Ademais, apesar do câncer do esôfago ser uma das doenças mais letais do aparelho
digestório, de pobre prognóstico, com uma sobrevida média de cinco anos em torno de 10%
dos casos
35
, e mesmo já se conhecendo a sua lesão precursora, a maioria desses cânceres ainda
continua sendo diagnosticada tardiamente, quando não podem mais ser curados
36
.
A definição dos fatores de risco que apontam essa possível progressão neoplásica,
nos pacientes portadores do EB, reveste-se, portanto, de uma importância fundamental. Isto
porque não só permite que se selecionem, realmente, aqueles pacientes que ingressarão em
programas eficazes de seguimento e vigilância endoscópica, mas, também, possibilita que a
relação custo–benefício, do seguimento desses pacientes, seja, efetivamente, positiva, já que,
sabidamente, a maioria dos portadores dessa doença não evolui para o adenocarcinoma
esofágico
30,37,38
.
Não obstante, fatores de risco convencionais, clínicos e endoscópicos (sexo, idade,
extensão do epitélio de Barrett, presença do refluxo duodeno-gastro-esofágico, cronicidade do
refluxo, raça, índice de massa corpórea (IMC), história familiar de câncer, uso de
medicamentos com efeito sobre o esfíncter inferior do esôfago, infecção pelo Helicobacter
pylori, tabagismo e lesões no epitélio de Barrett, relacionados ao desenvolvimento do câncer
no EB, não apresentam a sensibilidade e/ou a especificidade necessárias a estratificação de
risco dos pacientes para o surgimento do câncer
13,27,39-48
.
Atualmente, a presença da displasia epitelial, definida histopatologicamente, tem
sido o marcador tecidual mais utilizado na estratificação de risco do EB, para o
desenvolvimento do adenocarcinoma, determinando, inclusive, o período e o intervalo da
vigilância endoscópica
29
. Contempla-se, nesta abordagem, a seqüência neoplásica descrita no
EB, de metaplasia, displasia de baixo grau, displasia de alto grau, carcinoma in situ e,
finalmente, câncer invasivo
49-51
.