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Existˆencia de solu¸oes para equa¸oes integro-diferenciais
neutras
Jos´e Paulo Carvalho dos Santos
Orientador: Eduardo Alex Hern´andez Morales
Tese apresentada ao Instituto de Ciˆencias
Matem´aticas e de Computa¸ao - ICMC-USP,
como parte dos requisitos para obten¸ao
do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencias - ´area
Matem´atica.
USP - ao Carlos
Mar¸co/2006
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render-se jamais!”
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Agradecimentos
Agrade¸co a Deus pela sa´ude e perseveran¸ca.
Ao Prof. Eduardo Hernandez, por ter aceito me orientar no doutorado e pe la forma
segura e dedicada que conduziu todo processo de Tese.
`
A Ni, por tornar minha vida ao mais feliz.
Ao meu irm˜ao Luis Anonio, pelos conselhos valiosos e pela grande ajuda financeira
durante os primeiros anos do doutorado, per´ıodo em que estava sem bolsa.
Aos Meus pais Carmo e Aparecida e minhas irm˜as Ana Maria e Cl´audia, pelo amor,
apoio e ora¸oes.
Ao Professor Ladeira por ter me apresentado ao Professor Eduardo Hernandez, o que
tornou meu doutorado poss´ıvel.
Aos funcion´arios e funcion´arias do ICMC-USP, pela dedica¸ao que empregam no de-
senvolvimento de seu trabalho.
Aos amigos, pelo apoio e pelos muitos momentos divertidos, os quais ao irei esquecer.
`
A Capes, pelo suporte financeiro.
Abstract
In this work we s tudy the existence of mild, semi-classical and classical solution,
concepts introduced be late r for a class of abstract neutral functional integrodifferential
systems with unbounded delay in the form
d
dt
D(t, x
t
) = AD(t, x
t
) +
t
0
B(t s)D(s, x
s
)ds + g(t, x
t
), t (0, a),
x
0
= ϕ B,
d
dt
(x(t) + F (t, x
t
)) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
), t (0, a),
x
0
= ϕ B,
where A : D(A) X X is a closed linear densely defined operator in a Banach space X,
each B(t) : D(B(t)) X X is a closed linear operator, the history x
t
: (−∞, 0] X,
x
t
(θ) = x(t + θ), belongs to some abstract phase s pace B defined axiomatically and D, F, g :
[0, a] × B X are appropriate functions.
To establish some of our results, we studied the existence and qualitative properties of
a resolvent of bounded linear operators (R(t))
t0
, for a system in the form
d
dt
x(t) +
t
0
N(t s)x(s)ds
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) ds, t (0, a),
x(0) = x
0
,
where (N(t))
t0
is a family of bounded linear operators on X. We mention that this class of
system arise in the study of heat conduction in material with fading memory.
Resumo
Neste trabalho estudaremos a existˆencia de solu¸oes fracas, semi-cl´assicas e cl´assicas,
conceitos introduzidos no texto para uma classe de sistemas integro-diferenciais do tipo neutro
com retardamento ao limitado modelados na forma
d
dt
D(t, x
t
) = AD(t, x
t
) +
t
0
B(t s)D(s, x
s
)ds + g(t, x
t
), t (0, a),
x
0
= ϕ B,
d
dt
(x(t) + F (t, x
t
)) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
), t (0, a),
x
0
= ϕ B,
onde A ´e um ope rador linear fechado densamente definido em um espa¸co de Banach X, cada
B(t) : D(B(t)) X X, t 0 ´e um operador linear fechado, a hist´oria x
t
: (−∞, 0]
X, x
t
(θ) = x(t + θ), pertence a um es pa¸co de fase abstrato B definido axiomaticamente e
D, F, g, G : [0, a] × B X ao fun¸oes apropriadas.
Para obter alguns de nossos resultados, estudamos a existˆencia e propriedades quali-
tativas de uma fam´ılia resolvente de operadores lineares limitados (R(t))
t0
, para o sistema
integro-diferencial
d
dt
x(t) +
t
0
N(t s)x(s)ds
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) ds, t (0, a),
x(0) = x
0
,
onde (N(t))
t0
´e uma fam´ılia de operadores lineares limitados em X. Mencionamos que
este tipo de sistemas aparece no estudo da condu¸ao de calor em materiais com mem´oria
amortecida.
Sum´ario
Introdu¸ao xiii
1 Preliminares 1
1.1 Semigrupos de operadores lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Operador resolvente para equa¸oes integro-diferenciais . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Espa¸cos de fase abstratos e alguns Teoremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial 13
2.1 Existˆencia de solu¸oes fracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Resultados de regularidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.1 Existˆencia de solu¸ao semi-cl´assica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.2 Existˆencia de solu¸ao cl´assica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3 Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial 33
3.1 Existˆencia de solu¸oes fracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Resultados de regularidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.2.1 Existˆencia de solu¸oes semi-cl´assicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2.2 Existˆencia de solu¸ao cl´assica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4 Fam´ılias “N- resolventes” 59
4.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2 Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.3 O problema integro-diferencial ao homogˆeneo . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.4 Aplica¸oes a equa¸oes neutras com retardamento ao limi- tado . . . . . . . . 90
xii Sum´ario
Referˆencias Bibliogr´aficas 95
Introdu¸ao
Nas ´ultimas d´ecadas o estudo de sistemas com mem´oria tem recebido muita aten¸ao
devido, fundamentalmente, ao fato de que o retardo temporal tem uma influˆencia significativa
sobre o comportamento qualitativo do sistema. A maior parte da literatura relativa a este
assunto est´a relacionada com o problema de Cauchy abstrato
˙u(t) = F (t, u
t
), (1)
u
σ
= ϕ C([r, 0] : R
n
). (2)
Como referˆencias para este tipo de equa¸oes citamos Hale & Lunel [29] e Hale & Kato [30].
Sistemas com retardamento ao limitado e valores em R
n
tamem ao considerados, veja
entre outros, Corduneanu & Lakshmikanthan [16] e o livro Hino, Murakami & Naito [49].
Como a solu¸ao de (1)-(2) assume valores em um espa¸co de dimens˜ao finita, o sistema
(1)-(2) ao permite o estudo de equa¸oes diferenciais parciais, deixando de lado muitos
sistemas diferenciais interessantes e importantes. Este fato motivou muitos pesquisadores
a estudar uma classe de sistemas abstratos descritos na forma
d
dt
(u(t) + f(t, u
t
)) = Au(t) + g(t, u
t
), t [σ, σ + a], (3)
u
0
= ϕ B, (4)
onde A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo de operadores lineares
(T (t))
t0
definido sobre um espa¸co de Banach X e B ´e um e spa¸co de fase definido de maneira
axiom´atica. No que segue, nos referimos a este sistema como Abstract Neutral Functional
Differential Equations ”.
O sistema diferencial (3)-(4) ´e uma generaliza¸ao do sistema cl´assico onde f 0, o
qual tem sido extensamente estudado, veja entre outros Travis & Weeb [67, 68, 69] e Wu [72].
Mas o modelo (3)-(4) ´e mais que uma simples generaliza¸ao abstrata. Abstract Neutral
Functional Differential Equations aparecem no estudo de diferentes problemas aplicados. O
xiv Introdu¸ao
sistema (3), por exemplo, aparece na teoria desenvolvida por Gurtin & Pipkin [27] e Nunziato
[62] para a descri¸ao da condu¸ao de calor em materiais com mem´oria amortecida. Na teoria
de condu¸ao de calor ´e assumido, de maneira geral, que a energia e o fluxo de calor dependem
linearmente da temperatura u(·) e do gradiente u(·). Nestas condi¸oes, a cl´assica equa¸ao
do calor descreve de maneira satisfat´oria a evolu¸ao da temperatura em diferentes tipos de
materiais. Esta situa¸ao ´e diferente em materiais com mem´oria amortecida ( materials with
fading memory ). Neste tipo de material, veja [27, 62], a energia interna do material e o fluxo
de tempertura ao funcionais da u(·) e do gradiente de u(·), respectivamente. Um modelo
amplamente aceito para descrever o fluxo de calor em materiais com mem´oria amortec ida,
veja [12, 13, 56, 62, 65], ´e o sistema diferencial
d
dt
c
0
u(t, x) +
t
−∞
K
1
(t s)u(s, x)ds
= c
1
u(t, x) +
t
−∞
K
2
(t s)u(s, x)ds,
u(t, x) = 0, t 0, x .
(5)
Neste sistema, R
n
´e um aberto limitado e com fronteira regular; (t, x) [0, ) ×Ω; u(·)
representa a temperatura em x no tempo t; c
1
, c
2
ao constantes positivas com significado
f´ısico e K
i
: R R, i = 1, 2, ao fun¸oes apropriadas.
Outra motivao importante para o desenvolvimento da teoria de equa¸oes funcionais
do tipo neutro ´e o estudo de uma classe de equa¸oes parciais do tipo hiperb´olico com certas
condi¸oes de fronteira ao lineares, que surgem no estudo de linhas de transmiss˜ao. Com
rela¸ao a isto, veja os trabalhos de Abolinia & Mishkis [1], Brayton [10], Brayton & Moser
[11], Cooke & Krumme [15], Cruz & Hale [17], Lopes [52, 53], Hale [54] e Wu & Xia [73, 74]
para detalhes relativos `a hist´oria, referˆencias e o estado atual do tema.
Em Wu and Xia [73], a partir de um sistema ordin´ario do tipo neutro, os autores
deduzem a seguinte equa¸ao escalar do tipo neutro em derivadas parciais definida sobre o
c´ırculo unit´ario
t
D(u
t
) = k
ξ
D(u
t
) + g(t, u
t
),
u
σ
= ϕ C([r, 0] : C(S
1
: R)).
(6)
Neste sistema, k ´e uma constante positiva e (Dφ)(s) = φ(0)(s)
0
r
[(θ)]φ(θ)(s) onde η ´e
uma fun¸ao de varia¸ao limitada ao atˆomica em zero. Esta equa¸ao neutra foi investigada
por Hale em [54]. Neste trabalho, Hale estabelece uma pequena teoria para o sistema,
considerando a existˆencia e unicidade de solu¸oes, propriedades condensantes do operador
solu¸ao, bifurca¸ao de Hopf e estabilidade de ´orbitas peri´odicas.
Introdu¸ao xv
Observe que o sistema neutro (6) p ode ser descrito por meio do problema de Cauchy
abstrato
d
dt
(D(t, u
t
)) = AD(t, u
t
) + g(t, u
t
), (7)
u
0
= ϕ B, (8)
onde A ´e o gerador infinitesimal de um C
0
-semigrupo e B ´e um espa¸co de fase apropriado.
Com rela¸ao a este tipo de sistema mencionamos Dakto [19] e Addimy [2, 3, 4, 5].
Em rela¸ao a sistemas abstratos do tipo neutro de primeira ordem modelados como
(3)-(4) ou (7)-(8) citamos entre outros trabalhos, [2, 3, 4, 5, 22, 33, 45, 46] para existˆencia de
solu¸oes fracas; [5, 45] para regularidade de solu¸oes fracas; [2] para estabilidade de solu¸oes;
[32, 35, 34] para existˆencia de solu¸oes peri´odicas; [36] para a existˆencia de solu¸oes quase e
assintoticamente quase peri´odicas; [37, 38, 39] para solu¸oes pseudo quase peri´odicas; [40, 41]
para sistemas impulsivos e [22, 43] para sistemas com condi¸oes ao locais.
´
E interessante
citar tamb´em [46, 42], onde ao feitas algumas corre¸oes de recentes trabalhos tratando sobre
a existˆencia e controlabilidade exata de solu¸oes associadas a sistemas do tipo neutro.
Embora haja extensa literatura para sistemas neutros, o estudo da existˆencia e pro-
priedades qualitativas de solu¸oes de sistemas neutros do tipo integro-diferencial ao opicos
at´e agora ao desenvolvidos. Este fato e as interessantes aplica¸oes relacionadas ao problema
de condu¸ao de calor em materias com mem´oria ao as principais motivoes de nosso
trabalho.
Esta Tese pos sui quatro cap´ıtulos. No Cap´ıtulo 1 ao introduzidas de maneira resumida
as diferentes ferramentas ecnicas que nos auxiliaram na obte¸ao de nossos resultados.
No Cap´ıtulo 2 estudamos diferentes quest˜oes relacionadas com a existˆencia e regulari-
dade de solu¸oes para o sistema integro-diferencial
d
dt
D(t, u
t
) = AD(t, u
t
) +
t
0
B(t s)D(s, u
s
)ds + g(t, u
t
), t (0, a),
u
0
= ϕ B,
(9)
onde D(t, ψ) = ψ(0) + f(t, ψ) e f, g : [0, a] × X X ao fun¸oes apropriadas. Usando difer-
entes resultados de ponto fixo, nos Teoremas 2.1.1, 2.1.2 e 2.1.3, ´e estabelecida a e xistˆencia
de solu¸oes fracas para (9). Por outro lado, nos Teoremas 2.2.1 e 2.2.2 ao es tabele cidas
condi¸oes `as quais uma solu¸ao fraca ´e uma solu¸ao semi-cl´assica e cl´assica respectivamente.
Como aplica¸ao dos resultados do Cap´ıtulo 2, no Exemplo 2.3 estudamos um sistema abstrato
que permite a an´alise do sistema integro-diferencial (5) no caso particular onde K
1
= K
2
.
xvi Introdu¸ao
O Cap´ıtulo 3 ´e dedicado ao estudo do sistema integro-diferencial
d
dt
(x(t) + F (t, x
t
)) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
), t (0, a),
x
0
= ϕ B,
(10)
onde A : D(A) X X, B(t) : D(B(t)) X X, t 0 ao ope radores fechados em X, a
hist´oria x
t
: (−∞, 0] X, x
t
(θ) = x(t + θ) pertence a um espa¸co de fase abstrato B definido
axiomaticamente e F, G : [0, a] × B X ao fun¸oes apropriadas.
Como ´e observado no Cap´ıtulo 3, o tratamento deste sistema ´e diferente e de fato mais
complicado que aquele usado no estudo de (9). Para obter nossos res ultados de existˆencia
usamos propriedades e conceitos relacionados com a teoria de Resolventes anal´ıticos, veja
como referˆencia [25].
Em geral os resultados de existˆencia do Cap´ıtulo 3 ao obtidos usando Teoremas de
ponto fixo. Especificamente, no Teorema 3.1.1 ´e provado a existˆencia de solu¸oes fracas
usando o crit´erio da contra¸ao. Por outro lado, os Teoremas 3.1.2 e 3.1.3 estabelecem a
existˆencia de solu¸oes fracas por meio dos Teoremas de Schauder e Leray-Schauder, respec ti-
vamente. Neste Cap´ıtulo tamb´em consideramos a existˆencia de s olu¸oes semi-cl´assicas, veja
Teorema 3.2.1 e cl´assicas, veja Teorema 3.2.3, para (10). O Cap´ıtulo ´e completado com uma
aplica¸ao dos resultados abstratos.
No Cap´ıtulo 4 estudamos a existˆencia e regularidade de solu¸oes para uma classe de
sistemas neutros integro-diferenciais descritos da forma
d
dt
x(t) +
t
−∞
N(t s)x(s)ds
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
), t > 0,
x
0
= ϕ B,
(11)
onde A : D(A) X X, B(t) : D(B(t)) X X, t 0 ao operadores lineares fechados
com D(B(t)) D(A), t 0 e (N(t))
t0
´e uma fam´ılia de operadores lineares cont´ınuos em
X.
Para obter nossos resultados de existˆencia de solu¸oes, na primeira parte do Cap´ıtulo
4 desenvolvemos uma teoria de operadores resolventes para o sistema integro-diferencial
d
dt
x(t) +
t
0
N(t s)x(s)ds
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds, t (0, a),
x(0) = x
0
.
(12)
`a qual denominaremos fam´ılia “N-resolvente”. Dizemos que uma fam´ılia de operadores
lineares fortemente cont´ınua (R(t))
t0
em X ´e uma fam´ılia N-resolvente para (12) se R(0) =
Introdu¸ao xvii
I
d
e as equa¸oes
d
dt
R(t)x +
t
0
N(t s)R(s)xds
= AR(t)x +
t
0
B(t s)R(s)xds,
d
dt
R(t)x +
t
0
R(t s)N(s)xds
= R(t)Ax +
t
0
R(t s)B(s)xds,
ao satisfeitas para todo t 0.
Os resultados asicos deste Cap´ıtulo ao os Teorema 4.2.1 onde ´e provado a existˆencia
de uma fam´ılia N-resolvente anal´ıtica para (12), e o Teorema 4.3.1 onde ´e introduzida uma
forma da varia¸ao dos parˆametros para (12). Finalmente, no Teorema 4.4.3 aplicamos a teoria
de operadores N-resolvente para o estudo da existˆencia de solu¸oes cl´assicas para o sistema
(11).
As nota¸oes presentes nesta Tese ao aquelas usadas em An´alise Funcional. Em par-
ticular, para espa¸cos normados (Y, ·
Y
) e (Z, ·
Z
), L(Y, Z) representa o espa¸co dos
operadores lineares cont´ınuos de Y em Z munido da norma uniforme de operadores. A
nota¸ao L(Y ) e reservada para L(Y, Y ). Para x Z e r > 0, B
r
(x, Z) representa a bola de
centro x e raio r em Z.
xviii Introdu¸ao
Cap´ıtulo 1
Preliminares
Resumo
Neste cap´ıtulo introduzimos defini¸oes, conceitos e propriedades asicas da teoria de
semigrup os de operadores lineares, operadores resolventes para equa¸oes integro-diferenciais
e espa¸co de fase abstrato que ser˜ao usados durante o decorrer do trabalho.
1.1 Semigrupos de operadores lineares
Introduzimos a seguir, conceitos e propriedades asicas da teoria de semigrupos de
operadores lineares limitados em espa¸cos de Banach. No que segue, X ´e um espa¸co de
Banach e L(X) ´e o espa¸co dos operadores lineares cont´ınuos de X em X munido da norma
uniforme de operadores.
Defini¸ao 1.1.1 Uma fam´ılia de operadores (T (t))
t0
em L(X) ´e um semigrupo de oper-
adores se
(a) T (0) = I
d
,
(b) T (t + s) = T (t)T (s), t, s 0.
Defini¸ao 1.1.2 Um semigrupo de operadores lineares (T (t))
t0
´e chamado de C
0
-semigrupo
se para todo x X, a fun¸ao t T (t)x ´e cont´ınua no zero. O semigrupo ´e chamado
uniformemente cont´ınuo se a fun¸ao [0, ) L(X); t T (t) ´e cont´ınua no zero.
2 Cap´ıtulo 1. Preliminares
Defini¸ao 1.1.3 Sejam (T (t))
t0
um C
0
-semigrupo de operadores lineares em X e D(A) o
conjunto
D(A) =
x X : lim
t0
T (t)x x
t
existe
.
O operador A : D(A) X X definido por
Ax = lim
t0
T (t)x x
t
=
d
+
dt
T (t)x|
t=0
, x D(A),
´e chamado o gerador infinitesimal do semigrupo (T (t))
t0
.
No pr´oximo resultado, resumiremos algumas propriedades asicas relativas a C
0
-semigrupos.
Teorema 1.1.1 [63] Sejam (T (t))
t0
um C
0
-semigrupo de operadores lineares em X e A seu
gerador infinitesimal. Ent˜ao as seguintes propriedades ao verificadas.
(a) O semigrupo (T (t))
t0
´e uniformemente cont´ınuo, se e somente se, A ´e um operador
limitado.
(b) Existem constantes ω 0 e M > 1 tais que T (t) ≤ M e
ωt
, para todo t 0.
(c) Para todo t > 0 e todo x X, lim
st
T (s)x = T (t)x. Mais ainda, se o semigrupo ´e
uniformemente cont´ınuo ent˜ao lim
st
T (s) = T (t) em L(X).
(d) Para todo x X e todo t 0, lim
h0
1
h
t+h
t
T (s)x ds = T (t)x.
(e) Para todo x X e todo t > τ 0,
t
τ
T (s)x ds D(A) e A
t
τ
T (s)x ds = T (t)x
T (τ)x.
(f) Para todo x D(A) e todo t 0, T (t)x D(A) e
d
dt
T (t)x = AT (t)x = T (t)Ax.
(g) A ´e linear, fechado e D(A) = X.
Apresentamos a seguir o famoso Teorema de Hille Yosida. Este Teorema estabelece
condi¸oes necess´arias e suficientes para que um operador linear fechado seja o gerador in-
finitesimal de um C
0
-semigrupo de contra¸oes em X. Previamente consideremos algumas
defini¸oes.
Defini¸ao 1.1.4 Seja (T (t))
t0
um C
0
-semigrupo operadores lineares em X. Diremos (T (t))
t0
´e um C
0
-semigrupo de controes se T (t) ≤ 1 para todo t 0.
1.1. Semigrupos de operadores lineares 3
Defini¸ao 1.1.5 Seja A : D(A) X X um operador linear. O conjunto resolvente de A,
denotado por ρ(A), ´e definido por
ρ(A) = {λ C; (λI A) ´e invers´ıvel e (λI A)
1
L(X)}.
A fun¸ao de ρ(A) em L(X), definida por λ → R(λ : A) = (λI A)
1
, ´e chamada resolvente
de A.
Teorema 1.1.2 (Hille-Yosida)[63, Theorem 3.1] Um operador linear A : D(A) X X ´e
o gerador infinitesimal de um C
0
-semigrupo de controes se, e somente se,
(i) A ´e fechado e D(A) = X;
(ii) ρ(A) (0, ) e R(λ : A) ≤
1
λ
, para todo λ > 0.
A seguir resumiremos e come ntaremos alguns fatos asicos a respeito de semigrupos
compactos e anal´ıticos. Inclu´ımos tamem de forma sucinta, algumas propriedades das
potˆencias fracion´arias associadas com o gerador de um semigrupo anal´ıtico.
Defini¸ao 1.1.6 Um C
0
-semigrupo, (T (t))
t0
, de operadores lineares ´e compacto para t > t
0
,
se para todo t > t
0
o operador T (t) ´e compacto. O semigrupo (T (t))
t0
´e chamado compacto,
se ´e compacto para todo t > 0.
Notemos que se X ´e um espa¸co de dimens˜ao finita ent˜ao todo C
0
-semigrupo de oper-
adores lineares ´e compacto. Mais ainda, se um C
0
-semigrupo (T (t))
t0
´e um C
0
-semigrupo
compacto para t 0 ent˜ao X ´e de dimens˜ao finita.
Teorema 1.1.3 [63, Theorem 3.2 ] Seja (T (t))
t0
um C
0
-semigrupo de operadores lineares
em X. Se T (t) ´e compacto para t > t
0
, ent˜ao a fun¸ao (t
0
, ) L(X); t T (t) ´e cont´ınua.
O pr´oximo Teorema caracteriza quando um C
0
-semigrupo ´e compacto.
Teorema 1.1.4 [63, Theorem 3.3] Seja (T (t))
t0
um C
0
-semigrupo de operadores lineares
limitados em X e A seu gerador infinitesimal. O semigrupo (T(t))
t0
´e compacto, se e
somente se, a fun¸ao (0, ) L(X); t T (t) ´e cont´ınua e R(λ : A) ´e compacto para todo
λ ρ(A).
Nossos resultados de existˆencia, em alguns casos, ao especialmente aplicados para o
caso em que A ´e o gerador de um semigrupo anal´ıtico. Por isto, introduzimos agora elementos
asicos associados a este tipo de semigrupo.
4 Cap´ıtulo 1. Preliminares
Defini¸ao 1.1.7 Sejam 0 < φ
1
< φ
2
e = {z C : φ
1
arg(z) φ
2
}. Uma fam´ılia de
operadores lineares limitados (T (z))
z
em X ´e um semigrupo anal´ıtico em , se as seguintes
condi¸oes ao verificadas.
(i) A fun¸ao z T (z) ´e anal´ıtica em ;
(ii) T (0) = I
d
e lim
z0
T (z)x = x para todo x X;
(iii) T (z
1
+ z
2
) = T (z
1
)T (z
2
) para todo z
1
, z
2
.
O seguinte resultado ´e um cl´assico Teorema de caracteriza¸ao de semigrupos anal´ıticos.
Teorema 1.1.5 [63, Theorem 5.2 ] Seja (T (t))
t0
um C
0
-semigrupo uniformemente limitado
de operadores lineares, A seu gerador infinitesimal e suponha que 0 ρ(A). Ent˜ao as
seguintes afirma¸oes ao equivalentes:
(a) O semigrupo (T (t))
t0
pode ser estendido a um semigrupo anal´ıtico em um setor
δ
=
{z : |arg(z)| < δ}, δ > 0, tal que (T (z))
z
δ
´e uniformemente limitado em cada
sub-setor
δ
, com δ
< δ.
(b) Existe uma constante C > 0 tal que para cada σ > 0 e todo τ = 0 R(σ + : A) ≤
C
|τ|
.
(c) Existe 0 < δ <
π
2
e M > 0 tal que
ρ(A) Σ
+
= {λ C : 0 < ω < |arg(λ)| π} {0}
e
R(λ : A) ≤
M
|λ|
, λ Σ, λ = 0.
(d) A fun¸ao t T (t) ´e diferen ci´avel em (0, ) e existe C > 0 tal que
AT (t) ≤
C
t
, t > 0.
No que resta deste cap´ıtulo assumiremos que (T (t))
t0
´e um C
0
-semigrupo de oper-
adores lineares e A ´e seu gerador infinitesimal. Para estabelecermos o conceito de potˆencia
fracion´aria de A introduzimos a seguinte condi¸ao.
1.1. Semigrupos de operadores lineares 5
(H) Existem constantes ω e M pos itivas tais que
ρ(A) Σ
+
= {λ C : 0 < ω < |arg(λ)| π} V
e
R(λ : A) ≤
M
1 + |λ|
, λ Σ
+
,
onde V ´e uma vizinhan¸ca do zero
Defini¸ao 1.1.8 Assuma que A verifica a condi¸ao (H). Para α > 0 definimos
A
α
=
1
2πi
C
r
z
α
(A zI)
1
dz
onde C
r
= C
1
C
2
C
3
Σ
+
´e uma curva dada por
C
1
= {ρe
: ρ r},
C
2
= {re
: υ θ υ},
C
3
= {−ρe
: ρ r},
sendo ω < υ < π e r > 0.
Teorema 1.1.6 [63, Lemmas 6.2-6.6 ] As seguintes propriedades ao alidas.
(a) Se α, β 0 ent˜ao A
(α+β)
= A
α
A
β
.
(b) O conjunto {A
α
: α (0, 1)} ´e limitado em L(X).
(c) lim
α0
A
α
x = x para todo x X.
(d) A
α
´e injetora para cada α 0.
Defini¸ao 1.1.9 Suponha que A satisfaz a condi¸ao (H) com ω <
π
2
. Para cada α > 0
definimos A
α
= (A
α
)
1
.
Teorema 1.1.7 [63, Theorem 6.8] Seja A
α
como na Defini¸ao 1.1.9. As seguintes pro-
priedades ao alidas.
(a) A
α
´e um operado r fechado com D(A
α
) = Im(A
α
).
(b) Para α β > 0 temos D(A
α
) D(A
β
).
(c) D(A
α
) = X para ca da α 0.
6 Cap´ıtulo 1. Preliminares
(c) A
α+β
x = A
α
A
β
x para cada x D(A
γ
) onde γ = max{α, β, α + β}.
Teorema 1.1.8 [63, Theorem 6.13 ] Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo
anal´ıtico T (t) e 0 < γ η 1. Se 0 ρ(A) e X
α
´e o espco D(A
α
) munido da norma do
gr´afico, ent˜ao as seguintes propriedades ao verificadas.
(a) X
η
´e um espco de Ban ach, X
η
X
γ
.
(b) Para cada η > 0, a fun¸ao s (A)
η
T (s) ´e cont´ınua sobre (0, ) na topologia uniforme
de operadores, e existe C
η
> 0 tal que (A)
η
T (t) ≤
C
η
t
η
, para todo t > 0.
(c) Para todo t > 0 e todo α > 0, T (t)(X) D(A
α
). Mais ainda, para t 0 e x D(A
α
).
temos que T (t)A
α
x = A
α
T (t)x.
(d) Para cada α (0, 1] existe C
α
> 0 tal que T (t)x x ≤ C
α
t
α
A
α
x , para todo
x D(A
α
) e todo t > 0.
1.2 Operador resolvente para equa¸oes integro-diferenciais
Nosso estudo de existˆencia de solu¸oes para s iste mas neutros do tipo integro-diferencial
ser´a feito fazendo uso da teoria de operadores resolventes. Brevemente, um operador resol-
vente de operadores lineares em X ´e uma fam´ılia a um parˆametro de operadores lineares em
X, que s e relaciona com o sistema integro-diferencial
x
(t) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) ds, t > 0,
x(0) = x
0
X,
de maneira similar como semigrupo de operadores lineares se relaciona com a equa¸ao linear
x
(t) = Ax(t).
Em rela¸ao a teoria de operadores resolventes associados a sistemas integro-diferenciais
citamos, [26] para existˆencia de operadores resolvente; [57] para o estudo de existˆencia e
regularidade das solu¸oes para sistemas integro-diferencias semi-lineares e [25] para resolvente
anal´ıticos entre outros.
Considere o sistema integro-diferencial
x
(t) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds, t (0, a), (1.1)
x(0) = x
0
X. (1.2)
1.2. Operador resolvente para equa¸oes integro-diferenciais 7
Nesta tese sempre assumiremos que A : D(A) X X ´e um operador fechado densamente
definido em X; que cada B(t) : D(B(t)) X X ´e um operador linear fechado em X com
D(B(t)) D(A) e que a seguinte hip´otese ´e verificada.
(H
0
) A : D(A) X X ´e um operador fechado densamente definido em X; que cada
B(t) : D(B(t)) X X ´e um operador linear fechado em X com D(B(t)) D(A),
para todo x D(A) a fun¸ao t B(t)x e fortemente mensur´aveis em (0, ) e existe
b L
1
loc
(R
+
) e β R
+
com b(t)e
βt
L
1
(R
+
) tal que B(t)x ≤ b(t)( x + Ax )
para todo x D(A).
Defini¸ao 1.2.1 Uma familia de operadores lineares (R(t))
t0
em L(X) ´e chamada operador
resolvente associada a (1.1)-(1.2) se as seguintes propriedades ao verificadas:
(a) R(0) = I
d
, a fun¸ao t R(t)x ´e cont´ınua sobre [0, ) para todo x X e R(t)D(A)
D(A) para todo t > 0;
(b) Se x D(A), t AR(t)x ´e cont´ınua sobre [0, ) e a fun¸ao t R(t)x ´e continua-
mente diferenci´avel sobre [0, ) e para todo t 0 e
R
(t)x = AR(t)x +
t
0
B(t ξ)R(ξ)xdξ,
R
(t)x = R(t)Ax +
t
0
R(t ξ)B(ξ)xdξ.
Apresentamos agora algumas propriedades asicas da teoria de operadores resolvente
que ser˜ao usadas em nosso trabalho.
Lema 1.2.1 [26, Lemma 1] Seja (R(t))
t0
uma fam´ılia resolvente associada a (1.1)-(1.2).
Ent˜ao as seguintes propriedades ao alidas.
(1) A fam´ılia resolvente ´e (R(t))
t0
´e ´unica.
(2) Se U(t), t 0, ´e o operador definido por U (t) =
t
0
R(s)ds, ent˜ao U(t)X D(A).
Defini¸ao 1.2.2 [26, Definition 2] O sistema (1.1)-(1.2) ´e chamado de bem posto se as
seguintes condi¸oes ao verificad as.
(a) Para cada x D(A) existe uma ´unica solu¸ao u(·, x) de (1.1)-(1.2).
(b) Se (x
n
)
nN
´e uma seuˆencia em D(A) tal que x
n
0 quando n ent˜ao u(t, x
n
) 0
quando n uniformemente em intervalos limitados de [0, ).
8 Cap´ıtulo 1. Preliminares
A rela¸ao entre a existˆencia de fam´ılia resolvente para (1.1)-(1.2) e do sistema ser bem
posto ´e estabelecida no seguinte resultado.
Teorema 1.2.1 [26, Theorem 4] A equa¸ao (1.1)-(1.2) admite um operador resolvente, se e
somente se, o sistema (1.1)-(1.2) ´e bem posto.
Como no caso de semigrupos lineares, existem resultados de gera¸ao do tipo Hille-Yosida
para operadores resolvente, veja por exemplo, Grimmer & Pr¨uss [26] e Sforza [66]. No pr´oximo
resultado,
B(λ) ´e a transformada de Laplace da fun¸ca˜o t B(t).
Defini¸ao 1.2.3 Uma fam´ılia resolvente (R(t))
t0
associada a (1.1)-(1.2) ´e dita exponen-
cialmente limitada se existem constantes ω
0
e M 1 tais que R(t) ≤ Me
ω
0
t
para todo
t 0.
Teorema 1.2.2 [26, Theorem 8] Assuma que (H
0
) ´e verificada. Ent˜ao existe um operador
resolvente exponencialmente limitado (R(t))
t0
associado a (1.1)-(1.2), se e somente se, as
seguintes condi¸oes ao verificad as.
(a) Existe ω > β e M 1 tal que (λ A
B(λ)) ´e fechado, com dom´ınio D(A);
(b) O operador (λ A
B(λ)) ´e invert´ıvel para Re(λ) > ω; a fun¸ao λ H(λ) =
(λ A
B(λ))
1
´e anal´ıtica e holomorfa sobre L(X) e
1
n!
d
n
n
H(λ) ≤
M
(Re(λ) ω)
n+1
, Re(λ) > ω, n N
0
= N {0}.
Observao 1.2.1 Se (R(t))
t0
´e uma fam´ılia resolvente exponencialmente limitada asso-
ciado a (1.1)-(1.2) e B(t) = 0 para todo t R
+
, ent˜ao (R(t))
t0
´e um C
0
-semigrupo em
X.
Teorema 1.2.3 [26, Theorem 6] Seja (R(t))
t0
uma fam´ılia resolvente associada (1.1)-(1.2)
exponencialmente limitada. Ent˜ao
D(A) = {x X : lim
h0
R(h)x x
h
existe }
e
Ax = lim
h0
R(h)x x
h
, x D(A).
1.2. Operador resolvente para equa¸oes integro-diferenciais 9
Para continuar inclu´ımos alguns resultados relacionados com o problema ao homogˆeneo
x
(t) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) ds + f (t), t (0, a), (1.3)
x(0) = x
0
X. (1.4)
No que segue desta se ¸ao assumiremos que (R(t))
t0
´e uma fam´ılia resolvente para
(1.1)-(1.2).
Defini¸ao 1.2.4 Uma fun¸ao u : [0, a] X ´e chamada solu¸ao cl´assica de (1.3)-(1.4),
se u(·) ´e continuamente diferenci´avel em (0, a), u(t) C((0, a) : [D(A)]) e (1.3)-(1.4) ´e
verificada em [0, a).
Teorema 1.2.4 [26, Theorem 2] Seja x
0
X e f C([0, a] : X). Se u(·) ´e uma solu¸ao
cl´assica de (1.3)-(1.4) ent˜ao
u(t) = R(t)x
0
+
t
0
R(t s)f(s)ds, t [0, a]. (1.5)
Como no caso de semigrupos lineares, a fun¸ao u(·) definida por (1.5) ao ´e em geral
solu¸ao cl´assica de (1.3)-(1.4). Por isso introduzimos os seguintes conceitos.
Defini¸ao 1.2.5 Seja f L
1
([0, a] : X). Dizemos que uma fun¸ao u C([0, a] : X) ´e uma
solu¸ao fraca de (1.3)-(1.4) se
u(t) = R(t)x +
t
0
R(t s)f(s)ds, t [0, a].
Os pr´oximos resultados estabelecem condi¸oes asicas nas quais uma solu¸ao fraca ´e
cl´assica. No que segue [D(A)] ´e o espa¸co D(A) munido da norma do gr´afico.
Teorema 1.2.5 [26, Theorem 8] Seja u
0
D(A). Se a fun¸ao f L
1
([0, a] : [D(A)])
ou f W
1,1
([0, a] : X) ent˜ao a fun¸ao u(·) definida por (1.5) ´e uma solu¸ao cl´assica de
(1.3)-(1.4).
Corol´ario 1.2.1 [26, Corollary 2] Assuma que f C([0, a] : X). A fun¸ao definida por
u(t) =
t
0
R(ts)f (s)ds ´e solu¸ao de (1.3)-(1.4) com u
0
= 0, se uma das seguintes condi¸oes
ao satisfeitas
(i) u C
1
([0, a] : X);
(ii) u C([0, a] : [D(A)]).
Se u ´e uma solu¸ao cl´assica sobre [0, a] ent˜ao u satisfaz as condi¸oes (i) e (ii).
10 Cap´ıtulo 1. Preliminares
1.3 Espa¸cos de fase abstratos e alguns Teoremas
Neste trabalho, o espa¸co de fase B ´e definido de maneira axiom´atica. Especificamente,
B ser´a um espa¸co vetorial formado por fun¸oes definidas de (−∞, 0] em X, munido de uma
seminorma ·
B
e tal que as seguintes propriedades ao verificadas.
(A) Se x : (−∞, σ + b) X, b > 0, ´e cont´ınua sobre [σ, σ + b) e x
σ
B, onde x
σ
(θ) :=
x(σ + θ), ent˜ao para cada t [σ, σ + b), as seguintes propriedades ao alidas:
(i) x
t
B,
(ii) x(t) ≤ H x
t
B
,
(iii) x
t
B
K(t σ) sup{ x(s) : σ s t} + M(t σ) x
σ
B
,
sendo H uma constante pos itiva, K, M : [0, ) [0, ), K(·) cont´ınua, M(·) local-
mente limitada e onde H, K e M ao independentes de x(·).
(A1) Para a fun¸ao x(·) em (A), a fun¸ao t x
t
´e uma fun¸ao cont´ınua de [σ, σ + b) em B.
(B) O espa¸co B ´e completo.
Para t 0 definimos S(t), W (t) : B B por
[S(t)ϕ](θ) =
ϕ(0) se t θ 0,
ϕ(t + θ) se −∞ < θ < t,
(1.6)
[W (t)ϕ](θ) =
R(t + θ)ϕ(0) se t θ 0,
ϕ(t + θ) se −∞ < θ < t.
(1.7)
Dos axiomas do espa¸co B ´e acil deduzir que (S(t))
t0
´e um semigrupo de classe C
0
sobre B.
Para obter alguns dos nossos resultados, precisaremos de algumas propriedades adi-
cionais para o espa¸co de fase B.
(C2) Se (ϕ
n
)
nN
´e uma seq¨uˆencia uniformemente limitada em C
00
(X)) e assuma que ϕ
n
ϕ
uniformemente em compactos. Ent˜ao ϕ B e ϕ
n
ϕ
B
0, quando n .
(C3) Seja x : (−∞, σ+b] X cont´ınua, com x
σ
= 0 e tal que derivada a direita x
(σ
+
) existe.
Seja ψ : (−∞, 0] X a fun¸ao definida por ψ(θ) = 0 para θ < 0 e ψ(0) = x
(σ
+
). Se
ψ B ent˜ao
1
h
x
σ+h
ψ
B
0 quando h 0.
Espa¸cos de fase abstratos e alguns Teoremas 11
Para detalhes relacionados com os axiomas (C2), (C3) veja [33, 49]. Como comple-
mento, apresentamos alguns exemplo de espa¸cos de fases.
Exemplo 1.3.1 O espa¸co C
g
(·).
Seja g : (−∞, 0] [0, ) uma fun¸ao positiva, cont´ınua, com g(0) = 1, e tal que as
seguintes condi¸oes ao verificad as.
(g-1) A fun¸ao γ(t) := sup
−∞≤−t
g(t + θ)
g(θ)
´e localmente limitada para t 0.
(g-2) g(θ) quando θ −∞.
Definimos por C
0
g
o espco formado pelas fun¸oes cont´ınuas ϕ : (−∞, 0] X tais que
ϕ(θ)
g(θ)
0 quando θ −∞. Consideraremos C
0
g
munido com a norma
ϕ
g
:= sup
−∞≤−t
ϕ(θ)
g(θ)
.
Nessas condi¸oes, o par (C
0
g
, ·
g
) ´e um espco de fase que verifica os axiomas A, A
1
e B.
Exemplo 1.3.2 O espa¸co C
r
× L
2
(ρ , X).
Seja ρ : [0, ) R positiva, cont´ınua, decrescente, com ρ(0) = 1 e tal que ρ(t) 0
quando t . Seja B = C
r
× L
2
(ρ , X) o espco formado pelas fun¸oes ϕ : (−∞, 0] X
tais que ρ ϕ
2
´e Lebesgue integr´avel sobre (−∞, r] e ϕ|
[r,0]
C([r, 0]; X). Sobre o espco
C
r
× L
2
(ρ , X) consideramos a semi-norma ·
B
definida por
ϕ
B
:=
r
−∞
ρ(θ) ϕ(θ)
2
1/2
+ sup
θ[r,0]
ϕ(θ) .
Assumamos adicionalmente que existe uma fun¸ao integr´avel e localmente limitada
γ : (−∞, r] [1, ) tal que ρ(ξ + θ) γ(ξ) ρ(θ), para todo ξ 0 e todo θ (−∞, r] \N
ξ
sendo N
ξ
(−∞, r] um conjunto de medida zero. Nessas condi¸oes, o par (B, ·
B
) ´e um
espco de fase que verifica os axiomas A, A
1
e B. Mais ainda, no caso r = 0, p = 2 temos
que M(t) = γ(t)
1
2
e que K(t) = 1 +
0
t
ρ(τ)
1
2
para todo t 0.
Nossos resultados sobre existˆencia de solu¸oes ao obtidos usando Teoremas de ponto
fixo. Assim para facilitar a leitura deste trabalho considere os seguintes resultados.
Teorema 1.3.1 [59, Corollary 4.3.2] Seja D um subconjunto convexo, limitado e fechado de
um espco de Banach Z. Se B, C : D Z ao fun¸oes cont´ınuas tais que:
12 Cap´ıtulo 1. Preliminares
(a) Bz + Cz D para todo z Z;
(b) C(D) ´e compacto;
(c) Existe 0 γ < 1 tal que Bz Bw ≤ γ z w para todo z, w D,
ent˜ao existe u D tal que Bu + Cu = u.
Observao 1.3.1 Se um operador L : D C, pode ser escrito da forma L = B + C, onde
B, C est˜ao nas condi¸oes do Teorema 1.3.1, ent˜ao L ´e dito operador condensante.
Teorema 1.3.2 [23, Theorem 6.5.4] ( Leray Schauder Alternative ) Seja D um subconjunto
convexo fechado de um espco de Banach Z e assuma que 0 D. Se F : D D uma
aplicao completamente cont´ınua, ent˜ao o conjunto {x D : x = λF (x), 0 < λ < 1} ´e ao
limitado ou F possui um ponto fixo em D.
Para finalizar este cap´ıtulo, consideramos o seguinte crit´erio de valor edio para a
integral de Bochner o qual ser´a usado frequentemente neste trabalho. No que segue deste
trabalho co{A} representa a envolt´oria convexa do conjunto A.
Teorema 1.3.3 [59, Lemma 1.3] Seja Z um espco de Banach e f : [α, β] Z uma fun¸ao
integr´avel. Ent˜ao
1
β α
β
α
f(τ) co{f(τ) : τ [α, β]}.
Cap´ıtulo 2
Existˆencia e regularidade de
solu¸oes para uma equa¸ao
integro-diferencial do tipo neutra
Resumo
Neste cap´ıtulo usaremos a teoria de operadores resolventes para estudar a existˆencia de
solu¸oes fracas, semi-cl´assicas e cl´assicas para o sistema integro-diferencial do tipo neutro
d
dt
D (t, x
t
) = AD (t, x
t
) +
t
0
B(t s)D(s, x
s
)ds + g(t, x
t
), t (0, a), (2.1)
x
0
= ϕ B, (2.2)
onde A : D(A) X X, B(t) : D(B(t)) X X t 0 ao operadores fechados em X
com D(B(t)) D(A) para todo t 0; B ´e um espa¸co de fase definido de maneira axiom´atica;
B ´e aberto; D(t, ϕ) = ϕ(0) + f (t, ϕ) e f, g : [0, a] × X ao fun¸oes apropriadas.
2.1 Existˆencia de solu¸oes fracas
Neste cap´ıtulo assumiremos que (R(t))
t0
´e uma fam´ılia resolvente para (1.1)-(1.2).
Assumiremos tamb´em que M > 0 ´e tal que R(t) ≤ M para todo t [0, a]. No que
segue B ´e um espa¸co de fase abstrato que verifica os axiomas (A), (A1) e (B) do Cap´ıtulo
1 e H, K(·), M(·) ao como no axioma (A). Adicionalmente, para uma fun¸ao limitada ξ :
14 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
[0, b] [0, ) e t [0, b], usaremos a nota¸ao ξ
t
para ξ
t
= sup{ξ(s) : s [0, t]}. Para
um espa¸co de Banach (Z, ·
Z
) e uma fun¸ao cont´ınua η : [0, b] Z usaremos a nota¸ao
η(θ)
t
= sup{ η(θ) : θ [0, t]}. Por B
r
(x, Z) denotaremos a bola fechada de centro em x
e raio r no espa¸co Z e por B
r
(ψ, B) denotaremos a bola de centro em ψ e raio r no espa¸co
de fase B.
Come¸camos introduzindo o conceito de solu¸ao fraca para o sistema (2.1)-(2.2).
Defini¸ao 2.1.1 Uma fun¸ao x : (−∞, b] X ´e chamada de solu¸ao fraca de (2.1)-(2.2)
sobre [0, b], 0 < b a, se x C([0, b] : X); x
0
= ϕ e
x(t) = R(t)(ϕ(0) + f(0, ϕ)) f(t, x
t
) +
t
0
R(t s)g(s, x
s
)ds, t [0, b]. (2.3)
Observao 2.1.1 No que segue, y : (−∞, a] X ´e a fun¸ao definida por
y(t) =
R(t)ϕ(0) se 0 t a,
ϕ(t) se −∞ < t < 0.
(2.4)
Agora es tamos em condi¸oes de estabelecer nosso primeiro resultado de existˆencia de
solu¸oes fracas, para isto usaremos o cl´assico Princ´ıpio da Contra¸ao.
Teorema 2.1.1 Suponha que as fun¸oes f, g : [0, a] × X ao cont´ınuas e que existem
constantes positivas L
f
, L
g
tais que
f(t, ψ
1
) f(t, ψ
2
) L
f
ψ
1
ψ
2
B
,
g(t, ψ
1
) g(t, ψ
2
) L
g
ψ
1
ψ
2
B
,
para todo t [0, a] e todo ψ
1
, ψ
2
.
Se K(0)L
f
< 1, ent˜ao existe uma ´unica solu¸ao fraca do problema (2.1)-(2.2) sobre
[0, b] para algum 0 < b a.
Demonstra¸ao: Usando que f e g ao cont´ınuas, fixamos constantes b
ϕ
, r
1
, C
f
e C
g
tais que
B
r
1
(ϕ, B) e f(t, ψ) ≤ C
f
, g(t, ψ) ≤ C
g
, para todo 0 t b
ϕ
e todo ψ B
r
1
(ϕ, B).
Seja y(·) a fun¸ao introduzida em (2.4). Pelo axioma (A1), a fun¸ao t y
t
´e cont´ınua
em [0, b
ϕ
], assim podemos fixar ρ > 0 e 0 < b
1
< b
ϕ
tais que
µ = L
f
K
b
1
< 1, (2.5)
K
b
1
ρ + sup
t[0,b
1
]
y
t
ϕ
B
< r
1
. (2.6)
2.1. Existˆencia de solu¸oes fracas 15
Fixemos agora 0 < b b
1
tal que as seguintes desigualdades sejam verifidas.
(R(θ) I)f(0, ϕ)
b
(1 µ)ρ
3
, (2.7)
f(θ, y
θ
) f(0, ϕ)
b
(1 µ)ρ
3
, (2.8)
MbC
g
(1 µ)ρ
3
, (2.9)
K
b
(L
f
+ ML
g
b) < 1. (2.10)
Sobre o espa¸co
S(b) = {u : (−∞, b] X : u|
[0,b]
C([0, b], X), u
0
= 0, u(θ)
b
ρ},
munido com a norma da convergˆencia uniforme, definimos o operador Γ : S(b) C([0, b] : X)
por
Γx(t) = R(t)f(0, ϕ) f(t, x
t
+ y
t
) +
t
0
R(t s)g(s, x
s
+ y
s
)ds.
No que segue, mostraremos que Γ ´e uma contra¸ao de S(b) em S(b).
´
E claro que para
x S(b), Γx ´e cont´ınua em [0, b]. Por outro lado, se x S(b), de (2.6) temos que
x
t
+ y
t
ϕ
B
x
t
B
+ y
t
ϕ
B
K
b
1
ρ + sup
t[0,b
1
]
y
t
ϕ
B
< r
1
,
o que mostra que x
t
+y
t
B
r
1
(ϕ, B) para todo t [0, b]. Assim temos que f (t, x
t
+y
t
) < C
f
e g(t, x
t
+ y
t
) < C
g
para todo t [0, b] e todo x S(b). Logo para x S(b) e t [0, a]
vemos que
Γx(t) R(t)f(0, ϕ) f(0, ϕ) + f(t, x
t
+ y
t
) f(t, y
t
)
+ f(t, y
t
) f(0, ϕ) +
t
0
R(t s)g(s, x
s
+ y
s
)ds
(1 µ)ρ
3
+ L
f
x
t
B
+
(1 µ)ρ
3
+ MbC
g
(1 µ)ρ
3
+ L
f
K
b
x(θ)
b
+
(1 µ)ρ
3
+
(1 µ)ρ
3
= (1 µ)ρ + µρ = ρ,
o que prova que Γx S(b) e ent˜ao que Γ(S(b)) S(b). Mais ainda se u, v S(b), tem-se que
Γu(t) Γv(t) f(t, u
t
+ y
t
) f(t, v
t
+ y
t
)
+
t
0
M g(s, u
s
+ y
s
) g(s, v
s
+ y
s
) ds
L
f
u
t
v
t
B
+L
g
M
t
0
u
s
v
s
B
ds
K
b
(L
f
+ L
g
Mb) u(θ) v(θ)
b
,
16 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
o que prova que Γu(θ) Γv(θ)
b
< K
b
(L
f
+ L
g
Mb) u(θ) v(θ)
b
. Portanto, Γ ´e uma
contra¸ao de S(b) em S(b) por (2.10). Do princ´ıpio da Contra¸ao, existe um ´unico ponto fixo
x X de Γ.
´
E claro que u = x + y ´e a ´unica solu¸ao fraca de (2.1)-(2.2). Assim a prova do
Teorema est´a completa.
Para mostrar nossos pr´oximos resultados de existˆencia de solu¸oes fracas, ´e neces s´ario
considerar o seguinte lema que estabelece condi¸oes nas quais um certo operador do tipo
convolu¸ao ´e completamente cont´ınuo.
Lema 2.1.1 Sejam (Z
i
, ·
Z
i
), i = 1, 2, 3, espcos de Banach, β > 0; (C(t))
t[0]
uma
fam´ılia de operadores em L(Z
2
, Z
3
) e f : [0, β] ×Z
1
Z
2
. Assuma que as seguintes condi¸oes
ao verificadas
(a) Para cada x Z
2
, a fun¸ao t C(t)x ´e cont´ınua sobre (0, β] e existe J L
1
([0, β] : R
+
)
tal que C(t)
L(Z
2
,Z
3
)
J(t) para todo t [0, β];
(b) A fun¸ao f(·, x) ´e fortemente mensur´avel sobre [0, β] para cada x Z
1
e a fun¸ao
f(s, ·) : Z
1
Z
2
´e cont´ınua para todo s [0, β];
(c) Existe uma fun¸ao cont´ınua m : [0, ) [0, ) e uma fun¸ao cont´ınua e ao de-
crescente : [0, ) (0, ) tal que f(t, x)
Z
2
m(t)Ω( x
Z
1
) para todo
(t, x) [0, β] × Z
1
.
Seja Γ : C([0, β] : Z
1
) C([0, β], Z
3
) o operador definido por
Γx(t) =
t
0
C(t s)f (s, x(s))ds.
Ent˜ao Γ ´e cont´ınua. Mais ainda, se alguma das seguintes condi¸oes ´e verificada,
(i) A fun¸ao f(·) ´e completamente cont´ınua;
(ii) A fun¸ao t C(t) ´e cont´ınua em L(Z
2
, Z
3
) sobre (0, β] e para cada t (0, β] e r > 0
o conjunto {C(t)f(s, x(s)) : s [0, β], x B
r
(0, Z
1
)} ´e relativamente co mpacto em Z
3
,
ent˜ao Γ ´e um operador completamente cont´ınuo.
Demonstra¸ao: Usando (a), (b) e (c) ´e acil ver que Γx C([0, β] : Z
3
) se x C([0, β] :
Z
1
). Para mostrar que Γ ´e cont´ınua, fixemos uma seq¨encia (u
n
)
nN
em C([0, β] : Z
1
) e
2.1. Existˆencia de solu¸oes fracas 17
u C([0, β] : Z
1
) tal que u
n
u quando n .
´
E obvio que f(s, u
n
(s)) f(s, u(s)) q.t.p.
sobre [0, β]. Isto junto a estimativa
C(t s)f (s, u
n
(s))
Z
3
J(t s)m(s)W ( u
n
(s)
Z
1
) J(t s)m(s)W (L),
onde L sup
s[0],nN
u
n
(s)
Z
1
, e o Teorema da convergˆencia dominada, nos permite concluir
que Γ ´e cont´ınua.
Para mostrar que Γ ´e um operador compacto usaremos o cl´assico Teorema de Ascoli-
Arzela. Para isto, fixamos B
r
= B
r
(0, C([0, β] : Z
1
)), r > 0. No que segue estudamos
separadamente a equicontinuidade de ΓB
r
e a pre-compacidade do conjunto ΓB
r
(t) = {Γx(t) :
x B
r
}.
Suponha inicialmente que (i) ´e verificada. Mostraremos que Γ(B
r
)(t) ´e relativamente
compacto para todo t [0, β]. Sejam 0 < < t β. Como a fun¸ao s C(s) ´e fortemente
cont´ınua sobre [0, β], segue que o cojunto W = {C(s)y : s [, β], y f ([0, β] × B
r
)} ´e
relativamente compacto em Z
3
. Usando agora o Teorema 1.3.3, vemos que para x B
r
Γx(t) =
0
C(s)f (t s, x(t s))ds +
t
C(s)f (t s, x(t s))ds
C
+ (t )co(W ),
onde diam(C
) W (r)
0
J(s)m(t s)ds. Isto prova que {Γx(t) : x B
r
} ´e totalmente
limitado em Z
3
e portanto relativamente compacto. Como ΓB
r
(0) = {0}, deduzimos que a
propriedade ´e alida para todo t [0, β].
Mostraremos agora que ΓB
r
´e equicont´ınuo sobre [0, β]. Seja t (0, β] e fixemos 0 <
< t. Usando que U = {f(s, y) : (s, y) [0, β] × B
r
} ´e relativamente compacto em Z
2
, e que
s C(s)x ´e cont´ınua sobre [, β] para todo x Z
2
, segue que o conjunto de fun¸oes {s
C(s)x : x U } ´e equicont´ınuo sobre [, β]. Assim, existe δ > 0 tal que C(s)x C(s
)x
Z
3
<
, para todo s, s
[, β] e todo x U tal que | s s
|< δ. Nestas condi¸oes, para x B
r
e
0 < h < δ obtemos que
Γx(t + h) Γx(t)
Z
3
t
0
C(t + h s) C(t s)f(s, x(s))
Z
2
ds
+
t
t
C(t + h s) C(t s)
L(Z
2
,Z
3
)
f(s, x(s))
Z
2
ds
+
t+h
t
C(t + h s)
L(Z
2
,Z
3
)
f(s, x(s))
Z
2
ds
W (r)
t
0
m(s)ds +
t
t
(J(t + h s) + J(t s)) m(s)ds
+W (r)
t+h
t
J(t + h s)m(s)ds,
18 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
o que nos permite concluir que ΓB
r
´e equicont´ınuo a direita em t (0, β]. Procedendo de
forma similar podemos mostrar a equicontinuidade em t = 0 e a equicontinuidade a esquerda
em t (0, β]. Portanto, ΓB
r
´e equicont´ınuo sobre [0, β]. Segue dos passos anteriores que Γ ´e
completamente cont´ınuo quando (i) ´e alido.
Suponha alida a condi¸ao (ii). Mostraremos para come¸car que o conjunto ΓB
r
(t) ´e
relativamente compacto. Sejam t (0, β] e 0 < < t. Como t C(t) ´e cont´ınua sobre
[, β], existem pontos = t
1
< t
2
< ... < t
n+1
= t, tais que C(s) C(s
)
L(Z
2
,Z
3
)
se
s, s
[t
i
, t
i+1
] para algum i = 1, 2, . . . , n. Nessas condi¸oes, do Teorema do valor medio para
a integral de Bochner, veja Teorema 1.3.3, para x B
r
vemos que
Γx(t) =
t
C(s)f (t s, x(t s))ds +
0
C(s)f (t s, x(t s))ds
=
n
i=1
t
i+1
t
i
(C(s) C(t
i
))f(t s, x(t s))ds +
n
i=1
t
i+1
t
i
C(t
i
)f(t s, x(t s))ds
+
0
C(s)f (t s, x(t s))ds
n
i=1
C
i
+
n
i=1
(t
i+1
t
i
)co({C(t
i
)f(ξ, y) : ξ [0, β], y B
r
(0, Z
1
)}) + B
onde diam(C
i
) W (r)
β
0
m(t s)ds e diam(B
) W (r)
0
J(s)m(t s)ds. Isto nos
permite concluir que Γ(B
r
)(t) ´e totalmente limitado em Z
3
e como conseq¨uˆencia que ΓB
r
(t)
´e relativamente compacto em Z
3
para todo t [0, β], pois ΓB
r
(0) = {0}.
Vejamos agora que ΓB
r
´e equicontinuo sobre [0, β]. Seja t (0, β). Como a fun¸ao
s C(s) ´e cont´ınua sobre [, β], existe δ > 0 tal que C(s) C(s
)
L(Z
2
,Z
3
)
< , para todo
s, s
[, β] quando | s s
|< δ. Usando isto, para x B
r
e 0 < h < δ com t + h (0, β)
vemos que
Γx(t + h) Γx(t)
Z
3
t
0
C(t + h s) C(t s)
L(Z
2
,Z
3
)
f(s, x(s))
Z
2
ds
+
t
t
C(t + h s) C(t s)
L(Z
2
,Z
3
)
f(s, x(s))
Z
2
ds
+
t+h
t
C(t + h s)
L(Z
2
,Z
3
)
f(s, x(s))
Z
2
ds
W (r)
t
0
m(s)ds +
t
t
(J(t + h s) + J(t s))m(s)ds
+W (r)
t+h
t
J(t + h s)m(s)ds,
o que permite concluir que ΓB
r
´e equicont´ınuo a direita em t (0, β). Usando um argumento
similar podemos mostrar a equicontinuidade em t = 0 e a equicontinuidade a esquerda em
2.1. Existˆencia de solu¸oes fracas 19
t (0, β]. Portanto, ΓB
r
´e equicont´ınuo. Segue do anterior que se (ii ) ´e alido, ent˜ao Γ ´e
completamente cont´ınuo. Agora a prova est´a completa.
Para mostrar nossos pr´oximos Teoremas introduzimos a seguinte hip´otese sobre a fun¸ao
g(·).
(H
g
) A fun¸ao g : [0, a] × B X satisfaz as seguintes condi¸oes.
(i) A fun¸ao g(t, ·) : B X ´e cont´ınua para cada t [0, a];
(ii) Para cada x X, a fun¸ao g(·, x) : [0, a] X ´e fortemente mensur´avel;
(iii) Existe uma fun¸ao cont´ınua m
g
: [0, a] [0, ) e uma fun¸ao cont´ınua ao
decrescente
g
: [0, ) (0, ) tal que
g(t, ψ) m
g
(t)Ω
g
( ψ
B
), (t, ψ) [0, a] × B.
Para a prova do noss o pr´oximo resultado usaremos o Teorema 1.3.1.
Teorema 2.1.2 Suponha que a hip´otese (H
g
) ´e alida e que as seguintes condi¸oes ao
verificadas
(a) A fun¸ao f : [0, a] × X ´e cont´ınua e existe L
f
> 0 tal que
f(t, ψ
1
) f(t, ψ
2
) L
f
ψ
1
ψ
2
B
,
para todo t [0, a] e todo ψ
1
, ψ
2
Ω;
(b) Existe uma constante r
ϕ
> 0, tal que para cada t [0, a] existe um compacto W
t
X
tal que R(t)g(s, ψ) W
t
para todo ψ B
r(ϕ)
(ϕ, B) e todo s [0, a].
Se K(0)L
f
< 1, ent˜ao existe uma solu¸ao fraca do problema (2.1)-(2.2) sobre [0, b] para
algum 0 < b a.
Demonstra¸ao: Sejam S(b), ρ, r e Γ(·) como na prova do Teorema 2.1.1. Sem perda de
generalidade assumiremos que r < r
ϕ
. Considere a decomposi¸ao Γ = Γ
1
+ Γ
2
, onde
Γ
1
x(t) = R(t)f(0, ϕ) f(t, x
t
+ y
t
),
Γ
2
x(t) =
t
0
R(t s)g(s, x
s
+ y
s
)ds.
Da prova do Teorema 2.1.1 sabemos que Γ
1
´e uma contra¸ao de S(b) em S(b). Pelo
Lema 2.1.1, deduzimos que Γ
2
´e completamente cont´ınuo de S(b) em S(b). Assim, Γ ´e um
20 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
operador condensante o que pelo Teorema 1.3.1 p e rmite concluir que Γ possui um ponto fixo
x S(b).
´
E claro que u = x + y ´e solu¸ao fraca de (2.1)-(2.2). A prova est´a completa.
Para a demostra¸ao do nosso pr´oximo Teorema introduzimos a seguinte hip´otese sobre
a fun¸ao f(·).
(H
f
) A fun¸ao f : [0, a] × B X ´e completamente cont´ınua e existem constantes c
1
, c
2
> 0
tais que
f(t, ψ) c
1
ψ
B
+c
2
, (t, ψ) [0, a] × B.
Seja y(·) a fun¸ao definida em (2.4) e S(a) = {x : (−∞, a] X : x
0
= 0, x|
[0,a]
C([0, a] : X)} munido com a norma da convergˆencia uniforme. Para todo Q S(a)
limitado, o conjunto de fun¸oes {t f(t, x
t
+ y
t
) : x Q} ´e equicont´ınuo sobre [0, a].
Teorema 2.1.3 Suponha que as hip´otese (H
f
), (H
g
) e a condi¸ao (b) do Teorema 2.1.2 ao
verificadas. Assuma tamb´em que
MK
a
µ
t
0
m
g
(s)ds <
C
µ
ds
g
(s)
, (2.11)
onde C = ((M
a
+ K
a
MH) + Mc
1
K
a
) ϕ
B
+(M + 1)c
2
K
a
e µ = 1 K
a
c
1
> 0. Ent˜ao
existe uma solu¸ao fraca do problema (2.1)-(2.2) sobre [0, a].
Demonstra¸ao: Sobre o espa¸co S(a) definimos o operador Γ : S(a) S(a) por
Γx(t) =
0, se t < 0,
R(t)f(0, ϕ) f(t, x
t
+ y
t
) +
t
0
R(t s)g(s, x
s
+ y
s
)ds, se 0 t a.
(2.12)
Para mostrar nosso resultado, usaremos o Teorema 1.3.2. Inicialmente, obtemos estimativas
a priori para as solu¸oes da equa¸ao integral x = λΓx, λ (0, 1). Seja x
λ
uma solu¸ao de
x = λΓx. Usando a nota¸ao v
λ
(s) = (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
+K
a
x
λ
(θ)
s
, dos axiomas do
espa¸co de fase segue que
x
λ
(t) R(t)f(0, ϕ) + f (t, x
λ
t
+ y
λ
t
) +
t
0
R(t s)g(s, x
λ
s
+ y
λ
s
)ds
M (c
1
ϕ
B
+c
2
) + (c
1
x
λ
t
+ y
λ
t
B
+c
2
) +
t
0
Mm
g
(s)Ω
g
( x
λ
s
+ y
λ
s
B
)ds
(M c
1
ϕ
B
+(M + 1)c
2
) + c
1
x
λ
t
+ y
λ
t
B
+
t
0
Mm
g
(s)Ω
g
( x
λ
s
+ y
λ
s
B
)ds
(M c
1
ϕ
B
+(M + 1)c
2
) + c
1
v
λ
(t) +
t
0
Mm
g
(s)Ω
g
(v
λ
(s))ds.
2.1. Existˆencia de solu¸oes fracas 21
Da defini¸ao de v
λ
temos agora que
v
λ
(t) (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
+K
a
x
λ
(θ)
s
((M
a
+ K
a
MH) + Mc
1
K
a
) ϕ
B
+(M + 1)c
2
K
a
+ K
a
c
1
v
λ
(t)
+MK
a
t
0
m
g
(s)Ω
g
(v
λ
(s))ds,
e portanto
v
λ
(t)
C
µ
+
MK
a
µ
t
0
m
g
(s)Ω
g
(v
λ
(s))ds.
Seja β
λ
(t) o lado direito da desigualdade anterior. Derivando β
λ
temos que
β
λ
(t)
MK
a
µ
m
g
(t)Ω
g
(β
λ
(t)),
e assim que
β
λ
(t)
g
(β
λ
(t))
MK
a
µ
m
g
(t).
Portanto,
β
λ
(t)
β
λ
(0)
ds
g
(s)
MK
a
µ
t
0
m
g
(s)ds <
C
µ
ds
g
(s)
, t [0, a].
Da ´ultima desigualdade e de (2.11), podemos concluir que o conjunto {β
λ
(t) : t [0, a]; λ
(0, 1)} ´e limitado o que mostra que o conjunto {x
λ
(·) : λ (0, 1)} ´e limitado em S(a).
Para mostrar que Γ ´e um operador completamente cont´ınuo, introduzimos a decom-
posi¸ao Γ = Γ
1
+ Γ
2
, onde
i
x)
0
= 0, i = 1, 2, e
Γ
1
x(t) = R(t)f(0, ϕ) f(t, x
t
+ y
t
), t [0, a], (2.13)
Γ
2
x(t) =
t
0
R(t s)g(s, x
s
+ y
s
)ds, t [0, a]. (2.14)
Devido as propriedades do operador resolvente e as hip´oteses (H
f
) e (H
g
) temos que
Γ
1
e Γ
2
ao bem definidas e assumem valores em S(a). Mais adiante, das propriedades de f
e do Le ma 2.1.1 segue que os operadores Γ
i
, i = 1, 2, ao compactos . Assim, para completar
a prova, ´e suficiente mostrar que cada Γ
i
, i = 1, 2, ´e cont´ınuo. Sejam (u
n
)
nN
uma seq¨uˆencia
em S(a) e u S(a) tais que u
n
u em S(a). Dos axiomas do espa¸co de fase, deduzimos
que o c onjunto U = {u
n
s
, u
s
: s [0, a], n N} ´e relativamente compacto em B. Como f
´e uniformemente cont´ınua sobre U, segue que f(s, u
n
s
) f(s, u
s
) uniformemente sobre [0, a]
quando n , o que mostra que Γ
1
´e cont´ınua.
22 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
Para provar a continuidade de Γ
2
, fixamos r > 0 tal que u
n
s
B
r para todo n N
e todo s [0, a]. Como g(s, x
s
) ≤ m
g
(s)Ω
g
(r + sup
s[0,a]
y
s
B
), podemos deduzir a
continuidade de Γ
2
a partir do Teorema da convergˆencia dominada de Lebesgue.
Como conseq¨uˆe ncia do anterior, obtemos que Γ ´e um operador completamente cont´ınuo
sobre S(a) e do Teorema 1.3.2, que Γ possui um ponto fixo x S(a). Agora a prova do
resultado est´a completa pois u = x + y ´e uma solu¸ao fraca de (2.1)-(2.2).
2.2 Resultados de regularidade
Nesta se¸ao estudaremos a regularidade das solu¸oes fracas de (2.1)-(2.2) obtidas na
se¸ao anteior. Para isto assumiremos que (R(t))
t0
´e um operador resolvente exponencial-
mente limitado para (1.1)-(1.2). Por simplicidade, no que segue assumiremos que = B.
2.2.1 Existˆencia de solu¸ao semi-cl´assica
Para come¸car, introduzimos o seguinte conceito se solu¸ao.
Defini¸ao 2.2.1 Uma fun¸ao u : (−∞, b) X ´e uma solu¸ao semi-cl´assica de (2.1)-(2.2)
se u
0
= ϕ; as fun¸oes u(·) e t f(t, u
t
) ao fun¸oes em W
1,1
([0, b] : X); a fun¸ao t
u(t) + f(t, u
t
) C([0, b) : D(A)) C
1
((0, b) : X) e (2.1) ´e satisfeita em [0, b).
Para provar nosso primeiro resultado de regularidade precisamos de algumas prelim-
inares. No pr´oximo Lema, W (·) e S(·) ao as fam´ılias de op eradores definidas em (1.6) e (1.7)
respectivamente. Como antes, y : (−∞, a] X ´e a fun¸ao introduzida em (2.4).
Lema 2.2.1 Se as fun¸oes R(·)ϕ(0) e S(·)ϕ ao Lipschitz em [0, a], ent˜ao a fun¸ao s y
s
tamb´em ´e Lipshitz em [0, a].
Demonstra¸ao:
´
E obvio que y
t
= W (t)ϕ para t 0. Se s [0, a] e h > 0 ao tais que
s + h [0, a], enao
y
s+h
y
s
B
M
a
y
h
ϕ
B
+ y(θ + h) y(θ)
a
M
a
W (h)ϕ S(h)ϕ
B
+M
a
S(h)ϕ ϕ
B
+C
1
h
M
a
K
a
R(θ)ϕ(0) ϕ(0)
h
+C
2
h
C
3
h,
Existˆencia de solu¸c˜ao semi-cl´assica 23
onde as constantes C
i
, i = 1, 2, 3 ao independentes de t e h. Isto prova que s y
s
´e Lipschitz
sobre [0, a].
Lema 2.2.2 Assuma que as condi¸oes do Lema 2.2.1 ao verificadas. Suponha tamb´em que
a fun¸ao t R(t)f (0, ϕ) ´e Lipschitz em [0, a] e que existem constantes L
f
, L
g
> 0 tais que
f(t, ψ
1
) f(s, ψ
2
) L
f
(| t s | + ψ
1
ψ
2
B
),
g(t, ψ
1
) g(s, ψ
2
) L
g
(| t s | + ψ
1
ψ
2
B
),
para todo 0 s, t a e todo ψ
1
, ψ
2
B. Se x(·) ´e uma solu¸ao fraca de (2.1)-(2.2) sobre
[0, b], 0 < b a, e K
b
L
f
< 1, ent˜ao as fun¸oes x(·) e s x
s
ao Lipschitz sobre [0, b].
Demonstra¸ao: Considere a desomposi¸ao x(t) = y(t) + z(t) onde y ´e a fun¸ao introduzida
em (2.4). Para come¸car vejamos que z(·) ´e Lipschitz sobre [0, b]. Usando que as fun¸oes y(·)
e t y
t
ao Lipschitz, veja Lema 2.2.1, para t [0, b] e h > 0 tais que t + h [0, b] temos
que
z(t + h) z(t) R(t + h)f (0, ϕ) R(t)f(0, ϕ)
+ f(t + h, y
t+h
+ z
t+h
) f(t, y
t
+ z
t
)
+
t
0
R(t s)  g(s + h, y
s+h
+ z
s+h
) g(s, y
s
+ z
s
) ds
+
h
0
R(t + h s)  g(s, x
s
) ds
C
1
h + L
f
(h+ y
t+h
+ z
t+h
y
t
z
t
B
)
+M
t
0
L
g
(h+ y
s+h
+ z
s+h
y
s
z
s
B
)ds + M g(θ, x
θ
)
b
h
C
2
h + L
f
z
t+h
z
t
B
+ML
g
t
0
z
s+h
z
s
B
ds
C
2
h + M
b
L
f
z
h
B
+K
b
L
f
z(θ + h) z(θ)
t
+ML
g
M
b
z
h
B
+ML
g
K
b
t
0
z(θ + h) z(θ)
s
ds,
onde C
i
, i = 1, 2 ao constantes independentes de t e h. Tomando supremo em [0, t] e usando
que K
b
L
f
< 1, vemos que existem constantes C
i
, i = 3, 4, 5, independentes de t e h tais que
z(θ + h) z(θ)
t
C
3
h + C
4
z(θ)
h
+C
5
t
0
z(θ + h) z(θ)
s
ds. (2.15)
24 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
Estudaremos agora o termo z(θ)
h
. Veja que para s [0, h],
z(s) R(s)f(0, ϕ) f(0, ϕ) + f(0, ϕ) f (s, y
s
+ z
s
)
+
s
0
R(s τ)g(τ, y
τ
+ z
τ
)
C
6
h + L
f
y
s
ϕ
B
+L
f
z
s
B
+M g(θ, y
θ
+ z
θ
)
b
h
C
7
h + L
f
z
s
B
C
7
h + L
f
K
b
z(θ)
s
,
de onde conclu´ımos a existˆencia de C
8
> 0 independente de t e h tal que
z(θ)
h
C
8
h, (2.16)
pois L
f
K
b
< 1. O que da des igualdade de Gronwall nos permite concluir que z(·) ´e Lipschitz
sobre [0, b] e como consequˆencia que x(·) ´e Lipschitz sobre [0, b]. Finalmente da desigualdade
x
t+h
x
t
B
≤ y
t+h
y
t
B
+K
a
z(θ + h) z(θ)
t
+M
a
K
a
z(θ)
h
, (2.17)
e de (2.16) obtemos que t x
t
´e Lipschitz. A prova est´a completa.
Nosso primeiro resultado de regularidade ser´a obtido ass umindo que X possui a pro-
priedade de Radon-Nikoym. Para isto, dado um intervalo J R e um espa¸co de Banach Z,
definimos por W
1,1
(J : Z) o seguinte espa¸co de fun¸oes.
W
1,1
(J : Z) = {f L
1
(J, Z) e f(s) = f (s
0
) +
s
s
0
g(s)ds, para algum s
0
J e g L
1
(J, Z)}.
Defini¸ao 2.2.2 Um espco de Banach Z tem a propriedade de Radon-Nikoym com respeito
a um espco de medida finita (Ω, Σ, µ), se para cada medida vetorial µ-cont´ınua de varia¸ao
limitada G : Σ Z existe g L
1
(µ : Z) tal que G(E) =
E
g para todo E Σ. Dizemos
que Z possui a propriedade de Radon-Nikoym, no que segue (RNP) se Z tem a propriedade
de Radon-Nikoym com respeito a todo espco de medida finita.
Lema 2.2.3 [20] Se Z e um espco Banach que possui a (RNP) e w : [0, a] X ´e uma
fun¸ao Lipchitz, ent˜ao w W
1,1
([0, a] : X).
Teorema 2.2.1 Suponha que X possui a (RNP). Assuma tamb´em as hip´oteses do Lema
2.2.2 ao satisfeitas e que ϕ(0) + f(0, ϕ) D(A). Se x(·) ´e uma solu¸ao fraca de (2.1)-(2.2)
sobre [0, b], en t˜ao x(·) ´e uma solu¸ao semi-cl´assica de(2.1)-(2.2) em [0, b].
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 25
Demonstra¸ao: Do Lema 2.2.2 sab e mos que as fun¸oes x(·) e t x
t
ao Lipschitz sobre
[0, b], o que por sua vez implica que t g(t, x
t
) e t f(t, x
t
) ao Lipschitz sobre [0, b]. Pelo
Lema 2.2.3 segue que x(·), t g(t, x
t
) e t f (t, x
t
) W
1,1
([0, a] : X). Seja w(·) a solu¸ao
fraca de
dw(t)
dt
= Aw(t) +
t
0
B(t s)w(s)ds + g(t, x
t
), t (0, b), (2.18)
w(0) = ϕ(0) + f(0, ϕ). (2.19)
Pelo Teorema 1.2.5 segue que w C([0, b) : D(A)) C
1
((0, b) : X) e que w(·) verifica
a equa¸ao sobre [0, b). Agora, da unicidade das solu¸oes fracas de (2.18)-(2.19) podemos
concluir que w(t) = x(t) + f(t, x
t
) para t [0, b). Isto, junto ao fato que t f(t, x
t
)
W
1,1
([0, b] : X) permite concluir a prova de que x(·) ´e uma solu¸ao semi-cl´assica.
2.2.2 Existˆencia de solu¸ao cl´assica
Nesta se¸ao estab elec em os condi¸oes suficientes para que uma solu¸ao fraca de (2.1)-
(2.2) seja uma solu¸ao cl´assica.
Defini¸ao 2.2.3 Uma fun¸ao x : (−∞, b) X ´e uma solu¸ao cl´assica de (2.1)-(2.2) sobre
[0, b) se x
0
= ϕ; x C([0, b) : X) C
1
((0, b) : X); x(t) D(A) para todo t [0, b) e (2.1) ´e
satisfeita em (0, b).
Para continuar introduzimos algumas nota¸oes que ser˜ao usadas durante o restante
deste trabalho. Sejam (Y, ·
Y
), (Z, ·
Z
) espa¸cos de Banach. Para uma fun¸ao Frechet
diferenci´avel ξ : [α, β] × Y Z denotaremos por D
1
ξ(t, x) a derivada em rela¸ao a primeira
vari´avel t e por D
2
ξ(t, x) a derivada em rela¸ao a segunda vari´avel x. Alˆem disso, usaremos
a decomposi¸ao.
ξ(t
0
+ t, x
0
+ x) ξ(t
0
, x
0
) = D
1
ξ(t
0
, x
0
)t + D
2
ξ(t
0
, x
0
)x+ (t, x) r(ξ, t
0
, x
0
, t, x), (2.20)
onde r(ξ, t
0
, x
0
, 0, 0) = 0 e r(ξ, t
0
, x
0
, t, x)
Z
0 quando (t, x) =| t | + x
Y
0.
No que segue, para uma fun¸ao j : [0, a] Z denotaremos por
h
j : [0, a] Z a fun¸ao
definida por
h
j(t) =
j(t + h) j(t)
h
, h R.
26 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
Adicionalmente, para x X usaremos a nota¸ao χ
x
para a fun¸ao χ
x
: (−∞, 0] X definida
por
χ
x
(θ) =
x se θ = 0,
0 se θ < 0.
O seguinte Lema ser´a importante na prova do Teorema 2.2.2. Para ao estender o texto
omitiremos a demonstra¸ao.
Lema 2.2.4 Seja K J × Λ compacto e Λ Y aberto. Se ξ : J × Λ Z ´e uma
fun¸ao conti- nuamente Frechet diferenci´avel, ent˜ao para todo > 0, existe δ > 0 tal que
r(ξ, t
0
, x
0
, t, x)
Z
< para todo (t
0
, x
0
) K quando (t, x) < δ.
No pr´oximo resultado estabelecemos a existˆencia de solu¸ao cl´assica para (2.1)-(2.2)
usando a usual hip´otese de f e g serem fun¸oes diferenciaveis.
Teorema 2.2.2 Assuma que a fun¸ao S(·)ϕ ´e Lipschitz sobre [0, a] e que ϕ(0) D(A).
Suponha tamb´em que fun¸oes f e g ao de classe C
1
sobre [0, a] × B; f([0, a] × B) D(A);
Df(0, ϕ) 0 e que W (·)ϕ possui derivada a direita em t = 0. Se g(0, ϕ) Af(0, ϕ) 0 ou
se χ
g(0)
e χ
Af(0)
B e B verifica o axioma (C3), ent˜ao existe uma solu¸ao cl´assica de
(2.1)-(2.2) sobre [0, b] para algum 0 < b a.
Demonstra¸ao: Usando que f, g C
1
([0, a] × B : X) e que D(f(0, ϕ)) 0, do Teorema
2.1.1 deduzimos a existˆencia de uma ´unica solu¸ao fraca x C([0, b] : X) de (2.1)-(2.2) para
algum 0 < b a. Mais ainda, usando novamente o fato que Df(0, ϕ) 0, podemos assumir
que f ´e Lipschitz em uma vizinhan¸ca de (0, ϕ) com constante L
f
tal que L
f
K
b
< 1. Agora
como conseq¨uˆencia do Lema 2.2.2 podemos tamb´em assumir que as fun¸oes x(·) e s x
s
ao Lipschitz sobre [0, b].
No que segue tomaremos b > 0 de forma que
µ = K
b
( D
2
f(θ, x
θ
)
b
+Mb D
2
g(θ, x
θ
)
b
) < 1. (2.21)
Considere agora a equa¸ao integral,
z(t) = R(t)[A(ϕ(0) + f(0, ϕ)) + g(0, ϕ)] +
t
0
R(t s)B(s)(ϕ(0) + f(0, ϕ))ds
D
1
f(t, x
t
) D
2
f(t, x
t
)z
t
+
t
0
R(t s)(D
1
g(s, x
s
) + D
2
g(s, x
s
)z
s
)ds, t [0, b],
(2.22)
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 27
com z
0
= ψ + χ
Af(0)
+ χ
g(0)
, onde ψ =
d
dt
W (t)ϕ|
t=0
.
Fazendo uso de (2.21) e do princ´ıpio da contra¸ao, ´e p os s´ıvel mostrar a existˆencia de
uma ´unica solu¸ao z(·) C([0, b] : X) de (2.22). Como a prova ´e usual ser´a omitida.
Agora mostraremos que x
(·) = z(·) em [0, b]. Para t [0, b) e 0 < h < 1 suficientemente
pequeno de modo que t + h [0, b] temos que
h
x(t) z(t)
h
R(t)(ϕ(0) + f(0, ϕ)) R(t)(A(ϕ(0) + f(0, ϕ)))
t
0
R(t s)B(s)(ϕ(0) + f(0, ϕ))ds
+
h
f(t, x
t
) D
1
f(t, x
t
) D
2
f(t, x
t
)z
t
+
t
0
R(t s)(
h
g(s, x
s
) D
1
g(s, x
s
) D
2
g(s, x
s
)z
s
)ds
+
1
h
h
0
R(t + h s)g(s, x
s
)ds R(t)g(0, ϕ) =
4
1
I
i
(t, h). (2.23)
No que segue, mostraremos que cada termo I
i
(t, h) converge a zero uniformemente
sobre [0, b] quando h 0.
Como ϕ(0) + f(0, ϕ) D(A), ´e acil ver que das propriedades do operador resolvente
que I
1
(t, h) 0 uniformemente sobre [0, b] quando h 0.
Usando que a fam´ılia (R(t))
t0
´e fortemente cont´ınua e que a fun¸ao t g(t, x
t
) ´e
cont´ınua, obtemos que I
4
(t, h) 0 uniformemente sobre [0, b] quando h 0.
Estudaremos agora o termo I
2
(t, h). Usando a decomposi¸ao introduzida em (2.20)
vemos que
I
2
(t, h) D
2
f(t, x
t
) 
x
t+h
x
t
h
z
t
B
+
(h, x
t+h
x
t
)
h
r(f, t, x
t
, h, x
t+h
x
t
) .
Como a aplica¸ao t x
t
´e Lipschitz, temos do Lema 2.2.4 que
(h, x
t+h
x
t
)
h
r(f, t, x
t
, h, x
t+h
x
t
) → 0,
uniformemente para t [0, b] quando h 0. Assim podemos reescrever a desigualdade
anterior na forma
I
2
(t, h) Λ
2
(t, h)+ D
2
f(t, x
t
) 
x
t+h
x
t
h
z
t
B
, (2.24)
onde Λ
2
(t, h) 0 uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Usando um argumento similar ao anterior ´e poss´ıvel mostrar que
I
3
(t, h) Λ
3
(t, h) + M
t
0
D
2
g(s, x
s
) 
x
s+h
x
s
h
z
s
B
ds, (2.25)
28 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
onde Λ
3
(t, h) 0 uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Dos passos anteriores, podemos reescrever (2.23) na forma
h
x(t) z(t) H(t, h) + D
2
f(t, x
t
) 
x
t+h
x
t
h
z
t
B
+ M
t
0
D
2
g(s, x
s
) 
x
s+h
x
s
h
z
s
B
ds,
onde H(t, h) 0 uniformemente para t [0, b] quando h 0. Mais ainda, dos axiomas do
espa¸co de fase segue que
h
x(t) z(t)
H(t, h)+ D
2
f(t, x
t
) (K
b
h
x(θ) z(θ)
t
+M
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
)
+
t
0
M D
2
g(s, x
s
) (K
b
h
x(θ) z(θ)
s
+M
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
)ds
H(t, h) + µ
h
x(θ) z(θ)
t
+
M
b
µ
K
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
.
Tomando supremo em [0, t] e usando o fato de que µ < 1, obtemos
h
x(θ) z(θ)
t
1
1 µ
sup
s[0,t]
H(s, h) +
M
b
K
b
(1 µ)
x
h
ϕ
h
z
0
B
.
Conseq¨uentemente, para mostrar que x
(·) = z(·) em [0, b], ´e suficiente provar que
x
h
ϕ
h
z
0
quando h 0
+
. Para isto, considere a decomposi¸ao x = z
1
+z
2
onde (z
i
)
0
= 0
e
z
1
(θ) = R(θ)f(0, ϕ) f(θ, x
θ
), θ [0, b],
z
2
(θ) =
θ
0
R(θ s)g(s, x
s
)ds, θ [0, b].
Com estas nota¸oes temos que x
s
= W (s)ϕ + z
1
s
+ z
2
s
e assim que
x
h
ϕ
h
z
0
B
W (h)ϕ + z
1
h
+ z
2
h
ϕ
h
ψ + χ
Af(0)
+ χ
g(0)
B
W (h)ϕ ϕ
h
ψ
B
+
z
1
h
h
χ
Af(0)
B
+
z
2
h
h
χ
g(0)
B
=
3
i=1
I
i
(h, B).
´
E claro que I
1
(h, B) 0 quando h 0. Suponha agora que Af(0, ϕ) g(0, ϕ) 0.
Usando o axioma (A), vemos que
z
1
h
h
B
+
z
2
h
h
B
K
b
z
1
(θ)
h
h
+K
b
z
2
(θ)
h
h
.
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 29
Se [x, y] representa o segmento de reta ligando os vetores x, y. Para z
1
, das propriedades do
operador resolvente e o fato de que Af(0, ϕ) = 0 vemos para θ (0, h) que
1
h
z
1
(θ)
1
h
R(θ)f(0, ϕ) f(0, ϕ) +
1
h
f(0, ϕ) f(θ, x
θ
)
1
h
θ
0
R
(ξ)f(0, ϕ) +
1
h
f(0, ϕ) f(θ, x
θ
)
1
h
θ
0
ξ
0
R(ξ τ )B(τ)f(0, ϕ) +
1
h
sup
(s,ζ)[(0),(θ,x
θ
)]
Df(s, ζ)  (θ, ϕ x
θ
)
Mθ
h
θ
0
B(τ)f(0, ϕ) +
(θ, ϕ x
θ
)
θ
θ
h
sup
(s,ζ)[(0),(θ,x
θ
)]
Df(s, ζ) ,
o que mostra que
1
h
z
1
(θ)
h
0 se h 0 pois s x
s
´e Lipschitz em [0, b] e
sup
(s,ζ)[(0),(θ,x
θ
)]
Df(s, ζ) → 0,
quando h 0. Por outro lado, para z
2
obtemos que
1
h
z
2
(θ)
h
1
h
θ
0
R(θ s)g(s, x
s
) ds
Mθ
h
g(θ, x
θ
)
h
,
o que prova que
1
h
z
2
(θ)
h
0 se h 0, uma vez que g(θ, x
θ
)
h
0 quando h 0.
Assuma agora que g(0, ϕ) = 0, Af(0, ϕ) = 0 e que B verifica o axioma (C3).
´
E acil
ver que
d
dt
z
2
(t)|
t=0
+
= g(0, ϕ), e como por hip´otese χ
g(0)
B, temos pelo axioma (C3) que
I
3
(h, B) 0 quando h 0. Em rela¸ao a z
1
, veja que
z
1
(θ) z
1
(0)
θ
=
R(θ)f(0, ϕ) f(0, ϕ)
θ
+
f(0, ϕ) f(θ, x
θ
)
θ
=
R(θ)f(0, ϕ) f(0, ϕ)
θ
+
Df(0, ϕ)(θ, ϕ x
θ
)
θ
+r(f, 0, ϕ, θ, ϕ x
θ
)
(θ, ϕ x
θ
)
θ
.
Como θ x
θ
´e Lipschitz vemos que do Teorema 1.2.3 que o termo da direita na ´ultima
igualdade converge para Af (0, ϕ), como por hip´otese χ
Af(0)
B usando o axioma (C3)
conclu´ımos que I
2
(h, B) 0 se h 0.
Portanto, em qualquer dos casos considerados, Af(0, ϕ) = g(0, ϕ) = 0 ou quando
Af(0, ϕ) = 0 e g(0, ϕ) = 0 e B satisfaz o axioma (C3), temos que I
i
(h, B) 0, i = 2, 3,
quando h 0.
Mais ainda, ´e necess´ario observar que das estimativas anteriores obtemos que
h
x(t)
x
(t) uniformemente para t [0, b] quando h 0.
30 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
Agora mostraremos que a fun¸ao t x
t
´e continuamente diferenci´avel em B. Para isto
definimos a fun¸ao w : (−∞, b] X por
w(θ) =
z(θ), se θ (−∞, 0],
x
(θ), se θ [0, b].
Das etapas anteriores obtemos que
d
dt
x(t)|
t=0
= ψ(0) + Af(0, ϕ) + g(0, ϕ), o que implica que
x
(0
+
) = z(0), assim conclu´ımos que w
0
= z
0
B e w ´e cont´ınua em [0, b], temos pelo axioma
do e spa¸co de fase (A1) que w
t
B para todo t [0, b] e que a aplica¸ao t w
t
e cont´ınua
em [0, b]. Isto junto com a desigualdade
h
x
t
w
t
B
M
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
+K
b
h
x(θ) x
(θ)
t
,
mostra que t x
t
´e continuamente diferenci´avel em [0, b].
Seja v(·) a solu¸ao fraca de
dw(t)
dt
= Aw(t) +
t
0
B(t s)w(s)ds + g(t, x
t
), t [0, b], (2.26)
w(0) = ϕ(0) + f(0, ϕ). (2.27)
Como a fun¸ao s g(s, x
s
) ´e de class e C
1
sobre [0, b] e ϕ(0) + f(0, ϕ) D(A), do
Corol´ario 1.2.1 obtemos que v(·) ´e uma solu¸ao cl´assica de (2.26)-(2.27). Da unicidade da
solu¸ao fraca de (2.26)-(2.27) conclu´ımos que v(t) = x(t) + f (t, x
t
) para todo t [0, b]. Como
consequˆencia, x(·) verifica (2.1)-(2.2) sobre [0, b] e x(t) + f(t, x
t
) D(A) para todo t [0, b].
Mais ainda como f(t, x
t
) D(A) para todo t [0, b], segue que x(t) D(A) para cada
t [0, b] o que finalmente prova que x(·) ´e uma solu¸ao cl´assica de (2.1)-(2.2). A prova est´a
completa.
2.3 Exemplo
Para finalizar este cap´ıtulo, nesta se¸ao aplicamos alguns de nossos resultados abstratos.
Previamente, introduzimos os elementos t´ecnicos nessesarios. Seja X = L
2
([0, π]). Considere
o operador A : D(A) X X definido por Af(ξ) = f

(ξ), onde
D(A) = {f X : f

X, f(0) = f (π) = 0}.
´
E conhecido que A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo anal´ıtico e compacto (T (t))
t0
sobre X. Al´em disso, A possui espectro discreto, com autovalores n
2
, n N, e autovetores
normalizados z
n
(ξ) =
2
π
1/2
sin(). Al´em disso, as seguintes propriedades ao verificadas:
Exemplo 31
(a) {z
n
: n N} ´e uma base ortonormal de X;
(b) Se f D(A) ent˜ao Af =
n=1
n
2
< f, z
n
> z
n
;
(c) Para f X, T(t)f =
n=1
e
n
2
t
< f, z
n
> z
n
. Em particular, vemos que (T(t))
t0
´e
um semigrupo uniformemente est´avel com T (t) ≤ e
t
para t 0.
No que segue usaremos como espa¸co de fase o espa¸co B = C
r
× L
2
(ρ , X) com r = 0, o
qual foi introduzido em 1.3.
Considere o sistema integro-diferencial
d
dt
(u(t) + a
0
u(t)) = A (u(t) + a
0
u(t)) + A(b (u + a
0
u))(t) + a
1
u(t),
(2.28)
u(t, 0) = u(t, π) = 0, t [0, a],
u(θ, ξ) = φ(θ, ξ), θ 0, ξ [0, π], (2.29)
No sistema anterior, a
0
, a
1
: R R ao fun¸oes cont´ınuas, b(t) = t
α1
e
ωt
com α (0, 1) e
ω > 0 e
a
0
u(t) =
t
−∞
a
0
(t s)u(s, ξ)ds,
a
1
u(t) =
t
−∞
a
1
(t s)u(s, ξ)ds,
b u(t) =
t
0
(t s)
α1
e
ω(ts)
u(s, ξ)ds.
Para estudar este sistema assumiremos que
L
f
:=
0
−∞
a
0
(s)
2
ρ(s)
ds
1
2
< 1, L
g
:=
0
−∞
a
1
(s)
2
ρ(s)
ds
1
2
< ,
e que a fun¸ao ϕ definida por ϕ(θ)(ξ) = φ(θ, ξ) pertence a B.
Lema 2.3.1 Existe uma fam´ılia Resolvente (R(t))
t0
associada ao sistema integro-diferencial
x
(t) = Ax(t) +
t
0
Ab(t s)x(s)ds,
x(0) = x
0
X.
Demonstra¸ao: Basta observar que o operador A e a fam´ılia de operadores (Ab(t))
t0
satisfazem as hip´oteses de [24, Theorem 3.1].
Proposi¸ao 2.3.1 Nas condi¸oes anteriores, existe uma ´unica solu¸ao fraca para o sistema
(2.28)-(2.29) sobre [0, b] para algum 0 < b a.
32 Cap´ıtulo 2. Existˆencia de solu¸oes para uma equa¸ao integro-diferencial
Demonstra¸ao: Definamos f, g : [0, a] × B X por
f(t, ψ)(ξ) =
0
−∞
a
0
(s)ψ(s)(ξ)ds,
g(t, ψ)(ξ) =
0
−∞
a
1
(s)ψ(s)(ξ)ds.
Das propriedades das fun¸oes a
0
e a
1
´e acil ver que as fun¸oes f e g est˜ao bem definidas.
Mais ainda, f(t, ·) e g(t, ·) ao operadores lineares cont´ınuos com f(t, ·)
L(B,X)
L
f
e
g(t, ·)
L(B,X)
L
g
para todo t [0, a]. Nestas condi¸oes, o Teorema 2.1.1 garante a
existˆencia de uma ´unica solu¸ao fraca para o sistema (2.28)-(2.29) sobre [0, b], para algum
0 < b a, isto conclui a prova.
O pr´oximo resultado ´e consequˆencia direta do Teorema 2.2.1.
Corol´ario 2.3.1 Suponha que R(·)ϕ(0), S(·)ϕ e R(·)f(0, ϕ) ao Lipschitz sobre [0, a]. Se
ϕ(0) + f(0, ϕ) D(A), ent˜ao existe uma solu¸ao semi-cl´assica de (2.28)-(2.29) em algum
intervalo [0, b] com 0 < b a.
Cap´ıtulo 3
Existˆencia e regularidade de
solu¸oes para um sistema
integro-diferencial do tipo neutro
Resumo
Neste cap´ıtulo estudaremos a existˆencia de solu¸oes fracas, semi-cl´assicas e cl´assicas para
uma equa¸ao integro-diferencial do tipo neutro com retardamento ao limitado modelada na
forma
d
dt
(x(t) + F (t, x
t
)) = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
), t (0, a), (3.1)
x
0
= ϕ B, (3.2)
onde A : D(A) X X, B(t) : D(B(t)) X X, t 0 ao operadores fechados em
X; B ´e um espa¸co de fase definido de maneira axiom´atica; B ´e aberto e F, G : I × B
Y
i
, i = 1, 2 ao fun¸oes apropriadas.
3.1 Existˆencia de solu¸oes fracas
Nesta se¸ao usaremos a teoria de operadores resolventes e arios resultados de ponto
fixo no estudo da existˆencia de solu¸oes fracas, se mi-c l´assicas e cl´assicas (conceitos a serem
introduzidos), para o sistema neutro (3.1)-(3.2). Neste cap´ıtulo, assumiremos que (R(t))
t0
´e uma fam´ılia resolvente associada ao sistema (1.1)-(1.2); que os operadores A, B(t), t 0, e
34 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
(R(t))
t0
comutam entre si quando x D(A) e que M > 0 ´e tal que R(t) ≤ M para todo
t [0, a]. Como no cap´ıtulo anterior, y : (−∞, a] X ´e a fun¸ao definida por
y(t) =
R(t)ϕ(0) se 0 t a,
ϕ(t) se −∞ < t < 0.
(3.3)
Lembrando que para uma fun¸ao limitada ξ : [0, b] [0, ) e t [0, b], usaremos a nota¸ao
ξ
t
para ξ
t
= sup{ξ(s) : s [0, t]}. E para uma fun¸ao cont´ınua η : [0, b] Z usaremos a
nota¸ao η(θ)
t
= sup{ η(θ) : θ [0, t]}.
Para come¸carmos introduzimos o conceito de solu¸ao fraca para o sistema (3.1)-(3.2).
Defini¸ao 3.1.1 Uma fun¸ao x : (−∞, b] X, 0 < b a, ´e uma solu¸ao fraca de (3.1)-
(3.2) sobre [0, b] se x
0
= ϕ; x C([0, b] : X); as fun¸oes s AR(t s)F (s, x
s
) e s
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
) ao integr´aveis sobre [0, t) para todo t [0, b] e
x(t) = R(t)(ϕ(0) + F (0, ϕ)) F (t, x
t
)
t
0
AR(t s)F (s, x
s
)ds
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
)ds +
t
0
R(t s)G(s, x
s
)ds, t [0, b].
(3.4)
Antes de continuar, ´e necess ´ario observar que o siste ma (3.1)-(3.2) apresenta uma
dificuldade maior que o sistema (2.1)-(2.2) tratado no cap´ıtulo anterior. A diferen¸ca entre os
dois sistemas tem origem no conceito de solu¸ao fraca. Observe que de modo geral, a menos
do caso trivial em que A ´e um operador limitado, a fun¸ao s AR(t s) ao ´e integr´avel
em [0, t), t > 0, na topologia uniforme de operadores, e que uma situa¸ao similar acontece
com a fun¸ao s B(t s). Assim, no estudo do sistema (3.1)-(3.2) ´e necess´ario introduzir
alguma hip´otese (sobre F, por exemplo) de modo de garantir a integrabilidade das fun¸oes
s AR(t s)F (s, u
s
) e τ B(s τ)R(t s)F (τ, u
τ
) que aparecem na defini¸ao de solu¸ao
fraca.
Motivados pelo coment´ario anterior, introduzimos o seguinte esquema t´ecnico. Nesta
se¸ao (Y
i
; ·
Y
i
), i = 1, 2 ser˜ao espa¸cos de Banach continuamente inclu´ıdos em X e assumire-
mos que a seguinte hip´otese ´e verificada.
(H
1
) Para cada t > 0, e todo s [0, a], R(t) L(X, Y
i
), AR(t) L(Y
1
, X) e B(s)R(t)
L(Y
2
, X). Mais ainda, as seguintes propriedades ao alidas.
(i) Para todo x Y
1
e todo t > 0, AR(·)x C((0, a] : X). Para todo x Y
2
e todo
t > 0, B(·)R(t)x L
1
([0, a] : X).
Existˆencia de solu¸oes fracas 35
(ii) Existem fun¸oes H
i
(·), a(·) L
1
([0, a]) tais que
AR(t)
L(Y
1
,X)
H
1
(t), t (0, a],
B(s)R(t)
L(Y
2
,X)
a(s)H
2
(t), s [0, a], t > 0.
Observao 3.1.1
´
E interessante justificar a condi¸ao (H
1
). Como mencionamos previa-
mente, as fun¸oes s AR(s), s B(s) ao ao integraveis de [0, a] em L(X). Se (H
1
)
´e alida, u C([0, a] : Y
1
) e v C([0, a] : Y
2
), ent˜ao do criterio de Bochner para fun¸oes
integr´aveis e das estimativas
AR(t s)u(s) AR(t s)
L(Y
1
,X)
u(s)
Y
1
H
1
(t s) u(s)
Y
1
,
B(s τ)R(µ)y(τ) B(s τ )R(µ)
L(Y
2
,X)
y(τ)
Y
2
a(s τ )H
2
(µ) y(τ)
Y
2
, µ > 0,
segue que s AR(t s)x(s)e τ B(s τ )R(µ)y(τ) ao integr´aveis sobre [0, t) 0 < t < a,
o que ´e essencial em nosso objetivo de estudar a existˆencia de solu¸oes fracas por meio da
t´ecnica de ponto fixo. Este tipo de condi¸oes e verificada em arios casos. Se (R(t))
t0
´e um
semigrupo de operadores, veja Rankin [64, Theorem 2], Lunardi [55] e Pazy [63, Theorem
6.13]. Para o caso geral, considere Grimmer [25, Theorem 3.4].
Estamos agora em condi¸oes de estabe lece r nosso primeiro resultado de existˆencia de
solu¸ao fraca. Para isto usaremos o Princ´ıpio da Contra¸ao.
Teorema 3.1.1 Seja ϕ e suponha que a condi¸ao (H
1
) ´e verificada. Assuma tamb´em
que as seguintes condi¸oes ao alidas.
(a) A fun¸ao F assume valores em Y
i
, i = 1, 2; F : R × Y
i
, i = 1, 2 ´e cont´ınua e existe
uma constante L
F
> 0 tal que
F (t, ψ
1
) F (t, ψ
2
)
Y
i
L
F
ψ
1
ψ
2
B
, ψ
j
, i, j = 1, 2, t [0, a];
(b) A fun¸ao G : R × X ´e cont´ınua e existe uma constante L
G
> 0 tal que
G(t, ψ
1
) G(t, ψ
2
) L
G
ψ
1
ψ
2
B
, ψ
j
, j = 1, 2, t [0, a].
Se L
F
I
L(Y
1
,X)
K(0) < 1, ent˜ao existe uma ´unica solu¸ao fraca de (3.1)-(3.2) sobre
[0, b] para algum 0 < b a.
36 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
Demonstra¸ao: Fixemos constantes b
ϕ
, r
1
, C
F
e C
G
tais que B
r
1
(ϕ, B) , F (t, ψ)
Y
i
C
F
, i = 1, 2, e G(t, ψ) ≤ C
G
, para todo t [0, b
ϕ
] e ψ B
r
1
(ϕ, B). Usando a continuidade
das fun¸oes t y
t
e K(·), es colhemos ρ > 0 e 0 < b
1
< b
ϕ
de forma que
µ = L
F
I
L(Y
1
,X)
K
b
1
< 1, (3.5)
K
b
1
ρ + sup
t[0,b
1
]
y
t
ϕ
B
< r
1
. (3.6)
Seja 0 < b b
1
tal que as seguintes desigualdades sejam validas.
(R(θ) I)F (θ, y
θ
)
b
(1 µ)ρ
3
, (3.7)
M F (0, ϕ) F (θ, y
θ
)
b
(1 µ)ρ
3
, (3.8)
C
F
b
0
H
1
(s)ds + C
F
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(τ) + bMC
G
(1 µ)ρ
3
, (3.9)
K
b
L
F
b
0
H
1
(s)ds + L
F
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(τ) + bML
G
<
1 µ
2
. (3.10)
Sobre o espa¸co S(b) = {u : (−∞, b] X : u|
[0,b]
C([0, b], X), u
0
= 0, u(θ)
b
ρ},
munido da norma da convergˆencia uniforme, definimos Γ : S(b) C((−∞, b] : X) por
x)
0
= 0 e
Γx(t) = R(t)F (0, ϕ) F (t, x
t
+ y
t
)
t
0
AR(t s)F (s, x
s
+ y
s
)ds
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
+ y
ξ
)ds +
t
0
R(t s)G(s, x
s
+ y
s
)ds, t [0, b].
Nas pr´oximas linhas mostraremos que Γ ´e uma contra¸ao de S(b) em S(b). Vejamos
inicialmente que Γ est´a corretamente definida. Se x S(b), por (3.6) temos que
x
t
+ y
t
ϕ
B
x
t
B
+ y
t
ϕ
B
K
b
1
ρ + sup
t[0,b
1
]
y
t
ϕ
B
< r
1
.
Assim, x
t
+ y
t
B
r
1
(ϕ, B) para todo t [0, b] e conseq¨uentemente F (s, x
s
+ y
s
)
Y
i
C
F
,
i = 1, 2 e G(s, x
s
+ y
s
) ≤ C
G
para todo s [0, b]. Logo,
AR(t s)F (s, x
s
+ y
s
) AR(t s)
L(Y
1
,X)
F (s, x
s
+ y
s
)
Y
1
H
1
(t s)C
F
,
B(s τ)R(t s)F (τ, x
τ
+ y
τ
) B(s τ)R(t s)
L(Y
2
,X)
F (τ, x
τ
+ y
τ
)
Y
2
a(s τ )H
2
(t s)C
F
,
R(t s)G(s, x
s
+ y
s
) R(t s)
L(X,X)
G(s, x
s
+ y
s
) ≤ MC
G
,
Existˆencia de solu¸oes fracas 37
o que do Teorema de integra¸ao de Bochner, veja [20, Theorem 2], nos p e rmite concluir que as
fun¸oes s AR(ts)F (s, x
s
+y
s
), s R(ts)G(s, x
s
+y
s
) e τ B(sτ)R(ts)F (τ, x
τ
+y
τ
)
ao integr´aveis sobre [0, t) e [0, s) respectivamente. Isto motra que Γx est´a corretamente
definida e que Γx C((−∞, b] : X).
Mostramos agora que ΓS(b) S(b). Se x S(b) e t [0, b], vemos que
Γx(t)
R(t)(F (0, ϕ) F (t, y
t
)) + R(t)F (t, y
t
) F (t, y
t
)
+ F (t, y
t
) F (t, x
t
+ y
t
) +
t
0
AR(t s)F (s, x
s
+ y
s
) ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
+ y
ξ
) ds +
t
0
R(t s)G(s, x
s
+ y
s
) ds
M F (0, ϕ) F (θ, y
θ
)
b
+ R(t)F (θ, y
θ
) F (θ, y
θ
)
b
+ I
L(Y
1
,X)
L
F
x
t
B
+C
F
b
0
H
1
(s)ds + C
F
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds + MC
G
b
(1 µ)ρ
3
+
(1 µ)ρ
3
+ I
L(Y
1
,X)
L
F
K
b
x(θ)
b
+
(1 µ)ρ
3
(1 µ)ρ + µρ = ρ.
Como consequencia Γx(t) ≤ ρ para todo t [0, b] o que implica que ΓS(b) S(b).
Vejamos finalmente que Γ ´e uma contra¸ao. Se u, v S(b), ent˜ao
Γu(t) Γv(t)
F (t, u
t
+ y
t
) F (t, v
t
+ y
t
)
+
t
0
AR(t s)
L(Y
1
,X)
F (s, u
s
+ y
s
) F (s, v
s
+ y
s
)
Y
1
ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)
L(Y
2
,X)
F (ξ, u
ξ
+ y
ξ
) F (ξ, v
ξ
+ y
ξ
)
Y
2
ds
+
t
0
M G(s, u
s
+ y
s
) G(s, v
s
+ y
s
) ds
I
L(Y
1
,X)
L
F
K
b
u(θ) v(θ)
b
+
L
F
K
b
b
0
H
1
(t s) u(θ) v(θ)
b
ds
+L
F
K
b
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds u(θ) v(θ)
b
ds
+MK
b
b
0
L
G
u(θ) v(θ)
b
ds
,
de onde obtemos que
Γu(θ) Γv(θ)
b
µ u(θ) v(θ)
b
+
1 µ
2
u(θ) v(θ)
b
(
1
2
+
µ
2
) u(θ) v(θ)
b
,
38 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
o que mostra Γ ´e uma contra¸ao.
Finalmente, p e lo princ´ıpio da contra¸ao, Γ possui um ponto fixo x(·) S(b).
´
E claro
que u(·) = y(·) + x(·) ´e a ´unica solu¸ao fraca de (3.1)-(3.2), o que completa a demostra¸ao.
Nos pr´oximos resultados, estudamos a existˆencia de solu¸oes fracas sem assumir que F
ou G sejam Lipschitz.
Teorema 3.1.2 Seja ϕ e suponha que a condi¸ao (H
1
) ´e alida. Assuma tamb´em,
R(·) C((0, b], L(X)) e que as seguintes condi¸oes ao alidas.
(a) A fun¸ao F ´e tal que F : R × Y
i
, i = 1, 2, ´e cont´ınua e existe L
F
> 0 tal que
F (t, ψ
1
) F (t, ψ
2
)
Y
i
L
F
ψ
1
ψ
2
B
, ψ
j
, i, j = 1, 2, t [0, a];
(b) A fun¸ao G : R × X ´e cont´ınua e existe uma constante r
ϕ
> 0, tal que para
cada 0 < t < a existe um compacto W
t
X tal que R(t)G(s, ψ) W
t
para todo
ψ B
r
ϕ
(ϕ, B) e todo s [0, a].
Se L
F
I
L(Y
1
,X)
K(0) < 1, ent˜ao existe uma solu¸ao fraca de (3.1)-(3.2) sobre [0, b]
para algum 0 < b a.
Demonstra¸ao: Sejam b, S(b), ρ, r
1
, Γ(·) como na prova do Teorema 3.1.1, e assuma que
r
1
r
ϕ
. Considere a decomposi¸ao Γ = Γ
1
+ Γ
2
, onde
i
x)
0
= 0, i = 1, 2, e
Γ
1
x(t) = R(t)F (0, ϕ) F (t, x
t
+ y
t
)
t
0
AR(t s)F (s, x
s
+ y
s
)ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
+ y
ξ
)ds, t [0, a],
Γ
2
x(t) =
t
0
R(t s)G(s, x
s
+ y
s
)ds, t [0, a].
Da prova do Teorema 3.1.1, sabemos que Γ
1
´e uma contra¸ao de S(b) em S(b). Mais
ainda, uma aplica¸ao do Lema 2.1.1 mostra que Γ
2
´e completamente cont´ınua.
O anterior, junto com Teorema 1.3.1, mostra que Γ possui um ponto fixo x S(b) o
que completa a prova, pois u = x + y ´e uma solu¸ao fraca de (3.1)-(3.2).
(H
G
) A fun¸ao G : I × B X satisfaz as seguintes condi¸oes
(i) A fun¸ao G(t, ·) : B X ´e cont´ınua para quase todo t [0, a] e G(·, x) : [0, a] X
´e fortemente mensur´avel para todo x X;
Existˆencia de solu¸oes fracas 39
(ii) Existe uma fun¸ao cont´ınua m
G
: [0, a] [0, ) e uma fun¸ao cont´ınua e ao
decrescente
G
: [0, ) (0, ) tal que
G(t, ψ) m
G
(t)Ω
G
( ψ
B
), (t, ψ) [0, a] × B.
(H
F
) A fun¸ao F : [0, a] × B X ´e tal que F ([0, a] × B) Y
i
, i = 1, 2, F : [0, a] × B Y
1
´e
completamente cont´ınua e existem constantes positivas c
1
, c
2
tais que
F (t, ψ)
Y
i
c
1
ψ
B
+c
2
, i = 1, 2, (t, ψ) [0, a] × B.
Sejam y(·) a fun¸ao em (3.3) e S(a) = {x : (−∞, a] X : x
0
= 0, x|
[0,a]
C([0, a] :
X)}, munido com a norma da convergˆencia uniforme. Para todo Q S(a) limitado, o
conjunto de fun¸oes {t F (t, x
t
+ y
t
) : x Q} ´e equicont´ınuo sobre [0, a].
Teorema 3.1.3 Seja ϕ B e assuma que as condi¸oes (H
1
), (H
G
) e (H
F
) ao verificadas.
Suponha tamb´em que AR(·) C((0, a] : L(Y
1
, X)), R(·) C((0, a] : L(X)), a constante
0 < µ = K(0) I
L(Y
1
,X)
c
1
< 1 e que as seguintes proprieda des ao alidas.
(a) Para todo t (0, a] e todo r > 0, existem conjuntos compa ctos W
i
r
(t) X, i = 1, 2,
tais que B(s)R(t)F (s, ψ) W
1
r
(t) e R(t)G(s, ψ) W
2
r
(t) para todo s [0, a] e todo
ψ B
r
(0, B);
(b) Existe uma fun¸ao positiva β L
1
([0, a]) tal que para todo c (0, a] existe uma fun¸ao
positiva W
c
C([0, a]) com W
c
(0) = 0 tal que
B(τ)R(s) B(τ )R(s
)
L(Y
2
,X)
β(τ)W
c
(| s s
|), τ [0, a], s, s
[c, a].
Ent˜ao existe uma solu¸ao fraca de (3.1)-(3.2) sobre [0, b] para algum 0 < b a.
Demonstra¸ao: Seja 0 < b a tal que
K
a
M
(1 µ
1
)
b
0
m
G
(s)ds <
C
ds
G
(s)
, (3.11)
c
1
K
b
I
L(Y
1
,X)
+
b
0
H
1
(s)ds +
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(τ)
= µ
1
< µ +
(1 µ)
2
, (3.12)
onde
C = (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
+
K
a
M
1 µ
1
F (0, ϕ)
+
K
a
c
2
+ K
a
(M
a
+ K
a
MH)c
1
ϕ
B
1 µ
1
I
L(Y
1
,X)
+
a
0
H
1
(s)ds +
a
0
H
2
(s)ds
a
0
a(s)ds
.
40 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
Sobre o espa¸co S(b) = {u : (−∞, b] X : u|
[0,b]
C([0, b], X), u
0
= 0}, munido
da norma da convergˆencia uniforme, definimos o operador Γ : S(b) S(b) como na prova
do Teorema 3.1.1. Usando os mesmos argumentos da prova do Teorema 3.1.1 segue que
Γx S(b).
Mostraremos agora que Γ verifica as condi¸oes do Teorema 1.3.2. Vejamos inicialmente
que Γ ´e cont´ınua. Seja (x
n
)
nN
uma seq¨uˆencia e m S(b) covergente a x(·) S(b). Dos
axiomas do espa¸co de fase, vemos que o conjunto U = {x
n
s
+ y
s
, x
s
+ y
s
: s [0, b], n N} ´e
relativamente compacto em B e que existe r > 0 tal que x
n
s
+ y
s
B
< r para todo s [0, b]
e todo n N. Como F : [0, b] × B X ´e cont´ınua e [0, b] × U ´e relativamente compacto em
[0, b] ×B, segue que F (·) ´e uniformemente cont´ınua sobre [0, b] ×U e como conseq¨encia, que
F (s, x
n
s
+ y
s
) F (s, x
s
+ y
s
) uniformemente sobre [0, b] quando n . Por outro lado, das
propriedades de F (·) e G(·) temos que
AR(t s)F (s, x
n
s
+ y
s
) AR(t s)F (s, x
s
+ y
s
),
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
n
ξ
+ y
ξ
) B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
+ y
ξ
),
G(s, x
n
s
+ y
s
) G(s, x
s
+ y
s
),
para quase todo 0 ξ < s < t quando n . Dos fatos anteriores e do Teorema da
convergˆencia dominada de Lebesgue conclu´ımos que Γx
n
Γx em S(b), o que prova que Γ
´e cont´ınua.
Para continuar, obteremos estimativas a priori para as solu¸oes da equa¸ao integral
z = λΓz, λ (0, 1). Seja x
λ
S(b) uma solu¸ao de z = λΓz, λ (0, 1). Se α
λ
´e a fun¸ao
definida por α
λ
(t) = x
λ
(θ)
t
, enao para t [0, b] vemos que
x
λ
(t) R(t)F (0, ϕ) + F (t, x
λ
t
+ y
t
) +
t
0
AR(t s)F (s, x
λ
s
+ y
s
) ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
λ
ξ
+ y
ξ
) ds +
t
0
R(t s)G(s, x
λ
s
+ y
s
) ds
M F (0, ϕ) + I
L(Y
1
,X)
(c
1
x
λ
t
+ y
t
B
+c
2
)
+
t
0
H
1
(t s)(c
1
x
λ
s
+ y
s
B
+c
2
)ds
+
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s)(c
1
x
λ
ξ
+ y
ξ
B
+c
2
)ds
+
t
0
Mm
G
(s)Ω
G
( x
λ
s
+ y
s
B
)ds
M F (0, ϕ) + I
L(Y
1
,X)
c
1
K
b
α
λ
(t)+ I
L(Y
1
,X)
c
1
(M
b
+ K
b
MH) ϕ
B
Existˆencia de solu¸oes fracas 41
+ I
L(Y
1
,X)
c
2
+ c
1
K
b
α
λ
(t)
b
0
H
1
(s)ds + c
1
(M
b
+ K
b
MH) ϕ
B
b
0
H
1
(s)ds
+c
2
b
0
H
1
(s)ds + c
1
K
b
α
λ
(t)
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds
+c
1
(M
b
+ K
b
MH) ϕ
B
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds + c
2
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds
+
t
0
Mm
G
(s)Ω
G
(K
a
α
λ
(s) + (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
)ds
M F (0, ϕ) +c
2
( I
L(Y
1
,X)
+
b
0
H
1
(s)ds +
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds)
+c
1
(M
b
+ K
b
MH) ϕ
B
( I
L(Y
1
,X)
+
b
0
H
1
(s)ds +
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds)
+µ
1
α
λ
(t) + M
t
0
m
G
(s)Ω
G
(K
a
α
λ
(s) + (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
)ds,
e assim obtemos que
α
λ
(t)
1
1 µ
1
(M F (0, ϕ) +c
2
( I
L(Y
1
,X)
+
b
0
H
1
(s)ds +
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds))
+
(M
b
+ K
b
MH)c
1
ϕ
B
1 µ
1
( I
L(Y
1
,X)
+
b
0
H
1
(s)ds +
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds)
+
M
1 µ
1
t
0
m
G
(s)Ω
G
(K
a
α
λ
(s) + (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
)ds).
Definindo β
λ
(t) = K
a
α
λ
(t) + (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
, vemos que
β
λ
(t) (M
a
+ K
a
MH) ϕ
B
+
K
a
1 µ
1
(M F (0, ϕ) +c
2
( I
L(Y
1
,X)
+
a
0
H
1
(s)ds
+
a
0
H
2
(s)ds
a
0
a(s)ds))
+
K
a
(M
a
+ K
a
MH)c
1
ϕ
B
1 µ
1
( I
L(Y
1
,X)
+
a
0
H
1
(s)ds +
a
0
H
2
(s)ds
a
0
a(s)ds)
+
K
a
M
1 µ
1
t
0
m
G
(s)Ω
G
(β
λ
(s))ds).
Denotando por γ
λ
(t) o lado direiro da desigualdade anterior, segue que
γ
λ
(t)
K
a
M
1 µ
1
m
G
(t)Ω
G
(γ
λ
(t))
e enao,
γ
λ
(t)
C
ds
G
(s)
<
K
a
M
(1 µ
1
)
b
0
m
G
(s)ds <
C
ds
G
(s)
,
de onde conclu´ımos que o conjunto {γ
λ
(·) : λ (0, 1)} ´e limitado em C([0, b] : X) e assim
que {x
λ
(·) : λ (0, 1)} ´e limitado em C([0, b] : X).
42 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
Para completar a prova, mostraremos que Γ ´e um operador compacto. Para isto
introduzimos a decomposi¸ao Γ = Γ
1
+ Γ
2
onde Γ
1
, Γ
2
: S(b) S(b) ao tais que
i
x)
0
=
0, i = 1, 2 e
Γ
1
x(t) = R(t)F (0, ϕ) F (t, x
t
+ y
t
)
t
0
AR(t s)F (s, x
s
+ y
s
)ds
+
t
0
R(t s)G(s, x
s
+ y
s
)ds, t [0, b],
Γ
2
x(t) =
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
+ y
ξ
) ds, t [0, b].
Usando o Lema 2.1.1 p odemos deduzir facilmente que o operador Γ
1
´e compacto. Mais
ainda, usando o mesmo Lema vemos que Γ
2
´e tamem compacto. Embora mostraremos com
detalhes a compacidade de Γ
2
. No que segue B
r
= B
r
(0, S(b)).
Passo 1: O conjunto Γ
2
B
r
e equicont´ınuo sobre [0, b].
Seja 0 < < t < b e h > 0 tal que t + h [0, b]. Das hip´oteses sabemos que existe
0 < δ < tal que W
2
(s) para todo 0 < s δ. Nestas condi¸oes, para 0 < h < δ vemos
que
Γ
2
u(t + h) Γ
2
u(t)
t
0
s
0
B(s ξ)(R(t + h s) R(t s))F (ξ, u
ξ
+ y
ξ
) ds
+
t
t
s
0
B(s ξ)(R(t + h s) R(t s))F (ξ, u
ξ
+ y
ξ
) ds
+
t+h
t
s
0
B(s ξ)R(t + h s)F (ξ, u
ξ
+ y
ξ
) ds
b F (θ, u
θ
+ y
θ
)
Y
2
,b
s
0
β(θ)
+ F (θ, u
θ
+ y
θ
)
Y
2
,b
t
t
(H
2
(t + h s) + H
2
(t s)) ds
b
0
a(θ)
+ F (θ, u
θ
+ y
θ
)
Y
2
,b
t+h
t
H
2
(t + h s)ds
b
0
a(θ),
de onde podemos concluir que Γ
2
B
r
´e equicont´ınuo em t pela direita. Estimativas similares
permitem mostrar que Γ
2
B
r
´e equicont´ınuo em zero e a equicontinuidade a esquerda em
t (0, b].
Passo 2: O conjunto {Γ
2
u(t) : u B
r
} ´e relativamente compacto.
Seja 0 < < t < a. Usando as hip´oteses, existe δ > 0 tal que
B(τ )R(s) B(τ)R(s
)
L(Y
2
,X)
< β(τ)W
(| s s
|) < β(τ),
3.2. Resultados de regularidade 43
para todo τ [0, b], e todo s, s
[, a] com | s s
|< δ. Fixemos agora pontos 0 = t
1
<
t
2
, . . . < t
n
= t , tais que | t
i
t
i+1
|< δ para cada i = 1, . . . , n. Nestas condi¸oes, para
u B
r
temos que
Γ
2
u(t)
=
n1
i=1
t
i+1
t
i
s
0
B(s τ )(R(t s) R(t t
i
))F (τ, u
τ
+ y
τ
)ds
+
n1
i=1
t
i+1
t
i
s
0
B(s τ )R(t t
i
)F (τ, u
τ
+ y
τ
)ds
+
t
t
s
0
B(s τ )R(t s)F (τ, u
τ
+ y
τ
)ds
n1
i=1
B
1
(0 : X)
+
n1
i=1
(t
i+1
t
i
)
co({
s
0
B(s τ )R(t t
i
)F (τ, u
τ
+ y
τ
) : u
τ
+ y
τ
B
r
(0, B), s [0, t]})
+λB
1
(0 : X)
n1
i=1
B
1
(0 : X) +
n1
i=1
(t
i+1
t
i
)co([0, t] × W
1
r
(t t
i
)) + λB
1
(0 : X),
onde λ = F (θ, u
θ
+y
θ
)
Y
2
,b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(θ),
= (δ F (θ, u
θ
+y
θ
)
Y
2
,b
b
0
β(τ) )
e r
= K
b
r + (M
b
+ K
b
MH) ϕ
B
. Como para cada i o conjunto co([0, t] × W
1
r
(t t
i
))
´e relativamente compacto e tando λ como
convergem a zero quando 0, podemos
concluir que Γ
2
B(t) ´e relativamente compacto. Isto completa a prova que Γ
2
´e completamente
cont´ınuo.
Dos passos anteriores, segue que Γ verifica as hip´oteses do Teorema 1.3.2, o que nos
permite concluir que Γ(·) possui um ponto fixo x S(b). Obviamente u = x + y ´e solu¸ao
fraca de (3.1)-(3.2), o que permite concluir a prova.
3.2 Resultados de regularidade
Nesta se¸ao estudaremos a regularidade das solu¸oes fracas estudada na se¸ao anterior.
Especificamente, estabelecemos condi¸oes de modo de obter a existˆencia de solu¸oes cl´assicas
e semi-cl´assicas.
44 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
3.2.1 Existˆencia de solu¸oes semi-cl´assicas
No que segue desta se¸ao assumiremos que as hip´oteses do Teorema 3.1.1 ao satisfeitas
e que x : (−∞, b] X ´e uma solu¸ao fraca de (3.1)-(3.2). Como conseq¨uˆencia da prova do
Teorema 3.1.1, tamb´em suporemos que K
b
L
F
I
L(Y
1
,X)
< 1.
Al´em do anterior, assumiremos que a seguinte propriedade de tipo Gronwall ´e verificada.
(H
2
) Sejam z, α C([0, b] : R), α crescente, tais que
0 z(t) α(t) + c
1
t
0
(H
1
(t s) + H
2
(t s))z(s)ds + c
2
t
0
z(s)ds,
para todo t [0, a]. Enao existe c
3
> 0 independente de t e Θ L
1
([0, a]) tal que
z(t) α(t)c
3
t
0
Θ(t s)ds.
Observao 3.2.1 A motiva¸ao para a hip´otese (H
2
) ´e o fato da seguinte condi¸ao do tipo
Gronwall ser verda deira Se φ : [0, a] [0, ) cont´ınua e existe uma fun¸ao ao decrescente
α : [0, a] R
+
e constantes positivas µ
1
, µ
2
e β (0, 1) tais que
φ(t) α(t) + µ
1
t
0
φ(σ) + µ
2
t
0
φ(σ)
(t σ)
1β
dσ,
ent˜ao
φ(t) α(t)
µ
3
+ µ
1
µ
2
3
t
0
e
µ
1
µ
3
(ts)
ds
, onde µ
3
=
n1
j=0
(
µ
2
a
β
β
)
j
e
µ
n
2
Γ(β)
n
a
Γ()
,
e n e o primeiro inteiro positivo tal que > 1.
A prova do fato anteior pode ser deduzida com facilidade da prova do [63, Lemma
6.7], omitiremos detalhes adicionais. Observamos que este tipo de desigualdade apareceram
freuˆentemente nesta se¸ao.
Para nosso primeiro resultado de regularidade, precisamos do seguinte Lema.
Lema 3.2.1 Assuma que a hip´otese (H
2
) ocorra; que as fun¸oes R(·)ϕ(0) e S(·)ϕ ao
Lipschitz sobre [0, b]; que F (t, x
t
) D(A) para todo t [0, b] e que o conjunto
U = {AR(s)F (t, x
t
),
s
0
B(θ)R(t)F (s, x
s
) : t, θ, s [0, b]}
´e limitado. Assuma tamb´em que existem constantes positivas L
F
e L
G
tais que
F (t, ψ
1
) F (s, ψ
2
)
Y
i
L
F
(| t s | + ψ
1
ψ
2
B
), i = 1, 2,
G(t, ψ
1
) G(s, ψ
2
) L
G
(| t s | + ψ
1
ψ
2
B
),
Existˆencia de solu¸oes semi-cl´assicas 45
para todo t, s [0, b] e todo ψ
1
, ψ
2
B. Ent˜ao as fun¸oes x(·) e t x
t
ao Lipschitz sobre
[0, b].
Demonstra¸ao: Sejam t [0, b) e h > 0 tais que t + h [0, b]. Usando que R(t)(ϕ(0) +
F (0, ϕ)) ´e Lipschitz sobre [0, b] e a limita¸ao do conjunto U vemos que
x(t + h) x(t)
c
1
h + L
F
I
L(Y
1
,X)
M
b
x
h
ϕ
B
+L
F
I
L(Y
1
,X)
K
b
x(θ + h) x(θ)
t
+
t
0
AR(t s)(F (s + h, x
s+h
) F (s, x
s
)) ds +
h
0
AR(t + h s)F (s, x
s
) ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)(F (ξ + h, x
ξ+h
) F (ξ + h, x
ξ+h
)) ds
+
t
0
h
0
B(s + h ξ)R(t s)F (ξ, x
ξ
) ds
+
h
0
s
0
B(s ξ)R(t + h s)F (ξ, x
ξ
) ds
+
t
0
R(t s)(G(s + h, x
s+h
) G(s, x
s
)) ds +
h
0
R(t + h s)G(s, x
s
) ds
c
2
h + L
F
I
L(Y
1
,X)
M
b
x
h
ϕ +L
F
I
L(Y
1
,X)
K
b
x(θ + h) x(θ)
t
+L
F
M
b
x
h
ϕ
B
t
0
H
1
(s)ds + L
F
K
b
t
0
H
1
(t s) x(θ + h) x(θ)
s
ds
+L
F
M
b
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s) x
h
ϕ
B
ds
+L
F
K
b
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s) x(θ + h) x(θ)
ξ
ds
+L
G
M
b
Mb x
h
ϕ
B
+L
G
MK
b
t
0
x(θ + h) x(θ)
s
ds,
onde c
1
e c
2
ao constantes positivas independentes de t e h. Da desigualdade anterior,
deduzimos a existˆencia de constantes positivas c
i
, i = 3, ··· , 6 tais que
x(t + h) x(t)
c
3
h + c
4
x
h
ϕ
B
+L
F
I
L(Y
1
,X)
K
b
x(θ + h) x(θ)
t
+c
5
t
0
(H
1
(t s) + H
2
(t s)) x(θ + h) x(θ)
s
ds + c
6
t
0
x(θ + h) x(θ)
s
ds.
Como K
b
L
F
I
L(Y
1
,X)
< 1 e a fun¸ao ξ(t) = x(θ + h) x(θ)
t
´e crescente, podemos
reescrever a ´ultima desigualdade na forma
x(θ + h) x(θ)
t
c
7
h + c
8
x
h
ϕ
B
+c
9
t
0
(H
1
(t s) + H
2
(t s)) x(θ + h) x(θ)
s
ds
46 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
+c
10
t
0
x(θ + h) x(θ)
s
ds,
e assim concluir por (H
2
) que
x(θ + h) x(θ)
t
(c
7
h + c
8
x
h
ϕ
B
)C
t
0
Θ(t s)ds. (3.13)
onde C > 0 ´e independente de t. Agora ´e acil ver que o Lema estar´a provado se x
h
ϕ
B
=
O(h). Para mostrar isto c onsidere a decomposi¸ao x = y + u onde y(·) ´e a fun¸ao definida
em (3.3). Pelo Lema 2.2.1, sabemos que existe L
y
> 0 tal que y(s + µ) y(s) ≤ L
y
µ para
todo s [0, b], de onde obtemos que
x
h
ϕ
B
y
h
ϕ
B
+ u
h
B
L
y
h + K
b
u(θ)
h
. (3.14)
Por outro lado, para s [0, h],
u(s)
R(s)F (0, ϕ) F (0, ϕ) + F (s, y
s
+ u
s
) F (0, ϕ)
+
s
0
AR(s ξ)F (ξ, y
ξ
+ u
ξ
) +
s
0
ξ
0
B(ξ τ)R(s ξ)F (τ, y
τ
+ u
τ
)
+
s
0
R(s ξ)G(ξ, y
ξ
+ u
ξ
)
c
11
h + K
b
I
L(Y
1
,X)
L
F
u(θ)
s
+ sup
ξ[0 ,b]
AR(ξ)F (θ, x
θ
)
h
h
+ sup
θ,s,t[0,b]
s
0
B(θ)R(t)F (s, x
s
) h + M G(θ, x
θ
) h.
Usando novamente que K
b
L
F
I
L(Y
1
,X)
< 1, obtemos que u(θ)
h
C
1
h para h > 0. I sto
junto a (3.13), e (3.14) permite concluir que x(·) ´e Lipschitz.
Finalmente, da desigualdade
x
t+h
x
t
B
M
a
y
h
ϕ
B
+M
a
K
a
u(θ)
h
+K
a
x(θ + h) x(θ)
t
deduzimos que t x
t
´e tamem Lipschitz sobre [0, b]. A prova est´a agora completa.
Introduzimos agora os conceito de solu¸ao semi-cl´assica para (3.1)-(3.2)
Defini¸ao 3.2.1 Uma fun¸ao u : (−∞, b) X ´e uma solu¸ao semi-cl´assica de (3.1)-(3.2)
se u C([0, b] : X); u
0
= ϕ; t u(t) + F (t, u
t
) C([0, b) : D(A)) C
1
((0, b) : X);
u W
1,1
([0, b] : X) e a fun¸ao t F (t, u
t
) W
1,1
([0, b] : X) e (3.1) ´e satisfeita em [0, b].
No pr´oximo resultado estabeleceremos a existˆencia de solu¸ao semi-cl´assica para (3.1)-
(3.2).
Existˆencia de solu¸oes semi-cl´assicas 47
Teorema 3.2.1 Assuma que as hip´oteses do Lema 3.2.1 ao satisfeitas. Suponha que ϕ(0)
D(A)); F ([0, b] × B) D(A); que a fun¸ao B(·) L
([0, a] : L([D(A)] : X)) e que existe
L
F
> 0 tal que
AF (t, ψ
1
) AF (s, ψ
2
) L
F
(| t s | + ψ
1
ψ
2
B
),
para todo 0 s, t b e ψ
1
, ψ
2
.
Se X satisfaz a (RNP), ent˜ao x(·) ´e uma solu¸ao semi-cl´assica de (3.1)-(3.2) sobre
[0, b].
Demonstra¸ao: Dos Lemas 2.2.1 e 3.2.1 segue que as fun¸oes v
i
: [0, b] X, i = 1, 2
definidas por
v
1
(t) = AF (t, x
t
),
v
2
(t) = G(t, x
t
),
ao Lipschitz sobre [0, b] e do Lema 2.2.3 deduzimos que v
i
(·) W
1,1
([0, b] : X) para i =
1, 2. Pelo fato de que B(·) L
([0, a] : L([D(A)] : X)) ´e acil ver que a fun¸ao v
3
(t) =
t
0
B(t s)F (s, x
s
)ds W
1,1
([0, b] : X). Logo do Teorema 1.2.5 segue que o problema de
Cauchy
dz(t)
dt
= Az(t) +
t
0
B(t s)z(s)ds + v
1
(t) + v
2
(t) + v
3
(t), t (0, b), (3.15)
z(0) = ϕ(0) + F (0, ϕ). (3.16)
tem uma ´unica solu¸ao cl´assica w(·) C([0, b) : D(A)) C
1
((0, b) : X) que ´e dada por
w(t) = R(t)(ϕ(0) + F (0, ϕ)) +
t
0
R(t s) (v
1
(s) + v
2
(s) + v
3
(s)) ds.
Agora da unicidade de solu¸oes fracas de (3.15)-(3.16), podemos concluir que w(t) = x(t) +
F (t, x
t
) para todo t [0, b]. Assim
d
dt
(x(t) + F (t, x
t
)) = A(x(t) + F (t, x
t
)) +
t
0
B(t s)(x(s) + F (s, x
s
)) AF (t, x
t
)
t
0
B(t s)F (s, x
s
)ds + G(t, x
t
)
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
),
pois F (s, x
s
) D(A) para todo s [0, b]. Portanto x(·) verifica (3.1)-(3.2), o que finaliza a
prova.
48 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
3.2.2 Existˆencia de solu¸ao cl´assica
Nesta se¸ao estab elec em os condi¸oes suficientes para que uma solu¸ao fraca de (3.1)-
(3.2) seja uma solu¸ao cl´assica. Para come¸car, uma fun¸ao f : J Y ´e dita η-H¨older
cont´ınua, para η (0, 1), se existe uma constante L > 0 tal que
f(s) f(t) ≤ L | t s |
η
, s, t J.
No que segue C
η
(J : Y ) representa o espa¸co das fun¸oes η-H¨older cont´ınuas.
Para nossos pr´oximos resultados assumiremos alida a seguinte hip´otese.
(H
R
) Existe K > 0 e β (0, 1) tal que
(A)
2
R(t)
L(Y
2
,X)
K
t
2β
, t > 0.
Para mostrar alguns de nossos resultados, ´e necess´ario fazer o estudo pr´evio do seguinte
sistema.
dx(t)
dt
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) ds + (A)g(t), 0 < t < a, (3.17)
x(0) = 0, (3.18)
onde g(·) C
ϑ
([0, a] : Y
2
) C([0, a] : [D(A)]), ϑ (0, 1).
Teorema 3.2.2 Sejam β, ϑ (0, 1) tal que β + ϑ > 1 e a fun¸ao g(·) C
ϑ
([0, a] : Y
2
)
C([0, a] : [D(A)]). Se u(·) ´e uma solu¸ao fraca de (3.17)-(3.18), ent˜ao u(·) ´e uma solu¸ao
cl´assica para (3.17)-(3.18).
Demonstra¸ao: Para come¸car, consideremos a seguinte decomposi¸ao
u(t) =
t
0
(A)R(t s)(g(s) g(t)) ds +
t
0
(A)R(t s)g(t) ds = w
1
(t) + w
2
(t).
Do Lema 1.2.1 temos que Aw
2
(t) C([0, a] : X). Em rela¸ao a w
1
(·), defina a seq¨encia
de fun¸oes w
1,
C([0, a] : X) por
w
1,
(t) =
t
0
(A)R(t s)(g(s) g(t)) ds se t [, a],
0 se t [0, ).
Segue da desigualdade
(A)
2
R(t s)(g(s) g(t)) (A)
2
R(t s)
L(Y
2
,X)
g(s) g(t)
Y
2
KL(t s)
β+ϑ2
,
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 49
que a fun¸ao s (A)
2
R(t s)(g(s) g(t)) ´e integr´avel em [0, t] para cada t [0, a], segue
deste fato que w
1,
(·) D(A). Assim podemos definir a seq¨encia de fun¸oes
Aw
1,
(t) =
t
0
(A)
2
R(t s)(g(s) g(t)) ds se t [, a],
0 se t [0, ).
´
E acil ver que a sequˆencia w
1,
(t)
t
0
(A)R(t s)(g(s) g(t)) ds e que Aw
1,
(t)
t
0
(A)
2
R(t s)(g(s) g(t)) ds em X, usando que o operador A ´e fechado conclu´ımos que
w
1
(t) D(A) e que Aw
1
(t) =
t
0
(A)
2
R(t s)(g(s) g(t)) ds, para todo t [0, a], portanto
a fun¸ao s (A)R(t s)(g(s) g(t)) L
1
([0, a] : D(A)). Segue do fato anterior que
w
1
(·) C([0, a] : [D(A)]), e assim que w(t) C([0, a] : [D(A)]). Do Corol´ario 1.2.1 podemos
concluir que w(t) ´e uma solu¸ao cl´assica para (3.17)-(3.18). O que finaliza a prova.
Introduzimos agora o seguinte conceito de solu¸ao cl´assica para (3.1)-(3.2).
Defini¸ao 3.2.2 Uma fun¸ao u : (−∞, b] X ´e uma solu¸ao cl´assica de (3.1)-(3.2) sobre
[0, b] se u
0
= ϕ; u C([0, b] : X) C
1
((0, b) : X), u(t) D(A) para todo t [0, b), a fun¸ao
s B(t s)u(s) ´e integr´avel em [0, t) para todo t [0, b) e (3.1) ´e satisfeita.
No pr´oximo resultado estudamos a existˆencia de solu¸ao cl´assica para (3.1)-(3.2).
Teorema 3.2.3 Assuma que as hip´oteses (H
1
), (H
2
) e (H
R
) ocorram, que S(·)ϕ ´e Lipschitz
sobre [0, a] e que ϕ(0) D(A). Suponha tamb´em que
(a) F C
1
([0, a] × B : Y
i
) C([0, a] × B : [D(A)]), i = 1, 2 e DF (0, ϕ) 0;
(b) O operador W (·)ϕ possui derivada a direita em t = 0 dada por ψ B;
(c) G C
1
([0, a] × B : X) e G(0, ϕ) 0 ou χ
G(0)
B onde B satisfaz o axioma (C3);
(d) Existe η L
1
([0, a]) tal que
1
h
s+h
s
b(θ) η(s), para todo h [0, 1].
Ent˜ao existe uma ´unica solu¸ao cl´assica de (3.1)-(3.2) para algum 0 < b a.
Demonstra¸ao: Usando que F C
1
([0, a] ×B : Y
i
), i = 1, 2, G C
1
([0, a] ×B : X) e o fato
que D(F (0, ϕ)) 0, do Teorema 3.1.1 deduzimos a existˆencia de uma ´unica solu¸ao fraca
x C([0, b] : X) de (3.1)-(3.2) para algum 0 < b a. Al´em disso, usando novamente o fato
que DF (0, ϕ) 0, podemos assumir que F ´e Lipschitz como fun¸ao de em Y
i
, i = 1, 2,
50 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
sendo aberto de (0, ϕ). No que segue, L
F
ser´a a constante de Lipschitz de F em e
assumiremos que L
F
K
b
< 1. Agora como c onseq¨encia do Lema 3.2.1 podemos supor que
as fun¸oes x(·) e s x
s
ao Lipschitz sobre [0, b]. Mais ainda, assumiremos sem perda de
generalidade que b ´e de tal forma que
µ = K
b
D
2
F (s, x
s
)
Y
1
,b
I
L(Y
1
,X)
+
b
0
H
1
(s)ds +
b
0
a(s)ds
b
0
H
2
(s)ds
+K
b
Mb D
2
G(s, x
s
)
b
< 1. (3.19)
Seja z C([0, b] : X) uma solu¸ao da equa¸ao integral
z(t) = R(t)((0) + G(0, ϕ)) +
t
0
R(t s)B(s)ϕ(0)ds D
1
F (t, x
t
) D
2
F (t, x
t
)z
t
+
t
0
AR(t s)(D
1
F (s, x
s
) + D
2
F (s, x
s
)z
s
)ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)(D
1
F (ξ, x
ξ
) D
2
F (ξ, x
ξ
)z
ξ
)ds
+
t
0
R(t s)(D
1
G(s, x
s
) D
2
G(s, x
s
)z
s
)ds, (3.20)
com z
0
= ψ+χ
G(0)
. A existˆencia de z(·) ´e conse q¨uˆencia de (3.19) e do princ´ıpio da contra¸ao.
Omitiremos detalhes adicionais.
No que segue mostraremos que x
(·) = z(·) em [0, b]. Para t [0, b] e 0 < h < 1
suficientemente pequeno de forma que t + h [0, b] temos que
h
x(t) z(t)
h
R(t)ϕ(0) R(t)(0)
t
0
R(t s)B(s)ϕ(0)ds
+
h
F (t, x
t
) D
1
F (t, x
t
) D
2
F (t, x
t
)z
t
+
h
R(t)F (0, ϕ)
1
h
h
0
AR(t + h s)F (s, x
s
)ds
1
h
t
0
h
0
R(t s)B(s ξ + h)F (ξ, x
ξ
)ds
+
1
h
h
0
R(t + h s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds
+
t
0
AR(t s)(
h
F (s, x
s
) D
1
F (s, x
s
) D
2
F (s, x
s
)z
s
)ds
+
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)(
h
F (ξ, x
ξ
) D
1
F (ξ, x
ξ
) D
2
F (ξ, x
ξ
)z
ξ
)ds
+
t
0
R(t s)(
h
G(s, x
s
) D
1
G(s, x
s
) D
2
G(s, x
s
)z
s
)ds
+
1
h
h
0
R(t + h s)G(s, x
s
)ds R(t)G(0, ϕ) .
=
8
1
I
i
(t, h).
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 51
Analisaremos agora os termos I
i
(t, h), i = 1, . . . , 8. Como ϕ(0) D(A), das pro-
priedades do operador resolvente, ´e acil ver que I
1
(t, h) 0 uniformemente para t [0, b]
quando h 0.
Para estudar I
3
(t, h) considere a desigualdade
I
3
(t, h)
R(t + h) R(t)
h
F (0, ϕ) R(t)AF (0, ϕ)
t
0
R(t s)B(s)F (0, ϕ)ds
+
1
h
t
0
R(t s)
h
0
B(s ξ + h)F (ξ, x
ξ
)ds +
t
0
R(t s)B(s)F (0, ϕ)ds
+
1
h
h
0
AR(t + h s)F (s, x
s
)ds + R(t)AF (0, ϕ)
=
3
1
I
i
(t, h).
Como F (0, ϕ) D(A), das propriedades do operador resolvente temos que
I
1
(t, h) 0
uniformemente para t [0, b] quando h 0. Pelo fato de F C([0, b] × B, [D(A)]) segue
que
1
h
h
0
B(s ξ + h)F (ξ, x
ξ
) B(s)F (0, ϕ) q.t.p. sobre [0, b]. Al´em disso, como
1
h
h
0
B(s ξ + h)F (ξ, x
ξ
) ≤
s+h
s
b(ξ) F (θ, x
θ
)
[D(A)],b
η(s) F (θ, x
θ
)
[D(A)],b
em
[0, b], deduzimos do Teorema da convergˆencia dominada que
I
2
(t, h) 0 uniformemente para
t [0, b] quando h 0. Finalmente,
I
3
(t, h) 0 uniformemente quando h 0, desde que
F C([0, b] ×B, [D(A)]). Como consequˆencia do anterior, podemos concluir que I
3
(t, h) 0
uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Da continuidade das fun¸oes F (·) e G(·), da integrabilidade da fun¸ao B(·) e das
propriedades do operador resolvente podemos deduzir facilmente que o termos I
4
(t, h) 0 e
I
8
(t, h) 0 uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Usando as conclus˜oes anteriores e a decomposi¸ao (2.20), podemos reescrever a de-
sigualdade inicial desta prova na forma
h
x(t) z(t)
H(t, h)+ I
L(Y
1
,X)
D
2
F (t, x
t
)
Y
1
x
t+h
x
t
h
z
t
B
+
(h, x
t+h
x
t
)
h
r(F, t, x
t
, h, x
t+h
x
t
)
Y
1
+
t
0
H
1
(t s) D
2
F (s, x
s
)
Y
1
x
s+h
x
s
h
z
s
B
ds
+
t
0
H
1
(t s)
(h, x
s+h
x
s
)
h
r(F, s, x
s
, h, x
s+h
x
s
)
Y
1
ds
52 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
+
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s) D
2
F (ξ, x
ξ
)
Y
2
x
ξ+h
x
ξ
h
z
ξ
B
ds
+
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s)
(h, x
ξ+h
x
ξ
)
h
r(F, ξ, x
ξ
, h, x
ξ+h
x
ξ
)
Y
2
ds
+M
t
0
D
2
G(s, x
s
) 
x
s+h
x
s
h
z
s
B
ds
+M
t
0
(h, x
s+h
x
s
)
h
r(G, s, x
s
, h, x
s+h
x
s
) ds,
onde H(t, h) 0 uniformemente para t [0, b] quando h 0. Mais ainda, dos Lemas 2.2.4
e 3.2.1 temos que para P = F, G,
(h, x
s+h
x
s
)
h
r(P, s, x
s
, h, x
s+h
x
s
) → 0
uniformemente para s [0, b] quando h 0. Isto permite reescrever a desigualdade anterior
na forma
h
x(t) z(t) H
1
(t, h)+ I
L(Y
1
,X)
D
2
F (t, x
t
)
Y
1
x
t+h
x
t
h
z
t
B
+
t
0
H
1
(t s) D
2
F (s, x
s
)
Y
1
x
s+h
x
s
h
z
s
B
ds
+
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s) D
2
F (ξ, x
ξ
)
Y
2
x
ξ+h
x
ξ
h
z
ξ
B
ds
+M
t
0
D
2
G(s, x
s
) 
x
s+h
x
s
h
z
s
B
ds,
onde H
1
(t, h) 0 uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Agora, como conseq¨encia da desigualdade
x
t+h
x
t
h
z
t
B
M
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
+K
b
x(θ + h) x(θ)
h
z(θ)
t
,
segue que
h
x(θ) z(θ)
t
H(θ, h)
t
+ µ
h
x(θ) z(θ)
t
+
µM
b
K
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
,
e assim que
h
x(θ) z(θ)
t
1
1 µ
H(θ, h)
t
+
µM
b
(1 µ)K
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
,
Da ´ultima desigualdade, ´e claro que x
= z em [0, b] se
x
h
ϕ
h
z
0
B
0 quando
h 0. Para mostra este fato, introduzimos a decomposi¸ao x
t
= W (t)ϕ +
4
i=1
z
1
t
, onde
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 53
(z
i
)
0
= 0 e para θ [0, h]
z
1
(θ) = R(θ)F (0, ϕ) F (θ, x
θ
),
z
2
(θ) =
θ
0
AR(θ s)F (s, x
s
)ds,
z
3
(θ) =
θ
0
R(θ s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds,
z
4
(θ) =
θ
0
R(θ s)G(s, x
s
)ds.
Com as nota¸oes anteriores, segue que,
x
h
ϕ
h
z
0
B
W (h)ϕ ϕ
h
ψ
B
+
z
1
h
+ z
2
h
+ z
3
h
h
B
+
z
4
h
h
χ
G(0)
B
=
3
i=1
I
i
(h, B).
Das hip´oteses ´e ´obvio que I
1
(h, B) 0 quando h 0. Para o termo I
3
(h, B), suponha
primeiro que G(0, ϕ) 0. Se θ (0, h), enao
z
4
(θ) ≤
θ
0
R(θ s)G(s, x
s
) ds Mθ G(θ, x
θ
)
h
,
o que da desigualdade
1
h
z
4
h
B
K
b
M
θ
h
G(θ, x
θ
)
h
, prova que
z
4
h
h
B
0 quando
h 0, pois G(0, ϕ) = 0. Por outro lado, se G(0, ϕ) = 0, χ
G(0)
B e B satisfaz o axioma
(C3), temos portanto que I
3
(h, B) 0 quando h 0, uma vez que
d
dt
z
4
(t)|
t=0
+
= G(0, ϕ).
Para o termo I
2
(h, B) veja que
z
1
h
+ z
2
h
+ z
3
h
h
B
K
b
h
R(θ)F (0, ϕ) F(θ, x
θ
) +
θ
0
(AR(θ s)F (s, x
s
)ds + R(θ s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
))ds
h
K
b
h
F (θ, x
θ
) F (0, ϕ)
h
+
K
b
h
R(θ)F (0, ϕ) F(0, ϕ) +
θ
0
(AR(θ s)F (s, x
s
)ds + R(θ s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
))ds
h
.
Seja θ [0, h], como a fun¸ao s x
s
´e Lipschitz, existe L > 0 tal que x
s
ϕ
B
Ls para
todo s [0, b]. Nestas condi¸oes temos que
F (θ, x
θ
) F (0, ϕ) (θ, x
θ
ϕ)  I
L(Y
1
,X)
sup
(s,ζ)[(0),(θ,x
θ
)]
DF (s, ζ)
Y
1
,
onde [(0, ϕ), (θ, x
θ
)] representa o segmento de reta que liga os ponto (0, ϕ) a (θ, x
θ
). O fato
acima implica que
K
b
h
F (θ, x
θ
) F (0, ϕ)
h
0 quando h 0, pois DF (0, ϕ) = 0.
54 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
Usando novamente que a fun¸ao s x
s
´e Lipschitz e o fto que R
(µ)F (0, ϕ) =
AR(µ)F (0, ϕ) +
µ
0
B(µ s)R(s)F (0, ϕ)ds vemos que
R(θ)F (0, ϕ) F(0, ϕ) +
θ
0
AR(θ s)F (s, x
s
)ds +
θ
0
R(θ s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds
=
0
θ
R
(θ s)F (0, ϕ)ds +
θ
0
AR(θ s)F (s, x
s
)ds +
θ
0
R(θ s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds
θ
0
AR(θ s) (F (s, x
s
) F (0, ϕ)) ds
+
θ
0
s
0
B(s ξ)R(θ s) (F (ξ, x
ξ
) F (0, ϕ)) ds
θ
0
H
1
(θ s)L
F
(1 + L) | s | ds +
θ
0
s
0
a(s ξ)H
2
(θ s)L
F
(1 + L) | ξ | ds
L
F
(1 + L)θ
h
0
H
1
(s)ds + L
F
(1 + L)θ
h
0
H
2
(s)ds
b
0
a(ξ),
de onde inferimos que a express˜ao acima divida por h converge a zero quando h 0, pois
H
1
e H
2
ao fun¸oes integr´aveis sobre [0, b]. Portanto I
2
(h, B) 0, quando h 0
Resumindo as conclus˜oes anteriores obtemos que
x
h
ϕ
h
z
0
quando h 0. Logo
temos que x
(·) = z(·), e que x C
1
([0, b] : X). Mais ainda, das estimativas ´e acil observar
que
h
x(t) x
(t) uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Agora mostraremos que a fun¸ao t x
t
´e continuamente diferenci´avel em B. Para isto
definimos a fun¸ao w : (−∞, b] X por
w(θ) =
z(θ), se θ (−∞, 0],
x
(θ), se θ [0, b].
Das etapas anteriores obtemos que
d
dt
x(t)|
t=0
= ψ(0) + G(0, ϕ), o que implica que x
(0
+
) =
z(0), assim temos que w
0
= z
0
B e como w ´e cont´ınua em [0, b], segue dos axiomas do
espa¸co de fase que w
t
B para todo t [0, b] e que a aplica¸ao t w
t
e cont´ınua em [0, b].
O anterior, junto com a desigualdade
h
x
t
w
t
B
M
b
x
h
ϕ
h
z
0
B
+K
b
h
x(θ) x
(θ)
t
,
mostra que t x
t
´e continuamente diferenci´avel sobre [0, b]. Ainda por cima,
h
x
t
d
dt
x
t
uniformemente para t [0, b] quando h 0.
Considere o problema de Cauchy
dw(t)
dt
= Aw(t) +
t
0
B(t s)w(s)ds AF (t, x
t
)
t
0
B(t s)F (s, x
s
)ds + G(t, x
t
),
w(0) = ϕ(0) + F (0, ϕ). (3.21)
Existˆencia de solu¸c˜ao cl´assica 55
Dos fatos anteriores podemos concluir que t G(t, x
t
) C
1
([0, b] : X) e que t
F (t, x
t
) C([0, b] : [D(A)]) C
ϑ
([0, b] : Y
2
), ϑ = 1. Agora vamos mostrar que a fun¸ao
t ζ(t) =
t
0
R(t s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds C
1
([0, b] : X).
De fato, seja
ζ
(t) =
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)
D
1
F (ξ, x
ξ
) + D
2
F (ξ, x
ξ
)
d
(x
ξ
)
ds
t
0
R(t s)B(s)F (0, ϕ)ds.
Pelas hip´oteses sobre F (·) e do fato que a aplica¸ao t x
t
C
1
([0, b] : B), temos que a
aplica¸ao ζ
(·) C([0, b] : X). Assim vemos que
ζ(t + h) ζ(t)
h
ζ
(t)
t
0
s
0
B(s ξ)R(t s)
h
F (ξ, x
ξ
) D
1
F (ξ, x
ξ
) D
2
F (ξ, x
ξ
)
d
(x
ξ
)
ds
1
h
h
0
R(t + h s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds
+
1
h
t
0
R(t s)
h
0
B(s + h ξ)F (ξ, x
ξ
)ds
t
0
R(t s)B(s)F (0, ϕ)ds
=
3
i=1
I
i
.
Por estimativas a feitas obtemos que I
i
, i = 1, 2, convergem a zero quando h 0. Usando a
decomposi¸ao (2.20), vemos que
I
1
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s) D
2
F (ξ, x
ξ
)
Y
2
x
ξ+h
x
ξ
h
d
(x
ξ
)
B
ds
+
t
0
s
0
a(s ξ)H
2
(t s)
(h, x
ξ+h
x
ξ
)
h
r(F, ξ, x
ξ
, h, x
ξ+h
x
ξ
)
Y
2
ds
D
2
F (θ, x
θ
)
Y
2
,b
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds
sup
ξ[0,b]
x
ξ+h
x
ξ
h
d
(x
ξ
)
B
+
(1 + L)
b
0
H
2
(s)ds
b
0
a(s)ds
r(F, θ, x
θ
, θ, x
θ+h
x
θ
)
Y
2
,b
,
o que permite concluir que I
1
0 quando h 0.
Como ϕ(0) + F (0, ϕ) D(A), do Corol´ario 1.2.1 e do Teorema 3.2.2 temos que
w(t) = R(t)(ϕ(0) + F (0, ϕ))
t
0
AR(t s)F (s, x
s
)ds
t
0
R(t s)
s
0
B(s ξ)F (ξ, x
ξ
)ds +
t
0
R(t s)G(s, x
s
) ds,
´e uma solu¸ao cl´assica para (3.21). Da unicidade das solu¸oes fracas de (3.1)-(3.2) segue
que w(t) = x(t) + F (t, x
t
). Mais ainda, como F (t, x
t
) D(A) se t [0, b], obtemos que
56 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
x(t) D(A) para todo t [0, b] e que
d
dt
(x(t) + F (t, x
t
)) = A(x(t) + F (t, x
t
)) +
t
0
B(t s)(x(s) + F (s, x
s
)) AF (t, x
t
)
t
0
B(t s)F (s, x
s
)ds + G(t, x
t
)
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) + G(t, x
t
).
O anterior completa a prova do resultado.
3.3 Exemplo
Nesta se¸c ˜ao consideramos alguns exemplos de sistemas neutros que podem ser estudados
fazendo uso dos nossos resultados abstratos deste cap´ıtulo. Previamente, introduzimos os
elementos t´ecnicos necess´arios. No que segue X = L
2
([0, π]) e A : D(A) X X ´e o
operador definido por Af = f

, onde
D(A) = {f X : f

X, f(0) = f (π) = 0}.
´
E conhecido que A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo anal´ıtico e compacto (T (t))
t0
em X. Al´em disso, A possui espectro discreto, os autovalores s ˜ao n
2
, n N e os autovetores
normalizados ao z
n
(ξ) =
2
π
1/2
sin(). Al´em do anterior, as seguintes propriedades ao
verificadas
(a) {z
n
: n N} ´e uma base ortonormal de X;
(b) Se f D(A) ent˜ao Af =
n=1
n
2
< f, z
n
> z
n
;
(c) Para f X, T (t)f =
n=1
e
n
2
t
< f, z
n
> z
n
. Em particular, vemos que (T (t))
t0
´e
um semigrupo uniformemente est´avel com T (t) ≤ e
t
para todo t 0,
(d) Para cada f X e todo α (0, 1), temos que (A)
α
f =
n=1
1
n
2α
< f, z
n
> z
n
. Em
particular, (A)
1/2
= 1,
(e) Para cada α (0, 1) e f D((A)
α
), (A)
α
f =
n=1
n
2α
< f, z
n
> z
n
. Mais ainda,
D((A)
α
) =
f X :
n=1
n
2α
< f, z
n
> z
n
X
.
Seja B(t)f(ξ) := a(t)Af (ξ), onde a(·) L
1
(R
+
), a(·) ´e limitada em intervalos da
forma 0 < t
1
t
2
< . Assumiremos tamb´em que a(λ) ´e absolutamente convergenta para
Exemplo 57
Re(λ) > 0. Com as condi¸oes anteriores, o operador A e a famil´ıa de op e radores (B(t))
t0
satisfazem as hip´oteses do Teorema [25, T heorem 3.1], e existe K > 0 tal que
(A)
α
R(t)x ≤
K
t
α
x , t > 0,
para todo α (0, 1) e x X, para este ´ultimo fato, veja [25, Theorem 3.4]. Assim conclu´ımos
que existe uma fam´ılia resolvente anal´ıtica (R(t))
t0
associada ao sistema (1.1)-(1.2) tal que
a hip´otese (H
1
) seja verdadeira com X = L
2
([0, π]) e Y
1
= Y
2
= D((A)
1/2
).
Para estudar nossos pr´oximos exemplos, escolhemos o espa¸co de fase B = C
r
×L
2
(ρ , X)
com r = 0.
Considere o sistema integro-diferencial
t
u(t, ξ) +
t
−∞
π
0
b(t s, η, ξ)u(s, η)ds
=
2
ξ
2
u(t, ξ) +
t
0
a(t s)
2
ξ
2
u(s, ξ)ds,
+
t
−∞
a
0
(s t)u(s, ξ)ds, (t, ξ) [0, a] × [0, π],
(3.22)
u(t, 0) = u(t, π) = 0, t [0, a],
u(θ, ξ) = φ(θ, ξ), θ 0, ξ [0, π]. (3.23)
onde se verificam as seguintes propriedades
(i) A fun¸ao
ξ
b(θ, η, ξ) ´e cont´ınua, b(θ, η, 0) = b(θ, η, π) = 0 para todo (θ, η) e
L
F
:= max{
π
0
0
−∞
π
0
ξ
b(θ, η, ξ), (
π
0
0
−∞
π
0
ξ
b(θ, η, ξ)
2
ρ
1
(θ))
1/2
} < .
(ii) A fun¸ao a
0
(·) ´e cont´ınua e L
0
:=
0
−∞
(a
0
(s))
2
ρ(s)
ds
1
2
< .
(iii) A fun¸ao ϕ definida por ϕ(θ)(ξ) = φ(θ, ξ) pertence a B.
Definimos as fun¸oes F e G : [0, a] × B X por
F (t, ψ)(ξ) :=
0
−∞
π
0
b(s, η, ξ)ψ(s, η)ds,
G(t, ψ)(ξ) :=
0
−∞
a
0
(s)ψ(s, ξ)ds.
Assim podemos escrever o sistema (3.22)-(3.23) na forma abstrata
d
dt
x(t) + F (t, x
t
)
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
),
x
0
= ϕ B.
58 Cap´ıtulo 3. Existˆencia de solu¸oes para um sistema integro-diferencial
Alem disso, ´e acil mostrar que F (t, ·), G(t, ·) ao operadores lineares cont´ınuos com
F (t, ·) ≤ L
F
, G(t, ·) ≤ L
G
.
Mais ainda, usando a caracteriza¸ao de D((A)
1
2
) dada em (e), podemos mostrar ap´os alguns
alculos extensos que F (R × B) D((A)
1
2
) e que
(A)
1
2
F (t, ψ) ≤ L
F
ψ
B
,
para todo ψ B.
O seguinte resultado ´e conseq¨uˆencia direta do Teorema 3.1.1
Proposi¸ao 3.3.1 Suponha que as condi¸oes (i)-(iii) ocorram. Se L
F
I
L(Y
1
,X)
K(0) <
1. Ent˜ao existe uma ´unica solu¸ao fraca para o sistema (3.22)-(3.23)sobre [0, b] para algum
0 < b a.
Se al´em das condi¸oes anteriores assumirmos que
(iv) A fun¸ao
2
ξ
2
b(θ, η, ξ) ´e cont´ınua e
L
F
:=
π
0
0
−∞
π
0
2
ξ
2
b(θ, η, ξ)
2
ρ
1
(θ)
1/2
< ,
obtemos o seguinte resultado como conseq¨uˆencia do Teorema 3.2.1.
Corol´ario 3.3.1 Seja u(·) a solu¸ao fraca de (3.22)-(3.23) garantida pela Proposi¸ao 3.3.1.
Se R(·)ϕ(0) e S(·)ϕ ao Lipschitz em [0, b], ent˜ao u(·) ´e uma solu¸ao semi-cl´assica de (3.22)-
(3.23).
Cap´ıtulo 4
Fam´ılias “N-resolventes” e aplica-
¸oes a equa¸oes integro-diferenciais
do tipo neutro
Resumo
Neste cap´ıtulo estudamos a existˆencia de uma fam´ılia “N-resolvente” de operadores para um
sistema integro-diferencial descrito na forma.
d
dt
x(t) +
t
0
N(t s)x(s)ds = Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds, t (0, a), (4.1)
x(0) = x
0
, (4.2)
onde A : D(A) X X, B(t) : D(B(t)) X X, t 0 ao operadores lineares fechados
com D(B(t)) D(A), t 0, e (N(t))
t0
´e uma fam´ılia de operadores lineares cont´ınuos
em X. Estudamos tamb´em propriedades qualitativas da fam´ılia N-resolvente e a existˆencia
e regularidade de solu¸oes fracas para o problema ao homogˆeneo associado. Na se¸ao 4.4
aplicamos a teoria desenvolvida, no estudo da existˆencia e regularidade de solu¸oes fracas
para um sistema integro-diferencial do tipo neutro com retardamento ao limitado.
60 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
4.1 Preliminares
Neste se¸ao estudamos a existˆencia e propriedades qualitativas de uma fam´ılia “N-
resolvente”de operadores lineares limitados para o sistema (4.1)-(4.2). Brevemente, uma
fam´ılia N-resolvente ´e uma fam´ılia de operadores em L(X), que se relaciona com o sistema
(4.1)-(4.2) de maneira similar como um semigrupo de operadores lineares se relacionam com
a equa¸ao x
(t) = Ax(t).
Na seq¨uˆencia usaremos a nota¸ao (H p) para representar a convolu¸ao entre fun¸oes
H e p, a qual ´e definida por (H p)(t) =
t
0
H(t s)p(s)ds. Adicionalmente, para um
Banach (Z, ·
Z
) e uma fun¸ao ξ : [0, ) Z, usaremos a nota¸ao
ξ para representar a
transformada de Laplace de ξ.
Neste cap´ıtulo assumiremos as seguintes hip´oteses.
(HN
1
) O operador A ´e gerador infinitesimal de um semigrupo anal´ıtico em X. Em particular,
assumiremos que existem constantes M > 0, θ (π/2, π) tais que ρ(A) Λ
θ
= {λ
C \ {0} :| arg(λ) |< θ} e R(λ, A) ≤
M
| λ |
para todo λ Λ
θ
.
(HN
2
) (N(t))
t>0
´e uma fam´ılia uniformemente limitada de op eradores em L(X); N(t)(D(A))
D(A), AN(t)x = N(t)Ax x D(A) e t > 0; N(·) L
1
([0, ) : L(X)) L
1
([0, ) :
L([D(A)]);
N(λ)x ´e absolutamente convergente para todo x X e Re(λ) > 0. Mais
ainda, existe α > 0 e uma extens˜ao anal´ıtica de
N(λ) a Λ
θ
, que denotaremos por
N(λ),
tal que
N(λ) ≤
N
| λ |
α
para todo λ Λ
θ
.
(HN
3
) Para cada t 0, B(t) : D(B(t)) X X ´e um operador linear fechado com D(A)
D(B(t)). Tamb´em assumiremos que B(·)x ´e uma fun¸ao fortemente mensur´avel em
(0, ) para cada x D(A) e que existe b(·) L
1
(R
+
), com
b(λ) absolutamente
convergente para Re(λ) > 0, tal que B(t)x ≤ b(t) x
[D(A)]
para todo t > 0 e
cada x D(A).
(HN
4
) Existe um s ubconjunto D D(A
2
) denso em D(A) tal que A(D) D,
B(λ)(D) D
e A
B(λ)(D) =
B(λ)A(D) para todo λ tal que Re(λ) > 0.
Observao 4.1.1 Como exemplo de um operador que verifica a hip´otese (HN
4
), considere
A o operador Laplaciano com condi¸oes de Dirichlet, B(t) = b(t)A e D = C
0
(Ω).
4.2. Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 61
Exemplo 4.1.1 Em rela¸ao a condi¸ao (HN
2
), considere N(t) = e
ωt
t
α1
L : X X
onde ω > 0, α (0, 1) e L ´e um operador em L(X) que comuta com o operador A quando
x D(A).
´
E acil ver que N (·) L
1
([0, ) : L(X)) L
1
([0, ) : L([D(A)]). Al´em disso,
N(λ)x ≤
Γ(α) L
| λ |
α
x ,
para todo x X.
Defini¸ao 4.1.1 Uma fam´ılia de operado res lineares (R(t))
t0
em L(X), ´e chamada oper-
ador N-resolvente para (4.1)-(4.2) se as seguintes propriedades ao verificadas.
(a) R(0) = I, a fun¸ao t R(t)x ´e cont´ınua sobre [0, ) para todo x X e existem
constantes η e M 1 tais que R(t) ≤ Me
ηt
para todo t 0.
(b) R(t)D(A) D(A) para todo t 0 e a fun¸ao R(·)x C([0, ); [D(A)]) para todo
x D(A).
(c) Se x D(A), ent˜ao R(·)x C
1
((0, ) : X); R(·)x + (N R)(·)x e R(·)x + (R N)(·)x
ao fun¸oes em C
1
([0, ) : X) e
d
dt
R(t)x +
t
0
N(t s)R(s)xds
= AR(t)x +
t
0
B(t s)R(s)xds, (4.3)
d
dt
R(t)x +
t
0
R(t s)N(s)xds
= R(t)Ax +
t
0
R(t s)B(s)xds, (4.4)
para todo t 0.
4.2 Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente
Nesta se¸ao estabelecemos condi¸oes suficientes para a existˆencia de uma fam´ılia N-
resolvente para (4.1)-(4.2). Previamente, ´e necess´ario introduzir algumas nota¸oes e mos trar
alguns resultados preliminares.
Denotaremos por ρ
F
o conjunto
ρ
F
= {λ C; (λ + λ
N(λ) A)
1
L(X)},
e F : ρ
F
L(X) ser´a o operador definido por F (λ) = (λ + λ
N(λ) A)
1
. Similarmente, ρ
G
ser´a o conjunto
ρ
G
= {λ C; (λ + λ
N(λ)
B(λ) A)
1
L(X)},
e G(λ) : ρ
G
L(X) ser´a o operador G(λ) = (λ + λ
N(λ)
B(λ) A)
1
.
62 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Lema 4.2.1 Assuma que as hip´oteses (HN
1
) e (HN
2
) ao alidas. Ent˜ao existem con-
stantes positivas r, M
1
, M
2
tais que ρ
F
Λ
r,θ
= {λ C\{0} :| λ |> r e | arg(λ) |< θ},
F (λ) ≤
M
1
| λ |
, λ Λ
r,θ
, (4.5)
F (λ) = R(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
, λ Λ
r,θ
, (4.6)
AF (λ)x ≤
M
1
| λ |
x
[D(A)]
, λ Λ
r,θ
, x D(A), (4.7)
AF (λ) ≤ M
2
, λ Λ
r,θ
. (4.8)
Demonstra¸ao: Sejam λ Λ
θ
e r = (2NM)
1
α
. Da estimativa
λ
N(λ)R(λ, A)x ≤
NM
| λ |
α
x ,
temos que λ
N(λ)R(λ, A) ≤
1
2
para | λ |> r, o que implica que (I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
existe e que (I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
≤ 2.
Por outro lado, para x X temos que
(λ + λ
N(λ) A)R(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
x =
(I + λ
N(λ)R(λ, A))(λ A)R(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
x =
(I + λ
N(λ)R(λ, A))(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
x = x,
e que para x D(A),
R(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
(λ + λ
N(λ) A)x =
R(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
(I + λ
N(λ)R(λ, A))(λ A)x =
R(λ, A)(λ A)x = x,
o que permite concluir que F (λ) existe para todo λ em Λ
r,θ
, que
F (λ) = R(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
e que
F (λ) ≤
2M
| λ |
.
Do anterior temos que (4.5) e (4.6) ao verificadas.
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 63
Como A ´e um operador fechado, para x D(A) segue que
AF (λ)x = AR(λ, A)
n=0
(λ
N(λ)R(λ, A))
n
x = R(λ, A)
n=0
(λ
N(λ)R(λ, A))
n
Ax,
de onde obtemos que
AF (λ)x ≤
2M
| λ |
x
[D(A)]
.
Finalmente, da defini¸ao de F (λ) e das propriedades anteriores segue que
AF (λ) = AR(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
= λR(λ, A)(I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
+ (I + λ
N(λ)R(λ, A))
1
2M + 2 = M
2
,
o que completa a prova.
Lema 4.2.2 Assuma que as hip´oteses (HN
1
), (HN
2
) e (HN
3
) ao alidas. Sejam r, M
1
, M
2
as constantes garatidas no Lema 4.2.1 e suponha que lim sup
|λ|→∞
b(λ)M
2
< 1. Ent˜ao existem
constantes r
1
, M
3
, M
4
e M
5
tais que ρ
G
Λ
r
1
G(λ) ≤
M
3
| λ |
, λ Λ
r
1
, (4.9)
G(λ) = F (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
, λ Λ
r
1
, (4.10)
AG(λ)x ≤
M
4
| λ |
x
[D(A)]
, λ Λ
r
1
, x D(A), (4.11)
AG(λ) ≤ M
5
, λ Λ
r
1
. (4.12)
Demonstra¸ao: Sejam λ Λ
r,θ
e x X. Do Lema 4.2.1 vemos que
B(λ)F (λ)x
b(λ)( F (λ)x
[D(A)]
)
b(λ)( AF (λ)x + F (λ)x )
b(λ)(M
2
+
M
1
| λ |
) x .
Como lim sup
|λ|→∞
b(λ)M
2
< 1, deduzimos a existˆencia de δ (0, 1) e de r
1
> r tais que
b(λ)(M
2
+
M
1
|λ|
) δ se | λ |> r
1
. Isto implica que o operador (I
B(λ)F (λ)) ´e invers´ıvel e
que (I
B(λ)F (λ))
1
≤
1
1 δ
para λ Λ
r
1
.
64 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Por outro lado, para x X temos que
(λ + λ
N(λ)
B(λ) A)F (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
x =
(I
B(λ)F (λ))(λ + λ
N(λ) A)F (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
x =
(I
B(λ)F (λ))(I
B(λ)F (λ))
1
x = x,
e que quando x D(A),
F (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
(λ + λ
N(λ)
B(λ) A)x =
F (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
(I
B(λ)F (λ))(λ + λ
N(λ) A)x =
F (λ)(λ + λ
N(λ) A)x = x.
Portanto, o operador (λ + λ
N(λ)
B(λ) A) possui inversa cont´ınua para λ Λ
r
1
, a qual
´e dada por G(λ) = F (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
. Alˆem disso, como F (λ)(X) D(A), temos que
G(λ) assume valores em D(A) e que
G(λ) F (λ)  (I
B(λ)F (λ))
1
2M
1
| λ |
1
1 δ
M
3
| λ |
.
Do anterior vemos que (4.9)-(4.10) ao verificadas.
Vejamos agora que (4.11) e (4.12) tamem ao alidas. Sejam x D(A) e λ Λ
r
1
.
Observe que quando λ Λ
r
1
temos que M
2
b(λ) < 1 e
b(λ)(M
2
+
M
1
|λ|
) δ. Como
conseq¨encia,
AG(λ)x AF (λ)(I
B(λ)F (λ))
1
x
AF (λ)
n=0
(
B(λ)F (λ))
n
x
AF (λ)x + AF (λ)
n=1
(
B(λ)F (λ))
n
x
AF (λ)x + AF (λ)
n=1
(
B(λ)F (λ))
n
x
M
1
| λ |
x
[D(A)]
+M
2
b(λ)
n=1
(M
2
+
M
1
| λ |
)
b(λ)
n1
F (λ)x
[D(A)]
M
1
| λ |
x
[D(A)]
+
n=1
δ
n1
2M
1
| λ |
x
[D(A)]
M
4
| λ |
x
[D(A)]
.
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 65
Finalmente, da defini¸ao de G(λ) e (4.8) vemos que para λ Λ
r
1
,
AG(λ) = AF (λ)(I +
B(λ)F (λ))
1
≤ M
2
1
1 δ
= M
5
,
o que permite concluir a demostra¸ao.
Observao 4.2.1 Antes de continuar ´e necessario enfatizar que a constante r
1
do Lema
4.2.2 foi escolhida de forma que
b(λ)M
2
< 1 para todo | λ |> r
1
e que esta escolha ´e asica
para a obten¸ao do resultado. Tamb´em observamos que o operador λ G(λ) ´e escrito como
o produto de operadores anal´ıticos se λ Λ
r
1
. Como as co nseuˆencias do Lema 4.2.2
ao de fundamental importˆancia no que resta deste trabalho, achamos conveniente introduzir
formalmente as seguintes hip´oteses.
(HN
5
) Seja M
2
= 2M + 2 a constante garatida pelo Lema 4.2.1 e r
0
> r
1
. Ent˜ao
b(λ)M
2
< 1
para todo | λ |≥ r
0
.
(HN
6
) Os operadores G(λ) e AG(λ) ao anal´ıticos para todo λ Λ
r
1
. Se x D, enao
AG(λ)x = G(λ)Ax para todo λ Λ
r
1
.
No que segue, usaremos a ecnica de transformada de Laplace para definir uma fam´ılia
N-resolvente (R(t))
t0
para (4.1)-(4.2). Tamb´em mos traremos que (R(t))
t0
possui uma
extens˜ao anal´ıtica a uma regi˜ao apropriada do plano complexo.
No que segue deste cap´ıtulo, assumiremos que as condi¸oes (HN
1
)-(HN
6
) ao verifi-
cadas e que M
1
, ··· , M
5
ao as constantes dos Lemas 4.2.1, 4.2.2. No resto da se¸ao, φ ser´a
um n´umero fixo em (
π
2
, θ) e r
0
> r
1
. Para r > 0, Γ(r) = Γ
1
r
Γ
2
r
Γ
3
r
ser´a a curva dada por
Γ
1
r
= {γe
: γ r},
Γ
2
r
= {re
: φ ξ φ},
Γ
3
r
= {−γe
: γ r}.
onde cada curva Γ
i
r
, i = 1, 2, 3 ´e orientada de forma que Im(λ) ´e crescente em Γ
1
r
e Γ
3
r
.
Usando as nota¸oes anteriores, definimos a fam´ılia de operadores (R(t))
t0
por
R(t) =
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
(λ + λ
N(λ)
B(λ) A)
1
dλ, t > 0,
Id, t = 0.
(4.13)
Nos pr´oximos Lemas, mostraremos que (R(t))
t0
´e uma fam´ılia N-resolvente para (4.1)-
(4.2).
66 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Lema 4.2.3 Suponha que (HN
1
)-(HN
6
) ao satisfeitas. Ent˜ao, R(t) L(X) para todo
t 0.
Demonstra¸ao: Se x X, do Lema 4.2.2 segue que
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
G(λ)xdλ
1
π
r
0
| e
λt
|
M
3
| λ |
| | x +
1
2π
φ
φ
| e
λt
|
M
3
| λ |
| | x
1
π
r
0
e
rtsen(φ
π
2
)
M
3
r
dr x +
1
2π
φ
φ
e
r
0
t cos ξ
M
3
r
0
r
0
x
M
3
πr
0
e
r
0
tsen(φ
π
2
)
tsen(φ
π
2
)
+
M
3
π
e
r
0
t
φ
x ,
o que prova que R(t) L(X) para todo t 0, pois R(0) = I.
Lema 4.2.4 Se (HN
1
)-(HN
6
) ao satisfeitas, ent˜ao (R(t))
t0
´e fam´ılia uniformemente
limitada em L(X).
Demonstra¸ao: Estudaremos inicialmente a limita¸ao de R(t) para t 1. Sejam x X e
t 1. Fazendo a mudan¸ca de coordenada λt = γ, ´e acil ver que
R(t)x =
1
2πi
Γ(tr
0
)
t
1
e
γ
G(γt
1
)xdγ.
Mais ainda, como G(·) ´e anal´ıtica em Λ
r
1
, do Teorema de Cauchy podemos concluir que
R(t)x =
1
2πi
Γ(r
0
)
t
1
e
γ
G(γt
1
)xdγ.
Nestas condi¸oes, do Lema 4.2.2 obtemos que
R(t)x
1
π
r
0
| e
γ
|
M
3
| γ |
| | x +
1
2π
φ
φ
| e
γ
|
M
3
| γ |
| | x
1
π
r
0
e
rsen(φ
π
2
)
M
3
r
dr x +
1
2π
φ
φ
e
r
0
cos ξ
M
3
r
0
r
0
x
M
3
πr
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
M
3
π
e
r
0
φ
x .
O anterior mostra que {R(t) : t 1} ´e limitado em L(X).
Estudemos agora o cas o onde t (0, 1). Como t < 1, segue que t
1
r
0
> r
0
. Usando
como antes a analiticidade de G(·) e o Teorema de Cauchy, segue que
R(t)x =
1
2πi
Γ(t
1
r
0
)
e
λt
G(λ)xdλ.
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 67
Como consequˆencia,
R(t)x
1
π
t
1
r
0
| e
λt
|
M
3
| λ |
| | x +
1
2π
φ
φ
| e
λt
|
M
3
| λ |
| | x
1
π
t
1
r
0
e
rtsen(φ
π
2
)
M
3
r
dr x +
1
2π
φ
φ
e
t
1
r
0
t cos ξ
M
3
t
1
r
0
t
1
r
0
x
M
3
πr
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
M
3
π
e
r
0
φ
x ,
o que prova que {R(t) : t (0, 1)} ´e limitado em L(X). Agora a demostra¸ao est´a completa.
Lema 4.2.5 Se (HN
1
)-(HN
6
) ao alidas, ent˜ao R(·)x C([0, ) : X) para todo x X.
Demonstra¸ao: Sejam t > 0, x X. Observe que para r
t
> r
0
e s > 0 temos que
Γ(r
0
)∩{λ:|λ|≥r
t
}
e
λs
G(λ)xdλ
1
π
r
t
| e
λs
|
M
3
| λ |
| | x
1
π
r
t
e
rs sen(φ
π
2
)
M
3
r
dr x
M
3
πr
t
e
r
t
s sen(φ
π
2
)
s sen(φ
π
2
)
x .
Portanto, dado > 0, podemos escolher r
t
> r
0
tal que
Γ(r
0
)∩{λ:|λ|≥r
t
}
e
λs
G(λ) < , (4.14)
para todo s [
t
2
,
3t
2
]. Por outro lado, como e
λs
G(λ) e
λt
G(λ) quando s t, uniformemente
sobre Γ(r
0
) {λ :| λ |≤ r
t
}, existe δ
t
> 0 tal que
Γ(r
0
)∩{λ:|λ|≤r
t
}
e
λs
G(λ)
Γ(r
0
)∩{λ:|λ|≤r
t
}
e
λt
G(λ) < , (4.15)
se | t s |< δ
t
. De (4.14) e (4.15) conclu´ımos que R(t) R(s)
L(X)
< 2 se | t s |< δ
t
, o
que em particular prova que R(·)x ´e cont´ınua se t > 0.
Mostraremos agora que R(·)x ´e cont´ınua em zero. Estudemos inicialmente o caso onde
x D(A). Se λ Λ
r
1
, temos que G(λ)(λ + λ
N(λ)
B(λ) A)x = x, e ent˜ao
G(λ)x λ
1
x = λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)x
e
R(t)x x =
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
G(λ)xdλ x
=
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
G(λ)x λ
1
e
λt
x
=
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ.
68 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Pelas hip´oteses (HN
1
)-(HN
3
) e o Lema 4.2.2 temos que
e
λt
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)x ≤ M
3
| e
λt
| (
N
| λ |
1+α
+
b(λ)
| λ |
2
+
1
| λ |
2
) x
[D(A)]
,
e o lado direito da desigualdade acima ´e integr´avel independentemente de t, por uma simples
aplica¸ao do Teorema da Convergˆencia dominada de Lebesgue podemos concluir que
lim
t0
+
(R(t)x x) =
1
2πi
Γ(r
0
)
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ.
Mostraremos agora que o termo a direita da ´ultima desigualdade ´e zero. Para isto, considere
os caminhos C
n
= {ne
: φ ξ φ} e Γ(r
0
)
{λ; | λ |≤ n}C
n
orientados de maneira de
preservar a orienta¸ao e m Γ(r
0
). Do Teorema de Cauchy, para cada n > r
0
, temos que
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}∪C
n
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ = 0.
Por outro lado, das hip´oteses (HN
1
)-(HN
3
) e do Lema 4.2.2 obtemos a estimativa
1
2πi
C
n
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
1
2π
φ
φ
M
3
N
n
1+α
ndξ x +
1
2π
φ
φ
M
3
M
2
n
2
ndξ x
[D(A)]
+
1
2π
φ
φ
M
3
n
2
ndξ x
[D(A)]
,
de onde segue que
1
2πi
C
n
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ 0,
quando n . Assim vemos que
1
2πi
Γ(r
0
)
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
= lim
n→∞
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
+ lim
n→∞
1
2πi
C
n
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
= lim
n→∞
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}∪C
n
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ = 0,
o que prova que R(t)x x se t 0
+
para todo x D(A).
Finalmente, do Lema 4.2.4 sabemos que (R(t))
t0
´e uniformemente limitada sobre
[0, ), o que junto a densidade de D(A) em X permite concluir que R(·)x ´e cont´ınua em
zero para todo x X.
Nos pr´oximos Lemas estudamos a diferenciabilidade de R(·)x.
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 69
Lema 4.2.6 Se as condi¸oes (HN
1
)-(HN
6
) ao alidas, ent˜ao a fun¸ao R(·)x C
1
((0, ) :
X) para todo x X e
R
(t)x =
1
2πi
Γ
λe
λt
G(λ)xdλ.
Demonstra¸ao: Para x X, h > 0 e t > 0,
R(t + h)x R(t)x
h
=
1
2πi
Γ
e
λh
1
h
e
λt
G(λ)xdλ.
´
E acil mostrar que λe
λt
´e integr´avel sobre Γ(r
0
). Este fato, junto a estimativa
e
λh
1
h
e
λt
G(λ) ≤| λ | e | e
λt
|
M
3
| λ |
,
permite concluir por uma aplica¸ao do Teorema da convˆergencia dominada que R(·)x ´e
diferenci´avel em t e que
R
(t)x =
1
2πi
Γ
λe
λt
G(λ)xdλ. (4.16)
Usando a estimativa
λe
λs
G(λ) ≤| λ || e
λs
|
M
3
| λ |
,
e procedendo como na primeira parte da prova do Lema 4.2.5, podemos mostrar a con-
tinuidade de R
(·) sobre (0, ), em particular a continuidade de R
(·)x sobre (0, ). Para
ao estender o texto, omitiremos esta parte da prova. A demostra¸ao est´a completa.
As provas dos seguintes Lemas ao similares as provas dos Lemas 4.2.4, 4.2.5. Por isto,
ser˜ao resumidas convenientemente. Como sempre, assumiremos nos pr´oximos resultados que
(HN
1
)-(HN
6
) ao satisfeitas.
Lema 4.2.7 A fam´ılia (R(t))
t0
´e uniformemente limitada em L([D(A)]).
Demonstra¸ao: Para x D(A) e t > 0 definamos o operador (S(t))
t>0
por
S(t)x =
1
2πi
Γ
e
λt
AG(λ)xdλ.
Para t 1 considere a mudan¸ca de coordenada λt = γ.
´
E acil ver que
S(t)x =
1
2πi
Γ(tr
0
)
t
1
e
γ
AG(γt
1
)xdγ.
Como AG(·) ´e anal´ıtica em Λ
r
1
, pelo Teorema de Cauchy podemos concluir que
S(t)x =
1
2πi
Γ(r
0
)
t
1
e
γ
AG(γt
1
)xdγ.
70 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Nestas condi¸oes, do Lema 4.2.2 obtemos que
S(t)x
1
π
r
0
| e
γ
|
M
4
| γ |
| | x
[D(A)]
+
1
2π
φ
φ
| e
γ
|
M
4
| γ |
| | x
[D(A)]
1
π
r
0
e
rsen(φ
π
2
)
M
4
r
dr x
[D(A)]
+
1
2π
φ
φ
e
r
0
cos ξ
M
4
r
0
r
0
x
[D(A)]
M
4
πr
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
M
4
π
e
r
0
φ
x
[D(A)]
.
Segue do anterior temos que {S(t) : t 1} ´e limitado em L([D(A)] : X).
Estudemos agora o caso onde t (0, 1). Observe que t
1
r
0
> r
0
. Usando como antes
a analiticidade de AG(·) e o Teorema de Cauchy segue que
S(t)x =
1
2πi
Γ(t
1
r
0
)
e
λt
G(λ)xdλ.
Como consequˆencia,
S(t)x
1
π
t
1
r
0
| e
λt
|
M
4
| λ |
| | x
[D(A)]
+
1
2π
φ
φ
| e
λt
|
M
4
| λ |
| | x
[D(A)]
1
π
t
1
r
0
e
rtsen(φ
π
2
)
M
4
r
dr x
[D(A)]
+
1
2π
φ
φ
e
t
1
r
0
t cos ξ
M
4
t
1
r
0
t
1
r
0
x
[D(A)]
M
4
πr
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
M
4
π
e
r
0
φ
x
[D(A)]
,
para t > 0 e x D(A). Isto, mostra que a fam´ılia de operadores (S(t))
t>0
´e uniformemente
limitada em L([D(A)] : X). Usando agora que A ´e fechado, obtemos que AR(t) = S(t) e
assim que (R(t))
t0
´e uniformemente limitada em L([D(A)]). A prova est´a agora completa.
Lema 4.2.8 R(·)x C([0, ) : [D(A)]) para todo x D(A).
Demonstra¸ao: Procedendo como no Lema 4.2.5 podemos mostrar que AR(·)x ´e cont´ınua
sobre (0, ) para todo x D(A).
Para analisar a continuidade no zero, estudaremos inicialmente o caso onde x D,
sendo D o conjunto introduzido em (HN
4
). Neste caso,
G(λ)x λ
1
x = λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)x,
o que do Lema 4.2.2 e (HN
6
) implica que
e
λt
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)x
M
3
| e
λt
|
N
| λ |
1+α
x
[D(A)]
+
b(λ) + 1
| λ |
2
( x
[D(A)]
+ Ax
[D(A)]
)
. (4.17)
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 71
Agora, como consequˆecia de que a fun¸ao do lado direito em (4.17) ´e integr´avel sobre Γ(r
0
)
independentemente de t, segue do Teorema da convergˆencia dominada que
lim
t0
+
(AR(t)x Ax) = lim
t0
+
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
(AG(λ)x λ
1
Ax)
= lim
t0
+
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
=
1
2πi
Γ(r
0
)
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ.
Assim, para mostrar que a propriedade ´e alida para x D, ´e suficiente provar que
1
2πi
Γ(r
0
)
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ = 0.
Para mostrar isto, vamos proceder como na prova do Lema 4.2.5. Sejam os caminhos C
n
=
{ne
: φ ξ φ} e Γ(r
0
)
{λ; | λ |≤ n}C
n
orientados de forma de preservar a orienta¸ao
original em Γ(r
0
). Observamos que da desigualdade (4.17) segue facilmente que
lim
n→∞
1
2πi
C
n
λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ = 0.
Agora, da analiticidade de λ
1
G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)x sobre Λ
r
1
e o Teorema de Cauchy,
vemos que
0 = lim
n→∞
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}∪C
n
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
= lim
n→∞
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
+ lim
n→∞
1
2πi
C
n
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ
=
1
2πi
Γ
λ
1
AG(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)xdλ,
o que mostra que lim
t0
AR(t)x = Ax para todo x D.
Finalmente, como D ´e denso em [D(A)] e (R(t))
t0
´e uniformemente limitada em
L([D(A)]), conclu´ımos que a propriedade ´e alida para todo x D(A). A prova est´a
completa.
Lema 4.2.9
R(λ)x = G(λ)x para todo λ Λ
r
1
e todo x X.
Demonstra¸ao: Da defini¸ao de (R(t))
t0
, vemos que
R(λ)x =
1
2πi
0
e
λt
Γ(r
0
)
e
γt
G(γ)x dt
=
1
2πi
Γ(r
0
)
0
e
(λγ)t
G(γ)x dtdγ
=
1
2πi
Γ(r
0
)
(λ γ)
1
G(γ)x .
72 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Se as curvas C
n
= {ne
: φ ξ φ} e Γ(r
0
)
{λ; | λ |≤ n}C
n
, n > r
0
, ao orientadas
de forma de manter a orienta¸ao em Γ(r
0
), da Teoria cl´assica de fun¸oes anal´ıticas obtemos
que
G(λ)x =
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}∪C
n
(λ γ)
1
G(γ)x , λ Λ
r
1
, | λ |< n.
Por outro lado, da estimativa
C
n
(λ γ)
1
G(γ)x
φ
φ
M
3
| ne
|
| ne
|
| λ ne
|
x ≤ 2φ x
M
3
n | λ |
,
conclu´ımos que
1
2πi
C
n
(λ γ)
1
G(γ)x 0 quando n . Das observc ˜oes anteriores,
segue que para λ Λ
r
1
R(λ)x =
1
2πi
Γ(r
0
)
(λ γ)
1
G(γ)x = lim
n→∞
1
2πi
Γ(r
0
) {λ;|λ|≤n}
(λ γ)
1
G(γ)x
+ lim
n→∞
1
2πi
C
n
(λ γ)
1
G(γ)x
= G(λ)x.
Portanto,
R(λ)x = G(λ)x para todo λ Λ
r
1
e todo x X.
Lema 4.2.10 A fam´ılia (R(t))
t0
satisfaz as equa¸oes (4.3)-(4.4). Mais ainda, se x D(A),
ent˜ao R(·)x + (R N)(·)x C
1
([0, ) : X) e R(·)x + (N R)(·)x C
1
([0, ) : X).
Demonstra¸ao: Sejam x D(A) e M > 0 tal que R(t) ≤ M para todo t 0.
Mostraremos inicialmente que a fun¸ao R(·) verifica (4.4) para t > 0. Usando que a integral
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
xdλ = 0, dos Lemas 4.2.5, 4.2.6 e 4.2.9, e do fato que as fun¸oes λe
λ
G(λ)
N(λ)x
e λe
λ
G(λ)
B(λ)x ao integr´aveis sobre Γ(r
0
), segue que
R
(t)x =
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
G(λ)xdλ
=
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
[x G(λ)(λ
N(λ)
B(λ) A)x]
= R(t)Ax
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ +
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
R(λ)
B(λ)xdλ.
Assim, para mostrar que se verifica (4.4), ´e suficiente provar que
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ =
d
dt
t
0
R(t s)N(s)xds, (4.18)
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
R(λ)
B(λ)xdλ =
t
0
R(t s)B(s)xds. (4.19)
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 73
Estudemos em primeiro lugar o termo (4.18). Definamos a fun¸ao Θ : [0, ) X
mediante a expres˜ao Θ(s) =
s
0
R(s µ)N(µ)xdµ. Como N(·)x L
1
(R
+
: X), ´e claro que
Θ C([0, ) : X). Mais ainda, Θ ´e limitada sobre [0, ) pois Θ(s) ≤ M N
L
1
(R
+
:L(X))
para todo s 0. Seja agora ξ(s) =
s
0
Θ(µ). Nestas condi¸oes, a Transformada de
Laplace-Stieltjes de ξ existe para Re(λ) > 0 e
0
e
λt
(t) =
0
e
λt
Θ(t)dt =
R(λ)
N(λ)x.
Agora, pelo Teorema da Transformada de Laplace inversa, veja [48, Theorem 6.3.1], e da
defini¸ao de ξ(·), vemos que para γ > r
0
ξ(t) =
1
2πi
γ+i
γi
e
λt
0
e
λt
(t)
λ
=
1
2πi
γ+i
γi
e
λt
R(λ)
N(λ)x
λ
,
de onde obtemos que
d
dt
Θ(t) =
1
2πi
γ+i
γi
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ.
Consequˆentemente, para finalizar esta parte da demonstra¸ao ´e suficiente provar
1
2πi
γ+i
γi
λe
λt
R(λ)
N(λ) =
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
R(λ)
N(λ)dλ. (4.20)
Para mostrar (4.20), introduzimos as curvas
γ
n
1
= {s + in : nsen(φ
π
2
) s γ},
γ
n
2
= {−s in : nsen(φ
π
2
) s γ},
γ
n
= {γ + is : n s n}.
No que segue assumiremos que a curvas Λ
n
= Γ(r
0
)
{λ; | λ |≤ n}
γ
n
1
γ
n
2
γ
n
, n N,
est˜ao orientadas de modo de prese rvar a orienta¸ao em Γ(r
0
). Da analiticidade de λ
λe
λt
R(λ)
N(λ) em Λ
r
1
e do Teorema de Cauchy ´e claro que
1
2πi
Λ
n
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ = 0, (4.21)
para todo n N. Por outro lado, usando as estimativas do Lema 4.2.2 e o fato que
R(λ) =
74 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
G(λ), para λ Λ
r
1
, segue que
γ
n
1
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ +
γ
n
2
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ
2
γ
nsen(φ
π
2
)
e
st
s
2
+ n
2
M
3
N
(
s
2
+ n
2
)
1+α
x ds
2
γ
nsen(φ
π
2
)
e
st
M
3
N
(
s
2
+ n
2
)
α
x ds
2
γ
nsen(φ
π
2
)
e
st
M
3
N
n
α
x ds
2
M
3
N
n
α
e
γt
t
e
ntsen(φ
π
2
)
t
x ,
de onde obtemos que
lim
n→∞
1
2πi
γ
n
i
λe
λt
R(λ)
N(λ) = 0, i = 1, 2. (4.22)
Agora de (4.21) e (4.22) inferimos que (4.20) ´e alida e assim que (4.18) ´e satisfeita para todo
t > 0.
De maneira s imilar podemos mostrar que (4.19) ´e tamb´em verificada para t > 0. Para
isto, definamos a fun¸ao Θ
1
: [0, ) X por Θ
1
(s) =
s
0
R(s µ)B(µ)xdµ. Como B(·)x
L
1
(R
+
: X), quando x D(A), ´e claro que Θ
1
C
b
([0, ) : X) pois
Θ
1
(s) ≤ M b
L
1
(R
+
)
x
D(A)
,
para todo s 0. Seja agora ξ
1
(s) =
s
0
Θ
1
(µ). Nestas condi¸oes a Transformada de
Laplace-Stieltjes de ξ
1
existe para Re(λ) > 0 e
0
e
λt
1
(t) =
0
e
λt
Θ
1
(t)dt =
R(λ)
B(λ)x.
Pelo Teorema da Transformada de Laplace inversa [48, Theorem 6.3.1] e da defini¸ao de ξ
1
(·),
vemos que para γ > r
0
ξ
1
(t) =
1
2πi
γ+i
γi
e
λt
0
e
λt
1
(t)
λ
=
1
2πi
γ+i
γi
e
λt
R(λ)
B(λ)x
λ
.
Do anterior segue que
Θ
1
(t) =
1
2πi
γ+i
γi
e
λt
R(λ)
B(λ)xdλ.
Para finalizar esta parte da demonstra¸ao mostraremos que
1
2πi
γ+i
γi
e
λt
R(λ)
B(λ) =
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
R(λ)
B(λ). (4.23)
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 75
Para isto, considere as curvas γ
n
1
, γ
n
2
, γ
n
e Λ
n
introduzidas anteriormente. Da analiticidade
de λ e
λt
R(λ)
B(λ) em Λ
r
1
e do Teorema de Cauchy conclu´ımos que
1
2πi
Λ
n
λe
λt
R(λ)
N(λ)xdλ = 0, (4.24)
para todo n N. Por outro lado, procedendo de forma semelhante ao o caso anterior inferimos
que
lim
n→∞
1
2πi
γ
n
i
e
λt
R(λ)
B(λ)dλ = 0, i = 1, 2. (4.25)
Agora de (4.24) e (4.25) inferimos que (4.23) ´e alida e assim que (4.18) ´e satisfeita para
t > 0.
O passo feito anteriormente mostra que (R(t))
t0
verifica a equa¸ao (4.4) para todo
t > 0.
Vejamos agora que (4.3) tamb´em ´e alida. Usando que
λG(λ)x = [I (λ
N(λ)
B(λ) A)G(λ)]x,
e a integrabilidade das fun¸oes λ e
λt
G(λ)Ax, λ λe
λt
N(λ)
R(λ)x e λ e
λt
B(λ)
R(λ)x
sobre Γ(r
0
), vemos que
R
(t)x
=
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
G(λ)xdλ
=
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
[x (λ
N(λ)
B(λ) A)G(λ)x]
=
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
G(λ)Axdλ
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
N(λ)
R(λ)xdλ +
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
B(λ)
R(λ)xdλ.
Procedendo como antes, podemos mostrar que
1
2πi
Γ(r
0
)
λe
λt
N(λ)
R(λ)xdλ =
d
dt
t
0
N(t s)R(s)xds,
1
2πi
Γ(r
0
)
e
λt
B(λ)
R(λ)xdλ =
t
0
B(t s)R(s)xds,
o que permite provar (4.3). Como os detalhes ao extensos e muito similares aos anteriores,
omitiremos esta parte da demonstra¸ao.
´
E acil ver dos passos anteriores, que as fu¸oes Γ
1
(t) = R(t)x +
t
0
R(t s)N(s)xds e
Γ
2
(t) = R(t)x +
t
0
N(t s)R(s)xds ao de classe C
1
sobre (0, ). Mostraremos agora que Γ
1
76 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
´e continuamente diferenci´avel em zero e que (4.4) se verifica em zero. Para come¸car, observe
que para > 0, existe a > 0 tal que
R(t)Ax +
t
0
R(t s)N(s)xds Ax ≤ , t [0, a]. (4.26)
Se ζ X
, ´e claro que ζ Γ
1
C([0, a] : R) C
1
((0, a) : R). Assim, pelo Teorema do
valor edio de Lagrange, para t (0, a) existe c
ζ,t
(0, t) tal que
ζ Γ
1
(t) ζ Γ
1
(0)
t
=
d
dt
(ζ Γ
1
)|
t=c
ζ,t
= ζ(
d
dt
Γ
1
|
t=c
ζ,t
)
= ζ(R(c
ζ,t
)Ax +
c
ζ,t
0
R(c
ϕ,t
s)N(s)xds).
O anterior, junto com (4.26), implica que
|
ζ Γ
1
(t) ζ Γ
1
(0)
t
ζ(Ax) |≤ ζ  R(c
ζ,t
)Ax +
c
ζ,t
0
R(c
ζ,t
s)N(s)xds Ax ,
o que mostra que
Γ
1
(t) Γ
1
(0)
t
Ax = sup
ζ≤ 1
|
ζ Γ
1
(t) ζ Γ
1
(0)
t
ζ(Ax) |≤ ,
para todo t [0, a]. Por tanto, Γ
1
(·) ´e diferenci´avel em 0 e lim
t0
d
dt
Γ
1
(t) =
d
dt
Γ
1
(t)|
t=0
= Ax,
o que implica que Γ
1
(·) C
1
([0, ); X) e que (4.4) tamb´em se verifica em t = 0.
A prova que Γ
2
(·) C
1
([0, ); X) e que (4.3) ´e alida em t = 0 ´e similar `a anterior e
por isso ser´a omitida. A demostra¸ao est´a agora completa.
Lema 4.2.11 A fam´ılia (R(t))
t0
possui uma extens˜ao anal´ıtica na regi˜ao
Λ
δ
= {t C : | arg(t) |< δ}\{0}, onde 0 < δ < φ
π
2
<
π
2
.
Demonstra¸ao: Primeiro mostraremos que a fam´ılia de operadores definida em (4.13)
converge em L(X) para todo t Λ
δ
.
Para λ Γ
1
r
0
, temos que λt =| λt | e
i(arg(λ)+arg(t))
, onde arg(λ) = φ e δ < arg(t) < δ.
Assim segue que
φ δ < arg(t) + arg(λ) < φ + δ
φ δ +
π
2
π
2
< arg(t) + arg(λ) < φ + δ + (φ
π
2
) (φ
π
2
)
π
2
+ < arg(t) + arg(λ) <
3π
2
,
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 77
onde = φ
π
2
δ > 0. Como cos(
π
2
+ ) = cos(
3π
2
) = sen(), obtemos que
| e
λt
|≤ e
|λt|cos(arg(t)+arg(λ))
e
|λt|cos(
π
2
+ε)
= e
−|λt|sen(ε)
. (4.27)
Para λ Γ
3
r
0
vemos que λt =| λt | e
i(arg(λ)+arg(t))
, onde arg(λ) = φ e δ < arg(t) < δ.
Logo obtemos que
3π
2
+ ε < arg(t) arg(λ) <
π
2
ε, e que cos(
3π
2
+ ε) = cos(
π
2
ε) =
sen(ε). Conseq¨entemente,
| e
λt
|≤ e
|λt|cos(arg(t)arg(λ))
e
|λt|cos(
π
2
+ε)
= e
−|λt|sen(ε)
. (4.28)
Quando λ Γ
2
r
0
, ´e acil ver que
| e
λt
|≤ e
|t|r
0
cos(φ+arg(t))
e
|t|r
0
. (4.29)
Procedendo agora como no Lema 4.2.3, usando (4.27)-(4.29) p odemos mostrar que a
fam´ılia de operador (R(t))
tΛ
δ
L(X). Mais ainda, usando as id´eias da prova do Lema 4.2.6
podemos mostrar que R
(·) C
δ
, L(X)), o que permite concluir a prova.
Como conseq¨encia dos Lemas 4.2.3-4.2.11, estab elec emos sem demostra¸ao, o principal
resultado desta se¸ao.
Teorema 4.2.1 Se as condi¸oes (HN
1
)-(HN
6
) ao sat isfeitas, ent˜ao a fam´ılia (R(t))
t0
´e
uma fam´ılia N-resolvente anal´ıtica para (4.1)-(4.2).
Corol´ario 4.2.1 Suponha que as condi¸oes (HN
1
)-(HN
6
) ao satisfeitas. Ent˜ao existem
cons- tantes positivas C
1
, C
2
tais que
R
(t)x (C
1
+ C
2
t
α1
) x
[D(A)]
, (4.30)
para todo x D(A).
Demonstra¸ao: Sejam t > 0 e x D(A). Como λG(λ)x = G(λ)(A λ
N(λ) +
B(λ))x, do
Lema 4.2.6 segue que
R
(t)x =
1
2πi
Γ
e
λt
G(λ)(A λ
N(λ) +
B(λ))xdλ.
Para estabelecer a desigualdade (4.30), estudaremos os casos t (0, 1) e t 1. Assuma
primeiramente que t (0, 1). Se M
3
´e a constante garantida pelo Lema 4.2.2, da condi¸ao
78 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
(HN
5
) e da analiticidade de λ G(λ)(A λ
N(λ) +
B(λ)) obtemos que
R
(t)x
1
2π
Γ(t
1
r
0
)
e
||
G(λ)(A λ
N(λ) +
B(λ))x | |
1
2π
Γ(t
1
r
0
)
e
||
M
3
| λ |
(I+ | λ |
N
| λ |
α
+
b(λ)) x
[D(A)]
| |
1
π
Γ(t
1
r
0
)
e
||
M
3
(1 +
1
M
2
)
| λ |
x
[D(A)]
| | +
1
2π
Γ(t
1
r
0
)
e
||
M
3
N
| λ |
α
x
[D(A)]
| |
=
2
π
t
1
r
0
e
rtsen(φ
π
2
)
M
3
(1 +
1
M
2
)
r
dr x
[D(A)]
+
1
π
φ
φ
e
t
1
r
0
t cos ξ
M
3
(1 +
1
M
2
) x
[D(A)]
+
1
π
t
1
r
0
e
rtsen(φ
π
2
)
M
3
N
r
α
dr x
[D(A)]
+
1
2π
φ
φ
e
t
1
r
0
t cos ξ
M
3
N
r
α
r x
[D(A)]
= M
3
(1 +
1
M
2
)
2
πr
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
1
π
e
r
0
φ
x
[D(A)]
+
t
α
M
3
N
πr
α
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
tsen(φ
π
2
)
+
M
3
N
πr
α1
0
t
α1
e
r
0
φ
x
[D(A)]
,
assim obtemos que
R
(t)x (C
1
+ C
2
t
α1
) x
[D(A)]
, (4.31)
onde C
1
e C
2
ao constantes independentes de t e x.
Vejamos agora o caso t 1. Usando a mudan¸ca de vari´avel λt = γ, fazendo uso da
analiticidade da fun¸ao λ G(λ)(A λ
N(λ) +
B(λ)) e do Lema 4.2.2 obtemos que
R
(t)x
1
2π
Γ(r
0
)
e
|γ|
G(t
1
γ)(A t
1
λ
N(t
1
γ) +
B(t
1
γ))x t
1
| |
1
2π
Γ(r
0
)
e
|γ|
M
3
| γ | t
1
(I+ | γ | t
1
M
3
N
| γ |
α
t
α
+
b(t
1
γ)) x
[D(A)]
t
1
| |
1
π
Γ(r
0
)
e
|γ|
M
3
(1 +
1
M
2
)
| γ |
x
[D(A)]
| | +
1
2π
Γ(r
0
)
e
|γ|
M
3
N
| γ |
α
x
[D(A)]
| |
t
α1
,
de onde inferimos a existˆencia de C
3
e C
4
independentes de t e x tais que
R
(t)x (C
3
+ C
4
t
α1
) x
[D(A)]
. (4.32)
A propriedade agora ´e conseq¨encia de (4.31) e (4.32).
Existˆencia de uma fam´ılia N-resolvente 79
Corol´ario 4.2.2 Assuma que A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo anal´ıtico; 0
ρ(A) e que para todo ϑ (0, 1) o operador λ (A)
ϑ
G(λ) ´e anal´ıtico sobre Λ
r
1
. Ent˜ao,
para cada ϑ (0, 1) existe K
ϑ
> 0 tal que
(A)
ϑ
R(t) ≤
K
ϑ
t
ϑ
, t > 0. (4.33)
Demonstra¸ao: Seja ϑ (0, 1). De [63, Theorem 6.10] sabemos que existe C
ϑ
> 0 tal que
(A)
ϑ
x ≤ C
ϑ
Ax
ϑ
x
1ϑ
, x D(A).
Como G(·) assume valores em D(A), do Lemma 4.2.2 vemos que para x X
(A)
ϑ
G(λ)x C
ϑ
AG(λ)x
ϑ
G(λ)x
1ϑ
C
ϑ
M
ϑ
5
x
ϑ
M
1ϑ
3
λ
1ϑ
x
1ϑ
C
1
λ
1ϑ
x ,
onde C
1
´e independente de λ. A desigualdade anterior permite mostrar com facilidade a
func˜ao λ e
λt
(A)
ϑ
G(λ) ´e integr´avel sobre Γ(r), r r
0
.
Como (A)
ϑ
´e fechado e (A)
ϑ
G(λ) ´e anal´ıtica em Λ
r
1
, para t (0, 1) obtemos que
(A)
ϑ
R(t)x =
1
2πi
Γ(t
1
r
0
)
e
λt
(A)
ϑ
G(λ)xdλ.
Usando a representa¸ao anterior, segue que
(A)
ϑ
R(t)x
1
π
t
1
r
0
| e
λt
|
C
1
| λ |
1ϑ
| | x +
1
2π
φ
φ
| e
λt
|
C
1
| λ |
1ϑ
| | x
1
π
t
1
r
0
e
rtsen(φ
π
2
)
C
1
r
1ϑ
dr x +
1
2π
φ
φ
e
t
1
r
0
t cos ξ
C
1
t
1
r
1ϑ
0
t
1
r
0
x
C
1
πr
1ϑ
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
C
1
π
e
r
0
φ
t
ϑ
x ,
de onde conclu´ımos que existe C
2
> 0 independente de x tal que
(A)
ϑ
R(t)x ≤ C
2
t
ϑ
, t (0, 1). (4.34)
Vejamos agora o caso em que t 1. Fazendo a mudan¸ca de coordenada γ = λt e o fato
que (A)
ϑ
G(λ) ´e anal´ıtica em Λ
r
1
obtemos que
(A)
ϑ
R(t)x =
1
2πi
Γ(r
0
)
e
γ
(A)
ϑ
G(γt
1
)xt
1
.
80 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Do anterior segue que
(A)
ϑ
R(t)x
1
π
r
0
t
1
| e
γ
|
C
1
| t
1
γ |
1ϑ
| | x +
1
2π
φ
φ
t
1
| e
γ
|
C
1
| t
1
γ |
1ϑ
| | x
1
π
r
0
e
rsen(φ
π
2
)
C
1
r
1ϑ
t
ϑ
dr x +
1
2π
φ
φ
e
r
0
cos ξ
C
1
r
1ϑ
0
t
ϑ
r
0
x
C
1
πr
1ϑ
0
e
r
0
sen(φ
π
2
)
sen(φ
π
2
)
+
C
1
π
e
r
0
φ
t
ϑ
x ,
de onde obtemos que
(A)
ϑ
R(t)x ≤ C
2
t
ϑ
, t 1. (4.35)
A conclus˜ao do resultado ´e conseq¨encia de (4.34)-(4.35). A prova est´a conclu´ıda.
Para finalizar esta se¸ao consideramos algums exemplos de sistemas integrodiferenciais
que podem ser estudados sob nossa teoria de resolventes.
Exemplo 4.2.1 Considere o sistema integro-diferencial
t
u(t, ξ) +
t
0
(t s)
α1
e
ω(ts)
u(s, ξ)ds
=
2
ξ
2
u(t, ξ) +
t
0
e
γ(ts)
u(s, ξ)ds
, t > 0, (4.36)
u(0, ξ) = 0, ξ [0, π], (4.37)
onde α (0, 1) e ω, γ ao n´umeros positivos. No que segue X = L
2
([0, π]) e A : D(A)
X X ´e o operador definido por Af(ξ) = f

(ξ), onde
D(A) = {f L
2
([0, π]) : f

L
2
([0, π]), f (0) = f(π) = 0}.
´
E conhecido que A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo anal´ıtico e compacto (T (t))
t0
sobre X. Se definirmos os operadores N
1
(t)f(ξ) = t
α1
e
ωt
f(ξ) e B
1
(t)f(ξ) = b
1
(t)f

(ξ) em
que b
1
(t) = e
γt
, ent˜ao podemos representar o sistema (4.36)-(4.37) na forma abstrata
t
[u(t) +
t
0
N
1
(t s)u(s)ds] = Au(t) +
t
0
B
1
(t s)u(s)ds, t > 0, (4.38)
u(0) = 0. (4.39)
´
E acil ver que as condi¸oes (HN
1
) e (HN
2
) ao verificadas. Em rela¸ao a (HN
3
) e
(HN
4
) somente observamos B(t)f ≤ b
1
(t) f
[D(A)]
; sendo
b
1
(λ) =
1
λ+γ
e lim
|λ|→∞
b
1
(λ) =
0 e a condi¸ao (HN
4
) ´e verificada se considerarmos D = C
0
([0, π]).
Como conseq¨encia dos fatos anteriores temos a seguintes proposi¸ao:
4.3. O problema integro-diferencial ao homogˆeneo 81
Proposi¸ao 4.2.1 Existe uma fam´ılia de operadores N-resolvente associada ao sistema (4.36)-
(4.37).
Demonstra¸ao: Conseq¨encia imediata do Teorema 4.2.1.
Exemplo 4.2.2 Observe que a Proposi¸ao 4.2.1 tamb´em ´e verdadeira para o sistema
t
[u(t, ξ) +
t
0
k(t s)u(s, ξ)ds] =
2
ξ
2
u(t, ξ) +
t
0
e
γ(ts)
ξ
u(s, ξ)ds, (4.40)
u(0, ξ) = 0 ξ [0, π]. (4.41)
onde α (0, 1), ω, γ > 0 e o ucleo k(·) ´e dado por
k(t) =
t
α1
0 < t < 1,
t
α1
e
ωt
t 1.
4.3 O problema integro-diferencial ao homogˆeneo
Fazendo uso da teoria desenvolvida na se ¸ao anterior, e studamos a existˆencia e regu-
laridade das solu¸oes para o problema ao homogˆeneo.
d
dt
x(t) +
t
0
N(t s)x(s)ds
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s) ds + f (t), t [0, a], (4.42)
x(0) = x
0
D(A), (4.43)
onde f : [0, a] X ´e apropriada. No que segue, sempre assumiremos que as condi¸oes
(HN
1
)-(HN
4
) ao satisfeitas e denotaremos por (R(t))
t0
a fam´ılia N-resolvente associada
a (4.1)-(4.2). Al´em do anterior, assumiremos a seguinte propriedade
(H
α
) Existe α(·) L
1
loc
(R
+
), a qual ´e limitada em intervalos da forma (a
1
, a
2
], a
1
> 0, tal
que
R
(t)x ≤ α(t) x
[D(A)]
, x D(A).
Para o sistema integro-diferencial (4.42)-(4.43), consideremos a seguinte defini¸ao de
solu¸ao cl´assica.
Defini¸ao 4.3.1 Uma fun¸ao x : [0, a) X ´e uma solu¸ao cl´assica de (4.42)-(4.43) se
x + N x C
1
((0, a) : X); x C([0, a) : [D(A)]) C
1
((0, a) : X) e (4.42)-(4.43) ´e satisfeita
sobre [0, a).
Uma conseq¨encia imediata da existˆencia de uma fam´ılia de operadores N-resolvente
para (4.1)-(4.2) ´e a formula da varia¸ao dos parˆametros.
82 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Teorema 4.3.1 Seja u
0
D(A) e f C([0, a] : X). Se u(·) ´e uma solu¸ao cl´assica de
(4.42)-(4.43) e u
(·) ´e limitada sobre (0, a], ent˜ao
u(t) = R(t)u
0
+
t
0
R(t s)f(s)ds, t [0, a].
Demonstra¸ao: Para come¸car, estudaremos a diferenciabilidade das fun¸oes
Θ
1
(s) =
s
0
N(s ξ)u(ξ),
Θ
2
(s) =
s
0
R(s ξ)N(ξ)u
0
.
Para s [0, a) e h > 0 tal que s + h [0, a] temos que
1
h
1
(s + h) Θ
1
(s)]
=
s
0
N(s ξ)
u(ξ + h) u(ξ)
h
+
1
h
h
0
N(s + h ξ)u(ξ). (4.44)
´
E acil ver que o segundo termo da direita em (4.44) converge para N (s)u
0
q.t.p. sobre [0, a].
Por outro lado, como u
(·) ´e limitada em (0, a] e N(·) ´e integr´avel, conclu´ımos que Θ
1
´e
diferenci´avel em s e que
Θ
1
(s) =
s
0
N(s ξ)u
(ξ) + N(s)u
0
, q.t.p. para s [0, a].
Similarmente, para u
0
D(A), s [0, a) e h > 0 tal que s + h [0, a] vemos que
1
h
2
(s + h) Θ
2
(s)] =
s
0
R(s + h ξ) R(s ξ)
h
N(ξ)u
0
+
1
h
s+h
s
R(s + h ξ)N(ξ)u
0
. (4.45)
Como N(·) L
1
([0, ) : L(X)), segue facilmente que o segundo termo da direita em (4.45),
converge q.t.p. para N(s)u
0
quando h 0. Mais ainda, como N (t)D(A) D(A) e a fun¸ao
µ R(µ)N(ξ)u
0
´e diferenci´avel temos que
R(s + h ξ) R(s ξ)
h
N(ξ)u
0
R
(s ξ)N (ξ)u
0
,
q.t.p. para s [0, a]. Usando agora a propriedade (H
α
) na defini¸ao de N-resolvente, e a
desigualdade
R(s + h ξ) R(s ξ)
h
N(ξ)x
1
h
h
0
R
(s ξ + θ)N(ξ)
1
h
h
0
α(s ξ + θ) N(ξ)x
[D(A)]
= g(ξ),
O problema integro-diferencial ao homogˆeneo 83
do Teorema da Convergˆencia Dominada obtemos que a fun¸ao ξ R
(sξ)N(ξ)x ´e integr´avel
sobre [0, s]. Como conseq¨encia dos passos anteriores, Θ
2
´e diferenci´avel e
Θ
2
(s) =
s
0
R
(s ξ)N (ξ)xdξ + N(s)x, q.t.p. para s [0, a].
Usando agora que R(·)u
0
C
1
((0, ) : X), as equa¸oes N-resolventes, a diferenciabi-
lidade de Θ
1
, Θ
2
´e o fato que u(·) ´e solu¸ao cl´assica segue que
u(t) R(t)u
0
t
0
R(t s)f(s)ds
=
t
0
d
ds
(R(t s)u(s)) ds
t
0
R(t s)f(s)ds
=
t
0
R
(t s)u(s)ds +
t
0
R(t s)u
(s)ds
t
0
R(t s)f(s)ds
=
t
0
R
(t s)u(s)ds +
t
0
R(t s)
Au(s) +
s
0
B(s ξ)u(ξ) + f(s)
ds
t
0
R(t s)
d
ds
s
0
N(s ξ)u(ξ)
ds
t
0
R(t s)f(s)ds
=
t
0
R(t s)A +
ts
0
R(t s ξ)B(ξ)
u(s)ds
+
t
0
d
ds
ts
0
R(t s ξ)N(ξ)
u(s)ds
+
t
0
R(t s)Au(s)ds +
t
0
R(t s)
s
0
B(s ξ)u(ξ)ds
t
0
R(t s)
d
ds
s
0
N(s ξ)u(ξ)
ds
=
t
0
d
ds
ts
0
R(t s ξ)N(ξ)
u(s)ds
t
0
R(t s)
d
ds
s
0
N(s ξ)u(ξ)
ds
=
t
0
d
ds
ts
0
R(t s ξ)N(ξ)
u(s)ds
R(t s)
s
0
N(s ξ)u(ξ)
t
0
+
t
0
R
(t s)
s
0
N(s ξ)u(ξ)ds
=
t
0
ts
0
R
(t s ξ)N (ξ)u(s) +
t
0
N(t s)u(s)ds
t
0
N(t s)u(s)ds +
t
0
R
(t s)
s
0
N(s ξ)u(ξ)ds
=
t
0
ts
0
R
(t s ξ)N (ξ)u(s)ds +
t
0
R
(t s)
s
0
N(s ξ)u(ξ)ds = 0,
para cada t [0, a]. Isto prova que
u(t) = R(t)u
0
+
t
0
R(t s)f(s)ds, t [0, a].
O que completa a demonstra¸ao.
84 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Corol´ario 4.3.1 Existe uma ´unica fam´ılia N-resolvente associada ao sistema (4.1)-(4.2).
Demonstra¸ao: Assuma que (R
1
(t))
t0
´e uma outra fam´ılia N-resolvente para (4.1)-(4.2).
Se x D(A), a fun¸ao u(t) = R
1
(t)x ´e uma solu¸ao cl´assica de (4.42)-(4.43) com f 0.
Agora do Teorema 4.3.1 segue que que R
1
(t)x = R(t)x para todo x D(A). Como D(A) ´e
denso em X e R
1
(·), R(·) ao limitadas sobre compactos de R segue que R
1
(t) = R
2
(t) para
todo t 0.
Motivados pelo Teorema 4.3.1, introduzimos o seguinte conceito de solu¸ao fraca para
(4.42)-(4.43).
Defini¸ao 4.3.2 Seja f L
1
([0, a] : X). A fun¸ao u C([0, a] : X) defin ida por
u(t) = R(t)x +
t
0
R(t s)f(s)ds, t [0, a]. (4.46)
´e chamada solu¸ao fraca de (4.42)-(4.43).
Para estudar condi¸oes sob as quais uma solu¸ao fraca ´e cl´assica, precisamos do seguinte
Lema.
Lema 4.3.1 Seja V (·) C([0, ) : L(X)) a fun¸ao definida por V (t) =
t
0
R(s)ds. Ent˜ao
V (t)X D(A) para todo t 0 e AV (·)x C([0, a] : X) para todo a > 0 e todo x X.
Demonstra¸ao: Sejam x D(A) e a > 0. Integrando a equa¸ao N-resolvente (4.3), obtemos
que
R(t)x +
t
0
N(t s)R(s)xds x =
t
0
AR(s)xds +
t
0
s
0
B(s ξ)R(ξ)xdξds.
Como A ´e fechado e AR(·)x ´e integr´avel obtemos do fato anterior que
AV (t)x = R(t)x +
t
0
N(t s)R(s)xds x
t
0
B(t s)V (s)xds, t [0, a],(4.47)
o que implica que AV (·)x C([0, a] : X) se x D(A).
Para estudar o caso geral precisamos de uma estimativa para AV (·)x em X.
Seja φ(t) = V (t)x
[D(A)]
, de (4.47) segue que
φ(t)
V (t)x + AV (t)
t
0
R(s)xds + R(t)x +
t
0
N(t s)R(s)xds + x +
t
0
B(t s)V (s)ds
M a x +M x +M x
a
0
N(s) ds+ x +
t
0
B(t s)V (s) ds,
O problema integro-diferencial ao homogˆeneo 85
assim
φ(t) c
1
x +
t
0
b(t s)φ(s)ds, (4.48)
onde c
1
> 0 ´e uma constante independente de t [0, a] e x D(A). Sejam 0 < t
1
< t
2
<
. . . < t
n
= a tais que
t
i+1
t
i
b(s)ds
1
2
para cada i = 1 . . . n. Para t [0, t
1
], da desigualdade
(4.48) segue que
φ(t) c
1
x + sup
s[0,t
1
]
φ(s)
t
0
b(s)ds
logo
sup
s[0,t
1
]
φ(s) c
1
x +
1
2
sup
s[0,t
1
]
φ(s).
Como conseq¨encia,
sup
s[0,t
1
]
φ(s) 2c
1
x . (4.49)
Usando (4.49), para t [t
1
, t
2
] obtemos que
φ(t) c
1
x +
t
1
0
b(t s)φ(s)ds +
t
t
1
b(t s)φ(s)ds
c
1
x + b
L
1
2c
1
x + sup
s[0,t
2
]
φ(s)
tt
1
0
b(s)ds
c
1
x + b
L
1
2c
1
x +
1
2
sup
s[0,t
2
]
φ(s),
e assim
sup
s[0,t
2
]
φ(s) 2c
1
(1 + 2 b
L
1
) x .
Reinterando o processo anterior, deduzimos a existˆencia de c
2
> 0, independente de t [0, a]
e x D(A), tal que
sup
s[0,a]
φ(s) c
2
x . (4.50)
Seja agora x X e (x
n
)
nN
em D(A) tal que x
n
x quando n . Da desigualdade
(4.50), ´e c laro que a seq¨uˆencia (AV (t)x
n
)
nN
´e convergente para um ponto y X. Como
A ´e fechado, conclu´ımos que V (t)x D(A) e que AV (t)x = y. Mais ainda, ´e acil ver que
AV (t)x
n
AV (t)x uniformemente em [0, a] o que mostra que AV (·)x C([0, a] : X).
O pr´oximo Teorema ´e um cl´assico resultado de regularidade de solu¸oes fracas. Especi-
ficamente, no Teorema 4.3.2, estabeleceremos condi¸oes de modo que uma solu¸ao fraca seja
uma solu¸ao cl´assica.
86 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Teorema 4.3.2 Seja u
0
D(A) e f C([0, a] : X). Se f L
1
([0, a] : [D(A)]) ou f
W
1,1
([0, a] : X), ent˜ao solu¸ao fraca de (4.42)-(4.43) ´e uma solu¸ao cl´assica de (4.42)-(4.43).
Demonstra¸ao: Seja u(·) a solu¸ao fraca de (4.42)-(4.43). Considere inicialmente o caso
em que f C
1
([0, a] : [D(A)]) e assuma que u
0
= 0. Das propriedades da fam´ılia (R(t))
t0
,
podemos mostrar que a fun¸ao Λ(t) =
t
0
AR(ts)f(s)ds ´e cont´ınua sobre [0, a]. Isto implica
que u(t) D(A) para todo t [0, a] e que Au(t) =
t
0
AR(t s)f(s)ds, pois A ´e fechado.
Mais ainda, da hip´otese (H
α
) e do fato que f C
1
([0, a] : [D(A)]) segue que
u
(t) =
t
0
R
(t s)f(s)ds + f(t), t [0, a]. (4.51)
Al´em do anterior, procedendo como na prova do Teorema 4.3.1 vemos que para x D(A), a
fun¸ao Γ
2
(t) =
t
0
N(t s)R(s)xds ´e diferenci´avel e que
Λ
2
(t) =
t
0
N(t s)R
(s)xds + N(t)x, q.t.p. para t [0, a].
Usando as propriedades anteriores, vemos que
d
dt
(u + N u) (t) Au(t) (B u)(t) f(t)
= u
(t) +
d
dt
(N u)(t)
t
0
AR(t s)f(s)ds
t
0
B(t s)
s
0
R(s ξ)f(ξ)ds f (t)
=
t
0
R
(t s)f(s)ds + f(t) +
t
0
N(t s)u
(s)ds + N(t)u(0)
t
0
AR(t s)f(s)ds
t
0
B(t s)
s
0
R(s ξ)f(ξ)ds f (t).
Usando agora as equa¸oes N-resolvente, com x = f(s), obtemos
d
dt
(u + N u) (t) Au(t) (B u)(t) f(t)
=
t
0
AR(t s)f(s)ds +
ts
0
B(t s ξ)R(ξ)f(s)
ds
t
0
d
ds
ts
0
N(t s ξ)R(s ξ)
f(s)ds
+
t
0
N(t s)
s
0
R
(s ξ)f(ξ) + R(0)f (s)
ds
t
0
AR(t s)f(s)ds
t
0
s
0
B(t s)R(s ξ)f (ξ)ds
=
t
0
ts
0
B(t s ξ)R(ξ)f(s)ds
t
0
ts
0
N(t s ξ)R
(ξ)f (s)ds
t
0
N(t s)f(s)ds +
t
0
N(t s)
s
0
R
(s ξ)f(ξ)ds
+
t
0
N(t s)f(s)ds
t
0
s
0
B(t s)R(s ξ)u(ξ)ds = 0.
O problema integro-diferencial ao homogˆeneo 87
Portanto,
d
dt
(u(t) +
t
0
N(t s)u(s)ds) = Au(t) +
t
0
B(t s)u(s) ds + f(t), t [0, a]. (4.52)
Para estudar o caso geral, precisamos de algumas estimativas sobre as solu¸oes de
(4.52). Veja que nas condi¸oes anteriores,
u(t)
[D(A)]
+ (u + N u)
(t)
t
0
R(t s)f(s) ds + 2
t
0
AR(t s)f(s) ds
+
t
0
B(t s)
s
0
R(s ξ)f(ξ) ds+ f(t)
t
0
c
1
f(s)
[D(A)]
ds + c
2
t
0
b(t s)
s
0
f(ξ)
[D(A)]
ds+ f(t) ,
onde c
1
, c
2
ao constantes independentes de t e f. Assim, existe c
3
> 0 independente de t e
f C
1
([0, a] : [D(A)]) tal que
sup
t[0,a]
u(t)
[D(A)]
+ sup
t[0,a]
(u + N u)
(t) c
3
f
L
1
([0,a]:[D(A)])
+ f(θ)
a
. (4.53)
Vejamos agora o caso geral. Seja f C([0, a] : X) L
1
([0, a] : [D(A)]) e (f
n
)
nN
em
C
1
([0, a] : [D(A)]) tal que f
n
f em C([0, a] : X) e f
n
f em L
1
([0, a] : [D(A)]). Como
conseq¨encia dos passos anteriores, obtemos que u
n
= R f
n
´e solu¸ao cl´assica de
d
dt
w(t) +
t
0
N(t s)w(s)ds
= Aw(t) +
t
0
B(t s)w(s) ds + f
n
(t), (4.54)
w(0) = 0. (4.55)
Mais ainda, segue da desigualdade (4.53) que (u
n
)
nN
´e convergente em C([0, a] : [D(A)]).
Seja u C([0, a] : [D(A)]) tal que u
n
u em C([0, a] : [D(A)]). Como N(·) L
1
([0, a] :
L([D(A)])) e B(·) L
1
([0, a] : [D(A)]), segue que u
n
+ N u
n
u + N u e B u
n
B u
convergem em C([0, a] : X). Similarmente, existe v C([0, a] : X) tal que
d
dt
(u
n
+ N u
n
)
v em C([0, a] : X).
´
E acil ver que nestas condi¸oes
d
dt
(u + N u) = v e portanto que
(u + N u) C
1
([0, a] : X). Das observoes anteriores e de (4.54)-(4.55) obtemos que
d
dt
u(t) +
t
0
N(t s)u(s)ds
= Au(t) +
t
0
B(t s)u(s) ds + f(t),
o que prova que u(·) ´e solu¸ao cl´assica.
A prova do res ultado para o caso em que f W
1,1
([0, a] : X) ´e similar ao anterior, por
isso, daremos uma prova resumida.
88 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Se f W
1,1
([0, a] : X) enao existe (f
n
)
nN
em C
1
([0, a] : [D(A)]) tal que f
n
f em
C([0, a] : X) e f
n
f em W
1,1
([0, a] : X). Da primeira parte da demonstra¸ao sabemos que
para cada n N, a fun¸ao u
n
= R f
n
´e solu¸ao cl´assica de (4.54)-(4.55). Se V (·) ´e a fun¸ao
introduzida no Lema 4.3.1, ent˜ao
V (t)f(0) =
t
0
d
ds
(V (t s)f(s))ds =
t
0
R(t s)f(s)ds +
t
0
V (t s)f
(s)ds,
de onde segue que
u(t) = V (t)f(0) +
t
0
V (t s)f
(s)ds, t [0, a]. (4.56)
Usando (4.56) vemos que
u(t)
[D(A)]
+ (u + N u)
(t)
X
V (t)f(0)
[D(A)]
+
t
0
V (t s)f
(s)
[D(A)]
ds
A
t
0
R(t s)f(s)ds
+
t
0
B(t s)
s
0
R(s ξ)f(ξ) ds
c
4
f(θ)
a
+c
5
f
L
1
([0,a]:X)
,
onde c
4
, c
5
ao constantes independentes de t, f e f
. Assim, segue que
sup
t[0,a]
u(t)
[D(A)]
+ sup
t[0,a]
(u + N u)
(t)
X
c
4
f(θ)
a
+c
5
f
L
1
([0,a]:X)
. (4.57)
Da desigualdade (4.57) temos que a s eq¨encia (u
n
)
nN
´e convergente em C([0, a] : [D(A)]).
Seja u C([0, a] : [D(A)]) tal que u
n
u em C([0, a] : [D(A)]). Como N(·) L
1
([0, a] :
L([D(A)])) e B(·) L
1
([0, a] : [D(A)]) segue que u
n
+ N u
n
u + N u e B u
n
B u
convergem em C([0, a] : X). Por outro lado, existe v C([0, a] : X) tal que
d
dt
(u
n
+Nu
n
) v
em C([0, a] : X).
´
E acil ver que
d
dt
(u +N u) = v e portanto que (u +N u) C
1
([0, a] : X).
Das observoes anteriores de (4.54)-(4.55) obtemos
d
dt
u(t) +
t
0
N(t s)u(s)ds
= Au(t) +
t
0
B(t s)u(s) ds + f(t),
o que prova que u(·) ´e solu¸ao cl´assica.
Corol´ario 4.3.2 Sejam f C([0, a] : X) e u(·) a solu¸ao fraca de (4.42)-(4.43). Se u(·)
C
1
([0, a] : X), ent˜ao u(·) ´e solu¸ao cl´assica de (4.42)-(4.43).
O problema integro-diferencial ao homogˆeneo 89
Demonstra¸ao: Assuma sem perda de generalidade que f(0) = 0. Para cada n N
definimos a fun¸ao f
n
C
1
([0, a] : X) por
f
n
(t) = (ρ
n
f)(t) =
t
0
ρ
n
(t s)f(s)ds, t [0, a],
onde (ρ
n
)
nN
´e uma fam´ılia de fun¸oes em C
(R), tais que ρ
n
(t) 0, ρ
n
(t) = 0 quando
t
a
n
e
0
ρ
n
(t)dt = 1.
Como conseq¨encia do Teorema 4.3.2, sabemos que u
n
= R f
n
´e solu¸ao cl´assica de
d
dt
w(t) +
t
0
N(t s)w(s)ds
= Aw(t) +
t
0
B(t s)w(s) ds + f
n
(t), (4.58)
w(0) = 0. (4.59)
Mais ainda, como u
n
= R f
n
= ρ
n
(R f) = ρ
n
u e u C
1
([0, a] : X), segue que u
n
u
em C
1
([0, a] : X) e que u
n
+ N u
n
u + N u em C
1
([0, a] : X).
Seja φ
n,m
(t) = u
n
(t) u
m
(t)
[D(A)]
. Usando as propriedades anteirores, vemos que
para n, m N que
φ
n,m
(t) u
n
(t) u
m
(t) + (u
n
+ N u
m
)
(t) (u
n
+ N u
m
)
(t)
+
t
0
b(t s)φ
n,m
(s)ds+ f
n
(t) f
m
(t) .
Assim podemos escrever que
φ
n,m
(t) Λ
n,m
(t) +
t
0
b(t s)φ
n,m
(s)ds,
onde Λ
n,m
(t) 0 uniformemente em [0, a] quando n, m .
Sejam 0 < t
1
< t
2
< . . . < t
n
= a tais que
t
i+1
t
i
b(s)ds
1
2
para cada i = 1 . . . n.
Nestas condi¸oes, para t [0, t
1
], vemos que
φ
n,m
(t) sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s) +
t
0
b(s) sup
s[0,t
1
]
φ
n,m
(s)ds
sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s) +
1
2
sup
s[0,t
1
]
φ
n,m
(s)
e assim
sup
s[0,t
1
]
φ
n,m
(s) 2 sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s).
Usando o anterior para t [t
1
, t
2
] obtemos que
φ
n,m
(t) sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s) +
t
1
0
b(t s) sup
s[0,t
1
]
φ
n,m
(s)ds
+
tt
1
0
b(s) sup
s[0,t
2
]
φ
n,m
(s)ds
sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s)(1 + 2 b
L
1
) +
1
2
sup
s[0,t
2
]
φ
n,m
(s),
90 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
e enao
sup
s[0,t
2
]
φ
n,m
(s) 2(1 + 2 b
L
1
) sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s).
´
E claro que ap´os um umero finito de passos obtemos a existˆencia de c > 0 independente
de t, n e m tal que
sup
s[0,a]
φ
n,m
(s) c sup
s[0,a]
Λ
n,m
(s).
Isto mostra que Au
n
´e convergente em C([0, a] : X). Passando ao limite em (4.58)-(4.59),
obtemos que
d
dt
u(t) +
t
0
N(t s)u(s)ds
= Au(t) +
t
0
B(t s)u(s) ds + f(t), t [0, a],
o que prova que u(·) ´e solu¸ao cl´assica.
4.4 Aplica¸oes a equa¸oes neutras com retardamento ao limi-
tado
Nesta se¸ao usaremos a teoria de operadores N-resolventes desenvolvidas na se¸ao
anterior no estudo de uma classe de equa¸oes integro-diferenciais do tipo neutro que podem
ser modeladas na forma
d
dt
x(t) +
t
−∞
N(t s)x(s)ds
= Ax(t) +
t
0
B(t s)x(s)ds + G(t, x
t
), t (0, a). (4.60)
x
0
= ϕ, (4.61)
onde A, (N(t))
t0
e (B(t))
t0
ao operadores que verificam as condi¸oes (HN
1
)-(HN
4
);
a hist´oria x
t
: (−∞, 0] X, x
t
(θ) = x(t + θ), pertence a um espa¸co de fase abstrato B
definido axiomaticamente que verifica os axiomas (A), (A1) e (B) introduzidos no Cap´ıtulo
1 e G : [0, a] × B X ´e uma fun¸ao apropriada.
Para introduzir um conceito conveniente de solu¸oes fracas para (4.60)-(4.61), podemos
assumir que ϕ(·) ´e suficientemente regular de modo que a fun¸ao Λ(·, ϕ) definida por
d
dt
0
−∞
N(t s)ϕ(s)ds
= Λ(t, ϕ), t [0, a].
exista e seja integr´avel sobre [0, a]. Neste caso, podemos dizer que uma fun¸ao u : (−∞, a]
X ´e solu¸ao fraca de (4.60)-(4.61) se u
0
= ϕ e
u(t) = R(t)ϕ(0) +
t
0
R(t s)G(s, u
s
)ds +
t
0
R(t s)Λ(s, ϕ)ds, t [0, a].
Aplica¸oes a equa¸oes neutras com retardamento ao limitado 91
No que segue sempre assumiremos que ϕ(·) ´e tal que Λ(·, ϕ) ´e cont´ınua sobre [0, a].
Defini¸ao 4.4.1 Dizemos que uma fun¸ao u : (−∞, a] X ´e uma solu¸ao fraca de (4.60)-
(4.61) em [0, b], 0 < b a, se u
0
= ϕ; u|
[0,a]
C([0, a] : X) e
u(t) = R(t)ϕ(0) +
t
0
R(t s) (G(s, u
s
) + Λ(s, ϕ)) ds, t [0, a].
As provas dos seguintes resultados de existˆencia de solu¸oes fracas ao an´alogas as
provas dos Teoremas 2.1.1, 2.1.3 do Cap´ıtulo 2. Por isso decidimos ao incluir a demonstra¸ao.
Teorema 4.4.1 Suponha que a fun¸ao G : [0, a] × B X ´e cont´ınua e que existe constante
positiva L
G
tal que
G(t, ψ
1
) G(t, ψ
2
) L
G
ψ
1
ψ
2
B
, t [0, a], ψ
i
B, i = 1, 2.
Ent˜ao existe uma ´unica solu¸ao fraca de (4.60)-(4.61) sobre [0, b] para algum 0 < b a.
Para o pr´oximo resultado introduzimos a seguinte defini¸ao
Defini¸ao 4.4.2 Uma fam´ılia N-resolvente (R(t))
t0
´e compacta, se R(t) ´e compacto para
todo t > 0.
Teorema 4.4.2 Suponha que as seguintes condi¸oes ao satisfeitas
(a) (R(t))
t0
´e uma fam´ılia N-resolvente compacta;
(b) A fun¸ao G : I × B X satisfaz as seguintes cond i¸oes.
(i) A fun¸ao G(t, ·) : B X ´e cont´ınua para quase todo t [0, a] e G(·, x) : [0, a] X
´e fortemente mensur´avel para todo x X;
(ii) Existe uma fun¸ao cont´ınua m
G
: [0, a] [0, ) e uma fun¸ao cont´ınua e ao
decrescente
G
: [0, ) (0, ) tal que
G(t, ψ) m
G
(t)Ω
G
( ψ
B
), (t, ψ) [0, a] × B.
Se
MK
a
t
0
m
G
(s)ds
C
ds
G
(s)
; (4.62)
onde C = M
a
ϕ +K
a
C(a, ϕ), ent˜ao existe uma solu¸ao fraca para o problema (4.60)-
(4.61) sobre [0, a].
92 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
Nos pr´oximos resultados estudaremos a regularidade das solu¸oes fracas, equivalente-
mente, assumiremos que a fun¸ao Λ(·, ϕ) W
1,1
([0, a] : X).
Defini¸ao 4.4.3 Uma fun¸ao u : (−∞, a) X ´e uma solu¸ao cl´assica de (4.60)-(4.61) em
[0, b] se u
0
= ϕ, a fun¸ao t u(t) +
t
−∞
N(t s)u(s)ds C
1
((0, b) : X), u(·) C((0, b) :
D(A)) e (4.60) ´e satisfeita.
No pr´oximo Lema, S(t) ´e o operador definido em (1.6) e U(t) : B B ´e o operador
definido por
[U(t)ϕ](θ) =
R(t + θ)ϕ(0), se t θ 0,
ϕ(t + θ), se −∞ < θ < t.
(4.63)
onde (R(t))
t0
´e uma fam´ılia N-resolvente para (4.1)-(4.2).
Lema 4.4.1 Suponha que as fun¸oes R(·)ϕ(0) e S(·)ϕ ao Lipschitz em [0, a]. Seja y :
(−∞, a] X ´e a fun¸ao definida por
y(t) =
R(t)ϕ(0) se 0 t a,
ϕ(t) se −∞ < t < 0.
(4.64)
Ent˜ao, a fun¸ao s y
s
´e Lipshitz em [0, a].
Demonstra¸ao: An´aloga a demonstra¸ao do Lema 2.2.1, apenas substituindo a fun¸ao W (·)
por U(·).
Lema 4.4.2 Assuma que as condi¸oes do Lema 4.4.1 ao verificadas e suponha que existam
constantes positivas L
G
, L
Λ
> 0, tais que
G(t, ψ
1
) G(s, ψ
2
) L
F
(| t s | + ψ
1
ψ
2
B
),
Λ(t, ϕ) Λ(s, ϕ) L
Λ
| t s |,
para todo t, s [0, b] e ψ
1
, ψ
2
B. Se u(·) ´e uma solu¸ao fraca de (4.60)-(4.61) sobre [0, b],
ent˜ao u(·) ´e Lipschitz cont´ınua sobre [0, b].
Demonstra¸ao: Considere a decomposi¸ao u(t) = y(t) + z(t), onde y(·) ´e a fun¸ao intro-
duzida em (4.64). Como y(·) ´e Lipschitz em [0, b], somente mostraremos que z(·) ´e Lipschitz.
Aplica¸oes a equa¸oes neutras com retardamento ao limitado 93
Usando que a fun¸ao s y
s
´e Lipschitz, para t [0, b) e h > 0 tal que t + h [0, b] obtemos
que
z(t + h) z(t)
t
0
R(t s)  Λ(t + h, ϕ) Λ(t, ϕ) ds +
h
0
R(t + h s)Λ(t, ϕ) ds
+
t
0
R(t s)  G(s + h, y
s+h
+ z
s+h
) G(s, y
s
+ z
s
) ds
+
h
0
R(t + h s)  G(s, x
s
) ds
C
1
h + M
t
0
L
G
(h+ y
s+h
+ z
s+h
y
s
z
s
B
)ds
C
2
h + ML
G
t
0
z
s+h
z
s
B
ds
C
2
h + ML
G
K
b
t
0
z(θ + h) z(θ)
s
ds,
onde C
i
, i = 1, 2, ao constantes independentes de t e h. Tomando supremo em [0, t] s egue
que
z(θ + h) z(θ)
t
C
2
h + ML
G
K
b
t
0
z(θ + h) z(θ)
s
ds,
O resultado ´e agora conseq¨encia da desigualdade de Gronwall-Bellman.
Teorema 4.4.3 Suponha que X possui (RNP). Assuma que as hip´oteses do Lema 4.4.2 ao
verificadas e que ϕ(0) D(A). Se u(·) ´e uma solu¸ao fraca de (4.60)-(4.61) sobre [0, b], ent˜ao
u(·) ´e uma solu¸ao cl´assica de (4.60)-(4.61) sobre [0, b].
Demonstra¸ao: Segue do Lema 4.4.2 que a solu¸ao fraca u(·) ´e Lipschitz sobre [0, b]. Como
conseq¨encia, as fun¸oes t u
t
e t G(t, u
t
) ao Lipschitz sobre [0, b]. Mais ainda, pelo
Lema 2.2.3 obtemos que t G(t, u
t
) W
1,1
([0, b] : X).
Como por hip´otese t Λ(t, ϕ) W
1,1
([0, b] : X), pelo Teorema 4.3.2 podemos inferir
que u(·) ´e solu¸ao cl´assica de
d
dt
(w(t) +
t
0
N(t s)w(s)ds) = Aw(t) +
t
0
B(t s)w(s)ds + G(t, x
t
)
d
dt
0
−∞
N(t s)ϕ(s)ds, t [0, b],
w(0) = ϕ(0).
Isto nos permite afirmar que u(·) ´e solu¸ao cl´assica de (4.60)-(4.61). Agora a prova est´a
completa.
94 Cap´ıtulo 4. Fam´ılias “N-resolventes”
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