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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
ABORDAGEM FITOQUÍMICA, ASPECTOS CLÍNICOS,
LABORATORIAIS E ANATOMOPATOLÓGICOS DA
ATIVIDADE DE Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae)
EM CAPRINOS (Capra hircus L.1758).
KÉSIA ALCÂNTARA QUEIROZ PONTUAL
RECIFE - PERNAMBUCO
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
ABORDAGEM FITOQUÍMICA, ASPECTOS CLÍNICOS,
LABORATORIAIS E ANATOMOPATOLÓGICOS DA
ATIVIDADE DE Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae)
EM CAPRINOS (Capra hircus L.1758).
KÉSIA ALCÂNTARA QUEIROZ PONTUAL
RECIFE - PERNAMBUCO
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
ABORDAGEM FITOQUÍMICA, ASPECTOS CLÍNICOS,
LABORATORIAIS E ANATOMOPATOLÓGICOS DA
ATIVIDADE DE Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae)
EM CAPRINOS (Capra hircus L.1758).
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência Veterinária do
Departamento de Medicina Veterinária
da Universidade Federal Rural de
Pernambuco para a obtenção do título de
Doutor.
DOUTORANDA: Késia Alcântara Queiroz Pontual
ORIENTADOR: Francisco Feliciano da Silva – Dr. – DMV/UFRPE
CO-ORIENTADOR: Haroudo Satiro Xavier – PhD – DCF/UFPE
RECIFE - PERNAMBUCO
2006
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE
P818a Pontual, Késia Alcântara Queiroz
Abordagem fitoquímica, aspectos clínicos, labora-
toriais e anatomopatológicos da atividade Indigofera
suffruticiosa Mill. (Fabaceae) em caprinos (Capra hircus
L., 1758) / Késia Alcântara Queiroz Pontual – 2006.
110 f. : il.
Orientador: Francisco Feliciano da Silva
Tese (Doutorado em Ciência Veterinária) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departa-
mento de Medicina Veterinária.
Inclui bibliografia.
CDD 636.390 896
1. Patologia animal
2. Caprino
3. Toxicologia animal
4. Indigofera suffruticosa
I. Silva, Francisco Feliciano da
II. Título
Marleide Guedes
Bibliotecária
CRB 1135
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
P-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
ABORDAGEM FITOQUÍMICA, ASPECTOS CLÍNICOS,
LABORATORIAIS E ANATOMOPATOLÓGICOS DA
ATIVIDADE DE Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae)
EM CAPRINOS (Capra hircus L.1758).
Tese de Doutorado elaborada por
KÉSIA ALCÂNTARA QUEIROZ PONTUAL
Aprovada pela
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Francisco Feliciano da Silva – UFRPE/DMV - ORIENTADOR
Prof. Dr. Eduardo Luiz Trindade Moreira – UFBA/EMV/CLÍNICA E PATOLOGIA
Prof. Dr. Haroudo Satiro Xavier – UFPE/DCF/FARMACOGNOSIA
Profª. Dra. Míriam Nogueira Teixeira – UFRPE/DMV/CLÍNICA MÉDICA
Prof. Dr. Mário Martins Menezes – UFRPE/DMV/PATOLOGIA ANIMAL
Prof. Dr. Fernando Leandro dos Santos – UFRPE/DMV/PATOLOGIA ANIMAL
“...mas os que esperam no SENHOR renovam suas forças, sobem com asas como águias,
correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”
Isaias 40:31
Dedico este trabalho àqueles que, por amor, foram
e são fonte constante de apoio e estímulo em todos
os momentos, minha família; especialmente à
minha mãe, Auristela Alcântara Queiroz, meu
exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, que tem conduzido toda a história da minha vida com terna
paciência e amor inesgotável, ensinando-me diariamente a ser sempre aprendiz.
À Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-
Graduação em Ciência Veterinária, agradeço a oportunidade concedida para o
desenvolvimento desta pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES,
pelo incentivo financeiro fornecido por meio da bolsa de estudos.
À Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Ciências
Farmacêuticas, pela cessão do Laboratório de Farmacognosia, para o
processamento e análise fitoquímica do material vegetal.
Ao Professor Dr. Francisco Feliciano da Silva, que gentilmente aceitou o
encargo da orientação, agradeço a confiança em mim depositada e os
conhecimentos compartilhados.
Ao Professor PhD. Haroudo Satiro Xavier, que novamente contemplou-me
com sua atenção, conhecimentos e amizade, proporcionando inestimável apoio na
concretização de uma idéia.
Aos Professores da Área de Patologia Animal do Departamento de Medicina
Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dr. Mário Martins
Menezes, Dr. Fernando Leandro dos Santos e MSc. Márcia de Figueiredo Pereira
pelo companheirismo, apoio e colaboração no desenvolvimento desta pesquisa e
nas análises histopatológicas.
Ao Professor Dr. Carlos Hübinger Tokarnia, que incentivou a realização
desse trabalho sugerindo o estudo da Indigofera suffruticosa Mill. na economia
animal.
Ao Professor Dr. Glênio Cavalcanti de Barros, pela oportunidade de
orientação concedida, fundamental para meu ingresso neste Programa de Pós-
Graduação.
À Professora Dra. Míriam Teixeira Nogueira, pela cessão do Laboratório de
Patologia Clínica do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade
Federal Rural de Pernambuco e ajuda nos exames relativos à Patologia Clínica.
À Professora Dra. Isabelle Meunier, pela orientação do tratamento estatístico
do trabalho e pelo carinho e atenção dispensados.
Aos Médicos Veterinários Clécio Florêncio de Queiroz, Cícero Petrônio
Lima e Adriano da Silva Carneiro e aos acadêmicos do Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Itamar Alves
Torquato, Élton Figueirôa Medeiros de Souza e Rafaella Alves de Araújo Silva,
pelo cuidado, presteza e dedicação durante a fase experimental e laboratorial.
Aos amigos da Área de Farmacognosia do Departamento de Ciências
Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco, Clébio Ferreira,
Cristiana, Evani Araújo, Janaína Melo, José Guedes, Jovita Braga, Laurimar
Thomé, Luciana Ramos e Marcos, pelo afeto e companheirismo.
À todos, meus sinceros agradecimentos.
O que nós aprendemos na vida, nós aprendemos dos outros”.
Gracian
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i
SUMÁRIO
Páginas
RESUMO............................................................................................................................... xiv
ABSTRACT............................................................................................................................ xv
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................................... 17
2.1 Índigo.............................................................................................................................. 21
2.2 Indigofera suffruticosa.Mill. (Fabaceae)......................................................................... 28
2.2.1 Toxicologia................................................................................................................... 30
3 OBJETIVOS.............................................................................................................................. 34
3.1 Objetivo geral................................................................................................................. 34
3.2 Objetivos específicos..................................................................................................... 34
4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................................ 35
4.1 Material vegetal............................................................................................................. 35
4.1.1 Abordagem fitoquímica de Indigofera suffruticosa.Mill.......................................... 35
4.1.1.1 Pesquisa de açucares redutores............................................................................. 39
4.1.1.2 Pesquisa de alcalóides............................................................................................. 39
4.1.1.3 Pesquisa de cumarinas............................................................................................ 39
4.1.1.4 Pesquisa de derivados cinâmicos.......................................................................... 40
4.1.1.5 Pesquisa de fenilpropanoglicosídeos.................................................................... 40
4.1.1.6 Pesquisa de flavonóides......................................................................................... 41
4.1.1.7 Pesquisa de glicosídeos cianogênicos................................................................... 41
4.1.1.8 Pesquisa de indican................................................................................................. 41
4.1.1.9 Pesquisa de de iridóides......................................................................................... 41
4.1.1.10 Pesquisa de proantocianidinas............................................................................ 42
4.1.1.11 Pesquisa de saponósidos...................................................................................... 42
4.1.1.12 Pesquisa de triterpenos esteróides...................................................................... 42
4.1.1.13 Pesquisa da atividade hemolítica de Indigofera suffruticosa Mill..................... 43
4.2 Animais e instalações.................................................................................................... 43
4.3 Protocolo de experimentação....................................................................................... 44
4.4 Coleta das amostras biológicas.................................................................................... 45
4.5 Análise cromatográfica de amostras biológicas (urina)........................................... 48
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................................... 49
5.1 Abordagem fitoquímica de Indigofera suffruticosa.Mill. (Fabaceae)........................ 50
5.2 Aspectos clínicos............................................................................................................ 53
5.2.1 Urinálise....................................................................................................................... 54
5.2.2 Achados hematológicos............................................................................................. 68
5.3 Alterações anatomopatológicas................................................................................... 87
5.3.1 Macroscopia................................................................................................................. 87
5.3.2 Microscopia................................................................................................................. 88
5.4 Análise cromatográfica das amostras biológicas (urina)......................................... 95
6 CONCLUSÕES.......................................................................................................................... 97
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................... 98
iii
i
Lista de quadro e tabelas
Quadro 01: Demonstrativo das plantas que causam Anemia hemolítica.. 25
Tabela 01: Metabólitos, sistemas de eluição, reveladores e referências
bibliográficas utilizadas para a Abordagem fitoquímica da
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil. 2006................................
37
Tabela 02: Delineamento geral das doses de Indigofera suffruticosa,
administradas experimentalmente a caprinos (Capra hircus
L. 1758), PE/Brasil, 2006............................................................... 45
Tabela 03: Demonstrativo da prospecção fitoquímica dos extratos
metanólicos de folhas (EMF) e caule (EMC) de Indigofera
suffruticosa Mill. das Cidades de Passira, Recife e Venturosa
PE/Brasil, 2006.............................................................................. 50
Tabela 04: Demonstrativo das médias dos parâmetros clínicos obtidos
de caprinos (Capra hircus L., 1758) tratados
experimentalmente com diferentes doses de Indigofera
suffruticosa Mill. (Fabaceae) PE/Brasil, 2006.............................. 54
Tabela 05: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 01,
tratado experimentalmente com extrato aquoso (10g/kg) de
Indigofera suffruticosa Mill. por um período de oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 59
Tabela 06: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 02,
tratado experimentalmente com extrato aquoso (20g/kg) de
Indigofera suffruticosa Mill. por um período de oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 60
Tabela 07: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 03,
tratado experimentalmente com extrato aquoso (30g/kg) de
Indigofera suffruticosa Mill. por um período de oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 61
Tabela 08: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 04,
tratado experimentalmente com extrato aquoso (40g/kg) de
Indigofera suffruticosa Mill. em dose única. PE/Brasil,
2006.................................................................................................. 62
iv
i
Tabela 09: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 05,
tratado experimentalmente com Indigofera suffruticosa Mill.
recém coletada (10g/kg) por um período de oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 62
Tabela 10: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L.,
1758) 01, tratado experimentalmente com extrato aquoso de
Indigofera suffruticosa Mill. (10g/kg) pelo período de oito
dias. PE/Brasil, 2006...................................................................... 64
Tabela 11: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L.,
1758) 02, tratado experimentalmente com o extrato aquoso
de Indigofera suffruticosa Mill. (20g/kg) por um período de
oito dias. PE/Brasil, 2006.............................................................. 65
Tabela 12: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L.,
1758) 03, tratado experimentalmente com extrato aquoso de
Indigofera suffruticosa Mill. (30g/kg) por um período de oito
dias. PE/Brasil, 2006...................................................................... 66
Tabela 13: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L.,
1758) 04, tratado experimentalmente com extrato aquoso de
Indigofera suffruticosa Mill. (40g/kg) em dose única.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 67
Tabela 14: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L.,
1758) 05, tratado experimentalmente com Indigofera
suffruticosa Mill. recém coletada (10g/kg) por um período de
oito dias. PE/Brasil, 2006.............................................................. 67
Tabela 15: Valores das médias dos eritrogramas referentes aos cinco
caprinos (Capra hircus L., 1758) antes do tratamento com
diferentes doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil,
2006.................................................................................................. 68
Tabela 16: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 01, tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso por oito dias PE./Brasil, 2006..................... 72
Tabela 17: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 02, tratado com 20g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso por oito dias PE/Brasil, 2006...................... 72
v
v
Tabela 18: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 03, tratado com 30g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso por oito dias PE./Brasil, 2006..................... 73
Tabela 19: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 04, tratado com 40g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso em dose única PE/Brasil, 2006................... 73
Tabela 20: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 05, tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
recém coletada por oito dias. PE/Brasil, 2006........................... 74
Tabela 21: Valores das médias dos leucogramas referentes aos cinco
caprinos (Capra hircus L., 1758) antes do tratamento com
diferentes doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil,
2006.................................................................................................. 75
Tabela 22: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 01, tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso por oito dias. PE/Brasil, 2006..................... 75
Tabela 23: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 02, tratado com 20g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso por oito dias. PE/Brasil, 2006..................... 76
Tabela 24: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 03, tratado com 30g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso por oito dias. PE/Brasil, 2006..................... 76
Tabela 25: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 04, tratado com 40g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso em dose única. PE/Brasil, 2006.................. 77
Tabela 26: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 05, tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill.
recém coletada por oito dias. PE/Brasil, 2006........................... 77
Tabela 27: Valores das médias da análise bioquímica referentes aos
cinco caprinos (Capra hircus L., 1758) antes do tratamento
com diferentes doses de Indigofera suffruticosa Mill.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 78
vi
v
Tabela 28: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra
hircus L., 1758) 01, tratado com 10g/kg de Indigofera
suffruticosa Mill. em extrato aquoso durante oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 82
Tabela 29: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra
hircus L., 1758) 02, tratado com 20g/kg de Indigofera
suffruticosa Mill. em extrato aquoso durante oito dias.
PE/Brasil, 2006.............................................................................. 83
Tabela 30: Valores da análise bioquímica referente ao caprino(Capra
hircus L., 1758) 03, tratado com 30g/kg de Indigofera
suffruticosa Mill. em extrato aquoso durante oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 83
Tabela 31: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra
hircus L., 1758) 04, tratado com 40g/kg de Indigofera
suffruticosa Mill. em extrato aquoso na dose única.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 84
Tabela 32: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra
hircus L., 1758) 05, tratado com 10g/kg de Indigofera
suffruticosa Mill. recém coletada durante oito dias.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 84
Tabela 33: Demonstrativo da freqüência dos corpúsculos de Heinz em
hemácias de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados
experimentalmente com diferentes doses de Indigofera
suffruticosa Mill., em extrato aquoso e “in natura”.
PE/Brasil, 2006............................................................................... 86
Tabela 34: Demonstrativo das lesões microscópicas observadas em
caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados experimentalmente
com Indigofera suffruticosa Mill. em extrato aquoso e “in
natura”. PE/Brasil, 2006............................................................... 91
vii
v
Lista de Gráficos
Gráfico 01: Demonstrativo dos valores das densidades urinárias obtidas
nas primeiras coletas, durante oito dias, de caprinos (Capra
hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.....................................................
56
Gráfico 02: Demonstrativo dos valores referentes ao pH urinário obtidos
das primeiras coletas, durante oito dias, de caprinos (Capra
hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006..................................................... 57
Gráfico 03: Demonstrativo dos níveis de hemácias em hemogramas de
caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses
de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.............................. 69
Gráfico 04: Demonstrativo dos níveis de hemoglobina em hemogramas
de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas
doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006................... 70
Gráfico 05: Demonstrativo dos valores de hematócritos em hemogramas
de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas
doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006................... 70
Gráfico 06: Demonstrativo dos níveis de Volume Globular Médio (VGM)
em hemogramas de caprinos (Capra hircus L., 1758),tratados
com diversas doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil,
2006..................................................................................................... 71
Gráfico 07: Demonstrativo dos valores das Concentrações
Hemoglobínicas Globulares Médias (CHGM) em hemogramas
de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas
doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006................... 71
Gráfico 08: Demonstrativo dos níveis séricos de uréia de caprinos (Capra
hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.....................................................
79
Gráfico 09: Demonstrativo dos níveis séricos de creatinina de caprinos
(Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses de
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006....................................
80
viii
v
Gráfico 10: Demonstrativo dos níveis séricos da Gama Glutamil
Transferase (GGT) de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados
com diversas doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil,
2006...................................................................................................... 80
Gráfico 11: Demonstrativo dos níveis séricos da Aspartato Amino
Transferase (AST) de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados
com diversas doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil,
2006...................................................................................................... 81
Gráfico 12: Demonstrativo dos níveis séricos da Proteína Total (PPT) de
caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses
de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006..............................
81
Gráfico 13: Demonstrativo dos níveis séricos de albumina de caprinos
(Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses de
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006...................................
82
ix
i
Lista de figuras
Figura 01: Moléculas referentes ao indican (A), isatan A (B), isatan B
(C), índigo (D) e indirubina (E).................................................... 23
Figura 02: Desenho esquemático de Indigofera suffruticosa Mill............... 29
Figura 03: Hábito de Indigofera suffruticosa Mill., Recife (Campus da
UFRPE) PE/Brasil........................................................................... 36
Figura 04-A Indigofera suffruticosa Mill. com flores e sementes.PE/Brasil,
2006................................................................................................. 49
Figura 04-B Desenho esquemático de Indigofera suffruticosa Mill.,
coletada no Campus da UFRPE, demonstrando a disposição
das folhas e frutos. PE/Brasil, 2006............................................ 49
Figura 05: Co-cromatograma demonstrando a presença de glicose em
EMF e EMC de I. suffruticosa Mill., oriundas dos municípios de
Venturosa, Passira e campus da UFRPE, utilizando
rhaminose e glicose como padrão. PE/Brasil, 2006................ 51
Figura 06: Co-cromatograma demonstrando a presença de indican em
EMF de I. suffruticosa Mill., oriundas dos municípios de
Passira, campus da UFRPE e Venturosa, utilizando
rhaminose e glicose como padrão. PE/Brasil, 2006................ 52
Figura 07: Placa de petri com agar-sangue de caprino (Capra hircus L.,
1758) com fragmentos de papel de filtro embebidos em
extratos hexânicos, AcOHt, metanólico e aquoso de
Indigofera suffruticosa oriundos de Venturosa, Passira,
Campus da UFRPE e amostra de saponina. PE/Brasil, 2006... 53
Figura 08 Amostras de urina de coloração esverdeada a amarelada,
de caprinos (Capra hircus L., 1758) tratados com diferentes
doses de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso.PE/Brasil, 2006................................................................ 55
Figura 09: Corpúsculos de Heinz em hemácias do caprino (Capra
hircus L., 1758) 02, tratado experimentalmente com
20g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa em extrato aquoso
por oito dias. PE/Brasil, 2006.....................................................
85
x
x
Figura 10: Ascite em caprino (Capra hircus L., 1758) 03, tratado com
30g/kg de Indigofera suffruticosa na forma de extrato
aquoso durante oito dias. PE/Brasil, 2006................................ 87
Figura 11: Tumefação, degeneração e necrose de hepatócitos em fígado
de caprino (Capra hircus L., 1758), tratado com 30g/kg/p.v.
de Indigofera suffruticosa em extrato aquoso durante oito
dias. PE/Brasil, 2006. 32x.............................................................. 92
Figura 12: Tumefação, degeneração, necrose de hepatócitos e
dissociação dos cordões hepáticos em fígado de caprino
(Capra hircus L., 1758), tratado com 30g/kg/p.v. de
Indigofera suffruticosa em extrato aquoso durante oito dias.
PE/Brasil, 2006. 40x..................................................................... 92
Figura 13: Glomeruloesclerose e presença de cilíndro hialino em rim
de caprino (Capra hircus L., 1758), tratado com 10g/kg/p.v.
de Indigofera suffruticosa em extrato aquoso durante oito
dias. PE/Brasil, 2006. 40x............................................................ 93
Figura 14: Reatividade do endotélio vascular em rim de caprino
(Capra hircus L., 1758), tratado com 20g/kg/p.v. de
Indigofera suffruticosa em extrato aquoso durante oito dias.
PE/Brasil, 2006. 40x..................................................................... 93
Figura 15: Discreta hemossiderose em baço de caprino (Capra hircus
L., 1758), tratado com 10g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa
em extrato aquoso durante oito dias. PE/Brasil, 2006. 40x... 94
Figura 16: Degeneração testicular caprino (Capra hircus L., 1758),
tratado com 10g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa “in
natura” durante oito dias. PE/Brasil, 2006. 40x...................... 94
Figura 17: Co-cromatograma das amostras das urinas dos caprinos
(Capra hircus L., 1758) 01, 02, 03, 04 e 05, relativas as coletas
do 2
0
, 5
0
e 8
0
dia em comparação com o padrão (extrato
metanólico de Indigofera suffruticosa Mill) demonstrando
mancha vermelho-tijolo referente ao derivado do indican.
PE/Brasil, 2006............................................................................. 95
xi
x
Lista de abreviaturas e siglas
µg Micrograma
µl Microlitro
0
C Centígrado
AcOEt Acetato de etila
AcOH Ácido acético
CCD Cromatografia em camada delgada
DCF Departamento de Ciências Farmacêuticas
DMV Departamento de Medicina Veterinária
EMC Extrato metanólico de caules
EMF Extrato metanólico de folhas
g/kg/p.c. Grama por quilograma por peso corporal
H
2
O água
HCOOH Ácido fórmico
IPA Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária
MeOH Metanol
NACl Cloreto de sódio
ng Nanograma
N-PrOH n-propanol
pc Por campo
PE Pernambuco
pH Potencial hidrogeniônico
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
UV Ultra-violeta
xii
x
Resumo
Realizou-se um estudo experimental sobre a atividade de Indigofera suffruticosa
Mill (Fabaceae), administrando doses de 10, 20, 30, e 40g/kg/p.v., sob a forma de
extrato aquoso a quatro caprinos (Capra hircus L.) e 10g/kg/p.v. da planta in
natura”ao quinto animal. Todos os caprinos eram machos, sem raça definida, com
cerca de um ano de idade. Os espécimes vegetais utilizados foram provenientes
dos municípios de Venturosa, Recife e Passira, após análise fitoquímica,
demonstraram semelhança sendo positiva a presença de indican, glicose e traços
de proantocianidinas condensadas. Não houve manifestação de sinais clínicos ou
ocorrência de óbito pela ingestão da planta. À urinálise, observou-se coloração
esverdeada; aumento da densidade (>1040); presença discreta de proteína, sangue,
e bilirrubina. Na sedimentoscopia, verificou-se principalmente, leucocitúria. No
eritrograma pôde-se constatar anemia microcítica, ainda que discreta. As
alterações necroscópicas consistiram de ascite, e discreta palidez renal. O exame
histopatológico revelou as seguintes alterações: no fígado, tumefação e
vacuolização de hepatócitos, necrose focal, dissociação de cordões hepáticos e
congestão e destruição de sinusóides. Nos rins houve, degeneração e necrose do
epitélio tubular, glomeruloesclerose e reatividade do endotélio vascular. No baço,
discreta hemossiderose e nos testículos, degeneração. A leguminosa Indigofera
suffruticosa foi hepatotóxica, nefrotóxica e causou degeneração testicular em
caprinos (Capra hircus L., 1758).
xiii
x
ABSTRACT
An experimental study about the activity of Indigofera suffruticosa Mill (Fabaceae),
was conducted, by administering doses of 10, 20, 30, and 40g/kg/p.v., of watery
extract the of the plant to four goats (Capra hircus L.) and 10g/kg/p.v. of the plant
in natura to the fifth animal. All the goats were male, with no specific race
(NSR), and about one year old. Vegetal specimens were brought from the town of
Venturosa, Recife and Passira, in after phytochemical analysis, plant from
different sites showed similarities and were positive to indicant, glycosis and also
had traces of condensed proanthocyanidins. There was neither manifestations of
clinical signs not the ocorrence of any death due to the plant ingestion. A greenish
coloration was observed the urinalysis; as well as the increase in density (>1040);
discrete presence of protein, blood and bilirubin. By the sedimentoscopy,
leucocidin, haematuria, besides the presence of renal, urethral cells, cylinders and
calcium and phosphate crystals were verified. By the erythroanalysis discrete
microcitic anemia, was exhibited. necroscopy alterations consisted of ascites and
discrete renal paleness. Histopathological examination the liver, had swelling
tumefaction, and vacuolization of hepatocytes, necrotic areas, dissociation of
hepatic cords and destruction of sinusoids, areas of congestion and sinusoidal
congestion. In the kidneys, there was tubular lesion, degeneration and necrosis of
tubular epithelium, glomerulosclerosis, and reactivity of vascular endothelium.
The spleen showed discrete hemossiderosis and testicles had testicular
degeneration. The leguminosae Indigofera suffruticosa was hepatotoxic, nephrotoxic
and caused testicular degeneration in goat (Capra hircus L., 1758).
xiv
x
1 INTRODUÇÃO
O Brasil tem se firmado no mercado internacional como um importante
produtor comercial de bovinos, porém, no senso agropecuário de 2004, o efetivo
caprino alcançou a maior variação positiva do País em relação ao ano anterior,
sendo que, 93% de um efetivo de 10.046.888 dos caprinos registrados no País está
concentrado no Nordeste, principalmente nos Estados da Bahia e Pernambuco
(IBGE, 2006). Em nosso Estado, o rebanho caprino encontra-se em maior
concentração na região do sertão e, a despeito das pesquisas desenvolvidas no
sentido de oferecer diversidade de vegetais forrageiros adaptáveis às condições
edafoclimáticas que expressem resultado na produtividade, a maioria dos animais
é cotidianamente exposta à vegetação nativa. Algumas espécies de Indigofera têm
sido usadas para a alimentação animal pelo potencial forrageiro, dentre estas, I.
suffruticosa, popularmente conhecida como anil, anil de bode, bananinha é uma
leguminosa muito bem adaptada e difundida no sertão pernambucano. De boa
palatabilidade, é comumente ingerida por bovinos e caprinos, especialmente
quando escassez de pasto. A informação de que a ingestão desta planta por
bovinos induz à anemia hemolítica despertou o interesse de alguns pesquisadores
sobre o seu potencial tóxico. Assim, foi comprovada nessa espécie, a toxicidade de
I. suffruticosa através do tratamento experimental feito por Barbosa Neto et al.
(2001). Não há, contudo, relatos bibliográficos sobre qualquer tipo de atividade
deste vegetal na espécie caprina, dessa forma, desenvolveu-se esse estudo com o
intuito de avaliar em caprinos, as possíveis alterações clínicas, laboratoriais e
anatomopatológicas deflagradas pela ingestão experimental de I. suffruticosa nesta
espécie e assim contribuir com o acervo de informações sobre as plantas que são
naturalmente ingeridas por estes animais no sertão pernambucano.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
As plantas são seres vivos complexos e seu formidável metabolismo
desencadeia a produção de uma grande variedade de substâncias químicas
(OLIVEIRA et al. 2003). Elas produzem metabólitos primários ou macromoléculas
(lipídeos, proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos), essenciais a todos os seres
vivos para a manutenção das células, e secundários ou micromoléculas, os quais
são encontrados, geralmente, em baixas concentrações e atuam na defesa do
vegetal como dissuasórios alimentares, sendo um bom exemplo os taninos,
presentes em frutos verdes até o seu completo desenvolvimento e depois
desaparece; saponinas, cumarinas, limonóides, quassinóides, lactonas
sesquiterpênicas e iridóides, que devido ao sabor amargo desestimulam os
herbívoros (STASI, 1996; SIMÕES et al., 2003).
Para Vickery & Vickery (1981), Osweiler (1998) e Oliveira et al. (2003), as
toxinas parecem ser adjuvantes no mecanismo de sobrevivência da planta, por
isso, muitas delas têm sabor amargo e desagradável (alcalóides) que induzem os
herbívoros a evitar essas plantas que as contêm ou induzem acentuadas alterações
fisiológicas que reduzem o desenvolvimento ou a sobrevivência de seus
predadores.
Também ocorre a alelopatia, quando um vegetal compete com outro pelo
fornecimento de água, luz e nutrientes e este fenômeno ocorre entre indivíduos da
mesma espécie, notadamente quando falta de água e/ou nutrientes e é
denominado autotoxicidade ou autopatia (VON POSER et al., 1996). Sobre a
quimiotaxonomia vegetal, foi observado que plantas diferentes nascidas em solos
idênticos continham produtos diferentes, enquanto que, plantas análogas nascidas
em solos diferentes formavam produtos análogos, o que significa que a
composição química é também um caráter taxonômico (SIMÕES et al., 2003).
O metabolismo secundário diferencia-se do primário basicamente por não
apresentar reações e produtos comuns à maioria das plantas, sendo específico de
determinados grupos, sendo a expressão da individualidade química e diferem
17
entre espécies qualitativa e quantitativamente. Estas substâncias podem estar
presentes na planta o tempo inteiro ou apenas são produzidas mediante estímulos
específicos, por isso, a regulação do metabolismo secundário depende da
capacidade genética da planta em responder a estímulos internos ou externos e da
existência desses estímulos no momento apropriado (SIMÕES et al., 2003).
Sob o ponto de vista pecuário, Melo (1998) e Tokarnia et al. (2000b), definiram
planta tóxica como sendo aquela que, ao ser ingerida por animais domésticos de
fazenda, em condições naturais, causa danos à saúde ou a morte, e Oliveira &
Akisue (1997), acrescentam que todo vegetal é potencialmente tóxico (STASI, 1996;
SIMÕES et al., 2003).
Embora muitas plantas sejam citadas como tóxicas, a margem de certeza sobre
a toxicidade de uma planta é limitada porque há a interferência de diversos fatores
como, estações do ano, condições ambientais, variedades e cultivares, além disso,
para que um quadro tóxico seja estabelecido, é necessário que os mecanismos
próprios de defesa de cada organismo sejam vencidos e, neste contexto, uma
planta pode ser potencialmente tóxica e não provocar intoxicação, o que pode ser
interpretado como ausência de toxicidade (RIET-CORREA et al., 1993; CHEEKE, 1998;
TOKARNIA, et al., 2000a).
Com relação às condições que levam à intoxicação de animais, Riet-Correa et
al. (1993) e Bastos et al. (1994) afirmam que, esta situação depende de fatores como
variações de palatabilidade, já que algumas forrageiras, leguminosas e plantas
invasoras são muito palatáveis e normalmente consumidas por animais, embora
existam outras que, por sua pouca palatabilidade sejam ingeridas apenas em
condições especiais. A fome é determinante para a indução a ingestão de plantas,
mesmo aquelas com menor palatabilidade, quando carência de forragem ou
privação de alimentos, especialmente, porque alguns vegetais tóxicos permanecem
verdes em épocas de estiagem. Vegetais podem ser ingeridos por
desconhecimento, durante o transporte e acomodação em regiões onde
espécimes que não são habituais. Além disso, o vício pelo gosto especial de
18
alguns vegetais; outros são ingeridos por estarem muito próximos ou associados,
ou até mesmo fenados junto àqueles palatáveis (TOKARNIA et al., 2000b).
O acesso à plantas tóxicas, a dose e o período de ingestão fazem parte da
toxicologia das plantas, uma vez que essas precisam ser ingeridas em quantidades
suficientes para causar a toxicose e, em alguns casos, é necessário que esta
ingestão seja contínua ou periódica. (TOKARNIA et al., 2000b).
Embora a possibilidade da existência de substâncias tóxicas em um vegetal seja
limitada e a intoxicação ocorra sob determinadas condições, existe um elevado
número de plantas com toxicidade documentada (CHEEKE, 1998). Várias dessas
substâncias podem causar envenenamentos graves em animais domésticos
quando ingeridas ou expostas ao contato com a pele (OLIVEIRA et al. 2003).
Quando, porém, uma planta é muito tóxica, rapidamente ela é identificada e
erradicada. O mesmo não acontece com as plantas que contêm princípios com
efeitos tóxicos de ação lenta e cumulativa no organismo dos animais. Neste último
caso, a ingestão poderia levar os animais ao emagrecimento, aparecimento de
lesões e morte ocasional, cuja ocorrência poderia ser atribuída a outras causas
(BARBOSA et al., 1983).
Desta forma, a toxicidade de toda planta suspeita, deverá, conforme explicam
Tokarnia & Döbereiner (1986), Tokarnia et al. (1989) e Tokarnia et al. (2000b), ter
sua toxicidade comprovada experimentalmente na espécie animal que
espontaneamente a ingere, e os resultados não devem ser extrapolados para outra
espécie animal. A administração do material vegetal deverá ser feita por via oral,
em virtude da variação da ação das substâncias tóxicas de acordo com a via de
introdução no organismo.
Algumas vezes, diagnósticos incorretos têm sido aplicados, principalmente,
quando ocorrem óbitos relacionados a etiologias obscuras e/ou na falta de uma
causa justificável, dificultando a adoção de medidas profiláticas adequadas
(TOKARNIA et al., 2000b). É importante diagnosticar correta e especificamente, isto é
possível através da identificação do espécime, feita por médico veterinário que
19
conheça sobre plantas tóxicas e os quadros clínico-patológicos relacionados a cada
uma delas, baseando-se no maior número de dados possível, na epidemiologia,
presença da planta e na ocorrência dos fatores estresse e fome. Deve-se considerar,
sobretudo o histórico, uma vez que, alguns animais morrem antes de
manifestarem claramente os sintomas da doença, além da verificação de exames
clínicos e achados necroscópicos (RIET-CORREA et al., 1993; TOKARNIA et al., 1979 e
TOKARNIA et al., 2000b).
Tokarnia & Döbereiner (1986) concluíram que, para se chegar ao diagnóstico
de intoxicação por plantas em bovinos e outros herbívoros, por vezes, é necessário
recorrer a procedimentos laboratoriais para diferenciar de doenças causadas por
outros agentes que promovem ação e sintomatologia semelhantes às das causadas
pela planta tóxica.
Quanto ao conhecimento sobre plantas tóxicas, os seguintes aspectos são
importantes: as perdas econômicas decorrentes das mortes ou a queda de
produtividade dos animais (temporária ou permanente), e o domínio das
informações básicas, dados, erros e confusões que existem sobre o tema
intoxicações por plantas (TOKARNIA et al., 2000a).
Raiva, Botulismo e intoxicação por plantas são, no Brasil, as causas mais
importantes de morte para bovinos, embora haja carência de dados sobre a
freqüência das causas de mortalidade de animais (TOKARNIA et al., 2000b). Riet-
Correa & Medeiros (2001) afirmam que, é difícil estimar as perdas por morte de
animais intoxicados por plantas, porém, sabe-se que, as perdas econômicas
ocorrem de forma direta, por óbito, diminuição dos índices reprodutivos por
abortos, infertilidade e malformações, redução da produtividade nos animais
sobreviventes e outras alterações resultantes de doenças transitórias, como o
aumento da susceptibilidade a outras doenças devido a depressão imunológica; e
as perdas indiretas comportam os custos do controle de plantas nas pastagens,
medidas de manejo para evitar intoxicações, utilização de cercas e pastoreio
alternativo, aquisição de gado para reposição dos mortos, gastos relacionados ao
20
diagnóstico e tratamento dos animais afetados (RIET-CORREA et al., 1993; JAMES,
1994).
Alcântara & Butarah (1999) comentam que, nossos rebanhos normalmente
alimentam-se de gramíneas tropicais, embora essas possuam baixo valor protéico
e sofram estacionalidade, por isso, é aceitável que, em épocas críticas do ano, esta
alimentação seja suplementada com leguminosas, as quais crescem em períodos
secos por mais tempo que as gramíneas, possuem teores mais altos de proteínas
por unidade e por área, apesar da massa seca ser bem menos expressiva que a das
gramíneas e por isso, recomenda-se o uso de leguminosas arbustivas na formação
de pastos mistos. Dentre essas forrageiras, alguns gêneros são utilizados como
Cajanus, Desmanthus, Leucaena, Indigofera e outros. As leguminosas do gênero
Indigofera possuem altos teores de proteína, tolerância à seca, inundações e à
salinidade dos solos e por isso foram consideradas promissoras como forrageiras
ou como suplemento protéico na alimentação de ruminantes e não ruminantes
(AYLWARD et al, 1987).
A Indigofera endecaphylla Jacq. ou spicata, tem sido utilizada como adubo
verde, cobertura de solo, forragem verde, concentrado e pasto; a Indigofera hirsuta,
desenvolve-se bem em solos arenosos e moderadamente pobres, vegetam em solos
ácidos e em regiões baixas, pode estar presente como planta nativa e abundante
em pastos naturais e de forma invasiva em pastos artificiais, como também é
encontrada nos limites de cerrados e ladeando estradas (Alcântara e Butarah,
2004). Alylward (2005) ressalva que, a presença de substâncias deletérias em
muitas espécies pertencentes ao gênero Indigofera tem limitado o uso dessas
espécies como alimento.
2.1. Índigo
Espécies de Indigofera são conhecidas como produtoras de um pigmento
denominado índigo (Figura 01 D), considerado a mais importante tintura azul
21
para a humanidade desde a época pré-histórica (SIMON et al., 1984; KUN LESTARI,
1998; CLARK et al. 1993).
Os povos no mundo têm usado durante séculos o índigo de fontes naturais
(Indigofera, Polygonum, Lonchocarpus, Marsdenia, Strobilanthes e Isatis) para colorir
produtos têxteis e roupas. Na Europa medieval, uma grande indústria cresceu em
torno da produção desse pigmento a partir da Isatis tinctoria (CLARK et al. 1993;
FERREIRA et al., 2004), no entanto, no início do século XVII, esta a indústria declinou
porque o índigo importado, obtido de espécies de Indigofera, especialmente a I.
tinctoria L. e I. suffruticosa Mill., tinham superior qualidade e baixo preço. Este fato
desencadeou o desaparecimento completo da Isatis tinctoria., mas, até a introdução
do índigo sintético no mercado, este tipo de pigmento era obtido de plantas
(KOKUBUN, 1998). A completa substituição comercial do índigo derivado de plantas
pelo produto sintético ocorreu em meados de 1890 e demonstrou que houve pouco
investimento em estudos científicos para a produção do índigo natural (HURRY,
1930; SCHMIDT, 1997; OBERTHÜR, 2004a).
Conforme Minami et al. (1996) e Minami et al. (1997) o índigo é um pigmento
natural derivado do glicosídeo incolor da forma enólica do indoxil, o indican
(Figura 01-A) sendo a Isatis tinctoria (nativa da Índia e Ásia) e a Indigofera
suffruticosa (nativa da América Central e do Sul) as espécies mais conhecidas por
contê-lo (PLANTS & TEXTILES, 2005).
Na busca dos precursores do índigo, em 1855, foi descrito um composto
considerado idêntico ao precursor do índigo em Indigofera sp e Polygonum
tinctorium, mas, em 1900 foi estabelecida a estrutura do indican em Indigofera
como indoxyl-β-D-glicosídeo (OBERTHÜR et al., 2004a).
Em 1967 foi relatado que, em Isatis tinctoria, o precursor do índigo era o
indoxil-3-(5-ketogliconato), presente em maior quantidade, e o nome proposto
para esta nova estrutura foi isatan B (Figura 01- C); em menor proporção, o indican
também é um precursor na planta. Recentemente, isolou-se um precursor
adicional, o isatan C, o qual ainda não tem uma estrutura definitiva proposta
22
(KOKUBUN, 1998; OBERTHÜR et al., 2004b). Lu (1986), Xia & Zenk (1992) consideram
que o indol é o precursor na biossíntese do índigo.
Sabe-se que o material vegetal colhido em estado fresco contém precursores
do índigo como o isatan B (Isatis tinctoria L.) e o indican (Polygonum tinctorium Ait.),
os quais têm uma distinta sensibilidade às condições de estocagem e extração
(SIMON et al. 1984; KUN LESTARI, 1998).
Independente do material vegetal, a química da extração do pigmento e
preparação é similar. Após a coleta da planta, durante o estágio de fermentação, o
glicosídeo do indoxil é convertido por hidrólise enzimática a indoxil que é
oxidado pela exposição ao ar para “leuco-índigo” e então a indigotina (em Isatis
indigotica). Como uma reação paralela durante a fermentação, o indoxil em excesso
é oxidado a isatan que se condensa com mais indoxil para fornecer o pigmento
rosa avermelhado, a indirubina (Figura 01 E), cuja presença às tinturas do
índigo um tom roxo (SIMON et al. 1984; KUN LESTARI, 1998; FERREIRA et al., 2004).
Figura 01: Moléculas referentes ao indican (A), Isatan A (B), Isatan B (C), índigo
(D) e indirubina (E).
Chanayath et al. (2002), analisando a separação e estrutura química dos
componentes do índigo, compararam aqueles predominantes nos pigmentos
obtidos de Indigofera tinctoria Linn. e Baphicacanthus cusia Bremk. (BEN, 1981; TANG,
1987) e constataram que a maceração de folhas frescas destas plantas, por 24 horas,
é a condição ótima para a extração efetiva do índigo. Os maiores componentes do
extrato de índigo bruto dos dois tipos de plantas são os pigmentos azul (índigo) e
seu isômero, o vermelho (indirubina), similar ao índigo azul na estrutura. A
23
B
CA
D E
Indirubina, também foi obtido de Polygonum tinctoria (MAIER et al., 1990; SHIN &
LEE, 1993).
A indirubina tem aplicações terapêuticas. Em estudos experimentais, inibiu o
carcinoma do pulmão de Lewis e o carcinosarcoma 256 de Walker em ratos. Em
um estudo clínico, o tratamento de pacientes com Leucemia mielocítica crônica
com indirubina e doses de magnésio 300-450 mg observou-se, diariamente, 26% de
remissões completas e 33,4% de remissões parciais (INDIRUBIN COOPERATIVE GROUP,
1980). Também foi relatado que a indirubina obtida da Indigofera tinctoria pode
ativar a imunidade celular e a adenosina monofosfato cíclica de leucócitos em
pacientes com leucemia mielocítica crônica (HAN, 1994), embora o mecanismo de
como a indirubina atua nas células imunocompetentes para regular funções
fisiológicas não tenha sido esclarecido ainda (KUNIKATA et al., 2000).
Apesar das aplicações terapêuticas, sabe-se que o gênero Indigofera sp.
também apresenta atividade tóxica. Hoehne (1939) descreve as Indigoferas
brasileiras como “pequenos arbustos pluriramosos que medram em quase todos
os recantos e, especialmente, nas imediações das cidades e vilas”. À época, se
acreditava que o índigo ou indican era um alcalóide, insolúvel em água que podia
ser facilmente obtido.
Na Indigofera spicata (endecaphylla), foi encontrado um componente tóxico, o
ácido β-nitroprôpionico (COOKE, 1955). Atualmente, sabe-se que este espécime
contém um aminoácido tóxico, a indospicina, que é estruturalmente similar à
arginina e atua inibindo a incorporação da arginina às proteínas dos tecidos e
causa lesões hepáticas como necrose e cirrose nodular em bezerros e ovelhas que
consomem a planta (CHRISTIE et al., 1971; DEMUNK et al., 1972; CHEEKE, 1998).
Também pode levar bovinos e outros animais ao óbito (FINNEGAN & MUELLER, 1965;
MILLER & SMITH, 1973), tendo ainda atividade teratogênica (PEARN & HEGARTY, 1970).
Segundo Finnegan & Mueller (1965), Majak et al. (1992) e Garcez et al. (2003),
o gênero Indigofera também contém ésteres de glucose de ácido 3-nitropropanóico
(I. oblongifolia, I. linnaei, I. suffruticosa, I. spicata ou endecaphylla). Na Indigofera
24
linnaei, foram isolados três ésteres 3-nitropropanoila da
D
-glucose, a 1,2,6-tri-O-3-
nitropropanoila-β-D-glucopyranose (karakin) e 2,3,4,6-tetra-O-3-nitropropanoila-α-
D
-glucopyranose, e 3, 4, 6-tri-O-3-nitropropanoila-α-
D
-glucopyranose. No estudo
feito Garcez et al. (2003), foi descoberta a ocorrência dos compostos 2-4-
nitropropanoico neste gênero. Esses compostos são conhecidos como tóxicos para
animais de fazenda e insetos devido à sua conversão para ácido 3-
nitropropanóico, uma toxina respiratória que inibe enzimas mitocondriais
(ANDERSON et al., 1998).
Barbosa Neto et al. (2001), estudando a espécie Indigofera suffruticosa
constataram que, em bovinos, a planta determina anemia hemolítica e
hemoglobinúria, sendo esta enfermidade também determinada por outros
vegetais. Cheeke (1998), relacionou as plantas que reconhecidamente causam
anemia hemolítica em animais (Quadro 01).
Quadro 01 - Demonstrativo das plantas que causam Anemia hemolítica.
Nome
científico
Nome
popular
Princípio
ativo
Referência
bibliográfica
Acer rubrum
Ácer vermelho Não identificado Osweiler (1998)
Allium sp.
Cebola
Dissulfeto de N-
propila
Munday & Mans (1994)
Osweiler (1998)
Brassica sp.
Repolho
Nabo
Couve-flor
Glucosinolatos e o
aminoácido sulfoxido
de s-metil cisteína
Eyre et al., 1983
Blood (1991)
No Brasil, além da Indigofera suffruticosa, a Brachiaria radicans e Ditaxis
desertorum são conhecidas por causar a enfermidade hemolítica (TOKARNIA et al.,
1997, BARBOSA NETO et al., 2001). Riet-Correa et al. (2001) relataram que Brachiaria
radicans e Ditaxis desertorum afetam bovinos, ovinos, eqüinos e bubalinos e
acrescentam que bovinos jovens parecem ser menos suscetíveis, sendo que os
primeiros casos podem ocorrer 5 a 10 dias após o início do pastejo.
Anemia hemolítica é uma doença crônica, na qual se observa-se urina escura,
micção freqüente e intermitente, taquipnéia, fezes escuras, pastosas ou semi-
líquidas, mucosas pálidas, emagrecimento progressivo, andar cambaleante com
perda de equilíbrio e ocasionalmente sialorréia. No hemograma e urinálise,
25
observa-se anemia hemolítica e hemoglobinúria respectivamente (RIET-CORREA et
al., 2001).
A Brachiaria radicans é uma gramínea que além do princípio ativo responsável
pela anemia hemolítica também possui alto teor de nitrato (ANDRADE et al., 1971),
os achados de necropsia consistem em rins tumefeitos e de coloração marrom e a
histopatologia revela congestão do tufo glomerular com ruptura de alguns
capilares e presença de material eosinófilo de origem hemoglobínica nos espaços
de Bowman e nos túbulos; nestes, destruição do epitélio e deposição de
pigmento sob forma de grânulos.
A Ditaxis desertorum (Euphorbiaceae) não tem nome popular e causou em
caráter experimental, segundo Tokarnia et al. (1997), hemoglobinúria e anemia
com doses diárias de 1,0 a 2,5g/kg/p.v. da planta fresca, a partir do quarto ao
oitavo dia do início da administração. Três a cinco dias após a crise
hemoglobinúrica, os sintomas desapareceram em alguns animais, embora esses
continuassem a ingerir a planta, o fenômeno implicou numa rápida recuperação
dos valores hemáticos. No animal que veio a óbito, observou-se à necropsia,
mucosas esbranquiçadas, sangue aquoso, bexiga com urina cor de vinho tinto, rins
aumentados de volume de coloração marrom-escura, esplenomegalia moderada e
fígado de cor alaranjada com aspecto mosqueado. Na histopatologia, verificou-se
nefrose hemoglobinúrica e distrofia hepática com necrose centrolobular e
degeneração vacuolar periférica.
O diagnóstico da Anemia hemolítica deve ser baseado na constatação da
hemoglobinúria, anemia e pela presença da planta. Não tratamento específico,
mas podem ser realizadas transfusões de sangue e soroterapia. Se os animais são
retirados das pastagens, recuperam-se rapidamente (RIET-CORREA et al., 2001).
Carlton & McGavin (1998), relataram que as anemias podem ser induzidas
por substâncias que inibem o metabolismo dos eritrócitos ou que causem
desnaturação e precipitação da hemoblogina. O eritrócito, sendo uma célula
anucleada, sobrevive pela produção contínua de ATP produzido pelo metabolismo
da glicose e essa energia é necessária para manter o conteúdo de cátions do
26
eritrócito, o ferro na forma divalente, os grupos sulfidrila da hemoglobina, as
enzimas na forma reduzida e a integridade da membrana. Essa última
compreende uma camada dupla de lipídio onde certas proteínas estão ligadas,
possui resistência e flexibilidade, ainda assim, um distúrbio nesse arcabouço
complexo, pode provocar hemólise.
O metabolismo dos eritrócitos é capaz de neutralizar radicais tóxicos de
oxigênio, pelo glutation reduzido que impede a desnaturação da hemoglobina. A
ingestão da substância deletéria agride oxidativamente os eritrócitos de animais
pela sobrecarga desse ambiente de redução. A precipitação da hemoglobina
instável no eritrócito é manifestada na forma de agregados densos e irregulares
denominados corpúsculos de Heinz e a formação de metemoglobina parece ser
um pré-requisito no desenvolvimento e precipitação de hemoglobina desnaturada.
O resultado final é lesão eritrocitária com perda de cátions, da maleabilidade e
fixação de imunoglobulinas à proteínas de membranas alteradas. Ocorre
destruição eritrocitária mediada por macrófagos e hemólise intravascular
(CHEVILLE, 1993; CARLTON & MCGAVIN, 1998).
Um aspecto importante no diagnóstico dessas anemias é a constatação da
presença de corpúsculos de Heinz em eritrócitos, os quais são visíveis em
esfregaços de sangue como protrusões das células (CARLTON & MCGAVIN, 1998).
27
2.2 Indigofera suffruticosa Mill.
A Indigofera suffruticosa Mill. é uma Fabaceae, família com cerca de 12.000
espécies distribuídas em 482 gêneros presentes nas regiões tropicais e subtropicais,
dos quais descritos no Brasil, 88 gêneros nativos ou subespontâneos e 19
cultivados (CRONQUIST, 1981; BARROSO, 1984).
Habita solos arenosos ao longo dos rios ou costa marítima associada a prados
úmidos da planície. As espécies dessa família estão bem adaptadas as regiões
semi-áridas, são pouco exigentes e crescem em solos pobres, ladeando estradas,
em terras aráveis, solos com pH e fertilidade baixos, vegetando espontaneamente
em quase toda parte, principalmente nas imediações de cidades. (BRAGA, 1976;
ALLEN & ALLEN, 1981; BARROSO, 1984; IZAGUIRRE & BEYHAUT, 1998).
Etimologicamente Indigofera vem do grego Indikon (da Índia) e do latim fera
(planta), segundo Genaust (2005). Essa leguminosa tem como sinonímia Indigofera
anil, Anila tinctoria Vera Kuntze, I. comezuelo Moç. & Sessé ex DC, I. divericata Jacq., I.
drepanocarpa Berg, I. Guatimala Lunan, I. tinctoria Mill., I. uncinata G. Don, sendo
popularmente conhecida, em inglês, como wild índigo, guatemala índigo, leaved
índigo (Sierra Leone), west. Indian índigo, em francês é chamada de indigotier
sauvage, em alemão, westin discher índigo, hindi-vilaitinil (Malay-tarum), em
espanhol, añil, añil amarrón (Antilhas América Central), azul azulejo (Antilhas
América Central), azul de hoja, jiquelite (Antilhas América Central), na
Colômbia é platanito de tinto e em português, anil, anil de pasto, anil-dos-
tintureiros, Anileiro. (BAHIA, 1979; HOWARD, 1988 e LIOGIER, 1990).
É descrita como um arbusto perene que alcança 1 a 2 m de altura e 1 a 2 cm
em diâmetro no caule (Figura 02). O arbusto pode ter talos múltiplos,
especialmente, se foi agredido por pastejo ou fogo. Os caules são cinza-marrons, as
folhas verdes claras, são pinadas, com 7 a 15 folíolos oblongos ou ovais glabros na
face e no verso, 1,5 a 2,5 cm de comprimento e aproximadamente 9 mm de largura.
As flores são miúdas, numerosas, albo-róseas ou amareladas, em rácemos axilares.
28
Possui pequenas vagens encurvadas com 6 10 sementes. Não tolera sombra nem
cresce em matas fechadas (BRAGA, 1976; HOWARD, 1988; LIOGIER, 1990).
Em regiões temperadas, cresce da primavera ao outono, produzindo flores na
primavera e frutos maduros no verão (ALLEN & ALLEN, 1981; IZAGUIRRE & BEYHAUT,
1998).
Figura 02: Desenho esquemático de Indigofera suffruticosa Mill.
É nativa nos Estados Unidos meridional, na América do Sul tropical,
subtropical e nas ilhas caribenhas. Foi naturalizada no Havaí e es presente na
Samoa americana, em Guam, grupos de ilhas no pacífico. Está distribuída na
América tropical, Argentina subtropical, Brasil, Paraguai e Uruguai. No Brasil, foi
encontrada em Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul (GARCEZ et al, 2003),
é reconhecida como planta invasora bem adaptada às condições do Nordeste e, há
relatos que no Estado da Bahia, I. suffruticosa está difundida, sendo utilizada como
suplemento protéico por produtores rurais (NEAL, 1965; HOWARD, 1988; BATATINHA et
al., 1994; BARBOSA et al, 2001).
A planta tem sido utilizada como fitoterápico no tratamento de infecções (ALI
et al., 1999 e DAHTO, 1999), inflamação (BHASKAR et al., 1982; LEITE et al., 2003) e
29
outras enfermidades como a epilepsia humana (ROIG, 1974; ANAND et al, 1979) e
modelos animais (MC NAMARA, 1984; ALEJO et al., 1996 e WONG et al, 1999). Na
medicina tradicional da Índia e China, o índigo foi usado no tratamento de
epilepsia, bronquite, hepatites e doenças psiquiátricas, embora não haja evidência
científica real para estas aplicações (ANAND et al, 1979). No Brasil, a planta tem sido
usada como infusão ou decocção (MATOS, 1999). Alejo et al. (1998), acrescentam
ainda que um dos metabólitos mais abundantes do extrato aquoso de I. suffruticosa
são os flavonóides os quais têm atividade antiinflamatória. Dominguez et al.
(1978), estudando a fitoquímica de I. suffruticosa no México, encontrou uma
flavona denominada louisfieserone, a qual demonstrou atividade antibiótica para
bactérias gram-positivas e negativas.
Em anos de boa pluviosidade, Indigofera suffruticosa aparece em quantidade
suficiente para provocar surtos de intoxicação, a qual determina em bovinos,
anemia hemolítica e hemoglobinúria. prejuízo econômico relacionado com a
perda de peso, queda na produção de leite dos animais acometidos e com o
tratamento. Muitos criadores mencionaram que alguns animais abortam, mas este
fato ainda não foi comprovado (BARBOSA et al., 1983).
2.2.1 Toxicologia
Leite (2003) fez um ensaio preliminar de toxicidade aguda do extrato
aquoso das folhas de I. suffruticosa utilizando doses de 50, 150, 300, 600, 1.200 e
2.000 (mg/kg/p.v.) em camundongos, por via intra-peritoneal e não conseguiu
determinar a DL
50
, porque não houve índice de mortalidade durante as 72 horas de
observação. Nessas condições, a autora considerou o extrato aquoso de I.
suffruticosa praticamente atóxico. Porém, Ferraz et al. (1998) ressalta que, o
mecanismo de ação das substâncias encontradas nesses vegetais não foi totalmente
elucidado e poucos estudos desenvolvidos no sentido de avaliar os efeitos
desses extratos e princípios ativos, especialmente com relação à toxicidade.
30
Ribeiro et al. (1991) observaram efeito hepatotóxico em camundongos
expostos intraperitonealmente ao extrato aquoso dos frutos de I. suffruticosa. Em
relação ao efeito toxicogenético, apenas o grupo tratado com 12,5% da dose tóxica
demonstrou significância estatísticamente, em virtude do incremento a freqüência
de células com aberrações cromossômicas. Por isso, o autor recomenda que antes
da utilização da planta como alimento para gado, seja feita uma avaliação
cuidadosa.
Barbosa Neto et al. (2001), investigando a informação de que a I. suffruticosa
Mill era incriminada por criadores de diversas áreas do Nordeste como causadora
da uma doença caracterizada por hemoglobinúria em bovinos, fizeram um estudo
experimental nessa espécie animal, utilizando partes aéreas da planta,
administrando doses de 10, 20, 30 e 40g/kg/p.v. em doses diárias e constataram
que, apesar da continuidade da administração da planta, a hemoglobinúria é
transitória, mas acompanhada de apatia, mucosas visíveis de coloração
esbranquiçada, pelos arrepiados, anorexia, diminuição da freqüência e intensidade
dos movimentos ruminais, taquicardia, pulso venoso positivo e dispnéia.
Acrescentaram ainda que, antes da crise hemolítica, a urina apresentava coloração
verde azulada e, a despeito da crise hemoglobinúrica, nenhum animal veio a óbito
durante o experimento.
Blankenship (2001), também intoxicou experimentalmente um bezerro com
40g/kg/p.v. de partes aéreas da Indigofera suffruticosa. Vinte e duas horas após a
ingestão, o animal desenvolveu hemoglobinúria que persistiu até o quinto dia.
Outros sinais clínicos incluíram apatia, mucosas pálidas, anorexia, decréscimo da
freqüência e intensidade dos movimentos ruminais, marcada taquicardia com
distúrbios na freqüência e intensidade dos movimentos respiratórios. Antes da
crise hemolítica, a urina apresentou cor azul ou verde e tornou-se vermelho-vinho
após deflagrada a hemólise. A mucosa prepucial ficou azulada por causa da
excreção do pigmento azul presente na planta.
Dos animais eutanasiados no estudo de Barbosa Neto et al. (2001), observou-
se à necropsia palidez, bexiga com urina cor de vinho tinto, rins aumentados de
31
volume de coloração marrom-escura, fígado com parênquima de coloração
azulada e lobulação perceptível. Blankenship (2001), também verificou achados
semelhantes em seu experimento, acrescentando que o fígado tinha coloração
azulada na superfície capsular e ao corte.
A histologia revelou alterações no fígado sob a forma de necrose coagulativa
e predominou a tumefação e/ou microvacuolização citoplasmática dos
hepatócitos. No rim, acentuada nefrose associada a grande quantidade de filtrado
e/ou hemoglobina nos espaços de Bowman dentro de túbulos e do citoplasma das
células epiteliais (BARBOSA NETO et al., 2001). Blankenship (2001) observou que os
principais achados histopatológicos estavam nos rins e fígado, onde se encontrou
necrose coagulativa centrolobular caracterizada pelo citoplasma acidófilo e
picnose e cariorrexia. Também foi observada estase biliar. As lesões hepáticas e
degenerativas foram atribuídas a anoxia decorrente da anemia. Nos rins
degeneração do epitélio tubular, proteinose (hemoglobina) e gotas hialinas no
citoplasma do epitélio tubular (nefrose hemoglobinúrica). Nos rins existiam
degeneração e necrose das células do epitélio tubular associadas com grandes
quantidades de filtrado proteinaceo (hemoglobina) no espaço urinário e luz
tubular. Grande número de depósitos hialinos foi observado no citoplasma das
células epiteliais.
Ao final do experimento, Barbosa Neto et al. (2001) concluíram que I.
suffruticosa causa enfermidade hemolítica não fatal para bovinos, verificaram
queda acentuada no hematócrito (até 8%), hemoglobina em torno de 2g/dl e o
número de hemácias abaixo de 2,0x10
6
/mm
3
. Ficou evidente a recuperação dos
animais apesar dos mesmos continuarem a receber a planta e Blankenship (2001),
pôde constatar que Indigofera suffruticosa em bovinos é caracterizada pela anemia
macrocítica hipocrômica com sinais de intensa regeneração medular. Os sinais
clínicos descritos para a intoxicação são compatíveis com um processo hemolítico
intravascular.
Após a descoberta do índigo sintético, o interesse sobre esta planta reduziu
bastante, havendo poucos dados sobre a sua fitoquímica. Atualmente, sabe-se que
32
Indigofera suffruticosa Mill. tem sido utilizada na medicina chinesa, suscitando
assim o interesse de alguns pesquisadores. No que concerne à Medicina
Veterinária, os relatos existentes a incriminam como tóxica para bovinos, por isso,
a proposta desse estudo foi verificar a atividade da planta em caprinos, uma vez
que, como planta invasora, adaptada ao clima e solo pernambucano, é uma
leguminosa prolifera, participando do pasto nativo ao qual esta espécie animal
está exposta.
33
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Avaliar as alterações clínicas, laboratoriais e anatomopatológicas resultantes da
atividade de Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae) em caprinos (Capra hircus L.
1758) experimentalmente tratados.
3.2 Objetivos específicos
Comparar, através da prospecção fitoquímica, os espécimes de Indigofera
suffruticosa Mill., originários dos municípios de Venturosa, Passira e Recife, todos
em Pernambuco;
Verificar os sintomas, alterações urinárias e hematológicas evidenciadas na
espécie caprina advindas da ingestão de Indogofera suffruticosa Mill.;
Detalhar as alterações morfológicas macroscópicas e microscópicas resultantes
da atividade de Indigofera suffruticosa sobre os tecidos dos caprinos
experimentais;
Averiguar se Indigofera suffruticosa Mill., administrada na forma de extrato
aquoso e “in natura”, tem atividade tóxica sobre a espécie caprina;
Constatar, através da cromatografia em camada delgada, se ocorre a presença do
indican ou de seus derivados na urina dos animais experimentais.
34
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste estudo foi feita a análise fitoquímica de Indigofera suffruticosa; a
experimentação animal com a administração de diferentes doses da planta na
forma de extrato aquoso e “in natura” a caprinos (Capra hircus L. 1758), e a coleta
de amostras biológicas dos animais quando em experimentação (urina e sangue) e
fragmentos de órgãos obtidos após o óbito, para análises laboratoriais, além de
análise cromatográfica da urina dos animais experimentais.
4.1 Material vegetal
As análises fitoquímicas foram efetuadas com material originário dos
municípios de Venturosa, Passira e Recife (campus da UFRPE), Pernambuco, Brasil,
constituindo-se das sumidades floridas recentemente coletadas de indivíduos
adultos. Amostras testemunhas dos espécimes foram processados consoante
técnica usual de herborização (MORI et al., 1986). Encaminhou-se um exemplar do
espécime vegetal, contendo partes aéreas (caule, folha, flor e fruto) ao herbário
Dárdano de Andrade Lima na Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária
(IPA), o qual foi registrado sob o 25/2005 sendo identificado como Indigofera
suffruticosa Mill., (Figura 3).
As análises fitoquímicas da planta foram realizadas no Laboratório de
Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas (DCF), Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE).
4.1.1 Abordagem fitoquímica de Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae).
O material vegetal foi processado de acordo com os procedimentos do
Laboratório de Farmacognosia, os quais estão fundamentados nos estudos de
Markham (1982), Wagner (1996) e Harborne (1998) e consistiram da extração por
infusão metanólica (20ml) de aproximadamente cinco gramas de folhas e caules de
35
Indigofera suffruticosa Mill. recentemente coletadas, finamente fragmentadas em
microprocessador doméstico, aplicando-se alíquotas (15 µl) dos extratos em placas
prontas de gel de sílica
1
, empregando-se diversos sistemas de desenvolvimento e
reveladores apropriados (Tabela 01), conduzindo à prospecção de alcalóides,
polifenenóis (cumarinas, glicosídeos de fenilpropanóides, flavonóides,
proantocianidinas, derivados cinâmicos e taninos gálicos), terpenóides
(monoterpenóides, sesquiterpenóides, diterpenóides, triterpenóides), esteróides,
iridóides, saponósidos, glicosídeos cianogênicos e açucares redutores, utilizando-
se reveladores adequados e observação em câmara ultra-violeta
2
(UV), para a
visualização das manchas cromatográficas referentes às substâncias de interesse.
Figura 03: Hábito de Indigofera
suffruticosa Mill.,
Recife (Campus da
UFRPE) PE/Brasil, 2006.
1
Alugram® SIL G/UV254 art. nr 818133. Germany.
2
Chromato – v.h. Ultra-Violet products, inc, USA
36
03
Tabela 01. - Metabólitos, sistemas de eluição, reveladores e referências
bibliográficas utilizadas para a Abordagem fitoquímica da
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
Metabólitos Fase móvel Reagente Referência
Açúcares redutores AcOEt – N-PrOHH
2
O
(5,7 : 3,2 : 1,3 v/v)
NEU Wallenfels (1950)
Alcalóides AcOEt – N-PrOHH
2
O
(5,7 : 3,2 : 1,3 v/v)
Dragendorff Wagner (1996)
Cumarinas Éter-tolueno- AcOH
(50 : 50 : 50 v/v)
U.V. Robertson (1956)
Derivados cinâmicos AcOEt – HCOOHAcOHH
2
O
(100 : 11 : 11 : 26 v/v)
NEU Wagner (1996)
Fenilpropanoglicosídeos AcOEt – HCOOHAcOHH
2
O
(100 : 11 : 11 : 26 v/v)
NEU Wagner (1996)
Flavonóides AcOEt – HCOOHAcOHH
2
O
(100 : 11 : 11 : 26 v/v)
NEU
Markhan (1982)
Neu (1956)
Glicosídeos cianogênicos Reação com tiras de picrato de
Na sob aquecimento
Harborne (1998)
Indican AcOEt – HCOOHAcOHH
2
O
(100 : 11 : 11 : 26 v/v)
HCl a 5% Öbertur (2004a)
Iridóides AcOEt – HCOOHAcOHH
2
O
(100 : 11 : 11 : 26 v/v)
Vanilina
sulfúrica
Wagner (1996)
Proantocianidinas AcOEt – HCOOHAcOHH
2
O
(100 : 11 : 11 : 26 v/v)
Vanilina
clorídrica
Robertson (1956)
Saponósidos afrogenicidade - Costa (2000)
Triterpenóides e
Esteróides
AcOEt – C
7
H
8
(20 : 80 v/v)
Lieberman
Burchard
Sharma (1991)
Drogas e reagentes usados na abordagem fitoquímica
βAmirina P.A. (MERCK)
β Sitosterol P.A. (MERCK)
Acetato de etila P.A. (MERCK)
Acetona P.A. (REAGEN)
Ácido acético P.A. (MERCK)
Ácido clorídrico P.A. (REAGEN)
Ácido fórmico P.A. (MERCK)
Ácido gálico P.A. (MERCK)
Ácido ursólico (EXTRASYNTESE)
Ácido sulfúrico P.A. (MERCK)
Água destilada P.A. (MERCK)
Anidrido acético P.A. (MERCK)
Anisaldeído (FLUKA)
37
Benzeno P.A. (MERCK)
Butanol P.A. (MERCK)
Clorofórmio P.A. (MERCK)
Difenil Boriloxietilamina P.A. (FLUKA)
Éter Dietílico P.A. (MERCK)
Formol P.A. (MERCK)
Metanol P.A. (MERCK);
N-propanol P. A.( MERCK)
Saponina (MERCK);
Tampão fosfato pH = 5 P.A. (MERCK);
Tolueno P.A. (MERCK);
Vanilina P.A. (CARLO ERBA);
Equipamentos
Balança eletrônica de precisão GEHAKA mod. BG 1000;
Balança Semi-analítica FILIZOLA mod. p/ 5 Kg;
Bomba de vácuo;
Câmara fotográfica digital Sony Ciber shot DSC P43
Câmara Ultra-violeta (250 - 365 nm) CHROMATO-VUE;
Estufa Precision Thelco Model 18;
Multiprocessador ARNO;
Rotavapor BUCHI INSTRUMENTS 5060 – CV.
Outros
Borrifadores para revelação em CCD;
Colunas cromatográficas;
Cubas cromatográficas para CCD;
Placas cromatográficas MERCK Art. 015533;
38
4.1.1.1 Pesquisa de açucares redutores
Alíquotas de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia com glicose e
fucose, empregando-se uma mistura de AcOEt n-PrOH H
2
O (5,7 : 3,2 : 1,3 v/v). A
revelação do co-cromatograma foi efetuada com aplicação de cloreto de
Trifeniltetrazólio, seguido de aquecimento em estufa (100 ºC) durante 5 minutos.
O surgimento de manchas com coloração vermelha evidenciaria a presença de
açúcares redutores, utilizando-se como padrão glicose e rhaminose.
4.1.1.2 Pesquisa de alcalóides
Frações dos extratos metanólicos das folhas (EMF) e caules (EMC), foram
submetidas à co-cromatografia em camada delgada (CCD), tendo como fase móvel
uma mistura de AcOEt N-PrOH H
2
O (5,7 : 3,2 : 1,3 v/v), os cromatogramas foram
revelados com o reagente de Dragendorff. A detecção da presença de alcalóides
está relacionada ao surgimento de fortes manchas de coloração alaranjada
semelhantes a pilocarpina, usada como padrão (WAGNER, 1996).
4.1.1.3 Pesquisa de cumarinas
As amostras de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia,
empregando-se uma mistura de éter-tolueno-AcOH 10 % (50 : 50 : 50 v/v), em
seguida, observando-se em câmara de U.V.(365 nm). Manchas de fluorescência azul
foram usadas como critério de evidência da presença de cumarinas em
comparação com o padrão utilizado, a umbeliferona.
39
4.1.1.4 Pesquisa de Derivados cinâmicos
As amostras de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia com
verbascosideo empregando-se uma mistura de AcOEt – HCOOH AcOH H
2
O (100 : 11 :
11 : 26 v/v) como fase móvel, revelando-se o cromatograma por observação em
câmara ultra-violeta (UV a 365 nm) seguindo-se de aplicação do reagente NEU, e
nova observação sob luz UV, utilizando-se o ácido clorogênico como padrão, onde
as manchas de fluorescência azul claro que passam a azul intenso após a aplicação
do reagente, eram consideradas a evidência da presença de derivados cinâmicos.
4.1.1.5 Pesquisa de fenilpropanoglicosídeos
As amostras de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia (CCD) com
verbascosideo empregando-se uma mistura de AcOEt – HCOOH AcOH H
2
O (100 : 11 :
11 : 26 v/v) como fase móvel, revelando-se o cromatograma por observação em
câmara ultra-violeta (UV a 365 nm) seguindo-se de aplicação do reagente NEU, e
nova observação sob luz UV, onde as manchas de fluorescência azul claro que
passam a verde-limão após a aplicação do reagente, eram consideradas a
evidência da presença de glicosídeos de fenilpropanóides.
4.1.1.6 Pesquisa de flavonóides
Alíquotas de EMF e EMC foram submetidas à CCD, empregando-se uma
mistura de AcOEt HCOOH AcOH H
2
O (100 : 11 : 11 : 26 v/v), revelando-se o
cromatograma com o reagente de NEU (difenilboriloxietilamina), procedendo-se a
observação em câmara de U.V. (365 nm). Manchas de fluorescência alaranjada,
amarela, vermelha ou verde, consoante o esqueleto molecular, foram usadas como
critério para a constatação da presença de flavonóides.
40
4.1.1.7 Pesquisa de glicosídeos cianogênicos
Foram tomados 1g de folhas jovens de macaxeira (Manihot utilissima
POHL.), 1g de folhas jovens e 1g de caule e 1g de Indigofera suffruticosa Mill.,
finamente repicadas e acondicionadas individualmente em tubos de ensaios, os
quais foram vedados com tampa às quais ficavam presas, tiras de papel de picrato
de sódio. Os tubos foram mantidos em banho-maria a uma temperatura de 45
0
C
durante 40 minutos, para que fosse observada ou não a mudança de coloração da
tira. A coloração avermelhada é o indicativo de positividade.
4.1.1.8 Pesquisa de indican
Alíquotas de EMF e EMC foram submetidas à CCD, empregando-se uma
mistura de AcOEt HCOOH AcOH H
2
O (100 : 11 : 11 : 26 v/v), a presença de
coloração vermelha após imediata revelação com ácido clorídrico a 5% em MeOH foi
usado como critério determinante da existência de indican.
4.1.1.9 Pesquisa de iridoides
Alíquotas de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia com padrão
de ipolimida, empregando-se como fase móvel uma mistura de AcOEt HCOOH
AcOH H
2
O (100 : 11 : 11 : 26 v/v), revelando-se com vanilina sulfúrica, seguida de
aquecimento em estufa a100
0
C, durante 5 minutos. O surgimento de manchas
com coloração violeta foi usado como critério diagnóstico da presença de
iridóides.
41
4.1.1.10 Pesquisa de proantocianidinas
Alíquotas de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia, utilizando-
se o extrato metanólico de Sterculia foetida como padrão, empregando-se uma
mistura de AcOEt HCOOH AcOH H
2
O (100 : 11 : 11 : 26 v/v), a presença de
coloração vermelha após imediata revelação com vanilina clorídrica foi usada
como critério determinante da existência de proantocianidinas condensadas (R
f
próximo ou coincidente com o ponto de aplicação) e leucoantocianidinas (R
f
próximo ao “front”).
4.1.1.11 Pesquisa de saponósidos
Alíquotas de 100 mg de extrato de EMF e EMC foram colocadas em tubos de
ensaio, diluídas com água destilada e submetidas ao teste de afrogenicidade, onde
as soluções previamente submetidas a forte agitação manual por cerca de 30 trinta
segundos, foram em seguida mantidas em repouso, observando-se a consistência e
a persistência da espuma produzida por cada amostra. A persistência de espuma
abundante por mais de 15 minutos era o indicativo usado à constatação da
presença de saponósidos (COSTA, 2001).
4.1.1.12 Pesquisa de triterpenóides e esteróides
Amostras de EMF e EMC foram submetidas à co-cromatografia com, Ác.
Ursolico, β-amirina e β-sitosterol, empregando-se uma mistura de AcOEt C
7
H
8
(20 : 80 v/v). A revelação foi feita com o reagente de Liebermann-Burchard
(SHARMA, 1991), seguido de aquecimento em estufa (100
0
C), por 5 minutos.
Procedendo-se a visualização do cromatograma no visível e em câmara de U.V.
(365 nm). O surgimento de manchas com coloração levemente rósea a
avermelhada foi usado como critério de evidência da presença de triterpenóides e
esteróides.
42
4.1.1.13 Pesquisa da atividade hemolítica de Indigofera suffruticosa Mill. in
vitro
Em virtude da planta causar, em bovinos, anemia hemolítica e
hemoglobinúria, desenvolveu-se um ensaio para a observação da atividade
hemolítica “in vitro”. Utilizaram-se extratos hexânicos, metanólicos, aquosos e
acetato de etila, de Indigofera suffruticosa Mill., segundo a técnica proposta por
Aldea (1945). Dissolveu-se em salina (NaCl 0,9%), quatro gramas de gelatina,
aquecendo a temperatura de 40ºC. Pronta a suspensão, deixou-se esfriar a 35ºC,
quando foi incorporado a suspensão de hemácias, obtida de sangue de caprino e
desfibrinada pela agitação com microesferas, A gelatina foi espalhada em placas
de petri, nas quais incluiu-se fragmentos de papel de filtro embebidos com
diversos extratos da planta e uma amostra padrão com solução de saponina
3
, a
qual, promove hemólise. Deixou-se descansar por 24 horas e após esse período,
observou-se a ocorrência ou não de halos em torno das amostras da planta. O halo
límpido semelhante ao produzido pelo padrão saponina, era o indicativo de
positividade.
4.2 Animais e instalações
O protocolo de experimentação foi desenvolvido no aprisco do Departamento
de Medicina Veterinária (DMV) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Seis caprinos (Capra hircus L. 1758), machos, mestiços e clinicamente sadios, com
aproximadamente um ano de idade foram manipulados na experimentação. Os
animais passaram por um período de adaptação ao ambiente por quinze dias, sob
as mesmas condições higiênico-sanitárias. Nesta fase, procedeu-se a aferição de
pesos e a identificação individual foi feita pelas características da pelagem. A
alimentação consistiu de feno de capim tifton
4
(Cynodon spp.) e água ad libitum.
3
Merck art. 7695
4
Laranjeiras
43
4.3 Protocolo de experimentação
A abordagem clínica dos animais foi efetuada segundo as recomendações de
Rosenberger (1983), Blood (1991) e Smith (1993), consistindo em exames diários do
comportamento geral, da avaliação do estado de higidez, da aferição e anotação
das funções vitais como temperatura, freqüência cardíaca, observação dos
movimentos respiratórios e ruminais; exame do globo ocular, para observação da
coloração da mucosa e vasos episclerais; da avaliação dos linfonodos superficiais e
grau de desidratação.
Em virtude da dificuldade da obtenção da planta em áreas próximas ao local
da experimentação em quantidades suficientes, quatro dos cinco animais
experimentais (01, 02, 03 e 04) ingeriram o extrato aquoso de Indigofera suffruticosa
Mill., coletada em Venturosa, por sonda orogástrica, sendo este material vegetal
pesado de acordo com o tratamento pré-estabelecido para os animais
experimentais, acondicionado em sacos plásticos e conservados sob refrigeração,
sendo trituradas com água em processador doméstico momentos antes da
administração.
A três animais (01, 02 e 03) administrou-se o extrato aquoso de I. Suffruticosa
durante oito dias, as doses de 10, 20 e 30g/kg respectivamente. Ao quarto animal,
40g/kg em uma única dose; o quinto animal ingeriu 10g/kg de folhas “in natura”
recém coletadas no Campus da UFRPE durante oito dias consecutivos, o sexto
animal, considerado controle, alimentou-se exclusivamente de feno e água a
vontade (Tabela 02).
O modelo experimental escolhido está fundamentado nos experimentos
realizados por Barbosa Neto et al. (2001), o qual, estudando os efeitos da Indigofera
suffruticosa Mill. em bovinos, utilizou doses diárias de 10 a 40g/kg/p.v.
44
Tabela 02: Delineamento geral das doses de Indigofera suffruticosa,
administradas experimentalmente a caprinos (Capra hircus L.
1758), PE/Brasil, 2006.
Animal
Peso
(kg)
Tratamento
(g/kg) Estado da planta Total (g)
Período
(dias)
Total ingerido
(g)
01 29 10 Extrato aquoso 200 08 1.600
02 12 20 Extrato aquoso 240 08 1.840
03 12 30 Extrato aquoso 360 08 2.780
04 21 40 Extrato aquoso 840 1 840
05 18 10 “in natura” 1800 08 1.800
06 20,5 - - - - -
4.4 Coleta de amostras biológicas e avaliações laboratoriais
Coletou-se urina uma vez antes e duas vezes após a administração do extrato
aquoso ou “in natura” com intervalos de três horas entre cada obtenção, através
de micção espontânea, conforme recomenda Garcia-Navarro (1996) e Smith (1993).
Este procedimento foi viabilizado pela fixação de coletores pediátricos plásticos
5
na região urogenital. As amostras recém obtidas eram acondicionadas em tubos de
plástico estéreis, graduados e com tampa.
Na urinálise foram examinados os aspectos físicos como volume, coloração,
aspecto, odor e densidade, sendo esta última obtida através do refratômetro
clínico uricon
6
. O pH foi verificado através de tiras reagentes
7
enquanto pesquisou-
se sangue oculto, proteínas, cetonas, bilirrubina e uribilinogênio e exame do
sedimento conforme procedimentos recomendados por Finco (1989).
O sangue foi coletado através de venopunção da jugular externa, utilizando-se
agulhas descartáveis (40 x 12 mm), tubos de ensaio e frascos com anticoagulante.
Após antisepsia no local da punção e garroteamento, a primeira fração do sangue,
destinada ao hemograma, foi coletada e acondicionada em tubos de cinco
milímetros contendo solução aquosa a 10% de sal dissódico de
etilenodiaminotetracetato (EDTA), a segunda fração em tubos de dez mililitros
deixou-se para a coagulação do sangue e após retração do coágulo, o soro foi
5
Coleflex – 100 flexor
6
Atago Optical Words Co
7
Multistix SG Bayer Diagnóstico
45
aspirado, centrifugado e congelado a 20ºC até a realização das avaliações
bioquímicas. Esfregaços sangüíneos foram feitos sob lâminas novas e
desengorduradas para a contagem diferencial de leucócitos e outras observações
relativas às hemácias, plaquetas e leucócitos, além da pesquisa do corpúsculo de
Heinz (MORRIS, 1993).
As contagens celulares foram efetuadas pela técnica do hemocitômetro
determinação do eritrograma. A contagem de hemácias foi feita pelo método do
hemocitômetro, a dosagem de hemoglobina pelo método da
cianometahemoglobina
8
, o hematócrito pela técnica do microhematócrito
(FELDMAN, 2000).
A contagem diferencial foi feita a partir de estiramento sangüíneo corados
com corante Panótico
9
e leitura em microscópio óptico
10
segundo técnica descrita
por Feldman et al. (2000).
Para as análises do perfil bioquímico sangüíneo, utilizou-se kits comerciais
9
para as dosagens e a leitura foi feita em analisador bioquímico semi-automático
11
.
A creatinina foi determinada pelo método cinético (LUTSGARTEN & WENK, 1972), as
atividades enzimáticas da Gama Glutamil Transferase (GGT) sérica, pelo método
cinético otimizado (SZAZ, 1969), do Aspartato Amino Transferase (AST) sérica
segundo a técnica cinética UV otimizada (MCDOUGALL et al., 1991). A uréia foi
determinada por reagentes
12
e a leitura feita por colorimetria
10
(CORNELLIUS, 1989).
Para a pesquisa dos corpúsculos de Heinz utilizou-se metodologia para esfregaços
e coloração azul cresil brilhante a partir do sangue com EDTA recomendadas por
Morris (1993) e Feldman (2000).
Todas as amostras biológicas de urina e sangue, coletadas durante a
experimentação foram encaminhadas imediatamente após a obtenção ao
Laboratório de Patologia Clínica do DMV/UFRPE.
8
Reagente de COR
9
New prov./Paraná/Brasil
10
Olimpus BX41
11
CELM Modelo SB-190
12
LABTEST diagnóstica S/A
46
Ao término do período experimental, os animais foram sacrificados e para
esse procedimento, todos foram sedados com xilazina a 10% e posteriormente
inoculados, por via endovenosa com solução saturada de sulfato de magnésio.
Após o óbito, procedeu-se a necropsia para exame morfológico e coletou-se
fragmentos de órgãos para a histopatologia, conforme recomendam Mejia (1981),
Vasconcelos (1988) e Moreno & Gómez (2003).
Fragmentos de fígado, rins, baço e testículo foram coletados e fixados em
solução de formol a 10% neutra e tamponada por 24 horas e processados (recorte,
desidratação, diafanização, impregnação e emblocamento em parafina). Os blocos
foram laminados em micrótomo
13
obtendo-se secções com espessura de cinco µm
que foram corados pela técnica hematoxilina-eosina (HE), de acordo com Luna
(1968) e Prophet et al. (1992), sendo examinadas ao microscópio óptico
14
.
As necropsias e amostras coletadas post mortem foram registradas e
processadas no Laboratório de Patologia Animal do DMV/UFRPE.
13
Leitz, 1512
14
Leitz-Dialux 20
47
4.5. Análise cromatográfica da urina
Tendo realizado a prospecção fitoquímica e verificado as substâncias
presentes na planta passíveis de ter atividade na economia animal, foram
analisadas 15 amostras de urina para a pesquisa destes elementos.
O co-cromatograma foi feito com 15µl de cada amostra, referente ao segundo,
quinto e oitavo dia da experimentação dos animais 01, 02, 03, 04, 05 juntamente
com uma amostra do extrato metanólico de Indigofera suffruticosa Mill. A fase
estacionária utilizada foi uma placa cromatográfica de gel de sílica
15
e a fase
móvel, um sistema com AcOEt HCOOH AcOH H
2
O (100 : 11 : 11 : 26 v/v), após a
percolação, o co-cromatograma foi revelado com o reagente HCl a 5%, conforme
recomendação de Obertür (2004a). A observação de manchas semelhantes na cor e
R
f
ao padrão (extrato metanólico de I. suffruticosa Mill.) era o indicativo de
positividade.
15
MERCK Art. 015533
48
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A planta utilizada no experimento possui as características taxonômicas
descritas por diversos autores, e geralmente, é encontrada em terrenos
descampados, a pouca sombra, com alturas de 50 cm a 2 m, com folhas verdes,
medindo de 1,5 a 2 cm e pequenos frutos com um a 1,5 cm de comprimento,
vagens em forma de foice e agrupados (Figura 03), fixados na região axilar do
caule, onde estão inseridas hastes com pequenas flores de tom róseo (Figura 03).
Foi também observado que a Indigofera suffruticosa está bem difundida nas regiões
da zona-da-mata, agreste e sertão do Estado de Pernambuco como planta
invasora, sendo eventualmente consumida por bovinos e caprinos. Um desenho
esquemático foi elaborado a partir de espécimes coletados para identificação
botânica (Figura 04).
Figura 04-A: Indigofera suffruticosa Mill. com flores e
sementes.PE/Brasil, 2006.
Figura 04-B: Desenho esquemático de Indigofera suffruticosa Mill.,
coletada no Campus da UFRPE, demonstrando a disposição
das folhas e frutos. PE/Brasil, 2006.
49
Késia Alcântara
2006
04-A
04-B
5.1. Abordagem fitoquímica da Indigofera suffruticosa Mill. (Fabaceae)
As frações do extrato metanólico de folhas (EMF) e extrato metanólico de caule
(EMC) de Indigofera suffruticosa Mill., provenientes dos municípios de Venturosa,
Recife (campus da UFRPE) e Passira, submetidas a co–cromatografia, apresentaram
semelhança nos resultados e foram negativas para alcalóides, derivados
cinâmicos, cumarinas, fenilpropanoglicosídeos, glicosídeos cianogênicos,
iridóides, saponósidos e triterpenóides. Ocorreu positividade para glicose
(açucares redutores), demonstrado na Figura 05, traços de luteolina 7,glicosídeo
(flavonóide), traços nos caules referentes a taninos catequicos não hidrolisáveis
(proantocianidinas condensadas) e indican (Figura 06) e Tabela 03.
Tabela 03: Demonstrativo da prospecção fitoquímica dos extratos metanólicos
de folhas (EMF) e caule (EMC) de Indigofera suffruticosa Mill. dos
municípios de Venturosa, Recife (UFRPE) e Passira. PE/Brasil, 2006.
emf
EMC
Metabólitos
VENTUROSA
UFRPE Passira
VENTUROSA
UFRPE Passira
Açúcares redutores positivo positivo positivo positivo positivo positivo
Alcalóides negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Derivados cinâmicos negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Cumarinas negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Fenilpropanoglicosídeos negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Flavonóides negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Glicosídeos
cianogênicos
negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Indican positivo positivo positivo positivo positivo positivo
Iridóides negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Proantocianidinas +* +* +* +* +* +*
Saponósidos negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Triterpenóides e
Esteróides
negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Obs: +**- taninos catequicos não hidrolisáveis (proantocianidinas condensadas)
A glicose é sintetizada pelos vegetais a partir de precursores inorgânicos como
CO
2
e água através da fotossíntese para atender as exigências fundamentais da
planta através do seu metabolismo (Santos, 2003).
50
Figura 05: Co-cromatograma demonstrando a presença de glicose
em EMF e EMC de I. suffruticosa Mill. oriundas dos
municípios de Venturosa, Passira e Recife (campus da
UFRPE), utilizando rhamnose e glicose como padrão.
PE/Brasil, 2006.
Taninos catequicos não hidrolisáveis (proantocianidinas condensadas) ou
taninos condensados ocorrem em plantas lenhosas e têm atividade biológica como
bactericida e fungicida (Santos, 2003).
Na pesquisa do indican, utilizando-se como reagente vanilína clorídrica ou
sulfúrica, a mancha relativa a esta molécula apresentou cor vermelho-tijolo (Figura
06), e este resultado ficou melhor expresso do que o demonstrado por Obertür et
al. (2004a) no qual se observa uma fraca mancha azul claro. O resultado foi
positivo tanto no extrato metanólico de folhas quanto no de caules das amostras
analisadas.
51
Glicose
Rhamnose
05
F
Vent
C
Vent
F
Pas
C
Pas
F
ufrpe
C
ufrpe
P
Figura 06: Co-cromatograma demonstrando a presença de indican
em EMF de I. suffruticosa Mill. oriundas dos municípios
de Passira, Recife (campus da UFRPE) e Venturosa.
PE/Brasil, 2006.
O resultado da prospecção fitoquímica demonstrou que as substâncias
observadas em evidência como a glicose, e outros elementos fracamente presentes
(traços) são constituintes comuns a muitos vegetais. O que diferencia esta planta
de outras é a presença do indican (figura 06). A confirmação desta substância foi
feita pela investigação das amostras hidrolisadas pelo calor e particionadas com
butanol. O cromatograma feito com este material revelou não mais a presença da
mancha vermelho-tijolo e sim manchas azul e róseo, que são relativas ao índigo e
indirubina respectivamente, conforme descrevem Chanayath et al. (2002) e
Obertür et al. (2004a).
Nenhum dos extratos de Indigofera suffruticosa, submetidos ao agar-sangue
promoveu o halo hemolítico observado na amostra padrão com solução de
saponina, indicando que os componentes presentes na planta não tem ação
hemolítica direta (Figura 07).
52
06
Pas
ufrpe
Vent
Figura 07: Placas de petri com agar-sangue de caprino (Capra
hircusL., 1758) contendo fragmentos de papel de filtro
embebidos em extratos hexânicos, AcOHt, metanólico e
aquoso de Indigofera suffruticosa oriundos de
Venturosa, Passira e Recife (campus da UFRPE)
demonstrando a negatividade para a atividade
hemolítica e saponina (seta). PE/Brasil, 2006.
5.2. Aspectos clínicos
Foram obtidos os valores referentes a freqüência cardíaca, respiratória,
movimentos ruminais e temperatura antes do início do protocolo experimental
(Tabela 04) e, de acordo com estes, verificou-se que, durante o período em que
ingeriram a planta na forma de extrato aquoso ou “in natura”, os animais não
apresentaram alterações significativas dos sinais vitais. O resultado difere do
encontrado por Barbosa Neto et al (2001) que encontraram, em bovinos,
diminuição de freqüência e intensidade dos movimentos ruminais, taquicardia
intensa 140/b.p.m.) com alterações no ritmo e na intensidade.
53
Tabela 04: Demonstrativo das médias dos parâmetros clínicos obtidos de
caprinos (Capra hircus L., 1758) tratados experimentalmente com
diferentes doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
Freqüências Movimentos Temperatura
Animais Tratamento Cardíaca Respiratória ruminais (
0
C)
00 Dia 0 67,20 20,80 3,60 38,70
01 10g/kg/p.v. 52,00 23,50 2,50 38,54
02 20g/kg/p.v. 58,00 25,00 3,62 38,74
03 30g/kg/p.v. 62,75 23,50 3,00 38,55
04 40g/kg/p.v. 61,20 20,00 3,00 39,14
05 10g/kg/p.v. 59,00 20,50 3,00 38,82
5.2.1. Urinálise
Nos resultados, descritos nas tabelas 05, 06, 07, 08 e 09, em comparação com
os valores obtidos dos animais antes do protocolo experimental, houve mudança
da coloração de amarelo à amarelo esverdeado (Figura 08), nas amostras obtidas
dos animais que ingeriram o extrato aquoso da planta a partir do segundo dia da
experimentação (animais 01, 03 e 04), terceiro dia (animais 01 e 03), quarto dia
(animais 01 e 03), quinto dia (animal 03), sexto dia (animais 01 e 03), sétimo dia
(animais 02 e 03) e no oitavo dia (animais 01 e 03). O animal 01 (10g/kg/p.v.)
apresentou esta mudança de coloração por cinco dias, o 02 (20g/kg/p.v.) teve
urina de cor esverdeada apenas no sétimo dia, no animal 03 (30g/kg/p.v.) a urina
esteve esverdeada em sete dos oito dias do experimento, no animal 04
(40g/kg/p.v. em dose única) houve esta mudança na coloração apenas no
segundo dia enquanto que, nas amostras do animal 05 não houve mudança na
coloração.
54
Figura 08: Amostras de urina de coloração esverdeada a
amarelada, de caprinos (Capra hircus L., 1758) tratados
com diferentes doses de Indigofera suffruticosa Mill.
em extrato aquoso.PE/Brasil, 2006.
Essa alteração de coloração foi mencionada por Barbosa Neto et al. (2001) e
Blankenship (2001), mas não houve comentários sobre o fenômeno. No entanto,
considerando as características da planta e sabendo que, após hidrólise e em
contato com o ar (MINAMI et al., 1996), formação de um pigmento azul, o índigo,
e como esta coloração esteve presente nos animais que ingeriram o extrato aquoso,
é possível que o pigmento eliminado com a urina amarela seja o responsável pela
cor verde. O pigmento começou a ser formado no processamento da planta para
elaboração do extrato aquoso. No entanto, Garcia-Navarro (1996) também atribui
esta coloração a presença aumentada dos pigmentos biliares, bilirrubina ou
urobilinogênio.
Com relação a densidade, que mensura indiretamente a capacidade renal de
concentração da urina segundo Garcia-Navarro (1996), obteve-se dos animais
experimentais antes da experimentação, densidades de 1010 (animais 01 e 02),
1012 (animal 03), 1012(animal 04) e 1008 (animal 05), perfazendo uma média de
1010,8;, embora Pugh (2004) considere 1040 a média padrão, estes parâmetros
55
03 01 02
foram os considerados para comparação. Observou-se uma variação na densidade
de todos os animais, e os maiores valores (acima de 1040) foram observados no
animal 02 durante o terceiro, quarto, sétimo e oitavo dias, no animal 03 apenas no
segundo dia. Nos animais 04 e 05 esta variação foi discreta, conforme
demonstrado no Gráfico 01.
O aumento da densidade indica uma diminuição da filtração glomerular
e/ou um aumento da reabsorção de água, o que levaria os animais à oligúria
(GARCIA-NAVARRO, 1996), e para Meyer et al. (1995), a perda de habilidade para a
concentração de urina é um dos primeiros sinais de doença tubular.
Gráfico 01: Demonstrativo dos valores das densidades urinárias obtidas nas
primeiras coletas num período de oito dias de caprinos tratados
com diversas doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
Obs: para as densidades >1041, utilizou-se a numeração 1041.
56
1000
1010
1020
1030
1040
1050
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Os resultados relativos ao pH, o animal 01 variou entre 7,0 e 8,0; o animal 02
entre 5,0 e 8,0, no animal 03 houve poucas alterações (7,0 e 8,0), o animal 04
permaneceu com um pH ácido (5,0) durante todo o experimento, enquanto que o
animal 05 também possuía a urina ácida (5,0) no início do experimento que, no
decorrer do período alcançou a alcalinidade (pH 8,0), conforme o demonstrado no
Gráfico 02.
Sabe-se que está relacionado a função renal de eliminar álcalis e ácidos não
voláteis para a manutenção do equilíbrio ácido/básico. Os animais herbívoros que
possuem uma dieta rica em carboidratos têm, normalmente, um pH alcalino e o
seu aumento pode estar relacionado a alcalose metabólica ou respiratória e a
ingestão de bicarbonato de sódio. O aumento da acidez pode resultar da privação
de alimentos, febre, acidose metabólica ou respiratória, prolongado exercício
muscular ou ingestão de sais ácidos como também pode ocorrer de forma
metabólica na insuficiência renal crônica (MEYER ET AL., 1995; GARCIA-NAVARRO,
1996).
Gráfico 02: Demonstrativo dos valores referentes ao pH obtidos nas primeiras
coletas em um período de oito dias de caprinos tratados com diversas
doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
57
4,5
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
8,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
A presença de proteína foi discreta (traços) nos animais 01 no segundo,
terceiro, quarto e sétimo dia; no animal 02, esteve presente no terceiro, quarto e
sétimo dia, enquanto que, no animal 03 no segundo e terceiro dia.
De acordo com Bacila (2003), proteínas são normalmente encontradas na
urina em pequenas quantidades. Garcia-Navarro (1996) e Meyer et al. (1995), a
proteinúria pode estar relacionada ao aumento da densidade urinária, que em
uma urina mais concentrada, é mais fácil detectar traços de proteína. Pode ainda
resultar da permeabilidade glomerular anormal na nefrite aguda e crônica, na
pielonefrite, nefrose e outras alterações degenerativas caracterizadas por lesões
renais tubulares com proteinúria e cilindrúria, podendo ainda ter origem
isquêmica ou tóxica.
Alguns traços de sangue foram detectados apenas no animal 01 no segundo e
terceiro dia, o que pode significar eritrócitos ou hemoglobina livre, no entanto, na
sedimentoscopia houve a presença de hemácias em pequena quantidade. Meyer et
al (1995) considera normal a presença de poucos eritrócitos e para Bacila (2003)
pode significar lesão renal ou do trato urinário abaixo do rim.
O urobilinogênio esteve presente apenas no animal 02 no sétimo dia, mas
numa quantidade ínfima. Garcia-Navarro (1996) comenta que a eliminação de
uma pequena parte do urobilinogênio na urina é normal, uma vez que é o
pigmento que dá a cor amarela a urina.
A bilirrubina foi detectada em pequenas quantidades no animal 02 no
terceiro, quarto, quinto, sétimo e oitavo dia e no animal 03 no terceiro, quarto,
quinto e oitavo dia. Na maioria dos animais, a bilirrubinúria é um indicador de
excreção biliar deficiente e o seu aumento pode estar associada a três causas:
hemolítica, tóxica, e obstrutiva (Garcia-Navarro, 1996; Jones et al. 2000).
58
Tabela 05: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 01, tratado
experimentalmente com extrato aquoso (10g/kg) de Indigofera
suffruticosa Mill. por um período de oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Cor Aspecto Dens. ph Proteína Sangue Cetona Urob. Bilir.
Am. pálido mpido 1010 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1014 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1018 7,0 Negat.
+
Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1024 7,0
+
Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1024 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1014 8,0 Negat.
+
Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1022 6,5
+ ++
Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1022 6,5 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1022 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1030 6,0
+
Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1022 6,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1024 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1022 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1006 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1010 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Lev. turvo 1032 6,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1006 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1010 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Lev. turvo 1032 6,0
+
Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1024 6,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido mpido 1008 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Lev. turvo 1016 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd Límpido 1010 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Obs: Am.-amarelo, Esverd.-esverdeado, Lev.-levemente, Negat.-negativo
+ - traços
++ - presença discreta
59
Tabela 06: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 02, tratado
experimentalmente com extrato aquoso (20g/kg) de Indigofera
suffruticosa Mill. por um período de oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Cor Aspecto Dens. ph Proteína Sangue Cetona Urob. Bilir.
Am. pálido Límpido 1010 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1030 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. palha Límpido 1012 6,5 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1010 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am.arelo Límpido 1028 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1012 6,5 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1040 6,0
+
Negat. Negat. Negat.
+
Am. Turvo Turvo >1040 7,0
+
Negat. Negat. Negat.
+
Amarelo Turvo 1040 7,0
+
Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Lev.turvo >1040 7,0
+
Negat. Negat. Negat.
+
Amarelo Lev.turvo 1030 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
+
Amarelo Límpido 1016 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1010 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. +
Amarelo Límpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1014 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1012 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Lev.turvo 1032 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
+
Amarelo Lev.turvo >1040 6,0
+
Negat. Negat.
+ ++
Am. esverd Lev.turvo >1040 7,0
+
Negat. Negat. Negat.
++
Amarelo Límpido 1016 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
++
Amarelo Lev.turvo >1040 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Lev.turvo 1016 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Obs: Am.-amarelo, Esverd.-esverdeado, Lev.-levemente, Negat.-negativo
+ - traços
++ - presença discreta
60
Tabela 07: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 03, tratado
experimentalmente com extrato aquoso (30g/kg) de Indigofera
suffruticosa Mill. por um período de oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Cor Aspecto Dens. ph Proteína Sangue Cetona Urob. Bilir.
Am. palha Límpido 1012 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. palha Límpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. Turvo >1040 8,0
++
Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1006 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1012 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Lev. turvo 1010 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Acastanhado Límpido 1032 8,0
++
Negat. Negat. Negat.
+
Am. esverd. mpido 1012 8,0
+
Negat. Negat. Negat.
+
Am. esverd. mpido 1016 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1010 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
+
Amarelo Límpido 1004 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
+
Am. esverd. mpido 1016 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Acastanhado Límpido 1020 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
++
Amarelo Límpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1012 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1006 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1006 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1014 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1014 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. mpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat.
+
Obs: Am.-amarelo, Esverd.-esverdeado, Lev.-levemente, Negat.-negativo
+ - traços
++ - presença discreta
61
Tabela 08: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 04, tratado
experimentalmente com extrato aquoso (40g/kg) de Indigofera
suffruticosa Mill. em dose única. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Cor Aspecto Dens. ph Proteína Sangue Cetona Urob. Bilir.
Am. pálido Límpido 1012 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1014 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1022 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. Límpido 1018 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. esverd. Límpido 1018 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1020 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am pálido Límpido 1028 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1022 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1022 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1030 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Amarelo Límpido 1022 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Obs: Am.-amarelo, Esverd.-esverdeado, Negat..-negativo
Tabela 09: Resultados da urinálise do caprino (Capra hircus L., 1758) 05, tratado
experimentalmente com Indigofera suffruticosa Mill. recém coletada
(10g/kg) por um período de oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Cor Aspecto Dens. ph Proteína Sangue Cetona Urob. Bilir.
Am. pálido Límpido 1012 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1008 5,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1008 7,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1008 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am pálido Límpido 1004 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1010 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1016 6,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1006 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Am. pálido Límpido 1016 8,0 Negat. Negat. Negat. Negat. Negat.
Obs: Am.-amarelo, Negat.-negativo
A sedimentoscopia revelou, principalmente, leucocitúria, que esteve presente
no animal 01, com valores acima de 50/p.c. no terceiro e no oitavo dia, acima de
100/p.c. no sexto e sétimo dia; no animal 02, houve aumento de leucócitos acima
de 50/p.c. no primeiro, terceiro, quarto e sétimo dia, sendo que acima de 100/p.c.
no oitavo dia; no animal 03, valores acima de 50/p.c. foram observados no terceiro
dia e acima de 100/p.c. no sexto e sétimo dia; no animal 04, havia leucócitos acima
de 50/p.c. no segundo dia e no animal 05 este mesmo aumento estava presente
apenas no oitavo dia. Notou-se que estes valores estiveram aumentados
principalmente nos animais que ingeriram o extrato aquoso; exceto o animal 04, ao
62
qual foi administrado apenas uma dose, nesse caso, houve um aumento de
leucócitos no segundo dia que nos dias seguintes reduziu bastante.
O aumento de leucócitos no sedimento pode ser resultado de processo
inflamatório ou necrose em qualquer ponto do aparelho urogenital (Smith, 1993;
Meyer, 1995; Garcia-Navarro, 1996), embora não houvesse sinais clínicos e
necroscópicos que evidenciassem processo inflamatório no aparelho urinário
desses animais, é oportuno relatar que Nottle (2006), encontrou pigmentos azul e
vermelho em alguns sedimentos e cálculos em ovelhas que se alimentavam de
trevos e esses pigmentos foram identificados como indigotina e indirubina
respectivamente.
Também verificou-se nessa análise a presença discreta de cilindros
granulares nos animais 01, 02, 03 e 04. Para Garcia-Navarro (1996), em números
elevados, esses cilindros podem indicar doenças renais cursando com necrose do
epitélio tubular como nefrite ou nefrose por isquemia ou nefrotoxinas.
Os espermatozóides podem ser vistos no sedimento mas não têm
importância para diagnóstico. Células epiteliais são um achado normal. A
presença de cristais depende da dieta e não é um fator preocupante, mesmo em
número aumentado, salvo se há suspeita de urolitíase (Garcia-Navarro, 1996).
63
Tabela 10: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L., 1758) 01,
tratado experimentalmente com extrato aquoso de Indigofera
suffruticosa Mill. (10g/kg) pelo período de oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Sptz
Leuc.
(p/c)
Hem.
(p/c) Bact.
Células Cilíndros Cristais
Renais
(p/c)
Uretrais
(p/c) Gran. Hial.
Carb.
cálcio Fosf.
V 0 – 2
-
R - 0 – 2 - - - -
- 0 – 5 - R - 0 – 4 - - - -
- 3 – 6 8 – 10 R 0 – 2 0 – 5 - - - -
R 18 – 22 10 – 15 R 0 – 1 0 – 5 - - - -
- - 10 – 15 - - - - - - -
- 0 – 4 3 – 8 R 0 – 1 0 – 2 0 - 1 - - -
- >50 10 - 15 R 0 – 1 1 – 5 - - - -
- 15 – 20
V
- R 0 – 1 1 – 7 0 - 1 - - R
- 0 - 4 - R - 0 – 3 - - R -
- 0 –3 0 – 1 R - 0 – 5
R
- - - -
- 0 – 3 0 – 1 R - 0 – 2 - - - -
R 1 – 5 0 – 1 A 0 – 1 0 – 3 - - - -
- 3 – 7 0 – 2 - 0 – 4 0 – 6
R
- - - -
A 0 - 6 - R - 0 – 5 - - - -
- 18 – 25 0 – 3 R 0 – 1 0 – 2 - - - -
- >100 0 – 5 A 0 – 2 3 – 6 - - - -
- 25 - 30 0 – 5 R 0 – 1
R
0 – 4 - - - -
- 0 – 3 0 – 3 R - 0 – 2 - - - -
- >100 - R - 3 – 8
V
0 - 1 - - -
- >100
V
0 – 3 R 0 – 3
R
2 – 8
V
- - - -
R 13 – 20
A
3 – 6 R - 0 – 1 - - - -
- >50
A
0 – 1 A 0 – 3 0 – 5
A
- - - -
- 3 – 8
R
5 – 7 R 0 – 1 0 – 2 - - - -
Obs: Sptz espermatozóides, Leuc. leucócitos, Bact.-bactérias, Hem.- hemácias, Gran. cilindro
granuloso, Hial.- cilindro hialino, Carb. cristais de carbonato de cálcio, Fosf.- Cristais de fosfato.
V- vários, A – alguns e R – raros.
64
Tabela 11: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L., 1758) 02,
tratado experimentalmente com o extrato aquoso de Indigofera
suffruticosa Mill. (20g/kg) por um período de oito dias. PE/Brasil,
2006.
Dia Coleta Sptz
Leuc.
(p/c)
Hem.
(p/c) Bact.
Células Cilíndros Cristais
Renai
s
(p/c)
Uretrais
(p/c) Gran. Hial.
Carb.
cálci
o Fosf.
- 1 – 7 - A 0 - 2 0 – 2 - - - -
V >50 - V - 0 – 4 0 – 1 - - -
- 0 – 3 0 – 1 R - 0 – 4 - - - -
R 0 – 3 0 – 1 R - 0 - 3 0 – 1 - - -
- - - - - - - - - -
V 20 – 25 3 – 8 A 0 – 2 0 – 3 0 – 3 - - -
V 7 – 15 - V 0 – 2 3 – 8
A
- - - -
V >50 3 – 5 A - 0 – 5
A
0 – 3 - - -
V >50 0 – 3 A - 1 – 6 - - V
V 8 – 12 0 – 3 A 0 – 4
R
0 – 4 0 – 1 - - -
V 8 – 12 0 – 5 A 0 – 1 0 – 4
R
- - - R
R 0 – 3 - - - 0 – 4
R
- - - -
A 10 – 15 0 – 5 R 0 – 3 1 – 7
A
- - - -
- 11 – 15
R
0 – 4 R 0 – 1 0 – 6
A
- - - -
V 3 – 7 0 – 3 A 0 – 2 0 – 5
A
- - - -
V 15 – 20 0 – 3 A 0 – 3 0 – 6
R
- - R -
- 8 – 11 0 – 3 R 0 – 2 0 – 5 - - A -
V >50 0 – 3 V 2 – 6 6 – 11
R
0 – 1 - - R
V >50 - R 1 – 6 2 – 6 - - - -
- >50 0 – 3 R 0 – 6
R
0 – 6 - - - -
V 15 – 20 - R 0 – 2
R
0 – 4
R
- - - -
A >100
A
0 – 3 A 3 – 6
V
2 – 7 - - - -
V 15 – 20 0 – 2 A 0 – 6
R
1 – 3 - - - -
Obs: Sptz espermatozóides, Leuc. leucócitos, Bact.-bactérias, Hem.- hemácias,
Gran. cilindro granuloso, Hial.- cilindro hialino, Carb. cristais de carbonato de
cálcio, Fosf.- Cristais de fosfato. V- vários, A – alguns e R – raros.
65
Tabela 12: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L., 1758) 03,
tratado experimentalmente com extrato aquoso de Indigofera
suffruticosa Mill. (30g/kg) por um período de oito dias. PE/Brasil,
2006.
Dia Coleta Sptz
Leuc.
(p/c)
Hem.
(p/c) Bact.
Células Cilíndros Cristais
Renais
(p/c)
Uretrais
(p/c) Gran. Hial.
Carb.
cálcio Fosf.
V 3 – 10 A 0 – 2 0 – 2 - - - -
- 20 – 25 0 – 1 - 0 – 3 0 – 2 - - - -
V 12 – 18 0 – 3 A 0 – 3 1 – 8 - - - -
- 0 – 3 0 – 5 R 0 – 5 0 – 3 - - - -
V 5 – 10 0 – 1 A 0 – 5 - 0 – 1 - - -
V 0 – 5 0 – 5 A 0 – 4 0 – 3 0 – 1 - - -
V 7 – 15 0 – 1 R 0 – 6 0 – 6 0 – 2 - - -
V >50 0 – 4 A 0 – 5 0 – 5 0 – 1 - - -
V 15 – 22 0 – 3 A 0 – 6 0 – 6 0 - 1 - - -
- 3 – 6 0 – 5 R 0 – 6R 0 – 6 - - R -
V 0 – 3 0 – 3 - 0 – 3 0 – 3 - - - -
V 20 – 25 0 – 1 A 1 – 7
A
1 – 6 - - - -
V 5 – 10 3 – 8 A 0 – 4
R
0 – 6 0 - 1 - - -
- 0 – 4 0 – 6 R 0 – 6
R
0 – 3
R
- - - -
V 1 – 5 0 – 1 R 0 – 3
R
0 – 2
R
- - - -
A 0 – 4
R
0 – 5 R - 0 – 3 - - - -
A >100 0 – 2 R 0 – 3 7 – 11
R
- - - -
V 0 – 3 1 – 8 R 0 – 2 0 – 4 - - - -
- >100
V
0 – 1 R 3 – 8
R
4 – 10
R
- - - -
V 11 – 15 0 – 3 R 0 – 4 0 – 3 - - - -
V 16 – 20 0 – 1 R 0 – 3
R
0 – 3
R
- - R -
R 0 – 7
R
0 – 3 R 0 – 2 0 – 5 - - - -
- 0 – 5 0 – 1 R 0 – 2 0 – 2ª - - - A
Obs: Sptz espermatozóides, Leuc. leucócitos, Bact.-bactérias, Hem.- hemácias, Gran. cilindro
granuloso, Hial.- cilindro hialino, Carb. cristais de carbonato de cálcio, Fosf.- Cristais de fosfato.
V- vários, A – alguns e R – raros.
66
Tabela 13: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L., 1758) 04,
tratado experimentalmente com extrato aquoso de Indigofera
suffruticosa Mill. (40g/kg) em dose única. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Sptz
Leuc.
(p/c)
Hem.
(p/c) Bact.
Células Cilíndros Cristais
Renai
s
(p/c)
Uretrais
(p/c) Gran. Hial.
Carb.
cálci
o Fosf.
V 2 – 8
R
- - 0 – 5
A
0 – 4
A
0 – 1 - - -
- 8 – 115
A
0 – 3 R 2 – 7
R
0 – 6 0 – 1 - - -
R 9 – 16
R
0 - 4 R 0 – 5
R
0 – 4
R
- - - -
R 15 – 20 1 – 5 R 1 – 6
A
1 – 7
A
- - R -
- >50
A
0 – 6 R 0 – 6
A
1 – 5
A
- - - -
- 3 – 10 0 - 2 - 0 – 4
R
0 – 2
R
0 – 1 - - -
- 25 – 35
V
0 – 7 R 1 – 8
V
1 – 7
V
- 0 – 1 - -
- 9 – 16
R
0 – 3 R 3 – 8
A
0 – 4
A
- - - -
- 7 – 12 0 – 2 R 3 – 7
A
2 – 7
A
- - - -
- 25 – 30
A
- R 2 – 7
A
4 – 10
A
0 – 1 - - A
- 20 – 25
R
0 - 5 R 3 – 7
A
2 - 7 0 - 1 - - -
Obs: Sptz espermatozóides, Leuc. leucócitos, Bact.-bactérias, Hem.- hemácias, Gran. cilindro
granuloso, Hial.- cilindro hialino, Carb. cristais de carbonato de cálcio, Fosf.- Cristais de fosfato.
V- vários, A – alguns e R – raros.
Tabela 14: Resultados da sedimentoscopia do caprino (Capra hircus L., 1758) 05,
tratado experimentalmente com Indigofera suffruticosa Mill. recém
coletada (10g/kg) por um período de oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia Coleta Sptz
Leuc.
(p/c) Bact.
Hem.
(p/c)
Células Cilíndros Cristais
Renai
s
(p/c)
Uretrais
(p/c) Gran. Hial.
Carb.
cálci
o Fosf.
- - - 0 - 1 0 - 5 3 - 10 - - - -
A 0 – 3 R 0 – 1 0 – 3 0 – 3 - - - -
- 0 – 4 R 0 – 1 0 – 1 0 – 4 - - - -
A 1 – 7 R 0 – 3 0 – 3 0 – 2 - - - -
R 7 – 15 R 0 – 3 0 – 1 0 – 3 - - - -
- 1 – 8 R 0 – 2 0 – 2 0 – 4 - - - -
- 0 – 4 R 0 – 1 0 – 5
R
3 – 8 - - - -
R 2 – 8 R 0 – 2 0 – 5 0 – 3 - - - -
R >50 R 0 - 1 1 - 5 0 – 3
R
- - - -
Obs: Sptz espermatozóides, Leuc. leucócitos, Bact.-bactérias, Hem.- hemácias, Gran. cilindro
granuloso, Hial.- cilindro hialino, Carb. cristais de carbonato de cálcio, Fosf.- Cristais de fosfato.
V- vários, A – alguns e R – raros.
67
5.2.2 Achados hematológicos
Para a avaliação do eritrograma, considerou-se como referência os valores
estabelecidos por Melo (2001) para caprinos machos criados no Estado de
Pernambuco, os quais compreendem, para hemácias (X10
3
/µl) 13,0; hemoglobina
(g/dl) 9,6; hematócrito (%) 28,0; VGM (fL) 23,1 e CHGM (%) 34,3, e a média dos
valores obtidos dos animais experimentais, antes do início do protocolo, que
constaram de: hemácias (X10
3
/µl) 12,84; hemoglobina (g/dl) 10,3; hematócrito (%)
28,6; VGM (fL) 22,2 e CHGM (%) 36,04, as quais estão descritas na Tabela 15 e os
valores obtidos durante a experimentação estão contidos nas Tabelas 16, 17, 18, 19
e 20.
Tabela 15: Valores das médias dos eritrogramas referentes aos cinco caprinos
antes do tratamento com diferentes doses de Indigofera suffruticosa
Mill. PE/Brasil, 2006.
Animais
Hemácias
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobin
a
(g/dl)
Hematócrito
(%)
VGM
(fl)
CHGM
(%)
01 14,42 13,00 36,00 25,00 36,20
02 11,94 8,50 24,00 20,30 35,30
03 12,20 9,50 26,00 21,40 36,60
04 12,70 10,00 28,00 21,80 35,80
05 12,96 10,50 29,00 22,50 36,30
Média 12,84 10,30 28,60 22,20 36,04
Desvio padrão 0,97 1,68 4,56 1,76 0,50
Obs: VGM – volume globular médio, CHGM – concentração hemoglobínica globular média.
Foi verificada hemoconcentração nos animais 01 e 05 (Gráfico 03) que pode
estar relacionada à desidratação. Os valores de hemoglobina, hematócrito e
volume globular médio (VGM) decresceram gradativa e discretamente em todos os
animais (Gráficos 04, 05 e 06) o que caracterizou uma leve anemia microcítica. A
concentração hemoglobínica globular média (CHGM), demonstrada no Gráfico 07,
diminuiu nos animais 01 e 05 (anemia microcítica hipocrômica), manteve-se em
níveis aproximados daqueles do dia zero nos animais 02 e 03 (anemia microcítica
68
normocrômica) e aumentou no animal 04 (anemia microcítica hipercrômica). Para
Scherding (1988), a anemia é um sinal objetivo de enfermidade.
Em comparação com as alterações encontradas por Barbosa Neto et al
(2001), que observaram em bovinos, hemoglobina em torno de 2g/dl e número de
hemácias abaixo de 2,0x10
6
/mm
3
, nossos achados foram discretos, o menor valor
para hemoglobina foi de 7,5g/dl (animal 02) e para hemácias encontrou-se
9,12x10
6
/mm
3
(animal 03), no entanto, são um indicativo de atividade hemolítica,
principalmente porque, a pesquisa para Corpúsculos de Heinz foi positiva,
embora também de forma discreta (Figura 09).
Gráfico 03: Demonstrativo dos níveis de hemácias em hemogramas de caprinos (
Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
8
10
12
14
16
18
20
1º 3º 4º 6º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
69
Gráfico 04: Demonstrativo dos níveis de hemoglobina em hemogramas de
caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses de
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
7
8
9
10
11
12
13
14
1º 3º 4º 6º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Gráfico 05: Demonstrativo dos valores de hematócritos em hemogramas de
caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses de
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
70
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
1º 6º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Gráfico 06: Demonstrativo dos níveis de Volume Globular Médio (VGM) em
hemogramas de caprinos (Capra hircus L., 1758),tratados com
diversas doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
Gráfico 07: Demonstrativo dos valores das Concentrações Hemoglobínicas
Globulares Médias (CHGM) em hemogramas de caprinos (Capra
hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
71
15
17
19
21
23
25
27
29
31
1º 3º 5º 7º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
35
35,5
36
36,5
37
37,5
38
2º 4º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Tabela 16: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 01,
tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso por oito dias PE./Brasil, 2006.
Dia
Hemácias
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobina
(g/dl)
Hematócrito
(%)
VGM
(fl)
CHGM
(%)
14,42 13,00 36,00 25,00 36,20
14,00 13,50 38,00 27,20 35,60
14,26 12,00 33,00 23,30 36,40
11,88 12,00 34,00 28,90 35,30
14,14 12,00 33,00 23,50 36,40
15,68 11,80 33,00 21,20 35,80
15,20 11,90 33,00 21,80 36,10
15,48 11,00 31,00 20,20 35,50
17,90 11,00 31,00 17,40 35,50
Média 14,81 11,90 33,25 22,93 35,82
Desvio padrão 1,72 0,77 2,18 3,71 0,42
OBS: O dia 0º não foi contabilizado para o calculo da média e desvio padrão. VGM – volume globular
médio, CHGM – concentração hemoglobínica globular média.
Tabela 17: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 02,
tratado com 20g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso por oito dias PE/Brasil, 2006.
Dia
Hemácias
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobina
(g/dl)
Hematócrito
(%)
VGM
(fl)
CHGM
(%)
11,94 8,50 24,00 20,20 35,50
11,64 9,00 25,00 21,60 36,00
13,22 8,50 24,00 18,20 35,50
11,40 9,20 25,00 22,00 36,80
9,63 8,50 24,00 25,00 35,50
13,74 9,20 26,00 19,00 35,40
13,06 9,00 25,00 19,30 36,00
12,60 8,10 23,00 18,30 35,30
10,84 7,50 21,00 19,50 35,80
Média 12,02 8,62 24,12 20,36 35,78
Desvio padrão 1,38 0,60 1,55 2,34 0,48
OBS: O dia 0º não foi contabilizado para o calculo da média e desvio padrão.
VGM – volume globular médio, CHGM – concentração hemoglobínica globular média.
72
Tabela 18: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 03,
tratado com 30g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso por oito dias PE./Brasil, 2006.
Dia
Hemácias
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobina
(g/dl)
Hematócrito
(%)
VGM
(fl)
CHGM
(%)
12,20 9,50 26,00 21,40 36,60
10,86 9,60 26,00 24,10 37,00
11,42 8,50 24,00 21,10 35,50
11,32 9,20 26,00 23,10 35,40
12,04 9,00 25,00 20,90 36,00
11,58 9,00 25,00 21,80 36,00
9,12 8,80 24,00 26,40 36,70
11,66 8,00 22,00 19,00 36,40
11,68 8,00 22,00 19,00 36,40
Média 11,21 8,76 24,25 21,92 36,17
Desvio padrão 0,90 0,56 1,58 2,53 0,55
Obs: O dia não foi contabilizado para o calculo da média e desvio padrão. VGM volume
globular médio, CHGM – concentração hemoglobínica globular média.
Tabela 19: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 04,
tratado com 40g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso em dose única PE/Brasil, 2006.
Dia
Hemácias
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobina
(g/dl)
Hematócrito
(%)
VGM
(fl)
CHGM
(%)
12,70 10,00 28,00 21,80 35,80
14,76 9,50 26,00 17,70 36,60
15,50 8,60 24,00 15,50 35,90
14,68 9,00 25,00 17,20 36,90
14,50 9,00 25,00 17,30 36,00
14,90 9,00 24,00 16,20 37,50
12,38 8,70 24,00 19,60 36,30
11,72 7,70 21,00 18,00 36,70
11,74 7,90 21,00 18,00 37,70
Média 13,77 8,67 23,75 17,44 36,70
Desvio padrão 1,55 0,60 1,83 1,24 0,65
Obs: O dia não foi contabilizado para o calculo da média e desvio padrão. VGM volume
globular médio, CHGM – concentração hemoglobínica globular média.
73
Tabela 20: Valores do eritrograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 05,
tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. recém coletada por
oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Hemácias
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobina
(g/dl)
Hematócrito
(%)
VGM
(fl)
CHGM
(%)
0º 12,96 10,50 29,00 22,50 36,30
15,22 10,50 29,00 19,10 36,30
14,70 10,40 29,00 19,80 35,90
13,85 10,60 29,00 21,10 36,60
15,70 11,00 31,00 19,80 35,50
14,36 10,00 27,00 18,90 37,10
13,24 10,20 27,00 20,50 37,80
15,32 10,40 28,00 18,40 37,20
17,64 10,00 28,00 16,00 35,80
Média 15,00 10,38 28,50 19,20 36,52
Desvio padrão 1,34 0,33 1,31 1,56 0,79
Obs: O dia não foi contabilizado para o calculo da média e desvio padrão. VGM volume
globular médio, CHGM – concentração hemoglobínica globular média.
Os resultados dos leucogramas foram comparados com os valores descritos
por Melo (2001), que encontrou para leucócitos (x10
3
/µl) 10,3 2,4); Bastonetes
(x10
3
/µl) 0,1 0,1); segmentados (x10
3
/µl) 4,0 1,9); eosinófilos (x10
3
/µl) 0,2
0,3); basófilos (x10
3
/µl) 0,01 0,1); linfócitos (x10
3
/µl) 5,9 1,9) e monócitos
(x10
3
/µl) 0,3 0,6), considerando também os valores obtidos dos animais
experimentais antes do início do protocolo (dia 0) e suas médias, os quais estão
descritos nas Tabelas 21, 22, 23, 24, 25 e 26.
Como resultado, verificou-se, principalmente, aumento dos leucócitos nos
animais 01, 02, 04 e 05, dos segmentados (animais 01, 02, 04 e 05) e diminuição
desses no animal 03; aumento de linfócitos em todos os animais. Segundo Smith
(1993), a infecção bacteriana é a causa mais comum de neutrofilia, no entanto esta
pode também acompanhar condições causadoras de destruição tecidual e também
é uma condição presente em intoxicações. A linfocitose é descrita como uma
condição rara.
74
Tabela 21: Valores das médias dos leucogramas referentes aos cinco caprinos
(Capra hircus L., 1758) antes do tratamento com diferentes doses de
Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
Animais
Leuc.
(x10
3
/µl)
Bast.
(x10
3
/µl)
Segm.
(x10
3
/µl)
Eosin.
(x10
3
/µl)
Basóf.
(x10
3
/µl)
Linfóc.
(x10
3
/µl)
Monóc.
(x10
3
/µl)
01 14,33 0,14 6,73 0,29 0,00 6,45 0,72
02 12,50 0,00 7,00 0,00 0,00 0,00 0,55
03 10,18 0,00 5,40 0,00 0,00 4,48 0,30
04 13,33 0,00 6,80 0,17 0,00 4,53 0,26
05 12,91 0,00 5,40 0,00 0,00 4,48 0,30
Média 12,23 0,28 6,26 0,92 0,00 3,98 0,42
Desvio padrão 1,40 0,62 0,80 1,33 0,00 2,38 0,20
Tabela 22: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 01,
tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato aquoso
por oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Leuc.
(x10
3
/µl)
Bast.
(x10
3
/µl)
Segm.
(x10
3
/µl)
Eosin.
(x10
3
/µl)
Basóf.
(x10
3
/µl)
Linfóc.
(x10
3
/µl)
Monóc.
(x10
3
/µl)
14,33 0,14 6,73 0,29 0,00 6,45 0,72
19,37 0,00 11,04 0,20 0,00 7,55 0,58
16,11 0,00 7,25 0,16 0,00 8,22 0,48
17,95 0,00 9,40 0,00 0,00 8,26 0,00
15,22 0,00 8,53 0,16 0,00 6,55 0,00
17,11 0,00 10,10 0,00 0,00 6,84 0,17
25,04 0,00 14,53 0,00 0,00 10,26 0,25
22,47 0,00 12,57 0,00 0,00 11,46 1,45
17,06 0,34 8,36 0,00 0,00 8,18 1,71
Média 18,79 0,04 10,22 0,10 0,00 8,40 0,58
Desvio padrão 3,36 0,12 2,40 0,11 0,00 1,66 0,65
Obs: O dia não foi contabilizado na média e desvio padrão. Leuc.-leucócitos, Bast.-bastonetes,
Eosin.-Eosinófilos, Basóf.-basófilos, Linfóc.-linfócitos e Monóc.-monócitos.
75
Tabela 23: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 02,
tratado com 20g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso por oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Leuc.
(x10
3
/µl)
Bast.
(x10
3
/µl)
Segm.
(x10
3
/µl)
Eosin.
(x10
3
/µl)
Basóf.
(x10
3
/µl)
Linfóc.
(x10
3
/µl)
Monóc.
(x10
3
/µl)
12,50 0,00 7,00 0,00 0,00 0,00 0,55
18,00 0,00 12,96 0,18 0,00 4,86 0,00
15,12 0,00 8,77 0,00 0,15 5,90 0,30
17,62 0,00 10,40 0,00 0,00 6,88 0,36
18,06 0,00 10,30 0,00 0,00 7,41 0,37
22,68 0,00 13,16 0,00 0,00 9,53 0,00
15,38 0,00 8,92 0,00 0,00 6,46 0,00
18,21 0,00 9,29 0,00 0,00 8,56 0,36
16,48 0,00 10,218 0,00 0,00 6,09 0,16
Média 17,69 0,00 10,50 0,02 0,01 6,96 0,19
Desvio padrão 2,35 0,00 1,69 0,06 0,01 1,50 0,17
Obs: O dia não foi contabilizado na média e desvio padrão. Leuc.-leucócitos, Bast.-bastonetes,
Eosin.-Eosinófilos, Basóf.-basófilos, Linfóc.-linfócitos e Monóc.-monócitos.
Tabela 24: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 03,
tratado com 30g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso por oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Leuc.
(x10
3
/µl)
Bast.
(x10
3
/µl)
Segm.
(x10
3
/µl)
Eosin.
(x10
3
/µl)
Basóf.
(x10
3
/µl)
Linfóc.
(x10
3
/µl)
Monóc.
(x10
3
/µl)
10,18 0,00 5,40 0,00 0,00 4,48 0,30
10,92 0,11 5,68 0,00 0,00 5,02 0,11
9,87 0,20 4,93 0,20 0,00 4,34 0,20
11,13 0,00 4,57 0,00 0,00 6,24 0,34
8,19 0,17 4,18 0,25 0,00 3,44 0,17
13,54 0,00 5,96 0,00 0,00 4,59 0,00
12,28 0,00 5,90 0,00 0,00 6,39 0,00
10,23 0,00 3,68 0,00 0,00 6,24 0,31
10,44 0,00 3,96 0,00 0,00 5,74 0,31
Média 10,82 0,06 4,84 0,05 0,00 5,25 0,16
Desvio padrão 1,60 1,60 0,08 0,89 0,00 1,07 0,14
Obs: O dia não foi contabilizado na média e desvio padrão. Leuc.-leucócitos, Bast.-bastonetes,
Eosin.-Eosinófilos, Basóf.-basófilos, Linfóc.-linfócitos e Monóc.-monócitos.
76
Tabela 25: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 04,
tratado com 40g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em extrato
aquoso em dose única. PE/Brasil, 2006.
Dia
Leuc.
(x10
3
/µl)
Bast.
(x10
3
/µl)
Segm.
(x10
3
/µl)
Eosin.
(x10
3
/µl)
Basóf.
(x10
3
/µl)
Linfóc.
(x10
3
/µl)
Monóc.
(x10
3
/µl)
13,33 0,00 6,80 0,17 0,00 4,53 0,26
15,85 0,00 6,34 0,19 0,00 7,29 0,37
17,85 0,00 9,46 0,24 0,00 5,17 0,71
18,58 1,86 9,29 0,26 0,00 5,57 0,92
16,59 0,00 6,13 0,23 0,00 8,13 0,00
16,22 0,00 7,46 0,08 0,00 7,62 0,32
13,80 0,00 4,28 0,96 0,00 7,87 0,69
14,22 0,00 5,47 0,71 0,00 7,82 0,28
17,85 0,00 9,41 0,24 0,00 5,17 0,71
Média 16,37 0,23 7,23 1,78 0,00 6,83 0,50
Desvio padrão 1,72 0,65 1,97 0,82 0,00 1,29 0,30
Obs: O dia não foi contabilizado na média e desvio padrão. Leuc.-leucócitos, Bast.-bastonetes,
Eosin.-Eosinófilos, Basóf.-basófilos, Linfóc.-linfócitos e Monóc.-monócitos.
Tabela 26: Valores do leucograma referente ao caprino (Capra hircus L., 1758) 05,
tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. recém coletada
por oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Leuc.
(x10
3
/µl)
Bast.
(x10
3
/µl)
Segm.
(x10
3
/µl)
Eosin.
(x10
3
/µl)
Basóf.
(x10
3
/µl)
Linfóc.
(x10
3
/µl)
Monóc.
(x10
3
/µl)
12,91 0,00 5,40 0,00 0,00 4,48 0,30
13,30 0,00 19,95 0,00 0,13 11,17 0,00
14,43 0,00 21,65 0,14 0,00 11,97 0,14
12,70 0,00 26,67 0,00 0,00 9,90 0,12
14,59 0,00 17,51 0,00 0,00 12,69 0,14
13,59 0,00 20,39 0,00 0,00 11,55 0,00
10,92 0,00 25,12 0,00 0,00 8,30 0,11
14,02 0,00 37,86 0,00 0,00 9,95 0,28
19,37 0,00 38,74 0,19 0,00 15,10 0,19
Média 14,11 0,00 25,98 0,42 0,16 11,32 0,12
Desvio padrão 2,42 0,00 8,13 0,79 0,47 2,05 0,09
Obs: O dia não foi contabilizado na média e desvio padrão. Leuc.-leucócitos, Bast.-bastonetes,
Eosin.-Eosinófilos, Basóf.-basófilos, Linfóc.-linfócitos e Monóc.-monócitos.
77
Tomou-se como valores de referência para a bioquímica clínica em
caprinos, aqueles descritos por Rego (2000), os quais constam de: uréia, 33,60;
creatinina,1,32; gama glutamil transferase (GGT), 35,51; aspartato amino transferase
(AST), 85,87; proteína, 6,56 e albumina, 3,28. Além disso, também foram
considerados os valores evidenciados antes do início do protocolo experimental,
os quais constam nas Tabelas 27, 28, 29, 30, 31 e 32. Os resultados demonstraram
algumas variações, porém todas ocorreram de forma discreta.
Tabela 27: Valores das médias da análise bioquímica referentes aos cinco
caprinos (Capra hircus L., 1758) antes do tratamento com diferentes
doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
Animais
Uréia
(mg/dl)
Creatinina
(mg/dl)
GGT
(UI/I)
AST
(UI/I)
Proteína
(g/dl)
Albumina
(g/dl)
01 55,20 1,60 34 82,00 6,00 3,70
02 38,80 1,30 35 92,00 4,90 3,30
03
37,10 1,15 52 255,00 5,20 3,30
04 65,10 1,69 57 154,00 5,60 3,30
05 57,70 1,60 27 158,00 6,40 3,40
Média 50,78 1,46 41 148,20 5,62
3,40
Desvio padrão 12,28 0,23 12,82 69,06 0,60
0,17
Com relação à uréia e creatinina, observou-se que, apesar da oscilação
durante o período experimental, houve decréscimo em todos os animais (Gráfico
08 e 09) no final do período, esse resultado indica hipoproteinemia, uma vez que a
uréia é o principal produto do catabolismo das proteínas e que houve perda de
massa muscular (Smith, 1993; MEYER, 1995). A diminuição dos valores destes
parâmetros não tem significado clínico.
A GGT manteve-se estável no animal 01 mas aumentou nos animais 02 e 03
e diminuiu dos animais 04 e 05, enquanto que a AST aumentou nos animais 01 e
02 e diminuiu nos animais 03, 04 e 05 (Gráfico 10 e 11). A GGT é um indicador de
desordens colestáticas, para Kaneko (1997), seu incremento é o resultado da
proliferação de ductos biliares. Segundo Smith (1993), a AST é um indicador
inespecífico de necrose tecidual e sua elevação pode persistir por até dez dias após
um episódio de lesão hepática.
78
Os níveis de proteína sérica decresceram nos animais 01 e 05 e aumentaram
no animal 02, 03 e 04, enquanto os níveis de albumina diminuíram nos animais 01,
02, 03 e 05 e no animal 04 elevaram-se (Gráfico 12 e 13). Feldman et al. (2000)
explicam que, um incremento nos níveis de proteína plasmática durante o
processo de reparação na injúria tecidual e o tecido inflamado causa aumento da
permeabilidade vascular, promovendo o escapamento de proteínas
(primariamente albumina) para o espaço extravascular e conseqüente perda de
proteína do espaço vascular. Para Smith (1993), o aumento na concentração de
todas as proteínas do sangue resulta da perda do componente líquido do sangue.
Esta desidratação pode ocorrer como resultado da redução na ingestão de líquidos
e/ou excessiva perda de líquidos. Assim, justifica-se a ascite relacionada a
hipoproteinemia, verificada nos animais 01, 02 e notadamente no 03, que
apresentaram as taxas mais baixas de albumina sérica.
Gráfico 08: Demonstrativo dos níveis séricos de uréia de caprinos (Capra hircus
L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera suffruticosa Mill.
PE/Brasil, 2006.
10
20
30
40
50
60
70
4º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
79
Gráfico 09: Demonstrativo dos níveis séricos de creatinina de caprinos (Capra
hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
0,8
0,9
1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
2º 5º 6º 7º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Gráfico 10: Demonstrativo dos níveis séricos da Gama Glutamil Transferase
(GGT) de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses
de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1º 2º 3º 7º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
80
Gráfico 11: Demonstrativo dos níveis séricos da Aspartato Amino Transferase
(AST) de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com diversas
doses de Indigofera suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
70
90
110
130
150
170
190
210
230
250
270
3º 4º 6º 7º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Gráfico 12: Demonstrativo dos níveis séricos da Proteína Total (PPT) de caprinos (
Capra hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
2º 3º 8º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
81
Gráfico 13: Demonstrativo dos níveis séricos de albumina de caprinos (Capra
hircus L., 1758), tratados com diversas doses de Indigofera
suffruticosa Mill. PE/Brasil, 2006.
2
2,5
3
3,5
4
4,5
1º 3º 4º 5º 7º
10g/kg/p.v. EA
20g/kg/p.v. EA
30g/kg/p.v. EA
40g/kg/p.v. EAU
10g/kg/p.v. P
Tabela 28: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 01, tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em
extrato aquoso durante oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Uréia
(mg/dl)
Creatinina
(mg/dl)
GGT
(UI/I)
AST
(UI/I)
Proteín
a
(g/dl)
Albumin
a
(g/dl)
55,20 1,60 34,00 82,00 6,00 3,70
42,50 1,29 36,00 87,00 5,70 3,80
36,00 1,12 34,00 78,00 5,60 3,00
23,30 1,13 36,00 83,00 5,60 3,60
28,10 1,27 38,00 85,00 5,70 3,90
38,80 1,02 27,00 95,00 5,00 3,40
39,00 1,00 33,00 82,00 5,20 3,70
19,90 1,36 30,00 100,00 5,20 2,80
27,10 0,85 34,00 90,00 4,90 3,30
Média 31,83 1,13 33,50 87,50 5,36 3,43
Desvio padrão 8,30 0,17 3,54 7,23 0,32 0,39
Obs: Não foram computados os valores do dia para o cálculo da média e desvio padrão. GGT
gama glutamil transferase, AST – aspartato amino transferase.
82
Tabela 29: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 02, tratado com 20g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em
extrato aquoso durante oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Uréia
(mg/dl)
Creatinina
(mg/dl)
ggt
(ui/i)
ast
(ui/i)
Proteín
a
(g/dl)
Albumin
a
(g/dl)
38,80 1,30 35,00 92,00 4,90 3,30
38,20 1,27 46,00 99,00 6,80 3,80
27,10 0,85 38,00 105,00 4,60 3,30
37,70 1,39 46,00 98,00 6,40 3,60
38,40 1,47 31,00 94,00 3,80 3,70
38,40 1,24 41,00 103,00 5,80 2,90
55,30 1,12 39,00 87,00 5,10 3,60
44,50 0,84 35,00 88,00 5,80 3,30
33,60 0,90 43,00 99,00 5,50 2,90
Média 39,15 1,13 39,87 96,62 5,47 3,39
Desvio padrão 8,19 0,25 5,25 6,52 0,97 0,35
Obs: Não foram computados os valores do dia para o cálculo da média e desvio padrão. GGT
gama glutamil transferase, AST – aspartato amino transferase
Tabela 30: Valores da análise bioquímica referente ao caprino(Capra hircus L.,
1758) 03, tratado com 30g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em
extrato aquoso durante oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Uréia
(mg/dl)
Creatinina
(mg/dl)
ggt
(ui/i)
ast
(ui/i)
Proteín
a
(g/dl)
Albumin
a
(g/dl)
37,10 1,15 52,00 255,00 5,20 3,30
28,00 1,21 51,00 248,00 5,90
3,30
34,90 0,93 53,00 221,00 6,00
3,20
28,50 0,93 49,00 217,00 5,60
2,90
34,30 0,94 46,00 183,00 5,20
2,90
21,90 1,03 44,00 164,00 5,00
2,70
48,40 0,92 31,00 155,00 4,10
2,10
47,20 1,01 39,00 153,00 5,70
3,80
26,60 0,74 46,00 146,00 5,80
2,30
Média 33,72 0,96 44,87 185,87 5,41
2,90
Desvio padrão 9,63 0,13 7,08 38,12 0,63
0,55
Obs: Não foram computados os valores do dia para o cálculo da média e desvio padrão. GGT
gama glutamil transferase, AST – aspartato amino transferase
83
Tabela 31: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 04, tratado com 40g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. em
extrato aquoso na dose única. PE/Brasil, 2006.
Dia
Uréia
(mg/dl)
Creatinina
(mg/dl)
GGT
(UI/I)
AST
(UI/I)
Proteín
a
(g/dl)
Albumin
a
(g/dl)
65,10 1,69 57,00 154,00 5,60 3,30
31,30 1,24 45,00 118,00 5,60 2,80
26,90 0,90 47,00 105,00 4,30 3,70
34,10 1,25 49,00 99,00 5,40 3,20
25,20 1,26 49,00 91,00 5,50 3,80
10,70 1,24 43,00 87,00 5,20 3,30
17,10 1,20 50,00 87,00 5,70 3,30
13,40 1,21 46,00 83,00 6,20 3,70
28,50 1,15 47,00 85,00 6,00 4,10
Média 23,40 1,18 47,00 94,37 5,48 3,48
Desvio padrão 8,61 0,12 2,33 12,13 0,57 0,41
Obs: Não foram computados os valores do dia para o cálculo da média e desvio padrão. GGT
gama glutamil transferase, AST – aspartato amino transferase
Tabela 32: Valores da análise bioquímica referente ao caprino (Capra hircus L.,
1758) 05, tratado com 10g/kg de Indigofera suffruticosa Mill. recém
coletada durante oito dias. PE/Brasil, 2006.
Dia
Uréia
(mg/dl)
Creatinina
(mg/dl)
GGT
(UI/I)
AST
(UI/I)
Proteín
a
(g/dl)
Albumin
a
(g/dl)
57,70 1,60 27,00 158,00 6,40 3,40
12,10 1,10 33,00 156,00 6,50 3,40
28,20 1,15 31,00 147,00 5,90 3,30
26,40 1,16 31,00 134,00 5,70 3,00
37,30 1,23 29,00 128,00 4,80 3,00
27,50 1,28 24,00 134,00 5,70 3,10
21,00 0,98 25,00 137,00 5,40 2,80
43,50 1,00 26,00 125,00 5,80 3,00
13,70 0,96 15,00 135,00 5,10 2,80
Média 26,21 1,11 26,75 137,00 5,61 3,05
Desvio padrão 0,76 0,12 5,72 10,05 0,52 0,21
Obs: Não foram computados os valores do dia para o cálculo da média e desvio padrão. GGT
gama glutamil transferase, AST – aspartato amino transferase
84
Os corpúsculos de Heinz (Figura 09) foram verificados em todos os animais
experimentais (Tabela 33) e foram mais evidentes nos animais 02 e 03. Embora
essa ocorrência não tenha sido expressiva, Duncan e Prasse (1982) consideram que,
a presença desses corpúsculos significa hemólise intravascular e a constatação
desses é determinante no diagnóstico das anemias hemolíticas (CARLTON &
MCGAVIN, 1998).
Figura 09: Corpúsculos de Heinz em hemácias do caprino (Capra hircus
L., 1758) 02, tratado experimentalmente com 20g/kg/p.v. de
Indigofera suffruticosa em extrato aquoso por oito dias.
PE/Brasil, 2006.
85
Tabela 33: Demonstrativo da freqüência dos corpúsculos de Heinz em hemácias
de caprinos (Capra hircus L., 1758) tratados experimentalmente com
diferentes doses de Indigofera suffruticosa em extrato aquoso e “in
natura”. PE/Brasil 2006.
Animais
Extrato aquoso “In natura”
Dia
01
(10g/kg/p.v.)
02
(20g/kg/p.v.)
03
(30g/kg/p.v.)
04
(40g/kg/p.v.)
05
(10g/kg/p.v.)
- - - - -
- Alguns Raros - Raros
Alguns Alguns Raros Vários Raros
- Raros Raros Raros Raros
Raros Raros Alguns Raros Raros
Raros Raros Alguns Raros Raros
- Raros Alguns Raros Raros
- Alguns Alguns Raros Raros
Raros Alguns Alguns - -
Raros Alguns Alguns - -
10º Alguns Alguns Raros - -
86
5.3 Alterações anatomopatológicas
As alterações macroscópicas e microscópicas observadas nas necropsias e
exames histopatológicos dos animais 01, 02, 03 e 05 foram anotadas em livro de
registro da Área de Patologia/DMV/UFRPE.
5.3.1 Macroscopia
As principais alterações foram, ascite (figura 10), presente nos animais 01, 02
e 03, no qual foi mais evidente, que ingeriu a maior dose (30g/kg/p.v.) em extrato
aquoso, além de discreta palidez renal bilateral.
Figura 10: Aumento de líquido intra-peritoneal em
caprino (Capra hircus L., 1758) 03, tratado
com 30g/kg/p.v. de Indigofera
suffruticosa na forma de extrato aquoso
por 08 dias. PE/Brasil, 2006.
A ascite parece corresponder ao decréscimo nos níveis de albumina,
principalmente no animal 03, demonstrado nas análises clínicas. De acordo com
Spinosa (1996), a diminuição da síntese de albumina pelo parênquima hepático,
tanto pela diminuição do número de hepatócitos como pela função celular
87
prejudicada implica na diminuição da pressão oncótica e conseqüente elevação da
pressão hidrostática no meio intravascular, facilitando o extravasamento de
líquidos desse meio.
Esse resultado difere daquele relatado por Barbosa Neto et al (2001), quando
investigaram a atividade tóxica de Indigofera suffruticosa em bovinos, e verificou
durante a necropsia, mucosas pálidas, sangue aquoso, urina vermelho escuro, rins
aumentados de volume de coloração marrom-escura, fígado azulado
superficialmente e ao corte com lobulação visível.
5.3.2. Microscopia
Lesões microscópicas foram observadas no fígado, rins, baço e testículos e
estão demonstradas na Tabela 34.
Houve lesões hepáticas em todos os animais, independente da dose, ou da
forma de ingestão (extrato aquoso ou “in natura”). Embora em graus variados,
geralmente, estavam presentes tumefação, vacuolização e áreas de necrose de
hepatócitos focais (Figura 11), mas, principalmente, na região centrolobular. Em
virtude da tumefação, houve desagregação de hepatócitos e dissociação de
cordões hepáticos (Figura 12) com conseqüente congestão sinusoidal. Observou-se
ainda destruição de sinusóides, além de hemorragia e infiltrado inflamatório.
Barbosa et al. (2001) também observaram na intoxicação experimental em
bovinos, tumefação de hepatócitos, áreas de necrose, figuras de picnose ou
cariorrexia, no entanto, nos resultados do presente experimento, não foi verificado
retenção biliar. Batatinha et al. (1994), investigando a atividade de I. suffruticosa
sobre a função reprodutiva de ratas, encontraram à microscopia do fígado, um
quadro degenerativo-necrótico.
Segundo Coelho (1971), as células hepáticas estão sujeitas a freqüentes
alterações bioquímicas ou morfológicas, pelo ambiente pobre em oxigênio que as
tornam mais sensíveis ao sofrimento, principalmente, por desempenharem função
de detoxificação do organismo, expostas as alterações metabólicas dos lipídios,
88
proteínas e glicogênio, que induzem a lesões primárias, degenerativas ou
infiltrativas. As influências tóxicas sobre o fígado podem resultar em necrose,
tendo como sítio mais usual, a região periacinar. Para Carlton & MacGavin (1998),
esta região é a última a receber sangue, por isso, é a menos oxigenada e os efeitos
da hipóxia se manifestam primeiro nessa área.
Nos rins verificou-se glomeruloesclerose (Figura 13), vacuolização,
degeneração e necrose do epitélio tubular; congestão, dilatação, contração e
destruição de glomérulos; edema peri-vascular e endotélio reativo (Figura 14),
além de cilindro hialino (animal 01). Segundo Carlton e McGavin (1998), a
glomeruloesclerose pode resultar de qualquer injúria crônica que resulte em perda
de função do glomérulo ou do néfron e a nefrose decorre da isquemia e
nefrotoxicidade sobre as células epiteliais dos túbulos renais.
As alterações observadas no baço consistiram de hemossiderose discreta
(Figura 15) nos animais 01 e 02, sendo moderada no animal 03. Carlton e McGavin
(1998) explicam que, a hemossiderina é visível nos macrófagos esplênicos,
especialmente após congestão prolongada, episódios de hemólise mediada por
eritrofagocitose esplênica e inflamações crônicas que resultam em aumento no
número de macrófagos carregados de hemossiderina.
As lesões nos testículos ocorreram nos animais 01, 02, 03 e 05, consistindo
de vacuolização, degeneração (Figura 16) e necrose do epitélio tubular, debris
celulares na luz dos túbulos, diminuição e ausência de espermátides e
espermatozóides, além de estermatócitos degenerados e ausência de
espermatogônias (animal 02).
Para Carlton e McGavin (1998), a degeneração testicular é uma lesão
comum com diversas etiologias que são, freqüentemente, desconhecidas, porém,
fatores sistêmicos como deficiências nutricionais, aberrações hormonais,
irradiações e intoxicações podem ser responsabilizados por essa alteração.
Tokarnia (2000) e Pugh (2004) comentam que, em casos de falhas reprodutivas,
investiga-se muito mais as causas infecciosas, entretanto, existem as causas não
infecciosas, que podem ser mais difíceis de ser diagnosticadas, porém, mais fáceis
89
de serem tratadas e algumas plantas são responsáveis por causar distúrbios
reprodutivos e infertilidade como as que tem ação estrogênica (Trifolium
subterraneum, T. repens e Medicago sativa), ainda aquelas que provocam abortos,
como Tetrapterys spp. Ateleia glaxioviana e Stryphnodendron obovatum entre outras.
90
Tabela 34: Demonstrativo das lesões microscópicas observadas no fígado de caprinos tratados
experimentalmente com Indigofera suffruticosa Mill. em extrato aquoso e “in
natura”por 08 dias.PE/Brasil, 2006.
Estado da planta Extrato aquoso “in natura”
Tratamento 01 (10g/Kg) 02 (20g/Kg) 03 (30g/Kg) 05(10g/Kg)
Período 08 dias 08 dias
Fígado
Tumefação X X X X
Hepatócitos Vacuolização focal X X X X
Necrose focal X X X X
Dissociação de cordões hepáticos X X - X
Perda da arquitetura - - X -
Congestão (áreas) X X X -
Congestão sinusoidal X X - X
Destruição de sinusóides - - X X
Rins
Lesão tubular X X X X
Epitélio tubular Vacuolização X X X X
Degeneração - X X X
Necrose - X X X
Glomeruloesclerose X X X X
Dilatação glomerular - X X -
Retração glomerular X X X -
Glomérulos destruídos - X X -
Cilindros hialinos X - - -
Reatividade do endotélio vascular X X - X
Baço
Congestão - - - X
Hemossiderose discreta discreta X -
Testículos
Vacuolização do epitélio tubular X X X
Degeneração/necrose do epitélio
tubular
X X X X
Degeneração de espermatócitos - - X X
Ausência de espermátides X - X X
Ausência de espermatogônias X - X
Ausência de espermatozóides X - X X
Debris celulares no lúmen dos túbulos X - X X
91
Figura 11: Tumefação e necrose de hepatócitos em fígado de caprino
(Capra hircus L., 1758), tratado com 30g/kg/p.v. de Indigofera
suffruticosa em extrato aquoso por 08 dias. PE/Brasil, 2006.
16X. HE.
Figura 12: Tumefação e necrose de hepatócitos e dissociação dos cordões
hepáticos em fígado de caprino (Capra hircus L., 1758),
tratado com 30g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa em extrato
aquoso por 08 dias. PE/Brasil, 2006. 40X.HE.
92
Figura 13: Glomeruloesclerose em caprino (Capra hircus L., 1758),
tratado com 10g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa em extrato
aquoso por 08 dias. PE/Brasil, 2006. 16X.HE.
Figura 14: Reatividade do endotélio vascular em rim de caprino (Capra
hircus L., 1758), tratado com 20g/kg/p.v. de Indigofera
suffruticosa em extrato aquoso por 08 dias. PE/Brasil, 2006.
40X.HE.
93
Figura 15: Discreta hemossiderose em baço de caprino (Capra hircus L.,
1758), tratado com 10g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa em
extrato aquoso por 08 dias. PE/Brasil, 2006. 40X.HE.
Figura 16: Degeneração testicular caprino (Capra hircus L., 1758), tratado
com 10g/kg/p.v. de Indigofera suffruticosa “in natura” por 08
dias. PE/Brasil, 2006. 40X.HE.
94
5.4 Análise cromatográfica da urina
Foram analisadas 15 amostras, três por animal, utilizando a metodologia
sugerida por Obertür (2004a). Observou-se uma mancha, de coloração vermelho-
tijolo, semelhante a do indican (Figura 17) em todos os animais, ausente na
amostra controle. Durante o processamento, verificou-se que tanto a vanilina
clorídrica como a sulfúrica servem como reagente para a evidenciação da mancha
pertinente a esta substância, cuja visibilidade é superior àquela observada quando
se utiliza o reagente HCl a 5%, que produz uma mancha azul-clara.
p
01
01
01
02
02
02
03
03
03
04
04
04
05
05
05
Figura 17: Co-cromatograma das amostras das urinas dos caprinos
(Capra hircus L., 1758) 01, 02, 03, 04 e 05, relativas as coletas
do 2
0
, 5
0
e 8
0
dia em comparação com o padrão (extrato
metanólico de Indigofera suffruticosa Mill.) demonstrando
mancha vermelho-tijolo referente ao derivado do
indican.PE/Brasil, 2006.
A comprovação de que esta substância é o indican ou um seu derivado está
fundamentada na hidrólise realizada nas amostras de urina, partição com butanol
e aplicação em cromatograma, onde ficou evidenciado a presença do índigo e
95
indirubina e não mais surgiu à mancha vermelho-tijolo relativa ao indican,
idêntico ao que ocorreu com a hidrólise da amostra de Indigofera suffruticosa Mill.,
uma reação descrita por Chanayath (2002) e Obertür (2004a).
96
6. CONCLUSÕES
A análise dos resultados obtidos a partir dos objetivos propostos e sob as
condições em que foram realizados os procedimentos, permite as seguintes
conclusões:
Os espécimes de Indigofera suffruticosa Mill. provenientes de Venturosa,
Passira e Recife (Campus da UFRPE) são quimicamente semelhantes e todos são
positivos para presença do indican.
Apenas os animais que ingerem Indigofera suffruticosa Mill. na forma de
extrato aquoso apresentam urina esverdeada e em alguns aumento da
densidade urinária (>1040), variações de pH urinário (8,0 5,0) e leucocitúria
ocorreu em todos os animais que ingeriram a planta.
Os achados hematológicos demonstram discreta anemia microcítica
(hipocrômica à normocrômica) e presença de corpúsculos de Heinz em todos os
animais que ingeriram Indigofera suffruticosa Mill.
As principais alterações necroscópicas são ascite e palidez renal.
As lesões microscópicas do fígado, rins e testículos de caprinos (Capra hircus L.,
1758), demonstraram que Indigofera suffruticosa Mill. é hepatotóxica, nefrotóxica, e
causa degeneração testicular.
É possível identificar, na urina de caprinos (Capra hircus L., 1758), tratados com
diferentes doses de Indigofera suffruticosa Mill., em extrato aquoso e “in natura”, a
substância derivada do indican, por cromatografia em camada delgada.
97
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