RESUMO
Oliveira, F. S. A verdade está nas mídias: a fabricação do real infantil na sociedade de
consumo. Dissertação (mestrado). Faculdade de Ciências e Letras de Assis. UNESP, 2006,
167 p.
O presente estudo tem suas origens na constatação da crescente presença dos meios de
comunicação no cotidiano da sociedade. A todo o momento, informações, reais ou fictícias,
relevantes ou não, acabam aparecendo diante de nossos olhos e fazendo parte do nosso dia a dia.
A população está “antenada” aos acontecimentos e os meios de comunicação acabam por trazer
para nossas vidas mais informações do que somos capazes de refletir a respeito. A informação-
notícia e a informação-entretenimento se misturam e vão se multiplicando enquanto nos
esforçamos – uns mais, outros menos – para interagir com essa torrente de informações e utilizá-
la para entender nossa realidade. A grande quantidade de informações e acontecimentos e o
pouco tempo para se pensar a respeito leva a uma relação superficial entre as pessoas e a
realidade que as cerca. É esse o contexto contemporâneo no qual também vivem as crianças e,
nesse contexto, constroem suas representações simbólicas. Parece que o espaço para a fantasia
não vai muito além do que é passado na programação. O faz de conta, que faz parte da infância,
foi exibido e não criado por elas. As crianças acabam por viver as fantasias fabricadas por
adultos que fizeram o programa para um fim outro que não fornecer alternativas de
desenvolvimento e entretenimento saudável. Com a intenção de explorar esse universo
contemporâneo, buscamos compreender como as crianças apreendem a programação televisiva.
Mas, o que será que as crianças pensam das coisas a que assistem? Como será que elas elaboram
o conteúdo que lhes é apresentado? Como se apropriam dos elementos culturais que lhes são
oferecidos? Qual (ou quais) a(s) ideologia(s) presente(s) em seus discursos? Para responder essas
questões e atingir nossos objetivos, optamos por entrevistar 10 crianças entre 10 e 11 anos
(meninos e meninas), seguindo um roteiro semi-estruturado que contém perguntas sobre as
relações da criança com a televisão e a programação exibida. Seguindo os pressupostos teóricos e
metodológicos de autores como Malinowski, Postman, Gittlin e Lasch, os dados foram
analisados, qualitativamente, a partir da organização de categorias que prevêem os seguintes
aspectos: a) ser criança; b) a presença das mídias em suas vidas; c) a relação entre mídias e
cultura infantil; d) o que as crianças percebem sobre o que a televisão transmite e e) como os pais
e professores se posicionam frente às preferências televisivas das crianças. Os resultados indicam
que a presença das mídias na vida das crianças é freqüente e cotidiana, mas a maioria delas não
tem consciência do fato. Além disso, as mídias ocupam o espaço “vago” na vida das crianças,
isto é, o espaço sem “obrigações” definidas pelos adultos. Podemos perceber também que o grau
de envolvimento das crianças com as mídias influi em sua vida social. No que tange a relação
com pais e professores, parece que eles se sentem pouco seguros para refletir com seus filhos
acerca do que passa na TV.
Palavras-chave: Mídia – Televisão – Artefato Cultural – Programação - Infância