Download PDF
ads:
Aline Margarete Furuyama Lima
ESTUDO DE PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE ALGINATO DE
SÓDIO, PECTINA E BLENDAS EM SOLUÇÃO E NO ESTADO SÓLIDO
COM APLICAÇÃO EM SISTEMA DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS.
FLORIANÓPOLIS
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ESTUDO DE PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE ALGINATO DE
SÓDIO, PECTINA E BLENDAS EM SOLUÇÃO E NO ESTADO SÓLIDO
COM APLICAÇÃO EM SISTEMA DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS.
Tese submetida ao Programa de Pós-graduação em
Química da Universidade Federal de Santa Catarina
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Doutora em Química
Aline Margarete Furuyama Lima
Florianópolis
2006
ads:
Aline Margarete Furuyama Lima
ESTUDO DE PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE ALGINATO DE
SÓDIO, PECTINA E BLENDAS EM SOLUÇÃO E NO ESTADO SÓLIDO
COM APLICAÇÃO EM SISTEMA DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS.
Esta tese foi julgada e aprovada para obtenção do título de Doutora em Química no
Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 18 de agosto de 2006.
____________________________
Prof. Dr. Ademir Neves
Coordenador do Curso de Pós-graduação em Química
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Valdir Soldi
(Orientador da Tese)
Prof. Dr. Dimitrios Samios
(Relator da Tese DFQ-IQ-UFRGS)
Prof. Dr. Alfredo Tibúrcio Nunes Pires
(QMC-UFSC)
Prof. Dr. Marcos Antônio Villetti
(IF-CCNE- UFSM)
Prof. Dr. Gean Vitor Salmoria
(EMC-UFSC)
Prof. Dr. Hérnan Francisco Terenzi
(BQM-UFSC)
iii
Dedico essa Tese ao meu esposo Marcelo de Freitas Lima, aos meus pais Jorge e Sueli
Furuyama e aos meus irmãos Meliza, Yuri e Ben-Hur.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por estar em minha vida e me abençoar com tantas
maravilhas.
Ao meu tão amado esposo Marcelo de Freitas Lima pelo amor,
dedicação, paciência e me fazer feliz a cada instante da minha vida.
Aos meus amados pais Jorge e Sueli Furuyama por toda a dedição,
amor, educação e por me ensinar a nunca desistir dos sonhos.
Aos meus amados irmãos Meliza, Yuri e Ben-Hur pelo apoio, amizade
e incentivo.
Ao professor Valdir Soldi pela amizade, compreensão e incentivo
para a realização dessa Tese. Aos professores Redouane Borsali, Jean-François
Le Meins, Eric Papon e Juan Rodriguez-Hernandez por todo o incentivo
acadêmico e técnico.
À Marly por toda auxílio e dedicação profissional e pessoal durante a
realização desse estudo.
Aos professores Eduardo, Maria da Graça, Alfredo, Hérnan, Marcos,
Dimitrios, Gean, Miguel, pela contribuição acadêmica, direta ou indiretamente.
Às minhas amigas que não preciso citar seus nomes e que sabem que
sempre estaram no meu coração.
A todos os professores, funcionários e colegas do Departamento de
Química, em especial a Maria da Graça Pereira Hoeller e Jadir Carminatti.
À CAPES pela bolsa concedida.
v
vi
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................iv
SUMÁRIO.....................................................................................................................vi
LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................xvi
RESUMO......................................................................................................................xx
ABSTRACT.................................................................................................................xxi
CAPÍTULO 1..................................................................................................................1
1. Introdução................................................................................................................1
1.1. Justificativa.......................................................................................................3
1.2. Polissacarídeos .................................................................................................5
1.3. Alginato de sódio.............................................................................................. 5
1.3.1. Origem.......................................................................................................5
1.3.2. Fonte ..........................................................................................................7
1.3.3. Método de isolamento e estrutura do alginato de sódio ............................8
1.3.4. Propriedades e aplicações do alginato de sódio......................................... 9
1.4. Pectina de frutas cítricas.................................................................................12
1.4.1. Fonte ........................................................................................................12
1.4.2. Método de isolamento, estrutura e obtenção de pectina de baixo grau de
esterificação .......................................................................................................13
1.4.3. Propriedades e aplicação em geral de pectina. ........................................15
1.5. Blendas poliméricas........................................................................................20
1.6. Viscosimetria..................................................................................................22
Propriedades reológicas.........................................................................................26
1.7. Espalhamento de luz dinâmico (DLS)............................................................29
1.8. Filmes e matrizes porosas de alginato de sódio e pectina..............................33
1.9. Agentes reticulantes........................................................................................35
1.10. Bandagem para lesão e liberação controlada de fármaco.............................36
Capítulo 2......................................................................................................................43
2. Objetivos ...............................................................................................................43
2.1. Objetivo geral.................................................................................................43
2.2. Objetivos específicos......................................................................................43
Capítulo 3......................................................................................................................45
3. Parte experimental.................................................................................................45
3.1. Materiais.........................................................................................................45
vii
3.2. Determinação da razão das unidades M e G no alginato de sódio.................46
3.3. Determinação do grau de esterificação (GE) da pectina................................46
3.4. Viscosimetria..................................................................................................47
3.5. Espalhamento de luz dinâmico (DLS)............................................................48
3.6. Reologia..........................................................................................................50
3.7. Preparação de filmes.......................................................................................52
3.7.1. Espectroscopia no infravermelho dos filmes...........................................52
3.7.2. Termogravimetria (TG) ...........................................................................52
3.7.3. Calorimetria exploratória diferencial de varredura (DSC)......................53
3.7.4. Ensaios de tração dos filmes....................................................................53
3.7.5. Cinética de absorção de água (AA).........................................................54
3.8. Preparação das matrizes porosas....................................................................55
3.8.1. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)...........................................55
3.8.2. Ensaios de compressão das matrizes porosas..........................................55
3.9. Preparação de filmes e matrizes porosas de alginato de sódio/pectina
reticulados com CaCl
2
ou EDC............................................................................. 56
3.9.1. Razão de intumescimento (RI) de filmes em solução etanólica..............57
3.9.2. Razão de intumescimento em solução tamponada..................................58
3.9.3. Estabilidade em solução dos filmes e matrizes porosas reticulados........58
3.10. Adição de plastificante e reticulação com formaldeído ...............................59
3.10.1. Preparação dos filmes............................................................................59
3.10.2. Espectroscopia no infravermelho ..........................................................59
3.11. Incorporação de fármaco modelo nas matrizes porosas...............................59
3.11.1. Eficiência de incorporação do fármaco-modelo nas matrizes...............60
3.11.2. Liberação do fármaco-modelo a partir das matrizes porosas................60
Capítulo 4......................................................................................................................62
4. Resultados e discussões.........................................................................................62
4.1. Determinação do grau de esterificação da pectina (GE)................................62
4.2. Determinação da razão entre as unidades M e G no alginato de sódio..........63
4.3. Determinação da massa molar dos polissacarídeos........................................64
4.4. Viscosimetria..................................................................................................65
4.5. Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS) .........................................................70
4.6. Comportamento Reológico: efeito da concentração dos polissacarídeos e da
blenda alginatode sódio/ pectina. ..........................................................................84
4.7. Efeito da concentração dos polissacarídeos, da adição de sal e da mistura de
alginato de sódio/ pectina: reologia dinâmica.......................................................89
4.7.1. Efeito do agente reticulante EDC: propriedades viscoelásticas. .............96
4.8. Caracterização físico-química de filmes e matrizes porosas não reticulados
.............................................................................................................................104
4.8.1. Espectroscopia de infravermelho dos filmes.........................................104
4.8.2. Termogravimetria (TG) .........................................................................105
4.8.3. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)........................................108
4.8.4. Ensaios Mecânicos.................................................................................109
4.8.5. Cinética de Absorção de Água (AA).....................................................113
4.8.6. Microscopia Eletrônica de Varredura....................................................115
viii
4.8.7. MEV das matrizes porosas ....................................................................118
4.8.8. Ensaio de compressão............................................................................120
4.9. Caracterização físico-química de filmes e matrizes reticulados com CaCl
2
ou
EDC.....................................................................................................................122
4.9.1. Razão de intumescimento (RI) de filmes reticulados em etanol-água ..122
4.9.2. Formação dos filmes e matrizes porosas...............................................124
4.9.3. Espectroscopia no infravermelho ..........................................................125
4.9.4. Microscopia Eletrônica de Varredura....................................................130
4.9.5. Ensaios mecânicos: Ensaio de tração dos filmes reticulados................135
4.9.6. Ensaios Mecânicos: Ensaios de compressão das matrizes porosas
reticuladas........................................................................................................139
4.9.7. Razão de intumescimento (RI) de filmes reticulados............................140
4.9.8. Razão de intumescimento de matrizes porosas .....................................145
4.9.9. Durabilidade dos filmes e matrizes porosas reticulados........................ 147
4.10. Adição do agente plastificante sorbitol e a reticulação dos filmes de alginato
de sódio e alginato de sódio/sorbitol com formaldeído.......................................148
4.10.1. Espectroscopia de infravermelho.........................................................148
4.10.2. Morfologia dos filmes..........................................................................151
4.10.3. Absorção de água.................................................................................154
4.10.4. Propriedades mecânicas.......................................................................158
4.11. Estudos preliminares de liberação de fármaco a partir de matrizes porosas
.............................................................................................................................161
4.11.1. Eficiência de incorporação do fármaco-modelo nas matrizes.............161
4.11.2. Liberação do fármaco-modelo das matrizes porosas...........................162
4.11.3. Microscopia Eletrônica de Varredura das matrizes.............................164
Capítulo 5....................................................................................................................166
5. Conclusões ..........................................................................................................166
Capítulo 6....................................................................................................................168
6. Referências bibliográficas...................................................................................168
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura e disposição alternada dos blocos M e G ao longo da cadeia de
ácido alginíco..................................................................................................................6
Figura 2 - Conformação dos blocos constituídos de resíduos: a) ácido α-L-gulurônico
e b) β-
D-manurônico no ácido algínico. .........................................................................7
Figura 3 - Estrutura química do alginato de sódio..........................................................9
Figura 4 - Modelo “egg box” proposto para alginato de sódio.....................................11
Figura 5 - Resíduos de ácidos α-D-galacturônicos da pectina......................................13
Figura 6 – Representação da estrutura química da pectina...........................................14
Figura 7 – Representação esquemática da interação do íon cálcio com as unidades
galacturônicas da pectina..............................................................................................17
Figura 8 - Representação esquemática das cadeias de a) pectina e b) alginato de sódio.
.......................................................................................................................................18
Figura 9 - Sistema ótico de um instrumento de espalhamento de luz, construído para a
observação a ângulos de 45, 90, 135 e 180º. ................................................................30
Figura 10 – Comparação esquemática das variações de concentração de um fármaco
administrado por métodos convencionais (a) e sistema de liberação controlada (b)
sendo A=administração do fármaco. ............................................................................40
Figura 11 – Espectro de NMR-H
1
da pectina...............................................................62
Figura 12 – Espectro de infravermelho do alginato de sódio.......................................63
Figura 13 - Gráfico da viscosidade reduzida em função da concentração da pectina (A)
e do alginato de sódio (B) em água deionizada (), NaCl 0,1 mol.L
-1
(), NaCl 0,1
mol.L
-1
com 1mmol.L
-1
de NaEDTA (ο) preparados a temperatura ambiente e para a
solução de alginato de sódio em KCl 0,1 mol.L
-1
preparado a temperatura ambiente
() e a 80 ºC (U).........................................................................................................65
Figura 14 – Função de autocorrelação da intensidade espalhada para a solução de
pectina (A) e do alginato de sódio (B) preparados à temperatura ambiente em água ()
e diferentes soluções salinas: NaCl 0,1mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
(), medidas
realizadas a 25
o
C e θ=90
o
. ............................................................................................70
Figura 15 – Amplitude versus raio hidrodinâmico (R
h
) para as soluções de pectina (A)
e alginato de sódio (B) preparados à temperatura ambiente em água () e diferentes
x
soluções salinas: NaCl 0,1 mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
(); medidas realizadas a
25
o
C e θ=90
o
, obtida pelo método CONTIN.............................................................71
Figura 16 - Função de autocorrelação da intensidade espalhada para a solução de
pectina (A) e do alginato de sódio (B) preparados à 80ºC em NaCl 0,1mol.L
-1
() e
KCl 0,1 mol.L
-1
(U), medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
............................................ 74
Figura 17 - Amplitude versus raio hidrodinâmico (R
h
) para as soluções de pectina (A)
e alginato de sódio (B) preparados à 80º em NaCl 0,1 mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
(U); medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
, obtida pelo método CONTIN..................75
Figura 18 – R
h
(sem a dependência angular) versus concentração de NaEDTA das
soluções de pectina (A) e alginato de sódio (B) preparadas a temperatura ambiente em
NaCl 0,1 mol.L
-1
: modo rápido ()() e modo lento ()() e em NaCl 0,5 mol.L
-1
:
modo rápido () () e modo lento()(). Medidas realizadas a 25ºC e θ=90º.........78
Figura 19 - R
h
obtido sem a dependência angular versus concentração de NaEDTA das
soluções de pectina (A) e alginato de sódio (B) preparadas em NaCl 0,1 mol.L
-1
em
diferentes temperaturas: modo rápido a temperatura ambiente ()() e a 80º ()() e
modo lento a temperatura ambiente( () e a 80ºC ()(). Medidas realizadas a
25ºC e θ=90º. ................................................................................................................ 79
Figura 20 – g
2
(t) em função do t (ms) (A) e amplitude versus R
h
(B) para solução de
alginato preparada em NaCl a 80ºC com diferentes concentrações de NaEDTA
0mmol.L
-1
(); 1mmol.L
-1
() e 5 mmol.L
-1
(). Medidas realizadas a 25ºC e θ=90º.80
Figura 21 - Função de autocorrelação da intensidade espalhada para a solução de
alginato (), pectina () e suas blendas AS/P 30/70 (), AS/P 50/50 () e AS/P 70/30
() preparadas em NaCl (A) e KCl (B) a 80ºC. Medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
...81
Figura 22 - Amplitude versus raio hidrodinâmico (R
h
) para as soluções de alginato (),
pectina () e suas blendas AS/P 50/50 () e AS/P 70/30 () preparadas em NaCl (A) e
KCl (B) a 80ºC. Medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
, obtida pelo método CONTIN...82
Figura 23 – R
h
sem a dependência angular para o modo rápido (A) e para o modo lento
(B) versus composição do alginato das soluções poliméricas preparadas em diferentes
soluções salinas e temperaturas: NaCl 0,1 mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
() à
temperatura ambiente e NaCl () e KCl à 80ºC() ......................................................84
Figura 24 – Efeito da taxa de cisalhamento sobre a viscosidade para alginato de sódio
() e pectina ()...........................................................................................................85
Figura 25 – Reogramas das soluções de (a) alginato de sódio e (b) pectina na
concentração 20g/L e temperatura 25ºC.......................................................................86
Figura 26 – Efeito da composição das blendas sobre o índice de comportamento de
fluxo (a) e o coeficiente de consistência (b) a 25ºC. ....................................................88
xi
Figura 27 – Evolução dos módulos de perda (G´) (a) e de estoque (G´´) (b) em função
da freqüência para diferentes concentrações 10 (); 20 (); 30 (d) e 40 (S) (g/L) de
alginato de sódio...........................................................................................................90
Figura 28 - Evolução dos módulos de perda (G´) (a) e de estoque (G´´) (b) em função
da freqüência para diferentes concentrações 10 (); 20 (); 30 (d) e 40 (S) (g/L) de
pectina........................................................................................................................... 91
Figura 29 – Evolução dos módulos de perda G´(símbolos abertos) e de estoque G´´
(símbolos fechados) para o alginato de sódio (a) e pectina (b) 20g/L em diferentes
solventes: () () água, () () NaCl 0,1 mol.L
-1
e () (S) NaCl 0,1 mol.L
-1
e
1mmol.L
-1
NaEDTA.....................................................................................................92
Figura 30 – Viscosidade dinâmica (η*) em função da taxa de cisalhamento em
diferentes soluções: () água, () NaCl 0,1 mol.L
-1
e (S) NaCl 0,1 mol.L
-1
e NaEDTA
1mmol.L
-1
para solução (20g/L) de alginato de sódio (a) e pectina (b). ......................94
Figura 31 - Módulo de estoque (G´) (a) e módulo de perda (G´´) (b) em função da
freqüência para alginato de sódio (), pectina (S) e suas blendas AS/P 70/30 (),
AS/P 50/50 () e AS/P 30/70 () em solução aquosa (20 g/L)....................................95
Figura 32 – Cinética de reticulação para a pectina (A) e blenda AS/P 10/90 (B) na
presença de 25 mmol.L
-1
de EDC, sendo G´ () e G´´ (). ..........................................97
Figura 33 – Cinética de reticulação para a blenda AS/P 20/80 (A) e AS/P 30/70 (B) na
presença de 25 mmol.L
-1
de EDC, sendo G´ () e G´´ (). ..........................................98
Figura 34 – Evolução do G´ () e G´´(ο) da solução de pectina e G´ () e G´´ () da
solução A/P 10/90 após adição do agente reticulante EDC.......................................... 99
Figura 35 - Evolução do G´ () e G´´(ο) da solução A/P 20/80 e G´ () e G´´ () da
solução A/P 30/70 após adição do agente reticulante EDC........................................100
Figura 36 – Viscosidade dinâmica (η*) para solução de pectina () e para as blendas
A/P: 10/90(ο); 20/80 () e 30/70 () reticuladas com EDC.......................................101
Figura 37 - Representação esquemática do mecanismo do EDC em solução aquosa.102
Figura 38 – Espectro de infravermelho do filme de alginato reticulado com EDC em
solução. ....................................................................................................................... 103
Figura 39 - Espectro de infravermelho de filmes de alginato (AS), pectina (P) e
blendas AS/P...............................................................................................................104
Figura 40 - Curvas TG (a) e DTG (b) para os filmes de alginato de sódio, pectina e
blendas AS/P...............................................................................................................106
Figura 41 - Comparação do modelo de Fox aplicado aos filmes de alginato, pectina e
as blendas AS/P, em função da fração de pectina (w)................................................109
xii
Figura 42 – Módulo de elasticidade para filmes de alginato de sódio, pectina e suas
blendas. .......................................................................................................................111
Figura 43 – Deformação na ruptura para filmes de alginato de sódio, pectina e suas
blendas. .......................................................................................................................112
Figura 44 – Tensão máxima obtida para filmes de alginato de sódio, pectina e suas
blendas. .......................................................................................................................113
Figura 45 - Curva de absorção de vapores de água para filmes de alginato de sódio,
pectina e blendas AS/P a UR 43%..............................................................................114
Figura 46 – Curva de absorção de vapores de água para filmes de alginato de sódio,
pectina e suas blendas a UR 75%. ..............................................................................115
Figura 47 – Morfologia dos filmes de alginato de sódio (a), pectina (b) e blendas AS/P
70/30 (c), AS/P 50/50 (d), AS/P 30/70 (e) e secção transversal do filme de alginato de
sódio (f).......................................................................................................................116
Figura 48 - Espectroscopia de energia dispersiva (EDS) de filme de alginato de sódio
(a) e pectina (b)...........................................................................................................117
Figura 49 – Morfologia das matrizes porosas de alginato de sódio (a), AS/P 70/30 (b),
AS/P 50/50 (c), AS/P 30/70 (d) e pectina (e) (f). .......................................................119
Figura 50 – Morfologia da matriz porosa AS/P 30/70 (a) superfície e (b) secção
transversal. ..................................................................................................................120
Figura 51 – Módulo de compressão () e tensão máxima () das matrizes em função da
composição de pectina................................................................................................121
Figura 52 - Efeito da concentração de etanol sobre a RI de filmes de alginato de sódio,
pectina e blendas AS/P em etanol-água......................................................................123
Figura 53 – Espectro de infravermelho do filme de alginato de sódio reticulado com
cálcio........................................................................................................................... 126
Figura 54 - Espectro de infravermelho dos filmes reticulados com cálcio das blendas
AS/P em diferentes composições................................................................................126
Figura 55 – Espectro de infravermelho do filmes de alginato de sódio reticulado com
EDC a pH 5.................................................................................................................127
Figura 56 – Espectro de infravermelho da pectina reticulada com EDC a pH 4........128
Figura 57 – Espectro de infravermelho das blendas de alginato de sódio/pectina
reticuladas com EDC a pH 4....................................................................................... 129
xiii
Figura 58 – Micrografia de MEV dos filmes de AS/P 70/30 reticulados com cálcio (a)
e (b) e de AS/P 50/50 reticulados com EDC (c) e (d). ...............................................130
Figura 59 – Espectro de espectroscopia de energia dispersiva (EDS) do filme de AS/P
70/30 reticulado com cálcio........................................................................................131
Figura 60 – Micrografia de MEV das matrizes porosas de alginato, AS/P 70/30, AS/P
50/50 e pectina reticuladas com cálcio (a, c, e, g) e EDC (b, d, f, h). ........................132
Figura 61 – Microscopia de MEV da secção transversal das matrizes de pectina (a,c) e
alginato (b,d) reticuladas com cálcio e EDC. .............................................................135
Figura 62 – Módulo de Young dos filmes reticulados com cálcio e EDC em função da
composição de pectina................................................................................................136
Figura 63 – Gráfico de deformação na ruptura em função da composição de pectina
para os filmes reticulados com cálcio e EDC.............................................................137
Figura 64 – Gráfico da tensão máxima em função da composição de pectina para os
filmes reticulados com cálcio e EDC..........................................................................138
Figura 65 - Módulo de compressão (A) e tensão máxima (B) das matrizes reticuladas
com cálcio (z) e EDC (), respectivamente em função da composição de pectina. 139
Figura 66 – Razão de intumescimento em função do tempo (h) dos filmes reticulados
com cálcio...................................................................................................................141
Figura 67 – Representação do arranjo paralelo (a) e antiparalelo (b) da associação
(cadeia-Ca
2+
-cadeia) das cadeias gulurônicas. Os círculos em preto representam os
íons cálcio, () a coordenação com o cálcio e (---) as ligações hidrogênio..............142
Figura 68 - Representação do arranjo antiparalelo (a) e (b) da associação (cadeia-Ca
2+
-
cadeia) das cadeias galacturônicas. Os círculos em preto representam os íons cálcio,
() a coordenação com o cálcio e (---) as ligações hidrogênio.................................143
Figura 69 - Razão de intumescimento em função do tempo (h) dos filmes reticulados
com EDC..................................................................................................................... 144
Figura 70 – Razão de intumescimento das matrizes porosas reticuladas com cálcio.146
Figura 71 - Razão de intumescimento das matrizes porosas reticuladas com EDC...147
Figura 72 - Espectro na região do infravermelho: (A) alginato de sódio e (B) alginato
de sódio/sorbitol (70/30) para filmes (a) não reticulados and (b) reticulados,
respectivamente...........................................................................................................150
Figura 73 - Micrografia de MEV dos filmes de alginato de sódio: (A) e (C) não
reticulados, (B) e (D) reticulados com formaldeído...................................................152
xiv
Figura 74 - Micrografia de MEV dos filmes de alginato de sódio/sorbitol (70/30): (A)
e (C) não reticulados, (B) e (D) reticulados com formaldeído...................................153
Figura 75 - Razão de inchamento dos filmes reticulados de alginato de sódio/sorbitol
preparados por imersão em solução de formaldeído por 24 h....................................154
Figura 76 - Absorção de água por filmes de alginato de sódio/sorbitol: (A) não
reticulados, e B) reticulados por imersão em solução de formaldeído por 24 h.........156
Figura 77 - Equilíbrio de absorção de água em função da quantidade de sorbitol para
filmes de alginato de sódio/sorbitol não reticulados e reticulados.............................158
Figura 78 - Módulo de elasticidade de filmes de alginato de sódio/sorbitol não
reticulados e reticulados..............................................................................................159
Figura 79 – Tensão máxima de filmes de alginato de sódio/sorbitol não reticulados e
reticulados...................................................................................................................160
Figura 80 – Deformação na ruptura de filmes de alginato de sódio/sorbitol não
reticulados e reticulados..............................................................................................161
Figura 81 – Perfil de liberação do paracetamol das matrizes reticuladas com cálcio.162
Figura 82 – Perfil de liberação do paracetamol das matrizes reticuladas com EDC..163
Figura 83 – Micrografias da secção transversal da matriz AS/P 30/70 reticulada com
EDC antes (a, b, c) e após (d) o experimento de liberação do paracetamol...............164
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Proporção das unidades M e G em diferentes fontes de alginato................. 8
Tabela 2 - Conteúdo de pectina em algumas frutas tropicais....................................... 12
Tabela 3 - Valores de pH das soluções poliméricas (2×10
-3
g/mL) a 25,0±0,2ºC.........48
Tabela 4 – Constante de Mark-Houwink para alginato de sódio e pectina..................64
Tabela 5 – Valores de viscosidade intrínseca para o sistema alginato de sódio/pectina
em diferentes condições................................................................................................ 67
Tabela 6 - Raio hidrodinâmico (sem a dependência angular) relacionados aos modos
de relaxação rápido e lento para soluções de alginato de sódio e pectina em diferentes
condições.......................................................................................................................73
Tabela 7 – Parâmetros do modelo da lei das potências para alginato de sódio e pectina
em diferentes concentrações.........................................................................................87
Tabela 8 - Parâmetros termogravimétricos referentes aos filmes formados de alginato
de sódio, pectina e blendas AS/P................................................................................107
Tabela 9 - Temperatura de transição vítrea (Tg) de filmes de alginato de sódio, pectina
e blendas AS/P............................................................................................................108
Tabela 10 - Resultados obtidos para o módulo de Young, deformação na ruptura e
tensão máxima para os filmes de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P na presença
de diferentes umidades relativas.................................................................................110
Tabela 11 - Tamanho médio dos poros das matrizes porosas reticuladas..................133
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS
γ
Taxa de cisalhamento
K
Coeficiente de consistência
θ Ângulo de espalhamento
λ Comprimento de onda da radiação
β Fator de coerência espacial que depende da geometria de detecção e da
razão da intensidade espalhada pelo polímero e pelo solvente
ω Freqüência de cisalhamento
Γ Taxa de decaimento (freqüência de relaxação)
τ Tempo de decaimento
σ Tensão de cisalhamento
η Viscosidade da solução
η
*
Viscosidade dinâmica
λ
0
Comprimento de onda no vácuo da radiação incidente
η
red
Viscosidade reduzida
[η] Viscosidade intrínseca
A(τ) Funções distribuição do tempo de decaimento
A(Γ) Funções distribuição da taxa de decaimento
AA Cinética de absorção de água
xvii
AS Alginato de sódio
ASTM American Society for Testing and Materials
B Linha de base
D Coeficiente de difusão translacional
DLS Espalhamento de luz dinâmico
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
DTG Derivada Termogravimétrica
EDC Hidrocloreto de 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil) carbodiimida
EDS Espectroscopia de energia dispersiva
FTIR Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourrier
G Unidades gulurônicas do alginato de sódio/ ácido algínico
G
(1)
(t) Função de autocorrelação homodina no tempo do campo elétrico
G
(2)
(t) Função de autocorrelação homodina no tempo da intensidade de luz
espalhada
Módulo elástico ou de armazenamento
G´´ Módulo viscoso ou de perda
GDL
D-glucono-δ-lactona
GE Grau de esterificação ou de metoxilação
K e a Constantes para um determinado par polímero-solvente em uma
determinada temperatura, usadas para determinação da massa molar.
K Constante de Boltzmann
xviii
L Comprimento de contorno
m Massa
M Unidades manurônicas do alginato de sódio/ácido algínico
M
0
Massa no tempo inicial
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
M
F
Massa no tempo final
M
n
Massa molar numérica média
M
v
Massa molar viscosimétrica média
M
w
Massa molar ponderal média
n Índice de comportamento do fluxo
n Índice de refração do meio propagante
P Pectina
PEO Poli (óxido etileno)
pH Potencial hidrogeniônico
PVA Poli (vinil álcool)
q Vetor de onda de espalhamento
R
2
Desvio padrão
R
h
Raio hidrodinâmico
RI Razão de Intumescimento
RMN- H
1
Ressonância Magnética Nuclear de Próton
xix
S Sorbitol
T Temperatura
t Tempo
T
1
e T
2
Temperaturas de transição vítrea dos polissacarídeos 1 e 2
T
b
Temperatura de transição vítrea da blenda
T
f
Temperatura de fusão
TG Termogravimetria
T
g
Temperatura de Transição Vítrea
UR Umidade Relativa
UV Ultravioleta
v Volume
w
1
e w
2
Frações mássicas dos polissacarídeos 1 e 2
xx
RESUMO
A substituição total ou parcial do alginato de sódio (AS) por pectina de frutas cítricas
(P) na preparação de filmes e matrizes porosas destinados ao uso como sistema de
liberação controlada de fármaco e ao mesmo tempo como bandagens para
lesões/queimaduras, promoveria uma redução no custo do produto final com a
utilização de uma matéria-prima de grande abundância no Brasil. Tendo isso em vista,
foram estudadas diversas propriedades físico-químicas do alginato, pectina e blendas.
No estudo viscosimétrico e de DLS, realizados em diferentes condições, foi observado
que o efeito polieletrolítico das soluções de AS e de P em água diminui com a adição
de sais de metais alcalinos, dependendo das propriedades dos cátions envolvidos, do
grau de quebra das ligações de hidrogênio (e/ou hidrofóbicas) inter e intracadeias, e
principalmente da estrutura dos polissacarídeos e seu grau de ionização em solução.
As propriedades mecânicas, térmicas e a capacidade de absorção de água dos filmes de
AS e de P, bem como as propriedades mecânicas, nas matrizes porosas desses dois
polímeros puros, não apresentaram diferença significativa. Contudo, nos casos das
matrizes, a conectividade e o tamanho dos poros são nitidamente menores para aquelas
obtidas a partir da pectina.
Todos os filmes apresentaram uma morfologia compacta sem a presença de poros e
separação de fase.
Para todos os filmes, o efeito da umidade relativa foi comprovado através da
diminuição do módulo de elasticidade e tensão máxima, do aumento da deformação na
ruptura, e da absorção de água. Com base neste comportamento o efeito da adição de
plastificante, o sorbitol, também foi avaliado.
A formação de ligações cruzadas nos polissacarídeos puros e nas blendas com CaCl
2
e
hidrocloreto de 1-etil-3-(3-dimetilamino propil) carbodiimida (EDC) foi comprovada
pela presença da banda em 1700 cm
-1
no caso do EDC e pelo deslocamento da banda
em 1420 cm
-1
para o CaCl
2
. A reticulação dos filmes de AS e AS/sorbitol com
formaldeído também foi investigada. Esse processo promoveu o aumento do módulo e
da tensão máxima dos filmes e matrizes, e também a diminuição da solubilidade. A
reticulação com o EDC também foi evidenciada pela intersecção dos módulos G’ e G’’
para pectina, com a diminuição das propriedades viscoelásticas com a adição de AS na
solução.
Um sistema modelo para avaliação da cinética de liberação do paracetamol a partir das
matrizes porosas apresentou dependência da composição e do agente reticulante
utilizado, e todas apresentaram liberação total do fármaco em um período de 48h.
De modo geral, todas as propriedades físico-quimicas das blendas de AS/P foram
dependentes da sua composição e não apresentaram nenhum efeito sinérgico.
xxi
ABSTRACT
The total or partial substitution of sodium alginate (AS) for citrus fruit pectin (P) in the
preparation of films and porous matrices to use as systems of drug controlled release
and at the same time as wound dressings, would promote a reduction in the cost of the
final product using raw material largely produced in Brazil. Thus, several physico-
chemical properties of sodium alginate, pectin and blends AS/P were studied.
In the viscosimetric and dynamic light sccatering studies in different conditions, was
observed that the polyelectrolyte effect of the AS and P solutions in water decreased
with the addition of alkaline metals salts. This behavior was dependant on the
properties of the cations, the degree of disruption of the hydrogen bonds (and/or
hydrophobic) inter and intra-chains and mainly the structure of the polysaccharides
and its degrees of ionization in solution.
The mechanical, thermal and water uptake properties of either AS or P films, as well
as the mechanical properties of porous matrices of this polysaccharides, were either
small or negligible. However, in the case of the porous matrices, the porous
connectivity and the size of pectin matrices was lower than those for the AS matrices.
All the films presented a dense morphology without pores and phase separation.
For all the films, the effect of the relative humidity was confirmed by the decrease of
Young’s modulus and tensile strength, the increase of the elongation at break and the
water uptake. In this way, the effect of the plasticizer addition, sorbitol, was also
evaluated.
The crosslinking of AS, P and AS/P blends with CaCl
2,
and EDC was confirmed by
the presence of the band 1700 cm
-1
in the case of the EDC and by the shifting to higher
wavenumbers at 1420 cm
-1
for CaCl
2
. The crosslinking of the AS and AS/sorbitol
films with formaldehyde was also investigated. This process promoted the increase of
the Young´s modulus and the tensile strength of the films and matrices, and also the
reduction of solubility. The crosslinking with the EDC was also evidenced by the
intersection of G’ and G’’ modulus for pectin, decreasing the viscoelastic properties
with addition of AS in the solution.
The drug delivery studies of the porous matrices were dependent of the composition
and crosslinking agents, and showed total release of paracetamol in 48h.
In summary, all the physico-chemical properties of AS/P blends were dependent of its
composition and not showed synergistic effect.
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
O tratamento de lesões cutâneas tem sido alvo de diversos estudos nos
últimos anos com o objetivo de obter melhores resultados na cicatrização das mesmas
em um curto período de tempo. Nos últimos 30 anos, o tratamento de lesões como, por
exemplo, úlcera de pressão, revolucionou-se com a substituição dos tradicionais
materiais à base de algodão
[1]
por bandagens à base de fibras naturais, como alginato
de sódio e pectina, que apresentam como vantagens: biocompatibilidade,
biodegradabilidade e a possibilidade de adquirir a forma de gel à medida que absorve o
exsudato da lesão, eliminando a ligação das fibras com a lesão que é a maior causa de
desconforto/trauma para o paciente durante a remoção da bandagem.
[2]
Assim, algumas características devem ser consideradas para manter o
ambiente propício para a reparação do tecido: 1) manter a umidade na interface
lesão/bandagem; 2) remover o excesso de exsudato; 3) permitir as trocas gasosas; 4)
promover o isolamento térmico; 5) proporcionar proteção contra microorganismos
prevenindo infecções; 6) ser isento de partículas e contaminantes; 7) permitir a
remoção sem causar traumas; 8) todos os componentes da bandagem, incluindo a parte
adesiva, devem ser biocompatíveis e não provocar reações alérgicas quando em
contato prolongado com o tecido; e principalmente, 9) ser de baixo custo.
[1]
Além da reparação do tecido, essas bandagens podem ser utilizadas como
veículo de liberação de fármacos no local da lesão, o que seria vantajoso ao paciente
evitando o esquecimento e a administração diária do agente ativo.
A tecnologia de liberação controlada de princípios ativos (por exemplo,
fármacos) é uma das áreas científicas que vem avançando rapidamente nos últimos
anos com a contribuição decisiva da interdisciplinaridade entre as áreas.
Capítulo 1 – Introdução 2
Este campo de pesquisa vem despertando interesse de indústrias e
pesquisadores visto que, controlar a liberação de uma molécula para o meio externo
pode, por exemplo: 1) diminuir o número de doses de um fármaco ingerido por um
paciente, reduzindo o risco de esquecimento; 2) diminuir efeitos colaterais de
medicamentos; 3) proteger os fármacos de degradação no organismo logo após sua
ingestão; etc.
[3, 4]
Muitos polímeros sintéticos e naturais são utilizados na liberação de uma
substância. São exemplos, o poli(etileno), poli(vinil álcool), poli(ácido acrílico),
poli(etilenoglicol), polissacarídeos, proteínas entre outros.
A duas formas através das quais um polímero atua na liberação do fármaco
é pelo controle da difusão deste através da matriz polimérica e/ou através do
intumescimento da matriz e progressiva liberação do fármaco. Para atingir índices de
liberação adequados é importante conhecer as propriedades físico-químicas tanto do
fármaco quanto do polímero.
[5]
Misturas de polímeros (blendas) que formam complexos interpoliméricos
também vêm despertando o interesse dos pesquisadores, pois estas misturas podem
apresentar características bem diferentes dos seus polímeros originais, permitindo a
preparação de diversos sistemas de liberação de fármaco modificando apenas as
quantidades dos polímeros na mistura.
[6, 7]
Neste estudo será apresentada a importância, as aplicações (destacando
aquelas que visam aplicações em sistemas de liberação controlada de fármacos e
bandagens para lesões), métodos de caracterização, reticulação e as características de
dois polissacarídeos naturais: o alginato de sódio e a pectina de frutas cítricas e
blendas destes polímeros.
Capítulo 1 – Introdução 3
1.1. Justificativa
A pesquisa na área de polímeros intensificou-se nos últimos anos, tanto na
aplicação destes na área alimentícia
[8-11]
, nanotecnológica
[12]
ou farmacêutica
[13-15]
.
Dentre os polímeros, os classificados como sintéticos têm sido utilizados em diferentes
aplicações devido a suas propriedades térmicas e mecânicas, entretanto possuem uma
desvantagem, a não-biodegradabilidade.
Assim, os polímeros naturais, como os polissacarídeos, vêm ganhando
espaço devido, em parte, pela biodegradabilidade e a não-toxicidade. Além de serem
utilizados como suporte para liberação de fármacos alguns polissacarídeos são
empregados como bandagens no tratamento de lesões como, úlcera de pressão, úlcera
diabética e queimaduras.
Neste trabalho foram escolhidos os polissacarídeos alginato de sódio e
pectina para preparação de bandagens para lesões. A bandagem de alginato já vem
sendo utilizada para esse fim, mas seu custo é uma barreira para o tratamento. Esse
problema pode ser contornado com substituição total ou parcial de pectina na
preparação destas bandagens, já que a pectina é um biopolímero de fácil obtenção,
sendo extraída de cascas de frutas cítricas, o que não seria problema no caso do Brasil,
o que adicionaria mais uma forma de aproveitamento deste subproduto que em muitos
casos são descartados.
Dentro deste contexto, este estudo tem como objetivo aumentar a utilização
de pectina de frutas cítricas, devido suas propriedades inerentes, na preparação de
bandagens e ao mesmo tempo como veículo de liberação de fármacos para o
tratamento de lesões.
Assim, buscou-se contribuir para uma melhor comprensão das propriedades
físico-químicas da pectina, alginato de sódio e suas blendas. O conhecimento das
propriedades em solução e na forma de filmes e também de matrizes porosas é de
extrema importância para futuras aplicações.
Capítulo 1 – Introdução 4
A pectina e o alginato de sódio são polieletrólitos que apresentam
comportamentos diferentes em solução dependendo do solvente (água ou solução
salina), efeito da concentração do sal e temperatura de preparação. Desta forma, a
primeira etapa do estudo foi avaliar o comportamento em soluções de pectina, alginato
de sódio e das blendas alginato de sódio/pectina. Embora alguns estudos sejam
encontrados na literatura, continuam ainda pouco entendidos o efeito da força iônica e
sua concentração, efeito da temperatura de preparação, agente complexante e a
interação entre alginato de sódio e pectina. O raio hidrodinâmico (R
h
) dos
polissacarídeos puros e também das blendas alginato de sódio/pectina foram
determinados. Esses parâmetros foram avaliados utilizando-se a técnica de
espalhamento de luz dinâmico (DLS). A influência do solvente, concentração salina,
temperatura de preparação das soluções e agente complexante foi avaliada também por
viscosimetria.
Para determinadas aplicações dos filmes e matrizes porosas de pectina e
suas blendas com alginato de sódio como bandagens e sistemas de liberação
controlada de fármaco, torna-se necessário reticular estes sistemas devido sua
solubilidade em meio aquoso. Uma vez que as propriedades reológicas e a viscosidade
podem ser controladas com a adição de agentes reticulantes, torna-se importante a
avaliação destes parâmetros. A reticulação (formação de ligações cruzadas) pode
aumentar a resistência mecânica do material. Nesta etapa do estudo, foi escolhido
como agente reticulante o hidrocloreto de 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil)
carbodiimida também conhecido como EDC, que ao contrário dos agentes reticulantes
convencionais, como o glutaraldeído ou poliepóxidos, é ausente no produto final da
reticulação, e seus subprodutos de degradação são derivativos da uréia, e, portanto de
baixa toxicidade.
[16]
Além do efeito do agente reticulante, a influência da concentração
dos polissacarídeos puros e da composição das blendas foram avaliados.
Além do conhecimento do comportamento físico-químico do alginato de
sódio, pectina e suas blendas em solução é importante analisar as características
mecânicas e térmicas, além do estudo de absorção de água em diferentes umidades
relativas, intumescimento dos filmes e matrizes porosas preparadas a partir dessas
Capítulo 1 – Introdução 5
soluções. Devido à solubilidade desses sistemas em água torna-se necessária a
reticulação, onde é investigado o efeito dos agentes reticulantes EDC e cloreto de
cálcio. Um estudo paralelo sobre a influência do plastificante sorbitol sobre a
reticulação com formaldeído em filmes de alginato de sódio também foi investigada.
Como parte da aplicação das matrizes porosas como sistema de liberação de
fármaco na forma de bandagens, o estudo da cinética de liberação de um fármaco-
modelo, paracetamol, foi avaliado.
1.2. Polissacarídeos
Carboidratos compreendem mais de 90% do peso seco de toda a biomassa e
mais que 90 % da massa dos carboidratos estão na forma de polímeros
(polissacarídeos). Em 1996, o consumo industrial anual nos Estados Unidos foi cerca
de três milhões de toneladas de polissacarídeos. A extensiva utilização dos
polissacarídeos está associada à abundância, a caracterísitca renovável, não toxidez e a
possibilidade de introduzir modificações químicas e bioquímicas em sua estrutura.
[17]
Os polissacarídeos são polímeros constituídos de pequenas unidades
chamadas de monômeros. Estes por sua vez podem se arranjar ao longo da cadeia na
forma linear ou ramificada. Se as unidades monoméricas são iguais, o polissacarídeo é
denominado homopolissacarídeo (por exemplo, a celulose), por outro lado, se a cadeia
polimérica é composta por dois ou mais monômeros diferentes é denominado
heteropolissacarídeo (por exemplo, o alginato de sódio).
1.3. Alginato de sódio
1.3.1. Origem
O alginato de sódio é obtido a partir da extração com álcali diluído do ácido
algínico encontrado em algas marrons e bactérias. O ácido algínico foi descoberto em
1880 por E.C.C. Stanford, um químico que patenteou o isolamento do ácido algínico
Capítulo 1 – Introdução 6
em 1881, mas seu processo não foi um sucesso comercial e apenas em 1930 foi
desenvolvida uma metodologia moderna de produção do mesmo. Em 1929, a Kelco
Company começou a produção comercial de ácido algínico solúvel no leite como um
estabilizante para sorvetes. Mais recentemente, a Merck and Co., Inc adquiriram e
uniram a Kelco Company e British Company, originando a Alginate Industries, Ltd.
Entretanto o maior produtor mundial de alginato é a compania Peoples Republic of
China (PRC). A produção mundial de ácido algínico e produtos derivados não são
conhecidos, no entanto, estima-se que são produzidas 15.000-20.000 toneladas/ano.
[8]
O ácido algínico é um heteropolissacarídeo de ocorrência natural,
pertencente à família dos polissacarídeos lineares não-ramificados. Embora o alginato
purificado fosse produzido por Krefting em 1863
[18]
, a estrutura foi determinada
somente no final de 1955. Foram identificadas duas espécies de resíduos de ácidos
urônicos, o ácido β-D-manurônico (M) e o seu epímero no C5 o α-L-gulurônico (G)
unidos por ligações (14). Esses resíduos
[19]
estão dispostos em blocos alternados e
podem variar largamente em composição e seqüência (Figura 1) ao longo da cadeia
determinando as propriedades do ácido algínico.
O
O
OH
H
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
O
O
OH
H
H
H
OH
H
H
OH
O
O
O
OH
H
H
H
OH
H
H
OH
O
M
M
G
G
α
1
4
1
4
β
4
1
α
β
1
4
Figura 1 – Estrutura e disposição alternada dos blocos M e G ao longo da cadeia
de ácido alginíco.
A conformação glicosídica nos blocos constituídos de resíduos de ácido β-
D-manurônico são equatorial-equatorial e para os blocos de resíduos de ácido α-L-
gulurônico são axial-axial
[20]
(Figura 2).
Capítulo 1 – Introdução 7
O
O
OH
H
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
O
O
OH
H
H
H
H
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
G
G
α
1
4
1
α
4
G
G
α
1
4
1
α
4
(a)
O
O
O
OH
H
H
H
OH
H
H
O
-
O
O
O
OH
H
H
H
OH
H
H
O
-
O
O
O
O
OH
H
H
H
OH
H
H
O
-
O
O
OH
H
H
H
OH
H
H
O
-
O
1
4
β
4
β
1
1
4
β
4
β
1
(b)
Figura 2 - Conformação dos blocos constituídos de resíduos: a) ácido α-L-
gulurônico e b) β-
D-manurônico no ácido algínico.
1.3.2. Fonte
Comercialmente, o ácido algínico é extraído de algas marrons
(Phaeophyceae) e bactérias
[21]
, mas apenas o ácido algínico obtido de algas marrons
será detalhado neste estudo.
Em geral, as algas marrons variam largamente quanto à espécie e local. Em
áreas com baixa ação das ondas do mar, sua vida pode se prolongar ao longo de 15
anos, enquanto em áreas turbulentas, essas plantas são anuais. Entre essas algas as
mais importantes são Macrocystis pyrifera (Costa Pacífica das Américas),
Ascophyllum nodosum (Europa), Laminaria (Europa e Japão) e Ecklonia species (sul
da África), destacando-se a não ocorrência dessas algas no Brasil. O ácido algínico
pode constituir cerca de 20-40% da matéria seca nas algas. A escolha das algas para
produção comercial não é apenas influenciada pelo seu preço, mas pelo tipo de ácido
algínico presente na alga, desde que a sua estrutura determina algumas propriedades.
[8]
Capítulo 1 – Introdução 8
1.3.3. Método de isolamento e estrutura do alginato de sódio
Macrocystis pyrifera é uma fonte comercial primária de ácido algínico,
cresce em águas relativamente calmas e seu rápido crescimento permite sua colheita
mais de quatro vezes por ano. Outras importantes espécies de algas marrons que são
cultivadas para obtenção de ácido algínico são Ecklonia máxima, Ecklonia cava,
Eisenia biciclis e Lessonia nigrecens.
[8]
Algumas características do ácido algínico
como a proporção das unidades G e M dependem do tipo de alga (Tabela 1)
[22]
, que
por sua vez determinam sua interação com os íons cálcio.
Tabela 1 – Proporção das unidades M e G em diferentes fontes de alginato.
Fonte % M % G % Alternada
M. pyrifera
40,6 17,7 41,7
A.nodosum
38,4 20,7 41,0
L. hyperborea
12,7 60,5 26,8
No estado nativo, o ácido alginíco existe como uma mistura de cátions,
provenientes dos sais que são encontrados no mar. O ácido algínico presente nas algas
comporta-se como um material de troca iônica e na forma de sal sofre uma reação de
troca de base, envolvido em um equilíbrio com os sais presentes no mar. Assim, ácido
algínico nativo existe principalmente como um gel insolúvel, devido à reticulação com
íons Ca
2+
e em menor proporção com íons Sr
2+
.
[8]
O processo de extração do alginato começa com a trituração das algas. No
primeiro estágio do processo, o alginato permanece insolúvel em água e os
constituintes solúveis podem ser removidos com a lavagem com água quente. A
seguir, as algas são lavadas com uma solução de álcali forte e a mistura é aquecida
para extração e dissolução do ácido algínico que é precipitado com a adição de cloreto
de cálcio. O alginato de cálcio resultante é tratado com ácido para produção de ácido
algínico. Carbonato de sódio é adicionado para produção de uma pasta de alginato de
Capítulo 1 – Introdução 9
sódio, que é seca e moída originando o alginato de sódio na forma de pó.
[8]
A Figura 3
mostra a estrutura do alginato de sódio como sal de sódio do ácido algínico.
O
OH
O
OH
O
O
COO-
OH
OH
-OOC
Na
+
Na
+
D-manurônico L-gulurônico
Figura 3 - Estrutura química do alginato de sódio.
1.3.4. Propriedades e aplicações do alginato de sódio.
Alginato de metais alcalinos, amônia e algumas bases orgânicas de baixa
massa molar são solúveis em água, entretanto, alginato de metais divalentes, exceto de
magnésio, são insolúveis. Não há ainda um limite definido da solubilidade desses
alginatos, o que é conhecido é que aumentando a concentração do mesmo, sua mistura
com a água passa de líquido viscoso para pastas ou sólidos plásticos, dependendo do
grau de polimerização. Medidas de viscosidade e espalhamento de luz de soluções de
alginato de sódio obtido de algas são polidispersos e a massa molar média pode variar
de 4,6×10
4
a 37,0×10
4
.
[8]
Soluções de alginato são polieletrólitos típicos e as propriedades dessas
soluções são modificadas pela mudança da força iônica, por exemplo, com a adição de
pequenas quantidades de eletrólitos que reduzem a viscosidade de soluções diluída de
alginato, enquanto grande quantidade precipita o polissacarídeo. Em geral, alginato
rico em ácido manurônico são mais rapidamente precipitados por sais de potássio que
aqueles com alto conteúdo de ácidos gulurônicos. Ao contrário, alginatos ricos em
ácidos gulurônicos precipitam mais rapidamente com sais de sódio.
[8]
O alginato de sódio, quando dissolvido em água, forma soluções com
comportamento Newtoniano ou não Newtoniano. As variáveis físicas que afetam suas
propriedades em solução são: a temperatura, a massa molar do polímero, a taxa de
Capítulo 1 – Introdução 10
cisalhamento e a concentração. As variáveis químicas que afetam as soluções de
alginato de sódio são: o pH, agentes complexantes, sal monovalente e cátions
polivalentes.
[23]
As propriedades de escoamento das soluções de alginato de sódio
dependem da concentração. Uma solução com 2,5% (m/v) de alginato de sódio
(viscosidade média) é pseudoplástica em uma grande faixa de taxa de cisalhamento
(10-10.000 s
-1
), enquanto uma solução 0,5% (m/v) é Newtoniana a baixas taxas de
cisalhamento (1-100 s
-1
) e pseudoplástica a altas (1000-10.000 s
-1
). Se os metais
alcalinos no alginato de sódio forem substituídos por cátions divalentes, a solução
apresentará uma alta viscosidade em relação à solução de alginato de sódio. Alem
disso, uma alta proporção de ácido gulurônico no alginato de sódio também favorece o
aumento da viscosidade com cátions divalentes.
Uma das propriedades mais importantes do alginato de sódio é a formação
de gel com cátions Ca
2+
, devido a sua importância comercial para determinadas
aplicações como a liberação controlada de fármacos e também para a indústria
alimentícia em geral. A adição de cálcio em alginato em condições controladas
permite uma interação altamente específica entre os íons cálcio e as regiões dos blocos
G do polissacarídeo. A conformação em dupla hélice do alginato de sódio facilita a
interação entre as cadeias. O alinhamento dessas regiões cria cavidades com o formato
de losangos que podem ser preenchidas por moléculas de água ou cátions. Evidências
têm mostrado, de fato que cátions, particularmente cálcio, preenchem esses espaços
fortalecendo a interação entre esses resíduos.
[24, 25]
Técnicas de dicroísmo circular e de
modelagem molecular
[25, 26]
têm mostrado que os íons cálcio (presentes nas cavidades)
estão fortemente coordenados. Para cada cadeia, os sítios de coordenação envolvem o
oxigênio carboxílico e o oxigênio do carbono 5 de um resíduo, com o oxigênio
glicosídico e os oxigênios dos carbonos 2 e 3 do resíduo próximo. Assim, íons cálcio
estão ligados à cadeia do polissacarídeo, como se fossem ovos em um caixa de ovos,
(modelo chamado “egg-box” ) (Figura 4).
Capítulo 1 – Introdução 11
O
O
OH
OH
O
-OOC
O
O
-OOC
OH
OH
O
O
OH
OH
O
-OOC
O
-OOC
OH
OH
O
O
OH
OH
O
-OOC
O
-OOC
OH
OH
O
O
OH
OH
O
COO-
O
O
COO-
OH
OH
O
OH
OH
O
COO-
O
O
COO-
OH
OH
O
OH
OH
O
COO-
O
O
COO-
OH
OH
Ca
2+
Ca
2+
Ca
2+
Figura 4 - Modelo “egg box” proposto para alginato de sódio.
O principal fator que controla a formação de um gel é a quantidade de
resíduos G presentes no alginato de sódio e a quantidade de íons cálcio adicionados.
Assim, os alginatos de sódio são classificados ricos em resíduos G ou ricos em
resíduos M, dependendo da razão M/G. Comercialmente, os alginatos de sódio
produzidos a partir de algas Macrocystis pyrifera apresentam grande quantidade de
resíduos M e o gel produzido por esse tipo de alginato é flexível, enquanto aquele
obtido de algas Laminaria hyperborea, apresentam grande quantidade de resíduos G e
seu gel apresenta alto valor de tensão na ruptura e grande estabilidade térmica.
[8]
O alginato de sódio, além de ser hidrofílico, biocompatível e não tóxico
[27]
,
ter habilidade para formar gel e ser um agente emulsificante, estabilizante e
biodegradável, tem permitido numerosas aplicações nas indústrias de alimentos, de
bebidas, farmacêuticas
[28]
e biológicas. Particularmente, a propriedade bioadesiva do
alginato de sódio beneficia certos tipos de sistemas de liberação de fármaco em
mucosas. O termo bioadesão pode ser genericamente definido como adesão/contato
entre duas superfícies, com uma sendo um substrato biológico.
[29]
Com essas propriedades, alginato de sódio pode ser utilizado na produção
de papel
[18]
, como sistema de liberação de fármaco
[30, 31]
, como matriz para
crescimento de tecidos
[32]
ou células
[33, 34]
e DNA
[35]
, na agricultura na proteção do
solo contra insetos, fungos e bactérias
[36]
entre outras, além de bandagem para o
tratamento de lesões.
Capítulo 1 – Introdução 12
1.4. Pectina de frutas cítricas
1.4.1. Fonte
A pectina é um polissacarídeo estrutural, formada por um grupo complexo
de polissacarídeos que são encontrados na parede celular primária e nas camadas
intercelulares de plantas terrestres. Geralmente, encontra-se associada à celulose,
hemicelulose e lignina e são mais abundantes nos frutos, tais como as cascas de frutas
cítricas. Dessa maneira, tem sido consumida em quantidades significativas pelos seres
humanos.
[9]
Como uma das principais fontes de pectina, as frutas tropicais não têm sido
exploradas em grande escala por países produtores, como o Brasil. Um exemplo são os
milhares de toneladas de cascas de laranja, que são subproduto na indústria de suco. O
conteúdo de pectina em algumas frutas tropicais é listado na Tabela 2
[37]
.
Tabela 2 - Conteúdo de pectina em algumas frutas tropicais.
Fruta % m/m
Morango 0,6-0,7
Banana 0,7-1,2
Abacaxi 0,04-0,13
Carambola 0,66
Tamarindo 1,71
Casca de maracujá 2,1-3,0
Goiaba 0,77-0,99
Cascas de laranja 3,5-5,5
Capítulo 1 – Introdução 13
1.4.2. Método de isolamento, estrutura e obtenção de pectina de baixo grau de
esterificação
As propriedades da pectina dependem das condições climáticas ou outras
condições em que a planta esteve exposta. Além disso, outra variável é o pré-
tratamento da casca. Alem disso, os produtores de pectina podem misturar diferentes
lotes, e no caso de pectinas destinadas para indústria de alimentos são acrescentados
açúcares.
Em geral, a extração de pectina comercial é conduzida com solução tampão
com ou sem agentes complexantes em sua composição. A extração sob condições
ácidas ou básicas é aplicada para remoção da pectina mais firmemente ligada, seguida
do tratamento com cloreto de sódio para deslignificação. A pectina pode ser isolada
por precipitação na forma de sal de pectina ou com isopropanol ou etanol. Na sua
forma salina, a pectina é lavada com álcool acidificado para remoção do excesso de
íons.
[9]
A pectina é um complexo polissacarídeo heterogêneo e sua composição
assim como no alginato de sódio, varia com a fonte e as condições aplicadas durante
seu isolamento. O maior constituinte da seqüência linear é o ácido α-
D-galacturônico
unidos por ligações glicosídicas α(14)
[38]
(Figura 5).
O
O
OH
H
H
O
H
O
OH
H
H
H
O
OH
O
-
O
O
O
-
OH
H
H
H
O
O
OH
H
H
H
O
OH
H
H
H
O
OH
O
-
O
O
O
-
OH
H
H
H
G
α
1
4
1
α
4
G
G
α
1
4
1
α
4
G
Figura 5 - Resíduos de ácidos α-
D-galacturônicos da pectina.
Essa região de ácidos α-
D-galacturônico é interrompida por açúcares
neutros como a α-
L-ramnose ligadas a terminações redutoras de um resíduo de ácidos
α-
D-galacturônico por ligações (12) e nas terminações não-redutora do próximo
Capítulo 1 – Introdução 14
resíduo por ligações (14), sendo que partes destas unidades apresentam-se
esterificadas. As cadeias de resíduos galacturonato são interrompidas por unidades de
(12)- α-
L-ramnose, as quais estão ligadas cadeias laterais, formadas por açúcares
neutros. Essas cadeias laterais são responsáveis pela união das moléculas de pectina à
matriz polissacarídica da parede celular vegetal. Freqüentemente, cadeias laterais de
L-
arabionose e
D-galactose e D-xilose são ligadas nos resíduos de ramnose por ligações
(14)
[39]
(Figura 6).
Região de ácidos
α
-
D
-galacturônicos
Açúcares neutros
ligados a resíduos
de
α
-
L
-ramnoses
Figura 6 – Representação da estrutura química da pectina.
Comercialmente, a pectina é dividida em pectina de alto grau de
esterificação (GE) (ou alto grau de metoxilação) e pectina de baixo grau de
esterificação (ou baixo grau de metoxilação). O GE é definido como a porcentagem de
unidas galacturônicas que são metil-esterificadas. Pectina de alto grau de esterificação
contém GE maior ou igual a 50% e as de baixo grau de esterificação apresentam GE
abaixo de 50 %, que é um fator determinante para reatividade com íons cálcio.
A pectina de baixo grau de esterificação é obtida como um precursor da
pectina de alto GE isolada de cascas de maçã e frutas cítricas, através do controle do
processo de desesterificação, em meio heterogêneo na presença de álcool, com ácido
ou amônia. A desesterificação ácida dá origem a uma distribuição aleatória de grupos
galacturônicos esterificados.
[40]
Um outro método para desesterificação de pectina de
alto GE é utilizando enzimas, como a pectina metilesterase. Dependendo de sua
Capítulo 1 – Introdução 15
origem (microorganismos, plantas, etc), diferentes distribuições (aleatória ou em
blocos) dos grupos carboxilas resultantes são obtidas.
[41]
1.4.3. Propriedades e aplicação em geral de pectina.
Do ponto de vista reológico e viscosimétrico, as soluções diluídas de
pectina (0,5% m/v) apresentam comportamento Newtoniano, enquanto soluções mais
concentradas são pseudoplásticas. A partir de soluções diluídas é possível determinar a
viscosidade intrínseca [η] que representa o volume hidrodinâmico do polímero e
depende da massa molar, da rigidez das cadeias e da qualidade do solvente. A [η] de
soluções de pectina variam entre 1,0-6,0 dL/g que é influenciada pela força iônica do
meio.
[9]
Michel e colaboradores mostraram a diminuição na [η] da pectina com o
aumento da força iônica e o conteúdo de açúcares. Além disso, a desesterificação
provocou uma diminuição na [η].
[42, 43]
O estudo reológico de solução de pectina e gel de pectina é afetado por
fatores extrínsecos e intrínsecos. Fatores intrínsecos são: a massa molar, o conteúdo de
ramnose e o grau de esterificação. Exemplos de fatores extrínsecos são: a concentração
da pectina, a concentração de cálcio, o pH, a força iônica e a temperatura.
Durand e colaboradores
[44]
mediram o início da gelificação de pectina de
baixo GE, que foi definido com a intersecção do módulo de estoque (G´) e o módulo
de perda ou armazenamento (G´´). O valor de G´ no ponto gel foi independente das
condições de gelificação, temperatura e concentração da pectina.
A determinação precisa da massa molar da pectina é extremamente difícil,
devido sua heterogeneidade e a tendência das moléculas em solução se agregarem.
Freqüentemente, medidas de viscosidade são utilizadas para determinar sua massa
molar
[45-47]
. Entretanto outras técnicas podem ser empregadas como a cromatografia de
exclusão por tamanho, espalhamento de luz, ultracentrifugação e análise de grupo
terminal.
Capítulo 1 – Introdução 16
Dados de viscosimetria mostram que os valores de massa molar média
variam de 50.000 a 200.000 unidades. A massa molar média difere entre os métodos,
e freqüentemente agregados podem dificultar a interpretação. A determinação da
massa molar por espalhamento de luz, é muito sensível à presença de agregados e
massas moleculares de 1.000.000 ou mais pode ser obtidas.
[48]
A natureza heterogênea
da pectina faz com que seja necessário especificar a massa molar como massa molar
ponderal média (M
w
), massa molar numérica média (M
n
) ou massa molar
viscosimétrica média (M
v
).
A pectina é também um polieletrólito e apresenta carga negativa quando
dissolvida a pH neutro e carga próxima de zero, em valores baixos de pH. Pelo fato de
a pectina ser um ácido poliprótico, não é possível determinar o valor exato da
constante de dissociação, pK
a
. O valor do pK
a
da pectina encontra-se na faixa de 2,9-
3,3. Esses valores são tipicamente obtidos pela combinação de dados experimentais
com modelos teóricos.
[42, 43, 49]
Pode-se concluir que o valor do pK
a
da pectina é
dependente da concentração da pectina e do GE.
A gelificação da pectina depende do grau de esterificação, ou seja, para
pectina de alto grau de GE e para pectina de baixo GE, há pelo menos duas formas
para a formação do gel: a primeira requer valor de pH baixo e a presença de açúcares e
a segunda da presença de certos íons metálicos, como o cálcio. Na indústria
alimentícia, por exemplo, o gel de pectina utilizado na produção de geléias,
tipicamente contém açúcares, íons Ca
2+
e meio ácido, e em geral, ambos os
mecanismos de gelificação contribuem; entretanto em alguns casos, um dos
mecanismos é preponderante sobre o outro. O grau de esterificação (GE) pode ser
determinado
[50]
por espectroscopia de ressonância magnética nuclear de próton.
Além disso, o valor do grau de esterificação de 50% que distingue as
pectinas, não deve ser tomado como um “número mágico” para o processo de
gelificação. Às vezes, pectina com GE um pouco abaixo de 50%, pode gelificar nas
condições de pectina com alto grau de esterificação.
[9]
Capítulo 1 – Introdução 17
A interação de cálcio com pectina de baixo GE, de acordo com a
interpretação de difração de raios-X, sugere que as cadeias estão alinhadas e
apresentam configuração na forma de hélices com três unidades ácidas galacturônicas
ao redor. Os íons cálcio são coordenados por três átomos de oxigênio em uma cadeia,
e dois átomos de oxigênio pertencente à outra cadeia, enquanto as posições
remanescentes na camada de coordenação com o cálcio são ocupadas por moléculas de
água.
[9]
O modelo “egg-box” proposto inicialmente para a seqüência dos resíduos G
do alginato de sódio foi adotado mais tarde para as seqüências galacturônicas, sem a
participação das unidades esterificadas, como observado na Figura 7. Na pectina, o
alinhamento das cadeias ocorre na forma de hélices com duas unidades galacturônicas
por cada ciclo (ou volta)
[9]
, com as hélices mantidas unidas pela coordenação com o
cálcio. A conformação dupla hélice não tem sido observada em difração de raios-X,
mas cálculos com programas de modelagem molecular indicam que ela existe. Dados
obtidos a partir de dicroísmo circular sugerem que a mudança de conformação
ocorreria quando o gel de pectina com cálcio ou pectina em solução é seco e assim
promoveria a transição entre a dupla hélice e a tripla hélice vista no estado sólido.
O
H
O
OH
H
H
OH
OH
O
O
-
O
OH
OH
O
O
-
O
O
H
O
O
O
CH
3
OH
OH
O
H
O
OCH
3
OH
OHO
O
H
OH
OH
O
O
O
O
OH
OH
O
O
-
O
O
O
-
O
O
CH
3
OH
OH
OH
O
Ca
2+
Figura 7 – Representação esquemática da interação do íon cálcio com as unidades
galacturônicas da pectina.
Como apresentado na Figura 4, apenas metade dos grupos carboxila de uma
cadeia participam na coordenação dos íons cálcio, tendo em vista que o modelo “egg-
Capítulo 1 – Introdução 18
box” é uma dimerização das cadeias, o restante dos cálcios interagem fracamente com
o lado oposto da mesma. Assim, a formação de sítios diméricos de interação com o
cálcio no interior da “caixa” (modelo egg-box) é muito forte, enquanto o cálcio fora da
“caixa” está mais fracamente ligado. Isso leva a conclusão que sítios de múltipla
interação das zonas diméricas são menos estáveis que os dímeros formados entre duas
cadeias com o cálcio.
[9]
A seqüência dos ácidos α-D-galacturônico da pectina são
praticamente imagem especular das regiões de ácidos α-
L-gulurônico no alginato de
sódio, isso significa que ambos apresentam interações com íons cálcio (Figura 8).
[26]
Essa habilidade de interagir com íons cálcio, tanto para alginato de sódio e pectina
pura, quanto em misturas AS/P resulta num fenômeno muito interessante e útil que é a
gelificação, tendo como conseqüência várias aplicações biológicas, alimentícias e
tecnológicas.
O
O
OH
H
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
O
O
OH
H
H
H
H
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
G
G
α
1
4
1
α
4
G
G
α
1
4
1
α
4
O
O
OH
H
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
O
O
OH
H
H
H
H
H
O
O
-
OH
O
H
H
H
O
H
O
O
-
OH
H
OH
G
G
α
1
4
1
α
4
G
G
α
1
4
1
α
4
a)
b)
Figura 8 - Representação esquemática das cadeias de a) pectina e b) alginato de
sódio.
Muitos estudos físico-químicos têm sido realizados para a obtenção de
informações sobre o mecanismo e a característica estrutural envolvida no processo de
gelificação. Morris e colaboradores
[25]
no caso de alginato e Ravant e Rinaudo
[51]
para
a pectina mostraram que o íon cálcio induz a formação do modelo “egg-box”. Embora
Capítulo 1 – Introdução 19
esse modelo tenha sido comumente adotado, ele tem sido questionado várias vezes e é
ainda sujeito a discussão.
[26]
No caso do alginato de sódio a gelificação com cálcio ocorre devido aos
blocos dos ácidos gulurônicos, originando uma rede tridimensional. Essa rede
tridimensional depende da freqüência e do comprimento destes resíduos, bem como a
concentração de cálcio envolvido no processo.
[52]
Toft
[53]
preparou misturas de pectina de alto grau de esterificação com
alginato e observou que a gelificação ocorreu a baixo valor de pH sem a adição de
açúcar. Thom et al.
[54]
mostraram que a gelificação ocorre através da interação
específica e direta entre os dois polissacarídeos. Utilizando espectroscopia de
dicroísmo circular, observaram mudanças no espectro com a variação do valor de pH
de 7 (onde nenhuma interação ocorre) para pH 3, sendo o espectro da mistura muito
diferente daqueles dos polissacarídeos isolados.
Além da aplicação da pectina na indústria alimentícia, na produção de
geléias, como agente gelificante e estabilizante de frutas e bebidas lácteas,
ultimamente tem recebido grande atenção, devido aos benefícios a saúde humana,
como na presença em muitas fórmulas antidiarréicas (Kaopectate
®
). Como solução
coloidal, tem a propriedade de conjugar toxinas e de intensificar as funções
fisiológicas do tubo digestivo através de suas propriedades físico-químicas. Alguns
estudos mostraram efeitos no tratamento de úlcera gástrica, na redução da taxa de
colesterol sérico, na cicatrização de lesões intestinais, entre outras.
[9]
As aplicações como bandagem e sistema de liberação de fármaco serão
abordados mais adiante.
Capítulo 1 – Introdução 20
1.5. Blendas poliméricas
Modificação química não é a única maneira de alterar as propriedades de
um polímero. Em muitos casos, esta alteração pode ser realizada de uma forma bem
mais simples, mais efetiva e barata, misturando os polímeros com outros materiais. A
nova propriedade obtida dependerá da natureza e o estado físico do polímero original,
da forma de processamento da mistura, da faixa de composição dos polímeros e das
suas interações.
[55]
As blendas poliméricas podem apresentar várias vantagens em relação aos
seus componentes puros como: melhora nas características mecânicas; redução no
custo de obtenção de um novo material, quando comparado com a síntese de um novo
polímero; e melhoria no processamento dos polímeros misturados.
[56]
Alguns exemplos de interação entre cadeias poliméricas podem ser citados,
dentre eles: blendas de poli (vinil álcool) [PVA] e alginato
[57]
, poli (óxido etileno)
[PEO] e carbopol
[58]
entre outros.
Grandes esforços têm sido empregados como objetivo de encontrar novas
combinações miscíveis. Blendas miscíveis são homogêneas, portanto apresentam uma
única fase.
[59]
A interação molecular entre as cadeias poliméricas em uma blenda
miscível é predominantemente do tipo secundária (intermolecular) como van der
Waals, dipolo-dipolo e ligações de hidrogênio.
[60]
Os métodos mais utilizados para a obtenção de blendas poliméricas são: 1)
mistura mecânica, onde os polímeros são misturados à temperatura acima da sua
temperatura de transição vítrea (T
g
) ou temperatura de fusão (T
f
) e 2) solubilização dos
polímeros em um solvente comum ou mistura de solventes, com posterior
evaporação.
[55, 61]
Uma das formas mais simples utilizadas para caracterizar materiais obtidos
a partir da mistura de polímeros é a avaliação da transparência. De forma geral, as
blendas miscíveis formam filmes translúcidos e as blendas imiscíveis formam filmes
Capítulo 1 – Introdução 21
opacos. Porém, os filmes preparados a partir de polímeros imiscíveis podem gerar
filmes translúcidos quando os índices de refração dos polímeros puros forem iguais ou
muito próximos (diferença menor que 0,01). A transparência de um filme também
pode ser resultado das dimensões da fase dispersa da blenda serem menores que o
comprimento de onda da luz visível (0,1 mm).
[61]
Outros métodos como a avaliação das propriedades mecânicas e a variação
da temperatura de transição vítrea (T
g
) podem ser utilizados para classificar as blendas
poliméricas em miscíveis ou imiscíveis.
Assim, um dos critérios amplamente utilizados para avaliar a miscibilidade
entre polímeros é a existência de uma única T
g
, intermediária aquela observada nos
polímeros puros.
[61]
Medidas de DSC (Calorimetria Exploratória Diferencial) são
amplamente utilizadas para este fim.
A equação de Fox (Equação1) pode ser utilizada para estimar os valores
teóricos para os valores de Tg de blendas poliméricas.
[60]
,
[62]
12
12
1
b
ww
TTT
=+
(1)
Na Equação acima, T
b
, T
1
e T
2
denotam a T
g
(em Kelvin) da blenda e dos
polímeros 1 e 2, respectivamente enquanto w
1
e w
2
representam as frações mássicas
dos polímeros correspondentes.
[62]
Entretanto, a transição vítrea pode ser de difícil identificação por DSC
mesmo para polímeros sintéticos. Em polissacarídeos sua caracterização torna-se mais
difícil devido a quantidade de água adsorvida e, principalmente, ligada. O principal
evento térmico registrado em muitos casos em polissacarídeo é um largo pico
endotérmico. Alguns autores
[63-65]
têm relatado a existência de um pico endotérmico
acima de 100 ºC em experimento de DSC com biopolímeros.
Scandola e colaboradores
[65]
encontraram um pico centrado em 130ºC em
dextranas que foi atribuído a evaporação de água em curvas DSC, relacionado com a
Capítulo 1 – Introdução 22
diminuição de peso causado pela evaporação de água quando medidas
termogravimétricas na faixa da temperatura ambiente a 150 ºC são realizadas com
amostras de amilose e dextranas. Picos endotérmicos a cerca de 120-150 ºC atribuídos
à evaporação de água são também observados em amostras de madeira.
Outro fato observado referente à T
g
em curvas de DSC de uva, cebola e
morangos na faixa de -120 a 100 ºC foi a diminuição da temperatura de transição
vítrea com o aumento da quantidade de água de maneira similar a açúcares puro como
sucrose.
[64]
No entanto, Iijima e colaboradores
[63]
observaram a T
g
da pectina em
37ºC, a qual varia com a presença de água ligada e livre, e de acordo com o seu grau
de esterificação.
Estudos realizados por Miura e colaboradores
[57]
mostraram uma T
g
intermediária a observada para os componentes puros, alginato de sódio e poli (vinil
álcool) [PVA], indicando que a blenda alginato de sódio/PVA forma uma fase
termodinamicamente miscível.
Outros métodos muitos empregados para caracterizar as blendas
poliméricas são: a microscopia óptica, a microscopia eletrônica de varredura e
transmissão, a ressonância magnética nuclear, o espalhamento de luz e a
espectrometria no infravermelho.
1.6. Viscosimetria
A determinação da massa molar de um polímero é muito importante devido
sua influência em algumas propriedades como, por exemplo, a gelificação com íons
cálcio. Uma das técnicas para a determinação da massa molar é a viscosimetria além
de avaliar ainda a influência de diferentes solventes nas propriedades hidrodinâmicas
do alginato de sódio, da pectina e blendas AS/P caracterizados como polieletrólitos em
solução.
Assim, fluxo é definido como o deslocamento irrecuperável de moléculas
em relação às outras, sob a ação de uma tensão externa. Como exemplo, um fluido
Capítulo 1 – Introdução 23
escoando através de um tubo capilar.. Esse fluido é dividido arbitrariamente em
camadas concêntricas e que essas camadas que constituem o fluxo movem-se com
velocidades diferentes, com a velocidade no interior do tubo bem menor do que aquela
próxima à parede do tubo, devido ao atrito entre o fluido e a parede. Assim, durante o
escoamento, as moléculas que estão expostas a diferentes velocidades colidem entre si,
gerando uma troca de momento entre as camadas, causando uma fricção interna,
dificultando o escoamento. Essa resistência ao escoamento, causada pela fricção
interna é chamada viscosidade.
[62]
No estudo de soluções diluídas de polímeros é muito comum determinar-se
a viscosidade da solução em relação ao solvente puro. A relação entre a viscosidade da
solução e a do solvente puro é denominada viscosidade relativa. Para determinar o
valor desta viscosidade, o tempo de escoamento do solvente, t
0
e da solução t são
medidos no mesmo viscosímetro. Considerando que a densidade de soluções diluídas é
praticamente igual à do solvente puro, a viscosidade relativa pode ser definida como a
razão entre o tempo de escoamento da solução e do solvente puro. A viscosidade
específica é definida entre a diferença dos tempos de escoamento da solução e do
solvente puro (t-t
0
) e o tempo de escoamento do solvente puro, t
0
. Ambas são
adimensionais. A razão entre a viscosidade específica e a concentração da solução é
denominada viscosidade reduzida. Finalmente, a razão entre o logaritmo da
viscosidade relativa e a concentração é conhecida como viscosidade inerente.
[62]
Para determinar a viscosidade intrínseca é necessário determinar a
viscosidade reduzida ou a inerente a várias concentrações e extrapolar para a
concentração zero. A viscosidade intrínseca é independente da concentração da
solução. A viscosidade de um sistema polimérico depende de vários fatores como a
massa molar do polímero, temperatura e natureza do solvente. A viscosidade intrínseca
é relacionada à massa molar por meio da equação conhecida como equação de Mark-
Houwink (Equação2).
[] .
a
KM
η
= (2)
Capítulo 1 – Introdução 24
Os valores de K e a são constante para um determinado par polímero-
solvente a uma determinada temperatura e relacionados com a rigidez da molécula.
Para pectina com estrutura tipo novelo aleatório com interações hidrodinâmicas, a
varia ente 0,5-0,8, enquanto moléculas tipo bastão rígido apresentam a maior que
0,8.
[62]
As medidas geralmente são realizadas com viscosímetro capilar.
[9]
Os valores K
e a podem ser determinados experimentalmente utilizando-se uma série homóloga de
polímeros monodispersos que diferem apenas na massa molar. As viscosidades
intrínsecas destes polímeros são determinadas e relacionadas a sua respectiva massa
molar, por meio da Equação 2.
As soluções de polieletrólitos apresentam comportamento especial para
estudo do efeito da forma da macromolécula na viscosidade das soluções diluídas,. As
moléculas destes polímeros sofrem variações consideráveis no seu volume
hidrodinâmico, dependendo do grau de dissociação. O poli (ácido acrílico) ou o poli
(ácido metacrílico) assumem volumes diferentes em função do pH do meio. Em
solução aquosa, os polímeros encontram-se fracamente dissociados e contêm um
pequeno número de cargas ao longo da cadeia. Quando uma pequena quantidade de
hidróxido de sódio ou potássio é adicionada a estas soluções, o poliácido reage
formando sais de sódio ou potássio, que se dissociam em soluções aquosas, liberando
os cátions o que gera um grande número de cargas negativas ao longo das cadeias.
Estas cargas se repelem e a repulsão eletrostática tende a alongar as cadeias. À medida
que se aumenta o pH do meio, o grau de dissociação aumenta e o novelo expande-se
cada vez mais, ocasionando um aumento sensível na viscosidade. Este aumento é
atribuído às interações intermoleculares entre os ânions de uma cadeia e os grupos
ácido não dissociados de outra cadeia.
[62]
A viscosidade de solução de polieletrólitos tem sido discutida há muitos
anos, especialmente seu comportamento correspondente à dependência da viscosidade
reduzida (η
red
) em função da concentração do polímero na ausência de sal ou em força
iônica baixa. O aumento da viscosidade reduzida durante a diluição de soluções de
polieletrólitos na ausência de sal tem sido atribuído à diminuição na proteção das
Capítulo 1 – Introdução 25
cargas pelo contra-íon e conseqüentemente a expansão da cadeia devido à repulsão
mútua.
[62]
O comportamento hidrodinâmico de pectina com alto e baixo GE foi
estudado por viscosimetria capilar e apresenta comportamentos diferentes em solução.
O valor da [η] da pectina de baixo GE é maior comparado com pectina de alto GE em
NaCl e LiCl na concentração de 0,005 e 0,05 mol.L
-1
, enquanto que pectina de alto
GE tem um valor de [η] maior na concentração de 0,2M. O efeito do tipo de sal sobre
o comportamento hidrodinâmico foi quase negligenciável. A queda da [η] de 519 e
563 mL/g em LiCl e NaCl 0,2 mol.L
-1
, respectivamente para 199 mL/g é resultado da
diminuição da agregação das cadeias para pectina de baixo GE. Nesse estudo os
autores concluem que as interações intermoleculares (ligação de hidrogênio) presentes
nos agregados de pectina de baixo GE são mais fortes devido ao grande número de
grupos carboxila em relação a pectina de alto GE.
[66]
A η
red
de pectina obtida de cascas de laranja por meio da extração em meio
ácido foi medida em solução aquosa e na presença de dextrose, maltose e dextrina.
Dextrose e maltose aumentaram a η
red
de soluções de pectina, causada pela formação
de agregados de moléculas de pectina devido à ligação hidrogênio. O comportamento
inverso observado com a dextrina pode estar relacionado à presença de impurezas
iônicas. O efeito da despolimerização do ácido L-ascórbico em soluções de pectina
mostrou uma diminuição na viscosidade e a mesma tendência foi observada com o
aumento da concentração de sal como NaCl, NaSO
4
e Na
3
PO
4
.
[67]
No caso do alginato de sódio a viscosidade intrínseca diminui com o
aumento da força iônica (NaCl e KCl), devido a repulsão eletrostática intermolecular
entre as cadeias do polímero ser progressivamente protegida, reduzindo a dimensão
total da cadeia, sendo o efeito mais pronunciado em NaCl do que em KCl. A interação
entre cátions monovalentes e as cadeias de alginato de sódio depende das propriedades
dos íons e também da afinidade das cadeias em interagir com íons Na
+
ou K
+
.
[68]
Capítulo 1 – Introdução 26
Propriedades reológicas
Em compostos de natureza polimérica como os polissacarídeos, as
propriedades reológicas dependem da massa molar, da possibilidade de formação de
ligações de hidrogênio intermoleculares, da concentração, da temperatura em que são
realizadas as medidas, do pH, da força iônica entre outros fatores. A influência do
solvente (água ou solução salina na presença e ausência de agente complexante), no
estudo das propriedades reológicas dos polieletrólitos alginato de sódio e pectina são
necessários para o entendimento do comportamento nas blendas. A introdução de um
novo agente reticulante para esse sistema o EDC, permite avaliar as propriedades
reológicas que estão relacionadas principalmente com a estrutura do gel formado, as
interações entre as cadeias e a existência de ligações cruzadas.
Os experimentos de oscilação feitos em solução são ferramentas
importantes na determinação das modificações estruturais. No experimento de
oscilação o material está sujeito a uma força, podendo ser caracterizados materiais
como os géis
[69]
. Nos ensaios de oscilação considera-se que a deformação é a mesma
em todos os pontos da amostra, a inércia da amostra deve ser negligenciada e o
material deve ter o comportamento de uma substância viscoelástica em um domínio
linear, ou seja, onde as propriedades reológicas não são dependentes da tensão ou
deformação aplicadas.
[70]
O princípio desta técnica baseia-se na quantidade de material deformado
após a aplicação de uma tensão (σ). Em um experimento dinâmico mecânico, ao se
aplicar uma tensão (senoidal) em um material, a resposta do material e o ângulo de
fase (δ) (formado entre a deformação e a resposta do material) são medidos. Materiais
puramente elásticos têm um deslocamento de fase de 0º e materiais viscosos exibem
um deslocamento de fase de 90º.
Os parâmetros viscoelásticos obtidos do experimento de oscilação são o
módulo complexo G*, definido com a razão da tensão de cisalhamento complexa pela
deformação cisalhante; o módulo elástico G’ (armazenamento) em fase com a
Capítulo 1 – Introdução 27
deformação e representa o estoque de energia elástica; o módulo viscoso (G’’) que está
em fase com a taxa de deformação e representa a dissipação dessa energia e a tangente
de perda (tanδ) que é proporção entre G’’/G’.
Estudos reológicos mostram que soluções aquosas de CMC e alginato de
sódio exibem comportamento não-Newtoniano e pseudoplástico a diferentes
concentrações e temperatura. As blendas também apresentaram um desvio do
comportamento linear.
[71]
Kjoniksen e colaboradores
[72]
verificaram no estudo com soluções de
pectina no regime diluído e semidiluído que estas apresentam domínio da resposta
elástica (G’> G’’) em todas as concentrações do polímero (0,05; 0,1; 1,0; 1,5 % m/m)
induzida pelo cisalhamento oscilatório repetido periodicamente (cada 16 minutos) a
0,5-5 rad/s. O estudo ainda mostra que a formação de agregados é principalmente
estabilizada por ligações hidrogênio. Esse efeito é mais pronunciado a altas
concentrações de pectina e o aumento das interações intermoleculares foi inibida pela
adição de uréia.
As propriedades reológicas de vários polissacarídeos entre estes, pectina,
foram estudadas em diferentes concentrações e temperatura (20, 40, 60 e 80ºC).
Pectina apresenta um comportamento não-Newtoniano e pseudoplástico, que é mais
acentuado com o aumento da concentração do polímero.
[73]
A transição sol-gel para quatro amostras de alginato de sódio foi estudada
com a liberação de diferentes concentrações de cátions cálcio do Ca-EDTA através da
hidrólise de D-glucono-δ-lactona (GDL). Independente da quantidade de cálcio, os
módulos G´e G´´ mostraram dependência em relação à freqüência angular. Na
presença de baixas concentrações de íons cálcio G´´>G´, entretanto a altas
concentrações G´>G´´, indicando a formação de gel viscoelástico.
[74]
A natureza sinérgica entre alginato de sódio e pectina foi sistematicamente
investigada usando amostras de diferentes composições químicas. Pectina com alto e
baixo GE foi misturada com alginato de sódio com alta e baixa razão M/G. Um forte
Capítulo 1 – Introdução 28
efeito sinégico foi observado entre alginato com baixa razão M/G e pectina com alto
GE, apresentando alto valor de G´e rápida cinética de formação do gel, ao contrário
observado para géis formados a partir de alginato com alto razão M/G e pectina com
baixo GE.
[75]
Em outro estudo, gel da mistura de alginato de sódio e pectina (não
especificado as composições do polímeros) apresentou também valor do módulo G´
maior que G´´ em todo domínio de freqüência. Os autores concluíram que o gel
formado é de natureza fraca e estabilizado por ligações fracas como ligações de
hidrogênio.
[76]
As propriedades viscoelásticas de gel de pectina de baixo e alto GE foram
estudadas na presença de CaCl
2
e sucrose. Para pectina de alto GE contendo 30 e 60%
de sucrose, os valores de G´e G´´ não foram afetados pela adição de cálcio, entretanto
aumentando a concentração de 0,75% para 1,5% o valor de G´ passa de 1300 para
4300 Pa e o valor de G´´ de 70 para 300 Pa. No caso de pectina de baixo GE nas
mesmas condições e concentrações, o valor de G´foi 50 % e para o G´´ 30% em
relação à pectina de alto GE. No gel formado a partir da mistura das pectinas com 60%
de sucrose e CaCl
2
, um grande efeito sinérgico foi observado, com valores de G´ e G´´
altos em relação aos géis formados dos polímeros puros, devido às condições
favoráveis para ambas as pectinas. Na presença apenas de 60% de sucrose um fraco
sinergísmo foi observado e nenhum sinergismo na presença de 30% de sucrose e
CaCl
2
, devido as condições que favorecem apenas a formação de gel de pectina de
baixo GE.
[77]
A natureza sinérgica entre pectina e quitosana em solução e em gel foi
avaliada por reologia. A mistura pectina e quitosana formam géis termosensíveis em
um grande faixa de composição a baixas temperaturas. O valor da temperatura de
gelificação depende da composição da mistura, com baixos valores em misturas com
baixo conteúdo de pectina.
[78]
A formação de gel de pectina de baixo GE sob resfriamento e condições
ácidas na ausência de Ca
2+
foi estudada. Após 60 minutos a 5ºC o valor do módulo de
G´aumenta, à medida que o valor do pH foi reduzido de 4 para 1,6, com formação do
Capítulo 1 – Introdução 29
gel a pH 3 (concentração do polímero 3% m/m). Para valores de pH maiores ou
menores que 3, foi observada histerese térmica atribuída a agregação das cadeias,
resultado da supressão das repulsões eletrostáticas (abaixo de pH 2,5) e formação de
ligações hidrogênio intermoleculares por grupos carboxílicos protonados (acima de pH
3,5).
[79]
1.7. Espalhamento de luz dinâmico (DLS)
Alguns parâmetros moleculares em solução de um polímero como a
polidispersidade, comportamento hidrodinâmico e mobilidade interna exercem forte
influência nas propriedades em solução. A formação de agregados muito comum em
polieletrólitos, em especial no caso de polissacarídeos como o alginato de sódio e
principalmente a pectina (material heterogêneo) em solução muitas vezes dificultam a
interpretação de resultados como a determinação da massa molar e dos parâmetros
hidrodinâmicos.
A técnica de espalhamento de luz é uma interação da radiação com
partículas em um meio através do qual a radiação é transmitida. Ao incidir na
partícula, parte da radiação é espalhada e a intensidade do espalhamento depende,
basicamente, do tamanho da partícula. Essa técnica baseia-se no princípio da
polarização das moléculas em solução através de um campo elétrico. A intensidade de
polarização da molécula depende do índice de refração do meio. O momento dipolar
induzido em fase com o campo elétrico, faz a molécula vibrar comportando-se como
um novo emissor de luz. A Figura 9 ilustra o esquema de um instrumento utilizado em
análises de polímeros por espalhamento de luz.
[62]
Capítulo 1 – Introdução 30
Figura 9 - Sistema ótico de um instrumento de espalhamento de luz, construído
para a observação a ângulos de 45, 90, 135 e 180º.
A direção entre a luz incidente e a luz espalhada define o plano de
espalhamento e o ângulo de espalhamento (θ). O volume de espalhamento é a região
no espaço, no interior da amostra, que é visível a ótica de detecção. O intervalo de
dimensão mensurável depende do comprimento de onda da radiação (λ) e de θ que
definem a amplitude do vetor de onda de espalhamento (q) (Equação 3), onde n é o
índice de refração do meio propagante, λ
0
é o comprimento de onda no vácuo da
radiação incidente.
0
4
(/2)qsen
π
η
θ
λ
=
(3)
Nos experimentos de espalhamento de luz dinâmico (DLS) considera-se as
flutuações na intensidade de luz espalhada em função do tempo, em uma dada direção,
pois estas flutuações refletem a dinâmica molecular do sistema. A taxa com que a
intensidade de luz espalhada flutua sobre o seu valor médio depende da taxa com que
os centros espalhadores se movem em solução. Se a luz incidente é coerente, a
intensidade de luz espalhada reflete o instantâneo arranjo aleatório dos centros
Capítulo 1 – Introdução 31
espalhadores. As flutuações aleatórias da intensidade de luz espalhada podem ser
caracterizadas por sua função de autocorrelação.
A função de autocorrelação homodina no tempo da intensidade (G
(2)
(t))
medida experimentalmente, está relacionada com a função de autocorrelação do
campo elétrico (G
(1)
(t)) por meio da relação de Siegert (Equação 4), onde B é a linha
de base e β é o fator de coerência espacial que depende da geometria de detecção e da
razão da intensidade espalhada pelo polímero e pelo solvente.
2
(2)
( ) (1 (1) ( ) )GtB G t
β
++ (4)
Para um conjunto de moléculas, G
(1)
(t) pode ser expressa por uma
distribuição contínua de decaimento (Equação 5), onde A(τ) e A(Γ) são as
funções distribuição do tempo de decaimento e da taxa de decaimento.
1
() ().exp.( /). ( ).exp.( .)Gt A t d A td
τττ
=−=ΓΓΓ
∫∫
(5)
A função de distribuição representa a intensidade relativa da luz espalhada
com diferentes constantes de decaimento que pode se considerada como resultado da
polidispersão ou da dinâmica de múltiplos modos e é uma função do número e
tamanho dos centros espalhadores. Para uma solução diluída de partículas esféricas e
monodispersas tendo uma difusão Browniana, a A(Γ) pode ser representada com uma
função delta, A(Γ)=δ(Γ - q
2
D), obtendo-se a Equação 6:
(1) 2
exp.( . . ) exp( / ) exp( . )GqDtt t
τ
=− ==Γ (6)
Na Equação 6 o coeficiente de difusão translacional, τ é o tempo de
decaimento (tempo de relaxação) e Γ é a taxa de decaimento (freqüência de relaxação).
Na determinação do coeficiente de difusão (D) translacional (Equação 7) é necessário
garantir que os resultados não contenham informações referentes a relaxações internas
(intramoleculares) da macromolécula, isto é, assegurar que q.L<1.
2
0
(/ )
q
Dq
(7)
Capítulo 1 – Introdução 32
O raio hidrodinâmico (R
h
) é determinado pela relação de Stocks-Einstein
(Equação 8):
6
κ
π
η
=
h
T
D
(8)
Sendo
κ
a constante de Boltzmann, T a temperatura do sistema, η a
viscosidade da solução.
[80]
Hiorth e colaboradores investigaram a dinâmica da mistura aquosa de
pectina e quitosana em diferentes proporções e também solução aquosa de pectina
através de espalhamento de luz dinâmico (DLS). As soluções da mistura
pectina/quitosana e pectina apresentam dois modos de relaxação, um rápido
geralmente associado a moléculas simples e pequenos agregados e outro lento
relacionado com grandes estruturas (agregados). Para as misturas, ambos os modos de
relaxação tornam-se gradualmente mais pronunciados com o aumento da quantidade
de pectina (maior crescimento e tamanho dos agregados). Apenas a mistura contendo
75% de pectina apresenta grande efeito sinérgico e ligações de hidrogênio são
responsáveis por esse efeito.
[81]
Medidas de DLS foram realizadas em soluções aquosas de pectina de baixo
GE a diferente temperatura e concentração. As funções de autocorrelação da
intensidade espalhada das soluções apresentam dois modos de relaxação: um rápido e
o outro lento. A redução da temperatura e o aumento da concentração da pectina
promoveram maior associação entre as cadeias do polímero com altos valores no
tempo de relaxação lento e forte dependência do vetor de onda no modo de relaxação
lento. A diminuição da temperatura (10ºC) promoveu a formação de gel estabilizado
por ligações hidrogênio intermoleculares, que são rompidas a alta temperatura. Neste
estado (gel) ocorre mudança no perfil da função do tempo de correlação.
[82]
Capítulo 1 – Introdução 33
1.8. Filmes e matrizes porosas de alginato de sódio e pectina
Dependo da aplicação o alginato de sódio e a pectina podem ser preparados
na forma de microesferas
[83]
, fibras
[84]
, tabletes
[85]
, hidrogéis
[86]
, e serão enfatizados
neste item filmes e matrizes porosas destes polissacarídeos.
De acordo com Andrade e colaboradores
[87]
, filme é definido como um
material cuja geometria é caracterizada por comprimento e largura relativamente
grandes em relação à espessura, a qual não é superior a 0,0254 cm (0,01 polegadas).
Fishman e colaboradores
[88]
prepararam blendas de pectina e poli (vinil
álcool) [PVA] na forma de filmes e os resultados de microscopia eletrônica de
varredura e óptica indicaram que a mistura é bifásica e compatível. Ensaios mecânicos
dos filmes de pectina indicam que a adição de PVA torna o filme dúctil. Quanto à
solubilidade em água, os filmes pectina/PVA são dependentes da temperatura e da
composição, sendo que a 30 e 40 ºC, filmes com 30% ou menos de PVA são solúveis e
a 70ºC todas as composições são solúveis, mas filmes contendo pectina são mais
solúveis em comparação com filmes de PVA. Assim concluiu-se que as propriedades
dos filmes pectina/PVA são dependentes da quantidade de cada componente na
mistura, ou seja, se o filme contém mais pectina, este apresentará propriedades
semelhantes aos filmes de pectina e vice-versa.
Macleod e colaboradores
[89]
estudaram as propriedades mecânicas e de
permeabilidade de filmes pectina/etilcelulose com aplicação em sistema de liberação
de fármacos no trato gastro-intestinal superior. Aumentando a quantidade de pectina
nos filmes, a razão resistência à tração/módulo de elasticidade e a elongação na
ruptura, diminuem, ou seja, os filmes tornaram-se mais rígidos e quebradiços.
Entretanto, a adição de pectina nos filmes não afeta a permeabilidade da etilcelulose.
Os resultados mostraram que devido às propriedades mecânicas, há uma quantidade
limite de pectina que pode ser utilizada para esse objetivo.
Rhim
[90]
modificou as propriedades de filmes de alginato de sódio usando
dois métodos de tratamento com CaCl
2
: imersão direta do filme em uma solução de
Capítulo 1 – Introdução 34
cloreto de cálcio e adição de uma quantidade do sal na solução de alginato de sódio.
Neste último, não foram observadas alterações significativas nas propriedades
mecânicas, permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água. Ao contrário, os
filmes preparados por imersão apresentaram aumento na resistência à tração,
diminuição no valor de elongação na ruptura, diminuição da permeabilidade e
solubilidade em água. Esse contraste se deve a diferenças no processo de reticulação
dos filmes, ou seja, com adição do sal na solução, a reticulação é instantânea, assim o
processo não é homogêneo, ao contrário do método de imersão que apresenta uma
reticulação homogênea.
As matrizes porosas são estruturas tridimensionais que apresentam canais
distribuídos em sua estrutura. A preparação de matrizes porosas pode ser feita por
diferentes metodologias, sendo que, em sistemas de polímeros solúveis em água a
técnica de liofilização é bastante empregada. O sistema a ser liofilizado contém duas
fases: uma com o solvente congelado e a outra de polímero concentrado, a liofilização
é empregada para remoção do solvente congelado, resultando na retenção da estrutura
porosa. Sem a liofilização, um aumento da temperatura poderia causar a mistura ou
fusão das fases separadas, conseqüentemente destruindo a estrutura porosa.
Shapiro e colaboradores
[91]
prepararam matrizes porosas com alginato de
diferentes razão ácido manurônico/gulurônico em três etapas: reticulação da solução
de alginato de sódio com diferentes agentes reticulantes e concentrações,
congelamento da solução reticulada a -196ºC (nitrogênio líquido) e -20ºC (freezer) e
liofilização da solução congelada. Observaram que o tipo de alginato, a concentração e
o tipo de reticulante, e a temperatura envolvida no congelamento alteram as estruturas
das matrizes.
Zmora e colaboradores
[92]
investigaram o efeito da temperatura de
congelamento (-20, -35 e –196 ºC) sobre os poros de matrizes de alginato. Quando as
matrizes foram congeladas a –20ºC foram obtidos poros esféricos e interconectados, já
nas temperaturas de –35 e –196 ºC, a região em contato com o meio de congelamento
Capítulo 1 – Introdução 35
apresenta poros esféricos e a outra interface com poros alongados. Os diferentes
formatos dos poros afetam as propriedades mecânicas da matriz.
1.9. Agentes reticulantes
A aplicação na área de biomateriais, farmacêutica, na indústria alimentícia
como proteção ou embalagens para alimentos, em especial neste estudo como matriz
para liberação de fármaco e bandagem é necessário que pectina e suas blendas com
alginato de sódio sejam parcialmente insolúveis e em alguns casos insolúveis em meio
aquoso, alem de modificar outras propriedades como mecânicas, intumescimento entre
outras.
A reticulação ou formação de ligações cruzadas entre as cadeias dos
polímeros resulta a formação de uma rede tridimensional. A reticulação de polímeros
pode ser realizada por via térmica, por polimerização fotoiniciada (irradiação via
irradiação UV) que utiliza agentes reticulantes capazes de formar ligações cruzadas,
quando expostos a irradiação
[93-95]
e adição de compostos químicos que participam ou
não das ligações cruzadas formadoras da rede tridimensional. Entre os agentes
reticulantes de alginato de sódio e pectina, destacam-se o formaldeído, o glutaraldeído,
o hidrocloreto de 1-etil-3-(3-dimetilamino propil) carbodiimida também conhecido
como EDC, além da interação com os cátions Ca
2+
.
Como alternativa, para diminuir a solubilidade dos filmes de
polissacarídeos solúveis em água, a interação de alginato de sódio com íons cálcio do
CaCl
2
tem sido bastante usada em muitas aplicações, como a imobilização de células
vivas e proteínas tais como os peptídeos e em sistema de liberação de fármacos.
[96-98]
Os filmes de alginato de sódio reticulados por imersão em diferentes concentrações de
solução aquosa de CaCl
2
, mostram-se insolúveis em água, mas permeáveis a vapores
de água.
[99]
Recentemente, Yeom e Lee
[100]
reticularam membranas de alginato de
sódio com glutaraldeído usando HCl como catalisador em solução de acetona. O
processo de reticulação reduziu a solubilidade em água. Outro reticulante, o
formaldeído tem sido largamente empregado para induzir modificações em proteínas e
Capítulo 1 – Introdução 36
polissacarídeos. Exemplos incluem a formação de pontes estáveis de metileno em
modelos de peptídeos;
[101]
reticulação de colágeno
[102]
e proteína de semente de
algodão
[103, 104]
; efeito sobre as propriedades mecânicas, permeabilidade de vapor de
água e solubilidade de glúten
[105]
, gliadina
[106, 107]
, filmes de proteína isolada de soja
[108,
109]
; e modificações em filmes de gelatina
[110]
.
O EDC é um agente reticulante bastante utilizado na modificação de
proteínas
[111]
e também de polissacarídeos com o ácido hialurônico
[112]
e no caso das
proteínas largamente usado na reticulação de colágeno e gelatina
[113]
. Além de ser um
agente reticulante não tóxico
[114]
, o EDC induz a formação da ligação éster entre
grupos hidroxila e carboxila sem permanecer como parte da estrutura
[16, 115]
.
Membranas de alginato de sódio foram preparadas pelo método de imersão
das membranas em diferentes concentrações de etanol (100mM de EDC e pH 4) e
diferentes concentrações de EDC (60% v/v de etanol, pH 4). Medidas de DSC
mostraram que a cristalinidades das membranas aumentaram e também se mantiveram
insolúveis em água por 32 dias.
[116]
A influência das condições de preparação de filmes de alginato de
sódio/carragenana reticulados por imersão foi investigada. Os melhores filmes são os
que contêm 20% (m/m) de carragenana e reticulados em um solução contendo 60%
(v/v) de etanol, 120 mM de EDC a pH 4.
[117]
1.10. Bandagem para lesão e liberação controlada de fármaco
A função primária da pele é proteger o corpo contra a entrada de
microorganismos patogênicos que possam causar a colonização ou infecção. Qualquer
interrupção na continuidade da pele representa uma lesão. As lesões podem variar em
espessura, pois algumas lesam a pele apenas superficialmente e outras podem até
atingir tecidos profundos. O tratamento de uma lesão e sua assepsia cuidadosa tem
como objetivo evitar ou diminuir os riscos de complicações decorrentes, bem como
facilitar o processo de cicatrização. A preocupação com as bandagens para lesões é
Capítulo 1 – Introdução 37
antiga e vários agentes podem ser utilizados, no entanto é fundamental uma análise
detalhada da lesão para a escolha da bandagem adequada.
Historicamente, o tratamento de lesões envolve a aplicação de simples
bandagens a base de algodão, tais como as chamadas gazes. Entretanto, nos últimos 30
anos o tratamento de lesões caminhava para a produção de bandagens que mimetizam
as propriedades da pele, como sua permeabilidade e conteúdo de água.
Características como a manutenção da umidade na interface
lesão/bandagem, remoção do excesso de exsudato, troca gasosa, isolamento térmico,
proteção contra infecção, ausência de partículas e contaminantes e a remoção sem
causar traumas, são importantes para manter o ambiente propício para a reparação do
tecido.
[11]
Além destas, também a disponibilidade, flexibilidade, facilidade de manuseio
e principalmente custo-eficácia, são fundamentais.
Os efeitos benéficos do meio úmido incluem a prevenção de desidratação
do tecido e morte celular, desbridamento autolítico, pois estes retêm as enzimas e água
que ajudam na fibrinólise, e redução da dor, atribuída à proteção que o meio úmido
fornece as terminações nervosas contra o ressecamento e a exposição. Essas bandagens
mantêm as células viáveis e permitem que estas liberem fatores de crescimento,
estimulando sua proliferação. Estudos recentes demonstraram que a reepitelização em
lesões em meio úmido é mais rápida do que as que permanecem em meio seco.
[118]
As bandagens podem ser classificadas em geral como:
Primárias: aquelas colocadas em contato direto com o leito da lesão e
tem como função absorver, controlar colonização, preservar umidade
adequada e proteger tecido neoformado;
Secundárias: colocadas sobre a bandagem primária para absorver o
excesso de drenagem, comprimir e promover barreira protetora;
Única: engloba as propriedades da primária e secundária em uma
única bandagem.
Capítulo 1 – Introdução 38
As fibras têm sido muito utilizadas em aplicações como bandagens devido a
suas propriedades como, maciez, absorção e facilidade na fabricação de produtos com
diferentes formas. As fibras de fontes naturais, especialmente polissacarídeos, têm sido
consideradas as mais promissoras, devido a excelente biocompatibilidade e não-
toxicidade. Vários tipos de bandagens têm sido produzidos com polímeros naturais e
seus derivados.
[119]
Entre os vários polissacarídeos para esse objetivo, o alginato é comumente
utilizado como bandagem, desde que oferecem muitas vantagens sobre as tradicionais,
feitas com algodão. Comercialmente, bandagens de alginato incluem: Kaltocarb
®
,
Algisite M
®
, Kaltogel
®
, Kaltostat
®
, Melgisorb
®
, Seasorb
®
, Sorbsan
®
e
conseqüentemente existem várias patentes detalhando a produção de fibras de alginato
para aplicação em bandagens.
[119]
Ensaios com Kaltostat
®
, uma bandagem hemostática para lesões na pele,
foram autorizados para o uso como bandagem para tecidos moles. Estudos recentes
com alginato de cálcio em tecidos animais concluíram que o alginato é bem aceito e
que o material é absorvido, depois de determinado tempo. Esse estudo revela que o
alginato de cálcio rapidamente libera íons cálcio em troca com íons sódio em contato
com o sangue, estimulando a ativação de plaquetas e a coagulação sangüínea.
[120]
Essa
troca iônica desencadeia uma reação que transforma o alginato em um gel compacto,
proporcionando um ambiente úmido e aquecido, ideal para o processo de cicatrização,
permitindo também as trocas sem traumas para o tecido neoformado.
As fibras de alginato conseguem absorver até 20 vezes seu peso em fluidos,
ao passo que uma gaze comum tem capacidade de absorver apenas 3 a 4 vezes seu
peso. Essas bandagens, por manterem um ambiente úmido no leito da lesão, auxiliam o
desbridamento autolítico, entretanto não são utilizadas para controlar hemorragias. São
indicadas para lesões com grande quantidade de exsudato, contudo não é recomendado
seu uso em lesões secas ou com pouco exsudato, devido à alta capacidade de absorção
da bandagem, podendo haver uma aderência das fibras ao leito da lesão, tornando
difícil sua remoção.
[121]
Capítulo 1 – Introdução 39
Choi e colaboradores
[114]
prepararam matriz porosa de gelatina/alginato em
diferentes proporções e reticuladas com EDC. A porosidade aumentou com a
quantidade de alginato. O teste de absorção de água, biodegradação, liberação de
fármaco in vitro e teste in vivo em animais confirmam a aplicabilidade deste sistema
como bandagens para lesões.
Gilchrist e Martin
[27]
estudaram o efeito de uma bandagem de alginato
comercial, Sorbsan
®
, no tratamento de úlceras diabéticas e concluíram que a
bandagem é altamente absorvente, biodegradável e pode ser aplicada com sucesso em
uma variedade de lesões.
Atualmente, não é encontrado nenhum sistema contendo alginato e pectina
ou apenas pectina como bandagem para lesões em geral e ao mesmo tempo como
sistema de liberação controlada de fármaco.
Segundo Dun
[122]
, sistemas de liberação controlada de fármacos são
idealmente, dispositivos que disseminam um fármaco, quando, e onde, ele é
necessário, e num nível de concentração adequado para gerar o efeito esperado.
Os sistemas de liberação oferecem inúmeras vantagens quando comparados
a outros sistemas de dosagem convencional que liberam o agente ativo em curto
período de tempo. As principais vantagens são:
Manutenção de níveis constantes da substância no organismo,
implicando em uma eficiência maior na utilização do agente, ou seja,
é necessária menor quantidade de fármaco para produzir o mesmo
efeito que os sistemas convencionais;
Aplicação do agente diretamente no sítio de ação, produzindo altas
concentrações localizadas e evitando efeitos colaterais sistêmicos;
Menor freqüência de administração do agente ativo, aumentando o
conforto do paciente e eficácia do tratamento;
Capítulo 1 – Introdução 40
Proteção do fármaco contra eventual degradação no fluído biológico
(por exemplo, no estômago, fígado);
Redução de custos devido à redução da quantidade de fármaco
empregado.
[123, 124]
A Figura 10 ilustra a comparação entre o método convencional e o sistema
de liberação controlada de fármacos.
Figura 10 – Comparação esquemática das variações de concentração de um
fármaco administrado por métodos convencionais (a) e sistema de liberação
controlada (b) sendo A=administração do fármaco.
Na Figura 10, o primeiro caso (a) está longe do ideal, proporcionando
variações consideráveis da concentração do fármaco no plasma sangüíneo, podendo
não haver efeito farmacológico ou até provocar intoxicação, pois há uma faixa de
concentração efetiva para a ação no organismo. Já o método de liberação controlada
proporciona uma pequena variação na concentração do fármaco com o tempo,
impossibilitando a não eficácia do fármaco ou mesmo a toxicidade.
Um dos métodos mais simples de obter um sistema de liberação controlada
de um agente ativo é misturá-lo fisicamente com um polímero. Devido a essa
Capítulo 1 – Introdução 41
imobilização ou incorporação do fármaco no polímero, sua disponibilidade para o
sistema biológico diminui em relação ao seu estado livre. Para que ocorra liberação
desse fármaco é necessário que o polímero ou o fármaco se dissolvam, ou que o
princípio ativo possa difundir através da matriz. Em ambos os casos, a liberação do
fármaco para o meio externo ocorre num período de tempo maior quando comparado
ao uso do fármaco livre.
[122]
Comercialmente, os sistemas de liberação controlada de fármaco podem
apresentar-se de diversas maneiras como, por exemplo, comprimidos ou microesferas
para ingestão oral, filmes, cremes, pomadas, géis, nanoesferas que possam ser
injetadas, soluções e suspensões para uso oftalmológico, matriz porosas para implantes
e bandagens.
Choi e colaboradores
[114]
preparam matrizes porosas de alginato/gelatina em
diferentes concentrações, obtidas por liofilização e utilizadas como suporte para
liberação de dois antibióticos: um hidrofóbico e o outro hidrofílico. Certa quantidade
de cada antibiótico foi injetada sobre pedaços de matrizes com tamanho definido e os
ensaios realizados em tampão fosfato pH 7,4 a 37ºC. A liberação foi lenta comparada
com uma matriz comercial preparada apenas com gelatina. Concluíram que no caso de
materiais contendo poros, a interação fármaco-matriz afeta o comportamento de
liberação.
Outro exemplo de liberação controlada de fármaco é o trabalho realizado
por Al-Musa e colaboradores
[125]
, que estudou a influência da técnica de reticulação,
tipo e concentração do agente reticulante dos filmes de alginato de sódio. As
propriedades físico-químicas dos fármacos, especialmente sua solubilidade, meio de
liberação (água ou meio ácido), concentração e quantidade de fármaco na matriz, sobre
o comportamento de liberação também foi avaliada.
A proposta de outro estudo, realizado por Holte e colaboradores
[85]
, foi
avaliar o efeito da quantidade e do tipo de alginato sobre a liberação de ácido acetil-
salicílico por tabletes de alginato. Os experimentos de liberação foram realizados a
37ºC em 0,1 mol.L
-1
de HCl por 2 horas e em seguida tampão fosfato a pH 6,8.
Capítulo 1 – Introdução 42
Observaram que o tipo de alginato não influenciou na liberação do fármaco, entretanto
quanto maior a quantidade de alginato (100 ou 200 mg) nos tabletes, mais lenta é a
liberação, comparada com tabletes contendo 50 mg.
O estudo da liberação de tabletes contendo paracetamol cobertos com
pectina ou pectina/quitosana foi realizado por Fernandez-Hervas e colaboradores
[126]
,
onde observaram que a liberação de paracetamol dos tabletes cobertos com pectina foi
mais rápida do que aqueles cobertos com a mistura.
CAPÍTULO 2
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
O presente estudo tem como objetivo avaliar a viabilidade da substituição
total ou parcial do alginato de sódio pela pectina de frutas cítricas na preparação de
filmes e matrizes porosas com aplicação em sistema de liberação controlada de
fármaco e ao mesmo tempo como bandagem para lesões e/ou queimaduras. Assim,
especial atenção será dado as propriedades físico-químicas das soluções e dos filmes e
matrizes porosas dos polissacarídeos puros e das blendas alginato de sódio /pectina. O
estudo das propriedades físico-químicas das soluções e dos filmes e matrizes porosas
podem fornecer informações valiosas ao entendimento das características desses
sistemas e suas possíveis aplicações.
2.2. Objetivos específicos
Determinação da massa molar dos polissacarídeos e avaliar o efeito da
água, da solução salina (NaCl) e temperatura de preparação da solução sobre o volume
hidrodinâmico das soluções de alginato de sódio, pectina e blendas. O volume
hidrodinâmico em soluções de alginato de sódio em KCl foram também avaliadas;
Avaliar o efeito da concentração e do tipo de sal, da adição e concentração
do agente complexante (NaEDTA), da temperatura de preparação das soluções sobre o
raio hidrodinâmico (R
h
) dos agregados;
Investigar a influência da concentração polimérica e da composição das
blendas sobre o comportamento reológico das soluções dos polissacarídeos puros;
Capítulo 2 – Objetivos 44
Avaliar o efeito da concentração polimérica, do sal (NaCl) na ausência e na
presença do agente complexante NaEDTA e a adição do agente reticulante EDC nas
propriedades reológicas;
Determinar ponto gel das soluções poliméricas na presença do EDC e
avaliar o efeito da composição das blendas na determinação do mesmo;
Avaliar as propriedades dos polissacarídeos puros e das blendas dos
polissacarídeos: alginato de sódio e pectina em filmes e matrizes porosas;
Investigar o efeito plastificante da água nas propriedades mecânicas de
filmes não reticulados expostos a diferentes umidades relativas (UR);
Avaliar o efeito da reticulação com o CaCl
2
ou EDC sobre os filmes e as
matrizes;
Investigar o efeito dos agentes: plastificante (sorbitol) e reticulante
(formaldeído) nos filmes de alginato de sódio;
Avaliar a influência do tipo de agente reticulante e a composição das
matrizes na cinética de liberação do paracetamol.
CAPÍTULO 3
3. PARTE EXPERIMENTAL
3.1. Materiais
O alginato de sódio (AS) isolado de algas marrons Macrocystis pyrifera e
pectina de frutas cítricas (P) (Sigma Aldrich Co., St. Louis, USA) foram previamente
purificados. As soluções de alginato de sódio e pectina na concentração de 2g/L foram
preparadas em água deionizada, sob agitação constante por um período de 24h. Após
esse período, as soluções foram centrifugadas a 7000 rpm por 3h, filtradas através de
filtros Millipore de porosidades 8,0 e 0,8 µm, precipitados em etanol 70% (v/v) e secos
à temperatura ambiente. Os reagentes cloreto de potássio (KCl),
etilenodiaminotetraacetato dissódico (NaEDTA), trietilieno tetra-amino hexacetato de
sódio (TTHA), hidrocloreto de 1-etil-3-(3-dimetilamino propil) carbodiimida (EDC),
azoteto de sódio (NaN
3
), hidrogenofosfato de sódio heptahidratado (Na
2
HPO
4
.7H
2
O) e
di-hidrogeno fosfato de potássio (KH
2
PO
4
) obtidos da Sigma Aldrich Co.,St. Louis,
USA. Sorbitol, formaldeído, etanol e metanol (Nuclear) foram utilizados sem qualquer
purificação.
Carbonato de potássio (K
2
CO
3
) e cloreto de sódio (NaCl) (Sigma Aldrich
Co.,St. Louis, USA) foram utilizados na preparação das soluções saturadas para
controle das umidades relativas (UR) em 43 e 75%, respectivamente.
A solução tamponada pH 7,4 foi preparada com a adição de 0,4g de NaCl,
0,1g de KCl, 0,72 g de Na
2
HPO
4
.7H
2
O e 0,12g de KH
2
PO
4
em 500 mL de água
deionizada. O fármaco-modelo, paracetamol (p-hidroxi-acetanilida) foi adquirido da
empresa Synth.
Capítulo 3 – Parte experimental 46
3.2. Determinação da razão das unidades M e G no alginato de sódio
A proporção entre ácidos manurônicos e gulurônicos (M/G) do alginato de
sódio foi determinada pelo método desenvolvido por Filippov e Kohn
[127]
,
considerando-se a razão entre a absorbância no infravermelho do grupo manurônico
(1125 cm
-1
) e do grupo gulurônico (1030 cm
-1
), característicos desses ácido urônicos.
A razão M
1125
/G
1030
, sendo M
1125
corresponde a intensidade da banda em 1125 cm
-1
relacionada a deformação C-O e G
1030
a intensidade da banda em 1030 cm
-1
relacionada a deformação C-O-C, através da deconvolução das bandas no espectro de
infravermelho. O espectro de infravermelho foi obtido a partir de pastilhas de KBr em
um equipamento ABB Bomem Inc., modelo FTLA 2000, com resolução de 4 cm
-1
, na
faixa de 4000-400 cm
-1
.
3.3. Determinação do grau de esterificação (GE) da pectina
O experimento foi realizado de acordo com o método descrito por
Grasdalen e colaboradores
[50]
. A pectina foi dissolvida em D
2
O a pH 5 e colocada em
um tubo Young de 5mm de espessura na concentração de 20mg/mL. Para evitar a
interação de cátions divalentes com a pectina foi adicionado trietilieno tetra-amino
hexacetato de sódio (TTHA) (25mg/mL) na solução de pectina. O espectro foi obtido
de um espectrômetro de RMN-H
1
Bruker WM-400 (400MHz), do Laboratório de
Química de Polímeros Orgânicos (LCPO) da Universidade Bordeaux 1, e para reduzir
o pico de HDO uma seqüência de pulso de 180°-t-90° (t2-3s) foi empregado. As
medidas foi realizada a 90ºC para deslocar o pico de HDO, diminuir a viscosidade e
aumentar a resolução do espectro.
A determinação quantitativa do GE foi relacionada com as intensidades (I)
das regiões A e B de acordo com a Equação 9:
(%) 100
AB
AB
II
GE
II
+
(9)
Capítulo 3 – Parte experimental 47
Onde B refere-se aos picos do H-5 das unidades galacturônicas não
esterificadas e A aos picos das unidades galacturônicas esterificadas do H-1 e H-5.
3.4. Viscosimetria
As medidas de viscosimetria foram realizadas no Laboratório de Química
de Polímeros Orgânico (LCPO) da Universidade Bordeaux 1. A massa molar
viscosimétrica média do alginato de sódio e da pectina foi determinada através da
equação de Mark-Houwink (Equação 2) que relaciona a viscosidade intrínseca [η]
com a massa molar. A viscosidade intrínseca foi obtida das soluções de alginato de
sódio e pectina em solução aquosa de NaCl 0,1 mol.L
-1
. Determinada quantidade de
cada solução (15mL) foi filtrada através de filtros Millipore de porosidade 0,45 e 0,22
µm e adicionadas a um capilar viscosímetro Ubbelohde. As medidas de viscosidade
das soluções de polissacarídeos na faixa de concentração entre 1×10
-5
- 2×10
-3
g/mL, a
partir da diluição da solução preparada a 2×10
-3
g/mL e foram realizadas em um banho
termostatizado Schott CT 52 a 25,0±0,2°C usando um sistema de diluição automático
Schott AVS 360. As soluções foram diluídas automaticamente depois da geração de
valores de viscosidade em triplicatas aceitáveis a cada concentração. Subseqüentes
diluições foram realizadas até um volume final de 75mL. As constantes K e a para os
dois polissacarídeos foram obtidas da literatura
[128, 129]
.
O efeito do sal, do agente complexante (NaEDTA) e da temperatura sobre o
volume hidrodinâmico das soluções polissacarídicas foram estudados através da
viscosimetria. As soluções de pectina (2x10
-3
g/mL) foram preparadas em água
deionizada e em solução aquosa de NaCl 0,1 mol.L
-1
com ou sem adição de agente
complexante NaEDTA na concentração de 1 mmol.L
-1
e mantidas sob agitação
magnética constante por 24h a temperatura ambiente. As soluções de alginato de sódio
(2×10
-3
g/mL) também foram preparadas em água deionizada e em solução aquosa de
NaCl 0,1M mantidas sob agitação magnética por 24h a temperatura ambiente e em
solução aquosa de KCl 0,1M a temperatura ambiente e a 80ºC.
Capítulo 3 – Parte experimental 48
A mistura alginato de sódio, pectina e solvente (sistema ternário) foi
preparado a partir de soluções estoque de alginato de sódio e pectina (2×10
-3
g/mL) em
0,1 mol.L
-1
de NaCl preparadas sob agitação constante por 24 h a temperatura
ambiente. Combinando-se diferentes quantidades das soluções estoques foram
preparadas soluções nas seguintes proporções AS/P: 30/70, 50/50 e 70/30 (v/v), o
sistema ternário foi mantido sob agitação por 24h a temperatura ambiente. Os valores
de pH das soluções poliméricas na concentração de 2×10
-3
g/mL são apresentados na
Tabela 3 abaixo.
Tabela 3 - Valores de pH das soluções poliméricas (2×10
-3
g/mL) a 25,0±0,2ºC.
Sistema AS AS/P 70/30 AS/P 50/50 AS/P 30/70 P
Água 6,42 5,27 4,28 4,12 3,41
NaCl 0,1
mol.L
-1
6,38 5,23 4,24 4,09 3,40
KCl 0,1
mol.L
-1
6,45 5,28 4,30 4,15 3,43
As medidas de viscosidade de 15 mL de cada solução filtradas em
membranas Millipore de porosidade 0,22 µm foram realizadas em um viscosímetro
Ubbelohde termostatizado em um banho Schott CT 52 a 25,0 ±0,2°C. A concentração
das soluções de polissacarídeos variaram entre 1x10
-5
- 2x10
-3
g/mL usando um sistema
de diluição automático Schott AVS 360. As soluções foram diluídas automaticamente
depois da geração de valores de viscosidade em triplicatas aceitáveis a cada
concentração. Subseqüentes diluições foram realizadas até um volume final de 75mL.
3.5. Espalhamento de luz dinâmico (DLS)
As soluções de alginato de sódio e pectina na concentração de 2×10
-3
g/mL
foram preparadas em NaCl e KCl 0,1 mol.L
-1
, com ou sem a adição do agente
complexante NaEDTA nas concentrações de 1, 2 e 5 mmol.L
-1
e mantidas sob agitação
por 24h em duas diferentes temperaturas: ambiente e a 80 ºC.
Capítulo 3 – Parte experimental 49
A mesma concentração polimérica foram preparadas em NaCl 0,5 mol.L
-1
e
mantidas sob agitação por 24h a temperatura ambiente e a 80ºC, com ou sem a adição
de NaEDTA (1, 2 e 5 mmol.L
-1
), neste último caso as soluções foram mantidas por
24h sob agitação apenas a temperatura ambiente.
O sistema ternário foi preparado a partir da solução estoque de alginato de
sódio e pectina na concentração de 2×10
-3
g/mL em NaCl e KCl 0,1 mol.L
-1
preparadas sob agitação por 24 h a temperatura ambiente. Combinando-se diferentes
quantidades das soluções estoques foram preparadas soluções nas seguintes
proporções AS/P: 30/70, 50/50 e 70/30 (v/v) e o sistema ternário foi mantido sob
agitação por 24h a temperatura ambiente e a 80 ºC.
As soluções foram filtradas utilizando filtros de porosidades de 0,22 e 0,45
µm diretamente em tubos de vidro próprios para estudos de DLS e em todas as
soluções foram adicionados NaN
3
(0,02 % m/v) para evitar o crescimento de
microorganismos.
As medidas de espalhamento de luz foram realizadas a temperatura de
25,0±0,1 ºC usando um aparelho ALV (Langen, Germany) do Laboratório de Química
de Polímeros Orgânicos (LCPO) da Universidade Bordeaux 1, equipado com uma
mesa goniométrica automática e um controlador da temperatura da amostra a 25,0±0,1
ºC. Os experimentos de espalhamento de luz dinâmico (DLS) foram realizados a
diferentes ângulos entre 60º a 140º.
Nos experimentos de DLS a função de autocorrelação homodina no tempo
da intensidade de luz espalhada, foi obtida utilizando-se o autocorrelador ALV-5000
da ALV (Langen, Germany). A função de autocorrelação do campo elétrico foi
analisada pelo método CONTIN desenvolvido por Provencher, que utiliza a
transformada de Laplace inversa da G
(1)
(t) para obter a distribuição dos tempos de
decaimento A (τ) e correspondentes amplitudes relativas, sem limitação do número de
modos. Este método é rotineiramente usado para analisar os dados de DLS de sistemas
poliméricos e permite a determinação dos modos de relaxação que caracteriza a
dinâmica destes sistemas, ou seja, é possível acompanhar os movimentos rápidos
Capítulo 3 – Parte experimental 50
relativos a cadeias moleculares dispersas, assim como os movimentos lentos relativos
a agregados ou microgéis em suspensão.
3.6. Reologia
Para avaliar o efeito da concentração polimérica, as soluções de alginato de
sódio e pectina foram preparadas em diferentes concentrações: 10, 20, 30, e 40 g/L em
10 mL de água deionizada e mantida sob agitação constante por 24 horas à
temperatura ambiente. As soluções de AS e P também foram preparadas na
concentração de 20g/L em NaCl 0,1 mol.L
-1
com e sem adição de 1mmol.L
-1
de agente
complexante NaEDTA .
O sistema ternário foi preparado a partir de soluções estoque de alginato de
sódio e pectina (20g/L) preparadas em água deionizada sob agitação constante por 24
h a temperatura ambiente. Combinando-se diferentes quantidades das soluções
estoques foram preparadas soluções nas seguintes proporções AS/P: 30/70, 50/50 e
70/30 (v/v) e o sistema ternário foi mantido sob agitação por 24h a temperatura
ambiente.
No estudo da reticulação com EDC, as soluções de AS, P e do sistema
ternário foram preparadas na concentração 20g/L em água deionizada, mantidas sob
agitação por 24h a temperatura ambiente. A seguir, o pH das soluções poliméricas
foram ajustado para pH 4 com a adição de NaOH 0,1 mol.L
-1
ou HCl 0,1 mol.L
-1
e
adicionado 25 mmol.L
-1
de EDC.
Imediatamente após a adição do EDC, a transição sol-gel (ponto gel) foi
monitorada medindo-se os módulos de armazenamento, G’, e de perda G’’, a uma
freqüência fixa de 10 rad/s como função do tempo por um período de 12h. As soluções
também foram analisadas após 12h da adição do agente reticulante.
Os experimentos de cisalhamento estacionário e dinâmico foram realizados
em um reômetro Haake modelo RS 300 do Laboratório de Química de Polímeros
Orgânicos (LCPO) da Universidade Bordeaux 1, utilizando em geral um cone com
Capítulo 3 – Parte experimental 51
ângulo de 2º e diâmetro de 60 mm e de 35 mm para as soluções na presença de agente
reticulante. A temperatura foi controlada através da circulação de água de um banho
termostatizado (Phoenix). As medidas foram realizadas em domínio linear,
determinado previamente através de ensaios de tensão realizados a baixa freqüência
(0,1 rad/s).
O comportamento reológico (comportamento newtoniano ou não-
newtoniano) das soluções de alginato de sódio e pectina foi estudado em diferentes
concentrações sujeito a um programa de aumento linear da tensão de cisalhamento de
0,10-100 Pa em 15 minutos, seguido por uma tensão de cisalhamento estacionária de
100 Pa por 3 minutos e finalmente diminuindo linearmente a tensão de cisalhamento
de 100-0,10 Pa em 15 minutos, a 25,0±0,5ºC. Para descrever a variação das
propriedades reológicas das soluções, os dados foram analisados usando o modelo da
lei de potência (Equação 10), que descreve as propriedades de fluídos não-
Newtonianos.
n
K
σ
γ
=
×
(10)
Na Equação 10, σ é a tensão de cisalhamento (Pa),
γ
é a taxa de
cisalhamento (s
-1
),
K
é o coeficiente de consistência (Pa s
n
) e n é o índice de
comportamento do fluxo (adimensional).
Os dados de cisalhamento dinâmico (G’, G’’ e η
*
) foram obtidos da
varredura de freqüência angular de 100-0,5 rad/s e τ= 1Pa a 25,0±0,5 ºC. Todas as
medidas reológicas foram realizadas em duplicata.
A cinética de gelificação foi realizada em uma freqüência fixa (10 rad/s)
por um período de 12h e o critério utilizado neste trabalho para determinar o ponto gel
foi o tempo necessário para que G’ e G’’ se igualassem em uma dada freqüência, de
acordo com Stading e colaboradores
[130, 131]
. Medidas de cisalhamento dinâmico foram
também realizadas após um período de 12h da adição do EDC.
Capítulo 3 – Parte experimental 52
3.7. Preparação de filmes
As soluções de alginato de sódio e pectina foram preparadas na
concentração 20g/L em água deionizada (50 mL), sob constante agitação magnética
por 24 horas a temperatura ambiente. As soluções das blendas foram preparadas a
partir das soluções estoque de AS e P (20 g/L) preparadas em água deionizada nas
seguintes proporções AS/P : 30/70, 50/50 e 70/30. Posteriormente, as soluções foram
espalhadas em placas de poliestireno (15 cm de diâmetro) e levadas a capela de
exaustão para evaporação do solvente por 48 h. Os filmes formados foram colocados
em uma estufa à vácuo à 105 ºC por 4 horas e mantidos em dessecador para as
análises. Os filmes obtidos apresentaram espessura final em média de 0,07 mm,
medidos com um micrômetro manual (Mytotoyo 102-217) em pelo menos três regiões
diferentes dos filmes.
3.7.1. Espectroscopia no infravermelho dos filmes
As análises de infravermelho (FTIR) foram realizadas a partir de filmes
finos obtido das soluções polimérica na concentração de 2g/L em água deionizada em
50 mL. O espectro de infravermelho foi obtido em um aparelho de FTIR marca ABB
Bomem Inc, modelo FTLA 2000, com resolução de 4 cm
-1
na faixa de 4000-400 cm
-1
.
3.7.2. Termogravimetria (TG)
A estabilidade térmica dos filmes de alginato de sódio, pectina e blendas
AS/P foram analisadas por TG. Amostras de aproximadamente 10mg dos filmes foram
colocados em cadinhos de platina e as medidas foram realizadas na taxa de
aquecimento de 10ºC min
-1
em atmosfera dinâmica de N
2
e faixa de temperatura de
25ºC a 500 ºC, em um equipamento da Shimadzu (TGA 50).
Os dados de perda de massa em função da temperatura e sua derivada, a
DTG foram analisados.
Capítulo 3 – Parte experimental 53
3.7.3. Calorimetria exploratória diferencial de varredura (DSC)
A temperatura de transição vítrea (Tg) dos polisscarídeos e das blendas
foram determinadas utilizando-se a técnica de calorimetria diferencial de varredura
(DSC). Os experimentos foram realizados num equipamento DSC-50, Shimadzu, sob
atmosfera inerte (N
2
, fluxo de 50 cm
3
min
-1
). Aproximadamente, 7-10 mg das amostras
dos filmes fora colocados em porta amostras de alumínio imdediatamente aquecidas
até 105ºC a 10ºC min
-1
. Rapidamente foram submetidas a um choque térmico com
nitrogênio líquido com o objetivo de eliminar a história térmica do polímero. Uma
segunda corrida foi realizada, partindo-se da temperatura de -60ºC até cerca de 300ºC,
com taxa de aquecimento de 10 ºC min
-1
.
As temperaturas de transição vítrea obtidas experimentalmente foram
objeto de análise através das equações de Fox (Equação 1) que relacionam a Tg com a
composição.
3.7.4. Ensaios de tração dos filmes
Ensaios de tensão/deformação foram realizados em um aparelho de ensaio
mecânico EMIC-DL-500
®
para determinar a tensão máxima, deformação na ruptura e
o módulo de elasticidade ou módulo de Young dos filmes de alginato de sódio, pectina
e blendas AS/P. O método ASTM D882-95a (Standard Test Method for Tensile
Properties of Thin Plastic Sheeting) foi adotado para o experimento e compreende a
determinação de propriedades de tensão ou tração de plásticos em forma de folhas
delgadas, incluindo filmes (com menos de 1,0 mm de espessura). As condições de
temperatura e umidade relativa do ar do laboratório onde foram realizados os testes
eram de 23±2ºC e 50 ±5%, respectivamente. A separação inicial das garras foi de 50
mm e a velocidade de tração de 5 mm/min, com célula de carga de 50 Kgf.
Para cada concentração de filme foram preparadas e analisadas de dez a
quatorze amostras de: 100 mm de comprimento e 25 mm de largura. A espessura do
filme foi medida quando da realização dos ensaios média de três pontos aleatórios,
Capítulo 3 – Parte experimental 54
utilizando-se um micrômetro manual (Mitutoyo 102-217) com divisões de 0,01 mm.
Um microcomputador foi utilizado para gravar as curvas de tensão-deformação com o
auxílio de um programa desenvolvido pelo próprio fabricante do equipamento
(EMIC). As medidas foram efetuadas dentro de um tempo médio de 5 minutos para
que as condições de temperatura e umidade relativa do ar do laboratório não
interferissem nos resultados experimentais.
As amostras foram recortadas e colocadas em estufa a vácuo a 105 ºC por 4
horas, antes de serem acondicionadas em 43 e 75 % de UR por 21 dias para as
medidas.
3.7.5. Cinética de absorção de água (AA)
A cinética de absorção dos filmes foi realizada de acordo com a
metodologia descrita por Anglès e Dufresne
[132]
e determinada para todas as
composições.
As amostras foram cortadas em retângulos de dimensões 75×15 mm e secas
a 105 ºC em estufa a vácuo por 4 horas. Posteriormente foram pesadas (M
0
) e então
acondicionadas em um sistema vedado, montado em uma balança analítica, saturada
com umidade relativa de 43% e 75%. Em intervalos de tempo específicos a massa de
água absorvida pelo filme (M
F
) foi registrada até a obtenção do equilíbrio.
O conteúdo de água absorvido (%AA) foi calculado de acordo com a
equação 11:
% 100
FO
O
MM
AA
M
(11)
Capítulo 3 – Parte experimental 55
3.8. Preparação das matrizes porosas
As matrizes porosas foram obtidas a partir das soluções nas mesmas
condições para obtenção dos filmes. Assim, as soluções de alginato de sódio, pectina e
blendas AS/P foram preparadas na concentração de 20 g/L em 20 mL de água
deionizada sob agitação constante e temperatura ambiente. A seguir, as soluções foram
vertidas em recipiente de acrílico (90×30×20 mm) e submetidas ao procedimento de
congelamento desenvolvido por Lima
[133]
para matrizes porosas de quitosana. Neste
procedimento, as soluções foram sequencialmente congeladas em congelador (-5ºC),
freezer (-20ºC) e liofilizadas a -55 ºC em liofilizador (Freeze Dryer, Edwards High
Vacuum International/ Model Serial) equipado com uma bomba a vácuo modelo E2-
M8 por um período de 24 horas.
3.8.1. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
Medidas de MEV (Philips XL 30), tanto na forma de filmes, quanto
matrizes porosas foram realizadas para avaliar a influência da composição das
misturas na morfologia dos mesmos. As análises de MEV foram realizadas tanto na
superfície como da secção transversal a partir da fratura em nitrogênio líquido.
Previamente às análises de MEV, as amostras foram recobertas como uma fina camada
de ouro. Espectroscopia de energia dispersiva (EDS) foi realizada para identificação de
íons sódio e cálcio nos filmes. Para as matrizes porosas, o diâmetro médio dos poros
foi calculado a partir da análise de no mínimo 40 poros nas imagens de MEV.
3.8.2. Ensaios de compressão das matrizes porosas
O teste de compressão foi realizado em um aparelho de ensaio mecânico
EMIC-DL-500
®
usando dois pratos paralelos de 100 mm de diâmetro cada um e com
velocidade de compressão de 5 mm/min até atingir 80% de compressão, com célula de
carga de 500 Kgf. As amostras foram cortadas na forma cilíndrica (20×20 mm). O
módulo de compressão foi calculado da porção linear da curva tensão-deformação com
Capítulo 3 – Parte experimental 56
o auxílio de um software desenvolvido pelo fabricante do equipamento (EMIC). O
experimento foi realizado após 21 dias da exposição das matrizes porosas a UR de
43%. O teste de compressão foi realizado em 5 amostras de cada matriz porosa.
3.9. Preparação de filmes e matrizes porosas de alginato de sódio/pectina
reticulados com CaCl
2
ou EDC
Os filmes de alginato de sódio e pectina foram preparadas na concentração
de 20g/L em água deionizada e as blendas AS/P, foram obtidas a partir das soluções
estoques dos polímeros puros também a 20 g/L em diferentes proporções (v/v): AS/P
30/70, AS/P 50/50 e AS/P 70/30 e todas as soluções foram mantidas sob agitação
constante por 24 h. Para obtenção de filme reticulados com cálcio, essas soluções
foram aquecidas a 70ºC e adicionados 0,1 g de CaCl
2
, mantendo-se a solução sob
agitação por mais 30 minutos. No caso do agente reticulante EDC, foi mantido pH 4
em todas as soluções (exceto para a solução de alginato de sódio mantido pH 5) com a
adição de 0,1 mol.L
-1
NaOH ou 0,1 mol.L
-1
HCl e a adição de 25 mmol.L
-1
de EDC
com breve agitação. As soluções reticuladas com cálcio e EDC foram espalhadas em
placas de poliestireno e levadas a capela de exaustão para evaporação Esta reticulação
foi denominada reticulação em solução.
Os filmes formados foram submetidos a uma segunda reticulação,
denominada reticulação por imersão. Nessa etapa, os filmes formados foram cortados
no tamanho adequado para posteriores ensaios e foram colocados em uma solução
etanólica 70% (v/v) contendo 0,4 mol.L
-1
de CaCl
2
por 30 minutos. No caso do EDC
as melhores condições para reticulação foram obtidas (pH 4, concentração do EDC de
25mmol.L
-1
) de acordo com estudo prévios realizados de acordo com a literatura
[112,
116]
. Para melhor otimização do experimento, diferentes proporções da mistura
etanol/água foram testadas para evitar a dissolução dos filmes durante o processo de
reticulação. Resumidamente, a reticulação foi realizada com uma solução etanólica
60% (v/v) contendo 25 mmol.L
-1
de EDC a pH 4 por 2h. O excesso de reticulante foi
removido deixando-se os filmes imersos em 50 mL de água deionizada sob agitação
por 5 minutos. A seguir os filmes são colocados em uma estufa à vácuo à 105 ºC por 4
Capítulo 3 – Parte experimental 57
horas e mantidos em dessecador para as análises. Os filmes obtidos apresentaram
espessura final média de 0,08 mm, medidos com um micrômetro manual (Mytotoyo
102-217) em pelo menos três regiões diferentes dos filmes.
Análises de FTIR e ensaios mecânicos (apenas em 43% UR) foram
realizados conforme procedimento já descrito para os filmes não reticulados.
As matrizes de alginato de sódio, pectina e as blendas AS/P reticuladas
foram preparadas a partir das soluções obtidas da reticulação em solução, como
descrito para preparação dos filmes. Estas foram vertidas em recipiente de acrílico
(20×20×10 mm) e submetidas ao mesmo procedimento descrito anteriormente para as
matrizes não reticuladas.
As matrizes reticuladas em solução foram submetidas ao segundo processo
de reticulação (imersão), nas mesmas condições da reticulação dos filmes. Após a
retirada do excesso de EDC e de CaCl
2
pela agitação em água deionizada por 5
minutos, as matrizes reticuladas foram novamente congeladas e liofilizadas por 24h e
acondicionadas em um dessecador para as análises posteriores. Ensaios de compressão
das matrizes porosas reticuladas foram realizados nas mesmas condições empregadas
para as matrizes não reticuladas.
3.9.1. Razão de intumescimento (RI) de filmes em solução etanólica
Através da RI em diferentes concentrações de etanol (40-100% v/v) foi
possível determinar qual a concentração de etanol necessária para a reticulação dos
filmes sem promover a dissolução do mesmo. Desta maneira, filmes não reticulados
foram imersos em várias misturas etanol-água por 20h a temperatura ambiente e após
esse período são colocados entre papel de filtro para remover o excesso da mistura. A
RI foi calculada da razão
0F
M
M , sendo
F
M
a massa do filme no tempo t e
0
M
a
massa do filme no tempo inicial. Experimentos em triplicata foram realizados para
cada composição. A mesma concentração de etanol para reticulação dos filmes foi
adotada para as matrizes porosas.
Capítulo 3 – Parte experimental 58
3.9.2. Razão de intumescimento em solução tamponada
A razão de intumescimento (RI) dos filmes e das matrizes porosas, que foi
também usada como parâmetro de medida da extensão da reticulação
[134]
(considerando a solubilidade total do filme não reticulado), foi analisada em termos do
período de tempo de exposição em solução tamponada pH 7,4.
A razão de intumescimento foi expressa como a razão do ganho em massa
em relação à massa inicial do filme. A RI foi medido usando três amostras escolhidas
aleatoriamente de cada tipo de filme, secas a 105°C por 24h para determinar a massa
inicial. As amostras dos filmes (50×50 mm) e das matrizes porosas (20×20 mm)
reticulados foram imersos em um tubo de ensaio com 5 mL de solução tamponada pH
7,4 em um banho termostatizado a 37ºC a 120 revoluções por minutos e por diferentes
períodos de tempo. Após um período de tempo pré-determinado, os filmes foram
removidos da água e a água na superfície foi removida com papel de filtro para
obtenção da massa final. A RI foi calculada de acordo com o item 3.9.1.
3.9.3. Estabilidade em solução dos filmes e matrizes porosas reticulados
A estabilidade de filmes e matrizes porosas foi analisada considerando-se o
processo de imersão em solução tamponada (pH 7,4) por um período total de 30 dias.
A massa de cada filme e matriz porosa após remoção da solução tampão, lavagem com
etanol e secagem foi determinada e comparada com a massa inicial. A redução da
massa foi indicativa da perda de estabilidade (solubilidade da amostra).
Capítulo 3 – Parte experimental 59
3.10. Adição de plastificante e reticulação com formaldeído
3.10.1. Preparação dos filmes
Alginato de sódio foi dissolvido em água deionizada (20 g/L) sob agitação
magnética constante. Sorbitol (S) foi adicionado em diferentes concentrações (11%,
25% e 43% m/m) em relação à massa fixa do alginato de sódio (1,0 g) obtendo-se
misturas alginato de sódio/sorbitol (AS/S): 90/10; 80/20 e 70/30. Cada solução foi
colocada em placas de poliestireno e secas a temperatura ambiente por 48 h. Para a
reticulação, os filmes de alginato de sódio e alginato de sódio/sorbitol obtidos foram
imersos por 24h em um solução de formaldeído (6% formaldeído e 0,5% HCl em
solução aquosa de acetona 50%), como descrito na literatura.
[135]
Após o tempo
determinado, os filmes foram lavados várias vezes com metanol puro para eliminar
possíveis resíduos de HCl e formaldeído e secos em uma estufa à vácuo. Análises de
MEV, cinética de absorção de água e ensaios mecânicos (análises realizadas somente
em 43% UR) foram realizados conforme procedimento já descrito para os filmes não
reticulados. A razão de intumescimento foi realizada de acordo com o procedimento
descrito para os filmes reticulados.
3.10.2. Espectroscopia no infravermelho
Os espectros no infravermelho foram obtidos em um espectrômetro com
transformadas de Fourier Perkin Elmer FTIR (model 16PC) na região de 4000- 400
cm
-1
, resolução de 4 cm
-1
Os filmes de alginato de sódio e alginato de sódio/sorbitol na
concentração de 2g/L foram analisados antes e após o processo de reticulação.
3.11. Incorporação de fármaco modelo nas matrizes porosas
As soluções de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P: 30/70, 50/50 e
70/30 foram preparadas em água deionizada (20 mL) na concentração 20 g/L sob
agitação constante por 24h. Após esse período, 100 mg (5mg/mL) de paracetamol
Capítulo 3 – Parte experimental 60
como fármaco-modelo foi adicionado na solução e mantido sob agitação por mais 3h.
A seguir, as matrizes foram obtidas da liofilização das soluções congeladas e
reticuladas pelo processo de reticulação em solução e por imersão, como descrito na
preparação de matrizes reticuladas.
3.11.1. Eficiência de incorporação do fármaco-modelo nas matrizes
A quantidade de paracetamol incorporado nas matrizes porosas reticuladas
foi calculada a partir da concentração inicial adicionada nas matrizes (5mg/mL) e a
concentração do fármaco perdida no estágio de reticulação por imersão e na lavagem
em água deionizada para retirada do excesso de CaCl
2
e EDC. A quantidade de
fármaco foi determinada por medidas de absorbância a 244 nm em um
espectrofotômetro da Perkin Elmer UV-vis Lambda 11/Bio. Aplicando-se a lei de
Lambert-Beer (Equação 12) aos valores de absorbância foi possível determinar a
concentração de paracetamol.
..
A
bC
ε
=
(12)
A Equação 12 mostra que a absorbância (A) medida está relacionada
diretamente com a absortividade molar (ε) do paracetamol (9.850,6 M
1
cm
-1
), distância
que o feixe de luz atravessa a amostra (b=1cm) e a concentração de soluto na solução
(C).
A análise de MEV foi realizada conforme procedimento descrito para as
matrizes não reticuladas.
3.11.2. Liberação do fármaco-modelo a partir das matrizes porosas
As matrizes de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P 70/30, 50/50 e
30/70 (90×30×20 mm) foram colocadas em um recipiente de vidro com vedação
contendo 100 mL de solução tamponada pH 7,4. Os recipientes foram agitados em um
banho termostatizado a 37ºC a 120 revoluções por minutos. Em intervalos de tempo
pré-determinados 5mL da solução contida no tubo de ensaio foi retirada e igual
Capítulo 3 – Parte experimental 61
quantidade de solução tamponada foi adicionada. Condições sink foram mantidas
durante o experimento (condições sink são condições experimentais de liberação de
fármaco nas quais a concentração de fármaco não pode exceder 10 a 20% da sua
solubilidade no meio)
[136]
.
A concentração de paracetamol nas soluções coletadas foi determinada por
medidas de absorbância a 244 nm em um espectrofotômetro da Perkin Elmer UV-vis
Lambda 11/Bio. Aplicando-se a lei de Lambert-Beer (Equação 12) aos valores de
absorbância foi possível determinar a concentração de paracetamol liberado.
Os experimentos foram realizados em duplicata para cada matriz porosa.
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Determinação do grau de esterificação da pectina (GE)
A determinação do GE no caso da pectina é um fator importante para a
escolha das condições de reticulação, por exemplo, as pectinas de baixo GE formam
ligações cruzadas com íons divalentes (exceto Mg
2+
), já as pectinas de alto GE formam
ligações cruzadas em meio ácido, em presença de altas concentrações de co-soluto,
geralmente sacarose. A Figura 11 mostra o espectro de RMN-
1
H obtido de acordo
com o método de Grasdalen e colaboradores
[50]
.
Figura 11 – Espectro de NMR-H
1
da pectina.
A partir da Equação 9 que considera a relação entre as intensidades dos
picos A e B, foi estimado um grau de esterificação da ordem de 20% (baixo GE). O
Capítulo 4 – Resultados e discussões 63
espectro de RMN-
1
H obtido para pectina neste estudo é muito similar ao apresentado
por Grasdalen e colaboradores
[50]
para pectina de GE na ordem de 16.
4.2. Determinação da razão entre as unidades M e G no alginato de sódio
A razão entre os grupos manurônicos e gulurônicos (M/G) do alginato de
sódio foi determinada pelo método de Filippov e Kohn
[127]
, através do quociente entre
a absorbância em 1125 cm
-1
(M) e 1030 cm
-1
(G) (Figura 12).
1000 1500
0,0
0,5
1,0
1,5
Absorbância
Número de Onda (cm
-1
)
1030 cm
-1
1125 cm
-1
Figura 12 – Espectro de infravermelho do alginato de sódio.
Geralmente a razão M/G para alginato de sódio extraído de algas marrons
tem valores na faixa de 0,45 e 1,85
[8]
. Neste estudo foi encontrado um valor de 1,64
sugerindo que o alginato de sódio utilizado é constituído de 40% de grupos
gulurônicos e 60% de grupos manurônicos.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 64
4.3. Determinação da massa molar dos polissacarídeos
As massas molares do alginato de sódio e da pectina foram determinadas
por viscosimetria, via equação de Mark-Houwink (Equação 2). Os valores das
constantes K e a
[128, 129]
, viscosidade intrínseca [η], condições das medidas e os valores
da massa molar viscosimétrica (M
v
) estão apresentadas na Tabela 4.
Tabela 4 – Constante de Mark-Houwink para alginato de sódio e pectina.
Polímero Condições K/dL.g
-1
a
[η] dL/g
M
v
Alginato de
Sódio
NaCl 0,1 mol.L
-1
25ºC
7,30 x 10
-5(a)
0,92
(a)
9,58 375 kDa
Pectina
NaCl 0,1 mol.L
-1
25ºC
9,55 x 10
-5(b)
0,73
(b)
3,80 83 kDa
(a) Martinsen e colaboradores (1991).
(b) Anger e Berth (1986).
Para o alginato de sódio, o valor determinado foi similar ao encontrado por
Gómez-Diaz e colaboradores
[71]
cujo valor de massa molar viscosimétrica foi 410kDa
para alginato de sódio. Por outro lado, Nordby e colaboradores
[78]
encontraram valores
próximos a 50 kDa. Essa diferença nos valores deve-se a origem (fonte), método de
extração e tratamento químico utilizado.
[129, 137, 138]
O valor da massa molar viscosimétrica obtido neste estudo para a pectina,
encontra-se no valor esperado que varia entre 50 a 200 kDa, de acordo com outros
estudo.
[9]
A variação na massa molar depende dos mesmos fatores apresentado pelo
alginato de sódio e no caso da pectina a formação de agregados, um fator intrínseco da
macromolécula, influência muito na determinação da massa molar.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 65
4.4. Viscosimetria
Na Figura 13 (A) e (B), mostra a viscosidade reduzida em função da
concentração para a pectina e o alginato de sódio, respectivamente.
0
500
1000
1500
2000
0 5 10 15 20
Viscosidade Reduziada (mL/g)
Concentração (x 10
4
g/mL)
(A)
0
500
1000
1500
2000
2500
0 5 10 15 20
Viscosidade Reduzida (mL/g)
Concentração ( x 10
4
g/mL)
(B)
Figura 13 - Gráfico da viscosidade reduzida em função da concentração da
pectina (A) e do alginato de sódio (B) em água deionizada (), NaCl 0,1 mol.L
-1
(), NaCl 0,1 mol.L
-1
com 1mmol.L
-1
de NaEDTA (ο) preparados a temperatura
ambiente e para a solução de alginato de sódio em KCl 0,1 mol.L
-1
preparado a
temperatura ambiente () e a 80 ºC (U).
A Figura 13 mostra em água, um contínuo aumento da viscosidade com a
diluição para ambos os polissacarídeos. O alginato de sódio e pectina, sendo dois
polieletrólitos aniônicos em água e na ausência de sal, ocorre uma mudança na sua
Capítulo 4 – Resultados e discussões 66
conformação de novelo aleatório para cadeia estendida devido à repulsão eletrostática,
o chamado efeito polieletrolítico. Alem disso, ocorre a formação de complexas
ligações de hidrogenio nos polieletrólitos, por exemplo, entre os grupos hidroxila e
carboxilato e no caso da pectina, também as interações hidrofóbicas (entre as unidades
esterificadas).
Walkinshaw e colaboradores
[139]
, usando modelos baseados em estudo de
difração de raios-X têm demonstrado que as ligações hidrogênio são favorecidas pela
conformação adjacente dos resíduos galacturônicos na pectina, estabilizando seus
agregados. As unidades esterificadas da pectina podem participar de interações
hidrofóbicas, que podem ser formadas por grupos esterificados de resíduos de pectina
adjacentes.
A equação empírica de Fuoss
[140]
é usada frequentemente para determinar a
viscosidade intrínseca de polissacarídeos em água.
Entretanto, alguns estudos
[43]
têm mostrado que o uso desta equação
apresenta valores de [η] elevados. Assim, a [η] pode ser obtida com pequena variação,
através do gráfico de η
red
em função da concentração usando o método de regressão
linear de ordem quatro para calcular diretamente o valor da [η] dos polissacarídeos em
água.
De acordo com a Tabela 5Tabela 5, o valor da [η] em água da pectina é
menor que a do alginato de sódio. Esse comportamento sugere que a densidade de
carga do potencial eletrostástico pode influenciar as interações intercadeias, ou seja,
que os valores do pKa das unidades galacturônicas na pectina e das unidades G e M do
alginato de sódio influenciam na viscosidade num determinado valor de pH. De acordo
com a literatura, o valor do pKa das unidades galacturônicas da pectina varia em torno
de 3,5-4,5 e no caso do alginato de sódio para as unidades G é de 3,6 e para as
unidades M de 3,3.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 67
Tabela 5 – Valores de viscosidade intrínseca para o sistema alginato de
sódio/pectina em diferentes condições.
[η] mL/g
Sistemas
P AS Blendas
Água a 25°C
1957 2418
NaCl 0,1 mol.L
-1
a 25°C
380 958
NaCl 0,1 mol.L
-1
a 25°C (AS/ P: 30/70)
a
582
NaCl 0,1 mol.L
-1
a 25°C (AS/P: 50/50)
a
712
NaCl 0,1 mol.L
-1
a 25°C (AS/P: 70/30)
a
772
NaCl 0,1 mol.L
-1
NaEDTA 1mmol.L
-1
a 25°C
390 895
KCl 0,1 mol.L
-1
a 25°C nd
b
1160
KCl 0,1 mol.L
-1
a 80°C nd
b
780
a
Blenda Alginato de sódio / Pectina;
b
Não determinado.
Nesse estudo, a solução aquosa de pectina e alginato de sódio, apresentaram
valores de pH ao redor de 3,41 e 6,42 respectivamente. Em valores de pH maiores que
6, devido a densidade de carga do potencial eletrostástico, as cadeias de alginato
apresentam maior repulsão intramolecular, o que promove a máxima elongação das
mesmas. Na sua forma estendida, a superfície de contato intermolecular para as
cadeias do alginato é maior, possibilitando uma maior interação. Conseqüentemente, o
valor da viscosidade para as soluções de alginato de sódio é maior que para a pectina,
a qual a última foi estudada em valores de pH ao redor 3,5 onde apenas cerca de 50%
das unidades galacturônicas apresentam-se ionizadas.
Frequentemente, a adição de sal, e outras substâncias responsáveis pela
quebra de ligações hidrogênio, como por exemplo, a uréia, tem sido utilizada para
dissociar os agregados. A adição do cloreto de sódio tem diminuído ou eliminado as
mudanças na conformação de biopolímeros dissolvidos em água.
[141-146]
Neste estudo,
os sais NaCl foi adicionado para determinar o efeito sobre o volume hidrodinâmico da
pectina, do alginato de sódio e blendas AS/P. Após a adição de NaCl, a pectina
apresentou um comportamento linear e uma grande diminuição no valor da [η] (Tabela
5) sugerindo que diferentes segmentos do polímero são gradualmente blindados,
Capítulo 4 – Resultados e discussões 68
diminuindo a repulsão eletrostática intracadeias e consequentemente reduzindo a
dimensão da cadeia estendida (diminuição das interações intercadeias).
Um comportamento similar (diminuição no valor da [η]) foi observado para
pectina de alto e baixo GE com a adição de sal (NaCl e LiCl), devido ao rompimento
de ligações de hidrogênio intermoleculares. Os autores ainda concluem que o efeito do
tipo de sal (NaCl e LiCl) sobre a [η] foi negligenciável para pectina de baixo e alto
GE.
[66]
A adição de NaEDTA (Tabela 5) com o objetivo de diminuir a interação
das cadeias dos polissacarídeos com traços de cátions divalentes como cálcio, não
mostrou uma mudança significativa na [η], apenas um ligeiro aumento da [η] foi
observado.
O aumento da força iônica (NaCl ou KCl) promoveu também uma
diminuição da viscosidade do alginato de sódio e o efeito foi mais significativo em
NaCl do que em KCl. De acordo com os resultados mostrados na Tabela 5 para o
alginato de sódio, pode ser proposto que o motivo para tal diferença se baseia nas
propriedades dos íons dos metais alcalinos, discutidas abaixo.
O raio iônico do íon Na
+
(0,95 Å) é menor que o do K
+
(1,33 Å),
consequentemente, a eletronegatividade dos elementos diminuem com o aumento do
raio iônico, e o número de hidratação dos íons diminui com a diminuição da
eletronegatividade. Sendo assim, na presença de íons Na
+
, o efeito de blindagem sobre
a cadeia do polímero é maior, devido ao seu raio de hidratação maior, o que diminui a
repulsão intracadeia, contribuindo para a diminuição da dimensão da cadeia estendida.
Por outro lado, quando íons K
+
forma adicionados, devido a seu raio de hidratação ser
menor do que o dos íons sódio, uma carga residual superficial positiva persiste,
resultando numa menor atenuação da repulsão eletrostática intracadeia, fazendo com
que as cadeias na presença de K
+
sejam mais estendidas, e, portanto ocorre uma maior
interação intercadeia, do que na presença de íons sódio. Esse comportamento também
foi observado por Zhang e colaboradores.
[68]
Capítulo 4 – Resultados e discussões 69
O efeito do sal nas propriedades de polímeros são apresentadas em alguns
estudos, como no caso da carragenana
[147]
, do alginato de sódio e do sulfato de
dextrana
[148]
que formam gel na presença de sal na seguinte ordem: K
+
>Na
+
>Li
+
.
Watase and Nishinari
[147]
mostraram que o módulo elástico do gel da
κ
- carragenana
diminui drasticamente com a adição de íons de metais alcalinos, na seguinte ordem:
Cs
+
>K
+
>Na
+
>Li
+
. Os autores sugerem que a repulsão eletrostática dos grupos sulfato
no gel da
κ
-carragenana é evitada devido a ação de proteção dos íons metálicos
alcalinos que estabilizam a estrutura dupla hélice do gel da
κ
-carragenana. Um íon
com raio hidrodinâmico menor como o Li
+
é altamente hidratado e atua como um íon
de organização da estrutura, enquanto que íons grandes como o K
+
é fracamente
hidratado e, portanto, promovendo uma interação direta com os grupos carboxíla
livres. Hales e colaboradores
[148]
, afirma que Li
+
pode solvatar melhor os grupos
carboxíla que Na
+
e K
+
. Além disso, eles encontraram a maior solvatação do alginato
pelos íons Li
+
em relação ao Na
+
e K
+
, aumenta a entalpia da mudança exotérmica
devido ao menor raio iônico do Li
+
, sugerindo que alginato de lítio é mais estável em
solução que alginato de sódio ou potássio.
Em geral, a viscosidade de uma solução diminuiu com o aumento da
temperatura e no caso das soluções de alginato, promovendo uma mudança de
conformação que pode ser irreversível se longo tempo de exposição persistir a altas
temperaturas.
[149]
Um aumento na temperatura da solução de alginato em KCl 0,1M
promoveu uma diminuição na viscosidade sugerindo que interações como as ligações
de hidrogênio são rompidas a 80ºC e aparentemente, uma mudança na conformação
promoveu uma melhor distribuição espacial das cadeias do polissacarídeo.
Ainda na Tabela 5, apresenta os valores de viscosidade intrínseca das
blendas de AS/P que são intermediários aos polissacarídeos puros e dependentes da
sua composição. Esse resultado sugere que as blendas AS/P não apresentam um efeito
sinérgico, mas apenas um efeito de adição das propriedades dependentes da
composição da blenda.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 70
4.5. Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS)
No experimento de DLS de polieletrólitos, nenhuma adição ou baixa
concentração de sal mostra a existência de dois modos de relaxação: um rápido e outro
lento. Esse efeito tem sido mostrado para sistemas macromoleculares carregados,
incluindo soluções de polieletrólitos sintéticos e polieletrólitos biológicos.
[150-156]
A
função de autocorrelação da intensidade espalhada G
(2)
(t) para as soluções de pectina
e alginato de sódio em diferentes condições são apresentadas na Figura 14 (A) e (B).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(A)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(B)
Figura 14 – Função de autocorrelação da intensidade espalhada para a solução de
pectina (A) e do alginato de sódio (B) preparados à temperatura ambiente em
água () e diferentes soluções salinas: NaCl 0,1mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
(),
medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 71
Na Figura 15 (A) e (B) são apresentados o gráfico da amplitude versus raio
hidrodinâmico R
h
(nm), para θ=90º, obtidos pelo método CONTIN.
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
(A)
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
(B)
Figura 15 – Amplitude versus raio hidrodinâmico (R
h
) para as soluções de
pectina (A) e alginato de sódio (B) preparados à temperatura ambiente em água
() e diferentes soluções salinas: NaCl 0,1 mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
();
medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
, obtida pelo método CONTIN.
Para ambos os sistemas são observados dois modos de relaxação,
correspondendo ao modo de relaxação rápido (
Γ
1
) e o modo de relaxação lento (
Γ
2
)
que é predominante. O modo rápido (
Γ
1
) provavelmente é associado com a relação de
moléculas simples ou pequenos agregados e também a difusão do par constituído do
poliíon e seu contra-íon. O modo lento (
Γ
2
) representa a dinâmica de grandes
Capítulo 4 – Resultados e discussões 72
estruturas formadas pela interação intermolecular entre as cadeias (agregados), que foi
observado em outros estudos.
[157, 158]
A presença do modo lento tem sido observada em
estudo de DLS para o sistema pectina.
[159]
O efeito do sal também foi avaliado comparando-se a função de
autocorrelação na presença e na ausência de NaCl e KCl. Em geral, no estudo de DLS
a intensidade do espalhamento de polieletrólitos na ausência de sal é bem discutida e
apresenta um máximo na intensidade de espalhamento como conseqüência da repulsão
eletrostática das cadeias, que desaparece progressivamente quando o sal é adicionado.
Esse efeito foi observado, por exemplo, para o poli (estirenossulfonado) de sódio e
vários polissacarídeos
[160-163]
e que a adição de NaCl na solução blindam as repulsões
eletrostáticas, promovendo uma diminuição na intensidade de espalhamento. Neste
estudo foi analisado principalmente o efeito devido a presença de NaCl e KCl,
considerando a diferença no raio iônico.
O alginato em solução de KCl apresentou uma diminuição da contribuição
dos tempos de relaxação em relação a solução de alginato em NaCl. Uma possível
explicação para esse fenômeno seria que o íon K
+
apresenta um menor raio de
hidratação do que o íon Na
+
, o que possibilita uma menor solvatação dos grupos
carregados da macromolécula, e como discutido anteriormente para os dados de
viscosimetria, há uma carga residual positiva distribuída ao longo da cadeia na
presença do íon K
+
(maior que na presença de Na
+
), promovendo um distribuição
espacial das cadeias com a diminuição das interações intercadeias (ligações de
hidrogênio).
Essa melhor distribuição espacial das cadeias do alginato é devido a carga
residual positiva dos íons K
+
que promove a repulsão eletrostática intercadeias. No
caso do alginato em solução de NaCl, o aumento da blindagem pelo seu maior raio de
hidratação, possibilitou uma maior interação entre as cadeias do polímero (intra e
intermolecular), consequentemente aumentado sua função de autocorrelação e o R
h
(Tabela 6) quando comparado com a solução de KCl.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 73
Tabela 6 - Raio hidrodinâmico (sem a dependência angular) relacionados aos
modos de relaxação rápido e lento para soluções de alginato de sódio e pectina em
diferentes condições.
Sistema
R
h
Modo de relaxação rápido
(nm)
R
h
Modo de relaxação lento
(nm)
AS P AS P
NaCl 0,1 mol.L
-1
11,1±3,5 15,1±3,6 543,1±9,1 187,2±4,3
NaCl 0,1 mol.L
-1
80°C
10,3±2,2 17,2±2,2 438,3±4,0 138,4±6,3
KCl 0,1 mol.L
-1
12,4±0,9 20,4±1,7 224,2±10,2 198,1±2,4
KCl 0,1 mol.L
-1
80°C
10,2±2,4 25,7±1,1
0
170,2±3,6
Para pectina, o R
h
para o modo de relaxação lento em NaCl é menor que em
KCl (Tabela 6), devido a menor solvatação do poliíon pelo K
+
em comparação com o
Na
+
, que provoca a diminuição da dimensão das cadeias e também das interação
intermoleculares. Os valores do R
h
das soluções de pectina não apresentaram grande
diferença entre si, como no caso das soluções de alginato, devido a pectina ser uma
macromolécula bastante heterogênea, com a presença de açúcares neutros e também de
unidades esterificadas que forma ligações hidrofóbicas que estabilizam os agregados
formados. Estudo da viscosidade das soluções de pectina em NaCl e LiCl também não
apresentaram diferença entre os sais.
[66]
Comparando-se o R
h
do alginato e da pectina em ambas as soluções salinas,
as soluções de pectina apresentaram R
h
muito menor que o do alginato. Este resultado
está relacionado com o grau de ionização da pectina em NaCl (em média 50% das
unidades ionizadas) em comparação com as soluções de alginato que apresentam perto
da totalidade das unidades G e M ionizadas.
A Figura 16 mostra as funções de autocorrelação da intensidade espalhada e
a Figura 17 são apresentados os gráficos da amplitude versus raio hidrodinâmico R
h
(nm) para as soluções de pectina e de alginato de sódio após agitação por 24h a 80ºC,
respectivamente.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 74
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(A)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(B)
Figura 16 - Função de autocorrelação da intensidade espalhada para a solução de
pectina (A) e do alginato de sódio (B) preparados à 80ºC em NaCl 0,1mol.L
-1
() e
KCl 0,1 mol.L
-1
(U), medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
.
A função de autocorrelação da intensidade espalhada das soluções de
pectina em ambos os sais apresentaram um pequeno efeito no tamanho do R
h
(Tabela
6) com o aumento da temperatura para 80ºC (Figura 16 A).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 75
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
(A)
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
(B)
Figura 17 - Amplitude versus raio hidrodinâmico (R
h
) para as soluções de pectina
(A) e alginato de sódio (B) preparados à 80º em NaCl 0,1 mol.L
-1
() e KCl 0,1
mol.L
-1
(U); medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
, obtida pelo método CONTIN.
A presença de dois modos de relaxação (um lento e outro rápido) (Figura 17
A) das soluções preparadas à temperatura ambiente é também observada após
aquecimento. Entretanto, a análise da função de autocorrelação das soluções de pectina
em KCl preparadas a temperatura ambiente e a 80ºC (dados não mostrados) revelam
uma ligeira diminuição no modo de relaxação lento com o aumento da temperatura,
sem a destruição dos agregados na solução. Estudo de DLS
[82]
indicou que o
aquecimento de soluções de pectina de 25 para 60 ºC em 0,1 mol.L
-1
de NaCl,
promoveram a quebra de ligações de hidrogênio.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 76
Ao contrário das soluções de alginato, que apresenta uma diminuição das
contribuições dos tempos de relaxação à 80ºC como mostrado na Figura 16 (B) e na
Figura 17 (B) em KCl, o modo de relaxação lento desaparece, sugerindo que o
aumento da entropia (promovido pelo aumento da temperatura) promove a quebra das
interações intermoleculares (ligação de hidrogênio). Já a intensidade do modo de
relaxação rápido aumenta com o aquecimento que pode ser estar relacionado com o
intumescimento das cadeias.
Na Tabela 6 ainda apresenta o R
h
para o alginato e pectina na presença de
NaCl e KCl, preparados sob agitação por 24h a temperatura ambiente e a 80ºC. Como
observado, o R
h
referente ao modo de relaxação lento diminuiu com o aumento da
temperatura em ambos os sistemas. No caso da pectina, estudos reológicos
[79, 164]
,
sugerem que a diminuição na temperatura pode promover uma transição de
conformação para uma estrutura tridimensional mais compacta induzindo a agregação
das cadeias da pectina, aumentando em conseqüência o R
h
. Entretanto, a natureza
dessas associações em soluções diluídas de pectina ainda permanece em discussão.
Acredita-se que os agregados da pectina sejam formados espontaneamente mesmo em
soluções diluídas.
[9]
No caso do alginato, a ausência do R
h
em solução de KCl em comparação
com o sistema em NaCl, foi devido a três fatores: o primeiro é estrutura relacionado
com o seu grau de ionização (pH em torno de 6), o segundo é devido ao menor raio de
hidratação do K
+
e consequentemente sua interação direta, e o terceiro relacionado
com a temperatura de preparação a 80ºC, que pode ter promovido a quebra das
ligações hidrogênio. Com a quebra das interações intermoleculares e com a carga
residual positiva do potássio, as cadeias do alginato apresentam uma melhor
distribuição espacial das cadeias do polissacarídeo e se mantém livres. Esse mesmo
resultado foi observado em experimentos de viscosimetria com a redução da [η].
No intuito de entender melhor a formação de agregados do alginato e da
pectina em solução de NaCl, o efeito da concentração do NaCl e adição de um agente
complexante de cátions divalentes, o NaEDTA em ambas as concentrações de NaCl
Capítulo 4 – Resultados e discussões 77
foram estudadas e são apresentados na Figura 18. O R
h
associado ao modo de
relaxação rápido permanece praticamente constante com o aumento da concentração
do NaEDTA em NaCl 0,1 e 0,5 mol.L
-1
, como mostrado na Figura 18 (A). Para o
modo de relaxação lento o R
h
aumenta para pectina em ambas as concentrações de
NaCl, à medida que aumenta a concentração de NaEDTA, resultado do aumento da
agregação entre as cadeias poliméricas. O aumento do tamanho dos agregados pode
estar relacionado com a probabilidade da associação múltipla das cadeias pelo íon
EDTA
-
. Esta associação múltipla entre as cadeias de pectina, ocorre devido ao menor
grau de ionização dos grupos carboxílatos (pH ao redor de 3,6) promovendo um
aumento das interações (ligações de hidrogênio e hidrofóbicas). O aumento do R
h
foi
ainda mais pronunciado em 0,5 mol.L
-1
de NaCl com a adição de NaEDTA, devido ao
aumento da blindagem das unidades galacturônicas pelos íons sódio, diminuindo as
repulsões eletrostáticas e aumentando a associação múltiplas entre as cadeias via
ligação de hidrogênio formadas pelos íons EDTA
-
. Kjoniksen e colaboradores
[72]
estudaram o efeito da concentração do NaCl sobre a viscosidade da solução de pectina,
no qual apresentou um valor máximo de viscosidade quando a concentração salina foi
de 0,1 mol.L
-1
e diminuiu com o aumento da concentração do sal, sugerindo que acima
de 0,1 mol.L
-1
aumenta ainda mais as associações múltiplas intercadeias em
conseqüência do forte efeito de blindagem das repulsões eletrostáticas.
O efeito da adição de 1 mmol.L
-1
de NaEDTA na solução de alginato
(Figura 18 B) em ambas as concentrações de NaCl promoveu um diminuição no R
h
do
modo lento e permaneceu constante a altas concentrações do agente complexante. O
efeito observado (diminuição do R
h
) é aparentemente associado com a complexação
entre o NaEDTA e íons divalentes como, por exemplo, o Ca
2+
presentes em solução do
alginato e consequentemente diminuindo a interação intermolecular do polissacarídeo.
O aumento da concentração do NaCl de 0,1 mol.L
-1
para 0,5 mol.L
-1
provocou a perda
da entropia pela forte blindagem das forças repulsivas que resulta na associação
múltiplas entre as cadeias através de complexas interações que reflete no aumento do
R
h
do modo de relaxação rápido e lento para ambos os sistemas.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 78
012345
0
5
10
15
20
25
30
150
200
250
300
350
R
h
(nm)
Composição NaEDTA (mM)
(A)
012345
0
10
20
30
40
300
400
500
600
Rh (nm)
Composição NaEDTA (mM)
(B)
Figura 18 – R
h
(sem a dependência angular) versus concentração de NaEDTA das
soluções de pectina (A) e alginato de sódio (B) preparadas a temperatura
ambiente em NaCl 0,1 mol.L
-1
: modo rápido ()() e modo lento ()() e em
NaCl 0,5 mol.L
-1
: modo rápido () () e modo lento()(). Medidas realizadas a
25ºC e θ=90º.
O efeito da temperatura de preparação nas soluções de pectina e o alginato
em NaCl 0,1 mol.L
-1
em função da concentração de NaEDTA foi também estudado . O
R
h
para os dois sistemas foram determinados e comparados na Figura 19. Nenhuma
mudança significativa foi observada com o aumento da concentração de NaEDTA no
modo de relaxação rápido. Considerando o valor do R
h
para o sistema preparado a
temperatura ambiente sem o agente complexante, o R
h
para o modo lento aumentou
para a pectina (Figura 19 A) e diminuiu para o alginato (Figura 19 B) com o aumento
da concentração do NaEDTA. O valor do R
h
para o modo rápido aumenta com o
Capítulo 4 – Resultados e discussões 79
aumento da temperatura, que pode estar relacionado com o intumescimento das
cadeias do polissacarídeo.
012345
0
10
20
150
200
250
300
R
h
(nm)
Composição de NaEDTA (mM)
(A)
012345
0
5
10
15
20
25
200
300
400
500
600
R
h
(nm)
Composição NaEDTA (nm)
(B)
Figura 19 - R
h
obtido sem a dependência angular versus concentração de
NaEDTA das soluções de pectina (A) e alginato de sódio (B) preparadas em NaCl
0,1 mol.L
-1
em diferentes temperaturas: modo rápido a temperatura ambiente
()() e a 80º ()() e modo lento a temperatura ambiente( () e a 80ºC
()(). Medidas realizadas a 25ºC e θ=90º.
Para pectina, a diminuição do R
h
com o aumento da temperatura para o
modo lento é pode ser devido às interações intermoleculares, como a ligação
hidrogênio que foram quebradas com o aumento da temperatura.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 80
No caso da solução de alginato preparada em NaCl 0,1 mol.L
-1
a 80ºC, o
aumento da concentração de NaEDTA, induziu a uma diminuição da contribuição dos
tempos de relaxação, mostrado na Figura 20 (A) e na concentração de 5 mmol.L
-1
do
agente complexante os agregados são praticamente destruídos, como pode ser
observado na Figura 20 (B), devido a presença de um único modo de relaxação
relacionado ao modo de relaxação rápido.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(A)
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
(B)
Figura 20 – g
2
(t) em função do t (ms) (A) e amplitude versus R
h
(B) para solução
de alginato preparada em NaCl a 80ºC com diferentes concentrações de NaEDTA
0mmol.L
-1
(); 1mmol.L
-1
() e 5 mmol.L
-1
(). Medidas realizadas a 25ºC e
θ=90º.
Esse resultado sugere que cátions divalentes podem induzir a formação de
agregados e somente são destruídos quando 5 mmol.L
-1
de NaEDTA em NaCl foi
Capítulo 4 – Resultados e discussões 81
adicionado e as ligações intermoleculares, como as ligações de hidrogênio são
quebradas com o aquecimento da solução a 80ºC por 24h. Assim, apenas um modo de
relaxação foi observado relacionado ao modo de relaxação rápido.
As blendas de alginato e pectina também foram estudadas e a Figura 21
mostram as funções de autocorrelação da intensidade espalhada e a Figura 22 são
apresentados os gráficos da amplitude versus raio hidrodinâmico R
h
(nm), das soluções
de alginato, pectina e as blendas preparadas em (A) NaCl e (B) KCl a 80ºC.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(A)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
g
2
(t)
t (ms)
(B)
Figura 21 - Função de autocorrelação da intensidade espalhada para a solução de
alginato (), pectina () e suas blendas AS/P 30/70 (), AS/P 50/50 () e AS/P
70/30 () preparadas em NaCl (A) e KCl (B) a 80ºC. M
edidas realizadas a 25
o
C e
θ=90
o
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 82
De acordo com a Figura 21, as funções de autocorrelação para todas as
blendas apresentaram uma dependência da composição e intermediárias aos
polissacarídeos puros. Assim, o decaimento da função de autocorrelação foi
dependente da composição do alginato de sódio e da pectina na blenda na seguinte
ordem: P > AS/P30/70 > AS/P50/50 > AS/P70/30 > AS em ambas as soluções salina.
O mesmo comportamento foi observado para soluções preparadas a temperatura
ambiente para as duas soluções salinas (dados não mostrados).
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
(A)
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,1 1 10 100 1000 10
4
10
5
Amplitude (unidades arbitrárias)
R
h
(nm)
Figura 22 - Amplitude versus raio hidrodinâmico (R
h
) para as soluções de
alginato (), pectina () e suas blendas AS/P 50/50 () e AS/P 70/30 ()
preparadas em NaCl (A) e KCl (B) a 80ºC. Medidas realizadas a 25
o
C e θ=90
o
,
obtida pelo método CONTIN.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 83
É claramente evidenciado a presença de dois modos de relaxação nas
soluções das blendas preparadas em NaCl e KCl (Figura 22 A e B). Os dois modos de
relaxação observados nas blendas é a superposição dos modos de relaxação
apresentado para os polissacarídeos puros e também são dependentes da composição.
Esses resultados corroboram com os obtidos em viscosimetria, com as blendas
apresentando propriedades intermediárias aos polissacarídeos puros.
O estudo de DLS da blenda de caseinato de sódio/xantana
[165]
mostrou que
os modos de relaxação das blendas é uma superposição dos modos das soluções dos
biopolímeros puros e concluíram que não existe interação entre xantana e caseinato de
sódio na variação da concentração estudada. Assim, nenhum efeito sinérgico foi
apresentado para a blenda alginato de sódio/pectina após 24h de agitação a
temperatura ambiente.
A Figura 23A mostra o R
h
do modo rápido versus a composição de alginato
na presença do NaCl e KCl em diferentes temperaturas de preparação. Em ambas as
temperatura de preparação das soluções, o valor do R
h
das blendas foi intermediários e
dependentes do comportamento dos polissacarídeos puros.
O R
h
relacionado ao modo lento (Figura 23 B) das soluções preparadas a
temperatura ambiente aumentaram com o aumento do conteúdo de alginato na blenda,
sendo maiores em NaCl do que em KCl. Após o aquecimento da solução, o mesmo
comportamento foi observado, no entanto, em solução de KCl o R
h
foi constante para
todas as blendas. Esse efeito pode ser causado devido à ausência de agregados no
alginato, desta maneira, apenas os agregados da pectina são observados.
Nenhum efeito sinérgico foi observado para as blendas em ambas as
soluções salinas preparadas a 80 ºC com apenas um efeito dependente da composição
dos polissacarídeos.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 84
0
5
10
15
20
25
30
00,20,40,60,81
R
h
(nm)
Composição Alginato (%)
(A)
0
100
200
300
400
500
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
R
h
(nm)
Composição Alginato (%)
(B)
Figura 23 – R
h
sem a dependência angular para o modo rápido (A) e para o modo
lento (B) versus composição do alginato das soluções poliméricas preparadas em
diferentes soluções salinas e temperaturas: NaCl 0,1 mol.L
-1
() e KCl 0,1 mol.L
-1
() à temperatura ambiente e NaCl () e KCl à 80ºC() .
4.6. Comportamento Reológico: efeito da concentração dos polissacarídeos e da
blenda alginatode sódio/ pectina.
O interesse pelo estudo de solução de polissacarídeos tem contribuído
significativamente sobre o comportamento não-Newtoniano e classificação das
soluções formadas por esses polímeros. A principal razão para estes, está na
possibilidade de aplicar os polissacarídeos em numerosos processos industriais na
produção na área alimentícia, em cosméticos e mais recentemente, a utilização como
suportes para crescimento de células e na liberação controlada de princípios ativos
(fármacos, nutrientes, etc).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 85
A viscosidade de polissacarídeos pode ser afetada de forma significativa
por variáveis como a tensão de cisalhamento, temperatura, pressão e tempo de
cisalhamento. Para fluídos Newtonianos, a temperatura e pressão constantes, a
viscosidade varia com a taxa de cisalhamento. Para muito fluídos não-Newtonianos, a
viscosidade diminui com o aumento da taxa de cisalhamento, comportamento
conhecido como pseudoplasticidade.
Os reogramas das soluções de alginato de sódio e pectina na concentração
20g/L são mostrados na Figura 24. Ambos os polissacarídeos apresentaram
comportamento não-Newtoniano com curvas similares obtidas para as concentrações
de 30 e 40 g/L, entretanto, a baixa concentração (10g/L) para pectina (dados não
mostrados) um comportamento Newtoniano foi observado. Tal comportamento é
geralmente observado para soluções de polissacarídeos a baixas concentrações ou
baixa massa molar. Entretanto, tornam-se não newtoniano à medida que aumenta a
concentração ou a massa molar
[166, 167]
devido a dois fatores: a uma organização mais
entrelaçada das cadeias poliméricas e as interações intermoleculares, como ligações de
hidrogênio e no caso da pectina, também ligações hidrofóbicas.
0,01
0,1
1
10
0,01 0,1 1 10 100 1000 10
4
η (Pas)
γ (1/s)
Figura 24 – Efeito da taxa de cisalhamento sobre a viscosidade para alginato de
sódio () e pectina ().
Capítulo 4 – Resultados e discussões 86
Os parâmetros do comportamento de fluxo (n e K) foram obtidos a partir do
gráfico de tensão de cisalhamento versus taxa de cisalhamento, mostrado na Figura 25,
usando o modelo da lei da potência (Equação10) para as diferentes concentrações de
alginato de sódio e pectina que são apresentados abaixo na Tabela 7. De acordo com o
modelo, um comportamento pseudoplástico ocorre quando n < 1.
0
20
40
60
80
100
0 20 40 60 80 100 120 140
τ [Pa]
γ
.
[1/s]
(a)
0
20
40
60
80
100
0 500 1000 1500 2000
τ [Pa]
γ [1/s]
(b)
Figura 25 – Reogramas das soluções de (a) alginato de sódio e (b) pectina na
concentração 20g/L e temperatura 25ºC.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 87
Os coeficientes de correlação para todas as concentrações são maiores que
0,99. O alginato de sódio e pectina a 25,0±0,5 ºC exibeu um comportamento
pseudoplástico definido pelo valor de n menor que 1 para todas as concentrações. O
caráter pseudoplástico e o correspondente aumento da viscosidade com o aumento da
concentração foram atribuídos ao entrelaçamento das cadeias e as interação
intermoleculares, seguido da diminuição das mesmas com o aumento da taxa de
cisalhamento. Estudo do comportamento de solução de pectina na concentração 10g/L
apresentou um comportamento próximo ao Newtoniano com valor de n = 0,96
[73]
. Esse
comportamento é observado para polissacarídeos com a diminuição da concentração
polimérica e neste estudo, a pectina apresentou um valor de n de 0,91.
Como esperado, os valores de K aumentaram com a concentração dos
polissacarídeos. Marcotte e colaboradores observaram o mesmo comportamento no
estudo com pectina.
[73]
Comparativamente, os valores de K são maiores para o alginato
de sódio e menores para pectina na faixa de concentrações estudadas, devido a
diferença no grau de ionização das cadeias dos polissacarídeos, promovendo o
aumento das interações intra e inter-molecular das cadeias além do alginato apresentar
maior massa molar que pectina.
Tabela 7 – Parâmetros do modelo da lei das potências para alginato de sódio e
pectina em diferentes concentrações.
Polissacarídeo
(g/L)
n (-) K (Pa s
n
) R
2
AS (10 g/L)
0,753±0,001 1,331±0,005
0,996
AS (20 g/L)
0,704±0,003 4,410±0,004
0,995
AS (30 g/L)
0,641±0,005 9,772±0,001
0,994
AS (40 g/L)
0,582±0,004 18,201±0,003
0,996
P (10 g/L)
0,911±0,002 0,042±0,001
0,997
P (20 g/L)
0.862±0,004 0,243±0,02
0,993
P (30 g/L)
0,813±0,001 1,131±0,003
0,995
P (40 g/L)
0,781±0,003 5,332±0,003
0,992
Parâmetros da lei das potências: K coeficiente de consistência; n índice de comportamento de fluxo; ± desvio
padrão dos valores indicados. Número de replicata, 2.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 88
As Figura 26 (a) e (b) mostram que as blendas AS/P (20g/L) apresentaram
valores de n e K intermediários aos polissacarídeos puros e todas apresentaram
comportamento não-newtoniano e pseudoplástico de acordo com a diminuição da
viscosidade com o aumento da taxa e cisalhamento (dados não mostrados).
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0,0
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
n
Fração de pectina (%)
(a)
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0
1
2
3
4
5
K(Pa s
n
)
Fração de pectina (%)
(b)
Figura 26 – Efeito da composição das blendas sobre o índice de comportamento
de fluxo (a) e o coeficiente de consistência (b) a 25ºC.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 89
O mesmo comportamento foi observado por Gómez-Díaz e
colaboradores
[168]
que concluíram que as blendas de alginato de sódio e carboximetil
celulose apresentaram comportamento pseudoplástico como nos polímeros puros.
Esses resultados sugerem interação entre os dois polissacarídeos,
apresentando comportamento intermediário aos polímeros puros, também observados
nos experimentos de viscosimetria e DLS.
4.7. Efeito da concentração dos polissacarídeos, da adição de sal e da mistura de
alginato de sódio/ pectina: reologia dinâmica.
O efeito da concentração dos polissacarídeos nos valores dos módulos G´e
G´´ está representado na Figura 27 para alginato de sódio e na Figura 28 para pectina.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 90
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,01 0,1 1 10 100
G'(Pa)
ω (rad/s)
(a)
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,01 0,1 1 10 100
G" (Pa)
ω (rad/s)
(b)
Figura 27 – Evolução dos módulos de perda (G´) (a) e de estoque (G´´) (b) em
função da freqüência para diferentes concentrações 10 (); 20 (); 30 (d) e 40
(S) (g/L) de alginato de sódio.
O módulo G´e G´´ para os polissacarídeos são dependentes da freqüência,
com valores de G´´>G´, caracterizando um comportamento viscoso e dependente da
concentração, com módulos maiores a altas concentrações (40g/L) devido a
aproximação das cadeias, promovendo o aumento das associações intermoleculares. O
aumento da concentração polimérica do AS e P, apresentou um comportamento mais
pseudoplástico devido a essas associações.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 91
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,01 0,1 1 10 100
G' (Pa)
ω (rad/s)
(a)
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,01 0,1 1 10 100
G" (Pa)
ω(rad/s)
(b)
Figura 28 - Evolução dos módulos de perda (G´) (a) e de estoque (G´´) (b) em
função da freqüência para diferentes concentrações 10 (); 20 (); 30 (d) e 40
(S) (g/L) de pectina.
O mesmo comportamento foi observado para outros polímeros com o
aumento da concentração.
[169, 170]
Para pectina o módulo G´ aparece apenas nas
concentrações de 30 e 40 (g/L) e não foi observado comportamento de formação de gel
(G´>G´´) em toda a faixa de concentração estudada. O efeito do sal (NaCl) com ou
sem a adição de NaEDTA como agente complexante, nas propriedades viscoelásticas
do alginato de sódio e da pectina (Figura 29) foram investigadas.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 92
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
0,01 0,1 1 10 100
G' G'' (Pa)
ω (rad/s)
(a)
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
0,01 0,1 1 10 100
G' G'' (Pa)
ω(rad/s)
(b)
Figura 29 – Evolução dos módulos de perda G´(símbolos abertos) e de estoque
G´´ (símbolos fechados) para o alginato de sódio (a) e pectina (b) 20g/L em
diferentes solventes: () () água, () () NaCl 0,1 mol.L
-1
e () (S) NaCl 0,1
mol.L
-1
e 1mmol.L
-1
NaEDTA.
Para ambos os polissacarídeos, G´´ foi sempre maior que G´ em toda a faixa
de freqüência estudada, caracterizando um comportamento viscoso do sistema.
A adição de NaCl 0,1 mol.L
-1
influenciou ligeiramente o comportamento de
G´ e G´´ para o alginato de sódio e de G´´ para a pectina (Figura 29 a e b). Por outro
lado, um aumento de G´´ e o aparecimento de G’ foi observado para a pectina na
Capítulo 4 – Resultados e discussões 93
presença de NaCl 0,1 mol.L
-1
com 1mmol.L
-1
de NaEDTA. Esse resultado pode estar
relacionado o aumento das interações intermoleculares, promovida pelo íon EDTA
-
,
também observado com o aumento do R
h
do modo de relaxação lento em
experimentos de DLS e viscosimetria.
A Figura 30 (a) e (b) mostra o comportamento da viscosidade dinâmica em
diferentes soluções para o alginato de sódio e a pectina, respectivamente. Na
concentração de polímero estudado (20g/L) as ligações hidrogênio formadas entre as
cadeias de alginato e também da pectina diminuiu ligeiramente com a adição de NaCl
0,1 mol.L
-1
, resultado do efeito de blindagem pelos íons Na
+
. Contudo, alginato de
sódio em solução salina com 1mmol.L
-1
de NaEDTA apresentou uma diminuição na
η* e nos módulos G´ e G´´ provavelmente relacionado com a complexação de cátions
divalentes, como o cálcio pelo NaEDTA. No caso da solução de pectina o aumento da
η* e dos módulos G´ e G´´ que pode estar relacionada à participação dos íons EDTA
-
na formação de ligações de hidrogênio intermoleculares das cadeias de pectina
promovendo múltiplas associações intermoleculares e consequentemente aumentando
a η* . O mesmo comportamento foi observado para soluções diluídas de alginato de
sódio e pectina no experimento de viscosimetria e espalhamento de luz dinâmico.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 94
0,1
1
10
0,1 1 10 100
η
(Pas)
ω(rad/s)
(a)
0,01
0,1
1
0,1 1 10 100
η
(Pas)
ω (rad/s)
(b)
Figura 30 – Viscosidade dinâmica (η*) em função da taxa de cisalhamento em
diferentes soluções: () água, () NaCl 0,1 mol.L
-1
e (S) NaCl 0,1 mol.L
-1
e
NaEDTA 1mmol.L
-1
para solução (20g/L) de alginato de sódio (a) e pectina (b).
As blendas de alginato de sódio e pectina na concentração 20 g/L
apresentaram o mesmo comportamento que os polímeros puros como observado na
Figura 31 (a) e (b), sugerindo interação entre estes polissacarídeos como observado
nos experimentos anteriores. As blendas não apresentaram a formação de gel nas
Capítulo 4 – Resultados e discussões 95
condições estudadas, com predomínio de G´´ e dependência com relação a freqüência.
O módulo G´ aparece apenas para soluções de alginato de sódio e nas blendas com
maior proporção do mesmo, ou seja, com 50 e 70 % (m/m) de alginato de sódio
(Figura 31 a).
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,01 0,1 1 10 100
G' (Pa)
ω (rad/s)
(a)
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,01 0,1 1 10 100
G'' (Pa)
ω(rad/s)
(b)
Figura 31 - Módulo de estoque (G´) (a) e módulo de perda (G´´) (b) em função da
freqüência para alginato de sódio (), pectina (S) e suas blendas AS/P 70/30 (),
AS/P 50/50 () e AS/P 30/70 () em solução aquosa (20 g/L).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 96
A Figura 31 (b) mostra ainda que os valores de G´´ para as blendas são
intermediários aos polímeros puros e dependentes da proporção alginato de
sódio/pectina.
Nenhuma das blendas apresenta efeito sinérgico, ou seja, apenas observado
um efeito de adição das propriedades reológicas dependentes da proporção dos
polímeros puros.
4.7.1. Efeito do agente reticulante EDC: propriedades viscoelásticas.
Nessa etapa do trabalho através da reologia dinâmica foram obtidas
informações preliminares sobre o processo de reticulação da pectina e nas blendas de
alginato de sódio/pectina. Os parâmetros reológicos de soluções reticuladas de
alginato de sódio e pectina foram intensamente estudados com cátions Ca
2+
,
responsáveis pelo modelo “egg-box”, discutido anteriormente. No entanto, estudos
reológicos da pectina, do alginato de sódio e das blendas AS/P na presença de EDC
como agente reticulante ainda não foi relatado na literatura.
Tradicionalmente, dois métodos são utilizados para determinar o ponto gel.
O primeiro é a determinação do ponto gel através da intersecção entre G´e G´´ e o
segundo, de acordo com Winter e colaboradores
[171-173]
o ponto gel é definido onde a
razão G´/G´´ é independente da freqüência.
O critério utilizado neste estudo para determinar o ponto gel foi o tempo
necessário para que G´e G´´ se igualassem, em uma dada freqüência.
[130, 131]
Na
verdade, a igualdade de G’ e G’’ não deve ser considerada como uma propriedade
universal do ponto gel, pois o tempo necessário para que a intersecção de G´ e G´´
ocorra pode ser muito próximo, mas não idêntico ao tempo necessário para que a
transição de fase sol-gel. No entanto, esse critério é simples e vem sendo utilizado por
muitos autores. Deve-se, porém, levar em conta que o momento de interseção de G´ e
G´´ depende da freqüência do experimento dinâmico e, portanto, não dever ser usado
como um critério absoluto para a determinação do ponto gel.
[130, 131]
Capítulo 4 – Resultados e discussões 97
Nas Figura 32 e na Figura 33 são apresentadas as curvas que representam a
evolução de G´e G´´(a uma freqüência constante) em função do tempo de gelificação
na presença de 25mmol.L
-1
de EDC para pectina e blendas AS/P 10/90; AS/P 20/80 e
AS/P 30/70, respectivamente. Para todas as soluções, no início do processo de
gelificação, o módulo de perda foi maior que o módulo de armazenamento, G´´>,
caracterizando um comportamento viscoso do sistema. Com a evolução do tempo, G´ e
G´´ aumentaram, como conseqüência do aumento do número de zonas de junção. Em
um determinado período de tempo, G´ aumentou mais acentuadamente do que o G´´, e
após a interseção das duas curvas, G´ passou a exceder G´´.
0,01
0,1
1
10
100
01 10
4
2 10
4
3 10
4
4 10
4
5 10
4
G' G'' (Pa)
Tempo (s)
(A)
0,1
1
10
100
01 10
4
2 10
4
3 10
4
4 10
4
5 10
4
G' G'' (Pa)
Tempo (s)
(B)
Figura 32 – Cinética de reticulação para a pectina (A) e blenda AS/P 10/90 (B) na
presença de 25 mmol.L
-1
de EDC, sendo G´ () e G´´ ().
Capítulo 4 – Resultados e discussões 98
Após a intersecção de G´ com G´´, G´ continuou tendo uma grande variação
crescente, enquanto que o G´´ também aumentou, mas menos acentuadamente. Este
aumento rápido de G´ representou a formação de zonas de junção entre as cadeias que
formam a rede do gel.
0,1
1
10
100
01 10
4
2 10
4
3 10
4
4 10
4
5 10
4
G' G'' (Pa)
Tempo (s)
(
A)
0,1
1
10
100
01 10
4
2 10
4
3 10
4
4 10
4
5 10
4
G' G'' (Pa)
Tempo (s)
(B)
Figura 33 – Cinética de reticulação para a blenda AS/P 20/80 (A) e AS/P 30/70 (B)
na presença de 25 mmol.L
-1
de EDC, sendo G´ () e G´´ ().
Ainda na Figura 32 e na Figura 33, observou-se que à medida que
aumentou a quantidade de alginato de sódio na blenda, o tempo para a formação do gel
aumentou. O ponto gel é definido como o momento da reação quando uma rede
Capítulo 4 – Resultados e discussões 99
polimérica é primeiramente formada. No ponto gel ocorre a gelificação, isto é, a
viscosidade do sistema cresce exponencialmente tendendo ao infinito.
A Figura 32 mostra a intersecção do com o G´´ e os valores do ponto gel
da pectina e da blenda AS/P 10/90 aumentou de 1,8×10
4
para 2,3×10
4
segundos. Para
as blendas AS/P 20/80 e AS/P 30/70 (Figura 33) o valor do ponto gel se deslocou para
um período de tempo maior: 2,6×10
4
e 3,5×10
4
segundos, respectivamente.
A gelificação foi estudada apenas para pectina e nas blendas AS/P nas
proporções 90/10; 80/20 e 70/30, a partir de 30% de alginato de sódio na blenda não
foram observados no tempo de análise nenhuma gelificação. O gel de pectina e as
blendas especificadas são transparentes e homogêneos.
Após um período de 12 horas os géis de pectina e das blendas AS/P citadas
acima (Figura 34 e Figura 35) apresentaram domínio elástico (G´>G´´) em toda a faixa
de freqüência estudada exceto para a blenda AS/P 30/70 que próximo a 10 rad/s
apresentou domínio de G´´. Isso pode estar relacionado a diminuição da proporção de
pectina na blenda, indicando que o alginato não apresentou a formação de ligações
cruzadas no período de tempo estudado (12h), originando géis com interações mais
fracas.
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100
G' G''(Pa)
ω (rad/s)
Figura 34 – Evolução do G´ () e G´´(ο) da solução de pectina e G´ () e G´´ () da
solução A/P 10/90 após adição do agente reticulante EDC.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 100
Ao comparar a pectina antes (Figura 29) e após a reticulação Figura 32 (A)
observou-se a presença do módulo G´na segunda e uma pequena dependência em
relação à freqüência, indicando que a dinâmica do sistema tornou-se mais lenta devido
à reticulação química. Outro aspecto que indica a formação de ligações covalentes
(reticulação) é o fato do caráter viscoso do sistema (G´´) ser bem menor que o caráter
elástico (G´).
No caso da pectina, os módulos G´e G´´ são maiores e a dependência da
freqüência é bem menor do que nas blendas. Com a adição de 10%, 20% e 30% (v/v)
de alginato de sódio (Figura 34 e Figura 35), os módulos diminuem para valores
menores quando comparados com a pectina e uma maior dependência em relação à
freqüência foi observada.
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100
G' G'' (Pa)
ω(rad/s)
Figura 35 - Evolução do G´ () e G´´(ο) da solução A/P 20/80 e G´ () e G´´ () da
solução A/P 30/70 após adição do agente reticulante EDC.
O gel formado com solução de pectina apresenta maior consistência em
relação às blendas. O aumento da quantidade de alginato de sódio nas blendas diminui
as propriedades viscoelásticas das soluções como pode ser observado na Figura 36.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 101
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100
η* (Pas)
ω (rad/s)
Figura 36 – Viscosidade dinâmica (η*) para solução de pectina () e para as
blendas A/P: 10/90(ο); 20/80 () e 30/70 () reticuladas com EDC.
Em estudos anteriores
[115]
, o agente reticulante EDC foi responsável pela
formação de anidrido ácido entre dois grupos carboxílicos pertencentes à mesma ou a
diferentes cadeias. O anidrido ácido pode rapidamente reagir com grupos hidroxilas
dos polissacarídeos originando ligações éster. Essa reação depende extremamente de
um valor de pH da solução na faixa 3,5-4,5. A valores de pH abaixo de 3,5 ocorre a
diminuição da dissociação dos grupos carboxílicos, sugerindo que prótons e grupos
carboxílicos ionizáveis são necessários para que a reação com o EDC ocorra. Abaixo é
mostrado o mecanismo do EDC com ácidos carboxílicos em solução aquosa (Figura
37). A menos que ácido carboxílico não esteja presente na solução, 1 será hidrolisado
pela água originando o correspondente derivado de uréia 2. O composto 1 pode reagir
com um grupo carboxíla para formar o composto 3 (O-acilisouréia). Como resultado
da reprotonação do sítio da base de Schiff, 3 se transformará em um carbocátion 4,
seguido pelo ataque de várias bases presentes no sistema aquoso. Case nenhum
nucleófilo esteja presente, 4 se transformará no correspondente derivado de uréia 2
pela reação com a água. Desde que um grupo carboxila ionizado é uma base forte, ele
reagirá com 4 para produzir o anidrido carboxílico 5, que é muito instável em solução
Capítulo 4 – Resultados e discussões 102
e ao encontrar um grupo hidroxila, formará uma ligação éster 6, que atua como ligação
cruzada entre as cadeias de polissacarídeos contendo grupos carboxilato e hidroxila.
R
1
NCNR
2
..
..
H
+
R
1
NC
+
NR
2
H
..
R
C
O
O
-
R
1
NCNR
2
H
CO
R
..
H
+
R
1
NC
+
NR
2
H
CO
R
H
R
1
NCNR
2
H
H
O
R
3
C
O
O
-
R
1
CO CR
3
O
O
R
1
NCNR
2
HO
H
R
4
OH
R
1
COR
4
O
Ausência de base
Carbocátion
Derivado de Uréia
O-acilisouréia
Anidrido carboxílico
EDC
Derivado de Uréia
Figura 37 - Representação esquemática do mecanismo do EDC em solução
aquosa.
A diminuição das propriedades viscoelásticas sugere que a reticulação diminui
com o aumento da quantidade de alginato de sódio nas blendas. Esse comportamento
pode ser devido a diversos fatores como, por exemplo, a facilidade da perda da
atividade do EDC em solução aquosa
[111, 174, 175]
, como observado no esquema anterior,
a diminuição do pH da solução e a competição dos polissacarídeos pelo EDC.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 103
A diminuição do pH para um valor entre 3,5-4,0 em solução de alginato de
sódio em água deionizada na concentração de 20g/L (ao redor de pH 6,7), é
extremamente difícil evitar a formação de ácido algínico (insolúvel em água) que
promove a protonação dos grupos carboxílicos, dificultando consequentemente à
reação de reticulação na presença do EDC. Na Figura 38 mostra o espectro de
infravermelho do filme de alginato reticulado obtido após o controle do pH entre 4-4,5
da solução de alginato de sódio e adição de 25 mmol.L
-1
de EDC.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância
Número de Onda (cm
-1
)
1750 cm
-1
1700 cm
-1
Figura 38 – Espectro de infravermelho do filme de alginato reticulado com EDC
em solução.
O espectro indica a formação de ligação éster entre grupos ácido
carboxílicos e grupos hidroxilas pertencentes a mesma ou diferentes cadeias e também
a formação de ácido algínico comprovado pela presença da banda em 1750 cm
-1
.
Além disso, o aumento gradual do conteúdo de alginato de sódio na solução
pode ter promovido uma competição entre os grupos carboxilato da pectina e do
alginato de sódio, diminuindo assim a eficiência da reticulação.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 104
4.8. Caracterização físico-química de filmes e matrizes porosas não reticulados
4.8.1. Espectroscopia de infravermelho dos filmes
A Figura 39 mostra os gráficos de infravermelho da pectina, do alginato de
sódio e blendas AS/P.
Entre as principais bandas relacionadas com a pectina pura estão as
deformações O-H na região de 3600-3200 cm
-1
, uma banda bastante intensa na região
entre 1730-1760 cm
-1
associada a deformação de C=O de éster e entre 1600-1630 cm
-1
e 1405 cm
-1
relacionadas a deformação assimétrica e simétrica de carboxílatos.
[176, 177]
Outra banda de menor intensidade é a deformação angular de C-H a 1380 cm
-1
. Para o
alginato de sódio puro as principais bandas ocorrem a 3500 cm
-1
relacionadas a
deformações O-H e as deformações assimétricas e simétricas em 1601 e 1413
relacionadas a grupos carboxílatos.
[178]
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Transmitância
Numero de Onda (cm
-1
)
AS
AS/P 70/30
AS/P 50/50
AS/P 30/70
P
Figura 39 - Espectro de infravermelho de filmes de alginato (AS), pectina (P) e
blendas AS/P.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 105
Os espectros das blendas de AS/P apresentaram bandas típicas dos
componentes puros com intensidade proporcional a quantidade dos polissacarídeos nas
blendas. O alargamento e o deslocamento da banda de O-H para menor número de
onda e um pequeno deslocamento da banda de deformação simétrica de COO
-
a 1416
cm
-1
no alginato de sódio para 1414, 1409 e 1407 cm
-1
nas blendas AS/P 70/30, AS/P
50/50 e AS/P 30/70, respectivamente, sugerem interação parcial entre os componentes.
Esses resultados sugerem a formação de ligação de hidrogênio entre grupos hidroxilas
presentes em ambos os polissacarídeos, de maneira similar nas blendas de alginato
com PEO.
[179]
Essas blendas de alginato de sódio com o poli (óxido etileno) (PEO)
apresentaram variação no deslocamento e na intensidade nas bandas de O-H e C-O-C,
responsáveis pela formação de ligação hidrogênio entre os átomos de hidrogênios de
grupos éter do PEO e grupos hidroxilas do alginato.
Nesse caso, blendas de pectina e alginato não apresentaram mudanças
significativas de deslocamento de bandas ou formação de uma nova ligação, o que era
esperado, devido o alginato apresentar grande proporção de grupos manurônicos e a
pectina, baixo grau de esterificação. Estudos realizados a partir de géis da mistura de
alginato e pectina, obtidos a pH abaixo de 4, verificaram que suas características são
altamente dependentes da estrutura química dos polissacarídeos. Em geral, um gel
mais forte é obtido da mistura de pectina com alto grau de esterificação e alginato de
sódio com grande quantidade de unidades gulurônicas, enquanto que géis fracos são
obtidos de alginato de sódio com grande quantidade de unidades manurônicas.
[54]
4.8.2. Termogravimetria (TG)
A Figura 40 (a) e (b) mostra as curvas TG e DTG, respectivamente para os
filmes de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P.
Na curva TG é observado dois estágios de perda de massa para todos os
filmes, sendo o primeiro estágio de perda de massa, geralmente em torno de 100-
120ºC, relacionado à perda de água nas amostras e não será analisado neste estudo. O
Capítulo 4 – Resultados e discussões 106
segundo estágio, está relacionado a degradação dos componentes dos filmes, que pode
ser melhor visualizado nas curvas DTG.
De acordo com as curvas DTG, os filmes de pectina e da blenda AS/P 30/70
apresentam apenas um estágio de degradação, enquanto para o alginato de sódio e as
demais blendas, dois estágios de degradação são observados.
100 200 300 400 500
0,0
30
40
50
60
70
80
90
100
Perda de Massa (%)
Temperatura (ºC)
P
AS/P 70/30
AS/P 50/50
AS/P 30/70
AS
(a)
0 100 200 300 400 500
DTG
Temperatura ºC
% Pectina
100%
70%
50%
30%
0%
(b)
Figura 40 - Curvas TG (a) e DTG (b) para os filmes de alginato de sódio, pectina
e blendas AS/P.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 107
Isso sugere que o alginato, a pectina e suas blendas apresentam mecanismos
de degradação diferentes e no caso das blendas, esse mecanismo depende da sua
composição, como observado com a presença de dois estágios de degradação nas
blendas com maior proporção de alginato.
A Tabela 8 apresenta os valores da temperatura de máxima velocidade de
degradação e a perda de massa em cada estágio de degradação.
Tabela 8 - Parâmetros termogravimétricos referentes aos filmes formados de
alginato de sódio, pectina e blendas AS/P.
Segundo Estágio Terceiro Estágio
AS/P
T (ºC)
(a)
% m
(b)
T (ºC)
(a)
% m
(b)
% Resíduo a 500ºC
100/0 240 39,34 258 19,30 33,14
70/30 243 45,45 266 13,24 39,43
50/50 245 50,23 270 14,65 42,04
30/70 249 56,14 - - 37,25
0/100 253 60,30 - - 35,11
(a)
Temperatura de máxima velocidade de degradação (ºC).
(b)
Perda de massa em cada estágio de degradação (%).
Quanto aos valores de temperatura de máxima velocidade de degradação,
não se observou uma diferença signifcativa entre os valores do alginato e da pectina,
apenas uma tendência no aumento da estabilidade térmica, à medida que aumenta da
quantidade de pectina na blenda. Quanto aos valores de perda de massa, o alginato de
sódio e as blendas com maior proporção do mesmo, a perda de massa é maior no
primeiro estágio de degradação. Por exemplo, o alginato de sódio apresentou um valor
de 39,34 % de perda de massa, muito próximo do valor observado também por
Zahuriaan e colaboradores
[180]
. Além disso, foi observada uma maior massa residual a
500ºC para as blendas. Estes resíduos (em média 37- 42%) podem ser atribuídos à
formação de espécies que contém sódio, como Na
2
CO
3
e Na
2
O formados durante a
degradação similar ao que ocorrem com a carboximetilcelulose de sódio
[180]
e ácido
hialurônico
[181]
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 108
4.8.3. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
Os polissacarídeos são macromoléculas bastante complexas apresentando
estruturas químicas dependentes da fonte e método de extração que por sua vez
influenciam suas propriedades físico-químicas e interações com outros polímeros.
Um dos métodos utilizados para estimar a miscibilidade polímero-polímero
é a determinação da Tg
da blenda, comparada as dos polímeros puros
[61]
. Para que
ocorra a completa interação entre os polímeros, as cadeias devem se interpenetrar,
formando um sistema homogêneo que vai adquirir mobilidade instantânea, a uma
temperatura intermediária à Tg dos polímeros puros
[62]
.
A Tabela 9 apresenta os valores de transição vítrea para o alginato de sódio,
a pectina e blendas AS/P. Como mostrado na Tabela 9, a Tg para os filmes de alginato
de sódio foi de 131 °C, um valor maior que o encontrado por Miura e
colaboradores
[57]
. Para pectina, o valor de Tg encontrado foi de 40 °C muito próximo
do valor encontrado por Iijima e colaboradores
[63]
de aproximadamente 35°C para
pectinas de mesmo grau de esterificação. A miscibilidade entre alginato de sódio e
pectina foi confirmada pela presença de uma única Tg e intermediária a Tg dos
polissacarídeos puros nas blendas.
Tabela 9 - Temperatura de transição vítrea (Tg) de filmes de alginato de sódio,
pectina e blendas AS/P.
AS/P Tg (°C)
100/0 131
70/30 93
50/50 73
30/70 54
100/0 40
Os valores da Tg das blendas apresentaram-se em ordem crescente à
medida que aumenta a quantidade de alginato de sódio. Os valores das Tg das blendas
Capítulo 4 – Resultados e discussões 109
foram obtidos a partir da Tg dos polímeros puros determinados por DSC e com o
auxílio da equação de Fox (Equação 1).
Os valores da Tg das blendas AS/P foram estimados a partir da Tg dos
polissacarídeos puros determinados por DSC e pela equação de Fox. Os resultados
experimentais estão apresentados na Figura 41 e estão de acordo com os determinados
via DSC.
O alginato apresentou maior Tg que a pectina e suas blendas, sendo que
aumentando a quantidade de alginato nas mesmas, promove um aumento das suas Tg.
Esse resultado está de acordo com os obtidos em viscosimetria, reologia e DLS, com o
alginato apresentando maior volume hidrodinâmico ([η]), bem como, valores maiores
de G e η∗ e R
h
em solução aquosa, relacionado com sua massa molar e estrutura
totalmente ionizada (grupos carboxílatos) em comparação com a pectina.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
310
320
330
340
350
360
370
380
390
400
410
Tg (K)
w
(
Pectina
)
Comportamento teórico-Equação de Fox
Dados experimentais
Figura 41 - Comparação do modelo de Fox aplicado aos filmes de alginato,
pectina e as blendas AS/P, em função da fração de pectina (w).
4.8.4. Ensaios Mecânicos
As propriedades mecânicas dos filmes de alginato, pectina e blendas AS/P
foram comparadas entre si e com diferentes umidades relativas, às quais foram
expostos os filmes antes da realização dos ensaios mecânicos. Os valores do módulo
de elasticidade, da tensão máxima e da deformação na ruptura são apresentados na
Capítulo 4 – Resultados e discussões 110
Tabela 10. Para melhor visualização do efeito produzido pelas diferentes proporções
nas blendas e umidade relativa, esses mesmos resultados são apresentados nas três
figuras abaixo.
Tabela 10 - Resultados obtidos para o módulo de Young, deformação na ruptura
e tensão máxima para os filmes de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P na
presença de diferentes umidades relativas.
Filme AS/P UR (%)
Módulo de
elasticidade (MPa)
Tensão
máxima (MPa)
Deformação
na ruptura (%)
43 480,9±17 60,0±2,4 6,9±1,2
100/0
75 400,2±16 53,2±1,2 10,2±0,8
43 467,1±11 59,1±3,0 6,0±0,5
70/30
75 380,3±14 50,5±1,5 9,2±1
43 440,2±14 57,1±1,2 5,0±0,4
50/50
75 345,3±16 48,3±1,2 8,3±2,5
43 420,0±18 55,5±1,8 4,0±1,6
30/70
75 318,4±11 47,1±1,4 7,0±1,3
43 392,0±12 54,6±2,4 3,1±1,2
0/100
75 308,1±10 46,8±1,5 4,8±1,4
Os resultados da Tabela 10 e das Figura 42 e Figura 43 mostraram que os
valores de módulo de elasticidade e deformação na ruptura diminuem com o aumento
da quantidade de pectina nas blendas e apresentaram valores intermediários aos
valores de alginato de sódio e pectina e dependentes da proporção dos polímeros puros
em cada blenda. Esse comportamento foi independente da exposição dos filmes a
umidades relativas de 43% ou 75%.
O filme de alginato de sódio exposto à umidade relativa de 43% apresentou
o valor de 480,9±17 para o módulo de elasticidade, enquanto que para a pectina o
valor foi de 392,0±12. Essa diferença na rigidez dos filmes de alginato de sódio em
comparação com os da pectina pode ser explicada pela estrutura mais homogênea das
cadeias do alginato, sem a presença de grupos esterificados ou anexos de açúcares
neutros como acontece na estrutura das cadeias da pectina. Essa organização mais
homogênea da estrutura reflete em uma estrutura global, no estado sólido (no caso,
Capítulo 4 – Resultados e discussões 111
filmes), mais organizado e, portanto mais resistente a tração devido à maior
possibilidade de interações intermoleculares. Esse resultado corrobora com os obtidos
em reologia e viscosimetria, onde o alginato de sódio apresentou maior valor de η∗ e
[η]. Os valores da deformação na ruptura foram 6,9±1,2 para o alginato de sódio e
3,1±1,2 para a pectina, também refletem esse caráter estrutural dos diferentes
polímeros. O valor de deformação na ruptura referente ao alginato de sódio está
próximo ao encontrado por Rhim e colaboradores
[90]
. A tensão máxima apresentou a
mesma tendência que o módulo de elasticidade e a deformação na ruptura, mas com
uma pequena diminuição nos valores com o aumento da quantidade de pectina. As
blendas de AS/P 30/70 e AS/P 50/50 e de pectina pura apresentam-se menos rígidas e
com menor valor em tensão máxima comparada com os filmes de alginato de sódio. O
pequeno aumento no módulo e da tensão máxima das blendas AS/P 30/70 e AS/P
50/50 em relação as propriedades da pectina pode ser devido a ligações de hidrogênio
intermoleculares que ocorrem entre alginato de sódio e pectina. A formação de
ligações de hidrogênio em outros sistemas de polímeros também promoveu o aumento
o módulo de elasticidade e tensão máxima, como por exemplo, para os filmes de PEO
e alginato de sódio
[179]
e para os filmes de poli (acrilamida) /alginato de sódio
[182]
.
0
100
200
300
400
500
Módulo de Young (MPa)
Composição de Pectina (%)
UR 43%
UR 75%
03050
70
100
Figura 42 – Módulo de elasticidade para filmes de alginato de sódio, pectina e
suas blendas.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 112
As propriedades mecânicas do filmes após um período de 21 dias sugerem
que a água atua como plastificante para filmes poliméricos
[183]
. A água atua
aumentando a mobilidade das cadeias poliméricas e sua baixa massa molar permite um
maior aumento na mobilidade molecular de polímeros amorfos e parcialmente
cristalinos, devido ao aumento do volume livre.
[184]
O módulo de elasticidade é uma medida fundamental da rigidez dos filmes,
assim quanto maior o módulo de elasticidade, maior a rigidez do material. Na Figura
42, observou-se que aumentando a umidade relativa de 43% para 75%, todos os filmes
apresentaram diminuição no valor do módulo de elasticidade. Por exemplo, o filme de
pectina apresentou uma diminuição do valor do módulo de elasticidades de 392,0±12
MPa para 308,1±10 MPa, com o aumento da umidade relativa de 43% para 75%,
tornando-se mais flexível. O aumento na flexibilidade de filmes foi observado também
para o amido exposto a alta umidade relativa.
[185]
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Deformação na Ruptura (MPa)
Composição de Pectina (%)
UR 43%
UR 75%
0
30
50
70
100
Figura 43 – Deformação na ruptura para filmes de alginato de sódio, pectina e
suas blendas.
O aumento da umidade relativa influenciou os valores de deformação na
ruptura e tensão máxima para todos os filmes (Figura 43 e Figura 44), devido ao efeito
plastificante da água. De maneira similar, o aumento da umidade relativa reduziu o
Capítulo 4 – Resultados e discussões 113
módulo de elasticidade e tensão máxima, pricipalmente dos filmes de pectina e das
blendas AS/P 70/30 e AS/P 50/50.
0
10
20
30
40
50
60
Tensão Máxima (MPa)
Composição de Pectina (%)
UR 43%
UR 75%
03050
70
100
Figura 44 – Tensão máxima obtida para filmes de alginato de sódio, pectina e
suas blendas.
4.8.5. Cinética de Absorção de Água (AA)
A procura por polímeros que ofereçam propriedades importantes para a
manutenção da umidade entre bandagem/lesão, tem aumentado o interesse na
utilização de polímeros de origem natural, devido a sua biocompatibilidade com os
tecidos e não toxicidade e em geral sua maior capacidade de absorção de vapores de
água frente aos polímeros sintéticos. O alginato de sódio tem sido bastante utilizado na
preparação de bandagens e neste trabalho pretende-se a substituição do mesmo por
pectina e que é produzida em abundância no Brasil e que apresenta características
muito similares ao alginato de sódio. Dessa forma analisou-se nesta etapa do trabalho,
a influência da parcial substituição de alginato de sódio por pectina em blendas AS/P
na absorção de vapores de água.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 114
A Figura 45 mostra a porcentagem de absorção de vapores de água em UR
43%. O filme de alginato de sódio a absorção foi mais rápida, provavelmente
provocada pelo seu caráter predominantemente iônico, o equilíbrio foi alcançado após
90 minutos. Para filmes de pectina a absorção foi ligeiramente mais lenta em relação
ao alginato de sódio, com o equilíbrio atingido após 120 minutos. As blendas
apresentaram absorção intermediária e dependente da proporção dos polímeros puros.
O aumento gradual de pectina em filmes de alginato diminui a absorção de vapores de
água passando de 17% para 14% na blenda AS/P 30/70 e 15% para a blenda AS/P
50/50, valores muito próximos entre si.
0 50 100 150 200 250 300
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Absorção de Água (%)
Tempo (minutos)
AS
AS/P 70/30
AS/P 50/50
AS/P 30/70
P
Figura 45 - Curva de absorção de vapores de água para filmes de alginato de
sódio, pectina e blendas AS/P a UR 43%.
O aumento da UR de 43% para 75% na Figura 46, apresentou um aumento
na capacidade de absorção de vapores de água e também no tempo para que o
equilíbrio fosse atingido. O filme de alginato de sódio apresentou maior absorção de
vapores de água em relação ao filme de pectina, pelo motivo discutido acima, e as
blendas apresentam valores intermediários e também dependentes da proporção dos
polímeros puros, como observado em UR 43%.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 115
0 50 100 150 200 250 300
0
10
20
30
40
50
Absorção de Água (%)
Tempo (minutos)
AS
AS/P 70/30
As/P 50/50
As/P 30/70
P
Figura 46 – Curva de absorção de vapores de água para filmes de alginato de
sódio, pectina e suas blendas a UR 75%.
O aumento da UR influenciou a cinética de absorção de vapores de água
para o alginato de sódio com um aumento de 17% para 47% e para pectina de 13%
para 35%. A mesma tendência foi observada para as blendas, por exemplo, AS/P 30/70
passou de 14% para 37% de absorção de vapores de água.
4.8.6. Microscopia Eletrônica de Varredura
Com o intuito de investigar alterações na morfologia dos filmes devido a
mistura de alginato de sódio e pectina, análises de microscopia eletrônica de varredura,
foram realizadas.
A Figura 47 (a), (b), (c), (d) e (e) apresentam as micrografias da superfície
dos filmes de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P 70/30, AS/P 50/50 e AS/P
30/70, respectivamente. A Figura 47 (f) mostra a secção transversal do filme de
alginato de sódio.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 116
(a) (b)
(c ) (d)
(e) (f)
Figura 47 – Morfologia dos filmes de alginato de sódio (a), pectina (b) e blendas
AS/P 70/30 (c), AS/P 50/50 (d), AS/P 30/70 (e) e secção transversal do filme de
alginato de sódio (f).
A superfície dos filmes apresenta-se em geral compactas e sem poros. Nos
filmes de alginato de sódio e pectina alguns pontos brancos estão dispersos na
superfície. Estes pontos brancos foram identificados por espectroscopia de energia
Capítulo 4 – Resultados e discussões 117
dispersiva (EDS) (Figura 48 a e b) como íons sódio cujo pico é mais intenso como
esperado no alginato, além de pequenos domínios dispersos na matriz (pequenos
agregados).
(a)
(b)
Figura 48 - Espectroscopia de energia dispersiva (EDS) de filme de alginato de
sódio (a) e pectina (b).
Nenhuma separação de fase foi observada para as blendas e em geral todas
apresentam superfícies compactas e lisas com pequenos agregados que diminuem
quando a proporção de pectina aumenta na blenda, bem como os pontos brancos,
identificada como íons sódio. A mesmas características apresentadas na superfície são
Capítulo 4 – Resultados e discussões 118
também observadas na secção transversal para todos os filmes como mostrada na
secção transversal de filmes de alginato de sódio.
4.8.7. MEV das matrizes porosas
Estruturas tridimensionais (3-D) de matrizes poliméricas porosas são
utilizadas como suporte para liberação de fármacos, por exemplo, no tratamento de
lesões como queimaduras e ao mesmo tempo permitir o crescimento do tecido
lesionado. Neste último caso, as matrizes devem ter alta porosidade, grande área
superficial, tamanho adequado de poros e a estrutura devem ter os poros altamente
interconectados, além de ser biodegradável e biocompatível. As matrizes foram
obtidas pelo método descrito por Lima na preparação de matrizes de quitosana
[133]
com
as mesmas soluções de alginato e sódio, pectina e das blendas AS/P utilizada na
preparação dos filmes. A preparação de matrizes porosas tem sido obtida por
diferentes métodos, com destaque para o processo de liofilização.
[186, 187]
Uma das
vantagens deste método é obtenção de matrizes com tamanho de poros uniformes,
utilizando apenas água (cristais de gelo) na formação dos poros. As matrizes foram
obtidas via liofilização das soluções aquosas, a partir do congelamento gradativo das
soluções. Os poros formados nas matrizes são provenientes da formação de núcleos de
cristais de gelo na solução durante o congelamento e subseqüente remoção do mesmo
pelo processo de liofilização. O congelamento gradativo foi adotado para permitir uma
cristalização lenta da solução, evitando a formação de cristais de gelo de forma mais
alongada que dependendo do seu tamanho poderia comprometer a estrutura da matriz.
Segundo Zmora e colaboradores
[92]
, ao medir a temperatura durante o processo de
congelamento de soluções de alginato de sódio, o congelamento a -20 ºC mostrou uma
diminuição inicial na temperatura da solução até -10 ºC, seguida de um aumento para -
2ºC, que foi mantido por 40 minutos, seguido por uma diminuição para -20ºC até 100
minutos. O aumento na temperatura de se deve ao fato da taxa de remoção do calor
pelo ar frio do freezer não ser suficientemente rápido em relação à quantidade de calor
liberado durante a cristalização da água (altamente exotérmica). Assim, o aumento da
Capítulo 4 – Resultados e discussões 119
liberação de calor provavelmente provocaria a fusão de pequenos cristais de gelo,
promovendo a formação de grandes poros de formato alongado.
As matrizes são homogêneas, de cor levemente amarelada e resistente,
porém flexíveis. A Figura 49 (a), (b), (c) e (d) mostra a superfície das matrizes porosas
de alginato de sódio, AS/P 70/30, AS/P 50/50 e AS/P 30/70 sendo (e) e (f) a superfície
da matriz de pectina em aumento diferente (aumento de 50 vezes).
(a) (b)
(c ) (d)
(e) (f)
Figura 49 – Morfologia das matrizes porosas de alginato de sódio (a), AS/P 70/30
(b), AS/P 50/50 (c), AS/P 30/70 (d) e pectina (e) (f).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 120
As matrizes de pectina apresentaram poros menores (103±14µm)
comparados com as matrizes de alginato de sódio (277±25 µm), enquanto as blendas
apresentaram tamanho dos poros intermediários aos polímeros puros, sendo 232±14,
177±30 e 168±19µm para as matrizes contendo 30%, 50% e 70% de pectina. Além
disso, a matriz porosa de pectina Figura 49 (f) apresentou poros menos interconectados
em relação as matrizes composta da blenda AS/P e do alginato de sódio puro.
A comparação entre a superfície e secção transversal da matriz AS/P 30/70
é mostrada na Figura 50 (a) e (b), respectivamente. A partir da Figura 50 foi observado
a presença de poros na secção transversal e também presentes nas demais matrizes
(morfologia não mostrada).
(a) (b)
Figura 50 – Morfologia da matriz porosa AS/P 30/70 (a) superfície e (b) secção
transversal.
O resultado de MEV indica que a composição polimérica influenciou no
tamanho dos poros das matrizes, que consequentemente influenciará as propriedades
mecânicas e de liberação do fármaco.
4.8.8. Ensaio de compressão
A aplicação das matrizes porosas como sistema de liberação de fármaco e
ao mesmo tempo como curativo para lesões, requerem propriedades mecânicas
adequadas como resistência e ao mesmo tempo flexibilidade para permitir a
Capítulo 4 – Resultados e discussões 121
regeneração do tecido lesionado. A Figura 51 mostra a variação do módulo de
compressão e da tensão máxima em função da composição de pectina.
0,00,20,40,60,81,0
0
1
2
3
4
45
50
55
60
65
Módulo de compressão (MPa), Tensão Máxima (MPa)
Composição de pectina (%)
Figura 51 – Módulo de compressão () e tensão máxima () das matrizes em
função da composição de pectina.
Em geral, com a adição de alginato ocorreu o aumento das propriedades
mecânicas das matrizes porosas, que estão relacionados com os mesmos fatores
discutidos nos filmes. Esse resultado apresentou a mesma tendência nas propriedades
mecânicas observadas nos filmes. Outro fator determinante para as propriedades
mecânicas é a conectividade entre os poros, que aumentou com o acréscimo da
quantidade de alginato de sódio.
As matrizes porosas de alginato de sódio já são utilizadas em uma
variedade de aplicações biomédicas e possuem boas propriedades mecânicas
[92]
. O
módulo de compressão e a tensão máxima apresentaram valores intermediários para as
matrizes porosas formadas a partir das blendas de alginato de sódio/pectina, o que
torna viável a utilização das blendas para fabricação de bandagens compostas com
pectina para redução dos custos do produto final.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 122
4.9. Caracterização físico-química de filmes e matrizes reticulados com CaCl
2
ou
EDC
Em geral, as propriedades mecânicas e principalmente solubilidades em
água de polissacarídeos hidrofílicos são controladas via processo de reticulação. O
controle da solubilidade em água é de grande interesse tanto na indústria alimentícia e
farmacêutica tanto para a proteção dos alimentos e controle da liberação de fármacos,
como na área de biomateriais que podem ser utilizados tanto na engenharia de tecidos
e também como curativos para lesões proporcionando o crescimento do tecido
lesionado. A diminuição da solubilidade se deve ao fato do processo de reticulação
provocar uma diminuição do volume livre das cadeias poliméricas, devido a formação
de ligações cruzadas entre as mesmas.
A partir dos resultados prévios é possível a preparação de filmes e matrizes
porosas da mistura de alginato de sódio/pectina e dessa forma, a substituição parcial do
alginato de sódio pela pectina garantirão a diminuição dos custos do produto final.
4.9.1. Razão de intumescimento (RI) de filmes reticulados em etanol-água
Durante a etapa do processo de reticulação por imersão de polímeros
solúveis em água é muito importante evitar a sua dissolução do mesmo. Para isso foi
utilizada uma solução contendo um não solvente, neste estudo, o etanol. Em contra
partida, a baixa solubilidade do agente reticulante EDC em etanol
[112, 117]
demanda o
uso de uma quantidade de água adequada para sua manutenção em solução, facilitando
assim a eficiência da reticulação. A RI em função da variação da concentração de
etanol dos filmes de alginato de sódio, pectina e blendas AS/P são mostrados na Figura
52. Uma redução de RI com o aumento da quantidade de etanol na solução foi
observada.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 123
40 50 60 70 80 90 100
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
40 50 60 70 80 90 100
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
40 50 60 70 80 90 100
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
40 50 60 70 80 90 100
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
40 50 60 70 80 90 100
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
RI (g/g)
Concentração de etanol (v/v)
P
RI (g/g)
Concentração de etanol (v/v)
AS/P 30/70
RI (g/g)
Concentração de etanol (v/v)
AS/P 50/50
RI (g/g)
Concentração de etanol (v/v)
AS/P 70/30
RI (g/g)
Concentração de etanol (v/v)
AS
Figura 52 - Efeito da concentração de etanol sobre a RI de filmes de alginato de
sódio, pectina e blendas AS/P em etanol-água.
O filme de alginato de sódio apresentou menor RI comparativamente a
pectina que apresentou alto grau de intumescimento a 40% de etanol. Este
comportamento está relacionado com a diferença na estrutura dos polissacarídeos, ou
seja, a pectina apresenta estrutura menos organizada. As blendas apresentaram um
comportamento dependente e intermediário ao alginato de sódio e pectina.
Como observado na Figura 52 acima, a dissolução dos filmes no meio pode
ser evitada quando a concentração de etanol na solução foi entre 60-70% (v/v) da
solução, dependendo da composição dos filmes. Os filmes de AS/P 70/30 e de alginato
de sódio apresentaram pequena RI quando os filmes foram colocados em 100% de
etanol. Na literatura, filmes de alginato de sódio e ácido hialurônico
[112, 117]
apresentaram insolúveis na mesma faixa de concentração de etanol. Com base nesse
resultado a concentração de etanol escolhido foi de 60% necessária a reticulação por
Capítulo 4 – Resultados e discussões 124
imersão dos filmes e adotada também para as matrizes porosas sem a dissolução das
estruturas e a precipitação do EDC.
4.9.2. Formação dos filmes e matrizes porosas
A reticulação dos filmes e matrizes porosas foi realizada através de dois
processos de reticulação: o primeiro denominado reticulação por imersão e o segundo
reticulação em solução.
No caso da reticulação com CaCl
2
(coordenação iônica com íons cálcio), a
adição do sal nas soluções poliméricas provoca um rápido aumento da viscosidade em
solução e formação de um gel não homogêneo. Assim, os filmes e as matrizes
formados a partir desta solução dissolvem-se em poucos minutos em solução
tamponada pH 7,4 (em torno de 15 minutos dependendo da composição). Tendo em
vista este resultado, os filmes e as matrizes porosas foram submetidos ao segundo
processo de reticulação por imersão em solução etanólica contendo CaCl
2
e não em
água. A utilização do etanol ao invés de água tem como objetivo, evitar a competição
entre dois processos: a dissolução dos polissacarídeos e a reticulação das estruturas
pela formação da reticulação entre as cadeias poliméricas e Ca
2+[188]
. Neste segundo
processo, que será discutido posteriormente, as estruturas tornam-se insolúveis em
solução tamponada e seu tempo de dissolução será discutido nas próximas seções.
Conforme descrito na literatura,
[90, 99, 125]
a reticulação por imersão de filmes de
alginato de sódio com alta concentração de CaCl
2
induz a uma reticulação rápida na
superfície do filme e, diminuindo em conseqüência, a difusão dos íons cálcio no
interior do mesmo. No caso das matrizes, a reticulação ocorre nas paredes formadas
entre os poros.
A reação de reticulação de polissacarídeos com EDC (formação da ligação
éster entre os grupos carboxilas e grupos hidroxilas inter ou intra-cadeia) em meio
aquoso é extremamente difícil devido a desativação do EDC, observada em muitos
estudos
[111, 115, 174, 175]
. Por este motivo, embora a reticulação das soluções de pectina e
blendas AS/P contendo até 70 % de pectina foram evidenciados em experimento
Capítulo 4 – Resultados e discussões 125
reológicos, os filmes obtidos a partir dessas soluções intumescem rapidamente cerca
de 90% de seu peso em 30 minutos e ao redor de 4h dissolvem-se. Por outro lado, os
filmes obtidos com maior proporção de alginato de sódio e também os filmes de
alginato puros dissolvem-se em aproximadamente 2h. Para o alginato de sódio, além
da desativação do EDC em meio aquoso, a formação de ácido algínico em pH 4
contribui para a diminuição da eficiência da reticulação. No sentido de evitar a
formação do ácido algínico, o melhor pH para o alginato de sódio foi escolhido pH 5.
Assim, os filmes e as matrizes foram submetidos ao segundo processo de reticulação
em solução etanólica (60% v/v) que permite maior estabilidade do EDC em solução,
além de evitar a solubilização das estruturas antes da reticulação. Nessa etapa, a
escolha do melhor valor de pH e concentração da solução etanólica foi essencial para a
eficiência da reticulação.
4.9.3. Espectroscopia no infravermelho
Os espectros de infravermelho dos filmes obtidos após os processos de
reticulação são mostrados nas figuras abaixo.
A Figura 53 mostra o espectro de infravermelho do filme de alginato de
sódio reticulado com cálcio. O espectro mostra diferenças na forma e deslocamento
dos picos. A banda de deformação O-H (3380 cm
-1
) torna-se ligeiramente mais estreita
e com maior intensidade, característico de ligação intramolecular. A banda de
deformação simétrica do COO
-
em 1420 cm
-1
exibe deslocamento para 1428 cm
-1
e
diminui de intensidade. Segundo Sartori e colaboradores
[189]
a banda em 1420 cm
-1
é
específica para ligação iônica e a substituição de íons sódio por cálcio pode alterar a
densidade de carga, massa atômica e o raio ao redor dos grupos carbonila causando o
deslocamento. As bandas na região entre 1150-1000 cm
-1
relacionadas com as
deformações de C-C e C-O apresentaram um pequeno deslocamento para menor
comprimento de onda, indicativo do enfraquecimento dessas ligações devido ao
compartilhamento com os íons cálcio. Para pectina (dados não mostrados), os mesmos
deslocamentos foram observados.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 126
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1410 cm
-1
Transmitância
Número de Onda (cm
-1
)
Alginato de sódio
Alginato de Sódio Reticulado
1428 cm
-1
Figura 53 – Espectro de infravermelho do filme de alginato de sódio reticulado
com cálcio.
A Figura 54 mostra os espectros das blendas AS/P reticuladas, com
destaque o deslocamento na banda COO
-
em 1420 cm
-1
.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1426 cm
-1
Número de Onda (cm
-1
)
A/P 50/50
1443 cm
-1
Transmitância
A/P 30/70
A/P 70/30
1428 cm
-1
Figura 54 - Espectro de infravermelho dos filmes reticulados com cálcio das
blendas AS/P em diferentes composições.
A reação de reticulação com EDC foi conduzida a pH 4 para pectina e
blendas AS/P e, para o alginato de sódio a pH 5 para evitar a formação de ácido
algínico, com a diminuição da eficiência da reticulação. A Figura 55 sugere que não
ocorreu a formação de ácido algínico, que apresenta uma banda característica em torno
de 1747cm
-1
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 127
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Trnasmitância (%)
Número de Onda (cm
-1
)
Alginato de sódio
1609
Alginato de sódio reticulado
1600
1700
Figura 55 – Espectro de infravermelho do filmes de alginato de sódio reticulado
com EDC a pH 5.
Como pode ser observado, a diferença mais significativa nos espectros de
infravermelho dos filmes não reticulados e reticulados do alginato de sódio foi a
presença da banda em 1700 cm
-1
, correspondente a grupos carbonila de ligação
éster
[116]
. A pectina como no alginato de sódio, é um polissacarídeo que possui ambos
os grupos hidroxila e carboxila e como pode ser visto na Figura 56, a pectina também
é reticulada na presença de EDC, apresentando a banda característica de ligação éster.
A formação de ligações cruzadas também foi confirmada em experimento de reologia,
através do aumento do valor do G’ em relação ao G”.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 128
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1616 cm
-1
Transmitância (%)
Número de Onda (cm
-1
)
Pectina
1750 cm
-1
1700 cm
-1
1750 cm
-1
Pectina reticulada
Figura 56 – Espectro de infravermelho da pectina reticulada com EDC a pH 4.
Similarmente aos componentes puros, as blendas AS/P apresentaram a
banda em 1700 cm
-1
(Figura 57).
Os grupos hidroxila e carboxila presentes na estrutura da pectina e do
alginato de sódio são responsáveis pela reticulação, e para que esta ocorra, é necessária
à formação da ligação éster entre estes grupos. Como descrito na literatura
[115]
, o EDC
promove a formação de anidrido ácido entre dois grupos carboxila pertencentes a
mesma ou diferentes moléculas do polissacarídeo. O anidrido ácido resultante pode
reagir rapidamente com grupos hidroxilas do polissacarídeo, formando a ligação éster.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 129
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1700cm
-1
Número de Onda (cm
-1
)
A/P 70/30
1700cm
-1
Transmitância
A/P 50/50
1700cm
-1
A/P 30/70
Figura 57 – Espectro de infravermelho das blendas de alginato de sódio/pectina
reticuladas com EDC a pH 4.
Ainda não esta claramente definido se a reação é intra ou intermolecular.
Como o anidrido ácido formado é muito instável a temperatura ambiente e em meio
aquoso, este podera novamente ser hidrolisado ao grupo carboxila original, ou reagir
rapidamente com grupos nucleofílicos como, por exemplo, as hidroxilas formando as
ligações ester ( banda em 1700 cm
-1
). Este mecanismo foi amplamente discutido por
Tomihata e Ikada para os sistemas do poli (ácido acrílico) (PAA) e o poli (ácido
glutâmico) (PGA) reticulados com EDC
[112]
. Estes polímeros ácidos apresentam
apenas grupos carboxila como sítios reativos e o espectro de infravermelho mostraram
a formação de novas bandas em 1050, 1760 e 1820 cm
-1
após a reação com EDC,
característico do anidrido ácido. Estas bandas não foram evidenciadas nos espectros de
infravermelho do alginato de sódio, pectina e blendas AS/P sugerindo que a reação de
reticulação ocorreu via a formação de anidrido ácido, seguido da rápida formação da
ligação éster entre estes e os grupos hidroxila das cadeias do alginato de sódio e/ou
pectina. Além disso, o intermediário anidrido pode ser também instável para
permanecer até as medidas de infravermelho.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 130
4.9.4. Microscopia Eletrônica de Varredura
A Figura 58 mostra a morfologia das superfícies e das secções transversais
dos filmes de composição AS/P 70/30 reticulada com cálcio (Figura 58 a e b) e da
blenda AS/P 50/50 reticulada com EDC (Figura 58 c e d). Os filmes dos
polissacarídeos puros e da composição AS/P 30/70 apresentaram morfologias
similares (dados não mostrados).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 58 – Micrografia de MEV dos filmes de AS/P 70/30 reticulados com cálcio
(a) e (b) e de AS/P 50/50 reticulados com EDC (c) e (d).
A superfície e secção transversal de ambos os filmes apresentaram
características de um material denso e sem porosidade. No entanto, o filme reticulado
com cálcio não foi homogêneo, apresentando pequenos agregados dispersos na
superfície. Estes agregados estão provavelmente relacionados com microgéis formados
durante o processo de reticulação com cálcio (provavelmente na reticulação realizada
em solução), conforme mostrado pelo espectro de EDS (Figura 59).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 131
Figura 59 – Espectro de espectroscopia de energia dispersiva (EDS) do filme de
AS/P 70/30 reticulado com cálcio.
A secção transversal mostrou estruturas homogêneas, mas com aspecto
rígido e características lamelares diferentes do observado para os filmes não
reticulados que apresentaram uma estrutura lisa, compacta e densa para ambos os
filmes.
As matrizes porosas (Figura 60) apresentaram morfologias dependentes de
sua composição e do tipo de agente reticulante utilizado. As Figura 60 (a) (c) (e) e (g)
mostram as superfícies das matrizes porosas de alginato, AS/P 70/30, AS/P 50/50 e
pectina reticuladas com cálcio, enquanto (b), (d), (f) e (h) representam as matrizes
porosas reticuladas com EDC nas mesmas composições anteriores. O tamanho médio
dos poros estimado por MEV é mostrado na Tabela 11.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 132
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
Figura 60 – Micrografia de MEV das matrizes porosas de alginato, AS/P 70/30,
AS/P 50/50 e pectina reticuladas com cálcio (a, c, e, g) e EDC (b, d, f, h).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 133
As matrizes reticuladas com cálcio apresentaram uma diminuição no
tamanho médio dos poros em relação as matrizes não reticuladas, que pode estar
relacionado com a rápida coordenação com íons cálcio durante a reticulação,
reduzindo a mobilidade das cadeias dos polímeros.
Para as matrizes reticuladas com cálcio, o tamanho médio dos poros
obedece a seguinte ordem: P>AS/P 30/70>AS/P 50/50>AS/P 70/30> AS. Em geral, as
matrizes apresentaram poros interconectados exceto a matriz de pectina que
apresentou um grau de conectividade menor entre os poros e maior tamanho de poros.
De acordo com Braccini e colaboradores
[26]
, a pectina exibe associação cadeia-cadeia
com cálcio diferente do alginato que é baseado no modelo “egg-box”. A cavidade
formada através da associação entre as cadeias de pectina é muito grande para
acomodar o cálcio. Os autores propõem um modelo da interação das cadeias da pectina
com cálcio com sítios de coordenação consecutivos e não alternada como no alginato.
Entretanto, a associação não é tão efetiva como no alginato que apresenta sítios
alternados de coordenação com o cálcio. Diminuindo a quantidade de pectina para
70%, as matrizes apresentam melhor conectividade dos poros que a pectina pura.
Tabela 11 - Tamanho médio dos poros das matrizes porosas reticuladas.
Matriz
porosa
Tamanho médio dos
poros matrizes não
reticuladas (µm)
Tamanho médio dos
poros matrizes
reticuladas com CaCl
2
(µm)
Tamanho médio dos
poros matrizes
reticuladas com EDC
(µm)
AS 277 170 291
A/P 70/30 232 180 307
A/P 50/50 177 187 285
A/P 30/70 168 194 250
P 103 201 209
As matrizes reticuladas com EDC apresentaram tamanho médio dos poros
maior que as matrizes não reticuladas e as reticuladas com cálcio. Aparentemente, a
formação de ligações covalentes com a adição de EDC entre as cadeias dos
Capítulo 4 – Resultados e discussões 134
polissacarídeos, apresentou certa mobilidade em relação à ligação iônica. Além disso,
a reticulação com EDC não é rápida como no caso com os íons cálcio.
A ordem para o tamanho dos poros das matrizes reticuladas com EDC é
inversa a da reticulação com cálcio, ou seja: AS>AS/P 70/30>AS/P 50/50>AS/P 30/70
> P. Todas as matrizes apresentaram conectividade entre os poros, que é um fator
essencial para aplicação biomédica, por exemplo, o crescimento de tecidos de maneira
homogênea e uniforme, o que possibilita a utilização inclusive de matrizes de pectina.
O aumento no tamanho dos poros no alginato pode estar relacionado com a
menor eficiência da reticulação em pH 5, bem como, perda da estabilidade do EDC em
solução e competição entre os polissacarídeos pelo agente reticulante.
A Figura 61 mostra a secção transversal das matrizes de pectina e alginato
de sódio, respectivamente, reticuladas com cálcio (Figura 61 a e b) e com EDC (Figura
61 c e d).
A matriz de pectina reticulada com cálcio apresentou também na sua secção
transversal baixa conectividade entre os poros, enquanto a matriz de alginato
apresentou os poros bem distribuídos e conectados entre si.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 135
(a) (b)
(c) (d)
Figura 61 – Microscopia de MEV da secção transversal das matrizes de pectina
(a,c) e alginato (b,d) reticuladas com cálcio e EDC.
A matriz de pectina reticulada com EDC, contrariamente ao que ocorreu
com cálcio, apresentou poros menores e conectados entre si. Para a matriz de alginato,
os poros foram maiores que os da pectina e as matrizes reticuladas com cálcio.
Com exceção da matriz de pectina reticulada com cálcio, as demais
matrizes analisadas apresentaram poros conectados entre si e dependentes da
composição e do tipo de agente reticulante utilizado no processo, podendo ser
utilizadas como sistema de liberação de fármaco e também como bandagens.
4.9.5. Ensaios mecânicos: Ensaio de tração dos filmes reticulados
As Figura 62, 63 e 64 apresentam o módulo de Young, a deformação na
ruptura e a tensão máxima dos filmes não reticulados e reticulados com cálcio e EDC.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 136
O ensaio de tração de filmes de alginato de sódio e pectina reticulados com cálcio
[90,
190]
já é descrito na literatura, ao contrário dos filmes reticulados com EDC.
0 102030405060708090100
0
100
200
300
400
500
600
Módulo de Young (MPa)
Composição de Pectina (%)
Não reticulados
Reticulados com EDC
Reticulados com CaCl
2
Figura 62 – Módulo de Young dos filmes reticulados com cálcio e EDC em função
da composição de pectina.
Os filmes de pectina e alginato de sódio apresentaram valores de módulo de
Young maiores que os filmes não reticulados. Por exemplo, alginato de sódio e pectina
nas mesmas condições experimentais, apresentaram antes da reticulação módulo de
Young de 480 MPa e 392 MPa, respectivamente. Após a reticulação com cálcio, os
módulos foram de 514 e 468 MPa. As blendas AS/P apresentaram a mesma tendência
observada para os polímeros puros. O aumento no módulo de Young indica a
formação de ligações cruzadas das cadeias do alginato de sódio e pectina com os íons
cálcio. A ordem para os valores de módulo de Young é: AS >AS/P 70/30 > AS/P
50/50 >AS/P 30/70 >P.
Os filmes reticulados com EDC também apresentaram valores de módulo
de Young maiores que os filmes não reticulados (521 MPa para o alginato e 420MPa
para pectina), conseqüência da formação da ligação covalente (ligação éster) entre as
cadeias poliméricas.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 137
Quando se compara os valores do módulo de Young dos filmes reticulados
com cálcio e EDC, os filmes reticulados com cálcio apresentaram uma pequena
tendência para o aumento do módulo de Young em todas as composições dos filmes
em relação aos filmes reticulados com EDC. Esse resultado pode estar relacionado
com o caráter iônico da ligação com os íons Ca
2+
, resultado da coordenação pelos
grupos G do alginato e galacturônicos da pectina.
A Figura 63 mostra a deformação na ruptura do filmes reticulados e a
mesma tendência é observada em relação aos filmes não reticulados, na seguinte
ordem: AS> AS/P 70/30>AS/P 50/50> AS/P 30/70>P.
0 102030405060708090100
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Deformação na Ruptura
Composição pectina (%)
Não reticulado
Reticulado com EDC
Reticulado com CaCl
2
Figura 63 – Gráfico de deformação na ruptura em função da composição de
pectina para os filmes reticulados com cálcio e EDC.
Entretanto, com a reticulação houve uma diminuição do valor da
deformação na ruptura, por exemplo, para a blenda AS/P 30/70 de 4 MPa para 3 MPa
após reticulação. Os filmes de alginato reticulados com cálcio apresentaram valor de
deformação na ruptura (6,3MPa) muito próximo ao descritos na literatura na faixa de
4,5 a 8 MPa
[90, 99]
. O aumento do módulo de Young e diminuição da deformação na
ruptura após reticulação são bastante observados em filmes de polissacarídeos e
Capítulo 4 – Resultados e discussões 138
proteínas.
[191-193]
Quanto aos reticulantes utilizados, não houve uma diferença
significativa entre os valores de deformação máxima na ruptura.
A Figura 64 mostra o gráfico da tensão máxima em função da composição
de pectina. Os filmes de alginato reticulados com cálcio apresentaram maior valor de
tensão máxima (85 MPa) comparado aos valores obtidos na literatura de 56-60MPa
[90]
.
Por outro lado, a pectina apresentou um valor de tensão menor (58 MPa). As blendas
apresentaram valores de tensão máxima intermediários aos polímeros puros e foram
dependentes da composição. Comparativamente, os filmes reticulados com cálcio
apresentaram maior valor de tensão que os filmes reticulados com o EDC.
0 102030405060708090100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Tensão Máxima (MPa)
Composição de Pectina (%)
Não Reticulados
Reticulados com EDC
Reticulados com CaCl
2
Figura 64 – Gráfico da tensão máxima em função da composição de pectina para
os filmes reticulados com cálcio e EDC.
Em geral, ambos os processo de reticulação aumentaram as propriedades
mecânicas dos filmes, com a tendência de um pequeno aumento na rigidez no caso de
filmes reticulados com cálcio.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 139
4.9.6. Ensaios Mecânicos: Ensaios de compressão das matrizes porosas
reticuladas
O módulo de compressão das matrizes porosas obedeceu a mesma ordem
do módulo de tensão dos filmes reticulados com cálcio e EDC: AS> AS/P 70/30>AS/P
50/50> AS/P 30/70>P (Figura 65). A composição dos polissacarídeos nas matrizes e o
tipo de reticulante influênciaram as propriedades mecânicas das matrizes porosas.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Módulo de compressão (MPa)
Composição pectina (%)
Matriz reticulada com EDC
Matriz reticulado com CaCl
2
(A)
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Tensão Máxima (MPa)
Composição de pectina (%)
Matriz porosa reticulada com EDC
Matriz porosa reticulada com CaCl
2
(B)
Figura 65 - Módulo de compressão (A) e tensão máxima (B) das matrizes
reticuladas com cálcio (z) e EDC (), respectivamente em função da composição
de pectina.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 140
A matriz de pectina reticulada com EDC, embora tenha poros menores
apresentou módulo de compressão e tensão máxima menor que a matriz de alginato.
O tipo do agente reticulante apresentou pequena diferença nas propriedades
mecânicas, por exemplo, as matrizes de pectina reticuladas com cálcio apresentaram
maior resistência à compressão que as matrizes reticuladas com o EDC fato este que
deve estar relacionado com o tipo de ligação entre as cadeias poliméricas (covalente
versus iônica).
As matrizes preparadas com a mistura de alginato de sódio/pectina
apresentaram aumento do módulo de compressão e tensão máxima comparado com a
matriz de pectina, mas todas apresentaram propriedades mecânicas intermediárias aos
polímeros puros.
4.9.7. Razão de intumescimento (RI) de filmes reticulados
A Figura 66 mostra a razão de intumescimento (RI) para os filmes
reticulados com cálcio. O fato de a pectina apresentar maior RI comparado com as
blendas e também do filme de alginato, está intimamente relacionado com o arranjo
das cadeias dos polissacarídeos com o cálcio. A conformação das cadeias de ácido
galacturônicos na pectina e guluronato no alginato de sódio apresentam alta
especificidade para ligação com íons cálcio e sítios de coordenação bem
específicos
[194]
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 141
0 5 10 15 20 25
0,8
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
RI (g/g)
Tempo (h)
P
AS/P 30/70
AS/P 50/50
As/P 70/30
AS
Figura 66 – Razão de intumescimento em função do tempo (h) dos filmes
reticulados com cálcio.
Estudos teóricos baseados em métodos computacionais
[26]
indicam que
ambos os arranjos paralelo e antiparalelo das cadeias de alginato permitem uma
contribuição eletrostática com íons cálcio coordenado por cinco átomos de oxigênio no
primeiro arranjo enquanto no segundo, duas ligações hidrogênio complementares são
formadas entre os O2---O6 e O3---O5. Ainda não está claramente definido qual o
arranjo que predomina com os íons cálcio, embora o arranjo antiparalelo das cadeias
(“egg box”), apresenta cavidades, formada pelo dímeros de cada resíduo que são
adaptadas ao tamanho dos íons cálcio, como observado na Figura 67
[26]
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 142
(a) (b)
Figura 67 – Representação do arranjo paralelo (a) e antiparalelo (b) da
associação (cadeia-Ca
2+
-cadeia) das cadeias gulurônicas. Os círculos em preto
representam os íons cálcio, () a coordenação com o cálcio e (---) as ligações
hidrogênio.
O modelo “egg-box” primeiramente adotado para o alginato de sódio, é
comprovado na literatura com experimentos de dicroísmo circular, entretanto para a
pectina esse modelo ainda não é claro. De acordo com Braccini e colaboradores
[26]
esse modelo não pode ser adotado para pectina tendo em vista que a cavidade formada
pelo arranjo das cadeias não apresentar tamanho adequado para os íons cálcio
(tamanho da cavidade maior que o tamanho do íon cálcio).
A conformação para a pectina
[26]
ainda não foi estabelecida, podendo se
apresentar como um arranjo antiparalelo com duas ligações hidrogênio O6---O3 e O5--
-O3 que se alternam com sítios de interação das unidades galacturônicas com o cálcio
(Figura 68 a), e/ou uma estrutura que exibe ligações de hidrogênio alternadas e sítios
de coordenação, com uma característica única de dois sítios de coordenação
consecutivos (Figura 68 b). Essa sugestão é suportada por experimento de dicroísmo
circular que mostraram uma mudança conformacional de dupla hélice para tripla
hélice quando géis são transformados em filmes
[195]
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 143
(a) (b)
Figura 68 - Representação do arranjo antiparalelo (a) e (b) da associação (cadeia-
Ca
2+
-cadeia) das cadeias galacturônicas. Os círculos em preto representam os
íons cálcio, () a coordenação com o cálcio e (---) as ligações hidrogênio.
Devido a esta diferença no arranjo do íon cálcio na estrutura dos
polissacarídeos, o filme de pectina apresentou uma maior RI como conseqüência da
interação das suas cadeias, como observado na Figura 68 (a) que não permite um
arranjo eficiente, com fraca interação intercadeia o que possibilita maior
intumescimento. No caso da Figura 68 (b) embora a associação mais favorável entre as
cadeias, o arranjo estrutural com íons cálcio são mais susceptíveis à entrada de água do
que no alginato de sódio.
As blendas apresentaram valores de RI intermediários ao alginato e pectina
e novamente a composição dos filmes é determinante na suas propriedades. A ordem
observada para a RI dos filmes reticulados com cálcio foi P>AS/P 30/70>AS/P
50/50>AS/P 70/30>AS.
A reticulação do alginato de sódio e pectina com o EDC leva a formação de
ligações covalentes entre os grupos carboxílicos e hidroxilas dos polissacarídeos,
como mostrado anteriormente. Comparando-se o comportamento dos filmes
reticulados com cálcio, os filmes reticulados com EDC apresentaram uma inversão na
RI: AS>AS/P 70/30> AS/P 50/50> AS/P 30/70 >P. Além disso, a RI para os filmes
Capítulo 4 – Resultados e discussões 144
reticulados com EDC (Figura 69) é ligeiramente maior que os reticulados com cálcio.
De acordo com Rhim
[90]
, a reticulação iônica com íons cálcio reduz a mobilidade das
cadeias do alginato, reduzindo a permeabilidade aos vapores de água. Esse resultado
também pode ser relacionado com as propriedades mecânicas do filmes, que
apresentaram maior valor de módulo de Young e tensão máxima que os filmes
reticulados com EDC.
0 5 10 15 20 25
1,0
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
RI (g/g)
Tempo (h)
P
AS/P 30/70
AS/P 50/50
AS/P 70/30
AS
Figura 69 - Razão de intumescimento em função do tempo (h) dos filmes
reticulados com EDC.
O filme de alginato reticulado com EDC, apresentou maior RI devido a
menor eficiência de reticulação que pode estar relacionada com o aumento de pH de 4
para 5 que corrobora com os resultados de ensaio mecânico. Xu e colaboradores
[116]
estudaram o efeito do pH (3-9) na reticulação de membranas de alginato com
concentração de etanol e EDC fixa e observaram que a reticulação realizada em pH 4
apresentou a menor RI, ou seja, maior eficiência da reticulação em pH 4. Esse
resultado foi consistente com o mecanismo de reação proposto para o EDC e ácidos
carboxílicos
[115]
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 145
O experimento de RI mostrou que todos os filmes, principalmente os
correspondentes as blendas dos polissacarídeos apresentaram um comportamento
intermediário aos dos polissacarídeos puros, o que possibilita a redução do custo com a
utilização de pectina que é uma matéria-prima de grande abundância no Brasil.
4.9.8. Razão de intumescimento de matrizes porosas
Quando uma matriz ou filme é imerso em água, o intumescimento ocorre
até que a força osmótica que fortalece a reticulação da rede polimérica seja balanceada
pela força elástica dos segmentos deformados do polímero. Essa força elástica é
inversamente proporcional a capacidade de intumescimento do filme ou matriz.
[196]
As matrizes apresentaram a mesma ordem de intumescimento observada
nos filmes, entretanto com maior RI. Por exemplo, o filme da blenda AS/P 30/70
apresentam um valor de RI de 2,5 comparado com 6,3 da matriz na mesma
composição. O aumento da RI em relação aos filmes é devido à presença dos poros
que apresentaram tamanhos dependentes da composição alginato/pectina e do agente
reticulante utilizado. A Figura 70 mostra a RI para as diferentes matrizes reticuladas
com cálcio. Em geral, o intumescimento de um material diminui à medida que o grau
de reticulação aumenta
[197]
e pode ser usado como uma medida da reticulação das
estruturas.
A matriz de pectina apresentou maior RI que os demais sistemas
provavelmente devido a diferença no arranjo das cadeias do polissacarídeo com íons
cálcio como apresentada nos caso dos filmes, que promoveu o aumento do tamanho
dos poros com uma menor conectividade. Aumentando-se a quantidade de alginato nas
matrizes, uma menor RI foi observada, devido ao tamanho dos poros e sua interação
com o cálcio.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 146
0 5 10 15 20 25
1
5
6
RI(g/g)
Tempo (h)
P
AS/P 30/70
AS/P 50/50
AS/P 70/30
AS
Figura 70 – Razão de intumescimento das matrizes porosas reticuladas com
cálcio.
As matrizes que apresentaram tamanho médio de poros maior, o contato da
matriz com moléculas de água foi maior e consequentemente, aumento da RI. Por
exemplo, a matriz AS/P 30/70 apresentou tamanho médio dos poros de 194 µm e RI
de 6,0 enquanto, a matriz de alginato apresentou tamanho médio dos poros de 170 µm
com RI de 4,9.
Para as matrizes reticuladas com EDC (Figura 71), a matriz de alginato
apresentou maior RI que a matriz de pectina e blendas, devido a menor eficiência da
reticulação com EDC em pH 5, como discutido no caso de filmes.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 147
0 5 10 15 20 25
1
10
12
14
16
RI (g/g)
Tempo (h)
AS
AS/P 70/30
AS/P 50/50
AS/P 30/70
P
Figura 71 - Razão de intumescimento das matrizes porosas reticuladas com EDC.
As matrizes reticuladas com EDC apresentaram maiores RI que as matrizes
reticuladas com cálcio, devido ao tamanho dos poros e a maior mobilidade das cadeias
unidas por ligações covalentes. As propriedades mecânicas das matrizes também
apresentaram menor módulo de compressão e tensão máxima em relação as matrizes
reticuladas com cálcio.
4.9.9. Durabilidade dos filmes e matrizes porosas reticulados
Os filmes reticulados com cálcio perderam cerca de 10 a 15% da sua massa
inicial, enquanto as matrizes porosas perderam em torno de 18 a 25% da sua massa,
com maior perda para o filme e a matriz porosa de pectina. Esse resultado pode estar
relacionado ao meio em que os filmes e matrizes foram imersos, neste caso, uma
solução tamponada contendo fosfato em pH 7,4. Alguns estudos têm demonstrado que
géis de alginato de cálcio podem ser solubilizados pela adição de íons fosfato, que atua
como um agente complexante a pH acima de 5
[198]
. Os filmes e matrizes porosas
reticuladas com EDC não apresentaram nenhuma perda significativa de massa durante
esse período.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 148
4.10. Adição do agente plastificante sorbitol e a reticulação dos filmes de
alginato de sódio e alginato de sódio/sorbitol com formaldeído.
A adição de agentes plastificantes é uma alternativa para reduzir a
fragilidade, melhorar o escoamento e aumentar a flexibilidade, tenacidade, tração e
resistência ao impacto
[199]
. Plastificantes como o sorbitol, que apresentam alto ponto de
ebulição e solubilidade em água, tem se mostrado adequados para a mistura com
polímeros solúveis em água
[200]
. Por outro lado, mesmo com propriedades mecânicas
adequadas, sistemas como alginato de sódio e sorbitol, em função da sua natureza
hidrofílica, exibem baixa resistência a água, limitando em muitos casos a sua
aplicabilidade. Uma das alternativas para se diminuir a solubilidades deste polímero
em água é a reticulação utilizando um outro agente reticulante, para o alginato de
sódio, o formaldeído que tem sido largamente utilizado para induzir modificações em
proteínas e polissacarídeos. Exemplos incluem a reticulação da quitosana via formação
de N-metileno-quitosana
[201]
, a reticulação da blenda alginato de sódio e
hidroxietilcelulose com glutaraldeído em meio ácido seguido de um segundo processo
de reticulação com uréia-formaldeído e ácido sulfúrico
[202, 203]
entre outros.
4.10.1. Espectroscopia de infravermelho
Os filmes de alginato não reticulados com ou sem adição de sorbitol
mostraram-se transparentes. Os espectros de infravermelho de filmes de alginato de
sódio puro sugerem que estes não foram afetados de forma significativa com a adição
de sorbitol (dados não mostrados). Apenas uma ligeira mudança no deslocamento e na
intensidade na região de deformação de grupos OH e nas bandas associadas a ligações
de hidrogênio (3363 cm
-1
para alginato de sódio e 3347 cm
-1
para filmes de AS/S
(70/30), foram observados.
Na Figura 72 são mostrados os espectros de infravermelho dos filmes de
alginato de sódio e AS/S antes e após a reticulação. O filme de alginato de sódio não
reticulado (Figura 72 A – espectro a) apresentou as bandas em 1620 cm
-1
e 1416 cm
-1
Capítulo 4 – Resultados e discussões 149
associadas a vibrações de deformação assimétricas e simétricas de grupos carboxilatos,
respectivamente. Após a reticulação (Figura 72 A - espectro b) foi observado o
aparecimento de uma banda intensa em 1743 cm
-1
. De acordo com Huang e
colaboradores
[204]
essa nova banda deve estar associada a grupos carboxila do ácido
algínico. O espectro de infravermelho também sugere a ausência de resíduos de
formaldeído nos filmes reticulados. Essa conclusão foi baseada no estudo realizado
por Yeom and Lee
[205]
na reação de poli (vinil álcool) e glutaraldeído em que as bandas
posicionadas a 1720, 2731 e 2866 cm
-1
foram associadas a resíduos de grupos aldeído
do reticulante.
No presente estudo, a formação de ácido algínico foi favorecida pela alta
concentração de HCl (dez vezes mais em relação a concentração usada no estudo
citado acima) usada para a reticulação. Entretanto, a reticulação dos filmes foi
confirmada pela presença da banda em 1250 cm
-1
(pequena intensidade) que foi
atribuída à formação de ligação acetal resultante da reação entre os grupos hidroxilas
do alginato de sódio e o grupos aldeído do formaldeído. Alguns trabalhos na
literatura, por exemplo, citam para o alginato de sódio
[206]
, ácido hialurônico
[207]
e poli
(álcool vinílico)
[135]
a formação de anel acetal (intracadeia) entre cada grupo aldeído
do glutaraldeído com os grupos hidroxilas de cada polímero.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 150
Figura 72 - Espectro na região do infravermelho: (A) alginato de sódio e (B)
alginato de sódio/sorbitol (70/30) para filmes (a) não reticulados and (b)
reticulados, respectivamente.
No caso da reação entre alginato e formaldeído ocorre também a formação
da ligação acetal, mas não há a formação do anel acetal como anteriormente, apenas a
formação da ligação intercadeias.
Comportamento similar foi observado para o sistema alginato de
sódio/sorbitol (Figura 72 B) no qual a principal mudança associada ao aumento do
conteúdo de sorbitol no filme reticulado foi à diminuição na intensidade da banda em
3300-3440 cm
-1
e a presença da banda em 1250 cm
-1
com maior intensidade que os
Capítulo 4 – Resultados e discussões 151
filmes de alginato reticulados. A diminuição da intensidade das bandas associadas aos
grupos hidroxilas do alginato de sódio e provavelmente do sorbitol era esperada
devido à reação de reticulação com o formaldeído.
4.10.2. Morfologia dos filmes
As micrografias das superfícies e das secções transversais dos filmes de
alginato de sódio e AS/S não reticulados e reticulados são apresentadas nas Figura 73
eFigura 74, respectivamente. A micrografia para os filmes de alginato de sódio não
reticulados (Figura 73A) mostra uma superfície regular e lisa, característica dos filmes
obtidos a partir do polímero puro. Os pontos brancos foram identificados por
espectroscopia de energia dispersiva (EDS) como íons sódio. Pequenos domínios de
agregados do polímero dispersos nos filmes foram também observados. A formação de
agregados foi aparentemente acentuada pela presença de sorbitol (Figura 73 C-D).
Por outro lado, em filmes reticulados com formaldeído foram observadas
diferentes morfologias (Figura 73 E-H). As micrografias de superfície revelaram uma
maior homogeneidade dos filmes com o desaparecimento dos agregados, sugerindo
uma possível participação do sorbitol na reação de reticulação. Esse comportamento
parece razoável se considerarmos que a estrutura do sorbitol possui seis grupos
hidroxila, que podem ser disponibilizados para interações com o agente reticulante.
Além disso, apesar de haver um aumento na concentração de sorbitol, o efeito nas
propriedades mecânicas dos filmes reticulados (discutidas a seguir) foi pouco
acentuado, comparado com o efeito nas amostras de filmes não reticulados.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 152
Figura 73 - Micrografia de MEV dos filmes de alginato de sódio: (A) e (C) não
reticulados, (B) e (D) reticulados com formaldeído.
A análise das micrografias das secções transversais dos filmes não
reticulados (Figura 74 A-D: note que na micrografia 3C o aumento foi de apenas 300
Capítulo 4 – Resultados e discussões 153
vezes) mostraram estruturas homogêneas, lisas e densas, praticamente independentes
da concentração de sorbitol.
Figura 74 - Micrografia de MEV dos filmes de alginato de sódio/sorbitol (70/30):
(A) e (C) não reticulados, (B) e (D) reticulados com formaldeído.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 154
Após a reação de reticulação (Figura 74 E-H) as secções transversais ainda
se mostraram homogêneas, mas com aspecto rígido e características lamelares,
principalmente nas amostras com 20% e 30% de sorbitol. Aparentemente o
plastificante aumenta o grau de reticulação, afetando as amostras tanto na estrutura
(fazendo com que estruturas mais complexas sejam formadas), quanto nas suas
propriedades (como absorção de água e propriedades mecânicas). O efeito do sorbitol
será melhor discutido nas seções seguintes.
4.10.3. Absorção de água
A razão de intumescimento (RI) dos filmes, que foi também usada como
parâmetro de medida da extensão da reticulação
[134]
(considerando a solubilidade total
do filme não reticulado), foi analisada em termos do tempo de exposição e quantidade
de sorbitol adicionada à temperatura ambiente (Figura 75). Em geral, um menor grau
de intumescimento é atribuído a um maior grau de reticulação
[112]
.
Figura 75 - Razão de inchamento dos filmes reticulados de alginato de
sódio/sorbitol preparados por imersão em solução de formaldeído por 24 h.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 155
A capacidade de intumescimento dos filmes reticulados por imersão em
solução de formaldeído, mostrou-se dependente do tempo e inversamente proporcional
a porcentagem de sorbitol. Os filmes mantiveram sua integridade na presença de água,
ao contrário dos filmes não reticulados, que se dissolveram em poucos minutos.
O efeito do agente reticulante no intumescimento tem sido extensivamente
estudado em sistemas macromoleculares. A diminuição da taxa de intumescimento
com a reticulação foi observada em micropartículas de alginato de sódio reticuladas
com glutaraldeído
[208]
, em polisiloxanos reticulados
[209]
, em géis de quitosana
parcialmente acetilada e glutaraldeído
[210]
e em membranas de polivinil álcool
[211]
. Em
geral, com a presença de reticulante ocorre uma maior superposição das cadeias,
favorecendo a formação de um maior número de pontos de reticulação.
Para o sistema alginato de sódio/sorbitol/formaldeído (Figura 4), a RI
aumentou com o tempo e diminuiu com a concentração de sorbitol no filme. Um efeito
adicional devido à presença de plastificante (sorbitol) foi observado. O aumento mais
significativo ocorreu com 5 horas de imersão (aproximadamente 100%), sendo que os
maiores valores de RI foram os relacionados ao alginato de sódio puro. A razão de
intumescimento foi baixa para os filmes reticulados, e diminuiu com o aumento da
quantidade de sorbitol nos filmes. Em geral, em macromoléculas não reticuladas o
efeito do agente plastificante pode ser analisado em termos da diminuição da
temperatura de transição vítrea e aumento no volume livre devido a uma redução nas
interações inter- e intramacromoleculares
[212]
. O sorbitol, que estruturalmente possui
uma alta densidade de grupos hidroxila, interage com as carbonilas do alginato de
sódio por ligações de hidrogênio. O formaldeído reage covalentemente com os grupos
hidroxila do alginato de sódio, do mesmo modo que nas reações do poli (vinil álcool)
com glutaraldeído
[205]
. Ao mesmo tempo, o sorbitol pode reagir com o formaldeído
aumentando a densidade de reticulação, fazendo com que o sistema seja menos
suceptível a absorção de água. Esse efeito foi mais pronunciado nos estudos de
absorção de água para os sistemas alginato de sódio/sorbitol não reticulados e
reticulados em umidade relativa de 43% (discutidos a seguir).
Capítulo 4 – Resultados e discussões 156
Uma segunda análise foi realizada considerando-se a absorção de água em
umidade relativa constante (43% UR). Nestas condições (baixa umidade relativa), os
filmes não reticulados de alginato de sódio/sorbitol também permaneceram estáveis na
presença de água, sendo possível utilizá-los em experimentos de absorção. Os gráficos
com a percentagem de absorção de água em função do tempo são mostrados nas
Figura 76 (A) e (B).
Figura 76 - Absorção de água por filmes de alginato de sódio/sorbitol: (A) não
reticulados, e B) reticulados por imersão em solução de formaldeído por 24 h.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 157
Para as amostras não reticuladas de alginato (Figura 76 A) a absorção de
água aumentou com o aumento da quantidade de sorbitol. Por exemplo, a absorção de
água aumentou de 16% (alginato de sódio puro) para 28% (filmes com 30% de
sorbitol). Dois efeitos podem ser considerados: um relacionado ao aumento do caráter
hidrofílico da mistura, e o outro associado com o efeito do plastificante. Conforme
discutido anteriormente, a presença de sorbitol aumenta tanto o caráter hidrofílico
quanto o volume livre do sistema, favorecendo o aumento da absorção de água
[213, 214]
.
Este comportamento é comparável ao observado nos filmes de amido/sorbitol
[215]
e de
gelatina
[183]
.
A Figura 76 B mostra o gráfico de absorção de água para os sistemas
reticulados. Nenhum efeito significativo foi observado para alginato de sódio puro. De
fato, a absorção de água de 16% para o alginato de sódio não reticulado, diminui para
13% após a reticulação. No entanto, um efeito contrário e significativo foi observado
quando a quantidade de sorbitol na mistura foi aumentada. A absorção de água
diminuiu para aproximadamente 5% para o sistema com 30% de sorbitol. Após a
reticulação e com o aumento na percentagem de sorbitol, uma estrutura mais compacta
foi aparentemente formada, diminuindo a absorção de água. Este comportamento
confirma a reação aparente de reticulação do formaldeído com os grupos hidroxila do
sorbitol. Este efeito foi similar a diminuição na absorção de água como aumento da
concentração de reticulante observada em membranas de quitosana/proteína de soja
[216]
e em géis de quitosana parcialmente acetilada e glutaraldeído
[210]
. Com o objetivo de
melhor caracterizar o efeito da presença de sorbitol, o equilíbrio de absorçào de água
para os sistemas AS/S não reticulados e reticulados é apresentado na Figura 77. Para
filmes não reticulados o equilíbrio de absorção de água aumentou linearmente com o
aumento da concentração de sorbitol (r
2
= 0,999; coeficiente linear = 0,14). Esses
resultados refletem o aumento no volume livre e o caráter hidrofílico do sistema,
favorecendo a absorção de água. Os filmes reticulados mostraram um efeito contrário
(r
2
= 0.999; coeficiente linear = - 0.14), sugerindo uma participação efetiva do sorbitol
no aumento da densidade de reticulação.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 158
Figura 77 - Equilíbrio de absorção de água em função da quantidade de sorbitol
para filmes de alginato de sódio/sorbitol não reticulados e reticulados.
4.10.4. Propriedades mecânicas.
As três figuras abaixo, mostram a dependência do módulo de elasticidade,
tensão máxima e deformação na ruptura com o conteúdo de sorbitol e com processo de
reticulação dos filmes. Para alginato puro, o módulo de elasticidade (Figura 78), por
exemplo, diminui de 480 MPa para 122 MPa (filme com 30% sorbitol), sugerindo uma
redução na rigidez do filme. Aparentemente, a presença de 30% de sorbitol reduziu as
interações polímero-polímero, aumentando o volume livre entre as cadeias,
promovendo a diminuição no módulo de elasticidade. Comportamento similar foi
observado por Meier e colaboradores
[217]
no estudo do efeito da poli (caprolactona
triol) nas propriedades mecânicas de filmes de acetato de celulose. Para os filmes de
alginato reticulados, o módulo de elasticidade diminui de 524 para 420 MPa com o
quantidade de sorbitol variando de 0% para 10%, respectivamente, permanecendo
praticamente constante na faixa de 10 a 30% de sorbitol, sugerindo a formação de
filmes mais resistentes.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 159
0 102030
0
100
200
300
400
500
600
700
Módulo de elasticidade (MPa)
Quantidade de sorbitol (%)
Filmes não reticulados
Filmes reticulados
Figura 78 - Módulo de elasticidade de filmes de alginato de sódio/sorbitol não
reticulados e reticulados.
A tensão máxima para filmes de alginato puro diminuiu de 49MPa para 18
MPa com o aumento na concentração de sorbitol de 0 para 30% (Figura 79). Para
filmes de alginato reticulados, a tensão máxima diminuiu de 56 MPa para 48 MPa com
a adição de 10% de sorbitol, seguido por um leve aumento para cerca de 53 MPa com
30% de sorbitol. A discreta variação na tensão máxima mostrou que com a reticulação,
a presença de plastificante não alteram de maneira significativa as propriedades
mecânicas. Ao mesmo tempo, estes valores podem ser considerados como moderados
e baixos, sendo associados a definição de um material com características maleáveis.
Os valores de tensão máxima apresentados acima foram mais baixos do que os
descritos na literatura para filmes de alginato reticulados por imersão em solução
aquosa de CaCl
2
[90]
. Para este sistema, os autores determinaram valores de tensão
máxima na faixa de 68 a 80 MPa quando a concentração do sal na solução variou entre
1 e 3 g/100 mL. O grau de reticulação com CaCl
2
foi maior do que o obtido no
presente estudo com formaldeído.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 160
0102030
0
10
20
30
40
50
60
70
Tensão Máxima (MPa)
Quantidade de sorbitol
Filmes não reticulados
Filmes reticulados
Figura 79 – Tensão máxima de filmes de alginato de sódio/sorbitol não
reticulados e reticulados.
O efeito do plastificante foi bem definido com relação a deformação na
ruptura de filmes de alginato de sódio puro. Variando-se a quantidade de sorbitol de 0
para 30% a deformação aumentou de 6,5% para 13% (Figura 80). Entretanto, para os
filmes reticulados a porcentagem de deformação na ruptura diminuiu de
aproximadamente 4% (alginato puro) para 1,8% (com 30% de sorbitol). A diminuição
na deformação na ruptura com a quantidade de sorbitol concorda com o discreto
aumento observado para a tensão máxima quando a quantidade de sorbitol aumentou
de 10% para 30%. Os valores acima foram consistentes com os descritos por Rhim
para alginato reticulado com CaCl
2
[90]
.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 161
0102030
0
2
4
6
8
10
12
14
Deformação na ruptura (%)
Quantidade de sorbitol (%)
Filmes não reticulados
Filmes reticulados
Figura 80 –
Deformação na ruptura de filmes de alginato de sódio/sorbitol não
reticulados e reticulados.
4.11. Estudos preliminares de liberação de fármaco a partir de matrizes porosas
O estudo preliminar de liberação de fármaco foi realizado com o
paracetamol e é largamente utilizado com analgésico. O paracetamol foi escolhido
como fármaco-modelo apenas para avaliar o comportamento de liberação das matrizes.
4.11.1. Eficiência de incorporação do fármaco-modelo nas matrizes
A eficiência de incorporação do paracetamol nas matrizes foi em média de
77-82 % para as matrizes reticuladas com cálcio e de 64-71% para as matrizes
reticuladas com EDC. A diferença nos valores se deve principalmente ao tipo de
agente reticulante e as ligações formadas que afeta diretamente o tamanho dos poros e
consequentemente a eficiência de incorporação do fármaco.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 162
4.11.2. Liberação do fármaco-modelo das matrizes porosas
O perfil de liberação das matrizes reticuladas com cálcio (Figura 81) e EDC
(Figura 82) indicou, em geral uma rápida liberação, e dependendo da composição, a
liberação foi total num tempo menor que 24 horas.
A liberação do paracetamol das matrizes depende da composição destas e
da interação com cálcio ou EDC, que modulam a formação dos poros e
consequentemente, as propriedades mecânicas e de intumescimento.
As matrizes reticuladas com cálcio apresentaram a seguinte ordem de
liberação do paracetamol: P > AS/P 30/70 > AS/P 50/50 > AS/P 70/30 >AS,
similarmente a observada na RI. As matrizes de pectina apresentaram uma rápida
liberação do paracetamol, provavelmente devido a baixa conectividade e tamanho
maiores dos poros em relação ao alginato, resultado da interação as cadeias e os íons
Ca
2+
, discutido anteriormente. As matrizes da mistura de AS/P apresentaram um perfil
de liberação intermediário aos polímeros puros, com menor taxa de liberação.
0 1020304050
0
20
40
60
80
100
P
AS/P 30/70
AS/P 50/50
AS/P 70/30
AS
Quantidade cumulativa de fármaco (%)
Tempo (h)
Figura 81 – Perfil de liberação do paracetamol das matrizes reticuladas com
cálcio.
Capítulo 4 – Resultados e discussões 163
As matrizes reticuladas com EDC (Figura 82) apresentaram maior taxa de
liberação que as matrizes reticuladas com cálcio. A liberação a partir da matriz de
alginato foimaior significativamente que para a pectina obedecendo a mesma ordem
observada para a RI: AS > AS/P 70/30 > AS/P 50/50> AS/P 30/70>P.
01020304050
0
20
40
60
80
100
AS
AS/P 70/30
AS/P 50/50
AS/P 30/70
P
Quantidade cumulativa de fármaco (%)
Tempo (h)
Figura 82 – Perfil de liberação do paracetamol das matrizes reticuladas com
EDC.
Dessa forma, é possível modular o perfil da liberação do fármaco-modelo
com a escolha da composição das matrizes e do tipo do reticulante que controlam o
tamanho dos poros formados e, portanto a arquitetura das matrizes. Lai e
colaboradores
[218]
observaram que as matrizes porosas de alginato de sódio e quitosana
apresentaram uma rápida liberação do paracetamol durante 24h, enquanto suas blendas
apresentaram um perfil de liberação no mesmo período, sem no entanto apresentar
uma diferença significativa com a variação na composição. Os autores concluiram que
o perfil da liberação dessas matrizes dependem da composição dos polissacarídeos.
No presente estudo, o perfil de liberação do paracetamol a partir das
matrizes de alginato, pectina e blendas AS/P dependem de fatores como o
intumescimento da matriz e a difusão do fármaco na matriz. Entretanto, pode-se
concluir ainda que a composição dos polissacarídeos e o tipo de agente reticulante
Capítulo 4 – Resultados e discussões 164
modulam o perfil de liberação. É necessário ainda destacar que as matrizes obtidas da
mistura de alginato/pectina reticulada com ambos os agentes reticulantes e a pectina
reticulada com EDC, apresentam viabilidade para a utilização na liberação de
fármacos e no tratamento de lesões.
4.11.3. Microscopia Eletrônica de Varredura das matrizes
As Figura 83 (a) (b) e (c) mostram a morfologia da secção transversal da
matriz AS/P 30/70 reticulada com EDC e com a presença de paracetamol, com
aumentos de: 200, 400 e 800 vezes, respectivamente.
(a)
(b)
(c) (d)
Figura 83 – Micrografias da secção transversal da matriz AS/P 30/70 reticulada
com EDC antes (a, b, c) e após (d) o experimento de liberação do paracetamol.
A Figura 83 (a) e os aumento de 400 e 800 vezes na Figura 83 (b) e (c)
mostraram a presença de cristais de paracetamol na parede dos poros. As demais
matrizes reticuladas com EDC e com cálcio também apresentaram cristais de
Capítulo 4 – Resultados e discussões 165
paracetamol no interior das mesmas. Em nenhuma das matrizes foi encontrada a
presença de paracetamol na superfície.
A Figura 83 (d) é mostrada a secção transversal da mesma matriz após o
ensaio de liberação (48h), não sendo observado cristais de paracetamol nas paredes
dos poros, sugerindo a liberação total do fármaco.
CAPÍTULO 5
5. CONCLUSÕES
No estudo de viscosimetria e de DLS, as soluções de alginato de sódio e
pectina apresentaram o efeito polieletrolítico em água, o qual diminui com a adição de
NaCl. O volume hidrodinâmico e o R
h
são dependentes das propriedades dos íons K
+
e
Na
+
, da quebra das ligações de hidrogênio e/ou hidrofóbicas (pelo aquecimento das
soluções) e principalmente da estrutura dos polissacarídeos e grau de ionização em
solução. Não ocorreu uma diminuição significativa na viscosidade intrínseca dos
polissacarídeos puros com a adição de NaEDTA, entretanto a adição de 5 mmol.L
-1
de
NaEDTA em NaCl 0,1 mol.L
-1
a 80ºC em experimento de DLS apresentou apenas um
modo de relaxação para o alginato de sódio, o modo rápido relacionado a dinâmica de
pequenos agregados e cadeias livres.
As soluções de alginato de sódio e pectina apresentaram comportamento
não-Newtoniano e pseudoplástico, acentuando-se o caráter com o aumento da
concentração polimérica. Ambas as soluções apresentaram domínio do G´´ (G´´>G׳)
em toda a faixa de frequência estudada, caracterizando um fluído viscoso.
As propriedades mecânicas, térmicas e a capacidade de absorção de água
dos filmes de alginato de sódio e pectina, bem como o ensaio de compressão das
matrizes porosas obtidas dessas blendas, não apresentaram diferença significativa,
como também observada no estudo em solução. Contudo, nos casos das matrizes, a
conectividade e o tamanho dos poros são nitidamente menores para aquelas obtidas a
partir da pectina.
A reticulação dos polissacarídeos puros e das blendas com CaCl
2
e EDC foi
evidênciada pela presença da banda em 1700 cm
-1
(ligação éster) no caso do EDC e o
deslocamento da banda em 1420 cm
-1
para o CaCl
2
. A reticulação promoveu ainda o
aumento do módulo e da tensão máxima dos filmes e matrizes, diminuição da
Capítulo 5 – Conclusões 167
solubilidade (menor RI), e a morfologia dos filmes apresentaram um aspecto mais
rígido e quebradiço. A formação de ligações cruzadas foi também comprovada pela
intersecção dos módulos G´ e G´´ e uma diminuição das propriedades viscoelásticas
foi observada com o aumento da quantidade de alginato de sódio nas blendas. Quanto
ao tipo de agente reticulante, a reticulação com cálcio apresentou uma maior redução
da mobilidade das cadeias em relação as ligações covalentes com o EDC, refletindo no
tamanho dos poros das matrizes e na razão de intusmescimento.
O efeito plastificante do sorbitol em filmes de alginato de sódio e de
diferentes umidades relativas, no caso de filmes de alginato de sódio/pectina foram
comprovados através da diminuição do módulo de elasticidade e tensão máxima e o
aumento da deformação na ruptura e da absorção de água. A reticulação dos filmes de
alginato de sódio e alginato de sódio/sorbitol com o formaldeído foi evidênciada
através da banda em 1250 cm
-1
(ligação acetal) e pela diminuição da razão de
intumescimento e da cinética de absorção de água, principalmente com a adição de
sorbitol, sugerindo um aumento do grau de reticulação devido a presença do
plastificante.
A cinética de liberação do paracetamol apresentou uma dependência com a
composição das matrizes e do agente reticulante e todas apresentaram liberação total
do fármaco em um período de 48h.
Todas as blendas de alginato de sódio/pectina, tanto na forma de filmes e
matrizes porosas quanto em solução apresentaram propriedades físicas químicas
intermediárias aos polissacarídeos puros, portanto nenhum efeito sinérgico foi
observado. Com base nos resultados torna-se viável a utilização de blendas de alginato
de sódio/pectina na preparação de filmes e matrizes porosas reticuladas, reduzindo o
custo do produto final com a substituição parcial do alginato de sódio pela pectina.
Estes filmes e matrizes podem ser utilizados como sistema de liberação de fármaco e
bandagens para lesões e/ou queimaduras, apresentando aumento das propriedades
mecânicas, alta capacidades de intumescimento e no caso das matrizes, poros
interconectados que são fundamentais para o crescimento do tecido lesionado.
CAPÍTULO 6
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Lloyd, L. L.; Kennedy, J. F.; Methacanon, P.; Paterson, M.; Knill, C. J.
Carbohydrate polymers as wound management aids. Carbohydrate Polymers. 37,
1998, 315-322.
2 - Winter, G. D. Formation of Scab and Rate of Epithelization of Superficial Wounds
in Skin of Young Domestic Pig. Nature. 193, 1962, 293-&.
3 - Langer, R. Drug delivery and targeting. Nature. 392, 1998, 5-10.
4 - Sakellariou, P.; Rowe, R. C. Interactions in Cellulose Derivative Films for Oral-
Drug Delivery. Progress in Polymer Science. 20, 1995, 889-942.
5 - Uhrich, K. E.; Cannizzaro, S. M.; Langer, R. S.; Shakesheff, K. M. Polymeric
systems for controlled drug release. Chemical Reviews. 99, 1999, 3181-3198.
6 - Fuller, C. S.; MacRae, R. J.; Walther, M.; Cameron, R. E. Interactions in
poly(ethylene oxide)-hydroxypropyl methylcellulose blends. Polymer. 42, 2001, 9583-
9592.
7 - Lin, S. Y.; Lee, C. J.; Lin, Y. Y. Drug-Polymer Interaction Affecting the
Mechanical-Properties, Adhesion Strength and Release Kinetics of Piroxicam-Loaded
Eudragit-E Films Plasticized with Different Plasticizers. Journal of Controlled
Release. 33, 1995, 375-381.
8 - Day, D. F. Biopolymers from renewable resources (D.L. Kaplan, ed.). Springer-
Velarg Berlin Heidelberg, Germany, 1998. 119;140.
9 - Dumitriu, S. Polysaccharides: Structural Diversity and Functional Versatility.
Marcel Dekker, Inc., Primeira Edição, New York, 1998. 377-432.
10 - Hoefler, A. C. The Chemistry and Technology of Pectin (R.H.Walter, ed.).
Academic Press. , San Diego, CA, 1991. 51.
11 - Mancini, F.; McHugh, T. H. Fruit-alginate interactions in novel restructured
products. Nahrung-Food. 44, 2000, 152-157.
12 - Langer, R.; Peppas, N. A. Advances in biomaterials, drug delivery, and
bionanotechnology. Aiche Journal. 49, 2003, 2990-3006.
13 - El-Kamel, A. H.; Al-Gohary, O. M. N.; Hosny, E. A. Alginate-diltiazem
hydrochloride beads: optimization of formulation factors, in vitro and in vivo
availability. Journal of Microencapsulation. 20, 2003, 211-225.
14 - Miyazaki, S.; Kubo, W.; Itoh, K.; Konno, Y.; Fujiwara, M.; Dairaku, M.; Togashi,
M.; Mikami, R.; Attwood, D. The effect of taste masking agents on in situ gelling
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 169
pectin formulations for oral sustained delivery of paracetamol and ambroxol.
International Journal of Pharmaceutics. 297, 2005, 38-49.
15 - Valenta, C. The use of mucoadhesive polymers in vaginal delivery. Advanced
Drug Delivery Reviews. 57, 2005, 1692-1712.
16 - Park, S. N.; Park, J. C.; Kim, H. O.; Song, M. J.; Suh, H. Characterization of
porous collagen/hyaluronic acid scaffold modified by 1-ethyl-3-(3-
dimethylaminopropyl)carbodiimide cross-linking. Biomaterials. 23, 2002, 1205-1212.
17 - BeMiller, J. N. Gums (Overview). CRC Press, INC., 1996.
18 - Kobayashi, Y. Alginate fibers (High Performance Papers). CRC Press, Inc.,
1996.
19 -Russo R.; Giulianni, A. I., B.; Malinconico, M.; Romano, G.
Alginate/Polyvinylalcohol blends for agricultural applications: Strcture-properties
correlation, mechanical properties and greenhouse effect evaluation. Macromolecule
Symposium. 218, 2004, 241-250.
20 - Gombotz, W. R.; Wee, S. F. Protein release from alginate matrices. Advanced
Drug Delivery Reviews. 31, 1998, 267-285.
21 - Drury, J. L.; Dennis, R. G.; Mooney, D. J. The tensile properties of alginate
hydrogels. Biomaterials. 25, 2004, 3187-3199.
22 - Clare, K. Industrial Gums (Whistler, R.L., BeMiller, J.N. (eds)). Terceira
edição, New York, 1993. 105.
23 - Schweiger, R. G. Acetylation of Alginic Acid .2. Reaction of Algin Acetates with
Calcium and Other Divalent Ions. Journal of Organic Chemistry. 27, 1962, 1789-&.
24 - Kohn, R.; Larsen, B. Preparation of Water-Soluble Polyuronic Acids and Their
Calcium Salts, and Determination of Calcium-Ion Activity in Relation to Degree of
Polymerization. Acta Chemica Scandinavica. 26, 1972, 2455-&.
25 - Morris, E. R.; Rees, D. A.; Thom, D.; Boyd, J. Chiroptical and Stoichiometric
Evidence of a Specific, Primary Dimerization Process in Alginate Gelation.
Carbohydrate Research. 66, 1978, 145-154.
26 - Braccini, I.; Perez, S. Molecular basis of Ca
2+
-induced gelation in alginates and
pectins: The egg-box model revisited. Biomacromolecules. 2, 2001, 1089-1096.
27 - Gilchrist, T.; Martin, A. M. Wound Treatment with Sorbsan - an Alginate Fiber
Dressing. Biomaterials. 4, 1983, 317-320.
28 - Gacesa, P. Alginates. Carbohydrate Polymers. 8, 1988, 161-182.
29 - Peppas, N. A. B., P.A. Surface interfacial and molecular aspects of polymer
bioadhesion on soft tissue. Journal of Controlled Release. 2, 1985, 257-275.
30 - Abletshauser, C. B.; Schneider, R.; Rupprecht, H. Film Coating of Pellets with
Insoluble Polymers Obtained in-Situ Cross-Linking in the Fluidized-Bed. Journal of
Controlled Release. 27, 1993, 149-156.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 170
31 - Iannuccelli, V.; Coppi, G.; Vandelli, M. A.; Leo, E.; Bernabei, M. T. Bead
Coating Process Via an Excess of Cross-Linking Agent. Drug Development and
Industrial Pharmacy. 21, 1995, 2307-2322.
32 - Weber, D. E.; Semaan, M. T.; Wasman, J. K.; Beane, R.; Bonassar, L. J.;
Megerian, C. A. Tissue-engineered calcium alginate patches in the repair of chronic
chinchilla tympanic membrane perforations. Laryngoscope. 116, 2006, 700-704.
33 - Najafpour, G.; Younesi, H.; Ismail, K. S. K. Ethanol fermentation in an
immobilized cell reactor using Saccharomyces cerevisiae. Bioresource Technology.
92, 2004, 251-260.
34 - Tze, W. J.; Cheung, S. C.; Tai, J.; Ye, H. Assessment of the in vivo function of
pig islets encapsulated in uncoated alginate microspheres. Transplantation
Proceedings. 30, 1998, 477-478.
35 - Wayne, R. G. W., S.F. Protein release from alginate matrices. Advanced Drug
Delivery Review. 31, 1998, 267-285.
36 - Russo, R.; Malinconico, M.; Petti, L.; Romano, G. Physical behavior of
biodegradable alginate-poly(vinyl alcohol) blend films. Journal of Polymer Science
Part B-Polymer Physics. 43, 2005, 1205-1213.
37 - Hodgson, A. S. Kerr, L.H. The Chemistry and Technology of Pectin
(R.H.Walter, ed.). Academic Press, San Diego, CA, 1991. 68.
38 - Buren, J. P. The Chemistry and Technology of Pectin (R.H.Walter, ed.).
Academic Press San Diego, CA, 1991. 1.
39 - Ralet, M. C.; Crepeau, M. J.; Buchholt, H. C.; Thibault, J. F. Polyelectrolyte
behaviour and calcium binding properties of sugar beet pectins differing in their
degrees of methylation and acetylation. Biochemical Engineering Journal. 16, 2003,
191-201.
40 - Racape, E.; Thibault, J. F.; Reitsma, J. C. E.; Pilnik, W. Properties of Amidated
Pectins .2. Poly-Electrolyte Behavior and Calcium-Binding of Amidated Pectins and
Amidated Pectic Acids. Biopolymers. 28, 1989, 1435-1448.
41 - Axelos, M. A. V.; Thibault, J.F. The Chemistry and Technology of Pectin
(R.H.Walter, ed.). Academic Press, San Diego, CA, 1991. 109.
42 - Michel, F.; Doublier, J. L.; Thibault, J. F. Investigations on High-Methoxyl
Pectins by Potentiometry and Viscometry. Progress in Food and Nutrition Science. 6,
1982, 367-372.
43 - Michel, F.; Thibault, J. F.; Doublier, J. L. Viscometric and Potentiometric Study
of High-Methoxyl Pectins in the Presence of Sucrose.
Carbohydrate Polymers. 4,
1984, 283-297.
44 - Durand, D.; Bertrand, C.; Clark, A. H.; Lips, A. Calcium-Induced Gelation of
Low Methoxy Pectin Solutions - Thermodynamic and Rheological Considerations.
International Journal of Biological Macromolecules. 12, 1990, 14-18.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 171
45 - Berth, G. Studies on the Heterogeneity of Citrus Pectin by Gel-Permeation
Chromatography on Sepharose-2-B Sepharose-4-B. Carbohydrate Polymers. 8, 1988,
105-117.
46 - Christensen, P. E. Methods of Grading Pectin in Relation to the Molecular Weight
(Intrinsic Viscosity) of Pectin. Food Research. 19, 1954, 163-172.
47 - Owens, H. S.; Lotzkar, H.; Schultz, T. H.; Maclay, W. D. Shape and Size of
Pectinic Acid Molecules Deduced from Viscometric Measurements. Journal of the
American Chemical Society. 68, 1946, 1628-1632.
48 - Sawayama, S. K., A.; Nakahara, H.; Kamata, T. . A light scattering study on the
efects of pH on pectin aggregation in aqueous solutions. Food Hydrocolloids. 2, 1988,
3-8.
49 - Malovikova, A.; Rinaudo, M.; Milas, M. Comparative Interactions of Magnesium
and Calcium Counterions with Polygalacturonic Acid. Biopolymers. 34, 1994, 1059-
1064.
50 - Grasdalen, H.; Bakoy, O. E.; Larsen, B. Determination of the Degree of
Esterification and the Distribution of Methylated and Free Carboxyl Groups in Pectins
by H-1-Nmr Spectroscopy. Carbohydrate Research. 184, 1988, 183-191.
51 - Ravanat, G.; Rinaudo, M. Investigation on Oligogalacturonic and
Polygalacturonic Acids by Potentiometry and Circular-Dichroism. Biopolymers. 19,
1980, 2209-2222.
52 - Martinsen, A.; Skjakbraek, G.; Smidsrod, O. Alginate as Immobilization Material
.1. Correlation between Chemical and Physical-Properties of Alginate Gel Beads.
Biotechnology and Bioengineering. 33, 1989, 79-89.
53 - Toft, K. Interactions between Pectins and Alginates. Progress in Food and
Nutrition Science. 6, 1982, 89-96.
54 - Thom, D.; Dea, I. C. M.; Morris, E. R.; Powell, D. A. Interchain Associations of
Alginate and Pectins. Progress in Food and Nutrition Science. 6, 1982, 97-108.
55 - Elias, H.-G. Macromolecules: synthesis, materials and technology. . Plenum
Publishing Corporation, USA, 1984. 1147-1171
56 - Paladhi, R.; Singh, R. P. Ultrasonic and Rheological Investigations on Interacting
Blend Solutions of Poly(Acrylic Acid) with Poly(Vinyl Pyrrolidone) or Poly(Vinyl
Alcohol). European Polymer Journal. 30, 1994, 251-257.
57 - Miura, K.; Kimura, N.; Suzuki, H.; Miyashita, Y.; Nishio, Y. Thermal and
viscoelastic properties of alginate/poly(vinylalcohol) blends cross-linked with calcium
tetraborate. Carbohydrate Polymers. 39, 1999, 139-144.
58 - Kanis, L. A.; Viel, F. C.; Crespo, J. S.; Bertolino, J. R.; Pires, A. T. N.; Soldi, V.
Study of poly(ethylene oxide)/Carbopol blends through thermal analysis and infrared
spectroscopy. Polymer. 41, 2000, 3303-3309.
59 - Corradini, E.; Rubira, A. F.; Muniz, E. C. Miscibility of PVC/EVA hydrolysed
blends by viscosimetric, microscopic and thermal analysis. European Polymer
Journal. 33, 1997, 1651-1658.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 172
60 - Canevarolo, S. V. Ciência dos polímeros. Artliber, São Carlos,SP, 2002. 15-117,
122, 123.
61 - Paul. D.R.; Newman, S. Polymer Blends. Academic Press, INC, USA, 1978.
158-160.
62 - Lucas, E. F.; Soares, B.G; Monteiro, E. Caracterização de Polímeros-
Determinação de Massa molar e Análise Térmica. E-Papers Serviços Editoriais, Rio
de Janeiro, 2001.
63 - Iijima, M.; Nakamura, K.; Hatakeyama, T.; Hatakeyama, H. Phase transition of
pectin with sorbed water. Carbohydrate Polymers. 41, 2000, 101-106.
64 - Sa, M. M.; Sereno, A. M. Glass Transitions and State Diagrams for Typical
Natural Fruits and Vegetables. Thermochimica Acta. 246, 1994, 285-297.
65 - Scandola, M.; Ceccorulli, G.; Pizzoli, M. Molecular Motions of Polysaccharides
in the Solid-State - Dextran, Pullulan and Amylose. International Journal of
Biological Macromolecules. 13, 1991, 254-260.
66 - Yoo, S. H.; Fishman, M. L.; Hotchkiss, A. T.; Lee, H. G. Viscometric behavior of
high-methoxy and low-methoxy pectin solutions. Food Hydrocolloids. 20, 2006, 62-
67.
67 - Kar, F.; Arslan, N. Characterization of orange peel pectin and effect of sugars, L-
ascorbic acid, ammonium persulfate, salts on viscosity of orange peel pectin solutions.
Carbohydrate Polymers. 40, 1999, 285-291.
68 - Zhang, H. C.; Zheng, H. H.; Zhang, Q. Z.; Wang, J. J.; Konno, M. The interaction
of sodium alginate with univalent cations. Biopolymers. 46, 1998, 395-402.
69 - Lanson, R. G. The structures and rheology of complexe fluids. O.U.Press, New
York, 1999.
70 - James, F. S. Rheological methods in food process engineering. East Lasing:
Freeman Press., 1996.
71 - Gomez-Diaz, D.; Navaza, J. M. Rheology of aqueous solutions of food additives -
Effect of concentration, temperature and blending. Journal of Food Engineering. 56,
2003, 387-392.
72 - Kjoniksen, A. L.; Hiorth, M.; Nystrom, B. Association under shear flow in
aqueous solutions of pectin. European Polymer Journal. 41, 2005, 761-770.
73 - Marcotte, M.; Hoshahili, A. R. T.; Ramaswamy, H. S. Rheological properties of
selected hydrocolloids as a function of concentration and temperature. Food Research
International. 34, 2001, 695-703.
74 - Liu, X. X.; Qian, L. Y.; Shu, T.; Tong, Z. Rheology characterization of sol-gel
transition in aqueous alginate solutions induced by calcium cations through in situ
release. Polymer. 44, 2003, 407-412.
75 - Walkenstrom, P.; Kidman, S.; Hermansson, A. M.; Rasmussen, P. B.; Hoegh, L.
Microstructure and rheological behaviour of alginate/pectin mixed gels. Food
Hydrocolloids. 17, 2003, 593-603.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 173
76 - Michon, C.; Chapuis, C.; Langendorff, V.; Boulenguer, P.; Cuvelier, G. Strain-
hardening properties of physical weak gels of biopolymers. Food Hydrocolloids. 18,
2004, 999-1005.
77 - Lofgren, C.; Walkenstrom, P.; Hermansson, A. M. Microstructure and rheological
behavior of pure and mixed pectin gels. Biomacromolecules. 3, 2002, 1144-1153.
78 - Nordby, M. H.; Kjoniksen, A. L.; Nystrom, B.; Roots, J. Thermoreversible
gelation of aqueous mixtures of pectin and chitosan. Rheology. Biomacromolecules. 4,
2003, 337-343.
79 - Gilsenan, P. M.; Richardson, R. K.; Morris, E. R. Thermally reversible acid-
induced gelation of low-methoxy pectin. Carbohydrate Polymers. 41, 2000, 339-349.
80 - Berne, B. J.; Pecora, R. Dynamic Light Scattering With Applications to
Chemistry, Biology and Physics. John Wiley & Sons, Inc., New York, 1975.
81 - Hiorth, M.; Kjoniksen, A. L.; Knudsen, K. D.; Sande, S. A.; Nystrom, B.
Structural and dynamical properties of aqueous mixtures of pectin and chitosan.
European Polymer Journal. 41, 2005, 1718-1728.
82 - Kjoniksen, A. L.; Hiorth, M.; Nystrom, B. Temperature-induced association and
gelation of aqueous solutions of pectin. A dynamic light scattering study. European
Polymer Journal. 40, 2004, 2427-2435.
83 - Chan, L. W.; Heng, P. W. S. Effects of aldehydes and methods of cross-linking on
properties of calcium alginate microspheres prepared by emulsification. Biomaterials.
23, 2002, 1319-1326.
84 - Miraftab, M.; Qiao, Q.; Kennedy, J. F.; Anand, S. C.; Groocock, M. R. Fibres for
wound dressings based on mixed carbohydrate polymer fibres. Carbohydrate
Polymers. 53, 2003, 225-231.
85 - Holte, O.; Onsoyen, E.; Myrvold, R.; Karlsen, J. Sustained release of water-
soluble drug from directly compressed alginate tablets. European Journal of
Pharmaceutical Sciences. 20, 2003, 403-407.
86 - Drury, J. L.; Mooney, D. J. Hydrogels for tissue engineering: scaffold design
variables and applications. Biomaterials. 24, 2003, 4337-4351.
87 - Andrade, C. T.; Coutinho, F.M.B.; Dias, M.L; Lucas, E.F.; Oliveira, C.M.F.;
Tabak, D. Dicionário de Polímeros. Editora Interciência LTDA, 2001. 236.
88 - Fishman, M. L.; Coffin, D. R. Mechanical, microstructural and solubility
properties of pectin/poly(vinyl alcohol) blends. Carbohydrate Polymers. 35, 1998,
195-203.
89 - Macleod, G. S.; Fell, J. T.; Collett, J. H. Studies on the physical properties of
mixed pectin/ethylcellulose films intended for colonic drug delivery. International
Journal of Pharmaceutics. 157, 1997, 53-60.
90 - Rhim, J. W. Physical and mechanical properties of water resistant sodium alginate
films. Lebensmittel-Wissenschaft Und-Technologie-Food Science and Technology. 37,
2004, 323-330.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 174
91 - Shapiro, L.; Cohen, S. Novel alginate sponges for cell culture and transplantation.
Biomaterials. 18, 1997, 583-590.
92 - Zmora, S.; Glicklis, R.; Cohen, S. Tailoring the pore architecture in 3-D alginate
scaffolds by controlling the freezing regime during fabrication. Biomaterials. 23, 2002,
4087-4094.
93 - Billmeyer, F. W. Textbook of polymer Science. Wiley Sons-Interscience, New
York, 1-598.
94 - Delville, J.; Joly, C.; Dole, P.; Bliard, C. Solid state photocrosslinked starch based
films: a new family of homogeneous modified starches. Carbohydrate Polymers. 49,
2002, 71-81.
95 - Marques, P. T.; Lima, A. M. F.; Blanco, G.; Laurindo, J. B.; Borsali, R.; Le
Meins, J. F.; Soldi, V. Thermal properties and stability of cassava starch films cross-
linked with tetraethylene glycol diacrylate. Polymer Degradation and Stability. 91,
2006, 726-732.
96 - Bodmeier, R.; Chen, H. G.; Paeratakul, O. A Novel-Approach to the Oral
Delivery of Micro-Particles or Nanoparticles. Pharmaceutical Research. 6, 1989, 413-
417.
97 - Kwok, K. K.; Groves, M. J.; Burgess, D. J. Production of 5-15-Mu-M Diameter
Alginate-Polylysine Microcapsules by an Air-Atomization Technique. Pharmaceutical
Research. 8, 1991, 341-344.
98 - Lim, F.; Sun, A. M. Microencapsulated Islets as Bioartificial Endocrine Pancreas.
Science. 210, 1980, 908-910.
99 - RemunanLopez, C.; Bodmeier, R. Mechanical, water uptake and permeability
properties of crosslinked chitosan glutamate and alginate films. Journal of Controlled
Release. 44, 1997, 215-225.
100 - Yeom, C. K.; Lee, K. H. Characterization of permeation behaviors of ethanol-
water mixtures through sodium alginate membrane with crosslinking gradient during
pervaporation separation. Journal of Applied Polymer Science. 69, 1998, 1607-1619.
101 - Metz, B.; Kersten, G. F. A.; Hoogerhout, P.; Brugghe, H. F.; Timmermans, H. A.
M.; de Jong, A.; Meiring, H.; ten Hove, J.; Hennink, W. E.; Crommelin, D. J. A.;
Jiskoot, W. Identification of formaldehyde-induced modifications in proteins -
Reactions with model peptides. Journal of Biological Chemistry. 279, 2004, 6235-
6243.
102 - Usha, R.; Ramasami, T. Structure and conformation of intramolecularly cross-
linked collagen.
Colloids and Surfaces B-Biointerfaces. 41, 2005, 21-24.
103 - Marquie, C. Chemical. reactions in cottonseed protein cross-linking by
formaldehyde, glutaraldehyde, and glyoxal for the formation of protein films with
enhanced mechanical properties. Journal of Agricultural and Food Chemistry. 49,
2001, 4676-4681.
104 - Marquie, C.; Aymard, C.; Cuq, J. L.; Guilbert, S. Biodegradable Packaging
Made from Cottonseed Flour - Formation and Improvement by Chemical Treatments
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 175
with Gossypol, Formaldehyde, and Glutaraldehyde. Journal of Agricultural and Food
Chemistry. 43, 1995, 2762-2767.
105 - Micard, V.; Belamri, R.; Morel, M. H.; Guilbert, S. Properties of chemically and
physically treated wheat gluten films. Journal of Agricultural and Food Chemistry. 48,
2000, 2948-2953.
106 - Hernandez-Munoz, P.; Lopez-Rubio, A.; Lagaron, J. M.; Gavara, R.
Formaldehyde cross-linking of gliadin films: Effects on mechanical and water barrier
properties. Biomacromolecules. 5, 2004, 415-421.
107 - Hernandez-Munoz, P.; Villalobos, R.; Chiralt, A. Effect of cross-linking using
aldehydes on properties of glutenin-rich films. Food Hydrocolloids. 18, 2004, 403-
411.
108 - Rhim, J. W.; Gennadios, A.; Handa, A.; Weller, C. L.; Hanna, M. A. Solubility,
tensile, and color properties of modified soy protein isolate films. Journal of
Agricultural and Food Chemistry. 48, 2000, 4937-4941.
109 - Rhim, J. W.; Gennadios, A.; Weller, C. L.; Cezeirat, C.; Hanna, M. A. Soy
protein isolate dialdehyde starch films. Industrial Crops and Products. 8, 1998, 195-
203.
110 - de Carvalho, R. A.; Grosso, C. R. F. Characterization of gelatin based films
modified with transglutaminase, glyoxal and formaldehyde. Food Hydrocolloids. 18,
2004, 717-726.
111 - Lee, J. M.; Edwards, H. H. L.; Pereira, C. A.; Samii, S. I. Crosslinking of tissue-
derived biomaterials in 1-ethyl-3-(3-dimethylaminopropyl)-carbodiimide (EDC).
Journal of Materials Science-Materials in Medicine. 7, 1996, 531-541.
112 - Tomihata, K.; Ikada, Y. Crosslinking of hyaluronic acid with water-soluble
carbodiimide. Journal of Biomedical Materials Research. 37, 1997, 243-251.
113 - Tomihata, K.; Burczak, K.; Shiraki, K.; Ikada, Y. Cross-Linking and
Biodegradation of Native and Denatured Collagen. Polymers of Biological and
Biomedical Significance. 540, 1994, 275-286.
114 - Choi, Y. S.; Hong, S. R.; Lee, Y. M.; Song, K. W.; Park, M. H.; Nam, Y. S.
Study on gelatin-containing artificial skin: I. Preparation and characteristics of novel
gelatin-alginate sponge. Biomaterials. 20, 1999, 409-417.
115 - Nakajima, N.; Ikada, Y. Mechanism of Amide Formation by Carbodiimide for
Bioconjugation in Aqueous-Media. Bioconjugate Chemistry. 6, 1995, 123-130.
116 - Xu, J. B.; Bartley, J. P.; Johnson, R. A. Preparation and characterization of
alginate hydrogel membranes crosslinked using a water-soluble carbodiimide. Journal
of Applied Polymer Science. 90, 2003, 747-753.
117 - Xu, J. B.; Bartley, J. P.; Johnson, R. A. Preparation and characterization of
alginate-carrageenan hydrogel films crosslinked using a water-soluble carbodiimide
(WSC). Journal of Membrane Science. 218, 2003, 131-146.
118 - Baptista-Silva , J. C. C., 2004, Cirurgia vascular: guia ilustrado. Disponível em:
URL: http://www.bapbaptista.com
.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 176
119 - Knill, C. J.; Kennedy, J. F.; Mistry, J.; Miraftab, M.; Smart, G.; Groocock, M.
R.; Williams, H. J. Alginate fibres modified with unhydrolysed and hydrolysed
chitosans for wound dressings. Carbohydrate Polymers. 55, 2004, 65-76.
120 - Matthew, I. R.; Browne, R. M.; Frame, J. W.; Millar, B. G. Subperiosteal
Behavior of Alginate and Cellulose Wound Dressing Materials. Biomaterials. 16,
1995, 275-278.
121 - Maria, R. P.;Aun, R.B. 2002, R&R Tratamento de Lesões.
http://www.rrlesões.com
.
122 - Dunn, R. L.; Ottenbrite, R.M. Polymeric Drugs and Drug Delivery Systems.
American Chemical Society, USA, 1990. 11-23.
123 - Evangelista, R. C. Tecnologia Farmacêutica para proteção de medicamentps
de liberação controlada. In: Encontro Técnico Científico para as Indústrias
Farmacêuticas e Cosméticas. Curso 05, São Paulo, 1998.
124 - Graham, N. B. Polymeric inserts and implants for the controlled release of drug.
British Polyme Journal. 10, 1978, 260-266.
125 - Al-Musa, S.; Abu Fara, D.; Badwan, A. A. Evaluation of parameters involved in
preparation and release of drug loaded in crosslinked matrices of alginate. Journal of
Controlled Release. 57, 1999, 223-232.
126 - Fernandez-Hervas, M. J.; Fell, J. T. Pectin/chitosan mixtures as coatings for
colon-specific drug delivery: an in vitro evaluation. International Journal of
Pharmaceutics. 169, 1998, 115-119.
127 - Filippov, M. P.; Kohn, R. Determination of Composition of Alginates by
Infrared Spectroscopic Method. Chemicke Zvesti. 28, 1974, 817-819.
128 - Anger, H.; Berth, G. Gel-Permeation Chromatography and the Mark-Houwink
Relation for Pectins with Different Degrees of Esterification. Carbohydrate Polymers.
6, 1986, 193-202.
129 - Martinsen, A.; Skjakbraek, G.; Smidsrod, O.; Zanetti, F.; Paoletti, S.
Comparison of Different Methods for Determination of Molecular-Weight and
Molecular-Weight Distribution of Alginates. Carbohydrate Polymers. 15, 1991, 171-
193.
130 - Stading, M.; Hermansson, A. M. Large Deformation Properties of Beta-
Lactoglobulin Gel Structures. Food Hydrocolloids. 5, 1991, 339-352.
131 - Stading, M.; Hermansson, A. M. Rheological Behavior of Mixed Gels of Kappa-
Carrageenan Locust Bean Gum. Carbohydrate Polymers. 22, 1993, 49-56.
132 - Angles, M. N.; Dufresne, A. Plasticized starch/tunicin whiskers nanocomposites.
1. Structural analysis. Macromolecules. 33, 2000, 8344-8353.
133 - Lima, A. M. F. Matrizes porosas de quitosana. Universidade de São Paulo, São
Carlos -SP, 2002.
134 - Weadock, K.; Olson, R. M.; Silver, F. H. Evaluation of Collagen Crosslinking
Techniques. Biomaterials Medical Devices and Artificial Organs.
11, 1983, 293-318.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 177
135 - Moon, G. Y.; Pal, R.; Huang, R. Y. M. Novel two-ply composite membranes of
chitosan and sodium alginate for the pervaporation dehydration of isopropanol and
ethanol. Journal of Membrane Science. 156, 1999, 17-27.
136 - Higuchi, T. Rate of release of medicaments from ointment bases containing
drugs in suspensions. Journal of Pharmaceutical Sciences. 50, 1961, 874-845.
137 - Draget, K. I.; Braek, G. S.; Smidsrod, O. Alginic Acid Gels - the Effect of
Alginate Chemical-Composition and Molecular-Weight. Carbohydrate Polymers. 25,
1994, 31-38.
138 - Fishman, M. L.; Gillespie, D. T.; Sondey, S. M.; Elatawy, Y. S. Intrinsic-
Viscosity and Molecular-Weight of Pectin Components. Carbohydrate Research. 215,
1991, 91-104.
139 - Walkinshaw, M. D. A., S. Models for junctions zones in pectinic acid and
calcium pectate gels. Journal Molecular Biology. 153, 1981, 1075-1085.
140 - Morawetz, H. Macromolecules in solutions. Wiley, New York 1975. 344-363.
141 - Fishman, M. L.; Chau, H. K.; Hoagland, P.; Ayyad, K. Characterization of
pectin, flash-extracted from orange albedo by microwave heating, under pressure.
Carbohydrate Research. 323, 2000, 126-138.
142 - Fishman, M. L.; Cooke, P.; Hotchkiss, A.; Damert, W. Progressive Dissociation
of Pectin. Carbohydrate Research. 248, 1993, 303-316.
143 - Fishman, M. L.; Cooke, P.; Levaj, B.; Gillespie, D. T.; Sondey, S. M.; Scorza, R.
Pectin Microgels and Their Subunit Structure. Archives of Biochemistry and
Biophysics. 294, 1992, 253-260.
144 - Fishman, M. L.; Cooke, P. H.; Coffin, D. R. Nanostructure of native pectin sugar
acid gels visualized by atomic force microscopy. Biomacromolecules. 5, 2004, 334-
341.
145 - Fishman, M. L.; Walker, P. N.; Chau, H. K.; Hotchkiss, A. T. Flash extraction of
pectin from orange albedo by steam injection. Biomacromolecules. 4, 2003, 880-889.
146 - Smidsrod, O.; Haug, A. Estimation of Relative Stiffness of Molecular Chain in
Polyelectrolytes from Measurements of Viscosity at Different Ionic Strengths.
Biopolymers. 10, 1971, 1213-&.
147 - Watase, M.; Nishinari, K. Effect of Alkali-Metal Ions on the Rheological
Properties of K-Carrageenan and Agarose Gels. Journal of Texture Studies. 12, 1981,
427-445.
148 - Hales, P. W.; Jefferies, M.; Pass, G. Some Physical-Properties of Hydrocolloids
in Aqueous-Solution. Progress in Food and Nutrition Science. 6, 1982, 33-43.
149 - Lin, S. C.; Lee, W. I.; Schurr, J. M. Brownian-Motion of Highly Charged
Poly(L-Lysine) - Effects of Salt and Polyion Concentration. Biopolymers. 17, 1978,
1041-1064.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 178
150 - Adam, M.; Delsanti, M. Dynamical Behavior of Semidilute Polymer-Solutions
in a Theta-Solvent - Quasi-Elastic Light-Scattering Experiments. Macromolecules. 18,
1985, 1760-1770.
151 - Buhler, E.; Munch, J. P.; Candan, S. J. Dynamical Properties of Wormlike
Micelles - a Light-Scattering Study. Journal De Physique Ii. 5, 1995, 765-787.
152 - Ermi, B. D.; Amis, E. J. Domain structures in low ionic strength polyelectrolyte
solutions. Macromolecules. 31, 1998, 7378-7384.
153 - Esquenet, C.; Buhler, E. Phase behavior of associating polyelectrolyte
polysaccharides. 1. Aggregation process in dilute solution. Macromolecules. 34, 2001,
5287-5294.
154 - Klucker, R.; Munch, J. P.; Schosseler, F. Combined static and dynamic light
scattering study of associating random block copolymers in solution. Macromolecules.
30, 1997, 3839-3848.
155 - Reed, W. F. Domain-Structure of Polyelectrolyte Solutions - Is It Real -
Comment. Macromolecules. 27, 1994, 873-874.
156 - Tanahatoe, J. J.; Kuil, M. E. Light scattering on semidilute polyelectrolyte
solutions: Ionic strength and polyelectrolyte concentration dependence. Journal of
Physical Chemistry B. 101, 1997, 10839-10844.
157 - Tanahatoe, J. J.; Kuil, M. E. Light scattering on semidilute polyelectrolyte
solutions: Molar mass and polyelectrolyte concentration dependence. Journal of
Physical Chemistry B. 101, 1997, 9233-9239.
158 - Bulone, D.; Martorana, V.; San Biagio, P. L.; Palma-Vittorelli, M. B. Effects of
electric charges on hydrophobic forces. II. Physical Review E. 62, 2000, 6799-6809.
159 - Narayanan, J.; Deotare, V. W.; Bandyopadhyay, R.; Sood, A. K. Gelation of
aqueous pectin solutions: A dynamic light scattering study. Journal of Colloid and
Interface Science. 245, 2002, 267-273.
160 - Borsali, R.; Rinaudo, M.; Noirez, L. Light-Scattering and Small-Angle Neutron-
Scattering from Polyelectrolyte Solutions - the Succinoglycan. Macromolecules. 28,
1995, 1085-1088.
161 - Drifford, M.; Dalbiez, J. P. Light-Scattering by Dilute-Solutions of Salt-Free
Poly-Electrolytes. Journal of Physical Chemistry
. 88, 1984, 5368-5375.
162 - Milas, M.; Rinaudo, M.; Duplessix, R.; Borsali, R.; Lindner, P. Small-Angle
Neutron-Scattering from Polyelectrolyte Solutions - from Disordered to Ordered
Xanthan Chain Conformation. Macromolecules. 28, 1995, 3119-3124.
163 - Morfin, I.; Reed, W. F.; Rinaudo, M.; Borsali, R. Further Evidence of Liquid-
Like Correlations in Polyelectrolyte Solutions. Journal De Physique Ii. 4, 1994, 1001-
1019.
164 - Lootens, D.; Capel, F.; Durand, D.; Nicolai, T.; Boulenguer, P.; Langendorff, V.
Influence of pH, Ca concentration, temperature and amidation on the gelation of low
methoxyl pectin. Food Hydrocolloids. 17, 2003, 237-244.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 179
165 - Nash, W.; Pinder, D. N.; Hemar, Y.; Singh, H. Dynamic light scattering
investigation of sodium caseinate and xanthan mixtures. International Journal of
Biological Macromolecules. 30, 2002, 269-271.
166 - Kokini, J. L.; Surmay, K. Steady Shear Viscosity First Normal Stress Difference
and Recoverable Strain in Carboxymethyl Cellulose, Sodium Alginate and Guar Gum.
Carbohydrate Polymers. 23, 1994, 27-33.
167 - Yanaki, T.; Yamaguchi, T. Temporary Network Formation of Hyaluronate under
a Physiological Condition .1. Molecular-Weight Dependence. Biopolymers. 30, 1990,
415-425.
168 - Gomez-Diaz, D.; Navaza, J. M. Rheology of food stabilizers blends. Journal of
Food Engineering. 64, 2004, 143-149.
169 - Jansen, J. C. M., M.;Oliviero, C.;Mendichi, R.;Ranieri, G.A.;Drioli, E.
Rheological evaluation of the influence of polymer concnetration and molar mass
distribution on the formation and performance of asymmetric gas separation
membranes prepared by dry phrase inversion. Polymer. 46, 2005, 11366-11379.
170 - Xu, X. L., W.;Zhang, L. Rheological behavior of Aeromonas gum in aqueous
solutions. Food Hydrocolloids. 20, 2006, 723-729.
171 - Chambon, F.; Winter, H. H. Stopping of Crosslinking Reaction in a Pdms
Polymer at the Gel Point. Polymer Bulletin. 13, 1985, 499-503.
172 - Chambon, F.; Winter, H. H. Linear Viscoelasticity at the Gel Point of a Cross-
Linking Pdms with Imbalanced Stoichiometry. Journal of Rheology. 31, 1987, 683-
697.
173 - Winter, H. H.; Chambon, F. Analysis of Linear Viscoelasticity of a Cross-
Linking Polymer at the Gel Point. Journal of Rheology. 30, 1986, 367-382.
174 - Damink, L.; Dijkstra, P. J.; vanLuyn, M. J. A.; vanWachem, P. B.; Nieuwenhuis,
P.; Feijen, J. In vitro degradation of dermal sheep collagen cross-linked using a water-
soluble carbodiimide. Biomaterials. 17, 1996, 679-684.
175 - Park, K. D.; Lee, W. K.; Yun, J. Y.; Han, D. K.; Kim, S. H.; Kim, Y. H.; Kim,
H. M.; Kim, K. T. Novel anti-calcification treatment of biological tissues by grafting
of sulphonated poly(ethylene oxide). Biomaterials. 18, 1997, 47-51.
176 - Kamnev, A. A.; Colina, M.; Rodriguez, J.; Ptitchkina, N. M.; Ignatov, V. V.
Comparative spectroscopic characterization of different pectins and their sources.
Food Hydrocolloids
. 12, 1998, 263-271.
177 - Manrique, G. D.; Lajolo, F. M. FT-IR spectroscopy as a tool for measuring
degree of methyl esterification in pectins isolated from ripening papaya fruit.
Postharvest Biology and Technology. 25, 2002, 99-107.
178 - Fan, L. H.; Du, Y. M.; Huang, R. H.; Wang, Q.; Wang, X. H.; Zhang, L. N.
Preparation and characterization of alginate/gelatin blend fibers. Journal of Applied
Polymer Science. 96, 2005, 1625-1629.
179 - Caykara, T.; Demirci, S.; Eroglu, M. S.; Guven, O. Poly(ethylene oxide) and its
blends with sodium alginate. Polymer. 46, 2005, 10750-10757.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 180
180 - Zohuriaan, M. J.; Shokrolahi, F. Thermal studies on natural and modified gums.
Polymer Testing. 23, 2004, 575-579.
181 - Villetti, M. A.; Crespo, J. S.; Soldi, M. S.; Pires, A. T. N.; Borsali, R.; Soldi, V.
Thermal degradation of natural polymers. Journal of Thermal Analysis and
Calorimetry. 67, 2002, 295-303.
182 - Xiao, C. B.; Lu, Y. S.; Liu, H. J.; Zhang, L. N. Preparation and physical
properties of blend films from sodium alginate and polyacrylamide solutions. Journal
of Macromolecular Science-Pure and Applied Chemistry. 37, 2000, 1663-1675.
183 - Yang, L.; Paulson, A. T. Effects of lipids on mechanical and moisture barrier
properties of edible gellan film. Food Research International. 33, 2000, 571-578.
184 - van der Berg, C. Food water relationships: Progress and integration,
comments and thoughts. In H. Levine, & L. Slade (Eds.), Water relationships in
foods. Plenum Press, New York, 1991. 21–28.
185 - Mali, S.; Sakanaka, L. S.; Yamashita, F.; Grossmann, M. V. E. Water sorption
and mechanical properties of cassava starch films and their relation to plasticizing
effect. Carbohydrate Polymers. 60, 2005, 283-289.
186 - Kang, H. W.; Tabata, Y.; Ikada, Y. Fabrication of porous gelatin scaffolds for
tissue engineering. Biomaterials. 20, 1999, 1339-1344.
187 - Patel, V. R.; Amiji, M. M. Preparation and characterization of freeze-dried
chitosan-poly(ethylene oxide) hydrogels for site-specific antibiotic delivery in the
stomach. Pharmaceutical Research. 13, 1996, 588-593.
188 - Pavlath, A. E.; Gossett, C.; Camirand, W.; Robertson, G. H. Ionomeric films of
alginic acid. Journal of Food Science. 64, 1999, 61-63.
189 - Sartori, C.; Finch, D. S.; Ralph, B.; Gilding, K. Determination of the cation
content of alginate thin films by FTir spectroscopy. Polymer. 38, 1997, 43-51.
190 - Liu, L. S.; Cooke, P. H.; Coffin, D. R.; Fishman, M. L.; Hicks, K. B. Pectin and
polyacrylamide composite hydrogels: Effect of pectin on structural and dynamic
mechanical properties. Journal of Applied Polymer Science. 92, 2004, 1893-1901.
191 - Jo, C.; Kang, H.; Lee, N. Y.; Kwon, J. H.; Byun, M. W. Pectin- and gelatin-
based film: effect of gamma irradiation on the mechanical properties and
biodegradation. Radiation Physics and Chemistry. 72
, 2005, 745-750.
192 - Kang, H. J.; Jo, C.; Lee, N. Y.; Kwon, J. H.; Byun, M. W. A combination of
gamma irradiation and CaCl2 immersion for a pectin-based biodegradable film.
Carbohydrate Polymers. 60, 2005, 547-551.
193 - Lee, K. Y.; Shim, J.; Lee, H. G. Mechanical properties of gellan and gelatin
composite films. Carbohydrate Polymers. 56, 2004, 251-254.
194 - Braccini, I.; Grasso, R. P.; Perez, S. Conformational and configurational features
of acidic polysaccharides and their interactions with calcium ions: a molecular
modeling investigation. Carbohydrate Research. 317, 1999, 119-130.
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 181
195 - Morris, E. R.; Powell, D. A.; Gidley, M. J.; Rees, D. A. Conformations and
Interactions of Pectins .1. Polymorphism between Gel and Solid States of Calcium
Polygalacturonate. Journal of Molecular Biology. 155, 1982, 507-516.
196 - Kim, J. H.; Lee, S. B.; Kim, S. J.; Lee, Y. M. Rapid temperature/pH response of
porous alginate-g-poly(N-isopropylacrylamide) hydrogels. Polymer. 43, 2002, 7549-
7558.
197 - Rehakova, M.; Bakos, D.; Vizarova, K.; Soldan, M.; Jurickova, M. Properties of
collagen and hyaluronic acid composite materials and their modification by chemical
crosslinking. Journal of Biomedical Materials Research. 30, 1996, 369-372.
198 - Badwan, A. A.; Abumalooh, A.; Sallam, E.; Abukalaf, A.; Jawan, O. A
Sustained-Release Drug Delivery System Using Calcium Alginate Beads. Drug
Development and Industrial Pharmacy. 11, 1985, 239-256.
199 - Banker, G. S. Film Coating Theory and Practice. Journal of Pharmaceutical
Sciences. 55, 1966, 81-&.
200 - Barreto, P. L. M.; Pires, A. T. N.; Soldi, V. Thermal degradation of edible films
based on milk proteins and gelatin in inert atmosphere. Polymer Degradation and
Stability. 79, 2003, 147-152.
201 - Ginani, M. F.; Navarro, M. V.; do Nascimento, E. G.; de Oliveira, U. O. B. The
study of influence of crosslinking and organic additives on the behavior of chitosan
gels. Quimica Nova. 22, 1999, 801-804.
202 - Naidu, B. V. K.; Rao, K.; Aminabhavi, T. M. Pervaporation separation of
water+1,4-dioxane and water plus tetrahydrofuran mixtures using sodium alginate and
its blend membranes with hydroxyethylcellulose - A comparative study. Journal of
Membrane Science. 260, 2005, 131-141.
203 - Naidu, B. V. K.; Sairam, M.; Raju, K.; Aminabhavi, T. M. Thermal viscoelastic
solution and membrane properties of sodium alginate/hydroxyethylcellulose blends.
Carbohydrate Polymers. 61, 2005, 52-60.
204 - Huang, R. Y. M.; Pal, R.; Moon, G. Y. Characteristics of sodium alginate
membranes for the pervaporation dehydration of ethanol-water and isopropanol-water
mixtures. Journal of Membrane Science. 160, 1999, 101-113.
205 - Yeom, C. K.; Lee, K. H. Pervaporation separation of water-acetic acid mixtures
through poly(vinyl alcohol) membranes crosslinked with glutaraldehyde. Journal of
Membrane Science. 109, 1996, 257-265.
206 - Yeom, C. K.; Lee, K. H. Characterization of sodium alginate membrane
crosslinked with glutaraldehyde in pervaporation separation. Journal of Applied
Polymer Science. 67, 1998, 209-219.
207 - Tomihata, K.; Ikada, Y. Crosslinking of hyaluronic acid with glutaraldehyde.
Journal of Polymer Science Part a-Polymer Chemistry. 35, 1997, 3553-3559.
208 - Kulkarni, A. R.; Soppimath, K. S.; Aralaguppi, M. I.; Aminabhavi, T. M.;
Rudzinski, W. E. Preparation of cross-linked sodium alginate microparticles using
Capítulo 6 – Referências bibliográficas 182
glutaraldehyde in methanol. Drug Development and Industrial Pharmacy. 26, 2000,
1121-1124.
209 - Li, H. Y.; Yu, D. S.; Zhang, J. Y. A novel and facile method for direct synthesis
of cross-linked polysiloxanes by anionic ring-opening copolymerization with Ph-12-
POSS/D-4/Ph8D4. Polymer. 46, 2005, 5317-5323.
210 - Crescenzi, V.; Francescangeli, A.; Taglienti, A.; Capitani, D.; Mannina, L.
Synthesis and partial characterization of hydrogels obtained via glutaraldehyde
crosslinking of acetylated chitosan and of hyaluronan derivatives. Biomacromolecules.
4, 2003, 1045-1054.
211 - Praptowidodo, V. S. Influence of swelling on water transport through PVA-
based membrane. Journal of Molecular Structure. 739, 2005, 207-212.
212 - Matveev, Y. I.; Grinberg, V. Y.; Tolstoguzov, V. B. The plasticizing effect of
water on proteins, polysaccharides and their mixtures. Glassy state of biopolymers,
food and seeds. Food Hydrocolloids. 14, 2000, 425-437.
213 - Kanis, L. A.; Generoso, M.; Meier, M. M.; Pires, A. T. N.; Soldi, V.
Poly(ethylene-co-methyl acrylate) membranes as rate-controlling barriers for drug
delivery systems: characterization, mechanical properties and permeability. European
Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics. 60, 2005, 383-390.
214 - Meier, M. A.; Kanis, L. A.; Soldi, V. Characterization and drug-permeation
profiles of microporous and dense cellulose acetate membranes: influence of
plasticizer and pore forming agent. International Journal of Pharmaceutics. 278, 2004,
99-110.
215 - Mathew, A. P.; Dufresne, A. Morphological investigation of nanocomposites
from sorbitol plasticized starch and tunicin whiskers. Biomacromolecules. 3, 2002,
609-617.
216 - Silva, S. S.; Santos, M. I.; Coutinho, O. P.; Mano, J. F.; Reis, R. L. Physical
properties and biocompatibility of chitosan/soy blended membranes. Journal of
Materials Science-Materials in Medicine. 16, 2005, 575-579.
217 - Meier, M. M.; Kanis, L. A.; de Lima, J. C.; Pires, A. T. N.; Soldi, V.
Poly(caprolactone triol) as plasticizer agent for cellulose acetate films: influence of the
preparation procedure and plasticizer content on the physico-chemical properties.
Polymers for Advanced Technologies. 15, 2004, 593-600.
218 - Lai, H. L.; Abu'Khalil, A.; Craig, D. Q. M. The preparation and characterisation
of drug-loaded alginate and chitosan sponges. International Journal of Pharmaceutics.
251, 2003, 175-181.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo