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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
ESTUDO DA PREVALÊNCIA SOROLÓGICA DE DOENÇA
CELÍACA EM PACIENTES COM DIABETES DO TIPO I
Flávia Peixoto Caldas
Niterói
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
ESTUDO DA PREVALÊNCIA SOROLÓGICA DE DOENÇA
CELÍACA EM PACIENTES COM DIABETES DO TIPO I
Flávia Peixoto Caldas
Dissertação apresentada ao
Curso de Pós-graduação em Ciências
Médicas da Universidade Federal
Fluminense, sob a orientação do Prof.
Beni Olej, visando a obtenção do grau
de Mestre. Área de concentração:
Ciências da Saúde.
Aprovada em de de 2005
BANCA EXAMINADORA
Profa.Dra. Elisa Albuquerque Sampaio da Cruz
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Alfeu Tavares França
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. Dr. Mauro Diniz Moreira
Universidade Federal Fluminense
2
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Aos Meus Pais,
Rizza e Luiz Querino,
pelo carinho, força, estímulo e paciência.
Tudo que sou, hoje, devo à vocês.
Obrigada.
“Nunca se esqueçam nem um segundo que eu tenho o amor maior do mundo,
Como é grande o meu amor por vocês”.
3
AGRADECIMENTOS
A minha mãe Rizza, muito mais que tudo na minha vida: eu te amo.
Ao meu pai Luiz Querino: pai, professor, amigo e o meu exemplo de vida.
Obrigada pelo estímulo, pela força e pela paciência, principalmente, quando
me apossava do seu local de trabalho.
Aos meus irmãos, Andréa e Luiz Henrique, pelas palavras certas em
momentos difíceis.
Ao Dr Beni Olej, mais que orientador, é amigo e conselheiro. Obrigada por
sempre acreditar no meu trabalho e por ajudar-me a não desanimar. Eu o
admiro muito.
Aos pacientes, a quem devo esse trabalho, por sua paciência e boa vontade.
À técnica Alessandra, que muito me ajudou na parte mais difícil do estudo: a
coleta das amostras.
Às alunas de iniciação científica, Renata Farias, Kaliny Trevezani e Fabiana
Fabris, por seu trabalho.
A Rose, que com extrema boa vontade me encaminhava todos os pacientes
do ambulatório.
Ao Dr. Rúbens e à Dr Denise e sua equipe, que me abriram todas as portas.
Ao Centro de Pesquisa Clínica, da Universidade Federal Fluminense, pela
ajuda financeira para a realização dos exames.
Ao grupo Angra Lab pelos exames subsidiados em prol do interesse
científico.
4
SUMÁRIO
Folha de rosto .............................................................................................. 1
Folha de aprovação ......................................................................................2
Dedicatória ................................................................................................... 3
Agradecimentos ........................................................................................... 4
Sumário ........................................................................................................ 5
Lista de abreviaturas e siglas ....................................................................... 6
Resumo ........................................................................................................ 7
Abstract ........................................................................................................ 9
Introdução .................................................................................................. 11
Objetivos ................................................................................................... 29
Pacientes e métodos .................................................................................. 30
Análise estatística ...................................................................................... 32
Resultados ................................................................................................. 37
Discussão ................................................................................................... 44
Conclusões ..... .......................................................................................... 52
Bibliografia ................................................................................................. 53
Anexos ....................................................................................................... 62
5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC: antes de Cristo
AGA: anticorpo anti-gliadina
anti-GAD: anticorpo anti-descarboxilase do ácido glutâmico
anti-IA2: anticorpo anti-ilhota de langerhans
ARA: anticorpo anti-reticulina
CD3: molécula de superfície de célula Te timócitos
CD25: molécula de superfície de células Te B ativadas, e macrófagos ativados
CD54: molécula de superfície de células endoteliais, células T e B, e monócitos
CD80: molécula de superfície de células dendríticas, células e macrófagos ativados
DC: Doença Celíaca
DM-I: Diabetes Mellitus do Tipo I
DQ2: locus gênico
DQ8: locus gênico
ELISA:: imunoensaio enzimático
EmA: anticorpo anri-endomísio
FAO/WHO: Comitê do Codex Alimentarius
HLA: do inglês, human leukocyte antigen
HUAP: Hospital Universitário Antônio Pedro
IFN: interferon
IgA: imunoglobulina A
IgG: imunoglobulina G
IL2: interleucina 2
tTG: anticorpo anti-transglutaminase tecidual
6
RESUMO
A Doença Celíaca (DC) é uma enfermidade crônica que cursa com uma lesão
do intestino delgado, causada pela ingestão de trigo. A DC pode apresentar as
seguintes formas: clássica (sintomática ou ativa), atípica e assintomática
(silenciosa). Na realidade, ela é mais freqüentemente assintomática, com uma
razão de casos sintomáticos para assintomáticos de 1:5 - 1:7. Os sintomas clássicos
incluem náusea, irritabilidade, anorexia , retardo do crescimento , dores abdominais
e diarréia. Manifestações extra-abdominais, incluindo osteoporose, infertilidade e
doenças malígnas no intestino delgado podem também ocorrer. Outras
complicações, como a diabetes mellitus do tipo I (DM-I), têm sido associadas à
doença celíaca. Em décadas recentes, a introdução de marcadores sorológicos
sensíveis e específicos para a DC (ex: anticorpos anti-gliadina, anti-endomísio e
anti-transglutaminase tecidual), permitiu uma reavaliação da prevalência e do quadro
clínico associado à doença celíaca. O diagnóstico baseia-se numa única biópsia
intestinal positiva e a demonstração de pelo menos dois dos três anticorpos
específicos para a doença. Em contraste com os dados europeus, a DC não é ainda
freqüentemente diagnosticada no Brasil. É estimado que a doença afeta 1 em 85 a
300 indivíduos de populações descendentes de europeus, enquanto, no Brasil, o
primeiro estudo recente mostrou uma prevalência de 1:681. Existem evidências de
que a DC é subdiagnosticada e que testes sorológicos têm potencial para detectar
formas subclínicas da doença não diagnosticadas. Essas estimativas de prevalência
são aplicadas à população geral, no entanto, em indivíduos com predisposição, o
risco da doença é maior. Nos portadores de DM-I, a prevalência reportada de DC
7
varia de 0,6 a 16,4%. Alguns dados sugerem que a prevalência das doenças auto-
imunes está intimamente relacionada ao período de exposição ao glúten, sugerindo
que a eliminação precoce do glúten pode prevenir a manifestação de outras
complicações.
Devido à conhecida alta prevalência da DC na população diabética e da
suspeita alta freqüência de formas latentes e silenciosas da doença em crianças, a
triagem destas tem sido sugerida. O presente estudo foi desenhado para investigar a
prevalência sorológica da DC em indivíduos portadores de DM-I no município de
Niterói e arredores. Quarenta e nove pacientes com DM-I entraram no estudo após
os critérios de inclusão (32 F:17 M, 47±05 anos). As amostras sangüíneas dos
pacientes inclusos foram submetidas aos testes sorológicos para verificar a
presença dos anticorpos anti-AGA, -EmA e -tTG. Foram considerados positivos,
quanto à DC, os pacientes com reação sorológica positiva para o –EmA (IgA e/ou
IgG) e para a –tTG (IgA). Destes pacientes, quatro (3F:1M, 18±07 anos)
apresentaram resultados sorológicos indicativos de DC, correspondendo a 8,16% da
população total estudada. Os pacientes celíacos com DM-I detectados tinham
poucas ou nenhuma característica para a doença. A presença da DC não foi
relacionada aos sintomas gastrintestinais sugestivos da DC, nem com o período de
existência da DM-I. A sensibilidade e a especificidade do IgA anti-EmA e IgA anti-
tTG foram similares, já quanto ao IgG-EmA, a sensibilidade não foi tão alta.
Concluindo, a alta prevalência e os freqüentes casos silenciosos de DC em
pacientes com DM-I sugerem que crianças brasileiras com diabetes mellitus do tipo I
devem ser triadas para a obtenção do diagnóstico precoce e tratamento de DC,
prevenindo complicações severas futuras.
8
ABSTRACT
Celiac Disease (CD) is a chronic illness that develops lesions on the small
intestine, caused by wheat ingestion. CD may present such forms: classical
(symptomatic or active), atypical and assymptomatic (silent). Actually, it is more
frequently assymptomatic, with a ratio of cases symptomatics to assymptomatics
cases of 1:5 - 1:7. The classical symptoms are nausea, irritability, anorexia, growth
failure, abdominal pain and diarrhea. Extra-abdominal manifestations, such as
osteoporosis, infertility and malignance intestinal illnesses may occur. Other
complications, such as diabetes mellitus type I (I-DM), have been associated to
celiac disease. On recent decades, the introduction of sensitive and specific
serologic markers to CD (such as anti-gliadin, anti-endomisium and anti-tissue
transglutaminase antibodies), allows a reavaliation of the prevalence and of the
clinical spectrum associated to the disease. The diagnosis is based on a single
biopsy of the small intestine and the presence of at least one of the CD specific
antibodies. In contrast with European data, the CD is not frequently diagnosed in
Brazil. It is estimated that the disease affects 1 in 85 to 300 individuals of European
descendents populations, whereas, in Brazil, the first recent study demonstrated a
prevalence of 1:681. There are evidences that CD is subdiagnosed and that
serologic tests have the potential to detect subclinical forms of the undiagnosed
disease. These estimates of prevalence are applied to the general population,
however, in predisposed individuals, the risk of the disease is higher. On individuals
with I-DM, the reported prevalence of CD varies from 0.6 to 16.4%. Some data
suggest that the prevalence of autoimmune diseases is closely related to the period
9
of exposure to gluten, suggesting that the precoce elimination of gluten may prevent
the manifestation of other complications.
Due to the known high prevalence of DC on the diabetic population and the
suspected high frequency of the latent and silent forms of the disease in children, the
screenning of those have been suggested. The present study was drawn to
investigate the serologic prevalence of CD in individuals with I-DM on Niterói and
suburbs. Forty nine patients with I-DM were included in the study after the inclusion
criteria (32 F:17 M, 47±05 years). The blood samples of the included patients were
submited to serologic tests to verify the presence of antibodies anti-AGA, -EmA e -
tTG. Were considered positive, to CD, the patients with positive serologic reaction to
–EmA (IgA and/or IgG) and to –tTG (IgA). Of these patients, four (3F:1M, 18±07
years) presented serologic results indicative of CD, corresponding to 8,16% of the
total population studied. The celiac patients with I-DM detected had few or none
clinical characteristics of the disease. The presence of CD was not related to
gastrointestinal symptoms suggestive of CD, neither with the period of existence of I-
DM. The sensivity and specificity of IgA anti-EmA and IgA anti-tTG were similar, but
the sensivity to IgG-EmA was not so high.
Concluding, the high prevalence and the frequent silent cases of CD in
patients with I-DM suggest that brazilian children with diabetes mellitus type I should
be screened for precoce diagnosis and treatment of CD, preventing future severe
complications.
10
INTRODUÇÃO
Aspectos Gerais
A Doença Celíaca (DC), também conhecida como síndrome disabsortiva
celíaca (“coeliac sprue”) ou enteropatia glúten-sensitiva, é uma enfermidade crônica
que cursa com uma lesão do intestino delgado, que embora característica, não é
específica. A lesão é evidenciada pela atrofia das vilosidades intestinais, hiperplasia
das criptas, e o aumento do número de células da lâmina própria consistindo na
maioria de plasmócitos e linfócitos, prejudicando a absorção de nutrientes no
segmento intestinal lesado
(1)
. O nome “coeliac” deriva do grego koilia, que significa
barriga
(2)
, e a DC foi primeiramente observada pelo médico grego Aretaeus no
primeiro século da era cristã
(apud 3)
. Porém, foi em 1888, que Samuel Gee fez a
descrição clássica da doença, e somente em 1930, Dicke demonstrou que a retirada
do trigo da dieta aliviava os sintomas e sinais da DC
(apud 4)
. O mecanismo
patogênico que, na doença celíaca, se encontra por trás das lesões da mucosa do
intestino delgado somente agora começa a ser compreendido, mas a ativação dos
linfócitos T parece ser de importância fundamental
(5)
.
(6)
As características clínicas da doença celíaca são extremamente variáveis ,
podendo apresentar as seguintes formas: clássica (sintomática ou ativa), atípica
(mono ou paucissintomática) e assintomática (silenciosa). Outros autores sugerem
que a DC em forma latente parece estar presente em indivíduos que irão
desenvolver DC, futuramente, ou em aqueles que já apresentaram a doença, no
passado, mas, no momento da investigação, têm a mucosa normal mesmo com a
ingestão de glúten
(7)
. Os sintomas clássicos incluem náusea, irritabilidade, anorexia
(8) (9)
, retardo do crescimento , dores abdominais, e diarréia, estando a idade típica de
11
apresentação entre 1 e 3 anos de idade, coincidindo com a introdução do glúten na
dieta. Este tipo de apresentação, descrito nos livros-texto, é bem conhecido dos
clínicos e pediatras, e sua confirmação diagnóstica tradicional baseia-se em biopsia
do intestino delgado e dietas de exclusão.
No entanto, em décadas recentes, a introdução de marcadores
sorológicos sensíveis e específicos, permitiu uma reavaliação da prevalência e do
quadro clínico associado à doença celíaca.
Em crianças maiores, diarréia e outros sintomas gastrintestinais são
menos proeminentes, e baixa estatura, puberdade retardada e anemia predominam
(6)
. Manifestações extra-abdominais, que podem ou não acompanhar-se de
manifestações abdominais começaram a ser associadas a esta condição, incluindo
osteoporose com o aumento do risco de fraturas, infertilidade em ambos os sexos
(7)
,
e doenças malígnas no intestino delgado
(5)
. Comparados à população geral,
pacientes com DC têm um risco 43 vezes maior de desenvolver linfoma no intestino
delgado e a morte por câncer neste grupo é 30 vezes mais frequente
(10)
. Outras
complicações como a diabetes mellitus do tipo I (DM-I), dermatite herpetiforme,
psoríase, hepatite auto-imune, cirrose, epilepsia com calcificação cerebral também
têm sido associadas à doença celíaca
(5)
.
Na realidade, a DC é mais freqüentemente assintomática, com uma razão
de casos sintomáticos para assintomáticos de 1:5 - 1:7
(11)
.
Tanto a diversidade dos sintomas, como a severidade da doença têm levado
a um conceito de “iceberg celíaco”. Pacientes com sintomas típicos são facilmente
reconhecidos como celíacos e estão “flutuando no topo da superfície”. Pacientes
com sintomas vagos ou atípicos não são facilmente reconhecidos e fazem parte da
12
maioria dos pacientes “abaixo da superfície”. É importante atentar para variedade de
possíveis apresentações de doença celíaca, diminuindo o número de casos não
diagnosticados
(12)
. O tamanho da população de pacientes submergidos no “iceberg”
parece variar de uma comunidade para outra e pode refletir as diferenças do acesso
aos cuidados médicos ou na percepção da severidade e significância potencial dos
sintomas
(13)
, assim como diferenças genéticas ou culturais.
A Hipótese da Discordância Evolutiva
Evidências oriundas de estudos arqueológicos e paleontológicos têm
sustentado os argumentos de uma corrente de pensamento que associa a incidência
crescente de doenças auto-imunes e degenerativas, a uma discordância evolutiva
entre a dieta consumida atualmente e as modificações genéticas capazes de conferir
adaptação aos novos alimentos.
Os alimentos que a Humanidade consumia originalmente e aqueles que
consumimos atualmente, na civilização moderna, são significativamente diferentes,
em muitos casos. Muito embora nossa herança genética permaneça basicamente a
mesma, tendo evoluído muito pouco desde então.
Portanto, a maior parte dos alimentos que consumimos são discordantes de
nossa herança genética. A assim chamada “Revolução Agrícola” (com a
domesticação de animais, cereais e legumes) ocorreu inicialmente no Sudeste
Asiático há cerca de 10.000 anos, e disseminou-se posteriormente pelo Norte da
Europa há cerca de 5.000 anos atrás
(4
;
14
;
15
;
16)
. A revolução industrial ocorreu há
mais ou menos 200 anos e a revolução tecnológica que nos permitiu processar e
industrializar os alimentos, tem ocorrido nos últimos 100 anos, crescendo muito em
proporção, nos últimos 50 anos.
13
Mesmo que os humanos tivessem acesso a estes alimentos por milênios
(digamos 10 milênios), isto representaria apenas cerca de 0,4% da existência
humana. Considerando que a quantidade estimada de alteração genética que teria
ocorrido no genoma humano neste período de tempo, é desprezível (cerca de
0,005%), pode-se afirmar que o genoma do homem moderno é essencialmente o
mesmo que o do homem pré-agrícola
(17)
. Assim, o genoma humano parece ser
mais adaptado àqueles alimentos que eram consumidos pelo homem pré-agrícola,
ou seja, carnes (músculo), com gordura limitada, frutas selvagens e vegetais, mas
significativamente não cereais, legumes, laticínios ou carnes de alto teor de gorduras
dos animais domesticados.
(apud 18)
Um clássico trabalho de Simoons e colaboradores , sobre a incidência
de doença celíaca, mostra que a distribuição de determinados haplotipos de HLA
(HLA B8, antígeno de classe I) acompanha a disseminação da agricultura desde o
Sudeste Asiático até o Norte da Europa. Considerando a forte associação de
genótipos HLA com a doença celíaca, suas conclusões indicam que aquelas
populações que foram mais tardiamente expostas aos cereais (principalmente trigo),
teriam a mais alta incidência da doença.
(18)
Esta correlação foi revista, recentemente, por Cronin e Cornelius
, na
Irlanda, um dos países com maior incidência relativa de doença celíaca, mostrando
uma tentativa associação genética/histórica entre a prática do consumo de trigo
após a introdução da agricultura, a expressão de determinados genótipos e a
incidência de doença celíaca.
14
Epidemiologia
A DC é um problema de saúde mundial e sua prevalência varia entre as
diferentes populações, sendo essa diversidade determinada aparentemente por
fatores genéticos e ambientais
(19, 20)
. A reavaliação dos estudos de prevalência da
doença celíaca tem indicado que a DC é relativamente comum tanto na Europa
quanto na América do Norte. É estimado que a doença afeta 1 em 85 a 300
indivíduos de populações descendentes de europeus. Ela também foi encontrada
em negros, árabes, cubanos, mexicanos, asiáticos e brasileiros
(21)
. A DC, como na
maioria das outras desordens autoimunes, é mais comum nas mulheres, com uma
razão mulher/ homem de pelo menos 2 : 1
(22)
, sugerindo que a susceptibilidade
ligada ao sexo está envolvida na etiopatogênese da doença
(23)
.
Até o momento, poucos são os estudos sobre a prevalência da DC na
América Latina ou, mais especificamente, no Brasil, onde DC não é reconhecida
como um problema de saúde pública e é geralmente considerada uma doença rara.
Devido à significante proporção de brasileiros compartilharem um ancestral europeu
comum e à utilização freqüente do trigo na dieta, pode-se supor uma maior
prevalência de DC na população de brasileiros. No Brasil, o primeiro estudo
epidemiológico utilizando marcadores sorológicos foi publicado recentemente com
amostras sangüíneas obtidas aleatoriamente de 2045 doadores de sangue,
atendidos no Centro Hematológico de Brasília, mostrando uma prevalência de 1:681
(1)
na população em geral. Existem evidências de que a DC é subdiagnosticada e
que testes sorológicos têm potencial para detectar formas subclínicas da doença
ainda não detectadas
(22)
. A DC não é ainda freqüentemente diagnosticada no Brasil.
O diagnóstico tradicional é baseado principalmente em dados clínicos e biópsias do
15
jejuno. Testes sorológicos são raramente requisitados fora das grandes cidades,
principalmente, devido ainda à sua escassa disponibilidade
(24)
.
As estimativas de prevalência são aplicadas à população geral. No entanto,
em indivíduos com predisposição, o risco da doença é maior
(25)
. Para os parentes
de primeiro grau do portador, a prevalência da doença é de 10 a 20%. Mais de 90%
dos pacientes compartilham a molécula de HLA de classe II DQ2 , e a maioria do
restante dos pacientes expressam HLA-DQ8. Pacientes com a doença celíaca, na
maioria dos casos, expressam DQ2, DQ8 ou ambas as moléculas
(5)
. No entanto,
esses tipos de HLA não são específicos para a DC, porque eles têm sido também
encontrados em 20 – 30 % da população geral
(26)
.
A taxa de mortalidade em pacientes com doença celíaca excede àquela da
população geral por um fator de 1.9-3.8, principalmente, devido às doenças
malignas. A redução expressiva da mortalidade, após 1-5 anos da exclusão do
glúten, sugere que tal dieta protege pacientes celíacos contra doenças malignas
(7)
.
Diagnóstico
Os critérios para o diagnóstico da doença celíaca tem se modificado durante
as últimas décadas. Os critérios originais de 1970 da Sociedade Européia de
Gastroenterologia e Nutrição Pediátrica (ESPGAN) baseavam-se na obtenção de
três biópsias do intestino delgado para o diagnóstico da DC. A presença de um
aspecto histológico anormal na primeira biópsia numa dieta com glúten era
requerida, seguida de uma melhora da arquitetura das vilosidades numa intervenção
dietética, e subseqüente deteriorização da biópsia no desafio com glúten
(27)
. Em
1990, com o desenvolvimento de testes sorológicos para três anticorpos diferentes
tornou-se possível rever os critérios ESPGAN. Estes testes incluem anticorpos anti-
16
gliadina (AGA), anticorpos anti-endomísio (EMA) e anticorpos anti-reticulina (ARA).
Os critérios ESPGAN revistos exigem: a) uma única biópsia do intestino positiva e b)
a demonstração de pelo menos dois dos três anticorpos acima mencionados
(28, 29, 30,
31, 32)
. Adicionalmente, a determinação dos anticorpos contra a gliadina (AGA), o
endomísio (EmA) e a transglutaminase tecidual (tTG) durante o diagnóstico e o
desaparecimento destes após uma dieta sem glúten também ajudam a verificar se
os doentes cumprem a dieta
(21)
(Anexo 1 - Figura 1).
Uma intervenção baseada numa dieta isenta de glúten sem evidências
sorológicas e de biópsias intestinais de DC para o tratamento empírico de diferentes
sintomas gastrintestinais é absolutamente desencorajado.
Como muitos pacientes têm poucos sintomas, porém crônicos, bem antes do
desenvolvimento do padrão de má absorção, pode ser possível identificar estes
pacientes num estágio precoce do processo da doença e prevenir complicações da
doença. O surgimento de testes de triagem sorológicos possibilitou a triagem da
doença celíaca. Quando há suspeita da DC, porém nenhuma evidência franca de
má absorção, testes de triagem sorológica devem ser considerados
(27)
.
Testes sorológicos são simples e menos invasivos, necessitando apenas de
uma amostra sangüínea
(12)
. A biópsia intestinal é um procedimento invasivo e de
alto custo que pode não ser justificado em pacientes que parecem não apresentar a
doença e em que os testes sorológicos são negativos
(27)
.
No entanto, um teste sorológico positivo requer confirmação tecidual. Uma
biópsia tecidual também permite a verificação do nível da destruição presente.
Quando a dieta isenta de glúten é iniciada, a mucosa do intestino delgado retorna ao
normal durante um período de alguns meses a 1-2 anos na maioria dos pacientes.
17
Falha na melhora do intestino ocorre na maioria das vezes devido ao deslize do
paciente em relação à dieta
(12)
.
Além dos testes sorológicos, técnicas moleculares também podem ser
utilizadas para detectar a predisposição do paciente a DC, com base na associação
da doença com alguns haplotipos de HLA. Tais técnicas baseiam-se na pesquisa de
genes que codificam a molécula de HLA-DQ2 e –DQ8
(33, 34, 35)
.
Marcadores Sorológicos
A utilização de marcadores sorológicos para doença celíaca pode ser muito
útil para a prática clínica. Pacientes com probabilidade baixa a moderada de DC
podem ser triados ao invés de submetidos à biópsia do intestino delgado.
Marcadores sorológicos também auxiliam na monitorização de pacientes que
aderem à dieta sem glúten.
Anticorpos Anti-gliadina. A gliadina, fração do glúten solúvel em álcool,
provoca uma forte resposta humoral na doença celíaca, que origina-se na
submucosa. Ambos os anticorpos da classe IgA e IgG contra a gliadina são
utilizados como adjuvantes no diagnóstico da DC. Os AGA, isoladamente, não são
mais utilizados clinicamente devido à falta de especificidade para a DC e do
desenvolvimento de testes novos. Porém podem ser utilizados para acompanhar a
resposta à dieta isenta de glúten.
Anticorpos Anti-endomísio. O endomísio é uma proteína do tecido conectivo
encontrada na matriz colagenosa do tecido humano e de macaco. O EmA é
encontrado em associação com a doença celíaca. O teste é baseado nos achados
imunofluorescentes da coloração reticular quando EmA liga-se ao endomísio. A
especificidade deste teste qualitativo é muito alta, quase 100%. Contudo, é um teste
18
de realização difícil, necessitando um certo nível de experiência. Além disso, critica-
se a utilização de esôfago de macaco como substrato, no sentido de potencializar a
ameaça a espécies em extinção. Variações do teste utilizando outros tecidos, como
cordão umbilical e jejuno humano, talvez sejam tão acurados quanto os anteriores.
A sensibilidade do teste, apesar de ter sido inicialmente estimada como quase
100%, é menor em muitos indivíduos que apresentam níveis inferiores de destruição
intestinal. Apesar de ser altamente específico quando positivo, ainda é subjetivo
devido às variações nas interpretações de um laboratório para outro.
Anticorpos Anti-transglutaminase tecidual. A transglutaminase é uma proteína
citosólica que é liberada pela destruição do epitélio e serve como uma âncora de
diferentes proteínas da matrix extracelular, resultando na formação de uma ligação
c-(γ-glutamil)-lisina. Coincidentemente, a gliadina é substrato preferido da tTG.
Recentemente, foi reportado por Dieterich et al., que a tTG é o autoantígeno
reconhecido pelo ensaio de imunofluorescência indireta do EmA na DC. Atualmente,
kits de ELISA para IgA-tTG encontram-se disponíveis para medir os níveis de
anticorpos anti-tTG, utilizando tTG de cobaia ou humano. Testes baseados em
anticorpos IgG anti-tTG estarão, em breve, disponíveis e serão úteis no diagnóstico
de celíacos IgA-deficientes. A vantagem de utilizar testes anti-tTG é que estes são
realizados pelo método de ELISA, o qual elimina as desvantagens associadas ao
uso do EmA (alto custo, protocolo longo, utilização de esôfago de macaco e
interpretação subjetiva da análise de imunofluorescência). Testes de anticorpos anti-
tTG são bem comparáveis com anti-EmA em relaçao à sensibilidade. No entanto,
existe uma perda da especificidade, especialmente em pacientes com Síndrome de
Down ou doenças autoimunes, sendo importante confirmar o diagnóstico por
19
biópsia. Apesar da maior facilidade de uso comparado ao EmA e da alta
sensibilidade e comparável especificidade reportada, testes IgA anti-tTG são novos
e requerem futuras avaliações antes de substituírem os EmA
(27)
.
Deficiência de IgA. Cataldo e colaboradores definem como deficiência de IgA
níveis de IgA <0.05 g/l com níveis normais de IgG e IgM, e a ausência de fatores
potencialmente capazes de induzir deficiência de IgA secundária
(apud 36)
. A
deficiência seletiva de IgA afeta 2-5% dos pacientes com DC. A maioria dos testes
sorológicos medem os anticorpos das imunoglobulinas IgA, com isso, um resultado
negativo ocorrerá em pacientes celíacos com deficiência de IgA. Assim como AGA,
EmA será ausente em indivíduos com doença celíaca IgA-deficientes
(27)
. Testes
com anticorpos da subclasse IgG anti-gliadina, -endomísio e –tTG, no entanto, são
usualmente positivos nestes pacientes.
Tratamento
O tratamento da doença celíaca consiste utilização de dieta isenta de glúten
de forma permanente devendo-se excluir os seguintes cereais e seus derivados:
trigo, centeio, cevada e aveia
(37)
. Contudo, sabe-se que muitos pacientes com DC,
após um período variável de consumo da dieta isenta de trigo, podem tolerar certa
quantidade deste e permanecerem assintomáticos ou apenas exibirem sintomas
leves da doença. No entanto, os efeitos nocivos que o glúten exerce na mucosa do
intestino delgado ainda estão presentes e aparecerão ao longo do tempo. Esses
efeitos visíveis incluem baixa estatura ou até malignidades intestinais
(38)
.
As frações protéicas do glúten tóxicas ao paciente com DC são diferentes em
cada um dos cereais, a saber: gliadina no trigo, hordeína na cevada, secalina no
centeio e avenina na aveia. Estas frações protéicas, denominadas genericamente
20
(37)
prolaminas, são solúveis em etanol . De acordo com o Comitê do Codex
Alimentarius (FAO/WHO), um alimento é considerado isento de glúten quando o
nível de prolamina detectado na sua composição é inferior a 10 mg/100 g. Este nível
de sensibilidade pode ser atingido utilizando técnicas baseadas na detecção de
anticorpos monoclonais ou policlonais. O imunoensaio enzimático (EIA), utilizando o
anticorpo monoclonal ω-gliadina, é a técnica eleita para identificar a gliadina e
prolaminas nos alimentos crus, cozidos ou processados
(38)
.
A maioria dos pacientes tem uma resposta clínica rápida à dieta sem glúten,
apesar dessa resposta variar de um indivíduo para outro. Pacientes que se
encontram muito debilitados podem requerer admissão, repleção dos fluidos e
eletrólitos, alimentação intravenosa, e, ocasionalmente, esteróides. Pacientes devem
receber suplementação de ferro e folato, se for documentado deficiência desses
minerais.
Alguns pacientes não apresentam uma resposta clínica ou histológica boa,
mesmo quando submetidos à dieta. Neste caso, primeiramente, deve-se confirmar o
diagnóstico de doença celíaca nestes pacientes, fazendo uma revisão da biópsia
original por um especialista de patologia gastrintestinal. No entanto, a causa mais
comum desses pacientes não-responsivos é a ingestão de glúten, que pode ser
intencional ou não
(7)
.
Shan et al. sugeriu a possibilidade do tratamento da doença celíaca por
suplementação enzimática
(39)
, porém estudos adicionais devem ser feitos para
justificar tal tratamento na ausência da dieta isenta de glúten. A tTG pode ser
considerada um grande regulador da DC. Ela está envolvida tanto na resposta
humoral como na celular e está intimamente ligada à toxicidade ao cereal. A
21
descoberta da regulação da resposta imune do epítopo específico da enteropatia
glúten-sensitiva abre caminho para várias estratégias de intervenção potentes para
tratamento da DC:
1. A descoberta do epítopo específico do glúten – rico em prolina – é um fator
crucial na resistência do peptídeo 33-mer da gliadina à quebra gastrintestinal.
Isso irá permitir o uso do endopeptídeo prolil bacteriano, que catalisa este
peptídeo e diminui seu efeito tóxico.
2. A indução de células T tolerogênicas ou promoção da anergia de células T.
3. Endocitose mediada por tTGase pode ser um mecanismo efetivo para
vacinação oral com epítopos de peptídeos imunogênicos, enquanto estes
forem resistentes à ação das enzimas digestivas gástricas e intestinais. Em
adição, bloqueando a atividade da tTG, poderia-se prevenir a geração da
maioria dos glúten-peptídeos estimuladores de células T (
40
) .
A Resposta Imune
O antígeno. Sabe-se, há várias décadas, que a resposta imune na doença
celíaca depende do envolvimento de linfócitos T específicos para a gliadina,
antígeno presente no trigo e outros grãos. Somente nos últimos anos, no entanto, os
mecanismos operantes começaram a ser melhor compreendidos. Uma das grandes
indagações referia-se ao modo como a gliadina, uma proteína de alto peso
molecular era capaz de atravessar a barreira epitelial intestinal, para que pudesse
ser apresentada por células dendríticas (DQ2 ou DQ8) aos linfócitos T específicos.
(41, 42)
Dois estudos independentes publicados em 2000 , utilizando diferentes
abordagens experimentais, identificaram epítopos imunodominantes da região 57-75
da α-gliadina. Juntos com estudos posteriores, estes experimentos sugeriram que
22
uma larga porção de células T CD4+ de pacientes com DC reconhecem 3 peptídeos
sobrepostos, ricos em prolina e glutamina (PFPQPQLPY, PQPQLPYPQ, E
PYPQPQLPY), os quais derivam da região da α-gliadina reconhecida pelos
anticorpos encontrados em pacientes com doença celíaca
(apud 43)
.
Quando o glúten da dieta é exposto às enzimas digestivas do lúmen
(incluindo prolil endopeptidases), produz peptídeos 33-mer estáveis contendo
epítopos ricos em prolina com o motivo central PQPQLPY. O peptídeo 33-mer é,
então, absorvido intacto pelas vias transcelulares ou paracelulares para dentro da
lâmina própria, e a exposição à tTG resulta na deamidação dos resíduos de
glutamina em ácido glutâmico. O peptídeo modificado, associado ao HLA-DQ2 ou
HLA-DQ8, é apresentado às células T-específicas CD4+. Estas células T efetoras
produtoras de IFN-γ ativadas retornam à mucosa e produzem a característica atrofia
das vilosidades e hiperplasia das criptas
(44)
(Anexo 1 – Figura 2).
Recentemente, outro mecanismo, que pode atuar alternativamente ou
associado, foi descrito. Parece haver nos celíacos uma permeabilidade intestinal
aumentada, que pode ser justificada pela reação inflamatória intestinal
desencadeada pelos linfócitos T específicos ativados pelos peptídeos 33-mer
apresentados pelas células dendríticas ou pela presença de zonulina, uma proteína
com expressão aumentada nos celíacaos
(45)
.
O papel da transglutaminase tissular. A transglutaminase tissular-2 (Tgase 2)
é uma enzima ubíqua, dependente de cálcio, pertencente à crescente família das
transglutaminases. Estas enzimas catalizam de modo covalente e irreversível a
ligação de proteínas, conectando um doador de glutamina com um receptor da
mesma, resultando na formação de uma ponte isopeptidil. Na ausência de um
23
receptor de glutamina, as transglutaminanse podem também desaminar certos
resíduos glutamina de proteínas doadoras
(43; 46; 47)
. Tgase 2 é estocada
intracelularmente, podendo ser liberada durante a lesão celular. A enzima liga
diversas proteínas da matriz extracelular, estabilizando o arcabouço do tecido
conjuntivo. A gliadina constitui um dos poucos substratos conhecidos para a Tgase
2. O TGFbeta latente é outro exemplo , onde Tgase 2 serve como fator para
converte-lo em sua forma ativa
(43)
. Considerando a bem conhecida atividade
imunossupressora de TGFbeta, um papel indireto da Tgase 2 no controle da
inflamação parece provável.Mais recentemente, um papel na prevenção da
autoimunidade foi sugerido para a Tgase 2.
Transglutaminase na Doença Celíaca. A presença de autoanticorpos IgA anti-
Tgase 2 representa um marcador sensível para o diagnóstico da doença celíaca. O
modelo atualmente aceito pressupõe que durante o desenvolvimento da doença, os
linfócitos B inicialmente dirigidos contra gliadina estendem-se para o auto-antígeno
Tgase 2. A formação de complexos Tgase 2/gliadina através da atividade de Tgase
2 parece ser central neste processo. No soro de pacientes celíacos, podem ser
detectados anticorpos capazes de reconhecer não somente a gliadina ou Tgase 2,
como também novos epitopos formados pelo complexo gliadina/Tgase 2. Portanto, a
migração intermolecular de epitopos da gliadina para Tgase 2 envolve o
reconhecimento dos complexos gliadina/Tgase 2, possivelmente num estágio
precoce.
Admite-se que uma permeabilidade intestinal aumentada (constitucional ou
inflamatória) seria responsável pelo incremento da absorção paracelular de gliadina,
que atingiria a lâmina própria do intestino. Neste processo inflamatório intestinal,
24
fibroblastos e células endoteliais liberam TGase 2, capaz então de promover não
somente a desaminação da gliadina como também, num processo denominado
autocatálise, formar complexos gliadina/TGase 2. As células dendríticas passam
então a apresentar as configurações antigênicas formadas por gliadina (ou a fração
33-mer), gliadina desaminada e complexos gliadina/TGase 2, no contexto de
moléculas DQ2 ou DQ8, para linfócitos T gliadina-específicos. A partir da ativação
dos linfócitos T gliadina-específicos, linfócitos B são estimulados a produzir
anticorpos contra estas 3 configurações (gliadina, gliadina desaminada e
gliadina/TGase 2). A gliadina funciona com carreadora de TGase 2, permitindo a
produção de autoanticorpos contra TGase 2 por parte de linfócitos B, que recebem
ativação de linfócitos T gliadina-específicos
(48)
. Este modelo também explicaria a
observação de que os títulos de autoanticorpos IgA antiTGase diminuem quando os
pacientes aderem a uma dieta isenta de glúten
Embora a existência alternativa de linfócitos T TGase 2-específicos pudesse
também explicar a produção de autoanticorpos contra esta proteína, a existência
destes clones permanece por ser demonstrada.
Doença Celíaca e Diabetes Tipo I
A coexistência da diabetes tipo I (DM-I) e da doença celíaca foi
primeiramente suspeitada em 1954. De 1984 a 2001, uma população de 15,712
pacientes com DM-I foi examinada em 38 artigos publicados. Utilizando diferentes
procedimentos de triagem para auto-anticorpos, a prevalência reportada de DC
variou de 0,6 a 16,4%
(49; 50)
.
25
A coexistência da doença celíaca pode contribuir para a ocorrência de vários
sintomas gastrintestinais comumente observados no diabetes tipo I, incluindo
diarréia, intolerância a lactose, edema, perda de peso e esteatorréia. Retardo do
crescimento e dificuldade no controle glicêmico podem também ocorrer
(27)
.
Foi relatado que em camundongos geneticamente suscetíveis a diabetes,
uma dieta isenta de glúten protege contra o desenvolvimento da doença
(51; 52; 53)
. Em
humanos, observações conflitantes dos efeitos da dieta sem glúten no controle
glicêmico e ganho de peso têm sido publicadas em pacientes celíacos com diabetes
mellitus do tipo I
(54)
.
No entanto, em indivíduos portadores da doença celíaca, a freqüência de
Diabetes mellitus do tipo I, de outras doenças auto-imunes, e de anticorpos
associados é diretamente relacionada à época do diagnóstico da doença, sugerindo
que a intervenção dietética com a eliminação precoce do glúten pode prevenir a
manifestação de outras doenças auto-imunes
(55)
.
Geralmente, quando a coexistência de doenças auto-imunes e doença celíaca
ocorrem num mesmo paciente, a DC é freqüentemente silenciosa e, com isso, a
desordem auto-imune é diagnosticada primeiro. Adicionalmente, pacientes celíacos
têm uma taxa alta de auto-anticorpos órgão-específicos, na época do diagnóstico,
comparados com aqueles submetidos à dieta sem glúten. Além disso, auto-
anticorpos relacionados à diabetes e tiróide podem desaparecer quando crianças
com DC mantêm a dieta de restrição. Os resultados desses estudos sugerem que as
doenças auto-imunes podem ser prevenidas pelo diagnóstico precoce e tratamento
da DC; e para aqueles que já possuem desordens auto-imunes, a dieta isenta de
glúten pode oferecer uma chance de melhora dos sintomas
(7)
. A correlação entre a
26
retirada do glúten da dieta e um melhor controle glicêmico nos pacientes com DM-I e
DC, é controversa. Alguns estudos sugerem melhora no controle glicêmico,
enquanto outros não observaram esta correlação. Do ponto de vista metodológico, a
maioria destes estudos basearam-se em pequena amostragem e não avaliaram a
aderência à dieta em relação ao desfecho. Em 2004, Saadah e colaboradores
(56)
realizaram um estudo com uma população maior, mostrando que a identificação e a
intervenção dietética da doença celíaca em crianças com diabetes melhora o
crescimento e influencia no controle glicêmico.
Dez a 20% dos pacientes celíacos também têm DM-I
(57)
. A coexistência de
ambas as condições pode refletir um antepassado genético similar e uma
associação com os haplotipos de HLA, principalmente, do tipo DQB1
(58)
. Também
tem sido sugerido que a DC pode ser um “gatilho” imunológico para a DM-I devido à
absorção de antígenos inadequados pelo intestino, e à deposição de complexos
imunes derivados do intestino nos órgãos alvo
(59)
. Dados recentes sugerem como
causa-efeito dessa associação a presença da inflamação da mucosa na biópsia do
intestino delgado de pacientes com diabetes tipo I. Estes dados sugerem maiores
níveis de citocinas proinflamatórias na mucosa como resultado de uma alteração da
permeabilidade local ou desregulação imune. Além disso, o compartimento epitelial
apresenta sinais de aumento de infliltração por células CD3+ e γδ+
(51)
.
Nos pacientes com diabetes tipo I, recrutamento local de linfócitos na mucosa
após desafio retal com gliadina tem sido descrito. Este quadro de infiltração
linfocitária intestinal apresenta padrões comuns àquele encontrado pela ativação in
vitro de linfócitos de pacientes celíacos com gliadina, ou seja, sinais de ativação de
célula T na lamina própria, como a expressão de receptor IL2 (CD25) na lâmina
27
própria de células mononucleadas (incluindo células T), maior expressão na lâmina
própria de moléculas co-estimulatórias (CD80) e de adesão (CD54), como também
infiltração de células CD3+ no epitélio foi observado em todos os pacientes
investigados. No contexto geral, o conjunto dos dados sugere uma falha nos
mecanismos de tolerância oral na DM-I, particularmente em relação à gliadina
(51)
.
Devido à conhecida alta prevalência da DC na população diabética e da
suspeita alta freqüência de formas latentes e silenciosas da doença em crianças, a
triagem destas tem sido sugerida
(60)
. O risco adicional para doenças autoimunes é,
atualmente, estimado como de 1,1% para cada ano sem diagnóstico
(61)
.
Recentemente, Brandt e cols.
(62)
estudando crianças e adolescentes com
diabetes mellitus tipo I no Instituto Materno Infantil de Recife, reportaram uma
prevalência sorológica de DC de 21%, em 19 pacientes avaliados. Dos quatro que
apresentaram sorologia positiva, três foram submetidos à biópsia intestinal, com
confirmação diagnóstica (15,8%).
28
OBJETIVOS
Evidências recentes demonstraram que a DC não é uma doença rara, embora
seja sub-diagnosticada. São necessários estudos em larga escala envolvendo
diferentes regiões do país, para que se conheça em maior profundidade este
problema em nosso país. A utilização dos testes sorológicos para triagem,
identificação precoce e tratamento de grupos de risco constitui um objetivo a longo
prazo, com potenciais implicações na prevenção de co-morbidades.
Por este motivo, o nosso objetivo principal foi estudar a prevalência da
positividade na sorologia para doença celíaca em população de pacientes com
diabetes do tipo I, com os seguintes desfechos de avaliação:
- presença de anticorpos contra a gliadina, o endomísio e a transglutaminase
tecidual;
- determinação do tipo de anticorpos contra a gliadina (IgG e/ou IgA);
- determinação do tipo de anticorpos contra o endomísio (IgG e/ou IgA);
- presença ou não de anticorpos contra a transglutaminase tecidual (IgA).
29
PACIENTES E MÉTODOS
1. PACIENTES E ESTOCAGEM DAS AMOSTRAS
Neste estudo de corte-transversal foram estudadas 49 amostras de
pacientes, sendo 32 do sexo feminino e 17 do sexo masculino, com idades entre 05
e 47 anos, acompanhados no Ambulatório de Endocrinologia do Hospital
Universitário Antônio Pedro do Estado do Rio de Janeiro, RJ (HUAP – RJ), com
diagnóstico clínico de diabetes mellitus do tipo I.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do HUAP e os pacientes
receberam informação escrita e verbal explicando o objetivo da triagem. Todos os
pacientes foram avaliados clínica e laboratorialmente, segundo a rotina do serviço, e
aqueles incluídos no estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo 2).
Cada paciente incluído foi submetido a um questionário (Anexo 3) sobre suas
características gerais, sintomas iniciais da diabetes tipo I e sintomas clássicos da
doença celíaca. Além disso, foram realizados testes sorológicos para verificar a
presença ou não de anticorpos anti-IA2 e anti-GAD pela técnica de
radioimunoensaio, essenciais para a confirmação da DM-I (Tabelas 1 e 2). A
prevalência de auto-anticorpos relacionados a DM-I em adultos com DC é alta,
mesmo após a retirada da dieta com glúten
(63)
, porém a ausência destes não exclui
a DM-I, uma vez que tais anticorpos tendem a desaparecer após 5 anos do início da
diabetes
(64, 65)
.
Foram feitas coletas a vácuo de 9,0 ml de sangue de cada paciente. As
amostras foram centrifugadas a 3.200 rpm durante 7 minutos (Bio Eng BE-4004)
para a obtenção dos soros, os quais foram estocados à –20
o
C.
30
2. TESTES SOROLÓGICOS PARA DETECÇÃO DOS ANTICORPOS
2.1) Anticorpos anti-AGA (BioSystems-ANTI-GLIADIN ANTIBODIES (AGA-
IgG/IgA))
A detecção dos anticorpos anti-endomísio foi realizada através da técnica de
Imunoensaio enzimático. Cem microlitros das amostras diluídas (1/400 com diluente
de amostras) e dos controles foram tranferidos para as cavidades da placa, que foi
incubada durante 30 minutos à temperatura ambiente (15-30ºC). A placa foi lavada
quatro vezes com solução de lavagem e 100 µl do conjugado enzimático (anticorpo
anti-IgG ou IgA humano fixado com peroxidase) foi transferido para esta, que por
sua vez, foi incubada por 30 minutos em temperatura ambiente (15-30ºC). Repetiu-
se as quatro lavagens e transferiu-se 100 µl do substrato (tetrametilbenzidina). A
placa foi novamente incubada por 15 minutos em temperatura ambiente (15-30ºC) e
então, foi transferido100 µl da solução bloqueadora. A leitura foi realizada com filtro
de 450 nm. As amostras foram classificadas em:
Unidades
Negativa <1,0
Indeterminado de 1,0 a 1,4
Reagente 1,4.
2.2) Anticorpos anti-EmA (BioSystems-ANTI-ENDOMYSIUM ANTIBODIES (AEA-
IgA/IgG))
A detecção dos anticorpos anti-endomísio foi realizada através da técnica de
imunofluorescência Indireta. Cinqüenta microlitros das amostras diluídas (1/5 com
PBS) e dos controles foram tranferidos para cada poço da lâmina, que foi incubada
durante 30 minutos à temperatura ambiente (15-30ºC). A lâmina foi gentilmente
secada e rinsada duas vezes com PBS (1:20) durante 5 minutos. As lâminas foram
31
cuidadosamente secadas. Adicionou-se uma gota do anticorpo de cabra anti-IgG ou
IgA humanos fixados com fluoresceína isotiocianato e azul de Evans em cada poço
e incubou durante 30 minutos à temperatura ambiente (15-30ºC). Repetiu-se as
duas lavagens com PBS, secando cuidadosamente as lâminas e adicionou-se várias
gotas do Meio de Suporte (glicerol) e cobrindo com a lamínula. A leitura imediata da
lâmina foi realizada no microscópio de fluorescência (250-400x). Os títulos <1:5
foram considerados negativos.
2.3) Anticorpos anti-tTG (BioSystems-ANTI-tTRANSGLUTAMINASE ANTIBODIES
(Anti-tTG))
A detecção dos anticorpos anti-transglutaminase tecidual foi realizada através
da técnica de Imunoensaio enzimático. Cem microlitros das amostras diluídas (1/100
com diluente de amostras) e dos controles foram tranferidos para as cavidades da
placa, que foi incubada durante 30 minutos à temperatura ambiente (15-30ºC). A
placa foi lavada quatro vezes com solução de lavagem e 100 µl do conjugado
enzimático (anticorpo anti-IgG ou IgA humano fixado com peroxidase) foi transferido
para esta, que por sua vez, foi incubada por 30 minutos em temperatura ambiente
(15-30ºC). Repetiu-se as quatro lavagens e transferiu-se 100 µl do substrato
(tetrametilbenzidina). A placa foi novamente incubada por 15 minutos em
temperatura ambiente (15-30ºC) e, então, foi transferido 100 µl da solução
bloqueadora. A leitura foi realizada com filtro de 450 nm. As amostras foram
classificadas em:
32
Unidades
Negativa <20,0
Fracamente Reagente de 20,0 a 29,0
Moderada Reagente de 30,0 a 39,0
Fortemente Positiva 40,0.
3. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados foram expressos como freqüência de acordo com a presença
ou não dos sintomas gastrintestinais. Utilizou-se o Modelo de Regressão Logística
(ou o seu equivalente Teste de Wilcoxon rank-sum) para relacionar os sintomas
gastrintestinais e o tempo de duração da DM-I dos pacientes com a DC. Valores de
p inferiores ou iguais a 0,05 foram considerados significativos. A prevalência da
Doença Celíaca nos pacientes com DM-I foi estimada através da fórmula: (No. de
pacientes diabéticos com DC / No. total de pacientes diabéticos estudados) x 100.
Para comparar a média do nível de anticorpos entre os pacientes diabéticos com DC
(controle +) e os pacientes apenas com diabetes (controle -) foi utilizado o Teste t
para observações independentes. A prevalência da DC na população de diabéticos
estudada foi calculada como a/(a+b), onde a=n
o
de doadores de sangue com DC,
b=n
o o
de doadores de sangue sem DC, (a+b)= n total de doadores de sangue
testados.
33
RESULTADOS
As características dos 49 pacientes (32 mulheres e 17 homens) com Diabetes
Mellitus do Tipo I, usuários de insulina, estão apresentadas na tabela 1.
Trinta e cinco (71%) (24 mulheres e 11 homens) pacientes obtiveram
resultados positivos para aos anticorpos anti-IA2 e/ou anti-GAD, e 14 (08 mulheres e
06 homens) foram negativos para ambos os anticorpos. Dentre os positivos, 12
pacientes (10 mulheres e 02 homens) apresentaram positividade para ambos os
anticorpos anti-IA2 e anti-GAD, 13 (09 mulheres e 04 homens) pacientes foram
negativos para anti-IA2 e positivos para GAD, enquanto que 10 (05 mulheres e 05
homens) pacientes foram positivos para anti-IA2 e negativos para anti-GAD (Gráfico
1).
O gráfico 2 refere-se aos sintomas iniciais da diabetes dos 49 pacientes com
diabetes mellitus do tipo I. Podemos observar que a maioria dos pacientes
apresentaram polidipsia (88%), poliúria (84%) e perda de peso (90%), que são os
sintomas mais comuns da DM-I. Em relação às mulheres, trinta (94%) apresentaram
polidipsia, 28 (88%) poliúria e 30 (94%) perderam peso. Já os homens, 13 (76%)
apresentaram polidipsia, 13 poliúria e 14 perda de peso (82%). Um total de 35
pacientes (23 mulheres, 72%; e 12 homens, 71%) apresentaram polifagia (71%); 18
pacientes (14 mulheres, 44%; e 4 homens, 24%) apresentaram cansaço (37%); 16
(12 mulheres, 38%; e 4 homens, 24%) parestesia distal; e apenas 8 pacientes (7
mulheres, 22%; e 1 homem, 6%) tiveram urticária (16%). É importante ressaltar que
a porcentagem de positividade em relação a todos os sintomas foi sempre maior nas
34
35
mulheres do que nos homens, ou seja, as mulheres foram mais sintomáticas quanto
à DM-I do que os homens.
Tabela 1. Características dos 49 pacientes (32 mulheres e 17 homens), usuários de insulina, com Diabetes Mellitus do Tipo I.
Pacientes Polididsia Poliúria Polifagia Parestesia
distal
Perda
de peso
Cansaço Urticária Dor
abdominal
Cólica Flatulência Diarréia Constipação Obesidade Familiares
diabéticos
Anti-
IA2
Anti-
GAD
1
m; 21
+ + + - + + - - - + - - + + - +
2
h; 28
+ + - - - - - + - - - - - + - -
3*
m; 47
+ + + + + + + - + + + - - + - -
4*
m; 40
- - + + - - - - - - - - - + - -
7
m; 5
+ + + - + + - + - - - - - + - +
8*
m; 39
+ + + - + + - - - + - - + + + +
9*
m; 9
+ + + - + - - - - + - - - + - +
11
m; 7
+ + + + + + + - - + - - - - + +
12
m; 8
+ + + + + - - - - + - - - + - +
13
m; 14
+ - - - + - + - - - - - - + - +
14
h; 14
- + + - + - - - - - - - - + + -
15
m; 12
+ + + + + + - - - - - + - - + +
16*
h; 17
- - - - - - - - - - - - - + + +
17*
m; 21
- - - - + - - - - - - - - + - -
18
h; 17
+ + + - + + - - - - - - - - + -
19
m; 17
+ + - + + + - - + + - - + + - -
20
m; 11
+ + + + + + - - - - - - - + + -
21
h; 18
- - - - - - - - - - - - - + + -
22
h; 17
+ + + - + - - - - - - - - - + +
23
m; 13
+ + + - + - - - - - - - - - - +
24
m; 13
+ + + - + - - + - + + + - - + +
25
h; 17
+ + + - + - - - - - - - - + - -
26
m; 12
+ + + - + - + - - - - - - + + +
28
m; 9
+ + + - + + - + - - - - - + + +
37
37
Tabela 1. Características dos 49 pacientes (32 mulheres e 17 homens), usuários de insulina, com Diabetes Mellitus do Tipo I
(Continuação).
(*) Os pacientes 3 e 4 têm parentesco (irmãs); assim como os 8 e 9 são mãe e filha, respectivamente; e os pacientes 16 e 17 são irmãos.
Os pacientes 38 e 39 são filha e mãe, respectivamente.
(m – mulher / h – homem; idade).
Pacientes Polididsia Poliúria Polifagia Parestesia
distal
Perda
de peso
Cansaço Urticária Dor
abdominal
Cólica Flatulência Diarréia Constipação Obesidade Familiares
diabéticos
Anti-
IA2
Anti-
GAD
29
h; 10
+ + + - + + - - - + - - - + + -
30
h; 14
+ + + - + - - - - + + - - - - +
31
h; 14
+ + + - + + - - - - - - - - - -
32
h; 6
+ + + + + - - + + + - - - - - +
33
h; 9
+ + + + + - - - - - - - - - - +
34
m; 12
+ + - + + - - - - - - - + + + -
35
m; 12
+ + - - + - - - - - - - - - - -
36
m; 8
+ + + + + - - + + - - - - - - -
37
h; 16
+ + + - + - - - - - + - - + - -
38
m; 14
+ + + - - - + - - + - + - + + +
39
m; 34
+ + - + + + - + + - - + - + + +
40
h; 12
+ + - - + - - - - - - - - - + -
41
m; 10
+ + - + + + + + + + + + - - - +
42
m; 15
+ + + - + + - - - - - - - + + -
43
h; 17
+ - + - + - - + - - - - - + - +
44
m; 19
+ - + - + - - - - - - - - - + -
45
m; 16
+ + - - + - - - + + - + - - - -
47
m; 27
+ + + - + - - - - + - - - + - +
48
m; 15
+ + + - + - - - - - - - - + - -
49
m; 10
+ + + - + + - - + + - - - + + +
50
m; 17
+ + + + + - + - - - - - + + + -
51
h; 16
+ + + + + - + - - - - - - - - -
52
m; 17
+ + + - + + - - - - - - - + - +
53
m; 10
+ + - - + - - - - - - + - - + +
55
h; 41
- - - + + + - + - + + - + - - -
No gráfico 3, estão presentes os sintomas clássicos sugestivos da doença celíaca
dos 49 pacientes com DM-I. Podemos verificar que um total de 17 pacientes (35%)
obtiveram flatulência, sendo que destes, 13 eram mulheres (41%) e 4 homens
(24%). Em relação à dor abdominal, 10 pacientes (6 mulheres, 19%; e 4 homens,
24%) obtiveram. Oito pacientes (16%) apresentaram cólica (7 mulheres, 22%; e 1
homem, 6%); e apenas 6 (12%) pacientes tiveram diarréia (3 mulheres, 9%; e 3
homens, 18%). Somente 7 mulheres (22%) apresentaram constipação,
correspondendo a 14% da população total.
Gráfico 1. Resultados dos testes sorológicos para os
anticorpos anti-IA2 e anti-GAD
0
2
4
6
8
10
12
14
16
I
A2
(
+
)
/
G
AD
(
+
)
I
A2
(
-
)
/
G
AD
(
+
)
I
A2
(
+
)
/
G
AD
(
-
)
I
A2
(
-
)
/
G
AD
(
-
)
Testes Sorológicos
Quantidade de pacientes
40
Gráfico 2. Sintomas iniciais da diabetes dos 49
pacientes com DM-I
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Polid
i
psia
Polifagia
Parestesi
a
di
s
t
a
l
Perda de peso
Sintomas iniciais
Quantidade de pacientes
Mulheres
Homens
Total
Gráfico 3. Sintomas clássicos sugestivos da
doença celíaca dos 49 pacientes com DM-I
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Dor abdominal
Sintomas clássicos
Quantidade de pacientes
Mulheres
Homens
Total
40
41
Na tabela 2 estão os resultados dos testes sorológicos para anticorpos anti-
gliadina (IgA/IgG), anti-endomísio (IgA/IgG) e anti–transglutaminase (IgA) tecidual
dos 49 pacientes com DM-I. As amostras de quarenta e um pacientes apresentaram
resultados negativos para todos os testes sorológicos; 4 pacientes (32, 36, 40 e 43)
foram positivos apenas para o anticorpo anti-gliadina (IgG) e negativos para o
restante dos anticorpos testados.
Um total de quatro pacientes (11, 13, 21 e 49) apresentaram resultados
sorológicos indicativos de doença celíaca, correspondendo a 8,16% da população
estudada. O paciente 11 (mulher de 7 anos) apresentou positividade para os
anticorpos anti-gliadina (IgA), anti-endomísio (IgA e IgG) e anti-transglutaminase
tecidual (IgA)e foi negativa para anti-gliadina (IgG); o paciente 13 (mulher de 14
anos) foi positiva para os anticorpos anti-endomísio (IgA) e anti-transglutaminase
tecidual (IgA) e negativa para os anticorpos anti-gliadina (IgA e IgG) e anti-
endomísio (IgG); o 21 (homem de 18 anos) foi positivo para anti-endomísio (IgA e
IgG) e para anti-transglutaminase tecidual (IgA) e negativo para anti-gliadina (IgA e
IgG); e o paciente 49 (mulher de 10 anos) foi positivo para os anticorpos anti-gliadina
(IgA), anti-endomísio (IgA e IgG) e anti-transglutaminase tecidual (IgA) e negativo
para anti-gliadina (IgG).
41
42
Tabela 2. Resultados dos testes sorológicos para anticorpos anti-gliadina, -
endomísio e –transglutaminase tecidual dos 49 pacientes (32 mulheres e 17
homens) com DM-I.
Amostras Testes Sorológicos
Anti-Gliadina Anti-Endomísio Anti-Transglutaminase tecidual
IgA IgG IgA IgG IgA
1 0.14(-) 0.13(-) <1:5(-) <1:5 (-) 4.3(-)
2 0.27(-) 0.23(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.2(-)
3 0.18(-) 0.14(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.3(-)
4 0.24(-) 0.14(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.6(-)
7 0.63(-) 0.90(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.9(-)
8 0.14(-) 0.08(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.5(-)
9 0.20(-) 0.23(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.0(-)
11 0.14(-) 3.13(+) 1:40(+) 1:5(+) 63.9(+)
12 0.09(-) 0.66(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 6.4(-)
13 0.51(-) 0.47(-) 1:20(+) <1:5 (-) 35.3(+)
14 0.15(-) 0.33(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.7(-)
15 0.19(-) 0.32(-) <1:5 (-) <1:5(-) 4.2(-)
16 0.13(-) 0.16(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.4(-)
17 0.06(-) 0.05(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.5(-)
18 0.18(-) 0.25(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.6(-)
19 0.14(-) 0.37(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.5(-)
20 0.32(-) 0.86(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 6.4(-)
21 0.95(-) 0.62(-) 1:320(+) 1:80(+) 150.0(+)
22 0.06(-) 0.17(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.1(-)
23 0.12(-) 0.27(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.6(-)
24 0.04(-) 0.13(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.0(-)
25 0.21(-) 0.20(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.3(-)
26 0.15(-) 0.18(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.8(-)
28 0.03(-) 0.75(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.0(-)
42
43
Tabela 2. Resultados dos testes sorológicos para anticorpos anti-gliadina, -
endomísio e –transglutaminase tecidual dos 49 pacientes (32 mulheres e
17homens) com DM-I (Continuação).
Amostras Testes Sorológicos
Anti-Gliadina Anti-Endomísio Anti-Transglutaminase tecidual
IgA IgG IgA IgG IgA
29 0.71(-) 0.09(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 10.2(-)
30 0.28(-) 0.05(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 6.7(-)
31 0.09(-) 0.05(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.1(-)
32 0.10(-) 1.56(+) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.6(-)
33 0.12(-) 0.98(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 10.1(-)
34 0.54(-) 0.68(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 6.8(-)
35 0.13(-) 0.18(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.6(-)
36 0.12(-) 1.53(+) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.5(-)
37 0.1(-) 0.14(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 2.3(-)
38 0.12(-) 0.50(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 6.3(-)
39 0.15(-) 0.46(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.3(-)
40 0.08(-) 1.48(+) <1:5 (-) <1:5 (-) 7.6(-)
41 0.04(-) 0.14(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 6.9(-)
42 0.07(-) 0.15(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.8(-)
43 0.35(-) 1.69(+) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.8(-)
44 0.20(-) 0.11(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.1(-)
45 0.58(-) 0.08(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.1(-)
47 0.16(-) 0.14(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.5(-)
48 0.27(-) 0.11(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.3(-)
49 1.83(+) 0.18(-) 1:80(+) 1:40(+) 117.8(+)
50 0.14(-) 0.11(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.1(-)
51 0.50(-) 0.12(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 5.2(-)
52 0.18(-) 0.90(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 1.7(-)
53 0.04(-) 0.14(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 3.1(-)
55 0.11(-) 0.10(-) <1:5 (-) <1:5 (-) 4.4(-)
Valores de Referência:
Gliadina (IgA e IgG)- Negativo: < 1.0; Indeterminado: 1.0 a 1.4; Reagente: > 1.4
Endomísio (IgA e IgG)- Negativo: Título < 1:5
Transglutaminase tecidual (IgA e IgG)- Negativo: < 20.0; Fracamente Reagente: 20.0 a 29.0;
Moderadamente Reagente: 30.0 a 39.0; Fortemente Reagente: 40.0
(-) Resultados negativos; (+) resultados positivos.
43
44
As características dos 04 pacientes diabéticos com doença celíaca em
relação ao sexo, idade atual e idade na época do diagnóstico da DM-I estão
apresentadas na tabela 3. As amostras 11, 13 e 49 são oriundas de pacientes do
sexo feminino com idades de 07, 14 e 10 anos respectivamente, enquanto que
apenas a amostra 21 é de um paciente do sexo masculino com 18 anos. O paciente
11 desencadeou a diabetes com 02 anos de idade, o paciente 13 com 14 anos, o 21
com 05 anos e o paciente 49 com 09 anos.
Tabela 3. Características dos 04 pacientes diabéticos com doença celíaca em
relação ao sexo, idade atual e idade na época do diagnóstico da DM-I.
Pacientes Sexo Idade Início da DM-I
11 Feminino 7 anos 2 anos
13 Feminino 14 anos 14 anos
21 Masculino 18 anos 5 anos
49 Feminino 10 anos 9 anos
Na tabela 4, estão apresentados os sintomas clássicos sugestivos de doença
celíaca dos 04 pacientes diabéticos com DC, o paciente 11 apresentou diarréia e o
paciente 49 apresentou cólica e flatulência. Os pacientes 13 e 21 apresentaram
nenhum dos sintomas clássicos da DC.
Tabela 4. Sintomas clássicos sugestivos de DC dos 04 pacientes diabéticos com
doença celíaca.
Pacientes Dor Abdominal Cólica Flatulência Diarréia Constipação
11 - - - + -
13 - - - - -
21 - - - - -
49 - + + - -
44
45
DISCUSSÃO
Durante décadas tem sido reconhecido que a DC ocorre com maior
freqüência do que a esperada em pacientes com DM-I. De acordo com estudos de
triagem, a prevalência da DC em pacientes com DM-I varia entre 0.6% e 16.4%,
dependendo dos diferentes métodos de triagem e se pacientes adultos ou
pediátricos são examinados (Anexo 4-Tabelas 5 e 6)
(66, 67, 68, 69, 70)
.
De acordo com os nossos resultados, a prevalência da doença celíaca em
indivíduos com diabetes mellitus do tipo I do HUAP (8.16%) corresponde às médias
mais elevadas dos dados de prevalência publicados em outros países. Na triagem
de crianças sadias, a prevalência da DC é entre 0.33% e 1.3% de acordo com
diferentes publicações
(71, 72, 73)
. Portanto, a ocorrência da DC silenciosa é mais de 7
vezes maior nos nossos pacientes com DM-I do que na população sadia, mesmo se
a maior taxa de prevalência reportada for considerada.
No Brasil, pouco foi documentado sobre a prevalência da DC, sua
apresentação clínica, características histológicas e sorológicas, principalmente em
portadores do DM-I. Em 1999, Kotze e colaboradores
(74)
investigaram 56 amostras
sorológicas de pacientes portadores de DC, quanto à presença de anticorpos anti-
reticulina e anti-endomísio; Sdepanian e colaboradores
(75)
revisaram a evolução dos
conhecimentos da DC desde sua descrição até os dias atuais; e, Romaldini e
Barbieri
(76)
revisaram os anticorpos séricos presentes na DC. Em 2000, Silva e
colaboradores
(77)
fizeram um estudo de tipagem do HLA de classe II em pacientes
brancos com DC; e, Gandolfi e colaboradores
(24)
verificaram a prevalência da DC
em doadores de sangue. Pelos seus cálculos, a taxa de incidência de DC em
doadores sadios era 1:681. Em 2001, Sdepanian e colaboradores
(38)
analisaram a
45
46
presença de gliadina em alimentos considerados isentos de glúten comprados e
preparados por pacientes celíacos; assim como, pesquisaram a presença de
gliadina em medicamentos
(37)
; e, Kotze e colaboradores
(78)
verificaram a
especificidade e sensibilidade dos anticorpos IgA anti-EmA em celíacos submetidos
à dieta sem glúten, e na triagem de seus parentes de 1
o
grau. Freitas e
colaboradores, em 2002
(1)
, analisaram 48 pacientes adultos com um diagnóstico
definitivo de DC, quanto às suas características clínicas, histológicas e sorológicas.
Em 2003, Pratesi e colaboradores
(79)
verificaram a prevalência de DC em pacientes
com epilepsia; e, Sdepanian e colaboradores
(80)
analisaram a densidade mineral
óssea da espinha lombar de crianças e adolescentes com DC, submetidos à dieta
isenta de glúten.
Neste estudo, verificamos que pacientes celíacos detectados por triagem da
população de diabéticos tipo I tinham poucas ou nenhuma características para a
doença (Tabela 4). Esta observação é similar àquelas publicadas previamente, que
indicavam que pacientes com DM-I geralmente apresentam a forma silenciosa da
DC
(81, 82, 83, 84, 85)
.
A intolerância ao glúten não é mais limitada à atrofia evidente das vilosidades,
casos latentes são freqüentemente reconhecidos. O termo DC latente é aplicado se
o paciente tem arquitetura das vilosidades normal numa dieta contendo glúten,
porém, mais tarde desenvolve atrofia das vilosidades intestinais. De acordo com
Arató e colaboradores, nenhuma anormalidade pode ser encontrada na DC latente
na histologia de rotina, mesmo em pacientes EmA positivos, mostrando que este
anticorpo pode refletir sensibilidade ao glúten, mesmo antes do desenvolvimento de
atrofia do vilos
(70)
. Pacientes com DC latente têm resultados de biópsias intestinais
46
47
normais, numa dieta normal, mas têm ou terão enteropatia glúten sensitiva. Isto têm
sido previamente reportado em pacientes com DM-I
(86, 87)
.
Concordando com os relatos de alguns autores
(22,23)
que confirmam a DC
como uma doença mais comumente encontrada nas mulheres do que nos homens,
com uma razão de 2:1, verificamos também que três dos 04 pacientes celíacos eram
do sexo feminino, apesar deste resultado não ser estatisticamente significativo, uma
vez que, foram incluídos um número maior de indivíduos do sexo feminino do que do
sexo masculino, no estudo.
(70, 88)
O espectro clínico da DC tem se modificado nas décadas recentes ,
talvez devido à detecção precoce com tais testes sanguíneos avançados; com isso,
diarréia é um sintoma menos freqüente do que há 10 anos atrás, e características
como deficiência de ferro inexplicada e osteoporose são mais comuns. Atualmente,
a idade média de apresentação é 46 anos, em contraste ao conceito errôneo comum
de que é largamente uma afecção infantil (Anexo 5-Tabela 7). Em contraste, nós
encontramos 04 pacientes com DC jovens, apresentando idades de 7, 10, 14 e 18
anos, sendo que nestes a DM-I teve início aos 2, 9, 14 e 5 anos de idade,
respectivamente (Tabela 3), mostrando que não houve relação entre período de
existência da DM-I e o surgimento da DC. Porém, não podemos descartar a
possibilidade de evitar outras doenças auto-imunes com o diagnóstico precoce da
DC e, conseqüentemente, com o uso da dieta sem glúten, como relatado por
Hummel e colaboradores
(55)
.
Ao contrário dos nossos resultados, tem sido sugerido que DM-I pode
desencadear o desenvolvimento da DC em indivíduos geneticamente predispostos.
Um estudo Norte Americano recente, sugeriu que triagem inicial de crianças
47
48
assintomáticas deveria começar 1 ou 2 anos após o início do diagnóstico da DM-I
(82)
. Schober et al.
(89)
relatou que 1/3 dos pacientes com DC diagnosticada têm EmA
no momento da manifestação da diabetes
(85)
.
Desde o desenvolvimento de marcadores específicos e sensíveis para a
triagem da doença celíaca, como os anticorpos anti-endomísio IgA (EmA) e anti-
transglutaminase tecidual (tTG), freqüências aumentadas das formas típicas e
silenciosas da doença têm sido reportadas em crianças e adolescentes com
diabetes tipo1
(90)
.
Anticorpos IgA anti-endomísio (EmA) conferem maior sensibilidade e
especificidade do que anticorpos IgA e IgG anti-gliadina
(70)
. A sensibilidade dos
anticorpos anti-gliadina depende da idade, e é maior em bebês do que em crianças
maiores
(91)
. Nossos dados demonstraram que todos os pacientes celíacos
apresentaram anticorpos anti-EmA e anti-tTG, enquanto que apenas dois pacientes
apresentaram anticorpos anti-AGA (Tabela 2). É importante ressaltar que estes 02
pacientes, anti-AGA positivos, são os mais jovens, um com 07 anos e o outro com
10 anos de idade.
Uma alta sensibilidade e especificidade tem sido reportada para a classe IgA
Ema para triagem de DC, com isso, este método parece ser um teste de triagem
confiável para enteropatia glúten sensitiva
(70, 91)
. Nossos quatro pacientes celíacos
apresentaram positividade para os anticorpos IgA anti-EmA, porém somente 03
destes foram positivos para os anticorpos IgG anti-EmA (Tabela 2). Sabbatella e
colaboradores
(92)
, em 2002, mostraram que a detecção não só de anticorpos IgA
anti-EmA, como também de IgG pode aumentar a já esperada alta prevalência de
DC nos pacientes afetados pela DM-I. No entanto, em vários estudos pacientes
48
49
triados para DC com DM-I, a proporção de testes EmA falso positivos foi
relativamente alta
(93, 89)
. É possível que nestes casos os testes EmA positivos
podem detectar pacientes com DC latente.
Estudos recentes mostraram que elevados anticorpos IgA anti-tTG são
altamente sensíveis e específicos prognósticos da DC
(91)
. No presente estudo, os
quatro pacientes com DC foram positivos para os anticorpos IgA anti-tTG. Elevados
anticorpos IgA anti-tTG, podem ser mais sensíveis do que anticorpos anti-EmA para
detecção das formas silenciosas da doença celíaca em pacientes jovens com
diabetes mellitus tipo 1. Isto confirma e estende publicações prévias sobre a
sensibilidade dos anticorpos anti-tTG para detecção da DC clássica em adultos
sintomáticos
(94, 95, 96)
e crianças
(97)
.
No presente estudo, sensibilidade e especificidade do IgA anti-EmA e IgA
anti-tTG foram similares, já quanto ao IgG-EmA, a sensibilidade não foi tão alta, uma
vez que 1 dos 4 pacientes celíacos não apresentou positividade para este. Porém,
estes dados só podem ser confirmados com a realização da biópsia para
confirmação da DC e, conseqüente, comparação dos dois métodos.
Com isso, determinação do anti-tTG pode ser necessário para triagem da DC
silenciosa em pacientes com DM-I, e pode substituir o EmA semi-quantitativo e
dependente do observador. O diagnóstico definitivo da DC, no entanto, ainda requer
biópsia do intestino delgado, desde que ambos os marcadores sorológicos podem
mostrar resultados falso-positivos.
Com o aumento do reconhecimento de que a DC é uma desordem mais
comum do que previamente acreditado, surgem questões sobre o valor da triagem
populacional. A DC possui todos os cinco critérios da Organização de Saúde
49
50
Mundial que justificam a triagem: i) é comum (cerca de 1:100), ii) apresenta-se
geralmente silenciosa ou atípica, iii) existem triagens confiáveis e efetivas, iv)
tratamentos eficazes encontram-se disponíveis, e v) o tratamento previne posterior
morbidade e mortalidade (incluindo linfoma e outras formas malignas)
(88)
.
Existe ainda algum questionamento sobre o benefício real do diagnóstico e
tratamento dietético da DC na população de diabéticos assintomáticos, já que a
introdução de uma nova dieta geralmente não é de fácil aceitação pelo paciente e
familiares
(98)
. De acordo com alguns estudos publicados, com poucas exceções, a
dieta sem glúten não parece resultar na melhora do controle metabólico em
pacientes com DC e DM-I
(83, 84, 89, 99)
. A dieta e normalização consecutiva intestinal
nestes pacientes não parece influenciar no controle glicêmico. Porém,
acompanhamentos a longo prazo de pacientes com DM-I e DC sugerem que após a
introdução da dieta sem glúten ocorre melhora dos sintomas abdominais,
recuperação do peso para a altura e do índice da massa corporal, bem como
modificações do padrão de controle metabólico
(56)
. Além disso, de acordo com Arató
e colaboradores
(70)
, se sintomas clínicos moderados, característicos de DC, existem
antes do seu diagnóstico, eles melhoram ou cessam completamente com a dieta
sem glúten.
A DC pode ter um efeito negativo no crescimento de crianças com DM-I,
como mostrado em estudos retrospectivos com uma coorte de 178 pacientes com
DC e DM-I
(100)
. Um dos quatro pacientes diabéticos com DC, neste estudo,
apresentou deficiência no crescimento. Neste caso a DC foi diagnosticada 13 anos
após o início da DM-I. Outro estudo mostrou um aumento significativo do peso/altura
após o início da dieta em indivíduos com DM-I
(101)
.
50
51
Mesmo em possível DC latente ou potencial, sintomas clínicos podem ocorrer.
Em tais casos, a introdução da dieta é justificada, porque pode melhorar o controle
metabólico e um ganho significativo de peso, como observado por Arató e
colaboradores
(70)
.
Existem controvérsias quanto à necessidade da triagem geral para DC em
crianças e adolescentes com diabetes. Até o momento, têm sido publicados poucos
estudos longitudinais de triagem para DC em pacientes com DM-I. Não existe
concordância se a triagem deve ser realizada após o diagnóstico da DM-I ou
futuramente no curso da doença, e existem controvérsias de quanto em quanto
tempo os testes sorológicos devem ser feitos
(100)
.
Estudos fornecem evidências de pacientes com início da DM-I recente devem
ser triados rotineiramente para DC
(102)
, assim como seus parentes de primeiro grau
(103)
. Testes de triagem sorológicos iniciais normais não excluem um diagnóstico
subseqüente de DC. Baseado num estudo em 2003, acredita-se que soro-conversão
pode ocorrer a qualquer momento durante o curso da doença. No entanto, é
importante que crianças com DM-I sejam triadas durante um longo período. O
aumento de soro-conversores com o tempo explica a maior prevalência cumulativa
(100)
.
Como inexplicáveis variações na glicose sangüínea são muito comuns em
pediátricos diabéticos e estudos internacionais mostram que o controle glicêmico é
inadequado em várias crianças, alguns podem argumentar a favor da triagem geral.
Em adição, DC é associada com um aumento da incidência de malignidades,
incluindo carcinoma na célula escamosa e adenocarcinoma do intestino delgado.
51
52
O`Connor et al. publicou recentemente a ocorrência de linfoma em 4 pacientes
adultos com diabetes tipo I e doença celíaca
(91)
.
Pacientes com arquitetura normal das vilosidades podem ter DC latente ou
pré-sintomática; com isso, monitorização clínica próxima e biópsias seguidas
deveriam ser consideradas nestes pacientes. O procedimento de triagem sugerido
no presente estudo não é invasivo por utilizar ensaios de anticorpos padronizados,
utilizando pequena quantidade de soro e é adequado para triagem em larga escala.
Tem o potencial de identificar casos não diagnosticados de DC, que é essencial na
prevenção de complicações.
Concluindo, devido à alta prevalência e casos silenciosos de DC em
pacientes com DM-I, nós sugerimos que crianças brasileiras com diabetes mellitus
do tipo I devem ser triadas para DC. Pacientes com DC não tratados têm um risco
aumentado de malignidades, especialmente linfoma intestinal, infertilidade, ou
osteoporose, os quais poderiam ser prevenidos com a dieta sem glúten
(104, 105, 106)
.
O fato importante é que este alto risco pode ser reduzido à da população geral após
1-5 anos na dieta sem glúten
(107)
. Com isso, para prevenir complicações, o
diagnóstico precoce e tratamento de DC em crianças diabéticas é crucial.
52
53
CONCLUSÕES
Como conclusões deste estudo podemos citar que:
A prevalência da Doença Celíaca em indivíduos com diabetes mellitus do tipo
I do HUAP é de 1 em 12,5 indivíduos (8.16%), correspondendo às médias
mais elevadas dos dados de prevalência publicados em outros países.
A ocorrência da DC silenciosa é mais de 7 vezes maior nos nossos pacientes
com DM-I do que na população sadia, mesmo se a maior taxa de prevalência
reportada for considerada.
Pacientes celíacos detectados por triagem da população de diabéticos tipo I
tinham poucas ou nenhuma características para a doença.
A presença da DC não foi relacionada aos sintomas gastrintestinais
sugestivos da DC, nem com o período de existência da DM-I.
A sensibilidade e a especificidade do IgA anti-EmA e IgA anti-tTG foram
similares, já quanto ao IgG-EmA, a sensibilidade não foi tão alta, uma vez que
um dos 04 pacientes celíacos não apresentou positividade para este.
O procedimento de triagem sugerido no presente estudo não é invasivo por
utilizar ensaios de anticorpos padronizados, utilizando pequena quantidade de
soro e é adequado para triagem em larga escala.
A alta prevalência e os freqüentes casos silenciosos de DC em pacientes com
DM-I sugerem que crianças brasileiras com diabetes mellitus do tipo I devem
ser triadas para a obtenção do diagnóstico precoce e tratamento de DC,
prevenindo complicações severas futuras.
53
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Anexo 1:
Suspeita Clínica
(Não submetido à dieta isenta de glúten)
BAIXA ALTA
Anticorpo anti-tTG IgA/IgG Anticorpo anti-tTG IgA/IgG
ou ou
Anticorpo anti-EmA IgA/IgG
Anticorpo anti
-
EmA IgA/IgG
+
Biópsia Intestinal
Todos os testes Qualquer teste
negativos positivo
1. Sorologia Positiva + Histologia Negativa
Figura 1. Resumo do diagnóstico doença celíaca. HLA, do inglês human leucocyte
antigen; IgA, imunoglubulina A; IgG, imunoglobulina G.
Revisar ou repetir biópsia.
Manter paciente em observação.
Diagnóstico
Excluído
Biópsia
Intestinal
2. Sorologia Positiva + Histologia Positiva
Doença Celíaca confirmada
3. Sorologia Negativa + Histologia Positiva
Considerar outras causas de enterites.
Se nenhuma causa encontrada, tratar
como DC.
Genotipagem HLA*.
* Ausência dos alelos que
codificam DQ2, DQ8 não
sugerem a doença celíaca.
4. Sorologia Negativa + Histologia Negativa
Diagnóstico excluído.
63
64
Vilos
Célula
mesenquimal
33-mer resistentes
a enzimas da
bo
rda em escova
Glúten
dietético
Prolil
endopeptidases
Gástricas/
Pancreáticas
tTG expresso na
célula
mesenquimal
Deamidação
Mucosa Celíaca
Atrofia do vilos
MHC de classe II
Célula T
CD4+
Nativa
Cripta
Célula T
ativada
INF
γ
, outros
mecanismos
efetores
Hiperplasia
da cri
p
ta
Figura 2. Esquema hipotético da interação entre o processamento da proteína
intestinal e o sistema imune específico na doença celíaca. O glúten da dieta é
exposto às enzimas digestivas intraluminais (incluindo prolyl endopeptidases)
produzindo o peptídeo 33-mer estável contendo epítopos ricos em prolina
sobrepostos com o “motif”central PQPQLPY. O peptídeo 33-mer é absorvido
intacto pelas vias transcelulares ou paracelulares para dentro da lâmina própria
e a exposição à tTG resulta na deamidação dos resíduos de glutamina em
ácido glutâmico. O peptídeo modificado é apresentado às células T CD4+
específicas associadas ao HLA-DQ2 ou DQ8. IFN-γ ativados produzindo células
T-efetoras retornam à mucosa e produzem atrofia das vilosidades característica
e hiperplasia das criptas.
tTG= transglutaminase tecidual, IFN=interferon.
64
65
Anexo 2:
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Paciente ou Responsável
Nome do Paciente: .
Idade: ___________
ResponsávelLegal:_________________________________________________.
Título do Projeto: Estudo da prevalência sorológica de doença celíaca em pacientes
com diabetes do tipo I.
Objetivo:
O objetivo desta pesquisa é estudar a possível relação entre pacientes com diabetes
do tipo I e a alergia ao trigo, também chamada de doença celíaca. Pretende-se investigar
nos grupos de diabéticos a prevalência sorológica da doença celíaca através da pesquisa de
anticorpos para a doença. Pesquisas recentes demonstraram que não é uma doença rara
no Brasil e que é necessário realizar estudos em larga escala envolvendo diferentes regiões
do país, para que se conheça em maior profundidade este problema em nosso país. A
utilização dos testes sorológicos para a identificação precoce e tratamento de grupos de
risco constitui um objetivo a longo prazo, com enormes implicações na prevenção e controle
do diabetes.
Orientadores Responsável (is) pelo Projeto: Beni Olej
Aluna Responsável pela Coleta de Material: Flávia Peixoto Caldas
Local da Coleta:___________________________________________________________
Eu, ______________________________________________________, abaixo assinado,
responsável pelo paciente, __________________________________________________
(nome do paciente)
declaro ter pleno conhecimento do que se segue:
que estou participando de uma pesquisa destinada a investigar a prevalência da doença
celíaca nos pacientes portadores de diabetes mellitus do tipo I no Município de Niterói.
-
-
-
-
-
que o exame será realizado com o sangue (soro) do paciente após a coleta para o teste
de glicose.
que serei beneficiado por saber se o paciente diabético é portador ou não da doença
celíaca.
da liberdade de retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar
do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação do meu tratamento.
que se manterá o caráter confidencial das informações relacionadas com a minha
privacidade, mesmo com a publicação em trabalhos científicos ou apresentações em
congresso.
Niterói, ___________ de _____________ de _____________.
65
66
__________________________ ___________________________
Assinatura do ( ) paciente ou ( ) responsável Assinatura do médico que obteve o consentimento e inscrição
Anexo 3
:
CENTRO DE PESQUISA CLÍNICA
Dados do Paciente
o
Nome:___________________________________________ N
da amostra
Data de Nascimento: ___ / ___ / ___
Sexo: feminino masculino
Endereço: ___________________________________________________________________
Telefone: ______________________________
Médico assistente:_____________________________________________________________
Histórico do Paciente
Como descobriu a doença? _______________________________________________________
Quando surgiram os primeiros sintomas? infância adolescência adulto jovem
Como os sintomas se manifestaram? abruptamente lentamente
Quais os sintomas iniciais? polidipsia poliúria polifagia parestesia distal
perda de peso cansaço urticária
O paciente apresenta qual(ais) manifestações gastrintestinais?
dores abdominais cólicas gases diarréias constipação
Há sinais de obesidade? Sim Não
Há sinais de: anemia nutricional intolerância à lactose epilepsia hepatite autoimune
Existe histórico familiar da doença?Quem?____________________________________________
______________________________________________________________________________
Quais exames clínicos foram realizados?_____________________________________________
______________________________________________________________________________
Qual a taxa de glicose? Faz uso de medicação? Sim Não
Qual? insulina hipoglicemiante oral
outros
Se faz uso de insulina, qual a quantidade?
O uso da medicação o faz sentir melhor? Sim Não
O paciente é diabético controlado? Sim Não
Alterou os hábitos alimentares? Sim Não Faz exercícios regulares? Sim Não
66
67
67
Anexo 4:
Tabela 5. Prevalência da doença celíaca em crianças com diabetes mellitus tipo I
encontrada em estudos de triagem.
Ano
País
Diagnóstico Prevalência
1984
(66)
Finlândia ARA – biópsia 2.3%
1986
(66)
Finlândia AGA, ARA – biópsia 3.5%
1987
(66)
Itália AGA – biópsia 3.4%
1988
(66)
Alemanha AGA – biópsia 0.97%
1991
(66)
Itália AGA – biópsia 3.2%
1992
(66)
Austrália AGA – biópsia 2.2%
1993
(66)
Suécia AGA, ARA – biópsia 4.8%
1993
(66)
USA EmA – biópsia 1.4%
1994
(66)
Austrália EmA, AGA – biópsia 1.8%
1996
(66)
Finlândia AGA, ARA – biópsia 2.4%
1996
(66)
Itália AGA, ARA, EmA – biópsia 3.7%
1996
(66,69)
Argéria AGA, EmA – biópsia 16.4%
1996
(66)
Espanha AGA – biópsia 4.2%
1997
(66)
Itália AGA, EmA – biópsia 4.0%
1998
(66)
Canadá EmA – biópsia 5.0%
1998
(66)
Inglaterra EmA, AGA – biópsia 4.8%
1998
(67)
Espanha EmA, AGA – biópsia 6.45%
1999
(66)
Suécia EmA, AGA – biópsia 6.2%
2000
(69)
Austria EmA, AGA – biópsia 3.0%
2000
(66)
Alemanha TTG, EmA, AGA - biópsia 1.7%
2001
(67)
Canadá EmA, tTG - biópsia 7.7%
2001
(68)
USA EmA – biópsia 4.6%
2001
(67)
Dinamarca AGA, EmA, tTG – biópsia 10%
2002
(67)
Itália EmA – biópsia 6.2%
2002
(68)
Itália Sorologia 9.9%
2002
(68)
Alemanha Sorologia 6.3%
2002
(69)
Itália EmA, AGA - biópsia 8.3%
2003
(70)
Hungria - 11.7%
Paciente adulto: osteoporose artrite psoríase
Paciente com < de 18 anos: baixa estatura desenvolvimento puberal retardado
68
68
Tabela 6. Prevalência da doença celíaca em adultos com diabetes mellitus tipo I encontrada em estudos de triagem.
Ano País Diagnóstico Prevalência
(66)
1989 Finlândia ARA - biópsia 4.1%
(66)
1994 Inglaterra AGA – biópsia 2.0%
(66)
1994 Itália EmA – biópsia 2.6%
(66)
1996 USA EmA – biópsia 6.4%
(66)
1996* Itália AGA, EmA - biópsia 5.6%
(66)
1997 Irlanda EmA – biópsia 5.0%
(66)
1997 USA EmA – biópsia 3.8%
(66)
1998 Alemanha AGA, EmA - biópsia 1.8%
(66)
1998 Escócia AGA – biópsia 1.3%
(66)
1999 Alemanha TTG – biópsia 1.6%
(*): Estudo incluindo adultos e crianças.
70
Tabela 7. A face modificada da doença celíaca (DC)
(88)
.
Apenas 32% dos indivíduos com DC estão abaixo do peso corporal ideal.
Apenas 50% daqueles com DC apresentam diarréia freqüente.
82% dos indivíduos com DC têm fadiga – esta pode ser uma característica
isolada.
Outras condições são encontradas em alta prevalência em pacientes com
DC: dor abdominal (77%), flatulência (73%), anemia (63%), síndromes
intestinais (37%), constipação (30%), condições psiquiátricas (29%), e
fibromialgia (9%).
Estima-se que seis indivíduos ainda não são diagnosticados para cada
pessoa com DC conhecida.
Anexo 5:
70
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