Download PDF
ads:
FERNANDO CARLOS DE SOUSA
ESTUDO SOBRE A RESTRIÇÃO
PROTÉICA E SEUS EFEITOS NO PLEXO
MIOENTÉRICO DE RATOS EM
ENVELHECIMENTO
MARINGÁ-PR
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FERNANDO CARLOS DE SOUSA
ESTUDO SOBRE A RESTRIÇÃO PROTÉICA E
SEUS EFEITOS NO PLEXO MIOENTÉRICO DE
RATOS EM ENVELHECIMENTO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas (Área
de Concentração Biologia Celular), da
Universidade Estadual de Maringá, para
obtenção do grau de Mestre em Ciências
Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Marcílio Hubner de Miranda Neto
Maringá-PR
2006
ads:
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá PR., Brasil)
Sousa, Fernando Carlos de
S725e Estudo sobre a restrição protéica e seus efeitos no
plexo mioentérico de ratos em envelhecimento /
Fernando Carlos de Sousa. Maringá, PR : [s.n.],
2006.
98 f. : il.
Orientador : Prof. Dr. Marcílio Hubner de Miranda
Neto.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de
Maringá. Programa de Pós-graduação em Ciências
Biológicas, 2006.
1. Desnutrição protéica - Envelhecimento -
Deficiência. 2. Desnutrição - Pobreza -
Envelhecimento. 3. Desnutrição protéica - Plexo
mioentérico. 5. I. Universidade Estadual de Maringá.
Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas. II.
Título.
CDD 21.ed.611.018
Aos meus cúmplices,
Edimara Rodrigues de Castro e Vinícius Castro Sousa.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular da Universidade Estadual
de Maringá, pela oportunidade de realização deste curso de Mestrado.
À professora Dra Sonia Lucy Molinari, quem primeiro fez nascer em mim o
amor pela anatomia, e ao meu orientador, professor Dr. Marcílio Hubner de Miranda
Neto. Agradeço especialmente por não terem me ensinado somente “ciência”, mas
cidadania e ética. A sua conduta pessoal e profissional me influenciará por toda vida.
Às professoras Sonia Tranin de Mello, Dra Maria Raquel Marçal Natali e Dra
Célia Regina Gomes Godoy, por me ensinarem que o mérito de um cientista deve ser
dado por sua capacidade e esforço para alcançar o conhecimento e não pela posse de um
dado conhecimento nem pelo domínio de uma técnica; o conhecimento em si é livre e
deve ser compartilhado.
À professora Larissa Renata de Oliveira que gentilmente me enviou anotações
pessoais de seus estudos sobre o estômago do rato. Obrigado, pelo apoio no início dos
meus estudos sobre o Sistema Nervoso Entérico, por me familiarizar ao Laboratório de
Neurônios Entéricos da UEM, e pela amizade verdadeira.
Aos professores, Dr. Sergio Zucoloto (USP), Dr. David Torralardona (Itália) e
Dra Liliana Luciano (Alemanha), que gentilmente me enviaram artigos científicos.
Obrigado por sua colaboração e generosidade. O artigo clássico da Dra Luciano que
recebi autografado vai ser sempre motivo de orgulho.
À Cleonira Sarro e José Antonio de Souza pelo suporte técnico necessário para
produção deste trabalho e pelos quase dez anos de convivência.
Aos amigos do Laboratório de Neurônios Entéricos da Universidade Estadual de
Maringá, João Paulo Schoffen e Priscila de Freitas, pelo companheirismo, suporte e
amizade ao longo de vários anos.
Ás professoras Caroline Rosa Fillaneli e Vilma Balielo e toda equipe do Campus
Maringá da PUCPR, pela amizade e apoio.
Aos meus pais e irmãos, que mesmo com todas as dificuldades apoiaram o meu
sonho de criança de ser cientista. O sonho virou projeto e esta é mais uma etapa.
Obrigado por acreditarem em mim.
Agradeço a Deus que além da vida e de toda provisão me deu Yeshua Ha
Mashiach (Jesus o Messias) a Torá, a BritChadashá e demais escrituras que nos ensinam
o caminho.
O que é mais difícil? O que parece mais simples: ver
com os olhos o que está diante deles.
Goethe
APRESENTAÇÃO
Em consonância com a Resolução Nº 01/2003-CCPBC do Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá, esta
dissertação de mestrado é composta por um artigo científico completo e um de revisão
na forma exigida pelas revistas científicas em que pretendemos publicá-los, assim
sendo:
SOUSA, F.C.; MIRANDA-NETO, M.H. Desnutrição: inter-relações entre os aspectos
celulares e sociais. Este artigo será submetido à apreciação do corpo editorial da revista
Arquivos da APADEC (ISSN 1414-7149), visando sua publicação........................Pág. 15
SOUSA, F.C.; MIRANDA-NETO, M.H. Efeitos da alimentação hipoprotéica sobre os
neurônios NADH-diaforase positivos do estômago de ratos em envelhecimento / Effects
of hypoproteic feeding on the NADH-diaphorase positive neurons of the stomach of
aging rats. Este artigo será submetido à apreciação do corpo editorial da revista
Autonomic Neuroscience: Basic and Clincal (ISSN 1566-0702), visando sua
publicação................................................................................................................Pág. 35
Normas para publicação da revista Arquivos da APADEC (ISSN 1414-7149)......Pág. 90
Normas para publicação da revista Autonomic Neuroscience: Basic and Clincal (ISSN
1566-0702)..............................................................................................................Pág. 93.
7
RESUMO
A desnutrição protéico-calórica é o tipo mais comum de desnutrição no mundo e
afeta milhares de pessoas. Existem dois extremos de desnutrição protéico-calórica: o
marasmo e o kwashiorkor. O marasmo é um quadro de redução total na oferta de
alimento; enquanto o kawshiorkor é caracterizado pela maior deficiência de proteínas
em relação aos carboidratos.
O maior custo dos alimentos ricos em proteínas em relação aos carboidratos
acarreta uma maior prevalência de desnutrição por deficiência de proteínas em
populações com baixa renda, as quais já são mais vulneráveis a muitos outros
problemas e geralmente menos amparadas pelo Estado, tornando o problema da
desnutrição uma questão social.
Neste trabalho, refletimos sobre como os altos índices de pobreza e concentração
de renda historicamente tem contribuído para altos índices de desnutrição no Brasil.
Acreditamos que os conhecimentos sobre a dimensão social e fisiológica da desnutrição
não devem ficar restritos ao meio acadêmico e por isso nos empenhamos em produzir
um trabalho com uma linguagem voltada para educadores e pessoas da comunidade em
geral, a fim de levar para fora dos muros da universidade a discussão sobre pobreza,
desnutrição e seus efeitos.
O aumento na população de idosos é um fenômeno que está ocorrendo em
muitos países, inclusive no Brasil, e muitos estudos têm sido realizados buscando
compreender os mecanismos de envelhecimento e subsidiar práticas e ações para
promover o envelhecimento saudável. Devido às alterações metabóblicas e fisiológicas
do envelhecimento, como menor eficiência na absorção e utilização dos nutrientes e
redução na massa muscular, os idosos são predispostos a sofrerem desnutrição protéica.
Também é comum os idosos apresentarem queixas de problemas gastrointestinais, como
8
esvaziamento gástrico retardado, acalasia, etc. Como o sistema nervoso entérico é o
principal sistema de controle das atividades do trato gastrointestinal, realizamos um
estudo experimental, utilizando como modelo o plexo mioentérico do estômago de
ratos, a fim de realizar um paralelo entre a desnutrição protéica e o envelhecimento.
O modelo de restrição protéica utilizado neste trabalho tem sido empregado por
vários anos no Laboratório de Neurônios Entéricos da Universidade Estadual de
Maringá. Em animais jovens, esse modelo tem se mostrado eficiente em promover um
quadro de carência de proteínas semelhante ao kwashiorkor encontrado em humanos
submetidos a dietas com redução de proteínas e oferta de carboidratos. Atualmente, o
modelo está sendo utilizado em animais em fase mais avançada de envelhecimento.
Para a realização desta pesquisa, utilizamos 10 ratos (Rattus norvegicus) da
linhagem Wistar, machos, distribuídos em dois grupos. O grupo controle foi formado
por cinco animais que, ao longo do período experimental (entre os 210 e 345 dias de
vida), foram alimentados com dieta comercial para roedores, contendo 22% de
proteínas. No grupo restrição protéica, foram utilizados cinco animais que, durante o
período experimental, foram alimentados com dieta hipoprotéica (8% de proteínas),
obtida a partir de adição de amido de milho na dieta comercial. Durante o período
experimental, foi controlada a evolução do ganho de peso e o consumo de ração dos
animais. Ao final do período experimental, os animais tiveram seu peso e seu
comprimento mensurados; então foram mortos, e seus estômagos coletados. Os
estômagos foram preparados para estudo neuronal.
Para evidenciação dos neurônios, utilizou-se a técnica histoquímica da NADH-
diaforase. Através de microdissecção, foram obtidos preparados totais das regiões
aglandular e glandular do estômago de cada um dos animais. Esses preparados foram
utilizados para estudo quantitativo e morfométrico dos neurônios NADH-diaforase
9
positivos. No estudo morfométrico, foi mensurada a área do perfil do corpo de 100
neurônios por animal 50 da região aglandular e 50 da região glandular utilizando-se
um sistema computadorizado. Para quantificação dos neurônios, lâminas com os
preparados totais de estômago foram observadas em microscópio de luz, e contou-se o
número de neurônios em 80 campos de visualização (19 mm
2
) por animal 40 na região
aglandular e 40 na região glandular.
Nossos resultados sugerem que a oferta de dieta com 8% de proteínas, quando
comparada com a alimentação por ração padronizada (22% de proteínas), causa
modificações em parâmetros corporais, alimentares e neuronais de ratos em
envelhecimento.
Nos parâmetros corporais, encontramos alterações no padrão de crescimento dos
animais alimentados com dieta hipoprotéica, com redução de 5,5% no ganho de peso
médio e aumento na formação de gordura retroperitoneal e periepididimal, com média
de 19%, sugerindo redução na massa muscular e aumento na massa adiposa.
Observamos que os animais alimentados com a ração hipoprotéica apresentaram
hipofagia, em relação aos animais alimentados com a ração padrão. O tratamento
também levou à redução das proteínas totais e das globulinas no plasma, mas não
reduziu a albumina plasmática. Essas alterações sugerem que a dieta oferecida levou à
redução na disponibilidade tecidual de aminoácidos, indicando que o teor de 8% de
proteínas encontra-se abaixo do requerimento nutricional de ratos entre os 210 e 345
dias de vida.
Com relação aos parâmetros neuronais analisados, observamos que a restrição
protéica intensifica a redução no número de neurônios NADH-diaforase positivos em
animas em envelhecimento. Os animais submetidos à restrição protéica, em relação aos
animas controle, apresentaram menor número de neurônios no plexo mioentérico das
10
regiões aglandular (20%) e glandular (10%) do estômago. O estudo morfométrico
revelou que os animais submetidos à restrição protéica apresentaram redução no
tamanho do perfil do corpo dos neurônios mioentéricos NADH-diaforase positivos. A
redução no número e tamanho dos neurônios NADH-diaforase positivos indica redução
na atividade metabólica mitocondrial desses neurônios e redução na atividade e/ou
expressão da enzima NADH-diaforase.
A população de neurônios NADH-diaforase positivos tem sido relatada em
alguns estudos como resistente à redução por envelhecimento em animais com dieta
padrão. Discute-se a possibilidade de que dietas com redução no teor de proteínas
podem alterar esse padrão por induzirem alterações sistêmicas e intracelulares.
Palavras-chave: pobreza, envelhecimento, restrição protéica, sistema nervoso entérico.
11
ABSTRACT
Protein malnutrition is the commonest type of undernutrition and affects
thousands of individuals worldwide. There are two extremes of protein-caloric
undernutriton: marasmus and kwashiorkor. Marasmus is a picture of total reduction of
food offer, while kwashiorkor is characterized by greater protein than carbohydrate
deficiency.
The higher costs of protein-rich foods compared to carbohydrates leads to a
greater prevalence of malnutrition due to protein deficiency in low-income populations,
which are already more vulnerable to many other problems and often less supported by
the State. This makes of malnutrition a social issue.
In this work, we consider how the high indexes of poverty and income
concentration have historically contributed to the high prevalence of malnutrition in
Brazil. We believe that the awareness about the social and physiological dimensions of
malnutrition should not be restricted to academic circles and thus we made efforts to
produce manuscript accessible to educators and the community in general, so as to bring
the discussion about poverty, malnutrition and their effects out of the walls of the
university.
The increase of the elderly population is a phenomenon occurring in many
countries, Brazil included, and many studies have been undertaken to understand the
aging mechanisms and give support to practices and actions towards healthy aging. Due
to the metabolic and physiological changes of aging, such as lower absorption
efficiency and nutrient utilization, and decreased muscle mass, older people are prone to
suffer from protein malnutrition. It is also common that the elderly complain of
gastrointestinal problems, such as delayed gastric emptying, achalasia, etc. As the
enteric nervous system is the major controlling system of the gastrointestinal tract
12
activities, we carried out an experimental study, using the myenteric plexus of the rat
stomach as a model, to trace parallels between protein malnutrition and aging.
The model of protein restriction used in this work has been employed for several
years in the Laboratory of Enteric Neurons of the State University of Maringá. In young
animals, this model was shown to be effective in promoting a picture of protein lack
similar to the kwashiorkor found in humans subjected to low-protein diets and
carbohydrate offer. At present, the model is being used in animals at an advanced stage
of aging.
For this research, 10 male rats (Rattus norvegicus) were allotted to two groups.
The control group was composed of five animals that, during the experimental period
(from 210 to 345 days of life) were fed with commercial rodent chow, containing 22%
protein. In the protein restriction group, it was used five animals that, during the
experimental period, were fed with hypoproteic chow (8% protein), obtained from the
addition of corn starch to the commercial chow. Throughout this period, body weight
gain and food ingestion were recorded. At the end of the experiment, the animals were
weighted and measured, then killed and the stomachs collected. These were prepared for
neuronal study.
For the staining of the neurons, it was used the histochemical technique of the
NADH-diaphorase. Through microdissection, whole-mounts were obtained from the
forestomach and glandular stomach of each of the animals. These whole-mounts were
used for the quantitative and morphometric assessment of the NADH-diaphorase
positive neurons. In the morphometric study, the area of the cell body profile of 100
neurons per animal 50 from the forestomach and 50 from the glandular stomach was
measured using a computerized system. For neuronal counts, the laminae of the whole-
mounts were observed under light microscope and the number of neurons in 80 visual
13
fields (19 mm
2
) per animal 40 from the forestomach and 40 from the glandular
stomach was counted.
Our results suggest that the offer of an 8%-protein diet, when compared to
standard chow feeding (22% protein), causes changes in body, feeding and neuronal
parameters in aging rats.
As for the body parameters, we found changes in the growth pattern of the
animals fed with hypoproteic diet, with reduction of 5.5% in the mean weight gain and
increase in the formation of retroperitoneal and periepididymal fat pads of 19% on
average, suggesting reduction in the muscle mass and increase in the adipose mass. We
observed that the animals fed with hypoproteic chow were hypophagic, compared to the
animals fed with standard chow. The treatment also reduced total proteins and globulins
from the plasma, but did not decrease plasma albumin. These changes suggest that the
diet led to a decreased tissue availability of aminoacids, indicating that the 8%-protein
level is below the nutritional requirement of rats aging from 210 and 345 days.
As for the neuronal parameters investigated, we observed that protein restriction
intensifies the decrease in the number of NADH-diaphorase positive neurons in aging
animals. The animals subjected to protein restriction, relative to the controls, showed
smaller number of neurons in the myenteric plexus of the forestomach (20%) and
glandular stomach (10%). The morphometric study revealed that the animals subjected
to protein restriction showed decreased size of the cell body profile of the NADH-
diaphorase positive neurons. The decreased number and size of these neurons points to
a decreased mitochondrial metabolic activity and decreased activity and/or expression
of the NADH-diaphorase enzyme.
The population of NADH-diaphorase positive neurons has been reported in
some studies as being resistant to reduction due to aging in animals with standard chow.
14
It is discussed the possibility that diets with reduced protein levels can modify this
pattern by inducing systemic and intracellular changes.
Key words: poverty, aging, protein restriction, enteric nervous system.
15
Desnutrição: inter-
relações entre os
aspectos celulares
e sociais
16
Desnutrição: inter-relações entre os aspectos celulares e
sociais
Fernando Carlos de Sousa*, Marcílio Hubner de Miranda Neto**
* Professor Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
**Professor Departamento de Ciências Morfofisiológicas,
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Correspondência para:
Fernando Carlos de Sousa
Rua Olímpio Mendes da Rocha, 206B, Vila Esperança, Maringá-PR.
CEP 87020-780
Fone: 44 3263-9637
Fax: 44 3028-8400
17
DESNUTRIÇÃO: INTER-RELAÇÕES ENTRE OS ASPECTOS CELULARES E
SOCIAIS
Resumo. No presente artigo, buscou-se reunir informações sobre a desnutrição no
tocante a fisiopatologia e estatísticas sobre indicadores nutricionais e sociais no Brasil.
Percebe-se que a desnutrição protéico-calórica possui causas e conseqüências variadas e
complexas que infelizmente são estudadas de maneira fragmentada, comprometendo a
real compreensão da dimensão do problema. Isto nos motivou à produção deste artigo,
que busca reunir reflexões sobre as múltiplas questões que envolvem a desnutrição,
desde o nível social ao nível microscópico, uma vez que as alterações celulares, sejam
elas fisiológicas ou morfológicas, decorrem de uma ingestão inadequada de alimentos
associada a diferentes fatores: fisiológicos, sociais, culturais ambientais, políticos, éticos
e morais.
Palavras-Chave: desnutrição; pobreza; fisiopatologia.
Malnutrition: interrelations between cellular and social aspects
Abstract. In the present paper we seek to gather information concerning malnutrition
on its physiopathology and statistical data about nutritional and social indicators in
Brazil. In face of the data, could be perceived that protein-caloric malnutrition has
diverse and complex causes and consequences that unfortunately are studied in a
fragmented manner hindering the real understanding of this problem’s dimension. This
point of view had motivated the production of this paper that aimed to gather reflections
concerning the varied subjects involving malnutrition from social to the microscopic
level since both morphological and physiological cellular alterations are due the
inadequate food intake associated to many different factors, such as: physiological,
social, cultural, environmental, political, ethical and moral ones.
Key words: malnutrition; poverty; physiopathology
18
INTRODUÇÃO
A célula é a unidade funcional dos seres vivos. Isso quer dizer que a vida de um
organismo é a somatória do trabalho de todas as suas células. Toda atividade biológica,
desde processos de defesa contra agentes agressores até o pensamento e os sentimentos
tão complexos dos seres humanos se apóiam sobre uma base celular, o que implica um
gasto constante de energia por parte de cada uma das células que constituem o
organismo humano. Pode-se inclusive afirmar que viver é consumir energia para
reproduzir. Portanto, desde a concepção até a morte, ocorre um processo contínuo de
reprodução celular que permite ao organismo crescer, enquanto jovem, reparar tecidos
lesados, repor células mortas, substituir células envelhecidas por células jovens, bem
como sintetizar neurotransmissores, enzimas diversas, hormônios, proteínas estruturais,
anticorpos e vários outros compostos que formam a matéria viva ou que são
indispensáveis para a sua manutenção.
O substrato requerido pelas células para obtenção de energia, bem como a
matéria prima para a síntese de todos os compostos celulares vêm da dieta. Assim, uma
dieta adequada deve considerar fatores qualitativos (tipos necessários de nutrientes) e
quantitativos (quantidade necessária de cada nutriente).
Existe uma ampla gama de estudos nutricionais capazes de indicar a “dieta
ideal” para cada faixa etária ou até mesmo para cada indivíduo, de acordo com as suas
condições de saúde. Noções básicas de nutrição são oferecidas desde a pré-escola,
entretanto, no Brasil e em todo o mundo, o número de desnutridos é muito expressivo.
As carências nutricionais resultam da ingestão inadequada de carboidratos,
proteínas, vitaminas e minerais, originando com freqüência quadros de desnutrição
protéica ou desnutrição protéico-calórica.
19
A oxidação intracelular dos carboidratos e dos lipídios é a principal fonte de
energia para manutenção das atividades celulares. Pelo fato de essa energia fornecida
pelos carboidratos e lipídios, e em certas ocasiões por outros compostos celulares ser
medida laboratorialmente na unidade de calorias, é que se denomina de desnutrição
calórica ou déficit calórico a deficiência de carboidratos e lipídios.
A ingestão de alimentos ricos em açúcares (carboidratos) como arroz, biscoito,
pão macarrão, rapadura, mandioca, batata-doce, entre outros, garante ao organismo
fontes baratas de energia, pois esses alimentos, ao serem digeridos, liberam moléculas
de açúcares simples, como a glicose e a frutose, que são transportadas pelo sangue até
as células, onde servem à respiração celular, ou seja, são oxidadas (queimadas),
liberando a energia necessária à vida celular e à vida de todo o organismo,
possibilitando, dessa maneira, a realização das atividades físicas e mentais
características do fazer humano. Portanto falar em deficiência de calorias é falar em
redução na disponibilidade de energia pelas células e, conseqüentemente, em redução da
capacidade humana para produzir trabalho físico e mental, comprometendo a
capacidade dos sujeitos de interagirem com o mundo.
Por outro lado, as proteínas que também são moléculas energéticas, mas em
humanos normalmente não são usadas como fonte primária de energia – possuem
atividades muito diversas: atuam como elemento estrutural, conferindo consistência,
dureza e resistência ao corpo; estão presentes na composição de muitos hormônios;
formam anticorpos que são elementos do nosso sistema imunológico, e também as
enzimas que compõem a maquinaria celular, ou seja, o conjunto de estruturas
responsáveis pelo funcionamento e pela regulagem do metabolismo em cada célula do
organismo.
20
Mesmo quando não são utilizadas como fonte de energia, as proteínas
desempenham papéis fundamentais na respiração celular, pois são as proteínas dos
alimentos que, após serem digeridas, fornecem aminoácidos que serão utilizados para a
produção de enzimas que atuam na cadeia respiratória. Por causa disso, a carência de
proteínas pode comprometer seriamente a captação, o transporte e a utilização do
oxigênio, elemento fundamental para a utilização dos alimentos energéticos na
respiração celular. Em outras palavras, a utilização dos alimentos energéticos de
maneira eficaz é diretamente dependente do acesso do sujeito ao oxigênio do ar e de
seu transporte até as células, onde, no nível mitocondrial, atuará como “comburente” na
reação de queima (oxirredução) característica da respiração celular.
É importante que cada cidadão compreenda que a função dos pulmões é
promover a hematose, enquanto a verdadeira respiração é um fenômeno celular, cuja
função é a liberação da energia contida nas ligações químicas dos alimentos energéticos
como a glicose, obtida principalmente a partir da digestão do amido presente em
diversos alimentos como pão, arroz, macarrão, batata, etc. É também interessante que
cada indivíduo reflita sobre a seguinte questão: o que é mais caro para ser obtido,
glicose ou oxigênio? Realizamos essa pergunta numerosas vezes durante aulas na
graduação, cursos para professores do ensino fundamental e médio e para profissionais
da saúde e, na maioria das vezes, as pessoas respondiam que a glicose é mais difícil de
ser obtida, já que deve ser comprada com os alimentos, enquanto o oxigênio está
disponível no ar. Verifica-se por tal resposta um grande engano decorrente do ensino
fragmentado praticado em todos os níveis de escolarização. Cabe relembrar que a
glicose é encontrada geralmente em alimentos de baixo custo. Por outro lado, o
transporte do oxigênio dos pulmões até as células depende da existência de um número
ideal de hemácias no sangue, e que essas hemácias sejam ricas em hemoglobina
21
(combinação de proteína com ferro), que transporta o oxigênio em direção às células e
traz o gás carbônico por elas produzido. Acontece que as hemácias vivem cerca de 120
dias. Após esse período, são destruídas pelo fígado e pelo baço e substituídas por novas
hemácias produzidas pela medula óssea vermelha. Para a produção de novas hemácias
ser eficaz, faz-se necessária uma ingestão adequada de proteínas e ferro, pois a proteína,
ao ser digerida nos intestinos, transforma-se em aminoácidos que são lançados na
corrente sangüínea e distribuídos para diferentes órgãos e tecidos, onde podem ser
utilizados para produção de enzimas, anticorpos, partes de células e novas células que
garantem a renovação dos tecidos. A baixa ingestão de proteínas, portanto, compromete
todos os processos citados, podendo resultar em maior incidência de infecções - devido
à redução das defesas do organismo retardo no crescimento de crianças,
envelhecimento precoce dos adultos, redução na quantidade e na qualidade das
hemácias com comprometimento do transporte de gases.
Nas classes sociais em que dinheiro para comprar alimento não é um problema,
o excesso de ingestão de alimentos ricos em amido e/ou gordura em detrimento
daqueles que contém vitaminas, minerais e proteínas está geralmente vinculado a maus
hábitos alimentares. Já entre os mais pobres, a tendência a ingerir muito carboidrato é,
em princípio, uma decorrência da questão financeira, pois os alimentos ricos em
carboidratos são geralmente mais baratos e mais fáceis de serem obtidos do que aqueles
ricos em proteína. Concorrem, portanto, para uma alimentação distorcida: questões
culturais; questões ambientais (seca prolongada); questões políticas (falta de uma
política adequada de distribuição de alimentos); questões econômicas e sociais
(concentração de renda, baixos salários e desemprego); e questões éticas e morais
(desvios do dinheiro público, roubo da merenda escolar).
22
Portanto a desnutrição protéico-calórica tem causas e conseqüências variadas e
complexas, as quais infelizmente são estudadas de maneira fragmentada,
comprometendo a real compreensão da dimensão do problema. Esse fato nos motivou à
produção deste artigo, que busca reunir reflexões quanto às múltiplas questões sobre a
desnutrição, desde o nível social ao nível microscópico.
DESNUTRIÇÃO PROTÉICO-CALÓRICA
CONCEITO DE DESNUTRIÇÃO E FORMAS EXTREMAS DE DESNUTRIÇÃO
PROTÉICO-CALÓRICA (marasmo e kwashiorkor)
A desnutrição é definida como um estado patológico de diferentes graus de
intensidade e variadas manifestações clínicas. Ela é produzida pela deficiente
assimilação dos componentes dos diferentes grupos de nutrientes. O conceito de
desnutrição compreende desde formas graves de desnutrição protéico-calórica, como o
marasmo e o kwashiorkor, bem como formas intermediárias ou moderadas, além da
deficiência de outros nutrientes (vitaminas e/ou minerais), que pode ocorrer
separadamente ou, como é comum, associada ao déficit protéico-calórico.
Os quadros clínicos denominados de marasmo e o kwashiorkor representam dois
extremos da desnutrição protéico-calórica. Entretanto, independentemente da forma
clínica encontrada, há deficiência protéica. Mesmo nos casos em que a ingestão protéica
é adequada, a deficiência calórica faz as proteínas serem utilizadas para fins energéticos.
A desnutrição protéico-calórica pode ser encontrada em todas as partes do mundo e em
todas as idades, sendo mais comum em crianças pobres dos países em desenvolvimento
(OLIVEIRA & MARCHINI, 1998).
MARASMO
Marasmo é uma deficiência crônica de energia. Em estados avançados,
caracteriza-se por perda da massa muscular e ausência de gordura subcutânea.
23
A glicose, um carboidrato, é fonte primária de energia para o tecido nervoso, as
hemácias, os leucócitos e outros tecidos que dela dependem. Para manter a função, o
nível de glicose deve ser mantido dentro de uma faixa normal em todos os momentos.
Para isso, após as refeições, parte da glicose absorvida dos alimentos é armazenada na
forma de glicogênio e utilizada durante o jejum. Nos seres humanos as reservas de
glicose na forma de glicogênio duram cerca de 24 horas.
O organismo pode sintetizar glicose a partir de outros compostos, processo
chamado de neoglicogênese ou gliconeogênese, sendo o principal substrato para isso os
aminoácidos, moléculas que formam as proteínas. Todos esses processos estão sujeitos
a mecanismos de controle, principalmente controle hormonal. Durante o jejum o
hormônio insulina tem sua secreção diminuída, e os hormônios catabólicos epinefrina,
tiroxina, hormônio do crescimento e glucagon têm sua liberação aumentada. Tais
hormônios estimulam a quebra do glicogênio e a liberação de aminoácidos das proteínas
musculares e outros substratos disponíveis para a gliconeogênese. Conforme a inanição
prossegue, o corpo se adapta, e no fígado, a gliconeogênese diminui da produção de
90% de glicose para menos de 50%. Simultaneamente a isso aumenta sua produção
pelos rins, para suprir a redução da produção ocorrida no fígado.
Além de glicose, durante o jejum, a gordura armazenada no tecido adiposo é
usada como fonte de energia primariamente pelos músculos, inclusive o músculo
cardíaco. A liberação e o uso de ácidos graxos das gorduras armazenadas no tecido
adiposo requerem que os níveis de insulina sejam mantidos baixos e que haja um
aumento dos hormônios glucagon, cortisol, epinefrina e do hormônio do crescimento.
Esses hormônios estimulam a liberação de ácidos graxos do tecido adiposo. Tais ácidos
graxos viajam pela corrente sanguínea, ligados às proteínas presentes no plasma, e são
24
captados pelo fígado. Nas mitocôndrias hepáticas, os ácidos graxos podem dar origem a
compostos denominados de corpos cetônicos.
A adaptação à inanição depende da produção de corpos cetônicos. Conforme se
eleva o nível de corpos cetônicos durante o jejum, o tecido nervoso adapta-se
aumentando a síntese das enzimas necessárias para a utilização dos corpos cetônicos
como fonte primária de energia. Como o tecido nervoso, principal consumidor de
glicose, está utilizando um combustível alternativo para a glicose, a demanda de
proteína muscular para gliconeogênese diminui. Dessa forma, em um indivíduo que está
adaptando-se à inanição, as perdas de proteína são minimizadas, e a massa muscular
poupada. Apesar de a gordura não poder ser transformada em glicose, ela fornece
corpos cetônicos para o tecido nervoso e para os músculos. Enquanto a água estiver
disponível, o indivíduo de peso normal pode jejuar por um mês são mantidos índices
nutricionais relativamente normais, função imunológica e outros sistemas. Porém, após
esse tempo, quando as reservas de gordura esgotam-se, a proteína será utilizada e o
indivíduo morrerá (WAITZBERG & MOREIRA-JÚNIOR, 2001; MAHAN &
ESCOTT-STUMP, 2005).
KWASHIORKOR
O kwashiorkor é um quadro que se instala quando a dieta é muito mais
deficiente de proteínas do que de calorias. Esse quadro foi primeiro descrito por Cicely
D. Willians, em 1933, quando trabalhava como médica voluntária na África. O termo
kwashiorkor vem de um dialeto africano e quer dizer “a doença do primeiro filho
quando nasce o segundo”.
Cicely observou que as mulheres africanas, ao terem seus filhos, alimentavam-
nos com o leite materno, uma boa fonte de nutrientes. Entretanto como elas logo
engravidavam novamente, quando o próximo filho nascia, o precedente deixava de ser
25
alimentado com leite materno e passava a receber uma dieta monotonamente à base de
farinha de milho, capaz fornecer os carboidratos necessários para o fornecimento de
calorias, mas incapaz de suprir as necessidades protéicas de um organismo em
crescimento (MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2005).
A adaptação não é possível para os doentes de kwashiorkor porque a ingestão de
carboidratos estimula a liberação de insulina.
A insulina é um hormônio de armazenamento que impede as reservas de gordura
de serem empregadas para combustível. Ela também inibe a transformação de gordura
em corpos cetônicos. A secreção de insulina impede a quebra de proteína muscular, e
esta não pode ser utilizada para produzir albumina e outras proteínas necessárias aos
órgãos e ao sangue. Dessa forma, por ser a albumina importante para a retenção de água
no sangue, quando reduzida, ocorre acúmulo de água nos tecidos e edema. A função
neural e a absorção intestinal ficam comprometidas, ocorre redução da capacidade
cardíaca, fadiga e redução da função imunológica.
A desnutrição protéico-calórica não adaptada é perigosa não apenas porque a
perda de proteína ininterrupta pode se tornar prejudicial à vida, por comprometer os
músculos do coração e o sistema respiratório, mas também porque compromete o
sistema nervoso e o imunológico. Limitando a defesa do indivíduo, ela o torna
suscetível a um ciclo vicioso de infecções, diarréia, mais perda de nutrientes, infecções
oportunistas e morte (RIELLA, 2001; MAHAN & ESCOTT-STUMP, 2005).
MARASMO-KWASHIORKOR
O quadro misto marasmo-kwashiorkor é uma combinação de deficiência calórica
crônica com deficiência protéica crônica ou aguda. Isso ocorre, por exemplo, quando
um paciente marasmático é submetido a um estresse agudo, como trauma cirúrgico ou
infecção, de forma que o kwashirokor se adiciona à desnutrição calórica prévia. O
26
marasmo-kwashiorkor apresenta uma mistura da sintomatologia dos dois estados
comentados anteriormente (OLIVEIRA & MARCHINI, 1998; WAITZBERG &
MOREIRA-JÚNIOR, 2001).
ALTERAÇÕES NA ALTURA E NO PESO
Além das alterações fisiológicas já descritas para os quadros de marasmo e de
kwashiorkor, é importante ressaltar as alterações na altura e no peso provocadas pela
desnutrição protéico-calórica, uma vez que essas alterações, por serem mais fáceis de
aferir, são largamente utilizadas em estudos do estado nutricional de grandes
populações.
Para avaliação da desnutrição infantil, são utilizados os índices de peso relativo à
idade (peso/idade) e altura relativa à idade (altura/idade), pois a desnutrição crônica
afeta o desenvolvimento e leva à redução da altura e do peso de crianças. Admite-se
como padrão de altura e peso para determinada idade os dados coletados em extensos
estudos na população dos Estados Unidos. A partir daqueles dados, considera-se que a
ocorrência de crianças com baixa altura/idade, com freqüência maior do que 2,3%, e a
ocorrência de crianças com baixo peso/idade, com freqüência maior do que 5% da
população infantil, indicam severo impedimento do desenvolvimento, porque tais
freqüências são extremamente raras em populações consideradas bem nutridas.
Para a população adulta, utiliza-se o índice de massa corporal (IMC), expresso
pelo peso em quilos dividido pela altura em metros ao quadrado. Segundo o Comitê de
Especialistas da Organização Mundial da Saúde, valores de IMC inferiores a 18,5 kg/m
2
indicam nível mínimo de reservas energéticas no adulto. Esse valor pode ser encontrado
em populações que não apresentam restrição alimentar, mas em um índice percentual
limitado entre 3 a 5% das pessoas. Essa fração representaria o contingente de indivíduos
constitucionalmente magros em uma população. Admite-se que indivíduos com IMC
27
menor que 18,5 kg/m
2
, presentes em freqüência superior a 5% da população, indiquem
exposição da população a déficits protéico-calóricos que levam ao déficit de
crescimento e/ou à redução da massa corporal, caracterizando o quadro de desnutrição
protéico-calórica (MONTEIRO, 1995; NÓBREGA, 1998).
POBREZA, FOME E DESNUTRIÇÃO NO BRASIL
Estudos estatísticos sobre pobreza, a fim de simplificar dos resultados,
consideram apenas a situação monetária, utilizando o conceito de linha de pobreza, que
no caso brasileiro baseia-se no valor do salário-mínimo.
O salário-mínimo foi precedido pela criação da “ração essencial mínima”, em
1938, a qual seria composta dos alimentos necessários para a manutenção da saúde de
um trabalhador adulto. Criado em 1º de maio de 1940, o salário-mínimo, anunciado à
nação pelo discurso do presidente Vargas, seria capaz de garantir o indispensável para o
sustento do trabalhador e de sua família, segundo afirmação daquele presidente
(VASCONCELOS, 2005).
Considera-se como pobre a pessoa com renda individual per capita abaixo de 0,5
(meio) salário-mínimo, e como indigente aqueles com renda inferior a 0,25 (um quarto)
salário-mínimo; mas o uso de uma linha de pobreza fixa pode gerar problemas. Algo
que pode ser citado como exemplo é o fato de no Brasil haver um grande contingente de
aposentados, cujo piso da aposentadoria é o salário-mínimo. Se estabelecermos uma
linha de pobreza um centavo abaixo do valor de um salário-mínimo, esses aposentados
não serão incluídos como pobres; por outro lado, se estabelecermos uma linha de
pobreza um centavo acima do salário-mínimo, todos ele serão contados como pobres.
Outro problema é que para compor as estatísticas oficiais são coletados apenas dados da
população residente, excluindo-se uma massa de pessoas que moram na rua.
28
No período de 1977 a 1998, o porcentual de pobres manteve-se em relativa
estabilidade oscilando entre 40 e 45% da população. Atingiu seu ápice na recessão
econômica do início dos anos de 1980, entre 1983 e 1984, quando ultrapassou os 50%
da população, e reduziu significativamente com o início do plano Cruzado, em 1986, e
no plano Real em 1994. Entretanto o número total de pobres aumentou de 10 milhões
em 1977 para 50 milhões em 1998 devido ao aumento na população (BARROS et al.,
2000).
De acordo com HOFFMANN (1995) o número de pobres nesse período cresceu
mais na área urbana do que na rural, em função do processo de urbanização da
população do país.
A tendência de queda nos índices de pobreza sofreu novo retrocesso em 2003,
segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (PNAD), e
conforme análise realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em
2002, eram 49 milhões de pessoas em 10 milhões de domicílios em situação de pobreza,
representando 29% da população e 22% de todos os domicílios daquele ano (IPEA
BRASIL: O ESTADO DE UMA NAÇÃO 2005). Em 2003, os pobres foram 53,9
milhões de pessoas, representando 31,7% da população pesquisada. A maior incidência
de pobres na zona rural do que na zona urbana e os índices mais elevados de pobreza
nas regiões Norte e Nordeste, quando comparados com os das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, já haviam sido demonstrados no primeiro grande estudo oficial sobre
pobreza, em 1974, e se mantém até hoje. Em 2003, a proporção de pobres no meio rural
era mais do que o dobro da observada no meio urbano 57,1% contra 27% (IPEA
RADAR SOCIAL 2005).
Além da desigualdade entre as regiões Norte, Nordeste e Sul, Sudeste e Centro-
Oeste e entre zona rural e zona urbana, outros contrastes marcam a situação da pobreza
29
no Brasil. A porcentagem de pessoas com renda per capita abaixo de 0,5 salário-mínimo
vária 12,1% em Santa Catarina a 62,3% em Alagoas. Outro contraste é que 44,1% dos
negros vivem em domicílios com renda per capita inferior a meio salário-mínimo, a
proporção de brancos que sobrevivem com o mesmo valor é de 20,5% (IPEA RADAR
SOCIAL 2005). Afora isso, segundo os dados de 2003, 1% dos brasileiros mais ricos,
que correspondem a apenas 1,7 milhão de pessoas, apropria-se de 13% do total das
rendas domiciliares, sendo esse percentual bastante próximo da somo dos recursos
apropriados pelos 50% mais pobres, que equivalem a 86,9 milhões de pessoas. Nesse
contexto, BARROS et al. (2000) afirma que o Brasil é um país de pobres e não um país
pobre, pois o país gera muita riqueza, mas a desigualdade gerada na distribuição da
riqueza é o verdadeiro motor da pobreza.
Segundo MONTEIRO (2003), por serem mais vulneráveis as crianças são um
bom indicativo da situação nutricional de uma região ou de um país. Crianças
desnutridas ou com baixa estatura correspondiam, em 1996, a 10,4% da população
infantil brasileira.
É interessante notar que há uma tendência histórica nos dados para desnutrição,
sobretudo quanto à desnutrição infantil, sobreporem-se aos dados da pobreza, ou seja, a
desnutrição é maior na área rural e principalmente na região Nordeste, locais onde
também é maior a quantidade de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
A relação direta entre pobreza e desnutrição já havia sido demonstrada por dados
disponíveis em 1989, quando se verificou que crianças em famílias com renda per capita
inferior 0,25 salário-mínimo apresentavam quase cinco vezes mais chances de sofrerem
de desnutrição do que crianças em famílias com renda per capita igual ou superior a um
salário-mínimo. Para os adultos, a ocorrência de desnutrição entre aqueles com renda
30
per capita inferior a 0,25 salários-mínimos era mais que o dobro do que para aqueles
com renda per capita maior ou igual a um salário-mínimo.
Para adultos, no Brasil como um todo, os dados da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF) 2002-2003 indicam haver apenas baixa ocorrência de desnutrição em
mulheres (IBGE, 2004). Entretanto, a estratificação dos dados dessa pesquisa revela que
a situação da desnutrição no Brasil passou de um mal generalizado, como observado na
década de 1970, para um fenômeno mais localizado, refletindo outras desigualdades do
país, em especial aquelas para a distribuição de renda. Por exemplo, o índice de
desnutrição entre mulheres adultas é maior para aquelas com renda per capita de até
0,25 salário-mínimo, 8,5%, e maior para aquelas residentes na área rural do Nordeste,
7,2%, sendo que o maior índice de desnutrição adulta ocorre em mulheres na cidade de
Salvador, 10,3%. Mesmo quando toma-se os dados para todo o país, o índice de
desnutrição feminina em mulheres entre 20 e 24 anos é de 12,2%, e de 7,3% entre as de
25 e 29 anos. Para homens acima de 75 anos de idade, chega-se ao índice de 8,9% de
desnutrição.
Alguns dados recentes revelam outras faces dos problemas nutricionais no
Brasil. WAITZBERT et al. (2001) estudaram 4.000 pacientes maiores de 18 anos de
idade, em hospitais do sistema público de saúde brasileiro, no ano de 1996. Os autores
concluíram que: 1) 48,1% apresentavam desnutrição, sendo 12,6% dos casos
considerados graves; 2) a maior incidência de pacientes desnutridos encontra-se nas
regiões Norte e Nordeste, onde a renda per capita é menor (em Belém-PA, 78,8% dos
pacientes eram desnutridos; 76% é o percentual de desnutridos em Salvador-BA; e
67.6% em Natal-RN); 3) os pacientes desnutridos tinham tempo de hospitalização maior
em relação aos não desnutridos, gerando maior custo para o Estado; 4) é deficiente o
31
conhecimento dos profissionais dos hospitais estudados sobre a necessidade de
acompanhamento nutricional dos pacientes.
Após cinco anos, um estudo realizado por MELLO et al. (2003), com pacientes
do Hospital de Clínicas de Porto Alegre,o encontrou grande melhora. Segundo os
autores, o custo de tratamento de um paciente desnutrido é quatro vezes maior do que o
de um paciente não desnutrido.
A associação pobreza e restrição alimentar crônica gera um processo que
extrapola a dimensão da fisiologia celular e se estende até a dimensão psicológica e
social. GUIBU (1998) relata um aumento de 20 a 30% na procura por atendimento
psiquiátrico na região de Crato, sul do Ceará, durante o período de estiagem e escassez
de alimento, e afirma que os famintos desenvolviam um quadro de “loucura de fome”.
HARPHAM (2000), em um editorial da Revista Brasileira de Psiquiatria, afirma que a
associação entre pobreza e saúde mental em países em desenvolvimento é hoje bem
demonstrada por estudos que enfatizam a alta prevalência de saúde mental precária,
especialmente em áreas geográficas de população de baixa renda, como favelas,
assentamentos e bairros miseráveis. BLUE (2000), analisando dados coletados em três
bairros da cidade de São Paulo, demonstrou que no bairro Brasilândia, onde maior
proporção de migrantes, maior número médio de pessoas por cômodo da casa, menor
número médio de anos na escola e menor renda familiar, a incidência de distúrbios
psicóticos e neuróticos chegava a 22% da população; enquanto no bairro Aclimação,
onde todos os fatores mencionados eram melhores, a incidência era de 11%. MAIA et
al. (2004), estudando a saúde mental de idosos em uma região metropolitana de Montes
Claros-MG, encontrou uma prevalência de 29,3% de pessoas com transtorno na
população em geral, enquanto a prevalência em idosos favelados era de 57,1%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
32
A desigualdade na distribuição de renda é o motor dos elevados índices de
pobreza no Brasil. As parcelas mais pobres da população, historicamente, estão entre os
mais afetados pela desnutrição protéico-calórica. O tratamento paliativo dessas pessoas
onera o Estado e não melhora sua condição de vida. Por isso, o Estado deve usar a
pesada carga tributária paga pelos cidadãos para prover meios de distribuição da renda
gerada no país e acesso igual a saneamento básico, educação, saúde e outros direitos
previstos pela constituição.
Acreditamos que as mudanças na atual situação não virão somente de ações do
Estado, nem serão conquistadas por meio da violência, como sugerem alguns
movimentos sociais. Faz-se necessária uma mudança de cultura em relação ao que é
público, pois enquanto prevalecer a idéia de que os recursos públicos não são de
ninguém em detrimento da idéia de que eles são de todos, os desvios, e a má utilização
de tais recursos, bem como a roubalheira prevalecerão sobre o bom senso, e, ao lado de
uns poucos abastados, conviverão legiões de miseráveis. Nesse processo, a educação,
seja ela formal ou não, tem um papel fundamental. Portanto, para mudar a situação
atual, é preciso que as instituições públicas (escolas, universidades, poder judiciário,
etc.), a sociedade civil (ONG´s, associações, etc.) e cada cidadão sejam conscientes dos
seus direitos, deveres e atitudes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, R.P.; HENRIQUES, R.; MENDONÇA, R. Desigualdade e pobreza no
Brasil: retrato de uma estabilidade inaceitável. RCBS, 15(42): 123-142, 2000.
BATISTA-FILHO, M. Da fome à segurança alimentar: retrospectiva e visão
prospectiva. Cad. Saúde Pública, 19(4): 872-873, 2003.
BLUE, I. Individual and contextual effects on mental health status in São Paulo, Brazil.
Rev Bras Psiquiatr, 22(3): 116-123, 2000.
BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
Pesquisa de orçamento familiar (POF) 2002-2003. 2004. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br. Acesso em: capturado em 27/02/06.
33
BRASIL. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Brasil: o
estado de uma nação. 2005. 89 p. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/Destaques/brasilestadodeumanacao.htm. Acesso em: capturado
em 27/02/06.
BRASIL. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Radar
Social 2005. 2005. 141 p. Disponível em: http://www.ipea.gov.br. Acesso em:
capturado em 27/02/06.
DOMENE, S.M.A.; ZABOTTO, C.B.; MENEGELLO, R.; GALEAZZI, M.A.M.;
TADDEI, J.A.A.C. Perfil nutricional de crianças e suas mães em bolsões de pobreza do
município de Campinas, SP – 1996. Rev. Nutr., 12(2): 183-189, 1999.
GUIBU, F., 1998. Seca e fome acirram distúrbios mentais. Folha de São Paulo,
31/05/1998. 1º caderno, p.17-18.
HARPHAM, T. Saúde mental, desenvolvimento e pobreza. Rev Bras Psiquiatr, 22(3):
103, 2000.
HOFFMANN, R. Pobreza, insegurança alimentar e desnutrição no Brasil. Estudos
Avançados, 9(24): 159-172, 1995.
INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Fome Zero uma proposta de política de
segurança alimentar para o Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães. 2001. 118p.
KANE, A.; KUMAR, V. Patologia ambiental e nutricional. In: COTRAN, R.S.;
KUMAR, V.; COLLINS, T. Robbins patologia estrutural e funcional. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000. p.362-411.
MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause alimentos, nutrição & dietoterapia.
9.ed. São Paulo: Roca, 2005. p.74-76.
MAIA, L.C.; DURANTE, A.M.G.; RAMOS, L.R. Prevalência de transtornos mentais
em área urbana no norte de Minas Gerais, Brasil. Rev Saúde Pública, 38(5): 650-656,
2004.
MELLO, E.D.; BEGHETTO, M.G.; TEIXEIRA, L.B.; POLANCZYK, V.C.L.
Desnutrição hospitalar cinco anos após o IBRANUTRI. Rev Bras Nutr Clin, 18(2): 65-
39, 2003.
MONDINI, L.; MONTEIRO, C.A. Relevância epidemiológica da desnutrição e da
obesidade em distintas classes sociais: métodos de estudo e aplicação à população
brasileira. Rev. Bras. Epidemiol., 1(1): 28-39, 1998.
MONTEIRO, C.A. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil. Estudos
Avançados, 9(24): 195-207, 1995.
34
MONTEIRO, C.A. et al. A evolução da desnutrição entre adultos. In: MONTEIRO,
C.A. (org). Velhos e novos males da saúde no Brasil a evolução do país e de suas
doenças. 2.ed. São Paulo: Hucitec NUPENS/USP, 2000. p.115-125.
MONTEIRO, C.A. A dimensão da pobreza, da desnutrição e da fome no Brasil. Estudos
Avançados, 17(48): 7-20, 2003.
NOBREGA, F.J. Distúrbios da nutrição. Rio de Janeiro: Revinter, 1998. p.53-64.
OLIVEIRA, J.E.D. A desnutrição dos pobres e dos ricos dados sobre a alimentação no
brasil. São Paulo: Sarvier, 1996. p.36.
OLIVEIRA, J.E.D.; MARCHINI, J.S. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.
p.305-321.
RIELLA, M.C. Insuficiência renal aguda. In: MAGNONI, D., CUKIER, C. Perguntas e
respostas em nutrição clínica. São Paulo: Roca, 2001. p.193-203.
VASCONCELOS, F.A.G. Combate à fome no Brasil: uma análise histórica de Vargas a
Lula. Rev. Nutr., 18(4): 439-457, 2005.
VERAS, R.P.; RAMOS, R.L.; KALACHE, A. Crescimento da população idosa no
Brasil: transformações e conseqüências na sociedade. Rev. Saúde públ., 21(3): 225-233,
1987.
VERAS, L.C.; DURANTE, A.M.G.; RAMOS, L.R. Prevalência de transtornos mentais
em área urbana no norte de Minas Gerais, Brasil. Rev Saúde Pública, 38(5): 650-656,
2004.
WAITZBERG, D.L.; MOREIRA-JÚNIOR, J.C. Desnutrição e suas conseqüências. In:
MAGNONI, D.; CUKIER, C. Perguntas e respostas em nutrição clínica. São Paulo:
Roca, 2001. p.7-10.
WAITZBERG, D.L.; CAIAFFA, W.T.; CORREIA, M.I.T.D. Hospital malnutrition: the
Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 patients. Nutrition, 17(7/8):
573-580, 2001.
35
Efeitos da alimentação
hipoprotéica sobre os
neurônios NADH-
diaforase positivos do
estômago de ratos em
envelhecimento
36
Efeitos da alimentação hipoprotéica sobre os neurônios
NADH-diaforase positivos do estômago de ratos em
envelhecimento
Fernando Carlos de Sousa*, Marcílio Hubner de Miranda Neto**
* Professor Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
**Professor Departamento de Ciências Morfofisiológicas,
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Correspondência para:
Fernando Carlos de Sousa
Rua Olímpio Mendes da Rocha, 206B, Vila Esperança, Maringá-PR.
CEP 87020-780
Fone: + 55 44 3263-9637
Fax: + 55 44 3028-8400
37
EFEITOS DA ALIMENTAÇÃO HIPOPROTÉICA SOBRE OS NEURÔNIOS
NADH-DIAFORASE POSITIVOS DO ESTÔMAGO DE RATOS EM
ENVELHECIMENTO
Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da restrição no teor de
proteínas na dieta sobre o plexo mioentérico do estômago de ratos Wistar (Rattus
norvegicus) em envelhecimento. Dois grupos de animais foram alimentados ad libitum:
um com ração padrão (22% de proteína); e o outro com a ração hipoprotéica (8% de
proteína), entre os 210 e 345 dias de vida. Em comparação com os animais alimentados
com dieta padrão, os animais alimentados com ração hipoprotéica apresentaram:
hipofagia (consumo em média 30% menor); ganho médio de peso 4,46% menor; maior
quantidade de gordura retroperitoneal e periepididimal (19% em média); menor índice
de Lee; redução nas proteínas totais plasmáticas e globulinas; e manutenção da
albumina. A análise quantitativa e morfométrica dos neurônios mioentéricos NADH-
diaforase positivos, visualizados em preparados totais das regiões glandular e aglandular
do estômago, evidenciou nos animais submetidos à dieta hipoprotéica maior número de
neurônios pequenos e menor número de neurônios médios, demonstrando que o
crescimento dos neurônios foi afetado pela dieta. A quantificação dos neurônios em 80
campos de visualição microscópicos (19 mm
2
) 40 na região aglandular e 40 na região
glandular foi ajustada para a área de cada região do estômago do animal
correspondente. Nos animais alimentados com dieta hipoprotéica, observou-se redução
de 20% nos neurônios NADH-diaforase positivos na região aglandular e de 10% na
região glandular.
Palavras-chave: dieta hipoprotéica, envelhecimento, estômago, neurônios
mioentéricos NADH-diaforase positivos.
38
1 - INTRODUÇÃO
Indivíduos jovens em crescimento apresentam necessidade proporcionalmente
elevada de proteínas na dieta, à medida que organismo reduz sua velocidade de
crescimento, diminui proporcionalmente sua necessidade nutricional de proteínas.
Entretanto a transição da fase adulta para a velhice é caracterizada por alterações na
composição corporal e na atividade metabólica com marcante efeito sobre os aspectos
nutricionais.
Devido ao expressivo aumento da população de idosos em muitos países, as
diferentes condições em que essas pessoas vivem e os elevados custos para os governos
para a assistência dessa população, muitos estudos tem tentado determinar indicadores
para avaliação e promoção da saúde de populações em envelhecimento.
Baseando-se na literatura sobre as alterações decorrentes do envelhecimento, o
Comitê de Especialistas da FAO/WHO/ONU (1998), em seu relato técnico sobre as
necessidades de energia e proteína, publicado originalmente em 1985, aconselha não
reduzir o teor de proteínas na dieta dos indivíduos em envelhecimento, mantendo-se os
0,75 g/kg/dia recomendados para adultos. O Comitê de Avaliação Científica das
Referências Nutricionais Diárias do Instituto de Medicina das Academias Nacionais dos
Estados Unidos (2005), revisando as necessidades de proteínas, recomenda para
indivíduos em envelhecimento o consumo de proteínas na proporção de 0,8 g/kg/dia.
Ambas as orientações se basearam principalmente em estudos de balanço de nitrogênio,
e os dois os comitês concordam que a adequação dessas indicações carece de análises
por meio de outras abordagens de pesquisa.
Como o sistema nervoso tem importância vital e possui um alto requerimento
metabólico, muitos estudos têm abordado os efeitos da desnutrição protéico-calórica
sobre os diferentes componentes do sistema nervoso. Pollitt (2000), que por mais de 30
39
anos tem conduzido pesquisas sobre os efeitos da desnutrição protéico-energética e da
deficiência de ferro sobre o desenvolvimento intelectual de crianças, fazendo uma
revisão da literatura sobre o assunto, afirma que tanto em modelos animais quanto em
estudos com humanos fica evidente que a desnutrição protéico-energética durante a
infância causa prejuízos das funções cognitivas, das emoções e do desenvolvimento
motor.
Visando a avaliar os efeitos da restrição protéica sobre o sistema nervoso
autonômico, muitos autores têm utilizado o sistema nervoso entérico como modelo de
estudo. O sistema nervoso entérico está localizado na parede do trato gastrointestinal,
desde o esôfago até o ânus, e atua no controle da motricidade, secreção e absorção. É
formado por corpos de neurônios e por fibras nervosas. Os corpos dos neurônios
entéricos podem ocorrer isolados, mas a grande maioria se organiza em grupos cercados
pela glia entérica e por uma capa de tecido conjuntivo, formando duas redes de gânglios
interconectados por fibras nervosas, ou seja, dois plexos nervosos ganglionados. Cada
um desses plexos está disposto como uma camada bidimensional de gânglios
interconectados, tendo ainda fibras que intercomunicam os dois plexos. Os plexos são
denominados de acordo com sua localização na parede do trato gastrointestinal. O plexo
submucoso está localizado no tecido conjuntivo da túnica submucosa, e o plexo
mioentérico entre as camadas da túnica muscular externa. Os neurônios entéricos fazem
sinapse com neurônios simpáticos e parassimpáticos. Esse arranjo morfológico mais
simples do que o do sistema nervoso central, a grande complexidade bioquímica, sua
importância funcional, a facilidade de acesso e a disponibilidade de várias técnicas de
evidenciação neuronal tornam o sistema nervoso entérico uma ferramenta valiosa em
várias linhas de pesquisa em neurociência.
40
O envelhecimento leva à neurodegeneração no sistema nervoso entérico, de
forma muito mais intensa do que no sistema nervoso central, contribuindo para o
aumento dos problemas gastrointestinais em idosos (Wade e Cowen, 2004). Entretanto
Schoffen et al. (2005) comentam que a despeito de haverem muitos estudos sobre os
efeitos da restrição protéica sobre o sistema nervoso entérico de animais em fases
iniciais de desenvolvimento (desde a gestação até a fase adulta), são escassos os estudos
em animais em período mais avançado de envelhecimento.
Nesta pesquisa foram analisados parâmetros corporais, consumo de ração e
realizado um estudo quantitativo e morfométrico dos neurônios mioentéricos NADH-
difaforase positivos do plexo mioentérico do estômago de ratos em envelhecimento
submetidos à dieta hipoprotéica.
2 - MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Design do experimento
Todos os procedimentos deste estudo envolvendo o uso de animais estão de
acordo com os princípios éticos adotados pelo Colégio Brasileiros de Experimentação
Animal (COBEA) e foram aprovados pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal
da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Dez (10) ratos (Rattus norvegicus) machos, da linhagem Wistar, foram
utilizados neste experimento. Os animais foram aleatoriamente divididos em dois
grupos: Controle alimentados com ração padronizada para roedores NUVILAB-
NUVITAL® (recomendada pelo National Research Council & National Health Institute
EUA), com teor de proteínas de 22%; Restrição Protéica alimentados com ração
com teor de 8% de proteínas, produzida a partir da adição de amido de milho na dieta
NUVILAB® (Natali et al., 2000). Essa ração foi suplementada com vitaminas
hidrossolúveis do complexo B e mistura salina (American Institute of Nutrition, 1977;
41
Natali e Miranda-Neto, 1996). Ração e água foram oferecidas ad libitum durante toda a
duração do experimento.
Os animais permaneceram por 135 dias entre os 210 e 345 dias de vida em
gaiolas individuais, sob condições constantes de temperatura e ciclo claro/escuro de
12/12 horas. O peso corporal foi controlado quinzenalmente, e o consumo de ração
controlado por uma semana (sete dias) a cada mês. Esse controle consistia na oferta de
100 gramas de ração diariamente para cada animal e pesagem da sobra.
Aos 345 dias de idade, os animais foram pesados. Foi mensurado o comprimento
naso-anal (CNA), e coletadas amostras de sangue para análise de: proteínas totais
(Método de Biureto LABTEST); albumina (Verde de Bromocresol LABTEST); e
globulinas (obtidas pela diferença entre proteínas totais e albumina). Após inalação de
éter etílico, os animais foram mortos e laparotomizados. A gordura retroperitoneal e a
gordura periepididimal foram removidas por dissecção e pesadas. Os estômagos foram
lavados, pesados e decalcados.
2.2 Evidenciação dos neurônios NADH-diaforase positivos e obtenção dos
preparados totais
Os estômagos foram preenchidos com solução de Krebs (pH 7,3), lavados duas
vezes nessa solução (10 minutos cada lavagem), imersos por 5 minutos em solução
0,3% de Triton X-100; em seguida, passaram por mais duas lavagens de 10 minutos
cada em solução de Krebs. Para marcação dos neurônios através da atuação da enzima
NADH-diaforase, os estômagos permaneceram imersos por 45 minutos em um banho
de incubação, contendo para cada 100 mL: 25 mL a 0,5% de solução estoque de Nitro
Blue Tetrazolium (NBT Sigma); 25 mL de tampão fosfato 0,1 M pH 7,3; 50 mL de
água destilada; e 50 mg de ß-NADH (Sigma).
42
Para obtenção dos preparados totais, os estômagos foram primeiro seccionados
ao longo das curvaturas gástricas maior e menor, obtendo-se uma face ventral e outra
dorsal. Depois foram seccionados ao longo da prega limitante, para separação entre as
regiões aglandular e glandular (figura 1). Preparados totais contendo a túnica muscular
externa, túnica serosa e o plexo mioentérico foram obtidos por microdissecção sob
esteromicroscópio com remoção das túnicas mucosa e submucosa. Os preparados foram
desidratados em sério crescente de concentração de álcool etílico, diafanizados em xilol
e montados entre lâmina e lamínula com resina sintética.
2.3 – Estudo morfométrico e quantitativo
Para estudo morfométrico, imagens das lâminas foram capturadas através de
sistema computadorizado de captura de imagens (Image-Pro Plus® 4.5 Media
Cibernetics), acoplado ao microscópio de luz (OLYMPUS BX40), utilizando-se
objetiva de 40X. Nas imagens obtidas, foram mensurados o perfil do corpo de 100
neurônios por animal 50 da região aglandular e 50 da região glandular utilizando-se
o software Image Tool 3.0 uma ferramenta produzida e distribuída gratuitamente
(freeware) pelo Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas em Santo
Antonio (UTHSCSA EUA). Para o estudo quantitativo neuronal, as lâminas foram
visualizadas em microscópio de luz (OLYMPUS BX40) com objetiva de 40X. Contou-
se o número de neurônios em 80 campos de visualização por animal (19 mm
2
) 40
(9,50 mm
2
) da região aglandular e 40 (9,50 mm
2
) da região glandular. A captura de
imagem e a contagem neuronal foram realizadas por amostragem aleatória de campos
localizados junto à prega limitante para a porção aglandular do estômago e região junto
à prega limitante e curvatura gástrica menor para a porção glandular.
Os decalques dos estômagos foram digitalizados, e a área do perfil estomacal foi
mensurada, utilizando-se o software Image Tool 3.0 UTHSCSA.
43
2.4 – Análise estatística
Os resultados foram tabelados, e a análise estatística realizada com auxílio do
software GraphPad Prisma® 4, através do teste t de Student, com 95% de confiança.
3 - RESULTADOS
3.1 – Parâmetros corporais e consumo de ração
As tabelas 1, 2 e 3 agrupam os parâmetros corporais, o consumo de ração e a
análise de proteínas plasmáticas dos animais.
3.1 – Análise neuronal
A marcação através da técnica da NADH-diaforase evidenciou o plexo
mioentérico, tanto da região aglandular quanto da região glandular, com a maioria de
seus neurônios organizados em glânglios de tamanho e formato variados e com uma
menor quantidade de neurônios ocorrendo de forma isolada. A intensidade de marcação
varia consideravelmente entre os neurônios. O formato do corpo celular varia,
ocorrendo neurônios com contorno arredondado, periforme e estrelado.
Os glânglios marcados pela técnica da NADH-diaforase não se distribuem
uniformemente por todo o estômago. Na região aglandular, estão concentrados na
região central e próximo à prega limitante; enquanto na região glandular, concentram-se
principalmente ao longo da curvatura gástrica menor.
Por meio da quantificação do número de neurônios mioentéricos NADH-
diaforase positivos em 40 campos de visualização (9,50 mm
2
) da região aglandular,
obtivemos média de 697,3 ± 25,45 nos animais do grupo controle e de 628,4 ± 53,51 no
grupo restrição protéica. A quantificação de 40 campos de visualização (9,50 mm
2
) da
região glandular do estômago revelou média de 724,8 ± 71,87 nos animais dos grupos
controle e de 697,0 ± 88,08 no grupo restrição protéica.
44
Para a análise dos dados de contagem neuronal, os valores obtidos a partir da
contagem do número de neurônios em 40 campos de visualização, equivalentes a 9,50
mm
2
em cada região do estômago de cada animal, foram extrapolados para a área de
cada uma das regiões do estômago do animal correspondente, para obtermos um valor
especulativo sobre o número total de neurônios em cada região do estômago de cada
animal. A área de cada região do estômago foi obtida a partir da área total do estômago
do animal e atribuindo-se à região aglandular 1/3 da área total e à região glandular 2/3
(Luciano e Reale, 1992). Obteve-se, assim, uma extrapolação do número total de
neurônios em cada uma das regiões do estômago de cada um dos animais. Na região
aglandular, obteve-se, nos animais controle uma média de 13.450 ± 623,4 neurônios; e
nos do grupo restrição protéica média de 10.700 ± 768,5. Na região glandular dos
animais do grupo controle obteve-se média de 26.780 ± 3.269; e no grupo restrição
protéica média de 23.930 ± 3.155 (figura 2).
Os dados da mensuração de 50 neurônios em cada uma das regiões do estômago
de cada um dos animais foram tabelados, e computou-se o número de neurônios em
classes com intervalos arbitrários de 100 µm
2
. Dessa forma evidencia-se o leque de
variação na área neuronal. As figuras 3 e 4 representam os dados da análise da área do
perfil do corpo celular de 250 neurônios por grupo experimental, em cada região do
estômago.
4 - DISCUSSÃO
4.1 – Efeitos sobre os parâmetros corporais e consumo de ração
Ao longo de todo período experimental, os animais do grupo restrição protéica
comeram em torno de 30% menos do que os animais do grupo controle. Entretanto, a
diferença no ganho médio de peso foi pequena, pois o grupo controle ganhou em média
5%, enquanto o grupo com restrição protéica ganhou 0,54%.
45
Molinari et al. (2002) verificaram que ratos jovens dos 90 aos 210 dias de
idade submetidos à dieta com teor protéico de 8%, quando comparados com animais
que receberam dieta com teor protéico de 22%, ganharam 30,33% menos peso,
demonstrando que nessa faixa etária a restrição protéica possui efeitos mais drásticos do
que os verificados no presente experimento. Segundo White (2000), dietas muito
próximas ao requerimento de proteínas ou no limite dele, estimulam a hiperfagia em
ratos; por outro lado, dietas com quantidade de proteína muito acima ou muito abaixo
do requerimento dos animais levam à hipofagia. Portanto são fortes as evidências que,
nesta fase da vida desses roedores, 8% de proteínas é um teor situado abaixo dos
requerimentos nutricionais.
Quando se compara o ganho médio de peso nos dois grupos, observa-se que as
diferenças são pequenas, e também que os ratos submetidos à restrição protéica,
embora tenham ingerido menor quantidade de alimento, não perderam peso na mesma
proporção. Isto sugere que esses animais sofreram redução na sua taxa metabólica. Por
outro lado, uma análise individualizada revelou que o ganho de peso foi relativamente
homogêneo entre os animais alimentados com dieta com teor de 22% de proteína,
variando de 0,45% a 11,29 %. Já entre os animais submetidos à restrição de proteínas,
constatou-se que um animal perdeu 14,12 % do peso, enquanto outro ganhou 12,9%; os
demais tiveram pequenos ganhos de peso.
Ao final do experimento, os animais do grupo restrição protéica apresentaram
índice de Lee médio 6% menor do que os animais do grupo controle. Isso demonstra
que os animais do grupo restrição protéica possuíam, proporcionalmente, menor massa
corporal para o tamanho do seu corpo, pois o índice de Lee, expresso pela raiz cúbica do
peso dividido pelo comprimento naso-anal multiplicando-se o resultado por 1.000,
demonstra uma relação entre o tamanho do animal e o seu peso de forma semelhante ao
46
Índice de Massa Corporal (IMC), amplamente utilizado em humanos. Apesar do menor
índice de Lee, da hipofagia e de apresentarem em média menor ganho de peso ao longo
do experimento, os animais do grupo restrição protéica apresentavam peso de gordura
abdominal em média 19% maior. Mesmo o rato que perdeu 14,12% de seu peso
corporal apresentou 1,83 gramas dessa gordura por 100 gramas de peso corporal. O rato
do grupo restrição protéica que mais ganhou peso (12,9% de ganho) apresentou 3,42
gramas de gordura abdominal por 100 gramas de peso corporal; e o que mais ganhou
peso, no grupo controle (11,29% de ganho), apresentou 2,15 gramas por 100 gramas de
peso corporal. Houve, portanto, uma diferença de 62,86 %. Esses dados indicam que a
redução de proteínas associada à elevação do teor de carboidratos tende a promover a
formação de acúmulos de tecido adiposo e redução da massa magra, mesmo quando há
menor ingestão de alimentos e ganho ou perda de peso.
Verifica-se, portanto, que o modelo experimental utilizado neste estudo
assemelha-se mais ao quadro de kwashiorkor, caracterizado por dieta
predominantemente pobre em proteínas, mas com oferta de carboidratos. Essa condição
é tão freqüentemente achada em populações humanas devido ao baixo custo de
alimentos ricos em carboidratos e maior custo de alimentos ricos em proteínas o que
predispõe populações pobres a situações de carência de proteínas. Tal condição também
é muito encontrada em indivíduos hospitalizados, devido a distúrbios na capacidade do
de eles controlarem o balanço protéico e/ou à inadequação da dieta. Nessa condição, a
absorção de glicose estimula a secreção de insulina e inibe a secreção dos hormônios
catabólicos. A insulina desloca o metabolismo para a utilização de carboidratos e inibe a
lipólise e a proteólise, dificultando, dessa forma, a mobilização das proteínas das
reservas musculares e viscerais para a síntese de compostos nitrogenados em outros
tecidos. Assim, o kwashiorkor é um tipo de desnutrição protéico-calórica não adaptável
47
que leva a alterações nas funções neuronais e imunológicas (Mahan e Escott-Stamp,
2005).
A redução das proteínas plasmáticas totais e das globulinas suporta a hipótese
de que a dieta oferecida expôs os animais do grupo restrição protéica a um quadro de
carência de proteínas com redução da disponibilidade tecidual de aminoácidos. A não
observação de edema em ratos submetidos à restrição protéica é um dado comum na
literatura (Saint’Ana, 2001), e a não redução da albumina plasmática pode explicar a
resistência desses animais à formação de edema (Natali et al., 2005).
4.2 – Análise quantitativa dos neurônios NADH-diaforase positivos
Tomando-se como referência o número de neurônios dos animais do grupo
controle, verifica-se, nos animais do grupo restrição protéica, menor densidade
neuronal, em torno de 9,88% para a região aglandular e de 3,83% para a região
glandular. Essas diferenças, embora pequenas, acentuam-se ao considerarmos que os
animais do grupo restrição protéica apresentaram estômagos com área do perfil em
média 6% menor e peso médio em torno de 10% menor do que os animais controle com
a mesma idade. Essa redução na área do estômago foi levada em consideração na
análise quantitativa neuronal. Se não ocorrer redução no número de neurônios, a
redução na área do estômago leva a uma maior compactação dos gânglios, levando a
valores maiores na contagem neuronal ou, no caso de perda neuronal, a compactação
dos gânglios pode mascarar a redução. Assim, se não houve redução no número de
neurônios marcados, esperava-se que essa redução na área estomacal levasse a um
maior agrupamento dos gânglios, resultando em valores proporcionalmente maiores nas
análises de contagem neuronal, ou seja, esperava-se que os animais com restrição de
proteínas apresentassem 6% a mais no número de neurônios. Ao estimarmos o número
total de neurônios do estômago, com base nas densidades verificadas (figura 2), nota-se
48
que os animais com restrição protéica possuem menor número de neurônios do que os
do grupo controle em torno de 20% para região aglandular e 10% para região
glandular. Essa projeção revela dados compatíveis com as conclusões de autores que
constataram que o número e o tamanho dos neurônios entéricos guardam uma estreita
relação com a massa do órgão por eles inervados (Saffrey e Burnstock, 1994, Molinari
et al., 2002).
Estudos com o intestino delgado demonstraram que em ratos em envelhecimento
a restrição alimentar apresenta efeito protetor, prevenindo a perda neuronal decorrente
do envelhecimento em diversas subpopulações neuronais no plexo mioentérico. A
população de neurônios NADH-diaforase positivos, por outro lado, apresentou redução
em torno de 15%, indicando que, com relação à enzima NADH-diaforase, a restrição
alimentar leva à redução na atividade e/ou expressão (Johnson et al., 1998; Cowen et al.,
2000). Paradoxalmente, já foi observado que em animais em envelhecimento,
alimentados ad libitum, a população de neurônios NADH-diaforase positivos sofreu
menor redução (43% comparado com 52%) do que a população de neurônios marcados
por imunoistoquímica para proteína do gene 9.5, que marca a grande maioria dos
neurônios mioentéricos (Cowen et al., 2000).
Nossos dados (figura 2) mostram que a redução na oferta de proteínas para 8%
intensifica a redução no número de neurônios NADH-diaforase positivos no estômago
de ratos em envelhecimento, indicando que a atividade e/ou expressão dessa enzima é
sensível à redução no nível de proteínas da dieta, o que pode interferir diretamente na
atividade mitocondrial dos neurônios que a expressam. Olowookere et al. (1990),
estudando mitocôndrias hepáticas de ratos alimentados entre 21 e 51 dias de vida com
uma ração com 3,47% de proteínas, demonstraram intensa deterioração mitocondrial
com redução na atividade enzimática 25% para isocitrato, ß-hidroxibutirato e
49
succinato desidrogenases, e 50% para NADH-citocromo c redutase e redução na
eficiência de síntese de ATP.
A marcação dos neurônios NADH-diaforase positivos baseia-se na formação de
grânulos de formazana a partir da redução enzimática do receptor artificial de elétrons
(NBT) com que o tecido é incubado. Segundo Fang et al. (1995), a enzima ou as
enzimas que catalisam essa reação ainda não foram completamente estudadas, mas
sabe-se que possuem localização mitocondrial, e sua análise revela dados sobre a
atividade metabólica da célula. Esses autores demonstraram a co-localização da enzima
NADH-diaforase com a enzima manganês superóxido dismutase (Mn SOD) no
compartimento mitocondiral de vários tipos celulares, inclusive neurônios mioentéricos,
postulando que essas duas enzimas participam do controle do estresse oxidativo.
A expressão e a atividade da enzima NADH-diaforase não pode ser
correlacionada com a expressão de um dado neurotransmissor. Assim, a marcação por
histoquímica para NADH-diaforase não se relaciona a uma população neuronal restrita,
mas relaciona-se com o nível de metabolismo dos neurônios.
Neste trabalho, o tempo de incubação dos estômagos para marcação dos
neurônios NADH-diaforase positivos foi fixado em 45 minutos, possibilitando-nos
avaliar o nível de atividade metabólica dos neurônios mioentéricos entre os diferentes
estômagos aqueles com maior atividade, exibindo maior marcação nesse tempo, e
aqueles com menor atividade metabólica, exibindo menor marcação. Portanto a menor
quantificação de neurônios nos animais do grupo restrição protéica revela menor
atividade metabólica, menor adaptação ao estresse oxidativo e/ou menor atividade ou
expressão da enzima. Alguns autores não fixam o tempo de incubação, permitindo que
diferentes preparados permaneçam tempos diferentes no meio de incubação, buscando
apenas obter o maior contraste entre os elementos neuronais e outros elementos dos
50
tecidos adjacentes; Cowen et al. (2000), por exemplo, utilizou essa metodologia. A
utilização de tempos maiores de incubação permite que mesmo neurônios com menor
atividade enzimática possam tornar-se marcados, aumentando a estimativa de neurônios
NADH-diaforase positivos e dificultando a comparação da atividade metabólica entre
diferentes preparados.
4.3 – Análise morfométrica dos neurônios NADH-diaforase positivos
Nos histogramas de distribuição da freqüência de neurônios, de acordo com seu
tamanho (figuras 2 e 3), observa-se que nos animais do grupo restrição protéica ocorre
um deslocamento para a esquerda, indicando acentuado predomínio de neurônios
pequenos (neurônios com até 200 µm
2
) e redução dos neurônios de tamanho médio
(neurônios entre 200,1 e 300 µm
2
), em comparação com os animais controle.
Em um trabalho clássico, Gabella (1971), utilizando a mesma técnica de
marcação neuronal e histogramas semelhantes aos utilizados neste trabalho, já havia
demonstrado que na medida em que ratos recém-nascidos atingem a fase adulta, ocorre
no plexo mioentérico aumento no tamanho dos neurônios. Postulou que esse processo
de neroplasticidade poderia ser importante para compensar o aumento no território de
inervação dos neurônios, causado pelo aumento no tamanho dos seguimentos do trato
gastrointestinal. Phillips et al. (2003) observaram aumento na área de neurônios
mioentéricos, tanto nos NADPH-diaforase positivos quanto nos marcados pelo Azul
Cuprolínico, no cólon e no reto de ratos com 24 meses, e atribuíram a hipertrofia a um
mecanismo compensatório para a perda neuronal; na porção aglandular do estômago,
observaram neurônios com média de tamanho similar aos descritos por Gabella (1971),
com manutenção do tamanho dos neurônios entre 3 e 24 meses.
Santer e Baker (1988), marcando neurônios NADH-diaforase positivos e
utilizando histogramas de classificação dos neurônios por tamanho, de forma
51
semelhante ao utilizado neste trabalho, descreveram que, apesar de haver perda
neuronal no jejuno, íleo, cólon e reto de ratos ente os 6 e 24 meses de vida, não foram
observadas alterações estatisticamente significantes na distribuição dos neurônios em
classes de tamanho com ambos os grupos, apresentando predomínio de neurônios de
tamanho médio e grande.
Cowen et al. (2000), comparando a freqüência de neurônios, de acordo com seu
diâmetro, entre ratos com 6 e 24 meses, alimentados ad libitum, e animais com 24
meses, submetidos à restrição de 50% na oferta de alimento, afirmaram que os
neurônios mioentéricos continuam a crescer após os 6 meses de vida. Nos animais
submetidos à restrição alimentar, os neurônios marcados imunistoquimicamente para
proteína do gene 9.5, apesar de poupados da redução neuronal, sofreram redução no seu
crescimento com redução no número de neurônios grandes e aumento no número de
neurônios pequenos.
Nossos resultados (figuras 3 e 4) sugerem que ratos em envelhecimento,
alimentados com dieta hipoprotéica (8%), retêm um padrão de distribuição dos
neurônios NADH-diaforase positivos no plexo mioentérico das regiões aglandular e
glandular do estômago mais semelhante ao descrito por Gabella (1971) para animais
mais jovens, isto é, com predomínio de neurônios pequenos. Esse padrão também é
encontrado em um histograma de distribuição de neurônios, de acordo com seu
tamanho, no trabalho de Schoffen et al. (2005), que compararam os neurônios
mioentéricos marcados imunoistoquimicamente para proteína miosina V do cólon de
ratos alimentados com dieta hipoprotéica (8%), entre os 210 e 360 dias de idade, com os
de ratos nesse mesmo intervalo de envelhecimento, alimentados com ração padrão (22%
de proteínas).
52
Levando em consideração as conclusões de Phillips et al. (2001), El-Salhy
(1999) e outros, relatadas por Saffrey (2004), de que ocorre uma significativa redução
no número de neurônios mioentéricos com o envelhecimento, ainda que em estágios
tardios, e do proposto por Phillips et al. (2003) de que paralelamente à redução neuronal
ocorre hipertrofia nos neurônios restantes, nossas observações de que ratos em
envelhecimento, alimentados com dieta hipoprotéica, apresentam redução no número de
neurônios metabólicamente ativos e maior quantidade de neurônios pequenos, permite-
nos inferir que, nessas condições, esses animais falham em invocar um processo de
neuroplasticidade de hipertrofia dos neurônios a fim de compensar a perda neuronal.
Em síntese, os animais em envelhecimento tratados com dieta com 8% de
proteína apresentaram hipofagia (30%), entretanto não ocorreu perda de peso
correspondente. Por outro lado, apresentaram menor área e perfil estomacal e redução
no índice de Lee associado à maior proporção de gordura abdominal, indicando perda
de massa magra e acúmulo de tecido adiposo. A redução da proteína plasmática total
suporta a hipótese de que a dieta oferecida expôs os animais do grupo restrição protéica
a uma redução na disponibilidade tecidual de aminoácidos.
A redução na população e na área do perfil do corpo dos neurônios mioentéricos
NADH-diaforase positivos indica redução na atividade e/ou expressão da enzima
NADH-diaforase.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
American Institute of Nutrition, 1977. Report of the American Institute of Nutrition ad
hoc committee on standards for nutritional studies. J Nutr. 107, 1340-1348.
Cowen, T., Johnson, R.J.R., Soubeyre, V., Santer, R.M., 2000. Restricted diet
recues rat enteric motor neurons from age related cell death. Gut 47, 653-
660.
53
El-Salhy, M., Sandström, Holmlund, F., 1999. Age-induced changes in the enteric
nervous system in the mouse. Mechanisms of Ageing and Development 107, 93-
103.
EUA. Institute of Medicine of the National Academies - Foodo and Nutrition Board.
Dietary references intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids,
cholesterol, protein and amino acids., 2005. National Academies Press, Washinton
DC, 1357 pp.
Fang, S. Thomas, R.M., Conklin, J.L., Oberly, L.W., Christensen, J., 1995. Co-
localization of manganese superoxide dismutase and NADH diaphorase.. J
Histochem Cytochem 43, 849-855.
FAO/WHO/ONU, 1998. Necessidades de energia e proteínas. Roca, São Paulo, 225 pp.
Gabella, G., 1971. Neuron size and number in the myenteric plexus of the newborn and
adult rat. J. Anat. 109, 81-94.
Johnson, R.J.R., Schemann, M., Santer, R.M., Cowen, T., 1998. The effects of age on
the overall population and on subpopulations of myenteric neurons in the rat small
intestine. J. Anat. 192, 479-488.
Luciano, L., Reale, E., 1992. The “limiting ridge” of the rat stomach. Arch. Histol.
Cytol. 55, 131-138.
Mahan, K.L., Escott-Stump, S., 2005. Krause´s food, nutrition & diet therapy. 10 ed.
W.B. Saunders, Philadelphia, 1194 pp.
Molinari, S.L., Fernandes, C.A., Oliveira, L.R., Sant´Ana, D.M.G., Miranda-Neto,
M.H., 2002. NADH-diaphorase positive myenteric neurons of the aglandular region
of the stomach of rats (Rattus norvegicus) subjected to desnutrition. Rev. Chil. Anat.
20, 19-23.
54
Natali, M.R.M., Miranda-Neto, M.H., 1996. Effect of maternal proteic undernutrition
on the neurons of the myenteric plexus of the duodenum of rats. Arq.
Neuropsiquiatr. 54, 273-279.
Natali, M.R.M., Molinari, S.L., Valentini, L.C., Miranda-Neto, M.H., 2005.
Morphoquantitative evaluation of the duodenal myenteric neuronal population in
rats fed with hypoprotiec ration. Biocell 29, 39-46.
Olowookere, J.O., Olorunsogo, O.O., Malomo, S.O., 1990. Effects of defective in vivo
synthesis of mithocondrial proteins on cellular biochemistry and physiology of
malnourished rats. Ann Nutr Metab 34, 147-154.
Phillips, R.J., Powley T.L., 2001. As the gut ages: timetables for aging of innervation
vary by organ in the Fischer 344 rat. J. Comp. Neurol. 434, 358-377.
Phillips, R.J., Kieffer E.J., Powley T.L., 2003. Aging of the myenteric plexus: neuronal
loss is specific to cholinergic neurons. Auton. Neurosci. 106, 69-83.
Pollitt, E., 2000. Developmental sequel from early nutritional deficiencies: conclusive
and probability judgements. J. Nutr. 130, 350S-353S.
Saffrey, M.J., Burnstock, G., 1994. Grouth factors and the development and plasticity of
the enteric nervous system. J. Aut. Nervous System. 49, 183-196.
Saffrey, M.J., 2004. Ageing of the enteric nervous system. Mechanisms of Ageing and
Development 125, 899-906.
Sant’Ana, D.M.G., Molinari, S.L., Miranda-Neto., 2001. M.H. Effects of protein and
vitamin b deficiency on blood parameters and myenteric neurons of the colon of
rats. Arq Neuropsiquiatr 59, 493-498.
Santer, R.M., Baker, D.M., 1988. Enteric neuron numbers and sizes in Auerbach's
plexus in the small and large intestine of adult and aged rats. J. Auton. Nerv. Syst.
25, 59-67.
55
Schoffen, J.P.F., Soares, A., Freitas, P., Buttow, N.C., Natali, M.R.M., 2005. Effects of
a hypoproteic diet on myosin-V immunostained myenteric neurons and the proximal
colon wall of aging rats. Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical 122, 77-83.
Wade, P.R., Cowen, T., 2004. Neurodegeneration: a key factor in the aging gut.
Neurogastroenterol Motil 16, 19-23.
White, B.D., Porter, M.H., Martin R.J., 2000. Effects of age on the feeding response to
moderately low dietary protein in rats. Physiol Behav. 68, 673-681.
56
Figura 1 Estômago do rato (Rattus norvegicus). E esôfago; A região aglandular;
PL prega limitante; G região glandular; D dueodeno. Secção longitudinal ao longo
das curvaturas gástricas maior e menor. Vista interna da face dorsal
57
Tabela 1 Consumo de Ração e parâmetros corporais dos animais dos grupos controle
(C) e restrição protéica (RP). Gordura abdominal = gordura retroperitoneal + gordura
periepididimal. Média ± desvio padrão. Médias seguidas de letras diferentes diferem
estatisticamente (teste t Student, p<5%)
GRUPOS
PARÂMETROS
C RP
Consumo de ração (g/dia) 27,5 ± 1,57
a
20,0 ± 0,97
b
Peso inicial (g) 437,9 ± 7,55
a
432,9 ± 20,41
a
Peso final (g) 459,4 ± 12,09
a
435,2 ± 30,32
a
Ganho de peso (%) 5% 0,54%
Índice de Lee 316,2 ± 3,05
a
297,6 ± 5,33
b
Gordura abdominal (g) 9,64 ± 0,88
a
11,83 ± 2,14
a
58
Tabela 2 Proteínas plasmáticas (g/dL) dos animais dos grupos controle (C) e restrição
protéica (RP). Média ± desvio padrão. Médias seguidas de letras diferentes diferem
estatisticamente (teste t Student, p<5%)
GRUPOS
PROTEÍNA
TOTAL
ALBUMINA GLOBULINAS
C 6,76 ± 0,14
a
3,19 ± 0,10
a
3,57 ± 0,12
a
RP 6,23 ± 0,09
b
4,12 ± 0,17
b
2,11 ± 0,21
b
59
Tabela 3 Peso e área do perfil estomacal dos animais dos grupos controle (C) e
restrição protéica (RP). Média ± desvio padrão
GRUPOS PESO (g) ÁREA (mm
2
)
C 2,33 ± 0,10 521,5 ± 28,82
RP 2,11 ± 0,12 488,9 ± 17,29
Diferença 10% 6%
60
C RP C RP
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Região Aglandular
Região Glandular
*
*
Número de neurônios
Figura 2 Número total de neurônios mioentéricos NADH-diaforase positivos nas
regiões aglandular e glandular do estômago. Grupos controle (C) e restrição protéica
(RP). * estatisticamente significante (teste t Student, p<5%)
61
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
100,1-200
200,1-300
300,1-400
400,1-500
>500,1
%
Figura 3 Distribuição por tamanho dos neurônios mioentéricos NADH-diaforase
positivos da região aglandular do estômago, classificados em intervalos de 100 µm
2
.
Grupos controle ( ) e restrição protéica ( )
62
0
5
10
15
20
25
30
35
40
100,1-200
200,1-300
300,1-400
400,1-500
500,1-600
600,1-700
700,1-800
800,1-900
>900,1
%
Figura 4 Distribuição por tamanho dos neurônios mioentéricos NADH-diaforase
positivos da região glandular do estômago, classificados em intervalos de 100 µm
2
.
Grupos controle ( ) e restrição protéica ( )
63
Effects of hypoproteic
feeding on the NADH-
diaphorase positive
neurons of the stomach of
aging rats
64
Effects of hypoproteic feeding on the NADH-diaphorase
positive neurons of the stomach of aging rats
Fernando Carlos de Sousa*, Marcílio Hubner de Miranda Neto**
* Professor Pontifical Catholic University of Paraná (PUCPR)
**Professor Department of Morphophysiological Sciences, State
University of Maringá (UEM)
Address to correspondence:
Fernando Carlos de Sousa
Street Olímpio Mendes da Rocha, 206B, Vila Esperança, Maringá-PR.
ZIPCODE 87020-780
Phone: + 55 44 3263-9637
Fax: + 55 44 3028-8400
65
EFFECTS OF HYPOPROTEIC FEEDING ON THE NADH-DIAPHORASE
POSITIVE NEURONS OF THE STOMACH OF AGING RATS
Abstract: The purpose of this work was to evaluate the effects of restricting the protein
level in the diet on the myenteric plexus of the stomach of aging Wistar rats (Rattus
novergicus). Two groups of animals were fed ad libitum, one with standard chow (22%
protein) and the other with hypoproteic chow (8% protein), from the 210
th
to the 345
th
day of life. Compared to the animals fed with standard chow, the animals fed with
hypoproteic chow exhibited hypophagia (ingestion about 30% lower), mean weight gain
4.46% lower, greater amount of retroperitoneal and periepididymal fat (19% on
average), lower Lee index, decrease of total plasma proteins and plasma globulins and
maintenance of plasma albumin. The quantitative and morphometric analysis of the
NADH-diaphorase positive myenteric neurons, observed in whole-mounts of the
glandular stomach and forestomach, yielded a larger number of small neurons and a
smaller number of medium neurons in the animals subjected to the hypoproteic chow,
demonstrating that the neuronal growth was affected by the diet. The counting of the
neurons in 80 microscopic fields (19 mm
2
), 40 on the forestomach and 40 on the
glandular stomach, was adjusted to the area of each region of the stomach of the
corresponding animal. In the animals fed with hypoproteic chow it was observed a 20%
decrease in the NADH-diaphorase positive neurons of the forestomach and a 10%
decrease in those of the glandular stomach.
Key words: hypoproteic chow, aging, stomach, NADH-diaphorase positive myenteric
neurons.
66
1 – INTRODUCTION
Growing young individuals have a relatively high protein requirement in the
diet; as the organism slows down its growth rate, its nutritional needs of proteins
decreases accordingly. Nevertheless, the transition from adulthood to old age is
characterized by changes in body composition and metabolic activity with marked
effects on the nutritional aspects. Due to the expressive increase in the population of old
people in many countries, to the different conditions in which these persons live, and to
the high costs for the governments to provide assistance to this population, many studies
have been trying to determine indices for assessment and promotion of health in aging
populations.
Based on the literature on the changes due to aging, the Specialists Committee of
the FAO/WHO/ONU (1998), in its technical report on energy and protein needs,
originally published in 1985, recommended that there should not be a decrease in the
protein level of the diet for aging individuals, and that the 0.75 g/kg/day for adults
should be maintained instead. The Committee of Scientific Evaluation of the Daily
Nutritional References of the Medical Institute of the National Academy of the United
States (2005), reviewing the protein needs, recommended that aging individuals should
consume 0.8 g protein/kg/day. Both recommendations were based primarily on nitrogen
balances and both Committees agree that the adequacy of these recommendations lacks
analyses through other research approaches.
As the nervous system has a vital importance and a high metabolic requirement,
many studies have assessed the effects of protein-calorie malnutrition on the different
components of the nervous system. Pollitt (2000), that for over 30 years has been
conducting research about the effects of protein-energy malnutrition and iron deficiency
on the intellectual development of children, in a literature review on the issue states that,
67
both in animal models and in human studies, it becomes evident that protein-energy
malnutrition during childhood impairs cognitive functions, emotions and motor
development.
Aiming at investigating the effects of protein restriction on the Autonomic
Nervous System, many authors have been using the Enteric Nervous System as a model.
The Enteric Nervous System is located in the wall of the gastrointestinal tract from the
esophagus to the anus and acts in the control of motility, secretion and absorption. It is
formed by neuronal cell bodies and nerve fibers. The bodies of the enteric neurons may
be isolated, but most of them are organized in groups surrounded by the enteric glia and
a sheath of connective tissue, forming two nets of ganglia interconnected by nerve
fibers, that is, two ganglionated nerve plexuses. Each of these plexuses is arranged as a
bidimensional layer of interconnected ganglia; nerve fibers linking the two plexuses
also occur. The plexuses are named according to their location in the gastrointestinal
wall. The submucous plexus is located in the connective tissue of the submucosa and
the myenteric plexus between the layers of the muscularis externa. Sympathetic and
parasympathetic neurons synapse on the enteric neurons. This morphological
arrangement, simpler than that of the Central Nervous System, the great biochemical
complexity, the functional importance, the easy access and the availability of many
techniques of neuronal staining, make the Enteric Nervous System a valuable tool in
several research lines in Neuroscience.
Aging leads to a neurodegeneration of the Enteric Nervous System which is
much more severe than that of the Central Nervous System and contributes to the
increased incidence of gastrointestinal dysfunctions in the elderly (Wade & Cowen,
2004). Nevertheless, Schoffen et al. (2005) comment that, despite many studies about
the effects of protein restriction on the Enteric Nervous System of animals in early
68
stages of development (from gestation to adulthood), the investigations in animals of
advanced age are scarce.
In this study it was analyzed body parameters, food ingestion, and quantitative
and morphometric aspects of the NADH-diaphorase positive myenteric neurons of the
myenteric plexus of the stomach, of aging rats subjected to hypoproteic diet.
2 - MATERIAL AND METHODS
2.1 – Experimental design
All the procedures of this study concerning the use of animals are in accordance
with the ethical principles adopted by the Brazilian College of Animal Experimentation
(COBEA) and were approved by the Ethics Committee in Animal Experimentation of
the State University of Maringá (UEM).
Ten male rats (Rattus norvegicus) were used in this investigation. The animals
were randomly divided into two groups: Control fed with standard chow for rodents
NUVILAB-NUVITAL® (recommended by the National Research Council & National
Health Institute USA), with protein level of 22%; Protein Restriction fed with chow
having protein level of 8%, manufactured through the addition of corn starch to the
NUVILAB® chow (Natali et al., 2000). This chow was supplemented with
hydrosoluble vitamins of the B complex and saline mixture (American Institute of
Nutrition, 1977; Natali & Miranda-Neto, 1996). Chow and water were supplied ad
libitum during the whole experimental period.
The animals were kept for 135 days, from the 210
th
to the 345
th
day of age, in
individual cages under constant conditions of temperature and light/dark cycles of 12/12
hours. Body weight was recorded each fifteen days and chow ingestion recorded during
seven days per month. This record consisted in supplying 100g of chow to each animal
daily and weighting the leftovers.
69
At the age of 345 days the animals were weighted, the naso-anal length (NAL)
was measured and blood samples were collected for the analysis of total protein (Biuret
Method LABTEST), albumin (Bromocresol Green LABTEST) and globulins
(obtained through total protein minus albumin). After inhalation of ethylic ether the
animals were killed and laparotomized. The retroperitoneal and periepididymal fat pads
were dissected out and weighted. The stomachs were washed, weighted and outlined on
cardboard.
2.2 – Staining of the NADH-diaphorase positive neurons and preparation of
the whole-mounts.
The stomachs were filled with Krebs solution (pH 7.3), washed twice in this
solution (10 min each wash), immersed for 5 min in 0.3% Triton X-100 solution, and
again doubly washed (10 min each wash) in Krebs solution. For staining of the neurons
through the activity of the NADH-diaphorase enzyme, the stomachs were immersed for
45 min in an incubation medium containing, for each 100 mL: 25 mL of 0.5% stock
solution of Nitro Blue Tetrazolium (NBT Sigma), 25 mL of phosphate buffer 0.1M,
pH 7.3, 50 mL of distilled water, and 50 mg of ß-NADH (Sigma).
For the preparations of the whole-mounts, the stomachs were first sectioned
along the greater and lesser gastric curvatures, so that a ventral and a dorsal face were
obtained, then sectioned along the limiting ridge for separation of the forestomach from
the glandular stomach (figure 1). Whole-mounts containing the muscularis externa,
serosa and the myenteric plexus were obtained through microdissection under
stereomicroscope with removal of both the mucosa and submucosa. The whole-mounts
were dehydrated in a series of ethylic alcohol of increasing concentration, cleared in
xylol and mounted between glass and coverglass with synthetic resin.
2.3 – Morphometric and quantitative study.
70
For the morphometric study, images of the whole-mounts laminae were captured
through a computerized system of image capture (Image-Pro Plus® 4.5 Media
Cibernetics) coupled to the light microscope (OLYMPUS BX40) using 40X objective.
In the images obtained it was measured the profile of 100 neurons per animal, 50 from
the forestomach and 50 from the glandular stomach, using the software Image Tool 3.0,
a tool produced and freely delivered (freeware) by the Health Sciences Center of the
University of Texas at San Antonio (UTHSCSA EUA). For the quantitative study the
laminae were observed under light microscope (OLYMPUS BX40) with 40X objective
and the number of neurons in 80 fields per animal (19 mm
2
) was counted, 40 fields (9.5
mm
2
) in the forestomach and 40 fields (9.5 mm
2
) in the glandular stomach. Image
capture and neuronal counts were made through random sampling of fields near the
limiting ridge on the forestomach and near the limiting ridge and lesser gastric curvature
on the glandular stomach.
The outlines of the stomachs were digitalized and the area of the stomach profile
was measured with the software Image Tool 3.0 UTHSCSA.
2.4 – Statistical analysis.
The results were fed into tables and the statistical analysis was carried out with
the aid of the software GraphPad Prism® 4 using Student’s t test for a 95% confidence
interval.
3 - RESULTS
3.1 – Body parameters and chow ingestion.
Tables 1, 2, and 3 group the body parameters, chow ingestion and analysis of the
plasma proteins of the animals.
3.1 – Neuronal analysis.
71
The staining with the NADH-diaphorase technique highlighted the myenteric
plexus, both of the forestomach and the glandular stomach, with most of its neurons
arranged in ganglia of varied sizes and shapes and a smaller amount of isolated neurons.
The intensity of staining varies markedly among the neurons. So varies the cell body
shape, which can be round, pyriform or stellate.
The ganglia stained with NADH-diaphorase were not uniformly distributed on
the stomach. At the forestomach they are clustered at the central region and near the
limiting ridge, while at the glandular stomach they are clustered along the lesser gastric
curvature.
The counting of NADH-diaphorase positive myenteric neurons in 40 fields (9.50
mm
2
) of the forestomach yielded a mean of 697.3 ± 25.45 neurons in the animals of the
control group and of 628.4 ± 53.51 neurons in the protein restriction group. The
counting of 40 fields (9.50 mm
2
) of the glandular stomach revealed a mean of 724.8 ±
71.87 neurons in the animals of the control group and of 697.0 ± 88.08 neurons in the
protein restriction group.
For the analysis of the neuronal counts, the values obtained from 40 fields,
corresponding to 9.50 mm
2
of each gastric region, were projected to the area of each
region, so that we could obtain an speculative value of the total number of neurons in
each region of the stomach of each animal. The area of each region was obtained from
the total area of the stomach of the animal and considering the forestomach as
representing one-third of the total area and the glandular stomach as the remaining two
thirds (Luciano & Reale, 1992). Thus, it was obtained a projection of the total number
of neurons in each region of the stomach of each animal. In the forestomach a mean of
13,450 ± 623.4 neurons was obtained in the control animals and of 10,700 ± 768.5
neurons in the protein restriction group. In the glandular stomach the mean was 26,780
72
± 3,269 in the animals of the control group and in the protein restriction group the mean
was 23,930 ± 3,155 (figure 2).
The data on the measurements of 50 neurons of each gastric region of each
animal were fed into tables and the number of neurons in size groups of 100 µm
2
arbitrary intervals was established. This procedure highlights the range of variation of
neuronal areas. Figures 3 and 4 represent the data on the analysis of the area of the cell
body profile of 250 neurons per group in each region of the stomach.
4 - DISCUSSION
4.1 – Effects on body parameters and chow consumption.
During the whole experimental period the animals of the protein restriction
group ate about 30% less than the animals of the control group. However, the difference
of the mean weight gain was small, once the control group gained 5% on average while
the protein restriction group gained 0.54%. Molinari et al. (2002) verified that young
rats from 90 to 210 days old subjected to a 8%-protein diet, when compared to
animals receiving 22%-protein diet, gained 30.33% less weight, demonstrating that at
this age range protein restriction has more drastic effects than those of the present
experiment. According to White (2000), diets very close to or at the limit of protein
requirement stimulate hyperphagia in rats; on the other hand, diets with protein amounts
well above or well below the requirement of the animals lead to hypophagia. Therefore,
the evidence is strong that at this life stage of these rodents, 8% protein is a level below
the nutritional requirements.
When the mean weight gain of the two groups is compared, it is observed that
the differences are small and also that the rats subjected to protein restriction, although
eating less food, did not lose weight at the same rate. This suggests that these animals
had a reduced metabolic rate. On the other hand, an individual analysis revealed that the
73
weight gain was relatively homogeneous among the animals fed with diet of 22%
protein, varying from 0.45% to 11.29%. Of the animals subjected to protein restriction,
one lost 14.12% of its weight, another gained 12.9%, and the others had small weight
gains.
At the end of the experiment the animals of the protein restriction group showed
a mean Lee index 6% lower than that of the animals of the control group. This
demonstrates that the animals of the protein restriction group had, proportionately, less
body mass relative to the size of their bodies, once the Lee index, expressed as the cubic
root of the weight divided by the naso-anal length, multiplied by 1,000, is a relation
between the size of the animal and its weight, similar to the Body Mass Index (BMI)
widely used in humans. In spite of the lower Lee index, the hypophagia, and the smaller
weight gain during the experiment, the animals of the protein restriction group had an
abdominal fat weight 19% greater on average. Even that rat that lost 14.12% of its body
weight showed 1.83 g of this fat/100 g body weight. The rat of the protein restriction
group that gained more weight (12.9%) showed 3.42 g of abdominal fat/100 g body
weight and that of the control group that gained more weight (11.29%) showed 2.15 g
of fat/100 g body weight; therefore, the difference was of 62.86%. These data indicate
that the protein reduction together with the increased level of carbohydrates tends to
promote adipose tissue accumulation and reduction of the lean mass, even when there is
less food ingestion and weight gain or loss.
It is verified, then, that the experimental model used in this investigation
resembles kwashiorkor, which is characterized by a diet particularly poor in proteins but
plenty of carbohydrates. This condition is frequently found in human populations due to
the low cost of carbohydrate-rich foods rich and the greater cost of protein-rich foods,
predisposing poor populations to situations of protein lack. This condition is also
74
frequently found in hospitalized individuals, due to disturbances in the patient’s ability
to control protein balance and/or inadequate diet. In this situation glucose absorption
stimulates insulin secretion and inhibits the secretion of the catabolic hormones. Insulin
shifts metabolic pathways towards the use of carbohydrates and inhibits lipolysis and
proteolysis, in this way hindering protein mobilization from the muscle and visceral
reservoirs to the synthesis of nitrogenous compounds in other tissues. Therefore,
kwashiorkor is a non-adaptable type of protein-calorie malnutrition that leads to
changes in neuronal and immunological functions (Mahan & Escott-Stamp, 2005).
The reduction of total plasma proteins and plasma globulins sustains the
hypothesis that the diet offered exposed the animals of the protein restriction group to a
situation of protein lack with reduction in the tissue availability of aminoacids. The
absence of edema in rats subjected to protein restriction is a common observation in the
literature (Sant’Ana, 2001), and the maintenance of plasma albumin can explain the
resistance of these animals to edema formation (Natali et al., 2005).
4.2 – Quantitative analysis of the NADH-diaphorase positive neurons.
Taking the number of neurons of the animals of the control group as a reference,
it is noticed a smaller neuronal density in the animals of the protein restriction group, of
about 9.88% for the forestomach and 3.83% for the glandular stomach. These
differences, although small, are magnified when it is considered that the animals of the
protein restriction group had stomachs with profiles about 6% smaller and mean weight
about 10% lower than the age-matched control animals. This decreased gastric area was
taken into account in the neuronal quantitative analysis. If there is no decrease in the
number of neurons, the decreased gastric area leads to a greater proximity of the ganglia
and greater values of neuronal counts; in the case of neuronal loss the proximity of the
ganglia can mask the reduction in the neuron numbers. Thus, if there was no decrease in
75
the number of stained neurons, it was expected that the decreased gastric area led to a
greater grouping of the ganglia, resulting in values of neuronal counts proportionately
greater; in other words, it was expected that the animals under protein restriction
showed 6% more neurons. When it is observed the estimate of the total number of
neurons of the stomach with basis on the verified densities (figure 2), it is seen that the
animals under protein restriction have less neurons than those of the control group
about 20% in the forestomach and 10% in the glandular stomach. This projection
reveals data compatible to those of other authors, who verified that the number and size
of the enteric neurons keep an intimate relation with the mass of the organ innervated by
them (Saffrey & Bunstock, 1994; Molinari et al., 2002).
Studies with the small intestine demonstrated that in aging rats food restriction
had a protective effect, preventing neuronal loss due to aging in several neuronal
subpopulations of the myenteric plexus. The population of NADH-diaphorase positive
neurons, on the other hand, had a decrease of approximately 15%, indicating that, as far
as the NADH-diaphorase enzyme is concerned, food restriction leads to decreased
activity and/or expression (Johnson et al., 1998; Cowen et al., 2000). Paradoxically, it
was observed that in aging rats fed ad libitum the population of NADH-diaphorase
positive neurons suffered a smaller reduction (43% compared to 52%) than the
population of neurons immunohistochemically stained for the 9.5 gene protein, which
stains most of the enteric neurons (Cowen et al., 2000).
Our data (figure 2) show that the reduction in the offer of proteins to 8%
intensifies the reduction in the number of NADH-diaphorase positive neurons in the
stomach of aging rats, indicating that the activity and/or expression of this enzyme is
sensitive to the dietary protein level reduction, which could interfere directly with the
mitochondrial activity of the neurons that express it. Olowookere et al. (1990), studying
76
the hepatic mitochondria of rats fed with a 3.47%-protein chow from the 21
st
to the 51
st
days of age, demonstrated an intense mitochondrial deterioration with reduced
enzymatic activity, 25% for isocitrate dehydrogenase, β-hydroxybutyrate
dehydrogenase and succinate dehydrogenase, and 50% for NADH-cytochrome c
reductase, and reduced efficiency of the ATP synthesis.
The staining of NADH-diaphorase positive neurons is based on the formation of
formazan granules from the enzymatic reduction of an artificial electron acceptor (NBT)
the tissue is incubated with. According to Fang et al. (1995), the enzyme or enzymes
that catalyze this reaction were not still completely studied, but it is known that they
have mitochondrial location and their analysis reveals data on the metabolic activity of
the cell. These authors demonstrated the co-localization of the NADH-diaphorase
enzyme with the enzyme manganese superoxide dismutase (Mn SOD) in the
mitochondrial compartment of several cell types, including myenteric neurons, and
postulated that these two enzymes participate of oxidative stress control.
The expression and activity of the NADH-diaphorase enzyme cannot be
correlated with the expression of a given neurotransmitter. Therefore, the histochemical
staining for NADH-diaphorase is not related to a discrete neuronal population, but is
related to the metabolic level of the neurons.
In this work the incubation time of the stomachs for the staining of the NADH-
diaphorase positive neurons was set at 45 minutes, which allows the evaluation of the
level of metabolic activity of the myenteric neurons between the different samples,
those with greater activity exhibiting greater staining at this time and those with lower
metabolic activity exhibiting lower staining. In this way, the smaller number of neurons
in the animals of the protein restriction group reveals lower metabolic activity, smaller
adaptation to oxidative stress and/or lower activity or expression of the enzyme. Some
77
authors do not set the incubation time, allowing different samples to remain in the
incubation medium for different time intervals, aiming only at obtaining the greatest
contrast between the neuronal elements and other elements of the underlying tissues; for
example, Cohen et al. (2000) used this methodology. The use of larger incubation times
allows even neurons of lower enzymatic activity to be stained, increasing the estimates
of NADH-diaphorase positive neurons and making it difficult the comparison of the
metabolic activity between different whole-mounts.
4.3 – Morphometric analysis of the NADH-diaphorase positive neurons.
In the frequency distribution histograms of the neurons according to their size
(figures 3 and 4) it is observed that in the animals of the protein restriction group there
is a leftward displacement, indicating a marked predominance of small neurons (of up to
200 µm
2
) and a diminishment of the medium neurons (those between 200.1 and 300
µm
2
), in comparison with the control animals.
In a classic work Gabella (1971), using the same technique of neuronal staining
and histograms similar to those of this investigation, already demonstrated that as
newborn rats reach adulthood there is an increase in the size of the neurons in the
myenteric plexus, and postulated that this process of neuroplasticity could be important
to compensate for the increased innervation territory of the neurons caused by the
increase on the size of the segments of the gastrointestinal tract. Phillips et al. (2003)
observed an increase in the area of the myenteric neurons, both NADPH-diaphorase
positive and those stained with Cuprolinic Blue, in the colon and rectum of 24-month
old rats, and attributed the hypertrophy to a compensatory mechanism to neuronal loss.
At the forestomach, they observed neurons of mean size similar to those described by
Gabella (1971), with maintenance of the neuronal size between the third and 24
th
month
of age.
78
Santer & Baker (1988) stained NADH-diaphorase positive neurons and used
histograms of neuron classification by size, in a way similar to that used in this work,
and described that, despite there being a neuronal loss in the jejunum, ileum, colon and
rectum of rats between the sixth and the 24
th
month of life, statistically significant
changes were not observed in the size distribution of the neurons, with both groups
presenting predominance of medium and large neurons.
Cowen et al. (2000), comparing the incidence of neurons according to their
diameter between six- and 24-month old rats fed ad libitum and 24-month old animals
subjected to a 50% food restriction, stated that the myenteric neurons continue to grow
after the sixth month of age. In the animals subjected to food deprivation, the neurons
immunohistochemically stained for the 9.5 gene protein, despite spared from neuronal
loss, suffered decreased growth with resultant reduction in the number of large neurons
and increase in the number of small ones.
Our results (figures 2 and 3) suggest that the aging rats fed with hypoproteic diet
(8%) keep a pattern of distribution of the NADH-diaphorase positive neurons in the
myenteric plexus of the forestomach and glandular stomach similar to that described by
Gabella (1971) for younger animals, that is, with predominance of small neurons. This
pattern is also found on an histogram of distribution of neurons according to size in the
work of Schoffen et al. (2005), which compares the myenteric neurons
immunohistochemically stained for myosin V of the colon of rats fed with hypoproteic
diet (8%) between the 210
th
and the 360
th
day of age, with those of age-matched rats fed
with standard chow (22% protein).
Taking into account the reports of Phillips et al. (2001), El-Salhy (1999) and
others, as mentioned in Saffrey (2004) that there is a significant reduction in the number
of myenteric neurons with aging, albeit in late stages; and the proposal of Phillips et al.
79
(2003) that in addition to neuronal decrease there is a hypertrophy of the remaining
neurons; our observations that aging rats fed with hypoproteic diet show reduction in
the number of metabolically active neurons and greater amounts of small neurons allow
us to state that in these conditions these animals fail at triggering a neuroplasticity
process of neuronal hypertrophy to compensate for the neuronal loss.
In summary, aging animals treated with 8%-protein diet showed hypophagia
(30%), but a corresponding weight loss did not take place. On the other hand, they
showed smaller gastric area and profile and lower Lee index together with greater
proportion of abdominal fat, indicating loss of lean mass and accumulation of adipose
tissue. The decreased total plasma protein sustains the hypothesis that the diet offered
exposed the animals of the protein restriction group to a reduction in the tissue
availability of aminoacids.
The reduction on the population and area of the profile of the cell body of the
NADH-diaphorase positive myenteric neurons indicates decrease on the activity and/or
expression of the NADH-diaphorase enzyme.
BIBLIOGRAPHIC REFERENCES
American Institute of Nutrition, 1977. Report of the American Institute of Nutrition ad
hoc committee on standards for nutritional studies. J Nutr. 107, 1340-1348.
Cowen, T., Johnson, R.J.R., Soubeyre, V., Santer, R.M., 2000. Restricted diet
rescues rat enteric motor neurons from age related cell death. Gut 47, 653-
660.
El-Salhy, M., Sandström, Holmlund, F., 1999. Age-induced changes in the enteric
nervous system in the mouse. Mechanisms of Ageing and Development 107, 93-
103.
80
EUA. Institute of Medicine of the National Academies - Food and Nutrition Board.
Dietary references intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids,
cholesterol, protein and amino acids. 2005. National Academies Press, Washington
DC, 1357 pp.
Fang, S. Thomas, R.M., Conklin, J.L., Oberly, L.W., Christensen, J., 1995. Co-
localization of manganese superoxide dismutase and NADH diaphorase. J
Histochem Cytochem 43, 849-855.
FAO/WHO/ONU, 1998. Necessidades de energia e proteínas. Roca, São Paulo, 225 pp.
Gabella, G., 1971. Neuron size and number in the myenteric plexus of the newborn and
adult rat. J. Anat. 109, 81-94.
Johnson, R.J.R., Schemann, M., Santer, R.M., Cowen, T., 1998. The effects of age on
the overall population and on subpopulations of myenteric neurons in the rat small
intestine. J. Anat. 192, 479-488.
Luciano, L., Reale, E., 1992. The “limiting ridge” of the rat stomach. Arch. Histol.
Cytol. 55, 131-138.
Mahan, K.L., Escott-Stump, S., 2005. Krause´s food, nutrition & diet therapy. 10 ed.
W.B. Saunders, Philadelphia, 1194 pp.
Molinari, S.L., Fernandes, C.A., Oliveira, L.R., Sant´Ana, D.M.G., Miranda-Neto,
M.H., 2002. NADH-diaphorase positive myenteric neurons of the aglandular region
of the stomach of rats (Rattus norvegicus) subjected to desnutrition. Rev. Chil. Anat.
20, 19-23.
Natali, M.R.M., Miranda-Neto, M.H., 1996. Effect of maternal proteic undernutrition
on the neurons of the myenteric plexus of the duodenum of rats. Arq.
Neuropsiquiatr. 54, 273-279.
81
Natali, M.R.M., Molinari, S.L., Valentini, L.C., Miranda-Neto, M.H., 2005.
Morphoquantitative evaluation of the duodenal myenteric neuronal population in
rats fed with hypoprotiec ration. Biocell 29, 39-46.
Olowookere, J.O., Olorunsogo, O.O., Malomo, S.O., 1990. Effects of defective in vivo
synthesis of mithocondrial proteins on cellular biochemistry and physiology of
malnourished rats. Ann Nutr Metab 34, 147-154.
Phillips, R.J., Powley T.L., 2001. As the gut ages: timetables for aging of innervation
vary by organ in the Fischer 344 rat. J. Comp. Neurol. 434, 358-377.
Phillips, R.J., Kieffer E.J., Powley T.L., 2003. Aging of the myenteric plexus: neuronal
loss is specific to cholinergic neurons. Auton. Neurosci. 106, 69-83.
Pollitt, E., 2000. Developmental sequel from early nutritional deficiencies: conclusive
and probability judgements. J. Nutr. 130, 350S-353S.
Saffrey, M.J., Burnstock, G., 1994. Growth factors and the development and plasticity
of the enteric nervous system. J. Aut. Nervous System. 49, 183-196.
Saffrey, M.J., 2004. Ageing of the enteric nervous system. Mechanisms of Ageing and
Development 125, 899-906.
Sant’Ana, D.M.G., Molinari, S.L., Miranda-Neto., 2001. M.H. Effects of protein and
vitamin b deficiency on blood parameters and myenteric neurons of the colon of
rats. Arq Neuropsiquiatr 59, 493-498.
Santer, R.M., Baker, D.M., 1988. Enteric neuron numbers and sizes in Auerbach's
plexus in the small and large intestine of adult and aged rats. J. Auton. Nerv. Syst.
25, 59-67.
Schoffen, J.P.F., Soares, A., Freitas, P., Buttow, N.C., Natali, M.R.M., 2005. Effects of
a hypoproteic diet on myosin-V immunostained myenteric neurons of the proximal
colon wall of aging rats. Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical 122, 77-83.
82
Wade, P.R., Cowen, T., 2004. Neurodegeneration: a key factor in the aging gut.
Neurogastroenterol Motil 16, 19-23.
White, B.D., Porter, M.H., Martin R.J., 2000. Effects of age on the feeding response to
moderately low dietary protein in rats. Physiol Behav. 68, 673-681.
83
Figure 1 Stomach of rat (Rattus norvegicus). E esophagus, A forestomach, PL
limiting ridge, G glandular stomach and D duodenum. Longitudinal section along
the greater and lesser gastric curvatures. Inner view of the dorsal face.
84
Table 1 Chow ingestion and body parameters of the animals of the control group (C)
and protein restriction group (RP). Abdominal fat = retroperitoneal fat + periepididymal
fat. Mean ± standard deviation. Means followed by different letters differ statistically
(Student’s t test, p<5%).
GROUPS
PARAMETERS
C RP
Chow ingestion (g/day) 27.5 ± 1.57
a
20.0 ± 0.97
b
Initial weight (g) 437.9 ± 7.55
a
432.9 ± 20.41
a
Final weight (g) 459.4 ± 12.09
a
435.2 ± 30.32
a
Weight gain (%) 5% 0,54%
Lee index 316.2 ± 3.05
a
297.6 ± 5.33
b
Abdominal fat (g) 9.64 ± 0.88
a
11.83 ± 2.14
a
85
Table 2 Plasma proteins (g/dL) of the animals of the control group (C) and protein
restriction group (RP). Mean ± standard deviation. Means followed by different letters
differ statistically (Student’s t test, p<5%).
GROUPS
TOTAL
PROTEIN
ALBUMIN GLOBULINS
C 6.76 ± 0.14
a
3.19 ± 0.10
a
3.57 ± 0.12
a
RP 6.23 ± 0.09
b
4.12 ± 0.17
b
2.11 ± 0.21
b
86
Table 3 Weight and profile area of the stomach of the animals of the control group
(C) and food restriction group (RP). Mean ± standard deviation.
GROUPS WEIGHT (g) AREA (mm
2
)
C 2.33 ± 0.10 521.5 ± 28.82
RP 2.11 ± 0.12 488.9 ± 17.29
Difference 10% 6%
87
C RP C RP
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Forestomach
Glandular Stomach
*
*
Amount of Neurons
Figure 2 Total number of NADH-diaphorase positive myenteric neurons of the
forestomach and glandular stomach. Groups: Control (C) and protein restriciton (RP). *
statistically significant (Student’s t test, p<5%).
88
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
100,1-200
200,1-300
300,1-400
400,1-500
>500,1
%
Figure 3 Distribution by size of the NADH-diaphorase positive myenteric neurons of
the forestomach, grouped at 100 µm
2
intervals. Groups control ( ) and protein
restriction ( ).
89
0
5
10
15
20
25
30
35
40
100,1-200
200,1-300
300,1-400
400,1-500
500,1-600
600,1-700
700,1-800
800,1-900
>900,1
%
Figure 4 Distribution by size of the NADH-diaphorase positive myenteric neurons of
the glandular stomach, grouped at 100 µm
2
intervals. Groups control ( ) and protein
restriction ( ).
90
ARQUIVOS DA APADEC (ISSN: 1414-7149)
INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES
Submissão
O periódico Arquivos da Apadec publica artigos de interesse para professores do Ensino
Fundamental e Médio, abordando as Ciências em geral. Poderão ser submetidos artigos originais,
artigos de revisão, artigos contendo jogos matemáticos ou práticas de laboratório e notas não
submetidos a outros periódicos relacionados a Ciências, Matemática e Educação. Os artigos
deverão ser enviados aos Editores: Arquivos da Apadec Programa Museu Dinâmico
Interdisciplinar da Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5790 Bloco H-79 sala 023
CEP 87020-900 Maringá-PR. Os artigos serão submetidos ao Conselho Científico do periódico
que avaliará os artigos, podendo sugerir modificações para aprimorar o conteúdo dos mesmos;
adotar modificações para aperfeiçoar a estrutura, clareza e redação do texto e recusar artigos. Os
artigos serão publicados obedecendo, preferencialmente, a ordem cronológica de recebimento.
Artigos publicados são de responsabilidade exclusiva dos autores.
Estilo e forma
Os artigos devem ser digitados utilizando-se o editor de textos Winword 7.0, com letra Times New
Roman tamanho 12, espaço 2 e margens de 2,5 cm, não excedendo 16 páginas incluindo ilustrações,
tabelas e referências bibliográficas. Os autores devem encaminhar 3 cópias impressas e uma cópia
em disquete. Os artigos deverão, obrigatoriamente, apresentar uma Página de rosto, contendo o título
do trabalho, sugestão de título resumido (“título curto”), nome(s) do(s) autor (es), identificação
profissional e endereço para correspondência; Corpo do trabalho; Referências bibliográficas, obedecendo
as características abaixo:
Artigos originais (trabalho experimental ou pesquisa de campo):
- Página de rosto, contendo: título, sugestão de título curto, autores, filiação, autor para
correspondência;
- Corpo do trabalho: Título; Resumo (no máximo 250 palavras); Palavras-Chave (em número de
3); Title; Abstract; Key words; Introdução; Material e Método; Resultados (este capítulo pode conter,
além de texto, tabelas, figuras, ilustrações e fotografias); Discussão; Conclusão;
- Referências Bibliográficas.
Artigos de revisão:
- Página de rosto, contendo: título, sugestão de título curto, autores, filiação, autor para
correspondência;
- Corpo do trabalho: Título; Resumo (no máximo 250 palavras); Palavras-Chave (em número de
3); Title; Abstract; Key words; Introdução; Desenvolvimento; Considerações Finais;
- Referências Bibliográficas.
Artigos contendo jogos matemáticos ou práticas de laboratórios:
- Página de rosto, contendo: título, sugestão de título curto, autores, filiação, autor para
correspondência;
ÓRGÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO PARANAENSE PARA O DESENVOLVIMENTO
DO ENSINO DA CIÊNCIA E DO PROMUD PROGRAMA MUSEU DINÂMICO
INTERDISCIPLINAR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
91
- Corpo do trabalho: Título; Resumo (no máximo 250 palavras); Palavras-Chave (em número de
3); Title; Abstract; Key words; Introdução com objetivo; Fundamentação Teórica (opcional);
Procedimentos;
- Sugestão de leitura e/ou referências bibliográficas.
Notas:
- Página de rosto, contendo: título, sugestão de título curto, autores, filiação, autor para
correspondência;
- Corpo do trabalho: Título; Resumo (no máximo 50 palavras); Palavras-Chave (em número de
3); Title; Abstract; Key words; Desenvolvimento (máximo 4 páginas);
- Sugestões de leitura (máximo 6).
Ilustrações:
Serão aceitas no máximo 2 (duas) fotos de 10x15 ou 5x8 ou pranchas de 16cm x 24cm em preto e
branco. Ilustrações coloridas serão custeadas pelo autor do trabalho. Cada figura deve ser
enviada em arquivo separado. Cada arquivo deve ser denominado como “Figura n.ext”, onde n é o
número de ordem da figura e ext é a extensão, de acordo com o formato da figura (jpg, gif, tif etc.).
As imagens devem ser enviadas na melhor resolução possível (imagens com resolução menor que
300 dpi podem comprometer a qualidade final do trabalho). As indicações nas figuras devem
utilizar fontes sans-serif, como Arial ou Helvética, para maior legibilidade. Figuras compostas por
várias outras devem ser enviadas, cada parte, em arquivos separados identificados por letras
(figura1a.gif, figura1b.gif etc). As legendas devem estar em arquivo separado. É imprescindível que
o autor abra os arquivos que preparou para submissão e verifique, cuidadosamente, se as figuras, os
gráficos ou tabelas estão, efetivamente, no formato desejado. As ilustrações deverão ser
limitadas (em número e tamanho), ao perfeito entendimento do texto. O Editor reserva-se
o direito de descartar ilustrações que não atendam a este requisito.
Citações:
Todas as citações deverão fazer parte das Referências Bibliográficas. As citações dos autores no texto deverão ser feitas com letras
maiúsculas seguidas do ano de publicação da seguinte forma:
- Citação direta quando é feita a transcrição literal do texto original, esta deverá ser indicada
entre aspas. Ex.: “arbusto originário da América Tropical...” (BALIANE, 1982); BALIANE
(1982) registra “arbusto originário da América Tropical...”
- Citação indireta quando se exprime a idéia do autor. Ex: ...segundo KLOCKNER (1997) a...;
- Citação de uma citação quando for impossível obter uma referência, poderá ser utilizada a
citação de citação. Este recurso deve ser evitado, devendo ser utilizado somente quando for
impossível obter o artigo original. Nestes casos, no texto deverá ser indicado o sobrenome do
autor original (em minúsculo), seguindo-se da expressão apud, então, o sobrenome do autor
que o citou (todo maiúsculo) e o ano de publicação. Ex: Souza apud SILVA (1998). Apenas o
trabalho de SILVA (1998) deverá fazer parte das referências bibliográficas.
- Dois autores (NATALI & MOLINARI, 1995).
- Mais de dois autores: cita-se o nome do primeiro autor seguido da expressão et al. (SILVA et
al., 1995).
Apresentação das Referências Bibliográficas/Sugestões de Leitura:
Artigos de periódico
ARAÚJO, E.J.A.; FERREIRA, J.R.; NASCIMENTO, D.S.; NASCIMENTO, M.O. I EXPOBIO,
uma estratégia de saída para situações de perigo eminente na coletividade: a exclusão social. Arq.
Apadec, 7(1):12-17, 2003.
Livro autor de todo o livro
SILVA, P. Farmacologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p.53-60.
92
Livro autor de capítulo dentro de um livro editado por outro autor principal
CIPOLLA-NETO, J.; CAMPA, A. Ritmos biológicos. In: AIRES, M.M. Fisiologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991. p.17-19.
Teses, Dissertações e Monografias
SANT’ANA, D.M.G. Estudo morfológico e quantitativo do plexo mientérico do colo ascendente de ratos adultos
normoalimentados e submetidos à desnutrição protéica. 1996. 30f. il. Dissertação (Mestrado em Biologia
Celular), Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 1996.
Resumo de Congresso
CONEGERO, C.I.; MIRANDA-NETO, M.H. Estudo comparado do sistema pelve-ureteral de
humanos e suínos. In: ENCONTRO CIENTÍFICO DA UEM, 4., 1992, Maringá. Anais... Maringá,
1992. p.132.
Resumo de Eventos em Periódicos
STALLONE, T.; PRADO, I.M.M.; CAMBONI, A.; DI DIO, L.J.A.; MACCHIARELLI, G.;
CORRER, S. Distribution of collagen in the mucosa and submucosa of the terminal ileum in swine.
In: LV CONGRESSO SOCIETÀ ITALIANA DI ANATOMIA, 2001, Florença. Italian Journal of
Anatomy and Embryology, Florença, Itália, 106(3):256, 2001. Resumo.
Entidade Coletiva
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, INSTITUTO DO CÂNCER, COORDENAÇÃO DE
CONTROLE DE CÂNCER (Pro-ONCO), DIVISÃO DA EDUCAÇÃO. Manual de orientação
para o “Dia Mundial Sem Tabaco”. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer. 1994. 19p.
Documentos Eletrônicos Disponíveis na Internet
1- Com indicação de autoria:
Nome do autor, título do trabalho. Mês e ano. Disponível: endereço eletrônico. Data em que foi
capturado o trabalho. Ex:
SANCHEZ-CABALLERO, H.J.; REFOJO-DE-BRUNO, M.L. El "heredocomplejo morbido" y
otros determinante de la psoriasis. Revision sobre 584 casos. Jul.-Sept. 1981. Disponível:
http://www.bireme.br/cgi-bin/IAH2. Acesso em: 18/09/99.
2- Sem indicação de autoria:
Título do trabalho. Mês e ano. Disponível: endereço eletrônico. Data em que foi capturado o
trabalho.
3- Entidades Coletivas:
Nome da entidade. Título do trabalho. Mês e ano. Disponível: endereço eletrônico. Data em que foi capturado o trabalho. Ex:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Núcleo de Processamento de Dados.
Cursos - NPD/UFES. 1997. Disponível: http://npd1.ufes.br/~cursos/. Acesso em: 02/03/1997.
93
Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical
ISSN: 1566-0702
Guide for Authors
Types of Article Full-length articles of original research; short communications; review
type articles; clinical reports and book reviews. The Editor-in-Chief should be consulted
whenever a review article is under consideration. Rapid Communications will be
accepted if extremely concise, fully documented and dealing with a novel and important
observation in a research area in rapid expansion. These will receive priority handling
both in the reviewing and publishing processes such that their publication will be
advanced.
Ethics Human Experiments. Papers describing experimental work on human subjects
which carry a risk of harm must include a statement (a) that the experiments were
conducted with the understanding and the consent of each subject, and (b) a statement
that the responsible Ethical Committee has approved the experiments. Animal
Experiments. Papers describing experiments on living animals should provide (a) a full
description of any anaesthetic and surgical procedure used, and (b) evidence that
adequate steps were taken to ensure that animals did not suffer unnecessarily at any
stage of the experiment, and comply with the existing national and international
guidelines on the conduct of animal experiments.
Copyright Submission of a paper to Autonomic Neuroscience: Basic & Clinical will
imply that it represents original research not previously published (except in the form of
an abstract or a preliminary report) and that it is not being considered for publication
elsewhere. It also implies the transfer of the Copyright from the author to the publisher.
Manuscripts submitted under multiple authorship are reviewed on the assumption that
all listed authors concur with the submission and that a copy of the final manuscript has
been approved by all authors and tacitly or explicitly by the responsible authorities in
the laboratories where the work was carried out. If accepted, the manuscript shall not be
published elsewhere in the same form, in either the same or another language, without
the consent of the Editors and Publisher. If illustrations or other small parts of articles or
books already published elsewhere are used in papers submitted to Autonomic
Neuroscience: Basic & Clinical, the written permission of author and Publisher
concerned must be included with the manuscript. In these cases, the original source
must be indicated in the legend of the illustration.
Special regulations for readers and authors in the USA regarding copying and copyright
are to be found in the preliminary pages of each issue.
94
Online submission of manuscripts Autonomic Neuroscience: Basic & Clinical uses an
online, electronic submission system called EES (Elsevier Editorial System). By
accessing the following website
http://ees.elsevier.com/autneu
you will be guided stepwise through the creation and uploading of the various files.
When submitting a manuscript to EES, authors need to provide an electronic version of
their manuscript. The author should select a set of classifications from a list, and a
category designation for their manuscript (original article, letter to the editor, short
communication, etc.). Details of five reviewers that are required with a submission can
be provided in the comments box or at a later stage when uploading the files for
submission.
Authors may send queries concerning the submission process, manuscript status, or
journal procedures to the Editorial Office ([email protected]). Once the uploading is
done, the system automatically generates an electronic (PDF) proof, which is then used
for reviewing. All correspondence, including the Editor's decision and request for
revisions, will be by e-mail.
Manuscript Preparation Articles for publication should be in English and should be
submitted with double spacing to any of the Associate Editors or to the Editor-in-Chief.
All Clinical papers should be sent to Dr. Phillip Low, all Basic Science papers to the
other Associate Editors; this can be accomplished online by selecting the appropriate set
of classifications. The Title of the paper should be as concise, clear and informative as
possible and should not exceed 120 letters and spaces; it should be free of unusual
typographical characters so that it will not be too difficult for other authors to type it
and retrieve it. The Title page should also contain the full name(s) of the author(s), their
academic or professional affiliation, a selection of relevant keywords, and the full postal
address, with telephone and fax numbers, and e-mail address where available, of the
author with whom the Editors should correspond. The Abstract should summarize the
results obtained and the major conclusions in such a way that a reader not familiar with
the particular area of work can understand the implications of the work. The Abstract
should not exceed one twentieth of the length of the manuscript. Full-length papers
should normally be divided into the following headings: Introduction, Materials and
Methods, Results, Discussion (and Conclusions), (Acknowledgements) and References.
Short Communications should have an Abstract but no section headings. Abbreviations
should be used sparingly and should be avoided in the Abstract.
Literature References Citations in the text should be given in parentheses at the
appropriate place by author(s) name(s) followed by the year in chronological order
according to the Harvard system (Paintal, 1973; Birdsall et al., 1980). With more than
two authors, name only the first followed by "et al." (Birdsall et al., 1980). When two or
more papers by the same author(s) appear in one year, distinguish them by a, b, etc.
after the date.
The Reference List should be submitted in double spacing. It should be arranged in
alphabetical order of the first author's name. If the first author's name appears more than
once, the order is as follows: (1) single author: chronological sequence; (2) author and
co-author: alphabetically according to co-author; (3) author and more than one co-
95
author: chronological sequence (as in the text these will be referred to as "et al.").
Reference must be complete including, in this order: author's name, initials, year of
publication, title of article, title of the journal, volume, first and last page number of the
article cited. Title abbreviations should conform to those adopted by List of Serial Title
Word Abbreviations (available from International Serial data System, 20 Rue
Bachaumont, 75002 Paris, France, ISBN 2-904938-02-8).
Examples: Paintal, A.S., 1973. Vagal sensory receptors and their reflex effects. Physiol.
Rev. 53, 159-227. Birdsall, N.J.M., Hulme, B.C., Hamner, R., Stockton, J.R., 1980.
Subclasses of muscarinic receptors. In: Yamamura, H.I., Olsen, R.W., Usdin, E. (Eds.),
Psychopharmacology and Biochemistry of Transmitters and Receptors. Elsevier,
Amsterdam, pp. 97-100. Leiblich, I., 1982. Genetics of the Brain. Elsevier, Amsterdam,
492 pp.
Unpublished experiments may be mentioned only in the text. They must not be included
in the list of References. Papers which have been accepted for publication but which
have not appeared may be quoted in the reference list as "in press". Personal
communications may be used only when written authorization from the investigator is
submitted with the manuscript. They must not be included in the list of references. All
references listed should be referred to in the text and vice versa.
Figures Figures of good quality should be submitted online as a separate file. The
lettering should be large enough to permit photographic reduction. Legends should be
typed together on a separate page in the electronic manuscript. If a figure cannot be
submitted online, a hardcopy may be sent; please contact the Editorial Office
([email protected]) for further instructions.
Colour illustrations must be approved by the editors and the extra costs of colour
reproduction will be charged to the author(s).
If, together with your accepted article, you submit usable colour figures then Elsevier
will ensure, at no additional charge, that these figures will appear in colour on the web
(e.g. ScienceDirect and other sites) regardless of whether or not these illustrations are
reproduced in colour in the printed version. For colour reproduction in print, a limited
number of colour figures may be printed in the journal without cost, at the discretion of
the Editor, who will make the judgement based on the academic necessity of the colour
illustrations. For further information on the preparation of the electronic artwork, please
see
http://www.elsevier.com/locate/authorartwork.
Tables
Tables should be submitted online as a separate file and should bear a short descriptive
title. Legends for each table should appear on the same page as the table.
Preparation of Supplementary Material
Elsevier now accepts electronic supplementary material to support and enhance your
scientific research. Supplementary files offer the author additional possibilities to
96
publish supporting applications, movies, animation sequences, high-resolution images,
background datasets, sound clips and more. Supplementary files supplied will be
published online alongside the electronic version of your article in Elsevier web
products, including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. In order to ensure that
your submitted material is directly usable, please ensure that data is provided in one of
our recommended file formats. Authors should submit the material in electronic format
together with the article and supply a concise and descriptive caption for each file. For
more detailed instructions please visit our Author Gateway at
http://authors.elsevier.com.
Supplementary files can be submitted on disk; these files can be stored on 3.5 inch
diskette, ZIP-disk, or CD/DVD (either MS-Windows or Macintosh).
Proofs Authors will receive proofs by e-mail (PDF), which they are requested to correct
and return within 48 hours. No new material can be inserted in the text at the time of
proof reading. For Rapid Communications, in the interest of speed no proofs will be
sent to the authors; proofreading will be undertaken by the Publisher.
Reprints A total of 25 reprints of each paper will be provided free of charge to the
author(s). Additional copies can be ordered at prices shown on the reprint order form,
which will be sent to the author on acceptance of the article for publication.
Page charge. There will be no page charge.
For complete up-to-date addresses of Editors please check the link to Editorial Board at
the beginning of these instructions.
http://authors.elsevier.com"0") have been used properly, and format your article (tabs,
indents, etc.) consistently. Characters not available on your word processor (Greek
letters, mathematical symbols, etc.) should not be left open but indicated by a unique
code (e.g., Gralpha, #, etc., for the Greek letter a). Such codes should be used
consistently throughout the entire text. Please make a list of such codes and provide a
key. Do not allow your word processor to introduce word splits and do not use a
justified layout. Please adhere strictly to the general instructions on style/arrangement
and, in particular, the reference style of the journal. Further information may be
obtained from the Publisher.
Literature References
Citations in the text should be given in parentheses at the appropriate place by author(s)
name(s) followed by the year in chronological order according to the Harvard system
(Paintal, 1973; Birdsall et al., 1980). With more than two authors, name only the first
followed by "et al." (Birdsall et al., 1980). When two or more papers by the same
author(s) appear in one year, distinguish them by a, b, etc. after the date.
The Reference List should be typed in double spacing. It should be arranged in
alphabetical order of the first author's name. If the first author's name appears more than
once, the order is as follows: (1) single author: chronological sequence; (2) author and
co-author: alphabetically according to co-author; (3) author and more than one co-
author: chronological sequence (as in the text these will be referred to as "et al.").
Reference must be complete including, in this order: author's name, initials, year of
97
publication, title of article, title of the journal, volume, first and last page number of the
article cited. Title abbreviations should conform to those adopted by List of Serial Title
Word Abbreviations (available from International Serial data System, 20 Rue
Bachaumont, 75002 Paris, France, ISBN 2-904938-02-8).
Examples:
Paintal, A.S., 1973. Vagal sensory receptors and their reflex effects. Physiol. Rev. 53,
159-227.
Birdsall, N.J.M., Hulme, B.C., Hamner, R., Stockton, J.R., 1980. Subclasses of
muscarinic receptors. In: Yamamura, H.I., Olsen, R.W., Usdin, E. (Eds.),
Psychopharmacology and Biochemistry of Transmitters and Receptors. Elsevier,
Amsterdam, pp. 97-100.
Leiblich, I., 1982. Genetics of the Brain. Elsevier, Amsterdam, 492 pp.
Unpublished experiments may be mentioned only in the text. They must not be included
in the list of References. Papers which have been accepted for publication but which
have not appeared may be quoted in the reference list as "in press". Personal
communications may be used only when written authorization from the investigator is
submitted with the manuscript. They must not be included in the list of references. All
references listed should be referred to in the text and vice versa.
Illustrations
Each illustration should bear the author's name and be numbered in Arabic numerals
(Fig. 1, Fig. 2, etc.), must be referred to in the text and should be accompanied by a
legend (typed with double spacing on separate pages). An illustration, together with its
legend, should be understandable with minimal reference to the text.
a. All illustrations should be designed to fit either a single column (7 cm) or the full text
width (16 cm).
117
b. Line drawings: these should be drawn in Indian ink on white card, drawing or tracing
paper or be quality black and white prints. Line drawings should normally be about
twice the final size. Symbols should be used sparingly and direct labelling with an
explicative term or abbreviation is preferred. All symbols and lettering should be large
enough to permit reduction.
c. Micrographs. These should be mounted on thin cardboard and submitted in a form
suitable for direct reproduction without reduction. The maximum space available for
micrographs is 1619 cm. Micrographs should by carefully cropped, to leave out areas of
low information content, and they should be grouped and arranged to optimize the
available space. They should be separated by gutters of 2-3 mm and be directly labelled
by the author with Letraset or similar lettering aids. Micrographs must have a
calibration bar. Illustrations and legends should not be placed sideways. The original
manuscript should be accompanied by a set of illustrations marked "For Printer". In the
4 copies of the paper, the illustrations should be original photographs or good quality
photocopies. (Xerox copies are not acceptable.
d. Specific requests for reproduction of illustrations for a particular size (e.g. 100%)
should be mentioned on the reverse side of the figure.
e. Colour illustrations must be approved by the editors and the extra costs of colour
reproduction will be charged to the author(s).
If, together with your accepted article, you submit usable colour figures then Elsevier
will ensure, at no additional charge, that these figures will appear in colour on the web
(e.g. ScienceDirect and other sites) regardless of whether or not these illustrations are
98
reproduced in colour in the printed version. For colour reproduction in print, a limited
number of colour figures may be printed in the journal without cost, at the discretion of
the Editor, who will make the judgement based on the academic necessity of the colour
illustrations. For further information on the preparation of the electronic artwork, please
see http://www.elsevier.com/locate/authorartwork
Tables
Tables of numerical data should be typed/printed out (double spacing) on a separate
page, numbered in sequence in Arabic numerals (Table 1, 2, etc.), provided with a
heading and referred to in the text as Table 1, 2, etc.
Preparation of Supplementary Material
Elsevier now accepts electronic supplementary material to support and enhance your
scientific research. Supplementary files offer the author additional possibilities to
publish supporting applications, movies, animation sequences, high-resolution images,
background datasets, sound clips and more. Supplementary files supplied will be
published online alongside the electronic version of your article in Elsevier web
products, including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. In order to ensure that
your submitted material is directly usable, please ensure that data is provided in one of
our recommended file formats. Authors should submit the material in electronic format
together with the article and supply a concise and descriptive caption for each file. For
more detailed instructions please visit our Author Gateway at
http://authors.elsevier.com
Supplementary files can be submitted on disk; these files can be stored on 3.5 inch
diskette, ZIP-disk, or CD (either MS-Windows or Macintosh).
Proofs
Authors should keep a copy of their manuscript as proofs will be sent to them without
the manuscript. Proofs will be drawn on lower-quality paper. Only printer's errors may
be corrected (clearly marked in the text with red pen and clarified in the margin), no
changes in, or additions to, the edited manuscript will be allowed at this stage. For
RapidCommunications, in the interest of speed no proofs will be sent to the authors;
proofreading will be undertaken by the Publisher.
Reprints A total of 50 reprints of each paper will be provided free of charge to the
author(s). Additional copies can be ordered at prices shown on the reprint order form,
which will be sent to the author on acceptance of the article for publication.
Page charge There will be no page charge.
For complete up-to-date addresses of Editors please check the link to Editorial Board at
the beginning of these instructions.
http://authors.elsevier.com
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo