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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
NÚCLEO DE ESTUDOS INTEGRADOS SOBRE AGRICULTURA FAMILIAR
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA -
AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS AMAZÔNICAS
Rosa de Souza Oliveira
EXPECTATIVAS DE JOVENS QUE VIVEM EM
ASSENTAMENTO: UM ESTUDO SOBRE A TRÍADE
TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
Belém
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
NÚCLEO DE ESTUDOS INTEGRADOS SOBRE AGRICULTURA FAMILIAR
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS AMAZÔNICAS
Rosa de Souza Oliveira
EXPECTATIVAS DE JOVENS QUE VIVEM EM
ASSENTAMENTO: UM ESTUDO SOBRE A TRÍADE
TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Agriculturas Amazônicas da Universidade Federal do Pará e da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Amazônia
Oriental, como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre. Área de concentração: Agriculturas Familiares e
Desenvolvimento Sustentável.
Orientador: Prof. Dr. Orlando Nobre Bezerra de
Souza
Belém
2006
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Oliveira, Rosa de Souza
Expectativas de jovens que vivem em assentamento: um estudo sobre a tríade trabalho-educação-família/
Rosa de Souza Oliveira. – Belém, PA: UFPA – Centro de Ciências Agrárias: Embrapa Amazônia Oriental,
2006. Orientada pelo Prof. Dr. Orlando Nobre Bezerra de Souza.
153 f.:il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará – Curso de Pós-Graduação em Agriculturas
Amazônicas.
1. Agricultura familiar. 2. Assentamento. 3. Reforma agrária. I. Título.
CDD 630.9811
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
NÚCLEO DE ESTUDOS INTEGRADOS SOBRE AGRICULTURA FAMILIAR
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS AMAZÔNICAS
Rosa de Souza Oliveira
EXPECTATIVAS DE JOVENS QUE VIVEM EM
ASSENTAMENTO: UM ESTUDO SOBRE A TRÍADE
TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Agriculturas Amazônicas da Universidade Federal do Pará e da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Amazônia
Oriental, como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre. Área de concentração: Agriculturas Familiares e
Desenvolvimento Sustentável.
Data: 05/09/2006
Banca Examinadora:
___________________________________
Prof. Dr. Orlando Nobre Bezerra de Souza
(orientador)
___________________________________
Prof
a
. Dra. Ivany Pinto Nascimento (examinadora
externa)
___________________________________
Prof. Dr. Iran Pereira Veiga Júnior (examinador
interno)
___________________________________
Profª. Dra. Ney Cristina Monteiro de Oliveira
(suplente)
Belém
2006
A minha avó, Procópia Avelar (in memoriam), que em vida não mediu esforços para
sustentar seus filhos por meio do trabalho na agricultura.
Ao meu pai, Irineu Rodrigues (in memoriam), expressão de luta.
A minha mãe, Maria Izabel, representação de esperança.
Aos meus irmãos Luis Carlos (in memoriam), significação de força de vontade; Ivan,
Vera, Sueli, Oneide, Marinete, Maria José, Elcilene, Miguel e Ana Maria, tradução de
caminhada.
Dedico
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida.
À Universidade Federal do Pará, ao Centro de Ciências Agrárias, ao Núcleo de
Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar, à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
Embrapa Amazônia Oriental, ao Curso de Mestrado em Agriculturas Amazônicas, à Agência de
Desenvolvimento da Amazônia e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, pela oportunidade de formação acadêmica e pesquisa de campo.
Ao orientador, Prof. Dr. Orlando Nobre, pela confiança, incentivo, liberdade,
direcionamento e contribuição na materialização deste estudo.
À co-orientadora, Profª. Dra. Ivany Nascimento, pelo respeito, incentivo, carinho,
compreensão, dedicação e alegria, fundamentais para o desvelar desta elaboração.
Ao Prof. Dr. Iran Veiga, pelas contribuições no exame de qualificação que
possibilitaram a construção deste trabalho.
À Profª. Dra. Ney Cristina Monteiro de Oliveira, pela compreensão no
desenvolvimento desta pesquisa.
Aos professores Gutemberg Guerra, Orlando Nobre, Iran Veiga, Nazaré Angelo-
Menezes, Heribert Schimitz, Delma Pessanha, Socorro Kato, Osvaldo Kato, Tatiana Sá, Laura
Angélica, Miriam de Oliveira e Ima Vieira, pelas informações prestadas no campo da agricultura
familiar.
A minha mãe e irmãos, pelo incentivo, compreensão, dedicação e amor que
dispuseram ao longo desta caminhada.
Aos companheiros, Nilton Silva, Giovana Gonçalves, Arquimedes Leopoldino,
Romier Sousa, Cleyce Sousa, Márcio Carvalho, Gleicilene Brasil, Lélia Oliveira, Acácio
Moreira, Maria José Chagas, Elielson Rabelo, Rosiane Pimentel, Fernando Favacho e Gilson
Costa, pelo incentivo e pelas informações proporcionadas, assim como aos colegas de turma,
Soraia Soares, Dulcilene Castro, Elizabeth Raiol, Fabiano Bringel, Margareth Monteiro (in
memoriam), José Sebastião Romano, Ana Paula Souza, Barto Lopes, Valter Paixão, Loraine
Lauris e Eduardo Lauande, pelo caminhar, informações, alegrias e, perseverança durante o
transcorrer do Curso de Mestrado.
À juventude do assentamento e seus familiares (em especial aos trinta jovens deste
estudo), aos professores (especialmente a Maria da Conceição) e aos agentes de saúde do Projeto
de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho, pelas informações prestadas, pela companhia e alegrias
compartilhadas.
À Cooperativa Agrícola Livre União de São Francisco do Pará (COOLIVRE), à
Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Modelo (APRUCOM), à Associação dos
Produtores Rurais Unidos da Vila Modelo (APRUMO), ao Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais de São Francisco do Pará (STTR), ao Instituto Agroecológico da Amazônia
(IAAM), ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), bem como a Vicente
Souza do Laboratório de Sensoriamento Remoto da Secretaria Executiva de Ciência Tecnologia e
Meio Ambiente (SECTAM), a Tonildes Ataíde e a Sorlange Souza, pelas informações prestadas.
À Sueli Miranda e Márcia Valéria de Oliveira, professoras do Centro Federal de
Educação Tecnológica do Pará (CEFET-PA), pelo carinho, apoio e confiança, assim como à Vera
Fadul, Osmarina Barbosa, Rodrigo Rodrigues, Thais Amorim, Kuézia Apolaro e Letícia Nina,
pela dedicação aos alunos e, aos prestativos Douglas Pantoja e Cláudio Furtado; enfim a todos
que fizeram parte de mais um momento intenso em minha vida.
Viver cada momento intensamente faz a vida valer
apena. Assim posso dizer, neste momento, que ter
escrito este trabalho com a escala da realidade
proporcionou um tempo pleno em minha vida.
Rosa Oliveira (2006)
SUMÁRIO
p.
RESUMO
i
ABSTRACT
ii
LISTA DE FIGURAS
iii
LISTA DE QUADROS
v
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
vii
INTRODUÇÃO
19
CAPÍTULO 1
PERSPECTIVAS SOBRE JUVENTUDE
35
1.1 JUVENTUDE: REVELANDO CONCEPÇÕES, PROTAGONISMO E
IMPORTÂNCIA
36
1.2 JUVENTUDE NO CONTEXTO DE ASSENTAMENTO RURAL E
A TRÍADE TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
48
1.2.1
Caracterização sócio-cultural e econômica de famílias que vivem em áreas
de assentamentos rurais
48
1.2.2
Assentamento Luiz Lopes Sobrinho: memória do passado, revelação do
presente e construção do futuro
52
CAPÍTULO 2
EXPECTATIVAS DE JOVENS DO ASSENTAMENTO LUIZ LOPES
SOBRINHO QUANTO AO TRABALHO, À EDUCAÇÃO E À FAMÍLIA
80
2.1 A TRÍADE TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA 81
2.2 OS SIGNIFICADOS DA FAMÍLIA, DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO 84
2.3 EXPECTATIVAS EVOCADAS PELOS JOVENS 87
2.3.1
Expectativas evocadas quanto à Família
87
2.3.2
Expectativas evocadas quanto à Educação
89
2.3.3
Expectativas evocadas quanto ao Trabalho
93
2.4 OS SENTIDOS DAS EXPECTATIVAS 99
2.4.1
Realização ou desejo de constituir família por meio de compromisso
conjugal com ou sem a presença de filhos
100
2.4.1.1 Realização ou desejo de constituir família, ter uma (um) companheira (o) e
filhos
101
2.4.1.2
Desejo de constituir família, não ter uma companheira (o) e ter filhos
102
p.
2.4.2
Realização ou desejo de transmitir/transformar valores e regras sociais
obtidos na família e educação escolar direcionada para a sua aspiração
103
2.4.2.1 Realização ou desejo de transmitir valores e regras sociais 103
2.4.2.2 Desejo de transformar valores e regras sociais 104
2.4.2.3 Conseguir trabalho/emprego/formação profissional 105
2.4.2.4 Adquirir conhecimento 106
2.4.3
Realização ou desejo profissional
107
2.4.3.1 Atividade Agropecuária 107
2.4.3.2 Atividade distinta da agropecuária 108
CAPÍTULO 3
LEIS, PROJETOS, PROGRAMAS, POLÍTICAS PÚBLICAS E AÇÕES
PARA A JUVENTUDE
110
3.1 LEIS, PROJETOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS
PERTINENTES À TEMÁTICA JUVENIL
111
3.2 AÇÕES QUE ENVOLVERAM JOVENS DO ASSENTAMENTO 121
APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS
126
REFERÊNCIAS
128
APÊNDICES
138
i
RESUMO
O presente estudo procurou compreender as expectativas de jovens que vivem no assentamento
Luiz Lopes Sobrinho, localizado no Município de São Francisco do Pará. É uma pesquisa
caracterizada como quantitativa e qualitativa, uma vez que os dados tiveram tratamento
estatístico e interpretativo com base na análise de conteúdo. O Método Probabilístico Aleatório
Estratificado foi utilizado para a seleção da amostra. Os instrumentos de coleta de dados foram os
seguintes: observação direta e entrevista por meio de formulário e de roteiro. O corpus da
pesquisa se constituiu no discurso de trinta jovens do gênero masculino ou feminino, na faixa
etária de 15 a 24 anos e inseridos em uma família de origem ou de reprodução. As aproximações
conclusivas revelaram que a produção da juventude desse assentamento, em geral, nutre
expectativas de exercer atividades distintas da agropecuária, com a finalidade de melhorar sua
condição de vida; deseja transmitir valores e regras sociais, objetivando dar continuidade aos
saberes adquiridos na família de origem; espera conseguir um trabalho/emprego/formação
profissional, buscando um sentido a própria existência, bem como quer constituir família, ter uma
(um) companheira (o) e filhos com a finalidade de reproduzir o modelo de família vigente. Essas
esperanças, em seu conjunto, reportam para a esfera de políticas que possibilitem
desenvolvimento rural.
PALAVRAS CHAVE: agricultura familiar, assentamento de reforma agrária, juventude rural,
expectativas.
ABSTRACT
The present study tried to understand the young expectations that live in the establishment Luiz
Lopes Sobrinho, located in the Municipal District of San Francisco of Pará. It is a research
characterized as quantitative and qualitative, once the data had statistical and interpretative
treatment with base in the content analysis. The Stratified Random Probability Method was used
for the selection of the sample. The instruments of collection of data were the following ones: the
direct observation and the interview through form and of itinerary. The corpus of the research was
constituted in the speech of thirty young of the gender masculine or feminine, in the age group
from 15 to 24 years and that they belong an origin family or of reproduction. The conclusive
approaches revealed that the youth production of that establishment, in general, nurtures
expectations of exercising activities different from the farming, with the purpose of improving
their life condition; it wants to transmit values and social rules, aiming at to give continuity to the
you know acquired in the origin family; it hopes to get a work/employment/professional formation,
looking for a sense the own existence, as well as wants to constitute family, to have a companion
and children with the purpose of reproducing the model of effective family. Those hopes, in its
group, moderate for the sphere of politics that make possible rural development.
KEY WORDS: family agriculture, land reform establishment, rural youth, expectations.
iii
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1- Planta da área do Projeto de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho 25
Figura 2- Localização do Município de São Francisco do Pará 26
Figura 3- Casas construídas pela Empresa Paracrevea e reformadas com o recurso
do Crédito Habitação (Oliveira, 2006)
53
Figura 4- Escola Municipal de Ensino Fundamental Provisória Vila Modelo
(Oliveira, 2006)
54
Figura 5- Escola Municipal de Ensino Fundamental José Malcher (Oliveira, 2006) 56
Figura 6- Prédio onde funcionará o Posto de Saúde (Oliveira, 2006) 57
Figura 7- Número de jovens de ambos os gêneros que saíram do assentamento em
relação ao total de jovens que moravam no assentamento
57
Figura 8- Local de nascimento dos sujeitos da amostra 59
Figura 9- Casa de Oração Deus é amor, localizada dentro do assentamento
(Oliveira, 2006)
60
Figura 10- Igreja Católica Santíssima Trindade, localizada dentro do assentamento
(Oliveira, 2006)
60
Figura 11- Igreja Católica Menino Jesus, localizada próximo ao assentamento
(Oliveira, 2006)
60
Figura 12- Número de família por tipo de acordo com gênero 62
Figura 13- Predominância do gênero nas famílias dos jovens 63
Figura 14- Grau de escolaridade dos sujeitos da amostra 63
Figura 15- Grau de escolaridade dos jovens da amostra que estudam 64
Figura 16- Grau de escolaridade dos jovens da amostra que deixaram de estudar 64
Figura 17- Área implantada com a cultura do milho (Oliveira, 2006) 67
Figura 18- Área implantada com a cultura da pimenta-do-reino (Oliveira, 2006) 67
Figura 19- Jovem em sua atividade de corte de seringueira para a coleta de látex
(Oliveira, 2005)
69
Figura 20- Ensacamento do caupi (Oliveira, 2003) 69
Figura 21- Descascamento de mandioca para o processo de fabricação de farinha
(Sousa, 2004)
69
Figura 22- Igarapé onde mulheres do assentamento lavam roupa (Oliveira, 2006) 70
Figura 23- Quintal de um estabelecimento agrícola familiar (Oliveira, 2006) 70
Figura 24- Distribuição de freqüência relativa da renda familiar dos jovens, ano de
2004
73
Figura 25- Conciliação estudo-trabalho considerando o gênero masculino 74
Figura 26- Conciliação estudo-trabalho considerando o gênero feminino 75
Figura 27- Igarapé da Passagem, lugar de encontro e de lazer de jovens do
assentamento (Oliveira, 2006)
75
Figura 28- Jovens em seu espaço lúdico (Oliveira, 2005) 76
Figura 29- Praça da Vila Granja Marathon, espaço de distração e de socialização
entre jovens do assentamento (Oliveira, 2006)
76
iv
p.
Figura 30- Constituição de família de acordo com o gênero masculino 88
Figura 31- Constituição de família de acordo com o gênero feminino 89
Figura 32- Expectativa profissional dos jovens da amostra 96
Figura 33- Açude existente no assentamento Luiz Lopes Sobrinho (Oliveira, 2006)
124
v
LISTA DE QUADROS
p.
Quadro 1- Categorias elaboradas para as expectativas quanto ao trabalho-educação-família
Quadro 2- Identificação do número de jovens do assentamento Luiz Lopes Sobrinho
29
31
Quadro 3- Identificação do número de jovens entrevistados por estrato 31
Quadro 4- Caracterização dos jovens da amostra 31
Quadro 5- Festas/festividades que jovens do assentamento costumam freqüentar 61
Quadro 6- Escolaridade dos sujeitos da amostra em função do gênero 65
Quadro 7-
Atividade exercida de acordo com o gênero
Quadro 8- Lista de
nomes científicos de espécies vegetais
66
68
Quadro 9- Renda familiar do ano de 2004 disposta em ordem decrescente 72
Quadro 10- Outras atividades que jovens do assentamento costumam participar 77
Quadro 11- Atividades que jovens do assentamento deixaram de participar 78
Quadro 12 - Freqüência de evocação dos elementos da tríade considerando a ordem de
importância anunciada pelas jovens
81
Quadro 13– Freqüência de evocação dos elementos da tríade considerando a ordem de
importância anunciada pelos jovens do gênero masculino
82
Quadro 14- Entendimento sobre família de acordo com o gênero 84
Quadro 15- Entendimento sobre educação de acordo com o gênero 85
Quadro 16– Entendimento sobre trabalho de acordo com o gênero 86
Quadro 17– Realização ou pretensão de casar de acordo com o gênero 87
Quadro 18– Realização ou pretensão de gerar filhos de acordo com o gênero 88
Quadro 19– Valores e regras sociais obtidos no núcleo familiar de acordo com o gênero 89
Quadro 20– O que mais gosta (gostava) na escola que estuda (estudava) de acordo com o
gênero
90
vi
Quadro 21– O que menos gosta (gostava) na escola que estuda (estudava) de acordo com o
gênero
p.
91
Quadro 22–
Condição de estudo de acordo com o gênero
91
Quadro 23– Expectativas quanto ao ensino escolar de acordo com o gênero 92
Quadro 24– Expectativa profissional de acordo com o gênero 95
Quadro 25– Plano de ação para continuar os estudos de acordo com os sujeitos da amostra
que não estudam
98
Quadro 26– Plano de ação para atingir a atividade almejada de acordo com o gênero 99
Quadro 27– Categorias e subcategorias do eixo temático trabalho-educação-família 100
Quadro 28– Motivo de compromisso conjugal de acordo com o gênero 101
Quadro 29– Motivos de escolha da profissão de acordo com o gênero 108
vii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AC – Análise de Conteúdo
AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)
APRUCOM – Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Modelo
APRUMO – Associação dos Produtores Rurais Unidos da Vila Modelo
ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural
ATES – Assessoria Técnica Social e Ambiental
BA – Bahia
BCN – Banco de Crédito Nacional
CEB – Câmara de Educação Básica
CEFET - PA – Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará
CFR’s – Casas Famílias Rurais
CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil
CNE – Câmara de Educação Básica
CNEC – Conferência Nacional por uma Educação do Campo
CNJ – Conselho Nacional de Juventude
CODEFAT – Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador
CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura
COOLIVRE – Cooperativa Agrícola Livre União de São Francisco do Pará
DST – Doença Sexualmente Transmissível
EAFC – Escola Agrotécnica Federal de Castanhal
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
EFA’s – Escolas Famílias Agrícolas
EJA – Educação de Jovens e Adultos
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Amazônia Oriental
ENERA – Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária
FASE – Federação dos Órgãos de Assistência Social e Educacional
viii
FETAGRI - PA Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do
Pará
FETAG’s da Amazônia Federações dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura dos
Estados da Amazônia Legal
GT’s – Grupos de Trabalho
GTZ Deutsche Gesellschaft r Technische Zusammenarbeit und Entwicklung (Agência de
Cooperação Técnica Alemã)
GO – Goiás
IAAM – Instituto Agroecológico da Amazônia
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDESP – Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social do Pará
IIDAC – Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
IPEA – Instituto da Pesquisa Econômica Aplicada
LTDA – Limitada
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
MEC – Ministério da Educação
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MG – Minas Gerais
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
MSTTR – Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
OIJ – Organização Ibero-Americana da Juventude
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONG’s – Organizações Não Governamentais
PA – Pará
PETI – Programa para Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil
ix
PNERA – Primeira Pesquisa Nacional da Educação na Reforma Agrária
PJPS – Projeto Juventude e Participação Social
PNPE – Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os jovens
POLIS – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Públicas Sociais
PPA – Plano Pluri Anual
PROAMBIENTE Programa de Desenvolvimento Sustentável para a Produção Familiar Rural
da Amazônia
PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda
PROJOVEM Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação
Comunitária
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
RJ – Rio de Janeiro
SECTAM – Secretaria Executiva de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente
SA – Sociedade Anônima
SAF – Secretaria de Agricultura Familiar
SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
SP – São Paulo
SR – Superintendência Regional
STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais
STTR – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
UFPa – Universidade Federal do Pará
UFRA – Universidade Federal Rural da Amazônia
UNB – Universidade de Brasília
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
UNFPA – Fundo de População das Nações Unidas
19
INTRODUÇÃO
Os jovens brasileiros, na faixa etária de 15 a 24 anos, somam 34,1 milhões de pessoas,
correspondendo a 20,1% do total da população que é de 169.799.170 milhões; em áreas rurais
vivem 5,9 milhões de jovens (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -
IBGE, 2000), ou seja, 3,5% do total da população do Brasil.
Em que pese diferenças de idade, de pensamentos, de sentimentos e de ações entre os
jovens, existem, principalmente, conflitos gerados pelas desigualdades sociais e econômicas que
se traduzem em falta de oportunidades, impossibilitando a realização de suas expectativas. Neste
sentido, este estudo teve como objetivo compreender as expectativas de jovens que vivem no
assentamento Luiz Lopes Sobrinho quanto ao trabalho, à educação e à família. Vale destacar que
a palavra expectativa significa esperança em realizar o que se deseja tanto no tempo presente
quanto no tempo futuro.
A educação, a família e o trabalho direcionam a vida de uma pessoa, perpassando pela
relação consigo e com o outro (CATÃO apud NASCIMENTO, 2002). Em outro estudo, realizado
por Nascimento (2002) com adolescentes de escolas públicas de São Paulo, a tríade educação-
trabalho-família constituiu-se no eixo central de construções dos projetos de vida daqueles
adolescentes.
Para a autora citada, os projetos de vida são “aspirações, desejos de realizações, que se
projetam para o futuro visto como uma visão antecipatória de acontecimentos, cuja base reside
em uma realidade construída na interseção das relações que o sujeito estabelece com o mundo”
(NASCIMENTO, Op. cit., p. 128). Essa pesquisadora acrescenta que o projeto de vida se
organiza na coexistência da vida no tempo passado e no tempo presente, isto quer dizer, que as
experiências anteriores somadas com as vivências do momento constituem bases para a dimensão
da vida futura.
Quanto ao meu contato com a juventude do assentamento Luiz Lopes Sobrinho, este
teve início durante um trabalho de assistência técnica realizado pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA)/Superintendência Regional (SR) 01
1
no ano de 2002.
1
A SR 01 do INCRA funciona em Belém.
20
Cabe ressaltar que durante o serviço de assistência técnica, o trabalho era em equipe e
consistia, por exemplo, em: a) elaborar projetos de financiamento do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF Grupo A
2
; b) orientar os agricultores sobre a
apicultura (criação de abelhas), a suinocultura (criação de suínos), a criação de galinha caipira, o
cultivo de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), entre outras criações e cultivos; c) participar de
reuniões com associações, cooperativa e grupos específicos, quais sejam: APRUMO,
APRUCOM, COOLIVRE, grupo de mulheres denominado “Mulheres na Luta” e d) acompanhar
jovens em atividade educativa como a capoeira que consiste em um “jogo atlético individual,
com sistema de ataque e defesa” (FERREIRA, 2001, p.129).
Em resumo, essa experiência foi plena de vivências e aprendizagens, sobretudo, para
quem realiza esse tipo de trabalho. Neste sentido, em virtude de minha formação ser na área de
agronomia, cabe destacar que é dever e tarefa deste profissional, educar e educar-se e
desenvolver trabalho de ordem técnica e humanista (FREIRE, 1977).
Conforme o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA (2004, p.6), os princípios
e diretrizes que orientam atualmente a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ATER) envolvem “o uso de metodologias participativas, devendo seus agentes desempenhar um
papel educativo, atuando como animadores e facilitadores de processos de desenvolvimento
rural”. O desenvolvimento rural segundo Martinho (2005, p.1) caracteriza-se pela:
melhoria das condições de vida das pessoas residentes nas áreas e regiões rurais, através
de processos sociais que respeitem e articulem os seguintes princípios: eficiência
econômica, equidade social e territorial, qualidade patrimonial e ambiental,
sustentabilidade, participação democrática e responsabilidade cívica.
As ações da ATER devem:
privilegiar o potencial endógeno das comunidades e territórios, resgatar e interagir com
os agricultores familiares e demais povos que vivem e trabalham no campo em regime
de economia familiar e estimular o uso sustentável dos recursos locais [...]
(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - MDA, 2004, p.6).
2
O PRONAF Grupo A é o primeiro crédito produtivo para os beneficiários da reforma agrária; objetiva a
estruturação da unidade produtiva.
21
A partir da experiência mencionada, naquele momento percebi que as atividades
agrícolas se constituíam, cada vez menos, em uma opção de trabalho e de vida pelos filhos dos
agricultores.
Diante do exposto, este estudo
3
resultou da preocupação levantada anteriormente, bem
como da orientação obtida por meio do Curso de Mestrado em Agriculturas Amazônicas da
Universidade Federal do Pará e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Amazônia
Oriental.
Nas produções teóricas que fazem parte da materialização desta investigação, ressalta-
se, primeiramente, que a divisão do território brasileiro em sesmarias
4
para doze capitães
donatários marcou o começo de processos vivenciados na realidade brasileira, do período
colonial até hoje, quais sejam: a situação fundiária e o êxodo rural. O regime sesmarial foi “um
dos responsáveis pela latifundização das terras brasileiras”, resultando numa estrutura fundiária
distorcida (MARQUES, 1998, p.163).
Na década de cinqüenta, a situação fundiária começou a ser questionada no Brasil
pelos partidos políticos e movimentos sociais
5
, principalmente, com relação à concentração da
propriedade da terra e à existência de latifúndios improdutivos (RUA; ABRAMOVAY, 2000).
As pesquisadoras, citadas anteriormente, acenam que nas duas décadas subseqüentes, sessenta e
setenta, a preocupação com a questão fundiária chegou em setores mais amplos da sociedade e
das elites governamentais. Esses setores consideravam o desequilíbrio socioeconômico como um
dos fatores gerado pela diferença na distribuição de terra.
Quanto ao êxodo rural, o Brasil a partir da década de quarenta teve um fluxo de
migração de trabalhadores do campo intensificado, principalmente, para cidades do sudeste do
País como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que rapidamente se industrializavam
(GARCIA JR., 1989). Salim (1992, p.119) expõe que a migração é:
fenômeno complexo essencialmente social e com determinações múltiplas, apresenta
interações peculiares com as heterogeneidades de uma formação histórico-social
concreta. Assim, diante da pluralidade das relações sociais ou dos diversos contextos
sociais onde se verificam processos de mudança, a migração tende a assumir feições
3
Ver cronograma de atividades realizadas no APÊNDICE A, p. 139.
4
Conforme Ferreira (2001), denomina-se sesmaria a área de terra que os reis de Portugal cediam para ser cultivada.
5
Segundo Doimo (1995, p.39) “até o início dos anos sessenta, falar em movimento social significava referir-se à
suposta virtualidade revolucionária do proletariado – entendido como classe determinada pelas relações capitalista de
exploração do trabalho pelo capital e acreditar em sua organização racional [...]”.
22
próprias, diferenciadas e com implicações distintas para os indivíduos ou grupos sociais
que a compõem e a caracterizam.
Outro exemplo de fluxo migratório ocorreu na década de noventa. De acordo com
dados do IBGE (apud GOIS, 2004), entre 1991 e 2000, 27,2 % dos cinco mil e quinhentos e sete
(5.507) municípios brasileiros, tais como: São Caetano do Sul (SP), Ilhéus (BA), Nilópolis (RJ) e
Teófilo Otoni (MG), perderam moradores que migraram para outras localidades com melhores
condições de vida. Contrariamente a esses dados, os municípios localizados no Norte e no
Centro-Oeste foram os que mais cresceram em população, “a mancha de cidade com alto
crescimento demográfico é quase a mesma do arco do desmatamento, das cidades próximas à
Floresta Amazônica” (PEREIRA apud GOIS, 2004, p. 1).
Na Região Norte, por exemplo, de quatrocentos e quarenta e nove (449) municípios,
podem ser citados os localizados no Estado do Pará, tais como: Medicilândia, Novo Progresso,
Pacajá, Rurópolis, Senador José Porfírio, Trairão, Uruará e Vitória do Xingu, bem como, no
Estado do Tocantins, destacam-se: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional, Paraíso do
Tocantins e Araguatins. Os estados da Região Norte com os maiores números de municípios são:
o Estado do Pará com cento e quarenta e três (143) e o Estado do Tocantins com cento e trinta e
nove (139).
Outra questão a considerar, diz respeito ao êxodo nas regiões de predomínio da
agricultura familiar. Segundo Abramovay et al. (1998, p. 15 e 16), a partir de um estudo realizado
no Sul do País, mais especificadamente, de uma pesquisa envolvendo cinqüenta e três (53)
famílias do Município de Saudades (Oeste de Santa Catarina),
explanam que:
o êxodo rural nas regiões de predomínio da agricultura familiar atinge hoje as
populações jovens com muito mais ênfase que em momentos anteriores. Ao
envelhecimento acopla-se, mais recentemente, um severo processo de masculinização
da juventude.
O envelhecimento corresponde ao estado de uma pessoa tornar-se com idade
avançada. De acordo com o IBGE (2004) existe um índice de envelhecimento. No Brasil, esse
índice variou de 10,49 no ano de 1980 para 19,77 no ano de 2000; na Região Norte, de 6,09 foi
para 9,77 e no Estado do Pará, de 6,84 atingiu 10,35 o que representa um aumento do número
de pessoas com idade avançada nas regiões citadas.
23
Quanto a masculinização, os pesquisadores Camarano e Abramovay (1999) reportam-
se à determinação de um índice denominado “grau de masculinização”, dado pela razão de sexo,
isto é, pela relação entre o número de homens pelo número de mulheres.
Diante do exposto, a relevância deste estudo se inscreve para acrescentar e ampliar o
leque de compreensões sobre a juventude presente na agricultura familiar, mais
especificadamente, a que vive nos assentamentos rurais. Em outras palavras, sua importância
reside no fornecimento de reflexões para todos aqueles que de alguma maneira trabalham com a
categoria juventude, entre eles, antropólogos, pedagogos, psicólogos, sociólogos, profissionais de
ciências agrárias e tantos outros que buscam contribuir das mais diversas maneiras para a
melhoria das condições de vida no espaço rural.
O eixo central deste estudo partiu do seguinte problema: quais as expectativas de
jovens que vivem no assentamento Luiz Lopes Sobrinho quanto ao trabalho, à educação e à
família.
O objetivo geral centrou-se em compreender as expectativas de jovens que vivem no
assentamento Luiz Lopes Sobrinho quanto ao trabalho, à educação e à família. Os objetivos
específicos foram: a) caracterizar jovens do assentamento na dimensão sócio-cultural e
econômica (local de origem, compromisso conjugal
6
, existência de filhos, predominância do
gênero na composição dos membros da família, nível educacional escolar, atividade de trabalho,
renda familiar e lazer); b) analisar as esperanças de jovens do assentamento em relação à tríade
trabalho-educação-família e c) identificar iniciativas (ações, projetos e programas) em prol das
expectativas desses jovens.
6
O termo refere-se tanto a jovens que estão casados no cartório e/ou religioso quanto a jovens que estão casados por outros
meios distintos dos que foram mencionados.
24
O LOCUS DA PESQUISA
O Projeto de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho (ver Figura 1, p.25) foi o locus da
pesquisa. Este assentamento localiza-se no Município de São Francisco do Pará
7
(ver Figura 2,
p.26). O acesso ao Luiz Lopes Sobrinho é feito pelo seguinte trecho: BR 316 (sentido Belém -
Castanhal) Rodovia PA 320 (sentido Castanhal sede de São Francisco do Pará) PA 242
(sede de São Francisco do Pará - Igarapé-Açu). O assentamento dista 7 km da sede do município
e 100 km da capital do Estado.
O Município de São Francisco do Pará pertence a Mesorregião do Nordeste Paraense
e a Microrregião Bragantina. A sede Municipal possui as referidas coordenadas geográficas:
01º10’03” de Latitude Sul e 47º47’45de Longitude Oeste de Greenwich. Limita-se ao Norte
com o Município de Curuçá e Marapanim, ao Sul e a Oeste com o Município de Castanhal e a
Leste com o Município de Igarapé-Açu (IDESP apud SOUSA, 2002). Apresenta uma extensão
territorial de 474 Km
2
(SEPLAN/ESTATÍSTICA apud FERREIRA, 2003).
Os solos são, na maioria, Latossolo Amarelo Textura Média e Concrecionário
Laterítico, além da existência de solos Hidromórficos. A vegetação representativa é de origem
secundária. O braço direito do rio Marapanim é o principal acidente hidrográfico, serve de limite
natural à oeste com Castanhal. O Clima é quente e úmido do tipo Am, de acordo com a
classificação de Kôppen; possui temperatura que varia entre 21º C e 31º C, com média de 26º C;
a precipitação está em torno dos 2.200 mm anuais; a umidade relativa do ar varia entre 78% e
93% e a estação chuvosa abrange os meses de dezembro a maio e a menos chuvosa de junho a
novembro (IDESP apud ALMEIDA, 2000).
7
O Município de São Francisco do Pará teve sua origem vinculada à extinta Estrada de Ferro de Bragança. Uma
estação localizada no km 95 foi implantada no percurso Belém-Bragança, formando em seu entorno um povoado
conhecido por Vila São Francisco ou Vila Augusto Montenegro. O povoado foi oficialmente criado em 05 de
novembro de 1903. Em 30 de dezembro de 1943 foi assinada a lei de criação do município pelo governador
Magalhães Barata com a denominação de Anhangá que, posteriormente, em virtude do nome Anhangá, na língua
tupi, significar diabo e fantasma foi alterada para São Francisco do Pará em 1961 (GOVERNO DO PARÁ, 2004).
25
CONVENÇÃO:
Localização da Vila Granja Marathon
Localização da Vila Modelo
Fonte: Adaptado da Empresa Paracrévea
Borracha Vegetal S. A. (1989)
Figura 1- Planta da área do Projeto de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho
26
Figura 2- Localização do Município de São Francisco do Pará
Fonte: Adaptado do Laboratório de Sensoriamento Remoto da SECTAM (2005)
27
O DELINEAMENTO DA PESQUISA
Esta pesquisa baseou-se numa análise por meio dos eixos quantitativo e
qualitativo, uma vez que os dados tiveram tratamento estatístico e interpretativo com base na
análise de conteúdo, método descrito mais adiante. Esses dois eixos se complementam e
ampliam o campo de compreensão de um estudo.
O eixo quantitativo possibilitou o levantamento de dados a partir das seguintes
variáveis: contagem de jovens que saíram do assentamento e condição socioeconômica dos
jovens investigados (tipo de família, existência de filhos, nível educacional escolar, atividade
de trabalho e renda familiar, entre outras).
Quanto ao eixo qualitativo, esse tornou possível obter informações da condição
sócio-cultural dos jovens da amostra (por exemplo, local de origem, socialização,
conhecimentos adquiridos, etc.), de suas expectativas quanto ao trabalho, à educação e à
família, bem como de ações em prol das expectativas desses jovens.
A pesquisa qualitativa possui as seguintes características: obtenção de fonte direta
de dados, predominância da descrição dos dados coletados, dedica-se mais intensamente ao
processo em detrimento do produto, a atenção especial por parte de quem está realizando o
estudo volta-se para o significado dado pelas pessoas às coisas e à vida, ou seja, revela a
perspectiva dos participantes a partir de sua realidade e contexto e tendência de processo
indutivo na análise dos dados (BOGDAN; BIKLEN apud LUDKE; ANDRÉ, 1986). As
autoras Lüdke e André (1986, p.13) explanam que “entre as várias formas que pode assumir
uma pesquisa qualitativa, destacam-se a pesquisa do tipo etnográfico e o estudo de caso”.
Este trabalho assumiu a forma de um estudo de caso. Ressalta-se que essa forma
de pesquisa visa: a) a descoberta de novas informações à medida que o estudo se desenvolve,
fundamenta-se no pressuposto de que o conhecimento é inacabado, que está constantemente
fazendo-se e refazendo-se; b) enfatiza a interpretação do contexto, ou seja, apresenta o objeto
de estudo a partir de seu contexto; c) objetiva mostrar uma determinada situação em seus
diversos aspectos; d) apresenta várias fontes de informação; e) revela experiência de outrem e
possibilita que o leitor possa ampliar a compreensão de um estudo relacionando as
informações obtidas com dados de situações semelhantes, a partir de sua experiência pessoal;
f) procura retratar diferentes pontos de vista existentes em uma situação social, fundamenta-se
no pressuposto de que a realidade pode ser vista de várias perspectivas e, g) apresenta
linguagem e forma mais acessível em relação a outros relatórios.
28
O estudo de caso compreende três fases, quais sejam: primeira fase aberta ou
exploratória, segunda fase mais sistemática e terceira fase análise e interpretação
sistemática dos dados e confecção do relatório (NISBET; WATT apud LÜDKE; ANDRÉ,
1986). Para os autores citados, essas três fases se superpõem em diversos momentos, não
sendo possível delimitar suas fronteiras.
Com base nas características supracitadas, este estudo compreendeu uma situação
singular, por analisar as expectativas da juventude do assentamento Luiz Lopes Sobrinho a
partir de sua condição sócio-cultural e econômica, o que reporta a inferências em particular.
Além disso, preencheu os seguintes critérios: o problema foi pesquisado no universo dos
jovens, procurando retratar seu cotidiano; foram utilizadas várias fontes de informação, a
saber: jovens, agentes de saúde, professores e lideranças, entre outras; suscitou opiniões
variadas a respeito do assunto, uma vez que cada pessoa tem sua própria opinião e, surgiram
aspectos novos que puderam ser incorporados neste trabalho. A seguir, são apresentados os
procedimentos realizados para esta elaboração.
Fase aberta ou exploratória
A fase aberta ou exploratória compreendeu os seguintes procedimentos: a) o
levantamento de referencial teórico; b) o estabelecimento de contato prévio com agricultores e
lideranças do assentamento por meio de reuniões com a associação APRUMO e a cooperativa
COOLIVRE para apresentar os objetivos desta pesquisa; c) os objetivos deste trabalho foram
apresentados no Congresso promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São
Francisco do Pará (STR)
8
e d) os informantes deste estudo foram identificados, quais sejam:
jovens, agentes de saúde, professores, lideranças, etc.
8
Vale mencionar que o STR passou a ser denominado de Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
(STTR) de São Francisco do Pará após esse Congresso.
29
Fase de delimitação do estudo
Esta fase consistiu na seleção de aspectos relevantes, a saber: recorte do estudo,
método para a seleção do tamanho da amostra
9
, técnicas e instrumentos para coleta e para
análise dos dados.
O objeto deste estudo configurou-se nas expectativas quanto ao trabalho, à
educação e à família, uma vez que essa tríade faz parte dos projetos de vida dos jovens do
assentamento.
Para a investigação das expectativas foram elaboradas as seguintes categorias: a)
Realização ou desejo profissional; b) Realização ou desejo de transmitir/transformar valores e
regras sociais obtidos na família e Educação escolar direcionada para a sua aspiração e c)
Realização ou desejo de constituir família por meio de compromisso conjugal com ou sem a
presença de filhos, conforme pode ser visualizado no Quadro 1.
Tríade Temática Categorias elaboradas
Trabalho Realização ou desejo profissional
Educação
10
Realização ou desejo de transmitir/transformar valores e regras sociais
obtidos na família
Educação escolar direcionada para a sua aspiração
Família Realização ou desejo de constituir família por meio de compromisso
conjugal com ou sem a presença de filhos
Quadro 1- Categorias elaboradas para as expectativas quanto ao trabalho-educação-família.
Conforme Laraia (2002), as categorias são princípios de juízos e raciocínios que,
freqüentemente, estão presentes na linguagem, sem necessariamente estar explícitos. Na
opinião de Pádua (2004, p.84), “as categorias são empregadas para se estabelecer
classificações e trabalhar com elas significa agrupar elementos, idéias ou expressões em torno
de conceitos capazes de abranger todos estes aspectos”.
9
A noção de amostra está no sentido de ser um subconjunto da população investigada, bem como o tamanho da
amostra refere-se ao “número de indivíduos que a compõem” (BISQUERRA; SARRIERA; MARTINEZ, 2004,
p.78).
10
As duas categorias mencionadas neste eixo temático foram elaboradas com base no referencial de Nascimento
(2002).
30
Quanto à definição dos jovens a serem investigados, dois critérios de inclusão
foram destacados: a) faixa etária de 15 a 24 anos, tendo por referência a concepção de
juventude da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e b) inserção em uma família de
origem ou de reprodução, haja vista que estar inserido nesse espaço pode exercer incentivo
para que a juventude pense sobre trabalho-educação-família; utilizou-se o referencial de Prado
(1981, p.13) para entender que a “família de origem é aquela de nossos pais; família de
reprodução é aquela formada por um indivíduo com outro adulto e os filhos dela decorrentes”.
Segundo Gaskell (2002, p.71) “há um limite máximo ao número de entrevistas que
é necessário fazer, e possível de analisar”. Para cada pesquisador, este limite está na faixa
entre 15 e 25 entrevistas individuais. Neste sentido, selecionou-se 10% do total de jovens do
assentamento.
O método de amostragem utilizado para a constituição da amostra foi o
Probabilístico Aleatório Estratificado. Esse método se baseia no princípio da
eqüiprobabilidade, ou seja, os “sujeitos” têm a mesma probabilidade de pertencerem à
amostra
11
. Conforme Bisquerra, Sarriera e Martinez (2004), esse método consiste nos
seguintes procedimentos: a) divisão da população em estratos; b) realização da amostragem
para cada estrato e c) identificação do número de indivíduos de cada estrato pela afixação
proporcional, ou seja, o número de indivíduos é obtido em função da proporção de indivíduos
de cada estrato. Os referidos autores acrescentam: “recomenda-se utilizar métodos
probabilísticos sempre que possível, pois são os que mais garantem a representatividade da
amostra” (BISQUERRA; SARRIERA; MARTINEZ, 2004, p. 19).
Sendo assim, para a seleção do tamanho da amostra realizou-se primeiramente, por
meio de fichas de visitas dos agentes de saúde às famílias, um levantamento do número de
jovens que residiam na Vila Modelo e na Vila Granja Marathon.
No período da coleta de dados foram registrados trinta e seis (36) jovens do gênero
feminino e cinqüenta (50) jovens do gênero masculino morando na Vila Modelo, bem como
noventa e seis (96) jovens do gênero feminino e cento e dezessete (117) do gênero masculino
vivendo na Vila Granja Marathon, perfazendo um total de duzentos e noventa e nove (299)
jovens, conforme pode ser visualizado no Quadro 2 a seguir.
11
Um exemplo prático deste método pode ser obtido em CRESPO, Antônio Arnot. Estatística fácil. 13ª ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 1995. 224p.
31
Estrato por vila Estrato por gênero
Feminino Masculino
Nº Total
Vila Modelo 36 50 86
Vila Granja Marathon 96 117 213
Nº Total 132 167
299
Quadro 2- Identificação do número de jovens do assentamento Luiz Lopes Sobrinho.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Após a aplicação do Método Probabilístico Estratificado para um percentual de
10% de jovens, a amostra resultou nas seguintes quantidades de jovens entrevistados por
estrato: quatro (4) jovens do gênero feminino e cinco (5) do gênero masculino da Vila Modelo
e, nove (9) do gênero feminino e doze (12) do gênero masculino da Vila Granja Marathon,
perfazendo um total de trinta (30) jovens, conforme pode ser examinado no Quadro 3.
Estrato por vila Estrato por gênero
Feminino Masculino
Nº Total
Vila Modelo 4 5 9
Vila Granja Marathon 9 12 21
Número Total 13 17
30
Quadro 3- Identificação do número de jovens entrevistados por estrato.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Em síntese, os entrevistados da população jovem vivem no assentamento Luiz
Lopes Sobrinho, pertencem a uma família de origem ou de reprodução e estão na faixa etária
de 15 a 24 anos, conforme pode ser visualizado no Quadro 4.
Jovens da amostra que
vivem no assentamento de
acordo com o gênero
Tipo de Família Faixa Etária
15-18 19-21 22-24
Total
Origem 3 5 5 13
Masculino
Reprodução - 1 3 4
Origem 3 2 1 6
Feminino
Reprodução 2 4 1 7
Número Total
30
Quadro 4- Caracterização dos jovens da amostra.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
32
É importante mencionar que antes da realização das entrevistas, que aconteceram
em intervalos separados, aplicou-se testes pilotos com seis jovens; o objetivo foi de ajustar
tanto o roteiro quanto o formulário. De um modo geral, a coleta de dados foi realizada no
assentamento Luiz Lopes Sobrinho de 2004 a 2006; totalizou 87 dias em campo.
Para o auxílio na coleta e registro dos dados, os seguintes procedimentos foram
utilizados envolvendo técnicas e instrumentos:
a) Observação direta: teve por objetivo verificar as atividades dos jovens no
assentamento; registraram-se informações consideradas de interesse em diário de
campo. De acordo com Gaskell (2002), na observação participante uma maior
amplitude e profundidade de informações;
b) Entrevista estruturada: visou obter informações sobre aspectos sociais, culturais e
econômicos dos jovens da amostra. Essa entrevista foi realizada individualmente por
meio de formulário, organizado com perguntas fechadas e abertas em torno da
dimensão Presente; totalizou 37 questões (ver APÊNDICE B, p.140-149). Conforme
Pádua (2004), o formulário geralmente é usado para identificar um conjunto de
questões que um entrevistador faz para o entrevistado por meio de perguntas e
anotações e,
c) Entrevista semi-estruturada: teve por finalidade obter informações a respeito das
expectativas dos jovens. Essa entrevista foi realizada individualmente por meio de um
roteiro construído com perguntas fechadas e abertas em torno das dimensões: Passado,
Presente e Futuro; envolveu três grupos: Grupo A (Temática Trabalho), Grupo B
(Temática Educação) e Grupo C (Temática Família); totalizou 40 questões (ver
APÊNDICE C, p.150 e 151). Segundo Pádua (2004, p.71), o roteiro da entrevista é
“uma lista dos tópicos que o entrevistador deve seguir durante a entrevista. Isso
permite uma flexibilidade quanto à ordem ao propor as questões, originando uma
variedade de respostas ou mesmo outras questões”.
Além das indagações aos jovens da amostra, outras entrevistas semi-estruturadas
também foram realizadas por meio de roteiro, bem como levantamentos e registros
fotográficos. Essas atividades foram destacadas a seguir:
a) Entrevista semi-estruturada: direcionada a cinco professores do assentamento (três
professoras conjuntamente e outros dois professores individualmente). A finalidade
foi de obter dados a respeito das escolas que os jovens freqüentavam como, por
33
exemplo, o nome da escola, a estrutura escolar e as atividades desenvolvidas pelos
jovens; totalizou sete questões (ver roteiro de entrevista no APÊNDICE D, p. 152);
b) Levantamento junto às entidades representativas dos agricultores do assentamento:
teve por objetivo identificar a participação juvenil nas associações, na cooperativa e
no sindicato;
c) Levantamento junto ao Banco da Amazônia: para saber sobre o Pronaf Jovem Rural;
d) Levantamento junto ao coordenador do Pré-Pólo do Programa de Desenvolvimento
Socioambiental da Produção Familiar Rural (PROAMBIENTE): para verificar a
inserção de jovens nesta iniciativa (ver roteiro de entrevista no APÊNDICE E, p.153);
e) Registro fotográfico: para mostrar as principais atividades em torno do qual os jovens
concentram suas vidas;
f) Levantamento junto aos agentes de saúde: com a finalidade de identificar o número de
jovens que não estavam mais morando no assentamento, para onde foram morar e que
atividades poderiam estar desempenhando.
Fase de análise e interpretação dos dados e confecção do relatório
Os dados coletados foram tratados no Microsoft Excel 2000, bem como foram
analisados e interpretados tendo por referencial a Análise de Conteúdo (AC). Esse método
pode ser utilizado em diversos domínios. O uso da AC vem ampliando significativamente, por
sua aplicabilidade em diversos campos e condições de pesquisa. A AC é indicada no estudo
das “motivações, atitudes, valores, crenças, tendências” (RODRIGUES; LEOPARDI, 1999,
p.22).
A Análise de Conteúdo constitui-se de várias técnicas, entre elas, a Análise
Temática. Neste estudo, a AC teve por base o referencial de Minayo (apud RODRIGUES;
LEOPARDI, 1999) e consistiu em descobrir os núcleos de sentido que compõem os discursos
dos sujeitos da amostra. Desta forma, os seguintes procedimentos foram realizados: a) Leitura
flutuante: consistiu na leitura do material disponível para o estudo, tais como objetivos e
teorias; b) Constituição do “corpus da pesquisa”: constituição das respostas dos sujeitos da
amostra; c) Classificação e agregação dos dados em categorias: consistiu na classificação e no
agrupamento das respostas em função dos sentidos, finalizando com um título à categoria e d)
Tratamento e interpretação: os dados foram tratados e interpretados considerando o
referencial teórico-metodológico, as categorias elaboradas e as categorias que emergiram das
falas dos jovens da amostra.
34
Diante do exposto, os seguintes referenciais foram fundamentais para a elaboração
do conhecimento proposto: Minayo (apud RODRIGUES; LEOPARDI, 1999); Lüdke e André
(1986); Prado (1981); Bisquerra, Sarriera e Martinez (2004); Gaskell (2002); Pádua (2004);
Laraia (2002) e, Rodrigues e Leopardi (1999). Além das produções teóricas identificadas, a
seguir, em cada capítulo. Para tanto, este estudo possui a seguinte estrutura:
O CAPÍTULO 1, PERSPECTIVAS SOBRE JUVENTUDE, trata de concepções
que orientaram a construção do objeto de pesquisa, tais como: juventude, trabalho, educação e
família. Nesta perspectiva, os seguintes referenciais foram fundamentais: OIT (apud
ABRAMO; FREITAS; SPOSITO, 2000); Zagury (2004); Laraia (2002); Carneiro (2005);
Nascimento (2002); Abramovay et al. (1998); Guigou (1968); Rua e Abramovay (2000);
Neves (2001); Navarro (2002); Durston (apud CARNEIRO, 2005); Arnauld de Sartre (2002);
Silvestro et al. (2001); Sahlins et al. (apud LARAIA, 2002); Davis (1968); Silva (2002);
Schmitdt, Marinho e Rosa (1998); IBGE (apud RIZZINI; RIZZINI; HOLANDA, 1996);
Brandão (1995); Abramovay et al. (2002) e Sousa (2002).
No CAPÍTULO 2, EXPECTATIVAS DE JOVENS DO ASSENTAMENTO
LUIZ LOPES SOBRINHO QUANTO AO TRABALHO, À EDUCAÇÃO E À
FAMÍLIA, foram abordadas as expectativas de jovens do assentamento em direção ao
trabalho, à educação e à família. Para esta elaboração, interlocuções foram realizadas com os
seguintes teóricos: Abramo e Branco (2005); Carneiro (2005); Zagury (2004); Abramovay et
al. (2002); Nascimento (2002); Torres (2002); Rua e Abramovay (2000); Arnald de Sartre
(2002); Abramovay et al. (1998); Sperry (1997) e Guigou (1968), bem como foram utilizadas
informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (apud RIZZINI;
RIZZINI; HOLANDA, 1996).
No CAPÍTULO 3, LEIS, PROJETOS, PROGRAMAS, POLÍTICAS
PÚBLICAS E AÇÕES PARA A JUVENTUDE foram identificadas leis, projetos,
programas, políticas públicas e ações que podem auxiliar o processo de produção da
juventude, bem como de suas expectativas. As produções teóricas principais deste capítulo
foram: Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA (2006); Confederação Nacional dos
Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura - CONTAG (2003); Ehlers (1999); Kolling,
Nery e Molina (1999); Rua e Abramovay (2000); Programa de Desenvolvimento da Produção
Familiar Rural - PROAMBIENTE (2003) e, Melo e Vigário Júnior (2003).
E APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS, diz respeito a uma ntese das respostas
aos questionamentos deste estudo.
CAPÍTULO 1 PERSPECTIVAS SOBRE JUVENTUDE
“O real não está na saída nem na chegada,
ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.
(Guimarães Rosa)
Este capítulo visa apresentar concepções que auxiliaram a construção do objeto de
estudo, tais como: juventude, cultura, agricultura familiar, assentamento, trabalho, educação e
família, bem como revelar aspectos da condição sócio-cultural e econômica de jovens do
assentamento Luiz Lopes Sobrinho.
36
1.1 JUVENTUDE: REVELANDO CONCEPÇÕES, PROTAGONISMO E IMPORTÂNCIA
“Ser jovem é viver uma fase da vida
em que se constrói os degraus da vida”.
(Jovem do gênero feminino, 18 anos)
Em todas as partes do mundo, a juventude se manifesta no espaço-tempo como
uma mescla
12
de um passado que “já não é”, de um presente que “está sendo” e de um futuro
que “ainda não é” num contínuo “estar sendo”.
Na perspectiva de que os jovens se manifestam no espaço-tempo, existem
especialistas e organizações que discutem o tema juventude em diversas áreas do
conhecimento, a saber: biologia, sociologia, psicologia, antropologia, pedagogia, etc., então
há diversos critérios de definição e delimitação da juventude.
Autores como Novaes (2000, p.46) afirma: “biologicamente, o jovem
13
é aquele
que, em tese, está mais longe da morte [...] mais predisposto à vida, tem o gosto pela aventura,
tem maior curiosidade pelo novo. Em conseqüência, tem um lado mais propenso ao
revolucionário”.
Outros especialistas como Zagury (2004) se reporta à juventude como uma fase do
desenvolvimento humano, uma fase singular que requer direitos e deveres específicos, uma
etapa da vida nas sociedades ocidentais. Essa pesquisadora acrescenta que há períodos em que
alguns jovens querem estar rodeados de amigos; outros preferem estar por um longo tempo no
quarto, chegando a falar pouco ou quase nada com as pessoas que fazem parte de seu círculo
de amizade. Além disso, buscam identidade e despertam para preocupações sociais.
Para uma melhor compreensão da palavra identidade, citada anteriormente, pode-
se mencionar que, no sentido expresso por Bustos (2005), é um conjunto de significações que
varia de acordo com os atores de uma situação, é um sentido percebido e dado por cada ator
sobre si mesmo e sobre os outros. Reitera De Luca (2002, p.10) que a identidade se produz
pela relação de alteridade, que “a constituição do ‘eu’ acontece em relação com o ‘outro’
mediada pelos valores, pela história, pela cultura”.
12
Nesta mistura, as expressões “já não é” e “ainda não é” foram mencionadas por Gonzáles (apud PÀMPOLS, 2004),
assim como “está sendo” foi declarada por Freire (1999).
13
De acordo com Pàmpols (2004), os jovens correspondem a um modelo de juventude da sociedade pós-
industrial.
37
Vale mencionar que a palavra cultura traz na sua origem a noção de território, pois
etimologicamente de origem latina significava: eu moro, habito, trabalho, cultivo a terra,
surgindo a partir da idéia de cultura enquanto projeto: eu morarei, habitarei, trabalharei e
cultivarei a terra. Ao longo da história essa palavra vai incorporando significados e, um deles
está na concepção
14
de cultura enquanto um plano anterior aos acontecimentos do momento
(SANTOS, 2001).
Nessa linha de raciocínio, Sahlins et al. (apud LARAIA, 2002, p. 59) explanam:
“culturas são sistemas (de padrões de comportamento socialmente transmitidos) que servem
para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos”. Para esses
teóricos, “esse modo de vida nas comunidades inclui tecnologias e modo de organização
econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política,
crenças e práticas religiosas e assim por diante” (SAHLINS et al. apud LARAIA, 2002, p.
59).
Conforme Geertz (1989, p.93), na “discussão antropológica recente, os aspectos
morais (e estéticos) de uma dada cultura, os elementos valorativos, foram resumidos sob o
termo ‘ethos’, enquanto que os aspectos cognitivos, existenciais foram designados pelo termo
‘visão de mundo’”.
De acordo com Davis (1968, p.29), “o processo pelo qual o ser humano absorve
uma cultura, ou possivelmente várias culturas durante o seu período de vida denomina-se
socialização”. O autor citado acrescenta:
a socialização não é simplesmente o processo de aprendizagem dos conhecimentos
específicos da tecnologia, língua e organização social, porém igualmente implica a
aprendizagem dos comportamentos culturais definidos por uma determinada
sociedade (1968, p. 29).
Voltando ao quadro de concepções sobre juventude, outros estudiosos reportam-se
a uma fase marcada por processos, tais como “partida da família de origem, definição e início
da vida profissional e formação de outra família” (FREITAS; PAPA, 2003, p. 153).
Para a OIT (apud ABRAMO; FREITAS; SPOSITO, 2000), a juventude
caracteriza-se por dois períodos, quais sejam: adolescência e juventude propriamente dita. O
ponto de partida da adolescência inicia-se aos 15 anos de idade e estende-se até os 19 anos;
aos 20 anos início de uma nova fase que vai até 24 anos. Ou seja, a juventude apresenta-se
14
De acordo com o entendimento de Ferreira (2001, p.171), concepção é “ato ou efeito de conceber, gerar ou
formar idéias”.
38
delimitada em função da idade cronológica. No que diz respeito à adolescência, Nascimento
(2002, p. 16) afirma ser “uma criação social”.
O Brasil juntamente com mais vinte países pertencentes à América do Sul e
América Central, além da Espanha e Portugal fazem parte da Organização Ibero-Americana
da Juventude (OIJ) que adota a faixa etária de 15 a 29 anos. Outras organizações consideram
distintas faixas etárias como, por exemplo, o Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalham com 10 a 24 anos, bem como
a Assembléia Geral das Nações Unidas e o Instituto da Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
delimitam a faixa etária de 15 a 24 anos (BRASIL, 2004).
para o Projeto Juventude que está vinculado ao Instituto Cidadania, a fase
juvenil significa uma etapa da vida de profundas transformações (orgânicas, psicológicas e
sociais). Ou melhor, a juventude é idealmente:
o tempo em que se completa a formação física, intelectual, psíquica, social e
cultural, processando-se a passagem da condição de dependência para a de
autonomia em relação à família de origem. A pessoa torna-se capaz de produzir
(trabalhar), reproduzir (ter filhos e criá-los), manter-se e prover a outros, participar
plenamente da vida social, com todos os direitos e responsabilidades. Portanto
trata-se de uma fase marcada centralmente por processos de definição e de inserção
social (PROJETO JUVENTUDE, 2004, p. 10).
Em se tratando da discussão sobre a temática juventude pelos próprios jovens, no
III Fórum Social Mundial que ocorreu no ano de 2003 no Rio Grande do Sul, o tema “A
Juventude pelos Jovens” foi discutido em um dos grupos de trabalho, formado por jovens do
Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Maranhão. Dentre os
comentários que foram mencionados por esse grupo, um diz que: “em cada geração surgem
diversas juventudes, que expressam anseios e identidades diversificadas” (FÓRUM SOCIAL
MUNDIAL, 2003, p. 5). Outras duas explanações podem ser visualizadas a seguir:
Quando se fala em juventude, é importante destacar que esta não pode ser
compreendida como uma categoria única ou universal, mas como categoria
variável, construída historicamente e que depende de aspectos culturais e sociais
para se manifestar (FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, 2003, p. 5)
A juventude se constrói exatamente na relação entre gerações diferentes, pois cada
geração tem uma sensibilidade diferenciada, influenciada pelos processos históricos
e culturais de seu tempo. Assim pertencer a uma determinada geração, é partilhar
de linguagens específicas, o que imprime à juventude um caráter de recusa à ordem
social vigente (FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, 2003, p. 5).
39
O grupo de trabalho obteve a seguinte conclusão: ser jovem “é ser flexível e
disposto a mudanças e novidades, numa busca ininterrupta por conhecer, lutar e escolher seus
direitos [...]” (FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, 2003, p. 8 e 9).
Reflexões sobre juventude
A juventude é delimitada e possui características próprias em função de
determinada sociedade, de uma teoria ou de um ponto de vista, perpassando por diversas áreas
do conhecimento, a exemplo das noções com ênfase nos aspectos biológico, psicológico,
social e cultural. Enquanto etapa da vida, independentemente de um indivíduo ter ou não
consciência desta fase, a juventude não pode ser vista apenas como uma passagem para a vida
adulta, haja vista que isto implicaria em não dar o seu devido valor e reconhecimento
enquanto sujeitos protagonistas de seu tempo. O protagonismo juvenil diz respeito à atuação
do jovem como ator principal em ações que visem a resolução de problemas de bem comum
que ocorrem, por exemplo, na escola, na comunidade ou na sociedade (IIDAC; UNICEF,
2002).
Na história do Brasil, a juventude esteve presente de forma positiva. Notadamente,
essa categoria é inicialmente percebida relatando fatos do modo de vida de quem fazia parte
da sociedade brasileira, por meio de uma lente distinta da convencional, tendo em vista que
durante quatrocentos anos o País foi interpretado a partir de um ponto de vista europeu
(CACCIA-BAVA; COSTA, 2004).
Esses autores acrescentam que as referências históricas das regiões Norte,
Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul serviram de base para que a juventude pudesse ser
identificada sendo a categoria protagonista de vários movimentos, tais como o movimento
abolicionista no século XIX.
No século seguinte, XX, os jovens estiveram atuando em movimentos estudantis,
políticos e culturais. No movimento denominado “A Semana de Arte Moderna” que ocorreu
no ano de 1922, participaram artistas e escritores, dentre eles: Anita Malfatti, Menotti del
Picchia, Osvald de Andrade, Mário de Andrade e Heitor Vila-Lobos.
Até o final da década de 1960, os jovens atuavam junto a movimentos classistas
até o momento de serem interrompidos pela ação do golpe militar de 1964. Na década de 70 e
80, protagonistas de práticas contra o racismo, destacando-se o movimento juvenil hip-hop.
40
A cultura hip hop possui um forte aspecto social. Esse movimento tenta passar
uma mensagem da realidade vivenciada na periferia ou favela onde as bases desta cultura são
a atitude e a conscientização. Os participantes dessa cultura agem sobre a realidade
vivenciada para transformá-la. A diversão por meio da dança, bem como da música, da arte e
da poesia podem ser observadas nesse movimento. Usam vestimentas (roupas de número
maior que o tamanho real) e a linguagem é própria do grupo como, por exemplo, a palavra
“alicate” que significa uma pessoa que interrompe uma conversa para saber o que está sendo
falado (PROTESTO..., 2006).
Na década de 90, destacou-se o movimento juvenil presente no Movimento dos
Sem-Terra MST, bem como o movimento que se formou no Fórum Social Mundial no ano
de 2001, em Porto Alegre.
Sendo assim, diversos são os exemplos que marcam o protagonismo juvenil na
história da sociedade brasileira. Especificadamente quanto à produção teórica que coloca em
relevo a juventude rural, esta é limitada. Mesmo a bibliografia que existe específica sobre os
jovens, na maioria, retrata os que vivem nos centros urbanos. Esta invisibilidade ou negação
deve-se a “uma visão urbana da noção de juventude sustentada na percepção da existência de
um espaço cultural propriamente juvenil e do adiantamento das responsabilidades e dos
papéis dos adultos” (DURSTON apud CARNEIRO, 2005, p.244).
O estudo sobre a juventude rural se faz importante enquanto campo de construção
de possibilidades para o direcionamento de políticas públicas mais eficazes. Na opinião de
Carneiro (2005, p.247), nos estudos que abordam esta temática “uma das questões que têm
recebido atenção especial é o desejo dos jovens de permanecerem ou não no campo e as
condições de realização desses desejos e de suas aspirações profissionais”.
A juventude rural, na visão de Carneiro, é uma “categoria fluida, imprecisa,
variável e extremamente heterogênea” (Op. cit., p. 244), bem como é “categoria socialmente
construída e que se caracteriza pela transitoridade inerente às fases do processo de
desenvolvimento do ciclo vital” (Op. cit., p.245). Para essa pesquisadora existe dificuldade
tanto em delimitar quanto em definir a categoria juventude rural, tendo em vista as
imprecisões a respeito do que se denomina por rural.
Nesta linha de raciocínio, Abramovay et al. (1998, p.37) explanam que “não existe
uma definição universalmente aceita para os limites de idade em que se encontra a
juventude”. Para esses autores, a principal característica desta fase é uma certa naturalização
da continuidade do modo de vida dos pais. na opinião de Rua e Abramovay (2000), a
41
juventude rural caracteriza-se por ser um momento de diversas fases que são semelhantes às
vivenciadas pelos jovens urbanos.
Na ótica de Guigou (1968), jovens rurais é todo jovem entre 16 e 24 anos de idade.
Sendo o período de 16 a 18 anos caracterizado pelo fim da adolescência, da inserção em
grupos de amigos e do momento de afirmação de si no espaço social. Neste período as jovens
fazem suas escolhas pelo trabalho e a espera do seu casamento. De 19 a 21 anos, o serviço
militar e a escolha definitiva da profissão marcam este momento para os jovens do gênero
masculino e momento de casamento para as jovens. De 22 a 24, período da constituição de
um lar onde decidem ficar ou sair da localidade
15
. Vale destacar que a profissão, em um
sentido sociológico, apresenta uma dimensão política, organizar-se em defesa de interesses,
identitária e econômica, adquirir saber técnico (DUBAR; TRIPIER apud ARNAULD DE
SARTRE, 2002).
Diante da necessidade de entendimento do que se denomina por “rural”, surgida
nas explanações anteriores, uma breve noção a respeito dos espaços rural e urbano será
mencionada a seguir.
O teórico Badouin (1979) aponta três critérios de diferenciação entre o espaço
rural e o espaço urbano, quais sejam: concentração, funções específicas e funcionamento do
espaço. No primeiro critério, o espaço urbano constitui-se de um forte espaço de aglomeração
de atividades e de pessoas enquanto que no espaço rural a densidade de localização das
atividades e de pessoas é muito mais fraca ou menor.
Esse primeiro critério remete a um segundo critério, qual seja, a função do espaço
rural está primordialmente ligada à produção agrícola e abriga, portanto, atividades agrícolas.
Ou mesmo, as atividades agrícolas fazem intervir o fator terra, o que se supõe a existência de
uma certa extensão de solo. Para Gliessman (2001, p.209) “o solo é um componente
complexo, vivo, dinâmico e em transformação do ecossistema”. Segundo Vieira et al. (2000,
p.133) “dos recursos naturais renováveis, o solo é o que suporta a cobertura vegetal, sem a
qual os seres vivos, de uma maneira geral, não poderiam existir”. Em relação às outras
atividades, essas não fazem intervir o fator solo como suporte, por isso, elas têm necessidade
de uma superfície menor.
O terceiro elemento de diferenciação tem traços de funcionamento do espaço. A
diferença de funcionamento dos dois espaços pode ser distinguida quando se leva em
consideração a distinção entre atividades fundamentais de atividades induzidas.
15
De acordo com Albaladejo e Veiga (apud SOUSA, 2002), a localidade tem um sentido de espaços sociais e
geográficos articulados.
42
As atividades fundamentais geram rendimento primário para a região em que são
exercidas. Uma região produz determinado bem manufaturado ou determinado produto
agrícola e vende em outras regiões. No entanto, se recebe um certo rendimento que é seguido
de despesa para seus beneficiários. Essa despesa está em função da existência na região de um
certo número de atividades comerciais de serviços ou outros, no caso em questão, atividades
induzidas.
A diferença de funcionamento entre os espaços rural e urbano se exprime na
relação entre atividades fundamentais e induzidas. Dentro do espaço urbano, o coeficiente de
indução, dado pela relação entre atividades induzidas/atividades fundamentais, é elevado, ou
seja, um volume de atividades fundamentais relativamente baixo provoca o aparecimento de
um volume relativamente importante de atividades induzidas. Nas cidades cerca de dois terços
da população ocupam-se de empregos destinados a satisfazer as necessidades de seus
cidadãos. Nesse caso, a proporção é de duas atividades induzidas para uma fundamental, esse
fenômeno é percebido em termos de posto de serviço.
Ao contrário do espaço urbano, no espaço rural as atividades induzidas são
relativamente fracas em relação às fundamentais. Os indivíduos realizam parte importante de
suas despesas nos centros urbanos.
Portanto, existe um certo número de critérios de diferenciação entre os dois
espaços. Essa diferenciação não significa separação de um espaço urbano de um espaço rural.
Precisamente, as atividades destacadas dentro de cada espaço comprovam a existência de
certas influências e interdependência entre os dois espaços. Em certos casos, parece difícil
compreender o funcionamento do espaço rural sem levar em consideração sua relação com o
espaço urbano. Geralmente, o modelamento do espaço rural se explica pela influência oriunda
do espaço urbano.
Acrescenta-se a esses elementos de diferenciação desses dois espaços, a paisagem,
o tempo e a cultura. De um modo geral, no espaço urbano ausência de áreas verdes, tais
como vegetação primária (mata) e secundária (capoeira), bem como de recursos hídricos
(açudes, igarapés, etc); o solo está na maioria coberto por uma camada de asfalto e o grande
número de construções dificulta a passagem do ar. A população, principalmente jovem,
costuma, entre outras atividades, ir ao shopping, consultar internet, estar inserida em grupos
(religioso, virtual, de estudos, de entretenimento, etc), ir a escola e/ou ao trabalho, freqüentar
festas, ver televisão e ouvir música enquanto que no espaço rural, os jovens aproveitam parte
de seu tempo de forma semelhante aos jovens do espaço urbano, no entanto, há outras
43
atividades de diferenciação, tais como tomar banho nos igarapés, disputar campeonatos de
futebol e passar mais tempo na companhia da família.
Outra referência sobre a diferenciação desses espaços está na produção teórica de
Carneiro (1998, p.1). Para essa pesquisadora, o espaço rural caracteriza-se por ser
“heterogêneo, diversificado e não exclusivamente agrícola”.
Neste estudo, as noções sobre esses dois espaços estão no sentido de uma
construção social, o que se pode mencionar que a categoria juventude está presente no espaço
rural, assim como inserida na agricultura familiar. Destaca-se que a “unidade de produção
agrícola onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família” (LAMARCHE,
1993, p.15) caracteriza a agricultura familiar. Reitera Mourão (2000, p.131) que a produção
familiar “se constitui nas relações entre o grupo familiar e a base material de sua existência,
no geral constituída de um lote rural, o qual denomina-se estabelecimento, formando assim
um sistema família-estabelecimento agrícola”. Segundo Ehlers (1999, p.135) no Brasil
“existem hoje cerca de 6,5 milhões de estabelecimentos familiares”.
Conforme Neves (2001, p.3), a agricultura familiar é “uma categoria de ação
política que nomeia um amplo e diferenciado segmento mobilizado à construção de novas
posições sociais mediante engajamento político”. Sobre esta noção Navarro expõe:
a introdução da noção de agricultura familiar, indicando um conjunto social de
interesses próprios, padrões de sociabilidade diferenciados e um modus operandi
específico no mundo rural, é provavelmente a mais extraordinária mudança
político-institucional nos anos recentes, pois vem abrindo novas e promissoras
possibilidades de ação política e de intervenção no campo brasileiro, inclusive
novos espaços de demanda social e de estruturação de inovadoras formas de
organização (2002, p. 275).
Atualmente a categoria juventude está em pauta nacional, pois vem despertando o
interesse de estudiosos e entidades no assunto. Nacionalmente estão sendo realizados fóruns,
encontros, seminários, audiências públicas, conferências e pesquisas sobre juventude. De
acordo com o Projeto Juventude (2004, p.8):
os jovens ocupam o centro de questões que comovem o país, tanto no que diz
respeito aos problemas gerados pelo agravamento das desigualdades, como no que
se refere à esperança de novos caminhos para nossa evolução social, com valores e
padrões ético superiores aos que predominam hoje.
Conforme Silva (2002, p.98), “os estudos sobre juventude vêm se configurando
numa importante preocupação entre pesquisadores e profissionais de várias áreas, uma vez
que apontam para questões de âmbito sociocultural, educacional e econômico”.
44
Em uma pesquisa realizada pela autora, citada anteriormente, com jovens rurais do
Estado de MG (na faixa etária de 15 a 25 anos), a estudiosa verificou a atribuição de sentido
às vidas desses jovens mediante a intersecção do seguinte eixo: expectativas frustrações -
conflitos sociais.
Em outra pesquisa, “Pesquisa Nacional Juventude Brasileira e Democracia:
participação, esferas e políticas públicas
16
houve o envolvimento de 8.000 jovens do Sul,
Sudeste, Nordeste e Norte (informação verbal)
17
. Conforme Silva e Viana (2005, p. 3), essa
pesquisa teve como objetivo “uma descrição abrangente sobre as formas e sentidos da
participação dos jovens de 15 a 24 anos como forma de compreender e contribuir com as
discussões sobre o papel desse segmento etário no processo de consolidação da democracia
brasileira”.
Nos grupos de diálogo da Região Metropolitana de Belém, surgiram, na fase
inicial, temas/questões em resposta a pergunta central: o que mais te preocupa no Brasil?.
Entre os quais podem ser citados: emprego/trabalho/falta de oportunidade/desemprego;
educação e, desigualdade social/exclusão. Esses temas/questões emergiram em 3º, e
lugar, respectivamente. nos comentários finais dos grupos, emergiram nas falas dos jovens
a busca por atenção e por investimento em educação. Portanto, a pesquisa obteve como um
dos seus resultados as seguintes preocupações: lazer, emprego, trabalho, experiência e
aparência.
Outras discussões e estudos sobre juventude podem ser acrescentados. Por
exemplo, no ano de 2003 e 2004, ocorreram vários debates sobre um Plano Nacional e um
Estatuto para a Juventude. Para a efetivação deste plano foi instalada no dia 7 de abril de
2003, em Brasília, uma Comissão Especial destinada a acompanhar e estudar propostas de
políticas públicas para a juventude.
16
Pesquisa coordenada no período de 2004 e 2005 pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
(IBASE) e pelo Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Públicas Sociais (POLIS), além de
uma rede de entidades parceiras.
17
Palestra proferida por SILVA, Lúcia Izabel. Juventude e democracia: participação, esferas e políticas
públicas. Belém, 29 nov. 2005.
45
Essa Comissão realizou várias atividades, entre as quais: a criação de seis grupos
de trabalho
18
; a realização da Semana Nacional do Jovem (23 a 26 de setembro); viagens de
estudo para Espanha, Portugal e França; encontros estaduais
19
e, uma Conferência Nacional
de Juventude (BRASIL, 2004).
Dada a importância que a juventude vem despertando nacionalmente, a discussão
sobre esta temática também esem pauta no Município de São Francisco do Pará onde este
estudo foi realizado. O STR deste município promoveu, nos dias 23 e 24 de abril de 2005, o
seu Congresso. Entre outras temáticas foi discutido o tema juventude rural. Vale lembrar
que o STR de São Francisco do Pará passou a denominar-se Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais (STTR).
Atualmente o STTR conta em sua estrutura organizacional com uma secretaria
para tratar de assuntos relativos aos jovens rurais
a Secretaria de Administração e Jovens
bem como com as seguintes secretarias: Secretaria Geral; Secretaria de Finanças e
Assalariado; Secretaria Agrícola e Agrária e Secretaria de Assistência Social e da Mulher.
Quanto às expectativas do segmento juvenil, estas se produzem num contexto de
condição juvenil. Conforme o Projeto Juventude (2004, p.10), “a condição juvenil é dada pelo
fato de os indivíduos estarem vivendo um período específico do ciclo de vida, num
determinado momento histórico e cenário cultural”. Desta forma, as expectativas geradas são
influenciadas por processos pelo qual o jovem passou em sua história de vida (processos
culturais, sociais, etc).
A pesquisadora Abramo (2005, p. 45) acena para os aspectos inerentes a condição
juvenil, tais como a “relação de dependência/independência da família de origem, situação
matrimonial, condição de maternidade/paternidade, atividades nas quais suas vidas estão
centradas (escola, trabalho, lazer)”.
18
Os grupos de trabalho foram: o jovem, o desporto e o lazer; o jovem e o trabalho; o jovem, a educação e a
cultura; o jovem: saúde, sexualidade e dependência química; o jovem: família, cidadania, consciência religiosa,
exclusão social e violência e, o jovem como minoria: deficiente, afro-descendente, mulher, índio, homossexual,
jovem do semi-árido e jovem rural.
19
Nos encontros, os grupos temáticos foram: desporto e lazer; trabalho, educação e cultura; saúde e sexualidade;
cidadania e segmentos jovens específicos como afrodescendente, portador de deficiências, rural e homossexuais.
46
Na pesquisa intitulada “As Representações Sociais do Projeto de Vida dos
Adolescentes” no campo psicossocial das adolescências
20
, Nascimento (2002) verificou que a
tríade Educação/Família/Trabalho fez parte de projetos de vida de jovens do gênero
masculino e feminino. Os jovens dessa pesquisa estavam na faixa etária entre 15 e 24 anos e
estudavam numa escola pública localizada no centro de São Paulo.
Em outra pesquisa, realizada por Zagury (2004) com jovens urbanos e rurais entre
14 e 18 anos
21
, os resultados obtidos com relação à temática da família apontaram que o
casamento ainda continua sendo desejado e incluído nos planos de vida dos jovens. Em alguns
casos, o casamento está na centralidade do projeto de vida das jovens, por falta de outra
oportunidade (RUA; ABRAMOVAY, 2000). A reflexão proposta por Zagury (2004)
corrobora a posição sobre casamento expressa por Rua e Abramovay (2000).
Em resultados de estudos com jovens rurais do Rio Grande do Sul, Carneiro (apud
SILVA, 2002) acena que é forte o compromisso moral dos jovens investigados para com as
suas famílias, por existir um reconhecimento que varia em função da ajuda familiar.
Em um trabalho realizado por Sperry (1997), com agricultores e filhos de
agricultores entre 11 e 20 anos de idade que residiam no Município de Silvânia (GO), os
jovens destacaram o desejo e a esperança de se estabelecerem como agricultores ou de
estarem integrados a atividade agrícola.
As aspirações da juventude rural também podem ser observadas em trabalhos
como de Silvestro e Cortina (1998) no sul do Brasil. No que se refere ao aspecto do trabalho,
esses estudiosos identificaram que os destinos desejáveis da juventude diferenciam-se, ou
seja, os jovens do gênero masculino e feminino possuem, respectivamente, o desejo de
desenvolver atividade agrícola e distinta da mesma.
As pesquisas, mencionadas anteriormente, são exemplos de que o trabalho, a
educação e a família estão presentes e entrelaçados na vida da juventude. Neste sentido,
considerando a temática família, os pais nutrem esperanças de que os filhos possam ficar
próximos.
20
O campo psicossocial comporta as dimensões: histórico-social, sócio-cognitiva e sócio-afetiva. Tendo como
base o referencial de Nascimento (Op. cit.), a dimensão sócio-histórica caracteriza-se por um período (dos anos
cinqüentas aos dias atuais) que, por exemplo, marcou a história da sociedade brasileira através de relações e
acontecimentos sociais; a dimensão sócio-cognitiva caracteriza-se pela delimitação de um campo: o
representacional (pensamentos, reflexões, discussões e concepções) e, a dimensão sócio-afetiva caracteriza-se
pelas relações dos adolescentes com o mundo social em função de seus desejos e ações, assim como do
contrário, ou seja, do mundo social para com os adolescentes, considerando seus desejos e perspectivas.
21
Esta pesquisa foi realizada em sete capitais (Belém, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de
Janeiro, São Paulo) e nove cidades do interior (Carius, Jucás, Coronel Fabriciano, Ipatinga, Divinópolis, Juiz de
Fora, Viçosa, Santa Cruz do Sul e Itu).
47
Em um trabalho realizado por Arnauld de Sartre (2002) em frente pioneira
amazônica, o autor chegou a evidências de que o desejo dos pais em relação aos filhos
casados, por exemplo, é de que seus filhos pudessem ter o próprio lote, que continuassem a
ajudá-los na roça, que ficassem perto geograficamente e, que mesmo morando na cidade,
deveriam ter o próprio lote ou mesmo serem os proprietários dos meios de produção para que
não dependessem de patrão. O autor citado acrescenta que os jovens são fontes de esperança
pelos motivos de virem a reproduzir a família e conseqüentemente, de maneira geral, os
valores da agricultura familiar.
A lógica da família vai estar exercendo influência sobre os filhos, ou seja, os
agricultores possuem o hábito de influenciar os jovens a permanecer com a família, tendo em
vista que sua ausência acarretará transformações na propriedade, tendendo ao
desaparecimento pela morte dos progenitores (MENDRAS apud SPERRY, 1997). Reiteram
Rua e Abramovay (2000, p.211):
ao lado da preocupação com as oportunidades de emprego para os filhos, destaca-se
o fato de que os adultos sonham com a permanência dos jovens nos assentamentos,
com a superação das forças que os obrigam a migrar. Acreditam que, no campo, os
jovens m todas as condições de trabalho e possuem tudo de que necessitam além
de poder contribuir para o ‘crescimento’ da comunidade.
Por assentamento rural, mencionado na explanação anterior, Bittencour et al. (apud
RUA; ABRAMOVAY, 2000, p.50), expõe:
variam quanto aos processos históricos pelos quais foram constituídos: por ocupação
e desapropriação de terras privadas, por ocupação de terras públicas, por transferência
e reassentamento de populações afetadas por projetos governamentais etc. Variam
ainda, quanto ao tempo de existência, composição das parcelas e características dos
solos e do clima, atributos da população assentada, proximidade de núcleos urbanos,
acesso ao mercado etc.
As autoras Rua e Abramovay (2000, p.188 e 189) acrescentam que os
assentamentos se diferenciarem enquanto:
um novo padrão de comunidade rural. Entre suas características mais significativas
destaca-se a permanência, uma condição estratégica em termos de políticas
públicas. Entretanto, a própria permanência dos assentamentos só se sustentará com
políticas que superem a forte tensão entre os incentivos a ficar - que afetam
especialmente os adultos - e os estímulos a sair, que atingem particularmente os
jovens, com destaque para as moças.
48
Em outro estudo, Sperry (1997, p.7) constatou que:
apesar de quererem que os filhos continuem no campo, os agricultores preferem
que esta decisão seja assumida por eles, e esteja vinculada a possibilidades de um
trabalho rentável. Estão conscientes da falta de atrativos para lazer e recreação nas
comunidades, e preocupa-se que esse possa ser um motivo para afastá-los.
Então, questiona-se quais as expectativas da juventude que vive em assentamento
rural? Neste sentido, para uma análise mais aprofundada sobre este assunto, tomou-se por
base, em específico, a juventude do Projeto de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho, antes,
porém é necessário contextualizar, de forma geral, aspectos sócio-culturais e econômicos da
população que vive nessas áreas, o que pode ser observado na próxima seção.
1.2 JUVENTUDE NO CONTEXTO DE ASSENTAMENTO RURAL E A TRÍADE
TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
“Para compreender, é essencial conhecer o lugar
social de quem olha. Vale dizer: como alguém
vive, com quem convive, que experiências tem, em
que trabalha, que desejos alimenta [...] e que
esperanças o animam. Isso faz da compreensão
sempre uma interpretação”.
(A águia e a galinha, Leonardo Boff)
1.2.1 Caracterização sócio-cultural e econômica de famílias que vivem em áreas de
assentamentos rurais
Em 5.595 assentamentos instalados pelo INCRA desde 1985 2.549.605 pessoas
vivendo nesses espaços; os jovens com menos de 18 anos de idade atingem 1,1 milhão. Do
total de pessoas, na Região Norte, estão assentadas 41,85%; no Nordeste, 33,06%; no Centro-
49
Oeste, 14,22%; no Sudeste, 5,54% e no Sul, 5,33%. Especificadamente na Região Norte,
existem 1.082 assentamentos e 167.932 famílias, totalizando uma população de 842.303
pessoas assentadas (MEC/INEP; INCRA, 2006).
As características quanto às famílias assentadas, à disponibilidade de água/energia
elétrica, à distribuição de créditos, à produção agropecuária e aos serviços de saúde foram
mencionadas tendo por referência informações obtidas em Leite et al. (2004) enquanto que os
serviços educacionais foram destacados a partir de dados do MEC/INEP e INCRA (2006).
Famílias assentadas
Quanto às formas de organização, as famílias assentadas se inserem em diferentes
organizações sociais, tais como grupos de igreja, associação, associação esportiva e
cooperativa. Anterior ao período de moradia no assentamento, as famílias ocupavam-se com o
trabalho agrícola na zona rural da própria região de localização do assentamento em que
moram; na relação trabalho/produção, as categorias que se destacaram, dentre outras, foram: o
posseiro, o arrendatário e o assalariado.
Considerando a noção de Varella (s.d) sobre posseiro e arrendatário, o primeiro
possui imóvel tornando-o produtivo, mas não é proprietário do mesmo, é um trabalhador rural
sem vinculação empregatícia e, o segundo é trabalhador rural que tem consciência de que a
terra não lhe pertence, tendo posse sobre a mesma por meio de um acordo bilateral de
vontades entre a figura que tem o direito de usar a terra e o arrendatário. Com relação ao
assalariado, de acordo com Schmidt, Marinho e Rosa (1998) é um trabalhador rural, uma
pessoa que trabalha na agricultura e recebe salário.
Água e energia elétrica
A fonte fornecedora de água, predominantemente, foi o poço, a nascente, o rio e o
açude. Quanto à disponibilidade de energia elétrica, esta infra-estrutura não atingiu a maioria
dos lotes nos assentamentos.
Distribuição de créditos
Os créditos de instalação ou implantação que se destacaram foram: fomento
agrícola, habitação e alimentação.
50
Produção agropecuária
Em termos nacionais destacaram-se o milho, a mandioca, o feijão, o arroz, o
algodão e a banana
22
. A criação de animais centrou-se nas aves e no gado bovino.
Serviços de saúde
Os serviços de saúde mais evidentes foram na sede do próprio município, em
municípios vizinhos ou em cidades que são pólos regionais, o que revela fragilidade quanto a
este serviço nos projetos de assentamento.
Serviços de educação escolar
Quanto à educação escolar há 32,1% de assentados de reforma agrária analfabetos;
5,8% da população juvenil entre 7 e 14 anos de idade estão fora da escola, subindo para
23,4% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade; 26,9% das escolas oferecem somente o Ensino
Fundamental de a Séries e 5,8% ofertam o Programa Educação para Jovens e Adultos
(MEC/INEP; INCRA, 2006).
Quanto às aspirações da juventude rural, em resultados de pesquisa de Rua e
Abramovay (2000), essas autoras, após terem entrevistado jovens de assentamentos
localizados na Bahia, Ceará, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo apontam
que o trabalho, a educação e a saúde fazem parte dos sonhos para o futuro de homens e
mulheres. Explanam ainda que:
os jovens mencionam sonhos de natureza mais pessoal, freqüentemente
relacionados com o estudo e a vida profissional: querem estudar agronomia, ser
médicos, veterinários, estudar administração, ser secretários, sargentos, entender de
computação; algumas jovens desejam tornar-se professoras, estudar direito ou
análise de sistemas. Muitos dos jovens afirmam que seu sonho é permanecer no
assentamento, porém exercendo uma profissão valorizada, como engenheiro ou
advogado (RUA; ABRAMOVAY, 2000, p. 213).
De acordo com o IBGE (apud RIZZINI; RIZZINI; HOLANDA, 1996, p.205), o
trabalho é definido como sendo:
22
Os nomes científicos das referidas culturas podem ser identificados no Quadro 8, p. 68.
51
um exercício de ocupação econômica remunerada em dinheiro, mercadorias,
produtos ou somente em benefícios; sem remuneração, exercida normalmente
durante pelo menos 15 horas por semana, em ajuda a membro da unidade
domiciliar que tenha uma atividade econômica ou a instituição religiosa,
beneficente ou de cooperativismo; ou sem remuneração, exercida normalmente
durante pelo menos 15 horas por semana, como aprendiz, estagiário, etc.
No que se refere à educação, conforme Brandão (1995, p.10), “é, como outras,
uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras
invenções de sua cultura, em sua sociedade”. Desta forma, a educação está presente na vida
de cada um, desde o nascimento, no aprender e no ensinar; ela não ocorre exclusivamente na
escola. Em outras palavras, “da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os
mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender” (BRANDÃO, 1995,
p.10).
No artigo 1º da Lei Nº 9.394/96, a educação “abrange os processos formativos que
se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais
23
e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais” (CURY, 2002, p.85).
Nos projetos de vida dos jovens que vivem em assentamentos rurais, destaca-se
também a família. A família é “o lócus da estruturação psíquica dos indivíduos, é um espaço
social onde as gerações se defrontam de forma direta [...]” (ABRAMOVAY et al., 2002,
p.74).
A partir desta caracterização geral, enfoca-se, a seguir, o contexto de produção da
juventude do assentamento Luiz Lopes Sobrinho.
23
Para esta noção cf. DOIMO, Ana Maria. Movimento social: a crise de um conceito. In:______. A vez e a voz
do popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Relumé-Dumará:
ANPOCS, 1995. cap.1, p.37-50.
52
1.2.2 Assentamento Luiz Lopes Sobrinho: memória do passado, revelação do presente e
construção do futuro
A história de ocupação da área do Projeto de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho
teve início por volta de 1935. Na época, existia no local um plantio de cana-de-açúcar
(Saccharum spp.) e um engenho denominado “Granja Eremita”. Nesse engenho trabalhavam
moradores de vilas próximas, bem como migrantes de origem nordestina.
Em 1955, a área onde ficava o engenho foi comprada pela Goodyear do Brasil
Produtos de Borracha Vegetal LTDA. Vale destacar que a Goodyear permaneceu com essa
denominação até o ano de 1975, ano em que mudou de razão social para Paracrevea Borracha
Vegetal S. A. (SOUSA, 2002).
O autor citado explana que ao término dos incentivos fiscais por parte do Governo
Federal, a Paracrevea Borracha Vegetal S.A. buscou financiamento para um projeto de
ampliação do seringal
24
na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM).
No entanto, mesmo com o financiamento liberado pela SUDAM, a Paracrevea entrou em crise
em dois períodos, a saber: em 1989, com a queda do preço da borracha no mercado interno e,
posteriormente, em 1993, com a queda de produtividade dos seringais. Após essas crises, a
Paracrevea entregou a propriedade ao Banco de Crédito Nacional (BCN) para quitação de
dívidas.
Com esses acontecimentos, a empresa passou a demitir funcionários em grande
escala, deixando de pagar inclusive os direitos trabalhistas. A partir desse momento, o
Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de São Francisco do Pará assumiu um relevante
papel como mediador na luta pela conquista da área.
Em 1995, o patrimônio da empresa foi vendido para Odilon Claro de Oliveira
Júnior que, na época, residia em São Paulo. O proprietário tinha um projeto para a área, qual
seja: a implantação da bovinocultura (criação de bovinos).
Em 1996, o STR de São Francisco do Pará e a COOLIVRE realizaram uma greve
de ocupação da área
25
. Nesse processo de ocupação, ajudaram cerca de trezentas famílias,
entre trabalhadores e demitidos da empresa, além de famílias dos arredores; o envolvimento
dessas pessoas é justificado por suas histórias de ligação com a terra.
24
Área de coleta de látex da seringueira (Hevea brasiliensis (Willd. Ex Adr. Juss.) Muell. & Agr.).
25
Nessa época já existiam instalações físicas na referida área, a exemplo de casas e escolas.
53
Posteriormente a esse processo, o Projeto de Assentamento Luiz Lopes Sobrinho
foi criado por meio da Portaria do INCRA/SR 01 82, de 6 de agosto de 1998. O referido
assentamento possui uma área geográfica de quatro mil e quatrocentos e sessenta e três
hectares e setenta e oito ares (4.463, 78 ha). As famílias assentadas pelo INCRA estão
distribuídas em dois núcleos habitacionais, quais sejam: Vila Granja Marathon e Vila Modelo,
constituindo-se em uma comunidade, cujo sentido que melhor se aplica, considerando seu
processo histórico, é a que a define enquanto:
conjunto de grupos e subgrupos de uma mesma classe social, que têm interesses e
preocupações comuns sobre condições de vivência no espaço de moradia e que,
dadas as suas condições fundamentais de existência, tendem a ampliar
continuamente o âmbito de repercussão dos seus interesses, preocupações e
enfrentamentos comuns (SOUZA, 1993, p.68).
No assentamento existem recursos naturais (600 ha de resquício de vegetação
primária (mata), vegetação secundária (capoeiras), igarapés, açudes e córregos); estradas;
casas, em sua maioria, de alvenaria (ver Figura 3); sistema de abastecimento de água
encanada e energia elétrica.
Figura 3- Casas construídas pela Empresa Paracrevea e
Reformadas com o recurso do Crédito Habitação (Oliveira, 2006)
No ano de 2005, os agricultores em reunião com o INCRA decidiram dividir a área
considerada de exploração agropecuária em 15 ha por família, mas até o momento de
finalização deste estudo ainda não foi dividida. Essa decisão foi apontada como um problema
por um dos jovens da amostra. Neste caso, em virtude da perda de garantia do trabalho na
terra, em um futuro próximo, esse jovem deverá procurar um outro meio de vida, pois o
54
mesmo já possui família e não é cadastrado. Gasques e Conceição (apud RUA;
ABRAMOVAY, 2000, p.40) afirmam: “hoje se estima que mais de quatro milhões de
famílias formam a demanda potencial de terras para a Reforma Agrária”.
Segundo Abramovay et al. (1998, p.19), os conflitos geracionais na agricultura
familiar “vão aparecer na relação direta de uma geração para outra”. No sentido demográfico,
a geração designa um conjunto de pessoas com um fato em comum: terem nascido num
mesmo período de tempo (DIAS, 2006).
Outros problemas também foram levantados pelos jovens, quais sejam: a falta de
liberdade, de dinheiro, de casa própria, de oportunidade de emprego fixo e de saúde; a pressão
em ter que tomar decisão e a influência de drogas. Uma das jovens questionou o fato de se dar
oportunidade de emprego à juventude, mas ao mesmo tempo a exigência de experiência. A
seguir, apontam-se aspectos das condições de vida no assentamento, assim como, os serviços
disponibilizados às famílias assentadas.
Educação
No assentamento existem crianças e jovens que estudam nas seguintes escolas:
Escola Municipal de Ensino Fundamental Provisória Vila Modelo, Escola Municipal de
Ensino Fundamental Jo Malcher e Escola Municipal de Ensino Fundamental Valter
Bangham. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Provisória Vila Modelo, conforme
pode ser visualizada na Figura 4, localiza-se no assentamento. Essa escola ainda não tem um
nome definido, por isso, recebeu essa denominação.
Figura 4- Escola Municipal de Ensino Fundamental Provisória Vila Modelo
(Oliveira, 2006)
55
A referida escola funcionou de 1998 até 2005 de 1ª a Séries, em regime
multisseriado. O regime multisseriado funciona quando o número total de estudante não
consegue formar uma turma, então em uma única sala são ministradas duas séries. No ano de
2006, cada série passou a funcionar em sala separada, melhor dizendo, funcionam atualmente
no horário da manhã a e Séries enquanto que a e a Séries funcionam no horário da
tarde.
Quanto ao conteúdo curricular, esse abrange as disciplinas de matemática,
português, ciências, história, geografia e educação artística. Além dessas séries, existem ainda
duas turmas de alfabetização
26
e, duas turmas de supletivo, e Etapas
27
, apoiadas pelo
Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Valter Bangham
28
, localizada no
assentamento, funcionam as seguintes séries pela manhã: a Educação Infantil para crianças de
4 a 6 anos e o Ensino Fundamental de a Séries, bem como, é ministrada, no período da
noite, a e Etapas do EJA e a alfabetização de adultos. Em regime regular funcionam a
e 2ª Séries, ou seja, em salas separadas e a 3ª e 4ª Séries em regime multisseriado.
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Malcher, localizada próximo ao
assentamento, funciona o Ensino Fundamental de a Séries em regime multisseriado, ou
melhor, a 2ª e a 3ª Séries são ministradas em uma mesma sala de aula pelo horário da manhã e
a e Séries funcionam também em uma única sala pela parte da tarde. A referida escola
pode ser visualizada na Figura 5 a seguir.
26
A turma de alfabetização funciona por um período de seis meses e é promovida por um projeto do Banco do
Brasil de São Francisco do Pará.
27
A Etapa compreende a e Séries do Ensino Fundamental e, a Etapa, a e Séries do Ensino
Fundamental.
28
Essa escola funciona a mais de 45 anos.
56
Em geral, essas escolas possuem a seguinte estrutura física: sala de aula, banheiro,
espaços de recreação e de alimentação, além de uma secretaria. Quanto à merenda escolar, a
alimentação é distribuída regularmente pela Prefeitura de São Francisco do Pará em períodos
de 15 ou 20 dias.
As atividades que os alunos desenvolvem junto aos pais concentram-se nas datas
comemorativas, tais como: dia das mães, dia da bandeira, dia sete de setembro, dia das
crianças e encerramento das aulas. Na maioria das atividades, quem quase sempre comparece
é a mãe.
Quando a juventude do assentamento quer dar continuidade aos estudos, os jovens
têm que se deslocar para a sede do Município de São Francisco do Pará contando com um
ônibus cedido pela Prefeitura desse município.
Serviços médicos e de assistência técnica
As famílias que vivem no assentamento contam com uma equipe de quatro agentes
de saúde, uma enfermeira e um médico. O médico e a enfermeira atendem em períodos
determinados. Atualmente existe a estrutura de um posto de saúde que estar por ser concluído,
conforme pode ser observado na Figura 6 a seguir. As famílias contam ainda com o serviço
de Assistência Técnica Social e Ambiental (ATES) do INCRA para a orientação da produção
agropecuária.
Figura 5-
Escola Municipal de Ensino
Fundamental José Malcher (Oliveira, 2006)
57
Nesse espaço de moradia, de convivência e de trabalho, constatou-se que setenta e
um jovens (32 mulheres e 39 homens), ver Figura 7, saíram para outras localidades, na
maioria, próximas, tais como: Igarapé-Açu, Jambu-Açu, Agrocasa
29
, Km 98, sede de São
Francisco do Pará, Castanhal, Marapanim, Santa Izabel, Santa Maria do Pará, Aurora do Pará,
Tailândia, Moju e Belém.
29
Área localizada próxima ao assentamento onde cinqüenta e uma famílias estão acampadas esperando a
desapropriação da terra pelo INCRA.
1 6 7
3 9
1 3 2
3 2
0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0
V a lor e s a bs olutos
N º de jovens d o gê ne ro fem inino que s a íram d o
as s en tam ento
N º to ta l de jovens d o as s e nt am en to do gê ne ro
fem inin o
N º de jovens d o gê ne ro m a s c u lino q ue s a íra m do
as s en tam ento
N º to ta l de jovens d o as s e nt am en to do gê ne ro
m as c ulin o
Figura 6- Prédio onde funcionará o Posto de Saúde (Oliveira, 2006)
Figura 7- Número de jovens de ambos os gêneros
que saíram do assentamento em relação ao total de
jovens que moravam no assentamento
58
De acordo com informações dos agentes de saúde, as razões de saída de jovens do
assentamento foram, na maioria, semelhantes entre mulheres e homens. Os seguintes motivos
foram identificados: afetivo, habitacional, de trabalho e profissional. No que se refere ao
trabalho e profissão, as jovens saem para desempenhar o serviço doméstico e atividades
ligadas ao setor comercial, bem como fazer cursos na área desejada. Com relação aos jovens
do gênero masculino, esses foram trabalhar na atividade agrícola, na agroindústria e no
comércio.
Os pesquisadores Camarano e Abramovay (2004) destacam a determinação de um
índice denominado “grau de masculinização”, obtido pela razão de sexo, isto é, pela relação
entre o número de homens pelo número de mulheres. Considerando esse índice, no
assentamento, ao final da pesquisa, a razão entre o número de homens e o número de
mulheres, na faixa etária de 15 a 24 anos, atingiu 1, 28, ou seja, 1, 28 homens para cada
mulher. Em termos percentuais existem 12% a mais de homens em relação ao total de
mulheres. Esses valores refletem parte de um processo maior, qual seja: a masculinização do
meio rural.
No meio rural europeu, por exemplo, a masculinização provoca o ‘célibat paysan’
que motiva o aparecimento de agências matrimoniais a procurarem esposas para jovens
agricultores que não conseguem formar cleo familiar em seu meio (BOURDIEU apud
ABRAMOVAY et al., 1998). Segundo Abramovay et al. (Op.cit., p.73), o “processo de
masculinização do meio rural pode, evidentemente, comprometer a reprodução da agricultura
familiar e acelerar ainda mais o êxodo juvenil”.
Outra conseqüência da saída de jovens do meio rural é o processo de
envelhecimento tal como observou Guigou (1968, p.83) por meio de estudos realizados na
Europa. Eis o que o autor citado verificou:
dois dados aparecem com intensidade nos campos europeus e influenciam
profundamente as relações entre gerações, no seio da família rural. No espaço de
menos de dez anos, o número de jovens, de 16 a 24 anos, trabalhando no setor
agrícola, diminuiu cerca de 25%. Além disso, e sempre ao mesmo tempo,
acentuava-se o fenômeno latente, em todo o mundo rural, do ‘envelhecimento’ dos
chefes da exploração agrícola.
O estudioso reporta-se à escolha de um outro modo de vida por parte de jovens que
habitam no espaço rural e ao processo de envelhecimento da gestora ou gestor do
estabelecimento familiar. Quanto aos jovens deste estudo, a seguir, podem ser observadas
suas principais características.
59
Família
Os jovens de ambos os gêneros possuem um espaço histórico-cultural comum a de
seus pais. Por exemplo, quanto ao local de origem, todos nasceram no Estado do Pará (34%
em Castanhal, 31% em São Francisco do Pará, 13% em Igarapé-Açu, 7% em Capanema, 3%
em Curuçá, 3% em Tomé-Açu, 3% em Terra Alta, 3% em Belém e 3% em São Domingos do
Capim), conforme pode ser examinado na Figura 8. Ou seja, são originados da Mesorregião
do Nordeste Paraense.
Figura 8- Local de nascimento dos sujeitos da amostra
Dos municípios mencionados pelos jovens, a maior parte é também o local de
nascimento de seus pais, ou melhor, seus genitores nasceram nos Estados do Ceará, Maranhão
e, principalmente, no Estado do Pará (mais especificadamente em Tomé-Açu, São Francisco
do Pará, Igarapé-Açu, Terra Alta, Curuçá, Castanhal, Belém, Peixe-Boi, Timboteua, Santa
Maria do Pará, Primavera, Marapanim e Maracanã).
O agricultor que vive no assentamento “caracteriza-se por uma história de luta
coletiva, buscando seu reconhecimento social. Relaciona-se com o mercado, mas tem como
prioridade a produção para o seu sustento e de sua família” (SOUSA, 2002, p.20). A família
no entendimento desse autor é “fonte básica de força de trabalho, havendo contratação de
mão-de-obra esporádica (Op.cit, p.20)”.
34%
31%
13%
7%
3%3%3%3%3%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Local de nascimento
Valores percentuais
Castanhal
São Francisco
do Pará
Igarapé-u
Capanema
Curuça
Tomé-Açu
Terra Alta
Belém
São Domingos
do capim
60
O saber prático dos pais foi apreendido pelos jovens por meio de suas vivências e
experiências em comum, pois passaram a fazer parte de sua cultura pelo processo de
socialização. A socialização desses jovens iniciou na família de origem e, posteriormente, por
meio da participação em grupos, tais como o escolar, o religioso e o de amigos. A seguir,
podem ser observadas as imagens da igreja evangélica (ver Figura 9) e da igreja católica (ver
Figuras 10 e 11) que jovens de ambos os gêneros têm o hábito de freqüentar.
Figura 10- Igreja Católica Santíssima
Trindade, localizada dentro do assentamento
(Oliveira, 2006)
Figura 9
-
Casa de Oração Deus é amor,
localizada dentro do assentamento
(Oliveira, 2006)
Figura 11
-
Igreja Católica Menino Jesus, localizada
próximo ao assentamento (Oliveira, 2006)
61
Além de atividades religiosas, os jovens costumam também freqüentar festas que
acontecem tanto dentro do assentamento quanto em seus arredores, conforme datas festivas
identificadas no Quadro 5.
Festa/Festividade Mês Local
Festa da Borracha Janeiro Sede de São Francisco do Pará
Festival do Cupuaçu Fevereiro Castanhal
Festa dos Trabalhadores Maio Assentamento Luiz Lopes Sobrinho
(São Francisco do Pará)
Festa das Flores Maio Jambu-Açu (São Francisco do Pará)
Festa da Tia Tereza e Festa dos
Coroas
Junho Igarapé-Açu
Festival do Mingau Julho Timboteua
O povo vai à praça Julho Sede de São Francisco do Pará
Festa da Vaquejada Setembro Igarapé-Açu
Festa do Tetéia Setembro Assentamento Luiz Lopes Sobrinho
(São Francisco do Pará)
Festa da Cerveja, Festival do
Maracujá e Festa do Beiju
Outubro Igarapé-Açu
Festa de Final de ano Dezembro Assentamento Luiz Lopes Sobrinho
(São Francisco do Pará)
Quadro 5- Festas/festividades que jovens do assentamento costumam freqüentar.
Fonte: Pesquisa de campo, 2006.
Deste modo, uma rede de relações sociais estabelecida com jovens de outras
localidades, principalmente, por meio das festas e de campeonatos de futebol que costumam
participar. Em outras palavras, os jovens do assentamento sofrem tanto influência cultural da
própria localidade (Município de São Francisco do Pará) quanto de localidades próximas
(Município de Igarapé-Açu, localizado a 14 Km do assentamento e Município de Castanhal,
distante 30 Km do assentamento).
Acrescenta-se ainda a influência exercida pelos meios de comunicação de massa
(rádio e televisão). A influência desses meios de comunicação ocorre freqüentemente, uma
vez que gostam de escutar música e dançar, bem como ver televisão. O estudioso Jerzild
(1967, p.519), expõe:
na sua luta pela autocoerência, os indivíduos percebem e interpretam os
acontecimentos que observam à luz das suas preconcepções [...]. As coisas que
escolhem para ouvir e para ver e para não ouvir e não ver serão influenciadas
pelo seu desejo de manter crenças e atitudes que formaram anteriormente.
62
Quanto ao estabelecimento de compromisso conjugal, a maior parte dos
entrevistados (19 jovens ou 63% da amostra) não possui compromisso; os mesmos ainda estão
convivendo com a família de origem. Os outros 11 jovens ou 37% possuem compromissos,
assim como filhos, constituindo, dessa forma, uma família de reprodução (ver Figura 12). É
importante salientar que 4 jovens ou 13% da amostra, que constituíram família de
reprodução, ainda moram na casa de seus pais.
Figura 12- Número de família por tipo de acordo com gênero
Contrariamente à “passagem da condição de dependência para a de autonomia em
relação à família de origem” (PROJETO JUVENTUDE, 2004, p. 10), os jovens que vivem no
assentamento, na maioria, dependem da família de origem para prover seu sustento, uma vez
que 23 jovens ou 77% ainda moram com seus pais. Assim, a juventude do assentamento tal
como afirma Abramo (2005, p. 67), que se baseou nos resultados da Pesquisa “Perfil da
juventude brasileira”, é “vivida centralmente no seio da família de origem, contando com sua
estrutura material e afetiva”.
Os jovens do assentamento, geralmente, estão na companhia de suas famílias
através dos passeios, dos encontros religiosos, do trabalho, do descanso, das refeições, das
distrações (brincadeiras, conversas, leituras, festas e jogos de bola) e reuniões. Em outras
palavras, estão inseridos numa “rede de relacionamentos familiares”.
O gênero masculino predomina na família de dezoito jovens da amostra, o
feminino na família de seis jovens e não há predominância na família de outros seis jovens, ou
seja, variou da ausência de predominância a predominância do gênero masculino ou feminino,
conforme pode ser visualizado na Figura 13 a seguir.
4
7
13
6
0
5
10
15
Família de
reprodução
Família de
origem
Homem
Mulher
63
Figura 13- Predominância do gênero nas famílias dos jovens
No que se refere à predominância do gênero na família, os dados obtidos foram
semelhantes aos resultados de pesquisa de Rua e Abramovay (2000) ao estudarem
assentamentos rurais nos Estados do Rio Grande do Sul e Ceará, ou seja, o gênero masculino
predominou nas famílias.
Nível educacional escolar
Quanto ao ensino escolar, 40% ou 12 jovens da amostra possuem o ensino
fundamental e 60% ou 18 jovens têm o ensino médio, ou seja, o nível educacional escolar
variou do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, o que pode ser observado na Figura 14. Dos
entrevistados, apenas três jovens citaram ter freqüentado cursos de formação, quais sejam:
computação, administração e reflorestamento.
Figura 14- Grau de escolaridade dos sujeitos da amostra
18
6 6
0
5
10
15
20
predominância de
homem
predominância de
mulher
sem
predominância
40%
60%
0%
20%
40%
60%
80%
Fundamental Médio
Ensino
Percentagem
64
Atualmente, 50% ou 15 jovens da amostra analisada estão estudando, 13% ou 4
jovens estão estudando no Ensino Fundamental e 37% ou 11 jovens no Ensino Médio,
conforme pode ser visualizado na Figura 15 a seguir. Quando esses jovens foram indagados a
respeito do motivo de estudar, responderam diversas causas, dentre elas, por considerar o
estudo importante, com o estudo é possível obter responsabilidade, por ter vontade de
aprender e por querer ter diversos desejos alcançados, tais como: se formar, ter um emprego
fixo fora da agricultura, ter dinheiro, melhorar de vida e ter os sonhos realizados. Portanto, de
modo geral, querem possibilitar um futuro melhor para si.
Figura 15– Grau de escolaridade dos jovens da amostra que estudam
Os outros 50% ou 15 jovens deixaram de estudar (27% ou 8 jovens pararam de
estudar no Ensino Fundamental e 23% ou 7 jovens no Ensino Médio), conforme Figura 16 a
seguir. Os motivos de terem parado de estudar foram os seguintes: por não ter vontade de
aprender, não ter paciência de estudar, não ter condições financeiras para continuar os
estudos, falta de interesse pelos estudos, não conseguir conciliar os estudos com o trabalho
devido trabalhar durante o dia todo, ter que cuidar dos filhos pequenos e por já ter concluído o
Ensino Médio.
13%
37%
0%
10%
20%
30%
40%
Fundamental Médio
Ensino
Percentagem
27%
23%
20%
22%
24%
26%
28%
Fundamental Médio
Ensino
Percentagem
Figura 16- Grau de escolaridade dos jovens
da amostra que deixaram de estudar
65
As respostas dadas pelos jovens canalizam para motivos de ordem
socioeconômica, tais como a situação financeira. Esses motivos levam ao adiamento de seus
projetos de vida para um futuro distante. Uma solução seria a existência de uma creche, o que
poderia amenizar, por exemplo, a situação de quem quer estudar e não tem onde deixar o filho
para ser cuidado.
De modo geral, a escolaridade dos jovens em função do gênero atingiu os
seguintes números: três mulheres estudam no Ensino Fundamental e quatro no Ensino Médio;
três mulheres pararam de estudar no Ensino Fundamental e três no Ensino Médio. Em relação
aos jovens do gênero masculino, um estuda no Ensino Fundamental e sete no Ensino Médio;
cinco pararam de estudar no Ensino Fundamental e quatro no Ensino Médio, conforme pode
ser observado no Quadro 6.
Gênero
Número de jovens que estudam
Ensino Fundamental Ensino médio
Número de jovens que pararam de estudar
Ensino Fundamental Ensino médio
Feminino
3 4 3 3
Masculino
1 7 5 4
Total 4 11 8 7
Quadro 6- Escolaridade dos sujeitos da amostra em função do gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Trabalho e renda familiar
Quanto à atividade econômica, a maioria dos sujeitos da amostra (19 jovens ou
63%) tem uma ocupação a partir do que consideram trabalho
30
; os outros 11 jovens ou 37%
avaliaram que não trabalham. Isto se deve ao fato desses jovens não receber recurso
financeiro ao final de um determinado período de tempo; exceção de uma jovem que
mencionou o serviço doméstico enquanto trabalho mesmo não recebendo para praticar tal
atividade.
Das atividades mencionadas, emergiram as seguintes: cultivo; cultivo e extração
de látex; extração de látex; cultivo, criação e extração de látex; serviço doméstico e ajudante
de pedreiro, conforme pode ser visualizado no Quadro 7 a seguir. Outras atividades ou
serviços também foram identificados como, por exemplo, cortar cabelo e ensinar, além da
venda da força de trabalho para terceiros dentro ou fora do assentamento.
30
Este assunto será retomado no capítulo 2.
66
Atividade ou Serviço Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Cultivo 3 6 9
Cultivo e extração de látex - 4 4
Extração de látex - 3 3
Cultivo, extração de látex e criação - 1 1
Serviço doméstico 1 - 1
Ajudante de pedreiro - 1 1
Total 4 15 19
Quadro 7- Atividade exercida de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Os jovens trabalham no assentamento em seus afazeres diários
31
, gostando ou não
do que fazem. Parte do que consomem com alimentos, produzem através do trabalho na
atividade agrícola; a outra parte vem da compra de mercadorias de estabelecimentos
comerciais existentes dentro ou fora do assentamento, bem como da ajuda fornecida por
parentes ou algum conhecido para o provimento da alimentação (há doação ou mesmo troca
de produtos alimentícios).
De maneira geral, aprenderam o trabalho que desenvolvem hoje por meio da
orientação, da observação e da repetição, pois, no caso do serviço doméstico e da atividade
agrícola, acompanharam seus pais nos afazeres diários desde pequenos. Conforme Davis
(1968, p.30), “os árduos processos de imitação, identificação, competição, cooperação e
outros métodos de aprendizagem social” é comportamento adquirido, portanto,
comportamento cultural.
Essa aprendizagem realizou-se através de uma rede de parentesco e vizinhança. A
rede de parentesco no assentamento envolve tanto os parentes por laço consangüíneo como
pessoas que consideram como tal enquanto que a rede de vizinhança diz respeitos a pessoas
próximas por laços de afeição.
Em resumo, aqueles jovens compartilham o sustento do grupo doméstico
32
,
fortificando uma rede de apoio familiar. Conforme Silvestro et al. (2001, p.25), “não existe
atividade econômica onde as relações familiares tenham tanta importância como na
agricultura”.
31
Nestes afazeres diários, o termo cultivo refere-se à produção vegetal, assim como, o termo criação refere-se à
produção animal.
32
O termo grupo doméstico está sendo utilizado no sentido de ser um grupo de produção e consumo vinculado a
um estabelecimento agrícola.
67
Quanto ao trabalho desenvolvido pelos jovens na atividade agrícola, os mesmos
trabalham junto a sua família
33
e seus parentes ou outros conhecidos. Assim, a família utiliza
estratégias que estão inseridas numa “rede de trabalho” como, por exemplo, a troca de dia, o
mutirão, a diária e a empreita para garantir o sustento familiar.
Dentro dessas estratégias, a troca de dia diz respeito à ajuda gratuita efetuada por
uma pessoa a outra com a finalidade de realização de uma atividade com reciprocidade. Os
demais termos (mutirão, diária e empreita) têm o mesmo sentido expresso por Ferreira (2001),
ou seja, o mutirão significa auxílio gratuito de um grupo de pessoas em prol de um objetivo; a
diária é pagamento por dia de trabalho e a empreita é a realização de atividade por outrem
com pagamento previamente negociado.
As atividades agrícolas estão em função da quantidade de mão-de-obra disponível
e são as mais diversificadas possíveis; requer uma dinâmica acelerada por parte dos jovens
para produzir, beneficiar e comercializar produtos, tais como: os cultivos do caupi, da
mandioca, do milho (ver Figura 17), do arroz, do mamoeiro, do maracujazeiro, do limoeiro,
da pimenta-do-reino (ver Figura 18) e das hortaliças (maxixe, abóbora, melancia e
pimentinha), acrescenta-se ainda nas atividades de trabalho desenvolvidas pelos jovens, a
coleta de látex da seringueira. Os nomes científicos das culturas mencionadas podem ser
identificados no Quadro 8, p.68.
33
Pode ser a família de origem ou de reprodução ou mesmo as duas juntas.
Figura 17
-
Área implantada com a cultura
do milho (Oliveira, 2006)
Figura 18
-
Área implantada com a
cultura da pimenta-do-
reino (Oliveira,
2006)
68
Nome Comum Nome Científico
Abacaxizeiro Ananas comosus (L.) Merril
Abóbora Curcubita spp.
Arroz Oryza sativa L.
Bananeira Musa spp.
Batata doce Pomoea batatas (L.) Lam.
Cafeeiro Coffea arabica L.
Cana-de-açúcar Saccharum spp.
Caupi, feijão de corda Vigna unguiculata (L.) Walp
Cupuaçuzeiro Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng) Schum
Feijão Phaseulus vulgaris L.
Laranjeira
Citrus sinensis
Limoeiro
Citrus aurantifolia
Mamoeiro Carica papaya L.
Mandioca Manihot esculenta Crantz
Maracujazeiro Passiflora edulis Sims.
Maxixe
Cucumis anguria
Melancia Citrullus spp.
Milho Zea mays L.
Pimenta-do-reino Piper nigrum L.
Pimentinha Capsicum spp.
Seringueira Hevea brasiliensis (Willd. Ex Adr. Juss.) Muell. & Agr.
Quadro 8- Lista de nomes científicos de espécies vegetais.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Os referidos serviços são realizados juntamente com a família em uma única área,
apesar de existir agricultor (a) que explora mais de uma área. Nas Figuras 19, 20 e 21 podem
ser visualizadas algumas atividades que faz parte do cotidiano dos jovens no assentamento.
Vale mencionar que a palavra cotidiano está no sentido expresso por Bustos (2005), ou seja,
menor unidade de espaço-tempo com sentido.
69
Figura 19- Jovem em sua atividade de
corte de seringueira para a coleta de tex
(Oliveira, 2005)
Figura 20- Ensacamento do caupi
(Oliveira, 2003)
Figura 21- Descascamento da mandioca para o
processo de fabricação de farinha (Sousa, 2004)
70
Algumas jovens além do trabalho na atividade agrícola também se ocupam dos
afazeres da casa, de lavar roupa no igarapé (ver Figura 22), de varrer o quintal (ver Figura
23) e de cuidar dos filhos ou irmãos.
As famílias também costumam criar aves (galinha, pato, peru) e suíno, sendo
importante ressaltar que, de um total de duzentos e vinte e três famílias, quatro possuem
criação bovina. Na agricultura familiar, como bem menciona Silvestro et al. (2001, p. 280):
os filhos e filhas integram-se aos processos de trabalho auxiliando a conduzir os
animais, acompanhando os pais em algumas tarefas, ajudando na casa desde
muito cedo. Aos poucos vão assumindo atribuições de maior importância e chegam
a adolescência não dominando as técnicas observadas durante sua vida, mas os
principais aspectos da própria gestão do estabelecimento.
Os motivos que os jovens têm de trabalhar está vinculado ao sentimento do gostar,
à falta de outra opção para se manter, à obtenção de independência financeira e material em
relação aos pais, ao costume, à ajuda em termos financeiros e materiais (roupa, calçado, etc.)
a si próprio e à família, à prestação de serviços, por ser uma obrigação e um dever.
Quanto a gostar do trabalho diário, dos quinze jovens que trabalham, onze
responderam que gostam, por querer ganhar dinheiro ou querer ganhar alguma coisa na vida
dignamente e por ser de costume, ou seja, por realização financeira, material e por fazer parte
de sua cultura. Alguns consideraram o serviço de corte de seringueira tranqüilo e rentável, o
Figura 22- Igarapé onde mulheres do
assentamento lavam roupa (Oliveira,
2006)
Figura 23- Quintal de um estabelecimento
agrícola familiar (Oliveira, 2006)
71
que pode ser identificado na fala de um dos jovens: “...é serviço maneiro, está dando uma
renda boa; o produto está num bom preço...(masculino, 22 anos).
Os outros quatro jovens que trabalham, do gênero masculino, ou gostam
parcialmente ou não gostam. Segundo esses informantes é devido ser pesado, ter que acordar
cedo e ser obrigado. Em relação às quatro mulheres que mencionaram trabalhar (tanto no
serviço doméstico quanto na agricultura), responderam que gostam de trabalhar devido ser um
meio de sobrevivência e uma ocupação, o que pode ser constatado na fala seguinte: “...É do
que vivo e tenho que gostar, senão trabalhar não tenho como sobreviver...(feminino, 24
anos).
Quanto à situação econômica dos sujeitos da amostra, utilizou-se como referência
a renda familiar (RF)
34
do ano de 2004, conforme pode ser observado no Quadro 9, p.72. A
RF foi obtida a partir das atividades desenvolvidas pelos membros do grupo doméstico. A
seguinte fórmula foi utilizada, adaptada de material consultado:
RF = RA+ SP + OR
A RA corresponde à renda agrícola; o SP a subsídios do PRONAF-A
35
e OR a
outras rendas. Com a renda familiar se pode avaliar a totalidade dos recursos que a unidade
familiar disponibiliza para garantir o sustento de seus membros. A RA
36
foi obtida pela
fórmula abaixo:
VAL = PB – CI – D
O VA corresponde ao Valor Agregado Líquido; o PB ao Produto Bruto; o CI ao
Consumo Intermediário e o D à Depreciação. Para o cálculo do PB utilizou-se o valor total do
que foi produzido para o consumo e para a venda multiplicado pelo preço. No CI incluíram-se
insumos, tais como sementes, fertilizantes e alimentação animal, dentre outros, e serviços
obtidos de outros agentes econômicos.
Os insumos e serviços estão relacionados com a produção vegetal e animal e foram
transformados integralmente no processo produtivo. A D correspondeu à fração do valor do
capital fixo (por exemplo, enxada e terçado) que foi descontada durante o ano de 2004; o que
foi obtida pela fórmula a seguir:
34
Para a referida noção utilizaram-se informações da disciplina Economia e Gestão do Estabelecimento
Agrícola, ministrada pela professora Lecir Peixoto durante o Curso de Especialização em Agriculturas
Familiares e Desenvolvimento Sustentável (DAZ 1999/2000; promoção). Esse curso era vinculado ao Núcleo
de Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar do Centro Agropecuário - UFPa.
35
Linha de crédito rural do grupo A disponibilizada para assentados de reforma agrária (SILVA, 2004).
36
A RA foi calculada para cada sujeito da amostra.
72
Valor Novo – Valor Residual
Vida Útil
Sujeitos da Amostra Renda Agrícola
Outras Rendas
Renda Familiar
Nº de pessoas na
família
1 31.734,59 2.400,00 34.134,59 7
18 3.660,80 13.200,00 16.860,80 4
17 3.660,80 13.200,00 16.860,80 4
3 5.797,60 9.492,00 15.289,60 6
21 7.399,70 7.410,00 14.809,70 5
22 7.399,10 7.410,00 14.809,10 5
15 4.638,20 8.337,60 12.975,80 12
19 8.719,00 3.750,00 12.469,00 5
8 7.218,70 4.200,00 11.418,70 8
9 5.729,80 5.400,00 11.129,80 7
10 5.729,80 5.400,00 11.129,80 7
11 5.729,80 5.400,00 11.129,80 7
13 1.0286,00 - 10.286,00 3
2 1.578,29 8.010,00 9.588,29 6
20 4.163,60 5.220,00 9.383,60 7
16 1.873,30 7.384,00 9.257,30 5
25 791,10 7.668,00 8.459,10 6
5 3.310,20 3.900,00 7.210,20 5
24 1.837,60 5.160,00 6.997,60 4
6 6.183,60 660,00 6.843,60 4
14 6.558,50 - 6.558,50 3
7 1.693,00 4.380,00 6.073,00 6
27 4.206,00 - 4.206,00 4
28 317,10 3.768,00 4.085,10 3
23 184,10 1.565,00 3.389,10 3
26 2.588,00 - 2.588,00 2
30 1.108,30 1.140,00 2.248,30 7
4 230,00 1.920,00 2.150,00 3
29 1.716,70 300,00 2.016,70 4
Quadro 9- Renda familiar do ano de 2004 disposta em ordem decrescente.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Para o cálculo da renda agrícola, os seguintes produtos foram contabilizados:
pimenta-do-reino, mamão, milho, mandioca, macaxeira, hortaliças, frutíferas presentes no
quintal (espaço ao redor da casa de moradia), galinhas e látex.
73
As outras rendas foram obtidas do Programa Nacional Bolsa-Escola
37
, do
Programa de Transferência de Renda Bolsa Família
38
, do Programa para Prevenção e
Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PETI)
39
, de aposentadoria, de pensão, de
diária (realizada tanto para a obtenção de recurso financeiro quanto para ganhar produto
agrícola), de empreita, de ensino e de corte de cabelo.
Os valores identificados no quadro anterior foram agrupados em seis intervalos,
quais sejam: 1000 - 3440; 3441 - 7000; 7001 - 11000; 11001 - 14000; 14001 - 18000 e acima
de 18000 (ver Figura 24).
Com base na Figura 24, verificou-se que a renda familiar anual desses jovens
apresentou variações que os colocam em condições econômicas desiguais. Considerando que
a soma dos salários mínimos do ano de 2004 foi de R$ 3.440,00; 17% apresentaram renda
familiar abaixo do mínimo necessário para a sua sobrevivência (R$ 1.000,00 a R$ 3.440,00).
37
A proposta, criada em 2001, tem como objetivo conceder o benefício monetário mensal de R$ 15,00/aluno às
famílias com renda per capita mensal inferior a R$ 90,00 em troca da manutenção dos alunos nas escolas. Esses
alunos devem estar na faixa etária de 6 a 15 anos de idade e freqüentando o Ensino Fundamental (MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO - MEC, 2005).
38
Destinado às famílias com renda per capita mensal de a R$ 100,00 (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2005).
39
Criado pela Resolução do Conselho de Ministros 37/2004 (PROGRAMA PARA PREVENÇÃO E
ELIMINAÇÃO DA EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL - PETI, 2005).
Figura 24- Distribuição de freqüência relativa da
renda familiar dos jovens, ano de 2004
17%
23%
17%
23%
17%
3%
0% 5% 10% 15% 20% 25%
1000-3440
3441-7000
7001-11000
11001-14000
14001-18000
Acima de 18000
Renda familiar
Valores percentuais
74
A estudiosa Neves (1995, p. 28), expõe:
a imposição de patamares reduzidos de reprodução, dado o rendimento alcançado
pela unidade de produção, tem sido contraposta pela vinculação dos membros da
família ao mercado de trabalho agrícola ou de outros setores produtivos, através
inclusive da migração.
A mesma autora acrescenta que:
o uso amplo de trabalhadores assalariados em substituição ao trabalho familiar
constitui uma das estratégias de reprodução desse produtor sob tais condições de
produção social; ou constitui uma das alternativas de reprodução dessa forma de
organização social do trabalho, em que pelo menos um dos membros da família ou
proprietário dos meios de produção está vinculado diretamente ao processo
produtivo (NEVES, 1995, p. 28).
As outras rendas contribuíram tanto quanto a renda agrícola para o sustento do
grupo doméstico. O recurso financeiro obtido é destinado para a compra, por exemplo, de
alimentos (arroz, óleo, café e açúcar, entre outros), produtos de higiene pessoal, roupas,
sapatos, material escolar, material de construção, bicicleta, som e ferramentas, assim como,
para pagamentos de tarifas de água e de energia, para pagamento de dívidas em tabernas e
para serviços contratados eventualmente. Considerando que o número de membros/família
dos jovens variou de 2 a 12 pessoas, então, os gastos estão em função da necessidade de
recursos financeiro e material por grupo.
Conciliação estudo – trabalho e outras atividades
Considerando o estudo e o trabalho, verificou-se que o maior percentual (47%) do
total de homens da amostra apenas trabalha (ver Figura 25). Em relação às jovens, o maior
percentual encontrado também apenas trabalha (ver Figura 26).
Figura 25- Conciliação estudo-trabalho considerando o gênero masculino
41%
6%
47%
6%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Conciliação estudo-trabalho
Valores percentuais
Estuda e trabalha
Apenas estuda
Apenas trabalha
Não estuda e o
trabalha
75
Figura 26- Conciliação estudo-trabalho considerando o gênero feminino
No geral, os jovens se ocupam de outros afazeres além de estudar e trabalhar, tais
como: assistir programação de televisão (novela e comédia, por exemplo), brincar com os
filhos e/ou irmãos, refletir sobre a vida, jogar (bola, bilhar e tênis de mesa), fazer física,
passear de bicicleta, tomar banho nos igarapés (ver Figura 27), namorar, ouvir música,
dançar, dormir, viajar, freqüentar reuniões, participar de palestras, ler, ficar próximo da
família, ir ao culto da igreja evangélica: Deus é amor, Assembléia de Deus, Assembléia de
Deus Missionária e Quadrangular, bem como ir à missa da igreja católica (Santíssima
Trindade e Menino Jesus). De acordo com os próprios jovens, essas atividades correspondem
ao que mais gostam de fazer em suas vidas.
8%
15%
46%
31%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Conciliação estudo-trabalho
Valores percentuais
Estuda e trabalha
Apenas estuda
Apenas trabalha
Não estuda e não
trabalha
Figura 27- Igarapé da Passagem, lugar de encontro e de
lazer de jovens do assentamento (Oliveira, 2006)
76
Vale frisar que a distração por meio de atividades de lazer se faz presente no dia a
dia dos jovens, um exemplo é o jogo de futebol (ver Figura 28).
Outro espaço que a juventude gosta de ficar está localizado em uma praça no
centro da Vila Granja Marathon (ver Figura 29). Os mesmos utilizam esse espaço em maior
freqüência durante a noite e nos finais de semana para conversas e brincadeiras. Desta forma,
os jovens criam espaços de convivência e de socialização.
Figura 29
-
Praça da Vila Granja Marathon, espaço de
distração e de socialização entre jovens do assentamento
(Oliveira, 2006)
Figura 28- Jovens em seu espaço lúdico (Oliveira, 2005)
77
Quanto a participarem das organizações representativas dos assentados (sindicato,
cooperativa e associações), durante esta pesquisa não foi identificado nenhum registro de
inserção do segmento juvenil nessas organizações.
No Quadro 10, a seguir, estão outras atividades inseridas na disponibilidade do
tempo desses jovens e no Quadro 11 estão atividades que deixaram de participar.
Tipo de
organização
que participa
Dias de
encontro
Tempo
dedicado/
reunião
Atividade
desenvolvidas no
grupo
Tempo de
participação
Motivos de participar
Grupo de
jovens
evangélicos
De domingo
a sábado
com exceção
de segunda-
feira
1,5 a 3
horas
Louvor a Deus,
meditação, cânticos,
oração, evangelização,
gincana, lazer em
igarapé
5 meses a 18
anos
Sentir-se bem no conjunto
de jovens, gostar de
escutar a palavra de Deus,
buscar a presença de Deus,
sentir-se útil, desenvolver
a vida, conhecer a verdade
Círculo de
oração
Terça-feira,
quinta-feira e
domingo
30 min Oração 8 meses Servir a Deus
Catequese
(igreja
católica)
Terça-feira e
domingo
1,5 horas Aula de catequese,
cânticos, louvor, reza,
brincadeiras
8 anos Gostar de ajudar
Time de
futebol
De domingo
a Sábado
De 45 min
a 4 horas
Jogo de bola no
assentamento, em
Maracanã, em
Igarapé-Açu, em
Castanhal e em
Marituba
1 a 8 anos Gostar de aprender,
conhecer, possibilitar
desenvolvimento,
distração
Grupo de
moradores
Quadrilha maluca,
peça teatral
Gostar de participar
Quadro 10- Outras atividades que jovens do assentamento costumam participar
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
78
Tipo de
organização que
participaram
Dias de
encontros
Tempo
dedicado/
reunião
Atividades
desenvolvidas no
grupo
Tempo de
participação
Motivos de ter parado
de freqüentar
Grupo de jovens
católicos
Domingo a
sábado
1,5 a 3 horas
Cânticos, reza, leitura
e discussão de tema
bíblico, meditação na
palavra, brincadeiras,
peça teatral, palestras
sobre drogas, gênero e
fumo
1 a 3 anos Término do grupo
APRUMO Todo
último
sábado do
mês
1 a 3 horas Secretária
Grupo de jovens
evangélicos
Domingo,
terça-feira,
quinta-feira
e sábado
2 a 3 horas Cânticos de hino, aula
de comunicação,
8 meses a
1 ano
Término do grupo em
virtude do dirigente
proibir os jovens de
freqüentarem outras
igrejas evangélicas
além do fato de não
poder jogar bola
Quadro 11- Atividades que jovens do assentamento deixaram de participar
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Acrescenta-se que os jovens do assentamento, assim como outros jovens, possuem
o gosto pelo estar em grupo (os mais diferentes possíveis), estar na “moda”, participar de
festas, demonstrar força física, cultuar o corpo, valorizar a aparência e utilizar seu código
próprio, entre muitos outros gostos comuns a essa categoria.
Na opinião de Carneiro (2005, p. 245), a juventude rural “tem ampliado suas
referências de padrão de vida com a introdução de novas necessidades e desejos decorrentes
do estreitamento das fronteiras culturais entre campo e cidade”.
Conforme Laraia (2002, p.28) “o modo de ver o mundo, as apreciações de ordem
moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são
79
assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada
cultura”.
Nesta perspectiva, considerando que a visão de mundo é proporcionada por um
espaço histórico-cultural, os jovens foram indagados sobre o que acham de si mesmos e o que
seus colegas dizem a seu respeito. Os mesmos identificaram-se enquanto pessoas especiais,
com qualidades e defeitos; coincide com a opinião dos próprios colegas. De acordo com
Jersild (1967), os atributos fazem parte da personalidade de um indivíduo. Esse autor
acrescenta que:
a personalidade do adolescente inclui todos os seus traços mensuráveis,
capacidades, temperamentos e disposição [...]. Do ponto de vista do próprio
adolescente o ‘centro’ da sua personalidade é formado por todas as idéias e atitudes
que estão incorporadas à sua concepção de si próprio (1967, p. 515).
Quanto às noções destacadas pelos jovens do assentamento sobre o que entendem
por juventude, os seguintes aspectos positivos foram mencionados: estado biológico, estado
emocional, busca, disposição e atitudes. Noções que se aproximam da concepção de
juventude do Grupo de Trabalho que se reuniu no III Fórum Social Mundial, bem como da
Pesquisa Nacional “Perfil da juventude brasileira”. Na pesquisa citada anteriormente, de um
total de 3.501, 74% dos jovens afirmaram ter mais pontos positivos que negativos em ser
jovem (ABRAMO; BRANCO, 2005).
Os jovens do assentamento pensam em realizar suas expectativas, tais como: ter
família, estudar, conseguir um bom emprego, melhorar de vida financeiramente, poder
sustentar os filhos, aproveitar a vida, ter felicidade, crer em Deus, ter salvação, ser melhor
enquanto pessoa, se divertir, construir a vida com responsabilidade e ter um futuro melhor.
Em síntese, ter noções à luz de estudos realizados sobre juventude, cultura,
trabalho, educação e família, auxiliaram a compreensão da caracterização sócio-cultural e
econômica que delineia a produção da juventude que vive no assentamento Luiz Lopes
Sobrinho. Esses jovens são mulheres e homens com pluralidade de direitos e, essencialmente,
repletos de expectativas, assunto que será tratado no próximo capítulo.
CAPÍTULO 2 EXPECTATIVAS DE JOVENS DO ASSENTAMENTO LUIZ LOPES
SOBRINHO QUANTO AO TRABALHO, À EDUCAÇÃO E À FAMÍLIA
Deixa-me arriscar o molde talvez incerto
deixa-me arriscar o barro talvez impróprio
na oficina onde ganham forma e paixão
todos os sonhos que antecipam o futuro [...]
(As lições de uma escola: uma ponte para
muito longe..., Ademar Ferreira dos
Santos)
Neste capítulo, pretende-se analisar as expectativas de jovens do assentamento
Luiz Lopes Sobrinho quanto ao trabalho, à educação e à família, tríade temática que alicerça o
problema deste estudo. Para tanto, foram realizadas inferências a partir dos discursos dos
jovens investigados.
81
2.1 A TRÍADE TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
“Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz”.
(Tocando em frente, Almir Sater/Renato Teixeira)
Com o objetivo de compreender as expectativas de jovens que vivem no Projeto de
Assentamento Luiz Lopes Sobrinho, que estão na faixa etária de 15 a 24 anos, procurou-se a
princípio saber qual seria a ordem de importância das palavras trabalho, educação e família
para os sujeitos da amostra, assim como os motivos da respectiva ordem de importância.
De acordo com a freqüência
40
de evocação dos elementos da tríade, ou seja,
conforme a mensagem que foi dita ou não dita pelo sujeito
41
da amostra, constatou-se que
para as jovens a família está em 1º lugar, apareceu com freqüência 10, seguida de educação
com freqüência 9 e por último trabalho com freqüência 8, conforme pode ser visualizado no
Quadro 12 a seguir. Com base nessa freqüência, pode-se inferir que a tríade preponderante
para as jovens está ordenada da seguinte maneira: família-educação-trabalho.
Elementos da
tríade temática
Freqüência de evocação
para o 1º lugar
Freqüência de evocação
para o 2º lugar
Freqüência de evocação
para o 3º lugar
Família
10
1 2
Educação 1
9
3
Trabalho 2 3
8
Quadro 12- Freqüência de evocação dos elementos da tríade considerando a ordem de
importância anunciada pelas jovens.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Nos discursos das jovens, a família está em primeiro lugar, por ser um espaço de
começo da vida, de conhecimento, de socialização, de apoio, de segurança, de relações
afetivas e de provimento do sustento dos membros da família, conforme pode ser observado
nas evocações seguintes: “... abrigo de tudo; “... contem as primeiras pessoas que se conhece
40
Ver LEVIN, Jack. Estatística aplicada a Ciências Humanas. 2.ed. Tradução Sérgio Francisco Costa. São
Paulo: HARBRA, 1987. 392p. Tradução de: Elementary Statistics in Social Research.
41
A palavra sujeito está no sentido mencionado por Charaudeau (apud RODRIGUES; LEOPARDI, 1999), a
saber: pessoa que anuncia.
82
...”; “... começar por ela ...; “... ser tudo que se tem na vida...; “... sempre apoiar em
tudo..; “... colocar a gente no mundo...; “... não existir outra igual....
As jovens têm razão quando se referem à família enquanto espaço de socialização,
haja vista que nesse ambiente ocorre assimilação de conhecimento. Como lembra Davis
(1968), a socialização é um processo de aprendizagem de uma determinada cultura.
Abramovay et al. (2002) acrescentam que a família é um espaço social de encontro de
gerações.
No que se refere à palavra educação, essa ficou em segundo lugar. As jovens
consideram um meio de adquirir conhecimento e de conseguir trabalho. Por último, o
trabalho, pois de acordo com suas evocações, tendo a família há a garantia de sustento.
Em relação aos jovens do gênero masculino, constatou-se que a família ficou em
lugar, com freqüência 12, seguida de educação com freqüência 10 e por último, o trabalho,
com freqüência 11, o que pode ser observado no Quadro 13 a seguir. Com base nessas
freqüências, pode-se inferir que a tríade principal para o gênero masculino é a mesma da que
foi mencionada pelas jovens.
Elementos da
tríade temática
Freqüência de evocação
para o 1º lugar
Freqüência de evocação
para o 2º lugar
Freqüência de evocação
para o 3º lugar
Família
12
3 2
Educação 3
10
4
Trabalho 2 4
11
Quadro 13- Freqüência de evocação dos elementos da tríade considerando a ordem de
importância anunciada pelos jovens do gênero masculino.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Para a maioria dos sujeitos do gênero masculino, a família ficou em primeiro lugar
por exprimir sentimentos, tais como de bem-estar, de afeição e de gratidão; ser um incentivo
para o trabalho; por assumir um papel fundamental em suas vidas e por fazer parte de seu
cotidiano. É relevante destacar que esse cotidiano está no sentido mencionado por Bustos
(2005), ou seja, menor unidade de espaço e tempo com sentido.
Segundo esses informantes, a educação ficou em segundo lugar por também ser
um meio de adquirir conhecimento, além de possibilitar a comunicação com outras pessoas e
de se conseguir um trabalho/emprego/profissão. Por último, o trabalho, por ser um serviço
que exige força e por poder contar com o apoio da família quando não se está trabalhando.
83
Em outras palavras, a família e a educação assumem, especialmente, conotação
positiva. No entanto, o trabalho abrange dois pólos: o positivo e o negativo. Esse último ponto
de vista ocorre devido à força física empregada para executar uma determinada tarefa, bem
como aos fatores climáticos a que estão sujeitos, tais como: vento, chuva e sol, gerando, em
certos casos, problemas de saúde.
Sendo assim, a família assume importante papel na vida dos jovens entrevistados,
por motivo de ser freqüente a convivência familiar, ou seja, os jovens não têm que se ausentar
de sua família por um tempo prolongado; eles estão juntos, na maioria das vezes, nas
refeições, no trabalho e no descanso, o que acaba gerando uma forte ligação. Outro fator é o
apoio material e afetivo conseguido por meio da família. Segundo os próprios informantes, a
família “...é a base de tudo...”.
Esses resultados são semelhantes aos obtidos por uma pesquisa realizada com
jovens de Brasília, que residem nas cidades periféricas de Ceilândia, Samambaia e Planaltina.
Nessa pesquisa, comparada a outras instituições, a família foi a mais importante para a
juventude investigada. Significa que os jovens encontram maior apoio em sua família,
sobretudo, quando passam por situações difíceis. Portanto, o fator afetivo foi de fundamental
relevância para a segurança na vida desses jovens (ABRAMOVAY et al., 2002).
Os jovens do assentamento possuem valores que se aproximam dos referencias de
jovens que vivem em outras localidades, ou melhor, que residem em outros espaços
geográficos e sociais tal qual o espaço urbano da pesquisa anteriormente citada.
Os dados do estudo em foco também sinalizam para o compromisso dos jovens
para com a família, tal como observou Carneiro (apud SILVA, 2002) em sua pesquisa com
jovens do Rio Grande do Sul. Nesta linha de raciocínio, Silva (2002, p.101) reforça que “é
nesse laço afetivo-familiar tão estreito que os jovens vão medindo e formando suas
personalidades, construindo suas identidades e suas maneiras de se verem e de se auto-
representarem”.
Diante do exposto, com a finalidade de aprofundar a compreensão das expectativas
dos sujeitos da amostra, investigaram-se os pontos de vista desses informantes sobre a família,
a educação e o trabalho, o que pode ser visualizado na próxima seção.
84
2.2 OS SIGNIFICADOS DA FAMÍLIA, DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO
“Família é um conjunto de pessoas
que repassam para os filhos
seus costumes, suas aprendizagens”.
(Jovem do gênero feminino, 15 anos)
Os sujeitos da amostra foram indagados sobre o que entendiam por família, por
educação e por trabalho. Primeiramente quanto à palavra família, constatou-se que existem
jovens com e sem pontos de vista sobre esse espaço social. Alguns jovens fizeram as
seguintes evocações: base de tudo, união, estabelecimento de relações afetivas, conjunto de
pessoas que transmitem sua cultura; outros jovens não responderem ou disseram não saber o
significado dessa palavra.
Nos discursos dos jovens surgiram nuanças de diferenças, pois se identificou,
somente na visão dos sujeitos do gênero masculino, a família representando compromisso,
assim como surgiu, apenas nas falas das jovens, a significação de futuro e ideal de vida. Ou
melhor, a família possui significações comuns para a maioria dos jovens, o que pode ser
visualizado no Quadro 14.
Quadro 14– Entendimento sobre família de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Freqüência de resposta
Entendimento sobre família
Feminino Masculino
Total
Base de tudo 3 4 7
União 1 4 5
Não respondeu / Não sabe 3 2 5
Compromisso - 5 5
Estabelecimento de relações afetivas 2 1 3
Conjunto de pessoas que transmitem sua cultura 2 1 3
Futuro 1 - 1
Ideal de vida 1 - 1
Total 13 17 30
85
Quanto à noção sobre educação, surgiram, na maioria das vezes, significações
comuns nos discursos dos sujeitos da amostra, quais sejam: apreensão de conhecimento,
formação profissional, base de tudo e transmissão de saber, conforme pode ser examinado no
Quadro 15. Além dessas significações, constatou-se outras noções apenas nas evocações das
jovens, tais como meio de sobrevivência e responsabilidade, bem como houve a ausência de
significado apenas em algumas falas de jovens do gênero masculino.
Entendimento sobre educação Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Apreensão de conhecimento 7 9 16
Formação profissional 2 2 4
Não respondeu / Não sabe - 3 3
Base de tudo 1 2 3
Transmissão de saber 1 1 2
Meio de sobrevivência 1 - 1
Responsabilidade 1 - 1
Total 13 17 30
Quadro 15- Entendimento sobre educação de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
As falas seguintes revelaram esses significados, a saber: ... é algo muito
importante onde vai aprendendo a lidar com as pessoas, é fundamental na vida de qualquer
um...” (masculino, 19 anos); “... uma pessoa sem educação, no sentido de estudar é mesmo
que um cego. Hoje todo mundo precisa pelo menos do ensino médio pra ser alguém...”
(feminino,15 anos).
Essas significações remetem ao entendimento de identidade expressa por De Luca
(2002), ou seja, um sentido do “eu” na relação com o “outro” ou mesmo ao que Bustos (2005)
visualiza na produção de identidade, isto é, um sentido percebido e dado por cada ator sobre si
e sobre os outros.
Quanto ao entendimento de trabalho, constatou-se ausência e presença de
significado. Emergiram significados comuns entre mulheres e homens, quais sejam:
motivação, solução da questão financeira e meio de sobrevivência, conforme Quadro 16 a
seguir. Nas respostas apenas dos sujeitos do gênero masculino destacou-se a noção de esforço
pessoal para melhorar de vida e desenvolvimento do Brasil, assim como se identificou,
somente nas falas das jovens, independência financeira em relação à família de origem.
86
Entendimento sobre trabalho Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Não respondeu/Não sabe 4 5 9
Motivação 3 3 6
Solução da questão financeira 3 2 5
Meio de sobrevivência 1 3 4
Esforço pessoal para melhorar de vida - 3 3
Independência financeira em relação à família de origem 2 - 2
Desenvolvimento do Brasil - 1 1
Total 13 17 30
Quadro 16-Entendimento sobre trabalho de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Alguns desses significados são demonstrados nas falas seguintes: ... ter recurso
próprio, pois se ninguém precisasse ninguém trabalhava...(masculino, 21 anos) e “...
responsabilidade, qualquer trabalho que faça tem que ter responsabilidade ...(masculino,
22 anos).
Com base no Quadro 16, pode-se inferir que para os jovens da amostra, o trabalho
possui um significado além do definido pelo IBGE (apud RIZZINI; RIZZINI; HOLANDA,
1996). Em outras palavras, o trabalho para o instituto é atividade de ocupação econômica
remunerada ou não enquanto para o segmento juvenil investigado tem um significado para
além de atividade de ocupação econômica, pois abrange desenvolvimento, capacidade e
motivação.
A pesquisadora Torres (2002, p. 222) comenta que “o trabalho, nas sociedades
modernas, é o grande indicativo do valor do indivíduo”. Reitera Fericgla (apud TORRES,
2002) apontando que a capacidade produtiva dada a um indivíduo na sociedade moderna (do
momento que nasce até os 20 anos) significa um investimento que renderá benefícios mais
adiante; atinge seu valor máximo aos 20 anos (considerando que nele esteja a totalidade da
capacidade produtiva) e, decresce tornando-se zero aos 45 anos, tendo em vista que o que for
produzido por ele a partir desse momento será também consumido posteriormente. Chama a
atenção Torres para o fato de que:
o poder e o prestígio advindos da profissão e do trabalho fornecem significado e
justificativa para a vida, fazem a pessoa exercer um forte autocontrole, tornando-se
o trabalho um hábito tão intenso que a personalidade fica ameaçada quando se
deixa de trabalhar (TORRES, 2002, p. 223).
Na próxima seção, as expectativas evocadas pelos jovens serão analisadas.
87
2.3 EXPECTATIVAS EVOCADAS PELOS JOVENS
Na fogueira do que faço por amor me queimo
inteiro. Mas simultâneo renasço para ser
barro do sonho e artesão do que serei. Do
tempo que me devora me nasce a fome de ser
[...]
(Memória da esperança, Thiago de Mello)
As esperanças dos sujeitos da amostra foram destacadas, a seguir, conforme a
seqüência família-educação-trabalho.
2.3.1 Expectativas evocadas quanto à Família
Para subsidiar este eixo temático, os sujeitos da amostra foram investigados quanto
à existência em suas vidas de uma companheira ou de um companheiro, bem como da
presença ou ausência de filhos ou mesmo sobre suas pretensões de um dia casar e de ter
filhos. O intuito foi de saber se esses jovens queriam constituir familiar.
Os resultados obtidos revelaram que 17 jovens ou 57% pretendem ter
compromisso conjugal, 11 jovens ou 37% possuem compromisso conjugal e 2 jovens ou
7% não têm esta intenção, conforme pode ser observado no Quadro 17.
Realização ou pretensão de casar Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Pretende casar 5 12 17
Já está casada (o) 7 4 11
Não pretende casar 1 1 2
Total 13 17 30
Quadro 17– Realização ou pretensão de casar de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
88
Com base nos discursos dos sujeitos da amostra, verificou-se que 93% dos jovens
(doze mulheres e dezesseis homens) nutrem, significativamente, a expectativa de assumir
compromisso conjugal. Esses resultados revelam semelhança quando comparado aos dados da
pesquisa de Sperry (1997) e de Zagury (2004). No estudo de Zagury, por exemplo, de
novecentos e oitenta e três (983) jovens de capitais e cidades do interior (na faixa etária de 14
a 18 anos), cerca de 84% do grupo etário investigado responderam possuir o desejo de
constituir família.
No que se refere à existência de filhos ou a pretensão de gerá-los, verificou-se que
19 jovens ou 63% pretendem gerar filhos e 11 jovens ou 37% possuem filhos, conforme
Quadro 18 a seguir.
Realização ou pretensão de gerar filhos Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Pretende gerar filhos 6 13 19
Já tem filho (a) 7 4 11
Não pretende gerar filhos - - -
Total 13 17 30
Quadro 18– Realização ou pretensão de gerar filhos de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
No discurso dos jovens verificou-se que 94% de ambos os gêneros querem
constituir família, ter companheira (o) e filhos; outros 6% querem constituir família, não ter
companheira (o) e ter filhos, conforme pode ser observado nas Figuras 30 e 31 a seguir:
Figura 30- Constituição de família de acordo com o gênero masculino
6
94
0 20 40 60 80 100
Família de reprodução com companheira e com filhos
Família de reprodução sem companheira e com filhos
89
2.3.2 Expectativas evocadas quanto à Educação
Quanto à educação que se obtém na família, por meio das seguintes orientações:
quais os principais ensinamentos que recebeu ou recebe dos pais e quais os principais
ensinamentos que passa ou gostaria de passar para os filhos, constatou-se que a maioria, 27
jovens ou 90%, já realiza ou pretende transmitir valores e regras sociais obtidos na família e 2
jovens ou 7% querem transformar os valores e regras sociais obtidos na família. Para 1 jovem
ou 3% não foi possível identificar se o mesmo quer transmitir ou transformar, por ainda não
ter pensado no assunto, conforme pode ser visualizado no Quadro 19 a seguir. É importante
frisar que a resposta transmitir/transformar concomitantemente não foi mencionada como
desejo por parte dos jovens.
Valores e regras sociais obtidos no núcleo
familiar
Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Realização ou pretensão de transmitir 11 16 27
Realização ou pretensão de transformar 1 1 2
Não identificado 1 - 1
Total 13 17 30
Quadro 19- Valores e regras sociais obtidos no núcleo familiar de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
6
94
0 20 40 60 80 100
Família de reprodução com companheiro e com filhos
Família de reprodução sem companheiro e com filhos
Figura 31- Constituição de família de acordo com o gênero feminino
90
Esses resultados são próximos dos obtidos por Arnauld de Sartre (2002), uma vez
que o autor citado constatou em seu estudo na Região da Transamazônica que os jovens são
vistos pelos seus pais como fontes de esperança por virem a reproduzir, de maneira geral, os
valores da agricultura familiar (de se reproduzirem, por exemplo, enquanto grupo social).
Quanto à educação que se obtém na escola, primeiramente, destaca-se que o
estabelecimento escolar é visto pelos jovens enquanto espaço físico, educacional e social.
Nesse ambiente escolar, o gostar dos sujeitos da amostra está voltado para o espaço físico da
biblioteca, do laboratório, da sala de vídeo e da sala de aula; volta-se para o espaço
educacional, incluindo o conteúdo curricular, por exemplo, de matemática, de português, de
física e de química; direciona-se para o fazer trabalhos e consultar assuntos em bibliotecas e,
ainda, para o aspecto social, no sentido do estabelecimento de amizades e de namoros,
conforme o Quadro 20 a seguir.
O que mais gosta (gostava) na escola
que estuda (estudava)
Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Conteúdo curricular 7 5 12
Metodologia de ensino 4 3 7
Convivência escolar - 7 7
Espaço físico 2 1 3
Não respondeu - 1 1
Total 13 17 30
Quadro 20- O que mais gosta (gostava) na escola que estuda (estudava) de acordo com o
gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Assim como o gostar, o não gostar dos jovens direciona-se para o conteúdo
curricular de disciplinas, tais como de matemática, de química e de português, bem como para
o ambiente de bagunça, para a metodologia de ensino (prova oral e trabalho oral), para o
posicionamento assumido por determinados professores e diretores e para o espaço físico da
sala de vídeo.
Das respostas evocadas, as comuns entre os sujeitos do gênero feminino e
masculino foram: o conteúdo curricular, o ambiente de bagunça e a metodologia de ensino;
houve ainda o caso comum de não haver resposta ou mesmo de não haver o que menos gosta,
conforme pode ser observado no Quadro 21 a seguir.
91
O que menos gosta (gostava)
na escola que estuda (estudava)
Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Não respondeu/Não tem 5 4 9
Conteúdo curricular 3 4 7
Ambiente de bagunça 2 4 6
Metodologia de ensino 2 3 5
Posicionamento assumido por
professores e diretores
- 2 2
Espaço físico 1 - 1
Total 13 17 30
Quadro 21- O que menos gosta (gostava) na escola que estuda (estudava) de acordo com o
gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Quanto à importância do estudo, os números da pesquisa realizada por Zagury
(2004) apontam que 92,2%, dos quase mil jovens entrevistados, afirmaram estudar por
considerar importante para suas vidas. Quando comparado aos discursos dos sujeitos deste
estudo, verificou-se que a educação escolar também é importante na vida dos jovens do
assentamento, tendo em vista que 23 jovens ou 77% estudaram ou estudam por opção própria
de acordo com Quadro 22.
Condição de estudo Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Opção do jovem 9 14 23
Os pais obrigaram e opção do jovem
4 2 6
Os pais obrigaram - 1 1
Total 13 17 30
Quadro 22- Condição de estudo de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Conforme Zagury (2004, p.33), “nas camadas populares, a escola e o estudo são
vistos como elementos de ascensão”. Em outra pesquisa, qual seja: “Perfil da juventude
brasileira”, de um total de 3.501, 76% dos jovens (urbanos e rurais) consideraram a escola
muito importante para o futuro profissional, assim como 56% acharam muito importante
conseguir trabalho hoje (ABRAMO; BRANCO, 2005).
Nas falas dos sujeitos da amostra foram identificadas expectativas favoráveis a
continuar os estudos. Com a continuação nos estudos é possível ampliar suas “lentes” para
92
que possam ter consciência de se sentirem sujeitos de direito (à saúde, à educação, ao
trabalho, ao divertimento, etc.).
Nos discursos dos jovens emanou conseguir trabalho/emprego/formação
profissional e adquirir conhecimento, além de ausência de expectativa. Entre mulheres e
homens, as evocações comuns foram: conseguir emprego/trabalho/formação profissional e
adquirir conhecimento, conforme pode ser verificado no Quadro 23.
Expectativas quanto ao ensino escolar Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Conseguir trabalho/emprego/formação
profissional
10 15 25
Adquirir conhecimento 2 2 4
Não respondeu 1 - 1
Total 13 17 30
Quadro 23- Expectativas quanto ao ensino escolar de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
A pesquisadora Carneiro (2005) afirma, baseando-se na pesquisa “Perfil da
juventude brasileira”, que a educação, o emprego e, a cultura e lazer são os três assuntos que
mais interessam à juventude rural, com destaque para a educação. A educação possibilita
conseguir um emprego/trabalho. Em outra pesquisa, com jovens da cidade de São Paulo, a
pesquisadora Nascimento (2002) encontrou preparação pela escola com aprendizagens que o
qualifique, sobretudo, para sua formação acadêmica e profissional.
No assentamento, constatou-se também a emergência das expectativas destacadas
anteriormente, uma vez que dos sujeitos da amostra, 25 jovens ou 83% (10 mulheres e quinze
homens) esperam conseguir um trabalho/emprego/formação profissional.
Diante do exposto, pode-se inferir que nos discursos dos jovens as semelhanças
foram destacadas, no entanto, não se pode deixar de mencionar que houve nuanças de
diferenças, uma vez que uma jovem não respondeu ao que esperava conseguir com o ensino
escolar. Esta jovem afirmou que quer estudar até a Série do Ensino Fundamental, haja
vista que o trabalho ocupa a maior parte do seu tempo.
93
É importante destacar, nesse momento, que estudar na Escola Agrotécnica Federal
de Castanhal (EAFC
42
) é um sonho almejado por alguns jovens daquele assentamento, pois
possuem vontade de concluir o Ensino Médio em uma escola profissionalizante voltada ao
ensino agrícola
43
. Outras profissões também foram citadas, o que pode ser examinado na
próxima seção.
2.3.3 Expectativas evocadas quanto ao Trabalho
Quanto à pretensão dos jovens em continuar trabalhando no cultivo, na criação, na
coleta de látex, no serviço doméstico e na construção civil, seis jovens (cinco homens e uma
mulher) afirmaram que pretendem continuar; outros onze jovens (dez homens e uma mulher)
declararam que não querem dar prosseguimento ao trabalho que realizam. Em relação aos
jovens que responderam não trabalhar, os mesmos desejam exercer principalmente atividades
distintas da agricultura. Então, pode-se apontar que existe uma parcela de jovens no
assentamento que vislumbram exercer outras atividades econômicas.
Os jovens que desejam continuar nas mesmas atividades desenvolvidas
destacaram os seguintes motivos: prover o sustento da família, ser difícil conseguir emprego
em outro lugar, gostar do serviço que realiza, ser o único trabalho que sabe fazer e não ter
outra opção. Os jovens que não desejam continuar nas mesmas atividades mencionaram
querer ter recurso financeiro próprio, ter um trabalho melhor, ser um serviço que exige muito
esforço físico para o recurso financeiro obtido e por não conseguir retorno financeiro
satisfatório.
Enfocando, mais especificadamente, os jovens que exercem atividades produtivas
sobre o motivo de trabalhar e o futuro que vêem no serviço que realizam hoje, os resultados
possibilitaram apontar que a visão de futuro de alguns jovens (onze jovens: oito homens e três
42
A referida escola, criada pelo Decreto 15.149, de 1 de dezembro de 1921 (ESCOLA AGROTÉCNICA
FEDERAL DE CASTANHAL - EAFC, 2004), localiza-se na Rodovia BR 316, Km 63, Município de Castanhal.
43
Sobre o processo de desenvolvimento do ensino agrícola no Estado do Pará cf. SOUZA, Orlando Nobre
Bezerra de. Ensino agrícola: do instituído aos novos horizontes profissionais. 1994. 212f. Dissertação (Mestrado
em Planejamento do Desenvolvimento) – Núcleo de Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém,
1994.
94
mulheres) é positiva, outros jovens (seis jovens: cinco homens e uma mulher) possuem visão
negativa. Os jovens que possuem visão positiva querem poder obter experiência e assim,
poder prover o próprio sustento e o de sua família. A fala a seguir reforça essa visão positiva:
“... a família não passa necessidade e dá pra ir se mantendo...” (masculino, 24 anos).
Para os jovens que possuem visão negativa, a atividade agrícola não oferece
condições de melhorar de vida, o beneficio do trabalho vai para terceiros e o retorno
financeiro conseguido não é significativo, ou melhor, o esforço empregado não é compensado
pelos bens adquiridos. Um dos sujeitos destacou que o seringal está mais para a
decadência”. Vale lembrar que o seringal é a área de trabalho onde a seringueira é cortada
para a coleta do látex – no assentamento este recurso vegetal está em processo de escassez.
Então, há visões distintas por parte da juventude que trabalha na atividade agrícola
quanto a continuar no mesmo trabalho. Enquanto alguns possuem perspectivas; outros estão
desmotivados, pois se deparam com a ausência de recursos vegetais e econômicos.
Com base nos resultados observados, pode-se apontar que a visão daqueles jovens
sobre o seu futuro, essencialmente na atividade agrícola, está condicionada ao retorno obtido,
ou seja, quando a atividade agrícola não está dando um retorno financeiro desejável para a
quantidade de força física empregada, essa condição possibilita que apenas as dificuldades
enfrentadas neste serviço sejam visualizadas e, conseqüentemente, acabam por negar a prática
agrícola.
A intenção dos sujeitos da amostra em criar bovinos também foi verificada, haja
vista que no assentamento existem agricultores que estão iniciando esta criação e a área é
limitada para tal atividade essa questão é relevante, uma vez que a área produtiva no
assentamento não suporta a própria evolução do rebanho.
De um total de trinta jovens, constatou-se, que apenas dois sujeitos do gênero
masculino nutrem a expectativa de um dia poder trabalhar com a bovinocultura; um deles por
ter tido experiência nesta atividade produtiva e o outro por avaliar ser um tipo de criação
que “... não muita doença.... Portanto, pode-se inferir que a criação de bovinos ainda não
é uma atividade forte inserida no projeto de vida da maioria daqueles jovens.
O conjunto desses motivos remete a políticas públicas
44
que valorizem o espaço da
vivência juvenil, ou seja, que disponibilizem espaços de cultura e de lazer, entre outros, para
que esses jovens possam permanecer no espaço rural por vontade própria e não por falta de
44
No sentido dado por Dorneles (apud KOLLING; NERY; MOLINA, 1999, p. 57), as políticas públicas são “os
conjuntos de ações resultantes do processo de institucionalização de demandas coletivas, constituído pela
interação Estado - sociedade”.
95
alternativa. Em outras palavras, motivar a juventude para que possa permanecer no campo
com iniciativas que levem em consideração sua condição juvenil é de fundamental relevância
para que haja desenvolvimento rural, no sentido enfatizado por Martinho (2005), ou melhor,
para o processo de melhoria das condições de vida da população que vive em área rural.
Quanto à profissão que estão seguindo ou desejam seguir, surgiram casos de
jovens que não conseguiram visualizar o que almejam profissionalmente, assim como foi
possível registrar casos de jovens que desejam atividades ligadas ou distintas da agropecuária.
No conjunto das expectativas dos sujeitos da amostra, 24 jovens ou 80% (11 mulheres e 13
homens) almejam atividades distintas da agropecuária, 5 jovens ou 17% (1 mulher e 4
homens) não visualizaram nenhuma profissão e 1 jovem ou 3% (1 mulher) pretende exercer
atividade agropecuária, conforme pode ser visualizado no Quadro 24 e Figura 32 a seguir.
Em outras palavras, a maioria das jovens (85% ou 11 mulheres do total da amostra) pretende
exercer uma profissão. A mesma pretensão foi verificada por parte de 13 homens ou 76% do
total da amostra. Esses resultados apontam para o mesmo sentido da noção de profissão
expressa por Dubar e Tripier (apud ARNAULD DE SARTRE, 2002), uma vez que esses
jovens almejam defender interesses (dimensão política), adquirir conhecimento técnico
(dimensão econômica) e se identificam com determinada profissão.
Atividades Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Motorista - 4 4
Enfermeira ou Técnica em Enfermagem 3 - 3
Técnico agrícola ou Agrônomo - 3 3
Advogada 2 - 2
Médica 2 - 2
Professora 2 - 2
Eletricista - 2 2
Militar 1 - 1
Administradora 1 - 1
Comerciante** - 1 1
Cabeleireiro - 1 1
Técnico (manutenção de computadores) - 1 1
Atividade
distinta da
agropecuária
Mecânico - 1 1
Sub-total 11 13 24
Não respondeu/Não sabe 1 4 5
Atividade agropecuária Agricultora* 1 - 1
Total geral 13 17 30
Quadro 24- Expectativa profissional de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
* Além de produzir quer também comercializar os produtos agrícolas em feira.
** Vendedor de mercadoria em taberna própria.
96
Figura 32- Expectativa profissional dos jovens da amostra
Esses resultados são em parte contrários aos obtidos por Abramovay et al. (1998),
pois nos resultados de pesquisa dos referidos autores, vinte homens ou 64,52% de um total de
trinta e um, responderam ter seu destino desejado e provável ligado à agricultura. Em relação
às jovens, não foi verificado o mesmo destino; das 16 jovens entrevistadas, apenas 4 ou 25%
disseram ter seu destino desejado ligado à atividade agrícola.
Neste estudo, a expectativa de estar na condição de agricultora evidencia o
interesse por essa atividade, semelhante aos resultados da pesquisa de Sperry (1997) que
apontam o desejo e a esperança de jovens entre 11 e 20 anos pela atividade agrícola. Segundo
Abramovay et al. (1998), em torno da sucessão profissional, transferência hereditária e
aposentadoria, é que se desenvolvem os processos sociais de formação de uma nova geração
de agricultores. A sucessão profissional é a passagem da gestão do negócio para a próxima
geração; a transferência é a legalidade, por exemplo, da propriedade da terra e a aposentadoria
é quando termina o trabalho.
Os resultados obtidos no estudo em foco levam a entender que vir a exercer a
atividade agropecuária não está presente nos planos de vida da maioria dos jovens
investigados, o que acaba perdendo a naturalidade das vivências e aprendizagens na
agricultura. Abramovay et al. (1998), em um estudo realizado sobre a agricultura familiar no
sul do país, comentam:
3%
80%
17%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Valores percentuais
Atividade agropecuária
Atividade distinta da agropecuária
Ausência de profissão
97
(...) a partir dos anos 70 a agricultura familiar expõe-se a uma dupla ruptura: por um
lado, as possibilidades objetivas de formação de novas unidades produtivas
encontram-se cada vez mais limitadas, por outro, a idéia de que, na sua grande
maioria, os jovens no campo destinavam-se a reproduzir os papéis de seus pais é
cada vez menos verdadeira no interior das próprias famílias. É a partir disso que
emerge aquilo que podemos chamar de questão sucessória na agricultura: é quando
a formação de uma nova geração de agricultores perde a naturalidade com que era
vivida até então pelas famílias, pelos indivíduos envolvidos nos processos
sucessórios e pela própria sociedade (1998, p.36).
O estudioso Guigou (1968, p.85), com base em seu estudo nos campos europeus,
afirma: “duas séries de causas favorecem essa mutação dos papéis familiares tradicionais: o
prolongamento da escolarização e o regime de salário”.
nos resultados do estudo de Abramovay et al., (1998), os autores constataram
que a falta de partilha das responsabilidades na gestão do imóvel torna-se uma ameaça ao
desenvolvimento da unidade produtiva, tendo em vista que impossibilita, para o caso dos
jovens, por exemplo, a capacidade inovadora; o que leva, conseqüentemente, a que busquem
outros meios de vida.
Em outra pesquisa, Arnauld de Sartre (2002) identificou que, na Região da
Transamazônica, a juventude em vez de continuar na agricultura familiar está procurando
outras opções de vida.
Neste estudo, com base na expectativa da maioria dos jovens investigados, pode-se
dizer que a inserção futura da juventude do assentamento na agricultura familiar fica
comprometida, pois um hiato sócio-cultural entre o seu modo de vida e o que esperam ser
profissionalmente. Em outras palavras, para a maioria dos sujeitos da amostra uma ruptura
entre o trabalho exercido diariamente e a profissão almejada.
O surgimento da expectativa de exercer atividade distinta da agropecuária revela a
importância para uma parte da juventude do assentamento de perspectivas que possibilitem
melhor qualidade de vida. A qualidade de vida, mencionada anteriormente, está no sentido
definido pela OMS, a saber: “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (FLECK et al., 2006, p.3).
Rua e Abramovay (2000) encontraram resultados similares, tendo em vista que as
pesquisadoras identificaram profissões ligadas, por exemplo, à área da medicina, da
administração, da carreira militar, da informática e da engenharia.
Diante do exposto, vale ressaltar que estar ou não na condição de agricultora ou de
agricultor diz respeito à oportunidade que aqueles jovens terão em um futuro próximo, assim
como o que farão para contemplar suas expectativas. Nessa perspectiva, quando os sujeitos da
98
amostra que não estudam foram interrogados sobre o que pretendiam fazer para conseguir
realizar o desejo de estudar, os jovens responderam primeiramente em trabalhar para depois
continuar os estudos, evocaram deixar primeiro os filhos crescerem (quatro jovens que têm
filhos), matricular-se na escola, se esforçar e fazer cursos, mas houve também o caso de
jovens que ainda não pensaram nesta questão, o que pode ser observado no Quadro 25 a
seguir. As evocações comuns entre mulheres e homens foram as seguintes: trabalhar e depois
estudar, deixar primeiro os filhos crescerem e matricular-se na escola.
Plano de ação para continuar os estudos
Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Trabalhar e depois estudar 2 3 5
Deixar primeiro os filhos crescerem 3 1 4
Matricular-se na escola 1 1 2
Não respondeu/Ainda não pensou - 2 2
Se esforçar - 1 1
Fazer cursos - 1 1
Total 6 9 15
Quadro 25- Plano de ação para continuar os estudos de acordo com os sujeitos da amostra
que não estudam.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
Os jovens, em sua maioria, são equilibrados, solidários, com metas definidas e
esforçados em atingir suas expectativas, porém a condição financeira desfavorável e a
condição de maternidade/paternidade levam ao adiamento de seus desejos.
Quanto ao que pretendem fazer para atingir a profissão almejada, querem
continuar estudando ou fazer cursos na área desejada, trabalhar e depois continuar os estudos,
criar condições de trabalho (alugar uma banca em feira para a venda dos produtos agrícolas),
sair do assentamento e aliar-se a um político, além de ausência de caminho visualizado. A
unidade de sentido mais apontada nas falas dos jovens foi a seguinte: continuar estudando ou
fazer cursos na área desejada, conforme pode ser examinado no Quadro 26.
99
Plano de ação para atingir a atividade almejada Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Continuar estudando ou fazer cursos na área desejada
8 8 16
Não respondeu/Ainda não pensou 2 7 9
Trabalhar e depois continuar os estudos 2 - 2
Criar condições de trabalho 1 - 1
Sair do assentamento - 1 1
Aliar-se a um político - 1 1
Total 13 17 30
Quadro 26- Plano de ação para atingir a atividade almejada de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
2.4 OS SENTIDOS DAS EXPECTATIVAS
Os amores na mente, as flores no chão
a certeza na frente, a história na mão
caminhando e cantando e seguindo a canção
aprendendo e ensinando uma nova lição.
(Pra não dizer que não falei de flores, Geraldo Vandré)
Com o objetivo de compreender os sentidos das expectativas evocadas pelos
sujeitos da amostra, foram analisadas subcategorias a partir das categorias elaboradas. No
total, quatro categorias e oito subcategorias constituem o eixo temático deste estudo,
conforme pode ser observado no Quadro 27 a seguir.
100
Tríade
temática
Categorias elaboradas Subcategorias
Família
Realização ou desejo de
constituir família por meio de
compromisso conjugal com
ou sem a presença de filhos
Realização ou desejo de const
ituir família, ter
uma (um) companheira (o) e filhos
Desejo de constituir família, não ter uma (um)
companheira (o) e ter filhos
Educação
Realização ou desejo de
transmitir/transformar valores
e regras sociais obtidos na
família
Educação escolar direcionada
para a sua aspiração
Realização ou desejo de transmitir valores e regras
sociais
Desejo de transformar valores e regras sociais
Conseguir trabalho/emprego/formação profissional
Adquirir conhecimento
Trabalho
Realização ou desejo
profissional
Atividade agropecuária
Atividade distinta da agropecuária
Quadro 27- Categorias e subcategorias do eixo temático trabalho-educação-família.
2.4.1 Realização ou desejo de constituir família por meio de compromisso conjugal com
ou sem a presença de filhos
Esta categoria significa que jovens do assentamento constituíram ou desejam
constituir família de reprodução. Sendo assim, torna-se importante salientar que a família de
reprodução de acordo com Prado (1981) é constituída por um indivíduo com outro e os filhos
decorrentes dessa união.
A expectativa dos jovens quanto à família se estruturou em duas subcategorias, a
saber: a) realização ou desejo de constituir família, ter uma (um) companheira (o) e filhos e b)
desejo de constituir família, não ter uma (um) companheira (o) e ter filhos.
101
2.4.1.1 Realização ou desejo de constituir família, ter uma (um) companheira (o) e filhos
Esta subcategoria significa que existem jovens do gênero masculino ou feminino
vivendo ou com a pretensão de viver com uma outra pessoa e com a presença de filhos. Pode-
se mencionar que, uma vez que a família para esses jovens representa, por exemplo, um
espaço social, afetivo e educacional e que, tendo como experiência suas vivências na família
de origem, torna-se fundamental para esses jovens, em seus planos de vida, reproduzir o
mesmo modelo de família vigente. Um modelo que prima pela divisão de responsabilidades
do casal na educação dos filhos.
É relevante evidenciar que fica na entrelinha a expectativa de mulheres e homens
em cumprir papel de pai ou de mãe, o que possibilita a formação de novas unidades familiares
de produção no campo. Portanto, essa subcategoria possui um sentido comum para mulheres e
homens, qual seja: reproduzir o modelo de família vigente.
Nos discursos desses jovens, constatou-se que a maioria não consegue visualizar o
motivo pelo qual quer assumir compromisso conjugal; os demais mencionaram motivos, tais
como ter uma companhia, estabelecer relações afetivas e exprimir sentimentos de bem-estar.
O único motivo comum entre mulheres e homens incidiu sobre ter uma companhia. As
diferenças de resposta entre o gênero não foram acentuadas, o que pode ser visualizado no
Quadro 28.
Motivo de compromisso conjugal Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Não respondeu / Não sabe 9 8 17
Ter uma companhia 3 5 8
Estabelecer relações afetivas - 2 2
Exprimir sentimentos de bem-estar - 1 1
Total 12 16 28
Quadro 28– Motivo de compromisso conjugal de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
A subcategoria em questão representa o resultado da unidade de sentido que se
destacou nos discursos de jovens com as seguintes características: a) estão na faixa etária de
102
15 a 18 anos, pertencem ao gênero feminino, estudam no ensino fundamental ou médio ou
pararam de estudar no ensino fundamental e estão inseridas em uma família de origem; b)
estão na faixa etária de 19 a 21 anos, pertencem ao gênero feminino ou masculino, estudam
no ensino fundamental ou médio ou então pararam de estudar no ensino fundamental ou
médio e estão inseridos em uma família de origem ou de reprodução e c) estão na faixa etária
de 22 a 24 anos, pertencem ao gênero masculino, estudam no ensino médio ou pararam de
estudar no ensino fundamental ou ensino médio e estão inseridos em uma família de origem
ou de reprodução.
Dentre os jovens com as características citadas anteriormente, a concentração
maior desta representatividade incidiu sobre os sujeitos do gênero masculino, que estão na
faixa etária de 19 a 24 anos, que estudam no ensino médio ou pararam de estudar no ensino
fundamental ou médio e estão inseridos em uma família de origem ou de reprodução.
2.4.1.2 Desejo de constituir família, não ter uma (um) companheira (o) e ter filhos
Esta subcategoria significa que existem jovens, do gênero masculino ou feminino,
com a pretensão de viver sem uma (um) companheira (o) e com a presença de filhos. Pode-se
dizer que esses jovens nutrem esperanças de reproduzir um modelo de família distinto daquele
que viveram em suas histórias de vida até então. Esse “novo modelo de família” inclui apenas
uma pessoa na gestão da educação dos filhos e no provimento do sustento da unidade
familiar.
Os motivos destacados quanto à expectativa de constituir família sem companheira
(o) e com a presença de filhos, considerando os discursos desses jovens, abrangeram uma
situação financeira desfavorável e a falta de partilha, isto é, no fato de não se conseguir
conviver com outra pessoa. Portanto, tem um sentido de reprodução da unidade familiar com
um modelo de família distinto do vigente.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido que se destacou no
discurso de jovens com as seguintes características: a) está na faixa etária de 22 a 24 anos,
pertence ao gênero masculino, estuda no ensino médio e está inserido em uma família de
103
origem e b) está na faixa etária de 22 a 24 anos, pertence ao gênero feminino, parou de
estudar no ensino médio e está inserida em uma família de origem.
2.4.2 Realização ou desejo de transmitir/transformar valores e regras sociais obtidos na
família e educação escolar direcionada para a sua aspiração
Esta categoria significa que jovens do assentamento, de ambos os gêneros,
educam ou desejam educar os filhos a partir dos saberes que receberam de seus pais, bem
como esperam receber educação pela escola direcionada para a sua aspiração.
As expectativas dos sujeitos da amostra quanto à educação se constituíram em
quatro subcategorias, ou seja, quando se trata da educação obtida por meio da família,
identificou-se realização ou desejo de transmitir valores e regras sociais e desejo de
transformar valores e regras sociais; quando a educação é adquirida por meio da escola,
destacaram-se duas subcategorias, quais sejam: conseguir trabalho/emprego/formação
profissional e adquirir conhecimento.
2.4.2.1 Realização ou desejo de transmitir valores e regras sociais
A subcategoria realização ou desejo de transmitir valores e regras sociais significa
que os sujeitos da amostra estão realizando ou têm a pretensão de transmitir valores e
regras sociais adquiridos na família de origem. Esses jovens apropriam-se do conhecimento
adquirido no seio familiar para, posteriormente, empregá-lo na educação dos filhos. Um
conhecimento que está centrado em um padrão cultural que abrange um conjunto de saberes
sobre valores e regras. Valores como o respeito, o estabelecimento de uma boa relação com o
seu semelhante, o estudo, o trabalho, a religião, além dos conselhos para as escolhas da vida.
Em relação às regras, estas estão na direção de comportar-se diante de determinada situação.
104
Desta forma, uma rede de saberes está sendo construída para a orientação do modo de vida
futura.
No discurso desses jovens constatou-se, em sua maioria, que os mesmos querem
transmitir valores e regras. Os motivos centram-se em sua própria cultura, ou melhor, no
desejo de preservar a tradição da família de origem. Portanto, os jovens transmitem ou
querem transmitir valores e regras objetivando dar continuidade aos saberes adquiridos na
família de origem.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido que se destacou nos
discursos de jovens com as seguintes características: a) estão na faixa etária de 15 a 18 anos,
pertencem ao gênero feminino, estudam no ensino fundamental ou pararam de estudar no
ensino médio e estão inseridas em uma família de origem ou de reprodução; b) estão na faixa
etária de 19 a 21 anos, pertencem ao gênero feminino ou masculino, estudam no ensino
fundamental ou médio ou pararam de estudar no ensino fundamental ou médio e estão
inseridos em uma família de origem ou de reprodução e, c) estão na faixa etária de 22 a 24
anos, pertencem ao gênero masculino, estudam no ensino médio ou pararam de estudar no
ensino fundamental ou médio e estão inseridos em uma família de origem ou de reprodução.
Dos jovens com essas características, a concentração maior desta
representatividade incidiu sobre aqueles jovens que estão na faixa etária de 19 a 24 anos e que
pertencem ao gênero masculino, assim como sobre aqueles jovens que estão na faixa etária de
15 a 21 anos e que pertencem ao gênero feminino. Ambos os gêneros estudam (no ensino
fundamental ou médio) ou pararam de estudar no ensino médio e estão inseridos em uma
família de origem ou de reprodução.
2.4.2.2 Desejo de transformar valores e regras sociais
A subcategoria desejo de transformar valores e regras sociais significa que
jovens que têm a pretensão de transformar valores e regras sociais obtidos na família. Para um
determinado número de jovens da amostra (um homem e uma mulher), torna-se necessário
reelaborar valores e regras sociais na educação dos filhos, uma vez que almejam para os filhos
uma educação menos rígida e melhor daquela que receberam de seus pais.
105
Os motivos da emergência desta subcategoria estão centrados em um padrão
cultural distinto daquele que adquiriram em suas histórias de vida até o momento. Desejo de
transformar valores e regras sociais possui um sentido de estabelecimento de relações
horizontais, em outras palavras, de relações igualitárias entre pais e filhos.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido encontrada nos
discursos de jovens com as seguintes características: a) está na faixa etária de 19 a 21 anos,
pertence ao gênero masculino, parou de estudar no ensino fundamental e está inserido em uma
família de origem e b) está na faixa etária de 22 a 24 anos, pertence ao gênero feminino, parou
de estudar no ensino médio e está inserida em uma família de origem.
2.4.2.3 Conseguir trabalho/emprego/formação profissional
Esta subcategoria revelou a expectativa dos sujeitos da amostra quanto à educação
escolar. Significa que jovens do assentamento, de ambos os gêneros, querem conseguir um
trabalho/emprego/formação profissional, porque faz parte de sua condição juvenil. No
passado, o trabalho e o estudo estiveram presentes em suas vidas; no presente continua a ser
relevante. Sendo assim, almejam que o trabalho e o estudo também estejam em seus projetos
de vida. Vale lembrar que os projetos de vida, segundo Nascimento (2002), são aspirações,
desejos de realizações que são vistos como uma forma antecipada de acontecimentos. Esse
resultado leva a entender que jovens no assentamento que desejam estar inseridos no
mundo do trabalho, em alguns casos, com uma profissão qualificada.
Esses jovens querem melhorar de vida não apenas no plano econômico, mas
também elevar seus estudos e assim poder realizar seus ideais. Nesse aspecto, conseguir um
trabalho/emprego/formação profissional por meio da educação escolar tem um sentido que vai
além do econômico, em outras palavras, que dá um sentido a própria vida.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido que se destacou no
discurso de jovens com as seguintes características: a) estão na faixa etária de 15 a 18 anos,
pertencem ao gênero feminino, pararam de estudar no ensino fundamental ou estudam no
ensino fundamental ou médio e estão inseridas em uma família de origem ou de reprodução;
b) estão na faixa etária de 19 a 21 anos, pertencem ao gênero feminino ou masculino, pararam
106
de estudar no ensino fundamental ou médio ou estudam no ensino fundamental ou médio e
estão inseridos em uma família de origem ou de reprodução e c) estão na faixa etária de 22 a
24 anos, pertencem ao gênero masculino, pararam de estudar no ensino fundamental ou médio
ou estudam no ensino fundamental e estão inseridos em uma família de origem.
Dos jovens com as características mencionadas anteriormente, a concentração
maior dessa representatividade incidiu sobre jovens do gênero masculino, que estão na faixa
etária de 19 a 24 anos, assim como sobre jovens do gênero feminino, que estão na faixa etária
de 15 a 21 anos. Ambos os gêneros estudam ou pararam de estudar no ensino fundamental e
estão inseridos em uma família de origem.
2.4.2.4 Adquirir conhecimento
Esta subcategoria emergiu trazendo questões que giram ao redor da apreensão de
conhecimento, ou seja, aprender a ler e escrever faz revelar mundos até então desconhecidos
para jovens de ambos os gêneros. Esses resultados demonstram que o conhecimento adquirido
no processo ensino-aprendizado é uma das expectativas recorrentes para uma parcela da
juventude do assentamento. Possui um sentido de ser capacitado para atingir objetivos.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido que se destacou nos
discursos de jovens com as seguintes características: a) estão na faixa etária de 19 a 24 anos,
pertencem ao gênero masculino, pararam de estudar no ensino fundamental e estão inseridos
em uma família de origem e b) estão na faixa etária de 19 a 24 anos, pertencem ao gênero
feminino, estudam no ensino médio e estão inseridas em uma família de origem.
Dos jovens com as características mencionadas, a concentração maior dessa
representatividade incidiu sobre jovens do gênero masculino ou feminino, que estão na faixa
etária de 22 a 24 anos, pararam de estudar no ensino fundamental ou estudam no ensino
médio e estão inseridos em uma família de origem.
107
2.4.3 Realização ou desejo profissional
Esta categoria significa atividades que estão sendo exercidas pelos jovens ou
que o segmento juvenil deseja vir a exercer. De acordo com os resultados obtidos, essa
categoria se estruturou em duas subcategorias, a saber: atividade agropecuária e atividade
distinta da agropecuária.
2.4.3.1 Atividade agropecuária
Esta subcategoria significa que existe jovem exercendo e com desejo de continuar
a desempenhar a atividade de produção vegetal e animal; a mesma pode ser praticada dentro
ou fora do assentamento. A partir da experiência que adquiriu no trabalho agropecuário, quer
continuar desempenhando práticas agrícolas e assim, garantir o seu próprio sustento e o de sua
família.
Uma das jovens mencionou o motivo de querer vender produtos agrícolas por um
preço maior do que vende aos marreteiros
45
e, conseqüentemente obter um dinheiro a mais;
quer comercializar pessoalmente os produtos agrícolas e não somente participar do processo
de produção. A atividade agropecuária tem um sentido de melhorar sua condição de vida.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido que se destacou no
discurso de uma jovem com a seguinte característica: está na faixa etária de 22 a 24 anos,
pertence ao gênero feminino, estuda no ensino fundamental e está inserida em uma família de
reprodução.
45
Agente mercantil intermediário que compra produtos agrícolas de culturas de ciclo curto (mandioca, milho,
caupi, etc.), bem como culturas de ciclo muito curto, a exemplo de hortaliças (maxixe, pimentinha, etc.) por um
preço baixo para vendê-las por um valor maior.
108
2.4.3.2 Atividade distinta da agropecuária
A subcategoria atividade distinta da agropecuária significa atividades que os
sujeitos da amostra desejam desempenhar, é distinta da produção vegetal e animal, ou seja, a
obtenção de renda não depende do fator terra. São atividades que podem ser desenvolvidas
fora ou dentro do assentamento e estão inseridas, por exemplo, nas áreas da saúde, da
administração, da advocacia, da pedagogia e da engenharia.
Os motivos de escolha dessa subcategoria, comum entre mulheres e homens,
reportam a vontade de aprender e ter um serviço leve/fácil (que não exija esforço físico
excessivo no desempenho de uma determinada função). Além dos motivos citados
anteriormente, surgiram outras razões, somente mencionadas pelos sujeitos do gênero
masculino, quais sejam: costume (prática exercida freqüentemente), gostar, geração de renda
melhor, conhecer os estados do país, ter futuro, diversão, comunicação por meio da
informática e desempenhar a mesma atividade do pai. Os motivos somente encontrados nos
discursos das jovens foram: auxílio ao semelhante, interesse a partir de curso realizado, ter
atividade de qualidade, identificar-se e por necessidade, conforme o Quadro 29 a seguir.
Motivos de escolha da profissão Freqüência de resposta
Feminino Masculino
Total
Não respondeu/Não sabe 1 5 6
Vontade de aprender 1 2 3
Auxílio ao semelhante 3 - 3
Costume - 2 2
Serviço leve/fácil 1 1 2
Interesse a partir de curso realizado 2 - 2
Atividade de qualidade 2 - 2
Gostar - 1 1
Geração de renda melhor - 1 1
Conhecer estados do país - 1 1
Ter futuro - 1 1
Diversão - 1 1
Comunicação por meio da informática - 1 1
Desempenhar a mesma atividade do pai
- 1 1
Identificar-se 1 - 1
Necessidade 1 - 1
Total 12 17 29
Quadro 29- Motivos de escolha da profissão de acordo com o gênero.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005.
Convenção: - (não existe)
109
Apesar das razões citadas serem diversas, esses motivos abrangem, em sua
maioria, aspectos sócio-culturais e econômicos, o que remete a um sentido comum, qual seja:
melhoria de suas condições de vida.
Essa subcategoria representa o resultado da unidade de sentido identificada nos
discursos de jovens com as seguintes características: a) estão na faixa etária de 15 a 18 anos,
pertencem ao gênero feminino, estudam no ensino fundamental ou médio ou pararam de
estudar no ensino fundamental e estão inseridas em uma família de origem ou de reprodução;
b) está na faixa etária de 15 a 18 anos, pertence ao gênero masculino, parou de estudar no
ensino médio e está inserido em uma família de origem; c) estão na faixa etária de 19 a 21
anos, pertencem ao gênero feminino ou masculino, estudam no ensino fundamental ou médio
ou pararam de estudar no ensino fundamental ou médio e estão inseridos em uma família de
origem ou de reprodução e d) estão na faixa etária de 22 a 24 anos, pertencem ao gênero
masculino, estudam no ensino fundamental ou médio ou pararam de estudar no ensino
fundamental ou médio e estão inseridos em uma família de origem ou de reprodução.
Dentre os jovens com essas características, a concentração maior desta
representatividade incidiu sobre os sujeitos do gênero masculino (na faixa etária de 19 a 24
anos) e sobre as jovens (na faixa etária de 15 a 21 anos). Ambos os gêneros estudam ou
pararam de estudar no ensino fundamental ou médio e estão inseridos em uma família de
origem ou de reprodução.
Em síntese, a partir da articulação das categorias e subcategorias apresentadas
emergiram unidades de sentido comuns no discurso da maioria dos sujeitos da amostra.
Baseando-se no grupo etário investigado, a concentração de representatividade incidiu sobre
jovens com as seguintes características: estão na faixa etária de 22 a 24 anos, pertencem ao
gênero masculino, estudam ou pararam de estudar no ensino médio e estão inseridos em uma
família de origem.
Diante do exposto, este capítulo possibilitou compreender a posição que o
trabalho, a educação e a família assumem na vida dos jovens do assentamento, bem como
seus significados e sentidos. De modo geral, as esperanças daquela juventude se direcionam
para a esfera de ações que contemplem suas aspirações.
CAPÍTULO 3 LEIS, PROJETOS, PROGRAMAS, POLÍTICAS PÚBLICAS E AÇÕES
PARA A JUVENTUDE
Andar só e não estar só.
Sonhar o sonho dos ausentes
para reparti-lo na chegada.
Compor a imagem do que não vê
e vislumbrar outros caminhos
Que nos levarão.
Pedro Munhoz
Neste terceiro capítulo, com o objetivo de assinalar temáticas pertinentes à
juventude pretende-se apontar, de um modo geral, leis, projetos, programas e políticas
públicas que podem auxiliar o processo de produção juvenil, bem como citar ações que
envolveram jovens do assentamento Luiz Lopes Sobrinho em prol de suas esperanças.
111
3.1 LEIS, PROJETOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS PERTINENTES À
TEMÁTICA JUVENIL
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
(Os Estatutos do Homem, Thiago de Mello)
No Brasil existem leis, projetos, programas e políticas públicas que estão
direcionados, por exemplo, para a área da segurança, da saúde, da educação e do trabalho. A
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, nos
seus artigos 7, 14, 24, 226 a 230, trata da competência para legislar sobre a juventude. Na
referida Constituição, encontra-se o seguinte texto: “compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre a proteção à infância e à juventude”
(BRASIL, 2005, p.32).
Outra legislação é a Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). O ECA dispõe sobre os direitos fundamentais da criança e do
adolescente, direitos de que um ser humano necessita, tais como: direito à vida, à convivência
familiar, à saúde, à liberdade, à dignidade e ao respeito (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA;
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 2005).
Existem ainda outras leis e programas que podem ser mencionados, tais como: a
Lei 8.680, de 13 de julho de 1993, que institui a Semana Nacional do Jovem e outras
providências; a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional; a Lei Nº 9.965, de 27 de abril de 2000, que limita o comércio de
esteróides ou peptídeos anabolizantes e outras providências; a Lei 10.260, de 12 de
julho de 2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior;
a Lei Nº 10.748, de 22 de outubro de 2003, que dispõe sobre o Programa Nacional de
Estímulo ao Primeiro Emprego para os jovens PNPE (BRASIL, 2004) e a Lei Nº 11.129 de
30 de junho de 2005, que institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação,
Qualificação e Ação Comunitária (PROJOVEM), o Conselho Nacional de Juventude (CNJ) e
a Secretaria Nacional da Juventude.
112
O PROJOVEM, regulamentado pelo Decreto 5.557, de 5 de outubro de 2005
está sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República juntamente com a
parceria dos seguintes ministérios: Ministério da Educação, Ministério do Trabalho e
Emprego e, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Esse programa
destina-se a jovens na faixa etária de 18 a 24 anos de idade, que terminaram a Série do
Ensino Fundamental, porém não concluíram a Série do Ensino Fundamental, bem como
não possuem vínculos formais de trabalho. A elevação de escolaridade, a qualificação
profissional e o planejamento e execução de ações comunitárias de interesse são os objetivos
desse programa (PROJOVEM, 2005).
No que se refere à Secretaria Nacional de Juventude, a mesma visa elaborar,
supervisionar, coordenar, integrar e articular políticas públicas para a juventude, assim como
articular, promover e executar programas de cooperação com órgãos, nacionais,
internacionais, públicos e privados, direcionados para a efetivação de políticas para o
segmento juvenil.
Quanto ao Conselho Nacional de Juventude, esse faz parte da Secretaria-Geral da
Presidência da República enquanto órgão colegiado. Entre outros objetivos do Conselho,
podem ser citados: assessorar a Secretaria Nacional de Juventude na elaboração de diretrizes
de atuação do Governo Federal e incentivar pesquisas sobre o contexto socioeconômico dos
jovens (PROJOVEM, 2005).
Além das leis que foram destacadas também resoluções, a exemplo da
Resolução Nº 339, de 10 de julho de 2003, do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do
Trabalhador (CODEFAT) que institui linha de crédito especial (PROGER Jovem
empreendedor), no âmbito do Programa de Geração de Emprego e Renda (PROGER –
Urbano), bem como da Resolução Nº 12, de 2003, que dispõe sobre a criação do “Parlamento
Jovem Brasileiro” no âmbito da Câmara dos Deputados e outras providências (BRASIL,
2004).
Projetos e Programas da esfera educacional voltados para a juventude rural
Quanto aos projetos e programas voltados para a juventude que vive no espaço rural
há, por exemplo, na esfera educacional, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
(PRONERA) e o Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). O PRONERA,
coordenado desde 1998 pelo INCRA, envolve a parceria de instituições federais e estaduais.
113
Esse programa tem por objetivo fortalecer a educação de jovens e adultos a partir de 18 anos,
nos acampamentos
46
e assentamentos de reforma agrária. No Caso do EJA, o mesmo também
visa a alfabetização de jovens e adultos.
Em se tratando da oferta de educação, encontra-se o seguinte texto no artigo 28 da
Lei Nº 9.394/96:
na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino
promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida
rural e de cada região, especialmente: I- conteúdos curriculares e metodologias
apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II-
organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do
ciclo agrícola e às condições climáticas; III- adequação à natureza do trabalho na
zona rural (CURY, 2002, p.93).
Tendo por base a Lei 9.394/96, a educação básica compõe um dos níveis da
educação escolar (o outro nível diz respeito à educação superior), constitui-se pela educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio, bem como abrange a educação de jovens e
adultos e integra a educação profissional.
Na Resolução CNE/CEB 1, de 3 de abril de 2002, estão as Diretrizes
Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo a serem levadas em consideração
nos projetos das instituições que estão inseridas nos sistemas de ensino. Com base na
legislação educacional, essas diretrizes constituem em seu artigo segundo:
um conjunto de princípios e de procedimentos que visam a adequar o projeto
institucional das escolas do campo às Diretrizes Curriculares Nacionais para a
educação infantil, o Ensino Fundamental e Médio, a Educação de Jovens e Adultos,
a Educação Especial, a Educação Indígena, a Educação Profissional de Nível
Técnico e a Formação de Professores em Nível Médio na modalidade Normal
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC, 2002, p.37).
A aprovação das Diretrizes Operacionais foi uma conquista das organizações e
movimentos sociais, bem como a entrada da educação do campo, em número crescente, na
pauta de reivindicação dos movimentos sociais e sindicais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO,
2002).
O debate sobre a educação do campo teve início por ocasião do I Encontro
Nacional de Educadores da Reforma Agrária (I ENERA) que ocorreu em julho de 1997, em
Brasília. Esse encontro foi promovido pelo MST, UNB, UNICEF, UNESCO e CNBB. O
46
Os acampamentos dão origem freqüentemente aos assentamentos (RUA; ABRAMOVAY, 2000). As autoras
acenam que “acampar corresponde à seleção de uma estratégia de ocupação coletiva e organizada, visando à
conquista da terra” (2000, p. 257).
114
aprofundamento da discussão sobre a educação do campo pelas entidades promotoras do I
ENERA ocorreu a partir desse evento.
Posteriormente, realizou-se em Luziânia - GO, nos dias 27 a 30 de julho de 1998, a
I Conferência Nacional: por uma educação básica do campo (I CNEC). Essa Conferência foi
promovida pela CNBB, MST, UNICEF, UNESCO e UNB; possibilitou reflexões, trocas de
experiências e mobilizações em prol da educação básica do campo. Era consenso desde
aquele momento que essa educação contemplasse, por exemplo, o processo de formação
humana, a qualidade e a especificidade para a contemplação das necessidades e dos sonhos
das pessoas que trabalham e vivem no espaço rural. Na luta pela educação básica, busca-se
integrar as experiências de educação não-formal, ou seja, de caráter popular.
Neste sentido, é relevante destacar que a educação básica é distinta da educação
rural. Os estudiosos, Kolling, Nery e Molina (1999, p.44), apontam que a escola no espaço
rural possui vários problemas, a saber:
falta de infra-estrutura necessária e de docentes qualificados; falta de apoio a
iniciativas de renovação pedagógica; currículo e calendário escolar alheios à
realidade do campo; em muitos lugares, atendida por professores/professoras com
visão de mundo urbano, ou com visão de agricultura patronal; na maioria da vezes,
esses profissionais nunca tiveram uma formação específica para trabalhar com
aquela realidade; deslocada das necessidades e das questões do trabalho no campo;
alheia a um projeto de desenvolvimento; alienada dos interesses dos camponeses,
dos indígenas, dos assalariados do campo, enfim do conjunto dos trabalhadores, das
trabalhadoras, de seus movimentos e de suas organizações; estimuladora do
abandono do campo por apresentar o urbano como superior, moderno, atraente; e,
em muitos casos trabalhando para sua própria destruição, é articuladora do
deslocamento dos estudantes para estudar na cidade, especialmente por não
organizar alternativas de avanço das séries em escolas do próprio meio rural.
A promoção da educação no espaço rural depende, necessariamente, da visão de
educação e prática daqueles que estão na condição de educadores.
Os autores citados anteriormente acrescentam que:
(...) muitos professores/professoras no meio rural costumam fazer parte de um
círculo vicioso e perverso: são vítimas de um sistema educacional que desvaloriza o
seu trabalho, que coloca o meio rural como uma penalização e não uma escolha,
que não viabiliza a sua qualificação profissional, que rebaixa sua auto-estima e sua
confiança no futuro; como vítimas, na medida em que realizam um trabalho
desinteressado, desqualificado e sem ânimo (1999, p.70).
Na perspectiva de reflexão sobre a educação no espaço rural, a educação do campo
amplia essa discussão, pois uma das principais diferenças em relação à educação rural ou para
o meio rural baseia-se em quem está elaborando esse projeto. Em outras palavras, em vez de
115
iniciativas elaboradas e executadas pelo Estado, o que vem acontecendo historicamente, luta-
se por um outro projeto político educacional construído pelos sujeitos do campo. Nessa
perspectiva, a educação do campo é distinta da educação rural.
A educação do campo caracteriza-se pela construção de um projeto político-
pedagógico pelos trabalhadores do campo, por levar em consideração a realidade social desses
sujeitos e por dialogar com a teoria pedagógica. De um modo geral, as concepções e os
princípios pedagógicos de uma escola do campo envolvem os seguintes elementos: formação
de identidade; educação para a liberdade; projeto educativo contextualizado; educação
combinada com outros processos como ações políticas, econômicas e culturais; compromisso
ético e moral com pessoas humanas que tem, por exemplo, necessidades e desejos;
compromisso com a cultura do campo, resgatando seus valores; tomada de decisão pela
população no processo de gestão escolar; currículo que atenda a relação com o trabalho na
terra; estabelecimento da relação educação e cultura, ou seja, a escola passa a ser um espaço
de valorização cultural tanto dos estudantes quanto da comunidade; valorização da história de
vida dos sujeitos; qualificação dos educadores e das educadoras para o ensino na escola do
campo (KOLLING; NERY; MOLINA, 1999).
No processo de continuidade da mobilização por uma educação do campo, as
entidades promotoras da I CNEC organizaram a II Conferência Nacional: por uma educação
do campo (II CNEC). Esse evento foi realizado em Luziânia (GO), no período de 2 a 6 de
agosto de 2004. Participaram do II CNEC representantes de movimentos (sociais e sindicais),
organizações sociais de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da educação, universidades,
ONG’s e Centros Familiares de Formação por Alternância, entre outros, totalizando 1.100
participantes. (CONFERÊNCIA NACIONAL POR UMA EDUCAÇÃO DO CAMPO, 2004).
A partir da II CNEC, o debate em torno da educação do campo vem sendo
estabelecido por um conjunto de entidades e interessados no assunto, nos vários estados
brasileiros. Para a consolidação e o fortalecimento dessa discussão, realizaram-se, por
exemplo, no Estado do Pará, dois seminários no ano de 2005, quais sejam: o I Seminário de
Educação do Campo do Nordeste Paraense e o II Seminário Estadual de Educação do Campo.
O I Seminário de Educação do Campo do Nordeste Paraense ocorreu nos dias 21 e
22 de maio, no Município de Castanhal - PA. O evento foi promovido pela UFPa- Campus
Universitário de Castanhal, pelo Fórum Estadual de Educação do Campo e Desenvolvimento
Rural e pelo PRONERA. Os encaminhamentos retirados deste evento foram dois, são eles:
composição da Comissão de Educação do Campo do Nordeste Paraense, formada pela UFPa-
Campus Universitário de Castanhal, MST, FETAGRI e Centro de Educação/UFPa, bem como
116
foi deliberado que esse grupo de trabalho tem por objetivo a ampliação do número de
entidades participantes das atividades em prol da educação do campo.
O II Seminário Estadual de Educação do Campo foi realizado de 11 a 13 de junho
de 2005 no Município de Ananindeua - PA. Este evento foi coordenado pelo Ministério da
Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade (SECAD) e uma série de entidades parceiras. Os eixos centrais desse seminário
foram: as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e os
Projetos de Educação Profissional.
A programação desse seminário contou, entre outras atividades, com um painel,
com duas mesas redondas, com quatro grupos de trabalho (GT’s) e com socializações de
experiências. O painel foi sobre “Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural na Amazônia”;
os temas das mesas redondas foram: “Diretrizes para Educação do Campo e Bases para a
Construção de uma Política para Educação do Campo” e “Política Estadual de Educação do
Campo”; os GT’s foram, por exemplo, sobre “Currículo, Identidade e Diversidade” e
“Valorização dos Profissionais da Educação” e as socializações de experiências abrangeram
os seguintes temas: Educação étnico-racial; Educação e Juventude; Educação e Povos das
Águas; Pedagogia da Alternância; Educação e Reforma Agrária; Educação e Infância;
Educação e Trabalho no campo; Gênero e Educação e Educação e Povos da Floresta.
Cabe destacar ainda que a educação do campo está estritamente relacionada com a
agroecologia. Neste sentido, para um melhor entendimento da importância da agroecologia
faz-se necessário mencionar que, de um modo geral, a modernização da agricultura no Brasil
possibilitou o aumento de produtividade das culturas
47
destinadas ao mercado externo, mas
por outro lado provocou, entre outros processos, danos ambientais, concentração de terras e
desemprego. Essa estratégia de modernização da agricultura passou a ser contestada no País
na década de 1970, principalmente pelo surgimento de problemas sociais, ambientais e
econômicos.
No Município de Santarém, localizado na Microrregião Oeste do Pará, ocorre um
exemplo típico do que ainda acontece como conseqüência desse processo de modernização
em diversas regiões da Amazônia. No referido município, a expansão da monocultura
mecanizada de grãos como a soja (Glicine max (L.) Merril) tem provocado problemas sociais,
ambientais e econômicos, tais como a expulsão de populações rurais para áreas urbanas, a
47
A produtividade das culturas corresponde à produção/área, a exemplo de uma produtividade fictícia de 20
kg/ha.
117
concentração fundiária, a grilagem de terras, a violência, o desmatamento, a diminuição da
diversidade biológica, o desequilíbrio de ecossistemas, entre outros.
A oposição à agricultura moderna desdobrou-se, no âmbito da ciência e tecnologia,
na agroecologia (EHLERS, 1999). Para Gliessman (2001, p.54), a agroecologia é uma ciência
que “é definida como a aplicação de conceitos e princípios ecológicos no desempenho e
manejo de agroecossistemas sustentáveis”. na opinião de Hecht (2002), o termo
agroecologia tem vários sentidos e tem por base disciplinas como a antropologia, a economia
e a ecologia. Para a autora citada anteriormente, a agroecologia representa “uma abordagem
agrícola que incorpora cuidados especiais relativos ao ambiente, assim como aos problemas
sociais, enfocando não somente a produção, mas também a sustentabilidade ecológica do
sistema de produção” (HECHT, 2002, p.260).
Diante do exposto, torna-se fundamental que possa haver a apreensão de novos
valores pela juventude. Nessa linha de raciocínio, duas experiências que envolveram a
participação de jovens foram destacadas, a seguir, como exemplos de trabalhos educativos
com a juventude. A primeira experiência ocorre no Rio Grande do Sul e a segunda na Bahia.
De acordo com Cicconetto et al. (2005), a Pastoral da Terra orientou agricultores
da região da Serra do Rio Grande do Sul (durante o período de 1970 a 1980) sobre as causas
de sua pobreza e exploração, além da realização de práticas que envolviam desde hábitos de
higiene e alimentação à diversificação de culturas e formas de comercialização. Atualmente,
nesta região, existe um projeto denominado Centro Ecológico. Esse projeto tem como
objetivo mostrar a viabilidade técnica e econômica deste tipo de agricultura que está baseada
na preservação ambiental e justiça social.
A Pastoral da Terra aliando-se a esse projeto iniciou junto aos agricultores da
região um trabalho de difusão da agricultura ecológica, incentivada majoritariamente pelos
jovens da pastoral. Desse processo, resultou a valorização da auto-estima dos jovens,
possibilitando uma nova forma de se ver ao mesmo tempo como jovem e agricultor ou
agricultora. Assim, a estratégia de trabalho adotada para o trabalho educativo com os jovens
dessa região foi por meio da agricultura ecológica.
O outro exemplo que leva em consideração à apreensão de novos valores pela
juventude encontra-se nas microrregiões do Sisal e Vale do Jacuípe, semi-árido baiano.
Nesses locais teve início desde 2004 um projeto denominado “Projeto Juventude e
Participação Social (PJPS)”. O projeto envolve jovens na faixa etária de 16 a 29 anos; tem
como objetivo organizar a juventude e elaborar políticas públicas setoriais (SOBRINHO,
2005).
118
Programas da esfera econômica direcionados para a juventude rural e
Políticas Públicas almejadas por esse segmento juvenil
Quanto a outros programas voltados para a juventude rural existe, na esfera
econômica, o Crédito Fundiário. Esse financiamento está inserido no Plano Nacional de
Reforma Agrária e faz parte das políticas de desenvolvimento regional do Governo Federal
enquanto mecanismo de promoção do desenvolvimento rural, a exemplo do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) Jovem Rural.
O PRONAF Jovem Rural possui um limite de investimento de até 6 mil, inclui as
linhas de crédito A, A/C, B, C, D e E, com custeio associado de até 35%, encargos de 1%,
prazo de até 10 anos e carência de até 3 anos. Esse crédito está voltado para jovens (homens e
mulheres) de 16 a 25 anos que tenham concluído ou que estejam cursando o último ano em
escolas técnicas agrícolas de nível médio, em centros familiares de formação por alternância
ou feito curso de formação profissional de acordo com os requisitos definidos pela Secretaria
de Agricultura Familiar - SAF/MDA (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
- MDA, 2006).
O referido crédito somente poderá ser obtido se os pais dos jovens que estão
pleiteando esse financiamento tiverem algum tipo de crédito do PRONAF liberado. É
importante destacar que até o momento de finalização deste estudo não houve nenhum
financiamento do PRONAF Jovem Rural disponibilizado pelo Banco da Amazônia de
Castanhal
48
aos jovens do assentamento (informação verbal); nem pelo Banco do Brasil de
São Francisco do Pará.
No momento, programas de apoio aos jovens do assentamento estudado não estão
chegando a atingi-los. Apesar do PRONAF Jovem Rural ser do conhecimento daquela
juventude, até a finalização da coleta de dados apenas dois jovens do gênero masculino
estavam aptos a acessá-lo, tendo em vista que são formados por uma escola agrícola. Ou seja,
existem políticas públicas para a juventude do campo, mas com limitações para seu acesso,
sendo necessário de fato estarem voltadas para a melhoria da qualidade de vida de quem vive
no espaço rural. Uma das maneiras de se ter políticas públicas mais eficazes está em saber
quais são as reivindicações de determinada juventude.
Nesta linha de raciocínio, a juventude do campo à luz de seu protagonismo está
iniciando um debate sobre políticas públicas a fim de superar problemas que a aflige mais
48
Informação fornecida por Sorlange Sousa, responsável técnico pelos projetos do PRONAF na jurisdição de
Castanhal, no Banco da Amazônia de Castanhal em 14 de fevereiro de 2006.
119
diretamente. No ano de 2003, por exemplo, foram realizados dez seminários regionais
apoiados pela CONTAG e pela Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit und
Entwicklung (GTZ), Agência de Cooperação Técnica Alemã (CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS NA AGRICULTURA -
CONTAG, 2003).
Os seminários envolveram centenas de jovens de vinte e seis Estados da
Federação. Os temas abordados foram referentes à Reforma Agrária; ao Programa “Nossa
Terra” do Crédito Fundiário; à Agricultura Familiar; aos Assalariados e Assalariadas Rurais; a
Agroecologia e Meio Ambiente; à Organização da Produção Rural; à Educação do Campo; à
Saúde Reprodutiva, DST, AIDS e Combate à Violência no Campo; à Organização das
Comissões de Jovens do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
(MSTTR) e a sua Inserção nas Políticas Públicas. As proposições do movimento sindical
foram sintetizadas pelos jovens líderes, representantes das comissões municipais e estaduais,
bem como da comissão nacional.
Nos seminários surgiram propostas da juventude para a Reforma Agrária, das
quais mencionaram, entre outras, disponibilizar e facilitar o acesso a terra aos jovens, filhos e
filhas de agricultores familiares; proporcionar assentamentos de reforma agrária com infra-
estrutura adequada, tais como moradia digna, estradas, saneamento, eletricidade, recursos
hídricos, esporte, lazer e saúde; facilitar o acesso ao crédito; aumentar o valor de
financiamento e oferecer assistência técnica permanente.
Em relação às propostas para o Programa “Nossa Terra” do Crédito Fundiário,
foi proposto, por exemplo, que o Governo Federal disponibilize recursos financeiros para esse
Programa, em escala nacional, sendo a faixa etária de acesso entre 18 e 32 anos e que se
verifique também casos de jovens de 16 anos; que os juros sejam de 2% ao ano, com desconto
de 50% sobre o capital; que a comprovação de atividade rural seja de dois anos; que haja
orientação durante a obtenção do crédito e capacitação na atividade a ser desenvolvida.
Para a Agricultura Familiar foram apontadas propostas, tais como: garantir a
valorização da agricultura familiar; viabilizar mais recursos financeiros para o PRONAF
Estrutura; disponibilizar recursos e acesso ao PRONAF – Agroecologia; formação de redes de
negócios da juventude para a comercialização de produtos; garantir assistência técnica
permanente de qualidade e gratuita; desenvolver tecnologias voltadas para a produção
agrícola; criação de pequenas agroindústrias e selo da agricultura familiar; diversificação de
culturas e garantia do trabalho sobre cadeia produtiva.
120
As propostas para os assalariados e assalariadas rurais foram, dentre outras, o
acesso livre à posse da terra pela juventude assalariada rural; capacitação em: direitos
trabalhistas, previdenciários, negociação, contratos coletivos de trabalho e equipamentos de
trabalho; seguro desemprego na entressafra e ações para a emissão de documentos, a exemplo
da carteira de trabalho e Cadastro de Pessoa Física.
Para a agroecologia e meio ambiente, foram mencionadas o desenvolvimento de
políticas de crédito para a promoção da agroecologia; incentivo a organização e
comercialização de produtos agroecológicos; levantamento de experiências em agroecologia e
preservação ambiental com enfoque na participação de jovens e posterior divulgação em
cartilhas; reaproveitamento de águas e reciclagem de lixo; incentivo ao reflorestamento;
reativação de banco de sementes; campanhas de conscientização para a eliminação de
agrotóxicos e promoção da agroecologia na agricultura familiar.
As propostas para a organização da produção rural foram, entre outras, o debate
sobre cooperativismo de crédito e seu fortalecimento; a capacitação em organização e
comercialização da produção e, gestão da produção e tecnologia, além do incentivo a
formação de cooperativas de comercialização de produtos agrícolas.
Para a educação do campo, emergiram propostas de efetivação das diretrizes
operacionais para a educação básica do campo; construção de Escolas Famílias Agrícolas
(EFA’s) e Casas Famílias Rurais (CFR’s) em áreas de assentamento e em comunidades rurais;
promoção nas escolas do campo de formação sobre agroecologia, preservação ambiental,
saúde reprodutiva, DST, AIDS e violência; inclusão das disciplinas associativismo,
cooperativismo e meio ambiente no ensino fundamental e o resgate da auto-estima da
juventude rural.
Em relação à saúde reprodutiva, DST, AIDS e combate à violência no campo,
mencionaram, por exemplo, que o Ministério da Saúde incentive projetos que ampliem a
participação da juventude rural em eventos sobre a temática de saúde e violência; que haja o
fortalecimento do programa de saúde familiar dentro do município e que tenha a promoção da
capacitação de profissionais de saúde em dar palestras aos jovens rurais.
Das sugestões da juventude para a sua inserção nas políticas públicas destacaram-
se: a valorização da medicina alternativa, da cultura popular, da educação do campo, do
esporte e do lazer no espaço rural; a promoção da valorização da juventude trabalhadora rural
e a valorização de seu trabalho e a capacitação de jovens em políticas públicas.
Considerando as propostas mencionadas pela juventude rural, aquele segmento
juvenil reivindica direitos que possibilitem uma melhor qualidade de vida no campo, no
121
sentido de se ter condições favoráveis à obtenção de terra, habitação, saúde, educação, lazer,
cultura e tantas outras necessidades. Como bem aponta Spósito (apud SILVA, 2002), nos
segmentos juvenis surgem necessidades que se voltam tanto para projetos futuros quanto cada
vez mais para o momento presente. A seguir, apontam-se iniciativas que envolveram jovens
do assentamento Luiz Lopes Sobrinho em processo de formação educacional.
3.2 AÇÕES QUE ENVOLVERAM JOVENS DO ASSENTAMENTO
A mão que pega no lápis e
desenha o pensamento é
a mesma mão que semeia
um novo assentamento.
(Terra em movimento, Gilvan Santos)
Na perspectiva de incentivo à permanência da juventude no espaço rural,
identificou-se o envolvimento de jovens do assentamento Luiz Lopes Sobrinho em uma
discussão sobre propostas de serviços ambientais, por meio da formação de um pré-pólo do
PROAMBIENTE. Esse pré-pólo envolveu noventa jovens dos Municípios de Maracanã,
Igarapé-Açu e São Francisco do Pará.
O PROAMBIENTE é um programa de estímulo ao uso sustentável dos recursos
naturais; prioriza o emprego de sistemas de produção que incorporem tecnologias que
minimizem os impactos ambientais; o preparo de roças sem o uso do fogo e, a recuperação e
utilização de áreas alteradas/degradadas com implantação de sistemas alternativos de uso da
terra.
Seu processo histórico teve início no ano de 2000, por ocasião do Grito da
Amazônia. A idéia surgiu das Federações dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura
dos Estados da Amazônia Legal (FETAG’s da Amazônia). O processo de fortalecimento
desse programa ocorreu nesse mesmo ano, por meio de parcerias entre as FETAG’s da
Amazônia e entidades interessadas nessa discussão (PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL DA PRODUÇÃO FAMILIAR RURAL -
PROAMBIENTE, 2003).
122
Nos anos de 2001 a 2003 várias atividades foram realizadas, tais como: as
FETAG’s da Amazônia estabeleceram parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (IPAM) e com a Federação dos Órgãos de Assistência Social e Educacional
(FASE), o que culminou com a criação do PROAMBIENTE; houve uma oficina para
esclarecimentos do programa em escala regional; propostas para o programa foram
elaboradas; foi criada a Secretaria Executiva do PROAMBIENTE; convênios foram
celebrados e executados; aconteceram encontros, entre eles, “Agricultura Familiar e
Extrativismo”, “Pesca Artesanal”, “Indígena” e da “Sociedade Civil”; o Grupo de Trabalho
Interministerial do PROAMBIENTE ampliou-se; a proposta do programa foi entregue ao
Governo Federal; o PROAMBIENTE foi inserido como um programa da Secretaria de
Desenvolvimento Sustentável do MMA no Plano Pluri Anual (PPA) 2004-2007. Por fim, esse
programa está incluído no MDA.
Retomando a discussão da formação de um pré-pólo do PROAMBIENTE, pode-se
dizer que a construção do pré-pólo foi uma iniciativa dos próprios atores locais para terem
acesso a essa política. O grupo (formado por agricultores familiares dos Municípios de
Maracanã, Igarapé-Açu e São Francisco do Pará) realizou várias atividades de mobilização,
tais como: articulações com associações, sindicatos e cooperativas dos agricultores familiares
dos municípios citados, além de contatos com os seguintes órgãos: Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA), Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do
Estado do Pará (FETAGRI -PA), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM),
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Banco da Amazônia e Instituto
Agroecológico da Amazônia (IAAM), no sentido de obter apoio para a formação e
consolidação de um pólo do PROAMBIENTE (informação verbal)
49
.
Outras atividades também foram cumpridas, a exemplo de três cursos de
capacitação para os futuros agentes de desenvolvimento rural. O primeiro curso foi para
esclarecimentos sobre o PROAMBIENTE; o segundo sobre o uso de agrotóxicos (inseticidas,
fungicidas e herbicidas) e o terceiro sobre a agroecologia. O propósito desses cursos era de
mostrar a diferença da prática da agricultura moderna para uma agricultura que respeite a
natureza.
Em conversa informal com um jovem de 17 anos de idade que vive no
assentamento Luiz Lopes Sobrinho, o mesmo relatou que o conhecimento proporcionado
pelos cursos, no que se refere ao conteúdo ministrado, é diferente das práticas agrícolas que
49
Informação fornecida por Tonildes Ataíde, na época coordenador do pré-polo, no dia 25 de agosto de 2005 no
Município de Igarapé-Açu.
123
seus pais o ensinaram o jovem quer continuar desenvolvendo as mesmas atividades
agrícolas que seu pai e outras pessoas do assentamento realizam, no entanto quer melhorar a
maneira de obter os produtos agrícolas. Outro jovem (25 anos de idade) relatou ter vontade de
aprender mais sobre a agroecologia.
Essas expectativas são semelhantes aos resultados de pesquisa desenvolvida por
Abramovay et al. (1998), uma vez que 45,16% dos jovens do gênero masculino que foram
entrevistados nutriam a esperança de continuar com as mesmas explorações praticadas por
seus pais, porém melhorariam a tecnologia e o gerenciamento.
No momento, o processo de efetivação desse pré-pólo está paralisado, tendo em
vista alguns fatores, dentre eles, a falta de recurso financeiro alegada pelo Governo Federal
para a criação de outros pólos.
Outra atividade de relevância, diz respeito à atividade realizada pela Assessoria
Técnica Social e Ambiental – ATES junto com os professores do assentamento. Vale lembrar
que a ATES corresponde à equipe do INCRA que presta serviço de orientação técnica aos
assentados.
Essa atividade foi desenvolvida no dia 26 de novembro de 2005 junto a crianças,
jovens e adultos, por meio de um seminário
50
. A preservação do meio ambiente foi o tema
central desse evento, uma vez que no assentamento está ocorrendo processo de desmatamento
de uma área de 600 ha de vegetação primária. A referida área é considerada a maior do
Nordeste Paraense; a segunda maior possui 200 ha e localiza-se no Município de Capitão
Poço.
Para a maioria dos assentados, a mata “é vista como fonte para a exploração de
madeira, ou até mesmo para o desmatamento direcionado para a criação de gado ou para a
abertura de roçados” (MELO; VIGÁRIO JÚNIOR, 2003, p.10). Enfoca-se essa questão, haja
vista que existem jovens no assentamento que também estão retirando esse recurso vegetal.
Então, quando ações que podem gerar novas perspectivas de educação no assentamento,
torna-se importante que sejam registradas.
Vale destacar que a ATES levou para o local do seminário mudas de espécies
frutíferas, essências florestais e medicinais com o objetivo de que os participantes tomassem
conhecimento das espécies e de que fossem plantadas próximas a um recurso hídrico (ver
Figura 33).
50
Parte desta elaboração foi apresentada aos participantes desse seminário.
124
Em um estudo realizado por Melo e Vigário Júnior (2003) sobre as potencialidades
e perspectivas da implementação do ecoturismo no assentamento, os autores explanam que a
existência de potenciais naturais, tais como: nascentes, igarapés, açudes e mata primária; a
infra-estrutura; a organização da comunidade em associações e cooperativas e suas tradições
possibilitam a prática de atividades do ecoturismo. O ecoturismo, ramo do turismo
sustentável, é atividade que propicia desenvolvimento, geração de renda às comunidades, bem
como, reforça a cultura local e gera consciência ambiental por parte dos habitantes.
Nesse aspecto, pode ser trabalhada uma nova possibilidade de atuação no
estabelecimento agrícola, que leve em consideração não somente a questão econômica, mas
essencialmente os valores que os jovens estão assimilando, em um contínuo processo de
aprendizagem.
O referido seminário deu início a ações conjuntas entre os profissionais que atuam
na área, configurando-se em perspectivas de formação de uma rede de apoio à juventude do
assentamento. Ou seja, assim como teve essa ação conjunta da ATES e dos professores, outras
iniciativas poderiam ser realizadas envolvendo outros profissionais (da área de saúde, por
exemplo), formando e fortalecendo uma rede de apoio educacional aos jovens.
Portanto, a efetivação de um programa como o PROAMBIENTE e as ações
conjuntas de profissionais que atuam no espaço rural servem de ferramenta na construção de
novos valores pela juventude. Outra ferramenta é a política pública que envolve
Figura 33- Açude existente no assentamento Luiz Lopes Sobrinho
(Oliveira, 2006)
125
concomitantemente a família, a escola e o trabalho, pois são centrais para resgatar a
valorização da mulher e do homem do campo, para o uso de práticas agrícolas que degradem
menos o solo, enfim para possibilitar a auto-estima dos jovens que vivem no espaço rural.
Em síntese, a juventude do assentamento está ávida por apreender, por conhecer e
(fazendo uso da expressão de Freire) ansiosa por ser mais, por um quefazer educativo. Diante
do exposto, a seguir, destacam-se as aproximações conclusivas deste estudo.
126
APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS
O trabalho, a educação e a família fazem parte dos projetos de vida da juventude.
De um modo geral, esses projetos direcionam um modo de viver. Neste sentido, os jovens do
assentamento Luiz Lopes Sobrinho, localizado no Município de São Francisco do Pará,
também almejam trilhar caminhos que passam pelo cruzamento do eixo trabalho-educação-
família.
Nesta perspectiva, diante do problema de pesquisa, qual seja: quais as expectativas
de jovens que vivem no assentamento Luiz Lopes Sobrinho quanto ao trabalho, à educação e
à família? e no intuito de compreender essas expectativas a partir do contexto sócio-cultural e
econômico que determinam as condições de existência dessa juventude, constatou-se que os
jovens do assentamento que estão na faixa etária de 15 a 24 anos apresentam, de uma maneira
geral, as seguintes características: a) são originados da Mesorregião do Nordeste Paraense; b)
no momento existe uma concentração maior de jovens do gênero masculino; c) os jovens do
gênero feminino e masculino possuem distintas concepções sobre juventude, trabalho,
educação e família; d) a juventude encontra-se inserida, em sua maioria, em uma família de
origem (família de seus pais); e) a renda familiar variou entre menos de 1 salário a 11 salários
mínimos mensais; f) a maioria desses jovens não tem compromisso conjugal e filhos e g) a
juventude do assentamento possui sua vida centrada em torno dos grupos familiar, religioso e
de amigos, bem como do trabalho, do estudo e do lazer.
Essa caracterização é própria da condição material de existência juvenil no
assentamento, o que remete a uma segunda inferência, a saber: a juventude do assentamento
almeja, significativamente, atividades distintas da agropecuária, no sentido de melhoria das
condições de vida; deseja transmitir valores e regras sociais, objetivando dar continuidade aos
saberes adquiridos na família de origem, espera conseguir um trabalho/emprego/formação
profissional, buscando um sentido a própria existência, bem como quer constituir família, ter
uma (um) companheira (o) e filhos para reproduzir o modelo de família vigente. Essas
esperanças, em seu conjunto, reportam para a esfera de políticas que possibilitem
desenvolvimento rural.
Por fim, uma terceira inferência, qual seja: a ação conjunta da Assistência Técnica
Social e Ambiental e dos professores e o pré-pólo do PROAMBIENTE foram iniciativas que
127
auxiliaram jovens do assentamento na direção de suas expectativas; os primeiros no sentido
da formação educacional e o último na interação trabalho-educação-família.
Diante desses resultados, faz-se necessário dizer que os discursos dos jovens
remetem às políticas de desenvolvimento na perspectiva de integração de eixos temáticos, a
exemplo do eixo trabalho-educação-família, bem como de outras dimensões que estão
articuladas e que fazem parte do projeto de vida de jovens que vivem em assentamento de
reforma agrária.
Essa interação é a chave para que a juventude possa estar no campo por escolha
própria, uma vez que com essa perspectiva maior possibilidade de se ter qualidade de vida
e, fundamentalmente de contemplação de suas expectativas.
Neste sentido, esta elaboração foi plena de apreensão de conhecimento ao longo de
todo o percurso deste trabalho, uma vez que possibilitou, sobretudo, compreender que a
juventude é construída socialmente; que em cada contexto sócio-cultural, político e
econômico a produção de uma juventude que expressa expectativas diversificadas; que os
jovens podem atuar enquanto protagonistas de seu tempo; que o espaço rural sempre esteve
em construção e que em especial, a juventude do assentamento Luiz Lopes Sobrinho quer
construir um modo de vida que possa aliar os saberes obtidos na família de origem com outros
conhecimentos adquiridos por meio de suas relações com o mundo em seu entorno.
Sendo assim, lutar para aproximar as aspirações da juventude de sua realidade é
assegurar que haja processo de desenvolvimento rural, no sentido dado por Martinho, ou seja,
de melhoria das condições de vida em diversas dimensões (social, econômica, cultural e
política, entre outras). Então, saber sobre as especificidades da juventude é relevante para se
ter políticas de desenvolvimento mais eficazes.
Diante do exposto, espera-se que este estudo proporcione a profissionais, a atores
sociais, bem como a entidades governamentais e não governamentais, informações, reflexões
e estímulos a debates a fim de se pensar em ações que conduzam a formulação e
implementação de políticas públicas condizentes com todas aquelas pessoas que constroem
suas identidades no espaço rural.
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138
APÊNDICES
139
APÊNDICE A - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES REALIZADAS NO PERÍODO 2004-
2006
Período (2004)
ATIVIDADES
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul Ago
Set
Out
Nov
Dez
Aquisição de créditos
Elaboração do projeto de pesquisa
Revisão Bibliográfica
Contato com público alvo no
assentamento Luiz Lopes Sobrinho
Início da coleta de dados
Período (2005) ATIVIDADES
Jan Fev
Mar
Abr
Mai
Jun Jul
Ago
Set - Nov Dez
Aquisição de créditos
Elaboração do projeto de pesquisa
Revisão Bibliográfica
Coleta de informações
Apresentação da Qualificação
Tratamento, análise e interpretação
dos dados coletados
Elaboração da dissertação
Período (2006) ATIVIDADES
Jan Fev
Mar
Abr
Mai
Jun Jul
Ago
Set
Coleta de informações
Análise, interpretação e ajustes de
dados coletados
Apresentação da dissertação
Convenção:
Atividade realizada
140
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS AMAZÔNICAS
APÊNDICE B FORMULÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DE JOVENS DO ASSENTAMENTO LUIZ LOPES
SOBRINHO
Formulário Nº: Data: / /
Entrevistador (a):
Endereço do entrevistado:
Início da entrevista: Término da entrevista:
Duração da entrevista:
1) Qual o seu nome?__________________________________________________________
2) Você tem apelido?Qual?____________________________________________________
3) Quantos anos você tem?____________________________________________________
4) Onde você nasceu?________________________________________________________
141
Seção A: Presente:
Se família de origem:
5) Composição dos membros da família.
Nome dos membros da
família - Parentesco
Local de
nascimento
Idade
(anos)
Série em que
Estuda Parou de estudar
Pai:
Mãe:
Outros:
142
Se família de reprodução:
5) Composição dos membros da família.
Nome dos membros da
família - Parentesco
Local de
Nascimento
Idade
(anos)
Série em que
Estuda Parou de estudar
Companheiro (a):
Outros:
143
6) Você estuda? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7) Caso não estude: você pretende estudar algum dia? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8) Caso estude: faz que série? Onde fica a escola que estuda?
__________________________________________________________________________
9) Para você é difícil ou não estudar? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10) Que atividades costuma fazer na companhia de sua família? (Tipo: passeio, reza...)
__________________________________________________________________________
11) Atualmente você trabalha? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
12) Caso trabalhe: que tipo de trabalha realiza? Onde fica?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13) Como você aprendeu o trabalho que desenvolve hoje?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14) Com quem você mais aprendeu o trabalho que realiza hoje?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
15) Atualmente você trabalha junto com os seus pais? Numa mesma área?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
144
16- Renda agrícola de culturas consorciadas ou não, pomar, horta, extrativismo, lenha etc. do ano de 2004
Especificação
área Consumo intermediário
(adubo, óleo diesel,
sementes,
agrotóxicos,lubrificante)
Capital fixo
(máquina, trituradeira, debulhadeira, ferramenta,
km de cerca, instalações)
atividade Contratação de
mão de obra e
Pagamento de
serviços
Qde valor de compra Qde
Valor de compra ou custo
de instalação
Idade
Preparo de área
Plantio
Tratos culturais
Colheita
Beneficiamento
Comercialização
Qde
Valor de compra ou custo
de instalação
Idade
Preparo de área
Plantio
Tratos culturais
Colheita
Beneficiamento
Comercialização
Qde
Valor de compra ou custo
de instalação
Idade
Preparo de área
Plantio
Tratos culturais
Colheita
Beneficiamento
Comercialização
145
17- Renda da criação:
Criação Nº de
animais
Valor unitário
(verificar quantos quilos e depois
valorizar)
Compra de
medicamentos
Valor
unitário
Instalações (cerca,
curral...)
Custo de
instalação
Idade
146
18- Para culturas, extrativismo e criações:
Cultura ou
criação
Quantidade produzida em
Kg, Sc ou unidade
Quantidade
consumida
Quantidade
vendida
Valor unitário
(R$)
19- De quem veio a idéia de criar boi? Por que está criando?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
20- Renda extra:
21) O que você costuma comprar por mês com o dinheiro que ganha?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
22) Você ajuda ou não na despesa? Quanto por mês?
23) Caso não trabalhe: você pretende trabalhar algum dia? Por quê? Em que gostaria de
trabalhar?
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Renda extra Valor (R$)
Aposentadoria
Pensão
Bolsa-escola
Aluguel de terra
Venda de mão-de-obra
Aluguel de implementos
Outros
147
24) Ajuda seus pais ou companheiro (a) em quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
25) Existe algum outro tipo de trabalho que você realiza? Qual? Onde Fica?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
26) O trabalho, ajuda aos pais ou ao companheiro que você realiza é difícil ou não? Por quê?
27) Além do estudo e do trabalho, o que geralmente costuma fazer?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
28) O que costuma fazer para se divertir? (televisão, jogo de bola, festa ou outras formas de
lazer identificadas pelos jovens).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
148
29) Você participa ou participou de algum grupo nos últimos três anos? (tipo: grupo de estudo, programa de rádio comunitária; grupo teatral, de
futebol, de dança, de jornal, de exposições e de palestras; mutirão de trabalho; associação; cooperativa; STTR; igreja e projetos).
Tipo de organização
que participa
Tipo de organização
que participou
Dias de
encontro
Tempo
dedicado/
reunião
Mensalidade/
mês (R$)
Atividades desenvolvidas na
organização
Tempo de
participação
Motivo de participar
Motivo de ter parado de
freqüentar
149
30) Atualmente o que mais gosta de fazer?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
31) Atualmente existe algo que deixa você triste?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
32) Onde você acha que é melhor para morar? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
33) O que você pensa da vida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
34) O que é ser jovem para você?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
35) É ou não difícil ser jovem para você? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
36) Fale um pouco sobre o que acha de você mesmo.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
37) Fale um pouco sobre o que seus colegas dizem a seu respeito.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
150
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS AMAZÔNICAS
APÊNDICE C ROTEIRO PARA O APROFUNDAMENTO DA COMPREENSÃO SOBRE AS
EXPECTATIVAS DE JOVENS DO ASSENTAMENTO LUIZ LOPES SOBRINHO QUANTO À TRÍADE
TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
Grupo A- TEMÁTICA TRABALHO
A.1- Presente:
A.1.1- Verificar se trabalha ou não.
A.1.2- Caso trabalhe, identificar:
A.1.2a- Em que atividade;
A.1.2b- Se gosta de realizar as atividades do trabalho atual e motivo.
A.1.3- Caso considere que não trabalha, identificar:
A.1.3a- Em que ajuda seus pais ou companheiro (a).
A.1.4- O que ele (a) entende por trabalho.
A.2- Futuro:
A.2.1- Caso não trabalhe, saber:
A.2.1a - Pretensão de trabalhar algum dia;
A.2.1b- Motivo de querer trabalhar;
A.2.2- Caso trabalhe, conhecer:
A.2.2a- Se vê algum futuro no trabalho que realiza hoje e motivo.
A.2.2b- Pretensão de continuar trabalhando na mesma atividade e motivo.
A.2.3- Perceber se existe alguma profissão que deseja seguir.
A.2.4- Motivo de escolha da profissão desejada.
A.2.5- O que ele (a) pretende fazer para atingir a profissão desejada.
151
Grupo B- TEMÁTICA EDUCAÇÃO
B.1- Passado/Presente:
B.1.1- Saber se estuda ou não.
B.1.2 - Qual a série que estuda ou parou de estudar.
B.1.3 - Estudar é (foi) uma opção do (a) jovem ou estuda (estudou) devido os pais obrigarem.
B.1.4 - O que mais gosta (gostava) na escola que estuda (estudava) e motivo.
B.1.5 - O que menos gosta (gostava) na escola que estuda (estudava) e motivo.
B.1.6 - O que ele (a) entende por educação.
B.1.7 - Quais os principais ensinamentos que recebeu ou recebe dos pais.
B.1.8 - Quais os principais ensinamentos que passa ou gostaria de passar para os filhos.
B.2- Futuro:
B.2.1- Caso não estude, compreender:
B.2.1a- A pretensão de estudar algum dia e motivo;
B.2.1b- O que pretende fazer para consegir realizar o desejo de estudar.
B.2.2- Caso estude, entender:
B.2.2a- A pretensão de continuar os estudos;
B.2.2b- Até que série pretende estudar (fundamental, médio e graduação);
B.2.3- Saber se o estudo pode ou não ajudá-lo (a) futuramente e de que forma.
Grupo C- TEMÁTICA FAMÍLIA
C.1- Passado/Presente:
C.1.1) Identificar qual o tipo de família (origem ou reprodução).
C.1.2) Saber o que ele (a) entende por família.
C.2- Futuro:
C.2.1) Verificar até quando ele (a) pretende morar com os pais e motivo.
C.2.2) Se não tiver companheiro (a), pretensão de casamento e motivo.
C.2.3) Se não tiver filhos, pretensão de gerar.
Grupo D- TRÍADE TRABALHO-EDUCAÇÃO-FAMÍLIA
D1- Ordem de importância das palavras família, educação e trabalho.
D2- Motivo da respectiva ordem de importância.
152
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS FAMILIARES AMAZÔNICAS
APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O LEVANTAMENTO DE
INFORMAÇÕES JUNTO AOS PROFESSORES
1- Nome da escola.
2- Verificar existência e quantidade de banheiro, sala de aula, biblioteca, sala de vídeo etc.
3- Se há merenda escolar
4- Freqüência de fornecimento da merenda escolar para os alunos e quem fornece.
5- Saber se o ensino é multiseriado.
3- Quantas séries/sala e em que horário funciona.
4- Qual a faixa etária dos alunos.
5- Se existe o Programa de Educação de Jovens e Adultos e como funciona na escola.
6- Que atividades a escola já desenvolveu e desenvolve com os alunos e a família.
7- Se a escola leva em consideração a valorização do trabalho do homem e da mulher do
campo.
153
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – AMAZÔNIA ORIENTAL
CURSO DE MESTRADO EM AGRICULTURAS FAMILIARES AMAZÔNICAS
APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA SOBRE O PRÉ-PÓLO DO
PROAMBIENTE
1- Histórico do Pré-Pólo do PROAMBIENTE formado pelos Municípios de Igarapé - Açu -
São Francisco do Pará e Maracanã.
2- Situação atual do Pré-Pólo.
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