E, nesse território, ou quadro de vida, cenário e até palco da vida, é que se desenrolam as
atividades e atribuições humanas, em que os relacionamentos se estreitam ou se distanciam, e
que dão verdadeiro sentido às existências do individual e do coletivo, e é verdadeiramente
nesse território que as sociedades e comunidades realmente existem.
No espaço compreendido do território, a sociedade se estrutura e se organiza, dessa
forma:
O território é a porção de espaço terrestre sobre o qual um dado grupo,
comunidade ou sociedade se organiza, se vincula, se identifica e exerce
poder ou controle. Envolve não apenas o aspecto físico ou material
(ambiente natural e construído), mas o aspecto imaterial dessa organização
(representações sociais, sentimentos de vinculação, comportamentos,
valores códigos, simbologias, organização política). Pode ser detectado em
várias escalas, como a casa, rua, bairro, aldeia, cidade, município, região,
Estado nacional, (LE BOURLEGAT, 2004, p.1).
Existindo, passam a ter formas, assim, o território para Santos, (2002, p16):
[...] também são formas, mas os territórios usados são objetos e ações,
sinônimo de espaço humano, espaço habitado. De um lado temos uma
fluidez virtual oferecida por objetos técnicos, e temos ainda a fluidez real
que vem das ações humanas [...]. [...] o novo funcionamento do território se
dá através das horizontalidades e verticalidades. As horizontalidades são os
domínios da contigüidade, daqueles lugares vizinhos, reunidos por uma
continuidade territorial, enquanto as verticalidades seriam formadas por
pontos distantes uns dos outros, ligados por todas as formas de processos
sociais [...]. A idéia de espaço banal, mais do que nunca, deve ser levantada
em oposição à noção que atualmente ganha terreno nas disciplinas
territoriais: a noção de rede. As redes constituem uma realidade nova que,
de alguma maneira, justifica a expressão verticalidade. Mas além das redes,
antes das redes, apesar das redes, depois das redes, com as redes, há o
espaço banal, o espaço de todos, todo o espaço, porque as redes constituem
apenas uma parte do espaço e o espaço de alguns, [...] São os mesmos
lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente
funcionalizações diferentes, quiçá divergentes ou opostas. O território atual
é marcado por um cotidiano compartido mediante regras que são
formuladas ou reformuladas localmente.
O que se verifica, no entendimento a cerca de território em si, é que se constitui pela
sua forma física, o seu espaço geográfico, podendo inclusive ser mapeado, delineado, mas, a
caracterização mais forte, mais marcante de sua definição atual é evidentemente por seu uso,
sua utilização e pode conter diversas vertentes e concepções sociais.
O território ainda se enriquece por utilizações e funcionalidades múltiplas, ou seja,
em um mesmo lugar e ao mesmo tempo, pode passar de real pelas atitudes e ações humanas
para o virtual na composição com objetos técnicos.