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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL,
HIDROGEOLÓGICA E HIDROQUÍMICA DOS SISTEMAS
AQUIFEROS GUARANI E SERRA GERAL NO
NORDESTE DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
LEANDRO MENEZES BETIOLLO
ORIENTADOR: ARI ROISENBERG
BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Egydio Menegotto
Prof. Dr. Nelson Amoretti Lisboa
Prof. Dr. Ruy Paulo Philipp
Dissertação de Mestrado apresentada
como requisito para obtenção do
Título de Mestre em Geociências.
Porto Alegre – 2006
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CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL,
HIDROGEOLÓGICA E HIDROQUÍMICA DOS SISTEMAS
AQUIFEROS GUARANI E SERRA GERAL NO
NORDESTE DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
LEANDRO MENEZES BETIOLLO
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Egydio Menegotto
Prof. Dr. Nelson Amoretti Lisboa
Prof. Dr. Ruy Paulo Philipp
Porto Alegre – Setembro de 2006
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AGRADECIMENTOS
Muitos foram importantes durante a realização deste trabalho, cada um
dando sua contribuição à sua maneira e em situações e assuntos diversos, tanto pessoais
como profissionais.
A Cris, minha companheira, amiga, namorada e esposa, lá de dentro do
coração meu mais profundo obrigado, pelos momentos de descontração e ajuda que me
proporcionou e proporciona, por agüentar meus momentos de mau-humor e correria e
pelas conversas geológicas e filosóficas.
Aos meus pais, sempre presentes em momentos difíceis e sempre
dispostos a ajudar, sem medir esforços. Ao meu irmão e minha cunhada, pela
motivação, camaradagem e exemplo. Vocês fazem parte dos meus amigos do peito.
Aos meus sogros, pela amizade e apoio que dão a mim e a Cris em vários
momentos.
Ao meu orientador Ari, que muito me ajudou nesta reta final com sua
visão crítica.
Ao meu co-orientador, Pedro Viero, pelas discussões geológicas,
hidrogeológicas e hidrogeoquímicas.
Ao pessoal da 105, em especial o Arthur, pela garra no trabalho com o
software livre, dicas de como trabalhar no SPRING, ajuda nos trabalhos de campo e
conversas geológicas.
Aos estudantes de geologia, em especial ao CAEG, que não deixam a
peteca cair e mantêm a energia e tradições dos geólogos por gerações.
4
Aos Guayamuns, pela resistência do dia-a-dia, camaradagem, humildade
e fé.
A equipe do NAE da estatística da UFRGS, que me ajudaram nos
tratamentos estatísticos das análises hidroquímicas.
Ao PRÓ-GUAÍBA / FEPAM que cedeu os dados da hidrografia e a
CORSAN, que cedeu os dados dos poços tubulares.
5
RESUMO
O presente estudo foi desenvolvido na região nordeste do Rio Grande do
Sul, denominada Bloco Morfotectônico da Fachada Atlântica, que abrange, em sua
maior área, o pacote vulcânico da Formação Serra Geral, enquanto a parte mais
meridional é constituída pelos arenitos da Formação Botucatu e pelas rochas
sedimentares dos grupos Rosário do Sul e Passa Dois. A principal ênfase deste trabalho
é caracterizar o Sistema Aqüífero Guarani (SAG) e o Sistema Aqüífero Serra Geral
(SASG) na área em estudo, limitada pelas coordenadas 50°02’00’’-52°39’30’’W e
28°29’20’’-29°57’20’’S. Realizado o inventário de 506 poços tubulares foram
selecionados 166 poços contendo informações hidrogeológicas e hidroquímicas
completas, que permitiram o tratamento estatístico através de análise de agrupamentos
(clusters). Com base no estudo da tectônica rúptil através de aerofotointerpretação e
filtragens em Sistema de Informações Geográficas (SIG) no Programa SPRING foram
traçados 1676 lineamentos, com os quais foi possível definir padrões estruturais que
condicionam a hidrogeologia e hidroquímica da área. Individualizaram-se 3 (três)
lineamentos regionais de direção NE, que se somam ao denominado Sistema de Falhas
Terra de Areia-Posadas (SFTA-P). Observa-se que a densidade de lineamentos não
constitui o fator de controle da vazão específica, que tem relação maior com os
lineamentos de médio porte (10 a 100 Km), cuja direção dominante é NW. A
composição das águas, de acordo com o diagrama PIPER, é predominantemente
bicarbonatada cálcica e/ou sódica, com incidência relativamente pequena de
composição bicarbonatada cálcico-magnesiana e rara de águas sulfatadas e cloretadas.
Os estudos estatísticos de dados hidroquímicos definiram 6 (seis) agrupamentos de
amostras de água subterrânea. O grupo mais destacado e que abrange o SASG
6
compreende águas com baixo conteúdo iônico e cuja composição é relacionada à
composição das águas meteóricas. Os demais grupos mostram em maior ou menor grau
influência das formações gondwânicas permo-triássicas, sendo a variabilidade do
conteúdo de cátions (Mg
++
, Ca
++
, Na
+
) os parâmetros diagnósticos ressaltados na análise
estatística. A ocorrência de clusters característicos do SAG no SASG demonstra a
ascensão de água subterrânea, que é controlada pelos lineamentos de médio porte.
7
ABSTRACT
The present study was developed in the northeastern region of the State
of Rio Grande do Sul, southern Brazil. This region includes mainly volcanic rocks from
the Serra Geral Formation and sedimentary rocks from Botucatu Formation and Rosario
do Sul and Passa Dois Groups. The main emphasis is to characterize the Guarani
Aquifer System (SAG) and the Serra Geral Aquifer System (SASG) in the area limited
by the coordinates 28°29’20’’-29°57’20’’S and 50°02’00’’-52°39’30’’W. The
hydrochemical and hydrogeological database is composed by 166 tubular wells obtained
from public companies. Tectonic patterns sustain a straight control on the
hydrogeological and hydrochemical characteristics, being defined from 1676 lineaments
mapped and georeferenced with SPRING software based on remote sense images. Three
NE regional lineaments were identified, and control the well outflows and the
hydrochemical characteristics. The higher well outflow values are associated to
lineations longer than 10 km with NW dominant directions. The lineament density
doesn’t play an important role on the outflow. The water compositions in accordance
with the diagram PIPER, is predominantly bicarbonated with calcic and/or sodic
character, with relatively small incidence of bicarbonated magnesium-calcic and rarely
sulphate and chlorine waters. The statistical studies based on Cluster Analysis defined
six hydrochemical groups. Waters with low ionic contents are related to meteoric origin
and dominate in the SASG region. The other groups show influence of the permotriassic
gondwanic formations, with specific variability of cation contents (Mg
++
, Ca
++
, and
Na
+
). The occurrence of SAG characteristic water groups in the SASG demonstrates the
groundwater ascension through deep fractures forming lineations greater than 10km.
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 10
2. OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA.......................................................................... 15
3. METODOLOGIA.................................................................................................. 16
3.1. Levantamento de dados e de poços da região................................................. 16
3.2. Trabalhos de aerofotointerpretação ................................................................ 19
3.3. Reconhecimento geológico e geomorfológico de campo............................... 21
3.4. Estudos geoestatísticos ................................................................................... 22
3.4.1. Imputação de Dados pelo Método de Regressão.................................... 23
3.4.2. Análise de Agrupamentos (clusters) ...................................................... 24
4. GEOMORFOLOGIA ............................................................................................ 25
5. GEOLOGIA DA ÁREA EM ESTUDO ................................................................ 33
5.1. Grupo Passa Dois ........................................................................................... 36
5.1.1. Formação Rio do Rasto .......................................................................... 36
5.2. Grupo Rosário do Sul ..................................................................................... 37
5.2.1. Formação Sanga do Cabral..................................................................... 37
5.2.2. Formação Santa Maria............................................................................ 38
5.3. Grupo São Bento ............................................................................................ 39
5.3.1. Formação Botucatu................................................................................. 39
5.3.2. Formação Serra Geral............................................................................. 41
5.4. Depósitos Cenozóicos .................................................................................... 46
6. A TECTÔNICA RÚPTIL NA ÁREA EM ESTUDO ........................................... 48
6.1. Lineamentos na área de estudo....................................................................... 48
9
6.2. Compartimentação Tectono-Estrutural da Área............................................. 63
7. CARACTERÍSTICAS HIDROGEOLÓGICAS DA ÁREA EM ESTUDO ......... 68
7.1. Introdução....................................................................................................... 68
7.2. Hidrogeologia da Área em Estudo.................................................................. 71
8. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS HIDROQUÍMICOS
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA ÁREA EM ESTUDO.............................. 77
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES ............................................... 106
10. BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 110
10
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, crescente número de estudos vem se desenvolvendo
sobre o Sistema Aqüífero Guarani (SAG) e o Sistema Aqüífero Serra Geral (SASG),
tanto em nível nacional, como também nos países vizinhos ao Brasil, tendo em vista
propiciar um melhor entendimento das condições e potencialidades de armazenamento e
vulnerabilidade dos dois sistemas. O SAG apresenta importância especial, pelo caráter
multinacional e por ter condições melhores de armazenamento, devido a ser um sistema
aqüífero poroso, merecendo estudos que focam a proteção ambiental e o uso sustentável
do manancial de água subterrânea, o que vem tendo financiamentos da Organização dos
Estados Americanos (OEA), Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e Banco
Mundial.
Ainda é bastante difundida na sociedade a visão do funcionamento dos
aqüíferos como grandes mares subterrâneos de fluxo contínuo, retilíneo e homogêneo.
Os sistemas aqüíferos aqui estudados ainda não estão caracterizados em detalhe em
relação às zonas de recarga, circulação e descarga e, tampouco, sob o ponto de vista de
qualidade de água. A explotação feita sem o entendimento das condições
hidrodinâmicas, tanto na escala regional como local, pode trazer conseqüências
irreparáveis, no caso de rebaixamento do nível aqüífero e contaminação antropogênica.
E o conhecimento da qualidade das águas é extremamente relevante, pois permite
direcionar seu uso para fins mais nobres, como o consumo humano e a produção de
alimentos.
O presente estudo trata do mapeamento do setor Nordeste do Rio Grande
do Sul, caracterizado morfologicamente por Frasca & Lisboa (1993) como Bloco
11
Morfotectônico da Fachada Atlântica, que apresenta forte afetação por tectônica rúptil,
cuja caracterização estrutural é de fundamental importância para o entendimento da
hidráulica e hidroquímica dos sistemas aqüíferos envolvidos (FIG. 01). O trabalho é
direcionado para melhorar o entendimento das condicionantes geológicas e das
características do SAG e SASG na porção Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, da
Bacia do Rio Taquari para leste, até os afloramentos das formações sedimentares da
Bacia do Paraná no litoral Norte do estado. Será feita a análise dos lineamentos
expostos em imagens orbitais e suas relações com as formações geológicas e os dados
hidrogeológicos e hidroquímicos de poços tubulares inventariados. Com a integração
destes dados será possível reconhecer áreas com características hidrogeológicas e
hidroquímicas distintas, mesmo no caso de áreas pertencentes a um mesmo sistema
aqüífero, bem como identificar áreas de recarga e descarga.
A área em estudo, limitada pelas coordenadas geográficas Long. W 50°
02’ 00’’ a 52° 39’ 30’’ e Lat. S 28° 29’ 20’’ a 29° 57’ 20’’, corresponde a 41.400km
2
,
envolvendo aproximadamente 150 municípios gaúchos e as bacias hidrográficas do Rio
Taquari-Antas, Rio Caí e do Rio dos Sinos, além de outras pequenas bacias tributárias
destes e bacias dos rios que nascem nos Campos de Cima da Serra e fluem para Leste,
como o Rio Maquiné e Três Cachoeiras. É acessível por várias rodovias asfaltadas,
tanto federais, estaduais e municipais, sendo as principais a BR-101, BR-290, BR-116,
BR-386, RS-118, RS-122, RS-020 e RS-129. Localmente há inúmeros acessos por
estradas vicinais.
12
13
A Unidade Morfotectônica da Fachada Atlântica (UMFA) é caracterizada
pelo modelado escultural aplainado à Leste e dissecado em direção à Oeste. Segundo os
autores, lineamentos de pequeno porte entre 1,6km e 10km, e de médio porte entre
10km e 100km são homogeneamente distribuídos na região. Os lineamentos de médio
porte conferem a esta Unidade padrão predominante de blocos poligonais, com
diferentes graus de dissecação. Tais blocos refletem estruturas falhadas do Cinturão
Dom Feliciano, que constitui o assoalho da unidade morfotectônica. Os padrões
morfoestruturais da UMFA são predominantemente lineares em blocos poligonais, que
representam lineamentos tectônicos retilíneos. A região possui espessura média do
manto de alteração de 06 a 12m em Bom Jesus, enquanto na região de Bento Gonçalves
varia entre poucos centímetros a 4m.
Lisboa (1996) posteriormente propõem a subdivisão da UMFA em duas
unidades hidrogeológicas, a saber:
Unidade Hidrogeológica da Fachada Atlântica Aplainada. Nesta unidade a recarga é
favorecida pelo manto de alteração, que alimenta lineamentos de médio e pequeno
porte, os quais abastecem as fraturas em profundidade. Devido ao relevo não dissecado
e aos profundos níveis potenciométricos, é provável que a recarga do SAG se dê a partir
do SASG.
Unidade Hidrogeológica da Fachada Atlântica Dissecada. A área abrangida por esta
unidade apresenta um baixo potencial hidrogeológico, tendo em vista que os solos são
pouco espessos, diminuindo a capacidade de armazenamento. O alto grau de dissecação
do relevo favorece baixas altitudes nos lineamentos, representados por vales profundos.
Os níveis potenciométricos do Sistema Aqüífero Botucatu são mais elevados que na
unidade anterior. Este fato inverte o fluxo entre os sistemas aqüíferos Serra Geral e
Botucatu com recarga profunda no primeiro pelo segundo. Esta unidade hidrogeológica
14
dissecada possui baixo potencial aqüífero. Eventualmente um lineamento profundo com
recarga proveniente do Sistema Aqüífero Botucatu pode apresentar altas vazões
anômalas na região.
15
2. OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA
O objetivo geral do presente estudo é a caracterização estrutural,
hidrogeológica e hidroquímica do Bloco Morfotectônico da Fachada Atlântica,
contribuindo para melhorar o conhecimento científico e técnico sobre o SAG e SASG
na área abrangida pelas bacias hidrográficas do Rio Taquari-Antas, Rio dos Sinos e Rio
Caí. A relevância do tema é justificada pelo papel desempenhado pelo SAG e SASG,
tanto em nível local como em nível nacional, considerando-se suas dimensões,
potencialidades e qualidade das águas subterrâneas.
Dentre os objetivos específicos a serem alcançados destacam-se os
seguintes:
- Reconhecer a influência da tectônica na disposição dos diferentes tipos
hidroquímicos de águas subterrâneas, testando a existência de blocos estruturais
no condicionamento dos sistemas aqüíferos;
- Correlacionar os lineamentos com a potencialidade de produção e a
hidroquímica dos sistemas aqüíferos;
- Identificar as áreas de recarga e descarga dos sistemas aqüíferos que ocorrem na
área em estudo;
- Identificar os padrões de distribuição dos tipos químicos de águas e suas
relações espaciais com a geologia.
16
3. METODOLOGIA
Durante o desenvolvimento deste trabalho e até seu produto final, foram
utilizadas técnicas geológicas correspondentes a várias especialidades das Geociências e
de outros ramos da ciência, como mapeamento geológico, geologia estrutural,
sensoriamento remoto, geoprocessamento, geomorfologia, geoquímica, hidrogeologia e
estatística.
3.1. Levantamento de dados e de poços da região
A primeira etapa compreendeu a compilação das informações existentes
sobre a área em estudo. Foi realizada ampla revisão bibliográfica, coletando dados a
partir de artigos científicos, dissertações e teses de pós-graduação, além de mapas
geológicos e cartas topográficas.
Paralelamente foram buscados registros de poços tubulares de água
subterrânea constantes em órgãos governamentais, em particular na Companhia
Riograndense de Saneamento/CORSAN, mesmo aqueles que não estão em atividade,
com ênfase naqueles que possuíam informações consistentes, particularmente,
localização, perfis de sondagem, ensaio de bombeamento e análises hidroquímicas.
Com isto foi organizado um banco de dados que inicialmente contou em seu cadastro
com 506 poços tubulares. Tomando-se como critério básico a necessidade de
localização precisa em coordenadas UTM, o registro de análises químicas sem repetição
17
de amostras e sem resultados discrepantes e valores de vazão específica, restaram 166
registros de poços, que são aqueles finalmente usados nas interpretações deste trabalho
e que constituem a malha amostral (FIG. 02). Como a CORSAN tem o objetivo do
abastecimento público, a maioria de suas perfurações ocorre em ambiente urbano,
estando concentradas na parte urbanizada dos municípios, com poucas perfurações nas
zonas rurais.
18
19
3.2. Trabalhos de aerofotointerpretação
A etapa de interpretação geológica e geomorfológica foi efetuada com
uso de imagens de satélite LANDSAT TM 7 bandas 3, 4 e 5 de julho de 2000 e da
imagem de RADAR SRTM, disponibilizada pela NASA. No total foram utilizadas seis
imagens LANDSAT, concentrando-se as informações na imagem de órbita-ponto 221-
080. A imagem de RADAR SRTM é um mosaico que cobre todo o Rio Grande do Sul,
sendo de manejo mais prático. A FIG. 03 demonstra a visualização da área de estudo a
partir da imagem de RADAR.
Para a interpretação estrutural da área traçaram-se os lineamentos
geológicos, destacados muitas vezes pelas drenagens e pelos alinhamentos das escarpas
e vales. Foram traçados os lineamentos, divididos posteriormente em lineamentos de
pequeno porte (<10km) e médio porte (10-100km).
Com as informações obtidas a partir do traçado de fraturas, foram
confeccionados diagramas de rosetas, feitas filtragens por azimute e tamanho e
elaborados mapas de densidade de lineamentos, a fim de se estabelecer padrões e blocos
estruturais distintos, condicionantes da geomorfologia, hidrogeologia e hidroquímica.
20
21
A união das informações obtidas e parte de seu processamento se deram
com utilização do programa SPRING (CAMARA et. al., 1996), que é um SIG (Sistema
de Informações Geográficas) desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais). Este tipo de programa trabalha com informação vetorial, raster, numérica e
textual, criando um banco de dados georreferenciado e possibilitando os mais variados
tipos de cruzamentos de informação. No presente estudo constituiu-se o banco de dados
de imagens de satélite e RADAR, informações de campo, valores hidroquímicos,
traçados de lineamentos, rede hidrográfica e tratamentos estatísticos; georreferenciado
no sistema UTM, modelo da terra SAD 69, meridiano de origem W 51º, zona 22.
3.3. Reconhecimento geológico e geomorfológico de campo
O reconhecimento geológico de campo na área estudada foi realizado
com o objetivo de fornecer elementos e confirmar os dados obtidos na bibliografia. Os
trabalhos totalizaram 08 dias em campo, e tiveram como intuito reconhecer as litologias
da área, contatos geológicos e as principais feições estruturais como lineamentos e
falhamentos traçados em laboratório e suas possíveis implicações no condicionamento
dos sistemas aqüíferos.
Como em torno de 80% da região constitui área de afloramento da
Formação Serra Geral e seu contato com as formações sedimentares Juro-Cretáceas e
Permianas, ocorre principalmente na zona de escarpa da serra, orientada no sentido E-
W, foram realizados 06 perfis estratigráficos de orientação N-S desde as formações
sedimentares até o topo da Formação Serra Geral. O mapeamento do contato das
22
formações sedimentares com a formação vulcânica, associado com os lineamentos
estruturais traçados, dá suporte para a identificação de falhas e de blocos tectônicos, que
estejam condicionando o aqüífero, tanto na hidráulica como na hidroquímica.
A observação da morfologia do relevo, características do solo (espessura,
estrutura e textura) e suas relações com as estruturas geológicas e geologia, também
foram efetuadas em campo, para ajudar no reconhecimento das potencialidades de
infiltração e circulação da água nas diferentes regiões da área de estudo.
3.4. Estudos geoestatísticos
Tendo sido processadas a maior parte das informações primárias
contendo a geologia, hidrogeologia e hidroquímica, iniciou-se o processamento dos
dados e tratamento estatístico, visando o melhor entendimento e racionalização dos
resultados, em particular, dos dados hidroquímicos, Os trabalhos foram realizados com
o apoio do NAE/IM/UFRGS (Núcleo de Assessoria Estatística/ Instituto de Matemática/
Universidade Federal do Rio Grande do Sul), utilizando-se o programa SPSS versão 12,
através de duas técnicas distintas: Imputação de Dados pelo Método de Regressão e
Análise de Agrupamentos (Cluster).
Os estudos estatísticos levaram em consideração, ainda, o conceito de
quartil, baseado na curva do desvio padrão das amostras, unicamente utilizado na
análise dos padrões de vazão específica dos poços tubulares na área em estudo. O
quartil médio representa a área central da curva, ou seja, os valores médios; o quartil
23
inferior representa as amostras situadas na curva em direção ao valor nulo e o quartil
superior representa as amostras descendentes na curva para o infinito.
3.4.1. Imputação de Dados pelo Método de Regressão
É uma técnica utilizada para relacionar variáveis e preencher missings
(espaços vazios num banco de dados) das análises químicas. A partir dos dados pode-se
criar uma curva matemática (função) e estimar uma variável em função da outra.
Dependendo do grau de associação entre variáveis, a curva que melhor se ajustar será
usada. Alguns exemplos são regressão com curva linear, curva cúbica, curva
exponencial, curva quadrática, curva logarítmica, entre outras. Nos casos analisados no
presente trabalho, a curva utilizada foi a cúbica, pois comparada às outras, apresentou
um coeficiente de correlação de maior valor absoluto, explicando a maior parte dos
casos.
A regressão foi realizada aos pares tendo como variável independente,
aquela que detinha maior número de casos válidos, através de equação do tipo
Ŷ=A+BX3+CX2+DX
Onde, Ŷ é a variável dependente (resposta), X é a variável independente
(explicativa) e A, B, C, D são constantes, para A o Intercepto, e B, C, e D são
coeficientes de regressão,. O procedimento de regressão foi adotado, justamente, para
aumentar o número de casos válidos, estimando os dados faltantes do banco de dados.
24
3.4.2. Análise de Agrupamentos (clusters)
É utilizada para reconhecer semelhanças entre as análises, separando as
mesmas em clusters (grupos com semelhanças) distintos. Especificamente, o objetivo é
classificar uma amostra de casos dentro de um pequeno número de grupos mutuamente
exclusivos baseados em similaridades entre os casos. Em análise de cluster, ao contrário
da análise discriminante, os grupos não são pré-definidos. Contudo, a técnica é utilizada
para identificar os grupos. A análise de cluster geralmente envolve no mínimo três
etapas. A primeira é a mensuração de alguma forma de similaridade ou associação entre
os casos para determinar quantos grupos realmente existem na amostra. O segundo
passo é o processo de agrupamento, onde os casos são particionados em grupos
(clusters). O passo final é identificar o perfil das variáveis para determinar a sua
composição. Muitas vezes, o estudo pode ainda ser finalizado, aplicando análise
discriminante para os grupos identificados pela técnica de Cluster. O Método K-Means,
utilizado neste trabalho, calcula inicialmente as classes distribuindo uma classe
uniformemente no espaço e então aglomerando classe por classe em um processo
interativo usando a técnica de distância mínima. A classificação estará pronta quando o
número de interações definido pelo usuário for concluído.
Os dados hidroquímicos de cada grupo de amostras foram posteriormente
cruzados com os lineamentos, com o intuito de identificar padrões e correlações entre
disposição espacial e a tectônica.
25
4. GEOMORFOLOGIA
A geomorfologia é controlada por diversos fatores, como o clima, as
litologias presentes e o arcabouço estrutural da área. A combinação desses três fatores
pode gerar resultados completamente diferentes. Por exemplo, uma rocha sedimentar
pouco fraturada em clima seco irá gerar um tipo de macroforma de relevo, distinto em
condições de clima úmido e ainda diferente, no caso de forte afetação tectônica.
Valendo também estas condicionantes para o padrão de drenagem.
Berlatto (1983) identificou dez regiões climáticas para o Estado do Rio
Grande do Sul, englobando a área de estudo três regiões climáticas distintas,
identificadas como Serra do Nordeste, Planalto e Depressão Central. De uma maneira
geral, as três regiões apresentam características semelhantes, tendo como principal fator
diferenciador a temperatura. Na Serra do Nordeste e no Planalto a média anual de
temperatura é mais baixa e no inverno ocorre queda de neve. A pluviometria anual
média nas três regiões é da ordem de 1800mm.
O estudo da geomorfologia, inicialmente analisada através das imagens
de satélite, levou em consideração padrões e texturas do relevo e drenagem e tem como
objetivo a definição das áreas potenciais de recarga e descarga. A informação
geomorfológica foi complementada com o reconhecimento de campo, para confirmar as
observações obtidas na aerofotointerpretação sobre a morfologia, seus controladores e
resultados. A rede hidrográfica foi traçada em escala 1:250.000, a partir do banco de
dados do Pró-Guaíba/FEPAM.
26
A área em estudo pode ser subdividida em três unidades
geomorfológicas, Unidade Geomorfológica do Planalto, Unidade Geomorfológica da
Escarpa e Unidade Geomorfológica da Sedimentação (FIG. 04).
27
28
A Unidade Geomorfológica do Planalto (UGP), na região dos Campos de
Cima da Serra, caracteriza-se por representar regionalmente uma macroforma do relevo
do tipo cuesta, com a face de menor inclinação para oeste (FIG. 05 e 06). Em escala de
detalhe, observam-se localmente formas de relevo tipo meia-laranja com pequenas
coxilhas e morros testemunhos. O padrão de drenagem é paralelo a subparalelo de
textura média, condicionado por lineamentos tectônicos e pelo basculamento de baixo
ângulo W-SW. Não raro, o padrão é do tipo lagunado, em razão da grande extensão da
superfície aplainada e pela pouca profundidade do lençol freático. Nesta unidade há
uma predominância de lineamentos de pequeno porte de direção NE e significante
presença de lineamentos de médio porte de direção NW e NE. O perfil de solo nesta
unidade possui espessura média de 50 a 100 centímetros, exibindo aspecto heterogêneo,
com grânulos, seixos e matacões misturados ao solo. Estas características estão
relacionadas principalmente à natureza riolítica das rochas que sustentam a topografia,
pouco suscetíveis ao intemperismo.
FIGURA 05 - Vista da UGP, ao fundo. Observar morfologia do relevo extremamente tabular,
tendo a cuesta leve mergulho para oeste. Fotografia tirada a partir da Unidade Geomorfológica
da Sedimentação.
29
FIGURA 06 – Morfologia da UGP, composta por coxilhas, planos e morros tabulares. Região
de Cambará do Sul.
A Unidade Geomorfológica da Escarpa (UGE) desenvolve-se na região
da escarpa da Serra Nordeste e no noroeste da área de estudo em direção à região do
Alto Jacuí. A macroforma de relevo é do tipo falhado, com lineamentos em diversas
direções, criando um padrão de drenagem dominantemente angular e retangular de
textura média (FIG. 07). Nesta unidade são claramente distintos os lineamentos NW, de
pequeno porte na porção noroeste, sendo menos comuns os de médio porte com direção
NW e NE. Na porção central da área de estudo, onde esta unidade é mais restrita, há
uma predominância de lineamentos de médio porte NW e alguns NE. O perfil de solo é
bastante heterogêneo, em geral constituindo depósitos de tálus e leques aluviais, com
grânulos até blocos de rocha misturados à fração argilosa do solo (FIG. 08). A espessura
média do solo é de 50 centímetros, com exceção dos locais com solo residual, onde
pode alcançar 100 centímetros de espessura. As rochas aflorantes nesta unidade variam
de vulcânicas basálticas a riolíticas, pertencentes à Formação Serra Geral.
30
FIGURA 07 – Fotomontagem da vista da UGE. Lineamentos condicionando a morfologia,
formando um relevo de cristas e vales retilíneos. Rocha no topo do morro sustentando a
topografia é de natureza riolítica.
FIGURA 08 – Depósito de tálus na UGE. Observar a variada granulometria dos sedimentos,
com matacões e blocos imersos em matriz argilosa.
A Unidade Geomorfológica da Sedimentação (UGS) ocorre na base da
escarpa da serra, estendendo-se até o limite sul da área de estudo, correspondente à
31
Depressão Central (FIG. 09). A macroforma de relevo transita de cupuliforme fina
próximo à escarpa, com morros testemunhos tabulares e meia-laranja, para cuesta e
planície mais ao sul. O padrão de drenagem é subparalelo a meandrante, nos rios mais
expressivos, com textura média a grossa. A presença de lineamentos é pouco
expressiva, pelo mascaramento que a planície fluvial impõe. Com relação aos
lineamentos, dominam os de pequeno porte e de direção NW, aparecendo os de direção
NE mais a leste. Lineamentos de médio porte são escassos, a maioria com direção NE,
ressaltando-se na calha dos rios. O perfil de solo é mais heterogêneo na região de relevo
cupuliforme, onde ainda são registrados escassos derrames de basalto, resultando numa
mistura de solo argiloso com grânulos e matacões misturados. No resto da unidade,
onde predominam cuestas e planície fluvial, como as litologias aflorantes são rochas
sedimentares da Bacia do Paraná ou depósitos fluviais cenozóicos, o solo é mais
homogêneo e pode ter até 10 metros de espessura.
FIGURA 09 – Vista da planície da UGS, no vale do Rio Taquari, situado à esquerda na foto.
Afloram as formações sedimentares da Bacia do Paraná intercaladas com depósitos fluviais.
Morros testemunho em forma de meia-laranja e tabulares ocorrem ao fundo. Fotografia tirada
no início da escarpa.
32
Cada unidade geomorfológica possui comportamento distinto sob o
ponto de vista hidrogeológico. A UGP, por ser mais elevada, plana e com forte
fraturamento, é a principal área de recarga dos sistemas aqüíferos da região em estudo.
A UGE, devido à alta declividade, dissecação e à abundância de litologias vulcânicas
fraturadas constitui a área principal de descarga dos sistemas aqüíferos, representando
uma zona de recarga local para o aqüífero livre e para o lençol freático. Na porção
noroeste desta unidade geomorfológica, onde a extensão é maior, há um potencial maior
de recarga dos sistemas aqüíferos confinados, devido às cotas altimétricas mais elevadas
e à distância das formações sedimentares. A UGS é principalmente área de descarga,
devido às cotas altimétricas mais baixas e às grandes planícies estabelecidas, sendo zona
de recarga local dos sistemas aqüíferos livres.
33
5. GEOLOGIA DA ÁREA EM ESTUDO
A área em estudo está localizada na porção Sudeste da Bacia do Paraná
que corresponde a uma bacia intracratônica ou sinéclise, desenvolvida do Devoniano ao
Cretáceo, sendo afetada por episódios tectono-magmáticos do ciclo Brasiliano
(MARQUES et al., 1979) e do Mesozóico. Parte dos estados brasileiros do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul é
recoberta por rochas sedimentares e vulcânicas de preenchimento da Bacia do Paraná,
que ainda se estende pelo Uruguai, Argentina e Paraguai.
A região analisada no presente estudo compreende dois cenários
geológicos distintos, o setor mais ao norte é constituído pelas rochas vulcânicas
mesozóicas da Formação Serra Geral, que sustentam o planalto meridional e se
sobrepõem às camadas sedimentares gondwânicas do Grupo São Bento, Grupo Rosário
do Sul e Grupo Passa Dois, aflorantes no setor sul da área. Este setor constitui área
abatida topograficamente e para a qual convergem cursos de água oriundos da área do
planalto, estabelecendo uma extensa cobertura de sedimentos cenozóicos sub-atuais e
atuais (FIG. 10).
34
35
Os trabalhos de campo realizados tiveram ênfase na avaliação dos
movimentos tectônicos registrados no pacote vulcânico da Formação Serra Geral. Para
tanto, buscou-se o estabelecimento de um nível-guia que permitisse estimar rejeitos de
falha e a direção do movimento. Optou-se pelo contato entre a Formação Botucatu e a
Formação Serra Geral, conferindo-se os resultados através de 06 perfis de orientação N-
S ao longo da escarpa. Os perfis geológicos de poços tubulares mostraram-se também
muito úteis na identificação da geologia de subsuperfície e de blocos tectono-estruturais.
Uma variável que deve ser considerada no estudo da movimentação
estrutural é o paleorelevo da superfície de topo da Formação Botucatu, já que estudos
registram paleodunas com alturas de até 100m (SCHERER, 1998), que podem
erroneamente induzir ao registro de falhas subverticais com rejeitos desta ordem.
Compõem o pacote sedimentar gondwânico da área, a Formação
Botucatu do Grupo São Bento, as Formações Santa Maria e Sanga do Cabral do Grupo
Rosário do Sul (ANDREIS et. al. 1980) e a Formação Rio do Rasto do Grupo Passa
Dois, cuja síntese litoestratigráfica é apresentada na TAB. 01. Deve-se ressaltar que a
Formação Caturrita do Grupo Rosário do Sul não foi identificada na área em tela.
TABELA 01
Síntese da litoestratigrafia Permo-Cretácea no Rio Grande do Sul
PERÍODO GRUPO FORMAÇÃO SEQÜÊNCIAS DEPOSICIONAIS
Cretáceo Inferior Serra Geral
Rochas
vulcânicas
Jurássico
Superior
São Bento
Botucatu
IV Botucatu
Seqüência Juro-
Cretácica
S
Caturrita
III Mata
M
Santa Maria
II Santa
Maria
Seqüência Meso-
Neotriássica
Triássico
I
Rosário do
Sul
Sanga do Cabral
Passa Dois
Rio do Rasto
I Sanga do
Cabral /
Rio do Rastro
Seqüência
Neopermiana –
Eotriássica
Permiano
Grupos Passa Dois inferior, Guatá e Itararé indivisos
FONTE: Modificado de Faccini (2000).
36
A descrição sintética das unidades aflorantes na área é apresentada a
seguir, com ênfase nas características paleoambientais, mineralógicas e estruturais, que
podem contribuir para a compreensão do contexto hidrogeológico e hidroquímico.
5.1. Grupo Passa Dois
5.1.1. Formação Rio do Rasto
O Grupo Passa Dois representa de maneira geral uma seqüência
regressiva, com argilitos, folhelhos e siltitos na base gradando para arenitos no topo. A
Formação Rio do Rasto, que é a única representante deste grupo na área de estudo, é
composta por arenitos avermelhados, violáceos ou esbranquiçados, de granulometria
fina a média, intercalados com argilitos e siltitos de mesma coloração. As estruturas
sedimentares presentes nesta formação, como estratificação cruzada acanalada,
laminação cruzada e paralela e formas lenticulares de corpos arenosos identificam a
deposição em paleoambiente continental sob clima oxidante.
37
5.2. Grupo Rosário do Sul
5.2.1. Formação Sanga do Cabral
A Formação Sanga do Cabral (ANDREIS, 1980), cuja idade a partir de
registros fósseis é compreendida entre o final do Permiano ao Triássico Inferior
(LAVINA; SCHERER, 1997), constitui a unidade basal do Grupo Rosário do Sul,
consistindo essencialmente de arenitos líticos a arcoseanos médios a finos com menores
proporções de arenitos grossos. Ruditos são menos freqüentes e compreendem brechas,
conglomerados intraformacionais e ortoconglomerados polimíticos (raros). Pelitos são
escassos e consistem em siltitos e siltitos argilosos, com raros argilitos. Concreções
carbonáticas ocorrem esporadicamente nas fácies intraformacionais e arenosas.
As litologias possuem cores avermelhadas, castanho-avermelhadas ou
alaranjadas, raramente acinzentadas ou esbranquiçadas, identificando paleoambiente
oxidante dominante, interpretado como deposição em canais fluviais meandrantes.
O contato inferior da unidade é transicional com a Formação Rio do
Rasto, enquanto o superior é definido por superfícies erosivas sobre as quais assentam
arenitos fluviais da Formação Santa Maria e depósitos eólicos da Formação Botucatu.
38
5.2.2. Formação Santa Maria
A Formação Santa Maria (BORTOLUZZI, 1974; ANDREIS et al., 1980)
é constituída por duas unidades litoestratigráficas, não individualizadas nos trabalhos de
campo realizados no presente estudo. A unidade inferior é denominada Membro Passo
das Tropas, representado por arenitos médios e grossos com estratificação cruzada,
recobertos por pelitos síltico-argilosos maciços, vermelhos ou lilases e escassos ruditos.
A unidade superior da Formação é constituída pelo Membro Alemoa, de caráter quase
exclusivamente pelítico (MONTARDO, 1982).
Os arenitos do Membro Passo das Tropas mostram caráter arcoseano,
com teores de feldspatos da ordem de 20% e escassas micas. Níveis de arenitos
conglomeráticos são igualmente registrados. Os pelitos são representados por siltitos
arenosos ou argilosos, com registros fossilíferos de vegetais, conchostáceos e insetos
(MONTARDO, 1982). O paleoambiente correspondente a este membro é de depósitos
de preenchimento de canais fluviais perenes de moderada a baixa sinuosidade, sendo as
fácies finas correspondentes a planícies de inundação.
O Membro Alemoa é composto por siltitos argilosos micáceos
vermelhos, com lentes de arenitos localizadas (BORTOLUZZI, 1974). Os pelitos
apresentam-se maciços e relativamente homogêneos, contendo abundante esmectita,
enquanto ilita e cloritas ocorrem subordinadamente. Calcretes e septárias silicificadas
aparecem com relativa freqüência, enquanto concreções de sulfatos (gipsita) e de ferro e
manganês são relativamente raras e podem conter películas de malaquita. Este Membro
foi depositado em condições de planícies de inundação e corpos lagunares, submetidos a
regime climático com alternância de estações úmidas e secas.
39
5.3. Grupo São Bento
5.3.1. Formação Botucatu
A Formação Botucatu é constituída por arenitos quartzosos a
subarcoseanos de cor avermelhada e composição relativamente homogênea decorrente
do transporte eólico, formando extenso deserto de paleodunas. A área total da ordem de
1.500,000 Km
2
abrange quatro países na América do Sul (Uruguai, Paraguai, Argentina
e Brasil) e vários estados brasileiros (RS, SC, PR, SP, MG, GO, MS). Na Namíbia
também há registro desta formação, recebendo o nome local de Formação Etjo. A área
de afloramento da Formação Botucatu é relativamente pequena se comparada com a
extensão, pois, em boa parte, os arenitos estão recobertos pela Formação Serra Geral. A
espessura do pacote sedimentar é variável, sendo em alguns locais representado por uma
única duna (SCHERER et. al., 2000), mas em outros alcança espessuras de até 100
metros.
Os arenitos da Formação Botucatu têm o início de sua história na
transição do Jurássico para o Cretáceo. O sentido de transporte das areias e migração
das dunas se deu para nordeste, sugerindo que a área fonte estava a oeste/sudoeste
(BIGARELLA & SALAMUNNI, 1961; FACCINI, 1989; SCHERER, 1998) e
constituíam leques que se desenvolveram nas encostas das cadeias de montanhas
existentes ao longo da borda oeste do Gondwana (SCHERER et al., 2000).
A Formação Botucatu é constituída no Rio Grande do Sul por três
associações faciológicas, a primeira composta por arenitos grossos a conglomeráticos,
40
interpretados como depósitos de lençóis de areia e fluxos torrenciais, que ocorrem na
forma de lentes descontínuas com espessura máxima de 1 metro. A segunda é
constituída por arenitos com estratos cruzados, vinculados à migração de dunas
crescentes simples a localmente compostas. A terceira associação é também composta
por arenitos com estratos cruzados, vinculados à migração de dunas lineares complexas
(SCHERER, 1998).
O final da sedimentação dos arenitos se deu concomitantemente com o
início do vulcanismo Serra Geral, gerando lentes de arenitos interderrames, com
espessuras variáveis, de 1 a 40m, localmente endurecidos por ação térmica e com
feições de interação física com as rochas vulcânicas na base e no topo (FIG. 11 e 12).
Diques de areia e bolsas de arenito com contato difuso dentro das rochas vulcânicas são
comuns nos derrames mais basais da Formação Serra Geral, o que demonstra o estado
subsólido das lavas.
FIGURA 11 - Lente de arenito interderrame em corte da Rota do Sol, nas proximidades do
Arroio Bernardes e Arroio do Padre. No topo do afloramento, blocos marcam a presença de
colúvios quaternários.
41
FIGURA 12 – Injeção de arenito em forma de bolsa com contato difuso em topo de derrame,
demonstrando que a sedimentação ocorria enquanto as lavas ainda não haviam cristalizado
totalmente.
5.3.2. Formação Serra Geral
A Formação Serra Geral representa uma das maiores manifestações
vulcânicas continentais da história geológica e está associada à tectônica distensiva de
ruptura do Supercontinente Gondwana, formando espesso pacote de lavas básicas
toleíticas. Esse evento é relacionado à fusão parcial do manto astenosférico e da crosta
continental, que ocorreu devido a mecanismos de descompressão resultantes da ação de
plumas mantélicas que atuaram na ruptura continental. Há províncias similares do
Proterozóico ao Cenozóico, mas é no Mesozóico (STEWART et al., 1996;
COURTILLOT et al., 1986; ERLANK, 1984) que se encontram as mais significativas.
Os vulcanitos da Bacia do Paraná, na América do Sul, e de Etendeka, na
Namíbia, foram originados como uma província magmática única no Eocretáceo. O
42
assim chamado magmatismo Paraná-Etendeka abrange uma área aproximada de
1.200.000 km
2
, cobrindo parcialmente quatro países na América do Sul (Uruguai,
Paraguai, Argentina e Brasil), e uma área de 80.000 km
2
no sudoeste da África. A
espessura total do pacote vulcânico é em média de 800m, mas são registradas espessuras
de até 1500m no eixo maior da Bacia do Paraná.
O pacote vulcânico está sobreposto discordantemente sobre os arenitos
eólicos da Formação Botucatu (Formacion Tacuarembó no Uruguai, e sobre a Etjo
Formation na Namíbia), mas pode ocorrer localmente sobre o Grupo Rosário do Sul
(Triássico), sobre o Grupo Passa Dois (Permiano) no limite meridional da Bacia do
Paraná, inclusive na área estudada, e sobre o embasamento Pré-Cambriano na região
setentrional. Dados radiométricos pelo sistema 40Ar/39Ar indicam, na maioria dos
perfis, duração da ordem de 1 Ma para o evento magmático e idades da ordem de 130
Ma.
O vulcanismo Mesozóico da Formação Serra Geral no conjunto da Bacia
do Paraná é compartimentado em três províncias geoquímicas, a província setentrional,
ao norte do Lineamento do Rio Piquiri; a província meridional, ao sul do Lineamento do
Rio Pelotas e que incorpora a área em foco; e a província central, entre as duas
anteriores mencionadas (BELLIENI et. al., 1984). A província setentrional é
representada dominantemente por basaltos e andesi-basaltos alto-TiO2, com vulcânicas
ácidas riodacíticas de caráter porfirítico, denominadas tipo Chapecó com ocorrência
mais limitada, ao sul do Estado de São Paulo. A província meridional é constituída por
basaltos e andesi-basaltos dominantemente baixo-TiO2 e riodacitos afíricos de caráter
ignimbrítico denominados tipo Palmas, estes aparecendo como cobertura da seqüência
básica, com a qual aparecem intercalados na região norte do Rio Grande do Sul (FIG.
43
13). A província central contém basaltos e andesi-basaltos dos dois tipos e, igualmente,
os dois litotipos de riodacitos.
FIGURA 13 – Afloramento de ignimbrito tipo Palmas no município de Nova Roma, RS.
Os basaltos e andesi-basaltos, tanto baixo como alto-TiO2 são afíricos a
subafíricos, com menos de 5% do volume de fenocristais e microfenocristais, com
mineralogia essencialmente de plagioclásio labradorítico e piroxênio (augita e
pigeonita). Como acessórios relativamente abundantes aparecem minerais metálicos
(titano-magnetita e ilmenita), vidro vulcânico intersertal e raras olivinas, em geral
totalmente pseudomorfisada a argilo-minerais, e apatita. Nas amígdalas a mineralogia é
composta por zeolitas, apofilita, ametista, calcedônia, ágata, opala, calcita, selenita,
cobre nativo e outros minerais raros.
De uma maneira geral o magmatismo da Bacia do Paraná pode ser
considerado bimodal, com escassos termos intermediários entre os pólos básicos e
ácidos. Em todos os casos, estudos isotópicos permitem admitir que a origem do pacote
44
ácido, que atinge localmente 350 metros, se dá por fusão da crosta continental,
favorecida pelo adelgaçamento litosférico, durante o processo de rifteamento
(ROISENBERG & VIERO, 2000).
A atitude regional do pacote vulcânico é ligeiramente mergulhante para
oeste, na direção do eixo da bacia, com ângulos menores que 5°. A espessura dos
derrames é controlada pelo paleorelevo, sendo, em média de 15 a 20 metros, nos
derrames básicos, enquanto as unidades ácidas, de caráter ignimbrítico possuem 30 a 50
metros de espessura. A espessura do pacote, em seu conjunto básico-ácido, cresce de
oeste para leste, com valores máximos de 950 metros na zona da escarpa oriental, na
qual cerca de 600 metros são de basaltos e andesi-basaltos e 350 metros
correspondentes às unidades ácidas.
O perfil ideal de um derrame básico conteria, da base para o topo, uma
zona densa e parcialmente vítrea, seguida de uma zona de diaclasamento tabular. A
parte central do derrame é a mais volumosa, sendo constituída por uma zona massiva ou
de fraturamento colunar, sobreposta por uma zona de diaclasamento tabular e no topo
do derrame o basalto passa a amigdalar (LEINZ, 1949) (FIG. 14).
45
FIGURA 14 – Feição de topo do derrame, amígdalas preenchidas por calcita, zeolitas, quartzo e
seus pseudomorfos.
As unidades ácidas são tabulares e homogêneas longitudinalmente,
possuindo espessura média de 40 metros e extensão de 30 a 60 km (FIG. 15). A forma
tabular em grande extensão e a presença de texturas localmente tufáceas, indicam o
caráter ignimbrítico de alta temperatura (ROISENBERG & VIERO, 2000). O perfil
típico da unidade ácida contém vitrófiros descontínuos na base, intercalados com
brechas de fluxo sem padrão definido, correspondendo a 5-10% da espessura total da
unidade. Esta porção é sobreposta por granófiros com diaclasamento tabular fino,
sobreposta por uma zona massiva e com pouco fraturamento, que constitui a zona mais
espessa da unidade ácida. Segue-se, em direção ao topo, nova zona tabular que passa
progressivamente a uma brecha de fluxo com intercalação de lentes de vitrófiros e, no
topo, a rocha passa a ter caráter amigdalar.
46
FIGURA 15 – Topo dos morros formado por um derrame ácido contínuo lateralmente. Vale do
Rio das Antas.
Petrograficamente, os riodacitos do tipo Palmas são afíricos e contém
escassos fenocristais e microfenocristais de plagioclásio andesina, piroxênios (augita e
pigeonita), titano-magnetita. Apatita e ortopiroxênio são raros. A matriz dos granófiros
contém uma complexa trama quartzo-feldspática de caráter micrográfico, podendo
conter hornblenda uralítica. Os riodacitos tipo Chapecó possuem a mesma mineralogia,
distinguindo-se pela abundância e dimensões dos fenocristais, que podem atingir 15%
em volume e até 8 mm de comprimento.
5.4. Depósitos Cenozóicos
Estas unidades, aflorantes principalmente no sul-sudeste da área de
estudo e nas calhas dos principais rios, foram depositadas a partir do Pleistoceno e estão
47
relacionadas ao sistema deposicional da Planície Costeira do Rio Grande do Sul.
Constituem sedimentos inconsolidados com textura e estrutura variada, constituindo
leques aluviais e, no limite sudeste da área estudada, variadas fácies sedimentares
pertencentes ao sistema laguna-barreira.
No sistema de leques aluviais os depósitos são resultantes de processos
gravitacionais na parte proximal, que graduam para depósitos de meio aquoso na parte
distal. Estão presentes principalmente nas calhas dos rios e planícies de inundação,
localizados na Unidade Geomorfológica da Escarpa e na Unidade Geomorfológica da
Sedimentação. Na parte proximal constituem fácies tipo conglomerado, diamictito,
arenito conglomerático, arenito e lamito, maciços ou com estratificação acanalada. Na
parte distal ocorrem fácies tipo areia grossa fina a média, cascalho, sedimento síltico-
argiloso e turfeira.
O sistema laguna-barreira é representado dominantemente pelos
depósitos da Laguna e da Barreira Pleistocênica 1 e subordinadamente pelos depósitos
dos outros três sistemas laguna-barreira subseqüentes. Nos depósitos referentes à
barreira ocorrem fácies areia fina a média, com as estruturas sedimentares primárias
mascaradas por processos pós-deposicionais que afetaram a barreira. Na parte da laguna
ocorrem areia síltico-argilosa e lamito com laminação plano-paralela incipiente e turfas.
48
6. A TECTÔNICA RÚPTIL NA ÁREA EM ESTUDO
A tectônica rúptil constitui um importante condicionante das
características hidrogeológicas e hidroquímicas, como demonstram estudos no Sistema
Aqüífero Guarani (MACHADO, 2005) e, de forma similar, no Sistema Aqüífero Serra
Geral.
6.1. Lineamentos na área de estudo
O trabalho de aerofotointerpretação de imagens de satélite na área em
estudo permitiu definir e traçar um total de 1676 lineamentos tectônicos, em sua grande
maioria subverticais (FIG. 16). Representados graficamente produzem imagem
extremamente poluída e de difícil interpretação (FIG. 17). Com a finalidade de realizar
um tratamento analítico dos resultados foram feitas filtragens de direção e tamanho e
confeccionados diagramas de rosetas e mapas de densidade de lineamentos em vários
níveis.
49
FIGURA 16 – Fraturamento tectônico subvertical em unidade ácida ignimbrítica próximo a
cidade de Nova Petrópolis.
50
51
Inicialmente foi representada a totalidade dos lineamentos, obtendo-se o
diagrama de rosetas e o mapa de densidade correspondente, a filtragem de tamanho foi
definida a partir dos grupos de pequeno porte (<10km) e médio porte (10 a 100km), os
trabalhos permitiram organizar diagramas de rosetas e mapas de densidade de
lineamentos por direção e tamanho das fraturas (FIG. 18 a 26).
Não foram identificados lineamentos de grande porte (>100km) de
caráter contínuo em superfície. Entretanto, a análise integrada dos lineamentos nos
mapas, a partir das imagens de satélite, identificou a existência de dois sistemas de
fraturas transversais que dividem a área em estudo, sendo denominados Sistema de
Falhas Terra de Areia-Posadas (SFTA-P) e Sistema de Falhas Dorsal de Canguçu
(SFDC) (FRASCA E LISBOA, 1993; MACHADO, 2005) e que são ilustrados nas FIG.
16 e 27. Estes dois sistemas provavelmente representam a reativação de estruturas
presentes no Escudo Cristalino subjacente. A importância hidrogeológica e
hidrogeoquímica destes sistemas ficou demonstrada na apresentação dos resultados de
Machado (2005).
52
FIGURA 18 – Diagramas de rosetas da totalidade dos lineamentos da área de estudo.
A) Diagrama de freqüência absoluta; B) Diagrama de comprimento médio.
WE
N
10
20
30
40
50
60
70
80
10
20
30
40
50
60
70
80
DIAGRAMA DE ROSETAS
Frequência Absoluta
A)
WE
N
DIAGRAMA DE ROSETAS
Comprimento Médio
10
20
30
40
50
60
70
80
10
20
30
40
50
60
70
80
B)
53
54
55
56
FIGURA 22 – Diagramas de rosetas de freqüência absoluta. A) Lineamentos de
pequeno porte (< 10km); B) Lineamentos de médio porte (10 a 100km).
WE
N
DIAGRAMA DE ROSETAS
Frequência Absoluta (<10km)
10
20
30
40
50
60
70
80
10
20
30
40
50
60
70
80
A)
WE
N
10
20
30
40
50
60
70
80
10
20
30
40
50
60
70
80
DIAGRAMA DE ROSETAS
Frequência Absoluta (>10km)
B)
57
58
59
60
61
62
A FIG. 18a demonstra que os lineamentos NE são os mais abundantes,
dominando entre N60E e N80E, enquanto na FIG. 18b verifica-se que os lineamentos de
direção NW são os de maior porte. A FIG. 19 identifica a porção centro-leste da área de
estudo, na região de Caxias do Sul, Nova Petrópolis e São Vendelino, como a mais
afetada pela tectônica rúptil.
A distribuição espacial dos lineamentos de pequeno porte demonstra uma
concentração à leste da área, nas adjacências da borda da escarpa do planalto (FIG. 20),
havendo domínio da direção N60E e N80E (FIG. 22a), à semelhança do observado na
FIG. 17. A filtragem de direção (FIG. 23 e 24) torna evidente que os lineamentos de
direção NE concentram-se no setor leste da área, próximo à escarpa, enquanto os de
direção NW, em menor número, concentram-se no setor oeste da área.
Os lineamentos de médio porte, por sua vez, apresentam sua maior
concentração na porção central da área, correspondente à região de Caxias do Sul e
Bento Gonçalves (FIG. 21). O diagrama de rosetas correspondente mostra o domínio
dos lineamentos N50W a N90W nesta categoria (FIG. 22b). O mapa de fraturas
identifica que os lineamentos deste porte e que possuem direção NW encontram-se
distribuídos de forma relativamente homogênea na área de estudo (FIG. 26), enquanto
os de direção NE são mais concentrados na porção centro-norte da área, (FIG. 25).
63
6.2. Compartimentação Tectono-Estrutural da Área
Como um dos objetivos principais deste trabalho, a individualização de
blocos tectono-estruturais é de fundamental importância para o entendimento das
condicionantes dos sistemas aqüíferos. A identificação destes blocos foi baseada no
cruzamento de dados dos perfis geológicos de campo com os lineamentos traçados nas
imagens, complementado por informações bibliográficas e com as características
hidroquímicas das águas subterrâneas.
É importante ressaltar que os dados de modelamento do contato estão
baseados, principalmente, nos afloramentos da região da escarpa, que representa 1/3 da
área de estudo. No restante da área, coberta pela Formação Serra Geral, o modelamento
foi inferido e baseado em referências bibliográficas, até porque são raros os poços
tubulares perfurados em regiões de rochas vulcânicas que alcançam as rochas
sedimentares subjacentes.
Comparando o mapa de lineamentos de médio porte da FIG. 21 com os
perfis de campo, visualizados nas FIG. 28 e 29, foi possível identificar três
alinhamentos (ou fraturamentos) regionais que compartimentam a área de estudo em
quatro blocos tectono-estruturais, denominados informalmente de Bloco Cambará,
Bloco Caxias, Bloco São Vendelino e Bloco Lageado (FIG. 30). Os alinhamentos são
marcados por lineamentos de pequeno e médio porte contíguos, com orientação NE
entre zero e 40° e estão definidos como o Alinhamento Rolante, Alinhamento Caí e
Alinhamento Turvo.
64
65
66
67
Observa-se, integrando-se os blocos, um mergulho para oeste dos
contatos interformacionais, sendo o Bloco Cambará o mais soerguido e o Bloco
Lageado o mais rebaixado, com variações internas de rebaixamento e soerguimento em
todos os blocos (FIG. 29).
68
7. CARACTERÍSTICAS HIDROGEOLÓGICAS DA ÁREA EM ESTUDO
7.1. Introdução
Vários fatores concorrem e trazem influência nas características
hidrogeológicas de um aqüífero. A natureza do solo sobreposto, em particular sua
porosidade e permeabilidade, é importante para a recarga do aqüífero e o tempo de
permanência dos excedentes do balanço hídrico, que depende, entre outros fatores, da
declividade do solo, de sua permeabilidade e da cobertura vegetal do terreno. As
características internas do aqüífero são de igual importância, principalmente a
porosidade primária da rocha, que define o comportamento do aqüífero como poroso,
fraturado ou misto. A qualidade da água, por outro lado, é decorrente da composição
das águas meteóricas, da composição do solo e da própria rocha que constitui o
aqüífero, sendo afetada em maior ou menor grau por agentes externos de contaminação.
As rochas sedimentares primam por porosidade e permeabilidade
primária maiores que as rochas ígneas e metamórficas, à exceção de argilitos e siltitos,
que constituem aqüitardos. Os ambientes deposicionais e, em menor escala, a estrutura
interna das camadas e sua disposição espacial são fatores controladores do fluxo
hidráulico e muitas vezes demonstram variações significativas entre a permeabilidade
horizontal e a permeabilidade vertical da rocha, mesmo em pacotes sedimentares
relativamente homogêneos (DAVIS, 1969). Chillingar (1963) comprovou que existe
uma relação direta do aumento da permeabilidade com o aumento da porosidade, e,
rochas muito soterradas são muito cimentadas e conseqüentemente pouco porosas.
69
O comportamento hidrogeológico de rochas carbonáticas é sensivelmente
diferente das rochas sedimentares siliciclásticas, pois embora possuam permeabilidade
primária baixa, o maior fluxo se dá através de estruturas kársticas, ao longo de fraturas.
As rochas ígneas e metamórficas, ao contrário das rochas siliciclásticas,
têm suas propriedades hidrodinâmicas associadas com a porosidade e permeabilidade
secundárias. Em rochas não fraturadas a porosidade é baixa e os poros são pouco
interconectados. Assim, as rochas ígneas têm permeabilidade dependente do
fraturamento de contração e principalmente do fraturamento tectônico. Estudos mostram
que a permeabilidade destas rochas decresce, em geral, com o aumento da profundidade
(LEGRAND, 1954; 1962).
Assim, um estudo detalhado das condições de formação das fraturas, a
maneira como se conduziram os esforços tectônicos, as principais direções de
orientação, o tamanho das fraturas, o espaçamento delas e a interconexão entre elas é
muito importante para o bom aproveitamento deste tipo de aqüífero. Na Formação Serra
Geral uma importante superfície de acumulação e circulação de água é o contato entre
derrames (FIG. 31).
70
FIGURA 31 – Superfície de contato entre derrames. Notar tamanho da abertura do contato,
provavelmente já intemperizado e dissolvido pela ação da água. Abaixo do contato zona
amigdalar e acima zona vítrea a afanítica.
A tectônica rúptil exerce papel extremamente importante, que determina
o padrão de fluxo das águas subterrâneas. Do ponto de vista da geologia estrutural, um
mesmo aqüífero pode ter segmentos independentes, formando um sistema aqüífero. Na
área de estudo, verificou-se que o aspecto estrutural exerceu considerável influência no
condicionamento hidrogeológico dos aqüíferos analisados.
Os lineamentos podem ser condicionantes do quimismo da água
subterrânea. A interação água-rocha é incrementada em zonas fraturadas por
lineamentos, aumentando o grau de alteração da rocha proporcionalmente com a
densidade de fraturas, o que promove maior atividade nas reações de troca iônica. Por
outro lado, se o lineamento é mineralizado como veios ou filões, o mesmo pode
contribuir com elementos químicos estranhos ao aqüífero ou com concentrações
anômalas. Ainda é importante ressaltar que se o lineamento for profundo e atravessar
diversas formações geológicas, pode colocar em interação aqüíferos distintos
quimicamente, gerando um tipo misto de água subterrânea.
71
7.2. Hidrogeologia da Área em Estudo
A caracterização dos lineamentos e a individualização dos blocos
tectono-estruturais, associados com o cruzamento dos dados hidrodinâmicos e
informações disponíveis na literatura, fornece elementos para o reconhecimento das
condicionantes dos sistemas aqüíferos, bem como as áreas de recarga e descarga.
O perfil geológico dos poços tubulares foi utilizado para controle do
contato entre litologias. As informações do ensaio de bombeamento, em particular a
vazão específica, foram consideradas para dimensionar o potencial de produção dos
aqüíferos, sendo confeccionado o mapa de densidade de vazão específica com a
distribuição dos quartis.
Com base nos dados obtidos verifica-se que existe um soerguimento de
blocos tectônicos a leste da área estudada e o rebaixamento para oeste, configurando
mergulho regional E-W do topo do SAG e das unidades vulcânicas do SASG,
condicionando o nível potenciométrico nos dois sistemas aqüíferos nesta direção.
Entretanto, o basculamento interno dos blocos pode inverter o fluxo da água
subterrânea. A integração dos dados permite estabelecer o mapa potenciométrico da
FIG. 32 e a direção de fluxo na área estudada, que apresenta boa coincidência com a
bibliografia (MACHADO, 2005).
72
73
As áreas de recarga e descarga também estão condicionadas pelo
basculamento de blocos, lineamentos e pela geomorfologia da área. A Unidade
Geomorfológica do Planalto é potencialmente uma área de recarga e infiltração e
coincide com o bloco tectônico mais soerguido, onde o nível potenciométrico é mais
elevado, sendo considerada a principal área de recarga do SAG confinado e do SASG.
Parte da água subterrânea infiltrada é descarregada ao longo dos rios que se
desenvolvem nesta região, mas com pequena expressão volumétrica.
A porção noroeste da Unidade Geomorfológica da Escarpa também é
uma área de recarga, apresentando considerável espessura de rochas vulcânicas, cotas
altimétricas elevadas e relevo bastante falhado.
De certa forma, todas as áreas que possuem precipitação pluviométrica
podem ser consideradas em maior ou menor grau áreas de recarga. Nas áreas com nível
potenciométrico mais baixo as águas infiltradas acabam recarregando, inicialmente, o
aqüífero livre. Nestes locais, as águas muitas vezes tendem a ascender, gerando
surgência das águas do aqüífero confinado, inibindo a recarga nestes locais.
As áreas de descarga e/ou acumulação do SAG confinado compreendem
a Unidade Geomorfológica da Sedimentação, a porção centro-sudeste da Unidade
Geomorfológica da Escarpa e ao longo do Sistema de Falhas Terra de Areia-Posadas,
que também podem ser considerados zonas de acumulação do SAG (FIG. 32). A
Unidade Geomorfológica da Sedimentação, que abrange as planícies dos três principais
sistemas hídricos da área, está situada em cotas altimétricas inferiores e na região onde
o nível potenciométrico é mais baixo. A porção centro-sudeste da Unidade
Geomorfológica da Escarpa se registra uma descompressão no confinamento dos
sistemas aqüíferos. Amostras de águas subterrâneas de poços tubulares situados nesta
região, que possui em média de 100 a 200 metros de espessura do pacote vulcânico,
74
mostram características físico-químicas de águas provenientes das formações
sedimentares subjacentes, como valores enriquecidos de Na
+
, STD e pH alcalino, em
relação às águas do SASG.
Os locais com maior potencialidade aqüífera na área estudada podem ser
identificados através dos valores de vazão específica dos poços tubulares cadastrados.
Não obstante os valores de vazão variem substancialmente na área, verifica-se uma
concentração de valores mais elevados de vazão na porção central da área de estudo,
coincidente com o SFTA-P, e próximo ao Alinhamento Caí, onde também se verifica
maior densidade de lineamentos de médio porte (FIG. 33).
O valor médio de vazão específica da área é 0,7212 m
3
/h/m, sendo o
quartil médio variável entre 0,1536 e 0,8482 m
3
/h/m. O quartil inferior é considerado
abaixo do valor de 0,1536 m
3
/h/m, sendo a menor vazão (0,0015 m
3
/h/m) registrada no
Município de Igrejinha. O quartil superior corresponde aos valores acima de 0,8482
m
3
/h/m, tendo o maior valor de 10,2272 m
3
/h/m no Município de Morro Reuter.
Observa-se que a potencialidade aqüífera não se relaciona diretamente
com a densidade de lineamentos nem com os blocos tectono-estruturais identificados na
área em estudo, mas apresenta conexão com lineamentos de médio porte, como na
região do Município de Encantado, Bloco Lageado, que é próximo ao SFTA-P e a um
lineamento de médio porte NE com aproximadamente 40km. Vale notar que o poço
com maior vazão específica, na cidade de Morro Reuter, porção central da área (Bloco
Caxias), situa-se próximo a um lineamento de médio porte NW com cerca de 50km de
extensão.
75
76
Os poços mais produtivos são, na maioria, os que captam água do SAG.
Os poços mais produtivos no SASG estão relacionados com estruturas tectônicas que
fazem ascender água do SAG, ou seja, na verdade são áreas inseridas no
potenciométrico do SAG e isto é comprovado pelas características hidroquímicas das
águas subterrâneas.
Os resultados obtidos apresentam boa correlação com as informações
disponíveis em trabalhos anteriores (MACHADO, 2005), principalmente a distribuição
das áreas pertencentes ao quartil superior de vazão específica, que geralmente
correspondem às áreas de acumulação, que também podem ser as áreas de descarga.
77
8. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS HIDROQUÍMICOS
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA ÁREA EM ESTUDO
Os dados hidroquímicos obtidos nos bancos de dados consultados (TAB.
02) foram analisados através de tratamento estatístico (análise fatorial e análise de
agrupamento) e plotados em diagramas de variação binários e diagramas de
classificação. Os resultados permitiram a identificação de grupos quimicamente
distintos de águas e a avaliação de processos de interação água-rocha, presentes na
evolução dos sistemas aqüíferos.
Os dados hidroquímicos apontam uma grande diversidade
composicional, de acordo com o Diagrama PIPER, com águas bicarbonatadas cálcico-
sódicas, bicarbonatadas cálcico-magnesianas, bicarbonatadas sódio-cálcicas,
bicarbonatadas sódicas, bicarbonatadas cálcicas, águas sulfatadas e cloretadas sódicas,
havendo uma única ocorrência de água sulfatada magnesiana (GRAF. 01). Verifica-se
uma predominância de águas bicarbonatadas, com menor freqüência de cloretadas e
sulfatadas. Em termos gerais, é observada pequena variação no conteúdo de ânions se
comparada com a ampla variação no conteúdo de cátions, estes últimos definindo a
diversidade hidroquímica nos sistemas aqüíferos estudados. A variação no conteúdo dos
cátions é marcada por um trend que evolui de composições cálcico-magnesianas para
composições sódico-potássicas, sendo estas enriquecidas em sólidos totais dissolvidos
(STD), provavelmente representando águas mais antigas. É provável que estas águas
provenham do SAG, com influência hidroquímica das formações permianas e triássicas
sotopostas, as quais possuem águas mais sódicas e também enriquecidas em cloreto e
sulfato.
XY
G 974 FE 4 200,00 25,15 49,96 24,81 9,38 0,38 470275 6742100 30/09/83 7,10 145,00 4,60 9,00 36,50 17,80 3,00 0,30 0,01 220,50 1
G 1236 IV 6a 174,00 89,37 105,00 15,63 18,00 1,15 482665 6724517 15/08/86 6,70 119,00 17,60 21,00 40,70 17,90 15,00 0,30 0,10 272,90 1
G 1944 IGR 6 87,00 0,41 75,25 74,84 16,85 0,23 519221 6727620 25/11/91 7,30 211,00 4,60 9,00 54,10 15,80 11,00 0,01 0,10 274,40 1
COR ARM 04 173,00 25,57 114,00 88,43 40,00 0,45 406973 6747039 10/12/92 7,30 149,00 12,10 7,00 38,10 15,10 17,00 0,10 0,70 276,10 1
COR BRS 01 100,00 35,00 n.d. n.d.. n.d.. n.d.. 408855 6724760 05/04/95 7,20 216,00 11,90 16,00 41,00 25,00 18,00 0,20 0,90 310,00 1
G 827 GA 1 128,00 3,50 59,94 56,44 60,00 1,06 450466 6762750 24/10/80 7,00 61,00 6,60 6,00 12,80 2,20 17,46 0,20 0,10 150,00 2
COR ARV 06 118,00 6,43 74,88 68,45 5,79 0,08 384060 6805542 12/11/80 6,60 53,00 16,00 4,00 10,80 1,90 24,49 0,50 0,10 169,20 2
G 837 IL 2 106,00 8,10 67,92 59,82 27,27 0,46 390055 6799913 26/01/81 7,00 53,00 3,70 7,00 13,60 1,90 15,29 0,70 0,10 62,40 2
G727 CP2 102,00 15,99 91,12 75,13 5,47 0,07 468758 6714722 03/04/81 6,70 60,00 2,50 6,00 13,40 6,20 14,40 0,01 0,30 110,40 2
G164 CP1 126,50 2,90 41,55 38,65 6,34 0,16 468484 6714716 07/04/81 6,80 101,00 4,10 9,00 16,40 4,30 15,59 0,01 0,10 177,00 2
G892 FC10 106,00 8,18 53,67 45,49 24,66 0,54 482415 6786450 17/02/82 6,70 68,00 0,50 7,00 13,60 3,40 12,90 0,30 0,10 137,30 2
G 923 FV 2 150,00 6,10 53,00 46,90 9,50 0,20 432119 6805007 06/11/82 6,30 30,00 2,30 10,00 18,00 6,30 14,25 0,30 0,10 54,10 2
COR APR 17 174,00 1,75 66,37 64,62 12,41 0,19 472764 6809646 23/07/83 6,70 50,00 3,80 3,00 11,20 2,40 15,37 0,20 0,10 130,90 2
G 1000 GA 3 84,70 2,80 18,64 15,84 85,71 5,41 448952 6765108 27/02/84 6,50 42,00 1,20 9,00 11,60 4,90 7,00 0,50 0,90 167,40 2
G 1003 GAR 2 118,50 2,35 95,83 93,48 18,95 0,20 448345 6768315 18/03/84 6,40 70,00 0,80 5,00 17,20 2,70 8,00 0,70 0,30 155,70 2
G990 FC6a 84,00 1,84 29,49 27,65 16,74 0,61 481834 6789077 04/07/84 6,50 81,00 4,30 11,00 27,70 5,60 11,00 0,20 0,10 182,60 2
G 1073 IP 2 110,00 5,19 29,46 24,27 7,20 0,30 472861 6812441 28/04/85 6,90 87,00 1,40 2,00 16,40 3,20 15,00 0,01 0,01 138,10 2
COR APR 16 264,00 1,56 22,55 20,99 30,00 1,43 473953 6810308 09/05/85 6,20 44,00 1,40 1,00 10,00 1,70 6,00 0,20 0,01 108,90 2
G 1119 JQ 4 84,00 3,23 26,59 23,36 8,74 0,37 563600 6805790 04/09/85 6,50 33,00 1,30 2,00 8,40 1,20 0,01 0,30 0,10 75,60 2
COR ARV 15 124,00 1,36 43,00 41,64 6,40 0,15 385569 6804258 15/05/86 6,30 32,00 1,40 2,00 9,60 1,20 13,57 0,30 0,20 108,90 2
G1166 FC11 79,00 0,61 24,02 23,41 32,73 1,40 481568 6789743 22/06/86 6,50 50,00 2,30 2,00 10,50 2,90 2,00 0,30 0,10 102,20 2
COR CAS 05 90,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 583575 6786500 02/05/87 5,80 14,00 3,10 3,00 3,20 1,00 2,00 0,10 0,20 64,30 2
COR APR 18 90,00 14,48 70,44 55,96 10,00 0,18 471596 6808534 21/06/87 6,40 58,00 12,40 3,00 13,60 3,20 5,00 0,30 0,01 118,00 2
G 1351 NR 7 108,00 16,09 59,31 43,22 32,73 0,76 460613 6793249 15/07/87 6,40 39,00 2,20 6,00 8,60 2,80 10,00 0,20 1,00 139,00 2
G1421 FC12 80,00 4,92 41,66 36,74 45,00 1,22 482790 6786235 29/04/88 6,80 58,00 3,10 5,00 13,40 2,30 14,00 0,10 0,20 114,60 2
COR APR 19 143,00 2,22 48,00 45,78 4,00 0,09 472037 6808629 27/05/88 6,90 41,00 3,50 2,00 9,40 0,80 8,00 0,40 2,00 131,70 2
G 1477 8a 180,00 63,38 104,63 41,25 18,37 0,45 483620 6724119 02/07/88 6,40 37,00 4,30 15,00 11,60 2,20 9,00 0,01 0,10 126,00 2
COR APR 03 A 122,00 26,76 34,42 7,66 6,50 0,85 472650 6807775 28/07/88 7,00 69,00 5,10 13,00 22,80 4,60 19,00 0,01 0,10 169,90 2
G 1459 IGR 3a 96,00 0,15 47,98 47,83 27,69 0,58 519365 6729775 13/01/89 6,20 65,00 20,20 7,00 12,80 7,10 9,00 0,01 0,10 142,70 2
G 1581 JQ 5 159,00 30,33 109,59 79,26 10,35 0,13 562050 6805450 29/04/89 7,00 88,00 2,10 4,00 25,30 4,40 18,00 0,01 0,10 132,30 2
COR ARV 08 141,00 6,37 58,05 51,68 6,62 0,13 383739 6805321 07/06/89 6,70 72,00 3,30 2,00 16,80 1,70 20,00 0,20 0,10 127,40 2
G1637 FC15 143,00 12,64 38,39 25,75 27,30 1,06 482213 6786802 10/06/90 6,90 67,00 2,60 2,00 15,20 3,40 6,00 0,30 0,10 125,20 2
G 1676 FV 4 54,00 23,98 39,85 15,87 6,15 0,39 432971 6804941 11/08/90 6,50 50,00 3,50 2,00 10,80 2,90 2,00 0,50 0,60 240,90 2
G 1638 IPE 3 84,00 1,07 20,32 19,25 10,75 0,56 473110 6811230 08/11/90 6,60 40,00 2,30 2,00 10,40 2,20 11,00 0,30 0,90 162,40 2
G 1841 MRE 5 184,00 3,21 36,06 32,85 12,18 0,37 491806 6732175 17/03/91 7,10 54,00 0,50 7,00 10,40 7,50 5,00 0,01 0,10 118,30 2
G 1865 GAR 3 140,00 16,98 45,48 28,50 60,92 2,14 447925 6768700 30/07/91 7,10 94,00 1,10 3,00 22,60 3,50 16,00 0,01 0,10 160,70 2
GA 1853 GA 8 120,00 4,82 54,86 50,04 56,57 1,13 451345 6762100 04/09/91 7,40 66,00 0,50 3,00 18,20 2,80 5,00 0,01 0,10 139,00 2
COR APR 29 140,00 0,26 27,50 27,24 25,00 0,92 472601 6806474 12/09/91 6,80 54,00 1,00 2,00 12,00 2,90 6,00 0,00 0,20 111,20 2
G 1952 IV 13 156,00 65,43 89,40 23,97 18,00 0,75 483265 6724489 30/11/91 6,40 84,00 1,60 8,00 19,80 8,90 5,00 0,01 0,10 169,10 2
G 1953 IV 14 180,00 97,86 120,85 22,99 23,29 1,01 483743 6723774 16/01/92 6,20 60,00 1,00 4,00 12,00 3,60 11,00 0,01 0,20 137,90 2
G 1862 GA 9 102,00 0,00 54,45 54,45 33,00 0,61 448325 6762800 25/05/92 6,60 51,00 0,40 6,00 11,60 4,90 11,00 0,01 0,10 123,20 2
COR AND 01 150,00 13,19 138,00 124,81 3,00 0,02 444175 6833100 16/06/92 7,30 81,00 0,20 3,00 18,80 8,00 5,00 0,01 0,20 144,50 2
G1946 FC17 164,00 2,31 101,39 99,08 7,92 0,08 481975 6785870 18/06/92 6,80 56,00 0,90 3,00 10,60 3,00 11,00 0,30 0,50 119,10 2
COR AND 02 144,00 4,49 70,00 65,51 6,00 0,09 443950 6832375 19/06/92 6,70 19,00 0,60 3,00 4,80 1,90 3,00 0,30 0,10 65,80 2
COR BGO 01 65,00 7,85 45,35 37,50 2,20 0,06 449850 6773175 17/09/92 7,10 77,00 1,70 8,00 15,80 3,80 16,00 0,20 0,30 162,20 2
COR ARV 03 A 141,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 385182 6805868 24/10/92 6,60 66,00 1,50 5,00 21,00 1,30 8,00 0,30 0,20 160,00 2
COR ARM 01 138,30 11,37 84,00 72,63 100,00 1,38 410585 6748562 15/11/93 6,50 54,00 0,90 2,00 12,40 4,90 5,00 0,10 0,01 118,30 2
G 2234 LJ 2 156,00 32,12 101,67 69,55 25,71 0,37 407121 6742295 15/11/93 7,30 77,00 0,70 2,00 19,20 6,10 5,00 0,10 0,10 137,00 2
COR APR 32 150,00 3,90 102,00 98,10 15,00 0,15 475459 6809838 05/03/94 6,90 40,00 1,00 0,10 11,20 2,10 4,00 0,00 0,20 118,80 2
Coordenadas UTM
POÇO
Profundidade
(m)
NE (m) ND (m)
Rebaixamento
(m)
Vazão
(m
3
/h)
Capacidade
Específica
(m3/h/m)
Data
Análise
Química
pH
A
lcalinidade
(mg/L CaCO
3
-
)
SO
4
-
(mg/L)
TABELA 02
Banco de dados dos poços tubulares inventariados
F
-
(mg/L)
Fe
++
(mg/L)
STD
(mg/L)
Cluster
Cl
--
(mg/L)
Ca
++
(mg/L)
Mg
++
(mg/L)
Na
+
(mg/L)
XY
Coordenadas UTM
POÇO
Profundidade
(m)
NE (m) ND (m)
Rebaixamento
(m)
Vazão
(m
3
/h)
Capacidade
Específica
(m3/h/m)
Data
Análise
Química
pH
A
lcalinidade
(mg/L CaCO
3
-
)
SO
4
-
(mg/L)
F
-
(mg/L)
Fe
++
(mg/L)
STD
(mg/L)
Cluster
Cl
--
(mg/L)
Ca
++
(mg/L)
Mg
++
(mg/L)
Na
+
(mg/L)
G 2273 LJ 5 88,00 21,41 44,21 22,80 49,50 2,17 403999 6737832 28/05/94 6,30 51,00 0,20 2,00 11,10 6,10 4,00 0,30 0,10 122,20 2
COR BCA 16 144,00 2,33 41,11 38,78 19,80 0,51 346048 6781521 09/12/94 6,80 68,00 1,60 1,00 2,80 0,80 26,00 0,20 0,20 159,40 2
COR ARV 20 150,00 0,34 37,77 37,43 6,43 0,17 383984 6807339 17/12/94 6,70 40,00 1,10 1,00 9,30 1,30 6,00 0,20 0,20 125,30 2
G 2193 BG 6 100,00 0,00 78,00 78,00 15,00 0,19 451375 6772570 08/06/95 7,00 77,00 2,10 2,00 16,00 2,00 11,00 0,20 0,10 121,00 2
COR CPE SBE 01 150,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 487063 6808926 22/05/96 5,70 8,00 6,17 0,10 1,00 0,40 2,00 0,30 0,20 36,00 2
G 2380 IV 18 180,00 73,05 146,00 72,95 18,00 0,25 483464 6725106 27/06/96 6,90 95,00 1,10 2,00 23,00 6,00 8,00 0,20 0,10 152,00 2
G 2399 BAO 8 144,00 12,41 42,00 29,59 12,00 0,41 450533 6750477 07/09/96 6,70 44,00 2,00 4,00 10,00 4,00 6,00 0,30 0,10 104,00 2
G 2445 IV 19 174,00 101,00 125,00 24,00 12,00 0,50 482251 6724482 27/02/97 6,80 77,00 5,25 6,00 13,00 10,00 14,00 0,20 0,10 150,00 2
G 2454 GA 12 115,00 12,83 92,00 79,17 20,00 0,25 449170 6765200 10/04/97 7,10 53,00 5,09 3,00 11,00 3,00 10,00 0,20 0,20 127,00 2
G 2503 IV 26 186,00 93,21 111,00 17,79 12,00 0,67 483469 6723823 21/08/97 6,70 44,00 5,09 3,00 8,00 3,00 8,00 0,01 0,01 116,00 2
COR ARM 08 138,00 22,95 63,88 40,93 65,50 1,60 410117 6748680 08/11/98 6,80 55,00 5,32 2,00 10,00 5,00 8,00 0,20 0,01 128,00 2
COR APR 39 146,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 470463 6810094 12/03/99 6,90 72,00 5,32 2,00 13,00 2,00 10,00 0,20 0,01 156,77 2
COR APR 36 132,00 3,84 50,00 46,16 5,00 0,11 475459 6809835 18/03/99 6,90 71,00 5,32 2,00 14,00 2,00 6,00 0,20 0,01 155,75 2
COR APR 38 153,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 470560 6806085 26/03/99 6,90 61,00 5,06 5,00 16,00 3,00 7,00 0,20 0,01 146,37 2
G 19 FC 2 42,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 482500 6788980 11/08/99 6,80 58,00 6,17 0,10 13,00 3,00 10,00 0,30 0,01 143,89 2
COR ARV 21 138,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 382709 6805859 29/09/99 6,10 20,00 5,32 2,00 4,00 3,00 2,00 0,20 0,01 67,00 2
PRM CAS 01 57,00 4,53 30,00 25,47 4,50 0,18 592206 6794935 28/01/00 6,10 36,00 5,09 3,00 6,00 2,00 7,00 0,20 0,10 131,09 2
COR IPE 10 102,00 0,91 50,00 49,09 29,00 0,59 473964 6812472 03/08/00 6,70 74,00 5,70 1,00 13,00 3,00 7,00 0,01 0,01 158,86 2
COR BCA 19 180,00 1,68 70,00 68,32 6,00 0,09 344726 6779583 11/09/00 6,80 65,00 6,17 0,10 6,00 0,30 18,00 0,60 0,40 136,00 2
PAR CNL RJA 01 102,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 522291 6755679 11/01/01 5,40 7,00 5,32 2,00 1,00 2,00 1,00 0,20 0,00 131,93 2
COR DOI 07 194,00 29,06 142,00 112,94 25,00 0,22 492053 6726894 19/09/01 7,00 79,00 5,06 5,00 19,00 0,25 5,00 0,26 0,01 164,34 2
2906 COR FC5a 196,00 9,60 58,00 48,40 13,00 0,27 482527 6788990 19/10/01 6,70 80,00 9,84 13,00 21,00 4,00 15,00 0,01 0,30 165,48 2
COR FC 30 180,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 480776 6786637 09/05/02 6,90 60,00 5,32 2,00 12,00 2,00 10,00 0,30 0,01 145,53 2
COR BRS 03 A 42,00 9,92 29,65 19,73 4,89 0,25 409378 6725110 04/08/02 7,10 99,00 5,32 2,00 19,00 6,00 5,00 0,10 0,01 149,00 2
COR FC 27 100,00 3,83 41,00 37,17 6,00 0,16 485708 6789195 13/09/02 6,70 52,00 5,70 1,00 10,00 3,00 6,00 0,20 0,01 139,42 2
COR FVA 14 61,79 0,46 35,00 34,54 30,00 0,87 431491 6804702 08/03/03 6,20 24,00 5,01 4,00 10,00 4,00 6,00 0,10 1,50 128,72 2
G 1163 GA 4 115,00 6,14 76,00 69,86 4,00 0,06 449850 6767250 05/02/94 6,40 103,00 0,80 3,00 19,00 9,40 8,00 0,01 4,90 175,40 2
G 1926 BAO 5 174,00 1,67 108,00 106,33 5,50 0,05 451975 6750425 13/11/03 7,00 54,00 2,00 2,00 10,00 4,00 6,00 0,40 0,01 114,00 2
G809 CP3 128,00 22,77 75,63 52,86 2,90 0,05 468506 6714258 29/04/80 7,40 126,00 8,60 12,00 28,00 4,90 18,96 0,30 0,30 139,10 3
COR CAS 02 81,00 0,00 3,25 3,25 5,46 1,68 583580 6786400 12/02/84 6,80 114,00 6,00 8,00 31,70 9,00 16,00 0,70 0,10 179,50 3
G 1026 EN 8a 246,00 36,83 70,79 33,96 48,65 1,43 413841 6765678 23/07/84 8,00 150,00 6,70 12,00 40,50 9,00 23,00 0,20 0,70 241,60 3
G 1135 BPI 1 141,00 55,83 80,46 24,63 32,73 1,33 465225 6736625 06/11/85 6,70 145,00 3,50 6,00 36,90 12,60 9,00 0,30 0,10 223,50 3
G 1213 IV 5 181,00 76,15 108,55 32,40 12,86 0,40 484665 6724951 19/04/86 7,20 151,00 4,00 2,00 42,90 6,30 11,00 0,30 0,01 214,50 3
G 1210 IGR 1 72,00 n.d.. n.d.. n.d.. 2,92 n.d.. 518734 6726649 27/06/86 6,90 177,00 5,80 7,00 42,70 14,60 10,00 0,10 0,01 238,90 3
G 1234 IGR 3 112,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 519522 6729782 28/08/86 7,10 131,00 5,20 5,00 24,60 11,70 10,00 0,05 0,10 194,00 3
G 1300 IGR 2a 84,00 4,50 66,82 62,32 25,71 0,41 521388 6728283 20/09/86 7,20 136,00 6,50 8,00 30,50 13,30 12,00 0,15 0,01 173,30 3
PRM BPR 02 250,00 120,46 122,64 2,18 9,00 4,13 464360 6737550 13/09/87 7,40 170,00 6,50 8,00 46,10 11,20 14,00 0,15 0,01 241,50 3
G 1725 IV 11 200,00 93,46 141,10 47,64 7,20 0,15 484557 6722829 19/07/90 6,60 95,00 7,10 4,00 25,10 8,60 9,00 0,30 0,20 192,70 3
G 1724 IV 10a 200,00 83,62 131,39 47,77 10,75 0,22 484922 6724428 24/07/90 7,40 142,00 6,90 5,00 38,90 10,20 8,00 0,30 0,10 216,70 3
G 1972 IV 15 198,00 64,90 98,82 33,92 30,46 0,90 485105 6726063 23/01/92 6,60 115,00 2,00 7,00 28,40 9,00 7,00 0,01 0,20 167,00 3
G 1655 JQ 6 98,00 27,38 77,69 50,31 13,20 0,26 562760 6804020 15/02/92 7,30 97,00 4,80 2,00 24,40 3,90 12,00 0,01 0,01 168,70 3
G2011 DI2 180,00 24,92 50,83 25,91 8,00 0,31 492600 6725640 24/02/92 7,00 116,00 2,00 6,00 31,50 5,70 12,00 0,01 0,01 163,70 3
G 2251 LJ 4 126,00 28,89 60,52 31,63 52,80 1,67 405616 6742286 18/03/94 7,40 84,00 0,90 4,00 21,00 9,70 5,00 0,01 0,20 159,50 3
G2306 DI3 120,00 9,18 43,37 34,19 46,59 1,36 490153 6727865 21/11/94 7,50 136,00 0,60 4,00 33,60 9,10 11,00 0,20 0,01 183,20 3
G 2500 IV 23 168,00 75,38 110,00 34,62 26,00 0,75 485067 6726161 14/08/97 7,00 101,00 5,32 2,00 23,00 8,00 8,00 0,01 0,01 165,00 3
G 2501 IV 24 186,00 130,30 152,00 21,70 18,00 0,83 485240 6723580 14/09/97 7,60 189,00 5,80 5,00 52,00 12,00 10,00 0,01 0,01 259,00 3
COR IGR 09 138,00 3,98 100,00 96,02 20,00 0,21 521884 6731392 17/05/98 7,00 117,00 5,06 5,00 25,00 8,00 38,00 0,01 0,10 145,00 3
IG PM 100,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 518265 6729969 05/10/00 7,30 127,00 5,06 5,00 31,00 8,00 10,00 0,20 0,01 229,34 3
COR IGR 11 249,00 63,44 95,00 31,56 4,00 0,13 518147 6729747 18/10/01 7,60 140,00 4,20 8,00 36,00 10,00 15,00 0,10 0,01 248,74 3
PAR GEN SAS 02 128,30 33,39 60,00 26,61 15,00 0,56 415119 6691164 25/01/02 7,00 124,00 7,22 10,00 24,00 13,00 15,00 0,30 0,01 182,00 3
COR ARM 02 134,00 13,47 45,75 32,28 56,25 1,74 407538 6748361 24/08/02 7,50 160,00 7,10 4,00 52,00 5,00 18,00 0,10 0,01 202,00 3
3061 COR FE 11 179,00 13,30 65,00 51,70 18,00 0,35 472249 6745143 24/04/03 7,40 161,00 11,60 4,00 37,00 15,00 21,00 0,20 0,01 134,72 3
XY
Coordenadas UTM
POÇO
Profundidade
(m)
NE (m) ND (m)
Rebaixamento
(m)
Vazão
(m
3
/h)
Capacidade
Específica
(m3/h/m)
Data
Análise
Química
pH
A
lcalinidade
(mg/L CaCO
3
-
)
SO
4
-
(mg/L)
F
-
(mg/L)
Fe
++
(mg/L)
STD
(mg/L)
Cluster
Cl
--
(mg/L)
Ca
++
(mg/L)
Mg
++
(mg/L)
Na
+
(mg/L)
COR 3062 FE 12 179,00 0,35 100,00 99,65 40,00 0,40 469388 6742820 01/05/03 7,40 95,00 5,09 3,00 24,00 8,00 9,00 0,10 0,01 183,94 3
COR IGR 12 179,00 55,41 120,00 64,59 8,00 0,12 518257 6729957 29/05/03 7,50 153,00 2,40 5,00 38,00 12,00 10,00 0,10 0,01 267,91 3
G 270 FE 1 85,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 468800 6742065 18/06/03 7,10 149,00 9,60 6,00 38,00 14,00 14,00 0,20 0,01 262,06 3
G 1921 EN 11 180,00 52,43 94,73 42,30 36,00 0,85 414188 6766599 10/09/91 8,00 143,00 37,60 19,00 13,00 3,00 82,00 1,80 0,10 296,60 4
G 1789 FE 7 A 190,00 25,17 81,77 56,60 26,67 0,47 471500 6742030 25/01/91 7,20 171,00 16,40 78,00 25,00 20,50 25,00 0,30 0,10 298,90 4
COR BCA 14 126,00 6,64 70,00 63,36 5,00 0,08 345875 6778243 21/10/90 6,60 132,00 9,90 2,00 3,20 0,25 74,00 0,70 2,10 307,90 4
COR MOT VOL 01 160,00 5,64 110,00 104,36 5,00 0,05 464262 6703064 28/10/99 8,40 133,00 74,60 6,00 10,00 2,00 82,00 0,30 0,01 238,29 4
G 970 EN 4a 224,50 31,85 92,08 60,23 51,43 0,85 414765 6765625 18/09/83 7,10 177,00 96,10 42,00 48,80 9,50 84,00 0,90 0,01 425,80 4
G 1247 EN 10 241,70 16,13 74,94 58,81 47,37 0,81 413362 6767513 07/08/86 7,90 155,00 50,20 22,00 26,50 7,30 66,00 1,30 0,01 327,90 4
G 1444 EN 5a 180,00 51,41 102,15 50,74 36,00 0,71 414751 6765907 20/09/88 7,80 165,00 74,20 36,00 33,70 4,90 90,00 0,90 0,10 441,30 4
Pm1 Anta Gorda 39,80 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 401800 6795050 02/03/90 8,30 166,00 51,60 11,00 43,70 7,00 43,00 0,60 0,10 302,70 4
COR EN 16 150,00 53,17 84,00 30,83 40,00 1,30 415632 6765018 27/01/97 8,10 207,00 40,90 32,00 32,00 4,00 91,00 0,50 0,10 396,00 4
COR ARV 04 93,00 3,91 47,54 43,63 6,32 0,14 384572 6805929 06/07/80 7,10 65,00 2,50 7,00 14,40 1,00 14,40 0,50 0,30 149,93 5
G 816 GAR 1 150,30 2,90 65,56 62,66 3,08 0,05 448350 6769275 24/07/80 8,90 115,00 1,10 3,00 1,60 0,25 13,35 0,50 0,30 182,20 5
COR BCA 07 134,00 2,51 107,00 104,49 6,00 0,06 345961 6780935 28/01/81 7,60 97,00 7,70 7,00 2,00 0,00 18,28 0,50 0,70 185,50 5
G878 FC9 176,50 1,47 62,64 61,17 20,00 0,33 481637 6789498 24/11/81 7,70 68,00 4,60 6,00 12,80 2,90 15,97 0,30 0,10 248,50 5
G 894 JQ 2 101,00 5,42 87,56 82,14 6,00 0,07 562830 6805520 14/01/82 7,50 31,00 2,90 10,00 8,80 2,20 14,69 0,30 0,10 151,80 5
COR APR 07 90,00 0,18 6,72 6,54 19,80 3,03 471858 6808648 14/02/82 7,90 100,00 1,90 8,00 9,60 3,40 13,95 0,70 0,90 197,70 5
G 838 GA 2 139,00 4,85 35,00 30,15 85,00 2,82 450671 6762804 26/06/83 7,60 48,00 7,30 3,00 12,00 1,90 17,98 0,10 0,20 115,40 5
COR ARV 07 219,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 384330 6805150 26/03/85 7,50 106,00 10,00 3,00 11,60 2,90 38,00 0,50 0,10 199,90 5
COR ARV 11 151,00 1,46 98,64 97,18 15,65 0,16 382992 6804589 08/05/86 7,30 94,00 5,30 1,00 16,00 1,50 20,00 0,80 0,10 162,30 5
G 1228 BG 2 66,00 1,98 51,00 49,02 50,00 1,02 453300 6773200 05/06/86 6,90 83,00 4,60 3,00 18,60 3,50 12,00 0,50 0,60 180,70 5
G 1202 MRE 4 137,00 80,25 82,01 1,76 18,00 10,23 492811 6732662 12/07/86 7,60 53,00 4,30 5,00 15,60 4,90 6,00 0,30 0,10 104,50 5
COR CAS 04 137,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 584370 6786350 15/02/87 7,30 56,00 2,50 4,00 9,60 2,80 13,00 0,60 0,10 106,00 5
COR APR 41 176,00 58,24 108,00 49,76 3,50 0,07 469741 6807543 19/09/87 8,20 129,00 13,50 10,00 20,00 6,10 47,00 0,70 0,90 138,10 5
COR APR 22 171,50 76,79 169,34 92,55 7,35 0,08 470475 6807600 21/11/87 8,40 89,00 1,60 4,00 10,00 1,20 31,00 0,40 0,50 157,50 5
COR APR 26 108,00 3,98 43,00 39,02 20,00 0,51 474408 6810313 02/12/89 7,00 70,00 0,40 4,00 17,20 1,40 17,00 0,30 0,10 214,00 5
G1483 FC14 120,00 0,15 24,00 23,85 20,00 0,84 482608 6787238 07/06/90 7,90 76,00 1,40 3,00 14,60 2,60 14,00 0,30 0,10 139,20 5
COR BCA 09 73,00 2,64 60,00 57,36 9,00 0,16 345311 6780937 27/10/90 7,40 53,00 2,20 3,00 7,00 0,10 8,00 0,50 0,20 110,60 5
COR APR 24 150,00 n.d.. n.d.. n.d.. 2,20 n.d.. 473759 6809164 17/09/91 8,00 72,00 0,50 2,00 6,80 0,70 31,00 0,30 0,20 140,80 5
G1947 FC18 96,00 3,64 24,87 21,23 33,96 1,60 481236 6789833 24/02/92 7,60 57,00 0,90 2,00 13,00 3,00 8,00 0,00 0,01 138,00 5
G1945 FC16 108,00 17,95 40,72 22,77 56,57 2,48 481914 6785945 14/06/92 7,20 79,00 0,60 3,00 17,80 2,60 19,00 0,30 0,10 153,90 5
COR BCA 15 156,00 8,00 70,00 62,00 4,00 0,06 346334 6780686 24/04/93 7,60 87,00 1,40 2,00 12,00 0,50 31,00 0,30 0,10 175,80 5
COR CPE 02 120,00 7,98 50,00 42,02 20,00 0,48 489978 6814724 20/08/93 7,90 85,00 0,20 1,00 14,80 0,40 24,00 0,60 0,10 145,20 5
G 2192 BG 5 132,00 18,30 70,50 52,20 26,31 0,50 450250 6775350 10/06/95 8,00 73,00 2,60 1,00 14,00 3,00 11,00 0,30 0,20 126,00 5
G 2388 BG 11 150,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 449950 6775575 19/08/96 7,90 94,00 1,00 2,00 15,00 2,00 23,00 0,30 0,10 150,00 5
G2415 FC19 132,00 17,20 36,00 18,80 30,00 1,60 481570 6786170 18/05/97 7,20 84,00 6,17 0,10 18,00 2,00 16,00 0,40 0,01 170,15 5
G 2416 FC 20 150,00 16,39 75,00 58,61 4,00 0,07 481484 6785944 21/05/97 8,00 102,00 5,70 1,00 14,00 2,00 30,00 0,30 0,01 180,00 5
COR FC 24 94,00 0,00 42,00 42,00 30,00 0,71 480727 6788766 01/01/98 7,70 89,00 6,17 0,10 20,00 3,00 15,00 0,20 0,01 155,00 5
COR ARM 03 192,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 407820 6748125 12/11/98 8,20 95,00 26,10 3,00 13,00 0,90 41,00 0,10 0,01 193,00 5
COR BG 12 120,00 41,89 90,00 48,11 7,00 0,15 451076 6769030 10/01/99 7,30 54,00 23,70 23,00 9,00 1,00 16,00 0,30 0,01 140,84 5
COR BCA 22 200,00 5,52 125,00 119,48 1,00 0,01 469102 6741503 20/06/99 8,80 104,00 5,70 1,00 6,00 3,00 37,00 0,01 0,01 159,00 5
G 2701 180,00 15,90 110,00 94,10 2,10 0,02 452334 6702237 23/06/99 7,80 105,00 5,09 3,00 18,00 5,00 24,00 0,01 0,01 197,46 5
COR ARV 24 192,00 75,51 115,00 39,49 18,00 0,46 387945 6802034 25/06/99 7,80 86,00 6,17 0,10 14,00 2,00 23,00 0,30 0,01 146,00 5
2455 FX 5a 110,00 9,87 50,00 40,13 10,00 0,25 367660 6792088 12/01/00 7,90 70,00 5,32 2,00 15,00 2,00 10,00 0,60 0,01 154,74 5
COR NR 12 145,00 81,33 109,00 27,67 12,00 0,43 460429 6792621 15/06/00 7,40 99,00 5,01 4,00 15,00 2,00 23,00 0,40 0,01 189,25 5
COR BCA 18 156,00 4,05 103,00 98,95 10,00 0,10 346426 6780839 07/09/00 7,30 70,00 5,09 3,00 14,00 2,00 12,00 0,20 0,01 120,00 5
COR MRE 10a 374,00 39,22 230,00 190,78 30,00 0,16 492460 6730733 18/11/00 8,30 116,00 40,90 11,00 27,00 1,00 41,00 0,40 0,01 213,14 5
COR FC 26 211,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 482752 6786236 10/03/01 8,00 93,00 6,17 0,10 17,00 6,00 17,00 0,30 0,01 181,34 5
2920 COR SAS 5 171,29 11,15 42,00 30,85 5,00 0,16 413750 6688679 14/09/01 7,30 150,00 5,32 2,00 14,00 7,00 14,00 0,40 0,01 263,53 5
2898 COR MRE 8b 276,00 49,72 52,00 2,28 8,00 3,51 490603 6731830 08/02/02 8,10 102,00 5,09 3,00 25,00 4,00 22,00 0,80 0,01 193,32 5
COR FC 29 180,00 5,22 83,00 77,78 25,00 0,32 480760 6789184 03/06/02 7,40 86,00 5,70 1,00 10,00 1,00 29,00 0,70 0,01 172,56 5
XY
Coordenadas UTM
POÇO
Profundidade
(m)
NE (m) ND (m)
Rebaixamento
(m)
Vazão
(m
3
/h)
Capacidade
Específica
(m3/h/m)
Data
Análise
Química
pH
A
lcalinidade
(mg/L CaCO
3
-
)
SO
4
-
(mg/L)
F
-
(mg/L)
Fe
++
(mg/L)
STD
(mg/L)
Cluster
Cl
--
(mg/L)
Ca
++
(mg/L)
Mg
++
(mg/L)
Na
+
(mg/L)
COR FC 28 86,00 0,06 30,00 29,94 14,00 0,47 485690 6789873 15/06/02 6,90 56,00 5,70 1,00 11,00 2,00 8,00 0,80 0,01 142,33 5
COR ARV LCA 01 206,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 396172 6809575 06/09/02 9,10 94,00 5,32 2,00 8,00 2,00 37,00 0,60 0,01 162,00 5
COR ARV LCA 02 206,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 396046 6809236 10/10/02 7,10 74,00 5,32 2,00 13,00 1,00 17,00 0,40 0,20 152,00 5
COR PM LSET 3032 72,00 11,30 20,00 8,70 20,00 2,30 390571 6813233 08/11/02 7,60 84,00 5,09 3,00 17,00 2,00 19,00 0,40 0,01 170,15 5
2951 COR SAS 7 198,00 14,77 42,00 27,23 5,00 0,18 413831 6689241 07/02/03 7,90 126,00 0,50 2,00 23,00 9,00 18,00 0,40 0,01 187,00 5
G 1162 FE 5 150,00 9,93 47,39 37,46 10,00 0,27 469800 6738150 11/02/86 7,20 205,00 5,40 6,00 50,90 15,30 20,00 0,50 0,40 359,60 6
G 1793 FE 9 180,00 12,07 73,41 61,34 30,00 0,49 470550 6741300 19/01/91 7,90 198,00 25,10 10,00 43,90 10,30 43,00 0,30 0,10 312,00 6
G 498 EN 7 224,00 52,88 100,73 47,85 35,29 0,74 414238 6765925 31/05/92 7,10 225,00 31,30 17,00 34,70 10,10 66,00 0,30 0,20 313,50 6
G 2013 EN 13 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 413745 6766712 26/07/93 8,30 152,00 13,70 13,00 31,70 6,80 42,00 0,70 0,50 330,60 6
COR ARM 04 173,00 n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. n.d.. 406973 6747039 18/10/97 7,60 160,00 43,50 19,00 41,00 5,00 57,00 0,30 0,01 330,00 6
COR MRE 10 210,00 17,03 140,00 122,97 8,00 0,07 492818 6730815 20/01/00 7,90 159,00 22,80 5,00 33,00 7,00 13,00 0,30 0,01 276,53 6
2911 COR DI6 222,21 13,44 127,00 113,56 16,00 0,14 491211 6728316 31/07/02 7,80 189,00 3,10 9,00 46,00 14,00 16,00 0,01 0,01 315,48 6
COR IGR 13 A 162,00 0,57 83,00 82,43 0,12 0,00 522342 6727822 12/06/03 7,70 159,00 3,70 6,00 33,00 8,00 29,00 0,40 0,01 276,53 6
82
GRÁFICO 01
Diagrama Piper de todas as amostras da área de estudo.
Diagrama Piper
Total, n= 166
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O
3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
ta
s
s
i
u
m
(
K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
A análise estatística realizada no conjunto de dados levou em
consideração cátions e ânions utilizados no Diagrama Piper (cálcio, sódio, magnésio,
bicarbonato, cloreto e sulfato), acrescendo-se flúor, pH, STD e ferro, totalizando dez
parâmetros. Como a maioria das análises utilizadas não apresentava o teor de
bicarbonato, optou-se pelo uso dos valores de alcalinidade em substituição. Os
resultados da análise estatística de agrupamento permitiram o reconhecimento de 6
grupos de águas subterrâneas quimicamente distintos, mostrados nos diagramas binários
a seguir (GRAF. 02).
83
GRÁFICO 02
Gráficos binários dos parâmetros físico-químicos vs. clusters.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
123456
Na mg/l
0
5
10
15
20
25
30
123456
Mg mg/l
0
10
20
30
40
50
60
1234 5 6
0
20
40
60
80
100
123456
Cl mg/l
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
123456
SO4 mg/l
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
1234 56
Alc. mg/l CaCO3
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
9,5
123456
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1, 0
1, 2
1, 4
1, 6
1, 8
2,0
123 456
F mg/l
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
123456
Fe mg/l
0
100
200
300
400
500
1234 56
ST mg/l
84
Cluster 1 – É representado por 05 amostras de águas bicarbonatadas
cálcico-magnesianas (GRAF. 03). A principal característica que levou sua
individualização são as concentrações relativamente elevadas de magnésio, variáveis
entre 15 a 25 mg/L. Estas amostras também possuem leve enriquecimento em cloreto e
sulfato, como pode ser verificado no diagrama binário SO
4
--
vs Cl
-
(GRAF. 04), bem
como cálcio, alcalinidade e STD (GRAF. 02, 05 e 06).
GRÁFICO 03
Diagrama Piper das amostras do cluster 1.
Diagrama Piper
Cluster 1, n= 05
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O
3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
ta
s
s
i
u
m
(
K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
85
GRÁFICO 04
Gráfico binário de SO
4
--
vs. Cl
-
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 102030405060708090100110
SO
4
--
mg/L
Cl
-
mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
GRÁFICO 05
Gráfico binário de Alcalinidade vs. Ca
++
0
10
20
30
40
50
60
0 50 100 150 200 250
Alc mg/L CaCO
3
Ca
++
mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
86
GRÁFICO 06
Gráfico binário de Alcalinidade total vs. STD
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 50 100 150 200 250
Alc mg/L CaCO
3
STD mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
As amostras que compõem este cluster ocorrem no sul da área de estudo
e do SFTA-P, estando os poços situados geograficamente em formações sedimentares
ou em locais com pouca espessura de rocha vulcânica (FIG. 34). Sua composição é
provavelmente resultante da interação da água por considerável tempo de residência
com as formações permianas e triássicas da Bacia do Paraná, considerando-se que a
Formação Botucatu não possui mineralogia para dar origem a concentrações elevadas
de magnésio. Por outro lado, a situação geográfica das amostras deste cluster torna
pouco provável a relação de origem com as rochas vulcânicas básicas da Formação
Serra Geral.
87
88
Cluster 2 - Representa o cluster mais numeroso, com 72 amostras, tendo
como característica fundamental o baixo conteúdo iônico, i.e, concentrações menores de
todos cátions e ânions, em relação aos demais clusters (GRAF. 02, 05 e 06). São águas
bicarbonatadas cálcico-sódicas, com menor incidência de cálcico-magnesianas e
bicarbonatadas cálcicas, sendo rara a ocorrência de águas sulfatadas (GRAF. 07).
GRÁFICO 07
Diagrama Piper das amostras do cluster 2
Diagrama Piper
Cluster 2, n= 72
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O
3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
ta
s
s
i
u
m
(
K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
89
As águas desde grupo são distribuídas em toda a área de estudo, mas
predominam ao norte, onde os poços situam-se no pacote vulcânico (FIG. 35). São
águas com baixo tempo de residência e pequena interação água-rocha, constituindo o
agrupamento mais próximo da composição de águas meteóricas. A ocorrência de
amostras sulfatadas demonstra a influência da interação de águas ascendentes com as
formações sedimentares permianas e triássicas sotopostas.
90
91
Cluster 3 - É composto por 27 amostras que apresentam similaridade
com as do cluster 2, havendo, no entanto, valores médios mais elevados de cálcio,
magnésio, alcalinidade e STD. Nos gráficos binários mostram-se contíguos com as
amostras do cluster 2, sugerindo evolução a partir do mesmo e um maior tempo de
interação água-rocha (GRAF. 02, 05, 06 e 08). São águas extremamente bicarbonatadas
classificadas como bicarbonatadas cálcicas a cálcico-magnesianas (GRAF. 09), que se
correlaciona com os números mais elevados de alcalinidade e STD.
GRÁFICO 08
Gráfico binário de Ca
++
vs. STD
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 102030405060
Ca
++
mg/L
STD mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
92
GRÁFICO 09
Diagrama Piper das amostras do cluster 3
Diagrama Piper
Cluster 3, n= 27
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O
3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
ta
s
s
i
u
m
(
K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
Ocorrem dominantes no sul da área de estudo (e ao sul do SFTA-P),
concentradas nos Blocos Tectônicos Caxias e São Vendelino (FIG. 36). Os poços estão
localizados em áreas das formações sedimentares ou com pouca espessura de rocha
vulcânica, com exceção de duas amostras que ocorrem na região de Cambará do Sul,
onde o pacote vulcânico possui cerca de 800 metros. Neste caso, os poços encontram-se
nas imediações ou sobre o Alinhamento Rolante, o que pode significar a ascensão de
águas a partir das camadas sedimentares gondwânicas sotopostas ou das camadas basais
da Formação Serra Geral, conforme o cluster 1.
93
94
Cluster 4 – É constituído por 9 amostras e se diferencia dos demais
agrupamentos por uma maior dispersão dos valores de flúor, cálcio, sódio, cloreto e
sulfato, enquanto as concentrações de cloreto, sulfato, sódio, STD e flúor são as mais
elevadas (GRAF. 02, 10 e 11). Em razão da dispersão de valores a classificação das
águas varia de bicarbonatadas, sulfatadas a cloretadas, dominando as águas sódicas e
magnesianas (GRAF. 12).
GRÁFICO 10
Gráfico binário de F
-
vs. Cl
-
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00
F
-
mg/L
Cl
-
mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
95
GRÁFICO 11
Gráfico binário de alcalinidade vs. Na
+
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 50 100 150 200 250
Alc mg/L CaCO
3
Na
+
mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
96
GRÁFICO 12
Diagrama Piper das amostras do cluster 4
Diagrama Piper
Cluster 4, n= 09
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O
3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
ta
s
s
i
u
m
(
K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
As águas deste cluster ocorrem principalmente no centro-oeste da área de
estudo, próximo ao SFTA-P, em locais de pouca a média espessura de rochas
vulcânicas, havendo boa correlação com os lineamentos de médio porte (FIG. 37). A
variada gama composicional e a elevada concentração de alguns elementos
considerados traçadores, em especial o sulfato e cloreto, é decorrente de águas
ascendentes com médio a longo tempo de residência em formações permianas e
triássicas da base do SAG. A Formação Botucatu, tendo composição de quartzarenito a
97
arenito subarcoseano, não possui mineralogia compatível para o enriquecimento desses
elementos, da mesma forma que as vulcânicas da Formação Serra Geral, que possuem
influência direta das águas meteóricas.
98
99
Cluster 5 – Representa o segundo cluster mais numeroso, com 45
amostras, e mostra similaridade com o cluster 2, com o qual forma trends contínuos em
gráficos binários, em posição de enriquecimento elemental, assim como ocorre no
cluster 3, cujo campo pode ser separado em vários elementos. Destaca-se pelo valor
médio pouco mais elevado de pH em relação aos demais agrupamentos e pela boa
correlação positiva de pH vs. Na, Na vs. STD e STD vs. pH (GRAF. 02, 13, 14 e 15). O
diagrama de PIPER demonstra que águas pertencentes a este agrupamento possuem
caráter ligeiramente mais sódico, sendo classificadas como bicarbonatadas sódico-
cálcicas, com poucas cloretadas e sulfatadas (GRAF. 16).
GRÁFICO 13
Gráfico binário de pH vs. Na
+
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
5678910
pH
Na
++
mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
100
GRÁFICO 14
Gráfico binário de Na
+
vs. STD
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 102030405060708090100
Na
+
mg/L
STD mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
GRÁFICO 15
Gráfico binário de pH vs. STD
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
5678910
pH
STD mg/L
C 1
C 2
C 3
C 4
C 5
C 6
101
GRÁFICO 16
Diagrama Piper das amostras do cluster 5
As águas deste cluster ocorrem em toda área estudada, mas concentram-
se ao norte do SFTA-P, o equivale dizer que predominam na área do pacote vulcânico
(FIG. 38). Assim, a composição hidroquímica destas águas aparentemente apresenta
vinculação com as rochas vulcânicas, havendo um maior tempo de interação água-rocha
que no cluster 2.
Diagrama Piper
Cluster 5, n= 45
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
Ma
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
t
a
s
s
i
u
m
(K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
Ma
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
102
103
Cluster 6 – As 8 amostras deste agrupamento constituem águas
bicarbonatadas cálcico-sódicas (GRAF. 17), que se destacam pelos valores médios mais
elevados de alcalinidade, cálcio e STD, enquanto é mais discreto o enriquecimento em
sódio (GRAF. 02, 05 e 06).
GRÁFICO 17
Diagrama Piper das amostras do cluster 6
Diagrama Piper
Cluster 6, n= 08
C A T I O N S A N I O N S
%meq/l
Na+K HCO +CO
3 3
Cl
Mg SO
4
Ca
Calcium (Ca) Chloride (Cl)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
+
C
h
l
o
r
i
d
e
(
C
l
)
C
a
l
c
i
u
m
(
C
a
)
+
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
C
a
r
b
o
n
a
t
e
(
C
O
3
)
+
B
i
c
a
r
b
o
n
a
t
e
(
H
C
O
3
)
S
o
d
i
u
m
(
N
a
)
+
P
o
ta
s
s
i
u
m
(
K
)
S
u
l
f
a
t
e
(
S
O
4
)
M
a
g
n
e
s
i
u
m
(
M
g
)
80 60 40 20 20 40 60 80
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
2
0
4
0
6
0
8
0
2
0
4
0
6
0
8
0
8
0
6
0
4
0
2
0
8
0
6
0
4
0
2
0
104
Estas águas ocorrem no centro-sul da área estudada e ao sul do SFTA-P,
onde predominam as rochas do pacote sedimentar gondwânico, com pouca espessura de
rochas vulcânicas sobrepostas (FIG. 39). Os valores relativamente elevados de sódio,
cálcio e alcalinidade sugerem nestas águas a interação com formações sedimentares
permianas e triássicas basais do SAG e que estejam ascendendo por fraturas.
105
106
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
A integração dos dados estruturais, geomorfológicos, hidrogeológicos e
hidroquímicos permitiram reconhecer parâmetros condicionantes e padrões para os
sistemas aqüíferos estudados na área.
A utilização de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), o
Programa SPRING, para a criação e gerenciamento de um banco de dados com os mais
variados tipos de informações, mostrou-se uma excelente ferramenta para a
superposição dos dados, interpretação e geração de resultados em base georreferenciada.
A caracterização geomorfológica da área foi útil para o reconhecimento
de áreas potenciais de recarga e descarga, dando uma idéia inicial e regional a partir de
elementos físicos de fácil detecção e interpretação. A UGP é a principal área de recarga,
enquanto a UGE e a UGS são principalmente áreas de descarga.
O tratamento por filtragem através do programa SPRING permitiu definir
a distribuição espacial dos lineamentos por extensão, direção dominante e áreas de
maior densidade. Os lineamentos de pequeno porte dominam no nordeste da área e são
na maioria de direção NE. Os lineamentos de médio porte dominam no centro da área e
são na maioria de direção NW.
O levantamento de perfis, seções geológicas e colunas estratigráficas no
campo, combinado com a filtragem de lineamentos, foi determinante para a
identificação de blocos e movimentos tectônicos na área em estudo. Foram definidos
três alinhamentos regionais de orientação NE (Alinhamento Rolante, Alinhamento Caí e
Alinhamento Turvo), que compartimentam a área em quatro blocos tectono-estruturais
denominados Bloco Cambará, Bloco Caxias, Bloco São Vendelino e Bloco Lageado. O
107
Bloco Cambará, situado na região leste, é o mais soerguido, enquanto o Bloco Lageado
na região oeste é mais rebaixado.
A variação do potencial hidrogeológico na área, estudado a partir do
valor de vazão específica dos poços tubulares inventariados, demonstrou a influência
das estruturas tectônicas regionais, especial no SASG. Na área em tela, não houve uma
boa correlação da densidade de lineamentos com o potencial de produção, à exceção da
porção central da área, mas observou-se boa correlação com os lineamentos de médio
porte, principalmente os de direção NW. Os blocos tectono-estruturais também não
mostraram boa correlação com o potencial de explotação dos poços.
O SAG apresenta comportamento de um sistema aqüífero misto, em geral
com bom potencial de produção e, na presença de lineamentos de médio porte, tem sua
vazão específica aumentada. Os poços com maior vazão específica ocorrem na região
adjacente ao SFTA-P, que foi identificada em estudos anteriores como área de
acumulação do SAG.
O tratamento estatístico das análises das águas subterrâneas
individualizou seis agrupamentos com características distintas, que permitem
correlacionar tipos hidroquímicos e geologia dos sistemas aqüíferos, indicando origem e
grau de interação água-rocha. A composição das águas, de acordo com o diagrama
PIPER é predominantemente bicarbonatadas cálcicas e/ou sódicas, com incidência
relativamente pequena de águas bicarbonatadas cálcico-magnesianas e raras de águas
sulfatadas e cloretadas.
Os diagramas binários de variação hidroquímica ressaltam a evolução
geoquímica das águas. O cluster 2 mostrou-se um tipo de água inicial, com composição
próxima a de águas meteóricas. Os clusters 3 e 5 aparecem como uma continuidade do
cluster 2, seguindo a mesma linha de tendência, o que sugere a mistura de águas de
108
diferentes aqüíferos. Nos valores mais elevados de Ca
++
e Na
+
os dois clusters
distanciam-se, representando aqüíferos com características próprias.
As amostras dos clusters 1, 4 e 6 possuem conteúdo iônico mais elevado
e, em conseqüência, nos diagramas binários situam-se na parte distal das linhas de
tendência para a maioria dos parâmetros, podendo formar concentrações isoladas de
pontos, o que é compatível com fontes distintas.
As amostras dos clusters 1, 3, 4 e 6, têm sua composição decorrente da
interação água-pacote sedimentar gondwânico com pouca influência do pacote
vulcânico da Formação Serra Geral, ocorrendo, em especial, ao sul do SFTA-P.
Apresentam valores mais elevados em vários parâmetros físico-químicos. Raras
amostras destes grupos situam-se na região onde o pacote vulcânico é mais espesso e,
quando ocorrem, estão localizadas próximas a lineamentos de médio porte, sugerindo
ascensão de água subterrânea do SAG para o SASG. Este fato é corroborado pela
captação de águas subterrâneas quimicamente compatíveis com aqüíferos gondwânicos,
em locais com mais de 900 metros de espessura de pacote vulcânico, próximo ao
Alinhamento Rolante.
As amostras com relativamente baixo conteúdo iônico pertencem aos
clusters 2 e 5 e são amplamente distribuídas na área, possuindo maior incidência em
setores mais espessos do SASG e ao norte do SFTA-P. O domínio dessas águas no
SASG sugere eficiente drenagem do sistema aqüífero e tempo de residência
relativamente pequeno, descarregando no SAG sotoposto ou nos cursos d’água
superficiais próximos.
A tectônica rúptil está exercendo sua maior influência através dos
lineamentos e não dos blocos tectono-estruturais. Pela distribuição dos clusters,
observou-se a ocorrência dos tipos hidroquímicos do SAG no SASG sempre próximo a
109
lineamentos de médio porte, principalmente quando a norte do SFTA-P. Os valores
mais altos de vazão específica também estão correlacionados com lineamentos de médio
porte. Estas características mostram a ascensão de água do SAG para o SASG e a
importância dos lineamentos no condicionamento dos sistemas aqüíferos da área em
estudo.
110
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