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TATIANA STRELEC
ISOLAMENTO DE BACTÉRIAS PRODUTORAS DE
BIOSSURFACTANTES RAMNOLIPÍDIOS E
POLIHIDROXIALCANOATOS E AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO
METABÓLICA NO PROCESSO DE SÍNTESE
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação
Interunidades em Biotecnologia USP-IPT-
I.Butantan da Universidade de São Paulo,
para obtenção do Título de Mestre em
Biotecnologia.
Área de Concentração:
Biotecnologia
Orientador:
Prof. Dr. José Gregório Cabrera Gomez
SÃO PAULO
2006
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
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iii
A minha mãe, um exemplo de vida e amor.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro a Deus, que sempre me iluminou e me deu forças durante toda
esta caminhada.
À minha mãe pôr acreditar no meu trabalho e sempre me incentivar.
Às minhas irmãs e familiares pela companhia, amizade e incentivo.
Ao meu orientador Dr. José Gregório que desde a graduação depositou confiança
no meu trabalho e dispensou sua paciência e dedicação para a realização do
mesmo.
À Dra. Luiziana Ferreira da Silva, pela indispensável e generosa ajuda e apoio.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) pelo suporte
técnico, físico e financeiro.
A todos os cnicos e auxiliares do Laboratório de Microbiologia e Fermentações
Industriais pelo grande auxílio e paciência na realização das minhas atividades.
À Maria das Graças, secretária do Agrupamento de Biotecnologia pela ajuda e
apoio.
Aos pesquisadores e amigos do Agrupamento de Biotecnologia.
Às minhas amigas Juliana Carvalho, Cristiane Ottoni, Luana Rissi, Taís Machado,
Thaíz Rizzi e Fernanda Matias, pelas alegrias, pelo convívio e pela amizade.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste.
v
“Nossa vida é um eterno escolher e todos os
caminhos levam à algum lugar. A escolha é de
cada um, porém as consequências são de todos.
Seja significativo para si mesmo e para todos.”
André Luiz Raphael
vi
INDICE
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 1
2. REVISÃO DA LITERATURA 3
2.1. Biodiversidade 3
2.2. Pseudomonas sp 4
2.3. Polihidroxialcanoatos 5
2.4. Surfactantes 15
2.5. Biossurfactantes 16
2.5.1. Definição 16
2.5.2. Aspectos Econômicos 17
2.5.3. Aplicações 19
2.6. Ramnolipídios 20
2.6.1. Aplicações dos Ramnolipídios 22
2.6.2. Produção de Ramnolipídios 23
2.6.3. Metabolismo e Genética da Biossíntese de ramnolipídios 25
2.6.4. Inter-Relações Metabólicas da produção de ramnolipídios e PHA 32
2.6.5. Quorum-Sensing 34
3. OBJETIVO 36
4. MATERIAIS E MÉTODOS 38
vii
4.1. Meios de Cultura 38
4.1.1. Caldo e Agar Nutriente 38
4.1.2. Agar Sabouraud Dextrose Agar 38
4.1.3. Agar Oligotrófico 39
4.1.3.1. Extrato de Solo 39
4.1.3.2. Composição do Meio Agar Oligotrófico 39
4.2. PIA ( Pseudomonas Isolation Agar) 40
4.3. Agar Cetrimide 40
4.4. PPSW 41
4.5. Meio Mineral 41
4.6. Esterilização 42
4.7. Isolamento de Novas Linhagens Bacterianas 42
4.7.1. Isolamento Direto 44
4.7.2. Enriquecimento do Meio de Cultivo 44
4.7.2.2. Seleção de Linhagens Produtoras de PHA 47
4.7.2.3. Caracterização de Linhagens Bacterianas Isoladas 48
4.7.2.3.1. Morfologia de Colônias 48
4.7.2.3.2. Teste de Catalase 49
4.7.2.3.3. Teste de Oxidase 49
viii
4.7.2.3.4. Coloração de Gram 49
4.7.2.3.5. Crescimento e Fluorescência em PIA e Agar Cetrimide 50
4.7.2.3.6. Biocódigo 50
4.8. Preservação de Linhagens Bacterianas 51
4.9. Cultivo de Microrganismos 52
4.9.1. Experimentos em Agitador Rotativo 52
4.9.2. Determinação de Biomassa 53
4.9.3. Determinação de PHA 53
4.9.4. Determinação de HA 54
4.9.5. Dosagem de Ramnose 54
4.9.6. Análise de Carboidratos 56
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 57
5.1. Isolamento e Caracterização de Linhagens Bacterianas 58
5.2. Avaliação da produção de Biossurfactantes e PHA 61
5.3. Produção de PHA 61
5.4. Produção de Ramnolipídios 66
5.5. Inter-Relação na síntese de PHA e ramnolipídios 73
5.6. Produção de L-ramnosil-L-ramnose?
??
?
77
5.7. Obtenção de Mutante afetado no metabolismo de biossíntese de PHA 79
ix
6. CONCLUSÕES 82
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
3HD – 3- hidroxidecanoato
3HDd – 3-hidroxidodecanoato
3HHX- 3- hidroxihexanoato
3HO – 3-hidroxioctanoato
ABS – absorbância
AN - Agar Nutriente
CN – Caldo Nutriente
F – Frutose
G – Glicose
g - gramas
g/L – gramas por litro
mL – microlitros
mL- mililitros
MSC - Massa seca celular
NC – não cresceu
ND – não determinado
PHA – polihidroxialcanoatos
PHA
MCL
- polihidroxialcanoatos de cadeia média
PIA – Pseudomonas isolation agar
RHL- ramnolipídios
rpm – rotações por minuto
x
x
FIGURAS
PAG.
Figura 1. Grânulos de PHAs em Bactérias
6
Figura 2. Fórmula Genérica de Monômeros detectados em PHA
7
Figura 3. Modelo Metabólico genérico da Síntese de PHA
10
Figura 4. Síntese de PHA
MCL
14
Figura 5a. Monorramnolipídio
21
Figura 5b. Dirramnolipídio
22
Figura 6. Modelo Metabólico para a síntese de HAA e diferentes
ramnolipídios
30
Figura 7. Síntese de dTDP-L-ramnose
31
Figura 8. Quorum-Sensing em Pseudomonas aeruginosa
35
Figura 9. Metabolismo para a síntese de PHA e ramnolipídios
36
Figura 10. Parque Natural Serra do Itapety
42
Figura 11. Técnica de Isolamento e Enriquecimento
44
Figura 12a. Linhagens produtoras de ramnolipídios em meio PPSW
46
Figura 12b. Linhagens produtoras de ramnolipídios em meio PPSW
46
Figura 13. Experimentos em agitador Rotativo e Análises Realizadas
51
Figura 14. Curva Padrão de Ramnose
54
Figura 15. Variação na Composição de PHA produzidos a partir de
carboidratos ou óleo de soja
63
xi
Figura 16. Variação na Composição de 3HÁ presentes em ramnolipídios
produzidos a partir de carboidratos ou óleo de soja
68
Figura 17. Relação entre o teor de PHA
MCL
acumulado e a quantidade de
3HÁ detectado no sobrenadante
72
Figura 18. Relação entre o teor de PHA
MCL
acumulado e a quantidade de
ramnose detectada no sobrenadante
73
Figura 19. Relação entre a quantidade de 3HÁ e ramnose no
sobrenadante dos cultivos
74
Figura 20. Análise do sobrenadante do cultivo da linhagem IPT 648 após
tratamento ácido
76
Figura 21. Análise do sobrenante do cultivo da linhagem IPT 648 sem
tratamento ácido
76
Figura 22. Cultivo de IPT 634 e seu mutante 15
A em meio mineral pobre
em nitrogênio contendo excesso de carboidratos
77
Figura 23. Cultivo de IPT 634 e seu mutante 15 A em meio mineral pobre
em nitrogênio contendo excesso de carboidratos e corante Nile Red
78
Figura 24. Cultivo de Mutante 15
A em meio PPSW
79
Figura 25. Cultivo da linhagem selvagem IPT 634 em meio PPSW
80
xii
TABELAS
Pag.
Tabela 1. Linhagens isoladas do Parque Natural Municipal da Serra do Itapety
57
Tabela 2. Caracterização de Linhagens Bacterianas Produtoras de PHA e
Biossurfactantes
58
Tabela 3 . Produção de PHA por Linhagens Bacterianas Isoladas e Controle
(P.aeruginosa IPT 719)
61
Tabela 4. Produção de ramnolipídios por Linhagens Bacterianas Isoladas e
Controle (P.aeruginosa IPT 719)
68
Tabela 5. Produção de Polihidroxialcanoatos pela Linhagem IPT 634 70
Tabela 6. Produção de Ramnolipídios pela Linhagem IPT 634
71
Resumo
xiii
RESUMO
Ramnolipídios (RHL) e polihidroxialcanoatos de cadeia média (PHA
MCL
) são
produzidos por Pseudomonas. PHA
MCL
são elastômeros termoplásticos e RHL
são surfactantes. Ambos são biodegradáveis e podem ser produzidos a partir de
matérias-primas renováveis, representando tecnologias sustentáveis seus
processos de produção. RHL e PHA
MCL
apresentam em sua composição 3-
hidroxidecanato (3HD) gerado a partir do metabolismo de ácidos graxos. Assim, a
síntese destes produtos está metabolicamente relacionada. Processos com o
objetivo de sintetizar um desses materiais pode ser menos eficiente devido à
síntese do outro produto pela bactéria. Dentre 293 bactérias isoladas de solo de
Mata Atlântica, 44 produziram biossurfactante aniônico, 70 PHA
MCL
, e 31
apresentaram produção simultânea tanto de ramnolipídios quanto de PHA
MCL
. A
quantidade de PHA
MCL
acumulada pelas linhagens isoladas atingiu valores da
ordem de 20-30% da massa seca celular. A concentração de RHL produzida
atingiu 1 g/L. A composição de RHL e PHA
MCL
foi diferente dependendo da fonte
de carbono ou da linhagem bacteriana utilizada, indicando que materiais com
diferentes composições e propriedades podem ser produzidos.
Abstract
xiv
ABSTRACT
Rhamnolipids (RHL) and medium-chain-lenght polyhydroxyalkanoates (PHA
MCL
)
are produced by Pseudomonas. PHAmcl are thermoplastic elastomers and RHL
are surfactants. Both are biodegradbel and can be synthesized from renewable
raw materials, so processes for their production represent sustainable
technologies. RHL and PHA
MC L
present in their composition 3-hydroxydecanoate
(3HD) generated from the fatty acid metabolism. Thus, the synthesis of these
products are metabolically related. Processes aiming at to synthesyze one of these
materials can be less efficient due to the synthesis of the other product by the
bacteria. Out of 293 bacteria isolated from a rain forest soil sample, 44 have ability
to produce biosurfactant, 70 have been detected as PHA producers, and 31
produced both. The accumulated PHA
MC L
reached 20-30% of the cellular dry
mass. The amount of RHL produced reached about 1 g/L. The RHL and PHA
MC L
composition varied depending on the carbon source supplied and bacterial strain
used, indicating that materials with different compositions and properties could be
obtained.
Introdução e Justificativa
1
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Bactérias do gênero Pseudomonas acumulam, na forma de grânulos
intracelulares, polihidroxialcanoatos contendo monômeros de cadeia média
(PHA
MCL
). Estes polímeros têm despertado interesse industrial pois são
elastômeros termoplásticos biodegradáveis. São constituídos por longas cadeias
poliméricas (>1000 monômeros) contendo em geral 3-hidroxidecanoato (3HD) e 3-
hidroxioctanoato (3HO), entre outros constituintes.
Ramnolipídios são surfactantes produzidos por Pseudomonas aeruginosa e
outras Pseudomonas que também têm despertado interesse para diversas
aplicações industriais. Os principais componentes dos ramnolipídios consistem
principalmente de duas subunidades 3HD interligadas e que também se ligam a
uma ou duas subunidades de ramnose.
Uma vez que 3HD é um constituinte comum tanto em ramnolipídios como
em PHA
MCL
, devem existir inter-relações metabólicas na síntese destes produtos.
Por outro lado, processos com o objetivo de sintetizar cada um destes materiais
podem ser menos eficientes devido à síntese do outro. Assim, o objetivo deste
trabalho foi isolar bactérias capazes de produzir ramnolipídios e
polihidroxialcanoatos, cultivá-las sob condição de biossíntese desses produtos,
avaliando-se as inter-relações metabólicas no processo de síntese destes
compostos.
Vale destacar que tanto PHA
MCL
como ramnolipídios são produtos
apontados como potenciais substitutos de produtos de origem petroquímica. O
Introdução e Justificativa
2
primeiro atenderia requisitos como elastômero termoplástico e o segundo como
surfactante. PHA
MCL
e ramnolipídios são considerados menos agressivos ao meio
ambiente pois são biodegradáveis e menos tóxicos. Além disso, estes produtos
podem ser sintetizados a partir de matérias-primas renováveis e, deste modo,
processos de produção desses materiais representam tecnologias sustentáveis,
que permitem manter os benefícios advindos de produtos como plásticos ou
surfactantes.
Outro aspecto importante é que dentro do gênero Pseudomonas são
encontrados patógenos oportunistas (P.aeruginosa), assim, uma melhor
compreensão das vias metabólicas de síntese destes produtos poderá permitir, no
futuro, a clonagem de genes relacionados com a sua síntese e a geração destes
produtos em hospedeiros heterólogos.
Introdução e Justificativa
3
Revisão da Literatura
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Biodiversidade
A contribuição que microrganismos têm dado para o desenvolvimento de
biotecnologias abrange diversas aplicações, como: a produção de compostos
químicos (etanol, ácido acético, biogás, plásticos biodegradáveis, bioconversões
na indústria de alimentos e farmacêutica, etc); produtos para agricultura
(bioinseticidas, inoculantes agrícolas, etc), enzimas para diversos setores
industriais, com destaque para a indústria de detergentes e alimentícia; compostos
de interesse médico e veterinário (antibióticos, antitumorais, hipocolesterolêmicos,
imunossupressores, inibidores enzimáticos, antiparasitários, etc), apenas citando
alguns exemplos (Barnum, 1998).
Análises moleculares da diversidade de microrganismos presentes no
ambiente têm trazido uma importante informação. Grande parte da diversidade
microbiana, sobretudo de arqueobactérias e eubactérias, nunca foi isolada e
cultivada em laboratório pelas técnicas microbiológicas convencionais. Este é um
dos principais fatos que fazem acreditar que importantes produtos ainda provirão
da bioprospecção de microrganismos (Bull et al., 2000).
A base para o desenvolvimento biotecnológico é o material biológico, que
após ser adequadamente recuperado e avaliado para a presença de atributos
desejáveis culmina com o desenvolvimento de um processo ou produto comercial
Revisão da Literatura
4
(Bull et al., 2000). O material biológico ou parte deste pode ainda servir de base
para desenvolvimentos adicionais utilizando técnicas de melhoramento genético,
clonagem, recombinação e expressão heteróloga, ou ainda, no estabelecimento
da estrutura química da substância de interesse produzida com vistas a sua
produção em sistemas economicamente viáveis. Desta forma, a recuperação e
caracterização da biodiversidade existente podem garantir uma base ampla,
fornecendo subsídios para o desenvolvimento de biotecnologias. O Brasil, sendo
considerado um dos doze países com megadiversidade, que juntos concentram
70% da diversidade biológica do planeta (ComCiência, 2001), poderá garantir uma
posição de vanguarda no desenvolvimento dessas tecnologias dependendo,
portanto, de investimentos nessa área.
2.2. Pseudomonas sp.
Diversas espécies de Pseudomonas sp. podem ser isoladas de diferentes
habitats (água, solo, plantas) e devido a sua ampla distribuição no ambiente e
facilidade de cultivo, este gênero constitui-se em um dos grupos bacterianos
melhor estudado (Aagot et al., 2001). Os papéis desempenhados por
Pseudomonas sp. no ambiente incluem a biodegradação de compostos naturais e
xenobióticos (Galli et al., 1996), promotores de crescimento de plantas (O’Sullivan
& O’Gara, 1992) e patógenos de plantas (Schroth et al., 1991). Pseudomonas sp.
Revisão da Literatura
5
é ainda um gênero de grande importância em processos industriais envolvendo
biotransformações (Wubbolts & Witholt, 1998).
No gênero Pseudomonas encontramos P. aeruginosa, uma bactéria Gram-
negativa capaz de causar infecções em indivíduos imunocomprometidos, com
fibrose cística por exemplo (Govan & Deretic, 1996). Esse organismo possui a
capacidade de expressar diversos fatores de virulência que incluem toxinas,
proteases, alginato, lipopolissacarídeos (LPS), piocianina e ramnolipídios
(Stanislavsky & Lam, 1997; Rehm et al., 2001).
Esta bactéria é um patógeno humano oportunista que pode causar sérias
infecções (Pelczar et al.,1993). Estudo recente em hospital universitário brasileiro
indicou P. aeruginosa como o segundo agente causador de infecções nosocomiais
(De Moraes et al., 2000).
2.3. Polihidroxialcanoatos
Polihidroxialcanoatos (PHA) são polímeros que podem ser acumulados por
diversas bactérias em grande quantidade sem afetar a pressão osmótica das
células (Preusting, 1992). Estes polímeros são acumulados na forma de grânulos
intracelulares (Figura 1), que podem representar até cerca de 80% da massa seca
celular (Anderson & Dawes, 1990). A função mais freqüentemente atribuída a
estes grânulos é a de reserva de carbono, energia e equivalentes redutores.
Assim, a síntese de PHA normalmente ocorre quando excesso de fonte de
Revisão da Literatura
6
carbono disponível e limitação de pelo menos um nutriente essencial à
multiplicação das células bacterianas (Brandl et al., 1990). Por outro lado, quando
há limitação de carbono ou energia, mas não de outros nutrientes, PHA podem ser
reutilizados para suprir essa necessidade.
Figura 1 . Grânulos de PHAs em bactérias
Uma fórmula genérica para os diversos monômeros observados como
constituintes de PHA é apresentada na Figura 2. Cerca de 150 monômeros
diferentes foram identificados como constituintes de PHA produzidos por
bactérias a partir de diversas fontes de carbono (Rehm, 2003). Os monômeros
constituintes de PHA são divididos em dois grandes grupos (Steinbüchel &
Valentin, 1995): (i) monômeros de cadeia curta (HA
SCL
do inglês “HydroxyAcids
of Short-Chain-Length”), que compreendem monômeros contendo de 3 a 5 átomos
de carbono na cadeia principal, e (ii) monômeros de cadeia média (HA
MCL
do
inglês “HydroxyAcids of Medium-Chain-Length”), compreendendo monômeros
contendo de 6 a 16 átomos de carbono na cadeia principal. Esta classificação é
bastante útil, pois os PHA produzidos podem ser classificados como (i) PHA
SCL
,
que contêm monômeros de cadeia curta em sua composição e (ii) PHA
MCL
, que
contêm monômeros de cadeia média. Enquanto PHA
SCL
são encontrados em
Revisão da Literatura
7
bactérias pertencentes aos mais diversos grupos taxonômicos (Steinbüchel,
1991), PHA
MCL
só foram detectados em Pseudomonas do grupo I de homologia do
RNA ribossomal (Pseudomonas sensu stricto) (Huisman et al., 1989). Uma das
características importantes de Pseudomonas do grupo I de homologia do RNAr é
sua incapacidade de produzir poli-3-hidroxibutirato (P3HB), ou seja, são incapazes
de sintetizar PHA
SCL
.
Figura 2 . Fórmula genérica de monômeros detectados em PHA
PHA são ainda materiais que apresentam propriedades semelhantes a
termoplásticos despertando grande interesse industrial. As propriedades de PHA
permitem a obtenção desde materiais rígidos, como o P3HB, a materiais flexíveis,
como PHA
MCL
, podendo também se apresentar como materiais viscosos e
aderentes, como PHA
MCL
contendo uma grande fração de monômeros
insaturados. Em 1990, foi lançado o primeiro produto comercial a partir de PHA
(um copolímero de 3HB e 3-hidroxivalerato - P3HB-co-3HV): uma garrafa
biodegradável para xampu de uma companhia alemã de cosméticos (Preusting,
Revisão da Literatura
8
1992). Desde então, diversas outras aplicações em pequena escala têm sido
desenvolvidas para P3HB ou P3HB-co-3HV. Embora ainda não disponíveis
comercialmente, uma série de aplicações potenciais têm sido vislumbradas para
PHA
MCL
, tais como: (a) filmes de recobrimento para papel, papelão, etc. (De
Koning et al., 1997a); (b) fonte de monômeros quirálicos para produtos
farmacêuticos (Witholt & Kessler, 1999; Ren et al., 2005); (c) componentes de
tintas a base de água (Van Der Walle et al.,1999, Buisman et al., 2000); (d)
suportes para engenharia de tecidos (Williams et al., 1999) e (e) componentes em
formulações de adesivos (Babu et al., 1997).
Embora um grande número de monômeros diferentes tenha sido
observado como constituintes de PHA, convém destacar que a síntese e
incorporação destes monômeros dependem do fornecimento de um substrato
adequado, que possa ser convertido no hidroxiacil-CoA desejado através das vias
metabólicas existentes na célula bacteriana. Além disso, é necessário que a célula
bacteriana contenha uma PHA sintase capaz de incorporar ao poliéster formado, o
hidroxiacil-CoA gerado (Figura 3). Assim, tanto a especificidade das vias
metabólicas geradoras do hidroxiacil-CoA como da PHA sintase, podem impedir
ou favorecer a combinação de certos monômeros em uma mesma cadeia
polimérica ou, ainda, restringir a quantidade de um determinado monômero que
pode ser incorporada ao PHA (Gomez & Bueno Netto, 2001).
PHA sintases são as enzimas chaves no processo de síntese de PHA e
catalisam a ligação dos monômeros por transesterificação (Witholt & Kessler,
1999). PHA sintases têm sido agrupadas em quatro classes (Steinbüchel &
Revisão da Literatura
9
Valentin, 1995; Rehm, 2003). PHA sintases da classe I são encontradas em
diversas bactérias, consistem de um único polipeptídio e apresentam
especificidade por HA
SCL,
raramente
incorporando HA
MCL
. PHA sintases da classe
II são encontradas em Pseudomonas, constituem-se de um único polipeptídio e
apresentam especificidade por HA
MCL,
dificilmente incorporando HA
SCL
. A classe III
de PHA sintases compreende enzimas com especificidade para HA
SCL
,
constituídas de duas subunidades polipeptídicas. Uma exceção a esta
classificação é a PHA sintase de Thiocapsa pfennigii, que, embora seja
semelhante a PHA sintases da classe III, é caracterizada pela capacidade de
incorporar um amplo espectro de HAs
SCL
e HAs
MCL
(Liebergesell et al., 1993;
Valentin et al., 1994; Valentin et al., 1996). A quarta classe de PHA sintases é
encontrada em bactérias do gênero Bacillus sp e também são constituídas de
duas subunidades protéicas como as de classe III, apresentando, entretanto, uma
das subunidades muito menor (McCool & Cannon, 2001).
Revisão da Literatura
10
Figura 3 . Modelo metabólico genérico para a síntese de PHA (Gomez & Bueno
Netto, 2001).
A capacidade de sintetizar PHA
MCL
por Pseudomonas está claramente
relacionada com a classe de PHA sintases presente nestes organismos. Dos
cerca de 150 monômeros detectados em PHA, mais que 90% estão presentes
apenas em PHA
MCL
. Este fato é o resultado da inespecificidade destas PHA
sintases, bem como da grande versatilidade metabólica de Pseudomonas
(Ornston, 1971; Inouye, 1998) que permite a síntese de diversos monômeros a
partir de diferentes substratos metabolizados. A simples clonagem e expressão de
genes da PHA sintase de Pseudomonas em outros microrganismos não permite a
síntese de quantidades expressivas de PHA
MCL
. Em geral, somente linhagens
bacterianas afetadas no metabolismo de ácidos graxos conseguem sintetizar
estes polímeros em quantidades expressivas (Langenbach et al., 1997), ou então,
Revisão da Literatura
11
é necessária a expressão de outros genes em conjunto (Klinke et al., 1999), ou
ainda, inibidores específicos da degradação de ácidos graxos (Qi et al., 1998). Isto
reflete o fato que a capacidade de sintetizar PHA
MCL
não é o resultado exclusivo
da presença de PHA sintases do tipo II em Pseudomonas, mas também depende
de vias metabólicas que conseguem transferir eficientemente intermediários do
metabolismo de ácidos graxos para a síntese de PHA (Rehm et al., 2001).
A síntese de PHA
MCL
é dividida em dois grandes tipos com base nos
substratos fornecidos. O primeiro tipo é conhecido como síntese a partir de
substratos relacionados e é assim chamada, pois a composição do polímero
produzido claramente reflete ou está estruturalmente relacionada ao substrato
fornecido. A síntese a partir de substratos relacionados (hidrocarbonetos, álcoois,
ácidos carboxílicos) é a que permite a incorporação dos mais diversos monômeros
ao polímero, uma vez que a composição do mesmo pode ser amplamente
modificada dependendo do substrato fornecido. O outro tipo é conhecido como
síntese a partir de substratos não relacionados. Neste caso, diversas
Pseudomonas, quando são cultivadas em presença de glicose, frutose, gliconato,
acetato, glicerol, etc., ou seja, substratos que são metabolisados a acetil-CoA,
produzem um polímero contendo 3-hidroxidecanoato (3HD) como principal
constituinte, além de 3-hidroxioctanoato (3HO), 3-hidroxihexanoato (3HHx), 3-
hidroxidodecanoato (3HDD), 3-hidroxitetradecanoato (3HTD), 3-hidroxi-5-cis-
dodecenoato (3HDD
5
) e 3-hidroxi-7-cis-tetradecenoato (3HTD
7
) como
constituintes secundários (Huijberts et al., 1992).
Revisão da Literatura
12
Na presença do ácido acrílico, um inibidor específico da β-oxidação de
ácidos graxos, não foi observada a produção de PHA
MCL
por Pseudomonas putida
a partir de octanoato, enquanto a produção de PHA
MCL
a partir de glicose não foi
afetada (Huijberts et al., 1994). Uma vez que o ácido acrílico é um inibidor da β-
oxidação de ácidos graxos, estes resultados demonstram claramente o
envolvimento desta via na síntese de monômeros constituintes de PHA
MCL
a partir
de substratos relacionados.
Um importante aspecto deve ser ressaltado: os 3-hidroxialcanoil-CoA na β-
oxidação apresentam-se na configuração S, enquanto os 3-hidroxialcanoatos
(3HAs) encontrados em PHA apresentam-se na configuração R. Assim, outra(s)
enzima(s) deve(m) realizar a ligação entre a β-oxidação de ácidos graxos e a
síntese de PHA (Lageveen et al., 1988). Três alternativas metabólicas diferentes
têm sido propostas para tal conexão: (i) ação de uma epimerase que catalisaria a
conversão de (S)-3-hidroxialcanoil-CoA a (R)-3-hidroxialcanoil-CoA, (ii) ação de
uma enoil-CoA hidratase (R)-específica que catalisaria a conversão de 2-alcenoil-
CoA a (R)-3-hidroxialcanoil-CoA ou (iii) uma 3-cetoacil-CoA redutase NADPH
dependente que catalisaria a conversão de 3-cetoalcanoil-CoA a (R)-3-
hidroxialcanoil-CoA. Evidências para cada uma destas alternativas metabólicas
têm sido apresentadas (Kraak et al., 1997b, Tsuge et al., 2000, Taguchi et al.,
1999, Ren et al., 2000). Além das evidências individuais para a existência de cada
uma das alternativas metabólicas ligando a β-oxidação de ácidos graxos à
Revisão da Literatura
13
biossíntese de PHA
MCL
, existem indícios de que estas vias podem coexistir (Ren et
al., 1998).
Várias Pseudomonas pertencentes ao grupo I de homologia do RNA
ribossomal são capazes de acumular PHA contendo o ácido 3-hidroxidecanóico
(3HD) como principal constituinte a partir de gliconato (Haywood et al., 1990;
Timm & Steinbüchel, 1990). em 1990, foi proposta uma relação entre a síntese
de PHA contendo 3HD como principal constituinte e o metabolismo de ácidos
graxos (Haywood et al., 1990; Timm & Steinbüchel, 1990). PHA isolados de P.
putida cultivada em glicose, frutose e glicerol apresentaram uma composição
muito semelhante. Além dos 3-hidroxiácidos saturados detectados anteriormente
(Haywood et al., 1990; Timm & Steinbüchel, 1990), Huijberts et al., (1992)
observaram dois novos constituintes insaturados no PHA produzido por P. putida:
3-hidroxi-5-cis-dodecenoato (3HDD
5
) e 3-hidroxi-7-cis-tetradecenoato (3HTD
7
).
Assim, ficou claro que a estrutura química dos constituintes saturados e
insaturados é idêntica a intermediários observados na via de biossíntese de ácidos
graxos. Cerulenina, um inibidor específico da via de biossíntese de ácidos graxos,
foi testada sob condições de acúmulo de PHA em P. putida. Na presença de
cerulenina, não foi produzido polímero a partir de glicose, enquanto a partir de
octanoato o polímero foi produzido, embora em quantidade menor que aquela
obtida na ausência do inibidor (Huijberts et al., 1994). Estes resultados mais uma
vez confirmam que, quando carboidratos são supridos, os 3-hidroxiacil-CoA são
derivados direta e exclusivamente a partir da via de biossíntese de ácidos graxos
(Figura 4).
Revisão da Literatura
14
Figura 4 . Síntese de PHA
MCL
Deve ser notado que na via de biossíntese de ácidos graxos a coenzima
transportadora dos grupos acil é a ACP ("acyl carrier protein"), enquanto o
substrato para a enzima PHA sintase apresenta-se ligado à Coenzima A (CoA).
Rehm et al. (1998) demonstraram a existência em P. putida do gene phaG que
codifica para uma 3-hidroxiacil-ACP-CoA transacilase. A proteína PhaG
estabelece a ligação entre a biossíntese de ácidos graxos e a síntese de PHA
MCL
em diversas Pseudomonas (Hoffmann et al., 2000a; Hoffmann et al., 2000b;
Fiedler et al., 2000; Hoffmann et al., 2002).
Revisão da Literatura
15
2.4. Surfactantes
Surfactantes são moléculas anfifílicas que consistem de uma porção
hidrofílica e uma porção hidrofóbica. A fração apolar, hidrofóbica, é
freqüentemente uma cadeia de hidrocarbonetos, e a fração polar se apresenta
com diferentes componentes (Georgiou et al., 1992).
Estes compostos constituem uma importante classe de produtos químicos
largamente utilizados na indústria moderna, com aplicação na indústria
farmacêutica, cosmética, petroquímica e alimentícia (Duarte et al., 2003), uma vez
que atuam como dispersantes e/ou solubilizantes de compostos orgânicos, que
apresentam baixa solubilidade em água. São compostos capazes de reduzir a
tensão superficial e interfacial entre líquidos, sólidos e gases, e por isso permitem
misturar ou dispersar imediatamente como emulsões em água ou outros líquidos
(Banat et al., 2000).
Um bom surfactante deve diminuir a tensão superficial da água de 72 para
35 mN/m e sua eficiência está relacionada a uma baixa concentração micelar
crítica (CMC) (Mulligan et al., 2005) definida como a concentração mínima
necessária para iniciar a formação de micelas (Becher, 1965).
Durante a cada passada, a demanda produtiva para surfactantes
aumentou aproximadamente 300% na indústria química americana (Lang &
Wulbrandt, 1999). Em 1997, o mercado mundial para surfactantes foi de
aproximadamente US$9,5 bilhões anuais (Desai & Banat, 1997). A importância
econômica dos surfactantes sintéticos reflete-se pelo aumento do número de
Revisão da Literatura
16
patentes e publicações como também pelo aumento do consumo destes
compostos em escala mundial (Kim et al., 2000).
A maioria dos surfactantes comercializados é derivada prinicipalmente do
petróleo. Entretanto, os rápidos avanços na biotecnologia e o aumento das
preocupações com o meio ambiente, combinado a mudanças nas legislações
(Banat et al., 2000), têm aumentado o interesse em biossurfactantes de origem
microbiana, uma vez que possuem como características principais: baixa
toxicidade, aceitabilidade ambiental e a possibilidade de produção utilizando
substratos renováveis (Makkar & Cameotra, 2002), além da tolerância à
temperatura, pH e força iônica e de serem biodegradáveis no solo e na água (Lin,
1996).
2.5. Biossurfactantes
2.5.1. Definição
Biossurfactantes são um grupo de metabólitos geralmente secundários com
propriedades de reduzir a tensão superficial e interfacial e são sintetizados por
uma ampla variedade de microrganismos. Esses metabólitos são moléculas
anfifílicas complexas em que as porções polares e hidrofóbicas dependem da
fonte de carbono e da espécie bacteriana (Benincasa et al., 2004).
Além das importâncias comerciais e biotecnológicas, é importante lembrar
que os microrganismos produzem biossurfactantes com finalidades fisiológicas.
Em geral os biossurfactantes permitem que os microrganismos cresçam em
Revisão da Literatura
17
substratos hidrofóbicos, diminuindo sua tensão superficial e consequentemente
este componente se torna disponível para o seu metabolismo. Admite-se também
que a produção desse tensoativo esteja ligada a fatores de virulência e a formação
de biofilme (Nitschke et al., 2005).
Estes compostos são considerados um grupo estruturalmente diverso de
moléculas sintetizadas por microrganismos. Diferente dos surfactantes
sintetizados por rotas químicas e que são classificados de acordo com a natureza
dos grupamentos polares, biossurfactantes são agrupados, principalmente, por
sua natureza química e origem microbiana. As principais classes de
biossurfactantes incluem: glicolipídios, lipopeptídios, lipoproteínas, fosfolipídios,
ácidos graxos, surfactantes poliméricos e surfactantes particulados (Desai &
Banat,1997).
Os microrganismos produtores de biossurfactantes pertencem aos mais
variados gêneros microbianos, contudo a maioria deles são produzidos por
bactérias (Desai & Banat, 1997). Propriedades físicas e químicas, redução da
tensão superficial, estabilidade na formação de emulsões são importantes na
escolha de um biossurfactante (Desai & Desai, 1993).
2.5.2. Aspectos econômicos
Revisão da Literatura
18
A pesquisa na área dos biossurfactantes tem se expandido muito nos
últimos anos pelo seu uso potencial em diferentes áreas, como indústria
alimentícia, agricultura, farmacêutica, petroquímica. Ainda mais, o
desenvolvimento nesta linha de pesquisa tem tido muita importância no que se
refere à proteção do meio ambiente (Santa Anna et al., 2002).
A empresa Jeneil Biosurfactant Corp (http://www.biosurfactant.com) iniciou
a produção comercial de ramnolipídios (Mulligan & Gibbs, 1993). A empresa de
Consultoria Frost & Sullivan, estimou que os surfactantes microbianos poderiam
representar 10% do mercado de surfactantes (Hester, 2001). Eles podem ser
produzidos utilizando procedimentos e substratos relativamente baratos e simples
(Lang & Wullbrandt, 1999; Makkar & Cameotra, 2002), assim, a otimização do
meio de cultivo e do processo como um todo é a chave da viabilidade econômica
para a produção de biossurfactantes. Atualmente, estima-se que a matéria-prima
representa cerca de 10 a 30% do custo geral da produção de biossurfactantes
(Lobato et al., 2003).
Kosaric et al. (1983) sugerem que quatro fatores devem ser focalizados
para reduzir custos de produção de biossurfactantes. É preciso obter boa
eficiência na conversão da fonte de carbono em produto, pois esta representa uma
importante parcela nos custos de produção, assim, microrganismos altamente
eficientes devem ser selecionados. A fonte de carbono utilizada deve ser de baixo
custo, assim, muitas vezes o principal objeto de estudo são resíduos de processos
agrícolas ou outros processamentos. Os processos de produção devem ser
altamente eficientes para minimizar os custos de investimentos, bem como custos
Revisão da Literatura
19
operacionais. O processo de extração e purificação também deve ser eficiente,
pois em alguns casos pode demandar recursos significativos para atingir a pureza
do produto necessária.
Em muitos aspectos econômicos, os processos de produção de PHA e de
biossurfactantes se assemelham. Diversas avaliações econômicas foram
realizadas em relação a produação de P3HB (Lee & Choi, 1998; Lee et al., 1997;
Choi & Lee, 1997; Choi & Lee, 1999). Aspectos econômicos da produção de
P3HB-co-3HV (Choi & Lee, 2000) e de PHA
MCL
(Hazenberg & Witholt, 1997; De
Koning et al., 1997) também foram avaliados. Três fatores foram identificados
como os mais importantes componentes do custo de produção de PHA: (i) retorno
do capital investido na planta de produção; (ii) substratos utilizados para produção
e (iii) separação e purificação do produto. A produtividade do processo terá forte
influência sobre o item (i), o fator de conversão do substrato em produto sobre o
item (ii) e as operações selecionadas para separação e purificação sobre o item
(iii). O teor de polímero acumulado influencia os três itens principais do custo de
produção (DeKoning et al., 1997).
2.5.3. Aplicações
A aplicação dos biossurfactantes está diretamente relacionada ‘as
propriedades físico-químicas de cada composto (Kosaric et al., 1983).
Revisão da Literatura
20
No setor ambiental, os biossurfactantes têm potenciais aplicações em
processos de biorremediação e tratamento de resíduos por causa de sua inerente
degradabilidade, além do mais, a população microbiana degrada hidrocarbonetos
do petróleo produzindo biossurfactante, aumentando a disponibilidade de
substratos (Sim et al., 1997). Embora existam diversos trabalhos relatando a
síntese de biossurfactantes por microrganismos degradadores de hidrocarbonetos,
alguns biossurfactantes podem ser produzidos em cultivos utilizando compostos
solúveis em água como fonte de carbono, tais como: glicose, sacarose, glicerol ou
etanol (Cooper & Goldberg, 1987; Guerra-Santos et al., 1986; Hommel et al.,
1994; Palejwala & Desai, 1989).
Os biossurfactantes são uma classe de compostos que têm demonstrado
utilidade em uma variedade de aplicações, incluindo remediação de compostos
orgânicos e metais, aumento do transporte por bactérias, aumento da recuperação
de óleo, como aditivos em cosméticos e controle biológico (Desai & Banat, 1997;
Herman et al., 1995; Zhang & Miller , 1992; Van Dyke et al., 1993; Zhang & Miller,
1994).
2.6. Ramnolipídios
Os glicolipídios pertencem à classe de biossurfactantes mais bem
conhecidos (Desai & Banat, 1997; Ron & Rosenberg, 2002).
Revisão da Literatura
21
Biossurfactantes dessa classe, os ramnolipídios, contendo ramnose e ácido
β-hidroxidecanóico foram descritos pela primeira vez por Bergström et al. (1946)
em Pseudomonas pyocyanea cultivada em glicose como fonte de carbono,
contudo não conseguiram determinar a proporção desses dois componentes. Isto
foi realizado por Jarvis & Johnson (1949), que demonstraram a ligação glicosídica
de β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato a duas moléculas de ramnose após o
cultivo de Pseudomonas aeruginosa em 3% de glicerol como fonte de carbono.
Mesmo assim a ligação entre as duas moléculas de açúcar ainda não estava clara
e foi foi elucidada por Edwards & Hayashi (1965).
Os ramnolipídios foram identificados, originalmente, como hemolisinas
produzidas por P. aeruginosa (Barbosa, 1972).
Segundo Ochsner & Raiser (1995), os principais ramnolipídios produzidos
por P. aeruginosa são o ramnosil-β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato
(monorramnolipídio) e o ramnosil-ramnosil-β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato
(dirramnolipídio), conforme Figuras 5a e 5b respectivamente.
Figura 5a. Monorramnolipídio.
Revisão da Literatura
22
Figura 5b. Dirramnolipídio
2.6.1. Aplicações dos Ramnolipídios
Os ramnolipídios podem ser comercialmente produzidos em concentrações
acima de 100 g/L (Giane et al., 1997) e nesta proporção os biossurfactantes
começam a competir com o custo dos surfactantes sintéticos (Lang & Wullbrandt,
1999).
Os ramnolipídios têm sido estudados para muitas aplicações em diversas
áreas; por exemplo, na descontaminação de áreas impactadas com óleo (Banat,
1995), na remoção de metais tóxicos do solo (Maier & Soberón-Chávez, 2000), na
recuperação de petróleo (Banat, 1995), na produção de cosméticos e na indústria
farmacêutica (Japanese Patent Kokai S63-77535 , 1988 ; Stanghelini & Miller,
1997 e Lang & Wullbrandt, 1999), processos de biorremediação (Maier & Soberón-
Chávez, 2000), na proteção agrícola (Desai & Banat, 1997), na biodegradação de
hidrocarbonetos (Zhang & Miller, 1994) e controle biológico de patógenos de
plantas (Stanghellini & Miller, 1997). Ramnolipídios são também fontes potenciais
de L-ramnose e 3-hidroxiácidos (Linhardt et al., 1989) e um grande interesse
Revisão da Literatura
23
nesse aspecto devido às aplicações industriais deste produto, por exemplo L-
ramnose é utilizada como precursor na produção de aromas (Hauthal, 1994; Giane
et al., 1997, Lang & Wullbrandt, 1999). Apesar das diversas aplicações para estes
compostos, sua exata função fisiológica ainda não é muito clara (Beal & Betts,
2000).
2.6.2. Produção de ramnolipídios
A produtividade de produtos originados por bioprocessos é geralmente
atribuída ao desenvolvimento de linhagens eficientes seja via clássica ou por
técnicas recombinantes, por outro lado, fatores como nutrição e ambiente físico ao
qual o microrganismos é submetido podem alterar o rendimento ou até mesmo a
composição do produto desejado (Santos et al,, 2002).
A pré-condição essencial para a alta produção de ramnolipídios é a
limitação do crescimento, que se obtém através da limitação da concentração de
nitrogênio e íons multivalentes e excesso de fonte de carbono (Lang & Wullbrandt,
1999).
Para a produção de ramnolipídios, a escolha da fonte de carbono exerce
uma influência importante tanto na cinética e conversão do produto desejado,
como na proporção de ramnolipdídios produzidos (mono ou dirramnolipídio) (Desai
& Banat, 1997; Santos et al, 2002). A produção a partir de óleos vegetais
apresentou maiores rendimentos utilzando-se óleo de soja, óleo de milho, óleo de
Revisão da Literatura
24
canola e óleo de oliva como única fonte de carbono, já entre os substratos
solúveis em água, o manitol se apresentou como o mais eficaz (Soberón-Chavez,
2005b).
Outro fator importante a ser considerado é a fonte de nitrogênio, uma vez
que a limitação deste componente mesmo no início da fase estacionária de
crescimento em P.aeruginosa foi observada a síntese de ramnolipídios (Desai &
Banat, 1997). Oschner e colaboradores (1995) observaram a expressão de genes
de P.aeruginosa para a síntese de ramnolipidíos em P.fluorescens e P.putida
somente em condições de limitação de nitrogênio. Robert et al. (1989) observaram
que o início da produção de ramnolipídios coincidiu com a exaustão completa de
nitrogênio.
A produção de ramnolipídios foi observada na presença de nitrato,
glutamato e aspartato, contudo foi inibida na presença de NH
4
+, glutamina,
aspargina e arginina (Mulligan & Gibbs, 1989). Isto tem sido demonstrado pelo
fato de NO
3
é a melhor fonte de nitrogênio para a produção de ramnolipídios, uma
vez que foi observada maior expressão do gene rhlAB nesta condição, do que na
presença de NH
4
+ (Deziel et al., 2003).
A preferência pelo nitrato ainda não é clara, mas sugere-se que
Pseudomonas aeruginosa por se tratar de uma bactéria desnitrificante, acaba
utilizando esta substância como aceptor final de elétrons até mesmo na presença
de oxigênio (Soberón-Chavez, 2005b). Por outro lado, observou-se uma excelente
produção de ramnolipídios na ausência de oxigênio (Chayabutra et al., 2001).
Revisão da Literatura
25
Fatores ambientais e condições de crescimento como pH, temperatura,
agitação, oxigênio disponível também afetam a produção de biossurfactantes
através de seus efeitos no crescimento celular (Desai & Banat, 1997; Kosaric et
al., 1987). A produção de ramnolipídios em Pseudomonas spp, atingiu seu valor
máximo em pH 6,5 a 7,0 e reduziu este valor bruscamente em pH abaixo de 7,0
(Guerra-Santos et al., 1986).
A produção de biossurfactantes também é possível em condições
extremas. Muitos trabalhos descrevem a produção de biossurfactantes em
ambientes moderados, contudo são poucos que relatam a mesma em ambientes
termofílicos, psicrofílicos, halofílicos, acidófilos, osmofílicos. Estes são ambientes
que estão espostos a extremas condições de temperatura, pressão, pH,
salinidade e solventes orgânicos (Makkar & Cameotra, 1998).
Os microrganismos são encontrados em uma diversidade de ambientes,
tanto que alguns podem ser considerados extremos pelo homem, mas são
excelentes para o crescimento e desenvolvimento de outros. Esses
microrganismos são conhecidos como extremófilos e também possuem potencial
biotecnológico e consequentemente interesse comercial (Herbert, 1992).
2.6.3. Metabolismo e genética da biossíntese de ramnolipídios.
A estrutura química de glicolipídios produzidos em grande quantidade por
Pseudomonas aeruginosa foi definida por Jarvis & Johnson (1949) e Edwards &
Revisão da Literatura
26
Hayashi (1965) como sendo L-ramnosil-L-ramnosil-β-hidroxidecanoil-β-
hidroxidecanoato, também denominado ramnolipídio. Estudos sobre a biossíntese
destes compostos e que demonstraram sua secreção no meio de cultura durante a
fase de crescimento foram realizados durante os anos 1950s (Hauser &
Karnovsky, 1954; Hauser & Karnovsky, 1957; Hauser & Karnovsky, 1958).
Burger e colaboradores (1963) estabeleceram um sistema enzimático para
analisar a biossíntese de ramnolipídios in vitro. Dois sistemas enzimáticos de
ramnosil-transferases foram purificados e identificados como responsáveis pela: (i)
transferência de uma ramnose para β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato a partir
do doador timidina-difosfo-ramnose (TDP-ramnose), levando à formação de L-
ramnosil-β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato ou monorramnolipídio; (ii)
transferência de uma ramnose para o monorramnolipídio a partir do doador TDP-
ramnose, com a formação de L-ramnosil-L-ramnosil-β-hidroxidecanoil-β-
hidroxidecanoato ou dirramnolipídio. Segundo Burger e colaboradores (1963),
tentativas de demonstrar a reação de formação de β-hidroxidecanoil-
β−hidroxidecanoato não foram bem sucedidas devido à presença de enzimas
hidrolíticas, bem como ao fato das enzimas catalisando essa síntese aparentarem
ser lábeis. Nenhuma evidência foi obtida a respeito da síntese de ramnosil-
ramnose, livre ou ligada a TDP, por extratos de P. aeruginosa.
Um mutante de P. aeruginosa por inserção do transposon Tn5-GM
denominado 65E12 incapaz de crescer em hexadecano como fonte de carbono a
não ser que ramnolipídios fossem supridos exogenamente no meio de cultura foi
Revisão da Literatura
27
obtido (Koch et al., 1991). Esse mutante é incapaz de produzir ramnolipídios e, a
partir de uma biblioteca genômica obtida da linhagem selvagem PG201, obteve-se
um fragmento de DNA capaz de restabelecer a capacidade de produção desse
biossurfactante ao mutante (Ochsner et al., 1994a). No fragmento de DNA de 2 kb
obtido, apenas um quadro aberto de leitura (ORF) foi identificado que apresentou
similaridade com genes codificando para algumas proteínas regulatórias tais como
LasR de P. aeruginosa e LuxR de Vibrio fischeri, sugerindo que esse ORF codifica
para uma proteína ativadora transcricional.
Utilizando placas de meio SW contendo azul de metileno, outros três
mutantes de P. aeruginosa PG201 incapazes de produzir ramnolipídios foram
obtidos (Ochsner et al., 1994b). Estes mutantes não apresentavam atividade
ramnosil-transferase. A região de inserção do transposon foi utilizada como sonda
e permitiu identificar em uma biblioteca genômica de P. aeruginosa PG201 clones
capazes de complementar os três mutantes obtidos, bem como o mutante 65E12
obtido anteriormente (Ochsner et al., 1994a), indicando que os quatro mutantes
estavam afetados em uma mesma região do cromossomo de P. aeruginosa. O
seqüenciamento de um subfragmento de 9 kb e a análise de subfragmentos para
a complementação dos diferentes mutantes demonstrou a presença de duas
ORFs, dispostas na mesma orientação, nas quais o transposon havia se inserido e
que foram denominadas rhlA e rhlB. O gene rhlR foi detectado logo após o gene
rhlB. Ochsner e colaboradores (1994b) demonstraram que rhlA e rhlB são
transcritos juntos a partir de um promotor que antecede rhlA, assim, constituem
um operon. O mutante 65E12, afetado no gene rhlR, não apresenta a transcrição
Revisão da Literatura
28
do operon, portanto, RhlR deve estar envolvida na ativação transcricional do
operon. Antecedendo o promotor do operon, foram encontradas duas regiões
similares com simetria que permitiria o pareamento de bases e que foram
necessárias para a expressão do operon, indicando se tratar da região de ligação
da proteína ativadora RhlR. A atividade ramnosil-transferase foi claramente
associada a RhlB, mas não a RhlA. Assim, rhlB foi identificado como o gene
codificando para a proteína responsável pela transferência de uma ramnose a
partir de TDP-ramnose para β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato, ou seja,
constitui-se na ramnosil-transferase 1 (RT1). Quanto a rhlA ficou clara sua
participação na produção de ramnolipídios, mas seu papel exato não foi
identificado (Ochsner et al., 1994b).
Um ORF adicional foi identificado imediatamente após o gene rhlR de P.
aeruginosa PG201 (Ochsner & Reiser, 1995). Esse ORF apresentou similaridade
com alguns genes codificando para sintetases de autoindutores como LasI de P.
aeruginosa e LuxI de V. fischeri. Assim, a regulação da expressão dos genes do
operon rhlAB parece estar associada a um sistema denominado quorum sensing e
que depende de moléculas sinalizadoras. Ochsner & Reiser (1995) avaliaram
várias N-acil-homoserina lactonas para seus efeitos estimulatórios na síntese de
ramnolipídios em P. aeruginosa PG201. N-Butiril-homoserina lactona foi o indutor
mais eficiente, sendo que na concentração de 1 µM obteve completa indução.
Utilizando a seqüência de uma L-ramnosiltransferase de Shigella Flexneri,
Rahim e colaboradores (2001) identificaram um gene homólogo no genoma de P.
aeruginosa PAO1, diferente de rhlB. O gene foi amplificado por PCR e
Revisão da Literatura
29
denominado rhlC. Foi obtido mutante por recombinação homóloga inativado
especificamente no gene rhlC ou no gene rhlA. Enquanto a linhagem selvagem
apresentou capacidade de sintetizar tanto monorramnolipídio como
dirramnolipídio, o mutante rhlA não foi capaz de produzir qualquer ramnolipídio e o
mutante rhlC foi capaz de produzir apenas monorramnolipídio. Estes resultados
indicam que o gene rhlC codifica para a ramnosil-transferase 2 (RT2), ou seja, a
enzima que transfere uma ramnose de TDP-ramnose para o monorramnolipídio.
Rahim e colaboradores (2001) verificaram que o gene rhlC está organizado em um
operon com um outro gene denominado PA1131. Interessantemente, o gene
PA1131 é altamente similar a tetA, que confere resistência tetraciclina.
Lépine e colaboradores (2002) demonstraram que P. aeruginosa 57RP
produz extracelularmente HAAs (3-hidroxiacil-3-hidroxialcanoatos ou como eles
denominaram 3-(3-hidroxialcanoiloxi)alcanoatos) e que estes não eram
produtos da degradação de ramnolipídios, mas sim intermediários de sua síntese.
Uma vez que RhlA foi considerada como parte de um complexo
ramnosiltransferase 1 (Ochsner et al., 1994b), ziel e colaboradores (2003)
previram que a inativação desse gene inibiria a glicosilação de HAAs e levaria a
um aumento na concentração destes no meio de cultura. Entretanto, o mutante
rhlA de P. aeruginosa não foi capaz de produzir HAAs, enquanto mutante rhlB
ainda era capaz de produzi-los, sugerindo que o produto do gene rhlA está
envolvido na síntese de HAAs (Déziel et al., 2003).
Com base nos resultados apresentados e considerando ainda que
ramnolipídios contendo apenas um hidroxialcanoato como componente hidrofóbico
Revisão da Literatura
30
pode ser sintetizado (Déziel et al., 1999; Déziel et al., 2000), a Figura 6 apresenta
o modelo metabólico de síntese de ramnolipídios a partir de 3-hidroxiacil-CoA ou
ACP e TDP-ramnose.
Figura 6. Modelo metabólico para a síntese de HAA e diferentes ramnolipídios.
Olvera e colaboradores (1999) analisaram um mutante de P. aeruginosa
PAO1 afetado no gene algC e que não produz ramonolipídios e alginato, além de
produzir um LPS defectivo. O gene algC em trans foi capaz de complementar o
mutante restabelecendo a capacidade de produzir ramnolipídios. AlgC apresenta
uma atividade fosfoglicomutase e foi proposto que catalisaria a conversão de
glicose-6-fosfato em glicose-1-fosfato (Olvera et al., 1999). Assim, AlgC
juntamente com os produtos dos genes rmlABCD seriam responsáveis pela
síntese de dTDP-L-ramnose (Figura 7).
Revisão da Literatura
31
Figura 7. Síntese de dTDP-L-ramnose.
Um mutante de P. aeruginosa W51D incapaz de degradar citronelol foi
obtido e detectou-se que o mesmo estava afetado em um gene apresentando
homologia com fabG de E. coli e foi denominado rhlG (Campos-Garcia et al.,
1998). A inativação do gene rhlG em P. aeruginosa não estabeleceu uma
auxotrofia para ácidos graxos ou mesmo decréscimo na taxa de crescimento,
demonstrando que RhlG não está envolvida na biossíntese de ácidos graxos. A
análise da seqüência de nucleotídios antecedendo o gene rhlG revelou a presença
de um potencial promotor sigma 54, bem como seqüências associadas com a
ativação transcricional por proteínas como LuxR de V. fischeri, indicando um
sistema de regulação do tipo quorum sensing. A região regulatória do gene rhlG
apresentou similaridade com a mesma região do operon rhlAB, sugerindo que
ambos estão sujeitos à regulação genética similar. Mutante de P. aeruginosa
Revisão da Literatura
32
afetado no gene rhlG não foi capaz de produzir ramnolipídios e a produção de
PHA foi reduzida significativamente. A presença do gene rhlG em trans nesses
mutantes restabeleceu a capacidade de acumular PHA e de biossíntese de
ramnolipídios. Com base nesses resultados, Campos-Garcia e colaboradores
(1998) propuseram que RhlG é uma β-cetoacil redutase envolvida no
direcionamento de intermediários da biossíntese de ácidos graxos para a síntese
de ramnolipídios, entretanto, não conseguiram definir se o substrato dessa enzima
é um β−cetoacil ligado ao ACP ou CoA.
2.6.4. Inter-relações metabólicas da produção de ramnolipídios e PHA
MCL
Tanto a síntese de ramnolipídios como a síntese de PHA
MCL
utilizam
intermediários do metabolismo de ácidos graxos (degradação ou biossíntese).
Assim, a síntese de um deve interferir na do outro pelo menos pela competição
por esses intermediários. Talvez a interferência seja ainda maior, ou seja, o
metabolismo de cada um destes produtos pode envolver genes comuns não
associados com o metabolismo de ácidos graxos. Quando carboidratos ou outros
substratos metabolisados a acetil-CoA são utilizados como substrato, os produtos
dos genes rhlG e phaG têm sido associados à transferência de intermediários da
biossíntese de ácidos graxos para a síntese de ramnolipídios (Campos-Garcia et
al., 1998) e PHA (Rehm et al., 1998), respectivamente.
Campos-Garcia e colaboradores (1998) observaram um retardo na síntese
de PHA em mutante afetado no gene rhlG. Rehm e colaboradores (2001)
Revisão da Literatura
33
observaram que mutantes rhlG apresentavam uma menor produção de PHA e que
o gene rhlG suprido em trans (plasmídio) levava a um aumento da síntese de PHA
nesses mutantes, indicando uma relação deste gene com a síntese de PHA.
Entretanto, o gene rhlG não levou a um aumento na capacidade de sintetizar PHA
em mutante phaG. A biossíntese de ramnolipídios foi apenas levemente afetada
em mutantes phaG. Mutantes rhlG apresentaram redução expressiva na produção
de ramnolipídios que foi aumentada pela expressão do gene rhlG, mas não pela
expressão do gene phaG. Assim, o gene phaG parece não interferir de maneira
expressiva na síntese de ramnolipídios (Rehm et al., 2001). A inativação do gene
rhlG em P. aeruginosa levou à produção de um PHA com composição
sensivelmente modificada a partir de gliconato como única fonte de carbono,
indicando que o produto desse gene desempenha um papel importante na
transferência de intermediários da biossíntese de ácidos graxos para a síntese de
PHA (Rehm et al., 2001).
Além disso, a expressão do gene rhlG levou a um aumento na produção de
PHA
MCL
em linhagens de E.coli abrigando o gene phaC
2
de Pseudomonas sp 61-3
a partir de decanoato, indicando que o produto do gene rhlG também desempenha
um papel na transferência de intermediários da β-oxidação para a síntese de PHA.
Os 3-hidroxiácidos mais abundantes em PHA é 3HD
e também é a
substância mais encontrada em ramnolipídios e em HAAs, demostrando que
esses elementos ocorrem em passos comuns entre a síntese de PHA e
ramnolipídios (Soberón-Chavez, 2005b), entretanto, foi recentemente
Revisão da Literatura
34
demonstrado que a síntese de PHA não é necessária para a síntese de
ramnolipídios (Pham et al., 2004).
2.6.5.Quorum-Sensing
Pseudomonas aeruginosa é um microrganismo que possui diversos fatores
de virulência, alguns que fazem parte de sua estrutura celular e outos que são
produtos extra-celulares. Entre esses fatores incluem, pili, LPS, exotoxinas,
alginato, proteases, fosfolipases, fenanzinas, ramnolipídios, entre outros (Pelczar
et al., 1993).
A regulação dos genes de virulência em P. aeruginosa é bastante
complexa, envolve rios sistemas de regulação e depende de condições
ambientais como concentração de ferro e nível de nitrogênio por exemplo.
P.aeruginosa apresentam dois sistemas de regulação conhecidos como quorum
sensing ou comunicação lula-célula (Juhas et al., 2005). Esses sistemas
compreendem um peptídeo, um auto-indutor, e uma proteína ativadora da
transcrição, a proteína R. Um desses sistemas é o sistema las que é responsável
pela síntese de proteases, responsáveis pelas lesões na pele e de tecidos em
geral (Trabulsi & Althertum, 2004). O outro sistema é o sistema rhl, que regula a
expressão dos genes rhlAB (Ochsner et al., 1995) e rhlC (Rahim et al., 2001), foi
localizado imediatamente após os genes rhlAB e é composto pelos genes rhlR e
rhlI. RhlR pertence à família de proteínas que funcionam como ativadores
Revisão da Literatura
35
transcricionais (Figura 8) e que é ativada por N-butiril-homoserina lactona que são
produzidas por RhlI, uma sintetase de autoindutor (Brint & Ohman, 1995).
Figura 8. Quorum Sensing em Pseudomonas aeruginosa (Donabedian, 2003).
A Figura 9 apresenta um resumo sobre o metabolismo de síntese de
ramnolipídios.
Revisão da Literatura
36
Figura 9. Metabolismo de síntese de PHA e ramnolipídios.
Objetivo 37
3. OBJETIVO
O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o potencial de produção de
polihidrialcanoatos e ramnolipídios por bactérias isolados de solo de Mata
Atlântica. Assim, foram definidos os seguintes objetivos específicos:
Isolar bacterias a partir de solo de Mata Atlântica buscando explorar a
biodiversidade existente;
Selecionar dentre os isolados bactérias capazes de produzir
simultaneamente PHA e biossurfactantes
Avaliar a capacidade de produção de PHA e ramnolipídios pelos
isolados;
Avaliar possíveis inter-relações metabólicas existentes entre a produção
de PHA e ramnolipídios.
Materiais e Métodos
38
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Meios de cultura
Neste estudo foram utilizados os seguintes meios de cultura: Agar Nutriente,
Agar Sabouraud Dextrose Agar, Agar Oligotróficos, PIA (Pseudomonas Isolation
Agar), Agar Cetrimide, PPSW, Caldo Nutriente (Meio Complexo) e Meio Mineral
(Meio sintético).
4.1.1. Caldo e Agar Nutriente
Os meios de cultura caldo nutriente possuia a seguinte composição:
Extrato de carne..................................... 3,0 g/L
Peptona bacteriológica........................... 5,0 g/L
Para obtenção do agar nutriente, foram adicionados 15-20 g/L de agar.
4.1.2. Agar Sabouraud Dextrose Agar
Peptona bacteriológica........................ 10,0 g/L
Glicose D(+)........................................ 40,0 g/L
Agar agar ............................................ 15-20,0 g/L
pH final: 5.6 +/-0,2
Materiais e Métodos
39
4.1.3. Agar Oligotrófico
Para a formulação de 1000 mL deste meio foram utilizados 900 mL de
solução Salina de Winogradsky que continha a seguinte composição:
0,4 g de K
2
HPO
4
0,13 g de MgSO.7H
2
O
0,13 g de NaCl
1,52 mg de MnSO4.H
2
O
0,5 g de NH
4
NO
3
4.1.3.1. Extrato de Solo
Para o preparo deste extrato, o solo coletado foi seco a 20
0
C e passado
por uma peneira de diâmetro 2mm. Ao solo peneirado foi adicionada água
MilliQ na proporção 1:1 (m/v) e as partículas foram removidas por
sedimentação por 2 horas e foi centrifugado (5000g, 20
0
C, 20 min). O
sobrenadante foi filtrado em filtro estéril com porosidade 0,2 µm.
4.1.3.2. Composição do meio Agar oligotrófico
N-lauroyl sarcosina sódio( Sigma, St. Louis, Mo).........1,2 g
Materiais e Métodos
40
CSE ( Extrato de Solo)....................................................100 mL
Trimethropim (Sigma).................................................... 20 mg
Nistatina (Sigma) ...........................................................50 mg
Casamino Ácidos (Sigma)..................................................5 g
4.2. PIA (Pseudomonas Isolation Agar)
Peptona bacteriológioca ....................... 20,0 g/L
Cloreto de Magnésio ............................ 1,4 g/L
Sulfato de Potásssio ............................. 10,0 gL
Irgasan (Ciba-Geigy)............................ 0,025 g/L
Agar agar.............................................. 13,6 g/L
pH final : 7,0 +/- 0,2
4.3. Agar Cetrimide
Peptona bacteriológica ........................... 20,0 g/L
Cloreto de Magnésio............................... 1,4 g/L
Sulfato de Potássio................................. 10,0 g/L
Cetrimide (bromento de cetilmetilamônio) 0,3 g/L
Glicerol.................................................... 10mL/L
Agar agar ................................................ 15-20 g/L
pH final : 7,2 +/-0,2
Materiais e Métodos
41
4.4. PPSW
NH
4
Cl
2 .............................................
0,02M
KCl....................................0,02M
Tris-HCl ...........................0,12M
MgSO
4
...............................0,0016M
Glicose..............................0,5%
Peptona.............................1,0%
CTAB ...............................200 mg/L
Azul de Metileno...............2,5 mg/L
Agar agar ....................... .20g/L
pH final ........................................7,2
4.5. Meio Mineral
Cada litro do meio sintético possuía a seguinte base de sais (Ramsay et al.,
1990):
Na
2
HPO
4
..................................................... 3,50 g
KH
2
PO
4
....................................................... 1,50 g
MgSO
4
.7H
2
O............................................... 0,20 g
CaCl
2
.2H
2
O................................................. 0,01 g
Citrato férrico amoniacal............................ 0,06 g
Materiais e Métodos
42
Solução de elementos traços....................... 1 mL
Cada litro da solução de elementos traços continha:
H
3
BO
3
.......................................................... 0,30 g
CoCl
2
.6H
2
O ................................................ 0,20 g
ZnSO
4
.7H
2
O ................................................ 0,10 g
MnCl
2
.4H
2
O ................................................ 0,03 g
NaMoO
4
.2H
2
O ............................................ 0,03 g
NiCl
2
.6H
2
O .................................................. 0,02 g
CuSO
4
.5H
2
O ................................................ 0,01 g
Ao meio de cultura sintético foram adicionados ainda diferentes fontes de
carbono e (NH
4
)
2
SO
4
em diferentes concentrações para oferecer condições
adequadas para crescimento celular e acúmulo de PHA ou produção de
ramnolipídios. Meios de cultura sólidos foram obtidos com a adição de 15-20
g/L de agar.
4.6. Esterilização
As soluções e meios de cultura em geral foram esterilizados em autoclave
por 20 minutos, a 121ºC.
4.7. Isolamento de novas linhagens bacterianas
O isolamento de microrganismos foi realizado a partir de uma amostra de
solo coletada no Parque Natural Municipal da Serra do Itapety localizado no
Materiais e Métodos
43
município de Mogi das Cruzes, São Paulo, conforme Figura 10. A amostra de solo
foi utilizada para isolamento direto ou submetida a enriquecimento em meio
mineral contendo óleo de soja, petróleo ou naftaleno.
Figura 10. Serra do Itapety , município de Mogi das Cruzes
Materiais e Métodos
44
4.7.1. Isolamento Direto
O isolamento direto consistiu em obter microrganismos a partir da
suspensão da amostra de solo em solução salina, ou seja, com a ausência total de
qualquer nutrientes que não sejam aqueles aderidos ao próprio solo de
isolamento. Desta maneira, 5 gramas de solo foram transferidos de forma
asséptica para 100 mL de solução salina (NaCl 0,85%), submetida a banho de
ultrassom por 12 minutos e agitada por 60 minutos, este ciclo de tratamento com
ultrassom e agitação foi repetido por 2 vezes. Após os dois ciclos, a amostra ficou
em descanso durante 20 minutos, para sedimentação do material particulado,
foram realizadas diluições decimais em solução salina e as diferentes diluições
foram inoculadas em meios de cultura sólidos para isolamento.
4.7.2. Enriquecimento do meio de Cultivo
O enriquecimento do meio de cultivo consistiu em isolar microrganismos em
meio mineral com a adição de fontes de carbono como nutriente. As fontes de
carbono selecionadas para este enriquecimento foram baseadas na literatura e
por se tratarem de substratos hidrofóbicos (Desai & Banat, 1997).
Para o enriquecimento, 5 gramas da amostra de solo foram transferidos de
maneira asséptica para meio mineral, descrito no item 3.1 .contendo óleo de soja
(8 g/L), petróleo (1% m/m) ou naftaleno (0,5 g/L) e incubados a 30
o
C, 150 rpm
durante 3, 7 e 14 dias, respectivamente. Após o período de incubação, cada uma
Materiais e Métodos
45
das amostras descansou por 20 minutos, para sedimentação do material
particulado. Foram realizadas diluições decimais em solução salina e as diferentes
diluições foram inoculadas em meios de cultura sólidos para isolamento.
Os meios de cultura agar nutriente (peptona 5 g/L, extrato de carne 3 g/L),
agar Sabouraud dextrosado (Oxoid) e agar oligotróficos (Aagot et al., 2001) foram
utilizados para o isolamento. A incubação das placas foi realizada a 30
o
C.
Colônias isoladas foram transferidas para o mesmo meio de cultura de origem
para confirmar tratarem-se de culturas puras. Uma vez confirmado o isolamento,
estes isolados foram utilizados em experimentos para avaliar sua capacidade de
produzir biossurfactantes e PHA
MCL
. A Figura 11 demonstra as técnicas de
isolamento e enriquecimento utilizadas.
Figura 11 . Técnica de Isolamento e Enriquecimento.
Materiais e Métodos
46
4.7.2.1. Seleção de linhagens produtoras de biossurfactantes
Para avaliação da produção de biossurfactante foi utilizado o meio PPSW
(Wild et al., 1997), onde cada um dos isolados foi estriado nesse meio de cultura e
incubado a 30
o
C por até 7 dias. A formação de um halo ao redor da colônia indica
que houve produção de biossurfactante pelo microrganismo , conforme Figuras
12a e 12b.
Figuras 12a e 12b. Linhagens produtoras de ramnolipidíos com formação de halo
ao redor da colônia em meio PPSW
Materiais e Métodos
47
4.7.2.2. Seleção de linhagens produtoras de PHA
Para avaliar a produção de PHA, cada um dos isolados foi incubado em
meio mineral contendo excesso de fonte de carbono (glicose 5 g/L ou octanoato 2
g/L) e limitado na fonte de nitrogênio [(NH
4
)
2
SO
4
0,06 g/L)] por 5 dias. Após esse
período de incubação, os isolados foram corados com Sudan Black B (0,02% m/v
em etanol 96%) por 10 minutos, descorados com etanol 96% por 1 minuto. Sudan
Black B é um corante lipofílico com afinidade pelo PHA, assim, as colônias
bacterianas contendo PHA adquirem coloração azul, enquanto linhagens que o
contêm; ou não se coram, ou ficam levemente azulados.
4.7.2.3. Caracterização de linhagens bacterianas isoladas
As linhagens que apresentaram capacidade de produzir biossurfactantes
foram submetidas a testes preliminares de caracterização com o objetivo de
identificar a diversidade de microrganismos isolados. Esta caracterização consistiu
de morfologia de colônias após 48 horas de crescimento em meio de cultura agar
nutriente, teste de catalase e oxidase, bem como coloração de Gram. Os isolados
foram ainda avaliados quanto ao crescimento e fluorescência em meio de cultura
PIA (Pseudomonas Isolation Agar DIFCO) e Agar Cetrimide (Mikrobiologie). A
caracterização foi utilizada para geração de um biocódigo, que permitiu diferenciar
Materiais e Métodos
48
os grupos de morfologia de colônia em subgrupos, ou seja, ampliando a avaliação
da diversidade de microrganismos isolados.
4.7.2.3.1. Morfologia de Colônias
Cada um dos isolados foi estriado em placas de agar nutriente e incubados
a 30
o
C durante 48 horas e foi avaliada a semelhança morfológica entre os
isolados. Essa semelhança foi baseada em forma, tamanho e arranjo das colônias
bacterianas. A partir desta semelhança, os mesmos foram separados em grupos e
a cada um dos grupos foi atribuído um número de identificação conforme descrito
na Tabela 2.
4.7.2.3.2.Teste de Catalase
A reação de catalase é utilizada para identificar algumas espécies
bacterianas. A cada um dos isolados de interesse, foi adicionada uma gota de
peróxido de hidrogênio. Linhagens contendo catalase liberam imediatamente
bolhas de oxigênio. As linhagens que liberaram essas bolhas foram denominadas
catalase-positiva e as que não liberaram as bolhas foram denominadas catalase-
negativa.
Materiais e Métodos
49
4.7.2.3.3. Teste Oxidase
Este teste permite verificar a presença da enzima Oxidase. Com o auxílio
de um palito, uma colônia de cada um dos isolados foi .passado sobre a tira de
teste Oxidase Bactidente MERCK, caracterizando-se pela mudança de cor da tira
teste. O isolado que permitiu a mudança da tira de cinza para azul, foi
caracterizado como Oxidase positivo e os que mudavam para outra cor senão
azul, ou não se coravam, foram caracterizados como oxidase negativo.
4.7.2.3.4. Coloração de Gram (Pelczar et al.,1993)
Esfregaços de células fixadas pelo calor foram corados sucessivamente
com cristal de violeta e lugol, diferenciados com álcool acetonado e finalmente
corados com fuccina.
4.7.2.3.5. Crescimento e Fluorescência em PIA e Agar Cetrimide
O meio de cultura PIA (Pseudomonas Isolation Agar) permite diferenciar
linhagens do gênero Pseudomonas, enquanto o meio de cultura Agar Cetrimide
permite diferenciar o gênero Pseudomonas em espécie de Pseudomonas
aeruginosa. Os isolados pertencentes a esta espécie são diferenciados pela
Materiais e Métodos
50
fluorescência formada pela colônia, visualizada com o auxílio de uma lâmpada
Ultravioleta.
4.7.2.3.6. Biocódigo
Para obtenção do biocódigo foram atribuídos valores a cada um dos testes
realizados e cada grupo de três testes determinava um digito do biocódigo. Por
exemplo, o teste de catalase valia 1 ponto, o teste de oxidase 2 pontos e a
coloração de Gram 4 pontos. Estes três testes em conjunto determinavam o
primeiro digito do biocódigo. Assim, se o primeiro digito do biocódigo for 1 trata-se
de um microrganismo catalase positivo, oxidase negativo e Gram negativo. Se o
primeiro digito for 3 trata-se de um microrganismos catalase positivo, oxidase
positivo e Gram negativo. Para o segundo digito do biocódigo foram utilizados o
crescimento em meio agar cetrimide e PIA, o valor atribuído foi 1 para crescimento
em agar Cetrimide e 2 para o crescimento em PIA. O terceiro digito do biocódigo
foi obtido pela capacidade de produzir halo em meio PPSW (1 ponto) e
capacidade de produzir PHA (2 pontos).
4.8. Preservação de linhagens bacterianas.
Cada uma das linhagens bacterianas a ser preservada foi cultivada em caldo
nutriente por 24 horas e, em seguida, 5 mL de cada uma das culturas foi diluída
em 5 mL de uma solução aquosa de glicerol a 20%. A suspensão de células na
Materiais e Métodos
51
solução de glicerol foi distribuída em tubos de microcentrífuga (500 µL por tubo),
que foram mantidos em congelador de refrigerador doméstico por 2 horas e
finalmente congelados em freezer -80
o
C.
Para a preservação das linhagens bacterianas por liofilização, 40 mL de uma
cultura em caldo nutriente por 24 horas foram centrifugados e as lulas
ressuspensas em 2 mL de solução aquosa de leite desnatado (10%) e glutamato
de sódio (5%). A suspensão de células no lioprotetor foi então distribuída em
ampolas de vidro (0,2 mL por ampola), congelada lentamente a -35
o
C e
liofilizada em aparelho Labconco, modelo 5-75050 (Silva et al., 1992). As ampolas
foram fechadas a vácuo e estocadas em refrigerador doméstico (4-8
o
C).
4.9. Cultivo de microrganismos
4.9.1. Experimentos em agitador rotativo
Cada uma das linhagens bacterianas foi estriada em agar nutriente e
cultivada por 72 horas. Colônias isoladas foram utilizadas para inocular 100 mL de
caldo nutriente e incubadas por 24 horas em agitador rotativo. Um volume de 6 mL
da cultura em caldo nutriente foi utilizado para inocular 200 mL de meio mineral
(meio de cultura sintético) contendo excesso de fonte de carbono (glicose e
frutose, cerca de 7,5 g/L cada, ou 9 g/L de óleo de soja) e quantidade limitada da
fonte de nitrogênio [(NH
4
)
2
SO
4
cerca de 1 g/L]. As células foram cultivadas em
agitador rotativo, com retirada após 72 horas de cultivo para determinar: pH,
Materiais e Métodos
52
massa seca celular, concentração de fonte de carbono, quantidade e composição
de PHA, concentração de ramnolipídios, conforme Figura 13.
Figura 13. Experimentos em agitador rotativo e análises realizadas
4.9.2. Determinação de Biomassa (Massa Seca Celular)
Amostras das culturas (10-15 mL) foram centrifugadas (3521 xg), lavadas
com água destilada, filtradas em membranas de 0,45 m de porosidade e secas a
100
o
C, por 4 horas. Após esse período as membranas permaneceram durante 15
minutos no dessecador, foram pesadas e a massa seca celular (g/L) foi calculada
de acordo com a seguinte fórmula:
MS= (Mcel – Membrana+ UM) x1000
volume centrifugado
Materiais e Métodos
53
MS= massa seca celular (g/L)
Mcel= massa da membrana com as células (g)
M= massa da membrana sem células (g)
UM= umidade da membrana (g)
4.9.3. Determinação de PHA
Cerca de 10 mg de células liofilizadas foram submetidas à propanólise em
tubo ao qual foram adicionados 1 mL de solução de HCl em propanol (1:4 v/v), 1
mL de 1,2 dicloroetano e 100 µL de uma solução de ácido benzóico (40g/L) em
propanol (Riis & Mai, 1988). Após vigorosa agitação, incubou-se a mistura em
banho a 100
o
C por 3 horas, agitando-se mais uma vez após os primeiros 30
minutos. Em seguida, resfriaram-se os tubos, adicionou-se água Milli-Q (4 mL),
agitou-se em agitador de tubos Vortex e, após repouso, separou-se a fase
orgânica inferior, contendo os propil-ésteres. A concentração de propil-ésteres foi
determinada por cromatografia gasosa. Cerca de 1 µL da fase orgânica obtida na
propanólise foi analisada após a injeção (1:100), detectando-se os propil-ésteres
por meio de ionizador de chama. As temperaturas do injetor e detector, foram
250
o
C e 300
o
C, respectivamente. Empregou-se um programa de temperatura da
coluna para separar os propil-ésteres, que consistiu em 100
o
C por 1 minuto,
aumetando até 180
o
C a uma razão de 8
o
C/min e 180
o
C por 15 minutos. O gás de
arraste empregado foi Hélio a uma vazão de 0,8 mL/min.
Materiais e Métodos
54
4.9.4. Determinação de HA
Amostras das culturas (10-15 mL) foram centrifugadas (3521 xg), e o
sobrenadante (5 mL) foi separado para determinação de HA. Estas amostras
foram liofilizadas e submetidas a propanólise , conforme descrito no item 4.4.3.
4.9.5. Dosagem da Ramnose
Um volume de 2,0 mL dos sobrenadantes das culturas ou diluições deste
em água destilada foram utilizados para a dosagem da concentração da ramnose.
Nos cultivos utilizando carboidratos como fonte de carbono, os ramnolipídios
foram previamente extraídos com éter-etílico 1.1 v/v três vezes. Após extração, o
éter-etílico foi evaporado e o material extraído suspenso no mesmo volume
utilizado para a extração. A determinação de ramnose foi realizada de acordo com
o método do fenol/ácido sulfúrico descrito por Dubois e colaboradores (1956).
Ramnose (Sigma) foi utilizada como padrão na construção de uma curva de
calibração (Fgura 15). Brevemente, foram adicionados em tubos de vidro 2,0 mL
das amostras a serem analisadas, diluições desta ou do padrão externo, 20 µL de
uma solução aquosa de fenol a 80% e 5,0 mL de ácido sulfúrico a 98%
(Merck).Todas as amostras ou padrões foram analisadas em triplicatas e todos os
cálculos foram baseados na média da triplicata. Os tubos permaneceram em
repouso durante 10 minutos, sendo em seguida agitados vigorosamente e
incubados entre 25
o
C e 30
o
C, durante 10 a 20 minutos. Após esse período, a
Materiais e Métodos
55
quantidade de ramnose foi determinada considerando-se a leitura de absorbância
a 480 nm e a correspondência com os valores da curva padrão de ramnose.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Ramnose (
µ
µµ
µ
g)
DO
480
Figura 14. Curva Padrão de Ramnose
4.9.6. Análise de Carboidratos
A concentração de glicose e frutose foi determinada por cromatografia de
fase líquida (HPLC), os carboidratos foram detectados através de índice de
refração (Gomez et al., 1996). Um volume de 10 µL de amostra, adequadamente
diluída para uma concentração entre 0 e 3 g/L e filtrada através de membrana de
poro 0,22 µm ( Millipore), foi injetada em cromatógrafo (Waters 510 HPLC)
equipado com coluna para determinação de açúcares (Shodex SH 1011). Os
carboidratos separados foram identificados através do índice de refração
diferencial (Waters 410 differential refractometer). A calibração do aparelho foi
realizada com soluções contendo aproximadamente: 0,1; 0,2; 0,4; 0,8; 1,0; 2,0;
Materiais e Métodos
56
2,5; e 3,0 g/L de cada um dos açúcares. As condições de operação do aparelho
foram as seguintes:
Temperatura do forno: 72ºC
Pressão: <500 psi
Fase móvel: água purificada em sistema MilliQ ( Waters- Millipore) contendo EDTA
de cálcio e disódio ( C
10
H
12
N
2
O
8
CaNa
2
) para uma concentração igual a 0,01 M.
Vazão da Fase Móvel: 0,6 mL/min.
Esta metodologia também foi utilizada para analisar ramnose produzida
extracelularmente pelo isolado IPT 648. Para tanto o sobrenadante de um cultivo
dessa linhagem em carboidratos foi analisado diretamente ou após hidrólise ácida.
Para a hidrólise, 100 µL de ácido sulfúrico concentrado (37%) foi adicionado a 2
mL de amostra e incubado a 65
o
C por 10 minutos. Após o resfriamento da
amostra, esta foi neutralizada com NaOH 4N e utilizada para injeção no
cromatógrafo líquido.
Materiais e Métodos
57
Resultados e Discussão
57
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Isolamento e caracterização de linhagens bacterianas
Neste trabalho, os princípios que nortearam a estratégia de isolamento
tinham como finalidade buscar uma área pouco estudada do ponto de vista da
diversidade microbiana e o outro foi aplicar cnicas que tentassem aumentar as
chances de recuperação dos microrganismos a partir da amostra de solo, ou seja,
que permitissem recuperar o maior número possível de microrganismos diferentes.
Assim, uma série de etapas envolvendo agitação e tratamento por ultrassom
foram realizadas, com o objetivo de separar microrganismos firmemente aderidos
às partículas de solo. Além disso, optou-se por estratégias de enriquecimento que
poderiam privilegiar grupos particulares de microganismos. Foi testado o
enriquecimento em meio mineral contendo óleo de soja, petróleo ou naftaleno
como única fonte de carbono. Além dos meios de cultura ricos em nutrientes
(Agar Nutriente e Agar Sabouraud), foi utilizado o meio de cultura descrito por
Aagot et al. (2001) com o objetivo de isolar microrganismos oligotróficos. Os
resultados do isolamento nestas diferentes condições estão apresentados na
Tabela 1. O maior número de isolados capazes de produzir tanto biossurfactantes
como PHA foram obtidos a partir do enriquecimento em óleo de soja. Sendo este
um substrato hidrofóbico era esperado que de alguma forma privilegiasse
bactérias produtoras de biossurfactantes, mas não pode se estabelecer uma
Resultados e Discussão
58
relação clara entre esse substrato e a produção de PHA.
Tabela 1. Linhagens microbianas isoladas do Parque Natural Municipal da Serra
do Itapety.
Técnica de
Isolamento
Total de
Isolados
Produtores de
Biossurfactantes
Produtores de
PHAmcl
Produtores de PHAmcl e
Biossurfactantes
Isolam.Direto
67 8 20 8
Óleo de Soja 89 24 27 14
Petróleo 84 7 8 3
Naftaleno 53 6 16 6
Total 293 45 71 31
Com o objetivo de caracterizar os microrganismos isolados, estes foram
cultivados nos meios de cultura PIA (Pseudomonas Isolation Agar) e Agar
Cetrimide, para a detecção presuntiva de Pseudomonas spp. e P. aeruginosa,
respectivamente. Uma importante parcela dos isolados correspondeu a bactérias
do gênero Pseudomonas. Uma vez que o objetivo principal neste trabalho está
associado em avaliar a inter-relação metabólica entre a produção de ramnolipídios
e PHA, são estas linhagens que despertam maior interesse para os estudos que
se seguem, uma vez que Pseudomonas são citadas na literatura como produtoras
destas duas substâncias (Soberón-Chavez et al., 2005).
Foram detectados 31 isolados com capacidade de produzir tanto
biossurfactantes como PHA. Com o objetivo de avaliar a diversidade desses
microrganismos, eles foram caracterizados quanto à produção das enzimas
catalase e oxidase, sua resposta à coloração de Gram e morfologia das colônias
em agar nutriente. Estes resultados, juntamente com aqueles de crescimento e
Resultados e Discussão
59
formação de pigmento fluorescente em agar Cetrimide foram utilizados para definir
um biocódigo para cada um dos isolados.
Tabela 2. Caracterização de linhagens bacterianas produtoras de PHA e
biossurfactantes.
Testes
Bioquímicos
No
IPT
Biocódigo
Catalase
Oxidase
Coloração
de Gram
Morfologia
AN Cetrimide
PIA PPSW PHA
705 123 + - - GIII ++ -- + ++ ++
704 333 + + - GIII ++ F+ ++ ++ ++
714 133 + - - GI ++ F+ ++ ++ ++
711 133 + - - GVI ++ F+ ++ ++ ++
712 133 + - - GVI ++ F+ ++ ++ ++
713 133 + - - GVI ++ F+ ++ ++ ++
709 133 + - - GVI ++ F+ ++ ++ ++
666 133 + - - GVI ++ F+ ++ ++ ++
707 133 + - - GI ++ F+ ++ ++ ++
710 133 + - - GVI ++ F+ ++ ++ ++
716 303 + + - GI ++ -- -- ++ ++
715 303 + + - GV ++ -- -- ++ ++
708 303 + + - GV ++ -- -- ++ ++
702 313 + + - GII ++ F+ -- ++ ++
733 333 + + - GII ++ F+ + ++ ++
703 313 + + - GV ++ F+ -- ++ ++
648 323 + + - GIII ++ -- ++ ++ ++
647 323 + + - GIII ++ -- ++ ++ ++
717 323 + + - GI ++ -- ++ ++ ++
706 333 + + - GIII ++ ++ ++ ++ ++
635 333 + + - GI ++ F+ ++ ++ ++
638 333 + + - GI ++ F+ ++ ++ ++
642 333 + + - GII ++ F+ ++ ++ ++
650 333 + + - GII ++ F+ ++ ++ ++
633 333 + + - GV ++ F+ ++ ++ ++
636 333 + + - GVI ++ F+ ++ ++ ++
649 333 + + - GVI ++ F+ ++ ++ ++
634 333 + + - GIII ++ F+ ++ ++ ++
662 333 + + - GIII ++ F+ ++ + +
734 133 + - - GI ++ F+ ++ ++ +
735 133 + - - GIII ++ F+ ++ ++ +
+ positivo para a atividade testada ou crescimento intermediário F – fluorescência.
- negativo para a atividade testada ou sem crescimento AN – Agar Nutriente
++ - atividade ou crescimento intenso. PIA – Pseudomonas Isolation Agar
GI a GVI – grupos morfológicos de colônias observadas visualmente. PHA - Polihidroxialcanoatos
Cetrimide – Meio de cultura diferencial para Pseudomonas aeruginosa
Resultados e Discussão
60
Considerando os biocódigos, bem como morfologia de colônias identifica-se
a existência de pelo menos 13 grupos diferentes de microrganismos entre os
isolados. Três microrganismos pertencendo a esses 13 grupos e diferenciados dos
outros pertencentes ao mesmo grupo pela morfologia de colônia foram obtidos
exclusivamente utilizando o meio de cultura Agar Oligotrófico (Aagot et al., 2001),
indicando que este meio de cultivo permitiu o isolamento de microrganismos não
isolados com meios de cultura ricos em nutrientes.
5.2. Avaliação da produção de biossurfactantes e PHA.
As 31 linhagens bacterianas selecionadas como produtoras de PHA e
biossurfactantes de acordo com o item .5.1 foram avaliadas quanto à produção
desses bioprodutos em meio mineral líquido. Os cultivos foram realizados
utilizando carboidratos (glicose e frutose) ou óleo de soja como única fonte de
carbono. Os resultados obtidos estão apresentados a seguir.
5.3. Produção de PHA
Os resultados relacionados à produção de PHA pelos diferentes isolados
estão apresentados na Tabela 3. Apenas a linhagem IPT 648 não foi capaz de
produzir PHA. Essa linhagem no cultivo com óleo de soja não apresentou qualquer
crescimento e, embora tenha apresentado crescimento no meio de cultura
Resultados e Discussão
61
contendo glicose e frutose, não foi detectada a presença de PHA nas células. Para
as linhagens IPT 650, IPT 705, IPT 706 e IPT 734 não foi detectada a presença de
PHA no cultivo em óleo de soja com única fonte de carbono. Para as linhagens
IPT 716 e IPT 735, não foi detectada a presença de PHA no cultivo em
carboidratos.
A linhagens IPT 642, IPT 705 e IPT 707 produziram PHA em quantidades
muito pequenas (<5% da MSC). As demais linhagens produziram mais que 5% em
pelo menos um dos cultivos, atingindo em alguns casos valores da ordem de 20-
30% da massa seca celular. Esses valores são semelhantes àqueles obtidos por
Silva-Queiroz (2003), com linhagens de Pseudomonas aeruginosa isoladas de
solo de canavial e avaliadas quanto à produção de PHA
MCL
utilizando cinco tipos
de óleos vegetais. Entretanto, os valores obtidos são bastante inferiores aos
teores obtidos com linhagens de Pseudomonas putida, que atingiram teores da
ordem de até 50% da massa seca celular (Silva-Queiroz, 2003).
Nenhum dos isolados avaliados neste trabalho atingiu teores de PHA
MCL
superiores a 30% da massa seca celular utilizando glicose e frutose como única
fonte de carbono, enquanto que Gomez (2000) avaliando linhagens de
Pseudomonas atingiu valores superiores a 60% da massa seca celular para a
linhagem de P. putida IPT 046. Considerando que P. putida IPT 046 é incapaz de
produzir biossurfactantes (Gomez, 2000), uma hipótese seria admitir que o
acúmulo em quantidades reduzidas de PHA
MCL
pode estar associado à geração de
outro(s) produto(s) nas linhagens isoladas neste trabalho.
Resultados e Discussão
62
Tabela 3. Produção de PHA por linhagens bacterianas isoladas e controle (P.
aeruginosa IPT 719).
Linhagem
Bacteriana
Fonte
Carbono
MSC
(g/L)
pH
Glicose
(g/L)
Frutose
(g/L)
3HHx
(mol%)
3HO
(mol%)
3HD
(mol%)
3HDD
(mol%)
PHA
(%MSC)
IPT 719 G+F 1,32 4,9 0,00 2,86 0,0 7,5 76,4 16,1 10,08
Óleo Soja 2,20 6,2 - - 4,3 30,3 54,9 10,5 25,43
IPT 633 G+F 4,09 6,5 0,00 2,02 3,2 12,1 51,8 32,9 11,48
Óleo Soja 2,45 6,4 - - 10,4 42,7 34,7 12,2 6,67
IPT 634 G+F 1,31 6,2 0,00 3,99 1,4 16,7 68,9 13,0 13,00
Óleo Soja 1,18 6,2 - - 0,0 20,1 71,8 8,1 23,09
IPT 635 G+F 2,14 4,7 0,40 1,32 3,3 24,1 59,8 12,8 12,06
Óleo Soja 1,68 6,4 - - 3,2 36,2 47,0 13,6 17,89
IPT 636 G+F 1,68 6,1 1,70 0,00 0,0 9,4 66,2 24,4 8,92
Óleo Soja 0,85 6,5 - - 5,8 64,4 24,1 5,7 1,69
IPT 638 G+F 1,87 6,5 0,00 0,74 0,0 11,1 67,0 21,9 13,41
Óleo Soja 1,03 6,5 - - 0,0 43,9 44,6 11,5 7,73
IPT 642 G+F 0,52 6,8 3,37 0,00 0,0 37,4 62,6 0,0 0,18
Óleo Soja NC NC
- - NC NC NC NC NC
IPT 647 G+F 2,07 5,0 0,00 1,54 1,6 11,6 62,7 24,1 16,71
Óleo Soja 4,16 6,2 - - 4,4 38,9 42,8 13,9 24,18
IPT 648 G+F 1,30 3,2 3,04 0,00 - - - - 0,0
Óleo Soja NC NC
- - NC NC NC NC NC
IPT 649 G+F 2,23 4,8 1,06 0,37 0,0 16,4 83,6 0,0 2,32
Óleo Soja 4,42 6,3 - - 4,1 38,7 42,7 14,5 26,22
IPT 650 G+F 0,85 6,8 1,82 1,73 9,2 37,9 30,0 22,9 7,10
Óleo Soja 0,25 6,4 - - - - - - 0,00
IPT 662 G+F 1,39 5,8 1,32 0,00 1,2 12,7 67,0 19,1 13,11
Óleo Soja 2,30 6,5 - - 0,0 45,4 43,7 10,9 7,36
IPT 666 G+F 0,54 4,6 0,52 0,0 0,0 17,1 51,2 31,7 2,67
Óleo Soja 3,13 6,5 - - 8,0 43,1 36,4 12,5 6,89
IPT 702 G+F 1,51 6,6 0,00 3,76 0,0 TR 60,3 39,7 9,77
Óleo Soja 2,38 5,5 - - 9,8 44,7 33,9 11,6 22,61
IPT 703 G+F 1,38 6,8 0,00 2,90 0,0 0,0 51,6 48,4 6,68
Óleo Soja 3,09 5,3 - - 0,0 0,0 39,0 61,0 1,49
IPT 704 G+F 1,60 6,0 0,00 2,77 1,7 12,9 70,1 15,3 14,42
Óleo Soja 2,03 6,4 - - 3,3 32,5 45,5 18,7 21,73
MSC – Massa Seca Celular 3HHx – 3-hidroxihexanoato 3HO – 3-hidroxioctanoato 3HD – 3-hidroxidecanoato
3HDD – 3-hidroxidodecanoato %MSC – percentual da massa seca celular PHA - polihidroxialcanoato.
NC – não cresceu
Resultados e Discussão
63
Tabela 3. Produção de PHA por linhagens bacterianas isoladas e controle (P.
aeruginosa IPT 719).
Linhagem
Bacteriana
Substrato
MSC
(g/L)
pH
Glicose
(g/L)
Frutose
(g/L)
3HHx
(mol%)
3HO
(mol%)
3HD
(mol%)
3HDD
(mol%)
PHAs
(%MSC)
IPT 705 G+F 0,99 6,0 0,00 4,61 0 11,4 11,7 76,9 2,21
Óleo Soja 0,82 7,1 - - - - - - 0,00
IPT 706 G+F 1,10 5,7
0,00 3,74 1,2 12,9 68,4 17,5 7,82
Óleo Soja 0,61 7,1
- - - - - - 0,00
IPT 707 G+F 2,35 6,6
0,34 4,23 0,0 0,0 0,0 100 1,35
Óleo Soja NC NC
- - NC NC NC NC NC
IPT 708 G+F 1,69 6,5
0,00 1,79 3,2 13,7 45,8 37,3 11,83
Óleo Soja 1,95 6,0
- - 0,0 54,9 36,0 9,1 11,93
IPT 709 G+F 1,13 5,2
0,10 1,38 0,0 10,1 72,4 17,5 10,65
Óleo Soja 0,76 6,4
- - 0 34,5 47,3 18,2 3,26
IPT 710 G+F 0,81 6,5
0,00 1,16 0,0 12,7 66,1 21,2 23,81
Óleo Soja 3,59 6,5
- - 4,1 39,6 42,1 14,2 12,67
IPT 711 G+F 1,42 5,7
0,00 1,65 0,0 12,8 67,0 20,2 19,46
Óleo Soja 3,33 6,4
- - 4,2 39,3 41,5 15,0 18,92
IPT 712 G+F 1,29 4,8
1,11 0,84 2,4 8,8 62,8 26,0 5,57
Óleo Soja 5,36 6,4
- - 4,7 43,2 39,9 12,2 11,62
IPT 713 G+F 1,28 6,5
0,00 1,48 0 tr 76,6 23,4 28,66
Óleo Soja 1,57 6,4
- - 0,0 38,4 38,0 23,6 4,00
IPT 714 G+F 1,93 5,6
0,32 0,00 0,0 13,3 70,9 15,8 10,39
Óleo Soja 6,04 6,2
- - 0,0 42,8 44,6 12,6 8,86
IPT 715 G+F 1,64 6,5
0,00 1,97 0,0 20,1 37,3 42,6 2,46
Óleo Soja 1,72 6,4
- - 10,1 33,6 33,5 22,8 5,25
IPT 716 G+F 1,63 6,3
0,15 0,17 - - - - 0,0
Óleo Soja 3,29 6,6
- - 0 47,7 40,4 11,9 16,76
IPT 717 G+F 1,48 4,9
2,49 0,00 5,4 0 49,6 45,0 3,94
Óleo Soja 2,14 6,4
- - 9,2 47,5 32,0 11,3 17,82
IPT 733 G+F 1,42 6,2
0,13 2,24 0,0 16,1 83,9 0,0 6,16
Óleo Soja 0,94 6,8
- - 0,0 8,5 52,8 38,7 4,4
IPT 734 G+F 1,40 6,5
0,00 2,09 11,3 27,8 38,1 22,8 5,43
Óleo Soja 0,44 7,1
- - - - - - 0,00
IPT 735 G+F 1,25 6,5
0,19 0,21 - - - - 0,00
Óleo Soja 2,12 6,4
- - 1,3 10,5 64,0 24,2 12,06
MSC – Massa Seca Celular 3HHx – 3-hidroxihexanoato 3HO – 3-hidroxioctanoato 3HD – 3-hidroxidecanoato
3HDD – 3-hidroxidodecanoato %MSC – percentual da massa seca celular PHA - polihidroxialcanoato.
NC – não cresceu
Resultados e Discussão
64
A composição do PHA tipicamente mostrou uma diferença dependendo da
fonte de carbono fornecida (Figura 15). Observa-se uma tendência geral dos
isolados em incorporar preferencialmente os monômeros 3HD e 3HDd a partir de
carboidratos em comparação ao óleo de soja. Por outro lado, os monômeros 3HHx
e 3HO parecem ser geralmente incorporados preferencialmente a partir do óleo de
soja em comparação a carboidratos. Diferenças dessa natureza na composição de
PHA também foram observadas por Silva-Queiroz (2003).
PHA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Glicose e Frutose (mol%)
Óleo de Soja (mol%)
3HO 3HHx 3HD 3HDd
Figura 15. Variação na composição de PHA produzidos a partir de carboidratos ou
óleo de soja.
Um aumento na fração de 3HO e redução na fração 3HD são em geral
observadas quando óleo de soja é utilizado como fonte de carbono em
comparação com carboidratos (Silva-Queiroz, 2003). Este fenômeno
Resultados e Discussão
65
provavelmente é reflexo da especificidade de enzimas que transferem
intermediários das vias de metabolismo de ácidos graxos para a síntese de PHA.
Ou seja, as enzimas que transferem intermediários da biossíntese de ácidos
graxos para a biossíntese de PHA devem apresentar uma especificidade maior
para monômeros com cadeia de carbonos mais longa (C10 e C12) do que o
sistema responsável pela transferência de intermediários da β-oxidação para a
biossíntese de PHA. O inverso deve ocorrer com relação a monômeros de cadeia
de carbonos mais curta (C6 e C8). Rehm et al. (2001) observaram um aumento
expressivo na fração de monômeros 3HD no PHA sintetizado por mutantes de P.
aeruginosa afetados no gene rhlG quando cultivados em meio contendo gliconato,
o que sugere que o produto do gene rhlG também contribui com o fornecimento de
monômeros para a biossíntese de PHA, embora, esse gene tenha sido identificado
como associado a biossíntese de ramnolipídios (Campos-Garcia et al., 1998).
5.4. Produção de ramnolipídios
A produção de ramnolipídios foi analisada tanto pela detecção da presença
de ramnose como de 3HA no sobrenadante da cultura (Tabela 4).
Resultados e Discussão
66
Tabela 4. Produção de Ramnolipídios por linhagens bacterianas isoladas e
controle (P. aeruginosa IPT 719).
Ramnolipídio
Composição do 3HA (mol%)
Concentração (mg/L)
Composição (mol/L)
Linhagem
Bacteriana
Fonte
Carbono
3HHx
3HO
3HD
3HDD
3HA
Ramnose
Total 3HA Ramnose
3HA/Ram
(mol/mol)
IPT 719 G+F 3,3 10,5 72,0
14,2 75,9 43,7 119,6 0,45 0,27 1,69
Óleo Soja
3,2 16,3 73,6
6,9 621,1 97,5 718,6 3,75 0,59 6,31
IPT 633 G+F - - - - 0,0 11,6 11,6 0,00 0,07 0,00
Óleo Soja
- - - - 0,0 68,8 68,8 0,00 0,42 0,00
IPT 634 G+F 1,8 9,8 80,6
7,8 441,1 492,9 934,0 2,62 3,01 0,87
Óleo Soja
2,6 17,6 69,4
10,4 1087,6
141,3 1228,9
6,53 0,86 7,58
IPT 635 G+F 0,0 42,8 45,7
11,5 11,4 24,2 35,6 0,05 0,15 0,03
Óleo Soja
- - - - 0,0 101,4 101,4 0,00 0,62 0,00
IPT 636 G+F - - - - 0,0 2,2 2,2 0,00 0,01 0,00
Óleo Soja
8,6 36,2 44,4
10,8 54,0 44,2 98,2 0,34 0,27 1,26
IPT 638 G+F - - - - 0,0 16,7 16,7 0,00 0,10 0,00
Óleo Soja
- - - - 0,0 76,5 76,5 0,00 0,47 0,00
IPT 642 G+F 0,0 54,6 45,4
0,0 16,8 179,0 195,8 0,08 1,09 0,07
Óleo Soja
NC NC NC NC NC NC NC NC NC NC
IPT 647 G+F 0,0 7,1 76,9
16,0 14,5 4,8 19,3 0,08 0,03 2,67
Óleo Soja
3,8 35,4 46,7
14,2 184,8 63,3 248,1 0,80 0,39 2,07
IPT 648 G+F - - - - 0,0 401,0 401,0 0,00 2,45 0,00
Óleo Soja
NC NC NC NC NC NC NC NC NC NC
IPT 649 G+F 0,0 18,9 81,1
0,0 27,9 0,0 27,9 0,17 0,00 -
Óleo Soja
7,1 43,2 40,6
9,1 156,9 56,6 213,5 0,72 0,35 2,09
IPT 650 G+F 6,6 14,0 79,4 0,0 13,9 0,0 13,9 0,09 0,00 -
Óleo Soja
0,0 18,2 81,8
0,0 58,4 0,0 58,4 0,35 0,00 -
IPT 662 G+F - - - - 0,0 1,8 1,8 0,00 0,01 0,00
Óleo Soja
- - - - 0,0 41,7 41,7 0,00 0,25 0,00
IPT 666 G+F - - - - 0,0 20,5 20,5 0,00 0,13 0,00
Óleo Soja
- - - - 0,0 71,5 71,5 0,00 0,44 0,00
IPT 702 G+F 0,0 0,0 100 0,0 6,8 0,0 6,8 0,04 0,00 -
Óleo Soja
0,0 58,3 34,6
7,1 193,0 113,4 306,4 1,24 0,69 1,79
IPT 703 G+F 0,0 41,1 46,3
12,6 69,1 0,0 69,1 0,43 0,00 -
Óleo Soja
- - - - 0,0 26,3 26,3 0,0 0,16 0,00
IPT 704 G+F 0,0 13,0 84,2
2,8 46,9 66,0 112,9 0,28 0,40 0,70
Óleo Soja
0,0 11,7 77,4
10,9 75,3 17,9 93,2 0,44 0,11 4,03
3HHx – 3-hidroxihexanoato 3HO – 3-hidroxioctanoato 3HD – 3-hidroxidecanoato 3HDD – 3-hidroxidodecanoato
3HA – 3-hidroxialcanoatos detectados no sobrenadante 3HA/Ram – relação 3-hidroxialcanoatos e ramnose detectados
no sobrenadante NC – não cresceu
Resultados e Discussão
67
Tabela 4. Produção de Ramnolipídios por linhagens bacterianas isoladas e
controle (P. aeruginosa IPT 719).
Ramnolipídio
Composição do 3HA (mol%)
Concentração (mg/L)
Composição (mol/L)
Linhagem
Bacteriana
Fonte
Carbono
3HHx
3HO
3HD
3HDD
3HA
Ramnose
Total 3HA Ramnose
3HA/Ram
(mol/mol)
IPT 705 G+F
- - - -
0,0 22,8 22,8 0,00 0,14 0,00
Óleo Soja
- - - -
0,0 6,9 6,9 0,00 0,04 0,00
IPT 706 G+F
- - - -
0,0 330,8 330,8 0,00 2,02 0,00
Óleo Soja
- - - -
0,0 57,1 57,1 0,00 0,35 0,00
IPT 707 G+F 0,0 23,0 39,2
37,8 44,4 0,0 44,4 0,19 0,00 -
Óleo Soja
NC NC NC NC NC NC NC NC NC NC
IPT 708 G+F 0,0 0,0 100 0,0 11,3 0,0 11,3 0,07 0,00 -
Óleo Soja
- - - - 0,0 61,5 61,5 0,00 0,37 0,00
IPT 709 G+F 0,0 0,0 100 0,0 10,7 0,0 10,7 0,06 0,00 -
Óleo Soja
- - - - 0,0 30,8 30,8 0,00 0,19 0,00
IPT 710 G+F 0,0 0,0 0,0 100 35,1 0,0 35,1 0,18 0,00 -
Óleo Soja
5,8 36,8 57,4
0,0 36,6 49,6 86,2 0,23 0,30 0,77
IPT 711 G+F 0,0 0,0 100 0,0 17,0 0,0 17,0 0,10 0,00 -
Óleo Soja
0,0 42,6 57,4
0,0 50,4 58,6 109,0 0,32 0,36 0,89
IPT 712 G+F - - - - 0,0 34,7 34,7 0,00 0,21 0,00
Óleo Soja
- - - - 0,0 90,3 90,3 0,00 0,55 0,00
IPT 713 G+F 0,0 11,2 62,2
26,6 35,3 9,9 45,2 0,20 0,06 3,36
Óleo Soja
0,0 100 0,0 0,0 2,3 29,5 31,8 0,02 0,18 0,11
IPT 714 G+F - - - - 0,0 39,6 39,6 0,00 0,24 0,00
Óleo Soja
0,0 8,9 83,6
7,5 93,2 64,7 157,9 0,55 0,39 1,39
IPT 715 G+F 0,0 0,0 100 0,0 6,1 327,2 333,3 0,04 2,00 0,02
Óleo Soja
0,0 45,2 54,8
0,0 13,6 112,5 126,1 0,09 0,69 0,13
IPT 716 G+F - - - - 0,0 17,3 17,3 0,00 0,11 0,00
Óleo Soja
0,0 63,8 36,2
0,0 35,3 91,4 126,7 0,23 0,56 0,42
IPT 717 G+F 0,0 55,1 12,8
32,1 59,7 239,8 299,5 0,34 1,46 0,23
Óleo Soja
10,7 48,7 31,3
9,3 370,0 62,2 432,2 1,88 0,38 4,96
IPT 733 G+F - - - - 0,0 54,2 54,2 0,00 0,33 0,00
Óleo Soja
- - - - 0,0 9,4 9,4 0,00 0,06 0,00
IPT 734 G+F 12,4 31,1 35,7
20,8 41,3 7,5 48,8 0,26 0,05 5,69
Óleo Soja
- - - - 0,0 8,1 8,1 0,00 0,05 0,00
IPT 735 G+F - - - - 0,0 0,0 0,0 0,00 0,00 -
Óleo Soja
- - - - 0,0 95,4 95,4 0,00 0,58 0,00
3HHx – 3-hidroxihexanoato 3HO – 3-hidroxioctanoato 3HD – 3-hidroxidecanoato 3HDD – 3-hidroxidodecanoato
3HA – 3-hidroxialcanoatos detectados no sobrenadante 3HA/Ram – relação 3-hidroxialcanoatos e ramnose detectados
no sobrenadante NC – não cresceu
Resultados e Discussão
68
A análise do sobrenadante para a presença de 3-hidroxialcanoatos,
demonstrou que seis linhagens bacterianas (IPT 719, IPT 634, IPT 647, IPT 649,
IPT 702 e IPT 717) apresentaram quantidades de 3HA superiores a 150 mg/L.
Uma destas linhagens como mencionada era aquela considerada como
referência no experimento e não se trata de um isolado novo (IPT 719). Foram
detectadas quantidades elevadas de 3HA para a linhagem IPT 634 tanto a partir
de carboidratos como a partir de óleo de soja. Já para as demais linhagens
quantidades elevadas de 3HA foram observadas apenas no cultivo em óleo de
soja.
Soberón-Chavez e colaboradores (2005) afirmam que a composição de 3-
hidroxiácidos presentes nos ramnolipídios produzidos por bactérias não variam em
função da fonte de carbono fornecida e sugerem que esse comportamento resulta
do fato que apenas a biossíntese de ácidos graxos forneceria intermediários. Ou
seja, mesmo quando ácidos graxos são supridos, estes são inicialmente
convertidos a acetil-CoA e posteriormente transformados nos intermediários
necessários à síntese do ramnolipídios pela via de biossíntese de ácidos graxos.
Os resultados apresentados neste trabalho demonstram variações
significativas na composição de 3HA presentes em ramnolipídios quando óleo de
soja ou carboidratos são supridos (Figura 16). Embora a relação não seja tão clara
como aquela observada para a composição de PHA, no caso de ramnolipídios,
também se observa uma tendência geral dos isolados em incorporar
preferencialmente os monômeros 3HD e 3HDd a partir de carboidratos em
Resultados e Discussão
69
comparação ao óleo de soja. Por outro lado, os monômeros 3HHx e 3HO parecem
ser geralmente incorporados preferencialmente a partir do óleo de soja em
comparação a carboidratos.
Ramnolipídio
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Glicose e Frutose (mol%)
Óleo de Soja (mol%)
3HHx 3HO 3HD 3HDd
Figura 16. Variação na composição de 3HA presentes em ramnolipídios
produzidos a partir de carboidratos ou óleo de soja.
A análise do sobrenadante para a presença de ramnose revelou seis
linhagens com produção de ramnose superior a 150 mg/L (IPT 634, IPT 642, IPT
648, IPT 706, IPT 715 e IPT 717). Valores de ramnose superiores a 150 mg/L
foram atingidos apenas nos cultivos a partir de carboidratos.
A linhagem IPT 648 apresentou um comportamento interessante. Essa
linhagem não foi capaz de crescer em óleo de soja e não acumulou PHA a partir
de carboidratos. A análise do sobrenadante dessa linhagem revelou a presença de
quantidade expressiva de ramnose a partir de carboidratos, entretanto 3HA não foi
Resultados e Discussão
70
detectado. Estes resultados sugerem que esta linhagem produz apenas ramnose
e que foi detectado como um biossurfactante levemente aniônico em meio de
cultura PPSW.
Ramnolipídios de diferentes composições têm sido descritos na literatura. O
monorramnolipídio e o dirramnolipídio, constituídos por duas moléculas de
hidroxiácidos ligadas a uma ou duas ramnoses, respectivamente, são
considerados os principais ramnolipídios produzidos por P. aeruginosa (Ochsner &
Raiser, 1995). Utilizando naftaleno como fonte de carbono, Deziel et al. (1999)
detectaram a presença de quantidades expressivas de ramnolipídios contendo
apenas um 3HA, embora ainda permaneça obscuro se estes são resultado do
processo de biossíntese ou de um processo de degradação. Deziel et al. (2003)
descreveram a síntese de um precursor anabólico dos ramnolipídios consistindo
de duas moléculas de 3HA ligadas (3HAA) e que apresentam propriedades
tensoativas.
Será realmente uma surpreendente novidade caso se possa confirmar a
produção de duas ou mais ramnoses ligadas entre si pela linhagem IPT 648 e que
essas moléculas apresentam propriedades tensoativas. Bonilla et al.,(2005)
observaram um exopolissacarídio produzido pela linhagem Pseudomonas putida
ML2 que apresentava propriedades emulsificantes e que deve ser constituído de
unidades repetitivas de um hexassacarídeo com resíduos de N-acetil e O-piruvil.
Pode existir ainda um interesse comercial nessa descoberta pois o
processo de produção de ramnose é baseado na síntese prévia de ramnolipídios
Resultados e Discussão
71
seguida da recuperação da ramnose presente neste (Giani et al., 1997;
Füchtenbusch et al., 2000) e esta linhagem despertaria interesse como uma
produtora de ramnose que não necessitaria ser separada dos 3HA.
Com o objetivo de avaliar a reprodutibilidade do procedimento experimental
foram realizados experimentos em triplicata com a linhagem IPT 634, utilizando
óleo de soja ou uma mistura de glicose e frutose como fonte de carbono. A Tabela
5 apresenta os resultados relativos a produção de PHA e a Tabela 6 apresenta os
resultados relativos à produção de ramnolipídios.
Tabela 5. Produção de Polihidroxialcanoatos pela linhagem IPT 634.
Fonte Carbono MSC
(g/L)
pH
Glicose
(g/L)
Frutose
(g/L)
3HHx
(mol%)
3HO
(mol%)
3HD
(mol%)
3HDD
(mol%)
PHA
(%MSC)
Glicose 2,29 6,38 0,00 6,44 0,0 26,4 65,4 8,2 16,01
+ 1,62 6,25 0,00 1,16 ND ND ND ND ND
Frutose ND 6,27 0,00 0,71 0,0 15,9 74,0 10,1 13,73
Média 2,0 6,3 0,0 2,8 0,0 21,2 69,7 9,2 14,9
Desvio Padrão
0,5 0,1 0,0 3,2 0,0 7,4 6,1 1,3 1,6
5,60 5,10 - - 0,0 30,7 60,3 9,0 8,24
Óleo de 4,78 5,30 - - 0,0 23,0 68,5 8,5 13,59
soja 7,35 5,10 - - 0,0 27,3 63,9 8,8 7,62
Média 5,9 5,2 - - 0,0 27,0 64,2 8,8 9,8
Desvio Padrão
1,3 0,1 - - 0,0 3,9 4,1 0,3 3,3
MSC – Massa Seca Celular 3HHx – 3-hidroxihexanoato 3HO – 3-hidroxioctanoato 3HD – 3-hidroxidecanoato
3HDD – 3-hidroxidodecanoato %MSC – percentual da massa seca celular PHA - polihidroxialcanoato.
ND – não determinado
A análise de PHA resultou em desvios padrões em geral correspondendo a
valores entre 10 e 15%, embora em alguns casos tenha se observado desvios da
ordem de 30%. Deve se levar em conta, entretanto, que a análise de PHA
MCL
é
resultante da análise individual de cada um dos monômeros que estão presentes
em quantidade bastante diferentes no PHA. Para a análise de 3HD, que está
presente em quantidades maiores no polímero os erros experimentais são
Resultados e Discussão
72
inferiores a 10%. Por outro lado, valores maiores foram verificados para
monômeros presentes em menor quantidade, como por exemplo o 3HO que
apresentou erros experimentais que atingiram até cerca de 30%. Resultados
semelhantes podem ser observados na análise de 3HA detectados no
sobrenadante. A análise de ramnose demonstra ser o procedimento que
apresenta maiores desvios. Este procedimento experimental é realizado em
triplicata, mas mesmo assim, para algumas amostras padrão se observam erros
significativos (maior que 20%). Dessa forma, entende-se que para obtenção de
dados mais precisos seria necessário utilizar metodologia com maior precisão
para a determinação de ramnose.
Tabela 6. Produção de Ramnolipídios pela linhagem IPT 634.
Ramnolipídio
Composição do 3HA (mol%) Concentração (mg/L) Composição (mol/L)
Fonte Carbono
3HHx
3HO 3HD
3HDD
3HA Ramnose
Total 3HA Ramnose
3HA/Ram(
mol/mol)
Glicose
0,0 5,8 86,9
7,3 620,3 405,8 1026,1 3,64 2,47 1,5
+
0,0 6,2 86,9
6,9 553,7 24,4 578,1 3,25 0,15 21,8
Frutose
0,0 7,1 92,9
0,0 568,9 366,7 935,6 3,39 2,24 1,5
Média
0,0 6,4 88,9
4,7 581,0 265,6 846,6 3,4 1,6 8,3
Desvio Padrão
0,0 0,7 3,5 4,1 34,9 209,8 236,9 0,2 1,3 11,7
0,0 24,1
75,9
0,0 32,1 37,7 69,8 0,20 0,23 0,9
Óleo de
0,0 16,9
83,1
0,0 33,5 24,9 58,4 0,20 0,15 1,3
Soja
ND ND ND
ND ND 31,7 ND ND 0,19 ND
Média
0,0 20,5
79,5
0,0 32,8 31,4 64,1 0,2 0,2 1,1
Desvio Padrão
0,0 5,1 5,1 0,0 1,0 6,4 8,1 0,0 0,0 0,3
3HHx – 3-hidroxihexanoato 3HO – 3-hidroxioctanoato 3HD – 3-hidroxidecanoato 3HDD – 3-hidroxidodecanoato
3HA – 3-hidroxialcanoatos detectados no sobrenadante 3HA/Ram – relação 3-hidroxialcanoatos e ramnose detectados
no sobrenadante NC – não cresceu
Resultados e Discussão
73
5.5. Inter-relação na síntese de PHA e ramnolipídios
Com o objetivo de avaliar a inter-relação metabólica entre a síntese de PHA
e de ramnolipídios, os dados de teor de PHA acumulado intracelularmente foram
plotados contra a concentração de 3HA (Figura 17) ou ramnose (Figura 18)
detectadas no sobrenadante. Nenhuma relação direta, seja positiva ou negativa,
entre o teor de PHA acumulado e a concentração de 3HA ou ramnose no
sobrenadante pode ser estabelecida. Entretanto, duas observações devem ser
destacadas. Quando o teor de PHA acumulado foi lançado contra a concentração
de 3HA no sobrenadante, as linhagens que apresentaram as maiores
concentrações de 3HA (>150 mg/L) apresentavam sempre teores de PHA
superiores a 10% da massa seca celular. Comparando-se o teor de PHA
acumulado e a concentração de ramnose detectada no sobrenadante, as
linhagens que apresentaram as maiores concentrações de ramnose (>150 mg/L)
apresentavam teores de PHA sempre inferiores a 15% da massa seca celular.
Estes resultados sugerem que bactérias capazes de sintetizar 3HA eficientemente
podem incorporá-los tanto em PHA como em ramnolipídios. Por outro lado,
somente bactérias com capacidade reduzida de produção de PHA podem
direcionar eficientemente parte da fonte de carbono para a produção de ramnose.
Resultados e Discussão
74
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20 25 30
PHA (%MSC)
HA (mg/L)
Glicose e Frutose Óleo de Soja
Figura 17.. Relação entre o teor de PHA
MCL
acumulado e a quantidade de 3HA
detectado no sobrenadante.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30
PHA (%MSC)
Ramnose (mg/L)
Glicose e Frutose Óleo de Soja
Figura 18. Relação entre o teor de PHA
MCL
acumulado e a quantidade de ramnose
detectada no sobrenadante.
Uma vez que esta família de compostos tensoativos podem apresentar
Resultados e Discussão
75
composição muito diversa (duas ramnoses e dois 3HA, uma ramnose e dois 3HA,
duas ramnoses e um 3HA, uma ramnose e um 3HA, ou apenas dois 3HA), neste
trabalho foi analisado tanto o 3HA como a ramnose presente no sobrenadante
como forma de avaliar o tipo de composto produzido (Figura 19). Dentre as
linhagens bacterianas que apresentaram maior concentração de ramnose ou 3HA
no sobrenadante, apenas a linhagem IPT 634 quando cultivada em carboidratos
apresentou uma proporção entre esses componentes indicando a produção de
dirramnolipídio. Para as demais linhagens, quando cultivadas em óleo de soja,
observou-se uma quantidade de 3HA que excede em muito aquela de ramnose
tanto para a produção de monorramnolipídio como de dirramnolipídio. Por outro
lado, quando cultivadas em carboidratos, as melhores linhagens indicaram uma
quantidade de ramnose que excede àquela necessária para a produção de mono
ou dirramnolipídios. Estes resultados sugerem que o óleo de soja é um bom
precursor para a ntese do 3HA, mas não da ramnose e que carboidratos o
bons precursores para a síntese de ramnose, mas não de 3HA.
As propriedades de atividade de tensão superficial de ramnolipídios podem
ser influenciadas pela relação entre dirramnolipídios e monorramnolipídios
presentes, bem como pela presença de 3-hidroxiácidos contendo insaturações,
entre outros fatores ( Nitschke et al., 2005). Assim, no futuro, uma das estratégias
para modular a composição de tensoativos da família dos ramnolipídios
produzidos, bem como suas propriedades, seria a utilização de diferentes fontes
de carbono ou misturas de fontes de carbono.
Resultados e Discussão
76
0
100
200
300
400
500
600
0 200 400 600 800 1000 1200
HA (mg/L)
Ramnose (mg/L)
Glicose e Frutose Óleo de Soja
Figura 19. Relação entre a quantidade de 3HA e ramnose nosobrenadante
doscultivos. A linha contínua indica valores esperados para
monorramnolipídio e a linha pontilhada para dirramnolipídios.
5.6. Produção de L-ramnosil-L-ramnose?
Com o objetivo de confirmar a produção de um L-ramnosil-L-ramnose pelo
isolado IPT 648, foi realizado um novo cultivo em MM contendo glicose e frutose
como fonte de carbono. As células foram retiradas por centrifugação e o
sobrenadante foi analisado diretamente por cromatografia líquida quanto à
presença de carboidratos ou foi previamente tratado por metodologia que envolve
a acidificação da amostra e hidrólise de carboidratos a 60-70
o
C. Após o
tratamento, a amostra foi neutralizada com NaOH e também analisada por
cromatografia líquida. As Figuras 20 e 21 apresentam os resultados da análise por
cromatografia liquida quanto à presença de ramnose. Na amostra não tratada
Resultados e Discussão
77
não se observou qualquer pico na região correspondente a ramnose,
entretanto, na amostra tratada observa-se claramente um pico com tempo de
retenção para esse carboidrato. Este resultado sugere que a linhagem IPT 648
produz L-ramnosil-L-ramnose ou oligômero ou ainda polímero contendo ramnose
como unidade monomérica.
Estudos futuros que determinem mais detalhadamente as propriedades de
tensão superficial deste material produzido pela linhagem IPT 648 deverão
esclarecer se realmente se trata de um biossurfactante, que comporia a família de
ramnolipídios e 3HAA.
Figura 20. Análise do sobrenadante do cultivo da linhagem IPT 648 após
tratamento ácido.
Resultados e Discussão
78
Figura 21. Análise do sobrenadante do cultivo da linhagem IPT 648 sem
tratamento ácido.
5.7. Obtenção de mutante afetado no metabolismo de biossíntese de PHA
A linhagem IPT 634 apresentou maior capacidade de produção de
ramnolipídios e assim foi submetida à radiação ultravioleta com o objetivo de obter
mutantes afetados no metabolismo de PHA e ramnolipídios.
Foi detectado um mutante, denominado 15A, que apresentava menor
opacidade em meio mineral contendo excesso de carboidratos (glicose 10 g/L) e
limitação na fonte de nitrogênio (Figura 21). O cultivo desse mutante nesse meio
mineral contendo o corante lipofílico Nile Red (Spiekermann et al., 1999)
demonstrou que este não apresentou fluorescência, enquanto a linhagem
selvagem apresentou (Figura 22). Estes resultados sugerem fortemente que o
Resultados e Discussão
79
mutante 15A é deficiente no acúmulo de PHA.
Figura 22. Cultivo de IPT 634 e seu mutante 15A em meio mineral probre em
nitrogênio contendo excesso de carboidratos.
Figura 23. Cultivo de IPT 634 e seu mutante 15A em meio mineral pobre em
nitrogênio contendo excesso de carboidratos e corante Nile Red.
Resultados e Discussão
80
O mutante 15A (Figura 24) e a linhagem selvagem IPT 634 (Figura 25)
foram ainda cultivadas em meio PPSW para avaliar sua capacidade de produção
de ramnolipídios. As duas linhagens apresentaram halos após 3 dias de
incubação, indicando que a produção de ramnolipídios não foi afetada.
Este mutante, bem como outros, poderão ser avaliados no futuro com o
objetivo de verificar a quantidade e composição de ramnolipídios produzidos.
Figura 24. Cultivo de Mutante 15A em meio PPSW
Figura 25. Cultivo da linhagem selvagem IPT 634 em meio PPSW
Conclusões
81
6. CONCLUSÕES
Neste trabalho, foram isoladas 293 bactérias de amostra de solo de Mata
Atlântica. Estes isolados foram avaliados quanto à produção de PHA e
ramnolipídios em meio mineral contendo carboidratos ou óleo de soja como fonte
de carbono. Os experimentos permitiram as seguintes conclusões.
A composição do PHA produzido dependeu da fonte de carbono
utilizada, sendo que óleo de soja determina comparativamente a
incorporação de quantidades maiores de 3HO e 3HHx e os
monômeros 3HD e 3HDD foram incorporados comparativamente em
maiores quantidades nos cultivos em carboidratos.
Diferenças na composição de 3HA presentes em ramnolipídios
também foram observadas depedendo da fonte de carbono
oferecida.
A proporção de ramnose e 3HA presente no ramnolipídio também
variou com a fonte de carbono oferecida, sendo que óleo de soja
privilegia a síntese de 3HA, enquanto carboidratos levaram a
incorporação de maiores quantidades de ramnose
Assim, a composição de ramnolipídios pode ser modulada tanto
do ponto de vista da composição do 3HA como da proporção
ramnose/3HA;
Para uma linhagem isolada (IPT 648) foi detectada apenas
ramnose no sobrenadante. Estudos futuros poderão esclarecer se
Conclusões
82
este material apresenta propriedades tensoativas e deve ser
considerado como mais um membro da família dos ramnolipídios e
3HAA.
Referências Bibliográficas 83
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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is recovered from soil by using nutrient-poor Pseudomonas-selective soil extract media.
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