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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS
ELAINE TOSCANO MIRANDA
“ESTUDO COMPARATIVO DE ISOLADOS DE
P. brasiliensis EM ADESÃO CELULAR. SINALIZAÇÃO CELULAR
MEDIADA PELA GP 43”.
ARARAQUARA-SP
2006
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II
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS
ELAINE TOSCANO MIRANDA
“ESTUDO COMPARATIVO DE ISOLADOS DE
P. brasiliensis EM ADESÃO CELULAR. SINALIZAÇÃO CELULAR
MEDIADA PELA GP 43”.
Tese apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Análises Clínicas da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
UNESP Araraquara como pré-requisito
para obtenção do título de doutor.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria José Soares Mendes-Giannini
ARARAQUARA-SP
2006
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III
Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
UNESP – Campus de Araraquara
CAPES: 40300005
Miranda, Elaine Toscano
M672e Estudo comparativo de isolados de Paracoccidioides brasiliensis em adesão
celular. Sinalização celular mediada pela GP 43 / Elaine Toscano Miranda. –
Araraquara, 2006.
104 f.
Tese (Doutorado) –
Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita
Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós Graduação em
Análises Clínicas.
Orientadora: Maria José Soares Mendes Gianinni.
1. Paracoccidioides brasilienses (Adesão). 2. Paracoccidioides brasilienses
(Sinalização celular) . 3. Via Ras/Raf. 4. AKT. 5. Rho-GTP. I. Gianinni, Maria
José Soares Mendes, orient. II. Título.
CDD: 616.075
IV
Dedico:
A Deus
“Você se fez presente em todos os momentos firmes e trêmulos e, passo a passo,
pude sentir a sua mão na minha, transmitindo-me a segurança necessária para
enfrentar o caminho e seguir. A sua presença é qualquer coisa como a luz e a
vida, e sinto que em meu gesto existe o seu gesto e em minha voz, a sua voz.”
(Vinicius de Moraes)
Aos meus pais Laura e Antonio
Amados pais,
estou realizando um sonho, e minha vitória é fruto do incentivo, amor,
dedicação, carinho e apoio que vocês sempre me oferecem. Vocês são a
peça-chave do meu existir. Através da educação e dos ensinamentos
recebidos, aprendi a ser gente, gente que luta pelo que quer, gente que
procura fazer a diferença, gente que não deixa um sonho morrer. Sou e
serei grata, por toda minha vida, por me encorajar nos momentos de
desânimo e por colaborarem para que conseguisse alcançar meu sucesso.
Esta vitória pertence à vocês
Amo Vocês!!!
V
À Profa. Dra. Maria José Mendes Giannini
“O educador deve ser não um sábio, mas sim um homem
diferenciado pela sua educação, pela força de seus costumes, pela
maturidade de seus modos, jovial, sócil, acessível, franco, enfim, em
quem se encontre muito que imitar e pouco que corrigir”.
(Simon Bolívar)
Obrigada pelos ensinamentos, paciência, confiança e por mais esta
oportunidade!
À Rosângela (Rô)
“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu
um tesouro”. (Eclo 6,14)
Obrigada pela amizade,coleguismo, e grande contribuição neste trabalho.
Ao Cláudio, Nahieh,Victor e Vinícius
Agradeço pelo momentos de carinho, amizade e paciência.
Paciência que até mesmo quando, sem querer, em vocês descarrego
minhas preocupações e angústias. A presença dos que amo, em todas as
etapas, é a melhor recompensa. Pois, é sabido, ninguém é feliz sozinho.
Ninguém é auto-suficiente. Sem te-los ao meu lado, cada qual com seu
jeito particular de nos transmitir amor, talvez não tivesse tido tanta
força. Aos que amo, dedico este trabalho. Agradeço pelo seu amor.
Aos que amo, enfim, este mérito também é de vocês.
Vocês são a razão do meu viver
Eu amo vocês
VI
Aos meus padrinhos Ada e Valdemício
Pelo apoio e colaboração nesta caminhada.
Aos meus amigos : Vani, Bentão, Naly, Bel, Dorcas, Dona Carol, Rosinha, Eva,
Iracema, Elza Moraes pela força e ajuda nos cuidados com meus filhos.
Aos meus irmãos: Marilda, Clovis, Paulo, Rogério e André e aos meus
cunhados: Ladimir, Marli, Mariza e Marcela
À vocês que muito amo e que compartilharam dos meus ideais, compreenderam-
me, incentivaram-me, mesmo que no silêncio e na distância.
Aos meus sobrinhos
Pela alegria que vocês trouxeram.
À Marcela
Pela grande ajuda nas traduções para o inglês
Aos queridos amigos “da Micologia” Ana Marisa , Fabiana, Lílian, Julhiany,
Marcelo, , Liliana, Aline, Susana, Adriana, Paula, Ana Carolina (Pi), Natália,
Tatiana, José Nelson, Marisa Polezi, Danielli, Fábio, Eliana, Tirene, Márcia,
Luzia, Rita, Angélica, Rosemira, Isabel (cito) e Maxi (Hemato)!
Conviver é uma arte. Arte de saber respeitar e de aceitar os limites
e defeitos do outro. Durante estes anos, aprendemos uns com os outros e isso fez
com que aprendêssemos também sobre nós mesmos.
VII
À Profa. Dra. Christiane Pienna Soares e a Profa. Dra. Márcia Melhem pela
grande colaboração e sugestões valiosas como membros da banca do exame de
qualificação.
À Dra. Patrícia Ferrari Andreotti e a Dra Juliana Leal Monteiro da Silva pelo
apoio durante o trabalho.
À Julhiany e a Pati pelo repique das células e a Ana Carolina (Pi) pelo apoio
técnico.
À Cláudia, Laura, Sônia, Tirene e Eliana pela paciência e trabalho para que no
final de tudo desse certo!
À FAPESP
pelo financiamento deste trabalho.
VIII
Esse trabalho foi realizado no laboratório de Micologia Clínica
do Departamento de Análises Clínicas da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de Araraquara,
São Paulo, Brasil.
IX
LISTA DE ABREVIATURAS
%
Porcentagem
µ
µµ
µg
Micrograma
µ
µµ
µL
Microlitro
µ
µµ
µm
Micrômetro
ATV
Solução de tripsina-EDTA-versene (Adolfo Lutz)
BM
Banho maria
cm
Centímetro
CN
Célula normal
D.O.
Densidade ótica
fase L
Fase leveduriforme de P. brasiliensis
fase M
Fase miceliana de P. brasiliensis
g
Grama
GAPDH
Glyseraldehyde-3-phosphate dehydrogenase
h
Hora
H
2
O
2
Peróxido de hidrogênio
FPLC
Fast Performance Liquid Chromatography
IgG
Imunoglobulina G
kDa
Kilodalton
M
Molaridade
MEC
Matriz extracelular
mg
Miligrama
min
Minuto
mL
Mililitro
X
mM
Milimolar
NaCl
Cloreto de sódio
NaOH
Hidróxido de sódio
nm
Nanômetro
Número
ºC
Graus Célsius
Pb
Paracoccidioides brasiliensis
PBS
Tampão salina fosfato
PBS-T
Tampão salina fosfato com 0,1% de tween-20
PCM
Paracoccidioidomicose
rpm
Rotações por minuto
SDS
Dodecil sulfato de sódio
PMSF
Fenil metil sulfonil fluoride
NP 40
Nonidet P 40 (detergente)
SDS-PAGE
Eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio
TEMED
Tetra metil etileno diamino
SFB
Soro fetal bovino
TUNEL
Terminal deoxy-transferase mediated X-dUTP Nick End Labeling
X g
Gravidade
GEF
Guanine nucleotide exchange factor
GAP
GTPase-activating protein
GDI
GDP dissociation inhibitor
PH
Pleckstrin homology
PI3K
Phosphatidyinositol 3- Kinase
PIP3
Phosphatidylinositol 3,4,5-triphosphate
XI
GSK
Glycogen synthase Kinase
FAK
Focal Adhesion Kinase
MAPK
Mitogen-activated protein Kinase
IP3
1,4,5-triphosphato Inositol
MEK
MAPK quinase quinase
ERK
Extracellular-signal-regulated quinase
PKB/AKT
Proteína quinase B
XII
RESUMO
A capacidade de Paracoccidioides brasiliensis, agente etiológico da
paracoccidioidomicose (PCM), de causar doenças com manifestações clínicas variadas,
depende de seus fatores de virulência, em particular daqueles envolvidos na interação e
invasão celular. Estudos sobre o papel dos componentes do fungo como, por exemplo, a
glicoproteína de 43 kDa (gp 43), estão entre os assuntos abordados na
paracoccidiodomicose. A gp 43 atua como ligante de laminina, e por isso é importante na
adesão celular. Neste trabalho foi realizado um estudo comparativo entre isolados de Pb18
e Pb265, que têm capacidades distintas de adesão às células Hela e Vero, sob influência da
temperatura e diversos fatores químicos. Foram também avaliados eventos em células de
epitélio pulmonar expostas à gp 43 e células de Pb18, antes e após inoculação animal,
representando, respectivamente, isolados menos e mais virulentos. Os resultados mostram
que as adesinas fúngicas são termo-lábeis, sugerindo sua natureza protéica. Os açúcares
aminados glucosamina e galactosamina foram os mais eficientes para inibir a adesão
celular, em relação à manose, glicose e galactose, indicando (ou levantando a hipótese) que
esta atividade envolve mecanismos específicos tipo lectina. O estudo com componente da
matriz extracelular mostrou que a laminina, assim como seus derivados sintéticos, inibiu a
adesão do isolado Pb18, fato não verificado com Pb265, tanto com células Hela, quanto
com a linhagem Vero, mas variável sob influência de fatores químicos. As distintas vias de
sinalização foram demonstradas pelos eventos Ras-Raf, Rho e AKT verificados, sendo que
o isolado menos virulento causou menos estresse citotóxico, comprovado por menor sinal
Ras- Raf e AKT de proliferação. Os sinais intensos de proliferação observados nos
experimentos com o isolado mais virulento e exposição à gp 43 poderiam ser associados à
maior sobrevida do fungo que se internaliza mais facilmente nas células do hospedeiro,
dificultando o seu reconhecimento por células do sistema monocítico-fagocitário, antes de
XIII
causar apoptose, evadir e disseminar-se. As vias Ras-Raf e AKT agiram de modo sinérgico
nos efeitos de sobrevida celular. A diminuição do evento AKT implicou perda parcial de
sinal de sobrevida que se intensificou, a seguir e de modo contrário, com a diminuição de
Ras-Raf. A ativação das vias de sobrevida, associada a sinais citosólicos quando o Pb entra
na célula epitelial, foi demonstrada de modo inédito neste trabalho.
Palavras-chave: Paracoccidiodes brasiliensis; Adesão; Sinalização celular; Via Ras/Raf;
AKT; Rho-GTP.
XIV
ABSTRACT
The capacity of the Paracoccidioides brasiliensis, the etiological agent of
paracoccidioidomycosis (PCM), to provoke illnesses with great variety of clinical
manifestations depends on its virulence factors, particularly on those involved in the
cellular interaction and invasion. Studies about the role of the fungus components such as
the 43 kDa glycoprotein (gp 43) are among the subjects broached in the
paracoccidiodomycosis. The gp 43 acts as laminin ligand e for this reason it is important
in the cellular adhesion. In this work it was accomplished a comparative study between
isolates Pb18 and Pb265, which have distinct capacities of adhesion to the cells Hela and
Vero under influence of temperature and several chemical factors. Events in pulmonary
epithelial cells exposed to gp 43 and in Pb18 cells, before and after animal inoculation,
representing, respectively, isolates less and more virulent were evaluated as well. The
results show that the fungal adhesins are term-labels, suggesting its proteical nature. The
aminated sugars glucosamine and galactosamine were the most efficient, in comparison
with manose, glycose and galactose, in inhibiting the cellular adhesion, indicating (or
putting forward the hypothesis) that this activity involves specific mechanisms lectin-type.
The study with extracellular matrix component indicated that the laminin, as well as its
synthetic derivatives, inhibited the adhesion of the isolate Pb18 to the cells Vero and Hela,
what did not occur with Pb265, but it was variable under influence of chemical factors.
The distinct signaling pathways were demonstrated by the Ras-Raf, Rho and AKT events,
considering that the less virulent isolate caused minor cytotoxic stress, proved by minor
Ras-Raf and AKT proliferation signals. The intense proliferation signals observed in the
experiments with more virulent isolate and exposition to gp 43 could be associated to
larger time of survival of the fungus that more easily goes inside the host cells, making it
difficult to the monocyte-macrophage system cells to recognize it before the apoptosis, the
XV
evasion and the dissemination. The Ras-Raf and AKT pathways acted synergetically with
the effects of the cell survival. The decrease of the AKT event implied partial loss of the
survival signal that intensified, following and in a opposite way, with Ras-Raf decrease.
The activation of the survival pathways, associated to citosolic signals when Pb goes inside
the epithelial cell, was for the first time demonstrated in this work.
Palavras-chave: Paracoccidiodes brasiliensis; Adhesion; Cellular signalling; Ras/Raf
pathway; AKT; Rho-GTP.
XVI
SUMÁRIO
1.Introdução ..............................................................................................................
01
2. Objetivos ............................................................................................................... 25
3. Material e métodos ..............................................................................................
26
3.1.Isolados estudados ........................................................................................... 26
3.2. Componentes antigênicos de P. brasiliensis ................................................. 26
3.2.1. Filtrado de cultura......................................................................................
3.2.2. Fracionamento e purificação do antígeno de 43 kDa................................
26
27
3.2.3. Eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio
(SDS- PAGE)......................................................................................................
27
3.2.4 Coloração dos géis pelo nitrato de prata....................................................
28
3.2.5.Análise protéica por eletroforese bidimensional.......................................
29
3.3. Cultura celular .................................................................................................
29
3.3.1.Cultura de células de linhagem contínua...................................................
29
3.3.2. Desenvolvimento do teste de adesão........................................................
30
3.3.2.1.Preparo das células para o teste............................................................. 30
3.3.2.2.Preparo e padronização do inóculo de P. brasiliensis........................... 31
3.3.2.3.Infecção das células Vero e Hela com P.brasiliensis............................ 31
3.3.2.4. Tratamento da suspensão de células leveduriformes de P.
brasiliensis.................................................................................................................
32
3.3.2.5.Tratamento térmico.................................................................................
32
3.3.2.6. Tratamento com tripsina a 0,2%............................................................ 33
3.3.2.7.Tratamento com formalina a 4%.............................................................
33
3.3.2.8.Tratamento com periodato de sódio 10mM.............................................
33
XVII
3.3.2.9. Tratamento com azida............................................................................ 34
3.3.2.10. Tratamento com Concanavalina A.......................................................
34
3.3.2.11. Tratamento com açúcares....................................................................
34
3.3.2.12.Tratamento com quitina a 2,5 %........................................................... 35
3.3.2.13. Tratamento com diferentes pHs............................................................
35
3.3.2.14. Tratamento com soro humano normal..................................................
35
3.3.2.15. Tratamento com soro humano normal inativado.................................
3.3.2.16. Tratamento com heparina.....................................................................
35
36
3.3.2.17. Tratamento com laminina.................................................................... 36
3.3.2.18. Tratamento com peptídeos .................................................................. 36
3.4. Coloração das lamínulas............................................................................... 37
3.4.1. Coloração de May-Grunwald-Giemsa.......................................................
37
3.4.2. Coloração por ácido periódico de Schiff (PAS)........................................
37
3.4.3. Contagem das células e dos fungos aderidos.............................................
38
3.5. Ensaios de Sinalização. ............................................................................... 38
3.6. Análise estatística......................................................................................... 40
4. Resultados....................................................................................................... 41
4.1. Análise protéica por eletroforese bidimensional........................................... 41
4.2. Resultados da adesão dos isolados de Pb18 e Pb265 às células Vero e
HeLa .........................................................................................................................
43
4.3- Influência de tratamentos físicos, químicos e de algumas substâncias na
adesão de P. brasiliensis
...........................................................................................
44
a) Tratamento térmico........................................................................................... 44
b) Tratamento com agentes químicos e lectinas.................................................... 45
c) Ação do pH....................................................................................................... 47
XVIII
d) Ação dos tratamentos com soro, tripsina e heparina......................................... 48
4.4- Papel dos açúcares na aderência de P.brasiliensis às células epiteliais.......... 49
a) Teste por inibição..............................................................................................
49
b) Teste competitivo...............................................................................................
51
4.5-Interações proteína-proteína na adesão de P.brasiliensis..................................
53
4.6-Imunoblot – Evento de Sinalização Celular......................................................
56
5. Discussão................................................................................................................
60
6. Conclusões..............................................................................................................
76
7. Referências bibliográficas................................................................................... 77
8. Anexo .................................................................................................................... 96
1
1-INTRODUÇÃO e REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.2. P.brasiliensis e Paracoccidioidomicose
O agente etiológico da paracoccidioidomicose (PCM) é um fungo dimórfico
denominado Paracoccidioides brasiliensis, classificado taxonomicamente no Reino
Fungi, Divisão Eumycota, Subdivisão Ascomycota, nero Paracoccidioides e espécie
brasiliensis (UNTEREINER et al., 2004). Recentemente, foi sugerida a existência de
três diferentes espécies filogenéticas (S1, PS2, and PS3) de P. brasiliensis (MATUTE et
al., 2006).
P. brasiliensis é fungo dimórfico, termo-dependente, apresentando a fase
miceliana (M), saprobiótica, em temperaturas de 25 a 27
0
C. O aspecto das culturas nesta
fase é cotonoso, esbranquiçado e microscopicamente observa-se a presença de
filamentos hialinos, finos e septados. A fase leveduriforme (L) constitue a forma
parasitária do fungo, sendo reproduzida em cultivos de 35 a 37
0
C. Apresenta-se com
células arredondadas, de parede dupla e brotamentos múltiplos característicos,
formando a denominada “roda-de-leme” (LACAZ,1994).
Muito pouco se sabe a respeito do habitat do fungo. Achados de P. brasiliensis
foram relatados em solos de áreas endêmicas (Brasil, Colômbia e Venezuela), mais
recentemente em tatus, mas nenhum desses estudos, até o momento, pôde estabelecer
definitivamente seu nicho ecológico (FRANCO et al., 2000; BAGAGLI et al., 2006).
A maioria dos pesquisadores considera a via inalatória como principal meio de
infecção, em que propágulos da fase miceliana (artroconídidos e aleuroconídidos) são
inalados, invadindo vias aéreas terminais (alvéolos e bronquíolos terminais)
transformando-se em formas leveduriformes (RESTREPO, 1985). A doença afeta,
principalmente, agricultores do sexo masculino em idade produtiva. Como
2
conseqüência, pode-se estabelecer a condição de paracoccidioidomicose-infecção, em
que o indivíduo permanece assintomático ou, alternativamente, a
paracoccidiodomicose-doença. O desenvolvimento de doença pode se dar de duas
formas: aguda ou subaguda e crônica. A forma aguda compromete, preferencialmente, o
sistema monocítico-fagocitário, levando a linfadenomegalia e hepatoesplenomegalia,
enquanto que a crônica, acomete preferencialmente mucosas de via respiratória baixa
até cavidade oral, sendo considerada resultante da reativação do fungo a partir de focos
que permaneceram, provavelmente, quiescentes durante anos (FRANCO, 1986). Sabe-
se ainda que a paracoccidiodomicose-doença pode deixar seqüelas nos órgãos
comprometidos, mesmo após tratamento, como: má absorção intestinal, estenose de
laringe, Doença de Addison, fibrose pulmonar, etc.
A capacidade de P. brasiliensis de provocar doença humana, e causar micose
com grande variedade de manifestações clínicas, desde formas localizadas até doença
disseminada evoluindo para óbito, depende provavelmente da relação entre a
patogenicidade do fungo, e a habilidade deste em interagir com as estruturas superficiais
do hospedeiro, e invasão celular e a resposta imunológica. O conhecimento dos eventos
que ocorrem no processo de interação do fungo com as células do hospedeiro e, ou,
matriz extracelular é essencial para se desenvolver, no futuro, terapias que possibilitem
a inibição do patógeno em sua capacidade de colonizar e estabelecer a infecção; para
isto, o bloqueio da interação é o local ideal. O uso de peptídeos sintéticos ou anticorpos
dirigidos contra as moléculas de adesão ou as que interferem com os mecanismos
usados para internalizar parasitas intracelulares é possibilidade que surge dos
conhecimentos advindos dos estudos de interação celular. Por outro lado, a participação
do sistema imunológico na PCM é evidenciada pelo extenso envolvimento do sistema
monocítico-fagocitário, em casos graves, e pela presença de altos títulos de anticorpos
3
específicos; o que mas que parecem não apresentar proteção contra o fungo (FRANCO
et al., 1989). Sabe-se, no entanto, da importância da imunidade celular em promover
resistência à infecção por este fungo e por isso, esta se tornou o principal alvo das
investigações imunológicas.
Variações nos diferentes isolados de P.brasiliensis são evidenciadas em relação
a componentes da parede celular (SAN-BLAS & SAN-BLAS, 1977), em determinações
de curvas de crescimento (KASHINO et al., 1985) e patogenicidade e antigenicidade
(KASHINO et al., 1985; BIAGIONI et al., 1986; SINGER-VERMES et al., 1989;
SINGER-VERMES et al., 1994). Em 1989, Singer-Vermes et al., estudando sete
diferentes isolados de P.brasiliensis, Pb265, IVICPb267, Pb192, IVICPb9, PbSN,
Pb2052 e Pb18, quanto aos aspectos de patogenicidade e imunogenicidade, verificaram
que, estes poderiam se comportar como de virulência alta, média e baixa. Os isolados
de virulência baixa apresentavam também capacidade menor de induzir a produção de
anticorpos específicos e que os marcadores de virulência poderiam estar associados a
fatores relacionados à antigenicidade. O isolado Pb18 se mostrou mais virulento que o
isolado Pb265, em relação à sua DL
50
em camundongos da linhagem B10A. Com
exceção do isolado Pb265, todos os outros induziram uma peritonite granulomatosa
epitelióide que variou em intensidade. O isolado Pb18 disseminou-se em órgãos, como
fígado, baço, pulmões, nódulos linfáticos e coração, enquanto que o isolado Pb265
atingiu fracamente os nódulos linfáticos.
Os isolados de P. brasiliensis variam quanto à virulência, fato este que pode
auxiliar na explicação quanto à existência de diferentes manifestações clínicas da
doença (FRANCO et al., 1989). Os resultados experimentais demonstraram variações
entre os isolados deste fungo quanto à virulência e que esta é também influenciada pela
estocagem e passagem in-vitro dos isolados (ZACHARIAS et al., 1986; BRUMMER et
4
al., 1990; KASHINO et al., 1990; PERAÇOLI et al., 1992; ANDREOTTI, 2002).
Vários grupos estudam a obtenção e purificação de uma vasta gama de antígenos de P.
brasiliensis (MENDES-GIANNINI et al., 1990; CAMARGO et al., 1991; PUCCIA et
al., 1991; BLOTTA & CAMARGO, 1993). Um dos antígenos mais estudados, a gp43,
foi inicialmente identificada como fração E por Yarzábal et al. (1977) e, posteriormente,
caracterizada por Puccia et al. (1986). A gp43 é o antígeno mais utilizado para o estudo
da resposta imune humoral na PCM, por ser considerado o antígeno imunodominante de
P. brasiliensis, como demonstrado nos primeiros estudos sorológicos realizados pelo
grupo da Micologia da FCF-UNESP Araraquara (MENDES-GIANNINI et al. 1990) e
por Camargo et al. (1991). Esta fração foi majoritariamente reconhecida por
praticamente 100% dos soros de pacientes com PCM (MENDES-GIANNINI et al.
1990; CAMARGO et al., 1991). Por outro lado, tem sido demonstrado que diferentes
isolados deste fungo podem produzir diferentes isotipos de gp43, variando de pI (ponto
isoelétrico) 5,8 a 8,5 (SOUZA et al., 1997) e que estes são diferentemente expressos
entre os isolados.
Com intuito de estudar os passos envolvidos no contato inicial de P. brasiliensis
com a superfície celular até os eventos que culminam em sua entrada na célula, o grupo
da Micologia da FCF-UNESP de Araraquara utilizou o modelo de culturas celulares. P.
brasiliensis pode desenvolver vários fenótipos (crescimento, invasão e metástase)
dependendo do isolado fúngico, hospedeiro e outros fatores (LENZI et al., 2000).
A capacidade de aderência às moléculas específicas da superfície celular,
confere ao patógeno a habilidade para selecionar com qual componente do hospedeiro
vai interagir e, a partir daí, colonizar os tecidos. A interação de adesinas (constituintes
do microrganismo) com receptores celulares, que estão normalmente envolvidos no
5
contato célula-célula ou célula-matriz (especialmente integrinas), podem ser usados pelo
patógeno para invadir e se manter como parasita intracelular.
No estudo da virulência de P. brasiliensis, Mendes-Giannini et al., (1994)
utilizando culturas de células epiteliais da linhagem Vero (rim de macaco verde da
África), demonstraram que este agente apresenta mecanismos de adesão e de invasão.
Em estudo posterior, foi demonstrado que diferentes isolados do fungo apresentam grau
de adesão diferente a essas células. Correlação entre aderência e virulência para animais
foi mostrada, sendo que o isolado mais patogênico (Pb 18) fosse também mais aderente
em comparação com o menos virulento (Pb 265). Portanto, Hanna et al., 2000
confirmaram estes dados e estabeleceram a correlação entre aderência e virulência.
Perda da capacidade de aderência de isolados altamente aderentes indicou-se
tratar da influência dos (GIANNINI et al.não publicado), fato observado também por
outros autores em modelos animais pela passagem sucessiva (KASHINO et al., 1985;
BRUMER et al., 1990). A capacidade de adesão e de virulência para animais é
restaurada quando se obtém retro-cultivos após inoculação ou a partir de culturas de
células infectadas (MENDES-GIANNINI et al., 2006).
O agente da paracoccidioidomicose, como muitos outros microrganismos,
sintetiza várias substâncias que participam direta ou indiretamente da relação fungo-
hospedeiro. A estrutura antigênica de P. brasiliensis é bastante complexa; cerca de 60
componentes solúveis foram descritos incluindo glicoproteínas e proteínas, com e sem
atividade enzimática (YAZÁRBAL, 1982). Estudos de correlação entre alguns destes
componentes e a patogenicidade estão entre os assuntos abordados de grande
importância na paracoccidiodomicose. A glicoproteína de 43 kDa, ligante de laminina,
tem papel na adesão (VICENTINI et al., 1994); fato este confirmado pela inibição de
85% do processo de adesão, pelo soro anti-gp43 (HANNA et al., 2000).
6
Provavelmente, outros componentes do fungo tenham papel no processo de adesão
(MENDES-GIANNINI et al., 2000). Recentemente, uma adesina de 30 kDa de P.
brasiliensis foi isolada e demonstrou capacidade de ligação à laminina, mas não a outros
componentes da matriz extracelular (MEC). Esta proteína foi mais expressa num isolado
de P. brasiliensis que apresentava alta capacidade de adesão. O papel destas adesinas
foi investigado e a adesão de P. brasiliensis foi intensamente inibida pelo pré-
tratamento das células epiteliais com as moléculas de 30 e de 43 kDa (ANDREOTTI et
al., 2005). Além disso, P. brasiliensis apresenta, em sua superfície celular, duas
proteínas com massas moleculares de 19 e 32 kDa que interagem com diferentes
proteínas da MEC, tais como laminina, fibronectina e fibrinogênio (GONZALEZ et al.,
2005). A enzima gliceraldeído-3-fosfato dehidrogenase (GAPDH), recombinante, que é
um componente de P. brasiliensis, foi capaz de se ligar à laminina, colágeno tipo I e
fibronectina. O tratamento de formas leveduriformes de P. brasiliensis com anti-
GAPDH e de pneumócitos com GAPDH recombinante promoveu a inibição da infecção
do fungo às células epiteliais (BARBOSA et al., 2006). Coltri et al., 2006 estudaram
uma proteína de 70 kDa , que foi designada como “paracoccin”, ligante de n- acetil
glucosamina (GlcNAc) que se liga à laminina e induz a produção de TNF-α por
macrófagos, com aumento de NO (óxido nítrico), suprimindo as células do sistema
imunológico e, conseqüentemente, favorecendo a adesão e invasão das células do
hospedeiro, sugerindo ser um fator importante na patogênese da PCM.
A maioria das moléculas com funções de ligantes são proteínas-glicomananas,
presentes na parte externa da parede celular. Estas podem ter homologia com receptores
tipo integrina, iC3b, e receptores para fibronectina, laminina e fibrinogênio ou então
tipo lectina reconhecendo resíduos de fucose ou n-acetilglucosamina e em alguns casos
interações ainda não definidas como a secreção de aspartil proteinase e do fator 6
7
(CALDERONE & FONZI, 2001). Mudanças nas condições e no meio de cultivo
influenciam nas características de superfície celular de P. brasiliensis e
conseqüentemente na adesão a tecidos (BOUCHARA et al., 1990; VESPA et al., 1995).
Assim, polissacarídeos, proteínas e lipídeos da parede celular têm sido implicados como
tendo alguma função adesiva, principalmente, em Candida albicans (MENDES-
GIANNINI et al., 2005).
fortes evidências de que a ligação entre a forma de levedura de P.
brasiliensis e células epiteliais é mediada por adesinas da camada externa da parede
celular, denominada de fibrilar-flocular (HOWLET & SQUIER, 1980). Outras
experiências têm sugerido que o grau de desenvolvimento desta camada depende de
nutrientes como galactose ou sacarose (POULAIN et al., 1978). Células de C. albicans
cultivadas em meio suplementado com altas concentrações destes dois açúcares tiveram
um incremento na adesão às células epiteliais. Quando estas leveduras foram inoculadas
em animais houve um aumento na virulência de 5 a 24 vezes, comparados aos isolados
inoculados sem o acréscimo destes açúcares (SAMARANAYAKE & MCFARLANE,
1981). As leveduras cultivadas em meio suplementado com galactose ou sacarose
passaram a apresentar um material polimérico extracelular, composto principalmente
por manose, além de glucosamina e proteínas, que lhes proporcionaram um aumento do
número de sítios adesivos e um aumento do número de determinantes antigênicos
(CALDERONE & BRAUN, 1991).
A parede celular de ambas as formas de P.brasiliensis é composta
principalmente de polissacarídeos (quitinas e hexoses), proteínas e lipídios
(KANETSUNA, 1972). A forma de levedura apresenta hexoses constituídas de longas
cadeias de alfa-1,3 glucana mais externamente e quitina e beta glucana na sua parte
mais interna. A forma miceliar apresenta parede celular constituída de uma única
8
camada, em que a quitina e beta glucana estão entrelaçadas. (SAN-BLAS & SAN-
BLAS, 2000). Em ambas as formas, uma galactomanana está presente, a qual reage
cruzadamente com estruturas similares de outros fungos dimórficos (AZUMA et al.,
1974).
A parede celular de P.brasiliensis tem sido separada em três frações: a) uma
fração alcali insolúvel, b) outra fração ácido insolúvel e, c) fração alcali e ácido solúvel
(KANETSUNA et al , 1969; KANETSUNA el al., 1972).
A quitina é comum nas duas formas em que P. brasiliensis se apresenta. A
parede celular da forma leveduriforme contém glicose como uma cadeia de açúcar
neutro na fração 1 e 2, como alcali solúvel alfa 1,3 glucana (95%) e uma pequena
quantidade (5%) de um alcali insolúvel beta-1,3glucana (KANETSUNA et al., 1969;
KANETSUNA et al., 1970). Pequenas quantidades (pouco mais de 2%) de galactose e
manose foram encontradas na fração 3. A glicose é a principal hexose na forma
miceliana, ocorrendo quase exclusivamente como beta 1,3 glucana.
1.2. Estudos da interação de P.brasiliensis com células epiteliais in vitro
A aderência aos tecidos do hospedeiro é considerada uma etapa crucial para o
estabelecimento da doença e parece ser mediada pelo reconhecimento de alguns
componentes da matriz extracelular. Várias proteínas da matriz podem ser receptores
potenciais para os microrganismos. A laminina foi a primeira destes componentes a ser
implicada na patogênese da paracoccidioidomicose (VICENTINI et al., 1994).
Nosso grupo vem trabalhando nesta abordagem e outros componentes da matriz
como colágeno tipo I e IV, fibronectina e entactina estão envolvidos na adesão aos
tecidos do hospedeiro. Pela primeira vez, foi demonstrado padrão de reconhecimento
diferencial ao se compararem estes componentes da matriz extracelular (MEC) frente
9
aos componentes antigênicos das cepas Pb18 e Pb265 (VINCENZI, 2000; MENDES-
GIANNINI et al., 2000). Os ensaios usando Pb18 demonstraram a saturabilidade das
ligações, conferindo características de receptores aos tios de ligação para as diferentes
proteínas da matriz extracelular analisadas. Também se verificou que seqüências da
gp43 que mais contribuem para a ligação às células Vero (VINCENZI, 2000;
MENDES-GIANNINI et al., 2006). Por outro lado, os peptídeos RGDS (arginina-
glicina-ácido aspártico-serina) e RGD (arginina-glicina-ácido aspártico), que são parte
da molécula de fibronectina, e as sequências CDPGYIGSR-NH
2
e YIGSR, partes da
molécula de laminina, reduziram a aderência da gp43 as células Vero. Estes resultados
reforçam a contribuição do processo de adesão às diferentes proteínas da matriz
extracelular na patogênese de P. brasiliensis. Por outro lado, moléculas de adesão de
células eucarióticas são utilizadas por várias células e moléculas extracelulares na
defesa do hospedeiro contra infecção (KERR et al., 1999). Recentemente, o
envolvimento de ICAM-1 foi demonstrado na migração celular e na organização de
lesões granulomatosas causadas por P. brasiliensis (MOREIRA et al., 2006).
Estas proteínas são freqüentemente utilizadas por um grande número de
microrganismos para facilitar a aderência e/ou invasão. Assim, a interação com
receptores celulares, que estão normalmente envolvidos no contato célula-célula ou
célula-matriz (integrinas) são usados pelos patógenos para invadir e coexistir como
parasita intracelular. Desta forma, os microrganismos patogênicos podem ligar-se as
moléculas de adesão do hospedeiro visando sua entrada, promovendo sua própria
sobrevivência e disseminação.
Na disseminação de Candida albicans estão envolvidos componentes da matriz
extracelular como laminina, fibronectina e colágeno tipo IV e as adesinas até agora
identificadas incluem receptores para os fragmentos do complemento iC
3b
e C
3d
10
(CALDERONE et al., 1988; ALAEI et al., 1993), laminina (BOUCHARA et al., 1990;
LOPEZ-RIBOT et al., 1994), fibrinogênio (BOUALI et al., 1987; CASANOVA et al.,
1992), fibronectina (SKERL et al., 1983; KALO et al., 1988; KLOTZ & SMITH, 1991)
e diferentes componentes da matriz extracelular incluindo colágeno tipo IV (KLOTZ,
1990; KLOTZ et al., 1993) e mais recentemente entactina (LOPEZ-RIBOT &
CHAFFIN, 1994). A maioria destas adesinas são glico(mano)proteínas presentes na
parte externa da parede celular e possuem propriedades similares às lectinas ou
integrinas, reconhecendo nas células hospedeiras glicosídeos com resíduos fucosil ou
peptídeos contendo a seqüência RGD (CALDERONE, 1993).
O parasitismo intraepitelial como mecanismo de infecção em
paracoccidioidomicose humana é um aspecto pouco explorado. Os trabalhos de BRITO
et al., (1972 e 1973) apontaram para a presença de células fúngicas sem parede nas
porções intracelulares dos constituintes ectodermais de embriões de galinha, bem como
a presença de células típicas de P. brasiliensis sobre células epiteliais e dentro delas. Os
autores sugeriram que o fungo se apresenta na forma de protoplasto para penetrar nas
células do hospedeiro e a parede fúngica regenera-se posteriormente, adquirindo sua
morfologia característica.
O P. brasiliensis não é um parasita essencialmente intracelular, contudo pode ser
observado no citoplasma de células epiteliais in vivo (BRITO et al., 1973) e in vitro
(MENDES-GIANNINI et al., 2000). Esta interação pode também ser considerada
importante como mecanismo de escape do sistema imune do hospedeiro, fato este que
tem sido explorado e que pode oferecer outra perspectiva ao estudo da patogênese deste
fungo (MENDES-GIANNINI et al., 1994; HANNA, 1996; MONTEIRO DA SILVA,
2000; HANNA et al., 2000). Um isolado de P. brasiliensis sem qualquer tratamento
prévio foi capaz de aderir e invadir células epiteliais de linhagem contínua (MENDES-
11
GIANNINI et al., 1992). Inicialmente, pequenos brotos apareceram aderidos às células,
mudando aparentemente sua morfologia e, decorrido algum tempo, estruturas esféricas
foram observadas no citoplasma, com aparente migração para o núcleo (MENDES-
GIANNINI et al., 1994). Estudos posteriores mostraram que a adesão de P. brasiliensis
às células foi feita aparentemente por um pequeno túbulo, semelhante a um tubo
germinativo (HANNA, 1995; UEMURA, 1996) e ao redor da área de adesão do fungo à
célula epitelial puderam observar alterações nas membranas celulares, com presença de
cavitações circunscritas ao redor do elemento fúngico e também vacúolos (MONTEIRO
DA SILVA, 2000; HANNA et al., 2000); provavelmente resultantes dos produtos
extracelulares do fungo ou através de um processo fagocitário da célula hospedeira.
Formas variadas de P. brasiliensis foram observadas, interagindo com as células
epiteliais e formas características do fungo e na forma de protoplasto foram observadas
no interior da célula após 24 horas de incubação. Estas observações apontam que
provavelmente o fungo invada estas células na forma de protoplasto e no citoplasma
celular ocorreria a regeneração da parede celular. Os fungos, que invadiram as células
Vero, foram observados numa forma circunscrita dentro de um vacúolo, sugerindo
processo de fagocitose (MONTEIRO DA SILVA, 2000; HANNA et al., 2000). O P.
brasiliensis não é um parasita essencialmente intracelular, contudo pode ser observado
no citoplasma de células epiteliais in vivo (BRITO et al., 1973) e in vitro (MENDES-
GIANNINI et al., 2000). Esta interação pode também ser considerada importante como
mecanismo de escape do sistema imune do hospedeiro, fato este que tem sido explorado
e que pode oferecer outra perspectiva ao estudo da patogênese deste fungo (MENDES-
GIANNINI et al., 1994; HANNA, 1996; MONTEIRO DA SILVA, 2000; HANNA et
al., 2000).
12
A habilidade do P. brasiliensis sobreviver intracelularmente pode explicar vários
aspectos da relação parasita-hospedeiro. A invasão de P. brasiliensis às diferentes
linhagens de células epiteliais pode ocorrer pela ativação de um processo fagocitário da
própria célula hospedeira, à semelhança do ocorrido com a invasão de células pelas
enterobactérias (KADURUGAMUWA et al., 1991). Essa invasão ocorre porque as
células epiteliais estudadas apresentam mecanismo de fagocitose forçada e os
metabólitos do fungo podem estimular o rearranjo do citoesqueleto da célula
hospedeira, que passa a se comportar como célula fagocitária.
1.3. Citoesqueleto celular
O citoesqueleto é ligado à superfície da célula por membros da família das
integrinas, por exemplo, receptores para fibronectina, colágeno, laminina, vitronectina,
molécula do complemento C
3bi
e entactina. evidências que integrinas estão ligadas
ao sistema de microfilamentos da actina através de várias moléculas incluindo: talina,
vinculina e α-actinina. Estas ligações formam estruturas semelhantes a âncoras,
permitindo à lula eucariótica aderir às outras células ou à matriz extracelular. Assim,
parasitas intracelulares são capazes de utilizar estes sistemas e usar tais receptores para
entrar na célula hospedeira (ALAEI et al., 1993).
Todas as espécies eucarióticas possuem filamentos de actina. Esta proteína é a
mais abundante do citoesqueleto, constituindo, freqüentemente, 5% ou mais do total das
proteínas celulares. A invasão de microrganismos em células epiteliais evidencia-se pela
alteração da membrana da célula hospedeira que fica deformada parecendo enrugada ou
encrespada. A internalização e o efeito de enrugamento são acompanhados por extenso
rearranjo de actina. Durante este processo um aumento dos veis de cálcio
intracelular, um sinal que ativa as enzimas para a despolimerização da actina. Após a
13
entrada da bactéria, a polimerização do filamento da actina retorna ao normal (FINLAY
et al., 1992; SALYERS & WHITT, 1994).
Outros constituintes do citoesqueleto, além dos microfilamentos de actina, têm
sido estudados como os filamentos de citoqueratina, envolvidos na adesão de bactérias
às células epiteliais. Os trabalhos têm sugerido que a aderência a citoqueratina pode ser
importante na manutenção dos sítios de colonização em epitélios queratinizados e
mesmo causar injúrias celulares em outros sítios (TAMURA & NITTAYAJARN,
2000). Por outro lado, foi sugerido que o envolvimento da citoqueratina facilitaria a
translocação de algumas bactérias através das barreiras epiteliais, evadindo-se das
defesas do hospedeiro (SAJJAN et al., 2000).
Algumas evidências têm sugerido que para a ocorrência da internalização de
patógenos em fagócitos não profissionais, são requeridas proteínas ligantes de
fibronectina (FnBPs). Assim, trabalhando-se com mutantes incapazes de expressar as
FnBPs, foi verificada redução significativa de sua entrada em células epiteliais in vitro
(ISBERG & TRAN VAN NHIEU, 1994). Porém, outros trabalhos demonstraram
também que pode haver uma compensação por outras moléculas de superfície, pela
ausência de FnBPs, permitindo ao microrganismo ligar-se às células. A fibronectina
atuaria como molécula bifuncional, que formaria uma "ponte" entre a FnBP e o receptor
celular (provavelmente as integrinas) que se liga a fibronectina ou outros componentes
da matriz extracelular e interagem com o citoesqueleto de actina.
Os mecanismos moleculares de internalização de fungos em células epiteliais
estão sendo explorados. Este aspecto está bem desenvolvido em bactérias como
Salmonella, Shigella e Yersinias em que já se estudaram e caracterizaram as invasinas e
o mecanismo de invasão que envolve alterações do citoesqueleto. As células epiteliais
podem ligar-se a invasina e esta interação envolve várias integrinas (ISBERG &
14
LEONG, 1990; ISBERG, 1991). Como anteriormente mencionado, integrinas estão
ligadas ao citoesqueleto e, por sua vez, os inibidores do filamento de actina bloqueiam a
entrada da maioria das bactérias patogênicas em células não fagocíticas (FINLAY &
FALKOW, 1989; TRAN VAN NHIEU & SANSONETTI, 1999).
As bactérias Salmonella ou Shigella ao entrarem nas células epiteliais,
promovem grande condensação de actina ao seu redor (SANSONETTI, 1991; FINLAY
et al., 1992), à semelhança do que ocorre na fagocitose. Há também uma grande
condensação de α-actinina, tropomiosina, talina e integrinas, envolvendo a bactéria
(WATARI et al.,1996).
Assim, é provável que os organismos invasores liguem-se diretamente ou via
matriz extracelular às integrinas, ou suas assemelhadas na superfície do hospedeiro.
Após esta ligação, é disparado um sinal na célula hospedeira para que os filamentos da
actina liguem-se ao receptor da membrana, possivelmente, via talina e outras proteínas e
assim possibilitem a entrada do parasito na célula. Uma vez dentro da célula, alguns
microrganismos são capazes de causar significante rearranjo no citoesqueleto (WELLS
et al., 1998; MENDES-GIANNINI et al., 2004).
Estudos realizados com cultura de células endoteliais, incubadas com C.
albicans demonstraram a presença de leveduras intracitoplasmáticas incluídas em
vacúolos e injúria celular concomitantemente à formação de hifas. Este microrganismo
pode induzir fagocitose em células endoteliais através da polimerização dos
microfilamentos e microtúbulos do citoesqueleto (FILLER et al., 1995, ZINK et al.,
1996). Foi sugerido que substâncias citotóxicas secretadas pelas hifas causariam tais
danos. A migração de C. albicans pelo endotélio é considerada etapa crucial para a
invasão do parênquima e estabelecimento da infecção sistêmica (ZINK et al., 1996).
15
P. brasiliensis é capaz de invadir e induzir rearranjo do citoesqueleto em células
epiteliais (Vero) e na linhagem A
549
de pneumócitos tipo I. Componentes do
citoesqueleto, tais como actina, tubulina e citoqueratina, estão envolvidas no processo
de invasão de P. brasiliensis. Os resultados também mostraram que a interação de P.
brasiliensis com estas células afetou a citoqueratina celular, apontando para a presença
de queratinases. Citocalasina D e colchicina reduziram substancialmente a invasão,
indicando a participação de microfilamentos e microtúbulos neste mecanismo. Gp43 foi
também reconhecida por soro anti-actina e anti-citoqueratina, mas não por anti-tubulina,
sugerindo que esta molécula pode ser um ligante para alguns componentes e pode ser
provável candidata à invasina (MENDES-GIANNINI et al., 2004). Os componentes do
citoesqueleto são partes importantes do sistema celular para transporte citoplasmático de
vesículas e outras organelas. P. brasiliensis pode tirar vantagem deste sistema aderindo
a estes componentes e subvertendo-os. Assim, P. brasiliensis pode induzir a fagocitose
em células epiteliais através da polimerização de microfilamentos e microtúbulos
(HANNA, et al., 2000; MENDES-GIANNINI et al., 2000; MENDES-GIANNINI et al.,
2004).
Células não fagocíticas como as epiteliais e fibroblastos não codificam
receptores CR
3
e, normalmente, não fagocitam. No entanto, muitos patógenos
intracelulares são capazes de entrar nestas células, talvez, por mecanismos envolvendo
integrinas e o citoesqueleto. Assim, a internalização de conídios de fungos oportunistas
como Aspergillus fumigatus em cultura de células endoteliais estaria também associada
com o mecanismo de escape de fagócitos assim como uma possibilidade para a
disseminação (PARIS et al., 1997). A participação de células epiteliais na
paracoccidioidomicose pode, por outro lado, ser um ponto de transição do fungo para
sua colonização e invasão tecidual. Os efeitos que P. brasiliensis pode induzir nas
16
várias vias de sinalização entre as células e o genoma através do citoesqueleto são
atualmente desconhecidas.
As integrinas são os principais receptores utilizados pelas células animais para
ligação à MEC. Essas proteínas são heterodímeros e atuam como ligantes
transmembrana que medeiam as interações bidirecionais entre a matriz e o citoesqueleto
de actina (HYNES, 1987).
1.4. Sinalização celular
Coxon et al., (1998) investigaram a hipótese de que a invasão da Legionella
pneumophila à monócitos ativa sinais de fosforilação necessários para induzir o
rearranjo do citoesqueleto requerido no processo de entrada da bactéria e a possibilidade
que esses sinais sejam diferentes entre isolados avirulentos e virulentos durante o evento
de invasão. Quando células infectadas com a bactéria foram observadas por
imunofluorescência utilizando anticorpo anti-fosfotirosina 4G10, houve um aumento da
fluorescência, mostrando a presença dessa proteína durante a infecção.
No processo de invasão celular de Trypanossoma cruzi, a função dos receptores
de superfície celular é disparar a cascata de sinalização que mobiliza vários mensageiros
secundários. A mobilização do íon cálcio promove na célula hospedeira o rearranjo dos
microfilamentos, o recrutamento de lisossomos para o sítio de entrada de T. cruzi e a
internalização do parasito. O resultado da informação da superfície celular para os
componentes intracelulares leva a um aumento da concentração de cálcio livre no
citosol da célula. Esta resposta de cálcio que é requerida na invasão do parasito, não é
provocada em formas não infectantes de T. cruzi (YOSHIDA et al., 2000).
Favoreto et al., (1998) examinaram a necessidade da fosforilação da proteína
tirosina de Trypanossoma cruzi para sua entrada em células de mamífero, e observaram
17
que o tratamento do parasito com genisteína, um inibidor da atividade tirosina quinase,
inibiu significantivamente a invasão às células Hela.
Como uma das conseqüências da internalização de patógenos em células
epiteliais, a modulação do fenômeno de apoptose, tem sido investigada (JACOBSON &
RALF, 1997; VAUX & KORSMEYER, 1999; MENDES-GIANNINI et al., 2004). Este
fenômeno é essencial na regulação da população de células, homeostase e também em
certas condições patológicas, como câncer.
A indução de apoptose por patógenos foi bem caracterizada para certas infecções
virais (THOMPSOM, 1995), bacterianas (McORIST et al., 1996; MONACK et al.,
1997; GUEIRARD et al., 1998) e por protozoários (KHAN et al., 1996). Como
conseqüência, os patógenos podem alcançar o meio extracelular, evadir-se da resposta
imune ou estimular a resposta inflamatória (MONACK et al., 1996; MULLER et al.,
1996; ZYCHLINSKY et al., 1996).
Staphylococcus aureus, além da persistência em hospedeiros saudáveis, pode
induzir infecções crônicas e resistentes à terapia convencional (MOULDING et al.,
1999). Embora também não seja um patógeno intracelular, foi extensivamente
documentada a entrada em células epiteliais, endoteliais e osteoblastos. Estes
mecanismos foram sugeridos como uma possibilidade de manutenção de um nicho
intracelular, podendo promover a colonização em longo prazo no hospedeiro,
determinando assim, o caráter da infecção crônica. Durante seu ciclo de invasão celular,
esta bactéria induz sua interiorização, através do rearranjo dos microfilamentos de
actina; internalizada, ela escapa da vesícula endossomal; multiplica-se no citoplasma
celular e alcança o meio extracelular, induzindo apoptose na célula hospedeira, através
de toxinas (MENZIES & KOURTEVA, 1998).
18
A técnica de TUNEL (técnica capaz de detectar DNA apoptótico) foi empregada
e verificou-se a indução de apoptose em células epiteliais por P. brasiliensis
(MENDES-GIANNINI et al.,2004). As mudanças morfológicas nucleares e o número
de células apoptóticas foram dependentes do tempo de exposição à P. brasiliensis. Os
mecanismos de indução de apoptose em células não fagocíticas, que internalizaram P.
brasiliensis, devem ser exploradas para se correlacionar com prováveis achados in vivo.
O papel de células apoptóticas na infecção por P. brasiliensis é desconhecido,
entretanto, ativação nas células ou fagócitos pode favorecer o patógeno, favorecendo
consequentemente sua disseminação.
Fungos e outros organismos vivos são capazes de perceber mudanças no meio e
ajustar suas atividades intracelulares. O crescimento e diferentes respostas dos fungos a
estímulos exógenos estão relacionados com eventos de sinalização celular. O
crescimento de fungos filamentosos e os processos de divisão celular das leveduras
patogênicas, C. albicans e C. neoformans, são regulados por uma cascata de sinais de
transdução (LENGELER et al., 2000). A despeito das diferenças evolucionárias entre
células de mamíferos e fungos, ambos compartilham padrões semelhantes de
sinalização intracelular (LENGELER et al., 2000). Os mecanismos de sinalização
propostos para uma variedade de células demonstram a participação de receptores de
superfície, de proteínas associadas ä membrana e citosólicas para a resposta destas
células frente a estímulos do meio extracelular.
A ativação de proteínas ou fosfolipídios de membrana gera a resposta de um
segundo mensageiro que pode interagir com proteínas quinases de sinalização ou
modular a liberação de cálcio para outros eventos intracelulares.
A flutuação da concentração de cálcio intracitoplasmático é resultante dos sinais
emitidos do fosfolipídio denominado fosfatidilinositol (PI). Sinais de membrana por PI
19
geram os segundos mensageiros diacilglicerol (DAG) e 1,4,5-trifosfato inositol (IP3).
Assim, IP3 mobiliza cálcio do retículo endoplasmático como resposta ao estímulo dos
fosfolipídios de membrana. O influxo citoplasmático de cálcio pode ser regulado por
eventos extracelulares (LODISH & KONG, 1990).
uma notável homologia bioquímica e genética em leveduras, nematóides e
células de mamíferos, quanto à cascata de sinalização celular composta de várias
proteínas com ação seqüencial. Estas proteínas são denominadas de MAP quinase
(MAPK) e são ativadas por um complexo de proteínas ras associadas existente na
membrana celular (LODISH & KONG, 1990). Assim, eventos extracelulares podem
modular resposta intracelular por sinal propagado a partir da membrana a alvos
intracitoplasmáticos específicos. Na dependência do tipo de estímulo, respostas de
sinalização diferentes são desencadeadas. Estímulos de proliferação ou diferenciação
celular ativam receptores de fatores de crescimento, que por sua vez modulam uma
resposta seqüencial autoregulada de proteínas raf, MEK, ERK e resposta nuclear. Por
sua vez, processos inflamatórios, de stress e/ou morte celular tem resposta sinal
diferenciada, ativada por receptores de citocinas na membrana celular e propagadas
consecutivamente pela sinalização de MEKKs, MKKs e JNK/p38 (COOPER, 2000). A
resposta das células frente ao “stress” vai estimular eventos nucleares para síntese de
mediadores de inflamação ou direcioná-la para morte. Além da ativação nuclear, a
sinalização pode ativar alvos do cistoesqueleto celular modulando a interação célula-
célula ou célula à matriz. O modelo atualmente proposto para a interação entre matriz e
propagação de sinal intracelular é a ligação entre integrinas associadas a membrana e
um receptor não tirosina quinase, denominado FAK (focal adhesion kinase). O sinal
emitido pela interação integrina/FAK modula novos sinais intracelulares seqüenciais
associados ao complexo protéico Grb2/Sos, proteína Ras e MAPKs (COOPER, 2000).
20
Ainda, frente ao estímulo de fatores de crescimento, o sinal intracelular ativa proteínas
de citoesqueleto, como Rho, Rac e Cdc42 e resulta na modificação conformacional da
célula. Rho, Rac e Cdc42 são da família de pequenas proteínas ligadas a GTP que atua
na regulação do citoesqueleto de actina, controlando uma variedade de processos
celulares como motilidade, adesão e citocinese (COOPER, 2000).
Estudos em diferentes fungos, incluindo Ascomicetos e Basidiomicetos, têm
convergido para definir dois sinais de transdução bem conservados que regulam o
desenvolvimento e virulência. Um diz respeito à cascata da MAP quinase que medeia
resposta a feromonas e a segunda sensível a nutrientes (GPCR), cascata G-CAMP-PKA.
As funções dessas vias coordenadamente regulam cruzamentos, filamentação e
virulência.
As diferenças das vias entre os diferentes organismos são poucas, e os
mecanismos de sinalização são bem conservados. Como exemplo, temos a proteína G
(nutriente sensível) que regula a produção de cAMP durante o crescimento pseudohifal
de Schizosaccharomyces pombe, cruzamento e virulência de Cryptococcus neoformans
e do patógeno de plantas Ustilago maydis (ARELLANO, et al., 1999; LENGELER, et
al, 2000; MAHLERT et al, 2006).
Lengeler et al., 2000 observaram que as redes regulatórias são flexíveis e podem
ser adaptadas por organismos bem divergentes às respostas ambientais. MAP quinases
tem sido identificadas em fungos patogênicos e são importantes na formação do
apressório, crescimento hifal invasivo e na patogênese fúngica, assim como nos
processos de crescimento e diferenciação.
Pouco é conhecido das vias de sinalização que controlam as mudanças
morfológicas em P. brasiliensis, assim como os sinais celulares quando da interação
com células do hospedeiro.
21
Assim em P. brasiliensis ainda são totalmente desconhecidas as prováveis vias
capazes de ativar sinais citosólicos associados ou não durante o processo de invasão
ligada aos receptores tirosina quinase ou outros ou a via de transdução de sinal
envolvendo fosfolipídios de membrana ou sinalização celular envolvendo citoesqueleto
com os receptores Ras/Raf.
Os mecanismos e fatores de virulência dos microrganismos são objetos de
estudo de muitos pesquisadores e no caso de infecções sistêmicas fúngicas, o
conhecimento da interação fungo-célula hospedeira, poderá servir para a melhor
compreensão dos mecanismos de patogenicidade e futuramente no desenvolvimento de
novas estratégias para circunscrever esta infecção fúngica.
É possível que fungos patogênicos induzam modulação de diferentes vias na
célula do hospedeiro para escapar de suas defesas e disseminar. Para um número de
patógenos, a habilidade de se ligar às glicoproteinas da matriz extracelular (MEC),
facilitando a internalização e a indução de apoptose é considerada como fatores
importantes na virulência. Além disso, reação específica dos fungos com as células
alvos do hospedeiro deve ser mediada pela interação carbohidratos ligados às proteínas,
que combinem com açúcares da superfície da célula do hospedeiro. Estas interações
necessitam de modelos de estudo para investigar quais moléculas estão envolvidas entre
adesinas presentes nos fungos e receptores na célula do hospedeiro (MENDES-
GIANNINI et al., 2000). Assim, neste trabalho empregando o modelo de culturas
celulares foram investigados os prováveis componentes envolvidos na adesão de
P.brasiliensis às células, procurando encontrar diferenças neste processo entre os
isolados Pb18 e Pb265, classicamente mais e menos virulentos, respectivamente. Assim
como, o papel dos isotipos da glicoproteína de 43 nos eventos durante adesão e invasão
de P.brasiliensis às culturas celulares.
22
1.4.1. Proteínas envolvidas em vias de sinalização celular
1.4.1.1. Proteina Raf Serina/treonina quinase
Raf são importantes nos sinais de transdução. Raf 1 é um membro desta família,
e é uma proteína citoplásmatica de massa molecular de 72-76 kDa com atividade
intrínseca de serina/treonina quinase, é expressa em muitos tipos de células e é o
homologo celular da Raf relacionada com a oncogene viral. v-Raf . Outros membros
desta família incluem A-Raf e Raf-B. Raf-1 fosforila e conseqüentemente ativa
MEK(MAP quinase). Proteínas Ras ligam-se a Raf-1, somente quando Ras está na sua
forma ativa (ligada a GTP). Estes resultados de interação em Raf medeiam a ativação de
MEK. Recentemente duas proteínas relacionadas à Raf foram descritas: Ksr-1 e Tak1
(TGFβ- quinase ativada), com função regulatória na cascata de sinalização de Ras
(TRAVERSE et al., 1993; MARAIS & MARSHAL, 1996; MARAIS et al., 1997;
MASON et al 1999).
1.4.1.2. Proteina Akt/PKB (Proteína quinase B)
As Akt são da família “AGC” das proteínas quinases, que incluem proteínas
quinases A, G, e C, que são ativadas em resposta a muitos sinais extracelulares e
participam de diversos processos celulares. Membros da família AGC são ativados pela
fosforilação do ponto T de seu domínio quinase por PDK1 e por fosforilação de um
resíduo localizado no C-terminal do seu domínio quinase na parte hidrofóbica. AKT-1
também conhecida como proteina quinase B ou PKB e a AKT2 relacionada à quinase,
ambas são rapidamente e especificamente ativadas por diversos ligantes como PDGF,
EGF e FGF básico. AKT3 é o terceiro membro da família, também designada como
proteína B gama ou “thyoma viral proto oncogene”, envolvida em adipócitos e
23
diferenciação muscular, síntese de glicogênio, aumento de glicose, apoptose e
proliferação celular,e ativação de insulina. Um membro da quarta família, é a SGK, que
tem um sitio catalítico similar ao da AKT1 (CHAN et al., 1999; SONG et al., 2005).
Alberts, 4. ed
Figura Ilustrativa da via de sinalização PIP3/PKB( proteína AKT- proteína quinase
B)
1.4.1.3. Proteína Rho
As Rho GTPases, semelhantes à família Src (as quinases da família Src) são
enzimas associadas à membrana que podem reconhecer e ligar-se à seus substratos
específicos e transferir um grupo fosfato no resíduo tirosina da proteína alvo,
retransmite informações durante o estabelecimento e manutenção da morfologia,
polaridade, migração, e divisão celular. Ambas as vias de sinalização podem influenciar
de forma independente ou agir em paralelo. Entretanto Rho atua numa via muito
diferente da família Src quinase. Rho GTPases são moléculas que variam entre o estado
inativo GDP (guanosina difosfato) e o estado ativo GTP(guanosina trifosfato). Existem
20 diferentes Rho GTPases, que podem ser divididas em cinco classes, regulando
24
muitos aspectos diferentes de dinâmica do citoesqueleto. O ciclo entre a forma ativa e
inativa é regulado por GEFs (guanina nucleotídeo troca de fatores), GTPase ativando
proteinas (GAPs), e guanina nucleotídeo dissociação de inibidores. Ativação da
expressão dos membros Rho, Rac, e Cdc 42 da família Rho GTPases induz rearranjo na
actina do citoesqueleto que resulta na formação de fibras de stress, lamelopódios e
filopodia, respectivamente. O local de indução ou modulação destas mudanças
morfológicas durante a entrada do patógeno nas células do hospedeiro pode trazer
vantagens para a invasão do patógeno e também não é surpreendente que muitos
patógenos tenham desenvolvido mecanismos para interagir com estas e outras vias de
sinalização (MÜNTER . et al., 2006).
Figura ilustrativa da Regulação das Rho GTPases (MÜNTER, et al. 2006).
25
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVOS GERAIS
Verificar se existe diferença intra-espécie e os possíveis fatores envolvidos na
adesão celular às duas linhagens de células epiteliais quando se comparam os
isolados de P.brasiliensis Pb18a e Pb265.
Verificar os eventos de sinalização ocorridos durante invasão de P. brasiliensis às
células epiteliais.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estudar comparativamente duas linhagens celulares quanto à adesão de dois
isolados de P.brasiliensis (Pb18a e Pb265).
Avaliar a influência de diferentes tratamentos (térmicos, químicos e de
componente da matriz (laminina) e seus peptídeos sintéticos) no processo de
adesão desses isolados a células epiteliais.
Avaliar eventos de sinalização relacionados ao citoesqueleto ocorridos
durante invasão de P. brasiliensis às células epiteliais.
Avaliar eventos de sinalização ocorridos durante o tratamento da gp 43 às
células epiteliais.
26
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Isolados estudados
Os isolados de Paracoccidioides brasiliensis (Pb-18 fungo recentemente
recuperado de inoculação animal , com propriedades adesivas aumentadas (Pb18a) e o
subcultivado (Pb18b), Pb-265, Pb-339), diferentes em seu grau de patogenicidade para
camundongos, foram utilizados no presente trabalho. Estes foram gentilmente cedidas
pela Dra. Vera L. Calich do Instituto de Ciências Biomédicas - USP. Os isolados foram
reisolados de animais e para isso suspensões padronizadas de 10
6
céls/mL da fase
leveduriforme, de cada isolado, foram inoculadas, via intratesticular em hamster. Após
7 dias, foi feita a retirada dos pulmões, baço e testículos. Os orgãos foram macerados,
semeados em ágar Fava Netto e após o crescimento das colônias, os isolados foram
mantidas em ágar Fava Netto a 35-37
0
C.
3.2. Obtenção da gp 43
3.2.1. Filtrado de cultura
Os componentes exocelulares foram obtidos a partir do isolado 339 de
P.brasiliensis fase “L”. As leveduras, com 5 dias de crescimento em meio de Fava
Netto, foram inoculadas em 500ml de caldo Sabouraud ,asparagina e tiamina, e
incubado a 35
o
C por 10 dias, em estufa agitadora. Após este período, as células foram
tratadas com Timerosal na concentração final de 0,2 g/L e foram incubadas nas mesmas
condições durante quatro dias. A partir daí, foi obtido o filtrado de cultura e os extratos
27
foram analisados quanto aos teores protéicos pelo método de Lowry et al. (1951) e
avaliados por SDS-PAGE. Finalmente, foram aliquotados e congelados a –70
o
C.
3.2.2. Fracionamento e purificação do antígeno de 43kDa
O filtrado de cultura do isolado 339 foi utilizado para a obtenção do antígeno de
43kDa. Para tanto, foi empregada a técnica de cromatografia de troca iônica, utilizando
a coluna Hitrap
TM
QFF (Q Sepharose Fast Flow catalogo n
o
17-5053-01- Amersham
Biosciences - GE Healthcare) no aparellho ÄKTA FPLC System da Amersham
Biosciences- GE Healthcare. Uma alíquota de 100 µL do filtrado de cultura foi aplicada
e a avaliação dos eluatos foi efetuada por SDS-PAGE.
3.2.3. Eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio
(SDS-PAGE)
Os componentes protéicos dos antígenos foram separados por eletroforese em
gel de poliacrilamida na presença de dodecil sulfato de sódio, SDS-PAGE, sob
condições redutoras, usando sistema tampão descontínuo de Laemmli, (1970) e Studier,
(1973).
A separação dos componentes foi efetuada em gel a 10%, e em gel de
empilhamento a 5% de acrilamida. O gel foi preparado a partir de uma solução estoque
contendo 30% por peso de acrilamida e 0,8% por peso de bis-acrilamida. No gel de
separação a polimerização foi feita em solução contendo 1,5 M de Tris-HCl, pH 8,8 e
0,4% de SDS, em presença de 0,1% v/v de N,N,N’,N’-tetrametil-etilenodiamina
(TEMED) e 0,1% de persulfato de amônio. O gel de empilhamento foi polimerizado em
28
presença de 0,5 M de Tris-HCl pH 6,8 e 0,4% de SDS, além de 0,1% de persulfato de
amônio e 0,05% v/v de TEMED. Para o preparo da amostra foram utilizados 64µL de
antígeno diluído em tampão de amostra (1:4), consistindo de 62,5 mM de Tris-HCl [tris
(hidroxi-metil) aminometano] pH 6,8, 2% de SDS, 10% de glicerol, 0,5 M de
ditiotreitol e 0,002% de azul de bromofenol.
As proteínas foram dissociadas pelo aquecimento da amostra em banho-maria
com água fervente por 3 minutos. Paralelamente à amostra, em cada corrida
eletroforética, uma mistura de proteínas de peso molecular conhecido foi utilizada, a
saber, fosforilase b (94 kDa), albumina bovina (67 kDa), ovoalbumina (43 kDa),
anidrase carbônica (30kDa), inibidor de tripsina (20 kDa) e lactoalbumina (14 kDa). A
partir da análise da migração destes padrões, os pesos moleculares das proteínas
antigênicas foram calculados.
A corrida eletroforética foi realizada a 10 mA (80 V) até que o corante
penetrasse no gel de separação e a 20 mA (120 V) até que atingisse o fim do gel. O
tampão de corrida é constituído de Tris 0,075 M, glicina 0,57 M e SDS 0,1%, pH 8,3.
3.2.4. Coloração dos géis pelo nitrato de prata
Esta coloração foi utilizada segundo o método descrito por Nielsen & Brown
(1984) para o gel de poliacrilamida acrescido de dodecil sulfato de sódio. Para tanto,
após a corrida eletroforética, a fixação do gel foi realizada com solução de ácido
tricloroacético a 10% por 30 minutos a 4°C. Em seguida, foram feitas 3 lavagens de 10
minutos cada, com solução de 10% de etanol mais 5% de ácido acético. Solução
oxidante foi adicionada a seguir, consistindo de 0,0034M de dicromato de potássio e
0,0032 N de ácido cítrico e o gel assim mantido por 5 minutos. Esta solução foi retirada
29
e após, o gel foi lavado com água milli-Q e a seguir foi adicionada uma solução de
nitrato de prata 0,012 M por 20 minutos no escuro e nova lavagem com água por 1
minuto. Foi então adicionada solução redutora consistindo de 0,28 M de carbonato de
sódio e 0,0185% de formaldeído. Após o desenvolvimento da cor, a coloração foi
bloqueada com solução de ácido acético a 5%, e o gel mantido nessa solução até a
documentação.
3.2.5. Análise protéica por eletroforese bidimensional.
A proteína de 43 kDa foi primeiramente submetida à focalização isoelétrica,
como descrito por O’Farrel, (1975). A segunda dimensão, realizada para a separação de
proteínas de acordo com a massa molecular, foi realizada em gel de poliacrilamida num
gradiente de 5 –15% de acordo com Laemmli, (1970). O gel foi corado com Coomassie
Azul Brilhante G-250, segundo Neuhoff et al. (1988).
3.3. Cultura celular
3.3.1. Cultura de células de linhagem contínua
Neste estudo, foram utilizadas três linhagens de células contínuas:
- células Vero : células epiteliais de rim normal de macaco verde da África
- célula HeLa : adenocarcinoma cervical humano
- células A
549
: células epiteliais respiratórias-pneumócitos
Ambas as linhagens foram obtidas de coleções de cultura. As células foram
cultivadas em garrafas de vidro tipo xarope, em meio 199 (células Vero e Hela) e em
30
meio HAM F12 (células A
549
) suplementados com 10% de soro fetal bovino, e mantidas
a temperatura de 36,5
o
C.
Decorridos 3 a 4 dias, as garrafas de células foram submetidas a tripsinização.
Para isso, a monocamada celular formada foi lavada com 1 ml de ATV-solução de
tripsina 0,2% e EDTA 0,02% (Adolfo Lutz) e, após lavagem, esta foi desprezada e
acrescentado mais 1 ml de ATV. Seguidos 1-2 minutos, as células foram
homogeneizadas com volumes variados do meio correspondente acrescido de 10% de
soro fetal bovino (SFB). Nesta etapa, a tripsina (ATV) foi neutralizada pelo soro fetal
bovino presente no meio de cultura. O volume total da suspensão celular obtida foi
transferida para outras garrafas, de modo a se obter uma concentraçào celular de 10
6
células/ml.
3.3.2. Desenvolvimento do teste de adesão
3.3.2.1. Preparo das células para o teste
Os ensaios de adesão foram realizados em tubos especiais denominados tubos de
Leighton, que apresentam uma depressão achatada na qual se encaixa uma lamínula.
Para os testes realizados nestes tubos, a suspensão celular foi padronizada para 10
6
células/mL. Assim, após a tripsinização e homogenização da suspensão celular, 0,2mL
desta foi retirada da garrafa e diluída em 1,8mL de meio 199 com 10% soro fetal
bovino (SFB) e feita a contagem em hemocitômetro para que através de diluições
adequadas, fosse ajustada a concentração desejada. Ao término dessa etapa, 1,0mL da
suspensão padronizada de células foi inoculada nos tubos de Leighton e incubadas a
31
36,5
0
C por 24 horas, para que a monocamada celular se formasse sobre a lamínula,
sendo a partir daí, utilizada para os testes de adesão.
3.3.2.2. Preparo e padronização do inóculo de P.brasiliensis
P.brasiliensis foi cultivado em meio de Fava Netto por 4 a 5 dias, seguindo-se a
remoção das células e feita suspensão em solução fisiológica tamponada com fosfatos
(PBS) 0,05M, pH 7,2. A suspensão foi ajustada em 10
6
células/mL através de leitura
em espectrofotômetro (DO=0,5 a 550nm) e na escala 3,0 de MacFarland.
3.3.2.3. Infecção das células Vero e HeLa com P.brasiliensis
Após a formação do tapete celular confluente sobre a lamínula, o sobrenadante
da cultura foi desprezado e as células lavadas por três vezes com 1,0 mL de PBS 0,05M
pH 7,2 estéril. Em seguida cada tubo de Leighton recebeu 1,0 mL de novo meio de 199
com 10% SFB e 1,0 mL da suspensão padronizada de P.brasiliensis.
As células infectadas foram então incubadas a 37
0
C. A cinética de infecção foi
avaliada e o período de 2 horas foi adotado para todos os testes. Decorrido esse tempo,
as células foram então lavadas 5 vezes com PBS 0,05M pH 7,2 para remover os fungos
não aderidos e o tapete infectado foi então fixado com paraformaldeído a 4%. As
lamínulas foram coradas e após foram feitas as contagens das células leveduriformes
aderidas às células epiteliais.
32
3.3.2.4. Tratamentos da suspensão de células leveduriformes de
P.brasiliensis
Após padronização em PBS 0,05 M pH 7,2, alíquotas de 1,0mL da suspensão de
P.brasiliensis foram colocadas em condições assépticas em “eppendorfs”, realizando os
seguintes procedimentos:
3.3.2.5. Tratamento térmico
As triplicatas de cada suspensão dos isolados de P.brasiliensis (Pb-18a e Pb-
265) foram submetidas aos seguintes tratamentos térmicos: a) 121
0
C/10’ em autoclave,
b) 100
0
C/10’ em banho-maria e c) 56
0
C/30’ em banho-maria.
Após o tempo de tratamento, foram realizadas três lavagens com PBS 0,05 M,
pH 7,2 estéril com centrifugações a 1.000 x g à 4
o
C.
Paralelamente os tubos de Leighton foram lavados com PBS 0,05 M, pH 7,2 por
três vezes para remover células mortas ou não aderidas, adicionado novo meio de
MEM com 10% SFB e 1,0mL de suspensão de P.brasiliensis previamente tratado.
Estes tubos foram então levados à estufa de 37
0
C por 2 horas para que ocorresse
a interação fungo-célula. Após esse prazo, os tubos foram lavados por cerca de 5 vezes
com PBS 0,05M, pH 7,2, para remover as leveduras não aderidas às células. A fixação
foi então feita com paraformaldeido a 4% por no mínimo 2 horas. Decorrido esse
tempo, a lamínula foi retirada do tubo de Leighton, lavada com água destilada, seca e
submetida à coloração. O controle de infecção foi feito com suspensão de P.brasiliensis
livre de tratamento e mantida nas mesmas condições.
33
3.3.2.6. Tratamento com tripsina a 0,2%
Como descrito anteriormente, a suspensão de P. brasiliensis após padronização
foi centrifugada a 1.000 x g à 4
o
C e ao sedimento foi adicionado 1,0 mL de tripsina
0,2% (Adolfo Lutz). A suspensão foi homogeneizada e mantida a 37
0
C em estufa por 60
minutos.
Após esse tempo foi removida a tripsina por centrifugação e as células
leveduriformes foram lavadas e centrifugadas à 1000 x g à 4
o
C por três vezes com PBS
0,05 M, pH 7,2 estéril, para remoção de qualquer resíduo.
3.3.2.7. Tratamento com formalina a 4%
O mesmo procedimento descrito para o tratamento da tripsina foi feito para a
formalina, sempre mantendo a suspensão de P. brasiliensis por 60 minutos de contato
com o agente químico e removido da mesma forma como descrito no item 3.3.2.6.
3.3.2.8. Tratamento com periodato de sódio 10 mM
Foi utilizado periodato de sódio na concentração de 10 mM em PBS 0,05 M, pH
7,2, sendo este filtrado em membrana de 0,22 µm.
As suspensões de P.brasiliensis, após padronização como descrito no ítem 4,
foram mantidas em contato com o periodato de sódio por 60 minutos a 37
0
C, no mesmo
procedimento que o item 3.3.2.6.
34
3.3.2.9. Tratamento com azida sódica 10 mM
Foi também utilizada a azida sódica na concentração de 10 mM/mL em PBS
0,05 M, pH 7,2 e filtrada em membrana de 0,22 µm. O mesmo procedimento do item
3.3.2.6 foi feito.
3.3.2.10. Tratamento com Concanavalina A
Foi utilizada concanavalina A na concentração de 10 µg/mL diluída em PBS
0,05 M, pH 7,2 e filtrada em membrana de 0,22 µm. Repetiu-se o procedimento do item
3.3.2.6.
3.3.2.11. Tratamento com açúcares
Neste teste foram utilizados os seguintes açúcares: D(+) glucosamina, D(+)
galactosamina, alfa-lactose, D(+) manose, mio-inositol, D(+) galactose, D(+)glicose e
maltose. Foram preparadas soluções a 2,5% em PBS 0,05 M, pH 7,2 seguindo-se
esterilização por filtração em membrana 0,22 µm. Para cada isolado de P. brasiliensis e
cada linhagem celular (Vero e HeLa) foi feito o mesmo procedimento descrito no item
3.3.2.6.
Foi também realizado o ensaio do tipo competitivo para alguns açúcares, tais
como: glicose, manose, galactosamina, galactose e glucosamina. Neste caso, os
açúcares e o P.brasiliensis foram adicionados concomitantemente ao tapete celular.
35
3.3.2.12. Tratamento com quitina a 2,5%
A quitina (Sigma C-9752) foi também preparada na concentração de 2,5%, mas
antes foi tratada com ácido clorídrico por 2 horas a 0
0
C e por 3 horas a 40
0
C, sendo
posteriormente neutralizada com NaOH (RUPLEY, 1964; SEGAL et al., 1982). Seguiu-
se esterilização por filtração em membrana filtrante 0,22µm. Após sua esterilização,
utilizou-se no ensaio como descrito no ítem 3.3.2.6.
3.3.2.13. Tratamento em diferentes pHs
As alíquotas de P.brasiliensis acondicionadas em eppendorfs, sofreram a ação
de diferentes pHs e após seguiu-se o mesmo procedimento que o item 3.3.2.6.
3.3.2.14. Tratamento com soro humano normal
Soros de doadores voluntários, com sorologia negativa para a
paracoccidioidomicose foram usados no teste. Estes soros foram diluídos
assepticamente na proporção 1:10 em PBS 0,05 M, pH 7,2 e testados.
3.3.2.15. Tratamento com soro humano normal inativado
Os soros obtidos de doadores voluntários, com sorologia negativa para
paracoccidioidomicose foram inativados, por 30 minutos em banho-maria a 56
0
C.
Depois foram diluídos na proporção de 1:10 e utilizado conforme o descrito no item
3.3.2.6.
36
3.3.2.16. Tratamento com heparina
Foi utilizada heparina na concentração de 0,25 mg/mL, preparada de forma
asséptica e diluída em PBS 0,05 M, pH 7,2 e utilizado conforme o descrito no item
3.3.2.6.
3.3.2.17. Tratamento com laminina
A laminina (Sigma L-8263) foi empregada na concentração de 20 µg/mL em
PBS 0,05M, pH 7,2 estéril. A suspensão de P. brasiliensis após padronização no
espectrofotômetro, foi centrifugada a 1.000 x g à 4
o
C e ressuspensa em um volume de
250 µL junto com a laminina. Em seguida a suspensão foi inoculada no tubo de
Leighton com a cultura de células de escolha, sendo mantida por 2 horas a 37
0
C para a
realização do teste de infecção. Após esse período, o tubo foi lavado 5 vezes em PBS
0,05M pH 7,2 e a lamínula fixada com paraformaldeido a 4%, lavada em água destilada
e seca para ser posteriormente corada.
3.3.2.18. Tratamento com peptídeos sintéticos
Foram utilizados os seguintes peptídeos: a)Tyr-Ile-Gly-Ser- Arg (YIGSR) Sigma
(T-7154), b)Cys-Asp-Pro-Gly-Tyr-Ile-Gly-Ser-Arg-NH
2
Sigma (C-1668).
Todos foram preparados na concentração de 100 µg/mL em PBS 0,05 M, pH 7,2
estéril, sendo filtrado em membrana de 0,22 µm. O mesmo procedimento foi feito
conforme descrito no item 3.3.2.17.
37
3.4. Coloração das lamínulas
3.4.1. Coloração de May-Grunwald/Giemsa
Após fixadas, as lamínulas foram lavadas 5 vezes com tampão PBS, retiradas do
interior dos tubos de Leighton e lavadas em água destilada e secas à temperatura
ambiente. A seguir, as lamínulas foram coradas com solução de May-Grunwald (eosina
e azul de metilo) a 2%, diluído a 1:2 em tampão Sorensen, permanecendo na mesma por
10 a 20 minutos. Após serem lavadas, as lamínulas foram coradas pelo Giemsa por
cerca de 3 minutos. Na sequência, as lamínulas foram lavadas em água destilada, secas,
colocadas em lâminas de vidro com o tapete para cima, e fixadas com esmalte incolor.
A seguir, as lamínulas foram observadas ao microscópio ótico.
3.4.2. Coloração por ácido periódico de Schiff (PAS)
A coloração pelo método de PAS foi feita após a fixação das células infectadas
com solução de paraformaldeio a 4%. O material foi imerso em ácido periódico a 1%,
por 5 minutos, à temperatura ambiente e lavado em água destilada. Em seguida, as
lamínulas permaneceram no reativo de Schiff por 45 minutos, à temperatura ambiente
em câmara escura. A reação foi interrompida com ácido sulfuroso, preparado no
momento de uso, colocando-se as lamínulas em três banhos de imersão de 2 minutos
cada. Para retirar o excesso de corante, as células foram lavadas em água destilada e
coradas no final com verde brilhante por 10 minutos. Após, foram lavadas em água
destilada, secas à temperatura ambiente e montadas em lâmina para observação ao
microscópio.
38
3.4.3. Contagem das células e dos fungos aderidos
Todos experimentos foram realizados em triplicatas. As lâminulas, após
coloração foram montadas em lâmina e observadas em microscópio ótico em objetiva
de imersão.
As lamínulas foram percorridas em toda a sua extensão, procurando-se anotar o
número de células associadas com o fungo. Estas foram consideradas como contagem
de infecção. A lamínula foi percorrida em “zigue-zaguee observados todos os campos
para a avaliação.
3.5. Ensaio de sinalização
Foram realizados ensaios para testar as diferentes vias de sinalização ativada
durante a interação de P. brasiliensis com células epiteliais. Foram testadas as prováveis
vias capazes de ativar sinais citosólicos associados ou não ao citoesqueleto durante o
processo de invasão:Ras/Raf e Rho.
Para os ensaios, 1x10
6
células foram cultivadas em garrafas de cultura contendo
meio HAM F-12 acrescido de 10% de soro fetal bovino. Após a confluência do tapete
celular, o sobrenadante foi removido e as células lavadas com 1ml de PBS 0,05 M pH
7,2 estéril. Em seguida, as garrafas foram inoculadas com suspensão padronizada (3 X
10
8
cél/mL) de P. brasiliensis isolado com o fungo recentemente recuperado de
inoculação animal, com propriedades adesivas aumentadas (Pb18a) e o subcultivado
(Pb18b), bem como o tratamento com a gp43 purificada do isolado 339, apresentando 6
isotipos, na concentração final de 25µg/mL (concentração escolhida após
padronização), diluída em PBS e meio de cultivo da célula (v/v). Foram testados vários
39
períodos de tempo: 10 min, 30 min, 1h, 5h, 8h, 24h, 48h e 72h. Como controle do
experimento foram utilizadas células não infectadas ou não tratadas (células normais).
Para as proteínas Raf e Akt após os períodos de infecção, as células foram
lavadas com PBS 0,05 M pH 7,2 gelado para eliminação das células fúngicas não
aderentes às culturas celulares ou remoção da proteína gp43. As células foram
removidas da garrafa com tampão de lise gelado (100 µg/mL fenilmetilsufonil fluoreto
(PMSF) dissolvido em etanol absoluto , NP-40 1%, SDS 0,1 % e aprotinina na
concentração final de 1,0 µg/mL dissolvido em PBS) e em seguida foram centrifugadas
a 8.000 x g à 4
o
C. Após, foi estimada a quantidade de proteína da amostra através do
método de LOWRY et al., (1951). A detecção da proteína Rho fosforilada foi feita com
Rho Activation Assay kit (USBiological), de acordo com as instruções do fabricante.
Os sobrenadantes dos lisados celulares ( 100 µg de proteina) foram submetidos
ao SDS-PAGE e transferidos para papel de nitrocelulose (TOWBIN et al., 1979) para a
realização da técnica de imunotransferência. Para tanto as membranas foram
bloqueadas com 5% de leite de leite molico em PBS-Tween 20 0,1% por 1 h, lavadas
brevemente com PBS-T e incubadas por 18h com os anticorpos primários: anti-Raf
(1/1000) e anti-Rho (1/200), procedência USBiological, em 2% de leite em PBS-T e o
anticorpo Anti-AKT1/2/3 (1/250), procedência Santa Cruz. Os anticorpos foram
diluídos de acordo com as descrições do fabricante. Após 3 lavagens com PBS-T foi
adicionado o anticorpo secundário marcado com peroxidase, foi utilizado anti-IgG de
coelho (Sigma) à 1/500 para a detecção dos anticorpos anti-Raf e anti-AKT 1/2/3 e para
o anticorpo anti-Rho foi utilizado anti-IgG de camundongo (Sigma) à 1/50. A revelação
foi feita utilizando o Kit ECL Western Blotting Analysis System (GE Healthcare) ou
pelo reagente preparado no laboratório (10% de Tris 1M ph 8,5, 0,22% de ácido p-
cumárico (Sigma) a 1,47% e 0,5% de solução de luminol (Sigma) a 4,4%. Ao reagente
40
de detecção preparado no laboratório foi adicionado 0,03% de H
2
O
2
a 30% no momento
do uso. As membranas foram colocadas no cassete em contato com o filme, em seguida
os filmes foram autoradiografados e fotografados. A participação das proteínas
fosforiladas Raf, AKT e Rho durante a interação de P. brasiliensis-célula epitelial foi
observada através da presença de bandas na membrana correspondente a massa
molecular de cada proteína fosforilada investigada.
3.6. Análise estatística
Em cada experimento foram considerados 2 fatores: fator A-fungo e fator B-
tratamento, variável de acordo com o experimento. Foram utilizadas triplicatas para
cada variável analisada.
Foi utilizada a análise de variância para fatorial, inteiramente aleatorizado com
os testes das hipóteses: interação entre os 2 fatores, efeito do fator A e efeito do fator B.
Em cada hipótese testada foi calculada a estatística F que foi considerada significativa
quando p<0,05 (probabilidade de erroneamente admitir a significância). Os contrastes
entre pares de médias foram verificados pelo método de Tukey considerando α=0,05
(ZAR, 1984).
41
4- RESULTADOS
4.1. Análise protéica por eletroforese bidimensional.
Os filtrados de cultura dos isolados 18a e 339 de P. brasiliensis foram
submetidos à eletroforese bidimensional para verificar a diferença de expressão da gp
43 e seus respectivos pontos isoelétricos (pIs). Os resultados demonstraram que a gp 43
do filtrado de cultura do isolado 18 apresentava três pontos isoelétricos (8,0, 7,73, 7,45)
enquanto que a gp 43 do filtrado do isolado 339 apresentava seis pontos isoelétricos (
7,90, 7,59, 7,30, 7,07, 6,85, 6,63).
42
Figura 1: Eletroforese bidimensional de antígenos filtrado de culturas dos isolados 339
e 18de P. brasiliensis. Géis corados pelo Coomassie Brilliant Blue. À direita está
indicado a massa molecular correspondente à gp 43 (MM).
43
4.2. Resultados da adesão dos isolados de Pb18 e Pb265 às células Vero e
HeLa
O processo de adesão dos isolados de P. brasiliensis Pb18 e Pb265 às linhagens
celulares Vero e HeLa foi avaliado inicialmente corando-se as lâminulas pelo método
de May-Grunwald-Giemsa e posteriormente substituído pela coloração de PAS
modificada, pois esta última se mostrou muito mais eficiente na identificação do fungo
aderido às células tanto de linhagem Vero como HeLa .
Os resultados dos testes de aderência dos isolados de P. brasiliensis Pb18 e
Pb265 às células Vero e HeLa estão representados na tabela 1. O isolado de Pb18 é
significativamente (p<0,05) mais adesiva que o isolado de Pb265, independente da
linhagem celular empregada. Por outro lado, quando as duas linhagens celulares, foram
comparadas não há diferença estatisticamente significativa na aderência.
Tabela 1: Resultados dos testes de aderência dos isolados de P.brasiliensis Pb18 e
Pb265 às células Vero e HeLa.
n
0
médio ±
±±
± DP de
Isolados
P. brasiliensis aderidos por células
Vero
a
HeLa
b
Pb18
33,2±2,7 34, 9±3,0
Pb265
25,2±2,4 25,7±2,6
Dados apresentam as médias mais desvio padrão de 3 experimentos.
a: diferença estatisticamente significante (p<0,05) pela análise de variância da adesão
dos isolados Pb18 e Pb265, em culturas de células Vero.
b: diferença estatisticamente significante (p<0,05) pela análise de variância da adesão
dos isolados de Pb18 e Pb265 em culturas de células HeLa.
44
4.3. Influência de tratamentos térmicos, químicos e de algumas substâncias
na adesão de P. brasiliensis
a) Tratamento térmico
O tratamento das células leveduriformes de P.brasiliensis de Pb18 e Pb265
frente a diferentes temperaturas, principalmente as mais drásticas, reduziu a aderência
às células Vero e HeLa (Figuras 2 e 3). O efeito mais pronunciado ocorreu com as
temperaturas de 121°C e 100°C e em menor extensão e sem significado estatístico a de
56°C (Tabelas 2 e 3 - em anexo).
0
20
40
60
80
100
121 C 100 C 56 C
Temperatura
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 2: Resultados da adesão dos isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e
Pb265 às células Vero após tratamento em diferentes temperaturas.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
20
40
60
80
100
121 C 100 C 56 C
Temperatura
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 3: Resultados da adesão dos isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às
células HeLa após tratamento em diferentes temperaturas.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
*
*
*
*
*
45
Os isolados de Pb18 e Pb265 sofreram redução na aderência de
aproximadamente 50% quando tratadas a 121°C, mostrando que este fungo tem
estruturas da parede sensíveis a esse tratamento envolvidas no processo de adesão.
O tratamento dos isolados Pb18 e Pb265 a temperatura de 100°C alterou também
adesão em 36,6% e em 22,5%, respectivamente.
O tratamento a 56°C não alterou os resultados da adesão significativamente
(p<0,05); discreta redução na adesão foi observada em torno de 10% e 16% das
amostras Pb18 e Pb265 as células Vero e 24% e 13% às células HeLa, respectivamente.
b) Tratamento com agentes químicos e lectinas
A ação de várias substâncias foi estudada no processo de adesão: formalina,
azida sódica, periodato de sódio e concanavalina A (Figuras 4 e 5).
Os tratamentos com azida sódica, periodato de sódio e concanavalina A
alteraram significativamente a adesão dos isolados de P.brasiliensis às células Vero e
HeLa (Tabelas 4 e 5- em anexo).
0
20
40
60
80
100
120
A B C D
Tratamento
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 4: Resultados do efeito de agentes químicos e da lectina na adesão dos isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células Vero.
A- Formalina 4% B- Azida Sódica 10 mM
C
- Periodato de sódio 10mM
D
- Concanavalina A
10 ug/mL
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
*
*
*
46
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D
Tratamento
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 5: Resultados do efeito de agentes químicos e da lectina na adesão dos isolados
de P.brasiliensis Pb18 e Pb265 às células HeLa.
A- Formalina 4%
B Azida sódica 10 mM C- Periodato de sódio 10 mM D -
Concanavalina A 10 ug/mL
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
O tratamento com formalina por uma hora não alterou significativamente a
adesão dos isolados de P.brasiliensis às linhagens Vero e HeLa.
A oxidação dos carboidratos por periodato de dio reduziu a aderência dos
isolados Pb18 e Pb265 às células Vero em 51,1% e 41,1%, respectivamente. Em relação
a linhagem HeLa a redução foi de 53,5% para o isolado Pb18 e 52,8% para Pb265. O
tratamento com periodato de sódio reduziu em aproximadamente 50% a adesão deste
fungo às linhagens celulares.
A azida sódica que é inibidor metabólico, reduziu a adesão dos isolados Pb18 e
Pb265 às células Vero em 38,6 e 44,5%, respectivamente e às células HeLa em 35,8% e
35,5%.
Concanavalina A inibiu significativamente a aderência dos isolados Pb18 e
Pb265 às células Vero e HeLa. A maior inibição ocorreu com o isolado Pb265 em
relação às células Vero (50%).
* *
* *
* *
47
c) Ação do pH
A variação do pH do meio interfere no padrão de aderência. A maior adesão foi
observada em pH próximo de 7,3, enquanto que em pHs ácidos ou alcalinos ocorreu
diminuição da adesão independente da linhagem celular e do isolado (Figuras 6 e 7).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
4,5 5 6 7 8 8,5
pH
adesão celular
Pb18
Pb265
Figura 6: Resultado da ação de diferentes pHs na adesão dos
isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células Vero.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
4,5 5 6 7 8 8,5
adesão celular
Pb18
Pb265
Figura 7: Resultado da ação de diferentes pHs na adesão dos
isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células HeLa.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
48
d) Ação dos tratamentos com soro, tripsina e heparina
As figuras 8 e 9 e as tabelas 6 e 7 (em anexo) representam os resultados de
adesão às células Vero e HeLa, respectivamente, quando os isolados de P.brasiliensis
foram tratadas com tripsina, com soro humano normal e inativado e com heparina.
O tratamento de P. brasiliensis com tripsina reduziu significativamente a adesão
às células Vero e HeLa. Os isolados Pb18 e Pb265 apresentaram redução em relação às
células HeLa de 59,0% e 54,5%, respectivamente.
Com relação aos outros tratamentos, como soro humano normal e inativado e o
uso da heparina, as diferenças encontradas não foram estatisticamente significantes.
0
20
40
60
80
100
120
A B C D
Tratamento
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 8: Resultados do efeito de diversas substâncias de isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células Vero.
A- Tripsina B- SHN C- SHN inativado D- Heparina
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
20
40
60
80
100
120
A B C D
Tratamento
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 9: Resultados do efeito de várias substâncias na aderência de isolados
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células HeLa.
A- Tripsina B- SHN C- SHN inativado D- Heparina
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
*
49
4.4. Papel dos açúcares na aderência de P.brasiliensis às células epiteliais
a) Teste por inibição
Nas figuras 10 e 11 estão representados os resultados de adesão dos isolados
Pb18 e Pb265 às células Vero e HeLa, quando tratados por diferentes açúcares.
Os açúcares aminados glucosamina e galactosamina, seguido de manose
inibiram significativamente a adesão às células Vero (Tabela 8- em anexo). O grau de
inibição com os dois primeiros açúcares foi semelhante, oscilando em torno de 50%. A
glucosamina inibiu em 47,6% e 51,5%; a galactosamina inibiu em 44,7% e 49,9% e a
manose em 34,9% e 44,6%, respectivamente para os isolados Pb18 e Pb265.
Em relação às células HeLa o padrão de inibição foi semelhante (Tabela 9-em
anexo). Assim, foi observado que glucosamina reduziu a aderência dos isolados Pb18 e
Pb265 em 29,9 e 41,9%; respectivamente; enquanto que galactosamina reduziu em
29,3% e 48,6% e manose em 39,7% e 34,8%.
Os outros açúcares não alteraram significativamente o padrão de adesão de
P.brasiliensis às linhagens célulares e a quitina comercial não diminuiu
significativamente a aderência dos isolados às células epiteliais.
50
0
20
40
60
80
100
120
140
A B C D E F g H I
Açúcares/quitina
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 10: Resultado do efeito de rios açúcares e quitina na adencia de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às
células Vero por inibição. A- D (+) glucosamina B- D(+) galactosamina C- alfa-lactose
D- D(+) manose
E- mio-inositol F- D(+) galactose G- D(+) glicose
H- maltose
I- quitina
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
20
40
60
80
100
120
A B C D E F G H I
Açúcares/quitina
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 11: Resultado do efeito de açúcares e quitina na aderência de isolados de
P. brasiliensis
Pb18 e Pb265
às células Hela ensaio por inibição. A- D(+) glucosamina B- D(+) galactosamina
C- alfa- lactose D- D(+) manose E- mio-inositol F- D(+) galactose G- D(+) glicose H- maltose I- quitina
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
51
b) Teste competitivo
O emprego dos açúcares glicose, manose, galactosamina, galactose e
glucosamina em ensaio competitivo apresentou resultados similares ao teste por
inibição: apenas a glucosamina, a galactosamina e manose interferiram no processo de
adesão de forma significativa, provocando uma inibição em torno de 30% para os
isolados fúngicos, independente da linhagem celular (Figuras 12 e 13).
A manose inibiu a adesão de Pb18 e Pb265 às lulas Vero em 31,5% e 29,7%
respectivamente, e em relação às células HeLa 37,4% e 28,8% (Tabelas 10 e 11 em
anexo).
A inibição pela galactosamina foi de 34,5% e 26,3%, respectivamente para os
isolados Pb18 e Pb265 em relação às células Vero, e de 34,4,5% e 29,0% com as
células HeLa.
A glucosamina inibiu a adesão de Pb18 e Pb265 as células Vero em 30,7% e em
30,9%, respectivamente. Em células HeLa a inibição foi de 27,3% para Pb18 e 32,4%
para Pb265.
52
0
20
40
60
80
100
120
A B C D E
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 12: Resultados da influência dos açúcares no processo de adesão de isolados de
P.brasiliensis
Pb18
e Pb265 às células Vero por ensaio competitivo.
A- Glicose B- Manose
C
- Galactosamina
D
- Galactose E- Glucosamina
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 13: Resultados da influência dos açúcares no processo de adesão de isolados
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265
às células HeLa por ensaio competitivo.
A- Glicose B- Manose
C
- Galactosamina D- Galactose
F-
Glucosamina.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
* *
*
*
*
*
*
*
*
53
4.5. Interações proteína-proteína na adesão de P.brasiliensis
Na tentativa de se conhecer o mecanismo molecular envolvido na adesão de
P.brasiliensis às células, foram feitos ensaios com proteínas da matriz extracelular e
peptídeos sintéticos. O potencial de certo peptídeo de agir como antagonista na adesão
do fungo às células foi diretamente avaliado como grau de adesão, tentando assim
estabelecer os tipos de interação deste fungo.
O uso da laminina em ensaio competitivo entre as células e elementos fúngicos
possibilitou melhor avaliação da adesão dos isolados às culturas celulares (Figuras 14 e
15).
A laminina promoveu maior inibição da adesão do isolado Pb18 às células Vero
(41,3%) e HeLa (39,2%), quando comparado com a adesão do isolado Pb265 as mesmas
células.(Tabelas 12 e 13 – em anexo).
Os resultados da adesão dos isolados fúngicos pré-tratadas com peptídeos
sintéticos derivados da laminina nas tabelas 14 e 15 (em anexo) e dependendo do
peptídeo utilizado, foi observada inibição no processo de adesão (Figuras 16 e 17).
O peptídeo sintético CDPGYIGSR-NH
2
derivado da cadeia B da laminina inibiu
a aderência em 47,2% do isolado Pb18 às células Vero, enquanto que houve redução de
17,2% com o isolado Pb265. Com a linhagem HeLa, este peptídeo inibiu a aderência
em 47,4% e 16,5%, respectivamente os isolados Pb18 e Pb265. O peptídeo YIGSR
inibiu a adesão em 57,0% e 14,2%, respectivamente os isolados Pb18 e Pb265 em
relação as células Vero, e 53,1% e 15,2% para as células HeLa. Assim, os dois
fragmentos inibiram significativamente a aderência do isolado Pb 18 às células Vero e
HeLa (Tabelas 14 e 15). Comparando-se o comportamento dos isolados frente aos
54
peptídeos sintéticos verificou-se que houve diferença significativa (p<0,05) entre estas
em relação aos peptídeos derivados da laminina.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
LAMININA
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 14: Resultados da influência da laminina no processo de adesão de amostras
de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células Vero em ensaio competitivo.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
LAMININA
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 15: Resultados da influência da laminina no processo de adesão de amostras de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células Hela em ensaio competitivo.
*diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
55
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B
% de adesão
Pb18
Pb265
Figura 16: Resultados da influência de peptídeos sintéticos derivados de laminina na
aderência de amostras de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células Vero. A- YIGSR B-
CDPGYISR *diferença estatisticamente significante (p<0,05)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
A B
% de adesâo
Pb18
Pb265
Figura 17: Resultados da influência de peptídeos sintéticos derivados de laminina
na
aderência de isolados de
P.brasiliensis
Pb18 e Pb265 às células HeLa. A- YIGSR B-
CDPGYIGSR *diferença estatisticamente significante (p<0,05)
*
*
*
*
56
4.6. Imunotranferência – Evento de sinalização celular
O anticorpo anti-Raf fosforilado foi testado através de imunotransferência com
os sobrenadantes obtidos das culturas de células A549 não infectadas e também de
células infectadas com P.brasiliensis isolado Pb18a e pb18b, bem como células
tratadas com a proteína gp 43 na concentração de 25 ug/mL, por diferentes períodos (10
min, 30 min, 1h, 5h, 8h, 24h, 48h e 72 h).
Foi detectada uma proteína de 65 kDa correspondente à proteina Raf (Figura
18). No período de 10 min a 8 h foi observado aumento na expressão da proteína Raf
fosforilada tanto em células controle como nas infectadas com P. brasiliensis avirulento
e virulento e nas tratadas com gp43, com exceção de menor ativação com o fungo
avirulento e com a gp43 em 30 minutos. No período de uma hora nítido aumento da
expressão de Raf com o fungo virulento e a gp43. Até 24 horas foi observada expressão
semelhante da proteína Raf fosforilada nas células controles e nas células infectadas
com o fungo e tratadas com a gp 43. A partir de 24 horas, diminuição na expressão de
Raf foi observada tanto nas células controle como nas infectadas e tratadas, sendo mais
acentuada com o fungo virulento.
57
Figura 18: Imunotransferência dos sobrenadantes de células A549 lisadas nos
diferentes períodos de tempo. Revelação com o anticorpo anti-Raf fosforilado. A:
células controle; B: células infectadas com P. brasiliensis isolado Pb18b; C: células
infectadas com P. brasiliensis isolado Pb18a ; D: células tratadas com gp43 (25
µg/mL).
A B C D
72h
30 min
48h
24h
8h
10 min
1h
5h
58
A figura 19 mostra o perfil de expressão da proteína AKT, de 56 kDa, em
diferentes períodos de tempo por imunotransferência, utilizando o anticorpo anti- AKT
1/2/3. No período de 10 min a 5 h foi observado aumento de expressão da proteína AKT
fosforilada nas células infectadas com o fungo Pb18a e Pb18b e nas tratadas com gp 43
em relação às células controles. Diminuição na expressão desta proteína foi observada a
partir de 8 horas, chegando a pouca expressão em 48 horas, principalmente nas células
tratadas com o fungo virulento.
Figura 19 : Imunotransferência dos sobrenadantes de células A549 lisadas nos
diferentes períodos de tempo. Revelação com o anticorpo anti-AKT 1/2/3 fosforilado.
A: células controle; B: células infectadas com P. brasiliensis isolado ( Pb18b); C:
células infectadas com P. brasiliensis isolado (Pb18a); D: células tratadas com gp43 (25
µg/mL).
30 min
A B C D
10 min
1h
48h
24h
8h
5h
59
O perfil de expressão da proteína Rho fosforilada foi avaliado nos sobrenadantes
dos lisados de culturas de células A549 não infectadas e infectadas com P. brasiliensis
isolado 18 (Pb18b e Pb18a) , bem como células tratadas com gp43 (25 ug/mL) nos
seguintes tempos: 30 min, 8h , 24h, 48h e 72h. Foi revelada uma proteína de 29 kDa
correspondente à proteina Rho. No período de 8 h foi observado aumento na expressão
de Rho nas células infectadas com o fungo e nas células tratadas com gp43. Nas células
infectadas com o fungo Pb18a e tratadas com a gp 43 foi observada diminuição na
expressão desta proteína nos períodos de 24 e 48 h; a expressão foi semelhante a do
período anterior nas células tratadas com o fungo Pb18b. No período de 72 horas, uma
diminuição significativa na expressão de Rho foi observada em todos os tratamentos em
relação às células não tratadas (figura 20).
Figura 20: Imunotransferência dos sobrenadantes de células A549 lisadas nos
diferentes períodos de tempo. Revelação com o Rho Activation Kit (USBiological) A:
células controle; B: células infectadas com P. brasiliensis isolado Pb18b; C: células
infectadas com P. brasiliensis isolado Pb18a; D: células tratadas com gp43 (25 µg/mL).
30 min.
72hs
48hs
24hs
8hs
A B C D
60
5. DISCUSSÃO
5.1. Bases moleculares no processo de adesão
O processo de infecção envolve duas etapas principais: a entrada do fungo e o
seu estabelecimento com conseqüente colonização do tecido, culminando na produção
de lesões progressivas. A aderência dos microrganismos patogênicos aos tecidos tem
sido apontada como primeiro passo na colonização e disseminação do parasito sendo
até, considerada como pré-requisito para a infecção (LENZI et al., 2000). As bases
moleculares do processo de adesão, aparentemente variam de acordo com a natureza do
patógeno. Essa interação específica é mediada por moléculas referidas como adesinas,
que se combinam com estruturas complementares das células hospedeiras referidas
como receptores. Vários trabalhos têm procurado elucidar os mecanismos e as prováveis
adesinas de fungos como em C. albicans (HOSTETTER, 1994), A. fumigatus
(TRONCHIN et al., 1993), H. capsulatum (McMAHON et al., 1995; GIL et al., 1996;
PEÑALVER et al.,1996) e P. brasiliensis ( VICENTINI, et al.1994; MENDES-
GIANNINI, et al.,1994; HANNA, et al., 2000; MENDES-GIANNINI et al., 2000;
ANDREOTTI et al., 2005; GONZALEZ et al., 2005; BARBOSA et al., 2006).
Em trabalhos anteriores, P. brasiliensis sem qualquer tratamento prévio, foi
capaz de aderir, seguido aparentemente de invasão de células epiteliais de linhagem
contínua (MENDES-GIANNINI, 1994B; HANNA, 1995; UEMURA, 1996). Foi
também observado que isolados de P. brasiliensis são capazes de aderir às células
epiteliais após 30 minutos e que os mais virulentos para animais (SINGER-VERMES et
al., 1989) têm também maior capacidade de adesão (HANNA et al., 2000). Os isolados
com comportamento polar são Pb18, mais virulenta e Pb 265 menos virulenta.
61
Na continuação desta linha de trabalho, pretendeu-se estudar os fatores
envolvidos na aderência, comparando as duas linhagens celulares Vero e HeLa
utilizando dois isolados de P. brasiliensis Pb18 e Pb265, respectivamente, mais ou
menos virulento, de acordo com estudos em animais e mais e menos aderentes, em
estudos de ligação à células Vero (SINGER-VERMES et al., 1989; HANNA, 1995;
UEMURA, 1996; HANNA et al., 2000).
A adesão de células de P. brasiliensis aos tecidos do hospedeiro deve ser um dos
passos cruciais no estabelecimento da paracoccidioidomicose. A habilidade do fungo
em aderir às células epiteliais pode representar um mecanismo no qual o fungo evitaria
o muco que recobre os ductos respiratórios e o movimento das células ciliares, tendo
então papel na patogenese. Entretanto, pouco é conhecido como este mecanismo ocorre.
Assim, o desenvolvimento de P. brasiliensis requer inicialmente a adesão dos
conídios (formas infectantes) ao epitélio bronco-pulmonar, ou à membrana basal sub-
epitelial bem como a produção de várias enzimas incluindo proteases que mediariam a
subseqüente invasão (GONZALEZ et al., 2005).
Embora nessa parte do estudo as linhagens celulares epiteliais não seja derivadas
de células pulmonares, elas possuem proteínas da matriz extracelular e em conseqüência
receptores que são comuns ao de outras linhagens. Nossos experimentos com células
HeLa e Vero revelaram que a amostra Pb18 aderiu fortemente quando comparada com
Pb265. Estes dados confirmam os achados de Hanna, (1995), Uemura (1996) e Hanna et
al., (2000).
Os tratamentos químicos e físicos das células leveduriformes de P. brasiliensis
influenciaram no processo de adesão. O tratamento prévio das células em diferentes
temperaturas influiu na aderência, sendo esta redução mais acentuada nas células
tratadas a 121°C seguido de 100°C, quando comparadas com células não tratadas de P.
62
brasiliensis ou tratadas a 56°C. O tratamento térmico deve alterar estruturas da parede
celular de P. brasiliensis que sofrem alterações em altas temperaturas, provavelmente
componentes protéicos. Recentemente, foi verificado que a inativação do soro pelo
calor usado para opsonização e o tratamento com EDTA de duas linhagens de
macrófagos diminuiu a fagocitose (JIMENEZ et al. ,2006).
A formalina, aparentemente, no presente estudo não interferiu no processo de
adesão, deve-se ressaltar, no entanto, que o tratamento de uma hora com formalina não
inviabiliza as células de P. brasiliensis conforme verificado por Shikanai-Yasuda et al,
(1991); e neste caso as estruturas moleculares podem não ter sofrido alterações que
interferissem com a adesão.
A ação inibitória da azida sódica sugeriu que a adesão de P. brasiliensis pode ser
regulada por processo energia-dependente. Neste trabalho, não foi verificado se este
componente interferiu mais na expressão de prováveis receptores de adesão na
superfície da célula epitelial, do que propriamente na célula fúngica. No entanto, nosso
resultado vem de encontro a outros trabalhos como em C. albicans onde parte do
processo de adesão depende da expressão de moléculas de superfície do fungo, sendo,
portanto parcialmente dependente de energia (OLLERT et al., 1993).
Os polissacarídeos da parede celular em P. brasiliensis têm importante papel nas
relações parasita-hospedeiro. A parede celular deste fungo é composta de
polissacarídeos como a quitina e α e β-D-glucana e galactomanana (SAN BLAS &
SAN BLAS, 1994).
O tratamento com concanavalina A mostrou ser esta capaz de inibir parcialmente
a adesão de P. brasiliensis às linhagens celulares Vero e HeLa. Esta lectina tem
afinidade especial com resíduos de manana, portanto, estas moléculas de superfície
devem participar como adesina neste modelo. Em C. albicans tem sido demonstrado
63
que uma das adesinas é uma manoproteína e, portanto inibida por concanavalina A. Este
sistema tem atividade semelhante à lectina e reconhece os resíduos de fucose ou de n-
acetilglucosamina em células epiteliais (CALDERONE, 1993). Gp 43 e um antígeno de
massa molecular alta e pesadamente glicosilado, sendo estes componentes glicosilados
reconhecidos por soros de pacientes com a doença. Este último foi isolado recentemente
e verificou-se que se liga a n-acetilglucosamina (GlcNAc) e pode ser inibido por
GlcNAc, seguido de D-glicose and D-manana e não por D-galactose, N-acetyl-
galactosamina or L-fucose. Esta fração também se liga a laminina, portanto tem
propriedades adesivas (COLTRI et al., 2006).
Periodato de sódio influenciou no processo, causando redução na aderência. A
oxidação dos resíduos de açúcar alterou a adesão, mostrando que a porção carboidrato
da parede celular deste fungo está envolvida neste processo.
É bem documentado que animais e homens infectados com P. brasiliensis
produzem anticorpos que reagem com vários tipos de antígenos. Em trabalho anterior
foi verificado que soro de paciente com PCM inibia a aderência de P. brasiliensis às
células epiteliais, o mesmo não ocorrendo com soro de indivíduo normal. Confirmando
este achado, neste trabalho foi verificado que soro de indivíduo normal e soro inativado,
sem complemento, não inibiram a aderência deste fungo às células.
Heparina, que é encontrada em grânulos intracelulares de mastócitos, é uma
glicosamina com grande quantidade de resíduos de sulfato. A inibição da aderência pela
adição de glicosaminoglicanos é geralmente a primeira indicação que receptores das
células epiteliais podem ser proteoglicanas. Se heparina inibe adesão e outras
glicosaminoglicanas (ex.: sulfato de condroitina e sulfato de dermatano), não o fazem,
então a adesão é considerada específica para proteoglicanas do tipo sulfato de heparano.
Muitas bactérias, parasitas e vírus utilizam proteoglicanas como receptores de adesão.
64
Estes aparentemente ligam-se ao sulfato de heparano (ROSTAND & ESKO, 1997). Em
nosso caso, no entanto, heparina não alterou o processo de adesão, indicando que a
interação tipo mucopolissacarídeo (heparina) não ocorreu.
O tratamento das células leveduriformes de P. brasiliensis com tripsina
influenciou significativamente (p < 0,01) no processo de adesão às células Vero e HeLa,
mostrando que a porção protéica é um componente ativo das adesinas deste fungo.
Aparentemente, a cepa Pb18 sofreu mais drasticamente os efeitos deste tratamento do
que a cepa Pb 265.
O uso de mono ou dissacarídeos como inibidores da aderência de P. brasiliensis
às células epiteliais Vero e HeLa sugerem que mecanismos de adesão tipo lectina
podem ocorrer e são de importância nesta interação. Os açúcares aminados glucosamina
e galactosamina seguido de manose foram os que mais eficientemente inibiram a adesão
de P. brasiliensis às células epiteliais. Não foi observada diferença significativa entre as
duas linhagens celulares.
Os padrões de inibição observados com as duas amostras sugerem mecanismos
específicos tipo lectina. O padrão foi semelhante ao observado para C. albicans e
células epiteliais vaginais (SEGAL et al., 1982), em relação aos açúcares aminados.
Enquanto que a inibição com manose foi semelhante aos de Candida no processo de
adesão às células epiteliais bucais. Recentemente, foi verificado que a inativação do
soro pelo calor usado para opsonização e o tratamento com EDTA de macrofagos
diminuiu a fagocitose em duas linhagens avaliadas. O tratamento com Alfa-metil-d-
manosídeo reduziu a fagocitose de macrófagos B10R, sugerindo que o receptor de
manose participa na fagocitose destas células ( JIMENEZ et al., 2006). Por outro lado, o
principal antígeno deste fungo, a GP 43, contém em sua cadeia de carboidratos uma
parte constituída de alto conteúdo em manose (ALMEIDA et al., 1996), e como esta
65
molécula foi descrita como adesina, não se exclui que a inibição encontrada com
manose em nosso estudo, possa envolver esta glicoproteína. Aparentemente, à
semelhança do trabalho com macrófagos, o receptor de manose participa da interação P.
brasilensis - células epiteliais. No entanto, para se obter dados mais específicos do papel
das interações tipo lectina no processo de adesão de P. brasiliensis às células epiteliais,
oligossacarídeos mais complexos deverão ser ensaiados.
Adesão de microrganismos à tecidos do hospedeiro é considerado como um
evento essencial no desenvolvimento de infecções. O reconhecimento de células
hospedeiras pelo patógeno requer a presença em sua superfície de moléculas
complementares. Várias proteínas do hospedeiro como laminina, colágeno, fibronectina,
fibrinogênio e o componente C
3
do complemento são potenciais ligantes celulares de
microrganismos. Estas glicoproteínas normalmente não são expostas na superfície do
epitélio e endotélio. Entretanto, qualquer tipo de trauma que altere o tecido do
hospedeiro pode levar a exposição de membranas basais e tornar acessíveis seus
componentes como laminina, colágeno tipo IV, entactina/nidogem e proteoglicanas
como sulfato de heparano.
Proteínas da matriz extracelular são implicadas na adesão em uma variedade de
patógenos extra e intracelulares à tecidos do hospedeiro ou células. Laminina é uma
glicoproteína da matriz ligada à membrana basal e sua interação com moléculas de
superfície celulares e receptores promove adesão lula–célula, migração das células e
diferenciação celular. Este componente consiste de três grandes cadeias polipeptídicas α
(A); β (B
1
) e γ (B
2
), arranjadas em uma estrutura cruciforme (TIMPL & BROWN,
1994). Tem sido postulado que seu reconhecimento pode influenciar na patogenicidade
de vários microrganismos incluindo bactérias, protozoários e fungos (TRONCHIM et
al., 1997). Receptores de laminina são encontrados em células epiteliais, endoteliais,
66
células musculares e neurônios e também em macrófagos, leucócitos e células tumorais
humanas e animais. Entre os receptores de laminina foi descrito um que pertence à
família das integrinas (CALDERONE & FONZI , 2001).
Estas proteínas transmembranas reconhecem diferentes ligantes por sua
seqüência RGD, que é comum a uma grande variedade de proteínas, incluindo laminina,
fibrinogênio e fibronectina. No entanto, algumas integrinas ligam-se a seqüência
peptídica IKVAV, localizada no fragmento E
8
. Receptores tipo não integrinas foram
também descritos, principalmente um de 67 kDa que reconhece o pentapeptídeo YIGSR
altamente específico de laminina e localizado no fragmento P
1
(IWAMOTO et al.,
1987; SAWYER et al., 1992).
Em nosso trabalho, laminina inibiu significativamente a adesão da amostra Pb18
às células Vero e HeLa, o mesmo não ocorrendo com a amostra Pb265. Este resultado
sugere que Pb18 apresenta um padrão de reconhecimento diferente de Pb265 em relação
a esse componente. Em trabalho anterior, Vicentini et al., (1994) demonstraram que P.
brasiliensis é capaz de se ligar à laminina e que a provável adesina seria a gp 43. De
acordo com nosso resultado, isto se confirmou com a amostra Pb18, no entanto a
amostra Pb265 que também produz gp43 não mostrou o mesmo padrão de inibição,
sugerindo que a possível adesina neste caso não seria somente a gp 43, que é comum
para diferentes isolados de P. brasiliensis.
O peptídeo CDPGYIGSR-NH
2
que é parte da cadeia β da laminina e a sequência
YIGRS correspondente a porção mínima requerida para inibição da metástase de células
tumorais em modelos animais foram usados nesse estudo. Assim, em nossos
experimentos, ambos os peptídeos reduziram significativamente a aderência do isolado
Pb18 às células HeLa e Vero, enquanto que o mesmo não foi observado com o Pb265.
67
O uso de peptídeos sintéticos derivados da laminina confirmou o achado com
este componente da MEC, mostrando que Pb18 tem padrão diferencial de adesão em
relação à Pb265. Por outro lado, este achado mostra que o padrão de virulência de
determinadas amostras pode estar relacionado à sua maior e menor capacidade de se
ligar a componentes da matriz extracelular.
Fungos como P. brasiliensis (LOPES et al., 1994; VICENTINI et al., 1994;
MENDES-GIANNINI, et al., 2000; HANNA, et al., 2000; ANDREOTTI, et al., 2000;
GONZALEZ, et al., 2005; BARBOSA, et al., 2006), C. albicans (LOPEZ-RIBOT et al.,
1994) e H. capsulatum (MCMAHON et al., 1995) expressam proteínas que se ligam à
laminina que variam em sua massa molecular de 37 a 70 kDa. Em C. albicans, três
polipeptídeos de 37, 60 e 67 kDa tem sido associados à laminina e em H. capsulatum e
P. brasiliensis respectivamente, as frações de 50, 43 e 30 kDa. Em H. capsulatum tem
sido reconhecido que a seqüência peptídica IKVAV, localizada na região carboxil do
domínio α-hélice da cadeia α é reconhecida como uma seqüência de reconhecimento do
receptor tipo integrina (McMAHON et al., 1995).
Em C. albicans, o peptídeo CDPGYGSR-NH
2
também está envolvido na
redução da aderência de um isolado de C. albicans (4918) à cultura de queratinócitos
(OLLERT et al., 1993).
Os mecanismos de aderência envolvendo a seqüência RGD têm sido
relacionados ao receptor tipo três do complemento (CR
3
, CD
11
e CD
18
) e também a
aderência às células endoteliais e às proteínas da matriz extracelular como a
fibronectina, colágeno e laminina (CALDERONE & FONZI, 2001).
Em C. albicans a adesão com RGD parece ser mais importante em células
endoteliais que as epiteliais (OLLERT et al., 1993). Assim, embora em nosso estudo
68
fosse observado certo grau de inibição, este poderá ser maior dependendo da linhagem
celular.
Nossos dados sugerem que a interação de P. brasiliensis às células epiteliais é
um mecanismo complexo, envolvendo interações proteína-proteína e lectina-
carbohidrato. Há padrões diferentes de interação entre as amostras Pb18 e Pb265,
sugerindo provável explicação às diferenças observadas no processo de adesão que
poderão implicar num maior ou menor grau de virulência de cada isolado, como
observado nas infecções experimentais. Como em outros microrganismos, múltiplos
mecanismos de interação podem estar envolvidos na aderência de P. brasiliensis às
células epiteliais.
5.2. Sinalização celular
Os patógenos podem estabelecer interações com seus hospedeiros e alguns têm
habilidade para aderir, invadir e ativar numerosas vias de sinalização. O estudo da
interação patógeno/hospedeiro nos fornece dados para a compreensão desta diversidade
biológica. Em P. brasiliensis pouco se sabe sobre quais vias este fungo ativa para
sobreviver e escapar do sistema monocítico-fagocitário. Recentemente, Monteiro da
Silva et al., (2006) observaram uma inibição significativa na invasão do fungo após pré-
tratamento das células epiteliais com genisteína, que é um inibidor específico de
proteínas tirosina-quinase (PTK) localizadas na membrana plasmática das células
epiteliais. Esses resultados sugerem que a inibição de PTK é importante na transdução
de sinal durante os eventos iniciais nos processos de adesão e invasão de P. brasiliensis
em células epiteliais de mamíferos. Neste estudo foram realizados ensaios para avaliar
as vias de sinalização envolvidas na proliferação celular durante a interação de P.
69
brasiliensis com células epiteliais. As vias Ras/Raf e Rho/Rac disparam sinais
citosólicos que ativam proteínas da família MAPquinase (proteína quinase ativada por
mitógeno) responsáveis por eventos nucleares de proliferação (ALBERTS et al., 2002).
Em relação à via Ras/Raf, foi investigada a proteína Raf fosforilada na serina 338 e foi
observado que o tempo de 10 minutos foi suficiente para sua expressão nas células
infectadas com o fungo recentemente recuperado de inoculação animal, com
propriedades adesivas aumentadas (Pb18a) e o subcultivado 312 vezes (Pb18b), bem
como o tratamento com a gp43, apresentando cinco isotipos. Em 10 minutos uma
nítida diminuição de raf ativada nas células em contato com o fungo avirulento e
ligeiramente superior em intensidade no fungo virulento (Pb18a) e na gp 43.
Aparentemente esse resultado sugere que em 10 minutos o fungo avirulento (Pb18b)
oferece menor estresse citotóxico, resultando num sinal de proliferação menos intenso.
Em contrapartida, o fungo virulento e a gp 43 poderia oferecer maior estímulo
proliferativo, pois a célula tentaria aumentar sinais de proliferação para manter sua
sobrevida. Quando as células foram tratadas por 30 minutos, somente o tratamento com
gp43 faz com que Raf ativa esteja diminuída, revertendo este processo em período de
uma hora, quando sua expressão foi bem maior. Aparentemente, esta proteína fúngica
tem papel na regulação desta molécula envolvida na sinalização celular. Os sinais
intracelulares de sobrevivência envolvem as vias Ras/Raf e PI3K (phosphoinositide 3-
kinase) / Akt (protein kinase B). Raf é uma serina/treonina quinase que possui três
isoformas com grande similaridade em suas sequências, no entanto, estas têm funções
individuais que ainda estão longe de ser completamente compreendidas (BACCARINI,
2005) Raf é um efetor crítico de Ras (WEBER, et al., 2000) e Raf foi descrito como um
supressor da apoptose, cooperando com Bcl-2 na membrana externa da mitocôndria
(MIKULA et al., 2001; ALGECIRAS et al., 2002 ; BACCARINI, 2002), assim como
70
influi na resposta celular e na habilidade de Raf ativar o fator de transcrição NF-B, o
principal regulador da resposta inflamatória e nas transições mesenquimal-epiteliais (LI
& SEDIVY et al.,1993; BAUMANN et al., 2000; ; ODABAEI et al., 2004;
BACCARINI, 2005).
No entanto, no tempo de uma até 8 horas houve aumento de sua expressão nas
células infectadas com P. brasiliensis e tratadas com a gp 43, demonstrando que os
sinais proliferativos foram ativados. Porém, depois de 24 h progressiva diminuição
de sua expressão, com tida diminuição de intensidade em 48 e 72 horas,
principalmente com o P. brasiliensis virulento. Sabendo que Raf só é ativada por
ativação de Ras e esta sinaliza proliferação, acreditamos que P. brasiliensis utilize esta
via, para que a célula epitelial continue viva e possa alojá-lo, supostamente permitindo
posterior escape do sistema monocítico-fagocitário (ANDRADE & ANDREWS, 2004).
A via Ras/Raf/MEK/ERK é a principal via de sinalização que está associada à
proliferação, diferenciação, sobrevivência da célula bem como apoptose (FEIG &
BUCHSBAUM, 2002; COX & DER, 2003). A superfamília Raf ativa a cascata da Raf
quinase levando a ativação de MAP quinase, que então fosforila e ativa proteínas de
transcrição, proteínas de citoesqueleto, quinases e fosfatases (KOLCH, 2000). Embora
os passos com base regulatória tenham sido elucidados, muitos dos aspectos desta via
estão para serem descobertos. Kolch, 2000 fez uma revisão focalizando o papel das
interações proteínas-proteinas na regulação desta via e como elas contribuem para
coordenar a ativação de proteínas, redistribuição celular, fosforilação do substrato e
cruzar sinais com outras vias de sinalização. A via da MAPquinase é um dos sistemas
primordiais de sinalização que é ativada para executar uma variedade de tarefas e nos
eucarióticos, controla processos como proliferação, diferenciação, sobrevivência e
apoptose (ALBERTS et al., 2002)). Após ativação de ras/raf os sinais são encaminhados
71
para primeira proteína da via de sinalização MAPquinase, denominada chamada de
uma MAP- quinase- quinase (MEK). Uma vez ativada, sucede-se uma cascata de
ativação de outra proteínas da família MAPkinase até a ativação de ERK, que no núcleo
ativará fatores de transcrição para genes envolvidos com a proliferação celular (Alberts
et al., 2002).
Neste trabalho investigamos uma outra via de transdução de sinal que envolve
sobrevivência celular e crescimento, denominada a PI 3-quinase/proteína quinase B
(AKT). A presença de AKT fosforilada foi observada progressivamente aumentada no
tratamento com fungo virulento e gp 43 a partir do 30 minutos até 5h. Nas células
tratadas com o fungo avirulento os sinais de AKT ativada foram semelhantes ao
virulento nos mesmos tempos de tratamento. A ativação de AKT diminui
progressivamente a partir de 8 até 48h. Embora haja diminuição desses sinais de
sobrevida nos tratamentos entre 8h a 48h, no fungo virulento e na células tratadas com
GP43 os sinais de sobrevida persistem com maior intensidade em comparação ao
avirulento e as células não tratadas. Aparentemente somente a GP43 não induz estresse
celular acentuado como o fungo virulento. Os sinais de sobrevida diminuem mais
rapidamente a partir de 8h enquanto que raf ativada manteria sinais de proliferação até
24h. As vias de sinalização ras/raf e AKT agem sinergicamente para potencializar
efeitos de proliferação e sobrevida (JANSON et al., 2006). Para os sinais de sobrevida
celular, receptores tirosina quinase presentes na membrana recebem sinais
extracelulares de sobrevida e ativam PI3 quinase que irá fosforilar PIP2, resultando na
formação de um novo sinal fosfolipídico – PIP3. Em seguida, PIP3 interage com
proteína AKT inativa e PDK, resultando na ativação de PDK que por sua vez fosforila
AKT, tornando-a ativa. AKT ativa fosforila proteínas alvo responsáveis pela
manutenção da sobrevivência celular. A fosforilação de Bad por AKT inibe sua função
72
pró-apotótica, impedindo este sinal de apoptose. Caspase 9 fosforilada por AKT
também é inibida, resultando no bloqueio de sinais apoptóticos pela via das Caspases.
Ainda, a ativação por fosforilação de AKT de fatores de transcrição e GSK3 mantém,
respectivamente, a célula transcrevendo genes de proliferação celular e cooordenando o
maior metabolismo e síntese protéica. No presente estudo, a diminuição de AKT
ativada poderia indicar a perda parcial de sinais proliferativos e que se intensificarão
posteriormente com a diminuição de sinais ras/raf. Em trabalho recente (dados não
publicados) foi observado que depois de 24 horas, gp43 levou aumento da expressão de
Bak em relação ao controle e a Bcl-2, sugerindo que o sinal de sobrevivência foi
perdido depois deste período. Quando as células foram tratadas com a gp43 durante 48
horas foi observado um aumento significante em Bak e expressão de Bcl-2 quando
relacionado aos controles, porém, quando foi comparado a expressão entre Bak e Bcl-2
foi observado que expressão de Bak foi superior a Bcl-2 que mostra que o tratamento
com a adesina leva ativação da apoptose em células epiteliais pulmonares, resultado
semelhante a indução de morte celular programada verificada durante a infecção de P.
brasiliensis (MENDES-GIANNINI et al., 2004).
Nossos dados sugerem que inicialmente por duas vias diferentes, o fungo e a gp
43 sinalizaram para a sobrevivência e crescimento celular, onde o fungo procura se
alojar e escapar dos fagócitos por um determinado tempo, para depois sair e invadir
outras células do hospedeiro. Este fato é muito interessante quando contrastamos com
os dados de Andreotti, (2006), que houve um aumento acentuado de proteínas que
sinalizam apoptose a partir de 72 horas.
Neste trabalho conseguimos detectar a proteína Rho ativada após 30 minutos,
tanto nas células tratadas com a gp 43, nas células infectadas com P. brasiliensis
Pb(18a) e Pb(18b) e nas células controles (sem nenhum tratamento). Com oito horas
73
de incubação, houve um aumento da expressão de Rho nas células infectadas com
Pb(18a) e tratadas com a gp 43. Após 24 horas houve diminuição da expressão e em
72hs, esta diminuição foi mais acentuada. Aparentemente, esses períodos estão
relacionados aos encontrados em trabalho anterior em que o fungo invade células
epiteliais (MENDES-GIANNINI et al.,2004).
No citoesqueleto de actina, ocorre um rerranjo estrutural total em resposta a
sinais externos que são disparados através de diversos receptores da superfície da célula,
mas todos estes sinais parecem converter para o interior da célula, num grupo
relativamente fechado de proteínas, que são as GTPases monoméricas que são membros
da família das proteínas Rho (Cdc 42, Rac e Rho). Semelhante a outros membros da
superfamília Ras, estas proteínas Rho agem como uma chave molecular para controlar
processos entre o estado ativo (GTP) e inativo (GDP). Ativação de CDC 42 dispara
polimerização de actina e empacotamento para formar filopódios ou protusões curtas
nas células chamadas de microespículas. Ativação de Rac promove polimerização de
actina na periferia da célula formando lamelopódios extensos e enrugamento das
membranas. A ativação de Rho promove tanto o empacotamento nos filamentos de
actina com filamentos de miosina II no interior causando estresse das fibras e o
agrupamento de integrinas e proteínas associadas para formar contatos focais. Esta
dramática e complexa mudança estrutural ocorre porque cada uma das três proteínas
citadas tem numerosas proteínas alvos que influenciam na organização e dinâmica de
actina (no mínimo, oito tem sido encontradas para cada uma) e as suas proteínas alvos
vão influenciar na transcrição de genes (ALBERTS, et al., 2002).
Fukata et al., (2003) estudaram as funções da família das proteinas Rho GTPases
na polarização e direcionamento de migração nas células.
74
Por outro lado, vários trabalhos têm se preocupado em como Raf-1 pode regular
Rho. Tem sido proposto que a formação de um complexo Raf-1–Rok limita a ativação
de Rok, que influenciaria na formação de lamelipódios. A ativação de Rok por Rho
envolve a reorganização da rede de vimentina, que sofre alterações e correlaciona-se
com contratilidade da célula. Esta etapa diminui a afinidade da vimentina a Rok- e
contribui para o colapso dos filamentos intermediários, ou por indução ou através de
uma realimentação positiva envolvendo a ativação de Rok-α
Como pode Raf
antagonizar este processo? A presença de Raf-1 poderia aumentar a afinidade de Rok-α
pela vimentina, ou Raf-1 pode ter um papel mais direto e inibir a atividade de Rok-α
quinase.
Ambas Raf-1 e Rok-α são reguladas por inibição intramolecular nas regiões
NH
2
em Raf-1, e em COOH em Rok-α, ligando-se ao domínio quinase e inibindo suas
atividades (EHRENREITER et al., 2005).
Por outro lado, estudos prévios demonstraram que Raf Ser338 pode ser
fosforilado por Pak2 que é a molécula alvo de Cdc42 e Rac . Porém, o mecanismo exato
não está claro, porque expressão de Pak sozinho, geralmente não é suficiente para ativar
Raf ou a via de ERK. Além disso, expressão de Cdc42 ativo ou Rac induz ativação de
Raf, enquanto expressão de Ras ativo pode induzir ativação de Raf. Assim, co-
expressão de Pak com Rac ativo pode induzir ativação de Raf, indicando um papel
potencial de Cdc42/Rac e Pak na regulação de Raf.
Um aspecto essencial no ciclo de vida de muitos patógenos é sua habilidade de
entrar e se manter no hospedeiro para facilitar sua contínua infecção. Portanto, vários
patógenos dispõem de mecanismos que utilizam a polimerização de actina a seu favor
para entrar ou sair das células do hospedeiro. Em circunstâncias normais, a
polimerização de actina e a mobilidade celular são reguladas via cascatas de transdução
de sinais. Patógenos não somente usam o citoesqueleto de actina para facilitar sua
75
entrada, mas desenvolveram também mecanismos para subverter os sistemas
regulatórios normais que controlam a polimerização da actina na célula. Na literatura, o
papel de Rho está ligado à migração e associado à adesão focal que pode aumentar a
adesão e também a invasão, alem da motilidade. Os patógenos com capacidade de
invasão freqüentemente alteram os componentes do citoesqueleto para promover a sua
entrada na célula e isto é feito pelo rearranjo da actina e vários fatores de virulência têm
como alvo a família Rho que envolvem Rho, Rac, e Cdc42 que são reguladores
fundamentais da reorganização de actina. Pouco é conhecido das vias de sinalização que
controlam as mudanças morfológicas em P. brasiliensis, assim como os sinais celulares
quando da interação com células do hospedeiro. A invasão de P. brasiliensis afeta a
estrutura do citoesqueleto das células epiteliais, interferindo em aspectos morfológicos
da actina, tubulina e citoqueratina. O tratamento com citocalasina D e colchicina
reduziu a invasão, indicando a participação funcional dos microfilamentos e
microtúbulos neste mecanismo (MENDES-GIANNINI et al., 2004). Por outro lado,
MARQUES et al., (2004) identificaram quatro genes, RHO1, SEP1, FLB1 e PCK1, que
estão envolvidos na sinalização da célula e polaridade. O gene RHO1 estava expresso
10 a 15 vezes mais em meio mínimo do que em meio completo. Desta maneira, este
trabalho reforça os nossos dados quanto à ativação da família Rho, contribuindo para o
maior conhecimento da interação deste fungo com células epiteliais pulmonares. Assim,
a entrada de P. brasiliensis na célula epitelial pode aparentemente requerer a ativação da
família de pequenas GTPases Rho, como demonstrado neste trabalho. Assim, neste
estudo foi descrito pela primeira vez a participação das vias de proliferação celular,
crescimento e de sinais citosólicos associados ao citoesqueleto durante o processo de
invasão.
76
6. CONCLUSÕES
Pelos resultados obtidos podemos concluir que no processo de adesão entre
isolados de P.brasiliensis e linhagens epiteliais tem-se:
Presença de adesinas fúngicas termo-lábeis.
Parte do processo de interação fungo-hospedeiro foi realizado por adesinas com
forte indício de serem de natureza protéica e estarem ligadas principalmente com
açúcares aminados.
Existência de frações ou sequências específicas de carboidratos
(aminados/manose) capazes de mediar o processo de adesão.
Parte do processo de interação fungo -hospedeiro é energia dependente.
Existem sequência(s) semelhante(s) aos peptídeos derivados da laminina que
reconhecem parte dos sítios adesivos em células de Pb18 e não em Pb265.
Padrão diferencial de adesão entre Pb18 e Pb265 às células Vero e HeLa quando
tratadas com peptídeos derivados da laminina podem sugerir uma associação
com as diferenças de patogenicidade entre os dois isolados.
Neste estudo foi descrito pela primeira vez a participação das vias de
proliferação celular, crescimento e de sinais citosólicos associados ao
citoesqueleto (Ras-Raf, AKT e Rho) durante o processo de invasão.
77
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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96
8. ANEXO
Tabela 2 - Influência da temperatura na adesão dos isolados de P.brasiliensis Pb18 e
Pb265 às células Vero.
Aderência relativa % ±
±±
± D.P.
Vero
Amostras
Tratamento térmico Pb18 Pb265 p
a
Sem Tratamento 100 100 -
121
0
C
46,6 ± 6,2 44,2 ± 6,0
P<0,05
100
0
C
63,4 ± 9,1 77,5 ± 6,0
P<0,05
56
0
C
89,6 ± 8,6 84,3 ± 6,6
P>0,05
Dados apresentam média mais desvio-padrão de 3 experimentos.
p
a
: teste estatístico, considerado significativo (p<0,05).
Tabela 3- Resultados da influência da temperatura na adesão dos isolados de
P.brasiliensis Pb18 e Pb265 às células HeLa.
Aderência relativa % ±
±±
± D.P.
HeLa
Isolados
Tratamento
térmico
Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
121
0
C
44,6 ± 4,5 48,6 ± 3,8
P<0,05
100
0
C
63,2 ± 3,6 77,3 ± 13,4
P<0,05
56
0
C
75,3 ± 7,4 87,6 ± 6,4
P>0,05
Dados apresentam a média e o desvio padrão de 3 experimentos.
p
a
: teste estatístico, considerado significativo (p<0,05).
97
Tabela 4- Resultados do efeito de agentes químicos e de lectinas na adesão dos
isolados de P.brasiliensis Pb18 e Pb265 às células Vero
Aderência relativa % ±
±±
± D.P.
Vero Isolados
pré-tratamento Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
Formalina
103,2±4,3 95,0 ± 10,7
p>0,05
Azida sódica
61,4±11,8 55,5 ± 8,3
P<0,05
Periodato de sódio
48,9 ± 1,9 59,0 ± 4,8
P<0,05
Concanavalina A
64,2±7,8 50,2 ± 10,4
P<0,05
-Dados apresentam a média e o desvio padrão de 3 experimentos.
-p
a
: teste estatístico, considerando efeito dos tratamentos químicos na adesão e sua
significância ao nível de p<0,05
98
Tabela 5- Resultados do efeito de vários agentes químicos e lectinas na adesão dos
isolados de P.brasiliensis Pb18 e Pb265 às células HeLa.
Aderência relativa % ±
±±
± D.P.
HeLa Isolados
pré-tratamento Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
Formalina
88,2 ± 8,6 80,2 ± 11,3
p>0,05
Azida sódica
64,2 ± 3,5 64,5 ± 7,6
p<0,05
Periodato de sódio
46,5 ± 4,4 47,2±13,1
p<0,05
Concanavalina A
58,2 ± 8, 8 60,4 ± 8,3
p<0,05
- Dados apresentam a média mais o desvio padrão de 3 experimentos.
p
a
: teste estatístico, considerando efeito dos tratamentos químicos na adesão e sua
significância ao nível de p<0,05
99
Tabela 6 Resultados do efeito das várias substâncias na aderência de P.brasiliensis às
células Vero.
Vero
Aderência relativa %±
±±
± DP
Pré-tratamento Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
Tripsina
31,6±5,8 45,6±6,2
P<0,05
SHN
100,0±7,7 102,1±21,4
p>0,05
SHN inativado
101,8±10,4 103,7±18,6
p>0,05
Heparina
93,9±7,8 91,1±22,4
p>0,05
- Dados apresentam a média mais o desvio padrão de 3 experimentos.
- p
a
: teste estatistico, mostrando o efeito dos tratamentos ao nível de significância de
p<0,05.
- SHN - soro humano normal
Tabela 7- Resultados do efeito de várias substâncias na aderência de P.brasiliensis às
células HeLa.
HeLa
Aderência relativa % ±
±±
± DP
Pré-tratamento Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
Tripsina
40,5±5,1 45,5±11,2
p<0,05
SHN
89,4±7,7 87,2±6,5
p>0,05
SHN inativado
97,9±3, 7 95,8±3,3
p>0,05
Heparina
91,5±11,8 78,5±8,5
p>0,05
- Dados apresentam a média e mais o desvio padrão de 3 experimentos. -p
a
: teste
estatistico, ao nível de significância p<0,05.
- SHN - soro humano normal.
100
Tabela 8 Resultados do efeito de açúcares e quitina na aderência dos isolados de
P.brasiliensis Pb18 e Pb265 às células Vero.
Vero
Aderência relativa % ±
±±
± D.P.
Açúcares Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
D(+)glucosamina
52,4±6,7 48,5±1,4
p<0,05
D(+)galactosamina
55,3±7,3 50,1±6,0
p<0,05
alfa-lactose
89,7±8,2 93,4±5,8
p>0,05
D(+)manose
65,1±12,7 55,4±6,2
p<0,05
mio-inositol
97,5±11,7 97,4±10,5
p>0,05
D(+)galactose
98,0±9,0 119,3±5,7
p>0,05
D(+)glicose
101,4±1,2 94,8±21, 6
p>0,05
Maltose
94,3±2,5 104,4±13,8
p>0,05
Quitina
94,7±5,6 90, 8± 16,0
p>0,05
-Dados apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3 experimentos.
-p
a
: teste estatístico, mostrando o efeito dos tratamentos e significativo quando ao nível
de p<0,05.
101
Tabela 9- Resultados do efeito de açúcares e quitina na aderência de P.brasiliensis às
células HeLa.
HeLa
Aderência relativa % ±
±±
± D.P.
Açúcares Pb18 Pb265 p
a
Sem tratamento 100 100 -
D(+)glucosamina
70,1±5,6 58,1±9,0
p<0,05
D(+)galactosamina
70,7±5,5 51,4±1,6
p<0,05
alfa-lactose
91,1±8,5 100,1±5,6
p>0,05
D(+)manose
60,3±6,7 65,2±3,5
P<0,05
mio-inositol
90,4±10,9 92,4±13,8
p>0,05
D(+)galactose
97,1±9,8 108,4±4,8
p>0,05
D(+)glicose
101,0±9,5 97,6±5,7
p>0,05
maltose
91,71±9,0 94,51±8,2
p>0,05
quitina
93,9±4,0 99,6±4,2
p>0,05
-Dados apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3 experimentos.
- p
a
: teste estatístico mostrando ser significativo ao nível de p<0,05
102
Tabela 10 – Resultados do efeito de açúcares no processo de adesão de P.brasiliensis às
células Vero por ensaio competitivo.
Aderência relativa % ±
±±
± DP
Vero Isolados fúngicos
Pb18 Pb265
Controle 100 100 -
Glicose
96,0±1,5 91,3±6,7
p>0,05
Manose
68,5±2,5 60,3±4,7
p<0,05
Galactosamina
65,5±3,9 73,7±4,9
p<0,05
Galactose
88,9±6,2 88,8±6,9
p>0,05
Glucosamina
69,3±2,5 69,1±2,8
p<0,05
- Dados apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3 experimentos.
- pª: teste estatístico significativo (p<0,05).
103
Tabela 11- Resultados do efeito de açúcares no processo de adesão de P. brasiliensis às
células HeLa por ensaio competitivo.
Aderência relativa % ±
±±
± DP
HeLa Isolados fúngicos
Pb18 Pb265 Pª
Controle 100 100 -
Glicose
90,2±7,9 88,5±9,5
p>0,05
Manose
62,6±5,6 71,2±10,3
p<0,05
Galactosamina
65,6±8,3 71,0±3,9
p<0,05
Galactose
91,3±5,7 89,1±7,7
p>0,05.
Glucosamina
72,7±9,0 67,6±13,2
p<0,05
- Dados apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3 experimentos.
- pª: teste estatístico significativo (p<0,05).
Tabela 12 Resultados do efeito da laminina no processo de adesão às células Vero
em ensaio competitivo.
Aderência relativa % ±
±±
± DP
Vero Isolado
Pb18 Pb265
Controle 100 100
Laminina
58,7±7,6
a
89,6±14,8
Dados estatísticos apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3
experimentos.
a: teste estatístico significante (p<0,05).
104
Tabela 13 Resultados do efeito da laminina no processo de adesão às células HeLa
em ensaio competitivo.
Aderência relativa % ±
±±
± DP
HeLa Isolado
Pb18 Pb265
Controle 100 100
Laminina
60,8±9,2
a
92,7±12,5
Dados estatísticos apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3
experimentos.
a: teste estatístico significância (p<0,05).
Tabela 14- Resultados do efeito de peptídeos sintéticos derivados da laminina na
aderência de P.brasiliensis às células Vero.
Aderência relativa % ±
±±
± DP
Vero Isolados
Pb18 Pb265
Controle 100 100
YIGS
43,0 ±5,4ª
,b
85,8±5,5
b
CDPGYIGSR-NH
2
¹
52,8±5,1ª
,b
82,8±9,4
b
- Dados apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3 experimentos.
a: teste estatístico, significante entre tratamentos (p<0,05).
b: teste estatístico significante entre os isolados (p<0,05).
-1-derivados de laminina
105
Tabela 15-Resultados do efeito de peptídeos sintéticos derivados da laminina na
aderência de P.brasiliensis às células HeLa.
Aderência relativa % ±
±±
± DP
HeLa Isolado
Pb18 Pb265
Controle 100 100
YIGS
46,9±8,0ª
,b
84,8±10,1
b
CDPGYIGSR-NH
2
¹
52,6±8,5ª
,b
83,5±12,3
b
Dados apresentam a média mais ou menos o desvio padrão de 3 experimentos.
a: teste estatístico, significativo entre tratamentos (p<0,05).
b: teste estatístico significante entre as amostras (p<0,05).
1- derivados de laminina.
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