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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
ESTUDO DA INTENSIDADE DO ESFORÇO DOS
COLHEITADORES NA ATIVIDADE DA COLHEITA
MANUAL DO CAFÉ
CLÁUDIO SILVA PORTO
CARATINGA
Minas Gerais – Brasil
Agosto de 2006
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
ESTUDO DA INTENSIDADE DO ESFORÇO DOS
COLHEITADORES NA ATIVIDADE DA COLHEITA
MANUAL DO CAFÉ
CLÁUDIO SILVA PORTO
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como
parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Meio
Ambiente e Sustentabilidade, para
obtenção do título de Magister
Scientiae.
CARATINGA
Minas Gerais – Brasil
Agosto de 2006
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Sistema de Bibliotecas - UNEC
Ficha Catalográfica
616.9803
P8531a
2006
PORTO, Cláudio Silva.
Avaliação da intensidade do esforço dos colheitadores nas
diferentes etapas da colheita manual do café. Cláudio Silva Porto.
Centro Universitário de Caratinga – UNEC: Mestrado em Meio
Ambiente e Sustentabilidade, 2006.
56p; 29,7 cm.
Dissertação (Mestrado – UNEC – Área: Meio Ambiente e
Sustentabilidade).
Orientador: Prof. PhD. Jose Maria.
1. Colheita: café
2. Freqüência cardíaca
3. Pressão arterial sistólica.
4. Ergonomia: esforço físico
I. Título II. Prof. PhD. Jose Maria
ii
CLÁUDIO SILVA PORTO
ESTUDO DA INTENSIDADE DO ESFORÇO DOS
COLHEITADORES NA ATIVIDADE DA COLHEITA
MANUAL DO CAFÉ
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte
das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Meio Ambiente e
Sustentabilidade, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
APROVADA: 04 de agosto de 2006
_____________________________
Prof. PhD. José Maria
(Orientador)
_____________________________
Prof. DSc. Luciano José Minette
_____________________________
Prof. DSc. Leopoldo Loreto
Charmelo
Co-orientador
_____________________________
Prof. DSc. Marcus Vinícius de
Mello Pinto
iii
“Feliz é a pessoa que acha a sabedoria e consegue compreender as coisas.
Por isso é melhor do que a prata e tem mais valor do que o ouro. A sabedoria é
mais preciosa que as jóias; tudo que a gente deseja não se pode comparar
com ela. A sabedoria oferece uma vida longa e também riquezas e honras. Ela
torna a vida mais agradável e guia a pessoa com segurança em tudo o que faz.
Os que se tornam sábios são felizes, e a sabedoria lhes dará vida”.
PROVÉRBIOS 3:13-18
iv
Dedico este trabalho e agradeço profundamente aos meus pais (Concesso e
Marli), pelo amor, companheirismo e constante apoio, contribuindo na
realização dos meus ideais.
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pela presença em todos os momentos
de minha vida, principalmente nos mais difíceis e por ter me permitido chegar
até aqui.
À minha família, pai, mãe, Cinthia, Ricardo, enfim, os meus familiares
mais próximos que, com carinho e solidariedade estiveram sempre presentes
nesta caminhada, tenho certeza que não teria chegado até aqui, sem a
presença de vocês na minha vida.
A minha namorada Lair, pelo apoio, incentivo e paciência no decorrer
deste trabalho.
Ao meu orientador Prof. José Maria que acompanhou cada passo desta
trajetória, com dedicação e reflexões que me proporcionaram a concretização
deste projeto.
Ao meu co-orientador Prof. Leopoldo Loreto Charmelo, pelo acolhimento
da co-orientação deste trabalho, com sua serenidade e contribuições
apropriadas.
Aos meus amigos Vagner Maciel Fréris e José Antonio Martins Júnior
pelo carinho e afeto dispensados no decorrer deste percurso por toda ajuda e
amizade.
Aos meus amigos e colegas de trabalho: Aline Elias, Ana Paula, André
Salustiano, Cleider Cevidanes, Flávia Rodrigues Souza, Gustavo Vilela,
Luciano de Oliveira Júnior, Munir Saygli, Pedro Paulo, Rock Kleyber, Sérgio
vi
Pinheiro, Verônica Maciel, Wesley José e Willian Vinícius pelo apoio durante
todo o interminável processo de redação desta dissertação.
Aos professores Marcus Vinícius e Luciano José Minette, pelas
sugestões e disponibilidade para participarem da banca examinadora desta
dissertação.
Aos colegas da turma do Mestrado/2004 (Edmar, Nildimar, Sidilene,
Celma e Grasiella) e outros agregados, que foram imprescindíveis nesta etapa
de minha vida. Valeu a convivência com vocês.
Aos meus amigos Ailton de Paula Santiago Júnior, Destter Alacks
Antoniêtto, Diego Gomes, Felipe Florêncio, Graziela Almeida Cupertino,
Gustavo Pedra Moscone, Heloísa Helena Verneque, Kellyusqya Guingo, Milena
Gonçalves, Ricardo Colatino Mageste, graduandos em Educação Física, pela
atenção, amizade e auxílio durante algumas etapas.
Ao Professor Pedro Lucas, pela revisão da versão do resumo em inglês.
Ao Professor Monir Ali de Miranda Saygli, pela revisão de português.
Ao Sr. Gustavo Sobreira, proprietário da Fazenda Baixadão, pela
receptividade e disponibilização de sua fazenda para realização das etapas de
campo.
E, principalmente, aos trabalhadores que aceitaram participar das
avaliações, assumindo um papel fundamental na construção deste estudo, em
especial.
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM ADULTOS
(MCARDLE; KATCH & KATCH, 2003)............................................................. 15
TABELA 2: CLASSIFICAÇÕES DO CONDICIONAMENTO AERÓBICO DE
HOMENS E MULHERES (POWERS & HOWLEY, 2000)................................ 23
TABELA 3: INDICAÇÕES GERAIS PARA A INTERRUPÇÃO DO TESTE DE
ESFORÇO FÍSICO PARA INDIVÍDUOS APARENTEMENTE SAUDÁVEIS
(POWERS & HOWLEY, 2000)......................................................................... 29
TABELA 4: A ESCALA DE BORG (E ESTIMATIVAS CORRESPONDENTES
DA INTENSIDADE RELATIVA DO EXERCÍCIO) PARA OBTER A TEP
DURANTE O EXERCÍCIO (MCARDLE, KATCH & KATCH, 2003).................. 33
TABELA 5: RESULTADO DO CÁLCULO PARA DETERMINAÇÃO DO
TAMANHO DA AMOSTRA TOTAL.................................................................. 22
TABELA 6: RESULTADO DO CÁLCULO PARA DETERMINAÇÃO DO
TAMANHO DA AMOSTRA MASCULINA......................................................... 22
TABELA 7: RESULTADO DO CÁLCULO PARA DETERMINAÇÃO DO
TAMANHO DA AMOSTRA FEMININA ............................................................ 22
TABELA 8: CLASSIFICAÇÃO DO VO
2MÁX
, COM FREQÜÊNCIAS ABSOLUTA
E RELATIVA DOS HOMENS E MULHERES................................................... 35
TABELA 9: TESTE DE MÉDIA DE TUKEY, RELATIVO A FREQÜÊNCIA
CARDÍACA....................................................................................................... 38
viii
TABELA 10: PERCENTUAL DE INTENSIDADE DE TRABALHO, EM
RELAÇÃO A FREQÜÊNCIA CARDÍACA MÁXIMA.......................................... 39
TABELA 11: RELAÇÃO ENTRE O PERCENTUAL DE FREQÜÊNCIA
CARDÍACA MÁXIMA E O PERCENTUAL DE VO
2MÁX
(MCARDLE; KATCH &
KATCH, 2003).................................................................................................. 39
TABELA 12: TESTE DE MÉDIA DE TUKEY, RELATIVO A PRESSÃO
ARTERIAL SISTÓLICA.................................................................................... 41
TABELA 13: TESTE DE MÉDIA DE TUKEY, RELATIVO A O DUPLO
PRODUTO....................................................................................................... 42
TABELA 14: PERCENTUAL DE INTENSIDADE DE ESFORÇO, ATRAVÉS DO
DUPLO PRODUTO.......................................................................................... 43
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: TESTE DE VO
2MÁX.
REALIZADO NO BANCO DE BALKE,.... ERRO!
INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 2: COLHEITORA DE CAFÉ NA ETAPA DA DERRIÇA..................... 24
FIGURA 3: COLHEITOR DE CAFÉ NA ETAPA DA DERRIÇA........................ 25
FIGURA 4: COLHEITADORES DE CAFÉ NA ETAPA DE RECOLHIMENTO. 25
FIGURA 5: COLHEITADORA DE CAFÉ NA ETAPA DE ABANAÇÃO. ........... 26
FIGURA 6: COLHEITADOR DE CAFÉ NA ETAPA DE ABANAÇÃO............... 26
FIGURA 7: BANCO DE BALKE UTILIZADO PARA TESTE DO VO
2
MÁX.
........ 27
FIGURA 8: SENSOR CARDÍACO.................................................................... 30
FIGURA 9: MONITOR DE FREQÜÊNCIA CARDÍACA, UTILIZADO PARA
ARMAZENAMENTO DE DADOS.. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 10: ESFIGNOMANÔMETRO............................................................. 30
FIGURA 11: MONITORAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL.......................... 31
FIGURA 12: ESTETOSCÓPIO ........................................................................ 32
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DP Duplo Produto (FC x PA)
FC Freqüência Cardíaca
PA Pressão Arterial
PAS Pressão Arterial Sistólica
TEP Taxação do esforço percebido
VO
2max
, Volume máximo de oxigênio
xi
RESUMO
Porto, Cláudio Silva. ESTUDO DA INTENSIDADE DO ESFORÇO DOS
COLHEITADORES NA ATIVIDADE DA COLHEITA MANUAL DO CAFÉ.
2006. Tese (Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade). Prof. Orientador:
PhD. José Maria. Co-Orientador: DSc. Leopoldo Charmelo Loreto.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a intensidade de esforço
dos colheitadores de café, através da Freqüência Cardíaca, Pressão Arterial
Sistólica e Duplo Produto, durante as três etapas da colheita do café, no
município de Caratinga – MG. Foram selecionados e avaliados 154
trabalhadores, sendo 77 do sexo masculino e 77 do sexo feminino. A amostra
foi de colheitadores de café, na faixa etária entre 18 e 57 anos de idade. O
processo de construção deste trabalho ocorreu em quatro (04) momentos
distintos. No primeiro momento, todos os trabalhadores rurais selecionados
foram submetidos a um teste máximo de banco, para estimar o de VO
2
max. e o
duplo produto máx., através do Protocolo de Balke (MARINS & GIANNICHI,
1998). No segundo momento, com resultados do teste VO
2max
., os
trabalhadores rurais foram comparados e classificados de acordo com a Tabela
de Classificação do Condicionamento Aeróbio de Homens e Mulheres. No
terceiro momento, foi avaliada a freqüência cardíaca, a pressão arterial e o
duplo produto dos trabalhadores rurais durante as etapas de: derriça,
recolhimento e abanação. No quarto momento, os valores de freqüência
cardíaca, pressão arterial e duplo produto, obtidos nas etapas da colheita,
xii
foram comparados através da análise estatística, para determinar as
diferenças significativas dos valores da carga de trabalho. Na classificação do
VO
2max
, pode-se observar que 18 homens e 26 mulheres, que representam
23,37% e 33,77%, respectivamente, foram classificados como BOM, no teste
de banco de Balke; 41 homens e 47 mulheres, 53,25% e 61,03%, classificados
como REGULAR; 16 homens (20,78%) e 03 mulheres (3,90%), classificados
como RUIM; e 02 homens (2,60%) e 01 mulher (1,30%) classificados como
MUITO RUIM. Observaram-se maiores valores médios, em ambos os sexos,
na etapa de Recolhimento (115,2 bpm para os homens e, 123,2 bpm para as
mulheres), seguido pela Abanação (105,6 bpm para os homens e, 108 bpm
para as mulheres) e Derriça (91,8 bpm para os homens e, 105,3 bpm para as
mulheres), respectivamente. Os valores médios de freqüência cardíaca
encontrados caracterizam as etapas de derriça e abanação de café como
Razoavelmente Leve, para ambos os sexos, com valores relativos entre
50,28% a 60,81% da FC
máx
ou 28% a 40% do VO
2
máx
. Os valores encontrados
na etapa de recolhimento, de 63,09% da FC
máx
para os homens, classifica a
etapa como Razoavelmente Leve; para as mulheres, o percentual de 69,36%
da Fc
máx
, classifica a etapa como Bastante Dura. Foram observados maiores
valores médios de Pressão Arterial, em ambos os sexos, na etapa de
Recolhimento (137,40 mm Hg para os homens e, 137,79 mm Hg para as
mulheres), seguido pela Abanação (132,68 mm Hg para os homens e, 134,63
mm Hg para as mulheres) e Derriça (129,87 mm Hg para os homens e, 128,87
mm Hg para as mulheres), respectivamente. Nas etapas de Derriça e
Recolhimento não houve diferença significativa nos resultados, em relação ao
sexo. Os maiores valores médios de DP encontrados nas três etapas da
colheita de café foram, respectivamente: na etapa Recolhimento, 15836,58
para os homens e 16995,06 para as mulheres; na etapa Abanação, 14000,43
para os homens e 14563,8 para as mulheres; na etapa Derriça, 11944,3 para
os homens e 13574,3 para as mulheres.
Palavras-chave: colheita, café, freqüência cardíaca; pressão arterial sistólica;
duplo produto
xiii
ABSTRACT
Porto, Cláudio Silva. ASSESSMENT OF THE INTENSITY OF THE EFFORT
OF COFFE PICKERS IN DIFFERENT STAGES OF THE MANUAL PICKING
2006. 2006. Thesis (Master’s degree in Environment and Sustainability).
Advisor: Prof. PhD. José Maria. Committee Member: Prof. DSc. Leopoldo
Charmelo Loreto.
The present work aimed to assess the intensity of effort of the coffee
pickers in different stages of the manual coffee picking, by means of the
Heartbeat Frequency, Systolic Arterial Pressure and rate pressure-product,
during the three stages of the coffee harvest, in the city of Caratinga-MG. 154
workers were selected and assessed, 77 men and 77 women. The sampling
consisted of coffee pickers, with ages ranging between 18 to 57. The design of
this work took place in four distinguished moments. Firstly, all the farm workers
selected were submitted to a top benchmark test, to assess the maximum *VO
2 ,
maximum rate-pressure product of the workers, through the Balke Protocol
(MARINS & GIANNICHI, 1998). In a second moment, with the maximum *VO
2
results available, the farm workers were compared and classified according to
the Aerobic Conditioning Classification Chart for men and women. In a third
stage, the heartbeat rate, arterial pressure and rate pressure-product were
measured during the stages of: cropping, gathering and fanning. In stage four,
the values of heartbeat rate, arterial pressure and rate pressure-product
obtained in the three stages of the coffee picking were compared by means of
xiv
statistical analysis, to determine the statistically significant difference of the
values of work load. In the VO
2max
, classification, there can be noticed that 18
men and 26 women, representing 23.37% and 33.77% , respectively, were
qualified as GOOD, for the Balke benchmark test; 41 men and 47 women,
53.25% and 61.03%, classified as REGULAR; 16 men (20.78%) and 3 women
(3.90%) classified as BAD; and 2 men (2.60%) and 1 woman (1.30%) classified
as VERY BAD. There was a significant increase of the heartbeat rate in all three
stages of the harvest as related to heartbeat rate when at rest. It was also
assessed that the highest mean values, for both genders, was during the
Gathering stage (115.2bpm for the men and 105.3bpm for the women), followed
by the Fanning (105.6bpm for the men and 108bpm for the women) and
Dropping 91.8bpm for the men and 105.3 for the women), respectively. The
mean values found for the heartbeat rates characterize the stages of dropping
and fanning of the coffee as reasonably mild, for both the genders, with relative
values from 50.28% to 60.81% for the Max. heartbeat rate or 28% to 40% of the
VO
2max
. The values found in the gathering stage, of 63.09% of the max.
heartbeat rate for the men, classifies this stage as Reasonably Mild; for the
women, the percentage of 69.36 max Heartbeat rate classifies this stage as
Rather Hard. The gathering stage recorded the highest mean values of arterial
pressure for both the genders (137.40mm Hg for the men and 137.79mm Hg for
the women), followed by Fanning (132.68mm Hg foe the men and 134.63mm
Hg for the women) and Dropping (129.87 mm Hg for the men and 128.87mm
Hg for the women), respectively. In the stages of Dropping and Gathering there
was no Significant Difference in the results, regarding genders. The highest
mean vales of rate pressure-product found in the three stages of the coffee
harvesting were, respectively: 15836.58 for the men, and 16995.06 for the
women in the Gathering stage; 14000.43 for the men and 14563.8 for the
women in the Fanning; and 11944.3 for the men and 13574.3 for the women in
the Dropping stage.
Key Words: coffee picking; coffee; heartbeat rate; systolic arterial pressure;
Rate Pressure-Product
CONTEÚDO
Páginas
INTRODUÇÃO................................................................................................... 1
Objetivos.................................................................................................. 3
REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 4
Importância econômica do café............................................................... 4
A importância sócio-econômica da cafeicultura no Brasil e em Minas
Gerais...................................................................................................... 5
Colheita de café....................................................................................... 9
VO
2máx
e atividade física.......................................................................... 9
Freqüência cardíaca e a atividade física ............................................... 12
Comportamento do PAS durante a atividade física............................... 14
O duplo-produto durante a atividade física............................................ 16
Atividades com membros superiores e inferiores.................................. 18
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 21
Determinação da amostra ..................................................................... 21
Coleta de dados .................................................................................... 23
Critérios de exclusão............................................................................. 27
Instrumentos utilizados.......................................................................... 27
Teste de
vo2máx.
....................................................................................... 28
Procedimentos para monitoramento da freqüência cardíaca ................ 29
Procedimentos para mensuração da pressão arterial ........................... 30
Classificação da intensidade das etapas de colheita do café................ 32
Tratamento estatístico........................................................................... 33
Considerações éticas ............................................................................ 33
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 35
Determinação do tamanho da amostra .....E
RRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
Classificação do
VO2máx
.......................................................................... 35
Valores da freqüência cardíaca............................................................. 37
Percentual de intensidade da freqüência cardíaca máxima .................. 38
Valores da pressão arterial sistólica...................................................... 39
Valores do duplo produto....................................................................... 41
Percentual de intensidade do duplo produto máximo............................ 42
CONCLUSÕES................................................................................................ 44
RECOMENDAÇÕES ....................................................................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 48
APÊNDICE............................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO............................ 53
1
INTRODUÇÃO
A atividade cafeeira é grande geradora de empregos e fixadora de mão-
de-obra no meio rural, por isso a cafeicultura tem posição ímpar na nossa
economia, dado o número de pessoas que emprega. Segundo Matiello et al.
(2002), 90% das lavouras cafeeiras brasileiras são colhidas manualmente.
Na Zona da Mata Mineira, 99,5% da colheita do café é realizada de
forma manual e apenas 0,5% de forma mecanizada, tendo sua importância
sócio-econômica e na geração de renda e emprego (MÜLLER, 2004).
No município de Caratinga, há, aproximadamente, 2.500 trabalhadores
fixos, empregados nas propriedades de café e, no período de colheita, esse
número sobe para 8.500 trabalhadores (STEVANATO, 2005).
Em Caratinga, a área cultivada com café é de 7.500 hectares, e, no ano
de 2005, foram produzidas, 113.000 sacas com 60kg de café, movimentando,
aproximadamente, R$ 23.000.000,00 (vinte e três milhões de reais)
(STEVANATO, 2005).
A colheita do café processa-se em curto período, levando, em média, 75
dias úteis ou três meses corridos, iniciando-se, de modo geral, em abril/maio na
Zona da Mata e outras regiões de temperaturas mais elevadas, prolongando-se
nas demais (SILVA et al., 2000).
Souza (2004) relata que a colheita é composta por três etapas: a
primeira é a derriça ou catação, a segunda é a varrição e o recolhimento e, por
2
fim, a abanação dos frutos. Na etapa de derriça, cada árvore é colhida de uma
única vez, quando são simultaneamente apanhados frutos em todos os
estágios de maturação (seco, passa, cereja e verde) ou seletivamente,
catando-se apenas os maduros. Após a derriça, realizada no chão ou no pano,
é feito o recolhimento manual dos frutos, seguido de uma abanação para
separação e pré-limpeza do produto. A partir daí, os frutos limpos são
transportados até o local de secagem e beneficiamento.
A colheita dos frutos de café é relativamente difícil de ser executada
devido à arquitetura da planta, desuniformidade de maturação dos grãos e teor
de umidade elevado. Tradicionalmente, a colheita de café tem sido feita
manualmente, sendo este um trabalho pesado bastante desgastante (SOUZA,
2004). É considerado um trabalho que, além de expor o trabalhador a toda
sorte de intempéries, como a maioria dos trabalhos rurais, submete-o a ritmos
acelerados na medida em que o ganho, geralmente, dá-se por produção.
Conforme Niero (2000), o caráter alienado do trabalho, o processo de
deformação e mutilação do trabalhador dão ao trabalho feições nada
engrandecedoras. Avaliar e solucionar a agressão sofrida pelos trabalhadores
é muito difícil em nossa conjuntura.
Apesar dos estudos sobre a saúde e qualidade de vida no trabalho,
poucos estudos têm referenciado a saúde do trabalhador rural, no seu contexto
geral. Além dos fatores ambientais, que podem ser prejudiciais ao homem,
existem outros fatores que também devem ser considerados, tais como: a
fisiologia do trabalho, o estilo de vida, os aspectos cognitivos, sociais e
organizacionais, dentre outros. Não obstante a grande preocupação quanto à
saúde e qualidade de vida dos trabalhadores da zona rural, pouco tem sido
feito quando se trata de estudos na área da fisiologia do trabalho.
Conforme Leite & Farinatti (2003), o conhecimento do perfil de
sobrecarga cardíaca, imposto por atividades diferentes, poderia auxiliar na
escolha daqueles com menor impacto, principalmente quando se lida com
populações de risco.
São raros os estudos que se propõem a descrever a intensidade do
esforço, através do duplo-produto em situações reais de trabalho, como as
encontradas em populações não-atléticas. Informações sobre a freqüência
cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS) e duplo produto (DP) em
3
situações reais de trabalho são importantes para aumentar a segurança no
trabalho. Estudos epidemiológicos demonstram que tem aumentado o índice de
funcionários que são levados a afastar-se de suas atividades por períodos
indeterminados e, às vezes, permanentemente.
Para Leite & Farinatti (2003), há carência de informações sobre a
relação entre FC, PAS e DP em exercícios resistidos de naturezas diversas. Os
estudos, em sua maioria, comparam respostas frente a exercícios estáticos e
aeróbios, em grupos de atletas e cardiopatas.
1.1 Objetivos
Este trabalho teve como objetivos:
A. Analisar a intensidade de esforço dos colheitadores de café na atividade
da colheita manual do café
B. Avaliar e classificar o VO
2max.
e o duplo produto máximo dos
colheitadores de café, do município de Caratinga-MG;
C. Coletar e comparar os dados sobre a freqüência cardíaca (FC), pressão
arterial sistólica (PAS) e duplo produto (DP), nas três etapas de colheita
do café;
4
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Importância Econômica do Café
O café é produto de exportação e fonte de divisas, além de fator de
crescimento e desenvolvimento econômico global. Segundo Arêdes (2002), a
importância do café na economia mundial é relatada desde o início do século
XIX, quando esteve freqüente nas pautas de exportação/importação de grande
número de países que o tinha como principal fonte de divisas. O autor salienta
ainda que o café é um produto mundial de exportação e representa, para 30%
dos países produtores, mais da metade da arrecadação com exportações e,
para o restante, cerca de 25%. A atividade cafeeira movimenta mundialmente
cerca de 35 bilhões de dólares por ano e, embora distribuída em todos os
continentes, tem os dois maiores produtores e exportadores situados na
América do Sul: o Brasil, com 22,4% da produção e 23,1% da exportação
mundial, e a Colômbia, com 11,4% da produção e 14% das exportações
mundiais.
Em razão de ser uma cultura que utiliza tecnologia intensiva em
trabalho, o café constitui-se em uma importante atividade geradora de emprego
e de renda em muitos países, sobretudo quando se consideram as demais
atividades ao longo de toda a cadeia do produto. Além disso, o café é
produzido por países em desenvolvimento e consumido principalmente nos
países desenvolvidos, exercendo a importante função de geração de divisas
5
para os primeiros, garantindo-lhes as receitas necessárias à importação de
outros bens essenciais à manutenção de uma balança comercial favorável ao
desenvolvimento econômico (VIANA, 2003).
Conforme Resende (2001), a história do mercado mundial do café
sempre foi marcada pela sucessão de períodos de escassez de oferta,
motivada, em geral, por problemas climáticos como seca e geadas, o que faz
com que os preços disparem, e também por períodos de "super oferta", em
resposta à elevação dos preços, seguidos de longos períodos de preços
baixos.
Produzido e exportado por países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento, o café é importado por países ricos. Por essa razão, a
demanda mundial do café tem crescimento lento e, em conseqüência,
pequenas mudanças na oferta resultam em grandes flutuações de preços
(SAMPAIO, 2000).
2.2 A importância sócio-econômica da cafeicultura no Brasil e em Minas
Gerais
A cultura do café teve grande influência na colonização e no
desenvolvimento do País, assumindo, hoje um importante papel econômico e
social. Destaca-se por sua grande área de cultivo e também por se tratar de um
produto de exportação, apresentando, portanto, grande importância econômica
(MÜLLER, 2004). O café é produzido em cerca de 1.700 municípios brasileiros
e em, aproximadamente, 300 mil propriedades. A área cultivada é de
aproximadamente, 2,2 milhões de hectares, sendo 829 mil hectares somente
no estado de Minas Gerais (CAIXETA et al., 2000, apud MÜLLER, 2004).
Galeti (2004) cita que Mello Palheta trouxe, de Caiena, Guiana
Francesa, para o Pará, cinco mudas e mil e tantas sementes, iniciando-se,
assim, o plantio de café no Brasil. Melo Palheta foi o primeiro, ou um dos
primeiros cafeicultores do Brasil, a formar lavoura em 1727 ou 1728.
Devido à qualidade do solo, o café disseminou-se rapidamente pelo
País, tornando-se o mais importante produto brasileiro (RESENDE, 2001).
6
Para Sampaio (2000), a cultura do café teve grande influência na
colonização e no desenvolvimento do país, e assume, hoje, importante papel
econômico e social.
O café teve fundamental importância socioeconômica e cultural,
principalmente para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
No desbravamento e na colonização – formação de povoados, arraiais, vilas e
cidades – contribuiu, de forma decisiva, concreta e direta na implantação do
processo de industrialização e no estabelecimento da policultura, com recursos
financeiros e humanos, com experiências e com infra-estrutura (estradas,
pontes, energia elétrica, sistema bancário etc.) . Exerceu grande influência nas
ciências, artes, na cultura e na política (GALETI, 2004).
Para Caixeta, apud Fonseca et al. (2002), a história econômica do Brasil
possui uma estreita interface com o desenvolvimento da cafeicultura, tamanha
a importância desta atividade, que chegou a representar 80% das exportações
brasileiras.
Inicialmente, a participação do produto na balança comercial brasileira
não era significativa, provavelmente por ter sido implantado no auge do ciclo de
mineração e de serem, ainda, o açúcar e o algodão os principais produtos. O
começo da prosperidade do produto foi marcado pela sua ida para o Rio de
Janeiro, no início do século XIX, e, posteriormente, para o Vale do Paraíba,
interior de São Paulo, norte do Paraná, Espírito Santo, Bahia, Rondônia e
Minas Gerais, que, por condições mais favoráveis, assumiu a liderança
produtiva em 1980 (Taunay, apud BATISTA, 2000).
Para Resende (2001), o café é um produto agrícola que tem participado,
sistematicamente, da pauta de exportação e o País tem ocupado,
historicamente, a posição de maior produtor e exportador deste produto no
mercado mundial.
Por quase 150 anos o café foi o principal produto de exportação do
Brasil. Chegou a representar, em anos passados, mais de 70% do valor das
exportações brasileiras (GALETI, 2004).
A importância do café para o Brasil está muito bem documentada na
literatura e iniciou-se no ciclo econômico do início do século XIX, com o
declínio das exportações de produtos tradicionais, como o algodão, o cacau e o
açúcar. Conforme ressaltado por Furtado, apud Viana (2003), é exatamente no
7
meio dessas dificuldades que o café emerge como fonte alternativa de riqueza
para o país, afirmando-se, já na década de 1830, como o principal produto de
exportação brasileira.
De acordo com Sampaio (2000), o Brasil, em 1845, já colhia 45% da
produção mundial, sendo, a partir dessa, data o maior produtor de café do
Planeta.
Nesse período, a atividade cafeeira tornou-se o centro motor do
desenvolvimento do capitalismo brasileiro, e as políticas cafeeiras
transformaram-se em políticas de âmbito nacional. A expansão da produção e
a importância que o setor assumiu para a economia brasileira criaram, no
entanto, condição para especulações. O aumento do preço estimulava a
elevação da quantidade ofertada, o que, conseqüentemente, reduzia o preço
do café. As flutuações excessivas das cotações do café, causadas por estes
desequilíbrios entre oferta e procura, geraram, portanto, ao longo dos anos,
crises no setor, o que resultou na interferência direta do governo no mercado
(BATISTA, 2000).
Pires (2001) cita que com o expressivo desenvolvimento da cafeicultura
no Brasil possibilitou ao país chegar, já no final do século XIX e começo do
século XX, a ser o maior produtor mundial (75% da produção mundial). O
restante da produção advinha do México, da América Central, da Venezuela e
da Colômbia. O café constituía, portanto, o mais importante produto das
exportações brasileiras, chegando a representar 80% das exportações
brasileiras. Apesar disso, sua produção sempre esteve caracterizada por
amplas variações ao longo dos anos, em virtude de fatores climáticos e/ou de
condições de mercado muitas vezes desfavoráveis. Essas flutuações eram
agravadas ainda mais pela falta de organização do mercado produtor e pela
oligopolização do mercado comprador.
Viana (2003) afirma que o café foi o único produto capaz de mudar
radicalmente a economia brasileira, gerando os recursos para o
desenvolvimento de outros setores da economia, como as ferrovias, o sistema
financeiro e, enfim, a industrialização por substituição de importações. Isso se
deu por meio da transferência de capital para a indústria, liberação de mão-de-
obra e geração de divisas, permitindo, assim, que o crescimento industrial se
desse sem maiores custos ocasionados com a mão-de-obra.
8
O café constitui grande fonte geradora de receitas cambiais, a despeito
de ter diminuído sua participação relativa no valor das exportações com a
diversificação destas e do processo industrial alcançado pela economia
nacional (MULLER, 2004).
Nos últimos cinco anos, a produção de café brasileiro beneficiado ficou
entre 31 e 38,667 milhões de sacas (BRASIL, 2005), fazendo do Brasil o maior
produtor mundial de café. Minas Gerais destaca-se na produção nacional, com,
aproximadamente, 48,5% do total produzido, apresentando uma produção de
18,777 milhões de sacas.
Resende (2001) afirma que o café é ainda importante fonte de empregos
no País, já que o sistema cafeeiro gera cerca de 3,5 milhões de empregos
diretos e uma produção bruta de US$ 1,5 bilhão. O segmento exportador
proporciona uma receita que varia de US$ 1,5 a 2,0 bilhões, com exportações
médias de 18 milhões de sacas/ano.
De acordo com Muller (2004), estima-se que a atividade da cafeicultura
é responsável por gerar cerca de 10 milhões de empregos quando
considerados o “agribussines” cafeeiro.
O café sempre foi e ainda é o mais importante produto agrícola de
exportação, gerando riquezas e divisas para o país. Além disso, o café tem
uma grande função social, pois apresenta grande relevância traduzida pelo seu
papel no mercado, como gerador de emprego e como fator de fixação de mão-
de-obra no meio rural (ZAMBOLIN, 2000).
Conforme Galeti (2004), o café foi introduzido em Minas Gerais em fins
do século XVIII, levado do Rio de Janeiro por tropeiros e viajantes que
transitavam intensamente pelo “Caminho Novo” (depois “Caminho do
Imperador”).
O cultivo foi introduzido exatamente pela Zona da Mata, o que propiciou
o desenvolvimento de cidades como Cataguases, Leopoldina, Manhuaçu e
Muriaé, entre outras, além do próprio processo de industrialização iniciado na
virada do século e centrado em Juiz de Fora (MÜLLER, 2004).
O mesmo autor acima (2004) afirma que a cafeicultura exerce grande
influência na economia do Estado de Minas Gerais e em vários municípios
produtores as suas economias locais são dependentes diretas da atividade.
9
Galeti (2004) afirma que Minas Gerais tem regiões com condições
excepcionais para a cafeicultura. Dificilmente será desbancada da posição que
ocupa: primeiro lugar. Sua cafeicultura modernizou-se muito nos últimos anos,
com lavouras de alta produtividade e cafés de magnífica qualidade.
2.3 Colheita de Café
A colheita do café é uma etapa da produção, onde se tem empregado
maior contingente de mão-de-obra, representando, aproximadamente, 50% do
total (SOUZA et al., 2004).
Segundo Moreira (1999), a mão-de-obra envolvida na colheita manual
representa 33% do custo de produção do café.
Para Sampaio (2000), a colheita manual do café é feita
predominantemente pelo processo denominado “derriça no chão”. Nesse caso,
o café é derrubado no chão, rastelado, abanado e posto para secar em
terreiros ou secadores mecânicos.
Outro processo de colheita é denominado derriça no pano, que impede o
contato dos frutos com a terra. Com este tipo de colheita evitam-se impurezas
como pedras e torrões e também o contato com grãos de café caídos
anteriormente (MAGALHÃES, 1999). Uma terceira forma de colher o café é a
colheita dos frutos a dedo ou em cestos. Por este processo são colhidos
apenas os frutos maduros, e a qualidade final do café colhido é muito melhor.
De acordo com Bártholo & Guimarães, apud Souza et al. (2004), durante
a colheita no pano, são gastos 75% do tempo na derriça, 20% na varrição e
recolhimento e 5% na abanação. Caso a colheita aconteça no chão, consome-
se 70% na derriça, 20% na varrição e recolhimento e 10% na abanação.
2.4 VO
2máx
e atividade física
A capacidade máxima de transporte e de utilização de oxigênio durante
o exercício (captação máxima ou VO
2 máx
) é considerada por muitos cientistas
do exercício como a medida mais válida do condicionamento cardiovascular.
10
O VO
2 máx.
é uma medida reproduzível da capacidade do sistema
cardiovascular de liberar sangue a uma grande massa muscular envolvida,
num trabalho dinâmico (POWERS & HOWLEY, 2000).
Para Dantas (2003), o VO
2 máx.
, chamado de consumo máximo de
oxigênio ou potência aeróbica máxima, representa a maior quantidade de ATP
(adenosina tri-fosfato) que uma pessoa pode sintetizar aerobicamente, e é
definida como a velocidade em que o oxigênio é consumido.
Barros & Ghorayeb (1999) complementam a definição de VO
2
como
sendo “o maior volume de oxigênio por unidade de tempo que um indivíduo
consegue captar respirando o ar atmosférico durante o exercício”.
O VO
2
está intimamente ligado à capacidade funcional do sistema
cardiovascular de liberar sangue aos músculos em atividade durante o trabalho
máximo ou supramáximo enquanto mantém a pressão arterial média. A
capacidade de sustentação do exercício submáximo prolongado está
relacionada à manutenção da homeostasia decorrente das propriedades
estruturais e bioquímicas específicas dos músculos em atividade (POWERS &
HOWLEY, 2000).
De acordo com Dantas (2003),
“para melhorar a capacidade de consumir oxigênio devemos dar condições
para que o sangue seja bombeado para um determinado grupo muscular,
durante um longo período de tempo, fornecendo maiores possibilidades
para aprimorar sua diferença arteriovenosa. Outro aspecto associado ao
aumento do VO
2 máx.
consiste na aplicação do trabalho em condições de
steady-stade, dentro de uma zona adequada de treinamento”.
Segundo McArdle, Katch & Katch (2003), o trabalho aeróbio provoca
diversas alterações no coração, observa-se um maior aumento do ventrículo
esquerdo e do volume cardíaco que é acompanhado de uma densidade capilar.
Outras alterações são notadas como, nos níveis de colesterol e triglicerídeos,
ambos reduzidos com ênfase na mudança do perfil do tipo de colesterol
presente, pois se observa uma violenta redução do perigoso tipo de
lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL), ao passo que, percentualmente,
aumentam as lipoproteínas de alta densidade (HDL) e de baixa densidade
(LDL).
11
Powers & Howley (2000) afirmam que as melhorias da função
cardiorrespiratória são de 50 a 85% do VO
2máx.
Os fatores mais importantes que influenciam o escore do consumo
máximo de oxigênio incluem a hereditariedade, estado de treinamento, sexo,
dimensão, composição corporal e idade.
A pré-disposição genética responde por 40 a 60 % do valor do VO
2 máx.
de uma pessoa. Nos indivíduos sedentários, o treinamento muito extenuante
e/ou prolongado, pode aumentar o VO
2máx
. em mais de 40 % (POWERS &
HOWLEY, 2000).
Estima-se que, atualmente, o efeito genético em cerca de 25 a 40% para
o VO
2máx.
, em 50% para a freqüência cardíaca máxima e em torno de 70% para
a capacidade de realizar trabalhos físicos.
O estado de treinamento aeróbico de uma pessoa contribui de maneira
significativa para o VO
2máx.
; este varia normalmente entre 5 e 20%,
dependendo da aptidão da pessoa (MCARDLE; KATCH & KATCH, 2003).
Os valores de VO
2
máx. para mulheres são, em geral, inferiores aos
verificados para sexo masculino; estes variam entre 15 a 30 % e, mesmo entre
atletas treinados, a diferença oscila entre 15 a 20%. Entretanto, as variações
entre os sexos podem ser maiores quando o VO
2máx.
é enunciado em termos
absolutos [l./min.] (MONTEIRO, 1999).
Foi demonstrado que as diferenças dos valores estimados do VO
2máx.
entre homens e mulheres podem, em parte, ser explicadas pela diferença da
porcentagem de gordura corporal (POWERS & HOWLEY, 2000). Conforme
Weineck (2005), a mulher está em desvantagem em relação ao homem, devido
à menor massa muscular, pior capilarização do músculo feminino e pelo menor
número e tamanho das mitocôndrias.
“O VO
2máx.
também é influenciado pela idade e seus valores absolutos
atingem o ápice ao final da puberdade, no sexo masculino, e durante o seu
desenvolvimento no feminino” (OLIVEIRA E ARAÚJO; MALINA E BOUCHARD;
FARINATTI; COOPER; apud MONTEIRO, 1999).
12
De acordo com McArdle, Katch & Katch (2003), em adultos, o VO
2máx.
declina inexoravelmente após os 25 anos de idade, com um ritmo de,
aproximadamente, 1% por ano, de forma que, aos 55 anos, será em média
cerca de 27% abaixo dos valores relatados para as pessoas de 20 anos de
idade.
O baixo condicionamento cardiorrespiratório está equivalentemente
relacionado com a pressão arterial sistólica, o fumo, a obesidade e o diabetes
como fator independente de risco de mortalidade por doença coronariana,
considerados riscos modificáveis (MARTINEZ & SOEIRO, 2003).
2.5 Freqüência cardíaca e a atividade física
O estudo da freqüência cardíaca mostra-se um importante método de
avaliação fisiológica da carga física e/ou da carga mental de trabalho,
independentemente do método utilizado (VERDE, 2003). E, conforme Wilmore
& Costill (2001), a freqüência cardíaca é um dos parâmetros mais simples e
que mais fornece informações cardiovasculares.
A variabilidade da FC vem sendo alvo de inúmeras pesquisas nos
últimos anos, principalmente em sua relação com o risco aumentado de
mortalidade cardiovascular, notório nos resultados de vários estudos. A
atividade do nervo vago (ramo parassimpático) é considerada como um fator
de proteção cardiovascular; logo, a disfunção do SNA e, notadamente, a
redução do tônus vagal cardíaco traduzem-se, portanto, em aumento
substancial do risco de mortalidade cardiovascular (ALMEIDA & ARAUJO,
2003).
Wilmore & Costill (2001), citam que a freqüência cardíaca reflete a
quantidade de trabalho que o coração deve realizar para satisfazer as
demandas aumentadas do corpo durante uma atividade.
Segundo McArdle, Katch & Katch (2003), o músculo cardíaco,
diferentemente dos outros tecidos, mantém seu próprio ritmo. Através do
Nódulo Sinoatrial (nódulo SA), localizado dentro da parede posterior do átrio
direito, é feita a transmissão do impulso dentro do miocárdio.
13
A freqüência cardíaca de repouso normal tipicamente varia entre 60 a 85
batimentos/min. Antes do início do exercício, a sua freqüência cardíaca pré-
exercício geralmente aumenta bem acima do valor de repouso normal. Isso é
denominado resposta antecipatória. Essa resposta é mediada através da
liberação do neurotransmissor noradrenalina pelo seu sistema nervoso
simpático e pelo hormônio adrenalina pelas glândulas adrenais. O tônus vagal
provavelmente também diminui (WILMORE & COSTILL, 2001).
Conforme Powers & Howley (2000), como o nódulo Sinoatrial controla a
freqüência cardíaca, as alterações desta envolvem fatores que o influenciam.
Os dois fatores mais proeminentes que influenciam a freqüência cardíaca são
os sistemas nervoso parassimpático e simpático.
Almeida & Araújo (2003) afirmam que, nos primeiros segundos do
exercício, a Freqüência cardíaca aumenta por conta da atividade vagal, que
não só aumenta a contratilidade dos átrios, mas também eleva a velocidade de
condução da onda de despolarização dos ventrículos, independentemente do
nível de intensidade do esforço e do nível de condicionamento aeróbico de
indivíduos saudáveis. Os mesmos autores citam que, após a fase inicial, com o
prosseguimento do exercício, a FC aumenta novamente pela exacerbação da
estimulação adrenérgica no Nódulo sinoatrial ou pelo aumento da concentração
sanguínea de norepinefrina, distensão mecânica do átrio e, por conseguinte, do
nódulo sinusal em função de maior retorno venoso, além do aumento da
temperatura corporal e da acidez sangüínea.
Durante o exercício submáximo, as mulheres costumam ter uma
freqüência cardíaca mais alta para qualquer taxa de trabalho que os homens.
Para Foss & Keteyian (2000), isto ocorre porque as mulheres costumam ter um
débito cardíaco maior (volume de ejeção x freqüência cardíaca) e um volume
de ejeção (quantidade de sangue em mililitros bombeada pelo coração em
cada pulsação ou batimento cardíaco) menor para o mesmo VO
2
.
O volume de ejeção em repouso para homens destreinados fica entre 70
e 90 ml/batimento e, para homens treinados, pode aproximar-se de 100/120
ml/batimento. Entre mulheres destreinadas, o volume de ejeção em repouso
pode ficar entre 50 e 70 ml/batimento, enquanto entre mulheres treinadas pode
ficar entre 70 e 90 ml/batimento (FOSS & KETEYIAN, 2000). Quanto às
mulheres, os valores do volume de ejeção em geral são mais baixos que os
14
dos homens, em todas as condições. Com uma carga de trabalho submáxima,
que implica o mesmo consumo de oxigênio, o volume de ejeção será mais
baixo na mulher que no homem, em virtude principalmente do menor volume
cardíaco da mulher.
2.6 Comportamento do PAS durante a atividade física
A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes
arteriais, determinada pela quantidade de sangue bombeado e pela resistência
ao fluxo sangüíneo (POWERS & HOWLEY, 2000).
A pressão arterial sistólica é a pressão gerada quando o sangue é
ejetado do coração durante a sístole ventricular. Durante o relaxamento
ventricular (diástole), a pressão arterial diminui e representa a pressão arterial
diastólica. A diferença entre a pressão sistólica e a diastólica é denominada
pressão de pulso (POWERS & HOWLEY, 2000).
Pressão arterial sistólica - Em repouso, nos indivíduos normotensos, a
pressão mais alta gerada pelo coração é, em média, de 120mm Hg durante a
contração ventricular esquerda (sístole), conforme tabela 1. A pressão arterial
sistólica proporciona uma estimativa do trabalho do coração e da força que o
sangue exerce contra as paredes arteriais durante a sístole ventricular. Durante
a fase de relaxamento do coração, quando as válvulas aórticas se fecham, o
recuo elástico natural do sistema arterial proporciona uma cabeça de pressão
contínua. “Esta mantém um fluxo constante de sangue para a periferia, até a
próxima onda de sangue” (MCARDLE, KATCH & KATCH, 2003). Os mesmos
autores citam que cada contração do ventrículo esquerdo força uma onda de
sangue através da Aorta. Os vasos periféricos não permitem o “escoamento”
do sangue para dentro do sistema arterial com a mesma rapidez com que é
ejetado pelo coração, permitindo que a aorta distensível “armazene” parte do
sangue. Isso cria certa pressão dentro de todo o sistema arterial, acarretando
uma onda de pressão que se desloca da aorta até os ramos mais afastados da
árvore arterial. O “pulso” característico nas artérias superficiais ocorre em
virtude do estiramento e subseqüente recuo da parede arterial durante um ciclo
cardíaco. A pressão arterial reflete os efeitos combinados do fluxo sangüíneo
15
arterial por minuto (isto é, débito cardíaco) e da resistência a esse fluxo
oferecida pela árvore vascular periférica. A pressão arterial é originada do
produto entre o débito cardíaco e a resistência periférica total.
TABELA 1 – Classificação da pressão arterial em adultos (McARDLE; KATCH
& KATCH, 2003).
Sistólica (mm Hg) Diastólica (mm Hg) Categoria
< 120 < 80 Ótima
< 130 <85 Normal
130-139 85-89 Alta-normal
140-159 90-99 Hipertensão no estágio 1
160-179 100-109 Hipertensão moderada (estágio 2)
180-209 110-119 Hipertensão grave (estágio 3)
> 210 120 Hipertensão muito grave (estágio 4)
Para Wilmore & Costill (2001), o aumento da pressão arterial sistólica é
resultante do aumento do débito cardíaco (Q) que acompanha o aumento da
taxa de trabalho. Ele auxilia a impulsionar o sangue rapidamente através do
sistema circulatório. Além disso, a pressão arterial determina a quantidade de
líquidos que deixa os capilares, entrando nos tecidos e transportando os
suprimentos necessários. Portanto, a pressão arterial sistólica aumentada
facilita o processo de liberação.
A resposta normal ao exercício corresponde ao aumento progressivo da
pressão sangüínea sistólica, com um aumento na sobrecarga a um pico de
resposta variando de 160 a 200mm Hg (BRAUNWALD, 1999).
Conforme Polito & Farinatti (2003), a elevação aguda da pressão arterial
(PA), perante o exercício, é regulada pelo sistema nervoso simpático, sendo
influenciada pelos aumentos da freqüência cardíaca, volume sanguíneo,
volume de ejeção e aumento da resistência periférica. A importância da medida
da PA reside no fato de averiguar o relativo estresse cardiovascular, através do
consumo de oxigênio do miocárdio estimado pelo duplo-produto.
Wilmore & Costill (2001) citam que, durante a atividade que envolve todo
o corpo, a pressão arterial sistólica aumenta em proporção direta ao aumento
16
da intensidade do exercício. Uma pressão arterial sistólica que começa em 120
mm Hg em repouso, pode ultrapassar 200 mm Hg na exaustão.
Para Powers & Howley (2000), o aumento da pressão arterial do
trabalho deve-se à vasoconstrição nos grupos musculares inativos. Quanto
maior for o grupo muscular envolvido na realização do exercício, maior a
quantidade de vasos de resistência (arteríolas) dilatados. Consequentemente,
essa menor resistência periférica reflete-se numa menor pressão arterial (uma
vez que débito cardíaco x resistência = pressão).
Segundo Foss & Keteyian (2000), durante o exercício, a pressão
sistólica aumenta e pode ultrapassar os 200 mm Hg. Esse aumento resulta de:
aumento no débito cardíaco (aumento no volume de ejeção e na freqüência
cardíaca) e do aumento na resistência vascular entre os tecidos
metabolicamente ativos.
Acredita-se que a exposição crônica de indivíduos suscetíveis a
condições de trabalho estressantes, possa ser responsabilizada por aumentos
pressóricos persistentes e significativos. Estudos realizados por Klein et al.
(1986), pesquisando o incremento da pressão arterial de trabalhadores em
diferentes setores ocupacionais, ao longo dos anos de trabalho, puderam
observar que alguns grupos de ocupações apresentavam maior incremento
pressórico que outros, entre estes os grupos que executavam maior trabalho
físico (ROCHA et al., 2002).
2.7 O Duplo-Produto durante a atividade física
A realização de atividades físicas durante o trabalho desencadeia uma
série de respostas fisiológicas nos vários sistemas corporais e, em particular,
no sistema cardiovascular.
Nesse sentido, Leite & Farinatti (2003) afirmam que as variáveis mais
freqüentemente utilizadas para controlar a intensidade do exercício em termos
cardiovasculares são a freqüência cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA).
Todavia, um terceiro parâmetro revela-se igualmente útil, ainda que pouco
utilizado, o duplo-produto (DP), também chamado Produto Freqüencia-Pressão
17
(PFP), definido pelo produto entre a freqüência cardíaca e pressão arterial
sistólica (PAS).
Segundo Foss & Keteyian (2000), métodos invasivos tradicionais
poderiam ser evitados e o consumo de oxigênio pelo miocárdio poderia ser
estimado de maneira fidedigna, utilizando um método não-invasivo, por
exemplo, o simples produto da freqüência cardíaca pela pressão arterial
sistólica. O termo aplicado a esse método é Duplo produto ou Produto
Freqüência-Pressão. Em resumo, o consumo de oxigênio pelo miocárdio pode
ser estimado utilizando variáveis obtidas facilmente durante um teste
padronizado com exercício progressivo.
Segundo Araújo, apud Andrade, Barbosa Júnior e Pulcinelli (2002), o DP
apresenta uma correlação de 0,88 com o consumo de O
2
no miocárdio, sendo,
portanto, o seu melhor preditor indireto. Dessa forma, seria conveniente usar
este parâmetro como referência no momento de prescrever uma atividade
física com segurança, pois ele permite verificar em qual atividade o sistema
cardiovascular recebe maior carga de esforço e, portanto, maiores riscos.
Sua correlação com o consumo de oxigênio miocárdico (MVO
2
) faz com
que seja tido como o mais fidedigno indicador do trabalho do coração durante
esforços físicos contínuos de natureza aeróbia (GOBEL et al., 1999, apud
LEITE & FARINATTI, 2003).
Para Braunwald (1999), o produto freqüência cardíaca - pressão arterial
sistólica, uma medida indireta da demanda de oxigênio pelo miocárdio aumenta
progressivamente com o exercício, e o produto do pico freqüência-pressão
pode ser utilizado para caracterizar o desempenho cardiovascular.
Powers & Howley (2000) citam que o aumento da freqüência cardíaca e
da pressão arterial sistólica que ocorre durante o exercício resulta num
aumento da carga de trabalho imposta ao coração. Dessa forma, a demanda
metabólica aumentada imposta ao coração durante o exercício pode ser
estimada examinando-se o duplo produto.
A interação entre vários fatores mecânicos – dos quais os mais
importantes são o desenvolvimento de tensão dentro do miocárdio e sua
contratilidade e a freqüência cardíaca, determina o consumo de oxigênio pelo
miocárdio. Com os aumentos em cada um desses fatores durante o exercício,
o fluxo sangüíneo miocárdico é ajustado de forma a equilibrar o suprimento
18
com a demanda de oxigênio. Uma estimativa comum da carga de trabalho do
miocárdio, e do conseqüente consumo de oxigênio, utiliza o produto da pressão
arterial sistólica (PAS) máxima, medida na artéria braquial, pela freqüência
cardíaca (MCARDLE; KATCH & KATCH, 2003).
O duplo produto tende a aumentar durante as atividades físicas, mas
seu comportamento depende do tipo de exercício, a intensidade, a duração e
as condições ambientais sob as quais o trabalho foi realizado. Por outro lado, o
DP em exercícios com pesos costuma ser baixo. Crawford & Maron (1992) e
Fleck (1998) apud Andrade, Barbosa Júnior e Pulcinelli (2002) afirmam que o
sistema cardiovascular reage às sobrecargas de treinamento impostas pelos
exercícios resistidos de maneira fisiológica.
Segundo McArdle, Katch & Katch (2003), as modificações na freqüência
cardíaca e na pressão arterial contribuem igualmente para as mudanças no
PFP. Os valores típicos para o PFP variam de 6.000 em repouso (FC = 50
bpm; PAS = 120 mm Hg) a 40.000 (FC = 200 bpm; PAS = 200 mm Hg) ou
mais, dependendo da intensidade e da modalidade do exercício.
As alterações da freqüência cardíaca e da pressão arterial, que ocorrem
durante o exercício refletem o tipo e a intensidade do exercício realizado, de
sua duração e das condições ambientais sob as quais o trabalho foi realizado
(POWERS & HOWLEY, 2000).
Seja qual for o prisma pelo qual se examina o assunto, valores mais
elevados de DP no exercício indicam maiores freqüência cardíaca, volume
sistólico, débito cardíaco e, em alguns casos, resistência sistêmica (LEITE &
FARINATTI, 2003).
2.8 Atividades com membros superiores e inferiores
Para Mcardle, Katch & Katch (2003), o exercício realizado com os
braços produz respostas substancialmente mais altas da freqüência cardíaca e
da pressão arterial (e, conseqüentemente, valores do Duplo produto mais altos)
que o exercício mais rítmico realizado com os membros inferiores. Uma carga
padronizada de exercício submáximo com o membro superior produz uma
maior solicitação metabólica e fisiológica que o exercício realizado com as
pernas.
19
Segundo Foss & Keteyian (2000), um exercício dos braços, com um
ritmo de trabalho submáximo, é realizado com um maior custo que o exercício
das pernas empreendido com o mesmo ritmo de trabalho.
O exercício realizado com os segmentos superiores do corpo (e as
inerentes respostas de uma pressão arterial elevada) produz claramente maior
sobrecarga cardiovascular, pois a demanda de trabalho do miocárdio aumenta
consideravelmente (MCARDLE; KATCH & KATCH, 2003).
Powers & Howley (2000) citam que num determinado nível de consumo
de oxigênio, tanto a freqüência cardíaca quanto a pressão arterial são mais
elevadas durante o trabalho de braço em comparação com o trabalho de perna.
A explicação para a freqüência cardíaca mais elevada parece estar ligada a um
maior fluxo simpático ao coração durante o trabalho de braço em comparação
com o exercício de perna. O exercício isométrico também aumenta a
freqüência cardíaca além do valor esperado baseado no consumo relativo de
oxigênio.
Conforme Mcardle, Katch & Katch (2003), o exercício realizado com os
braços produz pressões sistólica e diastólica consideravelmente mais altas que
os exercícios realizados com os membros inferiores para um determinado
percentual do VO
2máx
. Isso ocorre porque a massa muscular e a árvore
vascular dos membros superiores de menor porte oferecem maior resistência
ao fluxo sangüíneo que a massa muscular e o suprimento sangüíneo de maior
porte dos membros inferiores. O exercício realizado com os membros
superiores impõe uma maior sobrecarga, isto é, maior força por unidade de
músculos, maior percentual da capacidade máxima, e mais co-produtos
metabólicos, para a musculatura relativamente menor dos membros superiores
para qualquer nível submáximo de exercício. A sobrecarga adicional aumenta o
feedback periférico para o bulbo, o que acelera a freqüência cardíaca e eleva a
pressão arterial.
Também Verde (2003), estudando o trabalho físico dos membros
superiores em relação ao dos inferiores, notou que, para cargas iguais, a FC e
o consumo de oxigênio alcançam valores maiores no trabalho dos membros
superiores do que no trabalho dos membros inferiores.
Os fatores responsáveis por essas diferenças incluem uma menor
eficiência mecânica dos braços, uma menor massa muscular utilizada pelos
20
braços, uma maior elevação nas catecolaminas plasmáticas durante o
exercício com os braços, uma maior atividade corticomedular (comando
central) e/ou uma resposta compensatória ao menor aumento no volume de
ejeção que ocorre no exercício com os braços (FOSS & KETEYIAN, 2000).
McArdle; Katch & Katch (2003) ainda citam o recrutamento da musculatura
adicional necessária para estabilizar o tronco durante o exercício realizado
com os membros superiores.
A resposta elevada da freqüência cardíaca, no exercício submáximo
realizado com os membros superiores, resulta provavelmente de dois fatores,
sendo o primeiro a maior estimulação anterógrada do comando central no
cérebro para o centro de controle bulbar e, o segundo, a maior estimulação por
feedback para o bulbo a partir dos receptores periféricos no tecido ativo
(MCARDLE; KATCH & KATCH, 2003).
Para Foss & Keteyian (2000), claramente a resposta ao exercício
realizado com os membros superiores, tanto submáximo quanto máximo, difere
daquela que é observada durante o exercício submáximo e máximo realizado
com os membros inferiores. O aprendizado acerca dessas diferenças é de
importância prática, levando-se em conta atividades como revolver as folhas,
uma tarefa que é realizada comumente e que exige uma participação vigorosa
dos membros superiores.
A diferença da resposta da pressão arterial sistólica ao exercício da
porção superior e da porção inferior do corpo tem implicações importantes no
que concerne ao coração. A captação de oxigênio pelo miocárdio e o fluxo
sangüíneo miocárdico estão diretamente relacionados ao produto da freqüência
cardíaca e da pressão arterial sistólica. No exercício de força estático ou
dinâmico ou no trabalho da porção superior do corpo, o duplo produto é
elevado, indicando um consumo cardíaco muito maior (WILMORE & COSTILL,
2001).
21
MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Determinação da amostra
No presente trabalho foram pesquisados 154 trabalhadores, sendo 77 do
sexo masculino e 77 do sexo feminino.
Para determinar a representatividade da amostra no presente estudo,
realizou-se uma pesquisa piloto dirigida e não aleatória. Foi realizada uma
avaliação da carga de trabalho durante o processo de derriça, em 40
(quarenta) indivíduos, sendo 20 (vinte) do sexo masculino e 20 (vinte) do sexo
feminino. Foi escolhida a derriça, devido ao fato de todos os colheitadores de
café trabalharem nesta etapa.
Para o cálculo do tamanho da amostra, utilizou-se a formula de
determinação do tamanho da amostra para grandes populações (Morettin &
Bussab, 2005),, sendo descrita da seguinte forma:
n = Z
2
ασ² , sendo:
n = tamanho da amostra;
Z
2
α = valor de Z da curva normal de Gauss para determinado nível de
significância;
σ² = variância
e² = margem de erro
22
TABELA 5: Resultado do cálculo para determinação do tamanho da amostra
total
FC PAS
Média 97,77 129,00
Desvio Padrão 12,86 9,07
Erro Padrão 2,03 1,43
% do Desvio Padrão 15,81 15,81
Tamanho da Amostra 153,66 153,66
Coeficiente de Variação 13,16 7,03
TABELA 6: Resultado do cálculo para determinação do tamanho da amostra
masculina
FC PAS
Média 89,01 131,25
Desvio Padrão 5,80 10,11
Erro Padrão 1,29 2,26
Tamanho da Amostra 20 20
Coeficiente de Variação 6,52 7,70
Amostra 76,83 76,83
TABELA 7: Resultado do cálculo para determinação do tamanho da amostra
feminina
FC PAS
Média 106,45 126,75
Desvio Padrão 12,15 7,48
Erro Padrão 2,71 1,67
Tamanho da Amostra 20 20
Coeficiente de Variação 11,41 7,02
Amostra 76,83 76,83
3.2 Local do estudo
O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Baixadão, localizada no
município de Caratinga-MG.
23
3.3 Coleta de dados
O processo de construção deste trabalho ocorreu em quatro (04)
momentos distintos. No primeiro momento, todos os trabalhadores rurais
selecionados foram submetidos a um teste máximo de banco, para estimar o
VO
2
max. e o Duplo Produto máx. dos trabalhadores, através do Protocolo de
Balke (MARINS & GIANNICHI, 1998). No segundo momento, com resultados
do teste VO
2max
., os trabalhadores rurais foram comparados e classificados de
acordo com a Tabela de Classificação do Condicionamento Aeróbio de
Homens e Mulheres (tabela 2).
TABELA 2: Classificações do condicionamento aeróbico de homens e mulheres
(POWERS & HOWLEY, 2000).
Homens
Idade (Anos)
Categoria
13-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60+
Muito Ruim
< 35,0 < 33,0 < 31,5 < 30,2 < 26,1 < 20,5
Ruim
35,0-38,3 33,0-36,4 31,5-35,4 30,2-33,5 26,1-30,9 20,5-26,0
Regular
38,4-45,1 36,5-42,4 35,5-40,9 33,6-38,9 31,0-35,7 26,1-32,2
Bom
45,2-50,9 42,5-46,4 41,0-44,9 39,0-43,7 35,8-40,9 32,3-36,4
Excelente
51,0-55,9 46,5-52,4 45,0-49,4 43,8-48,0 41,0-45,3 36,5-44,2
Superior
> 56,0 > 52,5 > 49,5 > 48,1 > 45,4 > 44,3
Valores de captação de oxigênio em ml.kg
-1
.min
-1
24
Mulheres
Idade (Anos)
Categoria
13-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60+
Muito Ruim
< 25,0 < 23,6 < 22,8 < 21,0 < 20,2 < 17,5
Ruim
25,0-30,9 23,6-28,9 22,8-26,9 21,0-24,4 20,2-22,7 17,5-20,1
Regular
31,0-34,9 29,0-32,9 27,0-31,4 24,5-28,9 22,8-26,9 20,2-24,4
Bom
35,0-38,9 33,0-36,9 31,5-35,6 29,0-32,8 27,0-31,4 24,5-30,2
Excelente
39,0-41,9 37,0-40,9 35,7-40,0 32,9-36,9 31,5-35,7 30,3-31,4
Superior
> 42,0 > 41,0 > 40,1 > 37,0 > 35,8 > 31,5
Valores de captação de oxigênio em ml.kg
-1
.min
-1
No terceiro momento, foi avaliada a freqüência cardíaca, a pressão
arterial e o duplo produto dos trabalhadores rurais durante a derriça (figuras 2 e
3), o recolhimento (figura 4) e a abanação (figuras 5 e 6). No quarto momento,
os valores de Freqüência cardíaca, Pressão arterial e Duplo produto, obtidos
nas três etapas da colheita, foram comparados através da análise estatística,
para determinar diferença significativa dos valores da carga de trabalho.
FIGURA 1: Colheitadora de café na etapa da derriça.
25
FIGURA 2: Colheitador de café na etapa da derriça.
FIGURA 3: Colheitadores de café na etapa de recolhimento.
26
FIGURA 4: Colheitadora de café na etapa de abanação.
FIGURA 5: Colheitador de café na etapa de abanação.
27
3.4 Critérios de Exclusão
A amostra dos colheitadores de café esteve compreendida na faixa
etária de 18 a 57 anos de idade, de ambos os sexos. Adotaram-se como
critério de exclusão os seguintes aspectos:
a) quadro de problemas cardiovasculares, respiratórios, metabólicos ou
locomotores que pudessem afetar a condução das atividades;
b) utilização de medicamentos que pudessem alterar as respostas
fisiológicas durante o levantamento dos dados.
3.5 Instrumentos Utilizados
Como instrumentos de avaliação dos testes para este estudo, foram
utilizados um aparelho de Pressão arterial da marca BD (Brasil); um monitor de
freqüência cardíaca Polar modelo S625X (Finlândia). Para avaliação do VO
2
máximo, um Banco de Balke (Figura 7), cedido pelo curso de Educação Física
do UNEC; um Metrônomo digital da marca SEIKO modelo DM 50 SV.
FIGURA 6: Banco de Balke utilizado para teste do VO
2
máx.
28
3.6 Teste de
VO2máx.
Protocolo de banco de Balke – nesta técnica destaca-se o uso de cargas
variadas durante o decorrer do teste. O banco possui cinco alturas
diferenciadas correspondendo a 10, 20, 30, 40 e 50 cm.
Este teste apresenta uma característica interessante. Devido à sua
carga múltipla, permite que um grande número de pessoas possa ser avaliado
por esta técnica, desde crianças em torno de 10 anos até idosos na faixa etária
dos 55-60 anos, desde que possuam um bom condicionamento físico.
Os estudos (Powers & Howley, 2000; Mcardle, Katch & Katch 2003) que
determinaram o VO
2 máx
para os mesmos indivíduos, durante diferentes
modalidades do exercício, indicam que o exercício na esteira rolante em geral
produz os valores mais altos. A subida e a descida de um banco produzem
escores do VO
2 máx
idênticos aos valores obtidos em esteira rolante e muito
mais altos que os obtidos em cicloergômetro.
Os procedimentos para aplicar o teste de banco de Balke são os
seguintes:
1. Após um aquecimento inicial, começam a subida e descida numa
freqüência de 30 passadas por minuto;
2. Após três minutos de trabalho constante, é processada, a troca de
estágio, através do aumento da altura, a cada 10cm, sem interrupção;
3. Ao fim de cada estágio de três minutos verifica-se a freqüência cardíaca.
Com o final da realização do teste aplica-se a seguinte fórmula para o
cálculo do VO
2máx.
:
VO
2máx
ml (kg.min)
-1
= (H x N x 1,33 x 1,78) + 10,5
Onde:
H = altura do último banco completada em metros;
N = número de descidas e subidas por minuto;
1,33 = trabalho positivo (ascendente) e mais 1/3 para o trabalho negativo
(descida);
1,78 = ml de O2 necessário para 1 kg.m de trabalho;
29
10,5 = trabalho horizontal adicionado ao movimento vertical.
O teste poderia ser interrompido, caso a pessoa avaliada apresentasse
algum sintoma, que comprometesse sua integridade, conforme tabela 3.
TABELA 3: Indicações gerais para a interrupção do Teste de Esforço Físico
para indivíduos aparentemente saudáveis (POWERS & HOWLEY,
2000).
1. Início de angina ou de sintomas anginosos
2. Queda significativa (20 mm Hg) da pressão arterial
3. Aumento excessivo da pressão arterial sistólica; > 260 mm Hg ou
diastólica > 115 mm Hg
4. Sinais de má perfusão: tontura, confusão, ataxia, palidez, cianose,
náuseas ou pele fria e úmida
5. Não-aumento da freqüência cardíaca com o aumento da intensidade do
exercício
6. Alterações perceptíveis do ritmo cardíaco
7. Solicitação da interrupção do teste pelo indivíduo
8. manifestações físicas ou verbais de fadiga severa
9. Falha do equipamento
3.7 Procedimentos para monitoramento da Freqüência cardíaca
Para o monitoramento da freqüência cardíaca, foi utilizado um
freqüêncímetro, ou monitor de freqüência cardíaca. O freqüencímetro é
constituído por um sensor (Figura 8) que registra os batimentos cardíacos a
intervalos de dois segundos, e é fixado ao tórax do trabalhador por meio de
uma cinta elástica própria.
O sensor transmite os dados para um dispositivo fixado ao punho do
trabalhador, semelhantemente a um relógio de pulso convencional, que
compila e armazena o banco de dados, que será oportunamente transferido
para o micro computador, por meio de uma interface direta apropriada, para
ser, então, processado, com o auxílio do software especificamente destinado a
este objetivo.
O freqüencímetro utilizado é fabricado pela Polar Electro Oy, Finlândia,
modelo Polar S625X, cujo banco de dados gerado foi processado pelo software
Polar Precision Performance Software (Figura 9).
30
FIGURA 7: Sensor e monitor de freqüência cardíaca, utilizado para
armazenamento de dados.
3.8 Procedimentos para mensuração da Pressão arterial
A pressão arterial não costuma ser medida diretamente, mas estimada
com a utilização de um instrumento denominado esfignomanômetro (Figura
10), que é composto por um manguito inflável de braço, conectado a um
calibrador de pressão tipo aneróide.
FIGURA 8: Esfignomanômetro, utilizado para monitorar a pressão arterial.
31
A pressão arterial é mensurada da seguinte maneira: o manguito de
borracha é colocado em torno do braço, de modo que envolva a artéria braquial
(figura 11). O ar é bombeado para o interior do manguito, de modo que a
pressão em torno do braço ultrapasse a arterial. Como a pressão aplicada em
torno do braço é superior à pressão arterial, a artéria braquial é ocluída e o
fluxo sangüíneo, interrompido. Coloca-se o estetoscópio (Figura 12) sobre a
artéria braquial, (logo abaixo do manguito). Abre-se a válvula de controle do ar,
lentamente; a pressão do manguito começará a diminuir e, rapidamente, a
pressão em torno do braço será igual ou discretamente inferior à pressão
arterial. Nesse ponto, o sangue começará a fluir na artéria e um som agudo
será auscultado pelo estetoscópio. A pressão na qual o primeiro som de
batimento é auscultado representa a pressão arterial sistólica.
FIGURA 9: Monitoramento da pressão arterial
32
FIGURA 10: Estetoscópio, utilizado para auscultar os batimentos cardíacos.
3.9 Classificação da intensidade das etapas de colheita do café
Para classificar a intensidade das três etapas da colheita do café,
utilizou-se a TEP (taxação do esforço percebido) ou Escala de Borg (McArdle,
2003), conforme tabela 4. A monitoração e o ajuste da TEP durante o exercício
representam um meio relativamente fácil e efetivo de classificar a atividade,
com base nas medidas objetivas da sobrecarga fisiológica/metabólica (% da
FC
máx
, % do VO
2máx
). Os níveis de atividade, que correspondem aos níveis
mais altos de dispêndio de energia e de sobrecarga fisiológica, produzem
classificações mais altas da TEP.
33
Tabela 4: A escala de Borg (e estimativas correspondentes da intensidade
relativa do exercício) para obter a TEP durante o exercício (MCARDLE, KATCH
& KATCH, 2003)
Escala TEP Equivalente % da FC
máx
Intensidade do
exercício % do VO
2máx
6
7 Muito, muito leve
8
**** ****
9 Muito leve
10
**** ****
11 Razoavelmente leve
12
52-66 31-50
13 Bastante duro
14
67-85 51-75
15 Duro
16
86-91 76-85
17 Muito duro
18
92 85
19 Muito, muito duro
20
**** ****
3.10 Tratamento Estatístico
Para tratamento estatístico, utilizou-se o programa SAEG 8.0 (Sistema
para Análises Estatísticas), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.
Foi realizada como tratamento estatístico para análise dos resultados, a
Análise de Variância Multivariada (Anovam) e o Teste de Médias de Tukey
(p=0,05).
3.11 Considerações Éticas
Por envolver seres humanos, essa pesquisa foi realizada de acordo com
as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa, dispostas na Resolução
196/96, do Conselho Nacional de Saúde.
Antes de sua realização, seus protocolos foram submetidos e aprovados
pelo Comitê de Ética na Pesquisa do Centro Universitário de Caratinga –
UNEC, onde foi desenvolvida a pesquisa.
34
Todos os participantes foram informados sobre o estudo, seus objetivos
e pesquisadores, bem como foram convidados a participar da coleta de dados.
Para participarem, todos assinaram um termo de consentimento, livre e
esclarecido, nas quatro etapas de coleta de dados.
35
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Classificação do
VO2máx
De acordo com Mcardle, Katch & Katch (2003), o VO
2máx.
proporciona
informação importante acerca da capacidade do sistema de energia, a longo
prazo. A obtenção de um VO
2máx.
alto requer a integração de altos níveis das
funções pulmonar, cardiovascular e neuromuscular. Isso transforma o VO
2máx.
em uma medida fundamental da capacidade funcional fisiológica para o
exercício.
Pode-se observar, conforme tabela 8, que 18 homens e 26 mulheres,
foram classificados como BOM, no teste de banco de Balke; 41 homens e 47
mulheres, classificados como REGULAR; 16 homens e 03 mulheres, foram
classificados como RUIM; e 02 homens e 01 mulher, classificados como
MUITO RUIM. Portanto, observou-se que houve uma predominância da
categoria REGULAR, tanto para os homens quanto para as mulheres.
TABELA 8: Classificação do VO
2máx
, com freqüências absoluta e relativa dos
homens e mulheres
36
Homens Mulheres
Categoria
Freqüência
absoluta
Freqüência
relativa (%)
Freqüência
absoluta
Freqüência
relativa (%)
Muito Ruim 02 2,60 01 1,30
Ruim 16 20,78 03 3,90
Regular 41 53,25 47 61,03
Bom 18 23,37 26 33,77
Excelente 00 0,00 00 0,00
Superior 00 0,00 00 0,00
Total 77 100,00 77 100,00
Devido ao fato dos colheitadores de café estarem ativos e trabalharem
durante 8 horas diárias, esperava-se um melhor desempenho no teste de
capacidade aeróbia máxima. Mcardle, Katch & Katch (2003) afirmam que o
trabalho aeróbio induz a adaptações significativas em uma ampla variedade de
capacidades funcionais relacionadas ao transporte e à utilização do oxigênio.
Segundo Weineck (2005), as possíveis explicações para as
classificações regular, ruim e muito ruim são:
Nem sempre é possível atingir a exaustão ao se testar indivíduos
destreinados, pois estes não estão acostumados com o exercício
extenuante e, com isso, na maior parte das vezes, interrompem o teste
prematuramente;
Os trabalhadores não foram capazes de atender as solicitações
coordenativas inerentes a uma técnica perfeita de movimento específico
do respectivo teste ergométrico. Mesmo com os trabalhadores avaliados
treinando os movimentos executados, minutos antes do teste de VO
2
máx., não seria suficiente para uma melhora dos engramas motores, da
coordenação intra-muscular e inter-muscular;
Em virtude dos efeitos agudos e crônicos do tabagismo, ocorre um
prejuízo da capacidade de desempenho físico, principalmente no que se
refere à resistência. O mesmo autor, num estudo de grande porte, em
quase 5000 voluntários de ambos os sexos, de idade entre 18 e 32
anos, durante uma atividade até à exaustão, apenas 70% dos fumantes
alcançaram pelo menos 85% do desempenho médio para a idade. No
37
que se refere à resistência, o fumante não alcança seu limite de
desempenho individual possível, pois o CO (monóxido de carbono)
bloqueia não só a hemoglobina para o transporte de oxigênio, mas
também, em nível celular, as enzimas de citocromos, o que leva a uma
maior limitação do fornecimento e da utilização do oxigênio celular.
4.2 Valores da freqüência cardíaca
A tabela 9 mostra que a FC de repouso ficou, em média, 67,8 bpm para
os homens e 76,9 bpm para as mulheres. Na freqüência cardíaca de repouso,
houve uma variância significativa em relação ao sexo. Esta diferença pode ser
explicada tendo em vista que as mulheres apresentam um débito cardíaco
maior e um volume de ejeção menor para o mesmo VO
2
. O volume de ejeção
em repouso para homens destreinados fica entre 70 e 90 ml/batimento e, para
homens treinados, pode aproximar-se de 100/120 ml/batimento. Entre
mulheres destreinadas, o volume de ejeção em repouso pode ficar entre 50 e
70 ml/batimento, enquanto entre mulheres treinadas pode ficar entre 70 e 90
ml/batimento (FOSS & KETEYIAN, 2000). Apesar desta diferença, os valores
encontrados estão conforme os citados na literatura. Segundo Wilmore &
Costill (2001), a freqüência cardíaca de repouso normal tipicamente varia entre
60 a 85 batimentos/min.
Houve um aumento significativo da FC em todas as três etapas da
colheita, em relação à FC de repouso. Foram observados maiores valores
médios, em ambos os sexos, na etapa de Recolhimento (115,2 bpm para os
homens e 123,2 bpm para as mulheres), seguido pela Abanação (105,6 bpm
para os homens e 108 bpm para as mulheres) e Derriça (91,8 bpm para os
homens e 105,3 bpm para as mulheres).
Durante todas as etapas da colheita do café a freqüência cardíaca das
mulheres foi estatisticamente superior, exceto na Abanação, onde não houve
diferenças estatísticas, mesmo sendo os valores absolutos um pouco superior.
Na literatura pesquisada não foi encontrada uma possível explicação ou
justificativa dos valores estatisticamente iguais na etapa de Abanação
38
De acordo com Powers & Howley (2000), as alterações da freqüência
cardíaca, que ocorrem durante o trabalho, refletem o tipo e a intensidade do
exercício realizado, de sua duração e das condições ambientais sobre as quais
o trabalho foi realizado.
Em todas as etapas da colheita, as mulheres obtiveram maiores valores
de freqüência cardíaca. Foss & Keteyian (2000) citam que, durante exercícios
submáximos, as mulheres costumam ter uma freqüência cardíaca mais alta,
para qualquer taxa de trabalho, que os congêneres masculinos. Isso também
porque as mulheres costumam ter um débito cardíaco maior e um volume de
ejeção menor para o mesmo VO
2
.
Os valores médios de freqüência cardíaca máxima, encontrados no
Teste de Banco, foram de 182,7 bpm para os homens e 177,7 bpm para as
mulheres. Estes resultados são estatisticamente diferentes, conforme Teste
para comparação de médias (TABELA 9).
De acordo com McArdle, Katch & Katch (2003), dentro da variação
normal, a freqüência cardíaca máxima de 95% ( +
2 desvios-padrão) de
homens e mulheres varia entre 160 e 200 b/min. A queda da freqüência
cardíaca máxima, observada com a idade, resulta, provavelmente, de um
influxo simpático reduzido, proveniente do bulbo e de alterações relacionadas à
idade nas características inerentes do nódulo sino atrial.
TABELA 9: Teste de Média de Tukey, relativo à freqüência cardíaca
Sexo Repouso Derriça Recolhimento Abanação Máximo
Masculino 67,85Eb 91,89Db 115,28Bb 105,64Ca 182,74Aa
Feminino 76,93Ea 105,37Da 123,28Ba 108,09Ca 177,74Ab
Letras maiúsculas representam as linhas; letras minúsculas representam as colunas.
4.3 Percentual de intensidade da freqüência cardíaca máxima
De acordo com o observado na tabela 10, pode-se notar que todos os
valores médios de freqüência cardíaca encontrados caracterizam as etapas de
derriça e abanação de café como razoavelmente leve, para ambos os sexos,
com valores entre 50,28% e 60,81% da FC
máx
ou 28% e 40% do VO
2
máx
. Já os
valores encontrados na etapa de recolhimento, de 63,09% da FC
máx
para os
39
homens, classifica a etapa como Razoavelmente Leve; já para as mulheres, o
percentual de 69,36% da Fc
máx
, classifica a etapa como Bastante Dura. De
acordo com Mcardle, Katch & Katch (2003), é conveniente utilizar a freqüência
cardíaca para estabelecer e classificar a intensidade do exercício. O
percentual do VO
2máx
e o percentual a FC
máx
relacionam-se de uma maneira
previsível, independentemente de sexo, nível de aptidão, modalidade do
exercício ou idade (tabela 11).
TABELA 10: Percentual de intensidade de trabalho, em relação à freqüência
cardíaca máxima.
Homens Mulheres
Valores % Valores %
Repouso 67,85 37,13 76,93 43,28
Derriça 91,89 50,28 105,38 59,29
Recolhimento 115,29 63,09 123,28 69,36
Abanação 105,64 57,81 108,09 60,81
Máxima 182,74 100,00 177,74 100,00
TABELA 11: Relação entre o percentual de freqüência cardíaca máxima e o
percentual de VO
2MÁX
(McARDLE; KATCH & KATCH, 2003).
Percentual de FC
MÁX
Percentual de VO
2MÁX
50 28
60 40
70 58
80 70
90 83
100 100
4.4 Valores da pressão arterial sistólica
Com respeito à pressão arterial sistólica (PAS), observou-se um valor
médio de 117,92mm Hg para os homens e 117,22 mmHg para as mulheres. A
análise de variância mostrou que não houve diferença estatisticamente
significativa entre os valores médios encontrados em repouso, o que vem ao
encontro a resultados obtidos por McArdle, Katch & Katch (2003). Segundo os
autores, em repouso, nos indivíduos normotensos, a pressão mais alta gerada
40
pelo coração é, em média, de 120mmHg durante a contração ventricular
esquerda. Conforme tabela 12, os valores médios encontrados são
classificados como Ótimos, em ambos os sexos.
Durante as três etapas da colheita, houve um aumento significativo em
relação ao repouso e entre si. Foram observados maiores valores médios, em
ambos os sexos, na etapa de Recolhimento (137,40mm Hg para os homens e
137,79mm Hg para as mulheres), seguido pela Abanação (132,68mm Hg para
os homens e 134,63mm Hg para as mulheres) e Derriça (129,87mm Hg para
os homens e 128,87mm Hg para as mulheres). Nas etapas de Derriça e
Recolhimento, não houve diferença significativa nos resultados, em relação ao
sexo. Os valores encontrados nas etapas de colheita estão abaixo dos valores
na literatura. Conforme Braunwald (1999), a resposta normal ao exercício
corresponde ao aumento progressivo da pressão sangüínea sistólica, com um
aumento na sobrecarga a um pico de resposta variando de 160 a 200mm Hg.
As explicações para os menores valores médios da PAS encontradas são
menores valores médios da FC no trabalho e uma menor resistência periférica.
Segundo Polito & Farinatti (2003), a elevação aguda da pressão arterial (PA),
perante o exercício, é regulada pelo sistema nervoso simpático, sendo
influenciada pelos aumentos da freqüência cardíaca, volume sanguíneo,
volume de ejeção e aumento da resistência periférica. Powers & Howley (2000)
afirmam que quanto maior for o grupo muscular envolvido na realização do
exercício, maior a quantidade de vasos de resistência (arteríolas) dilatados.
Conseqüentemente, essa menor resistência periférica reflete-se numa menor
pressão arterial (uma vez que débito cardíaco x resistência = pressão). Pode-
se dizer que a pressão arterial sistólica tem seus valores aumentados, e
apresentam diferenças significativas entre si.
Os valores médios da PAS, no teste de VO
2max.
, não concordam com os
mencionados na literatura, uma vez que foram menores, tanto no sexo
masculino quanto no sexo feminino. Segundo Wilmore & Costill (2001), durante
a atividade, que envolve todo o corpo, a pressão arterial sistólica aumenta em
proporção direta ao aumento da intensidade do exercício. Uma pressão arterial
sistólica que começa em 120mm Hg em repouso, pode ultrapassar 200mm Hg
na exaustão.
41
TABELA 12: Teste de Média de Tukey, relativo à pressão arterial sistólica
Sexo Repouso Derriça Recolhimento Abanação Máximo
Masculino 117,92 Ea 129,87Da 137,40Ba 132,68Cb 151,81Ab
Feminino 117,22Ea 128,87Da 137,79Ba 134,63Ca 153,50Aa
Letras maiúsculas representam as linhas; letras minúsculas representam as colunas.
4.5 Valores do duplo produto
Os valores médios encontrados para o duplo produto em repouso foram
de 8005,71 para os homens e 9018,09 para as mulheres. Conforme análise de
variância, os resultados são significativamente diferentes. Segundo Mcardle,
Katch & Katch (2003), o valor típico para o DP em repouso seria de 6000 (FC =
50 bpm; PAS = 120mm Hg). Os valores médios encontrados podem ser
considerados como normais, devido à FC de repouso média ser de 67,8 bpm
para os homens, e 76,9 bpm para as mulheres (tabela 13). Convém ressaltar
que valores de 50 bpm, em repouso, são encontrados em pessoas bem
condicionadas e atletas e, de acordo com Foss & Keteyian (2000), já foram
relatadas freqüências cardíacas inferiores a 40bpm, em ambos os sexos. Para
Wilmore & Costill (2001), a freqüência cardíaca de repouso normal tipicamente
varia entre 60 a 85 batimentos/min.
Os maiores valores médios de DP, encontrados nas três etapas da
colheita de café, foram respectivamente: na etapa recolhimento, 15836,58 para
os homens e 16995,06 para as mulheres; na etapa abanação, 14000,43 para
os homens e 14563,8 para as mulheres; na etapa derriça, 11944,3 para os
homens e 13574,3 para as mulheres. Segundo Andrade, Barbosa Júnior e
Pulcinelli (2002), o duplo produto tende a aumentar durante as atividades
físicas, mas seu comportamento depende do tipo de exercício, a intensidade, a
duração e as condições ambientais sob as quais o trabalho foi realizado.
Cargas muito leves não se associam a aumentos importantes do DP,
apesar de um tempo de duração do exercício maior. Aspectos como o padrão,
a amplitude de movimento, a biomecânica do aparelho, entre outros, poderiam
afetar de forma significativa o tempo total de tensão muscular. Logo, uma
42
hipótese para o menor DP, observado durante a execução da derriça, poderia
residir em uma possível menor resistência durante a execução do mesmo.
TABELA 13: Teste de Média de Tukey, relativo a o duplo produto
Sexo Repouso Derriça Recolhimento Abanação Máximo
Masculino 8005,71Eb 11944,37Db 15836,58Bb 14000,43Cb 27743,89Aa
Feminino 9018,09Ea 13574,32Da 16995,06Ba 14563,89Ca 27280,38Ab
Letras maiúsculas representam as linhas; letras minúsculas representam as colunas.
4.6 Percentual de intensidade do duplo produto máximo
Houve uma variação percentual em relação ao DP verificado no teste de
VO
2máx.
, de 43,05% na etapa da Derriça dos homens e 62,30% na etapa do
Recolhimento das mulheres (tabela 14). Mesmo no teste de VO
2
máx., o DP
ficou distante do ponto de corte de 30.000, usualmente associado à dor
torácica (angina pectoris) (POWERS & HOWLEY, 2000).
Observa-se que o aumento do DP surgiu em virtude a maiores aumentos
na FC, em relação à PAS, que teve aumentos menores do que encontrados na
literatura.
Uma hipótese para os maiores valores encontrados na etapa de
recolhimento poderia ser que, mesmo o tempo de duração sendo menor que o
da Derriça e Abanação, trabalha-se com cargas bem mais altas que as das
duas etapas citadas anteriormente.
Segundo Mcardle, Katch & Katch (2003),
as modificações na freqüência
cardíaca e na pressão arterial contribuem igualmente para as mudanças no
DP. Os valores típicos para o DP podem chegar a 40.000 (FC = 200 bpm; PAS
= 200 mm Hg) ou mais, dependendo da intensidade e da modalidade do
exercício.
43
TABELA 14: Percentual de intensidade de esforço, através do duplo produto
Homens Mulheres
Valores % Valores %
Repouso 8005,71 28,86 9018,09 33,06
Derriça 11944,37 43,05 13574,33 49,76
Recolhimento 15836,58 57,08 16995,06 62,30
Abanação 14000,43 50,46 14563,89 53,39
Máxima 27743,89 100,00 27280,39 100,00
44
CONCLUSÕES
Os resultados apresentados permitiram concluir que:
A que intensidade de esforço para os homens, durante as três etapas da
colheita de café, é classificada como Razoavelmente Leve; a intensidade de
esforço para as mulheres, durante as etapas de derriça e abanação é
classificada como Razoavelmente Leve e, na etapa de recolhimento, é
classificada como Bastante Dura (Objetivo A).
Apenas 23,37% dos homens e 33,77% das mulheres alcançaram níveis
considerados como BOM, no teste de banco. Os trabalhadores podem ter
alcançado níveis considerados REGULAR, RUIM e MUITO RUIM devido: à
falta de costume com exercício extenuante; incapacidade de realização de um
movimento específico durante o teste; ao tabagismo (Objetivo B).
Os maiores valores médios, em ambos os sexos, na etapa de
recolhimento, seguido pela abanação e derriça. Apesar de valores mais altos
de freqüência cardíaca das mulheres em todas as etapas, não foi encontrada
significância em relação aos homens nos resultados da etapa de abanação
(Objetivo C).
45
Durante as três etapas da colheita, houve um aumento significativo da
pressão arterial sistólica, em relação ao repouso e entre si. Foram observados
maiores valores médios, em ambos os sexos, na etapa de recolhimento,
seguido pela abanação e derriça. Nas etapas de derriça e recolhimento, não
houve diferença significativa nos resultados, em relação ao sexo (Objetivo C).
Os maiores valores médios de duplo produto encontrados nas três
etapas da colheita de café, foram: recolhimento, seguido pela Abanação e
Derriça. O aumento do duplo produto surgiu, em virtude de maiores aumentos
na freqüência cardíaca, em relação à pressão arterial sistólica, que teve
aumentos menores do que encontrados na literatura (Objetivo C).
46
PROPOSTAS
Propõem-se os seguintes valores de duplo produto, para as etapas de
colheita do café:
a) Derriça: 11944 para os homens e 13574 para as mulheres;
b) Recolhimento: 15836 para os homens e 16995 para as mulheres;
c) Abanação: 14000 para os homens e 14563 para as mulheres.
47
RECOMENDAÇÕES
Este trabalho mostra-nos uma realidade de atividade que é pouco
estudada. Pode-se estudar a área da fisiologia do trabalho no campo, devido
ao fato de não se ter encontrado estudos que descrevem as respostas
cardiovasculares em situação real de trabalho (freqüência cardíaca, pressão
arterial sistólica e duplo produto).
Este trabalho estudou apenas o comportamento da freqüência cardíaca,
pressão arterial sistólica e do duplo produto, nas três etapas do processo de
colheita do café. Pode-se estudar as mesmas variáveis em outras etapas na
cafeicultura, principalmente a capinação, que foi considerada por todos os
colheitadores como sendo a etapa mais intensa e desgastante.
Um estudo sobre as lombalgias no processo de colheita, devido ao fato
de os colheitadores continuamente fazerem movimentos de flexão lombar, nas
etapas de derriça e recolhimento. Sendo o recolhimento uma etapa em que se
trabalha com maiores cargas de café, muitas vezes, os trabalhadores utilizam
posturas erradas e, conseqüentemente, poderiam trazer problemas
relacionados à coluna lombar.
48
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Viçosa: UFV, Departamento de Fitopatologia, 2000.
52
APENDICE
53
APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO DO INFORMADO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão
E-Mail:
cepex@funec.br
Telefone: (33) 3329 4555
Comitê de Ética e Pesquisa - UNEC
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado para participar da pesquisa AVALIAÇÃO DA
INTENSIDADE DO ESFORÇO DOS COLHEITADORES DE CAFÉ, NO MUNICÍPIO DE
CARATINGA-MG. Você foi selecionado aleatóriamente e sua participação não é obrigatória. A
qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não
trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição.
Os objetivos deste estudo são: Avaliar a intensidade do esforço durante os processos
de colheita do café, através da Freqüência cardíaca e da Pressão arterial.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em: realizar um teste de VO
2
máx. (teste de banco);
permitir o monitoramento da freqüência cardíaca e da pressão arterial durante o labor.
As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidencias e asseguramos o
sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua
identificação. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do
pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou
a qualquer momento.
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Cláudio Silva Porto
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Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na
pesquisa e concordo em participar.
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