 2003.
Resultados
42
4.1.3 Objetivos Educacionais
Da fundação até 1974, a USP
19
tinha como objetivos a atualização
constante do ensino do ponto de vista metodológico; desenvolvimento e
objetivação da atividade de pesquisa; melhorar e ampliar os serviços
prestados à comunidade intra e extramuros. O projeto político-pedagógico
20
aponta para os seguintes objetivos:
1- colher, observar e interpretar dados para construção de
diagnósticos através do entendimento crítico de princípios
diagnósticos e terapêuticos que possibilitem o exercício profissional
fundamentado em evidências científicas;
2- orientar, diagnosticar, prevenir e tratar as doenças e alterações
funcionais buco-maxilo-faciais, bem como suas urgências, sabendo
reconhecer os limites de sua ação;
3- desenvolver raciocínio lógico e análise crítica para que os
conhecimentos da estrutura e funções de órgãos, sistemas e
aparelhos permitam compreender processos de saúde e de doença;
4- adquirir habilidades básicas específicas da profissão para propor e
executar planos de tratamentos adequados, considerando os
pacientes na sua integridade física e psico-social;
5- promover a preservação da saúde bucal, levando-se em
consideração as condições sócio-econômicas e culturais da
comunidade;
6- promover esforços educacionais para prevenção de doenças bucais
que venham a representar riscos à vida ou à qualidade de vida da
população;
7- comunicar-se com pacientes, com profissionais de saúde e com a
comunidade em geral;
8- capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares e atuar como
agente de promoção de saúde;
9- planejar, assessorar e administrar serviços de saúde comunitária e
individual, pública ou privada;
10- acompanhar e incorporar inovações científicas e tecnológicas no
exercício da profissão;
11- desenvolver relações humanas com a equipe de trabalho e com
pacientes, ressaltando os aspectos bioéticos;
12- integrar conhecimentos básicos aos aplicados;
13- conscientizar-se da importância de sempre acompanhar, discutir e
opinar sobre as diretrizes de ‘Políticas de Saúde’; 1
14- desenvolver conhecimentos do método científico, inclusive o da
investigação clínica através de treinamento em pesquisa em
programa de iniciação científica.
A UNICID
21
define como seus objetivos educacionais:
19
FACULDADE DE ODONTOLOGIA, 1987, passim
20
PROJETO PEDAGÓGICO..., 2003, passim
21
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO: 30 anos fazendo história, 2002
Resultados
43
1- promover a educação geral e integral do homem, através do seu
desenvolvimento intelectual, artístico, social, espiritual, moral e cívico;
2- formar profissionais e especialistas, em nível superior, para as
exigências do mercado de trabalho, com vistas ao desenvolvimento
sócio-econômico e cultural do país;
3- promover e apoiar a realização de pesquisas, nos diversos campos
das atividades humanas, visando o desenvolvimento científico-
tecnológico e a busca de alternativas de soluções para melhoria das
condições de vida do homem;
4- estender o ensino e a pesquisa à comunidade, mediante cursos,
serviços e outras atividades, procurando concentrar esforços para o
desenvolvimento de ações integradas e integradoras;
5- manter intercâmbio cultural, científico, tecnológico e outros com
instituições nacionais e internacionais, visando mútuo aprimoramento
científico e tecnológico;
6- ser uma instituição aberta a todas as formas de conhecimento, com
espírito crítico, na busca constante da verdade, cultivando as
diferentes formas de saber, com liberdade e responsabilidade;
7- ser uma instituição promotora de desenvolvimento permanente, de
aperfeiçoamento e atualização dos graduados e licenciados
.
O objetivo da UNICID, como afirma em entrevista o diretor da
Faculdade de Odontologia, é criar, senão a melhor, uma das melhores
faculdades de Odontologia do País. Contamos, para isso, com corpo docente
qualificado, sendo 85% a 90% professores da USP. A Faculdade, na época
(da fundação), já tinha caráter social.
Segundo seu projeto político-pedagógico
22
, a UNIP tem como objetivo
a qualificação de seus alunos com oferta de cursos na área da saúde, orientados
para uma visão crítica da realidade brasileira e para a efetiva participação no
processo de saneamento dos problemas de saúde da população.
Em entrevista, o diretor do Instituto de Ciências da Saúde afirma:
A meta da universidade era criar cursos de qualidade, cursos
que naquela época (da fundação) se aproximavam ou se
igualavam à USP, que era tomada como base. (...)
Disputamos no mercado com cursos de qualidade acima
daquela que existia no mercado - nós tínhamos Centro de
Laser, Liga de Combate ao Câncer, atendimento a pacientes
especiais, atendimento de pacientes com AIDS.
22
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (Universidade Paulista), 2003
Resultados
44
O entendimento da LDB 9394/96, assim como o processo de
adequação às novas exigências e a prática da pesquisa se faz em ritmos
diferentes nas universidades.
Na USP, o projeto político-pedagógico mais recente (2004)
contempla o treinamento em pesquisa na iniciação científica.
A UNICID propõe-se promover e apoiar a realização de pesquisas.
A UNIP, entretanto, não menciona, formalmente, a pesquisa como parte
integrante dos seus objetivos educacionais.
Na USP, a formação visa ao aperfeiçoamento necessário para a
aplicação de uma terapêutica eficaz, o que envolve estudos sobre o
comportamento social e somático do paciente, matérias específicas e
formação ética
23
.
4.1.4 Perfil do Aluno
O projeto pedagógico da FO
24
propõe formar um profissional de
perfil humanístico, ético e científico com conhecimentos, habilidades e
comportamentos que possibilitem decidir e atuar com segurança e
propriedade na prevenção e tratamento de doenças buco-maxilo-faciais e na
promoção da saúde, tendo consciência da necessidade de constante
atualização e compromisso com a sociedade.
O projeto político-pedagógico da USP
25
explicita que a formação
ética e humanística refere-se à adequada postura profissional, aplicação dos
conhecimentos preventivos de saúde bucal, participação em programas de
educação continuada e de investigações científicas, respeitando os princípios
da bioética e buscando soluções para os problemas de saúde bucal da
comunidade. A formação científica
26
do aluno deve apoiar-se em sólidos
alicerces científicos. A tecnologia está a serviço do ensino. Este não pode
estar baseado sobre uma única filosofia ou técnica; o aluno deve ser formado
23
FACULDADE DE ODONTOLOGIA, 1987, passim
24
PROJETO PEDAGÓGICO..., 2003, passim
25
Id.; 2003, p.2
26
PROJETO PEDAGÓGICO, op.cit., p.3
Resultados
45
com senso crítico para analisar as diferentes filosofias e técnicas de
diagnóstico e tratamento, sabendo decidir sobre a conduta a seguir, cabendo
ao corpo docente a responsabilidade de abrir os horizontes do corpo discente.
O projeto político-pedagógico da USP descreve:
O aluno deverá incorporar os avanços científicos e tecnológicos
das áreas médicas e odontológicas em todo o seu ciclo das
ciências básicas fundamentais assim como no ciclo
profissionalizante em relação ao diagnóstico, prevenção e
tratamento das doenças e alterações funcionais buco-maxilo-
faciais, indicar e executar medidas terapêuticas de urgência. A
capacidade crítica e de autocrítica será estimulada através da
leitura, interpretação de textos científicos, seminários, práticas de
laboratório, clínicas interativas e integradas e aulas teóricas
incorporando os recursos da informática para educação à
distância, desenvolvendo, paralelamente, programas de cultura
geral. A interdisciplinaridade e transdiciplinaridade devem ser
incentivadas para que o aluno seja preparado para avaliar
criticamente os desafios com os quais irá se deparar
27
.
Comenta o presidente da Comissão de Graduação da USP:
O aluno é bem formado nas especialidades, mas não tem,
infelizmente, uma conexão entre as disciplinas. O aluno USP é
bom e a capacidade intelectual dele permite que consiga fazer
a integração, mas a faculdade nunca conseguiu isso, tenho fé
que o estágio curricular vá preencher esta lacuna.
A UNICID, segundo seu projeto político-pedagógico
28
, forma o
cirurgião-dentista, o clínico geral, com filosofia preventiva, apto e
conscientizado para atuar na comunidade e com habilidades para aplicar
princípios biológicos, técnicos e éticos com vistas a resolver os problemas
das doenças buco-dentais.
Afirma em entrevista o ex-diretor, fundador do curso de graduação
em Odontologia da UNICID:
27
Id., p.3
28
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO,2003, passim
Resultados
46
Formar profissionais aptos para enfrentar o mercado de
trabalho que, na ocasião, exigia o profissional especialista.
Embora tenhamos dado um caráter social no início (...) o perfil
hoje é de um profissional mais elitizado, não preparado para o
atendimento da comunidade. O projeto de reestruturação a
partir de 2000 está mais voltado para a comunidade, para ir
transformando paulatinamente a filosofia de ensino e preparar
profissionais para a comunidade.
Segundo o projeto político-pedagógico da UNIP
29
, o cirurgião-
dentista deve possuir todos os conhecimentos e habilidades necessárias para
o diagnóstico e tratamento das afecções bucais. O caráter multidisciplinar do
curso deve conferir ao recém-formado amplo domínio da prática clínica que
lhe possibilite gerar e disseminar novos conhecimentos dentro do seu campo
de trabalho, estar apto a utilizar novas técnicas e materiais odontológicos e
praticar a odontologia preventiva tanto em consultórios particulares como em
instituições de saúde pública.
Segundo o diretor do Instituto de Ciências da Saúde. (...) a UNIP
visa à formação do generalista, o dentista da família.
Observa-se maior preocupação com o conhecimento científico na
Universidade de São Paulo. Nas universidades particulares o projeto
pedagógico, de forma sumária, destaca a aquisição de habilidades práticas,
utilização de equipamentos e materiais de alta tecnologia e relevância de uma
prática ética.
Na USP, talvez por sua tradição em pesquisa, ocorre compromisso
maior com a formação científica e crítica do aluno.
A leitura e interpretação de textos científicos e atividades, como as
de laboratórios, clínicas e salas de aula, contribuem para a formação do
sujeito consciente e crítico, porém, não levam à emancipação do educar pela
pesquisa que, segundo Demo (2003), está baseada no questionamento
reconstrutivo.
29
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2002, passim
Resultados
47
4.1.5 Titulação dos professores
O curso de graduação em Odontologia da USP conta hoje com 148
professores, 12,8% titulares, 29% associados e 58% doutores
30
.
Poucos são os docentes que têm titulação inferior ao doutorado, devido
às exigências de incorporação e progressão na carreira profissional na instituição.
A UNICID, em 1972, contava com 8,8% de mestres; em 1992, com
18,6% de mestres e 8,1% de doutores. Em 2001, 40,5% eram mestres, 17,4%
doutores e 2,1% tinham pós-doutorado
31
.
A UNIP conta hoje com 40 doutores (29,5%), 11 doutorandos
(7,9%), 59 mestres(42,1%), 7 mestrandos (5%), 16 especialistas (11,4%) e 7
graduados (5%)
32
.
No caso das Universidades particulares, o número menor de
titulação docente pode ser atribuído à sua fundação mais recente, a que se
acrescentam limitações nas aplicações orçamentárias e investimentos na
estruturação da carreira docente. O número crescente de docentes titulados,
muito inferior aos da FOUSP, acompanha, ainda, a presença de cursos de
pós-graduação lato e stricto sensu no espaço institucional.
A UNIP oferece cursos de mestrado em três áreas: Clínica Infantil-
Ortodontia, Diagnóstico Bucal-Semiologia e Endodontia, a UNICID mestrado
profissional em Ortodontia (CAPES, 2005).
Em entrevista, o presidente da Comissão de graduação da USP ressalta:
Na verdade o docente não deve ser cobrado só por pesquisa
dentro da universidade; ele tem que ser cobrado nas três
áreas, ele pode ser mais forte em uma das três, na extensão,
na graduação ou na pesquisa, mas...ele tem que ser analisado
no geral, não só em pesquisa.
Se o processo da ampliação da capacitação docente,
paralelamente ao desenvolvimento da pós-graduação potencializa a
30
FACULDADE DE ODONTOLOGIA (Universidade SãoPaulo). Departamentos. Disponível em:
http://www.fo.usp.br/departamentos/index.html. Acesso em: 11 jan. 2005.
31
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO: 30 anos fazendo história. 2002
32
Informação concedida pela secretaria do Instituto de Ciências da Saúde (Universidade Paulista)
Resultados
48
implementação do ensino pela investigação nas universidades, ressalta-se o
perigo de se ver restringida a importância da pesquisa à obtenção de títulos e
à produtividade.
4.1.6 Reformas curriculares nas trajetórias institucionais
Em 1934, o curso odontológico da USP era constituído pelas
cadeiras de Eletroterapia e Radiologia Aplicadas, Cirurgia da Boca, e
Odontopediatria, anexo à cadeira de Ortodontia
33
.
Em 1974, as disciplinas Genética, Anatomia, Histologia, Fisiologia,
Farmacologia e Microbiologia estabelecem as bases biomédicas para o
diagnóstico com instrumental técnico e analítico, fornecido pelas disciplinas
Patologia, Semiologia e Radiologia
34
.
Dentre os estudos pré-clínicos, Escultura Dental e Materiais
Dentários tratam da conformação dos dentes, assim como elementos e
materiais e Farmacologia, a farmacodinâmica dos medicamentos, suas
propriedades e aplicações.
As disciplinas Estudos Sociais, Prevenção, Odontologia Legal,
Deontologia, Orientação Profissional e Estudos de Problemas Brasileiros
procuram desenvolver a compreensão e a responsabilidade, situando o
paciente e a própria atividade no tempo, no espaço e na sociedade.
A integração dos estudos é feita pela terapêutica, ou seja, a
intervenção propriamente dita sobre a doença pelas disciplinas Dentística,
Prótese, Endodontia, Periodontia, Cirurgia, Traumatologia, Prótese Buco-
maxilo-facial, Fisioterapia, Odontopediatria e Ortodontia.
O curso, atualmente, é de quatro anos e meio para o diurno e seis
anos para o noturno
35
. A formação básica está concentrada em disciplinas
como Biologia, Fisiologia, Histologia, Anatomia, entre outras, nas quais se
estuda a relação da boca com o corpo do paciente.
33
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO: 1934-1974, 1987
34
Id. Ibid., 1987
35
PROJETO PEDAGÓGICO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA (Universidade de São Paulo), 2003
Resultados
49
A partir daí, o estudante inicia o trabalho com materiais
odontológicos aplicados em manequins, até chegar à prática clínica. As áreas
de especialização são: Endodontia, Ortodontia, Periodontia, Radiologia,
Traumatologia, Implantodontia, Patologia Bucal, Dentística Restauradora,
Cirurgia, Odontopediatria, Saúde Coletiva, Odontologia Legal, Prótese
Dentária e Estomatologia.
O currículo, hoje, é constituído de conteúdos básicos e
profissionalizantes que devem ser ensinados com enfoque unificador. O
conhecimento fragmentado em disciplinas impede de operar o vínculo entre
as partes e a totalidade, devendo ser substituído pelo conhecimento global,
capaz de apreender o objeto em seu conjunto. O curso integral tem duração
de 9 semestres e o noturno de 12 semestres, com carga horária de 5265
horas. O regime de matrícula é semestral. Existem disciplinas obrigatórias e
optativas, semestrais ou anuais. Nesse contexto deve-se buscar a integração
e compatibilização das disciplinas (integrações horizontais “básico-básicas” e
“clínico-clínicas” e da integração vertical “básico-clínica” e promover a relação
transversal “ciências odontológicas-ciências sociais”, “odontologia-gestão” e
“odontologia- ciências exatas)”
36
.
Relata o presidente da Comissão de Graduação da USP:
Reformulou-se a questão da Metodologia Científica -
introduzimos uma disciplina de Epidemiologia em Saúde Bucal.
Há uma preocupação constante com o ensino mais moderno,
com a técnica mais adequada. O aluno já consegue avaliar a
realidade daquele ensinamento, do impacto que aquilo tem
realmente para ele. O aluno sabe, cada vez mais cedo, desta
crise. O aluno já consegue ser crítico. Há uma conscientização
mais clara das responsabilidades coletivas, da responsabilidade
social, os alunos se interessam profundamente por fazer
estágios, por estar em contato com a realidade, de procurar
novos conhecimentos, novas formas de fazer Odontologia,
novos ambientes de aprendizagem. (...) Quanto à proposta de
mudança, para nós está claro que estamos num processo
contínuo que é sutil, é proposital ser sutil.
36
PROJETO PEDAGÓGICO...., op.cit., p.5
Resultados
50
No currículo da UNIP
37
, que entrou em vigor em 1981 e perdurou
até 1997, o curso era anual. O primeiro ano do curso era composto das
disciplinas de Anatomia (incluindo Desenho e Escultura Dental), Bioquímica,
Biologia Geral, Histologia e Embriologia, Materiais Dentários, Fisiologia,
Ciências Sociais (Antropologia e Sociologia), Introdução à Odontologia
Preventiva, Estudos do Mundo Contemporâneo, Educação Física. No
segundo ano, Patologia Geral e Bucal, Microbiologia, Imunologia e
Parasitologia, Odontologia Preventiva I, Dentística Operatória, Radiologia,
Farmacologia, Prótese Dental, Cirurgia, Traumatologia e Anestesiologia I,
Ciências Sociais (Psicologia). No terceiro ano, Prótese Dental II, Endodontia,
Cirurgia Traumatologia e Anestesiologia, Diagnóstico Bucal (Semiologia),
Odontologia Preventiva II, Periodontia I, Odontologia Social (Ética) e
Metodologia Científica, Dentística Restauradora, Ergonomia,
Odontopediatria/Ortodontia. No quarto, Periodontia II, Prótese Dental III,
Odontopediatria/Ortodontia, Odontologia Legal (orientação), Clínica Integrada
e Terapêutica Clínica, Cirurgia e Traumatologia e Anestesiologia III.
Em 1998, quando curso passou a ser semestral, foram feitas
algumas alterações na carga horária e extinção de algumas disciplinas. Em
2002, duas disciplinas de Odontologia Integrada foram implantadas, nos 3
o
,
4
o
, 5
o
e 6
o
semestre e, a partir daí, até 2004, as alterações se fizeram na
nomenclatura das disciplinas.
Comenta o diretor do Instituto de Ciências da Saúde da UNIP:
A escola não mudou, evoluiu. A visão é muito mais de um
projeto comunitário. O Governo se preocupa com o Programa
de Saúde da Família e nós temos que girar em torno deste
programa. A faculdade evoluiu no sentido pedagógico, no
sentido humanístico. A Odontologia era totalmente tecnicista,
hoje não, hoje já se vê o paciente como um todo, nosso aluno
amadurece um pouco mais rapidamente. Hoje fazemos parte
de um contexto de um Programa de Saúde. O aluno precisa
ter um pouco de visão de clínica médica, mas a Odontologia
continua com seu ranço tecnicista.
37
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (Universidade Paulista), 2003
Resultados
51
Na UNICID, segundo o ex-diretor do curso de graduação de
Odontologia, a faculdade tinha uma proposta sem integração entre as
disciplinas. As filosofias das escolas eram estanques, não (contemplava) a
integração Hoje, não (é mais assim)... deixamos uma proposta de integração.
O currículo, com disciplinas básicas e profissionalizantes, é o formato
tradicionalmente adotado pela maioria das Faculdades de Odontologia. Segundo
Araújo (2004), o modelo tradicional, que perdura até nossos dias, baseado no
Relatório Flexner, americano, enfatiza a pesquisa biológica como base do ensino,
levando a uma formação fundamentalmente tecnicista.
O currículo tem sido visto, até os dias atuais, como um elenco de
disciplinas distribuídas de maneira lógica, para o aprendizado primeiro da
teoria, depois da prática. A aproximação com a ciência se faz pela
informação, provida pelos professores, atualizados dentro do seu campo do
saber. Apesar da sua utilidade no aprendizado de uma profissão, este
formato curricular não condiz com uma ótica mais ampla da realidade social,
científica e profissional.
A ciência evoluiu, a sociedade informatizada mudou e as competências
profissionais, conseqüentemente, exigem outro patamar de formação. As
Diretrizes Curriculares (2002) para os cursos de graduação em Odontologia
preconizam a utilização de metodologias de ensino/aprendizagem que
possibilitem a participação ativa dos alunos, a integração dos conhecimentos das
ciências básicas com os das ciências clínicas e a instituição de programas de
iniciação científica como método de aprendizagem.
A pesquisa, nesse contexto, proporciona um aperfeiçoamento
profissional na medida em que permite a busca da informação, abrindo
espaço para a reflexão e desenvolvendo o pensamento crítico. Quanto maior
sua aproximação com a realidade prática profissional, maior o enriquecimento
do aprendizado no sentido ético, humanístico e social. Além de impulsionar a
busca de respostas que ampliam o aprendizado profissionalizante, a dúvida é
sempre um ponto de partida para abrir horizontes.
Resultados
52
Embora, não atendendo à abrangência do aprender pela pesquisa,
as três instituições atendem facetas das proposições preconizadas,
sinalizando para processos de adequação singulares, condizentes com a
realidade de cada uma.
4.1.7 Políticas de implementação da pesquisa
No âmbito da Universidade de São Paulo
38
, o ensino das cadeiras
básicas no campo das ciências biológicas passou por um processo de
reestruturação em 1969, por ocasião da Reforma Universitária. Antes dessa
data, a área já se achava bastante desenvolvida nas seguintes unidades:
Faculdade de Medicina, Odontologia, Medicina Veterinária, Enfermagem,
Obstetrícia, Farmácia e Saúde Pública. A fusão das cadeiras básicas carreou
a expressiva tradição acadêmica e científica para o Instituto de Ciências
Básicas (ICB), que passou a ser responsável pelo ensino do ciclo básico de
áreas profissionalizantes. O ICB realiza também intensa atividade de
pesquisa, por seus sete departamentos, em áreas que envolvem desde a
Neuroanatomia, Farmacologia, Bioquímica, até a Fisiologia Renal, Biologia
Molecular, Virologia, Microbiologia, Imunologia Pediátrica.
No mundo das investigações médicas e biológicas, o êxito das
pesquisas se deve a vários fatores, que incluem ampla infra-estrutura:
laboratórios, equipamentos e instalações. É preciso, por um lado, dispor de
equipamentos científicos de alta precisão e, por outro, ter domínio de um
sistema experimental montado em torno de animais-cobaia: as unidades de
biotério. O ICB tem seu próprio biotério, responsável pela criação de animais de
diferentes espécies para desenvolvimento dos trabalhos. Junto ao departamento
de Imunologia, o biotério de camundongos isogênicos atende aos
departamentos do Instituto e a várias entidades paulistas e brasileiras,
fornecendo animais da melhor qualidade biológica do país. O Instituto dispõe
também de um biotério central, ambos devidamente instalados para o
38
FACULDADE DE ODONTOLOGIA (Universidade de São Paulo): 1934-1974, 1987
Resultados
53
desenvolvimento de colônias desta categoria. As pesquisas em ciências
biomédicas constituem-se, sem dúvida, num dos setores de vanguarda da USP.
A Universidade de São Paulo tem acompanhado o crescimento da
informática, visando agilizar a circulação das informações técnico-científicas,
em conexão com as redes acadêmicas internacionais, já intensamente
disseminadas nos Estados Unidos e Europa. A Fundação de Amparo à
Pesquisa (FAPESP) lançou, em 1988, as bases do projeto ANSP- Academic
Network at São Paulo, visando prover a comunidade científica de meios para
a comunicação de seus pares no país e no exterior. No mesmo ano, a ANSP
já estava integralmente configurada e internacionalmente inscrita como rede
cooperante da Bitnet Because it’s time Network, uma das redes de maior
amplitude e popularidade na época. A partir da FAPESP, a rede espraiou-se
por muitas instituições e a USP foi a primeira a conectar-se com linha
dedicada à mesma. Em final de 1989, o CNPq, notando a necessidade de
coordenação nas conexões interestaduais e de montagem de uma estrutura
nacional, lançou a RNP - Rede Nacional de Pesquisa -, sendo a linha da
Fapesp/ANSP a principal saída para o exterior dessa rede. Em 1991, a ANSP
introduziu no Brasil a Internet e rapidamente a USP a ela se integrou pela
USPnet, trazendo a seus pesquisadores a possibilidade de acesso às
comunidades científicas internacionais
39
.
O ritmo de produção de informações técnico-científicas e o
panorama de intensas transformações da sociedade contemporânea têm
levado os profissionais da área de bibliotecas à busca sistemática de
processos que agilizem a disseminação e tornem mais veloz o acesso às
informações. Atualmente, um dos principais recursos facilitadores da
localização e obtenção da informação é o compartilhamento dos serviços
entre bibliotecas ou sistemas e redes de informação, utilizando instrumentos
adequados
40
, como catálogos coletivos, bibliografias, bases de dados
bibliográficos combinados às novas tecnologias de armazenamento e
comunicação de dados. A USP foi pioneira na implantação de serviços
39
NÚCLEO DE APOIO AOS ESTUDOS DE GRADUAÇÃO. Disponível em:
<http://naeg.prg.usp.br/infousp/usp/historicousp.phtml>. Acesso em: 23 nov. 2004
40
NÚCLEO DE APOIO DOS ESTUDOS DE GRADUAÇÃO..., op.cit.
Resultados
54
cooperativos na área da informação criando, em 1954, por iniciativa da
Reitoria, o Catálogo Coletivo de Livros CCL, que auxilia os usuários de todas
as partes do país na localização de obras em diferentes acervos. Em 1981, a
USP realizou a implantação e desenvolvimento de um Sistema Integrado de
Bibliotecas SIBi, que atualmente reúne 38 bibliotecas, servindo unidades dos
diversos campi. A implantação da Redusp possibilitou a criação, em 1990, do
Banco de Dados Bibliográficos, da USP Dedalus, reunindo as informações de
catálogo das 37 bibliotecas, num processo de automação de acervos,
centralização de informações bibliográficas sobre livros, revistas técnicas,
bem como a produção bibliográfica gerada na USP. A chegada da Internet e,
posteriormente, a instalação da fibra ótica na USP possibilitaram dinamizar os
serviços Dedalus, bem como o estabelecimento de conexões com bibliotecas
internacionais, integrando e articulando pesquisadores brasileiros
41
.
Nesse contexto ocorre a prática de pesquisa na FOUSP desde as
áreas técnicas até as áreas básicas, médicas e epidemiológicas. Na interlocução
com o exterior, a instituição informatizou todo o sistema de informação.
A universidade tem privilegiado a pesquisa. A USP é uma
universidade de pesquisa, em detrimento até do curso de
graduação. Temos melhores laboratórios, alunos melhores com
mais interesse em pesquisa A Semana da Pesquisa conta com
uma participação muito grande dos alunos. (...) A disciplina de
Metodologia Científica inicia no primeiro semestre, do primeiro
ano, com conceitos sobre o que é um trabalho científico, como
se faz pesquisa, confecção de pôsteres, minitemas. Os alunos,
logo no primeiro semestre de faculdade, já recebem forte
informação sobre pesquisa. Já se fala em iniciação científica na
semana de calouros e algumas disciplinas aceitam com muita
facilidade, já no primeiro ano, os alunos que querem fazer
pesquisa. A pesquisa evolui à medida que evolui a tecnologia,
as condições financeiras, a infra-estrutura – isso vem
naturalmente, na medida em que se conseguem recursos das
entidades de fomento FAPESP, CNPq... recursos externos. A
tendência é ir melhorando mesmo. (entrevista ao presidente da
Comissão de Graduação da USP)
41
Id.; Ibid.
Resultados
55
A UNICID
42
, quando da sua transformação em Universidade, em fins
de 1992, estabeleceu, em consonância com a LDB, metas para o ensino,
pesquisa e extensão. Embora reconhecendo indispensável o seu
comprometimento com essas três funções, para o primeiro qüinqüênio (1993-
1997), priorizou-se o ensino de graduação, não só criando novos cursos, como,
também, ampliando e melhorando as instalações e equipamentos de suporte.
Quanto à pesquisa, o Plano anterior previa o apoio às atividades de
iniciação científica (alunos) e ao desenvolvimento de projetos de pesquisa
(professores). Até 1992
43
, a produção intelectual do corpo docente atingiu 425
itens, enquanto, de 1993 a 1997, alcançou 1027 itens. Isso significa que, no
primeiro qüinqüênio de funcionamento da Universidade, a produção
intelectual por ano por professor foi de 1,7, incluindo os que não integravam a
carreira do magistério superior, ou de 3,5 per capita, quando considerados os
professores da carreira, isto é, os que tinham os deveres funcionais de
pesquisar e difundir o trabalho científico. Ademais, elevou-se a titulação dos
professores, inclusive com maior número de doutores, expandiram-se os
projetos de pesquisa. A UNICID é o mais freqüente patrocinador de tais
trabalhos, junto com órgãos públicos, como o CNPq e o Instituto Butantã.
Os dados mostram resultados significativos da produção científica,
ressalvando-se a falta de informação sobre a natureza dessa produção e os
correspondentes veículos de divulgação.
No qüinqüênio 1998-2002, sob a égide da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional 9394/96, a UNICID
44
elegeu a pesquisa como uma de
suas prioridades no novo Plano de Desenvolvimento Institucional, com base
nos seguintes princípios:
A observância das diretrizes sobre a matéria estabelecidas
para o sistema federal de ensino.
A necessidade de se racionalizar, para um melhor
aproveitamento, os recursos humanos e financeiros da
42
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO.30 anos fazendo história, 2002
43
Id.; Ibid., 2002
44
UNIVERCIDADE CIDADE DE SÃO PAULO, op.cit.
Resultados
56
Instituição, dando-se prioridade a estudos interdisciplinares
em torno de determinados temas.
A determinação da administração superior da UNICID, em
incentivar, na Instituição, a criação de centros de estudos e
pesquisas multidisciplinares, que sirvam como referência,
em determinadas temáticas, para o País e o exterior.
O incentivo à formação de grupos de pesquisas que
deverão dar suporte a programas de pós-graduação stricto
sensu (mestrado e doutorado), em consonância com a
política de pós-graduação estabelecida pela CAPES.
O apoio institucional à investigação científica com temática
diversa das propostas pelos centros de estudos e pesquisas
multidisciplinares.
O compromisso legal de ampla divulgação dos resultados
dos estudos e pesquisas produzidos na Universidade.
Para a pesquisa, a UNICID assume como objetivos
45
:
1. Contribuir para com o desenvolvimento da Ciência , da Filosofia e
da Arte
2. Criar condições, sobretudo, para a geração e difusão de
conhecimentos científicos e tecnológicos que subsidiem a
execução de políticas de graduação, pós-graduação e extensão.
3. Contribuir para a melhoria da qualidade do ensino na
Universidade e também com a comunidade onde está inserida.
4. Garantir a consistência da proposta da Universidade em relação à
sua missão investigativa e seu compromisso com a comunidade
5. Produzir conhecimento que possa subsidiar:
- programas de intervenção na comunidade
- currículo de novos cursos
- revisão de currículos em ação
- interlocução com agências de pesquisa nacionais e
internacionais
- divulgação de dados para a comunidade interna e externa
- produção intelectual de docentes e discentes
- iniciação científica
A UNICID
46
vem firmando convênios e parcerias com universidades
européias, objetivando o desenvolvimento de atividades para diferentes
áreas, A integração de uma instituição no mundo acadêmico internacional é o
seu passaporte para a universalidade do conhecimento que propaga.
45
PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA (Universidade Cidade de São Paulo). Disponível em: http://www.unicid.br
46
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO...., 2002, passim
Resultados
57
Seminários, cursos, palestras são ações constantemente desenvolvidas e
realizadas em parceria com a Universidade de Évora (Portugal).
A UNICID, atendendo à legislação, desenvolve um projeto de
implantação da pesquisa. Na UNIP, a pesquisa ainda está presente somente
no projeto político-pedagógico.
Nesta instituição
47
, no artigo 53 do Estatuto lê-se:
Art. 53. A Universidade incentiva a pesquisa por todos os meios a
seu alcance, tais como:
I - o cultivo à atividade científica da própria prática educacional;
II - a manutenção dos serviços de apoio indispensáveis, como
biblioteca, documentação e divulgação científica;
III -a formação de pessoal em cursos de pós-graduação;
IV -uma política de promoção do desenvolvimento científico nos
estabelecimentos de linhas prioritárias de ação a médio e longo
prazo;
V - a concessão de bolsas ou de auxílios para a execução de
determinados projetos;
VI -a realização de convênios com entidades patrocinadoras de pesquisa;
VII - o intercâmbio com instituições científicas;
VIII- a programação de eventos científicos e a participação em
congressos, simpósios, seminários e encontros.
§1º Os Presidentes dos Conselhos de Coordenação estabelecerão
as respectivas Programações de Pesquisa, que deverão ser
apreciadas pela Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
§2º Os trabalhos de pesquisa dos docentes serão desenvolvidos nos
campi da Universidade Paulista e serão supervisionados e avaliados
periodicamente pela Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e,
caso sejam considerados insatisfatórios, os docentes envolvidos
poderão ser desligados do quadro funcional da instituição.
§3º Os trabalhos de pesquisa deverão ser veiculados em
publicações de notório valor científico, bem como atender a todos os
objetivos institucionais.
§4º Os trabalhos de pesquisa que exigem atividades fora dos campi
da Universidade deverão ser previamente autorizados pela Vice-
Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, sendo permitida, nesses
casos, a contratação de pessoal técnico de apoio.
A UNIP
48
dá suporte ao ensino e à pesquisa, com Bibliotecas
Setoriais com uma Unidade Central de Informações, interligando todos os
campi da Capital via intranet. O material bibliográfico é classificado pela
47
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE...., 2003, passim
48
Informação da Secretaria do Instituto de Ciências da Saúde (Universidade Paulista)
Resultados
58
CDU- Classificação Decimal Universal, a catalogação é realizada com base
no AACR-2, com as adaptações convenientes.
Em relação aos recursos e meios informatizados:
- A INTRANET da UNIP (rede privada que utiliza o mesmo
recurso da INTERNET) interliga, online, todas as bibliotecas
que, além de proporcionar uma ferramenta a mais para
pesquisa, permite principalmente que o usuário tenha a
biblioteca 24 horas à disposição para pesquisa.
- Na INTERNET, a atualização do acervo (livros) é feita a cada
trimestre e a atualização de periódicos, materiais como teses,
folhetos, etc. e multimídia, conforme produção no mercado,
semestralmente.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 define as
Universidades como instituições pluridisciplinares de formação dos quadros
profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo
do saber humano..., apontando como imprescindível a produção
institucionalizada, mediante o estudo dos temas e problemas mais relevantes,
do ponto de vista científico e cultural, regional e nacional (art. 52)
49
.
O Parecer n
o
553/97, do Conselho Nacional de Educação
50
, orienta
as universidades na formulação de sua política interna de pesquisa.
Entretanto, Fávero e Segenreich (2004, p.106) ressaltam que estamos longe
de um consenso a respeito de uma concepção de universidade como um
espaço de produção de ciência, de conhecimento, de cultura e de inovação
tecnológica, bem como da política científica e das diversas políticas dela
resultantes.
No âmbito discursivo, as três faculdades contemplam a pesquisa e
até mesmo o desenvolvimento da iniciação científica na graduação, como
proclama a lei. A questão que se coloca, porém, está na abrangência da
49
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO: 30 anos fazendo história, 2002
50
Id. Ibid., 2002
Resultados
59
implantação dessas medidas e na construção de identidades vocacionais,
como advogam Iacopino, Lynch e Taft (2004), ancoradas nas dificuldades de
cada uma das instituições.
Parece que a maior preocupação é com a pesquisa institucional do que
com o ensino acadêmico, o que resulta em um estreitamento do espaço para a
pesquisa de questões curriculares do curso de graduação de Odontologia.
4.1.8 Envolvimento dos estudantes com pesquisa
A abertura da pesquisa ao aluno de graduação é contemplada
pelas três universidades.
A Faculdade de Odontologia da USP conta com uma Comissão de
Pesquisa, à qual compete traçar diretrizes para orientar ações no campo da
pesquisa e estimular sua produção e qualidade, visando:
- estimular o desenvolvimento de projetos de iniciação
científica, favorecendo aos alunos a participação em
projetos e eventos internos/ ou externos à Unidade, bem
como a manutenção e aperfeiçoamento dos mesmos;
- incrementar e fortalecer núcleos e grupos de pesquisa,
garantindo aos mesmos apoio para seu funcionamento;
- divulgar as informações recebidas sobre formas de
captação de recursos na USP e fora dela (agências
financiadoras, indústrias, empresas, etc.), bem como de
orgãos internacionais de apoio à pesquisa;
- estimular o corpo docente e discente em projetos de
pesquisa; atuar como elo de ligação entre a Unidade, o
Conselho de Pesquisa e os orgãos fomentadores de
pesquisa; dar cumprimento às atribuições que lhe forem
conferidas pelo Conselho de Pesquisa e/ou por Colegiados
superiores da FOUSP
51
.
De acordo com o presidente da Comissão de Graduação, na USP,
o aluno tem bastante interesse em pesquisa, não só pesquisa
básica, mas pesquisa clínica. (...) Há uma boa relação entre a
pós e a graduação. Há uma política que os pós-graduandos
estejam dentro da sala de aula com os alunos de graduação.
51
FACULDADE DE ODONTOLOGIA (comissão de pesquisa). Disponível em:
<http://www.fo.usp.br/comissoes/pesquisa/index,html>. Acesso em: 23 nov. 2004.
Resultados
60
Na UNICID um Programa de Incentivo à Pesquisa
52
contempla os
seguintes itens:
- Programa de práticas investigativas – foi criado com o
objetivo de permitir aos alunos a vivência da investigação
nas atividades dos cursos de graduação. O programa
permite, portanto, que os alunos de graduação aprendam
pesquisando e pesquisem aprendendo. O ato de pesquisar
cumpre a importante tarefa educativa de transformar:
primeiro, porque muda a prática docente e, segundo, porque
passa a ser uma atitude do homem diante do mundo.
- Mostra de produção acadêmica da UNICID – promover o
levantamento da produção de docentes e alunos dos cursos
de graduação da UNICID, apresentar à comunidade
universitária os trabalhos desenvolvidos nos programas de
monitoria e práticas investigativas, divulgar material em
diferentes linguagens que valorizem a UNICID enquanto
espaço de produção acadêmica.
- O programa de iniciação científica da UNICID tem por
objetivos: motivar e incentivar os alunos que demonstrem
interesse pela pesquisa e potencial para participação efetiva
em projetos dessa natureza; criar condições para o
desenvolvimento do pensamento científico, da criatividade e
do pensamento crítico do aluno; preparar o aluno
participante do PIC para o acesso à pós-graduação;
aumentar a produção acadêmica dos discentes vinculados
ao Programa; possibilitar ao aluno a aprendizagem de
métodos e técnicas, bem como estimular o desenvolvimento
do pensar e do criar cientificamente.
A Vice-Reitoria de Pós-graduação e Pesquisa da UNIP
53
promove
anualmente um concurso de bolsas de Iniciação Científica para alunos da
graduação. Participam os alunos que estejam cursando o antepenúltimo ou
penúltimo ano do curso superior tradicional. Para participar, o aluno deve procurar
um professor da UNIP com o título mínimo de mestre, que possua conhecimentos
na área em que pretende desenvolver o projeto e solicitar sua orientação.
Os programas de Iniciação Científica nas faculdades, com diversos
níveis de organização e abrangência, postam-se à espera de que o aluno se
interesse e procure pela pesquisa. É do envolvimento dos professores com o
desenvolvimento de pesquisa institucional que parte o estímulo para o aluno,
52
ENSINO - INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Disponível em: <http://www.unicid.br>. Acesso em: 11 jan. 2005
53
Informação da Secretaria do Instituto de Ciências da Saúde (Universidade Paulista)
Resultados
61
não havendo obrigatoriedade de desenvolver projetos de iniciação científica
na formação acadêmica.
A cultura do aprender passivo, do estudar para a aprovação e da
repetição do fazer e falar do professor, tradicional na Odontologia, confronta-
se com o aprender ativo, com a busca de informações, em uma perspectiva
construtivista do conhecimento. Tal processo exige, muitas vezes, o
rompimento de uma rotina, delimitada no ambiente curricular tradicional.
O projeto pedagógico curricular, explicitado nas ementas disciplinares
dos cursos de graduação em Odontologia, demonstra os esforços e avanços
realizados em prol da modernização do ensino odontológico.
4.2 Caracterização do currículo odontológico
4.2.1 Integração das ciências básicas com as ciências clínicas
Segundo os programas de ensino da USP
54
, os conceitos da área
básica, importantes para o entendimento dos conteúdos clínicos, são
revisitados de acordo com as ementas das disciplinas de Dentística
Restauradora I, Odontopediatria I, Periodontia, Semiologia, Patologia Geral,
Cirurgia Odontológica e Buco-Maxilo-Facial, Prótese Buco-Maxilo-Facial.
Endodontia tem como objetivo específico integrar o aprendizado da área
básica e das disciplinas clínicas paralelas, com o conhecimento de
Endodontia. Clínica Integrada visa promover a correlação das ciências
básicas com a clínica odontológica e a integração e compreensão dos
conhecimentos de ciências básicas e disciplinas de aplicação.
No conteúdo programático do curso de Odontologia da UNIP
55
,
apenas em Endodontia I encontramos explicitado:
o curso visa à interação da ciência biológica com os diferentes
estágios histológicos do tecido pulpo-periapicais associados aos
sinais clínicos fornecidos pelos exames complementares,
54
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA, 2003
55
INSITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2003
Resultados
62
conferindo ao aluno a capacidade do diagnóstico, tratamento e
controle, visando à manutenção do elemento dental no sistema
estomatognático bem como a possibilidade de atuação conjunta
com as demais disciplinas do curso de Odontologia.
Nas ementas disciplinares da UNICID
56
, encontramos um módulo
interdisciplinar, isto é, em torno de um determinado tema ocorre o encontro
com disciplinas afins.
Em Escultura Dental o módulo interdisciplinar é composto pela
disciplina Oclusão, que aborda questões relativas à Anatomia da Oclusão,
Fisiologia da Oclusão, importância da Escultura na Oclusão, requisitos da
Oclusão Ideal e debate.
No módulo interdisciplinar de Radiologia, a ementa explicita o
conteúdo a ser ministrado ou compartilhado com outras disciplinas, como
Patologia, Semiologia, Cirurgia, Oclusão e ATM, Endodontia, Periodontia,
Clínica Integrada e Ortodontia.
No módulo interdisciplinar de Patologia Geral e Bucal, encontramos
um tema programado para discussão com as disciplinas clínicas.
Em Bioquímica: Ao longo do ano, será proposto módulo de
integração interdisciplinar com o Tema: Diabetes Mellitus e Odontologia, com
participação das Disciplinas: Cirurgia, Microbiologia, Semiologia.
A interação interdisciplinar na Endodontia envolve os itens: 1
aspectos radiográficos das lesões odontogênicas e não odontogênicas de
interesse ao endodontista; 2 lesões endodôntico-periodontais / diagnóstico
diferencial e tratamento e 3 medicação sistêmica nas agudizações
endodônticas.
Cirurgia I desenvolve três módulos interdisciplinares: Módulo I:
Deontologia aplicada à Cirurgia Buco-maxilo-facial; Módulo II: Atendimento
odontológico a pacientes especiais (cardiopatas) e Módulo III: o Laser em
Odontologia.
Em Odontopediatria II o módulo multidisciplinar envolve projetos
56
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO, 2003
Resultados
63
englobando assuntos gerais de contexto multidisciplinar, com participação de
profissionais das demais especialidades odontológicas, assim como a
participação de profissionais de áreas afins.
Em Dentística Restauradora, a ementa explicita: Serão
desenvolvidos módulos interdisciplinares, que, como o próprio nome diz,
terão o intuito de aproximar diferentes disciplinas a dissertarem sobre um
tema comum a elas.
Os dados apontam o interesse pela integração entre disciplinas,
principalmente entre as disciplinas básicas e clínicas, nas Faculdades de
Odontologia estudadas. A USP propõe a revisão dos conceitos das
disciplinas básicas nas aulas ministradas pelos professores das
especialidades clínicas, com destaque Endodontia e Clínica Integrada que
expõem esta proposta como objetivo a ser cumprido no conteúdo
programático.
Na UNIP, as ementas curriculares não explicitam tal
preocupação, exceto Endodontia I.
A UNICID propõe módulos interdisciplinares para a maioria das
disciplinas. Com temas comuns, os módulos contam com a participação
dos professores de diferentes especialidades, representando um esforço
de comunicação entre as disciplinas.
A busca de integração entre as ciências básicas e clínicas,
dando cumprimento às exigências legais representa, sem dúvida, um
esforço no caminhar das reformulações curriculares preconizadas. Este
movimento, porém, não consegue desenvolver nos alunos a visão
integradora e significativa da busca ativa do conhecimento, que pode
respaldar a prática profissional.
Configurações curriculares mais abrangentes já foram realizadas
em outras universidades brasileiras, como a Faculdade de Diamantina,
MG, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Faculdade de
Odontologia de Piracicaba, Universidade Federal de Minas Gerais e
Universidade Estadual de Maringá (ABENO, 2004). Respeitando-se as
Resultados
64
diferenças e singularidades institucionais no percurso em construção, o
desenrolar destas opções ainda estão por serem avaliadas.
4.2.2 Utilização de fontes tecnológicas de informação
Considerando a relevância da utilização de recursos
computacionais, no exercício da pesquisa, observamos:
Na USP, a utilização de fontes tecnológicas de informação
envolve levantamentos bibliográficos e realização de
seminários. Entretanto, apenas no item Método, da ementa
da disciplina de Patologia Geral, consta o ensino da Prática
de Computação.
Em Metodologia Científica, a programação inclui o ensino
da organização, funcionamento e uso da biblioteca,
levantamento bibliográfico – fichamento bibliográfico.
Nas Universidades privadas não encontramos, nas ementas
disciplinares, menção sobre o ensino da utilização de fontes
tecnológicas de informação, embora intua-se que os
graduandos de Odontologia tenham acesso a computadores
na instituição.
A utilização de fontes tecnológicas de informação talvez constitua o
cenário do ensino na atualidade, embora o campo da informação e do
desenvolvimento das novas tecnologias aplicadas ao ensino, sem excluir o
contato direto entre professor e aluno, ainda esteja em fase embrionária na
estrutura universitária.
4.2.3 Participação ativa dos alunos
Na USP
57
, a maioria das programações envolvendo a participação
ativa dos alunos se circunscreve aos seminários (Dentística Restauradora I,
Dentística Restauradora II, Odontopediatria I, Ortodontia Preventiva,
Patologia Bucal, Periodontia, Semiologia, Clínica Integrada, Cirurgia
Odontológica e Buco-Maxilo-Facial, Prótese Buco-Maxilo-Facial, Prótese
Parcial Fixa I, Prótese Parcial Fixa II, Prótese Removível I, Prótese Parcial II,
Prótese Total I, Prótese Total II, Odontologia Legal, Orientação profissional,
57
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA, 2003
Resultados
65
Saúde Coletiva em Odontologia, Deontologia, Fisiologia I, Fisiologia II,
Farmacologia, Microbiologia).
Na ementa de Endodontia o objetivo número 10 dispõe:
desenvolver senso crítico para exigir de si mesmo sempre
mais, valendo-se dos recursos de educação continuada e
leituras”. (...) “a sistemática dos Seminários envolve uma fase
preparatória pelos alunos, com leitura e estudo de trabalhos
científicos pré-selecionados e levantamento bibliográfico da
leitura pertinente, recentemente publicada, segue a
apresentação, por pequenos grupos, e, ao final, o docente
estabelece a filosofia e a conduta clínica do assunto debatido.
O ensino teórico será desenvolvido através de aulas
expositivas, estudo em grupo, debates e seminários, aulas
práticas em laboratório e ainda com sessões de vídeo, de tal
forma a propiciar aos alunos a oportunidade de adquirir um
volume significativo e essencial de informações, buscando
solidificá-las, na sua íntima relação com a execução da pratica.
O ensino/aprendizagem far-se-á por uma reflexão da realidade
clínica, constatada no tratamento em pacientes e revisto
através da discussão de casos clínicos e de seminários. Aulas
expositivas, estudo em grupo e debates buscarão aprofundar os
aspectos relacionados ao diagnóstico, plano de tratamento,
dificuldades operacionais, qualificação do instrumental,
tratamentos especiais, relacionamento com especialidades
correlatas e afins. A avaliação do desempenho teórico será
realizada por acompanhamento do desempenho individual do
aluno no sentido de atingir os objetivos específicos diários das
atividades teóricas programadas. Dar-se á grande valor à
participação, solidariedade, criatividade e cooperação, quer
individual, quer em conjunto como grupo de estudo.
A discussão de casos clínicos envolve a participação ativa dos
alunos (Odontopediatria I, Periodontia, Clínica Integrada, Cirurgia
Odontológica e Buco-Maxilo-Facial, Prótese Parcial Fixa II), assim como os
trabalhos de levantamento bibliográfico (Periodontia) e a discussão de temas
específicos (Odontologia Legal, Biologia).
Nas ementas disciplinares da UNIP
58
, também encontramos a proposta
de realização de seminários na maioria das disciplinas (Biologia I,
Citologia/Histologia/Embriologia I, Bioquímica I, Materiais Dentários I, Ergonomia
I, Biologia II, Citologia/Histologia/Embriologia II, Bioquímica II, Ergonomia II,
Radiologia I, Patologia Geral e Bucal I, Microbiologia/Imunologia/Parasitologia I,
58
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2003
Resultados
66
Odontologia Preventiva I, Farmacologia I, Radiologia II, Patologia Geral e Bucal II,
Microbiologia/Imunologia/Parasitologia II, Odontologia Preventiva II, Prótese
Dental III, Periodontia I e II, Odontopediatria – Ortodontia I e II, Periodontia III,
Odontopediatria I e II, Clínica Integrada I e II).
Podemos considerar a leitura de textos (estudo dirigido) como
participação ativa dos alunos (Anatomia + Escultura Dental I, Anatomia + Escultura
Dental II, Radiologia I, Radiologia II, Odontopediatria – Ortodontia II.), assim como os
debates (Patologia Geral e Bucal I, Microbiologia/Imunologia/Parasitologia I,
Patologia Geral e Bucal II, Microbiologia/Imunologia/Parasitologia II) e levantamento
bibliográfico (Periodontia I e II).
Em Diagnóstico Bucal I e II, a ementa explicita (...) formação de
uma mentalidade de busca constante de informações, ao contrário de mera
recepção de um conteúdo pré-determinado, que muitas vezes não apresenta
um sentido lógico ao aluno.
Em Odontologia Legal da UNICID
59
ocorrem atividades, como filmes
e dinâmicas de grupo sobre ética. Em Ciências da Conduta, dispõe-se: Serão
realizadas as avaliações regimentais previstas que poderão ser
complementadas por trabalhos, seminários, pesquisas, exposições e outros
critérios que o professor julgue necessário. Em Materiais Dentários, propõem-
se: seminários teóricos para a discussão dos assuntos teóricos e práticos,
discussão das avaliações e seus gabaritos, apresentação de pequenos
trabalhos em seminários e na discussão de grupos em aulas práticas,
ocorrendo o mesmo em Escultura Dental, ao lado de trabalhos escritos com
discussão em grupo. Radiologia também utiliza seminários como método de
ensino e avaliação. Em Patologia Geral e Bucal, estudo dirigido e discussão
de casos clínicos para dirimir dúvidas e integrar a disciplina com outras
disciplinas básicas e clínicas.
Em Endodontia, seminários, estudo dirigido, discussão de casos
clínicos e construção de um painel integrado.
Em Odontopediatria I e II, seminários como metodologia de ensino.
59
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO, 2003
Resultados
67
De maneira geral, as práticas de ensino que envolvem alguma
participação ativa dos alunos se limitam aos seminários, discussões de casos
clínicos, levantamento bibliográfico, estudo dirigido, discussões e dinâmicas
de grupo. Tais atividades têm finalidade mais avaliativa do que estratégica,
sob o ponto de vista do processo ensino-aprendizagem. Os alunos executam
as tarefas sem intermediação. A interlocução com o professor só ocorre,
quando da apresentação do trabalho, observando-se a ausência de
informações sobre o processo do planejamento de trabalho.
Assim, a despeito dos movimentos assinalados de participação do
aluno, percebe-se que o processo de ensino-aprendizagem não está
ancorado na busca ativa, mantendo-se, salvo raras exceções, o tradicional
modelo transmissivo.
4.2.4 Utilização de métodos problematizadores no ensino
Apesar de aproximações com recursos metodológicos no
planejamento de ensino de algumas disciplinas, na USP e UNIP, não
encontramos uma proposta clara e definida para a utilização de métodos
problematizadores no ensino.
No item Atividades Discentes, a ementa de Patologia Geral da
USP propõe a elaboração de relatórios críticos de
interpretação dos fatos observados na apresentação
.
Na UNIP, na ementa de Fisiologia I e de Fisiologia II, consta que o
aluno deverá desenvolver trabalhos em grupo, vivenciando a importância da
observação, da pesquisa e da elaboração de resolução aos problemas que
lhe possam ser apresentados.
Assim, condizente com um processo de ensino-aprendizagem
de caráter transmissivo, as metodologias problematizadoras
não encontram espaço de expressão. É preciso reconhecer
que a problematização, embora garanta a significação do
conhecimento e a configuração da dúvida, necessária para o
desencadeamento da pesquisa, por si só, não garante a
produção de conhecimento (SURSALA et. al., 2004).
Resultados
68
4.2.5 Metodologia científica no programa do curso
A Reforma Universitária de 1968 estimula a incorporação do
ensino de Metodologia Científica e da Pesquisa na graduação. Os
conteúdos privilegiados arrolados por Iacopino, Lynch e Taft (2004, p. 46),
o Desenho da Pesquisa, Bioestatística e Integridade e Ética em Pesquisa,
se inserem em disciplinas variadas nem sempre restritas aos cursos de
Metodologia Científica.
Na Universidade de São Paulo
60
, a disciplina Metodologia Científica
é obrigatória, comportando 4 créditos, com carga horária de 60 horas,
ministrada no 6
o
semestre do curso diurno e 9
o
semestre do curso noturno.
Segundo a ementa, a disciplina tem como objetivos:
1- Fornecer aos alunos fundamentação teórico-científica para a
realização de trabalhos de pesquisa, proporcionar informações relativas à
conceituação de ciência e seus objetivos, 2- Dar conhecimento da relação da
produção do conhecimento científico e o contexto histórico e social,
desenvolvendo através de atividades práticas habilidades para a pesquisa em
geral e na área odontológica, em particular. 3- Desenvolver o sentido de
crítica, objetividade e questionamento dos fatores, desenvolver conceitos de
documentação.
Metodologia Científica propõe-se iniciar o aluno no método
científico, mediante dinâmicas que possibilitem vivenciar diferentes fases de
uma pesquisa: revisão bibliográfica, experimento clínico, interpretado por
meio do método estatístico, redação e apresentação de um trabalho. Quatro
módulos teóricos são desenvolvidos: conceitual (História da Ciência e das
Universidades, etc.), técnicas de pesquisa bibliográfica, bioestatística e
informática e seu uso em Odontologia. O ensino contempla os itens:
60
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA, 2003
Resultados
69
1- A pesquisa. Noções gerais. Conceito. Etapas do processo de
pesquisa, 2- Tipos de pesquisa, 3- Importância da delimitação e formulação
do problema, 3- Importância do planejamento, 4- A definição de hipóteses, 5-
Estudo das variáveis, 6- A coleta de dados, 7-Apresentação dos dados, 8-
Análise dos dados, 9- Tratamento estatístico dos dados coletados, 10-
Interpretação dos dados, 11- A divulgação da pesquisa.
Na USP
61
, o curso de Bioestatística tem por objetivo levar o aluno a
compreender os instrumentos de medidas das principais doenças bucais, por
indicadores e índices, bem como a análise numérica de interesse para a área.
O programa da disciplina contempla os itens:
1- Estatística vital – coeficientes, proporções e indicadores de
Saúde, com destaque para sua aplicação à saúde bucal. 2-
Análise da distribuição de freqüências das variáveis de
interesse para a saúde bucal. 3-Gráficos: campo de aplicação
e técnicas de utilização. 4- Tabelas: aplicação e análise. 5-
Medidas de tendências central e dispersão. 6- Testes de
hipótese para pesquisas em saúde bucal. 7-Indicadores de
cárie dentária: CPO-D, CPO-S, CPC, CEO. 8-Indicadores de
doenças periodontais. 9- Indicadores de oclusopatias. 10-
Indicadores de fluorose. 11- Planejamento amostral dos
levantamentos epidemiológicos.
Em Desenho de Pesquisa, não encontramos a ementa de
Epidemiologia no caderno de programas das disciplinas da USP
62
, que
tradicionalmente ministra o referido item. A ementa de Ciências Sociais em
Saúde explicita o propósito de operacionalizar os conceitos pela exposição e
discussão de pesquisas sociais em saúde, trabalhando com os referenciais
teórico-metodológicos para interpretação de dados e pesquisas aplicadas.
As ementas de Ética e Odontologia Legal não fazem menção ao
ensino de Integridade e Ética em Pesquisa.
Os documentos e as ementas nem sempre acompanham a dinâmica
da realidade dos acontecimentos. No caso da USP, a entrevista com o
61
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA, 2003
62
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA, 2003
Resultados
70
presidente da Comissão de Graduação aportou novas informações. O ensino de
Metodologia Científica, antes restrito ao sexto semestre do curso diurno e nono
semestre do curso noturno, passou a ser ministrado no primeiro ano,
constituindo uma convocação para a participação do aluno em atividades de
iniciação científica. Além disso, o entrevistado cita a introdução da disciplina
Epidemiologia em Saúde Bucal, que antes se circunscrevia à Bioestatística.
Na UNIP
63
, o curso de Metodologia Científica I é dado na disciplina
de Odontologia Social (Ética), com carga horária semanal de 2h/aula, no 5
o
semestre. De acordo com a ementa, o curso propõe
dar fundamentação teórica para o desenvolvimento de
trabalhos científicos, capacitar o aluno para falar a linguagem
científica, bem como ler e escrever um trabalho de pesquisa e
dar ao aluno condições de análise crítica de um trabalho de
pesquisa. Mostrar a importância da pesquisa para o
engrandecimento da profissão e da sociedade.
Um curso de Odontologia Social (Ética)/ Metodologia Científica II é
oferecido no 6
o
semestre, com carga horária semanal de 2h/aula. De acordo
com a ementa, o curso propõe-se
dar fundamentação teórica para o desenvolvimento de uma
boa formação moral básica. Ensinar como conseguir um
adequado relacionamento com os pacientes, os colegas e a
sociedade. Desenvolver nos alunos a responsabilidade
profissional. Capacitar os alunos para interpretar os principais
diplomas legais de interesse da profissão.
O conteúdo programático da disciplina envolve temas, como Ciência:
teoria e fato, natureza do conhecimento científico, método científico, pesquisa –
noções gerais, fases de uma pesquisa, elaboração de um relatório de pesquisa.
A ementa de Odontologia Preventiva I dispõe:
Capacitar o aluno a identificar e quantificar os principais
problemas odontológicos que afetam a comunidade, bem como a
utilização de métodos de prevenção, através de conhecimentos na
área de epidemiologia, bioestatística e métodos de prevenção.
63
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2003
Resultados
71
Objetivos gerais: (...) prover conhecimentos de epidemiologia e
bioestatística que permitam a quantificação dos problemas odontológicos.
Conteúdo programático: Introdução à bioestatística descritiva, Apresentação
tabelar e gráfica, Medidas de tendência central, Medidas de variabilidade,
Intervalo de confiança, Correlação estatística, Regressão linear, Introdução à
inferência estatística.
Não identificamos nas ementas referências a Desenho de Pesquisa
e Integridade e Ética em Pesquisa.
Nas ementas da Odontologia da UNICID
64
, o curso de Metodologia
Científica é ministrado em Odontologia Legal, incluindo os tópicos A pesquisa
científica, Conceitos, limites e Legislação específica sobre pesquisa.
Não encontramos referências ao ensino de Desenho da Pesquisa e
Bioestatística nas ementas acessadas. A bioética aplicada à pesquisa cientifica e
a legislação específica sobre pesquisa nos remetem ao ensino da Integridade e
Ética em Pesquisa.
Na USP, o curso de Metodologia Científica oferece elementos básicos
para a formação de um pesquisador, complementados por disciplinas afins,
coerentemente com o desenvolvimento da pesquisa na instituição. Considerando
os itens apontados por Iacopino, Lynch e Taft (2004), o curso só não explicita, no
plano documental, o ensino de Integridade e Ética em Pesquisa.
Entretanto Metodologia Científica e afins compõem um conjunto
fragmentado, não alcançando re-articular a estrutura curricular, para
organização de um currículo norteado pela pesquisa.
Nos documentos da UNIP não aparecem Desenho de Investigação
nem Integridade e Ética em Pesquisa. O curso de Metodologia, ministrado em
Odontologia Social e Ética, comporta poucas especificações de conteúdo. O
curso evidencia maior preocupação com medidas de identificação de
problemas odontológicos do que com a iniciação científica dos alunos. As
ementas apontam para a inexistência de uma formatação disciplinar
64
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO, 2003
Resultados
72
autônoma, não havendo indícios de que o ensino seja ministrado nas demais
disciplinas que compõem o currículo.
No caso da UNICID, considerando a existência de um projeto de
pesquisa em âmbito institucional, destaca-se o vazio de informações
documentais sobre o ensino de Metodologia da Ciência e da Pesquisa,
embora contemplem a discussão sobre Ética e Legislação para pesquisa.
Vale observar que o ensino de Metodologia se restringe ao espaço da Ética e
da Odontologia Legal o que, em princípio, delineia um espaço de
constrangimento para a formação científica.
4.2.6 O Espaço para a pesquisa na programação curricular
Na USP, algumas disciplinas propõem-se realizar pesquisa.
Ciências Sociais em Saúde prevê atividades práticas de elaboração de
pesquisa com apresentação na forma de pôster. Em Orientação Profissional,
aulas teóricas e práticas, utilização de meios audiovisuais, estudo dirigido,
trabalhos em grupo, seminários e pesquisa de campo.
Na UNIP, Ciências Sociais I e II desenvolvem pesquisas
extraclasse, em grupo.
Na UNICID, Odontologia Legal explicita a distribuição do trabalho
anual de pesquisa, para a avaliação do aluno.
Em Patologia Geral e Bucal encontramos, a programação de um
tema para pesquisa: a contribuição para o estudo do grau de conhecimento
da população quanto ao câncer bucal.
Em Prótese Parcial Removível, o conteúdo programático contempla
levantamentos bibliográficos para seminários e elaborações de trabalhos escritos
(monografias, relatos de casos clínicos e pesquisas de iniciação científica).
Assim, no conjunto das instituições observadas, algumas
disciplinas contemplam na programação de ensino a realização de pesquisa,
porém, o currículo não se organiza sob a lógica da pesquisa, no sentido
explicitado por Cunha (1997), envolvendo tempo para o desenvolvimento das
ações de quem pesquisa. Nesse sentido, a realidade está longe de atender
Resultados
73
ao ensino modular centrado no aluno, conforme preconiza a ABENO (2004)
que, configurando maior flexibilidade e abertura curricular, contempla o tempo
de amadurecimento individual requerido pelo exercício da pesquisa.
Apesar do estímulo para que o estudante de graduação participe da
produção de conhecimento, em todas as universidades pesquisadas,
envolvendo programas de iniciação científica, parece contraditória a
manutenção de um currículo tradicional, básico-profissionalizante.
Para Schwartzman (2004, p. 502),
estamos iniciando a etapa mais decisiva e final das reformas
educacionais, as reformas de terceira geração, que exigem um
reexame profundo dos pressupostos culturais, institucionais e
pedagógicos que presidem o funcionamento das nossas
instituições de ensino.
Na esteira desse movimento emergem as propostas de humanização
do projeto político-pedagógico das faculdades de Odontologia que poderiam se
concretizar, segundo Moysés (2003), numa aproximação à realidade político-
assistencial, envolvendo critérios como interdisciplinaridade, contextualização da
aprendizagem na realidade de inserção dos egressos da universidade,
problematização do conhecimento e da realidade existente, negociação como
forma de tomar decisões coletivas e participação como uma base de cidadania
(Id.; Ibid, p.97).
Sem questionar a relevância dessas propostas, ressaltamos que a
formação em pesquisa constitui um pilar da reforma educacional, contribuindo
para o enriquecimento profissional, pessoal e intelectual dos estudantes.
Esta visão está relacionada ao conceito de que a educação é
realizada através do ensino, da pesquisa e da extensão, de
forma indissociável, cujo objetivo pressupõe o
aperfeiçoamento da formação cultural do ser humano, a
capacitação para o exercício de uma profissão e a preparação
para a reflexão crítica e a participação na produção,
sistematização e superação do saber (ARAUJO, 2004, p.145).
Resultados
74
4.3 A Pesquisa na reformulação curricular: perspectivas e desafios
4.3.1 Pesquisa e organização curricular
Inquirido sobre a relação do desenvolvimento da pesquisa e a
organização curricular, comenta nosso entrevistado da USP:
A pesquisa não pode se tornar o principal; não no curso de
Odontologia. Se tivermos indicadores que a Faculdade de
Odontologia está muito bem em pesquisa e mal na graduação,
alguma coisa está errada. O indicador da graduação, numa
faculdade de Odontologia, profissionalizante, tem que ser
melhor do que o indicador de pesquisa.
Mesmo porque os estudantes que procuram pelo curso de
graduação, não vêm aqui com o objetivo primário de fazer
pesquisa (diferente do ICB), portanto, a pesquisa tem uma
importância, em relação ao ensino, secundária.
A separação entre ensino e pesquisa, para o entrevistado, fica
evidente, quando afirma: Sou um professor que faz pesquisa, não um
pesquisador que dá aula. A iniciação científica dos alunos de graduação está
totalmente sob a responsabilidade da Comissão de Pesquisa, um orgão que se
comunica com a Comissão de Graduação, mas desvinculado deste.
Para o representante da UNIP,
pesquisador é uma coisa, professor é outra. Não que o professor
não possa fazer pesquisa e que o pesquisador não possa dar aula.
Mas ser muito bom nas duas coisas, eu acho difícil. (...) Para ser
chamado de pesquisador acho necessário ter um degrau muito
grande de vivência da pesquisa, com muitos trabalhos publicados.
Tenho uma vida de pesquisa, mas não faço pesquisa...
diuturnamente.
A pesquisa abre horizontes, permite discutir..., é necessário fazer
pesquisa senão você fica um professor mofado, um professor com
bolor. Entretanto, é o mestrado e o doutorado que estimula a
pesquisa. A Universidade é um tripé que se estrutura em torno da
pesquisa (pós-graduação), do ensino (graduação) e da extensão
(serviço à comunidade).
Resultados
75
Esses posicionamentos conceituais circunscrevem a importância da
pesquisa ao aprimoramento profissional, não para o enriquecimento do aluno
de graduação. Nesse sentido, a pesquisa tem espaço secundário na
estruturação curricular.
Segundo o ex-diretor de graduação da UNICID, a universidade
sempre exigiu pesquisa, você só podia ascender, galgar novos postos dentro
da Universidade através de tese e de trabalhos originais. A pesquisa
amadurece o profissional, evitando que ele se torne muito repetitivo, sem
horizontes. A CAPES e o MEC enfatizam o desenvolvimento de pesquisa
como instrumento de evolução das universidades, dos pesquisadores e dos
professores.
Observa-se uma visão um pouco mais aberta em relação à
pesquisa na graduação, quando afirma: Não se pode isolar: mestrado é
pesquisa, graduação não. Essa idéia de conjunto é que dá o verdadeiro
sentido de universalidade à escola.
4.3.2 A Pesquisa no ensino
Segundo o entrevistado da USP, além de oferecer condições de
realização de pesquisa, a Faculdade tem a preocupação de incorporar o
conhecimento produzido nos currículos de graduação.
A pesquisa constitui
uma das atribuições a serem desenvolvidas na graduação,
mas não há uma exigência (legal). Fica claro que o aluno deve
conhecer o universo da pesquisa; não há, porém, uma
necessidade, uma obrigação. Trata-se simplesmente de
despertar a vocação, evitando trazer para pesquisa gente que
não tem vocação para isso.
Segundo o diretor do Instituto de Ciências da Saúde da UNIP,
ensinar a pesquisa na graduação é bastante interessante...e ao mesmo
tempo complexo. Pressupõe que o professor desenvolva trabalho de
pesquisa e, num outro plano, que o aluno seja envolvido nesse processo.
Resultados
76
Se o professor não tem uma visão muito firme sobre o que é
pesquisa, o produto não vinga – não sai a produção, entendeu? A
pesquisa (da parte do professor) precisa ser estimulada (o que
envolve apoio financeiro) e, ao mesmo tempo, cobrada, o que
requer cuidado, senão o professor cai numa rotina insustentável.
Por outro lado, não é fácil os nossos alunos, de hoje, interpretarem
um texto – como o que foi exigido no último ENADE, comprometendo seu
envolvimento com a pesquisa.
A disciplina de Metodologia Científica, onde o aluno aprende
as técnicas de como elaborar um trabalho científico, é
obrigatória para desenvolver o intelecto dele. É preciso,
entretanto, desenvolver um exercício para que o aluno passe a
gostar realmente de pesquisa. A legislação exige e ao mesmo
tempo não exige, mas recomenda e estimula. De que
maneira? Através da monitoria, iniciação científica, entendeu?
Sem obrigar, mas estimular.
No tocante à união do ensino e pesquisa,
a questão curricular é a grande separação e a grande dificuldade.
Uma coisa é você ensinar a profissão, outra coisa é você
desenvolver ou estimular o aluno à pesquisa. Sabe como as duas
coisas viriam juntas? Eu teria meu laboratório, 5 ou 10 alunos que
passariam o dia comigo, pesquisando...porque o aluno só vive a
pesquisa no momento que começa a fazer pesquisa.
Para a UNICID, no dizer do entrevistado
a pesquisa estimula o aluno a desenvolver raciocínio lógico,
comportamento ético, integração com a sociedade. Colocá-lo
em contato direto com a realidade nacional abre espaço para
o desenvolvimento da pesquisa. É impressionante como se
consegue transformar um aluno desatento num aluno bom,
através da pesquisa, como ele se interessa pela técnica, pela
escola, como ele vive o problema... O aluno tem, nesta idade,
um potencial criativo muito grande que pode ser explorado.
Porém, enquanto não se prestigiar, remunerando bem os
professores, nós não teremos uma boa pesquisa e nem
interesse do professor pela pesquisa. A legislação exige
iniciação em pesquisa na graduação, mas fica a cargo do
professor definir o que é iniciação.
Resultados
77
A UNICID, assim como a USP, valoriza o potencial do aluno no
envolvimento com a pesquisa. A UNIP aponta para a precariedade da
formação dos estudantes. Sem considerar esses aspectos como exclusivos,
permitindo diversas combinações, tanto a UNICID como a UNIP colocam o
papel do professor no processo de realização da pesquisa, evidenciando
remuneração do professor como um dos elementos condicionantes para o
desenvolvimento da pesquisa na graduação nas instituições privadas.
4.3.3 Propostas e perspectivas de revisão curricular
Dimensionando caminhos e tendências relativas à incorporação da
pesquisa no ensino, o presidente da Comissão de Graduação da USP refere
que, o desafio é fazer as coisas de forma gradativa, ter tolerância e respeito
em relação ao modo de ensinar de cada disciplina. Quanto ao futuro do
ensino odontológico, a questão que se coloca é a formação do professor.
Portanto, não há necessidade de mudanças curriculares, o importante é o
curso ser integral, para que o aluno aproveite todas as potencialidades que a
Universidade oferece, sob o aspecto cultural e da pesquisa também.
Essas considerações, no dizer do entrevistado, guardam coerência
com a menção anterior de que as mudanças devem ser sutis.
Quanto ao futuro do ensino da Odontologia, o entrevistado da UNIP
vê o ensino como conseqüência do mercado de trabalho; é ele que vai
balizar, que vai nortear a formação do profissional. Em relação ao modo de
ensinar, estamos caminhando a passos largos para o ensino a distância.
Para o entrevistado,
o arranjo curricular é secundário... não há necessidade (de
alteração do currículo). A necessidade é o aluno chegar mais
preparado. O grande desafio é o recebimento dos alunos com
embasamento colegial, cursos de graduação com tempo
integral (que permitam) viver a pesquisa.
Resultados
78
Mantendo a distinção entre ensinar e pesquisar, o entrevistado
considera como requisito para o desenvolvimento de pesquisa na graduação
o preparo do aluno e a abertura de espaços, num tempo integral, para o
engajamento em projetos de pesquisa.
Já na UNICID, o ex-diretor e fundador do curso de graduação ressalta:
O principal desafio é... conseguir verbas para estas modificações,
venham de onde vierem. Precisa haver um aporte financeiro,
neste momento, próprio para a modificação no ensino
(ferramentas mais modernas: parte da informática, alunos
trabalhando no computador, quadros de ensino eletrônico,
transportar o avanço tecnológico para o ensino), caso contrário,
nós vamos ficar no arremedo do ensino, isso exigirá mudanças
grandes nas universidades.
Muito provavelmente, o futuro do ensino vai estar na mão
daquelas universidades que investiram e acreditaram no ensino
de excelência. É necessário mudar o ensino, o componente
pedagógico e ético das universidades juntamente com a formação
dos professores. Cada vez mais temos que nos dedicar à
pesquisa, nos aprofundar e utilizar metodologias mais modernas,
para poder até encontrar guarida nos orgãos de publicidade, nas
publicações científicas.
Para tanto, eu acho que estamos com currículos muito tradicionais
- nós temos que mudar no sentido da integração. O grande
segredo do ensino está na integralidade. O ensino integrado na
Odontologia: o grande segredo é esse.
E, ainda, mudar o currículo no sentido de agregar maior interesse
do aluno, até pela pesquisa... não só na pesquisa de laboratório,
mas em pesquisa na informática e pelas bibliotecas virtuais; acho
que isso é que daria um grande avanço (no desenvolvimento) da
responsabilidade do aluno. O ensino tem que ser dinâmico; o
aluno não pode mais perder tempo; o tempo hoje é fundamental.
O mundo tornou-se integral. O desafio maior do futuro é a
integralidade.
Diante dos desafios institucionais para o futuro do ensino da
Odontologia, os entrevistados apontam o tempo integral para o envolvimento com
pesquisa, a disposição do aluno, estimulado por professores devidamente
preparados, e embasamento do aluno que ingressa na Universidade.
A preocupação com o currículo parece secundária. Mesmo
considerando os avanços que sinalizam para o futuro do ensino a distância, a
estrutura curricular se organizaria, basicamente, em função das demandas do
Resultados
79
mercado de trabalho. Numa outra abordagem, foi apontada a necessidade de
mudança na estrutura tradicional de ensino com vistas à integração disciplinar.
Assentada no avanço tecnológico capaz de subsidiar tais transformações foi
ressaltado o requisito fundamental de aporte financeiro e a necessidade de
mudanças sem rupturas capazes de comprometer avanços já alcançados.
Os depoimentos contemplam, de alguma maneira, os requisitos
apontados por Stashenko e Niederman (2002) a propósito da estruturação
institucional da pesquisa, envolvendo a constituição de massa crítica pelo
clínico-cientista e políticas de gestão e infra-estrutura. Não se dimensiona,
porém, nos cenários (futuros) apresentados, o envolvimento do aluno com a
pesquisa, para além do âmbito extracurricular. A instrução científica é
contemplada, de uma forma ou de outra, porém, o mesmo não ocorre com o
ensino fundamentado na pesquisa, com vistas à formação de homens e
mulheres da ciência, como entende Bertolami (2002).
Apesar da preocupação com a mudança curricular e com as
tecnologias de ensino, não se considera a pesquisa fundamentando as
interlocuções disciplinares, o que envolve a organização do currículo pela
lógica da pesquisa, conforme propõe Cunha (1997), ressaltando-se a
incompatibilidade dessa concepção com o processo de construção do
conhecimento, subjacente à pesquisa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
81
A FOUSP, compromissada com a investigação científica desde sua
incorporação à Universidade e respaldada pela Reforma Universitária, tem o
desenvolvimento da pesquisa associada à ampliação dos cursos de pós-
graduação. No âmbito da graduação, oferece instrução científica, para o que
contribui a disciplina de Metodologia Científica.
As universidades privadas, que surgem nos anos 80 e 90,
comportam níveis diferenciados de incorporação da pesquisa. Tendo como
modelo de ensino a FOUSP, sofrem as limitações de uma história recente no
tocante ao desenvolvimento da pesquisa, ao lado das implicações financeiras
envolvidas na sua implantação e das especificidades das orientações político-
institucionais.
A instalação de infra-estrutura para realização da pesquisa constitui
preocupação comum aos três cenários institucionais, ressaltando-se
diferenças no tocante à titulação docente.
Existe consenso quanto à necessidade de envolvimento do aluno
com pesquisa no âmbito da iniciação científica, ao lado da formação ética e
humanística. Destaca-se, entretanto, a relevância da fundamentação
científica para o desenvolvimento das habilidades profissionais, em
detrimento da realização do ensino pela pesquisa.
Os dados confirmam o interesse e o incentivo à participação dos
alunos nas atividades de pesquisa que se inscrevem no contexto de um
modelo tradicional de currículo.
Num dos cenários institucionais, Metodologia Científica constitui
uma disciplina autônoma, complementada por disciplinas afins, apoiada por
órgãos que coordenam as atividades de pesquisa, inclusive no espaço da
graduação. A despeito de uma estrutura voltada para pesquisa e os esforços
pontuais em algumas disciplinas, o planejamento do ensino se mantém
nucleado, numa configuração resistente à alterações curriculares mais
abrangentes.
Num outro cenário, Metodologia Científica não se constitui numa
disciplina autônoma. Os indicativos de que estes ensinamentos ocorrem no
Considerações Finais
82
âmbito da Odontologia Social e Ética, sem menção de sua consideração nas
demais ementas disciplinares, reafirmam a preservação da estrutura
fragmentada da organização curricular.
Numa situação similar quanto à ausência de constituição de uma
disciplina autônoma de Metodologia Científica, o desenvolvimento de
módulos interdisciplinares, acompanhado de um plano de desenvolvimento de
pesquisa institucional, não concretiza a estruturação do ensino pela pesquisa.
Ocorrem esforços nas três instituições no sentido da revisão do
currículo, conforme nossa hipótese do estudo, tendo em vista o atendimento
às Diretrizes Curriculares, porém, não há um planejamento para a construção
de um currículo organizado sob a lógica da pesquisa.
Quanto aos destinos futuros do ensino da Odontologia, foram
levantadas questões tanto por referência aos docentes como aos alunos. Em
relação aos primeiros ressalta-se a importância da capacitação acadêmica
docente, comprometida com a realização de pesquisa e os limites financeiros
que isto implica, particularmente nas escolas privadas. Os entrevistados,
entretanto, demarcam a separação entre o ser pesquisador e o ser
professor, em que pese as combinações possíveis entre estas atividades.
Em relação aos alunos, existe o consenso quanto à relevância da
pesquisa para seu desenvolvimento intelectual, ressaltando-se problemas
relativos à formação pregressa dos que chegam à universidade.
Considerando-se a iniciativa do aluno no envolvimento com o exercício da
pesquisa, é preconizado o curso em período integral.
A propósito dessas observações, segundo os entrevistados, a Lei
recomenda, mas não obriga a realização de pesquisa pelo aluno,
reafirmando-se a separação entre ensino e pesquisa.
A secundarização da pesquisa no currículo se expressa em
diferentes instâncias. Numa delas, diante da pesquisa institucional
consagrada ao longo dos anos, as alterações curriculares devem evitar
rupturas, que comprometam os avanços conquistados. Na situação
institucional de um currículo fundamentado na tecnologia científica, capaz de
Considerações Finais
83
subsidiar a prática profissional competente, sua alteração estaria
condicionada às demandas do mercado de trabalho. Numa terceira instância,
o privilegiamento do desenvolvimento tecnológico e da integralidade aponta
para a relevância das alterações curriculares, sem focalizar a dimensão do
ensino pela pesquisa.
Assim, mantidas as projeções sobre o futuro próximo do ensino da
Odontologia, confirma-se nossa hipótese de que tal quadro não contempla a
estruturação de um currículo fundamentado na lógica da pesquisa.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas
85
ACCETTURI, Conceição; LOUSANA, Greyce. Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido. In: LOUSANA, Greyce (org.) Pesquisa clínica no Brasil. São
Paulo: Revinter; 2002.
ARAUJO, Maria Ercília de. Educação Superior em Odontologia na
Perspectiva das Políticas Públicas de Saúde. [Tese de Livre-Docência]. São
Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2004.
BALZAN, Newton César. Indissociabilidade ensino-pesquisa como princípio
metodológico. In: VEIGA, Ilma Passos A.; CASTANHO, Maria Eugênia L.M.
(orgs). Pedagogia universitária: a aula em foco. 3
a
edição. Campinas – SP:
Papirus editora, 2000.
BATISTA, Sylvia Helena S.da S. Aprendizagem, ensino e formação em
saúde:das experiências às teorias em construção. In: BATISTA, N.A.;
BATISTA, S.H.S.S. (orgs). Docência em Saúde: temas e experiências. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.
BERTOLAMI, Charles N. The role and Iimportance of Research and
Scholarship in Dental Education and Practice. J Dent Educ, v.66, n.8, p.918-
24, Aug., 2002.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior.
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Odontologia.
Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1.
BURBULES, Nicholas, TORRES, Carlos A. (Orgs.). Globalização e educação:
perspectivas críticas. Porto Alegre: Artmed, 2004.
CANÁRIO, Rui. Formação e mudança no campo da saúde .In: _____(org.)
Formação e situações de trabalho. Trad. Júlia Ferreira. Portugal: Porto
editora, 1997.
CAPES - COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL
SUPERIOR (Ministério da Educação). Mestrados/Doutorados reconhecidos.
Disponível em: <http://www.capes.gov.br>. Acesso em 18 jan. 2005.
Referências Bibliográficas
86
CARVALHO, Antonio César Perri de. Panorama sobre o Ensino e a Prática da
Odontologia no Estado de São Paulo. Núcleo de Pesquisas sobre o Ensino
Superior (USP), UNESP/NUPES, 1994.
CARVALHO, Antonio César Perri de. Ensino de Odontologia em tempos da
LDB. Canoas: Ed. ULBRA, 2001.
CATANI, Afrânio M., DAL PAI FRANCO, Maria Estela. Gestão da
universidade: caminhos e possibilidades na produção de pesquisas. In:
WITTMAN, Lauro C., GRACINDO, Regina v. (orgs.). O estado da arte em
política e gestão da educação no Brasil: 1991 a 1997 – Brasília: ANPAE,
Campinas: Autores Associados, 2001. cap. 10, p. 227-55.
CASTANHO, Sérgio E. M. A Universidade entre o sim, o não e o talvez. In:
VEIGA, Ilma P. A.; CASTANHO, Maria Eugênia L.M. (orgs.) Pedagogia
universitária: A aula em foco. 3
a
edição. Campinas – SP: Papirus editora, 2000.
CASTANHO, Maria Eugênia L.M. A criatividade na sala de aula
universitária.In: VEIGA, Ilma P. A.; CASTANHO, Maria Eugênia L. M. (orgs.)
Pedagogia universitária: A aula em foco. 3
a
edição. Campinas – SP: Papirus
editora, 2000.
CECCON, Maria Fernanda. A Odontologia em Prova. Revista Assoc. Paulista
de Cirurg. Dent., v.54, n.5, p.353-62, set-out., 2000.
CHAUÍ, Marilena. A universidade pública sob nova perspectiva. Conferência
de abertura da 26
a
Reunião Anual da ANPED, Poços de Caldas, MG, 05 de
outubro de 2003.
COSTA FILHO, Oswaldo. Proposta de flexibilidade do currículo odontológico.
Belo Horizonte: O. Costa Filho,2003.
CONFERENCIA MUNDIAL SOBRE LA EDUCACION SUPERIOR DA
UNESCO. 1998, Paris. La educación superior en el siglo XXI: visión y acción.
Disponível em <http://www.unesco.org>. Acesso em: 29 out 2001.
Referências Bibliográficas
87
CUNHA, Maria Isabel da. Aula universitária:inovação e pesquisa.In: LEITE,
Denise B. C.; MOROSINI, Marília. Universidade futurante: produção do ensino
e inovação. 2
a
edição. Campinas – SP: Papirus editora, 1997.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6
a
ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2003.
GIES, William J. Dental education in the United States and Canada. Carnegie
Foundation for the Advancement of teaching. 1926.
DONNANGELO, Maria Cecília F. Medicina e Sociedade:o médico e seu
mercado de trabalho. São Paulo: Pioneira, 1975.
DOURADO, Luiz F., CATANI, Afrânio M., OLIVEIRA, João F. (Org.). Políticas
e gestão da educação superior: transformações recentes e debates atuais.
São Paulo: Xamã; Goiânia: Alternativa, 2003.
ENSINO- INICIAÇÃO CIENTÍFICA (Universidade Cidade de São Paulo).
Disponível em: <http://www.unicid.br>. Acesso em: 11 jan., 2005.
FACULDADE DE SÃO PAULO (Universidade São Paulo). 1934-1974. São
Paulo, 1987.
FACULDADE DE ODONTOLOGIA (Universidade São Paulo). Departamentos.
Disponível em: <http://www.fo.usp.br/departamentos/index.html>. Acesso em
11 jan. 2004.
FACULDADE DE ODONTOLOGIA (Universidade São Paulo). Comissão de
Pesquisa. Disponível em:< http://www.fo.usp.br/comissoes/pesquisa/index.html>.
Acesso em 23 nov. 2004.
FAZENDA, Ivani C. A. Dificuldades comuns entre os que pesquisam
educação. In: FAZENDA, Ivani C. A.(org.) Metodologia da pesquisa
educacional, 8
a
edição, São Paulo: Cortez, 2002.
FAVA DE MORAES, Flávio. E a pesquisa, como vai?. Rev ABO Nacional,
vol.2, n. 2, abril-maio, 1994.
Referências Bibliográficas
88
FÁVERO, Maria de Lourdes de A.; SEGENREICH, Stella C. D. Universidade,
ciência e tecnologia (1985-2000): algumas questões. In: MANCEBO, Deise;
FÁVERO, M. L. A. Universidades: políticas, avaliação e trabalho docente. São
Paulo: Cortez, 2004.
FELDMANN, Marina G. Questões contemporâneas: mundo do trabalho e
democratização do conhecimento. In: SEVERINO, Antônio J.; FAZENDA,
Ivani C. A. (orgs) Políticas educacionais: o ensino nacional em questão.
Campinas, SP: Papirus, 2003.
FRIGOTTO, Gaudêncio. O Enfoque da dialética materialista histórica na
pesquisa educacional. In: FAZENDA, Ivani C. A. Metodologia da pesquisa
educacional. 8
a
edição. São Paulo: Cortez, 2002.
GRACINDO, Regina V., KENSKI, Vani M. Gestão de sistemas educacionais:
a produção de pesquisas no Brasil. In: WITTMAN, Lauro C., GRACINDO,
Regina V. (orgs.). O estado da arte em política e gestão da educação 1no
Brasil: 1991 a 1997.- Brasília: ANPAE, Campinas: Autores Associados, 2001.
cap. 9, p.201-26.
IACOPINO, Anthony M.; LYNCH, Dennis P.; TAFT, Thomas. Preserving the
Pipeline: a model dental curriculum for research non-intensive institutions.J
Dent Educ, v.68, n.1, p. 44-49, Jan., 2004.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (Universidade Paulista). Projeto
Político Pedagógico – Curso de Odontologia. São Paulo, 2003.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (Universidade Paulista). Conteúdo
programático. Curso: Odontologia. São Paulo, 2003. 202p.
KON, Simon. E a pesquisa, como vai? Rev ABO Nacional. v.2, n.2, abril-
maio, 1994;
LUCARELLI, Elisa. Currículo. In: FAZENDA, Ivani C. A. Dicionário em
construção: interdisciplinaridade.2
a
edição. São Paulo: Cortez, 2002.
LUCCHESI, Martha A. S. Universidade, política & pesquisa. São Paulo:
Memnon, 2003.
Referências Bibliográficas
89
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli, E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
LUNA, Sergio V. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo:
EDUC, 2002.
MAIA, José Antonio. O currículo no ensino superior em saúde. In: BATISTA,
Nildo A.; BATISTA, Sylvia H. S. da S. (orgs). Docência em Saúde: temas e
experiências. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.
MARTINS, Viviane F. Governo federal lança programa Brasil sorridente.
Jornal da APCD, São Paulo, p. abril, 2004.
MINAYO, Maria Cecília de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa
em saúde. 6
a
edição. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 1999.
MOREIRA, Antonio F. B. Currículos e programas no Brasil. 10
a
ed. Campinas
– SP: Papirus editora, 2003.
MOREIRA, Antonio F. B. Currículo, utopia e pós-modernidade. In:
_______(org.) Currículo: questões atuais. Campinas, SP: Papirus, 1997.
MOTOYAMA, Shozo (org.) 50 anos de CNPq: contados pelos seus
presidentes. São Paulo: FAPESP, 2002.
MOYSÉS, Samuel Jorge. A humanização da educação em odontologia. Pro-
Posições, vol.14, n.1(40), jan/abr, 2003.
NETO, Alfredo J. F. A evolução dos cursos de Odontologia no Brasil. Abeno,
Brasília maio 2003. Seção Evolução dos Cursos. Disponível em:
<http://www.abeno.org.br/evol.htm> . Acesso em 16 maio 2003.
NÚCLEO DE APOIO AOS ESTUDOS DE GRADUAÇÃO (NAEG-InfoUSP).
Estatuto da Universidade São Paulo. Disponível em:<
http://naeg.prg.usp.br/infousp/usp/estatuto.phtml>. Acesso em 23 nov. 2004.
NÚCLEO DE APOIO AOS ESTUDOS DE GRADUAÇÃO (NAEG-InfoUSP).
Brasil anos 30: a educação e a criação da USP. Disponível em:
<http://naeg.prg.usp.br/infousp/usp/historicousp/phtml> Acesso em 23
nov.2004.
Referências Bibliográficas
90
OLIVEIRA, Maria Rita N. S. Confluências e divergências entre didática e
currículo.2
a
edição. Campinas – SP: Papirus, 1998.
OLIVEIRA, Djalma P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e
práticas.18
a
edição. São Paulo: Atlas, 2002.
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Currículos Praticados: entre a regulação e a
emancipação. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2003.
PACE, Fernando Amadeo. Escorço histórico do movimento sindical
odontológico no Estado de São Paulo. Dissertação (Mestrado – Programa de
Pós-graduação em Odontologia da Universidade de São Paulo. Área de
concentração: Deodontologia e Odontologia Legal); orientadora Ida Tecla
Prellwitz Calvielli. São Paulo, 2001.
PADILHA, Paulo R. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-
pedagógico da escola. 3
a
edição. São Paulo: Cortez, 2002.
PETEROSSI, Helena G; ARAÚJO, Almério M. Políticas públicas de educação
profissional: uma reforma em construção no sistema de escolas técnicas
públicas em São Paulo. In:
SEVERINO, Antônio J.; FAZENDA, Ivani C. A. (orgs.) Políticas educacionais:
o ensino nacional em questão. Campinas- SP: Papirus, 2003.
PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA- Grupos de Pesquisa (Universidade
Cidade de São Paulo). Disponível em:< http://www.unicid.br>. Acesso em 18
jan. 2005.
PROJETO PEDAGÓGICO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA
(Universidade São Paulo), 2003.
RIBEIRO, Maria das Graças M. Educação superior brasileira: reforma e
diversificação institucional. Bragança Paulista – SP: EDUSF, 2002;
ROSENTHAL, Elias. A Odontologia no Brasil no século XX: história ilustrada.
1
a
edição. São Paulo: Santos, 2001.
Referências Bibliográficas
91
SANT’ANNA, Flávia M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L. C.; TURRA, C. M. G.
Planejamento de ensino e avaliação, 11
a
edição. Porto Alegre: Sagra
Luzzatto, 1998.
SAVIANI, Dermeval. A educação como Questão Nacional. In:_____ A nova lei
da educação:LDB trajetória, Limites e Perspectivas.1
a
ed. Campinas –SP:
Autores Associados editora, 1997.
SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: Trajetória, Limites e
Perspectivas. 8
a
ed. ver.– SP: Autores Associados, 2003.
SCHWARTZMAN, Simon. Educação: A nova geração de reformas. In:
GIAMBIAGI, Fábio; REIS, José G.; URANI, A. (orgs). Reformas no Brasil:
Balanço e Agenda. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2004.
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA (Faculdade de Odontologia
– Universidade São Paulo). Programas de Ensino. São Paulo, 2003.
SILVA, Jair Militão da. Políticas públicas em educação e formação de
profissionais da educação para a administração de sistemas municipais de
ensino. In: SEVERINO, Antônio J.; FAZENDA, Ivani C. A. (orgs.) Políticas
educacionais: o ensino nacional em questão. Campinas- SP: Papirus, 2003.
STASHENKO, P.; NIEDERMAN, R. Basic and clinical research: Issues of
cost, manpower needs, and infrastructure. J Dent Educ., v.66, n.8, p.927-33,
Aug., 2002.
SURSALA, S. M.; BERGMAN, A. V.; HOWELL, T. H.; KARIMBUX, N.Y.
Problem-based learning and research at the Harvard School of Dental
Medicine: A ten-year follow-up. JDent Educ, v.68, n.1, jan, 2004.
TOMMASI, Lívia de, WARDE, Mirian J., Haddad, Sérgio. O banco mundial e
as políticas educacionais. 4
a
ed. São Paulo: Cortez, 2003.
TORTAMANO, Nicolau. E a pesquisa, como vai? . Rev ABO Nacional, v.2,
n.2, abril-maio, 1994.
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO. 30 anos fazendo história. São
Paulo, 2002.
Referências Bibliográficas
92
UNIVERIDADE CIDADE DE SÃO PAULO. Ensino-Iniciação Científica.
Disponível em: <http://www. unicid.br/ensino/ini_cient.htm> Acesso em: 18
jan. 2005.
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO. Ementas disciplinares. São
Paulo, 2003. 60p.
UNIVERSIDADE PAULISTA. Pesquisas. Disponível em:
<http://www.unip.br/pesquisa/formularios/iniciacao_cientifica/frminiciacaosp.d
oc>. Acesso em 18 jan. 2005.
VEIGA-NETO, Alfredo. Currículo e interdisciplinaridade. In: MOREIRA, Antonio
F. B. (org.) Currículo: questões atuais. Campinas – SP: Papirus, 1997.
ZOTTI, Solange A. Sociedade, educação e currículo no Brasil: dos jesuítas aos
anos de 1980. Campinas-SP: Associados; Brasília – DF: Editora Plano, 2004.
7. ANEXOS
Anexos
94
Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Estudo:
A PESQUISA E O CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
Este estudo tem por objetivo principal, identificar quais as possibilidades de
revisão do currículo odontológico, baseando-se no princípio da pesquisa como
norteadora da organização curricular e nas recomendações das novas Diretrizes
Curriculares. Recorrendo, para tanto, às entrevistas com os responsáveis pelo curso de
graduação de Odontologia e à análise de documentos.
Os documentos acima referidos seriam aqueles que revelam a evolução histórica
da universidade, particularmente, do curso de Odontologia e o projeto político-pedagógico
institucional. A entrevista, que será gravada, transcrita e reapresentada ao entrevistado,
deverá incluir os seguintes eixos temáticos: concepções sobre o desenvolvimento da
pesquisa e organização curricular; qual a participação da pesquisa no ensino, sob a ótica
da Nova LDB e das Diretrizes Curriculares; qual o comprometimento institucional em
relação ao ensino, diante da Nova LDB e das Diretrizes Curriculares; e, quais as
propostas e as perspectivas acerca da revisão curricular.
Não há benefício direto para a instituição, nem tampouco riscos. Em qualquer
etapa do estudo, terão acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para
esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é a Dr.
a
Luciana Ávila
Maltagliati, que pode ser encontrada no endereço: Rua Salete, 200, 4
o
andar, conj. 42,
Santana – SP. Telefone: 6973 7917, cel. 9939 6004, e-mail: [email protected].
Tendo alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572, 1
o
andar, cj 41, Fone: 5571 1062, fax: 5539
7162 – e-mail: [email protected].
É garantida a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo da instituição.
As informações obtidas serão analisadas sem qualquer tipo de divulgação e
identificação. As instituições participantes terão o direito sobre os resultados parciais das
pesquisas ou de resultados que sejam de conhecimento dos pesquisadores.
Não há despesas para a instituição participante em qualquer fase do estudo,
nem tampouco compensação financeira relacionada à sua participação.
Os pesquisadores se comprometem a utilizar os dados e o material obtido
somente para esta pesquisa.
Anexos
95
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que
li ou que me foram verbalmente esclarecidas, sobre a descrição do estudo: A
Pesquisa e o Currículo Odontológico – A Revisão em Questão.
Discuti com a Dr.
a
Luciana Ávila Maltagliati sobre a decisão de participar
deste estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes, assim como a isenção de
qualquer tipo de despesas.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o
meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízos para a instituição.
_____________________________________
Assinatura do Prof. Responsável data ____/____/_____
_____________________________________
Assinatura da testemunha data ____/____/_____
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre
e Esclarecido desta instituição, sob a forma de seu representante.
_____________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo data ____/_____/_____
Anexos
96
Anexo B - Roteiros de entrevista
1. Quando o senhor assumiu este cargo, qual era o perfil da política de gestão
anterior?
2. Qual era o objetivo educacional?
3. Qual era a proposta pedagógica?
4. A escola cumpriu com estes objetivos?
5. Qual é o perfil do aluno hoje?
6. A escola mudou sua proposta pedagógica ao longo da sua existência?
7. Qual a sua formação, professor?
8. Como foi sua trajetória profissional até chegar a este cargo, nesta Universidade?
9. Nesta trajetória, qual o seu envolvimento com a pesquisa?
10. Antes de ocupar este cargo, o que representava a pesquisa para o senhor?
11. Qual a importância que o senhor atribuía?
12. Quais as dificuldades que o senhor via para a realização de pesquisa?
13. Tendo assumido o cargo, qual era o compromisso com pesquisa?
14. De lá para cá, houve mudanças em relação à relevância e condições de realização
(recursos humanos, recursos materiais)?
15. Hoje, qual é o compromisso?
16. Como evoluíram as condições de realização?
17. Existe um projeto de desenvolvimento de pesquisa na graduação? Qual?
18. Como vê o “ensinar pesquisa” na graduação?
19. Qual a importância que o senhor atribui ao ensino da pesquisa na graduação?
20. O aluno tem interesse no desenvolvimento da pesquisa?
21. O professor tem disposição para se dedicar e ensinar?
22. As reformulações na legislação têm explicitado exigências? Quais?
23. O senhor vê necessidade de mudanças curriculares para o exercício da pesquisa?
24. Quais os desafios institucionais que se colocaram diante de tais transformações?
25. Especificando....modo de ensinar?
26. No arranjo curricular?
27. Nas agendas de discussões dos colegiados?
28. Na estruturação de condições materiais/espacial e de recursos humanos?
29. Para finalizar, como o senhor vê o futuro do ensino da odontologia?
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo