da pesquisadora, em especial, em consultório particular. A partir dos sete anos de
experiência em clínica infantil e adulta, surgiu nosso interesse por este tipo de
pesquisa, a fim de melhor compreender como as mudanças sociais vêm interferindo na
infância neste início de século XXI.
Além disso, observamos as crescentes queixas, principalmente entre jovens e
crianças, do que viremos a chamar no interior desta pesquisa de sintomas fashion, com
encaminhamentos realizados, especialmente, pelas escolas. Outro dado que nos
chama a atenção é que a idade com que essas crianças chegam ao consultório em
busca de ajuda está diminuindo significativamente. Crianças de 3 / 4 anos sofrem de
males atribuídos, até pouco tempo atrás, somente aos adultos.
Para a realização desta pesquisa, contemplamos a abordagem das Histórias de
Vida narradas por pais, professores e avós acerca da infância com a finalidade de
compreender que elementos da sociedade pós-moderna influenciam ou contribuem
para a negação da infância. Assim examinada, a noção de infância passa a ser o ponto
de partida da elaboração de um pensamento crítico com contornos contemporâneos.
Além disso, essa abordagem pode atuar como um meio de promover a reflexão
dos cuidadores, profissionais e estudiosos da infância a fim de modificar o tratamento
que despendem às crianças e promover a emancipação destas, assim como de refletir
sobre seu próprio processo individual.
Para desenvolver esse pensamento, a presente pesquisa está estruturada em
quatro capítulos:
No capítulo primeiro, A História da Infância, apresentamos o contexto histórico
em que o conceito de infância surgiu, e como se deu seu desenvolvimento até os dias
de hoje, para introduzir a nossa discussão acerca da infância atual. Para isso, o recorte
proposto é da Europa Ocidental, onde surgiu o conceito, visto que essa cultura exerceu
maior influência na constituição da nossa cultura e, então, há a exploração do contexto
da infância brasileira. Os autores que embasaram essa descrição foram,
principalmente: Ariès (1981), Costa (2004), Del Priore (2002) e Basílio (2003).
No capítulo II, Contribuições e Limites das abordagens psicológicas sobre a
infância, apresentamos a concepção de infância para autores clássicos das abordagens
psicológicas do século XIX e XX. Entre eles, encontram-se: Freud (1987), Klein (1997),