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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
PROGRAMA DE MESTRADO EM AGRONOMIA
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AÇÃO REPELENTE DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS E SINTÉTICAS
SOBRE ANIMAIS MAMÍFEROS SILVESTRES CONSUMIDORES DE
SEMENTES DE Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze
GUILHERME OLIVEIRA SANTOS FERRAZ DE ARRUDA
LAGES SC, FEVEREIRO DE 2006
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
PROGRAMA DE MESTRADO EM AGRONOMIA
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
GUILHERME OLIVEIRA SANTOS FERRAZ DE ARRUDA
Eng. Florestal
AÇÃO REPELENTE DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS E SINTÉTICAS
SOBRE ANIMAIS MAMÍFEROS SILVESTRES CONSUMIDORES DE
SEMENTES DE Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências
Agroveterinárias da Universidade do Estado de
Santa Catarina, para obtenção do título de Mestre
em Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Trezzi Casa
Co-orientador: Prof. Dr. Frederico Dimas Fleig
LAGES, SC
2006
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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária
Renata Weingärtner Rosa – CRB 228/14ª Região
(Biblioteca Setorial do CAV/UDESC)
Ferraz de Arruda, Guilherme Oliveira Santos
Ação repelente de substâncias naturais e sintéticas sobre
animais mamíferos silvestres consumidores de sementes de
Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. / – Lages, 2006.
91p.
Dissertação (Mestrado) – Centro de Ciências
Agroveterinárias / UDESC.
1. Araucária. 2. Pinhões. 3. Repelência. 4. Roedores. I.Título.
CDD – 634.9751
iv
GUILHERME OLIVEIRA SANTOS FERRAZ DE ARRUDA
Graduado em Engenharia FlorestalUSP / Piracicaba-SP
AÇÃO REPELENTE DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS E SINTÉTICAS
SOBRE ANIMAIS MAMÍFEROS SILVESTRES CONSUMIDORES DE
SEMENTES DE Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do tulo de Mestre em
Produção Vegetal.
Aprovado em: 22/02/2006
Pela banca examinadora
______________________________
Dr.Ricardo Trezzi Casa
Orientador – UDESC/Lages-SC
Homologado em:
Por
_____________________________________
PhD. Cassandro Vidal Talamini do Amarante
Coordenador Técnico do Curso de Mestrado em
Produção Vegetal
_____________________________
Dr. Frederico Dimas Fleig
UFSM/RS
____________________________________
Dr. Jaime Antonio de Almeida
Coordenador do Programa de Mestrado em
Agronomia
______________________________
Adelar Mantovani
UDESC/Lages-SC
____________________________________
Dr. Paulo Cezar Cassol
Diretor Geral do Centro de Ciências
Agroveterinárias – UDESC/Lages-SC
_______________________________
Dra. Maria Teresa Mattos Aranha
UDESC/Lages-SC
Lages, Santa Catarina
22 de Fevereiro de 2006
v
Aos meus pais, Cyro e Zuleika (in memoriam),
por tudo que me proporcionaram na vida,
DEDICO.
À minha esposa Renata e ao meu filho Vicius,
pelo incondicional apoio, carinho e compreensão,
em todos os nossos momentos,
OFEREÇO.
vi
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores, professores Dr. Ricardo Trezzi Casa e Dr. Frederico Dimas
Fleig, por acreditarem na minha pessoa e pela seriedade, apoio e muitos ensinamentos;
À Universidade do Estado de Santa Catarina e ao Centro de Ciências Agroveterinárias,
pela oportunidade oferecida, que marca mais uma etapa de minha vida;
Ao coordenador do Programa de Mestrado em Agronomia do CAV, prof. Dr. Jaime
Antônio de Almeida; aos coordenadores técnicos do Mestrado em Produção Vegetal, prof.
Ph.D. Amauri Bogo (2004) e Ph.D. Cassandro Vidal Talamini do Amarante (2005 e 2006),
pelo apoio e respeito; à CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado;
Aos professores Dr. Ricardo Trezzi Casa, Ph.D. Mari Inês Carissimi Boff, Ph.D.
Amauri Bogo, Dr. Frederico Dimas Fleig, Dr. João Fert Neto, Ph.D. Luis Sangoi, Ph.D.
Cassandro Vidal Talamini do Amarante, Dr. André Thaler Neto, Ph.D. Nilson Broring e Dr.
Cleimon Eduardo Amaral Dias, pelos valiosos ensinamentos em sala de aula, pela inteira
disponibilidade em qualquer horário e pela ótima convivência diária no CAV;
Àqueles professores, que mesmo em situação “extra-aula” ou em momentos informais,
prontamente colaboraram comigo, como os professores Álvaro Luiz Mafra e Júlio César Pires
Santos, com quem fiz os primeiros contatos no CAV e que gentilmente deram informações
importantes sobre o mestrado; prof. Frederico Dimas Fleig, que se dedicou na orientação
deste trabalho, pelo empréstimo de material particular e pela co-orientação após ter ido para
outra instituição de ensino em 2005, sobretudo nas análises estatísticas; prof. Ricardo Trezzi
vii
Casa, com sugestões valiosas sobre controle fitopatológico em pinhões (ainda antes de se
tornar meu orientador); prof. Cassandro V. T. do Amarante, por informações sobre fisiologia
das sementes; profª. Mari Inês C.Boff, por ceder material particular para estudo e, acima de
tudo, por sua sensibilidade e compreensão das dificuldades naturais dos alunos; prof. Gilberto
Ide, pelo empréstimo de material do laboratório de Tecnologia de Alimentos, no preparo dos
extratos vegetais e prof. Renato Fenili, pelo empréstimo de material do laboratório de
Entomologia, para estudo;
À bibliotecária Renata Weingärtner Rosa e sua equipe, pelas orientações, bom
atendimento e paciência, nas muitas horas que permaneci na biblioteca do CAV; ao Fernando
Batista Ramos, pelo suporte aos mestrandos e aos demais funcionários que contribuíram para
o bom andamento do meu trabalho.
Aos proprietários do “Condomínio Rural Morro Azul”, por terem cedido gentilmente o
local para os experimentos de campo, durante 5,5 meses;
Aos colegas de turma da Produção Vegetal e da área de Solos, Amanda, Arthur,
Clarice, Felipe, Isabel, João José, Leonardo, Paula, Vera, Ana Elisa, André, Cláudio e
Priscila, que na realidade formaram um grupo, sem distinção alguma, onde amizade,
colaboração e alegria sempre estiveram presentes, tanto na seriedade das horas de estudo e
decisivas de cada um, como na descontração das jantas” e churrascos, comandados quase
sempre pelo “mestre-cuca” Arthur; também ao Márcio Carvalho, mestrando da turma anterior,
pela amizade e dicas na “salinha”e aos graduandos da Agronomia, Daniel Schwantz e Éder
Novaes Moreira (Paulista), pela colaboração;
À minha família, em especial Renata e Vicius pelo incentivo diário; meu pai Cyro e
irmãos Ivan e Cylene, pela força, mesmo distantes fisicamente 1000 km.
viii
Ação repelente de substâncias naturais e sintéticas sobre animais
mamíferos silvestres consumidores de sementes de Araucaria
angustifolia (Bert.) O. Ktze
Autor: Guilherme Oliveira Santos Ferraz de Arruda
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Trezzi Casa
Co-orientador: Prof. Dr. Frederico Dimas Fleig
RESUMO GERAL
A implantação de florestas de Araucária esbarra, entre outros fatores, na dificuldade do
desenvolvimento normal das suas sementes (pinhões) após a semeadura direta no campo,
devido à intensa ação predadora da fauna silvestre sobre os pinhões. Este trabalho teve como
objetivo testar o potencial de repelência de algumas substâncias não fitotóxicas, sobre a fauna
predadora dessas sementes, visando um maior índice de sobrevincia destas no campo. As
sementes de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze foram tratadas com algumas substâncias
naturais, na forma de extratos e óleos, à base de mamona, linhaça, eucalipto, pimenta
vermelha, salsinha e losna, além de produtos sintéticos à base de cobre, enxofre, breu, tinta
látex, lignosulfonato de cálcio e algumas misturas entre esses produtos. As sementes foram
coletadas em 2004, na época de maturação, na região de Lages-SC, selecionadas e
conservadas em temperatura de 1 a C, para uso posterior nos experimentos. Numa primeira
etapa, realizada “in vitro”, as substâncias-teste foram aplicadas diretamente nas sementes,
para serem avaliadas quanto aos possíveis efeitos fitotóxicos. Depois de escarificadas na
extremidade axial, as sementes foram semeadas em bandejas plásticas com vermiculita
umedecida e colocadas em câmara de germinação, com controle programável de temperatura,
umidade relativa do ar e períodos de luz, com rega manual em intervados médios de 3 dias.
Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, contendo 15 tratamentos, 10 pinhões
por tratamento e com 4 repetições. Os dados foram coletados após 76 dias da semeadura e
analisados estatisticamente quanto aos possíveis efeitos fitotóxicos sobre a emissão de
caulículo, emissão de raiz, comprimento do caulículo e comprimento da raiz principal.
Concluiu-se, in vitro”, que não houve efeitos fitotóxicos dos tratamentos sobre as variáveis
estudadas, o havendo impedimento para a utilização dos mesmos em testes de repelência
aos animais no campo. Numa segunda etapa, as substâncias foram testadas “in vivo”, em
semeadura direta no campo, para verificar sua ação de repelência sobre os animais
consumidores de pinhão. Nesta etapa foram realizados dois experimentos, aqui denominados
de experimentos 1 e 2. No experimento 1, igualmente a aplicação das substâncias e
escarificação das sementes foram realizadas em laboratório, seguido de semeadura direta em
covas. Foram utilizados os mesmos 15 tratamentos do experimento “in vitro”, com 10 pinhões
por tratamento, com 4 repetições. No experimento 2, as substâncias-teste foram aplicadas
unicamente na superfície das covas, imediatamente depois da semeadura de pinhões
escarificados, sem as substâncias. Foram utilizados 11 tratamentos, com 10 pinhões por
tratamento, com 4 repetições. Para ambos os experimentos de campo, adotou-se o
delineamento experimental de blocos casualizados. Os dados de predação dos pinhões foram
coletados em vistorias com intervalos médios de 18 dias, finalizando-se aos 167 e 165 dias,
respectivamente para os experimentos 1 e 2. Concluiu-se, para os experimentos de campo,
que: a) Os índices de predação de pinhões foram elevados para ambos os experimentos:
ix
78,0% no experimento 1 (tratamento nos pinhões) e 84,3% no experimento 2 (tratamento nas
covas); b) No experimento com pinhões tratados, o período de tempo mais longo verificado
para o ício da predação foi de 104 dias após a semeadura, enquanto no experimento com
tratamento no ambiente (covas), foi de 64 dias; c) O efeito da interação entre blocos e
tratamentos foi altamente significativo e o efeito de bloco foi maior que o de tratamento, em
ambos os experimentos; d) Solução de breu e álcool + óleo de eucalipto, aplicados nos
pinhões, apresentou potencial para redução do nível de predação dessas sementes, nos blocos
analisados; e) Os tratamentos com óleo de linhaça apresentaram comportamentos variáveis
nos blocos, igualmente aos tratamentos com tinta látex, no experimento com pinhões tratados;
f) No experimento com tratamentos nas covas, o lignosulfonato de cálcio combinados
individualmente com extratos de pimenta, raiz de salsinha e losna, apresentaram efeito
significativo de redução da predação nos blocos; g) A solução de linhaça com extratos de
pimenta vermelha e com o extrato de raiz de salsinha, também tiveram efeito significativo
para redução da predação de pinhões nos blocos, no experimento com tratamento nas covas.
Palavras-chave:
1. Araucária 2. Pinhões
3. Repelência 4. Roedores
x
Repellent action of natural and synthetic substances on consuming wild
mammals of Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze seeds
Author: Guilherme Oliveira Santos Ferraz de Arruda
Adviser: Dr. Ricardo Trezzi Casa
Co-adviser: Dr. Frederico Dimas Fleig
GENERAL SUMMARY
The establishment of Paraná-Pine forests has some obstacles, as the difficulty of normal
development of its seeds (Paraná-Pine seeds) after the direct sowing at field, due the intense
predatory action of consuming wild mammals of Paraná-Pine seeds. This work had as
objective to test substances no phytotoxics, with potential presumption of repellence for the
predatory fauna of these seeds, aiming to increase the survival index of seeds in the field. The
seeds were treated with some natural oils and extracts, like castor bean oil, linseed oil, lemon
scented gum essential oil, red pepper extract, root of parsley extract, wormwood herb extract,
as well as some synthetic products, like copper oxychloride, copper sulphate, rosin, sulphur,
latex ink, calcium lignosulfonate and some mixtures of these products. The seeds were
collected in 2004, in the ripening period, at region of Lages city, Santa Catarina State,
selected and conserved in temperature of 1-3ºC, for posterior utilization in the experiments.
At first stage, the
experiment was carried “in vitro”, where the substances were directly
applied on the seeds
to be evaluated about the possible phytotoxic effect. After its
scarification in the axial extremity, the seeds were sown manually in plastic trays with
substratum of humidified vermiculite and placed in chamber of germination with
programmable control of temperature, relative humidity of air and periods of light, with
manual irrigation on an average intervals of 3 days. The randomized complete design was
adopted in this experiment, contends 15 treatments, 10 seeds for treatment and with 4
repetitions. After 76 days of the sowing, the data were collected and evaluated about the
possible phytotoxic effects "in vitro" and the stem emission, the root emission, the stem
length and the main root length were statisticaly analyzed. For the experiment in vitro”, it
was concluded that it didn’t have phytotoxic effects on the root emission, on the stem
emission, on the lengths of the main root and stem, becoming able the treatments to be used in
the repellence tests to the consuming animals of Paraná-Pine seeds. At second stage, the
treatments were tested “in vivo”, through the direct sowing at field, to verify the repellence
action to the consuming animals of Paraná-Pine seeds. In this stage, were carried 2
experiments, called experiments 1 and 2. In this experiment 1, the application of substances
and the scarification on Paraná-Pine seeds were equally carried in laboratory, with posterior
direct sowing at field, where were used the same 15 treatments of the experiment in vitro”,
with 10 seeds per treatment, with 4 repetitions. In the experiment 2, the application of the
substance-test was just in the hollows surface, immediately after the sowing of scarified but
not treated seed, where were used 11 treatments, with 10 seeds per treatment, with 4
repetitions. For both field experiments, it was adopted the randomized blocks design. The data
of Paraná-Pine seeds predation were collected in inspections on an average intervals of 18
days, finishing after 167 and 165 days, respectively for the experiments 1 and 2, which were
statisticaly analyzed about the repellence action of these treatments to the fauna consumer of
Paraná-Pine seeds. It was concluded, for the field experiments, that: a) The predation index
xi
were considered hight for both experiments: 78,0% in the experiment 1 and 84,3% in the
experiment 2; b) In the experiment with treated Parana-Pine seeds, the longer time for the
beginning of the predation was 104 days after the sowing, while in the experiment with
treatment in the environment (hollows), it was 64 days after the sowing; c) The effect of
interaction between blocks and treatments was highly significant and the effect of block was
greater than the effect of treatment, in both experiments; d) Solution of rosin and alcohol +
lemon scented gum oil, applied in the seeds, presented potential for reduction of the predation
level of these seeds, in the analyzed blocks; e) The treatments with linseed oil presented
changeable behaviors in the blocks, equally to the treatments with latex ink, in the experiment
with treated Parana Pine seeds; f) In the experiment with hollows treated, the lignosulfonate
of calcium in mixture with extracts of pepper, with root of parsley and with wormwood herb,
presented significant effect of reduction of the predation in the blocks; g) The solution of
linseed with red pepper extracts and with root of parsley extract, had also significant effect for
reduction of the predation of these seeds in the blocks, in the experiment with hollows treated.
Keywords:
1. Paraná-Pine 2. Paraná-Pine seeds
3. Repellence 4. Rodents
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Efeitos dos tratamentos na porcentagem de pinhões com emissão de raiz e com
emissão de caulículo, aos 76 dias após a semeadura “in vitro”..............................30
Tabela 2 - Efeito dos tratamentos sobre os comprimentos da raiz principal e do caulículo de
pinhões, aos 76 dias após a semeadura in vitro”...................................................32
Tabela
3 - Tipos de ocorrências observadas nos pinhões, durante a condução do experimento
com pinhões tratados................................................................................................53
Tabela 4 - Resumo das ocorrências observadas nos pinhões, durante a condução do
experimento com pinhões tratados...........................................................................55
Tabela
5 - Número de pinhões predados por tratamento e por vistoria, no experimento com
pinhões tratados .......................................................................................................56
Tabela
6 - Tipos de ocorrências observadas nos pinhões, durante a condução do experimento
com ambiente tratado (superfície das covas)...........................................................57
Tabela
7 - Resumo das ocorrências observadas nos pinhões, no experimento com ambiente
tratado (superfície das covas)...................................................................................58
Tabela
8 - Número de pinhões predados por tratamento e por vistoria, no experimento com
ambiente tratado (superfície das covas)...................................................................60
Tabela 9 - Resultados resumidos da análise de variância das médias de icio e término da
predação de pinhões, para efeitos de blocos e tratamentos, na aplicação dos
repelentes nos pinhões e no ambiente (superfície das covas).................................61
xiii
Tabela 10 – Modelos de regressão testados para descrever a predação percentual acumulada
em função do número de dias após a semeadura e da forma de aplicação dos
tratamentos, nos pinhões e no ambiente (superfície das covas)............................63
Tabela 11 – Análise de covariância da função Y = a + b.lnDias para níveis de predação de
pinhões, em função dos blocos e tratamentos no experimento com pinhões
tratados..................................................................................................................64
Tabela 12 – Análise de covariância do modelo Y = a + b.lnDias + Tratamento de pinhões com
substâncias para repelência à fauna (análise independente para cada bloco).......65
Tabela 13 – Coeficientes estimados do modelo de covariância Y = a + b.lnDias + Tratamento
de pinhões com substâncias potencialmente repelentes (análise independente
para cada bloco)....................................................................................................66
Tabela 14 – Análise de covariância da função Y = a + b.lnDias para níveis de predação de
pinhões, em função dos blocos e tratamentos no experimento com ambiente
tratado (superfície das covas)................................................................................68
Tabela 15 – Análise de covariância do modelo Y = a + b.lnDias + Tratamento do ambiente
com substâncias potencialmente repelentes (análise independente para cada
bloco)....................................................................................................................69
Tabela 16 – Coeficientes estimados do modelo de covariância Y = a + b.lnDias + Tratamento
do ambiente com substâncias potencialmente repelentes (análise independente
para cada bloco)...................................................................................................70
xiv
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 – Substâncias aplicadas em sementes de Araucaria angustifolia “in vitro
para verificação de possíveis efeitos fitotóxicos ...................................................24
Figura 1 – Partes principais da semente de Araucaria angustifolia.........................................26
Quadro 2 – Substâncias aplicadas nas sementes de Arauaaria angustifolia para teste de
repelência à fauna consumidora, em semeadura direta no campo ........................43
Figura 2 Vista parcial da área do experimento ......................................................................45
Figura 3 – Pinhão predado, encontrado sobre a cova durante vistoria......................................47
Figura 4 – Pinhões encontrados na superfície das covas, com sinais de predação por
mamíferos silvestres. ..............................................................................................47
Quadro 3 – Substâncias aplicadas na superfície das covas, após a semeadura direta de
sementes de Araucaria angustifolia, para teste de repelência à fauna...
................50
Figura 5 – Predação percentual acumulada em função do tempo após a semeadura e da
forma de aplicação dos tratamentos (nos pinhões e no ambiente)..........................62
xv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................................1
2 CAPÍTULO I ......................................................................................................................18
2.1 RESUMO .........................................................................................................................18
2.2 ABSTRACT ......................................................................................................................19
2.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................................20
2.4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................22
2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................27
2.6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 34
3 CAPÍTULO II .................................................................................................................... 35
3.1 RESUMO...........................................................................................................................35
3.2 ABSTRACT ......................................................................................................................37
3.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................................39
3.4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................42
3.4.1 Experimento de repelência 1 ........................................................................................43
3.4.2 Experimento de repelência 2 ........................................................................................49
3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................52
3.5.1 Considerações sobre as ocorrências observadas.........................................................52
3.5.2 Resultados estatísticos...................................................................................................60
3.6 CONCLUSÕES ................................................................................................................72
4 CONCLUSÕES GERAIS....................................................................................................74
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................75
6 APÊNDICES ........................................................................................................................83
7 ANEXOS ..............................................................................................................................90
1
INTRODUÇÃO GERAL
O gênero Araucaria, pertencente à família Araucariaceae, é composto por 19 espécies
que estão limitadas ao hemisfério sul do planeta, onde 17 delas ocorrem naturalmente na
Oceania, em locais como Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Nova Caledônia, Ilha
Norfolk e Vanuatu (ANGELI e STAPE, 2003; DUARTE et al., 2002; SETOGUCHI et al.,
1998). Somente 2 espécies deste gênero são de ocorrência natural da América do Sul
(DUARTE et al., 2002), com destaque para a Araucaria angustifolia (Bert) O. Ktze, que
ocorre principalmente no Brasil.
A Araucaria angustifolia é uma espécie característica da floresta subtropical
brasileira, sendo conhecida como Pinheiro do Paraná, Araucária, Pinho, Pinheiro Araucária,
Pinheiro Brasileiro, Pinheiro Preto, Pinheiro Elegante, Brazilian Pine e Paraná-Pine entre
outros nomes. Sua distribuição, apesar da literatura apresentar algumas diferenças com
relação às latitudes e longitudes, conforme pode ser constatado em Carvalho (1994); Eira et
al. (1994); Mauhs (2002), ocorre de uma forma geral, entre as latitudes 18º-31º30’S e entre as
longitudes 40º-54º30’W. Tamm é encontrada na Argentina, proncia de Missiones
(CARVALHO, 1994; FERREIRA e HANDRO apud EIRA et al., 1994; OLIVEIRA apud
EIRA et al., 1994; SHIMIZU e OLIVEIRA, 1981), mais precisamente no extremo nordeste do
país (CARVALHO, 1994), com distribuição limitada (HUECK apud DUARTE et al. 2002),
assim como na região leste do Paraguai, no Departamento de Alto Paraná (BACKES, 1999;
CARVALHO, 1994; REITZ et al., 1988). Esta espécie é característica e exclusiva da Floresta
2
Ombrófila Mista, denominação apropriada para designar as florestas com Araucárias, a qual
conforme Decreto 750/93, art.3º, faz parte do bioma Mata Atlântica (BRASIL, 1993).
Ocupam preferencialmente as depressões dos campos, próximos a cursos d’água, onde se
iniciam os capões e matas de galeria, que se estendem por quase todos os campos (REITZ et
al., 1979). As denominações de Pinhal ou Pinheiral tamm são freqüentemente encontradas,
o que, segundo Mauhs (2002), mostra a importância fisionômica que a espécie empresta à
floresta, devido à densidade e ao porte das árvores, onde nas formações maduras suas copas
constituem um estrato emergente e contínuo. O número de exemplares de A. angustifolia por
hectare é variável, sendo que para Klein apud Carvalho (1994), são encontrados de 5 a 25
exemplares. Mantovani et al. (2004) encontraram 32 árvores.ha
-1
, enquanto Solórzano-Filho
apud Mantovani et al. (2004) encontrou uma densidade maior destas (46 árvores.ha
-1
).
No Brasil esta espécie ocorre predominantemente nos Estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, com ocorrência também nos Estados da região sudeste, em
locais de grande altitude. De uma forma mais ampla, as altitudes para a ocorrência da A.
angustifolia variam entre 500 m a 2.300 m, sendo preferencialmente em locais entre 500 m a
1500 m, com temperatura média anual de 11,5ºC a 21ºC (CARVALHO, 1994). Em altitudes
inferiores a 400 m, exemplares da espécie são encontrados apenas onde as correntes de ar frio
fluem do planalto para os vales (MAACK apud SHIMIZU e OLIVEIRA, 1981), como na
Serra do Sudeste - RS em altitudes em torno de 200 m, mas de forma isolada e em núcleos
menores, fazendo com que estas formações raramente constem nos mapas e descrições de
Floresta Ombrófila Mista (MAUHS, 2002). Ainda para o mesmo autor, na região que
considera de maior concentração desta formação florestal (23º27’ a 30º30’), freqüentemente
referida como “território contínuo”, grandes extensões de campo que se entremeiam com a
floresta, resultando numa “paisagem típica” do sul do Brasil. A mesma opinião tem Reitz et
al. (1979), quando se refere à nitidez da separação entre os agrupamentos da vegetação com
3
Araucária e os campos como “aspecto típico e muito característico” para a região dos campos
planaltinos do sul. Na região sudeste, conforme Backes (1999), ocorre nos Estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, mais especificamente nas Serras de
Paranapanema, dos Órgãos, da Mantiqueira e do Caparaó. À medida que se desloca para o
norte ocorrem em altitudes mais elevadas, compensando a diminuição da latitude, resume
Ferreira (1977). Preferencialmente são de locais de clima ameno e com chuvas bem
distribuídas (FERREIRA, 1977) e nos lugares mais ao norte de sua distribuição, mesmo em
altitudes acima de 800 m, são encontradas em pontos dispersos localizados nas partes mais
úmidas das cadeias de montanhas, por não suportarem déficit hídrico (GOLFARI apud
SHIMIZU e OLIVEIRA, 1981). A grande concentração da Floresta Ombrófila Mista está
delimitada pela isoterma 13ºC e precipitações entre 1400 e 2200 mm ao ano, sem ocorrência
de estações secas (BACKES, 1999).
Quanto aos solos, trata-se de uma espécie exigente, sendo este um dos aspectos mais
problemáticos como espécie para reflorestamento. Para Carvalho (1994), os Latossolos Roxos
do oeste e sudoeste do Paraná e do oeste de Santa Catarina, especialmente onde a floresta
nativa foi derrubada e com pH menor que 6, são particularmente adequados para o seu
plantio. Em rios solos de campo, o crescimento da Araucária é lento e segundo o mesmo
autor, isto pode ser atribdo à deficiência de nutrientes e à pequena profundidade dos
mesmos, como em solos com profundidade inferior a 100 cm, onde o crescimento da
Araucária é influenciado negativamente, porém sem impedir a regeneração natural. Para
Silva et al. (2001), os Latossolos também são os mais recomendados para o plantio da
Araucária, por suas características de profundidade e fertilidade natural, ao contrário dos
Litólicos, que por serem rasos, com problemas de armazenamento de água e ocorrerem em
relevo acidentado e dos Háplicos, que por serem mal drenados, apresentam sérios
impedimentos ao plantio da espécie. Os mesmos autores concluem que a escolha do local
4
adequado para o cultivo desta espécie florestal é muito importante e tem influência decisiva
sobre o êxito da plantação. Também Prange (2001), relata as exigências da espécie para solos
profundos, não muito ácidos e com boa fertilidade, baseado nas primeiras experiências de
plantio comercial da A. angustifolia nas regiões de Telêmaco Borba e Arapoti, Estado do
Paraná.
A importância desta espécie florestal pode ser dada por aspectos ambientais,
econômicos e de alimentação, principalmente nas regiões onde tem ocorrência natural.
Sob o aspecto ambiental, a viabilidade da implantação de novas áreas ou a regeneração
de fragmentos remanescentes ganha importância e justificativa pelo fato desta espécie
florestal estar na lista das ameaçadas, sendo classificada como espécie vulnerável pelo
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(BRASIL, 1992) e pela IUCN International Union of Conservation of Nature and Natural
Resources (HILTON-TAYLOR, 2000), fato que torna obrigatória a sua conservação
(MERLIM, 2005). A floresta com Araucária é habitat natural para uma fauna variada, onde se
destacam algumas espécies de aves e animais que se alimentam de suas sementes. Para
Merlim (2005), a mesma abriga fauna e flora silvestres também ameaçadas de extinção. A
Araucária também é usada na recomposição de mata ciliar, mas para locais sem inundação
(CARVALHO, 1994). Como fonte repositora de material orgânico (serrapilheira), apresentou-
se com bom comportamento em plantios de 15 anos de idade (KOEHLER et al., 1987). Numa
mata com Araucária, é grande a participação desta cofera na quantidade de material
orgânico que deposita no solo proveniente de sua queda natural. Contribui com 85% do
material depositado no verão, 67% no outono, 70% no inverno e 46% na primavera, índices
superiores aos das latifoliadas (MERLIM, 2005). Para Poggiani e Schumacher apud Merlim
(2005), a decomposição da serrapilheira em florestas com espécies nativas, como a Araucária,
é primordial para avaliação da sua nutrição mineral e ciclagem de nutrientes.
5
Sob o ponto de vista econômico, a qualidade da madeira faz da A. angustifolia uma
das essências florestais mais importantes do sul do Brasil (DONI FILHO et al., 1985).
Fornece madeira de alta qualidade para construções em geral, caixotaria, móveis, laminados e
outros usos, que vão desde tábuas até pis e palitos de fósforo, tendo sido a madeira serrada e
laminada de Araucária, por um longo período, um dos produtos mais importantes na
exportação brasileira (CARVALHO, 1994; SHIMIZU e OLIVEIRA, 1981). Apesar do
imenso valor comercial, sua madeira teve queda gradativa na exportação ao longo dos anos,
devido à diminuição da produção como conseqüência da sua exploração irracional (SANTOS
e COSTA apud RAMOS e CARNEIRO, 1988). Este fato é realçado por Hueck apud Mauhs
(2002), quando relata que cerca de 90% da madeira exportada pelo Brasil na década de 60 era
de Araucária, tendo ocupado o lugar na pauta de produtos brasileiros de exportação
(REITZ et al., 1979), o que mostra a importância da espécie para a economia do país na
época. Desde o início da sua exploração comercial, as práticas de corte adotadas não foram
inspiradas na filosofia do uso sustentável dos recursos florestais (BITTENCOURT et al.,
2004). Até o final dos anos 60, não por motivos ambientais e sim pelos econômicos, somente
eram cortadas Araucárias com diâmetros superiores a 40 cm para uso na construção civil,
sendo que, a partir da década seguinte, começou um corte indiscriminado para a fabricação de
papel e embalagens, cujos efeitos são notados até hoje pela baixa densidade de indiduos da
espécie (BRISTOT, 2001). No Estado do Paraná, as serrarias e o uso industrial foram os
principais responsáveis pelo desmatamento e exploração indiscriminada da espécie (ANGELI
e STAPE, 2003), assim como tamm a expansão da fronteira agrícola colaborou para a
descaracterização desta floresta no sul do Brasil (SHIMIZU e OLIVEIRA, 1981). Muitas
áreas, anteriormente ocupadas por florestas de Araucária, são agora utilizadas para outras
atividades, como pastagem para o gado e plantio de florestas com espécies exóticas, de
crescimento mais rápido (BITTENCOURT et al., 2004; DUARTE et al., 2002). Essa
6
substituição da espécie foi relatada por Shimizu e Oliveira (1981), ao considerarem que a A.
angustifolia não tem crescimento rápido e possui baixos incrementos volumétricos, o que
causou forte declínio no seu reflorestamento no Brasil, sendo substitda pela introdução de
espécies dos gêneros Pinus e Eucalyptus, menos exigentes ao tio e de crescimento mais
rápido.
Segundo Mauhs (2002), o naturalista francês André Aubréville já demonstrava em
1949, espanto e admiração pelo processo de exploração predatória da Araucária no Brasil, o
qual já refletia claramente uma falta de preocupação com o futuro da espécie.
Ouvi dizer que haveria, em florestas do sul, reservas de pinho para 100 anos de
exploração. É possível, mas ninguém pode deixar de sentir a rapidez da
destruição da floresta de Araucária por efeito dos trabalhos da colonização
agrícola, que é terrível devastadora das terras virgens. Não parece que sejam
aplicados regulamentos para que sejam levadas em conta as possibilidades de
produção da floresta e as necessidades de sua regeneração (André Aubréville).
O grande valor de sua madeira levou a uma dramática redução, tanto no número como
no tamanho de suas populações no sul do Brasil, ao ponto de estar figurando atualmente entre
as espécies ameaçadas.
Infelizmente, em tempos atuais, quase não se toma conhecimento da existência de
programas de florestamento ou reflorestamento no Brasil utilizando-se a A. angustifolia e, se
existem, são muito limitados, apesar da espécie ser reconhecida como excelente produtora de
madeira, de sementes comestíveis com alto valor nutritivo e de estar em listas de espécies
ameaçadas. Para Reitz et al. (1979), é uma das poucas espécies que apresentam as mais
promissoras probabilidades de pleno êxito para reflorestamentos em grande escala no sul do
Brasil, em especial no planalto meridional. Possuem, segundo EMBRAPA (1988); Guerra et
al. apud Mantovani et al. (2004), características silviculturais que revelam grande potencial
para plantios comerciais. Porém, para a grande maioria dos reflorestadores, o investimento na
Araucária é visto como tendo retorno demorado, principalmente devido ao seu lento
crescimento quando comparado com algumas espécies já utilizadas na indústria florestal,
7
além de exigir solos férteis e chuvas bem distribdas. Uma alternativa para estimular
fazendeiros, segundo Bristot (2001), seria o plantio de pequenas áreas de Araucária e Pinus,
que, à médio prazo, permitiria a comercialização do pino e, um pouco mais tarde, em torno
de vinte anos, teria a receita da floresta de Pinus. Para Duarte et al. (2002); Silva et al. (2001),
esta limitação na quantidade e no sucesso dos reflorestamentos de Araucária, pode ser
atribuída, em parte, à falta de conhecimentos e informações sobre aspectos ecológicos e
fisiológicos importantes da espécie. Segundo Reitz et al. (1979), assim como a falta de
melhores informações ecológicas, com relação ao habitat, solos e clima, também falhas nos
métodos empregados nos reflorestamentos podem gerar resultados abaixo das expectativas. A
compreensão dos processos ecológicos chave” pode trazer informações fundamentais para o
manejo de espécies florestais e recuperação de áreas degradadas (FLEURY, 2003). Angeli e
Stape (2003) consideram que a Araucária tem regeneração natural mais eficiente quando as
mudas ficam expostas a pleno sol e em solos de boa fertilidade, porém também afirmam que
práticas silviculturais, como a semeadura direta no campo e plantio de mudas, potencializam o
desenvolvimento das plantas. Prange (1964), considera a semeadura direta no campo
obrigatória para a Araucária, por se tratar segundo ele, de uma espécie cujas mudas não
suportam o transplante nem o encanteiramento em embalagem, em virtude de seu sistema
radicular aprofundante. Baseado nos resultados dos primeiros plantios comerciais de uma
empresa florestal do Paraná, Prange (2001) relatou que por não suportar o plantio por mudas,
a propagação deve ser realizada preferencialmente por sementes, diretamente no local de
crescimento definitivo. Segundo Sanquetta e Tetto (2000), a semeadura direta dos pinhões é
tida como o método ideal de plantio por muitas pessoas, por serem sementes grande, obtendo-
se um crescimento superior em relação ao plantio por mudas. Igualmente Reitz et al. (1979),
considera o plantio direto em covas vantajoso, pois não é oneroso e valoriza
extraordinariamente a propriedade. Também Finger et al (2003); Mattei (1995), consideram
8
que a técnica da semeadura direta no campo proporciona vantagens, principalmente por sua
grande aplicabilidade e pela expressiva redução de custos, embora reconheçam que poucas
florestas têm sido implantadas dessa maneira, com exceção de algumas, entre elas a A.
angustifolia. As vantagens financeiras, através da redução dos custos deo de obra,
maquinário e isenção da fase de viveiro, e vantagens biológicas, como menores riscos de
deformação das raízes e para o estabelecimento das plântulas, também são relatadas por Araki
(2005). A semeadura direta pode ser vista sob o enfoque de criar mais uma alternativa de
regeneração e o o de substituir os atuais sistemas de implantação (MATTEI, 1995). Porém
existem indicações que a semeadura direta não traz o sucesso esperado, em virtude da
predação das sementes por roedores e outros animais, ser muito elevada mesmo quando
enterradas (SANQUETTA e TETTO, 2000).
Sob o enfoque alimentar, o valor nutritivo da sua semente também grande
importância à espécie. Pesquisas históricas e arqueológicas sobre populações indígenas que
viveram no planalto sul-brasileiro, de 6000 anos atrás até nossos dias, registram a importância
do pinhão como alimento no cotidiano destes grupos, como por exemplo, para os índios
botocudos (atuais Kaigangues), cuja alimentação básica era de pinhões (REITZ et al., 1979).
Conforme Blanco (2003), o engenheiro inglês Thomas Bigg-Wither em expedição
científica pelo Estado do Paraná, entre 1872 e 1875, deixou registros das características do
pinhão e da sua importância como alimento.
O pinhão, fruta oblonga, de cerca de uma polegada e meia de comprimento, com
um diâmetro de meia a três quartos de polegada na parte mais grossa, tem uma
casca coriácea, como a da castanha espanhola. O paladar é, entretanto, superior ao
desta última e, como produto alimentício, basta dizer que os índios muitas vezes
se alimentavam dele, durante muitas semanas (Thomas Bigg-Wither).
O pinhão, que consiste na semente da Araucária, é um dos componentes do estbilo
feminino ou pinha. Os estróbilos femininos são compostos por sementes, escamas férteis não
fertilizadas ou abortadas (chochas), escamas estéreis e um eixo central (MANTOVANI et al.,
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2004). A semente se prende ao eixo através da sua extremidade axial, sendo que a outra
extremidade, a abaxial, fica voltada para o lado externo da pinha (VERNALHA et al., 1972).
O ciclo reprodutivo da espécie, estudado por Mantovani et. al (2004), durou de 20 a 24 meses,
cujo icio foi no surgimento dos estróbilos e seu final na produção das sementes, sendo que a
partir da liberação do len, o ciclo foi de 19 meses. Segundo os mesmos autores, há
informações conflitantes quanto à duração deste ciclo, as quais podem indicar desde menos de
2 anos até quase 4 anos.
As sementes possuem dimensões e peso variáveis, tendo em média 3 a 8 cm de
comprimento, 1
a 2 cm de diâmetro e 8 a 9 g de peso. São obovadas-cuneiformes, lisas,
achatadas ou não, com espinho achatado e curvo para a base na extremidade abaxial, com
endosperma ou amêndoa de coloração branca a róseo claro, rico em reservas energéticas. De
acordo com Vernalha et al. (1972), a semente é envolvida externamente por brácteas ventral e
dorsal, de colorido verniz brilhante, formadas por fibras longitudinais, as quais dão dureza ao
tegumento, sendo facilmente destacáveis, além de cobrirem uma segunda camada aderente, de
cor marrom claro opaco, formada por fibras circulares e longitudinais, que consiste no
tegumento do óvulo.
As sementes desenvolvem-se a partir de óvulos nus, sem a presença de ovários e seu
endosperma é úmido e comestível, constitdo principalmente de amido (em torno de 54,7%),
estando agrupadas no estróbilo feminino em quantidade bem variável, podendo ser
encontradas de 1 a 155 sementes viáveis em cada pinha (CARVALHO, 1994; CARVALHO e
MEDRADO, 2002; REITZ et al., 1979; VERNALHA et al., 1972). Dentro desta faixa,
Mantovani et al. (2004) em Campos do Jordão-SP, encontraram, em média, 81 sementes
(13,4% do total de elementos férteis e estéreis da pinha), além de 10 sementes chochas (1,6%)
e 514 escamas estéreis (85,0%). Mattos (1994), relatou ter encontrado em São Joaquim-
SC, pinhas com 180 a 198 sementes.
10
Estas sementes também são fontes de protna, servindo para a alimentação humana e
de animais, tanto domésticos como silvestres (CARVALHO, 1994; REITZ et al., 1979). O
pinhão é muito apreciado pelo seu sabor e qualidade nutritiva, sendo inclusive tema principal
de alguns eventos gastronômicos no sul e sudeste do Brasil, em regiões de ocorrência da
espécie florestal. Segundo dados do Projeto Pinhão (ECOPLAN, 2000), para cada 100g de
pinhão cozido, principal forma de utilização para consumo humano, 195,5 calorias, 41,92g
de glidios, 3,94g de proteínas, 1,34g de lideos, 3mg de vitamina A, 1350 mg de vitamina
B1, 240mg de vitamina B2, 4700mg de vitamina B5, 35mg de Cálcio, 136mg de Fósforo e
70mg de Ferro.
Apesar da sua importância como fonte de renda, principalmente nos locais de
ocorrência, o pinhão tem grande parte de sua comercialização feita de forma clandestina e
ainda não mereceu estudos de impacto econômico ou social (FONTANA, 1997). A prática de
coletar pinhões para revender é muito comum e consiste num meio de subsistência para
muitas famílias (SOLÓRZANO-FILHO apud LAMBERTS, 2003). Este fato tornou-se mais
uma opção para os agricultores obterem renda extra todos os anos, mesmo restrito somente à
época de sua maturação, pois a opção de corte da Araucária é limitada pela legislação
(BITTENCOURT et al., 2004; SIEGA, 1998).
São encontrados com maior intensidade nos meses de abril a junho, quando
normalmente são vendidos como alimento ao homem no comércio varejista, em fruteiras,
armazéns, feiras, mercados, supermercados e beira de estradas. Nas matas com Araucária,
inúmeras espécies de animais são atraídas na época do amadurecimento das pinhas. Ficam
disponíveis para aves (principalmente gralhas e papagaios) e mamíferos roedores
(principalmente ratos, camundongos, cutias, pacas, preás, esquilos, ouriços, porcos selvagens
e outros), os quais se alimentam quase que exclusivamente dessas sementes, colaborando na
disseminação do Pinheiro (MALINOVSKI, 1977). A época de oferta dessas sementes, por
11
ocorrer num período de menor abundância de alimentos na floresta, eleva a importância desta
espécie florestal para a fauna.
Em áreas de florestas no Brasil, os animais mamíferos silvestres que mais causam
danos são os pertencentes ao grupo dos roedores. Normalmente os animais vivem em
condição de equilíbrio com o ambiente, não causando problemas, porém se houver uma
alteração deste equilíbrio, como a ocorrência de incêndios e exploração florestal, estes
poderão causar danos às florestas, movidos pela necessidade de encontrar abrigo e alimentos
(UFSM, 1983).
Conforme descrito em RATOS...(2003), os camundongos silvestres da espécie Akodon
montensis Thomas, 1913 são os maiores responsáveis pela disseminação das sementes de
Araucária, pois as arrastam para clareiras existentes no interior da mata.
Mamíferos roedores como o ouriço (Coendou insidiosus Kuhl, 1820), cutia
(Dasyprocta azarae Lichtenstein, 1823), paca (Agouti paca Linnaeus, 1766), esquilo ou
serelepe (Sciurus ingrami Thomas, 1901) e camundongos (gêneros Oryzomys, Hesperomys, e
Thaptomys) também foram citados por Alberts (1992), Kuhlmann e Kuhn apud Carvalho
(1994) como grandes predadores das sementes da Araucária e tiveram suas características de
predação descritas por Muller (1986). A cutia é um dos grandes apreciadores do
pinhão e tem o hábito de enterrar as sementes para comê-las posteriormente. Talvez seja,
graças a este comportamento, um dos mais importantes animais disseminadores do Pinheiro
(CARVALHO, 1950).
Os suínos domésticos tamm se alimentam de pinhões nas criações extensivas,
principalmente na região sul do Brasil, onde este costume é comum (BLANCO, 2003). Isto
faz com que os mesmos sejam particularmente nocivos à regeneração da Araucária, por
devorarem suas sementes, principalmente se forem criados soltos próximos das mesmas,
conforme descrito em UFSM (1983). Com isso, a colheita dos pinhões no solo fica
12
sensivelmente limitada, pois os suínos são animais fuçadores, que chegam a desenterrar as
sementes para comê-las.
O interesse dos animais na predação de sementes pode ser justificado pelo fato de
estas possuirem uma elevada concentração de nutrientes por unidade de volume (JANZEN
apud MULLER, 1986). A presença notável da fauna na floresta de Araucária, em comparação
com outros biomas, se deve ao alto valor nutritivo que os pinhões conferem à dieta dos
animais, sobretudo em épocas de carência de outras fontes (PÉLLICO NETTO et al., 2000).
Para Angeli e Stape (2003), até os pinhões recém germinados podem ser atacados por aves e
roedores silvestres, principalmente se a oferta dessas sementes estiver escassa no campo.
Contudo a drástica redução desta espécie florestal tem determinado uma forte pressão sobre
suas sementes, afetando muito a sua regeneração natural (PÉLLICO NETTO et al., 2000).
Segundo Cleary e Dolbeer (2001), quando se pensa em resolver qualquer problema
associado com a fauna silvestre, é necessário responder algumas perguntas como: a) Que
problema a fauna silvestre está causando, que se faz necessário controlar seu número ou o
dano que ocasiona? b) Quais as espécies da fauna silvestre que estão causando o problema? c)
Qual a situação legal da fauna silvestre no âmbito federal e local? d) Quais os padrões de
movimento diário da fauna silvestre nas áreas de alimentação, de descanso e de reprodução?
e) Existem métodos legais dispoveis para o manejo desta fauna? f) Qual o custo da
aplicação dos métodos de controle? g) Qual é a opinião pública sobre um possível problema
causado por animais da fauna silvestre?
Existem algumas estratégias básicas de controle para resolver problemas de fauna
silvestre e todas devem integrar-se, de maneira apropriada, a um Plano de Manejo de fauna
silvestre. Uma dessas estratégias diz respeito à repulsão ou repelência dos animais, cujas
técnicas devem ser planejadas para que um local deixe de ser atrativo ou então para que os
animais silvestres se sintam incomodados ou temerosos (CLEARY e DOLBEER, 2001). No
13
entanto, para os mesmos autores, a longo prazo, o balanço do custo-benefício dessas técnicas
de repulsão de animais silvestres não é melhor que outras técnicas, como a exclusão ou a
modificação de habitat, isto porque o importa o número de vezes que a fauna silvestre seja
repelida de uma área atrativa, pois no final, os mesmos animais ou outros indiduos da
mesma espécie tendem a regressar, assim que o local lhes seja atrativo. Mesmo assim, as
técnicas de repulsão são consideradas componentes chave para qualquer plano de manejo de
fauna silvestre.
O controle de animais silvestres, incluindo-se os roedores, é difícil. O uso de
substâncias repelentes em sementes ou plantas é um recurso que pode ser utilizado, de forma
a impedir a predação, ainda mais quando se tem sementes muito atrativas para a alimentação,
como é o caso das sementes da A. angustifolia.
Mattei, 1993 apud Finger et al. (2003), reforça esta prática ao recomendar um
revestimento para sementes do gênero Pinus na semeadura direta, que contenha um produto
químico e um adesivo para fi-lo, com o objetivo de repelir predadores, entre eles pássaros e
roedores, diminuindo a perda destas.
Segundo Cleary e Dolbeer (2001), a ação dos repelentes é dada afetando os sentidos
do animal, através de recursos auditivos, visuais e químicos. Porém é importante reconhecer
que o uso de repelentes para a fauna também tem fatores críticos como: a) não existirem
repelentes para resolver todos os problemas; b) não existir um procedimento padrão para
todas as situações, sendo a repelência de animais silvestres uma arte e uma ciência, exigindo
pessoal motivado, treinado e conhecedor dos hábitos dos animais; c) cada espécie da fauna
silvestre é única e frequentemente responde de maneira diferente às diversas técnicas de
repelência; d) os animais podem ficar habituados com as técnicas de repelência.
No Brasil, não se tem conhecimento de produtos comerciais registrados como
repelentes para animais mamíferos silvestres, mas em alguns países é possível encontrá-los
14
regularmente. Nos EUA, repelentes comercializados para lebres, esquilos, ratos silvestres e
outros, produzidos à base da urina de lobo, seu predador natural, assim como repelente
produzido em pasta à base de pimenta cayena, sem substâncias químicas, biodegradável mas
com fórmula não divulgada. Produtos repelentes com Capsaicina (susbtância ardente” nas
pimentas), são utilizados nos EUA e devem proteger por curto prazo (O’ BRIEN, 1994). Para
ratos de campo (gênero Microtus), nos EUA, existem repelentes registrados com o princípio
ativo fungicida Thiram. No mesmo país, para a repelir o castor (Geomys bursarius Shaw,
1800), foram testadas substâncias odoríferas de inimigos naturais dos roedores e mostraram-
se promissoras. Ainda para o castor, produtos extraídos de vegetais, como o capixingui
(Euphorbia lathyrus L.) e a mamona (Ricinus communis L.), foram utilizados como
repelentes, mas sem evidências de sua efetividade (CASE e JASCH, 1994). A Argentina
comercializa alguns produtos para lebres e roedores em geral, à base de substâncias
fungicidas e bactericidas e à base de combinações de óleos essenciais. Já em Portugal, é
utilizado comercialmente repelente que tem ação irritante aos animais, como coelhos e
veados, produzido à base de óleo de fígado de peixe.
O controle de populações de mamíferos roedores, como camundongos (Mus musculus
Linnaeus, 1758), ratos de telhado (Rattus rattus Linnaeus, 1758) e ratazanas (Rattus
novergicus Berkenhout, 1769), que atacam alimentos armazenados, pode ser feito, além dos
métodos mais tradicionais (ratoeiras e raticidas), também pelo emprego de substâncias
repelentes (SILVA, 2000). Esses pequenos mamíferos roedores são um problema sério, pois
vivem em locais de dicil acesso, se adaptam às variações ambientais e são extremamente
ágeis, recomendando-se combatê-los diretamente com armadilhas e venenos, ou
indiretamente, como por exemplo, usando repelentes (UFLA, 2004).
A aplicação de repelente nas plantas, para animais maiores como veados e capivaras, é
difícil, mas na maioria das vezes é desnecessária. Somente em casos de ataques intensos, onde
15
danos significativos pelo descascamento do caule, como em talhões de coníferas, deve-se
tomar medidas de controle. Uma fórmula caseira” de repelente para animais que danificavam
árvores, foi usada com sucesso em alguns países e consistiu numa mistura de 45kg de cal
virgem, 50 litros de água, 5 litros de óleo diesel e um adesivo (600g de cola ou 4 litros de óleo
de linhaça), tendo sido aplicada por pulverização nas árvores ameaçadas, conforme descrito
em UFSM (1983).
Uma substância natural que também tem potencial como repelente para mamíferos,
como lebres e ao próprio gado, é a urina de vaca, devido ao seu forte cheiro (BOEMEKE,
2002), além do que possui outras propriedades úteis, como nutriente foliar, fungicida,
acaricida e enraizadora (PESAGRO, 2001). Sobre sua ação de repelência, foi observado que
após a aplicação em plantios de abacaxi, os animais invasores da área plantada não comeram
as plantas, mostrando assim repelência ao próprio gado, sugerindo que tal efeito também
possa ser observado quanto ao ataque de outros animais (PESAGRO, 2001).
A pimenta vermelha (Capsicum frutescens L.) tem ação repelente para insetos e
animais, sendo que existem fórmulas “caseiras” e comerciais à base do fruto deste vegetal. É
mais comum obter informações no seu uso contra insetos, onde a pimenta deve ser bem
socada, misturada com água e sabão, sendo pulverizado sobre as plantas (GOMES, 2002), nas
respectivas quantidades de 1 colher (sopa) de pimenta, 1 colher (sopa) de sabão e 1 litro de
água (APROMAC, 1998). A ação da capsaicina, que é uma substância lipofílica, é irritante e
provoca sensação desagradável em animais mamíferos (WIKIPEDIA, 2002).
Um extrato feito com a raiz da salsinha (Petroselinum crispum [Mill.] Nymam ex
A.W.Hill), planta comumente utilizada como arotica na culinária, é aplicado em
pulverizações em viveiros florestais de Acácia negra (Acacia mearnsii De Wild.) no Estado
do Rio Grande do Sul, conseguindo repelir animais mamíferos do local, principalmente
roedores, conforme Fleig (2004). Todas as partes da salsinha exibem características
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aromáticas, mas na raiz se tornam mais acentuadas, sendo que a myristicina, limoneno e
1,3,8-p menthatriena são os principais componentes (KATZER, 2002)
A losna (Artemisia absinthium L.), uma planta herbácea de fácil obtenção, apresenta
sabor amargo e desagradável quando macerada. Tem propriedades insetífugas e medicinais,
sendo utilizada industrialmente como aromatizante em bebidas amargas, como vermutes e
licores. Seu óleo essencial possui uma substância que pode ser xica, se ingerida em doses
excessivas, a tujona (SILVA, 2005).
Os óleos extraídos de alguns vegetais, como do eucalipto (gêneros Eucalyptus e
Corymbia), da linhaça (Linum usitatissimum L.) e da mamona (Ricinus communis L.), são
produtos industrializados, facilmente encontrados no comércio com baixo custo e com
suposto potencial de repelência aos animais mamíferos consumidores de pinhão, por suas
características odoferas e/ou gustativas. No grupo dos eucaliptos mais aromáticos, destaca-
se a espécie Corymbia citriodora (Hook) Hill e Johnson, muito rica em citronelal, seu
principal componente, cuja concentração varia entre 65% a 85% e mede a qualidade do
produto, muito utilizado na indústria da perfumaria (VIEIRA, 2004).
Alguns produtos de origem não vegetal possuem características de odor, sabor,
irritação e adesividade ao contato, supostamente desagradáveis à sensibilidade olfativa e/ou
gustativas dos animais silvestres. É o caso de alguns fungicidas, acaricidas e bactericidas (à
base de enxofre, oxicloreto de cobre e sulfato de cobre) classificados como pouco tóxicos,
assim como produtos da indústria química com ação fixadora, como o lignosulfonato de
cálcio base de lignina proveniente da madeira, composto por açúcares e carboidratos, o que
lhe confere poder adesivo) e a tinta látex pva.
Levados pela grande importância que a espécie Araucaria angustifolia representa para
as regiões sul e sudeste do Brasil, capaz de gerar benefícios de ordem econômica, ambiental e
alimentícia, acreditamos que se justificam todos os esforços para a manutenção do que ainda
17
resta das matas com Araucária, assim como para o seu gradativo restabelecimento. Práticas
silviculturais visando sua regeneração natural e novos plantios com enfoque de
sustentabilidade, são bem aceitos na tentativa de contribuir para a melhoria da situação de
vulnerabilidade desta espécie.
Este trabalho teve como objetivo encontrar alternativa para diminuir a ação predatória
dos animais silvestres sobre os pinhões, em semeadura direta no campo, como forma de
estimular produtores rurais e empreendedores florestais interessados na implantação de
povoamentos com Araucaria angustifolia.
18
CAPÍTULO I
TRATAMENTO DE SEMENTES DE Araucaria angustifolia (Bert) O. Ktze COM
SUBSTÂNCIAS POTENCIALMENTE REPELENTES À FAUNA
CONSUMIDORA, PARA VERIFICAÇÃO DE FITOTOXICIDADE “IN VITRO”
RESUMO
A semente de Araucaria angustifolia, o pinhão, cada vez mais se torna fonte de renda
alternativa para muitas famílias que vivem na região sul e sudeste do Brasil. A intensa
predação das sementes pela fauna silvestre, que ocorre em áreas recém plantadas por
semeadura direta e em viveiros florestais, é um dos fatores adversos e desestimulantes à
propagação da espécie. Este experimento teve como objetivo verificar possíveis efeitos
fitotóxicos de substâncias naturais e sintéticas potencialmente repelentes à fauna silvestre,
sobre a germinação de pinhões e desenvolvimento das plântulas “in vitro”. O mesmo foi
conduzido no Laboratório de Fitopatologia e Fisiologia Vegetal do CAV/UDESC, no período
de junho a dezembro de 2004. As sementes, após serem preparadas e tratadas com substâncias
de origem vegetal e não vegetal, foram semeadas em bandejas plásticas com substrato
constituído por vermiculita e colocadas em câmara de germinação com temperatura, umidade
relativa do ar, umidade do substrato e períodos de luz controlados. Foi adotado o
delineamento experimental inteiramente casualizado contendo 15 tratamentos, cada um deles
composto por 10 pinhões e com 4 repetições. As substâncias testadas, isoladas ou em
misturas, foram: fruto de pimenta vermelha, raiz de salsinha tempero, parte aérea de losna,
óleo essencial de eucalipto, óleo de linhaça, óleo de mamona, breu, oxicloreto de cobre,
sulfato de cobre, enxofre e tinta látex pva. As variáveis porcentagem de pinhões com emissão
de raiz, porcentagem de pinhões com emissão de caulículo, comprimento da raiz principal e
do caulículo foram avaliadas 76 dias após a semeadura e analisadas estatisticamente. Os
resultados encontrados possibilitaram concluir que não houve ação fitotóxica dos tratamentos
sobre as variáveis analisadas. De uma forma geral, concluiu-se que as substâncias que foram
testadas “in vitro” podem ser utilizadas nos experimentos de campo, sem restrições, para
testes de repelência aos animais consumidores de pinhões.
Palavras-chave:
1. efeito fitotóxico. 2. pinhões.
3. Araucária 4. plântulas
19
ABSTRACT
The seed of Araucaria angustifolia, the Paraná-Pine seed, it is becoming a alternative
way to get money for many families that is living at south and southeast of Brazil. The
intensive predation on seeds by the wild fauna, that occur at newly-planted areas by direct
sowing and at nursery of seedlings, is one of several adverses and distimulating factors to
specie spreading. This experiment had as objective to verify probable phytotoxics effects of
naturals and synthetics substances potentially repellentes to wild fauna, in germination of
Araucaria angustifolia seeds and seedlings development in vitro”. It was realized at
Phytopatology and Plant Physiology Laboratory of Center of Agroveterinary Sciences,
University of Santa Catarina State - Brazil, in 2004, from june to december. The seeds, after
preparation and treatment with vegetal and not vegetal substances, were sown in plastic trays
with vermiculite substratum and put on chamber of germination with controlled temperature,
relative humidity of air, humidity of substratum and period of light. It was adopted the
randomized complete design with 15 treatments, with 10 seeds each treatment and with 4
repetitions. The tested substances separately or in mixtures were: fruit of red pepper, root of
parsley, stem and leaf of wormwood herb, lemon scented gum essential oil, linseed oil, castor
bean oil, rosin, copper oxychloride, copper sulphate, sulphur and latex ink. The root emission,
stem emission, length of main root and length of stem were evaluated 76 days after sowing
and statisticaly analyzed. The results make possible to conclude that didn`t have phytotoxic
effect of treatments on these parameters. In general, was concluded that the substances tested
in vitro” can be used in the field experiments, in repellence tests for Paraná-Pine seeds
consuming fauna.
Key words:
1. phytotoxic effect. 2. Paraná-Pine seeds.
3. Paraná-Pine. 4. seedlings.
20
INTRODUÇÃO
A Araucaria angustifolia (Bert) O. Ktze é uma espécie florestal de ocorrência na
América do Sul, sendo que no Brasil é característica da floresta subtropical, onde a
denominação Floresta Ombrófila Mista é a mais apropriada para designar suas formações
naturais.
Distribui-se predominantemente nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, além de pontos elevados e esparsos nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Espírito Santo. Também é encontrada na Argentina, com distribuição limitada
(HUECK apud DUARTE et al., 2002) especificamente no extremo nordeste do país, na
proncia de Missiones (CARVALHO, 1994; FERREIRA & HANDRO apud EIRA et al.,
1994; SHIMIZU e OLIVEIRA apud EIRA et al., 1994) e no leste do Paraguai, no
Departamento de Alto Paraná (BACKES, 1999; REITZ et al., 1988).
Ocorre preferencialmente entre 500 e 1500 m de altitude, com temperatura média
anual na faixa de 11,5 a 21º C (CARVALHO, 1994). É conhecida como Araucária, Pinheiro,
Pinheiro Araucária, Pinheiro do Paraná, Pinheiro Preto, Pinheiro Elegante, Paraná-Pine e
Brazilian-Pine, entre outros nomes.
A qualidade de sua madeira transformou a A. angustifolia em uma das essências
florestais mais importantes do sul do Brasil (DONI FILHO et al., 1985), sendo por um longo
período um dos produtos mais importantes na pauta da exportação brasileira (CARVALHO,
1994), fato realçado por Hueck apud Mauhs (2002) ao relatar que cerca de 90% da madeira
21
exportada na década de 60 era de Araucária, tendo ocupado o lugar entre os produtos de
exportação (REITZ et al., 1979). No entanto, este fato fez com que houvesse uma grande
redução das populações da espécie no sul do Brasil, ao ponto de estar na lista das espécies
ameaçadas, classificada como espécie vulnerável pela IUCN- International Union of
Conservation of Nature and Natural Resources (HILTON-TAYLOR, 2000) e pelo IBAMA-
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (BRASIL, 1992).
Outro fator que grande importância à espécie é o valor nutritivo da sua semente, o
pinhão, que o faz tema principal de alguns eventos gastronômicos no sul e sudeste do Brasil,
tornando-se também fonte de renda alternativa para muitas famílias que vivem nas regiões de
ocorrência (ECOPLAN, 2000; SIEGA, 1998). Também assume relevância pelo fato das
florestas com Araucária serem habitat natural para uma fauna silvestre variada, grande
consumidora de suas sementes.
Mesmo sendo uma espécie promissora para plantios florestais na região sul, em
especial no planalto meridional (REITZ et al., 1979), infelizmente quase não se tem
conhecimento, nos dias atuais, de empreendimentos florestais com A. angustifolia no Brasil,
devido a alguns fatores adversos como: o lento crescimento em comparação com algumas
espécies exóticas comerciais, a legislação florestal, o desconhecimento de aspectos ecológicos
e fisiológicos importantes da espécie (REITZ et al., 1979) por parte dos interessados em
utilizá-la e a predação intensa de suas sementes pela fauna, principalmente por pequenos
roedores silvestres como ratos, camundongos, cutia, paca, esquilo, ouriço e outros, os quais
são grandes consumidores de pinhões, tanto em condições naturais como em áreas de plantios.
A semente da A. angustifolia é considerada a principal forma de propagação da
espécie (RAMOS e CARNEIRO, 1988), sendo que a semeadura direta no campo é uma
prática silvicultural muito comum, recomendada por oferecer algumas vantagens (ANGELI e
STAPE, 2003; FINGER et al., 2003; PRANGE, 1964; REITZ et al.,1979; SANQUETTA e
22
TETTO, 2000). No entanto, há dificuldade das mesmas permanecerem intactas e
sobreviverem após o plantio no campo, devido à intensa predação da fauna silvestre, que gera
muitas falhas e pode inviabilizar o empreendimento florestal.
Este trabalho teve como objetivo testar algumas substâncias naturais e sintéticas de
origem vegetal e não vegetal, com características marcantes de odor e/ou sabor, sobre
possíveis efeitos fitotóxicos na germinação e no desenvolvimento da plântula de A.
angustifolia "in vitro”, além de fornecer subdios para utilização futura como repelentes à
fauna consumidora de pinhões em plantios com semeadura direta.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi inteiramente conduzido no Laboratório de Fitopatologia e
Fisiologia Vegetal do Centro de Ciências Agroveterinárias, da Universidade do Estado de
Santa Catarina, munipio de Lages/SC, de junho a dezembro de 2004.
As sementes foram coletadas no seu período de maturação em 2004, na região de
Lages/SC, situada a 27º 52’ 30”de latitude S e a 50º 18’ 20”de longitude W, à altitude de 930
m. O clima na região é classificado por Köeppen como Cfb, ou seja, clima temperado
constantemente úmido, com verão ameno onde as temperaturas médias do s mais quente
são inferiores a 22ºC e com temperatura média anual entre 13,8 a 15,8ºC (EPAGRI, 1998).
As sementes foram selecionadas por imersão em água, onde as sobrenadantes foram
eliminadas, de acordo com Jankauskis (1970), sendo posteriormente tratadas com uma
solução de hipoclorito de sódio a 1% durante 5 minutos. Depois de secas ao ar por 24 h sobre
papel toalha, as sementes foram conservadas com controle de temperatura e umidade, visando
manter o vigor para trabalhos posteriores, conforme descrito por AFUBRA (2002); cero et
al. apud Fonseca e Freire (2003); Eira et al. (1994); Fontes et al. (2001); Fowler et al. (1998);
23
Ramos e Souza (1991), onde se buscou manter o elevado teor de água das sementes através do
seu acondicionamento em sacos de polietileno transparentes com espessura de 5 micras,
selados e colocados em geladeira com temperatura de 1 a C, com o cuidado de evitar
temperaturas negativas para não causar desagregação celular e a perda de viabilidade. Ficaram
sob conservação de junho a outubro de 2004, sendo parte delas retiradas somente no momento
de sua utilização no experimento de fitotoxicidade.
As sementes foram tratadas com algumas substâncias de origem vegetal e não vegetal,
com características odoríferas e/ou gustativas marcantes, que as tornavam supostamente
repelentes à fauna consumidora de sementes, com base na literatura e em informações do
conhecimento popular. Dentre os produtos de origem vegetal, foram utilizados frutos maduros
de pimenta vermelha (Capsicum frutescens L.), raiz de salsinha (Petroselinum crispum [Mill.]
Nymam ex A.W.Hill), parte aérea de losna (Artemisia absinthium L.), óleo essencial de
eucalipto (Corymbia citriodora [Hook.] Hill e Johnson), óleo de linhaça (Linum usitatissimum
L.) e óleo de mamona (Ricinus communis L.). As demais substâncias utilizadas na
composição dos tratamentos foram: breu, oxicloreto de cobre, sulfato de cobre, enxofre e tinta
látex pva.
No preparo dos tratamentos com frutos de pimenta vermelha, raiz de salsinha e parte
aérea de losna, os vegetais foram inicialmente desidratados em secador com fluxo de ar
quente por 6h, triturados em liquidificador com álcool 92,8º e filtrados com filtro de papel,
obtendo-se extratos alcoólicos vegetais. O breu, o óleo de linhaça, óleo de mamona e óleo
essencial de eucalipto, são produtos comerciais industrializados que foram utilizados
isoladamente e/ou em misturas com os extratos alcoólicos vegetais citados anteriormente,
compondo os tratamentos relacionados no Quadro 1.
24
TRATAMENTO
SUBSTÂNCIAS
T1 Testemunha
T2 Solução de breu e álcool (SBA)
T3 SBA + extrato alcoólico de pimenta vermelha
T4 SBA+ extrato alcoólico de raiz de salsinha
T5 SBA+ extrato alcoólico de losna
T6 SBA + óleo essencial de eucalipto
T7 Óleo de linhaça
T8 Óleo de linhaça + extrato alcoólico de pimenta vermelha
T9 Óleo de linhaça + extrato alcoólico de raiz de salsinha
T10 Óleo de linhaça + extrato alcoólico de losna
T11 Óleo de linhaça + óleo essencial de eucalipto
T12 Óleo de mamona
T13 Oxicloreto de cobre + tinta látex
T14 Sulfato de cobre + tinta látex
T15 Enxofre + tinta látex
Quadro 1- Substâncias aplicadas em sementes de Araucaria angustifolia “in vitro”, para verificação de
possíveis efeitos fitotóxicos.
Os tratamentos utilizados “in vitro”, foram compostos pelas seguintes substâncias:
T1- Nenhuma substância.
T2- de breu (liquefeito em banho Maria”) com álcool 92,8º, na proporção de 2 g/ml de
álcool, aqui denominada solução de breu e álcool ou SBA.
T3- SBA com extrato alcoólico do fruto de pimenta vermelha a 54,1%, na proporção 1:1.
T4- SBA com extrato alcoólico da raiz de salsinha a 34,2%, na proporção 1:1.
T5- SBA com extrato alcoólico da parte aérea de losna a 28,5%, na proporção 1:1.
T6- SBA com óleo essencial de eucalipto a 75% de citronelal, na proporção 1:1.
T7- Óleo cozido de linhaça a 100% (produto comercial).
T8- Óleo cozido de linhaça a 100% com extrato alcoólico do fruto da pimenta vermelha a
54,1%, na proporção 1:1.
T9- Óleo cozido de linhaça a 100% com extrato alcoólico da raiz de salsinha a 34,2%, na
proporção 1:1.
T10- Óleo cozido de linhaça a 100% com extrato alcoólico da parte aérea de losna a 28,5%,
na proporção 1:1.
25
T11- Óleo cozido de linhaça a 100% com óleo essencial de eucalipto a 75% de citronelal, na
proporção 1:1.
T12- Óleo de mamona a 100% (produto comercial).
T13- Oxicloreto de cobre (produto comercial Reconil, equivalente a cobre metálico 350g/kg)
com tinta látex pva dilda em água (1:1), na proporção de 120g/L de solução.
T14- Sulfato de cobre (produto comercial Bordamil, equivalente a cobre metálico 233g/kg)
com tinta látex pva dilda em água (1:1), na proporção de 180g/L de solução.
T15- Enxofre (produto comercial Kumulus DF a 80%) com tinta látex pva dilda em água
(1:1), na proporção de 50g/L de solução.
As o preparo dos tratamentos, as sementes de A. angustifolia que estavam sob
conservação em geladeira, passaram por uma nova seleção para padronizar o lote pelo
comprimento e pela análise visual, dando-se preferência por sementes maiores (em torno de 6
cm de comprimento), mais firmes, com cor avermelhada característica de semente madura,
sem manchas escuras ou sinal de ataque de pragas.
Em seguida, as sementes foram imersas nas substâncias-teste, em grupos de 40
sementes por tratamento. Após secagem ao ar por 24h, foram escarificadas mecanicamente
com o corte de 2 mm na extremidade axial (Figura 1), com auxílio de tesoura de poda, para
eliminar a barreira sica do tegumento e facilitar a absorção de umidade, visando promover a
emissão mais rápida e uniforme da radícula, conforme Eira et al., (1991); Souza e Cardoso
(2003).
Foi adotado o delineamento experimental inteiramente casualizado, contendo 15
tratamentos, cada um composto por 10 sementes e com 4 repetições, totalizando 600
sementes. A semeadura foi manual em bandejas plásticas (53 cm x 32 cm x 9 cm) com
oricios de drenagem e o substrato utilizado foi vermiculita de granulometrias média e fina
26
em partes iguais, umedecida com água. As bandejas foram colocadas em câmara de
germinação marca Heraeus Votsch, modelo HPS 2000, programada para temperaturas de
15ºC durante a noite e 25ºC durante o dia, com períodos de 12 h de luz x 12 h de escuro e
com umidade relativa do ar de 80%. A cada 3 dias, em média, foram realizadas regas manuais
para manter o substrato úmido.
Figura 1- Partes principais da semente de Araucaria angustifolia (adaptado de Vernalha et al., 1972).
As variáveis porcentagem de pinhões com emissão de raiz, porcentagem de pinhões
com emissão de caulículo, comprimento do caulículo e comprimento da raiz principal foram
avaliadas 76 dias após a semeadura, através da contagem dos pinhões que emitiram raiz e dos
que emitiram caulículo, assim como pela medição dos comprimentos da raiz principal e
caulículo.
27
As dias foram avaliadas pelo teste de Levene, para verificar a homocedasticidade
ou heterocedasticidade das variâncias. Confirmada a homogeneidade destas, fez-se a análise
de variância (ANOVA). No caso de não confirmação de homocedasticidade pelo teste de
Levene, buscou-se a homogeneização dos dados através da transformação dos valores.
Conforme proposto por Banzatto e Kronka (1995), optou-se por eliminar tratamentos
discrepantes e verificar novamente a homogeneidade das variâncias. Após a confirmação da
homocedasticidade, as médias foram submetidas à análise de variância (ANOVA), de onde se
concluiu que não existiu diferença significativa entre os tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos resultados obtidos na análise estatística das 4 variáveis estudadas neste
experimento, procurou-se identificar o comportamento dos pinhões tratados com as
substâncias-teste em relação a algum possível efeito fitotóxico durante o processo germinativo
e desenvolvimento inicial da plântula, em condições de laboratório. Da mesma forma, foram
realizadas observações não estatísticas, mas consideradas importantes sob o ponto de vista
biológico, permitindo obter informações preliminares sobre o desenvolvimento inicial dessas
plântulas em tais condições.
Porcentagem de pinhões com emissão de raiz
A variância das médias dos tratamentos, avaliada pela estatística de Levene,
apresentou-se homogênea, para probabilidades de até 9,5%. Mesmo nestas condições,
decidiu-se retirar da análise o tratamento T12 leo de mamona), pois apresentou média igual
a 100% e variância zero. As a remoção do T12, a probabilidade da estatística de Levene
elevou-se a 41%.
28
Fez-se a análise de variância e observou-se que as porcentagens de sementes com
emissão de raiz não diferiram estatisticamente (F=1,450; GL=13; 42; P>0,05), indicando não
ter havido efeitos das substâncias testadas sobre a inibição da germinação de sementes de A.
angustifolia e conseqüentemente sobre a protrusão da radícula.
Mesmo assim, pela Tabela 1, pode-se observar valores percentuais distintos, que na
interpretação dos processos biológicos ocorridos podem fornecer informações úteis. Sob este
aspecto, observou-se que no tratamento T12 leo de mamona) 100% das sementes emitiram
raiz, enquanto que o tratamento T14 (sulfato de cobre + tinta látex) apresentou 72,5% das
sementes com emissão de raiz. A comparação dos contrastes entre o tratamento T2 e os
tratamentos T3, T4, T5 e T6, para detectar possíveis efeitos causados pela adição de extratos
alcoólicos e óleo ao tratamento com breu, não foi significativo a 5% de probabilidade.
Comportamento similar foi detectado nos contrastes entre o tratamento T7 e os tratamentos
T8, T9, T10 e T11. Em relação à testemunha, analisando-se os valores em percentuais,
observou-se que os tratamentos T12 (óleo de mamona) e T9 (óleo de linhaça + raiz de
salsinha) tiveram respectivamente 5% e 2,5% mais sementes com emissão de raiz. Já os
tratamentos T14 (sulfato de cobre + tinta látex), T6 (SBA + óleo de eucalipto), T5 (SBA +
losna) e T11 (óleo de linhaça + óleo de eucalipto), quando comparados à testemunha,
demonstraram ter respectivamente 22,5%, 12,5%, 10% e 10% menos sementes com emissão
de raiz. Os tratamentos T2 (SBA), T3 (SBA + pimenta vermelha), T4 (SBA + raiz de
salsinha), T7 leo de linhaça), T10 leo de linhaça + losna) e T13 (oxicloreto de cobre +
tinta látex) mostraram ter 2,5% menos sementes com emissão de raiz em relação à
testemunha.
Porcentagem de pinhões com emissão de caulículo
29
Para a análise da porcentagem de pinhões com emissão de caulículo, os dois
tratamentos que apresentaram variância zero, T2 (SBA) e T12 (óleo de mamona),
apresentados na Tabela 1, foram excluídos da avaliação da heterocedasticidade. Esta variável
foi avaliada pela estatística de Levene e apresentou-se heterogênea para probabilidades
superiores a 1,3%. Nestas condições, a ANOVA mostrou que o percentual médio de sementes
que emitiram caulículo, após 76 dias em câmara de crescimento, o diferiram
estatisticamente (F=1,689; GL=12; 39; P>0,05), indicando não ter havido efeitos fitotóxicos
sobre as sementes para emissão de caulículo, entre os tratamentos comparados. Observou-se
que o tratamento T2 (SBA) apresentou forte característica adesiva, similar a resina de Pinus,
que pode ter ocasionado a formação de uma camada externa sobre as sementes de A.
angustifolia e interferido na emissão de caulículo. Este fato é semelhante ao descrito por
Muller (1986), ao concluir que a resina de espécies do gênero Pinus aplicada em pinhões,
afetou negativamente a germinação destes, pois sua impregnação externa dificultou o
rompimento do tegumento pelo embrião.
Numa análise dos valores em porcentagem, pode-se observar valores distintos (Tabela
1). O tratamento T12 leo de mamona) apresentou 100% das sementes com emissão de
caulículo, enquanto o tratamento T14 (sulfato de cobre + tinta látex) apresentou emissão de
caulículo em 70% das sementes.
Em relação à testemunha T1, observou-se que os valores obtidos em porcentagem para
os tratamentos T12 (óleo de mamona) e T9 leo de linhaça + raiz de salsinha) indicaram
respectivamente 5% e 2,5% mais sementes com emissão de caulículo. os tratamentos T14
(sulfato de cobre + tinta látex), T6 (SBA + óleo de eucalipto), T5 (SBA + losna) e T11 leo
de linhaça + óleo de eucalipto), apresentaram respectivamente 25%, 20%, 15% e 15% menos
sementes com emissão de caulículo. Também os tratamentos T3 (SBA + pimenta vermelha),
T13 (oxicloreto de cobre + tinta látex) e T2 (SBA) apresentaram 7,5%, 7,5% e 5% menos
30
sementes com emissão de caulículo, da mesma forma que os tratamentos T4 (SBA + raiz de
salsinha), T8 leo de linhaça + pimenta vermelha) e T10 leo de linhaça + losna) tiveram
2,5% menos sementes com caulículo emitido.
Tabela 1 - Efeitos dos tratamentos na porcentagem de pinhões com emissão de raiz e com emissão de caulículo,
aos 76 dias após a semeadura “in vitro”.
Pinhões com emissão
de raiz
Pinhões com emissão
de caulículo
Tratamentos
% S
2
% S
2
T1 Testemunha 95,00ns 33,33 95,00ns 33,33
T2 Solução de breu + álcool (SBA) 92,50 25,00 90,00 0,00
T3 SBA + extrato de pimenta vermelha 92,50 91,67 87,50 225,00
T4 SBA + extrato de salsinha 92,50 91,67 92,50 91,67
T5 SBA + extrato de losna 85,00 166,67 80,00 66,66
T6 SBA + óleo essencial de eucalipto 82,50 291,66 75,00 700,00
T7 Óleo de linhaça 92,50 91,67 87,50 91,67
T8 Óleo de linhaça + extrato de pimenta. 95,00 100,00 92,50 91,67
T9 Óleo de linhaça + extrado de salsinha 97,50 25,00 97,50 25,00
T10
Óleo de linhaça + extrato de losna 92,50 225,00 92,50 225,00
T11
Óleo de linhaça + óleo de eucalipto 85,00 100,00 80,00 200,00
T12
Óleo de mamona 100,00 0,00 100,00 0,00
T13
Oxicloreto de cobre + tinta látex 92,50 91,67 87,50 25,00
T14
Sulfato de cobre + tinta látex. 72,50 291,66 70,00 333,33
T15
Enxofre + tinta látex 95,00 100,00 95,00 100,00
dia 90,83 88,16
Coeficiente de variação % = CV (%) 11,81 13,76
n.s: não significativo a 5% de probabilidade.
Substâncias fitotóxicas podem atuar decisivamente no processo de germinação de
sementes ou no desenvolvimento da plântula. Isto pode ocorrer quando tais substâncias
entram em contato com partes vitais das sementes ou externamente quando entram em contato
com a radícula, no momento da sua emissão. Os efeitos desta fitotoxicidade podem ser
detectados pela o germinação das sementes ou pela identificação de desenvolvimento
anômalo nas partes vegetativas. No presente experimento não foram identificados casos de
desenvolvimento anômalo do sistema radicular e nas partes aéreas, bem como diferença
significativa na percentagem de sementes que germinaram.
31
Comprimento da raiz principal
A variância das médias dos tratamentos, avaliada pela estatística de Levene,
apresentou-se homogênea para probabilidades de até 27,8%. Através da ANOVA realizada
para a variável comprimento da raiz principal, observou-se que não houve diferença estatística
significativa entre os tratamentos (F=1,111; GL=14; 45; P>0,05). A Tabela 2 apresenta os
efeitos dos tratamentos sobre o comprimento da raiz principal. Mesmo assim, pode-se
observar valores numéricos absolutos distintos. O tratamento T13 (oxicloreto de cobre + tinta
látex) apresentou a maior média para o comprimento de raiz principal, com 16,7 cm, enquanto
o tratamento T7 (óleo de linhaça) apresentou a menor média para esta variável, com 12,6 cm.
Comparando-se com a testemunha, nota-se que o tratamento T13 (oxicloreto de cobre
+ tinta látex), que apresentou a maior média, teve o comprimento de raiz 5,70% maior,
enquanto os tratamentos T4 (solução de breu + raiz de salsinha) e T15 (enxofre + tinta látex)
apresentaram incrementos de 5,06% e 2,53% respectivamente. os tratamentos T2 (SBA),
T5 (SBA + losna), 8 leo de linhaça + pimenta vermelha), 12 leo de mamona) e 14 (sulfato
de cobre + tinta látex) tiveram reduções de 2,53%, 3,16%, 3,16%, 4,43% e 5,06%
respectivamente em relação à testemunha. Também os tratamentos T3 (SBA + pimenta
vermelha) e T6 (SBA + óleo de eucalipto) tiveram redução no comprimento da raiz principal
em 8,23% e 12,03% respectivamente, assim como o tratamento T7 (óleo de linhaça), que
apresentou o menor comprimento de raiz principal, com redução de 20,25% em comparação à
testemunha.
Comprimento do caulículo
A variância das médias dos tratamentos, avaliada pela estatística de Levene,
apresentou-se homogênea, para probabilidades de até 2,6%. A ANOVA mostrou que em
relação a essa variável, também não houve diferença estatística significativa entre os
32
tratamentos (F=0,744; GL=14; 45; P>0,05). A Tabela 2 apresenta os efeitos dos tratamentos
sobre o comprimento do caulículo.
Tabela 2 - Efeito dos tratamentos sobre os comprimentos da raiz principal e do caulículo de pinhões, aos 76 dias
as a semeadura “in vitro”.
Comprimento médio
(cm)
Tratamentos
raiz caulículo
T1
Testemunha 15,8 ns 18,2 ns
T2
Solução de breu e álcool (SBA) 15,4 17,0
T3
SBA + extrato de pimenta vermelha 14,5 15,4
T4
SBA + extrado de raiz de salsinha 16,6 16,2
T5
SBA + extrato de losna 15,3 16,2
T6
SBA + óleo essencial de eucalipto 13,9 15,7
T7
Óleo de linhaça 12,6 14,7
T8
Óleo de linhaça + extrato de pimenta vermelha 15,3 17,1
T9
Óleo de linhaça + extrato de raiz de salsinha 15,8 17,6
T10
Óleo de linhaça + extrato de losna 15,8 17,0
T11
Óleo de linhaça + óleo essencial de eucalipto 15,8 17,9
T12
Óleo de mamona 15,1 15,8
T13
Oxicloreto de cobre + tinta látex 16,7 16,3
T14
Sulfato de cobre + tinta látex 15,0 15,7
T15
Enxofre + tinta látex 16,2 17,0
Média 15,3 16,5
CV (%) 14,3 13,2
ns: não significativo a 5% de probabilidade.
No entanto pode-se observar valores numéricos absolutos distintos. A testemunha (T1)
foi o que apresentou melhor média para comprimento do caulículo com 18,2 cm, seguido pelo
tratamento T11 leo de linhaça + óleo de eucalipto) com valor muito próximo (17,9 cm).
Esses comprimentos de caulículo, obtidos aos 76 dias após a semeadura in vitro”, são
próximos aos comprimentos de 20,0 cm encontrados em plântulas com 80 dias de vida, em
casa de vegetação (Einig et al. apud Lamberts, 2003). o tratamento T7 leo de linhaça)
apresentou 14,7 cm para o comprimento do caulículo, ficando bem abaixo dos maiores
comprimentos, e que se mantido durante seu desenvolvimento, pode representar maior
susceptibilidade às adversidades.
33
Em relação à testemunha, os tratamentos T11 (óleo de linhaça + óleo de eucalipto), T9
leo de linhaça + raiz de salsinha) e T8 leo de linhaça + pimenta vermelha) apresentaram
comprimentos de caulículo menores em 1,65%, 3,30% e 6,04% respectivamente. Os
tratamentos T2 (SBA), T10 leo de linhaça + losna) e T15 (enxofre + tinta látex) tiveram
todos reduções de 6,59% nos comprimentos. Os tratamentos T13 (oxicloreto de cobre + tinta
látex), T4 (SBA + raiz de salsinha) e T5 (SBA + losna) tiveram os comprimentos do caulículo
respectivamente 10,44%, 10,99% e 10,99% menores que a testemunha. Também os
tratamentos T12 (óleo de mamona), T6 (SBA + eucalipto), T14 (sulfato de cobre + tinta látex)
e T3 (SBA + pimenta vermelha) tiveram reduções de 13,19%, 13,74%, 13,74% e 15,38%
respectivamente, enquanto o tratamento T7 leo de linhaça) que teve a menor média,
apresentou comprimento de caulículo 19,23% menor que a testemunha.
34
CONCLUSÕES
Não houve efeitos fitotóxicos dos tratamentos “in vitro” sobre a emissão de raiz,
emissão de caulículo, comprimento de raiz principal e comprimento de caulículo.
De uma forma geral, concluiu-se que estes tratamentos podem ser utilizados sem
restrições no campo, para testes de repelência à fauna consumidora de pinhões, em
semeadura direta.
35
CAPÍTULO II
AÇÃO DE SUBSTÂNCIAS POTENCIALMENTE REPELENTES À FAUNA
CONSUMIDORA DE PINHÕES, VIA TRATAMENTO DE SEMENTES E
APLICAÇÃO NA SUPERFÍCIE DAS COVAS, EM SEMEADURA DIRETA NO
CAMPO
RESUMO
A intensa predação das sementes de Araucaria angustifolia pela fauna silvestre,
principalmente roedores, que ocorre em áreas recém plantadas por semeadura direta e até em
viveiros florestais, é um dos fatores adversos e desestimulantes à propagação artificial desta
importante espécie. Este trabalho teve como objetivo testar algumas substâncias naturais e
sintéticas, não fitotóxicas e não letais aos animais silvestres consumidores de pinhões, em dois
experimentos com semeadura direta no campo. No experimento 1, houve aplicação direta das
substâncias-teste nos pinhões e no experimento 2, houve aplicação das substâncias somente na
superfície das covas de plantio, logo após a semeadura de pinhões, isentos de tratamento. Os
pinhões e as substâncias-teste (tratamentos) foram preparados em Laboratório do Centro de
Ciências Agroveterinárias - CAV/UDESC, Lages-SC. Os pinhões tratados e não tratados,
respectivamente para os experimentos 1 e 2, juntamente com os tratamentos a serem aplicados
sobre as covas do experimento 2, foram levados para uma área de campo nativo, localizada no
munipio de Lages-SC. Foi adotado o delineamento experimental de blocos casualizados
para ambos. O experimento 1 foi composto por 15 tratamentos, com 10 pinhões por
tratamento, com 4 repetições e o experimento 2 foi composto por 11 tratamentos, com 10
pinhões por tratamento, com 4 repetições. As substâncias testadas, isoladamente ou em
misturas, sob forma de extratos, óleos e soluções, foram à base de fruto de pimenta vermelha,
raiz de salsinha, parte aérea de losna, óleo essencial de eucalipto, óleo de linhaça, óleo de
mamona, breu, oxicloreto de cobre, sulfato de cobre, enxofre, tinta látex pva e lignosulfonato
de cálcio. Através de vistorias periódicas ao longo de 167 e 165 dias respectivamente para os
experimentos 1 e 2, os dados foram coletados e organizados quanto ao número de pinhões
predados e não predados, sendo posteriormente submetidos à analise estatística. Concluiu-se
que: a) Os índices de predação foram considerados elevados para ambos os experimentos:
78,0% no experimento 1 e 84,3% no experimento 2; b) No experimento com pinhões tratados,
o período de tempo mais longo verificado para o ício da predação foi de 104 dias após a
semeadura, enquanto no experimento com tratamento no ambiente (covas), foi de 64 dias; c)
O efeito da interação entre blocos e tratamentos foi altamente significativo e o efeito de bloco
foi maior que o de tratamento, em ambos os experimentos; d) Solução de breu e álcool + óleo
de eucalipto, aplicados nos pinhões, apresentou potencial para redução do vel de predação
dessas sementes, nos blocos analisados; e) Os tratamentos com óleo de linhaça apresentaram
comportamentos variáveis nos blocos, igualmente aos tratamentos com tinta látex, no
36
experimento com pinhões tratados; f) No experimento com tratamentos nas covas, o
lignosulfonato de cálcio combinados individualmente com extratos de pimenta, raiz de
salsinha e losna, apresentaram efeito significativo de redução da predação nos blocos; g) A
solução de linhaça com extratos de pimenta vermelha e com o extrato de raiz de salsinha,
também tiveram efeito significativo para redução da predação de pinhões nos blocos, no
experimento com tratamento nas covas.
Palavras-chave:
1. repelência. 2. roedores.
3. Araucaria angustifolia
37
ABSTRACT
The intensive predation of Araucaria angustifolia (Bert.) Ktze seeds, by the wild fauna,
mainly the rodents, that occurs at newly-planted areas by direct sowing and at nursery of
seedlings, is an adverse factor that contributes to discourage the artificial propagation of this
important forest specie. This work had as objective to test some natural and synthetic
substances, not phytotoxics and not lethal for the fauna, to verify the repellence action for the
consuming wild animals of Paraná-Pine seeds, in two direct sowing experiments in the field,
in the attempt to reduce the predatory action of this wild fauna in Paraná-Pine plantations and
to stimulate the new forests establishment: in one of them, called experiment 1, there was the
direct application of substances in the Paraná-Pine seeds and in the other, called experiment 2,
there was the application of substances only in the surface of the plantation hollows, after the
sowing of Paraná-Pine seeds not treated. The Paraná-Pine seeds and the substances-test
(treatments) were prepared at Laboratory of Center of Agroveterinary Sciences, University of
Santa Catarina State, at Lages city, Brazil. The treated and not treated seeds, respectively for
the experiments 1 and 2, together with the substances that it would be applied on the
plantation hollows of experiment 2, were carried to a native field area at Lages city. It was
adopted the experimental design of randomized blocks for both experiments. The experiment
1 was composed for 15 treatments, with 10 seeds per treatment, with 4 repetitions and the
experiment 2 was composed for 11 treatments, with 10 seeds per treatment, with 4 repetitions.
The tested substances, isolated or in mixtures, were: fruit of red pepper, root of parsley, stem
and leaf of wormwood herb, lemon scented gum essential oil, linseed oil, castor bean oil,
rosin, copper oxychloride, copper sulphate, sulphur, látex ink and calcium lignosulfonate.
Through the periodic inspections, during 167 and 165 days respectively for the experiments 1
and 2, the data were collected and organized through the attacked and not attacked Paraná-
Pine seeds per treatment, per inspections and per blocks, being later submitted to analysis
statistics. It was conclude that: a) The predation index were considered hight for both
experiments: 78,0% in the experiment 1 and 84,3% in the experiment 2; b) In the experiment
with treated Parana-Pine seeds, the longer time for the beginning of the predation was 104
days after the sowing, while in the experiment with treatment in the environment (hollows), it
was 64 days after the sowing; c) The effect of interaction between blocks and treatments was
highly significant and the effect of block was greater than the effect of treatment, in both
experiments; d) Solution of rosin and alcohol + lemon scented gum oil, applied in the seeds,
presented potential for reduction of the predation level of these seeds, in the analyzed blocks;
e) The treatments with linseed oil presented changeable behaviors in the blocks, equally to the
treatments with latex ink, in the experiment with treated Parana Pine seeds; f) In the
experiment with hollows treated, the lignosulfonate of calcium in mixture with extracts of
pepper, with root of parsley and with wormwood herb, presented significant effect of
reduction of the predation in the blocks; g) The solution of linseed with red pepper extracts
and with root of parsley extract, had also significant effect for reduction of the predation of
these seeds in the blocks, in the experiment with hollows treated.
38
Key words:
1. repellence. 2. rodents.
3. Araucaria angustifolia.
39
INTRODUÇÃO
A Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze, conhecida popularmente por Araucária,
Pinheiro ou Pinheiro do Paraná entre vários nomes, é uma espécie florestal brasileira,
considerada de grande importância para o sul do Brasil (DONI FILHO et al., 1985), onde tem
maior ocorrência natural. Sua madeira destacou-se nas exportações brasileiras no século XX
(CARVALHO, 1994) e sua exploração desenfreada ocasionou uma diminuição das suas
populações. Atualmente é classificada como vulnerável na lista das espécies ameaçadas da
IUCN - International Union of Conservation of Nature and Natural Resources (HILTON-
TAYLOR, 2000) e do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (BRASIL, 1992).
Pelo sabor agradável e valor nutritivo que possui, a sua semente, o pinhão, tornou-se
tema de eventos gastronômicos em algumas cidades do sul e sudeste do Brasil, sendo uma
fonte de renda alternativa para muitas famílias que vivem nestas regiões de ocorrência
(ECOPLAN, 2000; SIEGA, 1998). Também é a principal fonte de propagação da espécie
(RAMOS e CARNEIRO, 1988), tanto em regeneração natural como em plantios. Sob o ponto
de vista ecológico, as florestas com Araucária assumem importância por se constituírem no
habitat natural para muitos animais silvestres, grandes consumidores e disseminadores de suas
sementes.
É considerada uma espécie promissora para plantios florestais na região sul do Brasil,
especialmente para o planalto (REITZ et al., 1979), porém, lamentavelmente os
40
empreendedores florestais não a estão utilizando para formação de novas florestas comerciais,
devido a alguns fatores que são desestimuladores aos seus interesses, como o seu lento
crescimento natural, a legislação florestal vigente, o desconhecimento de aspectos ecológicos
e fisiológicos importantes da espécie (REITZ et al., 1979), além da intensa predação de suas
sementes, que ocorre em plantios executados pelo homem.
A predação de sementes é um processo que pode limitar o estabelecimento de algumas
espécies florestais lenhosas numa área e alterar a estrutura de uma comunidade vegetal
(BALDISSERA e GANADE, 2005). Estudos sobre a estrutura das florestas com Araucárias,
no Brasil e na Argentina, destacaram que a predação dos pinhões por animais é um dos fatores
que dificultam a regeneração da espécie (MULLER, 1986).
Os predadores de sementes, atuantes na fase s-dispersão, são animais com hábitos
mais generalistas, incluindo-se desde invertebrados como besouros, formigas, moluscos e
crustáceos, até vertebrados como aves e mamíferos (HULME, 1998a apud LAMBERTS,
2003). Dentre os mamíferos, os roedores o animais especializados na predação de sementes
nos mais variados ambientes terrestres (HULME, 1998a; PRICE e JENKINS citados por
LAMBERTS, 2003) e se destacam como grandes consumidores de pinhões.
A semente, na possibilidade de ser predada na fase s-dispersão, conta apenas com as
características de sua linhagem evolutiva para sua defesa (JANZEN, 1971 apud LAMBERTS,
2003). A maior ou menor possibilidade de predação é influenciada por diversos fatores, entre
eles, o tamanho, a composição, as características e a abundância de sementes, assim como o
aprendizado do predador quanto à fonte de sementes, quanto à diversidade de recursos
alimentares e quanto ao risco de exposição do predador aos seus inimigos naturais (BOWERS
e DOOLEY; HOWE e BROWN; HULME, 1998a; LORTIE et al.; PERES et al.; VANDER
WALL, 1995, todos citados por LAMBERTS, 2003). A semente de A. angustifolia tem
dificuldade de permanecer intacta e de sobreviver após a semeadura no campo, devido à ação
41
de predadores naturais, atraídos pelas reservas nutritivas acumuladas. Isto pode inviabilizar a
boa formação da floresta, pois um grande número de falhas por predação das sementes
desestimula os interessados no seu plantio.
Como medida preventiva contra a predação de sementes de coferas, Myllymaki apud
Muller (1986) sugeriu a cobertura destas com produtos repelentes contra pequenos
mamíferos, já que estes animais têm facilidade de encontrá-las naturalmente. Conforme
Muller (1986), igual recomendação foi dada pela Academia Nacional de Ciências dos Estados
Unidos, como um dos métodos para evitar a destruição de sementes por roedores.
Uma alternativa para aumentar a possibilidade de sobrevivência dos pinhões ao ataque
da fauna silvestre, em semeadura no campo, pode ser a utilização de substâncias com
características marcantes de odor e/ou sabor, que exerçam repelência aos animais
consumidores. Estas podem ser aplicadas diretamente nos pinhões e/ou nas covas, mas não
devem ser fitotóxicas e nem letais aos animais. Sobre este último aspecto, conforme
Myllymaki apud Muller (1986), o uso de rodenticidas recebeu muitas críticas por serem
venenos, por causarem efeitos colaterais em outros animais silvestres não visados, por
contribuírem com a poluição ambiental e por terem a eficiência questionável. Assim, neste
trabalho houve a preocupação de se evitar substâncias que comprovadamente pudessem
causar qualquer tipo de dano à semente e à fauna do local, já que o único objetivo foi a
repelência aos animais. Utilizou-se tratamentos à base fruto de pimenta vermelha, raiz de
salsinha, parte aérea de losna, óleo essencial de eucalipto, óleo de linhaça, óleo de mamona,
breu, oxicloreto de cobre, sulfato de cobre, enxofre, tinta látex pva e lignosulfonato de cálcio,
sob a forma de extratos alcoólicos, óleos e soluções.
A predação animal é uma dificuldade a ser vencida pelos interessados no cultivo da
Araucária. Diante disto, esta etapa objetivou testar substâncias comprovadamente não
fitotóxicas, para verificar a ação repelente aos animais mamíferos predadores de pinhões em
42
semeadura direta no campo, de duas formas distintas: aplicação dos tratamento nas sementes
(experimento 1) e aplicação no ambiente, sobre as covas, após a semeadura (experimento 2).
MATERIAL E MÉTODOS
No período de maturação em 2004, as sementes foram coletadas ainda nas pinhas, na
região de Lages-SC, situada a 27º52’30’ de latitude S e a 50º18’20’’ de longitude W, à
altitude de 930 m, com clima classificado por Köeppen como Cfb, ou seja, temperado, úmido
e com verão ameno, com temperaturas médias do mês mais quente inferiores a 22 ºC e
temperatura média anual entre 13,8 a 15,8 ºC (EPAGRI, 1998).
Em laboratório, as sementes foram imersas em água e selecionadas, onde as
sobrenadantes foram descartadas, conforme Jankauskis (1970). Posteriormente foram
colocadas numa solução de hipoclorito de sódio a 1%, durante 5 minutos e espalhadas para
secar à sombra por 24 h, sobre papel toalha. As sementes foram conservadas em condições
adequadas para manter seu vigor, segundo metodologias descritas em AFUBRA (2002);
cero et al. apud Fonseca e Freire (2003); Eira et al. (1994); Fontes et al. (2001); Fowler et
al. (1998); Ramos e Souza (1991), onde se buscou manter o teor de umidade das mesmas. As
sementes foram acondicionadas e seladas em sacos de polietileno transparentes, com
espessura de 5 micras e conservadas em geladeira no Centro de Ciências Agroveterinárias sob
temperaturas de 1 a 3ºC, com o cuidado de se evitar temperaturas negativas para não causar
desagregação celular e a perda de viabilidade. Ficaram sob conservação de junho a dezembro
de 2004, sendo parte delas retiradas somente no momento de sua utilização nos experimentos
de repelência à fauna.
43
Experimento de repelência 1
As sementes utilizadas neste experimento foram retiradas dos lotes anteriormente
selecionados e conservados, conforme descrição anterior. Foram utilizadas 600 sementes,
selecionadas pelo comprimento (em torno de 6 cm) e por outras características favoráveis,
como coloração avermelhada típica de pinhão maduro, boa firmeza ao apertar, aparência
saudável, sem manchas ou sinal de ataque de pragas, visando dar uma maior homogeneização
do lote. Ainda em laboratório, as sementes receberam as substâncias a serem testadas (Quadro
2), as quais foram preparadas em etapa anterior. A aplicação nas sementes foi por meio de
imersão nas respectivas substâncias-teste, com posterior secagem à sombra por 24 h. As
mesmas foram escarificadas na extremidade axial com o corte de 2 mm feito com tesoura de
poda, para eliminar a barreira sica do tegumento, de modo a facilitar a absorção da umidade
e acelerar a emissão da radícula, conforme Eira et al. (1991) e Souza e Cardoso (2003). As
serem separadas em sacos plásticos individualizados e devidamente identificados por
tratamento, as sementes ficaram disponíveis para o imediato transporte e semeadura no
campo.
Quadro 2 -
Substâncias aplicadas nas sementes de Araucaria angustifolia para teste de repelência à sua fauna
consumidora, em semedura direta no campo.
Tratamento Substâncias
T1 Testemunha
T2 Solução de breu e álcool (SBA)
T3 SBA + extrato de pimenta vermelha
T4 SBA + extrato de raiz de salsinha
T5 SBA + extrato de losna
T6 SBA + óleo essencial de eucalipto
T7 Óleo de linhaça
T8 Óleo de linhaça + extrato de pimenta vermelha
T9 Óleo de linhaça + extrato de raiz de salsinha
T10 Óleo de linhaça + extrato de losna
T11 Óleo de linhaça + óleo essencial de eucalipto
T12 Óleo de mamona
T13 Oxicloreto de cobre + tinta látex
T14 Sulfato de cobre + tinta látex
T15 Enxofre + tinta látex
44
Os tratamentos utilizados neste experimento tiveram a seguinte composição:
T1- Nenhuma substância.
T2- de breu (liquefeito em “banho Maria”) misturado com álcool 92,8º, na proporção de 2
g/ml de álcool, neste trabalho denominada solução de breu e álcool ou SBA.
T3- SBA com extrato alcoólico do fruto de pimenta vermelha a 54,1%, na proporção 1:1.
T4- SBA com extrato alcoólico da raiz de salsinha a 34,2%, na proporção 1:1.
T5- SBA com extrato alcoólico da parte aérea de losna a 28,5%, proporção 1:1.
T6- SBA com óleo essencial de eucalipto a 75% de citronelal (produto comercial), na
proporção 1:1.
T7- Óleo cozido de linhaça a 100% (produto comercial).
T8- Óleo cozido de linhaça a 100% com extrato alcoólico do fruto da pimenta vermelha a
54,1%, na proporção 1:1.
T9- Óleo cozido de linhaça a 100% com extrato alcoólico da raiz de salsinha a 34,2%, na
proporção 1:1.
T10- Óleo cozido de linhaça a 100% com extrato alcoólico da parte aérea de losna a 28,5%,
na proporção 1:1.
T11- Óleo cozido de linhaça a 100% com óleo essencial de eucalipto a 75% de citronelal, na
proporção 1:1.
T12- Óleo de mamona a 100% (produto comercial).
T13- Oxicloreto de cobre (produto comercial Reconil, equivalente a cobre metálico 350g/kg)
com a solução 1:1 de tinta látex pva e água, na proporção de 120g/L de solução.
T14- Sulfato de cobre (produto comercial Bordamil, equivalente a cobre metálico 233g/kg)
com a solução 1:1 de tinta látex pva e água, na proporção de 180g/L de solução.
T15- Enxofre (produto comercial Kumulus DF a 80%) com a solução 1:1 de tinta látex pva e
água, na proporção de 50g/L de solução.
45
O experimento foi instalado numa área rural particular, distante 12 km do centro de
Lages-SC, denominado Condomínio Rural Morro Azul, caracterizada pela predominância de
vegetação de campo nativo, com solo raso e compactado, entremeada por fragmentos
remanescentes de mata de Araucária, comrios representantes da espécie com a forma
adulta. A área foi preparada com a marcação das linhas de plantio, identificação dos blocos e
dos tratamentos (Figura 2).
As covas foram abertas com auxílio de ferramenta apropriada e tiveram dimensões
aproximadas de 0,2 x 0,2 x 0,2 m. A semeadura foi feita manualmente, colocando-se 1
semente tratada por cova, aproximadamente no terço superior da sua profundidade e na
posição horizontal, cobrindo-a em seguida com terra até o vel da superfície.
A instalação do experimento ocorreu em 14/12/04, com delineamento de blocos
casualizados, contendo 15 tratamentos, com 10 sementes cada um, com 4 repetições.
Figura 2 - Vista parcial da área do experimento.
46
O espaçamento entre as linhas de tratamentos foi de 2 m e dentro de cada linha foi de
1,5 m. Assim, cada bloco teve as dimensões de 15m x 30m (450 m
2
), com 150 sementes
colocadas diretamente nas covas e o conjunto dos 4 blocos totalizou 600 sementes.
O acompanhamento do experimento foi realizado através de vistorias periódicas, com
intervalo dio de 18 dias (APÊNDICE A). Foram percorridas todas as linhas de plantio,
observando-se a ocorrência ou o de predação das sementes por animais silvestres, o icio
da emergência da parte aérea e o desenvolvimento da plântula.
As informações foram anotadas em croquis individuais para cada bloco, contendo a
posição das linhas com os tratamentos e de cada pinhão semeado. Quando se observou
alguma ocorrência de predação dos pinhões, anotou-se no croqui o número da referida
vistoria, na posição exata do pinhão predado, para identificar quando foi observado o fato
(APÊNDICE B). Considerou-se predado o pinhão encontrado desenterrado, localizado
geralmente na superfície da cova (Figura 3) ou nas proximidades dela, apresentando o
tegumento roído ou dilacerado e com o endosperma comido parcial ou totalmente (Figura 4).
No caso de alguma suspeita de predação, abriu-se a cova cuidadosamente para comprovar a
presença ou não do pinhão no seu interior. Isto ocorreu quando foram observados sinais de
terra remexida na superfície da cova ou a presença de pequenas lascas do tegumento externo
do pinhão sobre a cova.
Durante o peodo de 13/01/05 a 30/05/05, foram feitas vistorias no experimento,
sendo que a última delas foi uma checagem final, onde todas as covas que não apresentaram
sinais viveis de predação anteriormente, foram abertas para comprovação da presença e do
estado sanitário dos pinhões.
47
Figura 3 - Pinhão predado, encontrado sobre a cova durante vistoria.
Figura 4 – Pinhões encontrados na superfície das covas, com sinais de predação por mamíferos
silvestres
48
Procedimentos estatísticos
Foram feitas tabulações da predação observada no campo, quanto ao número de
pinhões predados por tratamento, em cada avaliação temporal (vistoria). Pinhões o
encontrados e/ou localizados predados dentro das covas na checagem final (167 dias), foram
contados e redistribuídos proporcionalmente sobre a freqüência de predação nas vistorias
anteriores. Feita esta correção, foi computada a predação percentual acumulada até os 149
dias de avaliação (8ª vistoria).
Para o estudo do comportamento da predação no tempo, utilizou-se a alise de
covariância. Para tanto, realizou-se primeiramente a análise gráfica, seguida da análise de
regressão dos seguintes modelos:
Y = a + b * X (1)
Y = b * X (2)
Y = a + b * ln X (3)
Em que: Y = Predação percentual acumulada; a e b = coeficientes; X = dias após a
semeadura; ln = logaritmo neperiano
Para a escolha do modelo utilizado na análise de covariância, foram comparadas as
estatísticas Fcalc, Prob>F, R²aj. e Syx%. O teste t foi utilizado para verificar a significância
dos coeficientes.
Para a identificação da influência dos efeitos de tratamentos, blocos e suas interações,
na predação percentual acumulada em função do número de dias após a semeadura, realizou-
se a análise de covariância com variável Dummy, utilizando o seguinte modelo matemático:
Y = f (X, BL, TRAT, BL*TRAT), em que Y = Predação percentual acumulada; X = dias após
semeadura; BL = blocos, (variável Dummy); TRAT = tratamento de repelência (variável
Dummy); BL*TRAT = Interação entre blocos e tratamentos, (variável Dummy).
49
Experimento de repelência 2
As sementes utilizadas neste experimento também foram retiradas dos lotes
anteriormente selecionados e conservados em geladeira, conforme já descrito.
Foram selecionadas 440 sementes, através do comprimento (em torno de 6 cm) e de
outras características favoráveis, como coloração avermelhada típica de pinhão maduro, boa
firmeza, aparência saudável, sem sinal de ataque de pragas ou manchas, visando um lote mais
homogêneo.
Na seqüência, ainda em laboratório, as sementes foram escarificadas na extremidade
axial, com o corte de 2 mm feito com tesoura de poda, para eliminar a barreira física do
tegumento, procedimento igual ao realizado no experimento anterior, de modo a facilitar a
absorção da umidade após a semeadura e acelerar a emissão da radícula, conforme Eira et al.
(1991) e Souza e Cardoso (2003). Depois de escarificadas, as sementes foram colocadas em
sacos plásticos, ficando dispoveis para o imediato transporte e semeadura no campo.
As substâncias utilizadas para compor os tratamentos deste experimento (Quadro 3),
foram preparadas em laboratório, na mesma ocasião do preparo dos tratamentos do
experimento 1. Além dos mesmos extratos alcoólicos de pimenta vermelha, de raiz de
salsinha e de parte aérea de losna, utilizados no experimento 1, foram criados novos
tratamentos com misturas entre óleos e álcool, formando soluções que favoreceram a
miscibilidade e a aplicação nas covas por pulverização manual. Outra substância utilizada
neste experimento foi o lignosulfonato de cálcio, que funcionou como adesivo.
Os tratamentos foram armazenados em recipientes limpos de vidro e de plástico,
esterilizados em álcool 92,8º, devidamente identificados e tampados para evitar a
volatilização das substâncias.
50
Tratamento Substâncias
T1 Testemunha
T2 Solução de lignosulfonato de cálcio (SLIG5)
T3 SLIG5 diluída em água (= SLIG 4) + extrato de pimenta vermelha
T4 SLIG4 + extrato de raiz de salsinha
T5 SLIG4 + extrato de losna
T6 SLIG4 + solução de eucalipto
T7 Solução de linhaça (SLIN)
T8 SLIN + extrato de pimenta vermelha
T9 SLIN + extrato de raiz de salsinha
T10 SLIN + extrato de losna
T11 SLIN + solução de eucalipto
Quadro 3 - Substâncias aplicadas na superfície das covas, após a semeadura direta de sementes de
Araucaria angustifolia no campo, para teste de repelência à fauna.
Os tratamentos utilizados no experimento 2, tiveram a seguinte composição:
T1- Nenhuma substância
T2- Lignosulfonato de cálcio (produto comercial Vixil I em ) misturado com água pré-
aquecida a 60ºC, na proporção de 50g/L de água, neste trabalho denominada solução de
lignosulfonato de cálcio em água ou SLIG5.
T3- SLIG4 (solução resultante da diluição da SLIG5 em água, 1:1) com o extrato alcoólico do
fruto de pimenta vermelha a 54,1%, na proporção de 8:1.
T4- SLIG4 com o extrato alcoólico de raiz de salsinha a 34,2%, na proporção de 8:1.
T5- SLIG4 com o extrato alcoólico de parte aérea de losna a 28,5%, na proporção de 8:1.
T6- SLIG4 com uma solução de eucalipto (resultante da mistura do óleo de eucalipto a 75%
com álcool 92,8º, proporção 1: 1,7), na proporção de 8:1.
T7- Óleo cozido de linhaça a 100% (produto comercial) misturado com álcool 92,8º, na
proporção de 1:1, neste trabalho denominada solução de linhaça em álcool ou SLIN.
T8- SLIN com extrato alcoólico do fruto de pimenta vermelha a 54,1%, na proporção de 8:1.
51
T9- SLIN com extrato alcoólico de raiz de salsinha a 34,2%, na proporção de 8:1.
T10- SLIN com extrato alcoólico de losna a 28,5%, na proporção de 8:1.
T11- SLIN com uma solução de eucalipto (resultante da mistura de óleo de eucalipto a 75%
com álcool 92,8º, proporção 1: 1,7), em quantidades proporcionais de 8:1.
Este experimento também foi instalado na mesma área denominada Condomínio Rural
Morro Azul. As covas e a semeadura foram feitas da mesma maneira que no experimento 1.
As a semeadura, os tratamentos foram aplicados sobre a superfície das suas
respectivas covas. A aplicação foi feita de forma localizada, abrangendo uma área circular
sobre as covas, com aproximadamente 0,8m de diâmetro. Utilizou-se pulverizador manual
com êmbolo pequeno, de uso doméstico, capacidade de tanque 370ml, marca Guarany. Em
cada cova, foram aplicadas 60 “bombeadas completas, o que correspondeu a
aproximadamente 18ml. Foram utilizados pulverizadores separados para os tratamentos à base
de lignosulfonato de cálcio e à base de óleo de linhaça, sendo que ao final da aplicação de
cada tratamento, os mesmos foram sistematicamente lavados com álcool e secos com papel
toalha, antes de serem abastecidos novamente com outro produto. A instalação deste
experimento ocorreu em 16/12/04.
Adotou-se o delineamento de blocos casualizados, contendo 11 tratamentos, com 10
sementes cada um, em 4 repetições. O espaçamento entre as linhas de tratamentos foi de 6 m e
dentro de cada linha foi de 1,5 m. Assim, cada bloco teve as dimensões de 15m x 66m (990
m
2
), com 110 sementes colocadas diretamente nas covas e o conjunto dos 4 blocos totalizou
440 sementes.
O acompanhamento do experimento foi através de vistorias periódicas com intervalos
médios de 18 dias (APÊNDICE A). Foram coletados dados referentes à predação das
sementes por animais silvestres, início da emergência da parte aérea e desenvolvimento da
52
plântula. As informações foram anotadas em croquis individuais para cada bloco, contendo a
posição das linhas com os tratamentos e dos pinhões semeados. Da mesma forma que no
experimento 1, quando a predação dos pinhões foi observada com clareza, anotou-se no
croqui o número da referida vistoria, na posição do pinhão predado, para identificar a data em
que foi observado o fato (APÊNDICE C).
Igualmente neste experimento, as vistorias foram realizadas de 13/01/05 a 30/05/05,
sendo que a última foi uma checagem final para comprovação da presença dos pinhões nas
covas que aparentemente estavam intactas.
Procedimentos estatísticos
Os dados de predação coletados neste experimento tiveram os mesmos procedimentos
de análise estatística descritos no experimento 1. Igualmente, pinhões não encontrados e/ou
localizados predados dentro das covas na checagem final (165 dias), foram redistribuídos
proporcionalmente sobre a freqüência de predação no tempo. Após esta correção, a predação
percentual acumulada foi computada até os 147 dias de avaliação (8ª vistoria).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerações sobre as ocorrências observadas
Experimento 1
No experimento com pinhões tratados, foram observadas algumas ocorrências que
mostraram a situação dos pinhões no campo, após a checagem final, 167 dias após a
semeadura, conforme tabela 3.
53
Tabela 3 - Tipos de ocorrências observadas nos pinhões durante a condução do experimento com pinhões
tratados.
Tratamentos
Ocorrências
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12
13 14
15
Germinado (vivo) 1 0 0 0 0 2 1 0 2 0 0 0 0 0 0
Germinado (secou) 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Podre (na cova) 0 3 12
5 8 7 4 9 10
9 9 5 14 14
11
Sinal de broca (na cova) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0
Predado (animais) 38 37 28
34
31
31
35
31
28
30
31 35
25 26
28
Total 40 40 40
40
40
40
40
40
40
40
40 40
40 40
40
Germinação no campo
Observou-se pequena quantidade de pinhões germinados no período de 5,5 meses,
assim como notou-se que, dos que emergiram a parte aérea, boa parte secou (Tabela 3). Dos
600 pinhões semeados, somente 10 germinaram e emergiram (1,67%) e destes, 6
permaneciam vivos, sem sinais de secamento na plântula (1,00%). Isto está de acordo com
Kozlowski e com Soriano, ambos citados por Ferreira (1977), que consideraram a germinação
e o desenvolvimento inicial da plântula, um processo crítico no estabelecimento de uma
espécie num determinado habitat. O baixo índice de germinação de pinhões após a semeadura
e o secamento posterior de plântulas, deve-se em parte à estiagem ocorrida em 2005 na região
de Lages, durante o experimento (ANEXO A). Também Finger et al. (2003), ao trabalhar com
outra conífera (Pinus elliottii) em semeadura direta no campo, observaram a baixa emergência
e a baixa sobrevivência de plantas em função de estiagem, pois a falta de umidade no solo
gerou perda de poder germinativo das sementes e morte de plântulas recém germinadas.
Pinhões apodrecidos nas covas
Foram encontrados, durante a checagem final deste experimento, 120 pinhões
apodrecidos (20% do total semeado). Acredita-se que as altas temperaturas e baixa umidade
do solo, resultantes da estiagem já citada, num período inicial, aliadas às características de um
solo de campo nativo raso e muito compactado, tenham contribdo para a perda do poder
54
germinativo destes pinhões. Numa fase posterior, com o aumento da umidade do solo
(ANEXO A), estas sementes foram apodrecendo dentro das covas. Supõe-se que a presença
desses pinhões no interior das covas até o final do experimento, deva-se ao odor produzido no
apodrecimento, o qual percebido, gerou recusa pelo olfato senvel dos animais, mesmo
estando soterrados nas covas. A alta sensibilidade das sementes de A. angustifolia ao
dessecamento, pode diminuir sua viabilidade e fazer com que permaneçam no solo sem
germinar, conforme Harrington, 1972 e Lang apud Ferreira (1977). Também temperaturas em
torno de 24ºC podem induzir o que Ferreira (1977) chamou de falsa germinação”, onde há a
exposição inicial da radícula mas sem o desenvolvimento da plântula, podendo a semente
ficar no solo até apodrecer.
Pinhões atacados por brocas
Sobre este tipo de ocorrência observada na checagem final, somente 2 pinhões foram
encontrados nas covas com oricios característicos (Tabela 3), o que representou um valor
baissimo (0,33%), de pouca representatividade num universo de 600 pinhões semeados.
Esta baixa ocorrência de ataque por insetos e outras classes de invertebrados, foi um indicador
que pode ter havido ação repelente sobre os mesmos, o que o deixa de ser favorável à
sobrevivência dos pinhões, pois conforme Hulme, 1998a apud Lamberts (2003), em situação
de pós-dispersão de sementes nutritivas, como o pino, também ocorre ação predatória por
invertebrados diversos.
Pinhões predados e não predados
Com relação aos índices observados de predação de pinhões que receberam
tratamentos para repelência aos mamíferos silvestres, estes foram importantes para a análise
da eficácia desses tratamentos. Neste trabalho, o termo “pinhões predados” foi muito
55
utilizado, pelo fato de ser um item de controle mais visível, embora seja o que não se deseja.
As ocorrências foram resumidas em dois grupos, “pinhões predados e não predados” (Tabela
4), onde se observou ao final de 167 dias, o elevado índice total de predação por mamíferos
silvestres (78,0%).
Tabela 4 - Resumo das ocorrências observadas nos pinhões durante a condução do experimento com pinhões
tratados.
Resumo das ocorrências Nº de pinhões Porcentagem (%)
Não predados 132 22,0
Predados 468 78,0
Total 600 100,0
No grupo de pinhões predados, foram incldos tamm os demais pinhões atacados,
cuja predação foi descoberta somente na checagem final, com a reabertura das covas tidas até
então como intactas. Foram encontrados pinhões predados dentro das covas e outros nem
foram encontrados, pois foram removidos para serem comidos em outro local. Isto indicou
que houve predação em algum momento não visualizado nas vistorias anteriores. Nestas duas
situações descritas, as covas não apresentaram vestígios que pudessem levantar suspeitas da
ação do roedor (lascas do pinhão e/ou cova remexida). Portanto, para o objetivo deste
trabalho, foram considerados pinhões predados.
O elevado índice absoluto de predação (Tabela 4), mostrou a voracidade destes
animais roedores em relação a estas sementes e os danos que podem causar num plantio por
semeadura direta. O hábito dos roedores transportarem os pinhões para tocas ou enterrá-los
distantes do local que os encontraram, para comerem posteriormente, foi relatado por
Carvalho, 1950 apud Ferreira (1977); Reitz e Klein, 1966 apud Ferreira (1977), o que
explicou em parte, os pinhões não encontrados em suas covas. Ferreira (1977) também
relacionou a maior possibilidade de predação em função das fases da semente, onde nos
estádios de pré germinação da semente e de semente recém germinada, estas ficam mais
56
susceptíveis aos patógenos e ataque de rios animais predadores. Lamberts (2003) verificou
que dos pinhões removidos por pequenos roedores, 99,3% foram encontrados predados em
buracos no solo, entre raízes, embaixo de troncos caídos e pedras, enquanto que os removidos
por cutias, 67,7% estavam predados sobre o solo. Também a adaptabilidade bucal dos
roedores, segundo Myllymaki apud Muller (1986), para descartar camadas não palatáveis ou
venenosas sem sofrer danos, como em sementes tratadas, pode colaborar para intensa
predação de sementes.
Nos 15 tratamentos, para os 4 blocos instalados, foi observada a ação predatória de
mamíferos roedores silvestres em todos eles, fato corroborado por Lamberts (2003), que
verificou a predação de pinhões por animais em todas as amostras de seus experimentos.
A
quantificação dos pinhões predados, por tratamento e por vistoria (Tabela 5), buscou fornecer
subdios para tentar compreender melhor o comportamento dos animais predadores em
relação às sementes com tratamentos, visando verificar possível ação repelente e sua
durabilidade.
Tabela 5 - Número de pinhões predados por tratamento e por vistoria, no experimento com pinhões tratados.
Tratamentos
Vistoria
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11
12
13
14
15
Total Total
acumulado
1
a
2 1 1 2 1 1 1 0 3 1 2 4 2 1 1
23 23
2
a
7 7 4 6 5 1 1 5 3 1 2 3 3 0 3
51 74
3
a
4 3 3 5 2 3 3 5 3 8 3 2 2 7 4
57 131
4
a
0 5 4 2 2 1 2 2 2 3 2 1 0 2 1
29 160
5
a
1 4 2 2 3 4 2 2 1 1 3 7 0 1 2
35 195
6
a
1 1 2 1 0 1 0 0 1 2 2 2 2 3 1
19 214
7
a
0 1 1 0 2 0 0 2 1 0 0 1 2 1 3
14 228
8
a
4 0 1 1 1 2 1 0 2 0 0 1 0 1 1
15 243
CF
1
19
15
10
15
15
18
25
15
12
14
17
14
14
10
12
225 468
Total 38
37
28
34
31
31
35
31
28
30
31
35
25
26
28
468 468
1
Checagem final
Experimento 2
57
Igualmente neste experimento, onde os tratamentos para repelência à fauna silvestre
foram aplicados somente sobre as covas após a semeadura, foram observadas algumas
ocorrências com os pinhões (Tabela 6).
Tabela 6 - Tipos de ocorrências observadas nos pinhões, durante a condução do experimento com ambiente
tratado (superfície das covas).
Tratamentos
Ocorrências
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Germinado (vivo) 2 1 0 1 0 0 2 1 0 2 1
Germinado (secou) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Podre (na cova) 0 2 6 6 8 3 6 9 6 4 3
Sinal de broca (na cova) 0 0 1 0 2 0 0 0 0 1 2
Predado (animais) 38
37
33
33
30
37
32
30
34
33 34
Total 40
40
40
40
40
40
40
40
40
40 40
Germinação no campo
Observou-se uma quantidade igualmente pequena de pinhões germinados (Tabela 6).
Dos 440 pinhões semeados, 10 germinaram e emergiram (2,27%), permanecendo vivos até o
final do trabalho, estando de acordo com Kozlowski apud Ferreira (1977), que considerou a
germinação das sementes e o desenvolvimento inicial das plântulas como processos críticos.
Outro fator que provavelmente influenciou nesta baixa germinação dos pinhões foi a estiagem
ocorrida nos meses seguintes à semeadura, principalmente em fevereiro de 2005 (ANEXO A).
Também Finger et al. (2003), em semeadura direta de Pinus elliottii, verificaram baixa
emergência e sobrevivência de plântulas devido à estiagem. A falta de umidade no solo
acarreta perda de poder germinativo das sementes e até mesmo a morte de plântulas.
Pinhões apodrecidos nas covas
Após a checagem final das covas, foram encontrados neste experimento 53 pinhões
apodrecidos (12,05% do total semeado). Da mesma forma, acredita-se que as condições
edáficas do local, associadas aos períodos com condições climáticas desfavoráveis, já
descritas anteriormente para o experimento 1, contribuíram para a não germinação de pinhões,
58
seguida de apodrecimento na cova, com o posterior aumento da umidade do solo. A
permanência destes pinhões dentro das covas, sem predação, deve-se provavelmente ao odor
de exalado pelo processo de apodrecimento. Para autores como Harrington, 1972 apud
Ferreira (1977) e Lang apud Ferreira (1977), a semente de Araucaria angustifolia, embora
espécie cofera, situa-se melhor entre as espécies tropicais ou subtropicais, por ser muito
senvel ao dessecamento, o que pode explicar o fato de muitos pinhões não terem germinado
e terem apodrecido nas covas.
Pinhões atacados por brocas
Foram encontrados 6 pinhões nestas condições (Tabela 6), o que representou um
percentual muito baixo (1,36%), inexpressivo num total de 440 pinhões semeados, o que não
deixa de ser um indicador positivo para a semente, pois segundo Hulme, 1998a apud
Lamberts (2003), existe a ação predatória de invertebrados em sementes nutritivas na fase
pós-dispersão.
Pinhões predados e não predados
Com relação ao índice de predação de pinhões, as ocorrências foram agrupadas, da
mesma forma que no experimento 1, em “pinhões predados” e “não predados” (Tabela 7). No
total, observou-se um índice de 84,3% de predação por animais, após a checagem final aos
165 dias da semeadura. Os pinhões encontrados comidos dentro das covas e os não
localizados, fatos comprovados somente na checagem final, foram incldos como predados.
Tabela 7 - Resumo das ocorrências observadas nos pinhões, no experimento com ambiente (cova) tratado.
Resumo das ocorrências Nº de pinhões Porcentagem (%)
Não predados 69 15,7
Predados 371 84,3
Total 440 100,0
59
A alta predação confirmou a voracidade dos mamíferos roedores sobre estas sementes,
indicando os danos que podem causar em semeadura direta.
O hábito dos roedores removerem os pinhões de um local para outro, como tocas e
outros locais mais afastados de onde os encontraram, foi relatado por Carvalho, 1950 apud
Ferreira (1977); Reitz e Klein, 1966 apud Ferreira (1977), o que pode explicar em parte, os
pinhões não encontrados em suas covas na checagem final. A elevada predação verificada
pode ser corroborada por Hulme, 1998a, apud Lamberts (2003), que observou que índices
totais de remoção e predação de sementes por animais não são raros. Para Muller (1986), a
ação de animais silvestres causa dificuldades às sementes para permanecerem intactas no solo,
pois as devoram antes de germinarem. As características do local da semeadura também
podem potencializar a predação, pois segundo Golley et al. apud Muller (1986), em geral, nos
ecossistemas de campo o número de roedores é pelo menos o dobro que em ecossistemas
florestais.
Igualmente neste experimento com aplicação dos tratamentos nas covas, observou-se
pinhões predados em todos os tratamentos, fato também verificado por Lamberts (2003).
Estas variações de respostas à aplicação dos tratamentos repelentes, por parte dos animais, foi
comentada por Radvanyi apud Muller (1986), quando considerou que as mesmas acontecem
em função da espécie de cofera, do ambiente e dos produtos utilizados.
Com o número de pinhões predados por tratamento e por vistoria (Tabela 8), buscou-
se sinais das reações dos animais sobre os tratamentos de repelência, na tentativa de verificar
algum efeito importante e sua provável duração. Igualmente ao tratamento 1, houve a
impossibilidade de identificar o período da predação de alguns pinhões, fato observado na
checagem final.
60
Tabela 8 - Número de pinhões predados por tratamento e por vistoria, no experimento com ambiente (cova)
tratado.
1
Checagem final
Resultados estatísticos
Início e término da repelência
A avaliação da Figura 5, indicou a existência de uma ampla variação no percentual de
sementes predadas nos experimentos 1 e 2, ou seja, com tratamentos aplicados nos pinhões e
no ambiente (superfície das covas). No experimento com tratamentos nos pinhões, verificou-
se que até a vistoria (104 dias após a semeadura), ainda existia tratamento sem nenhuma
predação acumulada, enquanto que, no experimento com o ambiente tratado, isto verificou-se
até vistoria (64 dias após a semeadura). Deve-se salientar que nestes períodos, 104 e 64
dias, os experimentos 1 e 2 apresentavam tratamentos com 100% de predação acumulada.
Estes comportamentos sugeriram que os tratamentos produziram diferentes períodos de
proteção aos pinhões, refletindo-se no tempo decorrido para o icio da predação e para seu
término.
Para determinar se os períodos para icio e término da predação foram afetados pelos
tratamentos e pela forma de aplicação destes, foram realizadas análises de variância das
médias, cujos resultados resumidos foram apresentados na Tabela 9.
No experimento com aplicação nos pinhões, com relação ao efeito dos tratamentos,
estes não diferiram quanto ao tempo decorrido para icio da predação (F=0,706; GL=14; 28;
P>0,05) e para término da predação (F=0,514; GL=14; 28; P>0,05). Para o efeito de blocos,
Tratamentos
Vistoria
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11
Total Total acumulado
1 0 0 2 0 1 0 2 0 1 0
7 7
6 5 5 8 4 2 1 0 3 2 6
42 49
6 6 4 3 2 6 9 5 2 12
5
60 109
0 1 2 1 1 0 4 0 3 0 4
16 125
2 2 1 0 1 0 4 1 0 0 0
11 136
0 1 1 1 1 0 1 0 2 1 0
8 144
1 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0
5 149
0 0 0 0 0 2 0 0 3 0 0
5 154
CF
1
22
22
19
17
20
25
13
22
21
17
19
217 371
Total
38
37
33
33
30
37
32
30
34
33
34
371 371
61
contudo, apresentaram diferença significativa somente em relação ao tempo para o icio do
ataque (F=4,616; GL=2; 28; P<0,05).
Para o experimento com aplicação dos tratamentos no ambiente, houve influência
significativa dos tratamentos somente quanto ao tempo para o término da predação (F=2,833;
GL=10; 30; P<0,05). Pelo efeito dos blocos, o foram influenciados significativamente o
tempo decorrido para o icio (F=1,330; GL=3; 30; P>0,05) e para término da predação
(F=1,608; GL=3; 30; P>0,05).
No geral, quando comparadas as duas formas de aplicação dos tratamentos, ou seja,
nos pinhões e no ambiente (covas), verificou-se que ambas não diferem significativamente
quanto ao tempo decorrido da semeadura para o icio e término da predação dos pinhões.
Tabela 9 - Resultados resumidos da análise de variância das médias de início e término da predação de
pinhões, para efeitos de blocos e tratamentos, na aplicação dos repelentes nos pinhões e no
ambiente.
Forma de
aplicação
Predação
Fator F Prob.>F
Bloco 4,616 0,019
Início
Tratamento 0,700 0,750
Bloco 0,784 0,466
Nos pinhões
(Exp.1)
Término
Tratamento 0,514 0,905
Bloco 1,330 0,283
Início
Tratamento 0,946 0,507
Bloco 1,608 0,208
No ambiente
(Exp.2)
Término
Tratamento 2,833 0,013
Em que: F = valor de F calculado para o fator; Prob.>F = nível de probabilidade.
Tendência da predação em função do tempo
A tendência de predação pode ser descrita por modelos lineares, em que a variável
independente está relacionada ao tempo. Nos casos em estudo, como pode-se observar na
62
Figura 5, o objetivo foi ajustar uma função que estimasse a predação percentual acumulada
em função do número de dias após a semeadura.
Figura 5 - Predação percentual acumulada em função do tempo após a semeadura e da forma de aplicação
dos tratamentos, nos pinhões e no ambiente.
Para determinar a função a ser utilizada, testou-se o modelo linear simples, com dois e
um coeficiente, e o modelo logarítmico. O modelo logarítmico, Y = a + blnX, por estar na
forma linear aditiva, permite o seu uso em análises estatísticas para modelos lineares, como a
análise de
covariância. Adicionalmente neste tipo de análise, nos modelos com intercepto, ou
seja, com coeficiente a, o fator com maior índice é considerado padrão e tem coeficiente zero
para o fator considerado, permitindo induções
pelo valor e sinal dos coeficientes. Por outro
lado, no modelo sem intercepto, permite-se uma análise de interpretação direta, tornando-se
de fácil compreensão por ser uma simples proporção. As estatísticas dos modelos e dos
coeficientes foram apresentados na Tabela 10.
O modelo linear com dois coeficientes apresentou sérias limitações na significância do
intercepto, inviabilizando sua utilização.
Tratamento dos pinhões

Y = 52,621lnX - 173,71
------ Y = 0,6391X
0
20
40
60
80
100
120
0 30 60 90 120 150 180
Predação percentual acumulada
dia geral
Tratamento do ambiente
------ Y = 0,6419X

Y = 54,085lnX - 179,91
0
20
40
60
80
100
120
0 30 60 90 120 150 180
dia geral
Dias após a semeadura
63
Tabela 10 - Modelos de regressão testados para descrever a predação percentual acumulada em função do
número de dias após a semeadura e da forma de aplicação dos tratamentos, nos pinhões e no
ambiente.
Estatísticas
Coeficientes
Modelo
Modelo Coeficientes
t Prob>t F Prob>F
aj
.
S
yx%
Tratamento dos pinhões
a = - 3,653 -1,18 0,238
Y = a + b X
b = 0,673 21,72 0,000
471,9 0,000 0,567
39,38
Y = b X b = 0,639 52,81 0,000 2789,2 0,000 0,885
39,40
a = -173,710 -17,18 0,000
Y = a + b lnX
b = 52,621 23,08 0,000
532,7 0,000 0,597
38,01
Tratamento do ambiente (covas)
a = -3,714 -1,20 0,231
Y = a + b X
b = 0,676 21,79 0,000
474,7 0,000 0,574
38,86
Y = b X b = 0,642 52,93 0,000 2801,9 0,000 0,888
38,86
a = -179,910 -18,43 0,001
Y = a + b lnX
b = 54,085 24,58 0,000
604,1 0,000 0,632
36,12
o modelo com intercepto igual a zero, foi o que apresentou maior coeficiente de
determinação (R
2
aj
) e valor de F, contudo deve-se ter em consideração que este
comportamento foi reflexo do número de coeficientes, pois, o erro padrão de estimativa
(Syx%) o comportou-se da mesma forma, ou seja, praticamente não se alterou.
O modelo logarítmico, por apresentar menor erro (Syx%) em ambos experimentos de
repelência, foi escolhido para análise de covariância. Este modelo, também por transformar a
variável independente em logaritmo neperiano (ln), ajustou-se melhor às condições onde o
incremento da variável dependente é decrescente com o aumento da variável independente,
pois nos experimentos, a predação diminuiu de intensidade quando se aproximou do
percentual máximo de predação (Figura 5). Para verificar se a tendência de predação no
tempo em função das variáveis qualitativas, blocos e tratamentos, apresentou veis distintos,
64
procedeu-se análise de covariância, utilizando-se o modelo selecionado anteriormente,
adicionado de variáveis Dummy, para blocos (BL), tratamentos (TRAT) e da interação de
ambos (BL * TRAT).
Análise dos níveis de predação no experimento com pinhões tratados
Na análise da Tabela 11, pela estatística F, constatou-se que existiu maior influência
dos blocos que dos tratamentos e que existiu interação altamente significativa entre estes dois
fatores. A existência de interação significativa indicou que o comportamento dos tratamentos
variou entre os blocos. Assim, foram estimados os coeficientes, a estatística t e sua
significância, sendo estes apresentados no APÊNDICE D. O modelo testado apresentou a
forma reduzida Y= a + b.lnDias + BL + TRAT + (BL* TRAT), sendo os coeficientes a e b
altamente significativos e, como todos os coeficientes que envolvem o efeito da testemunha
são iguais a zero, o modelo para a testemunha ficou simplificado para Y = a + b.lnDias + BL.
Na comparação dos blocos, como o bloco 4 foi considerado com coeficiente igual a
zero, (APÊNDICE D), deduziu-se que as testemunhas dos blocos 3 e 1 apresentaram veis de
predação superiores, pois os sinais dos coeficientes destes blocos foram positivos.
Tabela 11-
Análise de covariância da função Y = a + b.lnDIAS para níveis de predação de pinhões em função
dos blocos e dos tratamentos, no experimento com pinhões tratados.
Fonte Variação
GL
SQ erro
QM F Prob>F
Modelo corrigido 45 375940,3 8354,2 44,21 0,000
Intercepto (a) 1 144169,2 144169,1 763,02 0,000
lnDIAS (b) 1 260323,7 260323,6 1377,76 0,000
BL 2 49159,8 24579,8 130,09 0,000
TRAT 14 21365,9 1526,1 8,08 0,000
BL * TRAT 28 45091,0 1610,3 8,52 0,000
Erro 314 59329,2 188,9
Total Corrigido 359 435269,6
R² ajust. = 0,844
Em que: F = valor de F calculado para a fonte de variação; Prob.>F = nível de probabilidade; ajust.=
coeficiente de determinação ajustado.
65
Como a interação entre blocos e tratamentos foi significativa, o comportamento dos
tratamentos dependeu do bloco. Assim, pode-se comparar a testemunha com os tratamentos,
dentro de cada bloco. Para simplificar e facilitar as avaliações dos tratamentos, realizou-se, de
forma independente, uma análise de covariância por bloco, cujos resultados resumidos foram
apresentados na Tabela 12 e cujo o valor e as estatísticas dos coeficientes foram apresentados
na Tabela 13.
A influência dos tratamentos variou entre os blocos, pois o valor de F para tratamento,
no bloco 1, foi quase o dobro do valor de F obtido para o bloco 3. Contudo, deve-se salientar
que o efeito dos tratamentos no bloco 3 foi altamente significativo. Ainda, pela Tabela 12,
verificou-se que o modelo utilizado para análise de covariância foi capaz de explicar 85,8%,
83,7% e 78,6% da variação da predação para os blocos 1, 3 e 4, respectivamente.
Tabela 12 - Análise de covariância do modelo Y = a + b.lnDIAS + Tratamento de pinhões com
substâncias para repelência à fauna (análise independente para cada bloco).
Bloco 1
Bloco 3
Bloco 4
Fonte
F Prob>F F Prob>F F Prob>F
Modelo corrigido
49,12 0,000 41,70 0,000 30,17 0,000
Intercepto (a) 327,58 0,000 268,44 0,000 202,77 0,000
lnDIAS (b) 585,16 0,000 543,94 0,000 326,59 0,000
TRAT 10,83 0,000 5,83 0,000 9,00 0,000
R² ajustado 0,858 0,837 0,786
Em que: Y = predação percentual acumulada; lnDIAS = logaritmo neperiano do número de dias após a
semeadura; F = valor de F calculado para a fonte de variação; Prob>F = nível de probabilidade.
Pela análise da Tabela 13, constatou-se que o número de tratamentos significativos
divergentes da testemunha variou em função dos blocos, apresentando 7, 5 e 12 tratamentos
significativos a 5%, para os blocos 1, 3 e 4, respectivamente.
O intercepto teve sinal negativo e o coeficiente da testemunha foi zero para o efeito de
tratamentos, sendo que o sinal negativo nos coeficientes destes, indicou que o nível de
predação nestes tratamentos foi menor que na testemunha. Assim, comparou-se a testemunha
com os demais tratamentos e verificou-se, pelo sinal e pela significância do coeficiente, que
66
na quase totalidade, os efeitos dos tratamentos foram de redução da predação, exceto para o
tratamento 12 leo de mamona), que no bloco 3, apresentou-se com coeficiente positivo e foi
significativo a 1,4%, o que indicou um nível de predação superior a testemunha, sugerindo
atratividade.
A solução de breu e álcool (tratamento 2) apresentou eficiência como repelente
somente nos blocos 1 e 4. A adição de outras substâncias a esta solução de breu e álcool,
apresentou comportamento distinto nos três blocos. Contudo, verificou-se que a adição de
óleo essencial de eucalipto, compondo o tratamento 6, incrementou a repelência.
Tabela 13 - Coeficientes estimados do modelo de covariância Y = a + b.lnDIAS + Tratamento de
pinhões com substâncias potencialmente repelentes. (alise independente para cada bloco)
Bloco 1
Bloco 3
Bloco 4
Coef. t Prob>t
Coef. t Prob>t
Coef. t Prob>t
Intercepto
(a)
-174,91
-15,3
0,000
-162,68
-14,5
0,000
-133,02
-10,7
0,000
lnDIAS (b) 57,28
24,2 0,000 54,22
23,3 0,000
46,36
18,1 0,000
T1 (testem.)
0,00
0,0 0,000 0,00
0,0 0,000
0,00
0,0 0,000
T2 -17,50
-2,6 0,010 -1,25
-0,2 0,848
-17,88
-2,5 0,014
T3 -10,00
-1,5 0,134 -11,00
-1,7 0,094
-42,50
-5,9 0,000
T4 5,00
0,8 0,452 -17,50
-2,7 0,008
-23,75
-3,3 0,001
T5 -42,50
-6,4 0,000 -3,75
-0,6 0,566
-8,75
-1,2 0,226
T6 -37,50
-5,7 0,000 -18,75
-2,9 0,005
-38,75
-5,4 0,000
T7 -10,88
-1,6 0,104 -5,00
-0,8 0,444
-13,75
-1,9 0,058
T8 -12,50
-1,9 0,062 5,00
0,8 0,444
-20,94
-2,9 0,004
T9 5,63
0,8 0,398 -28,75
-4,4 0,000
-27,50
-3,8 0,000
T10 -29,50
-4,5 0,000 -5,94
-0,9 0,364
-28,75
-4,0 0,000
T11 -8,13
-1,2 0,223 5,00
0,8 0,444
-29,25
-4,1 0,000
T12 -26,88
-4,1 0,000 16,25
2,5 0,014
-45,25
-6,3 0,000
T13 4,06
0,6 0,541 -15,00
-2,3 0,023
-46,88
-6,5 0,000
T14 -28,75
-4,3 0,000 -5,00
-0,8 0,444
-37,50
-5,2 0,000
T15 -18,75
-2,8 0,006 -8,75
-1,3 0,182
-53,75
-7,5 0,000
Em que: Y = predação percentual acumulada; lnDIAS = logaritmo neperiano do número de dias após a
semeadura; F = valor de F calculado para a fonte de variação; Prob>F = nível de probabilidade.
O óleo de linhaça (tratamento 7) não apresentou efeito de repelência significativo ao
vel de 5% de probabilidade. A adição de outras substâncias ao óleo de linhaça (tratamentos
67
8, 9, 10 e 11) apresentaram comportamentos distintos nos três blocos avaliados. No bloco 1,
entre os tratamentos contendo óleo de linhaça, somente aquele com adição do extrato de losna
(tratamento 10), foi significativo. No bloco 3, somente aquele com adição de extrato de raiz
de salsinha (tratamento 9), ofereceu repelência de forma significativa. No bloco 4, as misturas
do óleo de linhaça com extratos vegetais de pimenta, raiz de salsinha e losna (tratamentos 8, 9
e 10), assim como com óleo de eucalipto (tratamento 11), proporcionaram repelência
significativa .
A adição de extratos vegetais aos dois tipos de substâncias fixadoras, breu e óleo de
linhaça, apresentaram comportamentos distintos nos blocos. No bloco 1, a adição de extrato
de losna (tratamento 5), incrementou significativamente a repelência. No bloco 3 foi a adição
do extrato de raiz de salsinha (tratamento 4), que reduziu a predação, enquanto a adição do
extrato de losna (tratamento 5) neste bloco não ofereceu proteção significativa. No bloco 4 o
extrato de losna adicionado à solução de breu e álcool (tratamento 5), não incrementou
significativamente ovel da repelência.
Este comportamento diferencial do tratamento com breu e álcool + extrato de losna
(tratamento 5) no bloco 1, pode ser explicado, pelo menos em parte, pela posição de
bordadura que o mesmo ocupou neste bloco. Ressalte-se que a borda do bloco estava limitada
por um aceiro corta fogo, aumentando a área limpa, a visibilidade e conseqüentemente a
exposição dos predadores de pinhão aos seus inimigos naturais, o que pode ter inibido a ação
predatória sobre os pinhões da bordadura.
O uso de tinta tex, adicionada de substâncias com cobre ou enxofre, aumentaram a
repelência de forma significativa (5%), contudo, o comportamento foi variável com o bloco.
No bloco 1, a adição de oxicloreto de cobre à tinta tex (tratamento 13), não modificou o
vel de ataque dos predadores, a adição de sulfato de cobre (tratamento 14) ou enxofre
(tratamento 15), ofereceram proteção significativa. No bloco 3 o comportamento foi inverso,
68
ou seja, a adição de oxicloreto de cobre à tinta látex (tratamento 13) reduziu o nível de
predação. No bloco 4, as três substâncias misturadas com tinta látex ofereceram proteção
significativa.
Análise dos níveis de predação de pinhões no experimento com ambiente (covas) tratado
O modelo Y= a + b.lnDIAS + BL + TRAT + (BL* TRAT), utilizado para avaliar as
influências dos blocos e tratamentos do ambiente, para predação percentual acumulada em
função do tempo após a semeadura, foi altamente significativo e conseguiu explicar 83,1% da
variação da média da predação percentual acumulada (Tabela 14). Observou-se também que
os efeitos dos coeficientes a e b, neste modelo, foram altamente significativos, e o efeito dos
blocos foi superior ao dos tratamentos. A interação entre esses dois fatores foi altamente
significativa, indicando que o comportamento dos tratamentos variou entre os blocos.
Tabela 14 - Análise de covariância da função Y = a + b.lnDIAS para níveis de predação para níveis de predação
de pinhões em função dos blocos e tratamentos, no experimento com ambiente (covas) tratado.
Fonte Variação
GL
SQ erro
QM F Prob.>F
Modelo corrigido 44 361943,0 8226,0 40,24 0,000
Intercepto (a) 1 151208,4 151208,4 739,69 0,000
lnDIAS (b) 1 268902,9 268902,9 1315,44 0,000
Bloco 3 31971,5 10657,2 52,13 0,000
Tratamento 10 20342,1 2034,2 9,95 0,000
Bloco*Tratamento
30 40726,6 1357,6 6,64 0,000
Erro 307
62756,7 204,4
Total Corrigido 351
424699,8
R² ajust. = 0,831
Como o modelo testado foi significativo, foram estimados os coeficientes, a estatística
t e sua significância, sendo estes apresentados no APÊNDICE E. Como todos os coeficientes
que envolvem o efeito da testemunha são iguais a zero, o modelo para a testemunha ficou
69
simplificado para Y = a + b.lnDIAS + BL. Na comparação dos blocos, como o bloco 4 teve
coeficiente igual a zero, deduziu-se que a testemunha do bloco 2 não diferiu deste, pois
também apresentou coeficiente zero, e que os blocos 1 e 3 apresentaram veis inferiores de
predação, pois os coeficientes apresentaram os sinais negativos. Contudo, estes mesmos
coeficientes para efeitos de blocos, não foram significativos, ou seja, no modelo apresentado,
o fator bloco pode ser desconsiderado, por não ser estatisticamente diferente de zero.
Como a interação entre blocos e tratamentos foi significativa, o comportamento dos
tratamentos dependeu do bloco. Assim, pode-se comparar a testemunha com os tratamentos,
dentro de cada bloco. Para facilitar as avaliações dos tratamentos, realizou-se uma análise de
covariância para cada bloco, de forma independente, cujos resultados resumidos foram
apresentados na Tabela 15, enquanto que o valor e as estatísticas dos coeficientes foram
mostrados na Tabela 16.
Tabela 15 - Análise de covariância do modelo Y = a + b.lnDIAS + Tratamento do ambiente com
substâncias potencialmente repelentes (análise independente para cada bloco).
Fonte de
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
variação
F
Prob>F
F
Prob>F
F
Prob>F
F
Prob>F
Modelo
corrigido 33,34 0,000 37,51 0,000 49,96 0,000 44,40 0,000
Intercept
(a)
142,79 0,000 211,40 0,000 296,08 0,000 185,52 0,000
lnDIAS
(b)
284,55 0,000 362,66 0,000 518,20 0,000 310,62 0,000
TRAT
8,22 0,000 4,99 0,000 3,13 0,002 17,78 0,000
ajust
0,803 0,822 0,861 0,846
Em que: Y = predação percentual acumulada; lnDIAS = logaritmo neperiano do número de dias após a
semeadura; F = valor de F calculado para a fonte de variação; Prob>F = nível de probabilidade;
TRAT=tratamentos, R² ajust.= coeficiente de determinação.
A influência dos tratamentos variou entre os blocos. O valor de F para tratamento do
bloco 1, foi aproximadamente a metade do valor obtido para o bloco 4, quase o dobro do
obtido para o bloco 2 e mais que o dobro do obtido no bloco 3 (Tabela 15). Contudo, deve-se
70
salientar, que o efeito dos tratamentos, em todos os blocos, foi altamente significativo. Ainda
pela Tabela 15, verificou-se que o modelo utilizado para análise de covariância foi capaz de
explicar 80,3%, 82,2%, 86,1% e 84,6% da variação da predação percentual acumulada, para
os blocos 1, 2, 3 e 4, respectivamente.
Na análise da Tabela 16, constatou-se que houve 4 tratamentos estatisticamente
divergentes da testemunha, ao vel de 5% de probabilidade, no blocos 1, 2 e 3, enquanto que
no bloco 4 existiram 10 tratamentos estatisticamente divergentes. A testemunha tem
coeficiente zero para efeito de tratamentos e o intercepto teve sinal negativo, sendo que, nos
demais tratamentos com coeficientes de sinal negativo, houve indicativo que os mesmos
tiveram veis menores de predação.
Tabela 16 - Coeficientes estimados do modelo de covariância Y = a + b.lnDIAS + Tratamento do
ambiente com substâncias potencialmente repelentes (análise independente para
bloco).
Fonte de
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
variação Coef. t Prob>t
Coef. t Prob>t
Coef. t Prob>t
Coef. t Prob>t
Intercepto
-162,35
-10,9
0,000
-205,52
-13,0
0,000
-179,51
-15,5
0,000
-117,78
-10,0
0,000
lnDIAS 53,16
16,9
0,000
63,66
19,0
0,000
55,77
22,8
0,000
43,75
17,6
0,000
T1
0,00
-----
------
0,00
-----
------
0,00
-----
------
0,00
-----
------
T2 5,63
0,7
0,459
-4,12
-0,5
0,608
1,25
0,2
0,832
-28,75
-4,8
0,000
T3 -31,87
-4,2
0,000
0,00
0,0
1,000
-15,00
-2,6
0,013
-13,00
-2,2
0,032
T4 15,63
2,1
0,042
12,50
1,6
0,123
-15,00
-2,6
0,013
-52,50
-8,8
0,000
T5 -4,37
-0,6
0,564
-20,00
-2,5
0,015
-8,75
-1,5
0,140
-45,00
-7,6
0,000
T6 -25,62
-3,4
0,001
-16,50
-2,1
0,043
1,25
0,2
0,832
-31,25
-5,3
0,000
T7 0,00
0,0
1,000
-15,88
-2,0
0,051
-17,50
-3,0
0,004
-48,75
-8,2
0,000
T8 6,88
0,9
0,366
-12,50
-1,6
0,123
-16,25
-2,8
0,007
-50,00
-8,4
0,000
T9 -21,87
-2,9
0,005
-34,50
-4,3
0,000
-3,75
-0,6
0,525
-46,88
-7,9
0,000
T10 -4,37
-0,6
0,564
-16,25
-2,0
0,046
-6,25
-1,1
0,291
-18,13
-3,0
0,003
T11 8,50
1,1
0,264
-3,75
-0,5
0,641
-2,50
-0,4
0,672
-20,00
-3,4
0,001
Em que: Y = predação percentual acumulada; lnDIAS = logaritmo neperiano do número de dias após a
semeadura; F = valor de F calculado para a fonte de variação; Prob>F = nível de probabilidade.
Na comparação da testemunha com os demais tratamentos, verificou-se que quase
todos os tratamentos tiveram efeito de redução da predação, fato identificado pelo coeficiente
significativo e com sinal negativo. A exceção aconteceu com o tratamento 4 (solução de
lignosulfonato de cálcio em água + extrato de raiz de salsinha), que no bloco 1 apresentou-se
71
com coeficiente significativo a 4,2% e com sinal positivo, indicando vel de predação
superior à testemunha, sugerindo atratividade, fato oposto ao desejável neste trabalho.
72
CONCLUSÕES
O experimento de repelência 1 (com pinhões tratados), apresentou um total de 78,0%
de pinhões predados em 167 dias, enquanto o experimento de repelência 2 (com tratamento
nas covas), apresentou 84,3% de pinhões predados, em 165 dias.
No experimento com pinhões tratados, o período mais longo verificado para o icio
da predação foi de 104 dias após a semeadura, enquanto para o experimento com os
tratamentos no ambiente (covas), esse período foi de 64 dias após a semeadura.
Para ambos os experimentos, a interação entre blocos e tratamentos foi altamente
significativa, e o efeito de bloco apresentou-se maior que o efeito de tratamento;
O tratamento 6 (solução de breu e álcool + óleo de eucalipto), foi aquele que, dentre os
preparados com breu e álcool, apresentou diferença significativa para redução do vel de
predação dos pinhões, a 5% de probabilidade em todos os blocos avaliados do experimento
com pinhões tratados;
Os tratamentos com óleo de linhaça, apresentaram comportamentos distintos nos
blocos avaliados do experimento com pinhões tratados; igual variação de comportamento,
tiveram os tratamentos com tinta látex, misturados com cobre e enxofre, neste experimento;
73
Os tratamentos com lignosulfonato de cálcio em mistura com extratos vegetais de
pimenta vermelha (tratamento 3), de raiz de salsinha (tratamento 4) e de losna (tratamento 5),
apresentaram diferenças significativas para o efeito de redução da predação de pinhões, nos
blocos analisados do experimento com as covas tratadas;
Os tratamentos à base de solução de linhaça, em mistura com os extratos vegetais de
pimenta vermelha (tratamento 8) e de raiz de salsinha (tratamento 9), apresentaram diferença
significativa ao vel de 5% de probabilidade, para o efeito de redução do vel de predação
de pinhões nos blocos analisados, no experimento com tratamento nas covas.
74
CONCLUSÕES GERAIS
No experimento “in vitro”, os tratamentos aplicados nos pinhões não causaram efeitos
fitotóxicos durante a germinação e no desenvolvimento inicial da plântula, sendo
considerados sem restrições para testes de repelência à fauna consumidora de pinhões, “in
vivo”;
Os tratamentos para repelir animais predadores de pinhões, em semeadura direta no
campo, apresentaram índices elevados de predação, tanto para aplicação nos pinhões como
para a aplicação na superfície das covas (ambiente);
De uma forma geral, em ambos os experimentos de repelência à fauna predadora de
pinhões, quase todos os tratamentos apresentaram efeitos de redução da predação, podendo-se
citar a potencialidade da solução de breu e álcool + óleo de eucalipto (tratamento 6), no
tratamento dos pinhões.
75
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83
APÊNDICES
APÊNDICE A – Datas das vistorias nos experimentos 1 e 2, com respectivos períodos
decorridos após a semeadura, em dias.
Vistoria Data Dias após a semeadura
Exp.1 Exp.2
13/01/05 30 28
02/02/05 50 48
18/02/05 66 64
08/03/05 84 82
28/03/05 104 102
12/04/05 119 117
26/04/05 133 131
12/05/05 149 147
Checagem final 30/05/05 167 165
84
APÊNDICE B - Croqui dos blocos do experimento 1, com a situação dos 600 pinhões após
a checagem final.
Exp.1 Bloco I
X7 Po Po Co X6 X5 X3 X3 X8 X5 X2 n.e X3 X1 n.e
Po Po X3 n.e Po n.e n.e X3 Po X5 X4 X3 X2 n.e X6
Po X6 X7 n.e Po X3 X3 X2 X7 n.e X5 X5 Co X3 X2
Po n.e X4 X4 X4 X2 n.e X5 n.e n.e X8 X2 n.e X2 X2
n.e n.e X5 n.e n.e X5 X5 Po n.e X4 X2 X1 X1 X5 X3
n.e X5 X5 n.e X3 X4 X8 X3 X3 X4 n.e X2 n.e X1 n.e
X5 X4 X5 n.e X3 X5 X4 X2 X6 n.e n.e X2 n.e n.e X1
X5 n.e X5 n.e n.e X5 X3 X5 n.e n.e X2 n.e X1 n.e n.e
X5 X5 X2 X3 X5 X3 X2 n.e X1 X1 n.e X2 n.e X2 X2
X3 n.e n.e X4 n.e X6 X2 X2 X3 X2 X4 X3 Br n.e n.e
T5 T6 T12 T7 T10 T2 T15 T8 T14 T11 T3 T1 T13 T9 T4
Exp.1 Bloco II
Po X6 n.e X3 X8 Po Po X8 X2 n.e n.e
n.e
X3 n.e X8
Po Po
X7 n.e n.e X5 n.e n.e X2 Po
n.e
n.e
X3 X3 X3
Po
Po
Po Po
n.e X2 Po
seco Co Po
n.e
n.e
X3 Po X6
Po
Po
seco Po
Po X6 Po
n.e Po
n.e n.e
6 cm X3 X7 Po
Po
Po
n.e Po
n.e X3 Po n.e Po
X7 n.e
n.e X6 n.e Po
Po
Po
Po
Po
X5 X6 Po
X3 X3 Po X2 Po Po
Po Po
Po
Po
Po
Po
X3 n.e Po
n.e
n.e Co X4 Po
Po
n.e Po
Po
Po
Po
n.e X2 n.e Po
n.e
Po
X7 n.e
Po
Po
Po
Po
Po
Po
Po
Po n.e n.e n.e n.e
Po
Po
n.e
n.e X3 Po
Po
Po
Po
Po
n.e Po X2 X2 n.e
X3 Po
Po Po X3 X8 3 cm
T13 T14 T15 T11 T6 T12 T3 T1 T4 T8 T2 T7 T10 T5 T9
Exp.1 Bloco III
X4 n.e n.e
X3 n.e
n.e n.e
X2 n.e
n.e
X2 X3 n.e n.e n.e
n.e X1 n.e
X3 n.e
n.e n.e
X2 n.e
n.e
X8 Po X2 X1 n.e
n.e n.e n.e
X3 X1 X1 8 cm
X2 X3 X2 X1 n.e
n.e n.e
n.e
X3 n.e n.e
n.e n.e n.e n.e
n.e
n.e Co n.e n.e
X2 n.e
n.e
n.e X1 X7 Co Br X4 n.e
n.e
n.e X2 X2 n.e
n.e
n.e
X2
n.e n.e X4 n.e
X2 n.e n.e
X2 X2 n.e
n.e n.e
n.e
X2 n.e
X1 n.e X4 n.e
n.e X3 n.e
X7 n.e
n.e
X2 n.e
n.e
X8 X3
n.e X1 Po n.e
n.e X3 X1 X2 n.e
n.e
X6 X2 n.e
n.e
n.e
X8 X1 X2 X3 X4 Po n.e X1 n.e
X2 X3 X1 X6 n.e
n.e
X2 n.e Po X4 X4 X5 X5 X4 n.e
X2 n.e X6 n.e X3 n.e
T4 T12 T9 T14 T10 T3 T6 T2 T11 T5 T1 T15 T13 T7 T8
Exp.1 Bloco IV
X4 n.e Po n.e X5 n.e X4 X8 Co X4 X1 n.e n.e X3 X5
Po X7 X5 n.e X5 n.e n.e n.e Co n.e n.e n.e X3 X6 n.e
X7 X7 X7 X4 n.e Po X2 n.e n.e X3 X3 n.e X4 X6 Co
X6 Po
Co X3 Po X6 X4 1 cm n.e n.e n.e Po n.e Po X5
X6 Po
Co n.e Po Po n.e Po 3,5
cm
X4 Po Po X5 X5 n.e
n.e X3 Co X2 n.e X5 X1 X3 n.e n.e X8 n.e n.e X1 X3
X3 Co X7 Po
n.e X3 n.e n.e X8 n.e Po Po seco n.e n.e
Po
X6 Po
Po
X8 X4 Po Po n.e Co 5 cm n.e n.e n.e n.e
Po
Po
Po
Po
Co Po
n.e X3 X8 Po
Co n.e X5 Po
n.e
Po
Po
Po
X4 Po Po
seco Po Co Po
Co Po Po Po
n.e
T3 T13 T15 T8 T12 T14 T5 T6 T1 T2 T9 T10 T4 T11 T7
Legenda: X (predado em vistoria indicada pelo nº); Co (encontrado comido dentro da cova); n.e (não encontrado
na cova); Po (encontrado podre na cova); Br (encontrado com sinal de broca na cova); cm (comprimento da parte
aérea viva); seco (parte aérea seca). Cada célula corresponde a um pinhão semeado
85
APÊNDICE C - Croqui dos blocos do experimento 2, com a situação dos 440 pinhões após
a última vistoria (checagem final).
Exp.2 Bloco I
n.e X3 n.e n.e X2 X2 n.e n.e X2 n.e X2
X1 X2 X1 X2 n.e X2 X4 X6 X4 X4 X2
n.e
n.e n.e n.e
X7 Co n.e
n.e
n.e n.e n.e
n.e
X1 X3 n.e
n.e X2 n.e
n.e
X2 X3 n.e
n.e
X6 X1 n.e
X2 n.e
n.e
n.e
X2 X3 X2
X8 X3 Po n.e
X2 n.e
n.e
n.e
n.e
n.e n.e
n.e
n.e
n.e X2 n.e
n.e
n.e
X4 n.e
n.e X3
n.e
n.e
n.e X2 n.e
Po n.e
n.e X3 X3 n.e
n.e
5 cm X3 X5 Co n.e n.e
Po X2 n.e X1
n.e
n.e n.e X3 Co X6 n.e
Po X3 n.e n.e
T6 T10 T8 T2 T1 test T5 T9 T3 T11 T7 T4
Exp.2 Bloco II
n.e
X1 Po X2 X3 Co X5 n.e
X3 X3 Po
n.e
X2 n.e X2 n.e n.e X3 n.e
n.e
X3 X2
n.e
X2 X7 X5 X3 X4 X4 n.e
n.e
n.e
n.e
n.e
X2 n.e Co n.e
n.e
X3 X3 X4 n.e
n.e
X5 X2 n.e X3 n.e
n.e
X4 Po Po X3 n.e
n.e
n.e X3 X3 Po X3 X6 Br Co n.e n.e
n.e
X2 n.e n.e
X3 n.e
X5 n.e X8 X4 n.e
n.e
X3 X3 n.e
X3 n.e
X5 Po Po Co X3
X3 n.e
X3 n.e
X3 X3 X3 X4 Co n.e X3
n.e n.e
X3 n.e
n.e n.e n.e Co n.e X2 n.e
T8 T4 T6 T1 test T10 T2 T7 T5 T9 T3 T11
Exp.2 Bloco III
X7 9 cm X4 n.e
X3 X3 X3 2 cm X3 n.e n.e
Po n.e
4 cm n.e
n.e
X3 n.e
n.e n.e
X3 X2
n.e n.e
n.e n.e
n.e
n.e n.e
X4 n.e
n.e
n.e
n.e 0,5 cm X4 n.e
X2 3 cm n.e
n.e
n.e
n.e
X6
X2 X2 X2 X5 X5 1 cm n.e
n.e
n.e
X3 X2
n.e
n.e
n.e X2 2 cm X3 X3 n.e
X3 X2 n.e
n.e
n.e
n.e
Po n.e X1 X3 n.e
n.e
n.e n.e
n.e
n.e
n.e
n.e
X2 Co n.e n.e
n.e
X2 X2
Co n.e
n.e
n.e
n.e
n.e
9 cm n.e
n.e
X8 X8
Po X3 n.e
n.e
n.e
n.e
X3 X3 n.e
n.e n.e
T3 T7 T11 T5 T2 T1 test T10 T4 T8 T6 T9
Exp.2 Bloco IV
n.e X2 X3 Br Po Po Po Po Po Po Co
Co X2 Po Po Po Po X6 Po n.e Po n.e
Co Br Br Br n.e X3 Po Br X6 Co n.e
n.e
X2 n.e n.e
X7 Po n.e Po Po Po n.e
n.e
X5 n.e
n.e
Po Po Co X3 Po Po Po
X5 X3 n.e
Po X6 Po X3 n.e X8 Po n.e
X3 n.e Po X4 Po X5 n.e n.e Po Po Co
n.e
Po n.e n.e
Po Po X3 Po X3 4 cm n.e
n.e
Po Po n.e
Po X4 Co n.e n.e Po Po
X2 n.e X2 X3 n.e X3 n.e X7 X4 Po Co
T1 test T3 T10 T11 T4 T7 T2 T5 T9 T8 T6
Legenda: X (predado em vistoria indicada pelo nº); Co (encontrado comido dentro da cova); n.e (não encontrado
na cova); Po (encontrado podre na cova); Br (encontrado com sinal de broca na cova); cm (comprimento da parte
aérea viva); seco (parte aérea seca). Cada célula corresponde a um pinhão semeado.
86
APÊNDICE D – Valores dos coeficientes, erro padrão, t e prob>t, para os parâmetros
intercepto, LNdias, blocos, tratamentos e interação bloco*tratamento, do
experimento 1 para repelência à fauna.
Parâmetro
Coeficiente Erro padrão t Prob>t
Intercepto -173,71 7,91 -20,29 0,000
LNDIAS 52,62 1,42 37,12 0,000
[BL=1] 6,25 6,87 0,91 0,364
[BL=3] 5,00 6,87 0,73 0,467
[BL=4] 0,00 , , ,
[TRAT=2] -17,87 6,87 -2,60 0,010
[TRAT=3] -42,50 6,87 -6,18 0,000
[TRAT=4] -23,75 6,87 -3,46 0,001
[TRAT=5] -8,75 6,87 -1,27 0,204
[TRAT=6] -38,75 6,87 -5,64 0,000
[TRAT=7] -13,75 6,87 -2,00 0,046
[TRAT=8] -20,94 6,87 -3,05 0,003
[TRAT=9] -27,50 6,87 -4,00 0,000
[TRAT=10] -28,75 6,87 -4,18 0,000
[TRAT=11] -29,25 6,87 -4,26 0,000
[TRAT=12] -45,25 6,87 -6,58 0,000
[TRAT=13] -46,87 6,87 -6,82 0,000
[TRAT=14] -37,50 6,87 -5,46 0,000
[TRAT=15] -53,75 6,87 -7,82 0,000
[Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=1] * [TRAT=2] 0,37 9,72 0,04 0,969
[BL=1] * [TRAT=3] 32,50 9,72 3,34 0,001
[BL=1] * [TRAT=4] 28,75 9,72 2,96 0,003
[BL=1] * [TRAT=5] -33,75 9,72 -3,47 0,001
[BL=1] * [TRAT=6] 1,25 9,72 0,13 0,898
[BL=1] * [TRAT=7] 2,87 9,72 0,30 0,768
[BL=1] * [TRAT=8] 8,44 9,72 0,87 0,386
[BL=1] * [TRAT=9] 33,12 9,72 3,41 0,001
[BL=1] * [TRAT=10] -0,75 9,72 -0,08 0,939
[BL=1] * [TRAT=11] 21,12 9,72 2,17 0,030
[BL=1] * [TRAT=12] 18,37 9,72 1,89 0,060
[BL=1] * [TRAT=13] 50,94 9,72 5,24 0,000
[BL=1] * [TRAT=14] 8,75 9,72 0,90 0,369
[BL=1] * [TRAT=15] 35,00 9,72 3,60 0,000
[BL=1] * [Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=3] * [TRAT=2] 16,62 9,72 1,71 0,088
[BL=3] * [TRAT=3] 31,50 9,72 3,24 0,001
[BL=3] * [TRAT=4] 6,25 9,72 0,64 0,521
[BL=3] * [TRAT=5] 5,00 9,72 0,51 0,607
[BL=3] * [TRAT=6] 20,00 9,72 2,06 0,040
[BL=3] * [TRAT=7] 8,75 9,72 0,90 0,369
[BL=3] * [TRAT=8] 25,94 9,72 2,67 0,008
87
[BL=3] * [TRAT=9] -1,25 9,72 -0,13 0,898
[BL=3] * [TRAT=10] 22,81 9,72 2,35 0,020
[BL=3] * [TRAT=11] 34,25 9,72 3,52 0,000
[BL=3] * [TRAT=12] 61,50 9,72 6,33 0,000
[BL=3] * [TRAT=13] 31,87 9,72 3,28 0,001
[BL=3] * [TRAT=14] 32,50 9,72 3,34 0,001
[BL=3] * [TRAT=15] 45,00 9,72 4,63 0,000
[BL=3] * [Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=2] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=3] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=4] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=5] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=6] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=7] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=8] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=9] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=10] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=11] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=12] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=13] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=14] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=15] 0,00 , , ,
[BL=4] * [Testemunha] 0,00 , , ,
88
APÊNDICE E – Valores dos coeficientes, erro padrão, t e prob>t, para os parâmetros
intercepto, LNdias, blocos, tratamentos e interação bloco*tratamento, do
experimento 2 para repelência à fauna.
Parâmetro Coeficiente Erro padrão t Prob.>t
Intercepto -179,91 8,29 -19,70 0,000
LNDIAS 54,08 1,49 36,27 0,000
[BL=1] -3,12 7,15 -0,44 0,662
[BL=2] 0,00 7,15 0,00 1,000
[BL=3] -8,75 7,15 -1,22 0,222
[BL=4] 0,00 , , ,
[TRAT=2] -28,75 7,15 -4,02 0,000
[TRAT=3] -13,00 7,15 -1,82 0,070
[TRAT=4] -52,50 7,15 -7,34 0,000
[TRAT=5] -45,00 7,15 -6,29 0,000
[TRAT=6] -31,25 7,15 -4,37 0,000
[TRAT=7] -48,75 7,15 -6,82 0,000
[TRAT=8] -50,00 7,15 -6,99 0,000
[TRAT=9] -46,87 7,15 -6,56 0,000
[TRAT=10] -18,12 7,15 -2,54 0,012
[TRAT=11] -20,00 7,15 -2,80 0,005
[Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=1] * [TRAT=2] 34,37 10,11 3,40 0,001
[BL=1] * [TRAT=3] -18,88 10,11 -1,87 0,063
[BL=1] * [TRAT=4] 68,12 10,11 6,74 0,000
[BL=1] * [TRAT=5] 40,62 10,11 4,02 0,000
[BL=1] * [TRAT=6] 5,62 10,11 0,56 0,578
[BL=1] * [TRAT=7] 48,75 10,11 4,82 0,000
[BL=1] * [TRAT=8] 56,87 10,11 5,63 0,000
[BL=1] * [TRAT=9] 25,00 10,11 2,47 0,014
[BL=1] * [TRAT=10] 13,75 10,11 1,36 0,175
[BL=1] * [TRAT=11] 28,50 10,11 2,82 0,005
[BL=1] * [Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=2] * [TRAT=2] 24,62 10,11 2,44 0,015
[BL=2] * [TRAT=3] 13,00 10,11 1,29 0,199
[BL=2] * [TRAT=4] 65,00 10,11 6,43 0,000
[BL=2] * [TRAT=5] 25,00 10,11 2,47 0,014
[BL=2] * [TRAT=6] 14,75 10,11 1,46 0,146
[BL=2] * [TRAT=7] 32,87 10,11 3,25 0,001
[BL=2] * [TRAT=8] 37,50 10,11 3,71 0,000
[BL=2] * [TRAT=9] 12,37 10,11 1,22 0,222
[BL=2] * [TRAT=10] 1,87 10,11 0,19 0,853
[BL=2] * [TRAT=11] 16,25 10,11 1,61 0,109
[BL=2] * [Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=3] * [TRAT=2] 30,00 10,11 2,97 0,003
[BL=3] * [TRAT=3] -2,00 10,11 -0,20 0,843
[BL=3] * [TRAT=4] 37,50 10,11 3,71 0,000
[BL=3] * [TRAT=5] 36,25 10,11 3,59 0,000
89
[BL=3] * [TRAT=6] 32,50 10,11 3,21 0,001
[BL=3] * [TRAT=7] 31,25 10,11 3,09 0,002
[BL=3] * [TRAT=8] 33,75 10,11 3,34 0,001
[BL=3] * [TRAT=9] 43,12 10,11 4,27 0,000
[BL=3] * [TRAT=10] 11,87 10,11 1,17 0,241
[BL=3] * [TRAT=11] 17,50 10,11 1,73 0,084
[BL=3] * [Testemunha] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=2] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=3] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=4] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=5] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=6] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=7] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=8] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=9] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=10] 0,00 , , ,
[BL=4] * [TRAT=11] 0,00 , , ,
[BL=4] * [Testemunha] 0,00 , , ,
90
ANEXOS
ANEXO A – Dados pluviométricos totais, de janeiro a maio de 2005, em Lages-SC.
Estação: Lages – 230 – SC
Fonte: Epagri/INMET
Latitude: 27º49’00” Longitude: 50º19’00” Altitude: 937,73m
Período: Janeiro à maio de 2005
Variável: Total mensal de precipitação em mm.
Mês Total mensal (mm) Climatologia (mm)
Janeiro 146,7 153
Fevereiro 46,9 144
Março 130,2 112
Abril 169,8 102
Maio 325,3 105
Fonte: EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
91
ANEXO B Croqui de localização dos experimentos 1 e 2, no Condomínio Rural Morro
Azul, Lages-SC.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo