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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA
CONSERVAÇÃO PREVENTIVA: ANÁLISE DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS EM
ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS POR MEIO DE UM MÉTODO DE PREVISÃO
SILMARA KÜSTER DE PAULA CARVALHO
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Tecnologia, área de
concentração: Tecnologia e Desenvolvimento. Programa
de Pós-Graduação em Tecnologia, Centro Federal de
Educação Tecnológica do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger
CURITIBA
2005
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SILMARA KÜSTER DE PAULA CARVALHO
CONSERVAÇÃO PREVENTIVA: ANÁLISE DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS EM
ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS POR MEIO DE UM MÉTODO DE PREVISÃO
Dissertação apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em Tecnologia,
área de concentração: Tecnologia e
Desenvolvimento. Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia, Centro Federal de Educação
Tecnológica do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger
CURITIBA
2005
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba
C331c Carvalho, Silmara Küster de Paula
Conservação preventiva : análise de condições ambientais em espaços museológicos
Por meio de um método de previsão / Silmara Küster de Paula Carvalho. Curitiba.
UTFPR, 2005
XIII, 157 f. : il. ; 30 cm
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger
Dissertação (Mestrado) – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Progra-
ma de Pós-Graduação em Tecnologia. Curitiba, 2005
Bibliografia: f. 150-156
1. Meio ambiente. 2. Arquitetura – Aspectos ambientais. 3. Monitoramento ambi-
ental. 4. Museus – Climatologia. 5. Equações Preditivas. 6. Patrimônio cultural – Con-
servação e preservação. I. Krüger, Eduardo Leite, orient II. Centro Federal de Educação
Tecnológica do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. III. Título
CDD: 720.286
ii
Dedico este trabalho a todos aqueles que de alguma
forma despertaram em meu ser, no percurso desta
existência, a responsabilidade em se preservar a memória
cultural, em especial ao Museólogo, Professor e Mestre
Maury Rodrigues da Cruz.
iii
AGRADECIMENTOS
A meus pais, Sr João Batista e Paula e Sra. Neci Küster de Paula, que sempre acreditaram em
meus sonhos.
Ao Paulo, meu esposo, aos meus filhos Lucas e Júlio Afonso, pela compreensão e carinho.
À Coordenação do Programa de Pós Graduação em Tecnologia do CEFET.
Ao meu orientador Professor Doutor Eduardo Krüger, por possibilitar e acreditar na
importância desta pesquisa.
Aos Professores Doutores Márcia Kersten da Universidade Federal do Paraná, Saulo Güths da
Universidade Federal de Santa Catarina, Laíze Márcia Porto Alegre e Ângela Brandão do
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná pelas contribuições e críticas
construtivas.
Aos Conservadores da Capela Cônego José Ernser, Arquivo Público Mineiro e Museu
Imperial pelo fornecimento de dados de monitoramento.
Aos professores e colegas do programa de Pós-Graduação em Tecnologia, em especial ao
Professor Doutor Gilson Queluz Coordenador do Curso, aos mestrandos Mauro, Lucimeire,
Juraci, Luciano e Paulo pela amizade e questionamentos a respeito desta pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de
pesquisa.
Ao amigo e Mestre Paulo Brero de Campos pela apresentação ao programa de mestrado do
PPGTE.
Ao Mestre Leandro Fernandes pelos questionamentos e orientações pertinentes à pesquisa.
Aos amigos Engenheiro Ralph Muller, Dra. Maria Francisca Carneiro, Mestre Oswaldo
Branco e Mestre Calixto pelas orientações e questionamentos relacionado à pesquisa.
Aos amigos do Museu Nacional do Espiritismo - SBEE que participaram das mais diversas
indagações sobre as questões da preservação desde o início do meu voluntariado.
À minha irmã Gisele, seu esposo João Wilson e meu afilhado João Marco pelo carinho e
acolhida nas semanas distantes de casa.
Às amigas Conservadoras e Restauradoras, Clara Landin Fritoli, Maria Angela do Amaral
Faria, Vera Halfon, Rúbia Stein, Oriete Cavagnari, Denise Zanini e Rosangela Meger por
estes anos de trabalho, pesquisa e amizade.
Agradecimento
Agradeço-Te, ó Deus porque, sou parte de Tua vontade, vivo, penso e existo em Ti. Agradeço-Te pela
inteligência, sabedoria e eternidade que reside em meu espírito, permitindo viver em Tua vida, sentir
a Tua verdade, ser a felicidade.
Agradeço-Te pelas infinitas oportunidades que tens colocado em meu caminho, estreitando a
comunhão entre os meus semelhantes, experienciando o meu eu interior com o meu eu superior.
Agradeço-Te pelo tempo que me destes para a evolução, pois para entender a tua presença o homem
tem que viver e sofrer a sua própria convicção.
Agradeço-Te a prosperidade, a saúde, a doença, a paz, o amor, a alegria, a fé, a justiça... a vida
eterna.
Agradeço-Te pela plenitude do ser. Leocádio José Correia
(Mensagem psicografada por Maury Rodrigues da Cruz, 1981 – SBEE)
iv
“No dia em que uma obra de arte é terminada, começa de
certo modo a sua outra vida. Pois o tempo, esse grande
escultor, se encarregará de modificar o que o artista
acabou.”
Marguerite Yourcenar
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... viii
LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................................ ix
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................x
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS.................................................................... xi
RESUMO……….................................................................................................................. xii
ABSTRACT……................................................................................................................. xiii
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................14
CAPÍTULO 2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................19
2.1 A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL ........19
2.2 PRESERVAÇÃO NO BRASIL ..............................................................................26
2.3 A IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO PREVENTIVA ...................................31
2.4 AGENTES DE DETERIORAÇÃO.........................................................................40
2.4.1 Umidade e Temperatura..................................................................................40
2.4.2 Mudanças Dimensionais .................................................................................43
2.4.3 Reações Químicas ...........................................................................................46
2.4.4 Biodeterioração ...............................................................................................49
2.5 VALORES DE REFERÊNCIA DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA
PARA PRESERVAÇÃO DE ACERVOS ...........................................................................58
2.6 NOVAS FERRAMENTAS PARA PRESERVAÇÃO.............................................62
2.6.1 Isopermas........................................................................................................62
2.6.2 Índice de Preservação e Índice de Efeito Tempo para a Preservação...............67
2.6.3 Melhoria das Condições Ambientais em Museus por Insuflamento de Ar ......70
CAPÍTULO 3 MATERIAIS E MÉTODO .......................................................................75
3.1 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL CLIMUS ............................75
3.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS POR MEIO DE
EQUAÇÕES PREDITIVAS ...............................................................................................80
3.2.1 Aplicação do Método de Predição em Moradias Ocupadas.............................82
vi
3.2.2 Aplicação do Método de Predição a um Protótipo Habitacional Construído
com Material Alternativo................................................................................................84
3.3 APLICAÇÃO
DA METODOLOGIA DAS EQUAÇÕES PREDITIVAS EM
ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS ...........................................................................................85
3.3.1 Avaliação da Estratégia de Ventilação Forçada...............................................89
3.4 ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS CONSIDERADOS NA PESQUISA ......................90
3.4.1 Capela Cônego José Ernser – Rio Negro – PR................................................90
3.4.2 Arquivo Público Mineiro – Belo Horizonte – MG ..........................................97
CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO DE EQUAÇÕES PREDITIVAS PARA OS
ESPAÇOS……....................................................................................................................103
4.1 DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS LOCAIS...................103
4.1.1 Características Climáticas da Cidade de Rio Negro PR.................................105
4.1.2 Características Climáticas da Cidade de Belo Horizonte MG........................106
4.2 CAPELA CÔNEGO JOSÉ ERNSER RIO NEGRO –PR....................................107
4.2.1 Monitoramento do Ambiente ........................................................................107
4.2.2 Desenvolvimento das Equações Preditivas....................................................108
4.2.3 Tratamento dos Dados de Temperatura.........................................................110
4.2.4 Tratamento dos Dados de Umidade do Ar.....................................................111
4.2.5 Variáveis a Explicar e Variáveis Explicativas...............................................113
4.2.6 Equações Preditivas Geradas para a Temperatura e Umidade do Ar.............118
4.3 ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO BELO HORIZONTE - MG...........................119
4.3.1 Monitoramento do Ambiente ........................................................................119
4.3.2 Desenvolvimento de Equações Preditivas .....................................................122
4.3.3 Tratamento dos Dados de Temperatura.........................................................122
4.3.4 Tratamento dos Dados de Umidade do Ar.....................................................124
4.3.5 Variáveis a Explicar e Variáveis Explicativas...............................................125
4.3.6 Equações Preditivas Geradas para a Temperatura e Umidade Absoluta do Ar.
.........................................................................................................................126
CAPÍTULO 5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................128
5.1 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA AVALIAÇÃO DO USO DO INSUFLAMENTO
DE AR...............................................................................................................................129
5.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS ....................................................130
vii
5.2.1 Análise das Condições Ambientais para a Capela Cônego José Ernser Rio
Negro – PR....................................................................................................................130
5.2.2 Análise das Condições Ambientais para a Sala 202 – Reserva Técnica do
Arquivo Público Mineiro ..............................................................................................134
5.3 ANÁLISE DA VIABILIDADE, OU NÃO, DO USO DE VENTILAÇÃO
FORÇADA A PARTIR DAS EQUAÇÕES PREDITIVAS...............................................137
CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................138
6.1 IMPLICAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA ..............................................146
6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ....................................................146
GLOSSÁRIO…. .................................................................................................................148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................150
ANEXO..................................................................................................................................157
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO DO PAPEL ..................................................42
FIGURA 2 - EXEMPLO DE PERIÓDICO. ANO 1930.........................................................47
FIGURA 3 - EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO QUÍMICA EM MANUSCRITO..................48
FIGURA 4 - EXEMPLO DE INFESTAÇÃO BIOLÓGICA EM PAPEL ..............................50
FIGURA 5 - EXEMPLO DE INFESTAÇÃO BIOLÓGICA EM SUPORTE DE PAPEL......51
FIGURA 6 - EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA EM MADEIRA.....................56
FIGURA 7 - SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL CLIMUS .........................75
FIGURA 8 - SENSORES DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA........................76
FIGURA 9 - TELA DO PROGRAMA CLIMUS-AQUIS......................................................77
FIGURA 10 - PLANTA BAIXA DO PROTÓTIPO...............................................................84
FIGURA 11 - VISTA AÉREA DO SEMINÁRIO SERÁFICO..............................................90
FIGURA 12 - FACHADA......................................................................................................91
FIGURA 13 - RESTAURAÇÃO DA CAPELA .....................................................................92
FIGURA 14 - ESTUQUE .......................................................................................................93
FIGURA 15 - DETALHE DA ESTRUTURA. .......................................................................93
FIGURA 16 - VISTA DO INTERIOR DA CAPELA.............................................................94
FIGURA 17 - DETALHE DA PINTURA MURAL ...............................................................94
FIGURA 18 - CORTE TRANSVERSAL...............................................................................96
FIGURA 19 - SEDE DO ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO – MG........................................97
FIGURA 20 - ENTORNO ......................................................................................................98
FIGURA 21 - EDIFICAÇÃO ANEXA AO PRÉDIO HISTÓRICO.......................................99
FIGURA 22 - PLANTA DE SITUAÇÃO ............................................................................100
FIGURA 23 - SALA 202, ÁREA DE GUARDA DO ACERVO .........................................101
FIGURA 24 - ESQUEMA DA PLANTA BAIXA, 2º ANDAR - EDIFICAÇÃO ANEXA..101
FIGURA 25 - ZONEAMENTOCLIMÁTICO BRASILEIRO..............................................103
FIGURA 26 - DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO ORIGINAL E SUAS ESTRATÉGIAS DE
CONDICIONAMENTO TÉRMICO PASSIVO ...........................................104
FIGURA 27 - ZONA BIOCLIMÁTICA 2............................................................................105
FIGURA 28 - ZONA BIOCLIMÁTICA 3............................................................................106
FIGURA 29 - PLANTA BAIXA TÉRREO COM A LOCALIZAÇÃO DO CLIMUS.........107
FIGURA 30 - PLANTA BAIXA MEZANINO COM A LOCALIZAÇÃO DOS SENSORES
DE MONITORAMENTO.............................................................................108
FIGURA 31 - EXEMPLO DE DADOS NA PLANILHA ....................................................110
FIGURA 32 - SENSORES DE TEMPERATURA E UMIDADE ........................................119
FIGURA 33 - PLANTA BAIXA DA RESERVA TÉCNICA...............................................121
FIGURA 34 - PLANTA DE SITUAÇÃO ............................................................................143
FIGURA 35 - FACHADA DO ESTÚDIO IMPERIAL ........................................................143
FIGURA 36 - ENTORNO ....................................................................................................144
FIGURA 37 - PLANTA BAIXA ..........................................................................................145
ix
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - CARTA PSICROMÉTRICA SIMPLIFICADA ..............................................41
GRÁFICO 2 - EXEMPLO DE UMA ISOTERMA DE ADSORÇÃO....................................44
GRÁFICO 3 - EXEMPLO DE HISTERESE..........................................................................45
GRÁFICO 4 - CONSTRUÇÃO DE UMA ISOPERMA.........................................................63
GRÁFICO 5 - EXEMPLO DE ISOPERMA...........................................................................64
GRÁFICO 6 - DIAGRAMA DE ISOPERMAS .....................................................................65
GRÁFICO 7 - DIAGRAMA DE ISOPERMAS .....................................................................66
GRÁFICO 8 - TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA INTERNA E EXTERNA EM
DIAS DE VERÃO ENSOLARADO...............................................................71
GRÁFICO 9 - UMIDADE ABSOLUTA INTERNA E EXTERNA EM DIAS DE VERÃO
ENSOLARADO..............................................................................................72
GRÁFICO 10 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA MÍNIMA INTERNA
E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS........................................113
GRÁFICO 11 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA MÉDIA INTERNA E
MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS ...........................................114
GRÁFICO 12 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA MÁXIMA INTERNA
E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS........................................115
GRÁFICO 13 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE A UMIDADE ABSOLUTA MÍNIMA
INTERNA E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS......................116
GRÁFICO 14 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE A UMIDADE ABSOLUTA MÉDIA
INTERNA E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS......................116
GRÁFICO 15 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE A UMIDADE ABSOLUTA MÁXIMA
INTERNA E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS......................117
GRÁFICO 16 - MÉDIAS MENSAIS DE UMIDADE ABSOLUTA EXTERNA E INTERNA
......................................................................................................................130
GRÁFICO 17 - NÚMERO DE VISITANTES E AS MÉDIAS MENSAIS DE UMIDADE
ABSOLUTA EXTERNA E INTERNA ........................................................131
GRÁFICO 18 - ANÁLISE DO LIMITE MÁXIMO DE UMIDADE RELATIVA INTERNA
......................................................................................................................132
GRÁFICO 19 - ANÁLISE DO LIMITE MÍNIMO DE UMIDADE RELATIVA INTERNA
......................................................................................................................133
GRÁFICO 20 - MÉDIAS MENSAIS DE UMIDADE ABSOLUTA EXTERNAS E
INTERNAS...................................................................................................134
GRÁFICO 21 - ANÁLISE PARA O LIMITE MÁXIMO DE UMIDADE RELATIVA PARA
INSUFLAMENTO........................................................................................135
GRÁFICO 22 - ANÁLISE PARA O LIMITE MÍNIMO DE UMIDADE RELATIVA PARA
INSUFLAMENTO........................................................................................136
x
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE DE VAPOR D’ÁGUA COM A
TEMPERATURA (ºC)....................................................................................40
TABELA 2 - ESTABILIDADE QUÍMICA DE MATÉRIAS DE ARQUIVO.......................46
TABELA 3 - FUNGOS ISOLADOS DO ACERVO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO
PARANÁ........................................................................................................53
TABELA 4 - INSETOS QUE ATACAM ACERVOS............................................................55
TABELA 5 - UMIDADE RELATIVA RECOMENDÁVEL .................................................59
TABELA 6 - DETERIORAÇÃO EM FUNÇÃO DA UMIDADE RELATIVA.....................61
TABELA 7 - DEFINIÇÃO DE VALORES DE IP, SUBCONJUNTO SELECIONADO DA
TABELA DE DEFINIÇÃO COMPLETA ......................................................68
TABELA 8 - INSTITUIÇÕES MONITORADAS PELO CLIMUS.......................................79
TABELA 9 - NOMENCLATURAS.......................................................................................81
TABELA 10 - NOMENCLATURAS.....................................................................................86
TABELA 11 - NOMENCLATURAS.....................................................................................87
TABELA 12 - NOMENCLATURAS.....................................................................................88
TABELA 13 - NOMENCLATURAS.....................................................................................88
TABELA 14 - DIAS ANALISADOS...................................................................................109
TABELA 15 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A TEMPERATURA INTERNA ..110
TABELA 16 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A TEMPERATURA EXTERNA .110
TABELA 17 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS ............111
TABELA 18 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA DIFERENÇA..........................111
TABELA 19 - INFORMAÇÕES PARA A UMIDADE DO AR ..........................................111
TABELA 20 - INFORMAÇÕES PARA A UMIDADE DO AR ..........................................112
TABELA 21 - INFORMAÇÕES PARA CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS................112
TABELA 22 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA DIFERENÇA..........................112
TABELA 23 - VARIÁVEIS DE TEMPERATURA.............................................................117
TABELA 24 - VARIÁVEIS DE UMIDADE ABSOLUTA .................................................117
TABELA 25 - EQUAÇÕES PARA A TEMPERATURA....................................................118
TABELA 26 - EQUAÇÕES PARA A UMIDADE ABSOLUTA ........................................118
TABELA 27 - DIAS ANALISADOS...................................................................................120
TABELA 28 - INFORMAÇÕES PARA A TEMPERATURA INTERNA...........................122
TABELA 29 - INFORMAÇÕES PARA A TEMPERATURA EXTERNA .........................122
TABELA 30- INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS .............122
TABELA 31 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA DIFERENÇA..........................123
TABELA 32 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA MÉDIA DO DIA ANTERIOR
......................................................................................................................123
TABELA 33 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A UMIDADE DO AR..................124
TABELA 34 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A UMIDADE DO AR..................124
TABELA 35 - CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS ........................................................124
TABELA 36 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DAS DIFERENÇAS .....................125
TABELA 37 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DA MÉDIA DO DIA
ANTERIOR ..................................................................................................125
TABELA 38 - VARIÁVEIS DE TEMPERATURA.............................................................126
TABELA 39 - VARIÁVEIS DE UMIDADE ABSOLUTA .................................................126
TABELA 40 - EQUAÇÕES PARA A TEMPERATURA....................................................127
TABELA 41 - EQUAÇÕES PARA A UMIDADE ABSOLUTA ........................................127
xi
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ABRACOR
Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de Bens Culturais
AIC
American Institute for Conservation of Historic & Artistic Works
ASHRAE
American Society Of Heating, Refrigeration And Air Conditioning Engineers
CECOR
Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis
CLIMUS
Sistema de Gerenciamento Ambiental para Conservação de Coleções
CPBA
Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos
EMC
Equilibrium Moisture Content
EPS
Isopor
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
GCI
Getty Conservation Institute
HVAC
Heating, Ventilating, Air Conditioning Systems
HOBO
Data Loggers
ICC
Canadian Conservation Institute
ICOM-CC
Conselho Internacional de Museus - Comitê de Conservação
ICOM
Conselho Internacional de Museus
ICOMOS
International Council on Monuments and Sites
ICCROM
International Center for the Study of Cultural Property
IETP
Índice de Efeito Tempo para a Preservação
IP
Índice de Preservação
IPHAN
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IPI
Image Permanence Institute
LMPT
Laboratório de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas de Materiais
NIC
National Institute for Conservation
OEA
Organização dos Estados Americanos
TBS
Temperatura do ar ambiente
TRY
Ano Climático de Referência
UCLA
University of California, Los Angeles
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura
VITAE
Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social
xii
RESUMO
A presente pesquisa tem por objetivo revisar as questões relacionadas com a preservação do
patrimônio cultural e a conservação preventiva, além de aplicar uma metodologia de predição
em espaços museológicos para análise das condições ambientais. O processo de
desenvolvimento dessa metodologia de predição ocorre a partir da análise do padrão de
relacionamento entre a variável dependente de interesse, neste caso a temperatura e umidade
internas e as variáveis independentes que podem alterá-la, como por exemplo, a temperatura e
umidade externas e a média das diferenças entre externa e interna. Assim, foram geradas
equações preditivas, considerando como variáveis dependentes a temperatura interna máxima,
média e mínima e a umidade absoluta interna máxima, média e mínima. Esta pesquisa foi
conduzida, primeiramente, com os dados de temperatura e umidade relativa do espaço
museológico da Capela Cônego José Ernser, localizada na cidade de Rio Negro-PR e
posteriormente foi empregada no Arquivo Público Mineiro, localizado na cidade de Belo
Horizonte-MG. Nestes espaços foram realizadas análises do ambiente a partir do
monitoramento da temperatura e umidade relativa. Para a coleta de dados, foi utilizado o
Sistema de Gerenciamento Ambiental para Conservação de Coleções (CLIMUS),
desenvolvido no Laboratório de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas de Materiais
(LMPT/UFSC). De acordo com os dados horários de temperatura e umidade interna e externa,
monitorados durante os anos de 2002, na Capela e de 2003, no Arquivo Público Mineiro,
foram geradas as equações preditivas. Através dessas equações, foi possível estimar o uso da
estratégia de ventilação forçada, para reduzir ou aumentar os níveis de vapor d´água em
ambientes internos para os limites mínimos e máximos indicados na conservação preventiva,
além de avaliar a viabilidade do uso da estratégia de ventilação forçada do ar externo para o
interior dos espaços pesquisados, como alternativa de preservação.
Palavras-Chave: Equações preditivas, espaços museológicos, monitoramento ambiental,
controle ambiental, ventilação forçada.
Área de Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas; Arquitetura e Urbanismo;
Multidisciplinar; Conforto Ambiental.
xiii
ABSTRACT
The purpose of the present research is to revise questions related to preservation and
preventive conservation of cultural patrimony, as well as to apply a predictive methodology to
museum spaces, in order to analyses environmental conditions. The development of the
predictive methodology begins with the analysis of the pattern regarding the relation between
the dependent variables of interest, in this case indoor temperature and humidity, and the
independent variables that may affect them, as, for example, outdoor temperature and relative
humidity and the average of the differences between indoor and outdoor. This is how
predictive equations are developed, considering maximum, average and minimum indoor
temperatures as dependent variables as well as the maximum, average and minimum indoor
absolute humidity. This research was first carried out with the temperature and relative
humidity data of the museological space of the Cônego José Ernser Chapel located in Rio
Negro PR and was later used in the State of Minas’s Public Archives located in the city of
Belo Horizonte. Environmental analyses were carried out in these spaces, beginning by
monitoring temperature and relative humidity. The Environmental Managing System for the
Conservation of Collections (CLIMUS), developed at the Laboratory for Porous Bodies and
Thermophysical Properties of Materials (LMPT/UFSC), was employed to collect these data.
Based on the hourly indoor and outdoor temperature and humidity data collected, predictive
equations were developed. By means of these it was possible to estimate the use of the
strategy of forced ventilation to raise or lower the water vapor levels of the indoor
environments to the minimum and maximum levels recommended for preventive
conservation. It was also possible to evaluate the possibility of using forced ventilation
strategies, in order to promote outdoor air into the indoor spaces under analysis, as an
alternative of preservation.
Key words: Predictive equations, museum spaces, environmental monitoring, environmental
control, forced ventilation
Area of Knowledge: Applied Social Sciences; Architecture and Urbanization;
Multidisciplinar; Environmental Comfort.
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
Para se alcançarem os objetivos da preservação da memória cultural é fundamental
haver um conjunto de ações por parte dos envolvidos com os bens culturais, interagindo,
assim, toda a estrutura organizacional, que atua direta ou indiretamente com o acervo.
Vários são os fatores de degradação dos bens culturais, os quais poderão ser
extrínsecos ou intrínsecos a esses bens.
A degradação extrínseca poderá ser desencadeada pela ão do homem através da
destruição provocada por guerras, roubos, vandalismos e manuseio inadequado; ou por fatores
naturais, tais como enchentes, vendavais e tornados dentre outros. No ambiente em que os
bens culturais estão expostos, ou em condições de guarda, a degradação extrínseca poderá
ocorrer pelas condições inadequadas de temperatura, umidade e luz, assim como pela
poluição. os fatores intrínsecos estão relacionados com o tipo de constituição dos objetos e
sua interação, e resposta, em relação ao meio ambiente em que estão inseridos.
Em função da abrangência que existe nos processos de degradação apresentados, esta
pesquisa leva-nos a refletir somente sobre as causas extrínsecas de degradação, revisando
questões teóricas relacionadas ao estudo do meio ambiente das coleções, tais como
temperatura e umidade relativa nos espaços internos e suas conseqüências à conservação do
acervo, quando exposto as condições impróprias. Cabe ressaltar que os demais fatores
deverão, também, ser considerados em sua totalidade pelos responsáveis nos museus, uma vez
que a ação da conservação preventiva nos espaços museológicos é extremamente complexa,
pelo fato de ocorrer uma interdependência dos vários fatores que podem desencadear os
processos de degradação.
Os ambientes estudados nesta pesquisa acondicionam bens móveis, sendo estes os
acervos museológicos, os documentais e os arquivísticos.
A conservação preventiva tem sido um dos grandes desafios não só para as
instituições brasileiras, como para instituições museológicas do mundo inteiro.
O Comitê de Conservação (ICOM-CC), do Conselho Internacional de Museus
(ICOM), promove trienalmente reuniões com os seus respectivos grupos de trabalho para
discutirem as dificuldades encontradas nas mais variadas instituições, além de apresentar
alternativas, por parte dos pesquisadores, que possam de alguma forma minimizar os mais
variados problemas de degradação encontrados. Assim como as reuniões promovidas
15
anualmente pelo American Institute for Conservation of Historic & Artistic Works, reunindo
pesquisadores da Ciência da Conservação para, da mesma forma, congregar conhecimentos.
Além destes citados, existem tantos outros de igual importância comprometidos com a
preservação da memória cultural.
Gradativamente, pesquisas na área da conservação preventiva estão sendo realizadas,
tendo em vista encontrar alternativas de baixo custo, que possam minimizar os efeitos
danosos em razão de ambientes inadequados. Em países de clima predominantemente quente
e úmido, como é o caso do Brasil, os desafios de preservação são ainda maiores e a ação da
conservação preventiva é premente. As altas temperaturas e umidades registradas nos
ambientes internos, assim como a dificuldade econômica encontrada pela grande maioria das
instituições, dificulta o uso de estratégias que venham melhorar as condições ambientais, a
manutenção da edificação, a segurança e também as condições de guarda dos acervos. No
entanto, essas instituições têm feito o melhor possível para reduzir os efeitos danosos do
ambiente impróprio e atenderem às exigências de preservação.
A partir disto, o problema de pesquisa para esta dissertação foi norteado em função
das seguintes indagações:
Até que ponto um sistema de insuflamento de ar poderá ser uma alternativa
viável para minimizar os problemas adversos do ambiente em espaços
museológicos?
Em que condições climáticas este sistema poderia ser empregado e com que
freqüência o sistema de insuflamento de ar poderia ser acionado?
O objetivo geral desta pesquisa é analisar as condições ambientais em espaços
museológicos e apontar as possíveis alternativas para diminuir os problemas decorrentes do
ambiente inadequado.
Os objetivos específicos são:
Elaborar e aplicar uma metodologia de análise de condições ambientais por meio
de equações preditivas.
Desenvolver equações preditivas para espaços museológicos localizados em
condições climáticas diferentes.
Estimar os resultados em termos de condições ambientais, nos diferentes espaços
a partir do uso da estratégia de ventilação forçada, para reduzir ou aumentar os
16
níveis de vapor d’água em ambientes internos para os limites mínimos e máximos
indicados na conservação preventiva.
Para tal foram analisadas as condições ambientais internas de dois bens imóveis
localizados em condições climáticas diferentes. Os espaços estudados foram:
Capela Cônego José Ernser localizada nas dependências do Seminário Seráfico
São Luiz de Tolosa em Rio Negro - PR; monitorada desde o ano de 2001, quando
se iniciou a restauração da edificação da Capela e da pintura mural através do
Curso cnico em Conservação e Restauração em Pintura Mural pela Escola
Técnica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Arquivo Público Mineiro Sala 202 - Reserva Técnica localizada em edificação
anexa ao Arquivo Público Mineiro na cidade de Belo Horizonte - MG,
especificamente na sala de documentos não encadernados; monitorada desde o
ano de 2001 com o apoio da Fundação VITAE - Apoio à Cultura, Educação e
Promoção Social.
Destes espaços, foram coletados dados horários de temperatura e umidade relativa
interna e externa, registrados pelo Sistema de Gerenciamento Ambiental para Conservação de
Coleções (CLIMUS). Este sistema foi desenvolvido no Laboratório de Meios Porosos e
Propriedades Termofísicas de Materiais do Departamento de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O que motivou a realização da presente dissertação foram algumas indagações
discutidas e avaliadas na pesquisa “Sistema de monitoramento e insuflamento de ar, visando à
preservação de acervos”, realizada no ano de 2001 no Museu Universitário Prof. Oswaldo
Rodrigues Cabral da UFSC com o apoio do Ministério da Cultura. Esta pesquisa foi realizada
pela autora desta dissertação em conjunto com Maria Claúdia Lorenzeti Corrêa, Arquiteta e
mestranda da Engenharia Civil naquele ano e com o Prof. Dr. Saulo Güths, orientador da
pesquisa.
Conforme GÜTHS et al.(2002), os altos custos para a realização de um controle
climático eficaz e sendo os fenômenos biológicos os mais comprometedores nos acervos, uma
alternativa menos onerosa possível a ser utilizada seria a implementação de um método
passivo de ventilação natural ou insuflamento do ar. Além disso, seria uma alternativa para
economia de energia. Entretanto, Güths et al.(2002) asseveram, também, que o insuflamento
do ar para o interior do museu deverá ser criterioso, pois, dependendo da resposta da
edificação a determinadas situações climáticas, poderá haver degradação das condições
17
internas e, até mesmo, risco de condensação nas paredes e objetos. Cabe lembrar, ainda, que
os sistemas de renovação de ar deverão ser utilizados somente com filtros adequados,
evitando assim o comprometimento do acervo quando localizado em locais com altos índices
de poluição.
No que diz respeito à ventilação, Costa, E. (1982, p. 176 e 190) assim a define:
A ventilação natural quando provocada pela ação dos ventos pode ser intensificada por meio
de aberturas dispostas convenientemente. Assim, as portas e mesmo janelas, colocadas em
paredes opostas e na direção dos ventos dominantes, representam um papel importante na
ventilação de certos ambientes. [...] Quando a renovação do ar é proporcionada por diferenças
de pressão criadas mecanicamente, a ventilação toma o nome de ventilação artificial, forçada
ou mecânica. A ventilação artificial é adotada sempre que os meios naturais não proporcionam
o índice de renovação de ar necessário.
Corrêa (2003) estabeleceu vários critérios para operar o sistema de insuflamento de ar
no Museu Universitário Prof. Oswaldo Rodrigues Cabral, da UFSC, utilizando o índice de
preservação, além da umidade relativa, umidade absoluta e temperaturas internas e externas.
Ressalta-se aqui que este sistema foi dotado de filtros (GO e G3) para particulados
(CARVALHO, 2001).
Em continuidade a esta pesquisa realizada no Museu Universitário da UFSC, surgiu a
possibilidade de se avaliar, através de outra metodologia, a eficácia do uso do insuflamento do
ar externo para o interior de espaços museológicos dentro dos parâmetros apresentados pela
conservação preventiva para minimizar os problemas adversos do ambiente. Desta forma,
aplicou-se a metodologia de análise de condições ambientais por meio de equações preditivas
desenvolvida por Givoni (1998). A princípio este método é empregado para avaliar o
desempenho térmico de edificações.
Nesta pesquisa, sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Krüger, foi desenvolvida uma
metodologia de predição para avaliação das condições ambientais em espaços museológicos.
O uso destas equações preditivas poderá ser de grande valia, uma vez que através das análises
é possível verificar a viabilidade do acionamento de sistemas de insuflamento de ar em
museus, além de estimar os períodos do ano mais adequados à consecução do mesmo.
A dissertação está organizada de forma a abranger questões de preservação do
patrimônio cultural e as alternativas possíveis de conservação.
No Capítulo 2 - Apresentam-se conceitos de preservação e de patrimônio cultural,
enfatizando sua importância para a humanidade, assim como a conservação preventiva e sua
finalidade no espaço museológico; descreve-se a trajetória da conservação preventiva no
18
Brasil; abordam-se os fatores que desencadeiam a degradação em acervos, decorrentes de
umidade e temperatura inadequadas no ambiente, tais como as reações químicas, a
biodeterioração e as mudanças dimensionais; argumenta-se sobre a importância em se
conhecer o comportamento climático das salas através do monitoramento contínuo das
condições de temperatura e umidade relativa do ambiente em estudo e descreve-se as novas
ferramentas para a preservação de acervos.
No Capítulo 3 - É apresentado o Sistema de Gerenciamento Ambiental para
Conservação de Coleções (CLIMUS) para monitoramento do ambiente e as instituições que o
utilizam para a medição das condições ambientais; descreve-se a metodologia utilizada para a
análise de condições ambientais, por meio de equações preditivas, e a sua possível aplicação
em espaços museológicos; apresentam-se os espaços museológicos considerados na pesquisa,
sendo estes a Capela Cônego José Ernser, localizada na cidade de Rio Negro - PR e a reserva
técnica do Arquivo Público Mineiro, localizado na cidade de Belo Horizonte - MG.
No Capítulo 4 - Discorre-se sobre o desenvolvimento das equações preditivas para
cada espaço considerado nesta pesquisa; apresentam-se as características climáticas locais; o
monitoramento do ambiente e a localização dos sensores de temperatura e umidade relativa;
descreve-se o desenvolvimento das equações preditivas propriamente ditas para cada espaço
estudado.
No Capitulo 5 Apresentam-se as análises das condições ambientais dos espaços
estudados e os critérios adotados para a avaliação do uso do insuflamento de ar. Verifica-se,
através destas análises, a viabilidade do uso da estratégia de ventilação forçada para melhorar
as condições ambientais dos ambientes estudados.
No Capítulo 6 São apresentadas as considerações finais da pesquisa, sugestões para
pesquisas futuras e limitações encontradas no decorrer da mesma.
CAPÍTULO 2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo trata de algumas reflexões e conceitos acerca da preservação do
patrimônio cultural e da conservação preventiva nos espaços museológicos. Na seqüência, são
apresentados os agentes causadores da deterioração em acervos, sendo eles: a temperatura e a
umidade relativa quando em condições inadequadas para a conservação. São discutidos
também os valores de referência de temperatura e umidade relativa para a conservação de
acervos. Além disso, o capítulo discorre sobre as novas ferramentas para a preservação, tais
como: o método das Isopermas desenvolvida por Sebera (1997), o Índice de Preservação e
Índice de Efeito Tempo para a Preservação, conceito introduzido em 1995 pelo Image
Permanence Institute (IPI), que expressa a qualidade de conservação de ambientes de
armazenamento para materiais orgânicos e a melhoria das condições ambientais em museus
por insuflamento de ar.
2.1 A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
A História da Humanidade baseia-se na construção de um passado comum, vinculado
e interligado ao presente, pois, na dinâmica da vida, o homem soma experiências, supera
dificuldades e projeta para o futuro inúmeras possibilidades de descoberta.
Desde os tempos mais remotos a necessidade do homem em dialogar, transmitir,
registrar e preservar os conhecimentos alcançados constituiu sempre uma busca pela sua
perpetuação, sua continuidade existencial.
A preservação do patrimônio histórico, artístico, cultural e natural tem sido um dos
grandes e permanentes desafios da sociedade no tempo e espaço vivido pelo homem.
Por que preservar? Poderíamos acrescentar a esta indagação: o quê e para que
preservar? Ou, quem sabe, para quem? Mas, afinal, o que é o Patrimônio Cultural? A resposta
estará no alcance possível do homem em compreender a dimensão do seu fazer ao longo da
história humana.
O termo “patrimônio cultural” engloba todas as linhas de trabalho preocupadas com a
ação preservacionista, dentre as quais: a de patrimônio paisagístico, arqueológico, ambiental-
urbano, edificado e os mais diversos artefatos criados pelo homem (MAGNANI, 1986).
Encontra-se dividido em três grupos: Patrimônio Natural, Patrimônio Material e Patrimônio
Imaterial.
20
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO) o
patrimônio cultural:
[...] é composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham valor histórico,
estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico. Patrimônio natural significa as
formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais, habitats de espécies animais e
vegetais ameaçadas e áreas que tenham valor científico, de conservação ou estético.
http://www.unesco.org.br/areas/cultura/patmundial/index_html/mostra_ documento. Acesso
10 de jan 2006.
A criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) obedece
a um princípio normativo, contemplado atualmente pelo artigo 216 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988.
O IPHAN considera que o patrimônio cultural material é composto por um conjunto
de bens culturais classificados segundo sua natureza, sendo divididos em bens imóveis e
móveis. Como bens imóveis incluem-se os núcleos urbanos-arquitetônicos, sítios
arqueológicos e paisagísticos, bens individuais. dos bens móveis fazem parte as coleções
arqueológicas, acervos museológicos, documentais, arquivísticos, bibliográficos,
videográficos, fotográficos, cinematográficos. O patrimônio imaterial, segundo o IPHAN, é
aquele transmitido e recriado de geração a geração pelas comunidades e grupos. A Declaração
do México, na Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais, International Council on
Monuments and Sites (ICOMOS) , realizada no México em 1982 pela UNESCO, afirma que
todas as culturas constituem o patrimônio comum da humanidade e, que a preservação deste
patrimônio diz respeito a todos. Esta mesma conferência define o patrimônio cultural de um
povo nas obras de “seus artistas, arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como nas
criações anônimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida”
(DECLARAÇÃO DO MÉXICO, 1982).
A Carta de Veneza de 1964 refere-se ao patrimônio cultural como “portadoras de
mensagem espiritual do passado, as obras monumentais de cada povo perduram no presente
como o testemunho vivo de suas tradições seculares” (CARTA DE VENEZA, 1964).
Portanto, o patrimonio cultural pode ser considerado como toda herança histórica, artística,
científica e técnica dos diversos povos, culturas e civilizações. Este fazer abrange toda a
trajetória percorrida pelo homem, desde o momento em que se percebe no mundo até às
grandes invenções e inovações conquistadas até o presente.
21
A palavra Preservação, do latim praeservare, abrange todas as ações que m como
objetivo a salvaguarda do patrimônio cultural, englobando assim políticas de ação para
aquisição, organização e distribuição de recursos a fim de impedir a deterioração dos bens
culturais. Para Cassares (2000), no âmbito dos bens móveis, a salvaguarda inclui medidas e
estratégias de ação que contribuem direta ou indiretamente para a preservação da integridade
dos materiais. Uma adequada política de preservação permite o resgate histórico de
determinado período e local, além de possibilitar um estudo dos bens culturais e das técnicas e
materiais empregados (CAVAGNARI et al., 2004).
A conservação está vinculada às causas de degradação, que podem ser intrínsecas, ou
seja, partir do próprio objeto cultural, pela sua característica física e química em interação
com o meio ambiente, ou extrínsecas, independentemente do objeto em si, caracterizadas pela
degradação em função das catástrofes naturais, como por exemplo, enchentes, incêndios e, a
pior de todas: a degradação pela ação do próprio homem, pelo manuseio inadequado, pelas
pichações, roubos, destruição pela guerra etc.
É necessário ressaltar que toda produção cultural possui categorias de informações,
valores e funções
__
uma trajetória de vida, que deverão ser respeitadas. Quando esta produção
adentra um espaço apropriado para a sua revitalização, revela-se como uma outra fonte de
pesquisa, contemplação e apreciação estética.
Os espaços museológicos, entendidos aqui como instituição permanente que, pesquisa,
contextualiza, expõe e conserva os testemunhos da história da humanidade, têm sua devida
significação enquanto local de preservação desta memória cultural, independentemente do
tipo de acervo, local e contexto sócio cultural a que está submetido. Neste contexto, os
museus, através da sua dinâmica, apresentam-se com funções diversificadas, que levam o
objeto cultural ao encontro, novamente, do homem.
Segundo Lord (1998), os museus recebem da sociedade o encargo de preservar o
patrimônio comum, natural e cultural, passado e presente.
Cruz (1993) afirma que “Museu não é prédio, mas mentalidade”, que produz a partir
do pensamento museológico que o sustenta, transformação do “homem sujeito, ator e portador
da cultura” em busca de sua identidade cultural.
O museu, enquanto agência cultural, tem sua devida importância nos variados
segmentos sociais, uma vez que tem a capacidade de dinamizar núcleos menores dos sistemas
sociais, ressaltando assim suas características, contradições e outros elementos da cultura. Sua
função é social, uma vez que trabalha em conjunto com a comunidade.
22
O Ministério da Cultura relata que as inquietações ocorridas nos anos 60 no Brasil
contribuíram para ampliar o conceito de patrimônio e a relação do museu com a sociedade.
[...] a ampliação do conceito de patrimônio está relacionada à criação de novas categorias de
museus, como ecomuseu, museu comunitário, museu de vizinhança, etc., que não estão
fechados nas paredes de um edifício, mas realizam as ações museológicas em um território,
com uma população. Essas novas categorias de museus, abertas a uma população e a um
território, irão contribuir, também, para que as ações museológicas possam ser processadas
fora do espaço restrito do museu, abrindo, assim, amplas possibilidades para a realização de
novos processos de musealização. Do ponto de vista metodológico, foi um vetor a incentivar a
busca de soluções criativas (Minc, 2003).
Conforme Cruz (1993, p.5) “o homem é um ser de localidade por excelência e o seu
existir está sustentado pela cultura”, expressando no seu fazer e no seu pensar o contexto em
que está inserido. É importante neste momento resgatar o resultado do background da cultura
e mentalidade humanas
1
, sendo fundamental a revitalização do patrimônio cultural material e
imaterial, assegurando assim a sobrevivência da diversidade de culturas.
Jacques Perot, Presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM), instituição
ligada à UNESCO, afirma que os museus devem se conscientizar da importância de suas
missões, devendo sensibilizar a comunidade do seu significado para as sociedades, hoje
mundializadas. O conceito de museu segundo os estatutos do ICOM ampliou-se da década de
40 até o ano de 2001, e esta ampliação implica mudança de mentalidade.
Conforme os estatutos do ICOM:
Museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu
desenvolvimento, aberto ao público e que realiza investigações que dizem respeito aos
testemunhos materiais do homem e do seu meio ambiente, adquire, conserva, transmite e
expõe, especialmente, com intenções de estudo, de educação do público e de deleite. [...] são
considerados museus: (i) os sítios e os monumentos naturais, arqueológicos e etnográficos e os
sítios e monumentos históricos que possuam a natureza de um museu pelas suas atividades de
aquisição, de conservação e de transmissão dos testemunhos materiais dos povos e do seu
meio ambiente; (ii) as instituições que conservam coleções e que apresentam espécimes vivos
de vegetais e de animais, tais como os jardins botânicos e zoológicos, aquários, viveiros; (iii)
os centros científicos e os planetários;(iv) os institutos de conservação e galerias de exposição
que dependem das bibliotecas e dos centros de arquivo;(v) os parques naturais (vi) as
organizações nacionais, regionais ou locais de museus, as administrações públicas de tutela
dos museus tal como foram acima definidas;(vii) as instituições ou organizações sem fins
lucrativos que exercem atividades de investigação, educativas, de formação, de documentação
e outras relacionadas com os museus ou a museologia;(viii) qualquer outra instituição que o
Conselho executivo, segundo opinião da Comissão consultiva, considere como detentoras de
algumas ou da totalidade das características de um museu, ou que possibilite aos museus e aos
1
Elementos ou fatos que constituem a base da cultura e da mentalidade humana.(CRUZ,2004, p.139)
23
profissionais de museu os meios de fazerem investigações nos domínios da museologia, da
educação ou da formação. (Estatutos do ICOM. 1995:2-3).
O significado de museu vai além do espaço estruturado finito da instituição.
Fenômeno social dinâmico, os museus apresentam-se sob formas diversas no tempo e no
espaço de acordo com os diferentes momentos sócio-culturais da humanidade, desta forma, os
museus, “sendo agências sociais e culturais refletem a cultura do povo” (CRUZ, 1993, p.39).
A sua “linguagem silenciosa”, expressa no seu acervo, possibilita a reflexão e a integração do
“homem sujeito” ao contexto cultural exposto (CRUZ, op. cit.).
Giraudy (1990) destaca a importância da articulação que deve existir entre os objetos
expostos e as salas percorridas pelo público como se ocorresse o folhear das páginas de um
livro, o livro da criação humana. Por conseguinte, os museus são instituições de grande
envergadura para assegurar a conservação do patrimônio natural, material e imaterial
garantindo a preservação da identidade de povos e locais.
Em 1972 através da Conferência Geral da UNESCO, em sua 17ª reunião em Paris, foi
criada e aprovada a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural,
objetivando incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados significativos
para a humanidade. Esta Convenção surgiu da associação de dois movimentos separados, ou
seja, o que enfatizava os perigos que corriam os sítios culturais, e o que se ocupava da
conservação da natureza.
Segundo a UNESCO:
O evento que suscitou especial preocupação internacional foi a decisão de construir a grande
represa da Assuan no Egito, com a qual se inundaria o vale em que se encontravam os templos
de Abu Simbel, um tesouro da antiga civilização egípcia. Em 1959, a UNESCO decidiu lançar
uma campanha internacional a partir de uma solicitação dos governos de Egito e Sudão. [...]
os templos de Abu Simbel e Filae foram então completamente desmontados, transportados a
um terreno a salvo da inundação e lá montados novamente. O sucesso dessa campanha
conduziu a outras campanhas de salvamento, tais como a de Veneza, na Itália, a de
Moenjodaro, no Paquistão e a de Borobodur, na Indonésia. A idéia de combinar a conservação
dos sítios culturais com a dos sítios naturais foi dos Estados Unidos. Uma conferência na Casa
Branca, em Washington, pediu em 1965 que se criasse uma "Fundação do Patrimônio
Mundial" que estimulasse a cooperação internacional para proteger as "maravilhosas áreas
naturais e paisagísticas do mundo e os sítios históricos para o presente e para o futuro de toda
a humanidade". Em 1968, a União Internacional para a Conservação da Natureza e seus
Recursos (IUCN) elaborou propostas similares para seus membros, as quais foram
apresentadas à Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano organizada
pelas Nações Unidas em Estocolmo, em 1972. [...] a Conferência Geral da UNESCO aprovou,
em 16 de novembro de 1972, a Convenção sobre a proteção do patrimônio mundial cultural e
natural. (UNESCO, http://www.unesco.org.br/ areas/cultura/patmundial/ historiasucinta/
mostra_documento. Acesso 10 de jan de 2006).
24
A idéia de criar-se um movimento internacional para a preservação do patrimônio
surgiu após a Primeira Guerra Mundial, quando cada país se comprometeu a preservar não
somente os bens do Patrimônio Mundial localizado em seu território, mas também a proteger
seu próprio patrimônio nacional (UNESCO, 2004).
Não obstante, percebe-se que a hegemonia econômica e política de alguns países
desconsideram, na maioria das vezes, estas normas internacionais. Atitude um tanto
paradoxal!
A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, da 31ª reunião da Conferência
Geral da UNESCO, ocorrida em Paris em 2001, reafirma que a paz será possível somente
mediante o diálogo intercultural, elevando a diversidade cultural à categoria de “patrimônio
comum da humanidade” (UNESCO, 2002). Esta declaração visa preservar a diversidade
cultural, entendida aqui como um processo dinâmico que garante a sobrevivência da
humanidade, além de evitar toda segregação e fundamentalismo que desvirtue a declaração
universal dos direitos humanos.
A destruição recente do patrimônio histórico-arqueológico do Iraque, por exemplo,
ocorrida em 2003, nos compele a procurar resignificar a vida e a defesa da vida, além da
preservação do patrimônio mundial, num contexto em que prevalecem os interesses
individuais sobre a coletividade. Cabe lembrar que onde atualmente é o Iraque, mais de 5
mil anos existiu a Mesopotâmia, antiga região do Oriente Médio, compreendida entre os rios
Tigre e Eufrates, berço da civilização. Era ocupada pelos assírios e babilônios, povos
responsáveis pela criação das ‘primeiras cidades e pelo início de uma sociedade hierarquizada
e organizada’. Amorim (2003) lembra que nessa região surgiram os primeiros textos, em
escrita cuneiforme pelos sumérios, como o famoso Código de Hamurabi
2
.
Herança comum da humanidade, foi perdida, destruída, porém será relembrada na
memória e na história.
O manifesto contra a destruição do patrimônio histórico do Iraque, “Luto nos museus
de todo o Mundo”, ocorrido no dia Internacional dos museus em 2003 (ICOM/UNESCO),
assevera que não existe guerra asséptica, uma vez que matam pessoas e destroem paisagens e
obras dos homens.
As guerras são tragédias que ofendem a memória dos que nos precederam, construíram e
legaram os bens patrimoniais universais de que, em cada tempo presente, apenas somos
2
Código de Hamurabi, baseado em um primitivo conjunto de leis dos sumerianos.
25
usufrutuários, sendo nosso dever passá-los em testemunho às gerações vindouras (Guia dos
museus, acessado em 02/09/04).
Neste momento, percebe-se a necessária compreensão e vivência da alteralidade
3
,
assim como do conceito de cultura e diversidade cultural. Neste contexto é importante
também abordar as questões que envolvem a salvaguarda do patrimônio cultural.
Diante dos mais variados processos de degradação, o mais temível em todos os tempos
é, sem dúvida, a destruição do patrimônio material por parte do próprio homem, que por sua
vez não percebeu ainda a necessidade da essencialidade do ser, na dimensão exlética
4
tão
importante para a construção da paz.
Questiona-se, então: até quando o homem destruirá o próprio homem, sua história e
sua memória?
Ao tratarmos da preservação do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural devemos ter a
consciência de que este bem faz parte de toda a comunidade local e mundial. Somente pela
democracia econômica, política, educacional e religiosa será possível um dia aniquilar o
fundamentalismo no mundo, o qual suprime a dignidade, a paz e a diversidade. Será difícil
ceder quando interesses individuais se sobrepõem ao interesse da coletividade. Mas a
coletividade, compreendida aqui como “humanidade”, busca incansavelmente a paz. Quando
se destrói o patrimônio, destrói-se parte da complexidade que o envolve, destrói-se a “rede
5
e, conseqüentemente, toda a humanidade sofre.
É imprescindível construir uma política de ação que permita a realização de uma
educação sistemática e consciente, na qual a mentalidade do homem deverá ser de, conforme
Magnani (1986), “Pensar grande o Patrimônio Cultural”, ampliando o seu espaço de
3
Refere-se ao outro (alter, em latim). Consideração, valorização, identificação, diálogo com o outro.
É um conceito relativo aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais.
Quando duas culturas ou duas pessoas entram em contato e vivem a alteralidade podem trocar
experiências, somar conhecimentos e promover crescimento mútuo. As experiências pessoais, ou do
grupo cultural, são preservadas e consideradas na relação. Não sobreposição, assimilação,
destruição (CRUZ, 2004, p. 136).
4
Envolvimento, compromisso construtivo, conforme De Bono, constructive engagement. [...]
Processo que se caracteriza por indagações abertas de todos os lados, por considerar que todos têm
condições de contribuir e de fazer exposição sobre tudo e, por respeitar o saber das pessoas. Busca
aberta. Aproveitamento integral do conhecimento geral (CRUZ, op. cit. p.150).
5
São núcleos, centros de excelência, ou depósitos classificatórios de sabedoria e do conhecimento
humano, interligados por um ou vários canais de comunicação, permitindo a troca de informações
entre todos estes núcleos. Cada ser está ligado a diversos tipos de redes. Por exemplo, redes históricas,
redes sociais, redes políticas, redes econômicas, redes jurídicas, redes espirituais, etc. (CRUZ, 2004, p.
167).
26
conhecimento e significado, portanto, de vida, fazendo uma leitura de mundo diferente, que
realmente corresponda à necessária conservação de tudo o que permeia a memória de um
povo.
É preciso uma mudança vertical, integrando áreas do conhecimento, ampliando desta
forma o conceito de patrimônio, renovando a mentalidade emergente e predisponente.
Cruz (2004) afirma que a educação deverá ser um “processo ativo de vida” para que o
homem consiga fazer um alcance satisfatório de realização pessoal, política, cultural, assim
como para poder apresentar comportamentos e atitudes equilibradas.
Retomando a Declaração do México de 1982 / UNESCO, a comunidade internacional
reunida para esta conferência, considerou o lema de Benito Juarez "Entre os indivíduos, como
entre as nações, o respeito ao direito alheio é a paz" (DECLARAÇÃO DO MÉXICO, 1982).
Quando compreendermos que somos autores e co-autores da nossa história, vamos
reconhecer no patrimônio cultural e natural um instrumento possível de educação e
desenvolvimento social.
Os produtos culturais, materiais e imateriais, resultantes do fazer, agir e transmitir na
trajetória humana fornecem registros históricos marcados pelo homem em seu tempo. Cada
qual, surgido da complexidade alcançada e compreendida pelo homem, superada através do
conhecimento possível nos variados processos de descoberta, invenção, inovação e criação.
Cabe às gerações aqui e agora, assim como às vindouras, sensibilizarem-se da importância de
nossa herança cultural. Desta forma, a responsabilidade na preservação estende-se a todos.
A preservação do patrimônio cultural favorece ao homem revitalizar a sua história
através de valores que permanecem no tempo e no espaço permitindo uma interação, uma
leitura do texto e do contexto entre passado, presente e futuro, e este é o seu maior objetivo.
Educação, respeito à memória cultural presente quem sabe ausentes na história da
humanidade!
2.2 PRESERVAÇÃO NO BRASIL
Segundo Andrade (1987, apud CERRI & GONÇALVES, 2002) o primeiro documento
administrativo sobre a preservação no Brasil data de 1742 quando o Vice-Rei do Estado do
Brasil, Dom André de Melo Castro, enviou ao governador de Pernambuco, Luís Pereira Freire
de Andrade, uma carta propondo a proteção das construções ali deixadas pelos holandeses.
Esta preocupação com a preservação não foi considerada na época, ressurgindo somente com
o aviso de 13 de dezembro de 1855, expedido pelo ministro do Império Conselheiro Luiz
27
Pedreira de Couto Ferraz que transmitia ordens aos Presidentes das Províncias e ao Diretor
das Obras Públicas da Corte.
Chagas (1998) relata que a década de 20 foi fundamental para a preservação do
patrimônio cultural brasileiro. Este fato é confirmado a partir dos vários projetos e
anteprojetos que tinham como objetivo evitar a depredação e a transferência dos bens
culturais brasileiros para outros países. Destes projetos e anteprojetos evidenciam-se os de
Alberto Childe (1920), Luiz Cedro (1923), Augusto Lima (1924), Jair Lins (1925) e
Wanderley Pinho (1930).
É interessante notar que, do ponto de vista prático e político, todas estas tentativas de criação
de um instrumento legal para a proteção do patrimônio cultural brasileiro fracassaram, pelos
mais diferentes motivos. No entanto, não se pode negar a colaboração que prestaram para a
consolidação da consciência preservacionista no Brasil. A década de 20 foi marcada ainda por
acontecimentos políticos e culturais da maior importância, tais como: a semana de arte
moderna (1922), o episódio dos 18 do forte (1922), a campanha da reação republicana de Nilo
Peçanha e J.J. Seabra, Exposição Universal do Rio de Janeiro de 1922, o manifesto
regionalista de 1926, em Pernambuco, e na área museológica a criação do Museu Mariano
Procópio, em Juiz de Fora (1921), do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro (1922), da
Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro (1923), do Museu Republicano de Itu, em São Paulo
(1923), e do Museu do Estado, em Pernambuco (1929) (CHAGAS, 1998, p.78).
Chagas (1998) também relata que entre os anos de 1926 e 1931 surgiu a idéia para a
criação do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo. O primeiro esboço foi elaborado
por Paulo Duarte a partir de dados reunidos por ele e por Mário de Andrade, que
posteriormente vem a ser o diretor deste Departamento.
Veloso (2000) lembra que, em termos jurídicos, o artigo 10 da Constituição do Brasil
de 1934 trata pela primeira vez da questão do patrimônio histórico e artístico nacional.
Observa-se neste artigo que a preocupação com a preservação diz respeito somente ao
patrimônio material, não fazendo referências ao patrimônio imaterial.
No artigo 10 diz-se: Art. 10 “Compete concorrentemente à União e aos Estados: [...]
III proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo
impedir a evasão de obras de arte”.
Durante o governo de Getúlio Vargas em 1936 o escritor Mário de Andrade, Diretor
do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, a pedido do então Ministro da
Educação e Saúde, Gustavo Capanema, foi designado a elaborar o anteprojeto de um serviço
destinado à defesa do patrimônio artístico nacional. Em 1937, em conjunto com Rodrigo
28
Melo Franco de Andrade foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
6
.
A proposta apresentada por Mário de Andrade chamava a atenção para que as leis
abrangessem não o patrimônio material, tangível, mas também o patrimônio imaterial ou
intangível. No entanto somente a partir da década de 70 a preocupação com o patrimônio
imaterial foi retomada, envolvendo intelectuais e dirigentes como Aloízio Magalhães, Severo
Gomes, Rodrigo Mello Franco de Andrade, Fausto Alvim Júnior e Wladimir Murtinho
(COELHO, 2004). Com isso várias instituições e projetos foram estabelecidos no Brasil.
Dentre elas é possível citar o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), criado em
1975, instituição dedicada à análise da cultura brasileira, coordenada e implantada por Aloízio
Magalhães e a Fundação Pró-Memória, em 1979.
No artigo 216 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, faz-se a
inclusão do patrimônio imaterial como “patrimônio cultural brasileiro”. Além disso, enfatiza-
se a importância da interação que deve existir entre o poder público e a comunidade para a
preservação do patrimônio cultural.
O artigo 216 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 preconiza:
Art 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
6
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN: Lei n° 378, de 13 de janeiro de 1937
- Cria o SPHAN, integrando a estrutura básica do Ministério da Educação e Saúde. Decreto-Lei
8.534, de 02 de janeiro de 1946 - Transforma o SPHAN na Diretoria do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. Decreto n° 66.967, de 27 de julho de 1970 - A Diretoria do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, pertencente ao Ministério da Educação e Cultura - MEC, passa a denominar-se
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN com autonomia administrativa e
financeira. Decreto 84.198, de 13 de novembro de 1979 - O IPHAN, por transformação, volta a
integrar a estrutura básica do MEC e denominar-se Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional SPHAN. Decreto 91.144, de 15 de março de 1985 - As competências do SPHAN
passam a integrar as finalidades intrínsecas do Ministério da Cultura, criado por este Decreto. Lei
8.029, de 12 de abril de 1990 - Constitui o Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC ao qual
são transferidas as competências, o acervo, as receitas e dotações orçamentárias do SPHAN. (MinC
www.minc.gov.br/merco_WEB/leis/ex-orgao.htm. Acesso 10 de jan 2006)
29
§ 1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Para Coelho (2004), este artigo serviu como base para o Decreto 3551 de 04 de
agosto de 2000, assinado pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso,
que cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial.
Com relação ao ensino da conservação-restauração no Brasil, Veloso (2000) faz uma
retrospectiva sobre os cursos que existiram e os que ainda permanecem em funcionamento.
A introdução de disciplinas de restauração em cursos universitários no Brasil teve
início nas Universidades Federais do Rio de Janeiro e da Bahia.
Na década de 50, o professor Edson Motta criou duas disciplinas de restauração na
Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na Bahia, o ensino de
restauração deve-se ao artista, restaurador e professor João José Rescala, do curso de
Graduação em Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia.
No ano de 1970, o restaurador Jair Afonso Inácio, ex-aluno do professor Edson Motta,
criou na Fundação de Arte de Ouro Preto um curso para a preparação de restauradores,
estando este, até o presente momento, preparando técnicos em restauração.
Em 1978, a formação de restauradores teve início em Belo Horizonte, na Universidade
Federal de Minas Gerais - UFMG, através de um curso de especialização, pós-graduação
“lato sensu”. Só em 1980 foi criado na Escola de Belas Artes da UFMG o Centro de
Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis CECOR. Este curso, no início, tinha
a duração de um ano letivo; a partir de 1988 passou ser integral, com duração de dois anos
letivos, estando em 2005 na 16º turma.
Em 1979 e 1980, ocorreu na Bahia o curso de Especialização em Restauração de Bens
Culturais Móveis.
Entre 1988 a 1999 funcionou, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, um curso de
Especialização em Conservação de Bens Culturais Móveis, mas em 1994, nesta mesma
universidade, fora criado um curso para a área de conservação preventiva, formando apenas
uma turma.
Em 1997, a Universidade Federal do Paraná realizou o curso de Especialização em
Conservação e Restauração de Materiais Bibliográficos e Arquivísticos, formando também
apenas uma turma.
30
No ano de 2000, foi apresentada, pelo CECOR, uma proposta para o Curso de
Graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, em conjunto com a
Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais; este projeto está em fase de
implantação.
Muitas instituições no Brasil, tais como museus, bibliotecas, arquivos e fundações,
têm oferecido estágios e cursos de curta duração para profissionais que trabalham na área. Em
algumas universidades, nos cursos de Belas Artes, Museologia, Arquivologia, Gestão da
Informação etc., disciplinas introdutórias à conservação-restauração nas áreas de pintura,
escultura, livros, obras sobre papel, são ministradas com a preocupação nas questões da
preservação de acervos.
A Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de Bens Culturais
ABRACOR, desde a sua fundação no ano de 1980, também tem se preocupado com a
formação do profissional conservador-restaurador, assim como com a regularização da
profissão. Dentre seus objetivos postula-se o apoio a seminários, estágios, bolsas de estudos,
difusão de trabalhos de conservação e restauração em congressos, conferências, ciclos de
palestras nacionais e internacionais.
No que tange à conservação de obras sobre papel, Beck (1998) relata que a
Organização dos Estados Americanos (OEA) patrocinou um encontro em Quito, com
representantes de 11 países para discutir um programa na “Mesa Redonda Latino-Americana
de Centros de Conservação de Documentos”. O grupo ali reunido enfatizou a capacitação dos
conservadores em nível técnico e gerencial.
Beck (2002) relata que, já no ano de 1994 no Brasil, o Projeto Conservação Preventiva
em Bibliotecas e Arquivos (CPBA) foi idealizado por um grupo preocupado com a
preservação de acervos documentais brasileiros.
Representantes de 19 instituições brasileiras consideraram indispensável desenvolver
um procedimento de informação e conscientização sobre a importância da Conservação
Preventiva. Para tal, era necessária uma literatura básica que atendesse a todos os
profissionais. Foi então selecionada esta literatura com textos técnicos sobre temas prioritários
para serem traduzidos ao idioma português.
A partir dos textos selecionados, este grupo pôde contar com o apoio técnico da
Commission on Preservation and Access, para a elaboração do projeto. Foi então apresentado
à fundação norte-americana Andrew W. Mellon a proposta de um programa de treinamento a
ser desenvolvido no Brasil. O projeto recebeu apoio financeiro desta fundação e da Fundação
31
VITAE de apoio à Cultura, Educação e Promoção Social. A Fundação Getúlio Vargas
responsabilizou-se pela administração financeira dos recursos do projeto e o Arquivo
Nacional cedeu espaço e recursos humanos.
Com estas parcerias, em 1997, o Projeto Cooperativo Conservação Preventiva em
Bibliotecas e Arquivos (CPBA) traduziu e publicou 53 textos técnicos sobre Conservação
Preventiva de documentos, livros, filmes, fotografias, discos e meios magnéticos, que foram
distribuídos gratuitamente para mais de 1400 instituições, a partir de um cadastro on-line
preenchido pelas instituições. Este projeto cooperativo iniciou, também, no ano de 1997, um
processo de difusão através de seminários organizados nas cinco regiões brasileiras, formando
assim o grupo multiplicador que estimulava a prática da conservação preventiva nas
instituições.
No ano de 1998, o Projeto CPBA recebeu o prêmio Rodrigo de Melo Franco de
Andrade. Até o ano de 2001, este projeto contava com mais de 130 eventos realizados em
todo o país, com mais de 6000 pessoas envolvidas.
A preservação do patrimônio cultural a partir da prática dos princípios da conservação
preventiva tem sido de grande valia no cotidiano das instituições brasileiras. Muitas vezes
com poucos recursos, instituições buscam alternativas viáveis através da multidisciplinaridade
e interdisciplinaridade, propostas pela dimensão científica que tem a conservação preventiva.
Entre o ideal e o real, no campo da preservação, existe o possível para cada instituição
e este tem sido o grande desafio.
Somente enfrentando-o é que museus, bibliotecas e arquivos passam a corresponder às
suas funções, embasados em pesquisas técnicas e científicas e estas, por sua vez, dão o
suporte necessário às suas práticas, em cuja aplicabilidade, não se mais o objeto cultural
como um fim em si mesmo, mas como parte de um contexto maior.
2.3 A IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
Segundo De Guichen (1999), a conservação e a restauração são atividades com
finalidades distintas, cuja definição varia muito no âmbito nacional e internacional. Na
Reunião Trienal do Conselho Internacional de Museus Comitê para a Conservação,
realizada no Rio de Janeiro em 2002, Gaël De Guichen chama a atenção para os inúmeros
conceitos possíveis por parte dos profissionais da área, pois recebeu mais de mil definições
por escrito de profissonais de mais de setenta países. Ele adverte que, nos últimos vinte anos,
32
tem aumentado o grau de complicação terminológica com a introdução de uma sutil diferença
entre conservação preventiva e curativa.
De Guichen (1999) apresenta as seguintes definições:
A conservação é toda atividade humana direta ou indireta direcionada a aumentar a
expectativa de vida das coleções intactas e das deterioradas.[...] A restauração é toda atividade
humana direta direcionada a conseguir que um objeto deteriorado de uma coleção recupere sua
estética ou seu estado histórico.[...] A conservação curativa se ocupa dos objetos do
patrimônio cultural que podem perder-se pela presença de um elemento destrutivo ativo, por
exemplo: os insetos na madeira, o mofo no papel e os sais na cerâmica, ou simplesmente um
objeto que não pode suportar o próprio peso. A conservação preventiva se ocupa com todos os
objetos do patrimônio, independentemente de estar em bom estado ou em deterioração
progressiva. Sua finalidade é protegê-los de toda classe de agressões naturais ou humanas.
(DE GUICHEN, 1999, http://biblioteca.unp.edu.ar)
Para De Guichen (1999), é importante mudar a mentalidade, para que “o objeto de
ontem se converta na coleção de hoje; a sala no edifício; o indivíduo na equipe; o presente no
futuro; os profissionais no público; e, no mais amplo sentido da palavra, o secreto na
comunicação e o como no porquê”.
A conservação preventiva foi encarada de forma sistemática somente a partir dos
estudos do pesquisador Garry Thomson The Museum Environment (1978), quando se
passou a relacionar a arquitetura dos museus com as condições de ambiente e segurança. Até
esta data, somente em alguns casos pontuais a arquitetura do museu foi planejada a partir das
exigências da conservação e da segurança. A prioridade das instituições museológicas passa a
ser a análise das coleções, a relação das condições climáticas externas e a estabilidade da
umidade relativa interna, a iluminação, o controle de poluentes, enfim, a importância da
arquitetura para reduzir a dependência do uso de equipamentos para o controle do clima
interno, sem perder de vista a geografia do local onde o museu se encontra (TRINDADE et
al., 1993). Isto é fundamental quando se relaciona o projeto da edificação com a eficiência
energégica.
Confirmando as teses de Garry Thomson, o crescente intercâmbio de experiências veio
demonstrar a necessidade de cada país - cada museu - definir as suas normas de conservação
fruto do estudo das coleções, em substituição das “normas” tradicionais claramente
insuficientes face à realidade museológica atual. Com efeito, peças nas mais variadas
condições ambiente em diversos estados de conservação, sem que seja possível encontrar uma
lei coerente que integre os parâmetros encontrados de Glasgow a Viena, de S. Petersburgo a
Lisboa. Este quadro começava aliás a adivinhar-se quando se conheceram os resultados do
inquérito levado a cabo pelo ICOM em 1955 e publicado na Museum em 1960, mas que a
partir de Thomson assume toda a sua importância. Portanto ao museólogo, ao conservador de
cada museu cabe a responsabiliodade de encontrar as condições ótimas para as suas coleções
33
ampliando a análise sensorial das peças, com os meios importântíssimos que a ciência hoje
coloca ao nosso dispor para estudar a estrutura dos objetos, e analisar a sua evolução no tempo
(TRINDADE et al., 1993, p. 163).
uma tendência em vários países em transformar casas e prédios históricos em
espaços de museus. Ao ocorrerem tais adaptações é necessário que sejam realizados, de
acordo com Souza (1994, p.91) “estudos de viabilidade e projeção de necessidades futuras do
prédio, quanto aos sistemas hidráulico, elétrico, segurança contra roubo, incêndio, localização
da reserva técnica, definição das salas de exibição etc”. Caso contrário, a conservação das
coleções poderá ser comprometida.
De acordo com as recomendações sobre conservação e restauração do patrimônio
arquitetônico, documento aprovado pelo comitê científico do ICOMOS em Paris no ano de
2001, quando uma edificação considerada de valor histórico, artístico e cultural passa a servir
a outras funções, todos os requisitos de conservação e segurança deverão ser considerados
(PUCCIONI, 2001).
Em palestra proferida por Toledo (2004), realizada na Casa de Rui Barbosa no Rio de
Janeiro no ano de 2004, sobre o “Controle ambiental através de intervenções mínimas em
edifícios históricos”, ressalta-se que em edifícios históricos o controle ambiental é uma área
importante da conservação preventiva e tem sido realizada de duas maneiras, com o uso de
alta ou de baixa tecnologia. Destaca a importância do controle climático de baixa tecnologia,
que preconiza o controle passivo, além de respeitar as características físicas do edifício, sendo
mais econômica e auto-sustentável. Adverte, porém, que para se interferir corretamente em
uma edificação histórica, através do uso de baixa tecnologia, é necessário “explorar ou
restituir suas qualidades físicas”. Ao se referir aos edifícios antigos, relata que a maioria
dessas construções utilizavam materiais construtivos porosos e higroscópicos, muros
espessos, excelentes para o controle e estabilidade da temperatura e umidade do ar; e estes
edifícios antigos e vernaculares controlam de modo passivo o clima interior através da
arquitetura, tanto para resfriamento quanto para aquecimento.
No que se refere às edificações novas, projetadas especificamente para museus, Souza
(1994) assinala a falta de diálogo e interação entre os arquitetos, os engenheiros, os curadores
e os restauradores, ressaltando ainda que o ideal para o projeto de um novo museu deveria ser
decidido em conjunto com os vários profissionais envolvidos, indo além dos aspectos
estéticos do edifício.
34
Quando se despreza o conhecimento das características climáticas locais, corre-se o
risco de se construírem edificações ineficientes, tanto do ponto de vista do conforto térmico
quanto da conservação de acervos. Muitas vezes, quando o resultado é uma edificação
ineficiente, a escolha pelo uso de sistemas de condicionamento de ar como solução, torna-se
uma opção preocupante, tanto no que se refere à economia de energia quanto ao procedimento
correto de seu uso em museus.
Toledo (2004) lembra que, com o advento da Revolução Industrial, a produção em
massa e a mecanização da vida moderna desencadearam a dependência das máquinas e das
fontes de energia não renováveis. A difusão do estilo internacional influenciou a construção
de edifícios envidraçados, nos mais diversos locais do globo, desconsiderando as condições
climáticas.
A crise de energia, na década de 1970, contribuiu para o estabelecimento de critérios
de projeto relacionados ao local de implantação dos edifícios, garantindo economia de energia
e maior conforto térmico dos ocupantes destes (GOULART et al., 1998).
Segundo Toledo (2004):
O controle ambiental feito por meio de alta tecnologia desenvolveu, no século XX, os sistemas
de ar condicionado, com refrigeração e aquecimento, aos quais os americanos chamam de
‘HVAC’ - Heating Ventilation and Air Conditioning’, passaram a ser instalados e usados
maciçamente nos edifícios públicos. Como resultado, o consumo e os custos com manutenção
e energia se tornaram tão altos que a maioria das instituições culturais hoje já não dispõe mais
de recursos financeiros para mantê-los. [...] Os sistemas condicionadores de ar viraram uma
panacéia no século XX, mas têm sido causadores de muitos efeitos colaterais, particularmente
nos edifícios históricos. Nesse sentido, os edifícios construídos no passado apresentam um
melhor desempenho climático e soluções energéticas mais sustentáveis, do que os atuais. A
adaptação de edifícios antigos a novos usos, com a conseqüente instalação de grandes sistemas
condicionadores de ar, os quais, pelas suas dimensões, e também pela falta de controle e
manutenção, têm causado danos físicos irreparáveis (como abertura de vãos ou demolição de
paredes) e doenças aos edifícios antigos (resfriamento e condensação em alguns pontos).
http://www.casaruibarbosa.gov.br/biblioteca/serie_memoria/palestraFranciza Toledo.doc
É importante neste momento evidenciar que, em climas quentes e úmidos, como é o
caso do Brasil, muitas instituições utilizam meios mecânicos de condicionamento de ar.
Entretanto, torna-se, também, oneroso e inviável para a maioria das instituições manter os
museus climatizados durante 24 horas. Logo, na maioria das vezes, muitas instituições, apesar
de possuírem sistema de climatização, não o utilizam adequadamente: desligam o sistema
durante a noite e nos dias em que os museus ficam fechados, provocando com isso bruscas
variações da temperatura e umidade relativa.
35
Desta forma, para que as ações preventivas possam ser executadas com critério, seja
no que concerne à construção de novas edificações dentro da proposta da eficiência
energética, seja na aplicação de procedimentos de conservação em edifícios históricos
existentes, deve-se exigir o engajamento de profissionais de várias áreas do conhecimento,
ressaltando-se aqui, novamente, a multi e interdisciplinaridade na área.
Portanto, cabe aos museus brasileiros encontrar alternativas para minimizar os
processos de degradação, devendo melhorar as condições das edificações que abrigam as
coleções, realizar as vistorias biológicas, propiciar com cautela a renovação do ar através de
ventilação natural ou forçada quando as condições externas forem adequadas, sem descuidar
do uso de filtros quando necessário.
Segundo Lord (1998), a conservação preventiva é uma ciência aplicada e tem como
objetivo proporcionar aos bens culturais um ambiente adequado, visando assim minimizar os
processos de degradação. Salas (2001) não considera a conservação preventiva uma ciência,
no entanto assevera que, pela sua dimensão, a mesma está amparada nos estudos e análises da
física, da química, da biologia, assim como na filosofia, história, antropologia, tendo assim
um aspecto multidisciplinar.
Geralmente, o ambiente interno dos museus sofre influências diversas do clima
externo, em função do tipo construtivo, assim como das interferências ocorridas no seu
interior. É importante compreender o desempenho do edifício, tendo-se em vista proteger os
bens culturais dos efeitos prejudiciais de um ambiente inadequado. Para isso, é fundamental
identificar as modificações e medidas necessárias para melhorar o seu desempenho.
Para Trinkley (2001), a estrutura do edifício é a barreira entre o ambiente interno e o
externo, podendo também ser considerado o filtro necessário para a conservação das coleções
através das quantidades controladas de luz, calor e umidade.
Toledo (2003) enfatiza a unidade que deve existir entre a coleção e o edifício, não se
devendo dissociá-los, uma vez que o edifício poderá suavizar, ou agravar, as condições
climáticas internas. Também se refere ao edifício como um “envelope”, sendo a primeira
barreira de proteção da coleção.
É preciso, continuamente, investigar se as condições de temperatura, umidade, ou
iluminação da sala que abriga as coleções estão de acordo com o tipo do acervo, se o
acondicionamento é adequado, se o manuseio dos objetos segue um padrão de segurança, se
existe um plano de emergência contra catástrofes naturais e incêndios e se é realizado
periodicamente um controle de pragas. Para tal, faz-se necessário um conjunto de ações que
36
permita a realização de um diagnóstico de preservação partindo do levantamento das
características construtivas do museu em estudo, do reconhecimento do ambiente e do clima
da região a que este museu está submetido. A partir daí, é preciso verificar o tipo dos objetos
culturais pertencentes ao museu em estudo, observar se a localização destes objetos dentro do
museu é a mais adequada em função do seu tipo, verificar se incidência solar direta,
iluminação apropriada e renovação do ar.
É fundamental identificar quais os fatores que afetam a conservação das coleções,
assim como quais os cuidados que cada tipo de coleção exige. Somente através de um estudo
consciencioso será possível estabelecer as diretrizes e mudanças que venham garantir a
estabilidade das coleções. Neste momento, observa-se a importância do monitoramento do
ambiente para a complementação deste diagnóstico de conservação. Toledo (2003) ressalta
que esta medição é necessária para conhecermos o desempenho higrotérmico do edifício, ou
seja, como o edifício se comporta em relação à umidade e à temperatura externa. Além disso,
através de monitoramento contínuo é possível verificar as zonas climáticas internas.
O Getty Conservation Institute (GCI) em 1998, no estudo Evaluación para la
conservación: modelo propuesto para evaluar las necesidades de control del entorno
museístico, apresenta uma metodologia para a realização de um diagnóstico de conservação.
Conforme este modelo proposto, o primeiro passo para estabelecer-se uma estratégia
de gerenciamento ambiental em um museu é a realização de um diagnóstico relativo aos
vários fatores que possam afetar a preservação, assim como os cuidados necessários para as
coleções. Isto posto, abrange os aspectos físicos, ou seja, condições ambientais, condições da
edificação, condições de guarda e exposição dos objetos e os aspectos organizacionais
envolvendo a missão da instituição. Este modelo evolui a partir de várias experiências
realizadas pelo GCI, que foi o pioneiro no desenvolvimento de uma estratégia de diagnóstico
para museus americanos, tendo a cooperação do National Institute for Conservation (NIC).
O resultado desse projeto foi um conjunto de diretrizes publicadas em 1990,
intituladas “Diagnóstico de Conservação: Uma ferramenta para Planejar, Implementar e
Arrecadar fundos” (GETTY, 1998).
Segundo este diagnóstico de conservação o objetivo é ajudar os museus a:
Avaliar as necessidades ambientais.
Identificar e definir prioridades relativas a situações problemáticas.
Estabelecer regimes apropriados de manutenção e gestão.
Implementar soluções técnicas sustentáveis e apropriadas quando seja necessário.
37
Esta mesma publicação enfatiza a inter-relação existente nos fatores de risco causados
pelo meio ambiente que podem afetar as coleções de museus quanto:
À sensibilidade inerente às coleções em função dos materiais, sua fabricação ou suas
condições.
Ao clima, tanto regional quanto local.
À resposta do edifício aos sistemas de climatização (se existirem) e às condições
climatológicas.
Às normas e procedimentos para a gestão das coleções e do edifício.
Aos desastres naturais.
Às ameaças antropogênicas.
Sendo que, a partir deste diagnóstico para conservação, é possível descrever:
As coleções.
O desempenho do edifício do museu.
Os riscos ambientais, além do uso das coleções e das instalações.
Os riscos das normas e práticas relacionadas com a gestão.
A metodologia para o diagnóstico de conservação apresentada nesta publicação do
GCI ressalta ainda as várias funções de um museu, abrangendo:
[...] uma extensa gama de questões ligadas à conservação que afetam as coleções e o edifício
do museu, além de levar em conta a missão, funções, atividades e recursos institucionais. Esta
metodologia ajudará a determinar os padrões e relacionamentos que existem entre a
organização da instituição, suas coleções, localização e estrutura, e condições ambientais
internas e externas (http://www.getty.edu/conservation /publications/ pdfpublications/assess
modelsp.pdf). Acesso em junho de 2005.
Segundo Getty (1998), nesta metodologia descrita, a equipe que fará o diagnóstico de
conservação deverá ser multidisciplinar, incluindo pelo menos um especialista em
conservação de coleções, um arquiteto e um funcionário do museu. A realização deste
diagnóstico de conservação envolve várias fases.
I. Primeira fase: preparação.
Nesta fase, será necessário o levantamento de todas as informações sobre a missão da
instituição, levantamento das características do edifício que abriga as coleções, tipo de
coleção, além de estabelecer qual a meta a ser atingida pela instituição com a realização de
um diagnóstico de conservação.
II. Segunda fase: coleta de informações.
Para esta fase será necessário examinar os vários aspectos ligados ao meio ambiente
do museu, tais como o macro-ambiente do museu, o edifício do museu, o ambiente interno e
38
as coleções. Este levantamento constituirá a base para análise e diagnóstico de problemas
existentes.
III. Terceira fase: análise conjunta e estratégias.
Nesta terceira fase, após a análise conjunta da equipe responsável pelo diagnóstico,
deverão ser questionadas as seguintes proposições:
a. A que tipo de risco as coleções estão expostas?
b. Que condições e fatores ambientais contribuem para a deterioração?
c. O que causa estas condições?
IV. Quarta fase: elaboração do relatório de diagnóstico.
Nesta fase, deverão ser apresentados, através de relatório, os dados de análises, as
estratégias recomendadas e as fases sugeridas para a implementação.
Conway (1997) afirma que:
[...] O gerenciamento de preservação envolve um progressivo processo reiterativo de
planejamento e implementação de atividades de prevenção (mantendo, por exemplo, um
ambiente estável, seguro e livre de perigos, assegurando a ação imediata em casos de desastres
e elaborando um programa sico de manutenção do nível das coleções) e renovação de
atividades (empreendendo tratamentos de conservação) [...]. (CONWAY, 1997, p.6).
Pode-se perceber a complexidade que existe na aplicação de uma adequada política de
preservação. A estrutura organizacional museológica deverá nortear os procedimentos
necessários para a preservação sem negligenciar, em nenhum momento, da interdependência
de suas partes (edifício, coleção e questões organizacionais), além de prever uma equipe
multidisciplinar e interdisciplinar. Sem este reconhecimento ficará muito difícil concretizar os
objetivos da conservação preventiva.
É notório que, em condições inadequadas, os danos para as coleções podem ser
irreversíveis. Desta forma, a ação da conservação preventiva e sua continuidade é ponto vital
para a permanência dos objetos, evitando restaurações futuras, que poderão comprometer
indícios de sua originalidade. Cassares (2000) enfatiza que a conservação preventiva pode
também envolver procedimentos indiretos nos objetos culturais que venham estabilizar ou
desacelerar os processos de degradação. Para Moreira (2002), o objetivo da conservação
preventiva deve ser o de assegurar a preservação de uma coleção ou de um objeto em
particular, aumentando a sua expectativa de vida útil.
A comunidade de pesquisadores da conservação preventiva enfatiza a importância da
ação contínua no cuidado com o acervo, conforme recomendação publicada pela UNESCO,
39
em que a conservação preventiva deverá ser uma atividade cotidiana desempenhada por todas
as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o acervo (UNESCO, 1988). Além disso,
envolve também a avaliação e a discussão sobre os diversos fatores que podem afetar a
conservação das coleções, estabelecendo diretrizes e metas que visem à estabilização dos
processos de degradação.
No que se refere à restauração dos bens culturais, o seu objetivo é recuperar a
integridade física do bem cultural. No artigo da Carta do Restauro, de 06 de abril de 1972,
entende-se por salvaguarda “qualquer medida de conservação que não implique intervenção
direta sobre a obra” (CARTA DO RESTAURO, 1972). Nesta mesma carta, a restauração é
conceituada como o processo de intervenção destinada a manter em funcionamento, a facilitar
a leitura e a transmitir integralmente ao futuro as obras e os objetos culturais, compreendidos
aqui os monumentos arquitetônicos, pinturas e esculturas, desde o período paleolítico, além
das expressões figurativas das culturas populares e da arte contemporânea, pertencentes a
qualquer pessoa ou instituição (http://www.iphan.gov.br/legislac/cartaspatrimoniais/
cartadorestauro-72.htm).
Nas últimas décadas, conservadores-restauradores m enfatizado a prática da
conservação preventiva à restauração propriamente dita (LORD, 1998, p.97). Toledo (2003)
adverte que de nada adianta restaurar uma obra se a mesma voltar a um ambiente inadequado,
pois, em breve, essa obra restaurada acabará, novamente, apresentando problemas de
degradação, devendo sofrer novas intervenções.
Queiroz et al. (2002) citam que, a partir do século XX, a conservação e a restauração
tomaram novo impulso, conquistando um tratamento científico e interdisciplinar, no qual o
conservador-restaurador deixa de lado o empirismo e investe na formação especializada,
consciente de que esta área exige uma ação interdisciplinar visando à preservação do
patrimônio cultural. A prioridade passa a ser a conservação preventiva, uma vez que não basta
somente intervir, mas sim aplicar todas as alternativas que venham garantir a correta
conservação e manutenção do bem cultural. Ressaltam ainda que esta nova maneira de pensar
a conservação-restauração, conservação preventiva, critérios de preservação e educação
patrimonial deve-se aos organismos internacionais tais como o International Center for the
Study of Cultural Property - ICCROM, o International Council of Museums ICOM,
International Council on Monuments and Sites - ICOMOS, Getty Conservation Institute, as
Cartas Patrimoniais, dentre outros.
40
2.4 AGENTES DE DETERIORAÇÃO
Diversos são os agentes de deterioração de acervos. Nesta seção, serão tratados os
relacionados às condições ambientais, tais como umidade e temperatura e seus respectivos
desdobramentos, quando em condições impróprias para o acervo.
2.4.1 Umidade e Temperatura
No espaço museológico, a evaporação da água contida no subsolo, nas paredes da
construção, respiração e transpiração do corpo humano, na limpeza com umidade, dentre
outros, deve ser considerada na avaliação do ambiente. Todo esse vapor d’água contido no ar
pode e deve ser mensurado. A origem da umidade no interior das edificações pode ainda
ocorrer a partir de infiltrações de água nos telhados, pelas paredes externas, umidade
ascendente do solo, condensação em paredes, além de umidade devido à presença de materiais
higroscópicos.
O ar recém transportado a seu interior pode ser considerado seco, úmido ou saturado.
A umidade de saturação do ar é a quantidade máxima de vapor d’água que o ar pode conter a
uma certa temperatura. É expressa, geralmente, em gramas de vapor d’água por kilograma de
ar (g/kg) (FOLMER-JOHNSON, 1965). Na Tabela 1, De Guichen (1984) apresenta, a título
de exemplo, que, para um mesmo volume de ar saturado, a quantidade de vapor d’água
aumenta conforme o aumento da temperatura.
TABELA 1 - RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE DE VAPOR D’ÁGUA COM A TEMPERATURA (ºC)
Temperatura (Cº) Volume de ar Valores arredondados
5 ºC 1m³ é saturado com 7g de vapor d’água
10 ºC 1m³ é saturado com 10 g de vapor d’água
20 ºC 1m³ é saturado com 18 g de vapor d’água
30 ºC 1m³ é saturado Com 31 g de vapor d’água
FONTE - De Guichen, (1984)
Segundo Costa, H. (1996), ao considerarmos o ar úmido saturado, o aumento da
temperatura o tornará úmido não saturado, se não for alterada a quantidade de água nele
contida. Da mesma forma, se ele for úmido não saturado, basta diminuir a temperatura para
que se torne saturado. O ponto de saturação do ar depende da temperatura ambiente e, na
condição de saturação, qualquer acréscimo de vapor d’água se condensará.
Através da carta psicrométrica é possível compreender melhor esta relação uma vez
que permite o conhecimento das condições de um determinado ambiente a partir de dois
41
dados. Em um determinado volume de ar, ocorre uma inter-relação entre a temperatura e
umidade relativa para a umidade absoluta fixa. Existe uma vasta bibliografia explicativa
quanto ao uso da carta psicrométrica. Thomson (1986), a título de exemplo, apresenta a carta
psicrométrica simplificada. Na abscissa, tem-se a temperatura de bulbo seco em (Cº), na
ordenada a umidade absoluta em g/ e curvas ascendentes correspondendo à umidade
relativa de 0% a 100%, sendo que as curvas são apresentadas de 10% em 10% (Gráfico 1).
GRÁFICO 1 - CARTA PSICROMÉTRICA SIMPLIFICADA
FONTE: THOMSON (1986)
Para Folmer-Johnson (1965), umidade relativa é o quociente da massa (m) de vapor de
água existente em certo volume de ar, pela massa (m
s
) de vapor de água que existiria no
mesmo volume de ar se estivesse saturado, à mesma temperatura. Assim, UR = m/m
s
A umidade relativa é apenas um parâmetro que vem representar o estado de saturação
do ar, não indicando, no entanto, a quantidade de vapor d’água no ar. Uma vez que o ponto de
saturação do ar depende somente da temperatura, podemos dizer, em termos relativos, que o
ar pode tornar-se “mais seco ou mais úmido”, dependendo da variação da temperatura.
Segundo Costa, H. (1996, p. 5), “a umidade relativa é, portanto, a relação entre certa
quantidade de vapor d’água existente e a quantidade máxima que esse ar pode conter, nas
42
mesmas condições de pressão e temperatura”. A umidade relativa é expressa em
porcentagem, portanto, quanto mais perto da saturação estiver o ar, mais a umidade relativa
estará próxima de 100%, isto é, o ar a 100% conterá toda a água possível.
Para os objetos de um acervo, a condensação é um dos fatores mais preocupantes, pois
apresenta riscos de degradação às coleções.
A Figura 1 mostra um exemplo de degradação no suporte em papel (manchas d’água)
em função da migração da condensação local ocorrida na parede para onde a gravura estava
acondicionada.
FIGURA 1 - EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO DO PAPEL
FONTE: Restauro & Papel (Curitiba PR)
Pode-se observar que a temperatura está relacionada com a umidade e, na conservação
de acervos, é necessário analisá-las em conjunto, uma vez que as mesmas poderão
desencadear processos de degradação nos materiais.
De Guichen (1984) alerta que a água condensada poderá, por capilaridade, penetrar
em determinados tipos de objetos, transportando microorganismos ou produtos químicos de
agentes poluidores. Portanto, é importante notar que se deve ter o devido cuidado não com
as salas dos museus, bibliotecas e arquivos, como também com as exposições itinerantes, que
normalmente ocorrem em outros espaços e até mesmo em outras localidades.
De acordo com Thomson (1986), existem três maneiras dos objetos sofrerem
alterações e, conseqüentemente, degradações, em função das variações e de condições
extremas de umidade relativa e temperatura, sendo estas as mudanças dimensionais, as
reações químicas e a deterioração biológica, que serão abordadas na seqüência.
43
2.4.2 Mudanças Dimensionais
Thomson (1986) adverte que as mudanças dimensionais ocorrem nos objetos
orgânicos e variam de acordo com o tipo do objeto.
Segundo Souza (1994), a composição química de obras de arte depende da tecnologia
utilizada em sua fabricação, podendo na sua constituição conter tanto materiais orgânicos
quanto inorgânicos. Ressalta ainda que, pelo simples fato dos objetos culturais serem
compostos por matéria, sua existência é influenciada pelo ambiente onde se encontram e que
os materiais orgânicos compõem-se de moléculas de compostos orgânicos, contendo átomos
de carbono em sua estrutura básica, sendo que a maioria destas moléculas também contém
oxigênio, nitrogênio, enxofre e hidrogênio. Estes materiais podem ser, por exemplo: papel,
pergaminho, têxteis, fibras vegetais e animais, madeira etc. São considerados materiais
higroscópicos, uma vez que absorvem e liberam umidade do ar.
Thomson (1986) assevera que os materiais absorventes de umidade se expandem em
umidade relativa elevada, conseqüentemente sofrendo deformações, deslocações em suas
partes, veios e rupturas de fibras. Em baixa umidade relativa, esses objetos sofrem contração.
Desta forma, possuem variadas porcentagens de umidade em sua estrutura. Desde que a
temperatura não chegue a níveis extremos, estes objetos interagem de maneira contínua com o
ambiente em que estão inseridos.
A umidade relativa do ambiente determinará a quantidade de água em materiais
orgânicos. Quando a umidade relativa aumenta, estes materiais absorvem mais água e, quando
diminui, eles liberam umidade para alcançar um equilíbrio com o meio circunvizinho. Esta
quantia de umidade de determinado material a certa umidade relativa é chamada Equilibrium
Moisture Content (EMC) - Conteúdo de Umidade de Equilíbrio (MICHALSKI, 1999).
Na pesquisa “A absorção de água através de materiais”, Padfield (1996) apresenta
isotermas de adsorção. No Gráfico 2, observa o mesmo autor que ocorre um aumento muito
significativo do conteúdo de umidade da celulose em razão da elevação da umidade relativa,
do que com a variação da temperatura propriamente dita. Ressalta Padfield (1996) que a
maioria dos materiais orgânicos têm um índice de umidade de equilíbrio e que é determinada
pela umidade relativa do ambiente, sendo somente influenciada ligeiramente pela
temperatura.
Como conseqüência, o teor de umidade existente em materiais orgânicos muda
continuamente em resposta às mudanças no ambiente.
44
GRÁFICO 2 - EXEMPLO DE UMA ISOTERMA DE ADSORÇÃO
FONTE: Padfield (1996)
Reilly (1997), ao se referir à quantidade de água na base do filme ou na gelatina,
observa que a quantidade de água presente é determinada pela umidade relativa de
armazenamento. Ressalta ainda o mesmo autor que, a temperatura não importa, pois o que
rege a quantidade de água que permanece no filme após alcançar o estado de equilíbrio é a
umidade relativa. Para Reilly (op.cit., p.23) “Sob baixa umidade relativa, haverá pouca água
absorvida pelo filme; sob alta umidade relativa, o ponto de equilíbrio vai mudar e o conteúdo
de umidade do filme será muito mais alto”. Mustardo & Kennedy (1997) enfatizam o
problema causado pela umidade em fotografias. Nas que são à base de gelatina, o efeito da
umidade relativa elevada será o inchamento e amolecimento de alguns aglutinantes, que
podem então aderir a qualquer superfície quando em contato, por exemplo, com fibras do
papel, invólucros de plástico, vidros protetores etc; níveis baixos de umidade relativa podem
causar deformação física. Segundo Souza (1994) uma tendência ao equilíbrio entre o
conteúdo de umidade dos objetos orgânicos e a umidade relativa do ambiente em que os
mesmos estão acondicionados ou expostos. Souza op cit. destaca que ao ocorrem variações
significativas de umidade relativa do ambiente, o material tenderá a se movimentar, alterando
assim o seu volume.
Mascarenhas (1996), em seu estudo sobre “As Variações Dimensionais nos Bens
Culturais em Madeira”, quando se refere à umidade, mostra que, após o corte de uma árvore,
ocorre uma redução da umidade, quando a mesma é deixada ao ar, e que, nesse processo de
dessorção de água, existe um ponto singular chamado umidade de saturação das fibras (µ =
45
30%). Ao avançar neste processo de dessorção, a umidade da madeira atingirá o equilíbrio
higroscópico, ou seja, a umidade de equilíbrio com a umidade relativa do ambiente. Caso a
madeira seja colocada em uma estufa à temperatura superior a 103 ºC, por exemplo, ocorrerá
o estado anidro, ou seja, µ = 0%. Mascarenhas também descreve o fenômeno de histerese
(Gráfico 3), que a madeira está sujeita em relação à sua umidade µ e à umidade relativa do ar,
ou seja:
[...] para uma determinada umidade relativa, a umidade da madeira será maior, se o processo
até aquele nível é de dessorção, do que quando o processo é de adsorção de água. Desse modo,
percebe-se que, para avaliar a umidade da madeira em função da umidade do ar, é importante
que se tenha o conhecimento de como a umidade variou antes de chegar ao ponto em que se
encontra (MASCARENHAS, 1996, p.363).
GRÁFICO 3 - EXEMPLO DE HISTERESE
FONTE: Mascarenhas (1996)
Mascarenhas (1996) ainda refere-se à retração da madeira. Quando a madeira atinge o
ponto de saturação das fibras (µ = 30%) e a umidade continua a se reduzir, a madeira sofrerá
variações dimensionais, diminuindo assim o seu volume. Caso a umidade volte a aumentar, as
dimensões da peça também aumentarão. Portanto, a retratibilidade é a movimentação da
madeira que provocará tanto o inchamento quanto o encolhimento, dependendo do ganho ou
perda de água abaixo do ponto de saturação das fibras.
Uma vez que ocorre esta tendência ao equilíbrio da umidade dos objetos com a do
ambiente em que estão inseridos, para evitar as mudanças dimensionais que poderiam
comprometer a sua integridade, é de fundamental importância procurar manter as condições
as mais estáveis possíveis, dentro dos limites estabelecidos pela conservação preventiva, sem
perder de vista a realidade climática local.
46
Segundo o Instituto Canadiense de Conservación (ICC), o marfim, por ser um
material altamente higroscópico, absorve e libera umidade, sendo muito sensível a variações
da umidade relativa. Da mesma forma, nas cestarias, variações da umidade relativa provocam
a expansão e a contração das fibras. Já o couro, em umidade relativa inferior a 30%, fica mais
rígido, menos maleável, tornando-se quebradiço e, quando acima de 65%, o crescimento de
microorganismos é estimulado, assim como a degradação hidrolítica de suas fibras (Instituto
Canadiense de Conservación, Notas del ICC 6/1 e 6/2, 1999 ).
Conforme as notas do ICC, os materiais inorgânicos como, por exemplo, o vidro e a
cerâmica são menos sensíveis aos extremos ou a variações da umidade quando se encontram
em bom estado de conservação. Entretanto, quando o vidro apresentar fissuras muito finas, a
umidade deverá ser a mais estável possível para evitar sua deterioração, e as temperaturas
extremas poderão causar expansão e contração, provocando rupturas e fendas.
2.4.3 Reações Químicas
Michalski (2003) relaciona três categorias de arquivo de registro com base na sua
estabilidade química (Tabela 2), menciona que a degradação química é acelerada a
temperaturas mais altas e, em menor grau, pelos níveis de umidade relativa.
TABELA 2 - ESTABILIDADE QUÍMICA DE MATÉRIAS DE ARQUIVO
Alta estabilidade química Média estabilidade química Baixa estabilidade química
Papel de trapo, pergaminho,
papéis alcalinos, a maioria das
Fotografias em preto e branco
de prata e gelatina etc.
Papéis pouco ácidos, a maioria
das Fotografias em preto e
branco de prata e gelatina etc.
Papéis muito ácidos, Fotografias
mal reveladas, a maioria das
Fotografias coloridas, materiais
magnéticos etc.
FONTE: Michalski (2003)
Para Ogden (1997), a água é fundamental para a formação de ácidos, mas adverte que,
quando ocorre um aumento da temperatura, a conseqüência é uma aceleração nos processos
de degradação.
Uma regra geral estabelece que as reações químicas dobram a cada elevação da temperatura
de 10
o
C. No caso especial da celulose, testes artificiais de envelhecimento indicam que a cada
aumento de 5
o
C quase dobra a taxa de deterioração, mesmo na ausência de luz, de poluentes e
de outros fatores (OGDEN, 1997, p.19).
Portanto, quanto mais alta a temperatura, maior será a velocidade das reações
químicas. No caso do papel, basicamente são duas as reações químicas que promovem a
degradação: a hidrólise e a oxidação.
47
Segundo Sebera (1997, p.11), quando se refere à deterioração da celulose, ressalta que
“A taxa de deterioração da celulose por hidrólise está diretamente relacionada ao teor de
umidade do papel, que, por sua vez, encontra-se diretamente relacionado ao percentual de
umidade relativa da atmosfera em que o papel se encontra”, ou seja, elevados índices de
umidade relativa do ambiente aumentam o teor de umidade do papel; conseqüentemente
aumenta também a taxa de deterioração pela hidrólise e mais rápida será a deterioração do
papel, diminuindo assim a sua permanência, conforme Reilly et al. (1997):
A velocidade desta reação, em condições de umidade constante, é governada pela temperatura
de forma previsível, segundo regras de cinética química bem estabelecidas. Contudo, esta
reação, denominada hidrólise (do grego, hidro = água e lysis = quebrar ou separar), é tal que
sua velocidade também depende da quantidade de umidade disponível. Em geral, o teor de
umidade de um material orgânico depende da umidade relativa da área de armazenamento e,
conseqüentemente, a taxa de degradação por hidrólise lhe é dependente (REILLY et al., 1997,
p.30).
Conforme Reilly et al. (1997), na ausência de umidade, a segunda reação mais rápida,
oxidação, predominará. Na oxidação, ocorre uma combinação do material orgânico com o
oxigênio do ar. Esta reação comparada à hidrólise é mais lenta.
A UNESCO (1988) afirma que a oxidação é uma transformação, sempre nociva, para
as substâncias orgânicas e inorgânicas devido a uma reação com o oxigênio do ar, resultando
num papel quebradiço com perda de resistência mecânica das fibras e amarelecimento
(Figuras 2 e 3).
FIGURA 2 - EXEMPLO DE PERIÓDICO. ANO 1930
FONTE: Restauro & Papel (Curitiba PR)
48
FIGURA 3 - EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO QUÍMICA EM MANUSCRITO
FONTE: Restauro & Papel (Curitiba PR)
Uma temperatura extremamente baixa poderá tornar quebradiços, por contração,
objetos cujos materiais sejam plásticos ou pinturas. As pinturas acrílicas, por exemplo,
tornam-se quebradiças com temperaturas abaixo de 5
o
C. Temperaturas extremamente altas
são prejudiciais aos materiais quimicamente autodestrutivos durante um período equivalente a
uma vida humana, tais como: o papel ácido, os filmes de nitrato e acetato, a celulose, os
objetos de goma etc. Para Outros materiais que sofrem com alta temperatura (30
o
C) são os
que contêm ceras ou resinas (MICHALSKI 1995).
Segundo Thomson (1986), os fenômenos decorrentes das reações químicas, quando
em função de elevada umidade, ocasionam oxidações, descoloração das tintas,
enfraquecimento dos têxteis. No entanto, é possível reduzir a velocidade desses processos se
houver um controle destas condições.
Existe uma relação direta e proporcional entre temperatura e umidade e a velocidade
da reação química. Este par, temperatura e umidade, determinará a velocidade de reação.
Recentemente, surgiu nos EUA um novo fator que relaciona a velocidade de degradação às
condições de umidade relativa e temperatura, chamado “Índice de Permanência” que será
tratado posteriormente.
Os objetos culturais constituídos por materiais inorgânicos, como por exemplo, pedra,
metais, vidros, cerâmicas e porcelana, também sofrem processos de degradação em condições
ambientais adversas. Os metais, por exemplo, em elevada umidade relativa apresentam
corrosão. De acordo com Michalski (1995), os valores de umidade relativa acima ou abaixo
49
do seu valor crítico afetam os minerais que se hidratam, desidratam ou que produzem
deliqüescências a uma determinada umidade relativa.
Outra questão que deve ser considerada é que muitos objetos culturais o compostos
por mais de um tipo de material, conforme apresentado na seção 2.4.2. Portanto, as condições
de umidade relativa devem ser cautelosamente definidas para evitar que os materiais sofram
com o excesso ou a falta de umidade relativa do ambiente.
Segundo Thomson (1986), o valor mínimo de umidade relativa escolhido para os
materiais absorventes de umidade (40 a 45%) deverá ser também o máximo para os objetos
metálicos instáveis. Índices elevados de umidade desencadeiam também a corrosão em
objetos de cobre, de bronze e de chumbo. Para Riedere (1986), a oxidação da prata também
ocorre em condições de umidade relativa elevada.
A limpeza dos espaços museológicos é fundamental. De acordo com o ICC, a poeira,
por exemplo, além de ser abrasiva, reage com a umidade do ar, acelerando também a
degradação química, sem contar que poderá servir de alimento a insetos e ao mofo (Instituto
Canadiense de Conservación, Notas del ICC 6/2, 1999).
A degradação química não afeta os objetos que se encontram em espaços fechados,
como museus, bibliotecas e arquivos, mas também os monumentos arquitetônicos, o
patrimônio natural e esculturas que se encontram ao ar livre em decorrência da chuva ácida.
Segundo The Global Ecology Handbook (1990), em várias partes do mundo temos exemplos
de degradação, como é o caso, por exemplo, das pedras do Partenon em Atenas, que se
dissolvem aos poucos, da arquitetura gótica da Catedral de Colônia na Alemanha, corroída
aos poucos, do Cristo Redentor no Rio de Janeiro etc.
2.4.4 Biodeterioração
As pesquisas sobre degradação biológica em museus, arquivos e bibliotecas, têm sido
consideradas essenciais para o desenvolvimento de novas alternativas que venham nortear
uma política de preservação em acervos, visando à estabilidade das coleções.
Segundo Valentin et al. (1997), o processo da biodeterioração implica alterações
física, química e mecânica dos materiais, sendo que o nível de deterioração dependerá do tipo
dos materiais e das condições ambientais nas quais os mesmos estão inseridos. Asseveram
ainda Valentin et al. (1998) que as taxas de renovação de ar mais elevadas reduzem a
proliferação de fungos e bactérias.
50
Reilly et al. (1997) afirmam que as formas biológicas de deterioração dividem-se em
três categorias principais: bactérias, fungos e insetos.
Price (1997) descreve a palavra “mofo” como um termo comum para o crescimento de
fungos, e aponta este como sendo uma das mais sérias fontes de danos em materiais de
arquivos, bibliotecas e museus.
Segundo Price (1997, p.21), “o mofo crescerá sobre qualquer material orgânico
hospedeiro que ofereça nutrientes apropriados, incluindo o papel, adesivos, couro, poeira e
sujidades fuliginosas”. Price (op. cit.) citam também que alguns tipos de mofo preferem
nutrientes como os amidos, gomas e gelatina. Estes nutrientes são considerados mais
digeríveis, podendo ser encontrados em encadernações de livros, colagens de papéis etc.
Outros mofos, por sua vez, atacam e digerem a celulose que compõe o papel, provocando,
além do enfraquecimento, alterações de cor irreversíveis. Estes processos são altamente
comprometedores tanto para os objetos quanto para a saúde dos funcionários e consulentes,
quando em contato com os mesmos.
O crescimento destes agentes depende de uma interação complexa entre a natureza dos
objetos da coleção, as condições de temperatura e de umidade relativa, higiene do ambiente e
outros fatores como luz, renovação do ar e prática de manutenção das instalações. Esses
fenômenos são acentuados pela interação com as fontes de nutrição, tais como os materiais de
origem orgânica como o couro e a celulose correlacionados com calor e umidade.
A Figura 4 mostra um exemplo de degradação por fungos nas folhas de um livro.
FIGURA 4 - EXEMPLO DE INFESTAÇÃO BIOLÓGICA EM PAPEL
FONTE: Restauro & Papel, (Curitiba PR)
fungos
51
A Figura 5 mostra um exemplo de infestação por insetos em livros.
FIGURA 5 - EXEMPLO DE INFESTAÇÃO BIOLÓGICA EM SUPORTE DE PAPEL
FONTE: Restauro & Papel, (Curitiba PR)
A proliferação de microorganismos que se encontram no ambiente em forma de
esporos é favorecida pela umidade relativa acima de 70% em conjunto com uma temperatura
superior a 22
o
C (VICENTE, 1998). Sendo que a umidade elevada do ambiente permite a
ativação biológica do esporo, mantendo todas as reações biológicas. Entretanto, faz-se
necessário advertir que muitos tipos de fungos poderão também se desenvolver em umidade
relativa bem mais baixa, em torno de 45%.
Quanto à temperatura, as espécies de fungos m preferências distintas, porém a
germinação só ocorre entre 0
o
C e 36
o
C, sendo 26
o
C a temperatura ideal (OGDEN, 1997).
Conforme Valentin (1997), os fungos desenvolvem-se facilmente em ph ácido entre 4-
6 e umidade relativa acima de 70% a uma temperatura entre 25 a 30˚C e as bactérias
desenvolvem-se geralmente a um pH de 7-8 a uma temperatura entre 25 e 38˚C. Portanto, esta
é uma questão fundamental a ser estudada: a relação entre o conteúdo de umidade existente
nos materiais e o crescimento de microrganismos, uma vez que muitas espécies de fungos ou
bactérias começam a desenvolver-se em função do conteúdo de umidade sobre a superfície de
um objeto.
Os fenômenos biológicos, responsáveis por ativações biológicas em todo material de
origem orgânica, são provenientes da falta de circulação e renovação do ar e, de umidade e
temperatura elevadas, sendo a umidade a base para o crescimento de microrganismos. Costa
(1982) enfatiza que a circulação e a renovação do ar têm como finalidade controlar a pureza e
52
o deslocamento do ar em recinto fechado, sendo que, dentro de certos limites, a renovação do
ar também poderá controlar a temperatura e a umidade do mesmo.
Para Ogden (1997), a circulação do ar deverá ser cautelosa e os materiais de papel
deverão estar devidamente protegidos, uma vez que a circulação do ar poderá espalhar os
esporos e o problema do mofo poderá ser agravado caso os esporos ativos estejam presentes e
sejam levados para outras superfícies.
Dependendo das condições ambientais de temperatura e umidade relativa, os esporos
podem tornar-se inativos, não prejudicando desta forma o acervo. Além disso, é necessário
manter a área de exposição e guarda a mais limpa possível e evitar a entrada de novas
colônias ativas através de objetos contaminados.
Os particulados como a poeira, as temperaturas e umidades elevadas e uma circulação
de ar insuficiente, propicia o crescimento do mofo. Porém, Price (1997, p.21) afirma que
“somente a umidade relativa elevada pode iniciar e sustentar o seu crescimento”, além disso,
quando a umidade está abaixo de 70% o mofo pára de crescer, tornando-se inativo ou
dormente.
Entretanto, os esporos inativos permanecerão sobre o material hospedeiro, podendo
tornar-se ativos quando a umidade elevar-se novamente.
As espécies mais comuns de mofo que atacam materiais de bibliotecas, arquivos,
trabalhos artísticos com suporte sobre papel, impressões fotográficas e negativos, germinam e
crescem quando a umidade relativa permanece por alguns dias em torno de 70-75%.
Como medida preventiva, recomenda então Price (1997), para o controle do mofo, que
a umidade relativa não deve exceder 55% e a temperatura seja constante e abaixo dos 21
o
C.
Conforme Thomson (1986), é possível evitar o desenvolvimento do mofo com uma
umidade relativa inferior a 70%.
Segundo a ASHRAE (1981), a máxima umidade relativa aceitável em ambiente de
guarda de acervos é de 75%, no entanto, diversos autores da microbiologia afirmam
atualmente que os microorganismos começam a proliferar-se com umidade relativa acima
de 65%.
Segundo o Canadian Conservation Institute (Notas del ICC 1/1, 1999), se a umidade
relativa for inferior a 65% e houver uma adequada circulação de ar, é pouco provável a
ativação de microorganismos. Quanto à temperatura do ambiente, o recomendado é mantê-la
abaixo
de 25
o
C. As recomendações sugeridas por este mesmo instituto para o controle
biológico são (Notas del ICC 1/1, 1999):
53
Observar continuamente as coleções, principalmente se a umidade relativa estiver
elevada.
Localizar os objetos que estejam afetados por fungos e isolar da área de exposição ou
guarda.
Verificar onde é a fonte de umidade do local e procurar eliminá-la.
Evitar a entrada de novas colônias ativas.
Evitar o armazenamento dos objetos diretamente contra a parede externa, uma vez que
poderão existir vazamentos, infiltrações e condensação.
Elevar as estantes e armários do chão para evitar contato com a umidade, manter a área de
exposição e guarda a mais limpa possível.
Orientar o pessoal da limpeza para evitar borrifar agentes de limpeza em artefatos.
Propiciar no espaço renovação do ar; a temperatura e a umidade deverão ser as mais
estáveis possíveis.
A temperatura deverá ser inferior a 25
o
C e a umidade relativa inferior a 65%.
A umidade é base também para o crescimento de microrganismos na pedra, no vidro e
até mesmo no bronze (RIEDERER,1986).
Em 1998, realizou-se na Reserva Técnica de Obras Raras da Biblioteca Pública do
Paraná um isolamento de fungos. A pesquisa foi conduzida pela Professora Vânia A. Vicente,
do Departamento de Patologia Básica da Universidade Federal do Paraná. Sob sua
coordenação, realizaram-se duas coletas nos meses de setembro e novembro em diferentes
áreas e local. Foram coletadas amostras de livros, revistas, jornais, estantes e amostras do ar.
Após o cultivo do material coletado, verificou-se a presença de uma diversidade de fungos
filamentosos com os seguintes resultados. A Tabela 3 apresenta os fungos isolados.
TABELA 3 - FUNGOS ISOLADOS DO ACERVO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ
MATERIAL
COLETADO
FUNGOS ISOLADOS DATA DA COLETA
Superfícies de jornais Cladosporium sp;
Trichoderma pseudokoningii;
Aspergillus oryzae
setembro de 1998
Capa de livros Penicillium sp; Verticillium sp setembro de 1998
Revistas Cladosporium sp;
Fusarium solani
setembro 1998
Estante Penicillium sp;
Cladosporium sp
setembro de 1998
Ar/ambiente Cladosporium e Penicillium setembro de 1998
Capa de livros Cladosporium sp;
Trichoderma sp
novembro de 1998
Revistas Humícola sp novembro de 1998
FONTE: Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Obras sobre Papel UFPR (1998)
O ambiente pesquisado, muito embora freqüentado por estudantes e funcionários, não
tinha nenhuma abertura de janelas que permitisse a renovação e a circulação de ar ou ar
54
condicionado. Este resultado enfatiza a necessidade de se buscar alternativas que venham
melhorar o ambiente onde os acervos estão acondicionados, além do devido cuidado com a
saúde que os consulentes devem ter quando em contato com acervos comprometidos por
infestação biológica.
Deve-se evidenciar, entretanto, que, mesmo quando as instituições utilizam sistemas
mecânicos, problemas também podem ocorrer.
Um exemplo em ambiente com ar condicionado, que desencadeou infestação
biológica, ocorreu no final de 1996, na Biblioteca de Manguinhos – Fundação Oswaldo Cruz,
localizada no Rio de Janeiro. Este incidente biológico provocou a interdição da biblioteca por
cinco meses.
Apesar de todos os cuidados com a conservação do acervo, em meados de 1996,
surgiram na biblioteca alguns focos de fungos e, no final de 1996, todo o acervo estava
comprometido, além das instalações físicas e dos equipamentos. Isto ocorreu em razão de
vários fatores. Além de ser verificado na época que o sistema de ar condicionado central não
estava mantendo as condições de temperatura e umidade relativa recomendadas, passando
então por reparos, foram apontadas como causa deste acelerado processo de infestação as
chuvas contínuas de verão e as altas umidades em conjunto com as altas temperaturas
registradas na cidade. Além disso, o ambiente permaneceu fechado por alguns dias em virtude
dos feriados de final de ano. Foi detectada pelo Departamento de Micologia/ IOP a presença
de Aspergillus e Penicillium, além de outros fungos. Segundo a empresa de consultoria
CONTROLBIO, a falta de ajustes do sistema de ar condicionado impossibilitou a temperatura
e a umidade relativa adequadas, sendo este apontado como o principal responsável pela
quebra do equilíbrio do ar interno. Foram verificados também problemas com infiltrações e
falta de renovação de ar (BORTOLLETO et al., 2002).
Quanto aos insetos, os ciclos de desenvolvimento ocorrem, também, em umidade
relativa elevada, entre 60 e 80%. Uma umidade relativa muito baixa pode ser um bom método
para o controle dos insetos, porém impossível de se levar na prática.
Segundo Ogden (1986), a temperatura entre 20 e 30
o
C é ótima para muitos tipos de
insetos.
As formas jovens de insetos é que desencadeiam danos irreversíveis através do
alimento encontrado nos acervos, tais como: a celulose e a cobertura do papel, o couro das
encadernações, as colas, amidos, tecidos, madeira etc.
55
O ciclo de desenvolvimento dos tipos mais freqüentes podem variar de um mês até
três anos. As condições ambientais, além dos tipos de alimentos disponíveis afetarão
diretamente este ciclo de desenvolvimento. A temperatura e a umidade relativa ideais para os
insetos variam de acordo com o inseto.
Na Tabela 4, de acordo com Halfon (1999), descreve-se o tipo de inseto, temperatura e
umidade relativa ideal e tipos de danos causado em acervos.
TABELA 4 - INSETOS QUE ATACAM ACERVOS
INSETO T
o
C UR(%) Danos
Traça ou tisanuro
Ordem Thysanura
16
o
C a 24
o
C 90% Alimentam-se de colas, provocando erosões
superficiais no papel, para tal acabam
danificando as capas dos livros e o papel
que o recobre para chegar aos adesivos que
estão na parte mais interna. Além disso,
alimentam-se de têxteis, tais como, rayon,
algodão e linho, plantas secas dos herbários
e exemplares entomológicos.
Cupim ou térmitas
Ordem Isoptera
26
o
C a 30
o
C 97% a 100% São responsáveis por grandes estragos em
substâncias vegetais, como madeira, papel,
têxteis, lãs, couro, pergaminho, osso e
marfim. Destroem o revestimento de cabos
elétricos e telefônicos, provocando curtos
circuitos. Pode provocar o desabamento de
forros e telhados, atacar portas, pisos e
rodapés, causando grandes prejuízos.
Besouro ou broca
Ordem Coleóptera
18 ºC a 28ºC 70% a 90 (%) As larvas dos besouros alimentam-se de
couro, pergaminho, adesivos, papel,
artefatos de madeira como mobílias e
molduras, osso, sementes, insetos de
coleções, lã, inclusive tapetes, condimentos,
fibras vegetais, etc.
Piolho de livro 25
ºC a
30 ºC
75% Alimentam-se dos fungos que se
desenvolvem sobre os substratos e no papel,
causando danos superficiais. Podem
produzir pequenos orifícios, ocorrendo
também em outros materiais, tais como as
coleções de insetos, os herbários,
mobiliários, estofados com fibras de linho,
cânhamo e juta.
Baratas – Ordem
Blattariae
25 ºC a 30ºC acima de 70% Produzem erosões superficiais e manchas
fortes nos substratos devido as suas fezes.
Alimentam-se preferencialmente de amido,
adesivos e colas naturais, materiais que
contenham proteína, couro e pergaminho,
fungos, têxteis e madeira.
FONTE: Tabela adaptada de HALFON (1999)
56
O recomendável para se evitar os processos de infestações é a realização de vistoria
biológica, controle adequado da temperatura e umidade relativa, limpeza e dificultar as
entradas mediante o emprego de filtros nos aparelhos de ar condicionado e telas nas janelas.
A Figura 6 mostra um exemplo de degradação biológica por insetos em estrutura de
madeira.
FIGURA 6 - EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA EM MADEIRA
FONTE: Denize Zanini
As condições ambientais locais propiciam uma certa adaptação por parte dos insetos,
formando assim grandes populações. Estas populações desencadeiam danos irreversíveis em
todos os objetos de origem orgânica. A identificação da presença do inseto e de qual tipo está
degradando o acervo poderá ser feita através dos sinais de sua presença.
Cientistas da conservação têm explorado diversas alternativas para o controle
biológico, descartando técnicas obsoletas, tais como o uso indiscriminado de pesticidas, que
vem comprometer não os materiais, mas também a saúde dos pesquisadores e dos
profissionais que trabalham diretamente com os acervos.
Valentin (1994) chama a atenção dos graves problemas de intoxicação, tanto para as
pessoas que aplicam quanto para os que manipulam os objetos tratados com a aplicação de
inseticidas e pesticidas. Valentin aponta também o controle de pragas por gases inertes, como
tratamento alternativo aos convencionais fumigantes. Acrescenta ainda que a aplicação de
sistemas de desinfestação através de método atóxicos permite a salvaguarda das normas
internacionais no que se refere à proteção do meio ambiente em relação ao uso indiscriminado
de pesticidas e inseticidas de alto risco.
57
Segundo Ogden (1997), o congelamento controlado tem sido utilizado nos últimos
quinze anos por várias instituições que relatam a sua eficiência para tratamento de livros,
entretanto, pesquisas sobre este método de controle ainda não estão concluídas. Pinturas,
acabamentos em laca, fotografias e marfim, não devem ser congelados, pois as camadas que
os constituem poderão se romper.
Halfon (1999) chama a atenção para a maneira de proceder, sendo necessário o uso de
congeladores adequados e embalagens apropriadas para os livros que passarão por este
processo. Além disso, continua Ogden (1997), a retirada do ar deverá ser o tanto quanto
possível, com o auxílio de uma bomba de sucção, para evitar a formação de cristais dentro da
embalagem, a qual deverá ser amarrada com cordões para impedir a entrada do ar, tendo o
devido cuidado na execução para evitar o risco de condensação dentro das embalagens. Muito
embora estes métodos não impeçam a reinfestação biológica, eles exterminam todas as fases
de desenvolvimento dos insetos, sem contar que não deixam resíduos químicos nas obras.
Este aspecto é positivo para as coleções e também para os usuários, após o tratamento
biológico.
Cabe lembrar que todo e qualquer procedimento que atue diretamente com o acervo
deverá ser realizado por especilistas na área, para evitar qualquer problema na execução que
venha a comprometer o acervo.
Halfon (1999) assevera a importância das medidas preventivas, tais como a vedação
de portas e janelas ou instalação de telas de proteção, pois os insetos são atraídos para o
interior, em que encontram alimento e locais escuros para se desenvolver sem serem
incomodados. Além disso, Halfon (1999) evidencia a importância em se eliminar os
problemas decorrentes da umidade na edificação, o controle ambiental e a substituição da
iluminação externa por lâmpadas de vapor de sódio, que são menos atrativas aos insetos.
Em climas quentes e úmidos, a proliferação dos insetos é muito maior, sendo
necessárias medidas preventivas. Portanto, é necessário destacar que as infestações biológicas
estão associadas às condições ambientais e que vistorias períódicas são fundamentais para se
evitar reinfestações.
Ambientes com renovação insuficiente do ar, higiene inadequada, sem vistoria
biológica constante, em conjunto com os altos índices de temperatura e umidade relativa são
ambiente favorável para o ataque dos insetos. Portanto, o grande desafio para evitar as
reinfestações são os procedimentos de rotina por parte de toda a equipe de trabalho envolvida
com o acervo.
58
Ressalta-se, novamente, que as condições inadequadas do ambiente desencadeiam
processos de degradação nos objetos e de maneira diversificada, sendo fundamental um
conjunto de ações para atender as necessidades do acervo.
2.5 VALORES DE REFERÊNCIA DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA
PARA PRESERVAÇÃO DE ACERVOS
A falta de padrões universais aceitos como parâmetros ambientais na conservação de
acervos foi um problema discutido por muitos anos. Um exemplo a ser citado são os
parâmetros usuais de umidade relativa, que, para o Brasil, eram os mesmos recomendados
para a Europa, entre 50-55%. No entanto, é importante considerar as diferenças climáticas de
cada região.
Para Souza (1994) são necessários ainda mais estudos quanto à estabilidade das
coleções face às condições climáticas diversas em que as mesmas estão inseridas.
Segundo o ICC, mesmo em se tratando de valores de referência de umidade relativa
para diversos tipos de materiais, na prática, determinadas condições o difíceis de alcançar
em muitos museus canadenses, devendo-se, portanto, ao menos manter os índices de
temperatura e umidade relativa os mais estáveis possíveis, evitando expor os objetos a
condições extremas e com rápidas variações (Instituto Canadiense de Conservación, Notas del
ICC 6/1, 1999).
É necessário considerar que os objetos tendem a se aclimatar ao local. O que se
observa são os processos de degradação quando as condições de temperatura e umidade
relativa se apresentam extremas e variáveis. Portanto, segundo Thomson (1986) é
imprescindível que se defina quais as condições necessárias e favoráveis de temperatura e
umidade relativa para os diversos tipos de objetos, limites máximos e nimos, para
posteriormente decidir quais são a temperatura e umidade relativa mais adequadas para cada
ambiente, evitando-se assim os problemas advindos da variação das mesmas.
Deve-se considerar que os objetos museológicos muitas vezes são constituídos de
materiais diversos, por exemplo, bengala confeccionada em madeira e metal, azulejo
acondicionado em suporte de madeira, livros em papel trapo com encadernação em couro,
indumentária com botões em metal etc.
Diante desta diversidade é preciso verificar quais as condições que serão mais
propícias ou não, dependendo da natureza de cada objeto, devendo permanecer uma
temperatura e uma umidade relativa que, neste caso, se adaptem aos diversos materiais. Sendo
59
assim, é importante evidenciar que somente através do monitoramento do ambiente em longo
prazo será possível determinar as condições climáticas internas (UNESCO, 1988).
Cabe lembrar que acima de 70% de umidade relativa e sem renovação adequada de ar,
o desenvolvimento do mofo será inevitável. Já em índices inferiores a 40% desencadeiam-se
nos materiais mudanças dimensionais tais como rupturas de fibras, aparecimento de fendas
etc. Neste caso, recomenda-se um mínimo de 45% de umidade relativa, devendo permanecer
o mais estável possível (THOMSON, 1986).
Conforme o ICC, para os objetos em marfim, osso, chifres etc, tanto em exposição
quanto em área de guarda, deve-se ter uma temperatura de até 25
o
C e uma umidade relativa
entre 45% e 55%. No caso de cestarias, a umidade relativa menor que 40% provoca
degradação e em condições acima de 60% estimula o crescimento do mofo (Instituto
Canadiense de Conservación. Notas del ICC 6/2,1999).
A Tabela 5 apresenta os valores de umidade relativa recomendáveis para cada
categoria de objeto, segundo De Guichen (1984, p.4).
TABELA 5 - UMIDADE RELATIVA RECOMENDÁVEL
Objetos inorgânicos metais, pedra e cerâmicas entre 0% e 45%
Objetos inorgânicos vidro sensível entre 42% e 45%
Objetos inorgânicos fósseis entre 45% e 55%
Objetos orgânicos madeira, papel, têxteis, marfim, couro,
pergaminho, pinturas, espécimes
naturais
entre 50% e 65%
Objetos provenientes de lugares
úmidos antes do tratamento
pedra, mosaicos, madeira, cerâmica a 100%
FONTE: De Guichen (1984)
Observa-se que o controle da umidade relativa tem sido um grande desafio para as
instituições, tanto no que se refere aos custos de instalações de sistemas, manutenção e
treinamento de pessoal, quanto à economia de energia.
De acordo com Porck & Teygeler (2001) uma opção seria controlar a umidade relativa
dentro de vitrines de exibição ao invés de controlar o espaço da sala inteira. É óbvio que esta
opção restringida para vitrines não deverá descurar também da conservação necessária e
possível de se realizar no seu ambiente de entorno.
Referindo-se aos ambientes climatizados, Michalski (1995) assevera que as flutuações
são prejudiciais para a maioria das coleções de museus e, especialmente, àquelas que
passaram recentemente pelo processo da restauração.
60
Ogden (1997) afirma que, na conservação de obras sobre papel, a temperatura e a
umidade relativa devem ser moderadas, não devendo variar mais que 2
o
C para a temperatura
e 3% para a umidade relativa em qualquer período de 24 horas, sendo que 2% de flutuação
para a umidade relativa ainda seria o preferível.
No entanto, os padrões aceitáveis de temperatura e umidade relativa foram reavaliados
nos últimos anos. Geralmente eram consideradas condições ótimas flutuações mínimas de
temperatura (± 2º em 24 horas) e umidade relativa (± 3 – 5% em 24 horas).
Segundo Michalski (2003) atualmente os valores adotados dependerão do tipo
específico do material. Entretanto, para se obter parâmetros estáveis com baixas flutuações, é
necessário o uso contínuo de equipamentos que permitam atingir a finalidade em manter a
temperatura e umidade relativa do ar em níveis constantes e moderados.
Michalski (2003) lembra que a instalação e manutenção de sistemas HVAC
(aquecimento, ventilação e sistemas de ar condicionado) são dispendiosas e, dependendo das
características da edificação e das especificações do projeto HVAC, poderá ser difícil chegar-
se aos valores de referência durante o ano.
Ogden (1997) alerta que o equipamento de climatização não deverá ser desligado ou
os ajustes do termostato alterados em hipótese nenhuma, mesmo se as salas estiverem
desocupadas.
Em 1999, Stefan Michalski fez parte de um comitê técnico para escrever um capítulo
do manual da ASHRAE (American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning
Engineers) que focalizasse especificamente museus, bibliotecas e arquivos. Um novo sistema
para definir padrões ambientais foi apresentado no Capítulo 20 deste manual. Este capítulo
destinou-se principalmente para instituições que consideram uma edificação nova ou um
sistema HVAC. São descritos os riscos e os benefícios para as cinco principais classes de
controle (AA, A, B, C, D). Sendo que, para cada classe os níveis de controle variam desde
“AA” com precisão de controle a 50% ± 5% para a umidade relativa e temperatura entre 15
25 ºC ± 2 ºC, até a classe “D” no qual a umidade relativa deverá ficar abaixo de 75%.
Desta forma, o que este sistema pretende é identificar os níveis de risco no que
concerne aos danos mecânicos e químicos, mantendo o ambiente de armazenamento nos
níveis “B”, “C” ou “D” (MICHALSKI, 2003).
Para interpretar esta reavaliação dos padrões ambientais e o seu significado em termos
práticos, Michalski (2003) recomenda:
61
Um ambiente mais fresco e seco é benéfico para toda a coleção.
Para uma coleção de materiais diferentes, arquivada em uma única área de
armazenamento (com estabilidade química alta, média e baixa, e estabilidade mecânica
variável) os itens mais fracos (materiais magnéticos) definem os requisitos de
armazenamento. Portanto, quanto mais fresco e seco o ambiente, melhor, sem descer a
temperatura de câmara fria. Um bom meio termo para uma coleção mista seria 45% ±
10% de umidade relativa e uma temperatura entre 18 ºC e 20 ºC.
A temperatura poderia ser mais baixa desde que a umidade relativa seja mantida em 45%.
Para a maioria dos arquivos pequenos com um ou dois espaços para arquivamento, o uso
de umidificadores e desumidificadores portáteis é uma opção de baixo custo, para criar e
manter 45% ± 10% e 18 ºC a 20 ºC.
Conservação em câmaras frias é o único método que assegura o aproveitamento de
registros com estabilidade química média a baixa, tais como negativos de acetato de
celulose, nitrato de celulose e a maioria das Fotografias coloridas.
As caixas de arquivos confeccionadas dentro das recomendações da conservação
preventiva podem propiciar um micro clima que minimize as variações da umidade
relativa externa dentro das caixas.
A Tabela 6 apresenta a deterioração em função de flutuações e de condições de
elevada umidade :
TABELA 6 - DETERIORAÇÃO EM FUNÇÃO DA UMIDADE RELATIVA
Condições Fenômenos
Umidade alta e constante,
geralmente superior a 75%
de umidade relativa
Umidade baixa e constante,
geralmente abaixo de 35%
de umidade relativa.
Variações do grau de
umidade, particularmente
capaz de causar danos com
flutuações de 5% de
umidade relativa em uma
hora ou menos.
Formação de mofos e manchas de umidade no papel, pergaminho,
couro e outros materiais de origem orgânica. Amolecimento das
matérias celulósicas e de tipos protéicos, resultando uma manipulação
difícil. Corrosão dos metais ferrosos e ligas de cobre (propagação
possível do mal do bronze). Movimento de sais (eflorescência) ao
interior da pedra e da cerâmica, opacidade do vidro velho.
Variações de tensão e expansão dimensional de objetos em matéria
celulósica ou protéicas e dos objetos em osso.
Condensação superficial por resultados de deterioração através da
água.
Dessecamento e friabilidade dos objetos em matéria celulósica ou
protéica e dos objetos em osso, com redução dimensional e variações
de tensão, resultando em manipulação perigosa.
Expansão e contração de materiais sensíveis à umidade causados por
fadiga, por exemplo: fendas de suportes, empenamento, levantamento
e lacunas na pintura ou na decoração.
Movimento de sais para a superfície ou no interior da cerâmica e
pedra, com rupturas na estrutura e no motivo artístico.
Condensação e umidade na superfície em certas condições de
temperatura ambiente (quando o ponto de orvalho é alcançado),
provocando deteriorações através da água.
FONTE: La conservation des oeuvres d’art pendant leur transport et leur exposition
62
Segundo Michalski (1993), é importante entender que as variações da umidade
relativa e da temperatura deveriam ser lentas e graduais, durante semanas e meses.
O monitoramento do ambiente deverá ser contínuo mesmo com a instalação de
equipamentos de climatização. A estabilidade da temperatura e da umidade relativa apresenta-
se como ponto fundamental para a conservação das coleções, desde que dentro dos
parâmetros recomendados pela conservação preventiva. No entanto, novas pesquisas foram
realizadas, em que é possível estabelecer pares apropriados de temperatura e umidade relativa
sem comprometer obras sobre papel (SEBERA,1997), da mesma forma a pesquisa de Reilly
(1997) sobre o Índice de Permanência e o Índice de Efeito Tempo de Preservação, onde está
suposto que a temperatura e a umidade atuam em conjunto, acelerando ou reduzindo a
deterioração química dos materiais orgânicos.
2.6 NOVAS FERRAMENTAS PARA PRESERVAÇÃO
2.6.1 Isopermas
Sebera (1997) relata que a perda da resistência do papel através da degradação
quimicamente induzida aumenta com a elevação de temperatura e da umidade e que a redução
da taxa de deterioração química ocorre com a diminuição da temperatura ou do teor de
umidade do papel, ou de ambos, aumentando assim a permanência do papel.
O método das isopermas, desenvolvido por Sebera (1997), permite quantificar o efeito
dos fatores ambientais de temperatura e umidade sob a perspectiva de vida útil prevista para
coleções em suporte de papel. Com modificações apropriadas, este método poderá ser
aplicado a outros materiais higroscópicos, tais como têxteis e pergaminhos. Para a
conservação de filmes negativos, o método das isopermas já foi aplicado. Este método
pressupõe que a influência da temperatura e da umidade relativa circundante na taxa de
deterioração de materiais higroscópicos, como o papel, está diretamente relacionada à perda
de sua resistência.
Ainda que a deterioração do papel ocorra em função de vários fatores, o método das
isopermas limita-se à perda de resistência associada às reações químicas de hidrólise e de
oxidação da celulose, as quais correspondem a 90% dos mecanismos de deterioração do
papel. Neste caso, são empregadas taxas relativas de degradação da celulose, baseando-se nos
efeitos combinados de temperatura e umidade relativa. Os resultados são apresentados em
forma gráfica facilitando assim o seu uso. Sebera (op. cit.) exemplifica da seguinte forma:
63
Considere um papel em equilíbrio com condições iniciais quaisquer de temperatura e umidade
relativa, que determinam sua taxa de deterioração e sua permanência. Vamos agora aumentar a
umidade relativa para um valor superior; se a temperatura permanecer inalterada, a taxa de
deterioração aumentará. Contudo, se nós reduzirmos a temperatura pela quantidade exata, o
decréscimo da taxa de deterioração induzida pela temperatura resultante compensará
exatamente o aumento induzido pela umidade relativa, de forma que a taxa global de
deterioração (e a permanência) mantém-se inalterada, igual àquela sob as condições
ambientais iniciais (SEBERA, 1997, p.7).
Com isso, é possível estabelecer um conjunto de pares de temperatura e umidade
relativa associados a um mesmo valor de permanência e, quando esses pares são plotados em
forma de gráfico, geram uma linha de permanência constante (isopermanência), definida
como uma isoperma.
O Gráfico 4 mostra uma isoperma, em que o valor da permanência do papel a 20ºC e
50% de umidade relativa é fixado com um valor igual a 1,00.
GRÁFICO 4 - CONSTRUÇÃO DE UMA ISOPERMA
FONTE: Sebera (1994)
O gráfico mostra também outras condições de temperatura e umidade relativa, que
determinam o valor de permanência igual a 1,00, originado através de cálculos. Observa-se
também no Gráfico 4 uma umidade relativa de 30% e 22 ºC de temperatura correspondendo a
uma isoperma igual a 1,00. Para Sebera (1997), os pontos correspondentes foram unidos para
64
gerar uma isoperma de valor igual a 1,00. Valores [relativos] de permanência a 50% e a várias
temperaturas são também mostrados. Se um papel sob as condições de 20 ºC e 50% de
umidade relativa possui uma expectativa de vida de 45 anos, por exemplo, ele terá a mesma
permanência sob quaisquer pares de temperatura e umidade relativa ao longo da linha da
isoperma de valor 1,00.
O Gráfico 4 também apresenta a temperatura (a 50% de umidade relativa)
correspondendo a outros valores de permanência, maiores e menores. Se, este mesmo papel
citado no exemplo estivesse nas condições de 12,2 ºC e 50% de umidade relativa,
corresponderia a isoperma de valor igual a 5. Isso indicaria um fator de correção 5 vezes
maior que a isoperma de valor igual a 1,00. Observa-se um aumento significativo na
expectativa de vida quando ocorre a diminuição da temperatura. Com isso, este papel com
expectativa de vida de 45 anos precisaria de 225 anos para atingir o mesmo estado de
deterioração. O inverso também ocorre: se a condição de temperatura fosse 25,6 ºC e 50% de
umidade relativa, a isoperma correspondente seria de valor igual a 0,33. Isso significa que este
papel com expectativa de vida de 45 anos levaria apenas 15 anos para alcançar o mesmo
estado de deterioração (Gráfico 5).
GRÁFICO 5 – EXEMPLO DE ISOPERMA
FONTE: Pesquisa
65
O Gráfico 6 representa o diagrama de isopermas de percentual de umidade relativa
versus temperatura, nos quais apresentam as condições ambientais inadequadas para o papel.
Acima de 65% de umidade relativa ocorre o desenvolvimento do mofo e o surgimento de
foxing
7
, abaixo de 20% de umidade relativa, provoca a redução da flexibilidade do papel.
GRÁFICO 6 - DIAGRAMA DE ISOPERMAS
FONTE: (SEBERA, 1997)
Conforme Sebera (1997), engenheiros de sistemas de climatização, arquitetos e a
Ocupational Safety and Health Administration (Administração de Segurança e Saúde
Ocupacional), OSHA (USA), definiram as condições de temperatura e umidade relativa, que
proporcionam conforto e segurança aceitáveis para pessoas que trabalham em edifícios.
Tal faixa permite às bibliotecas e arquivos, dotados de bons sistemas de controle
ambiental, selecionar e manter condições específicas dentro destes limites.
7
Foxing (fungo-oxidação) Considerado, por alguns, uma infecção fúngica que resulta de uma
reação química entre os sais ferrosos do papel com alguns ácidos orgânicos produzidos pelos fungos
(ROSENFIELD, 1997, p.60).
66
O Gráfico 7 mostra a área rotulada de zona de conforto humano.
GRÁFICO 7 - DIAGRAMA DE ISOPERMAS
FONTE: Sebera (1997)
O Diagrama mostra condições ambientais em que a deterioração é tão rápida
que a permanência do papel passa a ser de, no máximo, ¼ do exemplo dado
para as condições de 20 ºC e 50% de umidade relativa. Apresenta também
valores de permanência relativa associada às condições ambientais,
relacionadas à zona de conforto humano (SEBERA, 1997, p17)
O método das isopermas apresentado por Sebera é uma alternativa possível de ser
utilizada também em ambientes não climatizados para avaliar o estado de preservação da
coleção e determinar quais as modificações necessárias para melhorar este estado.
O monitoramento do ambiente é indispensável. “Se os dados de temperatura e
umidade relativa forem transferidos para um diagrama de isopermas (mesmo à medida em que
estiverem sendo coletados), poderão ser obtidos padrões de comportamento dos valores de
permanência” (SEBERA, 1997, p. 24). Além disso, o uso deste método em ambientes
climatizados é de grande valia para se determinar os valores e os ajustes necessários visando à
permanência do acervo.
67
2.6.2 Índice de Preservação e Índice de Efeito Tempo para a Preservação
O conceito do Índice de Preservação (IP) foi introduzido em 1995 pelo Image
Permanence Institute (IPI), para expressar a qualidade de preservação de ambientes de
armazenamento para materiais orgânicos.
Conforme Reilly et al. (1997), o Índice de Preservação (IP) e o Índice do Efeito
Tempo para Preservação (IETP) são determinados a partir da temperatura e umidade relativa,
ambientes.
O IP mostra como a temperatura e umidade relativa afetam a taxa de degradação
química de materiais orgânicos. A base técnica para o conceito do IP parte de três escolhas a
se fazer para a criação do modelo do IP: energia de ativação (dependência da temperatura),
valores de tempo e dependência da umidade relativa. Este índice, expresso em anos, permite
quantificar a qualidade das condições ambientais de armazenamento e fornecer o tempo após
o qual materiais orgânicos, tais como papéis de baixa qualidade, fotografias coloridas, fitas
magnéticas e adesivos de encadernações tornar-se-iam muito deteriorados, se a temperatura e
a umidade relativa não variassem a partir do momento da medição.
No conceito do IP está suposto que a temperatura e a umidade atuam em conjunto,
acelerando ou reduzindo a deterioração química dos materiais orgânicos.
Segundo Reilly (1997) este modelo é baseado em materiais que se tornam
deterioráveis em menos de cinqüenta anos em condições ambientais internas médias, sendo
que pode ser aplicado também para materiais mais estáveis.
O IP não é produzido com a intenção de predizer a vida útil de qualquer objeto particular. Ele
é simplesmente uma medida conveniente do efeito das condições ambientais existentes sobre a
expectativa de vida global da coleção, utilizando como referência materiais com expectativa
de vida mais curta (REILLY et al., 1997, p.7).
Portanto, os valores de IP representam aproximadamente quanto tempo um material
orgânico instável duraria sob combinações variadas de temperatura e umidade relativa, sendo
que esta margem de duração é o tempo necessário para que o material torne-se visivelmente
deteriorado, sem que com isso o material orgânico esteja totalmente destruído.
A Tabela 7 de definição de IP, de Reilly, apresentada a seguir é um subconjunto
selecionado da extensa tabela de definição. Os valores de IP que se encontram na parte
principal da tabela correspondem cada qual a uma temperatura e umidade relativa.
68
A tabela completa abrange temperaturas de – 40 ºC a 66 ºC e umidades relativas de 5 a
95% contendo um total de 17.381 combinações distintas de temperatura e umidade relativa.
Esta tabela é útil no planejamento de um novo ambiente de armazenamento, além de ilustrar o
impacto das condições frias e secas sobre a expectativa de “vida” dos materiais,
inerentemente instáveis, das coleções. Também apresenta valores equivalentes de
permanência, a partir de uma série de combinações de temperatura e umidade distintas.
Para Reilly et al. (1997, p.14), “o objetivo de se estender a vida útil a um custo
mínimo é muito mais facilmente alcançável quando se pode negociar valores de temperatura e
umidade em função de um proveito máximo”.
TABELA 7 - DEFINIÇÃO DE VALORES DE IP, SUBCONJUNTO SELECIONADO DA TABELA
DE DEFINIÇÃO COMPLETA
FONTE: REILLY et al., (1997)
Conforme mostrado na Tabela 7, os valores de IP são determinados através de uma
combinação de temperatura e umidade relativa. Observa-se que os valores do IP são elevados
quando a temperatura e umidade relativa apresentam-se em condições extremamente frias e
secas, contrapondo-se com IP em valores mais baixos quando em condições mais quentes e
úmidas.
Para Reilly (1997), uma vez que o IP avalia o impacto de condições constantes e não
variáveis de temperatura e umidade relativa sobre a taxa de deterioração química em coleções,
69
o índice de efeito-tempo para a preservação (IETP) estima o efeito cumulativo ao longo do
período de monitoramento, das condições variáveis de temperatura e umidade relativa, sobre
esta taxa de deterioração química em coleções.
O IETP é uma média das alterações de valores do IP com o passar do tempo. Se os valores do
IP são obtidos a intervalos de tempo regulares, um cálculo recursivo relativamente simples
(que é repetido continuamente com novos dados) pode produzir um único número, que
expressa precisamente a taxa de deterioração média para o período de tempo investigado. Este
número é o IETP (REILLY et al., 1997, p.12).
Segundo Reilly, para a obtenção do IETP não basta a média aritmética simples dos
valores do IP; deve-se levar em consideração que “o período de tempo sob más condições
reduz a expectativa de vida da coleção em extensão muito maior que o tempo passado sob
condições boas “.
Douglas Nishimura, citado por Reilly (1997), elaborou uma equação para calcular
recursivamente o IETP, o qual, após os dados de cada intervalo estarem disponíveis, atualiza-
se a média sem a necessidade de se armazenarem e somarem os dados de todos os intervalos
anteriores. Se todos os intervalos m a mesma duração, o IETP poderá ser calculado através
da seguinte equação (1):
( )
1
1
1
+
=
nn
nn
n
IETPnIP
IPnIETP
IETP
..........................................
(
)
1Eq
sendo:
n = número total de intervalos de tempo
IETP
n-1
= IETP após o intervalo de tempo n-1
IP
n
= IP medido em “n”de intervalo de tempo
O IETP é uma ferramenta indispensável para se avaliar o impacto que a temperatura e
umidade relativa inadequadas têm sobre o tempo de vida química de materiais de origem
orgânica. É importante evidenciar que o monitoramento deverá ser abrangente por um período
mínimo de um ano, quando o ambiente experimenta variações sazonais, para então ser
possível caracterizar adequadamente o IETP.
70
Correa (2003) avaliou o IP na reserva técnica do Museu Universitário Professor
Oswaldo Rodrigues Cabral, localizado na cidade de Florianópolis, durante o período de
monitoramento, compreendido entre fevereiro de 2003 e março de 2004. Verificou em sua
pesquisa que os melhores IP foram justamente os que obtiveram temperaturas mais baixas.
Assevera ainda que o ideal seria diminuir os valores e as amplitudes de temperatura e
umidade relativa para se terem ambientes mais estáveis e com maiores índices de preservação.
2.6.3 Melhoria das Condições Ambientais em Museus por Insuflamento de Ar
No ano de 2001, iniciou-se uma pesquisa experimental no Laboratório de Meios
Porosos do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC, em conjunto com o Ministério da Cultura, através da bolsa Virtuose (CARVALHO,
2001). Esta pesquisa foi orientada pelo Prof. Dr. Saulo Güths. A proposta inicial era a
realização do monitoramento do ambiente e a instalação de um sistema de insuflamento de ar
no Museu Vítor Meirelles, localizado em Florianópolis – SC.
No entanto, foi verificado que a estrutura física do Museu Vítor Meirelles não
suportaria a instalação de equipamentos que realizassem o insuflamento de ar, sendo possível
apenas o monitoramento do ambiente.
A proposta de insuflamento de ar foi transferida para a reserva técnica do Museu
Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, localizado na cidade de Florianópolis - SC.
Inicialmente, foi instalado nesta reserva técnica o Sistema de Gerenciamento Ambiental
(CLIMUS) para o devido monitoramento do ambiente. Este sistema, além de monitorar as
condições de temperatura e umidade relativa interna e externa, também foi programado para
acionar o sistema de insuflamento de ar que seria instalado na reserva técnica.
O objetivo foi avaliar, a partir do insuflamento de ar externo para o interior da reserva
técnica, a estabilidade e a redução da temperatura e umidade relativa internas (CARVALHO,
2001).
Em se tratando da conservação preventiva e sendo a umidade relativa uma das
variáveis mais preocupantes no que tange à conservação de acervos, o critério para
acionamento do sistema foi pensado a princípio em torno da umidade relativa, ou seja, quando
a umidade relativa externa estivesse mais baixa que a umidade relativa interna, o sistema
poderia ser acionado. Foi verificado que, para estas condições, o sistema seria acionado
durante o período diurno. Entretanto, a umidade absoluta externa aumenta durante o período
diurno, como conseqüência da evaporação, sofrendo uma redução durante o período noturno,
71
em função da condensação. Se o sistema fosse acionado no período diurno, haveria um
acréscimo da umidade absoluta interna, conseqüentemente, com a queda da temperatura no
período noturno, haveria um aumento da umidade relativa interna (Gráficos 8 e 9).
GRÁFICO 8 - TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA INTERNA E EXTERNA EM DIAS DE
VERÃO ENSOLARADO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
15 15.5 16 16.5 17 17.5 18 18.5 19 19.5 20
dia do mês
valor
UR Externa
UR Interna
Temp. Interna
Temp. Externa
acionamento ventilador
FONTE: GÜTHS et al., (2002)
72
GRÁFICO 9 - UMIDADE ABSOLUTA INTERNA E EXTERNA EM DIAS DE VERÃO
ENSOLARADO
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
15 15.5 16 16.5 17 17.5 18 18.5 19 19.5 20
dia do mês
umidade absoluta (g/Kq ar seco)
Umidade Absoluta Externa
Umidade Absoluta Interna
acionamento ventilador
(critério umidade relativa)
FONTE: GÜTHS et al., (2002)
Verificou-se então que somente o critério “umidade relativa externa versus interna”
seria insuficiente para o critério de acionamento a ser adotado. Chegou-se à conclusão que,
para este caso analisado, poderia ser viável o insuflamento noturno com reaquecimento, ou
seja, o meio exterior seria responsável pela condensação e um módulo aquecedor promoveria
a redução da umidade relativa durante o insuflamento. (GÜTHS et al., 2002) constataram
nesta pesquisa que o sistema de insuflamento pode reduzir a umidade relativa do ambiente,
entretanto é incapaz de manter durante todo o período índices abaixo dos recomendados pela
conservação preventiva.
Em continuidade às análises das condições ambientais para insuflamento de ar na
reserva técnica do Museu Prof. Oswaldo Rodrigues Cabral, Corrêa (2003), em sua dissertação
de mestrado, fez várias correlações avaliando a ocorrência simultânea das condições ideais
entre a temperatura e umidade relativa externa e interna, para posteriormente avaliar quais as
condições mais favoráveis ao insuflamento de ar. Durante estas análises, foi observado que
haveria dificuldade de se conciliar as temperaturas e umidades relativas ideais, tendo em vista
o comportamento inversamente proporcional da umidade relativa e da temperatura, ou seja, o
aumento da temperatura e a diminuição da umidade relativa e vice-versa. Após estas
73
correlações, Corrêa (op. cit.) indicou algumas das estratégias passíveis de serem utilizadas e
respectivas percentagens de tempo de utilização. As estratégias seriam: insuflamento para
resfriamento, para aquecimento e para umidificação, desumidificação, aquecimento artificial e
refrigeração. Considerou também a possibilidade de nenhum dia de acionamento do sistema
de insuflamento. Corrêa (op. cit.) também verificou que a umidade absoluta era inversamente
proporcional à elevação do índice de permanência (IP), sendo que este índice subia
consideravelmente com o decréscimo da temperatura. Desta forma, avaliou os seguintes
critérios para acionamento do sistema de insuflamento de ar, sendo:
1. Critério: W externa W interna e UR externa < 75% em [g/m³] e [%]
2. Critério: W externa W interna, UR < 75% e T externa < T interna em [g/m³], em [%]
e [Cº]
3. Critério: UR externa < 75% e T externa < T interna em [%] e [Cº]
4. Critério: UR interna 75% e IP externo IP interno em [%] e [anos]
5. Critério: UR interna 75%, IP externo IP interno e T externa < T interna em [%],
[anos] e [Cº]
Para o primeiro critério, Corrêa (op. cit.) observou que, ao insuflar o ar somente com
os parâmetros umidade absoluta e umidade relativa, se estaria insuflando uma temperatura
acima de 30 ºC
8
; o que não ocorre com o segundo critério, pelo fato de incluir a temperatura
externa inferior à temperatura interna. Comparando-se o segundo e o terceiro critério, foi
verificado ser o último o mais eficiente, que exclui a variável umidade absoluta. Na avaliação
do quarto critério, ocorre o mesmo problema do primeiro, ou seja, correr-se-ia o risco de
insuflar ar externo com temperaturas acima de 30°C. O quinto critério foi considerado por
Corrêa (op. cit.) o mais eficiente; comparativamente, assemelha-se ao terceiro.
É importante evidenciar que o experimento realizado por Corrêa (2003) é pontual,
uma vez que analisou somente a reserva técnica do Museu Universitário, considerando as
características construtivas do museu estudado e também as condições climáticas para a
cidade de Florianópolis.
Muito embora o experimento de Corrêa tenha descartado o critério “umidade
absolutapara acionamento do sistema de insuflamento de ar, na presente pesquisa optou-se
por considerá-la, uma vez que no estudo realizado por Güths et al. (2002), descrito no início
8
Condições verificadas em Florianópolis durante o período de monitoramento.
74
desta seção, verificaram que somente o critério “umidade relativa externa versus interna” seria
insuficiente como critério de acionamento de insuflamento de ar para conservação de acervos,
devendo analisar também a umidade absoluta.
CAPÍTULO 3 MATERIAIS E MÉTODO
Neste capítulo serão abordados os materiais e a metodologia utilizada para o
desenvolvimento da análise das condições ambientais em espaços museológicos e as possíveis
alternativas para minimização dos problemas decorrentes do ambiente inadequado.
No que se refere aos materiais, será apresentado o Sistema de Gerenciamento
Ambiental CLIMUS. Este instrumento, utilizado em várias instituições brasileiras desde o
ano de 1998, tem a função de monitorar as condições ambientais internas e externas de
espaços museológicos. Discorre-se, na continuidade da pesquisa, a metodologia de análise de
condições ambientais por meio de equações preditivas e suas aplicações. Na seqüência são
descritos os espaços museológicos escolhidos para análise, com suas respectivas
características construtivas e funcionais.
3.1 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL – CLIMUS
O Sistema de Gerenciamento Ambiental CLIMUS (Figura 7), foi desenvolvido no
Laboratório de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas de Materiais (LMPT),
Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. O LMPT
vem participando em conjunto com laboratórios do Departamento de Engenharia Civil e
Arquitetura na área de análise térmica de edificações e conforto humano, além do
desenvolvimento da instrumentação.
FIGURA 7 - SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL CLIMUS
FONTE: ABRACOR (2001)
76
No final de 1997, os responsáveis pelo Museu Histórico de Santa Catarina Palácio
Cruz e Sousa solicitaram a esse grupo de pesquisa um auxílio na análise dessa edificação,
revelando a carência e a necessidade de monitoramento das condições térmicas em acervos no
Brasil. Surgiu então o CLIMUS. Primeiramente esse equipamento foi instalado no Palácio
Cruz e Sousa (Florianópolis – SC).
O Sistema CLIMUS é um sistema de medição e aquisição de sinais montado sobre
uma base PC, que permite o controle das variáveis relacionadas com a preservação de
acervos.
No Anexo 1 é apresentada a descrição dos dispositivos.
A esse sistema, pode-se conectar sensores analógicos empregados na medição de
temperatura e umidade relativa do ar, além de se permitir a expansão do número de sensores
conforme a necessidade do acervo, através de adição de placas de aquisição e
condicionamento de sinais, podendo-se ainda incluir sensores de luminosidade, radiação
ultravioleta, condensação em paredes, qualidade do ar (CO, solventes orgânicos, fumaças),
velocidade do ar, detectores de incêndio, sensor de presença etc (Figura 8).
FIGURA 8 - SENSORES DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA
FONTE: ABRACOR (2001)
É composto de 3 (três) programas que utilizam o sistema operacional Windows 95, 98
ou NT, a seguir:
1) CLIMUS-AQUIS - Responsável pela aquisição dos sinais dos diversos
sensores e visualização na tela em tempo real. Os dados coletados pelos sensores são
77
registrados automaticamente no disco rígido do microcomputador e apresentados para
visualização na sua tela, de acordo com a planta baixa do museu monitorado (Figura
9).
FIGURA 9 - TELA DO PROGRAMA CLIMUS-AQUIS
FONTE: (GÜTHS, 2000)
Ao reiniciar o computador, abre automaticamente na tela, realiza a aquisição e grava
os valores adquiridos em arquivos do tipo “txt”.
Os dados são adquiridos e arquivados em três tipos de arquivos:
Arquivos mensais com dados em médias horárias (mês).
Arquivos anuais com dados em média de 6 em 6 horas (ano).
O arquivo completo, com gravação dos dados em médias de 6 em 6 horas ( global
. tot ).
Para esta pesquisa, utilizou-se o arquivo mensal com dados em médias horárias.
O CLIMUS possui características que permitem realizar o cálculo do Índice de
Preservação (IP) e o Índice de Efeito Tempo para a Preservação (IETP); esses índices são
calculados e registrados em conjunto com dados de temperatura e umidade relativa adquiridos
no ambiente monitorado. O IP e o IETP referem-se à expectativa de vida útil das coleções de
origem orgânica, sujeitas à degradação por hidrólise ácida e oxidação, face às condições de
temperatura e umidade a que estão sujeitas.
78
Pode-se escolher quais os parâmetros que se pretende analisar em cada ambiente, tais
como: temperatura, umidade relativa, IP e IETP. O gráfico é gerado automaticamente.
2) CLIMUS-VISUAL - Este programa auxilia na montagem de gráficos para
visualização e tratamento dos dados adquiridos. Os dados são analisados através do
software Microsoft Excel.
3) Acesso Remoto - Software VNC
Através deste programa é possível acessar o computador onde o CLIMUS está
instalado. O que permite um acompanhamento à distância e em tempo real, via
Internet ou Fax-Modem.
No que se refere ao controle do clima interno dos museus, é possível adicionar no
Sistema CLIMUS módulos que permitem acionar equipamentos de condicionamento de ar,
ventilação forçada e desumidificadores, controlando de forma automatizada a umidade
relativa do ambiente.
Uma instituição de grande ou pequeno porte poderá ter suas condições climáticas
internas diferenciadas de acordo com as características de cada ambiente, assim como em
função da localização geográfica da edificação, das características construtivas, geralmente
não apresentando o mesmo comportamento as diversas salas de um mesmo museu. Algumas
salas são mais úmidas, enquanto outras mais secas, o que pode indicar quais serão as mais
adequadas para a conservação. Sendo assim, é importante conhecer este comportamento,
delimitando as diversas áreas quando estas apresentam umidade variável ou umidade estável.
Neste contexto para se poder fazer um diagnóstico adequado é necessária a realização
de um monitoramento contínuo do ambiente abrangendo todas as salas. Em virtude de o
equipamento CLIMUS ter sido desenvolvido com finalidade específica de monitorar espaços
museológicos, sendo disponibilizado os dados coletados, por parte de algumas instituições,
este equipamento foi escolhido para nortear a base de dados necessários utilizados nesta
pesquisa. É importante evidenciar que muitas instituições possuem sistema de monitoramento
do ambiente, entretanto nem sempre estão preparadas para a realização de análises a partir dos
dados coletados ao longo do período de monitoramento. Somente a partir de uma análise
contínua do comportamento climático de cada sala monitorada, poder-se-á realizar um
diagnóstico coerente com a realidade e discutir as alternativas viáveis e possíveis para a
melhoria das condições ambientais quando inadequadas para as coleções do acervo. A seguir,
a Tabela 8 apresenta as instituições brasileiras atualmente monitoradas pelo CLIMUS.
79
TABELA 8 - INSTITUIÇÕES MONITORADAS PELO CLIMUS
Instituição Tipo de acervo Climatização
Arquivo Nacional – Rio de Janeiro/RJ Bibliográfico e Arquivístico sim
Arquivo Central - SIARQ - UNICAMP
CAMPINAS/SP
Bibliográfico e Arquivístico sim
Arquivo Edgard Leuenroth UNICAMP -
CAMPINAS/SP
Bibliográfico e Arquivístico sim
Arquivo Público Municipal de Belo Horizonte -
MG
Bibliográfico e Arquivístico sim
Arquivo da Biblioteca da Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro /RJ
Bibliográfico e Arquivístico
não
Arquivo Municipal de Joinville - Joinville/SC Bibliográfico e Arquivístico
não
Arquivo Público do Paraná - Curitiba/PR Bibliográfico e Arquivístico sim
Biblioteca do Clube Pinheiros - São Paulo/SP Bibliográfico e Arquivístico sim
Casa França-Brasil (RJ) Belas Artes e exposições sim
Casa Andrade Muricy - Curitiba/PR desativado Belas Artes
não
Cinemateca Nacional - São Paulo/SP Multimídia
não
Capela Cônego José Ernser - Rio Negro / PR Pintura Mural e mobiliário
não
Museu de Arte Sacra - Salvador/BA Mobiliário, belas artes sim
Museu do Indio - Rio de Janeiro/RJ Arqueológico sim
Museu Imperial - Petrópolis/RJ Belas Artes, Mobiliário
não
Museu Cruz e Sousa - Florianópolis/SC Belas Artes e Mobiliário
não
Museu Victor Meirelles - Florianópolis/SC Belas Artes
não
Museu Histórico Abílio Barreto – B. H./ MG Obras sobre papel,
Bibliográficos e Arquivísticos
sim
Museu Universitário UFSC Florianópolis/SC Arqueológico e Obras sobre
papel
ventilação
forçada
Museu Antropológico Diretor Pestana - Ijuí/RS Arqueológico, Bibliográfico e
Arquivístico
sim
FONTE: GÜTHS (2002)
Os espaços estudados foram a Capela Cônego José Ernser, localizada na cidade de Rio
Negro PR, a SALA 202 - Reserva Técnica do Arquivo Público Mineiro, localizado na
cidade de Belo Horizonte MG e a Sala Estúdio Imperial do Museu Imperial em Petrópolis
RJ. Através dos dados coletados pelo CLIMUS, equações preditivas (GIVONI, 1998) foram
desenvolvidas com a finalidade de se verificar a viabilidade ou não da ventilação forçada,
visando melhorar as condições de conservação dos acervos nestes espaços estudados. Com
relação à Sala Estúdio Imperial, apenas visitas técnicas foram realizadas pela autora desta
pesquisa. Equações preditivas não foram geradas para esta sala pelo fato da instituição estar
fazendo somente o monitoramento das condições ambientais internas. Este fato impossibilitou
a realização de análises ambientais.
80
3.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS POR MEIO DE
EQUAÇÕES PREDITIVAS
No verão de 1993, foi realizado um estudo em duas edificações-teste, não habitadas,
localizadas em Pala, sul da Califórnia.
A princípio, o principal interesse era verificar os efeitos de massa térmica e de
ventilação natural noturna, visando melhorar as temperaturas durante o dia e as condições de
conforto, sendo escolhida como principal critério para a avaliação do desempenho dos
edifícios em questão a temperatura máxima interna e sua redução sob a máxima externa.
Segundo Givoni (1998) estas edificações, com aproximadamente 23 m², tinham o mesmo
coeficiente de perda de calor, entretanto com níveis de massa diferentes.
No começo da pesquisa, relata GIivoni (1998 e 1999), os telhados e as paredes foram
pintados com cores escuras. Posteriormente, na segunda fase, iniciada em agosto de 1994, os
telhados e as paredes das células teste foram pintados de branco.
O monitoramento do ambiente dessas edificações seguiu as seguintes condições:
a) Com as células-teste na cor escura, foram avaliados os efeitos de:
janelas fechadas e sem sombreamento;
janelas fechadas e sombreadas;
janelas fechadas e sombreadas durante o dia, abertas à noite e o ambiente ventilado
com um ventilador à baixa velocidade.
b) Com a cor branca, as células-teste foram testadas com:
janelas fechadas, sombreadas e com ventilação natural noturna.
Os dados climáticos foram adquiridos com sensores de monitoramento a partir das
condições externas e da temperatura interna.
Os dados monitorados externamente abrangeram: a temperatura do ar ambiente (TBS),
a umidade relativa, a velocidade e direção do vento e a radiação solar global horizontal.
as temperaturas internas foram medidas em quatro pontos a uma altura de um
metro; temperatura de Globo em dois pontos a um metro de altura; temperaturas de superfície
das paredes internas em seis pontos centralizados nas paredes e temperaturas de teto em dois
pontos nos centros dos quartos.
81
Dos dados internos, foi considerada a média dos quatro sensores de temperatura. O
intervalo das medidas tomadas foi de 10 segundos, as médias sendo calculadas a cada seis
minutos.
Todos os dados obtidos foram transferidos para o Laboratório de Energia da UCLA
(University of California, Los Angeles), através de um modem.
Sob diversas condições de sombreamento, ventilação natural e cor do envelope,
através da análise da relação entre a temperatura máxima interna e os vários parâmetros
externos, Givoni (1998 e 1999) verificou que a melhor correlação observada nos resultados
dos experimentos nas células teste foi entre a temperatura média externa e a máxima interna.
Conforme Givoni (1998), estas observações foram expressas matematicamente, em
que a temperatura máxima interna diária pode ser predita pela equação (2):
( )
(
)
medmedmed
in
GTTkDelTGTT ++=
1
max
.........................(2)
E, na equação 3, com o acréscimo da radiação solar diária (GIVONI, 1999):
( )
(
)
SolarkGTTkDelTGTT
medmedmed
in
*
21
max
* +++=
.......................(3)
A Tabela 9 a seguir especifica as nomenclaturas:
TABELA 9 - NOMENCLATURAS
max
T
Temperatura máxima interna do dia analisado
med
GT
Temperatura média externa do período analisado
DelT
Elevação média da temperatura máxima interna sobre a média da
temperatura externa. Seu valor depende da massa térmica, sombreamento e
condição de ventilação natural.
med
T
Temperatura média externa do dia analisado
1
k
Relação entre a variação diária da temperatura máxima interna e a variação
da temperatura média externa, dependendo do nível de massa térmica da
edificação.
2
k
Constante expressando os efeitos das mudanças diárias de radiação solar
)
(
medmed
GTT
Parâmetro que descreve as variações de dia para dia na temperatura média
externa.
Solar
Radiação solar total diária horizontal
FONTE: GIVONI (1998 e 1999).
82
Como a equação de predição foi baseada em parâmetros gerais do clima e como as
características climáticas em Pala, durante o período de monitoramento, foram muito
variáveis, a fórmula poderia ser aplicada em outras condições climáticas (GIVONI, 1998).
Outra observação importante é que os dados de radiação solar total diária, somados
diariamente, foram pouco significativos à precisão de predição, evidenciando, assim, a
possibilidade da aplicação da fórmula com um mínimo de dados climáticos (GIVONI, 1999).
3.2.1 Aplicação do Método de Predição em Moradias Ocupadas
O método de predição desenvolvido por Givoni (1998) em células-teste sem
moradores foi aplicado em Descalvado SP, que em residências ocupadas, para verificar
se o mesmo formato das equações poderia ser empregado em outros contextos. Isto representa
um diferencial a mais na pesquisa, uma vez que, em moradias ocupadas, os moradores têm
completa liberdade para modificar as condições de temperatura interna em função das suas
necessidades.
Foi realizado então, por Silva (2001), o monitoramento da temperatura interna em
duas moradias de baixo custo na cidade de Descalvado, nos períodos de 2 a 11 de setembro e
de 9 a 18 de outubro de 2001.
Após a geração das equações, o monitoramento foi retomado de 18 de novembro a 13
de dezembro do ano de 2001, para validação das equações. Estas moradias, com
aproximadamente 50 m², eram divididas em cinco cômodos, sendo dois quartos, sala, cozinha
e banheiro.
As características construtivas eram: chão em concreto, paredes de concreto com 15
cm de espessura e cobertura com telhas de cerâmica. Não possuíam nenhum tipo de
condicionamento mecânico, respondendo diretamente às condições climáticas externas.
Habitavam quatro pessoas em cada casa, ou seja, o casal e dois filhos. O ritmo dos residentes
de ambas as moradias se assemelhava, os maridos trabalhavam fora, as crianças estudavam
uma na parte da manhã e outra na parte da tarde e as esposas permaneciam em casa.
Os dados do monitoramento foram coletados e remetidos a Givoni com o objetivo de
aplicar análise semelhante à desenvolvida nos ambientes não ocupados de Pala, Califórnia.
De acordo com Givoni & Vecchia (2001) foi verificado então que equações preditivas
para as temperaturas internas poderiam também ser aplicadas em moradias ocupadas,
independentemente das interferências dos moradores.
83
Nesta fase da pesquisa, as equações preditivas não levaram em conta as propriedades
das edificações, no entanto cada tipo de edificação deverá ser considerado separadamente,
uma vez que cada qual tem suas próprias características térmicas.
Também no ano de 2001 e anteriormente, em 2000, Dumke (2002) monitorou em
Curitiba PR a temperatura interna de 18 moradias de baixo custo, construídas com
diferentes materiais. Estas medidas foram tomadas durante o período de inverno e verão.
A metodologia utilizada no desenvolvimento das equações por Krüger & Givoni
(2004), foi a mesma realizada na análise de dados no estudo de Vecchia, consistindo num
primeiro momento em verificar qual é o parâmetro interno de interesse e qual parâmetro do
clima externo poderia melhor servir como base na predição (GIVONI et al., 1999).
Foram então geradas equações para três destas habitações. Todas as moradias
analisadas por Dumke (2002) estavam habitadas e não dispunham de sistemas de resfriamento
e nem aquecimento.
A proposta era verificar se somente com os dados de temperatura externa e com uma
única fórmula seria possível predizer as temperaturas internas sob condições climáticas
diferentes.
Em virtude das propriedades térmicas serem diferentes, sendo as moradias ocupadas
por pessoas com ritmos também diferentes, as equações para a temperatura interna máxima,
média e mínima de todas as moradias tiveram que ser desenvolvidas separadamente. Neste
estudo, foi também utilizado o software francês COMFIE de simulação de desempenho
térmico de edificações para as moradias monitoradas. O objetivo foi comparar os resultados
das simulações térmicas com as equações de predição. Os resultados alcançados com ambos
os métodos, simulação e predição, foram semelhantes (KRÜGER & GIVONI, 2004).
Fernandes (2005), através das equações preditivas estimou as temperaturas internas
(máxima, média e mínima) dessas mesmas moradias.
A partir das equações obtidas, Fernandes fez comparações com resultados obtidos a
partir de outras metodologias, quais sejam: o método, dois períodos descritos por Cheng
(2004) e o método, duas regressões descrito por Givoni (1999).
Verificou-se a correlação entre os dados estimados e os medidos para cada método,
comparando-se os resultados. Estudaram-se as diferenças verificadas, concluindo que as
estimativas são fortemente afetadas pelos usuários das edificações.
84
3.2.2 Aplicação do Método de Predição a um Protótipo Habitacional Construído com
Material Alternativo
Krüger (2003) gerou equações preditivas para avaliar o desempenho térmico de um
protótipo habitacional de 15 de área interna (Figura 10), construído a partir de blocos
ISOPET.
FIGURA 10 - PLANTA BAIXA DO PROTÓTIPO
SALA
A: 11,52m²
A: 2,40m²
BWC
HALL
A: 1,42m²
A: 5,12m²
CHURRASQ.
A: 24,50 m²
PLANTA
PROJEÇÃO COBERTURA
Pt. 10
Pt. 1 Pt. 3 Pt. 8
Pt. 4; Pt. 5; Pt. 6
Pt. 7 Pt. 9
Pt. 2
SENSORES
FONTE: (KRÜGER et. al, 2003)
Estes blocos foram desenvolvidos no Departamento de Construção Civil do Centro
Federal de Educação Tecnológica do Paraná.
Os blocos foram confeccionados em concreto leve com EPS (Isopor) em seu interior,
no qual são utilizadas garrafas plásticas inteiras e tampadas, posicionadas na vertical ou na
horizontal. Apresentam encaixes laterais, dispensando a utilização de argamassa para uniões
entre blocos.
Segundo Krüger et al. (2003), para a confecção deste protótipo, foram retirados do
meio ambiente 875 garrafas plásticas de 2 litros do tipo PET e 17m
3
de EPS, resultando em
365 blocos.
85
Para diminuir a absorção da umidade do solo, foram utilizadas raspas de pneu,
aplicadas como parte do agregado miúdo na execução do contra-piso.
As temperaturas e umidades do ar, internas e externas, foram monitoradas no inverno
e verão de 2002, sendo utilizados para tal os aparelhos data-loggers do tipo HOBO.
Através dos dados de monitoramento, foram geradas equações preditivas.
Para isto, foi verificado primeiramente qual parâmetro da temperatura externa poderia
servir de base para a predição. A partir dessa análise, as equações para o protótipo foram
geradas segundo o formato da equação (2), apresentada na seção 3.2, para a mínima, a média
e a máxima internas diárias.
Com as equações geradas, Krüger (2003) avaliou o desempenho térmico do protótipo
para condições climáticas diferentes do período de monitoramento, considerando sua
aplicação em 11 cidades brasileiras. Para tal, foi utilizado o Ano Climático de Referência
(TRY) de cada cidade. Mostrou-se, assim, para qual cidade brasileira este sistema construtivo
melhor se adaptaria.
Os resultados alcançados demonstraram que, através do uso das equações preditivas, é
possível efetuar uma avaliação de desempenho térmico considerando outras condições
climáticas além das originais.
Conforme Krüger (2003):
Desta forma, uma vez que se disponha de informações climáticas quanto à temperatura do ar
em diversas localidades do território nacional, é possível avaliar o desempenho de habitações
populares, devidamente monitoradas e para as quais se determinou tais equações,
considerando-se dados climáticos diversos. No caso brasileiro, onde sistemas construtivos
destinados à habitação popular são adotados indiscriminadamente em regiões de condições
climáticas distintas, as equações preditivas podem contribuir para uma melhor adequação
climática das mesmas, contribuindo para melhores padrões de habitabilidade da população de
baixa renda. (p.255)
3.3 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DAS EQUAÇÕES PREDITIVAS EM
ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS
Através das equações preditivas é possível estimar temperaturas e umidades para
avaliar o desempenho térmico de construções diversas. Estas equações são baseadas apenas
nas temperaturas externas e internas, dispensando grande quantidade de dados para realizar
tais análises de desempenho.
Em espaços museológicos, além da preocupação com a questão do conforto humano, é
86
preciso considerar se o ambiente é favorável também para a conservação dos objetos
culturais.
Os fatores de degradação de acervos são decorrentes da temperatura e umidade
inadequadas. Portanto, a idéia de aplicar uma metodologia de predição em espaços
museológicos, usada até então para avaliar o desempenho de edificações, poderá ser útil. Esta
idéia surgiu da necessidade de se verificar a eficácia do uso do insuflamento do ar externo
para o interior do museu, visando amenizar as condições adversas do ambiente, procurando-se
definir através das análises os períodos do ano mais adequados à consecução do mesmo.
Conforme Givoni (1998), o processo de desenvolvimento de equações preditivas para
a temperatura ocorre a partir da análise do padrão de relação entre a variável dependente de
interesse, neste caso, a temperatura interna, e as variáveis independentes que podem alterá-la,
como, por exemplo, a temperatura externa e a média das diferenças diárias entre externa e
interna.
Para o desenvolvimento de equações preditivas nos espaços investigados, além de
serem utilizados dados horários de temperatura, foram também utilizados dados horários de
umidade relativa interna e externa dos locais monitorados. Estes dados horários foram
transformados em dados diários.
Normalmente, ocorre que as condições climáticas do ambiente interno são diferentes
das variações externas. Desta forma, a relação básica entre os parâmetros de temperatura foi
expressa através da seguinte equação (4):
(
)
(
)
(
)
extextext
GTTbDelTGTT
+
+
=
*
int
..........................................(4)
Sendo:
TABELA 10 - NOMENCLATURAS
int
T
Temperatura interna do dia analisado
ext
GT
Média da temperatura do período analisado
DelT
Diferença entre a média interna e a média externa
b
Relação das mudanças diárias
extext
GTT
Diferença entre a temperatura externa diária e a média da temperatura
externa do período analisado
87
A partir do estudo realizado por GÜTHS et al. (2001), foi verificado que somente o
critério “umidade relativa externa versus interna” a ser considerado para o acionamento do
sistema de insuflamento de ar, seria insuficiente para a conservação de acervos, devendo
também ser considerado para análise do ambiente a umidade absoluta. Portanto, nesta
pesquisa, foram desenvolvidas equações preditivas para a umidade absoluta xima, média e
mínima.
Os dados disponíveis do monitoramento do ambiente na Capela Cônego José Ernser já
forneciam a umidade absoluta, porém, no Arquivo Público Mineiro, apenas os dados de
umidade relativa estavam disponíveis. Assim sendo, foi necessário realizar uma conversão da
umidade relativa para a umidade absoluta, para posterior desenvolvimento das equações.
Esse procedimento de conversão consistiu primeiro no cálculo das umidades relativas
correspondentes em ambientes internos e externos para a pressão de saturação (que levam em
consideração a temperatura do ar) e as umidades absolutas relacionadas, supondo que a
temperatura máxima ocorre com a umidade absoluta mínima.
A equação (5) (ASHRAE, 1981) foi usada para converter a temperatura interna e
externa e respectivas umidades absolutas em umidade relativa:
1
100100
62198.0
××
××=
wsws
pppw
φφ
......................................(5)
Sendo:
TABELA 11 - NOMENCLATURAS
w
umidade absoluta
[
]
aa
PP /
p
pressão atmosférica
[
]
a
P
φ
umidade relativa
[
]
%
ws
p pressão de saturação da água
[
]
a
P , obtida em função da temperatura
[
]
KT
FONTE: ASHRAE (1981)
88
A pressão de saturação para a faixa de temperatura de 0 ºC a 200 ºC foi calculada
como segue na equação (6) (ASHRAE, 1981):
( )
TCTC
T
CC
T
C
p
ln
3
12
2
11109
8
ws
×+×+×++=
(
)
Tln
C
13
×
+
……………….
(
)
6
Sendo:
TABELA 12 - NOMENCLATURAS
ws
p
ws
Pressão de saturação [Pa]
T
Temperatura [K]
131 CC
Constante adimensional
FONTE: ASHRAE (1981)
No caso da umidade absoluta, o processo de desenvolvimento de equações preditivas
deu-se semelhantemente ao da temperatura, ou seja, a partir da análise do padrão de relação
entre a variável dependente de interesse, neste caso, a umidade absoluta interna, e as variáveis
independentes que podem alterá-la, como, por exemplo, a umidade absoluta externa e a média
das diferenças entre externa e interna.
A relação básica entre estes parâmetros pode ser expressa através da seguinte equação
(7):
(
)
(
)
extextext
GWWbDelWGWW
+
+
=
*
int
.............................................
(
)
7
Sendo:
TABELA 13 - NOMENCLATURAS
int
W
Umidade absoluta interna do dia analisado
ext
GW
Média da umidade absoluta do período analisado
DelW
Diferença entre a média interna e a média externa
b
Relação das mudanças diárias
extext
GWW
Diferença entre a umidade absoluta externa diária e a média da
umidade absoluta externa do período analisado
FONTE: Pesquisa
89
3.3.1 Avaliação da Estratégia de Ventilação Forçada
Uma vez geradas as equações preditivas para temperaturas e umidades diárias
internas, foi realizada uma análise a respeito do uso da estratégia de ventilação forçada para
reduzir ou aumentar os níveis de vapor d’água em ambientes internos para os limites
indicados.
Como já abordado na seção 2.6.3, o estudo de Güths et al. (2001) realizado na reserva
técnica do Museu Universitário da UFSC, verificou que somente o critério “umidade relativa
externa versus interna” a ser considerado para o acionamento do sistema de insuflamento de
ar, seria insuficiente para a conservação de acervos.
Deve, portanto, ser considerada a umidade absoluta. Na presente pesquisa isto foi feito
para a máxima e para a mínima umidade absoluta interna.
O primeiro procedimento foi conferir a seguinte condição:
maxintmax
ww
ext
<
Se esse for o caso, significa que o nível de vapor d’água interno é mais alto que o
externo. Então, a ventilação forçada poderia ser usada, uma vez que reduziria a umidade
interna por meio da renovação do ar.
Segundo De Guichen (1984) o limite estabelecido para a umidade relativa máxima
interna para materiais de origem orgânica nos espaços museológicos é de 65%. De acordo
com Shelhorn & Heiss (1974) a partir deste índice ocorre a proliferação de fungos de acordo
com estudos de microbiologia. O limite inferior pode ser fixado em 30% de umidade relativa,
de acordo com Sebera (1994), entretanto abaixo deste limite os objetos orgânicos ficarão
muito inflexíveis.
Para as condições internas analisadas, o limite mais baixo para materiais orgânicos
(que inclui pinturas) foi adotado em 50%. Desta forma, se a citada condição é verificada, a
ventilação forçada seria considerada como uma possível estratégia para melhorar as condições
ambientais internas. Assim, para os períodos de monitoramento, foram usadas as equações
obtidas para se testar uma situação com insuflamento de ar, avaliando-se se esta estratégia
seria suficiente para adequar o ambiente a níveis recomendados, quantificando-se o tempo ou
porcentagem de tempo em que isto ocorreria.
90
3.4 ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS CONSIDERADOS NA PESQUISA
Nesta pesquisa foram selecionados dois espaços para serem investigados: a Capela Cônego
José Ernser – PR, cujo acervo é constituído de pintura mural, além de mobiliário e imaginária
sacra; e o Arquivo Público Mineiro MG, com um acervo diversificado, entre livros,
fotografias, documentos históricos e mapas. Estes locais foram considerados pela autora como
“espaços museológicos” a partir da definição de museu apresentada pelo Conselho
Internacional de Museus (ICOM), já trabalhado na seção 2.1.
3.4.1 Capela Cônego José Ernser – Rio Negro – PR
A Capela Cônego José Ernser está localizada na edificação do antigo Seminário
Seráfico, situado no Parque Ecoturístico Municipal São Luis de Tolosa, na cidade de Rio
Negro, Paraná (Figuras 11 e 12).
FIGURA 11 - VISTA AÉREA DO SEMINÁRIO SERÁFICO
FONTE: http://www.guiasul.tur.br/rionegro/atrativos.htm
A construção do Seminário Seráfico com 9 mil metros de área construída teve início
em 1917. Inaugurado em 1923, funcionou como instituição de formação religiosa até o ano de
1966.
91
Abandonado por mais de 30 anos, o Seminário Seráfico começou a ser restaurado em
1997, passando então a instalar a nova sede da Prefeitura Municipal de Rio Negro.
O Seminário foi tombado através do decreto municipal nº. 17/78, em 31 de julho de
1978. O local é considerado Patrimônio Histórico e Cultural do município e também é
considerado Área de Preservação Ambiental permanente, através do decreto municipal nº.
022/97 de 28 de abril de 1997.
FIGURA 12 – FACHADA
FONTE: Pesquisa
A restauração da Capela Cônego José Ernser (Figura 13) iniciou-se somente no ano de
2001, através do Curso Técnico em Conservação e Restauração de Pintura Mural pela
Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná, aprovado pelo Ministério da Cultura.
Sendo então reinaugurada no ano de 2002.
92
FIGURA 13 - RESTAURAÇÃO DA CAPELA
FONTE: UFPR
Arquitetura de estilo eclético, toda a edificação foi revestida interiormente pela técnica
de estuque (Figura 14).
O estuque é uma técnica utilizada diretamente em estruturas de madeira, geralmente
de pinho, muito suscetível ao ataque biológico.
Tais estruturas compõem os arcos e abóbadas do forro e das paredes da Capela
analisada, os quais foram revestidos com esta cnica, que consiste em aplicar argamassa rica
em cal diretamente na estrutura (Figura 15).
93
FIGURA 14 - ESTUQUE
FONTE: Pesquisa
FIGURA 15 - DETALHE DA ESTRUTURA.
FONTE: Pesquisa
94
A argamassa rica em cal tem um ponto desfavorável em seu traço: a grande incidência
de finos. Depois de seca, torna-se mais suscetível a pequenas trincas, às vezes não visíveis a
olho nu, o que favorece o aumento da higroscopia. Este fato deve ser levado a efeito, pois é
um meio de percolação de água, favorecendo a umidade.
Seu interior é constituído de pintura mural (Figuras 16 e 17), feita diretamente sobre o
estuque, sendo utilizadas técnicas de pintura mural à base de têmpera, de cal, resina animal e
óleo sobre tela do período de 1932 a 1935, executadas por Pedro Cechet.
FIGURA 16 - VISTA DO INTERIOR DA CAPELA
FONTE: Prefeitura Municipal de Rio Negro PR
FIGURA 17 - DETALHE DA PINTURA MURAL
FONTE: Pesquisa
95
Nas avaliações feitas na Capela, notou-se a presença de algumas micro-trincas,
manchas de fungos e umidade.
Acredita-se que uma das causas que provocaram estes efeitos foi a técnica do estuque,
utilizada como base. A probabilidade de condução da umidade através desta técnica
construtiva é grande, devido à presença das micro-trincas e da sua condição de material
higroscópico.
Segundo Mora (1984), muitos fatores podem desencadear processos de degradação
nas pinturas murais, sendo a umidade considerada a mais importante a ser investigada, uma
vez que, como foi apresentado na seção 2.4, os ataques biológicos e as reações químicas não
ocorrem sem a presença da mesma. Conforme Mora (op.cit.), para saber a origem da umidade
em pinturas murais são necessárias algumas medições incluindo:
Monitoramento das condições ambientais, observando algumas condições para a
formação de condensação.
Medidas da umidade na superfície das paredes, para verificar a porcentagem de
umidade presente.
Medidas de concentração e distribuição de umidade no interior de paredes, para
determinar se a presença é devido à umidade crescente, infiltração (através da
parede ou teto) ou condensação (da superfície). Esta investigação envolve a
tomada de amostras, que são pesadas antes e após a dissecação.
Medida da temperatura das através de comparação entre temperaturas interna e
externa da parede, o que poderá permitir uma estimativa da transmitância térmica
da parede, essencial para estabelecer as condições de condensação.
Ressalta-se que a origem da umidade no interior da Capela poderá ocorrer a partir de
vários fatores, ou seja, infiltrações de água nos telhados, exposição das paredes à chuva,
umidade ascendente, condensação em paredes, umidade devido à presença de materiais
higroscópicos etc. Além disso, a Capela está localizada em Área de Preservação Ambiental, o
que corresponde a um entorno úmido.
Tendo em vista a natureza desta pesquisa, realizou-se apenas avaliação das condições
ambientais a partir dos dados de monitoramento de temperatura e umidade.
Na Figura 18,
Mora (1984) apresenta em corte transversal os tipos principais de
transferência de umidade em paredes.
96
FIGURA 18 - CORTE TRANSVERSAL
FONTE: Mora (1984, p.167)
1) Infiltração
2) Capilaridade
3) Condensação
4) Chuva e vento
5) Chuva e vento provocando um excessivo resfriamento da parede, resultando em condensação
na face interior da parede.
E= exterior; I= interior.
97
3.4.2 Arquivo Público Mineiro – Belo Horizonte – MG
O Arquivo Público Mineiro foi criado em 11 de julho de 1895, em Ouro Preto, com o
objetivo de receber e conservar todos os documentos relacionados ao direito público.
Inicialmente, foi instalado na residência de José Pedro Xavier da Veiga, fundador e primeiro
diretor.
No ano de 1901, foi transferido definitivamente para Belo Horizonte, passando a
denominar-se Diretoria de Arquivo e Estatística. Posteriormente, a instituição esteve
subordinada às Secretarias de Educação e de Governo.
No ano de 1984, passou a integrar a estrutura da Secretaria de Estado da Cultura.
Desde 1938, o Arquivo Público Mineiro está instalado na antiga sede da Prefeitura de Belo
Horizonte, um casarão do século XIX destinado originalmente à residência do secretário das
Finanças, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional (Figura 19).
FIGURA 19SEDE DO ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO – MG
FONTE: Arquivo Público Mineiro – MG
O Arquivo Público Mineiro está localizado na Praça da Liberdade . 317, centro
urbano da cidade de Belo Horizonte.
98
O seu entorno é caracterizado por vegetação (Figura 20).
FIGURA 20 - ENTORNO
FONTE: Denise Zanini.
Sua missão é a gestão, a preservação e o acesso ao acervo arquivístico da
Administração Pública Estadual e aos documentos privados de interesse público.
Sendo responsável pela guarda e conservação de aproximadamente 1450 metros
lineares de documentos, produzidos e acumulados por órgãos da administração pública entre
os séculos XVIII e XIX e parte do XX. Além disso, o acervo possui aproximadamente 1300
mapas, 14000 fotografias.
O acervo é constituído por materiais em papel (documentos manuscritos e impressos,
documentos cartográficos, livros raros desde o século XVI com aproximadamente 1.800
títulos, gravuras e cartazes), encadernações em couro, pergaminho, material fotográfico,
material cinematográfico, áudio-magnético e microfilmes.
Em março de 1975, foi acrescentada uma edificação anexa ao prédio histórico, na Rua
Aimorés nº. 1450. Esta edificação foi projetada para acolher o acervo, a administração e o
atendimento ao público.
A edificação anexa é composta por cinco pavimentos, ocupando o terreno em sua
totalidade, ou seja, 13 metros de frente e quarenta metros de fundo.
Em alvenaria de tijolo (espessura 25 cm, aproximadamente) e estrutura de concreto
armado, é revestida de reboco pintado externa e internamente. As janelas são do tipo
basculante, de vidro com esquadrias de metalon.
99
A cobertura é de telhas de fibrocimento, em duas águas voltadas para o centro da
edificação no sentido longitudinal.
A drenagem da água ocorre através de uma calha central e dutos verticais que seguem
adjacentes à caixa de circulação vertical.
As fachadas leste e oeste possuem a maior área de abertura, sofrendo uma incidência
constante de radiação solar no interior do edifício.
A fachada sul, voltada para a Rua Aimorés, conta com grandes aberturas, exceto no
primeiro pavimento. A fachada norte não possui aberturas (Figura 21).
FIGURA 21 - EDIFICAÇÃO ANEXA AO PRÉDIO HISTÓRICO
FONTE: Denise Zanini.
Segundo relatório técnico do Arquivo Público Mineiro do ano de 2001, no período
entre abril de 2001 a março de 2002, as salas da reserva técnica da edificação anexa foram
monitoradas com o objetivo de se definir um projeto de readequação física, capaz de proteger
o acervo.
A partir desse monitoramento de temperatura e umidade durante o período
mencionado, foi possível a caracterização do ambiente de acordo com a localização de cada
sala.
Edificação anexa ao prédio
histórico – Fachada Leste
Fachada Sul
100
A Figura 22 mostra a planta de situação do Arquivo Público Mineiro.
FIGURA 22 - PLANTA DE SITUAÇÃO
FONTE: Arquivo Público Mineiro
A sala escolhida para análise das condições do ambiente está localizada no segundo
pavimento da edificação anexa, com janelas nas fachadas leste e oeste, mantidas regularmente
fechadas. Nesta sala de reserva técnica estão acondicionados somente documentos não
encadernados.
Para melhor conservação destes documentos, os conservadores do arquivo
acondicionaram os documentos em caixas especiais para conservação, as quais estão
armazenadas em estantes de metal.
Edificação anexa
Edificação Histórica
101
A Figura 23 mostra o interior da Sala 202 da área de guarda de documentos não
encadernados, objeto de estudo desta pesquisa.
FIGURA 23 - SALA 202, ÁREA DE GUARDA DO ACERVO
FONTE: Denise Zanini.
A Figura 24 mostra um esquema da planta baixa no segundo pavimento.
A característica construtiva do anexo permite ventilação cruzada nos ambientes e
ventilação por convecção no corredor central às salas.
FIGURA 24 - ESQUEMA DA PLANTA BAIXA, 2º ANDAR - EDIFICAÇÃO ANEXA
FONTE: Arquivo Público Mineiro
102
No momento, é extremamente complexo inferir uma temperatura e uma umidade
relativa ideal para a conservação do acervo, principalmente localizados em clima quente e
úmido, sem levar em conta os vários fatores a que ele está submetido.
Segundo os critérios da conservação preventiva, ver seção 2.4 e 2.5, no caso do acervo
em estudo ser arquivístico, materiais de origem orgânica, é recomendado que a umidade
relativa fique entre 50% a 65% (DE GUICHEN, 1984) e a temperatura entre 18 ºC a 20 ºC
(MICHALSKI, 2003).
Os critérios adotados a serem avaliados para insuflamento de ar para a Capela e para
Sala 202 - Reserva Técnica do Arquivo Público Mineiro serão tratados no Capítulo 5.
CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO DE EQUAÇÕES PREDITIVAS PARA OS
ESPAÇOS
Neste capítulo, serão apresentadas as características climáticas dos locais pesquisados
para esta dissertação. Descreve-se também o monitoramento do ambiente realizado, o
desenvolvimento das equações preditivas para os espaços e as análises das condições
ambientais.
4.1 DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS LOCAIS
Conforme o projeto de normalização em conforto ambiental, realizado pela UFSC E
FINEP, o zoneamento bioclimático brasileiro compreende oito zonas distintas (Figura 25).
FIGURA 25 - ZONEAMENTOCLIMÁTICO BRASILEIRO
FONTE: UFSC (2003)
No anexo A do Projeto de Normalização em Conforto Ambiental é descrita a relação
de 330 cidades com classificação climática e são apresentadas as estratégias bioclimáticas
recomendadas para habitações de interesse social. No anexo B desta mesma norma tem-se a
metodologia adotada para o zoneamento bioclimático do Brasil. Para tal, o território brasileiro
foi dividido em 6500 células, sendo cada qual caracterizada de acordo com a posição
104
geográfica e pelas variáveis climáticas a seguir: médias mensais das temperaturas máximas,
médias mensais das temperaturas mínimas e médias mensais das umidades relativas do ar.
Nesta norma também foram adotados os dados medidos das Normais Climatológicas
1961/1990 para 206 cidades e com as Normais 1931/1960 para 124 cidades. Já para as demais
células, o clima foi estimado, por interpolação.
A partir daí, adotou-se uma Carta Bioclimática (Figura 26), adaptada da carta sugerida
por Givoni (1992), citado por Dumke (2002). Sobre esta carta, foi registrado e classificado o
clima de cada ponto do território brasileiro, com suas respectivas estratégias de
condicionamento térmico.
FIGURA 26 - DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO ORIGINAL E SUAS ESTRATÉGIAS DE
CONDICIONAMENTO TÉRMICO PASSIVO
UR(%)
FONTE: RORIZ, M, GHISI, e LAMBERTS, R. Citado por Dumke
A - Sistema artificial de aquecimento; B+C - Aquecimento solar da edificação; C - Massa térmica para
aquecimento; D - Conforto térmico; E - Ventilação; F - Massa Térmica de refrigeração; G - Sistema
artificial de refrigeração; H - Resfriamento evaporativo; I - Umidificação do ar .
Para cada zona bioclimática, foi formulado um conjunto de recomendações tecno-
construtivas, com o objetivo de otimizar o desempenho térmico de edificações de interesse
social de até três pavimentos. Esta norma tem como objetivo avaliar o desempenho térmico de
habitações através de sua melhor adequação climática, além disso, garante limites nimos de
conforto térmico para edificações situadas em zonas climáticas diversas do Brasil.
105
Adota-se nesta pesquisa essa classificação, por especificar mais detalhadamente o
clima local e não com a intenção de se fazer recomendações e apresentar diretrizes de projeto.
Além disso, o fato de localizações diversas estarem inseridas nas mesmas zonas climáticas
poderá permitir uma possível correlação das análises ambientais de determinados museus do
ponto de vista da conservação preventiva.
4.1.1 Características Climáticas da Cidade de Rio Negro PR
A cidade de Rio Negro está localizada no segundo planalto paranaense a uma altitude
de 780 m, latitude 26º 25’50” S e longitude 49º 47’30” W. O clima é subtropical úmido
mesotérmico, com verões frescos, sendo a temperatura média inferior a 22° C e, invernos com
ocorrências de geadas severas e freqüentes, com temperatura média inferior a 18°C, não
apresentando estação seca. Apresenta umidade relativa anual entre 80 e 85%.
Segundo o Projeto Normalização em Conforto Ambiental, Rio Negro está inserida na
Zona Bioclimática 2 (Figura 27), apresentando características climáticas semelhantes às das
cidades de Ponta Grossa PR, Laguna SC, Porto União SC, Alegrete RS, Passo Fundo RS,
dentre outras.
FIGURA 27 - ZONA BIOCLIMÁTICA 2
FONTE: UFSC
106
4.1.2 Características Climáticas da Cidade de Belo Horizonte MG
Belo Horizonte está situada a 852,19 metros de altitude, sendo que alguns pontos,
como o topo da Serra do Curral, atingem 1.500 metros, latitude 19º55´14"S e longitude
43º56´17"W. A temperatura anual varia de 16 ºC a 31 ºC, sendo a média de 21 ºC.
O inverno é seco e o verão chuvoso.
A cidade conta com a proteção da Serra do Curral, que barra os ventos mais fortes. A
umidade relativa média do ar chega a 79% em janeiro, caindo para 65% em julho. A média
anual de chuvas é de 1600 mm, sendo mais freqüentes de outubro a março.
Segundo o Projeto Normalização em Conforto Ambiental, Belo Horizonte está
inserida na Zona Bioclimática 3 (Figura 28), apresentando características climáticas
semelhantes às das cidades de Araxá MG, Barbacena MG, Ponta Porã MS , Foz do Iguaçu
PR, Londrina PR, Torres RS, dentre outras.
FIGURA 28 - ZONA BIOCLIMÁTICA 3
FONTE: UFSC
107
4.2 CAPELA CÔNEGO JOSÉ ERNSER – RIO NEGRO –PR
4.2.1 Monitoramento do Ambiente
Desde o ano de 2001, a Capela vem sendo monitorada pelo Sistema de Gerenciamento
Térmico para Coleções CLIMUS. Foram instalados sensores de temperatura e umidade
relativa no interior e no exterior da Capela. Os dados de monitoramento utilizados para esta
pesquisa são referentes ao ano de 2002. Os sensores internos estão localizados a uma altura
aproximada de 3 metros do nível do piso e os sensores externos estão localizados a uma altura
de aproximadamente 5 metros de altura, protegidos da incidência direta do Sol.
As Figuras 29 e 30 mostram a localização dos sensores internos e externos da Capela
monitorada.
FIGURA 29 - PLANTA BAIXA TÉRREO COM A LOCALIZAÇÃO DO CLIMUS
PLANTA BAIXA – TÉRREO
ESC 1:100
FONTE: Prefeitura Municipal de Rio Negro – PR
CLIMUS
108
FIGURA 30 - PLANTA BAIXA MEZANINO COM A LOCALIZAÇÃO DOS SENSORES
DE MONITORAMENTO
PLANTA BAIXA MEZANINO
ESC 1:100 Sensores internos Sensores externos
T- UR T- UR
FONTE: Prefeitura Municipal de Rio Negro – PR
4.2.2 Desenvolvimento das Equações Preditivas
Para o desenvolvimento das equações preditivas, foram utilizados dados horários de
temperatura e umidade interna e externa da Capela monitorada durante o ano de 2002.
Tendo em vista que a programação do CLIMUS para a Capela indicava as orientações
que deveriam ser seguidas pelos técnicos responsáveis, para abrir janelas ou fazer uso de
desumidificadores de acordo com os critérios adotados para a conservação da pintura mural,
foram selecionados dados de cinco em cinco dias, nos quais não havia nenhuma indicação nos
dados fornecidos pelo CLIMUS para a abertura de janelas ou para a desumidificação interna.
Estes dados foram, portanto, concentrados em períodos contínuos de cinco em cinco dias.
Alguns meses não foram considerados em função de falha em alguns sensores durante o
período de monitoramento (Tabela 14).
109
TABELA 14 - DIAS ANALISADOS
ANO 2002
Dias do mês
jan abr mai jun set out nov dez
9 6 4 13 3 13 1 3
10 7 5 14 4 14 2 4
11 8 6 15 5 15 3 5
12 9 7 16 6 16 4 6
13 10 8 17 7 17 5 7
21 11 19 18 8 25 8 8
22 12 20 19 9 26 9 9
23 13 21 20 10 27 10 10
24 14 22 21 11 28 11 11
25 15 23 22 12 29 12 12
26 - - - - - 13 21
27 - - - - - 14 22
28 - - - - - 15 23
29 - - - - - 16 24
30 - - - - - 17 25
- - - - - - 18 26
- - - - - - 19 27
- - - - - - 20 28
- - - - - - 21 -
- - - - - - 22 -
- - - - - - 23 -
- - - - - - 24 -
- - - - - - 25 -
- - - - - - 26 -
- - - - - - 27 -
FONTE: Pesquisa
Assim, no que se refere à temperatura e à umidade absoluta, equações foram geradas,
considerando como variáveis dependentes a temperatura interna máxima, média e mínima e a
umidade absoluta interna máxima, média e mínima.
Uma vez definidas as variáveis a explicar e as explicativas para a temperatura e para a
umidade absoluta, foram geradas as equações preditivas.
A seguir, será descrito o tratamento dos dados horários de temperatura do ar e
umidade absoluta, internas e externas, monitorados durante um período de um ano,
posteriormente analisados através do software Microsoft Excel 2000.
110
4.2.3 Tratamento dos Dados de Temperatura
Anteriormente ao tratamento dos dados de temperatura propriamente dito, foi
necessário sistematizar os dados disponíveis. A partir das temperaturas internas e externas
horárias, obtiveram-se as mínimas, médias e máximas diárias representadas a seguir,
conforme as tabelas abaixo (Tabelas 15 e 16).
TABELA 15 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A TEMPERATURA INTERNA
TEMPERATURA INTERNA
(
)
int
T
Temperatura interna mínima diária
minint
T
Temperatura interna média diária
med
T
int
Temperatura interna máxima diária
maxint
T
FONTE: Pesquisa
TABELA 16 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A TEMPERATURA EXTERNA
TEMPERATURA EXTERNA
(
)
ext
T
Temperatura externa mínima diária
minext
T
Temperatura externa média diária
extmed
T
Temperatura externa máxima diária
maxext
T
FONTE: Pesquisa
Com os dados de temperatura externa mínima, média e máxima diária, dispostos em
planilha do Excel (Figura 31), efetuou-se o cálculo das dias destas temperaturas para cada
período (mês). Para a Capela, foi necessário considerar dados concentrados de cinco em cinco
dias, conforme explicação na seção 4.2.2.
FIGURA 31 - EXEMPLO DE DADOS NA PLANILHA
2002
T_EXT
min
T_EXT
med
T_EXT
máx
GT_EXT
min
GT_EXT
med
GT_EXT
max
jan/02 9 18,50 21,48 27,50 18,49 21,43 26,44
10 18,20 21,49 26,90 18,49 21,43 26,44
11 18,20 19,56 24,60 18,49 21,43 26,44
12 17,10 17,99 19,00 18,49 21,43 26,44
13 17,10 20,10 23,80 18,49 21,43 26,44
21 19,40 23,56 30,30 18,49 21,43 26,44
22 18,90 21,59 25,80 18,49 21,43 26,44
23 17,80 21,33 30,00 18,49 21,43 26,44
24 18,30 21,37 27,10 18,49 21,43 26,44
25 18,30 20,83 25,10 18,49 21,43 26,44
26 17,90 22,93 29,60 18,49 21,43 26,44
27 20,40 23,33 28,40 18,49 21,43 26,44
FONTE: Pesquisa
111
A Tabela 17 apresenta as informações utilizadas para o cálculo das médias mensais.
TABELA 17 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
(
)
GT
Média da temperatura externa mínima para cada período (mês)
minext
GT
Média da temperatura externa média para cada período (mês)
extmed
GT
Média da temperatura externa máxima para cada período (mês)
maxext
GT
FONTE: Pesquisa
Ainda na planilha do Excel foi calculada a diferença entre a temperatura externa
mínima, média e máxima diária e a média da temperatura externa mínima, média e máxima
para cada período.
A Tabela 18 apresenta informações para o cálculo da diferença entre a temperatura
externa e a média de temperatura externa de cada período (mês).
TABELA 18 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA DIFERENÇA
Diferença entre a temperatura externa mínima diária e a média da temperatura externa mínima para
cada período
minmin extext
GTT
Diferença entre a temperatura externa média diária e a média da temperatura externa para cada
período
extmedextmed
GTT
Diferença entre a temperatura externa máxima diária e a média da temperatura externa máxima
para cada período
maxmax extext
GTT
FONTE: Pesquisa
4.2.4 Tratamento dos Dados de Umidade do Ar
Da mesma forma como apresentado o tratamento dos dados de temperatura, na seção
4.2.3, foi necessário também sistematizar os dados disponíveis de umidade.
As Tabelas 19 e 20 apresentam as informações utilizadas para a umidade do ar.
TABELA 19 - INFORMAÇÕES PARA A UMIDADE DO AR
UMIDADE ABSOLUTA INTERNA
(
)
int
W
Umidade absoluta interna mínima diária
minint
W
Umidade absoluta interna média diária
med
W
int
Umidade absoluta interna máxima diária
maxint
W
FONTE: Pesquisa
112
TABELA 20 - INFORMAÇÕES PARA A UMIDADE DO AR
UMIDADE ABSOLUTA EXTERNA
(
)
ext
W
Umidade absoluta externa mínima diária
minext
W
Umidade absoluta externa média diária
extmed
W
Umidade absoluta externa máxima diária
maxext
W
FONTE: Pesquisa
A Tabela 21 apresenta as informações utilizadas para o cálculo das médias mensais
para a umidade absoluta.
TABELA 21 - INFORMAÇÕES PARA CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
(
)
GW
Média da umidade absoluta externa mínima para cada período (mês)
minext
GW
Média da umidade absoluta externa média para cada período (mês)
extmed
GW
Média da umidade absoluta externa máxima para cada período (mês)
maxext
GW
FONTE: Pesquisa
Igualmente, foi realizado o cálculo da diferença entre a umidade absoluta externa
mínima, média e máxima diária e a média da umidade absoluta externa mínima, média e
máxima para cada período.
A Tabela 22 apresenta as informações utilizadas.
TABELA 22 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA DIFERENÇA
Diferença entre a umidade absoluta externa mínima diária e a média da umidade absoluta externa
mínima para cada período (mês)
minmin extext
GWW
Diferença entre a umidade absoluta externa média diária e a média da umidade absoluta externa para
cada período (mês)
extmedextmed
GWW
Diferença entre a umidade absoluta externa maxima diária e a média da umidade absoluta externa
máxima para cada período (mês)
maxmax extext
GWW
FONTE: Pesquisa
113
4.2.5 Variáveis a Explicar e Variáveis Explicativas
O processo de geração das equações, conforme descrito na seção 3.3, ocorre a partir da
análise do padrão de relação entre a variável dependente de interesse, neste caso, a
temperatura e umidade interna do ar e, as variáveis independentes que podem alterá-la, a
temperatura e umidade externa do ar.
Pode-se verificar este padrão de relação graficamente.
Conforme o Gráfico 10, observa-se as curvas de temperaturas internas e externas,
monitoradas durante o ano de 2002.
Nota-se que a temperatura mínima interna aproxima-se mais da mínima externa.
GRÁFICO 10 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA MÍNIMA INTERNA
E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS
0
5
10
15
20
25
30
35
9
12
22
25
28
6
9
1
2
1
5
6
19
22
13
16
19
22
5
8
11
14
1
7
27
30
3
8
11
14
17
20
23
26
4
7
1
0
2
1
2
4
2
7
30
(dias)
TºC
T_INT min T_EXT min T_EXT med T_ EXT máx
FONTE: Pesquisa
114
No Gráfico 11, observa-se que a temperatura média interna aproxima-se mais da
média externa.
GRÁFICO 11 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA MÉDIA INTERNA
E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
9
12
22
25
28
6
9
12
15
6
19
22
13
16
19
22
5
8
11
14
17
27
30
3
8
11
14
17
20
23
26
4
7
10
21
24
27
30
(dias)
TºC
T_INT med T_EXT min T_EXT med T_ EXT máx
FONTE: Pesquisa
115
Observa-se no Gráfico 12 que a temperatura máxima interna aproxima-se tanto da
máxima quanto da média externa.
GRÁFICO 12 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA MÁXIMA INTERNA E
MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS
0
5
10
15
20
25
30
35
9
12
22
25
28
6
9
12
15
6
19
22
13
16
19
22
5
8
11
14
17
27
30
3
8
11
14
17
20
23
26
4
7
10
21
24
27
30
(dias)
TºC
T_INT máx T_EXT min T_EXT med T_ EXT máx
FONTE: Pesquisa
Os Gráficos 13, 14 e 15 apresentam curvas de umidades absolutas internas e externas,
monitoradas no ano de 2002. Observe no Gráfico 13 que a umidade absoluta mínima interna
aproxima-se tanto da mínima, quanto da máxima externa. No Gráfico 14, observa-se que a
umidade absoluta média interna aproxima -se da média externa.
116
GRÁFICO 13 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE A UMIDADE ABSOLUTA MÍNIMA
INTERNA E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
9
12
22
25
28
6
9
12
15
6
19
22
13
16
19
22
5
8
11
14
17
27
30
3
8
11
14
17
20
23
26
4
7
10
21
24
27
30
dias
Umidade Absoluta
W_Int min W_EXT min W_EXTméd W_ EXT máx
FONTE: Pesquisa
GRÁFICO 14 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE A UMIDADE ABSOLUTA MÉDIA INTERNA
E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
9 12 22 25 28 6 9 12 15 6 19 22 13 16 19 22 5 8 11 14 17 27 30 3 8 11 14 17 20 23 26 4 7 10 21 24 27 30
dias
Umidade Absoluta
W_Int méd W_EXT min W_EXTméd W_ EXT máx
FONTE: Pesquisa
117
Observa-se no Gráfico 15 que para a umidade absoluta interna máxima a que mais se
aproxima é a umidade absoluta externa máxima.
GRÁFICO 15 - PADRÃO DE RELAÇÃO ENTRE A UMIDADE ABSOLUTA MÁXIMA
INTERNA E MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMAS EXTERNAS
0
5
10
15
20
25
9 12 22 25 28 6 9 12 15 6 19 22 13 16 19 22 5 8 11 14 17 27 30 3 8 11 14 17 20 23 26 4 7 10 21 24 27 30
dias
Umidade Absoluta
W_Int máx W_EXT min W_EXTméd W_ EXT máx
FONTE: Pesquisa
Uma vez verificado este padrão, define-se qual das variáveis externas poderá ser
adotada como variável explicativa. As Tabelas 23 e 24 mostram as temperaturas e umidades
absolutas internas mínima, média e máxima a explicar e as respectivas variáveis explicativas
de temperatura e umidade absoluta externa para a Capela Cônego José Ernser.
TABELA 23 - VARIÁVEIS DE TEMPERATURA
Variáveis a explicar
Temperatura interna
Variáveis explicativas
Temperatura externa
minint
T
minext
GT e
minmin extext
GTT
med
T
int
extmed
GT e
extmedextmed
GTT
maxint
T
maxext
GT e
maxmax extext
GTT
TABELA 24 - VARIÁVEIS DE UMIDADE ABSOLUTA
Variáveis a explicar
Umidade Absoluta Interna
Variáveis explicativas
Umidade Absoluta Externa
minint
W
minext
GW e
minmin extext
GWW
med
W
int
extmed
GW e
extmedextmed
GWW
maxint
W
maxext
GW e
maxmax extext
GWW
FONTE: Pesquisa
118
4.2.6 Equações Preditivas Geradas para a Temperatura e Umidade do Ar
Uma vez definidas as variáveis a explicar e as explicativas para a temperatura e para a
umidade absoluta, foram exportados os dados diários dos respectivos períodos para arquivos
do tipo txt. Após este procedimento foi utilizado o software Sphinx Plus, da Le Sphinx
Développement, versão 2.09k, para realizar análise de regressão múltipla, a partir da qual
obteve-se as equações preditivas para a Capela estudada, relacionando temperaturas internas
com temperaturas externas e umidades absolutas internas com umidades absolutas externas.
Os resultados das estimativas de temperatura e umidades absolutas internas foram
comparados com os dados medidos através do Coeficiente de Determinação (R
2
). Das
equações geradas para a Capela, as consideradas para análise do ambiente foram as que
apresentaram os melhores coeficientes de correlação. As equações preditivas para a
Temperatura interna mínima, média e máxima, assim como para a umidade do ar mínima,
média e máxima, geradas a partir das temperaturas e umidades do ar fornecidas pelo Sphinx,
com seus respectivos coeficientes de determinação, são apresentadas a seguir nas Tabelas 25 e
26.
TABELA 25 - EQUAÇÕES PARA A TEMPERATURA
(
)
765,4635,0047,1
minminminminint
+
+
=
extextext
GTTGTT
(
)
8.Eq
87,0
min
2
=R
(
)
322,5622,0935,0
int
+
+
=
extmedextmedextmedmed
GTTGTT
(
)
9.Eq
89,0
2
=
med
R
(
)
113,849,072,0
maxmaxmaxmaxint
+
+
=
extextext
GTTGTT
(
)
10.Eq
87,0
max
2
=R
FONTE: Pesquisa
TABELA 26 - EQUAÇÕES PARA A UMIDADE ABSOLUTA
(
)
647,171,0816,0
minminminminint
+
+
=
extextext
GWWGWW
(
)
11.Eq
87,0
min
2
=R
(
)
278,2654,0714,0
int
+
+
=
extmedextmedextmedmed
GWWGWW
(
)
12.Eq
92,0
2
=
med
R
(
)
508,456,0543,0
maxmaxmaxmaxint
++=
extextext
GWWGWW
(
)
13.Eq
90,0
max
2
=R
FONTE: Pesquisa
119
4.3 ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO – BELO HORIZONTE - MG
4.3.1 Monitoramento do Ambiente
Desde o ano de 2001, todas as salas de reservas técnicas em edificação anexa ao prédio
histórico do Arquivo Público Mineiro estão sendo monitoradas pelo Sistema de
Gerenciamento Térmico para Coleções – CLIMUS. Foram instalados sensores de temperatura
e umidade relativa no interior e no exterior das salas de Reserva Técnica. É um projeto
financiado pela Fundação Vitae Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social. A Figura 32
ilustra os sensores.
FIGURA 32 - SENSORES DE TEMPERATURA E UMIDADE
FONTE: Denise Zanini.
Segundo relatórios do Arquivo Público, a escolha da localização dos sensores foi
determinada a partir da observação da edificação, segundo o seu mecanismo de ventilação
natural determinado pelo partido arquitetônico, sendo considerados três elementos básicos,
condicionantes do movimento do ar no interior da edificação: a circulação vertical, em que a
ventilação ocorre em grande parte por convecção; cada ambiente em relação à circulação
vertical e a orientação e disposição das aberturas nas salas propriamente ditas.
O espaço escolhido para análise nesta pesquisa foi a Sala 202, de documentos não
encadernados. Esta sala contém, além da área correspondente à planta livre, uma área anexa,
adjacente à caixa de circulação vertical, voltada para a fachada leste. Junto a esta área anexa,
uma área fechada por paredes de alvenaria, sem aberturas para o exterior. A área
correspondente à planta livre possui janelas voltadas para as fachadas leste e oeste. A Sala
Sensores de
temperatura e
umidade relativa
120
202 é exclusiva para guarda do acervo, com janelas mantidas regularmente fechadas. Neste
caso, a maior parte da troca de ar ocorre através da circulação vertical. De acordo com
relatório cedido pelo Arquivo, no ano 2002, análises do ambiente indicaram que o problema
apresentado pela edificação anexa, onde a Reserva Técnica está localizada, está relacionado
às grandes variações e aos altos índices de umidade relativa interna. O objetivo do
monitoramento neste setor é caracterizar as condições climáticas das salas de reserva técnica,
que venham nortear ações de conservação preventiva no local.
Para esta pesquisa foram utilizados dados do ano de 2003 correspondendo a um total
de 283 dias de monitoramento (Tabela 27).
TABELA 27 - DIAS ANALISADOS
ANO 2003 / Dias do mês
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
1 1 1 1 - 1 1 1 1 - 1 1
2 2 2 2 - 2 2 2 2 - 2 2
3 3 3 3 - 3 3 3 3 3 3 3
4 4 4 4 - 4 4 4 4 4 4 4
5 5 5 5 - 5 5 5 5 5 5 5
6 6 6 6 6 6 6 - 6 6 6 6
7 7 7 7 7 7 7 - - 7 7 7
8 8 8 8 8 - 8 - - 8 - 8
9 9 9 9 9 - - - - 9 9 -
10 10 10 10 10 10 - 10 - - 10 -
11 11 11 11 11 11 - 11 11 11 11 -
12 12 12 12 12 12 - 12 12 12 12 -
13 13 13 13 13 13 - 13 13 13 - 13
14 14 14 14 14 14 - - 14 14 - 14
15 15 15 15 15 15 15 - 15 15 15 15
16 16 16 16 - - 16 - 16 16 16 16
17 17 17 17 - - 17 17 17 17 17 17
18 18 18 18 - - 18 18 18 18 18 18
19 19 19 19 - - 19 19 19 19 - 19
20 20 20 20 - - 20 20 - - 20 20
21 21 21 21 - - 21 - - 21 21 21
22 22 22 22 22 - 22 - - 22 22 22
23 23 23 23 23 - 23 - - 23 23 23
24 24 24 24 24 - 24 - 24 24 24 24
25 25 25 25 25 - - - 25 25 25 25
26 26 26 26 26 - - 26 26 - 26 26
27 27 27 27 27 - - 27 27 - 27 27
28 28 28 28 28 - - 28 28 - 28 28
29 - 29 29 29 - - 29 - - 29 29
30 - 30 30 30 - - 30 - - 30 30
31 - 31 - 31 - - - - - - 31
FONTE: Pesquisa
121
A Figura 33 mostra um esquema em planta baixa dos quatro pavimentos do anexo,
onde estão localizadas as salas de reservas técnicas monitoradas e a localização dos sensores
de temperatura e umidade relativa interna e externa. Os sensores internos foram instalados a
uma mesma altura de 2,20 m em todas as salas. Os sensores externos foram devidamente
protegidos de insolação e chuva.
FIGURA 33 - PLANTA BAIXA DA RESERVA TÉCNICA
piso 1
Sala 101
Doc. Encadernada
Doc. Encadernada
Sala 102
Hall P1
T-UR 1
T-UR 2
T-UR 3
piso 4
Sala 401
Área de Trabalho
Área de Trabalho
Sala 402
Externo
Hall P4
T-UR 10
T-UR 11
T-UR 12
T-UR 13
piso 3
Micro
Filme
Biblioteca
Obras
Raras
Foto -
Cinema
T-UR 6 T-UR 7
T-UR 8
T-UR 9
piso 2
Sala 201
Doc. não Encadernada
Doc. não Encadernada
Sala 202
T-UR 4
T-UR 5
FONTE: Arquivo Público Mineiro - MG
122
4.3.2 Desenvolvimento de Equações Preditivas
Para o desenvolvimento das Equações Preditivas foram utilizados dados horários de
temperatura e umidade interna e externa da Sala 202, área de guarda do acervo de documentos
não encadernados, do edifício anexo ao Arquivo Público Mineiro, monitorada durante o ano
de 2003, sendo considerados 283 dias do ano. Porém, como os dados de umidade absoluta
necessários para a realização desta análise o estavam disponíveis, somente dados de
umidade relativa, foi necessário realizar uma conversão da umidade relativa para a umidade
absoluta, conversão esta já apresentada no Capítulo 3, item 3.3.
A partir da análise realizada, foram geradas equações preditivas para a sala em
questão, considerando como variáveis dependentes as temperaturas internas mínima, média e
máxima diária e as umidades absolutas internas mínima, média e máxima diárias.
4.3.3 Tratamento dos Dados de Temperatura
As Tabelas 28 a 30 descrevem o tratamento dos dados de temperatura para o Arquivo
Público Mineiro, Sala 202, área de guarda do acervo.
TABELA 28 - INFORMAÇÕES PARA A TEMPERATURA INTERNA
TEMPERATURA INTERNA
(
)
int
T
Temperatura interna mínima diária
minint
T
Temperatura interna média diária
med
T
int
Temperatura interna máxima diária
maxint
T
FONTE: Pesquisa
TABELA 29 - INFORMAÇÕES PARA A TEMPERATURA EXTERNA
TEMPERATURA EXTERNA
(
)
ext
T
Temperatura externa mínima diária
minext
T
Temperatura externa média diária
extmed
T
Temperatura externa máxima diária
maxext
T
FONTE: Pesquisa
TABELA 30- INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
(
)
GT
Média da temperatura externa mínima para cada período (mês)
minext
GT
Média da temperatura externa média para cada período (mês)
extmed
GT
Média da temperatura externa máxima para cada período (mês)
maxext
GT
FONTE: Pesquisa
123
A Tabela 31 apresenta as informações utilizadas para o cálculo da diferença entre
temperatura externa mínima, média e máxima diária e a média da temperatura externa de cada
período (mês).
TABELA 31 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA DIFERENÇA
Diferença entre a temperatura externa mínima diária e a média da temperatura externa mínima para
cada período
minmin extext
GTT
Diferença entre a temperatura externa média diária e a média da temperatura externa para cada
período
extmedextmed
GTT
Diferença entre a temperatura externa máxima diária e a média da temperatura externa máxima
para cada período
maxmax extext
GTT
FONTE: Pesquisa
Krüger e Givoni (2004) asseveram que, em alguns casos, o cálculo da temperatura
mínima interna exige dados do dia anterior em função do atraso térmico de algumas
edificações.
Segundo Fernandes (2005), o uso de dados do dia anterior insere na equação a inércia
térmica da edificação, obtendo-se melhores resultados quando se calcula a temperatura
mínima interna, sendo, porém, necessário gerar a equação a partir do método original,
considerando apenas a mínima externa do dia como variável explicativa, comparando-a com a
equação contendo o dia anterior, adotando-se, por fim, a que produzir melhores resultados.
Esse procedimento de considerar dados do dia anterior deverá ser adotado quando “a
comparação dos gráficos da temperatura nima interna e da temperatura média externa
apresentar forma semelhante, porém com atraso de um dia por parte da temperatura mínima
interna” (FERNANDES, 2005, p.75).
A Tabela 32 apresenta as informações utilizadas para o cálculo da média do dia
anterior.
TABELA 32 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DA MÉDIA DO DIA ANTERIOR
Temperatura externa média do dia anterior
(
)
1
nT
extmed
Diferença entre a temperatura externa média do dia anterior e a temperatura mínima externa
(
)
min
1
extextmed
TnT
FONTE: Pesquisa
124
4.3.4 Tratamento dos Dados de Umidade do Ar
A partir da conversão da umidade relativa para a umidade absoluta, os dados horários
de umidade absoluta do ar interna e externa dos 283 dias monitorados durante o ano de 2003
foram analisados e organizados através do software Microsoft Excel 2000.
As Tabelas 33 e 34 apresentam as informações utilizadas para o tratamento dos dados
de umidade do ar para o Arquivo Público Mineiro, Sala 202, área de guarda do acervo.
TABELA 33 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A UMIDADE DO AR
UMIDADE ABSOLUTA INTERNA
(
)
int
W
Umidade absoluta interna mínima diária
minint
W
Umidade absoluta interna média diária
med
W
int
Umidade absoluta interna máxima diária
maxint
W
FONTE: Pesquisa
TABELA 34 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A UMIDADE DO AR
UMIDADE ABSOLUTA EXTERNA
(
)
ext
W
Umidade absoluta externa mínima diária
minext
W
Umidade absoluta externa média diária
extmed
W
Umidade absoluta externa máxima diária
maxext
W
FONTE: Pesquisa
A Tabela 35 apresenta as informações utilizadas para o cálculo das dias mensais de
umidade do ar, sendo considerados para a Capela dados concentrados de cinco em cinco dias
durante cada mês.
TABELA 35 - CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
CÁLCULO DAS MÉDIAS MENSAIS
(
)
GW
Média da umidade absoluta externa mínima para cada período (mês)
minext
GW
Média da umidade absoluta externa média para cada período (mês)
extmed
GW
Média da umidade absoluta externa máxima para cada período (mês)
maxext
GW
FONTE: Pesquisa
A Tabela 36 apresenta as informações utilizadas para o cálculo da diferença entre a umidade
absoluta externa mínima, média e máxima diária e a média da umidade absoluta externa de
cada período (mês). Na Tabela 37 temos as informações utilizadas para o cálculo da média do
dia anterior.
125
TABELA 36 - INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DAS DIFERENÇAS
Diferença entre a umidade absoluta externa mínima diária e a média da umidade absoluta externa
mínima para cada período (mês)
minmin extext
GWW
Diferença entre a umidade absoluta externa média diária e a média da umidade absoluta externa para
cada período (mês)
extmedextmed
GWW
Diferença entre a umidade absoluta externa maxima diária e a média da umidade absoluta externa
máxima para cada período (mês)
maxmax extext
GWW
FONTE: Pesquisa
TABELA 37 - INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DA MÉDIA DO DIA
ANTERIOR
Umidade externa média do dia anterior
(
)
1
nW
extmed
Diferença entre a umidade externa média do dia anterior e a umidade externa mínima
(
)
min
1
extextmed
WnW
FONTE: Pesquisa
4.3.5 Variáveis a Explicar e Variáveis Explicativas
As equações preditivas foram geradas a partir da análise do padrão de relação entre a
temperatura e umidade interna, variáveis dependentes de interesse, e as variáveis externas que
podem alterá-la.
De forma semelhante à análise gráfica do padrão de relação entre a variável
dependente de interesse e as variáveis independentes que podem alterá-la, realizada para a
Capela Cônego José Ernser, determinaram-se as variáveis independentes para o Arquivo
Público Mineiro. Depois de verificado este padrão de comportamento das temperaturas e
umidades internas em relação às externas, define-se qual delas poderá ser adotada como
variável explicativa.
As Tabelas 38 e 39 mostram as temperaturas e umidades absolutas internas a explicar
e as respectivas variáveis explicativas de temperatura e umidade absoluta para o Arquivo
Público Mineiro, sala 202, área de guarda do acervo.
126
TABELA 38 - VARIÁVEIS DE TEMPERATURA
Variáveis a explicar
Temperatura interna
Variáveis explicativas
Temperatura externa
1
minint
T
minext
GT ,
minmin extext
GTT
e
(
)
min
1
extextmed
TnT
2
minint
T
minext
GT e
minmin extext
GTT
med
T
int
extmed
GT e
extmedextmed
GTT
1
maxint
T
maxext
GT e
maxmax extext
GTT
2
maxint
T
extmed
GT e
extmedextmed
GTT
FONTE: Pesquisa
TABELA 39 - VARIÁVEIS DE UMIDADE ABSOLUTA
Variáveis a explicar
Umidade absoluta interna
Variáveis explicativas
Umidade absoluta externa
1
minint
W
minext
GW ,
minmin extext
GWW
e
(
)
min
1
extextmed
WnW
2
minint
W
minext
GW e
minmin extext
GWW
med
W
int
extmed
GW e
extmedextmed
GWW
1
maxint
W
maxext
GW e
maxmax extext
GWW
2
maxint
W
extmed
GW e
extmedextmed
GWW
FONTE: Pesquisa
4.3.6 Equações Preditivas Geradas para a Temperatura e Umidade Absoluta do Ar
Conforme o procedimento de geração de equações preditivas, descrito sumariamente
na seção 4.2.6, a partir da definição das variáveis a explicar e as explicativas para a
temperatura e para a umidade absoluta, os dados diários dos respectivos períodos foram
exportados para arquivos do tipo txt.
Através do software Sphinx Plus, da Le Sphinx Développement, versão 2.09k realizou-
se a análise de regressão múltipla, a partir da qual se obtiveram cinco equações preditivas para
a Sala 202 - Reserva Técnica do Arquivo Público Mineiro, relacionando temperaturas internas
com temperaturas externas e umidades absolutas internas com umidades absolutas externas.
Por meio do Coeficiente de Determinação (R
2
) os resultados das estimativas de
temperatura e umidades absolutas internas foram comparados com os dados medidos.
As equações preditivas fornecidas pelo
Sphinx, com seus respectivos coeficientes de
determinação, são apresentadas nas Tabelas 40 e 41 a seguir:
127
TABELA 40 - EQUAÇÕES PARA A TEMPERATURA
(
)
(
)
(
)
131
,01*680,0*991,0*023,11
minminminminminint
+
+
+
=
extextmedextextext
TnTGTTGTT
.........
(
)
14.Eq
90,0
min
2
=R
(
)
904,11*957,0*722,12
minminminminint
+
=
extextext
GTTGTT
.......................................
(
)
15.Eq
89,0
min
2
=R
(
)
863,1*819,0*014,1
int
+
+
=
extmedextmedextmedmed
GTTGTT
.......................................
(
)
16.Eq
89,0
2
=
med
R
(
)
859,0*590,0*962,01
maxmaxmaxmaxint
+
+
=
extextext
GTTGTT ..........................................
(
)
17.Eq
87,0
max
2
=R
(
)
082,1*962,0*174,12
maxint
+
=
extmedextmedextmed
GTTGTT
..........................................
(
)
18.Eq
92,0
max
2
=R
FONTE: Pesquisa
TABELA 41 - EQUAÇÕES PARA A UMIDADE ABSOLUTA
(
)
*161,0*919,0*997,01
minminminminint
++=
extextext
GWWGWW
(
)
(
1nW
extmed
)
838,0
min
ext
W
97,0
min
2
=R
……………………………………………………………………………….……
(
)
19.Eq
(
)
936,0*821,0*004,12
minminminminint
+
=
extextext
GWWGWW
………………………….............
(
)
20.Eq
98,0
min
2
=R
(
)
817,0*822,0*971,0
int
+
=
extmedextmedextmedmed
GWWGWW
………………………………..
(
)
21.Eq
99,0
2
=
med
R
(
)
645,0*965,0*939,01
maxmaxmaxmaxint
+
=
extextext
GWWGWW ……………………...……
(
)
22.Eq
97,0
max
2
=R
(
)
14,0*766,0*978,02
maxint
+=
extmedextmedextmed
GWWGWW
…………..…………………
(
)
23.Eq
96,0
max
2
=R
FONTE: Pesquisa
CAPÍTULO 5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentadas as análises das condições ambientais dos espaços
estudados.
Como visto na revisão bibliográfica, é extremamente complexa a adoção de
temperaturas e umidades relativas ideais para a conservação de acervos, uma vez que a
umidade relativa do ambiente determinará a quantidade de vapor d’água em materiais de
origem orgânica e, dependendo das variações de umidade relativa, estes materiais absorvem
ou liberam umidade até atingirem um equilíbrio com o ambiente circunvizinho. Ao ocorrerem
variações significativas, a tendência é o desencadeamento das mudanças dimensionais,
comprometendo assim a integridade física do bem cultural.
Por outro lado, a estabilidade da temperatura e da umidade relativa dentro dos
parâmetros adotados na conservação preventiva é também um tanto relativo, pois segundo
Sebera (1997) é possível estabelecer pares apropriados de temperatura e umidade relativa sem
comprometer obras sobre papel, desde que em ambientes com algum controle mecânico.
Reilly (1997) apresenta o Índice de Permanência e o Índice de Efeito Tempo de Preservação,
afirmando que a temperatura e a umidade atuam em conjunto, acelerando ou reduzindo a
deterioração química dos materiais orgânicos. Michalski (2003) lembra que, para manter a
temperatura e umidade relativa do ar em níveis constantes e moderados, com baixas
flutuações, faz-se necessário o uso de controle mecânico para este fim, o que é uma prática
inviável para a maioria das instituições brasileiras, sem contar com a necessária economia de
energia exigida nos dias de hoje.
Dos parâmetros recomendados de temperatura e umidade relativa na revisão
bibliográfica, o que pareceu mais coerente com a realidade do clima brasileiro, a ser adotado
nesta pesquisa, são os parâmetros recomendados por De Guichen (1984), entre 50% a 65% de
umidade relativa.
129
5.1 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA AVALIAÇÃO DO USO DO INSUFLAMENTO DE
AR
A viabilidade do uso da estratégia de insuflamento de ar em espaços museológicos
seria uma alternativa para minimizar os problemas decorrentes do ambiente inadequado.
Neste trabalho, foram feitas estimativas de acionamento do sistema de insuflamento,
considerando somente os critérios de umidade relativa e umidade absoluta. Estas estimativas
sucederam após os períodos de monitoramento e a geração das equações preditivas, o que
permitiu a realização de uma análise sobre o uso da estratégia de ventilação forçada para
reduzir ou aumentar os níveis de vapor d’água em ambientes internos dentro dos limites
estabelecidos.
A escolha do critério de análise, umidade relativa e umidade absoluta, partiu da
pesquisa desenvolvida por Güths et al. (2001), apresentado na seção 2.6.3, em que os autores
chegam à conclusão que acionar o sistema de insuflamento de ar somente adotando o critério
“umidade relativa externa versus interna” seria insuficiente, sendo necessário também
considerar, para acionamento do sistema de insuflamento de ar, a umidade absoluta.
Assim, para os espaços analisados nesta pesquisa, utilizou-se como limite mínimo
para insuflamento de ar 50% e limite máximo 65% de umidade relativa, conforme
recomendado por De Guichen (1984), sem negligenciar a umidade absoluta.
Portanto, o procedimento consistiu em conferir:
a) Para o limite máximo de 65%:
quando a umidade absoluta externa máxima for menor que a umidade absoluta
interna máxima (W_EXT máx < W_INT máx) e ambas corresponderem a valores de
umidade relativa externa inferiores a 65%, a estimativa indicaria que o sistema
poderia ser acionado.
b) Para limite mínimo de 50%:
quando a umidade absoluta externa mínima estiver acima da umidade absoluta
interna mínima (W_EXT min > W_INT min) e ambas corresponderem a valores
de umidade relativa externa inferiores à umidade relativa mínima recomendada,
neste caso, 50%, o sistema seria acionado.
130
5.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
A análise a seguir é resultado das estimativas baseadas nas equações preditivas
geradas para a temperatura e a umidade do ar.
Para a estimativa e análise da Capela empregaram-se equações preditivas para a
temperatura e umidade do ar apresentadas no Capítulo 4, seção 4.2.6, e para a sala 202 -
reserva técnica do Arquivo Público Mineiro equações preditivas para a temperatura e umidade
do ar que obtiveram os melhores coeficientes de correlação descritas na seção 4.3.6.
5.2.1 Análise das Condições Ambientais para a Capela Cônego José Ernser Rio Negro – PR
O Gráfico16 mostra as médias de cada mês de monitoramento quanto à umidade
absoluta interna e externa.
Nota-se, na figura, que a umidade máxima externa é mais alta que a interna, sendo esta
relação praticamente independente da quantidade de visitantes na Capela.
Os níveis mínimos internos e externos mantêm-se próximos. Uma possível explicação
é que a grande área de superfície, massa térmica das paredes e o piso da Capela podem ter
absorvido o vapor de água gerado pelas pessoas que entram na Capela.
GRÁFICO 16 - MÉDIAS MENSAIS DE UMIDADE ABSOLUTA EXTERNA E INTERNA
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
1 2 3 4 5 6 7 8
Mês
Rao de Umidade (g/kg)
W_EXT min W_ EXT máx W_INT min W_ INT máx
FONTE: Pesquisa
131
O Gráfico 17 mostra o número de visitantes e a umidade absoluta média interna e
externa nos meses de monitoramento.
GRÁFICO 17 - NÚMERO DE VISITANTES E AS MÉDIAS MENSAIS DE UMIDADE
ABSOLUTA EXTERNA E INTERNA
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
jan abr mai jun set out nov dez
mês
Nº visitantes
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
W (g/kg)
número de visitantes W_INTméd W_EXT med
FONTE: Pesquisa
A estimativa de umidade relativa interna, com ventilação forçada, foi feita
considerando as seguintes suposições:
a) As taxas de ventilação são suficientemente altas; e,
b) A remoção de umidade interna é possível através da ventilação forçada.
O mesmo procedimento de cálculo realizado a partir das fórmulas da ASHRAE foi
então usado para calcular a umidade relativa interna quando a Capela é ventilada (no caso, foi
considerado que a umidade absoluta interna e a externa se igualam).
No Gráfico 18 a curva da umidade relativa máxima interna com insuflamento partiu
do critério da umidade absoluta, ou seja, quando a umidade absoluta máxima interna predita
for maior do que a umidade absoluta externa medida, haverá o insuflamento e este será
suficiente para que a umidade absoluta interna seja equivalente à externa medida. Caso
132
contrário não haverá o insuflamento e a umidade absoluta xima interna será equivalente à
umidade absoluta interna predita. a curva da umidade relativa máxima interna sem
insuflamento considerou que a umidade absoluta máxima interna é a predita.
A linha tracejada indica o limite máximo para a umidade relativa interna de 65%.
Observam-se resultados quando não havia nenhuma ventilação forçada (curva UR_max int
sem insuflamento) e quando a ventilação forçada é considerada (UR_max int com
insuflamento).
GRÁFICO 18 - ANÁLISE DO LIMITE MÁXIMO DE UMIDADE RELATIVA INTERNA
FONTE: Pesquisa
A situação em que a ventilação forçada poderia reduzir o nível de vapor interno a
níveis indicados é verificada somente no dia 12 de abril, quando a umidade interna se
manteve acima dos valores externos (Gráfico 18). Dos 112 dias analisados, 73% desses
estiveram abaixo do limite máximo estudado de 65% de umidade relativa.
A análise demonstrou que, para o período analisado, o uso da estratégia de ventilação
forçada para a Capela, tendo em vista a redução dos níveis de vapor interno para os indicados
pela conservação preventiva, não teria um uso efetivo pelo fato do ambiente interno
apresentar uma umidade relativa menor que 65%.
50,00
55,00
60,00
65,00
70,00
75,00
80,00
jan/02
13
24
28
7
11
15
7
21
jun/02
17
21
set/02
9
13
17
28
2
8
12
16
20
24
3
7
11
23
27
Dias monitorados
UR (%)
URmax int sem insuflamento URmax int com insuflamento Limite URmax
133
Quanto ao limite mínimo para a umidade relativa interna, adotou-se 50%, observando-
se vários períodos abaixo do mínimo recomendado.
Nos períodos em que a umidade absoluta externa mínima é superior à umidade
absoluta interna mínima (W_EXT min > W_INT min) e ambas correspondem a valores de
umidade relativa inferiores à umidade relativa mínima recomendada, com o insuflamento
torna-se possível aproximar a umidade relativa interna do limite mínimo recomendado
(Gráfico 19).
GRÁFICO 19 - ANÁLISE DO LIMITE MÍNIMO DE UMIDADE RELATIVA INTERNA
FONTE: Pesquisa
Na maioria dos dias, a umidade relativa interna e externa apresentaram-se em níveis
semelhantes. Segundo a estimativa realizada, apenas 6,25% dos dias o insuflamento de ar
poderia elevar as condições de umidade para cima do nível recomendado de 50%, sendo estes:
dia 27 de janeiro, dias 07 e 09 de setembro, dia 13 de outubro, dias 10 e 26 de novembro e dia
05 de dezembro.
35,00
40,00
45,00
50,00
55,00
60,00
65,00
jan/02
13
24
28
7
11
15
7
21
jun/02
17
21
set/02
9
13
17
28
2
8
12
16
20
24
3
7
11
23
27
Dias monitorados
UR (%)
URmin int sem insuflamento URmin int com insuflamento Limite URmin
134
5.2.2 Análise das Condições Ambientais para a Sala 202 Reserva Técnica do Arquivo
Público Mineiro
O Gráfico 20 mostra as médias de cada mês de monitoramento quanto à umidade
absoluta interna e externa. Observa-se que, para a sala 202 reserva técnica de documentos
não encadernados do Arquivo Público Mineiro, a umidade absoluta externa máxima mantém-
se mais elevada que a interna durante todo o período monitorado, ocorrendo a mesma situação
na grande maioria do período para as umidades absolutas mínimas externas e internas. Tal
condição se devido ao fato desse ambiente permanecer fechado e com baixa ocupação
durante a maior parte do tempo.
GRÁFICO 20 - MÉDIAS MENSAIS DE UMIDADE ABSOLUTA EXTERNAS E INTERNAS
6
8
10
12
14
16
18
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Mês
Razão de umidade (g/kg)
W_EXTmin W_EXTmáx W_INTmin W_INTmáx
FONTE: Pesquisa
O mesmo procedimento utilizado na Capela para determinar os dias de insuflamento
para o controle da umidade relativa externa, foi adotado na sala 202 da reserva técnica do
Arquivo Público Mineiro, tendo 50% como limite mínimo e 65% o limite máximo adotado
para a umidade relativa interna.
135
O Gráfico 21 mostra o limite máximo indicado para umidade relativa interna, a linha
tracejada de 65%. Os resultados são apresentados quando não havia nenhuma ventilação
forçada (curva UR_max int sem insuflamento) e quando a ventilação forçada era considerada
(UR_max int com insuflamento). A análise mostrou que, dadas as condições ambientais, o
insuflamento seria desnecessário pelo fato do ambiente externo conter altas umidades.
GRÁFICO 21 - ANÁLISE PARA O LIMITE MÁXIMO DE UMIDADE RELATIVA PARA
INSUFLAMENTO
FONTE: Pesquisa
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
110,00
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100 109 118 127 136 145 154 163 172 181 190 199 208 217 226 235 244 253 262 271 280
Dias monitorados
UR (%)
URmax int sem insuflamento URmax int com insuflamento Limite URmax
136
Com relação ao valor nimo interno de umidade relativa em 50%, observam-se
alguns períodos abaixo do mínimo recomendado.
Segundo a estimativa realizada, em 14,08% dos dias o insuflamento de ar poderia
elevar as condições de umidade acima do nível recomendado de 50%, sendo os meses mais
significativos para insuflamento o mês de julho com 7 dias (dia 1º e entre os dias 18 e 23, mês
de novembro com 6 dias e dezembro com 4 dias.
Os demais meses corresponderam de 1 a 3 dias de insuflamento no mês (Gráfico 22).
GRÁFICO 22 - ANÁLISE PARA O LIMITE MÍNIMO DE UMIDADE RELATIVA PARA
INSUFLAMENTO
FONTE: Pesquisa
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100 109 118 127 136 145 154 163 172 181 190 199 208 217 226 235 244 253 262 271 280
Dias monitorados
UR (%)
URmin int sem insuflamento URmin int com insuflamento Limite URmin
137
5.3 ANÁLISE DA VIABILIDADE, OU NÃO, DO USO DE VENTILAÇÃO FORÇADA
A PARTIR DAS EQUAÇÕES PREDITIVAS
Nesta pesquisa, o objetivo de usar as equações preditivas foi para, a partir delas,
adaptar uma metodologia de análise que permitisse verificar se o uso da ventilação forçada é
viável, ou não, para amenizar as condições adversas do ambiente, procurando-se definir
através destas análises os períodos do ano mais adequados à consecução desse processo de
ventilação.
Foi verificado que o uso destas equações é de grande valia, uma vez que se realizaram
a partir da metodologia adotada as análises das condições do ambiente interno. Observou-se
então que, a partir destas equações, é possível fazer estimativas de conservação.
No que tange à viabilidade, ou não, do uso de ventilação forçada para o interior dos
museus estudados, pode-se verificar:
a) Na Capela Cônego José Ernser para os níveis máximos estabelecidos de 65% de
umidade relativa, o insuflamento de ar poderia reduzir o nível de vapor interno
somente em um dia de monitoramento, no dia 12 de abril, quando a umidade
interna se mantinha acima dos valores externos. Para os limites mínimos, 50% de
umidade relativa interna, foi possível verificar que mesmo a umidade interna e
externa apresentando-se em níveis semelhantes, várias situações indicaram que o
insuflamento de ar poderia ter um efeito de elevar as condições de umidade para
acima do nível recomendado de 50%.
b) No Arquivo Público Mineiro sala 202 reserva técnica de documentos não
encadernados - para os níveis máximos estabelecidos de 65% de umidade relativa,
a análise mostrou que o insuflamento de ar seria desnecessário por conter altas
umidades externas. As análises também demonstraram que nenhuma situação
ocorreu que indicasse o insuflamento de ar para o controle da máxima. Para os
limites nimos, porém, observaram-se vários períodos em que a umidade relativa
esteve abaixo do mínimo recomendado e diversas situações indicaram que o
insuflamento de ar poderia elevar a umidade relativa próxima a 50%. É importante
frisar que este insuflamento se daria em horários específicos do dia, em geral,
determináveis.
CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciar esta pesquisa algumas questões sobre o Patrimônio Cultural e a
responsabilidade com a preservação do mesmo foram abordadas, uma vez que uma
interação entre o passado, o presente e o futuro. Perante tantas adversidades do mundo, a
preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural tem sido um dos grandes desafios a
serem enfrentados. Através da preservação da memória cultural, será possível ao homem
revitalizar a sua história, uma vez que os bens culturais, materiais e imateriais possuem
categorias de informação diversas, pelos dados históricos, iconográficos, tecnológicos e
estéticos, que, por sua vez, estão agregados aos valores afetivo, cognitivo, psicomotor e
espiritual de cada cultura e época.
No que concerne à conservação preventiva e à restauração, foi evidenciado serem
atividades com finalidades distintas e que, nas últimas décadas, tem-se enfatizado mais a
prática da conservação preventiva à restauração propriamente dita. Isto porque a ação da
conservação preventiva desenvolve-se de maneira global e não pontual, uma vez que busca
aplicar todas as alternativas possíveis, quando viáveis, para garantir a correta conservação e
manutenção do bem cultural, sem descuidar do contexto em que está inserido. Evidenciou-se,
também, que a ação da conservação preventiva está diretamente relacionada com toda a
equipe de profissionais envolvidos, direta ou indiretamente, com o acervo.
A prática e o estudo da conservação preventiva no Brasil são ainda recentes e muitas
instituições brasileiras ainda desenvolvem seus projetos de conservação, de acordo com as
suas possibilidades.
Ao abordar, na revisão bibliográfica, questões relacionadas ao ambiente, foi possível
constatar que, em condições inadequadas de temperatura e umidade relativa, ocorrem vários
processos de degradação em materiais de origem orgânica, tais como mudanças dimensionais,
reações químicas e biodeterioração.
Quanto às mudanças dimensionais, em umidade relativa elevada, estes materiais se
expandem e em baixa umidade relativa sofrem contração, provocando deformações, fissuras,
deslocações em suas partes, veios e rupturas de fibras. a degradação química, é acelerada
quando o material é submetido a altas temperaturas e, em menor grau, pelos níveis de
umidade relativa. Entretanto, com umidade mais elevada, mais água encontra-se disponível
para as reações de hidrólise. Os exemplos de degradação química são: as alterações de cor; o
139
papel poderá tornar-se quebradiço causado por um processo químico; apodrecimento do
couro; perda da resistência dos têxteis.
A degradação biológica está condicionada à umidade relativa elevada do ambiente,
acima de 70%. Abaixo deste valor, os esporos permanecem inativos sobre o material
hospedeiro, porém tornar-se-ão ativos quando a umidade elevar-se novamente. Se a umidade
relativa permanecer por alguns dias em torno de 70-75%, algumas espécies germinam e
crescem, principalmente as que atacam materiais de bibliotecas, arquivos, trabalhos artísticos
com suporte sobre papel, impressões fotográficas e filmes negativos. Os danos causados pelos
insetos são irreversíveis e o ciclo de desenvolvimento de muitos tipos ocorre em umidade
acima de 60% e temperatura entre 20 e 30 ºC.
Observou-se o quanto é complexo ter um ambiente adequado e estável para a
conservação dos bens culturais, principalmente no que se refere à degradação biológica, uma
vez que este é o tipo de degradação que mais tem preocupado a comunidade de
conservadores. Faz-se necessário salientar que as características climáticas do Brasil
propiciam a proliferação dos mais diversos tipos de ataque biológico em acervos.
Foi apresentado o método das isopermas desenvolvido por Sebera (1997). Este método
permite quantificar os efeitos que a temperatura e a umidade relativa têm sobre a perspectiva
de vida em obras sobre papel, podendo também ser adaptado a outros tipos de materiais de
origem orgânica. O autor citado acima mostra que a degradação quimicamente induzida
aumenta com a elevação da temperatura e da umidade e, com a diminuição destes, ocorre o
aumento da permanência do papel. O método traz vantagens aos conservadores, pois, se
forem feitas alterações simultâneas na temperatura e umidade relativa, de maneira que o
decréscimo de uma delas compense o aumento da outra, a taxa de degradação resultante
refletirá seus efeitos combinados. Os pares de temperatura e umidade relativa, quando
transferidos para um gráfico, geram uma linha de permanência constante definida como uma
isoperma. Isto vem permitir ao conservador verificar, considerando a realidade local, quais
pares de temperatura e umidade relativa poderão ser adotados, que apresentem o mesmo valor
de permanência.
É possível também conhecer o estado de conservação atual das coleções, obtido a
partir do diagrama de isopermas. Este diagrama fornece uma estimativa quantitativa da
situação de preservação e assegura o conservador as modificações necessárias para melhorar o
estado de conservação das coleções. É lógico que o monitoramento do ambiente é
fundamental para poder pensar nas estratégias a serem adotadas. Muito embora a instalação
140
de sistemas de monitoramento do ambiente para a obtenção de dados de temperatura e
umidade relativa possa ser técnica e economicamente inviável para a maioria das instituições
brasileiras, configurando um enorme desperdício ter equipamentos para este fim e não saber
fazer interpretações que sejam pertinentes.
A abordagem de Reilly (1997), apresentada na dissertação sobre o índice de
permanência (IP) e índice de efeito tempo de preservação (IETP), poderá ser uma ferramenta
útil aos conservadores.
O IP é expresso em anos e permite quantificar a qualidade das condições ambientais
de armazenamento, fornecendo o tempo que materiais orgânicos poderiam tornar-se
deteriorados, se, a temperatura e a umidade relativa não variassem a partir do momento da
medição. o IETP estima o efeito cumulativo ao longo do período de monitoramento, das
condições variáveis de temperatura e umidade relativa, sobre esta taxa de deterioração
química em coleções.
Para se determinar o IP a partir de uma combinação de temperatura e umidade relativa,
deve-se consultar a tabela de definição do IP apresentada por Reilly. Esta tabela apresenta
uma série de combinações distintas de temperatura e umidade relativa que fornecerão o
mesmo valor de IP, em que valores equivalentes de permanência podem ser alcançados de
forma distinta. Para a conservação preventiva, este estudo indica de que forma medidas
coerentes poderão ser tomadas para aumentar a vida útil das coleções.
Ainda há muitas dúvidas por parte da comunidade de conservadores de museus,
biblioteca e arquivos, no que diz respeito ao ambiente das coleções. Apesar da literatura
disponível sobre o assunto ser vasta, o acesso ainda é limitado para grande parte das
instituições. Observa-se que inúmeras indagações ainda precisam ser esclarecidas,
principalmente quando se trata dos parâmetros ambientais “ideais” de temperatura e umidade
relativa recomendados, adotados muitas vezes sem nenhum critério. O que mais preocupa no
momento é que muitas instituições brasileiras ainda carecem de orientações no que diz
respeito à conservação adequada das coleções, além de não possuírem uma estrutura
financeira que permita tomar ações necessárias; e, quando a possuem, nem sempre a
empregam de maneira adequada. Pesquisas nessa área ainda estão sendo realizadas, portanto
todo aporte de conhecimento que permita de alguma forma nortear alternativas viáveis de
conservação preventiva, deveria ser considerado e avaliado.
Demonstrou-se que, sem a realização de um período contínuo de monitoramento das
condições ambientais reais a que um acervo está submetido, fica muito difícil estabelecer
141
metas e diretrizes de conservação. Assim, a partir do monitoramento do ambiente, será
possível, através de diagnósticos de conservação, programar ações corretivas que venham, de
alguma forma, aumentar a expectativa de vida das coleções.
Quando proposto o desenvolvimento desta pesquisa, constatou-se que diversas
instituições indicadas para análise já possuíam sistemas de monitoramento do ambiente e uma
prática contínua de conservação preventiva. Os espaços analisados foram:
a) A Capela Cônego José Ernser, restaurada no ano de 2001, cujo acervo é
constituído de pintura mural e tem acompanhamento de técnicos em conservação
preventiva; e,
b) a Reserva Técnica do Arquivo Público Mineiro, sala 202 reserva técnica de
documentos não encadernados, onde vários projetos de conservação preventiva e
pesquisa na área do ambiente foram implementados no Arquivo como um todo.
O instrumento utilizado nestas instituições para o monitoramento das condições
térmicas do acervo, CLIMUS - Sistema de Gerenciamento Ambiental, desenvolvido em
universidade brasileira, agregou, pelos seus criadores, diversos avanços tecnológicos, entre
eles, os parâmetros IP e IETP, que o colocaram na vanguarda nacional e internacional.
Nesta pesquisa foram utilizados, apenas, os dados horários de temperatura e umidade
do ar. Estes dados foram sistematizados em planilha Excel, transformados em dados diários,
para depois verificar graficamente o padrão de relação entre a variável dependente de
interesse (temperatura e umidade interna) e as variáveis independentes que poderiam alterá-la
(temperatura e umidade externa). Após esta verificação, os dados foram exportados para
arquivos do tipo txt. Foi utilizado então o software Sphinx Plus, da Le Sphinx Développement,
versão 2.09k, para a obtenção das equações preditivas para os espaços estudados. Estas
equações, sugeridas por Givoni (1998) para avaliar o desempenho térmico de edificações,
foram, também, utilizadas nesta pesquisa para análise de ambientes de museu. Elaborou-se,
então, uma metodologia que permitisse, a partir das equações geradas, a realização de tais
análises.
Estas análises permitiram responder ao problema de pesquisa apresentado no início
desta pesquisa:
142
c) Até que ponto um sistema de insuflamento de ar poderá ser uma alternativa viável
para minimizar os problemas adversos do ambiente em espaços museológicos; e,
em que condições climáticas e com que freqüência este sistema de insuflamento
poderia ser empregado?
Neste caso, observou-se que, para o controle da umidade relativa mínima estabelecida,
o sistema poderia ser uma alternativa, pois as análises indicaram algumas situações nas quais
o insuflamento de ar poderia ter um efeito de elevar as condições de umidade para cima do
nível mínimo recomendado em ambos os espaços estudados. Entretanto isso não resolveria
para reduzir os níveis que estivessem acima do máximo permitido, pois dadas as condições
ambientais, o insuflamento seria desnecessário pelo fato do ambiente externo conter altas
umidades.
Para os casos analisados, salienta-se nenhuma eficiência do sistema para reduzir os
níveis que estivessem acima do máximo permitido e pouca eficiência quanto ao controle da
umidade relativa mínima (6,25% dos dias analisados para a Capela e 14,08% para a reserva
técnica do Arquivo Público Mineiro).
Com relação às condições climáticas em que este sistema poderia ser empregado,
necessitar-se-iam mais análises, uma vez que os espaços estudados apresentaram-se
relativamente secos, isto é, a umidade interna foi inferior à externa durante praticamente todo
o período de monitoramento.
Uma análise do potencial de insuflamento de ar para controle das condições
ambientais internas traria resultados mais significativos em ambientes com problemas
acentuados de alta umidade.
No início desta pesquisa, além dos espaços analisados, Capela Cônego José Ernser e a
reserva técnica do Arquivo Público Mineiro, pretendia-se analisar também o espaço Estúdio
Imperial, edificação histórica anexa ao Museu Imperial, localizado em Petrópolis RJ.
A Figura 34 mostra a planta de situação com a respectiva localização do Estúdio
Imperial.
143
FIGURA 34 – PLANTA DE SITUAÇÃO
FONTE: Museu Imperial
Em visitas técnicas realizadas pela autora em Petrópolis, observou-se a proximidade
deste espaço à encosta, além do entorno ser caracterizado por muitas árvores (Figura 35).
FIGURA 35 - FACHADA DO ESTÚDIO IMPERIAL
FONTE: Pesquisa
Museu Imperial
Estúdio Imperial
144
Através dos dados de temperatura e umidade relativa interna constatou-se que uma das
salas deste anexo apresenta altos índices de umidade interna. O alto índice de umidade
relativa interna nesta sala pode estar ocorrendo em virtude da sua localização (ao lado da
encosta), migração de umidade ascendente pela existência de cisterna (Figura 36).
FIGURA 36 – ENTORNO
FONTE: Pesquisa
As conseqüências negativas da umidade interna nesta sala são extremas e evidentes,
pois apresenta, inclusive, grande infestação por fungos e prejuízos à própria edificação.
Este espaço do Estúdio Imperial, pelas suas características ambientais, tem sido uma
das preocupações dos conservadores e arquitetos do Museu Imperial, uma vez que está sendo
preparado para receber exposição permanente de obras sobre papel.
A Figura 37 mostra a planta baixa do Pavilhão. O contorno, em azul, mostra o espaço
do Estúdio Imperial que está sendo monitorada pelo CLIMUS.
A seta vermelha indica a sala que apresenta alto índice de umidade relativa em relação
às demais monitoradas.
145
FIGURA 37 – PLANTA BAIXA
sala com alto índice de umidade relativa
FONTE: Museu Imperial
Infelizmente, não foi possível na continuidade da pesquisa a realização de análises
ambientais no espaço do Estúdio Imperial pela inexistência de dados de monitoramento do
ambiente externo. Este fato foi contraproducente para a pesquisa de mestrado, uma vez que se
pretendia realizar análises comparativas de regiões climáticas diversas. Além disso, em
relação aos demais espaços estudados este foi o que apresentou maiores umidades internas.
Sobre os objetivos propostos no início da pesquisa, foi possível explorar cada qual
através de:
a) Elaboração e aplicação de uma metodologia de análise de condições ambientais por
meio de equações preditivas.
b) Desenvolvimento de equações preditivas para espaços museológicos localizados em
condições climáticas diferentes.
c) Estimativa de resultados em termos de condições ambientais adequadas, nos
146
diferentes espaços, a partir da possibilidade do uso da estratégia de ventilação
forçada, para verificar se os níveis de vapor d’água em ambientes internos
poderiam reduzir, ou aumentar, para os limites mínimos e máximos indicados na
conservação preventiva.
Evidenciou-se que o uso das equações preditivas foi de grande importância nesta
pesquisa, uma vez que permitiu análises do ambiente e uma conscientização de que não basta
insuflar ar externo para dentro dos espaços, propiciar a renovação do ar através de ventilação
natural ou cruzada ou até mesmo através de aberturas de janelas, sem o devido conhecimento
das condições reais externas.
É de grande importância a investigação contínua por parte dos conservadores de
museus. É preciso neste momento perceber toda a complexidade que existe nos espaços
museológicos no que diz respeito à conservação das coleções.
6.1 IMPLICAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Em relação às limitações encontradas durante a realização desta pesquisa, pode-se
afirmar que a principal foi a falta de fornecimento de dados de monitoramento por parte de
algumas instituições contatadas que possuem sistema de monitoramento do ambiente. Este
fato é negativo quando se pretende fazer comparações do uso do método de predição em
regiões climáticas distintas. Outra dificuldade encontrada foi a distância entre instituições:
mesmo realizando-se análises através de dados fornecidos via on-line, para o conservador é
imprescindível conhecer in loco o espaço que se está investigando, a localização dos sensores
de monitoramento, verificar o tipo de edificação, tipo de acervo, sem o que, o diagnóstico de
conservação poderia ficar comprometido. Entretanto, esta questão foi superada e as visitas
técnicas foram realizadas conforme o previsto.
6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Com relação às pesquisas futuras, é evidente que o campo de investigação da
conservação preventiva não se esgotará. Várias são as instituições museológicas no Brasil
localizados sob os mais variados contextos, seja no que se refere ao clima local, às
características construtivas do museu, ao tipo de acervo e nos procedimentos realizados na
conservação, evidenciando com isso que outros espaços poder-se-iam, também, considerar.
147
Propostas de pesquisa que poderiam dar continuidade a esta dissertação:
1. Realizar, a partir do monitoramento do ambiente, análises comparativas em
espaços localizados em diversas regiões do país, todavia inseridos em uma mesma
zona bioclimática, verificando com isso se há ocorrência de similaridade quanto ao
uso do insuflamento de ar para a conservação.
2. Fazer as análises do ambiente mediante a geração de equações preditivas,
restringindo a utilização dos dados de acordo com as estações do ano. Isto
permitiria uma análise mais detalhada da eficácia do uso do insuflamento de ar em
museus para cada período.
3. Comparar os dias recomendados para o insuflamento de ar de acordo com as
características construtivas da edificação e seu comportamento térmico em função
do clima onde está localizado. Através das comparações obtidas, fazer um
cruzamento de informações baseando-se no índice de permanência e no “índice de
efeito tempo de preservação” do espaço estudado.
4. Verificar se a presença de visitantes nos espaços museológicos provoca alterações
climáticas significativas em ambientes internos, considerando que a função social
do museu, enquanto espaço de educação, deve estar atrelado à conservação do
patrimônio.
5. Analisar espaços que apresentam umidade relativa interna, significativamente
elevada em relação ao ambiente externo.
148
GLOSSÁRIO
CORROSÃO
DELIQÜESCÊNCIA
ESTUQUE
FOXING
FUNGO
FISSURAS
MOFO
PERGAMINHO
PERMANÊNCIA
Deterioração estrutural de um material, provocada pela ação
química ou eletroquímica espontânea de agentes do meio ambiente,
em particular sais, ácidos e álcalis. Um exemplo de corrosão é o
enferrujamento (ROSENFIELD, 1997, p.40).
Do lat. Delinquescentia fenômeno pelo qual certos corpos sólidos,
com grande afinidade para a água, passam a líquidos, em presença
do ar úmido. (MICHAELIS, melhoramentos). A absorção de água
da atmosfera por um sal higroscópico em tais quantidades que
acaba por se formar uma solução concentrada do sal.
Mistura de gesso, cola água ou outras combinações de ingredintes
usada para acabamento de paredes. Em restauração, é a massa
utilizada para preencher colunas (ROSENFIELD, 1997, p.55).
(Fungo-oxidação) considerado, por alguns, uma infecção fúngica
que resulta de uma reação química entre os sais ferrosos do papel
com alguns ácidos orgânicos produzidos pelos fungos
(ROSENFIELD, 1997, p.60).
Tipo de organismo vegetal parasitário, destituído de clorofila e que
se alimenta de compostos orgânicos. Desenvolve-se principalmente
em ambientes quentes. Exemplos que proliferam em obras de arte:
aspergillus niger, cladosporium hebarum,etc. Nas obras de arte
alimentam-se da celulose encontrada na madeira, no papel e em
colas à base de amidos e proteínas (ROSENFIELD, 1997, p.60).
Separação paralela entre o estrato pictórico e a base de preparação
ou entre a base de preparação e o suporte. Esse tipo de fissura
ocorre quando a adesão entre as camadas desaparece
(ROSENFIELD, 1997, p.59)
Nome dado a um tipo e/ou colônia de fungos, normalmente
filamentoso-algodonoso, que vive de matérias orgânicas em
decomposição (ROSENFIELD, 1997, p.78).
Pele de ovelha ou cabra, macerada na cal, raspada, polida, esticada
e seca, muito usada no passado como material sobre o qual se
escrevia ou pintava. Usada na confecção de bíblias e livros em
geral. Eram necessárias peles de cerca de 300 ovelhas para a
produção de um exemplar de uma bíblia (ROSENFIELD, 1997,
p.90).
No contexto da Conservação Preventiva é essencial compreender
que ela denota o tempo necessário para que se atinja algum estado
específico de deterioração ou resistência residual.
149
RESERVA
TÉCNICA
Local de um museu onde são guardados os objetos que o se
encontram em exposição. As condições ambientais da reserva
técnica devem ser mantidas constantes. Esse controle deve incluir
tanto instalações adequadas quanto o controle da umidade e da
temperatura dentro de limites preestabelecidos (ROSENFIELD,
1997, p. 101). São também considerados reservas técnicas locais
onde são acondicionados livros, documentos e objetos raros quando
não estão à disposição do deleite do público.
Acúmulo de pó, manchas e sujidades depositados sobre a superfície
de um quadro (ROSENFIELD, 1997, p.108). Estas sujidades
também poderão estar assentadas em documentos, livros,
fotografias e objetos.
150
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157
ANEXOS
DESCRIÇÃO DOS DISPOSITIVOS
Laboratório de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas - Departamento de Engenharia
Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis / SC
Sensores disponíveis com transmissão de sinal digital:
- sensor de temperatura do ar interno. Precisão de leitura: 0.3
o
C;
- sensor de umidade relativa: sensor do tipo sonda capacitiva Precisão de leitura: 3 %;
- sensores de radiação interna (luz visível e ultravioleta): sensores do tipo Fotodiodo;
- sensor radiação solar;
- sensor de condensação em paredes: sensores do tipo termopar diferencial;
- sensor de qualidade do ar: sensores de tipo semicondutor com sensibilidade para
detecção de monóxido de carbono, solventes orgânicos, fumaças, etc.; e,
- sensor de velocidade do ar: anemômetro a fio quente, etc.
Módulo de controle: saida com chaveamento de relês tiristorizados.
Módulo de aquisição de sinais de 11 a 88 canais de entradas. Conversor A/D 12 bits.
Sistema de condicionamento de sinais analógicos padrão 4-20 mA a 0-10 DCV.
Alimentação 110V/220V.
Software de aquisição de sinais CLIMUS-AQUIS compreendendo:
- visualização dos valores adquiridos em tempo real sobre a planta baixa da edificação;
- registro em disco rígido dos valores horários médios com varredura a cada segundo;
- geração de arquivos automáticos;
- cálculo e registro dos Índice de Preservação (IP) e o Índice de Efeito Tempo sobre a
Preservação (IETP).
-
Software de visualização CLIMUS-VISUAL para visualização dos valores registrados
pelo CLIMUS com escolha sobre a planta baixa da edificação;
Software de acesso remoto via INTERNET.
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