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RESUMO
A lesão do nervo periférico implica em alteração na expressão de genes
específicos do músculo, como o myoD, atuante na ativação de células satélites, a
miostatina, potente reguladora da massa muscular e a atrogina-1, que participa da
degradação protéica. A estimulação elétrica (EE) é um recurso empregado na
prática clínica para tratamento de músculos desnervados. O objetivo do presente
estudo foi analisar se a estimulação elétrica fásica é capaz de minimizar a perda
de massa muscular e diminuir a expressão do myo-D, miostatina e atrogina-1 do
músculo gastrocnêmio (G) desnervado. Além disso, foi analisado se a freqüência
de aplicação (diária ou alternada) resulta em diferentes respostas das variáveis
analisadas. Para isso, 20 ratos Wistar (180 ± 20g) foram igualmente divididos em
grupos: controle (C); desnervado (D), desnervado + eletroestimulado diariamente
(EED) (5x/semana) e desnervado + eletroestimulado em dias alternados (EEA)
(3x/semana). Para procedimento de desnervação, EE e coleta do músculo os
animais foram profundamente anestesiados. A desnervação foi realizada por
esmagamento do nervo isquiático, e após 24 horas iniciou-se a EE utilizando o
aparelho DUALPEX 961 – Quark (corrente bifásica, quadrática, simétrica, T=3ms,
f=10Hz e i=5mA, aumentando 1mA a cada 5min, t=30min). Após 10 dias de EE, o
músculo G foi dissecado, pesado e a porção distal da cabeça medial, mantida em
freezer a -70º C. A quantificação de mRNA do myoD, miostatina e atrogina-1 foi
realizada por amplificação por reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo
real. Para análise estatística utilizou-se o teste Shapiro-Wilk, seguido pela One–
way (ANOVA) e teste de Tukey (α= 5%). Os resultados do presente estudo
mostraram que a massa muscular relativa nos grupos tratados com EE não
diferiram do grupo desnervado (D: 0.159 ± 0.012%; EED: 0.146 ± 0.013%; EEA:
0.152 ± 0.023%, p>0.05). Houve aumento da expressão do myoD nos grupos
eletroestimulados quando comparados ao D (D:18 vezes, EED: 23 vezes, EEA:
27 vezes, p<0.05). A expressão da miostatina nos grupos eletroestimulados foi
maior que no grupo D (D: 2.5 vezes, EED: 4.2 vezes, EEA: 5.6 vezes, p<0.05).
Observou-se grande aumento na expressão da atrogina-1 nos grupos
desnervados quando comparados ao grupo C, e que a EE aplicada diariamente
foi capaz de diminuir a expressão da atrogina-1 (D: 81 vezes; EED: 68 vezes,
EEA: 97 vezes, p<0.05). Diferente dos resultados esperados, a EE aumentou a
transcrição dos genes do myoD, miostatina e atrogina-1 e não influenciou na
massa muscular de músculo desnervado. Conclui-se que a freqüência de
tratamento imposta ao músculo influencia na expressão de genes específicos do
músculo, uma vez que a aplicação de estimulação elétrica em dias alternados
resultou em maior nível de expressão dos genes da miostatina, myoD e atrogina-1
quando comparada com a estimulação aplicada diariamente. O tratamento diário
mostrou ser um protocolo mais efetivo do que o tratamento em dias alternados,
uma vez que o mesmo diminuiu a expressão da atrogina-1, gene relacionado com
a instalação da atrofia muscular.
Palavras chaves: músculo esquelético, denervação, estimulação elétrica,
expressão gênica.