RESUMO
GRINBERG LT. Estendendo o espectro das degenerações lobares frontotemporais:
revisão de uma série clinicopatológica de 833 casos de demências [tese]. São Paulo:
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2006.
As demências frontotemporais (DFT) compreendem 2 fenótipos clínicos:
distúrbios comportamentais ou de linguagem. Coletivamente, as DFTs podem ser
causadas por um grupo diversas de doenças neurodegenerativas chamadas degeneração
lobares frontotemporais (DLFTs). Novas entidades têm sido descritas neste grupo e o
conceito está em constantemente evoluindo. Parte dos mecanismos envolvidos na morte
celular são comuns às DLFTs e ao envelhecimento normal. O objetivo deste estudo é
determinar as entidades e freqüência das DLFTs em uma série clinicopatológica com
utilização de imunoistoquímica. Foi utilizada série prospectiva de 833 casos avaliados
prospectivamente no Centro de Pesquisas de Doença de Alzheimer da Washington
University – EUA. Os casos de DLFTs foram selecionados por critérios clínicos e a
classificação neuropatológica foi baseada em protocolos universalmente aceitos para
DLFTs. Dos casos de demência, 53(6,3%) atenderam aos critérios clínicos e
neuropatológicos para DLFT. Outros 8 casos atenderam apenas aos critérios clínicos de
DFT. As taupatias representaram 40% dos casos. Entretanto, a maioria dos casos
apresentava inclusões ubiquitina-positivas e tau-negativas. Esclerose hipocampal e
alterações do tipo Doença de Alzheimer coexistentes foram encontradas em 12 e 10
casos, respectivamente. Apesar da DLFT-U ter sido a entidade mais freqüente nesta
série, entidades menos comuns e não incluídas nas recomendações de McKhann
também podem apresentar fenótipo clínico de DFT. A inclusão destas novas entidades é
mais uma evidência de que os sintomas clínicos são mais dependentes das áreas
cerebrais acometidas do que da entidade em si. A melhor compreensão dos mecanismos
das DLFTs tem um grande potencial em auxiliar no desenvolvimento de medidas que
possam modular ou retardar os efeitos do envelhecimento no cérebro, além é claro de
trazer possibilidade de tratamento, hoje inexistente, para os pacientes acometidos.
Descritores: Envelhecimento, Doença de Alzheimer, Patologia, Doenças cerebrais,
Neurologia, Psiquiatria geriátrica.