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Rússia, com o Dadaísmo
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, o Surrealismo
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, e a Bauhaus
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, o autor nos esclarece que esses
movimentos têm somente alguns pontos de contato com a arte da performance. A
performance, como um gênero artístico independente, só vai surgir a partir dos anos 70 e
esclarece que os futuristas e os dadaístas se utilizaram dessa forma de expressão como um
meio de provocação e desafio na sua ruidosa batalha para romper com a arte tradicional e
impor novas formas de arte. Vejamos o que nos diz o autor:
O seu niilismo era carregado de ironia e de um certo espírito lúdico; mas era, ao
mesmo tempo, a expressão de uma originalidade criativa e de uma busca de
envolvimento do público na atividade artística. O que se buscava era uma vasta
abertura entre as formas de expressão artística, diminuindo de um lado a distância
entre vida e arte, e, por outro lado, que os artistas se convertessem em mediadores de
um processo social (ou estético-social) (GLUSBERG, 2005, p. 12).
As performances geralmente nascem de exercícios de improvisação ou de ações
espontâneas que, de acordo com Glusberg, trabalham todos os canais da percepção tanto de
forma alternada como simultânea. Basicamente elas são constituídas em experiências táteis,
motoras, acústicas, cinestésicas e, principalmente, visuais. De fato, atesta o artista argentino, a
maioria das classificações existentes são baseadas nessa taxonomia sensorial perceptiva.
Enquanto o performer põe em ação todos os sentidos, ele também produz
significados. Colocar a atuação do performer meramente em termos de uma
tipologia intuitiva ou impressionista pode parecer insuficiente e até inaceitável. É
necessário, portanto, enfocar os elementos que vão dar vida à ação transgressora do
performer no nível da representação (GLUSBERG, 2005, p. 71).
Segundo o autor, nenhuma performance pode ser vista isolada de seu contexto por estar
estritamente associada ao seu meio cultural, sendo a vida na sociedade uma das maiores
fontes de elementos para a arte da performance. No entanto, Glusberg esclarece que não está
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A proposta do dadaísmo era que a arte, solta das amarras racionalistas, fosse apenas o resultado do automatismo psíquico,
selecionando e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a
incoerência, a desordem, o caos. Politicamente, firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar
a guerra. Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/futurismo.html>. Acesso: 12 dez. 2005.
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O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas
origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Este movimento artístico surge todas
às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os
surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades
de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle. Disponível em:
<http://www.historiadaarte.com.br/futurismo.html>. Acesso: 12 dez. 2005.
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Bauhaus, nome pelo qual é conhecida a Staatliches Bauhaus (literalmente, casa estatal de construção), uma escola de arte
e arquitectura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. A Bauhaus foi uma das maiores e mais originais
expressões do que é chamado Modernismo na arquitetura, sendo uma das primeiras escolas de design do mundo. Disponível
em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bauhaus>. Acesso: 12 dez. 2005.