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membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aumentou
de US$ 13,00, em meados de 1978, para US$ 32,00 no final de 1980 (BEM, 2003,
p.70). Os efeitos sobre as economias dos principais países desenvolvidos foram
negativos. Porém, a resposta dos diferentes governos, em especial o da maior
economia, os Estados Unidos, foi mais rápida e efetiva, resultando em um menor
impacto econômico sobre esses países, diferente do ocorrido à época do primeiro
choque do petróleo, em 1973, quando as taxas médias de crescimento do PIB para
o período 1974-1975 foram negativas nos Estados Unidos (-0,9%) e na Alemanha (-
0,6%) (BEM, 2003, p. 68).
Um fundamental fator que veio a contribuir ao forte crescimento da dívida
externa da Argentina, do Brasil, e do conjunto de países em desenvolvimento
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e,
também, para a deterioração da situação econômica dos mesmos foi a brusca
elevação das taxas de juros internacionais, ocorrida a partir de 1980, e apoiada
pelos Estados Unidos, ávidos por recursos financeiros para solucionar seu crescente
déficit fiscal, fruto, principalmente, dos elevados gastos em defesa praticados por
aquele país
55
.
A partir de 1980 teve início, então, a chamada crise da dívida externa dos
países em desenvolvimento. A primeira crise ocorreu em 1981, quando a Polônia
reconheceu sua incapacidade de cumprir as obrigações decorrentes de seu
endividamento e solicitou a renegociação de seus débitos. O México fez o mesmo
em 1982. Outros países como o Brasil e a Argentina
56
também enfrentavam
dificuldades para equilibrar suas contas externas, fragilizadas em virtude dos
crescentes déficits em conta corrente em seus balanços de pagamento.
Em 1985, o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, James Baker, reuniu
os principais devedores internacionais (Brasil, Argentina, México e outros) e técnicos
do FMI, do Banco Mundial e dos principais bancos privados. Na ocasião, foi
54
A dívida externa total dos países em desenvolvimento chegava a US$ 130,1 bilhões à época do
primeiro choque do petróleo, 1973. Quando ocorreu o segundo choque, 1979, o montante já atingia
US$ 504,7 bilhões. Em 1982, aumentou para US$ 780,9 bilhões e, em 1985, atingiu US$ 953,8
bilhões (BEM, 2003, p.69).
55
Entre 1970 e 1980, os gastos com defesa superaram os 20% dos gastos totais do governo dos
Estados Unidos, com pico de 28,11% em 1973. Em 1980, o percentual ainda era elevado, 21,16%
(BEM, 2003, p.72).
56
Os dois países recorreram aos organismos internacionais de crédito por diversas vezes até 1985
com vistas a negociar acordos referentes às dívidas externas. A Argentina selou acordos com o FMI
em 1983, 1984 e 1985, e o Brasil assinou acordos com o Banco Mundial (1984) e também com o FMI
(1983 e 1984) (BEM, 2003).