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RESUMO
O professor faz parte de uma categoria profissional que necessita da voz como
instrumento de trabalho, na transmissão do conhecimento e nas suas relações com
o outro. Sabe-se que o conhecimento em sala de aula não acontece somente do
conhecimento teórico, mas da capacidade de perceber as reais necessidades dos
alunos, para a transmissão dos conhecimentos de forma mais global. Para isso, é
necessária uma voz que seja de qualidade adequada, sem alterações, com projeção
vocal e entonação no momento do discurso. Este estudo foi realizado com o objetivo
de detectar e quantificar alterações vocais em uma amostra de professores do
ensino fundamental da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Com isso,
buscou-se identificar os hábitos vocais e os fatores riscos das possíveis alterações
vocais. Para tal, foi distribuído aos professores o questionário proposto por Ferreira
et al (2003), tal questionário inquiria sobre dados pessoais dos professores, sua
situação funcional, aspectos da sua saúde geral e vocal, seus hábitos de vida diários
que interferem na voz, antecedentes familiares e lazer. Foram selecionadas, de
forma aleatória, escolas do Plano Piloto e de cidades satélites, e entregues 183
questionários. Foram devolvidos 149 para análise, sendo selecionados, somente os
professores concursados e em atividades laborativas. Os resultados encontrados
indicaram que a maior parte da amostra pesquisada é do sexo feminino, casada,
com nível superior completo, tendo em média 35 anos de idade e 13 anos de
profissão. A maior parte trabalha somente em uma escola. Dos pesquisados, 74,5%
relatam ter alteração vocal e atribuem essa alteração ao uso intensivo da voz
(89,2%), seguido de exposição ao barulho (65.8%), estresse e o clima seco, ambos
com 64,9%. Os sintomas e sensações mais freqüentes relativos às alterações vocais
foram: rouquidão, cansaço ao falar, garganta seca e pigarro. Desta parcela que
relata ter alteração vocal, 79,3% são do sexo feminino, 62,3% não estão satisfeitos
com sua voz e 83,5% não receberam na sua formação profissional, nenhum tipo de
informação sobre cuidados com a voz. Portanto, os resultados justificam que
medidas preventivas relativas à saúde vocal, como palestras, campanhas educativas
e acompanhamento periódico devem ser adotadas. Além disso, também sugerimos
a inclusão de disciplinas, que tratem do tema em questão,
na grade curricular dos
cursos de formação para os professores. Tudo isso poderá auxiliar na prevenção de
alterações vocais, assim como aperfeiçoar a função comunicativa dos docentes,
fazendo com que haja uma diminuição de casos de afastamento dos professores da
sala de aula.
Palavras chave: voz, voz do professor, saúde vocal, voz profissional.