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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MEDICINA
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
JOSÉ CARLOS MARTINS DE OLIVEIRA
ESTUDO FARMACOLÓGICO DA VITEX AGNUS-CASTUS L
(AÇÃO ANTINOCICEPTIVA E TOXICIDADE AGUDA DO
EXTRATO AQUOSO)
ARACAJU-SERGIPE
2005
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JOSÉ CARLOS MARTINS DE OLIVEIRA
ESTUDO FARMACOLÓGICO DA VITEX AGNUS-CASTUS L
(AÇÃO ANTINOCICEPTIVA E TOXICIDADE AGUDA DO
EXTRATO AQUOSO)
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Sergipe, Núcleo de Pós-Graduação de Medicina,
para defesa pública, junto ao Curso de Mestrado em
Ciências da Saúde, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Ciências da Saúde.
Área de Concentração: Estudos Clínicos e
Laboratoriais em Saúde.
ORIENTADOR: PROF. DR. ÂNGELO ROBERTO ANTONIOLLI
ARACAJU - SERGIPE
2005
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Ficha Catalográfica Elaborada pela Biblioteca da Saúde/UFS
Oliveira, José Carlos Martins de
Estudo farmacológico da Vitex agnus-castus L (ação antinociceptiva e
toxicidade aguda do extrato aquoso) / José Carlos Martins de Oliveira. -- Aracaju,
2005.
60 f.
Orientador: Prof. Dr. Ângelo Roberto Antoniolli
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de
Sergipe, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Núcleo de Pós-Graduação e
Pesquisa em Medicina.
1. Vitex agnus-castus L (pimenta-da-costa) 2. Extrato aquoso 3. Toxicidade
aguda 4. Antinocicepção 5. Estudo farmacológico 6. Plantas medicinais 7.
Farmacologia I. Título
CDU 615.212:582.949.1
048e
615.212:633.88
JOSÉ CARLOS MARTINS DE OLIVEIRA
ESTUDO FARMACOLÓGICO DA VITEX AGNUS-CASTUS L
(AÇÃO ANTINOCICEPTIVA E TOXICIDADE AGUDA DO EXTRATO
AQUOSO)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
da Universidade Federal de Sergipe, Núcleo de Pós-
Graduação de Medicina, para defesa pública, junto ao
Curso de Mestrado em Ciências da Saúde, como
requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências
da Saúde.
Aprovada em: _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Ângelo Roberto Antoniolli
Professor Adjunto da UFS
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Hilton Pina
Prof. Adjunto da UFBA
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel
Prof. Adjunto da UFS
PARECER
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
DEDICATÓRIA
Ao passado:
A meu pai Manoel e a minha mãe Maura
(in memoriam), eternos no meu coração e na minha
memória, pela visão de percepção de que o futuro
passaria irremediavelmente pelo saber.
Ao presente:
A Joana, minha esposa, pelo saber
compartilhado desde a juventude e constante
incentivo.
Ao futuro:
A Breno e Fábio, meus filhos, para que
seja um referencial em suas vidas profissionais.
AGRADECIMENTOS
A Deus que, onipotente, onipresente e onisciente, nunca permitiu que a nossa busca
pela arte do saber desviasse a nossa Fé Cristã.
Aos professores, pelo empenho e satisfação em repassarem o seu saber, para que
pudéssemos iniciar-nos pela arte da pesquisa científica e no aprimoramento do ensino. O
nosso reconhecimento.
Aos colegas desta longa caminhada, pelo convívio salutar e ajuda mútua no cotidiano,
para que este sonho fosse real. Vocês são e estão imortais na nossa memória.
Aos funcionários do Núcleo de s-Graduação de Medicina, pela atenção e esmero no
atendimento às nossas solicitações. O nosso muito obrigado.
Um agradecimento muito especial, ao meu orientador, a quem costumo chamar de
Professor Doutor Magnífico Vice-Reitor Ângelo Roberto Antoniolli, que, sem dúvida alguma,
pela sua paciência na arte do ensino, pela sua simplicidade em fazer ciência, pela sua
cumplicidade em participar das discussões, pela sua humildade em partilhar seus
conhecimentos. Sem ele, este trabalho jamais seria concluído. O meu respeito e a minha
eterna gratidão.
À minha família, que, desde os tempos da minha mais tenra idade acreditou no nosso
potencial da luta pelo saber. Seremos eternos devedores.
Àqueles que, próximos ou distantes, torceram pela nossa vitória. Muitíssimo obrigado.
RESUMO
O homem usa as plantas desde os primórdios para alimentação, como também, para
preparação de medicamentos, pela sua necessidade de curar ou aliviar seus males e suas
dores. Inúmeros estudos científicos vêm sendo realizados no sentido de validar as
informações populares referentes ao uso de plantas medicinais. Como a dor é um dos maiores
males que atingem o ser humano, e os custos dos medicamentos industrializados não são
acessíveis às populações mais carentes e como o Brasil é um país em desenvolvimento, em
que 60% dos remédios industrializados são consumidos por apenas 23% da população
brasileira, torna-se evidente a importância do estudo científico das plantas medicinais, como
forma de baixar os custos dos programas de saúde pública e, conseqüentemente, ampliar o
número de benefícios e usuários de seus programas. O presente trabalho de pesquisa
experimental teve como objetivo avaliar a ação antinociceptiva e toxicidade aguda do extrato
aquoso obtido das folhas da Vitex agnus-castus L, conhecida na caatinga do Estado de
Sergipe-BR como “pimenta-da-costa”, planta muito utilizada pela comunidade para alívio da
dor através do uso de suas folhas. O efeito antinociceptivo do extrato aquoso das folhas de
Vitex agnus-castus foi testado através dos modelos experimentais de nocicepção em
camundongos. O extrato aquoso (200 e 400mg/kg) reduziu em 46.5% e 70.7% a nocicepção
produzida pelo ácido acético (0.6%) e aumentou o tempo (s) de latência dos camundongos no
teste da placa quente. No teste da formalina (1%) o extrato (400mg/kg) reduziu a nocicepção
em 59.6%. O efeito antinociceptivo da planta foi revertido pela naloxona (5mg/kg). O extrato
aquoso de V. agnus-castus não apresentou DL
50
até a dose de 5g/kg, indicando baixa
toxicidade aguda em camundongos. O efeito antinociceptivo desta planta está associado ao
sistema opióide.
PALAVRAS-CHAVE: Antinocicepção; Toxicidade aguda; Vitex agnus-castus L.
ABSTRACT
Since ancient times men have been using plants as food, and also for medicine preparation,
for its necessity to cure diseases or alleviate pains. Innumerable scientific studies have been
carried out aiming to validate popular information about the use of medicinal plants. The
importance of this study is real for the following reasons: pain is one of the most complex
problems that affect human beings, the costs of industrialized medicines are prohibitive, and
the fact that Brazil as a developing country has 60% of the industrialized remedies being
consumed by only 23% of the Brazilian population. This research may reduce costs of public
health programs and consequently, be a way of extending the number of benefits and users of
these programs. The present work of experimental research aimed at evaluating anti-
nociceptive action and acute toxicity of the watery extract taken from leaves of Vitex agnus-
castus L, known, in caatinga of the state of Sergipe-Br, as chasteberry, a very common plant
in this area, used for pain relief through the use of its leaves. The anti-nociceptive effect of
the watery extract of Vitex agnus-castus leaves was tested through the experimental models of
nociception in mice. The hydrous extract (200 and 400mg/Kg) decreased the acid nociception,
produced by the ascetic acid (0.6%), in 46.5% and 70.7% and increased latency period (s) of
the mice in the hot plate test. In the formalin test (1%) the extract (400mg/Kg) reduced the
nociception in 59.6%. The anti-nociceptive effect of the plant was reverted by naloxone
(5mg/Kg). The hydrous extract of V. agnus-castus did not have reach DL
50
until the dose of
5g/Kg, indicating low acute toxicity in mice. The anti-nociceptive effect of this plant is
associated with the opioid system.
KEYWORDS: Anti-nociception; Acute Toxicity; Vitex agnus-castus L.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Percentual de inibição das contorções abdominais do extrato aquoso de
Vitex agnus-castus L, da morfina e da indometacina.....................................................
45
Tabela 2. Efeito do extrato aquoso (EA) de Vitex agnus-castus L, da morfina e efeito
da Naloxona sobre o EA no teste da formalina em camundongos.................................
47
Tabela 3. Efeito do extrato aquoso de Vitex agnus-castus L e morfina sobre o tempo
de latência dos camundongos na placa quente...............................................................
48
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 12
1.1 Considerações Gerais................................................................................................ 12
1.2 Considerações sobre Dor........................................................................................... 23
1.2.1 Mecanismo de Ação da Dor............................................................................. 26
1.2.2 Mediadores Químicos...................................................................................... 28
1.2.2.1 Morfina......................................................................................................... 28
1.2.2.2 Indometacina................................................................................................. 30
1.3 Considerações sobre a Vitex agnus-castus L............................................................. 32
2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 34
3 OBJETIVOS.................................................................................................................. 39
3.1 Objetivo Geral........................................................................................................... 39
3.2 Objetivos Específicos................................................................................................ 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................ 40
4.1 Animais...................................................................................................................... 40
4.2 Material Botânico...................................................................................................... 40
4.3 Preparação do Extrato Aquoso.................................................................................. 41
4.4 Atividade Antinociceptiva......................................................................................... 41
4.4.1 Teste de Contorções Abdominais induzidas pelo Ácido Acético..................... 41
4.4.2 Teste da Formalina........................................................................................... 42
4.4.3 Teste da Placa Quente...................................................................................... 42
4.4.4 Toxicidade Aguda............................................................................................ 43
4.4.5 Análise estatística............................................................................................ 43
5 RESULTADOS............................................................................................................. 45
5.1 Efeito do Extrato aquoso (EA) de Vitex agnus-castus L na Nocicepção induzida
pelo Ácido acético em Camundongos................................................................................
45
5.2 Efeito do Extrato aquoso de Vitex agnus-castus L na Nocicepção induzida pela
Formalina em Camundongos..............................................................................................
45
5.3 Efeito do Extrato aquoso de Vitex agnus-castus L na Nocicepção induzida pela
Placa Quente em Camundongos.........................................................................................
47
5.4 Toxicidade Aguda...................................................................................................... 48
6 DISCUSSÃO.................................................................................................................. 49
7 CONCLUSÕES............................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 54
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A pesquisa com produtos naturais pode ser guiada pelo conhecimento
etnofarmacológico. A medicina popular representa um importante papel social, na medida em
que, por meio de seus elementos, põe em ação os símbolos compartilhados por toda a
sociedade. Isso também é verdadeiro no caso das plantas utilizadas para fins medicinais: sua
eficácia pode ser resultante de um efeito farmacológico sobre a fisiologia do indivíduo, ou
pode ser simbólica, agindo também sobre o indivíduo, mas no contexto específico de uma
determinada cultura (DI STASI, 1996).
As plantas têm fornecido um grande número de agentes clinicamente úteis e têm
considerável potencial como fontes de novas substâncias. Estima-se que existam
aproximadamente duzentas e cinqüenta mil espécies de plantas, várias delas sob o perigo de
extinção no próximo século.
Uma das razões para esta extinção é a sua colheita indevida com propósitos
medicinais. No futuro, os extratos de plantas medicinais serão obtidos de plantas cultivadas
em laboratório ou a partir de cultura de células de plantas. Estas fontes alternativas oferecem
um grande número de benefícios incluindo uniformidade do produto, que fica livre dos fatores
climáticos, da variação sazonal, doenças e restrições políticas. A pesquisa com cultura de
células de plantas resulta em um maior conhecimento dos caminhos da biossíntese e das
enzimas que atuam nesses caminhos (KUTCHN, 1993).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
13
A identificação dos genes responsáveis por enzimas específicas de biossíntese
torna agora possível a manipulação genética de plantas. O aumento na expressão de genes
pode resultar na produção de elevados níveis de compostos secundários desejados. Plantas
transgênicas estão sendo produzidas, e esta biotecnologia está no limiar de descobertas
excitantes, algumas das quais poderão ser exploradas para o desenvolvimento de novas drogas
e ferramentas farmacológicas (PHILLIPSON, 1994).
Há uma correlação entre a aplicação clínica de um composto puro e o uso
tradicional de seu extrato bruto pela comunidade. Farnsworth, Akerele e Bingel (1985)
revisaram 117 drogas botânicas e verificaram que 86 substâncias possuíam um uso específico
ou relacionado com o das plantas das quais foram descobertas. Deve-se salientar, como um
fato interessante, que na metade desses casos a fonte botânica era proveniente de área tropical.
As informações sobre o uso de plantas na medicina popular são tão antigas quanto
a necessidade que o homem tem de curar seus males e dores (FARNSWORTH; MORRIS,
1976). Embora tenha ocorrido o avanço tecnológico da indústria farmacêutica e mesmo que a
terapêutica a partir de medicamentos industrializados seja crescente, podemos sempre
observar que, em comunidades mais carentes financeiramente, as drogas de origem biológica
continuam sendo o esteio para cura e alívio das enfermidades. Este conhecimento, embora
empírico, serve-nos como base para estudos científicos sobre aspectos químicos e
farmacológicos que envolvem o uso adequado das drogas de origem vegetal (RAMSTAD,
1959a).
As plantas são rotineiramente usadas por humanos para alimentação e para
preparação de medicamentos (HOYOS; AU; HEO et al., 1992). Nas duas últimas décadas do
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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século XX, mais de 150 mil espécies tinham sido estudadas e algumas continham
componentes com propriedades terapêuticas (ISHII; YOSHIKAWA; MINAKTA et al., 1984;
MILLER, E.C.; MILLER, J.A.; HIRONA et al., 1979; MILSCHER, DRAKE; GOLLAPUDI
et al., 1986).
Nos meados do século XIX, tornou-se crescente a implantação de “casas de chá”
com o intuito de comercializar substâncias vegetais em forma de pó ou, mesmo, na forma
original das partes dessas plantas, como folhas, frutos e flores secas. Porém, com o
crescimento da comercialização dessas substâncias, surgiram também os comércios ilegais,
havendo comumente adulterações nos produtos, principalmente quando a droga era vendida
na forma pulverizada. Estes fatos mostram o quanto era necessário haver um controle de
qualidade sobre os produtos vegetais, pois embora fossem de manufatura grosseira, estas
substâncias vegetais eram agentes utilizados no tratamento de doenças. Os pós, certamente,
não poderiam ser identificados pela simples inspeção visual e, como resultado, as
identificações de algumas substâncias e os testes de pureza tornaram-se ainda mais complexos
(RAMSTAD, 1959b).
Inúmeros estudos científicos vêm sendo feitos no sentido de validar as
informações populares referentes ao uso de plantas medicinais. Podemos mencionar o atual e
intenso interesse que os cientistas, bem como a indústria farmacêutica denotam ao
desenvolver pesquisas com o objetivo de descobrir novos princípios ativos e também
aprimorar as descobertas de novas atividades farmacológicas de substâncias já conhecidas e
oriundas de plantas. Verificamos que os segmentos acima citados demonstram preocupação
quanto ao desenvolvimento de técnicas de isolamento e identificação, produção e cultivo de
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
15
drogas (origem vegetal), biogênese de princípios ativos e outros métodos que levam ao
melhoramento de seus produtos (RAMSTAD, 1959c).
Aproximadamente 20.000 espécies de plantas são utilizadas na medicina
tradicional, sendo a maioria das espécies não avaliada, tanto química como
farmacologicamente. Há que se considerar que as plantas produzem uma grande variedade de
moléculas químicas e por isso têm um grande espectro de atividade farmacológica. Técnicas
modernas de farmacologia utilizam ensaios para ligação específica de compostos a receptores
ou enzimas, e tais ensaios podem ser utilizados para orientar o fracionamento da complexa
mistura de agentes químicos presentes nos extratos de plantas. O rápido crescimento da
informática e uma combinação de técnicas químicas, biológicas e moleculares podem ser
usadas para o isolamento e produção de novas substâncias. Esses estudos oferecem um
caminho lógico para a descoberta de novos medicamentos e para a identificação de
moléculas-modelo e desenvolvimento de análogos (CRAGG; NEWMAN; SNADER, 1997).
O conhecimento etnofarmacológico serve como guia para novos caminhos e
novas indicações terapêuticas. Estudos com a capsaicina, extraída da Capsicum frutiscence,
assim como a resinoferatoxina, têm servido de ajuda para a utilização destes compostos
analgésicos como moléculas modelo para a criação de análogos que agem nos receptores
vanilóides (APPENDINO; SZALLASI, 1997). Delta 9 – tetrahidrocanabinol, o principal
canabinóide psicoativo da Canabis sativa, serviu como molécula-modelo para o
desenvolvimento do composto sintético dronabinol, que pode ser usado como um antiemético
e como estimulador do apetite, prevenindo a perda de peso em pacientes aidéticos (BEAL;
OLSON; LAUBENSTEIN et al., 1995; McCHOULAM; BREUER; FEIGENBAUM et al.,
1991).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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No contexto da complexa história do Ocidente, o modo de pensar a relação
homem-natureza é marcado pela visão dicotomizada, parcelada, oposta, entre homem e
natureza, separação esta construída no processo de luta com formas de pensamento e práticas
sociais (GONÇALVES, 1989).
Uma digressão se faz necessária sobre o significado da palavra natureza para se
compreender o processo histórico passado, mas também, para entender o momento presente.
A palavra natureza provém do latim natura, cujo sentido primitivo é “ação de
fazer nascer”, nascimento, substantivo próximo ao verbo nascor, nasci, natus sum, nascer, ser
nato. A raiz indo-europeu é gen, presente no latim, no grego e no alemão. Na língua
portuguesa também é encontrado, possuindo o mesmo significado básico de “nascer”, “ser
nato”, “resultar”. Este resultado estabelece relação com outra raiz indogermânica, gon, da
qual provêm as palavras conhecer, conhecimento, consciência, assim como as palavras de
origem latina, ignorar, cognitivo, gnose (KESSELRING, 1992).
A partir dessa análise, pode-se sugerir que o significado original das palavras
conhecer e natureza, de ambos os troncos lingüísticos (latino e indogermânico), seja o mesmo.
Paradoxalmente, a ameaça mais séria à natureza hoje provém do próprio conhecimento
científico da natureza e das suas aplicações (KESSELRING, 1992).
Segundo o filósofo Gerd Bornheim, em nossos dias, a natureza se contrapõe ao
psíquico, ao anímico, ao espiritual, qualquer que seja o sentido que se empreste a estas
palavras. Mas isso nem sempre foi assim. Durante o Período Helenístico, os filósofos pré-
socráticos conceituavam a natureza (physis) da forma mais ampla e radical possível,
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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compreendendo em si tudo o que existe. À physis pertencia o céu e a terra, a pedra, a planta, o
animal e o homem, o acontecer humano como obra do homem e dos deuses e, sobretudo,
pertenciam à physis os próprios deuses. Além dela, nada havia que pudesse merecer a
investigação humana (GONÇALVES, 1989).
A mudança no conceito de physis (natureza) foi iniciada pelos filósofos gregos
Platão e Aristóteles, momento em que se começa a assistir a certo desprezo pelas “pedras” e
pelas “plantas” e a uma valorização do “homem” e da “idéia”. Esse processo se impõe com a
crise da democracia grega na Idade Antiga e, pouco a pouco, a assimilação aristotélico-
platônica que o cristianismo fará na Idade Média levará à cristalização da separação homem-
natureza e espírito-matéria (GONÇALVES, 1989).
Todavia, é com Descartes que essa oposição homem-natureza se tornará mais
completa, constituindo-se no centro do pensamento moderno até atingir,
contemporaneamente, essa concepção de natureza desumanizada e desta natureza não humana
(GONÇALVES, 1989).
O raciocínio materialista cartesiano, sem a pretensão de negar a ruptura com os
dogmas religiosos ocorridos no Iluminismo, imprime à natureza exterior ao homem o valor de
recurso. A natureza é tida como um meio para alcançar um fim, o desenvolvimento
(VARGAS, 1997).
Hoje, como no passado, a reflexão se impõe exatamente nos momentos de crise,
quando setores da sociedade assumem a tarefa de repensar seus fundamentos, seus valores, o
seu modo de ser, de produzir e de ver essa sociedade (GONÇALVES, 1989).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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Nas últimas décadas, a economia, a política, a ciência e todo o conhecimento
hegemônico que sustenta as bases do modelo de desenvolvimento atual estão sendo
questionados. Observa-se uma preocupação crescente com a preservação dos recursos naturais
e das culturas locais. Evidencia-se uma crise mundial, caracterizada pelo esgotamento de um
estilo de desenvolvimento que se mostrou ecologicamente predatório, socialmente perverso e
politicamente injusto (HERRERA, 1989).
A crise contemporânea mundial tende a configurar, em síntese, uma crise
decorrente das condições externas, materiais e sociais, de exercício unidimensional da
atividade econômica e dos dispositivos sócio-institucionais de regulação que lhe
correspondem (VIEIRA; WEBER, 1997).
Essa visão pode ser compartilhada pela maior parte dos autores associados a uma
corrente de pensamento que vem se disseminando, denominada ecodesenvolvimento
(SACHS, 1980; 1986) e, mais recentemente, desenvolvimento sustentável (PEARCE;
THOMPSON, 1986; WCED, 1987).
O termo desenvolvimento sustentável foi apresentado, em 1987, no documento
Nosso Futuro Comum, produzido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e definido
como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (BRESSAN, 1996).
Esse conceito, entretanto, foi precedido por outros, entre os quais o de
ecodesenvolvimento, lançado por Maurício Strong em 1973 e aprofundado por Ignacy Sachs.
O ecodesenvolvimento constitui-se, portanto, na base dos pressupostos do desenvolvimento
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
19
sustentável, tema que nos remete para a discussão atual do desenvolvimento (VARGAS,
1997).
Em vez de experimentar boas soluções para todos, uniformes, inspiradas no
mimetismo cultural e na reprodução de modelos utilizados por outros povos, o
ecodesenvolvimento recomenda soluções endógenas, que são necessariamente pluralistas,
porque estão baseadas nas situações concretas de cada região (SACHS, 1980).
De acordo com Rosas (1986), a práxis humana está comprometida com a
natureza, pelo fato de que os homens são parte dela, configurando-se como totalidade que
existe. Em cada época e lugar, e para cada grupo cultural, este meio natural que é fonte de
recursos para a sua existência, é compreendido diferentemente, porque a natureza não é um
produto acabado e só tem sentido em relação com o que os homens fazem dela e com ela.
Natureza e cultura são, assim, duas dimensões da sociedade.
A contínua perda da biodiversidade é um indício do desequilíbrio entre natureza e
cultura, entre as necessidades humanas e a capacidade da natureza. A diversidade cultural
também pode ser considerada parte da biodiversidade, e a sua conservação é de importância
direta para a preservação da identidade cultural de um povo (WRI, 1992).
O saber local, como qualquer saber, refere-se a um produto histórico que se
reconstrói e se modifica, e não a um patrimônio intelectual imutável, transmitido de geração a
geração (CUNHA, 1999).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
20
Portanto, o respeito ao meio ambiente, bem como ao estilo tradicional de vida das
comunidades locais é essencial ao desenvolvimento sustentável e à manutenção da
biodiversidade dos ecossistemas (ELISABETSKY, 1999).
A medicina popular é, inicialmente, uma medicina tradicional. Isso não significa
que seja imutável, porém designa certo modo de transmissão essencialmente oral e gestual
(“por ouvir - falar e ver - fazer”) que não se comunica através da instituição médica, mas por
intermédio da família e da vizinhança (LAPLANTINE; RABEYRON, 1989).
O pensamento místico e o sincretismo religioso também orientam a medicina
popular com os seus conselhos, ervas, benzeduras, rituais e simpatias. A fé nas plantas
geralmente não se explica pela lógica. A planta cura não pelos seus princípios ativos e sim por
suas qualidades anímicas (SERRANO, 1984).
A arte dos benzedores, curandeiros e xamãs, herdada dos magos e feiticeiros de
outrora, é evidenciada hoje nos laboratórios científicos, que testam as informações
tradicionais para a descoberta de novos medicamentos com base nos conhecimentos
adquiridos durante milhares de anos e repassados de geração em geração por aqueles que são
ancestrais da ciência moderna.
Vários medicamentos da medicina oficial tiveram suas bases a partir de plantas
popularmente conhecidas. A rica flora brasileira ainda guarda seus mistérios, tantas vezes nas
mãos da sabedoria popular ou da tradição indígena (SERRANO, 1984). Não obstante, sabe-se
que grande parte desse acervo de espécies vegetais e animais, bem como de experiências
milenares perdeu-se irremediavelmente em decorrência da dicotomia homem-natureza.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
21
Só nas últimas décadas foi dado início ao estudo sistemático em etnobotânica e em
etnozoologia, ciências que registram e analisam a utilização da flora e fauna nativa,
respectivamente, domesticada por parte da comunidade local (POSEY, 1987).
Atualmente, a medicina popular é objeto de estudo da etnofarmacologia. Trata-se
de um campo de investigação ainda pouco explorado. Neste intuito, pesquisas
etnofarmacológicas estão sendo empregadas como ferramenta metodológica para a captação
do conhecimento popular sobre o uso das plantas medicinais. Esta abordagem é
particularmente útil para a descoberta de fármacos com utilidade terapêutica em humanos
(ELISABETSKY, 1997).
Entende-se por planta medicinal todo vegetal que tem atividade biológica,
possuindo um ou mais princípios ativos úteis à saúde do homem. Os princípios ativos
produzidos pelas plantas medicinais resultam de uma resposta metabólica secundária, em
função da interação ecológica do vegetal com o meio ambiente, para defender-se de seus
predadores naturais (BRAGANÇA, 1996; DI STASI, 1996). No organismo humano, aquele
princípio ativo pode determinar respostas fisiológicas, desejáveis ou não.
Segundo Abreu Matos (1982), a expressão plantas medicinais abrange em seu
contexto diversos conceitos dos usuários de diferentes níveis culturais. Para o autor, uma
planta deve ser considerada como medicinal quando, através da experimentação científica,
tiver validado suas ações farmacológicas e, portanto, possa ser usada na terapêutica ou como
matéria-prima para a fabricação de medicamento fitoterápico.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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Embora, no Brasil, a Resolução n° 17, de 24 de fevereiro de 2000, da Secretaria
da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, em vigor a partir daquela data, regularmente o
registro de medicamentos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária, não é
aplicada satisfatoriamente. As plantas medicinais e seus produtos derivados são
comercializados de diversas formas, podendo ser adquiridas em farmácias de manipulação,
supermercados ou feiras-livres.
Segundo Bonfim e Mercucci (1997), dentre os problemas enfrentados pela
fitoterapia que a têm mantido num patamar da medicina de segunda classe, destaca-se a
ausência de estudos científicos na área dos fitoterápicos, muitos deles sem classificação e
apresentados como suplementos alimentares.
No Brasil, as indústrias de fitoterápicos são, de modo geral, pequenas e médias
empresas familiares. Poucas delas destacam-se pelo profissionalismo e seriedade com que
atuam na área de produtos naturais, mantendo acordo de cooperação com universidades, as
quais realizam pesquisas pré-clínicas e clínicas com o objetivo de comprovar a eficácia
terapêutica dos produtos e garantir sua qualidade e segurança desde o cultivo até a extração
dos princípios ativos (FERREIRA, 1998).
Para validar a eficácia terapêutica dos fitoterápicos, será preciso investir em mais
pesquisas científicas e fortalecer o trinômio Estado – Comunidade Científica – Indústria
Farmacêutica (BONFIM; MERCUCCI, 1997).
A combinação entre as informações populares referentes ao uso das plantas
medicinais e os estudos farmacológicos e químicos permitiu a descoberta de inúmeros
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
23
fármacos usados hoje na clínica, entre eles, a morfina, obtida da Papaver somniferum L, um
eficiente analgésico. Existem outros exemplos, tais como quinina, atropina, codeína, cocaína,
efedrina, digoxina e reserpina (BARREIRO, 1990; FARNSWORTH; AKERELE; BINGEL,
1985; KOROLKOVAS; BURKHALTER, 1988; SVENDESEN; SCHEFFERM, 1992).
Em razão da grande extensão territorial do Brasil e das grandes diferenças
regionais de sua flora, há necessidade de que o estudo das plantas medicinais seja também
regionalizado (MATOS, 1982).
1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE DOR
Dor é uma experiência sensorial, freqüentemente não relacionada com a natureza
ou intensidade da lesão tecidual. A sensação dolorosa envolve geralmente a imagem
simbólica desagradável, emoções e fantasias, resultando em sofrimento e reações secundárias
neuro-vegetativas e músculo-esqueléticas que invariavelmente agravam a condição dolorosa.
A linguagem da dor pode ser usada para descrever sofrimento, independente da
causa, levando tanto o médico como o paciente a equívocos quanto ao motivo. O sofrimento
aparece quando a integridade física ou psicológica do indivíduo é ameaçada. Nem todo o
sofrimento é causado por dor, mas freqüentemente ele é descrito nesses termos.
A sensação dolorosa apresenta um componente subjetivo que envolve aspectos
emocionais, sociais, culturais, ambientais e cognitivos, além da percepção do estímulo nocivo
propriamente dito (OLIVEIRA et al., 1997; RANG; DALE; RITTER, 1997). Estímulo nocivo
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
24
foi definido originalmente por Sherrington (1900) apud Cervero (1994), como um estímulo
cuja intensidade é danosa ou potencialmente danosa à integridade do tecido.
A melhor definição de dor é a proposta pela IASP (International Association for
the Study of Pain), segundo a qual a dor é uma experiência emocional, com sensação
desagradável, associada à lesão tecidual presente, potencial ou descrita como tal (MERSKEY,
1994).
A existência de muitos tipos de dor pode ser compreendida pela identificação da
nocicepção, da percepção dolorosa, do sofrimento e do comportamento doloroso. Subjacente
a essas situações clínicas, pode-se identificar substratos anatômicos, fisiológicos e
psicológicos.
A nocicepção é a detecção de lesão tecidual por transdutores especializados
ligados a fibras dos nervos periféricos do tipo A delta e C.
A queixa de dor deve ser vista como um conjunto interligado de fatores
(LOESER; EGAN, 1989).
Nocicepção (estimulação das terminações dolorosas periféricas);
Dor (percepção consciente da nocicepção);
Sofrimento (sensações negativas associadas à dor);
Comportamento de dor (todas as modificações de comportamento associadas
ao sofrimento).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
25
Atualmente é reconhecido que a grande maioria dos nociceptores é encontrada em
uma variedade de espécies incluindo ratos, macacos e o homem. Grande quantidade dessas
fibras são C não-mielinizadas, com baixas velocidades de condução e outras são delicadas
fibras mielinizadas denominadas A delta, que conduzem mais rapidamente e respondem a
estímulos periféricos semelhantes (RANG; DALE; RITTER, 1997; SCHMIDT; ALTNER et
al., 1980; SNIDER; McMAHON, 1998).
A dor superficial aguda é mediada pelas fibras A delta, que possuem um limiar
alto; a dor visceral assemelha-se às dores profundas, caracterizadas pelas sensações difusas,
constantes ou em queimadura e é mediada pelas fibras polimodais C. Ambos os grupos de
fibras, tanto A delta como C, penetram pela medula espinhal através do corno dorsal
(DEWEY; BRASE; WELCH, 1994). Enquanto a primeira desencadeia reflexos de fuga, a
última acompanha intensas sensações de desconforto e sofrimento.
As fibras C não-mielinizadas são chamadas nociceptores polimodais C (PMN),
pois respondem aos estímulos térmicos, mecânicos e químicos. Os neurônios não-
mielinizados contêm vários neuropeptídeos, particularmente substância P e peptídeo
relacionado com o gene da calcitonina (CGRP, de calcitonin gene-related peptide) que,
quando liberados nas terminações tanto
centrais quanto periféricas, desempenham papel
importante na patologia da dor (RANG; DALE; RITTER, 1997).
É sempre adequado lembrar que a melhor maneira de prevenir o desenvolvimento
de dor crônica e suas conseqüências é o tratamento efetivo e precoce da dor aguda, impedindo
a persistência de estímulos nociceptivos que irão desenvolver todas as alterações no sistema
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
26
nervoso, modificando-se anatômica e funcionalmente (neuroplasticidade) e também
armazenando essas informações (memória).
1.2.1 Mecanismo de Ação da Dor
A partir do mecanismo fisiopatológico, a dor pode ser assim classificada em:
a) Dor Nociceptiva – compreende dor somática e visceral e ocorre diretamente
por estimulação química ou física de terminações nervosas normais. É o
resultado de danos teciduais mais comuns e freqüentes nas situações
inflamatórias, traumáticas e invasivas, ou isquêmicas. A mensagem de dor
viaja dos receptores de dor (nociceptores), nos tecidos periféricos, através de
neurônios intactos.
b) Dor Neuropática - resulta de alguma injúria a um nervo ou de função nervosa
anormal em qualquer ponto ao longo das linhas de transmissão neuronal, dos
tecidos mais periféricos ao SNC.
c) Dor Simpaticomimética – diferenciada pelo relato de irradiação arterial
normalmente necessitando de diagnóstico diferencial por bloqueio anestésico
(BRASIL, 2001).
As conexões das fibras ascendentes, no seu caminho para o córtex, são
responsáveis pela ativação de áreas responsáveis pela dimensão sensitivo-discriminativa, que
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
27
permitem identificar a dor no tempo e no espaço, dimensão afetivo-motivacional, que atribui a
conotação aversiva desagradável e a dimensão cognitivo-avaliativa, que possibilita quantificá-
la e atribuir-lhe significado simbólico individual. Outra alteração que ocorre na dor crônica é
em relação às vias descendentes inibitórias, que sofrem supressão por apoptose de neurônios
em vários níveis até o corno posterior da medula, anulando a possibilidade do efeito inibidor
fisiológico. Com base nesses conhecimentos, é possível perceber que a instituição de terapia
analgésica precoce e efetiva é a principal maneira de prevenir o desenvolvimento da dor
crônica ou “dor patológica” que, uma vez instalada, se torna um desafio para o médico e sua
equipe de saúde.
Na dor por nocicepção, é importante identificar os transdutores de sinal
(nociceptores), as vias que conduzem o sinal e como este pode ser modulado tanto por via
neural, como através de substâncias endógenas e/ou exógenas.
O potencial de ação ou impulso nervoso, captado pelos nociceptores, é conduzido,
através dos nervos periféricos, para o sistema nervoso central. No SNC, o impulso passa pelo
corno posterior dorsal, medula espinhal, formação reticular do tronco cerebral e núcleos
inespecíficos do tálamo para, finalmente, alcançar o córtex cerebral. Além disso, existem
comunicações com os centros responsáveis pelo controle neurovegetativo, localizados no
tronco encefálico e no hipotálamo, com o sistema límbico e com os centros motores
subcorticais. Desse modo, várias partes do cérebro estão envolvidas na percepção da dor
(SCHAFER, 1999; SCHMIDT; ALTNER et al., 1980; WILLIAMSON; OKPAKO; EVANS,
1996).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
28
O início da dor e o seu controle podem ser considerados uma reação do corpo para
prevenir injúria, suportar a cicatrização de ferimentos e para que as funções do tecido sejam
normalizadas o mais rápido possível (SCHAFER, 1999).
A persistência da dor decorrente da lesão tecidual pode levar a mudanças na
neuroplasticidade periférica, da medula espinhal e do cérebro. Isto resulta em uma
sensibilização aumentada do sistema nervoso contra estímulos nocivos e não nocivos.
Concomitantemente, mecanismos de controle endógenos, em que predominam sistemas
opióides, agem contra essa mudança patológica (SCHAFER, 1999).
1.2.2 Mediadores Químicos
As substâncias endógenas ou exógenas, que agem controlando ou modulando os
neurônios excitatórios da via nociceptiva aferente ou dos neurônios da via antinociceptiva
descendente de origem central, são denominadas mediadores químicos. Dentre outros,
citaremos a morfina e a indometacina:
1.2.2.1 Morfina
Os opióides ou analgésicos de ação central, semelhantes às substâncias opióides
(encefalinas, dinorfinas e endorfinas), apresentam alta afinidade com receptores do sistema
opióide, os quais estão largamente espalhados no sistema nervoso central (SNC) do
organismo.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
29
A morfina é o protótipo dos opióides. Encontrada nas sementes verdes do ópio da
papoula Papaver somniferum, utilizada por milhares de anos com finalidades sociais e
medicinais, a morfina foi somente isolada no início do século XIX. No século XX foi
determinada sua estrutura química e foi descoberto que apenas pequena fração de uma dose
de morfina atravessa a barreira hematoencefálica e penetra no sistema nervoso central para
produzir analgesia.
Os antagonistas opióides específicos ligam-se com alta afinidade aos receptores
do sistema opióide, o que proporciona um mecanismo capaz de explicar por que os
antagonistas do tipo naloxona conseguem bloquear os efeitos analgésicos. A naloxona,
quando administrada isoladamente, produz pouquíssimo efeito, porém, em doses
suficientemente altas, ela reverte rapidamente os efeitos da morfina e de outros opióides
(BRODY, 1994; GILLIES; ROGERS; SPECTOR et al., 1991; RANG; DALE; RITTER,
1997).
Através de análises farmacológicas in vivo acerca do espectro (analgesia, sedação,
constricção pupilar, bradicardia, constipação intestinal, etc) produzidas por medicamentos
diferentes, foram identificados três tipos de receptores opióides distintos quantificados no
SNC, denominados de Mu (µ), Kappa (k) e Sigma (δ) (RANG; DALE; RITTER, 1997).
A maioria dos opióides analgésicos é representada por agonistas dos µ
receptores. Admite-se que os µ – receptores sejam responsáveis pela maioria dos efeitos
analgésicos dos opióides e por alguns efeitos indesejáveis, tais como depressão respiratória,
euforia, sedação e dependência (RANG; DALE; RITTER, 1997).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
30
É provável que os δ – receptores sejam mais importantes na periferia, mas podem
contribuir também para analgesia. Os k – receptores contribuem para a analgesia em nível
medular, podendo induzir sedação e euforia, mas produzem relativamente poucos efeitos
indesejáveis e não contribuem para a dependência (RANG; DALE; RITTER, 1997).
Os receptores opióides são largamente distribuídos em toda parte do sistema
nervoso central e regulam uma grande diversidade de funções fisiológicas, incluindo a
percepção de dor e seu modo de controle (MASSOTTE; KIEFFER, 1998).
As tentativas feitas, atualmente, na pesquisa de novos compostos que tenham as
mesmas propriedades analgésicas ou melhores que a morfina, sem a presença de seus efeitos
indesejáveis e destituídos de indução do vício, têm sido uma atividade permanente de
inúmeros grupos de estudo em todo o mundo, considerando a importância que essa classe de
drogas representa para a humanidade (GÒMEZ-SERRANILLOS; PALOMINO;
CARRETERO et al., 1998; ZANINI; OGA, 1979).
1.2.2.2 Indometacina
Os analgésicos periféricos ou não-opióides são usados para reduzir dor leve a
moderada e febre. A maioria dos analgésicos não-opióides age inibindo as atividades
enzimáticas durante o metabolismo do ácido araquidônico livre. O ácido araquidônico está
presente nas células dos mamíferos e pode ser metabolizado por duas vias enzimáticas
divergentes. As prostaglandinas e os tromboxanos são formados por via de ciclooxigenase e
os leucotrienos são produzidos através da via da lipooxigenase.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
31
O bloqueio da enzima ciclooxigenase inibe a síntese de prostaglandinas e
tromboxanos. Essas substâncias têm participação nos fenômenos eritematosos, na dor e na
febre que acompanham o desenvolvimento de uma resposta inflamatória.
A indometacina é droga analgésica, antipirética e antiinflamatória, que bloqueia a
formação das prostaglandinas e tromboxanos através da inibição da atividade da
ciclooxigenase. Sabe-se que, com a inibição da síntese de prostaglandinas, tanto o processo
inflamatório quanto o de dor são reduzidos. Os inibidores seletivos da via lipooxigenase ainda
estão sob investigação (GILLIES; ROGERS; SPECTOR et al., 1991; KATZUNG, 1994;
VERGNE; BERTIN; TREVES, 2000).
Certas prostaglandinas induzem dor e produz hiperalgesia, sensibilizando o
indivíduo aos estímulos que, normalmente, não costumam causar dor. Ao contrário dos
opióides, os inibidores da ciclooxigenase agem localmente, bloqueando a dor em vez de
influenciar seu reconhecimento no cérebro (BRODY, 1994).
Portanto, de acordo com Ferreira (1985), os analgésicos periféricos previnem a
indução da hiperalgesia, enquanto os analgésicos opióides atuam na hiperalgesia instalada ou
dor declarada.
Quando um estímulo intenso provoca lesão tecidual, há desencadeamento de um
processo inflamatório seguido de reparação. As células lesadas liberam enzimas de seu
interior que, no ambiente extracelular, ciclizam ácidos graxos de cadeia longa e agem sobre os
cininogênios, formando as cininas, principalmente a bradicinina, uma substância algógena e
vasoativa. A partir da membrana celular, pela ação da fosfolipase A, libera-se ácido
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
32
araquidônico que, por ação da ciclooxigenase e da lipooxigenase, origina, respectivamente,
prostaciclinas, prostaglandinas, tromboxano, leucotrienos e lipoxinas.
Os mediadores inflamatórios agem em sinergismo, aumentando a sensibilidade
dos nociceptores, com conseqüente redução de seu limiar de excitabilidade.
Outros fenômenos ocorrem nos terminais periféricos, em vigência da reação
inflamatória. Além do fenômeno da sensibilização, que tende a ampliar a informação
nociceptiva, existe um mecanismo de modulação inibitória, mediado por receptores opióides
periféricos. Esses receptores estão localizados nas terminações nervosas sensoriais e, quando
ativados, diminuem a excitabilidade dos terminais sensoriais bem como a liberação de
substâncias excitatórias, como a substância P. Os ligantes endógenos dos receptores opióides
periféricos são a endorfina, as encefalinas e dinorfinas, que se encontram em células
relacionadas à imunidade, como os linfócitos T e B, monócitos e macrófagos. Esses peptídeos
opióides localmente produzidos e liberados podem ocupar os receptores nas terminações
nervosas, produzindo analgesia. A morfina, como já referido anteriormente, é o protótipo dos
opióides.
1.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A VITEX AGNUS-CASTUS L
Nativa da Europa, esta planta, um arbusto grande com até 5m de altura, de ramos
mais ou menos tomentosos, folhas longo-pecioladas, opostas, digitadas, 3-5-7 folíolos
lanceolados, verde-escuros na página superior e branco-tomentosos na página inferior, flores
lilases em cachos paniculados com cerca de 30cm, axilares e terminais; fruto drupa pequena,
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33
4-locular (PIO CORRÊA, 1926), pertencente à família Verbenaceae, cujo gênero Vitex é
utilizado na medicina popular, sua espécie Vitex agnus-castus L, é muito difundida no Brasil
(PIO CORRÊA, 1926). Na região Nordeste do país, mais especificamente no interior do
estado de Sergipe, ela é conhecida como “pimenta-da-costa”, sendo suas folhas comumente
utilizadas na fitoterapia popular para o alívio da dor.
Além dos estudos sobre sua ação antinociceptiva, alguns efeitos farmacológicos
desta planta têm sido estudados, tais como controle dos níveis de progesterona, da secreção de
prolactina e alívio dos sintomas da síndrome pré-menstrual e da mastodínia cíclica, que são
queixas muito freqüentes na clínica ginecológica (HALASKA; RAUSS; BELES et al., 1988;
LAURITZEN; REUTER; REPGES et al., 1997; LOCH; SELLE; BOBLITZ, 2000;
MILEWICTZ; GEJDEL; SWOREN et al., 1993; SLIUTZ; SPEISER; SCHULTZ et al.,
1993). Estudos in vitro comprovaram seu efeito dopaminérgico e outras ações farmacológicas
via receptores opióides (MEIER; BERGER; HOBERG et al., 2000). Os princípios ativos
desta planta são os óleos essenciais e os glicosídeos vitexina e vitexinina (CAMARGO,
1988).
Neste trabalho, avaliamos os efeitos da atividade antinociceptiva do extrato
aquoso das folhas da Vitex agnus-castus L, como também sua toxicidade aguda em
camundongos Swiss.
Os modelos farmacológicos utilizados nos experimentos podem validar o uso
popular desta planta como analgésica.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
34
2 JUSTIFICATIVA
A medicina popular está contextualizada na tríade homem-natureza-
desenvolvimento. Praticada no seio da comunidade, a medicina popular contribui para a
preservação do seu patrimônio cultural e para o desenvolvimento de um modelo endógeno de
cura, pautado nas contribuições da sabedoria popular e na biodiversidade do ecossistema
local.
Oliveira (1984) define a expressão medicina popular como um conjunto de
práticas, sejam elas científicas ou não, utilizadas por um grande número de pessoas que, em
diferentes circunstâncias e diferentes concepções, opiniões e valores, torna-se uma alternativa
para o alívio e cura de seus males e angústias.
Constituindo-se uma entre várias modalidades da medicina, a medicina popular
deve ser entendida na sua relação com as demais opções de cura oferecidas pela sociedade.
Assim, se a medicina popular existe e resiste é porque os seus recursos de cura respondem aos
interesses e necessidades de alguns setores da população. Caso contrário, provavelmente já
teria sido sufocada por outras formas de cura, realizadas em nome da ciência e do saber
legitimado (OLIVEIRA, 1984).
Para isso, o processo de desenvolvimento regional e local deve ser
compatibilizado com as características das áreas em questão, considerando o uso adequado e
racional dos recursos naturais e a aplicação de tecnologias e de formas de organização que
respeitem os ecossistemas naturais e os padrões sócio-culturais (BRESSAN, 1996).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
35
Por sua vez, a Universidade não deve ficar de fora deste projeto tão grandioso e
importante, que é conhecer as propriedades químicas e farmacológicas dos vegetais, não
apenas com o objetivo de gerar lucro, mas também com a visão de prestar um serviço de
informação às comunidades, haja vista ser a própria sociedade quem custeia, com o
pagamento de impostos, a sua manutenção. Estes serviços podem ser prestados a partir do
momento em que são desenvolvidos programas de formação e informação sobre plantas
medicinais junto à população. O resultado seria um uso mais racional dos produtos naturais, e
isto poderia ocorrer através de palestras, bem como pela produção de um Memento
Fitoterápico, como o que foi idealizado e produzido pelo PET/UFPB (DINIZ; OLIVEIRA;
MEDEIROS et al., 1998).
Segundo Bruhn e Holmstedt (1982), a etnofarmacologia consiste na exploração
científica interdisciplinar dos agentes biologicamente ativos tradicionalmente empregados ou
observados pelo homem. De acordo com Elisabetsky (1997), esta linha de pesquisa surge
como um caminho viável de investigação científica para a produção de medicamentos a baixo
custo acessíveis à maior parte da população mundial, ampliando o número de beneficiários
dos programas de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento, onde
persiste a pobreza (BRAJTURG; POWDERLY; KOBAYASHI et al., 1990).
A pesquisa de plantas medicinais leva em seu bojo a possibilidade de aproveitar a
planta in natura e/ou preparados simples obtidos a partir dela. Apesar de exigir estudos sobre
sua eficácia e toxicidade, estes se tornam menos extensos, extremamente simplificados e
menos onerosos, se comparados com a metodologia seguida pelas indústrias farmacêuticas ou
grandes laboratórios para o desenvolvimento de novas drogas (ELISABETSKY, 1997).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
36
O estudo de plantas medicinais a partir do seu emprego por sociedades autóctones,
de tradição oral pode, pois, nos trazer muitas informações úteis para a elaboração de estudos
farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos sobre estas plantas, com grande economia de
tempo e dinheiro (DI STASI, 1996).
Nas últimas décadas, a demanda e o uso de plantas medicinais como opção de
tratamento e cura tem aumentado em todas as camadas sociais. As plantas medicinais
deixaram de ser vistas como simples instrumento da medicina popular e se constituem,
atualmente, em matéria-prima para indústrias de produtos farmacêuticos.
Não obstante os aspectos negativos, os fitoterápicos no Brasil despontam como
uma opção terapêutica culturalmente aceita, de baixo custo e acessível a todas as classes
sociais. Neste sentido, o desenvolvimento desta área representa um avanço em direção à
melhoria da qualidade de vida das populações locais e para desenvolvimento industrial e
econômico do país.
Do ponto de vista social, são as camadas mais baixas da população mundial que
detêm os conhecimentos básicos da medicina tradicional, os quais foram e estão sendo
extensivamente utilizados como a principal e mais importante fonte de informações, que
permitiram a descoberta da maioria dos medicamentos de origem natural disponíveis na
medicina moderna (DI STASI, 1996).
Estima-se que 60% dos brasileiros recorrem às plantas medicinais, principalmente
por falta de recursos. Apesar de o mercado brasileiro estar entre o quarto e o quinto do mundo
na venda de produtos farmacêuticos, 60% dos remédios são consumidos por apenas 23% da
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
37
população. É nesse contexto social que as plantas medicinais e os fitoterápicos adquirem
importância como agentes terapêuticos disponíveis (LAPA; CADEN; LIMA-LANDMAN et
al., 1999; VAITSMAN, 1995).
A população brasileira usa a planta medicinal de muitos modos, considerando
aspectos místico-religiosos ou não, em infusões caseiras ou por aquisição de produtos
fitoterápicos indefinidos, como também utilizando formas manipuladas artesanalmente, sem
levar em conta sua qualidade. Todas essas maneiras constituem-se em objeto de reflexão dos
responsáveis pelas políticas de saúde, levando-se em consideração que são, para grande
contingente de brasileiros, o único meio de se obter medicamento (SILVA, 1997).
A importância social das plantas tem sido abordada pela Organização Mundial da
Saúde (O.M.S.), especialmente a partir de 1978, quando publicou uma Resolução
determinando a criação de um programa mundial para avaliar as espécies vegetais utilizadas
na medicina popular, com a finalidade de estimular sua utilização (BRAGANÇA, 1996).
Em 1982, a Central de Medicamentos – CEME promoveu um Encontro sobre
Plantas Medicinais que resultou na elaboração do Programa de Pesquisas de Plantas
Medicinais (PPPM), com o objetivo de promover a investigação científica sobre propriedades
terapêuticas de espécies vegetais utilizadas pela população brasileira, favorecendo o futuro
desenvolvimento de medicamentos; tem ainda o objetivo de orientar a população sobre o
potencial terapêutico e os possíveis efeitos tóxicos dessas plantas, normalmente utilizadas de
forma curiosa (FERREIRA, 1998).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
38
O Programa visou à criação de uma alternativa medicamentosa de baixo custo,
principalmente para os 50 milhões de brasileiros que à época não tinham acesso aos
medicamentos (FERREIRA, 1998).
A Organização Mundial de Saúde recomenda o uso de plantas medicinais como
forma de baixar os custos dos programas de saúde pública e ampliar o número de benefícios
de seus programas, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde
persiste a pobreza. Esta recomendação, associada a outros fatores, tem contribuído para fazer
crescer o uso e o comércio das plantas medicinais (MATOS, 1982).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
39
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar a ação antinociceptiva do extrato aquoso da Vitex agnus-castus L em
camundongos Swiss.
3.2 Objetivos Específicos
Analisar se a ação antinociceptiva deste extrato aquoso acontece no nível periférico ou
no nível central.
Determinar a toxicidade aguda do extrato aquoso em camundongos Swiss
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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4 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no laboratório de Farmacologia do Departamento de
Fisiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
4.1 ANIMAIS
Foram utilizados camundongos Swiss (25-35g) de ambos os sexos. Os animais
foram divididos em grupos de 9 (nove) animais para o estudo da ação antinociceptiva e com
10 (dez) animais para a determinação da toxicidade aguda, mantidos em caixas plásticas com
água e comida ad libitum.
4.2 MATERIAL BOTÂNICO
Foram utilizadas as folhas da Vitex agnus-castus L. A planta foi coletada durante a
floração, no período chuvoso, na Serra da Guia, município de Poço Redondo, Sergipe, Brasil
e identificada no Departamento de Biologia da Universidade Federal de Sergipe (identificada
por Gilvane Viana Souza; exsicata nº 04484-UFS).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
41
4.3 PREPARAÇÃO DO EXTRATO AQUOSO
As folhas da Vitex agnus-castus L usadas para experimentação foram secas em
estufa com circulação e renovação de ar a 40º C por dois dias e depois trituradas em moinho
até a obtenção do polvilho. Em um litro de água destilada foram adicionados 200g de pó da
planta. Essa mistura foi submetida à fervura (100º C) sobre uma placa quente até a evaporação
total e obtenção do extrato aquoso (EA). Para obtenção das concentrações desejadas, no
momento do uso, o extrato foi ressuspenso em água destilada.
4.4 ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA
Foram utilizados dois modelos experimentais de dor: a dor aguda e a dor
persistente. Nos dois modelos, os animais receberam as substâncias em teste ou o veículo
água destilada (grupo controle) e foram comparados entre si.
4.4.1 Teste de Contorções Abdominais Induzidas pelo Ácido Acético (KOSTER;
ANDERSON; BEER, 1959)
Os animais foram divididos aleatoriamente em seis grupos (n=9). Todos os
animais do experimento receberam injeção intraperitoneal (i.p.) de ácido acético a 0,6%
(0,1ml/10g de peso) e, após dez minutos, o número de contorções abdominais foi registrado
durante vinte minutos. Os grupos A, B e C foram tratados com o extrato aquoso (EA) da
planta nas doses de 100, 200 e 400mg/kg de peso, administrado por via oral (v.o.), através de
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
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cânula, respectivamente, uma hora antes da injeção do ácido acético. O grupo D, grupo
controle, recebeu apenas o agente nociceptivo. Foi utilizada como droga padrão a morfina
(2,5 mg/kg; i.p.) no grupo E e a indometacina (10 mg/kg; v.o.) no grupo F, administradas
trinta e sessenta minutos respectivamente, antes do agente nociceptivo.
4.4.2 Teste da Formalina (DUBUISSON; DENNIS, 1977; HUNSKAAR; HOLE, 1987)
Sete grupos de camundongos (n=9) receberam injeção intraplantar de formalina a
1% em salina 0,9%; 20 µL/animal, e, imediatamente após, foi registrado o tempo gasto em
segundos, pelo animal lambendo a pata traseira, durante cinco minutos (dor neurogênica), que
equivale à primeira fase (0-5 min). Em seguida, 20 a 25 minutos depois de ter iniciado o
experimento, foi registrado o segundo tempo de lambidas na mesma pata (dor inflamatória),
que corresponde à segunda fase da experiência. Os grupos A, B e C foram pré-tratados com o
EA da planta nas doses de 100, 200 e 400 mg/kg de peso, por v.o., através de cânula. O grupo
controle, grupo D, recebeu apenas a injeção de formalina. A morfina utilizada como droga
padrão (7,5 mg/Kg; i.p.) foi administrada nos grupos E trinta minutos antes da injeção da
formalina. O antagonista opióide naloxona (5 mg/Kg; i.p.) foi utilizado nos grupos F e G
(n=8), para verificar uma possível interação da planta com o sistema opióide. No grupo F com
a morfina e no grupo G, com o EA da planta na dose de 400 mg/kg de peso, administrado
quinze minutos depois da naloxona.
4.4.3 Teste da Placa Quente (EDDY; LEIMBACH, 1953)
Foi utilizada uma placa quente de alumínio, mantida a 55+/-0,5ºC, com um
cilindro de acrílico aberto nas duas bases; sobre essa placa, os animais, divididos em cinco
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
43
grupos (n=9), foram colocados um a um dentro do cilindro, sendo observada como parâmetro
a lambida de uma das patas traseiras ou se pulava para a parte superior da cuba de acrílico do
cilindro. Foi registrado o tempo de latência, isto é, o tempo decorrido entre a exposição do
animal à placa quente até a emissão da resposta, por um período máximo de trinta segundos.
Os grupos A, B e C foram pré-tratados com o EA da planta, nas doses de 100, 200 e 400
mg/kg de peso, v.o., através de cânula, uma hora antes de iniciar o experimento. O grupo D,
grupo controle, usou apenas água destilada, v.o., através também de cânula. A morfina usada
como droga padrão (5 mg/kg; i.p.) foi administrada trinta minutos antes do experimento no
grupo E. As mensurações foram registradas no tempo de 0, 15, 30 e 60 minutos em todos os
grupos.
4.4.4 Toxicidade Aguda (LORKE, 1983)
Quatro grupos de animais (n=10) foram utilizados. Os grupos A, B e C receberam
o EA da Vitex agnus-castus L, v.o., através de cânula, nas doses de 1, 3 e 5 g/kg de peso. O
grupo D, grupo controle, recebeu apenas o veículo água destilada. Os camundongos foram
observados durante 48 horas, e, no fim desse período, foi registrada a mortalidade de cada
grupo.
4.4.5 Análise Estatística
Para análise estatística dos resultados dos experimentos, foi utilizado o teste
paramétrico da análise da variância (ANOVA), seguido do teste de Tukey para comparações
múltiplas ou pelo seu modelo não-paramétrico, o teste de Kruskal-Wallis, seguido pelo teste
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
44
de Nemenyi (ZAR, 1996). O critério de escolha de cada teste foi baseado nos preceitos que os
regem. Os resultados foram considerados significativos quando p < 0,05.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
45
5 RESULTADOS
5.1
EFEITO DO EXTRATO AQUOSO (EA) DE VITEX AGNUS-CATUS L NA
NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELO ÁCIDO ACÉTICO EM CAMUNDONGOS
O extrato aquoso da planta, nas doses de 200 e 400 mg/kg, administrado por via
oral, reduziu de forma significativa o número médio de contorções abdominais / 20minutos
(min), de 25 para 04 e 01, respectivamente, dos grupos tratados, citados anteriormente, em
relação ao grupo controle, (Kruskal-Wallis: p < 0,05) correspondendo a um percentual de
inibição de 46,5 e 70,7%, respectivamente, com a mesma intensidade da morfina, uma droga
opióide (Nemenyi: p > 0,05) e da indometacina, um antiinflamatório não esteroidal (Nemenyi:
p > 0,05).
A tabela 1 mostra o percentual de inibição das contorções do extrato aquoso da
planta, da morfina e da indometacina.
Tabela 1. Percentual de inibição das contorções abdominais do extrato aquoso de Vitex agnus-castus,
da morfina e da indometacina.
Animais
Grupos
Tratamento Dose
(mg/kg)
Md % de
inibição
D Controle - 25 -
E Morfina 2.5 03* 57.1
F Indometacina 10 03* 59.9
A EA 100 07 35.8
B 200 04* 46.5
C 400 01* 70.7
Md, mediana da freqüência das contorções abdominais.
%, porcentagem de inibição das contorções.
*, p < 0,05 vs controle, Kruskal-Wallis seguido pelo teste deNemenyi
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
46
5.2 EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE VITEX AGNUS-CASTUS L NA
NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELA FORMALINA EM CAMUNDONGOS
O extrato aquoso de Vitex agnus-castus L, administrado por via oral, no teste da
formalina, mostra resultados com diferenças significativas entre os grupos tratados e o grupo
controle (Kruskal-Wallis: p < 0,0005). Na dose de 400 mg/kg, promoveu uma redução
significativa do tempo de reação, tempo durante o qual o animal permaneceu lambendo a pata
na primeira fase (0-5 min) e na segunda fase do teste (20-25 min). Na primeira fase, o tempo
de reação do grupo controle de 53 foi reduzido para 21, e, na segunda fase, o tempo de reação
foi semelhante: 25 e 29 respectivamente. Nessa mesma dose (400mg/kg), inibiu o edema de
pata induzido pela formalina apenas na primeira fase do teste (Nemenyi: p < 0,05).
A morfina, um analgésico opióide, na dose de 7,5mg/kg, intraperitoneal (i.p.),
induziu uma potente inibição de 83,5% na primeira fase e de 80,6% na segunda fase do teste.
A naloxona, um antagonista opióide, na dose de 5,0mg/kg, intraperitoneal (i.p.),
inibiu significativamente (p < 0,01) o efeito da morfina e do extrato aquoso de Vitex agnus-
castus L nas duas fases do teste.
A tabela 2 mostra o efeito do extrato aquoso (EA) de Vitex agnus-castus L, da
morfina e o efeito da naloxona sobre o EA no teste da formalina em camundongos.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
47
Tabela 2. Efeito do extrato aquoso (EA) de Vitex agnus-castus, da morfina e efeito da Naloxona sobre
o EA no teste da formalina em camundongos.
Animais Tempo de lambida da pata (s) - % de inibição
Grupos
Tratamento Dose
(mg/Kg)
1ª fase 2ª fase 1ª fase 2ªfase
D Controle - 53 25 - -
E Morfina 7.5 10 * 0 * 83.5 80.6
A EA 100 41 8 19.3 48.6
B 200 39 11 15.1 36.6
C 400 21 * 29 * 59.6
G EA400+
Naloxona
5.0 41 20.5 47.8 35.1
F Morfina+
Naloxona
5.0 55.5 18 -7.3 35.9
Os dados estão expressos como mediana do tempo de lambida da pata
%, porcentagem de inibição do tempo de lambidas.
*, p < 0,05 vs controle, Kruskal-Wallis seguido pelo teste de Nemenyi
5.3 EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE VITEX AGNUS-CASTUS L NA
NOCICEPÇÃO INDUZIDA PELA PLACA QUENTE EM CAMUNDONGOS
O extrato aquoso de Vitex agnus-castus L, nas doses de 200 e 400mg/kg v.o. foi
capaz de prolongar o tempo de reação dos camundongos em relação ao grupo controle, na
placa quente (55 ± 0,5°C), com p < 0,05. A resposta para a latência varia com o tipo de calor
utilizado; em todos os modelos, o estímulo é curto em duração, e a resposta dos animais varia
inversamente com a intensidade do estímulo, isto é, da temperatura.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
48
A tabela 3 mostra o efeito do extrato aquoso de Vitex agnus-castus L e morfina
sobre o tempo de latência dos camundongos na placa quente.
Tabela 3. Efeito do extrato aquoso de Vitex agnus-castus e morfina sobre o tempo de latência dos
camundongos na placa quente.
Animais Tempo de latência (s) (Média ±EP)
Grupos
Tratamento
Dose
(mg/kg)
0’ 15’ 30’ 60’
% de
inibição
D Controle - 10.11±1.08 9.79±0.94 9.04±0.88 9.96±0.82 -
E Morfina 5 29.O9±0.91* 25.66±2.17* 27.52±1.26* 25.59±1.83* 63.92
A EA 100 12.54±1.99 10.69±1.25 9.84±0.74 9.99±1.00 10.67
B 200 18.18±1.97* 13.35±2.67* 14.85±2.35* 16.81±3.06* 38.44
C 400 19.25±2.74* 14.31±1.87* 12.9±2.54* 15.45±1.20* 37.17
%, Porcentagem de inibição da dor.
*, p < 0,05 vs controle, ANOVA, seguido do teste de Tukey.
5.4 TOXIDADE AGUDA
Após 48 horas de observação, não foi registrada nenhuma morte nos grupos em
estudo, demonstrando assim que o EA da Vitex agnus-castus L não apresentou sinais de
toxicidade aguda, não sendo possível determinar a dose letal 50% (DL50) da planta.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
49
6 DISCUSSÃO
Três modelos agudos de testes nociceptivos foram utilizados para avaliar a
potência analgésica do extrato aquoso (EA) de Vitex agnus-castus L: o teste de contorções
abdominais induzidas pelo ácido acético (KOSTER; ANDERSON; BEER, 1959), o teste da
formalina (DUBUISSON; DENNIS, 1977; HUNSKAAR; HOLE, 1987) e o teste da placa
quente (EDDY; LEIMBACH, 1953).
A nocicepção induzida pelo ácido acético foi eficazmente prevenida pelo EA de
Vitex agnus-castus L.
No modelo de contorção abdominal, os resultados mostram diferenças
significativas entre os tratamentos e grupo controle (Kruskal-Wallis: F
0.05;5;49
= 11.37; p <
0.0005). O extrato aquoso da planta, nas doses de 200 e 400mg/kg, inibiu a freqüência das
contorções abdominais (Nemenyi: q
0.05;infinito;6
= 4.43, p < 0.05; q
0.05;infinito;6
=6.73, p < 0.05,
respectivamente) com a mesma intensidade da morfina, uma droga opióide, (Nemenyi:
EA200, q
0.05;infinito;6
= 0.99, p > 0.05; EA400, q
0.05;infinito;6
= 1.29, p > 0.05) e da indometacina,
um antiinflamatório não-esteroidal (Nemenyi: EA200, q
0.05;infinito;6
= 1.28, p > 0.05; EA400,
q
0.05;infinito;6
= 1.01, p > 0.05). A tabela 1 mostra o percentual de inibição das contorções do
extrato aquoso da planta, morfina e indometacina.
Embora a inibição das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético
represente uma antinocicepção periférica (WIE; KIANG; BUCHAN et al., 1986), o modelo
não possui especificidade, desde que uma diversidade de compostos farmacológicos, como
antidepressivos tricíclicos (TAKAHASHI; PAZ, 1987), anti-histamínicos (YEH, 1980) e anti-
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
50
hipertensivos (PETTIBONE; MUELLER, 1981) inibem as contorções abdominais induzidas
pelo ácido acético e mostram uma antinocicepção que pode ser questionada. Porém, mesmo
sendo um modelo inespecífico, este teste é bastante utilizado para avaliar a atividade
analgésica de várias drogas, pois detecta drogas de ação central e periférica. Um aspecto
relevante é que a patologia da dor é uma resposta complexa, e os efeitos das drogas não
podem ser investigados num único modelo experimental (COLLIER; DINNEEN; JOHNSON
et al., 1968), sendo necessários outros modelos de dor para confirmar a ação analgésica desta
planta.
O teste da formalina é um modelo de dor aguda e crônica, sendo considerado mais
válido para a dor clínica do que os testes com estímulo mecânico ou térmico (MURRAY;
PORRECA; COWAN, 1988; TJOLSEN; BERGE; HUNSKAAR et al., 1992). O teste da
formalina é um modelo de dor bastante utilizado para determinar a atividade analgésica das
substâncias em teste, por apresentar um estímulo e resposta nociceptiva persistente ao invés
de transitório (DUBUISSON; DENNIS, 1977). Neste modelo, a injeção subplantar de
formalina na pata traseira do camundongo induz uma resposta comportamental bifásica. A
primeira fase da resposta acredita-se representar um efeito irritante direto da formalina nas
fibras C sensoriais, enquanto a resposta secundária se deve ao desenvolvimento de uma
resposta inflamatória e à liberação de mediadores algésicos (HUNSKAAR; HOLE, 1987).
Enquanto as drogas de ação central, como os narcóticos, podem inibir ambas as fases, as
drogas de ação periférica, como as drogas antiinflamatórias não-esteroidais e corticoteróides,
somente inibem a fase secundária (HUNSKAAR; HOLE, 1987; JETT; MICHELSON, 1996;
MALMBERG; YAKSH, 1993; ROSLAND; TJOLSEN; MAEHLE et al., 1990; TJOLSEN;
BERGE; HUNSKAAR et al., 1992).
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
51
Tem sido postulado que a dor periférica mediada pela formalina pode ser análoga
à dor humana pós-operatória (ABBOTT; FRANKLIN, 1986). No teste da formalina, os
resultados mostram diferenças significativas entre os tratamentos e o grupo controle (Kruskal-
Wallis: F
0.05;4;39
= 26.82; p < 0.0005). O extrato aquoso da planta na dose de 400mg/kg inibiu
o edema de pata induzido pela formalina somente na primeira fase do teste (Nemenyi:
q
0.05;infinito;5
= 4.86, p < 0.05) (ver tabela 2).
Os resultados do teste sugerem que a planta apresenta uma ação analgésica central
devido ao seu efeito direto nos nociceptores, bloqueando a dor neurogênica e a dor
inflamatória provocada pela injeção subplantar de formalina a 1% (HUNSKAAR; HOLE,
1987).
Para verificar o mecanismo de ação do extrato sobre o sistema opióide, usamos a
naloxona, droga antagonista não seletiva dos receptores opióides. A naloxona reverteu a
antinocicepção induzida pelo extrato (400mg/kg) na primeira fase (Tukey: q
0.05;2;21
= 3.05, p <
0.05) (ver tabela 2). Provavelmente, o extrato aquoso da planta nas doses administradas age
como um analgésico opióide e pode ser estruturalmente relacionado à morfina.
O calor é freqüentemente utilizado como um estímulo nociceptivo em modelos de
dor aguda. O ensaio da placa quente é largamente conhecido por ser sensível somente para
drogas que agem no nível supraespinhal (YASKSH; RUDY, 1977). Ankier (1974), testando
analgésicos análogos à morfina em camundongos, demonstrou que a placa quente a 55°C
produzia resultados falsos negativos e sugeriu o uso de temperaturas mais baixas. Neste
modelo, a temperatura da placa foi fixada a 55 +/- 0,5ºC porque a grande maioria dos autores
utiliza este padrão de temperatura nos diversos trabalhos revisados.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
52
No teste da placa quente, o extrato aquoso da planta (200 e 400mg/kg) aumentou
o tempo de latência dos camundongos em relação ao controle (Tukey: q
0.05;140;5
= 6.67, p <
0.05; q
0.05;140;5
= 6.32, p < 0.05, respectivamente) (ver tabela 3). A resposta para a latência
varia com o tipo de calor utilizado. Em todos os modelos o estímulo é curto em duração, e a
resposta dos animais varia inversamente com a intensidade do estímulo, i.e., temperatura.
O extrato aquoso da planta até a dose de 5g/kg de peso não demonstrou sinais de
toxicidade aguda em camundongos, não sendo possível determinar a dose letal 50% (DL
50
) da
planta.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
53
7 CONCLUSÕES
7.1 Os resultados do teste da formalina, sugerem que a planta apresenta uma ação
analgésica central devido ao seu efeito direto nos nociceptores, bloqueando a dor neurogênica
e a dor inflamatória provocada pela injeção subplantar de formalina a 1% (HUNSKAAR;
HOLE, 1987).
7.2 O extrato aquoso das folhas de V. agnus-castus L nos modelos utilizados
apresentou atividade analgésica central com a participação de receptores opióides. Estes
resultados validam o uso popular desta planta para o tratamento da dor.
7.3 O extrato aquoso da planta até a dose de 5g/kg de peso não demonstrou sinais
de toxicidade aguda em camundongos, não sendo possível determinar a DL
50
da planta.
Estudo Farmacológico da Vitex Agnus-Castus L (Ação Antinociceptiva e Toxicidade Aguda do Extrato Aquoso)
54
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