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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA-UNB
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS-IG
METODOLOGIA DE DATAÇÃO EM CARBONATOS
PELA SÉRIE DE DESEQUILÍBRIO DO URÂNIO POR
ESPECTROMETRIA DE MASSA.
DISSERTAÇÃO Nº 212
Bárbara Alcântara Ferreira Lima
BRASÍLIA - DF
2006
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA-UNB
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS-IG
METODOLOGIA DE DATAÇÃO EM CARBONATOS
PELA SÉRIE DE DESEQUILÍBRIO DO URÂNIO POR
ESPECTROMETRIA DE MASSA.
Bárbara Alcântara Ferreira Lima
DISSERTAÇÃO Nº 212
ORIENTADOR: Prof. ROBERTO VENTURA SANTOS (UnB)
EXAMINADORES:Prof. MÁRCIO MARTINS PIMENTEL (UnB)
Prof. JOSÉ MARCUS DE OLIVEIRA GODOY (CNEN - RJ)
BRASÍLIA – DF
2006
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“Não há modo de mandar, ou de ensinar,
mais forte e suave que o exemplo: persuade
sem retórica, reduz sem porfia, convence
sem debate todas as dúvidas, desata e corta
caladamente todas as desculpas.”
Padre Manuel Bernnardes
In memoriam
Juliana Alcântara Ferreira Lima
Agradecimentos
Várias pessoas participaram desse sonho, hoje realidade, mas algumas de forma
especial. A essas pessoas, meu agradecimento:
_ a Deus, fonte de força e luz para continuar no caminho D’Ele.
_ à minha mãe Neiliete e meu pai Valter, por tornarem possível que eu fosse quem sou
hoje e por me amarem sempre e incondicionalmente.
_ a meu irmão Humberto e minha cunhada Lucieda pela mão sempre estendida, muitas
vezes não entendendo o porquê e pela palavra amável, porém firme.
_ a minha família, principalmente meus padrinhos e primos (irmãos): Tia Neuma, Tio
João, Iara, João Henrique, Alessandra, Isac, pela acolhida em Brasília, me fazendo mais
feliz longe de casa.
_ ao meu orientador Roberto Ventura Santos pela carinhosa acolhida no Instituto de
Geociências, pelo comprometimento comigo e com meu trabalho.
_ aos professores do Instituto de Geociências: Elton Luiz Dantas, Márcio Martins
Pimentel e Reinhardt Adolfo Fuck, pelo apoio a mim concedido e pelo espaço cedido no
Laboratório de Geocronologia para que eu pudesse concluir meu trabalho.
_ aos professores do Instituto de Química: Antônio Guaritá Santos e Denise Imbroisi por
terem me ensinado a ter amor pelo laboratório e pela pesquisa.
_ aos amigos do Instituto de Química e Laboratório de Analítica e Ambiental que mesmo
estando longe não deixarem de torcer e me incentivar: Fátima, Jeane, Júnior, Iago,
Eduardo, Jurandir, Maria Amélia, Samantha, Sandra, etc.
_ à Antonio Celso Jardim por todas as conversas e conselhos, principalmente no
manuseio dos espectrômetros.
_ ao professor Walter Pedreira Filho pela ajuda inicial e conselhos sobre o uso correto do
ICP-MS.
_ Ao professor Bernhard Bühn pelo tempo cedido ao preparo do método no MC-ICP-MS.
_ ao prof. Francis Sondag pelos ensinamentos e amostras cedidas.
_ aos técnicos do Laboratório de Geoquímica e Geocronologia: Antônio Fortes,
Fernando, Márcio Ferreira, Denílson Jorge e Roberto Guerra por toda a ajuda.
_ aos colegas de pós-graduação, principalmente Ana Carla, Bruno, Karin, Luciana,
Cláudio, José Maria, Ana Maria, Glória, Ricardo, Maria Emília, Sandra, Cristiano,
Danielle, Mag-in, Cíntia, Milene, etc.
_ aos amigos do Laboratório de Geocronologia: Sérgio, Jorge, Sandrine, Ricardo,
Pamela, Keila, Jackeline, Natália e Massimo, Joseneusa pelo apoio e palavras certas.
_ ao Instituto de Geociências, desde a direção, coordenação de pós-graduação e
funcionários.
_ aos meus amigos de Colina – UnB: Anatália, Renata, Natália, Edna, Lorena, Luana,
Larissa, Jander, Gustavo e Marcel, por me fazerem sentir sempre em casa.
_ aos meus amigos que me suportaram durante esse tempo sem pensar em desistir de
mim: Vanessa, Vinícius, Susan, Jeane, Joselene, Cláudio Marcos, Cláudio Oliveira,
Dilzane, Fernando, Luciano, Heu..., Flávia, Zayra, etc.
_ a CAPES pela concessão da bolsa
_ a todos: Muito Obrigada!!!
Resumo
Existem vários métodos de datação que são amplamente utilizados de acordo com
o tipo de material do qual se quer datar. Os métodos de datação baseados no desequilíbrio
radioativo que utilizam a dependência-tempo da perturbação geoquímica entre isótopos
pai e filho da série de decaimento radioativo natural do
238
U,
235
U e
232
Th, cujos membros
finais são isótopos estáveis de chumbo, são os que encontram maior uso numa ampla
variedade de problemas na geologia, hidrogeologia e arqueologia. O uso deste método em
depósitos de cavernas, como espeleotemas e sedimentos clásticos, provou ser uma
ferramenta poderosa para estudar o passado climático e mudanças ambientais. Mais
especificamente, espeleotemas, principalmente estalagmites, são freqüentemente
estudadas para interpretações paleoambientais. Além disso, a aplicação em estudos
geológicos inclui a determinação de idade de rochas e água subterrânea, estudos de
erosão superficial, transporte e processos de sedimentação, interações rocha-água
subterrânea, dentre outros. A preparação química do método é o principal foco desse
trabalho que envolve cuidadoso controle de procedimentos químicos para eliminar
contaminação de laboratório e calibração precisa do espectrômetro de massa para obter
alta reprodutibilidade. O processo se dá em várias etapas: preparação da amostra,
digestão e separação cromatográfica utilizando padrões sintéticos e amostras já datadas
em outros laboratórios no mundo, leitura das razões isotópicas em espectrômetro de
massa, além do estudo da estalagmite JA-5 da Caverna João Arruda em Bonito-MS.
Os resultados obtidos mostram que o método funciona, principalmente com
relação à co-precipitação do U e Th e separação cromatográfica desses metais. Observa-
se também que as idades obtidas estão dentro do erro associado a cada amostra e se
aproximam dos valores obtidos em outros laboratórios (laboratórios validados quanto ao
método). É evidente que alguns ajustes devem ser levados em consideração para ter um
resultado melhor, principalmente no ajuste do método de leitura em MC-ICP-MS. O
estudo de caso feito com a estalagmite JA-5 sugere que a amostra parou de crescer em
torno de 2,0 ky. Este estudo é diferente se o comparamos com o dado obtido para a
estalagmite JA-3 encontrada na mesma caverna, mas em locais de dinâmica hídica
diferente.
Abstract
There are many dating methods largely used according to the kind of material to
be dated. Methods that rely on the time-dependency of geochemical disequilibrium
between daughter and parent isotope, from the
238
U,
235
U and
232
Th natural decay system,
whose final members are stable Pb isotopes, are the most useful in a broader variety of
geological, hydrological and archeological problems. The use of this method in cave
deposits like speleothems and clastic sediments proved to be a powerful tool to study past
climatic and environmental changes. Speleothems like stalagmites are frequently used in
paleoenvironmental interpretations. This method may be applied to rocks and
underground water dating, erosion studies, transport and sedimentation processes,
interactions between rock-groundwater, among others. The present work focuses on the
chemical preparation of the U-Th method including the chemical procedures to avoid
laboratory contamination and the mass spectrometer precise calibration in order to get
high reproducibility. The process has many steps: samples preparation; digestion and
chromatographic separation using standards and samples already dated in other
laboratories; determination of the isotopic ratios by mass spectrometers, and a case study
based on a stalagmite from João Arruda cave, Bonito, Mato Grosso State, Brazil.
The obtained data shows the reliability of the method works, mostly in relation to co
precipitation of U and Th and to the chromatographic separation of these metals. It is also
observed that the obtained dates are within the errors for each sample and are very similar
to the dates obtained in other laboratories (validated to this methodology). Further
improvements are necessary to achieve better results, mostly related to the reading
method in the MC-ICP-MS. The case study in the JA-5 stalagmite shows that it stopped
growing around 2,0 ky. This is a different result from that obtained on JA-3 stalagmite,
from the same cave, but placed in a spot with different hydrodynamics.
Índice Geral
Capítulo 1 – Introdução__________________________________________________01
1.1 Relevância do Estudo ________________________________________________01
1.2 Objetivos__________________________________________________________02
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica_________________________________________04
2.1 Métodos de Datação_________________________________________________04
2.2 Decaimento Radioativo do Urânio_______________________________________06
2.3 Série de Desequilíbrio do Urânio________________________________________07
2.3.1 Propriedades químicas do urânio e tório_________________________________09
2.3.2 Condições para datar pela Série do Urânio_______________________________11
2.4 Aplicações do Método________________________________________________11
2.4.1 Água____________________________________________________________12
2.4.2 Sedimento________________________________________________________12
2.4.3 Ossos e Dentes____________________________________________________13
2.4.4 Corais___________________________________________________________13
2.4.5 Espeleotemas_____________________________________________________14
2.5 Métodos Analíticos empregados_________________________________________18
2.5.1 Cromatografia_____________________________________________________18
2.5.1.1 Definição_______________________________________________________19
2.5.1.2 Cromatografia de troca iônica______________________________________ 20
2.5.1.3 Mecanismo______________________________________________________21
2.5.1.4 Tipos de colunas de cromatografia____________________________________21
2.5.1.5 Suporte da fase estacionária_________________________________________22
2.5.1.6 Fase estacionária: a matriz ou resina__________________________________22
2.5.1.7 Enchimento da coluna cromatográfica________________________________23
2.5.1.8 Fase móvel: o eluente_____________________________________________23
2.5.1.9 A amostra______________________________________________________24
2.5.2 Espectrometria de massa____________________________________________24
2.5.2.1 Definição_______________________________________________________26
2.5.2.2 ICP-MS_________________________________________________________27
2.5.2.3 Características principais___________________________________________31
Capítulo 3 – Metodologia_________________________________________________33
3.1 Material Utilizado____________________________________________________33
3.2 Preparação da Amostra________________________________________________37
3.3 Pesagem e Dissolução_________________________________________________37
3.4 Adição do Traçador (Spike)____________________________________________38
3.5 Pré-concentração do U e Th____________________________________________38
3.6 Separação Cromatográfica_____________________________________________40
3.7 Espectrometria de massa_______________________________________________48
Capítulo 4 - Resultados e Discussão_________________________________________52
Capítulo 5 – Estudo de Caso: Estalagmite da Caverna João Arruda________________55
5.1 Introdução__________________________________________________________55
5.2 Localização e aspectos fisiográficos______________________________________56
5.3 Amostras e metodologia_______________________________________________58
5.4 Resultados e Discussão________________________________________________60
Capítulo 6 – Conclusão___________________________________________________63
Capítulo 7 – Referências Bibliográficas______________________________________64
Anexos_______________________________________________________________72
Anexo I Valores das massas das amostras e spike______________________________72
Anexo II Resultados da Curva de Calibração e Resultados dos testes com os padrões__73
Anexo III Dados brutos das intensidades dos isótopos das amostras obtidas por MC-ICP-
MS e Razões isotópicas calculadas a partir das intensidades dos isótopos___________76
Índice de Tabelas
Tabela 2.1 - Sistemas de decaimento radioativo
de meia-vida longa________________05
Tabela 3.1- Equipamentos________________________________________________33
Tabela 3.2 Materiais_____________________________________________________33
Tabela 3.3 - Procedimento de limpeza do savillex______________________________34
Tabela 3.4 - Limpeza do material listado na tabela 3.2__________________________34
Tabela 3.5 - Lista de Reagentes____________________________________________35
Tabela 3.6 - Preparo das soluções___________________________________________36
Tabela 3.7 – Especificação das resinas_______________________________________36
Tabela 3.8 - Lavagem da resina____________________________________________36
Tabela 3.9 - Resina Dowex AG 1x8, 100-200 mesh (ponteira de polietileno de 10 e 5
mL)__________________________________________________________________42
Tabela 3.10 - Resina UTEVA (ponteira de polietileno de 10 mL)__________________42
Tabela 3.11 - Preparo dos padrões__________________________________________46
Tabela 3.12 – Configuração dos ICP-MS_____________________________________49
Tabela 3.13 - Esquema de leitura no NEPTUNE_______________________________50
Tabela 4.1- Descrição das amostras com idades validadas________________________51
Tabela 4.2 - Resultados da amostra do coral HAV 138__________________________52
Tabela 4.3 - Resultados da amostra do coral Urelapa____________________________52
Tabela 4.4 - Resultados da amostra da estalagmite Mara 1 topo___________________52
Tabela 4.5 - Resultados da amostra da estalagmite Mara 2 base___________________52
Tabela 4.6 - Resultados da amostra de coral AC-1______________________________53
Tabela 4.7 - Resultados da amostra da espeleotema YB-1________________________53
Tabela 5.1 - Resultados da estalagmite JA-3 (Bertaux, et. al., 2002)._______________58
Tabela 5.2 - Resultados da amostra da estalagmite JA5 1 (topo)___________________61
Tabela 5.3 - Resultados da amostra da estalagmite JA5-6________________________61
Tabela 5.4 - Resultados da amostra da estalagmite JA5-10_______________________61
Tabela 5.5 - Resultados da amostra da estalagmite JA5-14_______________________61
Tabela 5.6 - Resultados da amostra da estalagmite JA5 19 (base)__________________61
Índice de Figuras
Figura 2.1 – Esquema de decaimento do Urânio 238____________________________07
Figura 2.2 – Estalagmite__________________________________________________15
Figura 2.3 – Desenho esquemático mostrando a formação do espeleotema___________16
Figura 2.4 – Mecanismo de migração de componentes da fase estacionária__________20
Figura 2.5 - ICP-MS – ELEMENT – Laboratório de Geoquímica – UnB____________25
Figura 2.6 - MC-ICP-MS – NEPTUNE – Laboratório de Geocronologia – UnB______26
Figura 2.7 – Desenho esquemático mostrando a formação do aerossol pela fonte de
plasma________________________________________________________________27
Figura 2.8 - Spray Chamber_______________________________________________28
Figura 2.9 - Representação esquemática da região da interface em ICP-MS__________29
Figura 2.10 - Sample Cone e Skimmer Cone em ICP-MS________________________29
Figura 2.11 – Desenho esquemático de um nebulizador. Amostra e argônio
entram por orifícios diferentes onde gás arrasta amostra até o plasma______________30
Figura 2.12 - Nebulizador Microconcêntrico __________________________________30
Figura 3.1 – Frascos de teflon para dissolução tipo savillex_______________________34
Figura 3.2 - Destilação dos ácido___________________________________________35
Figura 3.3 - Precipitado de hidróxido de ferro (III) após adição de FeCl
3
e NH
4
OH____39
Figura 3.4 – Centrífuga___________________________________________________39
Figura 3.5 – Separação de U e Th – Coluna Primária – Arranjo 1__________________40
Figura 3.6 – Separação e purificação do U e Th – Coluna Primária e Secundária –
Arranjo 1.1____________________________________________________________41
Figura 3.7 - Separação e purificação do U e Th – Coluna Primária e Secundária – Arranjo
1.2___________________________________________________________________41
Figura 3.8 - Separação e purificação do U e Th – Coluna Primária e Secundária – Arranjo
1.3___________________________________________________________________41
Figura 3.9 – Coluna Cromatográfica com Resina AG 1X8 – A1___________________42
Figura 3.10 – Coluna Cromatográfica com Resina AG 1X8 – B2__________________43
Figura 3.11 – Coluna Cromatográica com Resina UTEVA –C3___________________43
Figura 3.12 – Procedimento de Separação Cromatográfica para resina AG 1X8______44
Figura 3.13 – Procedimento de Separação Cromatográfica para resina UTEVA______44
Figura 3.14 – Evaporação das amostras______________________________________45
Figura 3.15 – Curva de Calibração U – Th – ELEMENT________________________46
Figura 3.16 - Teste com apenas uma coluna cromatográfica (Arranjo 1)____________47
Figura 3.17 - Teste com duas colunas cromatográficas (Arranjo 1.1)_______________47
Figura 3.18 - Teste com duas colunas cromatográficas (Arranjo 1.2)_______________48
Figura 3.19 - Teste com duas colunas cromatográficas (Arranjo 1.3)_______________48
Figura 5.1 – Mapa mostrando a localização da cidade de Bonito e da caverna de João
Arruda._______________________________________________________________56
Figura 5.2 - Mapa da Caverna João Arruda – Números de 1a 5 referem-se à localização
das estalagmites JA1 a JA5._______________________________________________57
Figura 5.3 Estalagmite JA5 cortada transversalmente com laminações perpendiculares
à direção de crescimento__________________________________________________58
Figura 5.4 – Pedaços – JA5 1(topo) a JA5 6___________________________________59
Figura 5.5 - Pedaços – JA5 6 a JA5 10_______________________________________59
Figura 5.6 - Pedaços – JA5 10 a JA5 12______________________________________59
Figura 5.7 - Pedaços – JA5 13 a JA5________________________________________60
Figura 5.8 - Pedaços – JA5 15 a JA5 19 (base)________________________________60
Figura 5.10 - Relação entre idade e posicionamento vertical das datações da amostra JA3
realizadas por Bertaux et al. (2002)._________________________________________62
Capítulo 1 - Introdução
Medidas da abundância relativa de radionuclídeos naturais, como os isótopos de
urânio, tório e rádio, das séries de decaimento do
238
U,
235
U e
232
Th têm sido utilizados
para estudar uma variedade de problemas dentro, por exemplo, da geologia,
hidrogeologia e arqueologia. Como exemplo disso cabe citar os estudos de datação de
espeleotemas.
Datando o início e o término do crescimento de espeleotemas pode-se construir a
cronologia de eventos climáticos regionais (Bradley, 1985). A datação das fases de
crescimento pelo método do desequilíbrio da série do urânio possui o potencial de indicar
épocas nas quais a região passou por fases mais úmidas.
Nesse tipo de estudo, o método baseia-se na dependência do tempo para se atingir
o equilíbrio entre o decaimento dos nuclídeos pai e a formação dos nuclídeos filho. O
princípio fundamental é que, em sistema fechado, ou seja, nenhum filho ou pai escape de
dentro do sistema, a razão de pai para filho levará a um estado de equilíbrio em que a
razão de decaimento do pai é igual à razão de decaimento do filho (Geyh, 1990). O uso
deste método em depósitos de cavernas como espeleotemas e sedimentos clásticos é uma
ferramenta poderosa para estudar o passado climático e mudanças ambientais.
1.1 Relevância do Estudo
Tendo em vista o exposto acima, torna-se de fundamental importância o estudo
desse tipo de metodologia. O método de datação para carbonatos jovens se dava apenas
por
14
C, sendo que seu range era de no máximo 50000 anos. O método baseado no
desequilíbrio do urânio data amostras na faixa de até 500000 anos e pode ser aplicado em
várias matrizes, diferentemente do método
14
C que data apenas materiais que contenham
carbono na sua composição química.
Outro ponto de grande relevância é que no Brasil praticamente não existem
laboratórios que realizem o procedimento para datação de carbonatos jovens nessa faixa
de idade.
1
1.2 Objetivos
O objetivo principal dessa dissertação é preparar a metodologia química para
datação de carbonatos, principalmente espeleotemas, por meio da Série de Desequilíbrio
do Urânio utilizando basicamente separação cromatográfica e espectrometria de massa.
Os objetivos específicos são:
_ preparar todo o procedimento de separação cromatográfica da matriz
carbonática utilizando padrões sintéticos de urânio e tório.
_ aperfeiçoar os procedimentos analíticos, tais como: digestão da amostra, pré-
concentração dos elementos de interesse e separação cromatográfica, além da
estabilidade do método, pureza e rendimento químico.
_ preparar método de leitura dos isótopos de U e Th em TIMS, ICP-MS e MC-
ICP-MS.
_ validar o método de datação utilizando amostras de corais e espeleotemas já
datadas em outros laboratórios no mundo como padrões.
_ aplicar o método para datar a estalagmite JA5 da Caverna João Arruda,
localizada nos arredores da cidade de Bonito, Mato Grosso do Sul, visando determinar os
gaps de crescimento.
_ colocar em rotina o procedimento de datação pela Série de Desequilíbrio do
Urânio no Laboratório de Geocronologia do Instituto de Geociências da Universidade de
Brasília
A presente dissertação é composta de sete capítulos. O capítulo 2 traz uma extensa
revisão bibliográfica sobre a Série de Desequilíbrio do Urânio, seus princípios e suas
aplicações nas mais variadas matrizes, com especial ênfase aos espeleotemas. Ainda no
mesmo capítulo são evidenciadas as principais técnicas que serão usadas nesse método,
como cromatografia e espectrometria de massas.
O capítulo 3 destaca a descrição do método de preparação química para datação
de carbonatos pela Série de Desequilíbrio do Urânio, principalmente os testes realizados
2
para a calibração das colunas de cromatografia e a escolha da separação mais eficiente.
No capítulo 4 serão abordados os resultados obtidos com as amostras de idade conhecida
e que foram usadas para validação da metodologia. No capítulo 5 é apresentado um
estudo de caso com a estalagmite JA-5 da Caverna João Arruda, Bonito - Mato Grosso do
Sul.
O capítulo 6 apresenta a conclusão dessa dissertação, sendo levantados pontos
relevantes para trabalhos futuros. O sétimo e último capítulo estão listados todas as
referências bibliográficas utilizadas.
3
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
2.1 Métodos de Datação
Os métodos de datação são poderosos instrumentos para o estudo da cronologia
de eventos geológicos e históricos. Esses métodos dependem dos materiais a serem
datados e permitem identificar a idade de rochas, fósseis, ossos e dentes, corais e
espeleotemas. A escolha do método depende, dentre outros fatores, do intervalo de idade
do objeto a ser datado.
O ramo da geociência que estuda os métodos de datação é a Geocronologia, que
faz uso da constância da razão de decaimento radioativo para calcular a idade dos
materiais. Desde que um nuclídeo radioativo decaia para um outro numa razão constante,
pode-se determinar o tempo apenas com a determinação de quanto do nuclídeo decaiu.
Para isso utilizam-se equações de decaimento radioativo.
Além de determinar idades precisas de eventos geológicos, o decaimento
radioativo é importante porque fornece traçadores úteis para o estudo de processos
naturais, que geram informações, por exemplo, sobre a taxa e caminho da evolução
geológica.
Para datar um determinado material duas condições são importantes. (1) O
sistema de interesse deve estar em equilíbrio isotópico no tempo T = 0, ou seja, no
momento de sua formação. (2) O sistema deve permanecer fechado entre T = 0 e tempo T
(tempo presente), ou seja, não tenha sido transferido elemento pai ou filho para dentro ou
fora do sistema. A violação de qualquer uma dessas condições é a principal fonte de erro
em geocronologia.
Diversos geocronômetros são utilizados para mensurar tempo geológico, variando
de poucos anos a bilhões de anos. Esses geocronômetros fornecem informações
importantes sobre o homem e a Terra.
Os métodos mais importantes para datar rochas ígneas e metamórficas são os
métodos K/Ar, Rb/Sr, U/Th/Pb e Sm/Nd. No entanto, esses sistemas de decaimento têm
4
meia-vida muito longa (Tabela 2.1), não podendo ser utilizados para a datação de
matérias jovens.
Tabela 2.1 - Sistemas de decaimento radioativo de meia-vida longa
Isótopo Pai Meia-Vida (anos) Isótopo Filho Razão
40
K 1,28 .10
9 40
Ar,
40
Ca
40
Ar/
36
Ar
87
Rb 4,8 .10
10 87
Sr
87
Sr/
86
Sr
138
La 2,59 .10
11 138
Ce
138
Ce/
142
Ce,
138
Ce/
136
Ce
147
Sm 1,06 .10
11 143
Nd
143
Nd/
144
Nd
176
Lu 3,6 .10
10 176
Hf
176
Hf/
177
Hf
187
Re 4,23 .10
10 187
Os
187
Os/
186
Os,
187
Os/
188
Os
232
Th 1,4 .10
10 208
Pb, 4He
208
Pb/
204
Pb,
3
He/
4
He
235
U 7,07 .10
8 207
Pb, 4He
207
Pb/
204
Pb,
3
He/
4
He
238
U 4,47 .10
9 206
Pb, 4He
206
Pb/
204
Pb,
3
He/
4
He
Para amostras jovens (< 500.000 anos), entretanto, existem poucos métodos de
datação disponíveis. O mais conhecido é o método do Carbono-14, que possui meia vida
de 5.730 anos e decai para o isótopo estável nitrogênio-14. O isótopo carbono-14 é
formado nas camadas superiores da atmosfera que, ao reagir com o oxigênio, forma
dióxido de carbono. O C
14
O
2
, juntamente com o C
12
O
2
e o C
13
O
2
são incorporados à
estrutura dos organismos por meio de mecanismos metabólicos. Enquanto o animal ou
vegetal permanece vivo a relação quantitativa entre o carbono-14, carbono-12, carbono-
13 permanece constante. No entanto, ao morrer cessa a incorporação de carbono e inicia-
se a diminuição da quantidade de carbono-14 devido à sua desintegração radioativa para
14
N. Por meio desse método é possível datar materiais com idade da ordem de grandeza
da meia-vida do
14
C. Limitações desse método incluem a necessidade da presença de
carbono no material a ser datado, como carbonatos e matéria orgânica, e idades máximas
de 30.000 anos.
Outro método amplamente utilizado para a datação de amostras jovens baseia-se
na Série de Desequilíbrio do Urânio. Esse método é apropriado para a investigação de
processos que ocorreram há cerca de 500.000 anos, podendo ser usado em datações do
Período Quaternário. Cabe ressaltar que eventos geológicos do Pleistoceno são muito
antigos para serem resolvidos por radiocarbono, e muito jovens para serem datados pelos
5
métodos geocronológicos que utilizam nuclídeos de meia-vida longa. Desta forma, a série
de desequilíbrio do urânio, que constitui o ponto central da presente dissertação, constitui
importante método de datação para o estudo de materiais mais jovens que 500.000 anos.
2.2 Decaimento Radioativo do Urânio
A radioatividade é um produto do decaimento nuclear. À medida que átomos
instáveis (radioativos) emitem radiação, eles podem gerar átomos filhos estáveis. O
processo pelo qual esta energia é liberada é chamado de decaimento radioativo. Não é
possível predizer quando um determinado núcleo irá decair, mas pode-se saber
precisamente qual é a taxa de decaimento de grande número de átomos radioativos.
A equação básica de decaimento radioativo é:
Equação 1
dN = - λN
dT
onde λ é a constante de decaimento, que é definida como a probabilidade que um dado
átomo possa decair em algum tempo dT. O tempo transcorrido para que metade dos
átomos radioativos presentes em uma amostra sofra decaimento é chamado de meia-vida
e pode variar de milionésimo de segundo a bilhões de anos.
As transformações sofridas pelos elementos radioativos existentes na natureza
permitem agrupá-los em três séries chamadas de séries de desintegração radioativa, nas
quais os elementos decaem por sucessivas emissões alfa e beta (a emissão gama não
produz intrinsecamente alterações nucleares). A série de decaimento do U, apresentada
na figura 2.1 tem como nuclídeo estável final o Pb. A série do tório é iniciada com o
isótopo Th decai até o átomo estável Pb. E por fim, a série do actínio, a partir do
isótopo U, que se transforma sucessivamente em Th até finalizar no estável Pb. A
seqüência do U é empregada nos processos de fusão ou ruptura nuclear e também em
alguns processos de datação ( U/ Pa).
238
206
232 208
235 231 207
235
235 231
6
2.3 Série de Desequilíbrio do Urânio
Normalmente os esquemas de decaimento são baseados na mensuração da
quantidade de filhos estáveis em relação à de filhos radioativos. Na série de desequilíbrio
do urânio, ambos pais e filhos são radioativos. Urânio e tório não decaem diretamente
para chumbo, mas por uma seqüência de elementos radioativos intermediários (Figura
2.1).
Figura 2.1 – Esquema de decaimento do Urânio 238
Como os elementos da série possuem propriedades químicas distintas, eles são
facilmente fracionados ao longo dos processos geológicos. Além disso, a maioria desses
filhos tem meia-vida muito curta, variando de milisegundos a minutos, possuindo,
portanto, uso relativamente restrito. Dentre os filhos, alguns têm meia vida variando de
7
dias a centenas de milhares de anos, podendo gerar importantes informações sobre
processos geológicos de idades relativamente recentes (Geyh,1990).
O método de datação baseado no desequilíbrio radioativo utiliza a dependência-
tempo da perturbação geoquímica do equilíbrio radioativo entre isótopos pai e filho da
série de decaimento do
238
U,
235
U e
232
Th, cujos membros finais são isótopos estáveis de
chumbo (Geyh,1990). Se o sistema químico permanece isolado e fechado para trocas
químicas por longos períodos de tempo em relação a maior meia-vida da série dos filhos,
os constituintes da série alcançam equilíbrio radioativo secular.
No entanto, em alguns casos, o sistema pode ser perturbado por determinados
processos que levam ao desequilíbrio radioativo. Processos físicos e químicos como
difusão, lenta dissolução química da matriz de minerais por água subterrânea e processos
de adsorção, que continuamente afetam materiais geológicos, podem provocar,
dependendo das condições locais, desequilíbrio radioativo observável (Ribeiro, 2001).
Processos geoquímicos (chuva, precipitação de carbonatos lacustres e formação
de espeleotemas), processos geofísicos (sedimentação de fundo do mar e crescimento de
cristais) e processos biológicos (crescimento de foraminífera e moluscos) levam ao
enriquecimento ou depleção de elementos pai ou filho como resultado de fracionamento
isotópico (Geyh,1990).
O desequilíbrio secular pode levar ao excesso ou ao déficit de um determinado
isótopo filho. No primeiro caso, o método de datação de excesso baseia-se na presença
de átomos filhos além da concentração possível em função da abundância do nuclídeo
pai. Desta forma, a atividade do radionuclídeo filho é inicialmente maior que aquela
esperada para um sistema em equilíbrio radioativo. Se o fracionamento original puder ser
determinado, então o período de tempo que o sistema permaneceu fechado pode ser
calculado. Nesse método, o estado de desequilíbrio entre as atividades dos isótopos pai e
filho depende da idade do sistema, isto é, o tempo desde que o sistema foi fechado.
O método de déficit do isótopo filho baseia-se no aumento do número de átomos
do filho em função do decaimento radioativo do átomo pai. A idade do depósito pode
então ser determinada pela medida do crescimento do filho, até o ponto onde a
abundância do mesmo atinge o nível do equilíbrio secular (Geyh, 1990). A presente
dissertação aborda a datação baseada no déficit do isótopo filho.
8
No caso do equilíbrio secular ser restabelecido, a razão de atividade
230
Th/
238
U é
função do tempo (T) e governado pela seguinte equação assumindo
234
U/
238
U = 1:
Equação 2
230
Th = 1- e
-λ
230
T
,
——
238
U
Algumas das aplicações mais utilizadas é a determinação da idade de corais.
Carbonatos, incluiindo corais tem concentração de Urânio, mas Th excludente. Isto leva a
razões de atividade (
230
Th/
238
U) muito menor que 1. Em função desse desequilíbrio a
equação relevante para o cálculo da idade é:
230
Th = e
-λ
230
t
+ λ
230
1 1 1e
(λ230 λ234) t
)
234
U (
234
U/
238
U) λ
230
λ
234
(
234
U/
238
U)
Equação 3
onde os valores em parênteses são as razões de atividade dos isótopos estudados, λ230 é
a constante de decaimento do isótopo 230 do tório e λ234 é a constante de decaimento do
isótopo 234 do urânio. O cálculo das idades utilizado nesse trabalho tem como base essas
duas equações.
2.3.1 PROPRIEDADES QUÍMICAS DO URÂNIO E TÓRIO
Os processos que levam ao equilíbrio radioativo entre os núclideos da série do U
usualmente envolvem água. Por exemplo, durante o processo de intemperismo os átomos
9
de urânio tendem a ser enriquecidos na fase solúvel relativamente ao tório, uma vez que
em ambientes oxidados o urânio tende a formar o íon uranil (UO
2
+
). O tório, por outro
lado, tende a permanecer no estado tetravalente (Th
4+
), sendo facilmente removido da
água do mar por adsorção na superfície de sólidos e por incorporação em minerais
autigênicos como barita. Em função dessa diferença de comportamento, o tempo de
residência do urânio nos oceanos é cerca de 500.000 anos, enquanto que o do tório é de
somente 300 anos. É justamente essa diferença de comportamento que permite a
utilização desses nuclídeos em estudos geocronológicos.
A tendência do tório de ser adsorvido em minerais de argila leva a baixos níveis
do mesmo em água subterrânea, em contraste com os moderados níveis de urânio
presentes nessas águas. Assim, quando calcita biogênica ou autigênica é formada, ela
tende a conter concentrações de urânio bem mais elevadas que de tório. Isto conduz a
uma situação onde
230
Th é fortemente deficiente nessas amostras relativamente a seu pai
(
234
U).
O método de datação torna-se mais complexo quando o sistema não é fechado, ou
seja, quando no tempo T=0 já existe uma fração de
230
Th. Esse tório é usualmente
detrítico e quando presente requer que correções sejam efetuadas. Isso normalmente pode
ser observado quando a razão
230
Th/
232
Th é menor que 20, indicando que uma parcela do
230
Th vem de uma fonte detrítica, e não do decaimento do
234
U.
A presença de tório detrítico pode afetar, por exemplo, a datação de amostras de
espeleotemas carbonáticos que possuem material detrítico (contaminação). Nessas
situações, o método
230
Th/
234
U pode gerar idades superestimadas uma vez que possui
230
Th formado antes do fechamento do sistema (Esposito, 1998).
Uma das vantagens da datação U/Th é que a concentração de
230
Th não-
radiogênico é baixa ou insignificante na maioria dos precipitados ricos em urânio, como
carbonatos. Como resultado, a maioria de precipitados de superfície de água tem baixa
razão Th/U, e, portanto, baixos níveis de
230
Th e
232
Th não-radiogênico (Cobb, 2003).
10
2.3.2 CONDIÇÕES PARA DATAR PELA SÉRIE DO URÂNIO
Datações representativas dependem de condições de equilíbrio isotópico, bem
como da quantidade de amostra disponível para análise. Dentre os principais fatores
relevantes, cabe destacar:
A amostra a ser analisada deve ter concentração de urânio maior que 10
ppb e idealmente acima de 1 ppm;
Datação de amostras carbonáticas com evidências de tório detrítico
requerem aplicação de correções;
Amostras de material carbonático como, corais, carapaça de moluscos,
espeleotemas e sedimentos cársticos, não devem ser intemperizadas;
A idade radiométrica deve ser consistente com os dados estratigráficos.
2.4 Aplicações do Método
O método de datação U/Th é freqüentemente aplicado em estudos
geocronológicos para datar sedimentos pelágicos ricos em urânio, foraminíferos,
sedimentos lacustre e aluvial, carbonatos secundários (espeleotemas) e travertino, rochas
ígneas, em especial rochas vulcânicas, e minerais ferromagnesianos. O método é utilizado
também para datação de corais fósseis e nódulos manganesíferos, bem como fosforito
insular e marinho, óxidos e sulfetos hidrotermais (Geyh, 1990).
A aplicação da série natural de desequilíbrio radioativo em estudos geológicos
inclui determinação de idade de rochas e água subterrânea, estudos de erosão superficial,
transporte de sedimentos e processos de sedimentação, interações rocha-água subterrânea
e problemas de deposição de lixo radioativo (Bradley, 1985).
11
A seguir será apresentada uma revisão bibliográfica sobre aplicações do método,
com especial ênfase à datação de corais e espeleotemas, que constituem o principal foco
dessa dissertação.
2.4.1 ÁGUA
Vários trabalhos têm determinado a concentração de
238
U,
234
U e
232
Th em água
do mar por diluição isotópica e espectrometria de massa. Por exemplo, Chen et. al.
(1986) determinaram concentrações de Urânio utilizando técnicas de duplo-spike para
corrigir fracionamento instrumental, possibilitando assim, a análise de uma menor
quantidade de amostra com maior precisão analítica e menor tempo de análise se
comparado a métodos que determinam urânio por contagem α. Unsworth et. al. (2001)
utilizaram extração de fase sólida para determinar urânio e tório em águas naturais com
ICP-MS. Normalmente esse tipo de análise requer um pré-tratamento da amostra ou
grandes quantidades da mesma. Entretanto, espectrometria de massa com plasma
indutivamente acoplado se mostrou uma rápida e eficiente técnica para determinação
desses elementos. Robinson et. al. (2004) estudaram razões isotópicas da série do urânio
em água do mar nas Bahamas e em rios na Nova Zelândia. O estudo comparou os
resultados com dados de carbonatos modernos, espelotemas e corais, possibilitando
informação sobre climas e chuvas passados. Cizdziel et. al. (2005) compararam técnicas
espectrométricas (contagem-alfa e ICPMS setor magnético) com estudo de razão
isotópica
234
U/
238
U de água subterrânea no Sul de Nevada. O estudo demonstrou a
existência de águas com altas a moderadas concentrações de urânio e razões
234
U/
238
U,
sugerindo a existência de águas do tipo vulcânicas e mais antigas, e águas com baixas
razões
234
U/
238
U e concentrações de urânio, indicando tratarem-se de águas jovens com
um possível componente de recarga local.
2.4.2 SEDIMENTO
A aplicação do método U-Th para datação de sedimentos detríticos requer que se
façam correções quanto à presença de
230
Th detrítico, ou seja, não radiogênico. Ku (1965)
12
avaliou a aplicação da datação de sedimentos pelágicos em oceanos por mensuração de
mudanças tempo-dependentes da razão
234
U/
238
U de urânio lixiviado. A aplicação do
método a esse tipo de amostra apresentou problemas em função da migração pós-
deposicional do
234
U e do crescimento de seu filho
230
Th. Henderson (2001) em estudo
sobre sedimentos marinho por série do urânio, também identificou interferências do tório
detrítico e a necessidade de correções.
Alguns autores utilizando métodos de separação cromatográfica e análises em
ICP-MS estudaram sedimentos de rio e lago para determinação de idade e materiais
biológicos, como peixes (Hall, 2001; Zheng, 2003; Sakaguchi, 2004; Lee, 2005).
2.4.3 OSSOS E DENTES
Uma das mais interessantes aplicações da série do urânio é a datação de ossos
humanos e materiais arqueológicos. Até recentemente, as técnicas disponíveis (contagem
α) exigiam uma grande quantidade de amostra, impossibilitando a análise direta de cada
material. Em vez disso, a maior parte dos materiais possuía idade relativa.
A implementação do método U-Th por espectrometria de massa possibilitou a
datação das próprias amostras de dentes e ossos. McDermott et. al. (1993) mostraram que
idades obtidas a partir da série do urânio são concordantes com aquelas obtidas por
ressonância eletrônica de spin (ESR), reforçando os estudos sobre o aparecimento do
homem moderno a menos de 100.000 anos atrás. Falguères et. al. (2004) usou dados de
série do urânio para estabelecer cronologia do fóssil Homo heidelbergensis, datando
ossos e espeleotemas do Caune de l'Arago, França.
2.4.4 CORAIS
Os estudos oceanográficos e de corais têm sido beneficiado pelas técnicas para
mensurar a abundância do
230
Th por diluição isotópica e espectrometria de massa
(Edwards et. al., 1986/87; Stirling, 1995; Mortlock, 2005; Potter, 2005). O
desenvolvimento do método de datação U-Th possibilitou a redução significativa dos
erros analíticos bem como da quantidade de amostra a ser analisada (Edwards, 1986/87).
13
Cobb et. al. (2003) investigaram a sistemática isotópica U/Th de uma coleção de corais
jovens com alta concentração de
232
Th com o objetivo de testar a acurácia do método em
amostras de corais fósseis ricas em tório detrítico. As datações de corais apresentam erros
abaixo de 3 anos e com excelente concordância com a idade histórica dos corais,
possibilitando, inclusive, a calibração da escala de tempo do método radiocarbono (Lin,
1996; Scholz, 2004; Genty, 2004; Hall, 2001).
Datações
230
Th de corais também têm auxiliado nos estudos sobre variação do
nível do mar durante o Pleistoceno. Períodos com alto nível do mar são marcados por
terraços de corais, que se tornam emersos após o rebaixamento das águas. Esses estudos
têm reforçado a correlação entre o alto nível do mar e a radiação solar recebida pela Terra
(Milankovitch, 1941), bem como os estudos que sugerem que as grandes flutuações
climáticas durante o Pleistoceno foram causadas por variações na órbita terrestre.
Villemant (2003) estudou corais com tório detrítico usando a série de
desequilíbrio do urânio, propondo modelos que levassem em consideração esses efeitos.
Scholz (2004) também estudou recifes de corais localizados na cidade de Aqaba,
Jordânia, utilizando técnica de isócrona para corrigir a influência do tório detrítico.
Morthlock (2005) estudou fragmentos de corais fósseis por separação cromatográfica e
espectrometria de massa de setor magnético com plasma indutivamente acoplado e multi-
coletor.
Stirling (1995) datou corais do oeste da Austrália com a finalidade de estudar
tempo e duração do último período Interglacial. Os dados indicam que o último máximo
glacial (LGM) estendeu-se por apenas 5 mil anos, ou seja, entre 127 a 122 mil anos.
Dentre os desenvolvimentos mais recentes cabe mencionar a datação U-Th de
corais por meio de ablação a laser utilizando MC-ICP-MS. Além de necessitar de
pequena quantidade de amostra, esse procedimento dispensa a preparação química e
possibilita uma alta resolução espacial da amostra (Potter, 2005). A desvantagem é que os
erros analíticos são altos se comparados ao método que utiliza TIMS e MC-ICP-MS por
via úmida.
2.4.5 ESPELEOTEMAS
14
Espeleotemas são formações minerais comumente encontradas em cavernas
calcárias. Os mais comuns são as estalactites e as estalagmites (Fig. 2.2), assim como
depósitos conhecidos como escorrimentos. São compostos principalmente de carbonato
de cálcio, que por meio da percolação da água subterrânea, é dissolvido e reprecipitados
na cavidade cárstica (Bradley, 1985).
A precipitação ocorre quando as águas saturadas em CaCO
3
perdem CO
2
para o
ambiente das cavernas, conforme a reação 1:
2HCO
3
-
+ Ca
2+
CaCO
3
+ H
2
O + CO
2
Reação 1
Devido a esta diferença de conteúdo em CO
2
, a solução de infiltração tende a se
equilibrar com a atmosfera da caverna, perdendo CO
2
e precipitando CaCO
3
. Além do
carbonato, os espeleotemas possuem elementos traços, tais como o U, que permitem a
aplicação do método de datação U-Th.
Figura 2.2 - Estalagmite
15
A formação dos espeleotemas (Figura 2.3) depende de fatores geológicos,
hidrológicos, químicos e climáticos. Mudanças provocadas por quaisquer desses fatores
podem cessar a percolação de água, interrompendo assim o crescimento do espeleotema.
À semelhança dos corais, as estalagmites podem apresentar laminações anuais que podem
ser utilizadas para estudos seqüenciais de reconstrução paleoclimática.
Os estudos de espeleotemas laminados têm se revelado uma poderosa ferramenta
para a reconstrução paleoclimática de alta resolução (Szabo, 1994; Verheyden et.
al.,2000; Plummer, 2000; Musgrove, 2001; Bertaux et al., 2002; Plagnes et. al., 2002;
Zhou, 2005; Soubiès et. al., 2005). Como essas concreções carbonáticas crescem em
ambientes protegidos, elas tendem a registrar as condições climáticas médias da
superfície e podem assim, fornecer um longo e contínuo registro das condições
ambientais passadas.
Figura 2.3 – Desenho esquemático mostrando a formação do espeleotema
16
Presença ou ausência de espeleotemas, ou seja a freqüência de crescimento pode
ser usada como indicador paleoclimático. A presença de estalactites e estalagmites
indicam que passagens abertas existiram e não foram inundadas por longos intervalos
durante o tempo de sua formação.
Como espeleotemas devem se formar acima do nível do mar em cavernas com
bastante ar, a ocorrência de espeleotemas acima do nível do mar fornece um limite
superior do nível do mar no tempo de formação. Similarmente, espeleotemas expostas
hoje que tem sobrecrescimento de aragonita marinha indica que o nível do mar era
anteriormente mais elevado. Datação de série do urânio de espeleotemas e depósitos de
corais permite construir um retrato de variações de nível do mar através do tempo.
Uma importante aproximação para estudar variações de nível do mar no
Pleistoceno é datação
230
Th de espeleotemas (estalactites e estalagmites) de cavernas
submarinhas. Essas formações crescem durante períodos de baixo nível do mar, quando
eles são expostos por percolação de soluções cálcareas. Quando ocorre elevação do nível
do mar as formações tornam-se imersas, parando crescimento e gerando hiato
deposicional. A forma densamente cristalina de depósitos de espeleotemas são sistemas
que tendem a ser fechados e ideais para se datar pela série do urânio. Portanto,
espeleotemas e corais terrestres imersos formam um par complementar para estudos de
nível do mar do Pleistoceno.
A maioria dos dados paleoclimáticos do Brasil Central eram derivados de estudos
palinológicos e sedimentológicos de sedimento lacustres. Esses estudos revelaram
grandes variações de escala na temperatura e chuva durante os últimos 60.000 anos
(Bertaux et. al., 2002). Em função da baixa resolução dos registros de sedimentos
lacustres, hoje é possível aperfeiçoar o estudo paleoclimático usando espeleotemas.
Vários autores (Harmon, 1975; Onac, 2000; IZhao, 2001; Plagnes et. al., 2002;
Zhou et. al., 2005) estudaram a cronologia da série do urânio com base no crescimento
de estalagmites, sendo usado como registro continental de alta resolução e também como
comparação com registros marinhos.
Concreções carbonáticas da Gruta da Serpente na Tailândia foram datadas pelo
método U-Th (Esposito, 1998). Escavações mostraram remanescentes de 31 espécies de
mamíferos grandes e outras 30 de mamíferos pequenos. Isto representa uma referência na
17
história da biodiversidade no Sudeste da Ásia. Espósito obteve idades de dois níveis
carbonatados amostrados na caverna. Como as estalagmites consistiam de mistura de
material detrítico, usou-se técnica de isócrona apropriada para obter idades mais precisas.
O nível calcítico amostrado no fundo da caverna é de especial interesse por que contém
dentes fósseis na matrix calcítica.
Neymark (2000) estudou o crescimento de opalas quaternárias ricas em urânio da
Montanha Yucca, NV, USA, um lugar potencial de repositório de lixo radioativo de alto
nível.
Ribeiro (2001) usou a série de desequilíbrio do urânio em depósitos carbonáticos
quaternários da Serra da Bodoquena e Pantanal do Miranda, Estado do Mato Grosso do
Sul, Brasil Central. Os resultados obtidos mostram que todos esses depósitos são
caracterizados por baixas concentrações de U e Th e que os sistemas estão abertos para
troca geoquímica de membros da série do U e Th.
2.5 Métodos Analíticos empregados
O método analítico de datação pela série de desequilíbrio do urânio envolve várias
etapas: amostragem, pesagem e dissolução da amostra, adição de spike, pré-concentração
dos metais, separação cromatográfica e leitura das razões isotópicas por espectrometria
de massa. No tópico seguinte será abordada a teoria que envolve os métodos mais
importantes.
2.5.1
CROMATOGRAFIA
A cromatografia se mostra como uma técnica importante para a análise de
materiais com as mais variadas estruturas e propriedades físicas.
A primeira observação registrada na literatura referente à troca iônica foi feita por
Way e Thompson (1850). Esses químicos especializados em solos descobriram nas
primeiras décadas do século 19 a capacidade destes em remover íons amônio de soluções
que os atravessavam, substituindo-os por uma quantidade equivalente de íons cálcio. A
partir dessas observações, várias tentativas foram realizadas no sentido de produzir
18
trocadores inorgânicos mais apropriados. Apesar das dificuldades encontradas, a
recompensa desses esforços foi obtida com a utilização do processo de troca iônica para
suavizar a dureza da água.
Por volta de 1935, começaram a serem produzidas resinas de troca iônica
orgânicas muito mais eficientes passando a constituir um meio químico de extraordinário
valor em processos analíticos. O uso de resinas trocadoras de íons para a separação
industrial é fato conhecido a dezenas de anos, principalmente na separação de terras raras
e outros materiais de alta tecnologia.
Dentre todos os métodos modernos de análise, a cromatografia ocupa um lugar de
destaque devido à sua facilidade de separação, identificação e quantificação das espécies
químicas, por si mesma ou em conjunto com outras técnicas instrumentais de análise,
como por exemplo, a espectrometria de massas. Os tópicos a seguir sobre cromatografia
foram baseados no livro Introdução a métodos cromatográficos de C. Collins et. al.(1997)
e de minhas observações à cerca do procedimento empregado nessa dissertação de
mestrado.
2.5.1.1 DEFINIÇÃO
A cromatografia é um método físico-químico de separação dos componentes de
uma mistura realizada através da distribuição desses componentes entre duas fases, que
estão em contato. Uma das fases permanece estacionária, geralmente de grande área,
enquanto a outra, um fluido insolúvel, move-se através dela. Durante a passagem da fase
móvel sobre a fase estacionária, os componentes da mistura são distribuídos entre as duas
fases, de tal forma que cada um dos componentes é seletivamente retido pela fase
estacionária, resultando em migrações diferenciais dos componentes (Figura 2.4).
19
Figura 2.4 – Mecanismo de migração de componentes da fase estacionária
O princípio da cromatografia é o do escoamento contínuo de uma solução através
da coluna estacionária preenchida com um sólido. Os diferentes graus de afinidade
eletrostática entre o trocador e os íons da fase móvel regem este tipo de cromatografia.
2.5.1.2
CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA
Cromatografia de troca iônica é definida como a técnica de separação e
quantificação de cátions e ânions, empregando colunas com resinas trocadoras de íons ou
seus equivalentes. A técnica permite a análise de íons em soluções aquosas, empregando
como fase móvel soluções iônicas a um valor de pH especificado.
20
2.5.1.3 MECANISMO
Na cromatografia por troca iônica a fase estacionária é altamente carregada, sendo
que solutos com cargas de sinais contrários a esta são seletivamente adsorvidos da fase
móvel. Os solutos adsorvidos podem ser subsequentemente eluídos, por deslocamentos
com outros íons, com o mesmo tipo de carga, porém com maior força de interação com a
fase estacionária.
A separação de materiais por cromatografia por troca iônica está baseada na
adsorção reversível e diferencial dos íons da fase móvel pelo grupo trocador da matriz. A
diferença de afinidade entre os íons da fase móvel e a matriz é devido à diferença de
carga, sendo possível controlá-la utilizando fatores como pH e a força iônica.
2.5.1.4 TIPOS DE COLUNAS DE CROMATOGRAFIA
Existem vários critérios para classificar as modalidades de cromatografia, sendo
os mais comuns relacionados ao mecanismo de separação envolvido e aos diferentes tipos
de fases utilizadas.
A forma física do sistema define a técnica geral: a fase estacionária pode ser
colocada num tubo cilíndrico ou disposta numa superfície planar. Baseando-se nesta, a
cromatografia pode ser subdividida em cromatografia em coluna ou planar.
Na primeira, que é a de nosso interesse, de acordo com o diâmetro interno do
tubo, temos as colunas preparativas (6-50 mm), analíticas (2-6 mm) e com microdiâmetro
(<2mm). As colunas preparativas e analíticas sempre apresentam a fase estacionária na
forma de partículas e a fase ativa na forma de um sólido ou um líquido que tanto pode
recobrir a superfície de um sólido como estar quimicamente ligado a ele. As colunas com
microdiâmetro também podem ser recheadas com a fase estacionária ou podem possuir a
fase estacionária sob a forma de um filme ou de partículas aderidas nas paredes do tubo.
Os métodos cromatográficos líquido-sólido (adsorção), líquido-líquido (partição) e troca
iônica podem ser realizados numa coluna recheada.
De uma maneira geral, a coluna cromatográfica é constituída por um tubo de
vidro, plástico ou teflon, em posição vertical; na parte inferior da coluna colocam-se
21
recipientes ou frascos coletores de eluentes, cujas dimensões dependem do volume de
cada fração a ser coletada. A resina é suportada na parte inferior por um chumaço de lã de
vidro ou algum outro material que segure a resina, mas que deixa passar o eluente.
2.5.1.5 SUPORTE DA FASE ESTACIONÁRIA
O material que constitui o leito de uma coluna cromatográfica, também chamado
de suporte, tem por função fixar o composto orgânico. Algumas características do suporte
são:
Ter condições de reter o agente extrator, de tal modo a não ser liberado
pelas soluções percoladas através da coluna. É recomendado, em virtude disto, o uso de
material poroso.
As partículas do suporte devem ser pequenas e uniformes.
Deve ter estabilidade química, assim como ser insolúvel nas fases
orgânicas e inorgânicas.
Deve ser inerte em relação aos compostos eluídos, para evitar os efeitos de
"cauda", fenômeno este que ocorre inúmeras vezes.
A escolha do suporte está, freqüentemente, subordinada à viabilidade do produto.
Como foi dito, o suporte deve ser inerte. Isto, contudo, é apenas ideal; na prática, a
maioria dos materiais usados como suportes apresentam maior ou menor interação com
os compostos nele percolados.
2.5.1.6 FASE ESTACIONÁRIA: A MATRIZ OU RESINA
A matriz de um trocador é constituída de um material poroso, natural ou sintético,
inerte, insolúvel em água e em solventes orgânicos, apresentando ligações covalentes a
grupos trocadores iônicos. As matrizes, quanto ao material que as formam, são
classificadas em inorgânicas e orgânicas, sendo naturais ou sintéticas. Por serem, em
geral, mais eficientes, são amplamente utilizadas resinas orgânicas altamente
polimerizadas, com ligações cruzadas.
22
Dependendo do grupo trocador ligado covalentemente à matriz, os trocadores
iônicos são classificados em aniônicos e catiônicos.
Os trocadores aniônicos, como o próprio nome indica, trocam ânions e
apresentam, portanto, grupos iônicos positivos ligados a matriz. Os trocadores catiônicos,
inversamente, trocam cátions e apresentam grupos iônicos negativos ligados a matriz.
A resina tem por função reter os íons presentes na solução carga, íons estes que se
deseja separar e concentrar para posteriores determinações ou controles.
O elemento retido é recuperado por eluição com uma solução que difere da
solução carga, e que reduz tanto quanto possível, o poder de retenção desse íon pela fase
estacionária.
2.5.1.7 ENCHIMENTO DA COLUNA CROMATOGRÁFICA
Quanto mais uniforme for o enchimento da coluna, maior será sua eficiência.
Durante o enchimento o ar pode ficar retido entre as partículas, o que não é conveniente,
pois formaria canais na coluna que prejudicariam (alargando) as bandas em eluição.
2.5.1.8 FASE MÓVEL: O ELUENTE
Quando vários elementos são retidos pela fase estacionária e se deseja a separação
individual deles, isso pode ser conseguido através da eluição controlada, utilizando-se
agentes eluentes diferentes ou mesmo aplicando a eluição por gradiente de concentração.
A fase móvel pode ser constituída por soluções ácidas, básicas ou ainda por
soluções tampões. A função da fase móvel na cromatografia tem sentido amplo:
Comporta-se como solvente, levando-se em consideração a relação de
solubilidade dos componentes da mistura a ser cromatografada. As fases móveis devem
ter baixo ponto de ebulição (35 a 85ºC) para que sejam evaporados facilmente;
Realiza o desenvolvimento dos componentes da mistura na coluna e
remove ou dessorve estes componentes dos adsorventes. Nesse caso são ditos, eluentes.
Para que a coluna possa ser novamente utilizada, ela precisa ser regenerada, isto é,
ser equilibrada com o eluente inicial. Neste caso, os íons do eluente têm uma menor
23
afinidade pelo grupo trocador da matriz, mas a condição de equilíbrio é alcançada
fazendo-se passar pela coluna um volume do eluente igual a 5-10 vezes a sua capacidade.
Deste modo, é possível ocorrer troca de íons, eliminando aqueles contidos nos eluentes
anteriormente utilizados. Sendo assim, o grau de afinidade é superado pela maior
concentração de íons.
Uma coluna cromatográfica pode ser fixada em qualquer posição no espaço,
porém a mais conveniente é fixá-la em posição vertical. Assim a eluição se processará
por ação da gravidade, não sendo necessário o uso de pressão. Além disso, a posição
vertical evita a formação de canais. Em geral, a eluição ocorre em etapas, com
modificação gradual das fases móveis.
2.5.1.9 A AMOSTRA
A quantidade de amostra a ser aplicada situa-se em geral na faixa de 1-5% da
capacidade total do trocador. Enquanto que o excesso de material implica em perda na
resolução, quantidades muito pequenas dificultam a determinações das razões isotópicas
e quantificação do elemento a ser analisado.
2.5.2 ESPECTROMETRIA DE MASSA
Avanços em geoquímica e geocronologia estão intimamente relacionados ao
desenvolvimento de novas tecnologias para medir abundância isotópica e elementar.
Nos anos 80, métodos de espectrometria de massa por ionização termal (TIMS)
foram muito utilizados para medir nuclídeos da série do urânio de longa vida, com
consideráveis avanços de medidas, precisão e sensitividade. Isto abriu um vasto número
de aplicações em geoquímica e geocronologia de sedimentos jovens, rochas vulcânicas e
sistemas aquosos.
Com o advento de novas técnicas de espectrometria de massa com plasma
indutivamente acoplado (Figura 2.5) e multicoletores (Figura 2.6), a qualidade dos
estudos da série do urânio aumentaram consideravelmente.
24
Figura 2.5 - ICP-MS – ELEMENT – Laboratório de Geoquímica – UnB
Após o primeiro trabalho publicado por R. S. Houk (1980) e com a introdução do
primeiro equipamento comercial, em 1983, a metodologia de espectrometria de massa
utilizando fonte de plasma se firmou como uma importante técnica analítica, difundindo-
se rapidamente em mais de 3000 laboratórios (Yamasaki, 2000).
Com sua habilidade para prover determinação multielementar de radionuclídeos
de longa vida em concentrações traço e ultra-traço e razões isotópicas precisas, o
espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) tem sido
amplamente utilizado nas mais diversas matrizes, especialmente materiais ambientais,
como água, amostras médicas, biológicas e geológicas, materiais nucleares e lixo
radioativo.
25
Figura 2.6 - MC-ICP-MS – NEPTUNE – Laboratório de Geocronologia - UnB
2.5.2.1 DEFINIÇÃO
O espectrômetro de massa é um instrumento designado para separar átomos e
moléculas carregadas com base em suas massas e no movimento dos campos elétrico
e/ou magnético. Esses equipamentos empregam métodos eletrônicos de detecção de
separação de íons (Faure,1986).
Os espetrômetros de massa são compostos basicamente de três partes essenciais:
uma fonte de íons, um analisador de massa e um detector de íons.
A fonte de íons serve para prover um fluxo de íons energéticos para o analisador
de massa. Os íons são mais freqüentemente produzidos por ionização termal para
espectrometria de fonte sólida ou por bombardeamento de elétrons para fonte gasosa. E,
finalmente, existem fontes de íons por plasma indutivamente acoplado.
A função do analisador de massa é separar os íons de acordo com a massa e carga
da partícula, agindo também como lentes que têm por objetivo focar o feixe de íons no
detector.
26
O detector ou coletor de íons está, em geral, no plano focal do espectrômetro de
massa. Os detectores mais usados são os coletores Faraday e a multiplicadora de elétrons
(SEM).
2.5.2.2 ICP-MS
O método incorpora duas técnicas bastante conhecidas como ferramentas
analíticas: Fonte de Plasma (ICP), utilizado na ionização das amostras; e espectrômetro
de massa (MS), utilizado na separação e detecção dos elementos, produzindo um
equipamento com enorme potencial de análise multielementar.
O plasma (Figura 2.7) é um volume luminoso de gás, normalmente argônio,
contendo mistura de átomos ou moléculas ionizadas ou descargas excitadas
eletricamente. É operado pela passagem de um gás carreador por uma bobina de indução
onde o gás é aquecido a 10.000 kelvin e completamente ionizado.
Figura 2.7 – Desenho esquemático mostrando a formação do aerossol pela fonte de plasma
A amostra é aspirada, geralmente como solução e é ionizada pelo plasma. A
amostra é introduzida no nebulizador onde é aspirada com argônio em alta velocidade
formando uma fina mistura (aerossol). Essa mistura passa por uma peça chamada spray
chamber (Figura 2.8) onde gotas grandes do aerossol são removidas. Somente 2% dessa
27
mistura entra no spray chamber. Esse processo rende gotas pequenas que são levadas ao
plasma para serem vaporizadas.
Figura 2.8 - Spray Chamber
Diferente dos Espectrômetros de Emissão Atômica (ICP-AES), os equipamentos
de ICP-MS operam em condições de alto vácuo. A região crítica do equipamento é a
interface onde ocorre a transferência da amostra de condições atmosféricas (plasma), para
condições de alto vácuo (espectrômetro). Esta região é formada por dois cones de níquel
concêntricos. O primeiro é chamado de “sample cone” e o segundo “skimmer”. Esses
cones apresentam orifício de 1mm de diâmetro e estão colocados a uma distância de 6-
7mm (Figura 2.9). A região entre “skimmer” e o “sample cone” é mantida a pressão de 1
Torr. A amostra, agora constituída por uma mistura de partículas, será aspirada em
direção ao espectrômetro de massa devido à diferença de pressão existente entre a região
axial da tocha e a região formada pelos cones (Figura 2.10).
28
Lentes
Skimmer Cone
Sample Cone
Pluma de Íons
Introdução
de amostra
TOCHA
Figura 2.9 - Representação esquemática da região da interface em ICP-MS
Figura 2.10 - Sample Cone e Skimmer Cone em ICP-MS
A forma mais comum de injeção de amostra é por nebulizadores pneumáticos,
sistema bastante limitado quanto a sua eficiência. Sistemas alternativos de nebulizadores
têm sido adotados, principalmente aqueles que trabalham com nebulização por injeção
direta, bastante utilizada quando se trabalha com pequenas quantidades de amostras e por
sistemas de nebulização ultra-sônico, que aumenta significativamente o volume de
amostra que é lançado no plasma (Figura 2.11 e 2.12).
29
Figura 2.11 – Desenho esquemático de um nebulizador. Amostra e argônio
entram por orifícios diferentes onde gás arrasta amostra até o plasma.
Figura 2.12 - Nebulizador Microconcêntrico
A capacidade de determinação quantitativa dos equipamentos por ICP-MS pode
ser comprometida por diversos fatores. Variações na sensibilidade dos instrumentos no
decorrer do procedimento analítico, interferências espectrais e não espectrais e efeitos de
matriz são as mais comumente estudadas. A acurácia e a precisão dos resultados somente
podem ser obtidas se estes efeitos forem minimizados ou corrigidos.
O monitoramento da variação da sensibilidade da técnica durante o processo
analítico pode ser avaliado de diversas maneiras. É prática difundida a determinação de
30
padrões internacionais intercalado às amostras, com o objetivo de se avaliar a
homogeneidade das condições operacionais do equipamento. Outras técnicas igualmente
importantes são as realizadas por adição de padrão e padrão interno. Ambas requerem a
preparação e uso de soluções enriquecidas (
spike).
Devido aos rigores destes procedimentos analíticos, muitos laboratórios têm
adotado o uso de padrões externos associados a padronização interna e/ou externa. O
procedimento mais comumente utilizado inclui: (1) uso de vários padrões internos, (2)
procedimento analítico em intervalo de tempo relativamente curto, (3) padronização
externa baseada na repetição das determinações de um mesmo padrão no tempo durante o
processo analítico.
2.5.2.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
O rápido desenvolvimento dessa técnica tem sido acelerado por suas
características únicas, entre as quais se destacam:
Excelentes limites de detecção na determinação de elementos-traço em
leituras diretas. Os valores variam de 10 a 100 pg/mL (ppt) para muitos elementos. Em
muitos casos, estes valores são de 100 a 1000 vezes inferiores àqueles obtidos por
técnicas de ICP-AES;
Os espectros de massa são, em geral, consideravelmente mais simples do
que aqueles produzidos por ICP-AES. Este fato, além de facilitar a obtenção dos
resultados, facilita a identificação e correção de interferências analíticas;
É inerente à técnica a obtenção de determinações isotópicas, permitindo a
sua utilização na avaliação dos resultados e no estudo de problemas analíticos.
Grande aplicação para elementos traço, análises de rocha, água, solo,
cerâmicas, ossos, etc.
31
As principais desvantagens dessa técnica são:
Imprecisão, devido principalmente aos métodos de introdução de amostra
(bombas pneumáticas), o que pode provocar flutuações na geração do aerossol e a
instabilidade do plasma;
Efeito matriz, tornando-se imperativo o uso de soluções com baixas
concentrações salinas (<1000ppm);
Interferências isobárica e molecular;
Custo elevado do equipamento.
Após a sua concepção e operacionalização, diversas melhorias foram obtidas.
Entre essas, destacam-se as que dizem respeito às diferentes formas de introdução de
amostras no equipamento, área de grande interesse e de pesquisa, sendo responsável pela
maioria das inovações desta técnica.
32
Capítulo 3 - Metodologia
Neste capitulo serão apresentados os procedimentos utilizados, desde a escolha e
preparação do material utilizado e da amostra até a separação cromatográfica e leitura das
razões isotópicas por espectrometria de massa. A descrição do método será feita tendo
como base amostras de espeleotemas, que é o foco principal do trabalho, mas pode ser
aplicado a qualquer outro material. Foram utilizadas também amostras de corais para
validação da metodologia.
3.1 Material Utilizado
Frascos de dissolução:
Os equipamentos e materiais utilizados encontram-se listados nas tabelas 3.1 e
3.2. As amostras foram dissolvidas em frascos de teflon tipo
savillex (Figura 3.1), que
foram descontaminados de acordo com o procedimento de limpeza descrito na tabela 3.3
e utilizado no Laboratório de Geocronologia da Universidade de Brasília. O restante do
material é limpo de acordo com procedimento descrito na tabela 3.4.
Tabela 3.1- Equipamentos
Balança analítica
Placa de aquecimento
Capela de fluxo laminar – clean-box
Pipetador automático
ICP-MS
MC-ICP-MS
Centrífuga
Mufla
Tabela 3.2 Materiais
tubo de centrífuga
ponteira de polietileno
suportes para coluna de cromatografia
béquer
balão volumétrico
proveta
pipeta volumétrica
33
Tabela 3.3 - Procedimento de limpeza do savillex
Adicionar água régia diluída até cobrir metade do fundo dos frascos de savillex e
deixá-los em chapa quente por 24 horas.
Retirar os frascos da chapa quente, deixar esfriar, retirar as identificações com
álcool e eliminar eventuais resíduos com papel. Posteriormente, colocar os frascos em
container com água régia, que deve permanecer em chapa quente por 24 horas.
Retirar o container da chapa quente e após resfriamento, retirar a água régia e
colocar água Nanopure nos
savillex. Deixá-los em chapa quente por uma hora.
Descartar a água dos frascos e deixá-los em recipiente fechado até que fiquem
completamente secos.
Adicionar HCl 6N até completar o fundo dos savillex e deixar na chapa quente
por 48 horas.
Descartar o ácido HCl 6N e lavar os frascos com H
2
O Nanopure 1 vez.
Completar o fundo dos frascos mais uma vez com H
2
O Nanopure e deixa-lo na chapa
por mais 1 hora.
Descartar a H
2
O Nanopure e deixar os savillex no dessecador.
Figura 3.1 – Frascos de teflon para dissolução tipo savillex
Tabela 3.4 - Limpeza do material listado na tabela 3.2
Deixar todo o material em banho de ácido nítrico 10% por 2 dias
Retirar o material do banho ácido, lavar com água Nanopure e deixa-lo em banho
de água Nanopure por 1 dia
Retirar do banho de água e colocar para secar em capela de fluxo laminar
Guardar em recipiente fechado e limpo
34
Reagentes:
A água utilizada no laboratório é primeiramente passada num deionizador e
destilador de quartzo (Figura 3.2). E em seguida, a água é processada em um purificador
de água Nanopure estando então, pronta para preparação dos reagentes. Os reagentes
ainda são destilados em garrafas de teflon (Figura 3.2) para posterior uso no
procedimento químico. As tabelas 3.5 e 3.6 listam, respectivamente, os reagentes
utilizados e as informações de preparação de cada um deles.
Destiladores
em teflon
Destiladores
quartez
Destiladores
em teflon
Destiladores
quartzo
Figura 3.2 - Destilação dos ácidos
Tabela 3.5 - Lista de Reagentes
ácido nítrico P.A. 65% Merck – HNO
3
ácido clorídrico P.A. 37% Merck - HCl
ácido perclórico P.A. Merck – HClO
4
hidróxido de amônio P.A. Merck ou Vetec – NH
4
OH
cloreto de ferro (III) P.A. – FeCl
3
padrão sintético de U 1000 ppm Merck
padrão sintético de Th 1000 ppm Merck
spike
229
Th/
236
U
229
Th = 1,15 ng/g
236
U = 28,5 ng/g
229
Th/
236
U = 0,040351
Argônio 5.0 Analítico White Martins
35
Tabela 3.6 - Preparo das soluções
HNO
3
7 N: 218,75 mL e completar para 500 mL com água Nanopure
HCl 6 N: 125,0 mL e completar para 250,0 mL com água Nanopure
HNO
3
3 N: 93,75 mL e completar para 500,0 mL com água Nanopure
HCl 9 N: 187,5 mL e completar para 250,0 mL com água Nanopure
HCl 5 N: 104,17 mL e completar para 250,0 mL com água Nanopure
HCl 0,02 N: 0,42 mL e completar para 250,0 mL com água Nanopure
HNO
3
2 %: 30,8 mL e completar para 1000,0 mL com água Nanopure
Todas as soluções devem ser preparadas em balão volumétrico e acondicionadas
em frascos de polietileno devidamente identificados.
Dois tipos de resina foram utilizados para a confecção das colunas
cromatográficas. As especificações e o procedimento de lavagem de cada resina estão
listados na tabela 3.7 e 3.8, respectivamente. É importante salientar que apenas a resina
AG1X8 se refere a resina de troca iônica.
Tabela 3.7 – Especificação das resinas
AG 1X-8 Resina iônica fortemente básica com
grupo funcional amônio quaternário ligado
a um copolímero estireno divinilbenzeno –
R-CH
2
N
+
(CH
3
)
3
UTEVA Polímero ester acrílico não-iônico e
fosfonato dipentil-pentano (DPPP)
Tabela 3.8 - Lavagem da resina
Dowex AG 1X8 UTEVA
colocar a resina num béquer colocar a resina num béquer
lavar com água, HCl 6 N e
acondicionar em HNO
3
7 N
lavar com água e HNO
3
3 M
lavar várias vezes acondicionar em HNO
3
3M
estocar em HNO
3
7 N, em recipiente
fechado
estocar em recipiente fechado
36
3.2 Preparação da Amostra
No caso de espeleotemas, as amostras devem apresentar zonas laminares bem
definidas e, preferencialmente, sem evidências de alteração. Os espeleotemas foram
cortados paralelamente à linha central de crescimento e posteriormente foram
selecionados fragmentos que incluíssem o menor número possível de lâminas de
crescimento (Bertaux
et. al, 2002). Para evitar qualquer tipo de contaminação, as
amostras são quebradas em pedaços menores que 1 cm. Em seguida são colocadas em
recipiente de porcelana e aquecidos em mufla a uma temperatura de 900
°C por 24 horas.
Esse procedimento visa eliminar CO
2
e compostos orgânicos presentes na matriz do
espeleotema. A fração residual é principalmente óxido de cálcio (CaO), que é formado de
acordo com a equação química abaixo:
CaCO
3(S)
CaO
(S)
+ CO
2(g)
Reação 2
3.3 Pesagem e Dissolução
Uma vez selecionada, a amostra é pesada em recipientes de teflon “savilex”
(Figura 3.1) previamente limpos e descontaminados. Nesse trabalho utilizou-se de 0,5 a
2,0 gramas de amostra, dependendo do tipo de material. No entanto, já foi possível
observar que uma quantidade menor de material pode ser utilizada. As tabelas com as
massas da amostra e do
spike estão no anexo I.
Após a pesagem, adiciona-se alternadamente à fração remanescente água
Nanopure e ácido nítrico 7 N, tomando-se o cuidado de não se perder amostra. A solução
é deixada em repouso por uma hora a fim de dissolver totalmente a amostra. Nos casos
em que há material insolúvel, faz-se necessário eliminar o resíduo por centrifugação.
37
3.4 Adição do Traçador (Spike)
Depois de dissolvida toda a amostra, adiciona-se uma quantidade conhecida de
Spike
229
Th-
236
U. A solução permanece 12 horas em repouso para que spike e amostra
entrem em equilíbrio iônico.
O
spike é uma solução (líquida ou gasosa) contendo uma concentração conhecida
de um elemento particular, de forma que sua composição isotópica tenha sido carregada
por enriquecimento de um dos seus isótopos. A amostra a ser analisada contém
concentração desconhecida do elemento. Conseqüentemente, quando a solução amostra é
misturada com a quantidade conhecida de
spike, a composição isotópica da mistura pode
ser usada para calcular a quantidade do elemento na solução amostra (Faure, 1986).
Em seguida a solução é evaporada em placa de aquecimento até a secura.
Posteriormente algumas gotas de ácido perclórico são adicionadas para que amostra e
spike fiquem no mesmo estado de oxidação. A amostra é novamente evaporada e diluída
em ácido clorídrico 2N.
3.5 Pré-concentração do U e Th
Urânio e tório são pré-concentrados por adição de até 0,5 mL de solução de
cloreto de ferro (III) em água, deixando a solução com cor amarela. Após permanecer em
repouso por uma hora, adiciona-se hidróxido de amônio concentrado à solução até que se
observe a precipitação de hidróxido de ferro (III) de acordo com a equação abaixo,
momento em que a solução passa de uma cor a amarela a incolor e o precipitado adquire
uma cor laranja avermelhada (Figura 3.3). Devido à afinidade química com precipitados
de hidróxidos de ferro, urânio e tório tendem a serem retirados da solução. O material
deve ficar em repouso por doze horas para que todo o precipitado possa ser
completamente formado.
38
FeCl
3(l)
+ 3NH
4
OH
(l)
Fe(OH)
3(s)
+ 3NH
4
Cl
(l)
A separação do hidróxido de ferro da solução é feita por centrifugação (Figura
3.4). O precipitado deve ser lavado com água e centrifugado novamente pelo menos duas
vezes. O resíduo é então dissolvido e evaporado três vezes em ácido nítrico concentrado e
levado à separação em coluna cromatográfica específica para urânio e tório.
Figura 3.3 - Precipitado de hidróxido de ferro (III) após
adição de FeCl
3
e NH
4
OH
Figura 3.4 – Centrífuga
39
3.6 Separação Cromatográfica
Os métodos utilizados para separação de urânio e tório em materiais geológicos
são usualmente baseados em extração líquido-líquido ou cromatografia de troca iônica.
Inúmeros autores têm escrito artigos descrevendo a utilização de resinas, tamanho
de colunas e quantidade de eluentes para separação de U e Th (Arden, 1974; Horwitz
et.
al., 1995; Pilviö, 1998; Croudace, 1998; Carter, 1999; Lee, 2005). A partir da
metodologia de cada um desses trabalhos colunas de cromatografia foram preparadas a
fim de verificar qual separação seria mais eficiente. Parâmetros como quantidade e tipo
de resina, tamanho da coluna e quantidade de eluente foram avaliados em quatro arranjos
identificados nas Figuras 3.5 a 3.8. Os procedimentos de separação foram realizados
utilizando-se padrão sintético de U e Th 50 ppb sem adição de
spike. Esses podem
envolver duas etapas: 1) Separação de U e Th em duas frações distintas por meio de uma
coluna primária (Figura 3.5); 2) Separação de U e Th por coluna primária e purificação
das frações anteriores por meio de duas colunas secundárias (Figuras 3.6 a 3.8). Nas
figuras estão representados os tipos e a quantidade de resina utilizada em cada teste.
Figura 3.5 – Separação de U e Th – Coluna Primária – Arranjo 1
40
Figura 3.6 – Separação e purificação do U e Th – Coluna Primária e Secundária – Arranjo 1.1
Figura 3.7 - Separação e purificação do U e Th – Coluna Primária e Secundária – Arranjo 1.2
Figura 3.8 - Separação e purificação do U e Th – Coluna Primária e Secundária – Arranjo 1.3
41
Todos os testes acima descritos foram realizados no mesmo período, sendo que o
procedimento de confecção e empacotamento da coluna cromatográfica está descrito na
tabela 3.9 e 3.10 para as duas resinas utilizadas. As colunas de alguns testes feitos podem
ser visualizadas nas figuras 3.9 a 3.11. As resinas foram retidas nas colunas por meio de
lã de vidro posicionada na base das mesmas. Uma vez preparadas, as colunas foram
colocadas em suportes de modo que ficassem em posição vertical, permitindo assim que a
eluição fosse feita por meio da gravidade.
Tabela 3.9 - Resina Dowex AG 1x8, 100-200 mesh (ponteira de polietileno de 10 e 5 mL)
_ depois de lavar e secar as ponteiras, colocar um chumo de lã de vidro no fundo da
mesma
_ encher a ponteira com HNO
3
7 N
_ colocar a resina lavada na ponteira e lavar bem com HNO
3
7 N
_ lavar a resina com água Nanopure, HCl 6 N e acondicionar em HNO
3
7 N
Tabela 3.10 - Resina UTEVA (ponteira de polietileno de 10 mL)
_ depois de lavar e secar as pipetas, colocar chumaço de lã de vidro no fundo da mesma.
_ lavar com HNO
3
3 M.
_ colocar a resina lavada de acordo com o procedimento 5 lavar com água Nanopure e
HNO
3
3M.
Figura 3.9 – Coluna Cromatográfica com Resina AG 1X8 – A1
42
Figura 3.10 – Coluna Cromatográfica com Resina AG 1X8 – B2
Figura 3.11 – Coluna Cromatográica com Resina UTEVA –C3
O procedimento referente à separação com resina AG 1X8 e UTEVA para coluna
primária e secundária encontra-se descrito no fluxograma da Figura 3.12 e 3.13,
respectivamente. O procedimento realizado é o mesmo para os dois tipos de colunas,
variando apenas a quantidade de resina, amostra e reagentes. Nesse caso, as frações de U
e Th são coletadas separadamente e utilizadas posteriormente seja para a leitura, seja para
a segunda etapa de separação.
43
4X mL de H
2
O (coleta U)
3X mL de HCl 6N (coleta Th)
2X mL de HNO
3
7N (retira ferro e outros elementos)
X mL de amostra em HNO
3
7N
3X mL de HNO
3
7N (lavagem da coluna)
Resina AG1X8 (X mL)
Figura 3.12 – Procedimento de Separação Cromatográfica para resina AG 1X8
)
Resina UTEVA (Y mL)
7,5Y mL de HCl 0,02N (coleta U)
7,5Y mL de HCl 5N (coleta Th)
2,5Y mL de HNO
3
9N
2,5Y mL de amostra em HNO
3
3N
2,5Y mL de HNO
3
3N (lavagem da coluna)
Figura 3.13 – Procedimento de Separação Cromatográfica para resina UTEVA
44
Após a primeira separação, cada fração contendo U e Th é aquecida até a
evaporação total e redissolvida em HNO
3
concentrado, tendo-se repetido esse
procedimento por 3 vezes.
Ao final, a fração é diluída para HNO
3
2% se for levada diretamente à leitura no
espectrômetro de massa. Se a fração for levada a uma segunda separação (coluna
secundária), no caso de purificação dos elementos de interesse, a fração de Th e U será
diluída em HNO
3
7N se for levada a separação em resina AG 1X8, e em HNO
3
3N, se for
levado a separação em reina UTEVA.
O procedimento referente à separação da etapa da coluna secundária é o mesmo já
identificado nas figuras 3.12 e 3.13.
No caso de separação em duas colunas, as frações obtidas são novamente
evaporadas até a secura (Figura 3.14) e redissolvidas 3 vezes em HNO
3
concentrado.
Posteriormente, o precipitado é diluído em HNO
3
2% para então ser levado a leitura das
razões isotópicas por espectrometria de massa. As soluções devem ser acondicionadas em
recipientes de polietileno previamente descontaminados.
Figura 3.14 – Evaporação das amostras
45
O procedimento de calibração das colunas foi realizado em um ICP-MS Element.
Para isso uma curva de calibração contendo isótopos de U e Th foi preparada com 5
pontos variando de 0 a 1 ppb. O gráfico da curva de calibração está na figura 3.15. O
procedimento de preparo dos padrões está na tabela 3.11
Curva de Calibração - Th232
y = 88221x + 8999,7
R
2
= 0,9997
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
ppb
cps
Curva de calibração - U238
y = 93736x + 2733
R
2
= 0,9995
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
ppb
cps
Figura 3.15 – Curva de Calibração U – Th – ELEMENT
Tabela 3.11 - Preparo dos padrões
Volume da solução
estoque de U/Th (mL)
Diluição em HNO
3
2% (mL)
Concentração do
padrão
1 de 2 ppm 100 20 ppb
1 de 2 ppm 200 10 ppb
0,25 de 2 ppm 100 5 ppb
10 de 10 ppb 100 1 ppb
2 de 10 ppb 100 200 ppt
5 de 1 ppb 100 50 ppt
1 de 1 ppb 100 10 ppt
Os padrões devem ser preparados em balão volumétrico e guardados em frascos de polietileno devidamente
catalogados (nome e data) e acondicionados na geladeira.
As Figuras 3.16 e 3.19 resumem os vários experimentos desenvolvidos para testar
a eficiência da separação cromatográfica. Esses experimentos envolvem a utilização de
coluna primária ou de uma coluna primária associada a uma coluna secundária. Na Figura
3.13 é possível observar que a separação em coluna primária mais eficiente para U e Th
juntos é a coluna A1, referente ao uso de 2 mL de resina AG 1X8. Tomando como coluna
primária a A1, na Figura 3.14 é possível observar que a separação mais eficiente para U é
46
a coluna F1_6 com 1 mL da resina UTEVA e para Th é a coluna D1_4 com a utilização
de 0,5 mL da resina AG 1X8. As tabelas com os dados brutos de leitura em ICP-MS de
todos os testes realizados e seus respectivos gráficos estão no anexo II. Os testes das
figuras 3.15 e 3.16 foram descartados por não serem tão eficientes quanto ao da Figura
3.14.
Coluna Primária
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
A1U B2U C3U A1Th B2Th C3Th
U Th
cps
232Th (cps)
238U (cps)
Figura 3.16 - Teste com apenas uma coluna cromatográfica (Arranjo 1)
Coluna primária e Secundária - U e Th
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
1400000
1600000
1800000
D1_4U E1_5U F1_6U D1_4Th E1_5Th F1_6Th
U Th
cps
232Th (cps)
238U (cps)
Figura 3.17 - Teste com duas colunas cromatográficas (Arranjo 1.1)
47
Coluna Primária e Secundária - U e Th
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
G2_4U H2_5U I2_6U G2_4Th H2_5Th I2_6Th
U Th
cps
232Th (cps)
238U (cps)
Figura 3.18 - Teste com duas colunas cromatográficas (Arranjo 1.2)
Coluna Primária e Secundária - U e Th
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
J3_4U K3_5U L3_6U J3_4Th K3_5Th L3_6Th
U Th
cps
232Th (cps)
238U (cps)
Figura 3.19 - Teste com duas colunas cromatográficas (Arranjo 1.3)
3.7 Espectrometria de massa
A primeira parte desse trabalho foi desenvolvida utilizando um espectrômetro de
massa com plasma indutivamente acoplado de alta resolução – HR-ICP-MS (ELEMENT
1) no Laboratório de Geoquímica. Nesse instrumento foram feitos os primeiros testes de
calibração das colunas cromatográficas A segunda parte foi executada num espectrômetro
48
de massa com plasma indutivamente acoplado e multicoletor – MC-ICP-MS
(NEPTUNE) no Laboratório de Geocronologia. Os dois equipamentos são do Instituto de
Geociências da Universidade de Brasília. As especificações dos intrumentos estão
listadas na tabela 3.12.
Tabela 3.12 – Configuração dos ICP-MS
ELEMENT NEPTUNE
Cool gas flow (L/min): 16 Cool gas flow (L/min): 13,50
Auxiliary gas flow (L/min): 0,9 Auxiliary gas flow (L/min): 0,76
Sample gas flow (L/min): 0,765 Sample gas flow (L/min): 1,057
Ignition Power (W): 1250 Ignition Power (W): 1000
Operation Power (W): 1200 Operation Power (W): 1200
Detector Mode: Analog Torch X Position (mm): -0,810
Torch X Position (mm): 2,00 Torch Y Position (mm): 3,870
Torch Y Position (mm): 1,60 Torch Z Position (mm): -4,440
Torch Z Position (mm): -4,10 Extraction Lenses (V): -2000
Extraction Lenses (V): -2000 Focus Lenses (V): -659
Focus Lenses (V): -840 X-Deflection Lenses (V): 4,23
X-Deflection Lenses (V): 7 Shape (V): 200
Shape (V): 100 Y-Deflection Lenses (V): -4,20
Y-Deflection Lenses (V): -4,00 High vacuum (mbar): 1,03 x 10
High vacuum (mbar): 4,94 x 10
-5
Fore vacuum (mbar): 7,65 x 10
Ion Getter Press (mbar): 1,45 x 10
Para as leituras no Element foi necessário preparar uma curva de calibração
contendo os elementos de interesse na faixa de concentração das amostras e um programa
foi montado com a leitura da intensidade dos isótopos
234
U,
235
U,
236
U,
238
U,
229
Th,
230
Th
e
232
Th, além de suas razões isotópicas. As medidas são em contagem por segundo (cps).
Para as leituras no Neptune, preparou-se um padrão de 200 ppb com os isótopos
de interesse (inclusive o spike) para ajuste dos coletores Faraday e multiplicadora de
elétrons. O programa montado especificou os coletores de cada isótopo (Faraday ou
multiplicadora), além do número de ciclos e blocos necessários à leitura. O esquema está
identificado na tabela 3.13.
49
Tabela 3.13 - Esquema de leitura no NEPTUNE
SEM H1 H2 H3
234
U
235
U
236
U
238
U
230
Th
232
Th
229
Th
50
Capítulo 4 - Resultados e Discussão
Após a calibração das colunas cromatográficas, amostras de material carbonático
com idade já conhecidas passaram pelo processo de abertura e separação por resina de
troca iônica. Foram analisadas também amostras de estalagmite da Caverna JoãoArruda,
proveniente de Bonito, MS. As composições isotópicas de U e Th foram determinadas
por MC-ICP-MS do Laboratório de Geocronologia da Universidade de Brasília.
As amostras para validação da metodologia estão listadas e identificadas quanto a
sua localização, laboratório e idade (tabela 4.1).
Tabela 4.1- Descrição das amostras com idades validadas
Amostra Localização Laboratório Idade (anos)
HAV 138 (coral)
Nova Caledônia
LSCE
(Laboratoire dês
Sciences du Climat et
de L’Environnement
– Orsay - França
130000 +/- 2500
URELAPA (coral)
Sondagem do
Vanuatu
(Arquipélago no sul
do Pacífico)
LSCE
(Laboratoire dês
Sciences du Climat et
de L’Environnement
– Orsay - França
21830+/-1500
YB-1 (espeleotema)
Austrália 30000
AC-1 (coral)
Austrália 125000
*MARA 1 topo
(espeleotema)
Maravilha - Brasil França 11900+/-1600
*MARA 2 base
(espeleotema)
Maravilha - Brasil França 29900+/-3300
*Idade aproximada – valores pouco confiáveis
As análises, na medida do possível foram realizadas mais de uma vez, sendo que
em alguns casos, como havia pouco material, apenas uma duplicata foi realizada. No
entanto, com relação à leitura das amostras em espectrômetro de massa, várias medidas
foram realizadas a fim de minimizar os erros das mesmas. Os dados brutos de todas as
análises estão listados no anexo III. Os cálculos das razões isotópicas foram feitos em
planilha Excel com teste de rejeição e intervalo de confiança de 90% para os valores
51
obtidos. As idades foram então calculadas utilizando-se rotinas do programa Isoplot e as
razões listadas nas tabelas 4.2 a 4.7 são das atividades dos isótopos.
Tabela 4.2 - Resultados da amostra do coral HAV 138
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (U234/U238)
0
Th230/Th232 U238(ppm) Th232(ppt)
HAV 138 A 118 12,8 0,541 3740 1,52 1.680
HAV 138 B 125 14,2 0,544 2216 1,33 2.566
HAV 138 C 116 12,3 0,545 5370 1,49 1.138
HAV 138 1 120 13,1 0,552 2753 1,40 2.135
HAV 138 2 120 13,2 0,555 3067 1,44 1.978
HAV 138 3 123 13,7 0,555 1138 1,41 5.255
Média 121 13,2 0,549 1,43 2.459
Validado 130 2,5
Tabela 4.3 - Resultados da amostra do coral Urelapa
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (U234/U238)
0
Th230/Th232 U238(ppm) Th232(ppt)
UREL C 20 1,3 0,542 985 0,90 1.009
UREL 1 20 1,3 0,557 1752 1,01 629
UREL 2 20 1,3 0,558 2774 0,99 390
UREL 3 20 1,3 0,556 1948 1,09 612
Média 20 1,3 0,553 1,00 660
Validado 21,8 1,5
Tabela 4.4 - Resultados da amostra da estalagmite Mara 1 topo
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (U234/U238)
0
Th230/Th232 U238(ppm) Th232(ppt)
MARA 1A 13 0,8 0,617 11 0,24 17.185
MARA 1B 15 0,9 0,610 9 0,24 23.992
MARA 1 1 13 0,8 0,628 9 0,33 29.728
MARA 1 2 12 0,7 0,628 11 0,38 23.814
Média 12 0,8 0,621 0,30 23.679
Validado 11,9 1,6
Tabela 4.5 - Resultados da amostra da estalagmite Mara 2 base
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (U234/U238)
0
Th230/Th232 U238(ppm) Th232(ppt)
MARA 2 A 34 2,3 0,556 9 0,42 80.239
MARA 2 B 32 2,1 0,554 9 0,38 67.758
MARA 2 1 34 2,3 0,566 6 0,58 158.828
MARA 2 2 33 2,2 0,566 7 0,61 146.511
Média 33 2,2 0,560 0,50 113.334
Validado 29,9 3,3
52
Tabela 4.6 - Resultados da amostra de coral AC-1
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (U234/U238)
0
Th230/Th232 U238(ppm) Th232(ppt)
AC1-1 118 12,7 0,555 1616 1,66 4.261
AC1-2 118 12,7 0,555 1741 1,64 3.920
AC1-3 119 12,8 0,556 1719 1,66 4.036
Média 118 12,7 0,555 1,65 4.072
Validado 125 2,0
Tabela 4.7 - Resultados da amostra da espeleotema YB-1
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (U234/U238)
0
Th230/Th232 U238(ppm) Th232(ppt)
YB1-1 34 2,2 0,886 256 0,07 685
YB1-2 37 2,4 0,893 270 0,07 704
YB1-3 377 2,5 0,891 276 0,07 700
Média 36 2,4 0,890 0,07 696
Validado 30 0,1
Com relação às amostras de idade conhecida, que foram datadas em outros
laboratórios (resultados validados), os resultados foram satisfatórios. Todas estão dentro
do erro, principalmente as amostras que foram datadas na França. Entretanto, alguns
parâmetros ainda podem ser melhorados para obter-se idades ainda mais precisas,
principalmente com relação às leituras em espectrômetro de massa e tratamento dos
dados.
O primeiro ponto a ser questionado é quanto às leituras dos isótopos no
espectrômetro. Cada amostra tem uma quantidade diferente de cada um dos isótopos e
por isso devem ser medidos em detectores diferentes. Os isótopos mais abundantes com
238
U e
232
Th devem ser lidos em coletores Faraday. Já
234
U e
230
Th devem ser lidos,
devido a sua baixa abundância em multiplicadoras de elétrons. Entretanto isso varia de
amostra para amostra. Algumas amostras, como por exemplo YB-1 possui baixa
concentração de
232
Th, mas mesmo assim a medida foi feita em Faraday. Se a medida
fosse feita em SEM, é possível que os erros tivessem sido menores. Faz-se necessário,
portanto, antes de iniciar qualquer medida, fazer uma varredura do sinal de todos os
isótopos, em cada amostra, a fim de verificar em qual detector cada isótopo se enquadra.
53
Outro ponto importante é quanto à estabilidade do sinal e o efeito memória do tório no
espectrômetro. De uma amostra para outra, faz-se necessário a diminuição dos isótopos
de interesse até o mínimo possível (apenas ruído). Isso é feito com a adição de HNO
3
2%
por alguns minutos. No entanto em alguns casos para diminuir o efeito memória do tório
faz-se necessário a adição de ácido fluorídrico bem diluído, tomando todo o cuidado para
não comprometer o instrumento, já que ácido fluorídrico desgasta materiais feitos de
vidro.
Interferências isobáricas ou de massa também são fatores que podem afetar as
leituras. Nesse caso, atenção especial deve ser dada, uma vez que os isótopos
206
Pb e
207
Pb quando reagem com o
23
Na podem interferir com as massas dos isótopos
229
Th
(spike) e
230
Th. Quanto ao sinal de sódio não há muito que se fazer, mas com relação ao
chumbo é necessária uma criteriosa limpeza no material antes de iniciar as leituras.
Análises de chumbo em solução ou mesmo no laser podem acarretar esse tipo de
problema. Para isso, a adoção de determinados procedimentos como a troca dos cones e
tubulações, bem como a verificação das intensidades de chumbo nas amostras.
Outro importante fator é a sobreposição de picos de grande abundância isotópica
sobre picos de abundância pequena. Para isso faz-se importante o uso do RPQ –
retarding potential quadrupole. Ele é um filtro que anula essa interferência. Por exemplo,
o isótopo
232
Th suprime o pico do
230
Th. Porém alguns estudos têm mostrado que o pico
do
238
U pela sua grande abundância (99,27%) esteja interferindo na leitura do isótopo
236
U (spike).
Todos esses fatores ocasionam variação das leituras das amostras e devem ser
levados em consideração ao se avaliar os erros no cálculo das idades.
Uma próxima etapa desse trabalho será otimizar a programação do método,
levando em consideração esses efeitos. No entanto, é possível observar que a separação
cromatográfica foi eficiente, tendo em vista o teste com os padrões sintéticos, e que as
idades obtidas encontram-se na margem de erro dos padrões utilizados.
A razão
230
Th/
232
Th de todas as amostras (exceto Mara) é maior do que 20,
evidenciando que não há influência de tório detrítico, ou seja, o tório é proveniente do
decaimento do
234
U.
54
Capítulo 5 – Estudo de Caso: Estalagmite da Caverna João Arruda
5.1 Introdução
O conhecimento das variações climáticas do globo terrestre avançou
significativamente nos últimos anos. Em áreas continentais tropicais os avanços têm sido
significativamente mais tímidos devido à dificuldade de se encontrar registros de alta
resolução, como os encontrados em gelo (ice cores, e.g. Thompson
et al. 1995, 1998;
Thompson 1980). Em geral, o paleoclima em áreas continentais tem sido abordado a
partir do estudo de solos (Cerling
et al. 1993; Cerling e Quade 1993), de espeleotemas
carbonáticos (Harmon
et al. 1978; Gascoyne et al. 1980; Schwarcz 1986; Winograd et al.
1992; Bertaux et al. 2002) e de sedimentos lacustres (Colinvaux 1989; Barberi-Ribeiro
1994; Salgado-Labouriau 1996; Ferraz-Vicentini & Salgado-Labouriau 1996).
Considerando a ausência de registros paleoclimáticos de alta resolução em áreas
tropicais, os espeleotemas podem ser alternativas para se recuperar o registro climático
dessas áreas (Harmon
et al. 1978; Gascoyne et al. 1980; Schwarcz 1986; Winograd et al.
1992; Bertaux et al. 2002). A utilização desses materiais requer, no entanto, a obtenção
de idades precisas ao longo do eixo de crescimento do espeleotema.
Espeleotemas são concreções encontradas em cavernas e que podem ser utilizadas
para se recuperar o registro climático histórico. Essas concreções são formadas em geral
por carbonato de cálcio e possuem laminações perpendiculares ao seu eixo de
crescimento. Em muitos casos, essas laminações apresentam um crescimento anual e sua
espessura tem sido relacionada com as variações pluviométricas locais e,
conseqüentemente, com fluxo hídrico entre a superfície e a parte interna da caverna
(Bertaux
et al. 2002).
Nesse capítulo apresentamos a aplicação do procedimento de datação a um
amostra de espeleotema da caverna João Arruda (Figura 5.1), que se localiza a 15 Km a
leste da cidade de Bonito, Mato Grosso do Sul.
55
Figura 5.1 – Mapa mostrando a localização da cidade de Bonito e da caverna de João Arruda.
5.2 Localização e aspectos fisiográficos
A região de Bonito está localizada numa área de contato de diferentes tipos e
grupos litológicos, com intensos processos tectônicos. A caverna desenvolveu-se
basicamente sobre rochas carbonáticas – calcários e dolomitos – das Formações
Cerradinho e Bocaina, do Grupo Corumbá no topo, e rochas do Grupo Cuiabá, na base,
arcabouço geológico da Serra da Bodoquena.
A predominância de rochas carbonáticas resulta na produção de paisagens com
feições cársticas. Deste modo, as paisagens de Bonito vão apresentar características que
estarão diretamente relacionadas ao fenômeno cárstico.
56
O clima da região é tropical úmido com influência de ventos polares durante o
inverno austral. Sua amplitude térmica anual varia de 16°C a 26°C e pode chegar a 0°C
durante o inverno. Diferentes autores têm apontado que oscilações do El-Niño-La Niña
influenciam descargas de rios na área (Grimm
et. al.,1998; Guetter, 1998) e que parte da
variabilidade do climática da região pode ser devido a oscilações do dipolo Atlântico
(Berri
et. al.,1998).
A caverna João Arruda localiza-se ao norte da cidade de Bonito e é protegida de
visitantes. A cavidade cárstica possui direção principal NW-SE e apresenta abundante
concreções laminadas, conforme mostra a figura 5.2. No presente trabalho foi analisada a
amostra JA-5, posicionada na porção intermediária da caverna.
Figura 5.2 - Mapa da Caverna João Arruda – Números de 1a 5 referem-se à localização
das estalagmites JA1 a JA5.
57
5.3 Amostras e metodologia
Cinco espeleotemas foram coletados na caverna de João Arruda, sendo que a
amostra JA-3 foi estudada e datada por Bertaux
et al. (2002), mostrando valores de idade
variando entre 3,4 ka na base, e 1,8 ka em sua porção intermediária (Tabela 5.1).
Conforme mostrado na figura 5.2, a estalagmite objeto do presente estudo (JA-5)
localiza-se a cerca de 50m de JA-3, podendo ter crescido em condições de dinâmica
hídrica significativamente distinta.
Tabela 5.1 - Resultados da estalagmite JA-3 (Bertaux, et. al., 2002).
Distância do topo (mm)
238
U (ppm)
230
Th/
232
Th Idade (ka)
215 1,92 112 1802
312 2,12 500 2665
337 2,02 446 2932
409 2,042 500 3466
A estalagmite JA-5 é constituída por carbonato de cálcio e possui laminações
proeminentes perpendiculares à direção de crescimento, conforme mostra a figura 5.3.
Com comprimento total de 33 cm, a amostra for serrada em 18 fragmentos de
aproximadamente 2cm (Figuras 5.3 a 5.8). Nesse estudo, foram analisados os fragmentos
1, 6, 10, 14 e 19, dispostos do topo para a base da amostra.
Figura 5.3 Estalagmite JA5 cortada transversalmente com laminações perpendiculares
à direção de crescimento
58
Com exceção do fragmento JA-19, foram realizadas triplicatas de cada amostras
seguindo procedimento descrito no capítulo 3 desta dissertação.
Figura 5.4 – Pedaços – JA5 1(topo) a JA5 6
Figura 5.5 - Pedaços – JA5 6 a JA5 10
Figura 5.6 - Pedaços – JA5 10 a JA5 12
59
Figura 5.7 - Pedaços – JA5 13 a JA5 17
Figura 5.8 - Pedaços – JA5 15 a JA5 19 (base)
5.4 Resultados e Discussão
Os resultados analíticos dos 5 fragmentos analisados são apresentados nas tabelas
5.2 a 5.6 e indicam que as amostras possuem idades variando entre 3,6 ka, na base, a 1,7
kay no topo do espeleotema. As concentrações de U e Th também são variáveis,
situando-se entre 2,2 e 1,0 ppm para
238
U e 18,9 a 0,7 ppt para
232
Th. Dentre os
60
fragmentos analisados, observa-se que JA5 19 possui razão
230
Th/
232
Th menor ou igual a
20, demonstrando possível influência de tório detrítico. Esse dados são compatíveis com
a coloração mais escura desse fragmento, bem como com a presença de resíduo durante a
análise, reforçando as evidências de contaminação detrírica.
As variações de idade obtidas nas triplicatas podem ser relacionadas à
heterogeneidade dos fragmentos analisados, que são constituídos por um conjunto de
centenas de laminações. Além disso, as porções do fragmento ao longo do eixo de
crescimento tendem a ser mais homogêneas que aquelas posicionadas nas bordas (figuras
5.3 a 5.8). Desta forma, ressalta-se ser de fundamental importância que a alíquota a ser
analisada seja constituída pelo menor número de laminações possíveis.
Tabela 5.2 - Resultados da amostra da estalagmite JA5 1 (topo)
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (
234
U/
238
U)
0
230
Th/
232
Th
238
U(ppm)
232
Th (ppt)
JA5 1 1 1,7 0,10 0,515 122 1,36 1.021
JA5 1 2 2,1 0,12 0,512 57 1,10 2.197
JA5 1 3 2,2 0,12 0,514 43 1,00 2.728
Tabela 5.3 - Resultados da amostra da estalagmite JA5-6
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (
234
U/
238
U)
0
230
Th/
232
Th
238
U(ppm)
232
Th (ppt)
JA5 6 1 2,3 0,13 0,517 248 1,87 931
JA5 6 2 2,5 0,14 0,517 363 1,84 691
JA5 6 3 2,6 0,15 0,518 220 1,70 1.067
Tabela 5.4 - Resultados da amostra da estalagmite JA5-10
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (
234
U/
238
U)
0
230
Th/
232
Th
238
U(ppm)
232
Th (ppt)
JA5 10 1 2,6 0,15 0,517 299 2,24 1.047
JA5 10 2 2,6 0,15 0,518 182 1,6 1.231
JA5 103 2,9 0,16 0,518 254 2,0 1.212
Tabela 5.5 - Resultados da amostra da estalagmite JA5-14
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (
234
U/
238
U)
0
230
Th/
232
Th
238
U(ppm)
232
Th (ppt)
JA5 14 2 2,7 0,15 0,522 206 1,82 1.278
JA5 14 1 2,8 0,16 0,521 82 1,32 2.463
JA5 14 3 2,9 0,17 0,523 118 1,56 2.087
Tabela 5.6 - Resultados da amostra da estalagmite JA5 19 (base)
Amostra Idade (ka) +/-(2s) (
234
U/
238
U)
0
230
Th/
232
Th
238
U(ppm)
232
Th (ppt)
JA5 19 1 3,3 0,19 0,521 20 1,29 11.525
JA5 19 2 3,6 0,21 0,521 15 1,43 18.882
61
De acordo com os resultados das tabelas anteriormente apresentadas é possível
constatar que as idades possuem valores crescentes da base para o topo. Nota-se ainda,
que os valores obtidos para JA5 19 e JA5 14 são compatíveis com a datação obtida por
Sondag (2952 ka, comunicação pessoal), no mesmo intervalo entre essas duas amostras.
Por fim, cabe comparar os resultados obtidos com JA5 com aqueles obtidos por
Bertaux
et al. (2002) para a estalagmite JA3, situada na mesma carvena. Bertaux et al.
(2002) apresenta 4 datações para JA3, cujos valores de idade são próximos àqueles
obtidos para JA5. No entanto, argumentam que JA3 pode ter crescido ininterruptamente
da base para o topo, conforme mostra o gráfico da figura 5.9. Os resultados de JA5, no
entanto, sugerem que a estalagmite cessou seu crescimento em torno de 2,0 ky,
possivelmente devido a condições de dinâmica hídrica significativamente distinta daquela
de JA3. Contudo a base das duas estalagmites estudadas, JA3 e JA5 tem praticamente a
mesma idade (3.600 ka)
Figura 5.10 - Relação entre idade e posicionamento vertical das datações da amostra JA3 realizadas por
Bertaux et al. (2002).
62
Capítulo 6 – Conclusão
O presente trabalho demonstrou a viabilidade de se datar amostras de carbonato
pela série de desequilíbrio do U utilizando-se ICP-MS. A metodologia é criteriosa e
vários fatores devem ser levados em conta para a eficiência do procedimento: limpeza
dos materiais e reagentes utilizados, além de salas limpas. São apresentados todos os
procedimentos analíticos, incluindo preparação dos materiais e amostra, montagem e
calibração das colunas, preparação química e leitura por ICP-MS.
Ressalta-se que alguns parâmetros ainda devem ser otimizados, principalmente no
que diz respeito às leituras das amostras em espectrômetro de massa. No entanto, os
resultados obtidos foram satisfatórios, se comparados aos valores encontrados por outros
laboratórios do mundo. Tivemos o cuidado de escolher amostras que já haviam sido
datadas em lugares diferentes.
Ainda foi possível iniciar o estudo da estalagmite JA5 da Caverna João Arruda.
As idades obtidas podem ajudar a refinar as condições paleoclimáticas locais, uma vez
que sugerem que a estalagmite JA5 cessou seu crescimento em torno de 2,0 ky.
63
Capítulo 7 – Referências Bibliográficas
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71
ANEXOS
Anexo I
Valores das massas das amostras e spike
Amostra Massa da amostra (g) Massa do spike (g)
HAV 138A
1,79647 0,10064
HAV 138B
1,99607 0,10038
HAV 138C
1,91083 0,10082
HAV 138 1
1,01121 0,10020
HAV 138 2
1,00979 0,06042
HAV 138 3
1,00506 0,06787
UREL C
2,06371 0,10050
UREL 1
1,13787 0,06327
UREL 2
1,15513 0,05037
UREL 3
1,12311 0,05851
MARA 1A
1,70402 0,10101
MARA 1B
1,62449 0,10096
MARA1 1
1,06488 0,05244
MARA 1 2
1,00675 0,04924
MARA 2A
1,21417 0,10078
MARA 2B
1,74356 0,10096
MARA2 1
0,51072 0,05445
MARA2 2
0,55843 0,05558
JA5 1 1
1,00526 0,05578
JA5 1 2
1,03392 0,06084
JA5 1 3
1,02702 0,04290
JA5 6 1
0,99547 0,04694
JA5 6 2
0,97717 0,10189
JA5 6 3
0,93349 0,09972
JA5 10 1
0,90135 0,06684
JA5 10 2
0,75635 0,10020
JA5 10 3
0,65287 0,04241
JA5 14 1
1,05097 0,05303
JA5 14 2
0,88963 0,04028
JA5 14 3
0,99725 0,09854
JA5 19 1
1,00213 0,05110
JA5 19 2
0,89806 0,04295
AC1-1
0,50432 0,04671
AC1-2
0,49994 0,05295
AC1-3
0,49249 0,06571
YB1-1
0,65409 0,03700
YB1-2
0,64100 0,05859
YB1-3
0,65729 0,06873
72
Anexo II
Resultados da Curva de Calibração
Isótopo
Th229 Th230 Th232 U234 U235 U236 U238
Branco1
Média
1,4 1,9 7756,1 0,6 19,4 1,3 1814,8
Desvio
0,7 0,3 1081 0,4 2,9 1,4 30,8
RSD
52,92 14,29 6,09 65,47 15,05 107,85 1,7
10 ppt Média
1,9 1,5 10734,2 1,9 26,7 1,6 4326,1
Desvio
1 0,9 1550,9 3 10,4 0,9 2903,1
RSD
49,49 60,27 14,45 159,31 39,03 56,73 67,11
50 ppt Média
1,6 1,2 12644,2 1,1 42,8 1,6 8479,7
Desvio
1,8 0,6 287,7 1,2 9,1 1,3 168,7
RSD
113,45 48,04 2,28 108,97 21,37 79,57 1,99
200 ppt Média
2 0,9 26500,4 21,6 94,4 4 20560,1
Desvio
0,4 0,7 1862 36,1 17,1 0,8 1288,8
RSD
20,83 71,32 7,03 166,89 18,09 20,14 6,27
1 ppb Média
1,6 0,8 97279,1 3,2 450,3 17 96594,2
Desvio
1,1 0,7 911 0,8 12,2 0,6 1306
RSD
71,32 88,19 0,94 26,19 2,71 3,39 1,35
73
Anexo II
Resultados dos testes com os padrões
Isótopo Th229 Th230 Th232 U234 U235 U236 U238
A1U Média
3,6 0,7 97404,1 26,9 6327,9 235 1442695,7
Desvio
1,4 0,8 1718,4 3,4 112,8 2,7 8921,3
RSD
38,46 114,56 1,76 12,5 1,78 1,16 0,62
A1Th Média
7,9 11,5 E2120968.014,3 668,3 25 147454,4
Desvio
2,4 1,9 3,2 3 1,4 233,7
RSD
30,02 16,29 22,75 0,45 5,56 0,16
B2U Média
8 3,4 55491,5 6,7 1484,9 53,2 336111
Desvio
3,2 3,4 982,4 1,7 66,8 2,4 1357,2
RSD
40,13 100,07 1,77 25 4,5 4,44 0,4
B2Th Média
2,7 2,2 486303,8 3,8 150,6 5,3 29594,6
Desvio
0,7 0,7 3466,8 2,8 16,9 0,5 284,6
RSD
24,38 31,17 0,71 73,51 11,21 9,12 0,96
C3U Média
2,7 0,9 14641 54,4 10458,8 390,4 2410537,1
Desvio
1,5 0,6 983 6,4 259,4 11,8 18698,7
RSD
56,97 69,28 6,71 11,69 2,48 3,03 0,78
C3Th Média
4 3,8 E0.0 2,8 10,8 1,9 562,6
Desvio
1 1,1 0,7 1,4 0,7 32,9
RSD
24,5 27,7 26,46 13,32 37,8 5,84
D1_4U Média
3,6 1,3 40939,4 31,9 5962,6 232,2 1360855,4
Desvio
0,5 1,3 3791,7 6,2 133,4 19 16448,1
RSD
13,32 101,27 9,26 19,43 2,24 8,16 1,21
D1_4Th Média
5,5 8,2 1531812,6 8,3 37,2 2,5 3909,7
Desvio
1,8 3,1 23080,1 2,6 8,8 0,5 121,4
RSD
33,08 37,59 1,51 31,96 23,73 19,25 3,1
E1_5U Média
4,2 0,7 85572,5 36,4 6901,5 259,8 1560847
Desvio
1 0,6 839,1 6,5 88,5 7,2 13743,9
RSD
24,04 78,06 0,98 17,79 1,28 2,77 0,88
E1_5Th Média
4,4 5 828406,4 5,3 34,4 3 4176,2
Desvio
1,2 2 22464,3 1,5 8,2 2 1870,5
RSD
27,24 40,06 2,71 28,21 23,87 65,85 44,79
F1_6U Média
3,3 0,6 19967,9 38,2 6660,5 253,3 1520057,4
Desvio
0,5 0,5 1251,7 6,9 123,1 9,8 2720
RSD
14,69 82,65 6,27 17,93 1,85 3,85 0,18
F1_6Th Média
2,8 3,3 E559334.6 2,1 31,4 2,1 2918,8
Desvio
0,8 1,2 E2845.3 0,6 8,8 0,8 36,2
RSD
29,67 36,32 E0.51 27,15 28,14 39,85 1,24
G2_4U Média
8,3 0,8 50400,1 7,8 1499,3 54,8 324466,6
Desvio
0 0,7 3763,3 2 33,1 3,3 1001,9
RSD
0 88,19 7,47 25,75 2,21 6,05 0,31
G2_4Th Média
4,2 3,1 337734,8 1,9 18,1 1,1 1554,7
Desvio
1 1,2 4962,6 1,9 3,8 1,2 84,1
RSD
23,09 39,63 1,47 98,97 21,32 108,97 5,41
74
Isótopo Th229 Th230 Th232 U234 U235 U236 U238
H2_5U Média
5,2 1,7 15625,1 7 1449,3 56,6 310016,8
Desvio
1,1 0,8 252 3,3 90,8 5,4 7785,1
RSD
21,65 50 1,61 46,76 6,26 9,5 2,51
H2_5Th Média
5,3 1,9 268725,1 1,7 24,4 1,3 1598,2
Desvio
0,7 0,6 3728,5 0,4 6,3 1,1 248,2
RSD
13,93 28,57 1,39 26,28 25,81 86,6 15,53
I2_6U Média
3,1 0,6 7059,9 7 1505,5 54,2 333854,3
Desvio
0,6 0,7 597 1,4 32,7 6,3 1404,5
RSD
18,37 132,29 8,46 20,26 2,18 11,59 0,42
I2_6Th Média
4,1 0,9 E123524.6 3,8 19,4 0,4 1661,5
Desvio
2,6 0,4 E1119.9 5,6 4,1 0,6 1450
RSD
63,35 45,83 E0.91 148,58 21,14 173,21 87,27
J3_4U Média
5,5 0,8 7182,9 60,5 12382,8 465,7 2836578,4
Desvio
2,1 0,7 197,7 1,1 72,7 17,5 23507,8
RSD
38,16 88,19 2,75 1,74 0,59 3,75 0,83
J3_4Th Média
3,1 3,1 E459425.8 2,2 15,8 1,6 1705,5
Desvio
2,4 1,4 E1860.2 1,5 6,3 1,6 751,7
RSD
79,25 44,41 E0.40 66,14 39,74 100,2 44,07
K3_5U Média
2,8 0,9 8014,3 75,8 13789 508 3118667,6
Desvio
1 0,3 350,8 3,8 109,4 1,5 26175,9
RSD
36,84 34,64 4,38 5,04 0,79 0,3 0,84
K3_5Th Média
2,8 0,2 23505,9 13,4 32,2 1,1 4421,7
Desvio
0,7 0,2 2862,4 22,5 32 1 5563,2
RSD
26,46 86,85 12,18 167,86 99,3 90,14 125,81
L3_6U Média
4,2 1,1 4387 41,6 7822,2 277,5 1755640
Desvio
1,2 0 235,5 3,9 103 17,6 4054,6
RSD
28,88 0 5,37 9,39 1,32 6,33 0,23
L3_6Th Média
3,1 2,2 E0.0 3,7 17,5 5 1226,7
Desvio
2,1 0,3 1,4 8,3 7,5 454,1
RSD
68,63 12,5 38,43 47,62 149,79 37,02
75
Anexo III
Dados brutos das intensidades dos isótopos das amostras obtidas por MC-
ICP-MS
Amostra 229Th(cps) 230Th(cps) 232Th(cps)234U (cps) 235U(cps) 236U(cps) 238U(cps)
HAV 138A
33607,03826 16884,242 840968,8 111392,156 13541984 1102014 1,92E+09
HAV 138B
41176,53706 20900,62935 1753200,9 118903,839 14441960 1204684 2,05E+09
HAV 138C
38065,36215 19788,72775 707789,87 104982,313 12716332 992552 1,8E+09
HAV 138 1
37055,92971 9862,225915 666092,08 69128,0779 8403810 1305053 1,18E+09
HAV 138 2
17554,17898 7990,706708 484169,48 66577,2376 8073172 735808,7 1,13E+09
HAV 138 3
22956,86288 9125,72784 1490271,4 41508,5773 5035932 531628,1 7,04E+08
UREL A
27260,26668 2176,350374 252565,59 45575,1632 5392599 682679,9 7,57E+08
UREL B
1278,621587 127,9702806 43569,906 70655,7554 8369314 917949,2 1,19E+09
UREL C
35200,7599 3223,244919 608098,86 91528,7587 10696708 1273835 1,55E+09
UREL 1
13340,87383 1187,641576 125979,77 27152,2962 3205417 389130,9 4,48E+08
UREL 2
11884,26456 1324,594085 88764,744 34821,4662 4103099 397229,5 5,74E+08
UREL 3
10467,1221 1074,250241 102483,03 12591,11 1487058 156263,9 2,08E+08
MIL A
32418,80945 2375,029181 5476699,4 10863,2512 1428374 1081336 2,04E+08
MIL B
36754,06474 3723,359229 4271439,1 17521,1286 2320787 1259020 3,31E+08
MIL C
28754,93755 2478,343732 2441491,1 12932,8774 1713652 1098915 2,45E+08
MIL 1
17718,65027 2055,773934 8083353,9 4350,26826 573759,7 271487,7 80099850
MIL 2
20705,79178 2395,633224 8875449,1 11636,2478 1525930 725205,9 2,13E+08
MIL 3
15091,24961 2197,52251 9339688,8 10168,2766 1329251 501701,2 1,85E+08
MIL 4
7503,809524 879,4761905 1975000 0,39198871 182628,1 42,83711 25974493
MIL 5
7831,849662 877,5976633 595066,67 868,444238 111462,5 58507,6 16207211
MARA 1A
24457,7639 365,7966387 5915974,7 20228,5592 2110957 1134583 3,02E+08
MARA 1B
30926,49555 502,0319471 9961183,9 19712,225 2078503 1194153 2,98E+08
MARA1 1
13390,54966 323,4652868 6743513,9 12769,1446 1343491 434637,1 1,87E+08
MARA 1 2
13046,13939 325,5264261 5299067,8 17223,9189 1813046 519663,1 2,52E+08
MARA 2A
25140,36497 990,5192913 20277394 24750,4897 2870994 1248111 4,11E+08
MARA 2B
35287,60523 1715,811203 34452789 30677,398 3577059 1193300 5,1E+08
MARA2 1
21808,22754 927,7460222 27104282 11595,8831 1361068 551411,5 1,89E+08
MARA2 2
19420,06807 902,736149 23847662 12464,6966 1462971 527046,5 2,03E+08
JA5 1 1
12799,42495 130,2770624 422834,82 30881,7122 3960186 441494,9 5,51E+08
JA5 1 2
15114,71083 135,1180748 584620,74 41781,8425 5338639 689996,1 7,43E+08
JA5 1 3
8953,160995 119,5369105 182556,34 52158,3097 6661104 450447,3 9,26E+08
JA5 6 1
14149,74641 310,5339551 233094,32 48248,1084 6141121 340147,5 8,54E+08
JA5 6 2
20717,92988 223,7825937 114527,37 61487,5253 7817329 973414,6 1,09E+09
JA5 6 3
26554,97361 262,0710495 221233,87 53015,9264 6737233 931256,7 9,36E+08
JA5 10 1
17654,36546 334,4799002 207994,79 62416,5144 7935726 577335,7 1,1E+09
JA5 10 2
16574,13615 172,884562 126478,76 32035,1173 4071315 593435,9 5,66E+08
JA5 10 3
12229,61607 189,1569561 193287,93 32799,1048 4162002 372775,4 5,78E+08
JA5 14 1
17116,99929 306,5429663 697123,8 32788,288 4138355 347685,3 5,75E+08
JA5 14 2
11961,154 312,1749873 281709,56 48111,0624 6071191 331799,7 8,43E+08
JA5 14 3
33801,37473 378,9913183 595678,27 59979,8007 7522029 1051378 1,05E+09
76
Amostra 229Th(cps) 230Th(cps) 232Th(cps)234U (cps) 235U(cps) 236U(cps) 238U(cps)
JA5 19 1
15666,64176 321,6667161 2954249,9 49459,948 6225869 540018 8,68E+08
JA5 19 2
13975,65124 367,4318637 4603453,2 58575,3466 7371002 541614,4 1,03E+09
AC1-1
17078,6832 5699,777051 655568,4 39125,5805 4737233 582634,5 6,63E+08
AC1-2
22699,33439 6565,958968 701026,63 33635,0705 4072890 578409,5 5,7E+08
AC1-3
23846,12563 5566,985024 601857,37 35533,2376 4301959 759649,3 6,02E+08
YB1-1
14032,82739 195,2858163 141876,89 2592,73425 199140 375406,3 27835719
YB1-2
20734,96537 193,3344907 133321 3423,49897 262319,7 799125,9 36637942
YB1-3
28640,10995 237,5686983 159983,4 3665,69186 281830,9 975921 39329414
Razões isotópicas calculadas a partir das intensidades dos isótopos
Amostra 229Th/236U 230Th/238U 234U/238U 235U/236U 230Th/232Th 232Th/229Th
HAV 138A
0,02296601 6,6056E-06 5,794E-05 12,290011 0,020122624 25,02305606
HAV 138B
0,02578645 7,6971E-06 5,812E-05 11,991894 0,011921432 42,57855057
HAV 138C
0,02978854 8,5239E-06 5,828E-05 12,816527 0,028891368 17,99433251
HAV 138 1
0,02839886 8,3914E-06 5,88E-05 6,439443 0,0148121 17,97705574
HAV 138 2
0,02386035 7,0786E-06 5,897E-05 10,971758 0,016504172 27,58623398
HAV 138 3
0,04319203 1,2959E-05 5,893E-05 9,472664 0,006123569 64,93322982
UREL A
0,05330452 2,1872E-06 6,079E-05 13,885846 0,008617267 9,265240105
UREL B
0,00200594 8,1558E-08 5,955E-05 15,15647 0,00293742 34,08214493
UREL C
0,0208593 1,5689E-06 5,906E-05 8,3973297 0,005299809 17,28500473
UREL 1
0,03429418 2,6511E-06 6,059E-05 8,2373448 0,009427595 9,444906682
UREL 2
0,02992547 2,3103E-06 6,071E-05 10,329316 0,014926918 7,470743498
UREL 3
0,06700135 5,1667E-06 6,055E-05 9,5163358 0,010483688 9,794488192
MIL A
0,02257082 8,7751E-06 5,33E-05 1,3209723 0,000433682 168,9371904
MIL B
0,0220032 8,4723E-06 5,294E-05 1,8433847 0,000871691 116,2182743
MIL C
0,01980619 7,6645E-06 5,287E-05 1,5594298 0,001015111 84,90913529
MIL 1
0,06528025 2,567E-05 5,431E-05 2,1134115 0,00025432 456,2591958
MIL 2
0,0285531 1,1259E-05 5,469E-05 2,1041287 0,000269924 428,6819411
MIL 3
0,0300887 1,1863E-05 5,488E-05 2,6494967 0,000235281 618,9876263
MIL 4
175,521457 3,3907E-05 1,439E-08 4266,3139 0,000445318 263,2275034
MIL 5
0,13408009 5,4219E-05 5,358E-05 1,9068048 0,001474807 75,97823329
MARA 1A
0,01632482 9,1854E-07 6,705E-05 1,8605724 6,18284E-05 241,8952844
MARA 1B
0,01954094 1,2726E-06 6,621E-05 1,740759 5,03994E-05 322,0980763
MARA1 1
0,03081756 1,7281E-06 6,821E-05 3,0910824 4,7969E-05 503,6960372
MARA 1 2
0,02512034 1,2908E-06 6,826E-05 3,4889181 6,14358E-05 406,261864
MARA 2A
0,01520028 1,8191E-06 6,025E-05 2,3003223 4,88517E-05 806,5872342
MARA 2B
0,02235643 2,5459E-06 6,015E-05 2,997775 4,98014E-05 976,3540439
MARA2 1
0,0395698 4,9031E-06 6,126E-05 2,4683135 3,4227E-05 1243,011716
MARA2 2
0,03685432 4,4396E-06 6,129E-05 2,7758082 3,78539E-05 1228,23468
JA5 1 1
0,02900491 2,3669E-07 5,607E-05 8,9700802 0,000308284 33,03705259
JA5 1 2
0,02191251 1,82E-07 5,627E-05 7,7372722 0,000231066 38,68683097
JA5 1 3
0,01991379 1,2938E-07 5,633E-05 14,788187 0,000654864 20,3942204
77
Amostra 229Th/236U 230Th/238U 234U/238U 235U/236U 230Th/232Th 232Th/229Th
JA5 6 1
0,04165662 3,6437E-07 5,653E-05 18,054779 0,001332527 16,47372409
JA5 6 2
0,02129182 2,0609E-07 5,66E-05 8,0308588 0,001954172 5,528045599
JA5 6 3
0,02852493 2,8006E-07 5,663E-05 7,2345477 0,001184675 8,331688121
JA5 10 1
0,03058804 3,0349E-07 5,661E-05 13,745515 0,001608077 11,78388647
JA5 10 2
0,02793457 3,0571E-07 5,664E-05 6,8605376 0,001367582 7,632517202
JA5 10 3
0,03292715 3,2809E-07 5,67E-05 11,164967 0,000978636 15,80658118
JA5 14 1
0,04926326 5,3356E-07 5,703E-05 11,902766 0,000439749 40,72699344
JA5 14 2
0,03606585 3,7055E-07 5,708E-05 18,298022 0,001108074 23,55632006
JA5 14 3
0,03215438 3,616E-07 5,722E-05 7,1544707 0,000636212 17,62371669
JA5 19 1
0,02901749 3,7079E-07 5,7E-05 11,529084 0,000108876 188,5795874
JA5 19 2
0,02580586 3,5776E-07 5,703E-05 13,609301 7,9816E-05 329,4132325
AC1-1
0,02931346 8,6032E-06 5,906E-05 8,130744 0,008694851 38,38629271
AC1-2
0,03924648 1,1528E-05 5,905E-05 7,0415774 0,009366314 30,88374935
AC1-3
0,03139172 9,2541E-06 5,907E-05 5,6630911 0,009249751 25,23951029
YB1-1
0,03738075 7,0157E-06 9,314E-05 0,530469 0,001376534 10,11060396
YB1-2
0,02594724 5,2769E-06 9,344E-05 0,3282591 0,001450346 6,429810017
YB1-3
0,02934685 6,0405E-06 9,32E-05 0,288785 0,001484907 5,58608777
78
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